M. Casanova ComPreenDer Heidegger

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  • Anotaes sobre Compreender Heidegger de Casanova1

    I Heidegger de Ser e Tempo.Heidegger quer desconstruir a superfcie da tradio, com a sua fenomenologia hermenutica, para alcanar a experincia originria do ser, que est diludo naquilo que a tradio pe. A fenomenologia, ento, em Heidegger, deve ser reformulada para garantir esse retorno s experincias originrias do ser. A partir deste ponto se encontra facticidade e ontologias histricas como pivs da fenomenologia hermenutica e do movimento desconstrutivo (destrutivo). Da tambm a necessidade de um jargo filosfico diferenciado daquele da filosofia de seu tempo, algo que garantiria o retorno e a destruio da superfcie da tradio.Conceitos importantes dessa primeira etapa do pensamento heideggeriano:- vivncia- historicidade- facticidade- teoria como modo de ser- destruio/desconstruo- tradio (a priori) ou as camadas da tradio que se encontram nos comportamentos fticos do ser-a

    O projeto de Ser e tempo a ontologia fundamental, que consiste em perguntar sobre aquilo em que se assentam as ontologias: o ser dos entes. A partir disto, h trs subprojetos: a destruio da histria da ontologia, a hermenutica da facticidade e a analtica existencial. Todas se coadunam a partir da questo do ser.

    A tradio e a historicidade da questo do ser acompanham Heidegger em suas reflexes sobre a destruio da histria da ontologia. A tradio se apresenta em dois plos: um 1 Referncia completa: CASANOVA, Marco Antonio. Compreender Heidegger. Srie Compreender. Petrpolis: Vozes, 2009.

  • de possibilidade e outro de obstruo, de possibilidade (coadunada noo de instante) de todo e qualquer pensamento atual, que se fundamenta no passado e tem os seus horizontes possveis determinados por ele2, e de obstruo de sentido derradeiro do ser pelo espao de obviedade gerado pela tradio, o qual torna o pensamento imediato acrtico, encurta o horizonte essencial da questo e obscurece as novas possibilidades de problematizao3. no mundo ftico que se presentam (fazem presente), do, as sedimentaes de sentido do ser (seus mltiplos sentidos); assim, a filosofia aparece como expresso de seu mundo, algo caracterstica da virada heideggeriana da filosofia prtica, que agora aparece como a expresso do ente finito do homem em relao quilo que ele pode, de fato, vincular-se: outro ente finito.

    A unidade, o particular, a facticidade e o universal, o ser do ente, que se d nesta facticidade do ser-ai do homem no mundo.

    Dois pontos essenciais de Ser e tempo:1) A partir da noo grega de ousa4, a noo de que o ser s pode

    ser pensado como um suporte no horizonte temporal: a temporalidade do ser.

    2) A manifestao do ser como presena.Mais fundamental que a questo do ser na ontologia, como despontamento histrico, a facticidade do ser-a como campo interferencial na questo do ser5: da crtica-desconstruo hermenutica da facticidade.

    2 Quer dizer, apesar de todas as minhas possibilidades serem possveis apenas pelo passado, de certo modo determinadas por ele, atravs dele, no instante, o aqui e agora, que eu decido: sou capaz de pensar isto ou aquilo, de fazer tal ou qual coisa, que tem o seu significado, e assim por diante.3 Quer dizer, tudo o que se apresenta para mim, aqui e agora, me parece to bvio que seria indiferente que eu o criticasse, de tal modo que o aceito passivamente e o deixo operar como um significante-mestre, por assim dizer.4 Termo traduzido pelos filsofos medievais como substantia, para manter a idia de algo que sempre apesar das modificaes contingentes e acidentais, de superfcie: aquilo que sustm, est sob. Este termo adquire feies particulares em cada um dos filsofos: algumas interessantes so, por exemplo, encontradas em Locke, Berkeley e Leibniz.5Quer dizer, as crises do ser-a determinam a prpria questo do ser, como se ver com os conceitos de angstia, tdio etc.

  • Para articular a destruio histrica da ontologia e a hermenutica da facticidade e dar-lhes uma direo, , sobremaneira, necessrio um ente mergulhado na facticidade incontornvel de seu mundo, ao mesmo tempo em que seja marcado por uma relao originria e indissolvel com o ser (pp. 86-7), qual seja, o ser-a (Dasein)6. A destruio da histria da ontologia a partir do fio condutor da questo do ser e a hermenutica da facticidade confluem, portanto, para a analtica do ser-a (p. 88). a partir do Dasein e da anlise do modo de ser desse ente7 que se pode perguntar: o que o ente?.

    O paradoxo do conceito de mundo em Heidegger solucionado pelas tonalidades afetivas.

    O domnio da ditadura do impessoal veicula o sentido subjacente aos campos de uso dos entes, pelos quais se movimenta o ser. Pela compreenso, vinculada ao carter de poder-ser (de possibilidade) do ser-a, pode ser interpretado, ento, esse sentido.

    Viso de mundo, para Heidegger: mundo ftico compartilhado8.

    O ser-a s existe em virtude do mundo; em virtude do impessoal que constri o seu projeto existencirio; e em virtude de seu carter indeterminado de poder-ser que toda esta situao se baseia.

    A primeira parte de Ser e tempo uma teoria do discurso (do mundo).

    6 Isto , a prpria questo do ser pensada a partir desse ente particular que o ser-a e a sua modulao com a ontologia e os projetos de mundo.7 Esse o projeto mesmo da analtica existencial, que, em Sartre, tem outros rumos: uma psicologia.8Aqui a grande influncia de Dilthey se mostra claramente no pensamento de Heidegger.

    Campo de uso dos entes

    Possibilidades do

  • Os utenslios (do campo de uso dos entes) aparecem como tais por estarem imersos num campo referencial utensilar.

    Tudo isto a vida do discurso (p. 117).Ao desempenharmos a mais mnima de nossas competncias

    existenciais, damos voz a uma possibilidade discursiva do mundo [...] porque eles [caminhos existenciais] [...] atualizam possibilidades significativas dotadas de sentido que j se encontram desde o princpio presentes na facticidade (p. 117)9.

    9 o j-a o a priori em relao ao ser do ser-a.

    Facticidade aberta originariamente de maneira dispositiva

    Compreenso como abertura interpretao e desdobramento do ser do ser-a

    Campo existencial como campo dispositivo-compreensivo

    Campo de realizao do poder-ser do ser a (campo existencial)

    Estruturas gramaticais, indiciais e sintticas (do mundo sedimentado: significncia e ditadura do impessoal)

    Compreensibilidade do ser-a

    Interpretao

    Sentido

    Totalidade significativa (significaes)

    Discurso (articulao da compreensibilidade do a, por ser fundamento)

    Descerramento do ser-a no mundo

    Ser-no-mundo

    Significncia

    Mundo

    Ditadura do impessoal (os mobilizadores estruturais sedimentados / os em-virtude-

    Dispositiva no sentido de que se dispe, espraia-se.

  • atravs de uma totalidade afetiva10 que se d o descerramento do a ftico11. Ao mesmo tempo em que uma tonalidade afetiva obscurece o descerramento de mundo, constitutivo da dinmica existencial do ser-a, ela pode trazer uma supresso desse obscurecimento atravs da tonalidade afetiva fundamental: a angstia.

    TEMOR ANGSTIA- Est relacionado a um ente intramundano que possa produzir dano a algo que o ser-a julgue ser (em certo sentido, s prprias possibilidades do ser-a).- Nasce em sintonia com a prpria imerso inicial do ser-a no mundo das ocupaes cotidianas.- No representa nenhuma quebra que surge do interior da

    - No possui relao com nenhum ente intramundano que se destaque do interior dos campos de uso12 cotidiano.- Carter de ameaa.- O ante-o-que no um ente de regio determinada, mas o prprio modo de ser do ente que recua: o carter de poder-ser do ser-a.- Dimenso de recuo.

