Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria
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8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria
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Marcelo Gleidison Dias Horta
ANLISE DA INFLUNCIA DO CONHECIMENTO NAACEITAO DOS POLICIAIS CIVIS DA REGIO DE
VENDA NOVA EM RELAO POLCIA COMUNITRIA
Belo Horizonte2008
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Marcelo Gleidison dias Horta
ANLISE DA INFLUNCIA DO CONHECIMENTO NAACEITAO DOS POLICIAIS CIVIS DA REGIO DE
VENDA NOVA EM RELAO POLCIA COMUNITRIA
Tema Monogrfico: Polcia Comunitria
Monografia apresentada ao Curso de Ps-Graduaolato sensu em Polcia Comunitria e SeguranaCidad promovido pela Escola Superior Dom HelderCmara como requisito parcial para obteno dottulo de Especialista em Polcia Comunitria e
Segurana Cidad.Orientadora: Prof. Adriana Maria da Costa
Belo Horizonte2008
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Aos meus amigos;professorese minha famlia.
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AGRADECIMENTOS
Aos amigos do Curso, pois sentiram as mesmas angustias e compartilharam as
experincias na busca da superao das dificuldades cotidianas;
Aos professores que compreenderam nossas dificuldades e por vezes nos exigiram
maior empenho por conhecerem o potencial de cada um;
minha famlia, sentido nico do que fao e por quem continuo sempre a busca
de mais conhecimento e melhores condies de vida.
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Onde o Direito e a Liberdade so tudo,os inconvenientes so nada.
(Rousseau)
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RESUMO
A filosofia de Polcia Comunitria surge como parmetro para a atuao das instituies
policiais no mundo moderno, como evoluo na forma de atuao destas foras que devem
acima de qualquer interesse, defender e garantir a liberdade dos cidados, demonstrar a
presena do Estado enquanto garantidor de direitos e viabilizador da paz social.
O novo causa insegurana e medo, principalmente naqueles que no o compreende e, por
isso, a implementao de metodologias experimentais e novas formas de atuao no trabalho
exigem esforos no sentido de informar, preparar e formar os indivduos para atuarem dentro
de tais perspectivas.
Este trabalho tem como objetivo a anlise da influncia do conhecimento sobre o tema, na
aceitao da filosofia de Polcia Comunitria nas atividades da Policia Civil na Regio de
Venda Nova em Belo Horizonte.
Palavras-chave: influncia; conhecimento; Polcia Comunitria.
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ABSTRACT
The Communitys Policing conception has become as a parameter for the police institutions
acting in modern world, as the evolution on how these police forces act in order to, more than
something else, to protect and guarantee the citizens freedom, to show the State as a present
entity for the rights assurance and social peace viability.
The unknown brings fear and insecurity feelings, essentially on those people that cannot
understand it. Because of that, the implement of experimental methodology and the newer
proceeding ways on daily work demand efforts to instruct, to prepare and to give appropriate
formation to the people with the purpose of their proceeding routines adaptation with those
perspectives.
The intention of this present work is to analyze the knowledge effects on theme, on the
Communitys Policing philosophy acceptation in Civil Police activities at Venda Nova area
in Belo Horizonte City.
Keywords: Knowledge influence on the acceptation of Communitys Policing.
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LISTA DE TABELAS
1. TABELA 01: Voc vivenciou situaes em que um cidado foi procurar a Delegacia
para registrar ocorrncia, mas o problema no dependia da atuao da Polcia Civil
para solucion-lo ou ento, caberia a participao de outras instituies do Estado?_38
2. TABELA 02: O que voc pensa em relao investigao policial em locais de
crimes?_____________________________________________________________38
3. TABELA 03: O que voc pensa sobre o envolvimento dos Policias Civis com outros
rgos e instituies, tais como: Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, Escolas,
Igrejas e etc..., na tentativa de solucionar problemas que acontecem na rea de
atuao desses Policiais?_______________________________________________39
4. TABELA 04: Voc sabe o que Polcia Comunitria?_______________________39
5. TABELA 05: Voc conhece algum projeto de Polcia Comunitria?____________40
6. TABELA 06: Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia
Comunitria?________________________________________________________40
7. TABELA 07: Voc participou de palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia
Comunitria?________________________________________________________40
8. TABELA 08: O que voc pensa sobre Policia Comunitria?__________________41
9. TABELA 09: O que voc pensa sobre o Policial que atua com PoliciaComunitria_________________________________________________________41
10. TABELA 10: Voc se disponibilizaria participar de projetos de Polcia
Comunitria?________________________________________________________42
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SUMRIO
1 INTRODUO _________________________________________________10
2 ANLISE DO CONHECIMENTO ___________________________________12
2.1 Teoria do Conhecimento___________________________________________________________ 12
2.2 Anlise do Discurso_______________________________________________________________ 17
2.3 Anlise de Contedo ______________________________________________________________ 22
3 ATUAO POLICIAL____________________________________________24
3.1 Breve Histrico __________________________________________________________________ 24
3.2 Policia Tradicional _______________________________________________________________ 26
3.3 Polcia Comunitria ______________________________________________________________ 28
4 METODOLOGIA________________________________________________31
4.1 Mtodos ________________________________________________________________________ 32
4.2 Validao do questionrio Pr-teste ________________________________________________ 32
4.3 Instrumento e coleta de dados ______________________________________________________ 33
4.4 Anlise dos dados ________________________________________________________________ 34
5 RESULTADOS _________________________________________________37
6 CONCLUSO__________________________________________________42
7 BIBLIOGRAFIA ________________________________________________46
8 ANEXOS______________________________________________________47
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1 INTRODUO
Este trabalho monogrfico resultado final do Curso de Ps-Graduao lato sensuem Polcia Comunitria e Segurana Cidad, promovido pela Escola Superior Dom Helder
Cmara, integrando a RENAESP (Rede Nacional de Altos Estudos em Segurana Pblica),
sob acompanhamento e financiamento da SENASP (Secretaria Nacional de Segurana
Pblica) - Ministrio da Justia; a partir de convnio celebrado em 2007.
O presente estudo visa verificar o conhecimento dos Policiais Civis sobre Polcia
Comunitria. Com essa finalidade, o estudo foi realizado junto aos policiais que trabalham nas
Delegacias de Polcia Civil na regio de Venda Nova em Belo Horizonte, estado de MinasGerais.
O carter preventivo a essncia da filosofia de Polcia Comunitria e a partir
deste conhecimento apresenta-se a necessidade da reflexo sobre como utilizar esta
metodologia na resoluo dos problemas que surgem quando no h mais possibilidade de
preveno, ou seja, o crime consumado.
Na atuao da polcia judiciria, que possui carter repressivo, alguns
questionamentos podem ser colocados: como aplicar a metodologia de polcia comunitria nas
atividades de Polcia Civil? Em quais circunstncias pode-se aplicar esta metodologia no
exerccio das atividades da Polcia Judiciria?
Neste contexto, encaixa-se outro questionamento: considerando que o objeto de
trabalho da Polcia Civil a investigao do crime consumado, ento, de que maneira esta
organizao policial poder desenvolver suas atividades com nfase em uma metodologia de
ao preventiva?
Ora, a partir destes questionamentos, e refletindo sobre a prtica cotidiana das
organizaes policiais, pode-se considerar que a polcia no conseguir ser totalmente
preventiva, bem como, no conseguir ser totalmente repressiva e, por isso, os modelos que
privilegiam somente aes repressivas, como os adotados na atualidade, no tm conseguido
atingir os resultados que a populao e o Estado desejam. Assim, preciso ampliar o debate
sobre a aplicao da metodologia de Policia Comunitria e tornar ainda mais acessvel o
conhecimento sobre o tema e seu carter PR-ATIVO.
incontestvel que no dia-a-dia de trabalho, os questionamentos citados, que
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cotidianamente so evocados em diversas oportunidades, so realizados com o intuito de criar
obstculos para a implementao de mudanas nas rotinas de trabalho. Deve-se observar
tambm que parcela significativa destes questionamentos ocorre em funo do pouco ou
nenhum conhecimento sobre o tema.
constante o embate entre a aplicabilidade das metodologias ditas tradicionais e
a comunitria, no entanto, preciso evitar esse embate e ampliar a reflexo sobre a existncia
de outras metodologias para a ao policial.
necessrio ampliar as concepes de que tais metodologias no necessitam ser
excludentes e proporcionar o entendimento de que possvel utilizar diversos mtodos em
conjunto para a melhor execuo das atividades policiais e assim, minimizar as resistncias
em relao aplicao de novos modelos.
fundamental a reflexo sobre novas metodologias de trabalho e sobre a
necessidade de ali-las s tradicionais e, com isso, alcanar novas perspectivas de ao com o
objetivo de melhorar a prestao dos servios das Polcias.
Com esse objetivo, a anlise sobre a compreenso dos Policiais Civis sobre a
filosofia e a metodologia de trabalho policial com nfase na Polcia Comunitria, se faz cada
vez mais necessria, pois, atravs do entendimento da relao entre este conhecimento e aaceitao desta metodologia, pelos policiais, ser possvel obter melhor percepo das
variveis que influenciam a utilizao da metodologia pelas instituies policiais.
Avaliar o conhecimento dos policiais em relao Polcia Comunitria
contribuir para a reflexo sobre a percepo destes profissionais em relao s metodologias
de trabalhos e, a partir dessa avaliao, poder ser indicado o nvel do conhecimento dos
policiais sobre o tema e o quanto se faz necessrio o desenvolvimento de novas formas e
novos mtodos que possam facilitar o treinamento dos policiais nesta filosofia e na
implementao de tcnicas de trabalho que considerem prioritariamente tal metodologia.
