CONCÍLIO VATICANO II: HISTÓRIA E TEOLOGIA O CONCÍLIO VATICANO II E AS DGAE 2015-2019.

CONCÍLIO VATICANO II: HISTÓRIA E TEOLOGIA

O CONCÍLIO VATICANO II E AS DGAE 2015-2019

Apresentação geral do tema a ser abordado

Será dividido em três momentos

Introdução

I – Antecedentes do Vaticano II

II – Particularidades do Vaticano (e seus objetivos)

III – Movimentos de renovação que III – Movimentos de renovação que precederam (e prepararam) o Concílioprecederam (e prepararam) o Concílio

IV – A figura de João XXIIIIV – A figura de João XXIII

CONCÍLIO VATICANO II: UMA“MUDANÇA DE ÉPOCA” PARA A IGREJA

I.I. MUDANÇA DE ÉPOCA – em que consiste?

II. Por que o Concílio foi uma “mudança de época” para II. Por que o Concílio foi uma “mudança de época” para a Igreja?a Igreja?

III. Algumas conquistas do Concílio Vaticano IIIII. Algumas conquistas do Concílio Vaticano II

IV. Algumas temáticas importantes

DO CONCÍLIO VATICANO II ÀS DGAE

1. Plano de Pastoral de Conjunto (PPC)

2. Do PPC às Diretrizes2. Do PPC às Diretrizes

3. Da Ação Pastoral à Ação Evangelizadora3. Da Ação Pastoral à Ação Evangelizadora

4. Das Diretrizes às Urgências na Ação Evangelizadora4. Das Diretrizes às Urgências na Ação Evangelizadora

5.5. Da Conferência de Aparecida às atuais DGAEDa Conferência de Aparecida às atuais DGAE

66. . DGAE 2015-2019DGAE 2015-2019


Introdução: Sínodos e Concílios (diferenças e

semelhanças)

Principais diferenças do Vaticano II Principais diferenças do Vaticano II em relação aos demais Concíliosem relação aos demais Concílios



II – Particularidades do Vaticano (e seus objetivos)

III – Movimentos de renovação que III – Movimentos de renovação que precederam (e prepararam) o precederam (e prepararam) o ConcílioConcílio

IV – A figura de João XXIIIIV – A figura de João XXIII

INTRODUÇÃO

SÍNODOS E CONCÍLIOS ECUMÊNICOS

Concilium - concalare = “convocar”Pode ser sinônimo de synodus (sínodo),

conventus (reunião), coetus (grupo).Syn+hodos = sentido de caminhar juntos.

Tertuliano utiliza pela primeira vez em sentido cristão a palavra Concílio.

Desde a Idade Média:

- Concílio = Assembleia da Igreja universal

- Sínodo = Assembleias regionais

Concílio = Assembleia da Igreja universal

- Sínodo = Assembleias regionais

- Experiência sinodal precede à conciliar

Início dos Sínodos Particulares

Seg. metade do século II – heresia montanista e controvérsias acerca da data da Páscoa.

- procura-se dirimir questões concernentes à fé cristã.

- séc. III: generalização da prática

Início dos Concílios Ecumênicos

Século IV – Niceia ano 325

A Igreja adapta-se às formas e organizações imperiais. A comunhão das igrejas locais modela-se, em suas principais manifestações, no quadro geográfico da província civil. A presidência do Colégio Episcopal local recai sobre o Metropolita, Bispo da metrópole, capital civil da província.

Algumas sedes ganham preeminência: Roma, Constantinopla (a nova Roma), Alexandria, Antioquia e Jerusalém. A Sé Romana goza de primazia cuja formulação jurídica se torna bem clara com o Papa Leão I (440-461). Considera-se o Bispo de Roma sucessor de Pedro e de seu primado.

Os Concílios Ecumênicos

Quanto aos Concílios Ecumênicos, apenas os sete primeiros têm reconhecimento das Igrejas ortodoxas.

A Igreja Católica Romana admite a existência de 21 Concílios – de Niceia (325) ao Vaticano II (1962-1965).

Os oito primeiros Concílios foram convocados pelo Imperador e os demais pelo Papa.

A partir do século V, a aprovação do Bispo de Roma tornou-se indispensável aos Concílios.

