LONA 411- 03/07/2008

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Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008 | Ano IX | nº 411 | [email protected] | Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo DIÁRIO d o B R A S I L Lula anuncia Plano Safra 2008/2009 e acalma manifestantes dos Correios Luciano Sarote/LONA O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve ontem em Curiti- ba para anunciar o novo plano agropecuário da safra 2008/2009. A previsão é de que sejam libera- dos R$ 78 bilhões aos agriculto- res. Além dos financiamentos con- vencionais, serão oferecidos em- préstimos para a aquisição de tra- tores e implementos agrícolas. Na saída da Univeridade Po- sitivo, o presidente Lula teve que “acalmar” os ânimos dos manifes- tantes do Sindicato dos Trabalha- dores nos Correios do Paraná (Sintcom), em greve há três dias. Lula se aproximou das pessoas que estavam do lado de fora do Expo Unimed Curitiba, prome- teu que ouvirá os responsáveis dos Correios e que está aberto a negociações. Página 3 Dúvida atrai pessoas para cursos técnicos Página 6 A Secretaria de Educação in- forma que o número de alunos que fazem cursos profissionali- zantes aumentou cinco vezes de 2003 até o ano passado. Iniciação científica leva jovens à pesquisa No Brasil, a iniciação científi- ca recebe o auxílio de órgãos pú- blicos como o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Páginas 4 e 5 Na permacultura, além do ensino sobre a natureza, os alu- nos têm de dominar técnicas necessárias para saber convi- ver bem entre si. Atrasado pelo menos 50 anos com relação às conquistas soci- ais dos negros nos Estados Uni- dos, o Brasil discute Estatuto da Igualdade Racial. Conheça os benefícios da permacultura Página 8 Estatuto da Igualdade Racial entra em debate Página 7

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JORNAL- LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008 | Ano IX | nº 411 | [email protected] |Jornal-laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo

DIÁRIO

do

BRASIL

Lula anuncia Plano Safra 2008/2009e acalma manifestantes dos Correios

Luciano Sarote/LONA O presidente Luiz Inácio Lulada Silva esteve ontem em Curiti-ba para anunciar o novo planoagropecuário da safra 2008/2009.A previsão é de que sejam libera-dos R$ 78 bilhões aos agriculto-res. Além dos financiamentos con-vencionais, serão oferecidos em-préstimos para a aquisição de tra-tores e implementos agrícolas.

Na saída da Univeridade Po-sitivo, o presidente Lula teve que“acalmar” os ânimos dos manifes-tantes do Sindicato dos Trabalha-dores nos Correios do Paraná(Sintcom), em greve há três dias.Lula se aproximou das pessoasque estavam do lado de fora doExpo Unimed Curitiba, prome-teu que ouvirá os responsáveisdos Correios e que está aberto anegociações.

Página 3

Dúvida atrai pessoaspara cursos técnicos

Página 6

A Secretaria de Educação in-forma que o número de alunosque fazem cursos profissionali-zantes aumentou cinco vezes de2003 até o ano passado.

Iniciação científicaleva jovens à pesquisa

No Brasil, a iniciação científi-ca recebe o auxílio de órgãos pú-blicos como o Conselho Nacionalde Desenvolvimento Científico eTecnológico (CNPq).

Páginas 4 e 5

Na permacultura, além doensino sobre a natureza, os alu-nos têm de dominar técnicasnecessárias para saber convi-ver bem entre si.

Atrasado pelo menos 50 anoscom relação às conquistas soci-ais dos negros nos Estados Uni-dos, o Brasil discute Estatuto daIgualdade Racial.

Conheça os benefíciosda permacultura

Página 8

Estatuto da IgualdadeRacial entra em debate

Página 7

Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 200822222

O LONA é o jornal-laboratório diário do Curso de Jornalismo daUniversidade Positivo – UP

Rua Pedro V. Parigot de Souza, 5.300 – Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR - CEP 81280-330. Fone (41) 3317-3000

“Formar jornalistas com abrangentes conhecimentos ge-rais e humanísticos, capacitação técnica, espírito criativo eempreendedor, sólidos princípios éticos e responsabilidade so-cial que contribuam com seu trabalho para o enriquecimentocultural, social, político e econômico da sociedade”.

Missão do curso de Jornalismo

Expediente

Reitor:Reitor:Reitor:Reitor:Reitor: Oriovisto Guima-rães. VVVVVice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor:ice-Reitor: José PioMartins. Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Pró-Reitor Admi-Admi-Admi-Admi-Admi-nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo:nistrativo: Arno AntônioGnoatto; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor deGraduação:Graduação:Graduação:Graduação:Graduação: Renato Casa-grande; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora de; Pró-Reitora deExtensão:Extensão:Extensão:Extensão:Extensão: Fani SchifferDurães; Pró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePró-Reitor dePós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-Pós-Graduação e Pesqui-sa:sa:sa:sa:sa: Luiz Hamilton Berton;

Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-Pró-Reitor de Planeja-mento e mento e mento e mento e mento e AAAAAvaliação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-valiação Insti-tucional:tucional:tucional:tucional:tucional: Renato Casagran-de; Coordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do CursoCoordenador do Cursode Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: de Jornalismo: Carlos Ale-xandre Gruber de Castro;Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Professores-orientadores:Elza Aparecida e MarceloLima; Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Editores-chefes:Antonio Carlos Senkovski eKarollyna Krambeck

Dalton Paraizo Benik

O futebol está para os bra-sileiros assim como o presiden-te da República está para o Bra-sil. Obviamente que uma asso-ciação assim remete ao extre-mo da paixão e calor humano.O responsável por “conduzir”toda essa linha tênue entreamor e ódio veste preto, ou pelomenos vestia, e tem a autori-dade do jogo. Além disso, comoo goleiro, também não pode fa-lhar. Uma falha pode ser cru-cial e mudar o resultado dapartida, torneio, campeonato. Éclaro que existem falhas, afinalo árbitro é humano, e sendoassim, erra. O problema é quealguns andam definitivamenteerrando muito mais do queacertando.

