MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1
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MATÉRIA MT-02
AUTORIDADE ESPIRITUAL
Parte 1
Dr. Jefferson Netto
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Informação Técnica
Copyright © 2011 by Jethro International Ministries
Comentarista Dr. Jefferson Netto (Ph.D)
Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida por
quaisquer meios sem prévia autorização do autor. Pequenas citações estão
permitidas com a devida citação da fonte.
As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada, pelo
simples fato de que ela foi a que melhor conseguiu detectar a diferença entre
autoridade e poder, ao traduzir exousia e dunamis. Sugerimos que todos os alunos
usem esta mesma versão para um maior proveito do curso.
Todos os direitos desta edição estão reservados à:
Jethro International Ministries
118 Main St, Ashland, MA - 01721 - USA
Telefone: 781-602-0070
www.seteji.com
Quarta edição
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Bem vindo ao Curso Autoridade Espiritual
do seminário SETEJI
Amado (a) Participante,
O curso de autoridade espiritual do SETEJI é o primeiro curso que visa
preparar obreiros e membros regulares de igreja para serem discípulos eficazes,
servindo bem e com amor àqueles que Deus estabeleceu sobre suas vidas. Tenho
descoberto, na minha caminhada ministerial, que a razão número um que abre
caminho para o espírito de insujeição se estabelecer no coração de uma pessoa é a
falta de conhecimento. Muitas pessoas se envolvem em rebeliões, discórdias,
motins e perseguições a líderes, porque nunca foram preparadas para lidarem com
situações assim, quando elas chegam. Nós temos a tendência de achar que as
pessoas serão fiéis por instinto cristão, o que é um grande erro. Cristianismo não se
pratica por instinto mas, sim, por fé e por conhecimento da Palavra de Deus.
Nas Escrituras Sagradas nós encontramos todo tipo de antídoto contra todas
as artimanhas do inimigo de Deus e do Seu povo, incluindo a rebelião. Satanás é
pai da rebeldia! Da mesma forma que não existe autoridade legítima fora de Deus,
também não existe insujeição desconectada de satanás; toda rebelião vem dele. No
entanto, existe um grande mal entendido, resultado de desconhecimento, do que
seria insujeição e rebelião (Os 4:6).
Neste curso, você não apenas receberá todas as informações que você
precisa para entender o caminho da submissão e praticá-la com amor, como
também será capaz de entender o que vem a ser insujeição e rebelião, à luz da
Bíblia Sagrada. Os princípios que denunciam a insujeição foram estabelecidos pela
Bíblia e não pelos líderes em posição de autoridade. Portanto, ninguém se torna um
rebelde porque alguém disse que sim. Um indivíduo torna-se um rebelde quando
ele viola os princípios de submissão estabelecidos pela Palavra de Deus. Este curso
existe para que você nunca precise passar por esta experiência davastadora, a qual
já destruiu a vida de muitas pessoas ao redor da terra.
Faço votos de que você vá até o fim deste curso, o qual foi desenhado para os
filhos de Deus, a fim de que sejam ainda mais parecidos com o Seu Filho Jesus
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Cristo. A Ele, Jesus, o modelo perfeito de obediência e submissão, seja dada a
honra, o louvor e a glória para sempre.
Amém!
Jefferson Netto
Doutor em filosofia
da religião - Ph.D.
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PROGRAMAÇÃO DO CURSO
AULA ÍNDICE Pg
01 Introdução 6
02 O Que é Autoridade? 10
03 O Deus Que Delega 18
04 A Cadeia de Autoridade na Igreja 25
05 As Consequências Da Rebelião de
Satanás 46
06 Cain, Rebelião Contra Deus 56
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INTRODUÇÃO
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão que:
1) Sendo Deus o único ser incriado, não existe nenhuma outra
fonte de autoridade fora dEle;
2) Um princípio divino é algo que não pode ser alterado,
algo inegociável, intransigível;
3) Quando alguém se lança contra um princípio estabelecido por Deus, ele sofrerá
a devida punição que a quebra daquele princípio trás.
AUTORIDADE, UM PRINCÍPIO
DIVINO
O capítulo primeiro do livro
Autoridade Espiritual Plena nos
apresenta uma boa explicação acerca
do princípio de autoridade. No
entanto, o livro limita-se em explicar
qual a origem da autoridade espiritual
e natural, logicamente apontando
para Deus como Criador e Governante
absoluto do universo.
Sendo assim, nesta lição,
focaremos mais as questões práticas
do princípio de autoridade: o que é o
princípio de autoridade, e como isto se
aplica nas nossas vidas, no nosso dia a
dia. Para entendermos o princípio de
autoridade, primeiramente precisa-
mos ter certeza de que entendemos o
que são princípios.
Salmos 111:10 diz que “O temor
do Senhor é o princípio da sabedoria;”
Princípio, neste caso, tem a ver com
fundamento, estrutura fundamental
de sustentação de alguma coisa. O
dicionário de português online define
princípio como “s. m. / Regra da
conduta, maneira de ver. Regras
fundamentais admitidas como base de
uma ciência, de uma arte etc.” O que
o salmista está dizendo, neste verso, é
que o temor do Senhor é o
fundamento e a coluna de sustentação
da sabedoria. A sabedoria se apoia
sobre o temor do Senhor que uma
pessoa venha a ter no coração. Em
outras palavras: Uma pessoa que não
tenha temor de Deus, não tem como
ser sábia, porque a sabedoria não teria
onde se amparar.
Quando um estudante de física
entra na universidade pretendendo se
tornar um cientista físico, ele precisa
imediatamente aprender os princípios
da física, para ser capaz de trabalhar
em harmonia com eles, a fim de obter
algum sucesso. Um dos princípios da
física é a Lei da Gravidade. Qualquer
cientista sabe que não há como
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desconsiderar este princípio, sem
sofrer as devidas consequências.
Sendo assim, eu, como estudante da
Palavra de Deus, preciso aprender a
identificar os princípios que foram
estabelecidos por Deus para regerem
a minha vida natural e espiritual.
Portanto, as regras bíblicas para
o uso da autoridade não são
negociáveis. Tanto quem lidera como
quem é liderado estão conectados
pelos laços da autoridade, os quais são
inquebráveis (Ef 6:5-9). Sendo Deus o
fundamento da autoridade, todos nós,
um dia, nos apresentaremos a Ele
para uma prestação de contas daquilo
que fizemos, quando estávamos
debaixo de autoridade, ou em posição
de autoridade.
DEUS É UMA FONTE
INESGOTÁVEL
Uma fonte é algo que produz
alguma coisa, um gerador de uma
matéria prima que produz algo em
abundância. Autoridade só existe
porque Deus existe e Deus é ines-
gotável. Ele emana autoridade e poder
para todo o universo e para todos os
seres criados. Nós encontramos
exemplos de autoridade sendo
exercida entre os anjos, entre os
homens, entre os animais terrestres,
entre os pássaros e entre os animais
marinhos e tudo funciona de uma
forma impressionante, mesmo com o
distúrbio causado pelo pecado.
Não faz muito tempo que eu
estava assistindo a um documentário
sobre migração de aves e fiquei
impressionado ao ver uma revoada de
pássaros que, segundo o narrador,
estava voando por centenas de
quilômetros em direção ao seu destino
migratório. Duas coisas me chamaram
a atenção naqueles pássaros:
1) a formação com a qual eles
voavam. Eles viajavam em forma
de uma flecha, como um “v,” pelo
fato de que milhares de pássaros
seguiam a um só líder.
2) O lugar do descanso que
normalmente é à noite, é sempre
decidido pelo líder. Onde ele pousa,
todos pousam. Onde ele dorme,
todos dormem. Onde ele se
alimenta, todos se alimentam e, no
momento em que ele decide que é
hora de continuar a viagem, todos
alçam voo juntos com ele.
Isso me encantou porque fiquei
pensando:_“quando foi que esses
milhares de pássaros decidiram eleger
aquele que os lideraria?” Será que foi
preciso uma reunião promovida pela
associação internacional dos pássaros
migratórios, para se chegar à
conclusão de que aquele pássaro
específico seria o lider da viagem? Ou
será que eles, assim como o restante
da natureza, estavam apenas
refletindo a natureza do Criador?
A segunda proposta e, sem
dúvidas, a correta: a natureza do
Criador está refletida em toda a
Criação. Dele emana pura autoridade,
constante e infinita, a qual alimenta
todo o universo, visível e invisível.
Salmo 104 é uma declaração
poética e profética da autoridade de
Deus, fluindo em todos os setores da
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natureza. Leia esse salmo e veja que a
harmonia e o equilíbrio da natureza
são resultados inevitáveis da autori-
dade absoluta de Deus sobre toda a
Criação. Até mesmo coisas cotidianas
como, por exemplo, o simples
movimento das águas (v. 6), o
crescimento da erva verde (v. 14) e
etc., tem seu fundamento essencial no
fato de que Deus é a fonte que emana
sustento para tudo e para todos. O
que o salmista está nos dizendo na
verdade, é que nada no universo está
acontecendo por acaso. Deus está no
con-trole de tudo e Ele cuida de tudo
e de todos, não há razão para
temermos.
CONCLUSÃO
Eu poderia seguir citando exemplos incontáveis para tentar expressar a
essencialidade do princípio de autoridade, para mostrar que isso não se trata de
opinião humana mas, sim, de um fundamento necessário à existência da vida. Esta
é a razão pela qual Deus nunca aceitará que ninguém altere esse princípio, por
maiores que sejam as razões apresentadas. Enquanto o mundo existir, pessoas
estarão liderando outras pessoas, e abusos poderão ocorrer como resultado desta
necessidade. Mas Deus reserva exclusivamente para si mesmo o direito de julgar
pessoas em posição de autoridade, para que ninguém se ache no direito de fazê-lo.
Este curso não visa apenas promover submisão entre liderados mas, também,
responsabilidade entre os líderes, sabendo ambos que Deus julgará a todos os
homens igualmente no dia do Tribunal de Cristo (2 Co 5:10) e no dia do Grande
Trono Branco (Ap 20:11).
Deus te abençoe em nome de Jesus!
“Paciência e perseverança têm o efeito glorioso de fazer as dificuldades
desaparecerem e os obstáculos sumirem.”
John Quincy Adams
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AULA 2
O QUE É
AUTORIDADE?
AUTORIDADE É A BASE DO PODER
“Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas
ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze
isto, e ele o faz.”
Mt 8:9
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AULA 2
O QUE É AUTORIDADE?
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão:
1) O que é autoridade;
2) Que há uma diferença entre autoridade e autoritarismo;
3) Não cabe ao liderado julgar o seu líder; esta é uma responsabilidade divina.
AUTORIDADE É UMA INVESTIDURA
Em primeiro lugar, autoridade é
uma investidura divina. Como tal, ela
é como uma via de mão única. Deus
reveste uma determinada pessoa de
autoridade, já consciente das
consequências que este ato possa
gerar. Foi assim no céu e é assim na
terra! Paulo deixou extremamente
claro que não existe autoridade que
não venha de Deus (Rm 13:1).
