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Poder e Família: Uma análise sobre o processo de Hegemonia do Grupo Lyra em
Caruaru de 1959 a 1989
Silva, J. A. N.
Encontro de Ensino Pesquisa e Extensão da FAFICA,
XIV Edição, 2015. p. 426-448 - ISSN 2447-7478
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PODER E FAMÍLIA: Uma análise sobre o processo de hegemonia do Grupo Lyra em
Caruaru de 1959 a 1989.
Jefferson Abraão do Nascimento Silva1
RESUMO O presente trabalho é resultado de nossa pesquisa junto ao núcleo de Iniciação
Científica, NUPESQ-FAFICA. Onde buscamos uma análise histórica dos atuais grupos que
dominam cenário político caruaruense. Uma hegemonia política iniciada em 1959, com o
grupo político encabeçado pela família Lyra, passando pelos grupos políticos dos Queiroz e
Rodrigues Lacerda. Tais famílias detém o poder local a mais de 55 anos, iremos
problematizar o processo de legitimação, através da análise das estratégias traçadas por tais
famílias. Nosso trabalho tem como embasamento as discussões teóricas da história política
nas perspectivas promovidas por René Rémond (1988), Raoul Girardet (1986) e José Adilson
(2009), problematizando o processo de legitimação através das estratégias políticas. As fontes
de nossa pesquisa são constituídas a partir de reportagens do Jornal Vanguarda em suas
matérias impressas e online sobre o tema em questão.
PALAVRAS- CHAVE: Política – estratégia – hegemonia – legitimação – família.
INTRODUÇÃO
Caruaru, cidade eternizada por um de seus saudosos escritores Nelson Barbalho como
“País de Caruaru2”, mas também conhecida como “Capital do Agreste”, é uma das maiores
cidades do interior do estado de Pernambuco com mais 337 mil habitantes3. O município de
Caruaru está localizado na região agreste de Pernambuco, a uma distância de 120 quilômetros
de Recife, capital pernambucana.
Cidade interiorana que ostenta uma das maiores festas juninas do Brasil como seu
principal evento turístico. Mas que para além das festividades, Caruaru é possuidora de
diversos signos de modernidade: universidades e faculdades; shoppings; indústrias;
autódromo; aeroporto; teatros; cinemas; hospitais públicos e particulares de referência para
toda região. Além de um comércio muito forte que possibilita que a cidade seja
economicamente autossustentável. Que coloca a cidade entra as cinco mais ricas do Estado
segundo o IBGE.
1 Graduando 7º Período em História pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Caruaru- FAFICA.
aluno pesquisador do NUPESQ – FAFICA. Orientador da pesquisa: Prof. Dr. José Adilson Filho.
E- mail: [email protected]. 2 BARBALHO, Nelson. País de Caruaru. Caruaru, 1974. O livro é uma obra sobre a história de Caruaru. 3 IBGE dados – Caruaru. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=260410>.
Acessado em 30 de julho de 2014.
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Caruaru de 1959 a 1989
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Enquanto no desenvolvimento urbano a cidade tem passado nas últimas décadas por
avanços significativos (porém, muitos especialistas criticam duramente a falta de
planejamento para o desenvolvimento da cidade por parte das políticas públicas), torna-se
visível o contraste quando nos deparamos com o campo político institucional, pois nesse
aspecto Caruaru mostra-se uma cidade bastante conservadora.
Nos últimos 54 anos o cargo de prefeito da cidade foi ocupado por apenas seis figuras
ou representantes políticos, que se constituem a partir de quatro famílias. E nossa pesquisa
problematiza como as famílias Lyra, Queiroz e Rodrigues Lacerda impõem a população suas
estratégias políticas para manter a hegemonia político local; como se legitimam no cenário
politico caruaruense mediante seu eleitorado e correligionários.
Abordamos as estratégias, as inserção e legitimação de tais grupos, problematizadas a
partir da análise sobre a construção simbólica de determinados personagens públicos
caruaruenses, montados de acordo com a necessidade propiciada pelo cenário político local.
Partindo da análise de Raoul Girardet (1987) sobre a construção de mitos políticos buscando
compreender os objetivos traçados por tais famílias para se constituírem na política
caruaruense diante do eleitorado local. Acrescentamos a nossa problematização os aspectos
econômicos e materiais como parte das estratégias que consolidam esses grupos no poder,
seus modelos de gestões e suas obras públicas ostentadas nas mídias tradicionais (rádios,
jornais e canais de televisão), buscando a compressão de como os cidadãos reagem a tais
ações, legitimando ou deslegitimando essas figuras políticas que anseiam pelo poder local.
Para isso utilizamos discussões partindo da história politica na perspectiva de René
Rémond (1988) e José Adilson Filho (2009), analisando também figuras politicas
estrategicamente montadas com discussões a partir de Raoul Girardet (1986) através de fontes
como o Jornal local, Vanguarda.
PODER LOCAL: NÃO HÁ DETENTORES DE PODER SE NÃO HOUVER QUEM
OS LEGITIMEM.
Problematizando a política local caruaruense a partir de 1949, partimos da premissa da
legitimidade de poder a partir dos seguintes aspectos: teatralizações das figuras política; das
alianças estratégicas e a sensibilização do imaginário popular. Advogando que o poder
político não deve ser caricaturado como uma governança absoluta, conquistada pela força,
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opressão ou algo do gênero. A caminhada ao poder é possuidora de conquistas gradativas para
além da força bruta, entendemos que esse percurso está atrelado às estratégias políticas,
simbolismo social e imaginário popular. Que proporcionam a criação do sentimento de
familiarização entre a figura pública e o público alvo; sendo assim não vemos as relações
sociais do período eleitoral em uma perspectiva de interesses e objetivos na ótica da escolha
popular4 e o popular escolhido. Vale salientar que os espetáculos de campanhas envolvem a
massa de forma expressiva em épocas de eleições. É bem verdade que esse envolvimento em
muitos casos está carregado de emoção e pós o período eleitoreiro o envolvimento civil para
com a política institucional diminui drasticamente, mas a ideia de democracia assimilada nas
campanhas contribui para legitima o poder do vencedor – na maioria dos casos.
