Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    Marcelo Gleidison Dias Horta

    ANLISE DA INFLUNCIA DO CONHECIMENTO NAACEITAO DOS POLICIAIS CIVIS DA REGIO DE

    VENDA NOVA EM RELAO POLCIA COMUNITRIA

    Belo Horizonte2008

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    Marcelo Gleidison dias Horta

    ANLISE DA INFLUNCIA DO CONHECIMENTO NAACEITAO DOS POLICIAIS CIVIS DA REGIO DE

    VENDA NOVA EM RELAO POLCIA COMUNITRIA

    Tema Monogrfico: Polcia Comunitria

    Monografia apresentada ao Curso de Ps-Graduaolato sensu em Polcia Comunitria e SeguranaCidad promovido pela Escola Superior Dom HelderCmara como requisito parcial para obteno dottulo de Especialista em Polcia Comunitria e

    Segurana Cidad.Orientadora: Prof. Adriana Maria da Costa

    Belo Horizonte2008

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    Aos meus amigos;professorese minha famlia.

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    AGRADECIMENTOS

    Aos amigos do Curso, pois sentiram as mesmas angustias e compartilharam as

    experincias na busca da superao das dificuldades cotidianas;

    Aos professores que compreenderam nossas dificuldades e por vezes nos exigiram

    maior empenho por conhecerem o potencial de cada um;

    minha famlia, sentido nico do que fao e por quem continuo sempre a busca

    de mais conhecimento e melhores condies de vida.

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    Onde o Direito e a Liberdade so tudo,os inconvenientes so nada.

    (Rousseau)

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    RESUMO

    A filosofia de Polcia Comunitria surge como parmetro para a atuao das instituies

    policiais no mundo moderno, como evoluo na forma de atuao destas foras que devem

    acima de qualquer interesse, defender e garantir a liberdade dos cidados, demonstrar a

    presena do Estado enquanto garantidor de direitos e viabilizador da paz social.

    O novo causa insegurana e medo, principalmente naqueles que no o compreende e, por

    isso, a implementao de metodologias experimentais e novas formas de atuao no trabalho

    exigem esforos no sentido de informar, preparar e formar os indivduos para atuarem dentro

    de tais perspectivas.

    Este trabalho tem como objetivo a anlise da influncia do conhecimento sobre o tema, na

    aceitao da filosofia de Polcia Comunitria nas atividades da Policia Civil na Regio de

    Venda Nova em Belo Horizonte.

    Palavras-chave: influncia; conhecimento; Polcia Comunitria.

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    ABSTRACT

    The Communitys Policing conception has become as a parameter for the police institutions

    acting in modern world, as the evolution on how these police forces act in order to, more than

    something else, to protect and guarantee the citizens freedom, to show the State as a present

    entity for the rights assurance and social peace viability.

    The unknown brings fear and insecurity feelings, essentially on those people that cannot

    understand it. Because of that, the implement of experimental methodology and the newer

    proceeding ways on daily work demand efforts to instruct, to prepare and to give appropriate

    formation to the people with the purpose of their proceeding routines adaptation with those

    perspectives.

    The intention of this present work is to analyze the knowledge effects on theme, on the

    Communitys Policing philosophy acceptation in Civil Police activities at Venda Nova area

    in Belo Horizonte City.

    Keywords: Knowledge influence on the acceptation of Communitys Policing.

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    LISTA DE TABELAS

    1. TABELA 01: Voc vivenciou situaes em que um cidado foi procurar a Delegacia

    para registrar ocorrncia, mas o problema no dependia da atuao da Polcia Civil

    para solucion-lo ou ento, caberia a participao de outras instituies do Estado?_38

    2. TABELA 02: O que voc pensa em relao investigao policial em locais de

    crimes?_____________________________________________________________38

    3. TABELA 03: O que voc pensa sobre o envolvimento dos Policias Civis com outros

    rgos e instituies, tais como: Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, Escolas,

    Igrejas e etc..., na tentativa de solucionar problemas que acontecem na rea de

    atuao desses Policiais?_______________________________________________39

    4. TABELA 04: Voc sabe o que Polcia Comunitria?_______________________39

    5. TABELA 05: Voc conhece algum projeto de Polcia Comunitria?____________40

    6. TABELA 06: Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia

    Comunitria?________________________________________________________40

    7. TABELA 07: Voc participou de palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia

    Comunitria?________________________________________________________40

    8. TABELA 08: O que voc pensa sobre Policia Comunitria?__________________41

    9. TABELA 09: O que voc pensa sobre o Policial que atua com PoliciaComunitria_________________________________________________________41

    10. TABELA 10: Voc se disponibilizaria participar de projetos de Polcia

    Comunitria?________________________________________________________42

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    SUMRIO

    1 INTRODUO _________________________________________________10

    2 ANLISE DO CONHECIMENTO ___________________________________12

    2.1 Teoria do Conhecimento___________________________________________________________ 12

    2.2 Anlise do Discurso_______________________________________________________________ 17

    2.3 Anlise de Contedo ______________________________________________________________ 22

    3 ATUAO POLICIAL____________________________________________24

    3.1 Breve Histrico __________________________________________________________________ 24

    3.2 Policia Tradicional _______________________________________________________________ 26

    3.3 Polcia Comunitria ______________________________________________________________ 28

    4 METODOLOGIA________________________________________________31

    4.1 Mtodos ________________________________________________________________________ 32

    4.2 Validao do questionrio Pr-teste ________________________________________________ 32

    4.3 Instrumento e coleta de dados ______________________________________________________ 33

    4.4 Anlise dos dados ________________________________________________________________ 34

    5 RESULTADOS _________________________________________________37

    6 CONCLUSO__________________________________________________42

    7 BIBLIOGRAFIA ________________________________________________46

    8 ANEXOS______________________________________________________47

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    1 INTRODUO

    Este trabalho monogrfico resultado final do Curso de Ps-Graduao lato sensuem Polcia Comunitria e Segurana Cidad, promovido pela Escola Superior Dom Helder

    Cmara, integrando a RENAESP (Rede Nacional de Altos Estudos em Segurana Pblica),

    sob acompanhamento e financiamento da SENASP (Secretaria Nacional de Segurana

    Pblica) - Ministrio da Justia; a partir de convnio celebrado em 2007.

    O presente estudo visa verificar o conhecimento dos Policiais Civis sobre Polcia

    Comunitria. Com essa finalidade, o estudo foi realizado junto aos policiais que trabalham nas

    Delegacias de Polcia Civil na regio de Venda Nova em Belo Horizonte, estado de MinasGerais.

    O carter preventivo a essncia da filosofia de Polcia Comunitria e a partir

    deste conhecimento apresenta-se a necessidade da reflexo sobre como utilizar esta

    metodologia na resoluo dos problemas que surgem quando no h mais possibilidade de

    preveno, ou seja, o crime consumado.

    Na atuao da polcia judiciria, que possui carter repressivo, alguns

    questionamentos podem ser colocados: como aplicar a metodologia de polcia comunitria nas

    atividades de Polcia Civil? Em quais circunstncias pode-se aplicar esta metodologia no

    exerccio das atividades da Polcia Judiciria?

    Neste contexto, encaixa-se outro questionamento: considerando que o objeto de

    trabalho da Polcia Civil a investigao do crime consumado, ento, de que maneira esta

    organizao policial poder desenvolver suas atividades com nfase em uma metodologia de

    ao preventiva?

    Ora, a partir destes questionamentos, e refletindo sobre a prtica cotidiana das

    organizaes policiais, pode-se considerar que a polcia no conseguir ser totalmente

    preventiva, bem como, no conseguir ser totalmente repressiva e, por isso, os modelos que

    privilegiam somente aes repressivas, como os adotados na atualidade, no tm conseguido

    atingir os resultados que a populao e o Estado desejam. Assim, preciso ampliar o debate

    sobre a aplicao da metodologia de Policia Comunitria e tornar ainda mais acessvel o

    conhecimento sobre o tema e seu carter PR-ATIVO.

    incontestvel que no dia-a-dia de trabalho, os questionamentos citados, que

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    cotidianamente so evocados em diversas oportunidades, so realizados com o intuito de criar

    obstculos para a implementao de mudanas nas rotinas de trabalho. Deve-se observar

    tambm que parcela significativa destes questionamentos ocorre em funo do pouco ou

    nenhum conhecimento sobre o tema.

    constante o embate entre a aplicabilidade das metodologias ditas tradicionais e

    a comunitria, no entanto, preciso evitar esse embate e ampliar a reflexo sobre a existncia

    de outras metodologias para a ao policial.

    necessrio ampliar as concepes de que tais metodologias no necessitam ser

    excludentes e proporcionar o entendimento de que possvel utilizar diversos mtodos em

    conjunto para a melhor execuo das atividades policiais e assim, minimizar as resistncias

    em relao aplicao de novos modelos.

    fundamental a reflexo sobre novas metodologias de trabalho e sobre a

    necessidade de ali-las s tradicionais e, com isso, alcanar novas perspectivas de ao com o

    objetivo de melhorar a prestao dos servios das Polcias.

    Com esse objetivo, a anlise sobre a compreenso dos Policiais Civis sobre a

    filosofia e a metodologia de trabalho policial com nfase na Polcia Comunitria, se faz cada

    vez mais necessria, pois, atravs do entendimento da relao entre este conhecimento e aaceitao desta metodologia, pelos policiais, ser possvel obter melhor percepo das

    variveis que influenciam a utilizao da metodologia pelas instituies policiais.

    Avaliar o conhecimento dos policiais em relao Polcia Comunitria

    contribuir para a reflexo sobre a percepo destes profissionais em relao s metodologias

    de trabalhos e, a partir dessa avaliao, poder ser indicado o nvel do conhecimento dos

    policiais sobre o tema e o quanto se faz necessrio o desenvolvimento de novas formas e

    novos mtodos que possam facilitar o treinamento dos policiais nesta filosofia e na

    implementao de tcnicas de trabalho que considerem prioritariamente tal metodologia.