Portanto, por amor às Escrituras
Sagradas, temos que reconhecer que
até mesmo aquelas pessoas que estão
fazendo um mau uso da autoridade,
elas a receberam de Deus. O próprio
Senhor Jesus corrobora com esta
verdade ao reconhecer que a
autoridade que Pilatos tinha para
mandar crucificá-lo vinha do céu (Jo
19:11).
Este conceito não é fácil de ser
assimilado pelos homens, quando eles
estão diante de abusos de autoridade,
por exemplo. É desafiador aceitar o
fato de que a autoridade de um líder
político corrupto que esteja
defraudando a sua nação, fazendo o
seu povo sofrer, formando conchavos
com pessoas para o seu próprio
benefício, tenha vindo de Deus. Mas, a
verdade incontestável é que “não há
autoridade que não venha de Deus; e
as que existem foram ordenadas por
Deus” (Rm 13:1).
AUTORIDADE É UMA CONQUISTA
Para que a autoridade investida
por Deus não se converta em
autoritarismo, ela precisa ser
conquistada entre os liderados. Como
investidura divina, a autoridade é uma
via de mão única porém, enquanto
conquista, a autoridade torna-se uma
via de mão dupla, onde a ação de
quem lidera é refletida de volta,
através da vida dos liderados. É
maravilhoso quando um liderado se
submete ao seu líder, não apenas
porque esse líder tenha recebido uma
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investidura divina mas, também,
porque a confiança do liderado foi
conquistada. Esse é o tipo ideal de
liderança.
Nosso maior exemplo sempre
será Jesus Cristo. Ele não precisava
lavar os pés dos seus discípulos, por
exemplo, porque Ele era maior do que
todos eles. Ele foi o único ser perfeito
entre nós. Ele nunca pecou. Por que,
então, um homem como Jesus faria
algo assim? Lavar os pés dos seus
liderados. Porque Ele sabia, como
ninguém, que conquistar os seus
subordinados é um dos segredos da
autoridade espiritual. Jesus era um
cavalheiro com as mulheres, um
grande amigo dos homens, um pai
querido para as crianças, um homem
firme para os seus inimigos e um
pesadelo para o diabo. É por essas e
outras que O temos como nosso
modelo maior em todas as áreas da
vida. Jesus foi e é aquilo que nós
sonhamos ser! (Ef 4:13).
AUTORIDADE É A BASE DO PODER
Assim como Deus é a base da
autoridade, a autoridade é a base do
poder. Qualquer pessoa em posse de
uma arma de fogo, sem um distintivo,
corre o risco de ser presa, porque
trata-se de poder desacompanhado de
autoridade. A arma de fogo é o poder,
enquanto que o distintivo é a
autoridade. Um policial não precisa
usar o seu poder para parar um
veículo, por exemplo, basta usar a sua
autoridade.
Esta declaração acima nos leva
a pensar se não deveríamos focar mais
na autoridade do que no poder. Jesus
disse que toda autoridade (exousia)
lhe foi dada no céu e na terra (Mt
28:18). Ele não disse poder (dunamis)
mas, sim, autoridade. Por que? Ele
sabia que o poder acompanha a
autoridade. Se o poder for praticado
desconectadamente da autoridade,
torna-se ilegal. A maior prova disso é
que Jesus nos prometeu o poder (At
1:8) somente depois de nos ter
delegado, propriamente, a autoridade
(Mt 28:18). Muitos perseguem apenas
o poder, porque poder não precisa ser
legítimo mas, a autoridade, sim.
Resistir à uma autoridade instituída
por Deus produz consequências
inevitáveis para quem quer que seja.
O poder foi prometido por
causa do mundo e não por causa da
Igreja. Deus sempre desejou que a
Igreja vivesse pela autoridade, porque
autoridade opera sobre o amor e a
obediência, enquanto que o poder se
impõe pela força. Se um assaltante
apontar um revólver para a cabeça de
sua vítima e pedir todo seu dinheiro, a
vítima não terá outra opção, se não
entregar tudo, por mais inconformada
que ela esteja. Ela não terá opção. O
poder se impõe em qualquer situação.
Veja que no texto de Atos 1:8 Jesus
disse que quando o poder viesse sobre
nós, nós seríamos “testemunhas, tanto
em Jeru-salém, como em toda a Judéia
e Samária, e até os confins da terra.”
A manifestação do poder é
intencionalmente para o mundo, e
para satanás, porque eles não têm a
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intenção de obedecer a Deus
naturalmente e, muito menos, por
amor. A Igreja é diferente! A Igreja
ama a Jesus e o obedece, não porque
esteja com uma arma apontada para a
sua cabeça mas, sim, porque O ama.
É SÁBIO CEDER À AUTORIDADE
Quando um líder precisa fazer
uso do poder que acompaha a sua
autoridade para se fazer respeitado,
significa que o liderado já não está
mais servindo por amor. Tenho visto
muitos casos de líderes espirituais que
foram forçados a usar do seu poder
para inibir uma tentativa de rebelião,
ou algum tipo de insujeição, porque a
sua autoridade já não estava mais
sendo respeitada. Sábio é aquele que
serve à autoridade antes do poder.
Muitas vezes o poder machuca!
Na maioria das vezes em que o
poder de Deus se manifestou no Velho
Testamento, as pessoas sairam
machucadas. Quando ele se
manifestava na arca, pessoas
morriam. Quando ele se manifestou
no monte Sinai, o povo ficou
aterrorizado. Quando o poder se
manifestou no mar vermelho,
milhares foram tragados e assim
sucessivamente. Bem aventurado o
servo que não depende de ver o poder
do seu líder para respeitá-lo. Oxalá
que ele o faça por amor. Jesus curou a
milhares durante a sua caminhada
aqui na terra, mas ele nunca curou
nenhum dos seus discípulos próximos.
Você já tinha pensado nisso? Eles
viram o Seu poder em ação, mas
experimentaram o toque da Sua
autoridade de Filho de Deus. A única
coisa que Jesus precisou fazer para
que alguns daqueles homens
abandonassem tudo o que tinham
para segui-lo, foi dizer-lhes “segue
me.” (Mt 8:22, 9:9, 19:21, Mc 2:14, Jo
1:43). O poder de Jesus é para o
mundo crer que Ele é o enviado de
Deus, enquanto que a autoridade é
para os seus filhos amados: “E Jesus,
olhando para ele, o amou e lhe disse ...
segue-me” (Mc 10:21).
QUEM AMA A DEUS SE SUBMETE
Diante de tudo o que já falamos
não nos resta dúvida de que respeito à
autoridade é uma questão de amor a
Deus e não apenas aos homens. Quem
ama a Deus não tem dificuldade
nenhuma de se submeter a alguém
estabelecido por Ele.
O amor a Deus nos sustenta em
tempos de crise e dificuldade. Esse
amor também funciona como um
escudo protetor contra as investidas
do diabo, que vem para nos fazer
quebrar princípios vitais que o Senhor
estabeleceu para o nosso próprio bem.
Todas as vezes que satanás incita
alguém a quebrar o princípio de
autoridade, ele tem em mente a
destruição daquela pessoa, porque ele
sabe melhor do que ninguém as
consequências irreversíveis, desse ato.
O EXEMPLO DE DAVI
Davi nos ensina muito com a
sua experiência com Saul. Ele viveu
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na pele essa tentação de se rebelar.
Saul deu a Davi todos os motivos que
ele precisava para começar um motim
contra o seu ministério (reino).
Porém, Davi conseguiu alcançar o
raro entendimento de duas verdades:
1) Quando alguém se rebela, ele não
está ferindo apenas a pessoa que
ocupa aquela posição de liderança,
ele fere a investidura de autoriade
que Deus pôs sobre tal pessoa. É
importante saber isto porque a
maioria das pessoas que traem seus
líderes, apresentam motivos
humanos lógicos, achando que eles
os isentarão das consequências.
Tais pessoas não entendem que,
por mais errado que esteja o líder,
ele ainda detém uma investidura
divina, que não pode ser violada.
Davi conseguiu ver a diferença
entre o homem Saul, o qual estava
em pecado, do rei ungido que
recebera de Deus uma delegação
de autoridade. Isso levou Davi ao
segundo acerto:
2) Davi entendeu a diferença entre a
obediência e a submissão! Quando
ele percebeu a corrupção de Saul,
ele sabia que não seria possível
obedecê-lo em tudo mas, ele ainda
tinha o dever de ser submisso à
investidura de autoridade que
estava sobre Saul.
Portanto, submissão é uma
questão de fidelidade a um princípio
enquanto que obediência é
circunstancial. Quando um líder se
corrompe e começa a dar ordens que
ferem princípios bíblicos, nós não
somos forçados a obedecer tais
ordens, mais isso não nos dá o direito
de perseguir esta pessoa, de tentar
derrubá-la de sua posição, ou tentar
tomar o seu lugar e etc. (At 5:29).
Toda vez que alguém tentar mover um
líder de sua posição de autoridade, ele
estará afrontando a Deus, como se Ele
não soubesse o que faz. Saul ainda
ficou no trono por anos a fio, mesmo
em pecado, e Davi respeitou a decisão
divina, e preferiu sofrer as devidas
consequências e fugir para salvar a
sua vida, do que ter as suas mãos
manchadas pelo espírito de rebelião e
um dia ser cobrado por Deus por ter
tocado na unção de outrem, ferindo a
investidura de autoridade (1 Sm
24:6). Davi é um exemplo a ser
seguido! Diante de tudo isto podemos
ver, de forma sistemática, o que Davi
fez e por que o fez. O sucesso de Davi
pode ser mapeado e entendido por
todos. Como que um homem que
cometeu os pecados morais que Davi
cometeu, e falhou como pai de
família, pôde ainda ser chamado de “o
homem segundo o coração de Deus?”
(1 Sm 13:14).
Embora não haja uma resposta
simples para esta pergunta, é mais do
que evidente que a relação de Davi
com a unção e com o princípio de
autoridade tem muito a ver com o seu
sucesso. Lembre-se que Davi foi o
único homem na Bíblia que ouviu de
Deus duas declarações extremamente
incomuns: a) ele era segundo o
coração de Deus (1 Sm 13:14, ); b)
seu reino seria eterno (2 Sm 7:16).
Portanto, quando analisando as
atitudes de Davi e as suas motivações,
14
podemos seguir o seu exemplo e
sermos abençoados também:
1) Davi servia com amor, sem se
preocupar com o dia da
recompensa (1 Sm 16:11);
2) Davi honrava os seus pais ao
viver uma vida de obediência a
eles, servindo-os com amor, temor
e respeito (1 Sm 17:34);
3) Davi sabia que ser ungido por
Deus não significava ser melhor do
que os outros. Mesmo depois de
ungido ele mantinha o espírito de
servo (1 Sm 17:15; 17:17,18);
4) Davi não temia o inimigo, ele
sabia quem era e Quem o havia
chamado (1 Sm 17:32);
5) Davi catalogava as vitórias de
Deus na sua vida, isto mostra o seu
espírito de gratidão (1 Sm 17:34-
37);
6) Davi respeitava o princípio de
autoridade e a unção alheia (1 Sm
24:6);
7) Davi respeitava a soberania
divina em relação ao tempo. Ele
nunca tentou acelerar o processo
de Deus na sua vida e nem contra
Saul (1 Sm 16:13; 2 Sm 5:3);
8) Davi aceitava a correção divina
sem questionar. Ele tinha um
espírito de submissão a Deus
singular (2 Sm 12:7-13);
9) Davi sabia honrar os mais
humildes (2 Sm 9:6,7). Davi
honrou a Mefibosete porque o
amou como ninguém o faria. É
maravilhoso ver um homem na
posição de Davi se lembrar dos
humildes.
