Manifestação clinica do Vibrio parahemolyticus

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3.6. Vibrio parahaemolyticus É um bacilo reto ou curvo, Gram negativo, não formador de esporo, apresentando um flagelo polar, pertencente à família Vibrionaceae. No entanto, desenvolve flagelos laterais quando cresce em meio sólido. É uma bactéria anaeróbia facultativa com metabolismo tanto respiratório com fermentativo (Franco et al., 1996). A temperatura ótima de crescimento de Vibrio parahaemolyticus, em meio de cultura, é de 37°C. No entanto, esta bactéria cresce na faixa de 5°C a 43°C, dependendo do pH do meio de cultura (Franco et al., 1996). O pH mínimo de crescimento a 5°C em caldo tripticase-soja com 3% de NaCl é de 7,3, mas este valor eleva-se para 7,6 na concentração salina de 7%. O crescimento ocorre em uma ampla faixa de pH: de 5 a 11, sendo ótimo entre 7,5 – 8,5. A presença de NaCl é imprescindível para o crescimento desta bactéria, sendo 0,5% a concentração limitante nos substratos. A concentração de 3%, correspondente a uma atividade de água de 0,992, propicia excelente crescimento desta bactéria (Franco et al., 1996). É um microrganismo relativamente frágil, sendo muito sensível á desidratação e ao calor. Essa bactéria é halófila facultativa, isolada de águas litorâneas e alimentos de origem marinha (Franco et al., 1996). Características da Doença O consumo de peixes, crustáceos e moluscos contaminados com Vibrio parahaemolyticus, na maioria das vezes, provoca no ser humano gastrenterite branda, com duração de dois a três dias. Nestes casos, temos os seguintes sintomas: diarréia, cãibras abdominais, náusea, vômito, dor de cabeça, febre baixa e calafrios. Nos casos mais severos, em vez de diarréia, ocorre disenteria com fezes mucóides e sanguinolenta. O uso de antibiótico tetraciclina aliado a uma terapia de suporte com reidratação é recomendado (Franco et al., 1996). Epidemiologia Vários são os relatos sobre o isolamento dessa bactéria a partir de amostras de água e estuários, peixes e frutos do mar. Raros são aqueles sobre seu isolamento a partir de águas doces e peixes de água doce, concluindo-se que o teor salino destas amostras provavelmente era alto. A freqüência

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3.6. Vibrio parahaemolyticus

É um bacilo reto ou curvo, Gram negativo, não formador de esporo, apresentando um flagelo polar, pertencente à família Vibrionaceae. No entanto, desenvolve flagelos laterais quando cresce em meio sólido. É uma bactéria anaeróbia facultativa com metabolismo tanto respiratório com fermentativo (Franco et al., 1996). A temperatura ótima de crescimento de Vibrio parahaemolyticus, em meio de cultura, é de 37°C. No entanto, esta bactéria cresce na faixa de 5°C a 43°C, dependendo do pH do meio de cultura (Franco et al., 1996). O pH mínimo de crescimento a 5°C em caldo tripticase-soja com 3% de NaCl é de 7,3, mas este valor eleva-se para 7,6 na concentração salina de 7%. O crescimento ocorre em uma ampla faixa de pH: de 5 a 11, sendo ótimo entre 7,5 – 8,5. A presença de NaCl é imprescindível para o crescimento desta bactéria, sendo 0,5% a concentração limitante nos substratos. A concentração de 3%, correspondente a uma atividade de água de 0,992, propicia excelente crescimento desta bactéria (Franco et al., 1996). É um microrganismo relativamente frágil, sendo muito sensível á desidratação e ao calor. Essa bactéria é halófila facultativa, isolada de águas litorâneas e alimentos de origem marinha (Franco et al., 1996).

Características da Doença

O consumo de peixes, crustáceos e moluscos contaminados com Vibrio parahaemolyticus, na maioria das vezes, provoca no ser humano gastrenterite branda, com duração de dois a três dias. Nestes casos, temos os seguintes sintomas: diarréia, cãibras abdominais, náusea, vômito, dor de cabeça, febre baixa e calafrios. Nos casos mais severos, em vez de diarréia, ocorre disenteria com fezes mucóides e sanguinolenta. O uso de antibiótico tetraciclina aliado a uma terapia de suporte com reidratação é recomendado (Franco et al., 1996).

Epidemiologia

Vários são os relatos sobre o isolamento dessa bactéria a partir de amostras de água e estuários, peixes e frutos do mar. Raros são aqueles sobre seu isolamento a partir de águas doces e peixes de água doce, concluindo-se que o teor salino destas amostras provavelmente era alto. A freqüência de isolamento é maior durante os meses de verão, quando a temperatura da água é mais elevada (Franco et al., 1996). Em relação aos surtos, a maioria resultou do consumo de alimentos marinhos crus ou parcialmente cozidos. Entre eles podem ser citados os alimentos de origem japonesa como sushi, caranguejo, camarão e moluscos (Franco et al., 1996).

Mecanismo de Patogenicidade

O mecanismo do processo infeccioso ainda não esta completamente esclarecido. Pesquisas têm revelado que as cepas de Vibrio parahaemolyticus, isoladas de casos humanos de gastroenterite, produzem uma hemolisina característica, capaz de provocar β-hemólise do sangue humano em um meio apropriado agar de Wagatsuma, num processo denominado reação de Kanagawa. Não se sabe ao certo se Vibrio parahaemolyticus produz uma toxina similar à de Vibrio cholera ou se a patogenicidade é devida a uma toxina, ou à invasão de tecidos, ou a ambos os processos, mas é bastante provável que a hemolisina de Kanagawa tenha participação na expressão da patogenicidade (Leitão et al., 1987).

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Medidas de Controle

As medidas de controle para Vibrio parahaemolyticus aplicáveis exclusivamente a produtos de origem marinha, baseiam-se na cocção adequada dos alimentos, na refrigeração e congelamento, para impedir a proliferação excessiva e a acidificação dos produtos; é fundamental evitar contaminações cruzadas, reinfecção de alimentos ou pratos preparados, previamente submetidos à cocção, razão pela qual a higiene e sanificação no manuseio e nos cuidados com os equipamentos e utensílios são de importância primordial (Leitão et al., 1987).