Os times paranaenses, prin-cipalmente Paraná Clube eCoritiba, têm broncas de sobrapara os “homens da lei” do fu-tebol. A primeira, e certamen-te mais grave de todas, vem ládo dia 23 de abril. Nesta parti-da foram registrados erros ab-

Freezer ou geladeira ?surdos que dariam a famosa“geladeira” a um árbitro menosrenomado, o que não ocorreunesse caso.

O bola da vez, ou melhor, ár-bitro da vez, era Vágner Tarde-lli. Infelizmente para alguns (tri-colores) e felizmente para outros(colorados) o “seu Tarda” não es-tava nos seus melhores dias e issocustou caro para o tricolor: cus-tou a Copa do Brasil.

Depois vem o jogo entre Co-ritiba e São Paulo no Morum-bi. Quem apitava? Vágner Tar-delli novamente na parada.Nesse jogo o Coxa foi prejudica-do, e muito. Três pênaltis nãomarcados, sendo que em umdeles houve uma infração du-pla. O zagueiro do São PauloAlex Silva puxou a camisa e deuum carrinho por trás dentro daárea no lateral Rubens Cardo-so. Acho que o Tarda ficou meiosem jeito de apitar a penalida-de se não teria que marcar duascobranças. Se você tem boamemória, certamente vai selembrar que o juiz Ricardo Mar-ques Ribeiro, que apitou Coriti-ba x Palmeiras, na primeira

rodada foi afastado por bemmenos.

Na outra semana, maisuma vez a arbitragem duvido-sa aparece como destaque deum jogo envolvendo o alviver-de. Dessa vez foi no Coxa x Cru-zeiro. Gol no primeiro tempomal anulado e pênalti claro den-tro da área que o juizão mar-cou fora. Resultado final Coxax Raposa empataram em 1x1 noAlto da Glória. Atuação pífia deCarlos Eugênio Simom. Quemdisse que árbitro Fifa, com tan-tas finais de campeonatos eCopa do Mundo no currículo, éa garantia de uma boa arbitra-gem? Nesse mesmo horário, noPalestra Itália, Atlético e Pal-meiras empatavam em 0 x 0quando Wallyson finaliza emarca, ou marcava afinal o golhavia sido mal anulado. Apóstantos erros resta-me pergun-tar a você, torcedor independen-te de ser tricolor, alviverde ourubro-negro: quando os “árbi-tros” acima serão punidos e pe-garão a tal geladeira? Nessecaso poderia ser um freezer, edos mais fortes.

Caroline Abreu Weber

O desrespeito pelos direitosé gritante em nosso país. To-dos os dias vemos nos noticiá-rios ações da Justiça que nosdeixam sem entender os ver-dadeiros motivos pelo qual elassão tomadas. Só no Rio de Ja-neiro, 35 mil crimes ficaramsem solução nos últimos oitoanos, por ineficiência do siste-ma de investigação da PolíciaCivil. O Brasil está ficando umpaís onde o crime compensa ea impunidade corre solta.

Adiantaria, então, uma re-dução da idade penal? Temosdemonstrações claras de queisso não diminuiria a violência.Vimos no caso de João Hélio, quefoi morto após um assalto nosubúrbio do Rio. Assaltantesmandaram que a mãe e seusdois filhos saíssem do carro,mas João Hélio acabou ficandopreso ao sinto de segurança nobanco de trás, pelo lado de forado veículo. Um dos assaltantesbateu a porta e arrancou o car-ro, arrastando o menino por setequilômetros. Dos cinco envolvi-dos, quatro têm idade adulta, eisso não os impediu de comete-rem o crime.

Temos que exigir um Esta-do mais participativo. Exigirque a polícia se faça presentenos lugares, não apenas subirno morro para enfrentar o pe-

Ações impunesrigo, e sim já estar a postos ládentro. Há uma deficiênciamuito grande no combate à vi-olência. Surgem milícias priva-das, que substituem o Estado eacabam julgando por si só o queé certo e errado, punindo mui-tas vezes com a morte.

Crimes que deveriam serpunidos com severidade aca-bam sendo encerrados com seusautores em liberdade. Como nocaso da senhora maltratadapela enfermeira e que resultouna punição de apenas horas emserviços comunitários. Ou en-tão, no caso de Bruno Strobel,filho do jornalista esportivo Vi-nicius Coelho. O estudante foimorto com dois tiros na cabe-ça, por três vigias da Centro-nic (empresa de vigilância deCuritiba). Os desembargadoresda primeira Câmara Criminaldo Tribunal de Justiça do Pa-raná concederam habeas cor-pus aos presos acusados do as-sassinato. São casos que aca-bam ficando por isso mesmo,no esquecimento e sem justiça,o que é lamentável. Fazer jus-tiça com as próprias mãos pas-sa a ser uma solução, pois aspessoas estão cada vez maisdescrentes de que a punição deforma legal não existe no Bra-sil. A legislação penal é obsole-ta, não consegue atingir os ob-jetivos para os quais foi criada.E não há vontade política paramudar essa situação.

Amanda de Lara

O significado da palavrapessoa se resume a criaturahumana; homem, enquantoser moral. Quando pensamosem pessoas devemos considerarhomem, mulher e também ascrianças. Onde se encaixam ascrianças em tal definição? Seas pessoas já não são conside-radas adequadamente comoseres humanos, imagine queespaço que cabe a elas, ou ain-da, o que sobra para as crian-ças?

Um dos grandes problemasque assolam as sociedades nomundo todo é a violência con-tra a criança. Essa é uma rea-lidade dolorosa, responsávelpor altas taxas de mortalidade.E exige uma resposta séria eurgente da sociedade. A violên-cia pode ser interpretada con-tra uma pessoa de várias for-mas e ocorre em todas as clas-ses sociais, em todas as etnias,em todos os credos religiosos epolíticos. A violência ou abuso

O que sobra para os pequenos?na infância tem estado diantede todos e são sempre fatos quechocam e evidenciam a falta deproteção às crianças.

A Organização Mundial daSaúde estima em 40 milhões onúmero de crianças menores de15 anos que são vítimas de vio-lência anualmente, no mundo.E define a violência contra acriança como sendo: os maus-tratos sob todas as formas, físi-ca e/ou afetiva, abuso sexual,abandono ou negligência, explo-ração comercial ou outra quepossam causar prejuízo real oupotencial à saúde, sobrevivên-cia, desenvolvimento ou digni-dade no contexto de uma rela-ção de responsabilidade, confi-ança ou de poder.

