LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE...

14
Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino Oliveira, J. A. Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA, XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478 http://eepe.tmp.br/publicacoes/ _______________________________________________________________________________________ 372 LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE UM PERSONAGEM REAL NO IMAGINÁRIO NORDESTINO Jénerson Alves de Oliveira 1 Licenciatura em Letras/Espanhol [email protected] Resumo A literatura popular possui um importante papel na construção do imaginário do nordestino. Os ícones culturais da região desempenham uma função peculiar nestas produções, transformando-se em construtores da identidade do povo. A figura do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva desponta neste cenário como uma liderança carismática diante das camadas menos favorecidas da população. O presente artigo explora o processo de ficcionalização do personagem por meio da teoria dos atos de fingir, do alemão Wolfgang Iser, em diálogo com a folkcomunicação do brasileiro Luiz Beltrão. Palavras-chave: Wolfgang Iser, imaginário, Luiz Beltrão, folkcomunicação, Lula, poesia popular. Abstract Popular literature is important helping to develop imagination of who was born in northeastern Brazil. The cultural icons of that region are so peculiar in these productions and they work as identity builders to those people. By the way, brazilian former President Luiz Inacio Lula da Silva arose in this context as a charismatic leadership to the poorest sections of the population. This article explores the fictionalization process of the character through the theory of pretending acts, said by Wolfgang Iser, in dialogue with the folk communication of Luiz Beltrão. Keywords: Wolfgang Iser, imaginary, Luiz Beltrão, folk communication, Lula, popular poetry. Introdução É como diz o velho e conhecido ditado: “O povo brasileiro adora um salvador da pátria”. E o presidente Luís Inácio Lula da Silva se encaixa perfeitamente nesse perfil, 1 Estudante do 4º Período do Curso de Letras/Espanhol da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Caruaru (FAFICA). Membro do Grupo de Estudos Literários da Teoria do Imaginário, orientado pelo Professor Mestre Adriano Ricardo da Silva.

Transcript of LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE...

Page 1: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

372

LULA NA LITERATURA POPULAR:

A FICCIONALIZAÇÃO DE UM PERSONAGEM

REAL NO IMAGINÁRIO NORDESTINO

Jénerson Alves de Oliveira1

Licenciatura em Letras/Espanhol

[email protected]

Resumo A literatura popular possui um importante papel na construção do imaginário do nordestino.

Os ícones culturais da região desempenham uma função peculiar nestas produções,

transformando-se em construtores da identidade do povo. A figura do ex-presidente Luís

Inácio Lula da Silva desponta neste cenário como uma liderança carismática diante das

camadas menos favorecidas da população. O presente artigo explora o processo de

ficcionalização do personagem por meio da teoria dos atos de fingir, do alemão Wolfgang

Iser, em diálogo com a folkcomunicação do brasileiro Luiz Beltrão.

Palavras-chave: Wolfgang Iser, imaginário, Luiz Beltrão, folkcomunicação, Lula, poesia

popular.

Abstract Popular literature is important helping to develop imagination of who was born in

northeastern Brazil. The cultural icons of that region are so peculiar in these productions

and they work as identity builders to those people. By the way, brazilian former President

Luiz Inacio Lula da Silva arose in this context as a charismatic leadership to the poorest

sections of the population. This article explores the fictionalization process of the character

through the theory of pretending acts, said by Wolfgang Iser, in dialogue with the folk

communication of Luiz Beltrão.

Keywords: Wolfgang Iser, imaginary, Luiz Beltrão, folk communication, Lula, popular

poetry.

Introdução

É como diz o velho e conhecido ditado: “O povo brasileiro adora um salvador da

pátria”. E o presidente Luís Inácio Lula da Silva se encaixa perfeitamente nesse perfil,

1 Estudante do 4º Período do Curso de Letras/Espanhol da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de Caruaru (FAFICA). Membro do Grupo de Estudos Literários da Teoria do Imaginário, orientado pelo

Professor Mestre Adriano Ricardo da Silva.

Page 2: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

373

principalmente quando da sua primeira vitória, nas eleições de 2012. Com o arquétipo de

nordestino vencedor, Lula encarna em si mesmo a esperança que vence o medo e pretende

colocar o Brasil em novos rumos. Essa ótica é captada e reacesa pelos poetas populares,

responsáveis por uma imensa produção literária de cordéis abordando a chegada do

pernambucano ao Palácio do Planalto. Além disso, temas para cantadores repentistas e

faixas de CDs e DVDs com registros de produções orais sobre essa temática também

entraram em ebulição.

