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Curitiba, terça-feira, 5 de maio de 2009 - Ano XI - Número 478 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L acessibilidade Deficientes lutam por acessibilidade Em Curitiba, várias ongs participam do processo de luta pelo direito de ir e vir dos portadores de necessi- dades especiais. As pessoas com dificuldade de loco- moção dependem muito de recursos como elevadores e rampas. Mas os projetos arquitetônicos, principal- mente os mais antigos, não possuem a estrutura ade- quada. E mesmo quando a questão envolve pessoas que não enxergam, por exemplo, os especialistas aler- tam para uma necessidade de uma arquitetura padrão nas cidades. Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Páginas 4 e 5 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Página 3 Começa hoje a mostra Viva La Diferencia. A exposição reúne uma seleção com as melhores peças publicitárias da Espanha. A mostra vai até 29 de maio, e a abertura conta com uma mesa-re- donda com especialistas no assunto, hoje, a partir das 19 horas, no Teatro Positivo Pequeno Auditório. Farão parte da mesa-redon- da Marcos Pamplona, diretor da escola de criatividade Lemon School; o presidente do Clube do Criação do Paraná, Renato Ca- valher; e Sérgio Menezes, professor de Criação e Redação Publi- citária da Universidade Positivo e na Lemon School. A entrada é gratuita. Exposição traz melhores peças da propaganda espanhola a Curitiba

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, terça-feira, 5 de maio de 2009 - Ano XI - Número 478Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

acessibilidade

Deficienteslutam poracessibilidade

Em Curitiba, várias ongs participam do processo deluta pelo direito de ir e vir dos portadores de necessi-dades especiais. As pessoas com dificuldade de loco-moção dependem muito de recursos como elevadorese rampas. Mas os projetos arquitetônicos, principal-mente os mais antigos, não possuem a estrutura ade-quada. E mesmo quando a questão envolve pessoasque não enxergam, por exemplo, os especialistas aler-tam para uma necessidade de uma arquitetura padrãonas cidades.

Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5Páginas 4 e 5

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Começa hoje a mostra Viva La Diferencia. A exposição reúneuma seleção com as melhores peças publicitárias da Espanha. Amostra vai até 29 de maio, e a abertura conta com uma mesa-re-donda com especialistas no assunto, hoje, a partir das 19 horas,no Teatro Positivo Pequeno Auditório. Farão parte da mesa-redon-da Marcos Pamplona, diretor da escola de criatividade LemonSchool; o presidente do Clube do Criação do Paraná, Renato Ca-valher; e Sérgio Menezes, professor de Criação e Redação Publi-citária da Universidade Positivo e na Lemon School. A entrada égratuita.

Exposição traz melhores peças dapropaganda espanhola a Curitiba

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Opinião

Expediente

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalis-mo da Universidade Positivo – UP,

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-30. Fone (41) 3317-3000

Reitor: Oriovisto Guimarães. Vice-Reitor: José Pio Martins.Pró-Reitor Administrativo: Arno Antônio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: Renato Casagrande; Pró-Reitora de Extensão:Fani Schiffer Durães; Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesqui-sa: Luiz Hamilton Berton; Pró-Reitor de Planejamento e Ava-liação Institucional: Renato Casagrande; Coordenador do Cur-so de Jornalismo: Carlos Alexandre Gruber de Castro; Profes-sores-orientadores: Ana Paula Mira, Elza Aparecida e Mar-celo Lima; Editores-chefes: Antonio Carlos Senkovski, Cami-la Scheffer Franklin e Marisa Rodrigues.

“Formar jornalistas comabrangentes conhecimentosgerais e humanísticos, capa-citação técnica, espírito cria-tivo e empreendedor, sólidosprincípios éticos e responsa-bilidade social que contribu-am com seu trabalho para oenriquecimento cultural, so-cial, político e econômico dasociedade”.

Missão do cursode Jornalismo

Cartazes do filme “Coco avant Chanel” foram proibidos nos ônibus e metrô de Paris, pois aestilista aparece fumando. Você concorda?

SimNãoTragueo livre-arbítrio Publicidade negativa

Giovanna Lima

O cartaz do filme “Coco avantChanel”, que conta a história daestilista francesa Coco Chanel,foi vetado semana passada dosônibus e metrôs de Paris. O mo-tivo: conter a imagem da protago-nista - a atriz Audrey Tautou -fumando. A empresa que admi-nistra a publicidade nos trans-portes de Paris considerou o car-taz uma publicidade indireta dotabaco. Como se não bastasse, asimagens chocantes atrás dos ma-ços, a proibição de fumar emgrande parte dos ambientes fe-chados e aumento do preço doscigarros, querem proibir a popu-lação de ver os grandes ícones nasua verdadeira forma.

Coco Chanel fumava, emuito. O cigarro virou quaseum acessório para a estilista.Imaginem o filme “Não estoulá” retratando Bob Dylan semmastigar seus cigarros. Imagi-nem a minisérie da Globo“Maysa: quando fala o cora-ção”, mostrando a cantora debossa nova sem seus lindíssi-mos cigarros com filtro e suasdoses uísque. Impossível ima-ginar. Imaginem se fossem di-vulgadas apenas fotos do íco-ne James Dean em que ele nãoestivesse com um cigarro naboca. Dean perderia todo seucharme. Imaginem se resolves-sem publicar as obras de Char-les Bukowski sem brigas, por-res, palavrões, cigarros e tudomais de politicamente incorre-to. Não seria Bukowski.

