Ferramentas e mecanismos para o financiamento socioambiental
Mecanismos de Financiamento ao Comércio...
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FACULDADE BOA VIAGEM Centro de Pesquisa e Pós-graduação em Administração - CPPA
Mestrado em Administração
Mecanismos de Financiamento ao Comércio Exterior: Uma análise das Empresas Exportadoras do Nordeste
Brasileiro
Francisco Carlos Cavalcanti
Recife – PE
2008
FRANCISCO CARLOS CAVALCANTI
Mecanismos de Financiamento ao Comércio Exterior: Uma análise das Empresas Exportadoras do Nordeste
Brasileiro
Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem. Orientador: Prof. Olímpio José de Arroxelas Galvão – PhD
Recife – PE
2008
FRANCISCO CARLOS CAVALCANTI
Mecanismos de Financiamento ao Comércio Exterior: Uma análise das Empresas Exportadoras do Nordeste Brasileiro
Dissertação apresentada como requisito complementar para obtenção do grau de Mestre em Administração do Centro de Pesquisa e Pós-Graduação em Administração – CPPA da Faculdade Boa Viagem.
Aprovado em: ___/____/____
BANCA EXAMINADORA
Prof. Olímpio José de Arroxelas Galvão – PhD Orientador
Prof. José Raimundo Vergolino – PhD Membro Interno
Prof. Saumíneo da Silva Nascimento – Dr. Membro Externo
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a Deus a oportunidade de existir e poder realizar grande
sonho de vida.
Faço um agradecimento a todos os meus familiares e, em especial, à minha esposa,
Ana Paula, pela paciência e apoio durante todo o caminho percorrido, do início ao término do
curso, assim como ao meu filho, Paulo Vitor, por entender as ausências momentâneas do pai.
Agradeço, de forma especial, à Diretoria do Banco do Nordeste do Brasil (BNB),
empresa onde trabalho, por ter-me facultado o privilégio de participar deste curso de
mestrado, apoiando-me de forma incondicional.
Também, sou grato a todos os colegas do BNB lotados nas Superintendências
Estaduais dos Estados do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, pelo apoio
no envio e coleta dos questionários da pesquisa de campo.
Aos colegas da Superintendência Estadual do BNB, na Paraíba, meus sinceros
agradecimentos, de modo especial aos colaboradores Artur, Cris Anderson, Izidro, Geraldo
Fidelis, Edilúcio, Wagner e Emiliane, que sempre estiveram presentes na construção do
presente trabalho.
Expresso minha gratidão a todos os professores do Mestrado – Augusto, Vergolino,
Olímpio, Fernando, James e André Leão – pelo excelente nível de ensinamento externado em
suas aulas, ao corpo diretivo do Curso, nas pessoas dos professores Walter e Sônia Calado,
pela condução do programa, e, também, à Secretaria, através da colega Albina, sempre
disponível para colaborar no atendimento às nossas demandas.
Externo meus sinceros agradecimentos a todos os colegas do Curso de Mestrado da
Faculdade Boa Viagem (FBV), pela convivência fraterna em todo esse período e, de modo
especial, aos amigos Paulo, Hélio, Demetrius, Roberta e Suellen que, durante essa trajetória,
construíram um relacionamento harmonioso, transformando-se de simples colegas em
efetivos membros de uma família unida.
Faço um agradecimento especial ao meu orientador, professor Olímpio Galvão que,
através dos ensinamentos e, principalmente, das palavras de incentivo e apoio durante todo o
transcorrer do curso, de forma mais direta, no período de construção e conclusão da
dissertação, exerceu um papel determinante na consecução do meu objetivo.
Por fim, deixo aqui meu agradecimento a todos aqueles que, de forma direta ou
indireta, estiveram presentes nessa minha jornada, torcendo e vibrando com a minha
conquista.
RESUMO
Esta dissertação apresenta uma abordagem acerca do papel exercido pelos mecanismos
de financiamento à exportação, analisados enquanto suporte às empresas exportadoras do
Nordeste brasileiro.
Neste contexto, procurou enfatizar o tema e, para tanto, partiu de um relato sobre o
histórico do regime cambial brasileiro para chegar ao entendimento dos instrumentos de apoio
financeiro à exportação disponíveis no mercado. Verificou também o nível de utilização das
principais linhas existentes, bem como a apresentação de mecanismos garantidores e de
seguro de crédito, criados com o objetivo de incentivar a demanda por créditos à exportação.
Como produto deste trabalho, foi realizada pesquisa de campo que envolveu uma
amostra representativa de empresas exportadoras do Nordeste brasileiro. Dessa amostra foram
inferidas situações que identificam o nível de conhecimento dos mecanismos de crédito à
exportação existentes e o grau de utilização desses mecanismos.
O trabalho sinaliza, enfim, que os produtos existentes não estão adequados às
necessidades apresentadas pelas empresas exportadoras do Nordeste brasileiro e que a simples
oferta de mecanismos de financiamento à exportação, apesar de necessária, não é suficiente
para o incremento do comércio exterior.
Palavras-chave: Financiamento à exportação, empresas exportadoras nordestinas.
ABSTRACT
This dissertation shows an approach about the role of the exportation’s financing
mechanisms, verified as a support to the Brazilian’s northeast export companies.
In this context, was highlighted the theme, and, although, it came from a historic
account from Brazil’s exchange regime to understand about the financial support instruments
to the exportation available in the market. Was verified, the level of utilization of the main
existent lines, also the presentation of mechanisms that assure, and, credit insurances. Those
were created as an incentive for the search of exportation credits.
As a part of this dissertation, a research in the area that involved a representative
sample from some Brazilian’s northeast export companies. From this sample were inferred
situations that identify the knowledge’s level about the credit’s mechanisms related to the
existent exportations and the level of utilization of these mechanisms.
The research shows that the products that already exist are not adequate to the shown
needs of the Brazilian’s northeast export companies and that the simple fact that exportation’s
financing mechanisms even though is something necessary, isn’t enough for the increment of
the foreign trade.
Key Words: Exportation’s financing, northeast export companies.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – EXPORTAÇÕES MUNDIAIS – Evolução (Em US$ bilhões) ............................13
Gráfico 2 – EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS – Evolução (1999 a 2007).............................14
Gráfico 3 – PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NAS EXPORTAÇÕES TOTAIS DO MUNDO
..........................................................................................................................................15
Gráfico 4 – EXPORTAÇÕES NORDESTINAS – Evolução (1999 a 2007) ...........................16
Gráfico 5 – EXPORTAÇÕES DO NORDESTE – Por Estado (Em US$ milhões) .................16
Gráfico 6 – BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA - Evolução (1999 a 2007).................23
Gráfico 7 – EXPORTAÇÕES CONTRATADAS X CRÉDITOS À EXPORTAÇÃO ...........25
Gráfico 8 – Evolução dos Valores contratados em Exportação ..............................................56
Gráfico 9 – Evolução das exportações contratadas X Desembolsos do BNDES à exportação
..........................................................................................................................................57
Gráfico 10 – EMPRESAS EXPORTADORAS PESQUISADAS (Em %) - Por porte...........76
Gráfico 11 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização ...................................78
Gráfico 12 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Utilização por porte de Empresas ............78
Gráfico 13 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Perfil de utilização ...................................79
Gráfico 14 – LINHAS DE FINANCIAMENTO - Nível de importância para as Empresas....80
Gráfico 15 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Razão de não utilização de outro tipo ......80
Gráfico 16 – OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO – faixas de valores (Em %) ......81
Gráfico 17 – PONTOS CRÍTICOS – Visão das empresas exportadoras .................................82
Gráfico 18 – ACESSO ÀS INFORMAÇÕES SOBRE MECANISMOS DE
FINANCIAMENTO.........................................................................................................82
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – NÚMERO DE EMPRESAS EXPORTADORAS - Por Estado e Volume de
Exportação........................................................................................................................70
Tabela 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS – Por Unidade da Federação .......................75
Tabela 3 – DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS – Por Setor de Atividade.............................75
Tabela 4 – PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS AVALIADAS – Por porte e Estado...........76
Tabela 5 – FREQUÊNCIA DE EXPORTAÇÃO – Por nível ..................................................77
Tabela 6 – PERFIL DAS EMPRESAS – Presença de Especialista em Comércio Exterior ...77
Tabela 7 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO – Nível de
conhecimento e utilização (Em %)...................................................................................83
Tabela 8 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de Conhecimento (Por porte –
Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)..........................84
Tabela 9 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de Conhecimento (Por
freqüência nas exportações – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de
financiamento) ..................................................................................................................85
Tabela 10 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização (Por porte – Em
% - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento) ................................86
Tabela 11 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização (Por freqüência
nas exportações – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)
..........................................................................................................................................87
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................12
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ........................................................................................12
1.2 PERGUNTA DE PESQUISA ..................................................................................26
1.3 JUSTIFICATIVA / MOTIVAÇÃO .........................................................................27
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA..................................................................................28
1.4.1 Geral: ................................................................................................................28
1.4.2 Específicos:.......................................................................................................28
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................29
2.1 REGIME CAMBIAL BRASILEIRO.......................................................................29
2.2 ENTENDENDO OS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À
EXPORTAÇÃO ...................................................................................................................36
2.3 MECANISMOS DE FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES DISPONÍVEIS
NO MERCADO ...................................................................................................................39
2.4 UTILIZAÇÃO DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À
EXPORTAÇÃO ...................................................................................................................55
2.5 GARANTIAS / SEGUROS DE CRÉDITO COMO LASTRO DOS
MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO...........................................58
2.5.1 Cartas de Crédito (Pós-embarque)...................................................................58
2.5.2 Fundo de Garantia para a promoção da competitividade (FGPC) - Pré-
embarque e Pré-embarque Especial..................................................................................59
2.5.3 Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) (Pós-embarque) ......60
2.5.4 Seguro de Crédito (Pré e Pós-embarque) ........................................................61
2.5.5 Fundo de Garantia à Exportação (FGE) ...........................................................65
3 METODOLOGIA.............................................................................................................67
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA........................................................................67
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ..................................................................................68
3.3 COLETAS DE DADOS ...........................................................................................71
3.3.1 Instrumento.......................................................................................................71
3.3.2 Processo............................................................................................................72
3.4 MÉTODOS DE ANÁLISE ......................................................................................73
3.5 LIMITES E LIMITAÇÕES......................................................................................73
3.5.1 Limites..............................................................................................................73
3.5.2 Limitações ........................................................................................................74
4 RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................75
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS X PESQUISA ...........................................................88
4.1.1 Pesquisar o nível de conhecimento sobre os mecanismos de financiamento
existentes e que podem ser utilizados pelas empresas......................................................88
4.1.2 Identificar pontos fortes e fracos, na visão da classe empresarial pesquisada,
sobre os instrumentos de financiamento à exportação. ....................................................90
4.1.3 Analisar as sugestões de melhoria e criação de novos instrumentos de suporte
ao comércio exterior que se coadune com as condições e exigências impostas pelo
mercado atual....................................................................................................................92
4.2 OBJETIVO GERAL X PESQUISA.........................................................................93
4.2.1 Investigar se os mecanismos de financiamento disponibilizados no mercado
estão atendendo às necessidades das Empresas Exportadoras do Nordeste Brasileiro. ...93
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES.....................................................................................94
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................98
7 APÊNDICE ....................................................................................................................101
7.1 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA .......................................................................101
12
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
O processo de globalização tem-se apresentado como um grande instrumento de
interação entre a população do mundo contemporâneo, tanto no aspecto cultural quanto no
aspecto econômico-financeiro. A dinâmica preconizada a partir dos primeiros passos da
globalização trouxe mudanças nos diversos segmentos da sociedade humana, sejam elas nos
aspectos e dimensões culturais, organizacionais, políticas, comerciais e financeiras. No
contexto sócio-econômico, Prado (2001) relata que a globalização pode ser entendida como o
processo de integração de mercados domésticos na formação de um mercado mundial
integrado. O argumento de Prado (2001) reside na divisão da globalização em três processos
distintos que têm ocorrido ao longo dos últimos 20 anos. Esses processos são: a expansão
extraordinária dos fluxos internacionais de bens, serviços e capitais; o acirramento da
concorrência nos mercados internacionais; e a maior integração entre os sistemas econômicos
nacionais.
Em relação aos fluxos internacionais de bens, serviços e de capitais, pode-se afirmar
que o mundo experimentou, principalmente a partir da década de 80, uma verdadeira
revolução em termos de crescimento. O processo de globalização é considerado o grande
responsável por tal incremento. O Gráfico 1 demonstra a evolução das exportações mundiais
entre os anos de 1950 e 2007.
13
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS (Em US$ bilhões)
13.581
3001257
1.941
3.395
6.295
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
1950 1960 1970 1980 1990 2000 2007
ANO
Va
lore
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US
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es
Gráfico 1 – EXPORTAÇÕES MUNDIAIS – Evolução (Em US$ bilhões)
Fonte: MDIC (2008) - Elaboração do autor
Segundo os dados mais recentes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior (MDIC), as exportações no mundo atingiram, em 2006, a cifra de US$
11,920 trilhões, o que representa um incremento de 113,5% quando comparado aos US$
5,583 trilhões observados em 1999.
Em relação ao Brasil, os números sobre a exportação de seus produtos e serviços
mostram que o país vem expandindo, significativamente, o seu volume de negócios com o
exterior. De 1999 para 2007, as exportações brasileiras saltaram dos US$ 48,0 bilhões para
US$ 160,6 bilhões, o que representa um crescimento de aproximadamente 235% em nove
anos, enquanto o crescimento mundial, neste mesmo período, atingiu o patamar de 143% -
US$ 5.583 trilhões em 1999 e US$ 13.581 trilhões em 2007 (previsão do FMI, out / 2007).
O Gráfico 2 mostra a curva de crescimento das exportações brasileiras entre os anos de
1999 e 2007.
14
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS (Em US$ bilhões)
48,055,1
73,1
96,5
118,3
160,6
137,5
60,458,2
0,0
20,0
40,0
60,0
80,0
100,0
120,0
140,0
160,0
180,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Va
lore
s e
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S$
bilh
ões
Gráfico 2 – EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS – Evolução (1999 a 2007)
Fonte: MDIC (2008) – Elaboração do autor
Em que pesem os números otimistas apresentados pelo Brasil, a sua corrente de
comércio exterior, que representa o somatório de tudo realizado pelo país em exportações e
importações, ainda se apresenta bastante inexpressiva, quando comparada ao total de negócios
realizados no comércio internacional, sob a ótica mundial. Segundo dados do Ministério do
Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a corrente de comércio exterior
brasileira ainda situa-se no patamar de 1% sobre a mundial. O Brasil, em 2006, registrou uma
cifra de US$ 234 bilhões, enquanto que o comércio mundial alcançou o montante de US$
24,555 trilhões. É importante frisar que, mesmo observando a expansão de seus negócios no
comércio internacional, o Brasil encontra-se distante de países como os Estados Unidos que,
somente no mês de fevereiro de 2005, exportaram U$ 100,48 bilhões.
Segundo dados publicados no relatório anual da Organização Mundial do Comércio
(OMC), em 2006, o Brasil obteve um crescimento da ordem de 4% em suas exportações,
comparado ao ano de 2005, percentual este inferior a elevação experimentada pelo comércio
15
mundial, que alcançou o patamar de 8%. Esta diferença representou a queda da 23ª para a 24ª
posição no ranking dos países exportadores mundiais, no qual a Alemanha desponta em
primeiro lugar, seguida por Estados Unidos e China (CHADE, 2007).
O Gráfico 3 abaixo mostra a participação dos países nas exportações totais do mundo,
com posição em 2005.
PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NAS EXPORTAÇÕES TOTAIS DO MUNDO (Em 2005)
9,30%
8,70%
7,30%
5,70%
4,40%
3,90%3,60%
3,50%
53,60%
Alemanha
Estados Unidos
China
Japão
França
Holanda
Reino Unido
Itália
Outros países
Gráfico 3 – PARTICIPAÇÃO DOS PAÍSES NAS EXPORTAÇÕES TOTAIS DO MUNDO Fonte: Relatório OMC (2006) – Elaboração do autor
Em consonância com os números de exportação apresentados pelo Brasil, a região
Nordeste mostra, também, uma evolução. O montante de negócios firmados com o exterior
alcançou, em 2007, a cifra de US$ 13,086 bilhões, o que representa um crescimento de
aproximadamente 290% quando comparado aos US$ 3.356 bilhões realizados em 1999.
O gráfico 4 representa a curva de evolução das exportações da região Nordeste entre
os anos de 1999 e 2007.
16
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES NORDESTINAS (Em US$ bilhões)
3,44,0 4,2 4,7
6,1
8,0
10,611,6
13,1
0,0
2,0
4,0
6,0
8,0
10,0
12,0
14,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Va
lore
s em
US
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ilhões
Gráfico 4 – EXPORTAÇÕES NORDESTINAS – Evolução (1999 a 2007)
Fonte: MDIC (2008) – Elaboração do autor
Internamente, o Nordeste ainda apresenta disparidades econômicas intra-regionais, o
que resulta em baixo relacionamento negocial, por parte de alguns de seus Estados, com o
exterior. Como pode ser observado no Gráfico 5, o Estado da Bahia foi responsável, em 2007,
por quase 57% do total das exportações da região.