Considerando as ponderaes elencadas, este trabalho pretende avaliar a
compreenso e o conhecimento sobre Polcia Comunitria que os policiais civis que prestam
servios na regio de Venda Nova possuem e, atravs desta avaliao, analisar a influncia
do conhecimento sobre Polcia Comunitria na aceitao desta metodologia como
instrumento eficaz e aplicvel s atividades da Polcia Civil?
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2 ANLISE DO CONHECIMENTO
Considerando o objeto de pesquisa deste trabalho, se faz necessrio delimitar apartir de quais orientaes sero determinadas as avaliaes do conhecimento dos Policiais
que participaro da pesquisa.
Antes de se determinar a maneira pela qual sero formados os parmetros para a
avaliao do conhecimento dos pesquisados, produente que se faa algumas referncias em
relao ao conceito de conhecimento e sobre metodologias para a anlise dos instrumentos de
coleta de dados.
Este captulo tem o objetivo de delinear quais aspectos sero observados para a
determinao dos critrios de anlise dos resultados da pesquisa proposta. Desta forma, sero
apresentadas consideraes em relao Teoria do Conhecimento e Anlise de Discurso e
Contedo, para melhor compreenso da anlise dos resultados deste trabalho.
conveniente sublinhar que no objetivo deste captulo traar profundo debate
sobre estes temas, principalmente, por serem complexos e de vasto embasamento terico.
2.1 Teoria do Conhecimento
Aqui, no ser feito um estudo complexo sobre a Teoria do Conhecimento, no
entanto, se faz necessrio ilustrar a partir de qual entendimento se far a anlise proposta.
Desde a antiguidade grega os filsofos buscam a compreenso sobre o tema conhecimento e,
na atualidade, so diversas as correntes de estudo sobre o conhecimento humano. Pretende-se
determinar, nesta introduo, em linhas gerais, qual a percepo sobre o conhecimento ser
observada.
Cervo (1973), nos ensina que a atuao humana diretamente sobre as coisas,
necessita de instrumentos entre o homem e o ato. Nas cincias, para que se possa desenvolver
um trabalho cintfico, necessrio ter claramente distinguidos os termos e conceitos que
formam os conhecimentos sobre tais instrumentos; o autor explica que conhecer uma
relao que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Considera ainda
que:
O conhecimento sempre implica numa dualidade de realidades: de um lado, o
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sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, que est possudo, de certa
maneira, pelo cognoscente. O objeto conhecido pode, s vezes, fazer parte do
sujeito que conhece. Pode-se conhecer a si mesmo, pode-se conhecer e pensar os
seus pensamentos. Mas nem todo o conhecimento pensamento.(CERVO, 1973.
p. 14)
O autor tambm explica que o homem, utilizando-se desse conhecimento capaz
de penetrar nas diversas reas da realidade para dela tomar posse, obter o conhecimento e,
mesmo que a realidade apresente nveis e estruturas diferentes em sua prpria constituio, o
homem se torna capaz de situ-l dentro de um contexto, ver seu significado e sua funo,
compreende a sua estrutura fundamental e suas implicaes resultantes.
Afirma ainda que fundamental compreender as diferentes formas de percepo
sobre a realidade observada por diferentes sujeitos que obtem a posse do conhecimento, e
assim esclarece:
Esta complexidade do real, objeto de conhecimento, ditar, necessariamente,
formas diferentes de apropriao por parte do sujeito cognoscente. Estas formas
daro os diversos nveis de conhecimento e consequente posse, mais ou menos
eficaz, da realidade, levando ainda em conta a rea ou estrutura considerada.
(CERVO, 1973. p. 14)
Para Severino (2007, pg. 24-25), o conhecimento se d como construo do
objeto que se conhece, ou seja, mediante nossa capacidade de reconstituio simblica dos
dados de nossa experincia, desta maneira, o conhecimento surge na relao
indivduo/experincia. O autor reflete ainda que em nossa tradio cultural e filosfica,
compreendemos o conhecimento como mera representao mental mas que esta no ,
o ponto de partida do conhecimento, e sim o ponto de chegada, o trmino de um
complexo processo de constituio e reconstituio do sentido do objeto que foi
dado nossa experincia externa e interna. (SEVERINO, 2007. p. 25)
Considerando a relao sujeito/realidade, deve-se observar que a partir da
contextualizao que surgir o entendimento da complexidade de uma dada realidade, dessa
forma, a compreenso do sujeito estar diretamente afetada pela maneira como este
compreende as coisas em sua volta, na interao sujeito/objeto. Da fundamental a
compreenso das variveis do ambiente em que o sujeito est inserido e, nesta perspectiva,
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analisar o conjunto formador da cultura em que o sujeito se situa.
A origem cultural na formao da percepo do sujeito entendida, aqui, como o
ponto de partida para a tomada de posse do conhecimento por esse sujeito, levando-se em
conta sua vivncia, experincias cotidianas e suas relaes com outros indivduos, isso, ser
determinante em sua maneira de perceber a realidade atravs de sua cultura.
Para posicionar em que nvel de percepo est sendo analisado o conceito de
cultura, apresenta-se em Chau (2000), a descrio de cultura enquanto criao coletiva.
A cultura a criao coletiva de idias, smbolos e valores pelos quais uma
sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto,
o verdadeiro e o falso, o puro e o impuro, o possvel e o impossvel, o inevitvel e o
casual, o sagrado e o profano, o espao e o tempo. A Cultura se realiza porque os
humanos so capazes de linguagem, trabalho e relao com o tempo. A Cultura se
manifesta como vida social, como criao das obras de pensamento e de arte, como
vida religiosa e vida poltica. (CHAUI, 2000. p. 61)
Ainda em Chau (2000), perceptvel a interao entre o sujeito/realidade, na
medida em que o conjunto dos conhecimentos obtidos pelo sujeito ir interferir na maneira
como o sujeito compreende a realidade e no quanto essa ir interferir na formao do
conhecimento no sujeito. A autora descreve a ao da cultura, considerando que:
Cada cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua
linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenas, de organizar o trabalho e as
relaes sociais, de criar as obras de pensamento e de arte. Cada uma, em
decorrncia das condies histricas, geogrficas e polticas em que se forma, tem
seu modo prprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores.
(CHAUI , 2000. p. 62)
Dessa forma, o conhecimento adquirido pelo sujeito e determinado pelo conjunto
formado por seus pares, influenciado pelo momento histrico, o pensamento dominante de
sua poca, de seus espaos geogrficos, de suas relaes cotidianas e pela maneira como o
coletivo em que est inserido o leva a perceber a realidade, ou seja, seu convvio cultural ir
ser determinante em sua relao sujeito/realidade.
Em anlise ao pensamento de Marx, Chau (2000), descreve que o sujeito acreditater posse de conhecimentos que o levam a ser racional, livre e independente, no entanto, o
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conhecimento que possui formado dentro de um conjunto de conceitos formados
socialmente, ideologia.
Marx descobriu que temos a iluso de estarmos pensando e agindo com nossa
prpria cabea e por nossa prpria vontade, racional e livremente, de acordo com
nosso entendimento e nossa liberdade, porque desconhecemos um poder invisvel
que nos fora a pensar como pensamos e agir como agimos. A esse poder - que
social - ele deu o nome de ideologia. (CHAUI, 2000. p. 63)
Outro conceito importante na relao do sujeito com o conhecimento, ser
refletido em Chau (2000), ao fazer referncia a Freud e seus estudos sobre o inconsciente.
Freud, por sua vez, mostrou que os seres humanos tm a iluso de que tudo quanto
pensam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o
controle de nossa conscincia porque desconhecemos a existncia de uma fora
invisvel, de um poder - que psquico e social - que atua sobre nossa conscincia
sem que ela o saiba. A esse poder que domina e controla invisvel e profundamente
nossa vida consciente, ele deu o nome de inconsciente. (CHAUI, 2000. p. 63)
A noo de ideologia e inconsciente, segundo Chau (2000), alteraram de formasignificativa maneira como se compreende a busca do conhecimento da verdade e
demonstrou a fragilidade da razo.
A noo de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosficos ou
cientficos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade social,
(...). A noo de inconsciente, por sua vez, revelou que a razo muito menos
poderosa do que a Filosofia imaginava, pois nossa conscincia , em grande parte,
dirigida e controlada por foras profundas e desconhecidas que permaneceminconscientes e jamais se tornaro plenamente conscientes e racionais. (CHAUI,
2000. p. 76)
Ainda em relao Teoria do Conhecimento, Chaui (2000), esclarece que existem
duas grandes orientaes, conhecidas como racionalismo e empirismo. Os racionalistas
consideram que a fonte do conhecimento verdadeiro a razo operando por si mesma (...),
por outro lado, os empiristas, consideram que a fonte de todo e qualquer conhecimento a
experincia , (...) controlando o trabalho da prpria razo. Em sua anlise, a autora apresenta
tambm o conceito de conscincia, como a capacidade humana para conhecer, para saber que
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conhece e para saber o que sabe que conhece; complementa ainda que para a Teoria do
Conhecimento, a conscincia uma atividade sensvel e intelectual dotada do poder de
anlise, sntese e representao e que o sujeito, dotado dessa conscincia quem ir
reconhecer-se diferente dos objetos, ter a capacidade de descobrir significaes e elaborar
conceitos. O sujeito capaz de conhecer a si mesmo no ato do conhecimento, poder
refletir sobre sua realidade, perceber o mundo, capaz do entendimento das coisas, esse o
sujeito do conhecimento, (Chaui, 2000. p. 146).
