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MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO Módulo 1: DESEMPENHO ESPAÇO-FUNCIONAL Docente: Teresa V. Heitor ENQUADRAMENTO DISCIPLINAR “A arquitectura começa quando os aspectos configuracionais da forma e do espaço, pelos quais os edifícios se transformam em objectos culturais e sociais, são tratados não como regras inconscientes a serem seguidas, mas são elevados ao nível do pensamento consciente, comparativo, tornando-se dessa maneira objecto de atenção criativa” Bill Hillier (1990) Space is the Machine (p.65) A relação ESPAÇO-FUNÇÃO enquanto área de estudo, tem por objecto a condição instrumental do espaço construído, i.e. a praticabilidade de uso, visando o estudo do desempenho espacial e das suas implicações sociais. Considera o espaço construído como um aspecto da vida social cuja natureza e funcionamento são passíveis de investigação. Incide sobre as razões da forma física, i.e. da morfologia dos espaços construídos (escala da cidade e da edificação), do seu desempenho e das suas diferenças, expondo uma leitura focalizada nos fenómenos da arquitectura, i.e. nas implicações relativas ao uso do espaço construído. O propósito é estudar a forma física e, através da sua descrição e análise, interpretar a lógica da sua organização e composição, identificar as suas propriedades estruturantes e avaliar as suas capacidades funcionais. Por capacidades funcionais entende-se as condições espaciais que permitem que uma dada forma física responda ao “programa” que suporta, ao contexto sócio-cultural e temporal onde se realiza e às solicitações e expectativas de quem a utiliza. O termo “programa” significa a forma como uma organização social se constitui e faz representar no espaço. Trata-se portanto de um campo de investigação apoiado nas áreas da morfologia arquitectónica e social procurando estabelecer relações entre si. Trabalha simultaneamente com dois registos - a forma física e a forma social – e exige um quadro teórico-metodológico que permita descrever estas duas entidades de forma integrada.

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MESTRADO INTEGRADO EM ARQUITECTURA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Módulo 1: DESEMPENHO ESPAÇO-FUNCIONAL

Docente: Teresa V. Heitor

ENQUADRAMENTO DISCIPLINAR “A arquitectura começa quando os aspectos configuracionais da forma e do espaço, pelos quais os

edifícios se transformam em objectos culturais e sociais, são tratados não como regras inconscientes a serem seguidas, mas são elevados ao nível do pensamento consciente,

comparativo, tornando-se dessa maneira objecto de atenção criativa” Bill Hillier (1990) Space is the Machine (p.65)

A relação ESPAÇO-FUNÇÃO enquanto área de estudo, tem por objecto a condição instrumental do

espaço construído, i.e. a praticabilidade de uso, visando o estudo do desempenho espacial e das suas

implicações sociais.

Considera o espaço construído como um aspecto da vida social cuja natureza e funcionamento são

passíveis de investigação.

Incide sobre as razões da forma física, i.e. da morfologia dos espaços construídos (escala da cidade e

da edificação), do seu desempenho e das suas diferenças, expondo uma leitura focalizada nos

fenómenos da arquitectura, i.e. nas implicações relativas ao uso do espaço construído.

O propósito é estudar a forma física e, através da sua descrição e análise, interpretar a lógica da sua

organização e composição, identificar as suas propriedades estruturantes e avaliar as suas capacidades

funcionais.

Por capacidades funcionais entende-se as condições espaciais que permitem que uma dada forma

física responda ao “programa” que suporta, ao contexto sócio-cultural e temporal onde se realiza e às

solicitações e expectativas de quem a utiliza. O termo “programa” significa a forma como uma

organização social se constitui e faz representar no espaço.

Trata-se portanto de um campo de investigação apoiado nas áreas da morfologia arquitectónica e social

procurando estabelecer relações entre si. Trabalha simultaneamente com dois registos - a forma física e

a forma social – e exige um quadro teórico-metodológico que permita descrever estas duas entidades

de forma integrada.

Estudar a relação entre forma física e forma social significa admitir, como hipótese inicial de trabalho,

que a arquitectura e as organizações sociais interagem tanto no plano simbólico como no plano mais

pragmático, do programa e da organização espacial. Significa, portanto, admitir, que o espaço não só

exerce o papel simbólico de representação social, como constitui um instrumento para a realização da

função social que é objectivo do mesmo. A Arquitectura, desta forma, é usada como um discurso físico,

e como tal, é um tradutor consistente das tendências comuns sobre a condução daquela função social e

da vida social prevalecente em cada época.

Estudar a relação entre forma física e forma social pressupõe, também, o suporte de um quadro teórico

sobre esta relação, bem como uma metodologia que permita a sua avaliação e ao mesmo tempo oriente

a definição das variáveis de análise e a selecção dos atributos relativos à organização social e física

passíveis de interacção1.

A tese central é de que se alguma relação existe entre atributos sociais e espaciais, esta não se revela

ou se esclarece apenas através da ordem visível, ou seja dos aspectos aparentes ou simbólicos, ou da

função exercida, mas encontra-se subjacente na estrutura espacial da forma física.

Ao contrario de muitas abordagens que desmaterializam o espaço da organização social, a abordagem

espaço-funcional rompe com a distinção entre vida social e estrutura espacial (Peponis, 1989, Hillier e

Hanson, 1984). Postula que espaço e sociedade são entidades indissociáveis: ao abordar o espaço,

seja à escala da cidade, seja à escala da edificação, está-se inevitavelmente a referir o modo como este

foi modelado em função do contexto e das solicitações sociais do momento. Do mesmo modo ao

abordar sociedade, está-se necessariamente a reportar à forma da sua realização e organização no

espaço.

Entende-se que a forma física é condicionada por regras de natureza compositiva – também

designados por sintaxe - que coordenam e interligam os elementos que a constituem. Daqui decorre

que o seu entendimento não pode resultar apenas da compreensão decorrente da percepção das suas

manifestações exteriores – atributos visuais e geométricos - mas sim do complemento dessas

componentes com os factores que permitem estabelecer um conhecimento objectivo e identificar a

realidade social dessa forma.

1 A maior dificuldade nesta área tem sido a de controlar a variável arquitectónica, ou seja, fornecer descrições das diferenças entre um ambiente e outro de forma suficientemente precisa e clara para permitir estabelecer correlações com variáveis funcionais (uso).

Implícito à abordagem espaço-funcional, está o conceito de objecto arquitectónico enquanto entidade

cognoscível, com leis e convenções sociais que se apresentam sob a forma edificada, em resposta a

diversos contextos.

O seu objecto de estudo tem sido discutido em termos dos conceitos definidores (Hillier e Leaman 1973,

Preiser et al, 1988, Hillier, Hanson e Peponis, 1984, Anderson, 1995, Hillier 1996, Holanda 2002, Moore

1987), dos níveis de análise relevantes e dos procedimentos metodológicos necessários para os

suportar (Baird et al, 1996; Peponis e Wineman 2002; Preiser e Visher, 2005; Zimmring 1980), do

estabelecimento de práticas interdisciplinares (Hillier e Hanson 1984; Ornstein, 2003) e da sua

influência na prática profissional (Federal Facilities Council, 2001; Zimmring 2002).