EXPORTAÇÕES DO NORDESTE - POR ESTADO (Em 2007)
664
7.4081.148
2.177
236
871
57
380
145
ALAGOAS
BAHIA
CEARÁ
MARANHÃO
PARAÍBA
PERNAMBUCO
PIAUI
R.G.DO NORTE
SERGIPE
Gráfico 5 – EXPORTAÇÕES DO NORDESTE – Por Estado (Em US$ milhões) Fonte: MDIC (2008) – Elaboração do autor
17
As exportações nordestinas representam cerca de 8% das exportações totais do Brasil,
conforme números divulgados pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. Segundo Fontenele e Melo (2007), as exportações nordestinas, relativas às
brasileiras, começam a esboçar comportamento ascendente a partir de 2001, levando a que, no
período recente (1997 a 2004), seja evidenciado um aumento de quase 12% nessa
participação. Ainda, segundo Fontenele e Melo (2007), a pauta de exportações nordestinas em
2004, pela ótica das contas nacionais, caracteriza-se por forte concentração nos bens
intermediários (62,15%), sobretudo insumos industriais, seguidos dos bens de consumo
(25,63%), destacando-se os bens de consumo não duráveis.
Segundo Galvão e Vergolino (2004), as relações de comércio do Brasil com o exterior,
o país, e a região Nordeste ainda mais, registram, nos dias atuais, reduzido coeficiente de
abertura de suas economias ao exterior. O grau de abertura da economia nacional e regional,
todavia, era, até a primeira metade do século passado, muito mais elevado. A relativamente
drástica introversão, ainda conforme Galvão e Vergolino (2004), que ocorreu na economia do
país – é revelada pelo fato de que a relação exportações / PIB chegou a alcançar um valor
próximo dos 25%, por volta dos anos de 1930, em contraste com menos de 10% observado no
início do novo milênio.
Nesse contexto, verifica-se que o Brasil e, principalmente a região Nordeste, ainda
precisa melhorar o seu desempenho enquanto proponente exportador.
Vale salientar que, nas últimas quatro décadas, o governo brasileiro, na busca por
elevação do percentual de participação no comércio internacional, estabeleceu um conjunto de
ações e medidas voltadas para tal objetivo, dentre as quais destacamos:
• A implantação, a partir da década de 60, de regime especial aduaneiro, contemplando
as seguintes modalidades (REGIMES ADUANEIROS ESPECIAIS, 2008):
1. Admissão Temporária
18
É o regime que permite a importação de bens que devam permanecer no país durante
prazo fixado, com suspensão de tributos, retornando ao exterior, sem sofrer
modificações que lhes confiram nova individualidade;
2. Depósito Aduaneiro de Distribuição - DAD
Permite, mediante termo de responsabilidade, o entrepostamento de mercadorias
estrangeiras importadas sem cobertura cambial e destinadas à exportação, à
reexportação para terceiros países e a despacho para consumo;
3. Depósito Afiançado – DAF
O DAF permite a estocagem, com suspensão do pagamento de impostos, de materiais
importados sem cobertura cambial, destinados à manutenção e ao reparo de
embarcação ou de aeronave pertencentes à empresa autorizada a operar no transporte
comercial internacional;
4. Depósito Alfandegado Certificado – DAC
O regime de DAC permite considerar exportada, para todos os efeitos fiscais,
creditícios e cambiais, a mercadoria nacional depositada em recinto alfandegado,
vendida à pessoa sediada no exterior, mediante contrato de entrega no território
nacional e à ordem do adquirente;
5. Depósito Especial – DE
Permite a estocagem de partes, peças e materiais de reposição ou manutenção, com
suspensão do pagamento de imposto, para veículos, máquinas, equipamentos,
19
aparelhos e instrumentos, estrangeiros, nacionalizados ou não, nos casos definidos
pelo Ministro da Fazenda;
6. Depósito Franco
Permite, em recinto alfandegado, a armazenagem de mercadoria estrangeira para
atender ao fluxo comercial de países limítrofes com terceiros países. O regime de
depósito franco será concedido somente quando autorizado em acordo ou convênio
internacional firmado pelo Brasil;
7. Drawback
O regime aduaneiro especial de drawback consiste na suspensão ou eliminação de
tributos incidentes sobre insumos importados para utilização em produto exportado. O
mecanismo funciona como um incentivo às exportações, pois reduz os custos de
produção de produtos exportáveis;
8. Entreposto Aduaneiro
O regime de entreposto aduaneiro é o que permite, na importação e na exportação, o
depósito de mercadoria, em local determinado, com suspensão do pagamento de
tributos e sob controle fiscal;
9. Entreposto em Plataformas
O regime de entreposto aduaneiro aplicado à construção ou conversão das plataformas
poderá ser aplicado aos materiais, partes, peças e componentes a serem utilizados na
construção ou conversão dos bens, com suspensão dos impostos incidentes na
importação e do IPI;
20
10. Exportação Temporária
É o regime que permite a saída, do país, com suspensão de imposto de exportação, de
mercadoria nacional ou nacionalizada, condicionada à reimportação em prazo
determinado, no mesmo estado em que foi exportada;
11. Linha Azul
O Linha Azul é um regime aduaneiro que, sem comprometer os controles, reduz o
tempo das liberações das mercadorias de empresas que operem no comércio exterior
mediante a racionalização da movimentação da carga, nas operações de importação,
exportação e de trânsito aduaneiro;
12. Loja Franca
Permite a estabelecimento instalado em zona primária de porto ou de aeroporto
alfandegado vender mercadoria nacional ou estrangeira a passageiro em viagem
internacional, contra pagamento em cheque de viagem ou em moeda estrangeira
conversível;
13. Recof
O RECOF é um Regime Especial criado pela Receita Federal que permite, dentre
outras coisas, que os insumos da produção sejam importados com suspensão de II, IPI
e PIS/Cofins. Permite ainda que os insumos adquiridos no mercado interno tenham
suspensão de IPI;
21
14. Recom
O regime aduaneiro especial de importação de insumos, destinados a industrialização
por encomenda de produtos classificados nas posições 8701 a 8705, da Nomenclatura
Comum do Mercosul (RECOM), é o que permite a importação de chassis, carroçarias,
peças, partes, componentes;
15. Repetro
O regime aduaneiro especial de exportação e de importação de bens destinados às
atividades de pesquisa e de lavra das jazidas de petróleo e de gás natural (Repetro),
previsto na Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997;
16. Repex
O regime aduaneiro especial de importação de petróleo bruto e seus derivados (Repex)
é o que permite a importação desses produtos, com suspensão do pagamento de
impostos, para posterior exportação, no mesmo estado em que foram importados;
17. Trânsito Aduaneiro
O regime especial de trânsito aduaneiro é o que permite o transporte de mercadorias,
sob controle aduaneiro, de um ponto a outro do território aduaneiro, com suspensão de
tributos;
• A criação, ainda na década de 60, de uma linha de crédito para capital de giro
(FUNDECE), como medida de suporte ao financiamento do comércio exterior;
• A implantação de uma linha de crédito “pré-embarque” à exportação (FINEX); e
22
• Redução de impostos como o antigo Imposto sobre Circulação de Mercadorias - ICM,
posteriormente substituído pelo Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços -
ICMS e o Imposto sobre produtos industrializados - IPI.
• Surgimento da figura jurídica das Trading Companies, através do Decreto-Lei 1.248,
de 29 de novembro de 1972, posteriormente modificado pelo Decreto-Lei 71.866, de
26 de fevereiro de 1973, e pela Portaria nr. 13 do Ministério da Fazenda, de 14 de
junho de 1973. No Brasil, a legislação das trading companies foi criada pelo governo
de forma objetiva nos moldes da legislação japonesa e americana. Porém
diferentemente dos EUA e Japão, onde a presença de trading company é numerosa e
atua intensamente no desenvolvimento econômico desses países, aqui ela demorou a
deslanchar devido aos erros de conceituação e compreensão de seu papel e não
conseguindo ter uma representatividade expressiva no cenário econômico (GRISI,
2003). As empresas comerciais exportadoras e trading companies são utilizadas como
intermediárias na representação e comercialização de produtos entre Brasil e o
exterior. Elas atuam como consultoras na área de comércio exterior, tanto em relação a
aspectos legais de exportação, quanto nos estudos de mercado, viabilidade econômica
e a inserção de produtos nos diversos mercados internacionais. Essas Empresas podem
servir de canal de acesso das micro e pequenas empresas ao comércio internacional,
principalmente em decorrência destas não possuírem estrutura logística, departamento
capacitado ou até mesmo pela dificuldade ao acesso dos programas de incentivo à
exportação do governo e de iniciativas privadas.
Entre 1995 e 1998, principalmente em decorrência das medidas de política cambial
implementadas, o Brasil experimentou um período de déficits sucessivos na balança
comercial. Segundo Pinheiro (2002), com o objetivo de compensar o viés anti-exportador da
23
política cambial e, por conseguinte, amenizar os resultados negativos da balança comercial, o
país realizou algumas tentativas mais ou menos bem-sucedidas, como a maior desoneração
tributária e a ampliação do crédito às exportações.
Já a partir de 1999, convivendo sob a égide de uma política de câmbio flutuante, o
Brasil começou a apresentar melhores resultados na balança comercial, obtendo o primeiro
superávit em 2001.
O Gráfico 6 mostra a evolução do saldo da balança comercial brasileira de 1999 a
2007.
EVOLUÇÃO DO SALDO DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA
40,046,144,8
33,7
24,8
13,1
2,7-0,8-1,3
-10
0
10
20
30
40
50
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Va
lore
s em
US
$ b
ilhõ
es
Gráfico 6 – BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA - Evolução (1999 a 2007)
Fonte: MDIC (2008) - Elaboração do autor
Na prática, tem-se observado que o Governo Federal está preocupado com o assunto e
tem tomado medidas concretas no sentido de tornar o país uma potência exportadora. Um
exemplo é a criação da Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) que, juntamente com a
Agência de Promoções de Exportações (APEX) e com o Departamento de Promoção
Comercial do Itamaraty, vem tentando fomentar o comércio exterior brasileiro.
24
É importante ressaltar o trabalho realizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social (BNDES), enquanto fonte financeira de recursos federais destinados ao
financiamento do comércio exterior brasileiro, bem como da Associação Brasileira de
Comércio Exterior (ABRACEX), dentre outros.
Nesse contexto, pode-se afirmar que as relações comerciais com o exterior têm
exercido papel preponderante para a expansão da produção e, por conseguinte, para o
crescimento da economia do país.
Através dessa interação com o mercado internacional tornou-se possível absorver
novas culturas, captar novas tecnologias, aprimorar o processo de produção, aumentar a
geração de empregos, enfim melhorar a dinâmica econômica empresarial.
Convicto dessa importância, oportuno se faz refletir sobre que variável pode ser
induzida e até mesmo melhorada com o objetivo de aumentar o nível de integração com o
comércio internacional.
Nesse sentido, destaca-se, dentre as diversas variáveis de suporte à atuação no
segmento em pauta, o papel dos instrumentos de financiamento.
Embora presente sob várias modalidades, sejam elas de origem pública ou privada, os
mecanismos de financiamento de apoio à exportação ainda carecem de mais ampla utilização,
seja através do uso dos diversos tipos disponíveis no mercado, que se concentram,
principalmente, na demanda pelo Adiantamento sobre contratos de Câmbio (ACC) e
Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE), ou mesmo pelo montante financiado
anualmente, ainda distante do valor total contratado a título de exportação.
Fazendo uma correlação direta entre as exportações contratadas, de 2000 a 2007, e os
créditos à exportação concedidos nesse mesmo período, é possível deduzir que existe uma
forte correlação positiva (0,97) entre essas variáveis.
25
O Gráfico 7, a seguir, mostra o montante de exportação contratado anualmente, de
2000 a 2007, e sua relação com os valores alocados a título de créditos à exportação.
EXPORTAÇÕES CONTRATADAS X CRÉDITOS À EXPORTAÇÃO
29,7 26,9 23,5 27,7 32,7 41,2 45,4 51,9
52,9 58,5 60,574,3
94,9
126,0
148,1
190,1
0
50
100
150
200
250
300
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Va
lore
s em
US
$ b
ilhõ
es
EXPORTAÇÕES CONTRATADAS
CRÉDITOS À EXPORTAÇÃO (ACC+ACE+PROEX+BNDES)
Gráfico 7 – EXPORTAÇÕES CONTRATADAS X CRÉDITOS À EXPORTAÇÃO Fonte: BACEN e BNDES (2008) – Elaboração do autor
Diante desse contexto, mostra-se oportuno analisar o que vem determinando a baixa
demanda por recursos disponibilizados, bem como a ausência de demanda por outros
instrumentos de apoio financeiro à exportação diferente do ACC / ACE, principalmente em
relação às empresas exportadoras da região Nordeste do Brasil.
26
1.2 PERGUNTA DE PESQUISA
Até que ponto os mecanismos de financiamento disponibilizados no mercado se
apresentam adequados à necessidade das empresas exportadoras do Nordeste brasileiro?
27
1.3 JUSTIFICATIVA / MOTIVAÇÃO
A justificativa / motivação para a realização do presente trabalho está amparada em
função das diversas tentativas de apoio à expansão da corrente de comércio exterior realizadas
pelo governo federal, principalmente quanto à criação e ajustes de instrumentos de apoio ao
financiamento das empresas exportadoras, perseguindo, principalmente, o aumento na
participação relativa do fluxo comercial do Brasil com o mundo.
Observa-se no mercado, todavia, um verdadeiro desconhecimento e reclamação por
parte da classe empresarial, notadamente daquelas empresas que ainda não experimentaram o
processo de negociação de sua produção e comercialização com o exterior, alegando falta de
informação e orientação precisa, bem como a existência de um elevado nível de burocracia no
processo de apoio à internacionalização das empresas, principalmente quanto ao acesso aos
instrumentos de financiamento.
28
1.4 OBJETIVOS DA PESQUISA
1.4.1 Geral:
• Investigar se os mecanismos de financiamento disponibilizados no mercado
estão atendendo às necessidades das empresas exportadoras do Nordeste
brasileiro.
1.4.2 Específicos:
• Pesquisar o nível de conhecimento sobre os mecanismos de financiamento
existentes e que podem ser utilizados pelas empresas;
• Identificar pontos fortes e fracos, na visão da classe empresarial pesquisada,
sobre os instrumentos de financiamento à exportação;
• Analisar as sugestões de melhoria e de criação de novos instrumentos de
suporte ao comércio exterior que se coadunem com as condições e exigências
impostas pelo mercado atual.
29
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 REGIME CAMBIAL BRASILEIRO
Segundo Marques (2008), do fim da II Guerra Mundial aos últimos anos da década de
oitenta, as regras cambiais obedeceram a duas características básicas: as taxas oficiais de
câmbio eram fixadas pelo governo e a moeda possuía um elevado grau de restrição cambial
(reduzida conversibilidade). Como exceção, ao longo deste período, em 1953, o governo, de
acordo com a Instrução 70 da SUMOC1, distribuía as divisas disponíveis em lotes (alocados
inicialmente em bens de acordo com seu grau de essenciabilidade), sendo a taxa de câmbio
para cada categoria determinada por meio de leilões. Nesse sistema que durou, com algumas
alterações, até 1957, o governo fixava a quantidade de divisas distribuídas, mas não o valor da
moeda estrangeira.
Afora esta exceção, as taxas fixadas eram ajustadas em períodos, que chegaram a ser
longos ou curtos, sendo que, desde 1968 até 1989, o Brasil seguiu uma política cambial de
minidesvalorizações baseada na variação da paridade do poder de compra (PPP), seguindo o
enfoque das metas reais (enfoque pelo qual, mudanças na taxa de câmbio alteram a relação
entre os preços domésticos e os externos, o que afeta a competitividade da economia com o
resto do mundo).
Em 1980, com o intuito de combater a inflação, os reajustes do câmbio passaram a ser
prefixados. No entanto, como a economia permanecia sob um amplo sistema de indexação, a
inflação chegou a alcançar os três dígitos ao ano e os reajustes do câmbio chegaram a ser
diários, apesar de sempre fixados pelo governo e não pelo mercado.
1 SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito, órgão que foi sucedido pelo Banco Central do Brasil em termos de finalidade.
30
O regime cambial adotado, mesmo com essa periodicidade, continuou mais próximo
do conceito de taxa fixa.
A política de minidesvalorizações tinha, basicamente, dois objetivos: um deles era
evitar ataques especulativos contra a moeda nacional e o outro era estabilizar a remuneração
real do setor exportador, auxiliando assim o aumento das exportações. Se por um lado, essa
política foi positiva, pois trouxe maior estabilidade à taxa de câmbio comercial, por outro
lado, as freqüentes minidesvalorizações serviram para desviar a atenção da necessidade de
uma maior desvalorização real diante dos choques externos que o Brasil sofreu na década de
70 e 80.
A última medida de restrição cambial, anterior à abertura do mercado, deu-se em 89.
O governo, frente ao agravamento da tendência declinante do fluxo de crédito oficial e
privado, chegando este se tornar negativo, e devido às exíguas chances, para não se dizer
nulas, de se conseguir reverter este quadro por meio de políticas econômicas, optou pela
moratória não declarada. Estabeleceu restrições aos pagamentos ao exterior, ou seja, uma
centralização cambial, conseguindo com isto, reter o esvaziamento das reservas
internacionais.
Em março de 1990, no início do governo Collor, foi adotado o regime de câmbio
flutuante e uma retenção de haveres em moeda local que restringia a demanda em divisas
externas. Tal sistema estabelecia que era papel das Instituições Financeiras e das Corretoras
determinar, diariamente, o preço do dólar no mercado, através da realização de operações de
compra e venda de moeda estrangeira.