Outros dados da OMS reve-lam que uma a cada dez mil cri-anças morre a cada ano em de-corrência de violência física, va-lores esses que, provavelmente,são na realidade ainda maioresdevido à acultação comum de taltipo de óbito na maioria das so-ciedades.

De acordo com o Sistema de

Informação para a Infância e aAdolescência (Sipia), somenteno ano passado foram registra-dos 7.104 casos de violência ameninos e meninas em todo oParaná.

Em 2006, foram registradosem Curitiba 3.390 casos de vio-lência contra o menor, tendo 90% dos casos origem doméstica,a maioria considerados graves,e praticados contra crianças de5 a 9 anos. No primeiro trimes-tre de 2007 foram registrados427 casos, 260 deles considera-dos graves, sendo 80 % de ori-gem doméstica. A faixa maisatingida pela violência é a mes-ma do ano anterior.

Quando pensamos nos direi-tos dos seres humanos nos de-paramos com uma realidade decrianças que, muitas vezes, nãosão assistidas e muito menostêm os seus direitos garantidos.

Infelizmente, os lugares quesobram para as crianças sãonas enormes listas de estatísti-cas que englobam das mais sim-ples até as mais terríveis bar-báries contra as crianças.

33333Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008Curitiba, quinta-feira, 3 de julho de 2008

Política

Antonio Carlos Senkovski

O presidente Luiz InácioLula da Silva anunciou ontem,em Curitiba, o Plano Safra2008/2009. Esta foi a primeiravez, desde o início do seu gover-no, que o lançamento das me-didas do plano foi feito fora daCapital Federal.

O evento, e seus desdobra-mentos, pode ser resumido,em grande parte, como umprocesso de fertilização. Paraquem planta, como é compro-vado por vários órgãos queavaliam o índice de inflação,os gastos maiores ficam porconta dos produtos para deixara terra fértil. O fertilizante,neste caso, não foi só o que seusa nas lavouras, mas o adu-bo que representou a visita dopresidente a Curitiba.

Colocou-se em questão o fatode o novo Plano Safra represen-tar uma mudança no pensamen-to agrícola do país. Lula disseque está convencido de que ha-verá uma revolução no conceitoda agricultura brasileira. Essefoi um dos primeiros lugares emque Lula jogou seus punhadosde adubo no discurso.

Enquanto o presidente emo-cionava os espectadores do dis-curso com palavras, outro gru-po – do Sindicato dos Trabalha-dores nos Correios do Paraná -manifestou sua indignação a res-peito do não cumprimento doacordo assinado por Lula, queprevia um adicional de 30% aoscarteiros, discutido desde novem-bro do ano passado.

“Lula, que é isso, assuma ocompromisso”, “Acordo assina-do não tem valor nesse país?”,foram algumas das palavras deordem direcionadas ao presiden-te, que, naquele momento, ain-da reservava muitas surpresascom suas famosas quebras deprotocolo.

Dentro do Expo UnimedCuritiba, onde aconteceu o lan-çamento do Plano Safra 2008/2009, o ministro da Agricultu-

ra, Reinhold Stephanes admitiuque “o cobertor do Brasil é cur-to”, e que fica difícil discutir oorçamento nessas condições.

Sobre isso, Lula disse quetodos estão no mesmo barco eque tem gente em todos os com-partimentos. Independente dequem esteja no convés, na popa,ou na casa de máquinas, se obarco afundar, todos morrerãoafogados. Com isso, o presiden-te ilustrou como foi possívelchegar a um acordo entre osMinistérios da Fazenda e daAgricultura sem que houvessegrandes divergências.

Um lugar onde o presidentetambém deixou mais um poucoda terra fértil, que vem aduban-do desde o início de seu manda-to, foi na conquista de sua popu-laridade. Os aplausos interrom-peram o presidente quando elerevelou o fato de que existemmuito mais brasileiros comen-do. Segundo ele, a imprensa tra-ta qualquer aumento nos preçoscomo crise e que o papel do go-verno é ver nessas “crises” asoportunidades.

Lula ressaltou também queé necessário dar um basta naimpressão de que a agriculturade pequenas propriedades é cul-tura de subsistência. “Tem queplantar o que dá para plantar,para comer e para vender. Nãoestá escrito na Bíblia que o pe-queno tem que ser pobre”.

O presidente disse que, paramelhorar o mercado da agricul-tura brasileira não é necessá-rio conter o consumo, mas simaumentar a produtividade. So-bre isso existe ainda um acordoque será firmado até o final dejulho entre os países desenvol-vidos e subdesenvolvidos. “Nósqueremos que os produtos agrí-colas dos subdesenvolvidos ga-nhem espaço nos países maisricos. Para isso, eles queremque haja maior flexibilização naindústria. Nós estamos dispos-tos a flexibilizar, desde que nãoseja para truncar nosso país”.

Depois do discurso de Lula,Valter Bianchini, secretário da

agricultura do Paraná, anun-ciou que a partir do mês quevem o Paraná terá ICMS zero-no leite das cooperativas.

GreveEntretanto, o lançamento

não seria completo se não hou-vesse um movimento sindical,com os mesmos princípios queintroduziram Lula na política,se manifestando sobre algo.Quem fez o papel de militanteontem foi o Sindicato dos Tra-balhadores nos Correios do Pa-raná (Sintcom).

Sebastião Cruz, diretor dosindicato, em certo momentoparecia convicto de que a con-versa tão desejada com o presi-dente não iria acontecer. Antesdo início da cerimônia de lan-çamento do plano, os assesso-res vieram aos manifestantes afim de dissipar a concentração.

O diretor ressaltou, porém,que essa não é uma decisão fá-cil de ser tomada de uma horapara outra. “O sindicato nãoexiste somente para reivindi-car aumento de salários. Éuma organização dos trabalha-dores. Tentamos não pensarsomente nas nossas melhorias,mas também tentamos melho-rar a consciência do país”.