No conhecimento produzido detectam-se duas linhas de investigação centrais: uma com carácter

interpretativo, centrada na descrição do espaço e das suas capacidades funcionais também designado

por análise espacial; outra, com carácter fundamentalmente operativo, focalizada em protocolos de

avaliação de desempenho.

No primeiro grupo, o esforço de investigação dirige-se para a identificação e compreensão dos atributos

espaciais com mediação directa no uso do espaço.

Nesta perspectiva, os trabalhos desenvolvidos incidem na construção de modelos conceptuais com

capacidade para explorar e compreender as propriedades estruturantes do espaço. Estas propriedades

ao serem estabelecidas, no sentido em que correspondem ao conceito de “affordance”2 proposto por

Gibson (1979), constituem instrumentos analíticos com capacidade para explorar e compreender o uso

do espaço.

Tal esforço implicou, numa fase inicial, a construção de um referencial teórico relativo à estrutura

organizativa e perceptiva da forma física e o consequente reconhecimento dos atributos espaciais

relevantes3. Seguiu-se a identificação de descritores capazes de representar, caracterizar e quantificar

2 Gibson (1979) introduziu o termo “affordance” para se referir aos aspectos do ambiente que ao serem percebidos interferem - restringem e/ou modulam - nos usos e nas atitudes. Affordance corresponde portanto à capacidade do espaço, transmitir as formas com é possível interagir com ele. Entende-se que ao estudar o espaço construído pelo lado da sua praticabilidade está-se a atribuir-lhe um significado de “affordance” no sentido conferido por Gibson.

3 As abordagens desenvolvidas por Lynch (1959), Thiel (1970, 1981), Archea (1977) e Benedikt (1979), sobre os elementos que constituem a estrutura perceptiva do espaço e os factores indutores de legibilidade espacial embora ainda não permitissem tratamento computacional, evidenciam um esforço no sentido de se aproximarem de um modelo de análise espacial – representação e caracterização - com potencialidades técnicas para descrever relações espaço-funcionais.

de forma precisa e rigorosa os atributos espaciais identificados e ao mesmo tempo permitir a sua

modelação computacional4.

A investigação desenvolvida na Bartlett Schooll a partir do final da década de 70, sob a orientação de

Bill Hillier e Julienne Hanson, também designada por Sintaxe Espacial [SE] (Hillier e Hanson 1984) e

posteriormente aperfeiçoado por outros investigadores (e.g. Peponis et al, 1997; Turner et al; 2001

Batty, 2001) é decisiva neste processo.

Estes investigadores avançaram com a proposta de um quadro teórico-metodológico, também

designado por “teoria social do espaço” ao qual associam um modelo de análise espacial, susceptível

de tratamento computacional. O objectivo é extrair de um conjunto de estruturas espaciais distintas,

geradas por diferentes culturas uma descrição precisa da sua organização espacial e deste modo

investigar as relações entre espaço e sociedade.

O modelo de análise proposto permite descrever – representar, caracterizar e quantificar - a

organização espacial com base no sistema de relações espaciais. Para o efeito, considera a

organização espacial como um sistema de espaços contínuos, ordenados por meio de relações de

adjacência ou de permeabilidade física e visual. (CONSULTAR TEXTO DE APOIO MODELO SINTÁCTICO).

Para explicar a organização espacial como um sistema portador de informação social tornou-se

necessário identificar, de forma intuitiva, elementos que correspondessem à percepção geométrica do

espaço e associá-los, também de forma intuitiva, ao modo como os indivíduos usam e entendem o

espaço. Os autores começaram por identificar entidades descritivas para representar o espaço

enquanto entidade cognitiva: bi-dimensionalmente através de superfícies convexas e uni-

dimensionalmente através de eixos de penetração física e visual, as linhas axiais5. O passo seguinte foi

encontrar uma classe de objectos caracterizantes da organização convexa e axial que possam ser

4 Os trabalhos desenvolvidos sobre a orientação de Leslie Martin nas décadas de 60 e 70 em Cambridge no âmbito da morfologia arquitectónica (e.g. Martin et al 1972; March e Steadman (1971), Kruger (1977)) são considerados referenciais neste processo.

5 Entende-se que uma superfície convexa corresponde à imagem de contenção física experimentada por aqueles que permanecem estáticos no sistema. Traduz o grau de contenção e contiguidade de um espaço. Refere-se à a sua dimensão local: os espaços individualizados. Uma linha axial corresponde à imagem de continuidade física e visual experimentada por aqueles que se movem no sistema. Representa a dimensão global do sistema: uma linha axial capta o máximo de alongamento físico e visual do espaço numa dimensão.

representados ou codificados. A opção foi quantificar as relações de natureza topológica6, também

designadas por “medidas sintácticas”.

Isto significa que o modelo descritivo da SE não prova que as propriedades abstractas consideradas

(medidas sintácticas) sejam reconhecidas pelos indivíduos. A validade do modelo e dos pressupostos

utilizados resultam do facto deste ter sido testado e validado em diferentes situações7, permitindo

encontrar correlações entre a organização espacial e a organização social.

Com efeito, para encontrar relações entre a organização espacial e a organização social tornou-se

fundamental correlacionar as variáveis espaciais (medidas sintácticas) com variáveis relativas ao uso do

espaço. Só deste modo se torna possível entender como a sociedade se materializa espacialmente ou

como o espaço foi gerado em função de processos sociais.

Deste esforço resultou numa nova geração de trabalhos de investigação em arquitectura, os quais têm

sido publicados em várias revistas científicas com destaque para a Environment & Planning B. Ainda no

âmbito da Sintaxe Espacial têm vindo a ser promovidos desde 1997 encontros científicos com

periodicidade bianual – International Space Syntax Symposium – permitindo a partilha de

conhecimentos e experiências entre investigadores e académicos.

No segundo grupo o esforço de investigação denota um conteúdo eminentemente prático. Esta

abordagem apoia-se num discurso normativo dirigido para a definição de instrumentos de avaliação, de

estratégias de intervenção e de soluções conceptuais, destacando-se pelo pragmatismo dos seus

trabalhos. Os estudos desenvolvidos pretendem encontrar uma ligação quase imediata entre a fase

analítica e a fase de projecto. dirigida para a obtenção de informação relevante destinada a ser

directamente aplicável na correcção de problemas relativos ao uso do espaço bem como em novos

projectos ou na elaboração de normas técnicas para a apoio à concepção dos mesmos (Zimring, 2002,

6 As relações topológicas consideradas referem-se a profundidade, contiguidade e controlo espacial A profundidade de um espaço v prende-se com a distância de v a todos os outros espaços do sistema. Um espaço será tanto mais profundo quanto maior for a sua distância aos outros espaços, i.e. quanto menos acessível for. A contiguidade de um espaço v traduz o número de espaços directamente adjacentes. Um espaço será tanto mais contíguo quanto maior for o número de espaços confinantes com ele. O controlo de um espaço v precisa a importância do espaço v relativamente aos outros espaços do sistema enquanto ponto obrigatório de passagem. A teoria de grafos mostrou ser um instrumento de grande utilidade para operar ao nível das relações espaciais e estruturas configuracionais visto fornecer uma enorme quantidade de resultados e de algoritmos eficientes e de utilização expedita que facilitam a análise de relações topológicas e permitem relacionar essa informação com outras de ordem funcional, formal ou geométrica.

