Manejo Ecologico Do Solo - Tereza C O Saminez e Francisco Resende

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  • Manejo Ecolgico do Solo

    Tereza Cristina de Oliveira Saminz1 Francisco Vilela Resende2

    IntroduoNos sistemas naturais a ciclagem dos nutrientes ocorre atravs dos processos de

    formao e decomposio da biomassa vegetal (fluxo orgnico) e atravs das entradas esadas de nutrientes por via no orgnica (fluxo mineral). O fluxo mineral decorrente daao de agentes fsicos, sendo as entradas via chuva, vento e decomposio de rochas eas sadas por lixiviao, eroso e fixao (a curto prazo). Os ecossistemas naturaispossuem mecanismos para minimizar as perdas de nutrientes, sobretudo na vegetao(Khatounian, 2001).

    Nos agroecossitemas as principais sadas do fluxo mineral se do por lixiviao,eroso e exportao pelas culturas, e as entradas por fertilizantes e corretivos. Acapacidade de reserva de nutrientes dos solos, reteno de nutrientes no complexocoloidal e matria orgnica (MO), ser maior quanto maior a presena de argilas do tipo2:1 e teor de MO. Para os solos mais intemperizados, pobres em argilas 2:1 e MO, comoos de cerrado, maior a importncia do fluxo orgnico de nutrientes. A preservao dosnutrientes nos solos depender diretamente do manejo do solo e da biomassa vegetal.Assim, dependendo do manejo da biomassa vegetal dada pelo produtor, maior ou menorser a quantidade de nutrientes a serem incorporados ao sistema, via adubao (fluxomineral). Segundo Hernani et al. (1995), como alternativas de manejo da biomassavegetal tm-se a rotao e consorciao de culturas, e o uso de espcies de adubosverdes.

    Preparo do soloO conceito de solo como um corpo predominantemente mineral, morto,

    focalizado no manejo agroqumico e como mero substrato para as plantas deve serabandonado pelo olericultor que se adentrar ao sistema orgnico de produo. Nalinha de raciocnio da agricultura orgnica o solo deve ser encarado como umorganismo vivo e sua fertilidade baseada em aspectos fsicos, qumicos e tambmbiolgico, que no modelo convencional de agricultura relegado a um segundoplano.

    Na olericultura convencional trabalha-se com intensa movimentao do solopara construo de canteiros, leiras, abertura de covas e sulcos, muitas vezesutilizando-se de intensa mecanizao, que resultam na degradao fsica edesequilbrio biolgico do solo. No sistema orgnico de produo de hortalias deve-

    1 Eng Agr, Msc em Agronomia, rea de Concentrao Solos, Pesquisadora da Embrapa Hortalias.Caixa Postal 218, CEP 70359-970 - Braslia DF. E-mail: [email protected] Eng Agr, Dr. em Fitotecnia, Pesquisador da Embrapa Hortalias. E-mail: [email protected] tpicos bases e princpios de sistemas orgnicos, Planejamento da horta e Requisitos bsicospara produzir organicamente foram adaptados do texto de Carlos Armnio Khatounian.

  • 2se adotar uma abordagem conservacionista, evitando-se a mobilizao excessiva ecompactao do solo.

    O preparo do solo no primeiro ano de cultivo deve basear-se em arao,gradagem e levantamento dos canteiros (Sudo et al., 1997). Nos anos subsequentesevitar, na medida do possvel, o uso de enxada rotativa e outros implementos quecausem degradao excessiva de solo. Recomenda-se um sistema de preparo desolo com mecanizao reduzida, deixando-o sempre protegido por cobertura mortaou verde.

    Os canteiros devem ter de 0,80 m a 1,0 m de largura, 15 a 20 cm de altura eestar distanciados uns dos outros em aproximadamente 30 cm (Vieira et al., 1997).Para hortalias de canteiro ou leiras como alface, cenoura, alho, rcula, batata-doce,mandioquinha-salsa, etc, o olericultor orgnico pode trabalhar com canteiros oucamalhes semi-defintivos reduzindo a freqncia de mquinas e implementos nasreas de produo. Desta forma, os canteiros so apenas reparados com enxadas,aps cada cultivo. A adubao orgnica aplicada sobre os canteiros ou leiras esua incorporao feita pelos prprios organismos do solo.

    O cultivo mnimo ou plantio direto feito sobre a cobertura morta da culturaanterior, normalmente adubos verdes ou restos culturais, sem que seja feito um novopreparo de solo. As espcies a serem usadas como cobertura morta devem serselecionadas segundo seu potencial de formao de palhada. Coquetis degramneas e leguminosas, alm de espcies de adubos verdes, podem ser utilizadoscomo formadores de palhada. Para isto necessrio aguardar at que as plantascompletem seu ciclo. So relatados com bons resultados os exemplos do plantio detomate e pimento sobre palhada de aveia preta, e vagem e pepino sobre palhadasde gramneas. O cultivo mnimo e plantio direto so usados para cultivo orgnico dehortalias plantadas em covas e/ou sulcos como brssicas, cebola, pimento,quiabo, berinjela, jil, tomate, promovendo revolvimento mnimo do solo e usadosespcies adequadas para formao de palhada.

    Fertilidade do soloA produo de hortalias uma atividade extremamante desgastante quanto

    fertilidade do solo. Apenas as forrageiras de corte, plantas para produo desilagem ou feno causam maior impacto na fertilidade do solo do que as hortalias.Este desgaste se d pelo uso intensivo do solo e retirada elevada de biomassa enutrientes da rea (Esquema 1).

