Livro_Completo_Seja_ Executivo_ e_ não_ Executado! Thomas F_ Reaoch
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Orelhas da capa
Da esquerda: Preparem-se para vivenciar com qualidade as “duas vidas” de um ser humano: uma que vai
dos 20 aos 50 e outra que segue dos 50 aos 80 anos. “Seja executivo e não executado: como
planejar suas vidas pessoal e profissional antes e depois dos cinqüenta” é um livro que
pretende, por meio das experiências do empresário Thomas Reaoch, contribuir para amenizar
as angústias com diversas gerações.
É certo que a globalização está colocando no desemprego uma quantidade significativa de
experientes executivos. Por outro lado, não tem dado grandes oportunidades aos jovens que
precisam entrar no mercado de trabalho. Diante desse cenário e somado ao aumento da
expectativa de vida do brasileiro, Thomas F. Reaoch oferece aos leitores ferramentas
importantes de como planejar as vidas pessoal e profissional antes e depois dos cinqüenta
anos.
Orelha da direita: Nascido, criado e formado nos Estados Unidos, Thomas F. Reaoch é casado e pai de três
filhos. Graduado em Educação Industrial pela Bowling Green University, em Ohio, é trilíngüe
com forte compreensão das culturas norte-americana, latina e européia. Reside no Brasil há
35 anos onde atuou em importantes companhias e obteve sucesso no desenvolvimento de
produtos e mercados nacionais e internacionais. Hoje, Thomas é proprietário da RC Invest,
empresa conselheira, que orienta pessoas físicas e jurídicas a compreenderem suas rotinas, a
avaliarem os seus riscos e a descobrirem suas necessidades na área financeira.
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Contracapa "Ao preparar-me para as batalhas, sempre percebi que planos são inúteis, mas o planejamento é indispensável”. Dwight D. Eisenhower Dwight David Eisenhower (1890 - 1969) foi presidente dos Estados Unidos da América e comandante supremo das forças aliadas durante a Segunda Guerra Mundial.
“Existe um tempo para melhorar, para se preparar e planejar; igualmente existe um tempo para partir para a ação". Amyr Klink, navegador brasileiro.
A imprevisibilidade da vida, a insegurança da carreira, a rapidez da tecnologia e das
informações exigem de todos conhecimento, postura, atitude e planejamento. Esteja você com
menos ou mais de cinqüenta anos, saiba que objetivar e agir, de maneira organizada, a favor
de suas metas significa caminhar em direção ao sucesso pessoal, familiar, financeiro e
profissional!
Seja executivo e não executado tem como missão ser uma prestação de serviços em
benefício daqueles que vão ingressar no mercado de trabalho. É uma oportunidade valiosa de
receber, daqueles que já passaram por certas experiências, um alerta no sentido de que sejam
evitados os obstáculos, tropeços e decepções; ou, pelo menos, minimizados. Mas tudo isso,
depende de você e do que faz por suas conquistas. Comece uma nova vida pelas páginas
deste livro!
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Edição e Textos: Roberta Lage Mtb.43382 Projeto e Produção gráfica do livro :Editora Komedi Fotos: Tácito Fotografia Revisão: Web Impressão e acabamento: E Livro Contatos com o autor: Thomas F. Reaoch- [email protected]
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios, sem permissão escrita dos autores ou sem a citação
da fonte.
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Dedicatória
Dedico este livro a toda a minha família, que de fato é o projeto mais importante de
minha vida. Minha esposa Márcia, minha filha Jéssica, meus filhos Tommy e Michael e a
Camila, minha filha que faleceu com três dias de vida. Vocês foram minhas inspirações e meu
laboratório de experiência em muitas ocasiões que cito neste livro e que foram vivenciadas por
mim.
Eu e minha esposa estamos entrando na segunda vida e aprendendo a vivê-la, sem que
ela tenha sido planejada quando éramos mais jovens. Deixo então este relato escrito para que
sirva de auxílio para a geração de meus filhos, que ainda enfrentará desafios e também para
os que vivem este segundo momento, para que não desanimem e sigam em frente.
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Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todos os que estiveram ao meu lado nos meus melhores e
piores momentos pessoais e profissionais.
Obrigado a vocês, que me ensinaram todo dia algo novo: mentores, amigos, parentes,
funcionários, ex-funcionários, chefes, clientes, colegas e conhecidos.
Aos entrevistados, que fizeram parte do capítulo “Histórias Reais”, pela confiança e
colaboração. Vocês foram fundamentais.
A todos que me enviaram e-mails com boas lembranças e recados do tempo em que já
estivemos juntos profissionalmente e que me ajudaram a elaborar o capítulo das dicas.
Sucesso sempre!
À Roberta Lage, que me ajudou a concretizar este sonho de escrever um livro. Com sua
competência profissional, de uma forma amável e empática, me ajudou a vencer algo que para
mim parecia uma barreira.
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Sumário
Apresentação............................................................................................................. Capítulo I – Minha história ...................................................................................... Um americano no Brasil............................................................................................ Novos horizontes...................................................................................................... Thomas hoje............................................................................................................. Capítulo II- As duas vidas de um homem ..................................................................... O encontro das duas vidas.............................................................................................. Capítulo III- Planejamento de vida e carreira ............................................................... Quadro de planejamento............................................................................................. Planejamento financeiro.............................................................................................. Tabela financeira........................................................................................................ Planejamento para a aposentadoria.......................................................................... Sugestões................................................................................................................ Capítulo IV- Emprego, desemprego e empregabilidade .............................................. Como manter sua empregabilidade.................................................................................... Atualização de informações............................................................................................. Administração do tempo................................................................................................. Inter-relacionamento pessoal........................................................................................... Desemprego................................................................................................................... Capítulo V - Novos Horizontes: currículo, entrevist a e o negócio próprio ................ O currículo.......................................................................................................... Seja criativo........................................................................................................ Um modelo de currículo antigo........................................................................... Dicas para elaboração do seu currículo.............................................................. Novo modelo de currículo.................................................................................... À procura de um emprego.................................................................................. Entrevista de trabalho........................................................................................ Algumas alternativas de emprego: emprego temporário, terceirização, negócio próprio, trabalho informal..................................................................................................................... Exemplos de sucesso....................................................................................................... Empregos em alta..........................................................................................................
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Capítulo VI- Networking – A rede de relacionamento ................................................. Dicas para uma networking funcional.......................................................... Capítulo VII- Histórias Reais ......................................................................................... Hércules Schwether – Passagem da primeira para a segunda vida..................................... Luiz Marzo- Aposentado, porém atuante no mercado.......................................................... Renata Aureli- Uma mulher de garra................................................................................... Luiz Roberto Spiritus- Momento de transição..................................................................... Mauricio Freitas- Persistência e resultados........................................................................ Rogério Queiroz- Uma carreira em uma única empresa..................................................... Magda Reis- Consciente do que quer................................................................................. Cristina Delboni- Inglês como diferencial........................................................................... Arthur Assumpção- Experiência pautada na ética e no aprendizado................................ Tarcisio Petroni- Carreira abalada pelo preconceito etário............................................. Tatiana Dalben- Um início de carreira batalhador........................................................... Werner Kugelmeier- Objetivos a serem conquistados também na segunda vida................ Capítulo VIII- Dicas ........................................................................................................ Referências bibliográficas .........................................................................................
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Apresentação
Mais uma semente é plantada: a biografia de Thomas F. Reaoch
Diz um antigo ditado popular que todo ser humano, para se sentir plenamente realizado,
precisa realizar três tarefas importantes: plantar uma árvore, ter filhos e escrever um livro.
Acho que estou no caminho certo. Em 1975 consegui passar por uma das mais agradáveis e
belas experiências: o nascimento da primeira filha, Jéssica. Não parou por aí. Dois anos
depois nasceu Tommy e em 1981, Michael. A árvore (um cajá) também foi plantada em 26 de
março de 1999, em Itapissuma, (PE). Agora, em 2005, estou podendo concluir mais um projeto
especial em minha vida, o de escrever um livro voltado às pessoas de 20 a 100 anos, que
queiram aprender sobre planejamento de vida e carreira, conhecimento fundamental nos dias
de hoje.
Freqüentemente, em minha vida profissional, convivi com pessoas que me motivavam
a escrever um livro. Algumas me diziam que aprenderam comigo, que se lembravam de
situações, frases e atitudes que, de alguma maneira, marcaram suas vidas. Pensando nisso e
ouvindo com freqüência que eu deveria escrever uma obra, resolvi compartilhar com vocês
minhas experiências. Por outro lado, relembrando meu passado, percebi também que, em
minha adolescência os livros foram grandes companheiros e me proporcionaram ricos
aprendizados. A diferença é que sempre li o que os outros escreveram. Não me enxergava
como alguém que pudesse fazer um livro para perpetuar idéias e conhecimentos e vi que é
possível. Superei barreiras e consegui concretizar mais esta meta.
As primeiras barreiras eram de “não saber escrever” um livro e de achar que talvez não
tivesse conteúdo suficiente para o mesmo. Depois de 2000, tive mais tempo de pensar e
refletir sobre a vida, pois me encontrava no início da crise existencial de uma pessoa então
com mais de 50 anos. Como sempre expliquei para os meus funcionários que tudo na vida é
um processo e que temos que aprendê-lo primeiro para depois repeti-lo, decidi que deveria
aprender sobre o processo de escrever um livro. Após pesquisas na internet, descobri milhares
de páginas sobre o assunto e algo que li me marcou muito. A tese defendida pelo autor do
artigo, a que tive acesso virtualmente, afirmava que se uma pessoa pode falar, ela também
pode escrever um livro. Sua segunda idéia era de que o interessado deveria fazer/escrever um
livro rapidamente, para justamente poder escrever mais livros. E foi assim que aconteceu.
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Depois do conselho de um amigo, procurei uma profissional, com experiência em “fazer”
livros, e de fato durante o processo do desenvolvimento desta obra foram abertas avenidas de
pensamento para os próximos livros.
Tive uma experiência muito interessante ao preparar o Seja executivo e não executado.
Percebi, ao pesquisar informações com amigos, ex-colegas de trabalho e familiares, como
realmente aquilo que fazemos ou falamos de fato marca as pessoas.“You learn something new
everyday”, ou seja, se aprende algo novo todos os dias.
Neste livro, coloco à disposição do leitor dicas e ações que, de acordo com minhas
vivências, acredito serem essenciais para uma vida equilibrada e planejada. Espero que os
conselhos que vocês lerão a seguir tornem-se referências e que com alguns deles aprendam
algo novo, afinal, se deu certo para aqueles que aconselhei também dará a vocês, que estão
tendo acesso a este livro. Outro ponto relevante para a concretização deste projeto é o fato de
que eu preciso e gosto de estar em um constante processo de aprendizagem e escrever um
livro me proporcionou essa situação, por isso, pretendo continuar. Aliás, coincidentemente, ou
não, as três ações a que me referi anteriormente - plantar uma árvore, ter um filho e escrever
um livro - implicam uma continuidade. Plantar uma árvore significa exercer a cidadania e
contribuir com a natureza e seus habitantes. Os filhos representam a continuação de uma
família e o livro, por sua vez, é a continuidade das idéias de quem o escreveu e é isso que
pretendo, colaborar com vocês.
Então, desejo que façam uma boa leitura e que sejam jardineiros de suas vidas.
Plantem sementes, objetivos, metas e cuidem de tudo com carinho, como se fossem filhos
para que um dia, possam também ser escritores de suas histórias. Que minhas sugestões e
dicas possam ser sementes na vida de todos.
Thank you !
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CAPÍTULO I
Minha história
O ano era 1947 e o dia, 4 de outubro. Encerrava-se a Segunda Guerra Mundial e
iniciava-se a época do pós-guerra, que levou à Guerra da Korea e depois à Guerra Fria entre
os Estados Unidos e a União Soviética. Nessa fase, os americanos decidiram-se pela política
de "contenção" ao comunismo, dando início a pesados investimentos em armamentos e
artefatos nucleares; e passaram a auxiliar economicamente, por meio do Plano Marshall, os
países europeus assolados pela guerra, permitindo assim que eles dessem início aos
programas de reconstrução nacional. Foi nesse cenário, em McKees Rocks, em um bairro
próximo a Pittsburgh, na Pennsylvania, que nasci. Fui o segundo filho, fruto da união de Rose
e Thomas Reaoch, que já tinham Donald e, depois de mim, deram vida a Ronald. Além de ter
o mesmo nome de meu pai, fui batizado como Thomas Francis Reaoch, em homenagem a
São Francisco de Assis, porque nasci em seu dia.
Sou o que chamam de baby boomer, ou seja, faço parte da geração que nasceu no pós-
guerra e foi criada dentro de um período de desilusões marcadas pela crise econômica. Minha
família presenciou a guerra e participou dela, e a maioria dos jovens foi convocada para
integrar o exército. Enquanto meu pai foi para a Europa, meus tios, irmãos de minha mãe,
descendentes de italianos, foram para o Pacífico e os parentes de meu pai, que são
descendentes de escoceses, seguiram para a Europa. Minha mãe, como a maioria das
mulheres, foi empregada em uma fábrica que produzia armamentos. Depois da Segunda
Guerra Mundial, meu pai conseguiu um emprego em uma usina de aço em Pittsburgh, onde
alimentava um alto forno no processo de fabricação de aço. Minha mãe, como muitas, perdeu
seu emprego, mas com a volta dos soldados da guerra, os empregos surgiram para os
homens.
Apesar de o país não passar por uma fase pacífica, minha infância foi tranqüila. Minha
família era pobre, mas eu não sabia. A cidade onde cresci, totalmente industrializada, era
conhecida por ser a cidade do aço, cercada por usinas e fábricas e perto de onde morava
havia muitos grupos de várias nacionalidades: italianos, poloneses, eslovacos, húngaros, entre
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outros. Mas, apesar disso, o bairro onde morávamos era muito pobre e a vida absolutamente
simples. As casas eram pequenas, o inverno muito rigoroso, com bairros violentos e muitas
brigas. Não tínhamos brinquedos comprados, mas produzidos por nós mesmos. Brincávamos
na rua e pedaços de madeiras e caixas de frutas transformavam-se em carrinhos de rolimã,
estradas, tendas, casas. A grande brincadeira era encontrar caixas de papelão! Quando
chovia, fazíamos represas e lagos na rua que era de terra, e construíamos barquinhos de
madeira para compor o lago. Usávamos a criatividade....
Com sete anos, iniciei meus estudos na Saint Cyril, uma escola católica, freqüentada
principalmente por poloneses, mas próxima a minha casa. A escola dos italianos era longe.
Fiquei lá até os 12 anos. Não era um bom aluno, as freiras eram bastante exigentes, prezavam
pela boa disciplina e eu mais falava do que prestava atenção. Uma matéria que me chamava a
atenção era geografia porque meus colegas de classe vinham de países diferentes e eu tinha
curiosidade em conhecer cada um.....Não gostava de matemática, pois a freira castigava muito
pelos erros e até criei um bloqueio.
Ainda criança, comecei a trabalhar. Tinha oito anos quando, por indicação do meu irmão
mais velho, passei a entregar jornal nas redondezas de minha casa. Saía da escola, pegava
um vagãozinho repleto de jornais e seguia em direção à minha rota de entrega. Ganhava
centavos, cerca de um ou dois dólares por semana e com o que arrecadava ia ao cinema,
passeava...Dois anos depois, passei a abastecer, juntamente com o gerente de rota do bairro,
os pontos-de-venda de jornais. Enquanto o gerente dirigia seu carro, eu corria entre o carro e
as lojas entregando os jornais! Porém, depois da guerra, muita gente se viu desempregada,
inclusive meus pais, e por esse motivo tivemos que mudar de cidade. Saímos de Pittsburgh
em direção ao estado de Ohio, pois meu pai havia conseguido um emprego melhor, como
motorista de caminhão.
Nesse período, passei por uma mudança brusca, principalmente pela transferência da
escola. Em Pittsburgh, morava em um bairro violento onde as pessoas brigavam muito e não
valorizavam a educação. Em Ohio, tudo era diferente, a casa era maior, a situação financeira
da família melhorou e tive um choque comportamental e de hábitos. Passei a estudar mais na
Revere High School, em Bath, Ohio, e a freqüentar um ambiente de maior nível econômico do
que estava acostumado e por muitas vezes me senti até um peixe fora d’água. Precisei me
adaptar. Um dos grandes hábitos que aprendi nessa escola preparatória para a faculdade foi o
da leitura como forma de lazer. A instituição de ensino tinha uma boa biblioteca, onde eu podia
emprestar os livros que estavam expostos e levar para a casa para ler. Também na época, a
escola tinha um clube do livro, onde podíamos comprar livros a preços bem acessíveis.
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Mesmo com essas mudanças, não deixei de trabalhar. Trabalhei como ajudante de açougueiro
,cortando carnes em um açougue e fui contratado por um drive in (cinema ao ar livre) para
fazer pipoca, batata frita e hambúrguer.
Depois, em setembro de 1965, quando tinha 18 anos, mais uma mudança tomou conta
de minha vida. Dessa vez, ingressei no curso de Educação Industrial na Universidade Estadual
Bowling Green, em Ohio, a 200 km de onde morava. Meu objetivo era ser professor dessa
disciplina e a adaptação ao novo ambiente foi natural. Por ser residente no estado, não pagava
mensalidade, mas tinha que arcar com os gastos dos livros, moradia e alimentação. Nas horas
vagas, trabalhava. Primeiro, em um posto de gasolina, em seguida lavei pratos no restaurante
comum dos universitários e, de lavador cheguei, a ser supervisor dos funcionários que lá
trabalhavam.
No terceiro ano do curso superior, quando tinha 20 anos, consegui uma vaga como
professor de Educação Industrial em um colégio chamado Brunswick High School. Estudava à
noite e trabalhava durante o dia. Dava aulas para cerca de 180 alunos, atendia a seis classes
com 30 alunos cada. Foi uma experiência importante. Apesar de não ter maturidade suficiente
─ era o mais jovem de todos os professores ─ ministrar aulas nesse período foi um grande
aprendizado, principalmente pelo contato com outros professores mais experientes. Fazer
parte de uma escola como profissional pela primeira vez, com hierarquias, me fez crescer. Lá,
também trabalhei como assistente treinador de futebol americano e ganhava um acréscimo no
salário por isso. O contato com os alunos ficou mais próximo. Estava realizado quando me
formei e continuei como professor por mais dois anos e, então, inicia-se minha história no
Brasil.
Um americano no Brasil
Entre 1969 e 1970, dei início, ainda em Bowling Green, a um curso de pós-graduação,
na área de Psicologia Educacional. Nessa época, namorava uma colega de escola que viajou
para o Brasil em um grupo de intercâmbio, acabou conhecendo um brasileiro e, por carta, me
comunicou o fim do namoro. Quando ela voltou para os EUA, logo em seguida, visitou o país
um grupo de brasileiros. Ainda éramos amigos e ela me apresentou 11 brasileiros que faziam
parte desse grupo. Foi aí o meu primeiro contato com o Brasil. O mentor do grupo de
brasileiros era um professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), Joel
Martins, que se interessou por minha formação superior e me mostrou uma oportunidade de
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lançar no Brasil o curso de Educação Industrial, além de expandir meus conhecimentos e
experiências.
Nunca havia viajado a grandes distâncias, muito menos entrado em um avião. Viajei
apenas para Bowling Green e uma vez para Nova York. Achei que aquela seria uma boa
oportunidade. Animado com a idéia de iniciar um curso e ministrar aulas no Brasil comuniquei
meu projeto para minha família, que me apoiou. Não era a primeira vez que um filho viajava
para o exterior. Meu irmão Ronald antes disso, havia saído de casa para fazer um estágio na
Índia e assim que ele retornou aos EUA, na semana seguinte, viajei eu. Minha mãe achava
que eu não iria voltar....sua intuição era forte.... Deixei tudo que tinha, tranquei a pós, juntei
dinheiro e fui para o Brasil.
O objetivo era fazer uma experiência de uns três meses e ver o que acontecia. Falaram-
me que tudo no Brasil era fácil, barato e que todos falavam inglês. Antes de viajar, tinha uma
idéia do que era o país apenas por revistas, que me foram mostradas pelo grupo de
brasileiros. Vi praias, céu azul, mas achava que o Brasil tinha muito mato....
Antes de embarcar para o país, a primeira coisa que fiz foi vomitar, de tão nervoso.
Estava com aquela pergunta em minha cabeça “O que eu vou fazer no Brasil?”. Em junho de
1970, aterrissei no aeroporto de Viracopos, em Campinas. A primeira sensação foi a de que
estava no lugar errado, afinal, não via nada, apenas um matagal....Fiquei mais calmo quando
encontrei os amigos brasileiros que havia conhecido e que foram me buscar no aeroporto. Não
tinha destino, mas um dos colegas, Humberto Marques, me convidou para morar com ele.
Logo que cheguei, a primeira providência foi parar em uma padaria. Tomamos um pingado e
comemos pão com manteiga. Em seguida, pegamos a Anhanguera e fomos para São Paulo.
Chegando na cidade, me surpreendi. Observei a grandiosidade do lugar e tive um impacto
muito grande porque nunca tinha visto uma cidade daquele tamanho; era tudo uma bagunça, o
trânsito maluco, motoristas indisciplinados....
Minha chegada no Brasil foi marcada por diferentes e importantes acontecimentos
históricos. De um lado, o país passava por um dos períodos mais severos da ditadura militar.
Do outro, a Copa de 70 fez com que milhões de brasileiros saíssem às ruas para festejar o
tricampeonato de futebol. Não tinha noção do que o futebol e a copa representavam para o
país. No dia dos jogos, tudo parava e depois as pessoas iam para as ruas e faziam uma festa.
Um dia, homens se espancavam em praça pública, no outro se abraçavam para comemorar a
vitória de uma seleção. Essas mudanças radicais no comportamento das pessoas eram
difíceis de serem assimiladas.
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O segundo dia no Brasil foi movimentado. Fomos até a PUC para que eu conhecesse a
Universidade. O primeiro local visitado foi o restaurante e me apresentaram para várias
pessoas, só que, diferente do que me disseram, nenhuma delas falava inglês, apenas sorriam
e gesticulavam. Naquele dia fui orientado pela equipe da PUC a regulamentar minha situação,
organizando os documentos, para que, no início do próximo ano, pudesse começar a dar aula.
Teria que providenciar inúmeros documentos e, com isso, conheci também uma burocracia
que nunca havia visto antes. Foi um grande impacto acrescido do imenso choque cultural.
Tudo era difícil: falar, entender, os costumes e os relacionamentos das pessoas eram
diferentes do que estava acostumado. Era complicado viver em São Paulo, os lugares eram
longe uns dos outros, as pessoas não andavam juntas, como o grupo de estudantes que
conheci nos Estados Unidos. Cada um tinha a sua vida, seu horário. Era outra realidade.
Vim para o Brasil com a intenção de montar o curso de Educação Industrial, mas a
situação era cada vez mais complicada. Já naquela época, as coisas não eram fáceis no
Brasil; nada era feito para acontecer. Comecei a encontrar alguns empecilhos. Meu currículo e
o histórico médico de meus pais tinham que ser traduzidos, os documentos deveriam ser
enviados ao Ministério da Educação (MEC), a carga horária que já havia cumprido teria que
ser comprovada, a grade curricular do novo curso montada....estava tudo muito complexo.
Comecei a me preocupar quando percebi que inúmeras pendências teriam que ser resolvidas,
que a PUC passava grandes períodos em greve, e que, por causa da ditadura militar, a
situação das faculdades brasileiras era complicada. Além disso, minhas economias estavam
acabando e eu precisava tomar outras atitudes, afinal apenas com a passagem de vinda, não
tinha como comprar outra de volta....
Enquanto procurava outras oportunidades de emprego, encontrei algo que eu não
conhecia, que foi o fato de não ter direitos. Não tinha direito de opinar livremente sobre a
política, por exemplo. Isso foi muito chocante. As conversas eram ocas, sem conteúdo,
ninguém falava sobre temas polêmicos e importantes a respeito da situação do país, diferente
do que vivenciei nos EUA, porque lá nós exercíamos nossos direitos e expúnhamos nossos
pontos de vista, sem que fôssemos repreendidos. A atuação da polícia e dos militares no
Brasil me assustava. Tinha medo porque não entendia o que os policiais falavam para as
pessoas. Um dia, perguntei para meu amigo Humberto o que o policial falava antes de atirar.
Humberto explicou que os policiais não falavam nada. Fiquei com medo, porque não falava e
nem entendia. A violência que me preocupava era do desconhecido.
Precisava agir. Por indicação de amigos, comecei no mesmo ano a dar aulas de inglês
para executivos, na Associação Alumni, de São Paulo. O português já não era barreira e a
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minha missão era ensinar os outros a falarem o inglês. Nessa mesma escola de idiomas fiz um
curso de português para estrangeiros e com o tempo fui melhorando. Para me acostumar com
o idioma brasileiro, ouvia muito rádio e prestava atenção nas pronúncias. A primeira coisa que
aprendi foi “o pingado com pão com manteiga”. Fome eu não passava. Nessa parte de
comunicação, me lembro de um fato bem engraçado. Pegava ônibus e toda vez que queria
atravessar dentro do ônibus e passar pelas pessoas falava “cinzeiro”. Entrava no ônibus e
falava: “cinzeiro, cinzeiro, cinzeiro”. Todos olhavam e abriam passagem, até que em um dia
falei “cinzeiro” para um conhecido que me explicou que “cinzeiro” é uma coisa e “licença” é
outra. Quando eu entrasse no ônibus teria que falar “licença” e não “cinzeiro”. Foi o que
aconteceu. Mas o resultado não foi o mesmo. Falava licença e ninguém se mexia, muito
menos abria passagem e percebi que entre o certo e o que funciona, nem sempre o certo
funciona. Voltei a falar “cinzeiro” para pedir passagem e conseguia sempre descer no ponto
certo. Percebi que não precisava falar perfeitamente, mas o principal para as pessoas me
entenderem.
Depois de dois meses já conseguia me virar. A situação financeira estava melhorando
e tinha como meta juntar dinheiro para voltar a minha terra natal. Durante esse processo,
minha ex-namorada americana me enviou uma carta contando que havia terminado com o
namorado brasileiro e que gostaria que eu voltasse. Fiquei ainda mais motivado a abandonar o
Brasil. O choque cultural e a falta de perspectiva me fizeram ter certeza de que teria que
retornar ao meu país de origem. Já estava tudo pronto. Antes de retornar, fui a uma festa onde
conheci Márcia, hoje, minha esposa. A única dificuldade foi com o idioma, mas havia
combinado com ela que só falaríamos em português no nosso relacionamento e até hoje é
assim.
Apesar de já estar tudo pronto para a minha viagem de volta, fiquei no maior dilema
porque gostei muito dela. Tive que viajar, em dezembro de 1970, afinal precisava regulamentar
o meu visto brasileiro. Para eu conseguir isso, a Alumni fez uma carta que atestava minha
contratação na empresa.
Fui para os EUA, peguei o visto e voltei para o Brasil. Estava um pouco mais seguro,
pois minha situação econômica era melhor do que quando cheguei pela primeira vez. Assim
que desembarquei, outro trauma me esperava. Informaram-me, ainda no aeroporto, que meu
amigo Humberto havia morrido afogado em Itanhaém, litoral sul de São Paulo. Chocado, segui
do aeroporto para o enterro. Perdi alguém que estava muito próximo e até hoje desconfio de
sua morte. Acredito que ele não morreu afogado e que a ditadura pode ter sua culpa....Muitas
pessoas sumiam na época ou morriam de maneiras estranhas.
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Tive que recomeçar minha vida. Com o emprego na Alumni garantido, saí em busca de
um novo local para morar. Iniciei também um curso de pós-graduação na área de Psicologia
Educacional, na PUC, mas não dei seqüência. Já havia desistido de montar o curso de
Educação Industrial nessa universidade, pois as negociações esfriaram e eu desanimei. Minha
vida tomava outro rumo. Estava namorando Márcia e já pensávamos em casamento. Casamo-
nos em 16 de dezembro de 1971. Depois disso, levei minha esposa para conhecer minha
família nos EUA e o encontro foi muito agradável. Márcia se formou em Psicologia em 1974 e
um ano depois, nasceu Jéssica, nossa primeira filha.
Novos horizontes
Além das aulas de inglês, em 1972, passei a trabalhar com consultoria, convidado por
um amigo de um aluno, Franklin Gindler. Já o havia auxiliado e a parceria dera certo, tanto
que me dediquei mais àquele novo projeto e diminuí as aulas na escola de idiomas. Gindler
era proprietário da Arminc, uma empresa de caixilhos de alumínio (produtos metálicos) em
São Paulo. O negócio estava crescendo e, para melhorar, Gindler fez um contrato com uma
empresa dinamarquesa para importar material para o Brasil. Decidi que teria que trabalhar em
tempo integral naquela nova carreira e, em certa oportunidade, viajei para a Dinamarca para
aprender como se fabricavam aqueles produtos e voltei às origens da Educação Industrial,
curso no qual me formei. Montamos, então, uma fábrica em Campinas. Importávamos o
alumínio da Dinamarca e vendíamos para a construção de obras e empresas. A empresa
estava se firmando e por isso, precisei mudar para Campinas com minha família. Uma série de
acontecimentos levou ao sucesso da empresa. Aprendi com Franklin Gindler a ser um
empreendedor no Brasil, a montar um negócio e isso foi importante. Fiquei 12 anos na
empresa e atuei na área industrial, no desenvolvimento de produtos e no mercado externo e
resolvi me desligar, quando percebi que não teria mais oportunidade de crescimento, afinal, as
mudanças econômicas do país não ajudavam e a empresa se associou à sua maior
concorrente do ramo, uma empresa holandesa. Eram empresas concorrentes em um mercado
atrofiado.