O Banco Central do Brasil (BACEN) que tinha a obrigação de comprar e vender
moeda estrangeira a uma taxa anunciada pela política das minidesvalorizações, passaria a
intervir somente quando os objetivos traçados, em relação às reservas e à base monetária,
tornavam isto necessário. No entanto, apesar de o regime adotado pretender altas
31
conversibilidade e flutuação cambial, na prática, somente a crescente conversibilidade da
moeda nacional se verificou.
Em relação à flutuação cambial propriamente dita, com o Banco Central intervindo
aos poucos nos segmentos oficiais do mercado (flutuante e turismo), o regime foi caminhando
progressivamente na direção da flutuação suja2, e finalmente, no fim de 1991, retornou ao
regime de câmbio fixo.
Portanto, o mercado, que vinha variando o câmbio baseando-se quase que totalmente
na perspectiva de inflação para o mês, voltou a sofrer intervenções por parte do BACEN,
retornando a taxa de câmbio a apresentar uma depreciação real, de forma a reverter a
tendência de queda das exportações e aliviar a crise de liquidez da economia.
No que tange à conversibilidade da moeda, cabe destacar que nessa época garantiu-se
a plena transitividade entre as moedas nacional e estrangeira, aumentando-se a
conversibilidade interna, ao possibilitar sua retenção como ativo de reserva (criação de
alternativas de aplicação em ativos financeiros externos ou indexados em dólar), e a
conversibilidade externa, permitindo a um público mais amplo a utilização de moeda
estrangeira para pagamentos e remessas ao exterior.
Outro ponto importante no processo foi a diferença existente entre as cotações no
mercado oficial e paralelo que chegou a ser, de meados dos anos 60 ao final de 88, por vezes
mais de 100 %. A partir de 1989, introduziu-se um terceiro segmento no mercado de câmbio
brasileiro, de forma a abrigar transações em moeda estrangeira para fins de turismo. Como
este novo segmento era dotado de cotações flexíveis, capazes de se adaptar às mudanças na
escassez relativa de divisas, ele passou a concorrer com o mercado paralelo na compra dos
saldos em moeda estrangeira não alocados no segmento "comercial" ou "livre".
2 Flutuação suja é um conceito econômico estabelecido para regime cambial que tem como base a flutuação das taxas de câmbio em função do mercado, com intervenções extras do BACEN.
32
Assim sendo, a partir dessa época, um aumento da procura por moedas passou a gerar
um aumento das cotações flutuantes e não mais uma redução nas reservas. Somando-se à
criação deste novo segmento, a transferência para o mercado (intermediários financeiros) da
responsabilidade pela determinação das taxas de câmbio e pela conciliação entre demanda e
oferta de divisas, o mercado de câmbio comercial tornou-se mais sensível às taxas de juros, à
instabilidade da política doméstica, sobretudo ao balanço de pagamentos, e às expectativas de
desvalorização do câmbio.
Em 1990, após a redução da liquidez geral da economia, os segmentos turismo e
paralelo começaram a se aproximar do comercial não tendo, a partir desse momento, voltado
a apresentar um ágio com percentuais elevados. No início, o Banco Central procurou intervir
indiretamente no mercado paralelo, por meio da venda de outros ativos, mais precisamente o
¨ouro¨, mas, a partir de 1992, o BACEN passou a poder controlar o distanciamento das
cotações entre paralelo e comercial, negociando divisas diretamente no mercado flutuante.
Essa unificação cambial foi perseguida com a finalidade de mais tarde ser utilizada
como um indexador confiável, ou seja, como uma âncora para a estabilização.
Cabe lembrar, entretanto, que, apesar da quantia transacionada no mercado paralelo
não ser de fato relevante, o distanciamento entre o flutuante e o paralelo foi prejudicial à
condução de políticas econômicas, pois o elevado ágio estimulava a fraude cambial, além de
funcionar como um termômetro das expectativas de flutuação da taxa de câmbio oficial.
Após essa rápida passagem pelo sistema de taxas de câmbio flutuante, o governo
retorna à política de taxas de câmbio fixo, monitorando a evolução da taxa de câmbio em
linha com a inflação por meio de leilões periódicos. Essa política, alinhada conjuntamente
com o aumento da conversibilidade da moeda nacional, taxas de juros elevadas e políticas de
incentivo à entrada de recursos externos, tornou possível um enorme afluxo de recursos
externos e, conseqüentemente, um fortalecimento das reservas internacionais do país.
33
O aumento do ingresso de recursos externos ocorreu apesar do pequeno volume de
financiamentos de organismos multilaterais e agências governamentais, concentrando-se
basicamente em recursos privados.
Com a abertura da economia ao mercado financeiro internacional, a adoção de uma
política de câmbio fixa perseguindo metas reais, as taxas de juros domésticas deveriam se
igualar às externas, acrescidas da expectativa de desvalorização cambial e do risco de
inadimplência. A partir de 1991, com a queda do "risco Brasil" a diferença entre a taxa de
juros doméstica e externa funcionou como um indutor do fluxo de capital externo para o
Brasil. Cabe destacar, no entanto, que essa política de manutenção do câmbio a níveis reais,
tornou a moeda endógena e, praticamente, eliminou a prática de uma política monetária ativa
eficiente.
Diante desse grande fluxo de divisas e buscando a estabilidade monetária, o Governo
implantou o Plano Real, a partir de meados de 1994, baseando-se em um regime explícito e
flexível de bandas cambiais.
A combinação de taxa flutuante com juros elevados, utilizada para fixar as bandas
cambiais, conduziu, contudo, a uma apreciação do câmbio, deteriorando a balança comercial.
Além disto, a política de juros elevados levou a um aumento da dívida interna que, com a
crise financeira asiática e russa, no final de 97 e 98, respectivamente, afetou a confiabilidade
dos investidores externos, ocasionando, então, a perda de reservas da ordem de US$ 40
bilhões.
Segundo Souza e Hoff (2006) em janeiro de 1999, sob pressão de uma violenta crise
cambial, o governo brasileiro adotou o regime de câmbio flutuante. Seis meses depois, com a
implantação do sistema de metas inflacionárias, completava-se o desenho de um novo modelo
de política macroeconômica, que comportava também a geração de elevados superávits
primários nas contas públicas.
34
Nesse novo arranjo, a taxa de juros básica da economia seria o principal instrumento
para atingir a meta inflacionária, enquanto à taxa de câmbio (flutuante) ficaria reservado o
papel de promover o ajuste do balanço de pagamentos.
Desde então, sucederam-se fases de estabilidade cambial e de grande volatilidade e
desalinhamento da taxa de câmbio. Tendo resistido bem às fases de estresse, o novo regime
cambial passou a desfrutar de aceitação ampla entre economistas e governo.
Atualmente, o Sistema Cambial Brasileiro, controlado pelo Banco Central do Brasil
(BACEN), compreende dois mercados de câmbio distintos e com áreas de atuação
diferenciadas: o mercado de câmbio comercial e o mercado de câmbio turismo. Há, ainda, um
terceiro modo previsto pela regulamentação vigente para a realização de transferências de
recursos do e para o exterior, constituído pelas transferências internacionais de reais.
O mercado de câmbio comercial é reservado basicamente para transações relacionadas
ao comércio (importação e exportação), investimentos em moeda estrangeira no Brasil,
empréstimos em moeda estrangeira a residentes no país e para algumas outras transações
envolvendo remessas de valores para o exterior que esteja sujeita à aprovação preliminar das
autoridades monetárias.
O mercado de câmbio turismo foi inicialmente concebido para a indústria do turismo e
posteriormente expandido para cobrir algumas outras transações. Nesse mercado, são
realizadas as operações que não encontram previsão na regulamentação do mercado de
câmbio de taxas livres, como, por exemplo, transferências para pagamentos de serviços
prestados no exterior e aquisição de imóveis no Brasil por não-residentes. Há também tipos de
transferência com características bastante genéricas, como as "constituições de
disponibilidades de recursos no país", que podem ser realizadas no mercado de câmbio de
taxas flutuantes. Para a maior parte das operações realizadas nesse mercado, para ingresso de
35
recursos de não-residentes no país, não há possibilidade de registro do capital estrangeiro
junto ao Banco Central do Brasil (BACEN).
A principal distinção entre ambos é que o mercado de câmbio comercial / financeiro,
via de regra, está restrito a transações que em certos casos requerem aprovação preliminar das
autoridades monetárias, enquanto o mercado de câmbio de turismo está aberto a transações
que não requerem qualquer aprovação preliminar das autoridades monetárias brasileiras.
Com a implantação do sistema eletrônico de registro das operações, do Banco Central
do Brasil (BACEN), houve uma inovação na regulamentação cambial e de investimento
estrangeiro, pois o sistema permite que a maior parte das operações de investimento
estrangeiro (capital e / ou dívida), realizada no mercado de câmbio de taxas livres, seja
registrada via Internet, dispensando o procedimento de autorização prévia, requerido em
algumas operações.
Por fim, há as transferências internacionais de reais, que são concretizadas sem que
haja necessidade de realização de uma operação de câmbio. O instrumento utilizado em tais
transferências são as contas em reais de titularidade de não-residentes (as antigas contas "CC-
5") - contas bancárias mantidas em instituições financeiras no país, por não-residentes. Os
créditos ou débitos nelas realizados são entendidos, respectivamente, como entradas ou saídas
de recursos do país.
36
2.2 ENTENDENDO OS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO
Os mecanismos de financiamento à exportação são instrumentos de apoio financeiro
disponibilizados no mercado por Instituições financeiras para atendimento às empresas
exportadoras.
Com o objetivo de ampliar a base exportadora, são ofertadas linhas de financiamento
especificamente destinadas a propiciar recursos aos exportadores para a produção (fase pré-
embarque) e a comercialização (fase pós-embarque) de seus produtos destinados ao exterior
(UNIFAE, 2008).
Ainda conforme a UniFAE (2008), por meio de mecanismos de financiamentos,
proporciona-se ao produto a ser exportado melhores condições de competitividade na
comercialização com o exterior. Portanto, antes de começar a exportar, é importante prevenir-
se com informações cuidadosas acerca dos mecanismos de financiamento disponíveis.
Descreve Veiga (2000), que o estudo elaborado em 2000 sobre o sistema de
financiamento às exportações no Brasil, corrobora com boa parte de outro estudo realizado
em 1986, que diagnosticava os seguintes pontos:
• Há concentração de recursos de financiamento em um pequeno grupo de
empresas exportadoras, em poucos setores e nos produtos destinados aos
mercados latino-americanos, em que pese a remontagem do sistema, nos anos
90, ter ocorrido com uma crescente dispersão setorial;
• Há problema no que diz respeito à provisão de garantias, comprometendo o
financiamento do pré-embarque, mesmo tendo sido criado com esse objetivo o
Fundo de Garantia das Exportações;
37
• Tem havido perda de importância dos recursos orçamentários como fonte das
linhas públicas de financiamento, em particular nos anos recentes, com cortes
orçamentários;
• Há superposição dos mecanismos de financiamento – BNDES – Exim para
pós-embarque, Proex-equalização, ACC/ACE;
• Há concentração da oferta de crédito privado em linhas de prazo mais curto.
No que se refere aos mecanismos com recursos públicos, o principal problema
– tanto nos instrumentos de financiamento quanto no de garantia – é a
dificuldade em atingir as empresas de menor porte, e, portanto, ampliar o
próprio setor exportador.
Ainda sobre o tema, comenta Iglesias (2002) que o sistema público de financiamento à
exportação conta, agora, com mecanismos de crédito ao exportador (nas modalidades pré e
pós-embarque) e ao importador (buyer’s credit), com um mecanismo de equalização de taxas
de juros – aplicável inclusive aos instrumentos oficiais de crédito – e com um sistema de
garantia de crédito voltado para as operações de pós-embarque (seguro de crédito) e de pré-
embarque, no caso das empresas de menor porte (Fundo de Aval). Como a principal linha
privada de crédito (ACC / ACE) mantém-se como a principal fonte de recursos para os
exportadores brasileiros e novas modalidades de financiamento privado têm apresentado
crescimento expressivo – é o caso do pré-pagamento – tem-se, pelo menos em tese, um
quadro caracterizado pela oferta de um amplo leque de mecanismos de apoio financeiro às
exportações e, à exceção do Proex – que depende de recursos orçamentários – pela
disponibilidade de recursos para atender à demanda dos exportadores.
Apesar de depender fundamentalmente das expectativas sobre o comportamento futuro
do mercado, a decisão de produzir e investir deve considerar as condições factíveis de
38
financiamento. A existência de formas acessíveis de financiamento pode não ser suficiente
para induzir o investimento, mas é condição necessária (CATERMOL, 2006).
Se uma empresa tem um produto de boa qualidade, semelhante aos melhores do
mundo, mas não consegue ser competitiva, uma das razões pode estar no financiamento.
Muitas vezes, a decisão de compra de um bem ou serviço pode ser determinada pelas
condições de pagamento (EXPORTADOR, 2008).
A dificuldade na obtenção de financiamento para as exportações é um dos principais
problemas enfrentados pelas empresas brasileiras. Apesar dos esforços recentes do governo, o
acesso ao crédito continua limitado a um número reduzido de empresas, sobretudo às de
grande porte. Os instrumentos de crédito mais utilizados são mecanismos privados -
Adiantamento sobre Contrato de Câmbio e sobre Cambiais Entregue (ACC / ACE) –,
enquanto as linhas oficiais de financiamento continuam sendo pouco utilizadas em razão da
falta de conhecimento, da dificuldade em acessá-las e da quantidade limitada de recursos
(COMÉRCIO EXTERIOR, 2008)
.
39
2.3 MECANISMOS DE FINANCIAMENTO ÀS EXPORTAÇÕES DISPONÍVEIS NO MERCADO
Com o objetivo de tornar mais claro o aspecto conceitual sobre mecanismos de apoio
ao financiamento do comércio exterior, destaca-se que, em relação à exportação, é possível
conceder o financiamento na fase de produção da mercadoria, comumente denominado de
crédito pré-embarque ou após o seu embarque, conhecido como crédito pós-embarque.
Geralmente, os financiamentos são intermediados por Instituições financeiras autorizadas pelo
Banco Central do Brasil a operar em operações de comércio exterior. O prazo de pagamento
da exportação de bens compreende, na maioria das vezes, o espaço de tempo entre a data de
embarque da mercadoria e a data de vencimento da última parcela do pagamento. Nas
exportações financiadas, os exportadores e os agentes financeiros devem obter, da parte dos
importadores, garantias que assegurem a entrada no país do valor em moeda estrangeira da
exportação e dos encargos incidentes no financiamento. Toda exportação financiada acarreta
cobrança de juros. Usualmente, os juros são cobrados com base na taxa Libor (London
Interbank Offered rate - taxa interbancária de Londres). A amortização da exportação
financiada se dá pelo pagamento do principal e dos juros em parcelas iguais e consecutivas,
sempre com a mesma periodicidade. A carência (vencimento da primeira parcela),
geralmente, é limitada a 180 dias a partir da data de embarque do produto.
Existe uma série de alternativas de financiamentos à exportação, que se diferenciam na
forma e no prazo. Podem agrupá-las em:
• Operações de adiantamento de recursos, antes ou após o embarque das
mercadorias. As de antes do embarque são: Adiantamento de Contratos de
Câmbio (ACC), Câmbio Travado, BNDES - Pré-embarque, Pré-pagamento
40
(pagamento antecipado). As de após o embarque são: Adiantamento de
Cambiais Entregues (ACE), BNDES - Pós-Embarque e Proex;
• Operações de Desconto de Cambiais já aceitas pelo importador –
Supplier´s Credit, Buyer´s Credit, Forfaiting e Factoring; e
• Operações de financiamento com títulos de emissão do exportador –
Export Notes, Debêntures Cambiais, Descontos de Warrants e
Securitização de Exportações.
A seguir, faz-se uma breve descrição dos mecanismos de financiamento à exportação
disponíveis no mercado financeiro:
Adiantamentos sobre Contratos de Câmbio (ACC) / Adiantamento sobre Cambiais
Entregue (ACE)
O adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC) consiste na antecipação à empresa
exportadora, antes do embarque da mercadoria para o exterior, do valor equivalente em
moeda nacional gerado pelo fechamento do contrato de câmbio de exportação, em que o
pagamento da operação por parte do importador irá ocorrer no futuro, dentro de prazos
definidos pela legislação vigente. Para concretização desta modalidade de financiamento,
serão utilizados, exclusivamente, recursos privados captados no exterior pelo banco
financiador, através de suas linhas de crédito internacional (CASTRO, 2001).
O adiantamento sobre cambiais entregue (ACE) tem por diferença básica do ACC o
fato de aquele tratar única e exclusivamente do período pós-embarque, ou seja, consiste na
antecipação à empresa exportadora, após o embarque da mercadoria para o exterior e antes do
pagamento da operação pelo importador, do valor em moeda nacional gerado com o
41
fechamento do contrato de câmbio. Seu prazo pode chegar no máximo a 195 dias - 15 dias de
trânsito dos documentos para o exterior e 180 para pagamento das divisas devidas -
(AMARAL e COUTINHO, 2004).
Os beneficiários dos financiamentos de ACC ou ACE são todas as entidades
(empresas, trading companies, comerciais exportadoras, consórcios, cooperativas, etc.) que
vendem mercadoria para o exterior e realizam fechamento de contrato de câmbio de
exportação (CASTRO, 2001).