    Considerando as ponderaes elencadas, este trabalho pretende avaliar a

    compreenso e o conhecimento sobre Polcia Comunitria que os policiais civis que prestam

    servios na regio de Venda Nova possuem e, atravs desta avaliao, analisar a influncia

    do conhecimento sobre Polcia Comunitria na aceitao desta metodologia como

    instrumento eficaz e aplicvel s atividades da Polcia Civil?

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    2 ANLISE DO CONHECIMENTO

    Considerando o objeto de pesquisa deste trabalho, se faz necessrio delimitar apartir de quais orientaes sero determinadas as avaliaes do conhecimento dos Policiais

    que participaro da pesquisa.

    Antes de se determinar a maneira pela qual sero formados os parmetros para a

    avaliao do conhecimento dos pesquisados, produente que se faa algumas referncias em

    relao ao conceito de conhecimento e sobre metodologias para a anlise dos instrumentos de

    coleta de dados.

    Este captulo tem o objetivo de delinear quais aspectos sero observados para a

    determinao dos critrios de anlise dos resultados da pesquisa proposta. Desta forma, sero

    apresentadas consideraes em relao Teoria do Conhecimento e Anlise de Discurso e

    Contedo, para melhor compreenso da anlise dos resultados deste trabalho.

    conveniente sublinhar que no objetivo deste captulo traar profundo debate

    sobre estes temas, principalmente, por serem complexos e de vasto embasamento terico.

    2.1 Teoria do Conhecimento

    Aqui, no ser feito um estudo complexo sobre a Teoria do Conhecimento, no

    entanto, se faz necessrio ilustrar a partir de qual entendimento se far a anlise proposta.

    Desde a antiguidade grega os filsofos buscam a compreenso sobre o tema conhecimento e,

    na atualidade, so diversas as correntes de estudo sobre o conhecimento humano. Pretende-se

    determinar, nesta introduo, em linhas gerais, qual a percepo sobre o conhecimento ser

    observada.

    Cervo (1973), nos ensina que a atuao humana diretamente sobre as coisas,

    necessita de instrumentos entre o homem e o ato. Nas cincias, para que se possa desenvolver

    um trabalho cintfico, necessrio ter claramente distinguidos os termos e conceitos que

    formam os conhecimentos sobre tais instrumentos; o autor explica que conhecer uma

    relao que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto conhecido. Considera ainda

    que:

    O conhecimento sempre implica numa dualidade de realidades: de um lado, o

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    sujeito cognoscente e, de outro, o objeto conhecido, que est possudo, de certa

    maneira, pelo cognoscente. O objeto conhecido pode, s vezes, fazer parte do

    sujeito que conhece. Pode-se conhecer a si mesmo, pode-se conhecer e pensar os

    seus pensamentos. Mas nem todo o conhecimento pensamento.(CERVO, 1973.

    p. 14)

    O autor tambm explica que o homem, utilizando-se desse conhecimento capaz

    de penetrar nas diversas reas da realidade para dela tomar posse, obter o conhecimento e,

    mesmo que a realidade apresente nveis e estruturas diferentes em sua prpria constituio, o

    homem se torna capaz de situ-l dentro de um contexto, ver seu significado e sua funo,

    compreende a sua estrutura fundamental e suas implicaes resultantes.

    Afirma ainda que fundamental compreender as diferentes formas de percepo

    sobre a realidade observada por diferentes sujeitos que obtem a posse do conhecimento, e

    assim esclarece:

    Esta complexidade do real, objeto de conhecimento, ditar, necessariamente,

    formas diferentes de apropriao por parte do sujeito cognoscente. Estas formas

    daro os diversos nveis de conhecimento e consequente posse, mais ou menos

    eficaz, da realidade, levando ainda em conta a rea ou estrutura considerada.

    (CERVO, 1973. p. 14)

    Para Severino (2007, pg. 24-25), o conhecimento se d como construo do

    objeto que se conhece, ou seja, mediante nossa capacidade de reconstituio simblica dos

    dados de nossa experincia, desta maneira, o conhecimento surge na relao

    indivduo/experincia. O autor reflete ainda que em nossa tradio cultural e filosfica,

    compreendemos o conhecimento como mera representao mental mas que esta no ,

    o ponto de partida do conhecimento, e sim o ponto de chegada, o trmino de um

    complexo processo de constituio e reconstituio do sentido do objeto que foi

    dado nossa experincia externa e interna. (SEVERINO, 2007. p. 25)

    Considerando a relao sujeito/realidade, deve-se observar que a partir da

    contextualizao que surgir o entendimento da complexidade de uma dada realidade, dessa

    forma, a compreenso do sujeito estar diretamente afetada pela maneira como este

    compreende as coisas em sua volta, na interao sujeito/objeto. Da fundamental a

    compreenso das variveis do ambiente em que o sujeito est inserido e, nesta perspectiva,

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    analisar o conjunto formador da cultura em que o sujeito se situa.

    A origem cultural na formao da percepo do sujeito entendida, aqui, como o

    ponto de partida para a tomada de posse do conhecimento por esse sujeito, levando-se em

    conta sua vivncia, experincias cotidianas e suas relaes com outros indivduos, isso, ser

    determinante em sua maneira de perceber a realidade atravs de sua cultura.

    Para posicionar em que nvel de percepo est sendo analisado o conceito de

    cultura, apresenta-se em Chau (2000), a descrio de cultura enquanto criao coletiva.

    A cultura a criao coletiva de idias, smbolos e valores pelos quais uma

    sociedade define para si mesma o bom e o mau, o belo e o feio, o justo e o injusto,

    o verdadeiro e o falso, o puro e o impuro, o possvel e o impossvel, o inevitvel e o

    casual, o sagrado e o profano, o espao e o tempo. A Cultura se realiza porque os

    humanos so capazes de linguagem, trabalho e relao com o tempo. A Cultura se

    manifesta como vida social, como criao das obras de pensamento e de arte, como

    vida religiosa e vida poltica. (CHAUI, 2000. p. 61)

    Ainda em Chau (2000), perceptvel a interao entre o sujeito/realidade, na

    medida em que o conjunto dos conhecimentos obtidos pelo sujeito ir interferir na maneira

    como o sujeito compreende a realidade e no quanto essa ir interferir na formao do

    conhecimento no sujeito. A autora descreve a ao da cultura, considerando que:

    Cada cultura inventa seu modo de relacionar-se com o tempo, de criar sua

    linguagem, de elaborar seus mitos e suas crenas, de organizar o trabalho e as

    relaes sociais, de criar as obras de pensamento e de arte. Cada uma, em

    decorrncia das condies histricas, geogrficas e polticas em que se forma, tem

    seu modo prprio de organizar o poder e a autoridade, de produzir seus valores.

    (CHAUI , 2000. p. 62)

    Dessa forma, o conhecimento adquirido pelo sujeito e determinado pelo conjunto

    formado por seus pares, influenciado pelo momento histrico, o pensamento dominante de

    sua poca, de seus espaos geogrficos, de suas relaes cotidianas e pela maneira como o

    coletivo em que est inserido o leva a perceber a realidade, ou seja, seu convvio cultural ir

    ser determinante em sua relao sujeito/realidade.

    Em anlise ao pensamento de Marx, Chau (2000), descreve que o sujeito acreditater posse de conhecimentos que o levam a ser racional, livre e independente, no entanto, o

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    conhecimento que possui formado dentro de um conjunto de conceitos formados

    socialmente, ideologia.

    Marx descobriu que temos a iluso de estarmos pensando e agindo com nossa

    prpria cabea e por nossa prpria vontade, racional e livremente, de acordo com

    nosso entendimento e nossa liberdade, porque desconhecemos um poder invisvel

    que nos fora a pensar como pensamos e agir como agimos. A esse poder - que

    social - ele deu o nome de ideologia. (CHAUI, 2000. p. 63)

    Outro conceito importante na relao do sujeito com o conhecimento, ser

    refletido em Chau (2000), ao fazer referncia a Freud e seus estudos sobre o inconsciente.

    Freud, por sua vez, mostrou que os seres humanos tm a iluso de que tudo quanto

    pensam, fazem, sentem e desejam, tudo quanto dizem ou calam estaria sob o

    controle de nossa conscincia porque desconhecemos a existncia de uma fora

    invisvel, de um poder - que psquico e social - que atua sobre nossa conscincia

    sem que ela o saiba. A esse poder que domina e controla invisvel e profundamente

    nossa vida consciente, ele deu o nome de inconsciente. (CHAUI, 2000. p. 63)

    A noo de ideologia e inconsciente, segundo Chau (2000), alteraram de formasignificativa maneira como se compreende a busca do conhecimento da verdade e

    demonstrou a fragilidade da razo.

    A noo de ideologia veio mostrar que as teorias e os sistemas filosficos ou

    cientficos, aparentemente rigorosos e verdadeiros, escondiam a realidade social,

    (...). A noo de inconsciente, por sua vez, revelou que a razo muito menos

    poderosa do que a Filosofia imaginava, pois nossa conscincia , em grande parte,

    dirigida e controlada por foras profundas e desconhecidas que permaneceminconscientes e jamais se tornaro plenamente conscientes e racionais. (CHAUI,

    2000. p. 76)

    Ainda em relao Teoria do Conhecimento, Chaui (2000), esclarece que existem

    duas grandes orientaes, conhecidas como racionalismo e empirismo. Os racionalistas

    consideram que a fonte do conhecimento verdadeiro a razo operando por si mesma (...),

    por outro lado, os empiristas, consideram que a fonte de todo e qualquer conhecimento a

    experincia , (...) controlando o trabalho da prpria razo. Em sua anlise, a autora apresenta

    tambm o conceito de conscincia, como a capacidade humana para conhecer, para saber que

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    conhece e para saber o que sabe que conhece; complementa ainda que para a Teoria do

    Conhecimento, a conscincia uma atividade sensvel e intelectual dotada do poder de

    anlise, sntese e representao e que o sujeito, dotado dessa conscincia quem ir

    reconhecer-se diferente dos objetos, ter a capacidade de descobrir significaes e elaborar

    conceitos. O sujeito capaz de conhecer a si mesmo no ato do conhecimento, poder

    refletir sobre sua realidade, perceber o mundo, capaz do entendimento das coisas, esse o

    sujeito do conhecimento, (Chaui, 2000. p. 146).

