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- 0 - MATERIAL DE APOIO CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Habilitação de Professores da Educação Infantil ao Ensino Fundamental (1º ao 5 º ano) Organização: Profª Luana Torrentes Profª Vergilia Costa 2012

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MATERIAL DE APOIO

CURSO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES Habilitação de Professores da Educação Infantil ao Ensino Fundamental (1º ao 5 º ano)

Organização: Profª Luana Torrentes

Profª Vergilia Costa

2012

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© 2012, IMEC Ltda

Rua Manuel Martins, 16 CEP: 21.310-240 – Madureira – Rio de Janeiro/RJ

Telefax: (21) 3355-3377 www.imec-edu.com.br [email protected]

"A educação é um processo social, é desenvolvimento.

Não é a preparação para a vida, é a própria vida."

John Dewey

Obra organizada pelo Instituto Mendonça da Costa Educacional Ltda – IMEC para fins didáticos a ser utilizada no Curso de Formação de Professores, na modalidade Normal. Informamos que é de inteira responsabilidade do autor os conceitos e fundamentações emitidos. A edição desta obra é de responsabilidade do IMEC.

GONÇALVES, L. T. M. e COSTA, V. dos A. M. da Sociologia da Educação Rio de Janeiro: IMEC, 2012. 1. Sociologia da Educação 2. Educação 3. Cultura 4. Trabalho 5. Educador

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 3 I. INTRODUÇÃO 4 II. SOCIOLOGIA 4 2.1. Conceito 4 2.2. Surgimento da Sociologia 5 2,2.1. Revolução Francesa 5 2.2.2. Revolução Industrial 6 2.3. Objeto da Sociologia 6 III. SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 7 3.1. Bases sociológicas da educação 7 3.2. Os primeiros grandes sociólogos 7 3.2.1. A Sociologia de Augusto Comte 7 3.2.2. As contribuições de Emile Durkheim 8 3.2.2.1. A educação para Durkheim 10 3.2.3. As ideias de Karl Marx 11 3.2.4. A Sociologia de Max Weber 13 IV. A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO SOCIAL 18 4.1. A educação como objeto de estudo sociológico 18 4.2. Importância da Sociologia da Educação para o educador 18 4.3. Conceito sociológico de educação 19 4.4. A educação como processo socializador 20 V. A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DE CONTROLE SOCIAL 23 5.1. O conceito sociológico de cultura 23 5.2. Socialização e instituições sociais 24 VI. A SOCIOLOGIA NO BRASIL 26 6.1. Alguns autores 26 6.2. A sociologia no currículo escolar 27 6.3. A proposta de Paulo Freire 27 VII. DESAFIOS ATUAIS DA SOCIOLOGIA DA EDUCAÇÃO 28 7.1. Educação e globalização 28 7.2. Os diferentes espaços educativos 29 VIII. ANÁLISE SOCIOLÓGICA DAS TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS 29 8.1. As diferentes teorias pedagógicas 30 8.2. Quadro síntese 36 Referências 37

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Caro/a Aluno/a,

Apresentamos o material de apoio de Sociologia da Educação que foi desenvolvido pelos profissionais do IMEC, com o intuito de oferecer a você o conteúdo específico da disciplina, atividades práticas e exercícios de fixação que possibilitarão a você aproveitar o máximo o seu tempo e a sua capacidade na busca de excelentes resultados.

Convidamos você a iniciar os estudos de mais esta disciplina que compõe a grade curricular do seu curso. Uma disciplina de tanta importância quanto todas estudadas até aqui ou as próximas que virão para a sua sólida formação enquanto profissional da educação e enquanto cidadão.

Esperamos que esta disciplina possa modificar a sua maneira de ver as coisas mais simples, mais naturais, mais inexpressivas como resultado das ações dos homens e mulheres que todos somos e enquanto sujeitos históricos e sociais.

Que os temas aqui brevemente introduzidos tragam caminhos possíveis de serem trilhados em busca de uma sociedade mais justa e de uma educação transformadora da realidade atual.

Por conta disto este material deve ser utilizado como apoio no curso, mas não esqueça também das leituras indicadas , dos materiais disponibilizados pelo professor, das tarefas e das trocas entre os colegas.

Nosso material está organizado com os conteúdos específicos da disciplina e no decorrer deles são apresentadas:

a) Atividades; b) Sugestões de pesquisas; c) Sugestões de leituras; d) Sugestões de discussões; e) Sugestões de filmes, vídeos. É importante que você atenda às sugestões no sentido de ampliar sua experiência e sua reflexão

sobre as questões relativas ao domínio das habilidades necessárias ao trabalho com as crianças na faixa de zero a seis anos.

O IMEC deseja que seu aprendizado possa ser enriquecedor, eficaz, dinâmico e repleto de novas oportunidades que contribuirão para seu crescimento profissional.

ESTUDE, acredite, busque com esforço e verdadeiro querer o seu objetivo. Bom trabalho! Luana Torrentes e Vergilia Costa

APRESENTAÇÃO

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II.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

A sociologia constitui um projeto intelectual tenso e contraditório. Para alguns ela representa uma poderosa arma a serviço dos interesses dominantes, para outros ela é a expressão teórica dos movimentos revolucionários.

A sua posição é notavelmente contraditória. De um lado, foi proscrita de inúmeros centros de ensino. Foi fustigada, em passado recente, nas universidades brasileiras, congelada pelos governos militares argentino, chileno e outros do gênero. Em 1968, os coronéis gregos acusavam-na de ser disfarce do marxismo e teoria da revolução. Enquanto isso, os estudantes de Paris escreviam nos muros da Sorbone que "não teríamos mais problemas quando o último sociólogo fosse estrangulado com as tripas do último burocrata". Como compreender as avaliações tão diferentes dirigidas com relação a esta ciência? Para esclarecer esta questão, torna-se necessário conhecer, ainda que de forma bastante geral e com algumas omissões, um pouco de sua história. Isto me leva a situar a sociologia — este conjunto de conceitos, de técnicas e de métodos de investigação produzidos para explicar a vida social — no contexto histórico que possibilitou o seu surgimento, formação e desenvolvimento.

Esta apostila parte do princípio de que a sociologia é o resultado de uma tentativa de compreensão de situações sociais radicalmente novas, criadas pela então nascente sociedade capitalista. A trajetória desta ciência tem sido uma constante tentativa de dialogar com a civilização capitalista, em suas diferentes fases.

Na verdade, a sociologia, desde o seu início, sempre foi algo mais do que uma mera tentativa de reflexão sobre a sociedade moderna. Suas explicações sempre contiveram intenções práticas, um forte desejo de interferir no rumo desta civilização. Se o Pensamento científico sempre guarda uma correspondência com a vida social, na sociologia esta influência é particularmente marcante. Os interesses econômicos e políticos dos grupos e das classes sociais, que na sociedade capitalista apresentam-se de forma divergente, influenciam profundamente a elaboração do pensamento sociológico.

Procuramos apresentar, em termos de debate, a dimensão política da sociologia, a natureza e as consequências de seu envolvimento nos embates entre os grupos e as classes sociais e refletir em que medida os conceitos e as teorias produzidos pelos sociólogos contribuem para manter ou alterar as relações de poder existentes na sociedade.

IIII.. SSOOCCIIOOLLOOGGIIAA

2.1. Conceito

SOCIOLOGIA

Sociedade Estudo

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O termo Sociologia foi usado pela primeira vez, no sentido pelo qual ainda hoje o conhecemos, por Augusto Comte, para designar a sociedade. São inúmeras as definições que encontramos nos manuais de Sociologia, desde as mais restritivas, como aquela que propõe Durkheim, para quem a Sociologia "é o estudo das instituições sociais, de sua gênese e de seu funcionamento “até as mais amplas como a de Park para quem a Sociologia "é a ciência do comportamento coletivo".

Sociologia é o estudo do comportamento social das interações e organizações humanas. Todos nós somos sociólogos porque estamos sempre analisando nossos comportamentos e nossas experiências interpessoais em situações organizadas. O objetivo da sociologia é tomar essas compreensões cotidianas da sociedade mais sistemáticas e precisas, à medida que suas percepções vão além de nossas experiências pessoais.

A Sociologia tem por objeto de estudo a vida dos homens em sociedade, em suas inter-relações, bem como as criações culturais que nela têm origem. Por outro lado, a educação é o processo social através do qual a sociedade sistematiza a transmissão de sua herança cultural, sendo esta transmissão a própria condição de continuidade da espécie humana.

2.2. Surgimento da Sociologia

No limiar do século XXI, estamos vivendo um momento da História que os especialistas estão

denominando de globalização. Uma das características marcantes da globalização são os sistemas de comunicação que unem e aproximam os espaços. A televisão, por exemplo, coloca um fato de um país distante dentro de nossa casa no mesmo momento em que ele está acontecendo, e tudo parece estar ocorrendo ali "na esquina de nossa casa".

Podemos entender a sociologia como uma das manifestações do pensamento moderno. O seu surgimento ocorre num contexto histórico específico, que coincide com os derradeiros momentos da desa-gregação da sociedade feudal e da consolidação da civilização capitalista. A sua criação não é obra de um único filósofo ou cientista, mas representa o resultado da elaboração de um conjunto de pensadores que se empenharam em compreender as novas situações de existência que estavam em curso.

A sociologia como disciplina científica surgiu no início do século XIX, como uma resposta acadêmica para o novo desafio da modernidade: o mundo estava se tornando cada vez menor e mais integrado, a consciência das pessoas sobre o mundo estava aumentando e dispersando. Os sociólogos não só esperavam entender o que mantinha os grupos sociais unidos, mas desenvolver um “antídoto” para a desintegração social.

Augusto Comte (1798-1857) é tradicionalmente considerado o pai da Sociologia. Foi ele quem pela primeira vez usou essa palavra, em 1839, no seu Curso de Filosofia Positiva. Mas foi com Emile Durkheim (1858-1917) que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e como tal se desenvolveu.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos que são estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais.

O termo foi cunhado por Auguste Comte, da palavra latin socius (associação) e o grego lógus (estudo). Ele pretendia juntar todos os estudos sobre a humanidade, incluindo história, economia e psicologia.

A formação da Sociologia é o resultado histórico de uma necessidade urgente de dar respostas racionais aos problemas sociais inaugurados pela estrutura social moderna, consolidada através da dupla revolução liberal-burguesa (Revolução Francesa e a Revolução Industrial).

2.2.1. Revolução Francesa

Revolução Francesa, processo social e político ocorrido na França entre 1789 e 1799, cujas principais consequências foram a queda de Luís XVI, a abolição da monarquia e a proclamação da República, que poria fim ao Antigo Regime.

As causas determinantes de tal processo estavam na incapacidade das classes dominantes (nobreza, clero e burguesia) de enfrentar os problemas do Estado, a indecisão da monarquia, o excesso de impostos que pesavam sobre os camponeses, o empobrecimento dos trabalhadores, a agitação intelectual estimulada pelo

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Século das Luzes e o exemplo da Guerra da Independência norte-americana. Os iluministas atacavam os fundamentos da sociedade feudal, os privilégios dos nobres e as restrições que estes impunham aos interesses econômicos e políticos da burguesia. Combinando o uso da razão e da observação os iluministas analisaram as instituições da época demonstrando que elas eram injustas e deveriam ser iluminadas.

2.2.2. Revolução Industrial

A Revolução Industrial foi a expressão do poder da burguesia em ascensão e demonstrou a eficácia do novo saber inaugurado no séc. XVII, levando a concepção de cientificismo, no qual a ciência é considerada o único conhecimento possível e o método utilizado pelas ciências sociais o único válido. Representou também o triunfo da indústria capitalista.

A Revolução Industrial, ocorrida na Europa (principalmente na Inglaterra) no século XVIII, mudou radicalmente a estrutura da sociedade. Homens passaram a ser substituídos por máquinas, que produziam mais e custavam muito menos. Isto fez com

que os problemas sociais aumentassem, pois muitas pessoas que antes trabalhavam de forma artesanal, ficaram sem emprego. Eram acostumadas à uma forma mais lenta de vida, no meio rural, trabalhando apenas para sobreviver da terra. Agora passariam a trabalhar muito mais para os empresários, ganhando às vezes menos do que estavam ganhando antes.

A sociedade se dividiu em Burgueses, os que detinham as fábricas e controlavam a economia, e os Proletariados, que tinham a força de trabalho. O capitalismo se fortaleceu, quem produzisse mais, estava acima dos outros.

Até o séc. XVII Séc. XVII, XVIII e XIX

Senhor de feudal x servos Burguesia x proletariado

Valores: família (linhagem) Oposição ao trabalho

Valores: prestígio resultante do esforço e da capacidade de trabalho individual

Riqueza: terras Riqueza: moeda, metais preciosos.

Influência do dogmatismo: fé e revelação Poder exclusivo da razão (capacidade de discernir, distinguir e comparar)

2.3. Objeto da sociologia

A Sociologia tem por objeto as interações sociais, estudando os fenômenos que expressam as

condições sociais dos seres vivos: o comportamento grupal, os processos sociais, as estruturas sociais, a vida social.

A sociologia estuda as condições de existência social dos seres humanos aplicando o ponto de vista científico à observação e à explicação dos fenômenos sociais (Florestan Fernandes).