7 Dentro das situações estudadas identifica-se a manifestação espacial de hierarquias sociais, o padrão espacial do uso e da ocupação do solo urbano, o padrão espacial da ocorrência de crimes. No entanto o estudo da influência do espaço nos padrões de movimento pedonal é considerada uma das aplicações mais importantes da Sintaxe Espacial. Tal permitiu verificar a influência do espaço na definição de um campo potencial de encontros e interacções sociais.

Horgen et al, 1999; Preiser & Visher, 2005). Estes estudos surgem na literatura sob várias designações,

sendo Avaliação Pós-Ocupação (APO) (do inglês Post-Occupancy Evaluation) a mais corrente.

A APO pode ser entendida como um “diagnóstico de uso”8, dado o conhecimento ser adquirido de forma

exploratória e na sequência inversa do próprio processo i.e., a partir da manifestação observável de um

fenómeno (Zeisel, 1986).

Na APO é dada particular atenção à participação dos utilizadores, a qual é relacionada com avaliações

de âmbito técnico efectuadas por especialistas. Esta dimensão de análise aparece frequentemente na

literatura sob a designação de “comportamental” e refere-se ao estudo das percepções e reacções dos

utilizadores perante os objectos construídos. Neste sentido têm sido propostas vários modelos

conceptuais, procedimentos metodológicos e protocolos de avaliação. Destaque para as abordagens

propostas por Federal Facilities Council. (2001), Ornstein e Romero (1992)) e Preiser e Visher (2005)

que associam aos propósitos da APO a avaliação contínua do espaço construído, de modo a permitir

injectar informação ao longo das diferentes fases do ciclo de produção e operação9.

Nesta abordagem a integração do factor tempo, resulta do facto de quer o programa quer as

solicitações que recaem sobre o espaço construído não serem fixos. Alteram-se no tempo por inserção

em contextos sociais complexos e em constante mudança. Isto significa que alterações nas condições

de uso podem desencadear respostas negativas por parte do espaço construído.

8 À semelhança do diagnóstico de patologias construtivas (Paiva, et al, 1985), o diagnóstico de uso consiste na compreensão das diferentes fases que constituem o ‘processo patológico’ - origem desenvolvimento resultado final -

9 A qualidade do projecto é aferida pela adequação da proposta para dar resposta ao programa, permitir a sua realização no espaço e facilitar a sua construção; a qualidade de execução é traduzida pela fidelidade com que a construção executada se ajusta à proposta definida no projecto; A qualidade do espaço construído (produto) é traduzida na sua aptidão para o uso tendo em conta o programa que suporta e as respostas dadas às solicitações dos seus utilizadores.

Figura 1 Modelo de avaliação de desempenho (adaptado de Preiser e Visher 2005)

O campo das APO’s tem sido criticado pela dificuldade de generalização, e consequente ineficácia

como instrumento de projecto.

A APO é tributária de trabalhos na área da construção, principalmente no que se refere às abordagens

técnicas adoptadas em termos de exigências funcionais das construções, que embora centradas na

satisfação de necessidades não integram a questão comportamental como ponto focal. Estas tendem a

interpretar as exigências dos utilizadores, traduzindo-as em exigências funcionais e em especificações

de desempenho para os elementos de construção, obtendo uma normativa escrita de suporte à

definição e à verificação da qualidade em todas as fases de uma construção.

Com efeito, a APO interage com outros domínios de conhecimento especializado na área da

arquitectura e com interfaces disciplinares com outras áreas correspondentes às demais dimensões

funcionais ou tipos de desempenho dos espaços construídos, designadamente: 1) físico-construtiva10;

10 A avaliação físico-construtiva refere-se às condições materiais dos objectos arquitectónicos. Inclui as exigências que se colocam sobre a edificação para permitir a realização de actividades em função de requisitos de segurança e de habitabilidade. Integra domínios de conhecimento de âmbito técnico suportados numa análise sistémica de problemas e causas, também designados por patologias construtivas, como forma de mitigar e minimizar a ocorrência dessas patologias. Quando aplicada na fase de projecto tem a função de antever o processo construtivo na medida em que padroniza e simplifica os procedimentos técnicos na obra, compatibiliza materiais e técnicas construtivas dos vários subsistemas do edifício e racionaliza a obra como um todo.

2) ambiental11 e 3) económica12. Preiser (2004) defende que para sistematizar a programação e

aplicação da APO é útil recorrer à categorização dos elementos de desempenho. Tal significa que a

APO pode ser desdobrada e classificada em grupos de elementos de desempenho e que a avaliação

global (total building performance) consistiria no somatório de avaliações de diversos elementos.

Os trabalhos de investigação e de consultoria nesta área têm produzido importantes obras de

referência, tanto no campo metodológico e teórico (Crimring, 2002; Horgen et al, 1996; Preiser,

Rabinowits & White, 1988, Sanoff, 1991; Preiser e Vischer, 2005) como no campo instrumental do

projecto (programação) fundamentado na opinião dos utilizadores finais (Peña, 1987, Zeizel, 1995,

Duerk, 1993) ou, ainda no âmbito dos procedimentos relativos ao projecto participativo (Kernhoan, Gray,

Daish & Joiner, 1992). Esta vertente de investigação ampliou-se a outras áreas complementares à

arquitectura como é o caso dos métodos de avaliação do processo de projectar associados ao controlo

da qualidade e da gestão da construção (Gann et al, 2003, Ornstein, 2006).

Deste esforço estão a surgir novos trabalhos de investigação, os quais têm sido publicados em várias

revistas científicas com destaque para a Design Studies, Environments by Design, Building Research

and Information.

Tema de investigação ainda recente na área disciplinar da arquitectura, a abordagem espaço-funcional

recebe contributos de outras áreas disciplinares, designadamente das ciências sociais e

comportamentais.

Neste âmbito assumem particular relevância os estudos sobre comportamentos espaciais, também

designados por proxémia, realizados na área da antropologia nas décadas de 50 e 60 e os estudos

desenvolvidos no âmbito da psicologia ambiental, a partir do final da década de 40, com o propósito de

estudar a influência mútua de factores ambientais e comportamentais.

O termo Proxémia foi introduzido por Edward Hall (1966) para designar as formas através das quais o

homem estrutura e utiliza o espaço para interagir e comunicar, sendo posteriormente desenvolvido por

outros investigadores (Sommer,1973). Surge como um campo de investigação constituído por 11 A avaliação do desempenho ambiental refere-se às condições de eco-eficiência e de conforto oferecidas pelo espaço construído aos ocupantes. Recai sobre o comportamento energético dos espaços construídos, conforto, saúde e satisfação dos ocupantes. Interage com áreas de conhecimento de âmbito tecnológico como a física das construções (térmica, ventilação natural, iluminação natural e acústica), avaliação de impactos ambientais de materiais e processos de construção; produção distribuída de energias renováveis.