Aliás, mudando um poucoo foco, parece-me que todos oshedonistas já se foram. Issome entristece. As pessoas dehoje têm pensamentos a longoprazo. Estudar, trabalhar, teruma boa imagem, vencer.Veio-me à cabeça a música doDead Fish, “Sonho médio”.Que sonho médio deprimenteque estamos vivendo. Ondeestá o “vamos viver tudo quehá pra viver, vamos nos per-mitir”, do grande Lulu? Onde

está o “Live fast, die young?”Além do mais, quanto zelo,

hein? Estamos rodeados tam-bém por pessoas que queremtransformar o homem numa cri-atura perfeita. Adolf Hitler exi-gia seres completamente higie-nizados, inodoros e tinha umrepúdio imenso pelo cigarro.As empresas de hoje são sim-patizantes às ideias do ditadorquando, por exemplo, exigemque, para um profissional sercontratado, ele não deve exporseus defeitos e não fumar. Issonão é nada menos que discri-minação.

Outra questão é que propa-gandas de cerveja, que causamtanto mal quanto o cigarro,são aceitas em qualquer lugar.E os fast-foods, repletos degordura e conservantes, queaparecem a cada cinco minu-tos na TV e diariamente emoutdoors? Se o interesse é asaúde coletiva, o bem-estar ge-ral, por que elas não são cen-suradas? Que perseguiçãodesmedida ao fumante. Quan-ta hipocrisia.

Vamos perder o medo desermos humanos. Vamos abu-sar do nosso direito de livre-arbítrio, pelo qual lutamostanto. Livre-arbítrio não só depensar e de ver tudo que hápelo mundo afora. Livre-arbí-trio de conhecer as grandesobras daqueles que odiavam edaqueles que idolatravam o ci-garro. Sem o livre-arbítrio per-demos a autonomia de agir deacordo com nossa consciênciae certo e errado ou até mesmosem nenhuma consciência.

Silvia Henz

A medida está causando po-lêmica ao redor do mundo, prin-cipalmente na França, onde aspessoas são tolerantes ao cigar-ro e a lei não.

O problema não é o cigarrono cartaz, mas a forma como eleaparece, glamourizado nas mãosde “Coco Chanel”. Sim, o cigar-ro fez parte da vida e personali-dade de Coco, mas ela é de umaépoca em que as pessoas não sa-biam dos males do tabaco e quefumar era um hábito comum eelegante. A publicação de umapropaganda como esta em esta-ções de metrô pode, além de re-lançar a moda do cigarro (se éque ela um dia foi esquecida),

provocar vontade em ex-fuman-tes, que na verdade são fuman-tes em abstinência para o restoda vida, pois enquanto viveremcorrem o risco de voltarem ao ví-cio. Impotência sexual, doençascardiovasculares, câncer pulmo-nar e de boca, dentes amarelados,unhas e cabelos quebradiços,mau hálito, envelhecimento pre-coce e cinco milhões de mortespor ano, segundo pesquisa daUniversidade de Harvard. Moti-vos para não fumar existem aosmontes, e para fumar? Além dovício, não sei.

Quando falo que o cartaz de“Coco avant Chanel” é publici-dade disfarçada, respondem-meque estou dando vazão à teoriaconspiratória, então os produto-res do filme são muito ingênuosde achar que o cartaz passariapelas leis antitabaco da Metrobus.

Segundo a psicologia, aspessoas começam a fumar porautoafirmação, busca de si mes-mas, influência de amigos, fami-liares e da publicidade. O meioque se tem maior influência é oque temos maior controle: a pu-blicidade.

Há 20 anos as propagandas

de cigarro eram superproduções,comparáveis às de perfumes atu-ais e, além disso, o cigarro era li-gado no cinema ao homem más-culo, a cowboys, a milionários ea mulher bonita, elegante, pode-rosa. Se voltarmos àquele tempo,voltaremos ao índice de mortespor doenças decorrentes do taba-co que se tinha - entre 1980 e2000 houve uma queda de 38%desse tipo de morte no Brasil, se-gundo dados do Instituto Nacio-nal do Câncer (INCA).

Existem campanhas doINCA contra o consumo de cigar-ros por pessoas de baixa renda.O motivo? Trabalhadores dei-xam de comprar comida paracomprar cigarro, então imagineem que posto da vida desses su-jeitos ficam a saúde e educação.

A publicidade positiva, epior, a publicidade positiva dis-farçada do cigarro, é a vilã des-sa história. Ela leva o indivíduoa fumar para parecer mais sérioe interessante, e leva seus amigosa acreditarem nisso também. Elacria o imaginário coletivo e cris-taliza de um jeito que a publici-dade negativa vai levar anospara desfazer.

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Traguenegativa

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Priscila Paganotto

Uma exposição das melho-res produções publicitárias es-panholas realizadas nos últi-mos quatro anos. Este é o temada mostra Viva La Diferencia,organizada pelo Instituto Cer-vantes em colaboração com oClube de Criativos da Espanhae a Universidade Positivo. Se-rão expostas 130 peças gráfi-cas e 100 peças audiovisuais,que mostram a união entre cri-atividade e inovação na publi-cidade espanhola.