Assim sendo “o eleito”, “o consignado” ou “escolhido” está submetido à
sensibilização humana de forma heterogênica (porém não absoluta), em uma perspectiva
ambígua de servidor social, defensor das necessidades de vivência – pois pressupomos que a
vida humana nas cidades vai para além da perspectiva de sobrevivência – e figura soberana,
detentora de poder e status que o legitima a tomar decisões por todos. Sendo assim a
sociedade e seus anseios os principais doadores dos componentes mínimos – porém muitas
vezes fundamentais – para que as figuras públicas sejam trabalhadas e moldadas nos
“bastidores políticos”, de acordo as crenças ideológicas de cada grupo que pleiteia o poder e
decidam o que é melhor para a sociedade que o elegeu.
Ou seja, a sociedade como agente legitimador, o palco/palanque cheios de discursos
acalorados e promessas; os jornais e mídias influenciáveis e a persuasão eleitoral são as
principais e poderosas ferramentas no processo de conquista desse agente legitimado. Tendo
os buscadores de protagonismo, a necessidade de alcançar as sensibilidades populares, por via
da encenação da figura do grande homem público e com o auxílio das ferramentas acima
descritas. Dito isto, buscamos e defendemos que o poder político hegemônico não é
consignado pela oralidade ou falações de tais figuras políticas, mas sim pelos ouvintes que
ativamente absorveram e legitimaram tais discursos.
4 Ressaltamos que em determinados momentos na História do Brasil nem todos os cidadãos tinham direito ao
voto, seja pela situação de uma ditadura militar vigente. Ou por exclusão social democrática, por exemplo, os
analfabetos que só vieram a ter o direito de votar a partir de 1985. Sendo necessário esse esclarecimento, pois
nossa pesquisa está inserida no contexto de ambos os exemplos citados.
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Nossa discussão inicia-se no contexto de uma sociedade urbana e moderna, que
retrata disputas no interior pernambucano pelo viés da política do convencimento, e em dados
momentos na perspectiva clientelista. Pois não comungamos do conceito de coronelismo e o
voto de cabresto em Caruaru especificamente no período aqui problematizado. Fato esse, que
se por ventura viesse a ser tomado como ideia central metodológica de nossa pesquisa,
condicionaria a mesma a um trabalho contraditório e anacrônico. Creditar defesa a um
coronelismo vigente ou disfarçado, e unicamente responsável pela decisão política de uma
cidade, coloca o sujeito nordestino-caruaruense como uma criança incapaz de construir a
trama de sua própria história. A história política não se trata de uma narrativa linear, mas sim
de um complexo jogo de poder.
Em um jogo de xadrez há um tabuleiro, há um relógio para determinar o tempo para
cada jogada, há peças a serem movidas e haverá é claro os oponentes que se submeteram a
disputa. Porém, quando descrevemos esse jogo muitas vezes nos esquecemos de mencionar
um outro elemento fundamental para que essa disputa seja conduzida. Esse elemento é a
ligação entre a peça e o homem; entre a jogada e o relógio; entre o avanço e o recuo; esse
elemento é a mão. Em uma singela comparação, a mão do jogo de xadrez é a estratégia do
jogo político. Pois assim como a mão do jogo xadrez a estratégia política não pensa, ela é
pensada. A estratégia será a “mão” que conduzirá “as peças” que fazem parte do jogo político,
essas “peças” serão as figuras e entidades correligionárias, seguindo as ordens do jogador,
“jogador” esse que será o grupo político, pois é efetivamente quem será o ganhador do jogo
quando seu protagonista político – “o rei do tabuleiro” – sai da batalha de pé. E fica uma
pergunta no ar: Quem é o tabuleiro e o relógio. Respondemos da seguinte maneira. É a
sociedade legitimadora, não porque está abaixo das peças na condição de tabuleiro, mas
porque estão ligados diretamente aos espaços questão e é o relógio, não por estarem a margem
das peças, mas por em determinado tempo possuem o direito exigir uma jogada. Pois é a
sociedade quem dita às regras do homem em seu tempo e espaço, e por mais sábio e astuto
que seja o jogador se ele não se adapta a tais regras nunca chegará ao poder.
As possibilidades de analise desse jogo de legitimação e seus elementos, são
abordagens e recursos possíveis graças à nova história política5, que protagoniza e
problematiza o imaginário dos eleitores de acordo com suas necessidades temporais.
5 RÉMOND, René. Por uma história política, 1988.
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almejamos fontes e informações além das atas e urnas, dando formas as figuras políticas
através da leitura do ponto de vista civil optativo e legitimador, tirando assim “a mordaça”
imposta pela história tradicional dos grandes homens contadas a partir deles mesmo.
Buscando compreensão sobre tais estratégias, nos debruçamos sobre a leitura do artigo
Permanências e continuidades do poder local: família e legitimidade política no interior do
Nordeste brasileiro6 onde o autor, José Adilson Filho iniciando sua problematização
utilizando um sociólogo estadunidense, Wright Mills:
“Em toda cidade ou pequena na América um grupo superior de
famílias paira acima da classe média e sobre a massa assalariada (...).
E que tais famílias possuem a maior parte do que existe localmente
para ser possuído. Seus nomes e retratos são impressos com
frequência nos jornais, e na realidade, os jornais deles como são deles
as duas estações de rádio. Também são donos da maioria das lojas
comerciais e das poucas fábricas existentes”. (MILLS, 1982 apud
ADILSON FILHO; JOSÉ, 2014)7.
Contextualizando-nos com a pesquisa, a priori podemos detectar que Caruaru não é
uma exceção em relação à apropriação dos meios de comunicação colocada por Wright Mills,
estando mais próxima de um agravamento das condições citadas acima, pois há no mínimo
três veículos de comunicações pertencentes aos grupos políticos locais dentre eles rádio,
jornais e diversas mídias eletrônicas – por exemplo, blogs e sites de notícias.
