Marco297

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marco LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas jornal Com o sonho de ser campeão da Libertadores pelo Atlético, Gilberto Silva diz que o fim da carreira está perto, mas não definiu data. Página 16 Fundadora da ONG Harmonia de Viver, a inglesa Judy Robbe há 24 anos ajuda pessoas portadoras de Alzhaimer em BH. Página 13 O excesso de veículos nas ruas reflete no aumento de carros apreendidos e abandonados no pátio do Detran-MG, que chegam a 80 por dia. Página 8 Maio • 2013 Ano 41 • Edição 297 NATHÁLIA PEREIRA JULIANA SILVEIRA RAQUEL DUTRA PRECARIEDADE E DESCASO NO METRÔ DE BELO HORIZONTE nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãone nestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãonestaediçãone Projeto vigente desde 2008 na Câmara Municipal de Belo Horizonte, iniciativa tornou-se referência para outras experiências em Minas Gerais e em outros estados no Brasil. A proposta visa a for- mação de cidadãos mais conscientes e atuantes em suas escolas e comunidades. Os 41 vereadores mirins, com mandato de um ano, reúnem-se men- salmente no plenário para discutir ideias, aprender leis e fazer propostas sobre temas relavantes para a sociedade. Página 15 Câmara Mirim de Vereadores em BH tem caráter pedagógico Enfrentar obstáculos e vencê-los faz parte do cotidiano de um grupo de pessoas, moradores de Belo Hori- zonte, que possui algum tipo de defi- ciência física ou mental. Elas desco- briram no esporte mais do que uma oportunidade de inclusão, uma forma de superar desafios sempre com muita determinação. São atletas de modalidades diferentes e que con- seguem resultados expressivos. Página 14 Esporte ajuda deficientes físicos a superar desafios O acesso ao sistema metroviário de Belo Horizonte gera preocupações aos usuários, que reclamam das más condições de passarelas e vias próximas. Risco de assaltos, presença de usuários de drogas e falta de estrutura dos locais, que contêm esgoto a céu aberto e passeios depredados, são alguns dos problemas. Página 7 Famílias ficam obrigadas a esperar por vagas em Umeis Mesmo com grande número de unidades, a deman- da por vagas na Região Nordeste é grande e famílias anseiam por novas instalações. Crianças entre zero e cinco anos preenchem listas de espera. No bairro São Gabriel, as duas unidades estão lotadas e a comunidade espera por novas. A Secre- taria Municipal de Educação afirma que estão sendo realizados novos projetos, que são previstos para serem entregues até 2016. Página 6 Barulho contínuo gerado por helicópeteros utilizados por escolas de aprendiza- gem do Aeroporto Carlos Prates, na Região Noroeste, é motivo de reclamação nas comunidades do entorno. Página 3 Helicópteros perturbam moradores RAQUEL DUTRA VICTOR RINALDI RAQUEL DUTRA

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Jornal Marco, edição 297

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marcoLaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas•LaboratóriodeJornalismodaFaculdadedeComunicaçãoeArtesdaPucMinas

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Com o sonho de sercampeão da Libertadorespelo Atlético, GilbertoSilva diz que o fim dacarreira está perto, masnão definiu data. Página 16

Fundadora da ONGHarmonia de Viver, ainglesa Judy Robbe há24 anos ajuda pessoasportadoras de Alzhaimerem BH. Página 13

O excesso de veículos nasruas reflete no aumentode carros apreendidos eabandonados no pátio doDetran-MG, que chegama 80 por dia. Página 8

Maio • 2013Ano 41 • Edição 297

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Projeto vigente desde 2008 na Câmara Municipalde Belo Horizonte, iniciativa tornou-se referênciapara outras experiências em Minas Gerais e emoutros estados no Brasil. A proposta visa a for-mação de cidadãos mais conscientes e atuantes emsuas escolas e comunidades. Os 41 vereadoresmirins, com mandato de um ano, reúnem-se men-salmente no plenário para discutir ideias, aprenderleis e fazer propostas sobre temas relavantes para asociedade. Página 15

Câmara Mirim deVereadores em BH tem caráter pedagógico

Enfrentar obstáculos e vencê-losfaz parte do cotidiano de um grupode pessoas, moradores de Belo Hori-zonte, que possui algum tipo de defi-ciência física ou mental. Elas desco-briram no esporte mais do que umaoportunidade de inclusão, uma formade superar desafios sempre commuita determinação. São atletas demodalidades diferentes e que con-seguem resultados expressivos.

Página 14

Esporte ajuda deficientes físicos a superar desafios

O acesso ao sistema metroviário deBelo Horizonte gera preocupações aosusuários, que reclamam das máscondições de passarelas e vias próximas.Risco de assaltos, presença de usuários dedrogas e falta de estrutura dos locais, quecontêm esgoto a céu aberto e passeiosdepredados, são alguns dos problemas.Página 7

Famílias ficam obrigadas aesperar por vagas em UmeisMesmo com grande número de unidades, a deman-

da por vagas na Região Nordeste é grande e

famílias anseiam por novas instalações. Crianças

entre zero e cinco anos preenchem listas de espera.

No bairro São Gabriel, as duas unidades estão

lotadas e a comunidade espera por novas. A Secre-

taria Municipal de Educação afirma que estão

sendo realizados novos projetos, que são previstos

para serem entregues até 2016. Página 6

Barulho contínuo geradopor helicópeteros utilizadospor escolas de aprendiza-gem do Aeroporto CarlosPrates, na Região Noroeste,é motivo de reclamação nascomunidades do entorno.Página 3

Helicópteros perturbam moradores

RAQUEL DUTRA

VICTOR RINALDI

RAQUEL DUTRA

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2 ComunidadeMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

jornal marcoJornal Laboratório da Faculdade de Comunicação e Artes da PUC Minas www.pucminas.br . e-mail: [email protected]

Rua Dom José Gaspar, 500 . CEP 30.535-610 Bairro Coração Eucarístico Belo Horizonte Minas Gerais Tel: (31)3319-4920

Sucursal Puc Minas São Gabriel: Rua Walter Ianni, 255 CEP 31.980-110 Bairro São Gabriel Belo Horizonte MG Tel:(31)3439-5286

Diretora da Faculdade de Comunicação e Artes: Prof ª. Glória Gomide Chefe de Departamento: Prof. Ércio do Carmo Sena CardosoCoordenador do Curso de Jornalismo: Prof. Francisco BragaCoordenadora do Curso de Comunicação / São Gabriel: Prof ª. Alessandra GirardiCoordenador do Curso de Jornalismo (São Gabriel): Prof. Jair Rangel

Editor: Prof. Fernando Lacerda Subeditores: Profª. Júnia Miranda e Prof. João Carlos Firpe PennaEditor Gráfico: Prof. José Maria de Morais

Monitores de Jornalismo: Ana Júlia Goulart, Carolina Sanches, Gabrielle Assis,Ígor Passarini, Joana Aragão, Letícia Carvalho, Victor RinaldiMonitora de Fotografia: Raquel Dutra, Raquel GontijoMonitor de Diagramação: Thiago AntunesMonitora de Revisão: Priscila Evangelista

CTP e Impressão: Fumarc . Tiragem: 12.000 exemplares

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LETICIA CARVALHO

5º PERÍODO

Todos nós, em algum momento da vida, recla-

mamos e não damos valor ao que temos e somos.

Muitas vezes, precisamos nos deparar com o sofri-

mento alheio e ver que a vida é boa demais para

colocarmos empecilhos para sermos felizes.

Quando vemos histórias como a de Davi, José,

Michelli e Rosana, portadores de deficiência física

que se aliaram ao esporte para romper as tristes

barreiras do preconceito, percebemos que dá para

minimizar as coisas ruins da vida e transformá-las

em vitórias ou motivos de felicidade.

Todos os dias, ao nosso redor, presenciamos pessoas

mau humoradas por pouca coisa, que só pensam

em dinheiro e no próprio umbigo. Ações nobres

são cada vez mais raras, mas ainda existem. A

prova disso está na determinação da inglesa Juddy

Robbe, que auxilia e orienta, solidariamente, aque-

les que convivem e cuidam de pessoas com distúr-

bio de memória. São atitudes como a de Juddy que

nos fazem ter esperança para superar as barreiras

e problemas que a vida nos impõe.

Por falar em problemas, o MARCO, sempre preocu-

pado em abordar assuntos de interesse das comu-

nidades, publica, nesta edição, matéria sobre os

belorizontinos que passam por transtornos no sis-

tema metroviário da cidade. Fica claro, o exemplo

para aqueles, que assim como o técnico em meio

ambiente Bruno Luiz Carneiro, se sentem inseguros

e insatisfeitos com a falta de infraestrutura aos

acessos das estações na capital e Região

Metropolitana .

Inúmeros são os problemas que circundam as

estações, e, mesmo assim, as melhorias andam a

passos lentos. São moradores das comunidades que

poluem e não exercem seu papel de cidadão e

obras referentes às regiões que são adiadas todos

os dias. E assim o tempo passa, as soluções dos

problemas ficam para depois e os usuários e

moradores continuam a vida, mesmo que insatis-

feitos.

Apesar de presenciarmos, em muitas situações, o

descuido da população com a cidade, as associ-

ações de bairro, junto com seus moradores, se

reúnem para resolver os problemas existentes no

local. As entidades, que fazem intermediações

entre bairro e prefeitura, ajudam, nesse sentido, a

propor melhorias para as comunidades. Por isso,

depois de todas essas palavras, voltamos a falar de

esperança. É ela que conduz a vida de todos nós, a

vida de Davi, José, Michelli e Rosana, que, por mais

percalços que eles tiveram durante a vida, nunca

desistiram de seguir em frente.

Para a vida ficar maisfeliz, basta querer

editorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialeditorialEDITORIAL

expedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteexpedienteEXPEDIENTE

ASSOCIAÇÕES DE BAIRROLUTAM POR MELHORIASEntidades dão voz aos moradores e criam um canal entre a comunidade e o município para ajudar a resolver problemas

Iracy Firmino da Silva, presidente da Associação de Moradores e Amigos do Bairro Coração Eucarístico, busca melhorias para o bairro

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SÉRGIO EDUARDO MARQUES2º PERÍODO

Em todo Brasil, ao longodo processo de urbanização,moradores se uniram embusca de soluções para osproblemas e melhorias parasuas respectivas comu-nidades, criando as cha-madas Associações deMoradores. Segundo aConfederação Nacional dasAssociações de Moradores(Conam), as entidadescomunitárias são um fiocondutor entre os mora-dores e órgãos públicos. "Asassociações devem procurarmelhorias para a qualidadede vida de seus associadosem geral, defendendo-os,organizando-os e desenvol-vendo trabalho social juntoaos idosos, jovens e cri-anças, distribuindo aosmesmos, gratuitamente,benefícios alcançados juntoaos órgãos municipais,estaduais, federais e naIniciativa Privada", afirma oestatuto da Confederação,elaborado em 1982.

Vários bairros de BeloHorizonte possuem umaassociação de moradoresque luta há anos por melho-rias em sua comunidade.De acordo com IracyFirmino da Silva, presidenteda Associação de Mora-

dores e Amigos do BairroCoração Eucarístico, a enti-dade surgiu no período emque uma série de problemasrondava o bairro. "Tínha-mos problemas de con-dução, infraestrutura, sane-amento básico, entre ou-tros. A população, à época,comparecia em massa paradiscutir sobre o que fazer,então criamos essa associ-ação para tentar resolveresses problemas", conta.

A associação estuda osproblemas da comunidade eencaminha pedidos para aPrefeitura, como a poda deárvores e melhorias nasinalização da Avenida daRessaca, uma das maismovimentadas do bairro.Como grande parte dessasentidades ela procuraresolver os problemas queafetam, de maneira geral, amaioria dos moradores dobairro, porém, isso nemsempre é possível. "Atual-mente, nós encaminhamosalguns problemas para osórgãos públicos, através deofícios, mas dificilmentesomos atendidos", avalia.

Outra Associação demoradores que se destacana região é a Amabadoc, doBairro Dom Cabral, queelegeu, no dia 24 de março,seus novos representantespara o biênio 2013-2015. Aúnica chapa – formada por

presidente, vice-presidente,dois secretários, dois tesou-reiros, uma diretora culturale um diretor de esportes –assume o posto comgrandes desafios pela frente.Para Maurício Antônio deSales, presidente da associ-ação, um dos principaisproblemas enfrentados pelacomunidade e uma dasmaiores preocupações daentidade é a quadra deesportes, que se encontradeteriorada. "Em novembrodo ano passado repassamosum orçamento para aPrefeitura para a reformadas quadras e dos vestiários,com fotos mostrando a situ-ação de cada caso, mas atéhoje não tivemos resposta",declara.

Morador antigo do bair-ro, Castelo WartenbergFernandes Ursine avaliacomo indispensável as açõesda Amabadoc, porém, con-corda que o bairro aindaprecisa de melhorias. "Apraça e a quadra de esportesse encontram em estado decalamidade, minha mãe eminha filha já se aciden-taram aqui", relembra ofuncionário público.

Seguindo essa mesmalinha de instituições repre-sentativas de bairro, aAssociação Comunitária doPlanalto e Adjacências(ACPAD) batalha por uma

causa nobre na RegiãoNorte de Belo Horizonte: apreservação da Mata doPlanalto, última área verderemanescente da MataAtlântica. Os moradoreslutam contra o desmata-mento do local para a cons-trução civil. SegundoMagali Ferraz Trindade,presidente da entidade, aMata do Planalto é deextrema importância para aregião, contribuindo com oar puro, a contenção dechuva e por abrigar diversasespécies de animais e vege-tais com risco de extinção.

O Ministério Público,por meio de LucianoDadini, já encaminhou aoprefeito e ao Coman duasrecomendações para a nãoconstrução do empreendi-mento na área verde e apopulação segue firme naproteção do local. "Essacausa aproximou a associ-ação dos moradores e osuniu ainda mais. Nós járealizamos diversas açõespara arrecadar dinheiro einvestir em panfletos,protestando contra o des-matamento da mata", contaMagali Trindade.

Membros das associ-ações de moradoresreclamam da falta decompromisso da popu-lação com a comunidade.Um dos problemasenfrentados pelos inte-grantes das diferentesassociações de moradoresde Belo Horizonte é afalta de participação dacomunidade nas deci-sões. Grande parte dapopulação se mostraindiferente aos proble-mas de sua região, o quedificulta o trabalho dasentidades.

Armando José CaldasSandinha, vice-presiden-te da Associação deMoradores e Amigos doBairro Dom Cabral(Amabadoc), conta quesão lançados editais con-vocando os moradorespara as reuniões, masninguém comparece."Na última eleição, dis-tribuímos um comunica-do explicando comoseria a eleição e o queera necessário para avotação, mas mesmoassim, o índice da parti-cipação foi muito peque-

no. Além disso, reali-zamos reuniões todaprimeira terça-feira domês, às 20h, na sede daassociação, mas quaseninguém participa", co-menta.

Mesmo não partici-pando efetivamente dasações realizadas pelaAssociação, MariaGorete Galindo deSouza, moradora e fre-quentadora da academiaa céu aberto do BairroDom Cabral, reconhecea importância da insti-tuição para o bairro e

revela que pretende par-ticipar das reuniões paraajudar a resolver osproblemas do bairro."Conheço a associação,mas não frequento. Seique ela está ligada naquestão de melhorar avida da comunidade, emtodos os sentidos. Comcerteza ela tem umaenorme importânciapara a comunidade e euaté me sinto em falta,como cidadã, por nãoparticipar mais efetiva-mente das reuniões",pondera.

Falta de compromisso da população éapontada como problema para entidades

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3ComunidadeMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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ÍGOR PASSARINI5º PERÍODO

O contínuo barulhoprovocado porhelicópteros vem sendomotivo de incômodo paraa comunidade residentepróxima ao AeroportoCarlos Prates, local ondese encontram algumasescolas de formação depilotos. Rosângela StennerBansemer, 51 anos, e quehá 38 anos mora no BairroDom Cabral, revela que asituação piorou desde asférias de janeiro. "Achoum desrespeito. O barulhoem si já é chato, alto, e elesainda passam de cinco emcinco minutos", relata.

No entorno do aeropor-to estão localizadas umaescola e um hospital.Justamente onde os ruídosdeveriam ser menores éque eles têm maior im-pacto. Isac Ferreira, 15anos, aluno da EscolaEstadual Professor Moraesdiz que o barulho é umproblema. "Atrapalhaquando estou fazendo aprova, não consigo meconcentrar. Até coisa bobanão dá para prestaratenção", afirma.

Willian Santos, 17,também é aluno da EscolaEstadual Professor Moraese diz que o barulho traztranstornos. "Atrapalha aexplicação do professor e aconcentração. E não só na

escola, como na comu-nidade. Às vezes quandoestou vendo TV não dápara escutar", expõe. OHospital AlbertoCavalcanti é mais umlugar de onde vem recla-mações. A auxiliar admi-nistrativa Maria doRosário Silva, 48 anos, dizque o barulho é ensurdece-dor. "Incomoda muito.Tem setor no hospital quetrabalha com abafador deouvido", aponta.

Há 43 anos CelinaVitalino de MeloSantiago, 64, mora a umquarteirão do Aeroporto.Segundo ela, o barulhocomeça de manhã cedo evai até às 18 horas. "Temhora que é tranquilo, temhora que é um inferno.Isso mata qualquer um. Oshelicópteros passam muitobaixos e os pequenininhossão os mais barulhentos",descreve. Quanto aoshelicópteros da PolíciaMilitar e do Corpo deBombeiros, Celina dizque, além dos voos serembem menos frequentes,esse é um "mal necessário".

De acordo com a asses-soria de uma das empresasque presta serviço de for-mação de pilotos noAeroporto Carlos Prates, aMinas Helicópteros, umvoo, seja ele de treinamen-to ou de viagem, tem queseguir as áreas que sãoregulamentadas e contro-ladas pelo Departamento

de Controle do EspaçoAéreo (DECEA).

Ainda segundo a asses-soria da empresa, são per-mitidas apenas quatroaeronaves sobrevoando oespaço aéreo ao mesmotempo. Tal 'cota' vale paratodas as empresas do ramode formação de piloto enenhuma aeronave podedecolar enquanto nãotiver esta disponibilidade.Atualmente a escola pos-sui três helicópteros e tem20 alunos matriculados,sendo realizados, emmédia, seis voos por dia.

O instrutor de vooAbrahao Leite Júnior, 36,explica que o regulamentodo tráfego aéreo estipulaque o helicóptero voe nomínimo a 500 pés (aproxi-madamente 150 metros)num circuito de tráfego."O Aeroporto CarlosPrates está localizado a3.044 pés no nível de solo,então teoricamente agente teria que fazer o cir-cuito a 3.544 pés, mas jus-tamente para diminuir oruído para a vizinhançaque estamos fazendo o cir-cuito a 3800 pés", explica.

Abrahao conta que osvoos começam a partir de7h e vão até pouco depoisdas 17h, com exceção dasaulas noturnas que acon-tecem sobrevoando toda acidade. "A operação dizque é do nascer do sol atéo por do sol, porém, porcausa da vizinhança e do

Abrahao Leite Júnior,36 anos, é instrutor háquase três anos. Antesde se dedicar aos voosera chefe da assistênciatécnica de uma fábricade barco no Rio deJaneiro. "Eu sempre quisvoar, voava em ultralevefora daqui e no Rio. Ecomo sempre gostei dehelicóptero, falei 'pô,agora é a hora de fazeralgo que eu gosto'", re-vela.

