MÉDICOS SEM FRONTEIRASprogramas de migrantes/refugiados no México sofreu agres-sões físicas e...

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MÉDICOS SEM FRONTEIRAS relatório anual 2016 SUDÃO DO SUL © Pierre-Yves Bernard/MSF

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MÉDICOS SEM FRONTEIRASrelatório anual 2016

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FEDERAÇÃO RUSSA

BANGLADESH

MIANMAR

CAMBOJA

MALÁSIA

FILIPINAS

INDONÉSIA

PAPUANOVAGUINÉ

PAPUANOVA GUINÉ

ÍNDIA

PAQUISTÃO

IRÃ

TURQUIA

UZBEQUISTÃO

IRAQUEJORDÂNIA

QUIRGUISTÃO

TADJIQUISTÃO

GEÓRGIA

UCRÂNIA

BIELORRÚSSIA

SUÉCIA

SÉRV IA

ARMÊNIA

LÍBANOSÍRIA

GRÉCIA

ITÁLIA

FRANÇA

MAURITÂNIA

SUDÃO

SUDÃODO SUL

REPÚBLICA CENTRO- AFRICANA

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA

DO CONGO

ETIÓPIA

QUÊNIAUGANDA

BURUNDI

TANZÂNIA

MALAUI

ZIMBÁBUE

MOÇAMBIQUE

MADAGASCAR

SUAZILÂNDIA

ÁFRICADO SUL

BOLÍVIA

COLÔMBIA

VENEZUELA

EQUADOR

HAITI

MÉXICO

HONDURAS

AFEGANISTÃO

CHADE

NIGÉRIA

NÍGER

CAMARÕES

ANGOLA ZAMBIA

MALI

GUINÉ

SERRA LEOA

GUINÉ BISSAU

LIBÉRIA

COSTA DO

MARFIM

EGITOLÍBIA

ARGÉLIA

TUNÍSIA

PALESTINA

IÊMEN

06 AFEGANISTÃO

07 ÁFRICA DO SUL

07 ANGOLA

07 ARGÉLIA

07 ARMÊNIA

07 BANGLADESH

08 BIELORRÚSSIA

08 BOLÍVIA

08 BURUNDI

08 CAMARÕES

08 CAMBOJA

09 CHADE

09 COLÔMBIA

09 COSTA DO MARFIM

09 EQUADOR

09 EGITO

10 ETIÓPIA

10 FEDERAÇÃO RUSSA

10 FRANÇA

11 FILIPINAS

11 GEÓRGIA

11 GRÉCIA

11 GUINÉ BISSAU

12 GUINÉ

12 HAITI

12 HONDURAS

13 IÊMEN

14 ÍNDIA

14 IRAQUE

15 IRÃ

15 ITÁLIA

15 JORDÂNIA

16 LÍBANO

16 LÍBIA

16 LIBÉRIA

17 MADAGASCAR

17 MALAUI

18 MALI

18 MAURITÂNIA

18 MÉXICO

19 MIANMAR

19 MOÇAMBIQUE

19 NÍGER

20 NIGÉRIA

20 PALESTINA

20 PAPUA NOVA GUINÉ

21 PAQUISTÃO

21 QUÊNIA

22 QUIRGUISTÃO

22 SERRA LEOA

22 SÉRVIA

22 SUÉCIA

23 REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA

24 REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO

25 SÍRIA

26 SUDÃO

26 SUDÃO DO SUL

27 SUAZILÂNDIA

27 TANZÂNIA

28 TADJIQUISTÃO

28 TUNÍSIA

28 TURQUIA

28 UCRÂNIA

29 UGANDA

29 UZBEQUISTÃO

29 VENEZUELA

29 ZÂMBIA

29 ZIMBÁBUE

30 MIGRAÇÃO SUDESTE ASIÁTICO

30 BUSCA E RESGATE

Projetos de MSFpelo mundo

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2016: O ANO EM FOCO

© Sarah Vuylsteke/MSF

Na Nigéria, o conflito armado entre o Boko Haram e os militares nigerianos deslocou cerca de 1,8 milhão de pesso-as somente no estado de Borno. A insegurança disseminada e as restrições militares representaram um desafio signi-ficativo para MSF e outros atores humanitários: o número de pessoas que precisam de assistência nessas regiões é desconhecido. O conflito na Nigéria assumiu uma dimensão regional na bacia do lago Chade, tendo se expandido para as fronteiras de Camarões, Chade e Níger, com consequências diretas para as populações civis.

Em julho, um conflito intenso eclodiu na capital do Sudão do Sul, Juba, entre forças do governo e da oposição. Para ga-rantir a continuidade de atendimento durante a instabilidade, as pessoas que estavam em tratamento antirretroviral para o HIV receberam de MSF kits emergenciais para três meses.

Na Síria, as atividades de MSF continuaram gravemente res-tritas por causa da insegurança nas áreas de oposição e da falta de autorização do governo sírio. Nas zonas inacessíveis, nossas equipes ofereceram apoio a distância às redes médi-cas dentro do país.

No dia 15 de agosto, um ataque aéreo ao hospital de Abs, no norte do Iêmen, matou 19 pessoas, incluindo um profissional de MSF, e feriu 24. Em maio, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) adotou, por unani-midade, a Resolução no 2.286, condenando ataques a ins-talações médicas. Ainda assim, ataques contra instalações de saúde não cessaram e com frequência eram feitos com o envolvimento direto ou indireto de membros permanentes do Conselho de Segurança. Em 2016, 34 estruturas de saúde mantidas ou apoiadas por MSF foram atacadas dessa forma na Síria e no Iêmen.

Em 2016, 180 mil pessoas cruzaram o mar para chegar à Itá-lia. As equipes de MSF a bordo de três embarcações de bus-ca e resgate salvaram 21.600 pessoas no Mediterrâneo. Sem alternativas seguras e legais para chegar à Europa, quase todos os resgatados transitaram pela Líbia. Eles descreve-ram sofrimentos terríveis passados nas mãos de pessoas que exploravam o desespero de quem fugia do conflito, da perseguição e da pobreza. Em junho, três meses depois da assinatura do acordo entre a União Europeia (UE) e a Tur-

quia, MSF anunciou que não aceitaria mais fundos da UE ou de seus Estados-membros, em oposição às suas políticas danosas de dissuasão e tentativas contínuas de expulsar as pessoas e seu sofrimento das costas europeias.

Na América Central, pessoas de Honduras, Guatemala e El Salvador que fugiam da violência em seus países natais sofreram novamente durante o caminho para os Estados Unidos pelo México. Um quarto dos pacientes de MSF nos programas de migrantes/refugiados no México sofreu agres-sões físicas e trauma intencional ocorridos em trânsito.

MSF adotou uma nova estratégia de controle da cólera du-rante surtos com o uso de vacina oral em dose única. Mais de 423 mil pessoas foram vacinadas, a maior campanha de vacinação contra a cólera já feita durante um surto. Na Re-pública Democrática do Congo (RDC), MSF vacinou mais de 1 milhão de pessoas contra a febre amarela. As campanhas de vacinação são uma das maneiras mais eficientes de prevenir e responder a epidemias, mas só são possíveis se as vaci-nas estiverem disponíveis a preços acessíveis. A pneumonia ainda é a causa principal de morte de crianças com menos de 5 anos de idade e o alto preço da vacina pneumocócica conjugada a torna proibitiva em muitos países em desenvol-vimento. Em 2016, graças a quase meio milhão de pessoas que apoiaram a campanha “Uma dose justa”, de MSF, as duas fabricantes da vacina concordaram em reduzir seu preço para crianças em situações de emergência humanitária.

MSF continua sendo a maior provedora não governamental de tratamento de tuberculose (TB) em todo o mundo. Em 2016, nossas equipes trataram mais de 2 mil pacientes das formas da doença resistentes a medicamentos. MSF está contribuindo para estudos clínicos, iniciados em 2016, com o objetivo de estabelecer evidências sobre a segurança e a efi-cácia da bedaquilina e da delamanida, novos medicamentos para TB. Se bem-sucedidos, esses estudos clínicos podem revolucionar o tratamento de TB resistente a medicamentos, desde que estes sejam acessíveis aos pacientes que preci-sam.

Exprimimos nossa sincera gratidão a todos os nossos apoiadores e homenageamos as dezenas de milhares de profissionais de MSF que se dedicaram a oferecer cuidados médicos aos pacientes de 71 países em 2016. Aproveitamos a oportunidade para relembrar nossos cole-gas de MSF que perderam suas vidas enquanto trabalhavam.

Nossas equipes permanecem ativamente comprometidas em encontrar nossos três colegas sequestrados na RDC em 2013: Philippe, Richard e Romy.

MSF-Brasil

Susana de Deus – Diretora-geral de MSF-Brasil

Em 2016, assistimos à intensificação de crises humanitá-rias e reiteramos o compromisso de estar presente para ajudar os que mais necessitam. Do Brasil, 138 profissio-nais de saúde, administração e logística partiram para somar esforços em nossos projetos pelo mundo.

A Unidade Médica Brasileira (Bramu) colaborou com projetos de MSF em África do Sul, México, Bolívia, Quênia, Venezuela e Colômbia por meio da antropologia, do apoio epidemioló-gico e da expertise em doenças infecciosas emergentes. A Campanha de Acesso a Medicamentos contou com o apoio do público brasileiro e, em 2016, conseguiu finalmente influen-ciar as fabricantes da vacina contra a pneumonia a baixar os preços inacessíveis que por anos limitaram projetos de MSF voltados para a redução da mortalidade infantil.

Além do atendimento médico, um importante compro-misso de MSF é ampliar o conhecimento da sociedade sobre as crises humanitárias, dando voz ao grande número de pessoas que são muitas vezes invisíveis para o mundo. No Brasil, contamos as suas histórias em 65 atividades de contato direto com o público em 31 cidades. Lançamos o evento Conexões, que visitou Campinas, Recife e Forta-leza levando palestras, exibições de filmes e exposições sobre o trabalho de MSF.

No ano em que, para manter-se fiel aos seus valores de imparcialidade e independência, MSF tomou a difícil de-cisão de abrir mão do financiamento da União Europeia, a ajuda de cada doador individual se fez sentir ainda mais.

Receitas

Doações irrestritas R$ 140.082.687

Fundo de emergência R$ 3.015.188

Doações restritas LíbanoMauritâniaTurquiaRepública Democrática do Congo

R$ 247.300 R$ 225.000

R$ 15.000 R$ 1.300 R$ 6.000

Outras receitas R$ 3.608.203

Total R$ 146.953.378

Despesas

Recursos destinados a projetos R$ 108.521.728

Outras atividades humanitárias R$ 948.153

Unidade Médica Brasileira (Bramu) R$ 1.125.580

Advocacy R$ 302.253

Comunicação R$ 2.715.746

Recursos humanos para projetos R$ 1.394.465

Captação de recursos R$ 26.170.560

Administração R$ 5.774.894

Total R$ 146.953.378

Receitas e despesas

As informações referentes à atuação de MSF em 71 países descritas neste material são uma versão reduzida da publicação internacional. O conteúdo, na íntegra, está disponível em <www.msf.org.br>.

Ricardo H. Bammann, Salim Cafrune Elahel, Sergio Guatelli, Sergio Sieberer, Shu Su Yen, Silvia Yuri Shimamoto, Susy Aparecida Serrao, Telma Racy, Werner Martins Vieira, Wim Degrave.

Parceiros e apoiadores corporativos ABIH-RJ, ABIH-SP, Artur Lopes & Associados Assessoria Empresarial Ltda., Avianca, Bem Te Vi Diversidade, Bomax no Brasil Equipamentos Industriais Ltda., Café Export Indústria e Comércio Ltda., Companhia de Seguros Aliança da Bahia, CONTMED, Crescimentum, Dream Factory, Ecosilva Comércio Serviço Gerenciamento de Aparas Eireli EPP, Eduardo Antonio Lucho Ferrão Advogados Associados, Empiricus, FS Participações e Serviços de Tecnologia, Globosat, Grupo Icatu Seguros, Hotel Emiliano, Icatu Holding, Indústria de Motores de Anauger S/A, Indústria e Comércio Barcha Ltda., Instituto Sonhar, Instituto Vera Lúcia Lemos, Itabus, Joli Comércio de Materiais de Construção Ltda., Latam, Lello Participações Ltda., Madrugão Comércio de Suplementos Alimentares Ltda., Multi Franqueadora Ltda., Multiplus, OK Imóveis Ltda., Ourolac Indústria de Alimentos S/A, Pró-Vascular Representações Comerciais Ltda., Rei das Bombas, São João Alimento Ltda., Silvia Bez Palestras e Cursos, Sioux.

Embaixadores MSF-Brasil*Alberto Leite, Alex Pardellas Pereira, Ana Maria Correa Moreira Da Silva, Antonino Russo Junior, Barbara Alves De Lima Magalhaes, Basile George Pantazis, Bruno Kurzweil De Oliveira, Carlos Alberto Carvalho De Oliveira, Carlos Jose Fadigas De Souza Filho, Cesar Rios De Lafuente, Dacio Aguiar de Moraes Neto, Eduardo Pires Simões, Eliana Fernandes, Emanuel José Ferreira Fernandes, Fernanda Franciulli de Araujo, Fernando Acunha, Giancarlo Bibas, Gilberto da Silva Coelho, Gilberto Schwartsmann, Giorgio de Angeli, Gustavo Barnabe, Ivanete Ferreira De Oliveira, Jairo Viotto Belli, Jeferson João Gon, Juan Pablo De Jesus Pereira, Kátia Correa Lazera, Lilia Yoshiko Tokuo, Luciano Rossi, Luiz Alberto Silveira, Luiz Carlos Cintra, Luiz Eduardo Almeida de Oliveira, Lydia Aparecida Dana Hejda Garcia, Magdalena Olivastro, Marcos Antonio Rossi, Marcos De Queiroz Bogado Leite, Marcos Fernandez Novaes, Marcos Moraes, Maria Cecilia Fagundes Ramos, Maria Henriqueta Lindenberg do Monte, Maria Luiza de Castro Andrade, Maria Luiza Hoop, Maria Regina Saenz, Mauro De Lima Torres, Monica Tenorio Wanderley, Nawfal As Assa Mossa Alssabak, Norma Quintella, Paulo Iwao Hashimoto, Paulo Lopes, Paulo Rogerio Sehn, Regina Maria Carrilho, Renata Aparecida Facury Ribeiro, Renata Meireles,

*O título Embaixadores foi criado para reconhecer e retribuir a expressiva contribuição de um grupo de doadores brasileiros. Os embaixadores citados autorizaram a divulgação de seus nomes. Para mais informações, acesse www.msf.org.br/campanha-embaixadores.

A confiança e o apoio de 356.749 brasileiras e brasilei-ros contribuiu enormemente para que continuássemos a oferecer assistência médico-humanitária a milhões de pessoas. Gostaríamos de agradecer a todos vocês que tor-naram possível este trabalho. Obrigada.

Joanne Liu – Presidente Internacional de MSFJérôme Oberreit – Secretário-geral Internacional de MSF

54 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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ArmêniaEm 2016, novos tratamentos para a tuberculose multirresis-tente a medicamentos (TB-MDR) foram implementados na Armênia, que tem um dos maiores índices da doença no mun-do. O principal desafio é a duração e a toxicidade do próprio tratamento, que envolve a ingestão de 20 comprimidos por dia durante dois anos, além de meses de injeções diárias. A Ar-mênia foi um dos primeiros países a autorizar o uso de dois novos medicamentos para TB, a bedaquilina e a delamanida, que prometem ser menos tóxicos e mais eficazes. Entre janei-ro e dezembro de 2016, 66 pacientes de TB-MDR iniciaram o novo plano de tratamento e um total de 79 estavam sendo tratados até o fim de 2016. MSF atua no país desde 1998.