Os Fatores apontados pelos sociólogos acima citados contribuem para desmistificar
possíveis pressupostos de coronelismo em Caruaru na década de 1950, seguindo as
concepções de Vitor Nunes Leal8, compreendemos que com o processo de urbanização e
modernização econômica após 1930, a figura do “Coronel” perde força. Entrando em cena o
uma administração de Estado moderna, trazendo com si o progresso, e o novo processo
econômico, autoritário e burocrático. O coronelismo perde forças graças ao surgimento de
novas formas de sociabilidades e classes sociais, como burguesia e proletariado. Porém o
Estado moderno continua protegendo o acumulo de capital para a elite, ao mesmo tempo em
6 ADILSON FILHO, José(org.) Permanências e continuidades do poder local: família e legitimidade política no
interior do Nordeste brasileiro. Poder local, educação e cultura em Pernambuco, Jundiaí-SP: Paco Editorial,
2014, V.01, n 141-164. 7 Idem p.143. 8 LEAL, Vitor Nunes. Coronelismo, Enxada e Voto. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
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que possibilita o clientelismo e assistencialismo, responsáveis pela manutenção de uma
política conservadora, já que mesmo com a ausência do coronel a elite continuará no poder.
O Clientelismo torna-se um poderoso instrumento e estratégia política, caracterizado
por sua informalidade e a relação de dependência econômica e política. Descrevendo o que é
clientelismo, e acrescentando o conceito à pesquisa, o cientista político Noberto Bobbio
(1983) trabalha uma dualidade do clientelismo moderno e tradicional:
“(...) O clientelismo vinculado à difusão da organização política
moderna, especialmente dos partidos de massa. (...) os partidos e
estruturas modernas foram introduzidas do ‘alto’, sem o suporte de um
adequado processo de mobilização política, também é claro que, em
lugar do clientelismo tradicional, tende a afirma-se um outro (sic.)
estilo de clientelismo que compromete, colocando-os acima dos
cidadãos, não já os notáveis de outros tempo, mas os políticos de
profissão, os quais oferecem em troca da legitimação e apoio
(consenso eleitoral), toda a sorte da ajuda pública que têm ao seu
alcance (cargos, empregos públicos, financiamentos, autorizações e
etc) é importante observar que essa forma de clientelismo, a
semelhança do clientelismo tradicional, tem por resultado não uma
forma de consenso institucionalizado, mas uma rede de fidelidades
pessoais que passa, quer pelo uso pessoal por parte de classe política,
dos recursos estatais, quer, partimos desses em termos mais mediatos,
pela apropriação de recursos civis autônomos”.9
Presente no cotidiano da cidade, o clientelismo e sua prática de barganha não
fidelizada, informal e situacional está relacionada com o uso e desuso do civil com o agente
político. Tornando-se assim visíveis as diferenças dos tempos coronelistas de subserviência ao
“padrinho”. Com a transição nas formas de poderes as famílias que melhor se adaptam
continuam no poder, porém com novas roupagens. Segundo o Sociólogo Dr. Adilson Filho:
“As elites tradicionais que permanecem ainda no poder são justamente
as que souberam ressignificar suas práticas e discursos, articulados aos
9 BOBBIO, Noberto. MATEUCCI, Nicola. PASQUINO, Gianfranco. Dicionário de Política. Brasília:
Universidade de Brasília, 2003, p.178.
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novos dispositivos da ‘sociedade líquida-moderna’ e a elementos
simbólicos e ritualísticos, enraizados em modos de sentir, pensar e
agir da maioria das pessoas”.10
Se houve famílias coronelistas que souberam passar pelo processo de adaptação e
assim mantiveram suas hegemonias pós-coronelismo como afirma o Dr. Adilson Filho. A
cidade de Caruaru do período aqui analisado, a partir do fim da década de 1940, é um
exemplo de ausência dessa adaptação descrita pelo sociólogo. Porém Caruaru se encaixa em
outro panorama de nova classe social, que surge a partir das concepções de Vitor Nunes Leal,
sobre a ótica de uma nova elite urbana. As famílias tradicionais, protagonistas dos principais
grupos políticos da cidade pertencem à classe dos comerciantes bem sucedidos que surgiram
com a economia moderna. Famílias adaptadas a lidarem com as necessidades da massa
suficientemente para manterem sua hegemonia. Onde de forma optativa, o eleitorado
caruaruense, que é o agente legitimador decide hegemonizar três famílias como
centralizadores poder político local a mais de cinco décadas.
JOÃO LYRA FILHO, O PONTO DE PARTIDA DO CICLO.
A vida política da família Lyra que vamos problematizar não tem inicio com o
patriarca de nome João Lyra – conhecido popularmente nas cidades de Lagoa dos Gatos,
Caruaru e região como Janóca – mas, com seu primogênito. João Lyra Filho, nascido em 12
de março de 1913, no município de Lagoa dos Gatos, uma bela cidade interiorana localizada
na região brejeira de Pernambuco. Mas esse não foi o cenário propício da popularização desse
“João”.
João que viria a se tornar no fim da década de 1950, em um dos políticos mais
influentes no cenário político pernambucano, que mantém a hegemonia de sua família nas
figuras públicas de seus filhos, o ex-deputado Fernando Lyra, no ex-vice-governador de
Pernambuco João Lyra Neto e da neta deputada estadual Raquel Lyra.
João Lyra Filho teve seu primeiro mandato em 1959, quando foi eleito prefeito de
Caruaru pela UDN, teve como seu principal concorrente direto o candidato do PSD, Chico do
leite. No entanto, Lyra Filho iniciou sua trajetória política em 1958 quando usou sua
10 ADILSON FILHO, José(org.) Permanências e continuidades do poder local: família e legitimidade política no
interior do Nordeste brasileiro. Poder local, educação e cultura em Pernambuco. Jundiaí-SP: Paco Editorial,
2014, V.01, n 141-164.
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influência de empresário do ramo dos transportes para fazer campanha em prol do candidato
Cid Sampaio (UDN) ao cargo de governador de Pernambuco. Seu principal concorrente ao
posto de executivo estadual Jarbas Maranhão (PSD), tinha entre seus principais apoiadores
durante a campanha na cidade de Caruaru o jornal local, Jornal Vanguarda, que em suas
matérias não tinham a menor cerimônia de deixar claro de que lado estava no pleito para
governador do Estado. Onde podemos constatar a falta de imparcialidade gritante do Jornal
nas imagens:
negativamente sua candidatura.
No entanto, com a vitória de Cid Sampaio (UDN) para governador do Estado de
Pernambuco, o grupo de João Lyra Filho saiu fortalecido para as eleições municipais no ano
seguinte, já que os mesmo tinham militando abertamente em favor de Cid Sampaio.
