LONA 653 - 29/09/2011

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[email protected] @jornallona lona.up.com.br O único jornal-laboratório DIÁRIO do Brasil Ano XII - Número 653 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011 Thomas Mayer Fruet filia-se ao PDT e planeja candidatura à prefeitura de Curitiba Gustavo Fruet, ex-PSDB, anunciou ontem, na UFPR, a sua filiação ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Na ocasião o ex-deputado federal falou sobre a sua possível candidatura à Prefeitura de Curi- tiba nas eleições municipais de 2012. Pág. 3 Greve dos Bancários As agências bancárias continu- aram fechadas no segundo dia de campanha salarial da categoria. Pág. 5 Aborto Manifestação lem- bra o dia latino- americano pela le- galização do aborto. Pág. 3

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

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lona.up.com.br

O único jornal-laboratório

DIÁRIOdo Brasil

Ano XII - Número 653Jornal-Laboratório do Curso de

Jornalismo da Universidade Positivo

Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Thomas Mayer

Fruet fi lia-se ao PDT e planeja candidatura à prefeitura de Curitiba

Gustavo Fruet, ex-PSDB, anunciou ontem, na UFPR, a sua fi liação ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Na ocasião o ex-deputado federal falou sobre a sua possível candidatura à Prefeitura de Curi-tiba nas eleições municipais de 2012.

Pág. 3

Greve dos BancáriosAs agências bancárias continu-aram fechadas no segundo dia de campanha salarial da categoria.Pág. 5

AbortoManifestação lem-bra o dia latino-americano pela le-galização do aborto.Pág. 3

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Expediente

Editorial

Reitor: José Pio Martins | Vice-Reitor e Pró-Reitor de Administração: Arno Gnoatto | Pró-Reitora Acadêmica: Marcia Sebastiani | Coordenação dos Cursos de Comunicação Social: André Tezza Con-sentino | Coordenadora do Curso de Jornalismo: Maria Zaclis Veiga Ferreira | Professores-orientado-res: Elza Aparecida de Oliveira Filha e Marcelo Lima | Editores-chefes: Daniel Zanella, Laura Beal Bordin, Priscila Schip

O LONA é o jornal-laboratório do Curso de Jorna-lismo da Universidade Positivo. Rua Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300 -Conectora 5. Campo Comprido. Curitiba -PR CEP 81280-30 Fone: (41) 3317-3044.

Ombudsman

Altos e baixos - Dramas de uma redaçãoAna Paula Mira, jornalista e pro-fessora universitária

Produzir um impresso diário como o Lona - jornal-laboratório de curso e mais protegi-do de pressões capitalistas diretas, o que não significa que ele não tenha que apresentar al-guma espécie de resultado - nos dá margens para questionarmos a significância de se fa-zer jornalismo no modelo que propomos.

No livro “Ônibus 174: a relação entre ima-gem e voz no telejornalismo e no documen-tário”, a jornalista e professora universitária Sandra Nodari analisa a relevância da cober-tura da Globo News e do Jornal Nacional no lamentável episódio do sequestrador Sandro do Nascimento - a polícia matou uma vítima e sufocou o sequestrador no camburão. São diversas barrigas, incongruências, apelos sensacionalistas e condutas éticas duvidosas - o que põe em xeque a validade de uma co-bertura hard news destituída de amplitude analítica, compromissada apenas com o furo jornalístico.

O mesmo dilema acomete o jornalismo impresso. A dificuldade de cobrir em tempo real pela necessidade de permanência que o impresso exige o coloca em situação inferior ao rádio, televisão e internet. A perda de pú-blico e a dificuldade de formação de novos leitores de jornal levantam questionamentos sobre seu futuro e necessidade.

Jornalismo impresso sem contextualiza-ção, opinião, análise e diferenciação de cober-tura é dispensável, não resiste, não é capaz de explicar seus custos e sua existência.

A Rede Globo chegou a engravidar mor-tos, trocar o nome do sequestrador, dizer o nome de uma vítima e veicular imagem de outra. (O desafio do jornalismo impresso é ainda mais ingrato: a palavra não dissipa.)

Sabemos que as maiores questões existen-ciais de um meio em constante crise de iden-tidade podem servir de alavanca para a refor-mulação de seu significado.

Uma boa leitura a todos.

DrOps

Por Mila Bastos

UFPR

Ontem, a Universidade Fede-ral do Paraná divulgou o nú-mero de inscritos no vestibu-lar 2011/2012. Por enquanto, são 50.100 inscrições, seis mil a mais do que no ano passa-do. Mas ainda estão sendo analisadas, pois já foram en-contradas inscrições em du-plicidade, de acordo com a Universidade.

