Lt58 *Letras Taquarenses Nº 58 * Antonio Cabral Filho - Rj

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HAICAIS Filhotes se aninham Sob as asas protetoras Inverno chegou. Cida Micossi SP Passam pássaros. Meus sonhos Não migram. J. Cardias RJ A abelha, tristonha, - fauna e flora devastadas Produz mel amargo. Leila Miccolis RJ Pessoas despertam; Madrugada após geada. Inspeção do campo. Manoel F. Menendez SP Ao cantar do galo Também a serra vernal À espera do sol. Neide Rocha Portugal PR Quando eu olhos as rosas Sinto uma vontade imensa De abraçar o artista. Humberto Del Maestro ES Rapaz chega em casa Com a roupa respingada. Lá fora, a garoa. Renata Paccola SP Na seca total Resiste um pouquinho mais Árvore despida. João Batista serra-Ce Sanhaço perscruta, Silente, meu mamoeiro: Tem mamão devês. Caminho do mar: A navalha no meu rosto, Corta que nem gelo. Trilha do mosteiro: O andarilho vai convicto, Buscar paz de espírito. Vai de galho em galho, Pára, olha, me vigia: Esquilo mineiro... Cai um temporal Sobre o calor de domingo: São águas de março. Chove em Parati: Mil peixinhos vêm à tona, Provar outras águas. Antonio Cabral Filho - RJ TROVAS Felicidade, um evento, Uma graça fugidia... Como lufada de vento, Passa por nós, algum dia! Fernando Vasconcelos Pr Desse jeito, esperneando, Considero-te a criança, Que sempre tenta chorando Quando o que quer não alcança. João Batista Será CE Quando a mão busca outra mão E sem rodeios perdoa, Dá-se tão bela união Que Deus bendiz e abençoa. Alaor Eduardo Scisínio RJ Dê-se ao jovem liberdade Para sem medo ele ousar. - É no ardor da mocidade Que o sonho aprende a voar. A. A. de Assis - PR Sigo na rua com frio, A brisa caminha leve... A lua, do céu vazio, Me abraça com mão de neve. Humberto Del Maestro ES Por mais que divague a mente E o rumo tente alterar, Meu olhar tão insistente Te vê em todo lugar... Jessé Nascimento RJ Aquela nuvem que corre, Lembra, de um velho, os cabelos, Que cada dia que morre, Deixa pra traz os desvelos. Henny Kropf RJ Uma lágrima que escorre Trás mil brilho à própria face, Se a cada sonho que morre Há um novo sonho que nasce. Renata Paccola SP Urubu sobre o telhado E voando abertamente Ficou muito bem olhado Pelo suspiro da gente. Franc Assis Nascimento - Go Ao brincar com seu cabelo E puxar o seu vcestido, Vento sede a um sexy apelo E revela ter crescido. Olivaldo Júnior SP Com sete a um da Alemanha, Ao menino a decepção.. Mas o Brasil mais apanha No quesito educação. Eliana Ruiz Jimenez - SC Quando, manhã, bem cedinho, Abrindo os olhos desperto, Através do teu carinho Vejo logo um céu aberto. Walter Siqueira RJ Ano VIII nº58 agosto 2014 Distribuição Gratuita Editor: Antonio Cabral Filho Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro RJ Cep 22.780-300 Email: [email protected] http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC

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HAICAIS

Filhotes se aninham

Sob as asas protetoras –

Inverno chegou.

Cida Micossi – SP

Passam pássaros.

Meus sonhos

Não migram.

J. Cardias – RJ

A abelha, tristonha,

- fauna e flora devastadas –

Produz mel amargo.

Leila Miccolis – RJ

Pessoas despertam;

Madrugada após geada.

Inspeção do campo.

Manoel F. Menendez – SP

Ao cantar do galo

Também a serra vernal

À espera do sol.

Neide Rocha Portugal – PR

Quando eu olhos as rosas

Sinto uma vontade imensa

De abraçar o artista.

Humberto Del Maestro – ES

Rapaz chega em casa

Com a roupa respingada.

Lá fora, a garoa.

Renata Paccola – SP

Na seca total

Resiste um pouquinho mais

Árvore despida.

João Batista serra-Ce

Sanhaço perscruta,

Silente, meu mamoeiro:

Tem mamão devês.

Caminho do mar:

A navalha no meu rosto,

Corta que nem gelo.

Trilha do mosteiro:

O andarilho vai convicto,

Buscar paz de espírito.

Vai de galho em galho,

Pára, olha, me vigia:

Esquilo mineiro...

Cai um temporal

Sobre o calor de domingo:

São águas de março.

Chove em Parati:

Mil peixinhos vêm à tona,

Provar outras águas.

Antonio Cabral Filho - RJ

TROVAS

Felicidade, um evento,

Uma graça fugidia...

Como lufada de vento,

Passa por nós, algum dia!

Fernando Vasconcelos – Pr

Desse jeito, esperneando,

Considero-te a criança,

Que sempre tenta chorando

Quando o que quer não alcança.

João Batista Será – CE

Quando a mão busca outra mão

E sem rodeios perdoa,

Dá-se tão bela união

Que Deus bendiz e abençoa.