No inicio do ano de 1959, antes de ser confirmada a candidatura de João Lyra Filho ao
Cargo de prefeito, Ele (João) declarava não ter pretensões de ser candidato, muito embora isso
Foto 1: Jornal Vanguarda, 14 de setembro de 1958. O jornal Retrata em sua
manchete de forma festeira e tendenciosa a vinda do candidato Jarbas Maranhão a
Caruaru. Na mesma manchete o candidato Cid Sampaio é tem um titulo de matéria
reduzida e com uma frase referenciando negativamente sua candidatura.
Foto 02: Jornal Vanguarda, 31 de agosto de 1958. Nesta edição do jornal procuramos
outras matérias sobre o candidato Cid Sampaio e sequer foi encontrada, porém o
candidato Jarbas Maranhão mais uma vez ganha destaque e visibilidade positiva a sua
candidatura.
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ocorresse graças a algumas restrições ou resistências de companheiros de dentro da própria
UDN a sua candidatura (segundo matérias do Jornal Vanguarda).
No entanto o suposto desinteresse pela candidatura ao poder executivo municipal, era
vista pelo Jornal Vanguarda como um impasse interno sobre quem iria ser o candidato, assim
sendo, Lyra Filho adota a descrição e cautela como estratégia inicial enquanto procura espaço
e alianças que possam apoiar sua candidatura.
Medidas de cautela e descrição sobre a candidatura que foram quebradas no dia 1º de
março de 1959, graças aos apoios conquistados por Lyra, conforme nos mostra a matéria
publicada pelo Jornal Vanguarda11:
Quando lançada a candidatura de João pela UDN. A candidatura contou com o apoio
local do Deputado Estadual Drayton Nejain e do vereador Celso Rodrigues, mas que em nível
de Estado obteve o apoio do governador de Pernambuco, Cid Sampaio.
Mesmo com o apoio de vários governistas, no período eleitoral João mantém uma
linha estratégica o discurso de renovação política e uma força jovem no poder. Monte-se um
cenário propício para a criação simbólica de um personagem que Raoul Girardet vai chamar
Alexandre, uma figura criada por Raoul, que possui traços em suas atitudes políticas
inspiradas no líder macedônico:
“A legitimidade de seu poder não provém do seu passado, não
depende do fervor da lembrança, inscreve-se no brilho da ação
imediata (...) herói da juventude e do movimento, sua impetuosidade
chega ao ponto de demorar a natureza12”.
11 “Candidatos que disputam a prefeitura”. Jornal Vanguarda, Caruaru, 01 de março de 1959. 12 GIRARDET, Raoul. Mitos e mitologias políticas, 1987, p.75.
Foto 3: Jornal Vanguarda, 01 de março 1959. Publicada de matéria que confirma o
nome de João Lyra Filho como candidato ao cargo de prefeito.
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João passa a ser considerado por seus correligionários um jovem político, vigoroso,
com o objetivo de trazer o progresso para Caruaru e fará o que for preciso para atender as
expectativas. O que acaba ofuscando o fato de está no palanque dos governistas.
Os resultados quantitativos, dados pelas urnas das eleições municipais nos deixam
com algumas lacunas a serem discutidas a partir da nova história política, que segundo René
Rémond13, não se limita as atas eleitorais. O fato é que o candidato João Lyra Filho não tinha
a preferência da grande maioria da população de Caruaru, no entanto, seu eleitorado se
concentrava entre os cidadãos letrados e de melhor poder aquisitivo (empresários,
universitários, advogados e etc.). Segundo o próprio João em entrevista para um livro escrito
em sua homenagem pelo jornalista e ex-vereador Celso Rodrigues intitulado de João: Um
homem sem cansaço14·, Ele (João) nos revela que se os analfabetos tivessem votado na eleição
de 1959, Ele (João) não teria ganhado a eleição para o seu principal adversário Chico do Leite
candidato do PSD.
Durante seu primeiro mandato, João ostenta o discurso de modernização, com a
construção da Escola Municipal Álvaro Lins, uma das maiores escolas cidade e também mais
populares do município, que está localizada em uma área nobre da cidade. Mas sua obra mais
estratégica para manutenção de sua hegemonia em eleições futuras foi à construção da
barragem de Taquara e uma parceria com o Governo do Estado promovendo a construção da
barragem de Tabocas sob o discurso de preocupação com a falta d’agua que prejudica o
progresso – a falta de água também será sinônimo de estratégia política, que adotada em
futuras campanhas e administrações como a do Sr. Tony Gel que veremos mais adiante.
Em 1966, João lança sua candidatura a deputado federal e seu filho Fernando Lyra
para concorrer uma vaga na câmara legislativa de Pernambuco, ambos pelo MDB. Dai inicia-
se a construção de um dos maiores mitos da política15 caruaruense, defendida veementemente
por correligionários de João, onde a família Lyra se opõe a Ditadura Militar. O interesse de
nossa pesquisa não é credibilizar ou descredibilizar o papel de “oposição” feito por Lyra Filho
e Fernando Lyra aos militares, mas como ainda hoje o grupo ainda se apropria de um período
da política de brasileira como uma estratégia de legitimação.
13 RÉMOND, René. Por uma história política, 1988. 14 RODRIGUES, Celso. João: Um homem sem cansaço, 1999, p. 62. 15 GIRARDET, Raoul. Mitos e mitologias políticas, 1987.
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A princípio o uso da resistência ao regime como estratégia foi ostentada pelo fato de
que as candidaturas vieram por via do MDB, mas é nítido até para leigos mais atenciosos ao
período da Ditadura Militar, que o MDB foi considerado pelos militares como uma “oposição
responsável,” sendo assim os opositores mais ferrenhos dificilmente faziam parte do governo.
O quinto ato institucional (AI-5) que fecha as assembleias legislativas é mais uma etapa de
um plano de centralização de poder e não especificamente luta dos militares contra
determinados opositores ou grupos políticos. Mas como deputado federal João Lyra Filho e
seu filho o deputado estadual Fernando Lyra perdem seus mandatos representativos, tal
situação acaba contribuindo para lapidar ainda mais o discurso de “resistência aos militares”
muito utilizado pelo “grupo Lyra” em determinados momentos das campanhas eleitorais.