Todas as obras foram sele-cionadas rigorosamente peloClube de Criativos, conforme acriatividade e o claro avançocomunicativo que representam.Os espanhóis se convenceramde que só aquilo que é percebi-do como novo e diferente des-perta a curiosidade. O profes-sor de Publicidade e Propa-ganda da Universidade Positi-vo Sérgio Menezes afirma que“o mercado da publicidade naEspanha está em ascensão”.Para ele, o principal objetivo damostra é promover a atualiza-

Viva LaDiferenciaMostra em Curitiba expõe toda a criatividade da publicidade espanhola

GeralCultura

ção dos alunos em relação aoque está sendo feito fora dopaís, aumentando assim seurepertório para a criação.

Para a professora de línguaespanhola dos cursos de Jor-nalismo e Publicidade e Propa-ganda da Universidade Positi-vo Luz Maria Romero Silva, amostra é uma iniciativa impor-tante. “Os alunos devem se in-teressar em ir, porque eles sótêm a ganhar culturalmente ehistoricamente”, afirma a pro-fessora. Luz Maria afirma ain-da que “a publicidade espa-nhola é uma das melhores domundo”.

A mostra Viva La Diferen-cia será aberta hoje no TeatroPositivo Pequeno Auditóriocom uma mesa-redonda comespecialistas que farão umaanálise da publicidade espa-nhola, com base em materiaisque serão exibidos para a pla-teia. Farão parte da mesa Mar-cos Pamplona, diretor da esco-la de criatividade Lemon Scho-ol, e do presidente do Clube doCriação do Paraná, Renato Ca-valher, que trabalhou como re-

Dayane Machado

A secretaria municipal de saúde de Campo Largo, na Re-gião Metropolitana de Curitiba, anunciou ontem que foi encon-trado um foco do mosquito Aedes aegypti em uma empresa dacidade.

O mosquito infectado pelo vírus é o transmissor da dengue,doença infecciosa febril aguda causada por um vírus da famí-lia flaviridae. Atualmente, a dengue é considerada um dos prin-cipais problemas de saúde pública de todo o mundo.

O foco foi descoberto por meio de uma pesquisa que é reali-zada a cada 15 dias em locais suspeitos. Há mais de dois anosisto não acontecia no município. O coordenador de Controleda Dengue de Campo Largo, Francisco Rodrigues de OliveiraSobrinho, afirmou que em nove anos trabalhando nesta fun-ção, poucas vezes foram encontrados casos como este. “Esta éa quarta vez que aparece um foco na cidade”.

Segundo o secretário de Saúde de Campo Largo, LucianoWerner, as medidas para evitar que o foco se espalhe já foramtomadas. O dono do estabelecimento foi notificado e já se ini-ciou o tratamento no local. Os agentes de saúde estão percor-rendo a região atingida porque o mosquito transmissor da den-gue tem capacidade de voo de até 150 metros de onde são en-contrados. “Se dificultar a proliferação das larvas, dificultare-mos a existência da doença. A população tem que se conscien-tizar e ajudar”, explicou Werner.

De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura domunicípio, uma campanha para a conscientização da popula-ção será iniciada. Para o secretário de saúde, a simples verifi-cação de recipientes com água parada como garrafas, pneus evasos de flores já evita que casos de dengue aconteçam.

Foco de dengueé encontrado na

Região MetropolitanaLarvas do mosquito Aedes aegypti foram

detectadas em empresa de Campo Largo

Saúde

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Evento:Viva La DiferenciaTema: Exposição dasmelhores peças publici-tárias espanholas.Data: de 5 a 29 de maio.Horário: Abertura às 19h| Nos demais dias a ex-posição fica aberta à visi-tação.Local: Teatro Positivo Pe-queno Auditório | RuaPedro Viriato Parigot deSouza, 5300.A entrada é gratuitaMais informações pelotelefone 3317- 3446.

Serviço

dator em várias agências deSão Paulo e de Curitiba, e Sér-gio Menezes, professor de Cri-ação e Redação Publicitária daUniversidade Positivo e na Le-mon School. Para a organiza-dora do evento na Universida-de Positivo, Alessandra Túlio,“o contato dos alunos com es-ses profissionais é o principalobjetivo do debate, pois elesvão discutir o que foi utilizadona produção dessas campa-nhas”.

A mesma mostra já aconte-ceu nos centros do InstitutoCervantes de Belgrado, Sofia,Argel, São Paulo, Beirute, Is-tambul, Manila e Brasília. OInstituto, que foi criado em Ma-dri, em 1991, tem como objeti-vo difundir a língua e a cultu-ra dos países hispânicos e par-ticipar na promoção de inter-câmbios culturais no mundointeiro. É a maior instituiçãomundial dedicada ao ensinoespanhol, possuindo 70 cen-tros em 41 países. A exposiçãoacontece até o dia 29 de maio.A entrada é gratuita e abertaao público geral.

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totalmente acessível

EspecialAcessibilidade

À procura da cidade

Gabrielle Souza

“Seria interessante andar?Não sei, nunca andei!” Parauma pessoa que teve paralisiainfantil aos dez meses de ida-de e mesmo assim nunca de-sistiu de vencer, o atrofiamen-to das pernas não foi a maiorbarreira a ser quebrada. Paramelhorar a acessibilidade dascidades, a assistente social Su-eli de Fátima Beber, portadorade deficiência física, realiza háanos trabalhos juntamentecom instituições que atendemportadores de deficiência físi-ca, visual e auditiva. Foi ain-da integrante da Seleção Bra-sileira de Tênis de Mesa.

