MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

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1 MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1 Dr. Jefferson Netto

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MATÉRIA MT-02

AUTORIDADE ESPIRITUAL

Parte 1

Dr. Jefferson Netto

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Informação Técnica

Copyright © 2011 by Jethro International Ministries

Comentarista Dr. Jefferson Netto (Ph.D)

Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida por

quaisquer meios sem prévia autorização do autor. Pequenas citações estão

permitidas com a devida citação da fonte.

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Atualizada, pelo

simples fato de que ela foi a que melhor conseguiu detectar a diferença entre

autoridade e poder, ao traduzir exousia e dunamis. Sugerimos que todos os alunos

usem esta mesma versão para um maior proveito do curso.

Todos os direitos desta edição estão reservados à:

Jethro International Ministries

118 Main St, Ashland, MA - 01721 - USA

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Quarta edição

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Bem vindo ao Curso Autoridade Espiritual

do seminário SETEJI

Amado (a) Participante,

O curso de autoridade espiritual do SETEJI é o primeiro curso que visa

preparar obreiros e membros regulares de igreja para serem discípulos eficazes,

servindo bem e com amor àqueles que Deus estabeleceu sobre suas vidas. Tenho

descoberto, na minha caminhada ministerial, que a razão número um que abre

caminho para o espírito de insujeição se estabelecer no coração de uma pessoa é a

falta de conhecimento. Muitas pessoas se envolvem em rebeliões, discórdias,

motins e perseguições a líderes, porque nunca foram preparadas para lidarem com

situações assim, quando elas chegam. Nós temos a tendência de achar que as

pessoas serão fiéis por instinto cristão, o que é um grande erro. Cristianismo não se

pratica por instinto mas, sim, por fé e por conhecimento da Palavra de Deus.

Nas Escrituras Sagradas nós encontramos todo tipo de antídoto contra todas

as artimanhas do inimigo de Deus e do Seu povo, incluindo a rebelião. Satanás é

pai da rebeldia! Da mesma forma que não existe autoridade legítima fora de Deus,

também não existe insujeição desconectada de satanás; toda rebelião vem dele. No

entanto, existe um grande mal entendido, resultado de desconhecimento, do que

seria insujeição e rebelião (Os 4:6).

Neste curso, você não apenas receberá todas as informações que você

precisa para entender o caminho da submissão e praticá-la com amor, como

também será capaz de entender o que vem a ser insujeição e rebelião, à luz da

Bíblia Sagrada. Os princípios que denunciam a insujeição foram estabelecidos pela

Bíblia e não pelos líderes em posição de autoridade. Portanto, ninguém se torna um

rebelde porque alguém disse que sim. Um indivíduo torna-se um rebelde quando

ele viola os princípios de submissão estabelecidos pela Palavra de Deus. Este curso

existe para que você nunca precise passar por esta experiência davastadora, a qual

já destruiu a vida de muitas pessoas ao redor da terra.

Faço votos de que você vá até o fim deste curso, o qual foi desenhado para os

filhos de Deus, a fim de que sejam ainda mais parecidos com o Seu Filho Jesus

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Cristo. A Ele, Jesus, o modelo perfeito de obediência e submissão, seja dada a

honra, o louvor e a glória para sempre.

Amém!

Jefferson Netto

Doutor em filosofia

da religião - Ph.D.

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PROGRAMAÇÃO DO CURSO

AULA ÍNDICE Pg

01 Introdução 6

02 O Que é Autoridade? 10

03 O Deus Que Delega 18

04 A Cadeia de Autoridade na Igreja 25

05 As Consequências Da Rebelião de

Satanás 46

06 Cain, Rebelião Contra Deus 56

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INTRODUÇÃO

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão que:

1) Sendo Deus o único ser incriado, não existe nenhuma outra

fonte de autoridade fora dEle;

2) Um princípio divino é algo que não pode ser alterado,

algo inegociável, intransigível;

3) Quando alguém se lança contra um princípio estabelecido por Deus, ele sofrerá

a devida punição que a quebra daquele princípio trás.

AUTORIDADE, UM PRINCÍPIO

DIVINO

O capítulo primeiro do livro

Autoridade Espiritual Plena nos

apresenta uma boa explicação acerca

do princípio de autoridade. No

entanto, o livro limita-se em explicar

qual a origem da autoridade espiritual

e natural, logicamente apontando

para Deus como Criador e Governante

absoluto do universo.

Sendo assim, nesta lição,

focaremos mais as questões práticas

do princípio de autoridade: o que é o

princípio de autoridade, e como isto se

aplica nas nossas vidas, no nosso dia a

dia. Para entendermos o princípio de

autoridade, primeiramente precisa-

mos ter certeza de que entendemos o

que são princípios.

Salmos 111:10 diz que “O temor

do Senhor é o princípio da sabedoria;”

Princípio, neste caso, tem a ver com

fundamento, estrutura fundamental

de sustentação de alguma coisa. O

dicionário de português online define

princípio como “s. m. / Regra da

conduta, maneira de ver. Regras

fundamentais admitidas como base de

uma ciência, de uma arte etc.” O que

o salmista está dizendo, neste verso, é

que o temor do Senhor é o

fundamento e a coluna de sustentação

da sabedoria. A sabedoria se apoia

sobre o temor do Senhor que uma

pessoa venha a ter no coração. Em

outras palavras: Uma pessoa que não

tenha temor de Deus, não tem como

ser sábia, porque a sabedoria não teria

onde se amparar.

Quando um estudante de física

entra na universidade pretendendo se

tornar um cientista físico, ele precisa

imediatamente aprender os princípios

da física, para ser capaz de trabalhar

em harmonia com eles, a fim de obter

algum sucesso. Um dos princípios da

física é a Lei da Gravidade. Qualquer

cientista sabe que não há como

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desconsiderar este princípio, sem

sofrer as devidas consequências.

Sendo assim, eu, como estudante da

Palavra de Deus, preciso aprender a

identificar os princípios que foram

estabelecidos por Deus para regerem

a minha vida natural e espiritual.

Portanto, as regras bíblicas para

o uso da autoridade não são

negociáveis. Tanto quem lidera como

quem é liderado estão conectados

pelos laços da autoridade, os quais são

inquebráveis (Ef 6:5-9). Sendo Deus o

fundamento da autoridade, todos nós,

um dia, nos apresentaremos a Ele

para uma prestação de contas daquilo

que fizemos, quando estávamos

debaixo de autoridade, ou em posição

de autoridade.

DEUS É UMA FONTE

INESGOTÁVEL

Uma fonte é algo que produz

alguma coisa, um gerador de uma

matéria prima que produz algo em

abundância. Autoridade só existe

porque Deus existe e Deus é ines-

gotável. Ele emana autoridade e poder

para todo o universo e para todos os

seres criados. Nós encontramos

exemplos de autoridade sendo

exercida entre os anjos, entre os

homens, entre os animais terrestres,

entre os pássaros e entre os animais

marinhos e tudo funciona de uma

forma impressionante, mesmo com o

distúrbio causado pelo pecado.

Não faz muito tempo que eu

estava assistindo a um documentário

sobre migração de aves e fiquei

impressionado ao ver uma revoada de

pássaros que, segundo o narrador,

estava voando por centenas de

quilômetros em direção ao seu destino

migratório. Duas coisas me chamaram

a atenção naqueles pássaros:

1) a formação com a qual eles

voavam. Eles viajavam em forma

de uma flecha, como um “v,” pelo

fato de que milhares de pássaros

seguiam a um só líder.

2) O lugar do descanso que

normalmente é à noite, é sempre

decidido pelo líder. Onde ele pousa,

todos pousam. Onde ele dorme,

todos dormem. Onde ele se

alimenta, todos se alimentam e, no

momento em que ele decide que é

hora de continuar a viagem, todos

alçam voo juntos com ele.

Isso me encantou porque fiquei

pensando:_“quando foi que esses

milhares de pássaros decidiram eleger

aquele que os lideraria?” Será que foi

preciso uma reunião promovida pela

associação internacional dos pássaros

migratórios, para se chegar à

conclusão de que aquele pássaro

específico seria o lider da viagem? Ou

será que eles, assim como o restante

da natureza, estavam apenas

refletindo a natureza do Criador?

A segunda proposta e, sem

dúvidas, a correta: a natureza do

Criador está refletida em toda a

Criação. Dele emana pura autoridade,

constante e infinita, a qual alimenta

todo o universo, visível e invisível.

Salmo 104 é uma declaração

poética e profética da autoridade de

Deus, fluindo em todos os setores da

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natureza. Leia esse salmo e veja que a

harmonia e o equilíbrio da natureza

são resultados inevitáveis da autori-

dade absoluta de Deus sobre toda a

Criação. Até mesmo coisas cotidianas

como, por exemplo, o simples

movimento das águas (v. 6), o

crescimento da erva verde (v. 14) e

etc., tem seu fundamento essencial no

fato de que Deus é a fonte que emana

sustento para tudo e para todos. O

que o salmista está nos dizendo na

verdade, é que nada no universo está

acontecendo por acaso. Deus está no

con-trole de tudo e Ele cuida de tudo

e de todos, não há razão para

temermos.

CONCLUSÃO

Eu poderia seguir citando exemplos incontáveis para tentar expressar a

essencialidade do princípio de autoridade, para mostrar que isso não se trata de

opinião humana mas, sim, de um fundamento necessário à existência da vida. Esta

é a razão pela qual Deus nunca aceitará que ninguém altere esse princípio, por

maiores que sejam as razões apresentadas. Enquanto o mundo existir, pessoas

estarão liderando outras pessoas, e abusos poderão ocorrer como resultado desta

necessidade. Mas Deus reserva exclusivamente para si mesmo o direito de julgar

pessoas em posição de autoridade, para que ninguém se ache no direito de fazê-lo.

Este curso não visa apenas promover submisão entre liderados mas, também,

responsabilidade entre os líderes, sabendo ambos que Deus julgará a todos os

homens igualmente no dia do Tribunal de Cristo (2 Co 5:10) e no dia do Grande

Trono Branco (Ap 20:11).

Deus te abençoe em nome de Jesus!

“Paciência e perseverança têm o efeito glorioso de fazer as dificuldades

desaparecerem e os obstáculos sumirem.”

John Quincy Adams

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AULA 2

O QUE É

AUTORIDADE?

AUTORIDADE É A BASE DO PODER

“Pois também eu sou homem sujeito à autoridade, e tenho soldados às minhas

ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu servo: Faze

isto, e ele o faz.”

Mt 8:9

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AULA 2

O QUE É AUTORIDADE?

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão:

1) O que é autoridade;

2) Que há uma diferença entre autoridade e autoritarismo;

3) Não cabe ao liderado julgar o seu líder; esta é uma responsabilidade divina.

AUTORIDADE É UMA INVESTIDURA

Em primeiro lugar, autoridade é

uma investidura divina. Como tal, ela

é como uma via de mão única. Deus

reveste uma determinada pessoa de

autoridade, já consciente das

consequências que este ato possa

gerar. Foi assim no céu e é assim na

terra! Paulo deixou extremamente

claro que não existe autoridade que

não venha de Deus (Rm 13:1).

Portanto, por amor às Escrituras

Sagradas, temos que reconhecer que

até mesmo aquelas pessoas que estão

fazendo um mau uso da autoridade,

elas a receberam de Deus. O próprio

Senhor Jesus corrobora com esta

verdade ao reconhecer que a

autoridade que Pilatos tinha para

mandar crucificá-lo vinha do céu (Jo

19:11).

