Manual Arborizacao Cemig Bio Divers It As

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Manual de

ArborizAo

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ArborizAo

Copyright: Companhia Energtica de Minas Gerais CemigPresidncia: Djalma bastos de Morais Diretoria de Distribuio e Comercializao: Jos Carlos de Mattos Superintendncia de Manuteno da Distribuio: Amauri reigado Costa de oliveira Gerncia de Gesto do Meio Ambiente da Distribuio: breno Srgio Lessa Moreira Superintendncia de Comunicao Empresarial: Terezinha Crespo rezende Superintendncia de Sustentabilidade Empresarial: Luiz Augusto barcelos Almeida Coordenao Geral: breno Srgio Lessa Moreira (Cemig) Pedro Mendes Castro (Cemig) Glucia Drummond (Fundao Biodiversitas) Cssio Soares Martins (Fundao Biodiversitas) Equipe Tcnica: Coordenao Tcnica e Executiva: Cssio Soares Martins (Fundao Biodiversitas) Especialista em Arboricultura: Pedro Mendes Castro (Cemig) Especialista em Engenharia Florestal: Edinilson dos Santos (Prefeitura de Belo Horizonte) Especialista em Redes Eltricas: Adilton Juarez b. Cunha (Cemig) Especialista em Educao/Pedagogia: Judite Velsquez Santos (Sintica) Especialista em Educao/Pedagogia: Jos Henrique Porto (Alternativa) Assessoria de Comunicao: Thiago bernardo (Fundao Biodiversitas) Assessoria de Produo: rafael Carmo (Fundao Biodiversitas) Assessoria de Produo: bernardo Torido (Fundao Biodiversitas) Projeto e Edio Grfica: Cludia barcellos (Grupo de Design Grfico) Ilustraes: Carla A. Coscarelli (Grupo de Design Grfico) Fotografias: Cssio Soares Martins: Capa, p.13 (foto de rvore), p.14, p.21, p.22, p.23, p.25, p.27, p.32, p.33, p.37, p.38 (foto superior), p.39, pg42, p.44, p.55 (foto de asperso), p.60 (exceto fotos de etapas de compartimentalizao), p.67, p.69, p.70 (foto superior), p.71, p.79, p.84, p.85, p.89 (foto superior), p.91, p.92, p.94, p.95 (foto de rvores). Edinilson dos Santos: P.10, p.13 (detalhe de rvore), p.24 (detalhe de rvore), p.30, p.36, p.46, p.56, p.66, p.68, p.70 (foto inferior e foto acima da inferior), p.76, p.77 (foto superior), p.90, p.93, p.95 (foto de detalhe de rvore), p.106 (detalhe de rvore). bruno Garzon: p.12 (foto do fssil). Joo Marcos rosa (acervo Biodiversitas): p.12 (exceto foto do fssil), p.89 (foto inferior). Pedro Mendes Castro: p.19, p.49 (foto superior), p.55 (foto de cobertura morta). Sylvio Coutinho: p.20, p.28, p.31, p.35, p.45, p.49 (foto inferior), p.50, p.51, p.55 (gotejamento), p.58, p.60 (fotos de etapas de compartimentalizao), p.61, p.63, p.70 (foto abaixo da superior), p.72, p.73, p.74, p.75, p.77 (fotos inferiores), p.78, p.80, p.81, p.82, p.83, p.86. Carla A. Coscarelli: p.24 (rvore), p.106. Emvideo: p.38 (foto inferior), p.40. Reviso de texto: Clia Arruda Projeto e edio do DVD: Sylvio Coutinho (Prodigital) e Cludio Mrcio Ferreira (Prodigital) Edio em vdeo: Evandro rogers (Emvideo) e Daniel Ladeira (Emvideo) Edio e produo: Fundao biodiversitas

Companhia Energtica de Minas Gerais. Manual de arborizao. Belo Horizonte: Cemig / Fundao Biodiversitas, 2011. 112 p. : ilust. ISBN: 978-85-87929-46-4 1. Arborizao. 2. Botnica. I. Companhia Energtica de Minas Gerais. II. Ttulo. CDU: 625.77 581

REALIZAO:

UMA PUBLICAO:

ApresentaoNo desenvolvimento das cidades, constata-se a importncia da ampliao da oferta de servios pblicos que necessitam e utilizam espaos comuns, interagindo com a paisagem e o meio ambiente, principalmente com a arborizao. Os habitantes de uma cidade bem arborizada percebem e valorizam os benefcios ambientais, sociais, paisagsticos e patrimoniais proporcionados pelas rvores e pelos espaos verdes existentes, mas no abrem mo de servios pblicos de qualidade, como o acesso contnuo a energia eltrica, gua ou telefonia. Desde a dcada de 1980, a Cemig, preocupada com a compatibilizao da arborizao com a rede area de distribuio de energia eltrica, vem desenvolvendo programas em parceria com prefeituras municipais, universidades, instituies no governamentais e outros rgos de governo. A publicao do Manual de Arborizao (Cemig, 1986), utilizado amplamente pelos mais variados interessados no tema, foi editado com o intuito de prover informaes tcnicas a respeito da compatibilizao e o convvio entre a distribuio de energia eltrica e a arborizao, visando subsidiar aqueles que, de alguma forma, participam da gesto de servios urbanos. Passados mais de vinte anos desde a sua primeira edio, a Cemig convidou a Fundao Biodiversitas para a Conservao da Diversidade Biolgica para atualizar e aprimorar este importante instrumento de comunicao e educao sobre arborizao urbana e rede de distribuio de energia eltrica. Espera-se que esta nova edio possa contribuir para realar a relevncia que as atividades envolvendo tanto a arborizao urbana quanto a energia eltrica tm de conhecimentos tcnicos especficos e de profissionais especializados, importantes para o estabelecimento de um pacto de convivncia harmnica entre si e com todos os servios pblicos de infraestrutura de uma cidade, de modo que os seus benefcios possam ser sentidos pela populao.