O instrutor tambémesclarece que todo o pro-cedimento de voo émuito seguro. "Todocomando que o alunotem do lado direito oinstrutor tem do lado

esquerdo. Então qual-quer coisa que o alunofaça de errado imediata-mente o instrutor vaiperceber, ele nunca vaideixar chegar no limiteX que ele não consigarecuperar", afirma.

Frederico Souza éaluno do MinasHelicóptero e conta queessa experiência é umsonho realizado."Sempre gostei de avi-ação e há um ano e meiosurgiu a oportunidadefinanceira, porque é umcurso caro, de começaras aulas", explica.

Frederico diz que étudo muito seguro e queos instrutores são muito

capacitados e que é pre-ciso se empenhar. "Temque ter dedicação, não ésó por dinheiro não.Nem é fácil chegar e ga-nhar bem. Tem que estu-dar e dedicar mesmo.São dez matérias teóri-cas, fora as provas",ressalta. O aluno, queatualmente trabalha naempresa de lavanderiada família, tem planospara o futuro. "Minhaintenção é ser instrutore futuramente trabalharem uma plataforma depetróleo", conclui.

Para que uma pessoase forme piloto dehelicóptero são exigidas102 horas de voo. São

35 horas para piloto pri-vado, mais uma hora decheck, 65 horas de voo emais uma hora de checkpara piloto comercial. Opiloto privado só podevoar para ele próprio,caso queira prestarserviço para algumaempresa tem que serpiloto comercial. Abraãodiz que para se tornarinstrutor é necessárioque além da cargahorária mínima, o pilotofaça mais algumas horasde voo e tenha aaprovação de um coor-denador da escola. "Sóassim estará apto paraensinar alguém", con-clui.

Formação de novos pilotos e instrutores

HELICÓPTEROS VIRAM INCÔMODO

barulho, nunca decolamosantes de 7h", pondera.

A Secretaria deAdministração RegionalMunicipal Noroeste infor-mou, por meio daGerência Regional deFiscalização Integrada 04,que foi realizada vistoriaem 25 de janeiro deste anoem atendimento ao SAC166719960. No momentoda fiscalização havia ocor-rência de voos dehelicópteros sobre aregião, foram realizadasmedições destes ruídos dopasseio próximo à residên-cia do reclamante, con-forme determina a legis-lação. Os valores obtidos

não ultrapassaram os limi-tes legais.

Houve nova demandano sistema SACWEB nº172011108 sendo realiza-da vistoria em 14 de abrilúltimo, mas durante a per-manência de 50 minutosno local, foram obtidosapenas 10 valores, o queimpossibilitou a avaliaçãodo ruído da fonte.

A Secretaria deAdministração RegionalMunicipal Noroeste infor-mou ainda que foi realiza-da vistoria no AeroportoCarlos Prates para a verifi-cação do Alvará das esco-las de pilotagem. “Fomosinformados pela direção

do aeroporto que existematualmente quatro empre-sas em funcionamento nolocal, mas conforme infor-mação prestada peladireção do aeroporto ape-nas uma trabalharia comhelicópteros”, informa anota da Secretaria. Oórgão acrescenta que serãorealizadas vistorias nasquatro empresas para veri-ficação da situação doAlvará de Localização eFuncio-namento de cadauma delas. As ações fiscaisbaseiam-se nas questõesde poluição sonora e licen-ciamento das atividades(Alvará).

Barulho causado por aeronaves afeta moradores da região próxima ao Aeroporto Carlos Prates, prejudica aulas na escola Prof. Moraes e atrapalha usuários do Hospital Alberto Cavalcanti

Celina Vitalino de Melo Santiago é uma das moradoras que sofre com o barulho no entorno do aeroporto

Helicópteros são utilizados durante as aulas de formação de pilotos no Aeroporto Carlos Prates e, segundo moradores, causam transtornos

Assim como outrosveículos terrestres, todaaeronave precisa estar coma manutenção em dia.Wandermon AlvesTeodoro, 43 anos, éinspetor de manutençãoda empresa de pilotagemEfai, que é especializadaem manutenção de aero-naves, helicópteros partic-ulares e táxi aéreo.

Segundo ele toda aero-nave tem seu programa demanutenção vinculadoque é em função das horasvoadas. "Quando o heli-cóptero chega à oficina, ocomandante passa ashoras e em função dessashoras a gente tem um pro-grama a ser feito. É umamanutenção preventivapara não ocorrer proble-mas", explica.

Wandermon conta queas manutenções são feitaspara caso, durante ainspeção, se identifiquealguma coisa que estejadanificando a aeronave eseja aplicada a ação corre-tiva. "Hoje nós traba-lhamos dessa forma, comesses determinadosclientes e com nossosclientes internos daprópria empresa", observa.

Outra questão que eleesclarece é sobre o baru-lho. "É um tipo de ruídopadrão, do tipo de motor,rotores (rotor principal eda cauda), isso aí já é umbarulho padrão de deter-

minado helicóptero. Não éem função da manutençãoque você dá que o ruídovai aumentar oudiminuir", aponta.

Na empresa são reali-zadas em média trêsmanutenções por dia."Oscila, depende da quan-tidade de voo que ocliente vai fazer. O inter-valo para manutençãotambém varia de acordocom o tipo de helicóptero.Existe helicóptero que ointervalo é 25 horas, ou-tros 150, e isso varia amédia de horas determi-nadas para cada inspeção",explica Wandermon.

Em relação ao porte doshelicópteros, o inspetorconta que os pequenosfazem mais barulho que osgrandes devido ao tipo demotor. "Eles têm ummotor normal a gasolina,já os grandes têm motoresa reação, que é uma outracategoria de motor movi-da a querosene", relata.De acordo com ele, é umaquestão de projeto, pois osmaiores, por serem areação, são de uma catego-ria de helicópteros maisevoluídos e os rotoresdeles amenizam um poucoo ruído.

Manutenção em

aeronaves funciona

de maneira preventiva

RAQUEL DUTRA

RAQUEL DUTRA

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ANA JÚLIA GOULART5º PERÍODO

Apesar de ser um bairro da capital, oSão Gabriel ainda apresenta algunsaspectos característicos de cidades dointerior. Caminhando pela Rua Ana-purus, uma das principais do bairro, épossível identificar que na região exis-tem algumas empresas que se estabele-cem em pequenos locais. Os chamados‘comércios de uma porta’ representamempresas que não crescem por váriosmotivos. Por um lado, falta mão de obrae por outro, o próprio dono não teminteresse na expansão.

Dona Meire, como é conhecida, fazparte desse nicho de empresários e temmuito orgulho do seu negócio. Ela tra-balha como costureira no bairro há maisde 10 anos, mas o seu comércio existe hámenos tempo. "Eu trabalhava em casamesmo, mas aí a demanda foi crescendo.Eu resolvi abrir aqui para ficar mais orga-

nizado e para ganhar mais visibilidade",conta a costureira. Porém, a demandacresceu além do esperado, e ela não sabemais como atender a todos os fregueses."Trabalho só com mais uma ajudante. Aloja foi uma forma que arrumei de nãoficar à toa em casa. Mas agora tenho tra-balho demais, e chego a recusar serviço",explica a pequena comerciante.Segundoela, "ninguém mais sabe costurar", e issoacabou valorizando muito sua profissão.

Os comércios mais recentes tambémapostam no crescimento da região.Instalada em uma pequena loja, a HGAAgência de Comunicação visual já apre-senta bons rendimentos para o ano deabertura. Quem conta o sucesso donegócio é a designer Lizandra Rangel, 20anos. Ela trabalha na empresa desde asua abertura e garante que a demandaestá crescendo cada vez mais. "Estamosem fase total de crescimento. A novarodoviária e outras obras tem trazidobons frutos para a região que é muitoboa para o comércio", explica.

Por sua vez, a empresária HelenArthur confirma as boas expectativasdos empreendedores da região, porémela avalia que ainda falta estrutura bási-ca no bairro. "A região é promissora, masfaltam algumas coisas, como um bancopor exemplo. Em locais com muitoscomércios esse tipo de suporte faz muita

falta", afirma a dona da loja Valentinaaberta há nove meses.

Alguns comerciantes da área preferi-ram não se identificar também, maslevantaram duas outras questões queatrapalham ‘os comércios de uma portasó’, como falta de mão de obra e ainfraestrutura ruim do bairro. "Querocrescer, mas não tem no bairro um imó-vel maior com boa localização para eualugar", reclama um pequeno empresáriodo ramo de conserto de sapatos. Outroentrevistado reforça o que Dona Meirejá havia revelado. "Sou sapateiro e, naminha área tem pouquíssimos profis-sionais. Isso valorizou tanto o meu tra-balho que não consigo mais atender.Quando vou buscar mão de obraninguém sabe fazer e nem quer aprendera profissão", explica o empreendedor.

O Brasil tem 6 milhões de micro epequenas empresas, ou seja, 99% dototal das empresas formais do país.Juntas elas geram aproximadamente 15milhões de empregos formais. Os dadossão do Serviço de Apoio às Micro ePequenas Empresas (Sebrae) e se refe-rem à pesquisa do final de 2012.

4 ComunidadeMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

DENGUE ASSUSTAMORADORES NOBAIRRO SÃO GABRIELPessoas que residem na região reclamam da falta de providênciasa da Prefeitura para combater a doença.

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ULISSES ANTUNES

LUDMILA LORRANE3º PERÍODO

Moradores do Bairro SãoGabriel, na Região Nordeste deBelo Horizonte, estão assustadoscom o grande número de casos dedengue. O posto de saúde dobairro tem longas filas de esperapara atendimento, formadas emsua maioria por pessoas com sus-peita de terem contraído adoença. Além disso, as escolasestão com professores licenciadose alunos sem frequentar as aulas.

A coordenadora da UnidadeMunicipal de Educação Infantil(Umei), Lindaura Dourado, 45anos, disse que tem professores ealunos afastados por causa dadengue. "O foco aqui na regiãoestá grande, tivemos aqui naescola oito professores afastados epelo menos dois alunos porturma", contou. Segundo ela, aolado da UMEI há um lote vagoque estava completamente des-cuidado e que após três meses dereclamações foi finalmente limpopela Prefeitura. "Eu liguei diver-sas vezes e pedia para os pais dosalunos ligarem para reforçarem opedido, fizemos isso durante trêsmeses até que resolveram vir elimpar o lote", revela. A professo-ra Kátia de Medeiros entrourecentemente na escola parasubstituir uma outra educadoraque estava com dengue e semanas

depois descobriu que tambémestava com a doença. "Eu entreiaqui para substituir uma profes-sora que estava com dengue edias depois também estava", diz.Segundo ela, a Prefeitura não estáagindo coerentemente com opovo, faltando mais fiscalização,conscientização. A professoraacredita que as campanhas deve-riam ser seguidas como sãoretratadas na mídia.

Morador do bairro, PauloRodrigues, 78, conta que estácom suspeita de dengue. Ele foiao posto de saúde local e compro-vou que suas plaquetas estavambaixas, o que se estabilizoudepois de alguns dias. Rodriguesrevela que achou um absurdo ascondições do lugar. O moradorclassifica o local como desleixadoe considera ser propício para areprodução do mosquito. "Fui aoposto de saúde e lá está muitomal cuidado, existem valas emuito mato dentro. Lá, comcerteza, é um lugar adequadopara o mosquito se reproduzir. Aprefeitura deveria fiscalizar me-lhor", afirma.

Segundo a Secretaria Muni-cipal de Saúde, em abril foramregistrados de 45 a 55 casos dedengue no Bairro São Gabriel. Oórgão garante que a situação jáestá sendo controlada e que todasas reclamações de moradores sãoavaliadas. Se for confirmado sãoadotadas as devidas providências.Lote ao lado da UMEI que, segundo moradores ouvidos pelo MARCO, já foi foco do mosquito transmissor da dengue

ULISSES ANTUNES

Obra provoca desvios no trânsito e muda itinerário de algumas ruas no Bairro São Gabriel

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EMANUEL GONÇALVES

LEONARDO APOLINÁRIO

LUCIANO CRUZ3º PERÍODO

Depois de anos esperando eenfrentando dificuldades naépoca das chuvas, os moradoresdo Bairro São Gabriel, RegiãoNordeste da capital, finalmenteestão vendo acontecer as obrasde construção da rede dedrenagem pluvial na AvenidaEsplanada e nas ruas Anapurus eWalter Ianni.

Conquistadas no OrçamentoParticipativo 2009/2010, asobras tiveram início na AvenidaEsplanada e a expectativa dosmoradores é grande, já que oproblema se arrasta há anos. Adona de casa Deuza Alves, 47anos, moradora da avenida há32, diz que o problema existedesde a época da construção doMetrô. "Quando chove bastantemeu quintal sempre enche deágua, passo muito aperto", afir-ma. Segundo ela, durante o

vamos ver se não vai ser maisuma obra que futuramente vai terque ser refeita", observa. JeanCarlos, 45, cabelereiro, moradorda Avenida Esplanada há 28anos, diz que a situação é muitocomplicada também para ospedestres em dias de chuva eespera que as obras resolvam oproblema. "Lá na Rua Anapurus,desce muita enxurrada. Então,quando você chega de ônibus, porexemplo, não dá para atravessar,pois tem muita água", explica.

Luciano Batista Souza, 37anos, os últimos quatro traba-lhando como comerciante na RuaAnapurus, confirma que a situ-ação não é fácil na época de chu-vas e que a obra devia ter sidofeita há anos. "É muito ruim.Chove e a água invade a calçada,chegando até a entrar na loja, àsvezes. Nunca tive prejuízoporque só molha o piso, mas tema sujeira e o lixo que a chuva traze que temos que limpar depois",conta.

De acordo com Júlio César

Nogueira, assessor de imprensada Regional Nordeste daPrefeitura de Belo Horizonte, asobras de drenagem e complemen-tação de pavimentação, em anda-mento no Bairro São Gabriel,tem um orçamento de R$3.269.000,00 e estão previstaspara terminar em novembrodeste ano.

O trânsito na região tambémestá sofrendo alterações, emfunção das obras. Segundo aAssessoria de Comunicação daBHTrans, as obras da rede dedrenagem foram iniciadas naAvenida Esplanada, entre as ruasPaço do Lumiar e Anapurus, e osdesvios estão sendo feitos, nosdois sentidos, pelo seguinte itine-rário: Avenida Esplanada, RuaPaço do Lumiar, Rua Gen. AstolfoFerreira e Rua Anapurus. Aindade acordo com a BHTrans, asobras previstas para as ruasWalter Ianni e Anapurus aindanão tem previsão para início.

São Gabriel recebe obras de drenagem pluvial

Comércio de uma porta só

período de chuvas a água entrano quintal de várias casas e asobras chegaram em boa hora."Após as obras do Metrô é que aágua passou a entrar no meuquintal, mas acho que essa obravai ajudar bem", acredita.

Elen Arthur, 31, nutricionista eproprietária de uma loja na RuaAnapurus há oito meses, tambémjá enfrentou problemas na época

de chuvas. "Como a calçada (daloja) é mais recuada, a água nãoentra, mas quando estaciono ocarro, por exemplo, fica inviávelentrar nele", aponta. Elen é maiscautelosa ao falar do que esperacom as obras e prefere esperar oresultado. "No Brasil é muitocomum vermos um projeto queatende bem no presente, mas quenão se adequa ao futuro. Então,

Pequenas lojas são comuns na Rua Anapurus

MARA MARQUES

LUCIANO CRUZ

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5ComunidadeMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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ANA JÚLIA GOULART5º PERÍODO

Chegar à PUC SãoGabriel nas últimas se-manas tem sido tarefa maiscomplicada que o usual. Omotivo são as obras deimplantação da novarodoviária que começaramcom várias mudanças detrânsito e interdições. Arotatória que liga a AvenidaCristiano Machado aoBairro ficou completamentecongestionada, depois dainterrupção do tráfego emum trecho de continuaçãoda avenida. Toda a regiãosentiu o reflexo das obras,que levaram também aoestreitamento de parte daspistas em alguns locais.

Segundo Gilberto Silva,53 anos, motorista de vanhá quase dez, a interdiçãofoi desnecessária e muitoprejudicial ao fluxo de veí-culos. "Precisamos passarpor aqui quase quatro vezesao dia e o fechamento deum pequeno trecho pioroumuito o trânsito", explica.Ainda segundo ele, nãohouve qualquer comuni-

cação prévia ou sinalizaçãono local. "Passamos um dia,e vimos alguns cones emáquinas. Na manhã se-guinte, interditaram o tre-cho por onde circulam osônibus. Depois, estreitaramtambém a pista de ligaçãoao São Gabriel. Isso semnenhuma faixa, comunica-do ou aviso prévio. Aí ficaainda mais complicado",desabafa o motorista.

Para quem passa deônibus por ali, a situaçãotambém ficou muito ruim.A praça que servia comoponto de parada, quase emfrente à Estação SãoGabriel, foi totalmentedestruída. E o trecho poronde os ônibus passavamtambém foi interditado.Assim, o ponto foi desloca-do para outro local, bemfora de mão para quemtransita no sentido daEstação São Gabriel.

"Agora tenho que andarmais e ainda passar no meiodos carros para conseguiratravessar e chegar naEstação", conta a estudanteJosiane Moura, 23. Masisso não foi o pior para osque utilizam o transporte

PROBLEMAS NA NOVA RODOVIÁRIAAs obras da nova rodoviária prejudicam moradores e pessoas que passam pelo local. Mudanças no trânsito e interdições nas proximidades da nova implantação geram grandes problemas

Entulhos e interdição de parte da rua alteram o trânsito local

MARA MARQUES

Rua Nossa Senhora de Lourdes, no Bairro São Gabriel, onde moradores encontram problemas

público e passam pelaregião. Segundo a morado-ra Maria da ConceiçãoVieira, a falta de comuni-cação agravou o problema."A gente fica sem saber.Porque, depois que vocêestá no lugar, eles trocam arota. Aí você não sabe se vaiconseguir descer no pontocerto ou se só vai parar nopróximo", diz Conceição.

Segundo informações daAssessoria de Comunicaçãoda Secretaria de Obras eInfraestrutura da Prefeiturade Belo Horizonte (PBH),a obra visa a implantaçãode novo concreto no local epreparação para instalarpavimentos do SistemaBRT (sigla em inglês quedesigna transporte rápidode ônibus).

Quanto às intervençõesno trânsito local, aBHTrans confirmou o fe-chamento de uma das vias,porém informou que todo ocuidado foi tomado paraque a interdição não atra-palhasse o trânsito. "Para aexecução de uma obraviária, a empresa faz todo oplanejamento operacionalpara aumentar a segurança

e minimizar os impactospara os motoristas e pe-destres. Para isso, são im-plantados desvios e sina-lizações sobre as vias alter-nativas aos motoristas. Há,também, a presença deagentes de trânsito para ori-

entar e monitorar o tráfegono início das alterações",explica Gabriela Fiuza,assessora de comunicaçãoda empresa.

Ainda segundo ela, "nocaso do fechamento dapista interna da rotatória da

Estação São Gabriel, comose trata de deslocamento decirculação da pista internapara a pista externa, semnecessidades de desvio, foiimplantada sinalização deobra com cones e cava-letes".

Moradores pedem instalação de quebra-molasn

ANA JÚLIA GOULART5º PERÍODO

Os moradores da RuaNossa Senhora de Lourdes,no Bairro São Gabriel,estão enfrentando um graveproblema e cobram umaação da Prefeitura, no sen-tido de, pelo menos, insta-lar um quebra-molas nolocal. Segundo eles, a corre-ria dos motoristas que pas-sam pela rua está tirando apaz de quem vive por ali. Arua, que fica logo abaixo dapracinha do Bairro, é sem-pre muito movimentada econta com comércio, igrejae até uma creche.

