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MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS NO PROCESSO DE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE REFINARIAS DE PETRÓLEO NO BRASIL:
Análise comparativa de 3 casos (MA, CE e RJ)
Marcelo Fontenelle Pereira Matos
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia Ambiental da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadora: Alessandra Magrini
Rio de Janeiro
Agosto de 2015
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MEDIDAS MITIGADORAS E COMPENSATÓRIAS NO PROCESSO DE
LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE REFINARIAS DE PETRÓLEO NO BRASIL.
Análise comparativa de 3 casos (MA, CE e RJ)
Marcelo Fontenelle Pereira Matos
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO
DE ENGENHARIA AMBIENTAL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS
REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE
ENGENHEIRO AMBIENTAL.
Examinado Por:
________________________________________
Prof. Dra. Alessandra Magrini
________________________________________
Prof. Dra. Monica Pertel
________________________________________
Msc. Isaura Maria Ferreira Frega
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO de2015
3
Agradecimentos
A minha família que me deu apoio em toda a minha vida, aceitou minhas escolhas e me
incentivou a estudar e passar tanto para a UFRJ quanto em todas as matérias que tive
dificuldade durante o curso de Engenharia Ambiental.
A minha avó por ser um exemplo de pessoa, capaz de criar 3 filhas e 7 netos sendo forte
e acreditando no meu potencial.
Aos meus amigos que passaram longos dias estudando e me ajudando a solucionar
problemas complexos que um curso de Engenharia é capaz de proporcionar.
Aos professores do DRHIMA que dedicam suas carreias à formar futuros engenheiros
que possam fazer a diferença.
À Professora e orientadora Alessandra Magrini pela paciência, atenção e dedicação
durante todo o desenvolvimento deste projeto.
À Professora Monica Pertel por ter ministrado com dedicação e comprometimento a
disciplina “Avaliação de Impactos Ambientais”, essencial para a formação de qualquer
Engenheiro Ambiental.
À Isaura Frega por ter aceitado contribuir com sua experiência na avaliação e
finalização deste trabalho.
Aos colegas de graduação que foram companheiros, participativos e amigos em todos os
momentos desse aprendizado, e em especial, à Clara Contursi e Fernanda Brandão por
terem estado ao meu lado em praticamente todos os momentos dessa jornada.
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Matos, Marcelo Fontenelle Pereira
Medidas Mitigadoras e Compensatórias Exigidas no
Processo de Licenciamento Ambiental de Refinarias de
Petróleo no Brasil/ Marcelo Fontenelle Pereira Matos - Rio de
Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2015.
79p:
Orientadora: Alessandra Magrini
Curso de Engenharia Ambiental, 2015
Referências Bibliográficas: p. 89-90
1. Licenciamento Ambiental. 2. Medidas Compensatórias.
3. Medidas Mitigadoras. 4. Avaliação de Impacto Ambiental.
5. Refinarias.
I. Fontenelle Pereira Matos, Marcelo. II. Universidade Federal
do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia
Ambiental.
5
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Ambiental.
Medidas Mitigadoras e Compensatórias no Processo de Licenciamento Ambiental de
Refinarias de Petróleo no Brasil:
Análise comparativa de 3 casos (MA, CE e RJ)
Marcelo Fontenelle Pereira Matos
Agosto/2015
Orientadora: Alessandra Magrini
Curso: Engenharia Ambiental
É através do processo de licenciamento ambiental que os órgãos licenciadores decidem
quanto à viabilidade ambiental de um empreendimento e a necessidade de medidas
mitigadoras e compensatórias. Este trabalho analisa comparativamente quais foram as
medidas mitigadoras e compensatórias exigidas em processos no licenciamento
ambiental de três refinarias de petróleo.
Para tal, são apresentadas as informações contidas nos capítulos de Diagnóstico
Ambiental, Avaliação de Impacto Ambiental e Proposição de Programas Ambientais
presentes nos EIA/RIMAs de cada projeto para a posterior comparação. A metodologia
se baseia na verificação do atendimento aos requisitos dos respectivos Termos de
Referência além da comparação entre os impactos e medidas mitigadoras apresentadas
por cada estudo.
As condicionantes das Licenças Prévias emitidas para estes empreendimentos são
analisados e por fim propõe-se uma metodologia de apresentação das medidas
mitigadoras e compensatórias dentro dos EIAs com o intuito de facilitar a análise dos
órgãos licenciadores nas etapas posteriores do licenciamento.
Palavras-chave: Licenciamento Ambiental, Medidas Mitigadoras, Medidas
Compensatórias, Avaliação de Impacto Ambiental, Refinarias.
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Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Environmental Engineer.
MITIGATING AND COMPENSATING MEASURES IN THE PROCESS OF
ENVIRONMENTAL LICENSING OF OIL REFINERIES IN BRAZIL:
Comparative analysis of three cases (MA, CE e RJ states)
Marcelo Fontenelle Pereira Matos
August/2015
Advisor: Alessandra Magrini
Course: Environmental Engineering
It is through the licensing process that licensing bodies decide on the environmental
viability of an enterprise and the need for mitigation and compensation measures. This
paper analyzes comparatively what were the mitigating and compensatory measures
required processes in environmental licensing of three oil refineries.
To this end, the information contained in Chapters Environmental Diagnostics,
Environmental Impact Assessment and Proposal of Environmental Programs present in
the environmental studies of each project for later comparison are presented. The
methodology is based on the verification of compliance with requirements of the
respective Terms of Reference and the comparison between the impacts and mitigation
measures presented by each study.
The conditions of prior licenses issued to these developments are analyzed and finally
propose a presentation methodology of mitigating and compensatory measures within
the environmental studies in order to facilitate the analysis of licensing agencies in the
later stages of licensing.
Keywords: Environmental Licensing, Mitigation Measures, Compensation Measures,
Environmental Impact Assessment, Oil Refineries.
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Sumário 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 11
2 REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 13
2.1 Processo de Licenciamento no Brasil .............................................................. 13
2.2 EIA/RIMA ....................................................................................................... 16
2.3 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) ....................................................... 17
2.4 Medidas Mitigadoras ....................................................................................... 18
2.5 Medidas Compensatórias ................................................................................. 20
3 O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE REFINARIAS NO BRASIL:
COMPERJ, RPRE-I E RPRE-II ..................................................................................... 22
3.1 Breve Histórico das Refinarias ........................................................................ 22
3.2 O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ ............................ 25
3.2.1 Área de Influência .................................................................................... 27
3.2.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada ............................................. 28
3.2.3 Unidades de Conservação ......................................................................... 29
3.2.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição de Medidas Mitigadoras
e Compensatórias. ................................................................................................... 30
3.2.5 Programas Ambientais Propostos no EIA ................................................ 32
3.3 Refinaria Premium I (RPRE-I) ........................................................................ 34
3.3.1 Área de Influência .................................................................................... 37
3.3.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada ............................................. 38
3.3.3 Unidades de Conservação ......................................................................... 39
3.3.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição das Medidas
Mitigadoras e Compensatórias ............................................................................... 42
3.3.5 Programas Ambientais Propostos no EIA ................................................ 46
3.4 Refinaria Premium II (RPRE-II) ...................................................................... 48
3.4.1 Área de Influência .................................................................................... 50
3.4.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada ............................................. 52
3.4.3 Unidades de Conservação ......................................................................... 54
3.4.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição das Medidas
Mitigadoras e Compensatórias ............................................................................... 54
3.4.5 Programas Ambientais Propostos no EIA ................................................ 57
3.5 Condicionantes das Licenças Prévias (LPs) .................................................... 59
8
3.5.1 COMPERJ ................................................................................................ 59
3.5.2 RPRE-I ..................................................................................................... 61
3.5.3 RPRE-II .................................................................................................... 61
4 COMPARAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA .............................................................. 63
4.1 O atendimento aos Termos de Referência (TRs) ou Instrução Técnica (IT) ... 63
4.1.1 Impactos ambientais e as medidas mitigadoras e compensatórias ........... 63
4.1.2 Comparação dos planos e programas exigidos para a consolidação da
implementação das medidas mitigatórias e compensatórias .................................. 69
4.2 Comparação dos impactos ambientais mais significativos e respectivas
medidas mitigatórias e compensatórias ...................................................................... 72
4.2.1 Poluição Atmosférica ............................................................................... 74
4.2.2 Contaminação Hídrica .............................................................................. 75
4.2.3 Assoreamento ........................................................................................... 76
4.2.4 Supressão vegetal e impactos relacionados .............................................. 77
4.2.5 Pressão sobre a infraestrutura de serviços públicos essenciais ................ 78
4.2.6 Alterações Socioeconômicas .................................................................... 79
4.2.7 Riscos de incêndios e explosões ............................................................... 80
4.2.8 Interferências em áreas especiais: Unidades de Conservação, APPs e
outras 81
4.3 Análise Crítica ................................................................................................. 81
4.4 Resultados ........................................................................................................ 84
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 86
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 89
7 ANEXOS ................................................................................................................. 91
9
Lista de Figuras
Figura 1: Área Refinaria Premium I ............................................................................... 24
Figura 2:Polígono Refinaria Premium II ........................................................................ 25
Figura 3: Ilustração esquemática do COMPERJ e da infraestrutura externa associada. 26
Figura 4: Área de Abrangência Regional - CONLESTE. .............................................. 28
Figura 5: Unidades de Conservação na região do COMPERJ. Em cinza a área do
COMPERJ, em laranja as Unidades de Conservação, em verde os Parques, em azul
claro as APAS e em roxo as Reservas Biológicas. ......................................................... 30
Figura 6: Mapa de localização do empreendimento Refinaria Premium I. Em amarelo a
área prevista para a RPRE-I e em vermelho a faixa de dutos. ....................................... 36
Figura 7: Mapa da Área de Influência Indireta............................................................... 37
Figura 8: Área de Influência Direta da RPRE-I. ............................................................ 38
Figura 9: Mapa das Unidades de Conservação nas áreas de influência do
empreendimento. Em amarelo a área prevista a RPRE-I, em laranja, verde escuro, verde
claro e roxo as UCs, a linha pontilhada vermelha representa a IAD do empreendimento
........................................................................................................................................ 41
Figura 10: Mapa de Localização da Refinaria Premium II. Em vermelho a área
planejada para a refinaria e em roxo a faixa de dutos. ................................................... 49
Figura 11: AID e AII da Refinaria Premium II, para os meios físico e biótico. Em
vermelho a área prevista para a RPRE-II, a linha em roxo representa a faixa de dutos.
Em marrom a AID e o círculo em roxo a AII. ................................................................ 51
Figura 12: Área de Influência Indireta da refinaria e da dutovia para o meio antrópico.
Em vermelho a área prevista para a RPRE-II, em roxo a faixa dedutos, em amarelo os
municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. ..................................................... 52
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Lista de Tabelas
Tabela 1: Programas Ambientais propostos no EIA no COMPERJ .............................. 32
Tabela 2: Programas Ambientais propostos no EIA da RPRE-I. ................................... 46
Tabela 3: Programas Ambientais analisados. ................................................................. 47
Tabela 4: Programas Ambientais apresentados no EIA/RIMA da RPRE-II. ................. 57
Tabela 5: Programas Ambientais analisados. ................................................................. 58
Tabela 6: Impactos relevantes apresentados nos respectivos EIAs/RIMAs ................... 73
Tabela 7: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à poluição atmosférica. 74
Tabela 8: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à contaminação hídrica.
........................................................................................................................................ 75
Tabela 9: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas ao assoreamento ......... 77
Tabela 10: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à supressão vegetal e
impactos relacionados..................................................................................................... 77
Tabela 11: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à pressão sobre a
infraestrutura de serviços públicos. ................................................................................ 79
Tabela 12: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas às alterações
socioeconômicas ............................................................................................................. 80
Tabela 13: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas a riscos de incêndios e
explosões. ....................................................................................................................... 81
Tabela 14: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas às interferências em
áreas especiais: UCs, APPs e outras. .............................................................................. 81
Tabela 15: Modelo simplificado para proposição de medidas mitigadoras e
compensatórias. .............................................................................................................. 85
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1 INTRODUÇÃO
O processo de licenciamento ambiental no Brasil atualmente é o principal
instrumento legal responsável pela aplicação de medidas que visam à preservação do
meio ambiente. É através deste processo que os órgãos licenciadores decidem quanto à
viabilidade ambiental de um empreendimento e a necessidade de medidas mitigadoras e
compensatórias. Tais medidas podem ter caráter de comando e controle ou até
econômicas.
Este trabalho pretende apresentar quais são as medidas mitigadoras e
compensatórias exigidas em processos de licenciamento ambiental desde a exigências
apresentadas através dos Termos de Referência ou Instrução Técnica, passando pela
apresentação de tais medidas nos Estudos de Impacto Ambiental até a emissão da
Licença Prévia, especificamente para o caso de refinarias de petróleo. É analisado se
existe discrepância entre estados brasileiros, bem como os motivos que ocasionaram tal
diferença, quando ela existe.
Para tal, inicialmente é apresentada, no Capítulo 2, uma revisão bibliográfica das
principais leis e normas que regem o processo de licenciamento ambiental no Brasil,
desde a criação da Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), além dos principais
instrumentos utilizados para análise de projetos submetidos ao licenciamento ambiental.
O Capítulo 3 traz um breve histórico das Refinarias no Brasil e apresenta os
principais resultados de Estudos de Impacto Ambiental-EIAs e respectivos Relatórios
de Impacto Ambiental-RIMAs de 3 projetos de refinarias. Para viabilizar a posterior
comparação, são apresentadas as informações contidas nos capítulos de Diagnóstico
Ambiental, Avaliação de Impacto Ambiental e Proposição de Programas Ambientais
presentes nos EIA/RIMAs de cada projeto, cujos licenciamentos foram conduzidos
pelos órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento no estado em que o
empreendimento pretendia ser instalado.
Conforme mencionado anteriormente, a comparação entre as exigências a cada
empreendimento é feita no Capítulo 4, primeiramente por meio da verificação do
atendimento aos requisitos dos respectivos Termos de Referência e em seguida ao fazer
a comparação entre os impactos e medidas mitigadoras apresentados por cada estudo.
Esta sendo proposto uma forma de apresentação dos impactos ambientais e respectivas
medidas mitigadoras/compensatórias com o intuito de apresentar em qual documento
12
elas serão apresentadas ao órgão ambiental no caso da solicitação da Licença de
Instalação.
Por fim, o Capítulo 5 de Conclusões e recomendações, apresenta o resumo da
análise feita nos EIAs e condicionantes das Licenças Prévias emitidas para estes
empreendimentos analisados, além de propor uma metodologia de apresentação das
medidas mitigadoras e compensatórias dentro dos EIAs com o intuito de facilitar a
análise dos órgãos licenciadores nas etapas posteriores do licenciamento.
13
2 REFERENCIAL TEÓRICO
O Licenciamento Ambiental é uma das manifestações do poder de polícia do
Estado (MUKAI, 1992), que é o poder de limitar o direito individual em benefício da
coletividade. Alguns juristas argumentam que a licença ambiental é uma autorização
(MACHADO, 1993; MUKAI, 1992) a qual cabe ao agente público (o órgão
licenciador) analisar o projeto pretendido e seus impactos ambientais para decidir da
conveniência ou não de conceder a licença (autorização), e quais condições podem ser
impostas para que esta seja concedida. Outros, como Oliveira (1999), discordam dessa
classificação, ao argumentar que licença ambiental é mesmo uma licença no sentido
jurídico do termo, porém, “é informada pelos princípios do Direito Ambiental, que
fazem a diferença ao torná-la não definitiva, com prazo de validade e condicionantes”.
Dentro de inúmeras políticas ambientais, o licenciamento é capaz de conduzir a
imposição de vários instrumentos, entre eles econômicos, e, sobretudo, os mecanismos
de comando e controle, como medidas preventivas e mitigadoras, tidas, por exemplo, na
fixação de limitações para a implantação de empreendimentos ou atividades, na
determinação de padrões de emissão de efluentes líquidos e gasosos, etc. Quando não é
possível prevenir ou mitigar de forma técnica um determinado impacto, emergem as
medidas compensatórias (ARTIGAS, 2011).
2.1 Processo de Licenciamento no Brasil
Em 1981, a Lei Federal nº 6.938, de 31 de agosto, instituiu a Política Nacional
do Meio Ambiente (PNMA). A PNMA tem por objetivo “a preservação, melhoria e
recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País,
condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e
à proteção da dignidade da vida humana” (art. 2º). Além deste objetivo, a Lei define
alguns outros, denominados princípios norteadores das ações. Dentre estes princípios,
pode ser destacado o controle das atividades potencial ou efetivamente poluidoras (art.
2º, V).
A referida Lei instituiu, também, o Sistema Nacional do Meio Ambiente
(SISNAMA), constituído pelos órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito
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Federal, dos Territórios e dos Municípios, responsáveis pela proteção e melhoria da
qualidade ambiental (art. 6º).
A Lei nº 6.938/81 estabeleceu em seu artigo 9º os instrumentos para
implementar a PNMA. Dentre estes instrumentos destacam-se a avaliação de impactos
ambientais (art 9º, III) e o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou
potencialmente poluidora (art. 9º, IV). Na redação do artigo 10, atividades utilizadoras
de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidoras, dependerão de
licenciamento ambiental tanto para construção e instalação como para a ampliação de
estabelecimento e atividades já existentes, assim como para seu funcionamento.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) foi instituído por esta
mesma Lei, como órgão superior do SISNAMA. O CONAMA legisla por meio de
Resoluções. As Resoluções editadas pelo CONAMA são diretrizes federais básicas,
podendo os legisladores estaduais e municipais, em atendimento às necessidades locais,
prever outras resoluções específicas aos seus territórios, sendo que estas podem ser mais
restritivas.
O Decreto Federal nº 88.351/83 regulamentou a Política Nacional do Meio
Ambiente e apresentou em seu capítulo IV o detalhamento do licenciamento das
atividades acima mencionadas. Destaca-se no art.18, parágrafo 1º, os critérios básicos
de diagnóstico ambiental da área; descrição da ação proposta e suas alternativas; e
identificação, análise e previsão dos impactos significativos, positivos e negativos,
exigidos nos estudos de impacto para fins de licenciamento. O mesmo foi revogado em
1990 e substituído pelo Decreto nº 99.274.
Em 1986 a Resolução CONAMA nº 001 estabeleceu os critérios básicos e as
diretrizes gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental (AIA)
como um dos instrumentos da PNMA. Esta mesma resolução apresenta as atividades
passíveis de realizarem EIA/RIMA. Cabe destacar que a listagem de atividades
apresentada no artigo 2º desta Resolução é precedida da seguinte frase: “Dependerá de
elaboração de estudo de impacto ambiental e respectivo relatório de impacto ambiental
(RIMA), a serem submetidos à aprovação do órgão estadual competente, e da SEMA1
em caráter supletivo, o licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente,
tais como: Complexo e unidades industriais e agro-industriais (petroquímicos,
1 Em 1989, com a criação do IBAMA, este passou a ser responsável pelo EIA/RIMA em substituição à SEMA.
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siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos
hídricos), entre outras.”
Em 1997 o CONAMA editou a Resolução nº 237 de 19 de dezembro,
regulamentando o licenciamento ambiental estabelecido na PNMA. Segundo dispõe o
artigo 2º desta Resolução, “a localização, construção, instalação, ampliação,
modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos
ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os
empreendimentos capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental,
dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental competente, sem prejuízo de
outras licenças legalmente exigíveis”.
A referida Resolução define em seus artigos 4º, 5º e 6º a competência dos órgãos
em âmbito federal, estadual, Distrito Federal e municipal para licenciar, estabelecendo
que os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de
competência (art. 7º)2. Compete ao órgão ambiental estadual o licenciamento ambiental
dos empreendimentos e atividades localizados ou desenvolvidos em mais de um
município ou em unidades de conservação de domínio estadual (art 5º, I).
A Resolução define também as modalidades de licenças a serem expedidas pelo
poder público, conforme já havia sido disposto anteriormente pelo Decreto nº
88.351/83, Licença Prévia (LP), Licença de Instalação (LI) e Licença de Operação
(LO), dispondo ainda sobre os custos do processo de licenciamento, os prazos de análise
dos processos e os prazos de validade das licenças.
O Anexo 1 desta Resolução apresenta a listagem dos empreendimentos e
atividades passíveis de licenciamento ambiental, podendo o órgão ambiental competente
definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a complementação, quando
necessário, do referido Anexo, levando em consideração os riscos ambientais, o porte e
outras características do empreendimento. Atividades da indústria química, como a
fabricação de produtos derivados do processamento de petróleo, constam desta listagem.
Em 2011 é editada a Lei Complementar nº 140 de 08 de dezembro que dispõe
sobre o Artigo 23 da Constituição e fixa normas e instrumentos para a cooperação entre
União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Dentre os instrumentos de cooperação
2 A limitação da competência para o licenciamento ambiental já era definida pela Resolução CONAMA
nº 237/1997 e, hoje, pela Lei Complementar nº 140/2011.
16
destaca-se o licenciamento ambiental, cujas competências entre União, Estados e
Municípios ficam assim regulamentadas.
Finalmente em 2015 é editado o Decreto nº 8.437 de 22 de abril que regulamenta
o disposto no art. 7º, caput, inciso XIV, alínea “h”, e parágrafo único da Lei
Complementar nº 140, de 8 de dezembro de 2011 e atribui ao IBAMA o licenciamento
ambiental de um conjunto de empreendimentos de infraestrutura. Apesar de algumas
hipóteses para atividades de exploração e produção de petróleo terem sido consideradas
neste decreto, as refinarias não foram incluídas.
2.2 EIA/RIMA
A definição dos estudos técnicos necessários ao licenciamento cabe ao órgão
licenciador. Todavia, nos casos de empreendimentos que tenham potencial de causar
degradação significativa, sempre deverá ser exigido o EIA/RIMA, conforme preconiza a
Resolução CONAMA nº 001/86 e na 237/97.
Segundo Sánchez (2008), o EIA é o documento mais importante de todo o
processo de avaliação de impacto ambiental. É com base nele que serão tomadas as
principais decisões quanto à viabilidade ambiental de um projeto, quanto à necessidade
de medidas mitigadoras e compensatórias e quanto ao tipo e ao alcance dessas medidas.
A elaboração do estudo de impacto ambiental é a atividade central do processo
de avaliação de impacto ambiental, a que normalmente consome mais tempo e recursos
e estabelece as bases para a análise da viabilidade ambiental do empreendimento. O
estudo deve ser preparado por uma equipe composta de profissionais de diferentes
áreas, visando determinar a extensão e a intensidade dos impactos ambientais que
poderá causar e, se necessário, propor modificações no projeto, de forma a reduzir ou,
se possível, eliminar os impactos negativos. Como os relatórios que descrevem os
resultados desses estudos costumam ser bastante técnicos, é usual preparar um resumo
escrito em linguagem simplificada e destinado a comunicar as principais características
do empreendimento e seus impactos a todos os interessados (SÁNCHEZ, 2008).
Geralmente, os EIA/RIMAs são precedidos de um Termo de Referência ou
Instrução Técnica. Tal documento apresenta as diretrizes para a preparação do estudo,
podendo ser extremamente detalhado, ao estabelecer obrigações para o empreendedor e
seu consultor quanto à metodologia a ser utilizada e ainda quanto à forma de
17
apresentação dos estudos, ou podem apenas listar os principais pontos que devem ser
abordados, deixando ao empreendedor e seu consultor a escolha das metodologias e
procedimentos (SÁNCHEZ, 2008).
No caso do estado do Rio de Janeiro a legislação relativa ao licenciamento
ambiental foi recentemente revisada pelo Decreto 44.820/14 que substitui o Decreto
Estadual 42.159/09 e a DZ-041.R-13, do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que
determina a abrangência, os procedimentos e os critérios para a elaboração do
EIA/RIMA. Entre as atividades que necessitam elaborar e apresentar o referido estudo
estão os complexos ou unidades industriais petroquímicos. Segundo a DZ-041,
requerida a Licença Prévia o órgão estadual formulará a Instrução Técnica Específica
para elaboração do EIA e respectivo RIMA, fixando prazo para sua apresentação.
2.3 Avaliação de Impactos Ambientais (AIA)
Segundo Bolea (1984) “as avaliações de impacto ambiental são estudos
realizados para identificar, prever e intepretar assim como prevenir as consequências ou
efeitos ambientais que determinadas ações, planos, programas ou projetos podem causar
à saúde, ao bem-estar humano e ao entorno”. Magrini (1990) destaca a AIA como
extensão do processo de avaliação de um projeto ou programa específico, além de ser
usada na necessidade de análise de alternativas e com a participação do público.
Inicialmente, a AIA voltava-se a projetos de engenharia, porém, hoje em dia já
possui um caráter muito mais abrangente sendo objeto de discussão para aplicação a
planos, programas e políticas (avaliação ambiental estratégica), à avaliação dos
impactos da produção, consumo e descarte de bens e serviços (avaliação do ciclo de
vida), além da avaliação da contribuição líquida de um projeto, plano, programa ou
política para a sustentabilidade (análise de sustentabilidade).
Sánchez (2008) define o processo de avaliação de impacto ambiental como um
conjunto de procedimentos concatenados de maneira lógica, com a finalidade de
analisar a viabilidade ambiental de projetos, planos e programas, e fundamentar uma
decisão a respeito. Já Espinoza e Alzina (2001) definem sistema de AIA como a
estrutura organizativa e administrativa necessária para implementar o processo de AIA,
que, por sua vez, é definido como “os passos e os estágios que devem ser cumpridos
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para que uma análise ambiental preventiva seja considerada suficiente e útil, de acordo
com padrões usualmente aceitos no plano internacional”.
Wathern (1988) apresenta que “o objetivo da AIA não é forçar os tomadores de
decisão a adotar a alternativa de menor dano ambiental. Se fosse assim, poucos projetos
seriam implementados. O impacto ambiental é apenas uma das questões”. Ortolano e
Shepherd (1995) enumeram alguns “efeitos da AIA sobre projetos”, ou seja, os
resultados reais da AIA e sua influência nas decisões: (i) retirada de projetos inviáveis;
(ii) legitimação de projetos viáveis; (iii) seleção de melhores alternativas locacionais;
(iv) reformulação de planos e projetos; (v) redefinição de objetivos e responsabilidades
dos proponentes de projetos.
A AIA tem também o papel de facilitar a gestão ambiental do futuro
empreendimento. A aprovação do projeto implica certos compromissos assumidos pelo
empreendedor, que são delineados no estudo de impacto ambiental, podendo ser
modificados em virtude de negociações com os interessados. A maneira de implementar
as medidas mitigadoras e compensatórias, seu cronograma, a participação de outros
atores na qualidade de parceiros e os indicadores de sucesso podem ser estabelecidos
durante o processo de AIA, que não termina com a aprovação de uma licença, mas
continua durante todo o ciclo de vida do projeto.
De acordo com a Resolução CONAMA 001/86 as etapas da AIA são:
Diagnóstico Ambiental (meio físico, meio biológico e ecossistemas
naturais, meio sócio-econômico);
Análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas
(identificação, previsão e interpretação);
Definição de medidas mitigadoras;
Elaboração do programa de acompanhamento e monitoramento.
2.4 Medidas Mitigadoras
Existem diversos conceitos de dano ambiental e de impacto negativo ao meio
ambiente, porém, as concepções encontram-se na fase do risco concreto, o que no
campo da estatística e probabilidade, pode ser averiguado como o grau de possibilidade
da sua ocorrência e os efeitos deles decorrentes.
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O dano consiste na lesão ilícita e indesejada nos recursos ambientais, com
consequente poluição prejudicial ao equilíbrio ecológico e à qualidade de vida. Já o
impacto negativo ao meio ambiente pode ser definido, além de uma “alteração adversa”
ou degradadora, algo previsto e avaliado - e portanto, aceito - no processo de
licenciamento ambiental (ARTIGAS, 2011).
Não se pode falar em dano quando à frente de processos de licenciamento de
empreendimentos lícitos e desejados, em que se gerenciam, na verdade, impactos
negativos necessários para sua implantação. Então, para o dano ambiental emergem as
responsabilidades civil, administrativa e criminal; para o impacto negativo no meio
ambiente, por sua vez, decorrem as medidas mitigadoras impostas para atenuar e
prevenir esses impactos. No caso da mitigação não ser possível, são impostas medidas
compensatórias. Essas serão abordadas no próximo item deste capítulo.
Sendo assim, este estudo trata das medidas mitigadoras como ações propostas
com a finalidade de reduzir a magnitude ou a importância dos impactos ambientais
negativos. Tais ações podem ser feitas de diversas maneiras, no caso de Refinarias, por
exemplo, desde a instalação de bacias de decantação de águas pluviais para reter
partículas sólidas que iriam para o corpo hídrico, até o emprego de técnicas sofisticadas
de redução de emissões atmosféricas.
As medidas mitigadoras podem existir antes mesmo da elaboração do EIA. Caso
o projeto seja concebido com o emprego de técnicas que levem em consideração o meio
ambiente, o projetista e a equipe ambiental poderão evitar impactos adversos e até cortar
custos do próprio projeto.
Um estudo da Comissão Mundial de Barragens recomenda que, para uma boa
mitigação, são necessários: (i) uma boa base de informação (diagnóstico); (ii)
cooperação, desde o início da avaliação ambiental, entre ecólogos, projetistas da
barragem e população afetada; e (iii) monitoramento sistemático, acompanhado de
análises sobre a eficácia das medidas mitigadoras que possam ser difundidas para
aplicação em outros projetos (WCD, 2000). Ou seja, apesar deste estudo tratar
especificamente de barragens, os conceitos podem ser utilizados em qualquer projeto
que utilize a AIA como metodologia para identificar e mitigar impactos.
Sendo assim, após definido o projeto conceitual, é necessário o levantamento
dos impactos ambientais subsidiado pelo diagnóstico ambiental presente no EIA e pelas
20
características técnicas do empreendimento. As medidas mitigadoras serão apresentadas
com o intuito de atenuar tais impactos.
Ademais, as medidas podem também ser classificadas, assim como é feito para
os impactos. Podem ser imediatas, como a adoção de técnicas de recuperação de áreas
degradadas, ou em longo prazo, como o monitoramento de impactos ao meio
socioeconômico ou biótico.
De acordo com a legislação tais medidas deverão ser propostas no EIA e
detalhadas na etapa posterior, de elaboração dos planos e programas ambientais
constantes no Plano Básico Ambiental (PBA). As medidas serão executadas na fase de
instalação e operação do empreendimento e periodicamente o órgão licenciador deve
receber relatórios de acompanhamento de implementação dessas medidas.
2.5 Medidas Compensatórias
Na hipótese de não ser possível prevenir ou mitigar os impactos negativos de um
empreendimento ou de uma determinada atividade são exigidas medidas
compensatórias no processo de licenciamento ambiental, cada vez mais constantes
através de condicionantes nas licenças ambientais. Essas medidas podem ser
instrumentos econômicos, como o caso da Compensação Ambiental, ou ter
características de comando e controle, ocorrendo quando incidem em impactos
específicos, como o caso do órgão ambiental exigir o reflorestamento de área
equivalente a que foi suprimida.