    10 O termo tonalidade afetiva j demonstra o seu funcionamento: que h uma sintonia entre ser-a e mundo e que essa sintonia se demonstra na tonalidade efetiva, assim definindo, cada tonalidade afetiva, um modo de relao entre o ser-a e o ser dos entes em geral.11 Uma das ideias mais importantes do primeiro Heidegger.12 Campos de uso dos entes.

  • imerso do ser-a no mundo, que lhe possibilita compreender a si mesmo ou aos outros entes.- Dimenso de recuo.Proteo contra a situao ntica.

    - Carter de fuga.- O ante-o-que o ser-no-mundo.O ante-o-que completamente indeterminado (a totalidade conformativa irrelevante); o nada.

    fugindo de si que o ser-a se encontra: mergulhado no impessoal que ele o faz: [...] a imerso no impessoal convida a uma retenso [sic] da decadncia e a uma permanncia incessante na semntica do mundo ftico cotidiano (p. 124).

    O nada aparece como articulado angstia, como o seu ante-o-que, quando o mundo possui carter de completa insignificncia (Heidegger, Ser e tempo, p. 124)., porque o ante-o-que da angstia a indeterminao do ser-no-mundo enquanto tal. tambm a partir desta imerso no impessoal que o carter indeterminado de poder-ser do ser-a obscurecido; as orientaes sedimentadas do mundo, contudo, fundamentam os comportamentos realizadores de seu ser, sob pena do esquecimento de seu carter de poder-ser (indeterminao): o modo de ser cotidiano o discurso impessoal, de uma ek-sistncia (ser-para-fora) de fuga de si. A fuga, todavia, apresenta-se como realizao desse modo de ser e no uma transformao dele.

    O ante-o-que da angstia aquilo de que o ser-a sempre fugiu: o seu (real) si-mesmo ou ser carter inexorvel de poder-ser. A angstia rearticula o ser-a com esse seu carter de poder-ser (a nica determinao do ser-a, que , contudo, indeterminada).

    Com a angstia, O discurso cotidiano esvai-se, e, com ele, tambm a nossa capacidade de interpretao existencial (p. 126) [lembrar dos diagramas precedentes]. Isto aponta para a perda da significao dada pelo mundo.

  • Apesar de o ser-a se encontrar frente ao nada (a insignificncia ntica ou dos entes), os entes ainda continuam existindo frente ao ser-a; o que est em jogo uma modulao da compreenso: uma transformao especfica da projeo compreensiva do poder-ser [o prprio projeto existencirio] a partir de em-virtude-de e significncia (p. 126), onde a questo cai sobre a noo de em-virtude-de.

    No um saber sobre os entes e seu uso que guia o ser-a na projeo compreensiva de seu campo existencial, mas o encontro de mobilizadores estruturais de seus projetos, os quais so em virtude do mundo ftico sedimentado: os campos de uso [mais do que fornecer as significaes dos entes intramundanos em seu interior] funcionam como espaos de veiculao e publicizao de compreenses medianas e hodiernas de nosso ser-a atual (p. 127). Quer dizer, os campos de uso nos confrontam com a tradio e os sentidos herdados dessa tradio que ainda atuam hoje.

    Os conceitos abstratos tambm provm do mundo e da condio de jogado no mundo do ser-a.

    Os mobilizadores estruturais que armam os campos de sentido (p. 127), dentro dos quais os entes podem ser significados. O domnio do impessoal determina os comportamentos do ser-a de diversos modos.

    Como, para Heidegger, o ser-a no tem essncia a priori, mas um ser essencialmente articulado com o seu existir, antes de sua dinmica existencial, o ser-a essencialmente nada e tudo o que ele precisa ser por ele conquistado como um modo de ser (p. 128). Uma responsabilidade prpria do ser-a, mesmo que possa ser transferida ao mundo, algo que custa a autenticidade mesma do agir. Essa a responsabilidade por seu poder-ser, com o qual o ser-a est desde sempre confrontado; esse o cuidado como o modo de ser do ser-a: tanto a responsabilidade quanto a desonerao dela so modos de o ser-a cuidar de seu ser (isto , agir a respeito da responsabilidade de seu prprio agir).

  • O cuidado s possvel atravs da angstia.O nada acompanha o ser-a e o seu carter de poder-ser. A

    concretude do ser-a operar a dinmica existencial de que ele . Tudo isto revelado apenas atravs da angstia.

    A possibilidade mais prpria ao ser-a aquela que aponta para a finitude desse ente mesmo, que o seu carter de ser-para-a-morte: a morte como nico elemento da existncia como um todo (p. 130). O ser-para-a-morte a antecipao do poder-ser do ente, cujo modo de ser a prpria antecipao (p. 130), isto , do modo de ser do ser-a: o ser-a ANTECIPAO isto o que significa ser-para-a-morte. A morte se estabelece, assim, como constituinte do ser-a articulada a seu carter de poder-ser, que uma abertura indeterminada.

    A morte a uma daquelas outras estruturas que dizem respeito ao fenmeno da singularizao do ser-a e que deixam a incontornabilidade do ser-a: no caso da morte, com a assuno plena de sua responsabilidade.

    O carter de poder-ser do ser-a a sua condio mesma de ser-no-mundo e, por isto, ser um ser finito em sua determinao fundamental. Isto se articula com a sua retomada da fronsis e da sofa, quando diz que a um ente finito s se pode relacionar outro ente finito. No se deve a partir disto entender que a finitude faa parte da essncia do homem, como uma propriedade sua, algo que ele possua: o ser-a no , em si, mortal; ao contrrio, a morte um risco desde sempre, em constante ameaa ou possibilidade, que s se mostra quando o ser-a a conquista existencialmente, quando se torna uma experincia existencial e, por isto, quando ele antecipa. Assim, ela est relacionada ao modo ek-sttico (modo de ser-para-fora) do ser-a e no a algo interior ao seu ser e assim por diante.

    [...] s a partir da antecipao da morte que o ser-a passa a se realizar plenamente em sintonia com todos os existenciais que lhe

  • so constitutivos (p. 132). E esta realizao, no momento em que se d, traz o ser-a para uma nova relao consigo enquanto cuidado.

    Toda relao do ser-a com o seu carter de poder-ser envolve a dimenso ontolgica do cuidado, at mesmo numa relao de descuidado (de m-f, como diz Sartre).

    Quando assume o cuidado, o ser-a j est cuidando do prprio mundo ftico, porque a partir dele que o prprio ser-a tem as suas condies de existir e poder-ser.

    Existindo, o ser-a o seu a (p. 133), i.e., o que o ser do ser-a em seu pleno ser (para fora, ek-sistncia) o a no qual ele (se realiza) e a partir do qual se torna, de modo que as suas possibilidades se confundem com as do mundo.

    O ser-a sempre a partir da propriedade ou impropriedade (modalidades de cuidado) agregadas ao seu ser como possibilidade, por ser jogado no mundo. Ele pode, a partir das orientaes significativas da totalidade conformativa (a totalidade de significaes agregada aos campos de uso dos entes), existir em virtude do mundo ftico, repetindo as suas possibilidades, estabelecendo uma sintonia entre seu projeto e o horizonte sedimentado na gramtica cotidiana, seu projetar de seu porvir no instante a partir de uma articulao entre mundo ftico e possibilidades passveis de herana. Assim, acaba por no escutar o seu poder-ser mais prprio e, assim, ser pela impropriedade; mas ele tambm pode fazer o contrrio e ser autenticamente.

    Como cuidado, o ser-a essencialmente antecipando-se (Heidegger apud p. 134).