    A importncia do conhecimento se relaciona ao quanto esse pode ser

    compreendido, repassado e reconstrudo e assim melhor usufrudos pelos integrantes da

    comunidade. Severino (2007, pg. 34) afirma que a importncia do conhecimento se faz,

    principalmente, quando universalizado.

    o conhecimento produzido, para se tornar ferramenta apropriada de

    intencionalizao das prticas mediadoras da existncia humana, precisa ser

    disseminado e repassado, colocado em condies de universalizao.

    (SEVERINO, 2007. p. 34)

    Para a transmisso do conhecimento, de pessoa a pessoa ou de gerao a gerao,

    se faz necessrio que exista instrumentos para a comunicao, dessa forma, a linguagem surge

    como o meio que ir subsidiar o homem nessa tarefa. A autora, lembra-nos dos ensinamentos

    de Rousseau, que considerava: A palavra distingue os homens dos animais, a linguagem

    distingue as naes entre si. No se sabe de onde um homem antes que ele tenha falado,

    sublinha ainda, que para esse, a linguagem nasce de uma profunda necessidade de

    comunicao e, complementa ensinando que A linguagem , assim, a forma propriamente

    humana da comunicao, da relao com o mundo e com os outros, (...), e a linguagem se

    apresenta com um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a

    comunicao entre pessoas e para a expresso de idias, valores e sentimentos, no entanto,

    apesar de parecer uma simples conceituao, a linguagem um conjunto estruturado,

    complexo. Para ela, a linguagem um sistema de sinais com funo indicativa,

    comunicativa, expressiva e conotativa.

    A partir dessa breve reflexo sobre a Teoria do Conhecimento se faz necessrio

    compreender como as sutilizas da linguagem podero ser percebidas atravs da utilizao de

    metodologias prprias de anlise.

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    2.2 Anlise do Discurso

    So vrias as linhas de anlise do discurso, a partir de diversas tradies tericas e

    com enfoques variados. A anlise do discurso, chamada AD, considera a lngua, histria esujeito.

    AD, no uma metodologia e sim uma disciplina de interpretao, que se utiliza

    dos conhecimentos de reas distintas, por exemplo: da lingstica, alterou a noo de fala para

    discurso; do materialismo histrico, sublinhou a idia da ideologia e da psicanlise utilizou-se

    da concepo de inconsciente.

    A anlise do discurso se prope a questionar os sentidos estabelecidos em diversas

    formas de produo, que podem ser textuais, verbais ou no verbais. O foco do trabalho em

    AD o sentido e no o contedo textual, o sentido que produzido e no traduzido.

    Segundo Maingueneau (1993), na atualidade, (toda a produo de linguagem

    pode ser considerada discurso), e isso provm da prpria organizao do campo da

    lingstica; no entanto, no significa que toda e qualquer produo seja de interesse da AD,

    nesse aspecto, o autor especifica:

    Os objetos que interessam AD, conseqentemente, correspondem, de forma

    bastante satisfatria, ao que se chama, com freqncia, de formaes discursivas,

    referindo de modo mais ou menos direto Michel Foucault que, atravs deste

    conceito, entende um conjunto de regras annimas, histricas, sempre

    determinadas no tempo e no espao que definiram em uma poca dada, e para uma

    rea social, econmica, geogrfica ou lingstica dada, as condies de exerccio da

    funo enunciativa. (MAINGUENEAU, 1993. p. 14)

    Na AD, em geral, necessrio considerar um conjunto de variveis que iro

    interferir no conjunto da enunciao, em termos de lugares, isso, segundo Maingueneau

    (1993), se d em funo de enfatizar a preeminncia e a preexistncia da topografia social

    sobre os falantes que a vem se inscrever. O conceito de lugar ir determinar traos

    essenciais de identidades na formao discursiva.

    A relao traada no discurso estar ligada ao conjunto de caractersticas que iro

    determinar a identidade dos enunciadores, assim, a partir da determinao do lugar, melhor

    ser o entendimento das caractersticas do discurso.

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    O termo lugar diz respeito identidade dos parceiros do discurso. Michel

    Pcheux (1969, p. 18) ope o lugar que se refere a status socioeconmicos dos

    quais a sociologia pode descrever o feixe de traos objetivos caractersticos

    (patro, empregado...) s formaes imaginrias, isto , a imagem que os

    participantes do discurso fazem de seu prprio lugar e do lugar do outro. Essas

    formaes imaginrias so subentendidas por questes implcitas: Quem sou eu

    para falar-lhe assim?, Quem ele para que eu lhe fale assim?, Quem sou eu

    para que me fale assim?, Quem ele para que me fale assim?. A anlise do

    discurso deve isolar as relaes complexas entre esses lugares e essas formaes

    imaginrias. (LIMA, 2003. p. 77)

    Os enunciados iro se constituir no apenas enquanto fragmentos de lngua

    natural, mas se apresentaro enquanto amostras de um certo gnero de discurso, neste

    aspecto, o autor sublinha que:

    a noo de gnero, no de fcil manejo. Os gneros encaixam-se,

    freqentemente, uns nos outros. (...) Alm disso, um mesmo texto encontra-se

    geralmente na interseco de mltiplos gneros. ( MAINGUENEAU, 1993, p. 35)

    Esse autor acrescenta que na perspectiva da AD, pode-se observar uma

    polarizao da reflexo sobre a eficcia dos discursos, assim, o sujeito inscreve-se demaneira indissocivel em processos de organizao social e textual, desta forma, apresenta-

    se s questes de crena, da dinmica das idias prticas, isso desencadeia uma considerao

    da idealidade, a influncia da ideologia.

    O conceito de discurso veio destituir o sujeito falante de seu papel central, para

    integr-lo ao funcionamento de enunciados, e no mais como sujeito produzindo

    sentido; os textos produzidos so abordados a partir das condies de

    possibilidade de articulao com um exterior, por exemplo, as formaes

    ideolgicas. (LIMA, 2003. p. 79)

    Em diversos enunciados, as caractersticas comuns estabelecidas por um conjunto

    de semelhanas, determinadas em circunstncias relacionadas ao tempo, espao e

    regionalidade, determinaro o que pode ser entendido como uma comunidade de discurso,

    no entanto, o grau de envolvimento do indivduo nessa comunidade no poder ser

    determinado apenas porque esse adere de forma mais ou menos prximo do discurso desta

    comunidade, ou seja, o fato do indivduo se anexar a um discurso, comungar com esse, no

    determinar o quanto este indivduo est efetivamente envolvido por esse discurso.

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    A maneira como mobilizado o modo de enunciao de uma obra, indicar e

    evidenciar, a partir de qual comunidade discursiva essa obra se tematiza.

    Os textos aparecem, ao mesmo tempo, como uma das modalidades do

    funcionamento da comunidade discursiva e o que a torna possvel; a comunidade se

    estrutura pelo mesmo movimento que gera os enunciados, suscetveis, por sua vez,

    de tematizar, por vezes sutilmente, as instituies que neles esto implicadas e sua

    prpria intrincao com estas ltimas. (MAINGUENEAU, 1993. p. 70)

    Ao ocupar-se com a anlise dos discursos, fundamental estar atento aos diversos

    elementos que interferem nesse, a busca do entendimento do que est por detrs do que foi

    dito, e o que levou a tal enunciado, facilitar ao pesquisador compreender de maneira

    qualificada os resultados de sua pesquisa. Por isso, se faz necessrio a compreenso da

    realidade do discurso, assim, trazer tona a concepo originria desse.

    Lima (2003), ao falar do processo de subjetividade em que est inserido o

    discurso, sublinha que (...) Os processos discursivos realizam-se no sujeito, mas no podem

    ter nele sua origem, mesmo se este tiver a iluso de estar na origem do sentido (Lima, 2003.

    p.79).

    O autor apresenta ainda duas importantes noes de entendimento dessa

    subjetividade, os chamados esquecimento nmero um e esquecimento nmero dois.

    O esquecimento nmero um designa paradoxalmente o que nunca foi sabido e que,

    portanto, toca de mais perto o sujeito que fala, na estranha familiaridade que ele

    mantm com as causas que o determinam... em completa ignorncia de causa.

    O esquecimento nmero dois uma ocultao parcial. Caracteriza uma zona

    acessvel para o sujeito, se este faz um retorno sobre seu discurso (por exemplo, apedido do interlocutor). Na medida em que o sujeito se retoma para se auto-explicar

    o que diz, para aprofundar o que pensa e para formul-lo de modo mais

    adequado, pode dizer-se que essa zona nmero dois, que a do processo de

    enunciao, caracterizada por um funcionamento do tipo pr-

    consciente/consciente. ( LIMA, 2003. p. 79)

    No discurso, a palavra no o que mais importa e sim como essa explorada, da

    mesma forma que o ponto de debate no pode ser dissociado do modo como este debate serrealizado, imprescindvel observar as dimenses e implicaes da discursividade.

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    (...) um discurso supe mais que uma memria das controvrsias que lhe so

    exteriores; medida que aumenta o corpus de suas prprias enunciaes, com o

    passar do tempo e com a sucesso das geraes de enunciadores, (...) o discurso

    mobilizador por duas tradies: a que o funda e a que ele mesmo, pouco a pouco,

    instaura. (MAINGUENEAU, 1993. p. 125)

    As questes envolvendo a estruturao do discurso, nas ligaes entre o que j

    foi dito e o que se est dizendo, esclarecem a relao entre o interdiscurso e o

    intradiscurso. Assim, possvel compreender que o indivduo ao se aderir a um discurso,

    assumir, mesmo que em parte, fragmentaes que indicaro uma origem para o pensamento

    que se est expressando, dessa forma, o que j foi dito, sustentar o que se est dizendo.

    Lima(2003), esclarece esta reflexo ao acrescentar:

    O fato de que h um j-dito que sustenta a possibilidade mesma de todo dizer

    fundamental para se compreender o funcionamento do discurso, sua relao com os

    sujeitos e com a ideologia. Deduz-se da que h uma relao entre o j-dito e o que

    se est dizendo, que a que existe entre o interdiscurso e o intradiscurso, ou, em

    outras palavras, entre a constituio do sentido e sua formulao. (LIMA, 2003. p.