De certa forma, pode-se afirmar que a vitória de Lula trouxe à tona as questões

políticas para a poesia popular. Essa temática havia sido deixada de lado no cordel

principalmente após a morte do ex-presidente Getúlio Vargas e na cantoria no ano 2000,

quando da passagem dos 500 anos de conquista do Brasil. Em ambos os casos, percebe-se

um interregno apolítico, no qual os poetas populares se debruçam em outros assuntos,

inclusive temas jocosos e/ou sentimentais.

Esta pesquisa pretende analisar a representação de Lula para o povo nordestino na

poesia popular conforme está no poema ‘Já que Lula ganhou as eleições’, de autoria do

poeta norte-riograndense Apolônio Cardoso (1938-2014). Mesmo se tratando de um poema

escrito, o autor – por ter sido cantador de viola – imprime na obra as marcas de oralidade

inerentes ao improviso, tornando-se uma espécie de ponto de intersecção entre o repente e o

cordel. O poema, escrito no gênero Martelo agalopado (estrofes de dez versos

decassilábicos), é composto por oito estrofes, e foi publicado no livro ‘Lula na Literatura de

Cordel’, de Crispiniano Neto (IMEPH, 2009). Apesar das poucas estrofes, a obra mantém e,

de certa forma, sintetiza traços da essência de Lula expressa na literatura popular: a do

herói do povo, construindo a imagem de luta por dias melhores. É como se o petista se

revestisse de um poder de efetiva representação, fazendo com que a história do ex-

sindicalista se imiscuísse na trajetória de vida dos integrantes da classe trabalhadora,

inclusive os próprios poetas.

A metodologia empregada para a construção do artigo será eminentemente a pesquisa

bibliográfica, valendo-se de pesquisas desenvolvidas por estudiosos na área do imaginário e

também dos aspectos correlatos aos do estudo em baila. Assim sendo, livros, artigos e

ensaios produzidos tanto acerca do imaginário ficcional quanto da análise do discurso e da

Page 3: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

374

folkcomunicação serão válidos, levando-se em consideração ainda outras produções, as

quais serão devidamente creditadas após a conclusão do trabalho.

No entanto, para compreender esses elementos intrínsecos na literatura popular, será

de ímpar relevância estudar as peculiaridades desse tipo de construção, inclusive a partir da

bibliografia que aborda a temática – a despeito de a mesma ainda ser insuficiente e, por

vezes, anacrônica.

1. Lula: do político ao ‘mito’

“Esse é o cara”. Entrou para a história o comentário do presidente dos Estados

Unidos, Barack Obama, sobre o então presidente do Brasil, Luís Inácio “Lula” da Silva, em

reunião do G-20 ocorrida no dia 02 de abril de 2009 em Londres, Inglaterra. A trajetória de

vida do garoto “criado como num rebanho” (PARANÁ, 2009) em Pernambuco e se tornou

um dos homens mais influentes do planeta é marcada por significados que se espraiam em

diversos ambientes, indo do contexto político ao imaginário popular, sobretudo mediante as

representações do personagem através de obras literárias.

Luís Inácio da Silva nasceu no município de Caetés, semiárido pernambucano, no dia

27 de outubro de 1945. Sétimo filho de “Dona Lindu” e “Seu Aristides”, o garoto veio ao

mundo em uma casa com apenas dois cômodos, cujo chão era de terra batida e não havia

água encanada nem energia elétrica. Do alto dos 07 anos de idade, embarca com a família

em um ‘pau-de-arara’ (caminhão improvisado para transporte de passageiros) para a Região

Sudeste, seguindo um trajeto traçado por milhares de sertanejos que serviram de inspiração

para obras como ‘Vidas Secas’ (Graciliano Ramos) e ‘Morte e Vida Severina (João Cabral

de Melo Neto).

Chegando ao litoral paulista, a biografia de Lula ganha contornos de lutas e vitórias.

Ainda criança, trabalhou como engraxate nas ruas de Santos. Com 14 anos de idade,

conclui o Ginásio (correspondente ao atual Ensino Médio) e ingressa no curso de torneiro

mecânico no Senai.

