Livros Analisados27 Memorial do · PDF fileMemorial do Convento Duas histórias que se...

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Page 1: Livros Analisados27 Memorial do · PDF fileMemorial do Convento Duas histórias que se entrelaçam. ... Terminada a Passarola, em sigilo, por causa dos inquisidores, os três voam

Livro Analisado: Memorial do Convento Preparação: Prof. Menalton Braff O autor: José de Sousa Saramago Filho e neto de camponeses, nasceu no concelho da Golegã, na Azinhaga, província do Ribatejo, em 16 de novembro de 1922. • mudança para a Capital (2 anos de idade) • estudos (liceal e técnico) • profissões: serralheiro mecânico, desenhador, funcionário público (saúde e previdência social), editor, tradutor, jornalista, crítico literário - escritor (1976) • primeiro romance: Terra do pecado (1947) • publicação de O Evangelho segundo Jesus Cristo (1991) e exílio voluntário em Lanzarote, Espanha (Ilhas Canárias). • Prêmios: 1o. - Prêmio Cidade de Lisboa, 1980 - Levantado do chão Penúltimo - Prêmio Camões, 1995 - Conjunto da obra Último - Prêmio Nobel da Literatura, 1998 - Conjunto da obra. • Em 1969 filia-se ao Partido Comunista Português, declara-se ateu. A obra Poesia - Crônica - Viagens - Teatro - Diário - Conto - Romance • Terra do Pecado • Manual de Pintura e Caligrafia • Levantado do Chão • Memorial do Convento * • O Ano da Morte de Ricardo Reis • A Jangada de Pedra • História do Cerco de Lisboa • O Evangelho Segundo Jesus Cristo • Ensaio sobre a Cegueira

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• Todos os Nomes O estilo • Pontuação particularíssima: fluência, ritmo. • Construção sintática: Barroco > hipérbatos; construções anafóricas; palavras coesivas; Levantado do chão Então chegou a república. Ganhavam os homens doze ou treze vinténs, e as mulheres menos de metade, como de costume. Comiam ambos o mesmo pão de bagaço, os mesmos farrapos de couve, os mesmos talos. A república veio despachada de Lisboa, andou de terra em terra pelo telégrafo, se o havia, recomendou-se pela imprensa, se a sabiam ler, pelo passar de boca em boca, que sempre foi o mais fácil. O trono caíra, o altar dizia que por ora não era este reino o seu mundo, o latifúndio percebeu tudo e deixou-se estar, e um litro de azeite custava mais de dois mil réis, dez vezes a jorna de um homem. Viva a república, Viva. Patrão, quanto é o jornal agora, Deixa ver, o que os outros pagarem, pago eu também, fala com o feitor, Então quanto é o jornal, Mais um vintém, Não chega para a minha necessidade... • Matéria: realismo fantástico, mundo onírico, ironia, o homem e suas perplexidades Memorial do Convento Duas histórias que se entrelaçam. De um lado, conta-se a história de D. João V e sua esposa Dna. Maria Ana Josefa, que não podiam ter filhos. Para que isso acontecesse, o rei promete construir, para os franciscanos, um Convento, em Mafra, como jamais houvera outro. O Convento é construído e o prícipe herdeiro nasce. > Rei, rainha e D. Nuno da Cunha, bispo inquisidor - formam o trio principal do grupo de personagens que representam o poder: - temporal (trono) e espiritual (cruz). > A outra história tem como protagonistas: - Baltasar Mateus, o Sete-Sóis = o homem e suas tragédias. - Blimunda = o homem e sua inteligência. - Padre Bartolomeu Lourenço = o homem e seus sonhos.

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O Padre Bartolomeu Lourenço (brasileiro, por sinal=Bartolomeu de Gusmão, nascido na Bahia em 1685, o padre voador) sonha com a liberdade, quer dizer, com a possibilidade de voar. A Passarola, alegoria desse sonho de liberdade (anti-inquisição) precisa de algo que ele não entende. Procura uma feiticeira, mas esta não chega a lhe dizer o de que precisa e é morta. Sua filha, Blimunda, tem também poderes mágicos (vê o interior das pessoas) é quem acaba servindo àquilo de que precisa o padre. Finalmente, na procissão em que a mãe de Blimunda desfila pela cidade, antes de morrer, o Padre e Blimunda encontram Baltasar, que na guerra, a serviço do rei, havia perdido a mão esquerda. Baltasar e Blimunda unem-se como marido e mulher e são contratados pelo padre Bartolomeu, para quem trabalham durante seis anos na construção da Passarola. Terminada a Passarola, em sigilo, por causa dos inquisidores, os três voam, praticamente atravessando Portugal. O padre some, depois de tentar o suicídio, incendiando a passarola. Se tenho de morrer queimado, diz ele, pelo menos que seja por este fogo. Blimunda e Baltasar evitam o acidente, mas nunca mais vêem o padre. Viajam dois dias até Mafra, terra de Baltasar, de seus pais. Os trabalhos de construção do convento vão adiantados, e Baltasar consegue emprego nas obras. Periodicamente, ele e Blimunda vão até a montanha onde deixaram a passarola camuflada. O rei força o povo de várias maneiras a trabalhar praticamente de graça na construção do convento. Milhares de pessoas são arrastadas à desgraça para que o capricho real se realize. Muitos morrem (transporte de uma pedra monstruosa) outros são mutilados, todos são miserabilizados. Um dia, finalmente, em visita à passarola, Baltasar some. Blimunda empreende uma viagem de nove anos (sul a norte, leste a oeste) por todo o território português, atrás de seu amor. Já desanimada, sem esperanças mais de encontrá-lo, vai a Lisboa. Estranha o movimento nas ruas e fica sabendo de uma fogueira (espetáculo com que os inquisidores presenteiam a população de Lisboa). Aproxima-se, então, e pasmada reconhece um dos homens que estão sendo queimados vivos: é Sete-Sóis.