Como militante do Partidodos Trabalhadores, SebastiãoCruz disse que participou daconstrução do PT, e que a cons-trução do partido foi muito bo-nita. “Sem dúvida, desde queacompanho a política brasilei-ra, do Sarney para cá, Lula é omelhor presidente. Mas sempretem o que melhorar, e é esse opapel dos movimentos sociais”,afirmou ele.

Parecia mesmo que para aluta dos carteiros não tinha so-brado mais fertilizante na bolsado presidente. Mas foi então que,ao som de apitos, buzinas e pe-didos de reconhecimento, Lulapartiu em direção dos manifes-tantes. A conversa foi curta, maso suficiente para alimentar aesperança daquelas pessoas.

O tom da manifestaçãomudou, e silêncio foi o que ostrabalhadores fizeram en-quanto o integrante do Sin-tcom, Nelson Rodrigues dosSantos, conversava com o pre-sidente. Para Rodrigues, a con-versa superou a expectativa,já que eles não esperavam queo presidente desse atenção di-reta à manifestação.

Apesar do breve diálogo, agreve continua. Lula prometeuque irá receber os representan-

tes dos trabalhadores dos Cor-reios em Brasília para mais ne-gociações, mas como o diretordo Sintcom havia dito, “vamosficar em greve até que se cum-pra o acordo. Não interessaquantos dias”.

PrejudicadosAo contrário do que se pen-

sa, não são só os clientes dosCorreios que sofrerão com a gre-ve. Os carteiros, quando volta-rem ao trabalho, também terãoatividades em dobro.

Didério Lemos trabalha há28 anos como carteiro. Segun-do ele, na última greve teve que,junto com seus colegas, traba-lhar além do horário para cum-prir as entregas. O carteiro,entretanto, diz que o esforçovale a pena. Lemos contou quetem um casal de filhos. “Quan-do conquistarmos o adicional de30%, vou poder dar um estudomelhor para eles”. Depois queLula saiu, através óculos docarteiro finalmente foi apagadaa imagem distorcida da frustra-ção e podia ser visto o reflexoda luta e a esperança que sur-gia depois que o presidente fer-tilizou os corações dos manifes-tantes por meio da promessadas negociações.

Plano para agricultura e manifestaçãomarcam visita de Lula a Curitiba

“Não está escrito na Bíblia que o pequeno tem que ser pobre”, diz presidente

Luciano Sarote/LONA

Para muitas pessoas que vieram para ver o presidente, esta foi a única visão que restou

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Instituições públicas oferecem bolsas para alunos desenvolverem projetos

Estudantes se aproximam da pesquisacom programas de iniciação científicaLetycia L. dos Santos

Marisa Rodrigues

A iniciação científica é umprocesso de pesquisa desenvol-vido por alunos de graduaçãocom o acompanhamento de umprofessor orientador e sua prin-cipal função é permitir que ouniversitário vivencie experiên-cias semelhantes às de um pes-quisador.

Geralmente, a iniciação é oprimeiro contato dos estudan-tes com temas que necessitamde estudo mais aprofundado e étambém um dos requisitos obri-gatórios para que uma institui-ção de ensino superior consigao título de universidade, assimcomo os projetos de extensão.

Mas o desenvolvimento dainiciação científica dentro dasuniversidades não acontece ape-nas pela obri-gatoriedade.Os benefíciosque esse tipode investi-mento traznormalmentetranspõem oambiente aca-dêmico: atra-vés da pesqui-sa científica,surgem oa p r i m o r a -mento de antigos conhecimen-tos e a descoberta de novos con-ceitos, elementos fundamentaispara ajudar a desenvolver etransformar a sociedade.

A ação de iniciar um alunona atividade de pesquisa poderepresentar não apenas um au-mento no desempenho do apren-dizado, mas também um cres-cimento da atividade intelectu-al do país.

No Brasil, a iniciação cien-tífica recebe o auxílio de órgãospúblicos como o Conselho Naci-onal de Desenvolvimento Cien-tífico e Tecnológico (CNPq), umaagência do Ministério da Ciên-cia e Tecnologia e do Institutode Tecnologia para o Desenvol-

vimento (Lactec), órgão vincu-lado à Universidade Federal doParaná (UFPR).

Instituições como estas cos-tumam oferecer bolsas de estu-do aos alunos que participam deprojetos de iniciação científicacom o intuito de fomentar a con-tinuidade da pesquisa.

Boas experiênciasOtávio Fuganti, estudante

de Química na UFPR, recebeuma bolsa de R$300 mensais.Ele faz sua iniciação científicano Lactec há um ano e garanteque, sem o auxílio financeiro,sua permanência na pesquisaseria prejudicada. Ainda assim,acredita que participar da ini-ciação científica mesmo sem in-centivo financeiro pode ser gra-tificante. “Além de poder colo-car em prática tudo o que apren-do em sala de aula, eu tenho a

possibilidadede adquirirconhecimen-tos que jamaisteria se ficas-se apenas sen-tado na cartei-ra da univer-sidade”, afir-ma Fuganti.

Foi tam-bém a possibi-lidade de assi-milar coisas

novas que fez com que Julio Cé-sar da Rocha, colega de turmade Otávio, participasse da pes-quisa no Laboratório de Bioinor-gânica da UFPR desde o pri-meiro ano.

O estudante, já graduadoem Farmácia, foi convidadopelo seu atual professor orien-tador, Fábio Souza Nunes, porse mostrar um aluno interes-sado em adquirir conhecimen-tos além dos apresentados emsala. Rocha não ganha nenhumtipo de remuneração, mas acre-dita que a experiência adquiri-da em uma iniciação científicaabrirá muitas portas na profis-são. Seu projeto constitui umapesquisa básica, não sendo apli-

cação tecnológica.Segundo ele, algumas pes-

soas só querem o diploma degraduação e, por isso, não semotivam para fazer iniciaçãocientífica nem participar de ou-tros projetos ou especializações.Rocha afirma que alguns que-rem o diploma de doutor por sisó, e não pelo conhecimento.Um colega dele fez iniciação du-rante todos os anos da gradua-ção, conseguiu fazer doutoradona França e obter dois diplo-mas – um brasileiro e outrofrancês.

De acordo com Rocha, exis-tem muitos problemas internostambém. “Há duas equipes quetrabalham no mesmo laborató-rio, mas que não se falam por-que os respectivos orientadoresnão se dão.”