Djalma bastos de MoraisBelo Horizonte, agosto de 2011

AgradecimentosA presente publicao fruto de um trabalho coletivo, que contou com a colaborao de muitas pessoas e por isso agradecemos a Francisco Fernando Soares e Raul Costa Pessoa pela visita Universidade Corporativa Cemig (UniverCemig) e pelo acompanhamento de uma aula sobre Noes de Manejo da Arborizao Urbana, ministrada brilhantemente pelo prof. Adolfo Eustquio Rodrigues; a Gustavo Charlemont e Celso Luiz Coelho de Almeida, pela visita ao centro de treinamento do Sindicato das Indstrias de Instalaes Eltricas, Gs, Hidrulicas e Sanitrias no Estado de Minas Gerais (Sindimig/Senac) e esclarecimentos sobre o treinamento ministrado envolvendo a arborizao; a Enitz Monteiro de Castro da EMC2 Estratgias, Marketing e Comunicao, pelas informaes a respeito da pesquisa de opinio envolvendo rvores e redes eltricas; a Wagner Braga Filho, Marco Antnio dos Santos e toda a equipe de manuteno da Encel e Florescer por possibilitarem o registro visual da execuo de prticas de manejo da arborizao e especialmente a Luiz Fernando Beltro de Filippis pela disponibilidade e acompanhamento das filmagens; a Gladstone Corra de Arajo e toda a equipe do Jardim Botnico da Prefeitura de Belo Horizonte, pela cesso de informaes e imagens a respeito da produo de mudas arbreas; a Sylvio Coutinho, Viviane e Cludio, da Prodigital, responsveis pela produo fotogrfica e pelo sistema de acesso ao manual digital; a Evandro Rogers, Miguel, Ndia e Daniel, da Emvideo, responsveis pelas filmagens dos procedimentos de manejo da arborizao; a Cludia Barcellos e Carla Coscarelli, do Grupo de Design Grfico, responsveis pelo projeto grfico e ilustrao do manual; a Clia Arruda, pela reviso dos textos; a Cssia Lafet C. de Carvalho, da Prefeitura de Belo Horizonte, pelas contribuies, em parceria com Agnus R. Bittencourt, sobre a escolha de espcies para arborizao; a Fernando Antnio Medeiros da Silva, por suas contribuies a respeito da engenharia de redes de distribuio de energia; a Srgio Lucas de Meneses Blaso, por suas contribuies a respeito de equipamentos de iluminao pblica; a Teodoro Silva de Jesus e Luciano Antnio Ferraz pela ilustrao das zonas de segurana de acordo com a NR10; agradecemos a toda a equipe tcnica encarregada da elaborao deste manual, Adilton Juarez B. Cunha, Irley Maria Ferreira, Cristianna SantAnna Henrique, Raquel Matos Jorge, e Pedro Mendes Castro, da Cemig, Cssio Soares Martins, Glucia Moreira Drummond, Rafael Carmo e Thiago Bernardo, da Fundao Biodiversitas, Jos Henrique Porto Silveira, da Alternativa Educao e Manejo Ambiental Ltda, Judite Velasquez, da Sintica, EducaoMeio Ambiente-Cidadania e Edinilson dos Santos, da Prefeitura de Belo Horizonte; por fim, agradecimentos especiais a Luiz Augusto Barcelos Almeida, superintendente de Sustentabilidade Empresarial da Cemig, Carlos Alberto de Sousa, coordenador do Premiar, Carlos Alberto Coelho, Breno Srgio Lessa Moreira e a Pedro Mendes Castro, pela iniciativa e confiana na capacidade da Fundao Biodiversitas na elaborao de uma publicao desta relevncia. A Cemig e a Fundao Biodiversitas agradecem o apoio e a dedicao de todos!

Sumriointroduo.............................................................................................

8 11

1. A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

..................................

O surgimento das rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Identificao de uma espcie . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Aspectos biolgicos e morfolgicos importantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 Como uma rvore se desenvolve . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Como uma rvore funciona . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Como uma rvore se relaciona com o ambiente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 A cidade e suas relaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Por que plantar rvores nas cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 Qual o valor de uma rvore . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 2. A energia eltrica e sua importncia para a sociedade...............................

25

Redes de distribuio de energia eltrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 Riscos da energia eltrica e medidas de preveno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 3. Convivncia entre rvores e redes de distribuio de energia eltrica Alternativas tcnicas para a distribuio de energia eltrica Alternativas tcnicas para a iluminao pblica Alternativas tcnicas de manejo das rvores 4. Planejamento da arborizao...........

31 32 33 35 37 38 39 40 42 42 45 47 47 49 50 52 55

...............

...............................

...................................

................................................................ ............................................................ ........................................................... ................................................... ..........................................

Avaliao da arborizao

Parmetros de avaliao

Coleta e atualizao dos dados rvore certa no lugar certo

Elaborando um projeto de arborizao Mudas para arborizao urbana

........................................................ ..................................................

5. implantao da arborizao

..................................................................

Avaliao do solo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Correo de acidez Adubao................................................................ ..........................................................................

Plantio de rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Tcnicas de irrigao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

6. Manejo da arborizao

......................................................................... ..................................................................... .................................................

57 58 59 61 63 66 68 68 71 71 72 74 76 79 80 83 83 85

A poda de rvores

Como as rvores reagem poda Tcnicas de poda Principais tipos de poda

.................................................................. ...........................................................

Seco de razes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Avaliao de rvores de risco . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Metodologias de avaliao de rvores de risco Diagnstico e intervenes em rvores de risco.................................. ................................. ......................

Responsabilidades legais da avaliao de rvores de risco

Remoo de rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Gesto de resduos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Controle sanitrio de rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Procedimentos para intervenes em rvores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Equipamentos e ferramentas Procedimentos preliminares Recomendaes na execuo...................................................... ....................................................... .....................................................

7. Aspectos legais e arborizao urbana

.....................................................

Leis federais e atribuio de responsabilidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85 A responsabilidade e atuao dos municpios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 87 Arborizao urbana e cidadania . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88 8. Arborizao urbana e a cidade sustentvel.............................................