CONCLUSÃO
Neste estudo nós vimos que autoridade é mais do que apenas ocupar uma
posição de liderança. Uma pessoa em posição de autoridade está diretamente
conectada à autoridade divina, independente de ser um cristão ou não. A Bíblia nos
afirma, categoricamente, que “não há autoridade que não venha de Deus” (Rm
13:1) e esta declaração não abre precedente para nenhuma excessão. Satanás
tentou ser a primeira excessão desta regra e destruiu o seu próprio futuro. Hoje ele
tenta arrastar o máximo possível de pessoas para o mesmo destino que está
reservado para ele e seus anjos (Mt 25:41).
Por fim, ao entendermos a diferença entre autoridade e poder, passamos a
desejar a coisa certa, sabendo que relacionar-se com a autoridade de Deus é um
privilégio da Igreja, a qual obedece à Sua Palavra por amor e não por temor ou por
imposição.
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AULA 3
O DEUS QUE DELEGA
QUEM DELEGA AUTORIDADE NÃO
TEM SÍNDROME DE PODER
“Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens,
obedecendo à voz da sua palavra!” Sl 103:20
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AULA 3 O DEUS QUE DELEGA
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão que:
1) Deus foi o primeiro ser a delegar autoridade a alguém;
2) Quem delega autoridade a outrem não tem síndrome de poder;
3) Quem delega autoridade a outrem espera que a missão seja cumprida da forma
correta.
A AUTORIDADE GERA UMA CADEIA
DE DELAÇÕES
Saber que Deus é a única fonte
de autoridade no universo nos leva
também a entender que Ele deu
origem ao processo de delegar
autoridade a outros. A Bíblia no diz
que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
são as únicas pessoas incriadas e,
portanto, todos os seres angelicais e
demais criaturas foram criados por
Deus para um propósito (Gn 28:12; Sl
45:6; 145:13; 148:1-5; Is 40:28; Ap
4:11).
DEUS DELEGOU AUTORIDADE
NO CÉU
Que Deus maravilhoso! Mesmo
sendo autossuficiente, Onipotente,
Onipresente e Onisciente (o que
significa que Ele não precisa de
ninguém) Deus ainda assim
compartilha da sua autoridade com os
seus filhos amados, tanto no céu (Jó
1:6), como na terra (Rm 13).
Como os anjos foram criados
antes dos homens, fica óbvio que
Deus delegou autoridade primei-
ramente no céu, para que os seus
santos anjos O servissem e
cumprissem as Suas ordens com
autoridade. Lembre-se que autoridade
não é necessariamente uso de poder.
Nós encontramos na Bíblia muitas
manifestações angelicais, onde os
anjos demonstraram total autoridade
na execução de uma tarefa. Há casos
em que os anjos usaram do seu poder
para se imporem diante das pessoas
porém, em outros casos, eles usaram
apenas da autoridade investida sobre
eles, sem o uso de nunhum poder. Em
Gênesis 18:1-16 temos um bom
exemplo do que estou
compartilhando: Temos o que parecia
ser uma teofania de Cristo
acompanhado de 2 outros anjos na
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tenda de Abraão, sem a necessidade
de fogo, trovões e relâmpagos, porque
a autoridade deles já era suficiente
diante do espírito de submissão de
Abraão.
No entanto, do versículo 17 para
frente, a situação muda
consideravelmente. Esses varões já
entraram em Sodoma e Gomorra
esbanjando poder e força. O poder
que eles exuberaram sobre aquelas
duas cidades não podia ser
questionado porque eles estavam
revestidos de autoridade e autoridade
só pode vir de Deus. Existem várias
origens para o poder: o poder pode ser
divino, malígno, humano ou da
natureza porém, autoridade só pode
ter origem em Deus. É por isso que a
autoridade dá legitimidade ao poder!
Os anjos não são marionetes nas
mãos de Deus, eles são seres
valorizados no céu, tratados com amor
e valor. Eles têm poderes
impressionantes, como nos mostram
alguns textos bíblicos. Eles fazem uso
da autoridade que vem diretamente
de Deus. Em Apocalipse 19 vemos um
anjo poderoso o bastante para ficar no
sol sem sofrer nenhum dano. Você já
imaginou que tamanho poder é esse,
que torna um único anjo mais
poderoso do que o sol? O sol é uma
estrela de quinta grandeza, um milhão
e trezentas mil vezes maior do que a
terra.
QUEM DELEGA, AMA
Existem duas explicações básicas
para a delegação de autoridade:
a) Quem delega autoridade a
outrem não sofre de síndrome
de poder;
b) Quem delega autoridade a
alguém, demonstra amor.
No caso do homem, existe uma
terceira verdade: delegamos porque
precisamos delegar, pelo fato de não
sermos absolutos. Porém, no caso de
Deus, Ele nos deu o maior de todos os
exemplos a ser seguido no campo da
autoridade espiritual: Deus tem
prazer em compartilhar o que tem
com os seus filhos. Se todos nós
seguíssemos o exemplo divino,
viveríamos em completa harmonia,
porque quem delega autoridade
deveria fazê-lo por amor, e quem se
submete também deveria fazê-lo por
amor.
Por outro lado, qualquer pessoa
que recebe um voto de confiança de
alguém em posição de autoridade,
deveria se sentir amado e valorizado,
independente do temperamento de
quem delega. As pessoas têm
diferentes formas de demonstrar
amor e carinho porém, o ato de
delegar, por si mesmo, é uma prova de
amor, carinho, confiança e
reconhecimento da capacidade do
delegado. Eu creio que esta é a razão
pela qual uma traição machuca tanto
a quem é traído. Ninguém é traído por
um estranho; traição normalmente
vem de alguém que amamos! Ou seja:
quem trai, precisa estar próximo o
bastante de quem será traído para que
o ato se configure como traição.
Repito, ninguém é traído por
estranhos mas, sempre por amigos.
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DEUS DELEGOU AUTORIDADE
NA TERRA
Na terra, o processo de delegação
de autoridade começou quando Deus
declarou a criação do homem: “E
disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa
semelhança; e domine sobre os peixes
do mar, e sobre as aves dos céus, e
sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a
terra.”
Deus fez o homem com a
capacidade de assimilar a Sua
autoridade. Deus já sabia que a
melhor maneira de distribuir tarefas é
através da delegação de autoridade.
Depois de ter criado o homem, Deus
só aparecia no Jardim uma vez por dia
(Gn 3:8), o que deixa claríssimo que
Adão tinha o dia inteiro para tomar
decisões por si mesmo baseado na
autoridade que ele recebera de Deus.
Quem recebe o voto de confiança
de uma delegação de autoridade, tem
que saber transmitir paz para quem o
delegou tal autoridade. Deus não
precisava ficar na cola de Adão,
checando tudo o tempo todo,
perguntando tudo, conferindo tudo,
discordando de tudo. Deus Se
conhece e Ele confiava em Adão. É
por isso que a queda de Adão foi
punida por Deus com rigor, tanto para
ele, como para Eva: Deus confiou
neles até o último instante. “...Mas
àquele a quem muito foin dado, muito
lhe será exigido; e àquela a quem
muito se confia, muito mais lhe
pedirão” (Lc 12:48).
DEUS FOI O PRIMEIRO
A SER TRAÍDO
Ser pioneiro tem o seu preço!
Deus sabia que ser o primeiro a
delegar autoridade significava ser o
primeiro a ser traído. Nem por isso
Ele recuou na sua decisão de criar
seres inteligentes e dotá-los de
autoridade. Isso é amor! Após a
Criação espiritual e física Deus sofreu
duas grandes traições, as quais se
tornaram históricas, e têm sido
estudadas ao longo dos séculos: a
traição de Lúcifer e a traição de Adão.
Deus sabe na prática o poder
devastador de uma infidelidade e de
uma traição. O que mais me
impressiona é que Deus poderia
facilmente ter impedido o resultado
final da rebelião de Lúcifer. Se Ele
quisesse, poderia ter reunido a terça
parte que Lúcifer arrastou e ter
mostrado a eles o resultado eterno da
decisão que eles estavam por tomar.
Um raciocínio humanamente lógico
nos sugere possíveis “caminhos” que
teriam impedido aquela rebelião que
ocorreu no céu. Porém, os caminhos
de Deus são mais altos do que os
nossos caminhos (Is 55:9). Nós nunca
entenderemos os motivos de Deus na
sua totalidade; somos muito
pequenos! No entanto, ainda podemos
aprender com tais acontecimentos.
A TRAIÇÃO DE LÚCIFER
Esta foi a primeira vez que o
Deus eterno sentiu o gosto
desagradável da traição de alguém
19
que Ele criou e amou com amor
eterno. Lúcifer só traiu a Deus porque
ele tinha uma investidura de
autoridade que se estendia sobre no
mínimo uma terça parte dos anjos do
céu. As motivações erradas que
levaram Lúcifer a trair a Deus
tornaram-se o referencial de todos os
demais infiéis e traidores. Nós
encontramos essas motivações
descritas em Isaías 14:9-14 e Ezequiel
28:11-19. Basicamente, Lúcifer traiu
a Deus porque:
1) Deus confiou nele;
2) Porque Deus delegou-lhe
autoridade para liderar outros
anjos;
3) Porque Deus lhe deu uma
beleza incomum;
4) Porque Deus lhe deu recursos
gloriosos, também incomuns;
5) Porque Deus lhe deu uma
unção singular;
6) Porque Deus lhe deu espaço
suficiente para trabalhar e
realizar o seu ministério;
7) Porque Deus o amou!
Estranhamente, tudo isso que
Deus fez por Lúcifer gerou nele
sentimentos opostos aos que Deus
desejava ver. Quando uma pessoa
recebe uma delegação de autoridade
muito grande que a coloque numa
posição de destaque, ela será tentada
pelo seu próprio coração a sentir-se
superior. No caso de Lúcifer, ele
começou a pensar que:
1) Ele era melhor do que os outros
anjos;
2) A honra que ele recebeu não
era suficiente;
3) A influência que ele tinha entre
os anjos poderia ser maior;
4) Ele poderia obter mais lucro por
causa da sua posição
diferenciada;
5) A unção dele era maior do que a
dos demais portanto, ele achava
que deveria dominá-los;
6) O lugar de Deus deveria ser
dele.
Esses distúrbios são encontrados
em praticamente todas as pessoas que
se levantam contra uma autoridade
estabelecida por Deus. Sem que se
perceba, satanás vai introduzindo a
sua síndrome no coração de quem lhe
dá lugar. Como satanás já conhece a
rota da rebelião, ele não tem nen-
huma dificuldade em assessorar
aqueles que querem seguir o mesmo
caminho de destruição que ele
escolheu seguir. A Bíbilia nos deixa
claro que satanás não veio senão para
roubar, matar e destruir e estas três
coisas são as únicas que ele sabe
fazer, até o dia em que ele for
impedido de agir para sempre (Jo
10:10).
