Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas...

72
UMinho | 2015 Universidade do Minho Escola de Engenharia Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória Organizacional E Suas Implicações No Uso Dos Sistemas De Informação: Um Caso de Estudo Outubro de 2015 Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória Organizacional E Suas Implicações No Uso Dos Sistemas De Informação: Um Caso de Estudo

Transcript of Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas...

Page 1: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

UM

inho |

2015

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Marta Andreia Oliveira Ferreira

As Disfunções Da Memória Organizacional

E Suas Implicações No Uso Dos Sistemas

De Informação: Um Caso de Estudo

Outubro de 2015

Mart

a A

ndre

ia O

liveira F

err

eira

As D

isfu

nçõ

es D

a M

em

óri

a O

rga

niz

acio

na

l E

Su

as I

mp

lica

çõ

es N

o U

so

Do

s S

iste

ma

s D

e I

nfo

rma

çã

o:

Um

Ca

so

de

Estu

do

Page 2: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.
Page 3: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

Dissertação de Mestrado

Mestrado Integrado em Engenharia e

Gestão de Sistemas de Informação

Trabalho efetuado sob a orientação da

Professora Doutora Isabel Ramos

Marta Andreia Oliveira Ferreira

As Disfunções Da Memória Organizacional

E Suas Implicações No Uso Dos Sistemas

De Informação: Um Caso de Estudo

Outubro de 2015

Universidade do Minho

Escola de Engenharia

Page 4: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

II

DECLARAÇÃO

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE TRABALHO APENAS PARA EFEITOS DE

INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE

COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/_____

Assinatura:

___________________________________________________________________

Page 5: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

III

AGRADECIMENTOS

A realização desta tese de mestrado contou com imensos apoios e incentivos de pessoas

a quem estarei sempre muito agradecida. Deste modo, agradeço:

À Professora Doutora Isabel Ramos pela orientação, apoio, paciência, calma e boa disposição

que demonstrou ao longo deste ano.

Ao Carlos Barros pela amizade e por estar sempre de braços abertos e ao meu lado quando

precisei. É algo pelo qual serei eternamente grata. Foi mais do que um amigo durante todo este

tempo, foi o irmão que nunca tive.

Aos Meus Pais pelo carinho e incentivo que me deram, por acreditarem que eu seria capaz. E

espero que a finalização desta etapa consiga retribuir tudo o que fizeram por mim.

Agradeço ao Jorge e à Vera por toda a ajuda e pela compreensão, foi muito importante e será

algo que nunca esquecerei.

À Melanie por todos os sorrisos que me roubou mesmo nos momentos de maior stress.

Ao João Diogo Silva pela amizade e por me ter ajudado a chegar aqui.

Agradeço por fim a todas as pessoas que mesmo indiretamente possam ter contribuído para o

meu sucesso ao longo do percurso académico.

Page 6: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.
Page 7: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

V

ÍNDICE

INTRODUÇÃO........................................................................................................................5

ENQUADRAMENTOCONCEPTUAL.........................................................................................7

1 MEMÓRIAORGANIZACIONAL..........................................................................................7

1.1 DESENVOLVIMENTODAMEMÓRIAORGANIZACIONAL................................................................8

1.2 BARREIRASAODESENVOLVIMENTODAMEMÓRIAORGANIZACIONAL............................................9

2 OPAPELDOSSISTEMASDEINFORMAÇÃONODESENVOLVIMENTODAMEMÓRIA

ORGANIZACIONAL...............................................................................................................10

2.1 SISTEMASDEINFORMAÇÃODEMEMÓRIAORGANIZACIONAL....................................................11

2.2 PANORAMAATUALDOSSI/TINASORGANIZAÇÕES..................................................................12

2.3 ARQUITETURADEINFORMAÇÃOEARQUITETURAEMPRESARIAL.................................................13

3 DISFUNÇÕESDEMEMÓRIAORGANIZACIONALEASUARELAÇÃOCOMOUSODOS

SISTEMASDEINFORMAÇÃO................................................................................................16

3.1 DISFUNÇÕESDAMEMÓRIAORGANIZACIONAL........................................................................16

3.2 IMPLICAÇÕESNOUSODESISTEMASDEINFORMAÇÃO..............................................................17

MEMÓRIAORGANIZACIONALESISTEMASDEINFORMAÇÃO:UMESTUDODECASO........19

1 OBJETODEESTUDO.......................................................................................................19

2 OBJETIVOSESPECÍFICOS................................................................................................19

3 MÉTODO.......................................................................................................................19

3.1 ESTUDODECASO...............................................................................................................19

3.1.1 Estudodecasocomométododeinvestigação.......................................................21

3.2 GRANDESFASESDOESTUDO................................................................................................22

3.2.1 PrimeiraFase..........................................................................................................22

3.2.2 SegundaFase.........................................................................................................24

4 ANÁLISEDEDADOS.......................................................................................................28

5 DISCUSSÃO...................................................................................................................36

6 CONCLUSÕES.................................................................................................................38

7 BIBLIOGRAFIA...............................................................................................................40

8 ANEXOS........................................................................................................................42

Page 8: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.
Page 9: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

VII

ÍNDICE DE TABELAS

TABLE 1 - QUESTIONÁRIO ONLINE ......................................................................................................... 46

TABLE 2 - ESTRUTURAÇÃO DO GUIÃO DE ENTREVISTA ................................................................................ 50

Page 10: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.
Page 11: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

IX

SIGLAS E ACRÓNIMOS

AI – Arquitetura de Informação

DSI – Departamento de Sistemas de Informação

MO – Memória Organizacional

SI – Sistemas de Informação

TI – Tecnologias de Informação

UM – Universidade do Minho

Page 12: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

2

RESUMO

Desde há algum tempo que a literatura tem vindo a referir, de modo direto ou indireto, o papel

que os sistemas de informação têm na criação de disfunções da memória organizacional. Nestas

disfunções incluem-se entre outras, a diminuição da capacidade coletiva de retenção de

conhecimento, a criação de imagens deturpadas sobre o mercado e a incapacidade de focar a

atenção coletiva nos aspetos mais relevantes para a organização.

O objetivo deste trabalho é estudar a influência dos sistemas de informação na construção da

memória organizacional tendo por base um modelo que relaciona as dimensões do processo da

Memória Organizacional estruturado pelas Tecnologias de Informação com as funções da Memória

Organizacional. Para fazer o levantamento da informação necessária ao estudo elaborou-se um

questionário abordando as principais dimensões do modelo de memória organizacional utilizado

como referencia. O trabalho descrito neste documento foi desenvolvido no âmbito de um projeto de

investigação realizado entre o Departamento de Sistemas de Informação da Universidade do Minho

e a Universidade Mackenzie, localizada esta última em São Paulo, no Brasil.

De modo a procurar evidência empírica para o modelo desenvolvido, o questionário foi enviado

a várias organizações portuguesas.

Numa fase posterior foi elaborado um questionário a organizações de modo a obter uma

análise qualitativa. Desta forma foi possível perceber que os sistemas de informação podem

contribuir para disfunções da memória organizacional, mas apenas num contexto em que não são

devidamente utilizados e geridos.

Palavras-Chave: Sistemas de Informação, Memória Organizacional, Gestão do Conhecimento

Page 13: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

3

ABSTRACT

For some time that literature has come to refer, directly or indirectly, the role that information

systems have in creating organizational memory dysfunctions. These disorders include among

others, the reduction of the collective capacity of retention of knowledge, creating distorted images

about the market and the inability to focus the collective attention on the most relevant aspects for

the organization.

The objective of this work is the development of a study regarding the influence of

organizational memory construction in information systems based on a model that relates the

dimensions of the Organizational Memory process structured by the Information Technology with the

functions of Organizational Memory. To survey the information required for the study was drawn up

a questionnaire addressing the main dimensions of the organizational memory model used as a

reference. The work described here was developed under a research project between the

Department of Information Systems, University of Minho and the Mackenzie University, the latter

located in São Paulo, Brazil.

In order to search for empirical evidence for the developed model, the questionnaire was sent

to several Portuguese organizations.

At a later stage it was elaborated a questionnaire to organizations in order to obtain a qualitative

analysis. Thus it was revealed that information systems could contribute to dysfunctions of

organizational memory, but only in a context in which they are not properly used and managed.

Keywords: Information Systems, Organizational Memory and Knowledge Management.

Page 14: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.
Page 15: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

5

In trodução

Não importa se a organização é uma multinacional com décadas de existência ou se é um

grupo de crianças a jogarem futebol no intervalo das aulas, o sucesso de ambos dependerá sempre

da capacidade dos seus membros para comunicarem e cooperarem. A comunicação e a

coordenação fornecem os meios para produzir e armazenar a informação de que a organização

precisa. As tecnologias de informação têm o potencial de tornar a comunicação e coordenação mais

eficaz na partilha e armazenamento de conhecimento, dessa forma contribuindo para a construção

e utilização a memória organizacional (Atwood, 2002).

A capacidade das organizações para lembrarem e aprenderem com o seu passado, ou seja, de

utilizarem a sua memória organizacional, tem sido considerada um sinónimo de aprendizagem,

num processo contínuo de troca e acumulação de conhecimento necessário para que a organização

alcance os seus objetivos.

A memória organizacional é simultaneamente a base e o motor da aprendizagem

organizacional, a qual ocorre sempre que novos entendimentos e práticas são partilhados pelos

grupos.

Periotto (2010), destaca que devido à globalização e aos avanços tecnológicos, as

organizações encontram-se cada vez mais rodeadas de um ambiente competitivo, marcado por

inúmeras transformações e mudanças. Freitas Junior (2003) é defensor de que a partilha de

conhecimento aumenta o potencial organizacional para futuras ações, isto é, perante a partilha de

informações, o processo de decisão, por exemplo, é facilitado uma vez que há acesso a contextos e

cenários anteriormente vividos pela organização. É de sublinhar que este autor descreve a gestão de

conhecimento como algo bastante complexo e que, como tal, deve apoiar-se em tecnologias de

informação.

Observando o cenário atual em que as organizações se encontram, é inegável que a

informação e o conhecimento se tornaram cruciais para o seu desempenho, consequentemente

vários estudos científicos e discussões têm surgido sobre como preservar esse conhecimento

(Druziani & Catapan, 2012).

Assim sendo, neste trabalho o objetivo passa por perceber a perdas de informação, a sua

relação com o conhecimento organizacional e qual o papel dos sistemas de informação nesta

perda, procurando desse modo responder à questão que orientou este trabalho: Quais são as

Page 16: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

6

relações ex istente entre das disfunções da Memória organizacional e a ut i l ização

dos Sistemas de Informação?

Este trabalho está divido em duas partes, sendo que a primeira é um enquadramento

conceptual e a segunda é um estudo de caso. Na primeira parte encontra-se a revisão de literatura

onde se encontram os conceitos que estão na base deste trabalho e que por sua vez se divide em

três capítulos. O primeiro capítulo refere-se ao conceito de Memória Organizacional, o segundo

capítulo refere-se ao papel dos Sistemas de Informação no desenvolvimento da Memória

Organizacional e o terceiro capítulo aborda as disfunções da Memória Organizacional e a sua

relação com o uso dos Sistemas de Informação.

Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso. É dividido em cinco capítulos

em que o primeiro diz respeito aos objetivos de estudo, o segundo aos objetivos específicos, o

terceiro capítulo ao método utilizado para a recolha de dados, o quarto capitulo contém a recolha e

análise de dados e por fim, no quinto capítulo, encontram-se as conclusões.

Page 17: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

7

ENQUADRAMENTO CONCEPTUAL

1 Memória Organizacional

A memória organizacional de acordo com Conklin (2001), é algo que amplia o conhecimento,

por ser capaz de capturar, organizar, divulgar e reutilizar o conhecimento criado pelos membros de

uma organização. O seu principal objetivo é a representação do conhecimento e das informações

importantes, de forma a facilitar o acesso, partilha e reutilização desse conhecimento pelos

membros da organização (apud Freire et al. , 2012).

Uma das funções da memória organizacional é o aumento da competitividade da organização;

e esse aumento de competitividade procura-se conseguir através da otimização da gestão de

conhecido, segundo Abecker (1998) (apud Freire et al. , 2012). Algo importante de referir é que a

MO não trata exclusivamente da gestão de informação ou apenas do conhecimento explícito. A MO

é também responsável pela interligação das pessoas e deste modo permite também a acumulação

de conhecimento tácito.

A cultura organizacional encontra-se expressa em documentos, regras, normas, rotinas e

processos implementados e continuamente aperfeiçoados pela experiência coletiva e significados

partilhados O passado organizacional, quando devidamente registado, serve de base à

aprendizagem individual e coletiva, tendo desse modo grande valor para processos de decisão

(Druziani & Catapan, 2012). A cultura organizacional integra conhecimento tácito coletivo na

medida em que encerra estruturas de significado que orientam a ação.

De acordo com (Almeida, 2006), a investigação acerca da memória organizacional é ainda

insuficiente. O autor defende que a área necessita de maior investigação empírica para validar os

pressupostos e modelos teóricos; atualmente a investigação tem um foco demasiado teórico..