Enquanto isso, em minha vida familiar, também passei por momentos de impacto.
Depois de Jéssica, tivemos mais três filhos, mas nossa segunda filha, Camila, faleceu com
apenas três dias de vida. Esse foi para mim o acontecimento de maior impacto e me ensinou
que precisamos estar estruturados para situações imprevisíveis. Até então, tinha conseguido
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uma solução para os meus momentos mais difíceis, mas para a morte não há o que mudar.
Depois dessa perda, vieram duas alegrias. Thomas que nasceu em 1977 e Michael, em 1981.
Em 1985, por meio de Jorge Rievers, outro conhecido, comecei a trabalhar na Rievers &
Gussin S.A., empresa localizada em São Paulo como consultor de exportação. Tinha como
responsabilidade capacitar empresas brasileiras no processo de exportar produtos. Fiquei
nessa empresa por quatro anos, quando surgiu a oportunidade de integrar o quadro de
funcionários da Alcoa Alumínio S/A no Brasil, empresa subsidiária da Alcoa Inc., fundada há
mais de 100 anos em Pittsburgh nos Estados Unidos e que produz alumínio primário, alumina,
extrudados, chapas e folhas, rodas forjadas, entre outros. Lá, iniciei na área de exportação.
Permaneci na multinacional por 12 anos, onde passei por áreas comerciais e de
desenvolvimento de produtos e mercados, tanto no Brasil quanto na Europa e nas Américas.
Nesses anos, passei por uma grande aprendizagem, mas também tive oportunidade de aplicar
minha vivência e experiência obtidas na Hunter Douglas, principalmente no que diz respeito
aos mercados e às pessoas na América Latina e na Europa. Obtive sucesso na formação de
pessoas e equipes que, em conjunto, proporcionou crescimento para a empresa e para seus
funcionários.
Em 2000, com 52 anos de idade, fui dispensado da multinacional devido a uma
mudança na diretoria da empresa, que reestruturou seu quadro de funcionários. Depois de
umas férias, de um tempo de reflexão e da ajuda de uma empresa de recolocação profissional,
percebi que o mercado para profissionais de sucesso, porém com idade superior a 50 anos,
estava limitado. O ramo de Tecnologia na Internet estava no início de um ciclo de crescimento
e senti que precisaria aprender sobre o assunto. Conhecia pouco sobre o mundo virtual e
decidi que iria aprender. Iniciei uma nova fase profissional.
Por meio de outra conhecida, Fernanda Mendes, que trabalhou comigo na Alcoa, tive a
oportunidade de conseguir uma vaga na área comercial de uma empresa de “Ponto.Com”
chamada Virtual Case. Foi a Virtual Case que me ensinou a linguagem virtual e que sem
dúvida me trouxe riquíssimos conhecimentos no mundo da Internet.
A experiência durou seis meses até que, em 2001, percebi que era hora de procurar
algo mais concreto em minha vida profissional. Foi quando apareceu a oportunidade de usar
os meus conhecimentos na área de desenvolvimento de produtos e mercados e prestar uma
consultoria para a Feeling Structures, uma empresa brasileira de estruturas de alumínio, em
Santo André (SP). Isso aconteceu com a menor probabilidade de se tornar realidade, pois
consegui o emprego, respondendo a um anúncio no jornal. Foi uma experiência também
importante, pois no início minha meta era a de montar um plano comercial, buscando novos
19
mercados e produtos, mas fiz muito mais do que isso. Apesar de ser uma empresa pequena,
os proprietários sonhavam com grandes conquistas e tinham consciência de que a exportação
valida qualquer negócio, por isso pediram minha ajuda para tornar realidade o objetivo de
exportar seus produtos para a Europa e os Estados Unidos. Mas, em determinada fase, ela
precisou se unir com seu concorrente e, inicialmente, a empresa cresceu, montou uma nova
fábrica em Taubaté (SP), melhorou a qualidade e quantidade de fabricação, uma vez que
conseguimos qualificar os produtos e criar um relacionamento forte com o líder do mercado
americano. Porém, com o tempo, a relação dos sócios se enfraqueceu e eles se separaram.
Eram grandes personalidades em empresas pequenas.
Nesse período, surgiu também a oportunidade de atuar na Ávila & Associados, uma
empresa de consultoria financeira de São Paulo cujo proprietário Alfenus Ávila fora meu colega
na Alcoa. Nos primeiros dias, achei que não fosse me adaptar, afinal, aquela era uma área
totalmente diferente das que já tinha trabalhado, mas resolvi que, assim como fiz com a
Internet, poderia novamente aprender sobre novos assuntos. Participei de seminários,
treinamentos e aprendi o que era uma consultoria financeira. Até então, conciliava parte do
meu tempo na Feeling Structures e na Ávila & Associados. Em 2002, resolvi melhorar minha
qualidade de vida e cuidar melhor de minha saúde física e mental, afinal, trabalhava em Santo
André, Taubaté e São Paulo e morava em Campinas. Era muito desgastante e percebi que
ainda precisava dar seqüência a minha carreira. Estava com 55 anos, tinha mais uma vida
pela frente e deveria trabalhar para custeá-la. A primeira escolha foi a de atuar na região de
Campinas e a outra de montar uma empresa própria, queria criar um negócio que me fizesse
crescer. Retomei o contato com meus conhecidos de Campinas e região e passei a
comparecer mais às reuniões de associações e câmaras do comércio.
Em 2002, nasceu a RC Consultoria Financeira, uma empresa conselheira,
representante de três empresas internacionais, que orienta pessoas físicas e jurídicas a
compreenderem suas rotinas, a avaliarem os seus riscos e a descobrirem suas necessidades
na área financeira. A RC analisa o histórico de pessoas e empresas, alerta para os riscos que
correm, aconselha sobre o melhor caminho a ser percorrido e oferece inúmeros serviços e
soluções através de investimentos ou planos de seguro, que permitem ao cliente se precaver
contra riscos que normalmente não espera. Os melhores planos de proteção e defesa para os
riscos financeiros e para manutenção do padrão de vida são oferecidos, de maneira
personalizada, aos nossos clientes.
Como a minha vivência pessoal e profissional sempre mostrou inúmeras situações
inesperadas e ensinou a necessidade de planos e contingências, o nosso papel é fazer com
20
que o indivíduo reflita sobre assuntos em que nunca pensou. Temos como obrigação mostrar
aos cidadãos uma realidade que ele acha que não existe ou que nunca acontecerá com ele.
Seguimos os modelos de organizações bastante reconhecidas nos Estados Unidos e
oferecemos serviços aplicados à realidade brasileira. Evoluímos para trabalhos específicos
para empresas médias e de grande porte na assistência de gestão de riscos. Nosso trabalho é
acessível e fundamental para todos os indivíduos, sejam eles executivos, profissionais liberais,
recém-formados ou outros.
Thomas hoje
Hoje, me considero uma pessoa multicultural, não só experiente, mas com vivência.
Caminho para o início de minha segunda vida e trabalho para o uso adequado dos meus
principais patrimônios que são minhas saúdes física e mental somadas a uma relação familiar
estável.
Profissionalmente, percebo que voltei às minhas origens como professor, talvez nunca
tenha deixado de ser, porque procuro educar as pessoas a respeito de algo que não
conhecem, busco constantemente mostrar aos outros algo novo. Sei que antes de ensinar,
preciso aprender e este é um exercício diário. Agora que já me conhecem um pouco melhor,
desejo que você leitor, a partir de agora, também possa aprender conceitos e atitudes.
21
CAPÍTULO II
As duas vidas de um homem
Antes de iniciarmos qualquer assunto, irei explicar algo sobre as fases da vida de um
ser humano. Você não deve saber ou pode não ter percebido, mas possui mais de uma vida.
Isso mesmo. Vamos começar analisando alguns dados, para que entenda melhor esse
conceito.
É notável que os avanços da medicina e a melhoria nas condições gerais de vida da
população têm contribuído para elevar a expectativa de vida dos brasileiros. Uma pesquisa
divulgada em dezembro de 2004, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE),
mostra que, em 2003, a expectativa de vida do brasileiro, para ambos os sexos, subiu para
71,3 anos e que ele está vivendo 0,8 anos a mais do que em 2000 (70,5 anos).
Mas, apesar de a cada ano a expectativa de vida do brasileiro aumentar, o país não se
destaca nesse quesito: o Brasil está na 86ª posição, atrás de países desenvolvidos como
França, Austrália e Nova Zelândia. O ranking mostra que até mesmo em relação a países
pobres como a Bósnia e o Kuwait, a expectativa de vida supera a registrada no Brasil. Na
Jamaica, por exemplo, a expectativa de vida é de quase 76 anos. Entre os 192 países
pesquisados pela Organização das Nações Unidas (ONU), o que ficou mais bem posicionado
foi o Japão, onde a expectativa de vida ao nascer é superior a 81 anos. E, de acordo com a
projeção mais recente da mortalidade, somente por volta de 2040 o Brasil estaria alcançando o
patamar de 80 anos de esperança de vida ao nascer. Vejam: meus pais faleceram com 82
anos de idade, eu e minha esposa provavelmente poderemos estar vivos ainda com 90 ou 100
anos e meus filhos poderão viver mais de 100 anos. Portanto, o nosso maior risco não é o de
morrer, mas sim de estar vivo com 90 ou 100 anos e não ter feito um planejamento para
isso!!!.
O fato é que esses dados mostram que as pessoas estão vivendo mais e precisam
cuidar melhor de suas vidas. Falo vidas porque acredito que cada indivíduo possui “duas vidas
produtivas”. A primeira é formada pelas pessoas que têm entre 20 e 50 anos e a segunda vida
pelas que têm entre 50 e 80. O primeiro público composto por jovens e adultos que estudam,
entram no mercado de trabalho, dedicam-se a seus empregos, esportes, amigos, família, com
muita vitalidade e disposição. Já no segundo perfil ou a segunda vida, encontram-se indivíduos
com mais vivência, acúmulo de experiências, nem tanta vitalidade, mas boa disposição. Os
22
dois grupos apresentam características em comum: precisam planejar suas vidas pessoal e
profissional para que vivam, de maneira saudável, as duas fases.
Para entender melhor esse pensamento, vamos comparar a vida com um jogo de
futebol. Nesse esporte, sabemos que existem dois tempos para os jogadores irem em busca
de seus objetivos. O treinador, que é parte integrante da modalidade, tem como meta preparar
o time, planejando as ações que serão feitas dentro de campo. Pois bem. Assim também deve
ser com o jogo da vida. Todos devem se preparar para os dois tempos de sua existência.
Porém, diferente do futebol, quando acontecem os 15 minutos de pausa entre um tempo e o
outro, para o técnico entrar em cena com orientações e mudanças, com a vida nem sempre é
assim. Não existem necessariamente esses minutos de pausa. Temos que entender que
somos ao mesmo tempo jogadores e técnicos e precisamos nos preparar para os dois tempos
de nossa história.
Mas essa preparação não é fácil e exige dedicação. Os que estão no primeiro tempo
estão dispostos, animados e com força total. Aqueles que jogam no segundo tempo já não
esbanjam tanta vitalidade e pensam até que não chegarão ao fim do jogo. No primeiro
momento, encontramos jovens considerados impulsivos, animados e muito motivados a
buscarem seus interesses. No segundo, aqueles com 50 anos ou mais, que acreditam que,
com essa idade, já estão no fim da vida, muitas vezes entram em depressão porque
mentalizam que não poderão ser produtivos ou que não terão capacidade de aprendizagem.
Mas já vimos que a expectativa de vida tem aumentado e que, com 50 anos, um ser humano
pode estar apenas começando sua vida, pois encontra-se lúcido, ativo e precisa cada vez mais
de planejamento, para que consiga viver com qualidade a nova fase que chega.
É certo que a transição da primeira para a segunda vida não é tão simples e até um
pouco conturbada, pois a direção a ser seguida e as táticas do jogo não dependem somente
de cada um, mas de fatores externos como os eventos econômicos, políticos, sociais e
culturais do país. Outro ponto relevante que dificulta essa transição é que as pessoas não se
preparam para passar por mudanças e se desesperam quando elas aparecem: não ser mais
adolescente, nem ter tantas oportunidades no mercado de trabalho e ter piorado a situação
financeira. Essas e outras modificações assustam homens e mulheres que estavam
acostumados a viver uma vida regrada e fechada ao novo. É importante observar que tudo
muda. As pessoas são distintas umas das outras, possuem diferentes culturas, hábitos,
pensamentos, criação. Um indivíduo com 20 ou 30 anos é totalmente diferente daquele com
50 ou 60 e suas características e atuações também não são iguais, mas o que não difere,
como disse anteriormente, é o fato de que as duas pessoas precisam planejar, organizar e
23
investir em suas vidas pessoal e profissional. Casar ou não? Ter filhos? Comprar um
apartamento? Fazer uma viagem? Matricular-se em um curso? Aprender um novo idioma?
Pensar e preparar seu futuro é fundamental, afinal as pessoas estão vivendo mais!
Aqueles que pensaram que iriam trabalhar muito no início da vida para aproveitar sua
aposentadoria com viagem e lazer estão se surpreendendo, pois ninguém consegue apenas
desfrutar do seu dinheiro na segunda vida, pois percebem que têm que ser cada vez mais
produtivos para sobreviver.
O encontro das duas vidas
Transferir de posição. Parar de jogar no primeiro tempo e só atuar no segundo, ficar no
banco de reserva e dar lugar a um jogador mais resistente não são situações agradáveis. O
encontro da primeira com a segunda vida nem sempre é pacífico também. Muitas das vezes,
quando convivem juntas, as diferenças entre elas, ao invés de serem motivo para a união,
transformam-se em pretextos para a concorrência. E isso acontece tanto na vida profissional
quanto na pessoal.
Observem. Hoje, na mesma família, há o encontro das vidas e essa “trombada” é
conturbada. São diferentes gerações convivendo com proximidade. Um dos fatores que
dificulta o convívio entre essas pessoas, além da personalidade, é a diferença de idade.
Pessoas mais velhas (pais e avós) trocam experiências com as mais novas (filhos e netos) e
nem sempre entram em um acordo. As opiniões não são as mesmas e os confrontos de idéias,
constantes. Isso ocorre porque os pais nem sempre compreendem que a realidade em que
seus filhos vivem não é a mesma da que viveram. A maioria dos jovens é educada e
acostumada a participar da primeira vida dos pais, os filhos crescem dentro de casa achando
que sempre viverão na abonança, estudando nos colégios mais caros, comprando as
melhores roupas e que nunca nada irá lhes faltar. Também não conseguem ver que a
realidade dos pais pode mudar. A situação financeira e social dos cidadãos sofre muitas
variações e quase nunca para melhor. O que falta é um preparo de todos para lidar com as
mudanças.
É preciso que as duas vidas se entendam e se ajudem. Hoje em dia, encontramos
muitas pessoas frustradas, desanimadas e que nem sempre lutam por seus objetivos e
aspirações. Há pesquisas que comprovam que muitos jovens já entram no mercado abalados
e estressados porque antecipam a frustração. A segunda vida, da mesma maneira, acredita
24
ser um insucesso, pois sente-se frustrada porque não tem aquilo que imaginou. Há uma
pressão psicológica dos dois lados, o que compromete o entendimento das duas vidas.
Os jovens recém-formados entras no mercado com um conhecimento teórico muito
grande. Estão mais atualizados e em sintonia com o ambiente, sabem o que há de mais
moderno sobre a profissão escolhida. Nesse caminho, encontram pessoas que estão no fim
da primeira vida e no início da segunda. E essa pessoa, no fim da primeira vida, se não
planejou essa vida, ficou acomodada e não se atualizou, obviamente fará do encontro com
alguém atualizado um impacto muito grande. Os jovens que estão iniciando sua carreira não
conseguem apreciar quanto valem as experiências que eles não têm e que os mais velhos já
adquiriram. O mesmo acontece com as pessoas da segunda vida, que não entendem o valor
da atualização que o jovem leva para o mercado. O desconforto passa a idade e chega no não
entendimento das línguas. Há uma incompatibilidade de linguagens: uma pessoa de 60 anos
não fala a mesma língua, apesar de falar o mesmo idioma, de um jovem de 25. A maneira de
se expressar é diferente e gera conflitos, insatisfação dos dois lados. Parece que estão em
países diferentes. A solução ideal seria trabalhar a fonte de renovação, de atualização
constante e de aproximação uns com os outros.
No mercado de trabalho, normalmente, os que pertencem à primeira vida trabalham em
empresas estruturadas e nas suas áreas de atuação; já os da segunda vida trabalham como
empresários ou autônomos. No mercado profissional, o conflito surge justamente quando as
empresas trocam um profissional com experiência, “caro” e com mais idade, por dois ou três
mais novos e “baratos”. Essa situação é compreensível, afinal o Brasil ainda não se preparou
para oferecer oportunidades de trabalho para as pessoas mais velhas, diferente de outros
países. Americanos e japoneses já conseguem viver as duas fases em harmonia porque o
processo de vida é mais claro nesses países e existe um certo investimento para a chamada
segunda vida, desde cursos até oportunidades no mercado de trabalho, no Brasil esse
investimento é muito raro.
Isso acontece porque também existem as duas vidas nos diferentes países do mundo,
que possuem maturidades diversificadas. O Brasil está na primeira vida comparado à Europa,
por exemplo. Os países europeus estão mais aptos a viverem a segunda vida porque seus
moradores já passaram dos 50. As culturas são diferentes, porque os europeus viveram
situações antes que os brasileiros. Uma atitude que demonstra essa realidade é que os
americanos, ao saberem que terão um filho, logo preparam uma poupança que garanta os
estudos de seus herdeiros. Existem até consultores que trabalham alertando as pessoas a
planejarem a sua segunda vida, porque ela é mais custosa comparada à primeira.
25
O conselho que dou é que não neguem que existem duas vidas e que a realidade muda
o tempo todo. A primeira vida tem que saber que os acontecimentos podem sair
diferentemente do planejado. Já a segunda vida precisa aprender a se adaptar às situações.
Não devem ficar se lamentando, apenas entender que estão entrando em uma segunda fase.
Filhos e pais têm que se compreenderem uns aos outros e se ajudar.
Acredito que uma das alternativas para essa situação seria se o sistema educacional
criasse um ambiente direcionado para orientar desde cedo os cidadãos a se planejarem
profissional e financeiramente. Não devemos esperar apenas pelas atitudes do governo.
Precisamos contribuir para uma mudança cultural. É muito difícil encontrar, por exemplo,
cursos, fora os de extensão, para os que têm mais de 50 anos, o que diria então, uma posição
no mercado de trabalho. Poderia haver algo mais planejado, mais formatado, afinal trata-se de
um público em plena produtividade.
Biologicamente, sabe-se que os mais jovens têm mais facilidade para aprender, mas
isso não nega a necessidade, a importância e a possibilidade de a segunda vida estar em
constante aprendizagem. O que muda são as habilidades, o foco e o tempo que os mais
velhos dedicarão para aprender aquilo que realmente irão usar. Pesquisas feitas na França, na
Inglaterra e nos Estados Unidos mostram que a capacidade para aprender depende da
experiência das fases anteriores. Aqueles que estiveram sempre envolvidos em processos
constantes de aprendizagem terão maior facilidade em reaprender ou aprender novos
assuntos. As barreiras têm que ser superadas, afinal, conhecimento é aquilo que você
integralizou como vivência. Acredito que aprendemos coisas novas todos os dias e temos que
estar atentos para isso.
Um bom exemplo disso é o caso de McDonalds, sim dos hambúrgueres. Em abril de
2005, a empresa fez 50 anos. Hoje, para muitos, a companhia é um símbolo de tudo que está
certo e também errado com os Estados Unidos. A empresa tem 30 mil restaurantes em 119
países, servindo 50 milhões de pessoas todos os dias. O exemplo não é o do restaurante, nem
do hambúrguer, mas sim de uma pessoa: o Ray Kroc. Em 1954 Ray tinha 52 anos! Ele
hipotecou sua casa, pegou toda a sua poupança e investiu numa distribuidora de máquinas de
fazer milk shake. Em seu trabalho de venda, visitou um lugar que fazia hambúrgueres na
Califórnia e que usava oito máquinas próprias. Com a visão de fazer as suas máquinas, o Rei
da América, foi o Ray Kroc que convenceu os irmãos Dick e Mac Mcdonald a expandir o seu
negócio. Ray voltou para o meio oeste americano e abriu a primeira franquia McDonalds em
Dês Plaines, Illinois no dia 15 de abril de 1955. Avaliando esse caso e muitos outros
26
existentes no mundo, afirmo que saber planejar sua vida pessoal e profissional é um bom
começo!
27
CAPÍTULO III
Planejamento de vida e carreira
Certamente você já ouviu inúmeras vezes a palavra “planejamento”. Neste livro mesmo,
nos capítulos iniciais, o vocábulo já foi utilizado. Mas, afinal o que significa planejar? Segundo
o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, planejar é um verbo transitivo direto que significa
elaborar o plano, projetar, organizar roteiro, programar, ter a intenção de. O Dicionário
Michaellis Moderno, da Língua Portuguesa define planejamento como substantivo masculino
que denota o ato de projetar um trabalho, serviço ou mais complexo empreendimento,
determinação dos objetivos ou metas de um empreendimento, como também da coordenação
de meios e recursos para atingi-los ou planificação de serviços. Planejar é tudo isso e um
pouco mais.
Planejar significa traçar estratégias, estabelecer objetivos, as maneiras para alcançá-los
e os prazos para que sejam alcançados. Esses passos são válidos e importantes tanto para a
vida pessoal quanto para a profissional. Dizem e eu acredito que existem cinco tipos de
pessoas: aquelas que fazem as coisas acontecerem; aquelas que acham que fazem as coisas
acontecerem; aquelas que observam as coisas acontecerem; aquelas que se surpreendem
quando as coisas acontecem; e aquelas que não sabem o que aconteceu. Planejar a atuação
sobre uma oportunidade detectada pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso. Aqueles
que não têm o costume de planejar podem não conseguir conquistar seus objetivos. O
planejamento requer paciência, esforço, dedicação, conhecimento, atualização, capacidade de
lidar com mudanças, superação de barreiras e muita motivação.
Podemos observar que as pessoas não têm o hábito de planejar suas vidas, de olhar a
vida de maneira estruturada. Nascem, crescem e não planejam nada. Alguns se acomodam
com a situação em que vivem e não fazem nada para mudar. Hoje planejar a vida deveria
começar já na adolescência, quando o indivíduo pensa no que deseja para si. Os indivíduos
sabem da importância de entrar em uma universidade, mas não planejam isso. Eu mesmo,
quando entrei na faculdade, planejei muito pouco de minha vida. A vida era mais simples,
menos complexa. Fiz orientação vocacional e fui encaminhado para a minha formação, mas
eu não olhei muito profundamente o que aquilo representaria para minha vida profissional.
Tornei-me professor sem saber como era aquele mercado e depois de formado, tive um
impacto. Imaginava-me terminando um mestrado, fazendo PHD e sendo professor universitário
28
dando aula em faculdades. Claramente, me enxerguei aposentando com 60 ou 65 e quando
isso aconteceu analisei se era realmente aquilo que queria para minha vida. Foi quando resolvi
vir para o Brasil. Não foi planejado. Naquela época, meus amigos também não tinham planos.
Pensavam em se formar, em entrar em uma empresa, casar, ter uma família e depois se
aposentar. Hoje a situação é diferente. Não é que as pessoas não queiram se aposentar, elas
não podem deixar de trabalhar. O jovem também não é preguiçoso. A situação econômica é
complicada, as pessoas se formam e não têm onde trabalhar.
O planejamento deve ser abraçado por jovens, adultos e idosos. O primeiro grupo, dos
jovens, é formado por pessoas que, muitas vezes, se deparam com modelos comportamentais
trazidos pelos mais velhos e que, por outro lado, são detentores de ousadia e da curiosidade
que funcionam como molas propulsoras de idéias. Os jovens precisam se organizar porque se
vêem frente à escolha profissional com um mercado cada vez mais incerto, além de
competitivo. Já os adultos, que passam por inúmeras experiências, se percebem muitas vezes
sem melhores perspectivas, têm uma forte tendência a permanecer no campo dos
pensamentos, com receio de mudar o que está funcionando. O grupo dos idosos é formado
por indivíduos com muitas experiências, mas poucas oportunidades no mercado de trabalho e
com grande dificuldade de aceitar inovações. É indispensável perceber que cada público
possui demandas, necessidades e urgências diferenciadas; irmanados, porém, pela mesma
obrigação de planejar o que será feito de sua vida.
A primeira orientação, nem sempre positiva, quanto ao planejamento, começa em casa.
Os pais projetam seus anseios nos filhos. Se o pai é advogado, quer que o filho também seja,
se é médico insiste para que seu filho também curse uma universidade de medicina e assim
por diante. O conselho é para que os pais auxiliem os filhos na trajetória de seu caminho e não
os obriguem a realizar aquilo que não querem. Cada segmento da sociedade deve ficar atento.
Olhe a vida de uma maneira diferente. Planeje. Primeiro a formação educacional, depois a
pessoal e a profissional. Analise o que gosta de fazer e que atividades quer realizar. Ouça a
opinião de seus pais, mas lembre-se de que quem irá trilhar o caminho é você. Se achar que
tem preferência por uma determinada profissão, converse com pessoas mais experientes e
veja como é a atuação destas no mercado de trabalho e a realidade da área. Pesquise,
estude, comunique-se e nunca deixe de se atualizar com cursos, noticiários e livros.
Os pertencentes à segunda vida, executivos ou ex-executivos que estão às vésperas da
aposentadoria, chegam a essa nova fase sem um preparo para continuarem sendo produtivos.
São alguns profissionais que, em algum momento das suas vidas, desistiram de realizações
pessoais ou familiares para se dedicarem a uma carreira profissional que os projetasse no
29
mundo dos negócios. Muitos, inclusive, adiaram para um futuro incerto todos os seus planos
de desfrutar a vida, pressupondo que o sucesso no mundo da organização seria suficiente
para satisfazê-los integralmente. Esquecem-se esses executivos de que as organizações
prosseguem e de que os níveis de exigência do mercado se alteram, apresentando,
permanentemente, novos desafios, o que os coloca, em dado momento, frente a situações de
obsolescência ou até mesmo de esgotamento profissional. Se conseguem fazer economias e
uma reserva para a aposentadoria, descobrem que é insuficiente para os mais 20 ou 30 anos
que podem ter pela frente. Ou pior, encontram-se na situação “sanduíche”, de precisar ajudar
os filhos que ainda estão se formando, ou formados sem emprego, e enfrentar, ao mesmo
tempo, os cuidados com os próprios pais ou sogros em situação de doença ou incapacidade.
Torna-se imprescindível estabelecer critérios de equilíbrio entre sucesso profissional e
qualidade de vida pessoal. Se o telefone deixar de tocar, os amigos se afastarem, os convites
para as recepções escassearem, não se abata. Esses são apenas alguns sintomas de que
uma nova fase está surgindo. Consciente desse novo fenômeno em nossa sociedade,
prepare-se para não sofrer como a maioria e trabalhe desde cedo com o planejamento, caso
contrário, a segunda vida poderá ter implicações graves sobre a auto-estima desses
profissionais.
Para te ajudar nesse planejamento, sugiro que participe de um exercício:
Para iniciar, é importante que você marque, no espaço de sua faixa etária, as atividades
atuais que realiza: emprego, esporte, cursos etc. Depois, avalie as mudanças que pretende em
sua vida pessoal e profissional: mudar de emprego, casar, iniciar um curso de idiomas. Em
seguida, anote no quadro seus planos futuros: conseguir uma vaga na empresa x, viajar para a
França, comprar um carro. Na seqüência, escreva o que você gostaria de fazer daqui a alguns
anos e assim sucessivamente. Todos precisam imaginar objetivos pessoais a cada dez anos
no máximo. Você deverá responder as principais questões de um planejamento: O que faço
hoje? Aonde quero chegar? Que atitude devo tomar para alcançar essa meta? Como organizo
meu tempo e meu espaço para dar conta dela? O que irei fazer, caso meu planejamento não
dê certo (Plano B)? Vamos a um exemplo:
30
Quadro de Planejamento
Tempo
Atividades atuais
Mudanças/ Prazos
Planos futuros
Plano B
20 a 30 anos
-Cursinho pré-
vestibular.
- Aulas de Tênis – duas
vezes por semana.
- Curso de Inglês.
- Estudar mais (5 horas por
dia).