    Portanto, ao iniciar o cultivo orgnico de hortalias em uma rea, fundamental a realizao da anlise qumica do solo para verificar seu pH e teorestotais de nutrientes e de matria orgnica. Ao longo dos anos, anlises peridicasdevem ser realizadas com o objetivo de acompanhar possveis oscilaes do pH edos teores de nutrientes totais. A manuteno do solo em equilbrio o foco principaldos sistemas orgnicos de produo e a anlise peridica do solo o principalinstrumento de acompanhamento deste fator, alm de fornecer os suportes para seurestabelecimento.

    A correo do solo ou calagem deve ser realizada trs meses antes doplantio. Recomenda-se usar calcrio dolomtico de boa qualidade e em quantidadesnunca superiores a duas toneladas por hectare, por ano (Brasil, 1999). A elevao

  • 3exagerada do pH pode causar reduo na produo, por diminuir a disponibilidadede micronutrientes, tais como: Boro (B); Cobre (Cu), Ferro (Fe), Mangans (Mn) eZinco (Zn) (Vieira, 1997). A quantidade de calcrio e adubos a serem utilizadossero calculados com base na anlise qumica do solo. Em relao a fosfatagemdeve-se utilizar fontes de fsforo permitidas para o cultivo orgnico, que so osTermofosfatos, Fosfatos naturais e /ou Fosfatos Reativos (Brasil, 1999). Todas asfontes de nitrognio, potssio e micronutrientes permitidas em cultivos orgnicosencontram-se descritas na instruo normativa do Ministrio da Agricultura (Brasil1999).

    Em solos de primeiro ano recomenda-se a utilizao de espcies de adubosverdes, leguminosas como Crotalria juncea, feijo de porco, feijo guandu, dentreoutras, respeitando-se a poca de plantio dessas culturas. Utiliza-se tambmalgumas gramneas consorciadas com essas leguminosas. Neste caso, o sorgo e omilheto so recomendados, devendo-se utilizar por volta de 30% de gramnea e 70%de leguminosas (a adubao verde ser tratada mais detalhamente a seguir).

    Esquema 1. Desgaste e recuperao da fertilidade do solo segundo o tipo decultura.

    Desgaste de Fertilidade Recuperao de fertilidade

    Fonte: Khatounian (2001)

    Matria orgnicaA matria orgnica do solo o produto da acumulao de resduos de plantas

    e animais parcialmente decompostos e re-sintetizados. Esses materiais, em ativoestado de decomposio, so submetidos ao ataque contnuo de microrganismos. Amatria orgnica dentre outras vantagens esta relacionada diretamente ao conceitode solo como organismo vivo que um dos grandes princpios dos sistemasorgnicos de produo. A matria orgnica do solo pode ser originada no prprio

    Feno, silagem, forrageira(corte)

    Olericultura

    Culturas anuais

    Culturas anuais plantio direto

    Culturas perenes entrelinhas vegetadas

    Culturas perenes - arborizadas

    Pastagens pastejo direto

    Pastagens leguminosas fixadoras

    Pousio arbustivo

    Pousio rboreo

  • 4solo, fazendo parte na formao do solo ou ser originada pela ao do homem:massa vegetal localizada (adubo verde) ou materiais orgnicos trazidos de fora eincorporados ao solo, como adubos orgnicos.

    Os solos tropicais apresentam naturalmente uma pequena frao de matriaorgnica, da a importncia da incorporao de materiais externos, como adubosorgnicos e adubos verdes a estes solos. Considerando a natureza da fraomineral da maioria dos solos tropicais a maior poro da capacidade de troca dections destes solos proveniente da contribuio da matria orgnica.

    Para produo de hortalias orgnicas, alm de funcionar como reservatriode nutrientes e melhorar as propriedades qumicas, biolgicas e fsicas do solo, amatria orgnica atua em aspectos importantes para a produo destas culturascomo: permite melhor arejamento do solo, reduz o efeito de eroso provocado pelaschuvas, aumenta a capacidade de reteno de gua, melhora a estrutura do solo,melhora a drenagem e facilita o crescimento das razes.

    O olericultor orgnico deve ter em mente a possibilidade de reciclagem derestos vegetais e sobras do preparo e processamento, que na olericultura ocorremcom muita freqncia. A utilizao do mtodo de reciclagem de estercos animais ede biomassa vegetal permitem a independncia do agricultor quanto necessidadede incorporao de insumos externos ao seu sistema produtivo, minimizando custos,alm de permitir usufruir os benefcios da matria orgnica em todos os nveis.

    Como componente essencial do solo, a matria orgnica deve ser conservadae manejada em um nvel de equilbrio que permita o desenvolvimento de umaagricultura sustentvel, pelo uso de mtodos adequados de manejo de solo,compreendendo sistemas de preparo, rotao de culturas, adubao,estabelecimento de sistemas integrados de produo.

    Adubao orgnicaApesar da importncia da adubao orgnica, o seu uso extensivo limitado

    pela dificuldade de obteno desses adubos em larga escala, bem como pelosproblemas de transporte e distribuio. Entretanto seu uso corriqueiro em culturasde explorao intensiva, como o caso das hortalias, inclusive no sistemaconvencional de produo. A escolha do adubo orgnico e a eficincia do seu usodependem de alguns fatores, que devem ser considerados. Entre os principaisdestaca-se a qualidade e quantidade, os mtodos de aplicao, os custos de suaaplicao e a disponibilidade local, evitando o transporte a grandes distncias.

    Os adubos orgnicos so volumosos, de valor varivel em nutrientes, com acomposio total raramente ultrapassando 10 a 20% dos teores encontrados nosfertilizantes minerais e so utilizados em quantidades bastante superiores a estes.Contudo, a utilizao de adubos orgnicos no pode levar em conta apenas o seuteor em nutrientes, pois sua presena produz alteraes positivas nas propriedadesfsicas e biolgicas do solo.