Os dois estudantes desejamdar continuidade aos estudosem outro país e também con-cordam que a iniciação cientí-

Educação

Marisa Rodrigues/ LONA

fica foi fundamental para des-pertar essa vontade. As seme-lhanças entre eles apenas ter-minam quando o assunto é per-manecer ou não fora do Brasil.

Fuganti conta que, se tivera oportunidade de conseguiruma bolsa para estudar na Eu-ropa, dificilmente continuariaseu trabalho de pesquisa nopaís. Porém, Rocha discorda.Ele acredita que o maior pro-blema enfrentado pelos pesqui-sadores brasileiros é a aceita-ção fora do país e pensa emvoltar ao Brasil para transmi-tir o que aprendeu no exteriorlecionando em uma universida-de pública. “Não acho que hátanta evasão”, diz.

Colhendo os frutosOutra estudante bastante

satisfeita com os resultados dasua iniciação científica é Mari-elle Rieping. A aluna de Admi-nistração já apresentou dois ar-

“Estou adquirindoconhecimentos quejamais teria seficasse apenassentado na carteirada universidade”OTÁVIO FUNGATI,ESTUDANTE DE QUÍMICA

Marielle Rieping se sente mais segura depois da iniciação

tigos em eventos de iniciação ci-entífica e está elaborando o ter-ceiro.

Marielle conta que, com a ex-periência adquirida na iniciaçãocientífica e o incentivo dos pro-fessores, se sentiu segura parainscrever um de seus projetosno prêmio Top Universitário, re-alizado anualmente pela Asso-ciação dos Dirigentes de Vendase Marketing do Brasil – SeçãoParaná (ADVB-PR).

O resultado não poderia tersido melhor: o projeto da estu-dante ganhou o primeiro lugar.Para Marielle a premiação foiimportante, mas esse não deveser o principal objetivo de umaluno da iniciação científica.

“Devemos fazer tudo na vidasem esperar um grande resul-tado, um grande prêmio, ou umaumento na remuneração sala-rial. No final, o que fica é oaprendizado, esse a gente nun-ca perde”, revela a estudante.

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Letycia L. dos Santos

Marisa Rodrigues

A partir deste ano, com atransformação do Centro Uni-versitário Positivo em Univer-sidade Positivo (UP), a Câmarade Iniciação Científica da insti-tuição, cuja coordenação eraantes centralizada em um úni-co responsável, pretende padro-nizar procedimentos, elaborarestatísticas e, de modo geral, de-senvolver um trabalho mais ge-rencial.

A Câmara reunia-se duasvezes ao ano. Agora, reúne-sequinzenalmente e é constituídapor seis pessoas: um represen-tante de cada núcleo, um repre-sentante do programa da pós-graduação, um da Escola deNegócios e uma pessoa respon-sável pelo Comitê de Ética.

Segundo o coordenador daCâmara, Júlio Gomes, na áreabiológica há mais projetos, poisna de exatas é mais difícil fazer

com que o aluno se dedique auma iniciação devido à falta debolsas e ao incentivo do curso edo mercado de trabalho para quefaça estágio, considerado maisimportante por representar umaaplicação prática da teoriaaprendida na universidade. Naárea biológica, a baixa concor-rência também representa umfator de estímulo ao corpo dis-cente.

Para Gomes, os resultadosdos projetos nas áreas biológicae de exatas são mais palpáveisdo que os obtidos no de huma-nas, o que justifica a tendênciade algumas universidades eminvestir mais nestas áreas. Naárea de humanas da UP, porexemplo, há apenas um projetode iniciação científica sendo de-senvolvido.

O coordenador afirma queexiste falta de informação sobrea iniciação científica. De acor-do com ele, a solução talvez sejaum interesse por parte dos alu-nos associado a um esforço de

divulgação e estimulação feitopelos docentes.

Gomes aponta vantagensdos alunos que participam dainiciação científica em relaçãoaos que não a fazem, como es-tar mais bem preparado no Tra-balho de Conclusão de Curso.

Eles economizam tempo nasua realização por terem expe-riência com as etapas, especi-almente a metodologia e a fun-damentação teórica, o aumen-to da auto-estima e confiança,expandem o conhecimento, par-ticipam de congressos, e tor-nam-se profissionais diferenci-ados. A integração entre profes-sor e aluno é também, segundoele, um ponto positivo da inici-ação científica.

Entretanto, o coordenadordiz que é necessário aprimo-rar e desenvolver certas carac-terísticas indispensáveis: aresponsabilidade e o compro-misso com o projeto, a disci-plina, para que se atinja o ob-jetivo almejado, a coragem de

assumir algo durante meses,o desejo de aperfeiçoar a ora-tória, bem como a comunica-ção, a curiosidade científica,que possibilita a criação de hi-póteses, a procura para achar

uma resolução satisfatória, ea vontade. “Todos os alunostêm capacidade para realizaruma iniciação científica. A ini-ciação não tem por função agenialidade”.

Iniciação científica naUniversidade Positivo

Iniciação científica prepara aluno para o TCC

Eli Antonelli

A possibilidade de mudan-ças no Ensino Básico entusi-asma pais e educadores.Uma das medidas é a possí-vel volta do ensino de músi-ca na educação básica em ins-tituições públicas e particu-lares. O projeto de lei foi apro-vado no Senado Federal eencontra-se em votação naComissão de Constituição deJustiça e Cidadania da Câ-mara dos Deputados, em Bra-sília.

O projeto destaca que amúsica contribui para o de-senvolvimento social, poiscom ela o ser humano ampliaa capacidade de ouvir e com-preender o outro. A músicadesperta a cognição, o proces-so psicomotor, emocional eafetivo, importantes para for-mação dos jovens.

Há uma crítica constante noprojeto de que os concursos pú-blicos para professores buscamprofissionais com conhecimen-to em “educação artística”, mes-mo diante daformação deprofissionais li-gados a outrasáreas da arte:teatro, músicae dança. Com acriação da lei,após as apro-vações na Co-missão deConstituiçãode Justiça eCidadania, asescolas terãotrês anos para se adaptarem.Os professores contratados de-verão ter formação em música.