José Medeiros, 53 anos,é pastor da igreja que fun-ciona na rua e confirma ofato. "Os carros passamaqui correndo demais ecomo o movimento da rua

é intenso, ficamos preocu-pados, pois pode aconteceralgum acidente grave",reforça Medeiros. Aindasegundo ele, já houve umamudança na rua por causadesse problema. "Aqui eramão dupla, mas por causada correria e do intensomovimento, eles passarampara mão única. Mas comonão resolveu o problema, arua precisa de outra inter-venção", justifica o pastor.

A igreja conta com umacreche que atende aproxi-madamente 20 crianças.Esse é outro fator, segundoMedeiros, que justifica atomada de uma atitudeurgente. "No horário deentrada e saída das cri-anças, ficamos ainda maispreocupados", desabafa.Marly Penha mora há 43anos na rua e também sediz preocupada com a situ-

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ALVÁRO CÉSAR2º PERÍODO

Quem mora no BairroDom Silvério e dependedo transporte público paralocomoção sabe o que épassar por maus bocados.Única linha que atende aregião, a 810, que faz opercurso Estação SãoGabriel / Parque Belmontevia Dom Silvério, só circu-la até a estação de metrô,fazendo com que os mo-radores do bairro tenhamque pegar pelo menos doisônibus ou complementaro percurso com o metrô sequiserem ir ao centro e aoutras regiões da cidade.Os moradores, insatis-feitos, pedem um serviçomais eficiente.

Maria Valdecir, dona decasa, relata sua insatis-fação com o fato. "Se pre-cisamos ir ao centro dacidade, temos que pegarmais ônibus. Para nósseria muito mais cômodose houvesse uma linha quefosse direto, sem contar otempo que nós poupa-ríamos".

O ônibus da linha aindacircula por dentro dealguns bairros, como oSão Gabriel, antes deseguir rumo a estação demetrô, o que agrava aindamais os problemas, com oexcesso de passageiros eatrasos constantes, sobre-tudo no horário de picopela manhã.

Segundo Fabrícia Lo-rena, 17 anos, office- girl,que utiliza a linha como

opção para ir até a estaçãoSão Gabriel "O horário émuito irregular; todos osdias o ônibus atrasa e vemsempre abarrotado. Oideal seria se eles aumen-tassem o número de veícu-los por volta das 06h50quando a maioria das pes-soas sai pro trabalho",pondera.

A situação é mesmograve, como descreve Pa-mela Kizzi, 21 anos, estu-dante de direito, moradorado Bairro São Gabriel queutiliza a linha diariamenterumo à estação de metrô."Falta de respeito é pouco;é desumano o que elesfazem conosco, só porqueprecisamos de transportepúblico não significa quepodemos ser tratados dequalquer maneira, e o pior

é que ninguém faz nadapara mudar isso. Nóstemos que nos sujeitar aesse tipo de tratamento ever o valor da passagemsendo reajustado anual-mente como se tudoestivesse uma maravilha. Éum absurdo! Eu já canseide ver pessoas até discu-tirem e quase se agrediremdentro do ônibus de tãoinsuportável que o ambi-ente estava. Pelo amor deDeus, né? Logo cedo,aguentar isso é brin-cadeira", desabafa Pamela.

Em resposta enviadapor e-mail, a BHTrans,informa que a linha operadentro dos critérios deocupação estabelecidos,mas que a empresa iráintensificar a fiscalizaçãode nível de conforto na

linha, e caso sejam fla-gradas irregularidades, oConsórcio responsável pe-la operação da linha seráautuado. A BHTrans afir-ma que, em função daimplantação do BRT naestação, os serviços detransportes da região irãopassar por uma reestrutu-ração, na qual todas as li-nhas da região deverão serintegradas ao novo sis-tema. A BHTrans res-saltou a importância de apopulação registrar asreclamações e sugestões naCentral de AtendimentoTelefônico da Prefeitura,no telefone 156, ou pormeio do portalwww.bhtrans.pbh.gov.br.O usuário deve ter emmãos, para reclamar, asindicações da linha, do dia

e os horários que apresen-tam a necessidade de ade-quação para melhor dire-cionamento da fiscaliza-ção e agilidade na implan-tação das medidas ne-cessárias.

Ainda de acordo com aempresa, na medida emque são flagradas irregu-laridades, como atrasos deviagens e descumprimentode parada, o Consórcioresponsável pela linha po-derá ser autuado. É impor-tante lembrar que mesmosendo autuado, o con-sórcio deve realizar os a-justes necessários para a-tender as especificações doRegulamento do Serviço.Mesmo indagada, a em-presa não se pronunciousobre a extensão da linhaaté o centro da cidade.

Falta linha de ônibus no bairro Dom Silvério

ação. "Os carros corremdemais e o dia todo. Todahora a gente escuta freadasbruscas e já corre para aporta esperando o pior",conta a cabeleireira. Aindasegundo Marly, a preocu-pação maior é com as cri-anças na rua. "Aqui morammuitas crianças e elas têm ocostume de brincar na rua.

E tem a meninada da crechetambém. Estou sempre pre-ocupada com elas", explica.

Ronan Augusto doAmaral, outro morador darua, conta o que vê todos osdias. "Os carros saem da ruaCodajas e entram aqui dire-to. E como eles só tem visãodepois que entram, ficaainda mais perigoso atra-

vessar a rua, por causa davelocidade", reclama omorador. Ele também semostra apreensivo com ascrianças. "Tem várias cri-anças na rua. Não podemosesperar acontecer um aci-dente para tomar uma ati-tude", explica. Um bar bemno começo da rua tambémaumenta o movimento de

pedestres e o perigo devidoà velocidade dos motoris-tas. No período da noite, omovimento no bar é inten-so. E é justamente nessehorário que os motoristasmais correm.

Questionados sobre qualseria a melhor solução,todos os entrevistados têma mesma opinião. Elesacham que a instalação deum quebra-molas resolveriatodo o problema. "Osmotoristas terão maiscuidado na medida em queo carro poderá ser danifica-do", explica Marly. "Se fosseinstalado um quebra-molasno princípio da rua, osmotoristas pelo menos te-riam a condição de ver queaqui não há possibilidadede correr por causa domovimento", enfatiza opastor José Medeiros.

MARA MARQUES

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Moradores insatisfeitos com praça abandonada no São Gabriel

6 ComunidadeMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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IZABELLE FRANÇA

RAFAELA RODRIGUES DE ANDRADE1º PERÍODO

Falta de vagas nas UMEIS éum problema para a RegiãoNordeste de Belo Horizonte.Criadas com o objetivo de intro-duzir crianças de zero a cinco nosistema educacional, as UnidadesMunicipais de Educação Infantilfalham no que diz respeito àsvagas. As listas de espera podemchegar até a quase 400 criançasem alguns dos estabelecimentos.De acordo com a SecretariaMunicipal de Educação, as vagassão distribuídas levando-se emconta alguns critérios. São asse-guradas, prioritariamente, paracrianças com necessidades espe-ciais e sob medida de proteção.Do restante, 70% são preenchi-das por famílias em situação devulnerabilidade social, 10% sãosorteadas entre crianças que resi-dem próximas à unidade infantile 20% são destinadas a todos osnão contemplados pelos critériosanteriores.

Atualmente existem 10UMEIs em funcionamento naRegião Nordeste, além de trêsEscolas Municipais de EducaçãoInfantil (EMEIs), cinco escolas

CRIANÇAS EM FILA DEESPERA NAS UMEISMesmo com grande número de UMEIs na Região Nordeste de Belo Horizonte, a falta de vagas cria lista de

espera e comunidade anseia por novas instalações. Há projetos para novas construções, previstas até 2016

Estrutura física da UMEI São Gabriel é considerada boa pela vice-diretora, mas não consegue atender à demanda, o que gera longa fila de espera. Esse problema é comum a outras unidades da Região Nordeste de Belo Horizonte

Depredação, mato sem capina, presença frequente de usuários de drogas e até mesmo sexo ao ar livre são algumas das reclamações

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ALVARO CÉSAR2º PERÍODO

Grades arrancadas, telhassoltas, equipamentos quebradose lixo espalhado por todos oslados. Essa é, hoje, a dura reali-dade da praça localizada à RuaOperário Silva, nº66, ao lado doColégio Estadual AdalbertoFerraz, o "Casquinha", no BairroSão Gabriel. Os problemas sãotantos que a praça, inauguradaem 2006, já passou por váriosreparos e agora está interditadapara nova reforma.

Construída pela empresaDona Dora Terraplenagem, apraça, que foi criada como formade proporcionar à comunidadelocal um ambiente de lazer edescontração, acabou se tornan-do em pouco tempo um proble-ma para os moradores doentorno. Isso porque depois deentregue pela empresa DonaDora, a praça que não tem ne-nhum tipo de segurança ou vigiadurante a noite e começou a serespaço de ação de vândalos que,em pouco tempo, deram ao localum visual horrível de destruição.

Não bastasse a depredação porparte dos vândalos ainda há oproblema da vegetação alta,dando a aparente ideia de que apraça está abandonada pelaPrefeitura. O local tem se torna-do ainda reduto de usuários dedrogas que, se aproveitando dopouco movimento à noite, fazemali seu ponto de encontro. Issosem contar os casais que são vis-tos mantendo relações sexuais,inclusive à luz do dia.

Gislaine Muniz, moradora da

MARA MARQUES

falta de vagas, a SecretariaMunicipal de Educação afirmaque novos projetos, com capaci-dade para 440 crianças, estãosendo realizados. Até 2016devem ser construídas 12 novasunidades de educação infantil naregião Nordeste e aquelas que jáestão em funcionamento serãoreformadas e ampliadas.

SONHO De acordo com aUMEI Cavalinho de Pau, asunidades de Belo Horizonteatendem em horário integral ape-nas crianças menores de doisanos. A instituição não recebealunos nessa situação, poisatende crianças de dois a cincoanos e oito meses. Já a UMEISão Gabriel funciona em horáriointegral. Segundo a vice-diretora,Magda Cristina, as criançaschegam à unidade às 7h e saemàs 17h30. A instituição disponi-biliza café da manhã, frutas,almoço, lanche da tarde e jantar.Todo apoio é dado às crianças.Em casos de restrições alimenta-res, como diabetes e intolerânciaà lactose é feito um cardápio comalimentação especial.

municipais com atendimentoinfantil e 20 instituições privadascomunitárias, conveniadas àPrefeitura. Mesmo com o total de38 instituições, a demanda porvagas é grande e nem todas as cri-anças são atendidas. O BairroSão Gabriel, conta com duasdessas unidades de educaçãoinfantil: UMEI São Gabriel eUMEI Cavalinho de Pau.

Magda Cristina, vice-dire-tora da UMEI São Gabriel, dizque a demanda por vagas nainstituição é maior para as idadesde dois a três anos, em que 180crianças aguardam na lista deespera. Para a faixa etária de atéum ano, 30 crianças esperam porvagas, para as de um a dois anos,

159 estão aguardando. Essesnúmeros somados totalizamquase 400 crianças sem atendi-mento. Segundo a vice-diretora, aUMEI tem condições, é bemequipada, o material escolar écedido pela prefeitura e as verbasdisponibilizadas são boas. AUnidade atende crianças emhorário integral e não deixa faltarnada para os alunos.

A UMEI Cavalinho de Pauatende crianças com idade entredois e cinco anos e oito meses,recebendo um total de 188alunos. Vinte e cinco professores,a maioria com formação superior,são responsáveis pela educação.As turmas de dois a três anos e detrês a quatro anos são as mais

procuradas. Aline Oliveira, auxi-liar de secretaria da UMEI e AnaAmélia, diretora da instituição,afirmam que 105 criançasaguardam por vagas nas turmasde dois a três anos e 117 nas tur-mas de três a quatro anos. Nãohá crianças na lista de esperapara turmas de quatro a cincoanos e de cinco a seis. A UMEItem estrutura antiga, necessita dereformas (banheiros, cozinha, eparquinho) e não tem espaço quepermita o atendimento aoberçário. Em 2011, foi realizadauma reforma no teto do refeitórioe a brinquedoteca foi ampliada,transformando-se numa salamulti-uso.

Para amenizar o problema da

Rua Santa Cecília, próxima aolocal, fala de sua indignação comrelação ao estado da praça hoje."No começo eu até frequentava apraça com minha filha e meumarido mas, com o passar dotempo, as telhas foram arran-cadas, os brinquedos apareciamquebrados e as coisas foram pio-

rando. Como o local é de livreacesso e fica aberto dia e noite,isso dava margem para ações devandalismo. Também o mato dolocal cresceu muito e ninguémcuidava, então acabávamosvoltando de lá cheios de carrapi-cho. Além disso, houve umgrande período em que a praça

ficou sem luz, por isso durante anoite era comum presenciarmoscasais se esfregando e pessoasusando drogas no local, o queacabou nos afastando definitiva-mente", lamenta ela.

Por sua vez, Luzia Bernardes,autônoma moradora próxima aolocal, faz um relato ainda mais

alarmante. "Quando ainda tinhabrinquedos eu levava as criançasao local, mas o mato ficou tãoalto lá que tinha casais fazendosexo o dia inteiro – era de manhã,de tarde e de noite – além degente usando drogas constante-mente. Ficou uma coisa terrível.A polícia passava mas nem olha-va, por isso eu não fui mais lá.Queria que ela fosse bem cuidadacomo aquelas praças que vemosno Bairro Palmares, que têmhorário para abrir e pra fechar.Mas agora é tarde, acho que elesestão transformando a praça emuma pista para caminhada", diz.

Em contato telefônico, JúlioCésar Nogueira, gerente deComunicação da RegionalNordeste da Prefeitura de BeloHorizonte informou que a praçafoi inaugurada há aproximada-mente sete anos em um acordo decompensação ambiental entre aempresa de terraplenagem DonaDora e a PBH. A partir de então,por meio dessa parceria, é feitamanutenção regular no local bus-cando a preservação do ambienteque sofre constantemente comações de depredação e vandalis-mo. Ainda, segundo ele, só aRegional Nordeste gasta emtorno de R$ 30 mil por mês comreparos em praças e locais públi-cos da Regional.

Os responsáveis pela empresaDona Dora Terraplenagem secomprometeram a enviar todasas informações necessárias sobreo caso, mas, até o fechamentodessa edição, não houve nenhu-ma resposta.

MARA MARQUES

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No Bairro SãoGabriel, Região Nordestede Belo Horizonte, tam-bém estão sendo feitasdesapropriações próxi-mas ao acesso do metrô,mas para a construção danova rodoviária. Segun-do Pedro Veríssimo,assessor de imprensa daUrbel, 205 das 287famílias já foram removi-das da Vila São Gabriel.Porém, várias são asreclamações sobre estadesapropriação. A co-meçar pelo valor da in-denização. Quempreferiu receber o di-nheiro ao invés doapartamento que estásendo construído noBairro Belmonte (tam-bém na Região Nordesteda capital), onde 144famílias serão benefici-adas, reclama do baixovalor oferecido pelaPrefeitura, como denun-cia a estudante BrunaSantana, 24. "Pelo valoroferecido, as pessoas não

conseguem achar umanova casa para morarem.Por exemplo, por umacasa que vale R$150 mil,oferecem R$60 mil,assim fica difícil", conta.

O assessor de impren-sa da Urbel diz que issoocorre pois em áreas deocupação irregular, comoé o caso da Vila SãoGabriel, o valor do ter-reno não entra no cálcu-lo da indenização. "Éconsiderado apenas otamanho da área con-struída e a qualidade dosmateriais empregados naconstrução da benfeito-ria, cujos preços sãorevistos anualmente para

fins de atualização",explica. Ainda acrescentaque os critérios técnicosobedecem padrões estab-elecidos pela AssociaçãoBrasileira de NormasTécnicas (ABNT) e queem caso de discordar dovalor oferecido, omorador poderá recorrera uma revisão da plani-lha, que é pautada porcritérios técnicos.

Outro problema recla-mado pelos moradoressão os frequentes assaltosna região. SegundoBruna, a iluminaçãoprecária da região e afalta de policiamentocolaboram com o alto

índice de ocorrências nolocal. "Os maiores alvosde assaltos são os estu-dantes da PUC do SãoGabriel. Tanto que sãomais frequentes nohorário de saída deles,entre 22h e 22h30", afir-ma. Ela também diz queo policiamento é precáriona região. "Teve até ummomento que haviamviaturas a noite devido àsreclamações dos alunosda PUC. Vinha umaviatura, e ficava lá de22h às 22h35. Ficava só35 minutos. Hoje em dianão sei se ainda hápatrulha", diz.

O líder comunitário do

Bairro Parque Belmonte,Ricardo de SouzaZeferino, 47, diz que osassaltos pioraram após adesapropriação. "Com asdemolições, a região vaificando cada vez maisisolada. A Prefeiturapodia colocar uma pas-sarela com segurançapara as pessoas chegarematé a PUC", sugere. Alémdisso, criminosos se es-condem no meio dosescombros e cometemassaltos. Para evitar essassituações, a Urbel infor-ma que tenta agilizar oprocesso de demolição elimpeza dos terrenos.

Mas nem todas as difi-

culdades enfrentadas porquem passa na rua Jacuísão por conta das desapro-priações. As calçadas sãoestreitas e esburacadas, ehá certos locais onde aspessoas precisam disputaro espaço com os carrospara chegarem a seus des-tinos. "Por causa da calça-da precária, a pessoa temque ir para o meio da ruapara trafegar na via. Umamoça foi descer na calçadapara ir para a rua, o retro-visor de um carro bateuna cintura dela, que dese-quilibrou e caiu em cimado carro", conta Bruna.

Questionado peloMARCO, o técnico detransporte e trânsito daBHTrans, Itamar Bahia,informou que a Rua Jacuínão possui irregularidadese atende aos requisitosexigidos pela BHTranspara uma via de mãodupla: possui mais de 7mde largura, o suficientepara dois ônibus trafe-garem paralelamente.

7CidadeMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

FALTA ESTRUTURA NO METRÔ DE BHInstalações precárias,difícil acesso, violência urbana e até mesmo descaso por parte dos próprios usuários são problemas enfrentados por aqueles

que fazem uso do transporte metroviário belorizontino. Desapropriação de alguns moradores de determinadas áreas de acesso a algumas estações são polêmicas

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IGOR BATALHA

JOSÉ VICTOR FANTONI

RAFAEL LEITE1º PERÍODO

Diariamente, milharesde pessoas utilizam-se dometrô em BeloHorizonte e Contagem,que é uma alternativamais rápida e barata detransporte. Porém, mui-tos são os problemasenfrentados por essesusuários no acesso àsestações. A edição 296do MARCO já mostrouos problemas enfrenta-dos pelos passageiros queembarcam na estaçãoGameleira, como má ilu-minação da via e pre-sença de ratos na pas-sarela de acesso. Já nasestações da CidadeIndustrial, em Conta-gem, e do São Gabriel,em Belo Horizonte, osproblemas são graves.

Uma das passarelas daestação Cidade Indus-trial, no município deContagem, dá acesso àVila Itaú, próxima agrandes indústrias dacidade. Com isso, algunstrabalhadores costumamse utilizar desse acessodiariamente, como é ocaso do técnico em meioambiente Bruno LuizCarneiro, 18 anos.Segundo ele, o medo depassar pela via é sempremuito grande. "Mesmonunca tendo mexidocomigo, eu evito passaraqui com celular na mão,relógio, etc. A gente temcerto receio", conta.