    84)

    A formulao do discurso est ento ligada sua constituio, pois, s podemos

    dizer (formular) se nos colocamos na perspectiva do dizvel (interdiscurso, memria), assim,

    fica evidente que todo dizer, na realidade, se encontra na confluncia dos dois eixos: o da

    memria (constituio) e o da atualidade (formulao).

    Maingueneau (1993), sublinha que o analista do discurso convive com o delicado

    problema da articulao entre dois saberes sobre os quais se apia: um saber lingstico e um

    saber no-lingustico. A partir do conhecimento desses saberes, se torna capaz de refletir as

    questes scio-histricas referentes intangibilidade das estruturas enunciativas descritas;

    convive tambm com a dualidade existente na questo: ser preciso privilegiar o estudo

    contextualizado ou construir redes de elementos descontextualizados?

    Considerando a questo apresentada, o autor ensina que o ideal seria o analista do

    discurso no se obrigar a fazer tais escolhas e que possa fazer uma abordagem lingstica de

    processos que no dependam de uma contextualizao prxima.

    A intrincao essencial entre os enunciados apreendidos em sua linearidade e os

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    processos que atuam sobre o conjunto do discurso s pode representar uma

    realidade incontornvel para a AD. (MAINGUENEAU, 1993. p. 139)

    Dentro desta perspectiva fundamental compreender que a questo no consisteunicamente em saber como uma formao discursiva constri seu espao prprio atravs das

    virtualidades da lngua, importante perceber tambm a existncia da presso do

    interdiscurso, que ir forar o estreitamento desta interao entre o linguistico e o

    discursivo.

    O vocabulrio encontra-se necessariamente situado no cruzamento de mltiplas

    instncias, da cena enunciativa aos modos de coeso textual, passando pelo

    interdiscurso (...) (MAINGUENEAU, 1993. p. 155)

    Na anlise do discurso se faz necessrio observar as teorias lingsticas da

    argumentao, pois estas, ainda de acordo com Maingueneau, liberam estratgias

    argumentativas to discretas e sutis quanto eficazes, porque questionam o enunciador e o co-

    enunciador, dessa relao observa-se que tais estratgias s se manifestam medida que a

    prpria organizao da lngua condicionada por esta necessidade de agir sobre o outrem,

    da, compreende-se de forma particular que a argumentao da linguagem se apiafreqentemente sobre o implcito e que este implcito constitui uma dimenso essencial da

    atividade discursiva.

    Compreender as formaes sociais, ideolgicas e discursivas dos diferentes

    grupos nas instituies, permitir contribuir para a compreenso da realidade dessas e neste

    aspecto, a anlise do discurso se apresenta como mais um instrumento para apoiar os estudos

    dos processos de mudanas na formao das estratgias e das dinmicas das estruturas

    institucionais na segurana pblica.

    A anlise do discurso deve ser utilizada enquanto tcnica capaz de revelar

    aspectos do contexto social intrincados no discurso que pode ser considerado como um

    conjunto de regras que delimitam um determinado conjunto scio-histrico de enunciados.

    Desta forma, revelar o contexto de enunciao e demonstrar o que dito para um dado

    discurso, explicitando o que est oculto no discurso, e assim, esse ser melhor compreendido.

    Lima (2003), chama a ateno para a complexidade da anlise do discurso, ao

    argumentar que para compreender um enunciado, no basta para um sujeito mobilizar sua

    competncia lingstica; ele deve tambm apelar para um saber enciclopdico, isto , o

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    conhecimento do mundo que ele adquiriu.

    fundamental compreender tambm que a anlise do discurso contribui para o

    estudo da comunicao e da linguagem enquanto instrumentos de poder e manipulao e que

    essa uma alternativa para tratar os significados no nvel lingstico, de maneira associada s

    complexidades dos fenmenos sociais no contexto das instituies de segurana pblica.

    2.3 Anlise de Contedo

    A anlise de contedo, AC, surgiu nos Estados Unidos no incio do sculo XX,

    com o objetivo de analisar material jornalstico e teve grande impulso na dcada de 1940 a

    1950, quando os cientistas se interessaram pelos smbolos polticos, o que contribuiu para o

    seu desenvolvimento, nas dcadas seguintes, a AC estendeu-se por diversas reas.

    Anlise de contedo, AC, pode ser qualitativa ou quantitativa e considera o texto

    como meio de expresso do sujeito, forma de apresentao das mensagens, independente do

    meio que ser produzido: verbal ou no verbal.

    Severino (2007, pg. 121) define anlise de contedo como uma metodologia de

    tratamento e anlise de informaes constantes de um documento, sob forma de discursos

    pronunciados em diferentes linguagens: escritos, orais, imagens, gestos, afirma tambm que

    essa metodologia pretende compreender o sentido manifesto ou oculto das comunicaes.

    As mensagens podem ser verbais, gestuais, figurativas ou documentais, a anlise

    de contedo objetivar trat-las de forma matemtica na busca de sentidos, na busca de seus

    significados. Ainda em Severino (2007, pg. 122), a anlise de contedo se exprime atravs

    da forma como as mensagens/enunciados podero ser revelados em qualquer forma de

    discurso. Ela descreve, analisa e interpreta as mensagens/enunciados de todas as formas de

    discurso, procurando ver o que est por detrs das palavras

    No que diz respeito anlise de contedo, seu conceito pode ser ampliado,

    objetivando melhor compreenso, acessando os ensinamentos de Bardin (1977), que

    apresentar a metodologia enquanto um conjunto metodolgico, sutil e em constante

    aperfeioamento, que pode ser utilizado para anlise de mensagens diversas.

    O que anlise de contedo atualmente? Um conjunto de instrumentos

    metodolgicos cada vez mais sutis, em constante aperfeioamento, que se aplicam a

    discursos (contedos e continentes) extremamente diversificados. O fator comum

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    dessas tcnicas mltiplas e multiplicadas desde o calculo de freqncias que

    fornece dados cifrados at a extrao de estruturas traduzveis em modelos uma

    hermenutica controlada, baseada na deduo: a inferncia. Enquanto esforo de

    interpretao, a anlise de contedo oscila entre os dois plos do rigor da

    objetividade e da fecundidade da subjetividade. Absolve e cauciona o investigador

    por esta atrao pelo escondido, o latente, o no-aparente, o potencial de indito (do

    no-dito), retido por qualquer mensagem. Tarefa paciente de desocultao,

    responde a esta atitude de voyeur de que o analista no ousa confessar-se e justifica

    a sua preocupao, honesta, de rigor cientfico. Analisar mensagens por essa dupla

    leitura, em que uma segunda leitura substitui a leitura normal do leigo, ser

    agente duplo, detetive, espio... (BARDIN, 1977. p. 9-10)

    Na anlise do contedo a mensagem o ponto de partida e as condies

    contextuais de seus produtores devem ser consideradas. No se pode deixar de considerar as

    concepes crticas e dinmicas da linguagem. Cada vez mais, a anlise do contedo se

    apresenta como uma tcnica de pesquisa, que trabalha com a palavra.

    Severino (2007, pg. 121), localiza a perspectiva da anlise de contedo na

    interface da Lingstica e da Psicologia Social, afirma ainda que: ... enquanto a lingstica

    estuda a lngua e o sistema da linguagem, a Anlise de Contedo atua sobre a fala, sobre o

    sintagma.

    O sujeito se expressa atravs do texto e o analista do contedo busca categorizar

    as unidades do texto (palavras ou frases), observando a freqncia de repetio e da,

    determina matematicamente, em expresses que representam estas unidades. Assim, desde o

    clculo de freqncias que fornecem os dados cifrados, at a formulao de estruturas que

    possam ser traduzidas em modelos, baseados em dedues e com o objetivo de se interferir

    nos resultados, essas estruturaes so feitas de forma controladas.

    O analista do contedo, na busca da interpretao que revela o que est por

    detrs das palavras, se atm ao rigor da objetividade e ao rigor da subjetividade, e se torna

    atrado pelo escondido, o que no est claramente proposto pela mensagem, o no dito que

    se encontra retido em toda mensagem. Busca acessar informaes que esto alm da

    compreenso prvia, com o objetivo de traduzi-las, para facilitar a compreenso do texto.

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    3 ATUAO POLICIAL

    3.1 Breve Histrico

    A polcia possui em sua atividade um leque de prerrogativas que a colocam em

    uma posio diferenciada em relao a outros rgos pblicos, principalmente, por ser o

    rgo estatal detentor de grande poder, inclusive a prerrogativa do uso da fora. Neto (2003),

    nos ensina que para intervir na privacidade, na autonomia e na integridade fsica e psquica

    dos cidados, necessrio que existam mecanismos que assegurem que esta autoridade seja

    legitimamente exercida.

    A organizao policial, estabelecida a partir de 1829, na Inglaterra, se orientou no

    modelo de profissionalizao e dedicao tempo integral do policial; Sapori (2007), reflete

    que esse modelo, conforme propugnado por Robert Peel, ocorreu lentamente ao longo da

    segunda metade do sculo e coincidem tambm com o perodo de formao das grandes

    cidades. Acrescenta, ainda: exatamente no perodo de formao das grandes cidades

    europias do sculo XVIII que a noo de ilegalidade passou a ser amplamente utilizada.

    Descreve, tambm, que: o assegurar que a populao inteira de um determinado territrioviva sob o domnio da lei pressupe incumbir as foras policiais de tarefas que se sobrepem

    pura represso poltica.

    A prerrogativa do uso legtimo da fora com o objetivo de assegurar a obedincia

    s normas estabelecidas determinar a constituio das Instituies Policiais enquanto

    aparelhos repressivos do Estado.