A necessidade imediata deações que imprimam mudan-ças no ensino básico ficou evi-dente no resultado das avalia-

ções realizadas com alunos de4º série desde 2005, quando daimplantação do Prova Brasil.As falhas na base da educaçãorefletem em adultos desprepa-

rados paracursar umafaculdade e,em muitos ca-sos, refletetambém a fal-ta de valoreshumanos.

O retornodo estudo damúsica, numprimeiro mo-mento, des-perta certa in-credulidade

em pessoas que acreditam queexistem outros métodos e sis-temas mais urgentes a seremincentivados. Porém, os quedefendem a proposta argumen-tam que aprender música vaidespertar nos estudantes o in-

teresse pelo conhecimento eagregar a criatividade. Para oanalista fiscal de tributos Mar-cos Yasuo Morisaki, pai de Ra-fael Faverki Morisaki, de 7anos, a mudança é bem vindaconsiderando que o objetivo édesenvolver a inteligênciaemocional através da musica-lidade “Atualmente, as escolasbrasileiras apenas preocupam-se com o desenvolvimento cog-nitivo e não com o emocional,artístico.A música oferece areflexão, a harmonia, a socia-bilidade, portanto,a lei deveser aprovada.”

Para o músico HumbertoGessinger, a música, como amatemática, tem um valormuito importante no desenvol-vimento para que o cérebrocresca estruturado. Segundo omúsico, este processo se dáprincipalmente no estudo demúsica clássica que trabalhamuito a metrica, contribuindo

para estimular o pensamen-to “O essencial é colocar pro-fessores bem preparados paraensinar as crianças a ouvirmúsica, isto é fundamental.”

Educação musicalHistoricamente, o estudo

da música data da vinda dosjesuítas para o Brasil. Coma chegada de D. João VI, em1808, foi estabelecido que oensino de música não deve-ria ser limitado à igreja, foientão, construído o Teatro S.João com este fim.

A professora Rita de Cás-sia F. Amato destaca no ar-tigo “Breve Histórico do es-tudo da música no Brasil”,que a maior contribuição pos-terior a D. João VI foi reali-zada pelo compositor do HinoNacional, Francisco Manoelda Silva, que criou o conser-vatório de Música do Rio deJaneiro em 1841.

“O essencial écolocar professoresbem preparadospara ensinar ascrianças a ouvirmúsica, isto éfundamental.”HUMBERTO GESSINGER,MÚSICO

Propostas de mudanças no ensino básico incluem música no currículo

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Estatísticas sobre a educação profissionalizante e superior chamam atenção do governo

Cresce a procura por cursostécnicos profissionalizantesAnne Lise Ale

Gabriela Ramos

O que fazer agora? Essa éa indagação de grande partedos jovens que concluem o en-sino médio. Apesar da poucaidade e experiência, o jovemtem de definir uma das esco-lhas mais importantes da suavida: a profissão.Opções exis-tem muitas.

O ensino profissionalizan-te se adaptou de várias formaspara receber a parcela da po-pulação interessada em se es-pecializar em alguma área.Uma das opções mais procu-radas são os cursos técnicos.

A professora Maria LinaHawthorne, responsável peloscursos técnicos da Secretariada Educação – órgão estadualque fiscaliza esta modalidadede ensino – explica que a prin-cipal finalidade da formaçãotécnica é preparar o alunopara a profissão. “Numa dis-puta de cargo, quem tem umcurso técnico leva vantagemsobre quem não tem. Os cur-sos de forma geral são bem re-conhecidos, bem aceitos nomercado”. E completa: “O téc-nico responde melhor aos re-quisitos específicos da área deatuação esco-lhida.”

Os cursostécnicos dasescolas públi-cas são autori-zados pela Se-cretaria de Es-tado da Educa-ção (SEED). Aspropostas doscursos são en-caminhadaspara o Conselho Estadual deEducação que emite um pare-cer que volta para a SEED,para que ela possa emitir a Re-solução Secretarial, que é oamparo legal para o funciona-mento dos cursos. “Os cursosna rede Estadual estão em ex-

pansão porque é política do go-verno do Estado o crescimentoda educação profissional noParaná”, explica.

Nos últimos anos, o interes-se da população paranaensepor um curso técnico vem au-mentando consideravelmente.De acordo com dados divulga-dos pela Secretaria de Educa-ção, o número de alunos quefazem cursos profissionalizan-tes aumentou cinco vezes de2003 até o ano passado.O nú-mero de pessoas que ingressa-ram em cursos técnico ultra-passou 70 mil em 2007.

No início deste ano, o presi-dente Luiz Inácio Lula da Sil-va, fez um pronunciamento es-timulando a abertura de novoscursos técnicos, incentivandoassim a profissionalização ecapacitação de mais pessoaspara o mercado de trabalho."O Brasil só entrará no mapados países desenvolvidos se fi-zermos um forte investimentona educação, na ciência e natecnologia", disse o presidente.

O curso técnico é responsá-vel por uma grande fatia dosjovens profissionais que en-tram no mercado de trabalho.O professor João CarlosBehrens, diretor dos cursos téc-nicos do Centro de Educação

Profissional daPontifícia Uni-versidade Cató-lica do Paraná,comenta o por-quê do sucessodos cursos técni-cos. “O Brasilprecisa de mão-de-obra especi-alizada e o ensi-no profissionali-zante veio co-

brir essa lacuna. Na indústria,no comércio e na área de servi-ços o ensino técnico veio supriressas necessidades do mercado,que pede força prática.”

Para ele, o mercado preci-sa de profissionais graduados,mas necessita em maior quan-

tidade dos profissionais técni-cos. “Na indústria, por exem-plo, para cada engenheiro, épreciso de 50 técnicos. Paracada enfermeiro, é preciso 30técnicos em enfermagem”.Behrens cita alguns fatoresque atraem os alunos para oscursos. “Em primeiro lugar, aprópria formação profissional,a qualificação. Num segundomomento, é a chance de tra-balho, já que o mercado paraquem tem um curso técnico écada vez maior. Em terceiro,o dinheiro que ele pode ganharcom essa profissão”

Um técnico na área cien-tífica / tecnológica ganha en-tre R$1.500 a R$2.000. Umtécnico de enfermagem ganhaaproximadamente R$650. “Ofato da pessoa ter um retornomais rápido do seu investi-mento, é provavelmente umdos atrativos para o curso téc-nico, que vai de um a dois anose tem o custo acessível”, com-pleta o professor Behrens.