CONCLUSÃO
O que apredemos nesta aula é que se delegação de autoridade não fosse algo
bom, Deus não teria sido o primeiro a dar o exemplo. Segundo, não podemos deixar
de delegar autoridade porque fomos traídos no passado. Deus foi traído no passado
20
e, mesmo assim, continua delegando autoridade aos seus filhos. O próprio Deus é a
maior de todas as provas de que, apesar de tudo o que satanás causou no universo,
os princípios de Deus continuam os mesmos, e eles funcionam plenamente, e eles
permanecerão por toda a eternidade. Um dia satanás será preso para sempre no
lago de fogo e será esquecido por todos, mas os princípios de Deus continuarão
operantes eternidade afora.
Se tão somente observarmos o comportamento do nosso amado Criador, já
será o suficiente para fazermos o que é certo. O dia está chegando em que toda a
Igreja do Senhor será contagiada pela autoridade de Deus e seremos o reflexo
daquilo que Ele é e todos saberão quem nós somos e a quem representamos.
21
AULA 4
A CADEIA DE AUTORIDADE
NA IGREJA
A IGREJA É A RECIPIENTE DA
AUTORIDADE ESPIRITUAL QUE
JESUS CONQUISTOU
“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que
eu vos tenho mandado...” Mt 28:18
22
Desenhe o que você imagina ser o organograma da sua igreja. Isso te
ajudará a compreender melhor a cadeia de autoridade da mesma.
ORGANOGRAMA DA SUA IGREJA
23
ORGANOGRAMA EXEMPLO 1
24
ORGANOGRAMA EXEMPLO 2
25
ORGANOGRAMA EXEMPLO 3
26
ORGANOGRAMA EXEMPLO 4
27
=ORGANOGRAMA EXEMPLO 5
28
ORGANOGRAMA EXEMPLO 6
29
ORGANOGRAMA EXEMPLO 7
ORGANOGRAMA O SURGIMENTO DAS DENOMINAÇÕES
30
AULA 4 A CADEIA DE AUTORIDADE NA IGREJA
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão:
1) Qual o modelo Neotestamentário de delegação de autoridade;
2) Como a autoridade era distribuída na igreja primitiva;
3) Que a igreja do Novo Testamento também sofria com problemas de rebeldia.
TUDO COMEÇA COM JESUS
Como Jesus é o nosso exemplo
em tudo, não há razão para que Ele
não o seja, nesta área de delegação de
autoridade. Ele estabeleceu uma
cadeia de autoridade perfeita para
tornar a Igreja um organismo vivo e
indestrutível. Na oração do "Pai
nosso," ensinada por Jesus, Ele deixa
escapar algo poderoso a respeito da
expectativa que ele tem para com a
Igreja no campo da autoridade: "seja
feita a tua vontade, assim na terra
como no céu" (Mt 6:10). Do que Jesus
está falando, afinal? A palavra
"vontade" nos revela o desejo de Jesus
de que o princípio de autoridade na
terra funcione da mesma maneira
como funciona no céu.
Não existe questionamento de
autoridade no céu. Sendo assim, por
que deveria existir na igreja? Os dois
terços de anjos que se mantiveram
fiéis a Deus (1 Tm 5:21), viram com
os seus próprios olhos o resultado
desastroso da rebeldia de satanás.
Eles também sabem onde satanás vai
passar toda a eternidade, como
resultado das opções irreversíveis que
ele fez. Sendo assim, a “vontade”
(autoridade) de Deus é aceita e
respeitada no céu sem nenhum tipo
de incidente. Nunca veremos um anjo
questionando a Deus por que ele
nunca foi promovido à condição de
arcanjo ou, mesmo, um arcanjo
questionando a Deus, por que Ele não
o fez querubim. Esse tipo de
sentimento não existe no céu!
É por isso que esta palavra nos
fala profundamente: "seja feita a tua
vontade, assim na terra como no céu."
Posso ouvir o coração de Jesus
dizendo: "Pai, desejo que a Igreja
respeite o princípio de autoridade da
mesma maneira que os anjos eleitos
respeitam." Isto é possivel! No
universo da delegação de autoridade,
algumas pessoas foram criadas para
liderarem e outras foram criadas para
serem lideradas. A grande maioria foi
chamada para as duas posições ao
mesmo tempo: liderar e ser liderada.
31
Digo a maioria, porque embora todo
ser humano necessite de uma
cobertura espiritual, alguns líderes já
foram promovidos a um certo estágio
onde não terão líderes diretos sobre
eles. Tudo tem a ver com a estrutura
denominacional em que cada um está
inserido. Cabe a eles buscarem
expontaneamente uma cobertura em
quem possam confiar, compatível com
a posição que ocupam.
O EXEMPLO DE JESUS
É difícil para nós imaginar o
nosso herói, Jesus Cristo,
necessitando de uma cobertura
espiritual humana. Porém, se o
olharmos como homem, e lembrarmos
que Ele tinha que cumprir toda a
justiça (Mt 3:15), já não se torna tão
estranho este conceito,
principalmente porque Jesus tinha
que ser o exemplo dos fiéis. Ele veio
para se submeter a tudo o que fosse
necessário até o momento da sua
vitória final quando, então, Ele
receberia toda a autoridade no céu e
na terra. Desse momento em diante,
Ele não se submeteria a mais
ninguém porque, como Deus eterno,
Ele ordena e comanda e todos o
obedecem. Mas, até que esse
momento chegasse, Jesus decidiu
pagar o preço completo.
COM QUE AUTORIDADE FAZES
ESTAS COISAS?
A cobertura humana de Jesus era
João Batista! Sendo Jesus da tribo de
Judá, onde não há sacerdócio, Ele
precisava ter uma conecção
ministerial legítima na terra. A
delegação de autoridade no Velho
Testamento foi aos poucos se
resumindo à tribo de Levi, onde o
sacerdócio é legítimo. Jesus precisava
de alguém com uma herança
sacerdotal legítima para O reconhecer
como o Cordeiro de Deus, a fim de
que seu ministério não deixasse
nenhuma brecha para o acusador. Foi
por isso que Deus criou João Batista,
filho de Isabel e Zacarias, ambos da
tribo de Levi (Lc 1:5). A missão de
João Batista era viver uma vida
incontaminada, fora do ambiente
corrompido do sacerdócio do tempo
de Jesus, para que um dia ele pudesse
se levantar e dizer:__"Eis o Cordeiro de
Deus..." (Jo 1:29)
Pela lógica, o batismo de João
Batista era a última coisa que Jesus
poderia precisar um dia, pelo fato de
aquele ser o batismo para o
arrependimento (Mc 1:4). Jesus não
tinha nada do que se arrepender. Mas
o que interessava a Jesus era cumprir
com toda a justiça e para não dar ao
diabo nenhuma chance de dizer que a
vida, o ministério ou, mesmo, a
expiação de Jesus teria sido ilegal por
qualquer razão que fosse. Deus não
precisa quebrar regras para vencer o
diabo. Jesus precisava do legado
levítico de João Batista. Sendo Jesus o
maior exemplo de humildade que
temos (Fp 2:5-8), Ele não teve
nenhuma dificuldade em se submeter
a alguém menor do que Ele (Mt 3:11).
Que exemplo glorioso!
32
“Tendo Jesus entrado no templo, e
estando a ensinar, aproximaram-se
dele os principais sacerdotes e os
anciãos do povo, e perguntaram: Com
que autoridade fazes tu estas coisas? e
quem te deu tal autoridade?” (Mt
21:23). O povo judeu sabia muito bem
como o princípio de autoridade funci-
onava: Ninguém pode delegar
autoridade para si mesmo! Sendo
assim, os inimigos de Jesus poderiam
facilmente comprometer o seu
ministério, se eles pudessem provar
que Jesus não se reportava a ninguém
e, portanto, não estava debaixo de
nenhuma autoridade aqui na terra. O
que eles não esperavam era que Jesus
havia pensado nisso antes deles.
Antes do Seu primeiro ato
ministerial (Jo 2:11), Jesus procurou
por João Batista e pediu que ele O
batizasse nas águas. João ficou
confuso com aquela cena porque ele
sabia quem Jesus era, o Seu grau de
autoridade em Deus e o poder do Seu
ministério. João sabia que ele próprio
precisava de Jesus para ser salvo.
Porém, quando Jesus disse que “nos
convém cumprir toda a justiça” (Mt
3:15), João imediatamente entendeu a
razão de tudo.
A resposta que Jesus deu aos
seus acusadores parecia meio fora de
sentido mas, na verdade, Ele estava
apontando diretamente para a fonte
da sua autoridade humana: “O
batismo de João, donde era? do céu ou
dos homens?” (Mt 21:25).
Diante de tudo isso, ninguém
teria mais autoridade do que Jesus
para criar uma nova cadeia de
autoridade para a Igreja. Esta nova
cadeia de autoridade que Jesus
estaleceria para o Seu Corpo, não
seria inspirada em nada existente na
época, nem no Velho Testamento, nem
secularmente. Ele criou dois tipos de
ministérios: 1) Os cinco ministérios da
Palavra: Apóstolos, Profetas,
Evangelistas, Pastores e Mestres (Ef
4:10-13); e 2) 1 ministério social: O
Diaconato (At 6:1-6).
O último foi criado por
intermédio da Igreja, mas os cinco
ministérios da Palavra foram gerados
diretamente por Jesus Cristo e mais
ninguém. "Ele mesmo," disse Paulo,
trouxe à luz os dons que dariam
sequência ao processo de delegação de
autoridade no Novo Testamento (Ef
4:10-13). Aquela cadeia de autoridade
que Jesus estava gerando era algo
totalmente novo.
EIS QUE VOS DEI AUTORIDADE
“Eis que vos dei autoridade para
pisar serpentes e escorpiões, e sobre
todo o poder do inimigo; e nada vos
fará dano algum” (Lc 10:19). É uma
pena que algumas versões da Bíblia
não façam a devida diferença entre
exousia e dunamis, duas palavras
gregas parecidas, mas não idênticas.
Exousia é autoridade, enquanto que
Dunamis é poder! Neste texto, Lucas
usou a palavra exousia de propósito,
para repassar com fidelidade o que
Jesus havia dito.
Esta declaração formal e pública
de Jesus tem um grande valor no
mundo espiritual. A partir desta
33
palavra, os discípulos de Jesus (que
depois seriam conhecidos como
apóstolos) passariam a ser vistos como
autoridades legais estabelecidas pelo
Senhor, como uma extensão da Sua
própria autoridade. Depois da Sua
ressurreição, Jesus declarou ser o
detentor de toda a autoridade no céu
e na terra, Mt 28:18. De novo, a
palavra aqui é exousia e, não,
dunamis. O poder (dunamis) só viria
depois. Ele nos foi prometido em Atos
1:8, pouco antes da ascenssão de
Jesus, e se cumpriu no dia de
petencontes, em Atos 2. Nesse dia a
Igreja foi capacitada para lidar com o
mundo e para enfrentar o inimigo.