12 A avaliação do desempenho económico refere-se ao comportamento dos espaços construídos em termos das condições de durabilidade exibidas(vida útil) e dos custos envolvidos na sua gestão e manutenção. Integra domínios de conhecimento relativos a tecnologias e materiais de construção, economia da construção e gestão da qualidade do projecto. Mais recentemente a área da ecologia industrial tem oferecido importantes contributos para este domínio.

"observações e teorias inter-relacionadas, relativas ao que o homem faz do espaço como elaboração

especializada da cultura".

No que se refere à psicologia ambiental dois aspectos principais da realidade constituem o seu objecto.

De um lado, um ambiente objectivo, tangível, assente em elementos físico-químicos, que afectam

sensações, percepções e acções (Gibson, 1979). Do outro lado, os seres humanos que, como sujeitos

sociais, criam ambientes que reproduzem artefactos culturais, símbolos e convenções e aos quais

também estão expostos.

O ambiente tem dimensão espacial e temporal. Os objectos que o constituem apresentam coordenadas

tri-dimensionais enquanto os eventos ambientais ocorrem num continum temporal. Tais objectos são

percebidos e reconhecidos em função de uma combinação de referências espaciais e em termos de

outras propriedades de natureza física e química que afectam o sistema sensorial.

Duas abordagens distintas dominam esta área. Uma privilegia o estudo dos efeitos ambientais sobre o

comportamento humano (aÒc) enquanto a outra particulariza os estudos referentes a como e porquê o

comportamento humano afecta o ambiente (cÒa).

Como representativos da primeira abordagem estão os estudos relativos à percepção e cognição

ambiental, a preferências ambientais, ao efeito da estimulação ambiental sobre o desempenho humano,

às relações entre o projecto e o uso de espaços construídos, e às avaliações pós-ocupação (Betchel,

Marans & Michelson, 1987; Ittelson et al, 1974; Zimring & Reizenstein, 1980). A segunda abordagem

inclui, entre outros, estudos sobre crenças ambientais e valores, sobre a percepção de riscos

ambientais e os comportamentos a eles associados (Bonnes e Bonaiuto, 2002)

Embora a maioria dos investigadores na área da psicologia ambiental reconheçam que o ambiente é

afectado pelas acções e disposições humanas e, simultaneamente, que esses aspectos psicológicos

são influenciados por factores ambientais, as relações ambiente x comportamento são, na sua maior

parte, estudadas de um modo fragmentado.

No que se refere às contribuições dadas à área disciplinar da arquitectura, é sobretudo a primeira

abordagem que se destaca, apontando para a construção de um corpo teórico-metodológico e de um

banco de dados com informação essencial à investigação em torno da estrutura perceptiva da forma

física e das suas implicações sociais13.

Associada a estas experiências foi criada no EUA em 1968 a EDRA (Environmental Design Research

Association) a qual desde 1969 realiza anualmente encontros internacionais. Em 1970 realizou-se no

Reino Unido a 1ª Conferência Internacional de Psicologia e Arquitectura, posteriormente reeditada na

Suécia em 1973 e em França em 1976. Na sequencia destes eventos foram criadas, na década de 80,

outras associações congéneres: a IAPS (International Association for People-Environment Studies) na

Europa, a PAPER (People and the Physical Environment Research Association) sediada na Austrália,

Nova Zelândia e Sudoeste Asiático, e a MERA (Man-Environment Research Association) baseada no

Japão e no Brasil. A par destas organizações científicas destacam-se ainda várias publicações e

revistas científicas com destaque para Environment & Behaviour e para a Architecture et Comportment.

13 Nesta linha, são valorizados os aspectos perceptuais da relação pessoa-ambiente, sendo que percepção constitui uma palavra-chave nos trabalhos que envolvem a avaliação do espaço construído durante o processo de uso. A partir do ponto de vista da Psicologia Ambiental a percepção do ambiente construído pelos utilizadores permite discutir as potencialidades do ambiente enquanto base-física, que propicia ou inibe a emissão dos comportamentos. Tal suporta-se no modelo teórico da Psicologia Ecológica de Barker (Barker, 1968).

COMPREENSÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO DO ESPAÇO E ÀS DINÂMICAS SÓCIO-CULTURAIS ASSOCIADAS À SUA TRANSFORMAÇÃO.

Trata-se portanto, de compreender as representações do espaço construído em duas frentes: 1) como

construções sociais operadas pelas organizações sociais, ou de acordo com Pierre Bourdieu (1987)

enquanto topologia social e 2) como facilitador de actividades sujeito a requisitos vários de ordem

prática, i.e. de âmbito físico-construtivo, ambiental e económico. O objectivo é abordar o espaço

construído de acordo com a forma como é representado e constituído pela sociedade através do estudo

das diferentes instâncias que interferem e contribuem para a sua conformação.

O espaço construído é portanto entendido enquanto variável dependente, i.e, como um produto

social. Tal implica compreender que a 'razão de ser' do espaço construído é promover o relacionamento

entre os vários agentes sociais ou membros da organização social que acolhe14. Dito de outro modo, o

espaço constitui-se como um interface entre os agentes sociais, regulando as relações que

estabelecem entre si em função dos papeis que desempenham nessa mesma organização. O espaço

torna-se praticável em função das relações sociais construídas e da avaliação que delas fazem os

vários agentes sociais.

Assim, enquanto forma social, o espaço construído pode ser definido como um campo de presenças,

conhecimentos mútuos e encontros estruturados entre os membros de uma organização social. As

barreiras [físicas e/ou visuais] que separam e subdividem o espaço contínuo e as ligações/passagens

[físicas e/ou visuais] que o agregam, definem a “configuração espacial” e são os elementos

responsáveis pelo modo como os membros dessa organização social se relacionam espacialmente

entre si e desenvolvem as actividades que lhes competem.

As barreiras são utilizadas para criar relações de contenção, subdivisão e contiguidade. A sua

colocação no espaço é responsável por definir o posicionamento das passagens, e consequentemente,

o sistema de percursos que permeia os espaços. O fenómeno é idêntico tanto na escala da edificação,

onde a partir do posicionamento de divisórias e de mobiliário – as barreiras – resulta naturalmente um

sistema de acessos (físicos e visuais), quanto na escala da cidade onde o posicionamento da forma

edificada determina o posicionamento do sistema de percursos.

14 A interacção social, por sua vez, pode ocorrer de duas formas distintas: face-a-face ou transpacial. A primeira diz respeito a processos de interacção em que os indivíduos realizam as suas práticas sociais em contextos de co-presença. A segunda a relações não presenciais, de modo que as práticas se reproduzem para além da presença, independente dos agentes sociais se manterem em interacção continuada. Qualquer destas relações pode estar associada a formas ritualizadas e/ou programadas de interacção ou pelo contrario decorrer de modo informal e/ou sem códigos predefinidos.