NovidadePara o ano de 2012 estão sen-do ofertadas 5.177 vagas, para 97 opções de cursos. E o vestibular conta com uma nova opção de curso: Expres-são Gráfica, que abre 40 va-gas para o turno noturno.

DisputaMais uma vez, Medicina é o curso mais concorrido. São 47 candidatos concorrendo por uma vaga. Em seguida, vem Publicidade e Propagan-da, com 28 candidatos por uma vaga. Logo atrás está Arquitetura e Urbanismo, com 27 candidatos por uma vaga. O curso de Jornalismo conta com a concorrência de 21 para 1 e é a 6ª opção mais procurada.

RealizaçãoA primeira fase do vestibular da UFPR acontece no dia 13 de novembro, sendo realiza-da a prova de conhecimen-tos gerais. E para quem for aprovado na primeira etapa, a segunda fase será no dia 11 de dezembro, com a prova de produção de textos.

HistóriaO processo de seleção da UFPR completa 100 anos nes-ta temporada e é um dos mais tradicionais do país.

A última semana do Lona teve pontos positivos e negativos (o que é normal em qualquer redação), mas vou tentar fazer uma análi-se dia a dia, para ficar mais fácil corrigir problemas e repetir o que deu certo.

Antes de fazer essa aná-lise, no entanto, acho im-portante ressaltar o cuida-do redobrado que devem ter em relação à gramática. Há muitos erros de concor-dância (praticamente em todas as edições) e outros erros que jamais podem ser cometidos depois de uma edição, como na gravata da manchete de segunda (20) “Há menos de mil dias para a abertura da Copa...”. O correto é “A menos de mil dias...”, pois é algo que ain-da vai acontecer, não é tem-po passado.

Deixando de lado as questões gramaticais, va-mos a algumas questões jornalísticas:

Terça-feira – Boa maté-ria sobre a Copa, com um olhar crítico interessante. Na matéria dos sebos, sen-ti falta de um foco maior na internet, já que o restante do texto aborda informa-ções óbvias sobre sebos. O diferente é falar sobre o es-paço que o segmento con-quistou nas redes. Algumas páginas depois, percebi, na matéria dos Correios, uma espécie de “erro de conti-nuidade”. No texto de aná-lise, é abordada uma infor-mação que não consta na matéria principal – a greve como reivindicação contra a privatização.

Quarta-feira – A foto de capa da quarta é muito ruim. E a de dentro é a mes-

ma! Não entendi direito se foi um problema de edição ou da gráfica, mas tem que tomar mais cuidado com isso. Gostei das opiniões so-bre o vale-cultura e adorei o perfil desse dia. Muito boa história e bem escrita.

Quinta-feira – Gosto muito da coluna Drops, e a de quinta foi especialmente interessante. Importante to-mar cuidado com as fontes escolhidas para as matérias. No texto da p. 4 do dia 22, sobre devedores, um jorna-lista fala sobre inadimplên-cia, sendo que o ideal era que um economista abor-dasse o tema. Adorei a crô-nica “Clarice mentiu” desse dia. Intertextual, sensível e gostosa de ler.

Sexta-feira – A matéria sobre consumo, publicada nesse dia, apresentou muita opinião. Cuidar com a par-cialidade excessiva nos tex-tos. Gostei do foco na ma-téria do Dia sem Carro, que não se limitou a falar sobre a data, mas fez um alerta em relação ao fato de Curitiba não ter proposto nada. Logo a cidade ecológica, modelo e outras tantas definições po-liticamente corretas...

Segunda-feira – Outra foto ruim na capa... Apesar de ser de uma criança e de o especial de saúde abordar algumas doenças infantis, acho que não informa nada ao leitor. Achei que a man-chete da matéria sobre os portadores do HIV poderia ser a queda no número de pessoas doentes, em vez de expor o número de doentes. Apesar desse detalhe, todas as matérias dessa edição es-tão ótimas e bem apuradas.

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Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

No mundo todo, mulheres e homens vêm travando uma luta pela legalização do abor-to. O dia 28 de setembro é o marco de uma importante – e polêmica – discussão.

A mobilização está sendo organizada no Brasil por co-mitês, organizações e mani-festações em favor do direito e autonomia de cada mulher decidir sobre o próprio cor-po.

Em Curitiba, a manifes-tação aconteceu na manhã de ontem, na praça Santos Andrade, seguindo a passe-ata contra corrupção, até a Câmara. Com carro de som, faixas e adesivos, muitos estudantes e trabalhadores puderam ouvir e saber mais sobre essa luta. O dia Latino-Americano pela Legalização do Aborto na América Latina e Caribe foi lembrado com uma grande manifestação.