África do SulO projeto de HIV/tuberculose (TB) de MSF no distrito de uThungulu quer ser o primeiro no país a cumprir as metas da Unaids. Em 2016, 56.029 indivíduos foram testados, 2.370 circuncisões masculinas foram apoiadas e 1.573.756 preservativos foram distribuídos. O projeto Khayelitsha desenvolve e implementa regimes de tratamento para TB multirresistente a medicamentos (MDR-TB) e modelos de assistência a pessoas que vivem com HIV e TB. Treze clubes foram estabelecidos para que mulheres tenham acesso a serviços multidisciplinares de HIV para si mesmas e seus bebês. Em 2016, MSF lutou para que alguns pacientes tivessem acesso a novos medicamentos, e agora o acesso ao novo medicamento de TB, bedaquilina, é nacional.

MSF continuou apoiando o Departamento de Saúde para expandir o acesso aos cuidados para vítimas de violência sexual em Rustenburg. Uma a cada quatro mulheres no distrito de Bojanala foram violentadas e metade passou por alguma forma de violência ou intimidação sexual. Entretanto, 95% das mulheres nunca mencionaram isso a uma unidade de saúde. Em 2016, 290 vítimas de violência sexual foram tratadas e 100% delas receberam medica-mentos e/ou cuidados psicológicos.

O projeto Stop Stockouts, apoiado por MSF, monitora a dis-ponibilidade de medicamentos essenciais e exige a resolu-ção rápida de problemas com o estoque. Em 2016, o projeto recebeu 605 relatórios de falta de estoque e treinou 3.454 ativistas. MSF atua no país desde 1999.

ArgéliaEm 2015, MSF iniciou um programa para tornar o tratamen-to de HIV mais acessível a grupos vulneráveis. Desde então, a organização tem trabalhado com duas outras instituições argelinas em diversas clínicas mantidas pelo Ministério da Saúde. MSF contribui para aumentar a conscientização das estratégias de prevenção de HIV, realizando atividades de promoção de saúde e de envolvimento comunitário com os grupos de risco. As equipes também oferecem serviços de diagnóstico na comunidade e dão apoio técnico aos centros de referência para padronizar o tratamento, o monitoramento e os protocolos. Em 2016, MSF doou equipamentos de labora-tório e apoiou a descentralização do atendimento. MSF atua no país desde 1998.

BangladeshO número de pacientes atendidos na clínica de MSF próximo ao campo temporário de Kutupalong aumentou muito no final de 2016 por causa de um grande influxo de refugiados rohin-gyas vindos de Mianmar. Em 2016, foram realizados 89.954 atendimentos ambulatoriais, 2.491 internações e 4.559 con-sultas de saúde mental, além de 15.194 consultas de pré-na-tal. Na favela de Kamrangirchar, na capital, Dhaka, MSF rea-lizou 4.578 consultas de pré-natal e auxiliou em 457 partos. Foram também conduzidas 2.324 sessões de planejamento familiar e 2.379 consultas individuais de saúde mental. MSF continua a manter seu programa de saúde ocupacional para profissionais de manufaturas de Kamrangirchar. MSF atua no país desde 1985.

AngolaDepois de uma ausência de nove anos, em 2016 MSF retomou suas operações em Angola, dando apoio às au-toridades locais em um surto de febre amarela. Foram registrados 4.599 casos suspeitos; 884 pessoas tiveram resultado positivo, das quais 384 morreram. MSF apoiou o tratamento de pacientes em Benguela, Huambo e Viana, entre fevereiro e agosto. A equipe administrou o total de 740 pacientes, 127 deles com resultado positivo para a doença. A organização também treinou funcionários do Ministério da Saúde e doou medicamentos e suprimentos médicos.MSF continuará a apoiar as autoridades locais para prestar serviços de atendimento de emergência em Angola. MSF atua no país desde 1983.

ÁFRICA DO SUL © Rowan Pybus ANGOLA © Barry Guitwein

AfeganistãoDepois que um ataque aéreo militar dos EUA destruiu seu centro de trauma em Kunduz, matando 42 pessoas em outu-bro de 2015, MSF se envolveu em negociações com todas as partes do conflito para garantir a neutralidade do atendi-mento médico. No fim de 2016, a organização obteve garan-tias de que sua equipe e seus pacientes seriam respeitados e de que poderia prestar atendimento a todas as pessoas que precisassem. Com isso, MSF avalia a possibilidade de reto-mar as atividades no centro de trauma em 2017.

A capital, Kabul, passa por um expressivo crescimento da população, e o sistema de saúde pública da cidade não atende às necessidades médicas. O hospital distrital Ahmad Shah Baba atende mais de 1,2 milhão de pessoas. O foco são ser-viços de emergência e saúde materna, mas nossa equipe também realiza atendimento pediátrico, tratamento para desnutrição, planejamento familiar, promoção de saúde e vacinação. MSF apoia ainda o laboratório do hospital, os servi-ços de raios X e o programa de tratamento de tuberculose (TB). Em 2016, MSF aumentou a capacidade do hospital de 46 para 62 leitos e começou a reformar os edifícios. A equipe realizou 100 mil consultas e auxiliou em 18.966 partos, quase 20% a mais que em 2015. A organização também começou um novo programa para o tratamento de doenças crônicas não transmissíveis, atendendo 600 pacientes. MSF colabora com o Ministério da Saúde Pública para oferecer atendimento 24 horas no hospital Dasht-e-Barchi, a única unidade para partos emergenciais e complicados do distrito. A organização mantém as salas de parto e pré-parto, um centro cirúrgico para cesarianas e partos complicados, uma sala de recupe-ração, uma unidade materna de 30 leitos, uma unidade neonatal de 20 leitos e uma “sala-canguru” de cinco leitos. Em 2016, nossos profissionais auxiliaram em 15.627 partos, dos quais quase 27% eram casos complicados, e receberam 1.342 bebês com complicações.

Em 2012, MSF inaugurou um hospital-maternidade em Khost, no leste do país, para suprir a falta de atendimento obstétrico na região. O número de partos aumentou em 40% em dois anos, de 15.204, em 2014, para 21.335, em 2016. Em dezembro, esse número chegou a 1.905, uma mé-dia de 60 por dia. Em 2016, 1.746 recém-nascidos foram internados na unidade neonatal. MSF também começou a apoiar três centros de saúde em distritos afastados da pro-víncia de Khost para aumentar a capacidade de realizar partos normais. Desde 2009, MSF auxilia o hospital de Boost, um dos três únicos hospitais de referência no sul do Afeganistão. Em 2016, a equipe concluiu a reforma de todo o prédio original do hospital e ampliou a maternidade. A capacidade do hospital aumentou de 150 para 327 leitos, e o número de internações mensais passou de 120, em 2009, para uma média de 2.750. A equipe também auxiliou em 10.572 partos. O hospital tem uma unidade neonatal e uma pediatria com 109 leitos, que inclui um centro de nutrição terapêutica com internação, onde 2.431 crianças foram tratadas de desnutrição em 2016. MSF também apoia o depar-tamento de clínica médica, a unidade de terapia intensiva e a emergência. Além disso, nossas equipes monitoram casos de TB e trabalham nas enfermarias isoladas para doenças infecciosas. Em 2016, MSF começou a apoiar o diagnóstico e o tratamento de TB resistente a medicamentos (TB-DR) e inaugurou um laboratório e instalações para receber os pacientes durante o tratamento na cidade de Kandahar. Durante o último trimestre do mesmo ano, 13 pacientes foram diagnosticados com TB multirresistente a medicamentos (TB-MDR). Um quarto de todos os partos assistidos por MSF em todo o mundo ocorre no Afeganistão. Nossas equipes auxiliaram no nascimento de mais de 66 mil bebês em 2016.

MSF atua no país desde 1980.

AFEGANISTÃO © Kadir Van Lohuizen/Noor

76 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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BielorrússiaA Bielorrússia foi listada como um país de alta incidência de tuberculose multirresistente a medicamentos (TB-MDR). MSF está apoiando o Ministério da Saúde em quatro unidades de TB, onde oferece apoio psicossocial para cerca de 200 pacientes por mês. Até o fim de 2016, a organização também adotou um novo plano de tratamento com bedaquilina e delamanida para 50 pacientes com TB ultrarresistente a medicamentos (TB-XDR). O projeto de MSF está participando do estudo observacional endTB (resultado 1), que busca encontrar tratamentos mais curtos, menos tóxicos e mais eficazes para a TB-MDR, com menos efeitos colaterais. Em 2016, 46 pacientes da Bielorrússia foram recrutados para o estudo. MSF atua no país desde 2015.

BolíviaEm 2016, MSF começou a reduzir suas atividades no muni-cípio de Monteagudo e apresentou ao Ministério da Saúde um manual abrangente sobre como fazer a gestão da doença de Chagas em áreas rurais. Profissionais médicos de 17 centros de saúde da área foram treinados. Como resultado dessa ação, 1.094 casos foram detectados, dos quais 445 pacientes concluíram o tratamento. Endêmica em 60% do país, a doença coloca 4,44 milhões de pessoas sob o risco de infecção. Neste ano, MSF lançou o aplicativo para dispositivos móveis eMOCHA. Com ele, as pessoas podem informar por SMS a localização dos insetos trans-missores da doença. Assim, eles podem ser removidos de maneira rápida e eficiente. MSF atua no país desde 1986.

BurundiEm 2015, MSF iniciou suas atividades na clínica L’Arche Kigo-be, em Bujumbura, capital do Burundi, em meio às manifes-tações durante a eleição presidencial. Em 2016, a organiza-ção aumentou a capacidade de 43 para 75 leitos e expandiu o atendimento a todas as vítimas de trauma. Foram feitos 4.839 atendimentos na emergência e 1.801 internações. Também foram realizadas 3.184 cirurgias, 11.237 sessões de fisiotera-pia e 1.160 atendimentos de apoio psicológico. MSF respondeu a dois alertas de cólera durante a estação de pico. No hospital PRC, na capital, uma equipe instalou um centro de tratamen-to de cólera (CTC), que atendeu 57 pacientes. MSF também estabeleceu dois CTCs em Kabezi e Ruziba, tratando 295 pa-cientes. MSF atua no país desde 1992.

CambojaEm maio de 2016, MSF lançou um programa para combater a hepatite C no Camboja, oferecendo o primeiro tratamento gratuito para o vírus no país. Estima-se que entre 2% e 5% da população estejam infectados. A base do projeto fica no hospital de Preah Kossamak, em Phnom Penh. Até o fim de dezembro, 307 pacientes estavam sendo tratados e 183 estavam na lista de espera. Os primeiros seis meses do projeto revelaram que 91% dos pacientes com hepatite C têm mais de 40 anos de idade e que 50% dos infectados apresentam fibrose avançada no fígado (nos estágios F3 e F4 da doença), o que está associado a comprometimentos graves no órgão.

MSF também estabeleceu um projeto de pesquisa no norte do país para encontrar formas de eliminar a malária, pois exis-te uma resistência comprovada ao medicamento antimalária mais eficiente, a artemisinina. A estratégia consiste no diag-nóstico precoce e no tratamento das pessoas com sintomas, juntamente com teste voluntário dos grupos de alto risco, como aqueles que trabalham em florestas ou lavouras.

MSF atua no país desde 1979.

CamarõesDesde 2011, ataques violentos do Boko Haram e operações de contrainsurgência do exército nigeriano forçaram centenas de milhares de pessoas do nordeste da Nigéria a buscar refúgio em Camarões, no Chade e no Níger. Durante os dois últimos anos, a violência se expandiu para os três países vizinhos. Até o fim de 2016, havia cerca de 86 mil refugiados e 190 mil pessoas deslocadas internamente em Camarões. MSF ampliou suas atividades em vários locais no norte do país, inclusive no campo de Minawao, onde realizou 58.147 consultas em 2016.

Na cidade de Mora, perto da fronteira com a Nigéria, MSF realizou atendimento nutricional e pediátrico e apoiou dois centros de saúde. Também reformou completamente o centro cirúrgico e a ala pós-cirúrgica do hospital de Maroua, onde realizou 737 cirurgias. Em Kousseri, na fronteira com o Chade, a organização apoiou a ala cirúrgica do hospital distrital. A equipe de MSF também ofereceu cuidados nutri-cionais e pediátricos no hospital e realizou consultas ambulatoriais em três centros de saúde das periferias da cidade. MSF atua no país desde 1984.

BOLÍVIA © MSF CAMARÕES © Louise Annaud/MSF

ChadeAs equipes de MSF operaram clínicas móveis a partir das bases de Baga Sola, Bol, Liwa e Kiskawa e ofereceram cuidados de saúde básica e apoio de saúde mental às pessoas deslocadas e à população local. MSF também oferece cuida-dos de saúde mental aos refugiados nigerianos do campo de Dar es Salam. No hospital regional de Bol, profissionais da organização colaboram com o Ministério da Saúde nos cuidados de saúde sexual e reprodutiva. Os profissionais auxiliaram em 409 partos e prestaram apoio nutricional a mais de mil crianças. Em unidades de saúde apoiadas por MSF em Moissala, 43 mil crianças e 7.500 mulheres foram tratadas de malária. Foram realizadas quatro rodadas de prevenção química contra malária sazonal, alcançando mais de 110 mil crianças por vez. Em setembro, a unidade de resposta de emergência do Chade de MSF respondeu a um surto de hepatite E. Cerca de 600 profissionais nacionais e internacionais foram recrutados. Em 2016, 2.176 crianças foram tratadas de desnutrição grave. Pela primeira vez, MSF iniciou um projeto de prevenção de desnutrição voltado para quase 30 mil crianças com menos de 2 anos de idade na cidade de Bokoro e arredores. MSF também transferiu todas as suas atividades de Bokoro para o Ministério da Saúde. Entre elas, 15 clínicas para crianças desnutridas com idades entre 6 meses de vida e 5 anos de idade e um centro de nutrição terapêutica intensiva.

MSF atua no país desde 1981.

Costa do MarfimO sistema de saúde do país é um dos mais deficientes da África, com uma taxa de mortalidade materna muito elevada; por isso, o Ministério da Saúde determinou a redução dessa taxa como prioridade. Na região de Hambol, a taxa de mortalidade é de 661 a cada 100 mil bebês nascidos vivos. MSF mantém um projeto em colaboração com o Ministério da Saúde no local para aprimorar a gestão das emergências obstétricas e neonatais, apoiando o hospital de referência de Katiola e três centros de saúde primária. Cerca de 350 partos por mês foram auxiliados por unidades apoiadas por MSF, 55 recém-nascidos foram internados e 50 cesarianas foram realizadas no hospital de Katiola. MSF atua no país desde 1990.

ColômbiaEm Tumaco e Buenaventura, os profissionais de MSF ofereceram apoio psicológico a 3.953 vítimas de violência e atendimento abrangente a 722 vítimas de violência sexual. Em Buenaventura, realizaram 1.710 consultas por meio da “linha psicológica”, um telefone confidencial com serviço de aconselhamento para vítimas de violência e pessoas com problemas de saúde mental. Em Tumaco, MSF atendeu 461 casos de violência sexual. Neste ano, as equipes começaram atividades ligadas à interrupção voluntária da gravidez para vítimas de violência sexual. A organização continua a coordenar uma equipe de res-posta de emergência, que realizou 2.012 consultas de saúde primária e 2.677 consultas de saúde.

MSF atua no país desde 1985.

EquadorDois terremotos atingiram o Equador em 2016. Depois do primeiro deles, quatro equipes de MSF foram ao país e passaram um mês trabalhando nas províncias de Manabí e Esmeraldas. Os profissionais realizaram atividades psi-cossociais com 3.675 pessoas e distribuíram 180 kits de higiene, cerca de 200 kits para cozinhar, mais de 60 kits de abrigo e 10 tanques de água. A equipe ainda ofereceu atendimento de saúde primária, realizando 120 consultas no total. Em Jama, MSF distribuiu kits de abrigo, cozinha e higiene para 500 famílias. Mais de 2 mil pessoas da região se beneficiaram do apoio de MSF. As operações de MSF no Equador foram encerradas em maio. MSF atuou pela primeira vez no país em 1996.