Estuda, portanto, os fatos que são característicos da vida em grupo, e não da vida do indivíduo.

Vamos assistir a este vídeo fala sobre a Revolução Industrial, disponível em:

PARTE 1 - http://www.youtube.com/watch?v=meSQG6bNvOM

PARTE 2 - http://www.youtube.com/watch?v=UUMO7xQlGIQ

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IIIIII.. SSOOCCIIOOLLOOGGIIAA DDAA EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO

A Sociologia da Educação é a vertente da Sociologia que estuda a realidade socioeducacional. Tem como fundadores Émille Durkheim, Karl Marx e Max Weber. Durkheim é o primeiro a ter uma Sociologia da Educação sistematizada em obras como Educação e Sociologia, A Evolução Pedagógica na França e Educação Moral.

A partir desta definição, não é difícil deduzir-se a importância que tem, no conjunto das ciências humanas, a Sociologia Educacional, que estuda a sociedade do ângulo dos seus processos educativos. Cabe a esta disciplina analisar ampla e profundamente o quadro em que se processa a vida dos grupamentos humanos e compreender, a partir de uma visão global, de que forma se relacionam os fins que um determinado sistema educacional se propõe obter e os meios de que lança mão para tanto. Cabe, pois, à Sociologia Educacional desvendar até que ponto as necessidades sociais básicas estão ou não sendo atendidas com eficácia; cabe, enfim, a esta disciplina apontar quais as soluções mais viáveis para a superação dos obstáculos que se opõem, constantemente, ao funcionamento regular das instituições sociais.

3.1. Bases Sociológicas da Educação A Sociologia da educação é uma ciência produtora de conhecimentos específicos que levam a

discussão da democratização e do papel do ensino, promovendo uma reflexão sobre a sociedade e seus problemas relacionados à educação. Seu papel é investigar a escola enquanto instituição social, analisando os processos sociais envolvidos, todas as mudanças ocorridas em nossa sociedade, trouxeram mudanças para a educação.

No Século XX, a educação tem como parâmetro a dinâmica concreta das relações sociais. É principalmente a partir de Durkheim (1858-1917), que a Sociologia ganha uma dimensão específica para o estudo da questão educacional, fazendo com que, posteriormente, fosse criada uma área específica dentro da Sociologia, chamada de Sociologia da Educação. Esse autor, estava preocupado especialmente com a questão da socialização dos indivíduos e com o papel da escola na adaptação dos indivíduos à sociedade.

3.2. Os primeiros grandes sociólogos: a educação como tema e objeto de estudo Entende-se educação como um caminho para propiciar o pleno desenvolvimento da personalidade,

das aptidões e das potencialidades, tendo como fim último o exercício pleno da cidadania. O processo de construção da sociologia como ciência fundamental para se pensar em educação hoje, é

um processo que foi se construindo a partir de alguns autores como: Augusto Comte, Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber

A sociologia nasce enquanto ciência como uma tentativa de explicar as mudanças sociais, num momento de grandes mudanças sociais, marcado pela Revolução Industrial, Revolução Francesa e a Formação dos Estados Nacionais, a chamada Modernidade e esses autores trazem alguns conceitos como: poder, status, mobilidade, interação e outros mais.

3.2.1. A Sociologia de Augusto Comte

Auguste Comte (1798-1857) nasceu em Montpellier, França, a 19 de janeiro de 1798 e filho de um fiscal de impostos.

Ingressa na Escola Politécnica em 1814, mas é expulso dois anos depois por liderar um movimento de protesto. Volta para sua cidade natal, onde estuda medicina antes de retornar a Paris, para dar aulas

O nome do pensador francês Auguste Comte está indissociavelmente ligado ao positivismo, corrente filosófica que ele fundou com o objetivo de reorganizar o conhecimento humano e que teve grande influência no Brasil. Comte

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também é considerado o grande sistematizador da sociologia e foi um importante filósofo e sociólogo francês do século XIX.

A linha de pensamento de Comte é denominada positivismo. O positivismo se baseou no afastamento radical da teologia ou metafísica da existência humana, afirmando que toda a vida humana tinha passado pelas mesmas fases históricas distintas e que, se o indivíduo pudesse compreender este progresso, poderia resolver os problemas sociais.

Embora a sociologia tenha surgido a partir da tentativa intelectual de Comte, foi só no século XIX com o aparecimento dos problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, que a sociologia tomou proporção, surgindo como a ciência responsável para solucionar esses problemas.

Comte foi o criador da teoria dos três estados, na qual todas as ciências e todo espírito humano passa por esta linha de desenvolvimento:

a) Teológico: estágio que Deus está presente em tudo. Tudo segue a vontade d’Ele. b) Metafísico: há uma relação misteriosa entre as coisas. O pensamento já não está no campo a abstração total (tal qual o estado teológico) e é substituído pela vontade própria. Transição entre o estado teológico e o positivo. c) Positivo: busca por uma resposta cientifica para todas as coisas. Busca o esclarecimento sobre a natureza e seus fatos.

O conhecimento positivo busca conhecer a realidade para saber o que acontecerá a partir da ação do homem e assim melhorar a sua realidade.

Importante ressaltar que as idéias do positivismo inspiraram até o lema da bandeira brasileira criado por Benjamin Constant “ordem e progresso”, o exército brasileiro e a proclamação da República do Brasil em 1889.

Lema do positivismo: “amor por base,

ordem por princípio, progresso por fim.” O pensamento positivista pregava um

modelo de sociedade organizada, onde o poder espiritual não teria mais importância, sendo os sábios e cientistas a

primazia nas decisões. O Positivismo é uma corrente filosófica fundada por Augusto Comte, no século XIX, caracterizada,

por uma confiança inabalável nas ciências. De acordo com os seus princípios, somente seria verdade aquilo que pudesse ser explicado pela experiência e observação. A ciência, para o positivismo, deveria preocupar-se apenas em explicar as leis que regem as coisas, as relações que se estabelecem entre elas e as sucessões decorrentes dessa inter-relação, sem, no entanto, indagar o porquê. A origem e a finalidade das coisas, segundo Comte, é um conhecimento inalcançável, já que a doutrina positivista é antimetafísica. E na opinião desse filósofo, a humanidade desenvolver-se-ia através do conhecimento científico.

3.2.2. As contribuições de Émile Durkheim

Émile Durkheim nasceu na cidade de Épinal (região de Lorena, França)

no dia 15 de abril de 1858. Faleceu em Paris, capital francesa, em 15 de novembro de 1917. É considerado, junto com Max Weber, um dos fundadores da sociologia moderna.

Viveu numa família muito religiosa, pois seu pai era um rabino. Porém, não seguiu o caminho da família, optando por uma vida secular. Desde jovem, foi um opositor da educação religiosa e defendia o método científico como forma de desenvolvimento do conhecimento. Em boa parte dos seus trabalhos, procurou demonstrar que os fenômenos religiosos tinham origem em acontecimentos sociais.

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Aos 21 anos de idade, Durkheim foi estudar na Escola Normal Superior (École Normale Supérieure) e passou a dedicar-se ao mundo intelectual. Formou-se em Filosofia, no ano de 1882. Cinco anos após sua formatura, foi trabalhar na Universidade de Burdeos como professor de pedagogia e ciência social. Neste período, começaram seus estudos sobre sociologia.

Foi somente na segunda metade do século XIX, com Émile Durkheim que a Sociologia realmente passou a existir, com objeto, método e objetivos claros e definidos. Embora Auguste Comte, seja considerado o pai da sociologia e tenha-lhe dado esse nome, Durkheim é apontado como um de seus primeiros grandes teóricos.

Durkheim destaca que o objeto de estudo da sociologia são os fatos sociais.

Fatos sociais

Vamos a um exemplo simples que nos ajudará a entender o conceito de fato social? Se um aluno chegasse à escola vestido com roupa de praia, certamente ficaria numa situação

muito desconfortável: os colegas ririam dele, o professor lhe daria uma enorme bronca e provavelmente o diretor o mandaria de volta para pôr uma roupa adequada.

Existe um modo de vestir que é comum, que todos seguem. Isso não é estabelecido pelo indivíduo. Quando ele entrou no grupo, já existia tal norma, e, quando ele sair, a norma provavelmente permanecerá. Quer a pessoa goste, quer não, vê-se obrigada a seguir o costume geral. Se não o seguir, sofrerá uma punição. O modo de vestir é um fato social.

São fatos sociais também a língua, o sistema monetário, a religião, as leis e uma infinidade de outros fenômenos do mesmo tipo. Para Durkheim, os fatos sociais são o modo de pensar, sentir e agir de um grupo social. Embora os fatos sociais sejam exteriores, eles são introjetados pelo indivíduo e exercem sobre ele um poder coercitivo. Resumindo, podemos dizer que os fatos sociais têm as seguintes características:

generalidade – o fato social é comum aos membros de um grupo;

exterioridade – o fato social é externo ao indivíduo, existe independentemente de sua vontade;

coercitividade – os indivíduos se sentem obrigados a seguir o comportamento estabelecido.

Em virtude dessas características, para Durkheim os fatos sociais podem ser estudados objetivamente, como “coisas”. Da mesma maneira que a Biologia e a Física estudam os fatos da natureza, a Sociologia pode fazer o mesmo com os fatos sociais.

Vamos estudar agora estas três características dos fatos sociais:

Generalidade: É social todo fato que é geral, que se repete em todos os indivíduos ou, pelo menos, na maioria deles; que ocorre em distintas sociedades, em um determinado momento ou ao longo do tempo. São exemplos: formas de comunicação sociais e profissionais, uso de determinados tipos de roupas em dadas situações, machismo, sentimento de posse entre casais, formas de habitação, os sentimentos e a moral.

Exteriorioridade (fatores exteriores ao indivíduo): as regras após algum tempo se transformam em hábito. O uso de uma determinada Língua ou o predomínio no uso da mão direita são internalizados no indivíduo que passa a agir assim sem sequer pensar a respeito. Esta característica dos fatos sociais existe e atua sobre o indivíduo independentemente de sua vontade ou de sua adesão consciente. Como exemplo: o uso do véu pelas mulheres mulçumanas.

Coerção social: é a força que os fatos exercem sobre os indivíduos, levando-os a conformar-se às regras da sociedade em que vivem, independentemente de sua vontade e escolha. Essa força se manifesta quando o indivíduo adota um determinado idioma, quando se submete a um determinado tipo de formação familiar ou quando está subordinado a determinado código de leis.

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Essa coerção dos fatos se torna evidente pelas sanções a que o indivíduo estará sujeito. As sanções podem ser legais ou espontâneas. - Legais são as prescritas pela sociedade, sob a forma das leis, estabelecendo a infração e a penalidade subseqüente. Exemplo: multas por infringir o código de trânsito. - Espontâneas são percebidas pela rejeição do grupo ou da sociedade, quando se pratica um ato que não está adaptado a estrutura do grupo. Exemplos: as reações de rejeição aos grupos homossexuais e aos negros.

Para Durkheim, a sociologia tinha por finalidade não só explicar a sociedade como também

encontrar soluções para a vida social. A sociedade como todo organismo, apresentaria estados saudáveis e

doentios.

Saudável é aquele fato que não extrapola os limites dos acontecimentos mais gerais de uma

determinada sociedade e que reflete os valores e as condutas aceitas pela maior parte da população.

Doentio é aquele que se encontra fora dos limites permitidos pela ordem social e pela moral vigente,

quando põe em risco a harmonia, o consenso, e, portanto a evolução da sociedade.

Ele se distinguiu dos demais positivistas porque suas idéias ultrapassaram a reflexão filosófica e

chegaram a constituir um todo organizado e sistemático de pressupostos teóricos e metodológicos sobre a

sociedade. Procurou estabelecer os limites e as diferenças entre a particularidade e a natureza dos

acontecimentos filosóficos, históricos, psicológicos e sociológicos. Elaborou um conjunto coordenado de

conceitos e de técnicas de pesquisa que, embora norteado por princípios das ciências naturais, guiava o

cientista para o discernimento de um objetivo de estudo próprio e dos meios adequados para interpretá-lo.

3.2.2.1. A Educação para Durkheim

Como já sabemos, para Durkheim, o objeto da Sociologia é o fato social e a educação é considerada como o fato social, isto é, se impõe, coercitivamente, como uma norma jurídica ou como uma lei. Assim sendo, ela é coercitiva, ou seja, é imposta às pessoas, independente de sua vontade por serem incapazes de reagir diante da ação educativa.

Para ele, os conteúdos da educação são independentes das vontades individuais, são as normas e os valores desenvolvidos por uma sociedade ou o grupo social em determinados momentos históricos, que adquirem certa generalidade e com isso uma natureza própria, tornando-se assim “coisas exteriores aos indivíduos”.

A criança só pode conhecer o dever através de seus pais e mestres. Para o sociólogo francês, a principal função do professor é formar cidadãos capazes de contribuir para a harmonia social. "A construção do ser social, feita em boa parte pela educação, é a assimilação pelo indivíduo de

uma série de normas e princípios - sejam morais, religiosos, éticos ou de comportamento - que baliza a conduta do indivíduo num grupo.

