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MAYRA LUZIA MIRANDA PORTILLO ANÁLISE DA VIABILIDADE DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ – RJ Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. Orientadora: Profª. Louise Land B. Lomardo, Dr. Niterói, RJ 2009

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MAYRA LUZIA MIRANDA PORTILLO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM

HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ – RJ

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal

Fluminense, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Orientadora: Profª. Louise Land B. Lomardo, Dr.

Niterói, RJ

2009

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MAYRA LUZIA MIRANDA PORTILLO

ANÁLISE DA VIABILIDADE DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS EM

HABITAÇÕES DE INTERESSE SOCIAL NO MUNICÍPIO DE QUISSAMÃ – RJ

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal

Fluminense, como parte dos requisitos

necessários à obtenção do título de

Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovada por:

_______________________________________________________ Profª. Louise Land B. Lomardo, Dr (orientadora)

Universidade Federal Fluminense

_______________________________________________________ Profª. Sylvia Rola, Dr.

Universidade Federal do Rio de Janeiro

_______________________________________________________ Prof. Sergio Roberto Leusin de Amorim, Dr.

Universidade Federal Fluminense

Niterói, RJ

2009

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Aos meus pais e irmãs, pelo carinho e o apoio incondicional.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço principalmente a minha família por ter estado presente em todos os

momentos, e por me incentivar a seguir em frente acreditando sempre em mim. A

minha mãe pelo imenso carinho, ao meu pai pelos conselhos e sugestões, a Gricel por

me apoiar e estar sempre presente e a Priscila por me animar o tempo inteiro.

A minha orientadora pela confiança que depositou em mim e por me mostrar os

caminhos que posso tomar dentro de todo o universo de possibilidades.

Aos funcionários da Prefeitura de Quissamã que se colocaram a disposição para o

desenvolvimento da pesquisa, apoiando-me com informações, transporte,

disponibilizando documentos e seu tempo. Aos moradores das habitações de

interesse social entrevistados em Quissamã, pelo recebimento e a disposição na

aplicação dos questionários.

Ao meu supervisor da Universidade Petrobras Rubin Diehl, pelo apoio e a disposição

de seu tempo. A Universidade Petrobras pelo apoio financeiro por meio da bolsa de

mestrado e as bolsas de auxilio para os estudos de campo realizados no

desenvolvimento da pesquisa.

As pessoas que contribuíram disponibilizando informação para o desenvolvimento da

pesquisa. Agradeço a Jane Fantinelli por disponibilizar seus trabalhos e responder

minhas dúvidas todas as vezes que entrei em contato, colocando-se sempre a

disposição.

Agradeço especialmente a Carol pela ajuda na ultima revisão e as correções de

português. E aos amigos que fiz neste tempo e estiveram presentes em todo o

decorrer desta dissertação, que foram parte dela, mesmo sem sabe-lo.

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SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................... 1

1. Fontes Renováveis de Energia...................................................................... 8

1.1 Possíveis Impactos das Fontes Renováveis de Energia............................... 10

1.2 Barreiras ao Uso das Fontes Renováveis de Energia................................... 12

1.2.1 Limitada Infra-estrutura de Fornecimento...................................................... 12

1.2.2 Problemas de Qualidade............................................................................... 12

1.2.3 Informação e Treinamento Insuficientes........................................................ 12

1.2.4 Falta de Fundos ou de Financiamento.......................................................... 12

1.2.5 Preços e Tarifas............................................................................................. 13

1.2.6 Concessionárias de Energia Elétrica............................................................. 13

1.2.7 Obstáculos Políticos...................................................................................... 13

1.3 Sistemas de Energia Renovável.................................................................... 13

1.3.1 Energia Solar................................................................................................. 14

1.3.1.1 Radiação Solar no Brasil............................................................................... 14

1.3.1.2 Energia Solar e seus Aproveitamentos......................................................... 16

1.3.1.3 Energia Solar Fotovoltaica............................................................................. 17

1.3.1.4 Energia Solar Térmica .................................................................................. 20

O Coletor Solar.............................................................................................. 21

Coletor Solar Plano com Cobertura............................................................... 23

Reservatório Térmico.................................................................................... 25

1.3.1.5 Sistemas de Aquecedores Solares............................................................... 28

Sistema Termossifão .................................................................................... 28

1.3.1.6 Sistemas não Convencionais........................................................................ 31

Sistema ASBC............................................................................................... 31

1.3.2 Energia Eólica................................................................................................ 35

1.3.2.1 Potencial Eólico do Brasil.............................................................................. 36

1.3.2.2 Sistemas de Energia Eólica........................................................................... 39

1.3.2.3 Energia Eólica de Pequeno Porte.................................................................. 40

2. Uso de Fontes Renováveis de Energia no Brasil.......................................... 42

2.1 Energia Elétrica no Brasil.............................................................................. 43

2.1.1 Consumo de Eletricidade por Setores........................................................... 44

2.1.2 Consumo de Eletricidade no Setor Residencial no Brasil Segundo a região 45

2.1.3 Consumo de Energia para Aquecimento de Água........................................ 46

2.2 Legislações Vigentes sobre o Uso de Energias Renováveis no Brasil......... 47

2.2.1 Leis Nacionais............................................................................................... 48

2.2.2 Leis Estaduais............................................................................................... 50

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2.2.2.1 Estado do Rio de Janeiro....................................................................... 51

2.3 Fontes de Financiamento no Brasil............................................................... 51

2.4 Projetos no Brasil do uso de Energias Renováveis....................................... 52

2.4.1 Programa Minha Casa Minha Vida – PAC.................................................... 52

2.4.2 Programa Luz para Todos............................................................................. 53

2.4.3 Energia Elétrica Renovável em Paraty, Qualidade de vida e

Desenvolvimento – Rio de Janeiro................................................................ 53

2.4.4 Projeto piloto – Coletor Solar para Aquecimento de Água em Casas

Populares – Rio de Janeiro....................................................................... 54

2.4.5 Projeto Eletrobrás Solar, Sapucaias – Minas Gerais..................................... 56

3. Estudo de Caso – Quissamã......................................................................... 60

3.1 Introdução...................................................................................................... 60

3.2 Potencial Eólico do Estado de Rio de Janeiro............................................... 64

3.3 Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba................ 66

3.4 Plano Municipal de Habitação....................................................................... 68

3.5 Identificação de Modelos das Habitações de Interesse Social...................... 69

3.6 Metodologia................................................................................................... 71

3.6.1 Coleta de Dados............................................................................................ 74

3.6.1.1 O Questionário............................................................................................... 74

3.6.1.2 Coleta de Dados - Questionário Piloto.......................................................... 76

3.6.1.3 Coleta de Dados - Questionário Final............................................................ 78

4. Resultados..................................................................................................... 82

4.1 Resultados do Questionário Piloto................................................................ 82

4.1.1 Dados Preliminares....................................................................................... 82

4.1.2 Avaliação Sócio-Econômica.......................................................................... 83

4.1.3 Avaliação de Posse de Eletrodomésticos...................................................... 84

4.1.4 Avaliação de Energia e Serviços................................................................... 85

4.1.5 Avaliação do Comportamento quanto ao Banho........................................... 87

4.1.6 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 87

4.2 Resultados Finais.......................................................................................... 87

4.2.1 Dados Preliminares....................................................................................... 87

4.2.2 Aspectos Sócio-Econômicos......................................................................... 89

4.2.2.1 Naturalidade, Número de Habitantes por Moradia e Faixa Etária................. 89

4.2.2.2 Ocupação dos Chefes da Família, Escolaridade e Renda............................ 91

4.2.3 Avaliação Energética e de Posse de Eletrodomésticos................................ 94

4.2.3.1 Consumo de Eletricidade............................................................................... 94

4.2.3.2 Posse de Eletrodomésticos........................................................................... 98

4.2.3.3 Conhecimentos Quanto à Energia Renovável............................................... 99

4.2.4 Avaliação de Comportamento quanto ao Banho........................................... 99

4.2.4.1 Existência de Chuveiro Elétrico..................................................................... 99

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4.2.4.2 Hábitos do uso de Água Quente.................................................................... 100

4.2.4.3 Hábitos quanto à Freqüência e Horários de Banho....................................... 100

4.2.5 Avaliação dos Serviços.................................................................................. 100

4.2.5.1 Consumo de Gás........................................................................................... 100

4.2.5.2 Consumo de Água......................................................................................... 102

4.2.5.3 Destino do Lixo.............................................................................................. 103

4.2.6 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 103

5. Análise e Discussão dos Resultados............................................................. 105

5.1 Análise dos Resultados do Questionário Piloto............................................ 105

5.1.1 Aspectos Preliminares – Questionário Piloto................................................. 105

5.1.2 Aspectos Sócio-Econômicos – Questionário Piloto....................................... 105

5.1.3 Posse de Eletrodomésticos – Questionário Piloto......................................... 106

5.1.4 Energia e Serviços – Questionário Piloto...................................................... 106

5.1.5 Comportamento quanto ao Banho – Questionário Piloto.............................. 107

5.1.6 Avaliação Arquitetônica – Questionário Piloto............................................... 108

5.2 Análise dos Resultados Finais....................................................................... 108

5.2.1 Aspectos Preliminares................................................................................... 108

5.2.2 Aspectos Sócio-Econômicos......................................................................... 109

5.2.3 Avaliação Energética e de Serviços.............................................................. 110

5.2.4 Comportamento quanto ao Banho................................................................. 113

5.2.5 Avaliação Arquitetônica................................................................................. 115

6. Considerações Finais.................................................................................... 116

6.1 Recomendações............................................................................................

..

119

Referências Bibliográficas............................................................................. 120

Apêndice A – Questionário Piloto.................................................................. 130

Apêndice B – Resultados do Questionário Piloto 134

Apêndice C – Questionário Final................................................................... 138

Apêndice D – Resultados do Questionário Final 142

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. A Evolução do Consumo Mundial de Energia por Fonte.......................... 1

Figura 1.1 Média Anual do Total Diário de Irradiação Solar Global Incidente no

Território Brasileiro.................................................................................... 15

Figura 1.2 Fluxograma da Energia Solar e seus Aproveitamentos.......................... 16

Figura 1.3 Sistema Fotovoltaico Isolado.................................................................... 19

Figura 1.4 Sistema de Aquecimento Solar (SAS)..................................................... 21

Figura 1.5 Coletores Solares por Aplicação e por Níveis de Temperatura................ 22

Figura 1.6 Componentes do Coletor Solar Plano com Cobertura.............................. 23

Figura 1.7 Reservatório Térmico............................................................................... 26

Figura 1.8 Sistema de Circulação Natural ou Termossifão......................................... 29

Figura 1.9 Esquema de Dimensões para Uso do Sistema Termossifão.................... 30

Figura 1.10 Sistema ASBC........................................................................................ 32

Figura 1.11 Montagem do Sistema ASBC.................................................................. 33

Figura 1.12 Sistema Completo ASBC Unido ao Reservatório..................................... 34

Figura 1.13 Panorama do Potencial Eólico no Brasil..................................................

37

Figura 1.14 Mapa do Potencial Eólico Brasileiro Dividido por Regiões..........................

38

Figura 1.15 Sistemas de Energia Eólica e suas Diferentes Escalas........................... 40

Figura 1.16 Sistema Eólico de Pequeno Porte e seus Elementos.............................. 41

Figura 2.1 Matriz Energética Mundial....................................................................... 42

Figura 2.2 Matriz Energética Brasileira....................................................................

43

Figura 2.3 Percentual de Centrais para Geração de Energia Elétrica no Brasil........ 44

Figura 2.4 Consumo Final de Energia Elétrica - Evolução dos Consumos

Setoriais..................................................................................................

45

Figura 2.5 Evolução do Consumo de Eletricidade no Setor Residencial no Brasil

1998 a 2007.............................................................................................. 46

Figura 2.6 Média do Consumo de Energia Elétrica Antes e Depois da Inserção de Sistemas de Aquecimento de Água do Projeto Piloto..............................

56

Figura 2.7 Alternativa 1 - Sistema Solar Térmico Convencional, com o Coletor Apoiado no Telhado e o Reservatório no Interior da Moradia, Projeto Sapucaias...............................................................................................

58

Figura 2.8 Alternativa 2 - Sistema Solar Térmico Popsol, com Estrutura Portante Abrigando o Coletor e o Reservatório, Projeto Sapucaias........................ 58

Figura 3.1 Município de Quissamã.......................................................................... 61

Figura 3.2 Casarão em Restauração........................................................................ 62

Figura 3.3 Uso dos Solos de Quissamã................................................................... 63

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Figura 3.4 Construções a Beira da Lagoa em João Francisco................................. 64

Figura 3.5 Mapa Eólico da Região Sudeste do Brasil................................................ 65

Figura 3.6 Mapa da Zona de Amortecimento e das Áreas Estratégicas Externas do Plano de Manejo do Parque..............................................................

67

Figura 3.7 Habitações de Interesse Social no Município de Quissamã................... 68

Figura 3.8 Modelos de Habitações de Interesse Social Habitadas........................... 70

Figura 3.9 Novos Modelos de Habitações de Interesse Social – Não Habitadas até Outubro de 2008......................................................................................

71

Figura 3.10 Fluxogramas da Metodologia adotada para a Avaliação Proposta......... 73

Figura 4.1 Zonas Entrevistadas e Porcentagens de Entrevistas – Questionário Piloto.............................................................................................................

82

Figura 4.2 Idade dos Moradores das HIS - Questionário Piloto................................. 83

Figura 4.3 Meios de Transporte - Questionário Piloto................................................ 84

Figura 4.4 Posse de Eletrodomésticos – Questionário Piloto.................................... 85

Figura 4.5 Consumo de Eletricidade – Questionário Piloto........................................ 86

Figura 4.6 Zonas do Município onde foram feitas as Entrevistas............................ 88

Figura 4.7 Zonas do Levantamento.......................................................................... 88

Figura 4.8 Modelos das Casas Entrevistadas...........................................................

89

Figura 4.9 Número de Moradores por Unidade Habitacional.................................... 90

Figura 4.10 Faixa Etária das Famílias Entrevistadas.................................................. 91

Figura 4.11 Ocupação do Chefe da Família................................................................ 92

Figura 4.12 Escolaridade do Chefe da Família............................................................ 92

Figura 4.13 Tempo de Ocupação da Moradia............................................................ 93

Figura 4.14 Preço Pago pelo Consumo de Energia Elétrica....................................... 95

Figura 4.15 Consumo de Eletricidade........................................................................ 96

Figura 4.16 Tipo de Lâmpadas usadas nas Moradias................................................ 97

Figura 4.17 Comportamento para Economizar Energia............................................. 98

Figura 4.18 Eletrodomésticos que possuem e usam............................................. 98

Figura 4.19 Horários de Banho.................................................................................. 101

Figura 4.20 Grau de Satisfação quanto à Construção da Casa.................................. 104

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Estimativa de Custos Sociais e Ambientais do Uso da Energia............... 2

Tabela 2.1 Consumo de Eletricidade no Brasil por Setores, 2004.............................

44

Tabela 2.2 Consumo Residencial de Energia Elétrica no Brasil, 2007....................... 46

Tabela 2.3 Participação do Chuveiro Elétrico na Matriz Energética Brasileira, 2001. 47

Tabela 3.1 Unidades de Habitações de Interesse Social Construídas até julho de 2008..........................................................................................................

69

Tabela 3.2 Número de HIS por Localidades de 1991 a 2005..................................... 77

Tabela 3.3 Localidades e Número de Entrevistados no Primeiro Levantamento....... 77

Tabela 3.4 Número de HIS na Zona de Amortecimento pertencente à Sede do

Município................................................................................................... 79

Tabela 3.5 Número de HIS na Zona de Amortecimento, mas no Restante do

Município................................................................................................... 79

Tabela 3.6 Número de HIS dos Conjuntos Habitacionais em Caxias Habitadas a

menos de 1 .............................................................................................. 80

Tabela 3.7 Número de Entrevistas Segundo a Zona.................................................. 81

Tabela 3.8 Número HIS em cada Zona e o Número de Entrevistas........................... 81

Tabela 4.1 Naturalidade do Entrevistado.................................................................... 90

Tabela 4.2 Renda da Família (Salário Mínimo - SM)..................................................

93

Tabela 4.3 Tarifa Residencial AMPLA........................................................................ 95

Tabela 4.4 Consumo de Eletricidade.......................................................................... 96

Tabela 4.5 Conhecimento dos Entrevistados sobre Energias Renováveis................ 99

Tabela 4.6 Existência de Chuveiro Elétrico na Moradia............................................. 100

Tabela 4.7 Hábitos de Água Quente........................................................................... 100

Tabela 4.8 Consumo de Gás por Mês........................................................................ 102

Tabela 4.9 Abastecimento de Água e Existência de Caixa D’água............................ 103

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RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de analisar a viabilidade social, técnica e financeira da

implantação de energia solar térmica e eólica de pequeno porte em habitações de

interesse social como parte de uma política pública, tendo como estudo de caso o

município de Quissamã - RJ. Este município foi escolhido pelo seu potencial eólico e

solar, e principalmente por contemplar dentro do seu Plano Diretor, diretrizes que

visam o uso de fontes renováveis de energia em zonas vizinhas ao Parque Nacional

de Jurubatiba. Analisou-se o Plano Municipal de Habitação de Quissamã para saber

como este se desenvolve e conhecer os resultados obtidos depois da sua implantação

nestes últimos anos. Entrevistou-se uma amostra representativa da população do

município que mora em habitações de interesse social, para conhecer o consumo de

energia elétrica destas famílias e conhecer seus costumes em relação ao consumo de

energia. Foi aplicado um questionário com o qual se coletaram dados sócio-

econômicos, de avaliação energética, de avaliação de serviços, de avaliação de

comportamento quanto ao banho e uma breve avaliação arquitetônica. Realizou-se

uma análise dos dados coletados para assim chegar a sugestões possíveis a serem

propostas ao governo municipal, para que por meio de políticas públicas, tente-se

melhorar a qualidade de vida das pessoas de baixa renda, tornando-as divulgadoras

de tecnologias ambientalmente corretas, além de favorecer os horários de pico do

sistema elétrico integrado nacional e, ainda, servir como instrumento de

conscientização ambiental da população no geral. Este trabalho pretende contribuir

diretamente com o município de Quissamã, como elemento demonstrativo dos

benefícios que traz o uso da energia termo-solar, eólica de pequeno porte e o uso

eficiente da energia como parte do Plano Municipal de Habitação.

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1

INTRODUÇÃO Os energéticos preponderantemente consumidos no século XIX foram originados da

biomassa (lenha, carvão vegetal, carvão mineral e resíduos agrícolas). No início do

século XX, o uso de carvão chegou a ser a principal fonte de energia mundial. A partir

de meados do mesmo, a produção de petróleo tornou-se a fonte de energia

dominante, além disso, o gás e a energia nuclear cresceram rapidamente nos últimos

25 anos. (GRUBLER, 1998). Podemos ver essa evolução na Figura 1, abaixo.

Figura 1: A evolução do consumo mundial de energia por fonte

Fonte: IER, 2009

Segundo dados da UE, ExtermE WSJ 2002, a estimativa de custos sociais e

ambientais de energia decorrentes de uso de combustíveis fósseis e nucleares, sem

se incluir os custos do lixo nuclear e da sua desativação, comparados com o uso de

energia eólica são muito mais altos. O carvão tem um custo de 1,94 a 14,60 centavos

de dólar/kWh, a turbina a gás 0,97 a 3,89 centavos de dólar/kWh, a energia nuclear de

0,19 a 0,58 centavos de dólar/kWh e a fazenda eólica tem um custo de 0,05 a 0,24

centavos de dólar/kWh, como podemos observar na tabela 1 a seguir:

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2

Tabela 1. Estimativa de custos sociais e ambientais do uso da energia

Fonte Centavo de Dólar / kWh

Carvão 1,94 a 14,60

Turbina a Gás 0,97 a 3,89

Nuclear 0,19 a 0,58

Fazenda eólica 0,05 a 0,24

Fonte: ExtermE – WSJ, 2002

No âmbito mundial, o uso de energias renováveis e ambientalmente mais limpas tem

sido divulgado com mais intensidade, devido aos benefícios que trazem e,

principalmente, pelo baixo impacto causado no meio ambiente. Estes sistemas têm

melhorado a qualidade de vida das pessoas e contribuído para diminuir o aquecimento

global – devido às baixas emissões de gases do efeito estufa – sendo uma alternativa

adotada por vários países do primeiro mundo, preocupados em capacitar técnicos

especialistas nesta área, não só nos seus próprios países, como também a nível

mundial. (PORTILLO, 2009a)

A energia elétrica no Brasil é de origem predominantemente hidráulica, o que leva à

construção de grandes barragens e estruturas para o aproveitamento dos rios, com

conseqüente inundação de áreas para formação de reservatórios (PROCEL et al.,

2005). Isso gera a migração de povos inteiros dos seus lugares de origem, impactando

de grande maneira do ponto de vista social e afetando permanentemente os

ecossistemas destes lugares alagados. Ao contrário do que se supõe, há a formação

de gases de efeito estufa nos reservatórios dessas represas; principalmente naqueles

em que há grande diferença de nível entre as cotas da cheia e da estiagem.

A geração complementar de eletricidade para atender o mercado consumidor é feita

através de usinas térmicas e nucleares (PROCEL et al., 2005), as quais trazem um

alto custo ambiental e, economicamente são menos favoráveis como foi citado

anteriormente.

No Brasil, vários grupos de pesquisa estão preocupados com a geração de energia

elétrica e os problemas causados por depender, principalmente, de grandes centrais

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3

hidrelétricas que causam impactos sociais e ambientais, indicando como soluções o

uso de fontes renováveis de energia.

O grupo de energia do Departamento de Engenharia e Energia e Automatização

Elétrica da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (GEPEA-USP) citado por

Loys (2008), modelou um cenário específico para a matriz brasileira em 2050, onde

medidas de eficiência energética reduziriam a geração de eletricidade em 29% e a

produção de energia renovável seria responsável por 88% da eletricidade total gerada.

Esta seria distribuída em 38% de hidreletricidade, incluindo PCHs (pequenas centrais

hidrelétricas), 26% de geração a partir de biomassa, 20% de energia eólica e 4% de

geração de energia solar, a partir de painéis fotovoltaicos. Segundo este grupo, neste

cenário a geração elétrica a partir do uso de carvão, óleo diesel e nuclear seria

totalmente eliminada. Neste cenário proposto, a geração da energia teria um custo

financeiro mais elevado por unidade de potência, mas o objetivo é minimizar os custos

sociais e ambientais e demonstrar ser possível atender a demanda brasileira com uma

matriz mais limpa.

A busca de soluções de eficiência energética ou soluções para baratear os custos do

consumo de energia da população de baixa renda, encontra-se respaldada quando se

analisam as condições sócio-econômicas de uma parte importante da população

brasileira que se situa na faixa de extrema pobreza. Em dados da Fundação Getúlio

Vargas (FGV-2001) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE-2001),

mostram que aproximadamente 20 milhões de famílias vivem com até 2 salários

mínimos. Em dados do IBGE – 2006, vemos que o déficit habitacional nacional é de 8

milhões de moradias. Esta realidade evidencia a má distribuição de renda e a

conseqüente exclusão social.

OBJETIVO GERAL

Analisar a viabilidade social da implantação de energia solar térmica e eólica de

pequeno porte em habitações de interesse social como parte de uma política pública,

tendo como estudo de caso o município de Quissamã - RJ.

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OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Apresentar o uso de energia solar térmica e eólica de pequeno porte no Brasil;

• Identificar experiências existentes de projetos que tenham aplicado o uso de

energias renováveis em habitações de interesse social no Brasil;

• Analisar as características do potencial solar e eólico do município escolhido

como estudo de caso;

• Identificar as políticas públicas do município que se referem ao uso de energias

renováveis;

• Analisar a população que mora em habitações de interesse social no município,

e assim identificar as suas características sociais e de consumo de energia; e

• Identificar as possíveis propostas que podem ser feitas referentes ao uso de

energia solar térmica e eólica de pequeno porte no município escolhido para

desenvolver o estudo de caso.

JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA

A relevância deste trabalho se reflete no estudo de caso, uma vez que o local

estudado tem características climatológicas apropriadas para a proposta de inserção

de energia solar térmica e energia eólica de pequeno porte, que podem ser

aproveitadas de forma apropriada para beneficio da população de baixa renda.

(AMARANTE, 2001 e PEREIRA, 206)

Uma questão importante neste estudo é a integração da população do município com

uma grande área de preservação ambiental que está presente no seu território, a qual

não faz parte da identidade dos moradores do local nos dias de hoje.

Este estudo pretende melhorar a qualidade de vida desta população, propondo

possíveis políticas públicas que ajudem a diminuição do custo de suas contas de

energia elétrica e também informar e incentivar o uso de energias renováveis.

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METODOLOGIA Para o desenvolvimento do presente trabalho foram realizadas as seguintes etapas de pesquisa:

• Revisão bibliográfica para introdução e contextualização do tema;

• Definição do lugar para realização do estudo de caso, por meio da identificação

do potencial climático para uso solar e eólico;

• Levantamento de dados gerais do município;

• Levantamento de dados por meio de entrevistas a moradores de habitações de

interesse social no município;

• Análise dos dados coletados; e

• Análise e discussão dos resultados obtidos, avaliando a possibilidade da

implantação de energias renováveis no município de Quissamã.

DESCRIÇÃO DOS CAPÍTULOS

A dissertação foi organizada em uma introdução e 6 capítulos descritos a seguir:

Na introdução é apresentado o problema e as justificativas que sugeriram este estudo

de forma geral. São descritos o objetivo geral, os objetivos específicos, a relevância da

pesquisa e a sua metodologia.

No primeiro capítulo é definido o conceito de fontes renováveis de energia. São

mostrados alguns conceitos de diferentes autores sobre o uso destes recursos,

demonstrando a sua importância no âmbito mundial e mostrando alguns estudos que

vem sendo realizados sobre seu uso. São apresentadas algumas barreiras que limitam

a introdução e implantação de tecnologias no mundo inteiro.

Também são apresentadas as energias renováveis escolhidas para realizar este

estudo: a energia solar e eólica, introduzindo suas características e seu potencial no

âmbito brasileiro. São descritos os sistemas que podem ser propostos como soluções

tecnológicas às demandas da população. No que se refere à energia solar, são

descritos os sistemas de energia solar fotovoltaica e solar térmica; sobre a energia

eólica, são descritos os sistemas de energia eólica em suas diferentes escalas, de

pequeno, médio e grande porte.

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No segundo capítulo é apresentado o uso de fontes renováveis de energia no Brasil.

São apresentados os dados da matriz energética mundial comparada com a matriz

energética brasileira. É mostrado o consumo de energia no âmbito nacional,

principalmente pelo setor residencial, que é o foco da pesquisa. Também são

abordadas as legislações existentes referentes ao uso de energias renováveis, tanto

no âmbito nacional como no estado do Rio de Janeiro.

Ainda dentro deste capítulo, são descritos alguns projetos existentes no Brasil, onde

foram inseridos sistemas de energias renováveis, principalmente a energia solar

térmica em habitações de interesse social, apresentando alguns resultados que

servem de referência para esta pesquisa.

No terceiro capítulo é apresentado o estudo de caso, justificando a escolha do local –

Quissamã - e descrevendo as características geográficas, climáticas, sociais e

políticas do município estudado. São apresentados os instrumentos públicos que

visam o uso de energias renováveis em alguns setores do município, como o Plano

Diretor e o Plano de Manejo do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Também é abordado o Plano Municipal de Habitação, descrevendo suas

características e identificando os modelos de habitações de interesse social existentes

no município desde o início do plano, em 1991, para assim classificar aqueles a serem

utilizados na pesquisa e finalmente é apresentada a metodologia adotada.

No quarto capítulo, são apontados os resultados obtidos no trabalho de campo

realizado em Quissamã, descrevendo as características sociais e de consumo de

energia elétrica da população que reside nas habitações de interesse social de quatro

bairros escolhidos dentro do município, na zona de amortecimento do Parque

Nacional. Estes resultados estão divididos em seis partes: uma primeira que mostra

os dados preliminares, a segunda apresenta os resultados da análise sócio-

econômica, a terceira mostra os resultados quanto ao consumo de energia, a quarta

revela a avaliação do comportamento quanto ao banho, a quinta se refere aos serviços

e a sexta são os resultados da avaliação arquitetônica.