Esse cenário corresponde ao desenvolvimentismo promovido pelo então presidente

Juscelino Kubistcheck de Oliveira. Montadoras como Scania e Volkswagen se instalam no

ABC Paulista. Como tantos outros nordestinos radicados em São Paulo, Lula transforma a

Page 4: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

375

metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos de idade, o pernambucano

perde o dedo mínimo da mão esquerda devido a um acidente de trabalho. Foi neste mesmo

ano que recebeu o diploma de torneiro mecânico.

Seu envolvimento com a classe sindical deu-se em 1966. A partir de então, seu

processo de politização vai adquirindo maior evidência. Em 1972 foi eleito primeiro-

secretário do grupo. De 1975 a 1978, foi eleito presidente do Sindicato por duas vezes.

Fundou o Partido dos Trabalhadores em 1980 e, três anos depois, estava presente na criação

da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

A primeira repercussão midiática de maior abrangência foi em 1980, quando Lula foi

preso por comandar greves. Sua mãe faleceu no dia 12 de maio daquele ano, enquanto o

filho estava na prisão – só sendo solto oito dias após perder a genitora. Esses episódios,

veiculados pela imprensa, servem para salientar sua presença no ambiente político

brasileiro.

A presença de Lula em campanhas eleitorais tem como marco inicial o ano de 1982,

quando do pleito para o Governo do Estado de São Paulo. Na ocasião, ele perde o cargo

para Franco Motoro (PMDB). Em 1986, foi eleito deputado constituinte. A partir de 1989,

ocorre uma maratona de candidaturas a presidente da República, nas quais ele amarga três

grandes derrotas consecutivas, a saber, para os candidatos Fernando Collor e Fernando

Henrique Cardoso (em 1993 e 1997). Mesmo sem ser vitorioso, ele polarizou todos esses

pleitos, fator que consistiu em elemento preponderante na construção da popularidade

daquele que passou a ser considerado por especialistas como o maior presidente da história

do Brasil Republicano. Isso porque desde 2002 Lula passou a ser sinônimo de sucesso nas

urnas, com uma vitória esmagadora de 53 milhões de votos sobre o adversário José Serra,

sendo reeleito em 2005 na disputa com Geraldo Alckmin e tornando-se peça decisiva na

eleição e reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em 2010 e 2014.

Aproveitando-se de uma conjuntura econômica mundial favorável vivenciada entre os

anos 2003 e 2009, o presidente Lula implementou medidas de distribuição de renda que

provocaram mudanças na sociedade brasileira, mesmo mantendo a orientação

macroeconômica do governo anterior, de caráter neoliberal. Essas políticas possibilitaram a

redução da pobreza sem confronto com o capital (SINGER, 2012, 13). Com essa trajetória,

Page 5: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

376

o Lula ‘si-mesmo’ recebeu uma aura mítica, traduzida no jargão político ‘Lulismo’, que

indica o fascínio exercido pelo líder diante das bases sociais.

“Aos esforços despendidos para entender o lulismo, vale acrescentar a sugestão de

que ele é, sobretudo, representação de uma fração de classe que, embora majoritária,

não consegue construir desde baixo as próprias formas de organização. Por isso, só

podia aparecer na política depois da chegada de Lula ao poder. A combinação de

elementos que empolga o subproletariado é a de expectativa de um Estado

suficientemente forte para diminuir a desigualdade sem ameaça à ordem

estabelecida” (SINGER, 2012, 41).

Page 6: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

377

2. A ficcionalização do político no poema ‘Já que Lula ganhou as eleições’

A literatura de cordel (aqui compreendida em igualdade com o repentismo)

configura-se como uma ferramenta importante na construção da identidade nordestina.

Desta feita, as temáticas que fazem parte do cotidiano popular bailam nessa construção

literária, estruturadas em textos que mediam a oralidade e a escrita, com estreita ligação

com a construção da memória e da identidade. Ao longo das décadas, desde a consolidação

de Lula como eminente liderança sindical, a presença dessa personagem é constante nos

livretos de literatura de cordel e obras correlatas dos poetas populares.