Manifestação pede descriminalização do abortoOntem foi o dia Latino-Americano pela Legalização do Aborto

Em 1869, a Igreja Católica declarou que a alma era parte do feto desde a sua concep-ção, transformando o aborto em crime.

O Brasil, apesar de ser um país laico, responde como maioria católica enquadran-do o aborto como crime e pe-nalizando a mulher que o faz e aqueles que participam do ato.

Participante de movimen-to feminista, Ludmila Nas-carella diz que o debate vai muito além de um simples e preconceituoso julgamen-to de contra ou a favor. Para ela, o governo poderia refle-tir em relação às mulheres. “Em tempos de emancipação feminina, de direitos iguais, de conquistas, a mulher ain-da não é dona do seu corpo”, afirma.

Entre os estudantes, Ma-riana Chagas, de 21 anos, diz ser a favor da legalização e descriminalização do aborto.

Suelen Lorianny

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Suelen Lorianny

“Muitas mulheres morrem por não ser legalizado, não deveria ser tratado como re-ligião, e sim como escolha e opinião”.

E quem encaminhou a manifestação foi o movimen-to Mulheres de Segunda, as faixas com dizeres: “Legali-zar não é incentivar. Aborto

seguro e legal para não mor-rer”, “O corpo é da mulher, ela faz o que quiser”, puxa-ram a passeata. Distribuíram adesivos com as mesmas frases e finalizaram com um discurso no carro de som. “É muito importante lembrar-mos desse dia e deixarmos de lidar com a questão do abor-

to como religião ou julgando certo e errado. Milhares de mulheres e fetos morrem fa-zendo abortos clandestinos. Ninguém é a favor do abor-to. Somos a favor da liberda-de de escolha de cada uma e do direito a saúde”, afirmou Giulia Lacerda, uma das ide-alizadoras do movimento.

Na tarde desta quarta-feira, Gustavo Fruet anun-ciou sua filiação ao Partido Democrático Trabalhista, o PDT. O anúncio aconteceu nas escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, onde Fruet se formou em Direito. Na ocasião, falou sobre suas divergências com o antigo partido, PSDB, e os planos para a sua candidatura à Prefeitura de Curitiba nas eleições de 2012.

Fruet deixou o PSDB em julho deste ano e, para dis-putar as eleições municipais no ano que vem, deveria es-tar filiado a um partido até outubro. Para Fruet, a de-cisão foi baseada nas lutas

Fruet tem novo partidoO ex-deputado federal Gustavo Fruet vai para o PDT e pretende concorrer à PrefeituraLaura Beal Bordin históricas do PDT e espaço

para a campanha. “O parti-do tem um histórico ligado ao movimento social e uma estrutura mínima de tempo para o horário eleitoral”, disse. O ex-deputado ainda afirmou que não foram fei-tas exigências por parte do PDT. “O que foi estabeleci-do é que haja diálogo e de-mocracia. Agora, a direção partidária é discutir possí-veis alianças para o ano que vem”.

O líder do PDT no Para-ná, Osmar Dias, não esteve presente, mas anunciou em nota que Fruet mostrou sua competência e seriedade durante seu mandato como deputado e que se filiou ao partido para melhorar Curi-

tiba. Gustavo Fruet diz não guardar nenhuma mágoa ao seu antigo partido. “Já fiz as críticas necessárias e agora temos que pensar no futu-ro”, afirmou. O ex-deputado

ainda comentou as denún-cias contra o vereador João Cláudio Derosso (PSDB) e afirmou que todos os que es-tão ao lado do presidente da Câmara estão na chapa para

a reeleição de Ducci. “Todos estão do mesmo lado da mo-eda. Os partidos que se po-sicionaram contra Derosso foram os que me abriram as portas”.

POLÍTICA

Thomas Mayer

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ENTREVISTA

Estudando no Chile há alguns meses, Alexandre Mello, 30 anos, é um bra-sileiro que se aventura em um campo pouco conheci-do no Brasil: a astronomia. Formado em Engenharia Elétrica pela UTFPR, ele sempre se interessou pela astrofísica, curso que atu-almente estuda entre o Brasil e o Chile, e explica um pouco sobre seu futuro trabalho.

Quais são as dificulda-des da profissão?

A principal dificuldade é a falta de recursos em um país que não dá valor à ciência. A maior parte dos recursos se direciona a ob-jetivos práticos de retorno imediato. A pesquisa em ciência não dá um retorno imediato, mas traz um re-sultado muito mais amplo no sentido de desenvol-vimento do país, a longo prazo. Financeiramente, não é atraente trabalhar em ciência, e as oportu-nidades de emprego são escassas (limitando-se a universidades e a alguns poucos centros de pesqui-sa de financiamento fede-ral). Quem escolhe uma carreira científica no Brasil o faz para trabalhar com aquilo que gosta.