91 92 93

Uso de espcies nativas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Medidas de sustentabilidade na gesto das cidades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

bibliografia

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Glossrio

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Anexo Como lidar com situaes de emergncia

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Manual de arborizao

introduoGrande parte da populao mundial vive hoje em cidades, com acesso contnuo a servios pblicos essenciais, fundamentais para o conforto e a qualidade de vida das pessoas. Em um mundo globalizado e altamente competitivo, a disponibilidade de servios com a qualidade necessria passa a representar um diferencial estratgico e de desenvolvimento. Neste sentido, a implantao e o manejo da arborizao das cidades constituem-se em mais um servio pblico ofertado, como estratgia de amenizao de impactos ambientais adversos devido s condies de artificialidade do meio urbano, alm dos aspectos ecolgico, histrico, cultural, social, esttico e paisagstico, que influenciam a sensao de conforto ou desconforto das pessoas. E como servio, necessita de conhecimento e capacitao tcnica de profissionais habilitados, para sua execuo. Considerando a importncia tanto da distribuio da energia eltrica quanto do manejo da arborizao urbana como servios essenciais para as cidades, imprescindvel que sejam encontradas solues de convivncia harmnica entre estes servios ofertados. Em vista disso, o objetivo deste manual apoiar tecnicamente os profissionais de diversas formaes e funes que atuam e contribuem para a melhoria da qualidade da vida nas cidades atravs do planejamento, implantao e manejo da arborizao, em consonncia com os demais servios urbanos existentes, em particular, a distribuio da energia eltrica. As informaes tcnicas e operacionais contidas neste manual so o resultado de uma reviso bibliogrfica da literatura tcnico-cientfica sobre o tema, aliada s experincias de diversos profissionais com atuao nas reas de arborizao urbana, educao ambiental, conservao ambiental, comunicao, redes eltricas, entre outros. O ponto de partida foi o entendimento dos processos envolvidos na gesto de atividades ligadas arborizao de uma cidade, considerada atravs de seus dois componentes principais: as reas verdes distribudas no espao urbano como parques, praas e jardins e a arborizao viria, composta8

pelas rvores plantadas nas caladas das ruas da cidade e canteiros separadores de pistas.

Introduo

O manual foi estruturado segundo temas que se relacionam, abordando aspectos biolgicos, ecolgicos e econmicos da arborizao (a rvore e sua importncia para o ambiente urbano), aspectos tcnicos de um sistema de distribuio de energia (a energia eltrica e sua importncia para a sociedade), assim como a apresentao de alternativas de compatibilizao entre os dois componentes (convivncia entre rvores e redes de energia eltrica). Temas ligados ao projeto e escolha de mudas (planejamento da arborizao), plantio (implantao da arborizao) e prticas de manejo, controle sanitrio e a avaliao de rvores de risco (manejo da arborizao) foram descritos procurando elucidar procedimentos executados normalmente. Por fim, temas ligados legislao ambiental envolvida (aspectos legais), importncia da arborizao na mitigao dos impactos das mudanas climticas (arborizao urbana e a cidade sustentvel) e um pequeno guia de primeiros socorros, destinado a todos que atuam com a prtica de manejo da arborizao urbana, completam o manual, alm de um glossrio contendo a descrio de alguns conceitos tcnicos importantes relacionados aos temas abordados. Os temas abordados neste manual tambm foram configurados em formato digital, para serem utilizados como apoio didtico ao treinamento de pessoas ligadas ao manejo da arborizao urbana. Alm de fotos e infogrficos elucidativos, alguns procedimentos foram detalhados na forma de vdeos demonstrativos de curta durao enfocando a produo de mudas, o plantio, tcnicas de alguns tipos de podas, remoo e destoca de rvores e avaliao de uma rvore por um profissional qualificado. Ao compartilhar este manual com governos municipais, organizaes no governamentais, instituies de ensino, empresas de energia, comunidades e indivduos, espera-se que o manejo da arborizao urbana, alm de seus aspectos biolgicos e ecolgicos, possa tambm ser compreendido como uma atividade que necessita de conhecimento tcnico especializado para que possa ser ofertada em convivncia harmnica com os demais servios existentes em um ambiente urbano, entre os quais a distribuio de energia eltrica ou outro qualquer, englobando a participao ativa e cidad de todos os envolvidos na soluo dos conflitos existentes.9

Manual de arborizao

Ip-amareloHandroanthus serratifoliusFamlia: Bignoniaceae. Nomes populares: pau-darcoamarelo, piva-amarela, opa, peva, ip-ovo-de-macuco, tamur-tura, ip-pardo, ip-do-cerrado. origem: Amrica do Sul. No Brasil muito comum na regio amaznica, mas tambm encontrado desde o CE at o PR. Caractersticas botnicas: pode alcanar at 25 m de altura e tronco com 100 cm de dimetro; copa arredondada ou informal, com folhagem densa e caduca; tronco normalmente reto, com casca clara, farincea, que se desfaz facilmente ao tato; sistema radicular profundo. Florao: inverno. Frutificao: primavera. Propagao: por semente. Uso na arborizao: devido a beleza da florada pode ser utilizada com destaque principalmente em praas e parques, porm tambm pode ser plantada em passeios largos e canteiros separadores de pistas.

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A rvore e sua importncia para o ambiente urbanoAs rvores so a maior forma de vida existente no planeta, presentes em praticamente todos os continentes. Apresentam alto grau de complexidade e de adaptaes s condies do meio, permitindo sua convivncia em diversos ambientes, incluindo as cidades. Todavia, essa adaptao ao meio urbano apresenta restries e deve ser muito bem compreendida, pois um meio completamente diferente do ambiente florestal, onde as espcies de rvores evoluram. Cabe, portanto, ao profissional que lida com as rvores identificar e compreender as caractersticas do local onde as plantamos nas cidades, a fim de escolher a espcie que melhor se adapta ao local e definir as melhores formas de interveno para garantir seu desenvolvimento, sua longevidade e sua integridade.

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O cair da folha a contrapartida do frescor da sombra.Prof.Osmar Bueno de Carvalho

EVOLUO DO REINO VEGETAL

O surgimento das rvoresO reino vegetal rene mais de 350 mil espcies conhecidas, incluindo grande variedade de plantas microscpicas, ervas, arbustos e rvores. So, em geral, organismos autotrficos, ou seja, que produzem seu prprio alimento. A evoluo dos seres vivos, ao longo de milhes de anos, levou passagem dos primeiros vegetais do ambiente aqutico para o terrestre e selecionou as variaes mais adaptadas a este novo ambiente. Ao longo das eras geolgicas, as espcies ou se adaptaram s mudanas climticas ou foram extintas, promovendo constante alterao na composio dos seres sobreviventes. Dessa forma, a maioria das plantas atuais, incluindo as rvores, no so iguais s que habitaram o planeta em outros tempos. Os primeiros fsseis conhecidos de plantas com as caractersticas de rvore so datados em 350 milhes de anos.ANGIOSPERMAS

GIMNOSPERMAS

MUSGOS ALGAS BACTRIAS

FUNGOS

LQUENS

PTERIDFITAS

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Manual de arborizao

Os primeiros vegetais terrestres apresentavam adaptaes simples de aproveitamento da gua, nutrientes e gases em ambientes no aquticos. Posteriormente as plantas foram se desenvolvendo de forma que os ramos areos pudessem crescer em direo luz e ser adaptados ao efeito do vento e menor teor de umidade do ar, e os ramos subterrneos pudessem crescer em busca de gua e nutrientes. A conquista bem sucedida do ambiente terrestre trouxe a competio por espao, gua e luz, entre as diversas espcies adaptadas. A partir da, as plantas se tornaram cada vez mais altas em razo da competio por luz, dando origem s rvores e a seus grandes macios, as florestas.A planta com caractersticas de rvore mais antiga j registrada pela cincia a Archaeopteris, que emitia ramos laterais a partir de seu tronco e formava uma copa, caracterstica exclusiva em seu tempo. Posteriormente surgiram as Gimnospermas, que tinham como diferencial a reproduo por semente, o que permitiu sucesso evolutivo, garantindo sua presena at os dias atuais. Mais recente no planeta esto as Angiospermas, caracterizadas pela proteo das sementes no interior de frutos. Este grupo domina a vegetao atual, e representado por mais de 250 mil espcies.