O espaço pode, portanto, servir de via de organização da sociedade porque tem a propriedade de ser a

própria estrutura da sociedade, e ser, na sua construção, regido pelas próprias leis que regem a

sociedade. O espaço pode se constituir numa instância de organização porque representa a sociedade

territorialmente ordenada. Oferece possibilidades de apropriações i.e. de espacializações.

O termo espacialização refere-se ao modo de ser, no espaço, de um facto social. É a forma físico-

espacial de um acontecimento. Por isso, espacialização "significa" esse acontecimento.

Como exemplo, veja-se o caso da “sala de aula expositiva”. Trata-se de um espaço destinado à

aprendizagem, inserido num modelo de ensino centrado no professor. A “aula expositiva”, corresponde

à “forma social”, i.e. ao modo como uma determinada organização social transmite conhecimentos

institucionalmente. O compartimento de formato rectangular, com carteiras colocadas em filas

perpendicularmente à parede de maior extensão e direccionadas no sentido de quem vai expor

corresponde à “forma física” que significa “sala de aula expositiva” para os elementos que pertencem

àquela organização e partilham da sua cultura.

Com base neste exemplo chama-se a atenção para o facto da espacialização "aula expositiva" não ser

apenas uma configuração espacial, mas tratar-se também de um acontecimento. Nela estão implícitos

alguns significados: todas as carteiras estão orientadas num único sentido, visualmente focalizadas num

sector da sala, o que sugere que a atenção dos seus utilizadores (alunos) estará dirigida para esse

lugar; na parede frontal existe um quadro, logo a informação escrita e gráfica faz parte da actividade; ao

lado do quadro, sobre um estrado e de frente para as carteiras está colocada uma secretária destinada

à pessoa na qual irá recair toda a atenção: o docente; essa secretária tem dimensão superior às

restantes carteiras, ocupa uma posição sobrelevada e uma área relativa também superior, o que

significa que quem a ocupa estará numa posição de destaque físico e visual.

Se nesse grupo existe alguém que vê e é visto por todos os outros, e em quem todos são supostos

prestar atenção, então esse individuo detém uma posição de relevância na organização a que pertence.

Isto significa que uma espacialização revela quer a forma de organização da actividade quer a forma da

própria organização social que lhe está associada: uma “lógica social”15 que no caso da “sala de aula

expositiva”, a constitui numa “forma social”.

15 O termo “lógica social” corresponde ao significado atribuído por Hillier e Hanson (1984), i.e. a natureza social do espaço e a natureza espacial das sociedades.

Com efeito, na configuração espacial da “sala de aula expositiva”, nas suas condições espaciais e na

disposição espacial do mobiliário e dos equipamentos é possível "ler" a actividade “aula expositiva”, e

ao mesmo tempo identificar os códigos ou regras sociais que suportam as relações entre aquele “que

sabe”, e aqueles “que aprendem”. Neste caso, o primeiro detém o controlo (poder) e exerce-o sobre os

segundos.

Adoptando a classificação proposta por Hillier e Hanson (1984), chama-se a atenção para o facto de

numa organização social ser possível identificar duas categorias de grupos sociais: os residentes e os

visitantes. Os primeiros são aqueles que, em função das regras sociais vigentes, lhe são atribuídos

direitos individuais continuados no edifício e algumas medidas de controlo; os visitantes são aqueles

cujos direitos no edifício são temporários e não individualizados e carecem de controlo.

Este ponto funciona já como uma ponte para a segunda questão., i.e. para as implicações sociais do

espaço. Isto porque permite advertir para o facto do tipo de relacionamento que se estabelece entre

residentes e visitantes ser definido por “regras sociais” mas na prática o seu processamento também

depender do modo como o espaço se organiza: quer se trate da escala da cidade ou da edificação,

estabelece-se em função de determinadas regras de utilização, cuja realização é assegurada pela

configuração espacial. Com efeito, o posicionamento das barreiras e das passagens - configuração

espacial - determina um sistema de percursos naturalmente dotado de gradações de acessibilidade. Por

acessibilidade entende-se o potencial, ou a capacidade, que os espaços têm de ser alcançados física e

visualmente, em função da sua localização relativa no sistema de percursos. Isto significa que em

qualquer artefacto arquitectónico a configuração espacial é responsável pelo estabelecimento de um

campo potencial, de natureza probabilística, de encontros e de interacção social.

CONCEITO DE “TIPO ESPAÇO-FUNCIONAL”

Este conceito surge da verificação que certas organizações tendem a espacializar-se sempre do mesmo

modo, i.e, de acordo com um "padrão espacial” o qual está associado a uma configuração espacial

específica. Tal configuração apresenta constantes espaciais que podem ser entendidas como “regras”

morfológicas de natureza topológica. O conceito de “tipo espaço-funcional” é definido com base nestas

constantes.

Recorrendo a uma analogia biológica Hillier e Hanson (1984) introduziram as designações de “genótipo”

e “fenótipo” para fazer referência a uma visão morfogenética, ou seja ao processo de configuração da

forma em que o termo genótipo significa a constituição genética de um organismo vivo e fenótipo se

refere à composição actual do organismo distinta mas complementar da sua constituição genética. O

primeiro corresponde às constantes espaciais ou regras morfológicas de natureza topológica,

construídas em função das circunstâncias sociais do momento. O segundo corresponde ao objecto

arquitectónico em que determinado genótipo foi aplicado. De acordo com esta analogia, os elementos

construídos são definidos como células ligadas ou relacionadas entre si através de um genótipo.

Para clarificar estes conceitos veja-se o caso dos edifícios institucionais tradicionais, como por exemplo

o edifício-sede de uma seguradora. Independentemente do fenótipo, a configuração espacial (genótipo)

é definida de modo a que os residentes ocupem os lugares mais profundos, e portanto menos

acessíveis, sendo abordados pelos visitantes a partir dos espaços de circulação. Dentro do grupo dos

residentes, são também aqueles que detém maior poder na organização que estão posicionados em

maior profundidade, obrigando à passagem de barreiras sucessivas (controlos) para serem alcançados.

Contudo, há situações que funcionam exactamente do modo oposto. Os edifícios hospitalares ou

prisionais são disso exemplo: os visitantes (doentes/prisioneiros) ocupam os lugares mais profundos ou

segregados sendo que os residentes (pessoal médico/guardas prisionais) controlam-nos através dos

espaços de circulação. No grupo dos residentes, são também aqueles que detém mais poder que

ocupam os lugares de menor profundidade.

O CONTRIBUTO DA VARIÁVEL ESPAÇO NA CONSTRUÇÃO DE RELAÇÕES SOCIAIS

O estudo do contributo da variável espaço na construção de relações sociais visa explorar as

implicações sociais do espaço construído, partindo do principio que a sociedade também tem conteúdo

espacial. Implícita a esta formulação está o entendimento de que o espaço arquitectónico não é neutro

perante o facto social. Ao contrário, é intencional. É um mediador de relações sociais, na medida em

que pode sugerir, estimular, facilitar, condicionar e até inibir a realização dos acontecimentos.