Este conceito não é fácil de ser

assimilado pelos homens, quando eles

estão diante de abusos de autoridade,

por exemplo. É desafiador aceitar o

fato de que a autoridade de um líder

político corrupto que esteja

defraudando a sua nação, fazendo o

seu povo sofrer, formando conchavos

com pessoas para o seu próprio

benefício, tenha vindo de Deus. Mas, a

verdade incontestável é que “não há

autoridade que não venha de Deus; e

as que existem foram ordenadas por

Deus” (Rm 13:1).

AUTORIDADE É UMA CONQUISTA

Para que a autoridade investida

por Deus não se converta em

autoritarismo, ela precisa ser

conquistada entre os liderados. Como

investidura divina, a autoridade é uma

via de mão única porém, enquanto

conquista, a autoridade torna-se uma

via de mão dupla, onde a ação de

quem lidera é refletida de volta,

através da vida dos liderados. É

maravilhoso quando um liderado se

submete ao seu líder, não apenas

porque esse líder tenha recebido uma

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investidura divina mas, também,

porque a confiança do liderado foi

conquistada. Esse é o tipo ideal de

liderança.

Nosso maior exemplo sempre

será Jesus Cristo. Ele não precisava

lavar os pés dos seus discípulos, por

exemplo, porque Ele era maior do que

todos eles. Ele foi o único ser perfeito

entre nós. Ele nunca pecou. Por que,

então, um homem como Jesus faria

algo assim? Lavar os pés dos seus

liderados. Porque Ele sabia, como

ninguém, que conquistar os seus

subordinados é um dos segredos da

autoridade espiritual. Jesus era um

cavalheiro com as mulheres, um

grande amigo dos homens, um pai

querido para as crianças, um homem

firme para os seus inimigos e um

pesadelo para o diabo. É por essas e

outras que O temos como nosso

modelo maior em todas as áreas da

vida. Jesus foi e é aquilo que nós

sonhamos ser! (Ef 4:13).

AUTORIDADE É A BASE DO PODER

Assim como Deus é a base da

autoridade, a autoridade é a base do

poder. Qualquer pessoa em posse de

uma arma de fogo, sem um distintivo,

corre o risco de ser presa, porque

trata-se de poder desacompanhado de

autoridade. A arma de fogo é o poder,

enquanto que o distintivo é a

autoridade. Um policial não precisa

usar o seu poder para parar um

veículo, por exemplo, basta usar a sua

autoridade.

Esta declaração acima nos leva

a pensar se não deveríamos focar mais

na autoridade do que no poder. Jesus

disse que toda autoridade (exousia)

lhe foi dada no céu e na terra (Mt

28:18). Ele não disse poder (dunamis)

mas, sim, autoridade. Por que? Ele

sabia que o poder acompanha a

autoridade. Se o poder for praticado

desconectadamente da autoridade,

torna-se ilegal. A maior prova disso é

que Jesus nos prometeu o poder (At

1:8) somente depois de nos ter

delegado, propriamente, a autoridade

(Mt 28:18). Muitos perseguem apenas

o poder, porque poder não precisa ser

legítimo mas, a autoridade, sim.

Resistir à uma autoridade instituída

por Deus produz consequências

inevitáveis para quem quer que seja.

O poder foi prometido por

causa do mundo e não por causa da

Igreja. Deus sempre desejou que a

Igreja vivesse pela autoridade, porque

autoridade opera sobre o amor e a

obediência, enquanto que o poder se

impõe pela força. Se um assaltante

apontar um revólver para a cabeça de

sua vítima e pedir todo seu dinheiro, a

vítima não terá outra opção, se não

entregar tudo, por mais inconformada

que ela esteja. Ela não terá opção. O

poder se impõe em qualquer situação.

Veja que no texto de Atos 1:8 Jesus

disse que quando o poder viesse sobre

nós, nós seríamos “testemunhas, tanto

em Jeru-salém, como em toda a Judéia

e Samária, e até os confins da terra.”

A manifestação do poder é

intencionalmente para o mundo, e

para satanás, porque eles não têm a

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intenção de obedecer a Deus

naturalmente e, muito menos, por

amor. A Igreja é diferente! A Igreja

ama a Jesus e o obedece, não porque

esteja com uma arma apontada para a

sua cabeça mas, sim, porque O ama.

É SÁBIO CEDER À AUTORIDADE

Quando um líder precisa fazer

uso do poder que acompaha a sua

autoridade para se fazer respeitado,

significa que o liderado já não está

mais servindo por amor. Tenho visto

muitos casos de líderes espirituais que

foram forçados a usar do seu poder

para inibir uma tentativa de rebelião,

ou algum tipo de insujeição, porque a

sua autoridade já não estava mais

sendo respeitada. Sábio é aquele que

serve à autoridade antes do poder.

Muitas vezes o poder machuca!

Na maioria das vezes em que o

poder de Deus se manifestou no Velho

Testamento, as pessoas sairam

machucadas. Quando ele se

manifestava na arca, pessoas

morriam. Quando ele se manifestou

no monte Sinai, o povo ficou

aterrorizado. Quando o poder se

manifestou no mar vermelho,

milhares foram tragados e assim

sucessivamente. Bem aventurado o

servo que não depende de ver o poder

do seu líder para respeitá-lo. Oxalá

que ele o faça por amor. Jesus curou a

milhares durante a sua caminhada

aqui na terra, mas ele nunca curou

nenhum dos seus discípulos próximos.

Você já tinha pensado nisso? Eles

viram o Seu poder em ação, mas

experimentaram o toque da Sua

autoridade de Filho de Deus. A única

coisa que Jesus precisou fazer para

que alguns daqueles homens

abandonassem tudo o que tinham

para segui-lo, foi dizer-lhes “segue

me.” (Mt 8:22, 9:9, 19:21, Mc 2:14, Jo

1:43). O poder de Jesus é para o

mundo crer que Ele é o enviado de

Deus, enquanto que a autoridade é

para os seus filhos amados: “E Jesus,

olhando para ele, o amou e lhe disse ...

segue-me” (Mc 10:21).

QUEM AMA A DEUS SE SUBMETE

Diante de tudo o que já falamos

não nos resta dúvida de que respeito à

autoridade é uma questão de amor a

Deus e não apenas aos homens. Quem

ama a Deus não tem dificuldade

nenhuma de se submeter a alguém

estabelecido por Ele.

O amor a Deus nos sustenta em

tempos de crise e dificuldade. Esse

amor também funciona como um

escudo protetor contra as investidas

do diabo, que vem para nos fazer

quebrar princípios vitais que o Senhor

estabeleceu para o nosso próprio bem.

Todas as vezes que satanás incita

alguém a quebrar o princípio de

autoridade, ele tem em mente a

destruição daquela pessoa, porque ele

sabe melhor do que ninguém as

consequências irreversíveis, desse ato.

O EXEMPLO DE DAVI

Davi nos ensina muito com a

sua experiência com Saul. Ele viveu

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na pele essa tentação de se rebelar.

Saul deu a Davi todos os motivos que

ele precisava para começar um motim

contra o seu ministério (reino).

Porém, Davi conseguiu alcançar o

raro entendimento de duas verdades:

1) Quando alguém se rebela, ele não

está ferindo apenas a pessoa que

ocupa aquela posição de liderança,

ele fere a investidura de autoriade

que Deus pôs sobre tal pessoa. É

importante saber isto porque a

maioria das pessoas que traem seus

líderes, apresentam motivos

humanos lógicos, achando que eles

os isentarão das consequências.

Tais pessoas não entendem que,

por mais errado que esteja o líder,

ele ainda detém uma investidura

divina, que não pode ser violada.

Davi conseguiu ver a diferença

entre o homem Saul, o qual estava

em pecado, do rei ungido que

recebera de Deus uma delegação

de autoridade. Isso levou Davi ao

segundo acerto:

2) Davi entendeu a diferença entre a

obediência e a submissão! Quando

ele percebeu a corrupção de Saul,

ele sabia que não seria possível

obedecê-lo em tudo mas, ele ainda

tinha o dever de ser submisso à

investidura de autoridade que

estava sobre Saul.

Portanto, submissão é uma

questão de fidelidade a um princípio

enquanto que obediência é

circunstancial. Quando um líder se

corrompe e começa a dar ordens que

ferem princípios bíblicos, nós não

somos forçados a obedecer tais

ordens, mais isso não nos dá o direito

de perseguir esta pessoa, de tentar

derrubá-la de sua posição, ou tentar

tomar o seu lugar e etc. (At 5:29).

Toda vez que alguém tentar mover um

líder de sua posição de autoridade, ele

estará afrontando a Deus, como se Ele

não soubesse o que faz. Saul ainda

ficou no trono por anos a fio, mesmo

em pecado, e Davi respeitou a decisão

divina, e preferiu sofrer as devidas

consequências e fugir para salvar a

sua vida, do que ter as suas mãos

manchadas pelo espírito de rebelião e

um dia ser cobrado por Deus por ter

tocado na unção de outrem, ferindo a

investidura de autoridade (1 Sm

24:6). Davi é um exemplo a ser

seguido! Diante de tudo isto podemos

ver, de forma sistemática, o que Davi

fez e por que o fez. O sucesso de Davi

pode ser mapeado e entendido por

todos. Como que um homem que

cometeu os pecados morais que Davi

cometeu, e falhou como pai de

família, pôde ainda ser chamado de “o

homem segundo o coração de Deus?”

(1 Sm 13:14).

Embora não haja uma resposta

simples para esta pergunta, é mais do

que evidente que a relação de Davi

com a unção e com o princípio de

autoridade tem muito a ver com o seu

sucesso. Lembre-se que Davi foi o

único homem na Bíblia que ouviu de

Deus duas declarações extremamente

incomuns: a) ele era segundo o

coração de Deus (1 Sm 13:14, ); b)

seu reino seria eterno (2 Sm 7:16).

Portanto, quando analisando as

atitudes de Davi e as suas motivações,

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podemos seguir o seu exemplo e

sermos abençoados também:

1) Davi servia com amor, sem se

preocupar com o dia da

recompensa (1 Sm 16:11);

2) Davi honrava os seus pais ao

viver uma vida de obediência a

eles, servindo-os com amor, temor

e respeito (1 Sm 17:34);

3) Davi sabia que ser ungido por

Deus não significava ser melhor do

que os outros. Mesmo depois de

ungido ele mantinha o espírito de

servo (1 Sm 17:15; 17:17,18);

4) Davi não temia o inimigo, ele

sabia quem era e Quem o havia

chamado (1 Sm 17:32);

5) Davi catalogava as vitórias de

Deus na sua vida, isto mostra o seu

espírito de gratidão (1 Sm 17:34-

37);

6) Davi respeitava o princípio de

autoridade e a unção alheia (1 Sm

24:6);

7) Davi respeitava a soberania

divina em relação ao tempo. Ele

nunca tentou acelerar o processo

de Deus na sua vida e nem contra

Saul (1 Sm 16:13; 2 Sm 5:3);

8) Davi aceitava a correção divina

sem questionar. Ele tinha um

espírito de submissão a Deus

singular (2 Sm 12:7-13);

9) Davi sabia honrar os mais

humildes (2 Sm 9:6,7). Davi

honrou a Mefibosete porque o

amou como ninguém o faria. É

maravilhoso ver um homem na

posição de Davi se lembrar dos

humildes.

