Matéria Camila Pitanga_Marie Claire_Março 2015

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capa de A a Z c a m i l a Na televisão, ela chegou ao auge. Fará sua primeira protagonista do horário nobre em Babilônia , novela de Gilberto Braga que estreia neste mês. Na vida pessoal, curte uma de suas melhores fases. Tem 37 anos, é divorciada, mãe de Antonia, de 6, e vive um novo romance. Mas Camila Pitanga quer mais: vai dirigir o primeiro filme, um documentário sobre a trajetória do pai, e planeja fazer shows como cantora. Para cada letra do alfabeto, a atriz tem histórias surpreendentes para contar. Confira! por Dolores Orosco e Mayra Stachuk fotos Bob Wolfenson edição de moda Larissa Luchesse e Mariana Di Pilla

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Fashion Editorial (Cover) for Marie Claire Brazil March 2015Executive Producer: Aline BorgesExecutive Producer Assistant: Renata ZbórilPhotographer: Bob WolfensonFashion Editor: Larissa LuccheseModel: Camila Pitanga

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capa

de A a Z

camilaNa televisão, ela chegou ao auge. Fará sua primeira protagonista do horário

nobre em Babilônia, novela de Gilberto Braga que

estreia neste mês. Na vida pessoal, curte uma de

suas melhores fases. Tem 37 anos, é divorciada, mãe

de Antonia, de 6, e vive um novo romance. Mas

Camila Pitanga quer mais: vai dirigir o primeiro filme, um documentário sobre a

trajetória do pai, e planeja fazer shows como cantora.

Para cada letra do alfabeto, a atriz tem

histórias surpreendentes para contar. Confira!

por Dolores Orosco e Mayra Stachuk fotos Bob Wolfenson edição de moda

Larissa Luchesse e Mariana Di Pilla

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AANTONIA “Minha filha, a Anto-nia, tem só 6 anos, mas já mostra uma personalidade forte. É articulada, es-perta e parece até mais velha quando fala. Ela é criativa, curiosa e me inspira com toda aquela alegria que tem na vida. Uma menina feliz de verdade.”

BBABILÔNIA “Esta é a novela em que representarei pela primeira vez o povo da comunidade. Regina, minha personagem, vende coco na praia e vive no Morro da Babilônia, na zo-na sul do Rio. Já morei ali perto, no Chapéu Mangueira, quando tinha 17 anos. Mudamos, eu, meu pai [o ator Antonio Pitanga] e meu irmão [o ator Rocco Pitanga], para a casa da Bené [a ex-governadora Benedita da Silva, madras-ta da atriz], porque a nossa estava em reforma. Lá não havia pobreza extre-ma. Tinha precariedade, mas com um pouco mais de dignidade. O que vi de mais forte foi a violência do tráfico.”

CCASAMENTO “Meu pai e a Be-né estão casados há mais de 20 anos e fui eu quem o levou ao altar no dia da cerimônia, em 1994. Acredito no casamento. O meu [com o diretor de ar-te Cláudio Amaral Peixoto, entre 2000 e 2011] foi um sucesso! Não é porque nos separamos que deixou de ser. Tive-mos uma união verdadeira, uma filha, e todas as experiências foram válidas.”

DDOCUMENTÁRIO “Estou diri-gindo um filme sobre meu pai, junto com o cineasta Beto Brant. Tem sido emocionante, porque estou revisitan-do a história desse homem que tanto admiro. Fui ao Pelourinho, na Bahia, onde ele nasceu, e conheci seus amigos de infância. Também filmamos depoi-mentos de atores para quem meu pai significa muito, como Lázaro Ramos, C

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Milton Gonçalves e Zezé Motta... O documentário se chamará Pitanga e está previsto para o início de 2016.”

EEX E ENTEADA “Meu ex-mari-do, Cláudio, é um grande amigo. Cos-tumo passar o Natal com a Antonia na casa dele e da Gabi [a figurinista Ga-briela Campos, atual esposa de Cláudio]. A Maria Luísa [ex-enteada de Camila, filha do primeiro casamento de Cláudio, com a cantora Mariana de Moraes] entrou em minha vida quando tinha 3 anos, então a vi crescer durante os 11 anos em que estive com o pai dela. Nossa família não tem isso de moro lá e moro cá. Estamos sempre juntos.”