    Conceitualmente, a polcia constitui um dos aparelhos repressivos do Estado, pormeio do qual ele regula os comportamentos pelo uso da violncia legtima. Em

    outras palavras, polcia cabe assegurar a obedincia a normas relativas a modos

    civilizados de existncia e resoluo de conflitos, como j mencionado. A polcia

    moderna burocratizada, por sua vez, apresenta uma dupla justificativa, que se

    constitui em seu principal dilema: a neutralizao do uso privado da fora e a

    restrio ao uso feito pelo Estado da violncia, na imposio da ordem.

    (MARINHO, 2002. p.13)

    Neto (2003), observa que no incio da organizao policial, na Europa e EUA,

    essa instituio era responsabilizada por um amplo leque de atividades; o relacionamento

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    entre a polcia e cidados era conflituoso, a polcia utilizava-se de sua prerrogativa do uso da

    fora para se impor frente aos cidados.

    As concepes acerca do modelo profissional de polcia surgem da necessidade de

    sistematizao do trabalho policial em torno de critrios relativos eficincia. Tal

    concepo, tambm, volta-se tentativa de obteno de imparcialidade profissional,

    uma vez que a submisso da polcia a interesses polticos passa a ser vista como

    problema central para esse tipo de organizao. (MARINHO, 2002. p. 22)

    Tal relao, principalmente com o fortalecimento da democracia, fez surgirem as

    necessidades de mudanas, assim como reformulao e revises nas estruturas internas e

    externas de controle sobre a polcia se tornou consenso, e para isso, a demarcao penal das

    funes policiais, dentro de limites claros e rgidos, facilitaria o controle sobre a ao policial.

    Com a reformulao da instituio policial e a implantao de um modelo

    profissional, de policiamento moderno, muitos avanos tecnolgicos e a profissionalizao

    do policial, mudaram de forma relevante atuao policial e sua relao com os cidados, no

    entanto, esses progressos e avanos obtidos aps a reformulao da polcia, com o passar do

    tempo, no conseguiram tornar as instituies policiais capazes de identificar e lidar com os

    problemas cotidianos dos cidados, principalmente, nas grandes metrpoles.

    As atuais reformas na rea policial esto fundadas na premissa de que a eficcia de

    uma poltica de preveno do crime e produo de segurana est diretamente

    relacionada existncia de uma relao slida e positiva entre a polcia e a

    sociedade. Frmulas tradicionais como sofisticao tecnolgica, revelaram-se

    limitadas na inibio do crime, quando no contriburam para acirrar os nveis de

    tenso e descrena entre policiais e cidados. Mais alm, a enorme desproporo

    entre os recursos humanos e materiais disponveis e o volume de problemas, foroua polcia a buscar frmulas alternativas capazes de maximizar o seu potencial de

    interveno. Isto significa o reconhecimento de que a gesto da segurana no

    responsabilidade exclusiva da polcia, mas da sociedade como um todo. (NETO,

    2003. p. 29)

    A complexidade das relaes modernas exige de qualquer instituio uma

    profunda avaliao de seus mtodos, isso no , e no pode ser diferente em relao s

    instituies estatais, por isso, os estudos e anlises das estruturas das foras policiais somadosao engajamento de cidados que trabalham e militam nessa esfera, apontam para a

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    implementao de profundas mudanas na maneira como so realizados os trabalhos de

    polcia e na relao dessa com os cidados, no entanto, essas organizaes no podem ser

    compreendidas a partir de comparaes com outras instituies estatais, da, a reflexo de

    Marinho (2002), ir ilustrar este posicionamento.

    Mas as organizaes policiais no se confundem com as demais instncias da

    administrao pblica. A policia apresenta particularidades que a distinguem de

    modo definitivo e visvel a todos os cidados que diante dela se encontrem. A

    autoridade, manifesta pelo uniforme e pela arma, destaca o fato de que seu universo

    diferente daquele relativo s relaes entre administrados e as demais instncias

    pblicas. (MARINHO, 2002. p. 11)

    O processo histrico acima refletido expe a formao das instituies policiais e

    como a evoluo das estruturas estatais e da democracia exigiu que tais instituies adotassem

    novas perspectivas de trabalho, dessa maneira ser percebido o caminho na evoluo da

    Polcia Tradicional para a Polcia Comunitria.

    3.2 Policia Tradicional

    A organizao e estruturao das instituies policiais seguem padres que

    privilegiam as aes reativas. De acordo com a conceituao ensinada atravs do Curso de

    Multiplicador de Polcia Comunitria, organizado pela SENASP, o policiamento tradicional

    pode ser caracterizado a partir da observao do perfil de sua atuao.

    Nesse modelo, a polcia uma agncia governamental responsvel,

    principalmente, pelo cumprimento da lei, seu papel preocupar-se com o crime e

    rotineiramente se ocupa mais com os incidentes, sua eficincia determinada pela capacidadede resposta rpida. As informaes importantes so aquelas relacionadas a certos crimes; os

    crimes que envolvem violncia so prioridade e o policial trabalha voltado para a

    marginalidade. O marginal tratado como inimigo.

    Essa filosofia de trabalho dita tradicional, privilegia o afastamento entre policiais

    e cidados alm de reforar uma linha hierrquica rgida, onde o comando ocupa-se e

    preocupa-se em prover regulamentos e determinaes que devem nortear os trabalhos

    policiais. Marinho (2002), reflete essa atuao policial considerando:

    A tarefa policial se estabelece a partir de trs situaes: servios solicitados pela

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    populao atravs das centrais de operaes - o 190 da polcia brasileira -; os

    servios de inspeo e o patrulhamento rotineiro. Os servios solicitados pela

    populao dizem respeito a fatos j ocorridos ou em andamento, que exigem a

    presena da polcia. Relacionam-se, assim, mais aos incidentes do que aos riscos.

    (MARINHO, 2002. p. 26)

    A Policia Tradicional, modelo profissional, foca-se na resoluo de problemas e

    o emprego da fora a principal tcnica utilizada; os recursos humanos e materiais so

    distribudos seguindo orientaes estatsticas e os policias prestam contas somente aos seus

    superiores.

    Marinho (2002), reflete tambm que o modelo profissional de policiamento

    considera categorias estabelecidas de elementos contextuais, dessa maneira, este modelo

    (...) representa importante separao entre polcia e pblico.

    A maneira como so conduzidas as aes de polcia dificulta o controle sobre a

    atividade policial, e isso, pode fazer florescer oportunidades para falhas na atuao policial e

    como consequncia reduzir a eficincia da ao. Na medida que o controle sobre a atividade

    policial dificultado, o surgimento de conflitos desnecessrios entre cidados e polcia ser

    ampliado, mesmo em situaes que o meio pacfico de solues de problemas pudesse ser

    aplicado.

    A pouca interao entre os policias e os cidados, no modelo tradicional de

    policiamento, faz com que os ambientes de convivncia entre os policiais e a populao sejam

    reduzidos, isso, amplia o distanciamento entre os profissionais de segurana e os cidados.

    Neto (2003), observando este fenmeno esclarece:

    No modelo tradicional, o policial passa maior parte de seu tempo em contato com

    outros policiais. As breves oportunidades de contato entre policiais e cidados

    costumam ocorrer em situaes de tenso e adversidade, fato que contribui para o

    desenvolvimento de desconfianas e esteretipos. (NETO, 2003. p. 42)

    O distanciamento entre as organizaes policiais e os cidados, conduzido pelo

    modelo profissional, pode, segundo Marinho (2002), ter gerado uma crise de legitimidade

    das organizaes policias, sublinha tambm que nesse modelo, a estratgia implicada no

    se mostra eficiente para a preveno de delitos, j que enfatiza a ocorrncia em si e no aeliminao de suas causas.

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    3.3 Polcia Comunitria

    A necessidade de uma nova relao entre os policiais e a populao pressionou as

    instituies a refletirem sobre a atuao das polcias, neste contexto, no apenas asorganizaes policiais, mas tambm outras organizaes e intelectuais iniciaram os debates

    sobre essa demanda.

    Segundo Bayley e Skolnick (1988), apesar do volume de debate sobre o

    policiamento comunitrio nos crculos profissionais em todo o mundo, tal tipo de

    policiamento ainda no est bem estabelecido nas operaes policiais, e que no existe

    consenso acerca de seu significado, isso, aliado a grande variedade de programas descritos

    como policiamento comunitrio, causa grande confuso. Afirmam tambm que o

    policiamento comunitrio ainda no um programa aceito e nem mesmo, um conjunto de

    programas e essa falta de clareza motivo de preocupao.

    Trojanowicz e Bucqueroux (1994), definem Polcia Comunitria como uma

    filosofia e estratgia organizacional que proporciona uma nova parceria entre a populao e a

    polcia, alm de citarem a descrio usada pela Universidade do Estado de Michigan:

    O policiamento comunitrio a filosofia que consiste no engajamento de um

    policial num setor especfico da comunidade, havendo uma relao de pertinncia,

    em carter de longo prazo. O elemento chave a pertinncia geogrfica. O policial

    comunitrio trabalha para organizar os recursos da comunidade, do departamento

    policial e de outras instituies, para reduzir o crime e ir ao encontro das

    necessidades apropriadas da comunidade. O policiamento comunitrio uma

    filosofia que consiste em cuidar das pessoas, trabalhar com elas e ajud-las. Isto

    muitas vezes significa ajudar as pessoas informalmente, quando o sistema informal

    parece no funcionar. (TROJANOWICZ e BUCQUEROUX, 1994. p. 184)

    Essas definies demonstram claramente o carter da polcia comunitria,

    enquanto filosofia, como moderna maneira de abordagem das aes de policia, e isso causa

    resistncias, principalmente, por parte daqueles que temem mudanas e preferem manter o

    estado das coisas.

    A forma de relacionamento entre polcia e a comunidade centraliza os pontos

    fundamentais da maneira de se trabalhar orientados por essa metodologia que exige uma

    postura nova da polcia em relao ao papel mais ativo e coordenado de atuao do cidado

    com o objetivo de obter segurana pblica.

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    Bayley e Skolnick (1988), apresentam quatro normas que devem ser seguidas

    pelas instituies policiais para a real implementao da polcia comunitria: 1. Organizar a

    preveno do crime tendo como base a comunidade; 2. Reorientar as atividades de

    patrulhamento para enfatizar os servios no-emergenciais; 3. Aumentar a responsabilizao

    das comunidades locais; 4. Descentralizar o comando.