Em relação à Compensação Ambiental, a Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho
de 2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza
(SNUC), dispondo em seu capítulo IV, artigo 36, sobre o licenciamento ambiental de
empreendimentos de significativo impacto ambiental.
Segundo dispõe esta Lei, no caso de licenciamento ambiental de
empreendimento de significativo impacto ambiental, assim considerado pelo órgão
ambiental competente com fundamento em EIA/RIMA, o empreendedor é obrigado a
apoiar a implantação e manutenção de unidade de conservação do Grupo de Proteção
Integral3. Para tanto, o montante de recursos a ser destinado pelo empreendedor para
3O Grupo das Unidades de Proteção Integral inclui as seguintes categorias: Estação Ecológica; Reserva
Biológica; Parque Nacional; Monumento Natural; Refúgio de Vida Silvestre (art. 8º, Lei nº 9.985/00).
21
esta finalidade não pode ser inferior a 0,5% do custo total previsto para a implantação
do empreendimento, sendo o percentual fixado pelo órgão ambiental licenciador, de
acordo com o grau de impacto ambiental causado pelo empreendimento (art. 36 e §1º)4.
Em 2002, o Decreto nº 4.340, de 22 de agosto, regulamentou a Lei nº 9.985/00.
Em 2007, através da Lei nº 11.517, de 28 de agosto, o IBAMA é desmembrado em dois
órgãos, sendo criado o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
(ICMBio), responsável pela execução das ações do SNUC.
O Decreto nº 6.848, editado em 14 de maio de 2009, altera dispositivos do
Decreto no 4.340/02 no que tange à compensação ambiental e estabelece metodologia
para o cálculo de seu valor com base no grau de impacto ambiental do empreendimento.
No caso do licenciamento ambiental estadual, cada órgão licenciador pode, através de
normas, decretos, regulações, etc. estipular a porcentagem, bem como a metodologia
para o cálculo da compensação ambiental. Tanto no âmbito federal quanto no estadual,
os recursos deverão ser aplicados para as Unidades de Conservação, conforme
preconiza a Lei nº 9.985/00.
Entre as medidas compensatórias no processo de licenciamento, é possível citar
como exemplo de medida de comando e controle a Lei nº 11.428/06 (Lei da Mata
Atlântica). No caso da referida lei, são dois tipos de compensação; no primeiro caso
tem-se que a compensação reside na forma da destinação de área equivalente à extensão
da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia
hidrográfica. No segundo, para as mineradoras, inclui também a recuperação de área
equivalente à área do empreendimento.
Em qualquer processo de licenciamento ambiental, ambos os casos se
sobrepõem. Caso sejam exigidas, pelo órgão ambiental, medidas compensatórias
específicas, essas deverão ser respeitadas independente do pagamento da compensação
ambiental. Por outro lado, Artigas (2011) apresenta que o não cumprimento de uma
medida compensatória não implica a suspensão ou revogação da licença ambiental,
pois, via de regra, desse eventual inadimplemento não há qualquer efeito deletério ao
meio ambiente. Para este caso, podem ser geradas multas.
4 Através da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 3.378/DF foi julgada pelo STF a
inconstitucionalidade da expressão “não pode ser inferior a meio por cento dos cursos torais previstos
para a implantação do empreendimento”, devendo o valor da compensação ser fixado proporcionalmente
ao impacto ambiental.
22
3 O LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE REFINARIAS NO BRASIL:
COMPERJ, RPRE-I E RPRE-II
Com o intuito de conhecer como se dá a proposição de medidas mitigadoras e
compensatórias no processo de licenciamento ambiental, este capítulo apresenta,
resumidamente, as informações contidas nos Estudos de Impacto Ambiental e
respectivos Relatórios de Impacto Ambiental que subsidiaram as decisões dos órgãos
licenciadores quanto à viabilidade ambiental dos projetos, quanto à necessidade de
medidas mitigadoras ou compensatórias e quanto ao tipo e ao alcance dessas medidas.
Para tanto, foram escolhidos 3 projetos de refinarias, sendo 1 na região Sudeste e
2 na região Nordeste, sendo eles: o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(COMPERJ), localizado no estado do Rio de Janeiro; a Refinaria Premium I, localizada
no estado do Maranhão; e a Refinaria Premium II, localizada no estado do Ceará. A
escolha dos projetos se deu com o intuito de conhecer as diferentes proposições
apresentadas pelo empreendedor e as exigências dos órgãos licenciadores em diferentes
regiões do Brasil.
Inicialmente, é exposto o contexto em que os projetos foram desenvolvidos,
posteriormente são apresentadas, separadamente, as principais informações contidas no
EIA/RIMA de cada empreendimento e, por fim, as condicionantes de cada Licença
Prévia com ênfase nos aspectos relacionados às medidas mitigadoras e compensatórias.
3.1 Breve Histórico das Refinarias
Segundo estudo realizado por Tavares (2005), a capacidade de refino brasileira
encontrava-se praticamente estacionada com cerca de 1,9 milhões de barris diários
desde os anos 80, quando as últimas refinarias da Petrobras foram inauguradas e, desde
então, tinham sofrido apenas incrementos marginais de sua capacidade.
Conforme Tavares (2005) apresenta, das 13 refinarias existentes no país, na
época, 11 pertenciam à Petrobras e duas à iniciativa privada: a Ipiranga, no Sul (do
Grupo Ipiranga) e a de Manguinhos, no Rio de Janeiro (do consórcio formado pela
Repsol e pela Yacimientos Petrolíferos Fiscales- YPF, da Argentina).
O perfil de demanda por produtos derivados do petróleo no período de 1960 a
2000 vinha se modificando, mostrando uma demanda decrescente por óleo combustível
e uma demanda crescente por diesel. A produção de gasolina, a partir dos anos 80,
23
superava a demanda nacional, enquanto que a produção de diesel era insuficiente para
atender a demanda interna (ANP, 2001).
A capacidade instalada do parque nacional de refino de petróleo estava no limite,
e com as novas descobertas de petróleo, fez-se urgente uma ampliação desta capacidade,
visando não somente o mercado interno, como também a exportação, atendendo ao
incremento da demanda mundial de derivados, principalmente no que se refere ao óleo
diesel. Sendo assim, a Petrobras, que já possuía o projeto do COMPERJ em fase de
instalação, anunciou através do seu Plano de Negócios 2009-2013 investimentos na área
de Abastecimento com a construção de novas refinarias, entre elas as Refinarias
Premium I e Premium II.
O COMPERJ sofreu replanejamento de atividades desde seu projeto inicial. Foi
idealizado para se transformar em grande polo petroquímico, com indústrias de
primeira, segunda e terceira geração, o que significa que fabricaria de matéria-prima até
plásticos. Atualmente, apenas a unidade de gás continua em andamento, com previsão
de conclusão das obras em junho de 2017. A primeira refinaria, chamada de “trem 1",
está com 82% das obras concluídas, mas foi suspensa em dezembro de 2014 devido a
restrições de caixa. A segunda refinaria ainda não saiu do papel, e o projeto de
petroquímicas foi cancelado em julho de 20145.
Já os projetos das Refinarias Premium I e Premium II foram cancelados após
divulgação do balanço do terceiro trimestre de 2014, quando ambas as refinarias já
possuíam Licença de Instalação. No caso da Refinaria Premium I, os serviços de
terraplenagem foram concluídos em dezembro de 20126, subsidiados pela LI nº 03/2010
que autorizava apenas a instalação de infraestrutura e realização de terraplenagem. A
licença de instalação para a Refinaria Premium I propriamente foi emitida mais de 2
anos depois da emissão da LI que autorizava a instalação de infraestrutura. A área que
compreenderia a refinaria está apresentada na Figura 1: Área Refinaria Premium IÉ
possível observar todo o serviço de terraplenagem que foi executado.
5 Fonte: Jornal O globo< http://oglobo.globo.com/brasil/comperj-dara-prejuizo-de-45-bilhoes-petrobras-
15799133>, acessado em 25/07/2015.
6 Fonte: Petrobras < http://www.petrobras.com.br/fatos-e-dados/refinaria-premium-i-respostas-ao-jornal-
o-globo.htm>, acessado em 25/07/2015.
24
Figura 1: Área Refinaria Premium I
Fonte: Imagem retirada do Google Earth
No caso da Refinaria Premium II, a Petrobras recebeu apenas em julho de 2014 a
Licença de Instalação nº 154/2014 DICOP/GECON que autorizava a construção da
refinaria como um todo. Como no momento em que a licença foi emitida a Petrobras
estava reavaliando a viabilidade econômica do projeto, nenhuma obra chegou a ser
iniciada, conforme pode ser observado na Figura 2.
25
Figura 2:Polígono Refinaria Premium II
Fonte: Elaboração Própria; imagem retirada do Google Earth
Cabe ressaltar que a análise feita neste trabalho levará em conta as proposições e
exigências até a emissão da LP, não sendo analisada, portanto, as condicionantes das
Licenças de Instalação supracitadas.
3.2 O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ
O COMPERJ foi inicialmente concebido como um projeto de grande magnitude,
sob responsabilidade da Petrobras, que contemplava a construção de um complexo
26
industrial de refino de petróleo e produção de petroquímicos básicos e resinas básicas. O
objetivo estratégico do empreendimento seria expandir a capacidade de refino da
Petrobras para atender ao crescimento da demanda de derivados no Brasil, como óleo
diesel, nafta petroquímica, querosene de aviação, coque e GLP (gás de cozinha).
Localizado no município de Itaboraí, no Leste Fluminense, foi planejado para
ocupar uma área de 45.298.000 m2 declarada como de Utilidade Pública em junho de
2006, fazendo fronteira com os municípios de Cachoeiras de Macacu e Guapimirim. O
complexo está incluído nas iniciativas do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e
sua localização, bem como sua infraestrutura externa associada, estão apresentadas na
Figura 3.
Figura 3: Ilustração esquemática do COMPERJ e da infraestrutura externa associada.
Fonte: Concremat, 2007.
O EIA/RIMA do empreendimento foi elaborado pela empresa Concremat
Engenharia e Tecnologia S/A e protocolado em outubro de 2007 no órgão ambiental
responsável pelo processo de licenciamento do COMPERJ, a Feema (Fundação
Estadual de Engenharia do Meio Ambiental) na época.
O EIA considerou o conjunto de instalações localizadas no sítio decretado de
Utilidade Pública em Itaboraí-RJ sendo que, todos os empreendimentos associados ao
COMPERJ, porém externos ao sítio, foram descritos com nível de detalhe somente para
caracterizar seus respectivos impactos ambientais.
Entre os empreendimentos necessários à instalação do COMPERJ, destacam-se
os diretamente ligados ao fornecimento de água e descarte de efluente. É apresentado
pelo estudo que o fornecimento de água ainda estava em estudo na época da elaboração
27
do EIA e que seria posteriormente definido, com a participação do Poder Público e da
população local, com base na avaliação técnico-econômica e ambiental de cinco
alternativas, podendo sendo a captação feita nos seguintes rios/reservatórios:
Águas do rio Guandu
Reservatório de Ribeirão das Lajes
Rio Paraíba do Sul
Reservatório de Juturnaíba
Reservatório do rio Guapiaçu
O descarte dos efluentes tratados se daria na Baía de Guanabara através de um
emissário submarino. O licenciamento de toda a infraestrutura necessária para a ação
seria feito separadamente ao complexo.
3.2.1 Área de Influência
Devido à amplitude do empreendimento, o estudo trouxe o conceito de Área de
Influência Estratégica (AIE) para o meio socioeconômico. Neste caso o estado do Rio
de Janeiro foi determinado como AIE justificando a necessidade de maximizar a
internalização dos efeitos positivos diretos, indiretos e induzidos do COMPERJ sobre a
produção, a renda e o emprego no Estado.
Outro ponto destacável a respeito da área de influência foi a inserção da região
do Consórcio de Municípios do Leste Fluminense - CONLESTE como Área de
Abrangência Regional do COMPERJ. O CONLESTE foi constituído com o objetivo de
promover o desenvolvimento local através de planejamento e execução de ações
coordenadas. Seus municípios foram incluídos no diagnóstico do meio antrópico através
do levantamento direto de suas situações e perspectivas. A Figura 4 traz o mapa de
localização do CONLESTE.
28
Figura 4: Área de Abrangência Regional - CONLESTE.
Fonte: Concremat, 2007.
A Área de Influência Indireta (AII) do meio socioeconômico foi caracterizada
pela Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Já para os aspectos físicos e bióticos, a
região hidrográfica da Baía de Guanabara ficou definida como AII. A Área de
Influência Direta (AID) do COMPERJ foi definida a partir de simulações da dispersão
atmosférica dos poluentes primários regulados. As simulações indicaram que a partir de
um raio de 20 km, as concentrações desses poluentes no ar ambiente aproximam-se das
concentrações de fundo em ambientes pouco antropizados. A Área Diretamente Afetada
(ADA) foi definida como um raio de cerca de 10 km do centro de gravidade do
COMPERJ, cobrindo os mananciais do entorno imediato do empreendimento. A AID e
ADA foram as mesmas para os meios físico, biótico e socioeconômico.
3.2.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada
Foram apresentadas no EIA alterações físicas, químicas e biológicas
significativas no ambiente natural da área de estudo, tanto nos ecossistemas aquáticos
como nos terrestres. São apresentadas a seguir as principais informações contidas nos
capítulos de Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada.
No meio físico, justifica-se que os impactos ambientais adversos não-mitigáveis,
decorrentes da construção e operação do COMPERJ, serão, em sua maioria, de pequena
intensidade e importância relativa.
29
Em relação ao uso do solo, pelo fato do terreno onde foi planejada a construção
do complexo ser relativamente plano, antropizado e de zona de uso exclusivo industrial,
o uso de tecnologias de última geração aliado às medidas propostas nos programas de
controle e monitoramento ambiental seriam suficientes para o controle ambiental do
empreendimento.
Ao longo de sua operação em condições normais, foi esperado que o projeto
viesse a impor alterações negativas relevantes no que diz respeito à qualidade do ar na
AID, por conta de emissões atmosféricas, e ao ruído ambiental no sítio do complexo,
pela operação de bombas e compressores.
Os efluentes líquidos seriam minimizados pelo reuso de águas servidas e
descartados em emissário submarino em local apropriado da Baía de Guanabara, “em
pleno atendimento às melhores práticas e à legislação ambiental”.
3.2.3 Unidades de Conservação
Foram levantadas no EIA 23 Unidades de Conservação na região que abrigará o
COMPERJ e áreas de influência. A Figura 5 a seguir apresenta todas essas áreas com
foco nas Unidades do Grupo de Proteção Integral.
Tais unidades foram criadas na tentativa de conter o avanço das aglomerações
humanas sobre ambientes naturais, porém, segundo o EIA, a criação das UCs não tem
garantido a manutenção ou a melhoria da qualidade ambiental da região. Pode-se até
verificar que UCs fazem fronteiras umas com as outras, o que dificulta a definição da
responsabilidade de gestão que, somado à falta de fiscalização devido ao contingente
insuficiente dos órgãos gestores, facilita o avanço das ocupações humanas sobre os
espaços dessas UCs.
Por outro lado, são apresentados dados que justificam a escolha da região para
instalação do complexo. Em 2007 o zoneamento municipal reservava como áreas para
uso urbano e industrial 53.759 ha na região sendo que a mancha urbana efetiva em 2007
totaliza 19.682 ha, havendo, portanto, um excedente de áreas a serem ocupadas. Parte
menor dessa mancha urbana, equivalente a 1.149 ha, era definida pelo zoneamento
municipal como áreas de preservação, atestando que as UCs não estavam ameaçadas,
porém, necessitavam de cuidados em relação às tendências futuras de expansão urbana.
30
Figura 5: Unidades de Conservação na região do COMPERJ. Em cinza a área do COMPERJ, em laranja as
Unidades de Conservação, em verde os Parques, em azul claro as APAS e em roxo as Reservas Biológicas.
Fonte: Concremat, 2007.
3.2.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição de Medidas Mitigadoras e
Compensatórias.
A avaliação dos impactos no caso do EIA do COMPERJ foi feita de duas
formas. A primeira, desenvolvida pela consultoria responsável pela elaboração do
estudo (Concremat) por meio de uma matriz de interação, na qual os impactos são
listados e classificados quanto aos seguintes atributos: natureza (positiva ou negativa),
forma de ocorrência (direta ou indireta), abrangência (local ou regional), probabilidade
de ocorrência (certa ou potencial), duração (temporário ou permanente), possibilidade
de reversão (reversível ou irreversível), possibilidade de mitigação (sim ou não),
possibilidade de potencialização (existência de sinergias positivas ou negativas), caráter
estratégico (sim ou não), magnitude ou intensidade (alta, média ou baixa) e importância
relativa (alta, média ou baixa). Já a segunda foi apresentada através das conclusões de
31
um estudo realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), anexo ao EIA, contendo
dados de prognóstico da região com o empreendimento.
Em relação aos impactos listados por meio da matriz de interação, serão
apresentados a seguir os classificados como negativos e de alta importância, bem como
as medidas mitigadoras e/ou compensatórias propostas para estes.
A poluição do ar durante a etapa de operação oriunda da queima de
combustíveis em caldeiras e fornos foi considerada como de alta importância e foi
prevista como mitigação a elaboração do Programa de Controle e Monitoramento de
Emissões Atmosféricas, conforme preconiza a Resolução CONAMA nº 382/06 e
exigências da antiga FEEMA. Outro impacto relacionado com a degradação atmosférica
foi o aumento da concentração de poluentes atmosféricos no ar ambiente durante a
etapa de operação do empreendimento, causado tanto pelas emissões diretas do
COMPERJ quanto por veículos automotivos na sua área de influência.
O deslocamento da população residente foi apresentado com importância de
média a alta. O impacto seria causado pela desapropriação durante a etapa de
planejamento do empreendimento. Para tal, foi planejada a criação do Programa de
Remanejamento e Relocação da População Deslocada.
Entre os impactos apresentados na matriz de impacto, porém não caracterizados
como de alta importância, destaca-se o impacto relacionado à limpeza do terreno e
destocamento - alteração da paisagem natural com supressão do atual ambiente agro-
florestal (interferência com APPs e FMPs). Tal impacto é apresentado como inevitável
e seria atenuado/compensado pela implantação do Projeto Corredor Ecológico do
COMPERJ, que faz parte do Programa Ambiental de Recuperação de Áreas
Degradadas. O projeto prevê a criação de uma área verde planejada no entorno do
COMPERJ.
O estudo da FGV, anexo ao EIA, demonstrou preocupação em relação a quatro
grandes riscos socioambientais mais relevantes para a região. O primeiro deles seria a
contaminação atmosférica decorrente das emissões de seus processos industriais,
podendo afetar a fauna, a flora e as populações residentes na região. Justifica que foram
realizadas simulações de dispersão atmosférica que levarão à adoção de medidas de
controle das emissões que assegurariam sua manutenção dentro dos padrões exigidos
por lei. É dito que as emissões do COMPERJ e a qualidade do ar serão objeto de
monitoramento contínuo e controlado durante toda a vida útil do COMPERJ.
32
A contaminação hídrica decorrente de seus efluentes líquidos é também
levantada. Justifica que serão adotados sistemas de gerenciamento certificáveis pelas
normas da série ISO-14.000. Concluiu-se que os possíveis impactos de contaminação
hídrica e dos solos poderiam ser evitados ou mitigados através de monitoramento por
toda a vida útil do empreendimento.
A contaminação dos solos e da água pelo gerenciamento inadequado de seus
resíduos sólidos, além dos vazamentos de substâncias perigosas, incêndios e explosões,
no caso da ocorrência de acidentes seria controlada através das ações previstas no
Programa de Gerenciamento de Riscos que inclui manutenção baseada em risco e
revisões periódicas dos Planos de Resposta a Emergência por unidade e para
Emergências Gerais.
Finalmente, o alto potencial de atratividade do empreendimento poderia atrair,
segundo estudo realizado pela FGV, de 150 mil a 300 mil pessoas para a região7.Como
medida para mitigar este impacto, foi proposta a criação dos Centros de Integração do
COMPERJ, com o objetivo de capacitação profissional e empresarial, nos 11
municípios integrantes do CONLESTE, permitindo assegurar o máximo de
aproveitamento da mão de obra local no COMPERJ e empreendimentos associados, ao
mesmo tempo em que serão implementados programas ambientais de suporte.
3.2.5 Programas Ambientais Propostos no EIA
O capítulo do EIA referente aos programas ambientais traz uma lista de 15
programas, alguns subdivididos em subprogramas. Estes são responsáveis por propor as
medidas de mitigação, de monitoramento e de compensação conforme Tabela 1.
Tabela 1: Programas Ambientais propostos no EIA no COMPERJ
Programas Ambientais proposto no EIA do COMPERJ
Plano Ambiental de Construção Programa de Educação Ambiental
Programa de Recuperação de Áreas Plano de Controle de Emissões Veiculares
7 Paralelamente aos estudos, foram criados dois grupos para discussão deste impacto, pois o mesmo era
de conhecimento de todos os envolvidos no projeto do COMPERJ. O Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento da Região Leste Fluminense – CONLEST e o Fórum de Desenvolvimento da Região
Leste – Fórum COMPERJ, este último envolvendo os três níveis de Governo e o setor privado na busca
de mecanismos de planejamento regional.
33
Degradadas e Promoção do
Desenvolvimento Agroflorestal
Sustentável
(Programa Economizar)
Programa de Monitoramento das
Emissões Atmosféricas – fase operação Programa de Comunicação Social
Programa de Gerenciamento de Efluentes
e Resíduos – Fase operação Centro de Informações
Programa de Monitoramento dos
Manguezais da Área de Proteção
Ambiental de Guapimirim e da Estação
Ecológica da Guanabara
Programa de Inserção Regional
Socialmente responsável
Programa de Gerenciamento de Riscos
Operacionais Programa de Compensação
Fonte: Elaboração própria
O Plano Ambiental da Construção é o programa específico para as obras, de
responsabilidade da empresa construtora, e apresenta as diretrizes ambientais que
deverão ser seguidas durante todo o processo de implementação do empreendimento.
Este Plano é subdividido em 11 subprogramas, no caso do COMPERJ, tais, como o
Programa de Resgate e Monitoramento de Fauna, Plano de Gerenciamento de Tráfego,
o Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar; o Programa de Controle de
Erosão/Assoreamento e de Monitoramento dos Corpos Hídricos, entre outros.
O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e Promoção do
Desenvolvimento Agroflorestal Sustentável é um programa de caráter de mitigação e
compensatório e entre suas medidas apresenta a construção do Corredor Ecológico,
como já citado anteriormente.
O Programa de Monitoramento das Emissões Atmosféricas - fase operação,
como o nome já diz, tem caráter de mitigação e monitoramento, assim como o
Programa de Gerenciamento de Efluentes e Resíduos - fase operação. Ambos os
programas estão contemplados dentro do Plano Ambiental da Construção, porém,
devido aos impactos listados no EIA, foi necessária a extensão dos mesmos durante a
fase de operação. O Programa de Monitoramento Ambiental de Efluentes e Recursos
Hídricos - fase operação também se enquadra na descrição acima apresentada devido ao
grande número de corpos hídricos identificados na região do empreendimento.
34
O Programa de Monitoramento dos Manguezais da Área de Proteção Ambiental
de Guapimirim e da Estação Ecológica da Guanabara foi criado com o objetivo de
monitorar essas áreas através de indicadores, parâmetros e estratégias para a
implementação de uma rede de monitoramento ambiental e tem caráter de
monitoramento.
O Programa de Gerenciamento dos Riscos Operacionais é um programa já em
curso na Petrobras e prevê a implementação de diretrizes de SMS integrante dos
sistemas de gestão da empresa.
O Programa de Educação Ambiental e o Programa de Comunicação Social
agem em consonância com o objetivo de promover a interação da população local com
as medidas propostas para atenuar os impactos negativos e potencializar os positivos
relacionados com os aspectos socioeconômicos da região.
Foram ainda apresentados o Programa de Controle de Emissões Veiculares
(Programa Economizar) e o Programa de Inserção Regional Socialmente Responsável.
Em relação aos vestígios históricos que poderiam ser encontrados, foi apresentado o
Programa de Preservação do Patrimônio Histórico e Arqueológico.
Por fim, destaca-se o Programa de Compensação. Este programa apresenta uma
série de sugestões, a ser avaliada pelo órgão licenciador, de Unidades de Conservação a
serem beneficiadas ou criadas como medida compensatória do impacto de perda de
cobertura vegetal na área do empreendimento e obedecendo às diretrizes impostos na
Resolução CONAMA nº 371/06
3.3 Refinaria Premium I (RPRE-I)
O estudo da Refinaria Premium I, protocolado na Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Recursos Naturais - SEMA, do estado do Maranhão, foi realizado pela
Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal do
Maranhão - FSADU/UFMA. Segundo o estudo, a refinaria situada no estado no
Maranhão foi concebida inicialmente para processar petróleo nacional de alta acidez
naftênica, baixo grau API e transformá-lo em alto valor agregado. Segundo o projeto, a
RPRE-I, como também era chamada, pretendia ser a maior refinaria da América Latina,
com produção estimada em 600.000 mil barris de petróleo processados por dia.
35
A RPRE-I ocuparia uma área de aproximadamente 2000 hectares dentro do
Distrito Industrial do município de Bacabeira (DIBAC), às margens das rodovias
BR-135 e MA-110 (Erro! Fonte de referência não encontrada.).
A logística de transporte dos produtos da refinaria foi planejada de forma que
seria construída uma faixa de dutos de aproximadamente 55 km de extensão até um
terminal de tancagem, localizado no Distrito Industrial de São Luís - DISAL. O
escoamento dos produtos seria feito através de um terminal da Transpetro (subsidiária
da Petrobras responsável por transportar derivados de petróleo oriundos de processos de
refino da empresa) localizado dentro do Porto de Itaqui, também em São Luís. A Figura
6 apresenta o mapa de localização de todo o empreendimento.
36
Figura 6: Mapa de localização do empreendimento Refinaria Premium I. Em amarelo a área prevista para a
RPRE-I e em vermelho a faixa de dutos.
Fonte: Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal do Maranhão, 2011.
37
3.3.1 Área de Influência
O EIA trouxe que a AII do empreendimento foi definida com base na suspensão
de partículas na baixa atmosfera na fase de implantação e na emissão de partículas
durante a fase de operação. Adicionalmente, incluiu-se toda a área que receberia o
lançamento de efluentes, bem como a zona sujeita a ocorrência de vazamentos
acidentais, tanto na Refinaria como na Faixa de Dutos.
Assim, foi considerada uma área tampão de 10km a partir dos limites da
Refinaria e 10km acompanhando o corredor da Dutovia pela margem direita do rio
Mearim. Foi incluído, também, baseado na hidrodinâmica da região, trecho da baía de
São Marcos, baía de Arraial e todo o sistema estuarino associado a estes ambientes. Para
o meio socioeconômico, o município de São Luís foi selecionado como espaço de
contextualização, cujos parâmetros sociais serviriam de base comparativa em relação
aos demais municípios contemplados no estudo ambiental. A AII está apresentada na
Figura 7.
Figura 7: Mapa da Área de Influência Indireta.
Fonte: Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal do Maranhão, 2011.
38
Para Refinaria Premium I, a AID compreende uma zona tampão de 5 km a partir
dos limites da área da Refinaria, além do trecho do rio Itapecuru à jusante de onde seria
feita a captação de água e descarte de efluentes. Para a faixa de dutos foi proposto um
corredor de 800 metros, tendo como eixo central o traçado da Dutovia (Figura 8).
Figura 8: Área de Influência Direta da RPRE-I.
Fonte: Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal do Maranhão, 2011.
3.3.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada
Em relação ao meio físico, os testes feitos para medição da qualidade do ar,
ruídos e caracterização físico-química do sedimento, segundo o EIA, apresentaram bons
resultados dentro das normas estabelecidas. Fez-se necessária uma abordagem mais
detalhada da oferta por recursos hídricos, tendo em vista que tanto o abastecimento da
refinaria quanto o descarte de efluentes seria feito nos rios próximos ao
empreendimento.
A principal fonte de água doce para toda a AII está representada pela descarga
fluvial do rio Itapecuru que tem um total anual estimado de 7.350 milhões de m3 (233
m3/s), o que representa um cenário altamente favorável à implantação do
39
empreendimento, tendo em vista que o abastecimento da região metropolitana de São
Luís é feito através de 1,8 m3/s oriundos de poços artesianos e não caracterizaria como
conflito. Outro ponto é a capacidade de renovação hídrica da região que favorece a
diluição de efluentes. Sendo assim, todos os parâmetros físicos foram considerados
aceitáveis.
Em relação ao meio biótico, a vegetação de mangue mereceu destaque no EIA,
pois se prolonga da região estuarina do Mearim em direção ao complexo portuário do
Itaqui e demonstra uma densidade expressiva formando florestas de porte acentuado. Do
ponto de vista da importância socioeconômica o manguezal tem papel de destaque por,
sobretudo, fornecer recursos pesqueiros aos habitantes de seu entorno e ser um dos
principais responsáveis pela manutenção de boa parte das atividades pesqueiras das
comunidades ribeirinhas residentes na área de influência do empreendimento.
Segundo o EIA, o manguezal da AII está distante das principais aglomerações
urbanas e não sofre as pressões típicas associadas com cenários de expansão urbana
desordenada. Porém, a erosão da margem leste da baía de São Marcos é apresentada
com principal impacto negativo da AII, no trecho que se estende de Bacabeira ao
estreito dos Mosquitos, em São Luís. No período de 1976 a 2005 foi erodida uma faixa
de centenas de metros de largura, totalizando quase 500ha de manguezal perdido. Este
processo erosivo continuaria avançando a uma taxa de aproximadamente 10m/ano.
As principais aglomerações antrópicas estão localizadas próximas ao porto de
Itaqui e ao DISAL, justamente pela região apresentar uma boa malha rodoviária e
ferroviária de acesso. Logo, é apresentado que para o desenvolvimento da região, seria
necessária articulação entre os setores público e privado com o intuito de promover
socialmente a população local e regional.
Por outro lado, é apresentado que caso não fossem implementadas políticas
públicas e ambientais adequadas, a geração de riquezas que poderia ter sido gerada com
a instalação da refinaria não se reverteria em benefícios para a população.
3.3.3 Unidades de Conservação
Em relação às áreas protegidas, entre elas háUnidades de Conservação e áreas
em APP, o EIA traz uma série de contribuições importantes como pode ser observado
no trecho a seguir:
40
“O projeto interage potencialmente com extensa
área de mangues, uma vez que esta unidade de paisagem
ocorre na proximidade de praticamente todo o traçado da
faixa de dutos. A área da refinaria em Bacabeira não tem
manguezal nas suas proximidades, mas apresenta
ambiente estuarino semelhante, na forma de ambiente de
várzea de marés.”