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O quinto capítulo mostra uma análise e discussão dos resultados mostrados no

capítulo quatro, onde são remarcados os pontos importantes da pesquisa,

demonstrando a influência das características sócio-econômicas e culturais no

consumo de energia elétrica destas famílias e mostrando as possíveis soluções que

podem ser propostas.

O capítulo seis mostra as considerações finais do trabalho desenvolvido, onde são

apresentadas também as recomendações para futuros trabalhos, sendo possíveis

novos estudos que complementem este.

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CAPÍTULO 1

1. FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

Oliveira (2003) cita a classificação de recursos renováveis de energia existentes no

anexo 2 da Agenda Proposta para a Terceira Reunião do Conselho Executivo (CE) do

Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) em 2002, onde define os “Recursos

renováveis de energia” como aqueles que dependem do fluxo de energia através dos

ecossistemas terrestres provenientes da insolação e da energia geotérmica da Terra,

podendo-se distinguir:

• Energia da biomassa (crescimento das plantas por meio da radiação solar);

• Energia eólica (massa de ar em movimento conduzida pela energia solar);

• Uso direto da energia solar (na forma de calor e na produção de eletricidade);

• Energia hidráulica ou hidroeletricidade;

• Energia das marés (exemplo: energia proveniente das ondas); e

• Energia geotérmica (proveniente do fluxo natural de calor, cujo estoque se

encontra nas rochas).

Estes recursos têm o potencial de prover serviços energéticos com pouca ou nenhuma

emissão de poluentes atmosféricos e gases de efeito estufa. (OLIVEIRA, 2003)

Segundo Sachs (1993), na década de 70, era moda alertar sobre o esgotamento dos

recursos não renováveis; mas nos anos 90 o argumento maior veio por meio de dois

fatores, a estimativa controvertida de que já estaríamos utilizando cerca de 40% do

produto primário líquido da fotossíntese terrestre (VITOUSEK et al, 1986) e o

pessimismo com respeito ao progresso científico e técnico que exclui uma visão mais

dinâmica da capacidade de carga do planeta e das potencialidades do “capital natural

cultivado” e da “agricultura regenerativa”.

O consumo mundial de energia aumentou 20 vezes desde 1850, 10 vezes desde 1900

e mais de 4 vezes desde 1950. Este crescimento no uso de energia nos últimos 100

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anos ocorreu principalmente nos países industrializados que abriga apenas 20% da

população mundial. (GUELLER, 2003) Sendo que as fontes renováveis de energia têm

reservas com potencial de gerar toda a energia consumida no mundo. (ROGNER,

2000 apud. GUELLER, 2003)

A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1986) no relatório da reunião em Monte

Carlo – Mônaco – em julho de 1983, afirma que as conseqüências da produção de

recursos fósseis, o transporte, os derramamentos, os danos às florestas e vegetações,

causam o acréscimo das emissões do dióxido de carbono na atmosfera. Sendo que

alguns poluentes do ar como o monóxido de carbono (CO), dióxido de carbono (CO2) e

óxido de nitrogênio (NOx) resultam da queima de combustíveis fósseis e outros tipos

de combustíveis.

A queima de combustíveis fósseis causa poluição do ar e isto prejudica a saúde

pública e desequilibra os ecossistemas. As atividades relacionadas a esta queima

produzem no mundo cerca de 78% de emissões de dióxido de carbono e 23% de

emissões de metano (HOLDEN & SMITH, 2000 apud. GUELLER, 2003).

Os efeitos na saúde dependem inteiramente do grau de exposição. Esta exposição

pode ser minimizada com o controle do uso dos recursos fósseis. Estes efeitos na

saúde podem se manifestar desde poucos minutos até vários dias depois da

exposição. Efeitos intermediários requerem desde poucos dias até duas décadas para

se manifestar, e os efeitos de longo termo são os que usualmente aparecem 20 anos

depois da exposição. Contudo, os experimentos de longo tempo em humanos, são

antiéticos e as avaliações, quando ocorrem, são certamente custosas e tecnicamente

difíceis ( WHO,1986).

Em meados do século XX a produção de petróleo tornou-se a fonte de energia

dominante durante os últimos 40 anos. Além disso, o gás e a energia nuclear

cresceram rapidamente nos últimos 25 anos (GRUBLER, 1998 apud. GUELLER,

2003). A geração de eletricidade através do uso da energia nuclear expõe os

trabalhadores e o público em geral à radiação ionizadora. Esta exposição pode trazer

imediatos danos à saúde, como câncer e danos genéticos (WHO,1986).

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Mas não são exclusivamente os recursos fósseis os que podem trazer impactos na

saúde; o uso de recursos renováveis também pode trazer alguns impactos como

podemos ver a seguir (WHO, 1986).

1.1 POSSÍVEIS IMPACTOS DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

A energia extraída da natureza não se encontra nas formas mais adequadas para os

usos finais. Necessita, na maioria dos casos, passar por processos de transformação.

Esses processos também demandam energia, produzem perdas e impactos

ambientais.

A Organização Mundial da Saúde (WHO, 1986) enumera os possíveis impactos na

saúde derivados dos recursos renováveis utilizados para a geração de energia

descritos abaixo:

• Hidroelétrica: sendo considerada ao longo do tempo limpa, segura, barata e

recurso renovável de energia. As pequenas plantas hidroelétricas podem trazer uma

margem de efeitos positivos. Ao contrário, as grandes centrais hidroelétricas podem

trazer efeitos negativos ao ecossistema do lugar. Estes efeitos podem incluir o

alagamento de áreas históricas únicas. Fazendo uma revisão do ciclo, poder-se-ia

considerar os efeitos na saúde no uso em grande escala das obras civis que

empregam concreto, ferro e aço nas suas construções, desviando capitais de outros

possíveis investimentos de grande importância para o país, como a saúde e a

educação. Em estudos realizados no Brasil, Santos (2000) afirma que há produção de

gases do efeito estufa nos reservatórios das grandes hidrelétricas, como o metano

(CH4), dióxido de carbono (CO2) e o óxido nitroso (N2O), o qual favorece ao

Aquecimento Global.

• Energia solar: geralmente produzida para utilizações de pequeno porte, mas

também pode ser produzida em grandes estações centrais, na terra ou satelitais. A

tecnologia solar não faz significantes emissões ao meio ambiente durante sua

operação e ao contrário da energia nuclear, não produz produtos daninhos durante

sua operação. A tecnologia fotovoltaica requer grandes áreas de conexão por unidade

de capacidade de instalação e, quando é necessário seu armazenamento, requer uso

de baterias acumuladoras, as quais contém materiais prejudiciais para a saúde

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humana, como o chumbo. Quando estas baterias são jogadas fora de forma não

adequada, o chumbo pode entrar em contato com a água e a terra, contaminando e

afetando o ecossistema do lugar.

• Energia eólica: usada geralmente para gerar eletricidade, mas com algum

aproveitamento direto (energia mecânica) em extração de água e dessalinização de

água do mar. Uma das dificuldades deste recurso energético é a sua irregularidade

natural do suprimento e o necessário acompanhamento do armazenamento (quando o

sistema é isolado). A geração em grande escala pode afetar o ambiente, influenciando

o clima do local, além de existir uma distância mínima necessária de pelo menos dez

vezes o diâmetro entre os aerogeradores. Por outro lado, há ainda a geração de ruído,

que vem sendo diminuído nas mais recentes tecnologias. A incerteza sobre o

desenvolvimento e os efeitos em grande escala da geração de energia eólica afeta a

aceitabilidade pelo público, principalmente em áreas com população densa.

Energia eólica em pequenas escalas para gerar eletricidade requer um sistema de

armazenamento, como baterias, que podem trazer significantes conseqüências para a

saúde. Quando a geração é utilizada como energia mecânica, como para extrair água,

pode ser considerada útil, trazendo efeitos positivos.

É importante considerar que este recurso de energia pode necessitar de outro menos

desejável, como o diesel. Existem sistemas que utilizam um motor a diesel para

garantir a regularidade e estabilidade no fornecimento de energia, dispensando

sistemas de armazenamento, geralmente utilizados para atender um número maior de

usuários.

• Biomassa: é criada da queima direta de madeira, ou da gasificação dos

resíduos da agricultura para recuperar o biogás que contém metano. A produção de

biomassa às vezes pode requerer cultivos extensivos, provocando alguns riscos e

discussões como o monocultivo e a substituição da produção de alimentos.

Várias outras fontes renováveis como a Energia Geotérmica e a energia das marés,

por exemplo, não serão detalhadas neste trabalho por fugirem ao escopo do mesmo e

não contribuírem para os nossos objetivos.

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Apesar dos avanços tecnológicos para o uso de fontes alternativas de energia, ainda

hoje existem barreiras pela qual estas fontes não são muito utilizadas. Estas barreiras

provêem de diferentes origens, as quais serão apresentadas a seguir.

1.2 BARREIRAS AO USO DAS FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

Diferentes autores citam uma gama de barreiras que limitam a introdução e

implantação de tecnologias de energias renováveis no mundo inteiro, tendo sua

variação entre setores, instituições e principalmente entre regiões. De modo geral,

Geller (2003) classificou estas barreiras da seguinte maneira:

1.2.1 Limitada infra-estrutura de fornecimento: a demanda por tecnologias de

energia renovável pode ser baixa para justificar a produção local, importação

ou comercialização; isto cria um círculo vicioso. Estas tecnologias podem ser

mais caras em países onde ainda não estão industrializadas, se comparadas

às tecnologias de energia produzida localmente.

1.2.2 Problemas de qualidade: os sistemas podem ser inadequadamente montados

ou instalados, o que prejudica o desempenho. Da mesma forma, a capacidade

de serviço e reparo pode ser inadequado ou inexistente.

1.2.3 Informação e treinamento insuficientes: os consumidores podem

desconhecer as opções de energia renovável de fornecedores locais de

produto e de oportunidade de financiamento, ou ainda, podem não dispor de

informação sobre desempenho e confiabilidade ou mérito econômico de

opções destas energias.

As concessionárias normalmente desconhecem como a produção de

tecnologias renováveis, tais como eólica e solares, poderia afetar sua carga de

energia e particularmente reduzir a demanda de ponta.

1.2.4 Falta de fundos ou de financiamento: financiadores tradicionais, tais como

bancos privados ou bancos de desenvolvimento nacionais, hesitam em

conceder empréstimos para tecnologias de energia renovável, por falta de

familiaridade com as tecnologias e outras considerações.

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1.2.5 Preços e tarifas: os preços de energia raramente refletem os custos totais

para a sociedade, as quais são associados à produção e ao uso de energia

convencional, incluindo os custos sociais e ambientais. Alternativas de energia

renovável sofrem desvantagem se o preço das fontes de energia

convencionais for estruturado sem base nos custos reais (com considerações

sociais e ambientais).

1.2.6 Concessionárias de energia elétrica: as concessionárias podem impedir o

desenvolvimento de energias renováveis ao adotar exigências onerosas de

interconexão, recusando-se a pagar taxas razoáveis ou a assinar contratos de

longo prazo para o acesso de energia fornecida à rede, ou estabelecendo

complexos processos de negociação.

1.2.7 Obstáculos políticos: muitos governos dão preferência a fontes de

combustíveis fósseis e a tecnologias de geração de eletricidade convencional,

devido à tradição, familiaridade e ao tamanho, força econômica e influência

política das indústrias de energia convencionais. No caso dos países em

desenvolvimento, instituições de peso como o Banco Mundial e o

Desenvolvimento Multilateral, resistem em conceder empréstimos para projetos

de energia renovável, devido ao pequeno tamanho, complexidade e alto risco

presumido do projeto, além de outros possíveis fatores. (MARTINOT, 2002)

1.3 SISTEMAS DE ENERGIA RENOVÁVEL

Os sistemas a serem estudados neste trabalho serão: sistemas de energia solar -

enfatizando na energia solar térmica - e energia eólica - enfatizando na energia eólica

de pequeno porte - considerados sistemas economicamente viáveis para uma escala

pequena e estão sendo desenvolvidos pela indústria a nível nacional, desta forma

também fomentando o desenvolvimento local. Foram também selecionados pelo fato

de que o lugar escolhido como estudo de caso tem características climáticas que

favorecem principalmente a estes. Portanto, a seguir, serão apresentadas as

características destes sistemas e seus principais elementos.

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1.3.1 ENERGIA SOLAR

Pinto et all (2006) assegura que o Sol envia anualmente para a Terra energia

equivalente a cerca de 10.000 vezes o consumo mundial de energia bruta no mesmo

período. O Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito –

CRESESB (2008) - afirma que quando se fala em energia, deve-se lembrar que o Sol

é responsável pela origem de praticamente todas as outras fontes de energia, o que

quer dizer que as fontes de energia são, em última instância, derivadas da energia do

Sol. É a partir da energia do Sol que se dá a evaporação, origem do ciclo das águas,

que possibilita o represamento e a conseqüente geração de eletricidade

(hidroeletricidade). A radiação solar também induz a circulação atmosférica em larga

escala, causando os ventos. Petróleo, carvão e gás natural foram gerados a partir de

resíduos de plantas e animais que, originalmente, obtiveram a energia necessária ao

seu desenvolvimento, da radiação solar.

Segundo Rogner (2000), há energia solar em potencial suficiente e até excedente para

atender as necessidades globais projetadas para além de 2100. Rodrigues & Matajs

(2005) asseguram que o Brasil é um país com enorme potencial solar, praticamente

em todo o território encontram-se mais de 2200 horas de insolação, com um potencial

equivalente a 15 trilhões de MWh, correspondente a 50 mil vezes o consumo nacional

de eletricidade.

1.3.1.1 RADIAÇÃO SOLAR NO BRASIL

O Atlas Brasileiro de Energia Solar (PEREIRA E. B. et all., 2006) mostra na figura 1.1

a média anual do total diário de irradiação solar global incidente no território brasileiro.

Apesar das diferentes características climáticas observadas no Brasil, pode-se

observar que a média anual de irradiação global apresenta boa uniformidade, com

médias anuais relativamente altas em todo o país.

O valor máximo de irradiação global – 6,5kWh/m2 - ocorre no norte do estado da

Bahia, próximo à fronteira com o estado do Piauí. Essa área apresenta um clima semi-

árido com baixa precipitação ao longo do ano (aproximadamente 300mm/ano) e a

média anual de cobertura de nuvens mais baixa do Brasil. A menor irradiação solar

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global – 4,25kWh/m2 – ocorre no litoral norte de Santa Catarina, caracterizado pela

ocorrência de precipitação bem distribuída ao longo do ano.

Os valores de irradiação solar global incidentes em qualquer região do território

brasileiro (4200-6700 kWh/m2) são superiores aos da maioria dos países da União

Européia, como Alemanha (900-1250 kWh/m2), França (900-1650kWh/m2) e Espanha

(1200-1850 kWh/m2), onde projetos para aproveitamento de recursos solares, alguns

contando com fortes incentivos governamentais, são amplamente disseminados.

Assim, podemos concluir que a radiação solar no Brasil oferece condições favoráveis

para o uso de energia solar em grande parte do território.

Figura 1.1 - Média anual do total diário de irradiação solar global incidente no território brasileiro

Fonte: PEREIRA E. B. et all., 2006

O potencial anual médio de energia solar foi medido no período de julho de 1995 a

dezembro de 2005. A região Nordeste apresenta a maior disponibilidade energética,

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seguida pelas regiões Centro-Oeste e Sudeste. As características climáticas da região

Norte reduzem seu potencial solar médio a valores próximos da região Sul. (PEREIRA

E. B. et all., 2006)

1.3.1.2 ENERGIA SOLAR E SEUS APROVEITAMENTOS

A energia solar pode ser aproveitada de maneira PASSIVA ou ATIVA como podemos

observar na figura 1.2. De forma passiva por meio de uma arquitetura bioclimática; de

forma ativa por meio da energia fotovoltaica que consiste no processo de transformar

a energia solar em elétrica; e também por meio da energia fototérmica, também

chamada solar térmica, aproveitada para o aquecimento de água para uso doméstico

ou industrial.

Figura 1.2 – Fluxograma da Energia Solar e seus Aproveitamentos

Fonte: PEREIRA et all., 2003

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A Arquitetura Bioclimática adota soluções arquitetônicas e urbanísticas adaptadas às

condições específicas (recursos disponíveis, clima e hábitos de consumo) de cada

lugar, utilizando, para isso, a energia que pode ser diretamente obtida das condições

locais, tirando partido da energia solar, através de correntes convectivas naturais e de

microclimas criados por vegetação apropriada. (CRESESB, 2008)

O aproveitamento da iluminação natural e do calor para aquecimento de ambientes,

denominado aquecimento solar passivo, decorre da penetração ou absorção da

radiação solar nas edificações, reduzindo-se com isso, as necessidades de iluminação

e aquecimento. Assim, um melhor aproveitamento da radiação solar pode ser feito

com o auxílio de técnicas mais sofisticadas de arquitetura e construção. A partir de

alguns princípios básicos, um edifício pode tirar vantagens da variação diária e

sazonal da passagem do sol pelo céu. No hemisfério Sul, as janelas voltadas para o

Norte, o isolamento adequado e o uso de materiais pesados como o concreto, podem

ajudar a captar o sol do inverno para aquecimento. Os mesmos prédios podem ser

resfriados em meses quentes através da plantação de árvores e de telhados que

façam sombras nas janelas. Estas simples ações podem reduzir os custos de

aquecimento em 40% ou mais (UNEP, 2003).

1.3.1.3 ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

A Energia Solar Fotovoltaica é a energia obtida através da conversão direta da luz do

sol em eletricidade (efeito fotovoltaico). O CRESESB (2008) explica que o efeito

fotovoltaico, relatado por Edmond Becquerel em 1839, é o aparecimento de uma

diferença de potencial nos extremos de uma estrutura de material semicondutor (em

geral o silício) produzida pela absorção da luz, onde a célula fotovoltaica é a unidade

fundamental do processo de conversão. Seguindo os primeiros acontecimentos desta

tecnologia, em 1876 foi montado o primeiro aparato fotovoltaico, resultado de estudos

das estruturas no estado sólido, e apenas em 1956 iniciou-se a produção industrial

seguindo o desenvolvimento da microeletrônica.

Atualmente, os sistemas fotovoltaicos vêm sendo utilizados em instalações remotas,

possibilitando vários projetos sociais, agropastoris, de irrigação e comunicações. As

facilidades de um sistema fotovoltaico são: modularidade, baixos custos de

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manutenção e vida útil longa, fazendo com que sejam de grande importância para

instalações em lugares desprovidos da rede elétrica. O sistema fotovoltaico pode ser

classificado em três categorias distintas: sistemas isolados, híbridos e conectados a

rede (CRESESB, 2008).

O sistema híbrido utiliza várias fontes de geração de energia, como eólica, geração

com diesel e a fotovoltaica, o qual o torna complexo, sendo necessária uma unidade

de controle e condicionamento de potência para controlar seu uso. O sistema

integrado à rede representa uma fonte complementar ao sistema elétrico, não sendo

necessário o armazenamento da energia, já que a energia gerada localmente é

entregue à rede quando produzida; mas pode-se tomar energia da rede nos momentos

sem produção. Contudo, o sistema mais utilizado no Brasil é o isolado, o qual será

explicado mais detalhadamente a seguir.

Sistema isolado: Utiliza-se alguma forma de armazenamento de energia, que pode ser

feito através de baterias, quando se deseja utilizar aparelhos elétricos. Alguns

sistemas isolados não necessitam de armazenamento, que é o caso da irrigação onde

toda a água bombeada é diretamente consumida ou estocada em reservatórios.

Em sistemas que necessitam de armazenamento de energia em baterias, como vemos

na figura 1.3, usa-se um dispositivo para controlar a carga e a descarga na bateria. O

controlador de carga tem como principal função não deixar que haja danos na bateria

por sobrecarga ou descarga profunda, e é usado em sistemas pequenos, onde os

aparelhos utilizados são de baixa tensão e corrente contínua (CC). Para alimentação

de equipamentos de corrente alternada (CA) é necessário um inversor. Este

dispositivo geralmente incorpora um seguidor de ponto de máxima potência,

necessário para otimização da potência final produzida (CRESESB, 2008).

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Figura 1.3 – Sistema fotovoltaico isolado

Fonte: PINTO A. V. J. et all, 2006

Segundo o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (CEPEL), os sistemas

fotovoltaicos apresentam as seguintes vantagens e limitações:

Vantagens:

• Sistema modular, facilitando aplicações conforme as necessidades

• Baixo custo de manutenção

• Melhor solução para pequenos consumos

Limitações:

• Energia disponível limitada, exigindo controle do consumo

• Investimento inicial alto

• Troca de bateria a cada 2 a 6 anos

• Necessidade de importação de equipamentos

No caso do sistema isolado, entre outras limitações, podemos citar o alto investimento

econômico devido ao custo dos materiais utilizados na fabricação dos painéis de

captação de energia; e o custo ambiental, no uso de baterias para armazenamento de

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20

energia, sendo uma solução mais adequada para lugares distantes, onde a conexão à

rede elétrica convencional seja inacessível.

Castro (2004) afirma que as principais aplicações dos painéis fotovoltaicos, como

sistema isolado, são a eletrificação rural (em locais desprovidos da rede elétrica ou em

locais onde a energia fornecida é de má qualidade), o bombeamento de água para a

irrigação, a eletrificação de cercas para a criação de animais, a refrigeração de

medicamentos e vacinas em postos de saúde, iluminação pública, estações repetidoras

de telecomunicações, sinalizações, telefones de socorro rodoviário, estações de

monitoramento ambiental, fornecimento de energia elétrica à rede, etc (BAPTISTA,

2006).

No Brasil, o custo estimado no ano de 2008 da geração de energia elétrica com o sistema

fotovoltaico é de 4U$ (Dólares) o Watt, com uma eficiência que varia entre 13% e 15%.

No mundo são fabricados em escala industrial com uma eficiência entre 14% e 16% (BC

SOLAR, 2009).

1.3.1.4 ENERGIA SOLAR TÉRMICA

Em Dezembro de 2007, a International Union for Conservation of Nature (IUCN),

realizou uma pesquisa que procurou avaliar quais tecnologias disponíveis que

inspiravam mais confiança em sua capacidade de combater o aquecimento global. A

pesquisa foi aplicada durante a reunião da Convenção do Clima da ONU (UNFCCC),

realizada em Bali, e o resultado apresentou que a solução com maior índice de

aprovação na pesquisa, foi o uso de energia solar para aquecimento de água (74%).

Nesta pesquisa, a IUCN ouviu mil integrantes de governos, de organizações não

governamentais e do setor industrial de 105 países (ABRAVA, 2008a).

O CRESESB (2008) define a energia solar térmica como a quantidade de energia que

um determinado corpo é capaz de absorver, sob a forma de calor, a partir da radiação

solar incidente no mesmo. A utilização dessa forma de energia implica saber captá-la

e armazená-la. Os equipamentos mais difundidos com o objetivo específico de se

utilizar a energia solar fototérmica são conhecidos como coletores solares. Os

coletores solares são aquecedores de fluidos (líquidos ou gasosos) e são classificados

em coletores concentradores e coletores planos em função da existência ou não de

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dispositivos de concentração da radiação solar. O fluido aquecido é mantido em

reservatórios termicamente isolados até o seu uso final (água aquecida para banho, ar

quente para secagem de grãos, gases para acionamento de turbinas, etc.). Os

coletores solares planos são, hoje, largamente utilizados para aquecimento de água

em residências, hospitais, hotéis, etc., devido ao conforto proporcionado e a redução

do consumo de energia elétrica.

A NBR 15569 (Norma Brasileira de Energia Solar) estabelece os requisitos para o

Sistema de Aquecimento Solar (SAS) mostrado na figura 1.4, considerando aspectos

de concepção, dimensionamento, arranjo hidráulico, instalação e manutenção, onde o

fluido de transporte é a água, e define que é um Sistema composto por coletor(es)

solar(es), reservatório(s) térmico(s), aquecimento auxiliar, acessórios e suas

interligações hidráulicas, que funcionam por circulação natural ou forçada.

Figura 1.4 – Sistema de Aquecimento Solar (SAS)

Fonte: ABRAVA, 2008a

a) O Coletor Solar

O coletor solar é basicamente um dispositivo que promove o aquecimento de um fluido

de trabalho, como água, ar ou fluido térmico, através da conversão da radiação

eletromagnética proveniente do Sol em energia térmica. No coletor solar busca-se,

sempre, a maximização da energia absorvida e a minimização das perdas desta

energia.

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De acordo com a NBR 15569 (Norma Brasileira de Energia Solar), os coletores solares

devem ser conforme ABNT NBR 10184 (Coletores solares planos para líquidos,

determinação do rendimento térmico) e devem ser capazes de operar nas faixas de

pressão, temperatura e demais condições especificadas em projeto, incluindo

resistência de exposição direta a radiação solar. A escolha de um tipo de coletor solar

depende basicamente da temperatura de operação requerida em determinada

aplicação prática, como mostra a figura 1.5. (ABRAVA, 2008a)

Figura 1.5 - Coletores solares por aplicação e por níveis de temperatura

Fonte: ABRAVA, 2008a

O aquecimento de piscinas a temperaturas entre 26°C e 34oC é normalmente

promovido por coletores solares abertos. Essa designação é utilizada, pois tais

coletores não possuem cobertura transparente nem isolamento térmico. Apresentam

ótimo desempenho para baixas temperaturas, o qual decresce significativamente para

temperaturas mais elevadas. São fabricados, predominantemente, em material

polimérico. Os materiais plásticos sem o devido tratamento contra radiação UV se

desgastam em menos de um ano mas, no entanto os coletores solares devem ser

resistentes ao Sol de modo que durem 20 anos, segundo a NBR 15569. (ABRAVA,

2008a)

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b) Coletor solar plano com cobertura

Os coletores solares planos com cobertura são os mais utilizados no Brasil,

empregados para fins residenciais, chegando a temperaturas de 70°C a 80oC.

Um coletor solar plano fechado é constituído por uma caixa externa, isolamento térmico,

tubos para escoamento do fluido no interior do coletor, placa absorvedora pintada de

preto fosca para melhor absorção da energia solar, cobertura transparente e um sistema

de vedação (PEREIRA et all., 2003), gerando um efeito estufa. O efeito estufa ocorre

quando a luz penetra numa região cuja fronteira, obviamente transparente para a luz, não

é transparente para o calor. Nesse caso, os corpos internos à região absorvem a parte da

luz nela incidente e se aquecem, passando a irradiar o calor como onda eletromagnética,

que, não podendo atravessar a fronteira, volta a incidir sobre esses corpos, aquecendo-

os cada vez mais, quanto dura o processo (RÍSPOLI, 2001).

A Associação Brasileira de Resfriamento, Ar Condicionado e Ventilação - ABRAVA

2008b- afirma que o coletor plano fechado é constituído por uma caixa externa,

isolamento térmico, tubos - também chamado flauta - com calhas superior e inferior, uma

placa absorvedora - chamada aletas - e finalmente uma cobertura transparente, como é

mostrado na figura 1.6.

Figura 1.6 – Componentes do coletor solar plano com cobertura

Fonte: ABRAVA, 2008a

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• Caixa externa: geralmente fabricada em perfil de alumínio, chapa dobrada, aço

inox, ou material plástico que suporta todo o conjunto. A missão da caixa é

proteger do vento, da chuva, da poeira, suportar os diversos componentes do

coletor e atuar como união com a estrutura através dos elementos de fixação

necessários. Não é aceitável ter que trocar um coletor ou a caixa, antes do tempo

de vida normal desta, que deve ser de pelo menos 15 anos. A caixa deve ser

estanque às entradas de ar e água e resistente a corrosão. Deverão selar-se

todas as possíveis juntas, mas terá de haver um sistema que não permita a

entrada de água.

• Isolamento térmico: minimiza as perdas de calor para o meio. Fica em contato

direto com a caixa externa, revestindo-a. Os materiais isolantes mais utilizados na

indústria nacional são: lã de vidro ou de rocha e espuma de poliuretano. A

precaução mais importante é o seu comportamento com a temperatura, já que no

verão e com a instalação parada, pode ultrapassar os 100ºC. O envelhecimento e

a umidade são dois fatores a se levar em conta, pois podem provocar perda de

parte das propriedades isolantes do material.

• Tubos (flauta/calhas superior e inferior): tubos interconectados através dos quais o

fluido escoa no interior do coletor. Normalmente, a tubulação é feita de cobre

devido a sua alta condutividade térmica e resistência à corrosão.