    Na avaliao de Bayley e Skolnick (1988), em uma democracia, a polcia

    comunitria uma aspirao central na maneira de atuao da polcia, mas deve ser utilizada

    de forma cuidadosa, sua prtica deve ser estudada com profundidade e as suas limitaes e

    restries discutidas com sinceridade.

    Neste sentido, a preveno do crime e a observao com maior ateno ao pblico

    por parte da autoridade policial e, maior responsabilizao da polcia frente s questes

    problemticas relativas comunidade, dentre outras questes, abordadas com seriedade e de

    forma programada, faz com que a polcia comunitria avance e consiga alcanar a aceitao

    no somente do pblico, mas tambm dos profissionais de Segurana Pblica.

    No Brasil, a Constituio de 1988, institucionaliza a idia de polcia comunitria

    no pas, ao definir em seu artigo 144, que a segurana pblica dever do Estado e

    responsabilidade de todos, com isso, demonstra claramente o desejo da construo derelacionamento entre a polcia e a sociedade, no retirando a responsabilidade do Estado,

    mas chamando a ateno, principalmente, para o papel do cidado na construo da paz

    social.

    Neto (2003), esclarece o posicionamento da polcia comunitria enquanto filosofia

    que prestigia a diviso das responsabilidades entre polcia e cidados no planejamento e na

    implementao das polticas pblicas de segurana. Acrescenta ainda que essa relao deve

    contar com um empenho da polcia em adequar as suas estratgias e prioridades sexpectativas e necessidades locais.

    Trojanowicz e Bucqueroux (1994), afirmam tambm que a polcia comunitria

    oferece novas maneiras de tratar da gama de problemas que a polcia solicitada a enfrentar,

    principalmente, porque a polcia a nica instituio de servio social em funcionamento

    tempo integral, 24 horas por dia, sete dias por semana, acionada em qualquer tipo de

    atendimento, inclusive atendimento de chamadas em casa; avaliam tambm que na atuao

    em polcia comunitria, os policiais que tendem a ser automotivados, so os que alcanammaior sucesso, isso devido a sua satisfao da conscincia de que esto fazendo o melhor

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    para realizar alguma coisa.

    Bayley e Skolnick (1988), avaliam que a partir das aes policiais orientadas

    segundo a filosofia de policia comunitria, a polcia passa a encorajar uma interao regular

    e rotineira com o pblico; os policiais se tornam mais prximos da comunidade e com isso,

    podem prever e provavelmente prevenir, o aparecimento de crimes e de problemas de ordem

    pblica. Atravs dessa atitude consegue mobilizar as pessoas comuns para a preveno do

    crime e para a vigilncia, e com isso, gera um ciclo de informaes sistemticas e confiveis,

    o que proporciona a polcia minimizar a utilizao de informantes, indivduos que na

    maioria das vezes agem por interesse prprio, quer seja para terem alguma vantagem junto

    a polcia ou ento para prejudicarem um concorrente.

    As mudanas econmicas, ideolgicas e sociais, que consolidam e fortalecem a

    democracia, exigem tambm novas posturas e condutas das foras de segurana, neste

    contexto, a polcia comunitria surge como forma de atuao que privilegia a aproximao

    das foras policiais com os diversos seguimentos da sociedade e promover a real parceria

    entre polcia e sociedade na busca de soluo para os problemas que geram os conflitos e a

    violncia. Trojanowicz e Bucqueroux (1994), sublinham que a idia central da polcia

    comunitria proporcionar uma aproximao dos profissionais de segurana com as pessoas

    comuns.

    Atravs da real aproximao das instituies policiais e a sociedade, em um pacto

    de comprometimento com o objetivo de melhorar as condies de segurana pblica, os

    conflitos e os ndices de violncia podero ser reduzidos.

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    4 METODOLOGIA

    A anlise do conhecimento pode ser a priori, expresso em termos de valores querepresentam o julgamento de uma pessoa em relao a um item a ser mensurado. Dessa

    forma, o analista estabelece relaes entre questes e define respostas esperadas de maneira

    co-relacionadas para avaliar o nvel de conhecimento do entrevistado sobre o tema proposto.

    A metodologia empregada na realizao deste trabalho utilizou-se dos seguintes

    passos: levantamento bibliogrfico; definio da amostra baseada na rea de atuao do

    policial; desenvolvimento e aplicao de questionrio; processamento de dados atravs de

    software especfico de apoio multicritrio a tomada de deciso e anlises dos resultados.

    Esse trabalho um estudo transversal observacional realizado no perodo de

    fevereiro a abril de 2009, com Policiais Civis que prestam servios na regio de Venda Nova

    em Belo Horizonte capital do estado de Minas Gerais, que objetiva analisar e mensurar nos

    trabalhadores de segurana pblica deste estado, nessa regio, o conhecimento sobre o tema

    Filosofia de Polcia Comunitria.

    Neste trabalho foi escolhido como metodologia de coleta de dados o uso do

    questionrio, assim como Severino (2007) conceitua este instrumento:

    conjunto de questes, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar

    informaes escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a

    opinio dos mesmos sobre os assuntos em estudo. (SEVERINO, 2007, p. 125)

    Ensina, tambm, que as questes devem ser pertinentes ao objeto e claramente

    formuladas, de modo a serem bem compreendidas pelos sujeitos.Segundo Cervo (1973), o questionrio a forma mais usada para coletar dados,

    pois possibilita medir com melhor exatido o que se deseja. O autor acrescenta que para a

    utilizao desse instrumento preciso definir prioridades e ter claro os critrios pelos quais

    sero definidas a importncia e a ordem das questes:

    necessrio que se estabelea, com critrio, quais as questes mais importantes a

    serem propostas e que interessam ser conhecidas, de acordo com os objetivos.

    Devem ser propostas perguntas que conduzam facilmente s respostas de forma a

    no insinuarem outras colocaes. (CERVO, 1973. p. 148)

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    4.1 Mtodos

    Aplicao de questionrios nas oito Delegacias de Polcia vinculadas Delegacia

    Regional de Venda Nova, respondidos pelos Policiais que prestam servios nestas, em regimede planto e expediente.

    Concomitantemente, partiu-se para a leitura crtica dos questionrios a fim de

    verificar como o processo de validao dos critrios mensurveis poderia ser desenvolvido,

    analisando-se os aspectos positivos e possveis falhas na busca de subsdios para a definio

    de critrios e de procedimentos na avaliao do conhecimento dos Policiais em relao ao

    tema proposto.

    4.2 Validao do questionrio Pr-teste

    Aps o levantamento observacional e elaborao da primeira verso do

    questionrio, esse foi aplicado em uma Delegacia com o objetivo de avaliar a eficcia do

    instrumento para a coleta dos dados.

    Em sua primeira verso, o questionrio continha 25 questes, organizadas

    sistematicamente, considerando as experincias pessoais, profissionais e tericas de cadaPolicial em relao ao tema.

    Esse questionrio foi aplicado a 15 Policiais que prestam servio na Delegacia

    escolhida para o pr-teste, desses retornaram apenas oito questionrios e trs no foram

    validados para anlise.

    Com o objetivo de se analisar as falhas no questionrio, foram feitas entrevistas

    informais, sondagem, junto aos Policias para a identificao dos pontos falhos no

    questionrio, detectando-se os principais problemas.

    Os Policias indicaram trs pontos principais que determinaram a ineficincia do

    questionrio: o questionrio era extenso e desestimulava o entrevistado a respond-lo; a

    abordagem sobre o conhecimento era ampla e gerou dvidas nos entrevistados; questes sobre

    a experincia profissional, tempo de servios e local de trabalho, indicavam possibilidades de

    identificao do entrevistado.

    A partir do levantamento destas falhas, o questionrio passou por novaelaborao. Foram suprimidas as questes relativas a gnero, tempo de servio e local de

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    trabalho, desta forma, as possibilidades de identificao dos entrevistados se tornaram nulas.

    Em relao s questes sobre a experincia e o conhecimento, essas foram reformuladas

    procurou-se focar a experincia genrica e o conhecimento especfico sobre a Filosofia de

    Polcia Comunitria.

    As alteraes efetivadas no questionrio a partir da aplicao do pr-teste

    propiciaram a efetivao da pesquisa atravs de um instrumento melhor elaborado e com

    maior ndice de retorno, sem prejuzo da coleta de informaes precisas para a anlise do

    conhecimento, principalmente, porque ao restringir os questionamentos ao conhecimento

    pesquisado, isso, facilitou a anlise sobre o conhecimento do entrevistado em relao ao

    tema.

    4.3 Instrumento e coleta de dados

    Foram aplicados questionrios aos Policiais em servio, nas oito delegacias que

    compem a Regional de Venda Nova, sem distino de sexo, idade, funo ou tempo de

    servio, no perodo compreendido entre os dias 06 a 13 de abril de 2009. No responderam

    aos questionrios os Policiais que se encontravam em frias ou em licena mdica; foram

    aplicados 75 questionrios respondidos e validados.

    O questionrio continha 10 questes fechadas, com opes diversas sobre o tema

    Polcia Comunitria, o sinal grfico x foi utilizado para marcar a afirmativa correspondente

    ao entendimento do entrevistado sobre as afirmativas que expressavam seu conhecimento, o

    ponto de concordncia.

    As questes foram organizadas com os objetivos conforme descrito abaixo:

    as questes de nmeros 1 e 2 objetivaram avaliar as experincias doPolicial em relao s situaes cotidianas em que a Polcia Comunitria

    pode ser observada intrinsecamente;

    a questo nmero 3 objetivou avaliar o entendimento desse Policial sobre

    o relacionamento da Polcia com outras instituies do Estado ou rgos

    de mobilizao social, enquanto prtica necessria ao desempenho de suas

    atividades;

    as questes nmeros 4 a 6 objetivaram avaliar o conhecimento desse

    Policial em relao ao tema Polcia Comunitria;

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    as questes nmeros 7 e 8 objetivaram avaliar a relao conhecimento/

    interesse desse Policial sobre a aplicao da metodologia de Polcia

    Comunitria;

    a questo nmero 9 objetivou avaliar o impresso causada pelos Policiais

    que praticam Polcia Comunitria em seus colegas de trabalho;

    a questo nmero 10 objetivou determinar a relao entre o conhecimento

    sobre o tema e a aceitao da Polcia Comunitria na prtica do trabalho

    Policial.