A importncia do conhecimento se relaciona ao quanto esse pode ser
compreendido, repassado e reconstrudo e assim melhor usufrudos pelos integrantes da
comunidade. Severino (2007, pg. 34) afirma que a importncia do conhecimento se faz,
principalmente, quando universalizado.
o conhecimento produzido, para se tornar ferramenta apropriada de
intencionalizao das prticas mediadoras da existncia humana, precisa ser
disseminado e repassado, colocado em condies de universalizao.
(SEVERINO, 2007. p. 34)
Para a transmisso do conhecimento, de pessoa a pessoa ou de gerao a gerao,
se faz necessrio que exista instrumentos para a comunicao, dessa forma, a linguagem surge
como o meio que ir subsidiar o homem nessa tarefa. A autora, lembra-nos dos ensinamentos
de Rousseau, que considerava: A palavra distingue os homens dos animais, a linguagem
distingue as naes entre si. No se sabe de onde um homem antes que ele tenha falado,
sublinha ainda, que para esse, a linguagem nasce de uma profunda necessidade de
comunicao e, complementa ensinando que A linguagem , assim, a forma propriamente
humana da comunicao, da relao com o mundo e com os outros, (...), e a linguagem se
apresenta com um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a
comunicao entre pessoas e para a expresso de idias, valores e sentimentos, no entanto,
apesar de parecer uma simples conceituao, a linguagem um conjunto estruturado,
complexo. Para ela, a linguagem um sistema de sinais com funo indicativa,
comunicativa, expressiva e conotativa.
A partir dessa breve reflexo sobre a Teoria do Conhecimento se faz necessrio
compreender como as sutilizas da linguagem podero ser percebidas atravs da utilizao de
metodologias prprias de anlise.
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2.2 Anlise do Discurso
So vrias as linhas de anlise do discurso, a partir de diversas tradies tericas e
com enfoques variados. A anlise do discurso, chamada AD, considera a lngua, histria esujeito.
AD, no uma metodologia e sim uma disciplina de interpretao, que se utiliza
dos conhecimentos de reas distintas, por exemplo: da lingstica, alterou a noo de fala para
discurso; do materialismo histrico, sublinhou a idia da ideologia e da psicanlise utilizou-se
da concepo de inconsciente.
A anlise do discurso se prope a questionar os sentidos estabelecidos em diversas
formas de produo, que podem ser textuais, verbais ou no verbais. O foco do trabalho em
AD o sentido e no o contedo textual, o sentido que produzido e no traduzido.
Segundo Maingueneau (1993), na atualidade, (toda a produo de linguagem
pode ser considerada discurso), e isso provm da prpria organizao do campo da
lingstica; no entanto, no significa que toda e qualquer produo seja de interesse da AD,
nesse aspecto, o autor especifica:
Os objetos que interessam AD, conseqentemente, correspondem, de forma
bastante satisfatria, ao que se chama, com freqncia, de formaes discursivas,
referindo de modo mais ou menos direto Michel Foucault que, atravs deste
conceito, entende um conjunto de regras annimas, histricas, sempre
determinadas no tempo e no espao que definiram em uma poca dada, e para uma
rea social, econmica, geogrfica ou lingstica dada, as condies de exerccio da
funo enunciativa. (MAINGUENEAU, 1993. p. 14)
Na AD, em geral, necessrio considerar um conjunto de variveis que iro
interferir no conjunto da enunciao, em termos de lugares, isso, segundo Maingueneau
(1993), se d em funo de enfatizar a preeminncia e a preexistncia da topografia social
sobre os falantes que a vem se inscrever. O conceito de lugar ir determinar traos
essenciais de identidades na formao discursiva.
A relao traada no discurso estar ligada ao conjunto de caractersticas que iro
determinar a identidade dos enunciadores, assim, a partir da determinao do lugar, melhor
ser o entendimento das caractersticas do discurso.
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O termo lugar diz respeito identidade dos parceiros do discurso. Michel
Pcheux (1969, p. 18) ope o lugar que se refere a status socioeconmicos dos
quais a sociologia pode descrever o feixe de traos objetivos caractersticos
(patro, empregado...) s formaes imaginrias, isto , a imagem que os
participantes do discurso fazem de seu prprio lugar e do lugar do outro. Essas
formaes imaginrias so subentendidas por questes implcitas: Quem sou eu
para falar-lhe assim?, Quem ele para que eu lhe fale assim?, Quem sou eu
para que me fale assim?, Quem ele para que me fale assim?. A anlise do
discurso deve isolar as relaes complexas entre esses lugares e essas formaes
imaginrias. (LIMA, 2003. p. 77)
Os enunciados iro se constituir no apenas enquanto fragmentos de lngua
natural, mas se apresentaro enquanto amostras de um certo gnero de discurso, neste
aspecto, o autor sublinha que:
a noo de gnero, no de fcil manejo. Os gneros encaixam-se,
freqentemente, uns nos outros. (...) Alm disso, um mesmo texto encontra-se
geralmente na interseco de mltiplos gneros. ( MAINGUENEAU, 1993, p. 35)
Esse autor acrescenta que na perspectiva da AD, pode-se observar uma
polarizao da reflexo sobre a eficcia dos discursos, assim, o sujeito inscreve-se demaneira indissocivel em processos de organizao social e textual, desta forma, apresenta-
se s questes de crena, da dinmica das idias prticas, isso desencadeia uma considerao
da idealidade, a influncia da ideologia.
O conceito de discurso veio destituir o sujeito falante de seu papel central, para
integr-lo ao funcionamento de enunciados, e no mais como sujeito produzindo
sentido; os textos produzidos so abordados a partir das condies de
possibilidade de articulao com um exterior, por exemplo, as formaes
ideolgicas. (LIMA, 2003. p. 79)
Em diversos enunciados, as caractersticas comuns estabelecidas por um conjunto
de semelhanas, determinadas em circunstncias relacionadas ao tempo, espao e
regionalidade, determinaro o que pode ser entendido como uma comunidade de discurso,
no entanto, o grau de envolvimento do indivduo nessa comunidade no poder ser
determinado apenas porque esse adere de forma mais ou menos prximo do discurso desta
comunidade, ou seja, o fato do indivduo se anexar a um discurso, comungar com esse, no
determinar o quanto este indivduo est efetivamente envolvido por esse discurso.
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A maneira como mobilizado o modo de enunciao de uma obra, indicar e
evidenciar, a partir de qual comunidade discursiva essa obra se tematiza.
Os textos aparecem, ao mesmo tempo, como uma das modalidades do
funcionamento da comunidade discursiva e o que a torna possvel; a comunidade se
estrutura pelo mesmo movimento que gera os enunciados, suscetveis, por sua vez,
de tematizar, por vezes sutilmente, as instituies que neles esto implicadas e sua
prpria intrincao com estas ltimas. (MAINGUENEAU, 1993. p. 70)
Ao ocupar-se com a anlise dos discursos, fundamental estar atento aos diversos
elementos que interferem nesse, a busca do entendimento do que est por detrs do que foi
dito, e o que levou a tal enunciado, facilitar ao pesquisador compreender de maneira
qualificada os resultados de sua pesquisa. Por isso, se faz necessrio a compreenso da
realidade do discurso, assim, trazer tona a concepo originria desse.
Lima (2003), ao falar do processo de subjetividade em que est inserido o
discurso, sublinha que (...) Os processos discursivos realizam-se no sujeito, mas no podem
ter nele sua origem, mesmo se este tiver a iluso de estar na origem do sentido (Lima, 2003.
p.79).
O autor apresenta ainda duas importantes noes de entendimento dessa
subjetividade, os chamados esquecimento nmero um e esquecimento nmero dois.
O esquecimento nmero um designa paradoxalmente o que nunca foi sabido e que,
portanto, toca de mais perto o sujeito que fala, na estranha familiaridade que ele
mantm com as causas que o determinam... em completa ignorncia de causa.
O esquecimento nmero dois uma ocultao parcial. Caracteriza uma zona
acessvel para o sujeito, se este faz um retorno sobre seu discurso (por exemplo, apedido do interlocutor). Na medida em que o sujeito se retoma para se auto-explicar
o que diz, para aprofundar o que pensa e para formul-lo de modo mais
adequado, pode dizer-se que essa zona nmero dois, que a do processo de
enunciao, caracterizada por um funcionamento do tipo pr-
consciente/consciente. ( LIMA, 2003. p. 79)
No discurso, a palavra no o que mais importa e sim como essa explorada, da
mesma forma que o ponto de debate no pode ser dissociado do modo como este debate serrealizado, imprescindvel observar as dimenses e implicaes da discursividade.
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(...) um discurso supe mais que uma memria das controvrsias que lhe so
exteriores; medida que aumenta o corpus de suas prprias enunciaes, com o
passar do tempo e com a sucesso das geraes de enunciadores, (...) o discurso
mobilizador por duas tradies: a que o funda e a que ele mesmo, pouco a pouco,
instaura. (MAINGUENEAU, 1993. p. 125)
As questes envolvendo a estruturao do discurso, nas ligaes entre o que j
foi dito e o que se est dizendo, esclarecem a relao entre o interdiscurso e o
intradiscurso. Assim, possvel compreender que o indivduo ao se aderir a um discurso,
assumir, mesmo que em parte, fragmentaes que indicaro uma origem para o pensamento
que se est expressando, dessa forma, o que j foi dito, sustentar o que se est dizendo.