EgitoO número de migrantes que chegam ao Egito subiu muito nos últimos anos por causa da instabilidade na região. No fim de 2016, havia 193.375 refugiados e solicitantes de asilo registrados no país. Muitos foram expostos a violência e exploração. MSF ofereceu tratamentos individuais de rea-bilitação, que consistem em assistência médica e de saúde mental, psicoterapia e apoio social. A organização tratou 1.465 novos pacientes, realizou outras 2.655 consultas e distribuiu mais de 2.300 kits de higiene. MSF também continuou o diálogo com o Ministério da Saúde e da População e com instituições médicas para estabelecer projetos de parceria na área de saúde pública.

MSF atua no país desde 2011.

CHADE © Sara Creta/MSF COLÔMBIA © Marta Soszynska/MSF

98 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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EtiópiaDesde 2007, MSF apoia o hospital Wardher e outras instituições de saúde na região somali, além de atuar em 10 clínicas comunitárias. Em 2016, foram 3.075 as novas chegadas ao centro de recepção de Dolo Ado, onde a organização trabalha desde 1995 com foco na oferta de assistência médica para refugiados somalis. Em 2016, foram 3.075 as novas chegadas ao centro de recepção de Dolo Ado. As equipes ofereceram atendi-mento básico de saúde, apoio nutricional e imunizações de emergência. Três postos de saúde mantidos por MSF nos campos de Buramino e Hiloweyn prestaram servi-ços básicos de saúde. Até o fim de 2016, havia mais de 203.887 refugiados nos cinco campos da zona de Liben. Em Degehabur, MSF presta serviços de saúde materna, planejamento familiar e tratamento para vítimas de vio-lência sexual e de gênero. Clínicas móveis em 14 locais remotos oferecem cuidados básicos de saúde.

Mais de 340 mil sul-sudaneses se refugiaram em Gambella. Em colaboração com o governo e o Acnur, MSF oferece serviços de saúde primária e secundária nos centros de saú-de dos campos de Kule e Pugnido e na cidade de Pugnido, além de em postos de saúde em Kule e Tierkidi. Também há uma clínica móvel regular para refugiados no ponto de entrada de Pagak. Em 2016, a organização ofereceu assis-tência médica básica a 264 mil refugiados e residentes. O principal foco de MSF na região de Amhara é o tratamento, o diagnóstico e a prevenção do calazar (leishmaniose visceral), endêmico no país. A equipe também oferece tratamento para mordidas de cobra e montou um sistema de vigilância para prever emergências nutricionais. MSF oferece atendimento de saúde mental a cerca de 6.200 refugiados da Eritreia nos campos de Shimelba e Hitsats.

MSF ajudou a responder à seca de 2015-2016 com avalia-ções nutricionais, a partir das quais foram lançadas duas ações. Em Aseko, foram atendidas quase 4.800 crianças com desnutrição aguda moderada e 160 crianças com desnutrição aguda grave. Em Babile, MSF auxiliou no exame e no tratamento de cerca de 300 crianças desnu-tridas. Desde março, a organização está colaborando com autoridades etíopes para responder a surtos de diarreia aquosa aguda.

MSF atua no país desde 1984.

FrançaEm Calais, o número de migrantes e refugiados no acam-pamento “Selva” aumentou de 3 mil para quase 10 mil entre setembro de 2015 e setembro de 2016. Ali, MSF ofereceu cuidados de saúde e forneceu água e saneamento, além de manter um abrigo próximo para menores desa-companhados em colaboração com outras organizações. Em outubro, o acampamento foi desativado e as cerca de 6 mil pessoas que lá viviam (sendo 1.900 menores de-sacompanhados) foram remanejadas para diferentes locais do país. Em Grande-Synthe, a organização realizou consultas médicas e psicológicas por meio de clínicas móveis e, em março, concluiu a construção de um campo com 370 abrigos e instalações sanitárias para 1.300 refu-giados e migrantes. MSF repassou as atividades a outras organizações em setembro. A falta de saneamento e a expo-sição às intempéries nesse e em outros campos informais do norte da França tiveram consequências significativas para a saúde das pessoas.

MSF atuou pela primeira vez no país em 1987.

GeórgiaEm 2016, mais de 150 pacientes receberam os medicamen-tos bedaquilina ou delamanida como parte de um tratamento aprimorado para tuberculose multirresistente a medicamen-tos (TB-MDR). No país, 12% dos novos pacientes de TB e 39% dos que já foram tratados têm uma forma multirresistente da doença. MSF passou a apoiar o Ministério da Saúde no uso de novos medicamentos em 2014 e, em 2015, continuou seguin-do o programa endTB, que busca tratamentos mais curtos, menos tóxicos e mais eficientes para a TB-MDR. Uma equipe apoiou o tratamento de 180 pacientes com os novos medica-mentos. MSF continua a apoiar a AMRA, uma organização não governamental local criada por antigos profissionais de MSF que atende 35 idosos e 40 pacientes de TB resistente a medi-camentos (TB-DR). MSF atua no país desde 1993.

Guiné-BissauA contínua instabilidade política debilitou ainda mais o sis-tema de saúde. Em Bafatá, MSF trabalhou para reduzir a mortalidade infantil, mantendo as enfermarias pediátrica e neonatal do hospital regional e um programa nutricional para crianças. As equipes também apoiaram vários centros de saúde nas áreas rurais. Para enfrentar o aumento sazo-nal dos casos de malária, MSF dobrou o número de leitos do hospital regional durante os meses de maior incidência e im-plementou a prevenção química, alcançando 25 mil crianças. Em fevereiro, começou a trabalhar no principal hospital pe-diátrico do país, na capital, Bissau, gerenciando a unidade de tratamento intensivo 24 horas. MSF atua no país desde 1998.

FilipinasUma avaliação feita por MSF em 2015 constatou a necessi-dade de oferta de serviços de saúde sexual e reprodutiva na região de Tondo, na capital Manila. MSF apoiou os serviços de planejamento familiar da clínica local, realizando em mé-dia mil consultas por mês, e melhorou exame, diagnóstico e tratamento de infecções sexualmente transmissíveis. Em ou-tubro, a clínica passou a oferecer exames de câncer cervical e crioterapia, tendo examinado 89 pacientes. Estava prevista uma campanha de vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para 24 mil meninas entre 9 e 13 anos de idade. No entanto, atrasos na importação das vacinas adiaram a cam-panha para fevereiro de 2017. MSF atua no país desde 1987.

GréciaO fechamento da rota dos Bálcãs e o acordo da União Europeia com a Turquia, em março, deixaram milhares de migrantes e refugiados paralisados. Em 2016, MSF realizou 12.830 consultas nas ilhas gregas por meio de clínicas móveis e nos centros de registro de Moria e Kara Tape. Em setembro, a organização inaugurou uma clínica em Mytilene para oferecer cuidados de saúde sexual e reprodutiva, tratamento para doenças crônicas e apoio de saúde mental. Na ilha de Samos, MSF implantou uma equipe de resgate médico em terra (MLRT) para prestar primeiros socorros, distribuir itens de ajuda humanitária e oferecer transporte até os campos e as instalações médicas. A MLRT auxiliou 5.721 pessoas até o fim das atividades, em maio. Outra MLRT operou na ilha de Agathonisi. Antes da construção de um ponto de acesso oficial, MSF forneceu 18.700 refeições no campo de Samos e distribuiu 1.470 barracas e 2.800 cobertores. A organização também prestou serviços de saúde mental, com 170 consultas e 249 consultas de acompanhamento.

Atividades de busca e resgate tiveram início no mar Egeu e mais de 18.117 pessoas foram assistidas em 361 operações distintas entre novembro de 2015 e março de 2016. As atividades foram interrompidas em agosto.

A organização opera três clínicas em Atenas para mi-grantes e solicitantes de asilo. Mais de 4.055 consultas médicas foram realizadas. Em Kypseli, uma equipe tra-balhou com parceiros locais para oferecer reabilitação interdisciplinar às vítimas de tortura. MSF ofereceu atendimento de saúde básica no campo de Eleonas, no centro de detenção de Corinto e no porto de Piraeus, tendo realizado 6.734 consultas. Equipes distribuíram 6.600 refeições e 9.660 cobertores aos migrantes trans-feridos para o continente, além de realizar mais de 1.680 consultas médicas. Milhares de pessoas que tentavam cruzar para a Macedônia ficaram retidas no campo de Idomeni, onde MSF forneceu, de janeiro a junho, abrigo, água, instalações sanitárias e atendimento médico em 27.085 consultas. Em Janina, foram 1.487 consultas. Entre julho e setembro, uma equipe apoiou uma campa-nha de vacinação do Ministério da Saúde direcionada a mais de 7 mil crianças.

MSF atua no país desde 1991.

Federação RussaDepois de repassar a gestão de casos de tuberculose mul-tirresistente a medicamentos (TB-MDR) ao Ministério da Saúde da Chechênia, MSF se concentrou no tratamento da TB ultrarresistente a medicamentos (TB-XDR) e obteve os medicamentos apropriados para regimes de tratamento mais eficazes. O programa inclui ainda apoio laboratorial, promoção de saúde e assistência psicossocial. MSF conti-nuou a cuidar de pacientes de TB-XDR com comorbidade de diabetes. Em dezembro, 60 pacientes com diabetes e TB e 79 com TB-XDR estavam em tratamento. As equipes ofereceram atendimento psicossocial a 4.838 pacientes, além de 314 sessões de terapia em grupo para vítimas de violência. A organização também apoia o atendimento cardiológico do hospital de emergência de Grozny e do hos-pital de Urus-Martan com o fornecimento de equipamentos médicos e a melhoria da qualidade no atendimento de pa-cientes mais graves. A unidade de ressuscitação cardíaca recebeu 1.327 pacientes, dos quais 413 se beneficiaram da angiografia e 397, da angioplastia.

MSF atua na Federação Russa desde 1992.

GUINÉ BISSAU © Ramón Pereiro/MSFETIÓPIA © MSF GRÉCIA © Mohammad Ghannam/MSFFRANÇA © Charles Habib

1110 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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HaitiEm maio de 2015, MSF inaugurou sua clínica de Pran Men’m, em Porto Príncipe, para prestar serviço de emer-gência às vítimas de violência sexual e de gênero, uma emergência negligenciada no país. Até o fim do ano, 787 pessoas foram tratadas.

A organização também mantém o Centro de Referência de Urgências Obstétricas (Cruo), que tem 176 leitos e tra-ta mulheres grávidas com complicações obstétricas. Em 2016, a equipe realizou 19.077 consultas, auxiliou em 5.594 nascimentos e internou 2.498 bebês na unidade de aten-dimento de emergência neonatal. O Cruo também oferece atendimento pós-natal, serviços de planejamento familiar, prevenção de transmissão de HIV de mãe para filho e apoio à saúde mental, além de ter uma ala especial para mulhe-res grávidas com cólera. A epidemia dessa doença perma-nece uma importante preocupação de saúde pública.

A resposta de MSF ao furacão Matthew se concentrou no sul do Haiti. A equipe apoiou o hospital de Port-à-Piment e administrou clínicas móveis, tratando 17.537 pacientes, incluindo 478 que sofriam de cólera. Os profissionais também reformaram 26 pontos de água e levaram 10 milhões de litros de água potável em caminhões-tan-que. Em áreas montanhosas, MSF forneceu materiais de construção para 9.500 famílias e administrou vacinas para 14 mil pessoas.

No hospital de Drouillard, na área de Cité Soleil, da capital, MSF mantém uma unidade para vítimas de queimaduras. No total, 801 pacientes foram internados e 630 passaram por cirurgias importantes. Os profissio-nais realizaram 14.030 sessões de fisioterapia e 1.733 consultas de saúde mental. O hospital de Nap Kenbe, de MSF, teve de lidar com um grande aumento do número de pacientes no segundo semestre em razão de uma ampla greve no setor público de saúde. Na emergência, 15.228 pacientes foram tratados e 8.088 cirurgias foram realiza-das nos quatro centros cirúrgicos do hospital, sendo 90% dos casos de trauma. A clínica de Martissant está em seu décimo ano e oferece cuidados de saúde 24 horas. Em 2016, as equipes trataram 52.344 pacientes, incluindo 28.891 com ferimentos causados por acidentes.

MSF atua no país desde 1991.

GuinéAté setembro, MSF tratou 359 sobreviventes de Ebola e 282 profissionais de saúde com complicações médicas. Tam-bém realizou atividades médicas e psicológicas com 354 pessoas indiretamente afetadas pela epidemia. Em setem-bro, não havia mais necessidade de tratamento especiali-zado e o atendimento psicológico foi repassado ao Ministé-rio da Saúde e a outras organizações.

Embora haja uma prevalência relativamente baixa de HIV na Guiné, o país tem um dos piores índices de tratamento do mundo. Em novembro, em colaboração com o Ministério da Saúde, MSF inaugurou um centro de 31 leitos no hospital de Donka para tratar pessoas que sofrem de HIV avançado. Até o fim do ano, o centro tinha tratado 49 pessoas.

No fim de 2016, MSF estava oferecia atendimento médico a 9.856 pessoas que viviam com o HIV. Entre elas, 4.968 rece-beram seis meses de suprimentos de antirretrovirais por meio de uma estratégia de ajuda humanitária chamada de R6M. Mais de 94% das pessoas com HIV do R6M ainda esta-vam em tratamento depois de 24 meses. MSF atua no país desde 1984.

HondurasHonduras tem uma das taxas de violência mais altas do mun-do. Em 2016, MSF deu continuidade a seu serviço prioritário, em colaboração com o Ministério da Saúde, por meio do qual oferece atendimento médico de emergência e cuidados psi-cológicos às vítimas de violência, inclusive sexual. Esse ser-viço é gratuito, confidencial e integrado, e está disponível em dois centros de saúde do principal hospital de Tegucigalpa. MSF tratou mais de 900 vítimas de violência, das quais 560 haviam sofrido violência sexual, e realizou 1.830 consultas de saúde mental. Honduras continua proibindo o uso de pílulas contraceptivas emergenciais, apesar do debate contínuo no Congresso do país sobre o tema. MSF permanece defenden-do o acesso a cuidados médicos pelas vítimas da violência sexual e destaca as consequências psicológicas e médicas de uma gravidez resultante de violência sexual.

MSF também conduziu atividades para melhorar o controle do mosquito Aedes aegypti, o inseto responsável pela trans-missão do Zika, da dengue e da Chikungunya. MSF atua no país desde 1974.

GUINÉ © Tommy Trenchard/Panos Pictures HAITI © Jeanty Junior Augustin

IêmenUma guerra de grandes proporções ocorre no Iêmen desde março de 2015, o que fez com que centenas de instituições de saúde parassem de funcionar. No fim de 2016, as equipes de MSF ofereciam serviços de saúde diretamente em 12 hospi-tais e apoiavam pelo menos mais 18 unidades de saúde. Em 2016, mais de 32.900 pacientes em instalações mantidas ou apoiadas por MSF receberam tratamento por causa da vio-lência física intencional, inclusive ferimentos de guerra. Desses, 15.800 foram tratados por equipes de MSF. Com cerca de 1.600 profissionais, incluindo 82 membros interna-cionais, o programa de MSF no Iêmen é um dos maiores do mundo em termos de pessoal.

Entre outubro de 2015 e agosto de 2016, MSF perdeu 26 co-legas e pacientes em quatro bombardeios separados a uni-dades de saúde. O ataque aéreo ao hospital de Abs, em 15 de agosto, matou 19 pessoas, incluindo um membro da equipe de MSF, e feriu 24. Diante disso, a organização retirou sua equipe de seis hospitais no norte do Iêmen. MSF retomou as atividades no norte do país em novembro. Em Saada, nos-sas equipes trabalharam nos setores de maternidade, ci-rurgia e internação e forneceram cuidados de saúde mental e fisioterapia no hospital de Al Jomhouri. MSF ofereceu as-sistência na emergência e na maternidade do hospital de Shihara, que foi atingido por um míssil em janeiro de 2016. O centro de saúde de Haydan foi atingido por um ataque aéreo em outubro de 2015 e MSF continuou trabalhando lá até agosto de 2016. MSF estava fornecendo serviços para sal-var vidas no hospital de Al Jumhouri, na cidade de Hajjah, e mantendo a emergência, a enfermaria, a ala pediátrica e a maternidade no hospital de Abs. MSF retirou suas equipes temporariamente desses dois hospitais após o ataque aéreo ao hospital de Abs em 18 de agosto, mas retomou o trabalho em Hajjah em novembro. Em Amran, a organização apoia o fornecimento de serviços de saúde e mantém sistemas de

referência no hospital de Al-Salam e em quatro centros de saúde. MSF apoia a emergência e o centro de operações no hospital de Al-Kuwait em Sanaa. A assistência materno-in-fantil é um foco importante do trabalho de MSF no hospital de Al Sabeen.