O que os astrônomos geralmente buscam, quan-do observam o espaço?

Conhecimento. Buscam descobrir e aprender coi-sas sobre o universo que nos rodeia. Mais especi-ficamente os astrofísicos buscam entender os pro-cessos físicos que regem o funcionamento dos astros,

Juan Martinez

A vida de um brasileiro entre o frio, telescópios e as grandes questões do universo

galáxias e também do uni-verso como um todo. Esse conhecimento leva a um melhor entendimento da física que pode ser por sua vez aplicado a coisas mais práticas, como novas tec-nologias.

Quanto tempo de estu-do é necessário?

Normalmente, um as-trônomo deve ter pelo menos um curso de douto-rado, e é desejável um pós-doutorado. É no doutora-do que se aprende a fazer pesquisa inédita.

Quais os principais er-ros de conceito feitos so-bre sua profissão?

Demais para serem ci-tados. O Brasil é um país extremamente carente em termos de ciência. O índice

Entre Curitiba e o Atacama

de analfabetismo científico do Brasil é extremamen-te alto e isso faz com que as pessoas não entendam do que se trata a ciência em geral. Provavelmente, isso vem de uma defici-ência crônica de formação em ciências no ensino bá-sico. Um exemplo disso é a grande porcentagem de pessoas que acredita em astrologia no Brasil, mes-mo entre as pessoas com um nível bom de escola-ridade. Para citar algo da minha percepção pessoal, vejo que as pessoas não sabem como é o trabalho de um cientista, não co-nhecem a existência dos centros de pesquisa, como o Laboratório Nacional de Astrofísica na minha área, e nem sequer sabem que as universidades também

funcionam como centros de pesquisa, e não só de ensino.

Mais especificamente na instrumentação para Astronomia, as pessoas não sabem direito o que é um telescópio, não tem noção do tamanho dos te-lescópios profissionais, e por isso mesmo a maioria das pessoas nem imagina a complexidade exigida na construção de um telescó-pio.

Sobre o telescópio a ser construído, por que no Chile?

O Chile, mais especifi-camente na cordilheira dos Andes na região do deserto do Atacama, é uma das me-lhores lugares do mundo para se colocar um telescó-pio. O clima desértico ga-

rante poucas nuvens para atrapalhar a observação do céu, e a grande altitude da montanha proporciona uma menor camada de at-mosfera, o que leva a ima-gens mais nítidas. Além disso, a localização afas-tada de regiões povoadas garante um céu escuro, es-sencial para a astronomia. Outras regiões no mundo bem propícias para a as-tronomia são o deserto do Arizona, e ilhas com mon-tanhas altas como o Havaí e as ilhas Canárias. O Chi-le conta com os maiores te-lescópios do mundo, como o Gemini Sul, de 8 metros de diâmetro, o Telescópio SOAR, que possui grande participação brasileira, de quatro metros, e quatro de oito metros, chamados VLT, pertencentes ao ESO

Arquivo pessoal

Astrônomo brasileiro divide tempo de estudos entre Brasil e Chile

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(Organização Européia de pesquisa Astronômica). Todos esses telescópios contam com contínuo de-senvolvimento de melho-rias na forma de novos instrumentos. Atualmen-te, o ESO pretende cons-truir seu novo telescópio, o ELT, no Chile. Esse terá 42 metros e será o maior do mundo. Atualmente, o Brasil está em negociação para sua entrada nessa or-ganização. Isso significa acesso aos telescópios do ESO para os astrônomos brasileiros, além de per-mitir que o Brasil participe de projetos no desenvol-vimento de instrumenta-ção para os mesmos. Essa busca por telescópios cada vez maiores ocorre porque o tamanho de um objeto visível por um telescópio é diretamente proporcio-nal ao seu diâmetro, pos-sibilitando a observação de objetos menores e mais distantes, além de aumen-tar a captação de luz, que

permite a observação de objetos menos brilhantes e invisíveis a telescópios menores.

Ele terá uma função es-pecífica? O que se espera observar com ele, que o distinga dos outros?

Como disse antes o ELT será muito maior. Com essa capacidade, espera-se poder observar objetos menores e mais fracos, por exemplo, espera-se poder observar planetas em ou-tras estrelas diretamente. Atualmente, pouquíssi-mos exoplanetas foram observados diretamente, somente os mais brilhantes e afastados da sua estre-la podem ser observados com os telescópios atuais. Os astrônomos contam com métodos de detecção indiretos como eclipses e a oscilação da estrela, por exemplo. Mas não é só observação de exopla-netas que será melhorada, todo tipo de objeto pode-

rá ser observado com me-lhor resolução e mais luz, permitindo melhorias na observação de todo tipo de objetos, em especial os compactos e muito distan-tes.