Para Conklin (apud Cerante et al. , 2000), as organizações devem ser capazes de “manipular,

distribuir e integrar a informação e inteligência” que foram armazenadas, criando assim a sua

memória organizacional.

Cyert e March (apud Almeida, 2006), apoiam que a ideia que se tem do ambiente e o modo

como as comunicações são exercidas na organização, são o reflexo da experiência dos indivíduos, e

de acordo com este autores, essas experiências que são registadas na memória organizacional,

afectam os processos de tomada de decisão.

Page 18: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

8

De modo complementar, relativamente aos processos de decisão, Carneiro (2005) considera

que é insuficiente apenas a manutenção da memória organizacional que é importante a partilha de

experiências anteriores de forma a que as mesmas sejam úteis para projetos futuros. Para o autor,

esta partilha de experiências (guardadas na MO) vão permitir uma maior eficiência em projetos

futuros, isto é, criar-se-ão condições para que os projetos futuro ocorra num período de tempo mais

curto e com melhor qualidade (Druziani & Catapan, 2012).

1.1 Desenvolv imento da Memória Organizacional

De acordo com Moresi (2009), manter capital humano que se revela muito importante devido

aos conhecimentos adquiridos, é um grande problema para as organizações. Este dilema deve-se

normalmente à inexistência de um histórico. Deparando-se com esta situação, vários factores levam

as organizações à implementação de processos de preservação do conhecimento. Esses processos

podem passar por exemplo por precaver a perda de “expertise” quando há perda de capital

humano, ou seja, evitar que se perca o conhecimento que determinado funcionário apreendeu

decorrente de estudo, experiência e prática. Outros exemplos de factores que motivam a

implementação de processos de retenção de conhecimento passam pela possibilidade de

reutilização de experiências passadas de modo a evitar que se cometam os mesmos erros;

possibilidade de reduzir o tempo de preparação de novos colaboradores e, hipótese de melhoria do

fluxo interno da informação e comunicação dentro da organização (Druziani & Catapan, 2012).

Na perspetiva dos autores Hatami et al. (2003), a memória organizacional é tida como uma

ferramenta que visa a preservação do conhecimento e que possibilita guardar conhecimento tácito.

A MO é tida como uma mais valia para novas aprendizagens com base em informações passadas e

tal como outros autores anteriormente referidos, estes também defendem que a memória

organizacional permite apoiar os processos de decisão.

A MO segundo Moresi et al. (2009), é vista como elemento crucial das atividades de

identificação, aquisição, desenvolvimento, disseminação, uso e preservação do conhecimento. Além

disto, o autor diz que a MO permite que uma organização baseada em conhecimento seja mais

ajustável a mudanças provenientes do ambiente externo, levando a que a mesma seja, mais

competitiva.

De acordo com Alvarenga Neto (2005), a colaboração e a partilha contribuem para a

manutenção de conhecimento tácito na organização, deste modo evita-se a situação em que o

conhecimento está reunido apenas na memória de apenas um funcionário. O autor tenta combater

Page 19: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

9

afirmações como “informação é poder”, uma vez que o mesmo é apologista de que é preciso

procurar entendimentos coletivos de que “partilha é poder”. Esta cultura defendida pela autor, tem

como propósito a diminuição de barreiras quer sejam as mesmas de índole pessoal, cultural,

hierárquica, ou qualquer outro tipo que fomente a cultura individualista na organização (Druziani &

Catapan, 2012).

1.2 Barreiras ao desenvolv imento da Memória Organizacional

A criação de memória organizacional é dificultada por barreiras de carácter cultural e técnico

que precisam ser tidas em consideração.

Apesar dos benefícios da memória organizacional serem reconhecidos, a sua manutenção e

desenvolvimento não fazem parte de um processo padrão em todas as organizações. As

organizações têm tendência a oferecer resistência à aquisição de novas tecnologia e abordagens

cujos benefícios são tidos como algo incerto (Moresi, et al. 2009).

Apesar dos aspectos tecnológicos serem tidos como uma grande dificuldade na construção de

sistemas de MO quer pela resistência que resulta do investimento com benefícios incertos, quer

pela resistência dos colaboradores, pela impossibilidade do registo de toda a informação, ou

mesmo pela complexidade da implementação de um sistema, a literatura tem vindo a realçar as

dificuldades criadas pela barreira cultural (Druziani & Catapan, 2012).

A mudança de cultura é possivelmente o maior obstáculo no que diz respeito à memória

organizacional uma vez que se centra na revisão das práticas da organização, dos seus hábitos, na

criação de novas práticas e o no uso de novas ferramentas (Druziani & Catapan, 2012).

Rever as práticas da organização é relevante para melhorar a memória organizacional na

medida em que permite detetar onde podem haver perdas da informação, no entanto, moldar os

hábitos do capital humano e incutir-lhe novas práticas e ferramentas é algo de implementação

muito complexa.

Page 20: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

10

2 O papel dos Sistemas de Informação no desenvolv imento

da Memória Organizacional

Os sistemas de informação providenciam aos gestores uma visão das informações existentes

(produzidas dentro ou fora da organização), no entanto, por vezes ocorre que as informações

acabam por se tornarem fragmentadas por sectores devido à utilização de diferentes softwares.

Apesar dessa situação,, os sistemas de informação possibilitam a gestão lógica e articulada das

informações, apontando assim para a obtenção de decisões e ações seguras e direcionadas aos

objetivos da organização (Teixeira & Valentim, 2012).

Todas as organizações, reconhecem a importância da componente digital da informação e

além de um espaço físico, necessitam de um profissional (ou uma equipa), responsável pela

elaboração da arquitetura do sistema de informação. Segundo Zackman (1997) esta arquitetura é

um factor determinante para o sucesso das organizações (Teixeira & Valentim, 2012).

Segundo Varajão et al. (2013), a evolução da internet e o papel que a mesma ocupa nos dias

atuais, veio expor as organizações a maiores níveis de exigência no que diz respeito à sua

componente tecnológica e desse modo foi possível detetar em alguns casos, a incapacidade das

organizações para se adaptarem às novas formas de comunicação com os clientes, derivadas desta

nova realidade. Nas grandes empresas, devido à complexidade dos sistemas, observa-se também

que os mesmos são pouco ágeis, sendo que em algumas situações o funcionamento destes

sistemas é descrito como um “milagre” pelo autor. É também de referir que mesmo a

implementação de novas funcionalidade nestes sistemas é algo muito difícil por levar à alteração de

múltiplos sistemas ligados, portanto testar ou implementar novas funcionalidade nestes ambientes é

algo arriscado e que acarretará custos elevados.

De acordo com Varajão et al. (2013), vários gestores de grandes organizações falam de

processos que apesar de serem muito semelhantes, são executados de modo diferente em

diferentes lugares da organização e com recurso a sistemas distintos. A verdade é que a

implementação de novos processos de negócio convenientemente suportados por TI acarretam

custos, principalmente quando está adjacente a mudança organizacional. Todavia os seus

benefícios são diversos, e é aqui que se entende o papel que um sistemas de informação bem

estruturado pode ter numa organização: ambientes tecnológicos mais simples ou redução no custo

de operações são dois benefícios que ,contribuem para, maiores vantagens competitivas.

Page 21: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

11

Com a globalização das organizações, é-lhes imposta por lei e pelos reguladores, a informação

organizada e com um mais nível de exigência no que respeita à complexidade, refere Varajão et al.

(2013). A verdade é que novas leis, para algumas organizações significa principalmente custos

acrescidos sem benefícios certos. Percebe-se contudo que, uma boa organização dos dados,

fornece ás organizações maior facilidade em conceber a informação exigida pelos reguladores e

auditores.

Varajão et al. (2013), ao longo de diversos projetos em que participou, ouviu comentários por

parte dos gestores, que são representativos da desordem existente entre os sistemas de informação

e a estratégia da organização. Os comentários são os seguintes:

• “Diferentes partes da nossa empresa dão diferentes respostas ás mesmas questões

aos clientes”;

• “O nosso negócio é pouco ágil. Qualquer nova iniciativa estratégica é como começar

do zero”;

• “Há na empresa diferentes processos de negócio que têm a mesma finalidade, cada

um com um sistema diferente”;

• “Uma parte significativa do trabalho das pessoas é retirar dados de um conjunto de

sistemas, manipulá-los e reintroduzi-los noutros sistemas”;

• “Não sabemos de onde a nossa empresa retira valor dos sistemas/tecnologias de

informação”.

Através da análise destes comentários, facilmente se percebe que empresas sem sólidas bases

de sistemas/tecnologias de informação, encaram sérias ameaças competitivas.

2.1 Sistemas de Informação de Memória Organizacional

Segundo Atwood (2002), a memória organizacional pode ser designada de duas formas:

sistema de memória organizacional ou sistemas de informação de memória organizacional, e é aqui

que a vertente tecnológica se torna bastante evidente (Druziani & Catapan, 2012).

As tecnologias de informação têm promovido o desenvolvimento dos sistemas de memória

organizacional, uma vez que facilitam a aquisição, retenção e acesso a essa mesma memória

(Druziani & Catapan, 2012). De acordo com Chang et al. (2004), alguns exemplos da utilização e

importância das TI para a criação e desenvolvimento de sistemas de informação de memória

organizacional, são as bibliotecas digitais, as bases de dados e os repositórios de suporte à gestão.

Page 22: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

12

As organizações cada vez mais se apercebem das vantagens da gestão do conhecimento que

se encontra repartido pelo ambiente organizacional e têm procurado implementar sistemas que

visem apoiar a gestão do conhecimento (Druziani & Catapan, 2012).

Ainda relativamente aos exemplos de sistemas de memória organizacional, o autor Olivera

(2000) considera que pessoas, documentos, redes sociais profissionais e tecnologias são todos

componentes de sistemas de memória organizacional, uma vez que tem em comum as capacidade

de recolha, armazenamento e capacidade de facultar o acesso a experiências da organização..

Para Lenher e Maier (apud Almeida, 2006), o sistema de informação de memória

organizacional é visto como uma arquitetura em que diferentes sistemas, tecnologias e

metodologias adoptadas pela organização, convergem.

No que diz respeito à diversidade de sistemas e plataformas, é de sublinhar que atualmente,

as organizações recorrem às tecnologias de informação, uma vez que a evolução tecnológica tem

sido muito grande, e ficar à margem desta evolução representaria uma menos valia para as

organizações.

Tendo em conta a forma como as organizações armazenam e possibilitam o acesso ao seu

conhecimento, Olivera (2000), considera que as tecnologias de informação são um elemento crucial

neste processo de desenvolvimento do sistema de memória organizacional, uma vez que estas

tecnologias possibilitam a recolha de soluções de problemas, permitem o registo de trocas de

informações entre organizações e os seus respectivos clientes, e facilitam ainda a ligação entre

pessoas que necessitam e pessoas que têm conhecimento para a resolução de problemas ( apud

Druziani & Catapan, 2012).

2.2 Panorama atual dos SI/TI nas Organizações

De acordo com Varajão et al. (2013), nas grandes organizações, os sistemas de informação

são vistos como algo grande, com integração defeituosa e decorrente de diferentes tecnologias. Este

panorama é o resultado de por exemplo aquisições ou fusões de organizações, do crescimento

acelerado ou da correção de problemas pontuais (que gerarão outros problemas por terem sido mal

planeados).

De acordo com o autor supracitado, a base para um bom desempenho de uma organização

depende da compatibilidade entre os objetivos do negócio e a capacidade dos sistemas ou

tecnologias de informação.

Page 23: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

13

Ross, Weil e Robertson (2006), vêm reforçar a ideia do panorama atual que se verifica nas

organizações. Os autores defendem que é normal as aplicações funcionarem bem sozinhas, mas

uma vez juntas, o esforço da organização em relação à coordenação de clientes, fornecedores e

colaboradores, é colocada em causa.

Um comportamento muito comum nas organizações é ver a sua informação dispersa, não

sendo isso não é algo positivo se pensarmos que a informação é ativo mais importante de uma

organização. Uma consequência desta dispersão é a duplicação de informação como por exemplo

moradas de clientes e o pormenor de em alguns casos a mesma possuir formatações diferentes

nos diferentes sistemas. Segundo Varajão et al. (2013) uma maior a redundância dos dados,

significa um maior o risco de inconsistência dos mesmos. Um outro problema muito comum, é ver

as organizações retirarem os dados dos seus data warehouses, uma vez que maioritariamente,

estes últimos, não possuem informação em tempo real.

No contexto organizacional, segundo Varajão et al. (2013), é bastante comum encontrar-se um

número muito grande de diferentes tecnologias que variam desde o tipo de sistema operativo, o tipo

de base de dados, as diferentes linguagens de programação das plataformas de desenvolvimento ou

até mesmo as possíveis configurações das infraestruturas. Deste modo, torna-se imprescindível

sublinhar que a integração de sistemas é um tópico a dar especial atenção nas atuais arquiteturas

de SI/TI das organizações, uma vez que esta é responsável por garantir a comunicação das

diversas aplicações e por sua vez, quando a integração é conseguida com sucesso, criam-se

condições favoráveis ao desenvolvimento da MO:

2.3 Arqui tetura de Informação e Arqui tetura Empresar ia l

Quando se fala de interação de sistemas numa organização surgem dois conceitos, o de

“arquitetura de informação” e o de “arquitetura empresarial”, sendo que o primeiro é uma parte

constituinte do segundo.