O RECONHECIMENTO DA
AUTORIDADE
Depois da ascenção de Jesus os
discípulos começaram a reconhecer
instantaneamente que havia uma
cadeia de autoridade estabelecida e
que todos deveriam passar por ela. A
pessoa que ocupava uma das mais
altas posições nesse ranking era o
apóstolo Pedro, provavelmente por
causa de dois acontecimentos
distintos: (1) Mt 16:18, “Pois também
eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta
pedra edificarei a minha igreja...” e
(2) Jo 21:15 “Depois de terem comido,
perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão,
filho de João, amas-me mais do que
estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu
sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta
os meus cordeirinhos.” Depois dessas
duas cenas, era natural que os demais
olhassem para Pedro com um respeito
extra, por temor às palavras do
próprio Jesus. Porém, os apóstolos
Tiago e João também receberam igual
reconheci-mento, pelo fato dos três
terem passado mais tempo com Jesus
do que os outros nove. Eles pagaram
um preço maior portanto, mais do que
justo que recebessem uma honra
maior e um reconhecimento maior do
que os demais. Não se esqueça que
além de ser uma delegação divina, a
autoridade também deve ser uma
conquista, para que não se converta
em tirania. Autoridade se conquista
com trabalho. Deus é muito justo!
PAULO RECONHECEU ESSA
CADEIA DE AUTORIDADE
Quando o apóstolo Paulo
começou o seu ministério, mesmo
tendo tido uma experiência de
chamada direta com o Senhor Jesus,
ele sentiu a necessidade de obter o
reconhecimento das autoridades já
estabelecidas em Jerusalém. Atos 9:27
nos mostra o momento na história em
que Barnabé levou Paulo a Jerusalém
para se submeter ao discernimento
dos apóstolos do Senhor. Anos depois,
o próprio Paulo relatou o acontecido
ao escrever a sua carta aos Gálatas: “e
quando conheceram a graça que me
fora dada, Tiago, Cefas e João, que
pareciam ser as colunas, deram a mim
e a Barnabé as destras de comunhão,
para que nós fôssemos aos gentios, e
eles à circuncisão;” (Gl 2:9).
Para Paulo, o fato dele ter visto o
Senhor Jesus pessoalmente e ter sido
chamado por Ele para o ministério,
34
não o isentava de se submeter ao
processo legal de autoridade, para que
o que o seu ministério fosse legítimo.
Ele deixa isto muito claro, quando ele
precisou de respaldo doutrinário
depois da sua primeira viagem
missionária. Paulo e Barnabé
começaram a sofrer perseguição por
parte dos judeus que queriam judaizar
os gentios que estavam se
convertendo ao Senhor Jesus. Eles,
imediatamente, foram em busca de
ajuda.
O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA
Muitos queriam que Paulo e
Barnabé exigissem dos novos
convertidos que se circuncidassem. O
resultado desta peleja foi a
convocação do primeiro concílio da
Igreja, em Jerusalém (Atos 15). Mais
uma vez encontramos Paulo reconhe-
cendo que estava diante de um
assunto grande de mais para ele
sozinho resolver e que havia outras
pessoas em posição de autoridade
mais elevada do que a dele, em
relação a assuntos de doutrinamento
da Igreja. Qualquer decisão tomada
ali, influenciaria o destino da Igreja
para sempre, como aconteceu.
Em Atos 15:28, 29 temos um
marco doutrinário da Igreja do Senhor
Jesus, decidido naquele concílio,
convocado a partir da necessidade que
Paulo e Barnabé tiveram de ouvir
alguém com uma posição de
autoridade mais elevada do que a
deles.
Por fim, Paulo dá um exemplo de
fidelidade para com os primeiros
apóstolos quando, mesmo depois de
ter se separado de Banabé, ele
cumpria com as determinações dos
apóstolos do Senhor por onde quer
que ele passasse. Essas determinações
foram decididas no primeiro concílio
da Igreja em Jerusalém (At 16:4).
Tudo isso apontava para o respeito
que Paulo tinha pelo senhorio de
Cristo. A cadeia de autoridade que
Cristo estabeleceu era para ser
respeitada, e não questionada. Paulo
sabia que Jesus tinha os Seus motivos
para ter chamado a Pedro, a Tiago e a
João antes dele. Questionar as
decisões do Senhor é uma afronta ao
Seu senhorio.
A ORDENAÇÃO DE PAULO
O famoso texto da ordenação
ministerial de Paulo, Atos 13:1-3, já é
conhecido de todo bom estudante da
Bíblia. Toda pessoa que leva a Bíblia a
sério conhece todos os detalhes da
vida do apóstolo que mudou a história
da Igreja com as suas viagens
missionárias e com as suas cartas
gloriosas, inspiradas pelo Espírito
Santo. Tais cartas perfazem hoje a
base doutrinária da Igreja do Senhor
Jesus.
Porém, temos que ter muito
cuidado para não permitir que a nossa
tendência de ver o mito, esconda de
nós alguns detalhes imprescindíveis
da vida do homem, Paulo. A primeira
coisa que me chama a atenção é o fato
de que Paulo estava esquecido em
35
Tarso, quando Barnabé lhe deu a
oportunidade de se juntar a ele na
nova igreja de Antioquia da Síria. Essa
igreja estava em franco avivamento
(At 11:25).
A segunda coisa que me
impressiona é ver Paulo como um
membro comum da igreja de
Antioquia por um ano (At 11:26). Ele
foi submetido a todo o processo de
autoridade que um homem de Deus
precisa se submeter, para ter o seu
ministério reconhecido pelo Senhor.
Para nós, hoje, é muito difícil
imaginar o apóstolo Paulo no banco de
uma igreja por um ano. Temos essa
dificuldade porque nos esquecemos,
constantemente, que os princípios
divinos são para todos. Nunca nos
esqueçamos de que “para com Deus
não há acepção de pessoas” (Rm 2:11).
Por fim, encontramos Saulo de
Tarso sendo ordenado ao ministério
apostólico em Atos 13:1-3. O processo
da sua ordenação foi o que deve ser
para qualquer outro obreiro na obra
de Deus. Deus fala com quem está à
frente do rebanho a respeito da pessoa
chamada por Ele, esse líder separa
aquela pessoa para o ministério,
convoca um concílio ministerial que
imporá as mãos sobre ela,
transferindo da unção e autoridade
que o Senhor nos delegou antes de ser
assunto aos céus. Veja no texto de Atos
13:1-3 que foi exatamente isto que
aconteceu a Barnabé e Saulo. Eles
estavam debaixo de autoridade como
qualquer cristão deve estar. Eles
estavam submissos à autoridade dos
apóstolos de Jerusalém, porque a
igreja de Antioquia estava sob a
liderança dos apóstolos (At 11:22) e
eles estavam submissos à autoridade
dos líderes locais (At 13:1-3).
Logicamente eu reservei o
melhor para o final! Paulo frustrou
todos os planos que o diabo tinha de
ensoberbeçê-lo depois de ordenado ao
ministério. Lamentavelmente é aqui
que muitos se perdem: alguns
acreditam que depois de ordenados ao
ministério, não precisam mais
responder a ninguém. Alguns pensam
que ordenação ministerial é uma
espécie de carteirinha de isenção que
desobriga o obreiro a se submeter ao
princípio de autoridade. Isto não é
verdade! O princípio de autoridade
ainda é para todos nós, independente
da posição que ocupamos no
ministério. Em Atos 14:26, 27 nós
encontramos Paulo retor-nando a
Antioquia, da sua primeira viagem
missionária, para a mesma igreja que
o havia ordenado ao ministério, a fim
prestar relatório. Este ato de
fidelidade de Paulo volta a se repetir
em Atos 18:22, ou seja: esse era o
estilo de vida do apóstolo dos gentios:
uma vida de respeito o princípio de
autoridade e as pessoas que estavam
acima dele nessa cadeia divina.
REBELDIA NA IGREJA PRIMITIVA
A Igreja do Novo Testamento não
era diferente da igreja de hoje ou de
qualquer outra época, quando o
assunto é rebeldia, insubmissão e
desonra aos líderes. A maioria dos
líderes em destaque no Novo
36
Testemanto enfrentaram oposição
dentro da própria Igreja. Como
sempre, homens movidos pela
ganância, pelo desejo do poder, pelo
orgulho e pela soberba, buscaram o
seu próprio lucro, mesmo em
detrimento ao bem estar da Igreja.
APÓSTOLO JUDAS
Judas foi tremendamente
atingido por esta classe de pessoas
que só amam a elas mesmas. Sua
única epístola, com apenas um
capítulo, foi totalmente dedicada a
combater o espírito de rebeldia que
buscava oportunidade de se infiltrar
na Igreja na sua época. Na verdade, a
pequenina carta de Judas é a
denúncia mais contundente que
temos contra esta casta diabólica que
ataca os ministérios.
Judas inicia a sua carta (4)
dizendo que decidiu escrever aos seus
leitores “Porque se introduziram
furtivamente certos homens, que já
desde há muito estavam destinados
para este juízo, homens ímpios, que
convertem em dissolução a graça de
nosso Deus, e negam o nosso único
Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” Esse
problema sempre existiu. Enquanto
houver pessoas que se acham tão
especiais a ponto de Deus lhes fazer
algumas concessões que nunca fez a
ninguém, nós enfretaremos problemas
de insujeição na Igreja. Infelizmente
existem pessoas que acreditam que as
regras divinas se aplicam somente ao
resto do mundo, mas nunca a elas.
Judas chegou ao ponto de dizer:
“Ai deles! porque foram pelo caminho
de Caim, e por amor do lucro se
atiraram ao erro de Balaão, e
pereceram na rebelião de Coré.” Esses
três personagens citados por Judas
representam a escória do Velho
Testamento e Judas não pensou duas
vezes antes de compará-los a eles. O
problema era muito sério!
APÓSTOLO PEDRO
Pedro foi uma outra vítima dos
perseguidores da autoridade divina.
Ele, como uma das colunas da Igreja
primitiva, certamente foi um dos que
mais sofreu resistência e perseguição
por parte daqueles que não o
aceitavam como líder estabe-lecido
por Deus, ou daqueles que queriam
ocupar o lugar que ele ocupava. Pedro
diz em 2 Pedro 2:1 que “...houve
também entre o povo falsos profetas,
como entre vós haverá falsos mestres,
os quais introduzirão encober-tamente
heresias destruidoras, negando até o
Senhor que os resgatou, trazendo sobre
si mesmos repentina destruição.”
Como um homem experiente Pedro já
se antecipou em alertar ao povo que
esses homens apareceriam e que eles
chegariam ao ponto de, até mesmo,
negar o Senhorio de Jesus.
O versículo 2 é ainda mais
assustador, porque Pedro afirma que
“muitos seguirão as suas dissoluções, e
por causa deles será blasfemado o
caminho da verdade.” Ele não diz
“talvez,” ele afirma que muitos
seguirão a essas pessoas. O prejuízo é
37
incalculável quando pessoas se
levantam na obra de Deus com as
suas próprias agendas, buscando os
seus próprios interesses.
Contudo, Pedro ainda vai mais
além e delata na parte “A” do verso 2:3
a verdadeira motivação desse tipo de
gente na Igreja: “movidos pela
ganância, e com palavras fingidas,
eles farão de vós negócio.” Ou seja:
pessoas assim, nunca são movidas
pelo Espírito Santo, muito menos
pelos interesses de Deus; elas buscam
o seu próprio lucro. Porém, como
guardião da sã doutrina, Pedro
anuncia na parte “B” do verso 2:3 o
juízo de Deus sobre tais pessoas: “a
condenação dos quais já de largo
tempo não tarda e a sua destruição
não dormita.”