Segundo Amaral e Coutinho (2004), o Banco Central do Brasil (BACEN), permite no
caso do ACC, que o exportador receba o adiantamento com o prazo de até 360 dias de
antecedência ao embarque das mercadorias para o exterior. Todavia, se considerado o período
pós-embarque, esse prazo pode chegar a 555 dias. 3
As taxas dessas operações variam em função do risco de crédito da empresa
exportadora, do valor da operação, do prazo previsto para embarque, da situação político-
econômica do país de destino, das flutuações nas taxas internacionais, da modalidade de
pagamento utilizada, etc., situando-se na faixa da LIBOR (taxa referencial em Londres) ou
PRIME RATE (taxa referencial em Nova Iorque) mais o spread do banco local (VASQUEZ,
2004).
Essa modalidade de financiamento abrange como regra geral, todos os produtos
exportados, e permite a antecipação de até 100% do valor fechado no contrato de câmbio, seja
ele negociado sobre qualquer INCOTERM. Outra característica importante do ACC / ACE é
o fato de ele poder ser liberado independente do índice de nacionalização do produto a ser
exportado, assim como, da existência ou não de comissão do agente (CASTRO, 2001).
Os financiamentos ACC / ACE são intransferíveis, isto é, o banco que conceder o crédito não
3 360 dias para entrega dos documentos de embarque, contados da data da celebração do contrato de câmbio; 180 dias para pagamento das divisas no exterior, contados da data do embarque das mercadorias; e 15 dias relativos ao período de trânsito, necessário para remessa dos documentos de embarque ao exterior e/ou à recepção do aviso de pagamento ou de crédito do valor da exportação no exterior.
42
poderá negociá-lo posteriormente, ficando, portanto, os recursos indisponíveis para outro fim
até o vencimento da operação (HARTUNG, 2002).
Com relação às garantias exigidas nesse tipo de financiamento, de acordo com Castro
(2001), o próprio contrato de câmbio, por ser um título de crédito pode-se constituir de
garantia da operação de antecipação de receitas via ACC / ACE. Todavia, normalmente os
bancos exigem alguma outra garantia (duplicatas, imóveis, avais, fianças, etc.),
principalmente quando se trata de ACC, já que o embarque da mercadoria ainda não ocorreu.
Outro ponto interessante do ACC é o fato de a empresa exportadora poder realizar
uma operação de performance, ou seja, a empresa exportadora vai repassar para uma outra
empresa a obrigação de embarcar a mercadoria, e por sua vez o ônus sobre o pagamento das
penalidades caso o embarque não ocorra.
Pré-pagamento (Pagamento antecipado)
O pagamento antecipado de exportação consiste na aplicação ou recebimento de
moeda estrangeira antes do embarque da mercadoria. Nessa modalidade, o importador assume
o papel de financiador da produção, uma vez que é ele quem vai disponibilizar os recursos
demandados pelo exportador.
Proger Exportação – Caixa
Segundo o site (CAIXA.GOV.BR), o PROGER Exportação é uma linha de crédito
cujo objetivo é financiar capital de giro a micro e pequenas empresas exportadoras. Os
recursos utilizados no PROGER provêm do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e
destinam-se a empresas legalmente estabelecidas e com faturamento anual de até R$
5.000.000,00, cooperativas e associações de produção. A presente linha tem os seguintes
objetivos:
43
1. Financiar capital de giro a empresas exportadoras em atividades diretamente
envolvidas com a promoção da exportação, como participação em eventos comerciais,
remessa de mostruários ou material promocional;
2. Para empresas participantes das ações de promoção à exportação financiadas nesta
modalidade de crédito; ou
3. Para os produtos agrícolas ou de origem animal, o financiamento é destinado
exclusivamente às atividades de beneficiamento do produto, nunca à sua produção.
Proger Exportação – Banco do Brasil S/A
Conforme o site (BB.COM.BR), essa modalidade de financiamento, com recursos do
Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) , tem como finalidade adiantar recursos a empresas
exportadoras para financiar:
1. Despesas diretamente ligadas à promoção de exportação, no Brasil e no exterior;
2. Produção de bens constantes da Carta-circular BNDES nº 73, de 27.12.2005
(modalidade pré-embarque).
São beneficiárias dessa linha de financiamento as Empresas exportadoras brasileiras,
com faturamento bruto anual de até R$ 5 milhões. O adiantamento será fornecido em moeda
nacional, com valor – por operação – limitado a R$ 250.000,00, e prazo de até doze meses,
com carência de até seis meses.
Cresce Nordeste Exportação - BNB
Segundo o site (BNB.GOV.BR), esse mecanismo de financiamento, cujos recursos são
oriundos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), tem como objetivo
prover suporte financeiro à exportação. A sua finalidade é financiar a aquisição isolada de:
44
1. Matérias-primas e insumos utilizados no processo produtivo de indústrias e
agroindústrias;
2. Mercadorias para constituição de estoques de empresas comerciais;
3. Insumos utilizados por empresas de prestação de serviços.
As Empresas exportadoras industriais, agroindustriais, comerciais e de prestação de
serviços, de qualquer porte, localizadas dentro da área de atuação do Banco do Nordeste, são
público alvo para essa modalidade de crédito.
O Financiamento terá prazo de liquidação de até 18 meses, admitindo-se a
amortização parcial ou total antes do vencimento.
A classificação das Empresas Exportadoras quanto ao Porte para essa Linha de Crédito
está assim estabelecida:
Para as empresas Industriais / Agroindustriais (Porte x Receita Bruta Anual):
• Micro-empresa: faturamento igual ou inferior a R$ 720.440,00;
• Pequena-empresa: faturamento entre R$ 720.440,00 e R$ 6.303.850,00;
• Média-empresa: faturamento entre R$ 6.303.850,00 e R$ 35.000.000,00; e
• Grande-empresa: faturamento acima de R$ 35.000.000,00
Para as empresas Comerciais e de Serviços (Porte x Receita Bruta Anual):
• Micro-empresa: faturamento igual ou inferior a R$ 360.220,00;
• Pequena-empresa: faturamento entre R$ 360.220,00 e R$ 2.701.650,00;
• Média-empresa: faturamento entre R$ 2.701.650,00 e R$ 35.000.000,00; e
• Grande-empresa: faturamento acima de R$ 35.000.000,00
Para essa modalidade de operação, as taxas de juros e bônus de adimplência são:
45
• Micro-empresa: 6,75% a.a.;
• Pequena-empresa: 8,25% a.a.;
• Média-empresa: 9,50% a.a.; e
• Grande-empresa: 10% a.a.
Os bônus de adimplência, de 25% na região semi-árida e de 15% fora do semi-árido,
são concedidos sobre os encargos financeiros, desde que a parcela da dívida seja paga até a
data do respectivo vencimento. O limite de financiamento estabelecido para essa operação de
crédito depende do porte do proponente e da localização ou dinamicidade econômica do(s)
município(s) do(s) proponente(s) onde serão alocados os recursos, a saber:
• Micro-empresa: Até R$ 120 mil (semi-árido ou baixa renda) e até R$ 90 mil (outros
municípios);
• Pequena-empresa: Até R$ 1 milhão (semi-árido ou baixa renda) e até R$ 750 mil
(outros municípios);
• Média-empresa: Até 3.500 mil (semi-árido ou baixa renda) e até R$ 2.625 mil (outros
municípios); e
• Grande-empresa: Até R$ 5.000 mil (semi-árido ou baixa renda) e até R$ 3.750 mil
(outros municípios).
O desembolso será realizado de uma única vez, na data da concessão do crédito. A
comprovação da aplicação do crédito é feita na data da amortização parcial ou total, mediante
apresentação à Agência de Contrato de Câmbio de Exportação, celebrado para liquidação
pronta, contendo no campo "Outras Especificações" o seguinte teor: “Os bens e serviços
objeto da exportação de que trata este contrato foram financiados pelo Programa Nordeste
Exportação, do Banco do Nordeste”.
46
.Proex
O Proex foi criado em junho de 1991 pela Lei nº. 8187 com o objetivo de
proporcionar às exportações brasileiras condições de financiamento equivalentes às do
mercado internacional, nas modalidades financiamento e equalização. Este programa financia
não só o exportador, mas também o importador de produtos brasileiros, abrangendo produtos
manufaturados em geral, semi-manufaturados e serviços em geral, estabelecidos pela portaria
do MDIC 58, de 10.04.02 (AMARAL e COUTINHO, 2004).
Com relação à sua operacionalização e à origem dos recursos, este programa é
conduzido exclusivamente pelo Banco do Brasil, sendo os recursos no caso do PROEX
financiamento, provenientes do tesouro Nacional, devendo estes estar previstos no Orçamento
da União; no caso da equalização, os recursos são concedidos por instituições financeiras
nacionais ou internacionais, sendo, contudo, realizada exclusivamente em moeda estrangeira.
Linhas do BNDES
Em 1991, o BNDES criou o Finamex que, desde então, passou por várias
modificações, como ampliação da abrangência setorial, mudança de nomes e o aumento do
número de modalidades, totalizando atualmente 5 linhas, a saber: BNDES pré-embarque,
BNDES pré-embarque ágil, BNDES pré-embarque especial, BNDES pré-embarque empresa
âncora e, BNDES pós-embarque. De modo geral, essas modalidades visam fornecer melhores
condições, através do acesso a linhas de financiamento equivalente àquelas praticadas no
mercado internacional, no intuito de que os exportadores brasileiros tenham condição de
competir em igualdade de condições com o mercado mundial.
A taxa de juros é composta por: custo financeiro acrescido da remuneração do
BNDES, mais a remuneração da instituição financeira credenciada, sendo essa taxa variável,
47
uma vez que os itens que a compõe variam de acordo com o tipo de empresa e, ainda, com
relação à linha do BNDES na qual se está trabalhando.
BNDES – Pré-embarque tradicional
Trata-se de financiamento ao exportador, na fase pré-embarque, da produção destinada
à exportação de bens e serviços. As operações serão realizadas por intermédio de instituições
financeiras credenciadas.
Poderão beneficiar-se dessa modalidade de financiamento, as empresas exportadoras,
de qualquer porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no
país, inclusive trading company ou empresa comercial exportadora (que deverão transferir os
recursos diretamente às produtoras dos bens objeto do financiamento).
A participação do BNDES será de até cem por cento do valor no Incoterm FOB (Free
on Board), excluídos, além do frete e do seguro internacional, a comissão de agente comercial
e adiantamentos financeiros de qualquer natureza (inclusive pré-pagamentos).
O prazo total de financiamento será de até dezoito meses, não podendo o último
embarque ultrapassar o prazo de doze meses, exceção feita a alguns bens para os quais, a
critério do BNDES, poderá ser estendido a trinta e vinte e quatro meses, respectivamente,
mediante Consulta Prévia ao BNDES.
Será exigido o pagamento antecipado da dívida, total ou parcial, caso ocorra, pelo
menos, uma das hipóteses abaixo mencionadas, relativamente às exportações financiadas com
base nesta Linha:
• Adiantamento financeiro de qualquer natureza, incluindo o Adiantamento de Contrato
de Câmbio (ACC), vinculado à exportação dos bens financiados;
• Refinanciamento, no mercado interno ou externo, dos títulos ou documentos
representativos da parcela da exportação financiada; ou
48
• Liberação de recursos no âmbito da Linha de Financiamento BNDES-exim pós
embarque referente aos bens financiados com base nesta linha.
As exportações serão comprovadas mediante o encaminhamento, pelo Agente
Financeiro, até trinta dias após a data prevista para liquidação financeira do Contrato de
Financiamento, de cópias de documentos específicos.
BNDES – Pré-embarque ágil
Trata-se de financiamento ao exportador, na fase pré-embarque, da produção destinada
à exportação de bens, associada a um Compromisso de Exportação. As operações serão
realizadas através de instituições financeiras credenciadas.
Serão beneficiárias dessa modalidade de operação, as Empresas exportadoras, de
qualquer porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país,
excluídas trading company e empresa comercial exportadora.
O nível de participação de financiamento do BNDES será de até trinta por cento do
valor do Compromisso de Exportação.
O prazo total de financiamento será de até dezoito meses, não podendo o último
embarque ultrapassar o prazo de doze meses.
O período do Compromisso de Exportação será de seis a doze meses, a contar do
primeiro dia do segundo mês subseqüente ao da aprovação pelo BNDES. A comprovação do
cumprimento do Compromisso de Exportação será disponibilizada pela Secretaria de
Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC).
Sua grande vantagem reside na dispensa do envio de documentos comprobatórios,
como ocorre nas linhas convencionais.
49
BNDES – Pré-embarque especial
Trata-se de financiamento ao exportador, na fase pré-embarque, da produção destinada
à exportação de bens, visando ao incremento das exportações brasileiras. As operações serão
realizadas através das instituições financeiras credenciadas. Serão beneficiárias dessa
modalidade de operação, as Empresas exportadoras, de qualquer porte, constituídas sob as leis
brasileiras e que tenham sede e administração no país, excluídas trading company e empresa
comercial exportadora.
O nível de participação do BNDES no financiamento do incremento das exportações
previsto para um período de doze meses (período de incremento), tomando-se por base o total
das exportações realizadas nos doze meses imediatamente anteriores, ou a média anual das
exportações realizadas nos vinte e quatro ou trinta e seis meses imediatamente anteriores
(período-base), será de até cem por cento, independentemente do porte da beneficiária e dos
bens elegíveis.
O não cumprimento integral ou parcial do incremento de exportação implicará o
reprocessamento dos encargos devidos sobre a parcela não cumprida, de acordo com tabela
específica do BNDES.
O prazo total de financiamento será de até dezoito meses para as micro, pequenas e
médias empresas, e de até quinze meses para grandes empresas, podendo ser estendido para
trinta meses, no caso de cumprimento integral ou parcial do incremento de exportação.
BNDES – Pré-embarque empresa âncora
Trata-se de financiamento, na fase pré-embarque, da comercialização de bens
produzidos por micro, pequenas e médias empresas, através de empresa exportadora (empresa
âncora). As operações serão realizadas por intermédio de instituições financeiras
credenciadas. São consideradas empresas âncora aquelas que viabilizem a exportação
50
indireta de bens produzidos por micro, pequenas ou médias empresas. Podem ser enquadradas
nesta modalidade como empresas âncora, a critério do BNDES, trading companies,
comerciais exportadoras ou demais empresas exportadoras que participem da cadeia produtiva
e que adquiram a produção de determinado conjunto significativo de micro, pequenas ou
médias empresas visando a sua exportação.
Pode ser financiado até cem por cento do valor FOB, excluídos, além do frete e do
seguro internacionais, a comissão de agente comercial e adiantamentos financeiros de
qualquer natureza (inclusive pré-pagamentos).
O prazo total de financiamento será de até dezoito meses, não podendo o último
embarque ultrapassar o prazo de doze meses e a liquidação da operação, seis meses
BNDES – Pós-embarque
Trata-se de refinanciamento aos clientes no exterior quando da aquisição, pelos
mesmos, de bens e/ou de serviços, mediante o desconto de títulos de crédito (notas
promissórias ou letras de câmbio) ou a cessão dos direitos creditórios (cartas de crédito)
relativos à exportação. Os bens, cuja comercialização seja financiada, deverão apresentar
índice de nacionalização, em valor, igual ou superior a sessenta por cento, segundo critérios
do BNDES.
Poderão ser beneficiárias dessa modalidade de operação as empresas exportadoras, de
qualquer porte, constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sede e administração no país,
inclusive trading company ou empresa comercial exportadora.
51
Pode ser financiado até cem por cento do valor da exportação, no INCOTERM
constante no Registro de Operações de Crédito (RC), do Sistema Integrado de Comércio
Exterior (SISCOMEX) 4
O prazo total de financiamento será de até doze anos, devendo constar do Registro de
Operações de Crédito (RC), do Sistema Integrado de Comércio Exterior (SISCOMEX).
Buyer’s Credit
É uma modalidade de financiamento às exportações em que o empréstimo é concedido
diretamente ao importador estrangeiro por um banco no exterior. Desse modo, apenas o
importador responsabiliza-se pelo pagamento das cambiais de exportação. Para o exportador,
as operações são à vista, com entrada imediata de divisas para o país exportador.
Supplier’s Credit
Nesta modalidade, o financiamento é concedido por um banco, ao exportador,
mediante o desconto das cambiais representadas pelas vendas a prazo. O exportador continua
responsável perante o banco financiador, que terá direito de regresso em caso do não-
pagamento pelo importador.
Os prazos dessas operações variam de tr inta dias até cinco anos. No comércio
exterior, os créditos com prazo de até cento e oitenta dias são considerados de "curto prazo",
destinando-se aos bens de consumo. Prazos mais longos, de até cinco anos, são destinados às
vendas de bens de produção, como máquinas e equipamentos industriais.
4 O valor a ser liberado será apurado mediante a aplicação da taxa de desconto aos títulos de crédito ou cartas de crédito representativos da exportação (principal e juros) e convertido pela taxa média de compra do dólar comercial americano, divulgada no SISBACEN- Sistema de Informações do Banco Central (transação PTAX-800, opção 5), correspondente ao dia anterior à data de liberação e vigente para o dia da liberação.
52
Desconto a Forfait ou Forfaiting
O forfaiting é um mecanismo de financiamento que consiste na aquisição de cambiais
ou títulos representativos de uma operação, mediante um deságio sobre o valor de face.
Assemelha-se muito a um desconto de um cheque pré-datado, ou de uma nota promissória,
anteriormente ao seu vencimento. Apesar desse instituto não existir no Brasil, ele pode ser
acessado através de agências no exterior de bancos aqui instalados (HARTUNG, 2002).
É oportuno salientar que, para tal mecanismo de financiamento, não existe direito de
regresso sobre o exportador, todavia as taxas desse mecanismo geralmente são mais elevadas
que as demais existentes no mercado, sendo, portanto, um instrumento utilizado geralmente
quando não existem disponíveis outras modalidades mais acessíveis no mercado.