No entanto, a presena do homem na Terra e seu desenvolvimento em sociedades organizadas levaram competio pela ocupao territorial, reduzindo as florestas a fragmentos remanescentes da vegetao original.

Os primeiros vegetais terrestres, como os musgos e, posteriormente, as samambaias, viviam em locais midos, possuam pequeno porte, apresentando adaptaes simples para a distribuio interna de gua e nutrientes, proteo contra a desidratao, alm de formas de reproduo apropriadas para ambientes no-aquticos. 12

A importncia da floresta ser a base de um ecossistema com grande diversidade de espcies e alta produtividade de biomassa. Uma floresta apresenta grande estabilidade, isto , os nutrientes, introduzidos no ecossistema pela chuva e pela decomposio qumica dos minerais das rochas, esto em equilbrio com os nutrientes perdidos para os rios ou reservas aquferas. Os nutrientes, uma vez introduzidos no ecossistema, podem se reciclar por longo tempo, mantendo o equilbrio ambiental.

1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

Identificao de uma espcieA necessidade de identificao de cada ser vivo condio bsica para se ter certeza de se tratar de uma determinada espcie. O reconhecimento de uma rvore, assim como de outros tipos de plantas, realizado pela Taxonomia ou Sistemtica Vegetal, uma parte da Botnica que trata da identificao, nomenclatura e classificao das plantas. A identificao realizada atravs da comparao de semelhanas entre indivduos, com auxlio de literatura ou plantas de coleo. A nomenclatura utilizada para empregar o nome correto das plantas, em conformidade com um conjunto de princpios, regras e recomendaes internacionalmente aceitas. E, por fim, a classificao procura ordenar as plantas em conformidade com o sistema de nomenclatura. As estruturas reprodutivas das plantas (flores e frutos) sofrem relativamente menos alteraes com as modificaes ambientais que as estruturas vegetativas (demais partes da planta), e, por isso, so a base da elaborao dos sistemas de classificao. No entanto a coleta de material botnico reprodutivo pode ser um processo complexo, j que a maioria das espcies floresce somente uma vez por ano e muitas no florescem todos os anos. Alm disso, a altura das rvores, o pequeno tamanho das flores e sua localizao em ramos de difcil acesso induzem busca por caractersticas vegetativas mais acessveis para se alcanar o reconhecimento da espcie. Para diminuir a possibilidade de erros, interessante que as informaes sobre a espcie sejam coletadas em vrias pocas do ano e de indivduos ocorrentes em diferentes locais, pois as caractersticas vegetativas das plantas podem sofrer alteraes significativas em funo das condies internas da planta e de fatores ambientais.Espcie: Caesalpinia echinata

Gnero:

Caesalpinia

Subfamlia:

Caesalpinioideae

Famlia:

Fabaceae

Ordem:

Fabales

Classe:

Magnoliopsida

Diviso:

Magnoliophyta

Reino:

Plantae

Classificao do pau-brasil Reino: Plantae Diviso: Magnoliophyta Classe: Magnoliopsida Ordem: Fabales Famlia: Fabaceae Subfamlia: Caesalpinioideae Gnero: Caesalpinia Espcie: Caesalpinia echinata Lam A Caesalpinia echinata conhecida como pau-brasil, ibirapitanga, orabut, brasileto, ibirapiranga, ibirapita, ibirapit, muirapiranga, pau-rosado ou pau-de-pernambuco. A espcie ocorre desde o estado do Cear at o Rio de Janeiro, na Mata Atlntica. Sua madeira muito pesada, dura, compacta, muito resistente. planta tpica do interior da floresta densa, sendo rara nas formaes mais abertas. O pau-brasil conhecido pelos brasileiros devido ao fato de ter originado o nome do pas, pelo ciclo econmico que ele representou. O principal valor do pau-brasil era a extrao de um princpio colorante denominado brasilena, retirado da madeira e muito usado para tingir tecidos e fabricar tinta para escrever. Foi necessria a sua quase extino para que o paubrasil fosse reconhecido oficialmente na histria brasileira. Em 1961, o presidente Jnio Quadros aprovou um projeto declarando a espcie como rvore smbolo nacional.

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Manual de arborizao

aspectos biolgicos e morfolgicos importantesUma rvore um vegetal lenhoso (que produz madeira), com ciclo de vida prolongado, tronco e copa bem definidos, possuindo no mnimo cinco metros de altura, com dimetro de tronco a partir de cinco centmetros altura do peito (1,30 m acima do solo). Importante considerar que nas cidades tambm so utilizadas plantas, tais como palmeiras e arbustos, que, embora no sejam conceitualmente consideradas como rvores, contribuem para o paisagismo e tm atributos ambientais interessantes, principalmente onde h limitao ou restrio de espao para o uso de rvores. Em razo disso, estas plantas so comumente consideradas em projetos de arborizao urbana. Uma rvore pode ser caracterizada quanto sua forma, em: Especfica: quando cresce livremente, com boa disponibilidade de espao, luz, umidade e sem a concorrncia de outras plantas. A rvore, nestas condies, geralmente apresenta tronco cnico e galhos grossos e ramificados. Florestal: ocorre quando a rvore cresce sob concorrncia. Em geral, cresce no sentido do alongamento, perde ramos laterais, os troncos so mais altos e cilndricos e as copas mais reduzidas.