Entre essas produções, o poema ‘Já que Lula ganhou as eleições’ reveste-se de valor

peculiar. O texto, escrito pelo advogado e poeta Apolônio Cardoso (1938-2014), no estilo

martelo agalopado (estrofes decassilábicas de dez versos), apresenta-se como elemento

mediador da literatura e do imaginário popular, inclusive transformando o personagem

principal em uma espécie de projeção dos indivíduos que pertencem às classes menos

abastadas, de certa forma sendo compreendido como uma comparação dos próprios

cantadores. Neste aspecto, é perceptível até mesmo o critério de noticiabilidade do

Jornalismo da proximidade geográfica, por meio do qual a plateia se sente retratada em

outras pessoas (ERBOLATO, 1991).

Os conceitos de real, imaginário e ficcional defendidos por Wolfgang Iser e por Luiz

Costa Lima ancoram a discussão em pauta, dialogando com outras apreciações teóricas, a

exemplo da folkcomunicação, sobretudo por intermédio dos estudos de Luiz Beltrão e José

Marques de Mello.

Convém ressaltar que, para LUIZ COSTA LIMA (2000), a mimese é uma atividade

dialógica. Em outras palavras, a representação existente não representa algo anterior, mas é

resultado de uma troca, ou seja, de um efeito de ir e vir. Essa perspectiva entra em

consonância com as ideias de ISER (1979), o qual compreende a ficção mediante a

articulação ao “imaginário, aos atos de fingir e ao jogo”.

No poema ‘Já que Lula ganhou as eleições’, o autor faz referência direta ao

presidente apenas no primeiro verso (que coincide com o título) e complementa o sentido

Page 7: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

378

da oração no verso seguinte – “o Brasil vai mudar para melhor”. A partir de então, a figura

de Lula não é mais citada, mas aparecem personagens do povo, principalmente anônimos,

como o “operário”, o “índio botocudo” e a “criança”, mas também personagens famosos, a

exemplo de Frei Damião e Padre Cícero, ícones de extrema grandeza na literatura de

cordel. Ademais, o autor emprega a primeira pessoa, tanto no singular quanto no plural.

Diante dessas características, é possível afirmar que a imagem do presidente eleito se

‘pulveriza’ nos ícones expressos ao longo das oito estrofes que compõem o texto.

“Já que Lula ganhou as eleições,

O Brasil vai mudar para melhor,

O operário derrama o seu suor

Na história de tantas sucessões.

Trabalhamos demais para os patrões,

Mas o título e o batuque da enxada

Transformaram a vereda numa estrada

Pra podermos ganhar a liberdade,

Nossas mãos construíram a humanidade,

Mas tivemos de volta quase nada.”

O caráter de identificação do eu-lírico com o objeto do texto pode ter uma explicação

biográfica. Durante o regime militar, o poeta Apolônio Cardoso foi chamado para depor em

um quartel do exército por ter dito, em uma estrofe improvisada durante um festival de

repentistas realizado em Mossoró-RN, que “o salário do Brasil / não dá pra comprar um

ovo”. Essa postura autocrática dos militares gerou um mal estar entre uma grande

quantidade dos poetas, que deixaram de lado os temas políticos em suas apresentações

durante aquele período. “Um grave processo de auto-censura limitava o discurso dos

repentistas que se restringiam à louvação ou ao gracejo despolitizado” (CRISPINIANO

NETO, 2009, 09). No entanto, a parte dos repentistas e cordelistas que manteve-se engajada

no debate político, utilizando as produções literárias como ferramenta de conscientização

política, ficou conhecida como ‘Escola de Mossoró’, em uma nítida alusão ao fato

protagonizado por Cardoso. Essa observação, no entanto, é colocada no presente trabalho

como um elemento que se somatiza à análise, mas não a encerra, indo na direção contrária

do apregoado pelo método biográfico de crítica literária cunhado por Sainte-Beuve no

século XIX.

Page 8: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

379

Essa diferenciação é pertinente porque, para ISER (1979), o fictício é intencional,

mas o imaginário é espontâneo. Ainda segundo o teórico alemão, essas duas disposições

antropologicamente distintas articulam-se de maneira interativa e organizada no âmbito da

construção das narrativas. Essa articulação ocorre mediante uma relação tríplice dos atos de

fingir (seleção, combinação e como se). se o fingir não pode ser deduzido da realidade

repetida, nele então surge um imaginário que se relaciona com a realidade retomada pelo

texto. Assim, o autor retrata que o ato de fingir ganha a sua marca própria, que é de

provocar a repetição no texto da realidade vivencial, por esta repetição atribuindo uma

configuração ao imaginário, pela qual a realidade repetida se transforma em signo e o

imaginário em efeito do que é assim referido”.