• Placa absorvedora (aletas): responsável pela absorção e transferência da energia

solar para o fluido de trabalho. As aletas metálicas, em alumínio ou cobre, são

pintadas de preto fosco ou recebem tratamento especial para melhorar a

absorção da energia solar.

• Cobertura transparente: geralmente de vidro, policarbonato ou acrílico que permite

a passagem da radiação solar e minimiza as perdas de calor por convecção e

radiação para o meio ambiente.

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c) Reservatório térmico

O reservatório térmico tem como função armazenar a água aquecida nos coletores,

evitando ao máximo a perda de calor do fluido para o meio externo. Os reservatórios

térmicos de acumulação da água quente em instalações de aquecimento solar são

dimensionados para garantirem a demanda diária de água quente do consumidor final

na temperatura requerida pela aplicação. (ABRAVA, 2008a)

Este reservatório é também chamado de “boiler”, quando possui aquecimento auxiliar

por resistências elétricas; pode ser aberto (não pressurizado) ou fechado

(pressurizado) (VARELLA, 2004) e deve ser dimensionado de acordo com cada

projeto, determinando o volume a partir do dimensionamento pela demanda diária do

volume de água quente necessária. Também é necessário um sistema de

aquecimento auxiliar, para garantir o fornecimento de água quente em períodos de

baixa insolação, que pode ou não ser utilizado posteriormente, dependendo de cada

caso (ABRAVA, 2008a).

A manutenção dos sistemas de aquecimento solar de circulação natural é pequena,

mas o usuário deve inspecionar visualmente os coletores solares, no mínimo, uma vez

a cada três meses, certificando-se das condições de limpeza e verificando a

ocorrência de alterações na superfície do coletor solar (MESQUITA, 1999).

Estudos realizados na Inglaterra pela “Building Services & Environmental Engineer” -

BSEE – (ABRAVA, 2008a) estabelecem os cuidados básicos no armazenamento de

água (quente e fria). Estes critérios visam evitar a proliferação de bactérias como a

legionella (que causa a Doença do Legionário), são assim enumerados:

1. O volume armazenado de água quente e fria deve ser reduzido ao mínimo

necessário. Reservatórios devem ser fechados para prevenir a entrada de

material orgânico.

2. Isolamento dos componentes para que as temperaturas permaneçam fora da

faixa crítica de crescimento das bactérias, entre 20°C e 50ºC. Para a

Legionella, a faixa ótima de crescimento está entre 35°C e 46ºC, sendo

instantaneamente destruída em temperaturas superiores a 70ºC. Para valores

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acima de 50ºC, essa bactéria sobrevive no máximo entre 5 e 6 horas (JAYE et

all. 2001).

3. Emprego de materiais metálicos e inorgânicos nas conexões e acessórios das

tubulações.

4. Limpeza regular das partes vulneráveis do sistema.

Os reservatórios são constituídos, basicamente, por um corpo interno revestido

externamente por um material isolante e recobertos por uma proteção externa, como

podemos observar na figura 1.7.

Figura 1.7 – Reservatório térmico

Fonte: ABRAVA, 2008a

Segundo a ABRAVA (2008a), estes elementos devem acompanhar as seguintes

características:

Corpo interno:

• Por ficar em contato direto com a água, é geralmente fabricado com materiais

resistentes a corrosão, como cobre e aço inoxidável. No entanto, podem ser

encontrados no mercado reservatórios feitos com fibra de vidro e polipropileno;

ressalta-se, aqui, a importância dos testes normalizadores em todos os tipos de

produtos.

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• Alguns materiais metálicos necessitam de proteção interior contra corrosão,

seja mediante pintura tipo epóxi ou esmaltagem. Em regiões de água muito

agressiva haverá a necessidade de um anodo de sacrifício (geralmente de

magnésio) para proteger o reservatório.

• Deve suportar as variações de pressão que porventura ocorram devido ao

aumento da temperatura da água (expansão) e flutuações na rede de

abastecimento. Quanto maiores as pressões de trabalho previstas, maiores

deverão ser as espessuras da parede do corpo interno. Por exemplo, no

mercado brasileiro, essa espessura varia entre 0,4mm e 0,8mm para o aço

inoxidável, em valores aproximados.

• Deve ser resistente termicamente às oscilações de temperaturas.

Isolamento térmico:

• O isolamento deve impedir ou minimizar a transferência de calor da água

contida no interior do reservatório para o meio externo. Desta forma,

similarmente ao que acontece nas placas coletoras, o isolamento deve oferecer

grande resistência a passagem do calor, dificultando ao máximo sua

transferência de um meio para outro.

• O material isolante mais utilizado é o poliuretano expandido, cuja condutividade

térmica e igual a 0,026 W/m.K e tem a vantagem de conferir ao reservatório

uma boa rigidez estrutural.

• Para o poliuretano, de uso muito difundido no Brasil, a espessura normalmente

empregada é, aproximadamente, 50mm para um tanque de 100 litros e 20mm

para um tanque de 1000 litros.

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Proteção externa:

• Normalmente feita em alumínio, aço galvanizado ou aço carbono pintado. A

importância da proteção externa está em preservar o conjunto das intempéries,

danos relativos a transporte, instalação, etc.

1.3.1.5 SISTEMAS DE AQUECEDORES SOLARES

A ABRAVA (2008a) afirma que 90% das instalações de sistemas de aquecedores

solares no Brasil são residenciais. As grandes instalações ainda são pouco difundidas

dentro dos setores comerciais e industriais – hotéis, motéis, indústrias, vestiários,

grandes edifícios, etc. Estes sistemas de aquecimento solar podem ser classificados

quanto ao modo de circulação de água:

• Circulação natural ou Termossifão

• Circulação forçada ou sistema bombeado

O sistema de circulação natural ou termossifão é o mais utilizado em obras de pequeno

porte, e o sistema bombeado é utilizado em obras de médio e grande porte, onde a

circulação forçada é imprescindível para o funcionamento correto do sistema.

a) SISTEMA TERMOSSIFÃO

O sistema de circulação natural ou termossifão funciona quando o Sol, ao incidir sobre

o coletor solar, aquece a água que está no seu interior. Com a diminuição da

densidade, as colunas de água adquirem pressões diferentes gerando um fluxo

contínuo no sentido ascendente do coletor. (ABRAVA, 2008a)

Os elementos deste sistema estão apresentados na seguinte figura 1.8:

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Figura 1.8 - Sistema de circulação natural ou termossifão 1. Coletor solar 6. Retorno de água dos coletores 2. Reservatório térmico 7. Saída de água para os coletores 3. Caixa d’água fria 8. Saída de água para consumo 4. Sifão 9. Registro para limpeza do sistema 5. Entrada de água fria 10. Suspiro

Fonte: ABRAVA, 2008b

Os sistemas com circulação natural ou termossifão são recomendados para sistemas

com capacidade de aquecimento de até 1.500 litros de água por dia e podem

apresentar alguns problemas técnicos em relação à localização do tanque (é

necessário que o reservatório esteja acima do coletor solar para evitar inversão do

fluxo), à circulação lenta do fluido a ser aquecido (em caso de demanda imprevista, o

sistema auxiliar de aquecimento é acionado), ao diâmetro da tubulação entre coletor e

tanque, que é função da área coletora, da distância dos coletores ao reservatório

térmico e da altura deste, e à tubulação e reservatório, que devem ser isolados

termicamente (MOREIRA, 1985).

A vazão em sistemas solares por termossifão é considerada auto-regulável, pois

quanto maior a radiação solar, maior a vazão no coletor, e, se não houver radiação ou

a temperatura da água no coletor for inferior à do reservatório, a circulação cessará. A

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diferença de pressão é muito pequena e, portanto muito sensível às perdas de carga e

obstruções ao longo da tubulação. (ABRAVA, 2008a)

Krause e Medeiros (2005) elaboraram a figura 1.9, onde verificam-se espaços livres,

necessários ao bom funcionamento do sistema:

• Como a caixa d’água deve poder ser limpa, é preciso prever um espaço para

que se tire a tampa e se limpe o lado interno (H);

• Em seguida, outro (h), que é o resultado da altura da caixa d’água projetada e

o espaço para colocação do joelho que leva até a entrada de água fria do

reservatório, que deve ser mais baixo para que a gravidade faça naturalmente

o abastecimento da água fria necessária da caixa d’água para o boiler;

• Para o sistema funcionar corretamente por termossifão, a Física diz que é

necessário um desnível vertical (Y) mínimo de 30cm a 18cm entre a parte de

baixo do boiler e a saída de água quente (parte superior) da placa coletora,

bem como um desnível da parte de cima do coletor para a entrada de água

quente do boiler.

Figura 1.9 - Esquema de dimensões para uso do sistema termossifão

Fonte: KRAUSE E MEDEIROS, 2005

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No que se refere ao custo destes sistemas no Brasil, em abril de 2009 fez-se uma

pesquisa sobre preços no mercado brasileiro destes sistemas para uso numa casa de 4

moradores, utilizando água quente só no chuveiro. Nos resultados obtidos vemos que um

sistema composto por um reservatório de 300L e um coletor de 1,06 m2 tem o preço de

R$ 2.000,00. Também foram pesquisados sistemas utilizados em projetos de habitação

de interesse social, que são menores aos mencionados anteriormente, sendo que o

reservatório é de 200L e não foi informada a superfície do coletor. Estes sistemas têm um

custo de R$ 1.290,00, podendo diminuir o preço dependendo da quantia solicitada.

1.3.1.6 SISTEMAS NÃO CONVENCIONAIS

Estes sistemas são chamados assim por serem construídos com materiais e

tecnologias não convencionais. Vem sendo desenvolvidos por diferentes

pesquisadores dando soluções tecnológicas de baixo custo. Sobre estes sistemas

existem diferentes posições, sendo que algumas organizações asseguram que podem

trazer problemas de saúde pública. Mas, de acordo com Fantinelli (2002), as soluções

tecnológicas de baixo custo são práticas que aliam eficiência energética a baixos

investimentos para o contexto econômico e social das populações de baixa renda.

Existem diferentes sistemas deste tipo, utilizando diversos materiais, como garrafas

pet ou forros de PVC, desenvolvidos por diferentes grupos de pesquisa ou ONG.

Neste trabalho, será descrito o sistema de Aquecedor Solar de Baixo Custo (ASBC),

que utiliza forro de PVC para a elaboração dos coletores solares.

a) Sistema ASBC

Uma equipe residente no Centro Incubador de Empresas Tecnológicas - CIETEC/SP

desenvolveu em 1999 o Aquecedor Solar de Baixo Custo – ASBC (ASBC, 2009). Este

sistema assemelha-se a coletores solares utilizados em piscinas, pois não possuem

cobertura transparente. Woelz (2002) justifica que o clima do Brasil permite o

desenvolvimento de coletores solares simplificados, sem a cobertura transparente, que

é a responsável pelo efeito estufa dentro do coletor (VARELLA, 2004). Contudo vale

lembrar que a eficiência de conversão desses sistemas será inferior aos sistemas

protegidos, onde há menor perda de calor.

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Seus precursores afirmam que por ser um projeto experimental não oferece nenhuma

garantia em relação à durabilidade das peças e à temperatura de funcionamento do

sistema, por ser constituído principalmente por placas de forro modulares de PVC,

utilizadas como coletores solares, placas concebidas para serem instaladas em

ambientes como escritórios e postos de gasolina, etc. Segundo a Sociedade do Sol -

SoSol - (2008) a associação de materiais de baixo custo e o aproveitamento das

instalações hidráulicas residenciais permitem o retorno do investimento de 4 a 8

meses e o sistema ajuda a reduzir gastos em energia elétrica em até 30%. Sendo

mais rápido o retorno do investimento comparado com o sistema convencional, que

segundo ABRAVA (2008a) é de dois anos aproximadamente.

O sistema ASBC mostrado na figura 1.10 tem o mesmo princípio de funcionamento do

sistema tradicional de aquecimento solar de água, diferenciando-se do mesmo pelo

tipo de material utilizado e da autoconstrução. O funcionamento do sistema é através

da circulação natural da água entre coletores e reservatórios, chamado termossifão,

mencionado anteriormente no sistema convencional.

Figura 1.10 – Sistema ASBC

Fonte:SOSOL, 2008

Varella (2004) afirma que o sistema básico do ASBC para uma família de quatro ou

seis pessoas é composto por três placas coletoras (dimensão por placa de 0,70m x

1,30m) de PVC, interligadas por tubulações de PVC unidas entre si com resina, como

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podemos observar no processo mostrado na figura 1.11. Os tubos são cortados

longitudinalmente para a placa PVC poder ser encaixada, como é mostrado na figura

1.11a. Depois é colada com resina, como é descrito na figura 1.11b. Portanto, cada

placa coletora é composta de um perfil de forro de PVC modular com tubos de PVC

agregados às suas extremidades, como observamos na figura 1.11c. Estas três placas

coletoras são unidas entre si e pintadas de preto e ligadas a um reservatório de

volume útil de 200 litros, como podemos observar na figura 1.12.

Fonte: AUTORA, 2008

a) Tubo de PVC sendo cortado

b) União do tubo com a placa PVC c) Placa coletora pronta para se unir com

outras placas

Figura 1.11 – Montagem do sistema ASBC – Curso, RJ

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Figura 1.12 Sistema completo ASBC unido ao reservatório

Fonte: ASBC-Rio, 2009

(http/www.asbc-rio.com.br)

Do mesmo modo que num sistema convencional, a água será armazenada num

reservatório, este deve ser termicamente isolado. O sistema de apoio térmico é

formado por um chuveiro elétrico que permite um ajuste razoável na elevação da

temperatura da água do banho. Neste sistema, a tubulação que interliga os coletores,

o reservatório e o chuveiro elétrico pode ser montada com os tubos tradicionais de

PVC utilizados normalmente em instalações hidráulicas residenciais. (SOSOL, 2008)

Segundo informação proporcionada pelo grupo ASBC-Rio no curso sobre o Aquecedor

Solar a Baixo Custo freqüentado pela autora em abril de 2008, e com os dados

atualizados por meio de contatos com o Coordenador do ASBC-Rio, Hans

Rauschmayer, em junho 2009. O custo aproximado deste sistema varia dependendo

do tamanho da caixa d’água, que pode ser de 250 a 1000 litros (tamanhos de caixas

d’água no mercado) e do número de coletores instalados. É calculado um coletor para

cada 100 litros de água. Um sistema com uma caixa de 250L com dois coletores

abastecendo água para um chuveiro, tem um custo aproximado de R$ 275,00. Um

sistema com uma caixa de 500L com 5 coletores abastecendo água quente para 2

chuveiros, tem um custo de R$ 540,00.

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35

1.3.2 ENERGIA EÓLICA

Segundo o Atlas de Energia Elétrica do Brasil (ANNEL,2009a), denomina-se energia

eólica a energia cinética contida nas massas de ar em movimento, chamada de vento.

Seu aproveitamento ocorre com o emprego de turbinas eólicas, também denominadas

aerogeradores, para a geração de eletricidade, ou cataventos (e moinhos), para

trabalhos mecânicos como bombeamento d'água.

Assim como a energia hidráulica, a energia eólica é utilizada há milhares de anos com

as mesmas finalidades, como por exemplo: bombeamento de água, moagem de grãos

e outras aplicações que envolvem energia mecânica. Para a geração de eletricidade,

as primeiras tentativas surgiram no final do século XIX, mas somente na década de

1970, com a crise internacional do petróleo, é que houve interesse e investimentos

suficientes para viabilizar o desenvolvimento e aplicação de equipamentos em escala

comercial. (ANNEL, 2009a)

A produção mundial de energia eólica vem crescendo cerca de 30% ao ano. Além

disso, sua tecnologia continua a progredir e seus custos continuam a cair com o

desenvolvimento de turbinas maiores, lâminas de rotor e controladores mais

avançados, aplicações em alto-mar e outras inovações. (GELLER, 2003)

Estima-se que o potencial viável de energia eólica costeira seja de 20 a 50 trilhões de

kWh por ano, 1,5 a 4 vezes a produção atual mundial de eletricidade, sendo que esse

potencial poderia ser aumentado com os recursos de alto mar. (GELLER, 2003)

A primeira turbina eólica comercial ligada à rede elétrica pública foi instalada em 1976,

na Dinamarca. Atualmente, existem mais de 30 mil turbinas eólicas em operação no

mundo. Estima-se que em 2020 o mundo terá 12% da energia gerada pelo vento, com

uma capacidade instalada de mais de 1.200GW (ANNEL, 2009a)

Com a crise mundial do petróleo em 1970, principalmente os americanos e europeus

tiveram que buscar fontes alternativas de energia, a fim de reduzir a dependência do

petróleo e do carvão. Diante desse acontecimento, iniciou-se em escala comercial a

utilização dos ventos para a geração de eletricidade, influenciada pelos conhecimentos

da indústria aeronáutica que já há muito tempo conhecia a eficiência das turbinas

impulsionadas pelo movimento das moléculas de ar (COLLE et all., 2000).

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36

1.3.2.1 POTENCIAL EÓLICO DO BRASIL

Existem divergências entre especialistas e instituições na estimativa do potencial

eólico brasileiro, vários estudos indicam valores extremamente consideráveis. Há

alguns anos atrás, as estimativas eram da ordem de 20.000 MW. Hoje a maioria dos

estudos indica valores maiores que 60.000 MW. A razão dessas divergências decorre

principalmente da falta de informação (dados de superfície) e das diferentes

metodologias empregadas. (ANNEL, 2009a)

Os diversos levantamentos, estudos realizados e em andamento (locais, regionais e

nacionais), têm dado suporte e motivado a exploração comercial da energia eólica no

País. Os primeiros estudos foram feitos na região Nordeste, principalmente no Ceará e

em Pernambuco (ANNEL, 2009a). Nesta ocasião será apresentado um estudo feito

com o apoio da ANEEL e do Ministério de Ciência e Tecnologia - MCT, o Centro

Brasileiro de Energia Eólica - CBEE, da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE,

que mostra a velocidade média do vento e energia eólica média a uma altura de 50m

mostrados na figura 1.12.

O vento foi medido a uma altura de 50m acima da superfície, como mencionado

anteriormente, para 5 condições topográficas distintas, definidas como: zona costeira -

áreas de praia, normalmente com larga faixa de areia, onde o vento incide

predominantemente no sentido mar-terra; campo aberto - áreas planas de pastagens,

plantações e/ou vegetação baixa sem muitas árvores altas; mata - áreas de vegetação

nativa, com arbustos e árvores altas mas de baixa densidade, tipo de terreno que

causa mais obstruções ao fluxo de vento; morro - áreas de relevo levemente ondulado,

relativamente complexo, com pouca vegetação ou pasto; montanha - áreas de relevo

complexo com altas montanhas. (ANNEL, 2009a)

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37

Figura 1.13 - Panorama do Potencial Eólico no Brasil.

Fonte: FEITOSA, E. A. N. et all., 2003

Na legenda da figura 1.13 observamos que a classe 1 representa regiões de baixo

potencial eólico, de pouco ou nenhum interesse para o aproveitamento da energia eólica.

A classe 4 corresponde aos melhores locais para aproveitamento dos ventos no Brasil.

As classes 2 e 3 podem ou não ser favoráveis, dependendo das condições topográficas.

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38

Por exemplo: um local de classe 3 na costa do Nordeste (zona costeira) pode apresentar

velocidades médias anuais entre 6,5 e 8m/s, enquanto que um local de classe 3 no

interior do Maranhão (mata) apresentará apenas valores entre 4,5 e 6m/s.

No Atlas Eólico Brasileiro publicado pelo CRESESB/CEPEL - Centro de Referência

para Energia Solar e Eólica Sergio Brito - (AMARANTE, O. C et all., 2001), os

resultados obtidos do potencial eólico nacional estão na ordem de 143,47GW; sendo

que a medição foi feita dividindo o território brasileiro por regiões, como é mostrado na

figura 1.14. Observamos que da mesma forma que no estudo anterior, a região mais

favorecida é do Nordeste com uma capacidade de gerar 75GW, seguida da região

Sudeste com 29,7GW. Segundo este estudo, o potencial eólico a nível nacional é

estimado para vento médio anual igual ou superior a 7,0m/s.

Figura 1.14 – Mapa do potencial eólico brasileiro dividido por regiões

Fonte: AMARANTE, O. C et all., 2001

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39

1.3.2.2 SISTEMAS DE ENERGIA EÓLICA

Segundo Costa (2009b), os aerogeradores são equipamentos duráveis, apresentam

baixo custo de manutenção, não necessitam de abastecimento de combustível. Sua

limitação está na necessidade de localização em regiões que possuam uma atividade

eólica adequada. Por esse motivo, foram desenvolvidos aerogeradores com hélices

eficientes, geradores adequados para trabalho em baixa rotação, permitindo seu

funcionamento com ventos relativamente fracos (até 5m/s), e um sistema de

armazenamento de energia que permite o atendimento das normas da ANEEL para

esse tipo de aplicação.

Costa (2009b) afirma que uma das características básicas de um sistema de geração

de energia é a garantia da continuidade de seu suprimento. Nesse contexto, é

necessário o estabelecimento de critérios de armazenamento, seja na forma dos

insumos primários, seja na forma final para utilização, ou seja, já na forma de energia

elétrica através de acumuladores elétricos (baterias). Com o intuito de minimizar o

custo de implantação, tamanho e custos de conservação dos bancos de baterias,

necessários no caso de energia solar e eólica, estão sendo utilizados sistemas

híbridos que aproveitam à complementaridade dos recursos primários de forma

bastante eficiente.

Segundo o CRESESB (2003), a energia eólica pode ser aplicada em três escalas

diferentes observadas na figura 1.15. Escala de pequeno porte (≤ 10kW), utilizadas em

residências, fazendas e aplicações remotas; escala intermediária (10 - 250kW)

utilizadas em sistemas híbridos e geração distribuída; e por último escala de grande

porte (250kW – 2+MW) utilizada em grandes fazendas eólicas e geração distribuída.

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40

a) Pequeno Porte

Sosol - USP

Fonte: AUTORA, 2008

b) Escala Intermediária

Fonte: ENERSUR, 2009

c) Grande Porte

Fonte: ENERSUR, 2009

Figura 1.15 – Sistemas de energia eólica e suas diferentes escalas

Para seguir os objetivos da nossa pesquisa, a seguir será descrita a energia eólica de

pequeno porte.

1.3.2.3 ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE

A tensão gerada nestes sistemas de pequeno ou médio porte é retificada para

alimentação de um banco de baterias, que por sua vez, é transformada em corrente

alternada através de um inversor de corrente, se necessário (COSTA, 2009b). Os

elementos necessários para o funcionamento deste sistema são: torre (15m de altura),

o aerogerador (ventos maiores que 3km/h), um painel de controle, um banco de

baterias e o inversor de eletricidade, como pode ser observado na figura 1.16.

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41

Figura 1.16 - Sistema eólico de pequeno porte e seus elementos

Fonte: COSTA, 2009b

Segundo dados coletados no curso de Energia eólica de pequeno porte na Sociedade

do Sol (USP-SP) em Outubro de 2008, Furguis afirma que um sistema que

proporciona energia para uma família que tenha um consumo de energia de 30kW/h (o

que corresponde a uma TV de 14”, 6 lâmpadas e um computador portátil), tem um

custo aproximado de R$ 4.000,00 a R$ 6.000,00 (quatro mil a seis mil Reais). Nas

áreas costeiras o custo é 30% mais elevado, pelo material utilizado adequado para

estas regiões.

É comum que este sistema seja combinado com o sistema solar fotovoltaico para

melhorar sua eficiência. Costa (2009b) afirma que cada equipamento de geração tem

seu próprio controlador, sendo que estes alimentam um mesmo sistema de baterias,

com capacidade suficiente para alimentar toda a carga de acordo com a norma da

ANEEL para esse tipo de sistema. Esse dimensionamento prevê uma capacidade

suficiente para alimentar o consumidor durante 48 horas, sem a existência de nenhum

dos recursos primários, seja ele sol ou vento.

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42

CAPÍTULO 2

2. USO DE FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA NO BRASIL

O Brasil é um país de grandes dimensões, com uma abundante insolação anual, o que

o faz um potencial para o uso de energia solar e eólica, mas segundo Pinto (2009)

deve levar-se em conta que estas fontes renováveis de energias são complementares

às convencionais, já que a matriz energética não poderia ser baseada unicamente

neste tipo de energia.

No âmbito mundial, como podemos observar na figura 2.1, a matriz energética

depende 34% do petróleo e seus derivados, seguido do carvão natural com 26%. O

gás natural é outro dos principais recursos utilizados com 20%, sendo que a biomassa

chega a 10%, o urânio a 6% e os recursos renováveis chegam a 2% do total. Neste

caso, refere-se à energia renovável, a energia hidráulica e eólica (MME,2008). Vale

lembrar que somando-se a biomassa com as renováveis chega-se ao total de 12,9%

de energia renovável.

Figura 2.1 – Matriz energética Mundial

Fonte:MME, 2008 A seguir, na figura 2.1, mostra-se a matriz energética brasileira, onde é visto que o

maior percentual vem do petróleo e derivados com 37%, seguido do uso de biomassa

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com 31%, estando no terceiro lugar a utilização de fontes de energia renováveis para

geração de energia elétrica, tais como hidráulica e eólica. O somatório das energias

renováveis geradas no Brasil chegam a 36% da matriz, proporção bastante superior à

matriz mundial e que pode ainda aumentar dadas as potencialidades existentes.

Figura 2.2 – Matriz energética Brasileira Fonte:MME, 2008

2.1 ENERGIA ELÉTRICA NO BRASIL

O sistema interligado de geração de energia elétrica do Brasil, segundo o Banco de

Informações de Geração – BIG (2003), têm cerca de 91.170MW instalados e é

basicamente hidrotérmico, com predominância de usinas hidrelétricas, como vemos na

figura 2.3, sendo 80% da energia proveniente de hidrelétricas, 18,5% de termelétricas,

2% de termonucleares e só 0,03% do total de outras fontes alternativas.

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44

Figura 2.3 - Percentual de centrais para geração de energia elétrica no Brasil

Fonte:ANEEL, 2008a

2.1.1 Consumo de eletricidade por setores

O consumo de eletricidade no Brasil está dividido entre os principais setores. O setor

industrial é o que apresenta maior consumo; o setor residencial aparece num segundo

lugar, e o comercial está no terceiro lugar, segundo mostra a tabela 2.1.

Tabela 2.1 – Consumo de eletricidade no Brasil por setores - 2004

SETORES Percentual %

Industrial 47,9

Residencial 21,9 Comercial 13,9

Público 8,4 Agropecuário 4,1

Energético 3,6

Transporte 0,3

TOTAL 100 %

Fonte: MME, 2005

Podemos observar na figura 2.4, o consumo final de energia elétrica no Brasil e sua

evolução desde o ano 1970 até o ano 2007. A estrutura do consumo de energia

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elétrica entre os segmentos de consumidores mostra uma forte concentração do seu

uso na indústria, com 46,7% do consumo total, seguido do uso residencial, com

22,1%. Poucas variações ocorreram na estrutura no período em estudo, tendo o setor

industrial iniciado processo de ligeira queda de participação a partir da segunda

metade da década de 80, mas mostrando recuperação nos últimos anos. A queda

verificada nos anos de 2001 e 2002 é decorrente das restrições impostas pelo

racionamento de energia elétrica, que atingiu todas as classes de consumidores.

(MME, 2008)

1970 1975

Figura 2.4 - Consumo Final de Energia Elétrica - Evolução dos Consumos Setoriais

Brasil 1970 A 2007 Fonte: MME, 2008

2.1.2 Consumo de eletricidade no setor residencial no Brasil segundo a

região

O consumo de energia elétrica pelo setor residencial nas diferentes regiões do Brasil é

mostrado na Tabela 2.2, onde verifica-se que a região Sudeste consome cerca de

55% da eletricidade total consumida no país. Já nas regiões Norte e Centro-Oeste,

registra-se apenas uma pequena participação.