Se por um lado a organização social se manifesta espacialmente através da constituição de locais para

práticas sociais e rituais, da representação de signos de poder, da classificação/hierarquização dos

membros das organizações sociais e do exercício do controlo ou simplesmente através de encontros e

interacções informais, por outro lado o espaço construído também tem a capacidade de interferir nessa

mesma organização social.

O espaço construído é portanto aqui entendido como variável independente, i.e. como um gerador

de acontecimentos. Para permitir a clarificação do conceito de espaço como gerador de acontecimentos

utilize-se mais uma vez o caso da “sala de aula expositiva”. Aqui o papel do espaço é reproduzir as

regras sociais estabelecidas, programando/regulando os contactos entre os alunos (visitantes) e o

docente (residente), i.e. tem uma função “reprodutiva”. Situação idêntica ocorre em edifícios

institucionais, hospitalares ou prisionais.

Contudo há situações em que o espaço assume um papel oposto. Tem uma função “generativa” e

destina-se a fomentar contactos de forma não programada. Neste grupo integram-se, entre outros, os

espaços que acolhem actividades suportadas na partilha de informação e/ou de conhecimento e em que

as relações entre os diferentes agentes sociais, distribuídos espacialmente, podem ser cruciais para o

funcionamento da organização. O conceito de “ambiente de aprendizagem” (do inglês learning

environment) adoptado actualmente em edifícios escolares suporta-se nesta estratégia. O propósito é

fomentar os encontros informais entre os vários membros da comunidade escolar. Os pisos editoriais

dos jornais diários, as áreas desenvolvimento criativo em empresas de comunicação ou os “design

studios” em escolas de arquitectura seguem estratégia idêntica.

Como foi anteriormente referido, enquanto “forma social” o espaço construído pode ser definido como

um campo de presenças, conhecimentos mútuos e encontros estruturados – formal ou informalmente -

entre os membros de uma organização social. Interessa agora perceber quais os atributos presentes na

“configuração espacial” que interferem neste processo.

Os enunciados derivados dos estudos publicados em 1984 por Hillier e Hanson em The Social Logic of

Space mostram que quer se trate da escala da cidade ou do edifício os espaços com maior

acessibilidade tendem a atrair níveis de movimento mais elevados, i.e. quanto maior for a acessibilidade

de um espaço num sistema, maior é a probabilidade deste ser utilizado como local de passagem. Tal

sugere que a distribuição de movimento (m) é uma função da configuração espacial (e) [m=f(e)].

Os espaços dotados de maior grau de acessibilidade (física e/ou visual) tendem a acolher actividades

com dimensão pública i.e., dotadas de maior grau de colectivização ou de exigências de exposição e

relacionamento. Ao contrário, os espaços dotados de menor acessibilidade tendem a propiciar um maior

grau de isolamento e a acolher actividades com dimensão mais privada e exigências de recolhimento.

Note-se que enquanto à escala da cidade é a estrutura de interrelações espaciais que influi nos padrões

de movimento, quando se trata da escala do edifício são frequentes as situações em que os padrões de

movimento são definidos pelo próprio programa do edifício e a organização espacial se limita a permitir

determinados movimentos.

Estudos vários desenvolvidos no âmbito da Sintaxe Espacial – SE - têm vindo a mostrar a influência da

configuração espacial quer nos padrões de utilização dos espaços a partir do potencial de movimento

gerado16, quer na experiencia do espaço, i.e. na capacidade perceptiva dos indivíduos (utilizadores) e

no desenvolvimento de tarefas espaciais a partir das formas como esse movimento é gerado.

Dentro dos temas abordados pela SE destaca-se o papel da configuração espacial ao nível da

construção de:

mecanismos de interacção sócio-informacional realizados de forma normalizada ou não-

normalizada (informal), verbal ou não-verbal (em espaços destinados a produzir

conhecimento, e/ou comunicar informação: espaços educativos: salas de aula e de

conferencia, estúdios, laboratórios de investigação); espaços de trabalho: gabinetes, átrios,

áreas comuns, espaços de laser: cyber cafés; espaços expositivos e museológicos;

espaços comerciais);

mecanismos de vigilância natural; 16 Com base nestes estudos, Hillier (1996) propôs a “Teoria do Movimento Natural”, atribuindo ao espaço o papel de agente económico. Ainda neste âmbito introduziu o conceito de “Comunidade Virtual”, referindo-se ao campo potencial de co-presenças e encontros prováveis directamente relacionado com a organização dos espaços. Tal atributo espacial é ainda condição para a ocorrência de mecanismos de “vigilância natural”, i.e. pelo fomento do controlo informal do espaço.

mecanismos de cognição espacial como suporte à “navegação” e orientação (do inglês

wayfinding).

A LEITURA DAS RESPOSTAS DADAS PELO ESPAÇO CONSTRUÍDO (FORMA FÍSICA) ENQUANTO REFERÊNCIA MATERIAL (CONSTITUÍDA E CONSTITUINTE) DE PRÁTICAS SOCIAIS.

Para avaliar o desempenho dos espaços construídos em situação de uso e converter os dados obtidos

em informação útil para a área disciplinar da arquitectura torna-se necessário explorar procedimentos

que permitam:

testar a aptidão dos espaços construídos para o uso tendo em conta os programas que

suportam e as respostas dadas às solicitações e expectativas dos seus (vários)

utilizadores, i.e, identificar compatibilidades e problemas/conflitos;

obter informações relevantes, para serem directamente aplicáveis na correcção dos

problemas/conflitos detectados, em projectos futuros ou na elaboração de normativas

técnicas para apoio ao desenvolvimento de projectos.

Trata-se de entender o conceito, o âmbito, as razões da avaliação de espaços construídos em situação

de uso e a sua forma de operacionalização. Chama-se a atenção para os trabalhos desenvolvidos por

Preiser e Visher (2005), Sanoff (1991, 2004) e Zeizel (1991), Zimring (2002).

Se, por um lado, o levantamento de usos (acontecimentos) é semelhante a um levantamento de dados

tradicional, a identificação de conflitos arquitectónicos existentes nesses acontecimentos é, por outro

lado, um avanço metodológico que permite importar novas informações úteis para futuros projectos. Ler

os espaços através de observações sistemáticas, identificar os conflitos ali presentes, analisá-los e

então propor novas formas para as espacializações, constitui o objectivo da avaliação do desempenho

espaço-funcional.

Apesar da ausência de uniformidade na nomenclatura relativa a este tipo de avaliação de desempenho,

optou-se pela designação de Avaliação Pós-Ocupação (APO).