Apesar da violência, 97% das 2.529 pessoas no programa de HIV do Ministério da Saúde receberam tratamento antirre-troviral. A guerra afetou muito os suprimentos dos centros de tratamento de diálise, que foi apoiado por MSF nos centros em Sanaa, Saada, Hajja, Taiz e Mahweet. Ibb é a região mais densamente povoada do Iêmen. MSF apoia o departamento de emergência do hospital Al-Thawra, o maior hospital cen-tral de Ibb, tendo como objetivo melhorar o atendimento emergencial e a gestão de grandes catástrofes. As equipes também trabalham no Hospital Rural Geral do distrito de Thi As-Sufal, na fronteira sul de Taiz. Esse hospital atende cerca de 500 mil pessoas. Em Taiz, muitos hospitais fechavam em meio a alguns dos combates mais intensos do país. MSF rea-lizou atividades médicas que salvaram vidas nos dois lados da frente de batalha. Além disso, as equipes mantiveram um hospital para mães e filhos e um centro de trauma para feri-dos de guerra. Também apoiaram regularmente quatro hospitais oferecendo serviços de maternidade, pediátricos, cirúrgicos e de emergência no centro da cidade. Algumas áreas em Ad Dhale passaram por níveis intensos de combate em agosto. MSF trabalha no hospital Al-Nasr, no hospital Al Salam e no centro de saúde de Thee Ijlal, em Qatabah. Em Aden, manteve seu hospital cirúrgico de emergência, salvan-do milhares de pessoas. Só em 2016, 5.790 pacientes deram entrada na emergência. Na prisão central de Aden, a equipe médica de MSF realizou uma média de 50 consultas sema-nais. MSF também apoiou o hospital de Al-Razi em Abyan com suporte cirúrgico e doações regulares de suprimentos médicos. MSF atua no país desde 1986.

IÊMEN © Mohammed Sanabani/MSF

1312 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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ItáliaA Itália continua sendo o principal ponto de entrada de migrantes e refugiados que chegam à Europa pelo Medi-terrâneo Central. Em 2016, 180.746 pessoas chegaram ao país pelo mar, principalmente vindas da África sub-saariana. Embora tenha havido um fluxo constante de chegadas nos últimos anos, as autoridades italianas não desenvolveram um sistema de recepção adequado. Em 2016, MSF iniciou um projeto de cuidados de saúde mental em 16 centros de recepção da província de Trapani, na Sicília, onde uma equipe formada por mediado-res culturais e três psicólogos avaliaram as condições psicológicas dos solicitantes de asilo. A equipe assistiu um total de 641 pacientes durante 99 sessões em grupo e 626 sessões individuais. Muitos deles demonstravam reações pós-traumáticas ou psicossomáticas, ou sinto-mas de ansiedade e/ou depressão, como consequência de traumas passados e da precariedade de sua situação atual. Além disso, com o número crescente de mortes no mar, MSF atuou no desembarque para prestar primei-ros socorros psicológicos (PSFA). Entre maio e dezembro, 31 operações de PSFA foram realizadas em diversos portos italianos.

Do fim de 2015 até julho de 2016, as equipes de MSF ofe-receram cuidados médicos, abrigo e suporte a centenas de refugiados em Gorizia, na fronteira com a Eslovênia. Em dezembro de 2015, um centro temporário montado com 25 contêineres e com capacidade para 96 pessoas foi aberto no local para pessoas que dormiam ao relento. Em resposta às necessidades urgentes de migrantes em trânsito nas fronteiras com a França (Ventimiglia) e a Suíça (Como), profissionais de MSF colaboraram com as autoridades locais e redes de voluntários para fornecer assistência médica e psicológica básica, além de ali-mentos e outros itens essenciais.

Em abril de 2016, MSF abriu um centro de reabilitação para sobreviventes de tortura em Roma. Até o fim de 2016, 98 pacientes de 22 nacionalidades foram assistidos por uma abordagem multidisciplinar que envolvia cuidados médicos e psicológicos, fisioterapia e assistência social e jurídica.

MSF atuou pela primeira vez no país em 1999.

JORDÂNIA © Chris Huby ITÁLIA © Alessandro Penso

IrãNo sul de Teerã, MSF oferece tratamento de HIV, tubercu-lose (TB) e hepatite desde 2012. Em 2016, 15 pacientes de hepatite C passaram a receber medicamentos antivirais de ação direta. No distrito de Darvazeh Ghar, onde o atendi-mento às populações mais vulneráveis é limitado, o centro de saúde primária de MSF oferece cuidados integrados e abrangentes, incluindo consultas médicas gerais de saúde mental, reprodutiva e sexual, testes para HIV, TB, hepatite C e outras doenças infecciosas, além de vacinação. Apoio psicossocial também está disponível, contando com o pa-pel fundamental dos trabalhadores sociais para ajudar na comunicação com grupos marginalizados. A partir de abril, MSF operou clínicas móveis junto com a organização não governamental Society for Recovery Support, especiali-zada em vícios. As equipes do centro de saúde realizaram mais de 7 mil consultas ambulatoriais e encaminharam quase 1.800 pacientes a instituições de saúde secundária para exames adicionais e/ou internação. A clínica móvel realizou 2.326 consultas.

MSF atua no país desde 1990.

JordâniaEm março, MSF inaugurou uma clínica em Ramtha para atender refugiados e jordanianos vulneráveis com doen-ças não transmissíveis. Ao todo, foram realizadas 9.022 consultas. A maternidade e a unidade de terapia intensiva neonatal do hospital de Irbid auxiliaram em 3.663 partos, internaram 658 recém-nascidos e realizaram 14.848 con-sultas de pré-natal.

Mais de 75 mil sírios estão retidos na fronteira nordeste da Jordânia (conhecida como Berm). Nesse contexto, clínicas móveis de MSF realizaram mais de 3.500 consultas em 23 dias. Após um ataque perto de Berm, em junho, o acesso à fronteira foi interrompido. Como consequência, a evacua-ção médica de sírios feridos de guerra para o hospital de Ramtha foi altamente afetada. Em Amã, o hospital de cirur-gia reconstrutiva continuou tratando pacientes feridos de guerra e vítimas indiretas da violência em países vizinhos. Em 2016, foram realizadas 1.055 cirurgias.

MSF atua no país desde 2006.

ÍndiaEm 2016, MSF continuou preenchendo as lacunas do sis-tema de saúde indiano. Em Chhattisgarh, a organização mantém clínicas móveis nas áreas remotas, oferecendo atendimento de saúde reprodutiva, vacinas e tratamento para tuberculose (TB), malária e doenças de pele. Em 2016, as equipes realizaram 50.057 consultas ambulatoriais, tra-taram 9.094 pacientes de malária e vacinaram 2.872 pes-soas. Na clínica comunitária Umeed ki Kiran, no norte de Délhi, MSF ofereceu atendimento a 98 vítimas de violência doméstica. A equipe de saúde mental também treinou 164 ativistas para identificarem os sinais e sintomas de violên-cia sexual e de gênero.

Desde 2001, MSF oferece serviços de aconselhamento médico às pessoas afetadas pelo conflito de Jammu e Ca-xemira. Em maio, lançou a primeira pesquisa abrangente sobre o estado de saúde mental em 10 distritos. A pesquisa identificou sintomas significativos de estresse mental em 45% dos adultos. Metade dos casos de calazar em todo o mundo ocorre na Índia, e 80% deles, em Bihar. Em 2015, MSF repassou seu projeto de longo prazo voltado ao ca-lazar para o governo e agora se concentra no tratamento de pacientes coinfectados com HIV. No distrito de Asansol, equipes do hospital e centros de saúde primária fizeram exames em 101.519 pacientes e identificaram e trataram 11.374 casos de febre aguda e 1.425 casos de febre indife-renciada aguda.

Em Mumbai, MSF oferece cuidados médicos e psicosso-ciais para pacientes com HIV e TB resistente a medicamen-tos (TB-DR) em quatro projetos. Os profissionais trataram 74 pacientes com TB-DR e 134 com HIV. A organização tam-bém apoia cinco postos de saúde na comunidade, oferecen-do detecção precoce, diagnóstico e tratamento para TB. A equipe diagnosticou 469 casos de TB e 422 de TB-DR entre junho e dezembro. Uma pequena equipe de profissionais de psicologia de MSF continua a oferecer apoio psicossocial em diversos hospitais de TB em Sewri, no sul de Mumbai.

As equipes de MSF realizaram atividades de avaliação no norte da Índia para encontrar o local mais apropriado para estabelecer um programa de tratamento para hepatite C.

MSF atua no país desde 1999.

ÍNDIA © Atul Loke/Panos Pictures IRAQUE © Giulio Piscitelli

IraqueDesde 2014, mais de 3,3 milhões de pessoas se desloca-ram no país. Em 2016, MSF aumentou continuamente sua resposta à crise, levando equipes para trabalhar em 11 províncias. A organização começou a operar clínicas móveis na cidade de Tikrit e nos arredores, tendo realizado 15.339 consultas. Na província de Al Anbar, MSF abriu um centro de saúde secundária no campo de Amriyat Al Fallujah, que recebe cerca de 60 mil iraquianos deslocados. Em outubro, as equipes de MSF na província de Kirkuk começaram a prestar atendimento de saúde, incluindo apoio psicológico e psicossocial. Além disso, os profis-sionais operaram clínicas móveis para oferecer cuidados de saúde primária, primeiros socorros e encaminhamentos de emergência.

Em novembro, equipes móveis de MSF foram atuar em novos campos montados a oeste de Erbil para acomodar as pessoas que fugiam da batalha de Mossul. Em Qayyarah, ao sul de Mossul, MSF montou um hospital com sala de emergência, centro cirúrgico e uma ala de internação com 32 leitos. Durante o primeiro mês, o hospital atendeu mais de mil pacientes de emergência e realizou mais de 90 cirurgias. Os profissionais também trabalharam em uma unidade cirúrgica de campo e em postos médicos avançados em áreas instáveis ao redor de Mossul. Em 2016, as equipes de saúde mental no Iraque realizaram mais de 23 mil consultas no total.

Além de continuar manter sua maternidade no campo de Domiz para refugiados sírios, MSF abriu uma nova no vilarejo de Tal Maraq. Nos primeiros três meses, a equipe auxiliou em mais de 400 partos. Na província de Sulay-maniyah, MSF apoia o hospital de emergência. Além disso, atua na emergência dos hospitais de Kirkuk e Azadi. O centro de cuidados de saúde primária de Bzeibiz, uma cidade na fronteira entre Bagdá e a província de Anbar, foi fechado em novembro porque as pessoas começavam a retornar a seus lugares de origem. Entre fevereiro e outubro, MSF realizou cerca de 9 mil consultas médicas. Durante a segunda metade do ano, os programas de saúde mental de Babil, Karbala e Najaf também foram reduzidos e suspensos.

MSF atua no país desde 1991.

1514 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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MalauiUma pesquisa nacional realizada com a população em 2016 confirmou que o programa do governo contra o HIV já obteve sucesso significativo. À medida que o Malaui caminha para implementar as diretrizes de “teste e início” endossadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para o HIV, a necessidade de financiamento continuado e recursos humanos adequados fica mais crítica. Em Nsanje, MSF apoia a gestão de um programa totalmente descen-tralizado de HIV e tuberculose (TB) que inclui crianças e casos novos de HIV. Há 18 anos, MSF trabalha em parceria com o Ministério da Saúde para apoiar pessoas que vivem com HIV em Chiradzulu. Um processo de repasse está em andamento para garantir a gestão de qualidade de pessoas com HIV estáveis depois que a organização sair do projeto. MSF agora se concentra em grupos de difícil acesso. A equipe também está melhorando o acesso ao teste de carga viral em cinco centros de saúde do distrito e ofere-cendo exame e tratamento preventivo para câncer cervical. Nos presídios centrais de Maula e Chichiri, onde MSF oferece cuidados de HIV, TB e saúde primária, foram feitos exames de HIV em 97% dos presos. Entre os que apresentaram resultado positivo, 94% iniciaram o trata-mento e 93% chegaram a uma carga viral indetectável.

MSF deu continuidade ao projeto transnacional “Corredor”, que oferece atendimento de saúde às principais popula-ções da rota comercial entre Beira, em Moçambique, e o Malaui, como profissionais do sexo, caminhoneiros e homens que fazem sexo com homens.

Depois de um grave surto de cólera na região do lago Chilwa, MSF lançou uma campanha de vacinação em massa que atingiu 108.400 pessoas. Uma estratégia inova-dora de duas doses foi usada para 5.863 pescadores difíceis de acessar, com a segunda dose sendo administrada por eles mesmos duas semanas após a primeira. MSF também concluiu uma intervenção de emergência de nove meses em Kapise, na fronteira com Moçambique, onde em dezem-bro de 2015 cerca de 10 mil moçambicanos buscaram refú-gio do conflito civil de baixa escala que atingia seu país.

MSF atua no país desde 1986.

LibériaO surto de Ebola que atingiu o oeste africano em 2014-2015 afetou gravemente o sistema de saúde da Libéria. Mais de 4.800 mortes foram reportadas, das quais 184 foram de profissionais de saúde. Embora os serviços de saúde estejam sendo restaurados progressivamente, ainda há lacunas importantes. Em 2015, o hospital Barnesville Junction (BJH) foi montado em Monróvia, a capital liberiana e epi-centro do surto. O BJH forneceu cuidados especializados e de pediatria emergencial, serviços neonatais, administração de casos complicados de desnutrição grave, treinamento e uma clínica para sobreviventes do Ebola. O foco foi a prevenção rigorosa da doença e medidas de controle para garantir a continuidade dos serviços de saúde no contexto de potenciais surtos da doença. Em setembro de 2016, a Liberia Board of Nursery and Midwifery validou o hospital de MSF como um local para treinamento de práticas clínicas. O primeiro grupo de enfermeiros concluiu o treinamento em dezembro. Em 2016, 8.200 consultas de emergência foram realizadas e cerca de 4.500 pacientes foram internados no BJH. A clínica de MSF para sobreviventes atendeu aproxi-madamente 600 pacientes e realizou uma média de 240 consultas por mês. Em dezembro, os pacientes de MSF foram transferidos para os três centros do Ministério da Saúde em Monróvia e a clínica para sobreviventes foi fechada. MSF atua no país desde 1990.

LIBÉRIA © Marco Garofalo MALAUI © Geoffrey Mezsaros/MSF

LíbiaEm 2016, a Líbia permaneceu fragmentada pelos confli-tos e combates contínuos em várias partes do país. A in-terrupção da lei e da ordem, o colapso econômico e a existência de três governos tiveram grave impacto sobre o sistema de saúde. MSF fez doações ad hoc de medica-mentos e equipamentos médicos a muitos hospitais no país para apoiar cuidados de emergência e cirúrgicos.

Em Benghazi, administrou uma clínica com uma organi-zação não governamental líbia para oferecer consultas pediátricas e ginecológicas a pessoas deslocadas e vul-neráveis. MSF também apoiou a emergência do centro médico de Benghazi e os hospitais de Al Abyar e Al-Marj com profissionais e treinamento. No oeste, apoiou o prin-cipal hospital de Misrata e estabeleceu parceria para controle de infecção com um hospital mantido por MSF em Amã. Também forneceu suprimentos médicos a dois hospitais de Zintan e treinamento para respostas de ca-sos de feridos em massa. Por causa do baixo número de pacientes, em março parou de apoiar o hospital Maritime, em Zuwara, e em outubro deixou de atuar em três policlí-nicas fora de Zuwara.