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Tabela 2.2 – Consumo residencial de energia elétrica no Brasil, 2007

REGIÃO GWh Percentual %

Sudeste 49522 54%

Sul 14982 16%

Nordeste 14843 16%

Centro-Oeste 6848 8%

Norte 4685 5%

TOTAL 90880 100 %

Fonte: MME, 2008

Observando a evolução do consumo residencial de eletricidade no Brasil entre os anos

1998 e 2007 mostrado na figura 2.5, o consumo de energia vem sendo uniforme,

tendo uma leve queda nos anos 2001 e 2002, pelas restrições impostas pelo

racionamento de energia elétrica, mencionados anteriormente, que atingiu todas as

classes de consumidores, mas tendo aumentado progressivamente novamente de

2003 até 2007. (MME,2008)

Figura 2.5 - Evolução do Consumo de eletricidade no setor Residencial no Brasil 1998 a 2007

Fonte: MME, 2008

2.1.3 Consumo de energia para aquecimento de água

Segundo Achão (2003), o aquecimento de água no setor residencial representava em

2000, cerca de 22,2% do consumo total. Considerando que este índice tenha

permanecido constante, significa que cerca de 5% de todo o consumo de energia

elétrica no país é destinado ao aquecimento de água. Do ponto de vista de segurança

de fornecimento de energia elétrica, pode-se observar que a potência instalada de

chuveiros elétricos no Brasil em 2001 era maior que a capacidade de geração, e que

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bastava 60% dos chuveiros serem ligados ao mesmo tempo para que ocorresse um

colapso no sistema energético brasileiro, isto demonstrado na Tabela 2.3. (BAPTISTA,

2006)

Na Tabela 2.3 é mostrada a potência total de chuveiros elétricos instalados no Brasil

em 2001. É também apresentado o fator de coincidência ou também chamado de

simultaneidade, mostrado nos chuveiros elétricos, definido como um percentual dos

aparelhos que funcionam ao mesmo tempo, que foi obtido segundo algumas hipóteses

naquele trabalho.

Tabela 2.3 – Participação do chuveiro elétrico na matriz energética Brasileira, 2001

O chuveiro elétrico na matriz energética brasileira

Chuveiros instalados no Brasil 29.751.000 unid. Potência média por chuveiro 4.400 (W) Potência total instalada 130.904 (MW) Fator de coincidência 25% Potência no horário de ponta 32.726 (MW) Capacidade instalada no Brasil 73.800 (MW) Fator de Colapso 60 %

Fonte: FARIA, 2004

2.2 LEGISLAÇÕES VIGENTES SOBRE O USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

NO BRASIL

A maior parte das leis é dirigida para o uso de energia solar térmica, como será

mostrado a seguir. Segundo Baptista (2006), o Convênio ICMS 101/97, de 12 de

dezembro de 1997, concedeu isenção do ICMS nas operações com equipamentos e

componentes para o aproveitamento da energia solar. As disposições deste convênio

foram prorrogadas até 30 de abril de 2007 pelo Conselho Nacional de Política

Fazendária (CONFAZ). Foi criado o Programa para Aproveitamento da Energia Solar,

proposto no Projeto de Lei 4138/01, que criou o Programa Nacional de Instalação de

Coletores Solares (PROSOL). O objetivo da proposta era aproveitar a energia solar e

criar um fundo que garantisse o financiamento, em todo o país, da instalação de

coletores solares em imóveis comerciais e residenciais. O Fundo Nacional de Fomento

ao Uso de Energia Solar (FUNSOL), seria formado por recursos oriundos da cobrança

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48

de uma taxa sobre o faturamento bruto anual de cada uma das concessionárias dos

serviços públicos de energia elétrica em operação no país.

Através do Programa Nacional de Eficiência Energética, regulamentado pela Agência

Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), concessionários e permissionários do serviço

público de distribuição de energia elétrica estão compromissados a elaborar e

implantar projetos de eficiência energética, e um dos vários modelos possíveis, é a

substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares de água. (SOLBRASIL,

2005)

No que se refere ao uso de fontes renováveis de energia no Brasil, podemos citar

algumas leis e projetos de leis tanto federais, estaduais, como municipais, que visam o

uso de energias renováveis como uma opção que pode trazer benefícios aos setores

envolvidos, criados após a crise energética do país no ano de 2001.

2.2.1 Leis Nacionais

Lei nº 10.438/02

No Art. 3º da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, sancionada pelo Presidente da

República, ficou instituído o “Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia

Elétrica – PROINFA”, com o objetivo de aumentar a participação da energia elétrica

produzida por empreendimentos de Produtores Independentes Autônomos,

concebidos com base em fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa,

no Sistema Elétrico Interligado Nacional.

Na segunda etapa do programa (Redação dada pela Lei nº 10.762, de 11.11.2003) é

atingida a meta de 3.300MW de energia elétrica, gerada por estas fontes alternativas.

O desenvolvimento do Programa foi realizado de forma que as fontes eólicas,

pequenas centrais hidrelétricas e biomassa atendam a 10% do consumo anual de

energia elétrica no País, objetivo a ser alcançado em até 20 anos, onde a Centrais

Elétricas Brasileiras S.A. ELETROBRAS se responsabiliza pelos contratos até junho

de 2004, com instalações de produção com início de funcionamento até 30 de

dezembro de 2008, assegurando a compra de energia a ser produzida nos 20 anos

propostos.

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49

Segundo esta lei, estes contratos devem ser distribuídos de forma igualitária em

termos de capacidade instalada por cada uma das fontes de energia correspondente

ao programa, sendo que a aquisição da energia deve ser feita pelo valor econômico

correspondente à tecnologia utilizada pelas fontes. Este valor é definido pelo Poder

Executivo. Os contratos devem ser feitos mediante uma Chamada Pública para

conhecimento dos interessados. Considerando, no conjunto de cada fonte específica,

daquelas habilitadas, primeiramente as que tiverem as Licenças Ambientais de

Instalação - LI - mais antigas, prevalecendo, em cada instalação, a data de emissão da

primeira LI.

No Art. 13 desta lei, ficou criada a Conta de Desenvolvimento Energético - CDE,

visando o desenvolvimento energético dos Estados e a competitividade da energia

produzida a partir de fontes eólicas, pequenas centrais hidrelétricas, biomassa, gás

natural e carvão mineral nacional, nas áreas atendidas pelos sistemas interligados,

promovendo a universalização do serviço de energia elétrica em todo o território

nacional e garantindo recursos para atendimento à subvenção econômica destinada à

modalidade da tarifa de fornecimento de energia elétrica aos consumidores finais

integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda.

Lei nº 10.295/01

A Lei Federal nº 10.295, de 17 de outubro de 2001, dispõe sobre a Política Nacional

de Conservação e Uso Racional de Energia, visando à alocação eficiente de recursos

energéticos e a preservação do meio ambiente. Esta lei dispõe sobre metas de

eficiência energética em máquinas e aparelhos consumidores de energia.

Lei 9.991/00

A Lei Nº. 9.991, de 24 de julho de 2000, dispõe sobre investimentos em eficiência

energética por parte das empresas concessionárias, permissionárias e autorizadas do

setor elétrico. Por esta lei, as empresas eram obrigadas a investir 0,25% de sua

receita operacional líquida em eficiência energética, até 31 de dezembro de 2005.

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50

Projeto de Lei de Previsão para Uso de Aquecedores Solares

Em 2005 foi proposto pelo Deputado Gervásio Oliveira, um Projeto de Lei Federal que

dispõe sobre a obrigatoriedade de previsão para uso de aquecedores solares de água

em projetos de construção de habitações populares, e autoriza o Poder Executivo a

criar Políticas Públicas e Programas de Incentivo para implantação e uso desses

equipamentos em instalações prediais.

Este Projeto de Lei foi criado visando à necessidade de se criarem incentivos aos

aquecedores solares para substituírem os chuveiros elétricos em habitações populares

construídas com recursos federais. É uma questão de estratégia nacional que se

justifica não só pela perspectiva da economia de energia, mas também pela

diminuição de emissão de gases de efeito estufa e pela geração de emprego e renda,

principalmente para a população de baixa renda. Neste contexto, para se permitir uma

difusão desta tecnologia, o principal ponto a ser considerado é a normatização dos

projetos arquitetônicos das habitações populares, para que possibilitem a instalação

de sistemas de aquecimento de água solar.

2.2.2 Leis estaduais

Em diferentes estados do país foram criadas leis ou propostos projetos de lei sobre o

uso de fontes de energia renováveis, mais que tudo no uso de energia solar térmica.

Por exemplo, no Rio de Janeiro e São Paulo já existem leis vigentes para o uso de

energia solar térmica em novos prédios públicos, mas ainda com algumas restrições.

No estado de Minas Gerais não tem nenhuma lei vigente, mas a cidade de Belo

Horizonte é referência para o uso de energia solar térmica, devido a maioria dos

prédios residenciais da cidade de forma voluntária optarem pelo uso deste sistema.

(GREEN SOLAR, 2008)

Segundo Farias (2008) algumas cidades como Varginha (MG), Juiz de Fora (MG), São

Paulo (SP), Peruíbe (SP) e Avaré (SP) têm obrigação legal do uso de energia solar

térmica em novas edificações. Birigui (SP), particularmente, tem esta obrigação em

habitações de interesse social. Também em algumas cidades existem políticas

públicas para o incentivo à energia solar por meio de incentivos fiscais, como por

exemplo, em Campina Grande (PB) - desconto no IPTU - e em Belo Horizonte (MG) e

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Campinas (SP) se conseguiu retirar o aquecedor solar como item de luxo no cálculo

do IPTU.

2.2.2.1 Estado do Rio de Janeiro

A Lei nº 5184, de 2 de janeiro de 2008, aponta sobre a instalação de sistema de

aquecimento solar de água em prédio público no estado do Rio de Janeiro, sendo que

torna-se obrigatória a instalação de sistema de aproveitamento de energia solar para

aquecimento de, pelo menos 40% (quarenta por cento) da água quente consumida na

edificação, na construção ou reforma de prédios públicos, ficando isento só aquele

prédio que apresente inviabilidade do ponto de vista técnico.

O Art. 2º desta lei cita que os materiais e instalações utilizadas na implantação do

sistema deverão estar de acordo com a Norma Brasileira Registrada (NBR), da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), e sua eficiência comprovada por

órgão técnico, credenciado pelo Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial - INMETRO.

O Decreto Nº 41.161 de 30 de janeiro de 2008, institui o Comitê Especial de Gestão

Energética do Estado do Rio de Janeiro, para analisar o cenário nacional de oferta e

demanda de energia e propor políticas que assegurem o atendimento à demanda

energética atual do Estado, e seu crescimento de forma sustentável. O comitê terá

como responsabilidade a elaboração da matriz energética, a permanente atualização

do balanço energético, a elaboração e implantação do programa estadual de

racionalização do uso de energia, dentre outras atribuições.

2.3 FONTES DE FINANCIAMENTO NO BRASIL

Sistemas de aquecimento solar podem ser financiados atualmente, dentre outras

possibilidades, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), através das linhas de financiamento FINAME81 e Cartão BNDES82, que

cobram taxas de juros bastante inferiores às praticadas no mercado. (BAPTISTA,

2006)

No ano de 2001, após o apagão, a Caixa Econômica Federal criou uma linha de

financiamento especial para aquisição de equipamento solares de aquecimento de

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52

água. O financiamento de um equipamento que custe R$ 660,00, pelo prazo de 30

meses, pela Carta de Crédito FGTS, tendo uma prestação de R$ 38,06. A compra de

um kit completo de aquecedor solar, incluída a instalação, pode ser financiada por

meio de três linhas de crédito da Caixa. A primeira linha é a Carta de Crédito FGTS –

Material de Construção, que pode ser utilizada por famílias com renda máxima de

R$1.812,00. O prazo máximo é de 60 meses e a taxa de juros é de 8% ao ano mais a

Taxa Referencial (TR), o que dá menos de 1% ao mês.

A segunda linha é o cartão Construcard, o prazo para pagamento do empréstimo é de

até 24 meses com juros de 1,9% ao mês. A terceira linha foi dirigida a prédios que

desejam diminuir seus gastos com energia podendo utilizar o Caixa Condomínio, que

foi voltado para reformas e melhorias em edifícios, com juros de 12% ao ano e prazo

de 36 meses. Para ser financiado pela Caixa, o equipamento escolhido precisa ter

certificação do Inmetro, que garante a vida útil de um sistema desse tipo por

aproximadamente 15 anos. (JC – UOL, 2009)

2.4 PROJETOS NO BRASIL DO USO DE ENERGIAS RENOVÁVEIS

A seguir serão apresentados diferentes programas a nível nacional e projetos a nível

estadual, priorizando o estado de Rio de Janeiro, devido ao foco da nossa pesquisa.

2.4.1 Programa minha casa minha vida – PAC

Em março de 2009 o Governo Federal anunciou o uso de energia solar térmica

instalados nas novas habitações de interesse social a serem construídas pelo

Programa de Aceleração para o Crescimento da Habitação (PAC) a nível nacional. Foi

assinado um acordo entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ministério de Minas e

Energia (MME) e Caixa Econômica Federal (CEF), onde se propôs o uso de energia

solar, reaproveitamento de água, sistemas de coleta e tratamento de esgoto e uso de

madeira de origem certificada nestas novas casas. (MMA, 2009)

Foi anunciado que estas tecnologias e materiais ambientalmente sustentáveis vão ser

utilizados dependendo da região do país. Em algumas localidades, por exemplo,

poderão ser instalados sistemas de coleta e reaproveitamento de água de chuva, mas

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53

foi proposto que os coletores solares devem ser utilizados em todas as cidades do

país. (O DIA, 2009)

2.4.2 Programa Luz para todos

Baseados na Lei 9.991/00 a concessionária AMPLA, através do programa “Luz para

Todos”, do Governo Federal, em parceria com o Ministério de Minas e Energia instalou

placas solares de geração de energia elétrica em áreas isoladas do município de

Paraty, onde a ligação com a rede elétrica seria pouco viável economicamente. Foram

beneficiadas no total 55 casas na região, 21 na Ilha de Algodão e 34 na Ponta da

Joatinga. Segundo a AMPLA, as placas instaladas fornecem 13kW/h por mês, energia

suficiente para o uso de 3 lâmpadas, uma TV de 14”, um aparelho de som e uma

antena parabólica em horários determinados. (O GLOBO, 2007)

Segundo Alves (2009), o governo entrou com 85% do total do custo dos sistemas e a

concessionária com 15%. Na avaliação pós-ocupação, a concessionária viu que hoje

em dia estas comunidades estão com problemas na manutenção dos equipamentos,

devido ao fato que os sistemas instalados, como foi descrito anteriormente, são

dirigidos para o uso de poucos aparelhos elétricos, mas os usuários não estão

acostumados à tecnologia e, ainda depois de advertidos pelos técnicos, estes ligaram

outros aparelhos como liquidificador, o que faz o sistema colapsar. Assim, a maior

parte dos equipamentos instalados não funciona mais.

2.4.3 Energia Elétrica Renovável em Paraty, Qualidade de vida e

desenvolvimento – Rio de Janeiro

Este projeto foi criado no ano de 2003 pela parceria entre a multinacional norte-

americana El Paso e a Secretaria de Energia, da Indústria Naval e Petróleo (SEINPE)

do Governo do Estado de Rio de Janeiro, que atualmente mudou de nome para

Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Energia, Indústria e Serviços (SDEEIS).

Os recursos para o projeto foram da empresa de energia El Paso, que assinou um

acordo com a SEINPE para investir em projetos de eficiência energética, em

contrapartida a incentivos fiscais – ICMS - concedidos pelo governo do estado, como

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estímulo para a implantação da Usina Termo Elétrica – Macaé Merchant. (SDEEIS,

2007)

O objetivo do projeto foi levar energia elétrica renovável às comunidades isoladas de

Paraty e contribuir para a melhoria da qualidade de vida e desenvolvimento sócio-

econômico dos residentes nativos da região, os Caiçaras. O intuito do programa foi

levar um serviço básico, como é a luz elétrica, a todas as casas de moradores nativos

das comunidades de Pouso de Cajaíba, Praia de Calhaus, Praia de Ipanema, Saco de

Sardinha e Ponta da Juatinga. Teve a preocupação de não causar danos ao meio

ambiente e de tornar a implantação do projeto economicamente viável, o que levou à

opção por uma fonte de energia elétrica renovável, a solar fotovoltaica. Esta proposta

também teve como propósito diminuir os gastos da população do lugar, com

querosene e óleo diesel, fontes energéticas poluentes que são utilizadas para

conseguir luz. (SDEEIS, 2003)

Foram instalados painéis solares em 136 residências da região, além de câmaras

frigoríficas comunitárias para o pescado. O usuário vai pagar de R$ 6,00 a R$ 7,00 (de

seis a sete reais) por mês e, apesar da energia limitada, os beneficiados estão

satisfeitos. Cada equipamento instalado foi composto por dois painéis fotovoltaicos de

células de silício, duas baterias, um inversor de energia e um controlador (que regula a

carga da bateria e o uso da energia). O custo do sistema completo é avaliado em R$

6.000,00, mas o usuário só paga a conta de luz no fim do mês, que são os R$ 6,00 ou

R$ 7,00 mencionados anteriormente. (O GLOBO, 2007)

Entre os resultados detectados, foi verificado que os usuários deixaram de gastar

dinheiro com bateria, pilha, querosene ou óleo diesel. O sistema de energia renovável

gerou uma economia de aproximadamente 30% da renda familiar mensal, o que

representa uma diminuição de custos de R$ 50,00 a R$ 70,00 (cinqüenta a setenta

reais) por mês, segundo estimativas da prefeitura da cidade. (SDEEIS, 2007)

2.4.4 Projeto piloto – Coletor solar para aquecimento de água em casas

populares – Rio de Janeiro

Este projeto foi desenvolvido no ano 2005 pela Secretaria de Energia, da Indústria

Naval e Petróleo (SEINPE) em parceria com a Secretaria de Estado de Habitação

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(SEH) e a concessionária LIGTH S.A. Estes equipamentos beneficiaram 13 conjuntos

habitacionais populares com 614 casas no total. (SDEEIS, 2007)

Foi realizado um termo de cooperação entre as três instituições envolvidas, onde foi

considerada a necessidade de estimular ações de conservação de energia elétrica e o

uso de fontes alternativas no Estado do Rio de Janeiro, beneficiando a redução dos

custos da energia elétrica no orçamento do contribuinte e o interesse de racionalizar o

uso de energia elétrica, na área da concessionária. (SDEEIS, 2005a)

Este projeto teve três etapas, a primeira com objetivo de fornecer a instalação de 300

(trezentos) sistemas solares para aquecimento de água em substituição ao chuveiro

elétrico em casas populares. Onde a SEINPE se comprometeu a intermediar a

negociação entre as partes, a SEH teve que definir os conjuntos habitacionais e casas

populares que receberam as instalações e a LIGTH foi encarregada de assegurar os

recursos financeiros, disponibilizando os equipamentos necessários para o projeto,

bem como realizar as devidas instalações. (SDEEIS, 2005a)

Nesta primeira etapa foram instalados 79 equipamentos acima do previsto, tendo um

total de 379 equipamentos na primeira etapa, levando a uma primeira expansão do

projeto. Numa segunda etapa, foram instalados 110 equipamentos em três conjuntos

habitacionais de outro município. Na terceira etapa, foi conseguido recurso extra para

a instalação de 98 equipamentos em outro conjunto habitacional. Sendo o total das

três etapas 515 casas beneficiadas e 587 equipamentos instalados até outubro de

2005 em 11 conjuntos habitacionais, em 5 municípios do Estado (SDEEIS, 2005b).

Realizou-se uma análise da evolução do consumo de energia nas habitações

beneficiadas neste projeto antes e depois da implantação dos sistemas de energia

solar térmica. Tivemos acesso ao levantamento dos cinco municípios beneficiados,

entre os quais estão: Valença, Rio das Flores, Mendes, Vassouras, Volta Redonda;

onde se realizou o levantamento do consumo de cada casa beneficiada durante um

ano antes da implantação do sistema e os primeiros 10 meses após a implantação.

Podemos observar na figura 2.6 que se conseguiu uma economia no consumo de

energia elétrica nas habitações de interesse social beneficiadas, ainda que no primeiro

mês a diferença tenha sido mínima, até as pessoas se acostumarem à utilização do

sistema. Observamos que segundo o passar dos meses a diferença do consumo vai

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aumentando, e vemos que no inverno é a época que maior diferença se tem entre a

quantidade de consumo de energia elétrica, pelo uso freqüente do chuveiro elétrico,

com algumas exceções que, segundo Silva (2008), são devidas a que alguns

equipamentos foram quebrados ou mal utilizados, como vemos no mês de março onde

não se tem diferença.

Figura 2.6 – Média do Consumo de Energia Elétrica antes e depois da inserção de sistemas de

aquecimento de água do Projeto Piloto – Coletor solar para aquecimento de água em casas

populares – Rio de Janeiro

Fonte: SDEEIS, 2007

Para ampliar a visão dos projetos que vem sendo desenvolvidos no Brasil, a seguir

será descrito o projeto Eletrobrás Solar, localizado na cidade de Contagem, que se

encontra na região metropolitana de Belo Horizonte, cerca de 35km do centro da

capital de Minas Gerais.

2.4.5 Projeto Eletrobrás Solar, Sapucaias – Minas Gerais

Em 2000, o Projeto Eletrobrás Solar foi desenvolvido pelo Grupo de Estudo em

Energia GREEN Solar da PUC-MG de Belo Horizonte (grupo referência a nível

nacional no desenvolvimento de pesquisas referentes ao uso de energias renováveis)

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e MME-Eletrobrás- PROCEL para a implantação de 100 unidades de coletores solares

térmicos no Núcleo Habitacional Sapucaias - MG. O Projeto constituiu-se na primeira

experiência desenvolvida em área urbana e destinada a segmentos de baixa renda, na

qual a população envolvida auto-construiu suas moradias por regime de mutirão e foi

partícipe na instalação dos coletores solares. Foi o programa que contemplou o maior

número de famílias reunidas em um único sítio e fomentado pelo poder público em

área urbana. (FANTINELLI, 2006)

Para o desenvolvimento do projeto a maioria das casas já estava concluída, o que

exigiu da equipe técnica do GREEN Solar um estudo de adaptação para a implantação

dos equipamentos, com modificações no projeto original da moradia. A chamada para

participação voluntária ao Projeto foi realizada pela associação de moradores que

liderava o movimento de autoconstrução das moradias. Um total de 150 famílias se

inscreveram e foram selecionadas 100, por ordem de registro, pelos pré-requisitos

técnicos de um número máximo de 6 habitantes e condições de moradias que

tivessem a orientação do telhado para o Norte, com desvio máximo de 20º do norte

verdadeiro (PEREIRA, 2002 apud FANTINELLI, 2006).

Estes sistemas em 4 meses foram instalados, contando com a participação ativa dos

beneficiados. Em julho de 2000 um sistema termossolar foi instalado no Centro

Comunitário do núcleo para o conhecimento da tecnologia por parte dos moradores e

para validar o estudo desenvolvido na Fase 1 do programa. Palestras foram realizadas

para mostrar os benefícios econômicos na redução do consumo de eletricidade com o

uso do sistema e para esclarecer dúvidas quanto ao fato da crença entre a

comunidade de que a água aquecida pelo sol provocaria câncer. Entre outubro e

novembro de 2000 todos os sistemas estavam instalados, com a participação ativa de

cada família selecionada (PEREIRA, 2002).

O dimensionamento do equipamento solar térmico para o atendimento de uma

demanda de 6 pessoas levaram à definição de uma placa coletora de área de 2m² e

um reservatório de 200 litros, com funcionamento em termossifão. Dois sistemas

foram implantados: um em que a placa solar foi inserida na cobertura da edificação e o

reservatório de água quente colocado no átrio interno da cobertura, bem acima do

sanitário, considerada a alternativa 1, visto na figura 2.7.

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Figura 2.7 – Alternativa 1 - Sistema solar térmico convencional, com o coletor apoiado no

telhado e o reservatório no interior da moradia, Projeto Sapucaias

Fonte: PEREIRA et all., 2003b.

A alternativa 2, mostrada na figura 2.8, foi apresentada pelos próprios fabricantes na

licitação. Foi escolhido o que dispunha de todos os componentes, placa coletora e

reservatório, integrados e fixos em uma única estrutura portante, com flexibilidade para

ser direcionado para a posição geográfica mais favorável à eficiência do sistema

(PEREIRA et.all., 2003).

Figura 2.8 – Alternativa 2 - Sistema solar térmico Popsol, com estrutura portante abrigando o

coletor e o reservatório, Projeto Sapucaias

Fonte: PEREIRA et all., 2003

Fonte: FANTINELLI, 2006

O custo unitário do sistema, incluindo todas as ligações e infraestrutura de

canalizações de água quente, ficou em aproximadamente R$ 900,00 (PEREIRA et all.,

2003).

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Nos resultados observados no levantamento pós-ocupação, após cinco anos da

implantação dos sistemas, verificou-se que 33 unidades familiares das 100 tinham

vendido seus equipamentos para melhorar os ingressos econômicos momentâneos

(FANTINELLI, 2006), problema que foi mencionado em outros projetos implantados

em outras localidades. Mas segundo Fantinelli (2006) este problema pode ser

resolvido com projetos educativos e de conscientização sobre ganhos efetivos, de

renda e qualidade de vida, com o uso de água aquecida pela energia solar, pois os

ganhos obtidos com a inserção desta tecnologia foram significativos. O percentual da

economia no consumo de energia elétrica entre as famílias que permaneceram com os

coletores, ao longo de cinco anos de sua implantação, é de 35% aproximadamente e a

economia na conta de energia elétrica vai de 56% a 71%.

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60

CAPÍTULO 3

3. ESTUDO DE CASO – QUISSAMÃ

3.1 INTRODUÇÃO

Para este estudo foi selecionado o município de Quissamã por contemplar, dentro do

Plano Diretor de março 2006, diretrizes de planejamento para integrar a comunidade

com atividades ecológicas relacionadas ao Parque Nacional da Restinga de

Jurubatiba, tendo como objetivos estratégicos consolidar e incrementar zonas

especiais como pólo de atração ecoturística e como campo experimental de técnicas

de eco-arquitetura.

Este município tem a particularidade de abrigar mais de 50% do total do território de

um Parque Nacional, o que o torna um possível ponto de referência para o uso de

técnicas e sistemas sustentáveis, e já dentro dos seus instrumentos são mencionadas

estratégias para o uso de sistemas de energias renováveis, entre outros. Um aspecto

também importante, é que hoje em dia a população de baixa renda que mora na zona

de amortecimento desta Unidade de Conservação não se sente ainda identificada com

o Parque. Este trabalho poderá ajudá-los a ter uma primeira aproximação, introduzindo

conceitos de educação ambiental junto com aspectos de economia de energia.

Outro aspecto que nos levou a escolha deste município como objeto de estudo, foram

as condições climáticas, pois a região é favorecida tanto com a insolação (PEREIRA,

2006) como em velocidade e freqüência do vento, sendo que o município tem

características topográficas que favorecem que os ventos sejam contínuos,

(AMARANTE, 2001) já que não tem relevos ao seu redor e o sol é intenso, o que foi

notado e relatado pelos moradores também.

Quissamã é um município do Norte Fluminense (Fig. 3.1), que se encontra a 242 km

da cidade de Rio de Janeiro, entre os municípios de Carapebus e Campos de

Goytacazes. Tem um território de 715,88Km2 e 45,00Km de extensão de costa.

Segundo o IBGE 2006, uma população total de 16.044 habitantes e um IDH de 0,732.

Segundo a Fundação Cide/RJ, o índice de Qualidade dos Municípios (IQM) é de

0,3528 – o que representa o 24º lugar no estado; uma evolução de 21 posições em

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relação ao comparativo 1998/2005, ou seja, o melhor desempenho da região norte

fluminense.

O clima é homogêneo, predomina o sub-úmido seco, e a temperatura varia entre

20,9ºC e 26,6ºC. Com características de chuva na época de verão, uma precipitação

média anual de 1.000mm e uma seca acentuada no inverno. Os ventos predominantes

são nas direções Nordeste e Sudeste. (PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2009)

Fig.3.1 - Município de Quissamã

Fonte: PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2009

Segundo o Cônsul de Angola que visitou a cidade em 2006, Quissamã é uma palavra

de origem angolana que significa "fruto da terra que está entre o rio e o mar".