- Ler jornais com mais
freqüência.(diariamente)
- Fazer passeios culturais,
como cinema e teatro. (uma
vez por semana)
- Entrar na faculdade
de computação.
- Iniciar um curso 3D.
- Tentar estágio na
área.
- Ser efetivado na
área.
- Iniciar uma
poupança.
- Prestar vestibular
novamente.
- Procurar um
emprego para
custear o segundo
ano de cursinho.
30 a 40 anos
- Técnico de informática
na empresa X.
- Futebol nos fins de
semana.
- Mudança no cargo da
empresa.
- Novas especializações.
- Tentar ser
promovido à gerência
do setor.
- Fazer cursos no
exterior.
- Entrar no mestrado
e no doutorado.
- Comprar uma casa.
- Casar e ter filhos.
- Montar um
restaurante “por
Kilo”.
- Vender a casa.
40 a 50 anos
- Finalizando Doutorado
- Gerente da área de
informática da empresa
- Pesquisar sobre o negócio
próprio.
- Iniciar um curso de
- Ter uma empresa
- Dar aulas de
engenharia da
-Acompanhante de
pessoas enfermas.
31
X. empreendedorismo. computação no
ensino superior.
-Morar com os pais.
E assim por diante. Agora é a sua vez!
Quadro de Planejamento
Tempo
Atividades atuais
Mudanças/Prazo
Planos futuros
Plano B
20 a 30 anos
30 a 40 anos
40 a 50 anos
50 a 60 anos
60 a 70 anos
70 a 80 anos
32
Planejar é algo necessário, mas que nem sempre sai como o esperado. Acontecimentos
imprevistos aparecem no meio do caminho e atrapalham toda a programação: mudanças nos
planos econômicos, nas moedas, na situação política; tudo atrapalha o planejamento. Não
desanime. Se o primeiro plano não deu certo, apareça com um “Plano B” e o transforme em
sucesso! Não “delete” seu planejamento anterior. Adapte-se à situação. Nem todas as
estradas são retas, são cheias de curvas. Nem sempre temos sinalização, avisando quando as
curvas irão aparecer. Por isso é importante que, ao planejar, você já saiba que algo pode não
se tornar realidade, por isso trace estratégias que permitam mudar de caminho, caso
necessário. Planejar pressupõe analisar e prevenir riscos.
Planejamento Financeiro
O planejamento financeiro está diretamente ligado à administração do orçamento, aos
gastos e investimentos de um indivíduo. Significa ordenar a nossa vida financeira para que
possamos sempre ter reservas para os imprevistos da vida e, vagarosamente, construir um
patrimônio, que garanta na aposentadoria fontes de renda suficientes para termos uma vida
tranqüila e confortável. O trabalho é fazer com que os homens se organizem dia a dia para que
objetivos e metas possam ser alcançados. A compra da casa própria, a troca de um carro, um
curso no exterior, o negócio próprio, um casamento, o divórcio e até a morte exigem
planejamento financeiro, o qual é relevante não só para o sucesso das finanças, mas para o
sucesso pessoal e profissional.
Já vimos que um ser humano tem no mínimo duas vidas produtivas e que cada uma
delas apresenta seus desafios, que podem ser superados com o planejamento porque por
meio dele é possível identificar as oportunidades e dificuldades de cada fase, e definir,
antecipadamente, estratégias para enfrentar cada situação. A maneira como gerenciamos
nosso dinheiro hoje vai determinar nosso futuro. A instabilidade econômica instalada no país
requer do brasileiro uma revisão radical sobre a melhor maneira de gerenciar suas finanças.
Por isso, sugiro que organize suas receitas e despesas e que ainda tente reservar uma
economia para sua aposentadoria. Vamos a mais um exercício:
33
Faça uma planilha em Excel ou em outro programa que queira utilizar. Na seqüência,
marque as finanças que entram no orçamento familiar e depois anote as despesas
relacionadas a sua vida. Organize essas anotações por mês e tente não gastar mais do que
você pode. Faça de tudo para sobrar um dinheiro, o qual poderá ser aplicado e usado em uma
situação de desemprego, viagem, entre outros. É importante também que mensalmente seja
guardada uma quantidade em uma poupança para uma tranqüila aposentadoria. Veja aqui um
exemplo e não deixe de fazer a sua tabela.
Tabela Financeira
Janl-06 Fev-06 Março-06 Abril-06 Maio-06 Junho-06 Julho-06 RECEITAS
Salários Outras Receitas
TOTAL DAS RECEITAS DESPESAS
Educação
Escola
Uniforme Material Cursos de Idiomas
Passeios
Transporte
Esporte Outros
Residência
Aluguel Financiamento
Condomínio IPTU Água
Luz Gás
Jardinagem Segurança Lavanderia
Faxineira/empregada
Alimentação
Supermercado Padaria Açougue
34
Feira Comunicação
Telefone fixo
Celular
Tarifas bancárias Tv a cabo
Internet
Transporte Automóvel 1
Automóvel 2 Prestação
Ônibus Combustível Manutenção (oficina, óleo, lavagem) IPVA
Licenciamento
Pedágio
Lazer
Casa de campo/praia Restaurantes Cinema
Viagens Clube
Vídeo locadora Jornais
Revistas Livros
Saúde
Médicos
Dentista
Terapia
Tratamentos Farmácia
Estética / Bem estar
Cabeleireiro Barbeiro Manicure Depilação Outros
Vestuário
35
Feminino Masculino Infantil Festa Costureira Prevenção de riscos
Plano de saúde Seguro de Vida
Seguro de automóvel Seguro residencial Seguro de incapacidade
Investimentos
Poupança Planejamento para aposentadoria
Despesas bancárias
CPMF
Taxas Juros
Anuidade Cartão
Outros
Animais de estimação (alimentação, banho, tosa, vacinas, veterinário) Dízimos/doações
Presentes
TOTAL DAS DESPESAS TOTAL DAS DESPESAS + CPMF
SALDO DISPONÍVEL DO MÊS
Saldo Inicial
Saldo Final 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
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Planejamento para a aposentadoria
Os brasileiros não estão preocupados em se preparar financeiramente para a
aposentadoria. Essa é uma das conclusões da pesquisa "O futuro da aposentadoria", do
banco inglês HSBC, que tinha como objetivo conhecer, em âmbito mundial, a postura das
pessoas em relação ao envelhecimento e à aposentadoria. Foram entrevistadas no fim de
2004, 11 mil pessoas em dez países: Brasil, Canadá, China, Hong Kong, França, Índia, Japão,
México, Reino Unido e Estados Unidos.
O levantamento mostra que a maioria dos brasileiros considera inadequado o sistema
de aposentadoria oficial, mas poucos estão preocupados em não terem dinheiro suficiente
quando atingirem uma idade avançada. Mesmo diante dessa perspectiva, a maioria não está
complementando seus planos de pensão ou adotando outros preparativos para quando atingir
a terceira idade. Muitos brasileiros esperam que seus filhos e a família ofereçam a ajuda
necessária durante sua velhice. Esse dado pode ser comprovado no estudo que afirma que
para 77% dos brasileiros entrevistados, é mais importante estar com a família e amigos ao se
aposentar do que ter independência financeira.
Entre os brasileiros, diferentemente do que ocorre em países desenvolvidos, a
aposentadoria é vista por 52% das pessoas como um "tempo para descanso e relaxamento";
uma fase para passar mais tempo com a família e amigos. Segundo o estudo, poucos
brasileiros consideram que a velhice é uma época para assumir riscos ou novas empreitadas.
Ao contrário, a maioria acredita que se trata de uma fase para descansar. Já em países como
Canadá, Estados Unidos e França, a aposentadoria é encarada como um "novo capítulo" na
vida, com novos desafios e oportunidades.
Outra informação relevante é que poucos brasileiros haviam tomado alguma iniciativa,
nos últimos 12 meses anteriores às entrevistas para se preparar para a aposentadoria. No
Brasil, somente 44% responderam que se preparam. Já no Canadá, 96% dos entrevistados
afirmaram planejar a aposentadoria e a mesma situação ocorre com 83% dos americanos. O
Japão, que teve pior desempenho que o Brasil, mostrou que apenas 32% dos japoneses
tomam alguma iniciativa em relação à aposentadoria. A pesquisa também descobriu que as
pessoas em muitos países não estão certas sobre como obter a orientação adequada e que se
preparavam na maioria das vezes, lendo sobre o assunto e discutindo com a família e amigos.
A pesquisa do HSBC revela que, globalmente, a idade média de aposentadoria era de
58 anos em 2004. Mas, em média, os que ainda não se aposentaram disseram querer se
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aposentar aos 59 anos. O presidente mundial do HSBC, John Bond, afirma, na conclusão do
estudo, que o envelhecimento da geração baby boom, aliado à diminuição das taxas de
fertilidade e ao aumento da expectativa de vida estão criando, juntos, novas e complexas
pressões demográficas no mundo todo. Afirma ainda que essa nova forma de pensar revelada
pela pesquisa deve mudar a maneira como governos, empresas e instituições financeiras
lidam com a questão do envelhecimento e da aposentadoria. Em vez de aderir ao modelo
tradicional, em que as pessoas freqüentam a escola, passam vários anos trabalhando e então
se aposentam, acredita que as pessoas precisam pensar em uma vida realmente mista, na
qual os indivíduos possam alternar entre períodos de trabalho, lazer e educação.
Acredito que esse cenário brasileiro revelado pela pesquisa é fruto da escassa
formação acadêmica em educação financeira, ou seja, noções de finanças e de seus
planejamentos poderiam ser trabalhados em sala de aula com alunos desde sua infância. Uma
pessoa pode até ter uma formação acadêmica consistente, mas simplesmente não saber lidar
com suas finanças pessoais. Na verdade, é um fenômeno que independe do nível cultural. Há
pessoas em todos os níveis sociais que não têm o menor controle sobre seus gastos e não
fazem idéia de onde vai parar o seu salário. Não há qualquer planejamento. Elas são
simplesmente levadas pela maré, conduzidas por fatores menores, como impulsos e desejos
de consumo. Pesquisas mostram que recebemos diariamente uma média de 2 mil sinais de
propaganda.
Para certas culturas e em algumas famílias, os alicerces da educação financeira estão
muito arraigados e consegue-se transferi-los por gerações. Mas, em geral, não se conversa
muito sobre finanças em casa. E o pior é que os maus hábitos financeiros dos pais também
tendem a se propagar aos descendentes. É lamentável, portanto, que não haja uma formação
acadêmica regular em educação financeira. Essa matéria deveria ser lecionada desde o
começo do ensino fundamental. As crianças e jovens poderiam, inclusive, na medida do
possível, transferir o conhecimento adquirido para os pais em casa, aplicando na prática os
fundamentos ensinados e obtendo retorno social imediato.
Isso, sem considerar que as dificuldades financeiras são grandes responsáveis pela
destruição das famílias e pelas separações conjugais.
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Sugestões
A maior parte das pessoas, infelizmente, só começa a pensar na aposentadoria quando
chega o momento de parar de trabalhar. Isso as leva ao estresse. Para não ser pego de
surpresa, prepare-se com antecedência. Lembre-se de que, quanto mais cedo você começar a
se organizar e planejar sua aposentadoria, mais chances terá de usufruí-la. Procure um
consultor, faça algum curso de finanças, se atualize com informações de jornais, revistas e
Internet, calcule quanto de recursos precisará no futuro etc. Não fique acomodado. O
profissional que está em idade de se aposentar normalmente é aquele profissional maduro,
com muitos conhecimentos e experiências, por isso é importante que, junto com o
planejamento financeiro, para a aposentadoria, seja feito o planejamento para a segunda
carreira/vida.
Nos Estados Unidos, consultores americanos sugerem que quanto mais cedo as
pessoas comecem a poupar e a economizar para sua aposentadoria melhor. Vejamos. Para
um indivíduo se aposentar com 65 anos e ter uma poupança de U$ 500 mil, terá que começar
a poupar com 25 anos um valor mensal de U$ 78,41. Quanto mais tarde esse procedimento for
feito, menos ele terá quando atingir a hora de se aposentar ou mais valor terá que ser
economizado. Vamos a alguns exemplos: Uma pessoa que começa a poupar com 35 anos
terá que guardar por mês U$ 219,36 (três vezes mais) para ter U$ 500 mil quando atingir 65
anos. Caso o cidadão comece a pensar em se planejar para a aposentadoria com 45 anos terá
que economizar U$ 653,00 (oito vezes mais) por mês. Se esse tempo for postergado, por
exemplo, para uma pessoa com 55 anos, ela precisará poupar U$ 2.420,70 (31 vezes mais)
para atingir os mesmos U$ 500 mil. Isso partindo do fato de que a taxa anual de valorização é
de 10%.
Você deve estar se perguntando: mas o que é melhor: aplicar meu dinheiro na
poupança ou em um investimento? É bom esclarecer que ambos apresentam vantagens e
riscos. A poupança tem perda do poder aquisitivo, mas oferece estabilidade. Já o investimento
possui mais risco, contudo oferece potencial de rendimento necessário para alcançar os
objetivos financeiros em longo prazo. O ideal seria unir as duas estratégias: enquanto a
poupança garante liquidez suficiente para os objetivos fixados em curto prazo, o investimento
ajuda a superar a inflação e cria um potencial de rendimento suficiente para os objetivos
financeiros de longo prazo, tais como garantir a aposentadoria e os estudos universitários dos
filhos.
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Fique atento para algumas regras importantes para o acúmulo de riquezas!
� Desenvolva um plano financeiro: identifique seus objetivos e determine o programa mais adequado.
� Poupe com disciplina : viva um padrão de vida menor do que suas receitas permitem.
� Comece a poupar cedo em sua vida: com os investimentos adequados, aproveite o poder dos juros compostos.
� Invista em sua poupança de forma diversificada: em moeda forte ou proteção cambial, risco baixo.
� Mantenha uma perspectiva de longo prazo: não perca o enfoque de seus objetivos de longo prazo. Seja agradecido ao mercado nos tempos bons, e em tempos ruins…
� Não deixe que as notícias dos jornais o distraiam: resista à tentação de fazer grandes mudanças, quando as notícias do mercado estiverem ruins. A maioria das noticias diárias não são relevantes para os seus objetivos de longo prazo.
Como vimos, o planejamento não é um só. São várias fases dentro de duas vidas. O
planejamento da segunda vida vem com a vantagem de a pessoa já ter experiência por já ter
vivido e programado a primeira vida. O foco do planejamento é que muda. É importante olhar
ao redor e estar preparado para mudanças. Aprenda algo novo a cada dia. Atualize-se. Vá
atrás de oportunidades no mundo inteiro. Equilibre o tempo para família, amigos e para o
trabalho. Lembre-se de que todo planejamento tem que ser flexível e readequado. Tenha
empenho e coragem para expor o que você realmente deseja. As dificuldades na elaboração
desse plano de orientações são fundamentais para a conquista do sucesso.
No capítulo seguinte, iremos ver como está o cenário brasileiro em relação a emprego,
desemprego e empregabilidade.
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CAPÍTULO IV
Emprego, desemprego e empregabilidade
A vida das pessoas é tomada por decisões. Profissionalmente, a primeira escolha a ser
feita logo na juventude diz respeito ao curso superior. A maioria dos adolescentes, ainda com
17 anos, se vê diante de uma decisão que nem sempre é simples. A escolha da profissão. São
muitas as dificuldades. A primeira já começa com a imposição do vestibular, obrigatório e
disputado. Outro ponto é o fato de se ter uma idade precoce para importante escolha. Em
seguida, está a influência dos familiares no rumo profissional do adolescente. Mesmo os que
se esforçam para não palpitar sobre a escolha têm culpa no cartório, porque mesmo que não
queiram, os pais transmitem suas opiniões. Especialistas também afirmam que é grande o
número de adolescentes que optam pelo curso errado por uma questão de desinformação ou
por terem uma imagem distorcida das profissões.
O Brasil poderia se espelhar no modelo europeu, especialmente no da França, onde os
alunos, quando chegam à série equivalente ao primeiro ano do ensino médio, passam por uma
bateria de atividades de orientação profissional, para que o jovem descubra sua vocação, suas
habilidades e seus talentos. Desde então, decidem a área na qual vão exercer seu ofício –
biológicas, exatas, tecnológicas, literárias. Como o trabalho de orientação vocacional é feito
desde cedo, o índice de escolhas erradas é menor. Este assunto é tão importante que o
governo da França fundou um Ministério da Formação Profissional, encarregado, entre outras
coisas, de desenvolver políticas públicas para solucionar os dilemas vocacionais da
população.
Decidido o curso, é importante que o estudante dedique-se ao máximo aos estudos e
logo comece a procurar uma oportunidade de estágio na área, afinal é por meio dele, que o
indivíduo colocará toda a teoria aprendida na Universidade na prática e, além disso, poderá
experimentar a vivência profissional nas organizações. Os jovens em fase de formação
acadêmica também precisam se preocupar com a sua formação profissional, ou seja, já não
basta somente ter o diploma de conclusão de curso: também é necessário ter experiência
prática, habilidades comportamentais e cursos extracurriculares. Por outro lado, as empresas
devem se conscientizar sobre a importância de oferecer oportunidades de trabalho aos jovens
estudantes.
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É certo que o estágio é o início do amadurecimento pessoal e profissional diante de um
mercado de trabalho cada vez mais exigente e concorrido. O Brasil alcança hoje altos índices
de desemprego e isso acontece porque o país é volátil; praticamente abandonou uma trajetória
de crescimento econômico sustentado. Segundo economistas, isso acontece porque estamos
crescendo abaixo de 5% em média ao ano. Na verdade, de 1981 até o ano passado, nós
crescemos em torno de 2% ao ano e toda vez que o país cresce abaixo de 5%, ele não tem
condições de gerar o volume de empregos necessários para atender as pessoas que estão
ingressando no mercado de trabalho.
Uma publicação do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), chamada de “Radar
Social”, divulgada no dia 1º de junho de 2005, mostrou que os maiores problemas enfrentados
pelo trabalhador no Brasil são o desemprego, a informalidade e a queda da renda média real.
Um dos dados revela que a taxa de desemprego brasileira cresceu mais do que em outras
partes do mundo nos últimos dez anos entre 1995 e 2003. Ela passou de 6,2% para 10%,
respectivamente. Isso se deve, grosso modo, ao fraco desempenho da economia, que não
criou novos postos de trabalho no volume e no ritmo necessários, e à modernização das
empresas, que destruiu outros tantos postos.
No caso da informalidade, o porcentual dos sem carteira assinada ou que trabalham por
conta própria cresceu de 44,7%, em 1995, para 47,2%, em 2002, recuando para 45,5%, em
2003. De acordo com alguns analistas do Ipea, o aumento do contingente sem carteira seria
explicado pela diminuição da participação da indústria no total da ocupação. Ainda segundo o
“Radar Social", os dados mostram que, mesmo na indústria, a proporção de assalariados sem
carteira vem se elevando. Já a renda média real dos trabalhadores caiu nos últimos anos,
passando de 754 reais em 1996 para 589,90 reais em 2002, ainda que tenha se recuperado
parcialmente em 2003, quando chegou a 639,30 reais (em valores reais).
Os dados assustam e revelam que todos têm que agir em busca de uma boa posição no
mercado de trabalho.
Como manter sua empregabilidade
Emprego, desemprego e empregabilidade caminham juntos e precisam estar
ordenados. Todos, em qualquer fase da vida, têm que estar cientes das necessidades que são
importantes para se manter empregado como atualização de informações, fluência em mais
de um idioma, novos cursos, atitudes, liderança, aberturas para mudança geográfica, leitura de
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jornais, revistas, telejornais, capacidade de lidar com o público, bom relacionamento inter
pessoal, entre outros. Essas são as condições mínimas para se conseguir um emprego
atualmente. A empregabilidade pode ser entendida como sendo os valores de um profissional
perante o mercado, as qualidades que irá agregar à empresa. Uma pessoa à procura de um
emprego, não deve ficar sentado ou ao telefone esperando a oportunidade chegar. Leia uma
matéria no jornal a respeito de uma empresa e ligue para a presidência oferecendo uma
solução para algum problema. Crie a sua vaga.
As pessoas têm que parar de pensar no passado, precisam olhar o futuro e trabalhar
para viver nele. Normalmente, quando se enxerga um horizonte claro, limpo, uma vida fácil e
cheia de oportunidades, não há interesse por parte das pessoas em se preparar. Agora,
quando a estrada é cheia de curvas, obstáculos, a pessoa tem de estar mais preparada e o
Brasil é assim, nunca se sabe quando as curvas irão aparecer. Não há sinalização. Ò Brasil
muda e não avisa. As pessoas têm que estar preparadas para as mudanças.
Mas sempre há esperança. Como comentamos, o Brasil é um adolescente como país
democrático comparado às vidas da Europa, EUA e Japão. Está em sua primeira vida e a
esperança acontece porque se espera que o país saia da adolescência e entre na fase adulta.
Que amadureça. Anseia-se que essa transição seja rápida, porque se aconteceu em outros
países, também existe a possibilidade de o Brasil se desenvolver ainda mais. Culturalmente, o
povo desses outros países foi preparado para essas mudanças, de crescimento e o Brasil
ainda não. Faltam estrutura, saneamento, educação, saúde, então como se acelera o
amadurecimento das pessoas? Só tempo, vivência, experiência para antecipar e criar mais
maturidade e mais preparo na empregabilidade. Há uma necessidade de um amadurecimento
mais rápido dos adolescentes que estão na primeira vida também.
Os indivíduos precisam se acostumar com a idéia de que nenhum emprego é eterno.
Ele precisa ser visto como algo transitório, de pouca duração. Estatisticamente, sabe-se que o
tempo médio para o emprego de um presidente de uma empresa, por exemplo, é de dois
anos, imaginem então para o restante dos funcionários. A estatística mostra também que a
média de um emprego, nos próximos 10 anos, para um cargo normal é de quatro a seis anos,
ou seja, uma pessoa com 60 anos poderá trabalhar em 10 diferentes empregos.
Mentalizem que vocês terão empregos diferentes e se preparem para isso, para estar em
transição. Comande a situação, atente para outras oportunidades e planeje. Antes de o
mandarem embora, saia da empresa e busque outro emprego. Dedique parte do seu tempo a
pesquisar novas alternativas. O planejamento financeiro também é importante. O ideal é
começar a trabalhar esse assunto quando se está ainda na faculdade e tentar economizar,
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desde então. Essa economia vai ajudar na fase de desemprego. Seguro desemprego e fundo
de garantia acabam rápido e por isso você tem que se preparar financeiramente. Se você está
trabalhando agora, veja que daqui a seis anos poderá ficar desempregado, crie uma reserva e
caso fique sem emprego, terá uma economia que irá lhe permitir sobreviver no mínimo durante
seis meses. Vamos a algumas dicas importantes para que você mantenha sua
empregabilidade.
� Atualização de Informações
Todo o dia temos que nos preparar para aprender algo novo. É necessário também
registrar e não apenas ouvir um conhecimento. Cursos em módulos pequenos e em áreas
diferentes das estudadas até então são fundamentais para o indivíduo se inteirar e até atuar
em áreas diferentes das suas, se houver oportunidade. Participe de palestras fora de sua
realidade profissional. Quanto mais conhecimento tiver, mais oportunidades poderão
aparecer...Conheço um engenheiro, que era de uma família de artistas, e em determinada fase
da vida resolveu prestar medicina e se formou médico. Parece estranho, mas depois
descobre-se que esse engenheiro que virou médico conseguiu construir os mecanismos de
implantes de válvulas do coração. Existe uma engenharia nesse processo e talvez um médico
ou um engenheiro não conseguissem enxergar, com a mesma rapidez, esse mecanismo se
estivessem sozinhos... Aparentemente duas áreas totalmente diferentes se uniram pelo
conhecimento amplo de uma pessoa. É importante enfrentar as barreiras encontradas nos
caminhos bem como criar novos caminhos!
Outro ponto relevante é que o profissional crie situações de aprendizados. Uma
ferramenta importante e simples para mim é o rádio. Enquanto estou no trânsito, sintonizo
umas três estações de rádio e ouço várias notícias a partir de óticas diferentes. Estou sempre
ouvindo, me educando, adquirindo informações e conhecimento. Quando cheguei no Brasil o
rádio foi meu grande aliado. Queria aprender o idioma e prestava muita atenção no que era
falado. Busco notícias dentro do meu carro, não busco músicas como a maioria. Mas cada um
deve encontrar seus métodos de conhecimento.
Ser voluntário em ações sociais é uma ótima oportunidade de conhecer a realidade.
Atuar como voluntário não requer simplesmente uma formação profissional, mas uma
sensibilidade e uma consciência que deve estar sempre presente naquele que deseja fazer
algo pelo seu país. O voluntário é um importante agente de transformação social,
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principalmente em países tão desiguais como o Brasil; ele não só colabora com os
necessitados, mas aprende muito também por meio de ricas experiências.
Qualquer pessoa, independente do cargo que ocupa, tem que estar informada. É notável
que, hoje, as informações “corram” atrás das pessoas. Há muita informação em todo lugar e a
todo o momento e, por isso, é importante selecionar o que deve ser absorvido. O advento da
Internet tornou-se ótima fonte de informação, mas é preciso usá-la de maneira cuidadosa.
� Administração do tempo
A maioria das pessoas diz que não tem tempo para fazer tudo de que precisa. Mas o
interessante é que todos têm as mesmas 24 horas, 7 dias por semana e 365 dias por ano. É
igual para todo mundo. A diferença, entre outros aspectos, está na boa administração do
tempo. Muitas pessoas de sucesso são aquelas que conseguem melhor administrar seu
tempo, conseguem dedicar o seu tempo, de maneira equilibrada, para cada evento da vida
como lazer, educação, família, trabalho. Atualmente, percebemos que muitos indivíduos
dedicam a maior parte do tempo apenas ao trabalho e se esquecem dos relacionamentos com
pessoas, amigos e família e isso não é bom. Criar o hábito do relacionamento é importante. No
passado, o telefone era a única maneira de encontrar uma pessoa. Hoje temos o celular e o e-
mail, que dinamizam a comunicação.
Outra dica que dou é para as pessoas se organizarem antes de começarem a administrar
seu tempo. Anotem tudo em uma agenda. Administrar o tempo parte de um agendamento.
Agenda eletrônica, computador, celular, existem várias ferramentas que podem ajudá-los.
Essa administração do tempo também irá mostrar às pessoas que tipo de profissional você é.
Um segredo é saber usar o tempo de maneira produtiva, faça-o render. Agende o seu dia,
crie uma rotina de atividades e saiba priorizar suas atividades. Alguns assuntos são mais
importantes que outros. Você inclusive deve se programar para o inusitado, o imprevisível. Há
pessoas que assumem mais responsabilidades do que podem cumprir. Cada um tem seu ritmo
e deve respeitar seu relógio biológico. Essa administração tem que ir ao encontro das pessoas
com quem você interage. As pessoas estão interagindo umas com as outras em países
diferentes, em video-conferências, e todos têm que se adaptar. Outro ponto é o aprender a
dizer “não”. As pessoas precisam aprender a dizer: não dá tempo, não consigo, não posso
fazer isso hoje, apenas amanhã e assim por diante.
As pessoas de maior sucesso, mesmo com uma aparente desorganização, têm uma boa
administração de tempo. Vejam Carlos Ghosn, presidente da Renault e da Nissen. Administra
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duas empresas, uma em Paris, outra no Japão, ou seja, no mesmo dia ele administra dois
dias: o dia da França e o dia do Japão. Ele precisa estar organizado, saber delegar tarefas e
por isso eu afirmo que você deve assumir apenas aquilo que conseguirá cumprir, por isso peça
ajuda às pessoas.
Administrar o tempo significa organizar o dia, visando dinamizar a concretização de
objetivos e metas de um ser humano com mais eficiência. Qualquer planejamento, por mais
simples que seja, precisa ser bem administrado com relação a prazos, do contrário corre-se o
risco de desperdiçar recursos e energia com a má utilização do tempo ou mesmo não
conseguir realizá-lo. O correto aproveitamento do tempo não envolve somente planejamentos,
mas a própria vida diária. É na organização básica vivida no dia-a-dia que se aprende e se
adquire habilidade em administrar o próprio aproveitamento do tempo. Quem não tem
organização pessoal acaba perdendo muitas oportunidades, desperdiçando recursos em
excesso e direcionando esforços para as atividades erradas. O resultado muitas vezes é um
estado de estresse, desmotivação e ineficiência geral.
Organização e administração do tempo devem caminhar juntas para um bom planejamento
e para uma atuação eficiente no mercado de trabalho.
� Inter-relacionamento pessoal
Os grupos sociais existem desde a Antiguidade e até hoje estão cada vez mais
presentes na sociedade. Quando o homem nasce já se encontra inserido em um grupo: a
família. Depois passa a fazer parte de diferentes grupos. Aparece o grupo de amigos, da
escola, do inglês, do futebol, da igreja. Pessoas diferentes que apresentam idéias em comum
ou apenas se aproximam por algum motivo passam a participar dos chamados grupos sociais,
que não se formam necessariamente de maneira estruturada, ou seja, os grupos não são
formados por pessoas com as mesmas ideologias, crenças, pensamentos e atitudes. Pelo
contrário, é um encontro de diferenças. É importante destacar que essas diferenças são
importantes para qualquer aprendizado, mas é fundamental que haja um elo de ligação entre
as pessoas.Respeito, confiança e compreensão das diferenças e dos limites são importantes
para o bom andamento de um grupo. Ninguém é igual ao outro e isso é rico. Temos que
observar os pontos positivos das pessoas e não elevar os negativos. Precisamos trabalhar
com os pontos positivos das pessoas diferentes.