Durkheim não desenvolveu métodos pedagógicos, mas suas idéias ajudaram a compreender o significado social do trabalho do professor, tirando a educação escolar da perspectiva individualista, sempre limitada pelo psicologismo idealista - influenciado pelas escolas filosóficas alemãs de Kant (1724-1804) e Hegel (1770-1831).

A elaboração, adoção e socialização dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foi uma grande conquista para a educação brasileira. Houve padronização na indicação dos conteúdos curriculares e uma clara demonstração do que o governo espera dos jovens que deixarão os bancos escolares nos próximos anos. Para o professor Dermeval Saviani, da Unicamp, esse fato tem certa relação com as concepções de Durkheim. "Os

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currículos são sugeridos para todos. Esses documentos mostram as necessidades da sociedade. Agora, cabe aos estabelecimentos de ensino pegar essas indicações e moldá-las aos estudantes", explica. "A idéia de fundo é colocar as pessoas certas nos lugares certos, onde a comunidade precisa", diz.

3.2.3. As ideias de Karl Marx

Karl Marx nasceu em 1818, em Trier, sul da Alemanha (então Prússia). Seu pai, advogado e sua mãe descendiam de judeus, mas haviam se convertido ao protestantismo. Estudou direito em Bonn e depois em Berlim, mas se interessou mais por filosofia e história. Na universidade, aproximou-se de grupos dedicados à política. Aos 23 anos, quando voltou a Trier, percebeu que não seria bem-vindo nos meios acadêmicos e passou a viver da venda de artigos. Em 1843, casou-se com a namorada de infância, Jenny von Westphalen. O casal se mudou para Paris, onde Marx aderiu à militância comunista, atraindo a atenção de Friedrich Engels, depois amigo e parceiro.

Foi expulso de Paris em 1845, indo morar na Bélgica, de onde também seria deportado. Nos anos seguintes, se engajou cada vez mais na organização da

política operária, o que despertou a ira de governos e da imprensa. A Justiça alemã o acusou de delito de imprensa e incitação à rebelião armada, mas ele foi absolvido nos dois casos. Expulso da Prússia e novamente da França, Marx se estabeleceu em Londres em 1849, onde viveu na miséria durante 15 anos, ajudado, quando possível, por Engels. Dois de seus quatro filhos morreram no período. O isolamento político terminou em 1864, com a fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores (depois conhecida como Primeira Internacional Socialista), que o adotou como líder intelectual, após a derrota do anarquista Mikhail Bakunin. Em 1871, a eclosão da Comuna de Paris o tornou conhecido internacionalmente. Na última década de vida, sua militância tornou-se mais crítica e indireta. Marx morreu em 1883, em Londres.

O tema da educação não ocupou um lugar central na obra de Marx. Ele não formulou explicitamente uma teoria da educação, muito menos princípios metodológicos e diretrizes para o processo ensino-aprendizagem. Sabemos que sua principal preocupação fora o estudo das relações sócio-econômicas e políticas e seu desenvolvimento no processo histórico. Entretanto, a questão educacional encontra-se inevitavelmente enredada em sua obra. Existem alguns textos que Marx, juntamente com Engels, redigiu sobre a formação e o ensino em que a concepção de educação está articulada com o horizonte das relações sócio-econômicas daquela época. Assim, para compreendermos qual sua perspectiva na análise do fenômeno educativo precisamos passar pelo seu modo de compreender a sociedade.

O ponto de partida da história, para Marx, é a existência de seres humanos reais que vivem em sociedade e estabelecem relações. Para ele a essência do homem é o conjunto das relações sociais. O que distingue o ser humano dos outros animais, conforme Marx, é o fato de ele, num dado momento da história, começar a produzir os seus próprios meios de existência.

Deduz-se desta perspectiva que, para a compreensão do processo educativo, deve-se compreender aquele (processo) pelo qual os seres humanos produzem a sua existência, isto é, o processo produtivo, o mundo do trabalho e o âmbito de suas relações.

Karl Marx compreende o trabalho como atividade fundante da humanidade. E o trabalho, sendo a centralidade da atividade humana, se desenvolve socialmente, sendo o homem um ser social. Sendo os homens seres sociais, a História, isto é, suas relações de produção e suas relações sociais fundam todo processo de formação da humanidade. Esta compreensão e concepção do homem é radicalmente revolucionária em todos os sentidos, pois é a partir dela que Marx irá identificar a alienação do trabalho como a alienação fundante das demais.

Na base do pensamento de Marx está a ideia de que tudo se encontra em constante processo de mudança. O motor da mudança são os conflitos resultantes das contradições de uma mesma realidade. Para Marx, o conflito que explica a história é a luta de classes. Segundo o filósofo, as sociedades se estruturam de modo a promover os interesses

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da classe economicamente dominante. No capitalismo, a classe dominante é a burguesia; e aquela que vende sua força de trabalho e recebe apenas parte do valor que produz é o proletariado.

A obra de Marx reúne uma grande variedade de textos: reflexões curtas sobre questões políticas

imediatas, estudos históricos, escritos militantes – como O Manifesto Comunista, parceria com Friedrich Engels – e trabalhos de grande fôlego, como sua obra-prima, O Capital, que só teve o primeiro de quatro volumes lançado antes de sua morte.

Vamos assistir a este vídeo que apresenta a vida de Karl Marx, disponível em:

http://br.youtube.com/watch?v=2jDzEaED9To&eurl=http://www.viuvideos.com/video/2jDzEaED9To/karl-marx

Depois assista o vídeo: Karl Marx e o capital, disponível em:

http://www.youtube.com/watch?v=D1X9vbvb5yA

Combater a alienação e a desumanização era, para Marx, a função social da educação. Para isso seria

necessário aprender competências que são indispensáveis para a compreensão do mundo físico e social. O filósofo alertava para o risco de a escola ensinar conteúdos sujeitos a interpretações “de partido ou de classe”. Ele valorizava a gratuidade da educação, mas não o atrelamento a políticas de Estado – o que equivaleria a subordinar o ensino à religião. Marx via na instrução das fábricas, criada pelo capitalismo, qualidades a ser aproveitadas para um ensino transformador – principalmente o rigor com que encarava o aprendizado para o trabalho.

O mais importante, no entanto, seria ir contra a tendência “profissionalizante”, que levava as escolas industriais a ensinar apenas o estritamente necessário para o exercício de determinada função. Marx entendia que a educação deveria ser ao mesmo tempo intelectual, física e técnica. Essa concepção, chamada de “onilateral” (múltipla), difere da visão de educação “integral” porque esta tem uma conotação moral e afetiva que, para Marx, não deveria ser trabalhada pela escola, mas por “outros adultos”. O filósofo não chegou a fazer uma análise profunda da educação com base na teoria que ajudou a criar. Isso ficou para seguidores como o italiano Antonio Gramsci (1891-1937), o ucraniano Anton Makarenko (1888-1939) e a russa Nadia Krupskaia (1869-1939).

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3.2.4. A sociologia de Max Weber

Max Weber nasceu na cidade de Erfurt (Alemanha) em 21 de abril de 1864 e morreu na cidade de Munique (Alemanha) em 14 de junho de 1920.

Filho de um grande industrial têxtil na Alemanha Ocidental, de uma família da alta classe média, Weber encontrou em sua casa uma atmosfera intelectualmente estimulante. Foi um dos principais nomes da sociologia moderna. Realizou extensos estudos sobre história comparativa e foi um dos autores mais influentes no estudo do surgimento do capitalismo e da burocracia, bem como da sociologia da religião. Um dos seus objetivos principais foi refutar a tese de Karl Marx, segundo a qual o capitalismo nascera somente da exploração do homem pelo homem.

Uma sociedade não se explica por uma determinação unilateral, seja ela, econômica, política ou religiosa. Uma sociedade é composta por uma

teia de relações sociais. Como pressuposto para a compreensão da realidade social, Weber desenvolveu pressupostos teóricos para a elaboração de uma teoria da ação social. A ação social dos indivíduos se relaciona com o comportamento de outros indivíduos. A ação social para Weber pode ser dividida em quatro ações fundamentais: 1 – ação tradicional: aquela determinada por um costume ou um hábito arraigado. Ocorre quando o agente cumpre hábitos e costumes arraigados simplesmente porque é o que sempre foi feito. É a ação daquelas pessoas que se casam na igreja e batizam os filhos sem nunca terem sido religiosas, mas apenas porque todo mundo faz assim. 2 – ação afetiva ou emocional: aquela determinada por afetos ou estados sentimentais. É a ação inspirada por emoções imediatas tais como vingança, desespero, admiração, orgulho, medo, inveja ou entusiasmo. Na ação afetiva o agente segue um impulso e não elabora as conseqüências da sua ação. É a ação de quem larga tudo por amor. É a ação de quem dá um tiro na cara da mulher quando descobre que foi traído. É a ação de quem larga o emprego porque foi xingado pelo chefe. 3 – ação racional com relação a valores: determinada pela crença consciente num valor considerado importante, independentemente do êxito desse valor na realidade. É a ação do crente que prefere pregar para as paredes a fazer alguma adaptação de suas idéias de acordo com o gosto do público. É a ação do artista que prefere não vender nenhuma obra a fazer concessões. É a ação do político que prefere perder as eleições a renegar a sua ideologia. 4 – ação racional com relação a fins: determinada pelo cálculo racional que coloca fins e organiza os meios necessários. É a ação do empresário capitalista, é a ação do político, é a ação do crime organizado.

O professor age socialmente na medida em que o ritmo lento de sua linguagem se relaciona com a conduta dos seus estudantes, que devem fazer um esforço para tomar nota das demonstrações escritas no quadro negro. Caso falasse sozinho, sem dirigir-se a ninguém, sua ação não seria social. A ação social se organiza em relação social quando o sentido de cada ator, de um grupo de pessoas que age se relaciona uns com os outros. O professor e seus alunos vivem uma relação social. Essa relação se legitima por algo que aponte a regularidade de tais relações. Weber aponta que a mesma se legitima pelo costume ou pela tradição.

Podemos apresentar os tipos ideais de educação de Max Weber da seguinte forma: a) educação carismática: conforme explica Weber “isto significa que eles [os educadores] simplesmente

desejavam despertar e testar uma capacidade considerada como um dom de graça exclusivamente pessoal, pois não se pode ensinar nem preparar um carisma”. Entre os exemplos citados por Weber estão os mágicos (ou feiticeiros) e os heróis guerreiros.

b) educação especializada: de acordo com a explicação de Weber trata-se das “tentativas especializadas de treinar o aluno para finalidades úteis à administração – na organização das autoridades públicas,

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escritórios, oficinas, laboratórios industriais, exércitos disciplinados”. Weber esclarece ainda que este treinamento pode ser realizado com qualquer pessoa.

c) educação humanística: procura educar um tipo de homem, cuja natureza depende do ideal de cultura da respectiva camada decisiva. E isto significa educar um homem para certo comportamento interior e exterior. Entre os exemplos citados pelo autor está a camada dos guerreiros no Japão, no qual “a educação visará a fazer do aluno um cavalheiro e um cortesão estilizado, que despreza os homens que usam a pena, tal como os samurais japoneses os desprezaram”.

1) Responda as questões: a) Dentro da perspectiva sociológica, o que podemos entender por coerção social? b) Qual pensador enfatizava em seus estudos a luta de classes e a divisão do trabalho? c) Caracterize a Sociologia enquanto ciência, salientando sua origem e objetivos. d) Qual a importância de Augusto Comte para a Sociologia? e) Segundo Emile Durkheim, defina fato social.

2) Marque com um X a resposta certa:

a) Para Émile Dürkheim o objeto de estudos da Sociologia é: (1) O fenômeno social. (2) O acontecimento social. (3) O “fato social”. (4) A sociedade.

b) Para Max Weber o objeto de estudos da Sociologia é : (1) A “ação social”. (2) A“relação social”. (3) A “ação e a relação social”. (4) A“vida social”.

c) O lema da bandeira brasileira “Ordem e Progresso” inspirou‐se: (1) Na Revolução Francesa. (2) Na filosofia positivista de Augusto Comte. (3) No marxismo. (4) No idealismo alemão.

d) O que Marx entende por alienação? (1) Perda da capacidade de pensar logicamente. (2) Separação entre o trabalhador e os meios de produção.

Resumidamente, podemos apontar como os sociólogos pensavam os aspectos educacionais: Marx defendia uma transformação na educação daquele momento; via-a, da forma como estava organizada, a serviço das classes dominantes; Weber se preocupava em compreender as formas de dominação e relações de poder presentes nas instituições educativas; e, por fim, Durkheim considerava que a educação tinha o papel de perpetuar as normas e regras sociais para os indivíduos. (PIANA, 2002).

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(3)Trabalho mecânico. (4) Trabalho artesanal.

e) Que classes sociais Karl Marx identifica ao longo da história?

(1) Nobreza e burguesia (2) Burguesia e clero (3) Nobreza, burguesia e clero. (4) Burguesia e proletariado

f) Para Karl Marx a sociedade humana é fruto de um processo constante de transformações sociais provocadas por um determinado fator:

(1) As guerras. (2) A luta de classes. (3) As invenções científicas. (4) As disputas políticas.

g) O ser humano busca no trabalho:

(1) Status social (2) Ganhar dinheiro e enriquecer (3) Receber um salário que permita a sua sobrevivência (4) Receber um salário que garanta a sua sobrevivência e ainda sentir que seu trabalho é útil à sua família e a sociedade em geral.