Quissamã se torna um município a partir de 1989. Historicamente, o município tem

raízes na agropecuária, com base na produção de cana-de-açúcar, bons resultados no

plantio do abacaxi e do coco. Além do estímulo à pecuária, a pesca é outra atividade

importante na região. (PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2007)

Segundo o Plano Diretor, até o começo do Século XX, Quissamã conheceu um

espetacular desenvolvimento, mas a partir da Crise de 1929, vários fazendeiros se

endividaram e perderam suas terras em favor do Engenho Central de Quissamã, que

monopolizou a economia local. A estagnação durou até a década de 70, com a criação

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do programa Proálcool e com a descoberta do petróleo na Bacia de Campos. A

destinação de recursos em royalties para os municípios do norte fluminense, a partir

do final da década de 80, trouxe um marco de mudanças. Contudo, nos últimos 16

anos o município iniciou uma nova fase na sua História alavancada pelo petróleo.

O estaleiro de Barra do Furado fará parte do complexo logístico e industrial de Barra

do Furado, prevendo por volta de 1.200 empregos diretos, segundo a Prefeitura do

município, sem prejudicar o valor da pesca, que é a principal atividade econômica da

localidade.

Outro potencial econômico do município mencionado no Plano Diretor é o turismo. A

liberação do 4º encarte do plano de manejo abre espaço para a pesquisa e visitação,

de forma coordenada no Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. Além disso, a

atividade turística é também de caráter cultural, graças à existência do rico patrimônio

histórico, com casarões centenários que estão tentando se recuperar por meio de

trabalhos de restauração, como vemos na figura 3.2.

Figura 3.2 – Casarão em restauração

Fonte: AUTORA, 2008

O município abriga 62,38% da área total do Parque Nacional da Restinga de

Jurubatiba e o Parque ocupa 13% da área total do território de Quissamã.

(PREFEITURA DE QUISSAMÃ, 2006) Isto demonstra a importância de integração de

tecnologias sustentáveis, como o uso de energias renováveis no município,

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principalmente nas zonas vizinhas ao Parque. Dentro do Plano Diretor de

Desenvolvimento Sustentável de Quissamã, foram identificadas diretrizes das zonas

especiais deste município, propondo consolidar a zona de João Francisco e Visgueiro

como Zonas Especiais de Interesse Turístico (ZIT), tendo como objetivos específicos a

“obrigatoriedade do uso de princípios de Eco-arquitetura ou Eco-construção em todas

as novas edificações”, tais como emprego de materiais reciclados, energia solar,

energia eólica, coleta e reutilização de água de chuva, dispositivos hidro-sanitários

poupadores de consumo de água, câmaras de compostagem doméstica de resíduos

orgânicos, controle da ventilação e irradiação solar, etc.

ZIT1 ZIT2

Figura 3.3 – Uso dos solos de Quissamã – Em destaque as zonas especiais

Fonte: PREFEITURA DE QUISSAMÃ – PLANO DIRETOR, 2006

Estas zonas especiais, João Francisco (ZIT1) e Visgueiro (ZIT2), apontadas na figura

3.3, ficam diretamente vizinhas ao Parque Nacional de Jurubatiba e se encontram já

loteadas e com construções que foram surgindo de forma irregular e não organizada,

apresentando diferentes problemas, como a construção de casas à beira das lagoas,

como podemos observar na figura 3.4, que ocasiona problemas principalmente de

saneamento básico, pelo fato de não possuir sistemas de tratamento de esgoto e

desembocar as águas servidas direto nas lagoas ou nas praias.

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Figura 3.4 – Construções a beira da lagoa em João Francisco

Fonte: AUTORA, 2008

A proposta deste estudo é avaliar a possibilidade de implantar tecnologias de fontes

renováveis de energia, por meio de coletores solares térmicos para aquecimento de

água e coletores eólicos de pequeno porte para geração de energia elétrica, isto

especialmente nas zonas contempladas dentro da Zona de Amortecimento prevista no

Plano de Manejo do Parque. Entre as principais zonas a serem cuidadas estão as

zonas de interesse turístico (ZIT) de João Francisco e Visgueiro. Serão utilizadas

como elemento modelo para o estudo as habitações de interesse social, pois esta é

referência de tipologia de habitação utilizada em todo o município e pode ser repetida

em qualquer zona.

3.2 POTENCIAL EÓLICO DO ESTADO DE RIO DE JANEIRO

Segundo o Atlas Eólico Brasileiro, na costa entre as latitudes 21ºS e 23ºS (sul do

Espírito Santo e nordeste do Rio de Janeiro), como se pode observar na figura 3.5, as

velocidades são próximas de 7,5m/s, causado pelas montanhas imediatamente a

oeste da costa. Vemos como a região é uma das mais favorecidas pelos ventos.

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3.5 – Mapa eólico da região sudeste do Brasil

Fonte: AMARANTE, 2001

Segundo informação divulgada pelo governo estadual do Rio de Janeiro, em junho de

2009 foi assinada a “Carta dos Ventos”, documento com o qual as autoridades

assumem o compromisso para formulação e implementação de ações e políticas

públicas voltadas para incentivar a exploração do potencial eólico nacional como fonte

energética.

Segundo Bueno (2009), o Estado do Rio de Janeiro conta com um grande potencial

eólico e, em função disto, estão sendo desenvolvidos atualmente dois projetos de

grande porte: o primeiro em São Francisco de Itabapoana, na Região Norte; e o

segundo em Arraial do Cabo, na região das Baixadas Litorâneas, ambos os projetos

com previsão de operar até o fim de 2010. O primeiro projeto mencionado, em São

Francisco de Itabapona, será o primeiro parque eólico do estado e está sendo

construído em uma área de 500 hectares com uma capacidade instalada de 28MW

(suficiente para abastecer a uma cidade de 80 mil habitantes). O segundo projeto, em

Arraial do Cabo, terá uma capacidade de 135MW.

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Como podemos perceber, estão sendo feitos grandes investimentos no uso de energia

eólica na região próxima a Quissamã, isto devido ao grande potencial da região para o

aproveitamento deste recurso natural.

3.3 PLANO DE MANEJO DO PARQUE NACIONAL DA RESTINGA DE

JURUBATIBA

O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba foi criado como Unidade de

Conservação (UC) pelo Decreto s/n° de 29 de abril de 1998. Segundo o Plano de

manejo (2007), é uma das restingas mais conservadas do país, uma das únicas bem

conservadas no Estado do Rio de Janeiro e uma das mais estudadas. Segundo o

decreto, esta Unidade de Conservação – UC - foi criada para preservar e proteger

amostras de ecossistemas ali existentes e possibilitar o desenvolvimento de pesquisa

e de programas de educação ambiental. (PREFEITURA QUISSAMÃ, 2007)

Por ser uma UC há poucos anos, o Parque apresenta alguns problemas que são

mencionados no Plano, onde os “pontos fracos” destacados são: a deficiente

fiscalização e situação fundiária, a visitação desordenada, a existência de uma

Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) na zona de João Francisco e, principalmente,

a pouca integração da comunidade do entorno com o Parque. Entre as ameaças

presentes estão: a ocupação desordenada e expansão urbana, associada à

deficiência de saneamento básico que deriva na poluição dos corpos hídricos, já que

na região se encontram diferentes lagoas e praias; a pressão do desenvolvimento

econômico pela existência de petróleo na região; e a pressão por interesses

conflitantes para o uso Turístico do Parque.

Contudo, no Plano Diretor do Município é apresentada uma matriz estratégica, onde

se coloca o Parque como uma área de interesse científico, potencial eco-turístico e um

grande potencial para a educação e interpretação ambiental. Entre as estratégias

mencionadas está o uso de energias renováveis, referindo-se ao uso de energia solar

na Zona de Amortecimento (ZA) mostrada na figura 3.6, principalmente nos bolsões

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urbanos1, que são quatro, entre os quais estão as zonas já anteriormente

mencionadas - João Francisco e Visgueiro - como também nas áreas de apoio à

pesquisa e conservação do Parque. É mencionado o tratamento de esgoto priorizando

o uso de tecnologias alternativas de baixo impacto ambiental nestas áreas vizinhas.

Figura 3.6 – Mapa da Zona de Amortecimento e das Áreas Estratégicas Externas do Plano de Manejo do Parque

Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2007

Os projetos arquitetônicos da área da UC, conforme previsto no Plano de Manejo,

devem utilizar materiais ecologicamente corretos que permitam total integração com a

paisagem. É bom ressaltar que, neste documento se faz referência que deverão ser

adotados projetos que permitam o uso de energia solar e/ou aproveitamento de água

das chuvas para usos nobres, o que nos leva a reforçar a nossa proposta de estudo.

Uma das principais preocupações descritas no Plano Diretor é a de minimizar os

conflitos institucionais e reforçar a comunicação e integração da comunidade habitante

na Zona de Amortecimento com a Unidade de Conservação, o que pode trazer

benefícios ao Parque e aos moradores.

1 Bolsões são aglomerados urbanos isolados entre o oceano e os limites da UC. (PREFEITURA QUISSAMÃ,

2007)

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3.4 PLANO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO

A imagem urbana do município é horizontal, já que 98% dos domicílios são casas, e

são construídas habitações de interesse social (HIS) por meio do Programa Municipal

de Habitação, principalmente nas Zonas de Interesse Social (ZIS), também

delimitadas no Plano Diretor, mas podendo ser construídas em outras zonas

dependendo da demanda. São duas modalidades de solicitação de HIS; a primeira é

quando o interessado já possui o terreno e a casa pode ser construída neste,

independente da zona, como podemos observar na figura 3.7a, mas tendo preferência

as ZIS; e a segunda modalidade, é quando o solicitante não tem terreno e para este

caso, são propostos loteamentos íntegros para a implantação de habitações de

interesse social, como podemos observar na figura 3.7b.

a. Habitação em terreno próprio no bairro de Visgueiro

b. Conjunto habitacional Carandiru

Figura 3.7 – Habitações de Interesse Social no Municipio de Quissamã

Fonte: AUTORA, 2008

Segundo o Plano Diretor (2006), os critérios de inscrição no Programa Municipal de

Habitação, exigem que a família interessada resida há mais de dez anos no município,

possua renda familiar de até três salários mínimos e, em caso de existirem filhos em

idade escolar, que eles estejam matriculados na rede pública e com as vacinas

obrigatórias em dia. A entrega das casas passa ainda por uma avaliação dos inscritos

pela Secretaria Municipal de Ação Social e Habitação, quanto à situação de maior

risco social e/ou habitacional no momento em que o benefício é disponibilizado,

independente da posição que o interessado ocupe na lista e do ano de inscrição no

programa.

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As casas e os terrenos depois de entregues continuam sendo imóveis de propriedade

da Prefeitura, e são oferecidos aos solicitantes sem nada em troca, o que, segundo

diferentes critérios de funcionários entrevistados da Prefeitura, não é o ideal, uma vez

que as pessoas beneficiadas nem sempre tem boas atitudes a respeito, tendo havido

casos onde depois de morar um determinado tempo chegaram moradores à Prefeitura

pedindo para trocar as lâmpadas que queimaram, colocando toda a responsabilidade

de manutenção na Prefeitura.

Segundo dados da Prefeitura de Quissamã (2008), o número de habitações de

interesse social entregues a famílias beneficiadas, no período de 1991 a 2005 na área

urbana foram 564, e na área rural de 226. No período de 2006 a 2008 foram

construídas na área urbana 242, e na área rural 102. Assim, até 2008, foram

construídas um total de 806 habitações na área urbana e 328 habitações na área rural,

como é mostrado na Tabela 3.1.

Tabela 3.1 – Unidades de Habitações de Interesse Social construídas até julho de 2008

Período (anos) Área Urbana (unidades) Área Rural (unidades)

1991 - 2005 564 226 2006 - 2008 242 102

Total até 2008 806 328

Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2008

3.5 IDENTIFICAÇÃO DE MODELOS DAS HABITAÇÕES DE INTERESSE

SOCIAL

Foram identificadas, numa primeira visita ao município, seis diferentes modelos de

habitações de interesse social. Esta padronização foi realizada para diferenciar a

época em que foram construídas as habitações, distinguir materiais utilizados e

diferentes modificações que foram feitas na tipologia de habitação de interesse social

no município. Um primeiro modelo da época, quando funcionava a usina de cana de

açúcar (Companhia Engenho Central de Quissamã) em 1999, foi construída como

uma vila para os operários da usina. Estas moradias foram ocupadas pelas mesmas

famílias em sucessivas gerações depois do fechamento da usina. Atualmente se

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70

encontravam praticamente em ruínas, mas foi conseguido financiamento do Governo

Federal no ano de 2008 para a reforma e restauração destas construções, para assim

virar um Centro Histórico de referência no município.

O segundo modelo foi construído pelo Governo Estadual do Rio de Janeiro, na época

do mandato de Garotinho. Estes dois primeiros modelos não estão sendo levados em

conta na nossa contagem do número de habitações de interesse social do Município,

porque não estão dentro do Plano Municipal de Habitação, não existem dados

disponíveis a respeito da quantidade exata destas e não estão identificadas no

mapeamento da Prefeitura, uma vez que foram construídas antes de ter sido

implantado o plano.

As duas primeiras tipologias de habitações de interesse social construídas dentro do

Plano Municipal de Habitação, já estão sendo habitadas há cerca de 10 anos,

dependendo do caso e com características arquitetônicas similares, seguindo uma

mesma distribuição: dois quartos, sala, cozinha, banheiro e área de serviço, com uma

pequena varanda na frente e o telhado com duas águas, com um total de 55m2 de

área construída. Estas foram construídas em diferentes épocas pelo governo

municipal. Para poder distinguir cada uma delas vamos chamar de Modelo 1,

observado na figura 3.8a, construído no governo municipal anterior à 2004 e o Modelo

2, observado na figura 3.8b, construído no governo municipal 2004 – 2008.

a. Modelo 1 - Bairro da Penha b. Modelo 2 - Perto da Lagoa Feia

Figura 3.8 – Modelos de habitações de interesse social habitadas

Fonte: AUTORA, 2008

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71

Depois desta fase, foram construídos dois outros novos modelos implantados pelo

atual Governo Municipal no ano de 2008, que ainda se encontram em etapa de

construção. O Modelo 3, mostrado na fig. 3.9a, tem características similares as duas

anteriores, apenas com modificações nos materiais utilizados nas janelas, piso e

portas. E finalmente o Modelo 4, mostrado na figura 3.9b, que se diferencia dos outros

anteriores por ser um “Sobrado popular” resultante da união de quatro unidades de

modelos 3 ligados pela área de circulação e compartilham a mesma entrada.

a. Modelo 3 - Urbanização Nova Caxias b. Modelo 4 - Urbanização Nova Caxias

Figura 3.9 – Novos modelos de habitações de interesse social – não habitadas até outubro de 2008

Fonte: AUTORA, 2008

Segundo relatos de funcionários da Secretaria de Habitação da Prefeitura, os quartos

de todas as casas são orientados para o sol da manhã. Segundo a Prefeitura, todas as

casas da área urbana têm acesso à rede de água potável e à rede de esgoto, o que foi

verificado nas visitas nos locais. Na área rural, é incluída a construção de um poço

artesiano para abastecimento de água. As casas são entregues sem tubulação de

água quente, deixando como opção da família colocar chuveiro elétrico.

3.6 METODOLOGIA

Conhecendo todos os modelos da HIS existentes no município, decidiu-se trabalhar

com os Modelos 1 e 2, porque são as casas que se encontram ocupadas há mais

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72

tempo e, portanto, permitem a obtenção de dados e informações mais relevantes.

Para isto, optou-se por realizar entrevistas por meio de um questionário e registros

fotográficos das unidades residenciais com motivo de avaliar a viabilidade do uso de

energias renováveis nestas.

Neste caso, foi utilizado como base um questionário para a realização de uma

Avaliação Pós-Ocupação – APO. Este questionário foi utilizado por Jane Fantinelli na

tese de doutorado intitulada Análise da Evolução de Ações na Difusão do

Aquecimento Solar de Água para Habitações Populares Estudo de Caso em

Contagem - MG, e sofreu algumas alterações para ser adaptado aos nossos objetivos.

A metodologia APO diagnostica aspectos positivos e negativos do ambiente em uso,

definindo recomendações para intervenções que sejam necessárias (ORNSTEIN,

1992), a partir da avaliação de fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e

comportamentais e com o parecer de técnicos e usuários.

A coleta, análise e interpretação sistematizada das informações de intervenções

humanas para aperfeiçoar condições sociais e comunitárias, podem avaliar as

expectativas psico-comportamentais dos usuários, através da coleta de suas opiniões.

(FANTINELLI, 2006)

Segundo Fantinelli, a Avaliação Pós-Ocupação (APO) investiga as relações ambiente-

comportamento, com múltiplas análises que medem os níveis de satisfação dos

indivíduos envolvidos. A sistematização dos dados levantados sobre o comportamento

dos usuários da habitação, permite avaliar e formular ações de melhorias para a

adaptação da tecnologia no contexto social de sua inserção.

Desta forma, foram avaliados os seguintes aspectos:

a. Avaliação sócio-econômica - para conhecer a realidade sócio-econômica das

famílias;

b. Avaliação energética e serviços - para conhecer o consumo de eletricidade

mensal das famílias, os hábitos com relação ao uso de eletricidade e água, e

os serviços básicos oferecidos para esta população;

c. Avaliação de posse de eletrodomésticos - para saber os costumes no que diz

respeito ao uso de eletrodomésticos dos moradores;

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73

d. Avaliação quanto ao uso da água quente - para conhecer o comportamento

destas famílias no que se refere ao banho e o uso de água quente;

e. Avaliação arquitetônica - para avaliar as condições físicas das casas depois da

ocupação.

Fig. 3.10 – Fluxogramas da metodologia adotada para a avaliação proposta

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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74

3.6.1 COLETA DE DADOS

Seguindo a metodologia apresentada no fluxograma mostrado na figura 3.7, foram

procurados dados do mapeamento do número de habitações de interesse social

divididas por zonas no município. Os dados foram fornecidos pela Prefeitura e

compreendem desde o ano 1991 até o ano de 2005. Escolheram-se os modelos das

HIS para entrevistar às famílias e assim começar com o levantamento de dados por

meio de questionários. Este levantamento de campo foi dividido em duas partes; uma

primeira parte onde foram realizadas 22 entrevistas como piloto, e numa segunda foi

feito um levantamento com 80 entrevistas, tomando em conta o universo total e o

número significativo da amostra requerida, com uma margem de erro dentro dos

parâmetros permitidos.

3.6.1.1 O QUESTIONÁRIO

O questionário original utilizado foi construído a partir de bibliografias constante em

Ornstein (1988, 1996,1998), Ornstein e Roméro (1992), Zeizel (1995), Ornstein e

Borelli (1997), Cruz (1998), Fantinelli e Gabriel (2003b), Fantinelli (2004c) que

reportam experiências de APO em populações com práticas de autoconstrução.

(FANTINELLI, 2006) Este sofreu algumas alterações para ser aplicado aos nossos

objetivos, tentando seguir a lógica de agrupar as perguntas por assuntos afins, para

possibilitar uma seqüência lógica. Foi estruturado de forma que o morador responda

em algumas perguntas com sim ou não, outras de múltipla escolha e outras poucas

que relatavam a resposta.

O questionário piloto foi aplicado pessoalmente pela autora a 22 famílias, tentando

utilizar linguagem acessível aos moradores, sem utilizar termos técnicos para melhor

entendimento. Este questionário piloto foi muito importante para a pesquisa, já que

puderam identificar algumas falhas nas perguntas e também para a familiarização com

as pessoas que moram em habitações de interesse social no município e conhecer a

realidade destas.

O questionário piloto teve bons resultados na sua adaptação, no qual foram feitas

pequenas alterações que podem esclarecer mais alguns dados. Assim, é realizado um

segundo levantamento de dados com a versão final do questionário, onde temos

resultados mais precisos para nossos objetivos.

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75

A versão final do questionário consta de quatro páginas A4 com 42 perguntas no total,

que foram respondidas por todos os moradores entrevistados. A recepção das

pessoas entrevistadas foi muito boa, mesmo sendo um questionário extenso.

Na versão final do questionário foram coletados os seguintes dados:

a) Dados preliminares

1. Identificação da habitação e numeração

2. Identificação do bairro

3. Data da entrevista

4. Identificação da tipologia

b) Aspectos sócio-econômicos

1. Posição familiar do entrevistado

2. Naturalidade

3. Tamanho da família

4. Faixa etária

5. Grau de instrução

6. Ocupação do chefe da família

7. Rendimento familiar mensal

8. Tempo de ocupação da moradia

9. Formas de comunicação da família

10. Forma de locomoção da família

11. Complementação de renda da família

c) Avaliação energética

1. Consumo mensal de eletricidade

2. Identificação do tipo de tarifa

3. Número de lâmpadas existentes

4. Hábitos para economia do consumo de eletricidade

5. Eletrodomésticos existentes

6. Anseio de compra de eletrodomésticos

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76

d) Avaliação de serviços

7. Consumo mensal de gás

8. Aquecimento de água

9. Verificação de existência da caixa d’água

10. Abastecimento de água potável

11. Disponibilidade de sistema de esgoto

12. Destino do lixo

e) Avaliação de comportamento quanto ao banho

1. Existência de chuveiro elétrico

2. Anseio por adquirir chuveiro elétrico

3. Uso de água quente no verão ou inverno

4. Freqüência do banho

5. Horário do banho

6. Tempo de banho

7. Conhecimentos sobre sistemas de aquecimento solar de água ou energia

eólica

8. Interesse em conhecer sobre estes sistemas

f) Avaliação arquitetônica

1. Alterações na construção original

2. Estado da construção

3. Posição da casa em relação ao sol

3.6.1.2 Coleta de dados - Questionário Piloto

Para realizar esta primeira parte - um piloto das entrevistas - foi escolhida uma das

principais áreas de interesse deste trabalho, “João Francisco”, além de outras três

áreas aleatoriamente escolhidas, como é observado na tabela 3.2. (PORTILLO, 2009b)

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77

Tabela 3.2 – Número de HIS por localidades de 1991 a 2005

Localidade Nº habitações %

João Francisco 3 2 % Penha 42 24% Centro 23 13%

Sitio Quissamã 104 60% Total 172 100%

Fonte: PREFEITURA QUISSAMÃ, 2006

Estas entrevistas foram realizadas para avaliar o primeiro questionário proposto, pois

este havia sido utilizado anteriormente para outros fins e era preciso saber se era

adequado ou não para utilizá-lo neste trabalho. Assim, foi possível ter uma idéia do

recebimento das pessoas às questões propostas, podendo posteriormente fazer as

alterações para maior aproveitamento dos dados recolhidos. (PORTILLO, 2009b)

Foram entrevistadas 22 famílias, em quatro bairros diferentes, tendo maior número de

entrevistados no Sitio Quissamã. Para escolher o número de famílias entrevistadas,

mostradas na tabela 3.3, procurou-se aproximar das proporções do número de

habitações de interesse social das localidades escolhidas anteriormente, mostradas na

tabela.3.2.

Tabela 3.3 – Localidades e número de entrevistados no primeiro levantamento

Localidade Número de HIS Nº de

entrevistados %

João Francisco 3 1 4,5 % Penha 42 2 9,1% Centro 23 2 9,1%

Sitio Quissamã 104 17 77,3% Total 172 22 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2008

Em todas as zonas foi realizado o mesmo questionário de 46 perguntas, respondidas

pelos moradores das casas escolhidas. A escolha das casas foi feita dependendo da

existência dos moradores nas residências, sendo que nem sempre tinham pessoas

para responder os questionários, mesmo que as entrevistas fossem realizadas no final

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78

de semana. Obtiveram-se sempre respostas positivas das pessoas entrevistadas,

estas estando sempre abertas às questões propostas. (PORTILLO, 2009b)

3.6.1.3 Coleta de dados - Questionário Final

No levantamento final de dados, foram tomados outros cuidados antes de realizar as

entrevistas. Foi definida uma amostra onde o tamanho foi decidido depois de definir a

margem de erro tolerável para o nosso estudo. Segundo Ornstein (1992) as margens

de erro mais freqüentemente adotadas em pesquisas sociais encontram-se no

intervalo de 1% a 10%.

Foi também definida a área de nosso interesse para realizar o levantamento, sendo

esta a Zona de Amortecimento do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, apesar

de esta não ter sido definida no Plano de Manejo da Unidade de Conservação.

Contudo, segundo a Resolução CONAMA 13/90, a área considerada como Zona de

Amortecimento é aquela até 10km da UC; portanto as zonas escolhidas para o

levantamento se encontram todas dentro dos 10km de distância da UC.

Entre estas zonas estão considerados os bolsões urbanos de Visgueiro e João

Francisco, mostrados na tabela 3.5, que são aquelas que têm maior influência no

Parque, por se encontrarem limitadas entre a Unidade de Conservação e o oceano, e

possuírem menor número de HIS, pois estão localizadas em zonas onde não é

promovida a construção.

Entre as outras zonas com HIS estão as da Sede Municipal: Carmo, Caxias, Piteiras e

Sitio Quissamã, mostradas na Tab. 3.4, e também as que se encontram no resto do

município, como Fazenda Imbaíba, Campo Sabão, Penha, Sitio de olhos d’água, Imbiú

e Sitio Paraíso, ver a Tab. 3.5.

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79

Tabela 3.4 – Número de HIS na Zona de Amortecimento pertencente à Sede do

Município

Sede Municipal

Zona Número de unidades Construídas até o ano

Carmo 58 2000 Caxias 99 2005 Piteiras 40 2005

Sitio Quissamã 104 2004 Total 301 2005

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL, 2008

Tabela 3.5 – Número de HIS na Zona de Amortecimento, mas no restante do

Município

Em todo o Município Zona Número de unidades Construídas até o ano

Visgueiro 1 2000 João Francisco 3 2003

Fazenda Imbaíba 1 2000 Campo de Sabão 1 2004

Penha 42 2005 Sitio olhos d’água 1 2000

Imbiú 9 2005 Sitio Paraíso 1 2003

Total 59 2005

Fonte: PREFEITURA MUNICIPAL, 2008

O número total de HIS na zona de amortecimento, entregues até 2005, é de 360

habitações, como é mostrado nas tabelas 3.4 e 3.5.

Outro fator que foi considerado para realizar o levantamento foi a escolha da zona pelo

número de HIS, já que em algumas zonas só tem 1 unidade e em outras só 3 e

geralmente dispersadas, dificultando na hora de coleta da amostra e precisando de um

tempo maior de deslocamento do entrevistador. A pesquisa de campo da amostra foi

realizada em cinco dias úteis, no mês de maio de 2009 e em quatro zonas distintas:

Carmo, Caxias, Sitio Quissamã e Penha.

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80

A escolha das casas entrevistadas foi da mesma forma que no questionário piloto,

dependendo da existência de pessoas nas residências, devido a que o foco da

pesquisa não exigia de outra metodologia para coleta de informações, pois os dados

importantes podiam ser respondidos por qualquer pessoa responsável da casa que

tenha acesso à conta de eletricidade.

No caso de Caxias, uma vez que a maioria das casas foi construída de forma

dispersa, as entrevistas foram realizadas em dois conjuntos habitacionais de casas

habitadas há menos de um ano, (entregues em dezembro do ano 2008) conforme

mostrado na tabela 3.6. Portanto, ainda não estão contabilizadas no levantamento da

Prefeitura, mostrado nas tabelas 3.4 e 3.5, anteriores.

Tabela 3.6 - Numero de HIS dos conjuntos habitacionais em Caxias habitadas a

menos de 1 ano

Zona Número de unidades Construídas até o ano

Caxias

26

2008

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA, 2009

Para definir o tamanho da amostra foi utilizada a técnica de amostragem a seguir:

Fonte: BARBETTA, 2002

Tendo um universo de 386 unidades de habitações de interesse social na área do

nosso interesse – a zona de amortecimento do Parque Nacional da Restinga de

Jurubatiba - como mostradas nas tabelas 3.4, 3.5 e 3.6 acima e uma vez tendo sido

decidido ter uma margem de erro dos 10%, o tamanho da amostra definida resultou

em 80 unidades. Tentou-se realizar as entrevistas de forma eqüitativa nas zonas

n0 = 1/E02 onde: n0 é a primeira aproximação do tamanho da amostra

n=(N.n0)/(N+n0)

onde: N é o número de elementos da população ou também

chamado universo e n é o tamanho da amostra

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81

escolhidas, como é mostrado na Tabela 3.7, sendo que a maioria das entrevistas foi

feitas no Sitio Quissamã.

Tabela 3.7 – Número de entrevistas segundo a zona

Zona Número de entrevistas Percentual

Carmo 15 19 % Caxias 21 26 %

Sitio Quissamã 24 30 % Penha 20 25 %

Total 80 100 %

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A amostra realizada em cada uma das zonas foi também representativa, como é

mostrado na tabela 3.8, pois se tentou fazer um levantamento de um percentual acima

de 20% do total das HIS existentes em cada zona, sendo o menor percentual

alcançado de 21% em Caxias e o maior de 48% na Penha.