Lima(2003), esclarece esta reflexo ao acrescentar:
O fato de que h um j-dito que sustenta a possibilidade mesma de todo dizer
fundamental para se compreender o funcionamento do discurso, sua relao com os
sujeitos e com a ideologia. Deduz-se da que h uma relao entre o j-dito e o que
se est dizendo, que a que existe entre o interdiscurso e o intradiscurso, ou, em
outras palavras, entre a constituio do sentido e sua formulao. (LIMA, 2003. p.
84)
A formulao do discurso est ento ligada sua constituio, pois, s podemos
dizer (formular) se nos colocamos na perspectiva do dizvel (interdiscurso, memria), assim,
fica evidente que todo dizer, na realidade, se encontra na confluncia dos dois eixos: o da
memria (constituio) e o da atualidade (formulao).
Maingueneau (1993), sublinha que o analista do discurso convive com o delicado
problema da articulao entre dois saberes sobre os quais se apia: um saber lingstico e um
saber no-lingustico. A partir do conhecimento desses saberes, se torna capaz de refletir as
questes scio-histricas referentes intangibilidade das estruturas enunciativas descritas;
convive tambm com a dualidade existente na questo: ser preciso privilegiar o estudo
contextualizado ou construir redes de elementos descontextualizados?
Considerando a questo apresentada, o autor ensina que o ideal seria o analista do
discurso no se obrigar a fazer tais escolhas e que possa fazer uma abordagem lingstica de
processos que no dependam de uma contextualizao prxima.
A intrincao essencial entre os enunciados apreendidos em sua linearidade e os
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processos que atuam sobre o conjunto do discurso s pode representar uma
realidade incontornvel para a AD. (MAINGUENEAU, 1993. p. 139)
Dentro desta perspectiva fundamental compreender que a questo no consisteunicamente em saber como uma formao discursiva constri seu espao prprio atravs das
virtualidades da lngua, importante perceber tambm a existncia da presso do
interdiscurso, que ir forar o estreitamento desta interao entre o linguistico e o
discursivo.
O vocabulrio encontra-se necessariamente situado no cruzamento de mltiplas
instncias, da cena enunciativa aos modos de coeso textual, passando pelo
interdiscurso (...) (MAINGUENEAU, 1993. p. 155)
Na anlise do discurso se faz necessrio observar as teorias lingsticas da
argumentao, pois estas, ainda de acordo com Maingueneau, liberam estratgias
argumentativas to discretas e sutis quanto eficazes, porque questionam o enunciador e o co-
enunciador, dessa relao observa-se que tais estratgias s se manifestam medida que a
prpria organizao da lngua condicionada por esta necessidade de agir sobre o outrem,
da, compreende-se de forma particular que a argumentao da linguagem se apiafreqentemente sobre o implcito e que este implcito constitui uma dimenso essencial da
atividade discursiva.
Compreender as formaes sociais, ideolgicas e discursivas dos diferentes
grupos nas instituies, permitir contribuir para a compreenso da realidade dessas e neste
aspecto, a anlise do discurso se apresenta como mais um instrumento para apoiar os estudos
dos processos de mudanas na formao das estratgias e das dinmicas das estruturas
institucionais na segurana pblica.
A anlise do discurso deve ser utilizada enquanto tcnica capaz de revelar
aspectos do contexto social intrincados no discurso que pode ser considerado como um
conjunto de regras que delimitam um determinado conjunto scio-histrico de enunciados.
Desta forma, revelar o contexto de enunciao e demonstrar o que dito para um dado
discurso, explicitando o que est oculto no discurso, e assim, esse ser melhor compreendido.
Lima (2003), chama a ateno para a complexidade da anlise do discurso, ao
argumentar que para compreender um enunciado, no basta para um sujeito mobilizar sua
competncia lingstica; ele deve tambm apelar para um saber enciclopdico, isto , o
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conhecimento do mundo que ele adquiriu.
fundamental compreender tambm que a anlise do discurso contribui para o
estudo da comunicao e da linguagem enquanto instrumentos de poder e manipulao e que
essa uma alternativa para tratar os significados no nvel lingstico, de maneira associada s
complexidades dos fenmenos sociais no contexto das instituies de segurana pblica.
2.3 Anlise de Contedo
A anlise de contedo, AC, surgiu nos Estados Unidos no incio do sculo XX,
com o objetivo de analisar material jornalstico e teve grande impulso na dcada de 1940 a
1950, quando os cientistas se interessaram pelos smbolos polticos, o que contribuiu para o
seu desenvolvimento, nas dcadas seguintes, a AC estendeu-se por diversas reas.
Anlise de contedo, AC, pode ser qualitativa ou quantitativa e considera o texto
como meio de expresso do sujeito, forma de apresentao das mensagens, independente do
meio que ser produzido: verbal ou no verbal.
Severino (2007, pg. 121) define anlise de contedo como uma metodologia de
tratamento e anlise de informaes constantes de um documento, sob forma de discursos
pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos, afirma tambm que
essa metodologia pretende compreender o sentido manifesto ou oculto das comunicaes.
As mensagens podem ser verbais, gestuais, figurativas ou documentais, a anlise
de contedo objetivar trat-las de forma matemtica na busca de sentidos, na busca de seus
significados. Ainda em Severino (2007, pg. 122), a anlise de contedo se exprime atravs
da forma como as mensagens/enunciados podero ser revelados em qualquer forma de
discurso. Ela descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de todas as formas de
discurso, procurando ver o que est por detrs das palavras
No que diz respeito anlise de contedo, seu conceito pode ser ampliado,
objetivando melhor compreenso, acessando os ensinamentos de Bardin (1977), que
apresentar a metodologia enquanto um conjunto metodolgico, sutil e em constante
aperfeioamento, que pode ser utilizado para anlise de mensagens diversas.
O que anlise de contedo atualmente? Um conjunto de instrumentos
metodolgicos cada vez mais sutis, em constante aperfeioamento, que se aplicam a
discursos (contedos e continentes) extremamente diversificados. O fator comum
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dessas tcnicas mltiplas e multiplicadas desde o calculo de freqncias que
fornece dados cifrados at a extrao de estruturas traduzveis em modelos uma
hermenutica controlada, baseada na deduo: a inferncia. Enquanto esforo de
interpretao, a anlise de contedo oscila entre os dois plos do rigor da
objetividade e da fecundidade da subjetividade. Absolve e cauciona o investigador
por esta atrao pelo escondido, o latente, o no-aparente, o potencial de indito (do
no-dito), retido por qualquer mensagem. Tarefa paciente de desocultao,
responde a esta atitude de voyeur de que o analista no ousa confessar-se e justifica
a sua preocupao, honesta, de rigor cientfico. Analisar mensagens por essa dupla
leitura, em que uma segunda leitura substitui a leitura normal do leigo, ser
agente duplo, detetive, espio... (BARDIN, 1977. p. 9-10)
Na anlise do contedo a mensagem o ponto de partida e as condies
contextuais de seus produtores devem ser consideradas. No se pode deixar de considerar as
concepes crticas e dinmicas da linguagem. Cada vez mais, a anlise do contedo se
apresenta como uma tcnica de pesquisa, que trabalha com a palavra.
Severino (2007, pg. 121), localiza a perspectiva da anlise de contedo na
interface da Lingstica e da Psicologia Social, afirma ainda que: ... enquanto a lingstica
estuda a lngua e o sistema da linguagem, a Anlise de Contedo atua sobre a fala, sobre o
sintagma.
O sujeito se expressa atravs do texto e o analista do contedo busca categorizar
as unidades do texto (palavras ou frases), observando a freqncia de repetio e da,
determina matematicamente, em expresses que representam estas unidades. Assim, desde o
clculo de freqncias que fornecem os dados cifrados, at a formulao de estruturas que
possam ser traduzidas em modelos, baseados em dedues e com o objetivo de se interferir
nos resultados, essas estruturaes so feitas de forma controladas.
O analista do contedo, na busca da interpretao que revela o que est por
detrs das palavras, se atm ao rigor da objetividade e ao rigor da subjetividade, e se torna
atrado pelo escondido, o que no est claramente proposto pela mensagem, o no dito que
se encontra retido em toda mensagem. Busca acessar informaes que esto alm da
compreenso prvia, com o objetivo de traduzi-las, para facilitar a compreenso do texto.
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3 ATUAO POLICIAL
3.1 Breve Histrico
A polcia possui em sua atividade um leque de prerrogativas que a colocam em
uma posio diferenciada em relao a outros rgos pblicos, principalmente, por ser o
rgo estatal detentor de grande poder, inclusive a prerrogativa do uso da fora. Neto (2003),
nos ensina que para intervir na privacidade, na autonomia e na integridade fsica e psquica
dos cidados, necessrio que existam mecanismos que assegurem que esta autoridade seja
legitimamente exercida.
A organizao policial, estabelecida a partir de 1829, na Inglaterra, se orientou no
modelo de profissionalizao e dedicao tempo integral do policial; Sapori (2007), reflete
que esse modelo, conforme propugnado por Robert Peel, ocorreu lentamente ao longo da
segunda metade do sculo e coincidem tambm com o perodo de formao das grandes
cidades. Acrescenta, ainda: exatamente no perodo de formao das grandes cidades
europias do sculo XVIII que a noo de ilegalidade passou a ser amplamente utilizada.
Descreve, tambm, que: o assegurar que a populao inteira de um determinado territrioviva sob o domnio da lei pressupe incumbir as foras policiais de tarefas que se sobrepem
pura represso poltica.
A prerrogativa do uso legtimo da fora com o objetivo de assegurar a obedincia
s normas estabelecidas determinar a constituio das Instituies Policiais enquanto
aparelhos repressivos do Estado.