Principais diferenças do Principais diferenças do Vaticano II em relação aos Vaticano II em relação aos

demais Concíliosdemais Concílios

• Normalmente os Concílios foram marcados por controvérsias, questões de fé (heresias), necessidade de reforma da Igreja, desafios à sua autoridade e outros temas significativos na época de sua realização.

• Embora inserido na história dos 21 Concílios Ecumênicos, o Vaticano II difere dos precedentes. Contou com participação maciça do episcopado mundial, representantes de todo o Povo de Deus e observadores das igrejas cristãs não católicas. Revestiu-se de um caráter dialogal e de abertura, iniciando novo tempo na Igreja.


1. Na década de 60 havia “clima” para um Concílio Ecumênico?

- Após o Vaticano I e a Infalibilidade Papal não se esperava outro Concílio.

Acreditava-se que o Papa poderia sozinho resolver os problemas da Igreja.

Como o Vaticano I não foi concluído, alguns pontífices (Pio XI e Pio XII) se dispuseram a fazê-lo (ao invés de convocar novo Concílio).

Havia clima de incerteza dogmática(LIBANIO, 2012, p. 14):

• crise do pós-guerra, • relativização de valores, • reação da Encíclica Humani Generis

(Pio XII) ao surto teológico [posição fortemente apologética – preocupação com a teologia escolástica e o Magistério da Igreja] – clima de condenação aos “erros modernos” .

Após a morte de Pio XII,

os cardeais escolhem um “Papa de transição”.

João XXIII não pretende concluir o Vaticano I mas propõe um novo Concílio (Vaticano II).

João XXIIINão se sente pressionado por nenhuma força externa, mas impelido pelo Espírito e considera o Concílio a ser convocado como “flor de inesperada primavera” e um “novo pentecostes” na vida da Igreja.

João XXIII afirma sentir-se surpreso com a própria ideia.

II. O Vaticano II e os 21 Concílios Ecumênicos – particularidades do Vat. II:

• sem condenações ou definições dogmáticas

• um “Concílio Pastoral”.

[Fragmentos do discurso de abertura de João XXIII]

Nada de condenações e anátemas mas a serena apresentação da verdade. Ela deve responder às exigências do nossotempo. Uma coisa é a substância do “depositum fidei”, isto é, as verdades contidas na nossa doutrina, e outra é a formulação com que são enunciadas, conservando-lhes, contudo, o mesmo sentido e o mesmo alcance .

Busca ecumênica pela unidade dos católicos, Busca ecumênica pela unidade dos católicos, dos cristãos, dos fieis de religiões não cristãsdos cristãos, dos fieis de religiões não cristãse de todo o gênero humanoe de todo o gênero humano

Veneráveis irmãos, isto se propõe o Concílio Ecumênico Vaticano II, que, ao mesmo tempo, que une as melhores energias da Igreja e se empenha por fazer acolher pelos homens mais favoravelmente o anúncio da salvação, como que prepara e consolida o caminho para aquela unidade do gênero humano, que se requer como fundamento necessário para que a cidade terrestre se conforme à semelhança da celeste «na qual reina a verdade, é lei a caridade, e a extensão é a eternidade.

[...] Agora, porém, a esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia do que o da severidade. Julga satisfazer melhor às necessidades de hoje mostrando a validez da sua doutrina do que renovando condenações.

Remédio da misericórdiaRemédio da misericórdia

Magistério de caráter eminentemente pastoral

Será preciso atribuir muita importância a esta forma e, se necessário, insistir com paciência, na sua elaboração; e dever-se-á usar a maneira de apresentar as coisas que mais corresponda ao magistério, cujo caráter é prevalentemente pastoral (João XXIII).

Objetivos do ConcílioObjetivos do Concílio

Em abril de 1959, João XXIII formula o objetivo fundamental do Concílio:

“[...] fazer crescer o empenho dos cristãos, ‘dilatar os espaços da caridade [...] com clareza de pensamento e com grandeza de coração’” (ALBERIGO, 2010, p. 30).

• João XXIII pretendia o aggiornamento da Igreja.

Há preocupação com a Igreja Ad intra e Ad extra

No segundo período (29/09/1963), Paulo VI indica quatro objetivos:

“[...] exposição da teologia da Igreja, sua renovação interna, empenho pela unidade dos cristãos e, finalmente, o diálogo com o mundo contemporâneo” (Ibid. p. 81).