Neste sentido, a visão do poeta popular à vitória de Lula nas urnas em 2002 imbrica-

se com elementos da história do Brasil e do mundo, bem como com fatos pueris das

populações carentes, consistindo em um elemento de duplicação do fictício, re-criando o

real e emoldurando-o com as peculiaridades da poesia popular. Neste mundo re-criado pelo

aedo, as figuras marginalizadas pela sociedade auferem voz e reconhecimento, tornando-se

protagonistas e intérpretes de um novo mundo. No quadro pintado pelo repentista, o

“coronel” é considerado “um Judas traindo a liberdade”, indigno de receber perdão da

História, enquanto o humilde – travestido pelo próprio eu lírico – é desprovido das

“riquezas da matéria”, mas mantém-se “muito feliz” com o que possui, isto é, os valores de

justiça e honra enaltecidos pelo povo.

Eis aí o ponto de intersecção com a folkcomunicação, campo de estudo pertencente à

comunicação fundado em 1967 pelo brasileiro Luiz Beltrão. O próprio fundador a

descreveu como “comunicação dos marginalizados”, situada nos limites entre “o folclore

(resgate e interpretação da cultura popular) e a comunicação de massa (difusão industrial de

símbolos, através de meios mecânicos ou eletrônicos, destinados a audiências amplas,

anônimas e heterogêneas)” (MARQUES DE MELO in GADINI; WOITOWICZ, 2007, p.

21).

O eu-lírico presente no poema ‘Já que Lula ganhou as eleições’, de Apolônio

Cardoso, desempenha um papel de agente da folkcomunicação, sobretudo por causa de suas

Page 9: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

380

arraigadas convicções filosóficas, a qual é uma das características apontadas por

BELTRÃO (1980, p. 35) acerca desses agentes. Essas certezas filosóficas relacionam-se às

tradições do grupo ao qual pertence. Como o presidente Lula só é ovacionado

nominalmente em um dos 80 versos do poema, percebe-se que o compromisso do poeta é

de expressar o sentimento da comunidade, não tecer loas ao ex-torneiro mecânico – que,

apesar de oriundo das camadas populares, agora manifestava-se como representação do

poder instituído. Assim, o poeta potiguar traduz a contradição, um dos signos do lulismo.

“o lulismo existe sob o signo da contradição. Contradição e mudança, reprodução e

superação, decepção e esperança num mesmo movimento. É o caráter ambíguo do

fenômeno que torna difícil a sua interpretação” (SINGER, 2012, p. 9).

Page 10: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

381

3. A linguagem do cordelista

“Quase não aprendi a taboada,

Já que fui pouco tempo pra escola,

Porém, na faculdade da viola

Eu decifro até qualquer charada. (...)

Quis cantar os sertões em minhas glosas,

Mas Euclides da Cunha cantou tudo”.

Nestes versos, presentes na segunda estrofe do poema ‘Já que Lula ganhou as

eleições’, o poeta Apolônio Cardoso expressa o seu papel social de decantar as dificuldades

e agruras que fazem parte do cotidiano do nordestino. Apesar disso, ele mostra-se um tanto

desiludido, como que tendo fracassado em seu ideal, principalmente ao comparar seu

desempenho com o do jornalista Euclides da Cunha, que em 1902 publicou o livro ‘Os

Sertões’, retratando o conflito de Canudos, considerado um marco do pré-modernismo na

historiografia literária brasileira. Ora, Euclides da Cunha afirmou que “o sertanejo é, antes

de tudo, um forte”. É a esse axioma que Cardoso deseja fazer jus. Ele quer traduzir a luta

do homem nordestino, que busca melhorias para si e para o próximo baseado nos desígnios

da honestidade e da virtude e que enxerga em Lula uma reprodução de si mesmo.

Convém esclarecer alguns pontos distintivos que existem no interior da poesia

popular. É comum haver uma confusão entre o repentismo do cantador de viola e a

literatura de cordel. SAUTCHUCK (2012) diferencia essas duas vertentes:

“(...) o cordel exige a habilidade de criação de uma narrativa extensa ‘com começo,

meio e fim’, um sentido e uma moral da história. Esta capacidade não se faz presente

na habilidade do repentista para improvisar estrofes coerentes com um assunto, pois

elas constituem unidades em si mesmas, tendo caráter mais lírico e trovadoresco” (p.