Dirceu Vieira, 22, é um des-

Gabriela Ramos/ LONA

Dirceu Vieira fez cursos técnicos e o interesse acabou o levando para a graduação.

ses casos. Ele concluiu o cur-so técnico de informática em2003 e depois resolveu fazerTecnologia em Sistemas de In-formação, no Centro Federalde Educação Tecnológica, Ce-fet, em Ponta Grossa. “Gosteida área e resolvi fazer a gra-duação”, conta Dirceu, acres-centando que a opção foi acer-tada.

Em 2006 ele concluiu agraduação, e agora ingressanuma pós-graduação em Ban-co de Dados na UniversidadePositivo. “Me julgo bem suce-dido na minha profissão”. Dir-ceu começou com um curso téc-nico porque queria estudar, de-pois fez graduação e já traba-lha há três anos na área. “Te-nho estabilidade e agora come-ço minha pós. Não é muito co-mum você ver alguém com 22anos com um currículo as-sim”.

Os cursos técnicos podemser um bom começo e definira carreira de muita gente. Masnem sempre é assim. Para Ro-

Educação

drigo Barros, de 22 anos, a his-tória foi diferente: “Fiz o cur-so, mas infelizmente não se-gui na profissão. Trabalheitrês anos na área e não deucerto”.

Ele fez curso técnico flores-tal em Irati, no interior do Pa-raná, e agora estuda Adminis-tração na Faculdade Camões.“Aconselho a fazer e indico ocurso técnico para muita gen-te, acho muito bom você teruma profissão. Só que algu-mas vezes não dá certo. Agoratenho outros planos, vou fazeradministração e tentar a áreade RH ou marketing”, disseBarros.

Segundo a diretoria da Es-cola Técnica da Puc/PR, osalunos dos cursos técnicos têmentre 17 e 27 anos, são de clas-se média, buscam uma forma-ção profissional e estão pres-tes a concluir o ensino médio.Para se fazer um curso técni-co a única exigência é ter con-cluído ou estar concluindo oensino médio.

“Não é muitocomum você veralguém com22 anos com umcurrículo assim”DIRCEU VIEIRA -TÉCNICO EM INFORMÁICA

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Artigo

Sandro Moser

Certos homens possuem odom especial de tornar incom-preensíveis as coisas maissimples deste mundo, comobem observou Breton. Àsvezes, pelo binômio rodriguea-no da “má-fé cínica” aliada a“obtusidade córnea”. Muitasvezes por dificuldade deexpressão. Às vezes as duascoisas mesmo tempo. Isto mefaz pensar emJean-PaulSartre. Homemcontraditório.Tão brilhante etão acaciano.

Sartre esteveno Brasil , em1960. Ao lado desua Simone.Guiados porJorge Amado,correram o país.Todas as noiteslhe arrumavamum púlpito, umpalco e umaplatéia. Confe-rencista nato, ohomem falavade tudo e detodos – revolu-ções, amor,metafísica e oscambaus (até teria dadopalpites para a recém-criadaLoteria Esportiva).

Não lhe faltava audiência,sempre pronta para o aplausode pé a cada pigarro maiseloqüente. Numa noite queentrou para nossa história – foitransformada numa piada fatal- ele fez a célebre pergunta:

“Où sont les nègres ?”Ao perceber que a claque

que o perseguia e adulava erade bem nascidos aspirantes aintelectuais da juventudedourada de Ipanema. Nãoexistia um único e escassonegro entre os existencialistasbrasileiros. Dizem que doisrepresentantes da esquerdacervejista cochicharam, comabjeto cinismo: “Devem estarpor aí assaltando algumchauffeur...”

O que o nosso Jean Paulnão sabia, nem sequer pres-sentia, é que os negros esta-

O Brasil está atrasado em 50 em relação às conquistas sociais do povo negro nos EUA

Onde estão os negros?vam no mesmo lugar ondesempre estiveram no Brasil.Fora do esquema, embaixo dotapete, na terceira margem doRio, no Quilombo. Otto LaraResende conta que o francêsdisse-lhe na ocasião, comalguma surpresa: “Até nosEstados Unidos os negrosparticipam mais”. Taí, o queeu falei. O gênio acaciano.

Talvez Sartre fosse maisum daqueles que esperavam(ou querem por que querem)

forçosamente,encontrar aquia proverbialdemocraciaracial. Seriarealmenteótimo se oBrasil fosseesse paraísomestiço que os“não-racialis-tas” (para usara expressão domomento)apregoam.Nunca foi.Não é. E aindavai muitolonge o dia. Acomparaçãocom os EUA éilustrativa.

O Brasilestá atrasado

em pelo menos cinqüenta anoscom relação às conquistassociais do povo negro nosEstados Unidos. E o pior é queaqui nós, herdeiros da mesmabarbárie e do descaso quevitimou a sociedade norte-americana , viemos sendo, hámais de 120 anos, forçados aacreditar que neste país“alegremente mestiço edesracializado” nunca houvesegregação, perseguição, nema KKK, que “raça não existe”... Diz-se, cinicamente quenossa inferioridade deve-seapenas a problemas econômi-cos e pode ser zerada com boasescolas e boas merendas paratodos e não sei mais o que...

Na sociedade brasileira,salvo umas duas ou trêsexceções, a real presença donegro e a sua mistura comoutras etnias da população sóse verifica nos andares debaixo, entre aqueles estratos

que não têm acesso à mobili-dade social. A condição é,portanto, quase sempre, umfator de perpetuação daexclusão. Certamente por issoé que o conservadorismo e oracismo atuais a defendem.

Principalmente agora com opoderoso exemplo do impertinen-te candidato democrata norte-americano Barack Obama, quedefende em campanha umademocracia racial nos EUA. Oshomens nunca mentem tantoquanto depois de uma caçada,durante uma campanha políticaou para tentar seduzir umamulher.