    Os adubos verdes, compostos orgnicos, esterco de animais, tortas e restosde culturas so alguns exemplos de adubos orgnicos utilizados no cultivo orgnicode Hortalias. Nas tabelas 1, 2, 3, 4 e 5 so apresentados dados de caracterizaoqumica de alguns materiais.

  • 5O uso de estercos animais puros na olericultura orgnica menos comumque nas formas compostadas por questes de ordem econmica e sanitria. Nacultura da cebola Pereira et al. (2002) avaliaram o uso esterco de curral (10, 20 e 40t/ha) e esterco de galinha (5, 10 e 20 t/ha). Utilizando a cultivar CNPH 6400, noespaamento de 0,25 x 0,25 cm, os autores mostraram que o esterco de curral nadose de 20 t/ha apresentou os melhores resultados para os caracteres: stand deplantas/m2, peso total de plantas/m2, peso total de bulbos/m2 e produo de total debulbos do tipo I.

    Tabela 1. Relao C/N e teores de N, P e K em fertilizantes orgnicos.MATERIAL C/N N P K

    Esterco de carneiroEsterco de gadoEsterco de galinhaEsterco de porcoCompostoPalha de milhoPalha de arrozPalha de feijoCapim colonioGramaCrotalria (C. juncea)*Guandu*Mucuna preta*Serragem de madeira

    15:118:110:110:110:1112:139:132:127:136:126:129:122:1865:1

    2,131,923,042,541,000,480,781,631,871,391,951,812,240,06

    1,281,014,704,930,800,380,580,290,530,360,400,590,580,01

    3,671,621,892,350,801,640,411,94

    --

    1,811,142,970,01

    * Dados de florescimento em % na matria seca. Adaptado de Kiehl (1985)

    Tabela 2: Composio qumica (base seca) de alguns restos vegetais de interessecomo matria-prima para o preparo de fertilizantes orgnicos.

    MaterialMatria

    Orgnica%

    N%

    C/N P2O5%

    K2O

    Abacaxi: fibras 71,41 0,90 44/1 traos 0,46Arroz: cascas 54,55 0,78 39/1 0,58 0,49Arroz: palhas 54,34 0,78 39/1 0,58 0,41Aveia: cascas 85,00 0,75 63/1 0,15 0,53Aveia: palhas 85,00 0,66 72/1 0,33 1,91Caf: cascas 82,20 0,86 53/1 0,17 2,07Caf: palhas 93,13 1,37 38/1 0,26 1,96Capim-gordura 92,38 0,63 81/1 0,17 -Capim-guin 88,75 1,49 33/1 0,34 -Capim-jaragu 90,51 0,79 64/1 0,27 -Capim-meloso 90,00 0,70 75/1 0,22 0,5Capim-mimoso 93,69 0,66 79/1 0,26 -Capim-napier-verde 96,00 1,40 40/1 0,33 0,76Capim-p-de-galinha 86,99 1,17 41/1 0,51 -Crotalria juncea 91,42 1,95 26/1 0,40 1,81Eucalipto: resduos 77,60 2,83 15/1 0,35 1,52Feijo-de-porco 88,54 2,55 19/1 0,50 2,41Feijo-guand 95,90 1,81 29/1 0,59 1,14Feijoeiro: palhas 94,68 1,63 32/1 0,29 1,94Labelabe 88,46 4,56 11/1 2,08 -

  • 6Milho: palhas 96,75 0,48 112/1 0,38 1,64Mucuna-preta 90,68 2,24 22,1 0,58 2,97Serragem de madeira 93,45 0,06 865/1 0,01 0,01Fonte: Adaptado de KIEHL (2001) e SOUZA (2002).

    Tabela 3: Teores de macro e micronutrientes de diversos resduos orgnicos.

    C N P2O5 Ca Mg K2O Na Fe Mn Cu ZnResduo C/N % Ppm

    Vinhaa 14 1,3 0,09 0,005 0,06 0,03 0,26 37 55 6 1,4 3,8Torta de filtro 29 7,9 0,27 0,63 0,26 0,13 0,07 92 10960 190 19 49Torta/mamona 6 30,1 5,5 1,99 5,37 0,59 1,44 207 1420 55 80 141Esterco de gado 13 19,4 1,53 0,53 0,83 0,34 1,16 1700 3623 196 8 57Esterco de aves(cama) 20 32,5 1,60 1,50 2,33 0,78 1,76 - 3.125 550 21 266

    Fonte: Adaptado de FUNDAO CARGILL (1983) e SOUZA (2002).

    Tabela 4: Composio mdia e relao de proporo de NPK para diversas fontesde fertilizantes orgnicos e minerais.

    % na matria secaFertilizantes Orgnicos

    N P KProporo

    NPK

    Cinzas - 2,5 10 0-1-4Fosfato de Arax - 30 - 0-3-0Ossos carbonizados - 35 - 0-3,5-0Torta de Mamona 5,0 2,0 1,1 5-2-1Torta de Algodo 6,0 3,0 1,4 4-2-1Cascas de Caf 1,7 1,4 3,7 12-1-26Esterco de Cavalo 0,7 0,4 0,3 2-1-1Esterco de Coelho 2,0 1,3 1,2 1,5-1-1Esterco Bovino de Curral Curtido 5,0 2,5 5,0 2-1-2Esterco Bovino Seco 2,0 1,5 2,2 1,5-1-1,5Esterco de Ovelha 2,0 1,0 2,5 2-1-2Esterco de Cabra 3,0 2,0 3,0 1,5-1-1,5Esterco de Galinha 4,0 4,0 2,0 2-2-1Resduo de Esgoto 2,0 1,5 0,5 4-31Bagao de Cana 0,3 0,03 0,02 14-1-1Borra de Caf 1,8 0,1 0,01 176-9-1Farinha de Ossos Crua 2,0 20,0 - 1-10-0Guano 2,5 8,8 1,1 2-8-1Serragem de Madeira 0,06 0,01 0,01 6-1-1Lixo Curtido 1,1 0,3 0,6 3-1-2Palha de Arroz 0,8 0,6 0,4 2-1-1Palha de Caf 1,4 0,2 2,0 5-1-7Feijo (sementes) 2,6 0,5 2,4 5-1-5Palha de Feijo 1,6 0,3 1,9 6-1-7Guandu sementes 3,6 0,8 1,8 4-1-2Cascas de Mandioca (raiz) 0,4 0,3 0,5 1-1-1Milho (palha) 0,5 0,4 1,6 1-1-4