Preocupação com a Igreja ad intra e ad extra

FINALIDADESDO CONCÍLIO

(Paulo VI)

A CONSCIÊNCIAA CONSCIÊNCIADADA

IGREJA IGREJA RENOVAÇÃORENOVAÇÃODA IGREJA DA IGREJA

UNIDADE DEUNIDADE DETODOS TODOS

OS CRISTÃOSOS CRISTÃOSDIÁLOGO COM DIÁLOGO COM OS HOMENS DE OS HOMENS DE

HOJEHOJE

III. Movimentos de renovação que precederam (e prepararam)

o Concílio no Brasil e no mundo:

Movimentos de renovação teológica(que atingiram o Brasil)

Movimentos oriundos da Hierarquia (que foram também assumidos pelos leigos)

Principais forças renovadoras brasileiras(contribuição específica do Brasil para a renovação

teológico-pastoral)

Movimentos de renovação teológica europeia que também atingiram o Brasil

Movimento Bíblico,

Movimento Litúrgico

e outros:

renovação teológica e eclesiológica,

movimento ecumênico,

movimento missionário,

doutrina social da Igreja,

atuação do laicato,

movimento da mística da pobreza

• O Brasil recebeu influência particular dos movimentos bíblico, litúrgico e catequético, de renovação paroquial e teológica (ideias renovadoras sobretudo de origem francesa)

• O movimento bíblico ganhou impulso com a fundação da Liga de Estudos Bíblicos (LEB) em 1947, durante a primeira Semana Bíblica Nacional em São Paulo. Nasce a leitura popular da Biblia, com os Círculos Bíblicos.

• O movimento litúrgico chegou ao Brasil em 1933, por meio dos cursos de liturgia ministrados por Dom Martinho Michler (OSB) no Instituto Católico de Estudos Superiores.

• Difundido pela Ação Católica, encontrou obstáculos por parte de setores conservadores da Igreja .

• A renovação paroquial sofreu influência francesa.

• Algumas experiências, como a de São Paulo do Potengi (RN) rompem com o quadro tradicional da pastoral paroquial, criando várias comunidades, com participação de todo o Povo de Deus – precursoras das Comunidades Eclesiais de Base

Movimentos oriundos da hierarquia:

• Ação Católica

• Movimento por um Mundo Melhor

Ação Católica:

• Importante força do laicato brasileiro;

• Considerada “braço da hierarquia”;

• Precursora do método ver-julgar-agir;

• Os movimentos de Ação Católica ficaram conhecidos por suas siglas: JAC, JEC, JIC, JOC e JUC.

• De acordo com a inserção na realidade, os movimentos se especializaram, atingindo diferentes segmentos sociais, organizando-se a partir de jovens ou adultos, homens ou mulheres.

O primeiro movimento a atuar no Brasil foi a Juventude Operária Católica (JOC), com um ramo masculino e outro feminino.

• No meio rural surgiu a Juventude Agrária Católica (JAC).

• No meio estudantil a Juventude Estudantil Católica (JEC), no ambiente secundarista e a Juventude Universitária Católica (JUC) no meio universitário. Esta teve uma vertente intelectualizante e outra profissionalizante.

• A Juventude Independente Católica Feminina (JICF) surgiu entre jovens de classe média que se dedicavam a um trabalho profissional ou preparavam-se para o casamento, após concluir seus estudos.

• No meio adulto conheceu-se a Ação Católica Independente (ACI), Ação Católica Operária (ACO) e Ação Católica Rural (ACR).

• Apesar da grande influência na renovação pastoral da Igreja no Brasil, a Ação Católica sofreu o limite de ser “braço da Hierarquia”.

• Justamente no momento de maior inserção no meio social e protagonismo laical (déc. 60), A Ação Católica rompeu com as autoridades eclesiásticas, desaparecendo como movimento de Igreja, porém, persistindo o seu espírito de transformação social.

• Sua atuação transcorreu entre os anos 1935 e 1966.

Movimento por um Mundo Melhor (MMM)

• Embora marcado por visão teológica de cristandade, ofereceu à Igreja do Brasil, por meio de cursos e retiros, elementos de uma nova eclesiologia.