No momento nosso Con-gresso Nacional prepara avotação do Estatuto da Igual-dade Racial. Um grupo deintelectuais estouvados eartistas obtusos (e sempre oshá) reage, contrários à apro-

vação do texto. Falam de uma“grave ameaça” na divisão dasociedade brasileira em“negros” e “brancos”. Que nãose pode oficializar esta seces-são, como se essa divisão, emtermos de poder, oportunidadee capital, já não fosse agrande característica da nossasociedade.

E os “desracializadores”apontam Obama para nóscomo se fosse o dedo fura-bolo.Como se dissessem: “Olhemsó? Ele não exibe a cor da pelecomo uma arma ou umescudo!”. E aí, vem o jornalis-ta Ivan Martins, da revistaÉpoca (Editoras Globo),pergunta, em recente reporta-gem: “Quanto tempo, porém,será necessário para que seproduza um líder como Oba-ma no Brasil?”

Ora, não queimemos

Na sociedadebrasileira, salvoumas duas ou trêsexceções, a realpresença do negroe a sua mistura comoutras etnias dapopulação só severifica nosandares de baixo,entre aquelesestratos que nãotêm acesso àmobilidade social

etapas, meu caro jornalista.Chegaremos lá. Mas antesprecisamos passar pelo depu-tado da novela das oito.

Se Sartre baixasse de novono nosso terreiro, talvez nãofizesse a patética indagação.Veria sim alguns negros entreseus apóstolos. Defensor quesou de todo tipo de ação com-pensatória ou afirmativa quevise, mesmo experimentalmen-te, à erradicação ou pelo menosa uma melhor compreensão doracismo brasileiro, sei que aplatéia de acadêmicos hojecomportaria um número –pequeno – de negros e mestiços.

Graças a exatamente estetipo ação afirmativa que onovo-racismo, silenciosamen-te, tenta combater. Só nãopercebe mesmo quem tem“má-fé cínica” ou “obtusidadecórnea”.

Arquivo/ LONA

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Aprendendo a

Permacultura

Durante o ano todo, oDurante o ano todo, oDurante o ano todo, oDurante o ano todo, oDurante o ano todo, oGrupo de Estudos de Grupo de Estudos de Grupo de Estudos de Grupo de Estudos de Grupo de Estudos de Agri-Agri-Agri-Agri-Agri-cultura Ecológica (GEAE)cultura Ecológica (GEAE)cultura Ecológica (GEAE)cultura Ecológica (GEAE)cultura Ecológica (GEAE)fará projetos voltados afará projetos voltados afará projetos voltados afará projetos voltados afará projetos voltados aestudos sobre a permacul-estudos sobre a permacul-estudos sobre a permacul-estudos sobre a permacul-estudos sobre a permacul-tura e assuntos relaciona-tura e assuntos relaciona-tura e assuntos relaciona-tura e assuntos relaciona-tura e assuntos relaciona-dos.dos.dos.dos.dos.

A idéia principal é de-A idéia principal é de-A idéia principal é de-A idéia principal é de-A idéia principal é de-senvolver uma propostasenvolver uma propostasenvolver uma propostasenvolver uma propostasenvolver uma propostade formação complemen-de formação complemen-de formação complemen-de formação complemen-de formação complemen-tar aos universitários etar aos universitários etar aos universitários etar aos universitários etar aos universitários ecomunidade em geral ,comunidade em geral ,comunidade em geral ,comunidade em geral ,comunidade em geral ,tendo como objetivo for-tendo como objetivo for-tendo como objetivo for-tendo como objetivo for-tendo como objetivo for-mar profissionais, agen-mar profissionais, agen-mar profissionais, agen-mar profissionais, agen-mar profissionais, agen-tes de desenvolvimento,tes de desenvolvimento,tes de desenvolvimento,tes de desenvolvimento,tes de desenvolvimento,guiado pelos princípios daguiado pelos princípios daguiado pelos princípios daguiado pelos princípios daguiado pelos princípios daaaaaagroecologia.groecologia.groecologia.groecologia.groecologia.

Para mais informa-Para mais informa-Para mais informa-Para mais informa-Para mais informa-ções: (41) 3252-3689ções: (41) 3252-3689ções: (41) 3252-3689ções: (41) 3252-3689ções: (41) 3252-3689

Além do ensino sobreAlém do ensino sobreAlém do ensino sobreAlém do ensino sobreAlém do ensino sobrea naturezaa naturezaa naturezaa naturezaa natureza, o, o, o, o, os alunoss alunoss alunoss alunoss alunostttttêêêêêm de saber conviverm de saber conviverm de saber conviverm de saber conviverm de saber conviverbem entre si. Dessa for-bem entre si. Dessa for-bem entre si. Dessa for-bem entre si. Dessa for-bem entre si. Dessa for-ma, os organizadores de-ma, os organizadores de-ma, os organizadores de-ma, os organizadores de-ma, os organizadores de-cidiram separar um gru-cidiram separar um gru-cidiram separar um gru-cidiram separar um gru-cidiram separar um gru-po a cada dia. Grupos quepo a cada dia. Grupos quepo a cada dia. Grupos quepo a cada dia. Grupos quepo a cada dia. Grupos quesão chamados de “famíli-são chamados de “famíli-são chamados de “famíli-são chamados de “famíli-são chamados de “famíli-as”, tendo que cuidar daas”, tendo que cuidar daas”, tendo que cuidar daas”, tendo que cuidar daas”, tendo que cuidar daorganização do curso, daorganização do curso, daorganização do curso, daorganização do curso, daorganização do curso, daalimentação, da limpeza,alimentação, da limpeza,alimentação, da limpeza,alimentação, da limpeza,alimentação, da limpeza,e no final, recebendo no-e no final, recebendo no-e no final, recebendo no-e no final, recebendo no-e no final, recebendo no-tas tas tas tas tas avaliandoavaliandoavaliandoavaliandoavaliando se foram ou se foram ou se foram ou se foram ou se foram ounão uma família bemnão uma família bemnão uma família bemnão uma família bemnão uma família bemunida.unida.unida.unida.unida.

Márcio BrüggemannMárcio BrüggemannMárcio BrüggemannMárcio BrüggemannMárcio Brüggemann

Patrick BelemPatrick BelemPatrick BelemPatrick BelemPatrick Belem