Conceitualmente, a polcia constitui um dos aparelhos repressivos do Estado, pormeio do qual ele regula os comportamentos pelo uso da violncia legtima. Em
outras palavras, polcia cabe assegurar a obedincia a normas relativas a modos
civilizados de existncia e resoluo de conflitos, como j mencionado. A polcia
moderna burocratizada, por sua vez, apresenta uma dupla justificativa, que se
constitui em seu principal dilema: a neutralizao do uso privado da fora e a
restrio ao uso feito pelo Estado da violncia, na imposio da ordem.
(MARINHO, 2002. p.13)
Neto (2003), observa que no incio da organizao policial, na Europa e EUA,
essa instituio era responsabilizada por um amplo leque de atividades; o relacionamento
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entre a polcia e cidados era conflituoso, a polcia utilizava-se de sua prerrogativa do uso da
fora para se impor frente aos cidados.
As concepes acerca do modelo profissional de polcia surgem da necessidade de
sistematizao do trabalho policial em torno de critrios relativos eficincia. Tal
concepo, tambm, volta-se tentativa de obteno de imparcialidade profissional,
uma vez que a submisso da polcia a interesses polticos passa a ser vista como
problema central para esse tipo de organizao. (MARINHO, 2002. p. 22)
Tal relao, principalmente com o fortalecimento da democracia, fez surgirem as
necessidades de mudanas, assim como reformulao e revises nas estruturas internas e
externas de controle sobre a polcia se tornou consenso, e para isso, a demarcao penal das
funes policiais, dentro de limites claros e rgidos, facilitaria o controle sobre a ao policial.
Com a reformulao da instituio policial e a implantao de um modelo
profissional, de policiamento moderno, muitos avanos tecnolgicos e a profissionalizao
do policial, mudaram de forma relevante atuao policial e sua relao com os cidados, no
entanto, esses progressos e avanos obtidos aps a reformulao da polcia, com o passar do
tempo, no conseguiram tornar as instituies policiais capazes de identificar e lidar com os
problemas cotidianos dos cidados, principalmente, nas grandes metrpoles.
As atuais reformas na rea policial esto fundadas na premissa de que a eficcia de
uma poltica de preveno do crime e produo de segurana est diretamente
relacionada existncia de uma relao slida e positiva entre a polcia e a
sociedade. Frmulas tradicionais como sofisticao tecnolgica, revelaram-se
limitadas na inibio do crime, quando no contriburam para acirrar os nveis de
tenso e descrena entre policiais e cidados. Mais alm, a enorme desproporo
entre os recursos humanos e materiais disponveis e o volume de problemas, foroua polcia a buscar frmulas alternativas capazes de maximizar o seu potencial de
interveno. Isto significa o reconhecimento de que a gesto da segurana no
responsabilidade exclusiva da polcia, mas da sociedade como um todo. (NETO,
2003. p. 29)
A complexidade das relaes modernas exige de qualquer instituio uma
profunda avaliao de seus mtodos, isso no , e no pode ser diferente em relao s
instituies estatais, por isso, os estudos e anlises das estruturas das foras policiais somadosao engajamento de cidados que trabalham e militam nessa esfera, apontam para a
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implementao de profundas mudanas na maneira como so realizados os trabalhos de
polcia e na relao dessa com os cidados, no entanto, essas organizaes no podem ser
compreendidas a partir de comparaes com outras instituies estatais, da, a reflexo de
Marinho (2002), ir ilustrar este posicionamento.
Mas as organizaes policiais no se confundem com as demais instncias da
administrao pblica. A policia apresenta particularidades que a distinguem de
modo definitivo e visvel a todos os cidados que diante dela se encontrem. A
autoridade, manifesta pelo uniforme e pela arma, destaca o fato de que seu universo
diferente daquele relativo s relaes entre administrados e as demais instncias
pblicas. (MARINHO, 2002. p. 11)
O processo histrico acima refletido expe a formao das instituies policiais e
como a evoluo das estruturas estatais e da democracia exigiu que tais instituies adotassem
novas perspectivas de trabalho, dessa maneira ser percebido o caminho na evoluo da
Polcia Tradicional para a Polcia Comunitria.
3.2 Policia Tradicional
A organizao e estruturao das instituies policiais seguem padres que
privilegiam as aes reativas. De acordo com a conceituao ensinada atravs do Curso de
Multiplicador de Polcia Comunitria, organizado pela SENASP, o policiamento tradicional
pode ser caracterizado a partir da observao do perfil de sua atuao.
Nesse modelo, a polcia uma agncia governamental responsvel,
principalmente, pelo cumprimento da lei, seu papel preocupar-se com o crime e
rotineiramente se ocupa mais com os incidentes, sua eficincia determinada pela capacidadede resposta rpida. As informaes importantes so aquelas relacionadas a certos crimes; os
crimes que envolvem violncia so prioridade e o policial trabalha voltado para a
marginalidade. O marginal tratado como inimigo.
Essa filosofia de trabalho dita tradicional, privilegia o afastamento entre policiais
e cidados alm de reforar uma linha hierrquica rgida, onde o comando ocupa-se e
preocupa-se em prover regulamentos e determinaes que devem nortear os trabalhos
policiais. Marinho (2002), reflete essa atuao policial considerando:
A tarefa policial se estabelece a partir de trs situaes: servios solicitados pela
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populao atravs das centrais de operaes - o 190 da polcia brasileira -; os
servios de inspeo e o patrulhamento rotineiro. Os servios solicitados pela
populao dizem respeito a fatos j ocorridos ou em andamento, que exigem a
presena da polcia. Relacionam-se, assim, mais aos incidentes do que aos riscos.
(MARINHO, 2002. p. 26)
A Policia Tradicional, modelo profissional, foca-se na resoluo de problemas e
o emprego da fora a principal tcnica utilizada; os recursos humanos e materiais so
distribudos seguindo orientaes estatsticas e os policias prestam contas somente aos seus
superiores.
Marinho (2002), reflete tambm que o modelo profissional de policiamento
considera categorias estabelecidas de elementos contextuais, dessa maneira, este modelo
(...) representa importante separao entre polcia e pblico.
A maneira como so conduzidas as aes de polcia dificulta o controle sobre a
atividade policial, e isso, pode fazer florescer oportunidades para falhas na atuao policial e
como consequncia reduzir a eficincia da ao. Na medida que o controle sobre a atividade
policial dificultado, o surgimento de conflitos desnecessrios entre cidados e polcia ser
ampliado, mesmo em situaes que o meio pacfico de solues de problemas pudesse ser
aplicado.
A pouca interao entre os policias e os cidados, no modelo tradicional de
policiamento, faz com que os ambientes de convivncia entre os policiais e a populao sejam
reduzidos, isso, amplia o distanciamento entre os profissionais de segurana e os cidados.
Neto (2003), observando este fenmeno esclarece:
No modelo tradicional, o policial passa maior parte de seu tempo em contato com
outros policiais. As breves oportunidades de contato entre policiais e cidados
costumam ocorrer em situaes de tenso e adversidade, fato que contribui para o
desenvolvimento de desconfianas e esteretipos. (NETO, 2003. p. 42)
O distanciamento entre as organizaes policiais e os cidados, conduzido pelo
modelo profissional, pode, segundo Marinho (2002), ter gerado uma crise de legitimidade
das organizaes policias, sublinha tambm que nesse modelo, a estratgia implicada no
se mostra eficiente para a preveno de delitos, j que enfatiza a ocorrncia em si e no aeliminao de suas causas.
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3.3 Polcia Comunitria
A necessidade de uma nova relao entre os policiais e a populao pressionou as
instituies a refletirem sobre a atuao das polcias, neste contexto, no apenas asorganizaes policiais, mas tambm outras organizaes e intelectuais iniciaram os debates
sobre essa demanda.
Segundo Bayley e Skolnick (1988), apesar do volume de debate sobre o
policiamento comunitrio nos crculos profissionais em todo o mundo, tal tipo de
policiamento ainda no est bem estabelecido nas operaes policiais, e que no existe
consenso acerca de seu significado, isso, aliado a grande variedade de programas descritos
como policiamento comunitrio, causa grande confuso. Afirmam tambm que o
policiamento comunitrio ainda no um programa aceito e nem mesmo, um conjunto de
programas e essa falta de clareza motivo de preocupao.
Trojanowicz e Bucqueroux (1994), definem Polcia Comunitria como uma
filosofia e estratgia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a populao e a
polcia, alm de citarem a descrio usada pela Universidade do Estado de Michigan:
O policiamento comunitrio a filosofia que consiste no engajamento de um
policial num setor especfico da comunidade, havendo uma relao de pertinncia,
em carter de longo prazo. O elemento chave a pertinncia geogrfica. O policial
comunitrio trabalha para organizar os recursos da comunidade, do departamento
policial e de outras instituies, para reduzir o crime e ir ao encontro das
necessidades apropriadas da comunidade. O policiamento comunitrio uma
filosofia que consiste em cuidar das pessoas, trabalhar com elas e ajud-las. Isto
muitas vezes significa ajudar as pessoas informalmente, quando o sistema informal
parece no funcionar. (TROJANOWICZ e BUCQUEROUX, 1994. p. 184)
Essas definies demonstram claramente o carter da polcia comunitria,
enquanto filosofia, como moderna maneira de abordagem das aes de policia, e isso causa
resistncias, principalmente, por parte daqueles que temem mudanas e preferem manter o
estado das coisas.
A forma de relacionamento entre polcia e a comunidade centraliza os pontos
fundamentais da maneira de se trabalhar orientados por essa metodologia que exige uma
postura nova da polcia em relao ao papel mais ativo e coordenado de atuao do cidado
com o objetivo de obter segurana pblica.