Alaor Eduardo Scisínio – RJ

Dê-se ao jovem liberdade

Para sem medo ele ousar.

- É no ardor da mocidade

Que o sonho aprende a voar.

A. A. de Assis - PR

Sigo na rua com frio,

A brisa caminha leve...

A lua, do céu vazio,

Me abraça com mão de neve.

Humberto Del Maestro – ES

Por mais que divague a mente

E o rumo tente alterar,

Meu olhar tão insistente

Te vê em todo lugar...

Jessé Nascimento – RJ

Aquela nuvem que corre,

Lembra, de um velho, os cabelos,

Que cada dia que morre,

Deixa pra traz os desvelos.

Henny Kropf – RJ

Uma lágrima que escorre

Trás mil brilho à própria face,

Se a cada sonho que morre

Há um novo sonho que nasce.

Renata Paccola – SP

Urubu sobre o telhado

E voando abertamente

Ficou muito bem olhado

Pelo suspiro da gente.

Franc Assis Nascimento - Go

Ao brincar com seu cabelo

E puxar o seu vcestido,

Vento sede a um sexy apelo

E revela ter crescido.

Olivaldo Júnior – SP

Com sete a um da Alemanha,

Ao menino a decepção..

Mas o Brasil mais apanha

No quesito educação.

Eliana Ruiz Jimenez - SC

Quando, manhã, bem cedinho,

Abrindo os olhos desperto,

Através do teu carinho

Vejo logo um céu aberto.

Walter Siqueira – RJ

Ano VIII nº58 agosto 2014 Distribuição Gratuita Editor: Antonio Cabral Filho

Rua São Marcelo, 50/202 Rio de Janeiro – RJ Cep 22.780-300 Email: [email protected]

http://blogdopoetacabral.blogspot.com.br / http://letrastaquarenses.blogspot.com.br Filiado à FEBAC

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SALDO ESCASSO

Após devorar

A sagrada esperança

De Agostinho Neto,

Com gosto de suor africano

Explorado em solo brasileiro,

Regada a muito café

E mergulhado em insônia,

Vou passear no quintal

Ver se colho um poema

Ou o sal da escassez.

NOITE

Depois de trabalhar

O dia inteiro

A noite fica exausta

E se dependura

Lá do céu sobre nós

E dorme como os morcegos...

É por isso que acordamos

Chamuscados de escuridão.

METAPOÉTICA

De tanto

Alavancar o poema

Acabei pavimentando

O verso

E instalando a poesia

Sempre no ponto final.

COMPLEXO DE KAFKA

Não fossem os calafrios

Da pobre coitada mãe

Que vivia em panos quentes

Pra manter seu pai

Em banho-maria

Teríamos mais psicanalistas

Tentando livrar as pessoas

Dos estados parasitários

E Kafka transformado

em barata.

LARGO DA BATALHA

Já diz tudo

O nome do local

Que nos lembra

Algo longe

Transido de combates

E ainda agora

Nos seus arredores

Chegam avisos da pólvora:

Seguem escaramuças

Por seu corpo escarpado,

Todo respingado de rubro.

PONTO CEM RÉIS

Não sei quantos reis

Passaram por este ponto

E não sei ainda

Se era sem réis

Caso houvesse pedágio

Transitar livremente.

ENQUETE

O vovô anarquista

Perguntou para o netinho

Se acreditava em Papai Noel:

- Por quê, vai me dar presente?

Inquiriu o garoto, todo serelepe,

Enquanto o avô confabulava

Com seus bigodes:

- Que menino materialista!

ANTI GULLAR

Inútil a luta corporal

Sem poemas concretos

Sobre romances de cordel

A sós dentro da noite veloz

Pra cometer poema sujo

E acender uma luz no chão

Em plena vertigem do dia

Causar crime na flora

E sair por aí fazendo barulhos

Com muitas vozes

E argumentação contra

A morte da arte

Pleno de antologias...

HORA DA RVOLUÇÃO

É hora da revolução!

É hora da revolução!

Não! Não é nenhum

Sinal dos tempos

Nem devido à queda

De algum ditador.

É que eu vi

Um homem no ônibus

Lendo o Manifesto Comunista.

PRÊMIO JUSTO

Corredor polonês

Só para o maldito inventor

Do corredor polonês,

Que eu fui.....

CACETE BAIANO

Depois de apanhar

Até gato morto miar,

Por dizer gracinhas

Para a menina dos olhos

Do paizão ciumento,

Diz que ganhou

O maior cacete baiano.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

Eu sei que o boca-a-boca

É a melhor propaganda,

Mas não adianta resmungos

Nem choro pelos cantos.

Só devolvo o beijo

Que te roubei dormindo,

Se vieres tomá-lo

Boca-a-boca...

DEUSES DE PAUPÉRIA

Era uma cidade

Fundada por ATA

E lá estava escrito:

Artigo Único -

Aqui todos somos felizes,

Pela graça dos deuses.

E todos tudo fazem

Para o bem de todos.

§ Único – Revogam-se

as disposições em contrário.

Antonio Cabral Filho – RJ