Além de ser um destino de centenas de milhares de refu-giados, pessoas em busca de asilo e migrantes, a Líbia é um local de trânsito para pessoas que tentam cruzar o Mediterrâneo e chegar à Europa. Essas pessoas são expostas a níveis alarmantes de violência e exploração. MSF operou clínicas móveis em sete centros de detenção de migrantes localizados em Trípoli e seus arredores. As queixas médicas eram, em sua maioria, ligadas às condi-ções terríveis dos centros de detenção perigosamente superlotados, como piolho, sarna e insetos em abundância. Um número expressivo de detidos sofria de deficiências nutricionais e com a falta de água própria para consumo. MSF realizou 7.145 consultas médicas, 49 consultas de pré-natal para mulheres em detenção e 46 consultas para crianças com menos de 5 anos de idade.

MSF atua no país desde 2011.

MadagascarEm março de 2016, MSF encerrou suas atividades no país, para onde retornou em 2015 para responder a uma crise de desnutrição. A organização ofereceu tratamento no distrito de Ambovombe, região de Androy, e, até março de 2016, o centro de nutrição terapêutica intensiva tinha recebido 273 crianças e atendido 1.165 pacientes ambulatoriais. Foram realizadas atividades de vigilância da nutrição para mo-nitorar o status nutricional da população da região rural. Em janeiro e fevereiro, 10.368 crianças foram examinadas para detecção de desnutrição e mais de 8 mil consultas fo-ram realizadas. Além disso, 1.559 crianças foram vacina-das contra sarampo e outras doenças fatais comuns. MSF atuou no país pela primeira vez em 1987.

LíbanoMais de 1,5 milhão de sírios fugiram para o Líbano desde o início do conflito, em 2011. O influxo de refugiados inflou a infraestrutura e a economia do país, o que foi particular-mente sentido no setor da saúde. MSF deu continuidade à expansão de sua resposta médica e assistência emer-gencial. A organização atua oferecendo cuidados gratuitos e de qualidade de saúde primária, incluindo tratamento para doenças agudas e crônicas, serviços reprodutivos, apoio à saúde mental e atividades de promoção da saúde. As equipes também mantêm três centros de saúde materno-infantil no país. Em 2016, MSF realizou 359.377 consultas ambulatoriais e 7.265 sessões de saúde mental, e auxiliou em quase 6.300 partos, incluindo 2.400 cesarianas. Desde 2013, MSF mantém um centro de saúde primária e um centro de saúde materno-infantil no campo de refu-giados de Shatila, onde mais de 30 mil refugiados vivem. No campo de refugiados de Burj al-Barajneh, abriu um centro de saúde que oferece cuidados de saúde sexual e reprodutiva, como tratamento para doenças sexualmente transmissíveis, apoio para saúde mental e atividades de promoção de saúde.

No vale de Bekaa, onde a maioria dos refugiados se estabe-leceu, MSF presta serviços de saúde primária em quatro clínicas que atendem refugiados sírios e a comunidade local. Também há centros de saúde materno-infantil em Aarsal e Majdal Anjar. Em dezembro, a organização abriu um centro para doenças crônicas em Bar Elias. MSF man-tém cinco centros de saúde primária nas províncias de Akkar e Trípoli, oferecendo tratamento para doenças crô-nicas e agudas, saúde reprodutiva, aconselhamento de saúde mental, vacinação e atividades de promoção da saú-de. De fevereiro a julho, apoiou a unidade de trauma do centro de saúde primária de Al-Makassed, em Hiche. Em setembro, o projeto mudou o foco para serviços de saúde primária, especialmente o tratamento de doenças crônicas e apoio de saúde mental em Wadi Khaled e Akroum. Uma equipe continua a oferecer tratamento de saúde primária no campo de Ein-el-Hilweh, o maior campo de refugiados palestinos no Líbano. MSF atua no país desde 1976.

LÍBANO © Abbass Salman/MSF LÍBIA © Samuel Gratacap

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MaliNa cidade de Ansongo, região de Gao, MSF apoia o hospital de referência, com 48 leitos, oferecendo consultas ambulatoriais, internações e emergência, cirurgia, atendi-mento materno, tratamento de doenças crônicas, nutrição e serviços laboratoriais. A equipe também presta apoio de saúde mental a vítimas de violência e trata vítimas de violên-cia sexual. Outra equipe apoia o centro de saúde do distrito.

Nas áreas rurais, MSF estabelece encaminhamentos da comunidade a centros de saúde e ao hospital. De julho a dezembro, quando a comunidade nômade migrou, a orga-nização garantiu que ela tivesse acesso a saúde primária ao treinar profissionais de saúde comunitários no diagnós-tico e tratamento de doenças mais comuns. Mais de 57.145 crianças receberam tratamento antimalária e vacinas de rotina durante o pico sazonal. No norte de Gao, MSF apoiou dois centros de saúde na cidade de Kidal e três na perife-ria. A equipe também implementou a prevenção química sazonal contra malária, atingindo cerca de 16.048 crianças.

Em Timbuktu, os profissionais médicos que tinham fugido da cidade durante os tempos de instabilidade começaram a retornar no fim do ano. MSF começou, então, o repasse progressivo de suas atividades no hospital de referência regional para o Ministério da Saúde.

No distrito de Koutiala, a organização continua a adminis-trar um programa pediátrico abrangente. Em 2016, 7.032 crianças foram internadas na ala pediátrica e 3.829 na de nutrição. As equipes também atuaram em atividades de pediatria e nutrição de cinco centros de saúde no distrito, realizando 90.203 consultas ambulatoriais e tratando 3.779 crianças de desnutrição. Em cinco dessas zonas de saúde, um pacote de medidas preventivas foi implementado para todas as crianças com menos de 2 anos de idade, incluindo consultas de acompanhamento de rotina, vacinação e distribuição de mosquiteiros e complementos alimenta-res baseados em leite. Neste ano, 7.723 crianças foram beneficiadas com esse pacote de medidas preventivas. Em média, 171 mil crianças receberam medicamentos antimalária em cada fase.

MSF atua no país desde 1992.

MauritâniaCom o conflito de 2013, milhares de malineses fugiram pela fronteira e passaram a viver no campo de Mbera, no sudeste da Mauritânia. Apesar do processo de paz, ataques violentos impedem que eles voltem para casa. A última chegada laboratoriais ainda mais a infraestrutura do campo. De acordo com o Acnur, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados, 46.877 pessoas viviam no campo de Mbera no fim de 2016. MSF forneceu cuidados básicos e de emergência e serviços ginecológicos e obsté-tricos aos refugiados e à população anfitriã das vizinhas Bassikounou e Fassala. A maioria das cirurgias realizadas por MSF foram cesarianas e procedimentos viscerais e ortopédicos.MSF atua no país desde 1994.

MéxicoEstima-se que 400 mil pessoas fujam por ano da violência e da pobreza de El Salvador, Honduras e Guatemala e entrem no México com a esperança de chegar aos Estados Unidos. No país mexicano, elas são sistematicamente expostas à violência. Em 2016, mais de 15 mil migrantes e refugiados centro-americanos foram registrados em abrigos onde MSF trabalha e 2.700 participaram de atividades psicossociais. Mais de 2.200 consultas médicas e 690 consultas de saúde mental foram realizadas em Ixtepec, Tenosique e Celaya. Em Acapulco, MSF prestou atendimento de saúde mental a 480 vítimas de violência e realizou mais de 2.340 consultas de saúde mental em Colonia Jardín. Em Tierra Caliente, pos-tos de saúde foram fechados por causa da violência. MSF ofereceu cuidados obstétricos de emergência no hospital de Arcelia e começou a operar clínicas móveis nos municípios de Miguel Totolapan e General Heliodoro Castillo.

O projeto de Chagas, em Oaxaca, fechou em abril, e as ativi-dades foram repassadas para o Ministério da Saúde. Depois de um confronto entre professores e forças de segurança do estado em julho, MSF visitou a comunidade de Nochixtlan, Oaxaca. A equipe tratou dos feridos e ofereceu consultas de saúde mental. A organização mantém um projeto em Reyno-sa para melhorar o atendimento de emergência no hospital geral. Em setembro, MSF repassou o projeto ao Ministério da Saúde. MSF começou a atuar no país em 1985.

MALI © Hadja Nantenin Dioumessy/MSF MÉXICO © Christina Simons/MSF

NígerNo fim de 2016, havia mais de 240 mil refugiados e deslocados internos em Diffa, além de 100 mil residentes locais vivendo em condições precárias. MSF trabalhou com o Ministério da Saúde para oferecer atendimento de saúde básica e re-produtiva. Após os ataques do Boko Haram, em 3 de junho, em Bosso, MSF começou a operar clínicas móveis em Diffa. As equipes realizaram mais de 317 mil consultas, auxiliaram em mais de 3.810 partos e trataram cerca de 24.500 pacientes de malária na cidade.

A organização continuou no hospital distrital de Madaoua, gerindo o centro de nutrição terapêutica intensiva (ITFC) e as alas pediátrica e neonatal. O hospital tem capacidade para 350 leitos. Na região de Zinder, MSF apoiou 11 centros de saúde e reforçou o sistema de transferência dos casos mais graves. No distrito de Dungass, abriu outra unidade pediátrica, com 200 leitos, durante a estação de pico.

Mais de 13.300 crianças vítimas de doenças infantis e ma-lária foram internadas no hospital em Magaria e mais de 66.500 foram tratadas nas áreas rurais. As equipes também realizaram atividades comunitárias para combater a malária e mais de 117 mil crianças no distrito de Magaria receberam prevenção química contra malária sazonal. MSF continua mantendo seu programa pediátrico com foco no gerenciamento das principais causas de mortalidade infantil em Madarounfa. No total, 12.256 crianças recebe-ram atendimento ambulatorial por desnutrição grave, 3.317 foram tratadas no ITFC e 5.334 foram internadas por outras doenças.

O Níger passou por outro surto de meningite C, com 1.409 casos identificados e 94 mortes entre março e junho. MSF apoiou o Ministério da Saúde no monitoramento das áreas afetadas, realizou vacinações e ofereceu tratamento. As equipes também realizaram campanhas de vacinação nas áreas mais afetadas, alcançando aproximadamente 240 mil pessoas. MSF também apoiou a resposta do Ministério da Saúde a vários surtos de sarampo, vacinando 70 mil pessoas na região de Tahoua, mais de 66 mil na região de Diffa e 61 mil na região de Tillabéri.

MSF atua no país desde 1985.

MianmarMSF é a principal provedora de cuidados de HIV em Dawei, tendo tratado 2.355 pessoas em 2016. Também trata pessoas com HIV coinfectados com tuberculose (TB), reti-nite por citomegalovírus e hepatite C. Em Pang Yang e Lin Haw, a organização conduziu mais de 9 mil consultas ambulatoriais e apoiou o Ministério da Saúde em campanhas de vacinação. Também apoiou a vacinação do Ministério da Saúde para 10.951 crianças no vilarejo de Lahe. Em Yangon, atendeu 16.869 pessoas com HIV, TB e TB multirresistente a medicamentos (TB-MDR). Em Kachin, atendeu 11.020 pessoas com HIV, TB e MDR-TB. Em Shan, atendeu 4.628 pessoas com HIV e TB-MDR, enquanto uma equipe móvel realizou 900 consultas de saúde primária no norte do país. Em 9 de outubro, houve ataques à polícia de fronteira no norte de Rakhine, causando um bloqueio completo. MSF realizou apenas 2 mil consultas no último trimestre, em comparação com as cerca de 15 mil esperadas pela equipe. Em dezembro, uma retomada parcial dos programas foi autorizada, mas apenas em áreas limitadas. MSF atua no país desde 1992.

MOÇAMBIQUE © Morgana Wingard/NAMUH NÍGER © Louise Annaud/MSF

MoçambiqueUm conflito de baixa intensidade deslocou comunidades nas áreas de fronteira, reduzindo o acesso a serviços de saúde. Em Maputo, MSF oferece atendimento para pessoas que vivem com HIV que precisam de tratamento antirretroviral de segunda ou terceira linha e apresentam comorbidades específicas. Pacientes com tuberculose multirresistente a medicamentos (TB-MDR) e TB ultraresistente a medica-mentos (TB-XDR) também recebem tratamento integrado. MSF continua a apoiar o Ministério da Saúde na expansão do acesso a cuidados de HIV e TB por meio de modelos inovadores baseados na participação da comunidade. A organização continuou a desenvolver modelos de atendi-mento para os grupos-chave. O projeto cobre 180 locais no “corredor” comercial que liga o porto de Beira à área mineradora da província de Tete. Mais de 4 mil profissionais do sexo foram atendidas e entre 33% e 55% delas ainda são acompanhadas. MSF iniciou dois projetos nos distritos de Morrumbala e Mossurize, oferecendo atendimento obsté-trico nas áreas rurais e melhorando o acesso a serviços de saúde. MSF atua no país desde 1984.

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NigériaEstima-se que o conflito entre o Boko Haram e o exército nigeriano tenha deslocado 1,8 milhão de pessoas no país. MSF ampliou suas atividades nos acampamentos de des-locados internos em Maidaguri e em 10 cidades vizinhas. Durante o ano, 20.760 crianças foram internadas nos centros de nutrição terapêutica, 290.222 pacientes ambulatoriais foram tratados, 2.764 consultas de emergência foram realizadas e outros 3.071 pacientes foram internados para tratamento. MSF realizou mais de 56 mil consultas de atendimento pré-natal e assistiu 5.181 partos.

No segundo semestre, as equipes vacinaram cerca de 130 mil crianças contra sarampo e 10.052 contra pneumonia pneumocócica, além de tratar 18.754 com profilaxia con-tra malária. Na aldeia de Kukareta, MSF ofereceu cuidados reprodutivos e obstétricos, vacinação de rotina e assistência emergencial, além de ter mantido uma sala de observação 24 horas. Em Jakusko LGA, respondeu a um surto de sarampo, tratando mais de 2.500 crianças e vacinando 143.800 crianças e adolescentes. No estado de Sokoto, apoiou o centro de atendimento primário de Kuchi no trata-mento de mulheres grávidas e crianças até maio. As equipes realizaram 5.868 consultas pediátricas ambulatoriais.

Após um surto de envenenamento por chumbo, MSF iniciou uma fase de descontaminação de emergência. O projeto--piloto de mineração mais segura começou em novembro a trabalhar com os mineradores para reduzir a exposição ao chumbo e a contaminação. A equipe fez a triagem de 218 pessoas e registrou 168 para tratamento.

MSF continuou mantendo seu programa de fístula vesico-vaginal e obstétrica de emergência no hospital geral de Jahun, no estado de Jigawa. Este ano, 70% das 10.531 mulheres internadas na unidade materna tiveram gravidez e partos complicados. A equipe realizou 2.660 cirurgias obstétricas, tratou 400 mulheres com fístulas e auxiliou 7.365 nascimentos. A Unidade de Resposta a Emergências da Nigéria, de MSF, respondeu, em Sokoto, a um surto de meningite, tratando 203 pacientes e vacinando 113.030 pessoas. Também tratou 9.983 pacientes de sarampo.

MSF atua no país desde 1996.

PalestinaMSF mantém programas de saúde mental nas províncias de Hebrom, Nablus, Qalqilya, Belém e Ramalá. Em 2016, 4.141 novos pacientes se beneficiaram de sessões de saúde mental. A organização abriu um projeto inovador de resposta de emergência, com foco em serviços psicológicos de primeiros socorros e apoio psicoeducacional, e começou uma parceria com a Universidade de An-Najah para lançar o primeiro mestrado em psicologia clínica da Palestina. MSF ainda apoiou a unidade de queimados do hospital Rafidya.