Quais os desafios es-pecíficos na construção deste telescópio?

O principal desafio ao se construir um telescópio na Terra é que a atmosfera estraga a imagem obser-vada, deixando-a turva e destruindo qualquer ga-nho em termos de reso-lução que o seu tamanho poderia proporcionar na ausência da atmosfera. É por isso que o Telescópio Hubble é um sucesso tão grande. Apesar de ser re-lativamente pequeno (2,4 metros), o Hubble não tem atmosfera para estra-gar a imagem observada. Um dos maiores desafios é a necessidade de corrigir essas distorções causadas pela atmosfera para que o

tamanho de um telescópio terrestre possa ser apro-veitado para proporcionar maior resolução. Isso se faz com um sistema eletrônico de alta velocidade que cor-rige a imagem. Esse tipo e sistema é conhecido como Óptica Adaptativa, e mui-ta pesquisa está se fazen-do no sentido de melhorar esses sistemas a aplicá-los aos telescópios gigantes. Também é um grande de-safio de engenharia a cons-trução estrutural e óptica de um sistema que requer uma precisão enorme para funcionar corretamente.

Quais são as chances do telescópio, ou de qual-quer outro, de encontrar indícios de vida em ou-tros planetas? Isso é algo que preocupa os astrôno-mos?

Antes de responder quais são as chances de encontrar vida em outros planetas, é necessário des-cobrir qual é a abundância

de planetas semelhantes à Terra em nossa vizinhan-ça. É isso que se tem pes-quisado atualmente bus-cando encontrar novos exoplanetas. Telescópios servem não só para se ver os astros, também é possí-vel fazer uma análise dos componentes químicos presentes no objeto ob-servado (espectroscopia). Este tipo de análise é tal-vez a possibilidade mais provável de se detectar outros planetas com vida. Ou seja, uma detecção in-direta pela presença de elementos químicos que indiquem ação de orga-nismos vivos. Esse tipo de pesquisa tem um apelo popular forte, o que pro-pulsiona os cientistas e re-alizarem pesquisas nesse sentido. Afinal de contas a ciência tem como princi-pal objetivo o de respon-der às grandes perguntas, e a pergunta: “estamos sós no universo?”, é uma delas.

Na última terça-feira (27), o governador do estado, Beto Richa, esteve em Paranaguá.

O governador visitou as instalações da Prefeitura Mu-nicipal de Paranaguá, que fo-ram apresentadas pelo prefei-to em exercício, Fabiano Elias, com quem Beto teve uma reu-nião às 14h30min.

Após a reunião, Beto Richa seguiu com a esposa, Fernan-da Richa, com o Secretário de Infraestrutura e Logística, Pepe Richa, com o prefeito em exercício de Paranaguá e outras lideranças políticas da cidade para a obra do Aquário Marinho, onde o diretor exe-cutivo da Cattalini, Cláudio

Governador vistoria obra do Aquário Marinho em Paranaguá

Daudt mostrou toda a estrutu-ra da obra.

O governador elogiou o ta-manho e a qualidade do aquá-rio “É uma belíssima obra, de qualidade”. O governador destacou ainda, o que a obra vai representar em termos de atração turística: “Vamos ter aqui uma diversidade mari-nha muito grande e isso vai representar um ganho para Paranaguá, para todo o lito-ral e para todo o Paraná, vis-to que no Estado não temos um aquário deste porte. É um dos maiores e mais modernos aquários do país e isso vai dar um grande retorno para Pa-ranaguá, no aspecto turístico, educativo, ambiental e, inclu-sive científico. Fico feliz em ver essa obra que está na fase

Débora Mariotto AlvesDébora Alves

de conclusão e que possamos inaugurar já na próxima tem-porada”, explicou.

Segundo os responsáveis pela obra, o modelo de gestão ainda está em fase de discus-

são, mas será avaliada a me-lhor forma de administração possível.

A empresa Cattalini está investindo cerca de R$ 5 mi-lhões na execução deste proje-

to, como medida compensató-ria pela explosão, em 2004, do navio chileno Vicuña.

Após a visita, o governador seguiu com a esposa e o irmão para Guaraqueçaba.

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Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Web 3.0.? “Eu aborto, tu abortas, somos todas clandestinas”Semana passada, muitas

pessoas se surpreenderam com a nova cara do Facebook, que estreou sua nova interface. A principal modificação da rede social foi o sistema que permite o compartilhamento automático de atualização por meio da bar-ra lateral, a Timelime. Pode não parecer uma mudança muito significativa, mas ela é, segun-do o criado do site, o americano Zack Zuckerberg, um avanço em direção do futuro da Internet.