A região também sofrecom o problema do tráfi-co de drogas. Segundomoradores da região, avenda e o uso de drogassão frequentes nas pro-ximidades da passarela.

Sidney Cândido, 35, aju-dante de cozinha que tra-balha na região, diz que oproblema é o crack e afir-ma que o tráfico na vilanão agrava o problema deassaltos na região. "Obom que aqui eles nãomexem com a gente",comenta.

Mas os problemas daregião vão além do medode assaltos e do tráfico dedrogas. Ao descer da pas-sarela, por uma escadabastante íngreme ondeocorreram diversos aci-dentes, o usuário dometrô se depara com oesgoto correndo a céu

aberto. Um problema emdobro, além do maucheiro, o risco de doen-ças. E não só pelo esgotona saída da passarela.Embaixo da passarela ficao Córrego Ferrugem que,segundo Bruno, é forma-do apenas por essadescarga de esgoto e lixo.

A situação consegue pio-rar quando chove nolocal. O córrego transbor-da, a água suja invade acasa dos moradores e difi-culta o acesso à estaçãodo metrô.

A moradora MariaIsabel Merenciano, 48,admite que os moradores

da comunidade tambémsão os culpados pelas fre-quentes enchentes docórrego. "Nós que esta-mos perto do rio, e não ocontrário. O erro énosso", afirma a domésti-ca. A ajudante de cozi-nha Renata Alves, 29,acredita que também háoutra ação comum dosmoradores que ajuda naocorrência de enchentesno local. "A maioria nãotem consciência e joga olixo no córrego", denun-cia.

Para resolver o proble-ma de enchentes naregião, será construídauma bacia de contençãodo Córrego Ferrugem, aser realizada pela empre-sa Mendes Júnior, queganhou a licitação. Paratanto, as 750 famíliasque vivem na Vila Itaúserão removidas de lá.Segundo João Melo,engenheiro responsávelpelo PAC Arrudas, em nomáximo seis meses todasas casas serão desabi-tadas. Os moradorespuderam escolher entre aindenização e aparta-mentos que serão cons-truídos na própria região.Enquanto aguardam, osmoradores que escolher-am esperar pelo aparta-mento estão morando dealuguel, pago pelaPrefeitura. Algumasreclamações foram feitassobre o atraso nessepagamento, mas o engen-heiro responsável afir-mou que esse problemajá foi sanado e que todosos aluguéis estão sendopagos em dia.

Usuário desafia precariedade do caminho na Vila Itaú, próximo à passarela de acesso à Estação Cidade Industrial do Metrô

Transeuntes se arriscam em uma improvisada passagem de madeira, sem proteção, sobre o Córrego Ferrugem

Problemas próximos àEstação do São Gabriel

VICTOR RINALDI

VICTOR RINALDI

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8 CidadeMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

CARROS EM SITUAÇÃO IRREGULARFacilidades na hora de

comprar novos veículos,

além do excesso de

despesas relacionadas à

manutenção de carros e

motos são alguns dos

motivos que fazem os

pátios do Detran-MG,

em BH, estarem lotados

de automóveis repletos

de irregularidades.

Alguns deles estão para-

dos há mais de 5 anos.

nJULIANA SILVEIRA

3º PERÍODO

"Carro gera prazer egosto, mas também é umgerador de despesa: impos-to, abastecimento, seguro,estacionamento, às vezes aspessoas se esquecem disso.A facilidade para comprar ocarro, mostra depois umadificuldade para se mantero veículo". A afirmação é docoordenador de operaçõespoliciais do Departamentode Trânsito de MinasGerais (Detran-MG), dele-gado Ramon Sandoli deAguiar Lisboa, que tentaexplicar porque tantosveículos são apreendidos.

Devido à inadimplênciado pagamento de impostos(IPVA) e das parcelas doveículo, no início de cadaano cresce, normalmente, onúmero de veículos apreen-didos. Em média, sãoapreendidos por dia peloDetran/MG, 80 veículosem Belo Horizonte. Asquestões de competênciado órgão são as rela-

cionadas às irregularidadesdo condutor ou do veículo,como por exemplo, docu-mentação em atraso, dirigirsem habilitação, fazer alte-rações no veículo semautorização. Já as infraçõesde trânsito cometidas sobrea via são de competência daBHTrans.

Para quem teve o carroapreendido é necessáriocomparecer ao Detran-MGportando documentação doveículo e identidade do pro-prietário, ou uma procu-ração com firma reconheci-da. Para ter a liberação docarro ou da moto, é preciso,também, saldar os débitospendentes e os gastos doDetran-MG, como despesasde remoção e estadia.Depois de 90 dias apreendi-do o carro pode ir a leilão,caso o proprietário não oretire do depósito.

O motorista BrasilinoMoreira Marques, 45 anos,conta que seu carro foi rou-bado em um assalto, noqual sua filha foi feitarefém. Após fazer o boletimde ocorrência, o veículo foiencontrado em três dias. Omotorista quitou todos osdébitos e despesas e oautomóvel foi liberado.

Atualmente o Detran-MG conta com cinco pátiosem Belo Horizonte dis-tribuídos em pontos consi-derados estratégicos, nosbairros Olhos D'Água,Esplanada, Jardim Vitória,Venda Nova, EngenhoNogueira e Betânia. Aempresa responsável é aLogiguarda, que por inter-médio de uma concessão doEstado de Minas Gerais, fir-

mou contrato com a PolíciaCivil.

Assim que chegam aopátio, os veículos se tornamresponsabilidade da empre-sa. Juarez Martello, 50anos, gerente administrati-vo da Logiguarda, reclamaque o tempo que os veículosficam nos pátios é muitosuperior ao que determina alei. "Os donos não procu-ram muito os veículos, porexemplo, tem carro que estáaqui há mais de cinco anos",conta.

A partir do momentoque o carro entra no pátio écobrada uma diária de R$28, valor estabelecido peloGoverno de Minas, queautomaticamente é inseridano sistema informatizado epassa a ser uma dívida doproprietário. Mesmo quan-do o veículo vai a leilão, adívida continua ativa para oantigo proprietário.

O gerente conta aindaque há alguns carros quesão parte de inquérito poli-cial, por crime, homicídioou tráfico de drogas, equando o juiz determinaque os carros devem ficarguardados para futura perí-cia, esses veículos tambémvão para o pátio. "Ocupamuito espaço, mas tudo issoé um direito ordinário, eunão posso atropelar ascoisas. Tem alguns carrosqueimados também, e essesprocessos se arrastam. Ajustiça não dá alvará praliberar esse carro, pra jogarfora, fica entulhando opátio", declara JuarezMartello.

Inadimplência e descaso são alguns dos motivos do acúmulo de veículos estacionados em pátios do Detran-MG

Uma das grandes pre-ocupações com os carrosque ficam nos pátios doDetran/MG é o estadoem que eles estão, o acú-mulo de sujeira e a con-sequência que essascondições podem trazerpara a saúde pública. ASecretaria de Saúde deBelo Horizonte divulgouno final do mês demarço, que o número decasos de dengue registra-dos na capital mineiraultrapassou a 5.700 sóno primeiro trimestre de2013.

Segundo Juarez Mar-tello, a empresa quecuida dos pátios, Logi-guarda, tem todos os

procedimentos para imu-nizar infestação de inse-tos e animais peçonhen-tos, mas sabe que só esseesforço não é suficientepara exterminar o pro-blema. O gerente contaainda, que após os trêsmeses, dependendo doestado de conservaçãodo carro, eles furam oassoalho e cobrem oveículo com lona paraevitar o acumulo deágua. "É uma coisa quenão tem como erradicar100%, é um problematambém de saúde públi-ca e, apesar de todos oscuidados, ainda existe orisco", afirma.

A Prefeitura também

apoia essa manutençãode prevenção nos pátiose periodicamente, a cada15 dias, alguns agentesvão aos locais para fazeruma inspeção. O risco étão iminente que esseapoio público aconteceporque as autoridadesestão cientes do proble-ma. Infelizmente não dápara controlar a situaçãocompletamente, pois"tem que ter uma logísti-ca muito eficaz e umamparo do poder públi-co, mas a gente sabe queo serviço público nãotem tanta agilidade",desabafa Juarez.

Veículos degradados em pátio

JULIANA SILVEIRA

Chico dos Bonecos e das históriasn

VICTOR RINALDI

5º PERÍODO

De passagem por BeloHorizonte, o poeta e arte-educador FranciscoMarques, conhecido comoChico dos Bonecos, lançou olivro "Quando o segredo seespalha", uma homenagem àescritora, educadora e políti-ca mineira Alaíde Lisboa,falecida em 2006. Andandopelo Brasil, com duas male-tas cheias de brinquedos,Francisco resgata brin-cadeiras antigas em escolasda rede municipal de ensino,contribuindo para a for-mação e instrução de pais eeducadores, inclusive nasperiferias.

"Gostei e me interesseiem fazer teatro de bonecoscomo uma forma de contaras histórias que escrevia",contou Chico, que, também,escreve desde cedo. Aos 13anos assistiu ao primeiroteatro de bonecos, com 14anos começou a fazerbonecos com papel machê edepois descobriu a cabaça,ou porongo, como se fala nosul.

Nascido em BeloHorizonte, Chico mora emSão Paulo desde 1995.Formou-se em licenciaturana Faculdade de Educaçãoda Universidade Federal deMinas Gerais (UFMG), foiprofessor do CentroPedagógico daquela institu-ição e depois se dedicou aotrabalho de formação de pro-fessores.

Na época em que moravano interior do Mato Grosso,numa cidade com poucomais de 10 mil habitantes,chamada São Felix doAraguaia, seus bonecos atra-iam os olhares dos imi-

grantes nordestinos, que selembravam do mamulengo,espécie típica de fantoche doNordeste. Por isso, passou aser conhecido na cidade peloapelido, Chico dos Bonecos.

Desde então, ele se dedicaa resgatar outros brinquedose brincadeiras antigas, que,como costuma dizer, foramesquecidas ao longo dotempo. Juntou o gosto pelosbonecos e brincadeiras àeducação e literatura, e ostrês elementos se convergi-ram e os transformaram emum dos maiores mestres daeducação do país.

Suas obras já ganharamdiversos prêmios, entre elesalguns da FundaçãoNacional do Livro Infanto-Juvenil (FNLIJ), como oprêmio Odylo Costa Filho."Se a gente quer se relacionare ajudar a criança a abrir seushorizontes, temos que falar alinguagem dela. Brincar é orecurso que ela tem paraentender esse mundo",esclarece o bonequeiro, queacredita que, no campo daeducação, o brincar é sempreo ponto de partida.

Para Chico, a grande con-quista dos últimos 30 anosno campo da educação foi auniversalização da escolabrasileira. Ele acredita que,hoje, pode-se dizer que todasas crianças têm acesso à esco-la, no entanto não se podeacomodar com a conquista."Temos que aprender a ler eescrever bem. Temos quedesenvolver bons leitores,leitores capazes de ler diver-sos tipos de texto à medidaque for se desenvolvendo",contrapôs.

Segundo ele, a tão faladacidadania, que na verdadenão é um horizonte pronto eacabado, é sempre um

processo de atualização dedireitos. O contista aindadeu o exemplo do ensino téc-nico brasileiro, que surgiu deforma esquisita e precisa serrecuperado. "Isso tem umpapel importante, a únicaalternativa não é o ensinouniversitário", salienta.

Sobre a questão do rela-tivismo moral, ele ressaltaque os pais perderam asnoções de bem e mal e doque é certo e errado. Paraeles, tudo varia de épocapara época e de pessoa parapessoa, portanto tudo é per-mitido, tudo é relativo. "Nósvivemos hoje numa ditadurado relativismo moral. Queralgo mais absurdo do que oadulto achar que não temnada para ensinar para umacriança?", indaga Francisco.

Para o educador, issoacabou criando um ambi-ente tão confuso que até osadultos começaram a duvi-dar daquilo que podem ensi-nar para as crianças eperderam a noção de quepodem educar. Por isso opapel do professor e do edu-cador é central, eles devemmediar essa articulaçãoentre a escola e a família.

TECNOLOGIASO arte-educador defende

que as crianças têm todo odireito de acesso às tecnolo-gias e, também, às brin-cadeiras antigas e invisíveis,que são as histórias, contos,lendas e fábulas provenientesda literatura oral. ParaFrancisco, é confortável paraos adultos culparem a mídia,pois os culpados são eles,que têm medo do filho zom-bar deles se mostrarem brin-cadeiras dos seus tempos. "Acriança tem toda a razão,tem que pedir iPad mesmo,porque é uma maravilha. E

nós adultos temos quemostrar as outras coisas",propôs Chico.

Ele ressalta também ovínculo que essa iniciativaestabelece. "Quando o adul-to vai mostrar o brinquedopara a criança, ela não está

de olho só no brinquedo,ela está de olho no meuinteresse. E o que maisemociona a criança é o fatode eu, adulto, estarmostrando uma coisa praela com tanto interesse",explica Francisco. Ao

mostrar os brinquedos, sereestabelece um vínculo,uma convivência muitomais profunda, que é agrande brincadeira, a con-vivência, o modo de aproxi-mar o mundo da criança domundo do adulto.

Publicado pela editoraPeirópolis, o livro "Quandoo segredo se espalha" foiescrito em formato de peçaradiofônica, que estádisponível de graça, emáudio, no site da editora.Na obra, FranciscoMarques, o Chico dosBonecos, é o entrevistadordo programa fictícioCatiripapo, da RádioPeirópolis, que, imaginaria-mente, tem como entrevis-tada a criadora daFaculdade de Educação daUFMG, Alaíde Lisboa deOliveira.

"Num dos seus livros,ela incorpora uma entre-vista que ela deu para arádio inconfidência",

comentou Chico, reve-lando de onde surgiu aideia de entrevistá-la.Jornalista durante quinzeanos em O Diário,primeira mulher a exercervereança na CâmaraMunicipal de BeloHorizonte e integrante daAcademia Mineira deLetras, Alaíde Lisboa sem-pre foi fonte inesgotável decriatividade.

Obras como “Abonequinha preta” e “Obonequinho doce”, livrosescritos por ela, são essen-ciais para a formação ealfabetização de crianças."Ela tinha uma ideia muitoclara e precisa sobre asquestões filosóficas que

devem reger a educação",comentou Chico.

Em sua fase inicialcomo escritor, Chico dosBonecos publicou algunstítulos por outras editoras.No entanto, os livros dasua fase madura estãotodos concentrados na edi-tora Peirópolis. Suas obrassão voltadas para edu-cadores e crianças da for-mação fundamental. "Eudou um conselho para ospais, se vocês não têm emmão um texto verdadeira-mente literário, e que trate,também, dos bons valores,se vocês não têm esse livro,esqueçam a literatura,esqueçam o livro e con-versem", indicou.

Quando o segredo se espalha

Francisco Marques, o Chico dos Bonecos, se apresenta para crianças na Biblioteca Municipal de Belo Horizonte

VICTOR RINALDI

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9CidadeMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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PRISCILA EVANGELISTA

1º PERÍODO

Muitas pessoas, porfalta de informações,descartam de formainadequada eletrodomés-ticos e móveis, causandograves problemas para omeio ambiente e saúdepública. Segundo RenatoPorto, especialista em áreaambiental e professor deCiências Biológicas naPUC Minas, alguns apare-lhos contém materiaiscontaminantes que quan-do descartados de formainadequada, podem liberar substâncias prejudici-ais à saúde e ao meioambiente. Ele cita o mer-cúrio, elemento utilizadona fabricação de boa partedos equipamentos eletro-eletrônicos, baterias elâmpadas fluorescentes.

"As lâmpadas fluores-centes contém mercúrioem estado gasoso que éaltamente cancerígeno.Algumas garagens de pré-dio, comércio, postos degasolina, escolas, pratica-mente todos esses locaisusam essa lâmpada.Significa dizer que há umagrande quantidade delâmpada sendo descarta-da. Essas lâmpadas quasesempre vão para um lotevago, e, muitas vezes,nesse processo, elas que-bram, e o gás é liberadocontaminando o local, oar e o solo daquela regiãoe quase ninguém sabedisso", explica RenatoPorto.

Todo tipo de resíduodeve ser descartado deforma adequada para nãoprejudicar o meio ambi-ente e a saúde das pessoas.Atualmente, existem insti-tuições que recolhemmateriais, como móveis eeletrodomésticos. Boaparte dessas fundaçõesencaminham esse tipo dematerial para as pessoasnecessitadas. "Eu, porexemplo, já doei váriasvezes para a AssociaçãoSão Vicente de Paula.Existem algumas organi-zações que fazem o papelde intermediação entrefamílias carentes e pessoasque querem se desfazer dealguma coisa", comenta oprofessor.

Sempre que surge anecessidade de se disporde algo como um móvelou eletrodoméstico, aaposentada Iris Diniz dasMercês, 80 anos, doaesses materiais para oProjeto Assistencial NovoCéu. "Quando é uma coisaque pode aproveitar, como

DIFICULDADE NO DESCARTE DE

ELETRODOMÉSTICOS E MÓVEISA falta de informação e de locais para depositar devidamente o lixo são alguns dos motivos que levam as pessoas a colocá-lo em áreas inapropriadas

Alguns alunos docurso de CiênciasBiológicas da PUCMinas estão desenvol-vendo nesse semestreuma instalação ambien-tal. Um dos objetivos éfazer com que as pessoascriem o hábito de descar-tar de forma adequadaresíduos do dia a dia. Aestudante RaiannaFarhat Fantin, 20 anos,faz parte de um grupo dealunos responsáveis pelodescarte de pilhas."Muitos de nós temos

pilhas em casa e nãosabemos que fim dar,inclusive eu tinha pilhasem casa. A gente vê insti-tuições que fazem odescarte correto, mas agente vê um dia e depoisnão volta lá e aí ficaaquele acúmulo de pilha.Então como a universi-dade é um local que agente vem todo dia ficamais fácil ter umdescarte ali. A pessoa vêaquilo, lembra das pilhase pode trazer no diaseguinte ou durante a

semana", explica a estu-dante. O professorRenato Porto, salientaque a ideia vai muitoalém de um simples tra-balho interdisciplinar, "ointuito é fazer com queas pessoas criem o hábitode descartarem de formaadequada esses materi-ais. A ideia é fazer insta-lações com esses materi-ais pelo campus, paraprovocar uma reflexãonas pessoas de formamais impactante", expli-ca o especialista.

Alunos da PUC desenvolvemprojeto ambiental e educativo

uma geladeira velha, masque está em perfeito esta-do, qualquer coisa assim,eu dou para a instituiçãoNovo Céu. Eu ligo paraeles, aí eles marcam o dia ea hora que vem buscar",conta a aposentada.

Muitas são as alternati-vas para quem quer des-fazer desse tipo de objetode forma correta. Algumasinstituições recolhem gra-tuitamente esses materiaisdando um destino muitomais nobre. "O que não éútil para mim, pode serútil para outra pessoa",comenta Renato Porto.Outro exemplo é o dadona de casa JosirleneDaniela Cota Barçante,32, que após reformar acasa, optou por doar partedos móveis e eletrodomés-ticos para uma instituiçãode caridade. "Quando nósreformamos a nossa casa,os móveis e os eletro-domésticos foram doadospara a instituição de cari-dade Irmão Glacus", afir-ma Josirlene. Já a alterna-tiva encontrada pelo estu-dante, Daniel Martins, 27,é a de reaproveitar essetipo de material. "Quandoé algum móvel de madeirae como lá em casa tem ser-pentina, a gente usa paraqueimar e aquecer a água.Agora se forem móveis,

fogão e geladeira, essascoisas, a gente vende parao ferro velho", explicaDaniel.