Em 1972, João Lyra Filho voltou a concorrer ao cargo de prefeito de Caruaru venceu,
mas dessa a figura política montada não foi a de Alexandre16, no entanto monta-se a figura do
homem providencial, que Raoul Girardt associa “o legislador” ao perfil de Sólon17, um
homem muito inteligente, seguro e comprometido com a glória.
Dito isso, vejamos a discrepância da figura política utilizada na primeira candidatura
de João Lyra Filho. Onde no cenário político social, tínhamos uma mudança de filosofia
política administrativa em nível Estadual – com a vitória de Cid Sampaio – e que contaminou
em nível municipal, pois como dissemos anteriormente, houve naquele momento um
fortalecimento de imagem do grupo Lyra quando seu candidato a Governador do Estado
ganha a eleição, e fortalece o grupo local (que o apoiou) para as eleições posteriores.
No segundo cenário nos deparamos com um regime ditatorial, em pleno
desenvolvimento do Milagre Econômico, o uso do ufanismo para pregar o nacionalismo
brutal, onde para fazer oposição ao Regime Militar será necessário à cautela. Com isso os
candidatos buscam passar a população suas ideias focadas no melhor controle das finanças do
município, em prol do desenvolvimento econômico. Saindo de cena a imagem de um
conquistador para o comedido e responsável legislador. Tal fato nos leva a uma discussão em
que o agente político é verdadeiramente uma imagem pública minuciosamente criada de
acordo com o cenário que possibilite a conquista ou a hegemonia do poder.
16 GIRARDET, Raoul. Mitos e mitologias políticas, 1987, p.75. 17 Idem, p.77.
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Sem dúvida João Lyra teve um papel fundamental na política caruaruense.
Independente de que lado político esteja é fácil notar a população assimila a figura de João
Lyra Filho a um homem que em seu legado foi responsável pela inserção de seus familiares,
responsável por “apadrinhar” outros que vieram a serem prefeitos, Anastácio Rodrigues e José
Queiroz de Lima, sendo assim o “iniciador” de um ciclo político vigoroso. Porém seus
correligionários tentam ofuscar a perpetuação atribuindo o falso titulo de renovação política a
seus parentes. São velhas políticas em novas roupagens. Ofuscadas graças à estratégia de
desviar o foco para o “legado” de defensores da democracia perante a Ditadura.
Drayton Nejain: opositor e correligionário.
A história de Drayton foi tão ambígua quanto o titulo dado acima, sem querer criar
mitos políticos, mas fazer ressalvas sobre comentários de cidadãos caruaruense
contemporâneos a Drayton. Há na memória de muitos a imagem de uma figura controversa,
mas que não se encaixa como coadjuvantes dos grupos políticos caruaruenses aqui
pesquisados. Mas sendo correligionário ou adversário político, o Grupo Lyra, Queiroz ou
Rodrigues Lacerda tem em suas histórias a presença marcante de Drayton Nejain.
No caso de Drayton nossa pesquisa toma como ponto de partida a primeira eleição de
João Lyra Filho em que ele concorria ao cargo de prefeito em 1949. Enquanto João se
submetia a disputar um cargo público, estando seu primeiro sufrágio como candidato, Drayton
já era um deputado estadual, bastante influente na cidade. Tanto é que entre dúvidas e
especulações sobre quem seria em quem seria da UDN, após o anuncio de Drayton em apoiar
João Lyra Filho, é que foi confirmado o nome do mesmo a disputa do cargo. O que demostra
o poder de decisão que exercia Drayton Nejain sobre seus correligionários.
Em 1963, Drayton Nejaín se candidata a prefeito de Caruaru, mas não terá o apoio de
João Lyra Filho, o pleito municipal de 63 é marcado pelo rompimento de Lyra Filho com o
ex-deputado Drayton. Lyra confirma apoio à candidatura de seu amigo Celso Rodrigues, um
vereador conhecido na cidade, porém uma figura menos popular que o experiente Drayton
Nejaín viria a ser o prefeito eleito de Caruaru.
O novo prefeito não é uma nova figura política caruaruense – já que o mesmo tinha
exercido o cargo de deputado estadual e mais antigo na política local que o próprio Lyra como
dissemos anteriormente, no entanto era nova a sua ocupação no cargo de prefeito.
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Caruaru de 1959 a 1989
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O ex- deputado que se torna prefeito é uma colocação plausível de ser inserida nas
biografias de algumas figuras aqui analisadas. No breve histórico dos protagonistas da política
caruaruense perante o recorte que aqui nos debruçamos, há certos fatores no mínimo
intrigantes, onde a estadia de tais figuras na câmara legislativa estadual, que em anos
posteriores é transferida a estadia de chefe do executivo municipal. Ou seja, partimos de um
pressuposto de que a publicidade do cargo de “legislador” contribuiu para a construção de
uma carreira política que credencia tais figuras – como o próprio Drayton; como José Queiroz
de Lima e Tony Gel – a disputarem e serem eleitos posteriormente ao cargo de prefeito. Não
estamos com isso atribuindo esse fator como único e decisivo, mas não deixa de ser um
contribuinte para a construção dos mitos caruaruenses construídos a cada campanha e lançado
ao público para que assim a sensibilidade do imaginário popular os legitimem.
Drayton na década de 1950 até inicio de 1980, foi um político de bastante influência
na região, tanto que Ele se elege prefeito novamente no ano de 1978, porém considerada uma
das figuras mais controversas no cenário local, porém sempre teve holofotes direcionados a
seu personagem na teatralização política caruaruense. Sua popularidade contribuiu para que
sua esposa Aracy de Souza viesse a ser eleita deputada estadual em 1967, passando a ser uma
representante dos interesses Caruaru e região da Assembleia Legislativa de Pernambuco.
E foi com Ela que Drayton protagonizou um dos fatos mais marcantes na política
caruaruense, que inclusive foi relembrado recentemente pelo Jornal Vanguarda de Caruaru ao
dar publicidade sobre falecimento da ex-deputada Aracy18.