APÓSTOLO JOÃO
João não era diferente dos
demais apóstolos. Mesmo conhecido
como o apóstolo do amor, ainda assim
havia aqueles que o importunavam.
João sofreu com a rebeldia de um tal
Diótrefes que usurpou a posição de
liderança numa certa igreja que
deveria estar sob supervisão apostólica
(3 Jo 1:9).
Esse Diótrefes tornou-se o
símbolo daqueles que querem mais do
que o que Deus lhes deu. A marca de
Diótrefes é que ele “gosta de ter ... a
primazia.” Isso me lembra claramente
a Lúcifer, quando disse: “Eu subirei ao
céu; acima das estrelas de Deus
exaltarei o meu trono” (Is 14:13).
Como podemos ver, trata-se do mesmo
espírito. Sua meta é negar a
autoridade de Deus na Igreja através
dos homens e mulheres escolhidos
por Ele para liderar o Seu povo.
Satanás combate a autoridade e não o
poder, porque foi a autoridade de
Cristo que o destronou para sempre.
APÓSTOLO PAULO
Se você quisesse saber a dor de
uma traição entre os apóstolos do
Novo Testamento, a melhor pessoa pra
você entrevistar seria Paulo. Talvez
pelo fato de Paulo estar mais em
campo do que os demais apóstolos, é
mais do que lógico que ele tenha tido
maiores decepções na área da
autoridade.
Paulo trabalhou com muitos
companheiros ao longo da sua
caminhada missionária. Ele teve o
prazer de dizer: “Combati o bom
combate, acabei a carreira, guardei a
fé.” Porém, só Paulo sabia do preço
que ele pagou para chegar ao fim da
sua carreira, com a sua fé intacta.
A primeira decepção que Paulo
teve no ministério foi com Barnabé e
seu sobrinho Marcos (At 15:37-39).
Barnabé se indispôs com Paulo por
causa do sobrinho e isto causou a
separação entre os três.
A segundo carta de Paulo aos
Coríntios foi escrita como uma
resposta aos seus inimigos (Cap 10 e
11). Paulo teve que defender o seu
apostolado contra aqueles que não
reconheciam a sua autoridade
apostólica. A carta aos Gálatas
também tem um grande conteúdo
38
apologético, porque havia um grupo
de judeus rebeldes naquela igreja que
insistiam em questionar a autoridade
de Paulo, bem como aquilo que ele
pregava (Gl 2:6-9).
Apesar de tudo isto, o maior
lamento de Paulo nesta área está
registrada em 2 Timóteo 4:10 e 14. No
mesmo texto em que ele fala do
encerramento da sua carreira, ele
revela a Timóteo suas duas maiores
decepções no ministério: Demas e
Alexandre, o latoeiro, as duas pessoas
que mais lhe causaram mal.
Demas representa aqueles que
abandonam seus líderes,
independente do quanto esses líderes
tenham investido neles. Porém,
Alexandre o latoeiro, faz parte de uma
classe muito mais perigosa, porque
eles não reconhecem a autoridade de
ninguém, a não ser a deles mesmos.
Pessoas assim destroem qualquer
liderança só para satisfazerem os seus
desejos de poder e domínio. Para
Paulo dizer o que disse: “Alexandre, o
latoeiro, me fez muito mal; o Senhor
lhe retribuirá segundo as suas obras,”
é porque a situação era realmente
muito grave (2 Tm 4:14). O que muito
me alegra é ver que, mesmo diante de
tudo isto, Paulo nunca perdeu o seu
verdadeiro foco “E o Senhor me
livrará de toda má obra, e me levará
salvo para o seu reino celestial” (2 Tm
4:18).
CONCLUSÃO
Em primeiro lugar quero lhe parabenizar por ter chegado ao fim deste
comentário da quarta aula. Esta lição tem uma grande importância no conteúdo
total do curso, porque lança os fundamentos do processo da autoridade na Igreja,
desde o princípio da sua fundação. Nós não temos uma outra fonte de aprendizado
além de Jesus e dos seus apóstolos. Se quisermos ser obreiros bem sucedidos, nós
temos que saber como Jesus pensava e como os Seus primeiros obreiros agiram
quando lançaram o fundamento da nossa fé.
Nós vimos neste comentário que a autoridade de Jesus e dos seus obreiros
também foi questionada, mas nunca anulada. Os primeiros apóstolos protegeram a
sã doutrina para que hoje pudéssemos servir a Deus com tranquilidade e convicção
de que estamos no caminho certo. Creio que se fizermos o voto a Deus de amarmos
e respeitarmos a cadeia que Ele estabeleceu sobre a Igreja, Deus nos honrará, e
todos ao nosso redor serão ricamente abençoados.
39
AULA 5
AS CONSEQUÊNCIAS DA
REBELIÃO DE SATANÁS
EXISTEM OPÇÕES NA VIDA
QUE DEVEM SER EVITADAS,
O PREÇO É ALTO DEMAIS
“aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia”
Jd 1:6
40
AULA 5
AS CONSEQUÊNCIAS DA REBELIÃO DE SATANÁS
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão:
1) Todas as etapas da rebelião de satanás;
2) Que independente do motivo, rebelião tem um preço alto demais;
3) Ninguém tem o poder de definir o que é rebelião, senão a Bíblia.
CRIADO COM REQUINTES
DE PERFEIÇÃO
Uma das primeiras coisas que
buscamos quando nos deparamos com
um caso de rebelião e divisão de
igreja, é onde o lider traído falhou. As
pessoas costumam julgar a gravidade
das ações de quem trai baseado no
quanto o traído errou. Creio que
estamos diante de dois grandes erros:
Primeiro, nem sempre sabemos o que
realmente vem a ser rebelião à luz dos
princípios bíblicos e, segundo, a
verdadeira rebelião nunca tem a ver
com os erros de quem é traído mas,
sim, com a ganância de quem trai.
Existe uma regra hermenêutica
de interpretação bíblica chamada de
“primeira citação,” a qual ensina que
a primeira vez que um determinado
assunto é citado na Bíblia, ele tem a
primazia de estabelecer os critérios de
análise daquele assunto. Exemplo:
Adoração não tem obrigatoriamente a
ver com música mas, sim, com uma
postura interior de sacrifício, porque a
primeira vez que a palavra adoração
apareceu na Bíblia, foi quando Abraão
estava levando o seu filho Isaque para
o sacrifício, e não havia música
envolvida no processo (Gn 22:5). Aqui
eu uso a regra da primeira citação
para estabelecer os parâme-tros de
interpretação do assunto.
Sendo assim, a primeira vez que
rebelião e divisão foram mencionadas
na Bíblia, cronologicamente falando,
foi quando Lúcifer se rebelou contra o
Deus todo poderoso. Sendo esse o
primeiro caso de rebelião, ele estabe-
lece os parâmetros para entendermos
porque alguém se rebela contra uma
autoridade estabelecida. Se os erros
do traído tivessem alguma coisa a ver
com as motivações de quem trai,
satanás nunca poderia ter traído a
Deus, porque Ele é perfeito em tudo o
que faz e nEle “não há mudança nem
sombra de variação” (Tg 1:17).
Quando entendemos biblicamente o
que vem a ser rebelião, descobrimos
imediatamente que ela tem a ver,
somente, com a insubmissão, ganân-
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cia, inveja, soberba, altivez, e orgulho
de quem trai!
Lúcifer foi criado com requintes de perfeição. Deus o amou tanto que lhe deu o que não deu a nenhum outro. Ezequiel 28:12 afirma que Lúcifer era “...o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.” Eu tenho a nítida impressão de que Lúcifer era o máximo que uma criatura pode ser. Acima do que ele era, e acima do que ele recebeu, só sendo Deus.
Isto é confirmado pela reação do próprio satanás quando ele se enso-berbeceu. A única posição que ele enxergou acima do seu nível de perfeição foi a posição do Altíssimo (Is 14:14). É óbvio que a distância entre Lúcifer e Deus é maior do que um abismo sem fim. Nunca nos esqueçamos de que Lúcifer é uma criação de Deus! Deus ainda é o Criador absoluto, com controle total sobre toda a Sua Criação. É por isso que Deus nos dá o luxo de saber com antecedência o destino final desse traidor: o lago de fogo e enxofre (Ap 20:10). A Onipotência, a Onipresença e a Oniciência divinas não podem ser questionadas sob nenhuma cir-cunstância. Deus é o Criador de tudo e de todos e Ele controla toda a Criação.
A BASE DA REBELIÃO
A base da rebelião é a corrupção
do coração de quem se rebela e promove divisão. A exemplo de satanás, a bíblia diz claramente que tudo ia bem até Deus achar corrupção no coração dele (Ez 28:15). Ou seja: A coisa começa dentro, e não fora. O gatilho que dispara todo o processo é interior e não exterior. O coração de um insubmisso nunca vai admitir que
o problema está nele. É por isso que as pessoas que chegam a esta instância começam a procurar respostas externas para as suas atitudes. Na lição 3 nós discutimos as prováveis explicações que Lúcifer teria dado a si mesmo e aos seus aliados para apaziguar o ânimo de todos mas, a dura verdade, que muitos não querem enfrentar, é que não existe razão plausível para rebelião e divisão. Seja qual for a explicação que um divisor tenha para dar, a única razão que Deus vai considerar é o que está dentro do coração.
O QUE É REBELIÃO?
Esta é uma pergunta que só pode
ser respondida com uma forte base bíblica. O dicionário online de portu-guês se limita em dizer que rebelião é: “s.f. Resistência, com ação violenta, a agentes de autoridade. Levante; insurreição; sublevação.”
A verdade que tenho visto nos meus trinta anos de ministério é que nem todos entendem, realmente, o que rebelião vem a ser. Por que é necessário sabermos como a Bíblia define infidelidade e rebelião? Para que ninguém se deixe manipular pelo conceito pessoal de ninguém. É muito importante deixar claro que ninguém tem o poder de definir, teologica-mente, infidelidade e rebelião, senão a Bíblia Sagrada.
O simples fato de uma pessoa se proteger de um líder corrupto não faz dele um infiel ou um rebelde. Infeliz-mente existem alguns líderes no reino de Deus que perderam a sua unção, a sua santidade e o seu temor de Deus, e tentam proteger a posição que têm, amaldiçoando as pessoas que não querem ser coniventes com os seus pecados contra Deus e contra o Seu
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povo. Este curso não tem o propósito de proteger pessoas assim. Esse curso nasceu de uma urgência do Espírito Santo em proteger autoridades legí-timas, estabelecidas por Deus para conduzir o rebanho do Senhor em vitória. O requerimento primordial para que alguém se encaixe no perfil acima está em Jeremias 3:15 “e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.” Deus não está endossando qualquer pessoa, só por ela estar em posição de liderança. Deus protegerá a quem ele chamou e estabeleceu.