Tabela 3.8 – Número HIS em cada zona e o número de entrevistas

Zona Número total de HIS Número de entrevistas Percentual

Carmo 58 15 26 % Caxias 99 21 21 %

Sitio Quissamã 104 24 23 % Penha 42 20 48 %

Total 303 80

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Ao realizar as entrevistas, não foram encontradas algumas pessoas em suas casas,

mas do total de 80 entrevistas planejadas, foram recebidas apenas quatro negativas, e

as outras foram aceitas de forma receptiva.

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82

CAPÍTULO 4

4. RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados obtidos no levantamento mostrado

no capitulo anterior. Serão apresentados também, de forma resumida, os resultados

obtidos no primeiro levantamento feito com o questionário piloto, mesmo que estes

dados tenham sido descartados para obter os resultados finais, por tratar-se de um

questionário que estava sendo experimentado, mas será observado que este nos dá

uma idéia geral dos comportamentos dos moradores das habitações de interesse

social da região.

4.1 RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO PILOTO

4.1.1 Dados preliminares

Foram entrevistadas 22 famílias, em quatro bairros diferentes: João Francisco, Penha,

Centro e Sitio Quissamã, tendo maior número de entrevistados no Sitio Quissamã

(77%), como vemos na Figura 4.1, sendo proporcional ao número de habitações de

interesse social em cada zona, como foi mostrado na tabela 3.3 no capítulo anterior.

As entrevistas foram feitas numa sexta-feira na parte da tarde e no sábado o dia

inteiro.

Figura 4.1 – Zonas entrevistadas e porcentagens de entrevistas – Questionário Piloto

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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83

Os questionários foram respondidos em sua maioria pelas esposas (54%), seguido

dos filhos (27%) ou algum familiar (14%), que são os que se encontravam em casa, na

hora da entrevista.

4.1.2 Avaliação sócio-econômica

Na avaliação sócio-econômica foi verificado que a maior parte das famílias

entrevistadas (86,4%) são originárias de Quissamã. Como um dos requisitos para

obter uma casa popular, o solicitante deve comprovar que mora no município há pelo

menos 10 anos. Foi comprovado que a média de moradores nestas casas é de cinco

pessoas, sendo que o menor número de moradores é de duas pessoas (1 casa) e um

máximo de oito (2 casas). A renda familiar da maioria é de um salário mínimo e a

maior parte dos chefes de família lê e escreve e tem diferentes ocupações; entre as

principais são autônomos ou desempregados.

Observamos que 30% da população entrevistada têm menos de 10 anos de idade,

19% têm entre 11 e 20 anos e 24% têm entre 21 e 30 anos, sendo que 74% do total

dos entrevistados tem até 30 anos de idade, como podemos observar na Figura 4.2.

Figura 4.2 – Idade dos moradores das HIS - Questionário Piloto

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Nesta primeira parte foram feitas perguntas relacionadas aos meios de comunicação

que tem acesso estas famílias, sendo que do total das entrevistas 95% não possui

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84

telefone fixo, 86% têm celular, 73% têm acesso a internet em “Lanhouses”, na escola

ou no trabalho. Entre os meios de transporte mais utilizados entre os moradores está a

bicicleta com 56% do total das famílias, 21% não tem nenhum meio de transporte,

13% possui um carro e 9% moto, como observamos na figura 4.3 a seguir.

Figura 4.3 – Meios de transporte - Questionário Piloto

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.1.3 Avaliação de posse de eletrodomésticos

A avaliação de posse de eletrodomésticos revela que a maioria das famílias possui

uma média de sete eletrodomésticos, entre os principais TV (100%), geladeira (95%),

rádio e DVD (95%) e liquidificador (86%). Só 23% dos entrevistados possuíam

chuveiro elétrico, por diferentes motivos, entre os quais está o alto preço da energia

elétrica cobrado pela concessionária, a falta de conscientização dos moradores no

desperdício de água no chuveiro e o hábito de tomar banho com água fria por medo

de ficarem doentes com problemas brônquio respiratórios.

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85

Figura 4.4 – Posse de eletrodomésticos – Questionário Piloto

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Foi manifestado pela metade dos entrevistados (45%) o desejo de compra de mais

eletrodomésticos, entre os mais mencionados está o computador.

4.1.4 Avaliação de energia e serviços

Na avaliação energética e de serviços, foi pedido aos moradores a conta de energia

elétrica e de água, para saber o consumo mensal de kWh no caso da eletricidade e m3

no caso do consumo de água. Do total dos entrevistados, só foi possível ter acesso a

87% das contas de eletricidade e 27% das contas de água, uma vez que uma grande

parte dos moradores não paga o consumo de água, segundo relatos dos mesmos,

pois há pouco menos de um ano está sendo cobrado este serviço.

A média do consumo mensal de eletricidade das famílias entrevistadas se encontra

entre os 100kWh, sendo que 37% tem um consumo entre 50 e 100kWh, 32% um

consumo entre 101 e 150kWh, 21% consomem menos de 50kWh, como podemos

observar na Figura 4.5 a seguir.

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86

Figura 4.5 – Consumo de eletricidade – Questionário Piloto

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Vale ressaltar que existe uma tarifa de baixa renda oferecida pela concessionária de

energia elétrica, para as famílias que consomem menos de 250kWh e só a metade

dos entrevistados tem esta tarifa.

Existem em média sete lâmpadas em cada casa, a maior parte destas é

incandescente e de 60W. O uso de lâmpadas eficientes é pouco representativo, sendo

menos de 10% que utiliza estas. Foi observado entre os moradores, consciência sobre

a necessidade do uso racional de energia, tentando ter comportamentos como desligar

da tomada os eletrodomésticos quando estes não estão sendo utilizados, ter o menor

número de lâmpadas acessas e não utilizar chuveiro elétrico.

Foi comprovado também que 100% das habitações entrevistadas tem acesso aos

serviços básicos como energia elétrica, água potável da rede, escoamento do esgoto

na rede e coleta de lixo regular.

4.1.5 Avaliação do comportamento quanto ao banho

Na avaliação do comportamento quanto ao banho, foi constatado que 77% dos

entrevistados não têm acesso à água quente no chuveiro, sendo que menos da

metade aquece água no fogão para tomar banho. A maioria toma dois banhos por dia

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87

e num tempo maior que 15 minutos, sendo o horário mais requerido ao redor das 18

horas.

4.1.6 Avaliação arquitetônica

Na avaliação arquitetônica, foi verificado que 57% das casas sofreram alterações,

algumas pequenas como levantamento do muro externo ou maiores como a

construção de outra casa no mesmo terreno na parte posterior. Sendo que a maior

parte das casas se encontra em bom estado.

4.2 RESULTADOS FINAIS

4.2.1 Dados preliminares

Foram realizadas 80 entrevistas em quatro diferentes zonas no município de

Quissamã: Carmo, Caxias, Sitio Quissamã e Penha, mostradas na figura 4.5.

a. Conjunto habitacional no Carmo b. Conjunto habitacional em Caxias

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88

c. Conjunto habitacional no Sitio Quissamã d. Habitações de interesse social em Penha

Figura 4.6 – Zonas do município onde foram feitas as entrevistas

Fonte: AUTORA 2008, 2009

Estas zonas se encontram dentro da Zona de Amortecimento do Parque Nacional da

Restinga de Jurubatiba. O maior número de entrevistas foi realizado em Sitio

Quissamã com 30%, seguido por Caxias com 26%, Penha com 25% e Carmo com

19%, isto mostrado na Figura 4.7.

Figura 4.7 – Zonas do levantamento

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Os modelos das habitações de interesse social foram definidas também no capítulo

anterior, tendo definido trabalhar com os modelos 1 e 2, mas devido as dificuldades

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89

achadas na hora da amostragem, foi preciso considerar também conjuntos

habitacionais onde as unidades são de um terceiro modelo. Contudo, temos 71% das

entrevistas realizadas no modelo 1, 14% no modelo 2 e 15% das entrevistas no

modelo 3, como podemos ver na figura 4.8.

Figura 4.8 – Modelos das casas entrevistadas

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.2 ASPECTOS SÓCIO-ECONÔMICOS

4.2.2.1 Naturalidade, número de habitantes por moradia e faixa etária

Na avaliação sócio-econômica realizada, foi notado que a maioria das pessoas que

estavam em casa para responder o questionário são as esposas. 66% do total das

entrevistas foram feitas a elas; uma menor porcentagem aos filhos com 18%, 13% aos

esposos e 4% a outro parente. A maioria natural de Quissamã, mesmo porque um dos

critérios adotados pelo governo municipal para a seleção da família beneficiada é que

seja nascida em Quissamã ou a comprovação de moradia no município a mais de 10

anos. Por estes motivos vemos na tabela 4.1 que 65% dos entrevistados é nascido em

Quissamã e 35% é natural de outros lugares, entre os mais referidos está Macaé.

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90

Tabela 4.1 - Naturalidade do entrevistado

Lugar Quissamã Outro TOTAL

nº 52 28 80 % 65% 35% 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

No dado do número de habitantes por moradia os resultados foram variados. Existem

moradias com 1 só morador e outras com até 9, que foi o maior número encontrado.

Portanto, temos 4% das casas com um habitante, 8% com dois habitantes, as maiores

porcentagens estão entre 3 e 4 habitantes com 23% e 26% respectivamente, 13% com

5 habitantes, 10% com 6 habitantes e 18% com 7 ou mais habitantes, como é

mostrado na figura 4.9., tendo uma média de 5 habitantes por habitação.

Figura 4.9 – Número de moradores por unidade habitacional

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A faixa etária dos moradores destas zonas é também variada. Dependendo da zona

em que foi feita a entrevista, o número de moradores nas diferentes faixas etárias

mudava, mas no total dos entrevistados os resultados mostram que foi eqüitativo e

que as famílias são de pessoas jovens menores de 30 anos, sendo que indo do maior

ao menor, 27% das famílias tinham componentes com menos de 10 anos, 22% entre

11 e 20 anos, a mesma porcentagem entre 31 e 40 anos, 12% de pessoas maiores de

50 anos e 7% na faixa etária de 41 e 50 anos, como podemos observar na figura 4.10.

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91

Figura 4.10 – Faixa etária das famílias entrevistadas

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.2.2 Ocupação dos chefes da família, escolaridade e renda

Entre as ocupações dos chefes das famílias entrevistadas, foi observado que a

maioria é autônomo, trabalha por conta própria e entre as atividades citadas estão a

pesca (pelo grande número de lagoas na região) e a lavoura (pela grande quantidade

de cultivo de cana, pois os antigos cultivos de coco verde que eram característicos da

região e outras frutas foram trocados por cultivo de cana pelo maior retorno

econômico). Também observou-se que um alto número de aposentados e alguns

chefes de família têm mais de uma atividade de geração de renda, mas outras famílias

moram só com uma bolsa do governo municipal ou com alguns trabalhos temporários

que eles chamam de “biscate”, alegando a falta de empregos na região, ou que foram

desempregados há pouco tempo das indústrias pela crise econômica que estão

passando as empresas e até mesmo o governo municipal.

Contudo, temos que 29% dos chefes de família são autônomos, 27% são aposentados

e têm uma renda da aposentadoria, 9% trabalham na indústria, 9% na pesca, 7% não

tem emprego, 4% trabalham na lavoura, 4% na construção, 4% trabalham no serviço

público, e 7% tem outras ocupações, como é apontado na figura 4.11. 17% das

famílias têm atividades de complementação de renda que geralmente dependem das

esposas, como venda de alguns produtos tipo picolé, almofadas, refrigerantes.

Algumas outras tem atividades de salão de beleza ou manicure.

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92

Figura 4.11 – Ocupação do chefe da família

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

No que diz respeito à escolaridade do chefe de família das habitações de interesse

social entrevistadas, como podemos observar na figura 4.12, uma porcentagem de

69% lê e escreve, mas a maioria não terminou o ensino fundamental e alguns se

encontram cursando-o, 18% terminou o 2º grau, 14% é analfabeto e nenhum tem

curso a nível superior.

Figura 4.12 – Escolaridade do chefe da família

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

A renda da maioria das famílias entrevistadas está entre um salário mínimo ou menos,

devido à falta de trabalho, e a maioria dos chefes de família trabalham por conta

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93

própria, como foi dito anteriormente, o que dificulta a existência de uma renda mensal

fixa, chegando a depender do trabalho encontrado e da temporada. Foi informado por

alguns entrevistados que em épocas de chuvas é mais difícil conseguir trabalhos

temporários.

Segundo os dados proporcionados nas entrevistas e mostrados na tabela 4.2, indo de

maior a menor, 53% tem uma renda fixa de um salário mínimo, 34% menor a 1 salário

mínimo, 11% entre um e dois e só 3% com uma renda maior, entre 3 e 4 salários

mínimos.

Tabela 4.2 – Renda da família (Salário Mínimo - SM2)

Renda < 1SM 1 SM 1 – 2 SM 3 – 4 SM TOTAL nº 27 42 9 2 80 % 34% 53% 11% 3% 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

O tempo que moram na casa varia segundo a zona onde foi feita a amostra, pois cada

conjunto habitacional ou cada bairro foi beneficiado em diferentes épocas. Por

exemplo, o lugar que possuía maior número de casas ocupadas há mais tempo foi

Sitio Quissamã e Penha. No Carmo as casas foram entregues por volta de 5 anos e

em Caxias a maioria das entrevistas foram feitas em casas ocupadas há menos de um

ano. Portanto, as porcentagens são as seguintes mostradas na figura 4.13: há menos

de um ano 25%, de 2 a 5 anos 31%, de 6 a 9 anos 36% e de 10 anos ou mais 8%.

Figura 4.13 – Tempo de ocupação da moradia

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

2 Salário Mínimo Brasileiro 2009 = R$ 465 (Lei nº 11.944, de 28 de maio de 2009)

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94

Para o interesse do presente trabalho os dados relevantes do levantamento sócio-

econômico são:

O número de habitantes por moradia, para entender o comportamento no consumo de

energia que será analisado posteriormente, da mesma forma que a faixa etária nos dá

uma idéia dos costumes que podem ser adotados dependendo das idades dos

moradores. Assim, com estes dados podemos ver o perfil das pessoas que moram

nestas casas com referência ao consumo de energia elétrica que será analisado no

item a seguir.

Quanto à escolaridade, podemos observar que a maior parte dos chefes de família

não terminou o segundo grau, o que mostra a pouca informação que eles têm acesso,

refletido na falta de trabalho ou de ocupações a nível técnico, e o baixo movimento

econômico na região, associado diretamente à baixa renda das famílias envolvidas,

que na sua maioria, dependem dos trabalhos temporários que conseguem ao longo do

ano, sem ter uma renda fixa que garanta a sua estabilidade econômica para melhora

das suas condições de vida.

O tempo de moradia na casa é um dado importante, já que com ele podemos ver os

costumes adotados neste espaço “padrão” que foi escolhido para ser estudado, sendo

que morando maior tempo nele, podem se distinguir costumes mais arraigadas.

4.2.3 AVALIAÇÃO ENERGÉTICA E DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS

4.2.3.1 Consumo de eletricidade

No município existem dois tipos de tarifas cobradas pela concessionária, uma

convencional e outra de baixa renda, mostradas na tabela 4.3. Aproximadamente a

metade das famílias entrevistadas tem a tarifa de baixa renda, sendo que 46% têm a

tarifa convencional e 54% a de baixa renda.

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95

Tabela 4.3 – Tarifa Residencial AMPLA

Descrição R$/kWh Residencial convencional 0,39397 Residencial de Baixa Renda Consumo mensal até 30 kWh 0,13038 Consumo mensal de 31 a 80 kWh 0,22717 Consumo mensal de 81 a 100 kWh 0,22974 Consumo mensal de 101 a 140 kWh 0,34459 Consumo mensal superior ao limite regional de 140 kWh 0,38287

Vigência da Tarifa – de 15/03/2009 a 14/03/10

Fonte: ANEEL, 2009

Foi observado que o preço pago pelo consumo de energia destas famílias é

representativo para sua renda, pois a média do valor da conta de energia elétrica é de

R$ 61,00, sendo que o maior valor é R$ 250,00 e o menor R$ 5,00. Na figura 4.14

podemos observar que a maior parte dos moradores paga uma tarifa entre R$ 50,00 e

R$ 100,00 por mês.

Figura 4.14 – Preço pago pelo consumo de energia elétrica

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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96

Na entrevista, foram pedidas as contas de eletricidades do último mês para se levantar

o consumo mensal das famílias. Considerando-se que o levantamento foi feito na

segunda semana de maio, a maioria das contas eram do mês de abril, assim os dados

pertencem à eletricidade gasta na época de outono, não podendo ser feita uma

amostra na época mais crítica para o uso de chuveiro elétrico, que é o inverno (isto

será visto na análise posterior). Da mesma forma, o questionário piloto anterior foi

realizado no mês de dezembro, na época de verão.

Os dados mostram que a maioria das famílias tem um consumo de energia entre

50kWh e 150kWh, sendo as seguintes porcentagens indo de maior a menor mostradas

na tabela 4.4 e na figura 4.15, 38% de 50 a 100kWh, 26% de 101 a 150kWh, 20% de

151 a 200kWh, 10% menor que 50kWh e 6% entre 201 a 250kWh. Observamos que o

consumo de eletricidade é alto, levando em conta que são famílias de baixa renda.

Tabela 4.4 – Consumo de eletricidade

Consumo kWh < 50 51 a 100 101 a 150 151 a 200 202 a 250 TOTAL nº 8 30 21 16 5 80 % 10% 38% 26% 20% 5% 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Figura 4.15 – Consumo de eletricidade

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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97

O número de lâmpadas por moradia é variado, mas têm uma média de 6 lâmpadas por

moradia, sendo que cerca de 75% das casas usam lâmpadas incandescentes de

60W, mas algumas famílias utilizam lâmpadas compactas de 7W com o intuito de

economizar energia. O uso destas lâmpadas representa 12% do total, como é

mostrado na figura 4.16.

Figura 4.16 – Tipo de lâmpadas usadas nas moradias

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

Este comportamento de se buscar a economia substituindo lâmpadas incandescentes

por fluorescentes, mais eficientes do ponto de vista energético, também é observado

em outros aspectos como: não deixar as luzes acessas, desligar os eletrodomésticos

das tomadas e não utilizar muitos aparelhos eletrônicos como o ferro ou também

tentando evitar o uso de chuveiro elétrico, como é mostrado na figura 4.17.

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98

Figura 4.17 – Comportamento para economizar energia

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.3.2 Posse de eletrodomésticos

Foi observado que nas famílias entrevistadas a posse de eletrodomésticos mais

representativa é a TV, presente em 100% das moradias, geladeira em 95%, ventilador

e tanquinho em 73%, liquidificador e rádio em 71%, o ferro em 58% e DVD em 54%.

Como foi mencionado anteriormente, o número de chuveiros elétricos não é

representativo, pois só 31% das moradias tem um. Estes dados podem ser

observados na figura 4.18.

Figura 4.18 – Eletrodomésticos que possuem e usam

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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99

4.2.3.3 Conhecimentos quanto à energia renovável

Foram realizadas duas perguntas a respeito do conhecimento do entrevistado sobre o

uso de energias renováveis, onde a primeira pergunta se refere à energia solar térmica

e a segunda à energia eólica. Segundo os resultados obtidos e mostrados na tabela

4.5, 53% dos entrevistados ouviram falar alguma vez sobre o sistema de aquecimento

solar de água, na sua maioria informação da TV, e 36% ouviram falar sobre energia

eólica. Do total dos entrevistados, 63% tem interesse em se informar melhor sobre

estes dois tipos de energia por dois principais motivos, curiosidade e também para

tentar economizar, o que mostra a receptividade destas tecnologias pela população.

Tabela 4.5 – Conhecimento dos entrevistados sobre energias renováveis

Energia solar térmica Energia eólica Interesse Motivo

Sim Não Sim Não Sim Não Economia Curiosidade 53% 48% 36% 64% 63% 38% 38% 64%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.4 AVALIAÇÃO DE COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO

4.2.4.1 Existência de chuveiro elétrico

Nesta avaliação foi perguntada a posse de chuveiro elétrico. Como foi mencionado

anteriormente, só 31% do total de entrevistados possui um. Desta porcentagem, aos

69% restantes foi perguntado se deseja colocar e 85% das pessoas responderam que

não.

Entre as justificativas apresentadas, a principal é a tentativa de economizar o consumo

de energia, pois as suas contas elétricas mesmo sem ter chuveiro elétrico já são altas;

a segunda justificativa mais mencionada é o costume, pois estão acostumados a

tomar banho com água fria e 10% das pessoas alegou que quando tomam banho

quente ficam com problemas brônquio-respiratórios, como pode ser observado na

tabela 4.6.

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100

Tabela 4.6 – Existência de chuveiro elétrico na moradia

Existência de chuveiro elétrico Anseio de colocar Motivo das negativas

Sim Não TOTAL Sim Não TOTAL Economia Costume Saúde 31% 69% 100% 15% 85% 100% 47% 43% 10%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

30% das pessoas que não têm chuveiro elétrico aquecem água no fogão para tomar

banho, já que não gostam de tomar banho com água fria, alegando que o custo com a

compra de gás em botijões é menor que usar um chuveiro elétrico, pois o custo do

consumo de eletricidade para esse fim é muito maior. Uma alternativa pitoresca

comentada durante as entrevistas por um habitante é o costume de se aquecer a água

ao sol em vasilhames.

Também foi perguntado se as pessoas têm costume de utilizar água quente para outro

lugar da casa que não seja o banho, como para lavar louça, mas 100% das pessoas

responderam que não.

4.2.4.2 Hábitos do uso de água quente

Do total das famílias que preferem tomar banho com água quente, seja utilizando

chuveiro elétrico ou aquecendo água no fogão, foi notado que no verão 83% nunca

tomam banho quente, só no inverno que 28% sempre tomam banho quente ou morno

e 29% com menor freqüência, só quando o clima está muito frio, sendo que 44%

nunca tomam banho quente, como podemos observar na tabela 4.7, o que coincide

com 43% de pessoas que não desejam colocar chuveiro elétrico porque tem costume

de tomar banho com água fria, que foi mostrado anteriormente na tabela 4.8.

Tabela 4.7 – Hábitos de água quente

No verão No inverno

Sim Às vezes Nunca Sim Às vezes Nunca 5% 13% 83% 28% 29% 44%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

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101

4.2.4.3 Hábitos quanto à freqüência e horários de banho

Entre os hábitos de banho, do total das famílias entrevistadas, foi observado que 77%

tomam de 2 a 3 banhos por dia, num tempo médio de 10 minutos, sendo que as

pessoas mais velhas demoram menos no banho e os que demoram mais são os

jovens e adolescentes. O horário mais solicitado é em torno das 18 horas, com 30%,

como é observado na figura 4.19, que é o horário de pico de consumo de energia a

nível nacional e crítico para as concessionárias.

Figura 4.19 – Horários de banho

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.5 AVALIAÇÃO DOS SERVIÇOS

4.2.5.1 Consumo de gás

O consumo de gás nas famílias varia entre ½ a 2 botijões por mês, sendo que a

maioria gasta em média 1 botijão, como podemos observar na tabela 4.8. Este dado

varia segundo o número de pessoas que moram na casa e dos hábitos para

aquecimento de água no fogão para tomar banho, como foi mencionado

anteriormente. Algumas pessoas mencionaram utilizar seu fogão à lenha para não ter

maior consumo de gás (seja para cozinhar ou para aquecer a água para o banho). O

custo do botijão de gás de 13 kg era de R$ 35,00 em dezembro de 2008.

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102

Tabela 4.8 – Consumo de gás por mês

Botijão 1/2 1 1 ½ 2 TOTAL nº 15 53 10 2 80 % 19% 66% 13% 3% 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.5.2 Consumo de água

Não foi possível coletar os dados do consumo de água uma vez que os moradores

ficavam constrangidos ou incomodados quando era pedida sua conta, já que a maioria

das pessoas que moram em casas populares construídas pela prefeitura, não tem

costume de pagar o consumo de água. Quando foram entregues as casas (até o ano

de 2005) foi informado para eles que não ia ser cobrado o serviço. Segundo alguns

moradores, este serviço está sendo cobrado pela concessionária há 3 anos, segundo

outros, há 1 ano.

Por este motivo, muitas famílias não pagam e também em algumas casas não foram

colocados relógios para medir o consumo e como para o foco da nossa pesquisa não

é representativo o consumo de água, foi decidido não realizar a amostragem deste

dado.

Foi comprovado que 99% das casas têm abastecimento de água potável e estão

conectadas à rede de esgoto, com algumas irregularidades no abastecimento,

geralmente na época de verão. Só uma casa em Caxias tinha abastecimento de água

de poço de manilhas, pois o morador mandou tirar a conexão da concessionária pelo

seu costume.

A posse de caixa d’água dentro da casa também foi comprovada, sendo que do total

das casas entrevistadas só uma família não tinha, porque estava quebrada e outras

tinham duas caixas, sendo que as casas são entregues com uma caixa d’água,

algumas de 1000L e outras de 500L. Este dado varia dependendo da tipologia e da

época que foi entregue a casa, mas a maioria (70%) tem posse de uma caixa de 500L,

como é observado na tabela 4.9. Em algumas zonas como, por exemplo, em Sitio

Quissamã algumas casas tinham reservatórios no seu quintal, devido à irregularidade

do abastecimento.

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103

Tabela 4.9 – Abastecimento de água e existência de caixa d’água

Serviço Abastecimento de água Existência de caixa d’água

Encanada Poço TOTAL 250 L 500 L 1000 L Não tem TOTAL Nº 79 1 80 3 58 21 1 83 % 99% 1% 100% 4% 70% 25% 1% 100%

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

4.2.5.3 Destino do lixo

O lixo em todas as zonas é recolhido pela empresa de limpeza urbana municipal, mas

duas casas ainda costumam queimar seu lixo. A freqüência da coleta varia de 3 a 6

dias por semana, dependendo da zona, sendo que as que ficam mais perto do centro

do município são mais favorecidos.

Nesta avaliação dos serviços oferecidos às habitações de interesse social, foi

comprovado que os serviços básicos como abastecimento de água, conexão à rede de

esgoto e a coleta de lixo são oferecidos a esta população, como foi informado num

começo na Prefeitura.

4.2.6 AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA

Nesta avaliação foi perguntado se as famílias tinham feito alguma alteração nas casas

depois da entrega, e a maioria respondeu que não, mas notou-se uma desconfiança

em alguns casos nas respostas pelo fato que o imóvel continua sendo da Prefeitura,

pelo qual as respostas não serão consideradas relevantes.

Contudo, foi respondido que 18% das famílias fizeram alguma alteração na construção

da casa, entre as mais citadas está: a construção de mais um cômodo no quintal,

cobertura do espaço para a garagem, pequenas reformas na área de serviço, troca do

material do piso ou simplesmente elevando o muro original. Duas casas fizeram

grandes reformas melhorando suas condições, trocando de materiais de revestimento

de pisos, janelas e outros, construindo mais cômodos e melhorando a estética. Estas

casas são as que apresentam maior renda.

Pode-se notar também a satisfação do estado da construção da casa, pois 61% do

total de entrevistados está satisfeito e acha que o estado da sua casa está bom, 30%

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104

acha que está regular, alegando que precisa de uma reforma no telhado ou nas

paredes pela existência de umidade ou rachaduras e só o 9% acha que o estado da

casa está ruim, segundo a figura 4.20.

Figura 4.20 – Grau de satisfação quanto à construção da casa

Fonte: ELABORAÇÃO PRÓPRIA

As moradias que precisam de maiores reformas são as que foram entregues há mais

tempo, geralmente as moradias mais antigas (Modelo 1), devido à falta de

manutenção do morador, principalmente nos telhados. Como foi comentado no

capítulo 3, o fato da casa ser entregue sem nenhum custo ao beneficiado, às vezes

ocasiona uma falta de consciência dos moradores que não se sentem donos da casa

na hora da manutenção, esperando que a Prefeitura se ocupe das reformas

correspondentes. Por este motivo foi informado por moradores que atualmente o

governo municipal pede uma entrada mínima de R$ 50,00 para a família que vai ser

beneficiada.