    A singularizao consiste na suspenso dos mobilizadores estruturais sedimentados, chamados por Heidegger de em-virtude-de, e suspenso de seu papel articulador da existncia do ser-a. O ser-a, na singularizao, deve projetar um campo existencial diverso do que est a, sedimentado, mas isso no quer dizer que a sua relao com o mundo mesmo seja cortada: Ser um ser-a, quer autntica ou inautenticamente, equivale a conquistar o poder-ser que

  • se a partir sempre de possibilidades do mundo (p. 135). Deve-se buscar um caminho de ouro, na singularizao, que esteja entre a absoro total do ser-a na semntica cotidiana, por um lado, e, por outro, a quebra dos laos entre ser-a e seu mundo ftico. Contudo, isto, como se viu, no se pode dar atravs da atualizao (repetio) da semntica cotidiana; ao contrrio, requer outra experincia de temporalidade.A singularizao no consiste num projeto subjetivista, mas na suspenso do discurso sedimentado, de modo que se articule o poder-ser que se para alm dessa tutela do discursiva (de sentido).

    Embora sempre se refira a projetos de mundo anteriores (sedimentados), no atravs do j-dado que o ser-a se singulariza, mas atravs de um relacionamento de desobscurecimento do mundo ftico circundante (na constituio mesma de sua presena), de modo que novos campos de sentido de ser sejam constitudos no mundo.

    O ser-a um ser em dbito; ele originariamente incompleto enquanto poder-ser. por isto que Heidegger diz que o ser-a culpado: no por algo que ele tenha, mas por algo que lhe falta. Esta incompletude no pode, contudo, ser suprida, porque ela, enquanto dvida, que marca o sentido mesmo da noo ontolgica de cuidado (p. 136). E s no processo de singularizao que se pode falar de ser-culpado, j que envolve a dimenso da tomada de uma responsabilidade em relao ao ser do ser-a enquanto poder-ser. Tanto angstia, que confronta o ser-a com seu carter de poder-ser, e a morte, como singularizadora do poder-ser que o ser-a, esto envolvidas em seu projeto de ser-culpado

    O mundo concebido por Heidegger como um campo de sentidos.

    No processo de singularizao, o ser-a se rearticula com a facticidade, modulando os campos de sentido do mundo, de modo que possa comportar-se de maneira adequada em relao aos entes, o que no acontece quando ele est absorvido pela semntica cotidiana.

  • Em toda a ao do ser-a h um relacionar-se com a herana: na deciso h um legado da herana; o ser-a pode, contudo, se legar a si mesmo, livre para a morte, em uma possibilidade herdada, mas, contudo, eleita (Heidegger, Ser e tempo, p. 507 apud p. 139). Essas possibilidades herdades no chegam ao ser-a por meio de nenhum processo cognitivo-historiolgico de anlise e investigao do passado, mas antes muito mais pela assuno do que foi e continua sendo por parte do ser-a enquanto jogado (p. 139), em que o ser-a no se deixa absorver pela ditadura do impessoal (significncia e mobilizadores estruturais sedimentados ou em-virtude-de) e assume a herana de seu tempo, estabelecendo uma dinmica de temporalizao da tradio. Isso no quer dizer, mais uma vez, que ele se desligue de seu mundo ftico; ao contrrio, ele continua ligado a ele e, assim, projeta o seu campo existencial singular, trazendo as possibilidades tradicionais de seu mundo.

    Como vimos, Ser e tempo gira em torno da questo acerca do sentido do ser: a questo acerca da condio de possibilidade de toda e qualquer ontologia (p. 140).

    Quadro 1: Os projetos de Heidegger em Ser e tempoI) Ontologia fundamental: a questo acerca do sentido do ser.

    a) Descontruo da histria da ontologia: buscar o sentido do ser em sua origem, descontruindo os projetos de mundo embasados em ontologias que se apresentam ingenuamente a ns.

    b) Analtica existencial: o sentido do ser s pensvel a partir de um ente que traz consigo a possibilidade de compreender o ser.

    c) Hermenutica da facticidade: toda e qualquer compreenso de ser por parte do ser-a j sempre pressupe a facticidade como horizonte hermenutico incontornvel (afinal, o a do ser-a o prprio mundo ftico

  • e o ser-a tambm compreendido como ser-no-mundo).O ser-a o que articula os trs subprojetos de Heidegger

    entre si e em relao ao projeto fundamental. E a nica possibilidade de articulao se d por meio da dinmica de

    singularizao, que trata de desobscurecer a questo do ser do ser-a obscurecido pela modulao da compreenso de ser

    em compreenso de mundo.De Ser e tempo, contudo, emerge um problema na prpria

    rearticulao disposta pela singularizao entre mundo e histria: da articulao da temporalidade ek-sttica do ser-a humano e a do ser.A partir de seu projeto de Ser e tempo, Heidegger busca trs coisas:1 superar a homogeneizao ontolgica do mundo (em relao ao ser).2 trazer tona o mundo como unidade histrico-temporal.3 articular verdade e historicidade.

    Todo e qualquer mundo mostra-se como uma unidade de sentido (um sentido do ser) que atravessa diametralmente todos os comportamentos dos seres-a em geral e que articula ao mesmo tempo imediatamente o particular (o ser-a jogado) e o todo (p. 141).

    [...] mundo abertura do campo de manifestao do ente na totalidade como transcendncia do ser-a [...] (p. 141).

    Heidegger pensa a mobilidade histrica dos campos de sentido de ser como articulada com a dinmica de singularizao do ser-a. o ser-a que, a partir da projeo de um campo singular de realizao do poder-ser que ele , reconecta o mundo com possibilidades legadas pela tradio e enraizadas originariamente no ser-a, mas soterradas pela presena do mundo ftico. ele que devolve ao mundo ftico a plasticidade histrica que a dele, tornando possvel, ento, o surgimento de novos sentidos do ser (p. 144).

    a partir deste ponto que Ser e tempo fracassa, j que invivel pensar a unidade entre a temporalidade exttica do ser-a e

  • a temporalidade do ser (p. 144); j que o ser-a depende invariavelmente de mobilizadores estruturais medianos; que o ser-a se comporta em dependncia do impessoal; e que o ser-a, sendo o singular, no deve poder alternar a totalidade do mundo, dos comportamentos sedimentos no mundo no pode instaurar numa nova medida para a abertura do ente na totalidade (sentido histrico do ser do ente enquanto tal).

    II Heidegger depois da viragem

    Ser um SUJEITO significa ser a substncia (aquilo que sustm) o ente. OBJETIVIDADE nada mais significa que no o esvaecimento do carter de ser-um-ente do ente. Heidegger critica esse posicionamento.

    O ser-a aparece como aquele que deve guardar a verdade do ser (Carta sobre o humanismo apud p. 147), sendo ele mesmo jogado nessa verdade pelo prprio ser. O ser, nesta etapa do pensamento de Heidegger, aparece como o interpelador do homem, um interpelador que, em seu destino, guarda o prprio mostrar-se do ente em sua luz.

    Heidegger, aps o fracasso, ainda tenta, na preleo Os conceitos fundamentais da metafisica, despertar o tdio profundo como tonalidade afetiva fundamental, que , alm de ontolgica, ftica, histrica, para chegar temporalidade do ser. Mas, acaba fracassando novamente, porque os pressupostos para o despontar de ontologias histricas com unicidade e coerncia ainda so as mesmas de Ser e tempo. Heidegger v, ento, que deve reelaborar a ideia da interpretao das crises histricas do ser-a humano, como ente dotado de um primado ntico-ontolgico inerente hermenutica da facticidade ou a prpria hermenutica. Disto, opera-se a viragem do pensamento heideggeriano, que, contudo, no uma mudana

  • radical, mas uma nova formulao para pensar as questes j pensadas anteriormente.

    O papel do pensador, nessa fase do pensamento de Heidegger, daquele que escuta a prpria histria, o desvelamento e o velamento do prprio ser, isto , o acontecimento apropriativo. A poltica tambm demonstra a sua importncia no pensamento de Heidegger a partir da viragem e passa a ser entendida a partir das relaes entre ser-a e histria e como espao constitutivo das prprias relaes do ser-a no cerne do acontecimento.