Apesar da área em que a refinaria foi planejada ser pouco antropizada, o estudo
apresenta que a extensão areal de mangue associada aos tradicionais baixos índices de
renda regionais fazem com que os mesmos sejam tradicional fonte de recursos naturais.
Outro ponto relevante do estudo foi a apresentação no tópico referente as áreas
de proteção da indicação do impacto negativo da erosão da margem leste da baía de São
Marcos, no trecho que se estende de Bacabeira ao estreito dos Mosquitos, justamente o
trecho compreendido para instalação da dutovia.
A Figura 9 apresenta o mapa das Unidades de Conservação na área de influêcia
do empreendimento. Pode ser verificada a existência de diversas UCs tanto na AID
quanto na AII do empreendimento.
41
Figura 9: Mapa das Unidades de Conservação nas áreas de influência do empreendimento. Em amarelo a área
prevista a RPRE-I, em laranja, verde escuro, verde claro e roxo as UCs, a linha pontilhada vermelha
representa a IAD do empreendimento
Fonte: Fundação Sousândrade de Apoio ao Desenvolvimento da Universidade Federal do Maranhão, 2011
42
3.3.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição das Medidas Mitigadoras e
Compensatórias
Para a avaliação dos Impactos Ambientais da Refinaria Premium I, o EIA traz
como metodologia de avaliação a elaboração de matriz de impacto com a identificação,
qualificação e quantificação dos impactos para cada fator (Ar, Água
Superficial/Subterrânea; Solo/Subsolo; Flora, Fauna, Estrutura Funidária, Aspectos
Sociais, Infraestrutura, Economia Regional, Patrimônio Arqueológico e Cultura). Os
impactos foram avaliados para as fases de planejamento, implantação, operação e
desativação, nos meio físico, bióticos e socioeconômicos e classificados segundo seus
atributos por tipo (Positivo ou Negativo); ocorrência (Risco, Indireto ou Direto);
magnitude (Pequena, Média ou Grande); Amplitude (Local, Regional ou Estratégico);
prazo de efeito (Curto Prazo, Médio Prazo ou Longo Prazo); horizonte de tempo
(Temporário, Cíclico ou Permanente) e reversibilidade (Reversível ou Irreversível).
Para este trabalho, é dado foco nos impactos negativos de grande magnitude.
Será apresentada a ação impactante geradora do impacto, o local de ocorrência e as
medidas mitigadoras propostas.
Para o meio físico foi considerado pelo EIA que a contaminação das águas
subterrâneas e dos corpos hídricos durante a etapa de implantação do empreendimento
iria aumentar os despejos sanitários na área do canteiro, as estações móveis de
tratamento aumentariam a probabilidade de infiltração de efluentes no solo, lençol
freático e corpos d´água superficiais, além do risco de contaminação ser potencializado
pelo movimento de terra durante as operações para adequação do terreno. Como
medidas mitigadoras foi proposto: desenvolver estudos da qualidade das águas
superficiais e subterrâneas; evitar lavagem de equipamentos e máquinas próximas dos
corpos hídricos; e promover o descarte dos resíduos perigosos e não perigosos para os
aterros sanitários.
Também para o meio físico e durante a etapa de implantação, o assoreamento
das margens dos mangues e igarapés poderia ocorrer devido às atividades de drenagem
pluvial, disposição de resíduos, manutenção preventiva ou corretiva de edificações que
carregariam sedimentos finos para a área de mangues situados no entorno da área do
empreendimento. Nos pontos a jusante de descarga do sistema de drenagem da
Refinaria há redução da velocidade de escoamento e poderia promover o depósito de
sedimentos. Como medida mitigadora foi proposto: elaborar projeto para implantação
43
de drenagem superficial; implementar Programa de Controle de Processos Erosivos; e
implementar o Programa Ambiental da Construção.
Durante a etapa de operação, a geração de chuva ácida e intensificação de efeito
estufa foram apresentadas como de grande magnitude. Segundo dados do diagnóstico,
os poluentes gasosos dos processos de refino poderiam alterar o pH para valores
inferiores a 5,65 ocasionando chuva ácida e consequentemente a corrosão de materiais
da construção civil. Como medidas mitigadoras foi proposto o monitoramento da
qualidade do ar pela instalação de quatro estações meteorológicas, desenvolvimento de
estudos para identificação de novas técnicas que possibilitem processos mais limpos, e a
utilização de dispositivos que minimizem a emissão de poluentes atmosféricos.
Para os riscos de incêndios e explosões foi proposto que se estabeleça programa
de desmonte, após o término da vida útil da refinaria, observando as normas específicas
nos diferentes programas de controle ambiental durante o funcionamento da refinaria e
que tais medidas fossem implementadas ao Programa de Educação Ambiental.
Em relação ao meio biótico, a perda de indivíduos da flora estaria relacionada
com a supressão da vegetação para instalação do empreendimento, instalação de
canteiro de obras, abertura de acessos para tráfego de veículos e máquinas na área,
transporte de equipamentos e montagem da refinaria. Como medida compensatória
foram propostas a definição da área para replantio de espécies vegetais nativas e a
elaboração do Plano Ambiental para Conservação da Mata do Mateus.
No meio socioeconômico, a pressão sobre a infraestrutura de serviços públicos
essenciais foi abordada devido à interação entre as demandas de implantação do
empreendimento e o quadro existente da infraestrutura dos serviços públicos essenciais.
Diversas ações são previstas para minimizar este impacto, desde ações do Programa de
Educação Ambiental e Programa Ambiental da Construção até ações de
acompanhamento e desmobilização da mão de obra para evitar sua fixação na região
após o término das obras.
Por fim, o aumento de emissões de poeira e ruídos estaria presente na fase de
implantação dos dutos e da refinaria durante os serviços de obras em geral, além da fase
operação decorrente das emissões atmosféricas específicas. Como medidas mitigadoras
foram propostas a implementação de ações do Programa de Monitoramento e Controle
de Ruídos, ações do Programa de Gestão da Qualidade do Ar, e ações do Programa de
Comunicação Social voltadas à veiculação de informações quanto à convivência
saudável e segura durante as obras do empreendimento.
44
Após a apresentação dos impactos relacionados à Refinaria Premium I, o estudo
traz a classificação das medidas propostas também em forma de matriz. Os atributos
utilizados para a avaliação foram: Magnitude (Pequeno, médio ou grande), Amplitude
(local, regional ou estratégico), prazo de efeito (curto, médio ou longo prazo) e Natureza
(compensatória ou retificadora). Para este estudo, é dado foco nas medidas mitigadoras
e/ou compensatórias de Grande Magnitude, sendo apenas listadas, a seguir, por fase,
uma vez que as mesmas não estão detalhadas no EIA.
Fase de Implantação:
Elaborar projeto para implantação de drenagem superficial e pluvial;
Instalar sistema de tratamento sanitário antes da conclusão da montagem do
canteiro de obras;
Definir área para replantio de espécies vegetais nativas;
Implementar corredores ecológicos integrado com as ações das áreas protegidas
do entorno;
Criar unidade de conservação de natureza particular;
Reduzir a emissão de poeiras e ruídos obedecendo as legislações pertinentes;
Ampliar as políticas públicas existentes adequando-as a realidade local e criar
estratégias voltadas para novas ações capazes de manter uma qualidade de vida
adequada da população residente e da imigrante;
Promover atividades de resgate do patrimônio sociocultural;
Desenvolver política de segurança do trabalho.
Fase de Operação:
Elaborar e implementar programa de detecção e reparo de vazamentos;
Desenvolver estudos para a identificação de novas técnicas que possibilitem
processos mais “limpos”;
Processos de petróleos com menores teores de enxofre sempre que possível e
viável;
Implementar programa de controle da poluição atmosférica;
Implementar programa de inspeção periódica das estruturas de filtração das
unidades de processo;
Implementar programa de compensação de emissões atmosféricas;
45
Adotar um programa de controle e monitoramento de efluentes, contemplando o
descarte adequado dos mesmos;
Implementar programa de monitoramento de águas estuarinas e do rio Itapecuru;
Elaborar programa de gerenciamento de resíduos sólidos visando a eliminação
dos elementos químicos tóxicos componentes;
Monitoramento da qualidade do ar pela instalação de quatro estações
meteorológicas de controle da qualidade do ar nas áreas de São Luís, Bacabeira,
Itapecuru Mirim, Pinderé Mirim e Presidente Juscelino ou outros municípios
próximos;
Implementar programa de recuperação de áreas degradadas e ações que
minimizem os impactos usuais com a criação de cinturões verdes (paisagismo),
utilizando vegetação nativa;
Implementar ações de impermeabilização e drenagem dos solos em superfícies,
principalmente nas áreas de tancagem;
Implementar programa de tratamento, remoção e transporte especializado de
efluentes líquidos;
Desenvolver estudos para a identificação de novas técnicas que possibilitem
processos mais limpos;
Instalar dispositivos para redução de emissão atmosférica;
Implementar programa de controle de medidas de segurança para reduzir o risco
de derramamento de óleo.
Fase de Desativação
Estabelecer procedimentos a serem seguidos durante serviços de instalação e
manutenção de emissários visando minimizar os efeitos sobre a biota;
Estabelecer programa de desmonte, observando as normas especificadas nos
diferentes programas de controle ambiental durante o funcionamento da
refinaria;
Implementar programa de recuperação e revitalização da paisagem, e
acompanhamento psicológico dos trabalhadores e capacitação para novas
inserções no mercado de trabalho.
Após a apresentação das medidas mitigadoras e compensatórias, as mesmas foram
cruzadas com os impactos e foi possível a elaboração de uma matriz de impacto
ambiental contendo também as medidas mitigadoras e/ou compensatórias relacionadas.
46
3.3.5 Programas Ambientais Propostos no EIA
Com o intuito de conhecer melhor como se daria a implementação das medidas
mitigadoras e compensatórias dos impactos negativos de grande magnitude ocasionados
pelo empreendimento, fez-se necessária à análise de alguns programas contidos no
PBA. Na Tabela 2 são apresentados todos os programas propostos no EIA e na Tabela 3
são apresentados os programas a serem analisados tendo em vista os impactos
supracitados.
Tabela 2: Programas Ambientais propostos no EIA da RPRE-I.
Programas Ambientais da Refinaria Premium I
Programa de Comunicação Social Programa de Gerenciamento de Emissões,
Resíduos e Efluentes
Programa de Educação Ambiental Programa de Resgate/Afugentamento da
Fauna
Programa de Controle para Supressão da
Vegetação
Programa de Monitoramento
Socioeconômico
Programa de Gestão das Interferências
com as atividades minerárias
Programa de Gerenciamento de
Riscos/Plano de Ação de Emergência
Programa de Prospecção Arqueológica Programa de Gestão da Qualidade do Ar
Programa Ambiental da Construção Programa de Controle e Monitoramento
de Efluentes
Programa de Saúde e Segurança nas
Obras
Programa para modelagem do potencial
de dispersão estuarina para eventos
acidentais (derrame de óleo)
Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas
Programa de Monitoramento das Águas
Superficiais, Subterrâneas e Sedimentos
Programa de Controle e Monitoramento
de Processos Erosivos
Programa de Monitoramento da Biota
Aquática
Programa de Monitoramento e Controle
de Ruídos
Programa de Monitoramento da Fauna
Terrestre
Programa de Compensação para Unidade
de Conservação
Fonte: Elaboração própria.
47
Tabela 3: Programas Ambientais analisados.
Programas Ambientais da Refinaria Premium I
Programa Ambiental da Construção Programa de Monitoramento
Socioeconômico
Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas Programa de Gestão da Qualidade do Ar
Programa de Controle e Monitoramento
de Processos Erosivos
Programa de Monitoramento das Águas
Superficiais, Subterrâneas e Sedimentos
Programa de Monitoramento e Controle
de Ruídos
Programa de Compensação para Unidade
de Conservação
Programa de Gerenciamento de Emissões,
Resíduos e Efluentes
Fonte: Elaboração própria.
O Programa Ambiental da Construção tem o objetivo de minimizar os impactos
decorrentes da etapa de construção do empreendimento. Suas medidas são de natureza
mitigadora e devem ser seguidas e monitoradas pela equipe de Gestão Ambiental da
obra. Dentre os programas avaliados, o Programa de Monitoramento e Controle de
Ruídos e o Programa de Gerenciamento de Emissões de Resíduos e Efluentes estão
englobados dentro do PAC.
O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas apresenta a elaboração de
Plano Ambiental para Conservação da Mata do Mateus, e a implementação de
corredores ecológicos integrada com as ações das áreas protegidas do entorno,
utilizando vegetação nativa. Seus objetivos envolvem a recuperação de margens de rios,
córregos e demais APPs afetadas pelas obras, entre outras medidas. É um programa de
natureza compensatória.
O Programa de Controle e Monitoramento de Processos Erosivos visa
identificar as áreas críticas com maior propensão para ocorrer eventos erosivos e
apresenta as técnicas que deverão ser usadas para evitar que atividades possam
ocasionar erosão nos solos. Este programa é de natureza mitigadora.
O Programa de Monitoramento das Águas Superficiais, Subterrâneas e
Sedimentos apresenta como principal medida o desenvolvimento de estudos da
qualidade das águas superficiais e subterrâneas, além do monitoramento de águas
48
estuarinas e do rio Itapecuru. Este programa pode ser considerado como de natureza
compensatória e mitigadora.
O Programa de Gestão da Qualidade do Ar apresenta a instalação de quatros
estações meteorológicas de controle da qualidade do ar nas áreas de São Luís,
Bacabeira, Itapecuru Mirim, Pinderé Mirim e Presidente Juscelino ou outros municípios
próximos como forma de monitorar a qualidade da região englobada pelo
empreendimento, tendo em vista que os impactos decorrentes das emissões atmosféricas
são de grande magnitude em empreendimentos como refinarias. Na fase de operação é
apresentado que serão desenvolvidos estudos para a identificação de novas técnicas que
possibilitem processos mais “limpos”.
As ações de acompanhamento da mão de obra local serão implementadas através
do Programa de Monitoramento Socioeconômico em consonância com as ações do
Programa de Comunicação Social e do Programa de Educação Ambiental. O objetivo
deste programa é acompanhar as atividades associadas ao empreendimento que ocorrem
ou rebatem sobre as populações da AID. Este programa é de natureza mitigadora.
O Programa de Compensação para Unidade de Conservação traz duas
alternativas para a implementação dos objetivos do Programa. A primeira é a criação de
Unidade de Conservação cujas diretrizes seriam impostas pelo órgão estadual e/ou
municipal ou apresenta a alternativa de Execução Direta pela SEMA/MA. Esta
alternativa estabeleceria as proposições para a aplicação dos recursos da Compensação
Ambiental criadas de acordo com o que preconiza a legislação para a aplicação destes
recursos. Este programa é de natureza compensatória.
Em caso de situações de acidente, o estudo apresenta o desenvolvimento de
projetos de capacitação do pescador artesanal para atividades produtivas alternativas,
além de garantir a implantação dos projetos alternativos e assisti-los financeiramente no
período do incidente. Outras medidas propostas são a recuperação do ambiente e a
promoção de ações para revitalização das atividades hoteleiras e de lazer.
3.4 Refinaria Premium II (RPRE-II)
O EIA/RIMA da Refinaria Premium II foi elaborado pela Fundação de Apoio e
Serviços Técnicos Ensino e Fomento a Pesquisas - Fundação Astef, pertencente à
Universidade Federal do Ceará. O estudo foi protocolado na Secretaria de Meio
Ambiente do Ceará - SEMACE em 2011.
49
Segundo o estudo, a Refinaria Premium II, assim como a Premium I, foi
projetada para processar petróleo nacional de alta acidez naftênica, baixo grau API, com
baixo valor de exportação e transformá-lo em produtos de alto valor agregado, tal como
diesel com baixo teor de enxofre, querosene de aviação, nafta petroquímica, coque de
petróleo e GLP. Sua produção foi estimada em 300 mil barris de petróleo por dia.
Localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), sua condição
geográfica foi considerada, pelo estudo, privilegiada e justificada como uma das
principais razões da escolha do local para a instalação da refinaria e de uma dutovia que
faria a ligação até um terminal de tancagem. Cabe ressaltar que o CIPP já possuía Plano
Diretor na época do EIA e todas as ações propostas deveriam seguir suas diretrizes.
A área projetada para ser construída a refinaria foi estimada em 1942 hectares
em área do município de Caucaia, já a dutovia teria 11 km de extensão e 74 metros de
largura e atravessaria parte dos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante. A
Tabela 10 apresenta o mapa de localização do projeto.
Figura 10: Mapa de Localização da Refinaria Premium II. Em vermelho a área planejada para a refinaria e
em roxo a faixa de dutos.
Fonte: Fundação Astef, Universidade Federal do Ceará, 2011.
50
3.4.1 Área de Influência
Para definição da AII dos meios físico e biótico da refinaria foram consideradas
as potenciais alterações na composição atmosférica em decorrência da operação do
empreendimento, comprovadas a partir de modelagens de dispersão atmosférica. Sendo
assim, ficou definido um raio de 10 km a partir dos limites da refinaria. Já para a
dutovia, o critério de escolha foram os possíveis impactos que ocorreriam na fase de
implementação, porém, a área ficou definida também em 10 km tendo como eixo
central seu traçado.
Para a delimitação da AII do meio antrópico tanto da refinaria quanto da dutovia
levou-se em consideração todo e qualquer efeito positivo ou adverso oriundo das
atividades previstas. Sendo assim, os municípios de Caucaia, onde estaria localizada a
área prevista para a refinaria, e São Gonçalo do Amarante, município vizinho por onde
passariam os dutos até a área do terminal, foram considerados com AII.
A AID da refinaria foi delimitada como uma superfície circular com raio de
5 km a partir dos limites da refinaria, o qual ficou estabelecido que seria o limite
estimado do alcance dos potenciais efeitos diretos da operação e da instalação sobre os
meios físico, biótico e antrópico. Para os mesmos meios, a AID da dutovia ficou
estabelecida em 400 m a partir do eixo dos dutos, justificada por ter sido utilizada em
Termos de Referência emitidos pelo Ibama para empreendimentos semelhantes.
A Tabela 11 a seguir apresenta as Áreas de Influência Direta e Indireta da
refinaria para os meios físico e biótico, já a Tabela 12 apresenta a AII do meio
socioeconômico do empreendimento. Neste trabalho, optou-se por apresentar as áreas
referentes à refinaria, pois a área abrangida já englobava praticamente todas as áreas de
influência da dutovia.
51
Figura 11: AID e AII da Refinaria Premium II, para os meios físico e biótico. Em vermelho a área prevista para a RPRE-II, a linha em roxo representa a faixa de dutos. Em marrom
a AID e o círculo em roxo a AII.
Fonte: Fundação Astef, Universidade Federal do Ceará, 2011.
52
Figura 12: Área de Influência Indireta da refinaria e da dutovia para o meio antrópico. Em vermelho a área
prevista para a RPRE-II, em roxo a faixa dedutos, em amarelo os municípios de Caucaia e São Gonçalo do
Amarante.
Fonte: Fundação Astef, Universidade Federal do Ceará, 2011.
A Área Diretamente Afetada tanto pela refinaria quanto pela dutovia foi
caracterizada pelos terrenos que seriam ocupados diretamente pelas instalações do
empreendimento.
3.4.2 Diagnóstico Ambiental e Análise Integrada
Considerando que o Complexo Industrial e Portuário do Pecém ainda se
encontra em implantação, com poucos empreendimentos possíveis causadores de
poluição atmosférica instalados, a região foi considerada, pelo EIA, como favorável a
dispersão dos poluentes atmosféricos. Para tanto, tal conclusão deu-se através de dados
secundários de estudos que já haviam sido realizados na área, os quais apontaram
pontos localizados de exceção (como alguns parâmetros determinados no Terminal
53
Flexível de GNL e Gasoduto, Porto do Pecém). O próprio estudo sinaliza que este
aspecto seja considerado na avaliação ambiental prévias das futuras instalações.
Em relação aos recursos hídricos, a área da refinaria e da dutovia é drenada por
duas bacias hidrográficas: a do rio Cahuipe (a qual engloba a maior parte da área
destinada ao empreendimento) e a bacia do rio Gereraú. É apresentado que no que se
refere às reservas de água subterrâneas, o município de Caucaia apresenta um grande
potencial de água a ser explorado.
A área diretamente afetada está situada dentro do bioma do Complexo Litorâneo
(Tabuleiro) e em parte da Caatinga. Em relação à vegetação, merecem destaques a mata
ciliar localizada na APP do rio Cahuipe e a vegetação de transição entre Tabuleiro e
Caatinga. Em relação às espécies encontradas, a avifauna apresenta uma maior
diversidade.
Para o meio antrópico, o destaque se deu pela existência das comunidades
indígenas Tapebas e Anacés na área de influência do empreendimento. A tribo Tapeba
apresentada como “produto de frações de diversas sociedades indígenas nativas
(potiguaras, tremembés, kariris e jucás) reunidas na Aldeia de Nossa Senhora dos
Prazeres de Caucaia”, deu origem ao município de Caucaia. A Funai, por meio do ofício
nº 431/CMAM/CGPIMA/DAS-FUNAI/09 de 25 de junho de 2009 havia informado que
a presença Tapeba ficava a cerca de 12 km do local do empreendimento em estudo. Por
meio da Portaria nº 1.035, de 21 de julho de 2010, um Grupo de Trabalho com a
“finalidade de realizar estudos de natureza etno-histórica, antropológica e ambiental
necessários à identificação e delimitação da área de ocupação tradicional do povo
Anacé, situada nos municípios de São Gonçalo do Amarante e Caucaia, no estado do
Ceará” foi instituído pela Funai.
Durante este trabalho, foi verificado que o EIA não apresenta uma análise
integrada dos efeitos sob os meios físico, biótico e antrópico, sendo apenas o Capítulo
de Prognóstico da Qualidade Ambiental um resumo das ações que seriam esperadas
com ou sem a implantação do empreendimento. Logo, qualquer análise sob impactos
sinérgicos ou cumulativos decorrentes da implantação ou não do empreendimento se
torna falha, decorrente da falta de informações apresentadas no estudo.
Dentro do cenário com a implantação do empreendimento, destacam-se a
preservação de uma área onde há um reservatório e uma pequena elevação, denominada
“Serrote Olho D´água”, que funcionaria como um corredor ecológico responsável pela
proteção e fornecimento de água para a fauna, bem como a possibilidade de
54
comunicação com o rio Cauípe, além da justificativa socioeconômica da implantação da
RPRE-II como indústria âncora do CIPP que atrairia outras indústrias favorecendo o
desenvolvimento da região.
O Cenário sem a implantação do empreendimento é abordado de forma
superficial e justifica-se que mesmo sem a instalação do empreendimento, a região do
CIPP poderia receber outras indústrias que alterariam as características ambientais da
região.
3.4.3 Unidades de Conservação
O EIA da Refinaria Premium II apresenta três unidades de conservação na
região do Pecém. Sendo elas: Estação Ecológica do Pecém,; Área de ProteçãoAmbiental
do Lagamar do Cauípe (APA do Cauipe); e a Área do Proteção Ambiental da Lagoa do
Pecém (APA do Pecém).
A Estação Ecológica do Pecém foi dividida em Estação Ecológica do Pecém I e
II, tendo como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas
científicas. A APA do Cauípe situa-se quase que totalmente no ambiente da Mata Ciliar
do rio Cauipe e possui o objetivo de possibilitar a convivência harmônica do homem
com a natureza, por meio da proteção dos recursos naturais, em busca do
desenvolvimento sustentável. A APA do Pecém possui uma área de 122,70 hectares.
Abriga a comunidade do Pecém, além de outros povoados. Encontra-se inserida no
ambiente do Complexo Litorâneo, sobretudo nos ambientes praianos, do berma e de
dunas.
A Estação Ecológica do Pecém situa-se entre a APA do Pecém e a APA do
Lagamar do Cauípe e faz parte, juntamente com as mesmas, do Plano Diretor do
Complexto Industrial e Portuário do Pecém.
3.4.4 Avaliação dos Impactos Ambientais e Proposição das Medidas Mitigadoras e
Compensatórias
A avaliação dos impactos ambientais da Refinaria Premium II e do Sistema
Dutoviário levou em consideração os meios físico, biótico e antrópico durante as fases
de planejamento, implantação e operação. Utilizou-se a Matriz de Impactos para
identificação dos agentes causadores, classificação quanto aos seguintes atributos de
avaliação: tipo (Positivo, Negativo ou Indefinido); magnitude (Pequena, Média ou
55
Grande); modo (Direto ou Indireto); Alcance (Local, Regional ou Estratégico)
Ocorrência (Curto Prazo, Médio Prazo ou Longo Prazo); Permanência (Temporário,
cíclico ou permanente) e reversibilidade (reversível ou irreversível), e por fim propostas
as medidas mitigadoras de cada impacto.
Os impactos foram apresentados no EIA separados entre os que seriam afetados
pela refinaria e os que seriam afetados pela dutovia. O RIMA trouxe os principais
impactos compilados, dentre os quais será dado destaque para dez impactos
caracterizados como de grande magnitude e um que diz respeito as interferências nas
Unidades de Conservação, este considerado como de média magnitude.
Entre os listados para o meio físico destacam-se: aumento do potencial de
erosão do solo, transportes de sólidos e assoreamento; impactos sobre os recursos
hídricos superficiais e subterrâneos, interferências nos usos e na drenagem; impacto na
qualidade de água; e emissões atmosféricas e de poeiras
Para o impacto de aumento do potencial de erosão do solo, transportes de
sólidos e assoreamento foram propostos a adoção de medidas de controle da erosão do
solo através do Programa de Controle da Erosão, Programa Ambiental da Construção,
Programa de Controle da Supressão Vegetal, desmatamento gradual, proteção dos
caminhos naturais de escoamento da água, recuperação de áreas degradadas, entre
outros.
Em relação aos impactos sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos,
interferências nos usos e na drenagem, as medidas recomendadas foram o controle da
supressão vegetal, proteção da drenagem natural das águas, obras de drenagem e um
Plano de Drenagem. Para o impacto na qualidade da água foram propostos o controle
da erosão do solo, manejo adequado dos resíduos sólidos, coleta tratamento e destinação
dos despejos sanitários e industriais, Programa Ambiental da Construção, controle da
emissão de gases e proteção da mata ciliar.
Par os impactos relacionados às emissões atmosféricas e de poeiras, foram
propostos a utilização de tanques de armazenamento de combustível com menor
evaporação de gases, melhoria na combustão nos fornos, aquecedores e caldeiras,
controle da emissão de gases nas chaminés, além do acompanhamento da emissão e
dispersão atmosférica na fase de operação da refinaria.
Os impactos sobre o meio biótico listados no RIMA, todos foram considerados
como de grande magnitude, com exceção das interferências em áreas especiais:
Unidades de Conservação, APPs e outras, considerado como de média magnitude. Este
56
impacto foi apresentado apesar de que a implantação da refinaria e da dutovia não
afetariam diretamente as áreas que integram as unidades de conservação, pois se
encontram foram da ADA, embora as mesmas possam ser indiretamente impactadas
pelas atividades que serão desenvolvidas. Como medidas mitigadoras/compensatórias,
foram propostas a definição da área do Sítio Olho D´água como unidade área a ser
preservada e a criação de Planos diretores dos municípios de São Gonçalo do Amarante
e Caucaia.
Os outros impactos e respectivas medidas mitigadoras listadas para o meio
biótico foram: impactos na flora decorrentes da supressão vegetal que poderiam ser
mitigados com a implementações das medidas propostas no Plano de Supressão da
Vegetação, desmatamento gradual, à medida que for necessário, entre outras. Impactos
na fauna terrestre que poderiam ser minimizados através da proposição de corredores
para escapamento da fauna, proteção da mata ciliar e de outras áreas de preservação
permanente, recuperação de áreas degradadas, entre outras. Além dos Impactos na biota
aquática, que poderiam ser amenizados com a correta execução das medidas de controle
da erosão do solo, implantação de infraestruturas sanitárias, lançamento dos efluentes de
ETEs no emissário submarino do CIPP, entre outras.
Para o meio antrópico, além dos diversos impactos positivos que foram listados,
também foram identificados impactos negativos de grande magnitude. As pressões
sobre a infraestrutura de serviços essenciais poderiam ser minimizadas através da
adoção de políticas públicas para ampliação da oferta dos serviços essenciais de
infraestrutura, entre outras medidas.
Os impactos sobre a paisagem natural e de atividades turísticas não foi
considerado como negativo e sim como indefinido. Optou-se por apresenta-lo tendo em
vista que a implantação de indústrias em zonas turísticas tende a denegrir a qualidade
ambiental da região e criar efeitos negativos sobre a atividade turística. As medidas
recomendadas foram: adoção de medidas visando ao desenvolvimento local e regional
ordenado, ações voltadas para o turismo sustentável, recomposição de áreas afetadas
pelas obras, construção de um cinturão verde de isolamento das unidades da refinaria,
além do manejo adequado das unidades de conservação da área do empreendimento.
Os impactos sobre o sistema viário e o tráfego terrestre poderiam ser
minimizados com a implementação do projeto de duplicação da Rodovia BR-222,
alargamento da seção transversal da CE-085, alargamento da seção transversal da
57
rodovia CE-348, além de diversas outras alterações nas vias que dão acesso ao
empreendimento.
Além do resumo apresentado no RIMA, o EIA traz um capítulo específico para
as medidas mitigadoras no qual é descrito as causas que levaram a elaboração de cada
medida, bem como a metodologia empregada para conseguir chegar ao objetivo
específico proposto.
3.4.5 Programas Ambientais Propostos no EIA
Assim como foi feito neste trabalho para a Refinaria Premium I, todos os Programas
apresentados no EIA serão listados na Tabela 4 e será feito análise dos programas
relacionados diretamente com os impactos de grande magnitude apresentados no RIMA,
estes apresentados na Tabela 5.
Tabela 4: Programas Ambientais apresentados no EIA/RIMA da RPRE-II.
Programas Ambientais da Refinaria Premium II
Programa de Comunicação Social Programa de Controle da Poluição
Programa de Educação Ambiental Programa de Controle de Processos
Erosivos
Programa de Controle da Supressão
Vegetal
Programa de Gerenciamento de Riscos /
Plano de Ações de Emergência
Programa de Conservação da Fauna Programa de Monitoramento da
Qualidade das Águas
Programa de Gestão das Interferências
com as Atividades Minerárias
Programa de Monitoramento da
Qualidade do Ar
Proteção do equipamento público e do
Patrimônio Arqueológico Programa de Monitoramento de Ruídos
Plano Ambiental da Construção Programa de Gestão da Qualidade do Ar
Programa de Proteção, Segurança e Saúde
do Trabalhador
Programa de Monitoramento da
Qualidade do Solo e de Sedimentos
Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas
Fonte: Elaboração própria.
58
Tabela 5: Programas Ambientais analisados.