Em 1971 Drayton foi acusado de torturador pela própria esposa Aracy, Drayton tinha
uma fama ambígua na cidade, e em sua popularidade negativa era acusado de ser viciado em
“jogos de mesa”. E causa da acusação de tortura por parte da Dep. Aracy foram dividas
contraídas por Drayton através de “jogos de mesa”, onde Ele tentou quitá-las com a venda do
mandato de sua esposa para o suplente Antônio Dourado da cidade de Lajedo-PE. No entanto
nunca foi comprovado se a divida de Drayton era com o suplente Antônio Dourado. No fim
das contas, Aracy continuou como deputada estadual e divorciou-se de seu marido após os
acontecimentos e passou a fazer defesa ao divórcio em seus discursos.
É fato que Drayton Nejaín não conseguiu perpetuar sua família na vida política
caruaruense até os dias atuais como a família Lyra, Queiroz e Rodrigues Lacerda. No entanto
18 “Política pernambucana perde ex-deputada Aracy de Souza”. Jornal Vanguarda, Caruaru, 24 de março 2012.
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não podemos afirmar que a polêmica envolvendo sua esposa foi responsável pelo fim de sua
carreira política, já que seis anos depois, em 1977 para ser mais preciso, Drayton Nejaím se
elege através de eleições internas pela segunda vez, prefeito de Caruaru.
Após a primeira vitória de Queiroz, as eleições seguintes, o processo de
redemocratização do Brasil e os ideais de esquerda tendo espaço na política local, começa o
declínio do direitista de Drayton. A cientista política Perpetua Dantas, em entrevista
concedida ao Jornal Vanguarda sobre eleições que mudaram a política local diz:
"No vácuo provocado pelo declínio de Drayton, conquista este
espaço o comunicador Tony Gel. Ao mesmo tempo o sucesso da
administração de José Queiroz é lançando João Lyra Neto,
herdeiro de uma tradição política na cidade e conhecido no
meio empresarial, entretanto era desconhecido para grande
parte da população” 19.
A partir de 1988, com o movimento da redemocratização, ratificou uma história de
polarização política entre o grupo Lyra contra as lideranças ligadas ao ex-prefeito Drayton
Nejaím. Os fatos que causaram o declínio de Drayton no grupo político de direita caruaruense
geraram a ascensão de Tony Gel, mas ainda não era o bastante para ganhar as eleições
municipais de 1988, pleito duramente disputado por José Queiroz e João Lyra Neto.
O apoio de Drayton a Tony Gel é um fator a ser destacado, assim como João Lyra
Filho na década de 50, no fim dos anos 80 Tony Gel um jovem político, para ganhar destaque
necessita de grandes apoios políticos, essa prática é algo corriqueiro na política caruaruense. E
Esse profundo conservadorismo, acaba explicitando uma tradição política que dificulta a
renovação, não é uma particularidade deixada por Drayton, mas mantidas pelos grupos que
estão no poder até hoje em Caruaru. A dificuldade de surgimento de uma nova via política em
Caruaru está atrelada ao legado de cooptação no bastidores eleitorais.
OS INVENTORES E SUAS INVENÇÕES
Os Lyras
A hegemonia política desses grupos se inicia com a família Lyra em 1959, ano em que
João Lyra Filho foi eleito pela primeira vez prefeito de Caruaru, nessa época, João Lyra Filho
19 “Eleições que mudaram a política local”. Jornal Vanguarda, Caruaru, 14 de novembro 2009.
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era um político iniciante, mas que ostentava estrategicamente a figura de empresário bem
sucedido no ramo dos transportes, e disposto a trazer o progresso para a cidade de Caruaru.
Nesse sentido a necessidade de progresso local era contaminada pelas políticas
desenvolvimentista industrial e econômico pregadas na década de 50 segundo Marly
Rodriguês:
“A industrialização realizada durante os anos 50 trouxe
consigo a modernização do Brasil. Modernização dos homens,
tornando-os cada vez mais urbanos. Modernização de seus
pensamentos e hábitos, tornando-os mais consumistas. Modernização
do modo de vida das cidades, da arquitetura, das artes, da técnica e
ciência. A partir da segunda metade da década, a expansão industrial
passou a se refletir na estrutura populacional. A possibilidade de
melhores condições de vida atraía as populações rurais – em especial
as do Nordeste, fustigadas pelas secas de 1956 e 1958 – para as
cidades”.20
João Lyra usou a estratégia de ser “o modernizador” que propõe as melhorias urbanas
através do combate a seca e modernização da cidade. Além disso, o Empresário contou com o
apoio do governador de Pernambuco da época, Sid Sampaio e também do deputado estadual
caruaruense Drayton Nejain, nomes esses de “peso” para o palanque de um iniciante político.
Dito isto percebemos um candidato que usava de estratégia de renovação política, mas
seu grupo continham políticos tradicionais como apoiadores da campanha que contribuíram
para que ele fosse eleito prefeito do município de Caruaru.
Lyra Filho posteriormente será eleito mais uma vez prefeito em 1978, e é nesse
momento que Ele dará inicio a inserção de seus filhos Fernando Lyra e João Lyra Neto na
vida política. Um de seus filhos João Lyra Neto também se torna prefeito de Caruaru em duas
oportunidades, nas eleições de 1989 e de 1997, em ambas as eleições, teve como seus
adversários os grupos de Queiroz e Rodrigues Lacerda. Porém o irmão de João Lyra Neto,
Fernando Lyra, constrói sua trajetória política nos caminhos do legislativo estadual e Federal.
Ele se elegeu pela primeira vez deputado estadual quando teve apoio de seu pai (Lyra Filho)
20 RODRIGUES, Marly. A década de 50: Populismo e metas desenvolvimentistas no Brasil. São Paulo, Ática,
1992.
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na eleição de 1966, que oportunidade também era candidato, mas para o cargo de deputado
federal.
Fernando acaba se firmando no cenário político nacional a partir de seu papel como
coordenador da campanha de Tancredo Neves a presidência (1985). Com a vitória de
Tancredo nas eleições indiretas a presidência, Fernando Lyra é nomeado a Ministro da Justiça
durante o governo do presidente José Sarney, que assume o cargo em razão da morte do eleito
Tancredo Neves.