Factoring Internacional
Segundo Lemos Leite (2001) o factoring é, por essência e raízes históricas, um
mecanismo de livre comércio internacional, voltado para as atividades produtivas. Ele pode
ser de importação, quando o devedor é nacional e o aderente é estrangeiro; e de exportação,
quando ocorre o inverso.
Em âmbito global, a operação de factoring prevê a presença de quatro agentes
comerciais no processo: a empresa-cliente-exportadora; a empresa devedora-importadora; a
sociedade de factoring no país e a sociedade de factoring no exterior.
Atualmente, tanto o fluxo de importações quanto o de exportações vem se
fortalecendo, uma vez que expandir a venda de produtos e serviços para novos mercados é,
cada vez mais, uma meta do empresariado. Para os micros e pequenos empreendedores, por
exemplo, o factoring funciona como um incentivo às exportações, visto que possibilita um
maior controle sobre os riscos fiscais próprios de um processo de exportação.
53
Quando se trata de expansão de mercado em proporções internacionais, a
competitividade de preços e pagamento é um grande desafio. É preciso estar preparado para
enfrentar fatores como inadimplência de importadores, cobrança, capital de giro,
contabilização de vendas no exterior, flutuação do câmbio e custos de abertura de cartas de
crédito. O gerenciamento e a garantia do bom funcionamento da operação são administrados
pelo factoring.
Ainda, conforme Lemos Leite (2001), a falta de agilidade para financiar a exportação,
os entraves criados pela burocracia oficial e a sufocante carga tributária são alguns fatores que
retraem o potencial exportador do empresariado brasileiro, principalmente os de pequeno e
médio porte. A atuação no comércio exterior, que poderia ser uma alternativa rentável para
muitos negócios, não acontece, em muitos casos, por defasagens primárias.
Export Notes
A export note é um instrumento de financiamento devidamente regulamentado pelo
Banco Central do Brasil, através da circular 1.846, de 1990, consistindo em operações de
créditos casadas, mais propriamente definidas como cessão de direitos de crédito de
exportação, cujo titular é um exportador brasileiro, para um outro investidor brasileiro que
normalmente possui obrigações futuras em moeda estrangeira. Esses direitos são constituídos
pela venda de mercadorias ou serviços ao exterior (HARTUNG, 2002).
Uma vez acertadas as condições financeiras da operação, o vencimento nunca poderá
ser posterior ao embarque da mercadoria, ou seja, ele obrigatoriamente deve ser até o
momento do embarque da mesma (HARTUNG, 2002).
Ainda, segundo Hartung (2002), este tipo de operação não utiliza recursos de origem
estrangeira, todos os recursos e os intervenientes são nacionais. Outro ponto importante é o
fato de não haver registro no SISBACEN a cada export note realizada.
54
Debêntures Cambiais
São operações realizadas nos moldes das export notes, mas, neste caso, são garantidas
por emissão de debêntures das empresas exportadoras, baseadas na média das exportações
efetuadas ou em receitas da carteira de exportações futuras. Envolvem valores muito
expressivos (mínimo de US$ 1 miIhão) e prazo de três anos.
Descontos de Warrants
São operações de financiamento realizadas através do desconto dos warrants, que são
os Certificados de Depósito de Mercadorias destinadas à exportação, armazenadas nos
recintos alfandegados das companhias de armazéns gerais.
A garantia dos empréstimos é o endosso dos certificados aos bancos financiadores,
que se tornam os legítimos possuidores das mercadorias.
Securitização das exportações
Segundo Castro (2001), a securitização das exportações é o mecanismo criado pela
carta circular nº 1.979, de 26 de junho de 1991, do BACEN, pelo qual o exportador
compromete seu fluxo de exportações para obter financiamento no exterior a baixos custos.
Ainda, de acordo com o autor, o exportador emite um papel, geralmente uma nota de taxa
flutuante (floating rate note) de no mínimo um ano de prazo, para buscar financiamento junto
aos investidores institucionais estrangeiros. Tais papéis estarão garantidos pelo desempenho
do exportador ao longo do tempo.
55
2.4 UTILIZAÇÃO DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO
Conforme explicitado no capítulo anterior, são vários os instrumentos de apoio
financeiro ao comércio exterior disponíveis às empresas exportadoras brasileiras. Entretanto,
observa-se uma concentração no uso de Adiantamentos sobre contratos de câmbio (ACC) e
Adiantamento sobre cambiais entregue (ACE).
Segundo Pereira (2000), entre os mecanismos de financiamento disponíveis aos
exportadores, os mais difundidos são ACC e ACE. Esses mecanismos de financiamento não
são recentes. Foram criados em meados da década de 70, em meio ao esforço exportador
empreendido no período, e vêm sendo amplamente utilizados desde então. Sua criação teve o
objetivo de garantir condições de financiamento mais compatíveis com as existentes no
mercado internacional (PEREIRA, 2000).
O Gráfico 8 mostra a evolução anual dos valores contratados de exportação, no
período de 2000 a 2007, comparada à concessão de créditos à exportação, durante o mesmo
período, envolvendo os mecanismos ACC / ACE e o Proex.
Sobre o assunto, é importante ressaltar que ACC e ACE são recursos privados,
ofertados pelas Instituições Financeiras autorizadas a operar em câmbio, captados através de
linhas externas disponíveis no mercado internacional. Já a modalidade Proex é ofertada pelo
Banco do Brasil, com regra própria, e a sua fonte é o Fundo de Amparo ao Trabalhador
(FAT).
56
EVOLUÇÃO DOS VALORES CONTRATADOS - Exportações X Créditos à exportação por produto
25,4 23,7 20,3 23,5 28,6 35,038,3
46,2
1,2 0,6 0,3 0,2 0,2 0,3 0,7 1,5
52,9 58,560,6 74,3
94,9
126,0
148,1 190,1
0,0
40,0
80,0
120,0
160,0
200,0
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Val
ore
s em
US
$ b
ilhõe
s
ACC + ACE PROEX EXPORTAÇÕES CONTRATADAS
Gráfico 8 – Evolução dos Valores contratados em Exportação Fonte: BACEN, 2008 – elaboração do autor
Ainda sobre linhas de financiamento à exportação, a principal fonte de recursos
pública é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo
informações colhidas do próprio Banco, os desembolsos de recursos para apoio ao segmento
exportador brasileiro atingiram, em 2006, o recorde de US$ 6,4 bilhões, ante US$ 5,9 bilhões
em 2005.
Os recursos destinados às linhas de pré-embarque (tradicional, ágil e especial)
representaram 70,8% do total liberado no âmbito desse programa, ou seja, aproximadamente,
US$ 4,5 bilhões, enquanto os direcionados à linha de pós-embarque, 29,6%,
comparativamente a 54% e 46%, no ano anterior. Saliente-se, ainda, que o crescimento da
demanda nas linhas de pré-embarque foram decorrentes das alterações que tornaram a
modalidade mais ágil e competitiva, com redução de custos administrativos para o exportador.
O Gráfico 9 mostra a evolução dos desembolsos de recursos do BNDES para apoio às
exportações brasileiras, em comparação aos montantes de operações de exportação
contratadas no período de 2000 a 2007.
57
EVOLUÇÃO DAS EXPORTAÇÕES CONTRATADAS X FLUXO DOS DESEMBOLSOS DO BNDES PARA
FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO
52,9 58,5 60,574,3
94,9
126,0148,1
190,1
4,26,45,93,94,03,92,63,1
0
50
100
150
200
2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007
ANO
Valo
res
em
US
$ b
ilhões
BNDES DESEMBOLSOS PARA EXPORTAÇÃO
EXPORTAÇÕES CONTRATADAS
Gráfico 9 – Evolução das exportações contratadas X Desembolsos do BNDES à exportação
Fonte: BNDES, 2008 - elaboração do autor
As informações apresentadas revelam o baixo volume de recursos utilizados pelas
empresas exportadoras brasileiras em relação ao montante exportado. Fica evidente, pois, o
esforço do governo brasileiro no sentido de dar suporte financeiro à atividade com o objetivo
de incrementar os negócios com o exterior. Todavia, é importante investigar se esses
instrumentos de apoio à exportação têm atendido, na prática, as exigências evidenciadas pelos
demandadores externos de nossos produtos e serviços, quanto ao prazo e condições de
pagamento.
Diante desse contexto, é de se presumir que esse hiato entre o montante de operações
contratadas e o volume de exportação realizada, já que não está sendo utilizado por outros
instrumentos de apoio financeiro à exportação, é suportado através do uso de recursos
próprios por parte das empresas, ou mesmo, linhas de crédito domésticas, cujas condições em
relação a prazo e encargos financeiros podem ser consideradas inadequadas ao perfil da
atividade exportadora.
58
2.5 GARANTIAS / SEGUROS DE CRÉDITO COMO LASTRO DOS MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO
As garantias apresentadas pelo financiado são um aspecto relevante quando da
concessão de crédito ao comércio exterior. Muitas operações de crédito, tendo em vista o
risco que representam, só podem ser contratadas com a garantia de até 100% do valor
financiado (NASCIMENTO, 2003).
Ainda no entendimento de Nascimento (2003), ao fazer sua venda externa, o
exportador tem que se proteger do risco de não pagamento por parte do importador. Este risco
é chamado de risco comercial. Existe também o risco de algum governo suspender as
remessas de divisas ao exterior, em decorrência, por exemplo, de moratória declarada,
centralização de câmbio e outras medidas de efeito similar. Este tipo de risco é chamado de
risco soberano, ou político. O pagamento pode ainda não se realizar devido à ocorrência de
terremotos, inundações, furacões e outros fenômenos naturais com conseqüências
catastróficas. A este tipo de risco se dá o nome de extraordinário.
A presença dos riscos acima citados permite a existência de um grande mercado,
privado e público, de garantia aos créditos decorrentes do comércio internacional. Além de
emprestar do mercado interno as figuras do aval e da fiança, o mercado internacional trabalha
com diversos esquemas de garantia, entre os quais destacam-se:
2.5.1 Cartas de Crédito (Pós-embarque)
Este mecanismo funciona com a intermediação de pelo menos duas instituições
financeiras. Uma dessas instituições garante ao exportador que, se este fizer o embarque nas
condições pactuadas, receberá do importador a importância devida. Ao importador é
59
garantido, por outra instituição financeira, que o pagamento só será feito uma vez cumpridos
os termos acertados com o exportador. Esta operação se torna possível tendo em vista a
confiança do exportador e do importador em suas respectivas instituições financeiras de
relacionamento, bem como a confiança mútua entre aquelas instituições. Podem ainda ser
agregadas outras instituições financeiras ao processo, nos papéis de banqueiro garantidor,
avisador, etc.
2.5.2 Fundo de Garantia para a promoção da competitividade (FGPC) - Pré-embarque e Pré-embarque Especial
O Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade (FGPC), criado através da
Lei nº 9.531, de 10.12.97, e regulamentado pelo Decreto nº 3.113, de 6.7.99, tem por objetivo
garantir parte do risco de crédito das instituições financeiras nas operações de micro,
pequenas e médias empresas que venham a utilizar determinadas linhas de financiamento do
BNDES, inclusive as do BNDES - Exim. O Fundo foi criado com recursos do Tesouro
Nacional e é administrado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social -
BNDES. Bancos credenciados pelo BNDES podem contratar operações de financiamento
compartilhando o risco com o FGPC. Isso permite aos bancos solicitar das empresas garantias
menores que as exigidas normalmente. Permite também aumentar o interesse dos bancos nas
suas operações com as pequenas e médias empresas.
60
2.5.3 Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) (Pós-embarque)
O Convênio de Pagamentos e Créditos Recíprocos (CCR) é um instrumento usado nas
transações para países membros da Associação Latino-Americana de Integração (ALADI).
Trata-se de uma espécie de câmara de compensação entre os membros da ALADI. Os valores
de importação e exportação, amparados pelo CCR entre dois países, são acumulados para
compensação futura, fazendo-se, então, o ressarcimento apenas da diferença.
Esse convênio, existente entre países latino americanos, tem como objetivo estimular
suas relações financeiras, expandir o comércio recíproco e sistematizar as consultas mútuas
em matérias monetárias, cambiais e de pagamento.
O CCR pressupõe uma adoção de um sistema de compensação multilateral periódica
de saldos e créditos recíprocos, que proporciona redução expressiva das transferências de
divisas entre os países participantes.
Os Bancos Centrais de cada país membro respondem pelas operações, assegurando aos
demais bancos de seus países – a participação dos bancos é voluntária – o pagamento das
transações conduzidas através deste mecanismo, propiciando:
• Facilidade e garantia de pagamentos de operações comerciais;
• Ampliação das relações entre os sistemas bancários da região;
• Atração de financiamento para o comércio intra-regional;
• Estreitamento das relações econômicas entre países signatários; e
• Estímulo ao desenvolvimento do comércio intra-regional.
Os países integrantes do CCR são os membros da ALADI (Argentina, Bolívia, Brasil,
Chile, Colômbia, Equador, México, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela) mais a República
Dominicana.
61
2.5.4 Seguro de Crédito (Pré e Pós-embarque)
O Seguro de Crédito à Exportação (SCE) é uma garantia aos créditos decorrentes das
vendas externas. É considerado um instrumento de estímulo às exportações, por proteger o
exportador contra o não recebimento dos créditos concedidos aos importadores.
A operacionalização do SCE iniciou-se com a publicação do Decreto nº 2.369, de
10/11/1997 (posteriormente revogado pelo Decreto nº 3.937, de 25/09/2001), o qual
regulamentou a Lei nº 6.704, de 26/10/1979, que dispôs sobre o SCE e a criação de uma
empresa especializada para atuar no ramo.
A partir dessa regulamentação foi constituída a Seguradora Brasileira de Crédito à
Exportação (SBCE), empresa especializada e autorizada a operar somente com o SCE. Um de
seus acionistas é a seguradora estatal francesa de crédito à exportação, a COFACE, maior
seguradora de crédito à exportação do mundo, a qual conta com ampla rede mundial de
recuperação de crédito, o que possibilita à SBCE atuar na recuperação de débitos, sem ônus
para o segurado.
O SCE tem por objetivo segurar as exportações brasileiras de bens e serviços contra os
riscos comerciais, políticos e extraordinários que possam afetar as transações econômicas e
financeiras vinculadas a operações de crédito à exportação. Poderão ser segurados o
exportador e as instituições financeiras que financiarem ou refinanciarem as exportações.
Consideram-se riscos comerciais as situações de insolvência do devedor, assim
caracterizadas:
• Ocorrência de mora, pura e simples, do devedor, por prazo igual ou superior a
180 dias da data da primeira parcela não paga, desde que não provocada por
fatos de natureza política e extraordinária;
62
• Executado o devedor, seus bens revelarem-se insuficientes ou insuscetíveis de
arresto, seqüestro ou penhora;
• Decretada a falência ou a concordata do devedor ou outro ato administrativo
ou judicial de efeito equivalente;
• Celebrado acordo do devedor com o segurado, com anuência da seguradora,
para pagamento com redução do débito.
Os riscos políticos e extraordinários são caracterizados pelas situações nas quais,
isolada ou cumulativamente, ocorram:
• Mora, pura e simples, do devedor público por prazo igual ou superior a 180
dias do vencimento da data da primeira parcela não paga;
• Rescisão arbitrária, pelo devedor público, do contrato garantido;
• Moratória geral decretada pelas autoridades do país do devedor ou de outro
país por intermédio do qual o pagamento deva ser efetuado;
• Qualquer outro ato ou decisão das autoridades de um outro país que impeça a
execução do contrato garantido;
• Decisão do Governo Brasileiro, de governos estrangeiros ou de organismos
internacionais, posterior aos contratos firmados, que resulte na impossibilidade
de se realizar o pagamento pelo devedor;
• Superveniência, fora do Brasil, de guerra, revolução ou motim, de catástrofes
naturais, tais como ciclones, inundações, terremotos, erupções vulcânicas e
maremotos, que impeçam a execução do contrato garantido.
O SCE também poderá cobrir riscos decorrentes das seguintes situações:
63
• Risco de fabricação, definido como a interrupção das obrigações contratuais do
devedor por cento e oitenta dias, durante o período compreendido entre a data
em que os contratos foram firmados e a data em que deveria ser efetivado o
embarque ou finalizadas as obrigações contratuais do segurado;
• Exportação em consignação, feiras, mostras, exposições e similares, quando se
verificar a impossibilidade de fazer retornar as mercadorias não vendidas no
exterior.
A cobertura do SCE incidirá somente sobre as perdas líquidas definitivas do segurado,
no caso de risco de fabricação, não abrangendo os prejuízos decorrentes da não realização de
lucros esperados ou de oscilações de mercado (Observação: A percentagem de cobertura
incide sobre o valor do financiamento da operação, no caso de risco de crédito).
Com o objetivo de atuar no seguro de crédito à exportação (SCE), conforme dispõe o
Decreto no. 3.937, de 25/09/2001, foi criada a Seguradora Brasileira de Crédito à Exportação
S. A. (SBCE) que é uma companhia privada, constituída sob a forma de Sociedade Anônima.
A SBCE funciona como um guichê único do SCE, ou seja, os exportadores devem recorrer
somente à Seguradora para realizar seus contratos.
Constitui-se um investimento conjunto dos seguintes acionistas:
• COFACE – Companhia de Seguro de Crédito à Exportação da França;
• Banco do Brasil S.A.;
• BNDES;
• Bradesco Seguros;
• Sul América Seguros;
• Minas Brasil Seguros;
64
• Unibanco Seguros.