Programas Ambientais da Refinaria Premium II
Programa de Controle da Supressão
Vegetal
Programa de Controle de Processos
Erosivos
Programa de Conservação da Fauna Programa de Controle da Poluição
Plano Ambiental da Construção Programa de Monitoramento da
Qualidade das Águas
Programa de Recuperação de Áreas
Degradadas
Programa de Monitoramento da
Qualidade do Ar
Fonte: Elaboração própria.
O Programa de Controle da Supressão tem por objetivo minimizar os impactos
sobre a flora e outros recursos naturais. A metodologia que seria utilizada consiste na
escolha das áreas a serem monitoradas em momento anterior e pós a instalação da
refinaria, além de sequenciar as etapas necessárias para a supressão da vegetação na
área. Este programa é de natureza mitigadora.
O Programa de Conservação da Fauna consiste no monitoramento e
salvamento da fauna na área do empreendimento. Assim como no Programa de Controle
da Supressão, a metodologia prevê a escolha de áreas para serem monitoradas,
determinação dos locais e grupos já identificados na etapa de diagnóstico, além de
descrever resumidamente as diretrizes que deverão ser seguidas para a etapa de
salvamento. Este programa é de natureza mitigadora.
O Programa de Recuperação de Áreas Degradadas consiste na recuperação de
áreas utilizadas nas obras do empreendimento de forma a evitar que ocorram problemas
ambientais, inclusive danos às próprias unidades. A metodologia traz as diretrizes que
deveriam ser utilizadas na exploração das áreas de empréstimos antes, durante e após as
atividades. Este programa é de natureza mitigadora e compensatória.
O Programa de Controle da Poluição consiste nas ações de tratamento e
destinação dos resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas nas diversas
fases do empreendimento. Este programa está totalmente relacionado com o Plano
Ambiental da Construção que, entre outras medidas, defini as ações a serem
desenvolvidas pelas firmas construtoras, de modo que sejam minimizados os impactos
ambientais na Área Diretamente Afetada. Ambos os programas são de natureza
mitigadora.
59
O Programa de Monitoramento da Qualidade das Águas foi elaborado com o
intuito de verificar possíveis ocorrências de alterações na qualidade das águas
superficiais e subterrâneas. Apresenta como metodologia a coleta periódica de amostra
de água em cursos de água e reservatórios e análise dos parâmetros das amostras. A
frequência das coletas não ficou definida nesta etapa, sendo postergada para a etapa de
elaboração do PBA. Este programa é de natureza mitigadora.
Por fim, o Programa de Monitoramento da Qualidade do Ar objetiva propor
ações na área de influência da refiaria para que sejam adotadas medidas de controle para
atendimento das exigências legais. A metodologia prevê instalação de dispositivos de
amostragem de gases nas chaminés, medições periódicas no entorno da refinaria e
acompanhamento de fontes difusas resultantes da circulação de máquinas e veículos. A
frequência de medição seria apresentada na etapa de PBA e o programa é de natureza
mitigadora.
3.5 Condicionantes das Licenças Prévias (LPs)
Segundo o Decreto 99.274/90 o Poder Público, no exercício de sua competência
de controle, expedirá a Licença Prévia na fase preliminar do planejamento da atividade,
contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e
operação, observados os planos estaduais ou federais de uso do solo.
Sendo assim, a seguir estão apresentadas as condicionantes de LP exigidas pelos
órgãos ambientais responsáveis pelo licenciamento ambiental das refinarias abordadas
neste estudo, no que tange as medidas mitigadoras e compensatórias.
3.5.1 COMPERJ
Em 26 de março de 2008, a Comissão Estadual de Controle Ambiental - CECA e
a FEEMA emitiram a Licença Prévia Nº FE013990 autorizando a localização do
Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (COMPERJ). A mesma
apresentou um total de 35 condicionantes, entre condições de validade gerais e validade
específicas. A LP do COMPERJ está apresentada no Anexo 1.
As condições de validade gerais são comuns em qualquer licença emitidas pela
FEEMA, como a publicação da emissão da mesma no Diário Oficial do Estado do Rio
de Janeiro. Entre as condições de validade específicas, foi exigido considerar no
60
detalhamento do Plano Básico Ambiental (PBA) uma série de exigências. Destacam-se
o programa de monitoramento de qualidade da água que deveria levar em conta o
monitoramento nas fases de pré-instalação, instalação e operação; já o programa para
implantação de macrocorredores de vegetação deveria prever as área de recarga dos
aquíferos ligando o complexo aos parques em seu entorno, entre outras medidas.
Em relação às condicionantes socioambientais, foi exigido desenvolvimento de
Plano de Responsabilidade Social com a criação de subprogramas específicos para a
saúde, controle epidemiológico e sanitário permanente (condicionante 11). A
apresentação de programa para monitoramento de demandas por serviços públicos
deveria prever apoio às infraestruturas públicas de gestão de resíduos sólidos em
Itaboraí. Cooperação para a regularização de fornecedores locais de areia, cooperação
para sinalização de rodovias, em especial a BR-493 e o fortalecimento da capacidade de
licenciamento ambiental da prefeitura de Itaboraí (condicionante 13).
Foi exigido à implementação de estações pluviométricas ou aperfeiçoamento das
existentes para melhor caracterização do regime hidrodinâmico e de chuvas na região
(condicionante 15). Em relação aos recursos hídricos da região, foi exigido que o
licenciamento ambiental de água bruta garantisse não só o abastecimento do complexo,
como o reforço hídrico para os municípios da região (condicionante 19), além de
considerar no licenciamento do emissário submarino a implantação de sistema de
esgotamento sanitário para a região cortada pela parte terrestre do emissário
(condicionante 21).
Para os projetos de recomposição vegetal, foi exigido a inclusão das margens de
rios e plantio nas partes mais altas (condicionante 23) e o apoio aos hortos existentes na
área de influência do COMPERJ para a produção de mudas (condicionante 24).
A Superintendência do IBAMA no Estado do Rio de Janeiro exigiu
condicionantes específicas para a emissão da Autorização nº 01/2008, de 25.03.08,
todas elas envolvendo Unidades de Conservação ou rios sob jurisdição da União. A
condicionante 30.1 obriga a PETROBRAS a implantar a restauração e manutenção das
faixas marginais de proteção das sub-bacias hidrográficas do Caceribu e Macacu, a
montante do empreendimento até suas nascentes. Já a condicionante 30.2 exige a
incorporação da área de transição entre o empreendimento e a APA Guapimirim,
delimitada pelos rios acima mencionados, seguida de restauração e manutenção integral
de suas características naturais, de modo a evitar processos de ocupação desordenada e
assegurar a manutenção dos processos hidrológicos. O Termo de Referência para o
61
atendimento destas duas condicionantes foi emitido em 06 de Janeiro de 2010 pelo
IBAMA/Instituto Chico Mendes.
3.5.2 RPRE-I
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Naturais - SEMA emitiu
em 09 de dezembro de 2009 a Licença Prévia nº 281/2009 que autoriza a PETROBRAS
a desenvolver estudos de implantação relativos à Refinaria Premium I, sistema de dutos
e outras instalações, ou seja, atestou a viabilidade ambiental do empreendimento.
A mesma foi emitida com 14 recomendações e condicionantes de acordo, todas
elas de condição geral. Nota-se que não foi pedido nenhuma complementação aos
programas ambientais presentes no EIA/RIMA. É exigido, na condicionante 13, que o
empreendedor deva firmar termo de compromisso com esta SEMA, acerca da
compensação ambiental para fins de emissão da Licença de Instalação. A LP da
Refinaria Premium I está apresentada no Anexo 2.
3.5.3 RPRE-II
O documento analisado para a Refinaria Premium II foi a Renovação de Licença
Prévia nº 9/2012 - DICOP - GECON emitida em 10 de maio de 2012, tendo em vista
que este foi o único documento listado como licença prévia da refinaria no banco de
dados da Superintendência Estadual do Meio Ambiente - SEMACE, consultado em 18
de junho de 2015.
A LP traz uma lista de 31 condicionantes, acrescida de 4 condicionantes com
prazo a serem cumpridas ao longo do licenciamento do empreendimento. Assim como
todas as licenças que envolvem empreendimentos classificados como de alto potencial
poluidor, uma das condicionantes traz a necessidade de apresentar o termo de
compromisso para compensação ambiental ao órgão licenciador, que através de sua
Câmara de Compensação deverá estabelecer um plano de Trabalho e as formas de uso
dos recursos. A LP da Refinaria Premium II está apresentada no Anexo III.
Foram solicitadas complementações em alguns programas apresentados no
EIA/RIMA, como por exemplo, para o Plano de Proteção de Fauna foi solicitado
elaboração de planos de manejo individual para as espécies ameaçadas, porventura
62
encontradas. Para as regiões destinadas a bota-fora foi exigido o licenciamento, bem
como a execução do PRAD.
Foi exigido o reflorestamento da vegetação nativa na proporção de 2:1, ou seja,
reflorestar dois hectares para cada hectare suprimido. Já para o desmatamento, foi
exigida a solicitação de autorização à SEMACE para desmatamento da área a ser
imediatamente implantada pelo empreendimento, e no caso de áreas superiores a 1000
hectares (um mil hectares), tal solicitação deverá ser efetuada ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais e Renováveis - IBAMA, conforme disposto na
alínea “b” do parágrafo III do art. 1º da Resolução CONAMA nº 378, de 19 de outubro
de 2006.
Para a solicitação da Licença de Instalação, foi exigido o detalhamento dos
planos e programas propostos no EIA/RIMA, bem como a proposição de outros
programas, sendo eles: (1) Programas de Saúde das populações circunvizinhas ao
empreendimento; (2) Plano de Conservação de Rodovias; (3) Plano de Gerenciamento
de Resíduos Sólidos nas fases de instalação e operação, considerando os espaços de
acondicionamento às possibilidades de contaminação dos Recursos Hídricos da ADA;
(4) Programa de Detecção e Reparo de Vazamentos associado a um Plano de Prevenção
para Riscos e incidentes e/ou como vazamento de insumos ou produtos do
empreendimento, considerando os danos “in situ” e os ligados aos fluxos hídricos e às
fragilidades estruturais da AID e ADA; (5) Plano de Adequação à Infraestrutura
Existente; (6) Programa de Capacitação Técnica; (7) Programa de Preservação dos
Recursos Hídricos e Paisagístico;(8) Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos
da Construção Civil; (9) Programa de Controle a Expansão Urbana nos municípios de
Caucaia e São Gonçalo do Amarante; (10) Plano de Desmobilização para os
trabalhadores de outras localidades; (11) Programa de Incentivo aos Agricultores e
pecuaristas desapropriados, fazendo um levantamento da situação atual e propondo
medidas de continuidade das atividades e (12) Programa de Controle do uso de drogas e
à exploração sexual.
Em relação às UCs, foi exigida a elaboração de estudos com objetivo de
identificar a possibilidade de criação de uma Unidade de Conservação de Proteção
Integral do tipo Refúgio de Vida Silvestre em área de interesse ambiental situada no
setor sudoeste do terreno, bem como para a criação de um Corredor Ecológico com o
objetivo de conectar essa área à APA do Lagamar do Cauípe, para que assim seja
evitada a fragmentação de habitats com os efeitos maléficos advindos dessa situação.
63
4 COMPARAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA
O presente capítulo tem como objetivo fazer uma análise de como tem sido
tratados os impactos e respectivas medidas mitigadoras nas refinarias selecionadas. Para
tanto, verifica-se primeiramente o atendimento aos requisitos dos respectivos TRs, para
em seguida fazer uma comparação entre as mesmas.
4.1 O atendimento aos Termos de Referência (TRs) ou Instrução Técnica (IT)
4.1.1 Impactos ambientais e as medidas mitigadoras e compensatórias
4.1.1.1 COMPERJ
Em 22 de janeiro de 2007 a Equipe Técnica da FEEMA emitiu a Instrução
Técnica (IT) DECON nº 01/2007 para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental -
EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental - RIMA para o Complexo
Petroquímico do Rio de Janeiro - COMPERJ, atendendo a Resolução Conama nº 01/86,
a Lei Estadual nº 1.356/88 e a Diretriz FEEMA DZ-041.R-13. A IT do COMPERJ está
apresentada no Anexo IV.
Entre as obrigações, o item Análise dos Impactos Ambientais apresentou uma
série de exigências quanto à metodologia que deveria ser empregada. Foram
apresentados os critérios nos quais os impactos deveriam ser classificados, além da
obrigação de considerar os impactos cumulativos e sinérgicos. Em relação à
metodologia, o EIA respeitou todos os critérios.
A IT pede que seja atribuído o grau de importância dos impactos em relação ao
fator ambiental afetado e aos demais. Também foi abordado uma série de potenciais
impactos, no meio antrópico, que deveriam ser considerados na análise dos impactos
como, por exemplo: Pressões urbanas sobre áreas de preservação permanente, Pressões
sobre os planos diretores e de desenvolvimento existentes; Circulação viária no
município; entre outros. Cabe ressaltar que, entre os impactos do meio antrópico
listados na IT, apenas o impacto de deslocamento da população residente foi
apresentado no EIA/RIMA do COMPERJ como de média a alta importância.
Tendo em vista que a IT já cita potenciais impactos para a construção do
COMPERJ, os mesmos deveriam ter sido avaliados levando em consideração sua
importância, logo, pode-se inferir que os impactos significativos apresentados pelos
64
estudos que contemplaram o EIA, principalmente no meio antrópico, foram
insuficientes ou subclassificados.
Em relação ao estudo e definição das medidas mitigadoras e compensatórias, a
IT exige a proposição de medidas relacionadas aos impactos no abastecimento de água
domiciliar, comercial, industrial e demais usos, bem como para o saneamento. Pede-se
especial atenção aos impactos na circulação viária, uso e ocupação de áreas de
preservação permanente, áreas frágeis e de riscos ambientais; necessidade de adequação
dos Planos Diretores etc.
As medidas mitigadoras e compensatórias foram apresentadas no estudo fazendo
alusão direta ao impacto que ela pretendia atenuar. Como nenhum dos impactos
relacionados com essas medidas foi considerado de alta relevância, entendeu-se que as
principais medidas ficaram, de certa forma, em segundo plano. Principalmente no que
tange o abastecimento de água e descarte de efluentes e questões sociais.
Neste contexto, a LP traz como condicionante o desenvolvimento do Plano de
Responsabilidade Social com a criação de subprogramas específicos para a saúde,
controle epidemiológico e sanitário permanente. Foi exigido que o licenciamento
ambiental de água bruta garanta o abastecimento do complexo, como o reforço hídrico
para os municípios da região, além do licenciamento do emissário submarino ter que
considerar o esgotamento sanitário para a região cortada pela parte terrestre do mesmo.
Logo, como o estudo não apresenta de que forma irá mitigar os impactos que já haviam
sido citados na IT, as condicionantes são pertinentes.
Em relação às áreas de preservação permanente, áreas frágeis e de riscos
ambientas, as condicionantes 30.1 e 30.2 complementam essa fragilidade do estudo. Por
fim, entende-se que os impactos listados para o COMPERJ, principalmente no meio
antrópico, foram subclassificados e provavelmente não representam o real cenário
futuro do empreendimento tendo em vista a dimensão e o potencial poluidor do
empreendimento.
4.1.1.2 RPRE-I
O Termo de Referência para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental - EIA,
Relatório de Impacto Ambiental - RIMA e análise de Risco relacionado à implantação
de Refinaria de Petróleo foi emitido pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e
65
Recursos Naturais - SEMA, do Estado do Maranhão, responsável pelo licenciamento do
empreendimento. O TR da Refinaria Premium está apresentado no Anexo V.
Entre as exigências, o item Análise de Impactos Ambientais traz as diretrizes no
que se refere à identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos do
empreendimento nas etapas de implantação e operação. Apesar do termo de referência
ter exigido apenas duas etapas, a avaliação do estudo contempla também as etapas de
planejamento e desativação, podendo ser considerado mais abrangente que o exigido.
Foi exigida no TR a descrição das modificações produzidas pelo
empreendimento considerando uma série de possíveis impactos. Entre os impactos
listados no Termo de Referência e considerados de grande magnitude pelo estudo,
destacam-se apenas as alterações sobre os recursos hídricos, qualidade do ar e níveis de
ruído. Outros possíveis impactos listados não foram considerados de grande magnitude
no EIA, como por exemplo as interferências com as Unidades de Conservação
atravessadas pela AID da dutovia, as possíveis alterações nos ecossistemas terrestres e
aquáticos, assim como as consequências provocadas pelo final das fases de construção
e montagem do empreendimento.
Segundo o termo de referência, as medidas mitigadoras deveriam ser
apresentadas por fase (implantação e operação) e posteriormente seriam integradas aos
programas de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais. O EIA
apresenta matriz de classificação das medidas mitigadoras e compensatórias para as
fases de instalação, operação, desativação e situação de acidente, além das
responsabilidades por cada uma. A metodologia é interessante, pois através dela é
possível visualizar a dimensão de cada medida mitigadora / compensatória e
posteriormente relacioná-la ao impacto.
Apesar de a metodologia ser interessante, uma série de medidas não foram
relacionada a nenhum impacto, não sendo, portanto, apresentadas na matriz final de
avaliação de impactos ambientais do empreendimento. Como exemplo é possível citar a
medida compensatória implementar programa de compensação de emissões
atmosférica; além da medida preventiva de ampliar as políticas públicas existentes
adequando-as a realidade local e criar estratégias voltadas para novas ações capazes
de manter uma qualidade de vida adequada da população residente e da imigrante de
responsabilidade de poder público municipal e estadual, entre outras. Apesar de não ter
se relacionado diretamente ao impacto em APP, foi proposta a criação do Plano
Ambiental para Conservação na Mata do Mateus dentro do PRAD.
66
O Termo de Referência traz o seguinte texto: “As medidas mais complexas, que
envolvam uma metodologia particular de trabalho com a finalidade de obter-se a
mitigação e/ou compensação de um ou mais impactos significativos, deverão ser
consolidados em um “Programa de mitigação de impactos”.
O Programa supracitado não é apresentado em nenhum momento para a
implementação das medidas mitigadoras dos impactos significativos, listados no
Capítulo 3 deste estudo, nem mesmo foi exigido qualquer outro Programa como
complementação, tendo em vista que a LP não teve nenhuma condicionante relacionada
ao tema. Mesmo assim, caso algum impacto significativo apresentasse metodologia
complexa para sua implementação, deveria ter sido elaborado programa específico para
apresentá-la e não compilar todas as medidas, que não têm relação entre si, em um
único programa.
Por fim, conclui-se que, no que tange as medidas mitigadoras e compensatórias,
as exigências do Termo de Referência foram respeitadas, porém algumas medidas
mitigadoras, por não terem sido relacionadas a nenhum impacto, dificilmente seriam
implementadas, tendo em vista que não seriam inseridas em nenhum Programa
Ambiental.
4.1.1.3 RPRE-II
Em 07 de janeiro de 2009, o Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente -
CONPAM pertencente à Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Estado do
Ceará - SEMACE emitiu o Termo de Referência nº 14/2009/COPAM/NUCAM para
elaboração de Estudo de Impacto Ambiental -EIA e Relatório de Impacto Ambiental -
RIMA para a Refinaria Premium II localizada no Complexo Industrial e Portuário do
Pecém - CIPP, no município de Caucaia, Ceará. O TR da Refinaria Premium II está
apresentado no anexo VI.
Segundo o TR, a identificação e análise dos impactos ambientais deveriam
medir e valorar os impactos ambientais previsíveis nas etapas de construção, instalação
e operação. Foi exigido que fosse dado grau de importância aos impactos em relação ao
fator ambiental afetado, além de avaliar a sinergia dos impactos causados considerando
a existência das demais atividades em operação na área de influência.
67
A apresentação dos impactos deveria ser feita de duas formas: uma síntese
conclusiva dos impactos relevantes de cada fase, além de uma descrição detalhada dos
impactos sobre cada fator ambiental nos meios físico, biológico e antrópico.
O TR traz uma lista de 13 impactos que deveriam ser, no mínimo, abordados.
Entre os listados no TR, o EIA identificou 10 como sendo de grande magnitude, sendo
eles impactos na: qualidade do ar; qualidade e fluxo dos cursos d´água de alimentação e
descarte; níveis de ruído; biota, principalmente na faixa de marginal de proteção e nas
APPs existentes; população; malha viária regional e na malha viária de acesso ao
empreendimento; no solo; nas Unidades de Conservação localizadas na área de entorno
do empreendimento; nos corpos d’água; e nos serviços de infraestrutura. Os outros três
foram abordados, porém não foram considerados como de grande magnitude.
As medidas mitigadoras deveriam ser apresentadas, de acordo com o TR,
separadamente para as fases de implantação e operação, as quais seriam integradas
posteriormente aos programas de controle e monitoramento dos impactos ambientais.
Conforme solicitado, elas foram apresentadas em concomitância aos impactos na matriz
de impactos, porém foram descritas posteriormente, em capítulo específico no EIA.
Pôde ser observado que as medidas foram descritas de forma satisfatória, desde a
causa original para as suas proposições, até a metodologia empregada para alcançar o
objetivo específico de cada uma. Porém, a classificação quanto aos critérios de natureza,
fase do empreendimento, fator ambiental e prazo de permanência de sua aplicação,
exigidos no TR, ficaram subentendidas no texto.
Assim como no Termo de Referência para a Refinaria Premium I, o TR nº
14/2009/COPAM/NUCAM também traz o seguinte parágrafo: “As medidas mais
complexas, que envolvam uma metodologia particular de trabalho com a finalidade de
obter-se a mitigação e/ou compensação de um ou mais impactos significativos, deverão
ser consolidados em um “Programa de mitigação de impactos”. Como pode ser
observado nas condicionantes da LP, não foi exigido 1 (um) “Programa de mitigação de
impactos” e sim uma série de programas complementares que serão abordados no
próximo item deste capítulo.
Sendo assim, após análise do TR no que tange as medidas mitigadoras e
compensatórias, sugere-se que as mesmas deveriam ter sido apresentadas fazendo
relação ao impacto relacionado. Primeiramente as medidas foram apresentadas sem
nenhuma descrição, apenas acompanhando a matriz de impactos ambientais e
posteriormente foi criado um capítulo específico para as principais, porém a relação
68
com os principais impactos ficou defasada, tendo em vista que não era possível a
identificação clara de todos os impactos que elas estavam se propondo a atenuar.
69
4.1.2 Comparação dos planos e programas exigidos para a consolidação da
implementação das medidas mitigatórias e compensatórias
Novamente será necessário abordar o Termo de Referência / Instrução
Normativa de cada empreendimento para entender de que maneira os Plano e Programas
Ambientais foram exigidos e de que forma os mesmos foram apresentados nos estudos
para posteriormente entender se as exigências contidas nas LP foram pertinentes.
4.1.2.1 COMPERJ
A Instrução Técnica DECON nº 01/2007 no item 4.2.6. sugere como proposta
mínima os seguintes planos e programas ambientais:
Plano de Emergência e Contingência, com base na Análise de Risco;
Plano de Monitoramento Ambiental dos impactos previstos, com base
nos indicadores estabelecidos. Prever a implantação de ilhas de
monitoramento biológico na APA Guapimirim, objetivando o
acompanhamento das condicionantes estruturais e funcionais do
ecossistema;
Programa de Gestão Ambiental, com cadernos de especificação técnica
para cada projeto, constando o detalhamento técnico, orçamento e
cronograma; e
Programa de Comunicação e Responsabilidade Social.
Conforme apresentado no Capítulo 3, os planos e programas propostos no EIA estão
apresentados a seguir:
Plano Ambiental da Construção
Programa de Recuperação de Áreas Degradadas e Promoção do
Desenvolvimento Agroflorestal Sustentável
Programa de Monitoramento das Emissões Atmosféricas - fase operação
Programa de Monitoramento Ambiental de Efluentes e recursos hídricos
- fase operação
Programa de Monitoramento dos Manguezais da Área de Proteção
Ambiental de Guapimirim e da Estação Ecológica da Guanabara
Programa de Gerenciamento dos Riscos Operacionais
Programa de Educação Ambiental e o Programa de Comunicação Social
Programa de Controle de Emissões Veiculares (Programa Economizar)
70
Programa de Inserção Regional Socialmente Responsável
Programa de Preservação do Patrimônio Histórico e Arqueológico
Programa de Compensação
O Plano de Emergência e Contingência é específico para a Análise de Risco e
como, para este estudo, não será dado foco neste capítulo do EIA, o Plano não é
analisado. O Plano de Monitoramento Ambiental dos impactos previstos é subdivido em
diversos programas como pode ser observado acima, além do monitoramento da APA
do Guapimirim em programa específico. Entende-se que este Programa foi
contemplado.
É de se estranhar a não apresentação do Plano de Gestão Ambiental. Entende-se
que o mesmo, por não ter sido apresentado, deveria vir como condicionante. O
Programa de Comunicação Social foi contemplado, porém o de Responsabilidade Social
foi ignorado.
Não sendo ignorado pelo órgão ambiental, a condicionante 11 da LP exige o
desenvolvimento de Plano de Responsabilidade Social com criação de subprogramas
específicos para a saúde, controle epidemiológico e sanitário permanente. A LP também
traz a criação do Programa de Monitoramento de Qualidade da água, Programa para
Implantação de Macrocorredores de Vegetação, entre outras complementações.
4.1.2.2 RPRE-I
O Termo de Referência que norteou a elaboração do EIA e respectivo RIMA
exige em seu item 3.8 (Programa de Acompanhamento e Monitoramento dos Impactos)
a apresentação de proposta de programas destinados a acompanhar as evoluções dos
impactos ambientais, positivos e negativos, causados pelo empreendimento nas fases de
implantação, operação, bem como, para o caso de acidentes. Foram exigidos os itens
mínimos que cada programa deveria apresentar como: parâmetros e indicadores para a
avaliação dos impactos, apresentação e justificativa da periodicidade de amostragem
para cada parâmetro, cronograma, indicação do(s) responsável (eis), entre outros. Porém
não foi exigido nenhum Programa específico.
Os Planos e Programas foram apresentados no Capítulo 3. Como não houve
exigência de nenhum programa no TR, nem condicionantes na LP, entende-se que os
planos apresentados foram satisfatórios para a mitigação dos impactos que seriam
ocasionados pela Refinaria.
71
4.1.2.3 RPRE-II
O Termo de Referência que norteou a elaboração do EIA/RIMA, exigiu em seu
item 13 (Programas de Controle e Monitoramento dos Impactos Ambientais) a
apresentação no mínimo os planos e programas abaixo relacionados:
Plano de monitoramento da qualidade da água (superficial e subterrânea);
Plano de Monitoramento da qualidade do solo;
Plano de monitoramento da qualidade do ar;
Plano de monitoramento do nível de ruídos e vibrações;
Plano de recuperação de áreas degradadas;
Plano de proteção do trabalhador e segurança do meio ambiente de
trabalho;
Programa de educação ambiental;
Programa de proteção de equipamento público referente ao resguardo da
memória da comunidade local (cemitério);
Programa de auditoria ambiental;
Programa de gerenciamento de riscos;
Plano de ação de emergências (PAE);
Programa de comunicação para as comunidades circunvizinhas ao
empreendimento;
Programa de Saúde das populações circunvizinhas ao empreendimento.
Por fim, foi exigido que as medidas compensatórias atendessem a Resolução CONAMA
nº 731/2006 e Resolução COEMA nº 9/2003.
Entre os Programas mínimos exigidos, apenas os Programas de auditoria
ambiental, Programa de Saúde das Populações circunvizinhas ao empreendimento e o
Plano de monitoramento da qualidade do solo não foram contemplados. Porém, como
alternativa para o último, pode-se sugerir que o Programa de Controle da Poluição,
Programa de Controle da Supressão Vegetal e o Programa de Processos Erosivos, todos
esses adicionais, poderiam suprir essa deficiência do estudo. Já o Plano de auditoria
ambiental e o Programa de Saúde das populações circunvizinhas realmente não foram
mencionados.
Após análise do estudo pela SEMACE, 12 Programas adicionais foram exigidos
para a solicitação da Licença de Instalação. Entre eles merecem destaque o Programa de
Saúde das populações circunvizinhas ao empreendimento, já exigido conforme
72
informações acima e os programas sociais como: Programa de Controle a Expansão
Urbana nos municípios de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, Plano de
Desmobilização para os trabalhadores de outras localidades, Programa de Incentivo aos
Agricultores e pecuaristas desapropriados, Programa de Controle do uso de drogas e à
exploração sexual.
Neste caso, nota-se que para os impactos sociais ocasionados pelo
empreendimento não foram propostas medidas mitigadoras ou compensatórias
suficientes e fez-se necessário a adição de novos programas ao conteúdo do EIA.
4.2 Comparação dos impactos ambientais mais significativos e respectivas medidas
mitigatórias e compensatórias
Para efeito de comparação, o Tabela 6 reporta a síntese dos impactos mais
relevantes considerados em cada empreendimento, conforme análise realizada no
Capítulo 3, para em seguida realizar uma análise comparativa dos mesmos e das
respectivas medidas mitigadoras. Tendo em vista que os impactos foram reportados de
maneira diferente de uma refinaria para outra, para efetuar a análise comparativa,
estabeleceu-se grupamentos nas seguintes categorias:
Poluição atmosférica
Contaminação hídrica;
Assoreamento;
Supressão vegetal e impactos relacionados;
Pressão sobre a infraestrutura de serviços públicos essenciais;
Alterações Socioeconômicas
Riscos de incêndios e explosões
Interferências em áreas especiais: Unidades de Conservação, APPs e
outras.
