Material de Construção - A Evolução Através Dos Tempos
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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO, A EVOLUÇÃO ATRAVÉS DOS TEMPOS
RESUMO
Nas civilizações primitivas, o homem empregava os materiais assim como os encontrava na natureza; não os trabalhava. Aos poucos foram aumentando as exigências do homem, e, consequentemente os padrões requeridos. A necessidade passou a demandar materiais de maior resistência, maior durabilidade e melhor aparência do que aqueles até então empregados. Devido à necessidade de estruturas capazes de vencer vãos maiores desenvolveu-se o concreto armado. A construção civil é um dos setores que mais cresce no mundo, sendo reconhecida como uma importante atividade para o desenvolvimento econômico e social. Como um paradoxo, é uma atividade de grande impacto ambiental, apresentando elevado consumo de recursos naturais e sendo responsável por grande parte dos resíduos gerados atualmente.
Palavras-chave: materiais de construção; evolução; construção civil; meio ambiente; sustentabilidade.
1 INTRODUÇÃO
A história dos materiais de construção acompanha a própria história do homem, pois
este sempre buscou na casa um local de abrigo e segurança imprescindível à sua
sobrevivência e um ponto de referência fundamental para o seu relacionamento com o
mundo. A importância dos materiais na história do homem é tal que, nos primórdios, ela
foi dividida conforme a predominância do uso de um ou de outro: Idade da Pedra, Idade
do Bronze; ou por seus melhoramentos: Idade da Pedra Lascada e Idade da Pedra
Polida.
A princípio o homem empregava os materiais da forma como os encontrava na natureza,
passando a modelá-los e adaptá-los às suas necessidades. A evolução dos materiais,
inicialmente, se deu a passos lentos. Segundo Verçosa (2000), até a época dos grandes
descobrimentos, a técnica resumia-se em modelar os materiais encontrados de forma
bruta na natureza: a pedra, a madeira e o barro, e em menor escala, metais e fibras
vegetais. Aos poucos, as exigências do homem foram aumentando e assim, os padrões
requeridos para o uso dos materiais: maior resistência, maior durabilidade e melhor
aparência. Como por exemplo, o caso do concreto, que surgiu da necessidade de um
material resistente como a pedra, mas de moldagem fácil como o barro, ao que
respondeu, inicialmente, a pozolana, uma mistura de barro com cal gorda, muito
semelhante ao concreto atual. Depois surgiu a necessidade de estruturas capazes de
vencer vãos maiores, ao que se desenvolveu o concreto-ferro, hoje concreto armado. A
partir de então, começaram as pesquisas sobre os aços e hoje, tem-se o concreto
protendido em diversas estruturas. Ou como os casos das madeiras e rochas, que, em
virtude de suas “imperfeições” naturais e extração limitada, encontram cada vez mais
concorrência com os materiais industrializados – que muitas vezes substituem com
vantagens os elementos naturais.
Através dos anos, os materiais e técnicas de construção foram mudando. Não que o
processo construtivo esteja relacionado a modismos, mas por causa de uma grande
oferta de novas tecnologias, que fizeram avançar esta área. De acordo com Blackburn
(1989), apesar de certos aspectos terem se mantido constantes, outros variaram muito.
Enquanto surgiram produtos e processos novos e inovadores, outros se tornaram
obsoletos e arcaicos, assim como as necessidades do homem.
Os materiais ditos de construção, ou seja, os mais brutos que edificam as construções,
não mais se limitam a pedras e tijolos. Os blocos de concreto, painéis pré-moldados e
paredes drywall estão substituindo os materiais convencionais, com certas vantagens
como rapidez de execução e racionalização da obra. Ainda mais significativo é o avanço
em relação aos materiais ditos de acabamento – que revestem e acabam os espaços. Não
mais se limitam a argamassados/cimentados, cerâmicas, pedras e madeiras. Hoje, a
tecnologia avança com rapidez. Os materiais são simples ou compostos, obtidos
diretamente da natureza ou elaborados industrialmente. A gama de opções para os
diversos usos é variada, assim como as propriedades e variedades de um mesmo
material.