Os centros de queimados e trauma de MSF na Faixa de Gaza trataram mais de 4.231 pacientes. A equipe fez 52 mil curativos e realizou mais de 36 mil sessões de fisioterapia e mil de terapia ocupacional. A campanha de conscientização sobre queimaduras de MSF alcançou mais de 35.500 crianças. Os programas cirúrgicos que a organização mantém nos hospitais de Al Shifa e Nasser, com o Ministério da Saúde, realizaram 275 cirurgias, 71% delas em crianças. Os casos complexos são encaminhados para o hospital de MSF, na Jordânia. MSF atua na Palestina desde 1989.

NIGÉRIA © MSF/Louise Annaud PALESTINA © Alessio Mamo / Médecins Sans Frontières

QuêniaOs campos de refugiados de Dadaab existem há 25 anos. Em maio, o governo queniano anunciou que os fecharia no fim do ano. MSF se opôs publicamente à decisão. Em novembro, o governo anunciou que estenderia o prazo de fechamento para maio de 2017. Durante o ano, MSF conti-nuou seu trabalho no hospital de 100 leitos em Dagahaley e em dois postos de saúde. As equipes realizaram 162.653 consultas ambulatoriais e internaram 9.137 pacientes no hospital. Os profissionais continuam a lutar contra um surto de cólera. Até o fim de 2016, foram reportados 16.511 casos e, no total, 4.712 pacientes foram tratados.

Mais de 200 mil pessoas vivem em Kibera, a maior favela de Nairóbi, e têm acesso a atendimento médico geral em uma clínica mantida por MSF. Em 2016, 176.415 pessoas receberam tratamento. Depois de 20 anos em Kibera, MSF está em vias de repassar a clínica para o governo queniano e para outra organização não governamental.

Desde 2008, a clínica de MSF em Eastlands, em Nairóbi, oferece assistência psicológica, médica, jurídica e social a vítimas de violência sexual e de gênero. MSF continua a trabalhar para aumentar o acesso a cuidados de emer-gência para pessoas que vivem na favela de Mathare e no bairro de Eastleigh. As ambulâncias de MSF intervieram mais de 5.200 vezes durante o ano e mais de 24 mil pesso-as foram enviadas para o departamento de emergência do hospital Mama Lucy Kibaki. Uma equipe de Eastlands apoia a detecção e o tratamento de tuberculose multirresistente a medicamentos (TB-MDR). Dezoito pacientes de TB-MDR foram diagnosticados e quatro deles iniciaram programas contendo bedaquilina ou delamanida.

O HIV permanece um grave problema de saúde pública em Nyanza. Um estudo realizado na enfermaria de adultos do hospital de referência de Homa Bay revelou que um terço das internações e 55% das mortes ocorriam por causa da Aids. MSF também está envolvida na ala médica para adul-tos dos hospitais de Homa Bay e Ndhiwa. Em 2016, mais de 3 mil pessoas foram diagnosticadas e mais de 14.300 receberam medicamentos antirretrovirais em Ndhiwa.

MSF atua no país desde 1987.

PaquistãoNo Baluchistão, MSF mantém um hospital pediátrico com 60 leitos em Quetta. Em 2016, 800 pacientes foram interna-dos no hospital e 2.385 crianças desnutridas receberam tratamento. Em Kuchlak, mantém um centro de saúde materno-infantil, onde realizou 39.527 consultas ambula-toriais e auxiliou em 4.989 partos. Em Kuchlak e no hospital Benazir Bhutto, tratou 2.555 casos de leishmaniose cutânea.

A organização trabalha com o Ministério da Saúde no hospital central do distrito de Chaman. Em 2016, 1.060 pacientes foram internados nas alas neonatal e pediátrica, 4.080 nascimentos foram assistidos e 1.321 crianças desnutridas receberam tratamento. Nos distritos de Jaffarabad e Naseerabad, as equipes mantiveram um pro-grama ambulatorial de alimentação terapêutica, do qual 11.474 crianças desnutridas fazem parte. No hospital civil de Nawagai, as equipes trabalham no departamento ambulatorial, na sala de estabilização e na unidade de saúde para mães e filhos, além de tratarem leishmaniose cutânea. Em 2016, 31.069 consultas ambulatoriais e 8.152 de emergência foram realizadas. No hospital central de Sadda Tehsil na Agência de Kurram, MSF oferece cuidados ambulatoriais e hospitalização para crianças; tratamento para leishmaniose cutânea; cuidados de pré-natal e obsté-trico; e encaminhamentos de emergência. A equipe realizou uma média de 3 mil consultas ambulatoriais por mês. No hospital de Alizai, foram cerca de 120 consultas ambu-latoriais pediátricas por semana.

MSF oferece cuidados obstétricos abrangentes 24 horas no Hospital das Mulheres em Peshawar. Em 2016, 4.906 partos foram assistidos. Em Timurgara, apoia o hospital central distrital, tendo assistido 9.627 nascimentos. A “unidade cardíaca” tratou 2.667 pacientes e a equipe de saúde mental realizou 3.987 consultas. A equipe também realizou 7.713 sessões de conscientização sobre saúde comunitária. Na favela de Machar Colony, MSF realizou 107.397 consultas ambulatoriais e, no verão, uma equipe estabeleceu 10 pontos de prevenção à insolação, beneficiando 23 mil pessoas. MSF também fornece diagnóstico e tratamento para a hepatite C.

MSF atua no país desde 1986.

PAQUISTÃO © Sara Farid QUÊNIA © AHMED A OSMAN/MSF

Papua-Nova GuinéEm colaboração com o programa nacional de tuberculose (TB), a equipe de MSF tem ampliado as capacidades de exame, diagnóstico, início de tratamento e acompanhamen-to no hospital Gerehu, em Porto Moresby. Equipes móveis trabalham para melhorar a adesão ao tratamento. Na província de Gulf, MSF expandiu seu programa de TB para apoiar dois centros de saúde e o hospital geral de Kerema. A organização desenvolve um modelo descentralizado de atendimento para que as pessoas não precisem ir até os centros médicos com frequência. Até o fim de 2016, havia iniciado tratamento para 1.819 pacientes com TB sensível a medicamentos e para 24 com TB resistente a medicamentos.

MSF lançou o relatório Return to abuser, que expõe falhas que mantêm as mulheres e meninas presas em ciclos de violência sexual e doméstica. Embora a taxa de incidentes de violência em geral seja alta, as autoridades da província agora administram as respostas para atender às necessi-dades médicas e psicológicas das vítimas e facilitar o acesso a serviços vitais. MSF atua no país desde 1992.

2120 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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QuirguistãoA prevalência de tuberculose resistente a medicamentos (TB-DR) permanece bastante elevada e muitas pessoas lutam para ter acesso a tratamento gratuito. Estima-se que cerca de 2.400 pessoas vivam com TB-DR no país. No sul, MSF atua em Osh prestando atendimento ambulatorial para essas pessoas. Elas participam de consultas mensais e aquelas que apresentam a forma mais grave da doença são internadas no hospital. No total, 90 pacientes foram registrados no programa de TB-DR de MSF em 2016. Em dezembro, uma equipe desenvolveu, na província de Batken, um programa para doenças decorrentes das atividades de extração das indústrias de mineração ou da poluição ambiental.

MSF atua no país desde 2005.

SérviaEquipes de MSF estavam em Miratovac para oferecer assis-tência médica a centenas de pessoas que cruzavam a pé a fronteira entre a Macedônia e a Sérvia. Em Šid, MSF atuou em um centro de trânsito e montou oito tendas aquecidas com capacidade para mais de 2 mil pessoas. As atividades foram repassadas em março, quando outras organizações atendiam às necessidades no local. De abril a novembro, a organização auxiliou pessoas presas em condições degradantes perto de Subotica. MSF realizou 7.407 consultas médicas e registrou um aumento nos traumas ligados à violência. Tratou 82 pessoas por mordidas de cachorro, ir-ritações causadas por gás lacrimogêneo e spray de pimenta ou ferimentos decorrentes de agressões. Desde 2014, oferece cuidados de saúde médica básica e mental nas unidades de recepção e asilo em Belgrado, além de manter clínicas móveis. Realizou mais de 18 mil consultas em 2016 e se concentrou em prestar serviços para migrantes sem docu-mentação que viviam em depósitos de trem abandonados.

MSF atuou pela primeira vez no país em 1991.

SuéciaDesde setembro, MSF responde às lacunas na oferta de cuidados de saúde mental para pessoas que buscam asilo no município de Götene. Para isso, usa um modelo holístico de cuidados de saúde mental e apoio psicossocial que en-volve a avaliação e a detecção de problemas de saúde men-tal e o encaminhamento para o sistema de saúde sueco; sessões de aconselhamento individuais e em grupo; psico-educação para criar resiliência e gerar empoderamento; fornecimento de primeiros socorros psicológicos; e uso de mediadores culturais para garantir uma boa comunicação. O projeto também conecta essas pessoas às redes comu-nitárias da sociedade civil. MSF quer se basear no sucesso desse projeto para defender a melhoria dos serviços de saúde mental para pessoas que buscam asilo em todo o país. A equipe de MSF em Götene examinou as condições de saúde mental de 122 pessoas em busca de asilo. No to-tal, 466 receberam atendimento de psicoeducação, infor-mações culturais e outros dados de saúde de MSF. Além disso, 367 receberam os primeiros socorros psicológicos.

MSF atua no país desde 2004.

Serra LeoaEm 17 de março, o país foi declarado livre do Ebola. Cerca de 8.695 pessoas foram infectadas. A clínica de sobrevi-ventes que MSF inaugurou em julho de 2015 foi repassada ao Ministério da Saúde em setembro de 2016. O lugar ofe-receu tratamento médico e de saúde mental a mais de 400 sobreviventes e suas famílias. Foi também estabelecida a Unidade de Resposta de Emergência de Serra Leoa. No distrito de Tonkoili, MSF apoia a ala pediátrica, a materni-dade, os serviços neonatais e o laboratório de transfusão de sangue do hospital de Magburaka, além de auxiliar o posto de saúde materno-infantil. Em Yoni Chiefdom, pres-ta atendimento obstétrico de emergência; 21.180 consultas ambulatoriais e 6.245 consultas de pré-natal foram reali-zadas, 2.996 crianças foram internadas na ala pediátrica e 1.457 partos foram realizados. MSF reabilitou o hospital de Kabala, ampliando a capacidade da ala pediátrica de 15 para 45 leitos e criando uma enfermaria neonatal. As equi-pes ofereceram cuidados a 1.185 grávidas, auxiliaram em 783 partos e registraram 1.240 pessoas para planejamen-to familiar. Foram realizados exames de Ebola em 23.197 pessoas para verificar a existência da doença e nenhuma delas apresentou resultado positivo. Em Koinadugu, as equipes monitoram a situação de nutrição e respondem a emergências e surtos de doenças. Foram vacinadas contra sarampo 65.159 crianças.

MSF atua no país desde 1986.

SERRA LEOA © Tommy Trenchard SÉRVIA © Alex Yallop/MSF

República Centro-AfricanaEm meio ao movimento das frentes de batalha, milhares de pessoas foram mortas, feridas ou deslocadas. Dois profis-sionais de MSF perderam suas vidas enquanto trabalhavam. As necessidades humanitárias são enormes: no fim de 2016, 2,3 milhões de pessoas — cerca de metade da popu-lação — dependiam de ajuda humanitária para sobreviver. Um a cada cinco civis ainda está deslocado dentro ou fora do país. A malária é endêmica e a principal causa de morte entre crianças com menos de 5 anos de idade. O país tem um dos índices mais baixos de cobertura antirretroviral do mundo. Em 2016, as agências humanitárias se retiraram da RCA em função da falta de recursos financeiros, mas MSF ainda se mantém em 17 projetos no país.

A cidade de Bangui sofreu episódios esporádicos de vio-lência e conflito, o que resultou em dezenas de vítimas. O foco de MSF continua sendo os serviços de emergência do Hospital Geral, onde realizou 3.700 cirurgias em 2016. A equipe também conduziu 32.300 consultas no bairro PK5, predominantemente muçulmano. Localizado perto do ae-roporto internacional, o campo de M’poko recebe desloca-dos internos. Mais de 106 mil consultas médicas foram realizadas no hospital de campo de MSF. No hospital-ma-ternidade Castor, de 80 leitos, MSF auxiliou cerca de 600 partos por mês. Outros profissionais apoiaram a materni-dade Gbaya Dombia, no PK5, e reformaram um pequeno hospital-maternidade na área de Dameka/Boeing. MSF auxiliou mais de 8.965 partos em Bangui, ofereceu atendi-mento abrangente a 5.239 vítimas de violência e 1.341 víti-mas de violência sexual. De abril a dezembro, MSF prestou atendimento a 941 pessoas internadas com HIV/Aids em estágio avançado no Hospital Comunitário de Bangui. MSF continuou a oferecer atendimento abrangente para pacientes ambulatoriais e internados de Batangafo e Kabo (Ouham), Boguila, Bossangoa e Paoua (Ouham-Pendé), Carnot

(Mambéré-Kadéï) e Ndele (Bamingui-Bangoran). Entre os serviços prestados estão atendimento de saúde básico e especializado, emergencial, tratamento materno-infantil, programas comunitários para combater a malária e diag-nóstico e tratamento de HIV e tuberculose (TB). Em Berbé-rati (Mambéré-Kadéï), MSF deu continuidade ao apoio ao hospital regional e a quatro centros de saúde, concentran-do o atendimento em gestantes e crianças com menos de 15 anos de idade. Mais de 4.200 crianças foram internadas no hospital em 2016 e mais de 21.900 consultas ambulato-riais foram realizadas em centros de saúde. Em Bambari, MSF ofereceu serviços de saúde primária e secundária à população anfitriã e a cerca de 50 mil pessoas deslocadas que vivem nos campos. Foram realizadas quase 35 mil consultas. Em Bria (Haute-Kotto), MSF ofereceu trata-mento para HIV e TB para crianças com menos de 15 anos de idade. Quando a violência entre comunidades eclodiu em novembro, MSF atendeu cerca de 140 pessoas feridas no hospital. Em Zémio (Haut-Mbomou), os pro-fissionais prestaram atendimento básico e especializado no hospital, com foco em HIV. Esses serviços foram repassados ao Ministério da Saúde no fim do ano. Em Bangassou (Mbomou), a organização apoiou o hospital de referência — que tem 118 leitos e atualmente está sendo ampliado — e três centros de saúde.

A equipe de resposta de emergência de MSF, Equipe d’Urgence RCA (Eureca), atuou em diversas emergências de saúde e nutrição, além de ter vacinado mais de 12.800 crianças contra sarampo. Os profissionais assistiram 4 mil refugiados do Sudão do Sul em Bambouti. Quase 95 mil crianças de Berbérati, Bangassou e Paoua receberam vacinas de rotina em 2016 durante as campanhas de multivacinação.

MSF atua no país desde 1997.

REPÚBLICA CENTRO-AFRICANA © Lexie Cole/MSF

2322 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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República Democrática do CongoEm 2016, um surto de febre amarela afetou todas as pro-víncias do país que fazem fronteira com Angola. MSF apoiou o Ministério da Saúde e vacinou mais de 1 milhão de pessoas. Na província de Haut-Uélé, também colaborou com o Ministério da Saúde no tratamento de mais de 84 mil pacientes em um surto de malária. O Pool de Emergência do Congo (PUC) respondeu a 26 emergências ligadas a cólera, sarampo, febre tifoide e pessoas deslocadas, al-cançando 330 mil pessoas.