73
Tabela 6: Impactos relevantes apresentados nos respectivos EIAs/RIMAs
Projeto Meio Impacto Categoria
CO
MP
ER
J Físico /
Biótico
Poluição do ar Poluição Atmosférica
Aumento da concentração de poluentes atmosféricos no ar ambiente Poluição Atmosférica
Contaminação atmosférica decorrente das emissões de seus processos industriais Poluição Atmosférica
Contaminação hídrica decorrente de seus efluentes líquidos Contaminação Hídrica
Contaminação dos solos e da água pelo gerenciamento inadequado de seus resíduos sólidos Alterações Socioeconômicas
Alteração da paisagem natural com supressão do atual ambiental agroflorestal Supressão vegetal e impactos relacionados
Antrópico Deslocamento da população residente Alterações Socioeconômicas
Alto potencial de atratividade do empreendimento Alterações Socioeconômicas
RE
FIN
AR
IA
PR
EM
IUM
I
Físico /
Biótico
Contaminação das águas subterrâneas e dos corpos hídricos Contaminação Hídrica
Assoreamento das margens dos mangues e igarapés Assoreamento
Geração de chuva ácida e intensificação de efeito estufa Poluição Atmosférica
Riscos de incêndios e explosões Riscos de incêndios e explosões
Perda de indivíduos da flora Supressão vegetal e impactos relacionados
Antrópico Pressão sobre a infraestrutura de serviços públicos essenciais
Pressão sobre a infraestrutura de serviços
públicos essenciais
Aumento de emissões de poeira e ruídos Alterações Socioeconômicas
RE
FIN
AR
IA
PR
EM
IUM
II
Físico
Aumento do potencial de erosão do solo Supressão vegetal e impactos relacionados
Transporte de sólidos e assoreamento Assoreamento
Impactos sobre os recursos hídricos superficiais e subterrâneos interferência nos usos e na
drenagem Contaminação Hídrica
Impacto na Qualidade da água Contaminação Hídrica
Emissões atmosféricas e de poeiras Poluição Atmosférica
Biótico
Interferências em áreas especiais: Unidades de Conservação, APPs e outras Interferências em áreas especiais: Unidades de
Conservação, APPs e outras
Impactos na flora decorrentes da supressão vegetal Supressão vegetal e impactos relacionados
Impactos na fauna terrestre Supressão vegetal e impactos relacionados
Impactos na biota aquática Contaminação Hídrica
Antrópico
Pressões sobre infraestrutura de serviços essenciais Pressão sobre a infraestrutura de serviços
públicos essenciais
Impactos sobre a paisagem natural e de atividades turísticas Supressão vegetal e impactos relacionados
Impactos sobre o sistema viário e tráfego terrestre Pressão sobre a infraestrutura de serviços
públicos essenciais
Fonte: Elaboração própria
74
4.2.1 Poluição Atmosférica
Para o meio físico é possível perceber na Tabela 7 que apesar da descrição do
impacto não ser exatamente a mesma, em todos os empreendimentos a poluição do ar
foi considerada como impacto relevante. Compilando todos os impactos é possível
chegar a conclusão que a emissões atmosféricas e de poeiras aumentariam a
concentração de poluentes atmosféricos no ar ambiente decorrente das emissões de
processos industriais. Como consequência destas emissões, a geração de chuva ácida e
intensificação do efeito estufa foram mencionadas apenas para a Refinaria Premium I.
Tabela 7: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à poluição atmosférica.
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
COMPERJ
Poluição do ar Programa de Controle e Monitoramento de
Emissões Atmosféricas
Aumento da concentração de
poluentes atmosféricos no ar
ambiente
Programa de Controle de Emissões Atmosféricas
e de Monitoramento das Fontes e da Qualidade
do ar
Contaminação atmosférica
decorrente das emissões de seus
processos industriais
Medidas de controle das emissões que
assegurariam sua manutenção dentro dos
padrões. Monitoramento contínuo e controlado
durante a vida útil do COMPERJ
REFINARIA
PREMIUM I
Geração de chuva ácida e
intensificação de efeito estufa
Monitoramento da qualidade do ar pela
instalação de quatro estações meteorológicas /
Desenvolvimento de estudos para identificação
de processos mais limpos / Utilização de
dispositivos que minimizem a emissão de
poluentes atmosféricos
REFINARIA
PREMIUM II Emissões atmosféricas e de poeiras
Utilização de tanques de armazenamento de
Combustível com menos evaporação de gases /
Melhoria na combustão de fornos / Aquecedores
e caldeiras / Controle da emissão de gases nas
chaminés / Acompanhamento da emissão e
dispersão atmosférica na fase de operação da
refinaria
Fonte: Elaboração própria.
Para o COMPERJ são propostas medidas de controle das emissões e
monitoramento contínuo durante a vida útil do empreendimento a serem detalhadas nos
programas inseridos no PBA. A análise destes programas nas fases posteriores do
licenciamento devem levar em conta os impactos mencionados.
Para a Refinaria Premium I o monitoramento seria feito através de quatro
estações meteorológicas a serem construídas/ampliadas, tendo em vista que a região
carece deste tipo de estrutura. Esta medida compensatória é necessária para o
monitoramento das emissões. Por outro lado, o desenvolvimento de estudos para
identificação de processos mais limpos não pode ser considerada como medida
75
mitigadora, tendo em vista que eles dificilmente seriam apresentados até aprovação do
Projeto Executivo do empreendimento. A utilização de dispositivos que minimizem a
emissão de poluentes atmosféricos não se enquadra em medidas mitigadoras, tendo em
vista que a eficiência destes dispositivos não é medida no âmbito do Projeto Executivo.
Para a Refinaria Premium II são propostas estruturas e processos que mitigariam
essas emissões, porém sendo difíceis de serem analisados, tendo em vista que a
eficiência desses equipamentos não é exigida na apresentação do Projeto Executivo.
Comparativamente, as estruturas e respectivas eficiências deveriam ser
detalhadas nos programas ambientais do PBA relacionados ao controle das emissões. Já
o monitoramento é apresentado apenas na fase de operação no COMPERJ e na
Refinaria Premium II, quando deveria ser feita em todas as fases e principalmente na
operação.
Sendo assim, para o impacto de poluição atmosférica, tão perceptível em
empreendimentos como refinarias, não foi possível identificar um padrão que pudesse
ser identificado como medida mitigadora. Todos apresentam estruturas capazes de
mitigar este impacto, porém não apresentam de forma é mensurada a eficiência de tais
medidas.
4.2.2 Contaminação Hídrica
A contaminação hídrica também foi levantada nos 3 estudos conforme pode ser
observado na Tabela 8. Este impacto seria decorrente dos efluentes líquidos gerados por
empreendimentos como refinarias, podendo interferir diretamente em recursos hídricos
superficiais e subterrâneos, nos usos e na drenagem. Os impactos na biota aquática
também são diretamente relacionados com a contaminação hídrica.
Tabela 8: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à contaminação hídrica.
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
COMPERJ Contaminação das águas subterrâneas
e dos corpos hídricos
Desenvolver estudos da qualidade das águas
superficiais e subterrâneas / Evitar lavagem de
equipamentos e máquinas próximas dos corpos
hídricos / Promover o descarte dos resíduos
perigosos e não perigosos para os aterros
sanitários
REFINARIA
PREMIUM I
Impactos sobre os recursos hídricos
superficiais e subterrâneos
interferência nos usos e na drenagem
Controle da supressão vegetal / Proteção da
drenagem natural das águas / Obras de
drenagem / Plano de Drenagem
76
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
REFINARIA
PREMIUM II
Impactos sobre os recursos hídricos
superficiais e subterrâneos
interferência nos usos e na drenagem
Definição da área do Sítio Olho D´água /
Criação de Planos diretores dos municípios de
São Gonçalo do Amarante e Caucaia
Impacto na Qualidade da água
Controle da erosão do solo / Manejo adequado
dos resíduos sólidos / Coleta, tratamento e
destinação dos despejos sanitários e industriais /
Programa Ambiental da Construção / Controle
da emissão de gases / Proteção da mata ciliar
Impactos na biota aquática
Medidas de controle da erosão do solo /
Implantação de infraestrutura sanitárias /
Lançamento dos efluentes de ETEs no emissário
submarino do CIPP
Fonte: Elaboração própria
Mesmo tendo sido apresentado, o desenvolvimento de estudos da qualidade das
águas superficiais deveria ter sido exigido para a etapa de instalação das estruturas de
descarte de efluentes do COMPERJ, logo deveria ter aparecido como condicionante
para o pedido de LI. As outras duas medidas mitigadoras são pertinentes ao impacto,
porém deveriam ter sido apresentados os programas em que elas se inserem. Em relação
às medidas mitigadoras apresentadas para as Refinarias Premium I e II, todas são
pertinentes, porém deveriam ter sido apresentadas em quais programas elas estão
inseridas.
4.2.3 Assoreamento
O assoreamento da região na qual o empreendimento pretende se instalar é
levantado apenas nos estudos das Refinarias Premium I e II, com destaque para a
Refinaria Premium I, na qual é apresentado especificamente nas margens dos mangues
e igarapés. Tendo em vista o local para instalação da RPRE-I, a relevância que foi dada
ao impacto é pertinente. A Tabela 9 apresenta os impactos e medidas
mitigadoras/compensatórias relacionados ao assoreamento.
77
Tabela 9: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas ao assoreamento
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
REFINARIA
PREMIUM I
Assoreamento das margens dos
mangues e igarapés
Elaboração de projeto para implantação de
drenagem superficial / Programa de Controle de
Processos Erosivos / Programa Ambiental da
Construção
REFINARIA
PREMIUM II
Transporte de sólidos e
assoreamento
Programa de Controle da Erosão / Programa
Ambiental da Construção / Programa de
Controle da Supressão Vegetal / Desmatamento
gradual / Proteção dos caminhos naturais de
escoamento da água / Recuperação das áreas
degradadas
Fonte: Elaboração própria
Tendo em vista o tamanho da área na qual se pretende instalar o COMPERJ, a
não identificação deste impacto como relevante é crítica. Já para as medidas
apresentadas pelas Refinarias Premium I e II, cabe ressaltar que a maioria das medidas
mitigadoras está em forma de Programa, não sendo possível identifica-las claramente.
4.2.4 Supressão vegetal e impactos relacionados
A alteração da paisagem natural com supressão do atual ambiente agroflorestal
apresentado para o COMPERJ pode ser apresentado em conjunto com diversos
impactos sendo eles: o aumento do potencial de erosão do solo apresentada para a
RPRE-II, tendo em vista que o aumento da erosão é diretamente ocasionado devido à
supressão vegetal; os impactos na fauna e na flora também da RPRE-II; e a perda de
indivíduos da flora no caso da RPRE-I. Somado a alteração da paisagem, os impactos
nas atividades turísticas foram levantados na região do Porto do Pecém, no Ceará. Tais
impactos e suas respectivas medidas mitigadoras/compensatórias estão apresentados na
Tabela 10.
Tabela 10: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à supressão vegetal e impactos relacionados
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
COMPERJ
Alteração da paisagem natural
com supressão do atual ambiente
agro-florestal
Implantação do Projeto Corredor
Ecológico do COMPERJ / PRAD
REFINARIA
PREMIUM I Perda de indivíduos da flora
Definição da área para replantio de
espécies nativas / Elaboração do Plano
Ambiental para Conservação da Mata do
Mateus
REFINARIA
PREMIUM II
Aumento do potencial de erosão
do solo
Programa de Controle da Erosão /
Programa Ambiental da Construção /
Programa de Controle da Supressão
Vegetal / Desmatamento gradual /
Proteção dos caminhos naturais de
escoamento da água / Recuperação das
78
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
áreas degradadas
Impactos na flora decorrentes da
supressão vegetal Plano de Supressão da Vegetação
Impactos na fauna terrestre
Proposição de corredores para
escapamento da fauna / Proteção da Mata
Ciliar / Recuperação de áreas degradadas
Impactos sobre a paisagem
natural e de atividades turísticas
Adoção de medidas visando ao
desenvolvimento local e regional ordenado
/ Ações voltadas para o turismo
sustentável, recomposição de áreas
afetadas pelas obras / Construção de um
cinturão verde de isolamento das unidades
da refinaria / Manejo adequado das
unidades de Conservação da área do
empreendimento Fonte: Elaboração própria.
A supressão vegetal pode ser considerada como o impacto inicial de diversos
outros. Por suas características, geralmente está atrelado a medidas compensatórias de
reflorestamento ou preservação de ambientes fundamentais à manutenção da vida
ecológica no entorno do empreendimento. Para os projetos estudados, pode-se ver a
importância da determinação deste impacto com a escolha de três diferentes ações
compensatórias.
Para o COMPERJ foi proposta a criação do Corredor Ecológico do COMPERJ a
ser implementado no Programa Ambiental de Recuperação de Áreas Degradadas. Já
para a Refinaria Premium I foi proposta a elaboração do Plano Ambiental para
Conservação da Mata do Mateus. A Refinaria Premium II não adota nenhuma das duas
linhas anteriores (criação ou conservação de áreas), porém, apresenta medidas pontuais
que visam à minimização dos impactos sobre a paisagem natural.
4.2.5 Pressão sobre a infraestrutura de serviços públicos essenciais
Pelas regiões das Refinarias Premium I e II serem pouco antropizadas, as
pressões sobre infraestrutura de serviços essenciais foram levantadas. Cabe adicionar
que a região do CIPP contém um porto bastante utilizado (Porto do Pecém), sendo
assim também haveria impactos sobre o sistema viário e tráfego terrestre.
79
Tabela 11: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas à pressão sobre a infraestrutura de serviços
públicos.
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
REFINARIA
PREMIUM I
Pressão sobre a infraestrutura de
serviços públicos essenciais
Ações do PEA e PAC / Acompanhamento e
desmobilização da mão-de-obra para evitar
sua fixação na região após o término das
obras
REFINARIA
PREMIUM II
Pressões sobre infraestrutura de
serviços essenciais
Adoção de Políticas Públicas para
ampliação da oferta dos serviços essenciais
de infraestrutura
Impactos sobre o sistema viário e
tráfego terrestre
Duplicação da Rodovia BR-222 /
Alargamento da seção trasnversão da CE-
085 / Alargamento da seção transversal da
rodovia CE-348 Fonte: Elaboração própria
Apesar do aumento da população durante as obras do todos os empreendimentos
ser significativa, o COMPERJ não cita este impacto como relevante. A Refinaria
Premium I apenas utiliza medidas mitigadoras do impacto, o que de certa forma, não
alivia de forma significativa o impacto.
A Refinaria Premium II adota a criação de políticas públicas para ampliação da
oferta dos serviços essenciais de infraestrutura, porém não apresenta de que forma essas
medidas serão tomadas. O ideal seria a criação de um programa que apresentasse as
diretrizes para adoção dessas políticas. Cabe ressaltar que para os impactos sobre o
sistema viário e tráfego terrestre, as medidas foram pontuais e objetivas para a
minimização deste impacto.
4.2.6 Alterações Socioeconômicas
O deslocamento da população residente causado por desapropriações somado
ao alto potencial de atratividade do empreendimento pode inflamar a região do entorno
do empreendimento e necessita de participação de todos os níveis sociais para o
planejamento urbano e social da região. O aumento de emissões de poeira e ruídos pode
acarretar em danos à saúde da população. Tais impactos e suas respectivas medidas
mitigadoras/compensatórias são apresentadas na Tabela 12.
80
Tabela 12: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas às alterações socioeconômicas
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
COMPERJ
Deslocamento da população
residente
Programa de Remanejamento e Relocação
da População Deslocada
Alto potencial de atratividade do
empreendimento
Criação do CONLEST e Fórum de
Desenvolvimento da Região Leste / Centros
de Integração do COMPERJ / Programas
ambientais de suporte
REFINARIA
PREMIUM I
Aumento de emissões de poeira e
ruídos
Implementar ações do Programa de
Monitoramento e Controle de Ruídos /
Implementar ações do Programa de Gestão
de Qualidade do Ar / Implementar ações do
Programa de Comunicação Social (PCS)
voltadas a veiculação de informações para a
população quanto a convivência saudável e
segura durante as obras do
empreendimento. Fonte: Elaboração própria
As alterações socioeconômicas foram apresentadas tanto como maléficas ao
promover o deslocamento da população residente, quanto benéficas, no caso de atração
de emprego e aumento da renda. Apesar da apresentação de impactos positivos não
fazer parte da metodologia deste estudo, tal impacto tem potencial para se tornar
negativo à medida que novos empreendimentos ao se estabelecem na região podem criar
desorganização espacial. Se não houver uma participação de todas as esferas do poder
para criar diretrizes de uso e ocupação do solo, a tendência é que este impacto positivo,
possa se converter. Sendo assim, a criação dos grupos de discussão como o CONLEST
e Fórum de Desenvolvimento da Região Leste pode ser fundamental para o
desenvolvimento da região.
Em relação o deslocamento da população, a criação do Programa de
Remanejamento e a Realocação da População Deslocada é pertinente e se faz
necessária. Por fim, o aumento de emissões de poeira e ruído, no caso antrópico, pode
agravar problemas de saúde na população. Foram propostas ações dentro de diversos
programas, porém novamente não é possível verificar quais seriam essas ações.
4.2.7 Riscos de incêndios e explosões
Apesar das 3 refinarias lidarem diretamente com uma série de riscos, apenas a
Refinaria Premium I citou o impacto risco de incêndios e explosões como relevante,
conforme pode ser observado na Tabela 13.
81
Tabela 13: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas a riscos de incêndios e explosões.
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
REFINARIA
PREMIUM I Riscos de incêndios e explosões
Programa de Desmonte / Programa de
Educação Ambiental
Fonte: Elaboração própria.
Caracterizado como impacto potencial, os riscos de incêndio e explosões não só
afetam os meios físico e biótico, como foram apresentados, mas principalmente o meio
antrópico, tendo em vista os trabalhadores da área. Como são necessários diversos
procedimentos e estudos de riscos para a aprovação de uma refinaria, as medidas
mitigadoras apresentadas não são as principais para a minimização deste impacto.
4.2.8 Interferências em áreas especiais: Unidades de Conservação, APPs e outras
As interferências em UCs, APPs e outras foram citadas apenas para a Refinaria
Premium II, conforme pode ser observado na Tabela 14.
Tabela 14: Medidas mitigadoras e compensatórias relacionadas às interferências em áreas especiais: UCs,
APPs e outras.
Impacto Medidas Mitigadoras / Compensatórias
REFINARIA
PREMIUM II
Interferências em áreas especiais:
Unidades de Conservação, APPs
e outras
Definição da área do Sítio Olho D´água /
Criação de Planos diretores dos municípios
de São Gonçalo do Amarante e Caucaia Fonte: Elaboração própria
As medidas mitigadoras apresentadas para este impacto poderiam ter sido
caracterizadas no impacto de supressão da vegetação, tendo em vista a criação de uma
área para compensar o impacto em outra. A criação de Planos Diretores dos municípios
é uma boa iniciativa, tendo em vista que são regiões que não possuem o instrumento
que orienta a construção dos espaços urbanos.
4.3 Análise Crítica
Todos os Termos de Referência / Instrução Normativa apresentam possíveis
impactos a serem considerados nos estudos. A classificação quanto à importância dos
impactos foi falha na medida em que determinados impactos relatados nos TRs
tendencialmente significativos em empreendimentos desta natureza, não foram
considerados de grande magnitude nos EIAs. Destacam-se principalmente os impactos
no meio antrópico e no fornecimento de água no EIA do COMPERJ e as interferências
em Unidades de Conservação no caso da Refinaria Premium I. Já os impactos
identificados para a Refinaria Premium II foram pertinentes e mereceram destaque.
82
Com relação à natureza dos impactos, os EIAs apresentaram algumas diferenças
ou semelhanças dependendo do meio considerado. A identificação dos impactos
ambientais significativos para o meio físico em todos os três empreendimentos foi
semelhante, com destaque para a identificação de impacto em UCs, APPs no caso da
Refinaria Premium II.
Entre os questionamentos é necessário levantar que um empreendimento com o
tamanho do COMPERJ necessita de diversas fontes de água para abastecê-lo, tendo em
vista que o mesmo localiza-se em uma zona metropolitana altamente antropizada com
problemas de saneamento básico. Essa questão deveria ter sido tratada com maior
atenção a partir do momento que a utilização de água para abastecimento do complexo
acarretaria em déficit para a população local. Como o EIA não apresenta uma solução
concreta para esta questão, no mínimo, seus impactos deveriam ter sido tratados com
maior cuidado. Para esta questão, as condicionantes de criação de subprograma sanitário
permanente, além da garantia de reforço hídrico e implantação de sistema de
esgotamento sanitário para os municípios da região foram bastante pertinentes.
Já em relação ao meio biótico, o estudo do COMPERJ não relacionou nenhum
impacto como relevante, o estudo da Refinaria Premium I considerou apenas impactos
na flora, ao passo que os impactos listados para a Refinaria Premium II tanto na fauna,
quanto na flora foram considerados como relevantes. Novamente há uma distorção em
relação aos impactos. O COMPERJ irá despejar efluentes tratados na Baía de
Guanabara e a Refinaria Premium I está localizada em uma região de mangue. Ambos
os estuários são locais de reprodução de espécies e abrigam enorme diversidade de
animais. É inconcebível que os impactos na fauna não sejam relevantes para esses
empreendimentos.
No meio antrópico é possível identificar as maiores diferenças. Enquanto a IT
levantou uma série de possíveis impactos, o estudo do COMPERJ apresentou apenas
dois como relevantes, mesmo assim, um deles tem caráter positivo, podendo ser
negativo em caso de falta de gestão. É de se estranhar que um empreendimento como
um complexo petroquímico praticamente não cause impactos significativos. Reitera-se
que as condicionantes exigidas na LP foram pertinentes.
Apesar do EIA da Refinaria Premium I também ter identificado poucos impactos
ao meio antrópico, para a elaboração dos programas ambientais, o órgão licenciador não
exigiu nenhuma complementação, muito menos qualquer medida compensatória, tendo
em vista que a LP não trouxe condicionantes em relação ao tema. Neste caso, sugere-se
83
que a ausência de condicionantes específicas tem características de incentivo à
instalação do empreendimento e pouco se importou com os impactos negativos que o
projeto poderia ocasionar.
Por fim, apesar da Refinaria Premium II ter identificado impactos não listados
pelas duas anteriores, entende-se que o órgão ambiental foi rigoroso e pertinente ao
exigir a complementação de uma série de programas, principalmente os que pretendem
minimizar os impactos no meio antrópico.
No que tange as medidas mitigadoras, a IT que norteou o EIA do COMPERJ
exigiu uma série de medidas, principalmente para suprir as necessidades de
infraestrutura dos municípios do entorno que sofreriam com o aumento das demandas
devido ao contingente que passaria a habitar a região devido ao empreendimento. Como
os impactos para o meio antrópico foram subestimados, tais medidas ficaram
esquecidas, porém vieram em forma de condicionante na Licença Prévia.
A metodologia de apresentação das medidas mitigadoras para a Refinaria
Premium I, dentro dos EIA analisados, foi a mais interessante, tendo em vista que era
explicada a causa da proposição de cada uma, além de classifica-las. Entretanto, mesmo
apresentando uma série de medidas, não foi possível identificar de que forma elas
seriam implantadas e nem todas foram apresentadas na matriz final. Apesar de não ter
apresentado o impacto de interferência nas UCs, o EIA propõe a criação de um Plano
Ambiental específico para conservação da Mata do Mateus dentro do PRAD.
No estudo da Refinaria Premium II, assim como feito para a Refinaria Premium
I, as medidas tiveram capítulo específico e foram detalhadas satisfatoriamente. A
diferença entre os dois estudos foi que no caso da RPRE-II as medidas só foram
apresentadas após terem sido citadas na matriz de impacto e não foram classificadas
utilizando os critérios exigidos pelo TR.
Os Planos e Programas exigidos pela IT do COMPERJ eram poucos e mesmo
assim, nem todos foram apresentados. As condicionantes que exigiram complementação
de alguns foram pertinentes, porém o Programa de Gestão Ambiental, muito importante
para a fiscalização e monitoramento dos impactos, ficou ausente. Para a Refinaria
Premium I, como não houve condicionante pedindo complementação de nenhum
programa de mitigação de impacto, segure-se que ou o órgão ambiental considerou
todos os programas pertinentes ou a licença foi emitida evitando qualquer transtorno ao
empreendedor com o intuito de agilizar o processo de licenciamento. No entanto, a
SEMACE não só exigiu que todos os Planos e Programas apresentados no EIA fossem
84
cumpridos, como acrescentou outros 13 no escopo para as próximas etapas do
licenciamento.
Sendo assim salienta-se que todos os estudos apresentaram erros, principalmente
em relação aos impactos significativos e a forma de mitigá-los. O COMPERJ devido à
sua dimensão e por estar localizado em uma região metropolitana deveria ter tido os
estudos mais embasados, principalmente no que tange o fornecimento de água e
aspectos sociais. A Refinaria Premium I, somando estudos e condicionantes é a que
possuía o maior potencial danoso, tendo em vista que o órgão ambiental pouco se
importou em impor condicionantes e, de certa forma, controlar os impactos negativos. A
Refinaria Premium II por estar localizada em uma zona industrial já estabelecida, com
Plano Diretor e infraestrutura planejada, além do órgão licenciador (SEMACE) exigir
uma série de medidas compensatórias foi o projeto que, no contexto, poderia ter sido
mais bem controlado.
4.4 Resultados
Percebe-se certa confusão entre medidas mitigadoras e programas de
acompanhamento e monitoramento ambiental, pois muitos EIAs, assim como foi visto
neste estudo, colocam como medidas mitigadoras o monitoramento. As medidas
mitigadoras deveriam estar locadas no EIA, mas também claramente especificadas em
que momento se dará sua execução.
Desta forma, tendo como referência parte da metodologia apresentada no EIA da
RPRE-II, somado à dificuldade de identificação das medidas mitigadoras e
compensatórias nos estudos analisados, este trabalho propõe a elaboração de uma
metodologia específica que possa subsidiar o órgão ambiental na identificação de tais
medidas dentro de Estudos de Impacto Ambiental.
De forma simplificada, os estudos deveriam apresentar as seguintes informações de
forma sequencial:
i) Identificação dos impactos ambientais de acordo com as informações do
Diagnóstico Ambiental, Características do Empreendimento e Análise
Integrada;
ii) Classificação dos impactos ambientais
iii) Proposição de medidas mitigadoras e compensatórias específicas para cada
impacto.
iv) Classificação das medidas mitigadoras/compensatórias
85
v) Identificação do documento a ser enviado ao órgão ambiental licenciador, no
qual constarão as informações detalhadas da medida proposta.
vi) Elaboração de matriz de impacto ambiental contendo as informações dos
itens “i”, “iii” e “v” anteriores.
A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta um exemplo
simplificado de matriz segundo a metodologia sugerida. Foram usados exemplos de
impactos classificados neste trabalho como “poluição do ar” para compor a tabela
modelo.
Tabela 15: Modelo simplificado para proposição de medidas mitigadoras e compensatórias.
Aspecto Impacto Medidas Mitigadoras /
Compensatórias
Plano / Programa
/Projeto
Fase de
LI
Emissões
de material
particulado
Geração de
chuva ácida e
intensificaçã
o de efeito
estufa
Desenvolvimento de
estudos para identificação
de processos mais limpos
Programa de Controle
e Monitoramento de
Emissões
Atmosféricas
PBA
Utilização de dispositivos
que minimizem a emissão
de poluentes atmosféricos
Projeto
Executivo
Melhoria na combustão de
fornos / Aquecedores e
caldeiras
PBA
Controle da emissão de
gases nas chaminés PBA
Acompanhamento da
emissão e dispersão
atmosférica na fase de
operação da refinaria
PBA
Fonte: Elaboração Própria
A apresentação deste quadro visa subsidiar o órgão ambiental a identificar em quais
planos/programas/projetos as medidas estarão inseridas para avaliar com mais
consistência a necessidade de complementação dos estudos, bem como o conteúdo
mínimo que os programas deverão apresentar na fase de licença de instalação. Entende-
se que tais informações são fundamentais para garantir efetiva realização das medidas
propostas. Como sugestão adicional, a tabela poderia vir composta com um
detalhamento preliminar de custo e subsidiar o empreendedor em estimar os custos de
implementação das medidas na fase de LI.
86
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Este estudo buscou apresentar quais foram as medidas mitigadoras e
compensatórias exigidas no licenciamento ambiental de três refinarias em diferentes
estados no Brasil. Ao longo de todo o trabalho foi possível identificar diversas
diferenças tanto nos estudos quanto nas exigências dos órgãos licenciadores.
Os estudos que subsidiaram a emissão da LP do COMPERJ apresentaram falhas
principalmente nos aspectos antrópicos. Pelo complexo estar localizado em zona
metropolitana altamente antropizada, algumas questões como fornecimento de água,
descarte de efluentes e aspectos sociais não foram totalmente esclarecidas. O órgão
ambiental (FEEMA, que posteriormente viria a se tornar o INEA) tentou buscar, na
forma de condicionante, as lacunas que o estudo deixou. Entende-se que o estudo
deveria ter sido apresentado mais embasado e que a licença não poderia ter sido emitida
sem tais questões solucionadas.
O EIA do projeto da Refinaria Premium I, no estado do Maranhão, apresentou
conteúdo suficiente para atender ao que o Termo de Referência exigia, porém não
esclareceu questões como a interferência em Unidades de Conservação e APPs. O órgão
licenciador (SEMA-MA) não se preocupou em utilizar as ferramentas que o processo de
licenciamento possui para exigir medidas mitigadoras e compensatórias compatíveis
com os impactos que seriam causados pelo empreendimento. Pela passividade com que
o órgão licenciador lidou com este projeto, atualmente o município de Bacabeira possui
um passivo gigantesco após a retirada do projeto do escopo de investimos da Petrobras
em 2014.
Já a Refinaria Premium II possuiu, entre os estudos analisados, o melhor conteúdo e
foi analisado com bastante critério pelo órgão licenciador do estado do Ceará
(SEMACE). As condicionantes emitidas na LP demonstraram preocupação com a
instalação do empreendimento e exigiu uma série de complementações. Após a retirada
do projeto do escopo da Petrobras, também em 2014, a área da refinaria não se
encontrava degradada. Cabe ressaltar que o EIA da Refinaria Premium II utilizou o
Plano Diretor do Complexo Industrial do Porto do Pecém como fonte secundária de
dados e este foi, sem dúvidas, um dos motivos que tornaram o estudo o melhor entre
todos os analisados.
Nesta mesma linha, sugere-se que o órgão ambiental possivelmente também se
baseou neste documento para impor as condicionantes da Licença Prévia da RPRE-II e
87
que também foi, entre as Licenças Prévias analisadas, aquela que possuía mais
condicionantes relacionadas às exigência de medidas mitigadoras/compensatórias e com
maior preocupação em relação aos impactos antrópicos.
Portanto, após análise, fica claro a necessidade de estudo prévio das áreas onde
pretende-se instalar empreendimentos de grande porte. O processo de licenciamento,
apesar de sofrer críticas de empreendedores que almejam iniciar o quanto antes a
instalação de seus empreendimentos, não é capaz de apenas no EIA identificar e exigir a
mitigação dos impactos causados pelos projetos se não houver estudos anteriores ao
EIA capazes de fornecer as informações necessárias para julgar a viabilidade de um
projeto.
Sendo assim, conclui-se que o Estudo de Impacto Ambiental é um excelente
instrumento para análise ambiental de empreendimentos, porém as legislações são
gerais, conforme pode ser visto no item 2.1 deste trabalho. Neste contexto sugere-se a
revisão da Resolução CONAMA 01/86. As legislações devem evoluir em conjunto com
o processo e como sugestão podem-se ser criados termos de referência mínimos para
tipologias de projetos capazes de uniformizar o conteúdo dos estudos.
Geralmente os projetos são definidos levando em consideração quase que
exclusivamente o aspecto econômico e justificado ao comparar a escolha pré-definida
com alternativas menos lucrativas e ambientalmente mais danosas. O próprio órgão
ambiental dificilmente irá propor uma alternativa elaborada, tendo em vista que não
possui corpo técnico nem tempo para isso. Porém, é de sua obrigação após aprovar a
viabilidade ambiental de um projeto, propor medidas de comando e controle e até
compensatórias, normalmente por meio de condicionantes das licenças, tendo em vista
os impactos negativos que o empreendimento causará.