Segundo Teixeira e Valentim (2012), é comum associar o objetivo da arquitetura de informação

a uma proposta de uma estrutura organizada de botões que permitem a navegação numa

plataforma e por sua vez, esta visão acaba por restringir a arquitetura de informação a um objetivo

muito limitado, que é o de fornecer apenas condições técnicas.

Os mesmos autores fazem uma analogia entre o conceito geral de arquitetura e o conceito de

arquitetura de informação. Arquitetura tem como definição geral, a concepção de ambientes

habitáveis e por sua vez, o conceito de arquitetura de informação, segundo os autores, vai de

Page 24: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

14

encontro a essa definição com a exceção de que o espaço neste caso não é algo real, mas é algo

que tem de ser utilizado, recorrendo à analogia, tem de ser habitado. O que Teixeira e Valentim

(2012) querem dizer com esta analogia de “habitação” é que os elementos da plataforma, a sua

informação e os seus utilizadores, fazem mais do que comunicar entre si, isto é, eles dão

significado e trocam conhecimentos.

De acordo com os autores Morville e Rosenfeld (2006) a arquitetura de informação (AI) é vista

como a fusão da arte e da ciência no contexto da estruturação de websites ou intranets.

Quando se fala especificamente do contexto organizacional, de acordo com Teixeira e Valenti

(2012), a AI é utilizada para a criação de SI, websites ou repositórios, sendo que no seu resultado

final é esperado que estes útilmos se transformem em ferramentas de apoio na tomada de decisão.

Teixeira e Valenti (2012) referem ainda que a AI contribui para a eficiência na uma gestão de

conhecimento em três níveis: estratégico, tático e operacional. O nível operacional diz respeito ao

registo de tarefas ou atividades que ocorrem diariamente, o nível tático diz respeito ao registo dos

processos de gestão, entre eles, o de decisão a curto prazo, por fim, o nível estratégico diz respeito

ao registo do planeamento das estratégias da organização e do processo de decisão a médio e

longo prazo.

Os autores supracitados, referem que o principal desafio da AI no ambiente organizacional é

fazer uma integração das informações internas e externas, no ambiente digital, simplificando deste

modo a partilha de informação ou conhecimento concebido pelas experiências das pessoas da

organização

A AI é um ponto muito importante quando se fala sistemas de informação no contexto

organizacional, todavia, ela representa apenas parte do que é necessário para a arquitetura de um

sistema de informação. É aqui que surge o conceito de “arquitetura empresarial” (AE).

Segundo Varajão et al. (2013), a arquitetura empresarial é o reflexo dos requisitos de

integração para os processos de negócio e para os sistemas/tecnologias de informação. Uma das

vantagens adjacentes a esta arquitetura é que permite que haja uma visão mais ampla das

necessidades a longo prazo da organização e por sua vez isso evita que se resolvam apenas

necessidades imediatas. É relevante que a organização defina um modelo de operações de modo a

fornecer eficiência aos processos de negócio que tornam possível a entrega de bens ou serviços aos

clientes. Também é recomendado que se defina um modelo de SI/TI que garanta que os projetos

vão de encontro aos objetivos da organização. Este modelo determina as ligações entre as decisões

Page 25: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

15

de topo (como a decisão sobre a prioridade de projetos) e as decisões ao nível da implementação

de projetos individuais.

As organizações normalmente recorrem à arquitetura empresarial usando como motivação os

benefícios financeiros, todavia, existem outros benefícios a ter em consideração, como por exemplo

a superioridade operacional (baixos custos, eficiência), a maior proximidade com os clientes (melhor

capacidade de resposta, relacionamento e conhecimento com o mesmo) ou até mesmo agilidade

estratégica (maior competitividade uma vez que possui maior capacidade de resposta à

concorrência) (Varajão et al. , 2013). Com isto, percebe-se que apesar de uma arquitetura

empresarial representar um caminho longo e difícil para as organizações, acaba por se revelar um

aliado na preservação ou criação da memória organizacional através dos sistemas de informação,

porque possibilita que estes últimos sejam sistemas planeados, estruturados e bem integrados.

Page 26: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

16

3 Disfunções de Memória Organizacional e a sua re lação

com o uso dos Sistemas de Informação

3.1 Disfunções da Memória Organizacional

Apesar de não se descobrir muita literatura a abordar o tema das disfunções da memória

organizacional, é comum encontrar a comparação da memória humana e memória organizacional.

Assim sendo, como disfunções da memória organizacional, serão tidas disfunções que têm vindo a

ser apontadas à memória humana pela área da neurociência, sendo as mesmas: distorções, falsas

memórias, alucinações, perda de memória, incapacidade para aquisição de novas competências e o

défice de atenção.

De acordo com Costa (2011), as distorções abrangem a dificuldade em obter informação. Por

sua vez, as falsas memórias dizem respeito a memórias que são concebidas com o propósito de dar

credibilidade à informação atual. As alucinações correspondem a ideias que são preservadas

mesmo quando são confrontadas com provas de que são errados. A perda de memória representa

a indigência de conhecimento. A incapacidade para aquisição de novas competências diz respeito a

uma maior dificuldade no desenvolvimento de novas aptidões. Por último, o défice de atenção está

relacionado com problemas resultantes da incapacidade de concentrar a atenção em objetos ou

atividades pelo período de tempo necessário à sua adequada compreensão, manipulação e

execução (atividades).

Segundo o autor supracitado, as distorções e a falta de atenção podem refletir-se numa

dificuldade por parte da organização em estar atento a pontos importantes do seu ambiente, por

exemplo seguir as tendências da evolução tecnológica. As distorções ocorrem normalmente quando

na organização não é possível o acesso a informação fiável de experiências passadas. Esta

impossibilidade de acesso à informação faz com que se criem experiências falsas e erros de

interpretação (alucinações); consequentemente, não se criará um ambiente favorável ao processo

de tomada de decisão. Uma outra consequência da falta de acesso a informação fiável traduz-se

numa incapacidade de compreender as experiências passadas e respetivas lições, desse modo, o

reflexo será a incapacidade para aquisição de novas competências. Relativamente ás falsas

memórias, ou perda das mesmas, quando a organização não consegue aceder ás suas memórias

de longo prazo, estas disfunções podem vir a refletir-se numa identidade que não corresponde à

realidade da organização.

Page 27: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

17

3.2 Impl icações no Uso de Sistemas de Informação

As organizações gerem diariamente cada vez mais informação, sendo fundamental o recurso a

ferramentas que possibilitem maior eficiência na gestão dessa informação. Estudos têm vindo a

mostrar ao longo dos anos, que as organizações que conseguem gerir a sua informação para que

mais tarde possam usufruir da mesma, têm melhores resultados. Exemplos de estudos são o de

Walsh e Ungson em 1991 e o de Lehner e Maier em 2000 (apud Costa, 2011).

Existe um conjunto de problemas que justificam o recurso a mecanismos de gestão de

memória organizacional, sendo alguns dos mesmos:

• O tempo desperdiçado pelos colaboradores na procura de informação (Sandro et al. ,

2011 aput Costa, 2011);

• Informação distribuída por vários documentos (Sandro et al. , 2011 apud Costa,

2011);

• Repetição dos erros devido ao não armazenamento e consequente não consideração

de acontecimentos passados (Lehner e Maier, 2000 apud Costa, 2011);

• Falta de qualidade no serviço prestado, como atrasos por exemplo, normalmente

resultado de uma má troca de informação entre os colaboradores (Sandro et al. , 2011

apud Costa, 2011);

• Aparecimento de memórias fragmentadas devido à incapacidade de recuperar

memórias passadas (Xue et al. , 2005 apud Costa, 2011).

Os problemas supracitados indicam disfunções da MO e sublinham a importância do recurso a

métodos ou ferramentas tecnológicas que possibilitem a sua resolução.

Os SI e as aplicações de tecnologias de informação responsáveis por os automatizar são um

dos componentes da memória organizacional, e muitas vezes, com a ineficiente integração dos

dois, perde-se tempo na procura de informações que estão disponíveis em algum lugar da

organização (Costa, 2011).

Deste modo fica claro, segundo Costa (2011), que sem recurso a um sistema de informação

para armazenamento da informação da organização, existe uma enorme perda de tempo na

procura de informação que em determinado momento é necessária. Isto pode gerar um problema

na medida em que além da perda de tempo supracitada, nada garante que a informação será

encontrada.

Page 28: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

18

É necessário que sejam tomadas medidas nas organizações para que o desperdício de tempo

em busca de informações seja menor e que o conhecimento gerado diariamente seja armazenado,

evitando assim que quando um colaborador abandona a organização, o conhecimento que o

mesmo possui não deixe marcas na organização, ou seja, que o seu conhecimento acabe partilhado

por todos a uma curta distância, isto é, com eficiência a nível temporal.

Page 29: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

19

MEMÓRIA ORGANIZACIONAL E SISTEMAS DE INFORMAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO

1 Objeto de estudo

Considerando a relevância das Tecnologias e Sistemas de Informação na implementação de

processos de memória organizacional, torna-se importante investigar em que circunstâncias as

mesmas ajudam a criar uma memória organizacional plenamente funcional ou, por outro lado,

contribuem para o surgimento de disfunções de memória.

Assim, assumimos como objeto de investigação na presente dissertação, o estudo e

aprofundamento do papel dos sistemas de informação na construção da memória organizacional,

focando os locais e intervenientes nestes fenómenos organizacionais.

2 Objet ivos especí f icos

Com vista à operacionalização do objeto anteriormente apresentado, definimos os seguintes

objetivos específicos:

i) Acompanhar a investigação internacional que possa ser relevante para o projeto acima referido,

detetando novos trabalhos que possam reforçar ou rebater as hipóteses do modelo;

ii) Acompanhar o projeto realizado colaborativamente entre a Universidade do Minho e a Universidade

Mackenzie no Brasil (São Paulo) de forma a reutilizar os instrumentos de investigação desenvolvidos

nos estudos de caso a realizar no âmbito desta dissertação;

iii) Entender as perdas de informação e a sua relação com o conhecimento organizacional;

iv) Compreender o papel dos Sistemas de Informação nas funções e disfunções da memória

organizacional através da realização de estudos de caso onde este tema foi abordado através de um

guião de entrevista.

3 Método

3.1 Estudo de caso

O estudo de caso é um método de investigação muito usado para estudar os sistemas de

informação organizacionais. Os estudos de caso têm contribuído para o rigor científico dos estudos.

Page 30: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

20

Autores como Yin (2001) e Stack (2000) têm vindo a contribuir para o desenvolvimento deste

método, procurando o seu aprofundamento, sistematização e credibilização. Deste modo, e

utilizando diferentes fontes de informação, pretende-se descrever o estudo de caso como uma

estratégia de investigação de modo a facilitar a sua compreensão para que se torne possível obter

bases suficientes para poder proceder à sua implementação no âmbito da investigação deste

projeto.

Segundo diferentes autores, os estudos de caso têm origem na investigação médica e psicológica

onde a análise de um determinado problema é feita de modo detalhado a partir de um caso

individual e dessa forma, a dinâmica ou patologia de determinada doença, é explicada. Assim

sendo, presume-se que se pode obter conhecimento de um fenómeno através da análise

aprofundada de um caso (Ventura, 2007).

Apesar de ter tido origem nas áreas de investigação supracitadas, o estudo de caso tornou-

se uma das principais modalidades de investigação qualitativa na área das ciências humanas e

sociais. Atualmente, esta metodologia é adotada na investigação de fenómenos em diversas áreas

de conhecimento e pode ser visto sob a forma de caso clínico, técnica psicoterápica, modalidade de

investigação ou até mesmo metodologia didática (Ventura, 2007).

Tal como existem distintos posicionamentos que descrevem a origem do estudo de caso,

também na literatura surgem contribuições de diferentes autores sobre o significado do mesmo, de

entre os quais se dará enfâse a Yin (2005) e Stake (2000).

De acordo com Yin (2005), o estudo de caso é uma representação da investigação empírica

e compreende um método que abrange a lógica do planeamento, recolha e análise dos dados. Yin

(2005) diz ainda que o estudo de caso pode ser de caso único ou casos múltiplos e pode incluir

abordagens quantitativas e qualitativas.

Segundo Stake (2000), o estudo de caso determina-se pelo interesse em casos individuais e

não pelos métodos de investigação que pode abranger.

Considerando o ponto de vista dos autores supracitados, o estudo de caso como

modalidade de investigação é visto como uma metodologia e desta forma, atribuiu à investigação

um caso específico, delimitado, contextualizado em tempo e lugar (Ventura, 2007). Como foi

anteriormente referido, os estudos de caso podem ser individuais, caso único ou singular, ou podem

ser múltiplos, vários entidades, várias organizações por exemplo. No caso específico desta

investigação, o estudo de caso pode ser classificado como múltiplo.

Page 31: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

21

3.1.1 Estudo de caso como método de invest igação

O estudo de caso debruça-se normalmente sobre um conjunto de questões sobre o ‘como’

e ‘porquê’ do fenómeno a investigar. Uma das características dos estudos de caso é o foco na

recolha informação através de várias fontes. Neste aspeto o investigador tem de ter em

consideração o formato a forma e as tecnologia que utilizará para a recolha de dados (Meirinhos et

al. 2010).