Recentemente, participei de uma palestra onde um profissional apresentou dados que
mostram que as pessoas estão voltando para dentro de casa. A violência está criando situação
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de medo e perplexidade e fazendo com que os indivíduos comprem produtos e serviços para
viverem dentro de suas casas. Como estão se fechando, o processo do inter-relacionamento
pessoal, de ampliar seu grupo de amigos fica abalado. As pessoas não encontram as outras,
têm medo do desconhecido. Outras maneiras precisam ser encontradas para a manutenção
dos grupos e ampliação das redes de relacionamento.
Da mesma maneira acontece com as empresas, que também estão se fechando. O
individualismo é o modismo de hoje. A pessoa tem que ser auto-suficiente em sua educação,
informação, trabalho. Em 2005, estamos na fase do individualismo, o que não quer dizer que
daqui a alguns anos as pessoas não voltarão a fazer parte de grupos. Nada é estanque, é uma
constante adaptação. Outro ponto negativo e comum da sociedade atual é a competição. A
concorrência é grande, as empresas são cobradas por resultados rápidos, e agem a curto
prazo e aquelas que administram adversidades dentro de seu grupo respeitam os funcionários,
têm sucesso. Os líderes dentro dos grupos também têm papel fundamental, porque serão
seguidos pelos outros. Devem ter visão, serem atualizados e trabalharem bem os conflitos de
forma que os conflitantes sintam-se satisfeitos.
Outras dicas para manter a empregabilidade
� Saia do anonimato. Apareça mais : ninguém é lembrado se não é visto. Portanto, fale,
opine, diga o que pensa e dê sugestões que possam melhorar alguma coisa na sua
empresa ou mesmo no ambiente de trabalho;
� Desenvolva a habilidade de falar em público e o rac iocínio lógico : a argumentação
é extremamente importante para que você possa apresentar suas idéias. Você pode
não gostar muito de falar em público, mas se treinar irá aprender;
� Leia muito : a leitura ajuda a melhorar o vocabulário;
� Saiba ouvir: tão importante quanto falar bem é saber ouvir;
� Procure oportunidades de crescimento dentro da empr esa: relacione-se bem com
todos e mostre interesse de atuação em outras áreas;
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� Controle a ansiedade e o estresse : não misture problemas pessoais com os
profissionais. Mantenha o controle diante de imprevistos;
� Não se acomode: esteja constantemente em busca de novos conhecimentos.
Desemprego
Até 1900, no Brasil e em quase todos os países do mundo, toda população trabalhava e
exercia alguma atividade na sociedade. A existência de desempregados era tratada pela
sociedade como caso pejorativo. Eram casos isolados de pessoas preguiçosas ou de gente
que não queria trabalhar. Havia trabalho para todos. Assim, até o século XX, o desemprego
era voluntário. Só não trabalhava se não quisesse.
A partir da crise do capitalismo de 1930, pela primeira vez na história aparece o
desemprego como conseqüência do funcionamento do capitalismo e de uma grave crise
social, em que milhares de pessoas perderam o trabalho e passara a ser desempregadas
involuntariamente.
Em 2005, a situação não mudou. O desemprego continua a assustar os cidadãos. Uma
matéria divulgada na Folha Online, no dia 24 de maio de 2005, mostrou que pelo terceiro mês
consecutivo, a taxa de desemprego subiu na região metropolitana de São Paulo em abril,
passando de 17,3% em março para 17,5% da PEA (População Economicamente Ativa). Essa
elevação pode ser explicada pela entrada de 107 mil pessoas no mercado de trabalho, que foi
maior que as 69 mil vagas abertas no mês anterior, segundo o Sistema Estadual de Análise de
Dados (Seade) e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos
(Dieese). De acordo com a análise, houve um aumento de 38 mil no número de
desempregados, que foram estimados em 1,753 milhão na região metropolitana de São Paulo.
Outro ponto relevante é que, em abril, a indústria eliminou 3 mil postos de trabalho, o
que representou uma baixa de 0,2% no nível de ocupação do setor. Já o setor de serviços
criou 53 mil vagas e os chamados outros setores ─ que inclui construção civil e serviços
domésticos ─ abriram 24 mil vagas em março de 2005. Por outro lado, houve a eliminação de
5 mil postos de trabalho no comércio.
Sabendo dessa realidade, sugiro que, antes mesmo de perderem o emprego, busquem
a orientação de um coach, profissional especializado em ajudar pessoas a se tornarem mais
do que acham que podem ser. O coach vai ser seu orientador e ajudá-lo a estar bem colocado
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no mercado, trabalhando a sua imagem e os seus talentos. Caso você tenha ficado
desempregado, sugiro que, além de recorrer a sua lista de amigos, procure uma empresa de
recolocação profissional para orientá-lo.
A busca de uma nova oportunidade é sempre um momento difícil. A pessoa passa por
uma revisão de seus paradigmas pessoais e profissionais. É um momento de reflexão, de
avaliações e também de planejamento. Converse com a família, corte ou diminua gastos
desnecessários, faça novamente um planejamento financeiro, descanse e aja. Não espere a
oportunidade bater em sua porta. Vá atrás dela. Neste tempo de procura, mantenha-se
informado e atualizado em sua área. Se possível, faça novos cursos e novos contatos
profissionais. Jamais se envergonhe de estar desempregado, afinal desemprego não é
sinônimo de incapacidade. É apenas uma triste realidade do país.
� Avalie sua performance ao longo do tempo;
� Identifique pontos fortes e pontos a serem melhorados;
� Redesenhe sua carreira na mesma área, com um enfoque mais alinhado com a
realidade do mercado de trabalho;
� Crie oportunidades de emprego em empresas;
� Veja quais competências você não tem no momento, mas que são necessárias em sua
área de atuação e procure desenvolvê-las;
� Faça cursos na sua e em outras áreas;
� Retome o contato com amigos e conhecidos;
� Atualize-se sempre.
Lembre-se de que o desemprego não escolhe a quem atingir e que tanto os recém-
formados quanto os mais experientes podem ser pegos de surpresa. Porém, uma recente
pesquisa divulgada por uma empresa de recolocação constatou, em uma análise feita com
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mais de 300 empresas, que há sim discriminação com os mais velhos. Cerca de 70% delas
responderam que preferem pessoas mais jovens em cargos de nível médio. Aqueles que não
são promovidos a diretor ou presidente têm poucas chances de permanecerem nas
companhias quando ultrapassam os 50 anos, diz a pesquisa. O estudo revelou, também, que
em média todos os demitidos tinham cinco anos a mais que os recém-formados. Atualmente,
as posições de gerência são ocupadas por apenas 15% de profissionais com mais de 50 anos,
afirma o documento.
Essa discriminação acontece, acredito, porque o custo do executivo maduro é mais alto.
Executivos de 50 anos de idade, por exemplo, custam de 50 a 100% mais do que um
executivo de 30 anos, para o mesmo cargo. Diante dessa informação, mantenho a minha
opinião de que todos devem planejar-se pessoal, profissional e financeiramente para as duas
vidas.
Se você tem mais de 40 anos, o primeiro requisito para solucionar seu problema de
desemprego é ser flexível. Considere a idéia de trabalhar como prestador de serviço,
autônomo ou dono do seu próprio negócio. Se você está na primeira vida, vá em frente e não
desista no primeiro obstáculo.
50
CAPÍTULO V
Novos horizontes
Currículo, entrevista e o negócio próprio
Estou desempregado e agora?
Não se desespere. Acredito que os maiores patrimônios de um profissional são suas saúdes
mental e física e por isso devemos protegê-las. Na saída de um emprego, você precisa olhar
para este patrimônio que é você mesmo e parar para um período de reflexão, de se perguntar:
“O que vou fazer agora?”. Normalmente, quando você está trabalhando, põe em ação o
planejado pela empresa e dificilmente pensa no que fará quando não puder contar com aquele
emprego, não é mesmo? As empresas trabalham com um “ Plano Operacional” e revêem os
resultados e metas mensalmente, algumas semanalmente ou diariamente e até em “real time”,
ou seja, instantaneamente. As pessoas também precisam ter o seu próprio “Plano
Operacional” que deve ser, no mínimo, revisto mensalmente.
Por isso reitero a importância de se estar constantemente planejando e agindo. Logo que
saí da Alcoa, depois de 12 anos na empresa, tive que tomar algumas decisões. Conversei com
a família, cortamos alguns gastos, descansei um pouco e logo procurei uma empresa de
outplacement, onde profissionais ajudam o executivo a se recolocar no mercado de trabalho.
Foi uma importante experiência, pois as atividades ajudam muito no processo de reflexão, de
fazer com que você olhe para você de uma maneira diferente, você convive com pessoas em
situação semelhante a sua. O objetivo é pensar no que eu quero fazer e no que eu posso
fazer. Isso também depende da situação econômica do país. Encontrei na mesma situação
que a minha excelentes profissionais, sem oportunidade de trabalho.
Depois de cinco meses, algumas coisas ficaram claras para mim. Era impossível conseguir
me recolocar em uma vaga como a que eu tinha. A probabilidade era menor a cada dia. Tinha
um currículo fantástico, mas a recolocação não foi fácil porque não era aquilo que o mercado
pedia e queria no momento. Estava em outra realidade e pensava “o que vou fazer agora?”.
Percebi que tinha que estar em constante treinamento e notei que a área que estava
crescendo e em evidência era a da Internet. Os “Ponto Com” estavam em crescimento.
Conhecia essa área de longe e não entendia como ela poderia funcionar. Decidi que iria
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recomeçar minha vida profissional. E deveria começar como qualquer um que começa a sua
carreira: com um estágio.
Após anos como executivo de empresa, não tive receio de começar uma nova jornada. Fui
indicado para trabalhar em uma empresa que estava iniciando um ponto com e que procurava
alguém da área comercial. Foi um encontro, afinal eu queria um lugar para fazer estágio e
aprender sobre Internet e eles estavam procurando alguém da área comercial. Eram entre seis
e oito sócios jovens e eu com 50 anos que queria fazer estágio. Era uma situação bem
diferente. Não entendia a linguagem da Internet, do virtual e nosso primeiro trabalho foi o de
nos entendermos: eu teria que entender a linguagem virtual e eles, a comercial, empresarial,
do executivo de multinacional. Foi como aprender outra língua. E de fato aprendi bastante.
Revelei essa situação para mostrar a vocês como não devemos ter medo de começar de
novo e que o verbo aprender deve estar conosco diariamente! Vamos então a algumas dicas
relacionadas ao recomeço: o currículo, as entrevistas de trabalho, empregos alternativos e o
empreendedorismo.
O Currículo
Agora, respire fundo, confie em você e prepare-se para começar um novo caminho. Se
você está procurando uma nova oportunidade no mercado de trabalho, o primeiro passo é
reelaborar o seu currículo. O termo Curriculum Vitae vem do latim e quer dizer "resumo da
vida". Nos Estados Unidos, é muito comum ouvir a denominação résumé, diferente do Brasil e
da Europa, onde se usa mais a palavra currículo, que é um breve relato de nossa vida
profissional. Ele informa as habilidades e experiências anteriores e tem como objetivo
apresentar o profissional ao mercado de trabalho e abrir espaço para novos empregos e
experiências.
O currículo é um dos passaportes para o mercado de trabalho e para o sucesso
profissional e é por isso que você precisa aprender a prepará-lo de forma que valorize suas
qualidades profissionais e, principalmente, a sua contribuição para uma empresa. Você deve
“vender” sua capacidade e “comprar” um lugar no mercado profissional. O currículo deve ser
claro, objetivo, sem erros de português, atualizado e deve mostrar quem você é. Nos EUA, por
exemplo, os mais comuns são currículos de uma página, enquanto na Europa eles costumam
ter entre quatro ou cinco folhas. No Brasil, valem os padrões norte-americanos, com currículos
curtos, com cerca de duas páginas.
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Os tipos mais comuns de currículos são o cronológico e o funcional. O primeiro deve
conter seu histórico profissional (empresas onde trabalhou, desenvolvimento da carreira) e
começa a partir da data atual até chegar aos mais antigos que queira citar. Ele serve para
mostrar de forma clara a progressão da carreira e funciona bem quando você está se
candidatando a trabalhos na mesma área de atuação. Já o funcional é mais bem usado
quando o profissional quer destacar suas principais habilidades sem realçar muito a
progressão e as datas da carreira. Ele é adequado na busca do primeiro emprego, para quem
quer mudar o rumo da carreira e para as pessoas da segunda vida, pois dá mais ênfase às
habilidades e não à trajetória cronológica.
Seja criativo
Tudo vale na hora de entregar o currículo. Envie por e-mail, correio, sedex ou entregue
pessoalmente. Atente-se para o endereço certo da pessoa a ser contatada, tente ter uma
referência dentro da empresa para facilitar o encaminhamento de seu documento. Caso queira
mudar de cidade, é interessante que vá até o local e o entregue pessoalmente. Outro ponto a
ser considerado é a criatividade do profissional, afinal são muitos currículos e poucos são
lidos.
As pessoas devem ser criativas ao enviar o currículo. As empresas recebem milhares
de currículos diariamente e é muito difícil fazer uma triagem. Vou contar uma experiência
pessoal. Quando saí da Alcoa, sentia dificuldade de entrar em contato com a presidência ou a
diretoria das empresas. Resolvi fazer algo diferenciado. Contando com a ajuda de uma
empresa, que me prestou serviço, resolvi mandar um café da manhã em uma caixinha de
sedex para esses profissionais. Montei um kit com chá, café, uma caneca, geléia, bolachinhas
e em cima dos produtos, coloquei um envelope com meu currículo e uma carta que dizia que
eu convidava a pessoa para tomar um café e o estava oferecendo naquele momento. E o
resultado foi positivo. Para todas as empresas que enviei, a maioria me retribuiu com um
telefonema da própria pessoa que recebeu o sedex. Elogiaram a criatividade.
Essa foi uma forma de atingir a pessoa que queria, normalmente o presidente ou diretor
da empresa. O currículo, via sedex, não foi barrado pelo Rh ou por outra pessoa, pois o sedex
tem como característica ser aberto apenas pelo destinatário. De 20 empresas abordadas,
quatro me chamaram para uma entrevista e oito ligaram, cumprimentando pela criatividade e
apenas uma devolveu a caixa porque tinha como norma não aceitar presentes dentro do
processo seletivo. Consegui me destacar diante de uma multidão de pessoas interessadas em
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uma vaga e é por isso que aconselho as pessoas a acharem maneiras criativas de se
mostrarem ao mercado.
Modelos de currículos: o antigo e o novo
Observem o modelo do currículo abaixo. Ele foi usado por mim há alguns anos e
divulgado na Revista Você s/a, na edição nº 29, de novembro de 2000, como exemplo em uma
reportagem.
THOMAS F. REAOCH
Rua Antonio Hossri 837
13083-370 Campinas,SP
019 3287 5502
e-mail: [email protected]
Nascido, criado e formado nos Estados Unidos. Cidadão americano , residente permanente
no Brasil. Trilíngüe com forte compreensão das culturas Norte-Americana, da América Latina
e da Europa. Sucesso no desenvolvimento de produtos e mercados nas três regiões.
Gerenciamento e Direção Comercial incluindo áreas de Desenvolvimento de Produtos, e
Mercados, Marketing, Vendas, Importação, Exportação, Serviço de Atendimento a Cliente e
Logística em empresas líderes de mercado.
Gerenciamento Industrial incluindo áreas de Suprimentos, Produção, Logística, Assistência
Técnica e Desenvolvimento de Produtos.
EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL
Alcoa Alumínio S.A. - São Paulo www.alcoa.com.br Julho 1988/Abril 2000
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Do grupo Alcoa Inc. De origem americana, líder mundial na produção e fabricação de
alumínio.
Gerente Comercial Divisão Laminados responsável por Vendas, Marketing, Exportação e
Importação, Desenvolvimento de Produtos e Mercados, bem como Serviço de Atendimento
ao Cliente. Vendas em 1999 USD$ 84 milhões.
Gerenciei Cinco Product Managers com total de 32 profissionais atuando em 5 product
groups: Telhas, Chapas, Folhas, Painéis e Evaporadores para refrigeração e Rodas forjadas
de alumínio. Modernizei a área de atendimento de clientes e representantes de vendas,
implantando sistema de colocação de pedidos e follow up via internet, reduzindo ciclo de
colocação/confirmação de sete para um dia.
Elevei o share no segmento de Rodas de alumínio para caminhões de 5% para 95% em 5
anos, qualificando a Roda Alcoa como padrão no Mercedes Benz.
Iniciei a exportação de produtos laminados e extrudados para o mercado latino-americano,
implantando um centro de distribuição em Buenos Aires, criando processos de logística para
atender 13 filiais da Alcoa no México. Desenvolvi a exportação de perfilados de alumínio para
os mercados dos Estados Unidos, Canadá e Europa, estruturando as áreas de suporte de
logística e administração de exportação.
Rievers & Gussin S/A Imp. Exp. São Paulo Julho 1985 / Julho 1988
Responsável pela implementação e exportação de produtos brasileiros (móveis, espelhos e
papelaria), qualificando fabricantes brasileiros para o mercado americano.Supervisionei o
desenvolvimento dos produtos, embalagens e logística entre fornecedor e cliente.
Gindler Dampa S/A e sucessor Hunter Douglas do Bras il Ltda. Campinas, SP Maio 1972
/ Julho 1985.
55
Empresa multinacional de origem européia, www.hunterdouglas.com.br ,fabricante de
produtos de revestimento: forros, fachadas, venezianas e persianas ,usadas na arquitetura e
construção civil.
Gerente Industrial responsável pelo desenvolvimento, produção e instalação de forros e
fachadas metálicas para o mercado brasileiro de construção civil. Implementei a tecnologia de
perfilação de alumínio de Dampa Denmark, e instalei a linha de produção em Campinas - SP.
Após a fusão da Gindler Dampa com a Hunter Douglas , unifiquei as duas fábricas
transferindo as operações para Campinas.
FORMAÇÃO ACADÊMICA
1969 - Graduado em Educação Industrial pela Bowling Green University, Bowling Green,
Ohio.
1971 - Iniciei Mestrado na área de Psicologia Educacional na Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo – SP.
2001 - Administração Financeira nas Faculdades de Campinas FACAMP, Campinas-SP.
2001- Capacitação e Aperfeiçoamento de Consultores de Empresas. Mocasányi Consultores
Associados,São Paulo, SP.
PARTICIPAÇÕES
Câmara Americana de Comércio Campinas
Conselheiro Voluntário “Movimento Degrau” Programa Convivência e Aprendizado no
Trabalho
IDIOMAS
56
Inglês nato, Português fluente, Espanhol.
Esse é um modelo antigo, que pessoalmente acho ultrapassado, apesar de utilizado por
muitas pessoas atualmente. Hoje, segundo o modelo americano, os currículos devem “falar”
do futuro, como por exemplo, os objetivos do candidato na nova empresa. O foco é falar do
futuro, ou seja, tanto nas entrevistas de emprego quanto nos currículos mostre de que maneira
você pode contribuir. Fale menos do passado e mais do futuro. Esteja pronto para falar! As
entrevistas hoje são feitas em horários não esperados e por telefone, e você terá no máximo
cinco minutos para convencer alguém a conceder uma segunda entrevista que poderá ser por
telefone.
Vejo que no Brasil o currículo está sendo transformado em “planilhas eletrônicas”, pois o
processo de recrutamento foi praticamente terceirizado por muitas empresas. Os candidatos
têm que preencher no site da empresa toda a sua experiência, de acordo com os interesses da
organização. Dessa maneira, os candidatos tornam-se “commodities” e os perfis das pessoas
procuradas são “homogeneizados” com o objetivo de “sortear” e “ranquear” os melhores. Os
candidatos precisam vencer a primeira barreira do contato “virtual” para chegar na
possibilidade de um contato pessoal. Por isso, não se esqueça: seja criativo!!!!!!
Dicas para a elaboração do seu currículo
Sugiro que as informações sigam a seguinte ordem:
� Dados pessoais: no início da página, informe seu nome em destaque, endereço, telefone,
celular, e-mail, enfim, todos os meios de contato para que o selecionador possa encontrá-lo
facilmente. Não é preciso informar números de documentos (como CPF, Carteira de
Identidade etc.);
� Objetivo: Escreva direta e claramente a área de atuação pretendida e o que fará
naquela empresa, suas intenções e soluções;
� Desafios e limitações físicas – caso apresente alguma deficiência;
57
� Experiência Internacional - idiomas e experiências em outros países;
� Voluntariado: participação em atividades comunitárias, voluntárias;
� Outras atuações: participação em associações de classe, clube etc.;
� Publicações e Produções: livros e artigos que escreveu;
� Informações Complementares: hobbies, lazer, esportes, habilidades artísticas,
culinárias etc.;
� Formação Acadêmica : Descreva o seu histórico escolar a partir do nível médio (antigo
segundo grau) e comece a redação pelo curso mais recente. Indique o curso, a
instituição de ensino e o ano de conclusão;
� Experiência Profissional: Enumere os trabalhos profissionais, que você já realizou,
informando o nome da empresa, o cargo que ocupou e por quanto tempo você exerceu
a função. Ao redigir o seu histórico profissional, comece sempre pela experiência mais
recente. Sucintamente escreva os sucesso e fracassos.
Você vai notar que deixei propositalmente a experiência profissional por último e a ordem
que sugiro é exatamente essa, diferente da tradicional, mas cada candidato tem liberdade para
escolher a seqüência que prefere. Perceba também que não fizemos referência à idade. Eu
deixo isso para cada um pensar se é vantagem ou desvantagem incluir. Por exemplo, nos
Estados Unidos, as empresas não podem solicitar informação sobre idade, raça, religião ou
orientação sexual. Mas como são informações suas, você pode dispor se quiser.
O novo currículo
Veja então como ficaria o modelo de currículo do futuro, proposto por mim!
ROBERTA LAGE
58
Rua Orlando Fagnani, nº 168 ap.13 Jornalista Mtb 43382-SP
13092-054 Campinas SP Radialista Drt 47998
Objetivo - Assessoria de Imprensa, Projetos Culturais e de Responsabilidade Social
Atuar na área de comunicação, assessoria de imprensa, em projetos culturais, sociais e de responsabilidade social. Tenho como meta
construir a boa imagem institucional de sua empresa perante os consumidores, bem como divulgar para a imprensa e para o público
importantes ações realizadas por sua organização, objetivando credibilidade, conhecimento e crescimento desta instituição.
Perfil profissional e pessoal
Dinamismo, força de vontade, integração, conhecimento e responsabilidade, qualidades que me fazem atingir positivamente as metas
a que me proponho. Formada em Rádio e Tv e Jornalismo, finalizando a pós-graduação em Comunicação Pública e Responsabilidade
Social, eu integro a responsabilidade social na minha carreira e nos meus hábitos pessoais. Com experiência internacional em
televisão e em jornalismo institucional, procuro constantemente as melhores referências de vanguardas nacionais e internacionais no
crescimento como pessoa e profissional.
Experiência Internacional
� TVI- Televisão Independente de Portugal- 2000
Atuação nas áreas de marketing, produção, edição, estúdio e geração.
� SIC- Sociedade Independente de Comunicação de Portugal – 2000
Atuação na área de computação gráfica – vinhetas, aberturas de programas televisivos e outras artes gráficas.
� Canal 6 da KWOC TV, afiliada da NBC em Iowa, EUA-1998
Produção de um programa sobre Previsão do Tempo
Idioma
Inglês intermediário
Responsabilidade Social
Voluntária da ONG Vez da Voz de Campinas, uma organização que trabalha a favor da inclusão de portadores de deficientes na
sociedade, assim como a interação entre os deficientes e não deficientes. Atuação na área de comunicação e assessoria de imprensa.
Publicações e Produções Literárias
� Livro “Seja executivo e não executado- Como planejar suas vidas pessoal e profissional antes e depois dos cinqüenta” –sobre
planejamento de vida e carreira, organizado junto ao empresário Thomas Reaoch- 2005
� Artigo “A Responsabilidade Social e sua eficácia nas culturas das empresas e dos cidadãos”, desenvolvido para o curso de pós-
graduação - 2005
� Livro “Seja feita a Vossa Vontade” –com histórias reais que abordam a vocação sacerdotal- 2004
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� Artigo sobre os direitos e deveres dos trabalhadores, publicado no site: www.comcidadania.org.br- 2000
Premiações e Reconhecimentos
� Prêmio Top Rac de Publicidade. Melhor anúncio do ano (redação), prata, na categoria revista, oferecido pela Rede Anhanguera
de Comunicação (RAC), com o anúncio da Campinas Decor, desenvolvido na Agência Fellows - 2004
� Prêmio Jornalista Cidadã, oferecido pela Federação das Entidades Assistenciais de Campinas (Feac) –Pela divulgação à inclusão
social- 2001
� Melhor Direção de Atores– Mostra de projetos experimentais de Rádio e Tv – Unimep- 2000
Formação Acadêmica
� Pós-graduação no nível Especialização-MBC/ MBA – Faculdades Integradas Metropolitanas de Campinas-
Metrocamp.Cursando: Gestão da Comunicação Pública e Responsabilidade Social – conclusão em 2006
� Graduação em Comunicação Social
• Jornalismo - Pontifícia Universidade Católica de Campinas – conclusão em 2004
• Radialismo (Rádio e Tv) – Universidade Metodista de Piracicaba- conclusão em 2000
Experiência Profissional
� Universidade Estadual de Campinas- Unicamp - desde outubro/2003
Jornalista da área de Comunicação da Prefeitura do campus. Responsável pelas matérias divulgadas no portal e no jornal impresso da
área. Jornalismo Institucional.
� Fellows Comunicação e Marketing – Campinas,SP- novembro/2003 a outubro/2004
Redatora e revisora de textos publicitários. Produto desenvolvido rendeu um prêmio para a empresa.
� EPTV – Afiliada da Rede Globo - agosto/1999 a outubro/2002
Produtora e apresentadora do Boletim “Previsão do Tempo” para as praças de Campinas, Ribeirão Preto, São Carlos e Varginha.
� Tv Local (emissora a cabo da EPTV) agosto/1999 a outubro/2002
Produtora e apresentadora de programa de variedades, gravados e ao vivo. Produção de programas voltados para mulher, esporte,
saúde, direito do consumidor, política, criança, vestibulandos, entre outros.
Outras experiências e cursos
* Curso de Jornalismo Cultural- Unicamp, 2005
Redação Oficial: Desenvolvendo a Competência Escrita– Unicamp- 2004
* Como se relacionar com a mídia com resultados positivos – PUC- Campinas-2004
* O incrível mundo das imagens: O que as marcas não mostram- PUC-Campinas- 2003
* Arte cinematográfica: conhecer para apreciar – PUC-Campinas- 2003
* Telenovela: Diversão Administrada -PUC-Campinas-2002
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* A mídia e a (de) Formação das consciências-PUC-Campinas-2002
* Fundação TV Educativa de Jundiaí – produção de matérias comunitárias - 1998
À procura de um emprego
Pode parecer uma tarefa complicada a procura de um emprego e de fato não é muito
agradável. Pense positivo. A primeira atitude, depois de atualizar o seu currículo, é comprar
jornais ou visitar sites na internet. Leia as notícias e busque informação sobre empresas que
podem usar os seus talentos.
Contate os seus amigos e conhecidos, avise todos que você está procurando uma nova
oportunidade no mercado (no capítulo seguinte, iremos falar como nossa rede de
relacionamentos é importante para o processo de recolocação profissional). Procure empresas
de consultoria e recolocação, seus profissionais irão orientá-lo da maneira correta. Faça uma
visita a empresas conhecidas que tenha interesse de atuar. Não espere pela oportunidade,
crie uma!
Participe também de atividades no Terceiro Setor, além de desempenhar seu papel de
cidadão, você pode aumentar seu número de amigos e ainda descobrir novos caminhos e
habilidades profissionais. Compareça e filie-se a câmaras do comércio de sua cidade, pois
elas são excelentes meios para encaminhar suas pretensões profissionais.
Entrevista de trabalho
Toda entrevista de emprego requer cuidados e atenção. Hoje mais ainda, pois ela pode
ser virtual, presencial, por vídeo conferência ou só por telefone. Ser pontual, vestir-se e portar-
se adequadamente são apenas alguns detalhes imprescindíveis para um candidato. Mas o
ponto forte é você diferenciar-se do outro. A entrevista de trabalho é uma importante
oportunidade para transmitirmos não apenas o que somos, mas o que temos a oferecer, o que
buscamos e o que esperamos.
Não se prenda muito ao falar do passado, mas principalmente do futuro. Faça uma
auto-avaliação e veja o que você pode dizer em dois minutos a alguém que vai marcar o
profissional com quem conversa. Exponha de que maneira pode contribuir com a empresa.
