Memorias Do Concílio Vaticano II

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O CONCÍLIO VATICANO II (Wesley Serejo Leite) QUE É UM CONCÍLIO? Concílio é a assembleia de todos os Bispos do mundo ou de uma representação dos Bispos do mundo inteiro que, em comunhão com o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, procura esclarecer questões de fé, de moral ou da vida prática da Igreja. Os concílios são momentos fortes e importantíssimos para a vida de toda a comunidade dos discípulos de Cristo. QUAL FOI O PRIMEIRO CONCÍLIO? Em certo sentido, um primeiro encontro assim se deu em Jerusalém, na época dos Apóstolos, para decidir uma grave questão: os pagãos que se convertessem ao Cristianismo precisavam ou não cumprir a Lei de Moisés e o Antigo Testamento. A resposta foi: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós dispensar os cristãos de cumprirem os preceitos do Antigo Testamento” (cf. At 15,1-35). QUANTOS CONCÍLIOS JÁ OCORRERAM NA HISTÓRIA DA IGREJA? Ao longo da história da Igreja ocorreram ao todo vinte e um concílios ecumênicos. O QUE SIGNIFICA CONCÍLIO ECUMÊNICO? “Ecumênico” aqui não significa que seja uma reunião com outras religiões. Ecumênico significa apenas que o concílio vale para toda a Igreja; isso para distinguir dos concílios regionais ou nacionais, com Bispos só de uma região ou de um país. Os concílios ecumênicos têm, pois, autoridade sobre toda a Igreja de Cristo, pois aí está reunido o Colégio dos Bispos juntamente com o Papa, como o Colégio dos Apóstolos juntamente com Pedro. A fé nos ensina que os participantes de um concílio gozam de especial assistência do Espírito Santo: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós [...]” (At 15,28). QUANDO FOI CONVOCADO O CONCÍLIO VATICANO II? O Papa convocou o Concílio Vaticano II em 25 de dezembro de 1961, este que foi solenemente aberto por ele em 11 de outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965 , já sob o papado de Paulo VI . POR QUE SÃO JOÃO XXIII CONVOCOU O CONCÍLIO VATICANO II? O Sumo Pontífice considerava que estávamos entrando num período grave da história humana: “A Igreja assiste, hoje, a uma crise que aflige gravemente a sociedade humana. Obrigações de gravidade e de amplitude imensas pesam sobre a Igreja”, afirmava o Papa na Constituição Apostólica “Divino Redentor”, que convocou o concílio. O grande problema que ele via era que “a sociedade moderna caracteriza-se por um grande progresso material ao qual não corresponde igual progresso no campo moral.O Papa João XXIII desejava muito que, com o concílio, a Igreja encontrasse um modo mais atual de apresentar ao mundo a verdade de sempre. Nada de mudar a doutrina e a moral, nada de amolecer o Evangelho, mas apresentá-lo de um modo mais compreensível ao mundo de hoje. Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica . As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.

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Concílio Vaticano II

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O CONCÍLIO VATICANO II

(Wesley Serejo Leite)

QUE É UM CONCÍLIO?

Concílio é a assembleia de todos os Bispos do mundo ou de uma representação dos Bispos do mundo inteiro que, em comunhão com o Bispo de Roma e Sucessor de Pedro, procura esclarecer questões de fé, de moral ou da vida prática da Igreja. Os concílios são momentos fortes e importantíssimos para a vida de toda a comunidade dos discípulos de Cristo.

QUAL FOI O PRIMEIRO CONCÍLIO?

Em certo sentido, um primeiro encontro assim se deu em Jerusalém, na época dos Apóstolos, para decidir uma grave questão: os pagãos que se convertessem ao Cristianismo precisavam ou não cumprir a Lei de Moisés e o Antigo Testamento. A resposta foi: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós dispensar os cristãos de cumprirem os preceitos do Antigo Testamento” (cf. At 15,1-35).