Na região de Curitiba exis-tem cerca de 56 instituições

envolvidas com o trabalho deinclusão social, como o Insti-tuto de Cegos do Paraná, a Es-cola Alternativa de Ensino Es-pecial, a Associação de Pais eAmigos dos Excepcionais(APAE), Associação dos Defi-cientes Físicos do Paraná, As-sociação dos Deficientes Visu-ais do Paraná, o Clube Espor-tivo dos Deficientes, entre ou-tras.

As deficiências podem serdivididas em cincos grandesgrupos: física, mental, senso-rial, orgânica e múltipla. Adeficiência sensorial pode sersubdividida em visual, auditi-va e múltipla, quando há apresença de dois ou mais ti-pos de deficiências associa-das.

Tendo em vista o númeroexpressivo de pessoas porta-doras de alguma deficiência, aAssociação Brasileira de Nor-mas Técnicas (ABNT) criou em2004 uma lei que obriga profis-sional projetista a realizar pro-jetos que garantam a acessibi-lidade universal a todo edifí-cio de uso público. O arquite-to Heinrich Wazur GalvãoConsolin comenta que, aoaprovar um trabalho no Con-selho Regional de Engenharia,Arquitetura e Agronomia(CREA) uma Anotação de Res-ponsabilidade Técnica (ART)deve ser feita. Assim, o profis-sional declara que seguiu asnormas específicas da acessi-bilidade universal na elabora-ção do projeto pelo qual está seresponsabilizando.

A cartilha do ProgramaBrasileiro de AcessibilidadeUrbana define acessibilidadecomo a capacidade de umapessoa se deslocar pela cida-de, através da utilização dosvários meios existentes detransporte e por todos os espa-ços públicos, de maneira inde-pendente. Deve ser promovidoo acesso a prédios públicos,estabelecimentos de comércio,serviços e áreas de lazer.

Sueli Beber relata que exis-tem barreiras arquitetônicasem todo lugar, então paraconscientizar os estabeleci-mentos sempre mostra a lei daABNT. “Quando chego a algu-ma agência bancária e os cai-xas estão no andar de cima ouno de baixo, peço para um au-xiliar vir me atender, façovaler o que me é de direito”,declara.

A não acessibilidade impe-de que muitas pessoas possamse locomover independente-mente. No próprio prédio emque Sueli mora, não existeacessibilidade. Apesar de mo-rar no primeiro andar, precisasubir 35 degraus. Como se nãobastasse isso, faz esse trajetocerca de três vezes ao dia. Comartrose nos braços, sente opeso de estar andando por 48anos de bengala. Apesar das36 cirurgias que fez, nuncaconseguiu andar sem apoio.

Ela considera escada episo liso os seus principaisinimigos. Lembra que no Sho-pping Parque Barigui, porexemplo, não costuma ir, por-que o piso de lá, do tipo porce-lanato, é muito escorregadio.

Durante o 8º Fórum Perma-nente de Acessibilidade –Crea/PR ocorrido em 20 denovembro de 2008, o arquitetoe urbanista, especialista emacessibilidade arquitetônicaRicardo Tempel Mesquita co-mentou que o piso pati-pavê éa pior arma urbana que exis-te, pois aquelas pedras se sol-tam com frequência e por se-rem pequenas, se jogadas atin-gem uma distância e velocida-de muito grandes. Segundoele, o mais indicado é o pisopaver, blocos de concreto in-ter-travados que não são es-corregadios e nem se soltamcom facilidade.

Ricardo é ex-cadeirante epai de ex-cadeirante, se envol-veu nessa causa por presenci-ar a necessidade de alterarmuitas coisas na cidade paraajudar a resgatar a dignidadee o amor próprio das pessoas,

sejam elas deficientes ou não.Dentre os 23 países que Su-

eli conheceu, durante o tempoque disputou competiçõespela Seleção Brasileira de Tê-nis de Mesa, ela destaca a Es-panha, que tem ônibus que re-baixam a altura do nível dochão, e a Argentina, um povohospitaleiro que presta bas-tante ajuda, além de haver pra-ças com calçadas amplas.

Segundo ela, os motoristasde ônibus de Curitiba e RegiãoMetropolitana não usam asplataformas elevatórias, indis-pensáveis para portadores dedeficiência física, exclusiva-mente porque não fazem ma-nutenção do equipamento eelas ficam inutilizáveis.

Durante uma manifestaçãoda qual participou no Centrode Curitiba, Sueli convidoudois políticos para participa-rem de desafios na Rua XV deNovembro: em um deles colo-cou uma venda e pediu paraandar sozinho, e o outro sesentou em uma cadeira de ro-das. Segundo ela, foi uma es-tratégia que deu certo, pois emseguida fizeram alterações nasruas da cidade. “Mas nenhumconseguiu fazer o percursopor muito tempo”, lembra.