O futuro imaginado pelo criador da rede social que já re-úne mais de 800 milhões de pes-soas pelo mundo é, no entanto, muito incerto e talvez visioná-rio demais. Para Zuckerberg, em alguns anos, sites como o Facebook vão permitir o com-partilhamento de tudo, abso-lutamente tudo o que o usuá-rio faz na Internet. Seria assim: você está ouvindo uma música e seu perfil seria atualizado au-tomaticamente, sem que você precisasse fazer um post; você lê uma notícia, o sistema se en-carrega de avisar seus segui-dores disto e assim por diante.

O problema, como não é difí-cil de imaginar, é que essa con-cepção de vida virtual esbarra em questões éticas e, principal-mente, acaba com a privacidade do usuário. Apesar de ter sido

No dia Latino-Americano e Ca-ribenho de luta pela Descrimina-lização e Legalização do Aborto, celebrado em 28 de setembro, mi-lhares de mulheres foram às ruas reivindicar seus direitos sexuais e reprodutivos. Com a chamada “Eu aborto, tu abortas, somos to-das clandestinas”, a campanha pretende incentivar o debate so-bre o tema. No Brasil, o aborto é considerado crime, mas a ilega-lidade não impede a sua prática.

Segundo o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFE-MEA), anualmente, cerca de um milhão de mulheres se submetem ao aborto clandestino. Destas, pelo menos 250 mil morrem, tor-nando esse procedimento a tercei-ra maior causa de morte materna no país. Apesar dos números alar-mantes, o Brasil segue na contra-mão dos fatos e persiste em manter uma legislação punitiva em torno do aborto. Inalterada desde 1940, a legislação brasileira criminaliza a prática com detenção de um a três anos, permitindo a realização do aborto somente em casos de es-tupro ou risco de vida para a mãe. A lei é a mais severa do mundo e se assemelha a adotada em países como Nigéria, Angola e Sudão.

Em 2008, uma pesquisa reali-zada pela Universidade de Bra-sília (UnB) em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UerJ) revelou que 70% dos abortos realizados no Bra-sil são feitos por mulheres entre 20 e 29 anos, casadas, mães e ca-tólicas. Dados que contradizem o senso comum que projeta o aborto como um método de con-tracepção e adotado somente por mulheres solteiras. Ou seja, a cri-minalização e a suposta “mora-lidade cristã” não impedem que mulheres decidam pelo aborto. Porém, ao optarem por essa prá-tica, devem recorrer à ilegalida-de, arriscando suas vidas e sua

Tecnologia Gênero

Rodrigo Cintra Dilcélia Queiroz

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@ rodrigo_cintra

Cursa o 8º período da noite

@dilceliaqueiroz

Cursa o 4º período da noite

o primeiro a falar abertamen-te da ideia, Zuckerberg não foi o primeiro – e certamente não será o último – a conceber um mundo vigiado pela Internet.

A Google – como sempre – foi uma das pioneiras da ideia. Os sistemas Street View, que per-mite passeios virtuais com vis-ta panorâmica por várias cida-des do mundo, e Google Earth, que mostra imagens recentes do planeta feitas por um satélite, tem sido alvo de muitas críticas quando o tema é privacidade.

Mas, em termos comerciais, a ideia de um sistema assim é re-volucionária. Uma agência de publicidade ou um jornal, como exemplos, poderiam monitorar, em tempo, a quantidade de vi-sualizações de seus anúncios ou matérias em tempo real. Essa informação poderia então ser revertida em campanhas de pu-blicidade cada vez mais eficazes.

Mas, como tudo na Internet, é muito provável que americano que abandou Harvard para se tor-nar um dos homens mais influen-tes do mundo esteja errado. Não será primeira vez que algo pare-cido acontece, ainda mais num mercado tão sujeito a transfor-mações como é a web. Eu – se é que minha opinião vale – preferia não viver sob a paranóia de um mundo vigiado constantemente.

saúde com um aborto inseguro.Penalizar apenas as mulheres

pela interrupção de uma gesta-ção, isentando o seu parceiro, é também criminalizar o gênero feminino. É ainda, consentir com a reprodução dessas desigualda-des entre as próprias mulheres, já que as com melhores condições financeiras podem pagar o preço cobrado pelas clínicas clandes-tinas, enquanto as pobres se su-jeitam aos medicamentos falsifi-cados, aos chás abortivos, ou aos instrumentos perfuradores, cujo resultado muitas vezes é a morte decorrente de hemorragia ou ne-gligência no atendimento do SUS.