17-18).

Apesar da diferenciação acadêmica, a Lei Federal 12.198/2010, que reconhece a

profissão de Repentista e foi sancionada pelo presidente Lula, dispõe o contrário. Em seu

artigo 3º, a norma considera repentistas,

“além de outros que as entidades de classe possam reconhecer, os

seguintes profissionais: I - cantadores e violeiros improvisadores; II -

Page 11: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

382

os emboladores e cantadores de Coco; III - poetas repentistas e os

contadores e declamadores de causos da cultura popular; IV -

escritores da literatura de cordel” (BRASIL, 2010).

No poema em análise, percebe-se que o autor foge de uma das prerrogativas dos

textos cordelianos, a qual é a narrativa. Essa é uma característica presente, pois,

normalmente, os cantadores “escrevem como cantam” (VITORINO, 2003, p. 40). Assim

sendo, a formação do discurso do cantador tem compromisso com o local em que está

inserido, com o contexto imediato. Essa premissa entra em sintonia com a relação existente

entre discurso e ideologia, analisada do ponto de vista semântico, sendo esta “a

representação que serve para justificar e explicar a ordem social, as condições de vida do

homem e as relações que ele mantém com os outros homens” (FIORIN, 2007, p. 28).

A fidelidade ao local de origem (ou seja, às comunidades carentes do Nordeste

brasileiro) é uma característica preponderante dos poetas populares, principalmente dos

repentistas. Mesmo com as transformações sociais ocorridas ao longo das décadas, bem

como o acesso dos violeiros a instrução oficial, o papel de porta-voz do povo sofredor que

se consolidou como principal plateia dos cantadores permanece inalterado.

“Era pensamento de muitos que, com a difusão do ensino mais adiantado, pelas

escolas modernas do interior, a figura do cantador de viola, passaria a coisa

desprezível. Não obstante a disseminação dessas Escolas, delas até de nível superior,

não deixaram de aparecer os continuadores da poesia ligeira deles até de concluírem

cursos superiores, sem contudo deixar de, aqui acolá, bater um pedaço de repente,

sempre comunicando de acordo com seu gráu (sic) de instrução” (LEITE FILHO,

1978, p. 9).

Considerações finais

Como liderança política, o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva marcou a história

do Brasil, durante os dois mandatos nos quais esteve à frente do maior cargo do Poder

Executivo do país. Nordestino de origem humilde, milhares de brasileiros, sobretudo

moradores da região natural do político, projetaram no ex-torneiro mecânico os próprios

anseios e singularidades. Esse sentimento foi expresso por diversos meios, inclusive na

Page 12: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

383

literatura popular, através dos poetas repentistas e cordelistas. Na poesia ‘Já que Lula

ganhou as eleições’, o autor Apolônio Cardoso implicitamente compara Lula a grandes

líderes da humanidade, mas simultaneamente aos denominados ‘heróis do cotidiano’, as

pessoas que fazem parte das camadas populares e são desprezadas nos compêndios de

história. A característica de enaltecer os esquecidos faz parte do universo da cantoria de

viola, tendo em vista que existe uma vasta literatura seguindo este paradigma. Essa

peculiaridade se harmoniza com as marcas da folkcomunicação, notadamente uma forma de

expressão “marginal”. No caso específico do poema em estudo, além das características da

folk, percebe-se os métodos inerentes aos atos de fingir assinalados por Wolfgang Iser, os

quais re-criam o real, dando a ele uma nova configuração.

A teoria para embasar a pesquisa foi a do imaginário ficcional, proposta por Wofgang

Iser, que direciona a ideia de que o real está presente no fictício, mas nele não se esgota. O

capítulo ‘Os atos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional’, de Wolfgang Iser, foi de

fundamental importância, na análise de como os processos de seleção, combinação e como

se estão presentes na construção de Lula enquanto personagem ficcional.

Nesse aspecto, também foi necessário estabelecer um diálogo com a folk, defendida

por Luiz Beltrão pioneiramente em 1967 e tendo Marques de Melo como um dos seus

representantes. Essa teoria parte do folclore, da cultura popular, do interior, colocando os

agentes mais esquecidos por parte da sociedade como atores do próprio discurso e

interventores no cenário que os rodeia.