Fez-se uma leitura da posição das casas em relação ao sol com a ajuda dos

moradores, para avaliar a posição dos telhados e assim considerar a possibilidade da

implantação de coletores solares nos mesmos. Não se conseguiu a resposta de todos

os moradores, mas este dado foi coletado em 71 casas, o que representa 88,75% do

total das moradias, que é considerado válido para ter uma idéia inicial. Das 71

moradias, 32% têm uma orientação conveniente para a inserção de coletores solares,

isto devido ao fato que a placa pode acompanhar a inclinação do telhado com posição

referente ao Norte geográfico.

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105

CAPÍTULO 5

5. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

5.1 ANÁLISE DOS RESULTADOS DO QUESTIONÁRIO PILOTO

Como primeira parte da análise dos resultados, mostrou-se necessário fazer uma

apreciação dos resultados obtidos no questionário piloto, para demonstrar como este

foi modificado e como chegamos ao questionário final, assim podemos comparar os

resultados obtidos nestas duas etapas.

5.1.1 Aspectos preliminares – Questionário Piloto

As entrevistas foram realizadas no final de semana, onde a maioria dos questionários

foram respondidos pelas esposas ou filhos, como foi observado no item 4.1.1 do

capítulo anterior, o qual nos levou a ver que as pessoas mais adequadas a responder

os questionários eram as esposas, devido a serem elas as que têm maior controle das

despesas da casa e dos costumes de cada membro da família e são as que

geralmente se dedicam aos cuidados da casa e dos filhos de segunda a sexta. Por

este motivo observou-se conveniente fazer as entrevistas finais em dias de semana

(de segunda a sexta).

5.1.2 Aspectos sócio-econômicos – Questionário Piloto

Na avaliação sócio-econômica, das 22 famílias entrevistadas no questionário piloto,

observou-se que a maioria das pessoas que moram no local são oriundas de

Quissamã, e que a média do número de habitantes nas casas é de 5 pessoas, o que

nos deu uma referência do número de moradores que seria o nosso universo e

quantos membros tem cada família, de forma geral, tendo uma idéia do número

máximo e mínimo de habitantes por moradia, como foi informado no item 4.1.2.

A renda familiar mencionada nestas primeiras entrevistas nos mostra o que

posteriormente será comprovado no questionário final, o alto número de

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106

desempregados e os trabalhos temporários mais comuns dos chefes destas famílias.

Isto nos ajudou a ter conhecimento das atividades mais freqüentes e a falta de

movimento econômico na região. Também se observou o baixo grau de instrução dos

chefes de famílias, que pode ser um fator para a falta de empregos e os baixos

recursos da população que moram nas HIS da região.

No que se refere às idades dos moradores entrevistados, observamos na Figura 4.2

que um grande percentual (74%) dos moradores são menores de 30 anos, o que nos

mostra que a população que reside nestas moradias são gerações jovens. Isto se

reflete nas respostas obtidas sobre os meios de comunicação das famílias, já que a

maioria delas tem acesso a telefone celular e a internet, seja em lugares públicos, na

escola ou no trabalho. O que nos mostra que a maioria tem acesso à informação.

5.1.3 Posse de eletrodomésticos – Questionário Piloto

Na posse de eletrodomésticos, observou-se a alta demanda do seu uso nas HIS, já

que, como foi observado na figura 4.4, 100% das casas possui uma televisão, 95%

geladeira e rádio, e só 23% possui chuveiro elétrico. Isto nos mostra o panorama

diferente do esperado, já que por se tratar de população de baixa renda, pensou-se

que um dos fatores que podiam ser solucionados seria a substituição do chuveiro

elétrico por sistemas solares de aquecimento de água. Por se tratar de um ponto de

alta importância, será analisado detalhadamente depois dos resultados obtidos no

questionário final.

5.1.4 Energia e serviços – Questionário Piloto

Nesta etapa tentou-se avaliar o comportamento das famílias quanto ao consumo de

energia elétrica e água, solicitando as contas de eletricidade e do serviço de água. No

que se refere ao consumo de energia elétrica, observou-se que as contas de

eletricidade são relativamente altas, e que o consumo médio das famílias varia entre

os 50kWh e 150kWh, tendo uma média de 100kWh, como foi visto na figura 4.5. Nesta

ocasião sentiu-se falta de dados que mostrem o preço pago pelas famílias por este

serviço, pelo qual se decidiu que no questionário final seriam também recolhidos

dados da quantidade em R$ (reais) paga pelos moradores, para ter uma idéia mais

clara da realidade das famílias.

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107

Descobriu-se também a existência de uma tarifa de baixa renda oferecida pela

concessionária de energia elétrica, que 69% dos entrevistados tinham acesso. Notou-

se que as lâmpadas mais utilizadas pelas famílias são de 60W, mas que existem

algumas poucas moradias que optaram por trocar suas lâmpadas por lâmpadas

eficientes, o que demonstra o interesse das pessoas em economizar energia elétrica.

Nesta parte do questionário, espontaneamente, as pessoas comentaram alguns

costumes para economizar energia, pelo qual foi decidido adicionar esta pergunta no

questionário final.

No que se refere ao consumo de água potável, não foi possível coletar dados devido

as famílias não terem o costume de pagarem este serviço; por ser cobrado há pouco

tempo, segundo informação de alguns moradores. Nesta parte do questionário,

tinham-se perguntas sobre os costumes das famílias, sobre hábitos do uso da água,

(hábitos de molhar gramado ou folhagem e hábitos de lavar o carro, mostrados no

apêndice A), mas por não se conseguirem dados do consumo mensal do total da

água, decidiu-se descartar estas perguntas junto com os resultados, por este motivo

não foram apresentados no capítulo anterior.

Observou-se que existe um percentual (38%) de famílias que, devido à falta de

chuveiros elétricos nas casas, aquece água no fogão para tomar banho, o que

representa um desconforto e um gasto em outra fonte de energia, pelo qual foi

decidido analisar isto detalhadamente no questionário final.

5.1.5 Comportamento quanto ao banho – Questionário Piloto

Neste ponto observamos que o tempo de banho dos moradores entrevistados é

relevante, já que segundo o que foi informado nas entrevistas é de 15 minutos ou

mais, e numa média de duas vezes por dia, sendo que são 5 pessoas por moradia,

como foi informado no item 4.1.5. Fazendo uma somatória, seriam mais de uma hora e

15 minutos uma média do total de horas utilizadas no banho em cada casa, o que

chamou a atenção por ser um tempo considerável. Por este motivo, decidiu-se ter

maior cuidado na coleta de dados no questionário final, já que uma parte dos

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108

questionários foi respondido por um percentual de filhos, pode ter influenciado na hora

de obter os resultados.

5.1.6 Avaliação arquitetônica – Questionário Piloto

Na avaliação arquitetônica observou-se um alto percentual de casas que sofreram

alguma alteração na sua construção original (42%), o que chamou a atenção devido

ao imóvel continuar sendo de propriedade do governo municipal, segundo foi

informado na Secretaria de Habitação. Também foi decidido coletar dados da posição

do sol em relação à casa, para poder avaliar as facilidades que poderiam existir ou

não para uma possível proposta de uso de equipamentos de aquecimento solar de

água. Já para melhor aproveitamentos destes, devem ser orientados em função do

norte geográfico, e pode-se aproveitar a inclinação dos telhados já existentes. Por este

motivo decidiu-se coletar mais este dado no questionário final.

Como o questionário piloto sofreu alterações, foi decidido descartar estes dados para

ter uma homogeneidade na hora de realizar a análise, mas resguarda-se a

possibilidade de realizar uma comparação entre os resultados obtidos nestas duas

etapas da pesquisa.

5.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS FINAIS

A análise e discussão dos resultados obtidos nas entrevistas do questionário final,

serão divididas em cinco grandes grupos: aspectos preliminares, aspectos sócio-

econômicos, avaliação energética e de serviços, comportamento quanto ao banho e

avaliação arquitetônica.

5.2.1 Aspectos preliminares

As entrevistas foram realizadas nos bairros com maior número de habitações de

interesse social dentro da Zona de Amortecimento do Parque Nacional de Jurubatiba.

Os quatro bairros escolhidos contêm um número representativo de HIS e tentou-se

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109

dividir o número de entrevistas de forma equitativa nos bairros, como é mostrado na

figura 4.7, seguindo o percentual parecido em cada bairro e segundo o número de

moradias no bairro, como é mostrado no capítulo 3, na tabela 3.8.

5.2.2 Aspectos sócio-econômicos

O aspecto sócio-econômico nos mostra dados importantes para identificar as famílias

que moram nestas residências. Pelo fato das entrevistas serem feitas em dias de

semana (de segunda a sexta) em horários de trabalho, a maior parte dos entrevistados

foram donas de casa, que ficam maior parte do tempo nas residências e que

controlam as contas de eletricidade e também tomam conta dos filhos e de tarefas da

casa. Esse fato beneficiou a pesquisa, pois, pelo observado, elas conhecem bem as

despesas das famílias e têm maior conhecimento dos costumes no que se refere ao

consumo de eletricidade e outros serviços.

Foi observado também que o número de habitantes por moradia mostrados na figura

4.9, ajuda na análise e compreensão do consumo dos serviços, assim pode-se ter

uma média aproximada do consumo de eletricidade por pessoa em um mês:

x= Média aproximada do consumo de energia por pessoa

a= Somatória da quantidade de kWh utilizados nas residências entrevistadas

b= Somatória da quantidade de moradores das residências entrevistadas

Este número é relativo, pois depende de cada família, mas nos dá uma idéia geral do

consumo aproximado dos moradores entrevistados.

Outro dado relevante é a faixa etária dos moradores, mostrado na figura 4.10, que na

sua maioria são pessoas com menos de 30 anos. Este dado pode nos ajudar a

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entender os costumes quanto ao banho, pois foi respondido nas entrevistas que as

pessoas mais jovens são as que ficam mais tempo no banho, e se este é com água

quente o tempo é ainda maior. Alguns entrevistados responderam que esta foi um das

razões que os motivou a não ter chuveiro elétrico, já que alguns tinham e decidiram

tirá-los. Também foi observado que as mulheres são as que preferem tomar banho

quente, às vezes tendo que aquecer a água no fogão, o que mostra um desconforto na

hora de tomar banho.

Foi comprovado que entre as ocupações principais dos chefes de família (que neste

caso são os homens) são os trabalhos temporários ou são aposentados e não

trabalham, mostrados na figura 4.11. Aqui, novamente é observado o papel importante

da mulher nas famílias entrevistadas, pois devido à falta de emprego dos chefes de

família, são elas que procuram uma complementação de renda nas suas residências,

com comércio informal ou salões de beleza.

Foi observado também que a escolaridade dos chefes de família, mostrada na figura

4.12, pode ser um dos fatores que influenciam a baixa renda destas, pois quase 70%

deles só lê e escreve e não chegou a completar o ensino médio. Nenhum dos

entrevistados possui curso superior, o que chamou a atenção, mas os filhos menores

de idade freqüentam as escolas do município, isto pode ser explicado porque é um

dos requisitos da Prefeitura para obter a casa. Também foi observado que as

gerações seguintes estão preocupadas com a sua formação, pois já existe um

pequeno número de filhos que freqüentam a Universidade.

Como é observado na tabela 4.2, a renda das famílias entrevistadas é menor que um

salário mínimo, o que é baixo em relação ao Brasil, mas isto se deve à falta de

emprego e de escolaridade dos chefes de família.

5.2.3 Avaliação energética e de serviços

No questionário piloto foi observada a existência de uma tarifa de baixa renda

oferecida pela concessionária de energia elétrica, mostrada na tabela 4.3, mas

chamou a atenção que nem todas as famílias que vivem em HIS têm acesso a esta. A

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111

tarifa deve ser solicitada à concessionária pelos moradores; só metade dos moradores

tem essa tarifa e a outra tem a convencional.

Segundo dados da Aneel (2009b) a tarifa de baixa renda é cobrada dependendo do

consumo em kWh da moradia, por exemplo: sendo a tarifa residencial convencional de

0,39397 R$/kWh, a tarifa residencial de baixa renda, tendo um consumo de até 30kWh

é de 0,13038 R$/kWh, tendo uma diminuição de 67% do custo convencional. No caso

das famílias entrevistadas, onde a média tinha um consumo entre 80 e 100kWh é

cobrado 0,22974 R$/kWh, tendo uma diminuição na sua conta de 42%

aproximadamente do custo convencional. Essa tarifa tem um limite de consumo de

140kWh, passando deste limite não é mais considerado o consumo da moradia como

baixa renda. Acredita-se que a falta de informação é um dos fatores para que só 50%

da população entrevistada tenha acesso a esta tarifa especial.

O consumo de eletricidade das famílias é alto quando comparado a sua renda mensal,

como mostrado na tabela 4.2, pois o pagamento deste serviço representa uma grande

parte do orçamento familiar, já que a maioria paga valores entre R$ 50,00 e R$

100,00, como podemos observar na figura 4.14. Foi observado também que várias

famílias tem que parcelar esta quantia para conseguir pagá-la. Também observou-se

um caso onde a família não tem eletricidade há mais de 1 mês por não ter recursos

para pagar a conta de eletricidade.

Os dados obtidos nas entrevistas são de uma temporada neutra (abril) que representa

o outono, onde as temperaturas do ar não são baixas para a utilização de água quente

no banho, nem quentes para a utilização de ventiladores. Não se constatou a

existência de ar-condicionado em nenhuma das casas visitadas, o que seria um fator

representativo para o alto consumo de eletricidade.

Outro fator observado foi que as casas possuem uma boa circulação de ar, o que

colabora para a não utilização de aparelhos elétricos como ventiladores, isto foi

observado principalmente nas residências mais novas. Este pode ser um dos motivos

pelos quais os modelos das HIS vem sendo modificados com o passar do tempo,

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112

tentando melhorar a qualidade das moradias, pois, desde que o Programa Municipal

de Habitação existe (1991) as casas sofreram pequenas modificações nos projetos

arquitetônicos, seguindo a mesma tipologia e distribuição, mas apresentando

melhorias no aspecto de conforto ambiental e no material utilizado, como será

evidenciado posteriormente na avaliação arquitetônica.

O consumo de eletricidade das famílias varia entre 50 a 150kWh, como é mostrado na

figura 4.15. Foi realizado um levantamento da média de lâmpadas utilizadas em cada

casa, para assim avaliar a possível existência excessiva de lâmpadas, o qual não foi

um fator relevante na hora de avaliar os resultados, pois a maioria das famílias utiliza

uma média de 6 lâmpadas, como pode se observar na figura 4.16, mas observa-se o

fato que sejam incandescentes na sua maioria.

Percebeu-se uma preocupação por parte das famílias em economizar energia, pois um

pequeno percentual das casas (12%) trocou as lâmpadas incandescentes pelas

fluorescentes que consomem menos energia elétrica, avalia-se que este percentual é

baixo devido ao alto custo inicial deste tipo de lâmpadas. Entre as possíveis soluções,

pode-se propor como parte de uma política pública, o incentivo ao uso de lâmpadas

eficientes.

No que diz respeito à posse de eletrodomésticos, observamos que este fato se

relaciona ao alto consumo de energia destas famílias, pois como observamos na figura

4.18, a maioria possui em torno de 8 eletrodomésticos, entre os quais, o único utilizado

em 100% das casas é a TV como elemento imprescindível, seguido da geladeira,

ventilador, tanquinho e DVD, o que nos mostra que o consumo de eletrodomésticos

representa uma parte importante entre os costumes destas famílias. Observou-se o

fato que 35% das famílias tem interesse em adquirir maior quantidade de

equipamentos eletrônicos, entre os mais mencionados estão: computador, máquina de

lavar e uma geladeira nova.

Na maioria das casas observou-se que as geladeiras podem ser um dos fatores que

incrementa o consumo de energia elétrica, pois são antigas e conseqüentemente

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113

pouco eficientes. Podem ser propostas políticas públicas que visem à melhoria dos

equipamentos eletrônicos básicos destas moradias de baixa renda.

Chamou a atenção o baixo número de habitações que possui chuveiro elétrico (31%),

pois prefere em geral ter acesso a outros eletrodomésticos e tomar banho com água

fria, o que a maioria das pessoas que moram na área urbana das grandes cidades,

como Rio de Janeiro ou Niterói, de clima semelhante, pode achar pouco lógico. Trata-

se de uma tradição ou costume local bastante específico.

Este fato nos mostra que, portanto, o principal problema no consumo de energia não é

o uso do chuveiro elétrico, que inicialmente acreditou-se ser um dos problemas a

resolver, pois foi observado que os costumes da população desta região são

diferentes; assim, as propostas de soluções devem seguir a identidade do local.

Quanto ao conhecimento sobre energias renováveis, foi observado na tabela 4.5 que

existe interesse pelos moradores em ter maior informação, principalmente para tentar

economizar nas suas contas de eletricidade, ou simplesmente por curiosidade, mas

não sendo mencionado em momento algum qualquer aspecto ambiental ligado ao

Parque. Este fato nos chama a atenção pela falta de relação e conhecimento dos

moradores ao Parque Nacional de Jurubatiba e sem significado, sendo que eles se

encontram residindo dentro de uma área de amortecimento de uma grande área de

proteção ambiental, mas parece que não têm nenhum contato com este. O poder

público não incentiva a capacitação dos moradores das HIS, que representam um

grande percentual do total da população do município, para viverem de forma mais

integrada, inclusive tirando partido dessa proximidade.

5.2.4 Comportamento quanto ao banho

A maioria das casas não possui chuveiro elétrico e foi verificado que a maioria das

famílias não tem interesse por adquiri-los, devido ao fator econômico. Outro fator

importante é o costume, pois uma parte da população toma banho com água fria por

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114

medo de ficar doente se tomar banho com água quente, devido a mudança de

temperatura ao sair do banho.

Fazendo uma análise dos dados obtidos nas entrevistas e mostrados na tabela 4.6,

observa-se que existe um percentual de pessoas que não possuem chuveiro elétrico,

mas deseja instalá-lo (15%), e um percentual que possui chuveiro elétrico (31%). A

soma destes dois percentuais chega a 46% do total das casas entrevistadas, o que

representa uma quantidade de moradias as quais pode ser oferecido o uso de

energias solar térmica para aquecimento de água para tomar banho.

Existe também um percentual de pessoas que na época de frio aquecem no fogão

água para tomar banho, mas mesmo assim não pretendem comprar chuveiro elétrico

pelo alto consumo de energia. Não foi feita uma estimativa do custo de aquecer a

água fria com GLP. Estas pessoas representam uma demanda reprimida no uso de

água quente para o banho, pois utilizam outros recursos para obter um conforto nesta

hora. Fazendo um somatório dos dados da tabela 4.6, onde 31% de moradias que

utilizam chuveiro elétrico mais 30% que aquecem água no fogão, citados no item

4.2.4.1 do capítulo 4, temos como resultado que 61% das moradias são consumidores

potenciais de água quente para tomar banho. Somando-se aqueles que desejam

instalar chuveiros no futuro (15%) chega-se a 76% do total das moradias

entrevistadas.

Também observou-se na tabela 4.7 que no inverno o percentual de pessoas que

aquecem água para tomar banho aumenta, seja com o chuveiro elétrico ou com outros

recursos. No verão, o percentual de pessoas que tomam banho quente sempre é de

5%, e às vezes 13%. No inverno 28% sempre toma banho quente e 29% às vezes. O

somatório mostra que 57% das moradias necessitam de água quente para o banho em

algumas épocas do ano.

Como se pode observar, os dados podem ser analisados de forma diferente obtendo

resultados que variam, mostrando que a alternativa do uso de energia solar térmica

pode ser uma das opções para ser proposta em alguns casos, e em outros pode-se

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115

propor o uso complementar de outra fonte renovável de energia, como a eólica de

pequeno ou médio porte. Deve-se enfatizar que qualquer proposta para esta

população deve visar à conservação dos costumes das pessoas, pois não se pode

propor projetos que estejam fora dos costumes da população, tentando sempre se

adequar à cultura do local.

Por outro lado, como podemos observar na figura 4.19, foi notado que o horário mais

solicitado para tomar banho nas casas entrevistadas é por volta das 18:00 horas,

horário de pico e crítico para as concessionárias, o que torna de interesse delas a

melhoria deste costume. Seguindo a Lei 9.991/00, que dispõe sobre a realização de

investimentos em pesquisa e desenvolvimento de projetos em eficiência energética

por parte das empresas concessionárias, podem ser propostas parcerias neste

sentido.

5.2.5 Avaliação arquitetônica

As casas foram sofrendo algumas alterações desde o ano de 1991, quando foram

implantadas as primeiras HIS dentro do Plano Municipal de Habitação, em função de

busca de aprimoramento nos materiais utilizados e nas dimensões de vãos que

melhoram as condições térmicas e de circulação de ar dentro das moradias.

Muitas casas sofreram alterações realizadas pelos próprios moradores que as

habitam, sendo algumas relevantes, mas não se tem conhecimento que seja permitido

pela Prefeitura, por se tratar de um imóvel que é pertencente ao governo municipal,

como foi explicado no capítulo 3.

Por outro lado, nesta parte da pesquisa observou-se que só 32% das casas têm uma

orientação do telhado perfeita para a inserção de coletores solares, mas como foi

mencionado em outros projetos mostrados no capítulo 2, existem no mercado

equipamentos que podem ser colocados em estruturas portantes, com flexibilidade

para serem direcionados para a posição geográfica mais favorável do sistema.

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116

CAPÍTULO 6

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho desenvolvido sobre a análise da possível implantação de energia solar

térmica e eólica de pequeno porte em habitações de interesse social como parte de

uma política pública, tendo como objeto de estudo o município de Quissamã, no

estado do Rio de Janeiro, nos demonstrou a importância do estudo prévio para o uso

destas tecnologias, já que há dependência de diversos fatores, como climáticos,

sociais, e culturais e a relação do consumo de energia elétrica dessas populações. O

presente trabalho visa contribuir para o preenchimento inicial desta lacuna.

Foi realizada uma revisão bibliográfica contextualizando o tema, tanto no âmbito

mundial como no âmbito brasileiro. No que se refere ao consumo de energia, são

mostrados alguns conceitos de diferentes autores sobre o uso destes recursos

renováveis e suas vantagens, que podem ser tanto ambientais como econômicas, mas

ainda tendo barreiras que impedem sua aplicação de forma massiva.

Depois de estudadas as diferentes fontes renováveis de energia, foram selecionadas

para este estudo: a energia solar térmica e a energia eólica de pequeno porte, como

soluções viáveis a serem implantadas em projetos de habitações de interesse social,

devido a sua presença no mercado nacional e ao atual acesso econômico. Também

foram estudados alguns projetos já implantados que utilizaram estas tecnologias em

algumas comunidades; isto serviu de referência para desenvolver a nossa proposta.

Para a realização do estudo de caso, identificou-se o alto potencial do município de

Quissamã, tanto no aspecto climático como no aspecto social, para o uso de energia

renovável. A recepção dos atores sociais foi um dos principais fatores que motivou ao

desenvolvimento deste estudo. A presença do Parque Nacional de Jurubatiba foi outro

dos motivadores ao desenvolvimento do trabalho, pois uma área de preservação

ambiental desta dimensão precisa chamar a atenção dos moradores que a rodeiam e

ao poder público também, necessitando ter uma aproximação com tecnologias

ambientalmente corretas.

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117

A hipótese levantada neste trabalho se refere à propor como parte de uma política

pública, a implantação de energia solar térmica e energia eólica de pequeno ou médio

porte a um município específico, que considera dentro de suas diretrizes a futura

adoção de tecnologias sustentáveis em zonas ambientalmente vulneráveis. Um fator

importante neste sentido é que o município de Quissamã abriga grande parte de uma

das principais áreas de conservação ambiental do Estado de Rio de Janeiro, que é o

Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba.

Um fato importante evidenciado na pesquisa é a falta de conhecimento dos moradores

do município com o significado da unidade de conservação, pois a falta de

identificação da população com o Parque é uma tarefa que deve ser trabalhada por

parte do poder público, e a proposta que derive deste trabalho pode ser um passo

para uma primeira aproximação da população de baixa renda com esta área de

preservação ambiental.

Ao se fazer o levantamento de dados no município, obteve-se uma resposta positiva

tanto do poder público, como por parte da população entrevistada, devido à disposição

demonstrada destes dois atores sociais. Comprovaram-se também as condições

climatológicas que favorecem o uso destas tecnologias, devido ao alto potencial tanto

solar como eólico da região, mencionados no atlas solar e eólico que foram citados ao

longo deste trabalho.

Realizando o levantamento de dados nas entrevistas, constatou-se o fato das famílias

pagarem uma alta quantia pelo consumo de energia elétrica, o que chamou a atenção

devido a baixa renda destas, pois segundo a pesquisa realizada a maioria dos chefes

de família dependem de empregos temporários, o que não garante uma renda fixa.

Assim, o custo pago pela eletricidade representa um ônus muito grande para o

orçamento familiar.

Antes de realizar o levantamento de dados por meio de entrevistas, tinha-se a

hipótese que o principal problema para o alto consumo de energia elétrica na área

residencial sempre estava relacionado ao uso do chuveiro elétrico. Mas depois de

realizado o levantamento, constatou-se que esta hipótese não é válida para todos os

casos, pois um percentual baixo das famílias entrevistadas utiliza este aparelho

elétrico e, mesmo assim, a maioria destas apresenta um alto consumo de energia.

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118

O uso de vários aparelhos elétricos pelas famílias estudadas é um dos principais

fatores que influenciam no alto custo pago pelo consumo de energia elétrica, havendo

observado que aparelhos como TV, ventilador e tanquinho são os que a maioria dos

moradores possuem. O uso de lâmpadas incandescentes também contribui para o

consumo de energia de forma ineficiente, sugerindo-se a troca destas luminárias. Isto

pode ser proposto pelo poder público junto a concessionária de energia elétrica.

Outro aparelho eletrodoméstico presente na maioria das casas é a geladeira, sendo

que uma grande parte delas são antigas, pouco eficientes ou se encontram em mal

estado, o qual influencia diretamente no consumo ineficiente da energia. Por este fato

propõe-se chamar a atenção do poder público e da concessionária distribuidora de

energia elétrica, sugerindo a troca de geladeiras mais eficientes, como parte de uma

política pública. Esta troca pode ser financiada, pois as famílias beneficiadas não

receberiam de graça estes equipamentos, e podem pagar um valor significativo por

eles, pois por diferentes experiências observadas em diferentes casos, observa-se que

quando uma família é beneficiada sem custo algum com algum material ou

equipamento, este não é bem aproveitado ou pode ser vendido pouco tempo depois

de recebido.

Portanto, sugere-se a substituição de lâmpadas e geladeiras por outras mais eficientes

em todas as casas que o requeiram. O pagamento deve ser significativo para os

beneficiados, e podem ser feitas parcerias com o governo municipal e a

concessionária distribuidora de energia elétrica da região. Esta política já tem sido

utilizada tanto no Brasil como no exterior.

Observou-se também que existe uma demanda reprimida de moradores que requerem

água quente para o banho, com isto vemos que pode significar uma opção para o

futuro. Também foi observado, que o uso de energia solar térmica para aquecimento

de água pode ser proposto como parte de uma política pública a ser aplicada neste

tipo de moradia.

Ao mesmo tempo, devido ao alto potencial eólico que tem a região, percebeu-se que

pode se propor o uso de energia eólica de pequeno ou médio porte nas habitações de

interesse social. Com a intenção de otimizar o uso desta tecnologia, sugere-se que

seja aplicada nas habitações que se encontram agrupadas em conjuntos

habitacionais, assim um aerogerador pode distribuir energia elétrica a mais de uma

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119

residência. Isto pode ser proposto também nas áreas de bolsões do Parque, devido a

se encontrarem rodeadas da UC. Recomenda-se um estudo técnico para se avaliar a

melhor escala em potência destes aerogeradores.

A inserção e o incentivo ao uso destas tecnologias podem influenciar de forma positiva

as famílias de baixa renda, pois paralelamente podem se oferecer cursos de

capacitação para que se especializem técnicos na manutenção destes equipamentos,

assim gerando uma nova fonte de trabalho oferecida aos moradores das habitações

de interesse social. Desta forma, os técnicos capacitados podem trabalhar no mesmo

município, nesta área. Com isto contribuir-se-ia na geração de empregos na região.