    4.4 Anlise dos dados

    Para melhor compreenso dos dados obtidos atravs da aplicao do questionrio,

    sero observadas as abordagens quantitativas e qualitativas para a anlise. Severino(2007,

    pg. 119), esclarece que com estas designaes, cabe referir-se a conjuntos de metodologias,

    envolvendo, eventualmente, diversas referncias epistemolgicas, refora tambm essa

    percepo ao explicitar que So vrias metodologias de pesquisa que podem adotar uma

    abordagem qualitativa, modo de dizer que faz referncia mais a seus fundamentos

    epistemolgicos do que propriamente a especificidades metodolgicas.

    A partir dessa orientao, iniciou-se o processo de organizao e anlise dos

    resultados, os dados da pesquisa foram tabulados em uma planilha do software Microsoft

    Excel 2000, com o objetivo de organizar as informaes em tabelas, e assim, obter referncias

    matemticas dos resultados.

    Os resultados da pesquisa foram tratados de forma absoluta e relativa, entendido

    aqui, a partir da orientao de Crespo (1999), os dados absolutos foram tabulados e traduzidosem valores relativos, percentagens do total, e assim, obter o coeficiente, ou seja, a razo

    entre o nmero de ocorrncias e o nmero total (Crespo, 1999), com isso, determinar a taxa

    de participao de cada grupo em relao ao total pesquisado, total de ocorrncias, e

    traduzidos em taxas, coeficientes multiplicados por 100, taxa percentual.

    O primeiro agrupamento seguiu a seqncia originria do questionrio, ou seja,

    foram tabulados considerando as respostas dadas a cada questo.

    O outro agrupamento foi organizado a partir da classificao do questionrio nos

    grupos avaliativos, aqui determinados da seguinte maneira:

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    policiais que conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so

    favorveis;

    policiais que conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so

    contrrios;

    policiais que no conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so

    favorveis;

    policiais que no conhecem a Filosofia de Polcia Comunitria e so

    contrrios.

    Os resultados foram analisados observando a coerncia entre respostas dadas em

    questes especificas e previamente co-relacionadas. A classificao dos questionrios neste

    agrupamento se deu atravs do cruzamento das respostas esperadas as dadas s questes

    previamente estabelecidas e obedeceram aos critrios abaixo relacionados:

    Para avaliar o conhecimento dos Policiais sobre o tema, foram utilizadas as

    questes: 4 - Voc sabe o que Polcia Comunitria?; 5 - Voc conhece algum projeto de

    Polcia Comunitria?; 6 - Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia

    Comunitria? Atravs das respostas dadas a essas questes, observou-se os seguintes

    critrios: os entrevistados que responderam Fiz cursos sobre esse tema e sei como se aplica,

    para a questo nmero 4 e SIM, para a questo nmero 5, foram classificados como

    conhecedores do tema, as respostas divergentes deram ao entrevistado a classificao de no

    conhecedor do tema.

    A questo nmero 6 objetivou confirmar qualitativamente a coerncia das

    respostas dadas questo nmero 4 e 5, pois o policial pode ter conhecimento sobre o tema e

    no haver participado de projetos de Polcia Comunitria.

    Ainda obedecendo aos critrios pr-estabelecidos, as respostas diferentes as

    esperadas, classificaram o entrevistado no rol dos que no possuem conhecimento sobre o

    tema Polcia Comunitria.

    Na avaliao sobre a aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria enquanto

    instrumento eficaz na prtica Policial, foram utilizadas as questes: 7 - Voc participou de

    palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia Comunitria?; 8 - O que voc pensa sobre

    Policia Comunitria?; 9 - O que voc pensa sobre o Policial que atua com PoliciaComunitria?; 10 - Voc se disponibilizaria a participar de projetos de Polcia

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    Comunitria?, e foram consideradas enquanto respostas esperadas as seguintes:

    para questo nmero 7, Sim, fui porque a chefia me indicou, mas gostei

    de participar e desejo participar de outros; Sim, fui fora do horrio de

    trabalho, por conta prpria, porque me interesso pelo tema; No, mas

    gostaria de participar;

    para questo nmero 8, No conheo, mas gostaria de obter maiores

    informaes, entender como funciona; Ouvi falar e penso que a Polcia

    Civil precisa se envolver mais; Participei de treinamentos e acredito que

    a Polcia Civil deve ampliar sua participao em projetos sobre o tema;

    para questo nmero 9, um Policial que deseja a aproximao da

    Polcia com a sociedade para que os servios prestados sejam cada vez de

    melhor qualidade e que a Polcia se torne referncia para os cidados;

    para questo nmero 10, Sim, mas no conheo projetos em andamento

    nessa Regional; No respondeu a questo; importante esclarecer que

    no responder a esta questo pode ter sido em funo de no existir uma

    resposta adequada ao entendimento do entrevistado.

    As demais respostas, diferentes das esperadas, classificaram o entrevistado no roldos que so contrrios Filosofia de Polcia Comunitria.

    Os questionrios foram analisados a partir de duas perspectivas. Na primeira, foi

    efetuado o levantamento global das respostas, o conjunto foi organizado e atabulao feita

    em planilha eletrnica, assim, identificou-se quantitativamente a relao percentual entre as

    respostas e o total dos questionrios aplicados.

    Aps essa primeira anlise, foi efetuada uma segunda leitura dos questionrios,

    quando as respostas dadas foram comparadas e os critrios pr-estabelecidos observados,

    considerando a co-relao entre as questes e as respostas esperadas, para dessa maneira

    obter-se a avaliao qualitativa dos dados.

    A partir da anlise avaliativa das respostas, os questionrios foram classificados e

    tabulados para sintetizar o quadro de formao dos grupos avaliativos.

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    5 RESULTADOS

    As questes relacionadas no questionrio da pesquisa foram tabuladas eorganizadas em tabelas distintas e foram calculados os valores absolutos e relativos.

    TABELA 01

    Questo 01: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    TABELA 02

    Questo 02: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    Voc vivenciou situaes em que um cidado foi procurar a Delegacia pararegistrar ocorrncia mas o problema no dependia da atuao da Polcia Civilpara solucion-lo ou ento, caberia a participao de outras instituies do Estado?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    No me lembro; 2 3%

    Nunca aconteceu; 1 1%

    Raramente acontece; 7 9%

    Acontece com freqncia; 64 85%

    No respondeu 3 4%

    Total de Pesquisados 75 100%

    O que voc pensa em relao investigao policial em locais de crimes?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    mais fcil ser realizada quando o policial NO CONHECE o local eNO CONHECE as pessoas na rea; 7 9%

    mais fcil ser realizada quando o policial CONHECE o local eCONHECE as pessoas na rea; 56 75%

    mais fcil ser realizada quando o policial CONHECE o local masNO CONHECE as pessoas na rea; 11 15%

    mais fcil ser realizada quando o policial NO CONHECE o localmas CONHECE as pessoas na rea 1 1%

    Total de Pesquisados 75 100%

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    TABELA 3

    Questo 03: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    TABELA 4

    Voc sabe o que Polcia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    Ouvi falar sobre esse tema mas no sei como se faz; 30 40%

    Fiz cursos sobre esse tema e sei como se aplica; 23 31%

    Ouvi falar mas no me interesso pelo tema; 18 24%

    Nunca ouvi falar mas gostaria de saber; 1 1%

    Nunca ouvi falar e no me interesso pelo tema; 0 0%No respondeu 3 4%

    Total de Pesquisados 75 100%

    Questo 04: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    O que voc pensa sobre o envolvimento dos Policias Civis com outros rgos e

    instituies, tais como: Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, Escolas, Igrejas eetc..., na tentativa de solucionar problemas que acontecem na rea de atuaodesses Policiais?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    correto; 29 39%

    No concordo; 3 4%

    Penso que aumenta o trabalho para os Policiais Civis, por isso noconcordo; 3 4%

    Penso que os Policiais Civis devem dedicar exclusivamente investigao dos crimes; 29 39%

    Penso que os Policiais Civis no esto treinados para esse tipo deatividades, mas importante que o faam; 11 15%

    Total de Pesquisados 75 100%

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    TABELA 5

    Questo 05: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    TABELA 06

    Questo 06: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009 .

    TABELA 07

    Questo 07: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    Voc conhece algum projeto de Polcia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    No 38 51%

    Sim 26 35%

    No respondeu 11 15%

    Total de Pesquisados 75 100%

    Voc participou ou participa de algum projeto de Polcia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    No 64 85%

    Sim 10 13%

    No respondeu 1 1%

    Total de Pesquisados 75 100%

    Voc participou de palestras, seminrios ou cursos sobre Polcia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    Sim, fui porque a chefia me indicou, no gostei e preferia no terparticipado; 18 24%

    Sim, fui porque a chefia me indicou mas gostei de participar e desejoparticipar de outros; 19 25%

    Sim , fui fora do horrio de trabalho, por conta prpria, porque meinteresso pelo tema; 2 3%

    No mas gostaria de participar; 19 25%

    No e no me interesso pelo tema 17 23%

    Total dos Pesquisados 75 100%

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    Tabela 08

    Questo 08: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    TABELA 09

    Questo 09: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    O que voc pensa sobre Policia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    No conheo e no me interesso pelo tema; 10 13%

    No conheo mas gostaria de obter maiores informaes, entendercomo funciona; 8 11%

    Ouvi falar e penso que no aplicvel Polcia Civil; 14 19%

    Ouvi falar e penso que a Polcia Civil precisa se envolver mais; 23 31%

    Participei de treinamentos mas acredito que no aplicvel Polcia

    Civil; 7 9%Participei de treinamentos e acredito que a Policia Civil deveampliar sua participao em projetos sobre o tema; 13 17%Total dos Pesquisados 75 100%

    O que voc pensa sobre o Policial que atua com Policia Comunitria?RESPOSTAS ABS. REL.