A construção civil é um dos setores que mais cresce no mundo, sendo reconhecida
como uma importante atividade para o desenvolvimento econômico e social
(HALMEMAN et al., 2009). Como um paradoxo, é uma atividade de grande impacto
ambiental, apresentando elevado consumo de recursos naturais para confecção de
materiais e sendo responsável por grande parte dos resíduos gerados atualmente. Em
2007 foi estimada uma geração de 75 milhões de toneladas de resíduos produzidos pela
indústria da construção (EGUCHI et al., 2007 apud LOVATO, 2007, p.18). No Brasil
os resíduos de construção e demolição (RCD) representam 50% da massa dos resíduos
sólidos urbanos (RSU). Estimativas apontam que a quantidade de resíduos de
construção produzida seja de 68, 5 milhões de toneladas por ano (ÂNGULO, 2005). Os
resíduos de construção e demolição ocupam grande volume para disposição final. A
falta de destinação adequada para estes resíduos, afeta diretamente a população e o meio
ambiente, pois estes resíduos são depositados irregularmente em terrenos baldios,
margens dos recursos hídricos, vias públicas e encostas florestadas, contaminando rios,
lagoas, ocasionando enchentes, danos à paisagem, obstrução de vias e proliferação de
vetores que causam doenças. Além da destinação inadequada, a exploração de matéria-
prima também causa grandes impactos ambientais. De acordo com Sjöström (1996)
citado por John (2000) a construção civil é responsável pela extração de 14% a 50% dos
recursos naturais do planeta. A areia, muito utilizada na construção civil é obtida pela
exploração de leito dos rios, o que causa a degradação do curso d’água devido a retirada
da cobertura vegetal. A exploração de brita é realizada em formações geológicas com o
uso de explosivos alterando a paisagem e a qualidade do ar. A questão ambiental na
atividade da construção civil ganhou relevância nos últimos anos, a preocupação com a
escassez de recursos naturais, os impactos causados ao meio ambiente, a geração e a
deposição inadequada de resíduos que causam efeitos irreversíveis ao meio ambiente,
tem levado a um novo conceito de construção sustentável baseado na prevenção e
redução de resíduos, utilização de tecnologias limpas e materiais recicláveis e
reutilizáveis (VÁZQUEZ, 2001).
O conceito de sustentabilidade vem sendo muito discorrido, mas somente agora a
sociedade passou a melhor considerá-lo e dar ênfase à sua visível importância e impacto
no planeta. Dessa forma a população tem adotado a questão como uma responsabilidade
social. É notável, portanto, o motivo de destaque que este tema tem conseguido em
revistas, programas de TV, congressos, discursos políticos, dentre outros. Há atualmente
várias faces sobre o conceito de sustentabilidade, mas o conceito que repercute em peso
é: "O desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
capacidade das gerações futuras de satisfazerem suas próprias necessidades."
(Brundtland, 1987) Este conceito é aplicado em diversas pesquisas relacionadas à
sustentabilidade. É de compreensão imediata, pois é simples e sucinto em sua
explicação. Na área de Construção Civil, o tema deve ser ainda mais considerado e
avaliado, uma vez que envolve atividades que utiliza materiais e processos com
impactos expressivos no ambiente. Uma abordagem que vem obtendo destaque na
atualidade é a questão de construção sustentável, que faz uso de materiais e tecnologias
mais ‘limpas’ possíveis, podendo esta ser reaproveitada, de fácil manejo e que cause
menos entulho em relação a outras. Edificar de forma sustentável é não repelir às novas
tecnologias, aderir a produtos ecologicamente corretos e satisfazer o desejo de quem
porventura, venha a usufruir da obra. O objetivo é atender com qualidade e conforto a
população atual, sem esgotar os recursos e fontes dos materiais, para que assim, futuras
gerações também desfrutem desta qualidade e conforto. Com isso, sabe-se que quanto
mais minimizados os impactos ambientais, maior é a certeza de que outras gerações
poderão ter suas necessidades contentadas. Para que uma obra obtenha certificação de
sua sustentabilidade, devem-se levar em consideração diversos aspectos, tais como
sociais, econômicos e ambientais. Segundo fontes do IDHEA (Instituto
Desenvolvimento da Habitação Ecológica) há nove passos fundamentais para que uma
obra seja idealizada como sendo sustentável. Estes passos são: Planejamento sustentável
da obra; aproveitamento passivo dos recursos naturais; eficiência energética; gestão e
economia da água; gestão dos resíduos na edificação; qualidade do ar e do ambiente
interior; conforto termo acústico; uso racional de materiais; uso de produtos e
tecnologias ambientalmente amigáveis.