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Pesquisas mostram que os dois primeiros minutos de uma conversa são importantes, pois
neles, o entrevistador já cria uma primeira impressão sobre o entrevistado.
É interessante que você, ao saber que vai participar de um processo de seleção,
pesquise e levante o maior número de informações, por Internet, jornal, revistas ou
conhecidos, sobre a empresa, seu presidente, diretores bem como a atuação na área de
responsabilidade social da empresa que irá fazer a entrevista. Seja objetivo, claro e lógico nas
colocações. Demonstre segurança, entusiasmo e determinação.
Algumas alternativas de emprego
Se você não está empregado formalmente, saiba que existem outras opções, que
funcionam como válvula de escape para que você mantenha sua produtividade e rentabilidade
e que podem se transformar em empregos fixos.
Emprego Temporário
Se você está em busca de emprego, deve estar considerando também os trabalhos
temporários, que são uma ótima alternativa para não ficar parado e sem suporte financeiro.
Está se tornando comum entre as organizações contratar profissionais por tempo determinado,
para um projeto específico, sendo que, às vezes, dependendo da situação, eles podem acabar
conquistando um posto definitivo na empresa. Não desperdice chances e aprenda algo novo.
Mesmo estando em um emprego temporário, faça mais do que aquilo que esperam de você.
Se estiver gostando da experiência, mostre interesse. Faça um relatório ao seu superior com
tudo que você acredita que pode fazer pela empresa, usando seus conhecimentos e
habilidades. Pode ser uma surpresa para o chefe descobrir que você se sente apto a assumir
diferentes responsabilidades.
Terceirização
A terceirização originou-se nos Estados Unidos, logo após a eclosão da Segunda
Guerra Mundial, pois as indústrias bélicas tinham que se concentrar no desenvolvimento da
produção de armamentos e passaram a delegar algumas atividades a empresas prestadoras
de serviços. Alguns segmentos no Brasil, como a indústria têxtil e a gráfica, se utilizaram da
contratação de serviços.
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No entanto, como em todo o mundo, a terceirização tem se consolidado como uma
tendência firme nas empresas brasileiras. De acordo com o estudo “Economia Informal
Urbana”, apresentado no dia 19 de maio de 2005, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em parceria com o Sebrae, 64% das pessoas ocupadas nesse setor são do
sexo masculino e 36% têm ensino fundamental incompleto. Com relação à idade, 37% dos
donos de empreendimentos informais situam-se na faixa entre 25 e 39 anos, enquanto 46%
estão entre 40 e 59 anos.
A grave situação do desemprego no país vem inchando a cada dia a lista de informais,
sobretudo entre os homens, como se observa nos indicadores da pesquisa, colhida em 2003.
Para 31% deles, o principal motivo da informalidade foi a ausência de emprego. Se
compararmos com o primeiro levantamento do IBGE, realizado em 1997, o índice de homens
forçados a entrar na informalidade por causa do desemprego era de 25%.
Entre as mulheres, 32% exercem atividades informais para complementar a renda. Um
dado curioso, no entanto, é que 64% dos trabalhadores informais não remunerados são
justamente do sexo feminino. Constata-se, portanto, o quanto as mulheres ajudam seus
maridos nos negócios sem receber salário diretamente.
Se já é difícil planejar o dia-a-dia dos assalariados, pior é o planejamento financeiro dos
informais. A maioria dos empreendedores do setor (76%) não contribui com plano de
previdência oficial, seja por ter achado o custo elevado ou por desconhecer as regras de
aposentadoria. Para piorar ainda mais o quadro, uma parte muito pequena do grupo tem
seguro de vida (9%) e plano de saúde (10%).
De acordo com a pesquisa, 31% dos proprietários informais afirmam que a principal
dificuldade para desenvolver seu negócio é a falta de clientes. Percebe-se também que a
concorrência acirrada exerceu maior impacto nas empresas em 2003 (25%) do que em 1997
(19%).
Profissionais do Sebrae avaliam que a situação é dramática porque o amadorismo é
predominante. Para a empresa, muitos empreendedores não conseguem fazer fluxo de caixa,
nem controlar estoque, ou mesmo ter atitude empresarial. Até porque não têm consciência de
que são empreendedores. Afirmam ainda que a ausência de capacitação dos informais, como
mostra a pesquisa, tem como uma das causas a desmotivação do empreendedor, pois
consideram que são informais para fazer bico e por um tempo passageiro, sem interesse de
investir em conhecer mais seu negócio, o que termina gerando problema porque grande parte
dos trabalhadores está na informalidade há mais de dez anos.
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O negócio próprio
A maioria das pessoas ainda prefere trabalhar em empresas estruturadas porque se
sentem mais seguras, gozam de benefícios, assistências, seguros. A estabilidade parece ser
maior. Mas, infelizmente, não há como falar em segurança, quando abordamos o mercado de
trabalho, totalmente instável e imprevisível. Uma importante alternativa para o desemprego e
para o sucesso de uma carreira pode ser o negócio próprio. Também conhecido como
empreendedorismo, o termo que vem da palavra americana entrepreneurship, originado da
palavra francesa entrepreneur, era usado no século XII para designar "aquele que incentivava
brigas". Hoje, o empreendedorismo trata de atos e comportamentos dos empreendedores,
sejam eles pertencentes à primeira ou à segunda vida.
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O empreendedorismo tem como meta fazer nascer uma empresa que de fato pode
crescer. No porão de sua casa, você pode começar uma empresa, basta que decida que
espécie de negócio você quer ter. Avalie o que já existe no mercado e veja de que maneira o
seu negócio ou produto pode se diferenciar dos demais. Faça cursos voltados aos
empreendedores e converse com um advogado para que ele oriente nas questões legais de
um negócio próprio. Faça um levantamento de dados e informações em órgãos como o IBGE,
sindicatos, associações, SEBRAE, entre outros, para saber como se encontra este mercado,
quanto o futuro empresário terá que vender por mês para não vir a fracassar, quanto poderá
retirar por mês sem prejudicar o bom funcionamento da empresa, quais os impostos a pagar e
suas alíquotas e quanto guardar de recursos financeiros para fazer frente aos compromissos
nos primeiros meses. Enfim, é preciso fazer o planejamento financeiro e da estrutura da nova
empresa. Desenvolva um plano de negócio e escreva os objetivos de sua nova empresa,
investimentos necessários, gastos e riscos para os quais deve se preparar. Planeje-se e não
tenha medo de ousar.
Para descobrir o melhor produto ou serviço a oferecer, é preciso estar atualizado e estar
em contato com as informações. Anteveja e antecipe as expectativas das pessoas. Pense no
que os indivíduos gostariam de ter daqui a alguns anos. Não olhe para o passado, veja apenas
o futuro. Vá atrás do novo. Como consumidores, estamos expostos a milhares de produtos e
serviços e poucas coisas se sobressaem. O filho de um amigo, com apenas dois anos de
idade, consegue colocar um jogo no videogame, ligar e jogar sozinho. Ele tem apenas dois
anos, agora, imagine quando ele tiver 20. Qual será sua expectativa? Eu, com dois anos de
idade, brincava com caixas de papelão e minha expectativa era outra....O empreendedor tem
que ser um inventor, criar algo que não existe hoje.
Outro ponto é em relação ao insucesso. Se o empreendedor erra, dificilmente ele terá
chance de que outras pessoas invistam nele novamente. O empreendedor americano continua
sendo valorizado mesmo que tenha fracassado, diferente do que acontece com os brasileiros.
Existe uma maneira estruturada de investimentos que se chama capital de risco. Alguns
empresários investem naquelas pessoas que querem empreender. A probabilidade de a
empresa que já errou conseguir um investimento é maior porque ela já aprendeu com o erro,
diferente de uma empresa que está começando agora e ainda não experimentou o gosto do
erro.
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Emprego Informal
Estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e matéria
divulgada no dia 04 de julho de 2005, na Folha Online, mostram que o crescimento da
informalidade, a partir dos anos 1990, se concentrou nas regiões metropolitanas, ao contrário
da avaliação já bastante disseminada de que teria havido uma explosão da informalidade em
todo o país.
Segundo o estudo, a redução do número de vagas na indústria, que tradicionalmente
mantém vínculos de trabalho formais, e a maior oferta de postos de trabalho no setor de
serviços, que reúne um contingente maior de trabalhadores informais, justificam apenas 26%
do crescimento da informalidade. O principal responsável pelo crescimento de vagas sem
carteira assinada foi a disseminação da "cultura da informalidade" nas regiões metropolitanas.
O trabalho formal é visto como indicador de qualidade do emprego por oferecer ao
trabalhador os benefícios da legislação trabalhista. Por essa ótica, o aumento da informalidade
reflete uma precarização do emprego por meio da informalização do mercado de trabalho.
Apesar do aumento do número de trabalhadores informais, o estudo mostra que a arrecadação
ficou estável. Houve redução da informalidade nas áreas não-metropolitanas, nas regiões
Nordeste e Centro-Oeste, com destaque para os segmentos de comércio e agrícola.
Mesmo com crescimento concentrado em regiões metropolitanas, os autores do estudo
afirmam que a mão-de-obra informal representa pouco mais da metade da força de trabalho
ocupada. A partir dos dados da Pnad (Pesquisa Nacional de Amostragem por Domicílios), a
pesquisa detectou um claro distanciamento entre os rumos do mercado de trabalho nas seis
maiores regiões metropolitanas do país e nas áreas não-metropolitanas, onde houve redução
da informalidade.
O setor de serviços sempre foi muito mais marcado por vínculos informais do que a
indústria de transformação. O grau de informalidade nos segmentos de serviços manteve-se
praticamente inalterado de 1991 a 2002, em níveis sempre superiores a 50%. O patamar de
informalidade da indústria de transformação, no entanto, dobrou no mesmo período e passou
de 15% para 30%.
Hoje o mercado de trabalho está confuso, complexo, porque muitas empresas são
informais e de outro lado poucas são estruturadas e convencionais. As desse último tipo estão
sofrendo uma concorrência desleal daquelas informais que nem sempre arrecadam tantos
impostos quanto as segundas. As pessoas ficam na dúvida para que lado devem seguir. A
situação não está clara. O Brasil está chegando em sua fase de consolidação democrática;
66
sofre, porém, com as ações externas. Os jovens, que iniciam sua carreira, devem ter
flexibilidade e serem generalistas, ou seja, precisam conhecer várias situações. Quanto mais
geral, melhor.
Vá em frente. Existem exemplos de sucesso
A maioria das pessoas têm receio de tentar, acham que não estão preparadas e
antevêem barreiras que serão difíceis de ultrapassar. Gostaria de exemplificar com a história
de Roberto Carlos Ramos, autor do livro A arte de construir cidadãos. As 15 lições da
pedagogia do amor. Roberto Carlos é um exemplo de pessoa que deu a volta por cima. Ex-
menino de rua e interno da Febem, formou-se em pedagogia e hoje ministra aulas, cursos e
palestras, além de escrever livros. Recentemente, pude participar de sua palestra e me
surpreenderam os fato de ele estar escrevendo seu 5º livro e de que já havia fechado com a
Fox Film do Brasil os direitos da produção de um documentário sobre sua vida.
Identifiquei-me bastante com sua história. Umas das coisas interessantes que ele disse
na palestra foi que, quando era criança, achava que o mundo era igual à favela onde ele
morava, até que um dia chegou na casa de um vizinho uma televisão. Ninguém tinha televisão
na favela naquela época e todos ficaram encantados, até que Roberto subiu em um barranco e
viu que nas janelas de toda a rua aparecia uma luz azul, que era sinal de que todos tinham TV.
E é isso que acontece quando você começa a reparar na realidade do outro, percebe-se o que
você tem e o que não. Ele tinha medo, achava que era irrecuperável e hoje venceu na vida e
está muito bem. É educador, contador de estória, montou uma casa para acolher crianças e
pode ser considerado um exemplo de sucesso.
Temos receios, achamos que não podemos, mas temos que acreditar mais em nós
mesmos. Uma das lições escritas no livro e que me chamou a atenção é a noção de auto-
estima, que diz: “Existem duas pessoas no mundo: as que choram e as que vendem lenços” e
essa é a realidade. Os medrosos que esperam e choram e os espertos que se aproveitam da
bobeira dos outros. Roberto Carlos é um exemplo de cidadão que venceu barreiras e abriu
outros caminhos. Temos que buscar horizontes. O medo é o freio de mão que colocamos em
nossos sonhos...
Acredito que o empreendedorismo deveria fazer parte do processo educacional, dando
maior possibilidade de protagonismo por parte do jovem que não estaria tão somente
dependendo do emprego assalariado. Não existem orientações educacionais para aqueles que
querem ser empreendedores. Existem apoios e cursos, mas essa orientação deveria estar no
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currículo de disciplina das escolas. Como montar uma empresa, ser um empreendedor, as
dificuldades, como proteger suas idéias, suas marcas, entre outros.
Empregos em alta
As profissões em alta variam conforme a época e a situação em que se encontra o país.
Embora seja possível traçar um panorama atual entre as profissões em alta e as menos
requisitadas pelas empresas, é necessário lembrar que o mercado de trabalho está em
constante mutação. Quem sente dificuldade de encontrar uma vaga hoje pode voltar a ter sua
função valorizada em pouco tempo, e vice-versa.
Hoje podemos dizer que as ligadas ao Turismo e Lazer estão em ascensão. O aumento
do tempo livre das pessoas e a popularização de alguns meios de transporte contribuem para
que a demanda pelo Turismo – composto de diferentes segmentos interdependentes, como
hotelaria, agências e operadoras de viagens, transportadoras turísticas, organizadoras de
eventos, restaurantes, bares e similares, lazer e entretenimento, planejamento turístico,
turismo de aventura – venha aumentando significativamente nas últimas décadas. O clima e as
atrações naturais do Brasil têm atraído muitos estrangeiros.
O agronegócio também é uma área que está crescendo. O desenvolvimento rural e a
modernização do setor têm ampliado o campo de trabalho do agrônomo. Com técnicos
eficazes ele tem conseguido diminuir os custos dos produtos rurais e aumentado a produção.
São mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados de área no Brasil, boa parte deles utilizada
para a agricultura. A cada ano, a participação do agronegócio no PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro cresce significativamente. Ainda que o crescimento do PIB nacional esteja longe do
esperado, o setor agrícola é o que mais tem colaborado na evolução do índice.
As áreas da biologia e da saúde também estão passando por uma fase de
transformação. A biologia é uma área que tem crescido muito nos últimos anos, principalmente
com a evolução da engenharia genética e também com a preocupação com o meio ambiente.
Nesta situação, podemos citar a questão da reciclagem, que também é uma atividade que vai
crescer, pois é um caminho alternativo, que gera renda interna. Mais para frente, pode ser que
tenhamos reciclagem até de automóveis, computadores e outros, como já acontece em outros
países.
Com um perfil dinâmico, a área médica e de saúde tem se renovado constantemente. E
não apenas no lado tecnológico dos tratamentos, mas também nos seus conceitos. Além da
exigência sobre um profissional mais "humano", há a necessidade de multidisciplinaridade,
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capacidade de trabalho em equipe, acompanhamento das evoluções da profissão e,
sobretudo, envolvimento com a sociedade. A geriatria, por exemplo, ainda está no início no
Brasil e deve avançar muito, pois como vimos as pessoas estão envelhecendo e vivendo mais
e precisam de cuidados especiais. A estética é outro mercado em crescimento. Homens e
mulheres estão cada vez mais preocupados com sua qualidade de vida e aparência.
A área de comunicação também parece estar em constante crescimento, afinal, as
informações estão a todo momento, em todo lugar. As notícias “correm” atrás das pessoas e
não mais as pessoas vão em busca de informações! O setor de telecomunicações é a grande
aposta dos consultores e especialistas de recursos humanos para os próximos anos. A
evolução das tecnologias ligadas à Internet e os grandes investimentos no sistema de
operações de telefones celulares são os motivos que levaram ao nascimento de novas
empresas no país.
Já na área de educação, as chances profissionais têm aumentado em função do grande
número de universidades criadas nos últimos anos. Para a segunda carreira, esta é uma boa
opção!
Por outro lado, algumas áreas apresentam tendência de queda. Um exemplo são as
assistências técnicas, que tendem a desaparecer, afinal os produtos são feitos para serem
descartados. Quebrou? É mais fácil e barato comprar outro do que enviar para uma
assistência técnica.
É interessante procurar geograficamente os locais que oferecem oportunidades de
trabalho como Tocantins, Mato Grosso e Amazônia, regiões que carecem de profissionais. É
claro que devem ser levadas em consideração as condições de trabalho e a remuneração.
Trabalhar no exterior também é outro caminho. Recomendo que a situação esteja
regularizada. A Austrália, por exemplo, tem uma estrutura capaz de receber estrangeiros, com
vistos temporários. Trabalhar em restaurantes, lavar prato não são propostas ruins, uma vez
que são sempre uma boa experiência. Se tiver condições, vá, experimente. Hoje a
globalização impera e é fundamental essa experiência também.
69
CAPÍTULO VI
Networking – A rede de relacionamento
Nos capítulos anteriores, você pôde ler algo sobre o mercado de trabalho e as maneiras
que existem para se conseguir o emprego desejado. Agora iremos falar sobre um dos mais
importantes meios de relacionamento pessoal e profissional: a networking.
O homem é um ser social, que tem necessidade de conviver com outras pessoas.
Desde seu nascimento, o indivíduo já se encontra inserido em um grupo, que é o familiar.
Porém, esse grupo pertence a outro grupo maior, que é a sociedade e, com o passar do
tempo, cada pessoa vai escolhendo a que grupo quer pertencer e existem inúmeros: a escola,
os amigos do futebol, da natação, da igreja, do cursinho, da faculdade, do trabalho. Os grupos
são formados por pessoas com interesses ou objetivos comuns e é fato que hoje ninguém
consegue viver isolado.
Nem sempre é fácil conviver em equipe. É preciso aprender a respeitar, compartilhar,
colaborar, ouvir, tolerar e quanto maior o grupo, mais complexa a sua convivência. A questão é
que mesmo diante da tanta necessidade da convivência em grupo e por mais sociáveis que
possamos ser, muitas vezes sentimos muita dificuldade em dividir e compartilhar nosso tempo,
nosso trabalho e nossa vida com outras pessoas. Ocorre que todos somos diferentes: cada
qual com sua personalidade, realidade, modo de ver o mundo e encarar a vida. Então para
uma boa convivência, é preciso que imperem o respeito e a ética, tanto no meio pessoal
quanto no corporativo.
Trocar experiências e fazer amigos se tornou uma necessidade vital para quem deseja
sobreviver ou permanecer no mercado de trabalho instável. Montar, atualizar e usar a famosa
rede de relacionamentos, a networking, são fundamentais e para isso é necessário que haja
tempo, paciência e dedicação.
Comece já na adolescência a criar e a manter a sua lista de amigos. Entre os jovens, uma
rede muito conhecida e que chegou no Brasil nos últimos anos é o Orkut, um sistema que
permite que você participe de uma comunidade virtual, encontre seus amigos e converse com
eles e com os amigos dos seus amigos virtualmente. Para os jovens, seus contatos devem
começar a ser marcados com os amigos do prédio, da rua, da escola, do cursinho, da
faculdade. È necessário que marquem não só o nome dos colegas, mas dos professores
também, pois eles poderão ser muito importantes, afinal já atuam e conhecem melhor o
mercado de trabalho, principalmente os da faculdade.
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Cada um deve encontrar a melhor maneira de organizar a sua lista de conhecidos:
agendas, fichas, programa de computador tipo Plaxo (ww.plaxo.com), entre outros. Marque o
nome, sobrenome, apelido, profissão, empresa onde trabalha, endereço, telefones, e-mail,
data de aniversário e local onde conheceu a pessoa. Para aumentar a sua rede de
relacionamentos, com contatos diversificados, participe de seminários, congressos, feiras,
cursos, encontros, troque cartões, seja honesto, simpático e faça com que você seja lembrado
pelos outros. Para manter atualizados os contatos, envie e-mails, cartões de Natal, Ano Novo,
Aniversário. É importante que esteja constantemente em contato com as pessoas de sua rede
e não procurá-las somente quando precisa. Esta deve ser uma atividade diária!
Quando saí da Alcoa, após anos de trabalho na empresa, senti um impacto muito grande.
Percebi que não tinha dedicado uma parte do meu tempo para cuidar dos meus contatos. No
processo de outplacement de que participei, um dos tópicos trabalhados era a networking e eu
tive como tarefa resgatar a minha rede de conhecidos. Quando se sai de uma empresa,
percebe-se que não manteve, aumentou ou atualizou sua networking, pois você se relacionou
apenas com as pessoas que estavam no seu dia-a-dia. Achava que a networking era algo que
acontecia sozinha e que eu não precisaria ser pró-ativo. Então, ao sair da empresa, passei por
este processo de atualizar minha rede de relacionamentos. É incrível como tudo é descartável,
as pessoas mudam várias vezes de endereço, telefone, e-mail...Atualizar e manter contato
com minha rede de relacionamentos, o que antigamente era anual, hoje faz parte do meu
planejamento semanal. Não tem nada errado em se conhecer pessoas e se fazer conhecido
por elas. Ao contrário. Se você não conhece ninguém e ninguém o conhece, aí existe um
problema. Vale a pena refletir sobre isso. Muitos sabem que a networking é importante, mas
não dão o devido valor para isso e só percebem como ela é vantajosa, no dia em que
precisam.
Em minha trajetória profissional, sempre contei com a indicação das pessoas. Desde que
estou no Brasil, contei com minha rede de relacionamentos. Conhecia apenas 12 pessoas em
1970. Essas pessoas me levaram a situações que me possibilitaram conhecer outras pessoas.
Dei aula de inglês, porque conheci um professor, meus primeiros 12 anos de carreira foram
conquistados com a ajuda de um conhecido, depois mais quatro em outro local, também por
outra pessoa, e meus 12 anos na Alcoa foram possíveis com a ajuda de conhecidos!
É indispensável fazer com que sua rede de relacionamentos funcione de maneira
organizada. O livro Como fazer amigos e influenciar pessoas do autor Dale Carnegie me
marcou muito, pois além de seu crescimento profissional ser muito parecido com o meu, ele
71
diz que temos que ser pró-ativos e irmos em busca das pessoas que não conhecemos,
criarmos situações de networking e usar isso como um bem. Tento aplicar isto de forma
estruturada. Vejam como:
Em qualquer evento de que participo, tenho o objetivo de pelo menos conhecer cinco
pessoas novas. Faço um primeiro contato, me apresento, troco cartões de apresentação e
procuro as pessoas pessoalmente ou por telefone alguns dias depois para conhecê-las
melhor e fazer-me conhecer. Busco informações sobre elas e mostro o que tenho a oferecer.
O mais importante não é quantas pessoas eu conheço, mas quantas pessoas me conhecem. Ir
ao encontro de pessoas é um primeiro passo. Depois, em eventos, devemos ter o hábito de
apresentar quem conhecemos para outras pessoas e assim aumentarmos, multiplicarmos
essa rede. Faço isso sem intenção comercial. Quando você precisar de alguma orientação em
determinada área, jurídica, médica, econômica, turística, busque seus contatos e referências
para resolvê-la. Hoje tenho um grupo ativo de quase mil pessoas e dentro dessa rede não
consigo identificar quantos me conhecem, mas acho que bem mais que estes mil. Recebo
muitas oportunidades de parceria devido ao meu grupo de relacionamento e devo meu
sucesso atual a esse processo.
A referência é outra questão muito importante nos dias de hoje. Pesquisas comprovam que
cerca de 80% das colocações de altos executivos são feitas por indicação de amigos ou
conhecidos. O mesmo vale na área comercial. Perceba que, enquanto consumidores, nós
preferimos produtos ou serviços recomendados por alguém conhecido. Hoje as empresas
recebem milhares de currículos e é humanamente impossível todos serem analisados. Como
somos seres sociáveis, é mais fácil conseguir uma oportunidade se alguém fala sobre você
para o departamento de Recursos Humanos de uma empresa do que se o currículo chega no
local sem referência. Um estudo feito na Universidade de Harvard, sobre os alunos mais bem-
sucedidos profissionalmente, mostra que os alunos mais bem-sucedidos não eram os de
melhor aproveitamento acadêmico, mas aqueles com capacidade de formar uma rede de
relacionamentos que lhes abria um maior número de oportunidades.
O QI (quem indicou) tem muito valor nos dias de hoje. O que vale é a referência. Mas, se
você não conhece ninguém e quer trabalhar em uma empresa, busque o máximo de
informações sobre a instituição e sobre as pessoas que lá trabalham. Tente encontrar um
indivíduo nessa empresa que seja um facilitador e que o ajude, de alguma maneira, a lutar por
sua vaga. As pessoas preferem trabalhar com pessoas que foram indicadas por algum
conhecido e como a agilidade dos processos de contratação existe, o tempo que uma pessoa
72
gastaria para encontrar um profissional qualificado, é minimizado selecionando-se uma pessoa
conhecida. É a otimização.
O relacionamento humano hoje pode ser considerado mais importante que o conhecimento
técnico. Em palestras, reuniões e cursos afirma-se que o peso do relacionamento hoje é cerca
de 70% de garantia de uma conquista, principalmente no mercado de trabalho. Aquele que
não consegue se relacionar, na sua própria cultura e idioma e não é pró-ativo, está em uma
situação complicada e dificilmente se relacionará com pessoas de outras culturas e países.
Hoje está em evidência a rede de relacionamentos global, no mundo todo. Existem as
videoconferências, as reuniões por e-mail, chats, blogs etc. Acontece, às vezes, de você
trabalhar com uma pessoa e não conhecê-la. Vejo isso de forma positiva. Quanto mais
pessoas se conhecem no mundo e se relacionam, melhor é para todos. Mas nada se compara
ao relacionamento pessoal e presencial.
O objetivo da networking é o de conhecer. Ajudar e ser ajudado são conseqüências. Você
precisa se educar para conhecer, cada indivíduo é único e tem muito a oferecer. Tem que
haver ética e respeito. Preservar os interesses das pessoas e verificar o que é e o que não é
divulgável daquela pessoa. A rede de relacionamento é importante para a vida e não só para o
emprego. Existe uma ligação entre marketing pessoal e networking. Hoje as pessoas também
são produtos e a maneira como elas são vistas pelos outros é importante e deve ser cuidada.
A networking é uma ferramenta de ajuda, de apoio, mas não é a salvação para todos os
problemas. A comunicação é a base do relacionamento e é importante aprender a se
comunicar. Você tem que ser visto e ser conhecido por outras pessoas, então você precisa
trabalhar para que isso aconteça. É fácil ser acomodado. É natural, por exemplo, ao entrar em
um ambiente, você caminhar em direção às pessoas que já conhece. O exercício é você ir em
direção àqueles que não conhece.
Vamos a mais um exercício:
O aprendizado acontece na frente do espelho. Você tem que se conhecer para poder se
apresentar. Diga o que você gostaria que as pessoas soubessem sobre você em um tempo
que varia de 15 a 20 segundos. Esse é o período ideal para que você cause uma primeira
impressão no outro e, como conseqüência, abra ou feche portas. Depende de como você se
expõe. É interessante que, em um evento ou reunião, você tome a iniciativa de se apresentar.
Forneça informações que sejam fáceis de serem memorizadas. Pense em três palavras
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principais que você gostaria que os outros associassem ao seu nome. Compartilhe o que você
pode fazer e não aquilo que não é capaz. Cuide de sua aparência, vestuário e gestos. Olhe
nos olhos da pessoa com quem fala. Faça tudo com calma e segurança.
Por exemplo:
“Olá. Prazer. Meu nome é Thomas Reaoch, sou da RC Consultoria, uma empresa de gestão
de risco. Somos representantes do terceiro maior corretor de seguros do mundo e gostaria de
conhecer você.”
Isso acontece enquanto trocamos os cartões. Depois disso, você deve parar de falar
para ouvir a apresentação do outro. Depois pergunte. “Posso ligar e agendar um encontro (ou
conversa) para conhecê-lo melhor?”.
Agora é a sua vez! Escreva nas linhas abaixo uma breve apresentação sobre você.
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Se você é estudante, também faça isso. Produza um cartão e distribua-o. Aqueles que
estão entrando na segunda vida, principalmente, precisam muito de sua networking. Nunca é
tarde para você começar a montar a sua rede. Lembre-se de que não é só a quantidade que
importa, mas a qualidade das pessoas. A diversidade dos contatos é importante. Vamos
lembrar as principais dicas deste assunto:
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Dicas para uma networking funcional
� Anote o nome, sobrenome, apelido, profissão, empresa onde trabalha, endereço,
telefones, e-mail, data de aniversário e local onde conheceu a pessoa;
� Mantenha sua lista atualizada;
� Faça constantes contatos, envie cartões de Natal e aniversário;
� Produza e troque cartões de apresentação;
� Faça-se conhecido;
� Apresente-se a pessoas que o (a) interessem;
� Participe de cursos, palestras, seminários;
� Ajude os que precisam.