No Kivu do Norte, MSF apoia o principal hospital de referên-cia e os centros de saúde periféricos para atender a vítimas da violência. Quase 35 mil crianças que sofrem de desnutri-ção e/ou doenças foram admitidas em hospitais apoiados por MSF; mais de 270 mil consultas ambulatoriais foram feitas apenas na área de Mweso; e mais de 7.500 cirurgias foram feitas no hospital de Rutshuru. Entre março e junho, MSF tratou mais de 600 crianças gravemente desnutridas em Lu-bero. Em 2016, o número de pessoas com HIV/Aids atendidos em cinco unidades de saúde de Goma apoiadas por MSF su-perou 2.600. MSF também atendeu mais de 700 pacientes em um surto de cólera. No Kivu do Sul, MSF apoia dois hospitais, diversas unidades de saúde da periferia e diferentes centros comunitários de malária e desnutrição. Mais de 284 mil con-sultas ambulatoriais foram realizadas, 10.800 pessoas foram admitidas nos hospitais, mais de 10.700 crianças desnutridas foram tratadas e mais de 10 mil partos foram auxiliados. Em Baraka, uma unidade com 100 leitos construída por MSF está em plena operação novamente, e foram montados mais cen-tros nas comunidades para tratar 200 mil crianças. Os profis-sionais realizaram mais de 450 mil consultas ambulatoriais e internaram mais de 17 mil pacientes. As equipes de MSF continuam a apoiar unidades de saúde em Lulimba, Misisi e Lubondja. Neste ano, foram abertos mais centros nas comu-nidades e realizadas quase 200 mil consultas ambulatoriais,

incluindo 131.322 casos de malária. Os profissionais também trataram 395 pessoas com tuberculose (TB) e 384 com HIV.

No início de 2016, MSF inaugurou um projeto para ajudar víti-mas de violência sexual na região de Mambasa. As equipes atenderam mais de 1.110 vítimas e trataram 11.900 pacientes com infecções transmitidas sexualmente em nove centros de saúde apoiados. Em geral, as equipes cuidaram de 3.300 pacientes nas unidades de emergência e tratamento intensi-vo e de mais de 280 vítimas de violência sexual. Mais de 600 partos foram auxiliados em Boga e mais de 2.200 crianças foram internadas na pediatria do hospital de Gety. Em Haut--Uélé, mais de 84 mil pacientes foram tratados de malária durante um surto. Em Nyunzu, MSF respondeu a um surto de sarampo e vacinou cerca de 90 mil crianças. No fim de agosto, a organização repassou suas atividades para as au-toridades de saúde no território de Shamwana. O projeto de MSF em Bili e Bossobolo continuou a oferecer atendimento a refugiados da República Centro-Africana (RCA). Mais de 80 mil consultas foram realizadas e 9.300 pacientes foram internados nos hospitais apoiados por MSF. MSF oferece atendimento médico e psicossocial abrangente a pessoas com HIV/Aids da capital, Kinshasa. Os profissionais criaram procedimentos inovadores, como grupos comunitários de pacientes e a entrega de suprimentos de antirretrovirais para três meses de tratamento. Em 2016, 2.500 pessoas com HIV avançado foram internados e 68 mil consultas foram realizadas. Até o fim do ano, MSF apoiou 10 unidades de saúde para tratar 160 pacientes feridos durante protestos.

Em 11 de julho de 2013, quatro profissionais de MSF foram sequestrados em Kamango, onde faziam uma avaliação de saúde. Uma entre eles, Chantal, conseguiu fugir em agosto de 2014, mas ainda estamos sem notícias de Philippe, Richard e Romy. MSF atua no país desde 1981.

SíriaEm 71 ocasiões diferentes, 32 unidades médicas que rece-biam apoio de MSF foram bombardeadas ou atacadas. Em 15 de fevereiro, um hospital apoiado por MSF em Ma’arat Al Numan, Idlib, foi atingido por quatro mísseis. Morreram 25 pessoas e 11 ficaram feridas. Em 27 de abril, pelo menos 55 pessoas morreram quando ataques aéreos atingiram o hospital de Al Quds, apoiado por MSF.

Desde 2014, MSF fornece suprimentos médicos regular-mente a oito hospitais, seis centros de saúde e três pontos de emergência no leste da cidade de Aleppo. No entanto, após a consolidação do cerco pela coalizão liderada pelo governo em julho de 2016, essas atividades foram inter-rompidas. Em dezembro, o governo sírio assumiu o controle total da cidade de Aleppo, e milhares de pessoas da parte leste foram evacuadas para regiões rurais de Idlib e Aleppo. Desde então, MSF mantém clínicas móveis e a distribuição de itens de ajuda humanitária nessas áreas. No distrito de Azaz, norte de Aleppo, MSF mantém o hospital de Al Sa-lamah, com 34 leitos. Em 2016, a equipe realizou 85.737 consultas ambulatoriais, 1.598 cirurgias e internou 3.692 pacientes. Na área de Kobanê/Ain al-Arab do norte da Síria, MSF trabalha com a Administração de Saúde local desde março de 2015. Em 2016, cinco equipes foram enviadas para 21 locais para realizar programas de imunização e triagem de desnutrição. Mais de 101.680 consultas ambulatoriais e 138 cirurgias foram realizadas em instalações com o apoio de MSF. No verão, houve uma grande fuga de civis, que se estabeleceram perto do rio Eufrates. Quando as pessoas voltaram para suas casas, em agosto, descobriram que a cidade estava cheia de minas, armadilhas e outros disposi-tivos explosivos. Em apenas quatro semanas, um hospital com apoio de MSF em Kobanê tratou mais de 190 pessoas feridas por explosivos em Manbij. Em Atmeh, MSF promove programas de imunização, educação de saúde e atividades

de monitoramento de doenças em 180 campos e vilarejos que abrigam aproximadamente 165 mil pessoas desloca-das internamente. Em 2016, a equipe de MSF no hospital de Atmeh realizou 2.883 consultas de emergência e 3.696 cirurgias. Foram internados 439 pacientes. Nos campos e vilarejos, a equipe de MSF administrou mais de 118 mil doses de vacinas para crianças com menos de 5 anos de idade. Em 2016, o hospital de Qunaya, apoiado por MSF, realizou 105.168 consultas ambulatoriais e 12.011 casos foram tratados no departamento de internação. As equipes também começaram a apoiar atividades de imunização nos hospitais de Qunaya e Darkoush, administrando um total de 53.341 vacinas. Em Hassakeh, as equipes de MSF realiza-ram 44.873 consultas gerais, 8.257 das quais em crianças com menos de 5 anos de idade. No total, 951 pacientes com doenças crônicas foram tratados e 5.598 consultas de saú-de reprodutiva foram realizadas. A equipe também auxiliou uma média de 170 nascimentos a cada mês.

Desde 2011, MSF tem apoiado um número crescente de unidades médicas às quais não tem acesso direto. Esse programa é administrado basicamente nos países vizinhos e consiste em doações de remédios, materiais médicos e itens de ajuda humanitária; treinamento a distância para a equipe dentro da Síria; e apoio financeiro para cobrir os custos de administração das instalações. Em 2016, 80 es-truturas médicas na Síria receberam apoio regular. Essas instalações realizaram mais de 2,2 milhões de consultas ambulatoriais, 770 mil atendimentos de emergência, 225 mil cirurgias e ainda auxiliaram em mais de 29 mil nasci-mentos. Nem todas essas atividades podem ser atribuídas apenas aos programas de MSF: enquanto algumas insta-lações são mantidas exclusivamente pela organização, muitas se beneficiam de fontes de assistência adicionais. MSF atua no país desde 2009.

REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO © Dieter Telemans SÍRIA © KARAM ALMASRI

2524 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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SudãoNo começo de 2016, os combates deslocaram mais de 160 mil pessoas em Jebel Mara. MSF respondeu destacando sua equipe de resposta de emergência em Darfur do Norte para montar uma unidade de saúde. Em dezembro, Tawila tinha uma população de 41 mil pessoas desloca-das estabelecidas e mais 27 mil que chegaram du-rante a emergência de Jebel Mara. A unidade de saúde, sobrecarregada, conseguiu realizar 108.933 consultas ambulatoriais e internou 4.878 pessoas. Desnutrição, doenças diarreicas e malária foram as principais cau-sas das internações. No novo projeto em Sortoni, MSF tratou 40.616 pacientes e fez 474 internações. O projeto também ofereceu serviços nutricionais a 812 crianças e vacinou 9.683 contra sarampo. MSF atuou ativamente na área de mineração de El Sireaf, onde foram realizadas 51 mil consultas ambulatoriais e internações. Em Dar Za-ghawa, quatro centros de saúde mantidos por MSF ofere-ceram cuidados médicos, com foco em mães e crianças. Na cidade de El Geneina, estado de Darfur Ocidental, equipes de MSF apoiaram três centros de saúde primária até o fim de 2016. A organização mantém um hospital com 40 leitos fora do campo de Kashafa, no estado de Nilo Branco, onde mais de 17 mil refugiados do Sudão do Sul se estabeleceram. No vilarejo de Tabarak Allah, na parte oriental do Sudão, MSF trabalha na gestão de casos de leishmaniose visceral (também conhecida como cala-zar) desde 2010. Em 2016, realizou exames em 2.180 pes-soas com suspeita de calazar e internou 545 delas no hospital rural público de Tabarak Allah. No fim de 2016, começou a apoiar o hospital de Bazura, no sul do estado, onde o calazar também é endêmico. Esse apoio consiste na supervisão e no treinamento para melhorar a gestão dos casos, na reforma e na construção de instalações e na melhoria das condições de água e saneamento. MSF também realiza treinamentos práticos para a equipe do Ministério da Saúde. Uma equipe desenvolve atividades de educação e conscientização de saúde para as comuni-dades de Tabarak Allah e Bazura em parceria com uma organização não governamental local.

MSF atua no país desde 1979.

Sudão do SulEm julho, MSF montou uma unidade cirúrgica e manteve clínicas móveis na capital, Juba. No primeiro mês, a equipe tratou 9.242 pessoas com ferimentos causados por violência e problemas de saúde relacionados com a deterioração das condições de vida. A clínica de MSF em Pibor oferece cuidados ambulatoriais e internação. Em fevereiro, por causa de saques, o local interrompeu suas atividades temporariamente, mas reabriu em abril. Foram realizadas 116.944 consultas ambulatoriais no hospital de Lankien e no centro de saúde de Yuai. Em Old Fangak, MSF apoiou um hospital de 40 leitos, onde 66 mil consultas ambulatoriais foram realizadas e 1.800 pacientes foram internados.

A insegurança fez com que mais pessoas buscassem refúgio no complexo de Proteção de Civis (PoC) em Bentiu. Ali, MSF mantém uma instalação com 160 leitos e emer-gência, sala de cirurgia e maternidade. A organização realizou 40.380 consultas de saúde primária e internou 4.325 pacientes. No início do ano, estabeleceu serviços de emergência nos condados de Leer e Mayendit. Em julho, as atividades médicas foram temporariamente interrom-pidas quando o complexo médico de MSF na cidade de Leer foi saqueado. Em Yida, MSF oferece uma ampla variedade de serviços ambulatoriais e de internação. No condado de Mayom, mantém uma clínica com o Ministério da Saúde, oferecendo serviços básicos de emergência, bem como tratamento para HIV e tuberculose. Em fevereiro, o hospital mantido por MSF em Malakal, um local de PoC, foi atacado e mais de 25 pessoas foram mortas, inclusive dois membros da equipe. Em junho, um novo hospital com 60 leitos foi concluído. Na região de Equatoria, MSF montou uma clínica para oferecer serviços de saúde e suporte à saúde mental, além de vacinas. Em novembro, um projeto estabelecido em resposta aos combates nas proximidades de Mundri teve de ser suspenso após um assalto à mão armada. O hospital de Aweil atende 1,5 milhão de pessoas e, em Wau, MSF realizou cerca de 42 mil consultas. O hospital de Agok fornece atendimento especializado e de emergência a mais de 140 mil pessoas.

MSF atua no Sudão do Sul desde 1983.

SRI LANKA © Pete MastersSUDÃO © MSF SUDÃO DO SUL © Anna Kerber

SuazilândiaA Suazilândia tem uma das maiores taxas de HIV do mundo. Nos últimos anos, ocorreu um avanço significativo no núme-ro de pessoas recebendo tratamento antirretroviral (Tarv). Além disso, a incidência de tuberculose (TB) sensível a medi-camentos teve uma queda de mais de 50% entre 2010 e 2016, enquanto o número de pessoas com as formas da TB resis-tente a medicamentos (TB-DR) caiu 20%. Entretanto, cerca de 80% da população com TB é soropositiva. MSF continuou a ajudar mais pessoas com HIV a terem acesso ao Tarv com a estratégia “testar e iniciar”. Depois do teste de HIV, foram oferecidos ARVs a mais de 1.700 pessoas com diagnóstico positivo. Doze meses depois, 82% dos participantes tiveram êxito em suprimir o vírus. Em outubro, o Ministério da Saúde adotou a estratégia como padrão nacional de atendimento de HIV. MSF está aumentando o foco nos cuidados especializados de HIV, incluindo tratamento com ARV de segunda e terceira linhas, exames de câncer cervical e testes Point of Care de rotina para infecções oportunistas. Em 2016, 31.784 pessoas passaram por testes de carga viral, 407 receberam atendi-mento de HIV de segunda linha, 1.407 foram inscritos nos modelos comunitários de atendimento de ARV e 647 mulhe-res foram testadas para câncer cervical.

MSF começou a tratar pessoas com TB ultrarresistente a medicamentos (TB-XDR) e aqueles com efeitos colaterais graves usando os novos medicamentos bedaquilina e dela-manida. Quase todas as 81 pessoas com TB-XDR e TB multirresistente a medicamentos (TB-MDR) alcançaram a conversão da cultura (quando a bactéria da TB não pode mais ser detectada no escarro) depois de seis meses. Em Manzini, MSF vem implementando o regime de tratamento de TB-DR mais curto desde 2014, tendo constatado uma taxa de sucesso de 75%. Desde então, esse regime foi recomen-dado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotado pelo Ministério da Saúde como novo padrão nacional, com o apoio de MSF. A organização continuou a oferecer cuidados médicos gerais com serviços integrados de TB e HIV em Matsapha. Além disso, a equipe está explorando um novo modelo de atendimento para doenças não transmissíveis.

MSF atua no país desde 2007.

TanzâniaAté o fim de 2016, a Tanzânia tinha recebido cerca de 280 mil refugiados, principalmente do Burundi. A chegada de novas pessoas a abrigos já superlotados e sem condições de higiene colaborou para a disseminação de doenças, especialmente malária, diarreia e infecções do trato res-piratório. No campo de Mtendeli, MSF forneceu cerca de 428 mil litros de água diariamente e realizou a vigilância sanitária na comunidade até setembro de 2016, quando as duas atividades foram repassadas. Continuou apoiando o centro de nutrição intensiva do hospital do campo de refugiados de Nyarugusu, tratando 175 pacientes antes de repassá-los para a Cruz Vermelha da Tanzânia, em março. Três clínicas móveis que atuavam especificamen-te na redução da infecção e da mortalidade provocadas pela malária permaneceram em operação. Uma unidade de estabilização, com 40 leitos e um banco de sangue, foi organizada. Em 2016, MSF realizou 64.450 consultas ambulatoriais, das quais 46.380 foram de malária, e dis-tribuiu 65 mil mosquiteiros. As equipes realizaram ainda 24.550 consultas de apoio mental e deram suporte a ati-vidades ligadas a água e saneamento, tendo distribuído um total de 65,7 milhões de litros de água até dezembro. MSF é a principal provedora de cuidados de saúde do campo de Nduta e a única organização a oferecer uma gama completa de serviços, incluindo os voltados para saúde reprodutiva, tratamento para desnutrição e aten-dimento às vítimas de violência sexual. Em 2016, a equipe reformou e expandiu o hospital de 120 leitos e manteve cinco postos de saúde. Durante o ano, os profissionais re-alizaram 186.345 consultas ambulatoriais, auxiliaram em 3 mil partos e trataram quase 44.260 pessoas de ma-lária. Além disso, realizaram atividades de promoção da saúde e ligadas a água e saneamento em campo, tendo distribuído 41.973 mosquiteiros e 70,4 milhões de litros de água entre janeiro e outubro.

Em setembro, depois de um forte terremoto perto da cidade setentrional de Bukoba, a organização doou suprimentos de emergência para ajudar o hospital local a tratar os feridos.

MSF atua no país desde 1993.