CONCLUSÃO

Neste estudo nós vimos que autoridade é mais do que apenas ocupar uma

posição de liderança. Uma pessoa em posição de autoridade está diretamente

conectada à autoridade divina, independente de ser um cristão ou não. A Bíblia nos

afirma, categoricamente, que “não há autoridade que não venha de Deus” (Rm

13:1) e esta declaração não abre precedente para nenhuma excessão. Satanás

tentou ser a primeira excessão desta regra e destruiu o seu próprio futuro. Hoje ele

tenta arrastar o máximo possível de pessoas para o mesmo destino que está

reservado para ele e seus anjos (Mt 25:41).

Por fim, ao entendermos a diferença entre autoridade e poder, passamos a

desejar a coisa certa, sabendo que relacionar-se com a autoridade de Deus é um

privilégio da Igreja, a qual obedece à Sua Palavra por amor e não por temor ou por

imposição.

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AULA 3

O DEUS QUE DELEGA

QUEM DELEGA AUTORIDADE NÃO

TEM SÍNDROME DE PODER

“Bendizei ao Senhor, vós anjos seus, poderosos em força, que cumpris as suas ordens,

obedecendo à voz da sua palavra!” Sl 103:20

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AULA 3 O DEUS QUE DELEGA

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão que:

1) Deus foi o primeiro ser a delegar autoridade a alguém;

2) Quem delega autoridade a outrem não tem síndrome de poder;

3) Quem delega autoridade a outrem espera que a missão seja cumprida da forma

correta.

A AUTORIDADE GERA UMA CADEIA

DE DELAÇÕES

Saber que Deus é a única fonte

de autoridade no universo nos leva

também a entender que Ele deu

origem ao processo de delegar

autoridade a outros. A Bíblia no diz

que o Pai, o Filho e o Espírito Santo

são as únicas pessoas incriadas e,

portanto, todos os seres angelicais e

demais criaturas foram criados por

Deus para um propósito (Gn 28:12; Sl

45:6; 145:13; 148:1-5; Is 40:28; Ap

4:11).

DEUS DELEGOU AUTORIDADE

NO CÉU

Que Deus maravilhoso! Mesmo

sendo autossuficiente, Onipotente,

Onipresente e Onisciente (o que

significa que Ele não precisa de

ninguém) Deus ainda assim

compartilha da sua autoridade com os

seus filhos amados, tanto no céu (Jó

1:6), como na terra (Rm 13).

Como os anjos foram criados

antes dos homens, fica óbvio que

Deus delegou autoridade primei-

ramente no céu, para que os seus

santos anjos O servissem e

cumprissem as Suas ordens com

autoridade. Lembre-se que autoridade

não é necessariamente uso de poder.

Nós encontramos na Bíblia muitas

manifestações angelicais, onde os

anjos demonstraram total autoridade

na execução de uma tarefa. Há casos

em que os anjos usaram do seu poder

para se imporem diante das pessoas

porém, em outros casos, eles usaram

apenas da autoridade investida sobre

eles, sem o uso de nunhum poder. Em

Gênesis 18:1-16 temos um bom

exemplo do que estou

compartilhando: Temos o que parecia

ser uma teofania de Cristo

acompanhado de 2 outros anjos na

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tenda de Abraão, sem a necessidade

de fogo, trovões e relâmpagos, porque

a autoridade deles já era suficiente

diante do espírito de submissão de

Abraão.

No entanto, do versículo 17 para

frente, a situação muda

consideravelmente. Esses varões já

entraram em Sodoma e Gomorra

esbanjando poder e força. O poder

que eles exuberaram sobre aquelas

duas cidades não podia ser

questionado porque eles estavam

revestidos de autoridade e autoridade

só pode vir de Deus. Existem várias

origens para o poder: o poder pode ser

divino, malígno, humano ou da

natureza porém, autoridade só pode

ter origem em Deus. É por isso que a

autoridade dá legitimidade ao poder!

Os anjos não são marionetes nas

mãos de Deus, eles são seres

valorizados no céu, tratados com amor

e valor. Eles têm poderes

impressionantes, como nos mostram

alguns textos bíblicos. Eles fazem uso

da autoridade que vem diretamente

de Deus. Em Apocalipse 19 vemos um

anjo poderoso o bastante para ficar no

sol sem sofrer nenhum dano. Você já

imaginou que tamanho poder é esse,

que torna um único anjo mais

poderoso do que o sol? O sol é uma

estrela de quinta grandeza, um milhão

e trezentas mil vezes maior do que a

terra.

QUEM DELEGA, AMA

Existem duas explicações básicas

para a delegação de autoridade:

a) Quem delega autoridade a

outrem não sofre de síndrome

de poder;

b) Quem delega autoridade a

alguém, demonstra amor.

No caso do homem, existe uma

terceira verdade: delegamos porque

precisamos delegar, pelo fato de não

sermos absolutos. Porém, no caso de

Deus, Ele nos deu o maior de todos os

exemplos a ser seguido no campo da

autoridade espiritual: Deus tem

prazer em compartilhar o que tem

com os seus filhos. Se todos nós

seguíssemos o exemplo divino,

viveríamos em completa harmonia,

porque quem delega autoridade

deveria fazê-lo por amor, e quem se

submete também deveria fazê-lo por

amor.

Por outro lado, qualquer pessoa

que recebe um voto de confiança de

alguém em posição de autoridade,

deveria se sentir amado e valorizado,

independente do temperamento de

quem delega. As pessoas têm

diferentes formas de demonstrar

amor e carinho porém, o ato de

delegar, por si mesmo, é uma prova de

amor, carinho, confiança e

reconhecimento da capacidade do

delegado. Eu creio que esta é a razão

pela qual uma traição machuca tanto

a quem é traído. Ninguém é traído por

um estranho; traição normalmente

vem de alguém que amamos! Ou seja:

quem trai, precisa estar próximo o

bastante de quem será traído para que

o ato se configure como traição.

Repito, ninguém é traído por

estranhos mas, sempre por amigos.

Page 18: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

18

DEUS DELEGOU AUTORIDADE

NA TERRA

Na terra, o processo de delegação

de autoridade começou quando Deus

declarou a criação do homem: “E

disse Deus: Façamos o homem à nossa

imagem, conforme a nossa

semelhança; e domine sobre os peixes

do mar, e sobre as aves dos céus, e

sobre o gado, e sobre toda a terra, e

sobre todo o réptil que se move sobre a

terra.”

Deus fez o homem com a

capacidade de assimilar a Sua

autoridade. Deus já sabia que a

melhor maneira de distribuir tarefas é

através da delegação de autoridade.

Depois de ter criado o homem, Deus

só aparecia no Jardim uma vez por dia

(Gn 3:8), o que deixa claríssimo que

Adão tinha o dia inteiro para tomar

decisões por si mesmo baseado na

autoridade que ele recebera de Deus.

Quem recebe o voto de confiança

de uma delegação de autoridade, tem

que saber transmitir paz para quem o

delegou tal autoridade. Deus não

precisava ficar na cola de Adão,

checando tudo o tempo todo,

perguntando tudo, conferindo tudo,

discordando de tudo. Deus Se

conhece e Ele confiava em Adão. É

por isso que a queda de Adão foi

punida por Deus com rigor, tanto para

ele, como para Eva: Deus confiou

neles até o último instante. “...Mas

àquele a quem muito foin dado, muito

lhe será exigido; e àquela a quem

muito se confia, muito mais lhe

pedirão” (Lc 12:48).

DEUS FOI O PRIMEIRO

A SER TRAÍDO

Ser pioneiro tem o seu preço!

Deus sabia que ser o primeiro a

delegar autoridade significava ser o

primeiro a ser traído. Nem por isso

Ele recuou na sua decisão de criar

seres inteligentes e dotá-los de

autoridade. Isso é amor! Após a

Criação espiritual e física Deus sofreu

duas grandes traições, as quais se

tornaram históricas, e têm sido

estudadas ao longo dos séculos: a

traição de Lúcifer e a traição de Adão.

Deus sabe na prática o poder

devastador de uma infidelidade e de

uma traição. O que mais me

impressiona é que Deus poderia

facilmente ter impedido o resultado

final da rebelião de Lúcifer. Se Ele

quisesse, poderia ter reunido a terça

parte que Lúcifer arrastou e ter

mostrado a eles o resultado eterno da

decisão que eles estavam por tomar.

Um raciocínio humanamente lógico

nos sugere possíveis “caminhos” que

teriam impedido aquela rebelião que

ocorreu no céu. Porém, os caminhos

de Deus são mais altos do que os

nossos caminhos (Is 55:9). Nós nunca

entenderemos os motivos de Deus na

sua totalidade; somos muito

pequenos! No entanto, ainda podemos

aprender com tais acontecimentos.

A TRAIÇÃO DE LÚCIFER

Esta foi a primeira vez que o

Deus eterno sentiu o gosto

desagradável da traição de alguém

Page 19: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

19

que Ele criou e amou com amor

eterno. Lúcifer só traiu a Deus porque

ele tinha uma investidura de

autoridade que se estendia sobre no

mínimo uma terça parte dos anjos do

céu. As motivações erradas que

levaram Lúcifer a trair a Deus

tornaram-se o referencial de todos os

demais infiéis e traidores. Nós

encontramos essas motivações

descritas em Isaías 14:9-14 e Ezequiel

28:11-19. Basicamente, Lúcifer traiu

a Deus porque:

1) Deus confiou nele;

2) Porque Deus delegou-lhe

autoridade para liderar outros

anjos;

3) Porque Deus lhe deu uma

beleza incomum;

4) Porque Deus lhe deu recursos

gloriosos, também incomuns;

5) Porque Deus lhe deu uma

unção singular;

6) Porque Deus lhe deu espaço

suficiente para trabalhar e

realizar o seu ministério;

7) Porque Deus o amou!

Estranhamente, tudo isso que

Deus fez por Lúcifer gerou nele

sentimentos opostos aos que Deus

desejava ver. Quando uma pessoa

recebe uma delegação de autoridade

muito grande que a coloque numa

posição de destaque, ela será tentada

pelo seu próprio coração a sentir-se

superior. No caso de Lúcifer, ele

começou a pensar que:

1) Ele era melhor do que os outros

anjos;

2) A honra que ele recebeu não

era suficiente;

3) A influência que ele tinha entre

os anjos poderia ser maior;

4) Ele poderia obter mais lucro por

causa da sua posição

diferenciada;

5) A unção dele era maior do que a

dos demais portanto, ele achava

que deveria dominá-los;

6) O lugar de Deus deveria ser

dele.

Esses distúrbios são encontrados

em praticamente todas as pessoas que

se levantam contra uma autoridade

estabelecida por Deus. Sem que se

perceba, satanás vai introduzindo a

sua síndrome no coração de quem lhe

dá lugar. Como satanás já conhece a

rota da rebelião, ele não tem nen-

huma dificuldade em assessorar

aqueles que querem seguir o mesmo

caminho de destruição que ele

escolheu seguir. A Bíbilia nos deixa

claro que satanás não veio senão para

roubar, matar e destruir e estas três

coisas são as únicas que ele sabe

fazer, até o dia em que ele for

impedido de agir para sempre (Jo

10:10).

CONCLUSÃO

O que apredemos nesta aula é que se delegação de autoridade não fosse algo

bom, Deus não teria sido o primeiro a dar o exemplo. Segundo, não podemos deixar

de delegar autoridade porque fomos traídos no passado. Deus foi traído no passado

Page 20: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

20

e, mesmo assim, continua delegando autoridade aos seus filhos. O próprio Deus é a

maior de todas as provas de que, apesar de tudo o que satanás causou no universo,

os princípios de Deus continuam os mesmos, e eles funcionam plenamente, e eles

permanecerão por toda a eternidade. Um dia satanás será preso para sempre no

lago de fogo e será esquecido por todos, mas os princípios de Deus continuarão

operantes eternidade afora.