1. COpa toda ramificao acima do tronco, formando a poro terminal da rvore em sua parte area, composta principalmente por galhos e ramos, que podem apresentar folhas, flores e frutos. O tamanho da copa, sua forma, a tonalidade da cor de suas folhas e flores so caractersticas que ajudam a identificar uma rvore. A forma da copa e sua ramificao so influenciadas pelo tipo de crescimento do seu eixo principal, ou tronco, e de seus ramos. 2. raMOs so subdivises do caule ou tronco das rvores. Frequentemente apresentam cores, pelos e aromas bastante tpicos. Deles brotam folhas, flores e frutos. A folha um rgo normalmente laminar, principal responsvel pela fotossntese e pela transpirao. As partes constituintes das folhas so o limbo ou lmina (a), o pecolo (b) e as nervuras (c). Elas podem ser classificadas quanto sua disposio no ramo em alternadas (d), fasciculadas (e) ou opostas (f). Quanto sua durao, so caducas ou persistentes e quanto subdiviso do seu limbo, so consideradas simples ou compostas (g).d 14 e f g

b c a

3. TrOnCO a parte area da rvore, compreendida entre o solo e a insero das primeiras ramificaes que formam a copa. Nas rvores o tronco lenhoso e perene, e seu dimetro aumenta ao longo de sua vida.

1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

Uma rvore tambm pode ser descrita pelas caractersticas de cada parte que a constitui, copa, ramos, tronco, flor, fruto e raiz:f e

d

c a

b

4. FlOr um conjunto de folhas modificadas e adaptadas reproduo sexuada. Suas partes constituintes so: o pednculo (a), o receptculo (b), o clice (c), a corola (d), o androceu (e) e o gineceu (f). A disposio dos ramos florais e das flores sobre eles denominada inflorescncia (g).

g

c b

d e

a

5. FruTO o ovrio da flor desenvolvido, com as sementes j formadas. Suas partes constituintes so: pednculo (a), pericarpo (b), mesocarpo (c), endocarpo (d) e semente (e).

a

6. raIz a poro subterrnea da rvore, localizada sob o caule. Geralmente, cresce para baixo e dentro do solo, sendo suas principais funes a ancoragem, o armazenamento, a absoro e a conduo. As razes podem ser classificadas em: pivotante (a), fasciculada (b) ou superficial (c). O crescimento da raiz ocorre em profundidade, visando alcanar camadas de solo menos sujeitas flutuao de umidade. Concomitantemente, desenvolvemse razes mais prximas superfcie do solo, para absoro de nutrientes. Quando a biomassa area aumenta, algumas razes passam a ter papel mais significativo de sustentao da rvore.

c b

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Manual de arborizao

A ramificao monopodial ocorre quando a parte terminal do tronco cresce indefinidamente, enquanto os ramos laterais so de desenvolvimento restrito. rvores deste tipo se mostram com um eixo principal bem definido e visvel. Quando plantadas imediatamente sob rede de distribuio de eletricidade, dificilmente tero possibilidade de convivncia, mesmo por meio de podas.

A ramificao simpodial ocorre quando o broto terminal do tronco apresenta crescimento limitado e, depois de um ou vrios ciclos de crescimento, substitudo por um ou vrios brotos auxiliares. Estas rvores normalmente apresentam copas densas e arredondadas, alm de bifurcaes em formato de V ou Y. Quando plantadas imediatamente sob redes de distribuio de eletricidade apresentam mais possibilidade de serem conduzidas atravs de podas.

Como uma rvore se desenvolveO ciclo de vida de uma rvore compreende o perodo que a planta necessita para completar uma gerao, atravs de transformaes sofridas durante suas fases de nascimento, crescimento, maturidade, reproduo, velhice e morte. Somente a reproduo sexuada consegue garantir a variabilidade gentica essencial sobrevivncia das espcies. No meio urbano, o ciclo de vida de uma rvore pode ser reduzido ou alterado em virtude de caractersticas tpicas desse ambiente: forte insolao, caractersticas modificadas de solo, iluminao artificial, dentre outras. As rvores possuem grupos de clulas especializadas, organizadas em tecidos, para determinados tipos de aes, tais como: conduzir a seiva bruta (xilema) e a seiva elaborada (floema), sustentar (colnquima e esclernquima) e proteger o corpo vegetal (periderme e epiderme), realizar a respirao e alimentar-se atravs da fotossntese (parnquima), entre outras funes.Nascimento

Crescimento

Velhice e morte reproduo

Maturidade

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1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

O cmbio, camada de clulas que gera o crescimento lateral do tronco, produz madeira para o interior do caule e casca para o exterior. A madeira (a) tem a funo de sustentao mecnica da rvore e a casca dividida em casca viva (mais interna, tecido vivo por onde flui a seiva - b) e casca morta (mais externa, tecido morto, que proteje os tecidos vivos - c).

a b

c

O sistema radicular de uma rvore normalmente no se concentra somente na projeo da sua copa, mas pode se estender para 2-3 vezes a largura da mesma A maioria das razes ocupa no mximo os 50 cm mais superficiais do solo, especialmente as razes mais finas que fazem a absoro de gua e nutrientes. Existem razes mais profundas que do principalmente suporte e estabilidade para a rvore.

O crescimento da rvore se d basicamente de duas maneiras: crescimento longitudinal (alongamento de ramos e razes) e crescimento lateral, que observado pelo aumento do dimetro do tronco. Uma planta precisa de diversos fatores, internos e externos, para seu crescimento e desenvolvimento. So exemplos de fatores externos: a luz (energia solar), o dixido de carbono (CO2), a gua e os minerais (incluindo o nitrognio atmosfrico), a temperatura, a durao do dia e a fora da gravidade. Os principais fatores internos so os chamados hormnios vegetais ou fitormnios, que so substncias orgnicas que desempenham importante funo na regulao do crescimento. Podem atuar diretamente nos tecidos e rgos que os produzem ou so transportados para outros locais dentro da planta. Eles so ativos em quantidades muito pequenas e produzem respostas fisiolgicas especficas: florao, crescimento, amadurecimento de frutos etc.