    Aps a viragem, o pensamento de Heidegger se desloca do pensar a temporalidade eksttica do ser-a em relao temporalidade prpria do ser, onde o papel do ser-a no seu dar-se no mundo como projeto13, na rearticulao dos campos de sentido sedimentados, da ditadura do impessoal, central, onde o ser-a alcana o pensar sobre o ser, ou melhor, o sentido do ser, via uma tonalidade afetiva14. Desloca-se deste ponto para o papel do acontecimento do a (mundo) em seu dar-se em relao aos comportamentos do ser-a, onde a questo da diferena ontolgica ser colocada no centro e no mais a relao temporal entre um ente tal e o ser, o que se demonstrou invivel em Ser e tempo: o ser no pode ser confundido com o ser da totalidade dos entes (o mundo); assim, a histria deve ser ouvida, ela e o seu poder, o que foi e continua sendo (p. 169), as decises histricas sedimentadas da tradio, que determinam o campo de possibilidades do devir, as ontologias em seu modo de ser na histria.

    Aps o seu envolvimento com o nacional-socialismo, a preocupao de Heidegger passa a ser a prpria histria do ser e a determinao dessa histria no mundo ftico (p. 174).

    Heidegger no considera uma logicidade histrica, de seu devir como necessrio, mas os limites no interior dos quais a histria pode efetivamente se desdobrar. Aqui Heidegger se aproxima de 13 Ekstase enquanto futuro.14 uma concepo acerca da gnese das ontologias, uma concepo que se achava a princpio fundada sobre a pressuposio de que as ontologias s se articulam historicamente a partir das crises do ser-a (p. 125).

  • Hegel, embora tambm se afaste dele: se aproxima na medida em que busca uma histria do ser e se afasta na medida em que expurga a logicidade histrica.

    O ser-a, aps a mudana no acento antes dado aos ekstases temporais ao (novo acento) interior da mobilidade mesma das ontologias, perde a sua posio central: ele no o ponto central sobre o qual se rearticula a histria dos projetos de mundo, mas ainda continua possuindo um lugar especfico, o qual definido em sintonia com a rearticulao do lgos histrico (a possibilidade dos acontecimentos do a).

    Quadro 2: Diferena ontolgicaAntes da viragem Aps a viragem

    - A constituio mesma de campos de sentido sedimentados

    em um mundo ftico que traz consigo uma medida ontolgica para todos os comportamentos do ser-a em geral (p. 176): o mundo no pode concretizar a

    totalidade da possibilidade de ser do ser, sendo apenas uma

    possibilidade de determinao do ser, a qual no se confunde com

    o prprio ser enquanto tal.- Essa possibilidade pode entrar

    em crise, pela instabilidade ontolgica do ser-a.

    - Est no prprio seio do acontecimento do a e o

    problema colocado no mbito do fundamento.

    - No h fundamentaes ltimas.

    - Todo projeto de mundo se assenta sobre um fundamento

    histrico infundado.- Acontecimento apropriativo (Ereignis): procura pensar o

    acontecimento a cada vez histrico do surgimento das

    ontologias a partir de uma dupla apropriao (p. 177): (1) o ser que no pode prescindir do ser-a, pois s atravs deste ente

    que se pode pensar as rearticulaes histrica da

    verdade do ser (p. 177), ente

  • capaz de escutar o dizer histrico e, retroativamente, dar voz ao

    ser (a linguagem a morada do ser). (2) O ser-a no se

    desapropria de si em funo da histria do ser, como em Hegel,

    em funo do absoluto; aproxima-se, antes, do plano

    religioso de Kierkegaard: entrega-se a existncia a Deus e ele a

    devolve transformada o particular no se dissolve no universal. Porm, Deus est suprimido no Ereignis.Aps

    deixar-se apropriar pela histria do ser, o ser-a encontra o seu ser mesmo ao insistir na abertura do a, a determinao de seu ser e de seu poder-ser, j que todo o seu ser s possvel atravs do

    seer mesmo.

    A recusa do ser uma recusa dele prprio enquanto diferena (ontolgica): a diferena entre seer e o ser da totalidade do ente. O ser se deixa apropriar pela histria, a qual carrega a verdade desse ser: uma verdade que ele prprio funda; porm, o ser no se confunde com uma de suas determinaes historiais.

    Retrao do ser: determinao de um fundamento histrico infundado.

    O ser-a apropriado pelo ser guardio e fundador de sua verdade: fundador porque se deixa apropriar pela histria e guardio porque o espao que ele funda compartilhado e, assim, o espao

  • usado pela essncia do ser o cuidado em virtude do ser do ente na totalidade.

    O cuidado, na segunda etapa do pensamento de Heidegger, refere-se ao ser-a como sendo na guarda e na preservao da tenso histrica entre desvelamento do ente na totalidade e retrao do ser (p. 181).

    Ao abdicar-se e deixar-se apropriar pelo ser, no mais o ser-a que define o que o ser; ao contrrio, ele se encontra no cerne de articulaes histricas de um acontecimento: o ser-a no se adianta em relao ao acontecimento apropriativo.

    A fundao da verdade do ser, a partir da diferenciao ontolgica, da renncia a partir da recusa (o acontecimento apropriativo), ela que marca o despontar do a, a medida, como campo existencial, do ser do ser-a. A concepo de Ser e tempo de que o ser-a uma incompletude ontolgica fundamental que se confunde com as possibilidades de ser mantida.

    O solo do a, que se ancora a partir do acontecimento mesmo, a partir da verdade do ser, sem apoio e sem proteo, porque infundado e no pode suprimir tal condio.

    Acontecimento apropriativo no uma estrutura totalmente desprovida de historicidade que poderia ser tomada como uma espcie de princpio constitutivo de todos os projetos histricos em geral sem ter ao mesmo tempo qualquer contato com nenhum deles

    Verdade(vide ndice) Tenso

    histrica

    Retrao do ser

    Desvelamento do ente na totalidade

    (campo de mostrao)

    No vetor tensional entre mostrao e retrao, encontra-se a diferenciao ontolgica

    Aqui o ser determinante e a partir daqui ele se desdobra, porm no h fundamento

    Aqui o ser absorvido pela histria e se mostra como particular e determinado e aqui que se d o despontamento do a e a determinao do ser do ser-a, de seu

    Neste sentido nico, d-se o acontecimento apropriativo

    e

  • em especfico [...] [ele] no nenhum universal a priori [...] No h [...] um particular [...] o ser-a humano sempre se movimenta no interior de um acontecimento apropriativo que decide a medida de seus comportamentos existenciais em geral (p. 183).

    Facticidade agora concebida como momento histrico epocal da concretizao da verdade do ser (p. 183).

    A verdade do seer uma meditao histrica (cf. p. 183). A histria, em Heidegger, no segue um rumo necessrio: o

    acontecimento apropriativo no um espao de possibilidades ainda no atualizadas (p. 185).

    Heidegger fala de um pensamento em transio e de outro incio. Esta ltima expresso remete ideia de aquilo que foi e continua sendo: o novo s se constitui a partir do velho e de sua diferena.

    [...] h sempre algo de paradoxal no novo, uma vez que sua apario mesma acaba por trazer aquilo que ele quer superar e por inseri-lo ao mesmo tempo sub-repticiamente em sua prpria constituio (p. 186).

    [...] a alteridade no se constitui [...] a partir de um posicionamento da mesmidade, mas, ao contrrio, o prprio espao de alteridade que produz ao mesmo tempo a constituio do mesmo e do outro como outro (p. 186).

    Confrontao: pr-se--parte-um-do-outro; dela que surge um como um e outro como outro, o primeiro incio e o outro incio (parece-me, portanto, que deve haver um eixo centrfugo / retornar ao Diagrama 4).

    No h [...] nenhum lugar especfico para o outro incio e o outro incio no possui nenhuma positividade especfica para alm da confrontao com o primeiro incio (p. 187).