Conhecer pessoas e relacionar-se com elas são atitudes imprescindíveis afinal, é por
meio de seus conhecidos que você pode encontrar oportunidades de desenvolvimento
profissional, indicações de emprego, informações atualizadas ou outro tipo de ajuda. O cultivo
de uma boa rede de relacionamentos faz parte das regras da empregabilidade e de uma
relação de negócios em todas as fases da vida e você não pode ficar de fora! Nessa rede de
relacionamentos pesque, mas também se deixe ser pescado!
75
CAPÍTULO VII
Histórias Reais
Neste capítulo, trago a você histórias reais de 12 pessoas que conheço
profissionalmente. Você poderá se identificar com as biografias aqui relatadas e perceber que
você mesmo ou algum conhecido vive ou viveu situações semelhantes às dos nossos
entrevistados. A partir de agora, vamos conhecer algumas pessoas que estão na primeira e na
segunda vidas e analisar de que maneira procederam em suas trajetórias. Onde nasceram,
cresceram, estudaram, trabalharam, trabalham, quais suas preocupações com o futuro e como
as relações pessoais e familiares ajudaram ou influenciaram nos momentos de planejamento e
decisão. São pessoas “comuns”, mas, para mim, especiais e únicas. Aprendi muito durante a
convivência com esses profissionais e devo o meu sucesso a eles também!
A maioria já teve oportunidade de trabalhar comigo em uma ou duas ocasiões
diferentes e comprovará, por meio de suas histórias de vida, tudo o que falamos até então. Um
deles, Werner, ainda não trabalhou comigo, mas como eu, não nasceu no Brasil. Somos
colegas na Câmara Americana do Comércio em Campinas e eu o incluo, pois sua trajetória
tem muitos paralelos com a minha. Andamos trilhos semelhantes, mas de origens diferentes, e
chegamos praticamente no mesmo lugar, no mesmo tempo e no mesmo estágio da vida.
Destaco ainda que as histórias dos entrevistados têm extensões diferentes e variam
conforme a disponibilidade e o desprendimento de cada um. Eu os apresento na ordem em
que os conheci. Boa leitura!
Hércules Schwether - Passagem da primeira para a se gunda vida
Hércules Schwether nasceu em 1957 em Poços de Caldas (MG), tem dois irmãos, é
casado com a Denise há 20 anos e tem uma filha de 15. Com 47 anos, considera que está em
um bom momento profissional, podendo multiplicar conhecimentos com sua equipe.
Com uma infância muito divertida e bem aproveitada, o profissional que deverá passar
dentro de alguns anos para a segunda vida tinha o futebol, a bicicleta, o carrinho de rolimã e a
pipa como as brincadeiras preferidas. Bom aluno, começou a trabalhar com 14 anos em uma
marcenaria e era responsável pela parte administrativa. Cuidava de emissão de nota fiscal,
conferência de recebimento de mercadorias, atendimento a clientes, pagamentos diversos,
entre outros. Com 15, conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada em um escritório
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de contabilidade. Um ano depois, estava empregado em uma empresa de materiais de
construção, onde controlava o estoque de produtos.
Optou por cursar uma faculdade de economia, pois entre 1976 e 1977, época quando teve
que decidir sobre sua carreira, o país começava a mergulhar numa depressão econômica e
acreditava que os economistas eram os profissionais que poderiam ajudar o Brasil. Aos 19
anos, deu início à Faculdade de Economia na cidade de São João da Boa Vista (SP) e
também nesse momento iniciou o serviço militar. Nessa mesma fase, foi para Campinas em
busca de melhores empregos e melhor formação profissional. Transferiu a faculdade para a
cidade e, após alguns contatos em agências de emprego, foi enviado para fazer entrevista na
Gindler Dampa, multinacional fabricante de produtos de revestimento, empresa onde me
conheceu. Nessa organização, permaneceu por 10 anos. Após sua saída, foi para os Estados
Unidos e trabalhou por conta própria. Depois voltou ao Brasil, casou-se com a Denise, que era
sua colega na GindlerDampa. Em seguida, em 1989, por meu convite, fez entrevista na Alcoa
para trabalhar na área de comércio exterior, onde atua até hoje também como gerente
corporativo de logística.
Hércules já concluiu vários cursos extracurriculares e, em sua opinião, os lados profissional
e pessoal devem caminhar juntos de maneira equilibrada, situação que administra bem.
Procura manter sempre em dia suas férias, momento que dedica à família e ao lazer. O
economista acredita que os contatos acumulados durante a vida são fundamentais para o
desenvolvimento profissional de um indivíduo, principalmente se houver necessidade de
mudança de emprego. Diz que fui importantíssimo em seu atual emprego, onde está há 16
anos.
Para manter sua empregabilidade, Hércules está sempre atualizado em sua área de
atuação, conhece bem os Estados Unidos, América Latina, Europa e recentemente a China. É
fluente em inglês e espanhol, mantém bons relacionamentos, tem facilidade de adaptação e
flexibilidade. O profissional nunca ficou desempregado e os momentos em que teve um
intervalo nas atividades profissionais foram planejados e bem administrados. Hércules ainda
não sabe o que vai fazer quando tiver 80 anos, mas pensou em abrir um negócio próprio para
ter mais renda para a aposentadoria.
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Luiz Marzo - Aposentado, porém atuante no mercado
Com 57 anos, Luiz Emanuel Marzo Neto é casado há 34 anos, tem três filhos e espera,
quando atingir os 80 anos, continuar trabalhando como consultor financeiro e dedicando a
maior parte do seu tempo à sua esposa. Com mais quatro irmãos, Luiz, que nasceu em São
Paulo, teve uma infância despreocupada e as brincadeiras preferidas eram a pipa, o futebol e
o carrinho de rolimã.
A adolescência também foi tranqüila. Namorava, dançava e jogava futebol, além de
estudar. Aos 17 anos, entrou na Faculdade de Engenharia Industrial, modalidade Mecânica e
escolheu o curso por gostar muito de matemática. Na época, não havia muita preocupação
quanto ao campo de trabalho e à remuneração. Seu primeiro emprego já foi em uma
multinacional, como funcionário da Mercedes Benz do Brasil. Começou como estagiário e foi
efetivado como Engenheiro Assessor da Gerência de Produção, onde ficou por dois anos. A
vaga surgiu graças a um contato de seu pai. Depois trabalhou por três anos na Cia. Nitro
Química como responsável pela Casa de Força e Utilidades. Também conseguiu esse
emprego por meio de um colega que já trabalhava na empresa. Em seguida, trabalhou por
outros três anos na Têxtil Gabriel Calfat, onde era Assessor da Gerência de Engenharia de
Fábrica, conquistando a vaga em um processo de seleção. Na seqüência, foi trabalhar na
Gindler Dampa, como Engenheiro de Produção, subordinado a mim e conseguiu o emprego
por um contato direto com o proprietário. O profissional ficou desempregado por dois anos e ,
nesse período, montou uma empresa de Manutenção Residencial. Finalmente, entrou para o
grupo Fiat onde atuou em várias empresas de 1986 a 2003, em Limeira (SP), Guarulhos (SP)
Belo Horizonte (MG), inicialmente como Gerente de Produção e depois como Gerente de
Suprimentos. É fluente em italiano e conhece América Latina e Europa. Também na Fiat
,obteve a vaga através de indicação de colega. Hoje Luiz é aposentado, mas atua como
consultor financeiro da RC Consultoria junto comigo.
Durante sua trajetória, fez vários cursos e todos eles, segundo Marzo, foram importantes
dentro do contexto da época em que foram feitos. Hoje não tem vontade de fazer novos
cursos. O consultor tem o hábito de planejar tudo, para isso, costuma estabelecer metas,
definir um caminho a seguir e controlar os desvios que surgem durante o percurso. Diz
também conseguir equilibrar a vida pessoal e profissional e procura se manter atualizado com
os acontecimentos relacionados às suas atividades. Em seus 35 anos de atividade, Luiz diz ter
uma rede grande de relacionamentos, apesar de ter dificuldades para fazer “novos amigos”.
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Afirma ainda que sempre gostou de trabalhar em grupo e que sua rede de relacionamentos o
auxiliou na maior parte de sua conquistas profissionais.
Renata Aureli - Uma mulher de garra
Renata Aureli nasceu em 1966, em São Paulo. Tem uma irmã, é divorciada e vive com
o filho de 11 anos. Brincava na rua, com as crianças do prédio e avalia que teve uma infância
muito feliz. Logo que completou 15 anos, morou por cinco meses nos Estados Unidos, era o
sonho realizado de fazer intercâmbio, aprender uma nova cultura e complementar os
conhecimentos em outro idioma. Renata afirma que essa foi uma experiência única e que até
hoje tem contato com a família americana que a acolheu. Completou o terceiro ano do Ensino
Médio no exterior e, de volta ao Brasil, após prestar vestibular, fez faculdade de Letras, porque
queria ser tradutora-intérprete. Com o passar do tempo, percebeu que não queria aquilo e que
gostava de falar inglês com o mundo e não de ficar em cima de livros e dicionários.
Desde os 12 anos, trabalhava fazendo bicos, em lojas, como secretária, com pesquisas,
pois gostava de ter dinheiro para seus passeios e compras. Quando se formou, foi trabalhar na
área comercial da empresa de seu pai, por dois anos. Renata cansou de trabalhar com a
família e resolveu pedir ajuda para uma amiga que trabalhava na Alcoa, afinal ela queria
mudar o rumo de sua carreira. Em 89, entrou na Alcoa para ser secretária, só que apesar de
ela estar feliz por integrar o quadro de funcionários de uma multinacional, a profissional não
gostava de ser secretária. Após oito meses, se candidatou a uma outra vaga para secretariar
um diretor. Dois meses depois, infeliz com o cargo, conversou com seu superior e disse que
não estava gostando do que fazia e que queria trabalhar com exportação. Renata diz que se
candidatou à vaga de secretária desse diretor porque sabia que ele era a única pessoa que
poderia ajudá-la a ocupar outro cargo. Com 22 anos, convenceu seu chefe de que ela tinha
capacidade para mais. Dito e feito. Renata foi transferida para a área administrativa de
exportação, que era conduzida por mim. Além de suas atividades, ela começou a atuar
também na área de vendas e os resultados foram tão bons que Renata começou a trabalhar
na área comercial e foi a primeira mulher na Alcoa no Brasil a atuar nesse campo. Teve muitas
oportunidades na empresa, inclusive de viagens internacionais. Ficou oito anos na empresa e
depois trabalhou em outros empreendimentos nos ramos de seguros e de cartão de crédito.
Há nove meses está empregada na Willis Corretores de Seguros Ltda., empresa de origem
inglesa, e me convidou para ser seu representante no mercado de Campinas. Atualmente
estamos novamente trabalhando juntos. Renata afirma, que sempre me teve como exemplo de
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profissional e pôde contar comigo toda vez que precisou. Ela diz ainda que sou uma pessoa
muito importante na sua história de vida.
Faz pouco tempo que começou a cultivar sua rede de relacionamentos. Sabe da
importância dos contatos na hora de se conseguir uma nova oportunidade e já foi indicada por
amigos para trabalhar em empresas. Fez um curso de extensão em Marketing e fará um de
Negociação. Com 38 anos, Renata acredita que a idade avançada é um fator que começa a
dificultar sua atuação no mercado de trabalho, assim como o fato de ser mulher e de ter um
filho. Além disso, está verificando que o mercado trabalha cada vez mais com terceirização.
Por esses motivos, pensa seriamente em montar um negócio próprio. Já chegou a ter com o
ex-marido a franquia de uma escola de inglês e por isso não tem medo de encarar o desafio,
no máximo, em três anos.
Renata tem o costume de planejar cada passo e pensa trabalhar até cerca de 65 anos. As
viagens ao exterior, os passeios e a diversão com o filho não podem faltar. Planeja morar em
uma casa, ter um cachorro, casar novamente e ser muito feliz.
Luiz Roberto Spiritus - Momento de transição
Roberto Spiritus nasceu em São Paulo em 1958, separou-se recentemente depois de 20
anos de casado e tem uma filha de 15. É o último dos cinco filhos que seus pais tiveram. Sua
infância, divertida e saudável, sempre teve espaço para muitos amigos e primos. Adorava
andar de bicicleta, carrinho, trenzinho, jogar bola e queimada. Dessa fase, lembra que sua
mãe sempre esteve muito presente em sua vida, diferente do pai, que era médico e trabalhava
demais.
Bom aluno, gostava de física, matemática, desenho e geografia. Formou-se em Arquitetura.
Depois fez pós-graduação. Após anos de estágios em escritórios de arquitetura, seu primeiro
emprego foi na Alcoa, quando tinha 26 anos. Foi escolhido para um cargo de administração de
vendas por indicação de um filho de uma amiga da sua mãe, que trabalhava lá. Segundo
avalia, esse foi seu melhor emprego, pois permaneceu por 10 anos na empresa onde teve
muitas oportunidades de crescimento profissional e de viagens. Além disso, sentia muito
prazer em atuar na área administrativa e comercial. Quando saiu da Alcoa, foi contratado, com
a ajuda de um headhunter, pela Fortilit do grupo multinacional suíço Amanco, atuante nos
mercados de tubos e conexões de PVC, no cargo de diretor comercial. Ficou na empresa por
80
dois anos e meio. Segundo Spiritus, essa foi uma oportunidade de ampliar conhecimentos e de
conquistar resultados excelentes. Saiu da empresa porque ela foi vendida.
Em seguida, seguiu com a família para a Incepa Revestimentos Cerâmicos, em Curitiba,
que pertence atualmente a um grupo espanhol. Conquistou o cargo de diretor de unidade de
negócios, também por meio de um headhunter. Ficou dois anos na empresa, que também foi
vendida. No ano seguinte, ainda em Curitiba, passou a trabalhar na Hettich, multinacional
alemã produtora de ferragem para móveis, como gerente comercial, depois de contatos com
conhecidos. Teve uma pequena queda de função e salário, mas não deixou de se esforçar.
Tinha um ótimo relacionamento com os alemães, viajava muito para a matriz na Alemanha, o
que, segundo Luiz, causou ciúme em seu chefe diretor, ocasionando sua saída da
multinacional, após dois anos. Mudou de empresa e começou a trabalhar como diretor geral na
Apis Delta LTDA., uma empresa metalúrgica inglesa, fabricante de válvulas de controle de gás
para linha branca, por mais alguns anos. Atualmente Spiritus trabalha para a rede de hotéis
Golden Tulip, como gerente comercial e faz também consultorias em Business Plan, por meio
de sua empresa de consultoria, a Genesys.
Em sua carreira, não faltaram cursos de aprimoramento no país e no exterior, focados em
marketing, vendas, negócios e planejamento estratégico. Sempre procura outros cursos, mas
não tem tido oportunidades de desenvolvê-los por questões de tempo. Luiz é o tipo de
profissional que tem o costume de planejar a vida pessoal com muito mais facilidade que a
profissional. Acredita que isso acontece pelas condições exercidas na carreira de executivo à
mercê das decisões da empresa. Atualmente, diz sentir muita dificuldade de encontrar novas
oportunidades profissionais como já aconteceu anteriormente e, portanto, seu planejamento
segue com o objetivo de manter seu emprego e as consultorias.
O consultor e gerente comercial diz não conseguir administrar com tranqüilidade o seu
tempo, como desejaria, porém busca um melhor equilíbrio emocional, aceitando mais o estado
das coisas como elas são. Para ele, é difícil manter a tranqüilidade no trânsito de São Paulo,
nas reuniões improdutivas e no cansaço eventual. Busca manter seu emprego, o que já é
muito trabalhoso e desgastante, e procura novas oportunidades através de contatos com
pessoas conhecidas, currículo atualizado, respostas semanais a anúncios de jornais e
divulgação de sua empresa.
Roberto prefere não trabalhar em feriados e finais de semana, o que tem ocorrido
constantemente, mas trabalha cerca de 10 horas por dia. Já viveu na Europa por um ano e
meio, em Brasília por dois anos e em Curitiba por três. Sempre encarou bem as mudanças por
motivos profissionais, mas acredita que hoje sua filha de 15 anos não mudaria de São Paulo
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com ele e, portanto, não sabe se aceitaria uma mudança neste período da vida. O profissional
defende a importância da rede de relacionamentos, porém está sem tempo para mantê-la
atualizada, pois está muito focado nos negócios que está realizando. Spiritus diz ter certeza
quanto à importância dessa rede e sabe o quanto perde com a falta de sua própria visibilidade.
Começou a perceber a importância da networking quando foi perdendo seus empregos nos
últimos anos. Sobre a famosa rede, afirma que ela já foi útil na busca de contatos profissionais,
porém, numa época de crises, ele acredita que as pessoas não conseguem ajudar como
gostariam ou por falta de oportunidades, tempo ou egoísmo.
Nas fases em que ficou desempregado contou com o apoio de consultorias independentes,
mas, segundo ele, ainda hoje, convive com o sentimento do “desemprego”, porque não
conseguiu assimilar o fato de vivermos em uma nova era conjuntural, sem empregos e com
trabalhos temporários. Seus paradigmas de vida executiva e bons empregos ainda
permanecem. Ultimamente e após anos de intensa vivência nesta década, vendo seus amigos
na mesma situação, está consciente de que o mundo mudou. Apesar destes sentimentos,
Spiritus considera ser hoje um homem cheio de experiência profissional na área de negócios e
estratégias empresariais, que busca seu lugar profissional, com investimento em sua carreira e
com um planejamento sendo conduzido para sua própria empresa.
Perto dos 50 anos pretende estar mais estabilizado financeiramente e com uma situação
profissional mais definida. Tem a esperança de viver em um país melhor economicamente!
Aos 70, espera ter dinheiro suficiente para não se preocupar, ter uma boa saúde, viajar, ter um
carro bom e condições de uma vida digna.
Mauricio Rangel de Freitas – Persistência e resulta dos
Mauricio Andrade Rangel de Freitas nasceu em São Paulo em 1965, tem mais dois
irmãos, é casado há sete anos e espera a chegada do seu primeiro filho. Atualmente diz
passar por um momento de transição na vida pessoal e profissional.
Quando criança, brincava sozinho, afinal, seus irmãos eram bem mais velhos, assim
como os primos e a turma da rua. Aproveitava os dias brincando de futebol ou basquete no
grande quintal de sua casa, ia à casa dos amigos da escola e os recebia em casa também. O
relacionamento com a família sempre foi muito bom. Quando tinha 13 anos, mudou-se com os
pais para Brasília (DF), onde ficou por cinco anos. Na capital do Brasil, pôde passar boa fase
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de sua adolescência e curtir o que não havia curtido quando morava na Vila Mariana, bairro
movimentado de São Paulo, como andar de bicicleta e de skate.
Na escola, foi um bom aluno e dava preferência para as matérias da área de exatas,
principalmente matemática e física. Foi difícil escolher a graduação e optou pelo curso de
engenharia, porque gostava de engenharia naval e queria aprofundar seus conhecimentos
sobre a área. A paixão pela engenharia naval aconteceu por acaso e sem muita explicação.
Maurício não possui familiares no meio naval e, dessa maneira, não foi influenciado por
ninguém a seguir essa carreira. Ele acredita que suas viagens ao litoral, principalmente para o
nordeste, foram as responsáveis por fazer com que o ainda menino ficasse fascinado por
barcos e assuntos relacionados ao tema.
Passou no vestibular, mas antes de ingressar no curso foi servir o exército. Em seguida,
viajou durante um ano e meio pela Europa para aprender idiomas e culturas diferentes.
Colocou uma mochila nas costas, trabalhou em vários lugares para se manter e quando
retornou, reingressou no curso de Engenharia da USP, em São Paulo. Apesar de a faculdade
pública apresentar alguns problemas, Mauricio gostou bastante do curso. Concluída a
graduação, foi dar aulas de inglês em uma multinacional de idiomas até o dia em que
conseguiu uma vaga de trainee na Alcoa, empresa que o acolheu por nove anos. Na
multinacional experimentou diversas áreas: trabalhou no setor de compras, de engenharia,
comercial (comigo) e na área financeira.
Quando deixou de trabalhar na multinacional, Mauricio reservou um tempo para parar e
pensar no que fazer. Viajou de barco para Fernando de Noronha, refletiu, reservou um espaço
maior para os amigos e a família. Chegou a pensar em montar um negocio próprio, mas teve
medo de investir. Fazer parte do quadro de funcionários de outra empresa também estava nos
planos, mas oportunidades não apareceram. Um ano depois, resolveu voltar a estudar e
ingressou no mestrado, na área de manufatura, na faculdade de Engenharia Mecânica da
Unicamp e esta nova fase está sendo boa para manter a cabeça funcionando, segundo ele.
Mauricio acredita que seria bastante natural, ao sair da Alcoa, continuar trabalhando na área
de alumínio, mas não foi o que aconteceu. Depois ele havia decidido voltar à sua área de
formação, mas sua esposa ficou grávida e ele desistiu, porque voltar para sua área
representava necessariamente mudar de Campinas e ir para o Rio de Janeiro ou para cidades
do litoral e a família não está disposta a mudar.
Mauricio nunca atuou profissionalmente na área em que se formou, mas diz ter
aprendido muito com suas experiências, principalmente no que diz respeito a postura, atitude e
busca por resultados. Fez apenas cursos extracurriculares oferecidos pela empresa onde
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atuava e pós-graduação em Gestão de Negócios pela Unicamp. O engenheiro não tem uma
grande rede de relacionamentos e diz que não é bom para cultivar novas amizades, mas que
pretende se espelhar em minhas experiências para conseguir montar a sua rede.
Na busca por seu caminho profissional e por uma colocação dentro de sua área de
formação Maurício nunca desistiu de seu objetivo. Após ter participado recentemente de um
processo seletivo que buscava um gerente para um estaleiro em Manaus, finalmente
conseguiu o trabalho que queria. Atualmente comanda, como engenheiro coordenador da obra
a reforma de um navio em Salvador, na Bahia. Orgulhoso de sua nova missão, Mauricio
explica que se trata de um navio do tipo ferry-boat, de 70 metros de comprimento com 900
toneladas de deslocamento. Transportará até 100 carros e mil passageiros na travessia
Salvador – Itaparica. Fica, portanto aqui demonstrado o quanto é importante perseguir as
nossas metas até o fim. Durante todo esse longo processo, diz que sempre pôde contar com
meu apoio e orientação.
Rogério Queiroz - Uma carreira em uma única empresa
Rogério de Seixas Queiroz, nascido em Campinas em 1967, tem mais dois irmãos, é
casado há 12 anos, tem uma filha de sete e um filho de três anos. Em 2005, mudou-se com a
família para Davenport, Iowa, nos Estados Unidos, para assumir o cargo de gerente de
marketing do mercado aeroespacial. Morar no exterior está sendo possível, porque houve
planejamento e muito esforço. Vamos conhecer a história de Rogério.
De sua infância, Rogério recorda que brincava muito na rua e tinha muitos amigos na
vizinhança. As viagens de férias, passadas com os familiares em Ubatuba, são lembranças
presentes até hoje. Nessa mesma época, gostava muito de andar de bicicleta, patins, pega-
pega, esconde-esconde e queimada. O passeio no clube com os primos também não podia
faltar. Rogério foi um bom aluno, era o primeiro da classe até o fim do colegial. As matérias
preferidas eras as da área de exatas como matemática, física e química. Também gostava de
português, mas não se dava bem com história, geografia e educação artística. O Ensino Médio
também foi feito em uma boa escola de Campinas que, segundo ele, valorizava as qualidades
individuais de cada aluno ao invés de tentar enquadrar todo mundo em um mesmo modelo.
Aprendeu com essa experiência que cada um era especial do seu jeito e que a diversidade era
um benefício para o grupo.
Além dos muitos amigos que conquistou na adolescência, outro fato marcante dessa
fase foi a separação dos seus pais quando o jovem tinha 15 anos. Rogério afirma que o núcleo
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familiar se desintegrou e cada um dos irmãos teve uma história diferente a partir daquele
acontecimento. Dessa situação, aprendeu a tomar conta de si mesmo e se aproximou ainda
mais de seu pai, que sempre foi seu melhor amigo. Também diz ter dado muito suporte à sua
mãe nos primeiros anos, mas se distanciou dela quando virou adulto. Para ele, sua mãe teve
dificuldade de lidar com a transição de filho a adulto independente.
A carreira começou com a Faculdade de Física que fez na Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp). O curso foi escolhido porque Rogério queria ser pesquisador e professor
universitário. Diz ter sido um pouco influenciado pelos pais, que também eram professores
universitários. Seu pai, além de professor, era também psicólogo e pesquisador e a mãe,
dentista. Porém, quando terminou a faculdade, já não tinha mais certeza se era aquilo que
queria. Entrou no mestrado, mas escolheu a área de metalurgia, que era uma área que
poderia ser outra alternativa no mercado de trabalho. Durante o mestrado, percebeu que
aquilo realmente não era para ele e que precisava de desafios que lhe dessem resultados em
um prazo mais curto. Resolveu parar com o mestrado e procurar emprego.
Rogério diz que sabia que um físico com mestrado não era a qualificação mais
procurada no mercado, mas mesmo assim estava animado a conseguir uma oportunidade.
Enviou uns 200 currículos para empresas e conseguiu cerca de 20 entrevistas; participou de
processos de seleção para trainees em três e conseguiu seu primeiro emprego na Alcoa
Alumínio S.A., empresa de metalurgia dedicada à produção de alumínio. Foi aceito no
programa de trainees para a área comercial em fevereiro de 1993, quando tinha 25 anos, sob
minha coordenação e até hoje é funcionário da empresa. Rogério fez carreira dentro da
multinacional. Começou como trainee na área de vendas internacionais, depois passou para a
área de exportação, como vendedor de rodas, na seqüência como gerente de contas, depois
gerente de produto, gerente técnico e gerente comercial do produto “chapa para latas”. Em
2001, foi transferido para Pittsburgh, Pennsilvania, EUA, para ser gerente de vendas. No ano
seguinte, assumiu a gerência geral do produto “alumínio de alta pureza” e hoje é gerente de
marketing na divisão que fabrica chapa e placa de alumínio para aviação em Davenport.
Nesses 12 anos de empresa, diz ter contado muito com meu apoio e mesmo quando
não era seu chefe direto, assumia um papel de conselheiro e estava sempre disposto a ajudar.
Rogério teve inúmeras oportunidades de fazer viagens, pela empresa, para o exterior.
Também trabalhou em áreas de que não gostava, como quando foi vendedor de rodas, e em
outras que foram gratificantes. Quando se sentia desconfortável em algum cargo, logo corria
atrás de uma transferência.
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Para manter sua empregabilidade, além de falar português, inglês, espanhol e francês,
fez diversos cursos internos na Alcoa, incluindo cursos técnicos, de liderança, produção,
trabalho em equipe, gerenciamento de projetos, marketing, informática, entre outros. Tenta se
manter atualizado, estar sempre aprendendo, ser um generalista e conhecer um pouco de
tudo, se preparando para aproveitar diferentes oportunidades que se apresentem. Além disso,
em 2000, concluiu o Master of Business Administration (MBA) pela Universidade de Michigan,
o qual ampliou seus conhecimentos sobre finanças, contabilidade, operações, recursos
humanos, etc. Segundo Rogério, foram esses conhecimentos que lhe permitiram evoluir de
uma carreira comercial para ser o gerente geral de um negócio e agora gerente de marketing
de uma área estratégica e muito importante da Alcoa. Acredita que, sem o diploma de MBA em
uma escola de renome como a de Michigan, seria muito mais difícil conseguir uma
oportunidade nos EUA. Mesmo com tantos conhecimentos, ainda pretende se aprofundar na
área de gerenciamento de marketing.
Acredita que, hoje em dia, o mundo dos negócios é tão dinâmico e a velocidade das
mudanças é tão grande que se as pessoas não continuarem se atualizando continuamente,
não conseguirão progredir na sua carreira. Para ele, as funções e tarefas que são exercidas
hoje certamente serão totalmente diferentes em alguns poucos anos, e poderão nem existir
mais do jeito como são conhecidas. Novas oportunidades aparecerão e novas maneiras de se
fazer as mesmas coisas vão mudar organizações, organogramas e descrições de cargo.
Apenas as pessoas com alto grau de flexibilidade e adaptabilidade conseguirão se ajustar e,
inúmeras vezes, reinventar seu trabalho e suas carreiras para continuar achando seu papel
nesse mundo que está constantemente mudando, reflete. Compara também que, no tempo
dos nossos pais, as pessoas saíam da faculdade com uma bagagem de conhecimentos que
era suficiente para elas desempenharem bem toda sua carreira profissional. Isso não é mais
verdade, e defende a idéia de que agora e no futuro todos terão que continuamente voltar ao
banco da escola com seminários, cursos para executivos, e outras oportunidades educacionais
para se manterem atualizados.
Essa carreira de esforço e conquistas foi possível porque Rogério planejou e agiu para
alcançá-la. O profissional diz que gosta de estabelecer alguns objetivos amplos e de longo
prazo e ir direcionando o dia-a-dia a fim de atingi-los. Exemplifica dizendo que ele e sua
esposa já sabiam que gostariam de morar fora do Brasil em algum momento de suas vidas.