Em 2010, surge a candidatura de Raquel Lyra a deputada estadual, filha de João Lyra
Neto, nascida em dezembro de 1978 no Recife, formada em direito pela Universidade Federal
de Pernambuco, exerceu através de concurso publico os cargos de delegada da Polícia Federal
(2002 a 2005) e Procuradora Geral do Estado (2007 a 2010).21
Utilizando da estratégia de renovação e juventude, Raquel Lyra se elege com
expressiva votação em Caruaru e região, graças a seu sobrenome (Lyra) e o grupo político de
seu pai. Símbolo de uma nova geração da Família Lyra que busca dar continuidade a sua
hegemonia no cenário político local. Tornando a “renovação política” apenas frases de
campanha eleitoral que conservam antigos grupos se perpetuando na política local em novas
roupagens.
José Queiroz
Em 1982, José Queiroz de Lima é eleito pela primeira vez prefeito de Caruaru e
governa de 1983 a 1988, no entanto, Queiroz não é novo no cenário político, sendo uma
novidade no cargo de prefeito. Antes de ser prefeito, Ele ocupou o cargo de deputado estadual
em 1978, onde logo após exercer seu mandato, veio a candidatar-se a prefeito e concorrendo
com Drayton Nejaín, que já tinha vencido a eleição de 1977 contra o próprio Queiroz como
principal concorrente. Ou seja, Queiroz perdeu a eleição municipal para Drayton, no ano
seguinte foi eleito deputado, ganhando mais visibilidade e tempo, volta a concorrer e vencer a
eleição posterior contra Drayton para assim ser eleito pela primeira vez.
Nascido em Caruaru, José Queiroz de Lima, conhecido na cidade também como Zé
Queiroz, é formado em direito desde 1970. Considerado pelo “Grupo Lyra” uma “criação” de
21 Segundo dados da Assembleia legislativa de Pernambuco (ALEPE):
http://www.alepe.pe.gov.br/paginas/?id=3596&dep=4450, 20/12/2014 às 12:00hrs.
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João Lyra Filho, pois no primeiro mandato de Lyra Filho, “Zé” trabalhou como seu assessor.
Onde foi enviado pelo então prefeito ao Rio de Janeiro para participar na condição de aluno,
de um curso de especialização em Administração Pública pela Fundação Getúlio Vargas.
Queiroz também considerado por alguns mais fervorosos correligionários do Grupo
Lyra uma “ovelha rebelde”, por ter um histórico de afastamentos e conciliações por
divergentes interesses dentro do “grupo político”. Segundo Celso Rodrigues, Queiroz foi
convidado pelo próprio Lyra Filho e seus correligionários algumas vezes a ser candidato a
prefeito de Caruaru, mas não aceitou e veio por algumas vezes lançar candidaturas próprias22.
Ao nosso entender, Queiroz e seus correligionários não devem ser colocados como
uma oposição ao Grupo Lyra, porém foi notório o conturbado relacionamento e o choque de
interesses que afastam e aproximam os grupos de acordo com os interesses de cada pleito
eleitoral. Os rachas entre essas forças políticas em certos momentos possibilitaram o
surgimentos do grupo direitista Rodrigues e Lacerda.
Queiroz o político que mais atuou como prefeito de Caruaru, são quatro mandatos
sendo dois deles consecutivos. Como deputado, Queiroz também foi eleito quatro vezes. É um
dos protagonistas da política local, que busca também firmar sua família na vida pública.
Prova disto é seu filho Wolney Queiroz, que foi eleito ao cargo de vereador em sua primeira
eleição, em 1993. E sem a menor experiência política legislativa, também conquistou a
cadeira de o vice-presidente da Câmara de Vereadores de Caruaru no seu primeiro exercício
como legislador municipal. Wolney tem quatro mandatos como deputado federal, onde a
principal estratégia de campanha consiste na ostentação de seu sobrenome.
Rodrigues e Lacerda
No ano 2000, é eleito Tony Gel para o cargo de prefeito, quebrando uma alternância
de poder dos grupos Lyra e Queiroz após o declínio da carreira política do influente direitista
Drayton Nejain. O novo prefeito pertence ao grupo de direita do extinto PFL (Partido da
Frente Liberal, que hoje é o Partido Democratas) que teve no fim dos anos 80 como um dos
propulsores do inicio de sua trajetória política o próprio Drayton Nejain, mas na época não
teve sucesso para o cargo municipal.
22 RODRIGUES, Celson. João: Um homem sem cansaço. 1999, p.70.
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Deputado federal de três mandatos Antônio Geraldo Rodrigues, político familiarizado
com campanhas eleitorais desde 1988. Conhecido popularmente como Tony Gel, nascido no
Recife, mas cresceu em Caruaru, formado em letras pela Faculdade de Filosofia Ciências e
Letras de Caruaru (FAFICA) e em direito pela Faculdade de Direito de Caruaru (FADICA).
Trabalhou por alguns anos como radialista na rádio Local Liberdade AM e FM. Rádio que
pertence à família Lacerda, família de sua esposa Mirian Lacerda (ex-deputada estadual) –
atribuímos a tal fato a nossa ideia de identificar o grupo político em nossa pesquisa como
“Grupo Rodrigues Lacerda”.
Tony Gel passa a ser conhecido por seu programa de rádio, comum em cidades do
interior que doam utensílios que variam de dentaduras à cadeira de rodas para os pobres, dono
de uma bela oratória logo se enveredou no caminho da política.
Casado com a filha de um empresário do ramo de telecomunicações e comércio
atacadista Mirian Lacerda23, que através da influencia de seu marido é a lança como deputada
nas eleições de 2006.
Quando atribuídos à influência de seu marido em sua candidatura não estamos
querendo reforçar estereótipos machistas ou algo semelhante, é que de fato mesmo sendo de
uma família muito conhecida na cidade de Caruaru, Miriam Lacerda, vivia no anonimato.
Enveredando na vida pública como uma assistente voluntária durante o mandato de seu
marido como prefeito, tais fatos deram a ela publicidade para candidatura posterior. Em sua
primeira eleição é a candidata mais votada do Estado de Pernambuco, e por mais social
servente que algum político iniciante possa ser dificilmente ele em um espaço curto de tempo
saia de um anonimato e torna-se dono de expressiva votação sem um grande apoio político,
que no seu caso foi seu marido Tony Gel.