QUANTOS CONCÍLIOS JÁ OCORRERAM NA HISTÓRIA DA IGREJA?

Ao longo da história da Igreja ocorreram ao todo vinte e um concílios ecumênicos.

O QUE SIGNIFICA CONCÍLIO ECUMÊNICO?

“Ecumênico” aqui não significa que seja uma reunião com outras religiões. Ecumênico significa apenas que o concílio vale para toda a Igreja; isso para distinguir dos concílios regionais ou nacionais, com Bispos só de uma região ou de um país. Os concílios ecumênicos têm, pois, autoridade sobre toda a Igreja de Cristo, pois aí está reunido o Colégio dos Bispos juntamente com o Papa, como o Colégio dos Apóstolos juntamente com Pedro. A fé nos ensina que os participantes de um concílio gozam de especial assistência do Espírito Santo: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós [...]” (At 15,28).

QUANDO FOI CONVOCADO O CONCÍLIO VATICANO II?

O Papa convocou o Concílio Vaticano II em 25 de dezembro de 1961, este que foi solenemente aberto por ele em 11 de outubro de 1962. O Concílio, realizado em 4 sessões, só terminou no dia 8 de dezembro de 1965, já sob o papado de Paulo VI.

POR QUE SÃO JOÃO XXIII CONVOCOU O CONCÍLIO VATICANO II?

O Sumo Pontífice considerava que estávamos entrando num período grave da história humana: “A Igreja assiste, hoje, a uma crise que aflige gravemente a sociedade humana. Obrigações de gravidade e de amplitude imensas pesam sobre a Igreja”, afirmava o Papa na Constituição Apostólica “Divino Redentor”, que convocou o concílio. O grande problema que ele via era que “a sociedade moderna caracteriza-se por um grande progresso material ao qual não corresponde igual progresso no campo moral.O Papa João XXIII desejava muito que, com o concílio, a Igreja encontrasse um modo mais atual de apresentar ao mundo a verdade de sempre. Nada de mudar a doutrina e a moral, nada de amolecer o Evangelho, mas apresentá-lo de um modo mais compreensível ao mundo de hoje. Nestas quatro sessões, mais de 2 000 Prelados convocados de todo o planeta discutiram e regulamentaram vários temas da Igreja Católica. As suas decisões estão expressas nas 4 constituições, 9 decretos e 3 declarações elaboradas e aprovadas pelo Concílio.

CONSTITUIÇÃO DOGMÁTICA :

Constituição dogmática sobra a Igreja (“ Lumen gentium ” (LG), 21.11.1964 ) ;

Constituição dogmática sobre a revelação divina (“ Dei Verbum ” (DV), 18.11.1965) ;

A constituição dogmática é um documento pontifício que trata de assuntos da mais alta importância, no caso desses dois documentos temos assuntos referentes a Eclesiologia e sobre a Revelação Divina.

CONSTITUIÇÃO PASTORAL :   

Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo atual (“ Gaudium et spes ” (GS), 7.12.1965)

A Constituição Pastoral estabelece pontos de disciplina.

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CONSTITUIÇÃO CONCILIAR :

Constituição sobre a sagrada liturgia (“ Sacrosanctum Concilium ” (SC), 4.12.1963 )

Recebe esse nome por exclusão (Não é disciplinar e nem dogmática)

DECRETOS

- Decreto sobre os meios de comunicação social (“ Inter mirifica ” (IM), 4.12.1963) ;- Decreto sobre as Igrejas Católicas orientais (“ Orientalium Ecclesiarium ” (OE), 21.11.1964) ;- Decreto sobre o ecumenismo (“ Unitatis redintegratio ” (UR), 21.11.1964) ;- Decreto sobre o ministério pastoral dos bispos (“ Christus Dominus ” (CD), 28.10.1965) ;

- Decreto sobre a formação sacerdotal (“ Optatam totius ” (OT), 28.10.1965) ;- Decreto sobre a conveniente renovação da vida religiosa (“ Perfectae caritatis ” (PC), 28.10.1965) ;- Decreto sobre o apostolado dos leigos (“ Apostolicam actuositatem ” (AA), 18.11.1965) ;- Decreto sobre a atividade missionária da Igreja (“ Ad gentes ” (AG), 7.12.1965) ;- Decreto sobre o ministério e vida dos padres (“ Presbyterorum Ordinis ” (PO), 7.12.1965) É uma ordem emanada de uma autoridade superior ou órgão (civil, militar, leigo ou eclesiástico) que determina o cumprimento de uma resolução.