Confira as respostas com seu professor.

Texto complementar

EDUCAÇÃO? EDUCAÇÕES: APRENDER COM O ÍNDIO

“Pergunto coisas ao buriti; e o que ele responde é: a coragem minha. Buriti quer todo o azul, e não se

aparta de sua água - carece de espelho. Mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende.”

João Guimarães Rosa/Grande Sertão: Veredas

Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações. E já que pelo menos por isso sempre achamos que temos alguma coisa a dizer sobre a educação que nos invade a vida, por que não começar a pensar sobre ela com o que uns índios uma vez escreveram?

Há muitos anos nos Estados Unidos, Virgínia e Maryland assinaram um tratado de paz com os Índios das Seis Nações. Ora, como as promessas e os símbolos da educação sempre foram muito adequados a momentos solenes como aquele, logo depois os seus governantes mandaram cartas aos índios para que enviassem alguns de seus jovens às escolas dos brancos. Os chefes responderam agradecendo e recusando. A

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carta acabou conhecida porque alguns anos mais tarde Benjamin Franklin adotou o costume de divulgá-la aqui e ali. Eis o trecho que nos interessa:

“... Nós estamos convencidos, portanto, que os senhores desejam o bem para nós e agradecemos de

todo o coração. Mas aqueles que são sábios reconhecem que

diferentes nações têm concepções diferentes das coisas e, sendo assim, os senhores não ficarão ofendidos ao saber que a vossa idéia de educação não é a mesma

que a nossa. ...Muitos dos nossos bravos guerreiros foram

formados nas escolas do Norte e aprenderam toda a vossa ciência. Mas, quando eles voltavam para nós, eles eram maus corredores, ignorantes da vida da floresta e incapazes de suportarem o frio e a fome. Não sabiam como caçar o veado, matar o inimigo e

construir uma cabana, e falavam a nossa língua muito mal. Eles eram, portanto, totalmente inúteis. Não

serviam como guerreiros, como caçadores ou como conselheiros.

Ficamos extremamente agradecidos pela vossa oferta e, embora não possamos aceitá-la, para mostrar

a nossa gratidão oferecemos aos nobres senhores de Virgínia que nos enviem alguns dos seus jovens, que

Ihes ensinaremos tudo o que sabemos e faremos, deles, homens.”

De tudo o que se discute hoje sobre a educação, algumas das questões entre as mais importantes estão escritas nesta carta de índios. Não há uma forma única nem um único modelo de educação; a escola não é o único lugar onde ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a sua única prática e o professor profissional não é o seu único praticante.

Em mundos diversos a educação existe diferente: em pequenas sociedades tribais de povos caçadores, agricultores ou pastores nômades; em sociedades camponesas, em países desenvolvidos e industrializados; em mundos sociais sem classes, de classes, com este ou aquele tipo de conflito entre as suas classes; em tipos de sociedades e culturas sem Estado, com um Estado em formação ou com ele consolidado entre e sobre as pessoas.

Existe a educação de cada categoria de sujeitos de um povo; ela existe em cada povo, ou entre povos que se encontram. Existe entre povos que submetem e dominam outros povos, usando a educação como um recurso a mais de sua dominância. Da família à comunidade, a educação existe difusa em todos os mundos sociais, entre as incontáveis práticas dos mistérios do aprender; primeiro, sem classes de alunos, sem livros e sem professores especialistas; mais adiante com escolas, salas, professores e métodos pedagógicos.

A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como saber, como idéia, como crença, aquilo que é comunitário como bem, como trabalho ou como vida. Ela pode existir imposta por um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre os homens, na divisão dos bens, do trabalho, dos direitos e dos símbolos.

A educação é, como outras, uma fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções de sua cultura, em sua sociedade. Formas de educação que produzem e praticam, para que elas reproduzam, entre todos os que ensinam-e-aprendem, o saber que atravessa as palavras da tribo, os códigos sociais de conduta, as regras do trabalho, os segredos da arte ou da religião, do artesanato ou da tecnologia que qualquer povo precisa para reinventar, todos os dias, a vida’ do grupo e a de

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cada um de seus sujeitos, através de trocas sem fim com a natureza e entre os homens, trocas que existem dentro do mundo social onde a própria educação habita, e desde onde ajuda a explicar - às vezes a ocultar, às vezes a inculcar - de geração em geração, a necessidade da existência de sua ordem.

Por isso mesmo - e os índios sabiam - a educação do colonizador, que contém o saber de seu modo de vida e ajuda a confirmar a aparente legalidade de seus atos de domínio, na verdade não serve para ser a educação do colonizado. Não serve e existe contra uma educação que ele, não obstante dominado, também possui como um dos seus recursos, em seu mundo, dentro de sua cultura.

Assim, quando são necessários guerreiros ou burocratas, a educação é um dos meios de que os homens lançam mão para criar guerreiros ou burocratas. Ela ajuda a pensar tipos de homens. Mais do que isso, ela ajuda a criá-los, através de passar de uns para os outros o saber que os constitui e legitima. Mais ainda, a educação participa do processo de produção de crenças e idéias, de qualificações e especialidades que envolvem as trocas de símbolos, bens e poderes que, em conjunto, constroem tipos de sociedades. E esta é a sua força.

No entanto, pensando às vezes que age por si próprio, livre e em nome de todos, o educador imagina que serve ao saber e a quem ensina mas, na verdade, ele pode estar servindo a quem o constituiu professor, a fim de usá-lo, e ao seu trabalho, para os usos escusos que ocultam também na educação - nas suas agências, suas práticas e nas idéias que ela professa- interesses políticos impostos sobre ela e, através de seu exercício, à sociedade que habita. E esta é a sua fraqueza.

Aqui e ali será preciso voltar a estas idéias, e elas podem ser como que um roteiro daqui para a frente. A educação existe no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais e, ali, sempre se espera, de dentro, ou sempre se diz para fora, que a sua missão é transformar sujeitos e mundos em alguma coisa melhor, de acordo com as imagens que se tem de uns e outros: “... e deles faremos homens”. Mas, na prática, a mesma educação que ensina pode deseducar, e pode correr o risco de fazer o contrário do que pensa que faz, ou do que inventa que pode fazer: “... eles eram, portanto, totalmente inúteis”.

(Texto extraído do livro “O que é Educação”, de C.R. Brandão)

TOMANDO O TEXTO COMO BASE, RESPONDA: EXISTE SOMENTE UM CONCEITO DE EDUCAÇÃO? JUSTIFIQUE.

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IIVV.. AA EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO CCOOMMOO PPRROOCCEESSSSOO SSOOCCIIAALL

Quando nascemos, não nascemos sabendo das coisas. Vamos aprendendo ao longo do nosso processo de socialização.

A sociologia como ciência social que é, tem um duplo papel: aumentar o conhecimento que o homem tem de si e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta. Já a educação como processo social global que ocorre em toda sociedade, abre horizontes para a compreensão da vida social em si. Ambas trilham um caminho de extrema importância para o desenvolvimento de todo contexto cultural. As duas coexistem para fazer frente aos anseios do homem, que busca constantemente o resgate de sua dignidade enquanto ser humano. É utopia pensar que todos os problemas sociais se resolvem pela educação, mas é certo que ela representa uma condição indispensável para resolvê-lo. À luz dos sistemas sociais, citando aqui como referência a sociologia da educação, com base em estudos da realidade social, permite que se compreenda o papel da educação na sociedade.

4.1. A educação como objeto de estudo sociológico

Como já observamos anteriormente, embora Augusto Comte seja considerado o pai da

Sociologia, por ter utilizado pela primeira vez esse termo (em 1839) em seu livro Curso de Filosofia Positiva, foi com Émile Durkheim que a Sociologia passou a ser considerada uma ciência e a se desenvolver como tal.

Durkheim formulou as primeiras orientações para a Sociologia e demonstrou que os fatos sociais têm características próprias, que os distinguem dos estudados pelas outras ciências. Para ele, a Sociologia é o estudo dos fatos sociais. Como uma das Ciências Sociais que estudam de forma sistemática o comportamento social do homem, a Sociologia tem um duplo papel: pode aumentar o conhecimento que o homem tem de si mesmo e da sociedade e contribuir para a solução dos problemas que enfrenta.

Como ciência, a Sociologia pode ser geral e especial. É geral quando estuda os fatos sociais considerados em suas manifestações gerais, isto é, quando consideramos a sociedade em seu sentido mais amplo, e é especial quando se ocupa de determinado grupo de fatos sociais da mesma natureza. Assim, a Sociologia divide-se em várias disciplinas, que nada mais são que Sociologias especiais: Sociologia do Direito, da Religião, do Lazer, da Arte, do Trabalho,do Desenvolvimento, da Educação, Rural etc.

Mas, o que é a Sociologia da Educação?

A Sociologia da Educação é um ramo da Sociologia geral que se ocupa dos fatos sociais

relacionados com a educação. Assim, como Sociologia especial, a Sociologia da Educação estuda: a educação como processo social global que ocorre em toda a sociedade; os sistemas escolares, ou seja, o conjunto de uma rede de escolas e sua estrutura de sustentação, como

partes do sistema social mais global; a escola como unidade sociológica; a sala de aula como subgrupo de ensino; o papel do professor...

4.2. Importância da Sociologia da Educação para o educador

A Sociologia da Educação é uma disciplina fundamental para o educador. Ela abre o horizonte para a compreensão da vida social em si; esclarece o processo educativo e as relações entre a escola e a sociedade; e analisa a escola como grupo social e sua estrutura interna (nascida da convivência entre educandos e educadores), que escapa ao administrador e só pode ser compreendida através da análise sociológica da escola.

A Sociologia da Educação também explica a influência da escola no comportamento e na personalidade de seus membros; estuda os padrões de interação

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entre escola e demais grupos sociais da comunidade e analisa os sistemas escolares à luz dos sistemas sociais, permitindo, com base em estudos da realidade social, que se compreenda o papel da educação na sociedade e em seu desenvolvimento e que se proponham reformas educacionais, com base nesses alicerces científicos.

A natureza social do processo educativo e as relações que existem entre a escola e a sociedade mostram a importância da Sociologia da Educação na formação do educador. Estudando-a, os professores tomam contato mais profundo com a realidade pedagógica e social; verificam a influência exercida pelos fatores sociais sobre o processo educativo; percebem a relação existente entre os fatores sociais e os fatos pedagógicos; adquirem uma visão mais nítida e penetrante dos fenômenos educacionais e ampliam sua cultura geral e seus conhecimentos.

4.3. Conceito sociológico de educação

É principalmente a partir de Durkheim, que a Sociologia ganha uma dimensão específica para o estudo da questão educacional, fazendo com que, posteriormente, fosse criada uma área específica dentro da Sociologia, chamada de Sociologia da Educação.

A educação é uma das atividades básicas de todas as sociedades humanas, pois a sobrevivência de qualquer sociedade depende da transmissão de sua herança cultural aos jovens. Toda sociedade, portanto, utiliza os meios necessários para perpetuar sua herança cultural e ensinar aos mais jovens os costumes do grupo.

Assim, a educação é o processo pelo qual a sociedade procura transmitir suas tradições, costumes e habilidades, isto é, sua cultura aos mais jovens. A criança se torna socializada porque aprende as regras de comportamento do grupo em que nasceu. A educação é uma socialização.

Do ponto de vista sociológico, portanto, a educação é a ação pela qual as gerações adultas transmitem sua cultura às gerações mais Jovens. A educação visa a transmitir ao indivíduo o patrimônio cultural para integrá-lo à sociedade e aos grupos que a constituem; visa, por conseguinte, a socializar, a ajustar os indivíduos à sociedade e, ao mesmo tempo, a desenvolver suas potencialidades e as da própria sociedade.

(Extraído de “Introdução à Sociologia da Educação”, de Pérsio Santos de Oliveira)

No contexto das transformações e complexidades da sociedade hoje, num mundo globalizado, a educação aparece como um instrumento fundamental para a formação do sujeito. Por isso, a importância de se discutir as influências dessas transformações ocorridas com o processo de globalização para a prática pedagógica.

No Brasil, o debate acerca da educação no contexto da globalização está presente nos principais estudos sobre o sistema educacional. Do ponto de vista do discurso da modernidade, os defensores do progresso tecnológico estigmatizam a escola e o trabalho pedagógico.

Portanto, pensar a relação educação e globalização implica em pensar sobretudo a formação global do ser humano. Ou seja, pensar as condições de formação do ser humano com base no desenvolvimento da razão.

A educação precisa reconciliar-se para assumir seu papel nesse contexto como agente de mudanças, geradora de conhecimento, formadora de sujeitos capacitados a intervir e atuar na sociedade de forma crítica e criativa.

Outro desafio para a Sociologia da Educação, hoje, é como pensar os espaços educativos que acontecem fora das instituições de ensino, espaços esses que, além de se constituírem como espaços educativos, nos ajudam a pensar a sociedade brasileira.

Mas, que espaços são esses? Um exemplo disso, são as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais. A Sociologia da Educação oferece alguns instrumentos que podem ajudar você a “ler” a realidade,

na tentativa de compreender melhor as complexidades contemporâneas e a importância da educação dentro dela e também é uma possibilidade para você pensar a sua prática pedagógica.