Na tentativa de resolvero problema, muitas pes-soas descartam móveis eeletrodomésticos em lotesvagos causando gravesdanos para o meio ambi-ente. Moradora do bairroDom Cabral há mais de40 anos, Iris Diniz dasMercês não esconde suaindignação com a atitudede alguns moradores daregião, que segundo ela,usam o terreno baldiocomo depósito de lixo."Vem gente de outras ruascom carrinho. Para carroaqui na rua e joga entulho,móveis, coisas velhas decasa. Tudo eles jogamaqui", desabafa.

Segundo o professorRenato Porto, algunsmateriais são altamentenocivos, e que quandodescartados de formainadequada, podem causardanos à saúde das pessoase ao meio ambiente. "Sevocê acumula isso em ter-renos baldios você ampliaos problemas sociais.Alguns materiais tem oaspecto contaminante,uma bateria de carro, porexemplo, é um materialnocivo. Alguns eletrônicospodem ter algum material

Moradora antiga do Bairro Dom Cabral, Íris Diniz das Mercê doa os móveis e eletrodomésticos que não usa mais para instituições de caridade, como o Projeto Assistencial Novo Céu.

Objetos abandonados em lotes vagos prejudicam o meio ambiente e incomodam moradores

nocivo nesse sentido, inte-rior de computador, detelevisão, gerando a conta-minação do solo e do ar",explica Renato Porto, queainda acrescenta: "pormais que a tecnologiatenha melhorado a nossavida não deixa de ser ummaterial químico", diz.

CAÇAMBA Outra coisaque as pessoas fazem deforma inadequada é usaras caçambas destinadas àconstrução civil comodepósito de resíduosdomésticos. Essas caçam-bas são destinadas a rece-ber resíduos específicoscomo terra, madeira, ferroe fragmentos de tijolo.Quando misturados comoutros tipos de resíduos,esses materiais, que pode-riam ter uma destinaçãomuito mais adequada,acabam se misturando aoutros componentes,como explica o professorRenato Porto. "A pessoa vêuma caçamba fácil perti-nho vai lá e joga. A gentevê pessoas jogando até ummóvel como uma cadeirade plástico que quebrou opé. Cadeira não faz parteda construção civil, estofa-

do, colchão não tem nadaa ver com a construçãocivil. E aí esse material quepoderia ter uma desti-nação muito mais adequa-da, se mistura a outrosmateriais", comenta.

A Prefeitura de BeloHorizonte disponibilizapara a população locaisespecíficos como asUnidades de PequenosVolumes para receberemesse tipo de material.Atualmente existem 32URPVs distribuídas emtodas as regionais dacidade, elas não recolhem,mas recebem materiaiscomo entulho, resíduos depoda, pneus, colchões,eletrodomésticos e móveisvelhos. A população podeentregar o material gra-tuitamente nesses locais.Em nota, a Assessoria deComunicação da Superin-tendência de LimpezaUrbana (SLU) informouque não recolhe materiaiscomo móveis oueletrodomésticos em suacoleta domiciliar e que as"URPVs não recebem lixodoméstico, lixo de sacolão,resíduos industriais ou deserviços de saúde e nemanimais mortos". Para

saber a localização de umaURPV mais próxima,basta ligar 156 ou acessaro site da Prefeitura de BeloHorizonte.

Fazer o descarte ade-quado de qualquer tipo dematerial é o dever de todocidadão. Para amenizar afalta de informação porparte da população, o pro-fessor Renato Porto expli-ca que uma das alternati-vas é "espalhar dicas e ori-entações com o contato deinstituições, que recolhemou recebem esse tipo dematerial, pelos comércios,papelarias, padarias, esco-las e associações de bair-ro".

A responsabilidade pelobem estar da comunidadee meio ambiente é detodos. Renato Portosalienta ainda que nãoexiste uma fórmula prontapara tudo. “A gente temque construir essa visão, apercepção de que a cidadeé a extensão da minhacasa, como bairro, comoplaneta. Nós estamosfalando de pressões sobreum planeta limitado", con-clui.

PRISCILA EVANGELISTA

PRISCILA EVANGELISTA

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10ComportamentoMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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FELIPE GROSSI1º PERÍODO

Em meados da década de 70,o norte-americano MartinCooper realizou a primeirachamada telefônica a partir deum celular Motorola DinaTAC,mas naquele momento o inven-tor não podia imaginar que suacriação mudaria vidas. Empouco tempo, as redes de telefo-nia móvel passariam por váriasgerações difundindo sua utiliza-ção por todas as classes sociais erompendo a barreira da idade,tornando-se popular tambémentre crianças e idosos, fazendocom que sua invenção fosseindispensável para as pessoasque vivem hoje. O eletrônicomais vendido em todo o mundocompletou 40 anos de mercado.

O celular começou a aparecerno Brasil nos anos 90, mas atéentão a função dos aparelhos serestringia à realização dechamadas e agenda digital. Sua‘aparência de tijolo’ com bate-rias grandes não importavamuito e a novidade já havia setransformado em símbolo destatus social para poucos.

A primeira geração das redesde telefonia móvel – tambémconhecida como sistema ana-lógico – apresentava algumas fa-lhas, principalmente no quesitosegurança, pois não tinha crip-

tografia e era fácil clonar umalinha. A geração seguinte detelefones celulares começou asurgir no Brasil 10 anos depois.

O serviço analógico foi total-mente descontinuado e houve atransição para o sistema digital,ou 2G, que apresentava duasopções ao mercado, a GSMescolhida pelo Brasil, de origemeuropeia e a CDMA de origemamericana. Os Finlandeses jáhaviam se envolvido com as tele-comunicações antes, mas foi nodesenvolvimento da tecnologiaGSM que a Nokia encontrouseu espaço no mercado de tele-fonia móvel, realizando aprimeira chamada comercialGSM em julho de 1991, emHelsinki.

EVOLUÇÃO Junto dessa tec-nologia apareceu o serviço detelefone pré-pago e os aparelhosdeixaram de ter a aparência detijolos e começaram a diminuirem tamanho e ganharamfunções novas, graças a bateriasmenores e mais eficientes. Asmensagens SMS se tornarampossíveis e passaram a ser aopção preferida dos jovens paraa comunicação. A rede 2G tam-bém permitiu que os aparelhosde celular acessassem a webatravés da internet WAP possi-bilitando a compra de toquesmusicais e de serviços de infor-

CELULAR COMPLETA40 ANOS NO MUNDO

A estudante LorenzaLívia usa o celular comdiferentes finalidades, mas sabe que oexcesso pode ser prejudicial

Aparelho, que revolucionou o modo de interação dos brasileiros, com-

pleta quatro décadas de existência, ampliando o número de usuários

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CAROLINA ANDRADE

PATRÍCIA DA CRUZ1° PERÍODO

Elas possuem temáticas bas-tante amplas, que abrangemdesde a rotina de um grupo deseis amigos até lutas dinásticaspara o controle de um trono,podendo ser atuais ou antigas.O fato é que, cada vez mais, asséries de televisão vêm sedestacando e conquistandolegiões de fãs. Alguns chegammesmo ao exagero, se enqua-drando no grupo dos "vicia-dos", que fazem ou deixam defazer tudo para ter a oportu-nidade de assistir aos episódiosde suas séries favoritas.

Com a popularização dainternet e a facilidade em sefazer downloads, esse públicovem ganhando cada vez maisespaço. Há hoje na rede umainfinidade de sites para baixarou assistir seriados online. E apressa é tanta que muitoschegam a assisti-las ainda semlegenda, pois as mesmaspodem levar dias para seremtraduzidas.

Paula Barros, estudante dejornalismo, relata que acom-panha mais de 15 séries e que,por entender inglês comclareza, prefere muitas vezesassisti-las simultaneamente ao

seu país de origem. "Sinto quea série fica mais 'original', dápara entender melhor a men-sagem que os personagensquerem passar, uma vez quenão tem dublagem para darduplo sentido, ou legendaspara tirar sua atenção da lin-guagem corporal", justifica.

Fazer referências a frases depersonagens em rodas de ami-gos, maratonas de episódiosque duram a noite inteira eassistir várias vezes a tempo-radas repetidas são só algumasdas características desse grupo.

Paula relata ainda que algumasfrases chavões como "How youdoing?", do personagem Joeyda famosa série Friends, e "Thewinter is coming", da maisaclamada série do momento,Game of Thrones, sempre sãomotivos de piadas internas emseu grupo de amigos, quecomo ela são fãs de carteirinhados seriados.

Outras novidades rela-cionadas no mercado de sériesonline são os sites de tribuna,redes sociais e blogs, que dãoaos fãs espaço para se mani-

festarem e debaterem sobre osepisódios recorrentes. Comtantas opções para os ‘sériemaníacos’, a rotina acaba namaioria das vezes sendo afeta-da pela quantidade de tempopassada em frente ao computa-dor. Mas é considerada gratifi-cante para aqueles que veemnos seriados uma forma deescape.

Fã declarada de séries, aestudante de Psicologia ecolaboradora do site especia-lizado em resenhas de filmes eseriados "Pizza de Ontem",Manuela Almeida, de 22 anos,afirma que há um padrão deidentificação pessoal, seja como personagem ou com a série,que nos prendem aos episó-dios. Essa influência direta navida pessoal pode chegar a aju-dar de diversas maneiras aodiagnóstico e à interpretaçãoem caso de tratamentos psico-lógicos, uma vez que sãodecorrentes da identificação edo entendimento de situaçõesvividas pelos personagens.

Quando questionada sobreum possível padrão nas sériesem que assiste, e se sua visãosobre as mesmas mudou apósiniciar o curso de Psicologia,Manuela diz não saber."Provavelmente sim e eu nãoenxergo. Comparação entrepersonagens e a minha vidaacontece sempre. Acredito queé por essa razão que sele-cionamos as séries que assisti-mos. Muda um pouco a visão

com que a gente assiste após ocurso de Psicologia. Por exem-plo, um grupo de adolescentesusuários de drogas e cheios deproblemas em casa, deixa deser apenas uma série interes-sante, para se tornar pratica-mente uma aula de Psicologia.Passei a enxergar identificaçõesdas psicopatologias aprendidasdurante o curso. É bem inte-ressante", observa.

A estudante ainda admitesofrer certa influência daquiloque assiste. "Cada um convivecom problemas e situaçõesdiferentes, que muitas vezessão retratados nos seriados.Quando há uma identificaçãoe o personagem encontra umasaída, projetamos na nossavida aquilo que estamosassistindo", afirma.

A parcela da indústria tele-visiva que lida com a produçãode séries é muito lucrativa, eempresas como CBS, FOX,Warner e ABC alcançamdiariamente altíssimas taxas devisualização. Os direitos deexibição e adaptação pagos poremissoras de TV acabam por"bancar" o vício daqueles queas baixam pela internet, fazen-do com que valha a pena paraas emissoras continuar nonegócio. Com a recorrente re-novação de contratos e estreiasde séries, o hobby favorito dosviciados assumidos está longede correr risco.

Séries ganham mais espaço

Manuela Almeida é fanática por séries e colabora com site especializado em seriados

RAFAEL ROSA

mação e propaganda por meio demensagens de texto.

Em 1999 apareceu no Japão oprimeiro serviço de acesso àinternet pela NTT DoCoMo. Osistema 2G popularizou a telefo-nia móvel no Brasil. Os apare-lhos celulares passaram a fazerparte da vida das pessoas e acrescente demanda criou ummercado para o próximo passodas empresas de telefonia celu-lar, o acesso a internet.

A rede 3G, ou terceira gera-ção, começou a ser desenvolvidacom o intuito de proporcionaruma velocidade maior na trans-ferência de dados. Os japonesesnovamente saíram à frente inau-gurando na Região de Tóquio aprimeira rede 3G do mundo. NoBrasil, a primeira operadora aoferecer a rede 3G foi a Vivo,que disponibilizou os serviçosem 2004. A rede 3G permitiu atransmissão de rádio e TV paraos aparelhos e popularizou ocelular de tal forma que, de acor-do com a International DataCorporation, em 2007 já seriammais de 3 bilhões de linhashabilitadas em todo o mundo,ou seja, a metade da população.

Com todas as facilidadesdisponíveis pela rede 3G, aApple tomou as rédeas daprancheta de design de apare-lhos celulares e lançou o iPhoneem 29 de Junho de 2007. ANokia, que dominava o mercadode telefones celulares desde1996, respondeu rapidamentecom o lançamento do modelo

N95, e dois anos se passaram atéque a principal concorrente daApple trouxesse um produtopara disputar o crescente merca-do de smartphones. A Samsungapresentou o Galaxy em Abril de2009 e desde então as trêsempresas lutam pela liderançano mercado mundial.

HÁBITOS Segundo AdrianaSimões, professora de CiênciasSociais da PUC Minas, o tele-fone celular deixou de ser símbo-lo de status social, se tornandoacessível a todas as classes soci-ais. Porém, smartphones como oSansung Galaxy S4 ainda sãoum privilégio da elite brasileira.

No Brasil são mais de 247milhões de linhas telefônicas ati-vas, o que gera a conclusão quemuitos usuários não se con-tentam com apenas uma linhade celular, levando os fabricantes

a disponibilizar nom e r c a d o

aparelhosque fun-

c i o n a mcom dois

n ú m e r o ss i m u l t a n e a -

mente. O exa-gero continua no

modo e nos locaisonde as pessoas uti-

lizam os telefonescelulares.

Hoje em dia, é pos-sível encontrar pessoas

com mais idade que tam-bém utilizam o aparelho. É

o caso de Ieda MagalhãesSoares de Souza Lima, de 80

anos, que vem utilizando otelefone celular "desde que

saiu", mas concorda que essa tec-nologia pode incomodar. "Temsua hora e seu lugar, tudo direi-tinho", diz.

Por questões de segurança, ouso dos aparelhos foi banido dasagências bancárias, mas ainda épossível notar o abuso nas salasde aula. Segundo a estudante deJornalismo, Lorenza Lívia, e aaluna de Direito, VirgíniaFigueiredo, o celular está sendomais utilizado para a troca demensagens e para o acesso àsredes sociais do que para comu-nicação por voz. E é através deaplicativos como Whatsapp queos alunos se mantém conectadoso dia todo, inclusive na sala deaula.

Lorenza afirma que a utiliza-ção do celular é questionada porseus pais, que pedem a ela maisatenção ao que acontece à suavolta. Já Virgínia afirma que sesente incomodada quando estáentre os amigos em uma balada euma pessoa utiliza o celular atodo momento, ficando "só noseu mundo" enquanto deveriaestar "interagindo" com suascompanhias.

RAQUEL GONTIJO

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11ComportamentoMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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ANA LUIZA BORELLI

LARISSA RODRIGUES

MARINA TEIXEIRA

MARIA CAROLINA MOURA

1º PERÍODO

Dentre as diferentes etnias queajudaram a povoar o Brasil, ajaponesa destaca-se pela preocu-pação em preservar, valorizar edivulgar aspectos de sua cultura.Com esse propósito foi fundada, poriniciativa de alguns membros dacomunidade nikkei mineira, aAssociação Mineira de CulturaNipo-Brasileira (AMCNB). A enti-dade se propõe a trabalhar emparceria com a sociedade mineira,visando também fortalecer a relaçãode amizade com os brasileiros e con-comitantemente estreitar as relaçõesde intercâmbio cultural e econômi-co entre os dois países.

O diretor do grupo de jovens daAMCNB, Gustavo Naoto Suzuki, 22anos, disse que tenta representar osjovens e intermediar o contato delescom os outros grupos, o que aindanão é fácil, mas busca sempre repas-sar os valores aprendidos com o seuavô, que era japonês. Segundo ele, aAssociação tem um papel muitoimportante em Minas Gerais. "Comoaqui a cultura japonesa não é tãoforte como em outras partes doBrasil, como São Paulo e na RegiãoSul, ela age como um ponto centralonde vários japoneses e descendentesacabam se reunindo. Como se fosseum pedaço do Japão aqui em Minasmantendo a cultura'', justifica.

Em Belo Horizonte, o Centro deConvenções Expominas recebeu noperíodo de 15 a 17 de marçoatrações da cultura japonesa em umevento chamado "Festival do Japãoem Minas Gerais 2013", realizadopelo Escritório do Cônsul GeralHonorário do Japão em BeloHorizonte em parceria com aAssociação de Cooperação emCiência e Tecnologia Brasil-Japão. Oevento tinha como objetivo divulgar

a cultura nipônica e aproximarMinas do país oriental e, para isso,investiu em várias atividades artísti-co-culturais e gastronômicas. O fes-tival demonstrou adesão satisfatóriacom relação ao evento, já que entre1.500 a 2 mil pessoas comparece-ram e puderam apreciar variedadesda comida japonesa, apresentaçõesde danças típicas além do karaokê,que é uma atividade prazerosa aosnikkeis.

Foi a partir da ideia de difusão eexpansão da cultura oriental quesurgiram esses festivais, que em suamaioria são organizados pelaAssociação, que completa em setem-bro, 55 anos. Por meio desses festi-vais e dos encontros semanais naAMCNB, os integrantes buscamagregar valores brasileiros em suasvidas, mas, acima de tudo, manterseus valores e costumes originários.

Além desses meios de preser-vação, a AMCNB oferece tambémum curso da língua japonesa, que édiferenciado dos demais cursos, quealém de aproximar jovens descen-dentes, possibilita a inclusão daque-les que se interessam pela cultura epela língua do país asiático.

A cultura japonesa foi agregada àbrasileira em 1908, quando chegavaao Brasil, Kasato Maru, o navio quetrouxe o primeiro grupo de imi-grantes japoneses vinculados aoacordo estabelecido entre Brasil eJapão, que liberara a vinda dejaponeses para o Brasil. Inicialmenteos japoneses optaram principal-mente pelas cidades de São Paulo eRio de Janeiro, porém, Minas Geraisrecebe cada vez mais os chamados''nikkeis'', que são esses japoneses edescendentes radicados em Minas.

Ao contrário das primeiras imi-grações, os japoneses, que atual-mente chegam ao Brasil, normal-mente não mais com a intenção dese tornarem agricultores, mas sim,contratados por empresas, que namaioria das vezes, exigem dos mes-mos um conhecimento técnico,visto que os japoneses são reco-

nhecidos por sua inteligência, com-petência e dedicação ao trabalho.Dentre essas empresas, a Usiminasse destaca com relação à quantidadede japoneses que foram trazidoscomo mão de obra.

Apesar da constante imigração, acultura japonesa ainda não é muitodifundida na capital mineira,encontrando, geralmente, apenasrestaurantes, escolas de artes marci-ais como o Aiquidô, o Jiu-Jitsu, e oJudô, além das escolas que disponi-bilizam cursos de língua japonesa.Porém, existem aqueles dentre osimigrantes e seus descendentes quepossuem alguns rituais típicos, quepraticam no cotidiano. Um exemploé o caso de Kumiko Taguchi Fiorini,50 anos, natural do Japão, que veiopara Minas Gerais se casar com oseu atual marido belorizontino.Tentando manter seus hábitos, elafaz comida japonesa para a família ecomo ensinamento máximo de suaorigem, traz a seriedade e pontuali-dade no trabalho.