A Construção Civil, segundo dados do Worldwatch Institute, é o setor que mais gera
impacto ambiental, consumindo 40% das pedras e areia existentes no mundo por ano, e
da extração de madeira que tem um percentual de 25% por ano. Além destes dados,
relata que a construção civil é responsável por 40% do consumo mundial de energia e
16% do consumo mundial de água. Com estes dados intimidantes, a construção civil,
tem se empenhado para minimizar estes efeitos, de forma a evitar que a construção seja
vista como um pilar de um caos ambiental. As obras sustentáveis estão a todo o vapor
em diversos segmentos. Sejam em residências, prédios, empresas, estádios de futebol,
locais públicos, dentre outros. Concretizar uma obra sustentável hoje pode ser
considerado um investimento futuro, já que sustentabilidade pode vir a tornar-se
requisito obrigatório, devido ao eminente esgotamento de materiais.
A indústria da construção civil é extremamente impactante, tanto na fase de produção,
quanto na fase de uso do produto. A descrição deste problema envolve logicamente a
interação entre os sistemas ecológico, econômico e sociocultural, com questões
relacionadas com suas dinâmicas. Desde a década de 1970, início da crise energética
mundial do petróleo, se debate a necessidade de construções com menor impacto no
meio ambiente. Atualmente, a aplicação dos conceitos de sustentabilidade na construção
civil visa à minimização de impactos e a eficiência de suas funções de uso. Embora
complexo, o conceito de sustentabilidade deve incorporar todos os referenciais
sustentáveis das diversas tecnologias, rompendo paradigmas do modelo de construções
tradicionais. A indústria da construção civil consome até 75% de recursos naturais em
seus processos, conforme Cincoto (1988). Este consumo elevado de recursos naturais
induz a busca incessante de novas tecnologias e materiais alternativos para a construção
civil; mas será que os engenheiros já estão inseridos nesta realidade e preparados para
construir mais usando menos? O setor tem um grande desafio: como conciliar uma
atividade produtiva desta magnitude com as condições que conduzam a um
desenvolvimento sustentável consciente, menos agressivo ao meio ambiente?
2 CONSTRUÇÕES SUSTENTÁVEIS
É ultrapassado dizer que sustentabilidade é uma tendência. A preocupação com
processos e práticas sustentáveis é condição primordial para o desenvolvimento. E este
conceito está cada vez mais presente no dia a dia de qualquer pessoa.
A construção sustentável dá seus primeiros passos no Brasil, mas, nos dias de hoje,
especialistas entendem que esta é uma ferramenta que deve ser adotada por qualquer
empresa que deseja continuar existindo. “Não haverá mais lugar para empresas
poluentes, que degradam e exploram o meio ambiente, que não aperfeiçoam os seus
fluxos de produção e que não oferecem condições de trabalho justas”, afirmou a
arquiteta Daniela Corcuera em seu artigo “Produção de empreendimentos sustentáveis”.