Se tão somente observarmos o comportamento do nosso amado Criador, já

será o suficiente para fazermos o que é certo. O dia está chegando em que toda a

Igreja do Senhor será contagiada pela autoridade de Deus e seremos o reflexo

daquilo que Ele é e todos saberão quem nós somos e a quem representamos.

Page 21: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

21

AULA 4

A CADEIA DE AUTORIDADE

NA IGREJA

A IGREJA É A RECIPIENTE DA

AUTORIDADE ESPIRITUAL QUE

JESUS CONQUISTOU

“E, aproximando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que

eu vos tenho mandado...” Mt 28:18

Page 22: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

22

Desenhe o que você imagina ser o organograma da sua igreja. Isso te

ajudará a compreender melhor a cadeia de autoridade da mesma.

ORGANOGRAMA DA SUA IGREJA

Page 23: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

23

ORGANOGRAMA EXEMPLO 1

Page 24: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

24

ORGANOGRAMA EXEMPLO 2

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25

ORGANOGRAMA EXEMPLO 3

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26

ORGANOGRAMA EXEMPLO 4

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27

=ORGANOGRAMA EXEMPLO 5

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28

ORGANOGRAMA EXEMPLO 6

Page 29: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

29

ORGANOGRAMA EXEMPLO 7

ORGANOGRAMA O SURGIMENTO DAS DENOMINAÇÕES

Page 30: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

30

AULA 4 A CADEIA DE AUTORIDADE NA IGREJA

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão:

1) Qual o modelo Neotestamentário de delegação de autoridade;

2) Como a autoridade era distribuída na igreja primitiva;

3) Que a igreja do Novo Testamento também sofria com problemas de rebeldia.

TUDO COMEÇA COM JESUS

Como Jesus é o nosso exemplo

em tudo, não há razão para que Ele

não o seja, nesta área de delegação de

autoridade. Ele estabeleceu uma

cadeia de autoridade perfeita para

tornar a Igreja um organismo vivo e

indestrutível. Na oração do "Pai

nosso," ensinada por Jesus, Ele deixa

escapar algo poderoso a respeito da

expectativa que ele tem para com a

Igreja no campo da autoridade: "seja

feita a tua vontade, assim na terra

como no céu" (Mt 6:10). Do que Jesus

está falando, afinal? A palavra

"vontade" nos revela o desejo de Jesus

de que o princípio de autoridade na

terra funcione da mesma maneira

como funciona no céu.

Não existe questionamento de

autoridade no céu. Sendo assim, por

que deveria existir na igreja? Os dois

terços de anjos que se mantiveram

fiéis a Deus (1 Tm 5:21), viram com

os seus próprios olhos o resultado

desastroso da rebeldia de satanás.

Eles também sabem onde satanás vai

passar toda a eternidade, como

resultado das opções irreversíveis que

ele fez. Sendo assim, a “vontade”

(autoridade) de Deus é aceita e

respeitada no céu sem nenhum tipo

de incidente. Nunca veremos um anjo

questionando a Deus por que ele

nunca foi promovido à condição de

arcanjo ou, mesmo, um arcanjo

questionando a Deus, por que Ele não

o fez querubim. Esse tipo de

sentimento não existe no céu!

É por isso que esta palavra nos

fala profundamente: "seja feita a tua

vontade, assim na terra como no céu."

Posso ouvir o coração de Jesus

dizendo: "Pai, desejo que a Igreja

respeite o princípio de autoridade da

mesma maneira que os anjos eleitos

respeitam." Isto é possivel! No

universo da delegação de autoridade,

algumas pessoas foram criadas para

liderarem e outras foram criadas para

serem lideradas. A grande maioria foi

chamada para as duas posições ao

mesmo tempo: liderar e ser liderada.

Page 31: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

31

Digo a maioria, porque embora todo

ser humano necessite de uma

cobertura espiritual, alguns líderes já

foram promovidos a um certo estágio

onde não terão líderes diretos sobre

eles. Tudo tem a ver com a estrutura

denominacional em que cada um está

inserido. Cabe a eles buscarem

expontaneamente uma cobertura em

quem possam confiar, compatível com

a posição que ocupam.

O EXEMPLO DE JESUS

É difícil para nós imaginar o

nosso herói, Jesus Cristo,

necessitando de uma cobertura

espiritual humana. Porém, se o

olharmos como homem, e lembrarmos

que Ele tinha que cumprir toda a

justiça (Mt 3:15), já não se torna tão

estranho este conceito,

principalmente porque Jesus tinha

que ser o exemplo dos fiéis. Ele veio

para se submeter a tudo o que fosse

necessário até o momento da sua

vitória final quando, então, Ele

receberia toda a autoridade no céu e

na terra. Desse momento em diante,

Ele não se submeteria a mais

ninguém porque, como Deus eterno,

Ele ordena e comanda e todos o

obedecem. Mas, até que esse

momento chegasse, Jesus decidiu

pagar o preço completo.

COM QUE AUTORIDADE FAZES

ESTAS COISAS?

A cobertura humana de Jesus era

João Batista! Sendo Jesus da tribo de

Judá, onde não há sacerdócio, Ele

precisava ter uma conecção

ministerial legítima na terra. A

delegação de autoridade no Velho

Testamento foi aos poucos se

resumindo à tribo de Levi, onde o

sacerdócio é legítimo. Jesus precisava

de alguém com uma herança

sacerdotal legítima para O reconhecer

como o Cordeiro de Deus, a fim de

que seu ministério não deixasse

nenhuma brecha para o acusador. Foi

por isso que Deus criou João Batista,

filho de Isabel e Zacarias, ambos da

tribo de Levi (Lc 1:5). A missão de

João Batista era viver uma vida

incontaminada, fora do ambiente

corrompido do sacerdócio do tempo

de Jesus, para que um dia ele pudesse

se levantar e dizer:__"Eis o Cordeiro de

Deus..." (Jo 1:29)

Pela lógica, o batismo de João

Batista era a última coisa que Jesus

poderia precisar um dia, pelo fato de

aquele ser o batismo para o

arrependimento (Mc 1:4). Jesus não

tinha nada do que se arrepender. Mas

o que interessava a Jesus era cumprir

com toda a justiça e para não dar ao

diabo nenhuma chance de dizer que a

vida, o ministério ou, mesmo, a

expiação de Jesus teria sido ilegal por

qualquer razão que fosse. Deus não

precisa quebrar regras para vencer o

diabo. Jesus precisava do legado

levítico de João Batista. Sendo Jesus o

maior exemplo de humildade que

temos (Fp 2:5-8), Ele não teve

nenhuma dificuldade em se submeter

a alguém menor do que Ele (Mt 3:11).

Que exemplo glorioso!

Page 32: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

32

“Tendo Jesus entrado no templo, e

estando a ensinar, aproximaram-se

dele os principais sacerdotes e os

anciãos do povo, e perguntaram: Com

que autoridade fazes tu estas coisas? e

quem te deu tal autoridade?” (Mt

21:23). O povo judeu sabia muito bem

como o princípio de autoridade funci-

onava: Ninguém pode delegar

autoridade para si mesmo! Sendo

assim, os inimigos de Jesus poderiam

facilmente comprometer o seu

ministério, se eles pudessem provar

que Jesus não se reportava a ninguém

e, portanto, não estava debaixo de

nenhuma autoridade aqui na terra. O

que eles não esperavam era que Jesus

havia pensado nisso antes deles.

Antes do Seu primeiro ato

ministerial (Jo 2:11), Jesus procurou

por João Batista e pediu que ele O

batizasse nas águas. João ficou

confuso com aquela cena porque ele

sabia quem Jesus era, o Seu grau de

autoridade em Deus e o poder do Seu

ministério. João sabia que ele próprio

precisava de Jesus para ser salvo.

Porém, quando Jesus disse que “nos

convém cumprir toda a justiça” (Mt

3:15), João imediatamente entendeu a

razão de tudo.

A resposta que Jesus deu aos

seus acusadores parecia meio fora de

sentido mas, na verdade, Ele estava

apontando diretamente para a fonte

da sua autoridade humana: “O

batismo de João, donde era? do céu ou

dos homens?” (Mt 21:25).

Diante de tudo isso, ninguém

teria mais autoridade do que Jesus

para criar uma nova cadeia de

autoridade para a Igreja. Esta nova

cadeia de autoridade que Jesus

estaleceria para o Seu Corpo, não

seria inspirada em nada existente na

época, nem no Velho Testamento, nem

secularmente. Ele criou dois tipos de

ministérios: 1) Os cinco ministérios da

Palavra: Apóstolos, Profetas,

Evangelistas, Pastores e Mestres (Ef

4:10-13); e 2) 1 ministério social: O

Diaconato (At 6:1-6).

O último foi criado por

intermédio da Igreja, mas os cinco

ministérios da Palavra foram gerados

diretamente por Jesus Cristo e mais

ninguém. "Ele mesmo," disse Paulo,

trouxe à luz os dons que dariam

sequência ao processo de delegação de

autoridade no Novo Testamento (Ef

4:10-13). Aquela cadeia de autoridade

que Jesus estava gerando era algo

totalmente novo.

EIS QUE VOS DEI AUTORIDADE

“Eis que vos dei autoridade para

pisar serpentes e escorpiões, e sobre

todo o poder do inimigo; e nada vos

fará dano algum” (Lc 10:19). É uma

pena que algumas versões da Bíblia

não façam a devida diferença entre

exousia e dunamis, duas palavras

gregas parecidas, mas não idênticas.

Exousia é autoridade, enquanto que

Dunamis é poder! Neste texto, Lucas

usou a palavra exousia de propósito,

para repassar com fidelidade o que

Jesus havia dito.

Esta declaração formal e pública

de Jesus tem um grande valor no

mundo espiritual. A partir desta

Page 33: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

33

palavra, os discípulos de Jesus (que

depois seriam conhecidos como

apóstolos) passariam a ser vistos como

autoridades legais estabelecidas pelo

Senhor, como uma extensão da Sua

própria autoridade. Depois da Sua

ressurreição, Jesus declarou ser o

detentor de toda a autoridade no céu

e na terra, Mt 28:18. De novo, a

palavra aqui é exousia e, não,

dunamis. O poder (dunamis) só viria

depois. Ele nos foi prometido em Atos

1:8, pouco antes da ascenssão de

Jesus, e se cumpriu no dia de

petencontes, em Atos 2. Nesse dia a

Igreja foi capacitada para lidar com o

mundo e para enfrentar o inimigo.

O RECONHECIMENTO DA

AUTORIDADE

Depois da ascenção de Jesus os

discípulos começaram a reconhecer

instantaneamente que havia uma

cadeia de autoridade estabelecida e

que todos deveriam passar por ela. A

pessoa que ocupava uma das mais

altas posições nesse ranking era o

apóstolo Pedro, provavelmente por

causa de dois acontecimentos

distintos: (1) Mt 16:18, “Pois também

eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta

pedra edificarei a minha igreja...” e

(2) Jo 21:15 “Depois de terem comido,

perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão,

filho de João, amas-me mais do que

estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu

sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta

os meus cordeirinhos.” Depois dessas

duas cenas, era natural que os demais

olhassem para Pedro com um respeito

extra, por temor às palavras do

próprio Jesus. Porém, os apóstolos

Tiago e João também receberam igual

reconheci-mento, pelo fato dos três

terem passado mais tempo com Jesus

do que os outros nove. Eles pagaram

um preço maior portanto, mais do que

justo que recebessem uma honra

maior e um reconhecimento maior do

que os demais. Não se esqueça que

além de ser uma delegação divina, a

autoridade também deve ser uma

conquista, para que não se converta

em tirania. Autoridade se conquista

com trabalho. Deus é muito justo!