    O incio da metafsica se d com a relao inextricvel entre phsis e lgos, na qual o ser se essencializa como ente no campo de

  • mostrao do ente na totalidade e, assim, o ser se desvela como ente (phnon tem parentesco com phsis) na totalidade e ao mesmo tempo est velado como o eixo centrfugo de base (o lgos), determinando as possibilidades de manifestao ou mostrao dos entes, no seu presentar. Isto, na verdade, pr-socrtico e, por isto, anterior prpria filosofia como metafsica, que oriunda da ideia de Plato e da categoria de Aristteles.

    Heidegger dir que a partir da identificao da relao phsis-lgos com a Ideia (Plato) ou com a categoria (Aristteles) opera a decadncia, consumada, ento, em Hegel.

    Para os pr-socrticos, o ser se abre como .Com Plato, com a Ideia, tem-se a antecipao do ser como

    presena de constncia ao que se define pela distncia do campo de mostrao presente, que desprovido de verdade e se constitui pelas mudanas e os acidentes.

    : desvelamento do ser.Com a noo platnica de Ideia, o ser aparece como o

    imediatamente presente, com o que surge e se encontra presente a partir de si mesmo, apagando a dimenso antes presente do velamento, j que aparece como desvelado. A Ideia emerge da calcificao da apario do ente na figura de visualizao. Trata-se de calcificao no acolhimento da dinmica consumada da phsis como emergncia.

    A restrio no se d em referncia ao ser-a e seu modo de ser, como ser-em ou perdurar-junto-a; ao contrrio, est na prpria presena, constituda a partir da abstrao da presentao no desvelado e ao mesmo tempo da conexo originria entre [phsis] (natureza naturada) e [altheia] (desvelamento).

    O incio da metafsica, para Heidegger, se d atravs da modificao da determinao originria do ser do ente na totalidade como phsis.

    A doutrina platnica modifica: Phsis interpretada como consumao da apario.

  • O desvelamento do ser presena.

    O todo se encontra diante de ns.

    O momento constitutivo da presentao em direo ao cerne do desvelamento eliminado.

    Heidegger interpreta a imagem, em Plato, como o ser do ente: a mostrao do ente em seu aspecto, que no a aparncia, mas o seu modo de vir tona, de apresentao. O ente se mostra, ento, se o homem estiver em meio manifestao do ente na totalidade, como o que ele e como ele . Porm, a abertura traz consigo uma multiplicidade de determinaes do ser, de seus modos de ser e de seus modos de se dar; isto pode, mas no deve, ser confundido com as particularidades do ente, que no caracterizam o ente de maneira essencial, mas contingente.

    A ideia aparece ento como condio a priori do prprio ver a coisa, sendo ela algo que sempre se deve ver para tanto e estando ligada apario desse ente. Assim, a ideia, ligada apario, deve ser apreendida para alm da prpria apario. H, porm, uma ciso na apario entre o seu ser verdadeiro (a sua condio de possibilidade) e o que vem tona (particularidade da aparncia sensvel e, por isto, contingente). O aspecto encerra essa ligao ambgua da apario: o aspecto d coisa presena por sua constituio a priori, delimitando-a em seu emergia; assim, no se refere a um aspecto empiricamente criado de definio de caracterstica de um dado gnero de coisa, p.ex., que a coisa possua um aspecto de mesa, de computador e assim por diante.

    Altheia junto aos gregos a delimitao da verdade.Aspecto: ideia/eidos

    O ente na totalidade no vem mais tona na concepo platnica das ideias, na medida em que se retrai para o cerne do velamento e deixar por meio da o fenmeno emergir. A prpria retirada implica um novo tipo de desvendamento e, assim, tambm se presente [...] o ser mesmo transforma-se em presena, na medida em que ele compreendido agora como o ser do ente ou como um

  • ente entre outros (p. 204). Assim, operada uma mudana na compreenso do ser, na determinao do lgos e da altheia a partir do ser, o que ser um marco na filosofia ocidental e para o seu desdobramento posterior. Uma nova tenso, prpria ao conceito pr-socrtico de phsis, entre velamento e desvelamento, , ento, instaurada: desvelamento do ente na totalidade e ocultamento da phsis em si mesma do lugar ao desvelamento da aparncia como o que no (verdadeiramente) e o campo de retrao do ser como espao da presena do sumamente ente (thos), que fundado eterno.

    A linguagem (lgos) em Plato e Aristteles tem um novo papel, que no mais apenas o desdobramento da phsis em sua regularidade, mas ajustado possibilidade de se corrigir aquilo que da linguagem emprico em contraste com a natureza da presena dos entes em seu ser. Eis o primado da lgica em seu despontar-se como disciplina capaz de definir os princpios reguladores de uma tal subsuno [da presena] (p. 205) e o firmamento de um discurso logocntrico, que respeita esses princpios. Assim, a altheia no se articula mais ao desvelamento do ente em sua sintonia com a retrao do ser (p. 205), de modo que o ente encontre unidade em sua dinmica da phsis; ao contrrio, agora ela se define atravs dos princpios discursivos (logocntricos) em relao presentidade do que realmente , do [ntos n], do sumamente ente. A Verdade mostra-se aqui pela primeira vez como [omoosis], como correspondncia entre proposio e coisa ou estado de coisas, o que [...] propicia o surgimento da concepo aristotlica da proposio como lugar da verdade (p. 206). Da a filosofia como metafsica, como o pensar do ser do ente na totalidade e como construo de um saber proposicional, o que d incio ao que Heidegger denomina metafsica produtiva (no sentido maqunico), que culmina na metafsica da tcnica.

  • Para Heidegger, [...] metafsica o acontecimento apropriativo da desapropriao do ser e de concesso de todo poder ao ente (p. 206); a absolutizao do ente.

    A histria, para Heidegger, encerra os limites de seu desdobramento (do presente para o porvir), mas poderia ser absolutamente diferente do que .

    Para Heidegger, o primeiro incio da filosofia marcado pelo esquecimento do ser (a metafsica), que no um esquecimento histrico ou cognitivo, mas um esquecimento do ser pelo ser, pela prpria maneira do ser se dar em sua concretude histrica (rever diagrama 4). E esse primeiro incio tem o seu fim com a supresso de toda e qualquer presena do ser e a reduo do todo do ente a um nada de presena (p. 207), isto , niilismo.

    Diagrama 5: Metafsica da ausncia (leitura heideggeriana de Nietzsche)

    Diagrama 6: o primeiro incio da metafsica e o seu fim

    NIILISMODeus est

    mortoMaquinaoFuncionamento

    Tcnica

    Primeiro incio da metafsica- Ser como ser da totalidade do ente em geral ou sumamente ente.- Esquecimento do ser.- Ida ou categoria como para alm da apario do ente (meta-fsica).- Presena como desvelamento e desvelamento como o que no verdadeiramente.- Campo de retrao do ente como presena do sumamente ente (Deus, thos), fundado e eterno.- Logocentrismo: primado da correo- Verdade como correspondncia entre proposio e coisa.

    Fim da metafsica (Niilismo ou transio para o outro incio)

    - Morte de Deus ou esvaziamento total das categorias metafsicas e a supresso radical da dicotomia entre mundo sensvel e mundo suprassensvel (p. 208).- O mundo o nico mundo que h e no qual tudo o que se d e pode ser.- Morte da Verdade: tudo falso.- Reduo da totalidade (do ser do ente) ao plano ntico (do ente em si).

  • A pergunta da metafsica: o que um ente?, ela j estabelece o primado do ente sobre o ser (p. 211) e, por isto, um esquecimento do ser, j que pressupe alcanar o ser dos entes em geral como um ente supremo o ente dotado da nica presena real (p. 211). Quer dizer, o prprio ser pensado como presena.

