Luisa Ometto Dal Prete- Parede abdominal
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PAREDE ABDOMINAL
O abdome pode ser dividido em 4 ou 9 regiões topográficas. A parede abdominal é limitada posteriormente, ântero-
lateralmente, superior e inferiormente.
A parede posterior contém os músculos ilíacos, psoas maior e menor e o músculo quadrado lombar (na parede mais
superior).
Já a ântero-lateral contém uma musculatura plana, fixada pela sua aponeurose. O revestimento dessa região é feito
pelos músculos reto do abdome, piramidal, obliquo interno e externo e transverso. A parte superior é revestida pelo
diafragma e a inferior pela pelve (diafragma da pelve).
Divisão em 4: quadrantes superior direito, superior esquerdo, inferior direito e inferior esquerdo. Divisão em 9:
hipocôndrio direito e esquerdo, região da fossa ilíaca direita e esquerda, região dos flancos ou lombar direita e
esquerda, epigástrio, mesogástrio e hipogástrio.
A divisão em 4 áreas é feita por uma linha vertical mediana, por cima da linha alba, e outra horizontal, na altura do
umbigo. A de 9 áreas é feita passando-se pelos seguintes planos: traça-se uma linha horizontal logo abaixo das
costelas e outra ligando-se as duas espinhas ilíacas ântero-superiores. Depois, dois planos verticais, desde a linha
hemiclavicular e passando pela linha semilunar (borda lateral do reto abdominal).
As camadas do abdome, da mais superficial para a mais profunda, são:
Pele
Fáscia adiposa/superficial/subcutânea/de Camper: local de acúmulo de gordura.
Fáscia subcutânea/membranácea/de Scarpa: logo abaixo da de Camper, está em contato com a aponeurose do músculo oblíquo externo.
MÚSCULOS ÂNTERO-LATERAIS
Os músculos ântero-laterais têm várias funções, como flexão do tronco, postural, auxiliar dos movimentos
respiratórios, da defecação, da micção e do vômito, proteção e manutenção da pressão abdominal.
Os músculos oblíquos externo e interno e o transverso formam na região inferior um tendão conjunto, chamado de
foice inguinal.
Oblíquo externo:
É o mais superficial deles. Suas fibras estão situadas obliquamente da região lateral e descendo para baixo (como se
estivesse com a mão no bolso). O oblíquo externo vai desde a borda inferior das costelas inferiores (x-x) até a crista
ilíaca (lábio externo) e aponeurose mediana (até a linha alba).
Na sua parte posterior, delimita a borda lateral do trígono lombar (de Petit), uma área de frouxidão
muscular/fraqueza (Base = crista ilíaca. Borda medial = músculo grande dorsal). Origina a aponeurose externa, o
ligamento inguinal (de Poupart), na sua porção inferior e ainda o anel inguinal superficial, um dos orifícios de
passagem do canal inguinal.
Oblíquo interno:
Está situado logo abaixo do externo. Estende-se desde a fáscia tóraco-lombar (processos espinhosos e transversos
das vértebras lombares) e crista ilíaca (lábio intermédio) até as últimas costelas (x-x), bainha do reto e, na parte
inferior, crista púbica. Suas fibras estão perpendicularmente às do obliquo externo, como a “mão de Napoleão”.
Tranverso do abdome:
Tem origem nas últimas cartilagens costais e na crista ilíaca (lábio inferior) e inserção no processo xifoide, na bainha
do reto e na pube. A fáscia do músculo transverso, ou epimísio, é a parede mais interna do abdome, em contato com
o peritônio.
Piramidal:
É um músculo inconstante, que se origina na pube e se insere na linha alba, inferiormente ao músculo reto
abdominal.
Cremáster:
Fibras musculares inferiores do músculo oblíquo interno que penetram o canal inguinal e o revestem, junto com a
sua fáscia. Tem ação específica de elevação dos testículos.
Reto abdominal:
O músculo reto abdominal está posicionado na vertical, desde o processo xifoide e cartilagens costais (5a-7a costelas)
até a pube. Possui 3 ou 4 intersecções tendíneas que o atravessam horizontalmente e se fundem à bainha do reto.
O reto abdominal é envolvido pelas fáscias/aponeuroses dos músculos oblíquos e transverso, que formam a bainha
do reto e a linha alba/média/branca. Essas fáscias estão organizadas de duas diferentes formas, dependendo da
altura em que se observa.
Na parte mais superior, o músculo é revestido externamente pelas fáscias do oblíquo externo e interno (parte
anterior) e internamente pelas do oblíquo interno (parte posterior) e transverso. Depois, na parte mais profunda, há
a fáscia transversal e o peritônio. O encontro na linha mediana das lâminas da bainha do reto forma a linha alba.