  • 7Mucuna (sementes) 3,9 1,1 1,4 4-1-1Fonte: Adaptado de DADONAS (1989), citado por PECHE FILHO & DE LUCCA (1997)

    Tabela 5: Composio tpica de materiais orgnicos de origem animal, vegetal eagroindustrial (sem secar) utilizados como adubos orgnicos.

    U* C N P K Ca Mg S Zn Cu Cd Ni PbMaterial Orgnico C/N

    g/kg mg/kg

    Esterco bovino fresco 20 620 100 5 2,6 6 2 1 1 33 6 0 2 2Esterco bovino curtido 21 340 320 15 12 21 20 6 2 217 25 0 2 1Esterco de galinha 10 550 140 14 8 7 23 5 2 138 14 2 2 17Esterco de porco 9 780 60 7 2 5 12 3 - 242 264 0 2 3Torta de filtro 27 770 80 3 2 0,6 5 0,8 3 20 13 - - -Torta de mamona 10 90 450 45 7 11 18 5 - 128 73 - - -Mucuna 20 870 60 3 0,6 3 2 0,4 - 6 3 - - -Crotalria juncea 25 860 70 2,8 0,4 3 2 0,4 - 2 1 - - -Milho 46 880 60 1,3 0,2 3 0,5 0,2 - 3 1 - - -

    * U- Umidade; Fonte: Raij et al., 1996.

    O esterco de aves um adubo orgnico bastante solvel com rpidadisponibilizao de nutrientes para as plantas. Leal & Silva (2002) compararam oesterco bovino e a cama de avirio na adubao de pimento orgnico cultivado emambiente protegido e em cu aberto. Foi utilizada a cultivar Cascadura Ikeda, comtransplante das mudas em duas linhas por canteiro espaadas de 0,5 m entre si. Naadubao de plantio, aplicou-se 250g de cama de avirio ou 500g de esterco bovino,40g de calcrio dolomtico, 20g de termofosfato de Yoorin e 20g de cinza. Naadubao de cobertura, realizada aos 60 dias aps o plantio, utilizou-se 250g decama de avirio ou 500g de esterco bovino. Os resultados obtidos mostrarammelhor produo para a adubao de plantio com esterco bovino e de cobertura comcama de avirio.

    Composto

    O composto orgnico o produto final da decomposio aerbia (na presenade ar) de resduos vegetais e animais. A compostagem o processo de degradaode resduos orgnicos em hmus, quando empregadas as tcnicas adequadas demanejo. Trata-se de uma prtica muito comum na olericultura orgnica, que visa omelhor aproveitamento da matria orgnica e sua desinfeco contra certas pragas.O composto orgnico funciona como excelente estruturador do solo, favorecendo umrpido enraizamento, aumentando a sade e resistncia das plantas.

    A transformao dos resduos ocorre, principalmente, atravs da ao deorganismos, podendo ser subdividida em duas etapas: fsica (desintegrao quebra mecnica dos resduos) e qumica (decomposio e transformao dabiomassa os resduos so primeiramente decompostos em suas unidadesestruturais bsicas por enzimas extracelulares e posteriormente absorvidas e

  • 8oxidadas pelos microrganismos, a fim de obterem energia e nutrientes inorgnicospara o seu desenvolvimento, com conseqente transformao da biomassa). Ocomposto final ou hmus constitudo de produtos decompostos, partes resistentesdos resduos orgnicos e microrganismos mortos e vivos (Peixoto, 2000).

    A matria prima para a elaborao do composto deve ser de restos devegetais (galhos, folhas, capim, outros ricos em C) e animais (esterco bovino,cama de avirio de matrizes, outros ricos em N). Quando s se dispe de matriaprima pobre em nitrognio (plantas nativas, velhas rvores e arbustos e suas partes)pode-se compensar esta falta com camadas de leguminosas. Outro fator importantea ser observado na escolha e seleo da matria prima a relaocarbono/nitrognio, pois com uma proporo ideal de 25 a 30 : 1, a decomposioocorrer com eficincia. Essa proporo poder ser atingida de duas maneiras:

    75% de restos vegetais variados + 25% de esterco; 50% de restos vegetais frescos + 50% de restos de vegetais velhos.

    Material muito lenhoso no deve passar de 10% na compostagem, casocontrrio dever ser picado em pedaos menores ou mantido por algum tempo comocama para animais.

    A pilha de composto deve ter as dimenses de 1,5m de largura, 1,5m dealtura e 10m de comprimento, para se obter uma melhor eficincia em relao temperatura de fermentao, necessria para ocorrer a transformao da matriaprima em composto. As pilhas devem ser formadas por camadas alternadas pormaterial de origem vegetal e animal (Esquema 2). Com 15, 30 e 45 dias, deve-serevirar a pilha (parte de cima para baixo e parte de dentro para fora). No momentoda revirada, deve-se proceder ao umedecimento do material a ser compostado. Aumidade deve ficar em torno de 50 a 60% (em termos prticos, este teor de umidadeocorre quando ao pegar o material, sente-se que o mesmo est mido e, ao sercomprimido, no escorre gua e forma um torro). Para manter a umidade idealdeve-se cobrir a pilha com palhas, folhas de bananeira ou lona plstica. O local deveser protegido do sol e da chuva ( sombra de uma rvore ou em uma rea coberta).Aps 90 dias o composto estar pronto para ser aplicado ao solo. Teores denutrientes de alguns compostos so apresentados na tabela 7.