Por isso, as escolhas que fez foram caminhando para essa direção. Aprendeu mais de um
idioma e escolheu trabalhar em uma multinacional, atuar em áreas internacionais e fazer um
MBA em uma escola americana. Na vida pessoal, o planejamento é ir morar em um local
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próximo ao mar, onde as carreiras estejam conciliadas e a família, feliz. Nessa questão do
planejamento, diz ser, junto com a esposa, muito preocupado com a segurança e a qualidade
da educação e das oportunidades de futuro que querem oferecer aos filhos, por isso ainda não
se sentem seguros a voltar ao Brasil por acharem que o país não oferece o melhor balanço
entre todos esses fatores.
Mesmo com tantas mudanças e trabalho, Rogério diz conseguir equilibrar seu tempo e
se dedicar à sua vida pessoal, ao lazer e à família. Afirma que não trabalha em feriados, fim de
semana, nem horas extras por uma questão de princípios, salvo raras exceções. Para ele, se
qualquer pessoa tem que trabalhar além das horas regulamentares com alguma freqüência, é
porque há alguma coisa errada ou com a pessoa ou com o trabalho ou com o chefe.
Sua rede de relacionamentos, segundo ele, teve início por uma sugestão minha e uma
prova de seu funcionamento foi sua última promoção. Conta que, no final do ano passado,
estava interessado em um novo desafio em sua carreira. Apareceu uma vaga em uma outra
divisão da Alcoa e se inscreveu no processo de seleção. Então, ligou para seu antigo gerente
para saber se poderia oferecer seu nome como uma referência. Ele foi uma das pessoas que
mais o ajudou a encontrar uma boa oportunidade nos EUA. Quando disse a ele que estava
procurando uma nova oportunidade, ele imediatamente disse que tinha algo a oferecer.
Percebeu então como sua rede era extensa e funcional.
Sem nunca ter experimentado o desgosto do desemprego, já pensou em ter o negócio
próprio, mas por enquanto, se sente confortável com os desafios de sua carreira corporativa.
Se abrir seu próprio negócio, tem receio de que trabalhe demais e prejudique a vida pessoal.
Aos 50 anos, Rogério se imagina trabalhando na mesma linha de ocupação de hoje. Não
pretende subir muito na carreira, por receio de perder o equilíbrio com a vida pessoal. Diz que
vai estar morando perto do litoral e curtindo a praia todos os finais de semana. Quer também
continuar se dedicando à marcenaria, que é seu hobby e até, quem sabe, construir um veleiro.
Deseja criar oportunidades em sua vida pessoal para que seus filhos fiquem sempre por perto.
Quer continuar conhecendo o mundo, viajando para diversos lugares. Aos 80 anos, pretende
voltar ao Brasil, morar na praia e se dedicar exclusivamente à esposa e à marcenaria.
Magda Reis - Consciente do que quer
Magda Reis, nascida em São Paulo, em 1961, tem dois irmãos e diz ser uma pessoa
interessada em encontrar o equilíbrio pleno em todos os aspectos da vida. Sua infância foi
humilde, com certas restrições financeiras. Mesmo assim, nunca deixou de estudar em escolas
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particulares, onde participava de atividades artísticas como dança, teatro, música e poesia.
Sempre recebeu muito carinho da família e a diversão acontecia quando brincava ao redor de
uma goiabeira que ficava no quintal de sua casa. Até uma casinha construiu, com pedaços de
madeira, para brincar.
Sempre boa aluna, costumava receber medalhas por seu bom desempenho, aliás, os
estudos sempre foram muito incentivados por seus pais que queriam preparar filhos para
aprender a pensar sozinhos e ter um bom repertório de informações. Foi uma adolescente
muito ativa e onde apareciam atividades diferentes, lá estava ela realizando! Magda acha que
um dos acontecimentos mais marcantes de sua adolescência foi quando começou a ter
percepção de si mesma. O autoconhecimento a auxiliou a entender melhor suas
características e a conviver com os próprios erros.
Formada em Arquitetura e Urbanismo pelo Mackenzie, com pós-graduação em marketing e
mestrado em arquitetura, escolheu o curso porque este apresentava um programa com grande
abrangência de conhecimentos, incluindo ciências sociais, como antropologia e sociologia,
história da arte, pintura, escultura, disciplinas técnicas, disciplinas práticas e desenho, algo de
que gostava muito. Avaliando o programa do curso, optou pela arquitetura, porque pensou
principalmente na satisfação pessoal que teria em estudar aqueles temas e na bagagem de
conhecimentos que poderia ter ao final. Sua preocupação não era especificamente com o
retorno financeiro. Na verdade, a necessidade de ganhar dinheiro era real, mas Magda achava
que seria mais fácil trabalhar com algo de que gostasse.
Seu primeiro emprego foi um estágio em um grande escritório de arquitetura, quando
estava cursando o segundo ano da faculdade e tinha 21 anos. Naquela época, no ano de
1982, a construção civil vivia mais uma de suas crises e estava difícil encontrar uma vaga para
estagiar em um escritório de arquitetura, como pretendia. Depois de muito procurar uma
oportunidade, um amigo de faculdade, que era muito próximo a Magda, estava mudando de
emprego e a indicou para a vaga que ele ocupava. Foi então o início de sua vida profissional.
Sua responsabilidade era a de desenhar todo o detalhamento das obras, incluindo plantas,
cortes e fachadas. Também fazia o acompanhamento das obras in loco, para verificar se todos
os detalhes estavam sendo executados de acordo com o projeto. Começou aprendendo a
desenhar de acordo com a linguagem gráfica da arquitetura e foi evoluindo até se tornar
coordenadora de projetos, cuidando da supervisão de todas as obras em desenvolvimento.
Trabalhou nesse escritório por dois anos quando saiu para fazer um estágio em uma empresa
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pública de urbanização durante um ano, com o objetivo de aprender sobre a área de
urbanismo. Retornou ao escritório em 1986, onde permaneceu até 1989.
Depois, passou por várias empresas: fabricante de louças sanitárias, fabricante de
produtos de alumínio para construção civil, fabricante de coberturas metálicas, entre outras. As
oportunidades no mercado de trabalho foram conquistadas por anúncios de jornais e por
conhecidos do mercado que a convidaram para atuar em outras empresas. Comigo, trabalhou
duas vezes na Alcoa Alumínio e na Feeling Structures. Magda também teve uma experiência
como autônoma. Após um período de seis meses de férias e estudos nos Estados Unidos,
atuou como arquiteta autônoma elaborando perícias e avaliações judiciais, auxiliando um
amigo advogado. Fez um curso específico nessa área para ampliar seu campo de atuação e
desde então colaborava como assistente jurídica nas ações desse amigo. Hoje, Magda atua
na Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), empresa produtora de alumínio, como arquiteta
responsável pelo marketing, pelas palestras, pelas especificações e vendas desses materiais
de alumínio para construção civil, em escritórios de arquitetura e construtoras.
No período em que esteve sem vínculo empregatício, aproveitou para realizar algo que
estava em sua lista de atividades a desenvolver: foi estudar no exterior. Foi uma das melhores
oportunidades que teve na vida, segundo Magda. Ficou seis meses nos Estados Unidos,
estudando inglês, fazendo cursos rápidos de assuntos profissionais e de assuntos ligados à
cultura. Também aproveitou esse tempo para pensar no seu futuro profissional. Quando
retornou ao Brasil, iniciou seu mestrado e logo começou a trabalhar como autônoma.
Como gosta de estar em constante aprendizado, já fez vários cursos diferentes, tais como:
desenho técnico, vendas, atendimento a clientes, dança, canto, culinária, meditação, além de
inglês e espanhol. Segundo Magda, todos os cursos ajudaram a desenvolver habilidades
diferentes, as quais contribuem para a realização das mais variadas atividades, em situações
particulares, sociais e profissionais. Pretende continuar estudando, voltar para os cursos de
dança e canto; e praticar meditação. Para manter sua empregabilidade procura ser eficiente
nas tarefas que se propõe a executar; faz o possível para ser pró-ativa no ambiente de
trabalho; busca ser inovadora, prática, objetiva e rápida.
Já teve duas oportunidades de mudar de cidade e de país, mas as condições para as
mudanças não eram as ideais, e por esse motivo decidiu permanecer em sua cidade de
origem. A profissional acredita ter uma rede de networking, mas que não está atualizada por
falta de tempo. Para ela, ter bons relacionamentos é importante em todos os aspectos da vida,
afinal essa rede de conhecidos já foi útil em várias situações: na facilitação de contatos
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comerciais para a realização de negociações comerciais nas empresas onde trabalhou e
trabalha; na conquista de novas oportunidades de trabalho; no reconhecimento do seu
trabalho por indicação desses conhecidos a seu favor em diferentes situações.
Quanto ao planejamento de vida, Magda costuma fazer uma programação considerando os
aspectos principais que precisam ser atendidos para manter o fluxo da vida equilibrado. Nesse
caso trata-se de relacionar as necessidades básicas referentes a todos os aspectos da vida:
físico, emocional, social, profissional e financeiro. Há também o planejamento de todas as
ações e atividades que gostaria de realizar. Nesse caso, estão relacionados aspectos da vida,
necessários à realização pessoal. São os sonhos e as tarefas prazerosas. Em ambos os
casos, há uma margem para correções de rota, segundo ela, que será maior ou menor
dependendo da necessidade a ser atendida. De qualquer forma, acredita que o trabalho
sempre será necessário para que se consiga atingir qualquer uma das metas estabelecidas.
Como reconhece a importância do trabalho em relação a todos os aspectos da vida, procura
encarar as tarefas não como um sacrifício diário, mas como uma grande oportunidade de ser
útil, assumindo as responsabilidades sobre a própria sobrevivência e, principalmente, como a
chance de encontrar um sentido maior para a vida. Magda diz que gostaria de ter mais tempo
para a vida pessoal e quando tiver 50 anos pretende cuidar de sua saúde, caminhar, viajar
com seu companheiro, e estar mais perto da família e dos amigos. Também quer continuar
trabalhando em algo de que goste muito.
Cristina Delboni – Determinação e experiência inter nacional
Cristina Pileggi Delboni, solteira, nascida em São Paulo em 1972, tem dois irmãos e se
considera uma pessoa que trabalha para realizar seus ideais e acredita que, com esforço e
dedicação, vai conseguir conquistar tudo o que deseja. Fruto de uma infância tranqüila, com
muitos livros, brincadeiras e carinho, Cristina foi uma criança que desde cedo gostava de ir em
busca de informações, tanto que achava que a maioria das pessoas no mundo eram chatas e
desinformadas. Para passar o tempo, gostava de brincar de quebra-cabeça, montar kits de
aeromodelismo, ler livros e se divertir com bonecas.
Boa aluna, não gostava muito de biologia e logo na adolescência já sentia vontade de ser
independente, tanto que, com 15 anos, conseguiu seu primeiro emprego remunerado: foi
trabalhar na agência de publicidade de seu pai, para substituir uma secretária que havia
entrado em férias. Conciliou bem os estudos e o novo emprego.
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Formou-se em Arquitetura e Urbanismo e escolheu o curso porque queria aumentar seus
conhecimentos gerais sobre estética, arte e cultura. Já formada, passou por um processo de
seleção e ingressou em 1996 na Hudson Distribuidora, distribuidora de Petróleo localizada em
Paulínia (SP), em uma equipe que dava suporte técnico e comercial aos operadores. Depois
de um ano, por meio de um contato, foi trabalhar na 101 Brasil Petróleo, empresa do mesmo
segmento da anterior, no mesmo cargo que ocupava em seu primeiro emprego. Também
permaneceu na função por um ano. Já em 1998, foi contratada pela Alcoa Alumínio, depois de
pedir que um amigo entregasse seu currículo à pessoa responsável pela seleção de
profissionais da multinacional. Era supervisora de aplicação, especificando telhas e
posteriormente extrudados para arquitetos, engenheiros e construtoras, através de visitas,
palestras e eventos. Dois anos depois, também por meio de sua lista de contatos, passou a
atuar na Agip Distribuidora S/A, também do ramo de petróleo. Desde 2001 atende a clientes
internacionais na América Latina, Estados Unidos, Canadá, Europa e China. Oferece suporte
técnico e comercial a projetos especiais da Feeling Structures, empresa fabricante de
estruturas de alumínio, companhia onde foi convidada por mim para trabalhar . Na Feeling, já
teve oportunidades de viajar para os Estados Unidos para atender os clientes e participar de
feiras comerciais.
Cristina é uma pessoa que busca o aprendizado constante e acredita que novos cursos
trazem mais conhecimentos e contatos que, de alguma maneira, são benéficos para a vida
profissional e pessoal. Já fez cursos de inglês, desenho, Autocad, pós-graduação em
marketing e atualmente faz mestrado em habitação. Quando terminar o mestrado, ainda
pretende aprender novas línguas e talvez partir para um doutorado.
A jovem costuma planejar a sua vida profissional por meio de cursos que melhorem seus
conhecimentos e coloca metas e prazos para alcançá-los. Já a vida pessoal também é
planejada, porém sem prazos tão definidos, pois são realizações em longo prazo. Faz de tudo
para manter a sua rede de relacionamentos atualizada, tanto que suas oportunidades
profissionais, além do mérito, tiveram ajuda de sua networking. Para garantir sua
empregabilidade, cultiva um bom relacionamento com seus colegas de trabalho e equipe,
atualiza contatos, está sempre informada sobre sua área e procura sempre fazer novos
cursos.
Logo que saiu da Alcoa, trabalhou como arquiteta autônoma e no futuro pretende montar
um negócio próprio, mas em outra área. Quando estiver com 50 anos, deseja ter um equilíbrio
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maior entre as vidas profissional e pessoal e quando tiver 80, quer estar trabalhando, mas com
prioridade para o lazer.
Arthur Prado de Assumpção - Experiência pautada na ética e no aprendizado
Casado há 18 anos e com uma filha de 13, Arthur Almeida Prado de Assumpção nasceu
em São Paulo em agosto de 1958 e tem mais seis irmãos. Quando criança, era bastante
tímido e adorava andar de bicicleta, montar e desmontar objetos e brincar no quintal de sua
casa. Aos 14 anos, a motocicleta entrou em sua vida, levando-o a descobrir a paixão pela
mecânica. Na escola, era considerado um bom aluno, mas na quinta série seu rendimento
começou a cair, conseqüência de um desentendimento familiar. Seus pais pensavam em se
separar e o então adolescente, abalado com a notícia, não tinha mais ânimo de estudar. Ao
perceber essa situação e preocupada com o filho, sua mãe o colocou para fazer terapia. Dos
15 aos 17 anos, o jovem contou com a ajuda de um especialista e a experiência, segundo ele,
foi fantástica, pois com o tempo aprendeu a se conhecer melhor, a ter mais confiança em si
mesmo, melhorou o relacionamento com os outros, deixou de ser tímido e aprendeu a se
expressar em público. Ele considera que o período de análise foi muito importante para a sua
vida e que até hoje colhe os bons frutos da terapia.
Nessa mesma época, seu avô materno faleceu e deixou uma fazenda como herança.
Seus pais começaram a cuidar do bem e se distanciaram um pouco dos filhos, pois estavam
viajando e trabalhando muito. Arthur e os irmãos sentiam-se muito livres para fazer o que
queriam. Saía com os amigos, voltava tarde, não estudava tanto, repetiu a sétima série e no
Ensino Médio foi expulso da escola por conversar e bagunçar muito. Parou de estudar por um
ano para se dedicar mais ao que realmente gostava de fazer: andar de moto, desmontar a
mesma e correr no Autódromo de Interlagos, onde chegou a ganhar provas mas não tinha
dinheiro suficiente para as despesas com a moto e precisava dar um novo rumo em sua vida.
Então, decidiu mudar sua rotina. Passou a estudar à noite e a trabalhar no primeiro emprego:
seu pai tinha uma empresa de comércio de material elétrico, chamada Comercial e
Importadora Manfredo Costa. Lá, Arthur trabalhava duro na separação de mercadorias e nas
demais áreas da empresa. Teve oportunidade de aprender muito nos três anos em que foi
funcionário. Nessa época, terminou o Ensino Médio com supletivo e prestou vestibular para
Engenharia Mecânica.
Cursou a Escola de Engenharia Mauá (SP). No início, sentiu muita dificuldade, pois
havia saído de um supletivo. Fez cursinho, mas não estava preparado para as exigências de
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uma graduação forte como essa, principalmente nas disciplinas de matemática e cálculo.
Pegou algumas dependências e resolveu estudar com intensidade. Desde então, não parou
mais de buscar novos conhecimentos e ser aplicado. Formou-se com 28 anos e até hoje gosta
de ler e estar atualizado em todos os assuntos.
No terceiro ano da faculdade, fez estágio na Companhia Suzano de Papel e Celulose.
Depois, fez estágio em projetos estruturais, na Themag Engenharia, empresa especialista em
projetos na área de hidrelétricas, considerada uma das maiores do Brasil. Conseguiu essas
oportunidades por sempre estar atento aos anúncios de empregos divulgados na universidade
e em outros locais. Ele se recorda de que sempre se deu bem nas entrevistas de emprego,
porque passava muita confiança e construía uma boa imagem perante o entrevistador,
conseqüências do autoconhecimento adquirido com a terapia.
Ainda no quarto ano do curso superior, começou a namorar sua esposa e após um ano
e três meses de namoro, casou-se com ela. Nesse período, Arthur ainda era estagiário e
recebeu total apoio da empresa onde atuava, a qual o tranqüilizou afirmando que seria
contratado. E foi o que aconteceu. Efetivado na área técnica da Themag, ficou lá por três anos.
Na última etapa, foi transferido para o norte do Paraná para cuidar da implantação de uma
obra de mineração. Por seis meses, atuou como Engenheiro Júnior, acompanhando a
montagem dos equipamentos, experiência que acredita ter sido muito importante para sua
carreira. Em seguida, surgiu uma oportunidade na empresa Balanças Filizola (na divisão que
atua no mercado de balanças para indústrias). Nessa empresa, ocupou a vaga de um primo na
área de suporte técnico aos clientes. Esse cargo representou um grande salto em sua carreira,
pois era uma posição para chefiar uma equipe de 15 técnicos que iam a campo prestar
assistência aos clientes, vender serviços de manutenção e peças. Apesar de nunca ter
trabalhado com manutenção industrial, aceitou o desafio e permaneceu na empresa por um
ano. Nesse período, sua esposa havia se formado em Geografia e a situação financeira do
casal havia melhorado bastante, por isso, resolveram programar o que poderiam fazer a partir
daquele momento: ter filhos, comprar um apartamento ou mudar para a Inglaterra para fazer
um curso de inglês. Escolheram a última opção. Em 1989, com três anos de casados, foram
para Londres.
Essa experiência uniu ainda mais o casal. Moravam sem sofisticação nenhuma na casa
de uma irlandesa, fizeram o curso de inglês, trabalharam em lava rápido e em outros bicos.
Depois de três meses, mudaram para Mantova, no norte da Itália, onde a irmã de sua esposa
morava. No escritório da Prefeitura local, buscaram oportunidades de trabalho. Arthur não
falava nada em italiano, mas esbanjava força de vontade. Tinha um interesse muito grande em
93
trabalhar com agricultura, por causa da herança recebida por seus pais. Queria aprender como
uma fazenda é gerenciada na Europa. Conseguiu trabalhar por dois meses em um
agronegócio. O trabalho era pesado, tinha que colher batata, alface, mas estava feliz. Segundo
ele, tudo estava indo bem: fazia exercícios, aprendia um novo idioma e a administrar uma
fazenda, ganhava dinheiro e nos fins de semana ainda viajava com a esposa pela Europa!
Após essa experiência, quis atuar na indústria. Novamente, pediu ajuda à Prefeitura local que
o colocou na Indústria de Biscoito Barilla. Nesta, começou na seção de empacotamento e
conseguiu passar por várias áreas, aprendendo realmente sobre esse processo de produção.
Ficaram até o final de 1989 na Itália quando um acidente com uma irmã de Arthur, atropelada
por um ônibus, trouxe o casal de volta ao Brasil no dia em que ela faleceu.
Além da perda familiar, o Brasil passava por um período de turbulência decorrente do
governo de Fernando Collor de Melo, presidente deposto por impeachment, em 1995. Apesar
das dificuldades, Arthur e a esposa tinham que encontrar alternativas para se sustentar e a
primeira decisão foi ajudar seus pais em Santa Fé do Sul, no interior de São Paulo. Juntou a
experiência técnica adquirida na Themag, com a comercial da Filizola e os conhecimentos
administrativos da fazenda e indústria da Europa e aplicou na fazenda de seus pais. A união
deu certo, mas, depois de um ano, Arthur foi chamado para concorrer a uma vaga na Alcoa,
resultado de currículos enviados ao voltar da Europa. O trabalho era coordenar o serviço de
suporte técnico aos clientes na unidade de implementos rodoviários que estava sendo criada e
o que fez a diferença na contratação foi sua experiência internacional, o idioma inglês e o
amadurecimento. Na empresa, passou por vários setores e obteve sucesso e progressão.
Também viajou bastante para trazer conhecimentos de fora para o Brasil. Na multinacional,
teve oportunidade de trabalhar comigo, com quem aprendeu muito, segundo ele. Seus projetos
estavam muito bem, porém, uma mudança de estratégia da empresa passou a limitar seu
espaço de crescimento. Arthur achou que era o momento de procurar novas oportunidades.
Fez um acordo pacífico com a multinacional e recebeu vários convites profissionais, por ter
muitos contatos. Logo que saiu da Alcoa, em 1998, foi fazer um curso de Pós-graduação em
Marketing na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), e se interessou muito pela
área de produtos de consumo. Com a ajuda de um headhunter, surgiu uma oportunidade na
Ripasa S.A. Celulose e Papel para o cargo de gerente de marketing da empresa, onde ficou de
março de 1998 a agosto de 2005. Mesmo com poucos conhecimentos do mercado de celulose
e papel, Arthur, mais uma vez, aceitou o desafio. Lá, além de marketing, Arthur gerenciou três
áreas: de assistência técnica, de desenvolvimento de produtos (mercado interno e de
exportação) e de tecnologia. Após a compra da Ripasa pela Votorantim Celulose e Papel e
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Cia. Suzano de Papel e Celulose, com um cenário futuro indefinido, Arthur foi sondar o
mercado. Após algumas entrevistas e contatos com headhunters, foi convidado a ocupar o
cargo de Gerente de Marketing da O-I do Brasil (Owens-Illinois, empresa líder mundial no
ramo de embalagens em vidros), função que passou a desempenhar em agosto de 2005.
No futuro, quando se aposentar, pretende montar um negócio próprio, talvez na área de
treinamentos educacionais. Pensa também em dar aula em faculdade. Ele acredita que
conquistou tudo isso porque nunca teve medo de aprender e sempre gostou muito de ensinar.
Recomenda às pessoas que, durante a sua vida, escolham bem os indivíduos com quem irão
conviver. Optem por aqueles do bem, que tenham algo a agregar. Outra dica é a honestidade
nos relacionamentos. É fundamental gostar das pessoas, de estar e conversar com elas.
Lembra que a base da vida é a família e, no mercado de trabalho, deve-se ter atitude, ser
comprometido e fazer acontecer. Ter um lado espiritual desenvolvido e fé em Deus completam
o quadro, finaliza ele.
Tarcisio Petroni - Carreira abalada pelo preconceit o etário
Tarcisio Petroni nasceu em 1946, é casado há 32 anos, pai de três filhos. Sua infância
foi tranqüila, estudava pela manhã, jogava futebol à tarde e tinha muitos amigos. Pertencente a
uma família grande, descendente de italianos, sempre gostou dos alegres encontros com os
familiares.
Tarcisio foi um bom aluno até o começo do Ensino Médio, depois começou a estudar à
noite em um curso técnico de administração de empresas e a fazer cursinho aos sábados e
domingos. Achava que aquele era o momento de decidir a sua vida. Melhorou o rendimento e
estudou tanto, que ao prestar vestibular para Economia, conseguiu passar em cinco
faculdades: USP, São Luiz, FMU, Mackenzie e na PUC-SP. Optou pela PUC que era bastante
conceituada e uma das que recebia um número maior de alunos. Naquela época, Tarcisio já
trabalhava em seu primeiro emprego, como assistente administrativo em uma fábrica de
carroceria e peças de automóvel em São Caetano do Sul. Recorda que essa foi uma
experiência muito boa e importante, pois teve oportunidade de atuar em uma indústria
automobilística, aprendendo sobre controle de produção, produzindo peças e tendo contato
com operários.
Depois de três anos, entrou, por indicação de um amigo, no departamento econômico
da Caterpillar Brasil Ltda. E, após pouco mais de um ano, saiu do departamento econômico, a
convite do diretor do departamento de vendas da empresa, área em que começou a trabalhar.
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Ficou na corporação por 11 anos, depois uma crise no Brasil fez com que 1.100 máquinas
ficassem paradas no pátio, conseqüentemente ocasionando um corte muito grande no quadro
de funcionários e Tarcisio precisou procurar outra oportunidade. Foi a primeira vez que ficou
desempregado, com três filhos para criar. Depois de quatro meses, foi convidado pelo seu ex-
diretor da Caterpillar para trabalhar na Scania, fabricante de caminhões pesados, ônibus e
motores industriais e marítimos. Ficou na empresa por quatro anos.
Depois ingressou na antiga Lion, que era revendedora autorizada da Caterpillar, em São
Paulo. Tarcisio recebeu uma boa proposta financeira e ficou por três anos desenvolvendo um
programa de marketing voltado para vendas de peças de trator. Segundo o profissional, ele
não se deu muito bem na empresa e foi novamente procurar emprego.
Descobriu que, em Curitiba, uma fabricante de geladeira e freezer precisava de uma
pessoa que desenvolvesse o mercado na América Latina. Nessa empresa, Tarcisio acha que
ganhou uma experiência internacional maravilhosa, porque teve a oportunidade de viajar
muito. Enquanto a família ficava em São Paulo, Tarcisio permanecia durante a semana em
Curitiba e a reencontrava nos fins de semana. Depois de um ano e meio, Tarcisio se viu
desempregado, até que encontrou um anúncio de jornal que procurava uma pessoa com
experiência em mercado automobilístico. Enviou seu currículo, foi chamado para uma
entrevista e no meio de 200 pessoas foi selecionado para trabalhar na Alcoa, em resposta ao
anúncio do jornal. Contou também com o auxílio de um amigo que já trabalhava na
multinacional e indicou seu nome ao responsável pela contratação. Trabalhou na Alcoa por 10
anos, quando saiu depois de uma mudança na gerência do departamento.
Ficou um tempo bem grande sem emprego, mas sempre mantendo contato comigo, que
havia saído antes dele da Alcoa. Há dois anos Tarcisio trabalha como gerente nacional de
vendas em uma fábrica que está começando no Brasil e que faz carreta de alumínio para
transporte de combustível. Acredita que a idade avançada atrapalha na hora de conseguir um
novo emprego, porque o empresariado brasileiro admite uma pessoa para sugar sua
experiência, sem continuidade. Diz que sentiu na pele esta situação de preconceito com a
idade. Mesmo empregado, continua enviando currículos para muitas empresas, mas o nível
de resposta é baixíssimo: de uns 40 currículos que enviou, foi chamado apenas para uma
entrevista. Ele tem certeza de que é por causa da idade e afirma que saiu da Alcoa também
por causa disso.
Sempre que esteve desempregado, não fez cursos, nem aceitou serviços fora de sua
área de atuação porque sempre quis voltar para o mercado de trabalho na sua área de
formação e experiências. Para voltar ao mercado de trabalho, sempre contou com sua rede de
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relacionamentos além de responder anúncios de jornal. Teve oportunidade de participar de
uma consultoria de recolocação que, segundo ele, não ajudou em nada.
Tarcisio diz que já poderia estar aposentado, mas que trabalha porque gosta e porque
financeiramente não está preparado para parar de atuar no mercado. Daqui a 10 anos,
aproximadamente, Tarcisio sonha em montar com a esposa um bom bar ou uma pousada, no
nordeste. Diz que hoje é uma pessoa em busca de uma felicidade maior.
Tatiana Dalben Munhoz - Um início de carreira batal hador
Tatiana Dalben Munhoz é um exemplo de quem está iniciando a carreira. Nascida em
São Paulo em 1977, é solteira, sem filhos e tem uma irmã e um irmão. Tem boas recordações
de quando era criança e sempre esteve muito próxima de seus familiares. Segundo Tatiana,
seus pais sempre foram muito presentes em sua vida, além de conviver com amigos,
companheiros e ótimos educadores. Sempre prezaram pelos estudos, educação e
comportamento dos filhos. Assim também ocorreu com seus avós, principalmente os
maternos, pessoas de quem se lembra com muito carinho e emoção.