Neste ponto é importante advertir que a APO não pode ser entendida como uma área de conhecimento

mas sim como um método de avaliação de desempenho em que a medida-chave é o ponto de vista dos

utilizadores17. A importância da APO está, portanto, relacionada com o facto de disponibilizar

informação baseada na evidência produzida por aqueles que usam/fruem os espaços construídos. É a

17 É consensual entre os investigadores da área do Ambiente-Comportamento que se trata de uma alternativa metodológica para a avaliação do desempenho de espaços em situação de uso, e de um instrumental capaz de aferir a condição espaço-funcional suportada no ponto de vista dos utilizadores.

presença de uma forte interacção entre a avaliação técnica e comportamental que distingue a APO de

outro tipo de avaliações de desempenho, como é o caso da avaliação físico-construtiva.

Sendo que a APO visa a caracterização da forma física e a detecção de compatibilidades e conflitos

entre espaço e uso, é possível definir vários tipos de APO em função do âmbito da informação a obter18.

O modelo adoptado neste módulo refere-se a um Diagnóstico de Uso. Trata-se de um estudo detalhado

suportado na ponderação de dois indicadores, temporalmente distintos mas complementares: o

processo de produção e o processo de uso do espaço construído. Resulta da leitura cruzada das

características físico-construtivas-ambientais do objecto em estudo [condições espaciais], dos

processos sociais que as determinaram [contexto], da organização social que suportam [programa], dos

acontecimentos que acolhem [usos] e das solicitações e expectativas colocadas pelos utilizadores

[percepções].

As variáveis [contexto | programa | condições espaciais] incidem sobre a lógica configurativa do objecto

em estudo, i.e. explicam a sua forma física e as condições (ou capacidades) funcionais oferecidas.

Permitem identificar as estratégias que delinearam formalmente o espaço e analisar as características

físicas dos elementos que constituem o sistema espacial em questão.

As variáveis [usos | percepções] tratam de verificar as formas de espacialização dos usos e aferir o grau

de satisfação dos utilizadores.

O cruzamento dos resultados obtidos permite:

verificar quais as condicionantes morfológicas do uso e das práticas espaciais desenvolvidas, i.e.,

a relação entre a forma física e os usos que proporciona bem como a capacidade de adaptação do

espaço construído, quer a usos diversificados quer ao modo de utilização;

detectar as compatibilidades e os conflitos espaço-funcionais existentes e explorar princípios

explicativos para os fenómenos observados.

A análise destas cinco variáveis - contexto | programa | condições espaciais | usos | percepções - obriga

ao desenvolvimento de procedimentos para a recolha de informação em arquivo e in loco e

posteriormente tratamento. Particular atenção é dada às questões relacionadas com a validade dos

procedimentos utilizados e com os dados obtidos. Tal é feito em estreita colaboração com o Seminário

18 Preiser (1988) introduziu três tipos de APO - Indicativo, Exploratório e Diagnóstico. O Indicativo refere-se a um estágio inicial desenvolvido com o objectivo de identificar aspectos problemáticos que devem ser alvo de investigação mais profunda. O exploratório a um estágio intermédio e o diagnóstico a um estudo detalhado.

de Métodos de investigação.

Em termos práticos, a aplicação da APO implica a definição do tipo de investigação a ser realizada (do

inglês research design), a qual pode ser num estudo de caso, i.e. num estudo específico onde é apenas

contemplada uma situação única, ou num estudo comparativo (do inglês cross-sectional studies).

Para permitir que os resultados da APO sejam consolidados do ponto de vista científico os estudos

devem estar fundamentados em estratégias metodológicas suportadas em técnicas de recolha e

tratamento de dados reconhecidas, selecções amostrais rigorosas e na análise comparativa de dados.

Devido ao carácter particular de cada situação (espaço construído) tais estratégias necessitam de ser

constantemente redesenhadas, desde a definição da amostragem até aos procedimentos de recolha e

análise de dados. Particular atenção é dada às questões relacionadas com a validade dos

procedimentos utilizados e com os dados obtidos. Tal é feito em estreita colaboração com o Seminário

de Métodos de investigação.

Defende-se que a forma mais efectiva para a operacionalização de estudos desta natureza suporta-se

na utilização simultânea de modelos descritivos e de métodos e técnicas de recolha de informação

(levantamentos de arquivo e levantamentos de campo), cuja selecção dependerá do tipo específico de

cada problema a ser investigado e da situação de cada investigação19.

Assim, torna-se necessário a inclusão de procedimentos metodológicos que permitam a descrição

rigorosa (representação e quantificação) de entidades físicas e a análise das relações entre estas

entidades, assim como entre estas e as representações dos usos.

O modelo da Sintaxe Espacial constitui um instrumento intermediário que permite descrever as

configurações espacial e funcional, i.e o sistema de relações espaciais e a organização espacial das

funções.

Conjuntamente com o levantamento das condições espaciais - físico-construtivas-ambientais - com a

observação dos espaços construídos em situação de uso e com a leitura das percepções dos

utilizadores torna possível inferir informação relativa a compatibildades e problemas/conflitos

decorrentes da configuração espacial.

19 Por método entende-se o processo enquanto técnica refere-se à materialização ou operacionalização, i.e, às ferramentas utilizadas. Um método pode servir-se de diferentes técnicas. Segundo Zeizel (1986) a validade de um método pode ser medida a partir da consistência

com que a sua aplicação repetitiva, em situações análogas, produz resultados similares.

O levantamento das condições espaciais - físico-construtivas e ambientais - é suportado em inspecções

técnicas e medições in loco. Tal implica a construção de roteiros de observação (do inglês checklists)

e/ou fichas de inquérito.

Quanto à leitura dos usos, têm-se mostrado fundamentais as abordagens analíticas utilizadas em

estudos desenvolvidos no âmbito da R[A_C], envolvendo levantamentos de campo tais como

observações, mapas cognitivos, entrevistas, questionários, passeios acompanhados (walktrough).

No que se refere ao método de observação, entre as principais técnicas podem-se citar a análise de

traços de comportamento e o mapeamento comportamental. A análise de traços de comportamento

(Sommer & Sommer, 1980) consiste na procura de evidências físicas do comportamento dos

utilizadores (desgaste de materiais, lixo, grafitti, etc). Pela facilidade e rapidez na apreensão de dados, a

técnica mostra-se bastante eficiente em termos qualitativos, apesar de não permitir uma leitura

quantitativa imediata das informações, e exigir treino por parte dos investigadores participantes para o

reconhecimento das evidências físicas.

O mapeamento comportamental (Ittelson et al 1974; Sommer & Sommer, 1980) baseia-se em

levantamentos de actividades/usos e na sistematização de informações normalmente apreendidas de

modo intuitivo. As suas principais modalidades dizem respeito ao foco de atenção do observador,

podendo definir-se como “centradas-no-lugar” ou “centradas-na-pessoa”. Permite a utilização de dados

concretos, embora tal implique o desenvolvimento de técnicas específicas de observação, registo e

quantificação, bem como um tempo considerável de trabalho de campo e de organização dos dados

para análise e um intenso treino da equipa de modo a evitar arbitrariedades.