CLASSiFiCAo DoS TECiDoSFuno Sustentao Nome Parnquima Colnquima Esclernquima Revestimento Periderme Epiderme Conduo Xilema Caractersticas Relacionado com a fotossntese, a reserva de vrias substncias e a cicatrizao de ferimentos Especializado na sustentao dos vegetais Relacionado com a sustentao e resistncia da planta Relacionado com a proteo e defesa da planta Relacionado com a proteo e defesa da planta Formado por vasos por onde fluem a gua e os sais minerais (seiva bruta) das razes para toda a rvore. medida que a planta cresce, as camadas internas de xilema vo sendo apertadas pelas externas e as clulas perdem a capacidade de conduzir a seiva, passando a constituir um tecido de suporte do tronco, o lenho ou madeira Formado por vasos que conduzem os produtos da fotossntese (seiva elaborada) dos rgos verdes para alimentar as outras partes da rvore 17

Floema

Manual de arborizao

Como uma rvore funcionaO funcionamento de uma rvore pode ser explicado atravs de vrios fenmenos ou processos. O metabolismo o conjunto de transformaes que as substncias qumicas sofrem no interior dos organismos vivos para obteno de sua energia vital. As substncias podem ser sintetizadas ou fragmentadas para liberao da energia. Numa rvore se identificam a fotossntese, a respirao, a transpirao e a absoro.

Transpirao o processo pelo quala gua de um organismo eliminada para resfriar seu corpo, devido elevao de temperatura externa ou interna. Nos organismos terrestres, o calor do meio externo, assim como o calor gerado por suas funes vitais, causam inevitvel aumento de temperatura. Temperaturas elevadas causam problemas para o metabolismo, e a transpirao o meio pelo qual alguns destes seres eliminam parte desse calor. A transpirao vegetal a perda de gua por evaporao, que ocorre nas folhas das plantas. As folhas possuem estmatos, estruturas que se abrem e se fecham de acordo com as necessidades fisiolgicas do vegetal. Quando abertos, promovem a transpirao, que tanto elimina vapor dgua, como tambm permite trocas gasosas entre o meio interno e o ambiente externo, alm de promover o transporte ascendente de gua e nutrientes.o2 Co2

Fotossntese um processo que se baseia na propriedade de vegetais verdes e alguns outros organismos, como algas e bactrias, de transformar a energia luminosa do sol em energia qumica. Neste processo, o CO2 obtido na atmosfera, a gua e os minerais obtidos do solo so transformados em compostos orgnicos (amidos) e em oxignio. E a partir dos amidos sintetizados na fotossntese, a planta d origem a diversos compostos, tais como protenas, vitaminas, gorduras, aminocidos e outras importantes substncias.Quando a respirao supera a fotossntese, a rvore gasta a energia estocada como reserva. Se isso ocorre por um perodo muito longo, ela perde muita energia e pode morrer. Por outro lado, em condies de solos alagados ou muito compactados, o oxignio escasso e a respirao pode no ser completa.

Amido H2o

o2 Co2

respirao um processo metablico necessrioe realizado continuamente pela rvore para obteno da energia que a mantm viva. A respirao aerbica, ou seja, necessita de oxignio para que ocorra a reao de converso em energia do estoque de compostos orgnicos gerados pela fotossntese.

Xilema Floema

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absoro e translocao so processos relacionados movimentao da gua e de elementos essenciais absorvidos do solo pela planta. A gua e os minerais so absorvidos do solo pelas razes. Parte dessa gua utilizada pela rvore para seu crescimento e metabolismo, e parte perdida no processo de transpirao. A liberao da gua para o ambiente promove sua movimentao atravs do interior da planta.gua e sais minerais

1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

Como a rvore se relaciona com o ambienteOs fenmenos peridicos dos seres vivos e suas relaes com o meio ambiente so estudados pela Fenologia. Esta cincia permite explicar muitas das reaes das plantas ao clima e ao solo onde se encontram, expressas em diferentes reaes (florao, frutificao etc.). Esse conhecimento fundamental em qualquer plano de manejo de formaes vegetais, fornecendo dados e base para: Estudos de reproduo. Determinao da poca certa para coleta de sementes. Determinao do perodo de maior disponibilidade de matria orgnica no solo. Conhecimento do comportamento da fauna que vive em associao com os vegetais em estudo. Conhecimento da biologia de pragas e doenas e promoo de seu controle. Informaes estticas para projetos paisagsticos. Para os estudos fenolgicos de rvores, recomendvel: O emprego de uma amostra de pelo menos dez indivduos por espcie. Frequncia quinzenal das observaes, ainda que uma observao mensal j possa fornecer dados suficientes, dependendo dos objetivos do estudo. Que a informao fenolgica tenha carter quantitativo. Cobrir todo o perodo de manifestao da caracterstica: incio, plenitude e declnio.

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Manual de arborizao

as cidades e suas relaesOs seres humanos constroem seus ambientes, dentre eles a cidade, cujo equilbrio necessita ser mantido artificialmente pelo planejamento urbano, visando evitar consequncias indesejveis. As cidades so organizaes sistmicas e complexas: sistmicas, porque seus variados aspectos precisam ser compreendidos como uma totalidade; e complexas, porque devem ser entendidas e analisadas atravs das muitas relaes que estabelecem:

A zona urbana a rea de uma cidade caracterizada pela edificao contnua e a existncia de equipamentos sociais destinados s funes urbanas bsicas, como habitao, trabalho, recreao e circulao. A cidade um todo e este todo maior que a soma dos elementos que o compem, tais como casas, ruas, praas, bairros, escolas, carros, empresas, pessoas, resduos slidos, rvores, ar, solo, rios, entre outros. Os elementos que compem a cidade esto em constante interao, formando conexes e redes interdependentes entre si e com elementos externos, o que faz com que ocorram mudanas e adaptaes permanentes.

Considerando que as redes que integram a cidade esto relacionadas umas com as outras, formando um sistema muito complexo, a manuteno de cada uma delas requer sua integrao com as outras, em um processo de convivncia mtua.

A cidade est sempre em transformao, no apenas em funo das interferncias externas, como o sol e a chuva, por exemplo, mas tambm pelas aes humanas, como a poluio dos carros e das indstrias, entre outros.Ao compreender a cidade como um sistema de relaes entre seus elementos, possvel identificar a existncia de redes interconectadas umas s outras, como a rede de arborizao viria e reas verdes, a rede viria, a rede de energia eltrica, a rede de coleta de resduos slidos (lixo), a rede de abastecimento de gua etc. Ao pensar a cidade, importante considerar no s as suas relaes percebidas, vistas e visitadas diretamente, mas tambm aquelas que interagem indiretamente com a mesma, como o local de onde vem a gua que abastece as redes de distribuio, para onde vo os esgotos que so lanados nos rios, de onde vem a energia que abastece as casas, indstrias e vias pblicas, para onde vo os resduos slidos (lixo) gerados na cidade. Estes locais e estas relaes, se no fazem parte das cidades, fazem parte do sistema cidade, pois h relaes de interdependncia.