Outro aspecto que pode ser verificado ao longo do estudo foi a dificuldade de
identificação das medidas mitigadoras e compensatórias dentro do EIA. Não faz sentido
apresentar medidas mitigadoras que não fazem alusão a nenhum impacto, como visto
também para a Refinaria Premium I. Como exemplo de boa metodologia pode ser
citado o EIA da Refinaria Premium II que descreve cada medida mitigadora e/ou
compensatória desde a causa até a metodologia para alcançar o objetivo.
A metodologia de apresentação dos impactos, medidas mitigadoras/compensatórias
e Planos e Programas Ambientais na fases de Licença de Instalação proposta neste
trabalho visa dar continuidade ao processo de licenciamento ambiental ao utilizar o
conteúdo desenvolvido para o EIA e suas conclusões para subsidiar a elaboração do
88
Plano Básico Ambiental na etapa de LI. Desta forma, o empreendedor poderá ser capaz
de prever os custos ambientais de implementação das medidas propostas para as fases
de instalação e operação do empreendimento, além de se planejar melhor e não ter
surpresas no orçamento do projeto.
Por fim, entende-se que projetos de grande magnitude, como refinarias, devem
possuir leis mais rígidas que apresentem medidas mitigadoras e compensatórias
claramente identificáveis nos EIAs para as etapas posteriores do licenciamento. O
desenvolvimento do Brasil necessita de refinarias a partir do momento em que o país
passa a exportar petróleo extraído em sua jurisdição e importar derivados refinados,
porém, os impactos devem ser melhor gerenciados e os órgãos licenciadores não podem
ignorar tais impactos por pressões políticas ou até mesmo para atrair investimos para a
região em que os projetos estão sendo planejados.
Como proposição de trabalhos futuros, sugere-se que outros tipos de
empreendimentos sejam estudados com o intuito de apresentar as diferentes proposições
de medidas mitigadoras e compensatórias, para assim criar uma bibliografia capaz de
sustentar a análise de empreendimento e proposição de medidas de forma padronizada e
que não gerem custos adicionais indesejáveis aos projetos.
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Direito Ambiental, Tese de D.Sc., Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
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WCD, WORLD COMMISSION ON DAMS, Dams and development: a new framework
for decision-making. The report on the World Comission on Dams. Londres, 2000.
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7 ANEXOS
Anexo I - Licença Prévia COMPERJ
Anexo II - Licença Prévia Refinaria Premium I
Anexo III - Licença Prévia Refinaria Premium II
Anexo IV - Termo de Referência COMPERJ
Anexo V - Termo de Referência Refinaria Premium I
Anexo VI - Termo de Referência Refinaria Premium II
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INSTRUÇÃO TÉCNICA DECON Nº 01/2007
INSTRUÇÃO TÉCNICA PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL – EIA E SEU RESPECTIVO RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA PARA O COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO DE JANEIRO – COMPERJ.
Esta Instrução Técnica atende ao que determina a Resolução CONAMA nº 001/86, a Lei Estadual nº 1.356/88 e a Diretriz da FEEMA DZ-041.R-13 – Diretriz para Implementação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, aprovada pela Deliberação CECA 3.667/97.
1. OBJETIVO
Esta instrução tem como objetivo orientar a elaboração do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, necessário para a análise do pedido de licenciamento ambiental, para implantação do COMPLEXO PETROQUÍMICO DO RIO DE JANEIRO – COMPERJ, de responsabilidade da PETRÓLEO BRASILEIRO S.A., que originou o processo E-07/204.068/2006.
2. DISPOSIÇÕES GERAIS
2.1 A FEEMA e a PETRÓLEO BRASILEIRO SA. informarão aos interessados do pedido de licenciamento, das características do empreendimento e suas prováveis interferências no meio ambiente, assim como dos prazos concedidos para elaboração e apresentação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, de acordo com a Norma da FEEMA NA-043.R-4 – Participação e Acompanhamento da Comunidade no Processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
2.2 O EIA/RIMA do COMPERJ deverá se articular com a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) dos empreendimentos da Petrobras na região em torno da baía de Guanabara, subsidiando sua execução e considerando seus resultados à medida que forem sendo disponibilizados.
2.3 O Estudo de Impacto Ambiental – EIA deverá ser apresentado à FEEMA em 6 (seis) vias formato A-4 e em meio magnético, obedecendo às orientações contidas nesta Instrução Técnica, firmadas pelo coordenador e pelos profissionais que participaram de sua elaboração.
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2.4 O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA deverá ser apresentado à FEEMA em 6 (seis) vias formato A-4 e em meio magnético, obedecendo às orientações contidas nesta Instrução Técnica.
2.5 O empreendedor, após o aceite da FEEMA, encaminhará uma cópia do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e de uma cópia do Relatório de Impacto Ambiental – RIMA, em formato A-4, para os seguintes locais:
Prefeituras Municipais de Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá, Magé, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis e Nova Friburgo;
Câmaras Municipais de Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá, Magé, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis e Nova Friburgo;
Comissão de Controle Ambiental e da Defesa Civil da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – ALERJ;
Ministério Público Estadual; Ministério Público Federal; Comissão Estadual de Controle Ambiental – CECA; Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis –
IBAMA; Fundação Superintendência Estadual de Rios e Lagoas – SERLA; Fundação Instituto Estadual de Florestas – IEF, e Comitê da Bacia da Baía de Guanabara.
2.5.1 Deverá ser disponibilizado o Relatório de Impacto Ambiental – RIMA nas homepages da FEEMA e da Petrobras.
2.6 O Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA serão acessíveis ao público, permanecendo as cópias à disposição dos interessados na Biblioteca da FEEMA, em São Cristóvão, Rio de Janeiro, e nas Prefeituras Municipais e Câmaras Municipais de Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá, Magé, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim, São Gonçalo, Niterói, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis e Nova Friburgo.
3. CRITÉRIOS DE ELABORAÇÃO
A definição dos termos técnicos empregados nesta Instrução Técnica está contida no item 2 da Diretriz da FEEMA DZ-041.R-13 – Diretriz para a Implantação do Estudo de Impacto Ambiental – EIA e seu respectivo Relatório de Impacto Ambiental – RIMA.
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3.1 O Estudo de Impacto Ambiental – EIA deverá contemplar todas as alternativas tecnológicas e de localização do projeto (o Complexo como um todo e cada unidade industrial prevista dentro do Complexo), inclusive a opção de sua não realização.
3.2 Deverão ser identificados e avaliados os impactos ambientais gerados sobre a área de influência nas fases de planejamento, de implantação, de operação, de manutenção e, quando for o caso, de desativação.
3.3 Deverão ser analisados a compatibilidade do projeto com políticas setoriais, os planos e programas de ação federal, estadual e municipais, propostos ou em execução na área de influência, notadamente a consonância com o Plano Diretor e com o Zoneamento Municipal de Itaboraí, Rio Bonito, Tanguá, Magé, São Gonçalo, Niterói, Cachoeira de Macacu, Guapimirim, Rio de Janeiro, Saquarema, Silva Jardim, Teresópolis e Nova Friburgo. Deverá também ser feita menção ao desenvolvimento do turismo nos municípios da área de influência (abrangendo a Região dos Lagos e a Região Serrana).
3.4 O Estudo de Impacto Ambiental – EIA deverá atender aos dispositivos legais em vigor referentes ao uso e à proteção dos recursos ambientais.
3.5 O Estudo de Impacto Ambiental – EIA deverá ser elaborado tendo como base de referência os seguintes tópicos:
3.5.1 Descrição detalhada do projeto, especificando, para cada alternativa, metodologia, tecnologia e equipamentos de cada unidade industrial, enfocando a apresentação dos objetivos, das justificativas, dos dados econômicos e financeiros, dos cronogramas, das ações a serem executadas e de dados técnicos ilustrados por mapas, plantas diagramas e quadros.
3.5.1.1 A descrição do projeto deverá definir claramente o que se entende por COMPERJ e não se limitar unicamente ao projeto “intramuros”, mas considerar também os empreendimentos de transformação de resinas termoplásticas (petroquímicos de terceira geração) que devem ser atraídos para integrar o COMPERJ, conforme expectativa do próprio Governo do Estado do Rio de Janeiro, de forma a maximizar seus benefícios econômicos para o Estado. Para isto, deverão ser construídos cenários de desenvolvimento do COMPERJ em horizonte de planejamento suficiente para visualizar sua configuração completa (mínimo de 10 anos), como segue:
Cenário A – Implantação e operação pela Petrobras de uma Unidade de Petroquímicos Básicos (UPB) e de Unidades de Petroquímicos Associados (UPAs);
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Cenário B – Implantação e operação pela Petrobras da UPB e suas UPAs e instalação e operação de outras empresas de transformação de resinas termoplásticas (petroquímicos de terceira geração).
Na ausência de definição precisa dos empreendimentos a serem adicionados no cenário B, sua caracterização deverá ser feita com base na experiência verificada em pólos petroquímicos similares já implantados no país, caracterizando os aspectos ambientais típicos da instalação e operação dessas indústrias. Deverão também ser quantificadas estimativas dos efeitos socioeconômicos de ambos os cenários, de forma a possibilitar a análise de seus benefícios econômicos e de seus impactos socioambientais, incluindo, em particular:
número de empregos diretos e indiretos gerados e a massa salarial correspondente;
contingente populacional atraído por essa criação de empregos e seu impacto na demografia da região de estudo;
volume de tráfego adicional de pessoas e mercadorias gerado; necessidades de infra-estrutura criadas nos município da região de estudo
por esta pressão demográfica (habitação, água, esgoto, lixo, educação, saúde, energia, transporte), e
arrecadação fiscal proporcionada às diversas esferas governamentais.
3.5.1.2 - Localização do projeto, situação do terreno e destinação das diversas áreas e construções, vias de acesso existentes e projetadas, inclusive pátios de obras e vias internas de serviço.
3.5.1.3 – Quanto à construção:
Remoção da vegetação, movimentação de terra, terraplenagem, preparação do terreno e limpeza;
Sistema de monitoramento e controle de emissões de material particulado proveniente de terraplenagem e de circulação de veículos em vias pavimentadas ou não;
Controle de emissões veiculares e de equipamentos diversos; Canteiros de obras (descrição, layout, localização, infra-estrutura, pré-
dimensionamento, cronograma de desativação); Quantitativo de mão de obra utilizada na fase de instalação (origem e
reaproveitamento); Origem do material a ser utilizado na de terraplenagem; Plano de sinalização para o tráfego nos acessos principais; Estudo de Tráfego contendo: capacidade das vias em absorver o incremento
da frota pela implantação do empreendimento, viabilidade de trafegabilidade das viaturas pelas vias existentes, pontos críticos, propostas de melhoria das
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vias de acesso, analisando as oportunidades de acessibilidade à macro região, incluindo as regiões do entorno principalmente nas conexões com as regiões litorânea (Maricá) e Serrana, e impactos gerados sobre o trânsito, qualidade do ar e incômodos à comunidade local;
Fonte de energia e mananciais abastecedores de água, considerando o sinergismo entre o atendimento da população do entorno e as necessidades da população interna do projeto;
Armazenamento de óleo e combustível (quantidade e local de estocagem); Plano de monitoramento de ruídos durante a execução das obras; Origem, tipos e estocagem dos materiais de construção, incluindo jazidas, se
necessárias; Equipamentos e técnicas construtivas; Projeto paisagístico, incluindo recuperação de áreas degradadas; Destinação de sítios arqueológicos ou paleontológicos na área do empreendimento; Memorial descritivo, justificativas e critérios de dimensionamento das
construções e dos sistemas de infra-estrutura de saneamento; Plano de monitoramento das águas subterrâneas e superficiais, com
avaliação periódica da vazão dos corpos de águas superficiais e do nível das águas subterrâneas;
Alternativas disponíveis de abastecimento de água, com respectivos estudos (localização, informações sobre captação, estimativa e vazão, pontos de reserva e distribuição), priorizando as alternativas que impliquem o reaproveitamento de efluentes líquidos e águas pluviais;
Sistema de esgotamento sanitário (tipos e unidades de tratamento, localização, pontos de lançamento);
Sistema de drenagem pluvial: traçado da rede de drenagem e pontos de lançamento;
Sistema de drenagem de efluentes líquidos (unidades de tratamento, localização, traçado da rede de drenagem e pontos de lançamento);
Sistema de controle de efluentes oleosos; Sistema de gerenciamento de resíduos de acordo com a Resolução CONAMA
nº 307, de 05/07/02, que estabelece diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil;
Cronograma de obras e de investimentos, e Elaboração de uma proposta de PAC (Plano Ambiental da Construção), onde todas
as variáveis ambientais que precisam ser controladas e monitoradas estejam inseridas.
3.5.1.4 Quanto ao projeto e à operação: a) Descrição das etapas de cada processo industrial, desde o recebimento e armazenamento da matéria prima até a expedição do produto final, definindo os mecanismos e/ou equipamentos utilizados em cada etapa, além de apresentação do
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dimensionamento de cada unidade, contemplando as rotas alternativas para recebimento de matérias-prima e escoamento da produção.
b) Descrição das tecnologias a serem adotadas em cada unidade industrial contendo:
Histórico da implantação em outros locais; Performance operacional, e Eficiência dos sistemas de controle e de monitoramento.
c) Estudo de Tráfego contendo: capacidade das vias em absorver o incremento da frota pela operação do empreendimento, viabilidade de trafegabilidade das viaturas pelas vias existentes, pontos críticos, propostas de melhoria das vias de acesso, analisando as oportunidades de acessibilidade à macro região, incluindo as regiões do entorno principalmente nas conexões com as regiões litorânea (Maricá) e Serrana, e impactos gerados sobre o trânsito, qualidade do ar e incômodos à comunidade local.
d) Caracterização das emissões atmosféricas e sistemas de controle de cada unidade industrial, contendo:
Descrição das tecnologias de processo e de controle ambiental disponíveis no mercado nacional e internacional, para os parques de refino e petroquímico, indicando os níveis de emissão esperados para os poluentes atmosféricos a serem estudados, relacionando-os com os limites de emissão preconizados pela Resolução CONAMA nº 382 e com limites internacionais;
Descrição dos equipamentos das unidades do parque de refino e petroquímico, indicando cada fonte geradora de poluentes atmosféricos e as respectivas cargas poluidoras, estimadas em kg/h e composição centesimal;
Descrição dos sistemas de controle de poluição do ar que serão implantados, respectivos valores esperados de concentração e taxa de emissão para a atmosfera e suas respectivas eficiências de abatimento de emissões atmosféricas, comprovando serem estas as de melhores tecnologias de controle;
Descrição do sistema de controle de emissão atmosférica de compostos orgânicos voláteis, considerando a utilização das melhores tecnologias de controle de emissões difusas;
Descrição de todas as unidades de tratamento de combustíveis e águas ácidas que gerarão correntes de gases ácidos, indicando: carga, caracterização, percentual de H2S, dutos de interligação, unidades de recuperação de enxofre e respectivos sistemas de monitoramento de SO2
e H2S;
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Descrição dos diversos tipos de petróleo previstos para o processamento, caracterizando-os qualitativa e quantitativamente, quanto à geração de poluentes atmosféricos, de efluentes líquidos, de resíduos e dos produtos;
Descrição dos combustíveis a serem utilizados nos fornos e caldeiras, suas características físicas e químicas;
Estimativa das emissões totais (kg/h) dos poluentes; SOx, H2S, NOx, CO, NH3, material particulado, benzeno, tolueno, xileno, fenóis, hidrocarbonetos poliaromáticos, hidrocarbonetos totais, hidrocarbonetos não metanos, com os respectivos memoriais de cálculo, e
Caracterização de todas as tochas previstas para os setores de refino e petroquímico com os respectivos sistemas de medição de vazão, de segurança, selagem e reaproveitamento de gás de flare.
e) Abastecimento de água
Alternativas disponíveis de abastecimento de água para a fase de operação, com respectivos estudos (localização, informações sobre captação, estimativa e vazão, pontos de reserva e distribuição), priorizando aquelas que impliquem o reaproveitamento de efluentes líquidos e águas pluviais e incluindo a alternativa de adoção do aproveitamento de água do mar após dessalinização, considerando o sinergismo entre o atendimento da população do entorno e as necessidades da população interna do projeto.
f) Efluentes líquidos industriais
Levantamento das fontes de efluentes líquidos, com prováveis composições em concentração e cargas, vazões horárias e diárias;
Balanço hídrico dos efluentes líquidos gerados em todas as unidades do complexo, descritivo e em fluxograma, com águas utilizadas, águas recirculadas e águas descartadas;
Descrição e fluxograma dos sistemas de controle, com respectivas eficiências para os principais parâmetros de interesse (considerar, no mínimo, vazão, pH, temperatura, óleos e graxas, material sedimentável, DQO, DBO, RNFT, sulfeto, amônia, benzeno, fenóis e toxicidade aguda e crônica, utilizando métodos aprovados e espécies locais) e comparação com padrões em vigência. Incluir pré-tratamentos aplicados nas unidades;
Em caso de ausência de padrão no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, citar referências internacionais para o parâmetro, em unidade similar;
Descrever as alternativas de redução de cargas poluidoras considerando a possibilidade de reuso de água, além do atendimento aos padrões vigentes na NT-202.R-10 – Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos, na DZ-205.R-5 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica
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em Efluentes Líquidos de Origem Industrial e na NT-213.R-4 – Critérios e Padrões para Controle da Toxicidade em Efluentes Líquidos Industriais;
Priorizar a alternativa de lançamento ZERO de despejo; Comparar as tecnologias de controle adotadas no Brasil com as tecnologias
avançadas do exterior, considerando as indústrias de mesma tipologia.
g) Esgoto Sanitário
Descrição das vazões, composições e cargas; Descrição do sistema de tratamento de esgotos sanitários e águas residuais
de refeitório e de cozinha, de forma a atender a DZ-215.R-3 – Diretriz de Controle de Carga Orgânica Biodegradável em Efluentes Líquidos de Origem não Industrial e a NT-202.R-10 – Critérios e Padrões para Lançamento de Efluentes Líquidos, apresentando as respectivas eficiências e concentrações finais em termos de DBO, pH, RNFT, óleos e gorduras, MBAS (surfactantes aniônicos) e material sedimentável, considerando a possibilidade de reuso dos efluentes tratados e sinergismo entre o atendimento da população do entorno e as necessidades da população interna do projeto.
h) Águas pluviais contaminadas
Apresentar as fontes de águas pluviais contaminadas, com respectivas vazões e possíveis contaminantes;
Prever na proposta de controle bacias de acumulação das águas pluviais contaminadas, de forma a serem direcionadas para sistemas de tratamento de efluentes líquidos industriais, considerando a possibilidade de reuso.
i) Resíduos sólidos
Levantamento dos possíveis resíduos a serem gerados, com as quantidades previstas e alternativas de destinação de acordo com a legislação vigente;
Definição dos sistemas de manuseio, acondicionamento, armazenamento transitório, coleta, transporte e destinação final dos resíduos a serem gerados;
Proposta de Gestão de Resíduos, priorizando a não geração e, secundariamente, as alternativas de redução, reutilização, reciclagem, tratamento e, em último caso, a destinação final.
j) Emissões sonoras
Descrição dos equipamentos/sistemas de controle de poluição sonora e suas respectivas eficiências esperadas de abatimento de emissões sonoras.
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3.5.1.5 Espacialização da análise e da apresentação dos resultados
a) localização e situação do projeto (planta planialtimétrica em escala 1:5.000 ou aquela que melhor se adequar para caracterizar cartograficamente o empreendimento).
As coordenadas geográficas, para fins de georreferenciamento, devem ser obrigatoriamente informadas no Sistema de Projeção UTM – Fuso 23 com elipsóide de referência SAD-69. Esta elipsóide define os referenciais altimétricos e planimétricos, segundo o Sistema Geodésico Brasileiro, conforme estabelecido nas “Especificações e Normas Gerais para Levantamentos Geodésicos – IBGE – 1983”. Os formatos suportados pelo Sistema de Informações Geográficas da FEEMA, na incorporação de dados geográficos são os seguintes: Autocad – DXF Microstation - DGN Arcview – SHP Mapinfo – MIF e TAB Imagem – BMP, JPG e TIFF.
Equipamentos de infra-estrutura do canteiro de obras e do projeto; Infra-estrutura de abastecimento (ramais de distribuição); Áreas de domínio público e Áreas de Preservação Permanente, Unidades de
Conservação da Natureza e áreas protegidas por legislação especial; Localização dos corpos d’água, delimitação de suas bacias de drenagem e
respectivas faixas marginais de proteção e áreas de inundação e das nascentes e olhos d’água;
Cobertura vegetal, incluindo as formações florestais em seus diferentes estágios de regeneração;
Possíveis áreas com presença de sítios arqueológicos; Tratamento paisagístico; Vias de circulação; Vias de acesso (principal e alternativa) a partir das principais rodovias,
ferrovias; e Fontes de emissão de poluentes atmosféricos.
Todas as análises deverão ser apresentadas em mapas temáticos em escalas de:
1:25.000 para a análise da área de influência direta dos empreendimentos; 1:10.000 para a análise em áreas de fragilidade, vulnerabilidade e de especial
interesse ambiental.
3.5.2 Definição e justificativa dos limites geográficos da área de influência do projeto a ser direta ou indiretamente afetada pelos impactos socioambientais e econômicos,
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com mapeamento em escala de 1:50.000. Deverá abranger, necessariamente, as áreas de interesse de proteção da biodiversidade e de fragilidade e vulnerabilidade, de Unidades de Conservação, de influência de potenciais fontes de captação de água que estejam próximas a este limite, em escala de 1:10.000. Deverá também ser mencionada a possível influência dos empreendimentos na dinâmica do desenvolvimento regional (particularmente sobre o tráfego de veículos, pessoas e mercadorias, e sua interferência com os fluxos turísticos), levando em consideração os cenários A e B.
3.6 Diagnóstico Ambiental da Área
Completa descrição e análise dos fatores ambientais e suas interações, de modo a caracterizar a situação ambiental antes da execução do projeto, considerando:
3.6.1 Meio Físico
3.6.1.1 Solo e água subterrânea
Estabelecer a vulnerabilidade do solo e das águas subterrâneas à instalação do empreendimento quanto ao risco de contaminação e da alteração do meio físico, discriminando a metodologia utilizada, com base nas seguintes informações:
Caracterização geológica local e regional, com realização de sondagens para descrição do solo da área de enfoque, em malha regular ao longo de toda a área. Descrição de maciços rochosos e estruturas geológicas presentes;
Caracterização geotécnica da área do empreendimento, através de mapa geológico-geotécnico, caracterização física do solo com cálculos de recalque e adensamento, instalação de sistemas de drenagem para estabilização do solo e de maciços e indicação de áreas com risco geotécnico. Identificação dos processos erosivos e da estabilidade dos solos;
Caracterização geomorfológica e pedológica, com destaque para as unidades de conservação, rios, drenagens e tipos de solo;
Identificação do relevo, declividade e levantamento topográfico, com interpretação de todas as zonas de interflúvio relacionadas ao comportamento hidrodinâmico regional;
Estimativa da capacidade de infiltração de águas pluviais na área do empreendimento, utilizando modelamento hidrodinâmico do aqüífero local, considerando as áreas de recarga e descarga;
Caracterização do solo e das águas subterrâneas, incluindo o nível do lençol freático nas épocas de estiagem e maior incidência de chuvas e o potencial de captação, sem comprometer a disponibilidade dos mananciais de superfície;
Deverá ser realizada uma campanha representativa de amostragem de solo e de águas subterrâneas, de forma a estabelecer as condições do terreno antes da
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instalação do empreendimento, considerando, inclusive, as atividades que operam na circunvizinhança para a escolha dos parâmetros. Estabelecer a direção do fluxo das águas subterrâneas na área do empreendimento com base em mapa potenciométrico detalhado, bem como velocidade das águas subterrâneas e ensaio de permeabilidade (condutividade hidráulica) de acordo com cada perfil de solo;
Estabelecimento do background da região quanto às concentrações dos parâmetros: alumínio, antimônio, arsênio, bário, cádmio, cálcio, chumbo, cianeto, cloreto, cobalto, cobre, cromo, ferro, manganês, manganês, magnésio, mercúrio, molibdênio, níquel, prata, potássio, selênio, sódio, vanádio e zinco, matéria orgânica, pH, potencial redox, resíduo volátil, capacidade de troca catiônica, óxidos de ferro, manganês e alumínio, com base em coleta de amostras do solo, e
Apresentação dos dados em mapas e plantas com escala de 1:5.000, indicação de norte magnético e verdadeiro, indicação das fontes dos dados e apresentação das técnicas utilizadas nos processos de geoprocessamento e reconstituição de imagens de satélite. Todos os dados digitais devem estar georreferenciados e com erros de processo adequados a escala de estudo.
3.6.1.2 Corpos hídricos
Definir a qualidade, a quantidade e o regime das águas dos corpos hídricos na área de influência direta do empreendimento considerando:
Caracterização hidrológica dos corpos hídricos, incluindo cálculo das vazões ecológicas nos corpos superficiais ao longo dos períodos de seca e de chuvas, bem como modelagem matemática e gráfica dos efeitos da captação as águas nos mesmos e dos picos de cheia na área do empreendimento, sendo estes necessários para a plena manutenção estrutural e funcional dos ecossistemas à jusante do empreendimento, notadamente manguezais;
Caracterização da qualidade dos corpos hídricos, considerando os diferentes compartimentos (água e sedimento), buscando identificar as diferenças, os períodos de estiagem e de chuva mais intensa. Devem ser utilizados parâmetros bacteriológicos, físico-químicos e biológicos, de fontes secundárias e dados primários, quando necessário;
Avaliação da capacidade de suporte do corpo hídrico para os diversos poluentes a serem lançados pelo empreendimento;
Caracterização do atual sistema de drenagem pluvial, inclusive verificando a existência de marcas de inundação e indicação de população afetada, e
Proposta para caracterização da FMP dos corpos hídricos da região de estudo.
3.6.1.3 Clima
Definir as condições climatológicas e meteorológicas da região, considerando:
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Caracterização climatológica contendo a análise dos seguintes parâmetros: pressão atmosférica, precipitação pluviométrica, temperatura do ar, evaporação, umidade relativa do ar, insolação, nebulosidade e vento (direção e velocidade), incluindo comentários, gráficos, resultados, etc., de cada parâmetro considerado, e
Caracterização meteorológica da região, destacando os fenômenos e processos atmosféricos locais, com ênfase nos aspectos relacionados à circulação e condições de dispersão atmosférica na área de influência do empreendimento (inversões térmicas, altura da camada de mistura, classe de estabilidade etc.).
3.6.1.4 Qualidade do ar
Definir a qualidade do ar da região do COMPERJ, por meio da utilização de dados primários referentes ao monitoramento mínimo de 150 dias dos seguintes poluentes:
material particulado (PTS e PI), incluindo as concentrações de sulfatos, nitratos e cloretos no material particulado total e inalável, e
gases: SO2, NOx (NO e NO2), CO, HC (HCT, Metano e HCnM), O3 e BTX.
3.6.1.5 Ruídos
Estabelecer o background dos níveis de ruído na região de influência do empreendimento, considerando:
Análise do uso e da ocupação do solo na área de influência acústica do empreendimento para a fase de operação;
Identificação das principais fontes sonoras pré-existentes na área de influência direta do empreendimento;
Caracterização do ruído de fundo; Identificação das regiões sensíveis ao ruído dentro da área de influência
acústica do empreendimento a partir dos dados fornecidos pela contratante; Interpretação da legislação ambiental sonora e normas aplicáveis à área de
influência; Realização de medições sonoras no local, e Levantamento fotográfico.
3.6.2 Meio Biótico
Analisar os ecossistemas terrestres e aquáticos na área de influência direta dos empreendimentos, considerando:
Realização do mapeamento georeferenciado dos biótopos e ecótonos da área do empreendimento e de influência, indicando as unidades paisagísticas, fitofisionomias e a florística;
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Realização do mapeamento georeferenciado das áreas de preservação permanentes (APPs);
Informação sobre possíveis alterações das APPs em função da implantação do empreendimento;
Classificação das áreas de sensibilidade ambiental localizadas nas bacias, relacionadas às unidades de conservação e áreas protegidas por legislação específica no âmbito federal, estadual, municipal e privado (RPPNs), ressaltando os ecossistemas existentes e os locais de ocorrência de espécies protegidas, além da distância ao empreendimento proposto. Estas informações deverão ser georreferenciadas e apresentadas em escala de 1:10.000, em mapa temático específico;
Avaliação da interferência do empreendimento nas espécies da fauna e flora, a partir de dados qualitativos, caracterizando as inter-relações com o meio, e
Avaliação da interferência do empreendimento na ictiofauna da região, considerando a distribuição e diversidade das espécies de interesse comercial, das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, abordando, a perda de fontes de alimentação, locais de desova, de reprodução e criadouros existentes. Destacar as espécies reofílicas, identificando as rotas migratórias das espécies de maior relevância e definindo o prognóstico quanto a potenciais perdas.
3.6.2.1 Fauna
Realizar o levantamento da fauna silvestre na área de influência direta do empreendimento, em nichos de vegetação e corredores, em unidades de conservação ou em áreas especialmente protegidas por lei, que funcionem como possível rota migratória ou berçário para espécies existentes. O levantamento deverá conter:
Lista de espécies da fauna descritas para a localidade ou região, baseada em dados secundários, inclusive com indicação de espécies constantes em listas oficiais de fauna ameaçada e migratória, com distribuição potencial na área do empreendimento, independentemente do grupo animal a que pertencem. Na ausência desses dados para a região, deverão ser consideradas as espécies descritas para o ecossistema ou macro região;
Descrição detalhada da metodologia a ser utilizada no registro de dados primários, que deverá contemplar os grupos de importância para a saúde pública regional, cada uma das Classes de vertebrados e Classes de invertebrados pertinentes. A metodologia deverá incluir o esforço amostral para cada grupo em cada fitofisionomia, contemplando a sazonalidade para cada área amostrada e informação referente ao destino pretendido para o material biológico a ser coletado, com anuência da instituição onde o material será depositado;
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Mapas, imagens de satélite ou foto aérea, inclusive com avaliação batimétrica e altimétrica, contemplando a área afetada pelo empreendimento com indicação das fitofisionomias, localização e tamanho das áreas a serem amostradas;
Mapas com a localização do empreendimento e vias de acesso pré-existentes, incluindo informações relacionadas a atropelamentos e acidentes com transposição de animais silvestres;
Identificação das áreas a serem utilizadas para o suporte primário da fauna; Identificação de áreas para possíveis reintroduções de animais resgatados
durante a implantação do empreendimento, descrevendo capacidade de suporte específica para cada espécie;
Levantamento da ictiofauna e invertebrados nos ecossistemas aquáticos, nas áreas de influência direta e indireta, contendo a lista de espécies da ictiofauna e invertebrados, baseada em dados secundários, indicando as espécies nativas, exóticas, reofílicas, de importância comercial, ameaçadas de extinção, sobreexplotadas, ameaçadas de sobreexplotação, endêmicas e raras. Na ausência de bibliografia específica, deverão ser consideradas as espécies descritas para a região hidrográfica, e
Descrição detalhada da metodologia a ser utilizada para inventário da ictiofauna, ictioplâncton e invertebrados aquáticos (zooplâncton e grandes grupos de zoobentos), além dos bioindicadores de saúde pública e qualidade ambiental.