Todos os casos podem ser decompostos em partes e um bom exemplo disso passa por

casos de otimização de sistemas, que se dividem em partes como os identificar limitações, proposta

de soluções, resultados e riscos. Esta organização facilita identificar quais as partes mais relevantes

ou a atribuição de graus de relevância em relação ao caso específico. Neste ponto é onde a revisão

bibliográfica assume um papel crucial, uma vez que permite ter uma noção sobre os casos

semelhantes, permite encontrar fundamentos teóricos e melhorar os argumentos de quem

defendeu o caso.

Gil, defendeu que um estudo de caso não tem uma fórmula específica para a sua

delimitação, mas defende que existem quatro etapas que expõem o seu delineamento sendo as

mesmas: a delimitação da unidade-caso, a recolha de dados, a seleção, análise e interpretação dos

dados e por fim, a elaboração do relatório (Gil 1995 apud Ventura 2007).

A primeira etapa, ou seja, a delimitação da unidade-caso, passa por delimitar a unidade que

forma o caso. Esta fase exige a competência do investigador para perceber quais dados são

suficientes para chegar a conclusões sobre o objeto em estudo. Uma vez que os casos não são

sempre estatísticos é recomendado que se procurem três tipos de casos: caso típicos, extremos e

atípicos. Os casos típicos aparentam ser o tipo ideal, o casos extremos ajudam a ter uma ideia dos

limites onde as variáveis podem oscilar, os casos atípicos servem para perceber as possíveis causas

de desvio.

A segunda etapa, ou seja, a recolha dos dados, é feita normalmente recorrendo a

procedimento quantitativo ou qualitativo: observação, análise de documentos, entrevistas, aplicação

de questionários, entre outros.

A terceira etapa diz respeito à seleção, análise e interpretação dos dados. A seleção dos

dados considera os objetivos da investigação, os limites e um sistema de referências para avaliar

quais possam ser úteis ou não.

Page 32: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

22

A quarta e última etapa representa a elaboração do relatório. Neste deve ficar detalhado

como foram recolhidos os dados, como foram categorizados os mesmos e demonstração da sua

fidedignidade.

Neste estudo de caso será utilizada a entrevista como fonte de recolha de dados. Segundo

Yin (2005) e Stake (2000), esta é uma das fontes de dados mais essenciais e importantes, sendo

tido como uma ótima forma de perceber a variedade de descrições e interpretações que as pessoas

possuem sobre a realidade. Stake (2000) defende que através da entrevista, o investigador tem o

instrumento adequado para recolher essas múltiplas realidades (Meirinhos et al. 2010).

A entrevista é então resumidamente um interação verbal entre o investigador e o

entrevistado, que facultará a informação para posteriormente ser sistematizada e interpretada de

modo a que possam ser extraídas conclusões.

3.2 Grandes fases do estudo

3.2.1 Primeira Fase

Numa primeira fase do estudo,, para a recolha de dados que integrou o estudo quantitativo, o

grupo foi composto por participantes que fossem funcionários utilizadores de Sistemas de

Informação – mesmo que indiferenciados na sua categoria e/ou posto de trabalho – pretendendo-

se recolher informações relativas a aspetos práticos denotados nas suas práticas com os sistemas.

Nesta primeira fase foram enviados aproximadamente 500 emails, dos quais se obtiveram 46

respostas válidas ao inquérito.

3.2.1.1 Survey

Para o estudo quantitativo, o método de recolha de dados utilizado foi o survey. Por sua vez,

um survey é um método de recolha de informação de investigação de forma estruturada e

organizada. Normalmente o seu uso é estimulado pela necessidade de estudar uma determinada

população de grande dimensão, levando à construção de uma base de dados para a análise de

preposições analíticas ou realização de testes de hipóteses (Fellegi, 2010).

O survey define-se como algo muito mais complexo do que a simples elaboração de

questões e obtenção de respostas para a produção de estatísticas. É necessário ter várias etapas

em consideração para a obtenção de conclusões precisas (Fellegi, 2010):

• Determinação dos objetivos da investigação;

Page 33: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

23

• Determinação da amostra;

• Elaboração do questionário de forma a permitir a medição das variáveis relevantes;

• Teste do questionário;

• Realização da recolha da informação empírica;

• Processamento e tabulação da informação empírica;

• Difusão dos resultados.

A execução de um survey decorre ao longo de um ciclo composto por quatro fases, sendo

que a primeira fase passa pelo planeamento de quais os objetivos da investigação, de qual a

metodologia, qual o orçamento e definição de um cronograma de atividade. A segunda fase diz

respeito à concepção e desenvolvimento das etapas de investigação. A terceira fase é a

implementação das etapas de investigação e é durante esta implementação que se procede à

monitorização e medição da qualidade da investigação de modo a garantir que os processos estão a

decorrer como previamente planeados. Na quarta e ultima fase procede-se à revisão e avaliação dos

resultados (Fellegi, 2010).

3.2.1.2 Procedimentoerecolhadedados

Para a recolha de dados, no caso do estudo quantitativo, que assentou num projeto de

cooperação com a Universidade Presbiteriana Mackenzie, do Brasil, o instrumento utilizado passa

por um questionário online disponibilizado às organizações através de um email com o link de

acesso ao mesmo (ver anexo I), usando o método Survey.

Este questionário foi desenvolvido pela equipa de colaboradores onde esta investigação se

insere. Sendo que foi elaborado por investigadores do Brasil e, numa fase posterior, foi enviado à

equipa de Portugal para que se procedesse ao teste, adaptação e melhoria do mesmo. Após a

recolha de algumas sugestões por parte dos investigadores consultados, as mesmas foram

enviadas para os investigadores do Brasil, de modo a que pudessem ser aplicadas no questionário.

O questionário utilizado como instrumento de recolha de dados nesta investigação procura

obter respostas sobre a relação entre o uso de sistemas de informação e a memória organizacional.

O questionário é composto por dezoito questões em que as primeiras oito são no âmbito de

caracterização pessoal e organizacional.

As restantes dez questões são divididas em três partes e apresentadas sempre sob a forma

de afirmações em que é pedido ao participante para avaliar de 0 a 10 de acordo com o seu grau de

Page 34: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

24

concordância com as mesmas. A primeira parte é composta por quatro questões e questiona sobre

a utilização dos sistemas de informação na organização. A segunda parte é composta por apenas

uma questão sobre intensidade de utilização de sistemas de informação na organização. A terceira

e última parte do questionário é composta por cinco questões que abordam por sua vez o resultado

da utilização dos SI’s.

É de salientar que os pressupostos éticos e deontológicos foram salvaguardados, já que o

inquérito é anónimo e não é pedida qualquer identificação pessoal ou da organização. As questões

apenas visam a caracterização do participante e da organização em que se insere.

Assim, procedeu-se ao envio de aproximadamente 500 emails durante o período de Outubro de

2014 a Fevereiro de 2015, onde a amostra contemplou 46 respostas consideradas válidas. Nesta

amostra, 50% dos participantes são pós-graduados, 41% são gestores da organização, 40%

encontram-se na organização há menos de 5 anos e em 43% dos casos, os participantes

pertenciam a uma grande organização.

3.2.2 Segunda Fase

Numa segunda fase do estudo, ou seja, na componente qualitativa, o grupo foi composto

por participantes que fossem coordenadores em organizações de carácter empresarial, sendo que

os mesmos ocupassem posições intermédias, desde que não executivas. Esta opção justifica-se

pela necessidade de recolher narrativas de elementos que, por um lado, seja utilizadores ativos e

não executivos dos SI e, por outro, detenham informação sobre as interações, de forma

representativa, dos funcionários da organização.

Define-se, ainda, como opção amostral, que as organizações empresariais de onde os

participantes provêm, se insiram em grupos de predominância de atuação na área de engenharia;

que sejam empresas de média ou grande dimensão, bem como, os participantes sejam

funcionários com experiência igual ou superior a 5 anos no cargo que ocupam. Devido a limitações

de tempo típicas de um trabalho de mestrado não foi possível efetuar mais do que duas entrevistas,

consequentemente, os entrevistados para a análise qualitativa são dois funcionários de duas

empresas distintas, reunindo-se desta forma informações para a realização de dois estudos de caso.

Page 35: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

25

3.2.2.1 Procedimentoerecolhadedados

No estudo qualitativo, com recurso a entrevistas semiestruturadas, foram feitos contactos via

e-mail a instituições que participaram na parte quantitativa, sendo que foi pedida a colaboração de

participantes segundo o anteriormente definido.

Para efeito, foi usado um guião com entrevista semiestruturada (Anexo II), que avalia as

dimensões apontas no objeto e objetivos do presente estudo, aplicada no local de trabalho dos

participantes, com recurso a gravação áudio e posterior transcrição (Anexo III) para análise de

conteúdo.

3.2.2.2 ÁrvoredeCategorias

A análise qualitativa não foi feita com recurso a nenhum software, foi no entanto, realizada

uma análise de conteúdo com base numa árvore de categorias que define os eixos de análise

pretendidos neste estudo qualitativo.

Os conteúdos foram associados ás categorias e subcategorias em que respetivamente se

enquadravam, tentando deste modo, uma análise com referenciais objetivos que permitem

comparar e analisar transversalmente as duas entrevistas recolhidas.

Seguidamente encontra-se representada a árvore de categorias utilizada para esta análise.

Categor ia I : Caraterização (profissional) do entrevistado

Subcategorias:

1. Funções que exerceu;

2. Funções que exerce atualmente na Organização;

3. Momentos marcantes na carreira;

4. Expectativas profissionais para o futuro;

5. Concretização profissional (definição).

Categor ia I I : Conceções da Organização pelo entrevistado

Subcategorias:

1. Caraterização da dimensão e estrutura da Organização;

2. Potencialidades e limitações percebidas;

3. Análise de participação em estratégias organizacionais;

Page 36: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

26

Categor ia I I I : Memória e conhecimento

Subcategorias:

1. Memória organizacional (definição);

2. Desenvolvimento de conhecimento inserido numa Organização (definição);

2.1. Caso concreto da organização em que se insere;

3. Análise de participação em estratégias organizacionais;

3.1. Participantes;

Categor ia IV: Sistemas de Informação

Subcategorias:

1. Sistemas de Informação (definição);

2. Papel dos SI na Organização em análise;

3. Ferramentas de SI usadas;

4. Benefícios dos SI na Organização;

5. Limitações dos SI na Organização;

6. Utilizadores dos sistemas;

Categor ia V: Interação entre memória organizacional e capital humano

Subcategorias:

1. Memória organizacional como ferramenta para a resolução de problemas;

1.1. Âmbito e impacto;

2. Capital Humano

2.1. Dependência para a Organização;

2.2. Âmbito e impacto;

Categor ia VI : Disfunções de memória organizacional e interação com os SI na organização.

Subcategorias:

1. Identificação de perdas de informação;

2. Identificação de perdas de conhecimento;

3. Interferência dos SI nas perdas

3.1. Âmbito e impacto;

Page 37: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

27

4. Propostas de melhoria para a preservação da memória organizacional;

4.1. Propostas de melhoria para o desenvolvimento dos SI.

Page 38: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

28

4 Anál ise de dados

1 – Do Funcionár io à Organização

Foram feitas questões aos entrevistados que abordavam a Categoria I e II e que visaram

recolher informação sobre a caraterização profissional dos entrevistados e as suas conceções da

organização.

Em relação ao percurso dos entrevistados, ambos os entrevistados começaram por exercer

funções diferentes das que exercem atualmente, sendo que o Entrevistado 1 começou por exercer

funções como programador e 24 anos depois, exerce a função de diretor de suporte. Relativamente

ao Entrevistado 2, o mesmo começou por exercer funções de responsável nos serviços

administrativos pela contabilidade, sendo que 17 anos depois atua numa posição de maior

polivalência. Ambos marcaram como momento mais marcante da carreira a entrada no mundo de

trabalho. No entanto as expectativas profissionais para o futuro de ambos divergem. O Entrevistado

1 tem como perspetiva ajudar a empresa a continuar a crescer, enquanto que o Entrevistado 2 tem

como perspetiva futura a sua própria evolução como profissional.

Em relação à concretização profissional, mais uma vez ambos diferem. O Entrevistado 1

sente-se concretizado, ao passo que o Entrevistado 2 ainda sente que falta percorrer um longo

caminho profissional para que tal sensação seja conquistada.

As duas organizações são médias empresas e ambas têm capacidade para se tornarem as maiores

a nível nacional na área onde atuam.

Na tomada de decisão nas organizações, a palavra de ambos os entrevistado tem

importância, ou seja, ambos são ouvidos nas organizações onde atuam quando é necessário tomar

alguma decisão.