    O composto tem sido usado numa faixa de 3 a 10 kg por m, dependendo daexigncia da cultura e das condies qumicas do solo. Para Cenoura, por exemplo,a quantidade a ser utilizada de 30 toneladas/ha, sendo 20 toneladas/ha a lanoantes de fazer os canteiros e 10 toneladas/ha em cobertura aos 30 dias aps oplantio, no momento da raleao.

    Mais informaes sobre compostagem podem ser encontradas em Kiehl(1998), Souza (1999) e Peixoto (2000).

  • 9Esquema 2. Formulaes de compostos, com cama pobre (I) e rica (II) em N.

    I. COMPOSTO (cama pobre em N)

    Cada camada de composto dever conter: 27 carrinhos de cama de matrizes de frangos (material mais pobre em N) (27 x 3

    = 81); 15 carrinhos de capim roado (15 x 4 = 60); 25 carrinhos de capim triturado (25 x 4 = 100); 13 kg de yoorin Master; Cabe ressaltar que a meda de composto formada por quatro camadas, sendo

    que a cama de matrizes e o Yorin master s compem as trs primeiras camadas(observar montagem da meda esquematizada abaixo). Total de 241 (81 + 60 +100) carrinhos de pedreiro por meda de composto.

    Peso (kg)Fontes Carrinho de pedreiro Camada de composto Pilha de composto

    Cama de frango 25 675 2.025Capim triturado 5 125 500Capim roado 1 15 60

    Yoorin 13 39Peso da meda 2.624

    II. COMPOSTO (cama rica em N)

    Cada camada de composto contm: 20 carrinhos de cama de matrizes de frango (material mais pobre em N) (20 x 3 =

    60); 15 carrinhos de capim roado (15 x 4 = 60); 30 carrinhos de capim triturado (30 x 4 = 120); 13 kg de yoorin Master. Cabe ressaltar que a meda de composto formada por quatro camadas, sendo

    que a cama de matrizes e o Yorin master s compem as trs primeiras camadas(observar montagem da meda esquematizada abaixo). Total de 240 (60 + 60 +120) carrinhos de pedreiro por meda de composto.

    Peso (kg)Fontes Carrinho de pedreiro Camada de composto Pilha de composto

    Cama de frango 21,29 425,8 1.277,4Capim triturado 1,92 57,6 230,4Capim roado 5,7 85,5 342

    Yoorin 13 39Peso da meda 1.888,8

  • 10

    Esquema 3. Montagem da meda de composto.

    O material a ser compostado deve ser dividido em quatro (4) camadas. Naformao de cada camada coloca-se primeiro o material mais fibroso ou de tamanhomaior. A composio de cada camada da pilha de composto indicada abaixo.

    4a camada Capim trituradoCapim roadoYoorin master

    3a camada Cama de matrizCapim trituradoCapim roadoYoorin master

    2a camada Cama de matrizCapim trituradoCapim roadoYoorin master

    1a camada Cama de matrizCapim trituradoCapim roado

    Tabela 7. Teores de macro e micronutrientes de fontes de matria orgnica.Embrapa Hortalias, 2003.

    Ca Mg K P S Cu Zn Fe Mn BAmostras

    g/kg mg/kg

    Cama deMatriz 29,96 7,98 20,35 18,69 4,67 145,90 214,90 3524,00 357,20 34,39

    CapimNapier 6,53 3,14 13,15 1,92 1,08 11,00 48,80 1444,0 92,20 10,47

    Braquiria 8,93 2,68 3,88 1,65 2,74 8,40 13,10 5465,0 96,60 19,44Composto1* 46,24 8,46 9,69 12,09 7,70 54,80 182,40 33366,0 648,70 41,87

    Composto2** 73,85 11,38 17,83 17,86 8,78 69,50 245,70 21876,0 656,60 70,28

    CompostodeFarelos

    55,14 12,74 12,38 16,49 17,67 29,30 80,80 7449,0 398,60 26,92

    EstercoBovino 8,70 5,32 13,78 5,08 13,11 27,50 55,50 132540 444,0 31,40

    * Composto 1 cama de matrizes de aves pobre** Composto 2 cama de matrizes de aves rica

  • 11

    Adubao verdeA prtica de adubao verde consiste no aproveitamento de plantas

    cultivadas ou crescidas esporadicamente no prprio local ou importadas de outrarea, deixadas, preferencialmente, na superfcie do solo, com a finalidade depreservar e/ou melhorar a fertilidade das terras agrcolas (Chaves & Calegari, 2001).O uso de plantas leguminosas como adubo verde so fundamentais em sistemasorgnicos de produo, pois permitem a melhoria das condies qumicas, fsicas ebiolgicas do solo, destacando-se a fixao biolgica de nitrognio, elementoessencial ao crescimento das plantas.

    A terminologia adubao verde est fortemente associada aplicao deespcies de plantas da famlia das leguminosas, pelo benefcio adicional da fixaobiolgica de nitrognio. Mas hoje j so usadas espcies de outras famlias deplantas que tambm possuem potencial de uso como espcies de adubos verdes.