FFAMA “Hoje lido com mais tran-quilidade com a fama, mas já fui neu-rótica com isso. Acho esse culto à ce-lebridade um veneno. Optei por me preservar . Com o tempo, os paparazzi perceberam que não tenho uma vida de grandes furos e não me meto em confusão. Se posso escolher, prefiro ir a lugares menos manjados. Evito o Leblon, porque tem outros bairros em que posso ir a um restaurante sem uma lupa apontada para mim.”

GGULA “Meu pecado são os doces. Amo brigadeiro e bolo de festa. Quan-do preciso entrar em forma para uma personagem, sou disciplinada. No mo-mento, estou fugindo de brigadeiro como o diabo foge da cruz!”

HHOMENS “As qualidades masculi-nas mais importantes para mim são a sensibilidade, a sensualidade e o sen-so de humor. Além de saber escutar. Não suporto homem ciumento nem vaidoso demais. Nunca namorei um assim na minha vida.”

IINFÂNCIA “Quando meu pai e minha mãe [a atriz Vera Manhães. Ca-mila fala mais sobre ela na letra V, na pá-gina ao lado] se separaram, decidiram em comum acordo que seria melhor para mim e meu irmão ficarmos com ele. Eu já tinha 9 anos, o Rocco, 7, e entendemos que aquele casamento não fazia mais sentido. Cresci em Jaca-repaguá, na zona oeste do Rio, onde tinha uma liberdade deliciosa, anda-va de bicicleta na rua, jogava bola...”

JJUVENTUDE “Adoro meus 37 anos e me sinto mil vezes melhor hoje que aos 20. Vivo o presente com bele-za. Da minha juventude só tenho sau-dade do tempo livre. Hoje, ter tem-po ocioso para estar com minha filha ou contemplar a vida é uma batalha.”

LLIBERDADE “Trabalho na Glo-bo desde os 16 anos, e houve situações em que precisei me afastar. Algumas vezes para estudar, outras para fazer algum trabalho no teatro ou no cine-ma, e nunca fui impedida. Honro o vínculo que tenho com a empresa, e eles me respeitam. Sinto que sou livre profissionalmente.”

MMÚSICA “Sonho em me apresentar como cantora. Canto desde pequena e já participei até do especial de fim de ano do Roberto Carlos. Já planejei como vai ser: quero fazer como a Ze-zé Motta, que tem um pocket show e canta em todos os lugares por onde passa com suas peças de teatro.”

NNAMORADO “Conheci o Sergio [o ator mineiro Sergio Siviero, 47 anos] du-rante a preparação da peça O Duelo, que encenamos juntos. Mas foi só no

final da temporada no Rio, no Car-naval de 2014, que começamos a na-morar. Não dá para dizer quem tomou a iniciativa, o movimento partiu dos dois. Para melhorar, ele se dá muito bem com a minha filha. Ele é afetuoso e ela é uma menina bastante aberta. É fácil se apaixonar pelo Sergio.”

OO DUELO “Por causa de O Due-lo [peça inspirada em texto do autor rus-so Anton Tchecov, que Camila protago-nizou ao lado da Mundana Companhia de Teatro], morei em vários lugares do mundo, entre 2012 e 2014. Primei-ro em São Paulo, durante o processo criativo, depois, por quase três meses, no sertão do Ceará, para os ensaios abertos. Então estreamos em Forta-leza e fomos para o Piauí. Passamos por várias outras cidades do Brasil e, no fim do ano passado, fomos para a Europa. Participamos do Festival Off d’Avignon, na França, e depois, na Escócia, do Festival de Edimburgo.”