3.6.2.2 Flora
Realizar o levantamento da flora na área de influência direta do empreendimento, contendo:
Descrição dos ecossistemas identificando os diversos tipos de comunidades existentes e as condições em que se encontram;
Descrição detalhada da metodologia a ser utilizada para inventário da microflora aquática (fitoplâncton);
Mapeamento da cobertura vegetal; Caracterização da vegetação existente incluindo, se for o caso, as formações
florestais em seus diferentes estágios de regeneração; Caracterização fitossociológica dos remanescentes de Mata Atlântica; Destaque das espécies indicadoras da qualidade ambiental, de valor
econômico e científico, endêmicas, raras ou ameaçadas de extinção; Enquadramento legal das comunidades vegetais presentes na área, de
acordo com a legislação específica, em especial a Lei Federal nº 11.428/06, em consonância com as Resoluções CONAMA nos 10/93, 06/94 e 303/02;
Quantificação, por tipologia encontrada, da vegetação a ser removida; Identificação, descrição e localização dos corredores ecológicos existentes, e
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Identificação das áreas de preservação permanente, unidades de conservação e áreas protegidas por legislação especial.
3.6.3 Meio Antrópico
Realizar o levantamento dos principais aspectos do meio antrópico na área de influência direta do empreendimento, considerando:
Ocupação e uso do solo – processo de ocupação, distribuição das atividades, densidade, sistema viário, valor da terra, estrutura fundiária, evolução do uso (áreas de conflito e grandes áreas institucionais), etc.;
População - Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) - Densidade Demográfica e Dinâmica Populacional (aspectos demográficos: escolaridade, saúde e segurança, inserção produtiva, evolução da população, população segundo sexo, idade e residência urbana/rural e fluxos migratórios, estatísticas vitais, rendimento da população, miséria e indigência), distribuição espacial, mobilidade, perfil cultural;
Equipamentos urbanos e comunitários – logradouros, abastecimento de água para suprimento local e regional, coleta e disposição de esgotos, coleta e disposição de lixo, equipamentos e indicadores de saúde, educação, comércio, segurança, lazer e religião, cemitérios, sítios e monumentos arqueológicos, culturais, cênicos e históricos, estrutura e meios de transporte, sistema de telecomunicações e de energia elétrica;
Organização social – forças e tensões sociais, grupos e movimentos comunitários, lideranças, forças políticas e sindicais, associações civis, organizações não governamentais;
Atividades tradicionais – pesca, navegação, agricultura, extrativismo, catadores de caranguejo;
Projetos co-localizados – projetos existentes ou em andamento de ação federal, estadual e municipais, ou da iniciativa privada na área de influência do empreendimento;
Estrutura produtiva – análise dos fatores de produção, modificação da composição da produção local, contribuição de cada setor, geração de emprego e nível tecnológico por setor; relações de troca entre a economia local e micro-regional, regional e nacional, incluindo destinação da produção local e importância relativa;
Atividades industriais e não industriais – tipologia e principais fontes de poluição e de degradação ambiental, dependência local dos recursos naturais, e
Cenário sócio econômico – análise dos cenários sócio econômico para horizontes de 5 anos (curto prazo), 10 anos (médio prazo) e 20 anos (longo prazo), englobando análise de alternativas do crescimento demográfico, de evolução das atividades produtivas e de modificações dos padrões de
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ocupação do solo, assim como tendências futuras das atividades econômicas, em especial daquelas que demandam água, com base nos planos, programas e projetos em curso.
4. Análise de Risco e Análise dos Impactos Ambientais
Os itens do EIA/RIMA referentes à Análise de Riscos e à Análise de Impactos Ambientais deverão mencionar explicitamente a necessidade de serem desenvolvidos para os cenários A e B, considerando os planos e programas governamentais para a área de influência regional.
4.1 Análise de Risco O relatório deverá ser apresentado de acordo com a itemização básica e respectivos detalhes especificados no Anexo 1.
4.2 Análise de Impactos Ambientais
4.2.1 Identificação, medição e valoração dos impactos ambientais positivos e negativos; diretos e indiretos; locais, regionais, e estratégicos; imediatos, a médio e a longo prazos; temporários, permanentes e cíclicos; reversíveis e irreversíveis; das ações do projeto e suas alternativas nas fases de implantação, operação, manutenção e desativação, com a descrição da metodologia empregada. Na avaliação de impactos ambientais deverão, necessariamente, ser considerados os impactos cumulativos e sinérgicos.
4.2.2 Previsão da magnitude dos impactos identificados, considerando os graus de intensidade e duração e especificando os indicadores de impacto, critérios de qualidade ambiental, métodos de avaliação e técnicas de previsão adotados.
4.2.3 Atribuição do grau de importância dos impactos em relação ao fator ambiental afetado e aos demais, bem como a relação à relevância conferida a cada um deles pelos grupos sociais afetados.
Considerar:
Alterações na qualidade, quantidade e na biota dos ecossistemas aquáticos e nas águas subterrâneas que drenam para a bacia hidrográfica da área onde se localizará o empreendimento. Identificar os possíveis impactos nos manguezais em decorrência de alterações na cunha salina. Identificar as alterações na recarga e no transporte das águas superficiais, bem como na penetração da cunha salina e sua relação com os potenciais usos de água subterrânea;
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Alterações na qualidade do ar na região; Alterações sobre o meio biótico, e Alterações no meio antrópico, considerando ainda:
Adensamento da população nas fases de obra e de operação, da instalação de indústrias periféricas e de empreendimentos em geral atraídos para a área de entorno do COMPERJ, considerando a infra-estrutura atual, com particular atenção aos municípios de Itaboraí, São Gonçalo, Tanguá, Maricá e Cachoeiras de Macacu, com ênfase nas alternativas para o abastecimento de água e esgotamento sanitário da área do entorno, tendo em vista a disponibilidade hídrica e a capacidade de autodepuração dos corpos hídricos da região;
Pressões urbanas sobre áreas de preservação permanente, Unidades de Conservação e Corredores Ecológicos, monumentos históricos, áreas de interesse cultural e religioso;
Pressões sobre os planos diretores e de desenvolvimento existentes, e As políticas públicas existentes relacionadas ao setor de saneamento,
de forma a permitir tomada de decisão para solução dos problemas identificados indicando, em conjunto com a Concessionária dos Serviços Públicos de Saneamento da região, os investimentos necessários, e
Circulação viária no Município, incluindo-se o tráfego por sentido, volume e qualidade, bem como nos municípios do entorno, nas principais rodovias estaduais da região, considerando a exigüidade da faixa de domínio da rodovia BR 493, bem como a área do Viaduto de Manilha, com os impactos decorrentes das fases de obras e operação do empreendimento.
4.2.4 Prognóstico da qualidade ambiental da área de influência, nos casos de adoção do projeto e suas alternativas, para o Cenário B e para a hipótese de não implantação, utilizando as modelagens específicas anteriormente indicadas. Especificamente, com relação à qualidade do ar:
Utilizar modelo de simulação, sendo recomendado o modelo regulatório do US-EPA, em sua última versão; para a modelagem, deverão ser considerados:
série mínima de três anos consecutivos de dados meteorológicos, representativos da região do empreendimento;
características topográficas da região; grade cartesiana com resolução de 500 x 500 metros em coordenadas
UTM;
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base cartográfica em escala adequada, em coordenadas UTM, que permita a sobreposição das saídas gráficas do modelo;
raio mínimo de 20.000 metros ao redor da fonte, e a realização de análise crítica sobre os resultados obtidos na
modelagem em relação à qualidade do ar, apresentando, para cada poluente, tabelas contendo os valores das 30 maiores concentrações máximas de curto período e das 10 maiores concentrações médias de longo período, com as respectivas localizações;
Utilizar os dados de projeto fornecidos pelo fabricante do equipamento e, na sua ausência, deverão ser estimados por fatores de emissão com base na última versão do US-EPA AP 42, para o cálculo das emissões;
Fornecer em meio digital: memorial de cálculo contendo os dados de entrada e saída do modelo, fatores de emissão utilizados, comprovados por documentação pertinente, cálculos de emissão e respectivas transformações de unidades, informações sobre a topografia considerada e arquivo meteorológico utilizado para modelagem;
Caracterizar os poluentes tradicionais previstos na Resolução CONAMA nº 03/90, além de HC total, COV e BTX, e
Considerar os seguintes cenários:
Cenário 1 – Unidade industrial 1; Cenário 2 – Unidade industrial 2; Cenário n – Unidade industrial n; Cenário A – Somatório das n unidades industriais; Cenário B – Somatório das n unidades industriais + outras empresas
petroquímicas de transformação a serem atraídas pelo Complexo; Cenário C – Cenário B + projeções das alterações do sistema viário
previsto, e Cenário D – Projeção do Cenário C em dez anos.
4.2.4 Estudo e definição das medidas mitigadoras e compensatórias, inclusive dos equipamentos de controle da poluição, avaliando sua eficiência em relação aos critérios e padrões de qualidade ambiental e de disposição de efluentes, emissões e resíduos; justificativa dos impactos que não podem ser evitados e mitigados. Devem ser incluídas, entre as medidas mitigadoras e compensatórias a serem propostas pelo EIA/RIMA, aquelas relativas aos impactos no abastecimento de água domiciliar, comercial, industrial e demais usos, atuais e futuros, bem como para o saneamento, indicando os atores envolvidos e os recursos financeiros necessários; aos impactos na circulação viária, em articulação com as áreas de transporte e urbanismo dos governos municipais envolvidos, estadual e federal, e ainda, as ações de atribuição dos diversos órgãos governamentais envolvidos, nas esferas municipal, estadual e
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federal (uso e ocupação de áreas de preservação permanente, áreas frágeis e de riscos ambientais; necessidade de adequação dos Planos Diretores etc.).
4.2.5 Proposta de acompanhamento e de monitoração dos impactos, indicando os fatores ambientais e parâmetros a serem considerados nas fases de implantação e de operação incluindo a definição dos locais a serem monitorados, parâmetros, freqüência, indicadores e técnicas de medição acompanhados dos respectivos cronogramas de investimento e execução.
4.2.6 Planos e programas ambientais da atividade. Sugere-se como proposta mínima o seguinte:
Plano de Emergência e Contingência, com base na Análise de Risco; Plano de Monitoramento Ambiental dos impactos previstos, com base nos
indicadores estabelecidos. Prever a implantação de ilhas de monitoramento biológico na APA Guapimirim, objetivando o acompanhamento das condicionantes estruturais e funcionais do ecossistema.
Programa de Gestão Ambiental, com cadernos de especificação técnica para cada projeto, constando o detalhamento técnico, orçamento e cronograma, e
Programa de Comunicação e Responsabilidade Social.
5. Apresentar um guia preliminar para realização de Auditorias Ambientais na etapa de pós-licença. A Auditoria deverá avaliar a eficácia dos programas ambientais e a consistência da magnitude e importância dos impactos ambientais identificados no EIA, bem como sua reavaliação, se for o caso. Deverá ser realizada por entidade independente e por determinação da FEEMA.
6. Indicar a bibliografia consultada e as fontes de dados e informações.
7. Indicar o coordenador e os profissionais responsáveis pelo estudo, com as respectivas qualificações, currículos, assinaturas e registros profissional.
8. A Equipe Multidisciplinar responsável pela elaboração do EIA deverá apresentar cópia do comprovante de inscrição no “Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental”, conforme determinado na Resolução CONAMA nº 01/88.
9. Preparar o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), consubstanciando de forma objetiva e facilmente compreensível os resultados do EIA, segundo critérios e orientações contidas no item 5.4.8. da DZ-041.
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ANEXO 1
1. ANÁLISE DE RISCOS
1.1 Objetivo do Estudo
O objetivo da análise de risco no EIA é a identificação dos eventos iniciadores dos possíveis cenários acidentais e respectivos desdobramentos, avaliando-se as conseqüências sobre os empregados e o público externo, concluindo pelo julgamento de quais alternativas de locação são aceitáveis, justificando a escolha de uma delas com base na tolerabilidade dos riscos.
1.1 Condições Gerais
Além da documentação constante desta Instrução Técnica, a FEEMA poderá solicitar ao responsável pelo empreendimento quaisquer outras informações necessárias à análise do que lhe foi requerido.
Deverá ser informada imediatamente a FEEMA qualquer alteração havida nos dados apresentados, bem como a substituição do Representante Legal, durante a análise de requerimento encaminhado.
1.2 Responsabilidade Técnica
O Estudo de Análise de Risco deve ser datado e assinado por todos os profissionais envolvidos em sua elaboração, qualificados através do nome completo, graduação e registro profissional no respectivo Conselho Regional de Classe. Quando houver profissionais que não disponham de um Conselho de Classe, deverá ser inserida no documento técnico uma declaração alusiva ao fato.
A equipe que elaborar o Estudo de Análise de Risco deverá ter pelo menos um profissional qualificado como Engenheiro de Segurança e outro profissional ligado ao projeto, à área de operação ou de manutenção das instalações.
Constatada a imperícia, negligência, sonegação de informações ou omissão de qualquer dos profissionais envolvidos na elaboração do Estudo de Análise de Risco, FEEMA deverá comunicar imediatamente o fato ao Conselho Regional de Classe competente para apuração e aplicação das penalidades cabíveis.
1.3 Estudo de Análise de Risco para o COMPERJ
O Estudo de Análise de Risco deverá ser apresentado a FEEMA sob a forma de Relatório, obedecendo a itemização e detalhes explicitados a seguir.
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1.3.1 Dados gerais sobre a região onde se pretende localizar a atividade
Apresentar os dados gerais sobre a região, incluindo mapas e plantas de localização, em escala, indicando todas as instalações próximas e, em especial, as ocupações sensíveis (residências, creches, escolas, cadeias, presídios, ambulatórios, casas de saúde, hospitais e afins).
Apresentar os dados meteorológicos relativos à direção e velocidade dos ventos, à classe de estabilidade atmosférica e aos demais parâmetros ambientais de interesse: temperatura ambiente, umidade relativa, pressão atmosférica, temperatura do solo e outros.
Apresentar parecer sobre a utilização da classe de estabilidade atmosférica A, B ou C emitido por profissional ou entidade da área de meteorologia, caso estas classes de estabilidade venham a ser empregadas.
1.3.2 Descrição da Instalação e Sistemas
O empreendimento deverá ser subdividido em Unidades e estas subdivididas em áreas, quando cabível, apresentando-se plantas em escala com a posição relativa das mesmas.
Considerar como parte da instalação os caminhões, trens e outros veículos, utilizados para o recebimento ou expedição de produtos, que tenham de estacionar ou transitar na área de domínio da instalação para efetuar suas operações.
Detalhar cada área, fazendo uma descrição do seu uso e relacionando todas as substâncias tóxicas, combustíveis da classe II ou inflamáveis produzidas, operadas, armazenadas, consumidas ou transportadas.
No caso da área conter unidades de produção, de geração ou de processamento, envolvendo substâncias tóxicas, combustíveis da classe II ou inflamáveis, deve ser informado para cada unidade se a operação é contínua ou por bateladas, e apresentado um fluxograma de processo indicando os equipamentos, as substâncias e as condições operacionais.
Relacionar os dispositivos e recursos de segurança a serem utilizados para eliminar ou reduzir os efeitos de eventuais ocorrências acidentais.
1.3.3 Caracterização das Substâncias Relacionadas
Apresentar as Fichas de Informação de Segurança (Material Safety Data Sheets - MSDS) de todas as substâncias.
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As Fichas de Informação de Segurança devem conter:
Nome ou marca comercial, composição (quando o produto for constituído por mais de uma substância), designação química, sinonímia, fórmula bruta ou estrutural;
Número da ONU (UN number) e do CAS (Chemical Abstracts Service dos EUA);
Propriedades (massa molecular, estado físico, aparência, odor, ponto de fusão, ponto de ebulição, pressão de vapor, densidade relativa ao ar e à água, solubilidade em água e em outros solventes);
Reatividade (instabilidade, incompatibilidade com outros materiais, condições para decomposição e os respectivos produtos gerados, capacidade para polimerizar descontroladamente);
Riscos de incêndio ou explosão (ponto de fulgor, ponto de auto-ignição, limites de inflamabilidade, atuação como agente oxidante);
Riscos toxicológicos e efeitos tóxicos (ação sobre o organismo humano pelas diversas vias - respiratória, cutânea, oral; atuação na forma de gás ou vapor, névoa, poeira ou fumo; IDLH, LC50, LCLO; LD's; potencial mutagênico, teratogênico e carcinogênico).
1.3.4 Transporte Terrestre
Informar como as substâncias tóxicas, combustíveis da classe II ou inflamáveis, constantes do levantamento realizado, entrarão ou sairão da instalação, isto é, os meios de transporte, as vias empregadas, a carga e a freqüência.
1.3.5 Identificação dos Cenários Acidentais
Empregar uma Análise Preliminar de Perigos (APP) para cada área, na qual se relacionaram substâncias tóxicas, combustíveis da classe II ou inflamáveis, para a identificação de todos os cenários acidentais possíveis de ocorrer, independentemente da freqüência esperada para os cenários e independentemente dos potenciais efeitos danosos se darem interne ou externamente à instalação. Essa identificação dos cenários acidentais poderá ser auxiliada por outros métodos como a Análise Histórica, o HAZOP e a Árvore de Eventos, por exemplo.
A APP deve analisar a possível geração de produtos tóxicos em decorrência de incêndio e sua incidência sobre as pessoas (dentro e fora da instalação).
Levantar as causas dos possíveis eventos acidentais e as suas respectivas conseqüências e avaliar qualitativamente a freqüência de ocorrência de cada cenário e da severidade das conseqüências.
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Apresentar o resultado da Análise Preliminar de Perigos em forma de planilha, conforme constante do modelo Anexo.
1.3.6 Análise de Vulnerabilidade
Realizar uma Análise de Vulnerabilidade, através das equações “probit”, para todos os cenários classificados na Análise Preliminar de Perigos como pertencentes à categoria de severidade intermediária e superiores, independentemente da categoria de freqüência. Esta análise deve ser realizada para as condições meteorológicas da região onde será instalado o empreendimento, para os diferentes tipos de efeitos físicos resultantes dos cenários analisados.
1.3.7 Alcance dos Efeitos Físicos Danosos
Determinar o alcance para os níveis, a seguir relacionados, dos efeitos físicos decorrentes dos cenários submetidos à análise de vulnerabilidade. Esse cálculo deve utilizar modelagens matemáticas conceituadas e as condições meteorológicas da região.
Os níveis a serem pesquisados são:
para nuvens tóxicas: a concentração imediatamente perigosa para a vida ou saúde humana (IDLH) e a concentração correspondente a 1% de letalidade;
para incêndios em poça (derramamentos) ou tocha (jato de fogo): o fluxo de radiação térmica igual a 5 kW/m2 e o fluxo correspondente a 1% de letalidade;
para explosões de qualquer natureza: o nível de sobrepressão igual a 0,069 bar e o nível de sobrepressão correspondente à letalidade de 1%;
para nuvens de substâncias inflamáveis: a concentração igual ao limite inferior de inflamabilidade da substância;
para bolas de fogo decorrentes de BLEVE's: o fluxo de radiação correspondente a 1% de letalidade em decorrência da exposição humana pelo tempo de duração da bola de fogo;
Pesquisar também os efeitos físicos (temperatura, pressão, ondas de choque, impacto de fragmentos) que produzirão danos na própria instalação ou em instalações vizinhas, resultando no chamado efeito dominó.
Apresentar um mapa ou planta da região, em escala, indicando as curvas de igual magnitude dos níveis dos efeitos físicos pesquisados, e as ocupações sensíveis (residências, creches, escolas, cadeias, presídios, ambulatórios, casas de saúde, hospitais, e afins) que estejam abrangidas por aquelas curvas. No caso do COMPERJ indicar o limite da Zona Estritamente Industrial.
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1.3.8 Tolerabilidade dos Riscos para Análise de Vulnerabilidade
As alternativas de localização devem ser analisadas com base na tolerabilidade dos riscos.
Os riscos proporcionados pelo empreendimento serão considerados toleráveis se nenhuma ocupação sensível estiver contida nas curvas relativas a 1% de letalidade e na curva correspondente ao limite inferior de inflamabilidade.
1.3.9 Revisão do Estudo de Análise de Risco
No caso dos riscos apurados não serem toleráveis, deve ser adotada uma das seguintes providências:
Pesquisar o que pode ser modificado na instalação, para que as ocupações sensíveis fiquem fora das curvas correspondentes a 1% de letalidade, e da curva correspondente ao limite inferior de inflamabilidade. Esse reestudo deve constar do relatório, refazendo-se as quantificações para a nova condição.
Complementar o Estudo de Análise de Risco, determinando os riscos individual e social e verificando sua tolerabilidade segundo os critérios definidos pela FEEMA.
1.3.10 Avaliação das Freqüências de Ocorrência
Avaliar quantitativamente a freqüência de ocorrência de cada evento iniciador, utilizando-se dados existentes em referências bibliográficas e bancos de dados. Para eventos iniciadores complexos, que envolvam falhas de sistemas, devem ser construídas e avaliadas árvores de falhas específicas para cada situação.
Avaliar também as freqüências de ocorrência dos diversos cenários de acidente capazes de ocorrer após cada evento iniciador.
Estes cenários devem considerar as falhas dos sistemas de segurança que venham a ser demandados em cada caso, as diferentes direções e faixas de velocidade do vento e as possibilidades de ignição imediata e retardada devem ser determinadas através da construção de árvores de eventos para cada evento iniciador.
A probabilidade de falha ou a indisponibilidade dos sistemas de segurança devem ser avaliadas através da construção de árvores de falhas ou por outras técnicas equivalentes de análise de confiabilidade.
1.3.11 Avaliação dos Riscos
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Avaliar o risco individual e o risco social. O primeiro deve ser apresentado sob a forma de curvas de iso-risco, desenhadas sobre o mapa ou planta da região, em escala, desde o maior valor obtido para o risco individual até o nível de 10-8 fatalidades por ano, pelo menos, variando de uma ordem de magnitude de uma para a outra.
Identificar os núcleos populacionais para cada um dos quais deva ser determinado o risco social. O risco social para cada um desses núcleos deve ser representado por meio da curva de distribuição acumulada complementar, em um gráfico FN, cuja matriz está apresentada a seguir. Nesse gráfico, F é a freqüência esperada (ocorrências por ano) para os acidentes que têm o potencial de produzir N ou mais vítimas fatais.
Gráfico FN para a apresentação do risco social
1 10 100 1.000 10.000N(mortes)
10-1
10-2
10-3
10-4
10-5
10-6
10-7
10-8
10-9
F(ocor./ano)
1.3.12 Tolerabilidade dos Riscos Individual e Social
Os riscos proporcionados pelo empreendimento serão considerados toleráveis se:
a curva de iso-risco correspondente a 10-6 fatalidades por ano não envolver, parcial ou totalmente, uma ocupação sensível;
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a curva de distribuição acumulada complementar, desenhada sobre o gráfico FN, ficar abaixo ou, no máximo, tangenciar a reta inferior do gráfico.
1.3.13 Revisão do Estudo de Análise de Risco
No caso dos riscos apurados não serem toleráveis devem ser indicadas as medidas que promovam a melhora da segurança da instalação, de tal sorte que a revisão do cálculo dos riscos demonstre que os mesmos, devido à sua redução, passaram a ser toleráveis.
O reestudo deve constar do relatório, com todos os cálculos refeitos.
1.3.14 Medidas Preventivas e Mitigadoras
No caso de ficar demonstrado que os riscos para a comunidade são, ou poderão ser, toleráveis, devem ser consolidadas e relacionadas as medidas preventivas e mitigadoras levantadas pelo Estudo de Análise de Risco.
1.3.15 Conclusões
Apresentar uma síntese do Estudo de Análise de Risco com as respectivas conclusões.
PLANILHA DE APRESENTAÇÃO DA ANÁLISE PRELIMINAR DE PERIGOS
Análise Preliminar de Perigos – APP Empreendimento:
Área Preparado por Data
(1) Perigos
(2) Causas
(3) Modos de Detecção
(4) Efeitos
(5) Categoria
de Freqüência
(6) Categoria
de Severidade
(7) Recomendações
(8) Cenário
Coluna (1) perigos são os eventos acidentais que apresentam a possibilidade de causar danos
às pessoas. Coluna (2) devem ser apontadas as causas dos eventos acidentais, inclusive erros humanos. Coluna (3) informar a previsão de instrumentação e de presença de pessoas com esse fim
específico. Coluna (4) informar quais os efeitos esperados; devem ser explicitados quais os efeitos dentro
da instalação e quais os efeitos fora da instalação; no caso dos efeitos fora da
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instalação, se há ocupações sensíveis (residências, creches, escolas, cadeias, presídios, ambulatórios, casas de saúde, hospitais ou afins), atingíveis.
Coluna (5) os cenários acidentais devem ser classificados em categorias qualitativas de freqüência; as categorias de freqüência não são totalmente padronizadas, mas o seu número não deve ser inferior a quatro, indo da categoria "extremamente remota" até a categoria "freqüente".
Coluna (6) os cenários acidentais devem ser classificados em categorias qualitativas de severidade; as categorias de severidade não são totalmente padronizadas, mas o seu número não deve ser inferior a quatro, indo da categoria "desprezível" até a categoria "catastrófica". Deve-se tomar por base que um cenário catastrófico implica na possibilidade de morte de uma ou mais pessoas.
Coluna (7) as recomendações devem ser propostas tanto no sentido preventivo quanto no sentido corretivo.
Coluna (8) atribuir um número seqüencial a cada um dos cenários, não só como referência no texto do relatório, mas também para facilitar o desdobramento de um cenário em vários, simultâneos, ou em uma seqüência (efeito dominó). Deve haver um destaque para os cenários acidentais cujos efeitos possam se fazer sentir fora da instalação.
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Grupo de Trabalho responsável pela elaboração da Instrução Técnica Adilson Pinto Gil – IBAMA José Alencar Sampaio – FEEMA
Adriana Lima e Silva – FEEMA José Quirino Matos – FEEMA
Alceu Magnanini – IEF Luiz Cláudio Gonçalves – FEEMA
Ana Lúcia Aguiar Cavallieri – FEEMA Marlene Mendlowicz – FEEMA
Breno Herrera Coelho – IBAMA Mônica Miranda Falcão – SERLA
Eduardo Soares da Cruz – FEEMA Paulina Maria Cavalcanti – FEEMA
Érika Wuillaume – FEEMA Paulo Bidegain Primo – IEF
Fátima de Freitas Lopes – FEEMA Ricardo Moreira Bastos – FEEMA
Fernando Santos – FEEMA Suzane Claudia de Barros – SERLA
José Arnaldo Sales – FEEMA Rio de Janeiro, 22 de janeiro de 2007.
GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DE MEIO AMBIENTE E RECURSOS NATURAIS–SEMA
TERMO DE REFERÊNCIA PARA ELABORAÇÃO DE ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL –
EIA, RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA E ANÁLISE DE RISCO
RELACIONADO Á IMPLANTAÇÃO DE REFINARIA DE PETRÓLEO.
1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste documento é estabelecer um referencial para orientar a equipe multi e
interdisciplinar quanto aos procedimentos a serem seguidos na elaboração do Estudo de Impacto
Ambiental – EIA, Relatório de Impacto Ambiental – RIMA e, Análise de Risco para implantação da
refinaria de petróleo Premium I, no município de Bacabeira, MA.
Este instrumento fixa os requisitos mínimos para o levantamento e análise dos componentes
ambientais existentes na área de influência do projeto, tornando-se, assim, um instrumento orientador,
o qual a equipe executora deverá tomar como base para a realização dos estudos sem, contudo, excluir a
sua capacidade de inovação e otimização; contendo também informações gerais sobre os procedimentos
administrativos necessários à regularização do processo junto a SEMA.
Dado à sua natureza, este TR terá validade de 01 (hum) ano, a contar da data de recebimento do
mesmo por parte do empreendedor, podendo ser renovado, a critério da SEMA.
2. DISPOSIÇÕES GERAIS
2.1. FORMA DE APRESENTAÇÃO
O EIA e o RIMA deverão ser apresentados em volumes separados, em folhas de tamanho A4
(210 x297 mm)1 ou em folhas de formulário contínuo, tamanho padrão (215 x 280 mm). As fotografias
1 AS ILUSTRAÇÕES E DESENHOS TÉCNICOS QUE NÃO REUNIREM CONDIÇÕES DE SEREM APRESENTADAS NESTE FORMATO,
DESDE QUE ADEQUADAMENTE JUSTIFICADAS, PODERÃO SER ACEITAS PELA SEMA.
ANEXO 1-A
terão de ser originais em todas as cópias e legendas. As cópias de mapas, tabelas e quadros terão de ser
legíveis, com escalas, informando as origens, datas e demais detalhes que sejam necessários2;
O RIMA deve ser apresentado de forma sintética e objetiva, em linguagem corrente e acessível
ao público em geral e aos tomadores de decisão devendo ser ilustrado por mapas, cartas, quadros,
gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que se possa entender as vantagens e
desvantagens do projeto e suas alternativas, bem como todas as conseqüências ambientais de sua
implementação.
2.2. NÚMERO DE CÓPIAS / CONTEÚDO
O EIA deverá ser apresentado em, no mínimo, 08 (oito) vias, obedecendo ao roteiro estabelecido
no item 3 deste Termo.
O RIMA deverá ser apresentado em, no mínimo, 08 (oito) vias, obedecendo ao roteiro
estabelecido no item 5 deste Termo.
O Estudo de Análise de Risco (AR) deverá ser elaborado em consonâncias às diretrizes expostas
no item 4 e apresentado em, no mínimo, 08 (oito) vias.
Os produtos elaborados (EIA/RIMA e Análise de Risco - AR) deverão também ser apresentados
em meio digital (08 cópias em CD-ROM) inclusive com ilustrações (mapas, figuras, gráficos, etc.).
Os produtos elaborados (EIA/RIMA e Análise de Risco - AR) deverão também ser encaminhados
para as instituições públicas do estado e municípios em anexo.
2.3. ELABORAÇÃO
Os estudos deverão ser realizados por equipe multidisciplinar habilitada a qual será responsável
tecnicamente pelos resultados apresentados.
2.4. LISTA DE DOCUMENTOS E BIBLIOGRAFIA
Apresentar relação de obras consultadas, com a referência bibliográfica seguindo as normas da
ABNT. Quadros e tabelas deverão conter a fonte dos dados apresentados.
2.5. EMPRESA CONSULTORA
Discriminar o nome da Empresa de Consultoria responsável pela elaboração do EIA, RIMA e
ANÁLISE DE RISCO, acompanhado do endereço, telefone, correio eletrônico, telex, telefax, e nome do
profissional para contato.