    A vontade de poder: na poca do niilismo, tudo se mostra necessariamente como vontade de poder, uma vez que a vontade de poder se constitui como o carter determinante de tudo o que e pode ser (p. 212). Vontade e poder, portanto, esto transformados em sua essncia e designam o princpio ntico de configurao da realidade (p. 211, negrito meu). Mando e obedincia definem as realizaes de vontade e de poder, j que todo vivente para Nietzsche um obediente [ vontade de poder] (p. 212) e isto porque ele j sempre obedeceu luta entre os elementos relacionais que determinam a cada vez o que ele realmente (p. 212). A vontade pensada no interior desse embate originrio, como o mpeto que da surge e, ento, estende-se necessariamente para o mbito de vigncia do poder (p. 212), devido s configuraes de domnio que so da resultantes. Vontade poder e poder vontade (p. 213).

    Diagrama 7: Vontade de poder

    Quadrante de superpotencializao (mais-poder e mais-vontade)

    Horizonte de consumao (apropriao da prpria essncia)

    Vontade

    Poder

  • Para Heidegger, o sujeito moderno aparece como o nico responsvel pela prpria constituio da presena de todos os entes em geral (p. 214).

    O eu enquanto sujeito (hypokemenon) se estabelece como medida da verdade, como o fundamento enunciativo: ele que confere aos entes [...] a sua presena prpria certa e segura (p. 215).

    [...] a gnese da subjetividade moderna implica uma modulao do conceito de verdade como presena constante, porque provm diretamente de uma reduo constante dos entes em geral presena constante do sujeito posicionador das proposies verdadeiras como um todo (p. 215).

    A verdade agora se enraza na autossuficincia do ego cogito cogitatum, o sujeito cognoscente. Assim, a verdade das proposies no est nas prprias proposies, mas precisa de um fundamento anterior, um ponto de partida metodolgico da verdade proposicional: a subjetividade egoica. A razo , portanto, colocada no centro da validao da verdade. O pensar sobre si mesmo dessa moderna concepo de conhecimento traz consigo um primado que colabora com a noo de vontade: antes de querer qualquer coisa, a subjetividade egoica do homem plenamente racional precisa antes querer a si mesma como o princpio de toda e qualquer relao veritativa com os entes (p. 217, grifos meus). De tal modo, a VONTADE DE PODER a consumao da subjetividade moderna (p. 217).

    A razo assegura a certeza, para si, no perodo moderno: a subjetividade moderna se [v] obrigada a querer a si mesma enquanto sede de toda e qualquer determinao do que e pode ser (p. 218), algo que est presente desde a frmula cartesiana bsica (Cogito, ergo sum), passa por Kant e Hegel e chega a Nietzsche, em

  • sua noo de vontade de poder. Neste sentido, a razo, ao querer a si mesma, a prpria medida da verdade.

    A vontade de poder nietzscheana est ligada ainda subjetividade moderna, porque, apesar da extrapolao e suprassuno da vontade, ela deve querer a si mesma; alm disso, ela a condio de tudo o que pode ser. O sujeito, porm, est deslocado: todo sujeito j resultado de um processo de sntese de uma pluralidade de elementos que sempre interferem de alguma maneira no modo de configurao do todo e que se encontram sob o domnio de uma perspectiva determinada pelo poder de impor a sua perspectiva aos outros elementos constitutivos de sua malha complexa e de resistir ao poder desses outros elementos de impingir a sua perspectiva (p. 219). E, assim, tudo se configura como vontade de poder: a queda e o fulgor das coisas; os valores vem-a-ser o que so, sob o mando da prpria vontade de poder. O ser passa a estar tambm sob o mando dessa vontade.

    A subjetividade egoica transformada na subjetividade incondicionada sua autorreflexo, i.e., vontade de vontade ou o querer a si mesma o que autonomiza as prprias configuraes de construes nticas e sua repetio.

    Com a repetio automtica da vontade de poder e o seu fundamento para o exterior, a vontade perde o contato com o consequente de sua produo e, ento, torna-se VONTADE DE VONTADE. Da parte Heidegger para a maquinao, a funcionalidade e a composio.

    : Pro-duo. Fazer. Trazer algo do no-ser ao ser.: Saber fazer que acompanha o fazer (poesis).

    PRODUO TCNICA Produo consistente do ente, em que, no fim, ele aparece

    como . O ente precisa ser interpretado para poder ser produzido.

    A interpretao do ente cria a base necessria para o

  • comportamento produtivo do homem. A interpretao interpela o incio da filosofia dos gregos,

    porque a que se funda a metafsica da presena: ser do ente como presentidade do que se presenta (Heidegger apud p. 223).

    O comportamento tcnico-produtivo, como um projeto de mundo, torna-se, a partir de Plato, normativo no cerne da histria da metafsica.

    O ente em sua totalidade a partir da compreenso tcnica desdobra-se na dinmica da produo.

    Maquinao a interpretao do ente que vige a partir dessa relao entre tchne e poesis. Responde a um fazer-se-por-si-mesmo.

    Na prpria estrutura da produo, h uma pressuposio de elementos categorialmente fundamentais (tchne e poesis), os quais no so produzidos e aos quais se deve submeter, de modo que o prprio processo de produo possa funcionar e o produto se mostrar como o que ele realmente (a finalidade da produo). H, contudo, no prprio cerne do campo de realizao do saber, uma restrio essencial, que no pode fazer falar o que h em seu ntimo, porque a existentia das coisas (pragmata) pressupe aqui incontornavelmente a presena constante de sua essentia (p. 224), algo que s ultrapassado com a modificao radical de fazer na maquinao tcnica contempornea.

    Em sua proximidade com o conceito de vontade de poder, o conceito de maquinao heideggeriano mostra-se [...] como o esquema transcendental a priori de posicionamento do todo e o momento do fazer-se-por-si-mesmo aparece como normativo (p. 225), sendo que esse fazer-se-por-si-mesmo refere-se ao logos da maquinao como estrutura fundamental de todo fazer (p. 225),

  • uma estrutura fundamental que se repete em todo o fazer do ente (eterno retorno do mesmo).

    O ente na totalidade aparece como o campo de maquinao, o qual se encontra sempre em funcionamento, sem se interromper, de modo que as concrees nticas se encontrem cada vez mais indiferentes: a maquinao movimenta para cima o poder, o que leva consigo uma autossuperao daquela subjetividade que deve querer a si mesma antes de qualquer outra coisa.

    A FUNCIONALIDADE o critrio da poca do niilismo (abandono do ser), da subjetividade incondicionada da vontade de vontade, da absolutizao da maquinao como esquema transcendental de posicionamento do ente na totalidade e da supresso de toda e qualquer dimenso ontolgica (i.e., do ser).

    O ente no mais pensado no horizonte do fazer [com a dissoluo da restrio originria e o estabelecimento da conexo de todas as coisas com a essncia do fazer, ambas operadas pela maquinao], mas o prprio fazer imediatamente elevado ao nvel de um princpio ilimitado de constituio do ente na totalidade [...] a entidade, a identidade, a substncia se transformam a em meras construes oriundas da dinmica de realizao do fazer. Com isto, o fazer torna-se maquinao [...] fazeo [...] (p. 225).

    Funcionalidade: a mobilidade do ente na totalidade que se transformou em campo de jogo da maquinao (p. 226), de modo que no h nenhum ente a priori.

    a maquinao abre o espao para um novo tipo de racionalidade, que torna o ente como um todo to calculvel e controlvel [o que remonta a Bacon e Descartes], que toda lida com o ente na totalidade se encontra sempre em funcionamento e nunca se depara com algo como um beco sem sada (p. 226).

  • H um trecho de um texto de Heidegger, chamado A poca da imagem do mundo (em Caminhos da floresta), em que ele define a essncia funcional da pesquisa como o precisar-dispor-se para os prprios resultados como os caminhos funcionais da cincia no s como acmulo dos objetos dominados.