De 2 a 3cm abaixo do umbigo as três aponeuroses começam a passar pela frente do músculo reto abdominal. Essa
mudança forma uma linha na parede interna do abdome, chamada de linha arqueada e evidenciada pela mudança
de cor (de opaco, mais superior, para mais corada, inferiormente. A fáscia transversal, a tela pré-peritoneal (camada
de gordura) e o peritônio se mantém posteriormente ao reto abdominal.
Além disso, há três pregas abaixo da linha arqueada, a prega umbilical mediana (úraco – comunica a bexiga do feto
ao cordão umbilical) e as pregas umbilicais mediais direita e esquerda (formadas pelas duas artérias umbilicais do
feto, que saiam da artéria ilíaca interna). As pregas umbilicais laterais contêm os vasos epigástricos. A veia umbilical
formou o ligamento redondo
A inervação da parede abdominal é feita pelos Nervos tóraco-abdominais (T9, T10 e T11), nervo subcostal (T12), ílio-
hipogástrio e ílio-inguinal.
A vascularização da parede abdominal posterior é feita pelos 5 pares de artérias lombares, ramos diretos da aorta
abdominal. As artérias lombares contêm ramos medulares. A vascularização anterolateral é feita pelas artérias
epigástricas superior e inferior, músculo-frênica e circunflexa ilíaca profunda. A artéria músculo-frênica é ramo da
torácica interna, enquanto a epigástrica superior é o ramo terminal dela. Tanto a circunflexa ilíaca profunda como a
epigástrica inferior são ramos da ilíaca externa. Os vasos epigástricos inferiores cruzam o ligamento inguinal juntos.
Os vasos epigástricos inferiores delimitam a borda lateral do trígono inguinal (de Hesselbach), limitada medialmente
pela borda lateral do reto e inferiormente pelo ligamento inguinal.
UMBIGO
Cicatriz resultante da secção do cordão umbilical. O cordão continha duas artérias umbilicais (pregas umbilicais
mediais), uma veia umbilical (ligamento redondo) e o úraco (prega umbilical mediana).
CANAL INGUINAL
Formado em relação à descida do testículo (que leva consigo o peritônio) durante o desenvolvimento do organismo.
Nos adultos, é um canal de passagem de cerca de 4cm em sentido ínfero-medial, de forma paralela e superior ao
ligamento inguinal (formado pelo músculo oblíquo externo). Nos homens, é preenchido pelo funículo espermático
(artéria testicular – ramo direto da aorta – ducto deferente, artéria do ducto deferente, artéria cremastérica – vem
da epigástrica inferior – plexo venoso pan-piriforme, ramo genital do nervo genitofemoral, ramo do nervo
ílioinguinal,...) e nas mulheres pelo ligamento redondo do útero, além de outras estruturas como vasos e nervos.
É delimitado anteriormente pela aponeurose do músculo oblíquo externo, superiormente pela foice inguinal (tendão
conjunto), posteriormente pela fáscia transversal e inferiormente pelo ligamento inguinal.
O canal contém uma abertura em cada parede abdominal. Na parede interna, forma-se o anel inguinal profundo e
na externa o superficial. O profundo está situado lateralmente aos vasos epigástricos inferiores e superiormente ao
ligamento inguinal. É formado por uma invaginação da fáscia transversal. Já o anel inguinal superficial está logo
súpero-lateral do tubérculo púbico.
O funículo espermático, no homem, está revestido por uma fáscia, em toda extensão, e pelo músculo cremáster, na
porção superior.
HÉRNIAS
Extravasamento ou saída do conteúdo de uma cavidade através de um orifício natural ou adquirido. Como a
cavidade abdominal tem pressão positiva, as vísceras estão sempre querendo sair. Algumas áreas comuns de hérnias
são o hiato esofágico, os canais inguinais, o trígono lombar (de Petit) e a região umbilical.
Uma hérnia inguinal pode ser classificada em direta e indireta. Quando há protrusão da parede abdominal na região
do trígono inguinal a hérnia é direta (ocorre medialmente aos vasos epigástricos inferiores). A hérnia inguinal
indireta ocorre por dentro do funículo espermático, passando pelo anel inguinal profundo. A indireta geralmente
ocorre quando não há fechamento do peritônio ao descimento do testículo (lateralmente aos vasos epigástricos
inferiores).
As hérnias umbilicais são encontradas principalmente nos recém-nascidos, uma vez que eles não têm a parede
abdominal reforçada no anel umbilical. As adquiridas ocorrem principalmente em mulheres e indivíduos obesos,
devido ao aumento da gordura extraperitoneal, que extravasa pelo anel umbilical.