Sendo assim, como identifica-remos, corretamente, infidelidade, re-beldia, traição e rebelião? 1. Infidelidade, é a incapacidade de perseverar na visão de um líder; 2. Rebeldia, é a ação de não se submeter a uma autoridade espiritual; 3. Traição, é uma atitude ativa contra uma visão, um projeto, um estilo de liderança de um líder. Para que haja traição, a pessoa tem que representar um papel falso de companheirismo mas, na verdade, ser o oposto daqui-lo; 4. Rebelião, é a ação de tentar derrubar um líder da sua posição de autoridade.
A REBELIÃO E A COBIÇA
Uma Dura realidade é que quase todo rebelde tende a cobiçar o lugar do seu líder, com poucas excessões. Satanás usa a cobiça que está no coração de quem deseja o lugar do líder como base de sustentação para a rebelião. Invejar um lugar que não me pertence é uma afronta a Deus. Soa como se Ele não fosse competente o bastante para fazer as Suas escolhas. Uma pessoa contaminada por um
espírito de infidelidade, raramente reconhece o dom de liderança dos outros. O espírito de Diótrefes tem encontrado o caminho do coração de muitos e esse é o espírito “que gosta de ter ... a primazia” em tudo (3 Jo 1:9).
Eu nunca me esquecerei de algo que eu presenciei numa conferência de líderes, numa das grandes capitais do Brasil, há alguns anos atrás. O ministrante era um homem de Deus, vindo dos Estados Unidos, com um dom profético e um dom de ensino muito precisos. Ele ensinou os pastores por três dias consecutivos, e separou o último dia da conferência para ministrar pessoalmente sobre cada líder que assim o desejasse.
No dia da ministração individual, o ministrante pediu que todos os interessados se enfileirassem no altar, e começou a impôr as mão sobre cada um e, a medida em que Deus o movia, profetizava o que recebia. Ele chegou perto de um pastor e começou a profetizar essas palavras:__“Quem te mandou ocupar esta posição que você está ocupando, quem te deu tal autoridade? Voce usurpou esta posição de quem era de direito. Não fui Eu quem te colocou aonde você está. Saia dessa posição imediatamente, porque do contrário, você se perderá. Te falo assim porque te amo e não quero que você se perca.” Ouvia-se um alfinete caindo no chão.
Todos ficaram pasmos diante da coragem daquele profeta em dizer tais palavras. Mas, a reação do pastor que recebeu a palavra foi a maior prova de que era Deus mesmo quem estava falando. Aquele homem caiu sobre os seus joelhos e, aos gritos, dizia:__“Me perdoa Senhor, me perdoa. Eu pequei contra ti e contra o teu servo. Me perdoa, me perdoa!” Ele chorava tão
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compulsivamente que obreiros da conferência foram chamados para ajudá-lo.
Muito me impressionou o que-brantamento daquele amado pastor e a sua sinceridade em confessar que o profeta havia falado em nome do Senhor. Porém, o que nunca saiu da minha mente foi a experiência de ver alguém sendo publicamente repreen-dido por Deus, de forma tão veemen-te, por ter cobiçado e roubado uma posição que não lhe pertencia. Do que nos adiantaria sermos aplaudidos por muitos e reprovados por Deus? Importa agradar a Ele antes de tudo.
A REBELIÃO E A FALTA DE TEMOR
Nenhuma pessoa que realmente
tenha temor de Deus se involveria conscientemente numa rebelião contra uma autoridade legítima. A rebelião aponta para duas verdades inescusáveis: 1) Uma pessoa se rebela por falta de conhecimento; 2) Uma pessoa se rebela por falta de temor de Deus.
Este curso tem a propósito de resolver o primeiro problema: a falta de conhecimento. Dificilmente alguém se disporá a contribuir com um espírito de rebelião depois de atender a este curso do Ministério Jetro Internacional. Porém, ainda resta a segunda razão, e esta é bem mais difícil de ser resolvida.
A falta de temor é um problema gerado por uma concepção teológica equivocada acerca de Deus. Há pessoas que conseguem ver a Deus como “amor” (1 Jo 4:8), mas não conseguem vê-lo como juiz e nem como fogo consumidor (Jó 34:23; Sl 1:5; Ex 24:17; Hb 12:29). Sendo assim, muitas pessoas não conseguem
imaginar a Deus punindo a ninguém. Existem aqueles que pensam que tudo acabará bem, independente do que eles façam. Isto é um erro! Deus nunca permitirá que o seu senhorio seja desonrado por ninguém, jamais.
A falta de temor foi um dos motivos que levaram Lúcifer a consu-mar a sua rebelião contra Deus. Ele perdeu o temor de Deus ao confundir o imenso amor do Pai com fraqueza e incapacidade de julgar e executar juízo. Até o momento em que Deus achou iniquidade no coração de Lúcifer (Ez 28:15), o amor e a bondade eram as facetas de Deus que Lúcifer mais conhecia. Ele cometeu o erro fatal de pensar que Deus era incapaz de executar um juízo eterno contra ele (Jo 16:11).
Assim como no caso de Lúcifer, nós encontramos na Bíblia muitos outros casos, nos quais Deus teve que revelar a sua face de juiz que corrige e pune aqueles que insistem em quebrar princípios vitais do Seu reino.
O EXEMPLO DE ABRAÃO
A Bíblia nos dá muitos exemplos
de Deus exercendo o seu direito de ser juiz, e punindo severamente pes-soas que quebraram princípios divinos, criados para o bem deles mesmos. O primeiro exemplo é o nosso amado Abraão, o amigo de Deus (2 Cr 20:7). Deus amou a Abraão de uma forma incomum, a ponto de fazer com ele uma aliança que mudou a história dos povos e mudou as nossas vidas. Quando esse mesmo Abraão quebrou um princípio divino e deitou-se com a sua escrava, buscando gerar um filho com ela, o que Deus não havia autorizado, foi punido duramente por Deus (Gn 21:10). As consequências da quebra daquele princípio divino
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perduram até o dia de hoje. Os decendentes de Isaque, o qual é o filho da promessa, não têm tido paz por milênios. A razão disto são os decendentes de Ismael, o filho bastardo de Abraão com Agar. Os ismaelitas não aceitam o fato de serem descendentes do primogênito de Abraão, e não terem direitos na promessa de Deus a Isaque. Uma vez completado o ato de desobediência, Deus não tem outra opção, senão lidar com os resultados.
O EXEMPLO DE MOISÉS
Outro exemplo importante é o de
Moisés, o homem mais manso da terra (Nm 12:3). Depois dele ter sido chamado por Deus, na experiência da sarça ardente (Ex 3), Deus quase o matou, antes mesmo dele cumprir a missão que o próprio Deus insistiu tanto para ele aceitar. Depois do acordo feito entre Deus e Moisés, Moisés quebrou um princípio divino que havia sido feito entre Deus e Abraão: a circuncisão. Por causa da falta de entendimento da esposa de Moisés, a qual não era israelita, ele estava disposto a não circuncidar o seu filho primogênito. Deus mandou um anjo cercá-lo no caminho para o Egito, e matá-lo, por causa da sua desobediência (Ex 4:24-26). Deus ia matar Moisés por causa de um princípio quebrado! Graças a Deus Moisés se arrependeu a tempo.
O EXEMPLO DE DAVI
Por fim, quero citar o exemplo
mais contundente das Escrituras, no que tange ao equilíbrio entre o amor e o juízo de Deus: Davi. Esse era o homem que moveu o coração de Deus de uma forma singular. Existem pelo
menos três verdades que tornam Davi uma pessoa única: 1. Davi tornou-se o cabeça da linha-gem de Jesus (Lc 18:38); 2. Ele foi chamado de homem segun-do o coração de Deus (At 13:22); 3. Deus fez com Davi uma aliança monárquica eterna (2 Sm 7:16).
Diante de tudo isto, fica difícil imaginar Deus punindo a Davi. Porém, esta é a grande diferença entre Deus e os homens: Deus é sempre reto e sempre fiel aos Seus próprios princípios. No dia em que Davi traiu a confiança de Deus para satisfazer aos seus desejos carnais, Deus o puniu severamente (2 Sm 11:2-24; 2 Sm 12:7-14).
A segunda experiência que Davi teve com o juízo de Deus, se deu quando ele mandou recensear o povo sem a permissão de Deus (2 Sm 24). Neste caso, Davi sofreu uma grande pressão porque Deus continuava a executar o seu juízo, enquanto Davi não expiasse o seu pecado. Ele teve que comprar um pedaço de terra na eira de Araúna, e oferecer sacrifícios ao Senhor para expiar a terra do seu pecado de soberba e orgulho (2 Sm 24:18). Davi aprendeu, de forma dura, que o Deus que ama é o mesmo que pune!
CONSEQUÊNCIAS ETERNAS
A rebelião de Lúcifer terá conse-
quências eternas. Apocalipse 12:4 revela o tamanho do estrago desta rebelião entre os anjos que se deixaram corromper pelos desejos egoístas do taidor: uma terça parte, de um número incontável, nunca mais verá o amor do Criador. Eles passarão toda a eternidade numa escuridão infinita, em cadeias eternas, sofrendo o inimaginável (Mt 25:41; Jd 1:6; Ap
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12:9). Isto, apenas, já seria motivo suficiente para eu proteger o meu coração contra este câncer santânico, que é a rebelião.
Enquanto escrevo estas páginas, não estou ignorante da existência de muitas pessoas sinceras e tementes a Deus, as quais têm sido exploradas e manipuladas por líderes corruptos que não temem a Deus, e que vivem somente para satisfazer os seus próprios ventres: “E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção” (Is 56:11).
Desses, trataremos na lição nove mas, contudo, precisamos deixar claro o fundamento da verdade que muitos não querem encarar, porque perderam a confiança na justiça de Deus que nunca falha. Não existe nenhuma justificativa aceitável a Deus para motins, infidelidades, traições, manipulações, seduções e rebeliões contra autoridades estabele-cidas por Ele. É por isto que o próprio Deus assume a responsabilidade de tratar com todos aqueles que se
corrompem: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. Portanto assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós disper-sastes as minhas ovelhas, e as afugen-tastes, e não as visitastes. Eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor” (Jr 23:1,2). Porém, o erro de quem está em posição de liderança não dá aos liderados uma carta branca para fazerem justiça com as próprias mãos. Deus quer que a Igreja confie nEle, como um Deus compassivo e reto que sempre faz o que é correto. O fato de Deus ter razões que nós, as criaturas, desconhecemos, reforça a nossa necessidade de depender dEle em todas as situações e confiar no Seu julgamento fiel e perfeito. Podemos Crer, sem medo, que Deus está cuidando de nós de forma correta e justa e Ele nunca permitirá que nenhuma injustiça prescreva, sem a devida punição. O mais importante de tudo é que todo serviço prestado pelos fiéis será recompensado no Tribunal de Cristo.
CONCLUSÃO
A transparência da Bíblia em relatar, até mesmo, coisas que aconteceram na
eternidade, revela um Deus sem complexos, sem inseguranças e sem falsidades. Deus é fiel ao extremo! Ele desconhece outro caminho que não seja a retidão absoluta nos seus atos, nos seus pensamentos e nas suas palavras. Deus fez questão de nos deixar saber que houve uma rebelião no céu para que saibamos que Ele também passou por isso e, portanto, Ele tem a cura para esse mal.