Você pode perguntar, como é que eu posso pensar a minha pratica pedagógica, a partir de uma visão sociológica?

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A ciência, no caso da Sociologia da Educação, pode lhe dar algumas “ferramentas”, mas a experiência concreta só poderá ser feita por você. As mudanças sociais só serão possíveis se você, a cada dia, conseguir através da sua prática pedagógica ajudar os seus alunos a ler não apenas palavras, frases, textos, mas também a realidade social que o cerca, percebendo-se como sujeito educativo que ao aprender ensina e ao ensinar aprende.

Vamos assistir a estes vídeos que apresentam um resumo da Sociologia da Educação. Disponível em: http://www.youtube.com/watch?v=cAWkzu-QaC4&feature=fvsr e

Vídeo-Seminário: http://www.youtube.com/watch?v=fzoJD5VJ3ZA&feature=fvsr

4.4. A Educação como processo socializador

Como verificamos anteriormente, grosso modo, educação consiste na socialização das novas

gerações. A socialização visa constituir em cada um de nós, um ser social. Assim, é evidente o significado e a importância da educação para a sociedade. A socialização

como processo social permanente na sociedade humana é responsável pelo nosso ajustamento aos padrões culturais vigentes.

Não podemos acreditar que vamos educar nossos filhos como desejamos. Há costumes com relação aos quais somos obrigados a nos conformar. Não fomos nós que criamos as ideias e os costumes que determinam o tipo de educação que recebemos quando crianças. Eles são o resultado da vida em comum e exprimem suas necessidades. São na verdade e na sua maior parte, obras das gerações passadas.

O passado da humanidade contribuiu estabelecendo esse conjunto de princípios que dirigem a educação hoje. Recebemos tudo isso como herança cultural das gerações que nos precederam a essa herança acrescentamos coisas novas (todo indivíduo é produtor de cultura).

Cada sociedade, entretanto, considerada em determinado momento de seu desenvolvimento, possui um sistema de educação que se impõe aos indivíduos, de modo geralmente irresistível. Mas em toda sociedade o sistema educativo se apresenta sob um duplo aspecto: o de ser ao mesmo tempo, uno e duplo.

Por essa razão, o sistema educativo é múltiplo (tomemos como exemplo desta afirmativa o texto complementar da unidade anterior que traz em seu corpo a carta dos índios aos americanos). Não há uma única forma nem um único modelo de educação, e a escola não é o único lugar que ela acontece.

Há diferentes espécies de educação em uma determinada sociedade. Se a sociedade é estratificada em castas, como acontece na Índia, a educação vai variar de uma casta para outra – a educação dos brâmanes não é a mesma dos sudras. Na Grécia antiga a educação dos senhores não era a mesma dos escravos.

Da mesma forma ainda hoje notamos que a educação varia de acordo com as classes sociais e com as regiões. A educação do operário não é a mesma oferecida à classe média. A educação da cidade não é a mesma oferecida no campo.

Quando estudamos historicamente a forma pela qual se organizaram os sistemas educativos, percebemos que eles foram e são influenciados pela organização econômica e política, pela religião e pelo grau de desenvolvimento cultural de cada sociedade.

Essa função diferenciadora, essa heterogeneidade da educação se manifesta de maneira mais evidente quando a própria diversidade de profissões acarreta uma diversidade pedagógica. Cada profissão, cada função constitui um meio que reclama aptidões particulares e conhecimentos especiais. E como a criança deve ser preparada em vista da função que será chamada a executar, a educação não pode ser a mesma, desde certa idade de acordo com os indivíduos. Eis por que em todos os países ela se apresenta de forma cada vez mais diversificada e especializada. Para encontrar um tipo de educação totalmente homogêneo e igualitário, seria preciso voltar às sociedades pré-históricas, no seio das quais nunca existisse nenhuma diferenciação. Devemos compreender porém que tal espécie de sociedade não representa senão um momento imaginário na história da humanidade.

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Nas sociedades onde têm escolas, principalmente nos dias de hoje, essa função é assumida pela família e pelos quatro primeiros anos dos cursos de ensino fundamental.

Neste sentido, vemos claramente que a educação desde as antigas civilizações até os dias de hoje vem reproduzindo as condições econômicas, sociais e culturais do poder social dominante, conservando assim esse sistema vigente, dando continuidade à formação de indivíduos que não questionem, simplesmente obedeçam à camada mais poderosa.

Então, diante disso acreditamos que cabe à educação se tornar um instrumento de transformação social. E nós, responsáveis pela educação, temos que repensar a nossa pratica pedagógica, analisar e discutir seu papel e sua função diante da sociedade escolar, para ai sim formar indivíduos pensadores e cientes de seus direitos e deveres, capazes de contribuir para a construção de uma sociedade igualitária e digna.

Quer saber mais? Leia os textos:

http://www.dihitt.com.br/barra/aula-2-de-sociologia-da-educacao--o-desenvolvimento-da-sociologia

http://www.smec.salvador.ba.gov.br/site/documentos/espaco-virtual/espaco-praxis-pedagogicas/GRANDES%20MESTRES/emiledurkheim.pdf

Para ler o texto na íntegra acesse: DURKHEIM, Émile . A educação como processo socializador: função homogeneizadora e função diferenciadora In PEREIRA, LUIZ e FORACHI, Marialice. Educação e sociedade: leituras de sociologia da educação. 8. ed. São Paulo: Nacional, 1977. http://www.ufrgs.br/tramse/pead/2006/01/educao-diferenciadora.htm

1 – Assinale a alternativa correta: O surgimento da Sociologia foi propiciado pela necessidade de: A) Manter a interpretação mágica da realidade como patrimônio de um restrito círculo sacerdotal. B) Manter uma estrutura de pensamento mítica para a explicação do mundo. C) Condicionar o indivíduo, através dos rituais, a agir e pensar conforme os ensinamentos transmitidos pelos deuses. D) Observar, medir e comprovar as regras que tornassem possíveis através da razão, prever os fenômenos sociais.

2 – Surgida no momento de consolidação da sociedade capitalista, a Sociologia tinha uma importante tarefa a cumprir na visão de seus fundadores, dentre os quais se destaca Auguste Comte. Assinale a alternativa correta quanto a essa tarefa. A) Desenvolver o puro espírito científico e investigativo, sem maiores preocupações de natureza prática, deixando a solução dos problemas sociais por conta dos homens de ação. B) Incentivar o espírito crítico na sociedade e, dessa forma, colaborar para transformar radicalmente a ordem capitalista responsável pela exploração dos trabalhadores. C) Contribuir para a solução dos problemas sociais decorrentes da Revolução Industrial, tendo em vista a necessária estabilização da ordem social burguesa. D) Tornar realidade o chamado “socialismo utópico”, visto como única alternativa para a superação das lutas de classe em que a sociedade capitalista estava mergulhada.

3 – Qual das alternativas abaixo se refere ao significado da educação formal? A) Acontece em ambientes diferenciados, principalmente fora da escola. B) Seu espaço é a casa do educando e é própria para infância e adolescência. C) Acontece em todos os momentos da vida da criança, continuamente. D) Tem como espaço próprio a escola, sendo intencional e organizada.

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4 – Pensando na educação como possível agente promotor de mudanças sociais, marque a alternativa correta: A) A educação pode promover mudanças apenas no plano individual: em um contexto social mais amplo ela se torna objeto de mudanças. B) Como decorrência dos processos de globalização, a escola vem perdendo seu espaço de agente educacional para os novos meios de comunicação. C) A educação tem um grande poder de difundir novas visões, valores e atitudes que podem alterar radicalmente as instituições sociais. D) Em virtude dos valores universais que transmite, consegue permanecer imune às mudanças típicas da sociedade contemporânea. 5 - Qual o direito fundamental de todo cidadão que deve ser garantido pelo estado, mas que foi e ainda é negado à maioria da população brasileira? A) Educação. B) Lazer. C) Urbanização. D) Transporte 6 - Foi o primeiro a ter uma Sociologia da Educação sistematizada em obras como “Educação e Sociologia”, “A Evolução Pedagógica na França” e “Educação Moral”. Trata-se de: A) Marx. B) Weber. C) Durkheim. D) Engels. 7 - Analise os itens abaixo: I. A Sociologia da Educação é o segmento da Sociologia que pesquisa a realidade socioeducacional e os processos educativos para a socialização do estudante. II. A base da Sociologia da Educação está focada na formação do homem, no processo educativo, para que atue com menos criticidade e mais cidadania no mundo. Dos itens acima: A) Apenas I está correto. B) Apenas II está correto. C) Ambos estão corretos. D) Ambos estão incorretos. 8 - Tendo em vista a importância do processo de socialização da criança, podemos considerar correta a alternativa que o caracteriza: A) É um processo alternativo para o desenvolvimento. B) É um processo de interação, necessário para o desenvolvimento, através do qual a criança satisfaça suas necessidades e assimila a cultura. C) Um dos objetivos mais importantes do processo de socialização consiste nas crianças saberem o que é bom para elas. D) O processo de socialização é uma interação da criança com o professor.

RESPOSTAS:

1 – D; 2 – C; 3 – D; 4 – C; 5 – A; 6 – C; 7 – A; 8 - B

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VV.. AA EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO CCOOMMOO PPRROOCCEESSSSOO CCOONNTTRROOLLEE SSOOCCIIAALL Controle social é um conjunto heterogêneo de recursos materiais e simbólicos disponíveis em

uma sociedade para assegurar que o individuo se comporta de maneira previsível e de acordo com regras e preceitos vigentes. Esse controle social é importante na educação pra ver como a escola enquanto instituição funciona.

A sociedade precisa de normas e regras para a convivência com os indivíduos, onde essas regras vão ser construídas da partir do momento que determinados valores passam a ser importantes para a organização daquela sociedade ou grupo social.

Desvio social ou comportamento desviante define-se aquele cujo comportamento não correspondeu ao esperado pelo grupo social.

5.1. O conceito sociológico de cultura

Como outras espécies na natureza, o homem, buscando a preservação, se agrupa, acasala, protege, alimenta e se defende. Precisamos de nossos semelhantes, vivemos em grupos, estabelecemos relações sociais e, assim, formamos sociedades. Ao longo de nossa existência criamos e participamos de diversos grupos.

Grupo social: conjunto de duas ou mais pessoas que agem de maneira coordenada, implicando entre seus membros um certo grau de interdependência, integração e reciprocidade, e objetivos comuns. Como exemplos, temos grupos simples como a família, a escola, a igreja, a empresa, o clube, o partido político etc, e complexos como a sociedade.

Ao nascermos em uma sociedade, encontramos determinados padrões de comportamento a serem seguidos por seus membros. Por isso, necessitamos de certas habilidades e competências para estabelecermos relações sociais. Somente assim, nos transformamos em seres humanos ou sociais.

Portanto, nossa humanização significa adquirir sociabilidade: produzir e ser produto da cultura do grupo em que vivemos, através da socialização. O Homem é um ser que constantemente cria e recria ricas e variadas estratégias de convívio social. E ainda: desenvolve a capacidade de dar significado ao seu estilo de vida, elaborando discursos de natureza mais ou menos sistematizada sobre a nossa existência, como a Sociologia.

Então o que é cultura para a sociologia? O conceito de cultura, tal como o de sociedade, é uma das noções mais amplamente usadas em

Sociologia. A cultura consiste nos valores de um dado grupo de pessoas, nas normas que seguem e nos bens materiais que criam. Os valores são ideias abstratas, enquanto as normas são princípios definidos ou regras que se espera que o povo cumpra. As normas representam o permitido e o inaceitável da vida social. Assim, a monogamia – ser fiel a um único parceiro matrimonial – é um valor proeminente na maioria das sociedades ocidentais. Em muitas outras culturas, uma pessoa é autorizada a ter várias esposas ou esposos simultaneamente. As normas de comportamento no casamento incluem, por exemplo, como se espera que os esposos se comportem com os seus parentes por afinidade. Em algumas sociedades, o marido ou a mulher devem estabelecer uma relação próxima com os seus parentes por afinidade; noutras, espera-se que se mantenham nítidas distâncias entre eles.

Cultura é um complexo composto por vários elementos, como podemos ver abaixo: • Artefatos: Bens materiais criados pelo homem. • Conhecimento: O saber acumulado através de gerações. • Sistema de símbolos: São elementos físicos (uma cruz, por exemplo) ou sensoriais (bater palmas, por exemplo) aos quais os indivíduos atribuem um significado específico, como a linguagem (sistema de sinais que incorpora a visão de mundo de cada grupo). • Normas: São regras – convenções – que definem o modo de agir dos indivíduos em certas situações. • Valores: Elementos abstratos consagrados por um indivíduo, grupo ou sociedade, que orientam suas ações. Exemplos: liberdade, sucesso, eficiência, igualdade, progresso.

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• Crenças: Atitude de aceitação de uma proposição por parte dos indivíduos que fundamenta sua ação. Podem ser pessoais, públicas, declaradas, supersticiosas, extravagantes etc.