    Levando-se em considerao a cultura comercial, a adubao verde pode serclassificada em: adubao verde em rotao (plantio de espcies de adubos verdesno vero ou inverno, cobrindo o solo por um perodo de 4 a 6 meses, prticautilizada no preparo de solo no cultivo de plantas perenes), adubao verde emconsrcio (adubo verde plantado em consrcio com a cultura principal), adubaoverde em sucesso (plantado logo aps a cultura principal), e adubao verde emreas de pousio temporrio (vivel em reas degradadas ou que no estoincorporadas ao processo produtivo) (Guerreiro, 2002). Cabe complementar, que asespcies de adubos verdes podem ser usadas isoladamente ou em conjunto(coquetel). O coquetel de adubos verdes a mistura de espcies pertencentes adiferentes famlias, que possuam diferentes hbitos de crescimento (arquitetura daparte area) e ocupam diferentes estratos do solo (desenvolvimento do sistemaradicular).

    A seleo e o manejo da espcie de adubo verde a ser plantada, dependerdo objetivo pretendido. Na maioria das vezes, procura-se espcies de crescimentorpido, com boa cobertura do solo e com grande produo de biomassa vegetal.Geralmente, a incorporao realizada na poca do florescimento, perodo de maiorproduo de biomassa e fixao de N. Para obter material de decomposio maisrpida, fazer incorporao antes do florescimento e para obter material dedecomposio mais lenta, deixar as espcies em p mais tempo. A produo dematria fresca, seca e extrao de nutrientes da parte area de algumas espciesde adubos verdes so apresentados na figura 1 e tabela 8, respectivamente.

    Algumas espcies de adubos verdes apresentam tolerncia acidez do solo,dentre elas destaca-se o feijo bravo do Cear (Canavalia brasiliensis), o feijo deporco (Canavalia ensiformes) e mucuna preta (Mucuna aterrima). As espcies deadubos verdes apresentam comportamentos diferentes, de acordo com o ambiente.No vero, as principais espcies de adubos verdes mais utilizadas so: mucunapreta (Mucuna aterrima), Crotalaria juncea, Crotalaria ocroleuca, Crotalariaspectabilis, Crotalaria paulina, feijo-de-porco (Canavalia ensiformis), guandu(Cajanus cajan), girassol (Helianthus annus), milheto (Pennisetum glaucum) e sorgoforrageiro (Sorghum bicolor). No inverno, as principais espcies utilizadas so: aveia

  • 12

    preta (Avena strigosa Scheb), nabo forrageiro (Raphanus sativus), ervilhaca (Viciasativa) e ervilha forrageira (Pisus arvense).

    Na agricultura orgnica, muitos produtores tm manejado as adubaes deforma similar ao sistema de agricultura convencional, realizando a mesma freqnciade adubao. Entretanto, deve-se considerar que os adubos orgnicos so fontespouco solveis e muitos apresentam liberao lenta de nutrientes para as plantas.Desta forma, aplicaes freqentes de adubos orgnicos em culturas de ciclo curto,como o caso das olercolas, podem no apresentar os resultados esperados,sendo aproveitados apenas pela cultura seguinte. Considerando este fator, oolericultor orgnico, dependendo das condies do solo, pode substituir asaplicaes de adubos para cada cultura individualmente por adubaes por ciclos decultivo, envolvendo maior nmero de espcies, reduzindo sobremaneira a mo deobra e os custos de sua propriedade.

    Sob esta mesma tica, a necessidade de aplicaes de adubos em coberturaem sistemas orgnicos de produo de hortalias precisa ser bem avaliada peloprodutor. Em alguns trabalhos realizados pela Embrapa Hortalias com cebola autilizao desta prtica com compostos a base de farelos e microorganismos noinfluenciou na produtividade da cultura.

  • 13

    Figura 1. Produo mdia de matria fresca (a), mdia dos dias necessrios para oflorescimento e produo mdia de matria seca da parte area (b) de espcies deadubos verdes no vero, em Braslia, DF. Espcies com cores iguais no diferemestaticamente pelo Teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade. Embrapa Hortalias,2003.

    Fonte: Saminz et. al. (2003a).

    0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110

    Sorgo Forrageiro

    Nabo Forrgeiro

    Milheto

    Crotalaria juncea

    Feijo de Porco

    Aveia Preta b

    Mucuna

    Gundu Ano

    Crotalaria spectabillis

    Feijo Bravo do Cear

    Produo de Matria Fresca (t/ha)

    a

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    Sorgo

    Forra

    geiro

    C. ju

    ncea

    Feij

    o de P

    orco

    Aveia

    Preta

    Milhe

    to

    Nabo

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    ha)

    0

    40

    80

    120

    160

    Flor

    esci

    men

    to (d

    ias)Matria seca Florescimento

    b

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    Tabela 8. Teor mdio e acumulao total de nutrientes na parte area de diferentesespcies de adubos verdes, cultivadas no vero de Braslia, Embrapa Hortalias, 2001.

    N P KESPCIE Teor Total Teor Total Teor Total

    (g/kg) (kg/ha) (g/kg) (kg/ha) (g/kg) (kg/ha)Guandu ano 42,97 A 277,50 B 3,75 A 24,20 E 23,12 B 149,32 CCrotalaria juncea 40,80 A 461,80 A 4,50 A 50,76 B 19,83 B 222,48 BFeijo-de-porco 37,64 A 415,30 A 3,10 B 34,20 C 23,27 B 256,53 BCrotalaria spectabilis 32,90 B 103,68 C 3,89 A 12,19 F 25,81 A 80,84 CFeijo-bravo-do-Cear 30,83 B 163,65 C 3,38 B 17,80 F 31,74 A 167,09 CMucuna preta 26,68 C 119,81 C 3,17 B 14,23 F 28,79 A 129,31 CNabo forrageiro 17,75 D 134,69 C 3,67 A 27,43 D 23,23 B 175,01 CAveia preta 14,90 D 146,48 C 3,74 A 36,69 C 20,09 B 197,73 CMilheto 13,75 D 96,65 C 4,23 A 39,82 C 20,29 B 193,39 CSorgo forrageiro 10,33 D 245,87 B 3,33 B 78,18 A 14,13 C 335,24 A