Esse papel de condução de informações, desenvolvido pela figura do artista popular,

traduz o interacionismo simbólico das habilidades de construção de discursos, por meio de

atividades mentais do indivíduo, as quais se inserem no processo de comunicação social.

Essa característica é de extrema importância para a consolidação da imagem de Lula como

relacionada à força de luta do pobre, da coragem do nordestino, também descrita em outras

obras literárias, a exemplo de ‘Os Sertões’, de Euclides da Cunha, mencionado no próprio

texto do repentista.

Ademais, a postura do cantador ao escrever o poema revela um compromisso social,

que acentua as relações entre linguagem e ideologia, e está intrínseco à produção poética

popular. Essas peculiaridades representam elementos próprios da construção do ‘lulismo’,

Page 13: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

384

isto é, a ‘reificação’ do Lula presidente, atribuindo-lhe características semidivinas, devido

às conquistas sociais alcançadas pelas classes populares durante sua gestão, a despeito da

continuidade com os compromissos para com os setores do capital.

A partir deste estudo, é possível indicar temáticas passíveis de investigações

posteriores, a exemplo de análises de discursos do período de auto-censura dos cantadores;

a visão sobre os políticos nos poemas de cordel; o caráter dissertativo dos textos populares.

Referências bibliográficas

BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: a comunicação dos marginalizados. São Paulo:

Cortez, 1980.

CRISPINIANO NETO, Joaquim. Lula na Literatura de Cordel. Fortaleza: Editora IMEPH,

2009.

ERBOLATO, Mario. Técnicas de decodificação em Jornalismo. São Paulo: 1991.

FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. São Paulo: Ática, 2007.

GADINI, Sergio Luiz; WOITOWICZ, Karina Janz. Noções Básicas de Folkcomunicação:

Uma introdução aos principais termos, conceitos e expressões. Ponta Grossa: UEPG, 2007.

ISER, Wolfgang. Os atos de fingir ou o que é fictício no texto ficcional. In: LIMA. Luiz

Costa (org). Teoria da literatura em suas fontes. Vol. 2. 3ª ed. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2002.

LEITE FILHO, Aleixo. Reflexões sobre verso popular. Caruaru, 1978:

Fafica/CEPED/Vanguarda.

LIMA, Luiz Costa. Mímesis: Desafio ao Pensamento. Rio de Janeiro, Civilização

Brasileira, 2000.

MARQUES DE MELO, José. Folkcomunicação. In: GADINI, Sérgio Luiz; WOITOWICZ,

Karina Janz (Org.). Noções básicas de Folkcomunicação: uma introdução aos principais

termos, conceitos e expressões. Ponta Grossa: UEPG, 2007.

NASCIMENTO, Joalline Carla Alves do. João Grilo, o amarelo mais esperto do Nordeste:

uma análise folkcomunicacional do personagem n’O Auto da Compadecida de Guel

Arraes. Caruaru: UNIFAVIP|DeVry, 2014.

Page 14: LULA NA LITERATURA POPULAR: A FICCIONALIZAÇÃO DE …eepe.tmp.br/publicacoes/wp-content/uploads/XIV-EPPE-372-385.pdf · metalurgia em seu ganha-pão. Em 1963, com apenas 17 anos

Lula na Literatura Popular: A Ficcionalização

De Um Personagem Real no Imaginário Nordestino

Oliveira, J. A.

Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,

XIV Edição, 2015. p. 372-385 - ISSN 2447-7478

http://eepe.tmp.br/publicacoes/

_______________________________________________________________________________________

385

PARANÁ, Denise. A história de Lula: o filho do Brasil. Rio de Janeiro: Objetiva,

2009.SAUTCHUK, João Miguel. A poética do improviso: prática e habilidade no repente

nordestino. Brasília, Editora Universidade de Brasília, 2012.

SINGER, André. Os sentidos do Lulismo: reforma gradual e Pacto conservador. São

Paulo: Companhia das Letras, 2012.

VITORINO, Diniz. Nós, cantadores poetas. Natal, RN: Fundação José Augusto, 2003.

s. a. Biografia de Lula. Disponível em <http://www.institutolula.org/biografia> Acessado

em 11.10.2015