A União, por intermédio da IRB – Brasil Resseguros S.A., concede garantias à SBCE
para o SCE, observadas as normas e os procedimentos pertinentes.
Com o objetivo de dar cobertura às garantias prestadas pela União nas operações de
SCE, a Lei nº 9.818, de 23 de agosto de 1999, criou o Fundo de Garantia à Exportação – FGE
– e o Conselho Diretor do Fundo de Garantia à Exportação – CFGE, que tem por finalidade
regular as atividades de prestação de garantia.
A garantia da União será materializada por meio da assinatura de instrumento de
concessão de garantia entre a SBCE e a União, representada pela IRB.
A participação da União nas perdas líquidas definitivas está limitada a:
• no máximo 90%, no caso de seguro contra risco comercial;
• no máximo 95%, no caso de seguro contra risco político e extraordinário.
O mecanismo de gerenciamento e de operacionalização do SCE, adotado pela SBCE,
visa dar maior agilidade às operações e, para isso, utiliza procedimentos diferenciados para as
operações de curtíssimo prazo e para as demais operações, assim caracterizadas:
I. Operações de curtíssimo prazo - até 180 dias:
• Tipos de operações: negócios correntes, envolvendo produtos básicos,
intermediários e bens de consumo em geral;
• Cobertura de risco: a SBCE emite apólice de cobertura global para a totalidade
dos negócios de exportação a crédito realizada pelo segurado, cabendo à União
conceder à SBCE a garantia do risco político e extraordinário.
65
II. Operações com prazo de pagamento superior a 180 dias:
• Tipos de operações: bens de consumo duráveis e bens de capital (máquinas
e equipamentos leves) – prazo acima de 180 dias e até 2 anos , e bens de
capital (máquinas e equipamentos pesados) – acima de 2 anos;
• Cobertura de risco: as apólices são emitidas pela SBCE, independentemente
do risco, cabendo à União a responsabilidade pela garantia à SBCE da
cobertura dos riscos extraordinário e político, incluídos todos os casos de
compras governamentais, independentemente do prazo da operação, bem
como do risco comercial para as operações com prazo superior a 2 anos.
2.5.5 Fundo de Garantia à Exportação (FGE)
O Fundo de Garantia à Exportação (FGE) foi criado através da Lei nº 9.818, de 23 de
agosto de 1999, tendo como finalidade dar cobertura às garantias prestadas pela União nas
operações de seguro de crédito à exportação. Ele possui natureza contábil e é vinculado ao
Ministério da Fazenda.
Constituem recursos do FGE:
a) O produto da alienação de ações;
b) A reversão de saldos não aplicados;
c) Os dividendos e a remuneração de capital das ações;
d) O resultado das aplicações financeiras dos recursos;
e) As comissões decorrentes da prestação de garantia;
f) Recursos provenientes de dotação do Orçamento Geral da União.
66
Com o objetivo de regular as atividades de prestação de garantia pela União, foi criado
pela Lei no. 9.818, de 23/08/1999, o Conselho Diretor do Fundo de Garantia à Exportação
(CFGE), a mesma, portanto, que criou o FGE.
O CFGE é um órgão colegiado integrante da estrutura organizacional do Ministério da
Fazenda, e é presidido pelo Secretário-Executivo do Ministério da Fazenda.
67
3 METODOLOGIA
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA
Segundo Gil (1995), o delineamento expressa o desenvolvimento da pesquisa com
ênfase nos procedimentos de coleta e análise dos dados. No tocante ao delineamento, uma
pesquisa pode classificar-se em dois grandes grupos:
• Grupo das pesquisas que se valem das chamadas fontes de papel, onde estão incluídas
a pesquisa bibliográfica e a pesquisa documental;
• Grupo das pesquisas cujos dados são fornecidos por pessoas, onde se enquadra a
pesquisa documental, a pesquisa ex-post-facto, o levantamento e o estudo de caso.
Na formatação do presente trabalho, a estratégia de procedimento utilizada na pesquisa
foi a de levantamento (survey), ou seja, um tipo de pesquisa que busca a interrogação direta
das pessoas ou empresas cujo comportamento deseja-se conhecer (GIL, 1995).
O levantamento caracteriza-se por ser um processo de coleta de dados fácil de ser
controlado e programado pelo pesquisador. Basicamente, procede-se à solicitação de
informações a um grupo significativo de pessoas / empresas acerca do problema a ser
estudado para, posteriormente, mediante uma análise quantitativa e qualitativa, obterem-se as
conclusões correspondentes aos dados coletados.
Ainda sobre o tipo de pesquisa, segundo Santos (1999), levantamento (survey) é a
pesquisa que busca informação diretamente com um grupo de interesse a respeito dos dados
que se deseja obter. Trata-se de um procedimento útil, especialmente em pesquisas
exploratórias e descritivas.
Para o projeto em pauta foram obedecidas as seguintes etapas:
• Elaboração do instrumento de coleta de dados;
68
• Seleção da amostra;
• Coleta dos dados;
• Apresentação dos dados; e
• Análise e interpretação dos dados.
3.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA
A abordagem do trabalho teve como proposta estudar o problema no âmbito das
empresas exportadoras do Nordeste brasileiro.
Por fatores limitantes, tais como: prazo determinado para a conclusão da pesquisa,
abrangência territorial da população, e com o objetivo de dar viabilidade ao presente trabalho,
foi considerado, como universo, as empresas exportadoras localizadas nos estados do Rio
Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
Para que se pudesse conhecer o universo de empresas que serviram de base à pesquisa,
foram obtidas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
(MDIC), acerca do total de empresas, por estado e volume de exportação, no ano de 2007.
O universo encontrado foi de 597 empresas, cujo detalhamento pode ser observado
através da Tabela - 1 abaixo, dentre as quais foram escolhidas, de acordo com critérios
estatísticos representativos, 86 empresas para a aplicação do trabalho.
Para a definição do tamanho da amostra foi admitido um erro amostral tolerável de dez
por cento.
Conforme Barbetta (2002), alguns critérios têm que ser observados para a definição da
amostra, dentre os quais relata:
• Parâmetro: característica da população;
• Estatística: característica descritiva de elementos de uma amostra;
69
• Estimativa: valor acusado por uma estatística que estima o valor de um parâmetro
populacional;
• Erro Amostral: diferença entre o valor que a estatística pode acusar e o verdadeiro
valor do parâmetro que se deseja estimar; e
• Erro Amostral Tolerável: quanto um pesquisador admite errar na avaliação dos
parâmetros de interesse numa população.
Portanto, para a definição do tamanho da amostra do presente trabalho, foi utilizada a
seguinte fórmula: (n = N.n0 / N + n0 ), onde n0 = 1 / E02.
Sabendo-se que:
• n = tamanho da amostra;
• N = Tamanho da população;
• E0 = Erro amostral tolerável; e
• n0 = primeira aproximação do tamanho da amostra.
O processo que deu suporte à seleção da amostra e, por conseguinte, das empresas, foi
o de Amostragem estratificada. 5
Definido o tamanho da amostra, o procedimento de escolha aleatória das empresas
levou em consideração os seguintes critérios:
• Primeiro, foram definidos os quantitativos de empresa por estado (amostra estadual),
multiplicando-se o tamanho da amostra pela relação entre o total de empresas
exportadoras de cada estado e o universo da pesquisa;
• Em seguida, dentro de cada estado, foram definidos os quantitativos das empresas por
volume exportado, multiplicando-se o tamanho da amostra de cada estado pela relação
5 a população é subdividida em sub-populações ou estratos, mutuamente excludentes e coletivamente exaustivos. Em seguida, os elementos dentro dos estratos são selecionados aleatoriamente. Visa aumentar a precisão sem elevar os custos. Os elementos dentro de um estrato devem ser o mais homogêneo quanto possível, ao passo em que os elementos de diferentes estratos devem ser o mais heterogêneo possível.
70
entre o total de empresas pertencentes a cada grupo de volume de exportação e o total
de empresas exportadoras do estado;
Foi considerado o seguinte parâmetro para a definição de empresas por volume de
exportação, segundo dados colhidos do MDIC (2008):
• Grupo 1 – volume de exportação de até US$ l milhão;
• Grupo 2 – volume de exportação entre US$ 1 milhão e US$ 10 milhões; e
• Grupo 3 – volume de exportação acima de US$ 10 milhões.
O processo de seleção da amostra foi totalmente aleatório (amostragem
probabilística). Contudo, em função de alguns imprevistos durante o processo, como, por
exemplo, a não permissão, por parte de alguma das empresas selecionadas, em relação à
aplicação do trabalho em seu estabelecimento, bem como o não retorno de alguns
questionários encaminhados, foram aplicados critérios objetivos e convenientes na
substituição dessas empresas selecionadas, o que não descartou, no entanto, o critério de
estratificação.
Tabela 1 – NÚMERO DE EMPRESAS EXPORTADORAS - Por Estado e Volume de Exportação
Volume de Exportação
Estados Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3
Total
ALAGOAS 31 1 11 43
PARAÍBA 86 15 4 105
PERNAMBUCO 188 72 27 287
R.G.NORTE 90 36 12 138
SERGIPE 15 06 03 24
Total 410 130 57 597
Fonte: MDIC, 2008 - elaboração do autor
71
3.3 COLETAS DE DADOS
3.3.1 Instrumento
Em levantamento (survey), os instrumentos geralmente utilizados para coleta de dados
são: o questionário, a entrevista e o formulário.
Conforme Gil (1995), o questionário é a técnica de coleta de dados em que o
pesquisador formula questões previamente elaboradas e anota as respostas do entrevistado.
Se o objetivo do pesquisador vai além de uma coleta de dados, uma pesquisa de
opinião, o questionário passa a ser a técnica mais adequada, sendo por isso o meio escolhido
na realização deste trabalho. A aplicação desta técnica envolve a sua formatação e elaboração
prévia que, por sua vez, é aplicado durante a realização de uma entrevista ou contato (GIL,
1995). Tal questionário, conforme Gil (1995), consiste basicamente em traduzir os objetivos
específicos da pesquisa em itens bem redigidos. Nesse contexto, preliminarmente foi mantido
um contato com cada uma das empresas selecionadas na amostra, ocasião em que foi feita
uma apresentação simples acerca dos propósitos da pesquisa, que tinha como foco sensibilizar
o respondente a contribuir para a sua realização.
Em relação ao questionário, ele conteve duas partes específicas, sendo:
• A primeira parte composta de perguntas que tinham como objetivo facilitar a
caracterização da empresa pesquisada, bem como do profissional que foi responsável
pelas respostas. Foram perguntas de respostas rápidas, que permitiram obter um
conhecimento prévio da empresa e ainda desempenhava a função de estabelecer o
"rapport" (quebra do gelo) entre o pesquisador e o respondente, conforme
recomendado por Gil (1995);
72
• Na segunda parte, os questionamentos foram efetuados com o objetivo de conhecer a
maneira através da qual a empresa obtém informações sobre os mecanismos de
financiamento à exportação disponíveis no mercado, quais a empresa utiliza ou
utilizou, o grau de adeqüabilidade dos produtos financeiros existentes frente à real
necessidade para atendimento de sua demanda; qual o seu domínio sobre as fontes de
informações relacionadas com o tema abordado; bem como obter sugestões de criação
e melhoria dos mecanismos de financiamento à exportação existentes, tanto do ponto
de vista do pesquisador, quanto do respondente.
Para a tabulação dos dados coletados, foram utilizados os programas Microsoft Excel
e o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
3.3.2 Processo
O processo utilizado no presente trabalho foi o de entrevista in loco e / ou através de
utilização de comunicação telefônica e / ou e-mail.
A entrevista é a técnica de coleta de dados em que o investigador se apresenta frente
ao entrevistado e lhe formula perguntas, com o objetivo de obter os dados que interessam a
uma investigação (GIL, 1995).
Para o presente trabalho, a entrevista realizada pode ser denominada como uma
entrevista focalizada estruturada, conforme classificação admitida pelo autor em questão.
Considera-se focalizada porque sua investigação é dirigida para um tema específico, isto é
¨mecanismos de financiamento ao comércio exterior¨; e, também, estruturada porque tem no
seu desenvolvimento uma relação de questões que deverão se manter invariáveis para todas as
empresas pesquisadas.
Para a realização das entrevistas foram adotados os seguintes procedimentos:
73
• Foi mantido um contato prévio com as empresas escolhidas na amostra, com o objetivo de
solicitar autorização para efetuar a pesquisa;
• Identificada a pessoa indicada para ser entrevistada, depois de obtida a autorização;
• Estabelecida a forma de resposta do questionário, presencial, via telefone ou através de
encaminhamento de e-mail, como, também, assegurado anonimato às empresas
participantes e às pessoas respondentes.
3.4 MÉTODOS DE ANÁLISE
Para análise dos dados coletados resultante da aplicação do questionário, foi utilizado
procedimento da estatística exploratória na intenção de validar as hipóteses levantadas neste
trabalho.
Também foi utilizado como método de análise da presente pesquisa, a análise
descritiva das variáveis envolvidas, bem como utilizadas, como parâmetro, análises de
freqüência e de correlação.
3.5 LIMITES E LIMITAÇÕES
3.5.1 Limites
Em que pese a abordagem do trabalho ter tido como proposta estudar o problema no
âmbito das empresas exportadoras do Nordeste brasileiro, conforme já explicado
anteriormente, por questões de limitação, o universo da pesquisa teve como limite as
empresas exportadoras localizadas nos estados do Rio Grande do Norte, Paraíba,
Pernambuco, Alagoas e Sergipe.
74
3.5.2 Limitações
• Curto espaço de tempo para preparação, aplicação da pesquisa, coleta e análise de dados;
• Abrangência territorial da população;
• Autorização dos dirigentes das empresas selecionadas na amostra para aplicação da
pesquisa, que resultou em substituição de doze das oitenta e seis empresas escolhidas
através de processo de amostragem probabilística.
75
4 RESULTADO E ANÁLISE DOS DADOS
Por questões de limitação já comentadas em capítulo específico, foi efetuado recorte
em relação aos estados que compõem a região Nordeste no Brasil, contemplando a aplicação
dos questionários em cinco de seus nove estados. A Tabela 2 apresenta a divisão de
questionários por Unidades da Federação escolhida.
Tabela 2 – DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS – Por Unidade da Federação Tabela 01 - Distribuição das empresas pesquisadas (por Unidade da Federação)Unidade da Federação Quant %
Pernambuco 41 47,7Rio Grande do Norte 20 23,3Paraíba 15 17,4Alagoas 6 7,0Sergipe 4 4,7Total 86 100,0Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
Do ponto de vista setorial, em relação à atividade econômica das empresas
exportadoras contempladas no processo de escolha aleatória da amostra, foi majoritária a
participação de empresas do segmento industrial, representando 66,3% da amostra, conforme
observado na Tabela 3 abaixo.
Tabela 3 – DISTRIBUIÇÃO DAS EMPRESAS – Por Setor de Atividade
Setor da Atividade Quant %Industrial 57 66,3Agroindustrial 17 19,8Comercial 9 10,5Agropecuário 3 3,5Total 86 100,0Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
76
Em relação ao porte6 das empresas exportadoras pesquisadas, cujo perfil é apontado
em função do seu faturamento bruto e / ou número de empregados, a pesquisa evidenciou uma
maior participação das empresas exportadora de pequeno porte, 43,0%, quando comparada às
demais, conforme pode-se verificar através da Tabela 4 e do Gráfico 10 abaixo.
EMPRESAS EXPORTADORAS PESQUISADAS
(Em %) - Por porte
43,0%
25,6%
31,4%
PEQUENA
MÉDIA
GRANDE
Gráfico 10 – EMPRESAS EXPORTADORAS PESQUISADAS (Em %) - Por porte Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
Tabela 4 – PARTICIPAÇÃO DAS EMPRESAS AVALIADAS – Por porte e Estado
Porte da empresa/UF AL PB PE RN SE TotalPequena 1 5 20 10 1 37Média 0 5 9 7 1 22Grande 5 5 12 3 2 27Total 6 15 41 20 4 86Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
6 Para mensuração do porte da empresa foram utilizados os seguintes critérios: Classificação de empresas por número de empregados – Fundação de Comércio Exterior (FUNCEX) e classificação de empresas por faturamento bruto – Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), administrado pelo Banco do Nordeste do Brasil S/A (BNB)
77
Em relação à freqüência de exportação das empresas exportadoras da amostra, a
pesquisa revela que 68,6% delas alegam que é freqüente o seu processo de exportação,
enquanto que, apenas 4,7% ocupam o grau de iniciante, segundo a Tabela 5 abaixo.
Tabela 5 – FREQUÊNCIA DE EXPORTAÇÃO – Por nível
Nível de Freqüência Quant %Sempre Exporta 59 68,6Exportação Esporádica 23 26,7Iniciante 4 4,7Total 86 100Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
Uma das perguntas formuladas no questionário tinha como objetivo saber se a pessoa
responsável, na empresa, pela área de exportação, era especialista em comércio exterior. A
Tabela 6 mostra, em relação às empresas da amostra, quão baixo foi o percentual apresentado
na pesquisa no que se refere a esse aspecto, representando, tão somente, 29,1% das
respondentes.
Tabela 6 – PERFIL DAS EMPRESAS – Presença de Especialista em Comércio Exterior
Especialista em Comércio Exterior Quant %NÃO 61 70,9SIM 25 29,1Total 86 100Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
Em relação ao nível de utilização de qualquer mecanismo de financiamento à
exportação por parte das empresas respondentes, a pesquisa revelou, conforme dispõe o
Gráfico 11 seguinte, que 58,1% delas utilizam algum tipo de produto financeiro, enquanto
41,9% responderam negativamente à questão.