    C.V. (%) 10,61 15,40 10,27 14,89 13,30 21,86ESPCIE Ca Mg S

    Feijo-de-porco 29,74 A 327,60 A 4,49 C 49,48 C 0,40ns 4,38 AFeijo-bravo-do-Cear 27,91 A 147,30 C 4,16 C 22,17 E 0,35ns 1,73 BCrotalaria juncea 22,90 B 257,20 B 7,28 A 82,20 B 0,37ns 4,15 ACrotalaria spectabilis 21,11 B 65,73 D 4,24 C 13,28 F 0,34ns 1,06 BNabo forrageiro 17,78 B 136,26 C 4,96 B 37,71 D 0,32ns 2,42 BGuandu ano 10,23 C 66,04 D 3,38 D 21,81 E 0,38ns 2,43 BMucuna preta 10,18 C 45,97 D 3,28 D 14,65 F 0,36ns 1,60 BMilheto 5,95 C 56,63 D 3,74 C 35,46 D 0,34ns 3,10 AAveia preta 4,95 C 48,70 D 2,36 D 23,15 E 0,40ns 3,89 ASorgo forrageiro 3,80 C 89,18 D 5,42 B 125,35 A 0,15ns 3,68 A

    C.V. (%) 22,81 23,23 14,59 12,67 26,90 25,36Cu Zn Mn

    ESPCIE Teor Total Teor Total Teor Total(mg/kg) (g/ha) (mg/kg) (g/ha) (mg/kg) (g/ha)

    Milheto 16,30 ns 154,98 24,38 A 228,14 B 27,14 A 256,93 BAveia preta 5,30ns 52,68 22,26 A 219,06 B 40,89 A 384,30 BGuandu ano 21,75ns 139,61 18,04 B 116,53 C 28,24 A 182,35 CCrotalaria juncea 24,35ns 277,06 16,77 C 191,90 B 27,46 A 311,41 BSorgo forrageiro 10,48ns 247,27 14,22 C 335,20 A 21,50 B 512,30 ANabo forrageiro 15,08ns 108,48 14,07 C 107,25 C 18,41 B 142,80 CFeijo-de-porco 17,33ns 196,08 13,33 C 147,81 C 32,57 A 358,60 BCrotalaria spectabilis 25,18ns 80,39 13,12 C 41,92 D 16,87 B 54,57 CFeijo-bravo-do-Cear 23,88ns 127,44 11,88 C 62,46 D 34,99 A 186,71 CMucuna preta 26,35ns 117,42 10,11 C 45,23 D 11,62 B 42,35 C

    C.V. (%) 48,35 68,06 13,34 18,16 30,84 33,65ESPCIE Fe B MS**

    Fejo-bravo-do-Cear 519,17 A 2.725 B 27,71 A 145,90 C 5,22 DMucuna preta 477,27 A 2.135 B 27,58 A 97,03 D 4,49 DFeijo-de-porco 356,88 A 3.999 A 32,52 A 359,05 A 11,40 BCrotatalaria juncea 355,02 A 3.934 A 25,23 A 285,60 B 11,31 BCrotalaria spectabilis 311,40 A 949 B 33,98 A 107,27 D 3,14 DGunadu ano 226,42 B 1.458 B 23,10 A 149,32 C 6,46 CAveia preta 221,85 B 2.175 B 21,71 A 71,88 D 9,86 BMilheto 202,28 B 1.919 B 7,23 B 66,78 D 9,46 BNabo forrageiro 176,08 B 1.331 B 22,67 A 171,68 C 7,56 CSorgo forrageiro 162,25 B 3.833 A 7,08 B 170,35 C 23,54 A

    C.V. (%) 43,65 42,40 40,03 19,88 15,28

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    * Valores seguidos de letras iguais dentro da coluna no diferem entre si pelo teste de Scott-Knott a 5% deprobabilidade; ** MS - Matria seca da parte area (t/ha). Fonte: Saminz et al. (2003b).

    Biofertilizantes lquidosO biofertilizante funciona como fonte alternativa de suplementao de

    nutrientes, via foliar. So aplicados diludos em gua na proporo de 2 a 5%. Entreesses, destacam-se o biofertilizante lquido (esterco de curral fermentado), oSupermagro e o Agrobio.

    O biofertilizante lquido preparado base de esterco de curral fresco egua, na proporo 1:1, fermentado de forma anaerbia em bombonas plsticas.Nomes: Agrobio, Super Magro, Biofertilizante Vairo, efluentes de biodigestor etc...

    O supermagro e o Agrobio so variantes deste processo visando suprirmicronutrientes junto com o biofertilizante. So formados pela mistura demicronutrientes na forma de sais aos materiais orgnicos, juntamente com melao,leite e gua.

    Estes produtos, ao serem absorvidos pelas plantas, funcionam como fontesuplementar de micronutrientes e de componentes inespecficos. Acredita-se quepossam influir positivamente na resistncia das plantas ao ataque de pragas e dedoenas, regulando e tonificando o metabolismo. Revelam potencial para controlardiretamente alguns fitoparasitas atravs de substncias com ao fungicida,bactericida ou inseticida presentes em sua composio.