PAULO RECONHECEU ESSA

CADEIA DE AUTORIDADE

Quando o apóstolo Paulo

começou o seu ministério, mesmo

tendo tido uma experiência de

chamada direta com o Senhor Jesus,

ele sentiu a necessidade de obter o

reconhecimento das autoridades já

estabelecidas em Jerusalém. Atos 9:27

nos mostra o momento na história em

que Barnabé levou Paulo a Jerusalém

para se submeter ao discernimento

dos apóstolos do Senhor. Anos depois,

o próprio Paulo relatou o acontecido

ao escrever a sua carta aos Gálatas: “e

quando conheceram a graça que me

fora dada, Tiago, Cefas e João, que

pareciam ser as colunas, deram a mim

e a Barnabé as destras de comunhão,

para que nós fôssemos aos gentios, e

eles à circuncisão;” (Gl 2:9).

Para Paulo, o fato dele ter visto o

Senhor Jesus pessoalmente e ter sido

chamado por Ele para o ministério,

Page 34: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

34

não o isentava de se submeter ao

processo legal de autoridade, para que

o que o seu ministério fosse legítimo.

Ele deixa isto muito claro, quando ele

precisou de respaldo doutrinário

depois da sua primeira viagem

missionária. Paulo e Barnabé

começaram a sofrer perseguição por

parte dos judeus que queriam judaizar

os gentios que estavam se

convertendo ao Senhor Jesus. Eles,

imediatamente, foram em busca de

ajuda.

O PRIMEIRO CONCÍLIO DA IGREJA

Muitos queriam que Paulo e

Barnabé exigissem dos novos

convertidos que se circuncidassem. O

resultado desta peleja foi a

convocação do primeiro concílio da

Igreja, em Jerusalém (Atos 15). Mais

uma vez encontramos Paulo reconhe-

cendo que estava diante de um

assunto grande de mais para ele

sozinho resolver e que havia outras

pessoas em posição de autoridade

mais elevada do que a dele, em

relação a assuntos de doutrinamento

da Igreja. Qualquer decisão tomada

ali, influenciaria o destino da Igreja

para sempre, como aconteceu.

Em Atos 15:28, 29 temos um

marco doutrinário da Igreja do Senhor

Jesus, decidido naquele concílio,

convocado a partir da necessidade que

Paulo e Barnabé tiveram de ouvir

alguém com uma posição de

autoridade mais elevada do que a

deles.

Por fim, Paulo dá um exemplo de

fidelidade para com os primeiros

apóstolos quando, mesmo depois de

ter se separado de Banabé, ele

cumpria com as determinações dos

apóstolos do Senhor por onde quer

que ele passasse. Essas determinações

foram decididas no primeiro concílio

da Igreja em Jerusalém (At 16:4).

Tudo isso apontava para o respeito

que Paulo tinha pelo senhorio de

Cristo. A cadeia de autoridade que

Cristo estabeleceu era para ser

respeitada, e não questionada. Paulo

sabia que Jesus tinha os Seus motivos

para ter chamado a Pedro, a Tiago e a

João antes dele. Questionar as

decisões do Senhor é uma afronta ao

Seu senhorio.

A ORDENAÇÃO DE PAULO

O famoso texto da ordenação

ministerial de Paulo, Atos 13:1-3, já é

conhecido de todo bom estudante da

Bíblia. Toda pessoa que leva a Bíblia a

sério conhece todos os detalhes da

vida do apóstolo que mudou a história

da Igreja com as suas viagens

missionárias e com as suas cartas

gloriosas, inspiradas pelo Espírito

Santo. Tais cartas perfazem hoje a

base doutrinária da Igreja do Senhor

Jesus.

Porém, temos que ter muito

cuidado para não permitir que a nossa

tendência de ver o mito, esconda de

nós alguns detalhes imprescindíveis

da vida do homem, Paulo. A primeira

coisa que me chama a atenção é o fato

de que Paulo estava esquecido em

Page 35: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

35

Tarso, quando Barnabé lhe deu a

oportunidade de se juntar a ele na

nova igreja de Antioquia da Síria. Essa

igreja estava em franco avivamento

(At 11:25).

A segunda coisa que me

impressiona é ver Paulo como um

membro comum da igreja de

Antioquia por um ano (At 11:26). Ele

foi submetido a todo o processo de

autoridade que um homem de Deus

precisa se submeter, para ter o seu

ministério reconhecido pelo Senhor.

Para nós, hoje, é muito difícil

imaginar o apóstolo Paulo no banco de

uma igreja por um ano. Temos essa

dificuldade porque nos esquecemos,

constantemente, que os princípios

divinos são para todos. Nunca nos

esqueçamos de que “para com Deus

não há acepção de pessoas” (Rm 2:11).

Por fim, encontramos Saulo de

Tarso sendo ordenado ao ministério

apostólico em Atos 13:1-3. O processo

da sua ordenação foi o que deve ser

para qualquer outro obreiro na obra

de Deus. Deus fala com quem está à

frente do rebanho a respeito da pessoa

chamada por Ele, esse líder separa

aquela pessoa para o ministério,

convoca um concílio ministerial que

imporá as mãos sobre ela,

transferindo da unção e autoridade

que o Senhor nos delegou antes de ser

assunto aos céus. Veja no texto de Atos

13:1-3 que foi exatamente isto que

aconteceu a Barnabé e Saulo. Eles

estavam debaixo de autoridade como

qualquer cristão deve estar. Eles

estavam submissos à autoridade dos

apóstolos de Jerusalém, porque a

igreja de Antioquia estava sob a

liderança dos apóstolos (At 11:22) e

eles estavam submissos à autoridade

dos líderes locais (At 13:1-3).

Logicamente eu reservei o

melhor para o final! Paulo frustrou

todos os planos que o diabo tinha de

ensoberbeçê-lo depois de ordenado ao

ministério. Lamentavelmente é aqui

que muitos se perdem: alguns

acreditam que depois de ordenados ao

ministério, não precisam mais

responder a ninguém. Alguns pensam

que ordenação ministerial é uma

espécie de carteirinha de isenção que

desobriga o obreiro a se submeter ao

princípio de autoridade. Isto não é

verdade! O princípio de autoridade

ainda é para todos nós, independente

da posição que ocupamos no

ministério. Em Atos 14:26, 27 nós

encontramos Paulo retor-nando a

Antioquia, da sua primeira viagem

missionária, para a mesma igreja que

o havia ordenado ao ministério, a fim

prestar relatório. Este ato de

fidelidade de Paulo volta a se repetir

em Atos 18:22, ou seja: esse era o

estilo de vida do apóstolo dos gentios:

uma vida de respeito o princípio de

autoridade e as pessoas que estavam

acima dele nessa cadeia divina.

REBELDIA NA IGREJA PRIMITIVA

A Igreja do Novo Testamento não

era diferente da igreja de hoje ou de

qualquer outra época, quando o

assunto é rebeldia, insubmissão e

desonra aos líderes. A maioria dos

líderes em destaque no Novo

Page 36: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

36

Testemanto enfrentaram oposição

dentro da própria Igreja. Como

sempre, homens movidos pela

ganância, pelo desejo do poder, pelo

orgulho e pela soberba, buscaram o

seu próprio lucro, mesmo em

detrimento ao bem estar da Igreja.

APÓSTOLO JUDAS

Judas foi tremendamente

atingido por esta classe de pessoas

que só amam a elas mesmas. Sua

única epístola, com apenas um

capítulo, foi totalmente dedicada a

combater o espírito de rebeldia que

buscava oportunidade de se infiltrar

na Igreja na sua época. Na verdade, a

pequenina carta de Judas é a

denúncia mais contundente que

temos contra esta casta diabólica que

ataca os ministérios.

Judas inicia a sua carta (4)

dizendo que decidiu escrever aos seus

leitores “Porque se introduziram

furtivamente certos homens, que já

desde há muito estavam destinados

para este juízo, homens ímpios, que

convertem em dissolução a graça de

nosso Deus, e negam o nosso único

Soberano e Senhor, Jesus Cristo.” Esse

problema sempre existiu. Enquanto

houver pessoas que se acham tão

especiais a ponto de Deus lhes fazer

algumas concessões que nunca fez a

ninguém, nós enfretaremos problemas

de insujeição na Igreja. Infelizmente

existem pessoas que acreditam que as

regras divinas se aplicam somente ao

resto do mundo, mas nunca a elas.

Judas chegou ao ponto de dizer:

“Ai deles! porque foram pelo caminho

de Caim, e por amor do lucro se

atiraram ao erro de Balaão, e

pereceram na rebelião de Coré.” Esses

três personagens citados por Judas

representam a escória do Velho

Testamento e Judas não pensou duas

vezes antes de compará-los a eles. O

problema era muito sério!

APÓSTOLO PEDRO

Pedro foi uma outra vítima dos

perseguidores da autoridade divina.

Ele, como uma das colunas da Igreja

primitiva, certamente foi um dos que

mais sofreu resistência e perseguição

por parte daqueles que não o

aceitavam como líder estabe-lecido

por Deus, ou daqueles que queriam

ocupar o lugar que ele ocupava. Pedro

diz em 2 Pedro 2:1 que “...houve

também entre o povo falsos profetas,

como entre vós haverá falsos mestres,

os quais introduzirão encober-tamente

heresias destruidoras, negando até o

Senhor que os resgatou, trazendo sobre

si mesmos repentina destruição.”

Como um homem experiente Pedro já

se antecipou em alertar ao povo que

esses homens apareceriam e que eles

chegariam ao ponto de, até mesmo,

negar o Senhorio de Jesus.

O versículo 2 é ainda mais

assustador, porque Pedro afirma que

“muitos seguirão as suas dissoluções, e

por causa deles será blasfemado o

caminho da verdade.” Ele não diz

“talvez,” ele afirma que muitos

seguirão a essas pessoas. O prejuízo é

Page 37: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

37

incalculável quando pessoas se

levantam na obra de Deus com as

suas próprias agendas, buscando os

seus próprios interesses.

Contudo, Pedro ainda vai mais

além e delata na parte “A” do verso 2:3

a verdadeira motivação desse tipo de

gente na Igreja: “movidos pela

ganância, e com palavras fingidas,

eles farão de vós negócio.” Ou seja:

pessoas assim, nunca são movidas

pelo Espírito Santo, muito menos

pelos interesses de Deus; elas buscam

o seu próprio lucro. Porém, como

guardião da sã doutrina, Pedro

anuncia na parte “B” do verso 2:3 o

juízo de Deus sobre tais pessoas: “a

condenação dos quais já de largo

tempo não tarda e a sua destruição

não dormita.”

APÓSTOLO JOÃO

João não era diferente dos

demais apóstolos. Mesmo conhecido

como o apóstolo do amor, ainda assim

havia aqueles que o importunavam.

João sofreu com a rebeldia de um tal

Diótrefes que usurpou a posição de

liderança numa certa igreja que

deveria estar sob supervisão apostólica

(3 Jo 1:9).