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Bayley e Skolnick (1988), apresentam quatro normas que devem ser seguidas
pelas instituies policiais para a real implementao da polcia comunitria: 1. Organizar a
preveno do crime tendo como base a comunidade; 2. Reorientar as atividades de
patrulhamento para enfatizar os servios no-emergenciais; 3. Aumentar a responsabilizao
das comunidades locais; 4. Descentralizar o comando.
Na avaliao de Bayley e Skolnick (1988), em uma democracia, a polcia
comunitria uma aspirao central na maneira de atuao da polcia, mas deve ser utilizada
de forma cuidadosa, sua prtica deve ser estudada com profundidade e as suas limitaes e
restries discutidas com sinceridade.
Neste sentido, a preveno do crime e a observao com maior ateno ao pblico
por parte da autoridade policial e, maior responsabilizao da polcia frente s questes
problemticas relativas comunidade, dentre outras questes, abordadas com seriedade e de
forma programada, faz com que a polcia comunitria avance e consiga alcanar a aceitao
no somente do pblico, mas tambm dos profissionais de Segurana Pblica.
No Brasil, a Constituio de 1988, institucionaliza a idia de polcia comunitria
no pas, ao definir em seu artigo 144, que a segurana pblica dever do Estado e
responsabilidade de todos, com isso, demonstra claramente o desejo da construo derelacionamento entre a polcia e a sociedade, no retirando a responsabilidade do Estado,
mas chamando a ateno, principalmente, para o papel do cidado na construo da paz
social.
Neto (2003), esclarece o posicionamento da polcia comunitria enquanto filosofia
que prestigia a diviso das responsabilidades entre polcia e cidados no planejamento e na
implementao das polticas pblicas de segurana. Acrescenta ainda que essa relao deve
contar com um empenho da polcia em adequar as suas estratgias e prioridades sexpectativas e necessidades locais.
Trojanowicz e Bucqueroux (1994), afirmam tambm que a polcia comunitria
oferece novas maneiras de tratar da gama de problemas que a polcia solicitada a enfrentar,
principalmente, porque a polcia a nica instituio de servio social em funcionamento
tempo integral, 24 horas por dia, sete dias por semana, acionada em qualquer tipo de
atendimento, inclusive atendimento de chamadas em casa; avaliam tambm que na atuao
em polcia comunitria, os policiais que tendem a ser automotivados, so os que alcanammaior sucesso, isso devido a sua satisfao da conscincia de que esto fazendo o melhor
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para realizar alguma coisa.
Bayley e Skolnick (1988), avaliam que a partir das aes policiais orientadas
segundo a filosofia de policia comunitria, a polcia passa a encorajar uma interao regular
e rotineira com o pblico; os policiais se tornam mais prximos da comunidade e com isso,
podem prever e provavelmente prevenir, o aparecimento de crimes e de problemas de ordem
pblica. Atravs dessa atitude consegue mobilizar as pessoas comuns para a preveno do
crime e para a vigilncia, e com isso, gera um ciclo de informaes sistemticas e confiveis,
o que proporciona a polcia minimizar a utilizao de informantes, indivduos que na
maioria das vezes agem por interesse prprio, quer seja para terem alguma vantagem junto
a polcia ou ento para prejudicarem um concorrente.
As mudanas econmicas, ideolgicas e sociais, que consolidam e fortalecem a
democracia, exigem tambm novas posturas e condutas das foras de segurana, neste
contexto, a polcia comunitria surge como forma de atuao que privilegia a aproximao
das foras policiais com os diversos seguimentos da sociedade e promover a real parceria
entre polcia e sociedade na busca de soluo para os problemas que geram os conflitos e a
violncia. Trojanowicz e Bucqueroux (1994), sublinham que a idia central da polcia
comunitria proporcionar uma aproximao dos profissionais de segurana com as pessoas
comuns.
Atravs da real aproximao das instituies policiais e a sociedade, em um pacto
de comprometimento com o objetivo de melhorar as condies de segurana pblica, os
conflitos e os ndices de violncia podero ser reduzidos.
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4 METODOLOGIA
A anlise do conhecimento pode ser a priori, expresso em termos de valores querepresentam o julgamento de uma pessoa em relao a um item a ser mensurado. Dessa
forma, o analista estabelece relaes entre questes e define respostas esperadas de maneira
co-relacionadas para avaliar o nvel de conhecimento do entrevistado sobre o tema proposto.
A metodologia empregada na realizao deste trabalho utilizou-se dos seguintes
passos: levantamento bibliogrfico; definio da amostra baseada na rea de atuao do
policial; desenvolvimento e aplicao de questionrio; processamento de dados atravs de
software especfico de apoio multicritrio a tomada de deciso e anlises dos resultados.
Esse trabalho um estudo transversal observacional realizado no perodo de
fevereiro a abril de 2009, com Policiais Civis que prestam servios na regio de Venda Nova
em Belo Horizonte capital do estado de Minas Gerais, que objetiva analisar e mensurar nos
trabalhadores de segurana pblica deste estado, nessa regio, o conhecimento sobre o tema
Filosofia de Polcia Comunitria.
Neste trabalho foi escolhido como metodologia de coleta de dados o uso do
questionrio, assim como Severino (2007) conceitua este instrumento:
conjunto de questes, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar
informaes escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a
opinio dos mesmos sobre os assuntos em estudo. (SEVERINO, 2007, p. 125)
Ensina, tambm, que as questes devem ser pertinentes ao objeto e claramente
formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos.Segundo Cervo (1973), o questionrio a forma mais usada para coletar dados,
pois possibilita medir com melhor exatido o que se deseja. O autor acrescenta que para a
utilizao desse instrumento preciso definir prioridades e ter claro os critrios pelos quais
sero definidas a importncia e a ordem das questes:
necessrio que se estabelea, com critrio, quais as questes mais importantes a
serem propostas e que interessam ser conhecidas, de acordo com os objetivos.
Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente s respostas de forma a
no insinuarem outras colocaes. (CERVO, 1973. p. 148)
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4.1 Mtodos
Aplicao de questionrios nas oito Delegacias de Polcia vinculadas Delegacia
Regional de Venda Nova, respondidos pelos Policiais que prestam servios nestas, em regimede planto e expediente.
Concomitantemente, partiu-se para a leitura crtica dos questionrios a fim de
verificar como o processo de validao dos critrios mensurveis poderia ser desenvolvido,
analisando-se os aspectos positivos e possveis falhas na busca de subsdios para a definio
de critrios e de procedimentos na avaliao do conhecimento dos Policiais em relao ao
tema proposto.
4.2 Validao do questionrio Pr-teste
Aps o levantamento observacional e elaborao da primeira verso do
questionrio, esse foi aplicado em uma Delegacia com o objetivo de avaliar a eficcia do
instrumento para a coleta dos dados.
Em sua primeira verso, o questionrio continha 25 questes, organizadas
sistematicamente, considerando as experincias pessoais, profissionais e tericas de cadaPolicial em relao ao tema.
Esse questionrio foi aplicado a 15 Policiais que prestam servio na Delegacia
escolhida para o pr-teste, desses retornaram apenas oito questionrios e trs no foram
validados para anlise.
Com o objetivo de se analisar as falhas no questionrio, foram feitas entrevistas
informais, sondagem, junto aos Policias para a identificao dos pontos falhos no
questionrio, detectando-se os principais problemas.
Os Policias indicaram trs pontos principais que determinaram a ineficincia do
questionrio: o questionrio era extenso e desestimulava o entrevistado a respond-lo; a
abordagem sobre o conhecimento era ampla e gerou dvidas nos entrevistados; questes sobre
a experincia profissional, tempo de servios e local de trabalho, indicavam possibilidades de
identificao do entrevistado.
A partir do levantamento destas falhas, o questionrio passou por novaelaborao. Foram suprimidas as questes relativas a gnero, tempo de servio e local de
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trabalho, desta forma, as possibilidades de identificao dos entrevistados se tornaram nulas.
Em relao s questes sobre a experincia e o conhecimento, essas foram reformuladas
procurou-se focar a experincia genrica e o conhecimento especfico sobre a Filosofia de
Polcia Comunitria.
As alteraes efetivadas no questionrio a partir da aplicao do pr-teste
propiciaram a efetivao da pesquisa atravs de um instrumento melhor elaborado e com
maior ndice de retorno, sem prejuzo da coleta de informaes precisas para a anlise do
conhecimento, principalmente, porque ao restringir os questionamentos ao conhecimento
pesquisado, isso, facilitou a anlise sobre o conhecimento do entrevistado em relao ao
tema.
4.3 Instrumento e coleta de dados
Foram aplicados questionrios aos Policiais em servio, nas oito delegacias que
compem a Regional de Venda Nova, sem distino de sexo, idade, funo ou tempo de
servio, no perodo compreendido entre os dias 06 a 13 de abril de 2009. No responderam
aos questionrios os Policiais que se encontravam em frias ou em licena mdica; foram
aplicados 75 questionrios respondidos e validados.
O questionrio continha 10 questes fechadas, com opes diversas sobre o tema
Polcia Comunitria, o sinal grfico x foi utilizado para marcar a afirmativa correspondente
ao entendimento do entrevistado sobre as afirmativas que expressavam seu conhecimento, o
ponto de concordncia.