Fugir da verdade nunca nos levará a lugar nenhum. Mas, no entanto, quando encaramos a Palavra de Deus, sem temer o que ela ensina, teremos o nosso caráter transformado “à medida da estatura da plenitude de Cristo” e seremos semelhantes a Ele. Nada em nós apontará para satanás, porque o caráter dele não nos alcançou, porque fomos protegidos pelo sangue do Cordeiro. A ele, Jesus, toda honra e toda glória para sempre, amem.
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AULA 6
CAIN, REBELIÃO
CONTRA DEUS
ALGUMAS PESSOAS AINDA NÃO
ENTENDERAM QUE NÃO EXISTE
ALIADO MELHOR DO QUE DEUS
“não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.”
1 Jo 3:12
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AULA 6
CAIM, REBELIÃO CONTRA DEUS
Objetivos
Ao término desta classe os alunos saberão que:
1) Não existe um melhor aliado para o homem do que Deus;
2) Caim representa todos os insensatos que ousam duvidar do amor de Deus;
3) Ser como Caim significa pertencer ao malígno.
GUARDA O TEU CORAÇÃO
“Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). A história de Caim não é nada mais, nada menos, do que a história de um homem que não guardou o seu coração. O coração do homem é algo extraordinário, porque ele foi criado, tanto com o poder de ser independente, como de se render a quem desejar; esta é a lei do livre arbítrio.
Deus fez um trabalho tão magnífico ao criar o coração do homem que até Ele próprio precisa entrar na fila para conquistá-lo. O coração do homem tem sido ferozmente disputado por quatro competidores: Deus, satanás, o mundo e o próprio homem. É exata-mente por causa desta verdade que a Palavra diz o que está transcrito acima: Deus nos ordena que guarde-mos o nosso coração porque, quem quer que o domine, determinará o destino das nossas vidas.
A destruição de Caim foi o resultado de um coração não protegi-do. Eu tenho visto, ao longo do meu ministério, muitas histórias termina-rem mal, porque as pessoas alimenta-
ram sentimentos nocisos em seus corações, sem se darem conta do perigo que estavam correndo. Não foi isto que aconteceu com satanás? Com certeza foi: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade” (Ez 28:15). Como que um coração perfeito, em todos os seus caminhos, pode terminar em pecado? Descuidando de sete princípios vitais para a sua sobrevivência: 1. Nunca se esqueça quem te criou (Gn 1:27); 2. Nunca se esqueça porque Deus te criou: por amor (Gn 1:26); 3. Nunca se esqueça que o Criador tem diretos que ninguém mais tem (Rm 9:15); 4. Nunca se esqueça que Deus ama o seu próximo na mesma proporção que Ele ama você (1 Jo 4:16); 5. Nunca se esqueça que o bem estar do seu irmão também é responsabili-dade sua (1 Ts 4:6); 6. Nunca se esqueça que Deus sempre sabe tudo o que se passa no seu coração (Is 37:28); 7. Nunca se esqueça que Deus também pune ao que ama. Isso é o que deve fazer todo pai responsável (Hb 12:6).
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O FATOR CAIM
No que tange a história de Caim, quando a Bíblia começa a contá-la, já há algo de muito errado no coração dele. No entanto, não precisamos saber do antes, para sabermos como a situação chegou até aquele ponto que Gênesis 4:3 nos relata.
Caim demonstrava claramente uma profunda dificuldade de aceitar o fato de que Deus pudesse favorecer mais ao seu irmão do que a ele. Ele poderia muito bem usar aquela informação a seu favor. Se o teu irmão tem mais favor divino do que você, junte-se a ele! É aqui que repousa a verdade sobre “liderar e ser liderado.” Pelo fato de Caim não ter protegido o seu coração, ele concebeu um outro tipo de informação: “Se o meu irmão tem mais favor com Deus do que eu, é melhor matá-lo.”
Hoje, algumas pessoas têm trocado o homicídio pela perseguição, traição, inveja, boicote, rebelião e coisas assim. O problema é que para Deus tudo isto tem o mesmo valor de um homicídio: “Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (1 Jo 3:15). Se o valor dessas coisas é o mesmo de um homicídio, é mais do que lógico que o julgamento e a punição também sejam os mesmos.
REBELIÃO CONTRA DEUS
Caim representa rebelião contra
Deus, porque ele foi o primeiro a rejeitar a eleição divina. Portanto, ele foi o primeiro de uma classe de pessoas que ousam questionar as escolhas de Deus, como se Deus não soubesse o que faz ou como se Ele não fosse responsável pelo que faz. Neste
caso, não estamos falando daqueles que eventualmente possam se tornar infiéis, não! Aqui, estamos retratando aqueles que rejeitaram o governo de Deus, a ponto de terem suas mentes cauterizadas pelo pecado e pela soberba dos seus próprios corações. Este é o mesmo espírito que se apoderou de Saul, o qual resistiu tanto ao governo de Deus, a ponto de ouvir da boca dEle o inimaginável: “...Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei” (1 Sm 15:23). Saul, assim como Caim, preferiu justificar a sua rebelião, do que se arrepender. Saul preferia fingir um arrependimento, só para encerrar uma discussão, do que se submeter de fato à correção de Deus. Saul foi um discípulo à imagem e semelhança do seu mestre Caim.
O PROBLEMA NUNCA FOI ABEL
O problema de Caim nunca foi
Abel mas, sim, uma rejeição à sobe-rania de Deus. Seu coração conta-minado rejeitava todas as ações preventivas de Deus. Tudo o que Deus fazia para salvá-lo do desastre fatal que ele, por fim, sofreu, era inter-pretado por ele como uma violação da sua liberdade e como um abuso de poder do maior sobre o menor. Gênesis 4:5 diz que quando Caim notou que seu irmão tinha mais favor diante de Deus do que ele, irou-se fortemente e “decaiu-lhe o seu semblante.” A próxima atitude de Deus foi exatamente tentar salvar o coração de Caim, antes que fosse tarde demais. Porém, o coração de Caim já tinha escolhido um senhor: satanás! “não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão” (1 Jo 3:12).
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A essas alturas, satanás já havia transferido os seus valores corrom-pidos para o seu seguidor, e a primeira grande marca de satanás é a aversão a Deus. Esse sintoma era evidente em Caim, porque a voz de Deus já não tinha nenhum valor para ele. Depois de Deus fazer três perguntas a Caim e dar-lhe uma palavra de sabedoria em Gn 4:6 e 7, Caim não esboçou nenhuma reação e simplesmente não respondeu a Deus nenhum dos Seus questionamentos. Quando o Deus todo poderoso, o Criador, o Senhor de toda a terra, te faz uma pergunta, você responde imediatamente, e ponto final. Isso pode salvar a sua vida.
Eu me lembro de um caso de rebelião que eu sofri numa igreja que pastoreei por 10 anos no Brasil. O pivô dessa rebelião tentou todos os seus recursos para tentar me remover do pastorado daquela igreja. Depois de alguns anos de revolta e tentativas frustradas, ele estava completamente quebrado, e eu estava no mesmo lugar onde Deus havia me colocado. Diante da frustração desse irmão, ele decidiu ir para os Estados Unidos para tentar recuperar as perdas financeiras que ele havia sofrido ao longo do tempo; Deus o havia jogado na lona! Quando esse irmão estava com a sua viagem marcada, Deus usou uma profetiza do círculo de oração para dizer-lhe:__ “Se tu saires do país sem fazeres um concerto com o meu servo a quem tu perseguistes, tu não entrarás naquele país para aonde vais.” Aquele irmão riu da serva de Deus e disse a ela que ele não era tão fácil de ser manipulado como ela pensava.
Dias depois aquele irmão viajou para o México, na tentativa de cruzar a fronteira para dentro dos EUA. Algum tempo depois o seu corpo foi encontrado no deserto do Arizona já
em estado de decomposição. Meu Deus! Por que a voz de Deus já não causa mais efeito no coração de algumas pessoas, nem mesmo quando a intenção dEle é salvar a vida delas? Porque elas já cruzaram a linha e quebraram todos os sete princípios vitais criados por Deus para nos manter nos trilhos, dos quais falamos anteriormente.
TRANSFERINDO A CULPA
Por fim, a última reação de Caim,
antes do desastre final, foi culpar a Deus pelo seu próprio fracasso “Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar” (Gn 4:13). Caim estava tentando representar o papel do injustiçado. Isso me lembra aquele tipo de pessoa que acha que sua vida só não está melhor, porque Deus nunca o favoreceu, como favoreceu a outros. Transferir a culpa para Deus é o golpe final de satanás no coração do rebelde, porque é exatamente esta estratégia que impedirá os “Caims da vida” de se arrependerem. Estamos falando de uma escada espiral descendente cujo fim está no inferno.
OS CAIMS DE HOJE
As igrejas estão cheias de Caims
hoje em dia. Eles não suportam ver Deus fazendo alianças com qualquer um que não sejam eles. Quando os Caims modernos veem alguém em posição de autoridade, eles se deses-peram, porque autoridade produz honra e Caim não suporta ver ninguém sendo honrado.
A maior parte dos casos de rebelião nas igreja é estimulado por uma revolta que os Caims têm contra Deus. Eles simplesmente não conse-
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guem aceitar o fato de que Deus tenha escolhido aquela pessoa em particular para aquela posição, ao invés deles. Muitos se rebelam, simplesmente, para não terem que ver aquele líder ocupando aquele lugar de honra. É como se isto, por si só, já fosse uma tortura para eles.
Como a rebelião dos Caims é contra Deus, e não contra os homens, o próprio Deus se encarregará deles. Cabe a nós, os que temos o caráter de Abel, não nos associarmos com eles, para que não nos tornemos vítimas da sua ganância infinita:
“Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim... Estes são os escolhidos em vossos ágapes, quando se banqueteiam convosco, pastores que se apascentam a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos; são árvores sem folhas nem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas;” (Jd 1:12)
“Todo aquele que vive habitu-almente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia” (1 Jo 3:4). Deus nos protegerá ao ver retidão em nossos corações.
CONCLUSÃO
Eu fui conduzido a começar esta lição pela solução “Guarda o Teu Coração,” para depois expôr esse espírito devastador que tem encontrado lugares nos bancos das nossas igrejas e, lamentavelmente, em nossos púlpitos. De acordo com Salomão, a sabedoria e o conhecimento valem tanto que eu poderia investir tudo o que tenho para consegui-los (Pv 4:7).
A melhor maneira de guardar o meu coração com diligência é enchê-lo de sabedoria e conhecimento do Senhor, para que eu nunca seja contaminado por um espírito como o de Caim, para não ser arrastado por ele rumo à destruição da minha vida, do meu ministério, da minha família e de muitos outros à minha volta. Toda a descendencia de Caim foi eliminada no dilúvio, porque não havia nada de bom para se esperar dali.
Quantos ministérios tremendos, os quais poderiam marcar a história, deixaram de existir porque foram contaminados pelo espírito de Caim. Nós não queremos isto para as nossas vidas, definitivamente! Também não queremos endurecer os nossos corações a ponto de não ouvirmos mais nem a voz de Deus, o que seria o maior de todos os desastres que uma pessoa poderia experimentar. Deus nos ajude a nos mantermos no centro da Sua vontade até o final da nossa missão.
“Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu”
Rui Barbosa