Para Kumiko, o clima, a alimen-tação, o transporte, a saúde e, prin-cipalmente, a educação, são as dife-renças mais marcantes entre os doispaíses. Segundo ela, sua adaptaçãoem relação à comida, clima e fusohorário foi tranquila e rápida. Masestranhou alguns costumes da cul-tura brasileira, como casamentos ànoite. Segundo ela, no Japão, nor-malmente, os casamentos aconte-cem aos domingos e durante o dia.O horário das aulas também é dife-rente. Kumiko estranha o fato de ascrianças estudarem só a parte damanhã ou a parte da tarde e rara-mente em horário integral. Outrassituações diferentes, para ela, são osferiados emendados, o que nãoocorre no Japão, não há emenda dedias nos feriados e o atraso na práti-cas da reciclagem no Brasil. Comoúltima surpresa, aponta o parto.“No Japão, o parto normal é o maiscomum. Aqui no Brasil, parece quetodas as mulheres fazem cesari-anas'', questiona.

Em Minas Gerais, a preser-vação da cultura nipônica acon-tece na maioria das vezes, nasfamílias mais tradicionais e comantecedentes japoneses maispróximos. Os costumes do paísasiático são mantidos emalguns pontos, principalmenteno respeito inquestionável aosmais velhos e na culinária.

O Japão moderno é conside-rado um dos maiores exporta-dores de cultura popular domundo, como os desenhos ani-mados, chamados de anime;filmes, principalmente dogênero de terror; histórias emquadrinho (os mangás); e amúsica pop, que esta ganhandopopularidade. Em Minas, a pre-sença maior são dos animes. Há10 anos Belo Horizonte recebeo Anime Festival. ''São dese-nhos animados japoneses. Amaioria inspirados em mangás'',diz a estudante Mariana SalessiCarvalho, 17 anos, frequenta-dora do Festival há três anos,

ela afirma que nesses eventos,os fãs de anime podem comprarprodutos, como camisetas ecanetas de personagens, parti-cipar de competições de cos-play, que é uma representaçãodos personagens à caráter, par-ticipar também de promoçõesrelacionadas à jogos e interagircom outros freqüentadores, quecompartilham do mesmo inte-resse.

Pelo fato da cultura japonesaser muito diferente dabrasileira, ela tem se tornadofoco de discussão e de atenção.E os mineiros têm sido muitoreceptivos quanto a essa cul-tura, aprendendo a apreciar agastronomia deste país orientale a adotando no seu cotidiano.Com isso, cada vez mais, é pos-sível notar a adesão às lutas,aulas de japonês, à crescenteaudiência dos animes, além depeças japonesas na decoraçãode ambientes, enriquecendoambas as culturas.

Preservação dos hábitose costumes nipônicos

CULTURA JAPONESA

DIVULGADA EM MINASApós 105 anos da imigração, comunidade nikkei mineira trabalha para difundir hábitos e costumes no estado

Famílias brasileiras com descendência japonesa procuram conciliar hábitos bem diferentes

ARQUIVO PESSOAL

Momento da largada da Run for Perkinson’s Brasil, no Santa Efigênia, em BH

VICTOR RINALDI

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VICTOR RINALDI

5º PERÍODO

A doença de Parkinson foi descri-ta há quase 200 anos e até hoje nãoexistem estudos que comprovemsua causa, exame específico que aconfirme e nem mesmo a cura. Hámedicações que controlam os sin-tomas, mas que podem causarefeitos colaterais. Foi com essesdesafios que surgiu, há dois anos, aAssociação de Parkinsonianos deMinas Gerais (Asparmig).

A Associação irá levar ao WorldParkinson Congress, congressomundial que será realizado emMontreal, no Canadá, em outubropróximo, suas experiências desen-volvidas no estado, que promovemdiscussões sobre a doença e a lutapela cura. "Já faz anos e anos que asassociações existem e nunca aconte-ceu nada de diferente no Brasil.Principalmente em relação ao quenós realmente precisamos que é acura", lembra Janette de MeloFranco, 51 anos, presidente daAsparmig.

Promovida pela entidade, a Run

for Parkinson's Brasil, que ocorreu,pelo segundo ano consecutivo, emabril, será anunciada no Canadácomo a principal experiência. A cor-rida e caminhada acontecemmundialmente em 100 cidades de10 países, como em Belo Horizontee outras duas cidades do estado,Ipatinga e Poços de Caldas.

Com o objetivo de arrecadar fun-dos para investir em pesquisas, aorganização acredita que a corrida éum modo de pressionar a comu-nidade científica e políticos para aampliação de investimentos. Eespera concretizar parcerias comcentros de pesquisa científica. "Omais importante é que com o even-to crescendo agora a gente tambémfaça crescer essa mentalidade deparceria", ressalta Janette Franco.

"Mesmo com as dificuldades quea doença me impõe, sou uma pessoade bem com Deus e com a vida.Não me revolto, sou otimista e sem-pre pronta ao incentivo a quemdeixa transparecer alguma coisa queme chame à atenção. Sou indepen-dente e me viro sozinha, lenta-mente, mas vou aonde quero e pre-

Portadores de Parkinson correm

Um convite por meio da redesocial Facebook. Foi assim que ocoordenador global da campa-nha, Fuvio Capitanio, fez a pro-posta de participação para a pre-sidente da Asparmig. "Como noBrasil nunca tinha acontecido,ele fez aquilo como numa brin-cadeira, um desafio. E eu compreio desafio", conta Janette Franco.

Fruto da parceria entre aAsparmig e o Sesc Minas, este anoa Run for Parkinson's aconteceu àAvenida dos Andradas, no BairroSanta Efigênia, no domingo, dia14 de abril. Foram feitas mais de700 inscrições e o evento foi divi-dido em duas modalidades, a cor-rida de cinco quilômetros e a ca-minhada de dois quilômetros emeio. Não houve competição enem premiação.

"O preço da corrida foi muito

justo, diferente do que a genteestá acostumada a ver. E essa,além de ter um cunho social, teveum preço honesto, trouxemosnossos filhos também", conta aengenheira mecânica TaísTomita, 31 anos. Cada partici-pante pagou R$ 20 de inscriçãocom direito a kit, que incluíacamiseta personalizada, bolsa egarrafa de água, além de lancheao fim da atividade.

Aconselhando pacientes diag-nosticados com a doença, a neu-rocirurgiã Lina Herval diz que sea pessoa não pode fazer a corridade cinco quilômetros, faça a ca-minhada de dois e meio, oimportante é não ficar parado."Acho importante estimular ospacientes a vir, porque eles ficamsegregados, ficam achando quenão são capazes”.

Ficar parado é ruimciso", afirma Vera Lucia Costa Peres,54, há 26 com Parkinson.

Para ela, a Asparmig contribui navida dos portadores da doença deParkinson por meio de ações quevisam integrar e garantir dignidadecom autonomia e qualidade de vida.Os grupos de apoio, organizadospela Associação, permitem a trocade experiências e informações. VeraPeres confia na corrida e diz ser um"movimento inovador que tira oparkinsoniano do seu silêncio, parao resgate de sua qualidade de vida",completa.

A neurocirurgiã Lina Herval, 43anos, ressalta a importância de queas pessoas saibam do que sãocapazes. "A autoestima do pacientecom Parkinson é muito baixa. Ele sólê a parte ruim da doença, ele só lê aparte que ele vai perder funções, queele pode ficar demente e que elepode ficar dependente de terceirosem suas atividades diárias", explica amédica.

Lina Herval lembra que esse tipode mobilização é regra em outrospaíses, como nos Estados Unidos,tanto para o Parkinson, quanto paraoutras doenças. “Eu acho que noBrasil tinha que ter mais. Gostariade agradecer a oportunidade e pedirpara a associação promover maisvezes”, conclui a médica, que par-ticipou da corrida com a família.

O tratamento moderno disponi-biliza muitas terapias e medicamen-tos, mas ela aposta na recentedescoberta do estimulador cerebral,que é uma promessa. "Acabei defazer um curso de implantação deestimulador cerebral e a perspectivaé de que o paciente não terá limi-tação nenhuma", diz.

ENTENDA A DOENÇA "Eu nãotenho o mal de Parkinson, eu estoucom Parkinson", sinaliza FernandoGuimarães, 63 anos, sócio de umaclínica de fisioterapia. Este é outrodesafio que a Associação pretendediscutir em Montreal: qual amaneira adequada de explicar adoença, a desmitificação dos sin-tomas e o entendimento da doençasob o ponto de vista do doente.

A enfermidade foi descoberta porJames Parkinson em 1817, naInglaterra, é causada pela falta dedopamina no cérebro o que afeta osmovimentos dos parkinsonianos. Osprincipais sintomas são lentidão de

movimentos e rigidez muscular,como a doença se desenvolve aolongo do tempo, pode causartremores e alterações na fala e naescrita. É comum a doença afetar osidosos, mas pode afetar qualquerpessoa, de diferentes idades.

Na opinião de Janette Franco,ninguém procurou traduzir em sin-tomas o dia-a-dia dos parkinsoni-anos. Ela soube que tem Parkinsonhá quatro anos e aponta que as pes-soas deveriam ler um pouco maissobre os sintomas e outras carac-terísticas da enfermidade."Aparentemente as pessoas achamque não temos nada”, lamenta.

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12CulturaMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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ISABELA ANDRADE

LANA NAVES

MARIA LUÍZA ROCHA

MATEUS TEIXEIRA1º E 2º PERÍODOS

Depois de muitos anos fun-cionando na Praça da Liberda-de, na Zona Centro-Sul de BeloHorizonte, a Escola de TeatroPUC Minas será inaugurada noprédio 20 do Campus CoraçãoEucarístico, na Região Noroes-te da capital mineira.

O professor e coordenadorda Escola de Teatro LuizArthur de Oliveira conta ahistória da escola, antes daparceria com a PUC: "Nos anos80, surge a oficina de teatro emBelo Horizonte. Na virada dosanos 2000, o diretor, ator eprofessor de teatro Pedro PauloCava fez parceria com a PUCMinas, foi um passo legal,empreendedor e diferenciado."Luiz Oliveira conta que em2006 a Oficina virou a Escolade Teatro e entrou para oâmbito acadêmico. "No anopassado, o nível e qualidade doensino melhoraram, resultandona nova sede: exclusiva e inde-pendente", relata.

A transferência para oCampus Coração Eucarísticonão alterou significativamenteo número de estudantes, como

explica o diretor: "Os alunosentenderam que saindo dapraça, teriam um espaço maisadequado para processar. Osque saíram foram por causa dainviabilidade de tempo devidoao deslocamento maior porcausa do trabalho".

Mesmo com o prédio emobras, as aulas foram iniciadas,pois as chuvas, as autorizaçõesda Prefeitura de Belo Hori-zonte, o nivelamento do terre-no e outros problemas atrasa-ram a obra. Segundo LuizArthur Oliveira, houve envolvi-mento, paciência e dedicaçãodos alunos. "Nós usamos o pré-dio ainda em obras e isso ébom, pois os alunos veem oavanço da obra. Isso é umdiferencial no aprendizado, poiseles podem se manifestar eestão ajudando a construir",conta.

O curso é composto por trêsmódulos, cada um com dura-ção de um semestre e dura umano e meio. Ao todo são 160alunos divididos em turmascom aulas às segundas, quartase sextas, de manhã, de tarde e ànoite. Para o professor e diretorda Escola de Teatro, são muitosos ganhos dessa mudança parao campus. "Os alunos se organi-zam e há uma grande quanti-

dade de alunos de engenharia ematemática fazendo teatro.Isso mostra que o teatro trans-forma a vida, o aluno vai sercobrado e exigido durante ocurso. Terminando, não interes-sa se ele vai ser ator ou não, esim se vai sair maior do queentrou", explica. Quem éaprovado ganha o registro pro-fissional de ator junto com oSindicato dos Artistas (Sated-MG) e o curso atende asexigências do Ministério daEducação (MEC) que prevê800 horas/aula como profis-sionalizante.

No final de junho e começode julho deste ano, aconteceráa Mostra dos Alunos, que serána nova sede. As peças serãoapresentadas em dois espaços:em salas do segundo andar doprédio 20 com 100m² e capaci-dade para cerca de 100 pessoase a outra no auditório domesmo prédio. Serão apresen-tadas obras de Anne Frank,Nelson Rodrigues e WilliamShakespeare.

EXPERIÊNCIAS As alunasIsabela Sandoli, 18 anos, eLetícia Avelar, 20 anos, contamsua experiência na Escola deTeatro. As duas começaram afazer o curso no primeiro

Coordenador Luiz Arthur de Oliveira: melhor qualidade do ensino com sede exclusiva

COM PRÉDIO AINDAEM OBRAS, CURSO DETEATRO SE MUDAO Campus Coração Eucarístico recebeu no início do semestre o curso de Teatro, que antes funcionava

na Praça da Liberdade. Apesar das obras do novo prédio não estarem concluídas, alunos comemoram

semestre deste ano, quando asaulas já tinham sido transferi-das para o novo espaço. "Hámuita expectativa e a poeiraincomoda muito, mas há umempreendimento grande para aturma que ensaia", comentaLetícia.

Elas falam também da expe-riência do teatro em suas vidas.Isabela conta as mudanças quesentiu desde o começo docurso. "Melhorou meu jeito deexpressar, falar e perceber cenasdo teatro na realidade. Além dedar uma noção maior doespaço, que facilitou minhamovimentação entre as pessoas

nas ruas para que eu não esbar-

rasse nelas."

Para Letícia, ela aprendeu a

lidar melhor com o tempo, pois

tem as tardes ocupadas com a

nova atividade, o teatro.

"Expandi meu olhar e também

tive ciência e controle do meu

corpo", afirma. As alunas veem

a cobrança dos professores de

forma positiva, porque isso

ajuda na evolução do seu tra-

balho. Elas também ressaltam

que o ator não pode ter certeza

de que aquilo que fez está bom,

para não se acomodar.

Espaço cultural Cine Horto comemora 15 anosn

ANNA CLARA RODRIGUES

LARISSA RICCI1º PERÍODO

O grupo Galpão criou naCidade de Belo Horizonte umimportante centro cultural, oGalpão Cine Horto. Em ativi-dade há 15 anos, instalado emum antigo cinema da década de50, esse espaço cultural é umaextensão do Grupo Galpãovoltado para a comunidade,com oficinas, espetáculos, pro-

jetos culturais, dentre outros. O espaço tem sido utilizado

para a aproximação do grupoGalpão com outros artistas e opúblico em geral. No site doGalpão Cine Horto, (www.gal-paocinehorto.com.br) pode-seacompanhar a agenda do es-paço cultural, e ficar por dentrodos shows, oficinas, cursos,palestras, mostras e espetáculosrealizados no local.

Chico Pelúcio, ator do Gru-

po, diretor geral do GalpãoCine Horto e gestor cultural,integra o Galpão há 30 anos,sendo um dos fundadores."Nesse centro cultural sãodesenvolvidos trabalhos de for-mação, reciclagem, memória depublicação, provocação depesquisa e atividades sociocul-turais com crianças de escolapública", explica.

Existem 17 projetos, cadaum com seu grau de relevância

na área que atua. O mais anti-go é o Oficinão. Este projeto égratuito e tem como objetivoproporcionar reciclagem enovas experiências para atoresjá com alguma experiência pro-fissional, e depois, deu origema todos os outros que o centrocultural possui hoje.

Em suas seis primeirasedições, o projeto era dirigidopor atores do grupo Galpão.Nas edições posteriores, dire-

tores e parceiros do grupoforam convidados a partici-parem do projeto, realizado em2008, o Oficinão ganhou o for-mato que tem hoje, selecionan-do diretores participantes pormeio de edital.

Para a seleção dos atores,recebem cerca de 120 currícu-los, dos quais são selecionados40. Os escolhidos participamde uma oficina durante umasemana, e, de acordo comChico Pelúcio, trata-se de umtipo de oficina teste para quetodos usufruam de algum con-hecimento e a partir desses tra-balhos, são selecionados 15atores que permanecem no cen-tro durante um ano, pesquisan-do e montando uma propostade espetáculo que o diretor iráconduzir.

Este ano em comemoraçãoaos 15 anos do Galpão CineHorto, o Oficinão, retoma assuas primeiras edições e convi-da integrantes do GrupoGalpão para a condução dapesquisa e montagem doespetáculo. Chico Pelúcio as-sumirá a coordenação destaedição, que terá o elenco com-posto exclusivamente poratores ex-participantes do pro-jeto.Fachada do Espaço Galpão Cine Horto , à Rua Pitangui, que há 15 anos realiza diferentes atividades culturais na Zona Leste da capital mineira

RAQUEL GONTIJO

RAQUEL GONTIJO

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13SaúdeMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

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HUGO L'ABBATE

LAYSA VIEGAS

NATHÁLIA PEREIRA

RAFAELLA RODINISTZKY1º PERÍODO

Em 1989, a inglesa Judy Robbe,hoje com 72 anos, criou o "Grupode Apoio Alzheimer BH" (atual-mente intitulado Harmonia deViver), com o intuito de auxiliar eorientar aqueles que convivem ecuidam de pessoas com distúrbiode memória. A ideia surgiu porcausa da história de um casal deamigos da Alemanha, em que omarido apresentava problemas dememória e comportamento estra-nho, sintomas da doença deAlzheimer. "Ninguém sabia lidarcom os comportamentos daquelehomem, a esposa não foi prepara-da e, infelizmente, foi levada aoalcoolismo", contou Judy.

Após conversar com amigosmédicos, Judy Robbe percebeu adificuldade em relação ao aconse-lhamento das famílias de quemapresenta sintomas como os deAlzheimer e resolveu iniciar seupróprio projeto de apoio. Ao longodos anos a inglesa se firmou pio-neira no aconselhamento de fami-liares de pessoas com distúrbios dememória, no Brasil. Como mem-bro da Dementia Advocacy andSupport Network International(DASNI) e membro-fundador daAssociação Brasileira deAlzheimer (ABRAz), recebeumaterial vindo de países comoInglaterra e Estados Unidos, que aajudaram em seu trabalho. A car-tilha distribuída aos participantesdas reuniões foi traduzida da ori-ginal de uma associação daInglaterra, com as devidas auto-rizações.

Durante quase uma década asreuniões foram feitas na IgrejaNossa Senhora do Carmo, naRegião Sul de Belo Horizonte. Noentanto, o espaço acabou se tor-nando pequeno para o grandenúmero de pessoas que procu-ravam assistência, o que resultou

na mudança para a Igreja SãoMateus. Os encontros sempreacontecem no terceiro sábado domês, das 15h às 17h, e os partici-pantes não precisam preencherinscrições ou pagar taxas, bastaque compareçam a quantasreuniões puderem ou quiserem,para que compartilhem suasexperiências e conheçam as deoutras pessoas.

Judy Robbe também recebeaqueles que desejam aconse-lhamento individual, geralmentedevido à preferência por discrição.Primeiramente, ela faz uma visitaà casa da pessoa com distúrbio dememória, sem se identificar comoconselheira ao paciente. Depois,os cuidadores vão à casa de Judy,para que conversem e sejam acon-selhados, procedimento quemuitas vezes estende-se por horas.

Cuidador de um familiar emestágios iniciais de distúrbios dememória, Alexandre Cardosoressalta que o convívio "requeratenção e dedicação permanentes,por várias razões", já que "a pessoaevita ficar conversando e, assim,começa a ficar cada vez mais nopróprio mundo; fica nervosaquando quer se lembrar de algo enão consegue". Para Judy Robbe, oobjetivo do Grupo de Apoio émuito claro: "é o de manter oumelhorar a qualidade de vida dapessoa acometida por esse tipo dedoença, e também de seus fami-liares, assim como diminuir oabuso e maus-tratos com idosos,seja emocional, financeiro ou dequalquer tipo".