DECLARAÇÕES :

Declaração sobre a educação cristã (“ Gravissimum educationis ” (GE), 28.10.1965) ;- Declaração sobre as relações da Igreja com as religiões não cristãs (“ Nostra aetate ” (NA), 28.10.1965) ;- Declaração sobre a liberdade religiosa (“ Dignitatis humanae ” (DH), 7.12.1965) .

É um documento através do qual a autoridade eclesiástica vem declarar algo visando ao grande publico dos fieis

 O tema central do concílio deveria ser a Igreja. Primeiro: o que é a Igreja? Segundo: qual a sua relação com o mundo atual? Daí surgiram os principais documentos conciliares: a Lumen Gentium (o que é a Igreja?), a Dei Verbum (como Deus se revelou e como a Igreja guarda essa revelação?), a Sacrosanctum Concilium (como a Igreja celebra o mistério de Cristo?) e a Gaudium et Spes (como a Igreja se coloca no mundo?)

LUMEN GENTIUM

APOSTOLADOS DOS LEIGOS

“Mas os leigos são especialmente chamados a tornarem a Igreja presente e ativa naqueles locais e circunstâncias em que só por meio deles ela pode ser o sal da terra (112). Deste modo, todo e qualquer leigo, pelos dons que lhe foram concedidos, é ao mesmo tempo testemunha e instrumento vivo da missão da própria Igreja, «segundo a medida concedida por Cristo» (Ef. 4,7)”. LG, 33

OS CARISMAS NO POVO CRISTÃO

“Além disso, este mesmo Espírito Santo não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes, mas «distribuindo a cada um os seus dons como lhe apraz» (1 Cor. 12,11), distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja, segundo aquelas palavras: ; «a cada qual se concede a manifestação do Espírito em ordem ao bem comum» (1 Cor. 12,7).”

“Estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com acção de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja. Não se devem porém, pedir temerariamente, os dons extraordinários nem deles se devem esperar com presunção os frutos das obras apostólicas; e o juízo acerca da sua autenticidade e recto uso, pertence àqueles que presidem na Igreja e aos quais compete de modo especial não extinguir o Espírito mas julgar tudo e conservar o que é bom (cfr. 1 Tess. 5, 12. 19-21).” LG, 12

Em 1995, o Papa João Paulo II classificou o Concílio Vaticano II como "um momento de reflexão global da Igreja sobre si mesma e sobre as suas relações com o mundo". Ele acrescentou também que esta "reflexão global" impelia a Igreja "a uma fidelidade cada vez maior ao seu Senhor. Mas o impulso vinha também das grandes mudanças do mundo contemporâneo, que, como “sinais dos tempos”, exigiam ser decifradas à luz da Palavra de Deus".

Em 2005, o Papa Bento XVI defendeu também a mesma ideia do seu predecessor, dizendo que:

“Quarenta anos depois do Concílio podemos realçar que o positivo é muito maior e mais vivo do que não podia parecer na agitação por volta do ano de 1968. Hoje vemos que a boa semente, mesmo desenvolvendo-se lentamente, cresce todavia, e cresce também assim a nossa profunda gratidão pela obra realizada pelo Concílio. [...] Assim podemos hoje, com gratidão, dirigir o nosso olhar ao Concílio Vaticano II: se o lemos e recebemos guiados por uma justa hermenêutica, ele pode ser e tornar-se cada vez mais uma grande força para a sempre necessária renovação da Igreja”.