    A cincia [...] pressupe [...] a fixao de um campo ntico particular que precisa surgir necessariamente do esquecimento da copertinncia entre esse campo e uma determinada compreenso de ser ou abertura de ser (p. 227). A positividade das cincias , ento, definida a partir de um campo ntico que assegura a positividade do objeto do qual se trata e ao que se pode, por essa mesmidade, retornar.

    As cincias particulares s podem iniciar por um lado o seu trabalho quando seu campo de objetos est ontologicamente assegurado (p. 228), de modo que o ente se mostre como ente e a positividade em relao a este ente esteja j assegurada. Assim, por outro lado, o ser dos entes em geral pode ser fixado, atravs de pesquisas, como as leis do jogo entre os prprios entes (a lei da gravidade, a lei do comportamento, a lei da inrcia, a lei da conservao de massa, por exemplo). Da o experimentalismo e calculismo da natureza. O prprio ente em sua totalidade tornado asseguradamente calculvel. Para que a tcnica opere uma interveno sobre a natureza, deve haver uma pressuposio ontolgica de que o ente em sua totalidade se d para esta prpria interveno. Esta a requisio a priori da tcnica.

    Os resultados da cincia aparecem no como fins, mas como meios para que outras pesquisas vindouras possam colaborar no domnio sobre a natureza, em sua constituio fenomenal, possibilitando, inclusive, o aprofundamento na constituio atmica do mundo. O funcionamento da cincia, assim, aparece como um processo ininterrupto, onde as crises, no sentido de T. Kuhn, so

  • apenas marcas de um novo incio possvel, de uma nova retomada, de modo que o ciclo jamais se exploda.Funcionalidade:

    Cincia a servio de seus processos de pesquisa;

    Extenso dos campos de controle da cincia.O niilismo est submetido ao ritmo da funcionalidade (p. 229).

    A maquinao e a funcionalidade caracterizam uma abertura do mundo na totalidade, o qual aponta para o mundo da tcnica; assim, esses termos no caracterizam propriamente um projeto de mundo.

    A prpria tcnica comporta, em si, uma transformao ontolgica da natureza, da totalidade do ente e do modo de o ente se dar. A natureza compreendida, no interior do domnio tcnico, como capaz de fornecer energia, uma energia capaz de ser apreendida e armazenada, e no mais como aquilo que subsiste, cresce e vigora por si (concepo de phsis dos antigos). A natureza compreendida como fundo de reserva, o que coloca a tcnica numa relao com a natureza em que no h ponto final de confronto. A natureza tomada como reciclvel, capaz de incessantemente fornecer energia a ser aproveitada, armazenada e distribuda e ela prpria se repor, por seu carter infindo. A requisio da tcnica e a compreenso da natureza como fundo de reserva apontam para a composio (Gestell).

    Com a assuno da tcnica, o homem tem a sua essncia modificada: deixa de ser o sujeito que sempre assume uma vez mais o seu lugar enquanto medida de toda e qualquer determinao dos entes em geral a partir do asseguramento prvio de que ele o lugar de representao acurada de tudo o que e pode ser (p. 232), para ser, ento, apenas aquele que requisita o fundo de reserva (apud p. 232). Assim, o homem totalmente absorvido pela estrutura consolidada da requisio tcnica (p. 232, grifo meu).

    Composio (Gestell) retrata essa subjetividade transcendente subjetividade humana, a responsvel pela absoro

  • do homem na estrutura: composio [Gestell] a subjetividade propriamente dita da requisio tcnica (p. 233). Este conceito apresenta certa semelhana com a ideia de subjetividade de F. Guattari & G. Deleuze.Gestell: subjetividade incondicionada da maquinao funcional (p. 237). O homem deve obedecer a priori a esta subjetividade, de modo a garantir-lhe as condies de manter as suas estruturas de poder no interior do eterno retorno de sua prpria requisio.

    VERDADE: desvelamento e retrao do ser em seu dar-se no acontecimento apropriativo.

    A absolutizao da estrutura tcnica transforma tudo em matria-prima amorfa para a prpria dominao dessa estrutura. Mas, essa estrutura tambm compreende a assuno do homem em seu interior, como aquele que requisita. O homem s sujeito como aquele submetido ao jogo nadificante da subjetividade da tcnica. Assim, niilismo a abertura do ente o acontecimento apropriativo da tcnica maqunica e funcional.

    Metafsica a histria em que o ser no colocado em questo, devido prpria estrutura da questo: t est? que o ente? Por isto, uma metafsica da presena como presena eternamente constante do que (p. 234), presena que, com o fim da metafsica, que o niilismo, no pode mais ser falada.

    A tcnica uma estrutura que gira em torno de si mesma e que, assim, nega o fundo de reserva indeterminado. Ela configura o prprio fim da metafsica e a absolutizao da ausncia, do nada (p. 235), o nada que o vazio de ente e, por isto, determinada por ele e no pelo ser. Assim, niilismo caracteriza o desapropriar do ser no interior de um acontecimento, o qual ainda no a ltima palavra.

    a partir da obra de arte que Heidegger falar de um outro inciom de, por assim dizer, ouvir o ser. [...] a arte se mostra como o pr-se-em-obra da verdade (p. 237). na verdade que o seer se

  • mostra: uma verdade que no adequao entre coisa e discurso, mas o desvelamento do ente na totalidade e ao mesmo tempo retrao do ser no abismo de sua diferena (p. 237), como o espao tensional entre desvelamento e retrao do ser. Assim, a obra de arte emerge como espao no qual uma tenso a cada vez se decide (p. 237). Alis, a verdade tambm mostra a ausncia de fundamento.

    Todas as pocas so marcadas por uma verdade especfica, porque todas elas do voz a um campo de desvelamento e a um mbito de retrao (p. 235). [O ser subdeterminando as pocas recapitula, ao mesmo tempo em que ultrapassa, o hegelianismo].

    O niilismo um modo de dar-se da verdade (p. 238), que suspende o problema do fundamento porque abandona o ser, suprimindo o mbito de retrao do ser: o desvelamento a medida conjuntural do ente e a retrao, ingenuidade metafsica. Da ontologia ser confundida com metafsica e a metafsica, expurgada do discurso cientfico.

    Semntica sedimentada e mobilizadores estruturais ainda so termos presentes na obra posterior de Heidegger, articulando-se ao mundo de uma poca.

    Em cada mundo sempre vem tona o modo como o ser-a humano em uma poca se articula apropriativamente no instante [o aqui-e-agora] com o que foi e continua sendo, ao mesmo tempo em que abre para o porvir novas possibilidades de herana (p. 239).

    As decises do mundo sempre se resolvem na confrontao com a tradio. Porm, toda medida insurgida de decises se absolutiza e se assume como absolutamente infundada: O modo de ser de minha gerao o modo correto de agir perante o mundo ... e assim por diante.

    O esquecimento do ser no contingente, mas constitutivo do prprio modo de acontecer do ser. Isto designado pelo termo errncia.

  • Todo desvelamento do ente em sua totalidade acompanha um espao abissal para alm de todo comportamento em relao ao ente particular. Por isto, h sempre um caminho infinito de anlise atmica de um ente. Quer dizer, um comportamento em relao particularidade de um ente (mtodo analtico) nunca d conta do modo de o ente se dar, que o ente em sua totalidade.

    Arte no conhecimento demonstrativo dos entes em geral, mas repetio da prpria gnese do horizonte de manifestao dos entes em sua unidade concreta de mundo e terra, campo de realizao da reunio de cada coisa e de todas as coisas na tenso entre desvelamento e retrao. Por meio da arte, portanto, Heidegger encontra uma via de acesso ao acontecimento apropriativo e guarda do lugar mesmo de um tal acontecimento (p. 241).

    O artista deixa-se interpelar pela voz do ser, apropriar pelo acontecimento apropriativo (p. 241), concretiando a medida de sua poca e obtendo o que lhe prprio, deixando que a verdade ponha-se em obra. Assim, todo artista [...] necessariamente um homem de seu tempo (p. 241).