• Difundiu a eclesiologia do “Corpo Místico” e colaborou com a renovação das estruturas e o planejamento pastoral. Atuou na dinamização do Plano de Emergência (1962).

Outras Outras forças renovadoras brasileirasforças renovadoras brasileiras

Destaram-se:

► Movimento de Natal

► Dom Helder Câmara

► CNBB

► CRB

Movimento de NatalMovimento de Natal

• Experiência pastoral de forte cunho social da Arquidiocese de Natal – RN;

• Influenciou o Nordeste e atingiu todo o país (ofereceu material para o Plano de Emergência);

• O Movimento de Natal se iniciou com seis padres (entre eles, o então Pe. Eugênio Sales) na década de 40.

MOVIMENTO DE NATAL

•Primeiras experiências de Pastoral de Conjunto

•Criação do Serviço de Assistência Rural (1949)

•Semanas Rurais (iniciadas em 1951)

• Educação popular pelo rádio (escolas radiofônicas) - surgimento do Movimento de Educação de Base (MEB)

• Sindicalização rural

Experiências pastorais pioneiras e ousadas:

• Comunidades de São Paulo do Potengi (RN) – precursora das CEBs

• Experiência de paróquias confiadas a religiosas

• Campanha da Fraternidade

Dom Helder CâmaraDom Helder Câmara

• Grande articulador do episcopado brasileiro

• Assistente nacional da Ação Católica

• Idealizador e primeiro Secretário Geral da CNBB

• Co-fundador do CELAM (juntamente com Dom Manuel Larraín do Chile)

No Rio de Janeiro, Dom Helder• Destacou-se na organização do 36º

Congresso Eucarístico Internacional

• Cruzada de São Sebastião – projeto para resolver o problema das favelas

• Banco da Providência e Feira da Providência

• Comunidade de Emaús – trabalho com marginalizados

Em Olinda e Recife• Dom Helder foi o primeiro presidente do

Regional Nordeste II

• Colaborou com a descentralização da formação em pequenas comunidades e a criação do ITER (Instituto de Teologia do Recife)

• Pastoralmente, optou pelo trabalho colegiado e valorização dos leigos

Criou

• Movimento de Evangelização Popular (Encontro de Irmãos) – pobre evangelizando pobre

• Operação Esperança - atendimento às

vítimas de regiões alagadas, construção de habitações (mais de 7 mil), assentamentos rurais, etc.

• Comissão de Justiça e Paz

Dom Helder travou importantes relações com:

• Mons. Montini (futuro Paulo VI) – da Secretaria de Estado do Vaticano – conseguiu sua permissão para iniciar a Conf. Episcopal Brasileira

• O Núncio Dom Carlo Chiarlo (núncio na época da criação da CNBB)

• O Núncio Dom Armando Lombardi (1954-1964) – com quem discutia todos os sábados os problemas eclesiais e sociais do Brasil

Homem de diálogo com os governos e autoridades do Brasil

• Participou dos diálogos na era desenvolvimentista dos anos 50

• Esteve próximo de diversas autoridades civis

• Assumiu atitude crítica face ao golpe militar de 1964

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

• Criada em 14 de outubro de 1952 (10 anos antes do Concílio)

• Promotora da Pastoral de Conjunto e da Colegialidade dos Bispos

• Sua experiência de 10 anos (por ocasião do Vaticano II) permitiu melhor recepção do Concílio por parte da Igreja no Brasil

A CNBBA CNBB

• Antes do Concílio elaborou um Plano de Emergência (1962) para acolher o apelo do Papa João XXIII – por uma planificação pastoral do Continente

• O PE antecipou-se à teologia da Colegialidade, presente no Vaticano II e foi elaborado em clima de preparação para o grande Concílio

Entre os frutos do PE estão:

• o início do planejamento e renovação pastoral (renovação paroquial, do ministério sacerdotal e dos educandários católicos)

• A descentralização da CNBB – por meio dos Regionais (criação dos 7 primeiros)

• Maior preocupação com a realidade (criação do CERIS)

Ao final do Vaticano II a CNBB

elabora o Plano de Pastoral de Conjunto (PPC) e deixa o Concílio como o primeiro episcopado do mundo com um plano concreto para aplicar as orientações conciliares.