Deficiência visualHelena Rosa Goés tem 16

anos e desde os nove não enxer-ga. Durante uma aula na Esco-la Joaquim Ribas de Andrade,localizada em Balsa Nova, inte-rior do Paraná, sentiu uma for-te dor de cabeça, e teve ceguei-ra repentina total. Os médicosconstataram que era um tumorbenigno que pressionou o ner-

Helena realizando um trabalho sobreLeonardo da Vinci em uma aula de braile

Célio Vigilato

totalmente acessívelPortadores de necessidades especiais querem seus direitos assegurados

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EspecialAcessibilidade

vo óptico, deixando-a cega. Pas-sou por seis cirurgias, sem ob-ter nenhum resultado positivo.Desde 27 de julho de 2005 fre-quenta em Campo Largo o Cen-tro de Atendimento Especi-alizado, Área de Deficiência Vi-sual (CAE). Tem aulas de brai-le, sorobã, informática, karatê,natação, golbol e corrida. E noperíodo da noite estuda no Ce-ebja, escola de ensino para jo-vens e adultos, na qual cursa oensino médio.

“Minha vida mudou radi-calmente após a cegueira. Masisso não impediu que aprendes-se um esporte e participasse decompetições”, declara. Helena ébicampeã regional, bicampeãestadual e campeã brasileira decorrida, último campeonato dis-putado em 2007 em Brasília.

Dentro do Centro conseguecaminhar tranquilamente, masquando coloca o pé fora do por-tão, as coisas mudam. Das 67pessoas que frequentam a ins-tituição, grande parte reclamado problema de caminhar narua. “As placas não têm um pa-drão de colocação, as caçambasficam expostas nas calçadas, àsvezes estamos seguindo o para-lelepípedo e de repente caímosno barro”. Isto acontece poiseles precisam de uma referênciapara caminhar.

O barulho alto também éuma dificuldade para eles, poisusam muito a audição. A faltade cardápios em braile impedeque eles possam escolher sozi-nhos uma refeição, sempre ne-cessitam pedir ajuda do gar-çom. “Cada dia é um novo de-safio depois que você perde avisão”, declara Helena.

A professora pós-doutoradaem Educação Especial LucianeManeira Stdrezk trabalha comos alunos do Instituto na disci-plina de orientação e mobilida-de. As aulas são em sala e nasruas da cidade. Eles aprendem

a andar de bengala, que segun-do Luciane é a extensão do bra-ço, serve para o cego perceberdesníveis, obstáculos e torna amobilidade mais independente.

A professora explica que épreciso haver um padrão na ar-quitetura das cidades, porqueàs vezes os alunos desviam doposte e batem na lixeira, mora-dores deixam areia nas calça-das e o inimigo número um, queé o telefone público, impede quea mobilidade seja sem tropeços.

Nas aulas práticas, Lucianee os alunos, grupo de no máxi-mo quatro, saem às ruas paraconhecer e memorizar os traje-tos. A tática desenvolvida pelosalunos é contar o número deruas até o destino, perceber otipo de chão pelo qual o ônibuspassa, se é paralelepípedo ouantipó, por exemplo.

São PauloSegundo a arquiteta Cláu-

dia Cavallante, nos bairros commaior infraestrutura, observa-sea preocupação em adequar osespaços públicos quanto à aces-sibilidade, ainda que seja porquestões de legislação.

As calçadas da AvenidaPaulista foram reformadas nofim do ano passado. No pisonovo foi feita a colocação dopiso tátil para os deficientes vi-suais, obstáculos foram removi-dos, como mobiliário urbano ebancas de jornal. Segundo Cláu-dia, falta muito para se chegara uma situação próxima à ide-al. “Existem poucos faróis depedestre com alarmes, para osdeficientes. O que costumo versão calçadas esburacadas, pavi-mentadas com os mais diversosmateriais, sem nenhuma sinali-zação para os deficientes, ape-sar da legislação existente”, re-vela.

Na maior metrópole do Bra-sil, os prédios comerciais maisnovos, projetados e construídos

de acordo com a legislação,apresentam os recursos exigi-dos, principalmente no que serefere aos deficientes com pro-blemas de locomoção. No metrôtambém é possível notar maioracessibilidade apenas para oscadeirantes.

Para a realização de obrasde acessibilidade é preciso terum projeto bem detalhado, poisos aspectos a serem reorganiza-dos são em um volume muitogrande.

Interior de São PauloAlém da parte arquitetônica

das cidades, Heinrich destaca aimportância de as pessoas te-rem consciência e respeito aopróximo. “Quando tivermos aacessibilidade universal natu-ralmente inserida em nossas vi-das, pode ter certeza que sere-mos pessoas muito mais civili-zadas”, diz. O arquiteto revelaque, a não ser em grandes cen-tros como São Paulo, as biblio-tecas públicas não estão prepa-radas para atender deficientesvisuais.

Para o arquiteto, a maior di-ficuldade de mobilidade e omaior número de obstáculos es-tão nas calçadas, que são exe-cutadas sem cuidado ou nãotêm manutenção constante. Bu-racos, trincas, material de reves-timento solto são problemas

sempre presentes, e um enormecausador de acidentes de pedes-tres. As agências bancárias fo-ram um dos primeiros estabele-cimentos comerciais a coloca-rem faixas táteis no chão, masainda falta muito, como a dis-ponibilidade de extratos embraile.