Os primeiros sintomas dademência são sutis, podendo serperda de memória recente, alte-rações de humor e dificuldade deconcentração. À medida em que adoença progride, pode-se notaresquecimento, confusão quanto àhora, dia e acontecimentosrecentes, dificuldade para falar erealizar tarefas do dia a dia. Aoidentificar um desses sintomas, éimportante que o diagnóstico dadoença específica seja feito. Para

Além de realizar visitas, Judy Robbe também recebe cuidadores em sua casa para fazer aconselhamentos

NATHÁLIA PEREIRA

SOLIDARIEDADE E AMOR EM CENAInglesa que mora no Brasil, ajuda e aconselha pessoas que possuem algum tipo de demência, como o Alzheimer, por meio do “Grupo Harmonia de Viver”, que faz um trabalho voluntário

isso, deve-se consultar um neuro-logista, de modo que o tratamentoseja adequado e os sintomas sejamamenizados.

Os distúrbios de memória sãoincuráveis. No entanto, é impor-tante que os cuidadores esta-beleçam uma rotina, permitindoque a pessoa de quem cuidam rea-lize tarefas e sinta-se ativa, man-tendo o bom-humor. Além disso, énecessário tornar o ambiente maisseguro, eliminando potenciaiscausas de acidentes, como tapetese utensílios de cozinha.

No site Harmonia de Viver(www.harmoniadeviver.net.br),estão disponíveis instruções bási-cas para os cuidadores, com a afir-mação de que é tão importantecuidar de si mesmo, como dofamiliar.

ALZHEIMER Segundo dadosdo Instituto Brasileiro deGeografia e Estatística (IBGE),desde 1940, o grupo etário com60 anos ou mais é o que maiscresce, proporcionalmente, na

população brasileira. Estatísticasglobais demonstram que 6% dosindivíduos acima de 65 anos, e20% dos acima de 85 anos,sofrem de demência.

Mencionado pela primeira vezem 1906, pelo psiquiatra alemãoAloysius Alzheimer, o Mal deAlzheimer é a forma de distúrbiode memória mais recorrente emidosos. Mais de 100 anos após oprimeiro diagnóstico, a origem e acura da doença ainda permanecemincertas.

O neurologista Luiz Roberto,professor da PUC Minas, esclareceque, estatisticamente, “75% dospacientes dementes têm doençade Alzheimer e os outros 25% têmoutros tipos de demência, como ademência vascular". "Nos examesde imagem, geralmente encontra-se um quadro de atrofia cerebral,principalmente na área do cérebro,chamada de hipocampo", explica.Sobre o diagnóstico, o especialistaobserva que chama a atenção, fun-damentalmente, é o distúrbio dememória. “Além da perda de

memória recente, são pesquisadasoutras áreas, como linguagem eatividades práxicas, ou seja, aque-las que aprendemos, como usartalheres, escrever e desenhar", diz.Há um método de avaliação quetesta a capacidade do indivíduo dese localizar no tempo e espaço,receber ordens orais e escritas, emanter memória recente. "Feito ohistórico e o teste, é feito umexame de sangue, que afasta ou-tras patologias que podem simulara demência, como anemia ou dis-túrbio da glândula tireóide."

Quanto ao tratamento, o neu-rologista destaca os modosmedicamentoso e não medica-mentoso. O primeiro é responsá-vel por retardar o avanço doAlzheimer através de remédios. Jáo segundo, consiste em atividadescomo terapias e prática de exercí-cios físicos e psicológicos. LuizRoberto também cita a importân-cia dos cuidadores, que, além daproteção de acidentes domésticos,devem auxiliar os pacientes nastarefas do dia-a-dia e forneceratenção e carinho.

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LETÍCIA CARVALHO

THIAGO SOUZA5º E 6° PERÍODOS

De acordo com a UnitedNations Office on Drugs andCrime (UNODC), o descontroleemocional, conhecido como"Transtorno ExplosivoIntermitente", vem sendo umdos principais fatores que colo-caram o Brasil entre os paísescom as maiores taxas de homicí-dios do mundo. Entre o ano de2004 e 2010, 42.069 pessoas,em média, foram mortas por anono país. Esse número é maior doque um massacre igual ao doCarandiru, acontecendo todosos dias.

Visando sensibilizar asociedade contra a banalizaçãoda violência, o ConselhoNacional do Ministério Público(CNMP) lançou, no final de2012, a campanha "Conte até10. Paz, essa é a atitude". A cam-panha conta com a presença delutadores brasileiros de MMA, efoca nas artes marciais esporti-vas, que desenvolvem a disci-plina com regras específicas. "Nodia a dia, eles são pessoascomuns e que, apesar de todopoder e força que possuem, ado-tam uma atitude de paz", explicaTatiana Jebrine, chefe do Núcleo

de Comunicação Institucionaldo CNMP.

"Aparentemente, a campanhapretende mostrar que, apesardos atletas praticarem técnicasviolentas na modalidade deesporte a que se dedicam, elessão pessoas que não cometemtais violências no dia a dia desuas vidas. No entanto, suaslutas mobilizam milhares de pes-soas, que esperam que elesdetonem seus adversários até

que os mesmos não tenham maisforças para levantar do chão" ,explica a psicóloga MariaAngélica Diniz Aragão, 63 anos.

Entre os casos mais comunsde crises nervosas estão as brigasde bar e as discussões no trânsi-to. "Dados demonstram quecerca de 90% dos assassinatossão cometidos por pessoas quenunca mataram antes. Em SãoPaulo, cidade mais densamentepovoada do país, 70% das víti-

mas de assassinato e 49% dosagressores não possuíamantecedentes criminais. “Erampessoas comuns de cabeçaquente", afirma Tatiana Jebrine.

Eduardo Honório Fagundesde Oliveira, 31 anos, que é pas-tor, conta que após um acúmulode frustações ao longo da vida,se precipitou e apontou um fuzilpara sua cabeça. Ele, que serviao Exército à época, aproveitouum dia de ronda pelo quartel, etentou o suicídio.

"Via-me inferior às outras pes-soas, em todas as áreas, como afinanceira, a sentimental e aespiritual. Eu não entendiacomo as coisas eram, então euficava o dia inteiro pensando emcomo acabar com minha vida.Um dia estava de serviço noquartel, carreguei o fuzil, foi ter-rível, pois tinha um amigo meujunto. Ele saiu correndo deses-perado e eu apontei o fuzil car-regado para minha cabeça", lem-bra Eduardo.

Para a psicóloga MariaAngélica, uma crise nervosaaparece quando algo não vaibem e precisa ser modificado."Isto vale para várias situações.A crise surge para que aconteçauma mudança, sua mensagem éo sinal de que algo precisa sermudado", ressalta. "A impulsivi-dade é uma reação que vem semque a pessoa tenha pensado ouponderado. Quando a pessoapercebe, ela já fez, e é aí queaparecem muitos crimes, reações

violentas, coisas que na maioriados casos levam ao arrependi-mento e ao sofrimento de terfeito mal a alguém ou a simesmo. E é esta a mensagemque o ‘Conte até 10’ pretendelevar à população", completaMaria Angélica.

A estudante de Publicidade ePropaganda Antonella Carolinada Silva, 17 anos, fala como oesporte melhorou seu estadoemocional. "O thai-boxe, artemarcial de origem tailandesa,que faço há cinco meses, me aju-dou a desviar o meu jeito explo-sivo para a luta. Se antes euagredia alguém, hoje eu seguro aonda e descarrego minhas ener-gias no esporte", ressalta.

Mas, a mudança de hábitonão é fácil para Antonella. "Àsvezes, eu fico meio prejudicadapor causa desse meu nervosismo.Por exemplo, no thai-boxe a pes-soa tem que ter muita disciplina,se não ela paga uma prenda,como ter de fazer 50 abdomi-nais. Eu sempre pago essas pren-das, sou um pouco indisciplina-da”, diverte-se ao contar."Quando eu era pequena, naescola, as crianças batiam emmim e me dava muita raiva, masguardava tudo. Hoje, se perco apaciência, explodo fácil, mas nãosei se o fato de explodir tem aver com meu passado", finalizaAntonella.

Pense bem, respire e conte até 10

Antonella Carolina da Silva optou pelas aulas de thai-boxe para melhorar o emocional

RAQUEL DUTRA

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“O RUGBY ME TROUXE

DE VOLTA E ME DEU

NOVO SENTIDO À VIDA”

14EsporteMaio • 2013jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

Solidão e depressão sãosentimentos que não estãopresentes na vida de MichelliSilva Patrício, 30 anos.Praticante de natação, ajovem mineira, comSíndrome de Down, já dis-putou dois campeonatosnacionais em São Paulo, sain-do vencedora em ambos. Elatambém já concorreu em umcampeonato de ginásticaolímpica na mesma cidade,ficando em segundo lugar.Graças a essas conquistas, ajovem conseguiu, há cerca decinco anos, um patrocíniomensal da Camter, empresana área de mineração, sanea-mento e obras viárias, novalor de um salário mínimo."A Michelli evoluiu demaiscom a prática da natação. Osproblemas de dicção dimi-nuíram, a independência delaaumentou, assim como suacapacidade de socialização",ressalta Maria AparecidaPatrício, mãe da atleta.

Michelli faz aulas denatação por meio do progra-ma Superar, uma iniciativa daPrefeitura de Belo Horizonte,criada em 2004, cujo objetivoé proporcionar mais quali-

dade de vida às pessoas comdeficiência, inserindo-as naprática cotidiana do esporte.Em um amplo espaço locali-zado no bairro Carlos Prates,Região Noroeste da capital, anadadora, juntamente comoutros 580 alunos tambémportadores de algum tipo dedeficiência, têm acesso àprática de várias modalidadesesportivas, como futsal, bas-quete, patinação, judô, tênisde mesa, hidroginástica edança. Além disso, osusuários contam com atendi-mento médico e fisioterápicogratuito.

Em 2012, a coordenaçãodo Superar sorteou Michellipara ir à Porto Rico competirem um campeonato interna-cional de natação, porém aviagem não foi possível devi-do a problemas burocráticosna documentação solicitadapara o embarque da atleta.Mesmo assim, nenhum pro-blema ou adversidade desani-ma mãe e filha que, ao ladode outras mães de alunos doprograma da PBH, formamuma corrente de luta, torcidae esperança.

Campeã de natação já tem patrocinador

De acordo com RosanaBastos, diretora de desenvolvi-mento do paradesporto daSecretaria de Estado deEsportes e da Juventude deMinas Gerais (SEEJ), 22,62%da população mineira têm algu-ma deficiência. Diante desseíndice, o órgão público temdesenvolvido ações de fomentodo esporte paralímpico noEstado, levando-o a um grandenúmero de pessoas, por meiode palestras informativas emdiversas cidades, promoção decampeonatos regionais e capa-citação de professores de edu-cação física.

"É importante fomentar oparadesporto e descobrir novostalentos, seja para a formaçãode base do cidadão deficiente,uma espécie de iniciaçãoesportiva, ou em caráter com-petitivo. O poder público não

pode assumir, sozinho, aresponsabilidade dos custos,tendo em vista que passamospor cortes de orçamento emdiversas áreas como saúde eeducação, por exemplo.Precisamos também do apoioda iniciativa privada", ressalta adiretora.

Rosana, que também é para-plégica, se sente orgulhosa pelahistória de vida que possui. Elaé a primeira pessoa a assumirum cargo público voltado parao desenvolvimento do parade-sporto em Minas. "Isso é umgrande avanço para o estado",diz.

Além de dirigir um impor-tante setor da SEEJ, a diretoraparticipou da fundação daAssociação Mineira deParaplégicos em 1979 e, entre1996 e 2002, jogou na seleçãobrasileira de basquete para

cadeirantes. Já no primeiro anode existência da seleção, viveuum dos melhores momentos dacarreira, ao ser convocada pararepresentar o Brasil nos jogosparaolímpicos de Atlanta, nosEstados Unidos.

"O esporte me deu tudo queconsegui na vida. Viajei paramuitos países e conheci váriaspessoas. Não fiquei presa àminha cadeira. Andei mais doque se tivesse minha mobili-dade perfeita. Hoje, estou casa-da, sou mãe de dois filhos etenho um cargo de importânciano Governo do Estado. Souuma das provas de que umcorpo paralisado, uma cegueiraou déficit mental não sãomaiores diante da vontade denos superarmos cada vez mais eirmos além dos nossos limites",finaliza.

Ações valorizam atletas paralímpicos

ATLETAS DÃO LIÇÃO DE SUPERAÇÃOn

DANIEL DE ANDRADE

3º PERÍODO

Existe um ditado popular queorienta as pessoas a "fazerem dolimão uma boa limonada", ouseja, minimizar as coisas ruins davida e transformá-las em vitóriasou motivos de felicidade. Essa foia solução encontrada por quatrocidadãos, todos com algum tipode deficiência física ou mental.Eles se aliaram ao esporte e acada dia rompem as tristes bar-reiras do preconceito, em umexemplo claro de superação.

Tetraplégico desde 2010, opolicial militar Davi RodriguesCoimbra, 23 anos, mal imaginavaque, graças à prática do rugby emcadeira de rodas, modalidadeesportiva para pessoas portadorasde deficiência em pelo menosquatro membros, fosse conquis-tar o posto de atleta mais velozdo Brasil. Segundo a AssociaçãoBrasileira de Rugby em Cadeirade Rodas (ABRC), Rodriguesatravessou uma quadra de 20metros em 5,8 segundos, emjunho de 2011, o que lhe rendeuuma vaga na seleção brasileira,onde estão reunidos os melhoresda modalidade.

O ex-PM revela que viu suavida mudar drasticamente quan-do, há três anos, sofreu um aci-dente em uma piscina, fraturan-do uma das vértebras. "Achavaque minha vida tinha acabado.Eu estava no auge da minhajuventude, cheio de planos",relembra. Mas durante uma dassessões de fisioterapia no hospitalSarah Kubitschek, ele assistiu umcampeonato de rugby e, desdeentão, resolveu apostar noesporte como forma de se sentirútil e integrado novamente àsociedade. Atualmente, Davitreina três vezes por semana,deslocando-se de ônibus doBarreiro, onde mora, até o bairroCarlos Prates, local onde estáinstalado o Centro de ReferênciaEsportiva para Pessoa Portadora

Michelli exibe, orgulhosa, as medalhas já conquistadas na natação; Davi não se deixou vencer após acidente em piscina e tornou-se o atleta mais veloz do país em sua modalidade

MARCUS TADEU MAGALHÃES DANIIEL DE ANDRADE

Com habilidade, muito treinamento e força de vontade, eles seguiram o ditado popular e fizeram do limão uma limonada; Davi, José Gonçalves e Michelli são pessoas com algum tipo de

deficiência que têm outro ponto em comum: são vencedores - não só nas modalidade de esportes em que se especializaram como também na arte de vencer na vida com determinação

de Deficiência (CRE-PPD). "O rugby me trouxe de volta a

vida, me deu um novo sentido",afirma o atleta que, neste ano, seprepara para disputar o campe-onato brasileiro na equipe deCampinas, tetracampeã brasileirae invicta há quatro anos. "Acadeira deixou de ser um entravepara mim. Nossas limitaçõesestão na cabeça, no pensamento.Existe uma fábrica de cadeiras deroda, cujo slogan é 'a vida nãopara', e esse é meu lema, pois avida realmente não pode parar.Há pessoas que não são defi-cientes e apresentam mais limi-tações que a gente", reflete.

Outro esportista que tambémnão permitiu que sua vidaparasse diante da deficiência foio matogrossense José GonçalvesRamos, 57 anos, acometido por

“COM O ESPORTE, TIVE

RECUPERAÇÃO PARCIAL

E MAIS SAÚDE”

“ELA AUMENTOU A

INDENPENDÊNCIA E A

SOCIALIZAÇÃO”

DAVI COIMBRA MÃE DE MICHELLI JOSÉ GONÇALVES

poliomielite na infância, o quecausou sua paraplegia. Em 1978,ele conheceu o basquete emcadeira de rodas, no Rio deJaneiro, por meio do Clube doOtimismo, primeira associação atrazer o esporte para o Brasil.

"Nessa época, fiz parte daseleção brasileira de basquetebolnos jogos Parapan-Americanos doRio e desde então acumuleimuitas conquistas", relembra oaposentado que, ao longo de maisde três décadas, participou dedois campeonatos brasileiros ediversas disputas regionais."Tenho mais de 30 medalhas",afirma Ramos, cuja atuação tam-bém se estendeu ao atletismo e ànatação, durante vários anos.

Atualmente, ele participa daequipe de basquete em cadeira derodas da União dos Paraplégicos

de Belo Horizonte (Unipabe) e,mesmo lamentando os poucosinvestimentos dos órgãos gover-namentais no paradesporto(esporte adaptado para pessoascom deficiência física), José nãonega os benefícios do esporte emsua vida.

"Vou fazer 58 anos e nãotenho, por exemplo, problemasde pressão alta ou baixa. Graçasao esporte, tive uma recuperaçãoparcial. Hoje, uso muletas erecorro à cadeira de rodas, apenaspara jogar basquete. Acredito quese não praticasse nenhuma ativi-dade esportiva, estaria usandouma variedade de remédios paraminimizar problemas que infeliz-mente são muito comuns entre osdeficientes, como a depressão e osedentarismo", relata.

José Gonçalves afirma que, se

os governos investissem mais noesporte para pessoas com defi-ciência, teriam uma grandeeconomia com medicamentos. "Oindivíduo que pratica esportesdeixa de estar constantemente nohospital por problemas de órgãos.Todos os deficientes físicos têmproblemas nos órgãos porque osistema de vida que nós levamosacaba comprometendo isso. Aatividade física elimina nossosproblemas. O praticante deesportes vive mais. Tem pessoasque eu conheço que já chegaramaos 60 anos, ultrapassando amédia de vida de um deficientefísico, que é de 50 anos. Oesporte só tem trazido, para odeficiente, mais qualidade e maistempo de vida, além de menosestresse, solidão e depressão",destaca.

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15PolíticaMaio • 2013 jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas• jornalmarcolaboratóriodocursodejornalismodapucminas

n

ÍGOR PASSARINI

RAQUEL DUTRA5º PERÍODO

Apresentar projetos que possammelhorar suas escolas e comu-nidades, ter um engajamento sociale conhecer melhor o cenário políti-co do próprio país são alguns dosdesafios e aprendizados dos mem-bros da Câmara Mirim de BeloHorizonte. Antes de chegar paracumprir o mandato de um ano, osjovens vereadores, com idade entre12 e 14 anos, enfrentam umaeleição interna nas escolas públicasda capital mineira.

O projeto, implantado em BeloHorizonte em 2008, já existia emdiversas cidades de Minas e doBrasil, mas o de BH já é considera-do referência no país. "A iniciativafoi da Procuradoria da CâmaraMunicipal e da Escola doLegislativo, que tinha um ano deexistência quando a gente assumiu",revela o coordenador do ProjetoCâmara Mirim pela Escola doLegislativo, Sulavan Fornazier, 48anos.