CRB

• Criada em 1954 durante o I Congresso dos Religiosos do Brasil no RJ.

• Projetou-se internacionalmente, sendo reconhecida na época pela Congregação dos Religiosos com uma das melhores conferências do mundo e modelo para as demais.

• colaborou na execução do Plano de Emergência além de prestar apoio aos Movimentos de Natal e Mundo Melhor. Igualmente, houve disposição em colaborar com o PPC.

• Entre os muitos frutos desta parceria, encontra-se a criação do Centro de Estatística Religiosa e Investigações Sociais (CERIS).

No cenário latino-americano

• Destaca-se o CELAM (Conselho Episcopal Latino-americano).

• foi criado durante a primeira Conferência Geral do Episcopado Latino Americano (ocorrida entre 25/07 a 04/08 de 1955) no pontificado de Pio XII.

• Após a Conferência do Rio aconteceram: Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e Aparecida (2007).

Medellín (1968) – após o Vaticano II

• recepção criativa do Vaticano II

- “Presença da Igreja na atual transformação da América Latina à luz do Concílio Vaticano II”

• destaque para o tema da libertação e da opção pelos pobres.

IV - O Papa João XXIII:

sua história de vida e intuições

ANGELO GIUSEPPE RONCALI (JOÃO XXIII)

- Nasceu em 1881 e foi ordenado padre em 1904;- homem de família humilde e religiosa;- sempre manteve laços com sua família;- capelão militar em 1915 durante a Primeira

Guerra Mundial;- Em 1921 foi eleito Presidente da Comissão

Italiana da Propagação da Fé – visitou as dioceses italianas


- Em 1925 foi nomeado Bispo e enviado para a Bulgária como visitador e depois delegado apostólico – contato com os Ortodoxos;

- Em 1934 foi transferido para a Delegação Apostólica de Constantinopla – contato com o mundo islâmico. Desenvolveu funções diplomáticas e foi Bispo dos católicos de rito latino;


- Em 1944 (com 63 anos de idade) tornou-se Núncio Apostólico em Paris;

- Em 1952 (com 72 anos) foi convidado pelo Papa Pio XII para substituir o Patriarca de Veneza e tornou-se cardeal.

Bispo de Roma

Roncali anota em seu diário que aos 72 anos de idade assumiria um ministério diretamente voltado para a pastoral, após longos anos de serviço diplomático. Reconhecia que já estava “às portas da eternidade”. Veneza seria sua “última” missão.

Entretanto, depois de um longo pontificado (1939-1958), faleceu o Papa Pio XII. Após um pontífice de grande influência na Igreja, o Conclave estava inclinado a escolher um “Papa de transição”.

“Papa de transição”

“Dizem que sou um papa de transição. É isso mesmo, mas, de transição em transição, a Igreja vai em frente”

Concílio Vaticano II

Contra todas as expectativas, João XXII convocou o maior Concílio da História da Igreja e, expressando sua intenção de ser verdadeiramente Bispo de Roma, também convocou um Sínodo para aquela Igreja. Desejava ainda a reforma do Direito Canônico realizada posteriormente por João Paulo II.

Duas preciosas imagens acompanharam a vida do Papa Roncali: a Igreja como família e como um jardim florescente.

“Nós estamos aqui na terra não para vigiar um museu, mas para cultivar um jardim florescente de vida reservado a um futuro glorioso”.

Segundo Pe. Libanio (2012, p. 15) , João XXIII tinha

“[...] tudo para ser conservador: idade, origem rural, formação teológica tradicional, patriarca de uma cidade italiana de longa tradição, filho de carreira diplomática dos pontificados de Pio XI e XII, ex-membro da cúria”.

Revela-se precursor (João) da grande renovação causada pelo Vaticano II.

• “A convocação do Concílio foi uma surpresa, totalmente imprevisível, seja pelo clima teológico reinante, seja pela idade de João XXIII. Mais surpreendente foi a orientação progressista que assumiu desde o discurso inaugural do Papa, apesar de ter tido uma preparação bastante conservadora. Três palavras marcaram-no: pastoral, ecumênico e aggiornamento” (LIBANIO, 2012, p. 17).

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