2 – Memória Organizacional e Desenvolv imento do Conhecimento

Foram colocadas questões aos entrevistados que visaram perceber o conceito de MO dos

mesmos, assim como possível contributo da mesma para o desenvolvimento de conhecimento na

organização. De acordo com Conklin (2001), a memória organizacional, é algo que amplia o

conhecimento, por ser capaz de capturar, organizar, divulgar e reutilizar o mesmo criado pelos

membros de uma organização.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas:

Page 39: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

29

Entrevistado 1 – “A gestão do conhecimento vejo que é mais como “o aplicar”, a MO eu vejo

como o repositório onde tenho a informação mas que a qualquer momento posso aceder, ou seja,

se eu fizer de uma forma inteligente, a qualquer momento, ou melhor, na hora do seu registo,

posso não ter conhecimento que de precisarei dela, mas na gestão de conhecimento eu posso vir a

aplicá-la mais tarde. Elas tem de interagir no decorrer do processo.”

Entrevistado 2 – “O desenvolvimento do conhecimento é um processo diário. Nós todos os dias

aprendemos aqui. Posso dizer-lhe que desde 2008 quando foi implementado o SAP, diariamente o

desenvolvimento do conhecimento foi sempre crescendo. Foi-se sempre acrescentando informação,

sempre sempre sempre, até atingir um nível estável. Houve um período de implementação em que

havia pouco conhecimento gerido, um período de cruzeiro em que foi estabilizado, como uma

doença em que é diagnosticada, controlada e estabilizada. No entanto isto nunca está bem, o

software disto é ERP e é muito difícil agradar a toda a gente, porque há coisas como

contrainformações, os que querem e os que não querer, e são limitações que temos todos os dias

de combater. São os inimigos do software. Quem criar a ideia de que consegue implementar isto

sem os “velhos do Restelo” pode esquecer a ideia. Há aquelas pessoas que não gostam de sair da

zona de conforto e isto tira toda a gente da zona de conforto e isso pode tirar postos de trabalho.

O desenvolvimento do conhecimento e a MO cresceram na mesma proporção. Um crescia e o outro

também porque estavam interligados.”

3 – Os Sistemas de Informação e o seu papel na organização

Foram colocadas questões aos entrevistados que visaram entender o conceito de SI tido

pelos mesmo assim como o papel na organização. De acordo com Teixeira e Valentim (2012), os

sistemas de informação providenciam aos gestores uma visão das informações existentes

(produzidas dentro ou fora da organização), e geralmente, quando a organização não integra um

sistema deste género, as informações acabam por se tornarem fragmentadas por sectores. Deste

modo, os sistemas de informação possibilitam a gestão lógica e articulada das informações,

apontando assim para a obtenção de decisões e ações seguras e direcionadas aos objetivos da

organização.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas:

Page 40: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

30

Entrevistado 1 – “O papel dos sistemas nesta organização passa por criar soluções inovadoras

que permite junto dos nossos parceiros, em que eles foquem no seu negócio, e nos possibilite de os

ajudarmos, fornecendo-lhes informação.”

Entrevistado 2 – “Na minha perspetiva, o SI é definir a estratégia, as regras, o papel de cada

um, que é o que muita gente ainda não entendeu aqui, muita gente vê isto como, vê esta nossa

estratégia de crescimento organizado como um inimigo e só muito mais tarde é que percebem que

este é o caminho que temos de seguir.”

4 – Resultados do uso dos Sistemas de Informação

Foram colocadas questões aos entrevistados de modo a que fosse possível entender quais

os benefícios e limitações percebidos pela utilização de SI na organização. Segundo Varajão et al.

(2013), em diversos casos os SI foram, ou ainda são, pouco ágeis e pouco versáteis. O autor refere

ainda que principalmente no que respeita a grandes empresas, os sistemas de informação

tornaram-se ao longo do tempo tão complexos, que em determinados casos, funcionam quase que

por “milagre”, sistemas esses onde qualquer nova funcionalidade é de muito difícil implementação,

um vez que implica a alteração de múltiplos sistemas ligados, o que claramente trará custos muito

significativos. O objetivo foi perceber. A verdade é que a implementação de processos de negócio

normalizados e convenientemente suportados por TI acarretam custos, sobretudo quando a

mudança organizacional está implícita, mas os seus benefícios são vastos, e é aqui que se entende

o papel que um sistemas de informação bem estruturados pode ter numa organização: ambientes

tecnológicos mais simples, redução no custo de operações, maior agilidade e, consequentemente,

maiores vantagens competitivas.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas:

Entrevistado 1 - “Os benefícios são enormes porque cada vez mais há mais partilha da

informação. As limitações desses sistemas muitas das vezes é nunca se chegar a um sistema

global. É a interligação entre eles.

Entrevistado 2 – “O SI na minha perspetiva precisa ser refinado. Ainda é um sistema arcaico. O

SI geral. Nós temos um sistema informático evoluído demais para o tipo de organização informativa

Page 41: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

31

que temos aqui internamente. Isto é, o que eu me apercebi é que muita gente pensava que isto se

ia ajustar à nossa realidade mas isto está mais à frente. A nossa realidade informativa estava muito

atrasada e nós é que temos de ir ajustando. É um sistema ainda pouco evoluído e ainda é preciso

definir alguma estratégias.”

5 – Memória Organizacional e a Part i lha de Informação

Foram colocadas questões aos entrevistados sobre se existia utilização coletiva dos SI e

qual o resultado dessa utilização coletiva. De acordo com Druziani e Catapan (2012), a cultura

organizacional encontra-se expressa em documentos, regras, normas, rotinas e processos

implementados e continuamente aperfeiçoados pela experiência coletiva e significados partilhados

Os erros ou acertos do passado, quando devidamente registados, servem de base à aprendizagem

individual e coletiva, de grande valor para processos de decisão. Aqui fica evidenciada a importância

da participação coletiva para a construção de MO.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas:

Entrevistado 1 – “Todos os colaboradores utilizam o SI. Sim. Tal como referido, todos os

colaboradores participam de uma forma coletiva e como tal verifica-se uma maior comunicação e

partilha de informação.”

Entrevistado 2 – “Toda a gente utiliza o SI. O sistema informático não, mas o SI sim. Porque a

informação circula por toda a gente. Tem de existir participação coletiva. Senão não seria um SI,

seria um sistema de desinformação.”

6 – Memória Organizacional e o Capita l Humano

Foram colocadas questões que procuravam perceber a importância do capital humano para

a consolidação da memória organizacional. Uma organização é constituída por pessoas e desse

modo, as mesmas exercem um papel importante no crescimento da organização. As pessoas são o

principal recurso de uma organização e como tal, acaba por não ser suficiente apenas ter boas

ferramentas de TI e SI, se o capital humano não for capacitado para as utilizar convenientemente.

Page 42: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

32

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas em relação à importância

do capital humano:

Entrevistado 1 –“É bastante elevada porque numa empresa de mais de 1000 pessoas o capital

humano torna-se essencial. Ou seja, se saírem 1000 e entrarem outras 1000 a empresa

desaparece. Por isso os produtos existem mas ao longo destes anos produziram-se muitos

conteúdos, muita informação e por isso será fundamental para o capital humano a utilização dessa

informação. Não apenas do ponto de vista prático mas também para perceber onde e como a

empresa chegou, e penso que aqui se observa uma grande falha da maioria das empresas, ou seja

as empresas vão mais diretamente à reutilização dos conteúdos, talvez por uma questão de

produtividade e eficiência mas admito considero uma falha. Por exemplo, no final do ano a equipa

de marketing faz um vídeo sobre a empresa, não só envolvendo as pessoas ou situações individuais

e nota-se que é algo que deixa marcas. É um factor positivo e de motivação para as pessoas.”

Entrevistado 2 – “Não é a questão da dependência. As pessoas têm a sua própria dependência

uns dos outros mas não podemos medir isso assim. É o capital humano. O mais importante de

uma organização não é o dinheiro, são as pessoas.”

7 – A Memória Organizacional na resolução de problemas

Foram colocadas questões aos entrevistados que remetiam para uma das principais

finalidades da MO, que é a acumulação de soluções encontradas para problemas passados que são

encontrados no contexto organizacional. Na perspetiva dos autores Hatami, Galliers e Huang

(2003), a memória organizacional é uma ferramenta de retenção de conhecimento que possibilita

guardar conhecimento tácito, assim como permite também facultar aos novos colaboradores

conhecimento derivado de experiências passadas da organização.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas relativamente à importância

da MO como indispensável na resolução de problemas:

Entrevistado 1 – “Sim porque muitas das vezes, já passamos por situações e ao longo do

tempo elas vão-se moldando e se calhar aquilo que achamos que é uma certeza, deixou de ser, por

isso o que eu acho é que sempre revisitando certas situações que aconteceram podemos sempre

Page 43: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

33

melhora-las e afina-las. Por isso, reconheço. E aí podemos falar em ferramentas não só na parte

individual (que cada um usa) mas na parte mais coletiva porque cada um de nós pode dar o seu

contributo. Em relação ao grau de impacto acho que tem um impacto grande na resolução de

problemas porque para problemas semelhantes poderão ser resolvidos de uma melhor forma no

futuro.”

Entrevistado 2 - “Considero. Vou dar-lhe um exemplo a nível de software, um dos problemas

que uma empresa tem e vejo isto na parte financeira, passa por conseguir valorizar e conseguir

mencionar os fluxos de custos que existem ao longo do processo. Sem um sistema destes você não

consegue. Eu diria que é impossível. Eu dou-lhe esse exemplo porque acho que é essencial nos dias

de hoje. Muitas empresas, os bancos por exemplo, cometem erros, como num caso muito

conhecido, que é ter muita informação num local só e isso não leva a lado nenhum.”

8 – Disfunções da Memória Organizacional

Foram colocadas questões aos entrevistados que procuravam perceber onde os mesmos

identificavam perdas de informação e conhecimento.

Os entrevistados das organizações declararam as seguintes perspetivas:

Entrevistado 1 – “Perdas de informação que identifico são que por mais que as ferramentas

existam, o facto de estarmos muito focados nas tarefas do dia a dia e nem sempre, digamos, toda

essa informação seja devidamente registada. No entanto há sistemas que se vão aperfeiçoando,

que tentam definir processos e formas de registo.”

Entrevistado 1 – “Devido ás deficiências de registo, muitas das vezes, obviamente a entrada e

saída de pessoas, conferem a certeza de que há por vezes perdas de conhecimento, devido ás

falhas que referimos anteriormente no processo e também devido à troca das pessoas ou alteração,

há alguma perda de conhecimento. “

Entrevistado 2 – “Uma perda de informação que se verificou foi na implementação do sistema.

Não sabíamos o que tínhamos. Era zero! Tudo desconhecido. Mas foi uma perca momentânea

porque nós vamos recuperando isso. Mas de um dia para o outro imagina-se com uma nova

Page 44: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

34

realidade que é ter de implementar um sistema complexo destes. Para quem estava habituado ao

sistema anterior, esta passagem, implica uma perca mental, isto é, as pessoas ficam bloqueada, no

entanto isso estabiliza-se, mas é nesse momento que se sente uma perca de informação. No futuro

este sistema é visto como um aliado e não como um inimigo.”

Entrevistado 2 – “Da minha parte não vejo perdas de conhecimento. Este sistema só veio

enriquecer, eu perdia se tivesse estagnado. Com isto eu ganhei conhecimento. Este software é dos

mais completos a nível mundial, as empresas de TOP tem um sistema da mesma natureza que o

nosso e isso só enfatiza o nosso ganho e preservação de conhecimento. O que tenho aqui é uma

ferramenta que me permite ter, quando bem parametrizada e bem ajustada ás necessidades da

empresa, com isto é meio caminho andado para a tomada de decisão correta com informação de

qualidade sem grandes problemas.”

Os entrevistados foram questionados sobre se consideravam se os SI contribuíam para as perdas

supracitadas, ao que os mesmos declararam as seguintes perspetivas:

Entrevistado 1 – “Podem interferir quando não devidamente utilizados. Se utilizados de modo

eficiente, são uma ótima ferramenta para registar a informação e permitir que a mesma não se

perca.”

Entrevistado 2 – “Interferem se não forem bem feitos. Porque imagine, na minha profissão na

parte de auditoria foram-nos incutidas algumas regras, porque há o risco de perca de informação,

se eu não tiver sistemas de redundância que repliquem esta informação noutros dispositivos, pode

ser muito grave a perda de informação e pode levar ao bloqueio de uma empresa.”

9 – Olhos postos no futuro

Os entrevistados foram questionados sobre propostas de melhoria que possibilitassem uma

melhor preservação da MO na organização, ao qual os mesmos declararam as seguintes

perspetivas:

Entrevistado 1 – “Sim, já existem algumas abordagens recentemente, uma ferramenta que visa

a melhoria da interação pessoal com a organizacional em relação ás ferramentas instituídas pela

Page 45: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

35

empresa. Posso dar um exemplo pessoal: Ao longo do tempo também me apercebo que temos de

ter os nossos próprios sistemas, pode ser uma ferramenta como outra qualquer que utilize mas a

interação com o sistema, com aquilo que cada um faz (é muito individual), no meu exemplo, posso

ter 4 ou 5 atas internas, mas muitas das vezes, a maioria da informação fica no fórum pessoal, e as

ferramentas que existem, como o skype, são incompletas. Precisamos de ferramentas que

informem logo quais as vantagens, objetivos de uma reunião. São ferramentas que atualmente

precisam de melhorar o agendamento. São ferramentas muito pouco exploradas atualmente, mas

que melhorariam imenso este ponto.”