Além das características anteriores, também podemos entender a cultura de uma sociedade através dos seguintes elementos: • Padrões de conduta, hábitos e costumes: face um dado problema, alguns povos desenvolvem e transmitem às gerações seguintes formas peculiares para lidar com cada situação. Se os resultados forem positivos, passam a ser repetidas. Assim, são adotadas pelo grupo e se tornam padrões de ação. Por exemplo, qualquer morador de uma grande cidade sabe que, ao chegar em frente a um prédio com botões na porta, está diante de um interfone e deve tocá-lo para entrar no local. Talvez um morador de uma cidade do interior fique em frente ao edifício durante horas até alguém lhe explicar o que já é padrão para muitos de nós. • Mecanismos que estabelecem uma divisão de funções e posições sociais definidas: todos os grupos estabelecem relações sociais e definem posições para seus membros. Mas isso pode variar. Por exemplo, em nossa sociedade, tradicionalmente (ou seja, culturalmente) o papel de provedor da família sempre foi do homem – pai de família – e a mulher destinava-se a cuidar do lar (“dona de casa”). No entanto, as mudanças em algumas sociedades contemporâneas vêm gerando e ampliando uma outra divisão de funções, com a mulher transformando-se na “chefe de família”, mantendo financeiramente a casa. Estamos diante de um outro mecanismo cultural. Atualmente, alguns homens casados não trabalham, ou apenas atuam em meio período, e realizam as atividades domésticas antes destinadas especificamente às mulheres.

5.2. Socialização e Instituições Sociais

Cada grupo social aprendeu a transmitir sua herança sócio-cultural através de um mecanismo denominado SOCIALIZAÇÃO.

Socialização: Processo através do qual ocorre a internalização da cultura e nos integra ao modo de vida de uma determinada sociedade.

Processo de criação do ser social no qual o indivíduo: • aprende a ser membro da sociedade; • é apresentado a si mesmo (produz a individualidade); • adquire autocontrole e autoconsciência; • é auxiliado na formação de sua personalidade. Personalidade: Entidade que retrata a filtragem da realidade sócio-cultural objetiva, modelando um

conjunto de traços emocionais e intelectuais pertencentes a um indivíduo e que expressa a sua maneira de ser.

Visão positiva: Socialização é o processo por meio do qual o homem é humanizado, desenvolve-se e expande seus horizontes.

Visão negativa: Socialização é um processo de controle social que se impõe ao homem por meio de recompensas e castigos.

Estágios da socialização • Primário: É a primeira socialização que o indivíduo experimenta. Ocorre na infância, quando se estabelece uma identificação emocional com o comportamento, maneirismos e valores das pessoas com as quais o indivíduo (criança) mantém uma relação mais próxima. • Secundário: Compreende todos os outros grupos e instituições com os quais o indivíduo irá interagir ao longo de sua vida.

Como, em certas situações, o comportamento humano tende à padronização (repetição, hábito), formam-se as instituições sociais ou instâncias socializadoras.

Instituições sociais: São organizações compostas por várias estratégias de comportamentos socialmente padronizados. São entidades que têm o papel de: • estabelecer, cristalizar e institucionalizar (formalizar) a cultura do grupo; • transmitir valores; • fornecer normas e modelos positivos ou negativos de comportamento;

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• especificar papéis sociais; • moldar atitudes. Exemplos: Estado, família, escola, igreja, meios de comunicação etc.

As instituições sociais podem realizar a socialização de duas maneiras: formal/sistemática ou informal/assistemática. Vejamos cada uma delas. • Formal/sistemática: Quando obedece a um sistema, método ou planejamento. Exemplo: a educação. Na escola, cada ato tem um objetivo traçado. Desde a conduta do aluno com relação aos superiores, até os valores e ideias presentes nos conteúdos programáticos das disciplinas. Assim, quando explicamos a origem do homem pela biologia, estamos valorizando o saber científico em detrimento da explicação de ordem religiosa. • Informal/assistemática: Quando ocorre de forma mais ampliada e flexível, sem indicar um objetivo claro. Exemplo: alguns programas de televisão. Nesses programas são transmitidos diversos valores, conhecimentos, crenças e formas de comportamento, porém, de maneira difusa.

TEXTO COMPLEMENTAR: A EDUCAÇÃO COMO TÉCNICA SOCIAL Para o sociólogo alemão Karl Mannheim, a educação pode ser utilizada tanto como fator conservador,

mantendo, pois, a ordem social, quanto como fator construtivo de transformação consciente e intencional da ordem social vigente, isto é, como fator de mudança social.

Dessa forma, a educação é conservadora ou inovadora de acordo com o contexto histórico e social no qual se manifesta.

A educação é pois, usada como técnica social, isto é, como método de influenciar o comportamento humano, de modo que este se enquadre nos padrões vigentes de interação e organização sociais.

Entretanto, alguns regimes políticos totalitários usam a educação para transmitir somente o que lhes interessa, apenas o que está de acordo com sua ideologia política. Fazem da educação uma técnica social de doutrinação política, que, como tal, desempenha a função de domesticar as massas, manipulando a vontade a ação dos indivíduos.

A educação como processo social deve ser aberta, democrática, para preparar as pessoas ou grupos para a mudança social, isto é, para o aperfeiçoamento progressivo do homem e a construção de um mundo melhor.

A visão “bancária” da educação Se o educador é aquele que sabe, se os alunos são aqueles que não sabem, cabe ao primeiro dar,

entregar, transmitir, saber aos segundos. E este saber não é mais aquele da “experiência vivida”, mas sim o da experiência narrada ou transmitida.

Não é de surpreender, então, que nesta visão “bancária” da educação, os homens sejam considerados como seres destinados a se adaptar, a se ajustar. Quanto mais os alunos se empenham em arquivar os “depósitos” que lhes são entregues, tanto menos desenvolvem em si a consciência crítica que lhes permitiria inserirem-se no mundo como agentes de sua transformação, como sujeitos.

Quanto mais se lhes impõe a passividade, tanto mais, de maneira primária, ao invés de transformar o mundo, eles tendem a se adaptar à realidade fragmentada contida nos “depósitos” recebidos.

(FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido 13ªedição. Rio de janeiro. Ed. Paz e terra. 1983)

RESPONDA: 1) O que é Sociologia da Educação? 2) O que é cultura? 3) Diferencie função controladora e função inovadora da escola. 4) O que é educação “bancária”?

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VVII.. AA SSOOCCIIOOLLOOGGIIAA NNOO BBRRAASSIILL No Brasil, diversos fatores contribuíram para a inserção de novas ideias na educação e inclusão da Sociologia nos currículos escolares. Entre eles, temos: o fim da Primeira Guerra Mundial; a industrialização e a urbanização, estas que traziam à tona um novo grupo nacional, uma espécie de pequena burguesia, a qual almejava o acesso à educação, algo principalmente reservado aos grupos aristocratas espalhados pelo Brasil. Esses fatores, e tantos outros, contribuíram para mudar a estrutura econômica e política do país. Neste contexto, o estudo da Sociologia passou a ser visto como de fundamental importância na educação das futuras gerações, contemplando a formação de perfis de liderança nos diferentes setores da sociedade brasileira. Então, a Sociologia passa a atender a algumas exigências, entre elas estudar o Brasil por meio de uma perspectiva nossa – nacional, deixando de lado padrões produzidos pelos europeus única e exclusivamente; incentivar o nacionalismo, unindo as camadas sociais em torno de um projeto político, econômico e social brasileiro; e, por fim, explicar a realidade nacional com os olhares voltados para a modernização do país. Nesse contexto, houve alguns movimentos muito importantes em favor da educação nacional, entre eles: o entusiasmo pela educação e o otimismo pedagógico, os quais acabaram influenciando um grupo de educadores nacionais em prol do movimento conhecido como Escola Nova. Educadores, entre eles Anísio Teixeira e Fernando Azevedo, introduziram o pensamento liberal-democrático na educação, em defesa de uma escola pública para todos, com o objetivo de alcançar uma sociedade igualitária e sem privilégios. Este movimento defendia o ensino público como a única forma de se alcançar uma sociedade mais justa e democrática. O grupo desejava uma escola única e para todos, gratuita, leiga, nacional e, principalmente, organizada pelo Estado e não, pela Igreja. Em 1932, é publicado o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, encabeçado por Fernando Azevedo e assinado por outros 26 educadores de expressão nacional.

Veja o vídeo: Sociologia no Brasil – Educação: http://www.youtube.com/watch?v=RC7m-hQb9IE

6.1. Alguns autores

Há muitos autores que são representativos do pensamento social brasileiro, no Século XX, pois contribuíram para a constituição da Sociologia no Brasil. E, alguns deles, ainda hoje são referência para o estudo da sociedade brasileira. A contribuição destes autores para a compreensão da sociedade brasileira tem sido significativa, em alguns casos, e um tanto questionável, em outros, devido ao enfoque dado em suas análises, como você poderá ver adiante.

Gilberto Freyre (1900-1987), filho de uma família tradicional de Pernambuco, fez seus estudos de pós-graduação na universidade norte-americana de Columbia. Acreditava que os negros e os mestiços tinham papel importante na sociedade brasileira, pois adaptaram a cultura europeia ao nosso país. Ele acreditava que negros e brancos no Brasil, viviam em uma relação de cordialidade, a qual

denominou “democracia racial”, expressão muito utilizada pelo autor para contrapor-se às relações de desigualdades raciais e preconceito norte-americano que conheceu quando lá estudou. Autor de Casa Grande e Senzala, considerado ainda hoje um marco da literatura brasileira sobre a formação social do Brasil.

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Fernando de Azevedo (1894-1974) o pensamento desse autor foi marcado tanto pelo pensamento aristocrático quanto humanista. Suas ideias mesclavam liberalismo, e, ao mesmo tempo, preocupações socialistas. Sua importante contribuição foi sua luta pelo ensino público e laico, sendo um importante protagonista da criação da Universidade de São Paulo.

Anísio Teixeira (1900-1971) Nasceu em Caitité, na Bahia. Em 1924, foi chamado a colaborar com o processo educativo em seu Estado. Os estudos de Dewey, importante educador norte-americano, serviram de inspiração para uma das principais preocupações de Anísio Teixeira, em relação à educação, que era discutir a função social da escola. A contribuição de Anísio Teixeira, nesse processo, pode ser percebida através da criação de importantes instituições educacionais, tais como: a criação da Escolinha de arte moderna; Sociedade Brasileira para o Progresso da ciência; Sociedade Pestalozzi do Brasil; Escola Parque da Bahia; Fazenda do Rosário e Universidade de Brasília. As décadas de 50 e 60, mesmo marcadas por um medo mundial ocorrido depois das

grandes guerras, fez de Anísio Teixeira um planejador da educação brasileira.

Veja o vídeo: Anisio Teixeira e a educação http://www.youtube.com/watch?v=Q3F0hBUY_KU

6.2. A Sociologia no currículo escolar

O estabelecimento da Sociologia, como disciplina curricular, é um processo bastante recente. A introdução da disciplina de Sociologia foi incluída nos currículos escolares com o objetivo de dar suporte teórico para o entendimento acerca dos problemas sociais brasileiros, o que não era uma tarefa fácil, uma vez que as análises estavam baseadas no contexto europeu e não brasileiro. Porém, a Sociologia como disciplina curricular é um fato que ocorre tardiamente no Brasil, se comparado com os outros países da América Latina. Mesmo com a Sociologia entrando nos currículos escolares, a educação não se torna objeto de estudo para os primeiros sociólogos. Nesse contexto, surge um dos grandes movimentos sociais da história do nosso país, trata-se do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova. Esse movimento surge devido às insatisfações dos educadores perante o descaso com a educação por parte dos intelectuais e de grupos da sociedade civil. A contribuição, desse movimento, foi significativa para o avanço das discussões acerca da educação no país, pois redirecionou as discussões e trouxe para o centro do debate a educação como problema social. Teve ainda importante influência na elaboração de políticas públicas no Brasil na época de Getúlio Vargas, período no qual ocorreu um amplo programa de educação para todo o país. Esse movimento acaba por influenciar a constituição de 1934, a qual foi uma das constituições mais democráticas em se tratando de educação.

6.3. A proposta de Paulo Freire

A educação no Brasil ganha uma nova dimensão, a partir das propostas educacionais de Paulo Freire. A chamada pedagogia libertária, defendida pelo autor, é uma das alternativas mais revolucionárias para se pensar o sistema educacional. Paulo Freire, além de pensar a questão educacional, propõe um método que revoluciona a concepção de educação.

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Paulo Freire (1921-1997), foi um dos educadores mais importantes do Brasil e conhecido mundialmente, devido ao método que leva seu nome. Nascido em Recife, em 1921, conheceu ainda criança a pobreza do Nordeste. Muito cedo sua indignação se fez presente e, ainda jovem, participou do processo de alfabetização de jovens e adultos trabalhadores, dedicando-se aos projetos sociais, deixando em segundo plano o exercício da advocacia, uma vez que a sua formação acadêmica era em Direito.