    A obra de arte erige um mundo, assentando-se sobre sua terra (p. 242).

  • ndice remissivoC

    Conceitos (I) A facticidade do ser-a como campo

    interferencial na questo do ser 2A morte como um risco do prprio modo

    de ser ek-sttico do ser-a e no como sua essncia mais prpria 8

    A vida do discurso (ftico) 4Angstia e suspenso dos sentidos do

    mundo previamente dados 6Campo de uso dos entes 4Cuidado como responsabilidade do ser-

    a por sua indeterminao (poder-ser) 7

    Ditadura do impessoal e o sentido subjacente aos campos de uso dos entes 3

    Facticidade como particular e ser do ente como universal 2

    Finitude (carter de ser-para-a-morte) como a possibilidade mais prpria do ser-a 8

    Morte como estrutura da singularizao (assuno da responsabilidade de poder-ser do ser-a) 8

    Mundo como abertura do campo de manifestao do ente na totalidade 12

    Mundo como campos de sentido 10Mundo como unidade de sentido 12Nada 6Nada, modulao da compreenso e \

    7O carter inexorvel de poder-ser do

    ser-a e a angstia 6O ser-a como incompletude 10O ser-a o seu a ao existir 9O ser-a sempre se confronta com a

    tradio 11Os mobilizadores estruturais

    sedimentados e as significaes dos entes 7

    Ousa (temporalidade do ser) 2Poder-ser e ser-no-mundo como

    apontamentos da finitude do ser-a 8

    Propriedade e impropriedade do ser-a agregadas ao seu poder-ser, por ser jogado no mundo 9

    Ser como presena 2Ser-a (Dasein) como o ente mergulhado

    na facticidade e capaz de perguntar sobre o ser do ente 3

    Singularizao 9

    Singularizao como modulao dos campos de sentido 10

    Tonalidade afetiva 5Tonalidades afetivas e o paradoxo do

    mundo 3Tonalide afetiva

    temor e angstia 5Tradio e historicidade do ser

    a tradio e seus dois plos 1Viso de mundo 3

    Conceitos (II) A diferena ontolgica a recusa do

    seer como ser da totalidade do ente 16

    A essncia funcional da pesquisa como \ 28

    A estrutura da produo, seus elementos fundamentais, sua finalidade e sua restrio 26

    A fixao de um campo ntico particular como pressuposto da positividade da cincia 28

    A histria encerra os limites de seu desdobramento 22

    A ideia platnica como condio a priori de mostrao do ente 20

    A interpretao de Heidegger da imagem em Plato 20

    A obra de arte como pr-se-em-obra da verdade 30

    A questo da metafsica e o primado do ente 23

    A racionalidade maqunica do clculo e do controle do ente 27

    A subjetividade incondicionada da vontade de poder 25

    A subjetividade moderna como medida da verdade proposicional e presena constante 24

    A tcnica como estrutura que gira em torno de si mesma e a absolutizao do nada 30

    A transformao de tudo em matria-prima amorfa para a dominao da estrutura tcnica, no seio da qual o homem aparece como aquele que requisita, seu sentido de sujeito 30

    A transformao ontolgica da natureza por meio da tcnica - a natureza como \ 29

    A verdade mostra a ausncia de fundamento 31

    A vontade de poder e sua ligao com a subjetividade moderna 25

    Acontecimento apropriativo 17Alethia como desvelamento do ser 19

  • As modificaes operadas pela teoria platnica no pensamento do ser 19

    Aspecto como ideia/eidos 20Asseguramento ontolgico dos objetos

    da cincia, as leis da cincia como leis do jogo entre os entes e experimentalismo e calculismo 28

    Assuno da tcnica e absoro do homem pela estrutura consolidade da requisio da tcnica 29

    Confrotao 18Decadncia (Plato e Aristteles) 19Descentralizao do a na deciso

    histrica do desdobramento do ser 15

    Diferena ontolgica 14Ente na totalidade como campo de

    maquinao 27Facticidade como campo histrico

    epocal de concretizao da verdade do ser 18

    Funcionalidade como colocao do ente na totalidade dentro do campo de maquino, de modo a excluir todo ente a priori 27

    Funcionalidade como critrio da poca do niilismo 27

    Funcionalidade da cincia 29Ge-stell - a subjetividade responsvel

    pela absoro do homem na estrutura e que transcende a subjetividade humana 29

    Histria como no-necessria, mas como limitada para o desdobrar-se do ser 14

    Maquinao (esquema transcendental a priori de posicionamento do todo 26

    Maquinao (fazer-se-por-si-mesmo) 26

    Maquinao como estrutura fundamental de todo fazer 26

    Maquinao e funcionalidade como abertura do mundo na totalidade, apotnando para o mundo da tcnica 29

    Metafsica como acontecimento apropriativo de absolutizao do ente e desapropriao do ser 22

    Metafsica produtiva e Metafsica da tcnica 21

    Mudana na compreenso do ser desvelamento da aparncia como

    aquilo que no e o campo de retrao do ser como espao da presena do Thos 21

    Niilismo como modo de dar-se da verdade (acontecimento apropriativo)

    e o ser, para ele, como metafsica 31

    O cuidado do ser-a como guarda e preservao da tenso histrica entre desvelamento do ente na totalidade e retrao do ser 17

    O incio da metafsica e a relao entre phsis e lgos 18

    O incio da metafsica se d com a transformao da determinao originria do ser do ente na totalidade como phsis 19

    O papel do pensador e da poltica 14O primado da lgica e da correo 21O primeiro incio da filosofia

    metafsica e esquecimento do ser pelo ser, e o seu fim como supresso do ser: niilismo ou metafsica da ausncia 22

    O ser-a como guardador da verdade do ser 13

    O ser-a como guardio e fundador de sua verdade aps ser apropriado pelo ser 16

    Os resultados da cincia como meios e seu funcionamento como processo ininterrupto 28

    Poesis (fazer) 25Razo como medida da verdade

    de Descartes a Nietzsche 24Retrao do ser 16Subjetividade e Objetividade 13Sujeito moderno 24Tchne (saber fazer) 25Verdade - desvelamento e retrao do

    ser em seu dar-se no acontecimento apropriativo 30

    Verdade como omoosis ou correspondncia entre proposio e coisa 21

    Vontade de poder (Nietzsche) 23Vontade de poder como consumao da

    subjetividade moderna 24Vontade de vontade 25\ 18

    Constituio (II) O pensar sobre o ente em sua dinmica

    de transformao do fazer como fazeo (maquinao) 27

    D

    Diagrama 1 Possibilidades do ser-a 3

    Diagrama 2 Campo existencial como campo

    dispositivo-compreensivo 4Diagrama 3

  • Ser-no-mundo e compreensibilidade do ser-a 4

    Diagrama 4 Tenso entre desvelamento e retrao

    17Diagrama 5

    Metafsica da ausncia 22Diagrama 6

    O primeiro incio da metafsica e o seu fim 22

    Diagrama 7 Vontade de poder 23

    O

    O fracasso de Ser e tempo 12O impasse de Ser e tempo

    Da articulao da temporalidade ek-sttica do ser-a humano e a do ser. 12

    O projeto de Ser e tempo 3 objetivos 12

    O projeto e os subprojetos de Ser e tempo Ontologia fundamental

    desconstruo da histria da ontologia, hermenutica da facticidade e analtica existencial 1

    P

    Parte I Heidegger de Ser e Tempo 1

    Parte II Heidegger depois da \ 13

    Q

    Quadro 2 - Diferena ontolgica 153 - Produo tcnica 25 1 - Resumo dos projetos de Heidegger

    e suas respostas parciais em Ser e tempo 11

    V

    Viragem Da relao entre temporalidade do ser-

    a e temporalidade do ser questo da diferena ontolgica e o papel do acontecimento do a como eixo 14