6.1 RECOMENDAÇÕES

Como estudos futuros propõem-se:

Dando continuidade a este trabalho, recomenda-se fazer um estudo econômico

detalhado para cada uma das propostas mencionadas, a possível inserção de energia

solar térmica, eólica de pequeno e médio porte e a substituição de equipamentos

como geladeira e lâmpadas nas HIS neste município. Este estudo de viabilidade

econômica, junto com os resultados obtidos neste trabalho pode ser apresentado para

as possíveis parcerias propostas ao governo municipal e à concessionária de energia

elétrica da região.

Realizar atividades de educação ambiental com os moradores das habitações de

interesse social, informando à população sobre o uso de energias renováveis e suas

aplicações, já que como foi visto na pesquisa, existe um alto percentual de moradores

que têm interesse em ter acesso a maior conhecimento.

Foi percebido também, que é importante trabalhar na informação sobre eficiência

energética, mostrando aos moradores como podem economizar energia elétrica,

indicando como utilizar os aparelhos elétricos de forma correta e eficiente, já que,

como foi visto na pesquisa, algumas medidas tomadas por eles não são

suficientemente eficientes.

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120

Também se propõe fazer um estudo deste tipo em moradias de classes sociais mais

favorecidas, como incentivo ao uso desta tecnologia, principalmente as que estão

dentro desta mesma área de amortecimento do Parque Nacional.

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130

APÊNDICE A

QUESTIONÁRIO SOBRE POSIVEL INSERÇÃO DE COLETORES SOLARES EM

HABITAÇÓES DE INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ - (VERSÃO PILOTO) PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO – UFF 2008 ORIENTADORA: Prof. Louise Land B. Lomardo ORIENTADA: Mayra Luzia Miranda Portillo Local: Quissamã – RJ Bairro: Data:

A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA 1. Posição familiar do entrevistado Esposo esposa filho/enteado parente outro 2. Naturalidade dos donos da casa Quissamã Rio de Janeiro outro 3. Quantas pessoas moram na casa 2 3 4 5 6 7 8 > 8 4. Quantidade de moradores por idade até 10anos 11-20 20-30 30-40 40-50 >50 5. Ocupação do chefe da família Autônomo indústria comércio serv. Transporte público construção informal aposentado outro 6. Escolaridade do chefe de família Analfabeto lê/escreve 2 grau superior 7. Qual a renda da família ½ SM 1SM +1-2 SM +2-3SM +3-4SM +5 SM 8. Há quanto tempo moram no local <1ano 1-2 anos 2-5 anos 6 anos

9. A família tem telefone? sim não 10. A família tem celular? não sim 11. A família tem computador? sim não 12. Alguém da família usa internet? sim não 13. Onde? escola trabalho vizinho outro 14. Que tipo de condução a família tem? Carro moto bicicleta caminhão nenhum 15. Existe alguma atividade de complementação de renda que é realizada na moradia? costura doces picolé consertos carro bar mercadinho outro

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131

B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS E POTENCIAL DA DEMANDA

16.Quais equipamentos elétricos você tem e usa (quantidades) Geladeira freezer ferro chuveiro batedeira microondas forno elétrico microondas liquidificador radio TV maq.costura tanquinho maq.lavar secador ventilador som videocassete ventilador computador outro 17. Você gostaria de comprar mais equipamentos eletrônicos? Sim não Quais?

C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA

18. Qual o consumo mensal c/eletricidade (solicitar conta de luz) até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 ultimo mês até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 1 até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 2 até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 3 até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 4 até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 mês anterior 5 19. Quantas lâmpadas existem na casa? incandescente 40W incandescente 60W incandescente 100W Fluorescente 40W compacta 7W compacta 12W 20. Alguém da família sabe o que é e qual a potência dos aparelhos eletrodomésticos? Sim não alguns 21. O que a família costuma fazer para economizar energia elétrica? citar:………….. 22. Utiliza gás na sua casa? Como chega? Sim não 23. Qual o consumo mensal de gás (em botijões de gás) media mensal R$ ½ 1 1 ½ 2 2 ½ 3

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132

24. A família costuma aquecer água no fogão a gás? sim não a gás a lenha Em que situações.....

25. Qual o consumo médio mensal de água em m3 ? 0-10 10-12 12-20 20-30 26. Existe caixa d’água na moradia? sim 250litros 500 litros 1000 litros não deseja colocar 27. A família costuma molhar o gramado e as folhagens? Sim não às vezes flores outro 28. A família costuma lavar as calçadas? sim não às vezes 29. Quantas vezes são lavadas as calçadas? não são lavadas uma vez p/semana 2 vezes semana 3 vezes semana todos os dias outro 30. Quantas vezes é lavado o carro? 1 vez p/semana a cada 15 dias não lava carro não tem carro outro 31. Utiliza água quente em algum outro lugar da casa que não seja no banho? Qual? sim não deseja colocar (onde) 32. De onde vem sua água? Encanada Poço de manilhas Poço cartesiano 33. Sempre tem? Sim não às vezes 34. Utiliza bomba? Sabe a potencia? Sim não às vezes 35. Qual o destino do esgoto da sua casa? Ligado na rede de esgoto fossa outro 36. Destino do seu lixo? Freqüência? Coleta de lixo em caminhão Coleta seletiva Queima outro

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133

D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO

37. Tem água quente nu seu chuveiro? sim não deseja colocar 38. No verão a família toma banho quente? sim quase sempre às vezes nunca toma banho morno toma banho frio 39. No inverno a família toma banho quente? Sempre quase sempre às vezes nunca 40. Quantas vezes por dia tomam banho quente? Pai mãe filho filha avó avô primos/tios 41. Em que horários? pai mãe filho filha avó avô tia (prima) tio (primo) outro (a) +-6:00 (b) +- 12:00 (c) +-18:00 (d) +- 22:00 42. Quanto tempo a família fica no banho quente? Pai mãe filho filha avó avô primos/tios

(a) <5min (b) 5-10 min (c) 10-15 min (d) >15min

E. AVALIAÇÃ ARQUITETÔNICA 43. Quanto tempo mora na casa? 44. Teve alguma alteração na construção original? qual? sim não desejo 45. Estado da casa? a b c ....................................................................... 46. Posição da casa com relação ao Norte? Por onde sai o sol e onde se põe?

Muito obrigada pelo seu tempo!

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134

APÊNDICE B

ANALISE DO QUESTIONARIO SOBRE POSSIVEL INSERSÃO DE COLETORES SOLARES E ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE EM HABITAÇÕES DE

INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ

QUESTIONÁRIO PILOTO

A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

1 Entravistado 2 Naturalidade

entrev esposo esposa filho (a) outro

TOTAL Quissamã outro TOTAL

nº 1 12 6 3 22 19 3 22

% 4,5% 54,5% 27,3% 13,6%

100,0

% 86,4% 13,6% 100,0%

3 Habitantes x moradia

nº hab 1 2 3 4 5 6 7 8 TOTAL

nº moradia 0 1 5 1 7 5 1 2 22

total hab 0 2 15 4 35 30 7 16 109

% 0,0% 1,8% 13,8% 3,7% 32,1% 27,5% 6,4% 14,7% 100,0%

4 Idade dos moradores

idade < 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 > 50 TOTAL

nº 32 20 25 12 10 9 108

% 30,8% 19,2% 24,0% 11,5% 9,6% 8,7% 103,8%

5 Ocupação do chefe da familia

ocupação

autônomo

industria

comercio

transporte

público

construção informal

aposentado

outro

desempregado

TOTAL

nº 4 2 1 3 3 4 1 4 22

% 18,2% 9,1% 0,0% 4,5% 13,6% 13,6% 0,0% 18,2% 4,5% 18,2%

100,

0%

6 Escolaridade do chefe da familia

Analfabeto lê/escreve fundamental 2 grau superior TOTAL

nº 4 14 4 22

% 18,2% 63,6% 0,0% 18,2% 0,0% 100,0%

7 Renda da Familia (salario mínimo)

faixa 1/2 SM 1 SM 1-2 SM 2-3 SM 3-4 SM 5 SM TOTAL

nº 5 12 3 1 1 22

% 22,7% 54,5% 13,6% 4,5% 4,5% 0,0% 100,0%

8 Tempo que moram no local

anos < 1 1 a 2 3 a 4 5 a 6 7 a 8 9 a 10 >10 TOTAL

familias 2 3 14 3 22

% 9,1% 13,6% 0,0% 63,6% 0,0% 13,6% 0,0% 100,0%

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135

9 Posse de telefone fixo 10 Posse de celular 11 Posse de computador

sim não TOTAL sim não TOTAL sim não TOTAL

nº 1 21 22 19 3 22 2 20 22

% 4,5% 95,5% 100,0% 86,4% 13,6% 100,0% 9,1% 90,9% 100,0%

12 Uso de internet 13 Onde

sim não TOTAL escola trabalho land curso casa parente TOTAL

nº 16 6 22 nº 6 2 5 1 1 1 16

% 72,7% 27,3% 100,0% 37,5% 12,5% 31,3% 6,3% 6,3% 6,3% 100,0%

14 Condução da familia 15 Atividade complementares de renda

carro

moto

bicicleta

nenhum

TOTAL picole costura

bolsa flia

outro

TOTAL

nº 3 2 13 5 23 nº 1 1 1 1 4

%

13,0

%

8,7

% 56,5% 21,7%

100,0% 25,0% 25,0% 25,0%

25,0

%

100,0

%

B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS

16 Eletrodomésticos q possui e usa

equip. geladeira freezer ferro

chuveiro batedeira microondas

forno elétr. liquidificador radio

nº 21 2 18 5 2 1 3 19 21

% 95,5% 9,1% 81,8% 22,7% 9,1% 4,5% 13,6% 86,4%

95,5

%

equip. TV maq.costura

tanquinho

maq.lavar secador DVD

ventilador computador som

nº 22 2 10 3 3 21 17 2 5

% 100,00% 9,09% 45,45%

13,64

% 13,64% 95,45% 77,27% 9,09%

22,73

%

17 Desejo comprar

sim não TOTAL computador freezer DVD TV som TOTAL

nº 10 12 22 5 1 1 1 1 9

% 45,5% 54,5% 100,0% 55,6% 11,1% 11,1% 11,1% 11,1% 100,0%

C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA E DE SERVIÇOS

18 Consumo medio de eletricidade (kWh) 18.a Tarifa econômica

consumo < 50 51 a 100 101 a 150 151 a 200 201 a 250 >250 TOTAL sim não TOTAL

nº 4 7 6 1 1 19 11 5 16

% 21,1% 36,8% 31,6% 0,0% 5,3% 5,3% 86,4% 68,8%

31,3

% 72,7%

19 Lampadas existentes x moradia 20. Conhecimentos sobre potencia

inc. 40 W

inc. 60 W

inc. 100 W

comp. 7 W comp. 12 W

fluor. 40 W TOTAL sim não

TOTAL

nº 38 89 3 13 10 0 153 3 18 21

MEDIA LAMPADAS/CASA 7,0

%

24,8

% 58,2% 2,0% 8,5% 6,5% 0,0% 100,0% 14,3%

85,7

%

95,5%

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136

21 Comportamentos para economizar energia

comport. chuveiro tomada lampadas ventilador TV freezer geladeira nada

TOTAL

nº 4 8 8 1 1 1 1 5 29

% 18,2% 36,4% 36,4% 4,5% 4,5% 4,5% 4,5%

22,7

%

22 Uso de gás 23 Consumo mensal de gás (botijão)

sim não TOTAL ½ 1 1 ½ 2 TOTAL

nº 22 22 6 15 1 22

% 100,0% 100,0% 27,3% 68,2% 0,0% 4,5% 100,0%

24 Aquecimento a gás de água para banho

sim não TOTAL

nº 8 13 21

% 38,1% 61,9% 100,0%

25 Consumo medio de água (m³) 26 Existência de caixa d' água

0-10 10 a 12 12 a 20 > 20 TOTAL 250 l 500 l 1000 l TOTAL

nº 5 1 6 1 18 6 25

% 83,3% 16,7% 27,3% 4,0% 72,0% 24,0% 100,0%

27 Habito de molhar gramado e folhagens 28 - 29 Habito de molhar gramado e folhagens

sim não às vezes TOTAL

às vezes 1 vez x sem

2 vez. x sem

3 vez. X sem

todos os dias não

TOTAL

nº 10 11 1 22 2 9 2 3 1 4 21

%

45,5

%

50,0

% 4,5% 100,0% 9,5

% 42,9% 9,5% 14,3% 4,8% 19,0%

100,0%

30 Habito de lavado de carro 31 Habitos de uso de água quente fora do banho

1 vez x sem

cada 15 dias

1 vez x mês não tem

TOTAL sim não TOTAL

nº 2 1 2 17 22 1 21 22

% 9,1% 4,5% 9,1% 77,3%

100,0

% 4,5% 95,5% 100,0%

32 Abastecimento da água 33 Frequencia do abastencimento 35 Sistema de esgoto

encanada poço TOTAL sempre problemas TOTAL Rede fossa TOTAL

nº 22 22 11 11 22 22 22

% 100,0% 0,0% 100,0% 50,0% 50,0% 100,0% 100,0% 0,0% 100,0%

36 Destino do lixo 36 a. Frequencia

caminhão

queima

TOTAL

1 vez x sem

2 vez. x sem 3 vez. X sem

4 vez. x sem

5 vez. X sem

6 vez. X sem

todos os dias

TOTAL

nº 22 22 3 3 13 2 21

%

100,

0%

100,0% 14,3% 0,0% 14,3% 61,9% 9,5%

100,0%

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137

D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO

37 Exintencia de água quente no chuveiro 38 Habito de água quente: no verão

sim não TOTAL deseja não deseja TOTAL sempre às vezes nunca TOTAL

nº 5 17 22 6 4 10 1 21 22

% 22,7% 77,3% 100,0% 60,0% 40,0% 45,5% 0,0% 4,5% 95,5% 100,0%

39 Habito de água quente: no inverno 40 Habitos de banho da familia x dia

sempre às vezes nunca TOTAL 1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes TOTAL

nº 5 7 10 22 nº 4 13 4 1 1 23

% 22,7% 31,8% 45,5% 100,0% % 17,4% 56,5% 17,4% 4,3% 4,3% 100,0%

41 Habitos de banho da familia por horarios 42 Tempo de banho da familia

horários

aprox. 6 hr

aprox. 12 hr

aprox. 18 hr

aprox. 22 hr

TOTAL

< 5 min

5 a 10 min

10 a 15 min

> 15 min

TOTAL

nº 13 13 20 1 47 nº 4 6 3 9 22

% 27,7% 27,7% 42,6% 2,1%

100,0% % 18,2% 27,3% 13,6% 40,9%

100,0%

E. AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA

44 Alterações na casa

sim não TOTAL puchado garagem outra casa serviço muro TOTAL

nº 8 11 19 1 1 2 2 3 9

%

42,1

% 57,9% 86,4% 12,5% 12,5% 25,0% 25,0% 37,5%

45 Estado da casa

bom m. ou m. ruin TOTAL

nº 13 5 4 22

% 59,1% 22,7% 18,2% 100,0%

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138

APÊNDICE C Nº

QUESTIONÁRIO SOBRE POSIVEL INSERÇÃO DE COLETORES SOLARES EM

HABITAÇÓES DE INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ - (VERSÃO FINAL) PROGRAMA DE POS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO – UFF 2008 ORIENTADORA: Prof. Louise Land B. Lomardo ORIENTADA: Mayra Luzia Miranda Portillo Local: Quissamã – RJ Bairro: Data:

Modelo Antigo Modelo Novo

A. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA 1. Posição familiar do entrevistado Esposo esposa filho/enteado parente outro 2. Naturalidade dos donos da casa Quissamã Rio de Janeiro outro 3. Quantas pessoas moram na casa 2 3 4 5 6 7 8 > 8 4. Quantidade de moradores por idade até 10anos ( ) 11-20( ) 20-30( ) 30-40 ( ) 40-50( ) >50( ) 5. Ocupação do chefe da família Autônomo indústria comércio serv. Transporte público construção informal aposentado outro 6. Escolaridade do chefe de família Analfabeto lê/escreve 2 grau superior 7. Qual a renda da família ½ SM 1SM +1-2 SM +2-3SM +3-4SM +5 SM 8. Há quanto tempo moram no local <1ano 1-2 anos 2-5 anos 6 anos

9. A família tem telefone fixo? sim não 10. A família tem celular? não sim 11. A família tem computador? sim não 12. Alguém da família usa internet? sim não 13. Onde? escola trabalho vizinho land house curso outro 14. Que tipo de condução a família tem? Carro moto bicicleta caminhão nenhum 15. Existe alguma atividade de complementação de renda que é realizada na moradia? costura doces picolé consertos carro bar mercadinho nada outro

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139

B. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS E POTENCIAL DA DEMANDA

16.Quais equipamentos elétricos você tem e usa (quantidades) Geladeira freezer ferro chuveiro batedeira microondas forno elétrico microondas liquidificador radio som dvd TV maq.costura tanquinho maq.lavar secador de cabelo ventilador computador outro 17. Você gostaria de comprar mais equipamentos eletrônicos? Sim não Quais?

C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA

18. Qual o consumo mensal c/eletricidade (solicitar conta de luz) até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 (ultimo mês) R$ Tarifa convencional Tarifa de baixa renda até 50 kWh 51-100 101-150 151-200 201-250 (mês anterior) R$ Tarifa convencional Tarifa de baixa renda 19. Quantas lâmpadas existem na casa? incandescente 40W( ) incandescente 60W( ) incandescente 100W( ) Fluorescente 40W( ) compacta 7W ( ) compacta 12W( ) 20. O que a família costuma fazer para economizar energia elétrica? citar:………….. 21. Utiliza gás na sua casa? Sim não 22. Qual o consumo mensal de gás (em botijões de gás) media mensal R$ ½ 1 1 ½ 2 2 ½ 3

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140

23. A família costuma aquecer água no fogão para tomar banho? sim a gás a lenha não 24. Qual o consumo médio mensal de água em m3? 0-10 10-12 12-20 20-30 25. Existe caixa d’água na moradia? sim 250litros 500 litros 1000 litros não deseja colocar 26. A família costuma molhar o gramado e as folhagens? Sim não às vezes flores outro 27. A família costuma lavar as calçadas? Sim não às vezes 28. Quantas vezes são lavadas as calçadas? não são uma x /semana 2 x /semana 3 x /semana todos os dias 29. Quantas vezes é lavado o carro? 1x /semana cada 15 dias não lava não tem carro 30. Utiliza água quente em algum outro lugar da casa que não seja no banho? Qual? sim não deseja colocar (onde)........................ 31. De onde vem sua água? Encanada Poço de manilhas Poço cartesiano 32. Sempre tem? Sim não às vezes 33. Qual o destino do esgoto da sua casa? Ligado na rede de esgoto fossa outro 34. Destino do seu lixo? Freqüência? Coleta de lixo em caminhão Coleta seletiva Queima outro

D. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO

35. Tem água quente nu seu chuveiro? sim não DESEJA COLOCAR porque......................................

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141

36. No verão a família toma banho quente? sim quase sempre às vezes toma banho morno nunca 37. No inverno a família toma banho quente? Sempre quase sempre às vezes nunca 38. Quantas vezes por dia tomam banho quente? Pai( ) mãe( ) filho( ) filha( ) avó( ) avô( ) 39. Em que horários? (a) +-6:00( ) (b) +- 12:00( ) (c) +-18:00( ) (d) +- 22:00( ) 40. Quanto tempo a família fica no banho quente? (a) <5min( ) (b) 5-10 min( ) (c) 10-15 min( ) (d) >15min( ) 41. Conhece ou ouviu falar sobre sistemas de aquecimento solar de água? Sim Não 42. Conhece ou ouviu falar sobre sistemas de energia gerada de ventos? Sim Não 43. Tem interesse em conhecer ou ter maior informação? Sim Não Qual?.................................... Porque?.....................................

E. AVALIAÇÃ ARQUITETÔNICA 44. Teve alguma alteração na construção original? qual? sim não desejo 45. Estado da casa? (a) Bom (b) Regular (c) Ruim Comentário: ....................................................................... 46. Posição da casa com relação ao Norte? Por onde sai o sol e onde se põe?

Muito obrigada pelo seu tempo!

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142

APÊNDICE D

ANALISE DO QUESTIONARIO SOBRE POSSIVEL INSERSÃO DE COLETORES SOLARES E ENERGIA EÓLICA DE PEQUENO PORTE EM HABITAÇÕES DE

INTERESSE SOCIAL EM QUISSAMÃ

QUESTIONÁRIO FINAL

A. DADOS PRELIMINARES

Bairro Penha Caxias Carmo

Sitio

Qissamã TOTAL Tipologia Modelo

3

Modelo

2

Modelo

1 TOTAL

nº 20 21 15 24 80 nº 12 11 57 80

% 25% 26% 19% 30% 100% % 15% 14% 71% 100%

B. AVALIAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA

1 Entravistado 2 Naturalidade

entrev esposo esposa filho (a) outro TOTAL Quissamã outro TOTAL

nº 10 53 14 3 80 nº 52 28 80

% 13% 66% 18% 4% 100% % 65% 35% 100%

3 Habitantes x moradia

nº hab 1 hab 2 hab 3hab 4 hab 5 hab 6 hab 7 hab 8 hab ou > TOTAL

/moradia 3 6 18 21 10 8 6 8 80

% 4% 8% 23% 26% 13% 10% 8% 10% 100%

total hab 3 12 54 84 50 48 42 64 358

% 0,84% 3,35% 22,50% 23,46% 13,97% 13,41% 11,73% 17,88% 107,14%

4 Idade dos moradores

idade < 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 > 50 TOTAL

nº 97 78 78 37 24 44 358

% 27% 22% 22% 10% 7% 12% 100%

5 Ocupação do chefe da familia

autônomo industria pesca público construção lavoura aposentado outro desempregado TOTAL

nº 25 8 8 2 4 3 23 6 6 85

% 29% 9% 9% 2% 5% 4% 27% 7% 7% 100%

6 Escolaridade do chefe da familia

Analfabeto lê/escreve 2 grau superior TOTAL

nº 11 55 14 0 80

% 14% 69% 18% 0% 100%

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143

7 Renda da Familia (salario mínimo)

faixa 1/2 SM 1 SM 1-2 SM 3 - 4 SM TOTAL

nº 27 42 9 2 80

% 34% 53% 11% 3% 100%

8 Tempo que moram no local

anos < 1 ano 2 a 5 anos 6 a 9 anos 10 ou > anos TOTAL

nº familias 20 25 29 6 80

% 25% 31% 36% 8% 100%

9 Posse de telefone fixo 10 Posse de celular 11 Posse de computador

sim não TOTAL sim não TOTAL sim não TOTAL

nº 10 70 80 69 11 80 6 74 80

% 13% 88% 100% 86% 14% 100% 8% 93% 100%

12 Uso de internet 13 Onde

sim não TOTAL escola trabalho land casa TOTAL

nº 30 50 80 nº 11 4 13 2 30

% 38% 63% 100% % 37% 13% 43% 7% 100%

14 Condução da familia

carro moto bicicleta nenhum TOTAL

nº 15 7 49 13 84

% 18% 8% 58% 15% 100%

15 Atividade complementares de renda

salão venda prod. outro nada TOTAL

nº 5 7 2 67 81

% 6% 9% 2% 83% 100%

C. AVALIAÇÃO ENERGÉTICA 16 Consumo medio de eletricidade (kWh) 16.a Tarifa de baixa renda

consumo

<

50 51 a 100 101 a 150 151 a 200 201 a 250

>25

0 TOTAL sim não TOTAL

nº 8 30 21 16 4 1 80 43 37 80

% 10% 38% 26% 20% 5% 1% 100% 54% 46% 100%

17 Lampadas existentes x moradia

inc. 40 W inc. 60 W inc. 100 W comp. 7 W comp. 12 W fluor. 40 W TOTAL

nº 26 366 38 45 13 488

MEDIA DE LAMPADAS POR CASA 6,1

% 5% 75% 8% 9% 3% 100%

18 Comportamentos para economizar energia

co

mp

ort.

não utilizar

chuveiro

elétrico

desligar da tomada os

eletrodomésticos

não deixar

lampadas

acessas

não utilizar muitos

aparelhos

eletrônicos

não deixar

aberta a

geladeira nada TOTAL

nº 8 9 44 15 15 15 106

% 8% 8% 42% 14% 14% 14% 100%

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144

D. AVALIAÇÃO DE SERVIÇOS

19 Uso de gás 20 Consumo mensal de gás (botijão)

sim lenha TOTAL ½ 1 1 ½ 2 TOTAL

nº 80 2 82 nº 15 53 10 2 80

% 100% 3% % 19% 66% 13% 3% 100%

21 Aque. de água para banho 22 Uso de água quente fora do banho

sim não TOTAL sim não TOTAL

nº 24 56 80 nº 0 80 80

% 30% 70% 100% % 0% 100% 100%

23 Consumo medio de água (m³) 24 Existência de caixa d' água

0-10 10 a 12 12 a 20 TOTAL 250 l 500 l 1000 l não tem TOTAL

nº 3 58 21 1 83

% 4% 70% 25% 1% 100%

25 Abastecimento da água 26 Frequencia do abastencimento

encanada poço TOTAL sempre problemas TOTAL

nº 79 1 80 nº 32 48 80

% 99% 1% 100% % 40% 60% 100%

27 Sistema de esgoto 28 Destino do lixo

Rede fossa TOTAL caminhão queima TOTAL

nº 80 0 80 nº 78 2 80

% 100% 0% 100% % 98% 3% 100%

E. AVALIAÇÃO DO COMPORTAMENTO QUANTO AO BANHO 29 Exintencia de água quente no chuveiro 29.a Deseja colocar 29b. Motivo

sim não TOTAL sim não TOTAL enfermedade economia costume TOTAL

nº 25 55 80 8 47 55 5 24 22 51

% 31% 69% 100% 15% 85% 100% 10% 47% 43% 100%

30 Habito de água quente: no verão 31 Habito de água quente: no inverno

sim às vezes nunca TOTAL sim às vezes nunca TOTAL

nº 4 10 66 80 nº 22 23 35 80

% 5% 13% 83% 100% % 28% 29% 44% 100%

32 Habitos de banho da familia x dia

1 vez 2 vezes 3 vezes 4 vezes 5 vezes TOTAL

nº 9 31 30 9 1 80

% 11% 39% 38% 11% 1% 100%

33 Habitos de banho da familia por horarios

horários aprox. às 6 h aprox. às 12 h aprox. às 18 h aprox. às 22 h TOTAL

nº 53 56 60 33 202

% 26% 28% 30% 16% 100%

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145

34 Tempo de banho da familia

< 5 min 5 a 10 min 10 a 15 min > 15 min TOTAL

nº 19 37 20 9 85

% 22% 44% 24% 11% 100%

35 Ouviu falar sobre Aq. Solar de água 36 Ouviu falar de energia eólica

sim não TOTAL sim não TOTAL

nº 42 38 80 nº 29 51 80

% 53% 48% 100% % 36% 64% 100%

37 Tem interesse 37.a Motivo

sim não TOTAL economia curiosidade TOTAL

nº 50 30 80 nº 20 32 52

% 63% 38% 100% % 38% 62% 100%

F. AVALIAÇÃO DE POSSE DE ELETRODOMÉSTICOS

38 Eletrodomésticos q possui e usa

equip. geladeira freezer ferro chuveiro batedeira

microond

as

forno

elétr.

liquidificad

or

radi

o

nº 76 8 46 25 13 5 5 57 57

% 95% 10% 58% 31% 16% 6% 6% 71% 71%

equip. TV maq.costura tanquinho maq.lavar secador DVD

ventilado

r

computad

or

so

m

nº 80 4 58 3 11 43 58 6 31

% 100% 5% 73% 4% 14% 54% 73% 8% 39%

39 Desejo comprar 39a. Qual

sim não TOTAL compu lava ropa geladeira outro TOTAL

nº 28 52 80 nº 12 5 4 14 35

% 35% 65% 100% % 34% 14% 11% 40% 100%

G. AVALIAÇÃO ARQUITETÔNICA

40 Alterações na casa 40a. Quais

sim não TOTAL puchado garagem comodo area muro TOTAL

nº 14 66 80 1 1 4 4 4 14

% 18% 83% 100% 7% 7% 29% 29% 29% 100%

41 Estado da casa 42 Posição da casa com reçlação ao N

Bom Regular Ruim TOTAL Norte Outro TOTAL

nº 49 24 7 80 nº 23 48 71

% 61% 30% 9% 100% % 32% 68% 100%

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