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1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

por que plantar rvores nas cidadesGrande parte da populao mundial vive hoje em cidades, caracterizadas pela ocupao por edificaes contnuas e pela existncia de equipamentos sociais destinados s funes urbanas bsicas, como habitao, trabalho, recreao e circulao. Consequentemente, alteraes climticas como a intensidade de radiao solar, a temperatura, a umidade relativa do ar, a precipitao e a circulao do ar, entre outros fatores, so afetados pelas condies de artificialidade do meio urbano, alterando a sensao de conforto ou desconforto das pessoas. A arborizao das cidades, alm da estratgia de amenizao de aspectos ambientais adversos, importante sob os aspectos ecolgico, histrico, cultural, social, esttico e paisagstico, contribuindo para: A manuteno da estabilidade microclimtica. O conforto trmico associado umidade do ar e sombra. A melhoria da qualidade do ar. A reduo da poluio. A melhoria da infiltrao da gua no solo, evitando eroses associadas ao escoamento superficial das guas das chuvas. A proteo e direcionamento do vento. A proteo dos corpos dgua e do solo. A conservao gentica da flora nativa. O abrigo fauna silvestre, contribuindo para o equilbrio das cadeias alimentares, diminuindo pragas e agentes vetores de doenas. A formao de barreiras visuais e/ou sonoras, proporcionando privacidade. O cotidiano da populao, funcionando como elementos referenciais marcantes. O embelezamento da cidade, proporcionando prazer esttico e bemestar psicolgico. O aumento do valor das propriedades. A melhoria da sade fsica e mental da populao.21

Manual de arborizao

Qual o valor de uma rvoreA economia ambiental envolve conceitos que preservam o equilbrio ecolgico e os recursos ambientais, em harmonia com o desenvolvimento socioeconmico. Nesse sentido, os sistemas de valorao da arborizao urbana procuram expressar, em termos monetrios, seus mltiplos servios ambientais para as cidades. Considerando o imenso potencial da arborizao em mitigar os efeitos negativos ocorrentes no ambiente urbano, em seu manejo necessrio que se decidam prioridades de aes, determinando os benefcios que sero procurados com mais nfase e maneiras possveis de se obter maiores vantagens em condies sustentveis do ponto de vista econmico. A tarefa de valorizar economicamente este bem pblico consiste em determinar quanto melhor ou pior estar o bem-estar dos habitantes devido s mudanas na quantidade de bens e servios ambientais proporcionados pelas rvores. Ao se considerar a rvore como um elemento pertencente infraestrutura urbana, podese avali-la em sua importncia e em seu valor monetrio. A determinao do valor monetrio das rvores tambm permite: Avaliar o patrimnio que a cidade possui relativo sua arborizao. Estabelecer multas por danos causados s rvores. Estabelecer indenizaes, dedues e/ou isenes de impostos e taxas, e resultados de aes punitivas ou compensatrias. Estimar um seguro, seja da prpria rvore ou da propriedade relacionada com a presena da rvore no imvel. Mensurar os benefcios e custos dos programas de arborizao na busca de recursos oramentrios. Valorizar um imvel, com consequente aumento do patrimnio real de seu proprietrio, do corretor e de outros envolvidos.

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1 A rvore e sua importncia para o ambiente urbano

As propostas de avaliao monetria da arborizao visam representar matematicamente, muitas vezes por meio de modelos, a realidade, o conhecimento acerca das rvores e sua importncia em determinado tempo e espao. Entre as principais caractersticas de um mtodo de avaliao, esto: O modelo e sua apresentao (tabelas, frmulas ou listas). A abrangncia (local, regional ou ilimitada). Suas dependncias com relao assessoria de profissionais especializados. O nmero e a qualidade das variveis envolvidas. A forma de medio, valorao e apresentao das variveis. O nvel de influncia de cada varivel sobre o valor final da avaliao e os parmetros que definem a valorao. H diferentes mtodos de se calcular o valor de uma rvore ou da arborizao urbana de determinado local, e geralmente os envolvidos esbarram na dificuldade de se converter a termos econmicos muitos dos benefcios considerados subjetivos. A escolha da metodologia a ser utilizada depende da situao local, dos recursos disponveis e da finalidade a que se prope a anlise. Ao colaborar no processo de tomada de decises econmicas, sociais e polticas, a valorao econmica das rvores urbanas possibilita a identificao dos custos e benefcios, econmicos e sociais, individuais e coletivos relativos ao uso do meio ambiente e de seus recursos. No entanto, no se pode esquecer que a atribuio do valor de existncia a um ser vivo derivada de uma posio moral, tica, cultural, poltica e econmica, onde cada indivduo e a sociedade onde ele est inserido so responsveis pela construo do desenvolvimento sustentvel de seu espao.

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Manual de arborizao

sibipirunaCaesalpinia pluviosa var. peltophoroides Famlia: Fabaceae. Nomes populares: sepipiruna, corao-de-negro, sebipira. origem: regio Sudeste do pas, com registro de ocorrncia no Pantanal matogrossense. Caractersticas botnicas: rvore de at 20 m de altura e dimetro do tronco em torno de 50 cm; copa densa, umbeliforme, semi-caduca; troncos com forte tendncia de multiplicao, com casca que se desprende em tiras de tamanhos variados; sistema radicular pouco superficial. Florao: inverno e primavera. Frutificao: inverno. Propagao: por sementes. Uso na arborizao: utilizada na arborizao de ruas e estacionamentos por possuir uma florao exuberante e fornecer boa sombra. Pode ser usada tambm de forma isolada em parques e grandes jardins. Galhos de maior dimetro pouco tolerantes poda.