PPITANGA “Meu pai é cheio de ri-tuais. Dez anos atrás, deu a mim e ao meu irmão novas certidões de nasci-mento, com o ‘Pitanga’ incluso em nossos sobrenomes. ‘Agora Pitanga é oficialmente o nome da nossa fa-mília!’, ele disse, orgulhoso [original-mente, o sobrenome do ator Antonio Pi-tanga é Sampaio]. Ele adotou esse so-brenome por causa do personagem Pitanga, que interpretou no filme Bahia de Todos os Santos, em 1960. Fi-quei emocionada com esse gesto. A cidadania do meu pai se fez no cine-ma. Significa muito para sua histó-ria, e nós somos a continuação dela.”

QQUALIDADE DE VIDA “Meu instrumento é meu corpo, minha al-ma. Cuidar deles é ter qualidade de vida para mim. Faço rolfing [terapia

vida por meio da análise é muito signi-ficativa. É uma influência constante no meu amadurecimento, no meu cres-cimento como pessoa e como atriz.”

UÚNICA FILHA “Tenho vonta-de de ter mais filhos. Mas não é nada certo ainda, não tenho nenhum pla-no concreto, até porque agora a no-vela Babilônia vai me tomar por pelo menos um ano. Depois, quem sabe...”

VVERA “Desde garota, queria cuidar da minha mãe. É delicado falar sobre isso, porque vou expor a mamãe, mas ela faz tratamento psiquiátrico. Meu pai sempre foi incansável, deu suporte e a amparou, mesmo estando separa-do dela. Nunca disse: ‘Isso não é mais problema meu’. Mas eu queria tirar essa missão dele, para que tivesse es-paço para viver sua nova história. Não é que minha mãe seja incapaz. Ela é presente, atuante e me traz garra. Mas meu pai e a Bené, que é linda nesse sentido, foram essenciais para mim e sempre me deram a bênção para que eu estivesse com a minha mãe. Eles nunca separaram a família, e a mamãe continuou fazendo parte dela. O fato de ela ter tido a consciência de que se-ria melhor para seus filhos ser criados pelo pai foi de uma generosidade... Foi uma coisa de mãe de verdade, que sabe o que é melhor para os filhos.”

XXODÓ “A Nega Fulô, minha cachor-ra, é minha filha peluda, meu xodó. É uma labrador de cor chocolate, que eu amo. Já tem 7 anos.”

ZZZZZ... “Um novo trabalho me tira o sono. Até estrear e ganhar confian-ça na personagem, tenho espasmos constantes de ansiedade.”

corporal cujo objetivo é melhorar a postura], e meu personal, que tem formação em aikido e pilates, inventou um circuito de exercícios que não é exatamente crossfit. Um treino meio maluco, que nem tem um nome...”

RRACISMO “Existe um número alarmante de jovens negros que são assassinados a cada ano no Brasil, e muita gente não tem ideia dessa ver-dadeira tragédia que estamos viven-do. No começo deste ano, participei da campanha ‘Jovem Negro Vivo’, a convite da Anistia Internacional, porque realmente me importo com essa questão – como negra e mãe que sou. Nós precisamos acordar e acabar com essa anestesia, parar de fingir que é tudo natural e que são apenas ex-ceção casos como o do Amarildo [o pedreiro carioca Amarildo Dias de Souza, desaparecido após uma abordagem policial na Favela da Rocinha, no Rio, em julho de 2013. O caso virou símbolo do abuso de autoridade e da violência da Polícia Mi-litar e ganhou repercussão internacional].”

SSENSUALIDADE “Eu me sinto sensual quando danço, canto e, obvia-mente, namoro. Todos os meus pa-péis deixam em mim uma herança. Brinco que a Bebel [a garota de programa que Camila interpretou na novela Paraíso Tropical, um de seus maiores sucessos] me deixou com 3 centímetros a mais de altura, uma bunda maior, pernas mais grossas, braços mais longos... Ela era uma ‘viada’, uma mulher que gosta-va de se exibir e que vivia da sedução. Também não vejo problemas com nu-dez, desde que faça sentido na cena.”

TTERAPIA “Faço há mais de 20 anos. É meu porto seguro, meu tempo de cuidado comigo mesma. A trans-formação pela qual passei ao longo da

capa