Esse Diótrefes tornou-se o

símbolo daqueles que querem mais do

que o que Deus lhes deu. A marca de

Diótrefes é que ele “gosta de ter ... a

primazia.” Isso me lembra claramente

a Lúcifer, quando disse: “Eu subirei ao

céu; acima das estrelas de Deus

exaltarei o meu trono” (Is 14:13).

Como podemos ver, trata-se do mesmo

espírito. Sua meta é negar a

autoridade de Deus na Igreja através

dos homens e mulheres escolhidos

por Ele para liderar o Seu povo.

Satanás combate a autoridade e não o

poder, porque foi a autoridade de

Cristo que o destronou para sempre.

APÓSTOLO PAULO

Se você quisesse saber a dor de

uma traição entre os apóstolos do

Novo Testamento, a melhor pessoa pra

você entrevistar seria Paulo. Talvez

pelo fato de Paulo estar mais em

campo do que os demais apóstolos, é

mais do que lógico que ele tenha tido

maiores decepções na área da

autoridade.

Paulo trabalhou com muitos

companheiros ao longo da sua

caminhada missionária. Ele teve o

prazer de dizer: “Combati o bom

combate, acabei a carreira, guardei a

fé.” Porém, só Paulo sabia do preço

que ele pagou para chegar ao fim da

sua carreira, com a sua fé intacta.

A primeira decepção que Paulo

teve no ministério foi com Barnabé e

seu sobrinho Marcos (At 15:37-39).

Barnabé se indispôs com Paulo por

causa do sobrinho e isto causou a

separação entre os três.

A segundo carta de Paulo aos

Coríntios foi escrita como uma

resposta aos seus inimigos (Cap 10 e

11). Paulo teve que defender o seu

apostolado contra aqueles que não

reconheciam a sua autoridade

apostólica. A carta aos Gálatas

também tem um grande conteúdo

Page 38: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

38

apologético, porque havia um grupo

de judeus rebeldes naquela igreja que

insistiam em questionar a autoridade

de Paulo, bem como aquilo que ele

pregava (Gl 2:6-9).

Apesar de tudo isto, o maior

lamento de Paulo nesta área está

registrada em 2 Timóteo 4:10 e 14. No

mesmo texto em que ele fala do

encerramento da sua carreira, ele

revela a Timóteo suas duas maiores

decepções no ministério: Demas e

Alexandre, o latoeiro, as duas pessoas

que mais lhe causaram mal.

Demas representa aqueles que

abandonam seus líderes,

independente do quanto esses líderes

tenham investido neles. Porém,

Alexandre o latoeiro, faz parte de uma

classe muito mais perigosa, porque

eles não reconhecem a autoridade de

ninguém, a não ser a deles mesmos.

Pessoas assim destroem qualquer

liderança só para satisfazerem os seus

desejos de poder e domínio. Para

Paulo dizer o que disse: “Alexandre, o

latoeiro, me fez muito mal; o Senhor

lhe retribuirá segundo as suas obras,”

é porque a situação era realmente

muito grave (2 Tm 4:14). O que muito

me alegra é ver que, mesmo diante de

tudo isto, Paulo nunca perdeu o seu

verdadeiro foco “E o Senhor me

livrará de toda má obra, e me levará

salvo para o seu reino celestial” (2 Tm

4:18).

CONCLUSÃO

Em primeiro lugar quero lhe parabenizar por ter chegado ao fim deste

comentário da quarta aula. Esta lição tem uma grande importância no conteúdo

total do curso, porque lança os fundamentos do processo da autoridade na Igreja,

desde o princípio da sua fundação. Nós não temos uma outra fonte de aprendizado

além de Jesus e dos seus apóstolos. Se quisermos ser obreiros bem sucedidos, nós

temos que saber como Jesus pensava e como os Seus primeiros obreiros agiram

quando lançaram o fundamento da nossa fé.

Nós vimos neste comentário que a autoridade de Jesus e dos seus obreiros

também foi questionada, mas nunca anulada. Os primeiros apóstolos protegeram a

sã doutrina para que hoje pudéssemos servir a Deus com tranquilidade e convicção

de que estamos no caminho certo. Creio que se fizermos o voto a Deus de amarmos

e respeitarmos a cadeia que Ele estabeleceu sobre a Igreja, Deus nos honrará, e

todos ao nosso redor serão ricamente abençoados.

Page 39: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

39

AULA 5

AS CONSEQUÊNCIAS DA

REBELIÃO DE SATANÁS

EXISTEM OPÇÕES NA VIDA

QUE DEVEM SER EVITADAS,

O PREÇO É ALTO DEMAIS

“aos anjos que não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria

habitação, ele os tem reservado em prisões eternas na escuridão para o juízo do grande dia”

Jd 1:6

Page 40: MATÉRIA MT-02 AUTORIDADE ESPIRITUAL Parte 1

40

AULA 5

AS CONSEQUÊNCIAS DA REBELIÃO DE SATANÁS

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão:

1) Todas as etapas da rebelião de satanás;

2) Que independente do motivo, rebelião tem um preço alto demais;

3) Ninguém tem o poder de definir o que é rebelião, senão a Bíblia.

CRIADO COM REQUINTES

DE PERFEIÇÃO

Uma das primeiras coisas que

buscamos quando nos deparamos com

um caso de rebelião e divisão de

igreja, é onde o lider traído falhou. As

pessoas costumam julgar a gravidade

das ações de quem trai baseado no

quanto o traído errou. Creio que

estamos diante de dois grandes erros:

Primeiro, nem sempre sabemos o que

realmente vem a ser rebelião à luz dos

princípios bíblicos e, segundo, a

verdadeira rebelião nunca tem a ver

com os erros de quem é traído mas,

sim, com a ganância de quem trai.

Existe uma regra hermenêutica

de interpretação bíblica chamada de

“primeira citação,” a qual ensina que

a primeira vez que um determinado

assunto é citado na Bíblia, ele tem a

primazia de estabelecer os critérios de

análise daquele assunto. Exemplo:

Adoração não tem obrigatoriamente a

ver com música mas, sim, com uma

postura interior de sacrifício, porque a

primeira vez que a palavra adoração

apareceu na Bíblia, foi quando Abraão

estava levando o seu filho Isaque para

o sacrifício, e não havia música

envolvida no processo (Gn 22:5). Aqui

eu uso a regra da primeira citação

para estabelecer os parâme-tros de

interpretação do assunto.

Sendo assim, a primeira vez que

rebelião e divisão foram mencionadas

na Bíblia, cronologicamente falando,

foi quando Lúcifer se rebelou contra o

Deus todo poderoso. Sendo esse o

primeiro caso de rebelião, ele estabe-

lece os parâmetros para entendermos

porque alguém se rebela contra uma

autoridade estabelecida. Se os erros

do traído tivessem alguma coisa a ver

com as motivações de quem trai,

satanás nunca poderia ter traído a

Deus, porque Ele é perfeito em tudo o

que faz e nEle “não há mudança nem

sombra de variação” (Tg 1:17).

Quando entendemos biblicamente o

que vem a ser rebelião, descobrimos

imediatamente que ela tem a ver,

somente, com a insubmissão, ganân-

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cia, inveja, soberba, altivez, e orgulho

de quem trai!

Lúcifer foi criado com requintes de perfeição. Deus o amou tanto que lhe deu o que não deu a nenhum outro. Ezequiel 28:12 afirma que Lúcifer era “...o selo da perfeição, cheio de sabedoria e perfeito em formosura.” Eu tenho a nítida impressão de que Lúcifer era o máximo que uma criatura pode ser. Acima do que ele era, e acima do que ele recebeu, só sendo Deus.

Isto é confirmado pela reação do próprio satanás quando ele se enso-berbeceu. A única posição que ele enxergou acima do seu nível de perfeição foi a posição do Altíssimo (Is 14:14). É óbvio que a distância entre Lúcifer e Deus é maior do que um abismo sem fim. Nunca nos esqueçamos de que Lúcifer é uma criação de Deus! Deus ainda é o Criador absoluto, com controle total sobre toda a Sua Criação. É por isso que Deus nos dá o luxo de saber com antecedência o destino final desse traidor: o lago de fogo e enxofre (Ap 20:10). A Onipotência, a Onipresença e a Oniciência divinas não podem ser questionadas sob nenhuma cir-cunstância. Deus é o Criador de tudo e de todos e Ele controla toda a Criação.

A BASE DA REBELIÃO

A base da rebelião é a corrupção

do coração de quem se rebela e promove divisão. A exemplo de satanás, a bíblia diz claramente que tudo ia bem até Deus achar corrupção no coração dele (Ez 28:15). Ou seja: A coisa começa dentro, e não fora. O gatilho que dispara todo o processo é interior e não exterior. O coração de um insubmisso nunca vai admitir que

o problema está nele. É por isso que as pessoas que chegam a esta instância começam a procurar respostas externas para as suas atitudes. Na lição 3 nós discutimos as prováveis explicações que Lúcifer teria dado a si mesmo e aos seus aliados para apaziguar o ânimo de todos mas, a dura verdade, que muitos não querem enfrentar, é que não existe razão plausível para rebelião e divisão. Seja qual for a explicação que um divisor tenha para dar, a única razão que Deus vai considerar é o que está dentro do coração.

O QUE É REBELIÃO?

Esta é uma pergunta que só pode

ser respondida com uma forte base bíblica. O dicionário online de portu-guês se limita em dizer que rebelião é: “s.f. Resistência, com ação violenta, a agentes de autoridade. Levante; insurreição; sublevação.”

A verdade que tenho visto nos meus trinta anos de ministério é que nem todos entendem, realmente, o que rebelião vem a ser. Por que é necessário sabermos como a Bíblia define infidelidade e rebelião? Para que ninguém se deixe manipular pelo conceito pessoal de ninguém. É muito importante deixar claro que ninguém tem o poder de definir, teologica-mente, infidelidade e rebelião, senão a Bíblia Sagrada.

O simples fato de uma pessoa se proteger de um líder corrupto não faz dele um infiel ou um rebelde. Infeliz-mente existem alguns líderes no reino de Deus que perderam a sua unção, a sua santidade e o seu temor de Deus, e tentam proteger a posição que têm, amaldiçoando as pessoas que não querem ser coniventes com os seus pecados contra Deus e contra o Seu

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povo. Este curso não tem o propósito de proteger pessoas assim. Esse curso nasceu de uma urgência do Espírito Santo em proteger autoridades legí-timas, estabelecidas por Deus para conduzir o rebanho do Senhor em vitória. O requerimento primordial para que alguém se encaixe no perfil acima está em Jeremias 3:15 “e vos darei pastores segundo o meu coração, os quais vos apascentarão com ciência e com inteligência.” Deus não está endossando qualquer pessoa, só por ela estar em posição de liderança. Deus protegerá a quem ele chamou e estabeleceu.

Sendo assim, como identifica-remos, corretamente, infidelidade, re-beldia, traição e rebelião? 1. Infidelidade, é a incapacidade de perseverar na visão de um líder; 2. Rebeldia, é a ação de não se submeter a uma autoridade espiritual; 3. Traição, é uma atitude ativa contra uma visão, um projeto, um estilo de liderança de um líder. Para que haja traição, a pessoa tem que representar um papel falso de companheirismo mas, na verdade, ser o oposto daqui-lo; 4. Rebelião, é a ação de tentar derrubar um líder da sua posição de autoridade.