78
LINHAS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização
58,1%
41,9% SIM
NÃO
Gráfico 11 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Nível de uti lização Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
Também foi observado que dentre essas Empresas Exportadoras que utilizam qualquer
tipo de mecanismo de financiamento à exportação, que representam 58,1% das empresas
pesquisadas, 52% são empresas de pequeno porte, 20% de médio e 28% de grande porte,
conforme pode-se verificar no Gráfico 12 abaixo.
LINHAS DE FINANCIAMENTO – Utilização por porte de Empresas
52,0%
28,0%
20,0%
Pequeno
Grande
Médio
Gráfico 12 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Utilização p or porte de Empresas Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
Outro resultado importante revelado nas pesquisas, conforme disposto no Gráfico 13
abaixo, é o de que dentre as Empresas Exportadoras que utilizam qualquer tipo de mecanismo
de financiamento, 52% declararam que a linha de financiamento por elas utilizadas, está
79
atendendo à sua real necessidade. No entanto, as demais, que representam 48% das
pesquisadas, alegam que os mecanismos por elas utilizados não estão adequados à sua real
necessidade.
LINHAS DE FINANCIAMENTO – Perfil de utilização
52,0%48,0% SIM
NÃO
Gráfico 13 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Perfil de ut ilização Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
Em relação ao nível de importância das linhas de financiamento à exportação para o
incremento de suas vendas no mercado externo, a pesquisa evidencia que, dentre as empresas
que utilizam algum tipo de mecanismo de financiamento, 42% consideram-nas como de
elevada relevância para o alcance desse objetivo, enquanto que 12% delas, não dão qualquer
importância. O Gráfico 14 mostra os resultados apresentados, por nível de importância.
80
LINHAS DE FINANCIAMENTO - Nível de importância para as Empresas
42,0%
24,0%
22,0%
12,0%
Elevada
Média
Baixa
Nenhuma
Gráfico 14 – LINHAS DE FINANCIAMENTO - Nível de imp ortância para as Empresas Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
O Gráfico 15 mostra o resultado do questionamento feito às Empresas pesquisadas
sobre a razão da não utilização de outros tipos de financiamento à exportação disponíveis no
mercado. O item ¨as demais linhas não atendem a necessidade¨ é apontado por 42% dessas
Empresas como o principal motivo do não uso, enquanto que “dificuldades de acesso às
demais linhas” aparece como última opção, com 22% das respostas.
LINHAS DE FINANCIAMENTO – Razão de não utilização de outro tipo
42,0%
36,0%
22,0% As demais linhasnão atendem anecessidade
Desconhecimentodos demais
Dificuldade deacesso aos demais
Gráfico 15 – LINHAS DE FINANCIAMENTO – Razão de não utilização de outro tipo Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
81
A pesquisa também revelou que as Empresas Exportadoras que utilizam linhas de
financiamento à exportação nem sempre financiam todo o valor exportado. O Gráfico 16
mostra que, 48% dessas empresas, financiam, apenas, de zero a vinte por cento de tudo que
exportam, enquanto que dez por cento delas financiam entre 80 e 100% do montante
exportado.
OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO – faixas
de valores (Em %)
48,0%
26,0%
8,0%
8,0%
10,0%
De 0 a 20%
De 21 a 40%
De 41 a 60%
De 61 a 80%
De 81 a 100%
Gráfico 16 – OPORTUNIDADES DE FINANCIAMENTO – faixa s de valores (Em %) Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
Como contribuição para o processo de criação, ajustes e melhoria dos mecanismos de
financiamento à exportação, foi inserida no questionário uma pergunta que tinha como
objetivo colher dos respondentes pontos fortes e fracos, na sua visão, em relação às linhas de
financiamento por eles utilizadas e / ou conhecidas. O Gráfico 17 mostra o resultado obtido
com as empresas exportadoras que participaram da pesquisa de campo. Em que pese 39,1%
das pesquisadas nada terem respondido, as respostas obtidas dos demais 60,9%, servem como
ponto de análise e direcionamento, principalmente, os itens ¨valor de recursos insuficientes¨,
¨encargos financeiros inadequados¨ e ¨exigência de garantias incompatíveis¨, que
apresentaram, respectivamente, 20,3%, 20,3% e 10,9%.
82
PONTOS CRÍTICOS –
Visão das empresas exportadoras
20,3%
20,3%
10,9%4,7%4,7%
39,1%
Valor de recursosinsuficienteEncargos financeirosinadequadosEx igências de garantiasincompatíveisPrazo incompatível
Outros
Não respondeu
Gráfico 17 – PONTOS CRÍTICOS – Visão das empresas exportadoras Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
O Gráfico 18 revela que 76,7% das empresas exportadoras pesquisadas informaram ter
algum meio de acesso às informações sobre mecanismos de financiamento à exportação
disponíveis no mercado.
ACESSO ÀS INFORMAÇÕES SOBRE MECANISMOS DE
FINANCIAMENTO
76,7%
23,3%
SIM
NÃO
Gráfico 18 – ACESSO ÀS INFORMAÇÕES SOBRE MECANISMOS DE FINANCIAMENTO Fonte: Pesquisa de Campo (Maio/2008)
83
A pesquisa, através da Tabela 7 mostra que o mecanismo de financiamento à
exportação mais conhecido ainda é o ¨adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC)¨, com
90,7% das respostas, seguido pelo ¨adiantamento sobre cambiais entregues (ACE)¨, com
74,4% e o PROEX, com 52,3%. Na análise do nível de utilização, o ACC desponta em
primeiro lugar com 58,1%, seguido do ACE, com 32,6% e o PROEX, com 7%.
Com base em tais dados foi realizado um teste de regressão entre as variáveis da
questão, quais sejam, nível de utilização e grau de conhecimento. O resultado mostrou uma
forte correlação positiva (0,91) entre elas.
Outro aspecto importante evidenciado na pesquisa é que os produtos das Instituições
Financeiras Oficiais – Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Banco do Nordeste do
Brasil - assumem um elevado grau de importância, tanto em nível de conhecimento, quanto
em utilização, se comparados às linhas de financiamento do BNDES, que são, também,
mecanismos de financiamento oficiais, com maior tempo de oferta no mercado.
Tabela 7 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO À EXPORTAÇÃO – Nível de conhecimento e utilização (Em %)
Linha de Financiamento Conhece % Utiliza %Adiantamento s/contrato de Câmbio (ACC) 78 90,7 50 58,1Adiantamento s/cambiais entregues (ACE) 64 74,4 28 32,6Proger Exportação - CAIXA 30 34,9 2 2,3Proger Exportação - Banco do Brasil 43 50,0 3 3,5Nordeste Exportação - BNB 32 37,2 4 4,7PROEX 45 52,3 6 7,0BNDES - Pré embarque tradicional 32 37,2 4 4,7BNDES - Pré embarque ágil 27 31,4 0 0,0BNDES - Pré embarque especial 27 31,4 3 3,5BNDES - Pré embarque empresa âncora 22 25,6 1 1,2BNDES - Pós embarque 28 32,6 1 1,2FORFAITING 15 17,4 0 0,0Factoring Internacional 21 24,4 0 0,0Export Notes 23 26,7 5 5,8Debêntures Cambiais 24 27,9 2 2,3Desconto de Warrants 22 25,6 1 1,2Securitização de exportações 23 26,7 5 5,8Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
utilizadas pelas empresas (segundo o entrevistado)
84
A análise acerca do nível de conhecimento das linhas de financiamento à exportação,
considerando-se as empresas pesquisadas que utilizam algum tipo de mecanismo,
segmentadas por porte, revela, conforme observado na Tabela 8, que mesmo sendo
evidenciado um maior grau de conhecimento por parte das empresas de grande porte, não há
um grande hiato entre estas e as dos demais portes.
Tabela 8 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de Conhecimento (Por porte – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)
Pequeno Médio Grande
Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) 34,0 28,0 38,0 100,0Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) 24,0 24,0 36,0 84,0PROGER Exportação - CAIXA 20,0 8,0 10,0 38,0PROGER Exportação – BANCO DO BRASIL 20,0 12,0 20,0 52,0NORDESTE Exportação - BNB 14,0 12,0 22,0 48,0PROEX 16,0 14,0 30,0 60,0BNDES – Pré embarque Tradicional 10,0 10,0 28,0 48,0BNDES – Pré embarque Ágil 10,0 8,0 22,0 40,0BNDES – Pré embarque especial 8,0 8,0 24,0 40,0BNDES – Pré embarque Empresa Âncora 8,0 8,0 16,0 32,0BNDES – Pós embarque 8,0 8,0 28,0 44,0Forfaiting 4,0 6,0 12,0 22,0Factoring Internacional 6,0 8,0 14,0 28,0Export Notes 6,0 8,0 20,0 34,0Debêntures Cambiais 4,0 10,0 20,0 34,0Desconto de Warrants 2,0 10,0 18,0 30,0Securitização de exportações 4,0 10,0 20,0 34,0Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
GeralLinhas de FinanciamentoPORTE DA EMPRESA
Quando analisado sob o prisma da freqüência das exportações, observa-se uma grande
diferença entre o nível de conhecimento das empresas que sempre exportam, em relação às
demais, demonstrando que, quanto maior for a freqüência das exportações, maior é o seu grau
de familiaridade em relação aos mecanismos de financiamento disponíveis, conforme
evidenciado na Tabela 9, a seguir.
85
Tabela 9 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de Conhecimento (Por freqüência nas exportações – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)
Iniciante Esporádica Sempre
Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) 16,0 2,0 82,0 100,0Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) 14,0 2,0 68,0 84,0PROGER Exportação - CAIXA 4,0 0,0 34,0 38,0PROGER Exportação – BANCO DO BRASIL 10,0 2,0 40,0 52,0NORDESTE Exportação - BNB 8,0 2,0 38,0 48,0PROEX 8,0 2,0 50,0 60,0BNDES – Pré embarque Tradicional 8,0 2,0 38,0 48,0BNDES – Pré embarque Ágil 8,0 2,0 30,0 40,0BNDES – Pré embarque especial 6,0 2,0 32,0 40,0BNDES – Pré embarque Empresa Âncora 4,0 2,0 26,0 32,0BNDES – Pós embarque 6,0 2,0 36,0 44,0Forfaiting 2,0 0,0 20,0 22,0Factoring Internacional 2,0 2,0 24,0 28,0Export Notes 4,0 0,0 30,0 34,0Debêntures Cambiais 4,0 2,0 28,0 34,0Desconto de Warrants 2,0 0,0 28,0 30,0Securitização de exportações 0,0 2,0 32,0 34,0Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
Linhas de FinanciamentoFREQUÊNCIA DAS EXPORTAÇÕES
Geral
Em relação ao nível de utilização das linhas de financiamento à exportação, tomando-
se como base as empresas exportadoras pesquisadas que utilizam qualquer tipo de mecanismo
de financiamento, segmentadas por porte, a pesquisa revela, conforme Tabela 10 seguinte,
que o ACC e o ACE são, de fato, os produtos mais utilizados, independentemente do porte da
empresa, e que uma nova linha desponta, principalmente dentre as empresas de maior porte,
chamada ¨export note¨. É observado, também, um baixo nível de utilização dentre as linhas
oficiais de financiamento (PROEX e BNDES), com maior freqüência dentre as empresas de
grande porte, e os produtos dos Bancos oficiais, principalmente o PROGER Exportação –
Caixa e o PROGER Exportação – BB, mesmo que, ainda, com baixo nível de freqüência,
apresentando-se como uma alternativa dentre as empresas de pequeno porte.
86
Tabela 10 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização (Por porte – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)
Pequeno Médio Grande
Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) 34,0 28,0 38,0 100,0Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) 14,0 10,0 32,0 56,0PROGER Exportação - CAIXA 4,0 0,0 0,0 4,0PROGER Exportação – BANCO DO BRASIL 4,0 2,0 0,0 6,0NORDESTE Exportação - BNB 0,0 2,0 6,0 8,0PROEX 2,0 2,0 8,0 12,0BNDES – Pré embarque Tradicional 2,0 0,0 6,0 8,0BNDES – Pré embarque Ágil 0,0 0,0 0,0 0,0BNDES – Pré embarque especial 0,0 0,0 6,0 6,0BNDES – Pré embarque Empresa Âncora 0,0 0,0 2,0 2,0BNDES – Pós embarque 0,0 0,0 2,0 2,0Forfaiting 0,0 0,0 0,0 0,0Factoring Internacional 0,0 0,0 0,0 0,0Export Notes 0,0 0,0 10,0 10,0Debêntures Cambiais 0,0 2,0 2,0 4,0Desconto de Warrants 0,0 2,0 0,0 2,0Securitização de exportações 0,0 2,0 8,0 10,0
Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
GeralLinhas de FinanciamentoPORTE DA EMPRESA
Ainda em relação ao grau de utilização dos mecanismos de financiamento, a Tabela
11, a seguir, mostra que, dentre as empresas pesquisadas que utilizam algum tipo de
financiamento, são praticamente as empresas que exportam com freqüência, as responsáveis
pela utilização desses mecanismos de financiamento. A mesma tabela mostra que tanto as
empresas iniciantes, quanto àquelas que exportam de forma esporádica pouco se beneficiam
da utilização dos produtos existentes no mercado. Observa-se, ainda, através da pesquisa, que
as empresas, mesmo iniciantes ou com esporádicas exportações, quando utilizam uma linha
de financiamento, optam por aquelas linhas privadas tradicionais, o ACC e o ACE.
87
Tabela 11 – MECANISMOS DE FINANCIAMENTO – Nível de utilização (Por freqüência nas exportações – Em % - dentre as empresas que utilizam algum tipo de financiamento)
Iniciante Esporádica Sempre
Adiantamento sobre Contratos de Câmbio (ACC) 16,0 2,0 82,0 100,0Adiantamento sobre Cambiais Entregues (ACE) 6,0 2,0 48,0 56,0PROGER Exportação - CAIXA 2,0 0,0 2,0 4,0PROGER Exportação – BANCO DO BRASIL 2,0 0,0 4,0 6,0NORDESTE Exportação - BNB 2,0 0,0 6,0 8,0PROEX 0,0 0,0 12,0 12,0BNDES – Pré embarque Tradicional 0,0 0,0 8,0 8,0BNDES – Pré embarque Ágil 0,0 0,0 0,0 0,0BNDES – Pré embarque especial 0,0 0,0 6,0 6,0BNDES – Pré embarque Empresa Âncora 0,0 0,0 2,0 2,0BNDES – Pós embarque 0,0 0,0 2,0 2,0Forfaiting 0,0 0,0 0,0 0,0Factoring Internacional 0,0 0,0 0,0 0,0Export Notes 0,0 0,0 10,0 10,0Debêntures Cambiais 0,0 2,0 2,0 4,0Desconto de Warrants 0,0 0,0 2,0 2,0Securitização de exportações 0,0 0,0 10,0 10,0Fonte:Pesquisa de Campo (maio/2008)
GeralLinhas de FinanciamentoFREQUÊNCIA DAS EXPORTAÇÕES
88
4.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS X PESQUISA
4.1.1 Pesquisar o nível de conhecimento sobre os mecanismos de financiamento existentes e que podem ser utilizados pelas empresas
A pesquisa revelou que o nível de conhecimento sobre os mecanismos de
financiamento à exportação ainda está concentrado nos instrumentos tradicionais privados,
tais como o adiantamento sobre contratos de câmbio (ACC) e o adiantamento sobre cambiais
entregues (ACE). Em relação aos demais, observa-se já um bom nível de conhecimento sobre
o PROEX e, despontando, dentre as novas linhas disponíveis no mercado, encontram-se as
linhas de financiamento das Instituições Financeiras Oficiais.
Quando a análise é feita sob a ótica da segmentação por porte de empresa, infere-se
que, em relação ao ACC e ACE, mesmo a grande empresa aparecendo com um maior grau de
conhecimento, não há uma grande diferença em relação às demais. Com exceção das linhas
PROGER Exportação – CAIXA e BB, que se apresentam mais conhecidas proporcionalmente
pelas empresas de pequeno porte, todas as outras têm o seu grau de conhecimento diretamente
proporcional ao crescimento do porte empresarial.
No que concerne à análise das empresas pesquisadas, segmentando-as pela freqüência
das exportações parece ficar evidente que o maior nível de conhecimento está concentrado nas
empresas que sempre exportam, seguidas pelas empresas iniciantes e em última colocação,
em todos os itens, encontrando-se as empresas que exportam esporadicamente.
Em relação ao nível de utilização dos mecanismos de financiamento à exportação, a
pesquisa revelou que, dentre as empresas que utilizam algum tipo de produto, também são os
produtos privados tradicionais – ACC e ACE – os mais utilizados.
89
A análise da utilização de linhas de financiamento, quando estas são segmentadas por
porte de empresa, revela um maior uso do ACC e ACE por parte das grandes empresas.
Todavia, a diferença em relação às demais não é tão grande. Porém, em relação aos produtos
PROGER Exportação – CAIXA e BB, observa-se o contrário, uma maior utilização por parte
das empresas de pequeno porte, que, praticamente, além desses, só demandam o ACC e o
ACE.
Já a análise sob o enfoque da freqüência de exportação revela que a utilização das
linhas de financiamento está concentrada nas empresas que sempre exportam, permanecendo
baixo o nível de utilização, tanto pelas empresas que são iniciantes na exportação, quanto por
aquelas que exportam de forma esporádica.