Agências bancáriasAs faixas de orientação no

piso das agências bancárias de-vem ser entendidas como umaextensão da calçada, e devempossuir diferentes tipos de ma-

Sueli em uma de suas viagens pela Europa, onde as calçadasnão têm declive

Arquivo pessoal

“Minha vida mudou radicalmente apósa cegueira. Mas isso não impediu queaprendesse um esporte e participassede competições”HELENA ROSA GÓES

teriais, com diferentes texturase relevos para a orientação dosportadores de deficiência visu-al, e isto deve se refletir paradentro de todos os edifícios deuso coletivo, restaurantes, lojas,cinemas, escolas, estádio de fu-tebol, hotéis, entre outros. Ficamfora desse quesito as casas par-ticulares.

Para favorecer os cegos exis-tem em alguns bancos, as cabi-nes individuais, para os mes-mos fazerem consultas de extra-tos e depósitos, e a permissãoda entrada de cão-guia.

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ColunasMeio ambiente Seriados

Bambifoi emboraBambi

Suellen Cristiane Ferreira

Em algumas cidades do Pa-raná, como Curitiba, São Josédos Pinhais, Ponta Grossa e Fozdo Iguaçu, é proibida a apresen-tação de animais de origem sil-vestre, selvagem ou nativo. Aquina capital paranaense, além daproibição da apresentação dosbichos, a presença deles tambémnão é permitida. E os donos daBambi não sabiam disso.

Bambi é uma elefanta adoles-cente de 46 anos que pertence aoCirco Moscou. Muito engraçadi-nho, o “pequeno animal selva-gem” fica lá atrás do Estádio Pi-nheirão balançando para lá epara cá, como se estivesse emuma coreografia intensa quenão tem fim. Só cessa sua dançasincronizada quando anda ouquando tira uma soneca de duashoras. Come centenas de quilosde alfafa e frutas e toma mil li-tros de água por dia. É bem cui-dada. Pelo me- n o s , eu vique é.

Mal tratada, aparentemente, elanão é.

Entretanto, não existe ani-mal em circo sem sofrimentos:não só pelo treinamento cruel,mas também pelas acomoda-ções em cubículos, com corren-tes, viagens constantes e commaus-tratos. Estes não incluemapenas as formas desumanasde treinamento (em sua maio-ria com o uso de choques, chi-cotes ou bastões pontiagudos),mas também os espetáculos emsi, onde os animais, por sofre-rem agressões para um supos-to aprendizado, se comportamcomo nunca se comportariamna natureza, apenas por umcapricho do ser humano. Otreinador de Bambi diz que elase movimenta para manter oequilíbrio e não cair. Porém, se-gundo especialistas, esse movi-mento de balançar é resultadode neurose e estresse sofridopelo animal.

Os donos docirco alegam

que quandosolicitaramo alvarápara vircom o circopara Curiti-ba, não sa-biam que a

elefanta nãopoderia vir para

cá. Será mesmo? Seráque não tentaram usardo jeitinho brasileiropara amenizar as coi-sas? Se tentaram, nãoconseguiram. Foramdenunciados para o

Ibama por vi-zinhos deonde estãoins ta lados .Levaram umprejuízo deR$ 5 mil por

não saber da lei da cidade.Aliás, que avanço de Curitibacom essa lei que protege osanimais, porque não apenas osmaus-tratos são fatores paradeixá-los em seu habitat, massim outros motivos. Por exem-plo, os animais em circo podemtrazer muitos riscos para aspessoas, pois não é possívelprever como um animal estres-sado irá reagir em uma deter-minada situação. E elefantenão é animal doméstico, é ani-mal selvagem. Se um bichodesses foge, quero ver quemcorre atrás para segurá-lo.Além disso, animais em circoestimulam o tráfico de bichosao redor do mundo, prática re-conhecidamente cruel e crimi-nosa.

Mas como o assunto é aBambi. Voltemos a ela. A que-rida elefanta do Circo Mos-cou, que também já pertenceuao Circo Stankowich, deuadeus a Curitiba. Mandaram-na para um zoológico do in-terior de São Paulo. Vai ficarpor lá, até os documentos detransferência dela para o Chi-le chegarem. Pois é, a elefan-ta adolescente vai para umparque temático. Se for melhorpara ela, que seja feliz. Assim,ela não passará mais o estres-se de escutar a música do cir-co e não poder se apresentar.É a primeira vez que vejo al-guém estressado por não po-der trabalhar sem recebernada. Apenas aplausos.

E o Circo de Moscou conti-nua por aqui. Sem a sua Bam-bi. Porém, agora é um circocorreto, sem animal e isso va-loriza seus artistas, que sozi-nhos conseguem maravilhar asua platéia. Esta é a evoluçãonatural do circo, prestigiandoo ser humano e não maltratan-do animais.

Camila Picheth

Conheci J.J. em 2001, quandotinha 12 anos. Nós éramos inse-paráveis, nos encontrávamostoda semana. Depois de cincoanos chegamos ao final. Com“Lost” no ar, acabávamos nosencontrando de vez em quando.Há seis meses começamos a nosver semanalmente de novo. O co-meço foi meio estranho, mas achoque as coisas vão dar certo.

J.J. Abrams é conhecido porser a mente por trás do seriado“Alias” (2001-2006) e por ser co-criador de “Lost”. Ele já havia fei-to sucesso com “Felicity”, e emoutubro de 2008, estreou seunovo projeto: “Fringe”.