    Esse deseja apenas cumprir o expediente de trabalho e no combater ocrime; 11 15%

    bem intencionado mas perde tempo porque Polcia Comunitria nod certo; 11 15%

    um Policial que passa a mo na cabea de bandido, um defensordos Direitos Humanos; 4 5%

    um Policial que no tem pulso com os bandidos e por isso, aPolcia est perdendo sua fora, o Poder; 2 3%

    um Policial que deseja a aproximao da Polcia com a sociedadepara que os servios prestados sejam cada vez de melhor qualidade eque a Polcia se torne referncia para os cidados. 46 61%

    No respondeu 1 1%

    Total dos Pesquisados 75 100%

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    TABELA 10

    Questo 10: Questionrio aplicado nas delegacias em Venda Nova BH /MGno perodo de 06 a 13 de abril de 2009.

    Voc se disponibilizaria participar de projetos de Polcia Comunitria?

    RESPOSTAS ABS. REL.

    No, e se eu for indicado, peo para sair; 21 28%

    Somente se a chefia me indicar mas prefiro no participar; 26 35%

    Sim, mas no conheo projetos em andamento nesta Regional; 25 33%

    No respondeu 3 4%

    Total dos Pesquisados 75 100%

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    6 CONCLUSO

    Com o objetivo de alcanar o maior nmero de retorno dos questionrios, foi feitoo esforo de entrega desses a cada Policial nas delegacias, situao que propiciou o contato

    direto entre o pesquisador e uma parcela significativa dos entrevistados. Neste contato, o

    pesquisador no orientou o entrevistado sobre o preenchimento do questionrio, no entanto,

    esses momentos possibilitaram algumas reflexes que redundaram em uma melhor avaliao

    dos resultados da pesquisa, possibilitou ao pesquisador uma viso melhor qualificada sobre as

    contradies que surgiriam nas respostas dadas ao questionrio.

    interessante relatar o quanto as expectativas sobre a real inteno da pesquisa eo desconhecimento sobre o tema, puderam ser observados atravs de falas e comentrios

    feitos pelos pesquisados. Dentre esses, alguns podem ser utilizados para ilustrar os resultados

    desta pesquisa: ao receber o questionrio diretamente do pesquisador, alguns pesquisados,

    previamente comentaram: ... do que adianta, vocs virem com essas coisas, quando na

    verdade tudo ir continuar como era antes, ningum quer mudar nada ...; esse comentrio

    demonstrou uma profunda descrena do pesquisado em relao s mudanas e por isso, se

    coloca previamente em posio de desconfiana. Outro pesquisado questionou vocs fizeramesta pesquisa nas Delegacias Especializadas, ou s nos Distritos?, e acrescentou: tenho

    certeza que s nos Distritos, porque ningum em especializada vai querer saber sobre esse

    negcio de Polcia Comunitria, esse sentimento negativo em relao ao tema, ainda que

    desconhecido pelo entrevistado, foi percebido em outros comentrios feitos, chamou a

    ateno tambm porque demonstra a percepo do pesquisado em relao ao sentimento que

    circula entre os colegas, reduzindo a atuao de Polcia Comunitria ao desprestgio. Em outra

    oportunidade, um pesquisado disse: isso de Polcia Comunitria, no funciona, o policialfica exposto, todo mundo sabe que o cara Policial at os bandidos, desta forma ele se torna

    alvo fcil.

    Esses e outros comentrios, no relatados, contriburam para uma anlise

    qualificada das respostas dadas ao questionrio a partir da experincia prvia obtida atravs

    do contato observacional do pesquisador com os pesquisados. Ao fazer a anlise das respostas

    dos questionamentos de forma isolada foi possvel observar contradies e/ou falta de

    compreenso sobre o tema, no conjunto de respostas dadas, no entanto, ao relacion-las,observando as respostas esperadas, tais posicionamentos demonstraram que o pesquisado, em

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    alguma medida, procurou encobrir o seu desconhecimento sobre o tema. A identificao desta

    situao se deu a partir da anlise qualitativa das respostas. Nas questes relacionadas

    experincia dos Policiais no dia-a-dia, estes relataram situaes que comum perceber a

    utilizao prtica da metodologia de Polcia Comunitria, mas essa utilizao no percebida

    como tal e isso, poder ser observado a partir de uma leitura atenta s respostas dadas a

    questes co-relacionadas.

    Alguns pontos chamam a ateno: ao serem questionados sobre a eficincia da

    investigao policial relacionada ao envolvimento do Policial com o local e com as pessoas

    em determinada rea, 75% dos entrevistados apontam que a investigao ter melhor xito se

    o Policial conhece o local e conhece as pessoas na rea, em que ocorrer a investigao,

    essa situao tpica de Polcia Comunitria, no entanto, 31% dos entrevistados pensam que

    essa metodologia no se aplica Polcia Civil.

    Em relao s necessidades dos cidados que procuram as Unidades Policiais,

    (Delegacias de Polcia Civil), 64% dos entrevistados afirmam que Acontece com freqncia

    as situaes em que a Polcia procurada e no se trata de caso de polcia e que caberia a

    outros rgos do Estado o atendimento a essas ocorrncias, no entanto, 61% dos

    entrevistados possuem restries sobre o envolvimento da Polcia Civil em trabalho conjunto

    com outros rgos e instituies, tais como Prefeitura, SEDS, Associaes de bairro, ONGs,

    escolas, igrejas e etc...

    Sobre o conhecimento que possui em relao ao tema, 64% dos entrevistados

    afirmam que ouviu falar, mas no sabe como praticar Polcia Comunitria e 47% informou

    no ter interesse em relao ao tema, no entanto, 41% dos entrevistados acredita que a

    metodologia no aplicvel Polcia Civil.

    Ao serem questionados em relao ao Policial, colega, que atua e defendePolcia Comunitria, 61% dos entrevistados consideram que esse comprometido e deseja

    prestar melhores servios sociedade, no entanto, 63% dos entrevistados no se

    disponibilizam a atuar utilizando essa metodologia.

    Para responder pergunta inicial deste trabalho, foram determinados critrios para

    a avaliao do conhecimento dos Policiais pesquisados sobre o tema. Ao efetivar a anlise dos

    questionrios a partir da considerao desses critrios pr-determinados e observando a co-

    relao entre as respostas obtidas atravs dos questionrios e as respostas esperadas pelopesquisador, para determinar o nvel de conhecimento destes Policiais e, aps a tabulao dos

  • 8/4/2019 Marcelo Gleidison Dias Horta - Monografia Policia Com Unit Aria

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    dados e a configurao numrica, calculando-se a participao percentual de cada grupo

    avaliativo, obteve-se o perfil do conhecimento/aceitao dos Policiais desta regio pesquisada

    em relao ao tema proposto. Este perfil, poder ser melhor compreendido atravs da

    configurao apresentada na tabela abaixo:

    GRUPOS AVALIATIVOS QTD %

    Policiais que conhecem o tema e so favorveis 14 19%

    Policiais que conhecem o tema e so contrrios 7 9%

    Policiais que no conhecem o tema e so favorveis 12 16%

    Policiais que no conhecem o tema e so contrrios 42 56%

    Total de questionrios 75/100%

    A partir da anlise dos resultados apresentados nessa tabela, possvel

    compreender que os posicionamentos e as contradies apresentadas em primeira anlise

    acontecem em funo do pouco conhecimento dos Policiais em relao ao tema.

    Atravs do quadro demonstrativo do grupo avaliativo, pode-se observar que o no

    conhecer a Polcia Comunitria interfere de maneira sensvel na aceitao dos Policiais Civis

    a esta metodologia de trabalho; esses nmeros representam a realidade na regio de Venda

    Nova em Belo Horizonte e, ainda que pouco representativos em relao ao conjunto total da

    Polcia Civil, apontam a influncia do conhecimento na aceitao do tema pelos Policiais

    Civis e mostram tambm que o compreender ou adquirir conhecimento sobre o tema

    melhora tambm a aceitao do Policial em relao ao tema.

    A utilizao dos grupos avaliativos para sintetizar os resultados da pesquisa

    facilitou a anlise das variveis que interferem na aceitao da Polcia Comunitria.

    Ao observar os grficos abaixo, possvel verificar a relao entre o

    conhecimento sobre o tema e a aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria. Os resultados

    apresentados nos grficos permitem afirmar que na medida em que os Policiais adquirem

    conheciemtno sobre o tema, esses se tornam adeptos desta maneira de atuar no trabalho; e

    assim, conveniente afirmar tambm que somente atravs da ampliao do conhecimento dos

    Policias Civis em relao a esta Filosofia de Polcia Comunitria, ser possvel torn-la umaprtica aceita pela instituio Policial em todos os nveis enquanto uma maneira eficaz de

    atuao Policial.

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    No primeiro grfico apresentada a relao percentual entre os Policiais

    classificados como conhecedores de Polcia Comunitria que so contrrios ou favorveis ao

    tema.

    POLICIAIS QUE CONHECEM O TEMA

    33%

    67%

    Co ntr rios Fa vo r ve is

    O grfico seguinte apresenta a relao entre os Policiais classificados como no

    conhecedores (desconhecem o tema), Polcia Comunitria e que so contrrios ou favorveis

    a este tema.

    POLICIAIS QUE NO CONHECEM O

    TEMA

    78%

    22%

    Contrrios Favorveis

    Ao observar a relao apresentada entre os Policiais conhecedores e no

    conhecedores sobre o tema, que so favorveis ou contrrios a esse, fica comprovado de

    forma incisiva a interferncia do conhecimento no posicionamento do Policial em relao a

    aceitao da Filosofia de Polcia Comunitria entre os pesquisados.

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    7 BIBLIOGRAFIA

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    MARINHO, Karina Rabelo Leite. Mudanas Organizacionais na Implementao doPoliciamento Comunitrio. Dissertao apresentada ao curso de mestrado em sociologia daFaculdade de Filosofia e Cincias Humanas da Universida