Legalizar não é sinônimo de incentivar o aborto. Junto com a legalização, o Estado deve re-forçar campanhas de educação sexual, direitos sexuais e plane-jamento familiar. Além disso, o projeto de lei sobre legalização do aborto defende a interrupção da gravidez somente até a 12ª sema-na de gestação. Até esse período o feto ainda não possui sistema nervoso, portanto, não sente dor e nem sofreria com o aborto. Essa reinvindicação leva em conta o fato de a lei considerar uma pes-soa como morta após a parada da atividade cerebral, permitin-do inclusive a retirada de órgãos após essa confirmação. Então, se é possível considerar o final da vida com o término da atividade cerebral, por que não considerar o início da vida da mesma forma?

Não se trata apenas de uma superficial polarização entre ser contra ou favor. A legalização do aborto deve ser encarada como uma questão de saúde pública e de direito das mulheres. O deba-te, portanto deve ser feito a partir da realidade em que elas vivem, e não a partir dos valores e concep-ções de alguns setores da socie-dade que criminalizam baseados em falsas questões éticas e morais.

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Me parece que a vida passa a fazer mais senti-do quando você encontra alguém que segura a sua mão tão forte que mesmo quando atrasada você quer ficar. Passei a reparar nas pupilas. Pupilas sempre denunciam interesse, e as suas te entregaram fácil! Talvez nos primeiros dias eu realmente não soubesse o que iria acontecer, mas acho que já te olhava de um jeito curioso que você nem suspeitava. Te dava tchau, virava as costas, coração a mil, se orienta, mulher! Fazia tanto tempo que não sentia isso que demorei a lembrar. Então eu me pe-gava fazendo e falando coi-sas que não faço ideia de como você não me flagrou. Eu pensava: “Meu Deus, ele viu isso, me entreguei, já era e agora ele vai sacar tudo”, se tivesse o costume de ficar com as bochechas vermelhas (como você), teria ficado assim inúme-ras vezes e quem sabe você perceberia que eu não es-tava ali interessada na sua

amizade. Afinal, tem como ser sua amiga? Não tem! Não tem porque se você parar em um boteco na beira da estrada, você vai pedir uma coxinha daque-las que gruda nos dentes do fundo, como eu! Você vai ficar ocioso no trabalho

lendo coisas idiotas e rindo idiotamente de tudo, como eu. Você preza tanto ami-zades, você tem fé, você é forte, você nem sabe o que significa “acordar de mau humor”. Como eu. Eu não sei se foram as cadeiras do futuro, a feijoada no meu

aniversário, o nosso gosto para leitura ou as risadas escandalosas no meio da rua. Fato é que você agora mora aqui. Seja muito bem vindo, meu Amor, quero você comigo todos os dias, nos jogos do nosso time, quero você acordando co-

migo, quero te deixar brabo até seus olhos mudarem de cor, quero minhas mãos nas suas mãos, quero ouvir sua voz antes de dormir, até que tudo mude, até que comece-mos tudo novamente, até o depois e depois, até o dia em que os anéis mudam de lugar.

Café com Leite Por Evelyn Bueno

Marcos Monteiro

RUA A.C.S., nº 110Por Jessica Carvalho

Sozinha em uma casa que não é minha, com o sol iluminando a meta-de do quarto e uma série de pinheiros no quintal. É uma das casas da minha infância e, principalmente, um dos únicos lugares que ainda carrega memórias do que me aconteceu há muito tempo, por mais vagas que estas sejam. Me lembro de ter gostado do vizinho, de ter dançado na calçada, de ter brincado de tudo um pouco – menos bicicleta – e de ter decorado todo o quarto (que agora é de um menino de 8 anos) como se

fosse um lar para as mi-nhas bonecas. A verdade é que já foi o meu lar. Do lado de dentro e do lado de fora, porque às vezes eu arrastava uma poltro-na para o jardim e impro-visava o teto com lençóis.

Agora eu sento do lado da grande janela branca que dá para a rua e penso que tudo mu-dou. Os meus cabelos, o meu rosto, o meu gosto e a vontade, que antes era de ficar aqui e esperar para brincar com o mun-do e agora é de sair para abraçá-lo.

Marcos Monteiro

LITERATURA

Page 8: LONA 653 - 29/09/2011

Curitiba, quinta-feira, 29 de setembro de 2011

PERFIL 8 8

Inter 2Ele sabe que tem a obriga-

ção e o dever de levar e buscar seus fiéis passageiros todos os dias em seus respectivos destinos. Sendo assim, não preguiçoso, acorda cedinho... às 5h48 no terminal do Cabral e só vai dormir aos 13 minu-tos da madrugada no termi-nal do Portão. Durante esse período de 19 horas cada esta-ção recebe cerca de 162 visitas do amigo prateado. “Esses dias parei pra fazer a conta de quantos Inter 2 eu peguei durante a vida universitária. Confesso que me assustei. Fiz a conta levando em con-sideração que eu tenha ido e voltado 200 dias por ano. Nos quatro anos eu teria pego, só pra ir e vir da faculdade 1600 vezes o inter 2. Sabendo que eu ficava em cada trajeto pelo menos meia hora dentro dele, eu passei cerca de 800 horas dentro do ligeirinho”, de-clara Priscila Cheminski, ex-estudante de administração.