Saliente-se, ainda, a obtenção e análise de imagens (através de fotografias ou videos), técnica que

pode estar associada a outros métodos (como observação e levantamentos) ou ser considerada

isoladamente. As imagens mostram-se essenciais à compreensão do espaço, considerando o papel

fundamental das referências visuais para a percepção e interpretação do ambiente físico (Sanoff, 1991).

Para além de simples documentação visual, esta abordagem pode ser associada à recolha de

informação junto ao utilizador, demonstrando ser um excelente organizador de conteúdos dificilmente

manifestados através de outras formas de recolha de informação (Sanoff, 1991).

O recurso aos utilizadores mostra-se fundamental para a apreensão e discussão do espaço, permitindo,

inclusive, a discussão de elementos de análise não previstos inicialmente na pesquisa. No entanto, a

produção de imagens, para alem de estar condicionada aos recursos técnicos, às oportunidades do

técnico/fotografo/video e necessitar que os indivíduos a serem documentados aprovem/autorizem a sua

realização pode constituir-se com um meio intrusivo e inibidor das actividades desenvolvidas.

A descrição de actividades/usos em particular no que se refere à interacção social (padrões relacionais;

distâncias interpessoais) e a padrões de navegação (traçados de percursos) tem vindo a ser alvo de

investigação pelo grupo de investigação coordenado pela proponente. De momento está em curso o

desenvolvimento de um sistema de captação de actividades/usos através de imagens vídeo e de

sistemas RFID permitindo ultrapassar as limitações dos procedimentos convencionais da observação

directa muito dependentes do factor humano. Pretende-se vir a utilizar este conhecimento nesta

unidade curricular.

Os mapas cognitivos ou mentais (Lynch, 1960; Sanoff, 1991) dão especial ênfase à linguagem gráfica,

diferindo da técnica anterior no que se refere ao tipo de acção do inquirido que, assume papel mais

activo, sendo levado a desenhar/ descrever ambientes, lugares, percursos etc. A sua produção,

posteriormente analisada pelos investigadores, permite a identificação e classificação dos elementos

que, segundo a percepção dos inquiridos, compõem o ambiente estudado.

Embora possibilite uma recolha de dados de grande riqueza informacional, a realização destes

trabalhos apresenta alguma dificuldade, sobretudo no que se refere à inibição dos indivíduos frente às

tarefas (muitas pessoas sentem-se intimidadas quando solicitadas a comunicar graficamente) e a

descodificação dos dados obtidos.

Quanto ao método de entrevistas verifica-se que, nas formas "livre" ou "semi-estruturada", esta permite

a recolha de dados qualitativamente importantes, essenciais ao desenvolvimento de qualquer

investigação. Por outro lado, as entrevistas "estruturadas" (nas quais as questões são fixas e

direccionadas) possibilitam o aprofundamento de informações específicas e considerável redução no

tempo de realização, além de diminuir a dispersão das informações obtidas. O equilíbrio entre estas

formas de recolha (estruturando o processo sem, no entanto, evitar interferências espontâneas do

entrevistado), além de ampliar o conteúdo da avaliação e aperfeiçoar o processo, permite identificar

elementos antes não analisados pelo investigador.

Para a utilização do método de entrevistas é imprescindível o treino anterior da equipa e a definição

precisa dos objectivos e forma de abordagem dos entrevistados, a fim de serem mantidas condições de

confrontação e complementação entre os depoimentos obtidos, bem como ficarem abertos caminhos

para possíveis retornos.

O questionário constitui um método rápido e facilmente compreendido pelo inquirido, sobretudo quando

são aplicadas questões fechadas, redigidas com vocabulário acessível, e próximo da linguagem

coloquial. A tabulação e interpretação das informações mostra-se directa e eficiente, gerando dados

essenciais para a realização da análise. Apesar disso a concepção e a construção do instrumento exige

uma fase de pré-testagem.

O percurso acompanhado (do inglês walkthrough) (Sanoff 1991), constitui uma técnica derivada do

questionário ou da entrevista (dependendo da forma de aplicação), que exige a participação intensa,

porém discreta, do mediador. Trata-se de visitas aos espaços em estudo conduzidas pelos próprios

utilizadores, organizados por grupos de afinidade com cerca de 5 elementos. Ao mediador cabe

estimular os participantes a expor os seus pontos de vista sobre aspectos positivos e negativos relativos

ao uso do espaço. Também neste caso verifica-se a vantagem de fácil visualização dos conflitos e a

utilização de uma linguagem verbal, consolidando-se como uma forma de facilitar o acesso de

profissionais ligados ao projecto às informações de carácter subjectivo.

Após terem assimilado os princípios fundamentais da avaliação de desempenho e para permitir o teste

e aplicação de procedimentos analíticos, os alunos desenvolvem durante quatro semanas um exercício

de APO em contexto real.

Considerando que este trabalho se desenvolve num tempo limitado, está organizado por forma a ser

decomposto num conjunto de tarefas de âmbito mais restrito, as quais podem ser distribuídas por

diferentes grupos de alunos.

O modelo de APO proposto para este exercício foi adaptado de Preiser (2005) e de Peña (1987) e

Desenvolve-se em quatro etapas sequenciais:

ETAPA 1:

Identificação de objectivos, i.e. o que se pretende.

Trata-se de identificar e justificar as condições funcionais e os níveis de aptidão espacial20 que se

pretendem atingir (do inglês benchmarkings), os quais irão ser utilizados como parâmetros de

referência nas etapas seguintes.

20 A aptidão espacial refere-se às condições básicas de funcionamento.

Definição dos termos de referência a utilizar na avaliação. Tal implica a definição dos

critérios de desempenho reconhecidos como fundamentais para que o objecto em avaliação

funcione adequadamente, e a identificação dos vários componentes do espaço construído

envolvidos na sua concretização21.

ETAPA 2: diagnóstico da situação, i.e., quais os problemas existentes.

Trata-se de recolher e analisar factos de modo a identificar:

o quadro físico-espacial de referência

[contexto | programa | condições espaciais];

as condições actuais de uso

[usos]

o(s) tipo(s) de problema(s)/conflito(s) na ocupação e no uso [percepções];

a origem do(s) problema(s)/conflito(s) relativamente às fases de planeamento e concepção,

construção e ocupação;

os factores potencialmente geradores do(s) problema(s)/conflito(s);

ETAPA 3: Identificação e teste de estratégias, i.e. como se pretende resolver os problemas

detectados para atingir os objectivos definidos em 1.

ETAPA 4: Formulação de necessidades, i.e. quais as condições necessárias para resolver os

problemas detectados

21 Tais critérios correspondem a princípios e/ou estratégias de natureza conceptual, i.e. objectivos funcionais para o objecto em estudo (e.g. segurança, equidade, comodidade, identidade, eficácia, motivação). No caso de se tratar da escala urbana os componentes do espaço construído referem-se a solo/paisagem; espaço exterior; massa edificada. À escala do edifício integram o local (envolvente), o edificado (envelope + estrutura), a organização e distribuição espacial das áreas funcionais (configuração), o equipamento e mobiliário, as redes e infraestruturas,

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