As questes foram organizadas com os objetivos conforme descrito abaixo:
as questes de nmeros 1 e 2 objetivaram avaliar as experincias doPolicial em relao s situaes cotidianas em que a Polcia Comunitria
pode ser observada intrinsecamente;
a questo nmero 3 objetivou avaliar o entendimento desse Policial sobre
o relacionamento da Polcia com outras instituies do Estado ou rgos
de mobilizao social, enquanto prtica necessria ao desempenho de suas
atividades;
as questes nmeros 4 a 6 objetivaram avaliar o conhecimento desse
Policial em relao ao tema Polcia Comunitria;
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as questes nmeros 7 e 8 objetivaram avaliar a relao conhecimento/
interesse desse Policial sobre a aplicao da metodologia de Polcia
Comunitria;
a questo nmero 9 objetivou avaliar o impresso causada pelos Policiais
que praticam Polcia Comunitria em seus colegas de trabalho;
a questo nmero 10 objetivou determinar a relao entre o conhecimento
sobre o tema e a aceitao da Polcia Comunitria na prtica do trabalho
Policial.
4.4 Anlise dos dados
Para melhor compreenso dos dados obtidos atravs da aplicao do questionrio,
sero observadas as abordagens quantitativas e qualitativas para a anlise. Severino(2007,
pg. 119), esclarece que com estas designaes, cabe referir-se a conjuntos de metodologias,
envolvendo, eventualmente, diversas referncias epistemolgicas, refora tambm essa
percepo ao explicitar que So vrias metodologias de pesquisa que podem adotar uma
abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referncia mais a seus fundamentos
epistemolgicos do que propriamente a especificidades metodolgicas.
A partir dessa orientao, iniciou-se o processo de organizao e anlise dos
resultados, os dados da pesquisa foram tabulados em uma planilha do software Microsoft
Excel 2000, com o objetivo de organizar as informaes em tabelas, e assim, obter referncias
matemticas dos resultados.
Os resultados da pesquisa foram tratados de forma absoluta e relativa, entendido
aqui, a partir da orientao de Crespo (1999), os dados absolutos foram tabulados e traduzidosem valores relativos, percentagens do total, e assim, obter o coeficiente, ou seja, a razo
entre o nmero de ocorrncias e o nmero total (Crespo, 1999), com isso, determinar a taxa
de participao de cada grupo em relao ao total pesquisado, total de ocorrncias, e
traduzidos em taxas, coeficientes multiplicados por 100, taxa percentual.
O primeiro agrupamento seguiu a seqncia originria do questionrio, ou seja,
foram tabulados considerando as respostas dadas a cada questo.
O outro agrupamento foi organizado a partir da classificao do questionrio nos
grupos avaliativos, aqui determinados da seguinte maneira:
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policiais que conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so
favorveis;
policiais que conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so
contrrios;
policiais que no conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so
favorveis;
policiais que no conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so
contrrios.
Os resultados foram analisados observando a coerncia entre respostas dadas em
questes especificas e previamente co-relacionadas. A classificao dos questionrios neste
agrupamento se deu atravs do cruzamento das respostas esperadas as dadas s questes
previamente estabelecidas e obedeceram aos critrios abaixo relacionados:
Para avaliar o conhecimento dos Policiais sobre o tema, foram utilizadas as
questes: 4 - Voc sabe o que Polcia Comunitria?; 5 - Voc conhece algum projeto de
Polcia Comunitria?; 6 - Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia
Comunitria? Atravs das respostas dadas a essas questes, observou-se os seguintes
critrios: os entrevistados que responderam Fiz cursos sobre esse tema e sei como se aplica,
para a questo nmero 4 e SIM, para a questo nmero 5, foram classificados como
conhecedores do tema, as respostas divergentes deram ao entrevistado a classificao de no
conhecedor do tema.
A questo nmero 6 objetivou confirmar qualitativamente a coerncia das
respostas dadas questo nmero 4 e 5, pois o policial pode ter conhecimento sobre o tema e
no haver participado de projetos de Polcia Comunitria.
Ainda obedecendo aos critrios pr-estabelecidos, as respostas diferentes as
esperadas, classificaram o entrevistado no rol dos que no possuem conhecimento sobre o
tema Polcia Comunitria.
Na avaliao sobre a aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria enquanto
instrumento eficaz na prtica Policial, foram utilizadas as questes: 7 - Voc participou de
palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia Comunitria?; 8 - O que voc pensa sobre
Policia Comunitria?; 9 - O que voc pensa sobre o Policial que atua com PoliciaComunitria?; 10 - Voc se disponibilizaria a participar de projetos de Polcia
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Comunitria?, e foram consideradas enquanto respostas esperadas as seguintes:
para questo nmero 7, Sim, fui porque a chefia me indicou, mas gostei
de participar e desejo participar de outros; Sim, fui fora do horrio de
trabalho, por conta prpria, porque me interesso pelo tema; No, mas
gostaria de participar;
para questo nmero 8, No conheo, mas gostaria de obter maiores
informaes, entender como funciona; Ouvi falar e penso que a Polcia
Civil precisa se envolver mais; Participei de treinamentos e acredito que
a Polcia Civil deve ampliar sua participao em projetos sobre o tema;
para questo nmero 9, um Policial que deseja a aproximao da
Polcia com a sociedade para que os servios prestados sejam cada vez de
melhor qualidade e que a Polcia se torne referncia para os cidados;
para questo nmero 10, Sim, mas no conheo projetos em andamento
nessa Regional; No respondeu a questo; importante esclarecer que
no responder a esta questo pode ter sido em funo de no existir uma
resposta adequada ao entendimento do entrevistado.
As demais respostas, diferentes das esperadas, classificaram o entrevistado no roldos que so contrrios Filosofia de Polcia Comunitria.
Os questionrios foram analisados a partir de duas perspectivas. Na primeira, foi
efetuado o levantamento global das respostas, o conjunto foi organizado e atabulao feita
em planilha eletrnica, assim, identificou-se quantitativamente a relao percentual entre as
respostas e o total dos questionrios aplicados.
Aps essa primeira anlise, foi efetuada uma segunda leitura dos questionrios,
quando as respostas dadas foram comparadas e os critrios pr-estabelecidos observados,
considerando a co-relao entre as questes e as respostas esperadas, para dessa maneira
obter-se a avaliao qualitativa dos dados.
A partir da anlise avaliativa das respostas, os questionrios foram classificados e
tabulados para sintetizar o quadro de formao dos grupos avaliativos.
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5 RESULTADOS
As questes relacionadas no questionrio da pesquisa foram tabuladas eorganizadas em tabelas distintas e foram calculados os valores absolutos e relativos.
TABELA 01
Questo 01: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
TABELA 02
Questo 02: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
Voc vivenciou situaes em que um cidado foi procurar a Delegacia pararegistrar ocorrncia mas o problema no dependia da atuao da Polcia Civilpara solucion-lo ou ento, caberia a participao de outras instituies do Estado?
RESPOSTAS ABS. REL.
No me lembro; 2 3%
Nunca aconteceu; 1 1%
Raramente acontece; 7 9%
Acontece com freqncia; 64 85%
No respondeu 3 4%
Total de Pesquisados 75 100%
O que voc pensa em relao investigao policial em locais de crimes?
RESPOSTAS ABS. REL.
mais fcil ser realizada quando o policial NO CONHECE o local eNO CONHECE as pessoas na rea; 7 9%
mais fcil ser realizada quando o policial CONHECE o local eCONHECE as pessoas na rea; 56 75%
mais fcil ser realizada quando o policial CONHECE o local masNO CONHECE as pessoas na rea; 11 15%
mais fcil ser realizada quando o policial NO CONHECE o localmas CONHECE as pessoas na rea 1 1%
Total de Pesquisados 75 100%
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TABELA 3
Questo 03: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
TABELA 4
Voc sabe o que Polcia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
Ouvi falar sobre esse tema mas no sei como se faz; 30 40%
Fiz cursos sobre esse tema e sei como se aplica; 23 31%
Ouvi falar mas no me interesso pelo tema; 18 24%
Nunca ouvi falar mas gostaria de saber; 1 1%
Nunca ouvi falar e no me interesso pelo tema; 0 0%No respondeu 3 4%
Total de Pesquisados 75 100%
Questo 04: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
O que voc pensa sobre o envolvimento dos Policias Civis com outros rgos e
instituies, tais como: Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, Escolas, Igrejas eetc..., na tentativa de solucionar problemas que acontecem na rea de atuaodesses Policiais?
RESPOSTAS ABS. REL.
correto; 29 39%
No concordo; 3 4%
Penso que aumenta o trabalho para os Policiais Civis, por isso noconcordo; 3 4%
Penso que os Policiais Civis devem dedicar exclusivamente investigao dos crimes; 29 39%
Penso que os Policiais Civis no esto treinados para esse tipo deatividades, mas importante que o faam; 11 15%
Total de Pesquisados 75 100%
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TABELA 5
Questo 05: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
TABELA 06
Questo 06: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009 .
TABELA 07
Questo 07: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
Voc conhece algum projeto de Polcia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
No 38 51%
Sim 26 35%
No respondeu 11 15%
Total de Pesquisados 75 100%
Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
No 64 85%
Sim 10 13%
No respondeu 1 1%
Total de Pesquisados 75 100%
Voc participou de palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
Sim, fui porque a chefia me indicou, no gostei e preferia no terparticipado; 18 24%
Sim, fui porque a chefia me indicou mas gostei de participar e desejoparticipar de outros; 19 25%
Sim , fui fora do horrio de trabalho, por conta prpria, porque meinteresso pelo tema; 2 3%
No mas gostaria de participar; 19 25%
No e no me interesso pelo tema 17 23%
Total dos Pesquisados 75 100%
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Tabela 08
Questo 08: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
TABELA 09
Questo 09: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
O que voc pensa sobre Policia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
No conheo e no me interesso pelo tema; 10 13%
No conheo mas gostaria de obter maiores informaes, entendercomo funciona; 8 11%
Ouvi falar e penso que no aplicvel Polcia Civil; 14 19%
Ouvi falar e penso que a Polcia Civil precisa se envolver mais; 23 31%
Participei de treinamentos mas acredito que no aplicvel Polcia
Civil; 7 9%Participei de treinamentos e acredito que a Policia Civil deveampliar sua participao em projetos sobre o tema; 13 17%Total dos Pesquisados 75 100%
O que voc pensa sobre o Policial que atua com Policia Comunitria?RESPOSTAS ABS. REL.