A REBELIÃO E A COBIÇA

Uma Dura realidade é que quase todo rebelde tende a cobiçar o lugar do seu líder, com poucas excessões. Satanás usa a cobiça que está no coração de quem deseja o lugar do líder como base de sustentação para a rebelião. Invejar um lugar que não me pertence é uma afronta a Deus. Soa como se Ele não fosse competente o bastante para fazer as Suas escolhas. Uma pessoa contaminada por um

espírito de infidelidade, raramente reconhece o dom de liderança dos outros. O espírito de Diótrefes tem encontrado o caminho do coração de muitos e esse é o espírito “que gosta de ter ... a primazia” em tudo (3 Jo 1:9).

Eu nunca me esquecerei de algo que eu presenciei numa conferência de líderes, numa das grandes capitais do Brasil, há alguns anos atrás. O ministrante era um homem de Deus, vindo dos Estados Unidos, com um dom profético e um dom de ensino muito precisos. Ele ensinou os pastores por três dias consecutivos, e separou o último dia da conferência para ministrar pessoalmente sobre cada líder que assim o desejasse.

No dia da ministração individual, o ministrante pediu que todos os interessados se enfileirassem no altar, e começou a impôr as mão sobre cada um e, a medida em que Deus o movia, profetizava o que recebia. Ele chegou perto de um pastor e começou a profetizar essas palavras:__“Quem te mandou ocupar esta posição que você está ocupando, quem te deu tal autoridade? Voce usurpou esta posição de quem era de direito. Não fui Eu quem te colocou aonde você está. Saia dessa posição imediatamente, porque do contrário, você se perderá. Te falo assim porque te amo e não quero que você se perca.” Ouvia-se um alfinete caindo no chão.

Todos ficaram pasmos diante da coragem daquele profeta em dizer tais palavras. Mas, a reação do pastor que recebeu a palavra foi a maior prova de que era Deus mesmo quem estava falando. Aquele homem caiu sobre os seus joelhos e, aos gritos, dizia:__“Me perdoa Senhor, me perdoa. Eu pequei contra ti e contra o teu servo. Me perdoa, me perdoa!” Ele chorava tão

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compulsivamente que obreiros da conferência foram chamados para ajudá-lo.

Muito me impressionou o que-brantamento daquele amado pastor e a sua sinceridade em confessar que o profeta havia falado em nome do Senhor. Porém, o que nunca saiu da minha mente foi a experiência de ver alguém sendo publicamente repreen-dido por Deus, de forma tão veemen-te, por ter cobiçado e roubado uma posição que não lhe pertencia. Do que nos adiantaria sermos aplaudidos por muitos e reprovados por Deus? Importa agradar a Ele antes de tudo.

A REBELIÃO E A FALTA DE TEMOR

Nenhuma pessoa que realmente

tenha temor de Deus se involveria conscientemente numa rebelião contra uma autoridade legítima. A rebelião aponta para duas verdades inescusáveis: 1) Uma pessoa se rebela por falta de conhecimento; 2) Uma pessoa se rebela por falta de temor de Deus.

Este curso tem a propósito de resolver o primeiro problema: a falta de conhecimento. Dificilmente alguém se disporá a contribuir com um espírito de rebelião depois de atender a este curso do Ministério Jetro Internacional. Porém, ainda resta a segunda razão, e esta é bem mais difícil de ser resolvida.

A falta de temor é um problema gerado por uma concepção teológica equivocada acerca de Deus. Há pessoas que conseguem ver a Deus como “amor” (1 Jo 4:8), mas não conseguem vê-lo como juiz e nem como fogo consumidor (Jó 34:23; Sl 1:5; Ex 24:17; Hb 12:29). Sendo assim, muitas pessoas não conseguem

imaginar a Deus punindo a ninguém. Existem aqueles que pensam que tudo acabará bem, independente do que eles façam. Isto é um erro! Deus nunca permitirá que o seu senhorio seja desonrado por ninguém, jamais.

A falta de temor foi um dos motivos que levaram Lúcifer a consu-mar a sua rebelião contra Deus. Ele perdeu o temor de Deus ao confundir o imenso amor do Pai com fraqueza e incapacidade de julgar e executar juízo. Até o momento em que Deus achou iniquidade no coração de Lúcifer (Ez 28:15), o amor e a bondade eram as facetas de Deus que Lúcifer mais conhecia. Ele cometeu o erro fatal de pensar que Deus era incapaz de executar um juízo eterno contra ele (Jo 16:11).

Assim como no caso de Lúcifer, nós encontramos na Bíblia muitos outros casos, nos quais Deus teve que revelar a sua face de juiz que corrige e pune aqueles que insistem em quebrar princípios vitais do Seu reino.

O EXEMPLO DE ABRAÃO

A Bíblia nos dá muitos exemplos

de Deus exercendo o seu direito de ser juiz, e punindo severamente pes-soas que quebraram princípios divinos, criados para o bem deles mesmos. O primeiro exemplo é o nosso amado Abraão, o amigo de Deus (2 Cr 20:7). Deus amou a Abraão de uma forma incomum, a ponto de fazer com ele uma aliança que mudou a história dos povos e mudou as nossas vidas. Quando esse mesmo Abraão quebrou um princípio divino e deitou-se com a sua escrava, buscando gerar um filho com ela, o que Deus não havia autorizado, foi punido duramente por Deus (Gn 21:10). As consequências da quebra daquele princípio divino

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perduram até o dia de hoje. Os decendentes de Isaque, o qual é o filho da promessa, não têm tido paz por milênios. A razão disto são os decendentes de Ismael, o filho bastardo de Abraão com Agar. Os ismaelitas não aceitam o fato de serem descendentes do primogênito de Abraão, e não terem direitos na promessa de Deus a Isaque. Uma vez completado o ato de desobediência, Deus não tem outra opção, senão lidar com os resultados.

O EXEMPLO DE MOISÉS

Outro exemplo importante é o de

Moisés, o homem mais manso da terra (Nm 12:3). Depois dele ter sido chamado por Deus, na experiência da sarça ardente (Ex 3), Deus quase o matou, antes mesmo dele cumprir a missão que o próprio Deus insistiu tanto para ele aceitar. Depois do acordo feito entre Deus e Moisés, Moisés quebrou um princípio divino que havia sido feito entre Deus e Abraão: a circuncisão. Por causa da falta de entendimento da esposa de Moisés, a qual não era israelita, ele estava disposto a não circuncidar o seu filho primogênito. Deus mandou um anjo cercá-lo no caminho para o Egito, e matá-lo, por causa da sua desobediência (Ex 4:24-26). Deus ia matar Moisés por causa de um princípio quebrado! Graças a Deus Moisés se arrependeu a tempo.

O EXEMPLO DE DAVI

Por fim, quero citar o exemplo

mais contundente das Escrituras, no que tange ao equilíbrio entre o amor e o juízo de Deus: Davi. Esse era o homem que moveu o coração de Deus de uma forma singular. Existem pelo

menos três verdades que tornam Davi uma pessoa única: 1. Davi tornou-se o cabeça da linha-gem de Jesus (Lc 18:38); 2. Ele foi chamado de homem segun-do o coração de Deus (At 13:22); 3. Deus fez com Davi uma aliança monárquica eterna (2 Sm 7:16).

Diante de tudo isto, fica difícil imaginar Deus punindo a Davi. Porém, esta é a grande diferença entre Deus e os homens: Deus é sempre reto e sempre fiel aos Seus próprios princípios. No dia em que Davi traiu a confiança de Deus para satisfazer aos seus desejos carnais, Deus o puniu severamente (2 Sm 11:2-24; 2 Sm 12:7-14).

A segunda experiência que Davi teve com o juízo de Deus, se deu quando ele mandou recensear o povo sem a permissão de Deus (2 Sm 24). Neste caso, Davi sofreu uma grande pressão porque Deus continuava a executar o seu juízo, enquanto Davi não expiasse o seu pecado. Ele teve que comprar um pedaço de terra na eira de Araúna, e oferecer sacrifícios ao Senhor para expiar a terra do seu pecado de soberba e orgulho (2 Sm 24:18). Davi aprendeu, de forma dura, que o Deus que ama é o mesmo que pune!

CONSEQUÊNCIAS ETERNAS

A rebelião de Lúcifer terá conse-

quências eternas. Apocalipse 12:4 revela o tamanho do estrago desta rebelião entre os anjos que se deixaram corromper pelos desejos egoístas do taidor: uma terça parte, de um número incontável, nunca mais verá o amor do Criador. Eles passarão toda a eternidade numa escuridão infinita, em cadeias eternas, sofrendo o inimaginável (Mt 25:41; Jd 1:6; Ap

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12:9). Isto, apenas, já seria motivo suficiente para eu proteger o meu coração contra este câncer santânico, que é a rebelião.

Enquanto escrevo estas páginas, não estou ignorante da existência de muitas pessoas sinceras e tementes a Deus, as quais têm sido exploradas e manipuladas por líderes corruptos que não temem a Deus, e que vivem somente para satisfazer os seus próprios ventres: “E estes cães são gulosos, nunca se podem fartar; e eles são pastores que nada compreendem; todos eles se tornam para o seu caminho, cada um para a sua ganância, todos sem exceção” (Is 56:11).

Desses, trataremos na lição nove mas, contudo, precisamos deixar claro o fundamento da verdade que muitos não querem encarar, porque perderam a confiança na justiça de Deus que nunca falha. Não existe nenhuma justificativa aceitável a Deus para motins, infidelidades, traições, manipulações, seduções e rebeliões contra autoridades estabele-cidas por Ele. É por isto que o próprio Deus assume a responsabilidade de tratar com todos aqueles que se

corrompem: “Ai dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor. Portanto assim diz o Senhor, o Deus de Israel, acerca dos pastores que apascentam o meu povo: Vós disper-sastes as minhas ovelhas, e as afugen-tastes, e não as visitastes. Eis que visitarei sobre vós a maldade das vossas ações, diz o Senhor” (Jr 23:1,2). Porém, o erro de quem está em posição de liderança não dá aos liderados uma carta branca para fazerem justiça com as próprias mãos. Deus quer que a Igreja confie nEle, como um Deus compassivo e reto que sempre faz o que é correto. O fato de Deus ter razões que nós, as criaturas, desconhecemos, reforça a nossa necessidade de depender dEle em todas as situações e confiar no Seu julgamento fiel e perfeito. Podemos Crer, sem medo, que Deus está cuidando de nós de forma correta e justa e Ele nunca permitirá que nenhuma injustiça prescreva, sem a devida punição. O mais importante de tudo é que todo serviço prestado pelos fiéis será recompensado no Tribunal de Cristo.

CONCLUSÃO

A transparência da Bíblia em relatar, até mesmo, coisas que aconteceram na

eternidade, revela um Deus sem complexos, sem inseguranças e sem falsidades. Deus é fiel ao extremo! Ele desconhece outro caminho que não seja a retidão absoluta nos seus atos, nos seus pensamentos e nas suas palavras. Deus fez questão de nos deixar saber que houve uma rebelião no céu para que saibamos que Ele também passou por isso e, portanto, Ele tem a cura para esse mal.

Fugir da verdade nunca nos levará a lugar nenhum. Mas, no entanto, quando encaramos a Palavra de Deus, sem temer o que ela ensina, teremos o nosso caráter transformado “à medida da estatura da plenitude de Cristo” e seremos semelhantes a Ele. Nada em nós apontará para satanás, porque o caráter dele não nos alcançou, porque fomos protegidos pelo sangue do Cordeiro. A ele, Jesus, toda honra e toda glória para sempre, amem.