Entrevistado 2 – “Uma empresa deve ter uma boa estratégia de fluxo de informação e deve

estar bem definida e estruturada. Hoje em dia o que acontece é que as empresas cresceram muito

e passamos para uma gestão profissional mas muitas vezes há uma grande dificuldade em

implementar um sistema profissional de informação de forma a que a informação chegue ás

pessoas certas para que as mesmas possam ocupar o lugar delas, porque as pessoas não sabem.

As pessoas vêm um aviso e pensam que é brincadeira, um aviso que é colocado por exemplo, se

precisamos avisar os trabalhadores que amanha é necessário entrar ás 7h da manhã. Atualmente

ainda se põe um papel na parede, e por mim havia de haver uma plataforma qualquer que

permitisse que a informação chegasse em tempo real aos trabalhadores.”

Page 46: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

36

5 Discussão

Em relação ao estudo quantitativo, no que diz respeito aos resultados obtidos relativamente às

funções da memória, decorrentes do uso de sistemas de informação nas organizações, observou-se

que as organizações estão a exercer um uso adequado dos seus sistemas em prol das funções da

memória organizacional, dando especial destaque a aspetos como a consistência da identidade

organizacional, a eficácia nas decisões tomadas pelos gestores, a eficácia na comunicação, assim

como o uso dos sistemas de informação como ferramenta para a criação de inovação e

desenvolvimento da criatividade.

Outro resultado desta primeira fase de estudo foi a constatação de que os resultados

decorrentes do uso dos SI nas funções da MO ocorrem de forma significativa, com destaque para a

eficácia nas decisões e para a consistência da identidade organizacional.

Em relação ao estudo qualitativo, ficou perceptível que em ambos os ambientes

organizacionais, o conceito de MO estava bastante bem compreendido, assim como a importância

da mesma para o desenvolvimento do conhecimento, para a resolução de problemas do contexto

organizacional e a ligação que esta possui com a perpetuação do conhecimento. A MO é tida como

componente vital quando o assunto é a tomada de decisão, indo deste modo de encontro ao que os

autores Druziani & Catapan, (2012) defendem. Nos dois casos analisados, os entrevistados

referiram que todos os colaboradores têm acesso aos sistemas de informação, onde são realizados

os registos de informação e partilhadas outras informações. Com este registo e esta partilha, cria-se

um ambiente favorável ao desenvolvimento da MO e consequentemente, o processo de tomada de

decisão é influenciado de modo positivo.

Percebeu-se que os SI têm um papel muito importante em ambas as organizações e que os

mesmos estão diretamente conectados à MO, assim como ao sucesso das organizações, todavia,

em ambos os ambientes organizacionais sentiu-se que havia ainda alguns impasses na interligação

entre os sistemas de diferentes departamentos e que isso afetava o fluxo de informação, problema

este que já foi tema de reflexão por Varajão et al.(2013), ou seja, a utilização de diferentes

softwares e plataformas em diferentes departamentos, dificulta a comunicação entre os sistemas e

a troca de informação. A referir também, os SI das duas organizações possuem participação

coletiva, isto é, são acedidos por todos os colaboradores. Os entrevistados apontaram ainda que o

capital humano é um ponto fulcral tanto para o SI como para a MO, isto é, ambos admitiram que

com a perda de colaboradores, existiam perdas de conhecimento. Apesar de ser um problema a ter

em consideração (a dependência pelo capital humano), é algo que pode ser minimizado recorrendo

Page 47: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

37

aos SI, ou seja, em ambas as organizações não existem condições para um registo da totalidade de

informação com o qual os colaboradores lidam diariamente na organização, com isto, há sempre

conhecimento que fica retido exclusivamente com determinado colaborador. Se for colmatado o

registo parcial da informação, consegue-se reduzir a dependência pelo capital humano, isto é,

consegue-se minimizar a perda de conhecimento cada vez que um colaborador abandona a

organização. Este problema pode ser reduzido, como sugerido pelo Entrevistado 1, utilizando

ferramentas de registo e comunicação que sejam comuns a todos os departamentos, onde o

colaborador registe tudo o que fez e como procedeu à solução de determinado problema, por

exemplo.

Page 48: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

38

6 Conclusões

Esta investigação teve como propósito responder à questão: Quais são as relações ex istentes

entre das disfunções da Memória organizacional e a ut i l ização dos Sistemas de

Informação?

Na generalidade da análise, foi possível identificar, a ocorrência de Disfunções na Memória

Organizacional nas organizações participantes no estudo, sendo que as principais variáveis

apontadas para a ocorrência dessas disfunções são a perda de informação e conhecimento. Estas

perdas chamam atenção para a importância da utilização dos Sistemas de Informação como

ferramentas de registo, preservação e recuperação de informação e conhecimento organizacional,

algo que não acontece com a totalidade de informação que passa diariamente pelas organizações.

Essa incapacidade do registo de toda a informação diária com o qual os colaboradores lidam, deve-

se essencialmente à falta de ferramentas especificas para tal que sejam comuns a todos os

colaboradores, porque apesar do SI ser de participação coletiva, algumas funções do sistema não

são acessíveis a todos os colaboradores, ou seja, o acesso a determinadas funções do sistema

dependem da posição e do departamento do colaborador na organização. Se forem adoptadas

ferramentas de comunicação, registo e partilha de informação, comuns a todos os colaboradores e

departamentos, o problema da perda de informação e conhecimento, principalmente decorrente da

perda de capital humano, fica minimizado.

Concluiu-se que as disfunções podem ser evitadas com o recurso aos Sistemas de

Informação e é neste aspeto que o investimento das organizações em Sistemas de Tecnologias de

Informação recebem especial destaque, visto que estes sistemas são elementos diretamente

relacionados com o desempenho organizacional, quando devidamente utilizados e geridos, indo

deste modo de encontro ao que os autores Druziani & Catapan, (2012) afirmaram nos seus

estudos. Em relação à utilização dos SI, os entrevistados deram exemplos de boa e má utilização,

ou seja, durante o percurso profissional do Entrevistado 2, o mesmo presenciou organizações que

possuem o SI mas não o sabem utilizar, isto é, tirar partido do mesmo. As informações são

colocadas no sistema, mas devido à falta de formação para lidar com este, surge a incapacidade de

retirar qualquer conclusão das mesmas. Em ambas as organizações dos entrevistados

participantes, os mesmo afirmam que existe uma utilização adequada dos sistemas, ou seja, as

informações são registadas, analisadas, reutilizadas e são tiradas conclusões dessas informações,

ajudando assim no processo de tomada de decisão. No caso especifico do Entrevistado 2,

Page 49: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

39

informações como o custo de produção de determinado produto (CP) é possível saber recorrendo

ao SI e este tipo de informação é crucial para o processo de tomada de decisão.

Esta dissertação pretende ser um contributo para a compreensão do fenómeno que

estudamos, sendo, por isso, um estudo experimental que, agora terminado, leva a uma reflexão

importante para a ciência – as suas mais-valias, limitações, bem como propostas de melhoria para

futuros estudos neste domínio.

Verificamos, neste processo de investigação, que a opção metodológica por utilizar um

estudo quantitativo realizado não especificamente para a presente investigação – pese embora,

tenhamos contribuído no desenvolvimento do mesmo –, verifica-se como uma limitação por não

conseguir, por exemplo, permitir uma análise mais detalhada de algumas características da

Organizações posteriormente estudadas na parte qualitativa. Por outro lado, esta mesma opção foi

também uma mais-valia, já que o estudo quantitativo foi realizado em conjunto com vários

investigadores, com prismas diferenciados e comparativos entre dinâmicas de diferentes países

(Portugal e Brasil) e, sobretudo, permitiu uma revisão de pares do processo, atribuindo-lhe mais

consistência e validade.

Consideramos, assim, que a limitação, foi colmatada, já que a análise mais próxima e

detalhada de conteúdos foi amplificada no estudo qualitativo, acabando por se anular o efeito

limitador.

Ainda, referindo-nos às limitações, apresentamos apenas um estudo de caso de duas

organizações, enquanto proposta aprofundada de análise e atribuição de significados dos dados

quantitativos.

A aplicação de um maior número de entrevistas, nomeadamente, de grupo entre

funcionários de cada uma das organizações, poderá permitir-nos uma recolha de representações do

fenómeno mais expandidas e auto-narradas. Assim, alocamos esta nota como uma proposta para

futuros estudos neste domínio.

Apontamos, ainda, como implicação prática para a futura investigação, a possibilidade de um

estudo onde as organizações participem ativamente no processo de investigação, indicando

situações por elas vivenciadas e de necessário estudo – em contraposto ao recurso às organizações

apenas para recolha de dados para investigações académicas. Ou seja, ao estudar um problema

detetado na/pela organização, há ganho das duas partes, isto é, ganha a organização devido à

proposta de soluções para o seu problema e ganha o investigador pela aquisição de conhecimento.

Page 50: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

40

7 Bibl iograf ia

Almeida, M. B. (2006). Um modelo baseado em ontologias para representação da memória organizacional . Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Programa de Pós Graduação da

Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais .

Alvarenga Neto, R. C. (2005). Gestão do conhecimento em organizações: proposta de mapeamento conceitual integrativo. . Tese (Doutorado em Ciência da Informação) – Programa de Pós Graduação

da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais .

Atwood, M. E. (2002). Organizational Memory Systems: Challeng For Information Technology. In C. o. Technology (Ed.), Proceedings of the 35th Hawaii International Conference on System Sciences (pp. 1-9). Philadelphia: Drexel University.

Cardoso, S. M. (Junho de 2007). O dualismo cultural : os luso-caboverdianos entre a escola a família e a comunidade (estudo de caso). Tese de Doutoramento - Universidade do Minho , 142.

Carneiro, M. F. (2005). Estudo da implementação de práticas de Lições Aprendidas em empresas brasileiras. Revista Mundo PM – Project Management , 1.

Cerante, L. L., & Santos, E. G. (2000). Gestão do conhecimento: Um estudo para facilitar sua implantação nas empresas. Projeto Final de Curso , 109.

Chang, J., Choi, B., & Lee, H. (2004). An organizational memory for facilitating knowledge: an application to e-business architecture. Expert Systems with Applications , 26, 203-215.

Costa, H. J. (Outubro de 2011). A estrutura da Memória Organizacional: Uma nova proposta. Tese

de Mestrado Engenharia e Gestão de Sistemas de Informação , 77.

Dezin, N. K., & Lincoln, Y. S. (2000). The discipline and practice of qualitative research. N. K.

Denzin & Y. S. Lincoln (Eds.). Handbook of qualitative research (Second Edition) , 1-28.

Druziani, C. F., & Catapan, A. H. (2012). A PERCEPÇÃO DA MEMÓRIA ORGANIZACIONAL NO SETOR PÚBLICO DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO. Perspectivas em Gestão & Conhecimento , 2, 97-121.

Fellegi, D. I. (2010). Survey Methods and Practices. Statistics Canada , 8.

Freire, P. d., Benetti Tonani Tosta , K. C., Helou Filho , E. A., & Gilwan da Silva , G. (2012). MEMÓRIA ORGANIZACIONAL E SEU PAPEL NA GESTÃO DO CONHECIMENTO . Revista de Ciências

da Administração , 14 (33), 41-51.

Freitas Junior, O. d. (2003). UM MODELO DE SISTEMA DE GESTÃO DO CONHECIMENTO PARA GRUPOS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO. Tese de Doutorado apresentada ao Programa de

PósGraduação em Engenharia de Produção .

Hatami, A., Galliers, R., & Huang, J. (2003). Exploring the impacts of knowledge (re)use and organizational memory on the effectiveness of strategic decisions: a longitudinal case study . Proceedings of the 36th Hawaii International Conference on System Sciences. .

Meirinhos, M., & Osório, A. (2010). O estudo de caso como estratégia de investigação em educação. EDUSER , 2.

Page 51: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

41

Moresi, E. A., Cruz Junior, P. H., Arnaut, W. L., & Nehme, C. (2009). Memória Organizacional de Comunidades de Prática como Fator de Vantagem Competitiva das Organizações. Organizações &

Sociedade .

MORVILLE, P., & ROSENFELD, L. (2006). Information architecture for the world wide web (Vol. 3). Sebastopol: O’Really .

Olivera, F. (2000). Memory systems in organizations: an empirical investigation of mechanisms for knowledge collection, storage and access. Journal of Management Studies , 37 (6), 811-832.

Periotto, C. (2010). Análise e uso da informação em pequenas empresas de base tecnológica incubadas no pólo tecnológico de São Carlos – SP. Dissertação (Mestrado em Ciência, Tecnologia e

Sociedade) .

Ross, J., Weill, P., & Robertson, D. (2006). Architecture as Strategy, Creating a Foundation for Execution. Harvard Business School Press .

Seabra, F. I. (2010). Ensino Básico: Repercussões da Organização Curricular por Competências na Estruturação das Aprendizagens Escolares e nas Políticas Curriculares de Avaliação. . Tese de

Dissertação - Universidade do Minho , 145-151.