Um fato interessante é que Tony Gel é sobrinho de Anastácio Rodrigues, ex-prefeito
de Caruaru de 1970 a1973, Anastácio era um dos políticos que faziam parte do “grupo do
Lyra”. No entanto, sue parentesco nunca foi uma estratégia ou aliança de Tony Gel, portanto
não houve candidaturas conjuntas ou apoios entre esses grupos nas eleições municipais. Tony
Gel tem como uma de suas grandes estratégias a ostentação de uma obra bem sucedida
quando ainda era deputado, que consiste na construção da barragem do Jucazinho, obra
23 Informações sobre o perfil profissional de Mirian Lacerda, disponíveis no sitio da Assembleia Legislativa de
Pernambuco: < http://www.alepe.pe.gov.br/paginas/?id=3596&dep=2959 >. Acesso em 01/01/2015 às 10:00hrs.
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ostentada durante todas as campanhas como o fator que solucionou o racionamento de água
existente na cidade na década de 90.
A escolha dessa obra como uma das principais estratégias não foi por acaso, pois seu
grande trunfo de fato não se limitar a ser uma solução de um problema hídrico, mas sim a
quebra de braço entre os seus adversários que criticavam essa obra rotineiramente, segundo os
opositores a água era muito salobra e imprópria para uso doméstico. No dia 06 de fevereiro
do ano 2000 o Jornal do Commércio publicou24 uma matéria em sua pagina eletrônica que nos
ajuda a compreender a polêmica em torno da barragem:
O fato é que há “verdades” nesse caso a serem interpretadas. A água realmente foi
detectada como salobra acima dos níveis máximos estabelecidos pela organização mundial de
saúde (como nos mostra a matéria acima), porém sua medição de qualidade da água foi
realizada em um período que a Barragem de Jucazinho estava com sua capacidade de
armazenamento de água em torno de 5%. O que interferiu no resultado da analise, mas com o
24TINÔCO, Pedro. Polêmica em torno da água do Jucazinho pode atrasar a obra. Jornal do Commercio, Recife: 06/fev/2000. <http://www2.uol.com.br/JC/_2000/0602/cd0602j.htm> acessado em: 30 de jan. 2015.
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melhores níveis de água, acima de 10% especialistas garantiriam que a qualidade da água
seria apta para o consumo humano. Hoje, com a água da Barragem sendo utilizada para uso
doméstico, a discussão bizantina se tornou em estratégica política de Tony Gel.
Discussões bizantinas como essas não são fatos isolados, mas rumos de campanhas
acaloradas a cada pleito, que dificulta a realização de um profundo debate sobre a cidade, mas
que garantem eleitores os votos dos eleitores torcedores. Empobrecendo a essência política. E
mantendo hegemonias conservadoras e superficiais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A família Rodrigues e Lacerda não tem uma longevidade no poder, comparando com
os governos dos outros dois grupos Lyra e Queiroz. Porém os três grupos e mais contribuem
para a composição de uma hegemonia de décadas em Caruaru, onde as semelhanças e
diferenças encontradas durante a pesquisa nos dar a oportunidade de conhecer como esses
grupos teatralizam na sociedade do espetáculo e se adaptam ao ponto de atender as mínimas
demandas do imaginário popular que possibilitam a legitimação.
Entre as semelhanças e diferenças entre esses grupos algumas se destacam e abrem
caminhos para futuras pesquisas e futuros pesquisadores se debruçarem sobre eles. Entre as
quais que podemos destacar a participação de Drayton Nejain que ajuda a lançar os Lyras;
protagoniza grandes embates com Queiroz; a priori rejeita e em seguida contribui para
trajetória política de Tony Gel; Drayton deixa seu nome na história de Caruaru tão forte
quanto as famílias que hegemonizam a atual conjuntura. E independente de quem esteja ao
seu lado ou contra, teve ele presente em sua história. Não nos cabe jugar a personalidade de
Drayton na história de Caruaru, mas ficamos convictos de que Ele foi tão herói quanto algoz
de sua própria história, mas acima de tudo uma figura impar na política caruaruense.
Outro ponto semelhante entre os grupos (que só pude notar por fazer ou ser parte desse
contexto) a ser destacado só é possível ser feita com um pesquisador que vive seu objeto de
estudo no dia a dia, que por morar na cidade e presenciar as campanhas eleitorais, conversar
com a população, ler mídias locais e ouvir essas figuras políticas como qualquer civil
caruaruense. Nota-se que mesmo os três grupos estando diretamente ligados a mídias locais,
pouco se esforçam para politizar a população. Limitando-a absorver suas figuras políticas e
facilitando seus caminhos para a captação do imaginário popular para a sua legitimação.
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Outro fator perceptível são as dificuldades dos civis e correligionários em
compreender minimante quais famílias são consideradas adeptas de ideologias de “Direita”,
“Centro” ou “Esquerda”. Muitos têm grandes dificuldades em saber a que partidos pertencem
seus candidatos, boa parte da população reproduz o discurso de rejeição a política, mas se
envolvem de forma veemente de quatro em quatro anos. E a forte teatralização através dos
guias e as passeatas e carreatas, tornam os espetáculos de campanhas mais atraentes que a
apuração das informações sobre os candidatos.
Consideramos que construir analise das conjunturas políticas em que o próprio
pesquisador está inserido, transforma o campo de estudo em um território perigoso, porém
insaciável, onde os diversos olhares e verdades sobre o mesmo fato se refletem na mesma
proporção que um raio de luz em uma casa de espelhos. Cabendo ao historiador conduzir os
reflexos através dos espelhos até que possa iluminar o quadro de Clio pregado na parede da
sala.
Na história ou historiografia política a cada linha escrita podemos nos tornar contrárias
as nossas próprias convicções, e por considerar injusto com o próprio objeto de estudo,
buscamos ser inertes as particularidades que teimam em nos envolver, pois a cada linha que
descrevo entre um grupo político e outro, a cada crítica que faço a um grupo e outro a
consciência me avisa que meu voto fez parte de alguma etapa daquele contexto e sou tão
beneficiado quando culpado das ações históricas que cada grupo político realizou.
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Matérias do Jornal Vanguarda de Caruaru e Mídias eletrônicas
Matérias do Jornal Vanguarda:
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Caruaru, 31 de agosto de 1958.
“Jarbas Falará, ao operariado e as classes produtoras dizendo seu programa de governo
– grande comício na Rua da Matriz, com a presença de renomados oradores”. Jornal
Vanguarda, Caruaru, 14 de setembro de 1958.
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