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AULA 6

CAIN, REBELIÃO

CONTRA DEUS

ALGUMAS PESSOAS AINDA NÃO

ENTENDERAM QUE NÃO EXISTE

ALIADO MELHOR DO QUE DEUS

“não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão justas.”

1 Jo 3:12

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AULA 6

CAIM, REBELIÃO CONTRA DEUS

Objetivos

Ao término desta classe os alunos saberão que:

1) Não existe um melhor aliado para o homem do que Deus;

2) Caim representa todos os insensatos que ousam duvidar do amor de Deus;

3) Ser como Caim significa pertencer ao malígno.

GUARDA O TEU CORAÇÃO

“Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Pv 4:23). A história de Caim não é nada mais, nada menos, do que a história de um homem que não guardou o seu coração. O coração do homem é algo extraordinário, porque ele foi criado, tanto com o poder de ser independente, como de se render a quem desejar; esta é a lei do livre arbítrio.

Deus fez um trabalho tão magnífico ao criar o coração do homem que até Ele próprio precisa entrar na fila para conquistá-lo. O coração do homem tem sido ferozmente disputado por quatro competidores: Deus, satanás, o mundo e o próprio homem. É exata-mente por causa desta verdade que a Palavra diz o que está transcrito acima: Deus nos ordena que guarde-mos o nosso coração porque, quem quer que o domine, determinará o destino das nossas vidas.

A destruição de Caim foi o resultado de um coração não protegi-do. Eu tenho visto, ao longo do meu ministério, muitas histórias termina-rem mal, porque as pessoas alimenta-

ram sentimentos nocisos em seus corações, sem se darem conta do perigo que estavam correndo. Não foi isto que aconteceu com satanás? Com certeza foi: “Perfeito eras nos teus caminhos, desde o dia em que foste criado, até que em ti se achou iniquidade” (Ez 28:15). Como que um coração perfeito, em todos os seus caminhos, pode terminar em pecado? Descuidando de sete princípios vitais para a sua sobrevivência: 1. Nunca se esqueça quem te criou (Gn 1:27); 2. Nunca se esqueça porque Deus te criou: por amor (Gn 1:26); 3. Nunca se esqueça que o Criador tem diretos que ninguém mais tem (Rm 9:15); 4. Nunca se esqueça que Deus ama o seu próximo na mesma proporção que Ele ama você (1 Jo 4:16); 5. Nunca se esqueça que o bem estar do seu irmão também é responsabili-dade sua (1 Ts 4:6); 6. Nunca se esqueça que Deus sempre sabe tudo o que se passa no seu coração (Is 37:28); 7. Nunca se esqueça que Deus também pune ao que ama. Isso é o que deve fazer todo pai responsável (Hb 12:6).

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O FATOR CAIM

No que tange a história de Caim, quando a Bíblia começa a contá-la, já há algo de muito errado no coração dele. No entanto, não precisamos saber do antes, para sabermos como a situação chegou até aquele ponto que Gênesis 4:3 nos relata.

Caim demonstrava claramente uma profunda dificuldade de aceitar o fato de que Deus pudesse favorecer mais ao seu irmão do que a ele. Ele poderia muito bem usar aquela informação a seu favor. Se o teu irmão tem mais favor divino do que você, junte-se a ele! É aqui que repousa a verdade sobre “liderar e ser liderado.” Pelo fato de Caim não ter protegido o seu coração, ele concebeu um outro tipo de informação: “Se o meu irmão tem mais favor com Deus do que eu, é melhor matá-lo.”

Hoje, algumas pessoas têm trocado o homicídio pela perseguição, traição, inveja, boicote, rebelião e coisas assim. O problema é que para Deus tudo isto tem o mesmo valor de um homicídio: “Todo o que odeia a seu irmão é homicida; e vós sabeis que nenhum homicida tem a vida eterna permanecendo nele” (1 Jo 3:15). Se o valor dessas coisas é o mesmo de um homicídio, é mais do que lógico que o julgamento e a punição também sejam os mesmos.

REBELIÃO CONTRA DEUS

Caim representa rebelião contra

Deus, porque ele foi o primeiro a rejeitar a eleição divina. Portanto, ele foi o primeiro de uma classe de pessoas que ousam questionar as escolhas de Deus, como se Deus não soubesse o que faz ou como se Ele não fosse responsável pelo que faz. Neste

caso, não estamos falando daqueles que eventualmente possam se tornar infiéis, não! Aqui, estamos retratando aqueles que rejeitaram o governo de Deus, a ponto de terem suas mentes cauterizadas pelo pecado e pela soberba dos seus próprios corações. Este é o mesmo espírito que se apoderou de Saul, o qual resistiu tanto ao governo de Deus, a ponto de ouvir da boca dEle o inimaginável: “...Porquanto rejeitaste a palavra do Senhor, ele também te rejeitou, a ti, para que não sejas rei” (1 Sm 15:23). Saul, assim como Caim, preferiu justificar a sua rebelião, do que se arrepender. Saul preferia fingir um arrependimento, só para encerrar uma discussão, do que se submeter de fato à correção de Deus. Saul foi um discípulo à imagem e semelhança do seu mestre Caim.

O PROBLEMA NUNCA FOI ABEL

O problema de Caim nunca foi

Abel mas, sim, uma rejeição à sobe-rania de Deus. Seu coração conta-minado rejeitava todas as ações preventivas de Deus. Tudo o que Deus fazia para salvá-lo do desastre fatal que ele, por fim, sofreu, era inter-pretado por ele como uma violação da sua liberdade e como um abuso de poder do maior sobre o menor. Gênesis 4:5 diz que quando Caim notou que seu irmão tinha mais favor diante de Deus do que ele, irou-se fortemente e “decaiu-lhe o seu semblante.” A próxima atitude de Deus foi exatamente tentar salvar o coração de Caim, antes que fosse tarde demais. Porém, o coração de Caim já tinha escolhido um senhor: satanás! “não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão” (1 Jo 3:12).

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A essas alturas, satanás já havia transferido os seus valores corrom-pidos para o seu seguidor, e a primeira grande marca de satanás é a aversão a Deus. Esse sintoma era evidente em Caim, porque a voz de Deus já não tinha nenhum valor para ele. Depois de Deus fazer três perguntas a Caim e dar-lhe uma palavra de sabedoria em Gn 4:6 e 7, Caim não esboçou nenhuma reação e simplesmente não respondeu a Deus nenhum dos Seus questionamentos. Quando o Deus todo poderoso, o Criador, o Senhor de toda a terra, te faz uma pergunta, você responde imediatamente, e ponto final. Isso pode salvar a sua vida.

Eu me lembro de um caso de rebelião que eu sofri numa igreja que pastoreei por 10 anos no Brasil. O pivô dessa rebelião tentou todos os seus recursos para tentar me remover do pastorado daquela igreja. Depois de alguns anos de revolta e tentativas frustradas, ele estava completamente quebrado, e eu estava no mesmo lugar onde Deus havia me colocado. Diante da frustração desse irmão, ele decidiu ir para os Estados Unidos para tentar recuperar as perdas financeiras que ele havia sofrido ao longo do tempo; Deus o havia jogado na lona! Quando esse irmão estava com a sua viagem marcada, Deus usou uma profetiza do círculo de oração para dizer-lhe:__ “Se tu saires do país sem fazeres um concerto com o meu servo a quem tu perseguistes, tu não entrarás naquele país para aonde vais.” Aquele irmão riu da serva de Deus e disse a ela que ele não era tão fácil de ser manipulado como ela pensava.

Dias depois aquele irmão viajou para o México, na tentativa de cruzar a fronteira para dentro dos EUA. Algum tempo depois o seu corpo foi encontrado no deserto do Arizona já

em estado de decomposição. Meu Deus! Por que a voz de Deus já não causa mais efeito no coração de algumas pessoas, nem mesmo quando a intenção dEle é salvar a vida delas? Porque elas já cruzaram a linha e quebraram todos os sete princípios vitais criados por Deus para nos manter nos trilhos, dos quais falamos anteriormente.

TRANSFERINDO A CULPA

Por fim, a última reação de Caim,

antes do desastre final, foi culpar a Deus pelo seu próprio fracasso “Então disse Caim ao Senhor: É maior a minha punição do que a que eu possa suportar” (Gn 4:13). Caim estava tentando representar o papel do injustiçado. Isso me lembra aquele tipo de pessoa que acha que sua vida só não está melhor, porque Deus nunca o favoreceu, como favoreceu a outros. Transferir a culpa para Deus é o golpe final de satanás no coração do rebelde, porque é exatamente esta estratégia que impedirá os “Caims da vida” de se arrependerem. Estamos falando de uma escada espiral descendente cujo fim está no inferno.

OS CAIMS DE HOJE

As igrejas estão cheias de Caims

hoje em dia. Eles não suportam ver Deus fazendo alianças com qualquer um que não sejam eles. Quando os Caims modernos veem alguém em posição de autoridade, eles se deses-peram, porque autoridade produz honra e Caim não suporta ver ninguém sendo honrado.

A maior parte dos casos de rebelião nas igreja é estimulado por uma revolta que os Caims têm contra Deus. Eles simplesmente não conse-

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guem aceitar o fato de que Deus tenha escolhido aquela pessoa em particular para aquela posição, ao invés deles. Muitos se rebelam, simplesmente, para não terem que ver aquele líder ocupando aquele lugar de honra. É como se isto, por si só, já fosse uma tortura para eles.

Como a rebelião dos Caims é contra Deus, e não contra os homens, o próprio Deus se encarregará deles. Cabe a nós, os que temos o caráter de Abel, não nos associarmos com eles, para que não nos tornemos vítimas da sua ganância infinita:

“Ai deles! porque foram pelo caminho de Caim... Estes são os escolhidos em vossos ágapes, quando se banqueteiam convosco, pastores que se apascentam a si mesmos sem temor; são nuvens sem água, levadas pelos ventos; são árvores sem folhas nem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas;” (Jd 1:12)

“Todo aquele que vive habitu-almente no pecado também vive na rebeldia, pois o pecado é rebeldia” (1 Jo 3:4). Deus nos protegerá ao ver retidão em nossos corações.

CONCLUSÃO

Eu fui conduzido a começar esta lição pela solução “Guarda o Teu Coração,” para depois expôr esse espírito devastador que tem encontrado lugares nos bancos das nossas igrejas e, lamentavelmente, em nossos púlpitos. De acordo com Salomão, a sabedoria e o conhecimento valem tanto que eu poderia investir tudo o que tenho para consegui-los (Pv 4:7).

A melhor maneira de guardar o meu coração com diligência é enchê-lo de sabedoria e conhecimento do Senhor, para que eu nunca seja contaminado por um espírito como o de Caim, para não ser arrastado por ele rumo à destruição da minha vida, do meu ministério, da minha família e de muitos outros à minha volta. Toda a descendencia de Caim foi eliminada no dilúvio, porque não havia nada de bom para se esperar dali.

Quantos ministérios tremendos, os quais poderiam marcar a história, deixaram de existir porque foram contaminados pelo espírito de Caim. Nós não queremos isto para as nossas vidas, definitivamente! Também não queremos endurecer os nossos corações a ponto de não ouvirmos mais nem a voz de Deus, o que seria o maior de todos os desastres que uma pessoa poderia experimentar. Deus nos ajude a nos mantermos no centro da Sua vontade até o final da nossa missão.

“Um povo cuja fé se petrificou, é um povo cuja liberdade se perdeu”

Rui Barbosa