Serapioni, M. (2000). Métodos qualitativos e quantitativos na pesquisa social em saúde: algumas

estratégias para a integração. Obtido em 24 de November de 2014, de Scielo: http://www.scielo.br/pdf/csc/v5n1/7089.pdf

Sousa, R. D., & Rahman, H. (2014). Information Systems and Technology for Organizational Agility,

Intelligence and Resilience. Braga, Portugal: IGI Global.

Stake, R. (2000). Handbook of qualitative research. Newsbury Park: Sage .

Teixeira, T. M., & Valentim, M. L. (2012). ESTRATÉGIAS PARA DISSEMINAÇÃO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL: O PAPEL DA ARQUITETURA DA INFORMAÇÃO . Londrina , 17 (3), 165-180.

Varajão, J., Baptista, J. P., & Moreira, F. (2013). Função Sistemas de Informação nas organizações

– realidade, desafios e oportunidades do uso de arquiteturas empresariais. Universidade do Minho.

Ventura, M. M. (2007). O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa . SOCERJ.

Yin, R. (2005). Estudo de caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman , 2.

Page 52: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

42

8 Anexos

ANEXO I

O link que permite ter acesso ao local onde o questionário se encontra hospedado é o

seguinte: http://webdraw.com.br/gperez/index.php/survey/index/sid/498451/lang/pt.

Seguidamente é apresentado o questionário utilizado na primeira etapa de recolha de dados

(análise quantitativa).

Imagem Descr ição

Caraterização

do

participante.

Caraterização

da

organização.

Page 53: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

43

Análise sobre

o uso dos

sistemas de

informação

na

organização.

(Parte 1)

Análise sobre

o uso dos

sistemas de

informação

na

organização.

(Parte 2)

Page 54: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

44

Análise sobre

o uso dos

sistemas de

informação

na

organização.

(Parte 3)

Análise sobre

o uso dos

sistemas de

informação

na

organização.

(Parte 4)

Page 55: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

45

Análise sobre

a intensidade

de uso dos

sistemas de

informação

na

organização.

Análise sobre a

perspetiva do

participante

relativamente

ao resultado

proveniente do

uso dos

sistemas de

informação na

organização.

(Parte 1)

Análise sobre a

perspetiva do

participante

relativamente

ao resultado

proveniente do

uso dos

sistemas de

informação na

organização.

(Parte 2)

Page 56: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

46

Análise sobre a

perspetiva do

participante

relativamente

ao resultado

proveniente do

uso dos

sistemas de

informação na

organização.

(Parte 3)

Análise sobre a

perspetiva do

participante

relativamente

ao resultado

proveniente do

uso dos

sistemas de

informação na

organização.

(Parte 4)

Análise sobre a

perspetiva do

participante

relativamente

ao resultado

proveniente do

uso dos

sistemas de

informação na

organização.

(Parte 5)

Table 1 - Questionário Online

Page 57: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

47

ANEXO I I

Estruturação do Guião de Entrevista

Dimensões

(Objet ivos Gerais)

Referentes

(Objet ivos Especí f icos)

1ª Dimensão – Caracter ização do

entrevistado

- Informações sobre as funções que exerce

(atuais e passadas), tempo de experiência e

autodefinição do entrevistado;

- Entender as representações sociais que o

entrevistado tem enquanto elemento de um

coletivo Organizacional .

1 – Percurso do funcionár io na

organização

- Quais as funções que o entrevistado exerceu

e exerce na organização?

- Tempo de experiência nas mesmas;

- Quais os momentos que o entrevistado

define como marcantes na sua carreira?

- Expectativas profissionais para o futuro;

- Autodefinição de concretização profissional.

2ª Dimensão – Caracter ização da

Organização pelo Funcionár io

- Definição percebida pelo funcionário

entrevistado sobre a organização onde se

insere;

- Caracterização organizacional.

2 – Perceções da organização pelo

funcionár io

- Conceções de dimensão e estrutura da

Organização;

- Potencialidades e limitações percebidas na

Organização;

- Se o funcionário está a par de possíveis

mudanças na estratégia da organização. Se

sim, como participa nas mesmas?

- Existe participação na tomada de decisões

Page 58: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

48

estratégicas?

- Se sim, quais os intervenientes?

3ª Dimensão – Memória e

conhecimento

- Compreensão da memória organizacional

para o desenvolvimento de conhecimento.

3ª Recolha de def in ições sobre

memória organizacional e

conhecimento

- O que entende o funcionário por memória

organizacional;

- O que entende o funcionário por

desenvolvimento de conhecimento inserido

numa organização;

- Relação de definições dos pontos anteriores.

4ª Dimensão – Sistemas de

informação (def in ição)

- Compreensão e definição de sistemas de

informação.

4 – Conceções sobre s istemas de

informação

- O que entende o funcionário por sistemas de

informação;

- Como define o papel dos sistemas de

informação integrados na Organização.

5ª Dimensão – Apl icação de s istemas

de informação

- Identificar, caracterizar e compreender os

sistemas de informação e respetivos

utilizadores na Organização.

5 – Implementação de Sistemas de

Informação

- Ferramentas de SI: criadas pela própria

Organização ou Externas?

- Benefícios e limitações dos sistemas de

informação implementados;

Page 59: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

49

- Quais os utilizadores dos SI?

- Existe participação coletiva nos SI

implementados?

- Se sim, que resultados? Se não,

qual a razão.

6ª Dimensão – Interação entre

memória organizacional e capita l

humano

- Compreensão da memória organizacional na

resolução de problemas;

- Assertividade organizacional: importância e

dependência do capital humano.

6 – Relação entre capi ta l humano e

desenvolv imento organizacional

- Considera, o funcionário, a memória

organizacional uma ferramenta indispensável

à resolução de problemas?

- De que forma? Com que grau de

impacto?

- A importância atribuída ao capital humano

associa-se à dependência do mesmo?

- De que forma?

7ª Dimensão – Disfunções da

memória organizacional e relação

com os s istemas de informação.

- Entender as perdas de informação e

conhecimento organizacionais;

- Papel dos SI nas disfunções da memória

organizacional.

7 – Ident i f icar as disfunções de

memória organizacional e a interação

com os s istemas de informação.

- Onde identifica, o funcionário, perdas de

informação?

- Onde identifica, o funcionário, perdas de

conhecimento?

- Considera que os SI interferem nas perdas?

Page 60: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

50

- Se sim, De que forma? (importa

referir se negativa ou positivamente)

- Quais as propostas de melhoria apontadas

para a preservação da memória

organizacional e desenvolvimento dos SI?

Table 2 - Estruturação do Guião de Entrevista

Page 61: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

51

ANEXO I I I

ENTREVISTADO 1

I – Investigador

E1 – Entrevistado 1

1 – Percurso do funcionár io na organização

I - Quais as funções que exerceu e exerce nesta organização?

E1 -Eu era estagiário/programador, passando por várias áreas de negócio desde o produto, a

implementação, chegando à função atual de diretor de suporte.

I - Qual é o tempo de experiência nas mesmas?

E1 - Eu estou na organização há 24 anos, e estive 4 a 5 anos em cada função que fui exercendo.

I - Quais os momentos que define como marcantes na sua carreira?

E1 - O inicio, a adaptação. Os dois primeiros anos, isto é, a adaptação no mercado. E saber

ultrapassar as dificuldades e períodos mais difíceis.

I - Pode indicar algumas das suas expectativas profissionais para o futuro?

E1 - Sim, neste momento esta organização passa por um processo de fusão de várias organizações

e quando entrei seriamos 20 ou 30 funcionários apenas. Atualmente somos mais de 1000 e por

isso as minhas espectativas passam por ajudar a organização a evoluir ainda mais.

I - Como define, genericamente, concretização profissional?

E1 - Sinto-me concretizado e o mais importante é que tive sempre desafios e os consegui

ultrapassar e neste momento continua ainda com essa motivação.

2 – Percepções da organização pelo funcionár io

I - Como define em termos de dimensão e estrutura a empresa?

Page 62: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

52

E1 - É uma empresa posicionada como uma das maiores do país na área de tecnologias de

informação.

I - Quais são as principais potencialidades e limitações que entende que existem na empresa?

E1 - As grandes possibilidades serão pegar no “Know How” acumulado desde há muitos anos e

que por isso poderá pegar nessa experiencia e levar a outros mercados, nomeadamente mercados

emergentes e que precisam muito da informatização de processos, em que nos referimos

nomeadamente há america latina e áfrica. As maiores dificuldades serão competir em mercados

mais exigentes e vamos reconhecer que estão mais evoluídos do que nós, nomeadamente uma

parte europeia e américa do norte.

I - Está a par de possíveis mudanças na estratégia da organização? Se sim: Como participa nas

mesmas?

E1 - Sim. A organização neste momento como abriu muitas frentes num passado recente com uma

fusão do interesse da mesma, ou seja, abriu uma empresa para dar vasão aos mercados. Em

termos de estratégia acontece que atualmente há um maior foco em determinadas áreas, sendo

uma delas a área de TI.

I - Participa na tomada de decisões estratégicas da empresa? (Se sim: quais os intervenientes nas

mesmas?)

E1 - Eu sou ouvido, ou seja, digamos na função de direção há frequentemente inquéritos em que

recolhem a opinião de todos os colaboradores e digamos na função, sinto que participo na

estratégia. Sou ouvido.

3ª Recolha de def in ições sobre memória organizacional e conhecimento

I - Como definiria o conceito de memória organizacional?

E1 - Para mim a MO é quase como contar a história da empresa e penso que neste momento as

empresas ainda dão pouco valor a isso, ou seja, a MO passará por aceder à informação tratadas,

porque vamos esquecendo-nos das coisas ao longo da vida, e se as mesmas estiverem registadas

pode ser uma ótima ferramenta para nos relacionarmos não só internamente mas também com o

exterior.

Page 63: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

53

I - O que entende por desenvolvimento de conhecimento inserido numa organização?

E1 - Ou seja, para nós é a gestão de conhecimento. Nós precisamos muito de fazer a gestão de

conhecimento não só para sermos mais produtivos, não só para reutilizar o conhecimento mas

também poderemos melhorar os processos de maneira a que no futuro possamos ser melhores.

I - Relação de definições dos pontos anteriores.

E1 - A gestão do conhecimento vejo que é mais como “o aplicar”, a MO eu vejo como o repositório

onde tenho a informação mas que a qualquer momento posso aceder, ou seja, se eu fizer de uma

forma inteligente, a qualquer momento, ou melhor, na hora do seu registo, posso não ter

conhecimento que de precisarei dela, mas na gestão de conhecimento eu posso vir a aplicá-la mais

tarde. Elas tem de interagir no decorrer do processo.

4 – Concepções sobre s istemas de informação

I - O que entende por sistemas de informação?

E1 - Os SI é o sistema que permite ajudar as organizações a melhorarem os seus processos e que

poderá ser automatizado ou não.

I - Defina o papel dos sistemas de informação integrados na empresa onde trabalha.

E1 - O papel dos sistemas nesta organização passa por criar soluções inovadoras que permite junto

dos nossos parceiros, em que eles foquem no seu negócio, e nos possibilite de os ajudarmos,

fornecendo-lhes informação.

5 – Implementação de Sistemas de Informação

I - As ferramentas de SI na empresa em que trabalha foram criadas internamente ou são externas?

- Se externas quais?

E1 - Há das duas mas a maioria são ferramentas internas, nomeadamente portais, intranets. Como

empresa de TI, acabamos por desenvolver grande parte das ferramentas, todavia pode haver outras

ferramentas mas na parte de ERP’s.

Page 64: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

54

I - Quais são os benefícios e limitações que reconhece nos sistemas de informação implementados?

E1 - Os benefícios são enormes porque cada vez mais há mais partilha da informação. As limitações

desses sistemas muitas das vezes é nunca se chegar a um sistema global. É a interligação entre

eles.

I - Quem são os utilizadores dos SI?

E1 - Todos os colaboradores.

I - Existe participação coletiva nos SI implementados?

- Se sim: que resultados?

- Se não, qual a razão?

E1 - Sim. Tal como referido, todos os colaboradores participam de uma forma coletiva e como tal

verifica-se uma maior comunicação e partilha de informação.

6 – Relação entre capi ta l humano e desenvolv imento organizacional

I - Considera a memória organizacional uma ferramenta indispensável à resolução de problemas?

- De que forma? Com que grau de impacto?

E1 - Sim porque muitas das vezes, já passamos por situações e ao longo do tempo elas vão-se

moldando e se calhar aquilo que achamos que é uma certeza, deixou de ser, por isso o que eu

acho é que sempre revisitando certas situações que aconteceram podemos sempre melhora-las e

afina-las. Por isso, reconheço. E aí podemos falar em ferramentas não só na parte individual (que

cada um usa) mas na parte mais coletiva porque cada um de nós pode dar o seu contributo.

Em relação ao grau de impacto acho que tem um impacto grande na resolução de problemas

porque para problemas semelhantes poderão ser resolvidos de uma melhor forma no futuro.

I - A importância atribuída ao capital humano associa-se à dependência do mesmo?

- De que forma?