Segundo a arquiteta, muitos construtores, engenheiros e arquitetos não entenderam que
esta é uma necessidade do planeta e encaram o assunto como modismo, ficando à
margem da sustentabilidade. “Muito provavelmente, construções sustentáveis não irão
reverter de imediato os prejuízos causados pelo homem ao meio ambiente, mas
contribuirão para não piorar o quadro. Construções sustentáveis dão aos seus usuários
mais autonomia, pois não dependem tanto dos sistemas públicos de abastecimento de
água e energia, não sobrecarregam estes sistemas e podem funcionar de forma
autônoma, mesmo diante de uma pane na rede pública”, justifica.
Presente em todos os setores da economia, a sustentabilidade está inserida – e não
haveria de ser diferente – em todos os campos da engenharia. Eduardo Yamada, entende
que existem, basicamente, quatro premissas básicas que devem ser consideradas no
desenvolvimento de um projeto de engenharia:
(1) evitar e eliminar desperdícios;
(2) otimizar a eficiência dos sistemas;
(3) aproveitar os recursos naturais disponíveis;
(4) recuperar insumos e fontes.
Se o engenheiro vai se acostumar a ter pensamentos sustentáveis e aplicá-los em seus
projetos é praticamente uma questão de sobrevivência no mercado que se configura nos
dias de hoje. Para Eduardo Yamada, o engenheiro precisa abrir a mente para a nova
realidade de mercado. “O engenheiro precisa sair da zona de conforto e do comodismo,
achando que projetos de sistemas prediais devem ser feitos para atender às necessidades
dos clientes e às normas técnicas somente. Ele precisa ter discernimento e bom senso
técnico na escolha e na especificação dos fornecedores, entender os conceitos de
sustentabilidade e aplicá-los nos projetos”, avalia.
A construção civil está efetivamente começando a demonstrar que está se adequando
cada vez mais aos conceitos de sustentabilidade. Principalmente, os mais jovens estão
começando a exigir de seus fornecedores uma postura mais correta em relação ao meio
ambiente, desenvolvendo um dos maiores desafios corporativos deste milênio: o
consumo consciente.
3 CONCLUSÕES
É necessário priorizar ações que solucionem a diminuição dos desperdícios, e propicie
práticas de reutilização e reciclagem, e o melhor controle dos aterros sanitários para
aqueles materiais que não tem como serem aproveitados.
Entender quais são os impactos ambientais gerados ao meio ambiente através da
execução de uma construção civil, e a responsabilidade de minimizar estes impactos
administrando melhor o conflito desenvolvimento vesus preservação ambiental.
Com isso, chega-se à conclusão que, embora o século 20 tenha trazido grandes aparatos
tecnológicos, esse desenvolvimento veio acompanhado por uma consequência ecológica
desastrosa. O nosso desafio, nesse sentido, é conciliar o desenvolvimento tecnológico
com a preservação dos recursos naturais, garantindo o progresso, mas com práticas
sustentáveis. Fazendo mais com menos.
REFERÊNCIAS
ÂNGULO, S.C. Variabilidade de agregados graúdos de resíduos de construção e
demolição reciclados. Dissertação (Mestrado) Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo, São Paulo, 155p. 2000.
HALMEMAN, M.C.R.; SOUZA,P.C; CASARIN, A.N. Caracterização dos resíduos de
construção e demolição na unidade de recebimento de resíduos sólidos no município de
Campo Mourão – PR. Revista Tecnológica, Edição especial ENTECA 2009, p.203-209,
2009.
L. A. Falcão Bauer – Materiais de Construção volume 1, 5ª edição.
LOVATO, P.S.,Verificação dos parâmetros de controle de agregados reciclados de
resíduos de construção e demolição para utilização em concreto. Dissertação (Mestrado)
PPGEC/UFRGS, Porto Alegre, 180p. 2007.
JOHN, V.M. Reciclagem de resíduos na construção civil: contribuição à metodologia de
pesquisa e desenvolvimento. Tese (livre docência). Departamento de Engenharia de
Construção Civil, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo, 102p.
2000.