É inegável que o inter 2 faz parte da rotina de milhares de curitibanos. “As histórias que eu já presenciei aqui dentro dá pra escrever mais de um livro com certeza. Eu trabalho nessa linha há mais de cinco anos e com experiência posso dizer que não existe em Curi-

Lilian Alves tiba um personagem tão con-hecido quanto o inter 2, acho que até o Oil man fica pra trás”, expressa com risos, o motorista Marcio de Oliveira. Embora o amigo prateado acorde cheio de boa vontade, sua realidade não é tão afáv-el assim. Apesar de ser mais rápido que os ônibus tradi-cionais, as condições em que os passageiros enfrentam no ligeirinho, principalmente nos horários de pico, são terríveis.

Chegando em qualquer es-tação tubo ou terminal de ôni-bus, facilmente percebe-se que há uma guerra pronta para ini-ciar assim que o próximo Inter 2 encostar para desembarque e embarque - o que geral-mente não ocorre nessa or-dem. “Existem coisas que to-dos os passageiros do ônibus sabem. Situações corriqueiras que acabam se tornando nor-mais pra quem está ali todos os dias, mas que de normal na verdade não tem nada”, desabafa a professora da rede pública Elecy Galvares.

Assim que o ônibus chega, o termo ‘abriu a porteira’ cai como uma luva. Confusão, empurrões, passageiros ten-tando entrar enquanto outros tentam sair, correndo para achar um lugar para ficar, pois sentar no inter 2 é mis-são quase impossível. “É uma loucura. Não dá pra abrir mão

dos 10cm de chão que você ocupou”, complementa Elecy. E você lá no final da fila acaba pensando que vai ser melhor esperar o próximo. Ledo en-gano! Ao pisar na plataforma percebe que as pessoas estão empurrando, e que se não se-guir o fluxo, em questão de segundos a porta vai fechar com você prensado nela. É nessa hora que você auto-maticamente lembra de uma lata de sardinha, pelo aperto

e pelo cheiro. Tem de tudo: falta de banho, milhopã, pon-can, frituras, bacalhau e afins. O ônibus dá a partida e nesse momento é preciso procurar um locar para se segurar- mes-mo que não haja a mínima possibilidade de você sair do lugar– avista então uma bar-ra de ferro para se apoiar e ao encostar nela, sente seu aspec-to um tanto quanto molhado e grudento, compreensível se levado em consideração a quantidade de mãos das mais diversas pessoas que passam por alí. Aí você pensa que não pode piorar a situação, mas, o seu celular toca, e como fazer para pegá-lo, sendo que está na mochila atrás de você. Pri-meiro porque você demora uns dez segundos para iden-tificar se é o seu mesmo, ou se é de outra pessoa, afinal, a distância é mínima e os sons se confundem facilmente. Ao descobrir, começa a marato-na: coloca a mão pra baixo, da uma viradinha, pega a mochi-la, puxa pra frente- nesse mo-mento você já vai estar sendo encarado por no mínimo umas dez pessoas que estão ao seu redor e que ficaram profunda-mente incomodadas com você se mexendo daquela maneira- mas não há outro jeito, então você continua e ao finalmente conseguir o celular para de tocar. Você nem cogita a pos-sibilidade de devolvê-lo onde

“É uma loucura. Não dá pra abrir mão dos 10cm de chão que você ocupou”, conta Elecy.

Linha Direta, ou simplesmente Ligeirinho, surgiu no início dos anos 90.

estava anteriormente e conti-nua seu trajeto. Pensa que o ônibus está cheio? Não, não está. Em cada parada que des-cem 5 pessoas, entram 10. E as-sim vai.A música clássica que toca no ônibus, com intuito de relaxar os passageiros, se confunde com a criança cho-rando, o menino escutando o funk da mulher maravilha no viva voz do seu celular, o velhinho contando sua his-tória para alguém que está ao seu lado, a moça pedindo informação de qual tubo vai descer e com as conversas dos mais variados assun-tos e tons de vozes. É por isso, talvez, que 90% dos passageiros já entrem plu-gados em seus fones de ou-vidos, seja escutando 98fm, CBN, ou sua pasta de mú-sicas prediletas, assim, pelo menos, só se escuta o que quer. Mas como tudo nessa vida, existe um lado bom também: o alívio de chegar e ser descompactado. Mes-mo sabendo que na hora de voltar começa tudo de novo.

Lilian Alves

Lilian Alves