E1 - É bastante elevada porque numa empresa de mais de 1000 pessoas o capital humano torna-se

essencial. Ou seja, se saírem 1000 e entrarem outras 1000 a empresa desaparece. Por isso os

produtos existem mas ao longo destes anos produziram-se muitos conteúdos, muita informação e

Page 65: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

55

por isso será fundamental para o capital humano a utilização dessa informação. Não apenas do

ponto de vista prático mas também para perceber onde e como a empresa chegou, e penso que

aqui se observa uma grande falha da maioria das empresas, ou seja as empresas vão mais

diretamente à reutilização dos conteúdos, talvez por uma questão de produtividade e eficiência mas

admito considero uma falha. Por exemplo, no final do ano a equipa de marketing faz um vídeo

sobre a empresa, não só envolvendo as pessoas ou situações individuais e nota-se que é algo que

deixa marcas. É um factor positivo e de motivação para as pessoas.

7 – Ident i f icar as disfunções de memória organizacional e a interação com os

s istemas de informação.

I - Onde identifica perdas de informação?

E1 - Perdas de informação que identifico são que por mais que as ferramentas existam, o facto de

estarmos muito focados nas tarefas do dia a dia e nem sempre, digamos, toda essa informação

seja devidamente registada. No entanto há sistemas que se vão aperfeiçoando, que tentam definir

processos e formas de registo.

I - Onde identifica perdas de conhecimento?

E1 - Devido ás deficiências de registo, muitas das vezes, obviamente a entrada e saída de pessoas,

conferem a certeza de que há por vezes perdas de conhecimento, devido ás falhas que referimos

anteriormente no processo e também devido à troca das pessoas ou alteração, há alguma perda de

conhecimento.

I - Considera que os SI interferem nas perdas?

- Se sim, De que forma? (importa referir se negativa ou positivamente)

E1 - Podem interferir quando não devidamente utilizados. Se utilizados de modo eficiente, são uma

ótima ferramenta para registar a informação e permitir que a mesma não se perca.

I - É-lhe possível apontar propostas de melhoria para a preservação da memória organizacional e

desenvolvimento dos SI?

E1 - Sim, já existem algumas abordagens recentemente, uma ferramenta que visa a melhoria da

interação pessoal com a organizacional em relação ás ferramentas instituídas pela empresa. Posso

dar um exemplo pessoal: Ao longo do tempo também me apercebo que temos de ter os nossos

Page 66: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

56

próprios sistemas, pode ser uma ferramenta como outra qualquer que utilize mas a interação com o

sistema, com aquilo que cada um faz (é muito individual), no meu exemplo, posso ter 4 ou 5 atas

internas, mas muitas das vezes, a maioria da informação fica no fórum pessoal, e as ferramentas

que existem, como o skype, são incompletas. Precisamos de ferramentas que informem logo quais

as vantagens, objetivos de uma reunião. São ferramentas que atualmente precisam de melhorar o

agendamento. São ferramentas muito pouco exploradas atualmente, mas que melhorariam imenso

este ponto.

ENTREVISTADO 2

I – Investigador

E2 – Entrevistado 2

1 – Percurso do funcionár io na organização

I - Quais as funções que exerceu e exerce nesta organização?

E2 - Eu exerci e exerço funções de responsável no serviços administrativos pela contabilidade e

depois há uma parte de polivalência que tem a ver com a parte da gestão de particulares, gestão

financeira, gestão de imóveis, gestão de compras, gestão de recursos. Tudo o que tem a ver com o

controlo.

I - Qual é o tempo de experiência nas mesmas?

E2 - Entre 12 a 17 anos mais ou menos.

I - Quais os momentos que define como marcantes na sua carreira?

E2 - A entrada na faculdade, a saída da faculdade. Foi aí que a minha vida levou a maior reviravolta.

Podemos acrescentar depois o contacto com o mundo do trabalho.

I - Pode indicar algumas das suas expectativas profissionais para o futuro?

Page 67: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

57

E2 - Ser uma profissional reconhecido, evoluir como profissional e ser cada vez melhor como

profissional, fazer valer as minhas capacidades e mostrar que tenho valor no mercado.

I - Como define, genericamente, concretização profissional?

E2 - Ainda estou muito longe. Estou a metade do caminho de me sentir completamente

concretizado profissionalmente.

2 – Percepções da organização pelo funcionár io

I - Como define em termos de dimensão e estrutura a empresa?

E2 - É uma média empresa.

I - Quais são as principais potencialidades e limitações que entende que existem na empresa?

E2 - É uma empresa com muito potencial de crescimento. É uma empresa que pode vir facilmente,

com uma boa estratégia, a tornar-se a maior empresa do sector nacional. As limitações neste

momento passam por algumas indefinições na gestão.

I - Está a par de possíveis mudanças na estratégia da organização? Se sim: Como participa nas

mesmas?

E2 - Sim. Sempre que me é pedido, manifesto a minha opinião.

I - Participa na tomada de decisões estratégicas da empresa?

- Se sim: quais os intervenientes nas mesmas?

E2 - Participo em determinados casos.

3ª Recolha de def in ições sobre memória organizacional e conhecimento

I - Como definiria o conceito de memória organizacional?

Page 68: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

58

E2 - A memória organizacional da minha perspetiva, porque eu tive contato com dois mundos, eu

tive contato com uma organização que tinha uma memória organizacional pobre ou nula, passei

então de um extremo de 8 para 80, porque passei para uma organização onde temos uma

memória organizacional completa, complexa, difícil de implementar mas que traz hoje algum

conforto. A memória organizacional, como eu entendo, na minha perspetiva, deve ser uma

ferramenta de trabalho para a tomada de decisão que deve ter uma informação de qualidade e em

tempo oportuno. E deve ser de acesso o mais simplificado possível. Hoje em dia é porque nós não

somos informáticos, somos utilizadores, se o software for uma coisa extremamente complicada,

também não é grande apoio, portanto tem de ser o mais intuitivo possível dentro da nossa área e

que produza informação em tempo oportuno para a tomada de decisão. A memoria organizacional

é importante em todos os aspetos para a tomada de decisão. É impossível conseguir decidir algo

com base em números dispersos. A informação precisa estar tratada para ser uma ajuda.

I - O que entende por desenvolvimento de conhecimento inserido numa organização?

E2 - O desenvolvimento do conhecimento é um processo diário. Nós todos os dias aprendemos

aqui. Posso dizer-lhe que desde 2008 quando foi implementado o SAP, diariamente o

desenvolvimento do conhecimento foi sempre crescendo. Foi-se sempre acrescentando informação,

sempre sempre sempre, até atingir um nível estável. Houve um período de implementação em que

havia pouco conhecimento gerido, um período de cruzeiro em que foi estabilizado, como uma

doença em que é diagnosticada, controlada e estabilizada. No entanto isto nunca está bem, o

software disto é ERP e é muito difícil agradar a toda a gente, porque há coisas como

contrainformações, os que querem e os que não querer, e são limitações que temos todos os dias

de combater. São os inimigos do software. Quem criar a ideia de que consegue implementar isto

sem os “velhos do Restelho” pode esquecer a ideia. Há aquelas pessoas que não gostam de sair da

zona de conforto e isto tira toda a gente da zona de conforto e isso pode tirar postos de trabalho.

I - Relação de definições dos pontos anteriores.

E2 - O desenvolvimento do conhecimento e a MO cresceram na mesma proporção. Um crescia e o

outro também porque estavam interligados.

Page 69: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

59

4 – Concepções sobre s istemas de informação

I - O que entende por sistemas de informação?

E2 - Para mim um SI não é só o software. O software é uma das ferramentas do sistema de

informação. O SI é um processo que existe dentro da empresa. Digamos que é o processo de

circulação de informação dentro da empresa. A tomada de decisão, o software, a forma como a

estratégia é implementada na organização. O SI inclui isto tudo. A contrainformação que está no

sistema, tudo isso inclui o SI. É um processo muito complexo. Se eu quisesse definir o nosso

sistema de informação, perderíamos imenso tempo porque teria de detalhar muitos sectores e

estaríamos aqui até à noite ou até amanhã.

I - Defina o papel dos sistemas de informação integrados na empresa onde trabalha.

E2 - Na minha perspetiva, o SI é definir a estratégia, as regras, o papel de cada um, que é o que

muita gente ainda não entendeu aqui, muita gente vê isto como, vê esta nossa estratégia de

crescimento organizado como um inimigo e só muito mais tarde é que percebem que este é o

caminho que temos de seguir.

5 – Implementação de Sistemas de Informação

I - As ferramentas de SI na empresa em que trabalha foram criadas internamente ou são externas?

E2 - São externas.

I - Quais são os benefícios e limitações que reconhece nos sistemas de informação implementados?

E2 - O SI na minha perspetiva precisa ser refinado. Ainda é um sistema arcaico. O SI geral. Nós

temos um sistema informático evoluído demais para o tipo de organização informativa que temos

aqui internamente. Isto é, o que eu me apercebi é que muita gente pensava que isto se ia ajustar à

Page 70: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

60

nossa realidade mas isto está mais à frente. A nossa realidade informativa estava muito atrasada e

nós é que temos de ir ajustando. É um sistema ainda pouco evoluído e ainda é preciso definir

alguma estratégias.

I - Quem são os utilizadores dos SI?

E2 - Toda a gente. O sistema informático não, mas o SI sim. Porque a informação circula por toda a

gente.

I - Existe participação coletiva nos SI implementados?

E2 - Tem de existir. Senão não seria um SI, seria um sistema de desinformação.

6 – Relação entre capi ta l humano e desenvolv imento organizacional

I - Considera a memória organizacional uma ferramenta indispensável à resolução de problemas?

- De que forma? Com que grau de impacto?

E2 - Considero. Vou dar-lhe um exemplo a nível de software, um dos problemas que uma empresa

tem e vejo isto na parte financeira, passa por conseguir valorizar e conseguir mencionar os fluxos de

custos que existem ao longo do processo. Sem um sistema destes você não consegue. Eu diria que

é impossível. Eu dou-lhe esse exemplo porque acho que é essencial nos dias de hoje. Muitas

empresas, os bancos por exemplo, cometem erros, como num caso muito conhecido, que é ter

muita informação num local só e isso não leva a lado nenhum.

I - A importância atribuída ao capital humano associa-se à dependência do mesmo?

- De que forma?

Page 71: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

61

E2 - Não é a questão da dependência. As pessoas têm a sua própria dependência uns dos outros

mas não podemos medir isso assim. É o capital humano. O mais importante de uma organização

não é o dinheiro, são as pessoas.

7 – Ident i f icar as disfunções de memória organizacional e a interação com os

s istemas de informação.

I - Onde identifica perdas de informação?

E2 - Uma perda de informação que se verificou foi na implementação do sistema. Não sabíamos o

que tínhamos. Era zero! Tudo desconhecido. Mas foi uma perca momentânea porque nós vamos

recuperando isso. Mas de um dia para o outro imagina-se com uma nova realidade que é ter de

implementar um sistema complexo destes. Para quem estava habituado ao sistema anterior, esta

passagem, implica uma perca mental, isto é, as pessoas ficam bloqueada, no entanto isso

estabiliza-se, mas é nesse momento que se sente uma perca de informação. No futuro este sistema

é visto como um aliado e não como um inimigo.

I - Onde identifica perdas de conhecimento?

E2 - Da minha parte não vejo perdas de conhecimento. Este sistema só veio enriquecer, eu perdia

se tivesse estagnado. Com isto eu ganhei conhecimento. Este software é dos mais completos a nível

mundial, as empresas de TOP tem um sistema da mesma natureza que o nosso e isso só enfatiza o

nosso ganho e preservação de conhecimento. O que tenho aqui é uma ferramenta que me permite

ter, quando bem parametrizada e bem ajustada ás necessidades da empresa, com isto é meio

caminho andado para a tomada de decisão correta com informação de qualidade sem grandes

problemas.

I - Considera que os SI interferem nas perdas?

- Se sim, De que forma? (importa referir se negativa ou positivamente)

E2 - Interferem se não forem bem feitos. Porque imagine, na minha profissão na parte de auditoria

foram-nos incutidas algumas regras, porque há o risco de perca de informação, se eu não tiver

Page 72: Marta Andreia Oliveira Ferreira As Disfunções Da Memória ... · relação com o uso dos Sistemas de Informação. Na segunda parte encontra-se como supracitado, o estudo de caso.

62

sistemas de redundância que repliquem esta informação noutros dispositivos, pode ser muito grave

a perda de informação e pode levar ao bloqueio de uma empresa.

I - É-lhe possível apontar propostas de melhoria para a preservação da memória organizacional e

desenvolvimento dos SI?

E2 - Uma empresa deve ter uma boa estratégia de fluxo de informação e deve estar bem definida e

estruturada. Hoje em dia o que acontece é que as empresas cresceram muito e passamos para

uma gestão profissional mas muitas vezes há uma grande dificuldade em implementar um sistema

profissional de informação de forma a que a informação chegue ás pessoas certas para que as

mesmas possam ocupar o lugar delas, porque as pessoas não sabem. As pessoas vêm um aviso e

pensam que é brincadeira, um aviso que é colocado por exemplo, se precisamos avisar os

trabalhadores que amanha é necessário entrar ás 7h da manhã. Atualmente ainda se põe um papel

na parede, e por mim havia de haver uma plataforma qualquer que permitisse que a informação

chegasse em tempo real aos trabalhadores.