    Biofertilizante Agrobio (Fernandes, 2002)

    Ingredientes para a primeira semana (para produzir 500 litros do Agrobio)

    200 litros de gua100 litros de esterco fresco bovino20 litros de leite de vaca ou soro de leite3kg de melao

    Modo de Preparo

    Os ingredientes devem ser bem misturados e deixados fermentar por umasemana. A este caldo nutritivo, nas sete semanas subsequentes, so acrescentados,semanalmente, os seguintes produtos, previamente dissolvidos em gua: 430 g debrax ou cido brico, 570 g de cinza de lenha, 850 g de cloreto de clcio, 43 g desulfato ferroso, 60 g de farinha de osso, 60g de farinha de carne, 143 g determofosfato magnesiano, 1,5 kg de melao, 30 g de molibdato de sdio, 30 g sulfatode cobalto, 43 g de sulfato de cobre, 86 g de sulfato de mangans, 143 g de sulfatode magnsio, 57 g de sulfato de zinco, 29 g de torta de mamona e 30 gotas desoluo de iodo a 1%.

    Nas quatro ltimas semanas, so adicionados 500 ml de urina de vaca. Acalda deve ser bem misturada duas vezes por dia. Aps oito semanas o volumedeve ser completado para 500 litros e coado.

  • 16

    So indispensveis para produo do Agrobio em maior escala, os seguintesmateriais: caixa dgua de plstico com tampa e capacidade de 500 litros; bancadade concreto ou madeira; conexes de 2 polegadas; p; baldes; tela e peneira paracoagem.

    A Agrobio pronto apresenta cor bem escura e odor caracterstico de produtofermentado, pH na faixa de 5 a 6. A anlise qumica do biofertilizante fornece osseguintes resultados: 34,69 g/l de matria orgnica; 0,8% de carbono; 631 mg/l deN; 170 mg/l de P; 1,2 g/l de Ca e 480 mg/l de Mg, alm de traos dos micronutrientesessenciais s plantas. O seu uso isento de riscos sade, uma vez que os testesmicrobiolgicos, at hoje conduzidos, mo detectaram coliformes fecais, bactriaspatognicas e toxinas.

    Recomendaes de uso

    Na produo de mudas tratamento preventivo com Agrobio a 2% (20mililitros do Agrobio para um litro de gua), atravs de pulverizaes foliares.

    Hortalias folhosas aps o transplantio das mudas, tratamento preventivocom Agrobio, atravs de pulverizaes foliares semanais, na concentrao de 4%(40 mililitros do Agrobio para um litro de gua) ou, ainda, duaspulverizaes/semana a 2%.

    Hortalias de frutoa) Cultivo orgnico em sistema protegido (estufas) tratamento preventivo

    atravs de pulverizaes foliares semanais com Agrobio a 4% (40 ml/l).b) Cultivo convencional a campo tratamento preventivo atravs de

    pulverizaes foliares semanais com Agrobio a 4% (40 ml/l).

    Culturas perenes Inicialmente, so recomendadas quatro pulverizaesfoliares com Agrobio a 4% (duas aplicaes a intervalo semanal, seguidas de maisduas pulverizaes quinzenais) devero ser feitas aps podas, colheitas e estressehdrico.

    Anlises qumicas de tecidos foliares, com a possvel freqncia, soindicadas para monitorar os teores de micronutrientes das culturas perenes.

    Para hortalias exigentes em micronutrientes como repolho, couve-flor,brcolos, tomate e alho, os biofertilizantes so alternativas interessantes parafornecimento complementar ou como fonte nica destes nutrientes nos sistemasorgnicos de produo.

    Concluses

    Entretanto, o uso dos biofertilizantes na olericultura orgnica ainda necessitade estudos efetivos para se entender sua atuao e definir formas e pocasadequadas de aplicao. Souza et al. (2002) avaliaram o efeito do Agrobio sobre aproduo de mudas de alface. Foram comparados trs cultivares de alface (Elisa,Lvia e Regina) em quatro concentraes do biofertilizante (0, 2, 4 e 6%), aplicados

  • 17

    semenalmente. A cultivar Elisa apresentou maior crescimento, com maior pesofresco e seco da parte area. O efeito do Agrobio s foi observado para o peso secodas razes. Neste trabalho, provavelmente, no foi observado o efeito do Agrobio,pois foi utilizado um substrato comercial, que geralmente possuem quantidades denutrientes suficientes para o bom desenvolvimento das mudas, isto no inviabiliza aaplicao de biofertilizantes para substratos orgnicos, que possuem menoresconcentraes de nutrientes, alm de liberao mais lenta dos mesmos. A ausnciade significncia tambm pode ser atribuda a fitossanidade das mudas, pois noocorrendo pragas e doenas, no possvel verificar o efeito do biofertilizante.Novos estudos devem ser realizados para recomendao do uso de biofertilizantesna produo de mudas de alface e outras hortalias, em substratos orgnicos.Aldrighi et al. (2002) tambm no encontraram efeito da aplicao de diferentesconcentraes do biofertilizante supermagro e urina de vaca em mudas de tomateem substrato formado por vermicomposto bovino (70%) + casca de arrozcarbonizada (30%) e atriburam a ausncia de significncia aos aspectos nutricionaldo substrato e fitossanitrio das mudas.

    Outras fontes de nutrientesEm alguns casos necessrio complementar a adubao orgnica com

    nutrientes ausentes ou pouco disponveis na fonte, e que limitaro a plena atividadebiolgica do solo e das plantas. Entre esses elementos destacam-se o potssio,magnsio, clcio e o fsforo, principalmente nas condies brasileiras. Os principaisprodutos utilizados como fontes destes nutrientes em cultivos orgnicos so: Calcrios (calctico, magnesiano e dolomtico). Fosfatos naturais e semi solubiizados, farinha de ossos, termofosfatos, escrias e

    outras fontes com baixa solubilidade. Minerais de rocha modos que sejam fontes de clcio e/ou magnsio, fsforo,

    potssio,e outros elementos. Cinzas vegetais e resduos de biodigestores. Hmus de minhoca, guanos e turfas. Tortas e farinhas de resduos vegetais e animais.REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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