Quem acompanha o trabalhode Abrams percebe que ele pas-sa aos seus seriados característi-cas distintas. Essas característi-cas podem ser separadas em trêscategorias. A primeira, queabrange todos seus seriados, é ada protagonista feminina, forte,inteligente, bonita e independen-te. “Felicity” é a única série quedifere um pouco das outras três,por isso fica de fora da segundacategoria. O que liga Sydney Bris-tow (Alias), Kate Austen (Lost) eOlivia Dunhum (Fringe) sãocomplexidades de personagem.As três foram afetadas por umamorte, o que as tornou mais frias(por falta de melhor adjetivo) eisoladas; todas têm problemas re-lacionados a seus pais ou padas-tros: Sydney tem uma relaçãocomplicada com seu pai (váriosmomentos de desconfiança e des-crença) e Kate e Olivia atacamseus padastros porque eles bati-am em suas mães. Há também aquestão dos disfarces. Kate, porser fugitiva, assumia uma perso-nalidade diferente toda vez quemudava de cidade. Sydney sedisfarçava semanalmente parainfiltrar-se em território inimigo e

completar suas missões. Ela usa-va perucas, diversos estilos deroupas e diferentes sotaques e lín-guas. Embora a protagonista de“Fringe” não use perucas e afins,ela também trabalha disfarçada,numa frequência bem menor. Naterceira categoria, há várias rela-ções entre “Alias” e “Fringe”.Ambas as personagens traba-lham para o governo (Sydney -CIA e Olivia – FBI); nas duasséries há vários fatores de ficçãocientífica, como pessoas sendoclonas e teletransporte; no come-ço dos dois seriados as protago-nistas tinham um relacionamen-to estável com um homem quemorre logo no primeiro episódio,e as palavras “verdade” e “trai-ção” são constantemente contes-tadas.

Outras semelhanças entre osseriados se dão pelas pessoasque trabalham com Abrams,como Alex Kurtzman e RobertoOrci, que também são criadoresde “Fringe” e trabalharam em“Alias”. O estilo musical é pare-cido em “Lost”, “Alias” e “Frin-ge” porque Michael Giacchino écompositor da maioria das mú-sicas das três séries. Esses sãoapenas alguns exemplos de vá-rias outras características, pois oespaço para descrevê-las não égrande o suficiente (sério, tenteicolocar todas, parei quando per-cebi que estava indo para a ter-ceira página). “Felicity” tevequatro temporadas, “Alias” cin-co e “Lost” terá seis. A apostaagora está em “Fringe”. Come-çou um pouco fraco, mas já estácomeçando a fazer jus ao nomede J.J. Abrams. Quem começou aassistir e não gostou deveria daruma segunda chance. Para aque-les que nem sabem do que estoufalando, sugiro que comecem aassistir a partir da semana quevem, pois a história se torna re-almente interessante.

O mundo de

Divu

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ão

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Curitiba, terça-feira , 5 de maio de 2009 7

OpiniãoCampeonato paranaense

Cássio Bida de Araújo

O que vai para as capas dosjornais e das enciclopédias é queo Clube Atlético Paranaense é ocampeão estadual de 2009. Con-tudo, as circunstâncias em que sederam o 22º título paranaense doFuracão merecem uma análisemais apurada. O que nos remetehá exatamente um ano.

Em 2008, o campeonato tinhaum regulamento com algumassemelhanças com o deste ano.Duas fases de disputa e uma de-cisão em dois jogos. O clube daBaixada foi “campeão” dispara-do da primeira fase. Mas de nadavaleu esta vantagem na fase se-guinte. Os pontos foram zerados.Como devem ser. Afinal de con-tas, pressupõe-se que uma novafase indica um novo campeona-to. Foi o que aconteceu. Na deci-são, o Furacão perdeu a vanta-gem dos dois resultados iguais,e o título ficou com o Coritiba.

Eis que a Federação Parana-ense, visivelmente para compen-sar a besteira do ano anterior, re-solve mudar o regulamento e fa-zer a segunda fase valer como aprimeira. Mais ainda: por umafalha na redação que ninguémviu quando o regulamento foi as-sinado, o campeão da primeirafase não só sairia com doispontos extras no iní-cio do octogonalfinal, como te-ria o man-do dejogo

em todas as partidas da segun-da fase. Ninguém, até agora, as-sumiu a responsabilidade.

Regulamentos à parte, o Atlé-tico, no frigir dos ovos, acaboucom o título. Graças a um regu-lamento que o compensou pelaprimeira fase maravilhosa. Etambém aos dois pontos de van-tagem. Pois se não fossem eles,quem festejaria a conquista iné-dita seria o J. Malucelli, antigoMalutrom.

Podemos dizer então que o Jo-tinha, como o time é conhecido,foi o “campeão moral” do Para-naense 2009? Claro que sim. Otermo campeão moral teve origemapós a campanha invicta brasi-leira na Copa do Mundo de 1978.Na ocasião, o Brasil acabou ter-minando a competição em tercei-ro lugar. A campeã, Argentina,aprontou de todas e ganhou umdos títulos mais polêmicos atéhoje. A mesma lógica se aplica aoclube do Parque Barigui, que tevea melhor campanha entre os oitoclassificados da segunda fase. Ti-rando, é claro, os detentores dospontos extras.