Paulo Freire, propunha através de sua pedagogia: estudo, experiência de vida, política, trabalho. O pensamento de Freire tem a marca do compromisso político de transformação da realidade social. Entende que a educação tem que ser capaz de libertar as pessoas oprimidas socialmente. Seu posicionamento político sempre foi em defesa da escola pública com qualidade para todos. Apesar das dificuldades, sempre acreditou em mudanças e sempre lutou para que essas se concretizassem. Para Paulo Freire a educação visa à libertação e à transformação radical da realidade, com o objetivo de melhorá-la e torná-la mais humana, permitindo que os homens e as mulheres sejam reconhecidos como sujeitos da sua história e não como objetos. Outro aspecto central na concepção de educação de Paulo Freire, é a aliança entre a teoria e a prática, na qual o ser humano deve agir sua realidade concreta, uma vez que é a partir dela que se fundamenta a teoria. Paulo Freire defende, a partir de uma educação libertária, que se pode construir uma nova consciência social, que seja capaz de modificar não apenas a realidade daqueles que estão aprendendo como da sociedade como um todo. Você pode estar se perguntando, mas por que falar de Paulo Freire, quando o assunto é Sociologia da educação? A resposta é simples. Porque Paulo Freire, com a sua prática e experiência, tem sido uma referência para pensar a sociedade brasileira e, principalmente, a educação.

Veja o vídeo: Paulo Freire http://www.youtube.com/watch?v=msJwLs8CxO0

VVIIII.. DDEESSAAFFIIOOSS AATTUUAAIISS DDAA SSOOCCIIOOLLOOGGIIAA DDAA EEDDUUCCAAÇÇÃÃOO A Sociologia da Educação está sendo uma das formas de pensar a questão educacional como problema. A evasão escolar, a relação professor-aluno, as relações de poder dentro da escola, e a função da escola na sociedade, foram alguns dos temas de sua preocupação. Na atualidade, porém, além destas preocupações, alguns desafios se colocam à Sociologia da Educação.

7.1. Educação e Globalização

No contexto das transformações e complexidades da sociedade hoje, num mundo globalizado, a educação aparece como um instrumento fundamental para a formação do sujeito. Por isso, a importância de se discutir as influências dessas transformações ocorridas com o processo de globalização para a prática pedagógica.

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O tema da educação tornou-se de interesse fundamental na análise sobre o fenômeno da globalização. Se há de fato um processo de globalização homogeneizador se disseminando, por outro lado, essa homogeneização não inclui parcelas significativas da sociedade. São evidentes os desníveis sociais, as diferenças de acesso a bens materiais e culturais, a complexidade da vida cotidiana atinge principalmente os mais pobres. No Brasil, o debate acerca da educação no contexto da globalização está presente nos principais estudos sobre o sistema educacional. Do ponto de vista do discurso da modernidade, os defensores do progresso tecnológico estigmatizam a escola e o trabalho pedagógico. Isto é, o fato de o mundo estar inteiramente voltado para os métodos técnico-informacionais, o papel da escola e, consequentemente, do professor, vão que embora a lógica do mundo técnico-informacional não possa ser negada, por ser útil à ampliação/divulgação do conhecimento, o processo educativo não pode reduzir-se a esta lógica. Portanto, pensar a relação educação e globalização implica em pensar sobretudo a formação global do ser humano. As transformações sociais, políticas, econômicas e culturais do mundo contemporâneo afetam os sistemas educacionais. A educação precisa reconciliar-se para assumir seu papel nesse contexto como agente de mudanças, geradora de conhecimento, formadora de sujeitos capacitados a intervir e atuar na sociedade de forma crítica e criativa.

7.2. Os diferentes espaços educativos

Outro desafio para a Sociologia da Educação, hoje, é como pensar os espaços educativos que acontecem fora das instituições de ensino, espaços esses que, além de se constituírem como espaços educativos, nos ajudam a pensar a sociedade brasileira. Mas, que espaços são esses? Um exemplo disso, são as organizações da sociedade civil e os movimentos sociais. Esses movimentos se tornam bastante expressivos na década de 60, como é o caso do Movimento Estudantil, colocando-se como oposição à ditadura militar. Além dos espaços educativos diferenciados, um outro desafio à Sociologia da Educação são as diferentes modalidades em que a educação se apresenta hoje. Uma destas modalidades é a educação a distância, que se intensifica com o desenvolvimento de novas tecnologias de informação. Ao mesmo tempo que a educação a distância é um espaço de democratização da educação, exige um maior comprometimento dos alunos com o seu processo educativo.

VVIIIIII.. AANNÁÁLLIISSEE SSOOCCIIOOLLÓÓGGIICCAA DDAASS TTEENNDDÊÊNNCCIIAASS PPEEDDAAGGÓÓGGIICCAASS

As tendências pedagógicas originam-se de movimentos sociais e filosóficos, num dado momento histórico, que acabem por propiciar a união das práticas didático-pedagógicas, com os desejos e aspirações da sociedade de forma a favorecer o conhecimento, sem contudo querer ser uma verdade única e absoluta. Seu conhecimento se reveste de especial importância para o professor que deseja construir sua prática.

A educação passou por vários processos e formas, em sua forma “natural”, assim considerada por vários estudiosos, por ser característica da fase da história dos povos primitivos. O processo educacional dos povos, nos diferentes momentos e espaços geográficos, veio se modificando, com a introdução de fatores sócio-político-cultural e religioso, que lhes eram peculiares.

Com a revolução Industrial e outros adventos, a educação ganha coloridos diferentes, moldando um

futuro não muito diferente. Tendências modernas se estabeleceram no processo educacional. Embora, não haja uma única escola capaz de atender as peculiaridades de todos os alunos, mudanças radicais aconteceram.

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8.1. As diferentes teorias pedagógicas

Devemos ressaltar que as teorias são importantes, mas cabe ao professor construir sua prática embasado nelas, pois elas são elementos norteadores e não "receitas" prontas. Vemos que na prática escolar os condicionantes sociopolíticos exercem forte ascendência sobre as tendências pedagógicas, que foram classificadas em:

Liberais - Marcou a Educação no Brasil nos últimos 50 anos, mostrando-se ora conservadora, ora renovada. A Pedagogia Liberal enfatiza: o preparo do indivíduo para o desempenho de papeis sociais, de acordo com as aptidões individuais; os indivíduos precisam aprender a adaptarem-se aos valores e á normas vigentes na sociedade de classes e, embora propague a ideia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.

Progressistas - É uma tendência que parte da análise crítica das realidades sociais que sustentam as finalidades sócio-políticas da educação. A Pedagogia Progressista não tem como institucionalizar-se numa sociedade capitalista, por isso se constitui num instrumento de luta dos professores ao lado de outras práticas sociais.

Tendências Pedagógicas Liberais (Pedagogia Liberal) A expressão liberal não significa “avançado”, “democrático”, como e usado habitualmente. O princípio liberal surgiu como desculpa do sistema capitalista que, ao argumentar o prevalecimento da liberdade e interesses individuais da sociedade, institui um modo de organização social fundamentado na doutrina privada dos processo de produção, também intitulada sociedade de classes. A educação brasileira, tem sido distinguido pelas tendências liberais, ora conservadora, ora renovada.

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A pedagogia liberal defende a posição de que a função da escola é preparar o indivíduo no desempenho de papeis sociais de acordo com suas habilidades especificas, dessa forma precisando aprender a adaptar-se aos valores e às normas vigentes na sociedade de classes. A ênfase no aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, embora haja uma divulgação da idéia de igualdade de oportunidades, não se considera a desigualdade de condições. A educação liberal historicamente falando iniciou-se com a pedagogia tradicional e evoluiu para a pedagogia renovada, o que não quer dizer a substituição de uma pela outra, pois ambas coexistiram e coexiste na prática escolar.

Ela se divide basicamente em quatro tendências pedagógicas: Tendência liberal tradicional; Tendência liberal renovada progressiva; Tendência liberal renovada não-diretiva e Tendência liberal Tecnicista.

Tendência liberal tradicional

Na tendência liberal tradicional a escola desempenha o papel de preparar os alunos no aspecto moral e intelectual para assumir sua posição na sociedade. A via cultural direcionado ao conhecimento e o mesmo para todos, desde que haja um esforço pessoal. Os indivíduos que encontram dificuldades devem trabalhar para superar essas dificuldades e garantir seu lugar ao lado dos mais capazes. Em casos de não superação, devem procurar o ensino profissionalizante. Os conteúdos são valores sociais e conhecimentos acumulados pelas gerações adultas repassados aos alunos como verdades, sendo assim, as realidades sociais e as experiências vividas pelos alunos são totalmente separadas dos conteúdos. Razão pela qual a pedagogia tradicional é fortemente criticada como intelectualista, e até como enciclopédia. Seus métodos são centrados basicamente na exposição verbal da matéria e/ou demonstração feitas pelo professor. Nas atividades de fixação é enfatizado a repetição de conceitos ou fórmulas, na memorização visando disciplinar a mente e forma hábitos. O relacionamento entre professor e aluno era altamente formal, pois predomina a autoridade do professor, não permitindo dessa forma qualquer comunicação entre ele durante o período de aula. A ideia de aprendizagem consiste em transmitir os conhecimentos para o espírito da criança, que é seguida de que o poder de assimilação da criança e igual a do adulto, apenas menos desenvolvido. Os conteúdos, devem ser dados num processo lógico, não levando em consideração as individualidades de cada idade. A aprendizagem ocorre de forma mecânica, que frequentemente se recorre à coação. A avaliação se dá por verificação de curto e longo prazo, através de provas escritas e orais, exercícios e trabalhos de casa. A pedagogia liberal tradicional é praticada em nossas escolas, sendo adotada uma orientação clássica humanista ou humano-científica, a qual aproxima-se mais dos moldes de escola predominante em nossa história educacional.

Tendência liberal renovada progressiva

A finalidade da escola na tendência liberal renovada progressiva é de proporcionar a simetria entre as necessidades específica do indivíduo ao meio social. Todo ser dispõe de mecanismos de adaptação ao meio e de consequente interação, e assim de adaptação comportamental. Essa interação se dá à medida que as experiências satisfaçam simultaneamente as curiosidades do aluno e as necessidades sociais. A escola deve

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proporcionar meios que permitiam ao aluno educar-se, em um processo ativo de construção e reconstrução do objeto, havendo uma interação entre a estrutura cognitiva do indivíduo e estrutura do ambiente. Os conteúdos são elaborados em função da experiência que o educando vivência frete aos desafios e problemáticas, pois o conhecimento resulta da ação a partir dos interesses e necessidades. A metodologia parte do princípio de “aprender fazendo”. A solução de problemas, pesquisas, estudo dos meios naturais e sociais, descobertas, tentativas experimentais são extremamente valorizado. O trabalho em grupo é enfatizado não mais com a técnica, e sim com necessidade básica do desenvolvimento mental. O professor não tem uma posição privilegiada nesta proposta, sua função é auxiliar o desenvolvimento espontâneo da criança, quando a intervenção é para orientar, dar forma ao raciocínio. A consciência dos limites da vida em grupo é que da origem à disciplina, dessa forma aluno disciplinado não é o aluno mudo, estático, e sim o solidário, participante, respeitador das normas do grupo. O relacionamento harmônico entre professores e alunos é indispensável para garantir um clima positivo e dessa forma instaurar um “vivência-democrática”. A aprendizagem ocorre de acordo com a força de estimulação da situação problemas disposições internas e interesses do aluno. O ambiente é apenas o meio estimulador, pois aprender torna-se uma atividade de descoberta, é uma auto-aprendizagem, tendo a avaliação como um ato material do processo que flui a tenta ser eficaz à medida que os esforços e êxito são prontos e explicitante reconhecido pelo professor. Na prática os princípios da pedagogia progressivista vêm sendo divulgados nos cursos e licenciatura, e muitos educadores são influenciados. Entretanto o número de aplicação é reduzidíssimo, por falta de condições objetivas, e também por entrar em atrito com a pedagogia tradicional.

Tendência liberal renovada não-diretiva (escola nova)

Nesta tendência a escola se preocupa mais com as questões psicológicas do aluno do que as pedagógicas e sociais, pois a escola atua de forma mais acentuada na formação de atitudes. É enfatizado nesta pedagogia os seguimentos de desenvolvimento das relações e da comunicação, transfere para segundo plano transmissão de conteúdos. O objetivo do ensino é criar mecanismos para que o aluno procure chegar ao conhecimento por si mesmo. Os procedimentos de ensino utilizados até então são dispensados, predominando então quase que por completo o trabalho e dedicação do educador em atuar de forma a estimular a aprendizagem dos educandos, através de um estilo próprio para proporcionar e facilitar essa prática. O perfil do professor “facilitador” consiste em aceitar a pessoa do aluno, aptidão de ser confiável, receptivo e ser convicto na capacidade do auto-desenvolvimento do educando. O trabalho de educador é levar o estudante a organizar-se, através de técnicas de sensibilização para que os sentimentos de cada um seja explicitados, sem coação. Para que ocorra o desenvolvimento pessoal e necessário que o trabalho escolar atue na melhoria do relacionamento interpessoal. A tendência pedagógica não-diretiva busca uma educação voltada para o aluno, e através de experiências significativa vividas pelo aluno formar sua personalidade e criar individualidades inerentes à sua natureza. O educador é ser um especialista em relações humanas, a partir do momento que garante o relacionamento pessoal e autêntico. A motivação cresce à medida que o aluno percebe que está desenvolvendo o sentimento de que é capaz de atingir seus propósitos pessoais. A motivação nasce na busca da auto-realização pessoal e ao buscar essa auto-

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realização o indivíduo aprende e modifica suas percepções de mundo. Partindo desse princípio, a avaliação escola perde sua razão de ser, prevalecendo então a auto-avaliação.