"De cara a gente reformulou todoo projeto, dando a ele um caráterpedagógico e com foco central deeducação para a cidadania, que é onosso grande objetivo. A partir daífizemos a parceria com secretaria deeducação", relata o coordenador.Segundo ele, o primeiro ano foi bas-tante custoso, pois tiveram quelutar contra o ceticismo das escolas

participantes, que não acreditavammuito em um projeto que tinhanascido em uma casa política. "Masnós conseguimos mostrar que o pro-jeto era da instituição Câmara e queele tinha o objetivo claro de edu-cação da cidadania. Assim, a gentefoi conquistando as escolas", diz.

Ele relembra que, já no primeiroano, o encerramento contou commais de 350 alunos presentes noplenário para assistir os vereadoresmirins da primeira legislatura seremdiplomados. "Percebeu-se um resul-tado muito positivo e a partir daí aparceria se consolidou e o projeto sóvem crescendo", completa. Atual-mente a iniciativa é desenvolvidapela Escola do Legislativo daCâmara Municipal em parceria coma Secretaria Municipal de Educaçãoe com a Escola Judiciária do TRE-MG.

A coordenadora de ProjetosEspeciais da Secretaria Municipalde Educação, Miriam Cunha deOliveira, 47 anos, acredita que aCâmara Mirim tem somado muito eacha importante essa parceria com aEscola do Legislativo. "A Secretariaconta hoje, em todas as escolas, comum colegiado com participaçãogarantida de estudantes. Ela vem,portanto, contribuindo para a for-mação e participação dos alunosnesses espaços dentro da escola. Foium casamento muito feliz", avalia.

Segundo Miriam, a educação játem um viés voltado para que asações educativas possam contem-

plar o desenvolvimento integral dosestudantes de forma que eles co-nheçam melhor os poderes legislati-vo, judiciário e executivo. "É umaoportunidade de eles se sentiremparte disso enquanto cidadãos,vivenciando a abertura de partici-pação nesses poderes. Isso contribuipara que a gente possa fomentararticulações dentro do programabásico da escola que são relaciona-dos à participação crítica, envolvi-mento e engajamento dos meninosno contexto social", pondera.

A reunião é mensal e acontecesempre na terceira quarta-feira domês. Mirian explica que a formaçãoacontece, inicialmente, nas trêsprimeiras sessões. "As formaçõesdos professores e dos vereadoresmirins são separadas, porque traba-lhamos questões específicas de cadaum", explica. Segundo ela, depoisdessa etapa, o grupo todo trabalhajunto. "Os professores são peças fun-damentais para o desenvolvimentodas ações", avalia.

A professora Juliana Pena, 27anos, da Escola Municipal MestreAtaíde diz que essa iniciativa émuito boa porque induz o aluno ater uma participação mais cidadã."Já dei aula para alunos que pas-saram pela Câmara Mirim, e possodizer que eles se engajaram mais,em relação aos demais colegas, e setornaram referência na escola",comenta.

"Eles são multiplicadores, poistudo que aprendem aqui a gente tira

CÂMARA MIRIM DE

VEREADORES DE BH É

REFERÊNCIA NO PAÍSDesde 2008, estudantes com idade entre 12 e 14 anos participam do projeto educacional e de cidadania

Dagma Martins, Miriam Cunha de Oliveira e Sulavan Fornazi coordenam o projeto

Vereadores mirins durante reunião em plenário na Câmara Municipal de Belo Horizonte

um momento lá na escola para elescompartilharem com os outrosalunos", ressalta Roberto CarvalhoJúnior, 37 anos, professor da EscolaMunicipal Fernando Dias Costa.Para ele, a participação nesse proje-to acrescenta muito, em todos ossentidos. "Eles têm oportunidade dese expressar e criar consciênciapolítica. Descobrem também aimportância da participação detodos na vida na omunidade",observa.

Roberto acredita que a idade dosalunos participantes é ideal. Deacordo com o professor, é nessa faseque se deve começar a desenvolver osenso crítico e a participação. "Ofato de terem sido eleitos já mostraque eles apresentaram algum dife-

rencial, como poder da oralidade epropostas consistentes", conclui.

Ana Clara Vera, 12 anos, alunada escola Paulo Mendes Campos,foi eleita para ocupar uma das 41cadeiras da Câmara Mirim em2013. "Vemos o que se passa nacidade e mostramos que temospotencial mesmo sendo menor deidade", afirma. Sua colega, BiancaBarbosa Santos, 13 anos, diz que ofato de a atual presidente ser daescola delas motivou-a. "Quero sercomo ela. Os alunos que partici-param também conseguiram trazerbenefícios para a escola, setornaram mais responsáveis e estãocom mais consciência", afirma.

Apesar do interesse dosalunos, nem todos os eleitosexercem o mandato. Há situ-ações em que assume quemficou em colocações posterioresnas eleições. É o caso de AnaGabriela Amorim da Silva, 13anos, que estava comosuplente. "Entrei no lugar deum aluno que foi eleito, masque os pais não permitiram suaparticipação porque ele já esta-va envolvido em outras ativi-dades fora da escola. Eles tive-ram medo que isso atrapalhas-se", conta. Ana quis participarpara tentar resolver problemasda escola e do bairro. "É umaoportunidade de está informan-do às pessoas da escola e dacomunidade sobre o que elesnão sabem", explica.

Yasmin Lopes da Silva, 12anos, diz que se interessouquando viu cartazes espalhadospelo colégio com os dizeres"Seja um vereador". Para ela,além de poder dar sua opiniãona escola, esta é uma possibili-dade de mudar o que não estábom. "É um aprendizado. Aquiconhecemos pessoas influentesque nos dão conselhos para onosso futuro", completa.

O aprendizado proporciona-do por quem passa pelaCâmara Mirim é marcante.Amabiliane Gonzaga Queiroz,16 anos, participou em 2011 ehoje trabalha como auxiliar noadministrativo da CâmaraMunicipal. "A experiência foi

única. Retirei várias coisas paraminha vida e que uso até hoje.Me arrependo por não ter mesoltado mais, mas valeu muitoa pena", revela.

"Eles vão criando uma visãoprópria e aprendem que nãotêm que ficar somente assistin-do as coisas acontecerem, poiscada um tem o seu papel", argu-menta a gerente da Escola doLegislativo Dagma Martins, 41anos. De acordo com ela, amudança na postura dos alunosentre o início e o final do proje-to é muito grande. "Se vocêsvirem aqui hoje, quando acon-tece a primeira reunião, evoltarem na última, perceberãocomo há diferença", aponta.

De acordo com Sulavan,hoje em dia o projeto CâmaraMirim de Belo Horizonte éreferência no Brasil porque temvários diferenciais em relaçãoaos demais. Ao contrário doque acontece em outrascidades, em BH os alunos nãovão para Câmara atuarem talcomo vereador, seguindo umregimento cheio de detalhes doprojeto legislativo da Câmara."A gente trabalha com algumassimulações de atividade parla-mentar. Os meninos tambémapresentam projeto, só que issovai acontecendo de formagradativa no processo de edu-cação para a cidadania, de apro-fundamento em alguns temasque eles colocam como maispreocupantes", explica.

Crianças e jovens

adquirem aprendizado

Todos os anos acontecem aseleições para a Câmara Mirim,quando as escolas participantesescolhem seus representantesentre os alunos, divididos emcandidatos e eleitores.

De acordo com MiriamCunha de Oliveira, 47 anos,coordenadora de ProjetosEspeciais da SecretariaMunicipal de Educação, a escolaparticipante faz uma eleição,onde elegem quatro estudantes.No total, são formados 41vereadores no primeiro semestreescolar. No segundo, esses 41 vãoeleger a mesa diretora do projetoCâmara Mirim, que é compostapor um secretário, um vice-presi-dente e um presidente. A funçãodeles é coordenação dos traba-lhos e a representação. Eles têm,então, um ano de mandato.

"Não trabalhamos comreeleição de alunos. Na verdade,possibilitamos a permanência de

representantes de três escolas pordois anos no máximo. As escolaspodem voltar a participar, massempre com novos vereadores",pondera Mirian. Segundo ela, oobjetivo é tentar fazer com queum número maior de estudantespossa participar do projeto e queisso crie nas escolas um grupomais atuante, para que os alunospossam se engajar em outrosmovimentos.

Por sua vez, o coordenador doProjeto Câmara Mirim pelaEscola do Legislativo, SulavanFornazier, 48 anos, informa que,a cada legislatura, dez escolaspúblicas municipais participamdo projeto. Elas são indicadaspelas gerências das adminis-trações regionais de BeloHorizonte. Cada uma indicaquatro vereadores mirins e uma,cinco, para totalizar os 41vereadores.

Segundo ele, essa eleição é

feita tal qual um pleito normal,inclusive com utilização dasurnas eletrônicas cedidas peloTribunal Regional Eleitoral(TER). Tudo isso faz parte de umprocesso bem dinâmico dentrodas escolas, onde eles fazemcampanha e tem todo aquele ri-tual das eleições normais do país."É o momento em que, numaação multidisciplinar, a escolatrabalha essa questão eleitoralcom os alunos. Eles são educadospara se tornar futuros eleitores e,quem sabe, para ser futurospolíticos", revela. Mas Sulavanressalta que o objetivo é bemclaro. "Nós não fazemos isso coma intenção de formar futurospolíticos e sim formar futuroscidadãos, bons cidadãos, acredi-tando que, assim, eles podem setornar bons políticos, casoqueiram", afirma.

Eleição anual define os vereadores

RAQUEL DUTRA

RAQUEL DUTRA

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foram acontecendo algumas mudançasem relação à montagem de elenco, degrupo, com isto algumas referênciasforam se perdendo dentro do time.

n Como avalia o trabalho do Felipão na seleção brasileira?

Infelizmente, temos muito pouco tempopara Copa do Mundo. Temos uma provade fogo em breve, que é a Copa dasConfederações, em que poderemos teruma noção maior de qual estágio está aseleção. Infelizmente, nós não con-seguimos escalar a seleção, este é um dosfatores que tem sido uma dificuldadegrande. Outro problema é a não disputadas eliminatórias, que traz para cadajogador uma maturidade, um aprendiza-do muito grande, para entender quecada dificuldade que você passa, são asmesmas ou até maiores do que as que seencontra numa Copa do Mundo. Com achegada do Felipão, a seleção ganhouprincipalmente pela experiência dele,juntamente com o Parreira, pelo querepresentam e pelo respeito com que sãovistos por quem está fora.

n Quando não está jogando ou treinando o que você gosta de fazer?

Sou bem caseiro, gosto de estar sossega-do quando tem oportunidade, de ir parao sítio ou até ficar dentro de casamesmo. Às vezes, em dia de folga, nãocoloco nem o nariz na janela.

n Há ainda algum sonho não realizado no futebol?

Sonho você nunca pode deixar de tê-los.Hoje, o meu maiorsonho no futebol éganhar a Liber-tadores pelo Atlético.Dar este título aoclube, que é carentede títulos, um titulotão importante, achoque seria fantástico,no meu estágio atualde carreira, de vida.Espero que a genteconsiga dentro da

competição, dando um passo de cadavez, chegar a este objetivo.

n Você tem planos para quando se aposentar dos gramados?

Tenho amigos ex-profissionais, assistivários depoimentos de atletas, falando oquanto é difícil parar de jogar futebol.Mas você se vê obrigado devido à forçado tempo, porque não consegue mantera mesma performance. Principalmentede uns anos para cá, pois futebol exigemuito fisicamente, então ouvindo tudoisso, desde o início da minha carreira,tive a preocupação de como iria termi-nar minha carreira. Procurei me infor-mar da melhor forma possível. Hoje,felizmente, temos acesso maior à infor-mação pela internet, para quem con-segue despertar um pouquinho, você seatualizar de certa forma. Dentro dofutebol, você se fecha um pouco para osacontecimentos à sua volta, de poder àsvezes fazer um curso, saber o que estáacontecendo. Já que eu não posso hojefrequentar uma sala de aula, a sala deaula virou meu computador, está semprecomigo, procuro sempre fazer algumcurso, de alguma forma me orientandopara este final. Eu sei que está próximo,não sei se vai ao final deste ano, se aindavou mais um ou dois anos. Não seiainda, é ruim de pensar neste lado, maseu sei que vai chegar, não sei ainda se vaiser dentro do futebol, mas eu tenho umcampo preparado, se eu quisesse pararhoje, eu já teria trabalho de 6h damanhã as 22h.

n Você acha que o futebol mudou muito nos últimos anos?

Houve certa melhora, mas não mudoumuita coisa também, no meu ponto devista. Alguns clubes chegaram à con-clusão e consciência de que é preciso seestruturar, ter uma estrutura deapoio com profissionais qualifi-cados, para que você tenhauma condição melhor detrabalho, isto é fundamen-tal para o sucesso. Acredito,pelas coisas que aprendi nofutebol, que ainda tem algoconsiderável que pode sermelhorado no Brasil, paraque nós tenhamos um fute-bol que possa chegar próxi-mo ao nível europeu, aindafaltam algumas coisas bemimportantes.

n Belo Horizonte é referência em relação aos centros de treinamento, coma Toca da Raposa II e a Cidade do Galo. De formageral, como você avalia as estruturas para treinamento no futebol brasileiro?

Esses que você citou estão super tran-quilos. O Atlético Mineiro tem umaestrutura para atender qualquer dele-gação do mundo, está totalmente apto.No Atlético Paranaense eu tive a chancede fazer a preparação para a Copa de

Gilberto SilvaGilberto SilvaEntrevistaEntrevistaZAGUEIRO DO ATLÉTICO

2010 e também está muito bom. Masainda tem um déficit muito grande, atéem relação a muitos grandes, que aindanão têm um CT adequado e boascondições de treinamento. Além deatrasarem os salários dos funcionáriosque às vezes são remunerados em umaproporção bem menor em questão devalores. Tem muita coisa que ainda podeser mudada e melhorada.

n E os estádios brasileiros? Os estádiosdaqui estão em um padrão europeu?

O Mineirão, por ter sido o primeiro jogoapós a reforma, acabou que houve algu-mas informações que o público não tevetanto acesso. Mas é até normal pelo fatode ter sido o primeiro jogo, um clássicoentre Atlético e Cruzeiro, com as duasmaiores torcidas de Minas. O estádioficou em boas condições, para atender aqualquer evento esportivo. Acredito que

os outros estádiostambém, dentrode pouco tempoe s t a r ão nomesmo nível, queesteja tudo sendofeito da formabacana e correto

com tem que serfeito.

n Como um belohorizontino ‘ado-

tado’, como analisaa cidade após asua volta?

Desses anostodos que eufiquei fora, nasminhas idas evindas, princi-palmente emperíodo def é r i a s , agente co-m e ç a an o t a r ,varias mu-d a n ç a s .

Algumasp a r t e sque fo-r a m

crescendo, melhorando, questão da estru-tura, você começa a ver que o podereconômico da cidade foi melhorando.Estando aqui a gente consegue perceberisto melhor. Cada coisa que vai melho-rando você sempre espera que outrastambém acompanhem, todo este desen-volvimento que a cidade teve, acaba quepara mim fica muito ao que os olhosconseguem ver. Por não ainda tantasoportunidades, por causa do trabalho,acompanhar estatísticas, o que real-mente cresceu em 10/12 anos em BeloHorizonte.

n Quando você está em campo é facil-mente identificado por deixar a camisapara dentro do calção. Por muito tempoisto foi obrigatório no futebol, por quemanter a tradição?

Eu ainda sou da turma da velha guarda.Eu aprendi desta forma, tem coisas quevocê aprende na vida e jamais esquece.Um dos motivos para eu ainda jogarassim, foi que uma vez eu vi meutreinador falando que jogador comcamisa para fora dá uma sensação deque está cansado, e ele sempre mandavaa gente colocar a camisa para dentro.Além disso, até um tempo atrás pela Fifaainda era obrigatório usar o uniformedesta forma. E que bom que eu estou medestacando desta forma.

n Quais as diferenças no tratamentodado pelos torcedores de futebol nosdiferentes países em que jogou?

O futebol inglês passou por uma trans-formação muito grande. Há uns anos,tudo que se ouviu sobre o futebol inglêsera sobre oshooligans, erauma questãotrágica. Após aintervenção dog o v e r n oacabou comeste problema,é raro ter umproblema numestádio inglêshoje em dia.Eu acho que aquestão mesmo de toda esta intervençãomudou o comportamento do torcedornos estádios. Você ir ao estádio inglêsassistir um jogo é como ir ao teatro, lógi-co que a paixão do torcedor não muda.É uma paixão grande em qualquer umdestes lugares, com comportamentosdiferentes. Fica quase impossível falarqual é a melhor torcida justamente poreste comportamento que existe emcada cultura e até comportamentoseducacionais. Cada um a sua maneiraconsegue estender sua paixão nosestádios às ruas. Na Inglaterra princi-palmente é um orgulho muito grandepara o torcedor, você encontrar com

ele na rua e ele falar que compra o ti-cket da temporada, para ele é comodizer que é um dos acionistas, um dosdonos do clube.

n Desde que você saiu do Arsenal, ele nunca mais foi campeão. Qual a explicação para isso?

O Arsenal na minha chegada em 2002 eprincipalmente a partir do momento quefoi decido a construção do novo estádio,o time sofreu uma transformação muitogrande, principalmente financeira, emque o clube gastou mais de 400 milhõesde euros, a meu ver no estádio mais mo-derno da Europa e até do mundo. Comisso o clube não conseguiu competirfinanceiramente com muitos clubes daInglaterra, como o Chelsea, hoje oManchester City e o Manchester United

que investem mais em contratações.Pouco antes ainda da minha saída

n

CAROLINA SANCHES

PAULO FELIPE MANGEROTTI

5º PERÍODO

Pentacampeão mundial, com três Copas do

Mundo disputadas no currículo, Gilberto Silva,

ocupou por vários anos a posição de volante da

seleção brasileira e também marcou época nos

clubes em que atuou. Campeão da Série B pelo

América, jogou por duas temporadas no Atlético

e em seguida migrou para o Arsenal, onde atuou

por oito anos e virou a "Muralha Invisível",

conquistando títulos importantes. Além da pas-

sagem pela Inglaterra, Gilberto Silva defendeu

um dos maiores clubes da Grécia, o

Panathinaikos e voltou para o Brasil em 2011,

quando jogou no Grêmio. Depois disso, aos 36

anos, o mineiro de Lagoa da Prata, no Oeste do

estado, voltou a Minas e ao Atlético-MG. Ele

aproveita o momento para fazer um balanço de

sua carreira e projeções para o futuro. "Você se

vê obrigado devido à força do tempo, porque não

consegue manter a mesma performance", relata o

jogador, que fala com pesar da aproximação do

fim da carreira. "Eu sei que está próximo, não

sei se vai ser ao final deste ano, se ainda vou

jogar mais um ou dois anos", afirma o veterano

atleta, ainda em dúvida sobre o futuro. Com

muita história para contar, o experiente jogador

já planeja os próximos passos em sua vida.

CRAQUE MINEIRO REVELA BASTIDORES DA CARREIRA

[ ]“COM A CHEGADA

DO FELIPÃO, A SELEÇÃO GANHOU,

PRINCIPALMENTE, PELAEXPERIÊNCIA DELE”

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Conheça o ‘time dos sonhos’ de Gilberto Silva

RAQUEL DUTRA

MARCOSMARCOS

SOL CAMPBELLSOL CAMPBELL

CAFÚCAFÚROBERTOROBERTO

CARLOSCARLOS

RIVALDORIVALDO

KLÉBERSONKLÉBERSON

RONALDINHORONALDINHO

PATRICKPATRICK

VIEIRAVIEIRA

HENRYHENRY RONALDORONALDO

JUANJUAN