SUAZILÂNDIA © Alexis Huguet/MSF TANZÂNIA © Louise Annaud/MSF

2726 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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UcrâniaEm 2016, MSF manteve clínicas móveis na frente de batalha e aumentou o apoio psicológico e médico às pessoas que viviam nas áreas controladas pelo governo ucraniano, incluindo as deslocadas. Psicólogos de MSF trabalharam em 26 locais na parte sul da zona de conflito, realizando 3.052 consultas para pacientes com estresse agudo ou crô-nico. Muitos perderam seus parentes ou amigos no conflito ou fugiram depois de suas casas terem sido destruídas ou danificadas. A organização também realizou sessões de grupo para reunir idosos, incluindo os deslocados. MSF garantiu o tratamento para pessoas que sofriam de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão. Em 2016, realizou 27.835 consultas ambulatoriais.

Equipes de MSF trabalharam em 40 locais em Bakhmut e nos arredores e auxiliaram mais de 40 mil residentes e 10 mil pessoas deslocadas. Em julho, quando perceberam que a capacidade do sistema de saúde local tinha melhorado, retiraram-se da área. Em outras regiões, MSF doou supri-mentos médicos para as instalações de saúde e repassou suas atividades, equipamentos e suprimentos para outras organizações. MSF continuou a apoiar e tratar prisioneiros com tuberculose resistente a medicamentos nos centros de pré-detenção, em Mariupol e Bakhmut, e na colônia penal de Dnipro. MSF atua no país desde 1999.

TurquiaCerca de 2,9 milhões de refugiados sírios na Turquia vivem em condições precárias, fora das instalações dos campos e com acesso insuficiente aos serviços públicos básicos. Embora sua autorização para atuar no país tenha expirado em junho, MSF continuou a fornecer apoio financeiro e téc-nico a organizações não governamentais (ONGs) locais, operando na fronteira entre a Síria e a Turquia. As equipes da Turquia também deram apoio remoto à equipe médica da Síria. Em Kilis, MSF trabalhou com parceiros para oferecer apoio psicossocial e cuidados de saúde primária aos refugiados sírios. Em 2016, 1.354 indivíduos e 810 famí-lias receberam consultas de psicoterapia. Uma organização local apoiada por MSF realizou 1.341 sessões de aconse-lhamento individual e 69 em grupo em Sanliurfa. MSF prestou suporte a um programa de apoio psicossocial de outra ONG local em Akçakale, tendo realizado 2.544 con-sultas individuais. Até o fechamento do campo de trânsito de Akçakale, em maio de 2016, MSF também ajudou com serviços de saúde primária, cuidados psicossociais, água, saneamento e itens de ajuda humanitária. Em Gaziantep, colaborou com uma organização internacional médica de ajuda humanitária para fornecer tratamento a refugiados sírios. MSF concluiu suas atividades em abril de 2016, ten-do realizado consultas de saúde reprodutiva e sexual com mais de 2.500 mulheres. MSF atua no país desde 1999.

TURQUIA © Juan Carlos Tomasi UCRÂNIA © Maurice Ressel

TadjiquistãoDesde 2011, MSF trabalha com o Ministério da Saúde para diagnosticar e tratar crianças com tuberculose (TB). As promissoras bedaquilina e delamanida foram usadas pela primeira vez no país em 2016. O programa busca tratar pessoas em casa e demonstra que é possível realizar um tratamento abrangente de TB para crianças.

MSF trabalhou com o Ministério da Saúde para finalizar a terceira versão do guia pediátrico, que traz as melhores práticas para o tratamento de crianças com TB. Em Kulob, MSF mantém o projeto de HIV pediátrico e para a família. O principal objetivo é reduzir a morbidade e a mortalidade de crianças com HIV/Aids. A equipe atendeu 79 pessoas.

MSF atua no país desde 1997.

TunísiaDesde 2012, MSF oferece cuidados de saúde primária e apoio de saúde mental em Zarzis. As atividades foram ampliadas para atender migrantes e comunidades vulne-ráveis de Z Sfax, cidade 280 quilômetros ao norte. Uma equipe continua atendendo aqueles que permaneceram no campo de Choucha. Em 2016, as clínicas de MSF reali-zaram 384 consultas e trataram 226 novos pacientes. MSF apoiou os esforços locais, atuando em serviços de busca e resgate e dando treinamento de gestão de cadáveres. A organização realizou duas rodadas de treinamento para 230 pessoas. Além disso, doou suprimentos médicos e 9.826 peças de equipamento. Também doou kits de emer-gência para três hospitais.

MSF atua no país desde 2011.

ZâmbiaJunto com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS), MSF realizou a maior campanha de vaci-nação oral contra a cólera durante uma epidemia. Embora a cólera seja um grande problema de saúde pública na Zâmbia, o surto de fevereiro foi o primeiro a atingir a capi-tal desde 2011. Entre 9 e 25 de abril, a vacina oral contra a doença foi administrada para 423.774 pessoas com mais de 1 ano de idade nas quatro áreas mais atingidas de Lusaka ou historicamente sujeitas aos surtos: Kanyama, Bauleni, George e Chawama. Em geral, são recomendadas duas doses de vacina oral contra a cólera. No entanto, pela falta de vacinas globalmente disponíveis para lidar com o surto de Lusaka o mais rapidamente possível, uma dose única administrada ao dobro de pessoas foi considerada mais efi-ciente. Mais de 100 pessoas da equipe de MSF e do Ministério da Saúde e 1.700 voluntários atuaram na campanha de vacinação. As autoridades de saúde de Lusaka estimaram 1.079 casos e 20 mortes entre fevereiro e junho.

MSF atua no país desde 1999.

ZimbábueO país foi afetado por enchentes e surtos regulares de do-enças transmitidas pela água. MSF mantém projetos em parceria com o Ministério da Saúde e Cuidados Infantis (MoHCC) para oferecer tratamento de HIV, tuberculose (TB), doenças não transmissíveis e problemas de saúde mental. A organização apoia o diagnóstico e o tratamento de HIV, TB e saúde mental na prisão de segurança máxima de Chikurubi e oferece tratamento psiquiátrico aos pacien-tes da unidade de psiquiatria do hospital central de Harare. Em Gutu, desde 2011 MSF adotou uma abordagem comu-nitária para gerir um grande grupo de pessoas estáveis com HIV. A criação de grupos semelhantes é apoiada em outras cidades. Em Mwenezi, atua com o MoHCC para im-plementar a abordagem “testar e iniciar” para cerca de 18 mil pessoas que vivem com o HIV. No distrito de Chipinge e no hospital provincial de Mutare, MSF apoia o MoHCC no tratamento de doenças não comunicáveis. Em todo o país, apoiou a implantação do monitoramento da carga viral, com 84.502 testes realizados em 2016.

MSF atua no país desde 2000.

UgandaNo hospital de Arua, MSF oferece o teste de carga viral Point of Care, que facilita a detecção e o tratamento do HIV. Entre 2013 e 2016, 20.845 testes foram realizados. Em Kasese, mantém uma clínica para adolescentes. Mais de 11.700 consultas ambulatoriais foram realizadas e 3.200 adolescentes fizeram exame de HIV. Em Kasese, Kamwen-ge e Ruburizi, MSF melhora a detecção e os cuidados de HIV, tuberculose e malária em comunidades pesqueiras; 13.771 pessoas foram testadas para o HIV. Uganda tem mais de 1 milhão de refugiados, o maior número na África. Em Bidibidi, que recebeu quase 230 mil até novembro, MSF supriu necessidades ambulatoriais, internações e consul-tas de maternidade. MSF atua no país desde 1986.

UGANDA © Frederic NOY/COSMOS

UzbequistãoMSF lançou o estudo clínico “Practecal” para tuberculose (TB), que combina novos medicamentos com os já existen-tes para o tratamento das formas resistentes da doença. Em julho, começou a cuidar das crianças com um regime mais curto de tratamento. Sempre que possível, os pacien-tes podem ser tratados em casa desde o primeiro dia. Em 2016, mais de 2.646 pacientes começaram o tratamento de TB nesse programa: 1.767 foram tratados de TB sensível a medicamentos e 878, de TB resistente a medicamentos. Na capital, Tashkent, 25 pacientes começaram o tratamento de hepatite C e 13 começaram a receber medicamentos de terceira linha para HIV. No total, 842 pacientes começaram o tratamento antirretroviral. MSF atua no país desde 1997.

VenezuelaEm 2016, MSF começou a fornecer cuidados de saúde mental às vítimas de violência urbana em Caracas. A orga-nização também ofereceu cuidados abrangentes às vítimas de violência sexual em dois dos bairros mais perigosos da cidade, onde gangues criminosas usam violência para ga-nhar controle territorial. Os psicólogos de MSF realizaram 367 consultas individuais de saúde mental e detectaram e lidaram com 57 casos de violência sexual. Profissionais buscaram atenuar as consequências da violência sobre a saúde mental das pessoas com o treinamento de líderes comunitários e educadores e a organização de atividades psicossociais. Neste ano, mais de 7.800 voluntários parti-ciparam. MSF atua no país desde 2015.

VENEZUELA © Marta Soszynska/MSF

2928 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016 Médicos Sem Fronteiras - Relatório Anual 2016

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Busca e ResgateO ano 2016 foi o mais fatal para as pessoas que, fugindo de guerras, perseguições, pobreza e insegurança, tentaram cruzar o Mediterrâneo: 4.581 homens, mulheres e crianças morreram. A grande maioria das 181.436 que chegaram em segurança à Itália tinha embarcado na Líbia.

Equipes de MSF trabalharam a bordo de três barcos de operações de busca e resgate (SAR, na sigla em inglês): o Dignity I, uma embarcação com capacidade para 400 pes-soas; o Bourbon Argos, com capacidade para 700 pessoas; e o MS Aquarius, um barco de 77 metros com capacidade para 500 pessoas, mantido em parceria com a organização SOS Méditerranée. As equipes resgataram 21.603 pessoas e auxiliaram outras 8.969 em mais de 200 operações. As equipes médicas a bordo trataram ferimentos ligados à violência decorrente de detenção, tortura e outras doenças, além de violência sexual, na Líbia. Os médicos cuidaram de doenças de pele, desidratação, hipotermia, sarna e ferimen-tos graves, como queimaduras químicas causadas pela combinação de combustível com água do mar. Mulheres grávidas foram atendidas por obstetrizes e vários bebês nasceram em segurança em alto-mar. Atendimento emergencial vital foi prestado em salas de emergência montadas nos barcos ou por meio de evacuação médica. De outubro em diante, MSF trabalhou em colaboração com a SOS Méditerranée no único barco mantido por ONGs a realizar operações ininterruptas de busca e res-gate nessa parte do mar.

Nos três primeiros meses de 2016, 151.452 pessoas con-seguiram cruzar da Turquia para as ilhas gregas, tendo chegado em maior número a Lesbos. Durante o mesmo período, 366 homens, mulheres e crianças perderam suas vidas no mar Egeu. MSF ofereceu assistência aos barcos à deriva na costa de Lesbos até junho, quando começou uma queda no número de chegadas e a presen-ça da equipe deixou de ser necessária. Entre dezembro de 2015 e junho de 2016, a operação de resgate conjunta de MSF e do Greenpeace assistiu mais de 18.177 pessoas em 361 ações. As equipes médicas de MSF também trataram pessoas no desembarque e encaminharam 30 para o hospital para que recebessem assistência, especial-mente por problemas ligados a traumas.

Migração Sudeste Asiático

Indonésia

MSF ofereceu cuidados de saúde mental aos refugiados rohingyas que vivem em quatro campos de Banda Aceh. Entre os serviços oferecidos, foram realizadas sessões psicológicas para 1.244 pessoas. Quando o número de consultas caiu no fim de 2016, a equipe adotou uma estra-tégia móvel e trabalhou a partir de uma base na capital, Jacarta. Os profissionais realizaram intervenções de emergência, doando kits de higiene depois das enchentes, em Java Ocidental, e oferecendo apoio psicológico a 2.529 pessoas depois de um terremoto em Aceh.

Tailândia

Em 2016, MSF trabalhou com uma organização tailan-desa para dar apoio de saúde mental às comunidades migrantes em instalações de detenção e às vítimas de tráfico de pessoas em abrigos e centros de detenção no sul da Tailândia. Mais de 2.400 migrantes participaram de sessões psicossociais e, em 230 casos, a equipe ofereceu aconselhamento individual e familiar. O número de deten-tos nos centros de detenção caiu depois que as autorida-des reduziram a pressão sobre redes de contrabando e o projeto foi encerrado no fim de 2016.

Malásia

MSF apoiou organizações não governamentais parceiras para prestar atendimento de saúde por clínicas móveis para o povo rohingya e outros grupos de migrantes. Em 2016, a equipe realizou 3.294 consultas e atendeu 236 mulheres grávidas. Mais de 100 pessoas que precisavam de cuidados secundários e terciários foram encaminha-das para hospitais públicos. MSF também lidou com as necessidades de proteção das pessoas que buscavam asilo, fazendo encaminhamentos para o Acnur, o Alto Co-missariado das Nações Unidas para Refugiados, em nome daqueles que não tinham autorização para preencher as solicitações diretamente. Durante o ano, MSF identificou e encaminhou 253 casos.

MIGRAÇÃO SUDESTE ASIÁTICO © Alva White/MSF BUSCA E RESGATE © Johannes Mothsv

Visão global das operações de MSF – 2016

Localização dos projetosNº de

programas %

África 271 58%Ásia, Cáucaso e Oriente Médio

130 28%

Américas 26 5%Europa 37 8%

Pacífico 4 1%

Dez maiores ações com basenos gastos dos projetos

País Euros /milhões

República Democrática do Congo

109,8

Sudão do Sul 86,9República Centro-Africana 60,4Iêmen 60,2

Iraque 42,0

Haiti 41,6

Síria 39,4

Nigéria 39,3

Etiópia 28,8

Níger 26,4

Euros /milhões %

Doações privadas 1.438,3 95Doações governam. 54,0 4Outros 24,0 2Total 1.516,3

Origem dos nossos recursos financeiros

Euros /milhões %

Projetos de assistência médica e humanitária

1.217,4 83

Ações para conseguir mais doadores

173,6 12

Custos administrativos 67,8 5Imposto sobre a renda 0,0 -

Total 1.458,8

Como aplicamos nossos recursos

www.msf.org.br

Destaques das atividades

Atividade Total

Consultas ambulatoriais 9.792.200

Internações (pessoas hospitalizadas) 671.700

Casos de malária tratados 2.536.400

Casos de desnutrição grave admitidos em programas intensivos ou ambulatoriais 80.100

Pessoas em tratamento antirretroviral de primeira linha no fim de 2015 222.200

Pessoas em tratamento antirretroviral de segunda linha no fim de 2015 (pessoas que não responderam ao tratamento de primeira linha)

10.200

Partos 250.300

Intervenções cirúrgicas, incluindo cirurgia obstétrica, sob anestesia geral ou epidural 92.600

Pacientes tratados por violência sexual 13.800

Pacientes em tratamento de primeira linha para tuberculose 18.200

Pacientes em tratamento para tuberculose multirresistente, com medicamentos de segunda linha 2.700

Atendimentos individuais de saúde mental 229.000

Atendimentos de saúde mental em grupo 53.300

Pessoas tratadas para a cólera 20.600

Pessoas vacinadas contra o sarampo em resposta a surtos 869.100

Pessoas vacinadas contra a meningite em resposta a surtos 169.200

Pessoas vacinadas contra a febre amarela em resposta a surtos 1.167.600

Imigrantes e refugiados resgatados e assistidos no mar 30.600

Estes destaques não dão uma visão completa das atividades e são limitados aos locais onde o pessoal de MSF teve acesso direto aos pacientes.

Os números nessas tabelas estão arredondados, o que pode resultar em uma aparente inconsistência dos totais.

Principais atividades e números gerais dos projetos de MSF pelo mundo ao longo de 2016.

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www.msf.org.br

DESTAQUES DAS ATIVIDADES DE 2016

92.600Intervenções cirúrgicas

2.536.400Casos de malária tratados

9.792.200Consultas ambulatoriais

250.300Partos

671.700Internações

869.100Pessoas vacinadas contra o sarampo

em resposta a surtos