Portanto, fica aqui os meusparabéns ao J. Malucelli, cam-peão legítimo do Paranaense2009. E o recado às autorida-

des esportivas:merece o título oclube mais regu-

lar e não omais bene-

ficiado.

Lei da compensação

Sandro Moser

O poeta veio em minha di-reção. Trazia nas mãos – mui-to apropriadamente - algunslivros. Lembro que era o diado meu aniversário, em janei-ro de 1999. Eu tava fazendohora num dos péssimos baresdo Aeroporto de Guarulhos.Esperando o dia inteiro peloavião russo que me levaria di-retamente para Havana. Parao futuro, para o passado, parao infinito – que é como agente se sente quandotem 19 anos e está vi-ajando sem saber sevai voltar.

Calor de ja-neiro e o carochope escurome deixavammais e maisemocionado.“Vou lá falarcom ele”, pensei. Com umasolenidade gaiata fiz umasaudação meio militar. Emtom de blague, pedi bênção.“Sua bença, poeta, estou indoa Cuba...” O poeta entrou nabrincadeira. Conegamente, seme impôs uma das mãos“Pois vá com Deus, meu fi-lho... Mas volte, que o Brasilainda está por fazer”... Aqui-lo nunca mais saiu da minhacabeça. Às vezes as maioresverdades se vestem de piadapara que nós não as esqueça-mos jamais.

O poeta era Paulo CésarPinheiro, que nasceu no su-búrbio do Rio, no dia 28 deabril de 1949, ou seja, há 60anos. Morava em Angra dosReis quando, com 13 anos, es-creveu os precoces e eternosversos de “A viagem” – “Atristeza me desculpe, estou demalas prontas...” Surpreen-dentes, impossíveis para ummenino de 13 anos. Numanoite, durante um concerto noTeatro Paiol, ele explicou àaudiência: “Eu já nasci velho,

já nascicom 60anos...”

D e -p o i sveio aparce-r i ac o mBadenPowe-ll. Omulato

trocou o velho Vinicius (queteria se mordido de ciúmes)pelo jovem menino prodígio.Que escrevia sambas tristescomo Nelson Cavaquinho, fa-lando de morte e amores per-didos com 16 anos incomple-tos. Em 1968 compôs com Ba-den o samba “Lapinha”, quevenceu a I Bienal do Samba, daTV Record, de São Paulo SP,no mesmo ano, e foi gravadopor Elis Regina. “Ganhei umabolada no festival da Record.Dava pra comprar um fusca.Eu tinha 17 anos não tinhaconta bancária nem nada. Pe-guei a bolada num envelopeocre e logo liguei para meuamigo Eduardo Gudin. Ele memostrou um samba novo, e de-pois saímos por São Paulo.Uma festa que durou doisdias. Até que numa daquelas“indas e vindas” me dei con-ta que o envelope sumira.“Tive que pedir dinheiro pravoltar pro Rio”. Essa eu ouviPaulo César contar, no balcãodo Bip-Bip em Copacabana.

O dinheiro se perdeu, mas

Fazer canções como fez

Música

compensação “seo” Paulo“seo” Paulo

o samba ficou. Martelando suacabeça. O tema se apresentoue a letra se fez sozinha: “Lá sevão meus anéis...”. O engraça-do da história é que em 1970,na segunda Bienal, o samba dePinheiro e Gudin – defendidopelos Originais do samba –venceu. O preêmio: exatamen-te o mesmo Fusca. O dinheiroque o samba levou o mesmosamba trouxe de volta.

Desde então, como um Peléou um Romário, já são maisde mil letras. Mil gols. Golaçosna maioria. Inúmeros de pla-ca como “Portela na Aveni-da”, feito de encomenda parasua esposa Clara Nunes outoda a parceria com João No-gueira, ou ainda as mais cora-josas músicas de protesto con-tra a ditadura militar, como“Pesadelo” –“ você corta umverso eu escrevo outro” . Oimportante é que a nossa emo-ção sobreviva. Hoje, de novo,de fato com a idade com quenasceste, me apresento parapedir-te mais uma vez: “Suabença, poeta.”

Divulgação

Divulgação

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Texto e fotos: Katherine Dalçoquio da Silva

“Uma vez Flamengo, Flamengo até morrer!”Oitenta e quatro mil pessoas lotaram o Estádio do Maracanã

na tarde deste domingo. Pela terceira vez seguida, flamenguistase botafoguenses se enfrentam no final do Campeonato Estadualdo Rio de Janeiro. Mais uma vez quem ficou com o título foi o Fla-mengo. O time rubro-negro chegou a abrir dois a zero no primeirotempo com gols de Kleberson, sempre com o apoio da torcida, quenão parava de cantar: “Vamos Flamengo, vamos ser campeão, va-mos Flamengo, minha maior paixão, vamos Flamengo, vamos, essataça conquistar”.

A partida terminou empatada e a decisão do campeonato foipara os pênaltis. O goleiro do Flamengo, Bruno, fez toda a dife-rença e agarrou dois chutes. E o Flamengo conquistou o título pelaterceira vez consecutiva contra o Botafogo. E assumiu a hegemo-nia do futebol carioca com 31 conquistas, fazendo a torcida vibrare comemorar o tricampeonato.

Torcida negra

EnsaioCampeonato paranaense

rubro