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A energia eltrica e sua importncia para a sociedade

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A energia eltrica fator fundamental para o desenvolvimento e a qualidade de vida das sociedades. Em um mundo globalizado e altamente competitivo, a energia eltrica representa um diferencial estratgico e de desenvolvimento, sobretudo em inovaes tecnolgicas. A energia eltrica est em geladeiras, computadores, chuveiros e celulares, trazendo conforto e qualidade de vida. Muitas vezes as pessoas no se do conta de que, para existir o conforto e a qualidade de vida nas casas, no trabalho e na comunidade, a energia eltrica tem que fazer um longo percurso: das fontes geradoras, passando pelas linhas de transmisso e redes de distribuio. No Brasil, a principal alternativa para gerao de energia eltrica so os rios. So as usinas hidreltricas que produzem grande parte da energia consumida pelas indstrias, cidades e residncias, transformando a energia hidrulica em energia eltrica. Porm, outras fontes tambm produzem energia eltrica, como as movidas pelos ventos e pela queima de combustveis fsseis ou orgnicos. A energia eltrica transportada atravs de linhas de transmisso, desde as usinas at os grandes centros consumidores, onde conduzida atravs das redes de distribuio. Durante o processo de gerao e transmisso, a energia eltrica tem o seu nvel de tenso elevado; j na distribuio, o nvel abaixado, de acordo com o padro operacional de cada concessionria. Nas unidades consumidoras, a energia eltrica passa pelos medidores, disjuntores de proteo, percorre os condutores internos at os interruptores e tomadas, onde so ligados os aparelhos eltricos. As pessoas esto to acostumadas com as rotinas e facilidades do dia a dia que nem percebem a infraestrutura necessria para usufruir de coisas to simples como acender uma lmpada. Por trs de atos como esse, h uma estrutura enorme que permite desfrutar das vantagens produzidas pela energia eltrica.

A humanidade, ao expandir-se, destri e polui, no mantendo o equilbrio com a natureza. O que podemos fazer minimizar isto e procurar fazer algumas correes.Mrio Penna Bhering

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Manual de arborizao

redes de distribuio de energia eltricaAs redes de distribuio so circuitos eltricos que operam com diferentes nveis de tenso, que cobrem grandes distncias levando energia eltrica das subestaes s unidades consumidoras. Elas so classificadas em primria e secundria. A classe primria opera com tenses trifsicas de 13,8 kV a 34,5 kV entre fases. A classe secundria opera com tenso de 127 V por fase e 220 V entre as fases. Na rede de distribuio, os circuitos so inter-relacionados, compostos por diversos equipamentos de manobras, proteo e transformao, sendo, este ltimo, responsvel por transformar a tenso primria em secundria.GERAO

A rede de distribuio faz parte do Sistema Eltrico de Potncia (SEP), definido como o conjunto de instalaes e equipamentos destinados a gerao, transmisso e distribuio de energia eltrica.

SUBESTAO DISTRIBUIDORA

TRANSFORMADOR

CONSUMIDORES COMERCIAIS E INDUSTRIAIS

SUBESTAO DISTRIBUIDORA

CONSUMIDORES RESIDENCIAIS DISPOSITIVOS DE AUTOMAO E DISTRIBUIO

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2 A energia eltrica e sua importncia para a sociedade

Componentes e funcionamento das redes de distribuio de energia eltrica e iluminao pblicaA rede de distribuio de energia eltrica composta por vrios equipamentos e dispositivos de manobra, proteo e transformao que permitem a continuidade do fornecimento de energia, desde a sua gerao at as unidades consumidoras: Chave secionadora: equipamento destinado manobras do sistema eltrico, abertura ou interligao de circuito. comumente utilizada para minimizar o trecho da rede eltrica em virtude de manutenes preventivas ou corretivas. (1) Chave fusvel: dispositivo destinado a proteo de trechos de rede ou equipamentos contra eventuais sobre-correntes e para manobras de interrupo energizada ou isolamento de ramais ou equipamentos. (2) Condutores: so os meios materiais nos quais h facilidade de movimento de correntes eltricas, proveniente da movimentao dos eltrons livres. Ex: fio de cobre, alumnio etc. (3) disjuntor: dispositivo destinado proteo de instalao eltrica contra curtos-circuitos ou sobrecarga. Sua principal caracterstica a capacidade de poder ser rearmado manualmente quando estes tipos de defeitos ocorrem. estrutura: conjunto de suporte e sustentao de cabos condutores e equipamentos de manobra e/ou proteo. (4) Isolador: tem a finalidade de isolar eletricamente um corpo condutor de outro corpo qualquer. (5) para-raios: equipamento de proteo contra surtos de tenso provenientes de descargas eltricas atmosfricas, desviando-as para o solo atravs de malhas de aterramento. poste: equipamento de concreto, madeira ou ao, capaz de suportar as estruturas e equipamentos da rede de distribuio area e outros equipamentos de utilidade pblica. (6) rel: dispositivo que serve para ligar ou desligar outros dispositivos em condies anormais (defeitos) de operao. religador: equipamento de proteo e manobra, utilizado para eliminar interrupes prolongadas no sistema de distribuio de energia eltrica, devido s condies transitrias de sobre-correntes. seccionalizador: dispositivo utilizado para operar em conjunto com o religador automtico. So equipamentos de proteo que atuam coordenados com protees de religamentos automticos. Transformador: dispositivo destinado a transferir energia eltrica de um circuito a outro, abaixando, elevando e/ou conservando a tenso de alimentao. (7)6 3 2

5

1

4

7

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Manual de arborizao

riscos da energia eltrica e medidas de prevenoA eletricidade constitui um agente de alto potencial de risco s pessoas, mesmo em baixas tenses, pois o choque eltrico pode ocasionar quedas, queimaduras e outras consequncias. Alm disso, devido possibilidade de ocorrncia de curtos-circuitos ou mau funcionamento do sistema eltrico, podem provocar incndios e exploses. O fato de o circuito eltrico estar desenergizado no elimina por completo o risco, nem permite que se deixe de adotar medidas necessrias de controle, coletivas e individuais. Isto porque a energizao acidental pode ocorrer a qualquer momento, devido a: Erros de manobra. Contato acidental com outros circuitos energizados. Tenses induzidas por linhas adjacentes ou que cruzam a rede. Descargas atmosfricas. Fontes de alimentao de terceiros, tais como geradores particulares. Em todas as intervenes em instalaes eltricas, energizadas ou no, dentro dos limites estabelecidos como zonas controladas e de risco, devem ser adotadas medidas preventivas de controle do risco eltrico e de outros riscos adicionais, mediante tcnicas de anlise de risco, de forma a garantir a segurana e a sade no trabalho, conforme disposto na Norma Regulatria No 10 Segurana em Instalaes e Servios com Eletricidade (NR 10).

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2 A energia eltrica e sua importncia para a sociedade

rAioS DE DELiMiTAo DE zoNAS DE riSCo, CoNTroLADA E LiVrE

rc

zL zC zrzL = Zona livre zC = Zona controlada, restrita atrabalhadores autorizados

PErr

zr = Zona controlada, restrita a

trabalhadores autorizados e com adoo de tcnicas, instrumentos e equipamentos apropriados ao trabalho

PE = Ponto da instalao energizado

zL

Faixa de tenso nominal da instalao eltrica, em kV 1 1 e