2 QUANDO COLORIDOS DEVERÃO SER REPRODUZIDOS IGUALMENTE EM TODAS AS VIAS DO EIA E RIMA
2.6. EQUIPE TÉCNICA
Relacionar a equipe técnica responsável pelo estudo indicando no EIA / RIMA e ANÁLISE DE
RISCO, o nome, a especialidade de cada profissional, bem como o número dos respectivos registros
profissionais e assinatura no original de todos os integrantes. Em todas as páginas do EIA e do RIMA E
ANÁLISE DE RISCO deverá constar rubrica do coordenador da equipe.
2.7 DAS OBRIGAÇÕES DO EMPREENDEDOR
Ao proponente do projeto compete:
a) arcar com todas as despesas e custos referentes à realização do Estudo de Impacto
Ambiental, tais como: coleta e aquisição de dados e informações; trabalhos e inspeções de campo;
análises de laboratório; estudos técnicos e científicos, acompanhamento e monitoramento dos impactos;
elaboração do RIMA e fornecimento de cópias conforme o exposto no item 2.2 desta instrução;
b) arcar com custos referentes a: análise do EIA / RIMA; publicação de editais em jornal oficial
e em um periódico local de grande circulação (referente a abertura de processo de EIA / RIMA na
SEMA, realização de audiência pública; publicação de editais e de pedido de licença3; e concessão das
licenças ambientais;
c) remeter à SEMA, declaração de Cadastramento Técnico Federal de Atividades e
Instrumentos de Defesa Ambiental, obtida junto ao IBAMA referente aos profissionais integrantes da
equipe técnica e à Empresa de Consultoria responsável; e,
d) atender às exigências da SEMA quanto aos elementos informativos julgados necessários ao
processo de análise ambiental e de licenciamento dos diversos projetos.
3 ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL - EIA
3.1. INFORMAÇÕES GERAIS
a) Identificação do empreendimento;
b) Identificação e qualificação do empreendedor (nome ou razão social, número dos registros
legais, endereço completo, telefone, fax, telefone e fax dos responsáveis legais e pessoas de contato);
c) Identificação da empresa consultora, conforme o exposto no item 2.5 desta instrução;
d) Identificação do (s) profissional (is) responsável (is) pelo EIA / RIMA/ANÁLISE DE RISCO e
de todos os técnicos e consultores que participaram do mesmo, observando as orientações do item 2.6
desta instrução;
3 A PUBLICAÇÃO DOS EDITAIS DEVERÁ OCORRER CONFORME MODELO A SER FORNECIDO PELA SEMA AO EMPREENDEDOR.
e) Cópia do registro no Cadastro Técnico Federal (Firma consultora e profissionais integrantes
da equipe técnica responsável pela elaboração do EIA/RIMA e Análise de Riscos).
3.2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO
a) Síntese dos objetivos do empreendimento e sua justificativa em termos de importância no
contexto social da região e do município;
b) Localização do empreendimento e aspectos gerais da área (Estado e Município);
c) Descrição do empreendimento compreendendo a indicação dos elementos básicos que
nortearão o mesmo nas fases de projeto executivo, instalação e operação, bem como as diretrizes
previstas para sua manutenção adequada.
Deverão constar dessa caracterização as seguintes informações:
- detalhamento das ações potencialmente causadoras de impactos que serão executadas em cada etapa
de implantação do projeto, e as ampliações e expansões do sistema;
- elementos constituintes e principais características técnicas da refinaria;
- processos industriais;
- composição e características físico-químicas e toxicológicas da(s) matéria(s) prima(s) a ser(em)
utilizada(s); insumos necessários aos diversos processos; práticas de gerenciamento ambiental a serem
adotadas para manuseio, transporte e armazenamento de produtos químicos (Fluxograma dos principais
processos produtivos, destacando as entradas e saídas de cada etapa);
- Estimativa do aumento do fluxo de navios para o Estado em virtude da existência do empreendimento;
- sistemas de tratamento de efluentes líquidos;
- sistemas de controle de emissões atmosféricas;
- soluções adotadas para disposição de resíduos sólidos, notadamente para aqueles oriundos da operação
do empreendimento;
- localização e atividades a serem desenvolvidas no canteiro de obras;
- descrição das ações de limpeza do terreno, remoção de vegetação, terraplenagem (corte/aterro);
- quantificação e caracterização de vegetação a ser suprimida;
- localização e caracterização das jazidas, áreas de empréstimos e locais de bota-fora;
- estimativa de quantificação e origem da mão-de-obra a ser empregada;
- concepção, dimensionamento e características técnicas do gasoduto, quando for o caso;
- detalhamento dos principais aspectos e técnicas construtivas em cada etapa de implantação do
projeto;
- descrição da operação:
i) caracterização das instalações e equipamentos;
ii) descrição das rotinas operacionais, de manutenção e segurança;
- layout da refinaria (arranjo geral com indicação das áreas destinadas a implantação aos setores
administrativos, de utilidades, de produção, estocagens diversas, etc.);
- Informação Georreferenciada (meio impresso e digital em CD-ROM):
a) localização e situação do projeto (imagem de satélite IKONOS e planta planialtimétrica em escala de 1 : 5.000, ou a que melhor se adequar para caracterizar cartograficamente o empreendimento).
b) Apresentar as coordenadas geográficas para fins de georreferenciamento, no Sistema de Projeção UTM e Datum SAD-69.
c) Na incorporação dos dados geográficos ( plantas e imagens georeferenciadas), apresentar os formatos e extensões abaixo relacionados: ● Autocad – DXF ● Imagem – BMP, JPG e TIF ● Arcview – SHP
- Equipamentos de infra-estrutura do canteiro de obras e do projeto; - Infra-estrutura de abastecimento (ramais de distribuição); - Possíveis áreas com presença de sítios arqueológicos; - Tratamento paisagístico; - Vias de circulação; - Vias de acesso (principal e alternativa) a partir das principais rodovias, ferrovias; e - Fontes de emissão de poluentes atmosféricos, reídos e odores.
Todas as análises deverão ser apresentadas em mapas temáticos em escalas de:
- 1 : 25.000 (ou escala adequada) para a análise da área de influência direta dos empreendimentos; - 1 : 10.000 (ou escala adequada) para a análise em áreas de fragilidade, vulnerabilidade e de especial interesse ambiental. - Normas e regulamentos pertinentes; - Acessos à refinaria.
d) Alternativas Locacionais e Tecnológicas
Descrição e análise, com o mesmo grau de profundidade e sob os mesmos critérios, das
alternativas locacionais e tecnológicas estudadas avaliando os aspectos técnicos, econômicos e
ambientais envolvidos (análise custo-benefício ampliada), ou seja, analisar as alternativas em termos de
impactos ambientais; requisitos em termos de custo de capital e operação; confiabilidade;
adaptabilidade às condições locais; requisitos institucionais; etc. Quantificar os custos e benefícios de
cada alternativa, incorporando os custos calculados para as medidas mitigatorias propostas,
considerando inclusive a alternativa de não realização do projeto, a fim de esclarecer as condições
ambientais sem ele. Apresentar justificativa caso algumas delas não possam ser avaliadas.
e) Justificativa da alternativa preferencial
Apresentar justificativa da escolha da alternativa preferencial para implantação da refinaria
(proceder à apreciação sucinta de comparação das alternativas analisadas em “d” e, indicar qual, dentre
elas, constitui-se na opção mais adequada às prioridades de investimento a serem implementadas.
Apresentar as possíveis áreas que poderiam comportar o empreendimento e justificar a escolha da
alternativa locacional em detrimento de outras no estado e no país
f) Planos e Programas de Desenvolvimento
Os estudos ambientais deverão contemplar o levantamento dos planos e programas (público, de
iniciativa privada e mistos) de desenvolvimento propostos e em implantação com incidência na área de
influência e que possam interferir positiva ou negativamente com o empreendimento. Além de listá-los
deverá ser precedida uma análise das influências recíprocas da ação proposta e desses processos
setoriais de desenvolvimento na área de influência e as medidas para promover as compatibilidades
porventura necessárias.
g) Análise Jurídica
Deverá ser listado o conjunto de leis e regulamentos, nos diversos níveis (federal, estadual e
municipal), que regem os empreendimentos econômicos e a proteção ao meio ambiente na área de
influência e que tenham relação direta com o empreendimento. Deverá ser procedida, também, análise
das limitações por eles impostas, bem como as medidas para promover compatibilidade à ação proposta.
h) Outras informações julgadas necessárias à compreensão do projeto.
3.3. ÁREA DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO
Apresentar os limites da área geográfica a ser direta e/ou indiretamente afetada pelos
impactos, denominada área de influência do projeto. A área de influência deverá conter as áreas de
incidência dos impactos, abrangendo os contornos individuais para as diversas variáveis enfocadas.
Deverá ser apresentada justificativa da definição das áreas de influência e incidência dos
impactos, acompanhada de mapeamento.
3.4. CARACTERIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO AMBIENTAL
A caracterização e o diagnóstico ambiental deverão basear-se na análise integrada dos
componentes bióticos, abióticos, sócio-econômicos e culturais.
No diagnóstico deverão ser considerados com maior detalhe aqueles aspectos que levem à análise
dos efeitos e suas conseqüências e não servir apenas como caracterização geral da região onde o projeto
será implantado.
As informações para o diagnóstico deverão se basear em dados primários e secundários
atualizados (Censo demográfico IBGE; Zoneamento Ecológico e Econômico; Plano de Gerenciamento
Costeiro; Índice de Desenvolvimento Humano – IDH – PNUD/ONU; etc.) de modo a caracterizar a
situação ambiental da área de influência do empreendimento, direta e indireta, antes da implantação do
projeto.
Deverão ser apresentadas descrições e análises dos fatores ambientais e das suas interações,
caracterizando a situação ambiental da área de influência antes da implantação do empreendimento,
considerando, no mínimo as informações abaixo:
3.4.1 - MEIO FÍSICO
a) Geologia e Geotecnia
Informações geológicas e geotécnicas do solo e subsolo na área potencialmente atingida pelo
projeto (características do relevo e geotécnicas gerais dos solos e rochas; os fenômenos da dinâmica
natural e os problemas mais comuns em função das diversas atividades previstas). Incluir mapeamento
em escala adequada, georreferenciado (coordenadas geográficas e UTM).
b) Geomorfologia
1. Caracterização do relevo da área de influência regional do empreendimento incluindo uma descrição das principais características dos compartimentos morfo-estruturais e morfo-esculturais e de suas distribuições espaciais neste espaço geográfico. Além de caracterizar a morfologia da área, deverão ser focalizados eventos, feições e processos de ocorrência atual de maior relevância para o estudo tendo em vista o empreendimento a ser implantado (presença ou propensão à erosão e assoreamento, áreas sujeitas a inundações, escorregamentos de encostas e taludes, etc.).. Incluir mapeamento em escala adequada, georreferenciado (coordenadas geográficas e UTM); 2. Caracterização topográfica da área destinada à implantação do empreendimento incluindo levantamento planialtimétrico, em escala adequada, conforme a melhor representação cartográfica, georreferenciada (coordenadas geográficas e UTM), com indicação dos limites da área total a ser utilizada, vias de acesso e dos detalhes significativos do terreno e vizinhança (construções, nascentes, cursos d’água, áreas de vegetação, etc);
c) Solos
Análise pedológica com definição dos horizontes na área potencialmente atingida pelo
empreendimento, incluindo mapeamento em escala adequada.
d) Clima e Condições Meteorológicas
Deverão ser consideradas, de maneira ampla e abrangente, informações sobre os fenômenos climáticos e meteorológicos mais característicos, ou seja, análise pluviométrica (precipitações, regime de chuvas), temperaturas, umidade relativa, insolação, ventos (velocidade e direção), pressão atmosférica, nebulosidade e outros elementos que se apresentem relevantes, com vistas a identificar as características climáticas da área de influência, procurando-se enquadrá-la, dentro das classificações climáticas oficiais e, sobretudo, subsidiar o estudo de dispersão atmosférica. Os dados levantados deverão, portanto, ser apresentados devidamente interpretados e analisados em primeiro momento individualmente e, posteriormente de forma integrada (análise final consolidada).
f) Recursos Hídricos
Caracterização dos recursos hídricos (rede hidrográfica com localização do empreendimento;
características físicas das bacias hidrográficas, incluindo corpos d’água na área de influência do projeto
tais como, rios, riachos, olhos d’água, nascentes, etc., de caráter permanente ou intermitente);
condições atuais de proteção aos corpos d’água especialmente aqueles utilizados como mananciais de
abastecimento e que poderão ser perturbados direta ou indiretamente pelas atividades relacionadas ao
projeto nas fases de instalação e operação do projeto.
Deverão ser descritos os principais parâmetros relacionados à qualidade da água dos corpos
d’água próximos ao empreendimento (superficial e subterrânea), para avaliação prévia à instalação do
Empreendimento.
Enquadramento da bacia hidrográfica e dos corpos d’água a serem utilizados para disposição de efluentes líquidos (conforme classificação na Legislação Estadual e, se for o caso na Resolução CONAMA nº 357/05).
f) Qualidade do ar
Caracterizar a qualidade do ar na área de implantação do projeto, considerando outros
empreendimentos instalados próximo à refinaria, identificando as principais fontes relacionadas a cada
parâmetro e seus efeitos sobre a saúde humana e o meio ambiente.
A caracterização deverá levar em conta todos os parâmetros cabíveis a uma indústria de refino
do petróleo, considerando os padrões de qualidade do Ar admissíveis em Lei e as condições de dispersão
da área de implantação.
Estimar sinergia relativa, considerando empreendimentos a serem instalados.
g) Oceanografia Física
Informações sobre os aspectos físicos e oceanográficos da área de influência (temperatura, salinidade, ventos, correntes marinhas, marés, etc).
h) Ruídos
Avaliação sobre níveis de ruídos existentes no local pretendido para intervenção e prováveis
alterações no período de construção e operação da refinaria.
3.4.2 - MEIO BIOLÓGICO
Analisar os ecossistemas terrestres e aquáticos na área de influência direta do empreendimento,
considerando:
● Realização do mapeamento georeferenciado dos biótopos e ecótonos da área do empreendimento e de influência, indicando as unidades paisagísticas, fitofisionomias e a florística;
● Realização do mapeamento georeferenciado das áreas de preservação permanentes (APPs); ● Informação sobre as APPs passíveis de alteração em função da implantação do
empreendimento; ● Classificação das áreas de sensibilidade ambiental localizadas nas bacias, relacionadas às
unidades de conservação e áreas protegidas por legislação específica no âmbito federal, estadual, municipal e privado (RPPNs), ressaltando os ecossistemas existentes e os locais de ocorrência de espécies protegidas, além da distância ao empreendimento proposto. Estas informações deverão ser georreferenciadas e apresentadas em escala de 1:10.000, em mapa temático específico;
● Avaliação da interferência do empreendimento nas espécies da fauna e flora, a partir de dados qualitativos, caracterizando as inter-relações com o meio, e
● Avaliação da interferência do empreendimento na ictiofauna da região, considerando a distribuição e diversidade das espécies de interesse comercial, das espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, abordando, a perda de fontes de alimentação, locais de desova, de reprodução e criadouros existentes. Destacar as espécies reofílicas, identificando as rotas migratórias das espécies de maior relevância e definindo o prognóstico quanto a potenciais perdas.
Flora: Descrição, caracterização e mapeamento da cobertura vegetal considerando: extensão e
distribuição das formações vegetais; identificação dos diferentes estratos vegetais; identificação das
espécies endêmicas raras, ameaçadas de extinção, indicadoras da qualidade ambiental e de interesse
econômico e científico, bem como a localização das áreas de ocorrência das mesmas; as áreas de
preservação permanente, as unidades de conservação localizadas no raio de até 10 km do perímetro da
área do empreendimento.
Realizar o levantamento da flora na área de influência direta do empreendimento, contendo:
● Descrição dos ecossistemas identificando os diversos tipos de comunidades existentes e as condições em que se encontram;
● Mapeamento da cobertura vegetal; ● Caracterização da vegetação existente incluindo as formações florestais em seus diferentes
estágios de regeneração; ● Considerar Res. CONAMA 303/02 e afins ● Quantificação, por tipologia encontrada, da vegetação a ser removida e/ou relocada (babaçuais
– Lei n° 4784/86); ● Identificação, descrição e localização dos corredores ecológicos existentes e ● Identificação das áreas de preservação permanente, unidades de conservação e áreas
protegidas por legislação especial. ● Localização dos corpos d’água, delimitação de suas bacias de drenagem e respectivas faixas
marginais de proteção e áreas de inundação e das nascentes e olhos d’água; Fauna: Descrição e caracterização da fauna considerando: identificação de espécies endêmicas, raras,
ameaçadas de extinção, de interesse econômico e científico, bem como a localização das áreas de ocorrência das mesmas; aspectos como hábitos alimentares, habitat (estrato vegetal), rotas migratórias,
sítios de nidificação, e alimentação significativos, fontes de dessedentação e abrigos; identificar as metodologias e os procedimentos a serem usadas para obtenção dos dados sobre a fauna. Datas de coleta e quantidades de amostras e tempo de pesquisa. Georreferenciar os pontos de coletas da área de influência direta do empreendimento.
3.4.3 - MEIO ANTRÓPICO
a) População Humana
- Dimensionamento e caracterização social e econômica da população rural e urbana, destacando
àquela(s) a ser(em) direta e/ou indiretamente atingida(s) pelo empreendimento;
- Caracterização dos principais núcleos populacionais urbanos e rurais;
- Dimensionamento e caracterização social e econômica da população a ser desapropriada, se houver;
- Destacar as relações de dependência entre a sociedade local, os recursos ambientais e a potencial
utilização futura desses recursos;
- Caracterização das condições de vida da população, incluindo nível de instrução, habitação, saúde,
religião e lazer.
b) Organização Social
- Caracterização sobre a organização social da área, indicando os grupos e ou instituições existentes,
lideranças, movimentos comunitários, forças e tensões sociais;
c) Estrutura Produtiva e de Serviços
- Caracterização da estrutura dos serviços primário, secundário e terciário;
- Caracterização das atividades agropecuárias, industriais, comerciais e de serviços;
- Caracterização fundiária das propriedades diretamente atingidas, incluindo a descrição de posse, uso e
benfeitorias das terras.
d) Saúde Pública e Saneamento
- Oferta de Serviços (Saúde, abastecimento d’água, esgotamento sanitário, coleta de lixo etc.) e outras
informações julgadas necessários.
e) Infra-estrutura Regional
- Caracterização do sistema viário, abrangendo rodovias, ferrovias, hidrovias e aeroportos;
- Caracterização do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica;
- Caracterização do sistema de telecomunicações;
- Mapas com a infra-estrutura regional.
f) Uso do Solo
- Identificação, em planta em escala adequada, das interferências do projeto com os sistemas viários e
de transportes, linhas de transmissão de energia, oleodutos, gasodutos, disposição de resíduos, etc.;
- Delimitação, em escala adequada, dos principais usos do solo (residencial, industrial, agrícola,
institucional, etc.);
- Indicações outras que possam esclarecer a situação atual da área.
g) Uso da Água
- Identificação dos principias usos da água (residencial, industrial, agrícola, institucional, etc.).
h) Patrimônio Histórico e Cultural
- identificação e caracterização, com mapeamento, quando necessário, dos sítios arqueológicos e/ou
históricos, locais de relevante beleza cênica ou quaisquer outros considerados patrimônios da população.
3.5. ANÁLISE DE IMPACTOS AMBIENTAIS
Este tópico refere-se à identificação, valoração e interpretação dos prováveis impactos
ambientais causados pelo projeto em referência, nas etapas de implantação e operação.
Para efeito de análise, os impactos deverão ser caracterizados pelo menos quanto ao efeito
(positivos, negativos), à natureza (diretos e indiretos), à periodicidade (temporários, permanentes ou
cíclicos) e à reversibilidade (reversíveis e irreversíveis).
Descrever as modificações do meio ambiente a serem produzidas pelo empreendimento,
considerando, no mínimo:
- possibilidade de perda da camada orgânica do solo, aumento da susceptibilidade à erosão, compactação
do solo agricultável, contaminação do solo por resíduos e derrames de óleo e derivados;
- impacto sobre a estabilidade de encostas;
- impactos das instalações do empreendimento e obras complementares e das atividades desenvolvidas
no canteiro de obras sobre as comunidades vizinhas, em especial quanto ao incômodo provocado por
ruído, disposição de efluentes, resíduos e emissões atmosféricas;
- possíveis alterações sobre os recursos hídricos (subterrâneos e de superfície), inclusive com
modificação da qualidade e quantidade de água, considerando: atividades do empreendimento, aumento
de fluxo de navios na baia de São Marcos; deslocamento de população, etc.
- possíveis alterações nos ecossistemas terrestres e aquáticos, bem como as interferências com as
Unidades de Conservação Ambiental;
- possíveis alterações provocadas pela implantação do empreendimento sobre o meio antrópico,
especialmente no que se refere aos aspectos demográficos, ao nível de vida e à ocupação do espaço,
avaliação das possíveis interferências com terras indígenas, sítios arqueológicos e demais patrimônios
histórico e culturais;
- interferência do projeto com obras de infra-estrutura, interferência do projeto com áreas de
exploração mineral, eventuais desapropriações e remoções de comunidades locais devido à construção do
empreendimento;
- geração de empregos diretos e indiretos e as conseqüências provocadas pelo final das fases de
construção e montagem do empreendimento;
- alterações na qualidade do ar decorrente da emissão de poluentes (NOX, CO, VOC, MP, etc.);
- alterações nos níveis de ruído em conseqüência da implantação do empreendimento;
- outros fatores julgados necessários à identificação dos impactos.
3.6. PROGNÓSTICO DA QUALIDADE AMBIENTAL DA ÁREA DE INFLUÊNCIA DO
EMPREENDIMENTO
3.6.1. Considerando a Implantação do Empreendimento
Com base no diagnóstico fazer um retrato futuro da área considerando a instalação da refinaria,
enfatizando os aspectos positivos e negativos nos meios físico, biótico e antrópico.
3.6.2. Considerando a não Implantação do Empreendimento
Com base no diagnóstico fazer um retrato futuro da área considerando a não instalação da
refinaria, enfatizando os aspectos positivos e negativos nos meios físico, biótico e antrópico.
3.7. PROPOSIÇÃO DE MEDIDAS MITIGADORAS
Neste tópico deverão ser apresentadas as medidas que venham a minimizar ou eliminar impactos
adversos analisados, abrangendo as áreas de implantação e influência do empreendimento e referindo
separadamente as fases de implantação e operação, as quais sofrerão uma integração posterior com os
programas de acompanhamento e monitoramento dos impactos ambientais (item 3.8).
As medidas mais complexas, que envolvam uma metodologia particular de trabalho com a
finalidade de obter-se a mitigação e/ou compensação de um ou mais impactos significativos, deverão ser
consolidados em um “Programa de mitigação de impactos”.
As medidas mitigadoras serão classificadas quanto:
- a sua natureza: preventiva ou corretiva, inclusive os sistemas de controle ambiental, avaliando sua
eficiência em relação aos critérios de qualidade ambiental e padrões de disposição de efluentes,
emissões e resíduos;
- à fase do empreendimento em que deverão ser adotadas: implantação, operação e para o caso de
desativação e acidentes;
- ao fator ambiental a que se aplicam: físico, biológico ou sócio-econômico;
- ao prazo de permanência de sua aplicação: curto, médio ou longo;
- à responsabilidade por sua implantação: empreendedor, poder público ou outros, para os quais serão
especificadas claramente as responsabilidades de cada um dos envolvidos;
- à sua exeqüibilidade (em termos de meios, recursos, tecnologia, etc.). Deverão ser mencionados os
impactos adversos que não poderão ser eliminados ou evitados, indicando as medidas destinadas à sua
compensação.
3.8. PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO E MONITORAMENTO DOS IMPACTOS
Neste tópico deverão ser apresentadas propostas de programas destinados a acompanhar as
evoluções dos impactos ambientais, positivos e negativos, causados pelo empreendimento nas fases de
implantação, operação, bem como, para o caso de acidentes, incluindo:
- indicação e justificativa dos parâmetros e indicadores selecionados para a avaliação dos impactos
sobre cada um dos fatores ambientais considerados;
- apresentação da (s) característica (s) da (s) rede (s) de amostragem, justificando seu
dimensionamento e distribuição espacial;
- apresentação e justificativa da periodicidade de amostragem para cada parâmetro selecionado;
- apresentação e justificativa dos métodos a serem empregados no processamento das informações
levantadas, visando retratar o quadro de evolução dos impactos ambientais causados pelo
empreendimento;
- cronograma de implantação e desenvolvimento das atividades de monitoramento;
- indicação e justificativa dos métodos de coleta e análise de amostras;
- indicação do(s) responsável (eis).
4. ANÁLISE, AVALIAÇÃO E GERENCIAMENTO DE RISCO
Analisar os riscos de importância relacionados ao empreendimento e avaliar seus efeitos sobre o
meio ambiente e à saúde pública nas áreas adjacentes, considerando, no mínimo os seguintes aspectos:
4.1. HISTÓRICO E ACIDENTES
Levantamento qualitativo e quantitativo de acidentes ocorridos com a matéria prima a ser utilizada e
o(s) produto(s) a ser(em) processado(s), em instalações similares e em seu transporte (terrestre e
marítimo), com base em informações existentes em banco de dados nacionais e internacionais ou através
da literatura especializada; informações sobre as causas mais comuns e relevantes de acidentes que
ocorreram no passado.
4.2. SEGURANÇA
Aspectos de segurança relacionados ao(s) produto(s) a ser(em) processado(s), etc.
4.3. IDENTIFICAÇÃO DOS RISCOS
a) Identificação dos possíveis eventos acidentais que possam ocorrer na implantação da refinaria
em suas diversas fases com base na elaboração de um estudo analítico dos sistemas e subsistemas,
através de técnicas e métodos estruturados para a detecção de falhas e de eventos indesejáveis que
podem ocorrer nas instalações que compõem o empreendimento. Deverão ser empregados métodos e
técnicas reconhecidos, que permitam a classificação dos perigos, de maneira a identificar e priorizar os
eventos acidentais mais críticos. Deverá ser contemplado o Efeito Dominó, caso seja configurada
durante o estudo, a significativa propagação dos efeitos de incêndios e explosões de algum sistema
sobre outros. Os perigos identificados deverão ser classificados de acordo com a sua freqüência
decorrência, magnitude das conseqüências e grau de risco, utilizando-se os critérios adequados e
encontrados na literatura específica;
b) Consolidação das hipóteses acidentais: identificados os principais riscos existentes na faixa
de dutos deverá ser precedida a seleção dos eventos acidentais considerados mais relevantes para cada
fase do empreendimento (projeto, construção e montagem, operação/montagem).
c) Levar em consideração em todas as análises de risco a possibilidade de futuras instalações de
outros empreendimentos de grande impacto no município. Confrontar a sinergia entre refinaria, portos,
siderúrgicas ou outros empreendimentos que possam ser implantados na região da Refinaria.
4.4. AVALIAÇÃO DE RISCOS
Este item deverá avaliar todos os riscos aos compartimentos hídricos superficiais e sub-
superficiais bem como a baixa atmosfera enfatizando os seguintes aspectos:
Análise das Conseqüências
Deverão ser analisadas, de maneira genérica, as principais conseqüências decorrentes do
desdobramento das hipóteses acidentais consideradas na etapa anterior, de modo a que se tenha uma
visão global da magnitude dos efeitos adversos decorrentes de eventos indesejados.
Análise de Vulnerabilidade
Estimativa dos danos ao meio ambiente, ao homem e as propriedades com base em modelos de
vulnerabilidade de uso reconhecido e explicitado.
Avaliação Comparativa de Risco
Deverão ser mensurados os riscos individuais e sociais para cada cenário acidental levantado e o
risco total do empreendimento;
Os resultados deverão ser representados em mapas de iso-risco (risco individual) e em
diagramas (risco social), quando deverão ser comparados os valores típicos dos riscos individual e social
associados às atividades cotidianas (públicas) assim como os riscos médios de indústria petrolífera, de
forma a permitir a avaliação dos resultados obtidos.
Gerenciamento de Riscos
- Programa de gerenciamento de risco (PGR): O PGR visa à mitigação e/ou minimização dos riscos
encontrados pelo estudo de Análise de Risco. Deve conter também as informações referentes à sua
implantação, identificação dos responsáveis, cronograma de implantação, programa de treinamento de
pessoal/capacitação técnica, programa de manutenção (preventivo e corretivo), procedimento e
periodicidade para teste, treinamento, simulação, revisão e atualização do Plano; auditorias periódicas
etc;
- Medidas para redução dos riscos
i) Medidas para redução das freqüências: Deverão ser sugeridas medidas capazes de diminuir a
probabilidade de ocorrência dos cenários acidentais e/ou magnitude de suas conseqüências para as
comunidades envolvidas diretamente com o empreendimento e/ou meio ambiente;
ii) Medidas para redução das conseqüências: redução de impactos físicos (redução da quantidade
de massa envolvida, efeito dominó, etc); redução ou proteção da população exposta (redução estática
como adoção de localização do empreendimento em áreas não sensíveis; e, redução dinâmica com adoção
de Plano de Ação de Emergência – PAE). O PAE deverá conter as medidas/procedimentos a adotar para
combater/reduzir os efeitos das conseqüências acidentais sobre as populações limítrofes e ao meio
ambiente, com a utilização de pessoal treinado para o combate das emergências.
4.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Conforme orientações dadas no item 2.4 deste Termo de Referência
4.6 ANEXOS
5. RELATÓRIO DE IMPACTO AMBIENTAL – RIMA
O Relatório de Impacto Ambiental – RIMA - refletirá as conclusões do estudo de impactos
ambientais e conterá, no mínimo:
- objetivos e justificativas do projeto, sua relação e compatibilidade com as políticas setoriais, planos e
programas governamentais;
- a descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas e locacionais, especificando para cada uma
delas nas fases de construção e operação, a área de influência, as matérias-primas e mão-de-obra, as
fontes de energia, os processos e técnicas operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos de
energia e os empregos diretos e indiretos a serem gerados;
- a síntese dos resultados de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;
- a descrição dos prováveis impactos ambientais da implantação e operação de atividades, considerando
o projeto, suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos impactos, indicando os métodos,
técnicas e critérios adotados para sua identificação e interpretação;
- a caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência, comparando as diferentes
situações da adoção do projeto e suas alternativas, bem como, da sua não realização;
- a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras previstas em relação aos impactos negativos,
mencionando aqueles que não puderem ser evitados, e o grau de alteração esperado;
- o programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos, indicando os responsáveis por sua
execução;
- a síntese dos resultados do estudo de análise de risco;
- a descrição das ações e equipamentos utilizados nas diferentes possibilidades de emergência
ambiental;
- recomendações quanto à alternativa mais favorável (conclusões e comentários de ordem geral).
O RIMA deverá conter também, as informações solicitadas nas alíneas (a) a (d) e do EIA, item
3.1.