90
4.1.2 Identificar pontos fortes e fracos, na visão da classe empresarial pesquisada, sobre os instrumentos de financiamento à exportação.
Para identificar, através da pesquisa, os pontos fortes e fracos elencados pelas
empresas exportadoras respondentes, em relação aos mecanismos de financiamento à
exportação disponíveis no mercado, procurou-se, através de questões fechadas, levantar
variáveis importantes inerentes às linhas de financiamento, bem como, através de questões
abertas, dar ao respondente opção de apontar outro(s) fator(es) importante(s), na sua visão.
Portanto, foi considerado como “ponto forte”, aquele percentualmente menos apontado,
enquanto que como “ponto fraco ou crítico” aquele mais evidenciado.
Sobre o assunto, a pesquisa mostrou, como apresentado no Gráfico 15, que as
empresas exportadoras respondentes revelam, como razões para não utilização de outras
linhas disponíveis, os seguintes motivos: ¨as demais linhas não atendem a necessidade¨,
apontada por 42% dessas empresas, ¨desconhecimento das demais linhas não usadas¨, por
36% delas e ¨dificuldade acesso às demais linhas¨, informada por 22% das empresas.
Já o Gráfico 17, que aponta pontos críticos na visão da classe empresarial, mostra os
seguintes tópicos:
• Recursos insuficientes (20,3%);
• Encargos financeiros inadequados (20,3%);
• Exigência de garantias incompatíveis (10,9);
• Prazo incompatível (4,7%).; e
• Outros (4,7%).
Em relação ao item ¨Outros¨, os aspectos mais citados foram: processo burocrático,
falta de informação, exigências de acerto do crédito, produtos não elegíveis em programa,
dentre outros.
91
A pesquisa também mostra que 39,1% das empresas entrevistadas nada responderam
em relação a pontos críticos incidentes sobre os mecanismos de financiamento, revelando um
nível médio de satisfação sobre os instrumentos disponíveis utilizados.
92
4.1.3 Analisar as sugestões de melhoria e criação de novos instrumentos de suporte ao comércio exterior que se coadune com as condições e exigências impostas pelo mercado atual.
A análise da pesquisa, através do Gráfico 11, revela que 49,1% das empresas
exportadoras entrevistadas não utilizam qualquer tipo de mecanismos de financiamento à
exportação, caracterizando, portanto, um público a ser observado.
O Gráfico 13 mostra que, das 58,1% das empresas respondentes, que declararam
utilizar algum tipo de linha de financiamento, 48% dessas empresas alegaram que os
instrumentos de financiamentos utilizados não atendem a sua real necessidade, o que sugere a
necessidade de uma melhor formatação e ajuste desses mecanismos.
Outro aspecto levantado, conforme disposto no Gráfico 16, é a relação entre o valor
financiado e o montante exportado, evidenciando que 48% das empresas que utilizam
qualquer tipo de mecanismo de crédito, financiam de zero a 20% do total exportado e, apenas,
10% dessas, financiam de 81 a 100% do que exportam. Esse fato sugere uma grande
perspectiva de alocação de recursos, desde que formatados e divulgados de forma adequada.
Ficou evidenciado, através da pesquisa, o baixo nível de utilização de qualquer tipo de
mecanismo de financiamento por parte das Empresas Exportadoras que não exportam com
muita freqüência, principalmente aquelas que exportam esporadicamente, sugerindo, portanto,
uma grande oportunidade e espaço para criação de instrumentos específicos e adequados a
esse nicho.
Por outro lado, os itens apontados como “ponto crítico ou fraco” e “ponto forte”,
também servem de parâmetro para melhoria e / ou criação de instrumentos que melhor se
adequem à dinâmica das empresas exportadoras do Nordeste brasileiro.
93
4.2 OBJETIVO GERAL X PESQUISA
4.2.1 Investigar se os mecanismos de financiamento disponibilizados no mercado estão atendendo às necessidades das Empresas Exportadoras do Nordeste Brasileiro.
Ficou caracterizado, através da pesquisa de campo realizada, que os mecanismos de
financiamento à exportação disponibilizados no mercado, com exceção do ACC e ACE, ainda
são pouco conhecidos e utilizados, quando analisados sob o aspecto quantitativo, bem como
qualitativamente em relação ao volume de contratação de exportações.
A pesquisa, também revelou que mesmo aqueles produtos de financiamento utilizados
não atendem em sua plenitude à demanda das Empresas Exportadoras do Nordeste Brasileiro,
conforme mostrado no Gráfico 13.
Em relação à questão de acesso a informações sobre mecanismos de financiamento à
exportação disponíveis no mercado, a pesquisa revelou que 23,3% das empresas exportadoras
pesquisadas não têm qualquer acesso a essas informações.
94
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
O presente trabalho permitiu estabelecer algumas compreensões acerca dos problemas
enfrentados pelas empresas exportadoras, principalmente, no tocante ao financiamento de sua
produção e comercialização.
É notório que o governo, através de seus diversos organismos de apoio ao comércio
exterior, como o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC),
Ministério das Relações Exteriores, Instituições Financeiras Oficiais e outros, empreende um
grande esforço no sentido de incrementar a corrente de comércio internacional brasileira,
notadamente em relação ao processo de exportação. E que esses esforços, muitas vezes, não
são transformados em benefício às empresas que praticam o comércio exterior,
principalmente para aquelas de menor porte.
Prova disso é o hiato observado entre o montante contratado de exportações,
anualmente, em relação ao volume de operações contratadas, em nível de crédito à
exportação, especialmente aquelas mais utilizadas, qual seja: adiantamento sobre contratos de
câmbio (ACC), adiantamento sobre cambiais entregues (ACE), Proex e as linhas do BNDES
específicas para a exportação.
Sobre o ACC e ACE, instrumentos privados, que, ainda, se apresentam como os
principais mecanismos de financiamento demandados pelas empresas exportadoras, vale
refletir sobre a sua fragilidade e volatilidade, especialmente por terem como ¨funding¨
captações de recursos externos.
Recentemente, com a crise imobiliária americana (sub-prime) que afetou diretamente o
sistema financeiro dos Estados Unidos, com alcance em outros continentes, envolvendo,
principalmente, bancos investidores de renome, houve um recrudescimento da oferta de linhas
de crédito a bancos brasileiros, as quais têm como finalidade a geração do citado ¨funding¨,
95
que possibilita a alocação dos recursos necessários à oferta, através das Instituições
Financeiras autorizadas a operar em Câmbio, de operações de ACC / ACE. Este fato não só
resultou em diminuição da oferta desses mecanismos de financiamento, como,
principalmente, acarretou a elevação dos encargos incidentes sobre tais modalidades de
crédito, afetando, direta e especialmente, as micro, pequenas e médias empresas exportadoras.
Neste sentido, para a manutenção do sistema em equilíbrio e em processo de contínuo
crescimento, faz-se oportuna a existência de outros instrumentos de financiamento, com
características semelhantes, mas que não apresentem, como lastro, a vinculação a captações
externas, para não torná-los um produto volátil e sensível a questões exógenas.
Já se observa, no entanto, uma forte presença do governo brasileiro que, agindo
através de suas Instituições Financeiras, implementou mecanismos de financiamento próprio,
com fonte de recursos doméstica, como: o PROGER Exportação - BB (Banco do Brasil) e o
PROGER Exportação – Caixa (Caixa Econômica Federal), cuja fonte de recursos é o Fundo
de Amparo ao Trabalhador (FAT) e o Cresce Nordeste Exportação (Banco do Nordeste do
Brasil), que tem como fonte o Fundo Constitucional para Financiamento do Nordeste (FNE),
os quais têm como objetivo apoiar as empresas exportadoras, principalmente as de micro,
pequeno e médio porte, uma vez que os instrumentos oficiais de suporte existentes, como o
¨Proex¨, operacionalizado pelo Banco do Brasil, e as linhas do BNDES para exportação, não
têm tido um alcance eficaz junto a esse público, conforme pôde ser observado na análise da
pesquisa.
Outro fato relevante, ratificado na pesquisa, é o baixo nível de conhecimento sobre os
mecanismos de financiamento à exportação existentes no mercado, seus benefícios e função,
tornando-os, simplesmente, produtos de prateleira.
Esse aspecto preocupa, principalmente se analisado juntamente com outros fatos
evidenciados na pesquisa, como: o baixo grau de importância dado pelas empresas aos
96
mecanismos de financiamento como fator indutor ao incremento de suas vendas externas, o
baixo nível de conhecimento e utilização das linhas de financiamento por parte das empresas
iniciantes e por aquelas que têm exportação esporádica, e que, na maioria das vezes, apontam
a existência de recursos próprios e / ou obtenção de capital de giro doméstico como
alternativa a não demanda por instrumentos financeiros de suporte à exportação, quando
aqueles, como é sabido, muitas vezes são mais caros e inadequados, em função do prazo e da
sua finalidade.
Portanto, faz-se necessário um maior aprofundamento sobre os aspectos apontados, no
sentido de dar mais visibilidade e utilização às linhas disponíveis e diminuir o grande hiato
existente entre o montante contratado, a título de exportação, e o que efetivamente se financia
desse volume.
Outro ponto de inferência na pesquisa, é que não adianta se dispor de grande
quantidade de produtos disponíveis no mercado, sem uma conseqüente aderência, desses
produtos, às necessidades impostas pelo mercado internacional, refletidas diretamente nas
demandas das empresas exportadoras.
Fica evidente, portanto, que a simples oferta de linhas de financiamento à exportação é
um aspecto necessário, mas não suficiente para o incremento do comércio exterior.
Por fim, fruto da análise e resultado da pesquisa, deduz-se que os mecanismos de
financiamento disponíveis no mercado não estão atendendo, em sua plenitude, às demandas
das empresas exportadoras nordestinas, notadamente em função de exigências de seus clientes
externos que, muitas vezes, têm no mercado globalizado outras ofertas de produtos
semelhantes, cuja diferença, para concretização do negócio, está na facilidade em termos de
condições de pagamento (prazo, encargos, garantias, etc).
97
Para finalizar, este trabalho mostrou aspectos importantes vivenciados pelas empresas
exportadoras do Nordeste brasileiro que possibilitou fazer as reflexões abaixo assuntadas:
1. Sob o ponto de vista profissional:
• Maior efetividade, por parte dos formuladores e ofertantes de linhas de
financiamento, em relação ao processo de ausculta, comunicação e disseminação
desses mecanismos;
• Formatar produtos buscando aderência à real necessidade dos exportadores, sob a
ótica do mercado, mas, acima de tudo, observando o grau de volatilidade frente
aos ditames externos; e
2. Sob o ponto de vista acadêmico:
• Pesquisar qual o grau de correlação existente, sob o ponto de vista do nível de
conhecimento e utilização dos mecanismos de financiamento, entre as empresas
exportadoras que possuem pessoas com especialização em comércio exterior
coordenando tal processo e aquelas que não dispõem de especialistas exercendo tal
atividade.
98
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMARAL, F. H.; Coutinho, S. E. Principais Mecanismos de Financiamento às Exportações Brasileiras: Uma análise comparativa. Caderno de pesquisas em Administração. São Paulo: v.11, no. 2. p.1-12. abril/junho 2004. BANCO DO BRASIL S/A. Negócios Internacional – Proger exportação. Disponível em: , <http://www44.bb.com.br/appbb/portal/on/intc/mpe/exp/Proger.jsp> Acesso em: 05/05/2008. BANCO DO NORDESTE DO BRASIL S/A. Cresce Nordeste Exportação. Disponível em: <http://www.bnb.gov.br/content/aplicacao/produtos_e_servicos/operacoes_internacionais/gerados/nordeste_exportacao.asp> Acesso em: 29/05/2008 BARBETTA, Pedro Alberto. Estatística Aplicada às Ciências Sociais. Cap 3, 5ª. Edição. Santa Catarina: Ed UFSC 2002 BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. Evolução dos Desembolsos. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/exportação/default.asp> Acesso em 03/03/2008. _______. Apoio Financeiro: apoio a exportação. Disponível em: <http://www.bndes.gov.br/linhas/linhas.asp> Acesso em 03/03/2008. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. PROGER Exportação. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/pj/pj_comercial/mp/linha_credito/capital_giro/proger_exportacao/saiba_mais.asp> Acesso em: 05/05/2008 CASTRO, José Augusto de. Financiamento à Exportação de Crédito. 2ª. Edição. São Paulo: Aduaneiras, 2001. CATERMOL, F. Crescimento da Firma e Comércio Exterior: Revisitando a teoria de Adrian Wood. Revista de economia política. vol.26. no.2(102). pp.239-257. abril-junho/2006. CHADE, Jamil. Brasil cai do 23º para o 24º lugar no ranking dos exportadores mundiais. Texto no jornal O Estado de São Paulo. Edição de 12/04/2007. COMÉRCIO EXTERIOR. Principais entraves e prioridades. Disponível em: <http://www.empresario.com.br/comex/html/empresa_exportadora/empresa_exportadora_02.html> acesso em 12/02/2008. EXPORTADOR, Central de Atendimento. Incentivos à exportação. Disponível em: <http://www.exporta.sp.gov.br/2004/pages/popPasso.asp?id=16> acesso em 11/02/08. FONTENELE, Ana Maria de Carvalho; MELO, Maria Cristina P. Competitividade e Potencial de Expansão dos Setores Exportadores dos Estados Nordestinos. Edição: Banco do Nordeste do Brasil. Fortaleza: 2007.
99
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GIL, A. C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas S.A, 1995.
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100
SOUZA, Francisco E. P.; HOFF, Cecília R. O Regime Cambial Brasileiro: 7 anos de flutuação. Rede de Pesquisas Mercosul. 2006. UNIFAE, Intelligentia. Mecanismos de Financiamento. Disponível em: <http://www.fae.edu/intelligentia/negocios/exp_informacoes.asp> Acesso em: 10/03/08 VAZQUES, L .J .J. Comércio Exterior Brasileiro, 7ª. Edição, São Paulo: Atlas, 2004. VEIGA, P. M. A política de financiamento à exportação no Brasil, Relatório final. Série REDIPEA/BID. Aspectos estratégicos da política comercial brasileira. Outubro / 2000.
101
7 APÊNDICE
7.1 QUESTIONÁRIO DA PESQUISA
QUESTIONÁRIO SOBRE MECANISMOS DE FINANCIAMENTO AO COMÉRCIO EXTERIOR
PARTE 1 – IDENTIFICAÇÃO DA EMPRESA E DO ENTREVISTADO
Caracterização da Empresa:
Razão Social: ( )
Cidade: ( UF: ( )
Setor de Atividade: No.Empregados: Faturamento (ano-base 2007): ( ) Indústria ( ) De 01 a 49 ( ) Até R$ 2.701.650,00
( ) Comércio ( ) De 50 a 99 ( ) De R$ 2.701.650,01 a R$ 6.303.850,00
( ) Serviços ( ) De 100 a 499 ( ) De R$ 6.303.850,01 a R$ 35.000.000,00
( ) Agropecuária ( ) Acima de 499 ( ) Acima de R$ 35.000.000,00
Principal(ais) produto(s) exportado(s): ( )
Perfil do Entrevistado:
Nome: ( )
Cargo que ocupa: ( )
Grau de Instrução: ( )
Especialista em Comércio Exterior: ( SIM ( NÃO
PARTE 2 – QUESTIONAMENTOS
1 – Quanto à freqüência de exportação, sua Empresa se classifica como:
( ) A - Iniciante ( ) B – Esporádica ) C - Sempre
2 – Qual a importância das linhas de financiamento à exportação para o incremento de suas vendas no mercado internacional?
( ) A - Elevada ( ) B - Média ( ) C - Baixa ( ) D - Nenhuma
102
3 – Sua Empresa tem acesso a algum tipo de informação sobre linhas de financiamento à exportação disponíveis no mercado? ( ) SIM, através de: ) Internet
) Revista Especializada
( ) Jornais
( ) Consultoria
( ) Outro(s), qual (is): ( ) ( ) NÃO 4 – Dentre as linhas de financiamento exclusivamente para a exportação, assinale com um ¨X¨ as que são de seu conhecimento e se utiliza ou já utilizou.
Conhece
Utiliza ou já utilizou Linhas de Financiamento
Sim
Não
Sim
Não
Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC) Adiantamento sobre cambiais entregues (ACE) Proger exportação – CAIXA Proger exportação – Banco do Brasil Nordeste Exportação – BNB PROEX BNDES – Pré embarque tradicional BNDES – Pré embarque ágil BNDES – Pré embarque especial BNDES – Pré embarque empresa âncora BNDES – Pós embarque Forfaiting Factoring Internacional Export Notes Debêntures Cambiais
Desconto de Warrants Securitização de exportações 5 – Qual a razão para sua Empresa não ter escolhido utilizar os outros mecanismos de financiamento?
( ) A - Desconhecimento dos demais;
( ) B - Dificuldade de acesso às demais linhas;
( ) C - As demais linhas não atendem às necessidades da Empresa
( ) D - Outros – citar: ( )
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6 – Em que faixa se enquadra o percentual médio das exportações de sua empresa financiado com linhas exclusivas para exportação?
( ) A - De 0 a 20%
( ) B - De 21 a 40%
( ) C - De 41 a 60%
( ) D - De 61 a 80%
( ) E - De 81 a 100% 7 – A(s) linha(s) de financiamento utilizada(s) por sua Empresa atende(m) à sua real necessidade?
( ) SIM
( ) NÃO, pelo seguinte ponto crítico: ( ) Prazo incompatível ( ) Encargos financeiros inadequados
( ) Valor de recursos insuficiente ( ) Exigência de garantias incompatíveis
( ) Outros – citar: ( )