Esse deseja apenas cumprir o expediente de trabalho e no combater ocrime; 11 15%
bem intencionado mas perde tempo porque Polcia Comunitria nod certo; 11 15%
um Policial que passa a mo na cabea de bandido, um defensordos Direitos Humanos; 4 5%
um Policial que no tem pulso com os bandidos e por isso, aPolcia est perdendo sua fora, o Poder; 2 3%
um Policial que deseja a aproximao da Polcia com a sociedadepara que os servios prestados sejam cada vez de melhor qualidade eque a Polcia se torne referncia para os cidados. 46 61%
No respondeu 1 1%
Total dos Pesquisados 75 100%
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TABELA 10
Questo 10: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.
Voc se disponibilizaria participar de projetos de Polcia Comunitria?
RESPOSTAS ABS. REL.
No, e se eu for indicado, peo para sair; 21 28%
Somente se a chefia me indicar mas prefiro no participar; 26 35%
Sim, mas no conheo projetos em andamento nesta Regional; 25 33%
No respondeu 3 4%
Total dos Pesquisados 75 100%
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6 CONCLUSO
Com o objetivo de alcanar o maior nmero de retorno dos questionrios, foi feitoo esforo de entrega desses a cada Policial nas delegacias, situao que propiciou o contato
direto entre o pesquisador e uma parcela significativa dos entrevistados. Neste contato, o
pesquisador no orientou o entrevistado sobre o preenchimento do questionrio, no entanto,
esses momentos possibilitaram algumas reflexes que redundaram em uma melhor avaliao
dos resultados da pesquisa, possibilitou ao pesquisador uma viso melhor qualificada sobre as
contradies que surgiriam nas respostas dadas ao questionrio.
interessante relatar o quanto as expectativas sobre a real inteno da pesquisa eo desconhecimento sobre o tema, puderam ser observados atravs de falas e comentrios
feitos pelos pesquisados. Dentre esses, alguns podem ser utilizados para ilustrar os resultados
desta pesquisa: ao receber o questionrio diretamente do pesquisador, alguns pesquisados,
previamente comentaram: ... do que adianta, vocs virem com essas coisas, quando na
verdade tudo ir continuar como era antes, ningum quer mudar nada ...; esse comentrio
demonstrou uma profunda descrena do pesquisado em relao s mudanas e por isso, se
coloca previamente em posio de desconfiana. Outro pesquisado questionou vocs fizeramesta pesquisa nas Delegacias Especializadas, ou s nos Distritos?, e acrescentou: tenho
certeza que s nos Distritos, porque ningum em especializada vai querer saber sobre esse
negcio de Polcia Comunitria, esse sentimento negativo em relao ao tema, ainda que
desconhecido pelo entrevistado, foi percebido em outros comentrios feitos, chamou a
ateno tambm porque demonstra a percepo do pesquisado em relao ao sentimento que
circula entre os colegas, reduzindo a atuao de Polcia Comunitria ao desprestgio. Em outra
oportunidade, um pesquisado disse: isso de Polcia Comunitria, no funciona, o policialfica exposto, todo mundo sabe que o cara Policial at os bandidos, desta forma ele se torna
alvo fcil.
Esses e outros comentrios, no relatados, contriburam para uma anlise
qualificada das respostas dadas ao questionrio a partir da experincia prvia obtida atravs
do contato observacional do pesquisador com os pesquisados. Ao fazer a anlise das respostas
dos questionamentos de forma isolada foi possvel observar contradies e/ou falta de
compreenso sobre o tema, no conjunto de respostas dadas, no entanto, ao relacion-las,observando as respostas esperadas, tais posicionamentos demonstraram que o pesquisado, em
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alguma medida, procurou encobrir o seu desconhecimento sobre o tema. A identificao desta
situao se deu a partir da anlise qualitativa das respostas. Nas questes relacionadas
experincia dos Policiais no dia-a-dia, estes relataram situaes que comum perceber a
utilizao prtica da metodologia de Polcia Comunitria, mas essa utilizao no percebida
como tal e isso, poder ser observado a partir de uma leitura atenta s respostas dadas a
questes co-relacionadas.
Alguns pontos chamam a ateno: ao serem questionados sobre a eficincia da
investigao policial relacionada ao envolvimento do Policial com o local e com as pessoas
em determinada rea, 75% dos entrevistados apontam que a investigao ter melhor xito se
o Policial conhece o local e conhece as pessoas na rea, em que ocorrer a investigao,
essa situao tpica de Polcia Comunitria, no entanto, 31% dos entrevistados pensam que
essa metodologia no se aplica Polcia Civil.
Em relao s necessidades dos cidados que procuram as Unidades Policiais,
(Delegacias de Polcia Civil), 64% dos entrevistados afirmam que Acontece com freqncia
as situaes em que a Polcia procurada e no se trata de caso de polcia e que caberia a
outros rgos do Estado o atendimento a essas ocorrncias, no entanto, 61% dos
entrevistados possuem restries sobre o envolvimento da Polcia Civil em trabalho conjunto
com outros rgos e instituies, tais como Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, ONGs,
escolas, igrejas e etc...
Sobre o conhecimento que possui em relao ao tema, 64% dos entrevistados
afirmam que ouviu falar, mas no sabe como praticar Polcia Comunitria e 47% informou
no ter interesse em relao ao tema, no entanto, 41% dos entrevistados acredita que a
metodologia no aplicvel Polcia Civil.
Ao serem questionados em relao ao Policial, colega, que atua e defendePolcia Comunitria, 61% dos entrevistados consideram que esse comprometido e deseja
prestar melhores servios sociedade, no entanto, 63% dos entrevistados no se
disponibilizam a atuar utilizando essa metodologia.
Para responder pergunta inicial deste trabalho, foram determinados critrios para
a avaliao do conhecimento dos Policiais pesquisados sobre o tema. Ao efetivar a anlise dos
questionrios a partir da considerao desses critrios pr-determinados e observando a co-
relao entre as respostas obtidas atravs dos questionrios e as respostas esperadas pelopesquisador, para determinar o nvel de conhecimento destes Policiais e, aps a tabulao dos
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dados e a configurao numrica, calculando-se a participao percentual de cada grupo
avaliativo, obteve-se o perfil do conhecimento/aceitao dos Policiais desta regio pesquisada
em relao ao tema proposto. Este perfil, poder ser melhor compreendido atravs da
configurao apresentada na tabela abaixo:
GRUPOS AVALIATIVOS QTD %
Policiais que conhecem o tema e so favorveis 14 19%
Policiais que conhecem o tema e so contrrios 7 9%
Policiais que no conhecem o tema e so favorveis 12 16%
Policiais que no conhecem o tema e so contrrios 42 56%
Total de questionrios 75/100%
A partir da anlise dos resultados apresentados nessa tabela, possvel
compreender que os posicionamentos e as contradies apresentadas em primeira anlise
acontecem em funo do pouco conhecimento dos Policiais em relao ao tema.
Atravs do quadro demonstrativo do grupo avaliativo, pode-se observar que o no
conhecer a Polcia Comunitria interfere de maneira sensvel na aceitao dos Policiais Civis
a esta metodologia de trabalho; esses nmeros representam a realidade na regio de Venda
Nova em Belo Horizonte e, ainda que pouco representativos em relao ao conjunto total da
Polcia Civil, apontam a influncia do conhecimento na aceitao do tema pelos Policiais
Civis e mostram tambm que o compreender ou adquirir conhecimento sobre o tema
melhora tambm a aceitao do Policial em relao ao tema.
A utilizao dos grupos avaliativos para sintetizar os resultados da pesquisa
facilitou a anlise das variveis que interferem na aceitao da Polcia Comunitria.
Ao observar os grficos abaixo, possvel verificar a relao entre o
conhecimento sobre o tema e a aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria. Os resultados
apresentados nos grficos permitem afirmar que na medida em que os Policiais adquirem
conheciemtno sobre o tema, esses se tornam adeptos desta maneira de atuar no trabalho; e
assim, conveniente afirmar tambm que somente atravs da ampliao do conhecimento dos
Policias Civis em relao a esta Filosofia de Polcia Comunitria, ser possvel torn-la umaprtica aceita pela instituio Policial em todos os nveis enquanto uma maneira eficaz de
atuao Policial.
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No primeiro grfico apresentada a relao percentual entre os Policiais
classificados como conhecedores de Polcia Comunitria que so contrrios ou favorveis ao
tema.
POLICIAIS QUE CONHECEM O TEMA
33%
67%
Co ntr rios Fa vo r ve is
O grfico seguinte apresenta a relao entre os Policiais classificados como no
conhecedores (desconhecem o tema), Polcia Comunitria e que so contrrios ou favorveis
a este tema.
POLICIAIS QUE NO CONHECEM O
TEMA
78%
22%
Contrrios Favorveis
Ao observar a relao apresentada entre os Policiais conhecedores e no
conhecedores sobre o tema, que so favorveis ou contrrios a esse, fica comprovado de
forma incisiva a interferncia do conhecimento no posicionamento do Policial em relao a
aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria entre os pesquisados.
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7 BIBLIOGRAFIA
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