Tendência liberal Tecnicista

Em um sistema social funcional e harmônico, a escola atua através de técnicas específicas como escultora do comportamento humano, com o objetivo de integrar os indivíduos à máquina dos sistemas social global. Fica a cargo de a educação escolar administrar o processo de obtenção de conhecimentos úteis, necessários e específicos, atitudes e habilidades do educando. A política social vigente (sistema capitalista) necessita de produtividade e para isso de pessoas capacitadas, emprega então a tecnologia comportamental. Diante deste quadro fica a cargo da educação estimular atividades de pesquisa e descobertas, entretanto restrita aos especialistas ficando sob a responsabilidade do processo educacional comum á aplicabilidade dessas atividades e dessa forma produzir indivíduos competentes para o mercado de trabalho. Os princípios científicos, leis etc. são organizadas e estabelecidas numa seqüência lógica e psicológica por especialistas. Somente o que é observável e medido faz parte do conhecimento apresentados nas matérias de ensino, tendo como conteúdo a ciência objetiva e eliminando-se qualquer aspecto de subjetividade. Há uma sistematização encontrada nos módulos de ensinos, livros didáticos, manuais etc. É utilizada uma metodologia e abordagem sistematizada e abrangente, proporcionando condições ambientais que possam assegurar transmissão e recepção de informações. O objetivo a ser atingido é conseguir o comportamento adequado através do ensino, e por esse motivo a importância da tecnologia educacional. Nessa pedagogia o professor é simplesmente um elo de ligação entre a verdade científica e o aluno. O aluno nessa proposta não participa a elaboração do programa educacional. A eficácia da transmissão do conhecimento o educador e educando tem uma comunicação estritamente técnica. Questionamentos, debates etc. são dispensados e o relacionamento afetivo e pessoal dos indivíduos envolvidos no sistema de ensino-aprendizagem pouco importa. A fundamentação teórica de pedagogia tecnicista coloca que aprender é uma questão de modificação de desempenho. O bom ensino depende da organização eficiente as condições estimuladoras.

Pedagogia Progressista (Tendências Progressistas)

A pedagogia progressista parte de uma análise da realidade social de forma crítica, tendo como finalidades a transformação sociopolítica da educação. É claro que essa pedagogia não tem como regulamentar-se em uma sociedade capitalista, dessa forma ela se torna objeto de luta dos educandos juntamente com outras práticas sociais. Essa pedagogia manifesta-se em três tendências sendo elas, a libertadora, também conhecida como pedagogia de Paulo Freire; a libertária ligada diretamente aos defensores da autogestão pedagógica; a crítico-social dos conteúdos que prioriza os conteúdos na confrontação com as realidades sociais de maneira diferenciada das pedagogias anteriores.

Tendência progressista libertadora

A atuação dessa proposta é “não-formal”, sendo assim não é próprio dela falar em ensino escolar. Porém engajados no ensino escolar professores vem adotando ideais da pedagogia libertadora. Sua característica

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principal é o questionamento efetivo da realidade de relações humanas entre si e com a natureza, buscando a transformação social, e assim tornando-se uma educação crítica. O ponto crucial dessa pedagogia é fazer surgir uma nova maneira da relação com as experiências vividas, não se preocupando com a transmissão de conteúdos específicos. São extraídos dos educandos assuntos de sua vida cotidiana, sendo denominados temas geradores. Os professores orientam os alunos na redação de textos que depois serão utilizados como textos de leitura se forem necessários. Na pedagogia libertadora fica explícita sua maior característica que é a política social, ficando impraticável em termos sistemáticos em instituições oficiais, pelo menos antes que haja uma transformação da sociedade. Sua atuação fica restrito a nível de uma educação extra-escolar, o que não impede que muitos professores adotem e apliquem pressupostos em suas práticas pedagógicas. A metodologia utilizada fundamenta-se no autêntico diálogo entre educando e educador, o que proporciona ao processo de alfabetização de adultos maior facilidade de interação entre os mesmos, facilitando assim a aquisição do conhecimento. O professor “desce” ao nível do aluno, atuando como animador para que a partir daí leve o aluno a adaptarem-se as características e desenvolvimento do grupo, evitando a transmissão de conteúdos e informações sistematizadas, somente se necessário. São descartadas as formas de “educação bancária”, domesticadora, pois a problematização e a codificação-decodificação de situações levara o aluno a compreensão das experiências vividas de forma a chegar a um nível crítico de conhecimento, através da troca dessas experiências da vida prática. O relacionamento harmônico é fundamental, pois é essa relação pedagógica dá consistência ao processo educacional, eliminado assim a relação autoritária, do contrário há uma inviabilização do trabalho de conscientização. A motivação da aprendizagem vem da própria problematização social, pois o aprender e conhecer a realidade vivida de forma crítica para levar a uma transformação. A pedagogia libertadora tem sido aplicada em alguns países, como Chile e África. As fundamentações teóricas de Paulo Freire limitam-se à educação de adultos ou educação popular, em geral, entretanto muitos professores têm ensaiado práticas pedagógicas seguindo a linha dessa pedagogia em todos os níveis de ensino formal.

Tendência progressista libertária

Na tendência libertária, o princípio fundamental é iniciar mudanças institucionais, tendo como população alvo os níveis mais empobrecidos que irão se expandindo até atingir dado o sistema exercendo assim uma transformação na personalidade do aluno. Durante esse processo quer-se baseado na participação grupal, criar mecanismos para um mudança no que diz respeito a participação mais efetiva do aluno nas associações, grupos informais e escolas autogestionárias. A pedagogia libertária tem um sentido expressamente político quando coloca o sujeito como produto do meio social e que a aquisição do conhecimento individualizado só ocorre na coletividade, tendo como idéia principal e mais conhecida entre nós a “pedagogia institucional”, objetivando a resistência contra o sistema burocrático que atua na ação de dominação do Estado, retirando a autonomia do processo educacional como um todo. O conhecimento sistemático não grande importância para esta pedagogia, já que a matéria apresentada para o aluno, porém não lhes são exigidas. O que realmente importa são as experiências vividas pelo grupo social

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principalmente ocorrida de forma crítica, esse sim é o verdadeiro conhecimento, é ele que proporciona respostas necessárias e condizentes às exigências sociais. Desta forma a metodologia de ensino adota a liberdade do aluno para realizar o não as atividades, ficando o interesse pedagógico vinculado às necessidades individuais ou do grupo. Caracteriza-se como orientado e catalisador o educador que vai misturar-se com o grupo a fim de levar o mesmo a uma reflexão em comum, deixando lado todo e qualquer aspecto de autoritarismo e ameaças. O professor não é visto em nenhum momento como modelo, pois a pedagogia libertária recusa toda e qualquer forma de autoridade. Esse aspecto visa promover um desenvolvimento de pessoas mais livres. Está inserida na pedagogia libertária quase todas as pedagogias antiautoritárias em educação, onde se encontram a anarquista, psicanalítica, dos sociólogos e dos professores progressistas, que contribuíram muito para as estruturação.

Tendência progressista “Crítico-Social dos conteúdos”

O papel da escola nesta proposta é de difundir os conteúdos. Esses conteúdos não podem ser abstratos e sim concretos vivenciados pelo indivíduo. A escola é valorizada mecanismo adequado para a apropriação do saber, pois é o melhor serviço prestado aos interesses populares, pois a própria escola tem possibilidade de auxiliar na eliminação da seletividade. Vários professores tiveram contato com as chamadas disciplinas pedagógicas, por cursarem as licenciaturas e, desta forma, com um corpo organizado de idéias (ideário pedagógico) procuram explicar, orientar e justificar a prática docente. Outros não tiveram contato com esta teoria, mas, nem por isso, não podem no seu dia-a-dia terem uma prática docente de acordo com este corpo organizado de idéias. Além disso, a dimensão pensada da prática do professor expressa isso sim, o modo particular pelo qual o ideário e as teorias pedagógicas são filtrados pela prática de cada professor em particular de acordo com suas condições de vida. Desta forma numa análise do que ocorre em sala de aula verifica-se que a variável relativa é o professor. Apesar das várias possibilidades de um ideário pedagógico pode-se classificar as diferentes linhas ou tendências pedagógicas no ensino brasileiro através de cinco abordagem educacionais, a Abordagem Humanista, Abordagem Comportamentalista, Abordagem Tradicional, Abordagem Cognitivista e Abordagem Sócio-Cultural como sendo aquelas que, em situações brasileiras, mais possam ter influenciado os professores conforme sua formação, informações adquiridas por meio de literatura e de modelos a que foram expostos ao longo de suas vidas. ATIVIDADES

1) Qual a importância de conhecer as tendências pedagógicas para o professor?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ Observe o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=pxDA-TxLYfg Mafalda na escola tradicional.

2) Com base no vídeo e no que já estudamos, faça um comentário acerca do que precisaria ser melhorado para que a aprendizagem das crianças fosse mais significativa para elas no modelo de ensino tradicional.

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8.2. Quadro síntese das teorias pedagógicas

Nome da Tendência Pedagógica

Papel da Escola Conteúdos Métodos Professor

x aluno

Aprendizagem Manifestações

Pedagogia Liberal

Tradicional.

Preparação intelectual e moral

dos alunos para assumir seu papel

na sociedade.

São conhecimento e valores sociais

acumulados através dos tempos

e repassados aos alunos como

verdades absolutas.

Exposição e demonstração

verbel da matéria e / ou por meios

de modelos.

Autoridade do professor que exige atitude receptiva do

aluno.

A aprendizagem é receptiva e

mecânica, sem se considerar as características

próprias de cada idade.

Nas escolas que adotam filosofias

humanistas clássicas ou científicas.

Tendência Liberal

Renovadora Progressiva.

A escola deve adequar as

necessidades individuais ao meio

social.

Os conteúdos são estabelecidos a

partir das experiências vividas pelos

alunos frente às situações

problemas.

Por meio de experiências, pesquisas e

método de solução de problemas.

O professor é auxiliador no

desenvolvimento livre da criança.

É baseada na motivação e na estimulação de

problemas.

Montessori Decroly Dewey Piaget

Lauro de oliveira Lima

Tendência Liberal

Renovadora não-diretiva

(Escola Nova)

Formação de atitudes.

Baseia-se na busca dos conhecimentos

pelos próprios alunos.

Método baseado na facilitação da aprendizagem.

Educação centralizada no

aluno e o professor é quem garantirá

um relacionamento de respeito.

Aprender é modificar as

percepções da realidade.

Carl Rogers, "Sumermerhill"

escola de A. Neill.

Tendência Liberal

Tecnicista.

É modeladora do comportamento

humano através de técnicas específicas.

São informações ordenadas numa

seqüência lógica e psicológica.

Procedimentos e técnicas para a transmissão e recepção de informações.

Relação objetiva onde o professor

transmite informações e o aluno vai fixá-las.

Aprendizagem baseada no

desempenho.

Leis 5.540/68 e

5.692/71.

Tendência Progressista Libertadora

Não atua em escolas, porém visa levar professores e alunos a atingir um nível de consciência da realidade em que vivem na busca da

transformação social.

Temas geradores. Grupos de discussão.

A relação é de igual para igual,

horizontalmente.

Resolução da situação problema.

Paulo Freire.

Tendência Progressista Libertária.

Transformação da personalidade num sentido libertário e

autogestionário.

As matérias são colocadas mas não

exigidas.

Vivência grupal na forma de auto-

gestão.

É não diretiva, o professor é

orientador e os alunos livres.

Aprendizagem informal, via grupo.

C. Freinet Miguel

Gonzales Arroyo.

Tendência Progressista "crítico social

dos conteúdos ou "histórico-

crítica"

Difusão dos conteúdos.

Conteúdos culturais universais

que são incorporados pela

humanidade frente à realidade social.

O método parte de uma relação direta da experiência do aluno confrontada

com o saber sistematizado.

Papel do aluno como participador e do professor como mediador entre o saber e o aluno.

Baseadas nas estruturas

cognitivas já estruturadas nos

alunos.

Makarenko B. Charlot

Suchodoski Manacorda G. Snyders Demerval Saviani.

Extraído do Site do Professor (http://www.aol.com.br/professor/)

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BIBLIOGRAFIA: RODRIGUES, Albeno Tosi; Sociologia da Educação. Rio de Janeiro: DP&A, 2004.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é método Paulo Freire. São Paulo:Brasiliense, 1981.

ARRUDA, Marcos e BOFF, Leonardo. Globalização: desafios socioeconômicos, éticos e educativos. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 2000.

KRUPPA, Sonia M. Portella. Sociologia da educação. São Paulo: Cortez, 1994.

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da educação. 6.ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2007.

BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação. São Paulo, Brasiliense, 2003.

OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia da Educação. São Paulo, Editora Ática, 2005. Série Educação.

RODRIGUES, Alberto Tosi. Sociologia da Educação. Editora Lamparina, 2007.

TURA, Maria de Lourdes Rangel (org.). Sociologia para Educadores. Rio de Janeiro, Quartet, 2006