Na adolescência, diz ter sido uma boa aluna, exigente consigo mesma e que sempre
gostou de matérias voltadas à área de humanas. Sempre prezou pelos amigos e pela
companhia deles nas festas e nos passeios todo fim de semana. Formada em Administração
de Empresas, com pós-graduação em Gestão de Marketing Global, escolheu o curso porque
buscava o conhecimento geral da organização e gestão de empresas, focalizando
posteriormente Marketing, a área que mais aprecia. Seu primeiro emprego foi como
demonstradora de produtos de uma grande empresa de eletroeletrônicos. Participou do
processo seletivo, por meio de um anúncio divulgado na faculdade. Foi contratada por três
meses como temporária, por uma empresa que prestava serviços para o fabricante de
eletroeletrônicos. Terminado esse prazo, seu contrato foi renovado com outro prestador de
serviços e Tatiana manteve as mesmas responsabilidades e função. Fazia demonstração de
produtos nos pontos-de-venda, acompanhamento das vendas, análise das ações da
concorrência e do comportamento do consumidor.
Depois, por aproximadamente seis anos, trabalhou em uma grande multinacional
americana do ramo metalúrgico, oportunidade conquistada após passar por um processo
seletivo também divulgado na faculdade. Durante essa experiência, atuou como estagiária, na
implantação do projeto de venda direta ao consumidor (Marketing Direto), dentro da área
97
comercial, gerenciada por mim. Posteriormente, assumiu a administração de vendas do
mercado de um produto desenvolvido pela empresa e passou a ser analista comercial. Após
essa experiência, foi convidada por mim a trabalhar na RC Invest Consultoria Financeira. Em
uma nova oportunidade, trabalhou em uma agência de publicidade como assistente de new
business, prospecção e desenvolvimento de clientes, atendimento e planejamento das ações
de marketing e eventos. Hoje, Tatiana é gerente de conferências em uma multinacional
provedora de informações a executivos por meio de eventos.
Para ela, o curso de inglês foi fundamental para sua carreira e agregou muito valor ao
seu currículo. Pretende ainda estudar italiano, pois aprecia o idioma e cursar uma nova pós-
graduação, voltada para o estudo do comportamento do consumidor. Para desenvolver tudo o
que deseja, Tatiana costuma definir objetivos, buscá-los incessantemente no prazo
estabelecido e afirma ser fundamental para sua vida o equilíbrio entre o trabalho e lazer, afinal
ele é importante para manter qualidade de vida, de relacionamentos e bons resultados
profissionais. Tatiana se viu desempregada em dois momentos. No primeiro, ficou dois meses
e no segundo quatro meses sem emprego. Durante esse período, procurou e avaliou novas
oportunidades no mercado. Sua trajetória profissional nunca a obrigou a mudar de cidade ou
de país, mas caso seja necessário, avaliará a oportunidade. Já pensou em abrir um negócio
próprio, mas acha que ainda não é o momento.
Já no início da carreira profissional, identificou o quanto deve ser valorizada e atualizada
a rede de relacionamento. Prova disso é que ela já foi convidada a trabalhar com pessoas com
quem já havia trabalhado no passado. Com relação ao relacionamento interpessoal, aprecia
trabalhos em grupo, tem bons relacionamentos com colegas de trabalho e preza pelo bem–
estar do grupo. Busca atualização constante, procura aprender algo novo a cada dia com as
realizações no trabalho, com as pessoas que estão a sua volta e avalia continuamente seu
desempenho e postura. Busca seu aperfeiçoamento a cada dia e seu objetivo é garantir
sempre a superação de resultados. Na vida pessoal, valoriza demais a família e as pessoas
que ama.
Quando atingir os 50 anos, pretende ter se consolidado como alta executiva, multiplicado
seu conhecimento e realizado trabalhos sociais, sem esquecer da dedicação com a família.
Aos 80 anos, espera curtir a velhice ao lado dos familiares e continuar a se dedicar ao trabalho
social. Deseja ter muita energia e saúde para ultrapassar os 100 anos de vida.
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Werner Kugelmeier - Objetivos a serem conquistados também na segunda vida
Werner K.P. Kugelmeier nasceu na Alemanha em 1945, tem quatro irmãos, é casado há 33
anos e é pai de duas meninas e um menino. Apesar de ter crescido no período pós-guerra,
sua infância se deu sem maiores traumas, pois seus pais souberam absorver o impacto da
reconstrução da Alemanha e manter saudável a vida pessoal e familiar.
Quando criança, dentro da escassez de brinquedos, Werner brincou com trens bem como
desenhou e modelou miniaturas de navios e aviões. As brincadeiras na rua com os vizinhos e
os jogos educativos com irmãos e amigos fizeram parte de sua rotina. Não freqüentou jardim
de infância. Na escola foi um aluno mediano, segundo ele, e tinha matemática, geografia e as
atividades esportivas como disciplinas preferidas. Já a adolescência foi marcada por uma
educação rígida caracterizada por dedicação, disciplina e diligência, práticas que zelavam por
valores como união, caráter e empenho. Foi bem preparado e orientado a dar o melhor para o
estudo, o trabalho e a vida de maneira geral. Dessa fase, Werner recorda-se das
comemorações, sempre em família, de Aniversário, Páscoa e Natal. O primeiro Fusca do pai,
a primeira viagem de família ao exterior, a primeira medalha conquistada no atletismo, a
“vizinhança” com o Estadista Chanceler alemão Konrad Adenauer, a carteira para velejar em
alto mar, o primeiro contato intelectual com o existencialismo (Sartre, Camus), a “rebeldia”
contra excessos do rigor da educação jesuíta, a primeira escalada de uma montanha nos
Alpes, o tour individual para o Saara, com parada num oásis e a conclusão do serviço militar,
como Tenente resumem essa fase-chave de sua vida.
Werner completou duas graduações: Direito, curso pelo qual optou, por representar uma
plataforma de escolha múltipla de profissões, e Administração de Empresas, para abrir
oportunidades de emprego no Brasil. Após pesquisa in loco de opções de emprego, “batendo
porta uma-a-uma”, emigrou para Brasil em 1976. De 1976 a 1981, trabalhou como Assessor
Jurídico na Robert Bosch do Brasil, atuando na área de Direito Internacional & Corporativo,
bem como com áreas internas na divulgação de matérias jurídicas pertinentes; na seqüência,
seguiu carreira como Assessor para Informatização do Planejamento de Produção e
Encarregado de Importação. De 1981 a 1984, atuou como Coordenador de Vendas na
Westfalia Separator do Brasil, multinacional alemã fabricante de centrífugas industriais. Em
1984 assumiu o cargo de Gerente de Comércio Exterior na Mahle Indústria e Comércio,
Multinacional alemã fabricante de pistões, camisas e kits para veículos, local onde ficou por
cinco anos, quando foi convidado pelo Vice-Presidente de Vendas da Champion Papel e
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Celulose, multinacional norte-americana, atuante no setor de celulose e papel, onde foi
responsável pela gerência da área de Exportação, depois gerência geral de Vendas
Internacionais; atuou, ainda, como Gerente Geral de Value Based Management - VBM, sendo
responsável pela introdução desse Modelo Corporativo de Gestão na Unidade Brasil.
O profissional aproveitou as oportunidades de treinamentos oferecidos pelas empresas
onde atuou, em particular nos EUA; com eles pôde expandir seus conhecimentos, espelhando-
se em outras mentalidades e comportamentos. Afirma ter crescido também profissionalmente
devido à diversidade de tópicos abordados por instrutores de gabarito superior, de forma
extremamente interativa e estimuladora. Werner defende que, acima dessas oportunidades,
considera a escola da vida seu curso principal. Atualmente, pretende oferecer treinamentos
para aqueles que precisam, querem e podem modernizar a gestão humano-empresarial.
Werner planejou sua vida pessoal e profissional. O fato de morar no Brasil, ter optado pela
carreira empresarial multinacional e ter se casado com uma brasileira negra foram
concretizados porque ele estabeleceu metas e agiu para conquistá-las. Conviver de uma
maneira integral e interativa com a família é um exercício diário. No âmbito pessoal, fixa
objetivos multiculturais; no âmbito profissional, busca desempenho acima da meta; no âmbito
social, tem como foco uma networking mais profissional do que particular. Seu tempo é
administrado de tal forma que prioridades profissionais não se tornem pendências; diz que o
equilíbrio entre a vida pessoal e profissional não é fácil, no entanto, trata-se de uma prioridade-
chave.
Sobre a networking, Werner diz ter percebido a importância desse recurso desde o início de
sua carreira e diz manter atualizada sua lista de contatos nacionais e internacionais, a qual já
lhe foi útil em busca de parcerias, associações, publicação, divulgação, aprendizagens e
execução de projetos. Para manter sua empregabilidade, diz que trabalha para praticar o que
prega: tornar-se empreendedor para dinamizar práticas de gestão corporativa –
fundamentadas, diferenciadas e atualizadas; por sua vez, a esteira para transformar sonhos
em soluções, idéias em negócios e objetivos em resultados; educa-se para ousar, busca
clareza quanto ao que fazer, com quem trabalhar e como executar; automotiva-se para
transformar conhecimento, habilidade e postura em sustento da vida pessoal e profissional.
Na fase em que ficou desempregado, de setembro de 2000 a março de 2001, devido ao
takeover da Champion Papel Celulose pela International Paper, Werner buscou oportunidades
para trabalhar em Consultoria Corporativa e Executiva, até sentir que havia chegado o
momento de montar o negócio próprio, a plataforma para converter conhecimento e
experiências adquiridas, como a mudança da Alemanha para o Brasil, os 25 anos de carreira
100
em multinacionais, viagens de negócio para cerca de 60 países, nos cinco continentes,
atuação na área de Gestão Executiva em uma Assessoria de Educação Corporativa, em um
empreendimento próprio. Essa decisão, segundo Werner, foi enraizada em seu destino,
embasada na sua vida e fundamentada em seu aprendizado. Além disso, teve o cuidado de
sondar o que o mercado precisava e hoje é proprietário da WK PRISMA – EDUCAÇÃO
CORPORATIVA MODULAR de Campinas.
Com 60 anos, Werner diz estar constantemente buscando o equilíbrio mental, emocional,
físico e espiritual. Como marido e pai, diz estar cumprindo sua missão de parceiro e orientador.
Como profissional diz estar realizado atuando à frente do negócio próprio e, como cidadão, diz
estar assumindo responsabilidade voltada para os discriminados. Mas ainda quer mais.
Pretende escrever um livro, abrir uma Academia para Jovens Empreendedores, ser mentor e
coach para seus filhos e fazer viagens de “descoberta” com a esposa. Sua meta superior é:
“viver a vida” e contribuir para que outros possam fazer o mesmo.
Agora que terminou a leitura das histórias reais, houve a oportunidade de conhecerem 12
pessoas diferentes: homens, mulheres, jovens, mais sênior, variadas, formadas, viajadas,
globalizadas, vivenciadas. Não existem dois indivíduos iguais. Muitos têm até alguns pontos
semelhantes e você pode ter se identificado com um deles. Perceba que todos são maduros e
que olham para o futuro e agem para alcançá-lo com sucesso. E você? Identificou-se com
alguém? Pense em sua história e a escreva também!
Quando você nasceu? Em que lugar?
Onde morou? Como foi sua infância?
Como era/é o relacionamento com a família?
Estudou?
Namorou?
Casou?
Trabalhou?
Viajou?
E o seu futuro?
O que pretende fazer daqui a 10 anos? E daqui a 20?
Onde quer morar?
E o trabalho? Está satisfeito, quer mudar?
Pretende Viajar?
101
Casar ?
Estudar?
Aposentar?
Pense no que você gostaria de ler a seu respeito se a sua história estivesse na próxima
página. Comece hoje a escrever a história do resto da sua vida. Planeje!
A história de _______________________ data_________________________________
102
CAPÍTULO VIII
Dicas que podem ser úteis
Para finalizar, gostaria de deixar algumas dicas que podem ser importantes para sua
vida e carreira. Finalizo com este capítulo, pois foram colocações como estas que me
incentivaram a fazer o livro.
Antes de tudo, quero agradecer a minha rede de relacionamento que contribuiu
imensamente com este capítulo. Familiares, amigos, ex-companheiros de trabalho e atuais
colegas profissionais me ajudaram a lembrar algumas das minhas palavras, frases, histórias
ou ações que durante minha trajetória marcaram as pessoas e serviram de alguma forma
para o crescimento destas. Espero que estes relatos sejam importantes contribuições para
vocês! São alguns exemplos de virtudes de que um executivo precisa para sobreviver.
Saber orientar
Contribuição de Arnaldo Benegas
“ Creio que estou muito satisfeito com minha carreira e cheguei aonde planejava. Devo isso a
algumas pessoas que me guiaram em momentos decisivos; Thomas foi uma delas. Poderia ter
chegado mais rápido e mais longe, se o tivesse conhecido antes e me preparado melhor com
idiomas. Hoje respondo a uma estrutura matricial, com pessoas de várias nacionalidades e o
idioma comum é o inglês. Além disso, nesses últimos anos todas as oportunidades que
apareceram foram voltadas à globalização. Sempre me lembro de que você me puxava as
orelhas: "sem inglês você não vai longe". E isso foi mais do que básico; foi crucial. Ainda hoje
tenho muita dificuldade em contratar pessoas com este requisito, e sempre uso suas palavras
para motivar os meus. Creio que sua visão global (na época visionária), e o incentivo para
aprimorar idiomas é a base para qualquer carreira que se inicie hoje em dia.”
103
Contribuição de Alexandre Lira de Oliveira
“Estava na sua casa em janeiro de 2004 (sou amigo dos filhos de Thomas) e começamos a
falar de trabalho. Era uma época em que eu estava questionando o reconhecimento que eu
recebia na multinacional americana onde eu era analista fiscal corporativo, apesar de formado
advogado havia um ano - função esta que eu queria ali exercer naquele momento.
Conversando sobre minha atuação profissional, Thomas perguntou como caminhava a
empresa onde eu trabalhava e eu respondi apontando o faturamento. Para minha surpresa,
Thomas queria informações sobre o lucro e eu não sabia. Da mesma maneira, Thomas
perguntou sobre as metas de meu chefe para recebimento de bônus - outra informação
fundamental que eu desconhecia. Passados um ano e meio usando esses conceitos, hoje sou
sócio do escritório de advocacia em que trabalhei. A conversa encerrou, naquele dia, com uma
analogia entre o cão fila no quintal, seus biscoitos caninos e os negócios. Thomas falou uma
de suas frases ‘no honey no money’, explicando que ‘se não há trabalho, não há
recompensa!’”
Contribuição de Jessica de Camargo Reaoch
“Tem um conselho que meu pai me deu e eu não segui, e se tivesse seguido sem dúvida me
ajudaria muito hoje: Faz pelo menos uns oito anos que escutei pela primeira vez a frase
‘aprenda a falar chinês’. Talvez ainda dê tempo!”
Contribuição de Vânia Dantas
“Acho que já comentei com você sobre o encorajamento que suas palavras me transmitiam.
‘Faça. Se der errado estarei aqui para te ajudar a corrigir. Se der certo estarei aqui para te
aplaudir.’ Aliás, não era comum ouvir você dizer ‘erro’, mas sim ‘oportunidade’”
Saber Ouvir
Contribuição de Sandra Teixeira
" ‘Pode falar que eu estou ouvindo’ – Essa frase me marcou pelo interesse sempre
demonstrado em primeiro ouvir o que as pessoas estavam querendo dizer, para depois disso
104
analisar a situação e dar o seu parecer. Isso para mim é muito importante e são qualidades
raras de se encontrar nas pessoas: ouvir os outros e demonstrar o quanto as pessoas são
importantes.”
Contribuição de Fernando Santos
“Quando chegava alguém com problemas no trabalho, o Tom primeiro ouvia com atenção e
respeito e logo depois respondia: ‘Você está me dizendo tudo isso porque você quer que eu
resolva por você, é isso?’ Cabe um comentário a esse respeito: todos tinham um grande grau
de autonomia e confiança, e embora o Tom estivesse envolvido nas informações boas ou
ruins, ele mantinha o desafio para que o funcionário pudesse dar conta do recado e era uma
equipe muito automotivada.”
Contribuição de Michael C. Reaoch
“Lembra quando eu estava em dúvida sobre aceitar a proposta da empresa de logística
européia? Durante a nossa conversa, você foi mostrando os prós e os contras de aceitar a
proposta, de ir para a Bélgica que provavelmente seria uma furada mesmo, pois a empresa
não era suficientemente preparada para lidar com a incerteza. Mesmo depois de saber o que
poderia acontecer, você me falou : ‘it is your call, that's life in the big city’ . Entendi que, mesmo
sabendo o que poderia vir a acontecer, as decisões fundamentais devem ser tomadas
sozinhas, quero dizer seguindo o instinto. O conselho é algo valiosíssimo e ajuda muito na
hora de tomar uma decisão.”
Saber Elogiar
Contribuição de Paulo Ananias
“Certo dia recebi uma ligação dele indagando sobre a previsão de venda de laminados para
aquele mês, e após fecharmos os números, ele fez o seguinte comentário: ’Eu estou
providenciando a sua clonagem junto ao Governo americano’ - e no auge da minha inocência
quis saber por que, quando ouvi a sua emocionante homenagem: - ‘Eu preciso ter na minha
equipe no mínimo duas pessoas como você’.
105
Uma observação aparentemente simples mas, naquele momento, talvez por estar me
sentindo um tanto fragilizado teve um efeito absolutamente positivo. Passei a me sentir mais
capaz do que pensava ser, passei a me sentir mais útil à Cia. e, com absoluta certeza, foi
muito útil na minha vida, e continua sendo.”
Saber priorizar
Contribuição de Luciana Kuzolitz
“Lembro de uma frase sua: ‘first things come first’, que deixava claro a importância de saber o
que é prioridade e agir com foco.”
Contribuição de Douglas Albuquerque
“Certa vez, numa reunião, alguém citou um pequeno cliente que estava com algum problema e
em seguida, foi também citado outro cliente, porém muito grande. Quem de direito disse para
eu atender o grande cliente primeiro. Você, porém, disse que primeiro iríamos atender o
pequeno, pois ele seria o grande de amanhã. E foi exatamente o que aconteceu.
Hoje, ao executar meu trabalho, sempre me lembro dessa frase que, pra mim, se tornou um
lema de vida.”
Saber Energizar
Contribuição de Luis Lenski
“A capacidade e energia de realizar, construir e pensar coisas novas e diferentes, mesmo sem
ter todas as respostas quanto à elaboração de uma estratégia, são características encontradas
no Thomas. Dois ditados resumem para mim a sua forma de atuar e são aprendizados que
Thomas me possibilitou na prática:
- ‘O ótimo é inimigo do bom’
- ‘Uma estratégia ruim pode sobreviver caso a execução seja com excelência. No entanto, uma
estratégia excelente, certamente, não sobreviverá a uma execução ruim’”
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Contribuição de Adilson Molero
“Eu não me lembro de nenhuma frase específica que você tenha me dito nesse tempo,
mas de coisas que você fez eu me lembro de muitas, todas envolvendo uma agressividade e
uma energia muito grande, talvez características dos americanos. Você sempre fazia coisas no
impulso, parecendo ter pensado pouco a respeito, mas tendo certeza absoluta do sucesso. O
importante parecia ser o impacto, a velocidade de implantação, a surpresa, a inovação.
Lembro das rodas forjadas, das telhas pintadas, do siding, da carroceria basculante, da
caixa de ferramentas para pick ups etc. Em muito pouco tempo, você já tinha o produto, os
folhetos, pessoal treinado etc.”
Saber incentivar
Contribuição de Henrique Fonseca
“Uma intensa interação com a fábrica, onde demonstrava bastante entusiasmo na condução
dos desafios entre nossas vendas e a resposta da fábrica. Lembro que às vezes você entrava
na sala de PCP, com uma expressão de incentivo : ‘Go , go, go’" como se estivesse na proa
de um barco, puxando os remadores. Este espírito de entusiasmo e comprometimento é a
lembrança mais forte que guardo de sua gestão! Hoje, às vezes, também uso essa expressão
com meus comandados.”
Saber aconselhar
Contribuição de Glycon Garcia, JR.
“Sabemos que momentos de transição em nossas vidas, como é o caso de mudança de
atividade profissional, não são fáceis de transpor. Foi Thomas a primeira pessoa que se
apresentou como um orientador, como um guia, para que eu reestruturasse meu projeto de
vida pessoal e profissional. Mostrou-me o caminho que teria pela frente, fazendo-me conhecer
sua experiência vivida, com seus tropeços e angústias, mas também com suas conquistas e
realizações.”
107
Contribuição de Cláudio Vilaça
“Durante o período de incerteza, recordo-me de um momento quando você apontou, pela
janela de um restaurante, para um vendedor de loteria que estava na rua e me disse: ‘Você
acredita que estará igual a ele vendendo loteria para o resto da vida, se sair da empresa que
trabalha atualmente, ou vai acreditar no potencial que existe dentro de você e encontrar outro
igual, ou melhor, do que o atual? Continuou: ‘Não tenha medo, existe um mundo lá fora tão
bom quanto a empresa onde você trabalha, mas ela tenta criar um escudo para protegê-la de
perder os melhores talentos. Portanto, não esqueça de olhar o outro lado e se prepare para
ele, melhorando seus conhecimentos, estude mais, leia mais, ligue mais para saber como
estão seus amigos etc., mesmo que não tenha interesse de deixar a empresa, mas o outro
lado precisa conhecê-lo também’”
Saber prever
Contribuição de Cristina Palmieri
‘Onde você quer estar daqui 5 ou 10 anos?’ foi a pergunta que você me fez um dia
– já era meu chefe - Eu não entendia aquilo muito bem naquela ocasião...Lembro-me de uma
época em que nós usávamos um simples terminal de computador ligado às fábricas, somente.
E-mail? Qual nada! Nem fax existia, tão pouco informações on-line! Estávamos em uma
reunião de equipe, e você disse ao grupo: ‘Vai chegar o dia em que os vendedores estarão no
cliente e, antes mesmo de saírem de lá, seu pedido de venda já terá chegado na
administração de vendas’. E quando o assunto era cliente? Acho que foi aí que me apaixonei
pelo tema – e me tornei tão exigente com o trabalho voltado ao cliente. ‘É importante que o
cliente saiba que o seu problema está sendo tratado...Ele precisa ser comunicado, sempre....’–
dizia o Thomas.
Aprendi sobre a importância do planejamento em nossas vidas; ser um profissional
comprometido, ir sempre além e fazer a diferença!”
Saber se relacionar
Contribuição de Caio Marcelo Vaz de Almeida Junior
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“Quem me conhece sabe que inscrevi minha banca de advocacia na AmCham com o intuito de
fomentar relacionamentos comerciais que, de outro modo, jamais se concretizariam em razão
da minha timidez. Apesar do aparente contra-senso, em especial quando se evoca o
estereótipo do advogado falante e de gestos exagerados, sou uma pessoa acanhada,
absolutamente avessa ao comportamento chamativo. Isso fez com que, ao longo da minha
carreira, eu perdesse oportunidades interessantes, cedendo o lugar para aqueles que, no
momento certo, souberam fazer o ‘carnaval’ que lhes garantiu o sucesso. É nesse momento
que você entra na história. Sem contar que você foi o meu primeiro cliente conquistado na
Câmara Americana. Ao observá-lo se relacionando com outras pessoas e empresas, constatei
que aquilo a que eu chamava de ‘carnaval’ era, na verdade, um comportamento
absolutamente necessário para a minha sobrevivência enquanto empreendedor. Não havia
nada de mais em se vender, em se valorizar, em se mostrar e conhecer gente. Foi você quem
me mostrou isso. Aos poucos, fui percebendo que a ‘auto-venda’ faz parte do jogo dos
negócios e que, por conta disso, se eu quisesse sobreviver, precisaria aprender a jogá-lo.
Você sempre me incentivou a me comunicar com as pessoas que estão ao redor de
mim, a me mexer, a não ficar quieto e a perguntar. Não há evento social em que estejamos
juntos que você não me apresente para alguém! Todo esse seu dinamismo acabou por
contribuir com meu espírito de negócios que, maleável, tornou-me mais acessível às pessoas
e à autopromoção.”
Contribuição de Marisa Assis
“O que me marcou no nosso relacionamento foi uma frase que você me falou quando saí
da Alcoa em 2003. Você me disse: ‘Quando saímos de uma empresa devemos sinalizar ao
mercado que estamos disponíveis, assim como quando terminamos um casamento de muitos
anos. Se desejamos arrumar outro emprego ou outro cônjuge devemos fazer com que todos
saibam que estamos livres...’ Lembro-me sempre dessa frase e a utilizo sempre que possível!
Em maio de 2005, quando saí da Hydro, a usei novamente com um amigo que estava na
mesma situação que eu.
É claro que após este dia comecei imediatamente a passar e-mails com o número do meu
novo celular e outras informações para amigos, fornecedores, ex-colegas de trabalho, clientes
entre outros, esperando que sua estratégia funcione novamente.”
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Contribuição de Orley Fernandes
“Em primeiro lugar, foi natural e espontânea a maneira como nos conhecemos e fomos nos
aproximando gradativamente. Uma confiança mútua foi se fortalecendo pelo simples
cumprimento nas diversas vezes que nos encontramos: um cumprimento verdadeiro,
considerando e se importando com o próximo. Podemos definir como empatia.
Para estabelecermos um contato mais próximo levou tempo, não aconteceu do dia para a
noite. Na maioria das vezes, os acontecimentos não se desenrolam na rapidez de que
gostaríamos. Foi um processo natural, como já disse, e necessário para que nossa amizade e
relacionamento profissional progredissem.
Para terminar: a transparência no relacionamento profissional é fundamental, sobretudo
quando a autenticidade vem à tona naturalmente. Isso pode ser constatado nas mais diversas
situações vivenciadas. É fato que, nos dias de hoje infelizmente, a autenticidade está se
tornando cada vez mais rara e cada vez mais procurada no complexo sistema de sociedade no
qual vivemos.”
Saber Marcar (influenciar)
Contribuição de José Luiz Villena Defez
“Comentarei sobre uma pequena história que nasceu quando conheci Thomas. Foi na
entrega de um prêmio em São Paulo. Thomas me entregou esse prêmio e depois ficamos
conversando um bom tempo. Foi a primeira vez que escutei dele seu conhecido e famoso:
‘anyway’. Por essa época, na fábrica começamos a pronunciar essa frase e até hoje, depois de
quase 15 anos, seguramente ela é utilizada!”
Contribuição de Harumi Morita
“Sempre lembro do Thomas quando assisto ao programa de tv “The Apprendice”, com
Donald Trump. Eles são muito parecidos!!! Rápidos, direto ao ponto, decididos, incisivos,
questionadores, positivos, ambiciosos, observadores, acreditam em si mesmos e no potencial
de seus colaboradores. É impossível ficar indiferente a sua presença! Lembro sempre que
perguntava às pessoas: ‘Olá, tudo bem?’ E as pessoas aqui no sul costumavam responder:
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‘Tudo tranqüilo’. Então você comentava: ‘Então está ruim, pois se está tudo tranqüilo, está tudo
parado!!!!’.
Acho que quando Thomas nos perguntava como estávamos, era como se nossa própria
consciência nos estivesse perguntando, pois não perguntava apenas por perguntar, mas
questionava qualquer resposta! Essa sua característica de não se contentar com menos, de
questionar tudo e interferir em tudo que o cerca é a característica que mais me chama a
atenção, pois você interfere em tudo para melhorar, o que demonstra uma grande dose de
altruísmo, e mostra o valor do ser humano.”
Contribuição de Salathiel Lage
“De tudo que conversamos sobre o tema do livro de Thomas, o que mais me marcou foi a
frase, que daria origem ao título da obra: "de executivo empregado a executivo executado”. É
a dura realidade ocidental que simplesmente descarta do mercado os profissionais de mais
idade, em contrapartida à filosofia oriental que respeita "nosso tempo de estrada", de bagagem
e experiência. Sua iniciativa, escrevendo este livro, refletem uma efetiva generosidade,
solidariedade e prestação de serviços em benefício daqueles que vão ingressar no mercado
de trabalho. É uma oportunidade valiosa, de receber daqueles que já têm experiência, um
alerta no sentido de que sejam evitados os obstáculos, tropeços e decepções, ou, pelo menos,
minimizados. Seu livro é um alerta do bem!”
Saber Ousar
Contribuição de Walter Freitas
“O ano era 1999. O mês era julho, eu acho! A Alcoa patrocinava o Campeonato de
Fórmula Truck e alguns de seus pilotos também. Estávamos na corrida de Curitiba ( Paraná ).
O frio era terrível. Havia um camarote pertencente à Alcoa, onde reuníamos os principais
clientes da região para acompanhar o evento e, assim, dentro de um ambiente informal, criar
uma proximidade mais saudável.
No intervalo entre a primeira e segunda bateria da corrida, costumávamos chamar
os pilotos que patrocinávamos até o camarote para que nossos clientes os conhecessem,
pudessem tirar fotos, etc.Havia uma ‘pilota’ - a Débora Rodrigues - mais conhecida como
‘Débora, a Sem Terra’. Era uma mulher muito bonita que havia pertencido ao MST (Movimento
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dos Sem Terra) e tinha sido capa de uma revista masculina’. Você lembra do sucesso que ela
fazia? Chegava sempre nas últimas colocações, mas era a ‘pilota’ mais assediada entre todos.
Débora estava usando somente uma camiseta e estava com muito frio. Você não
perdeu tempo, tirou sua jaqueta que tinha o logo da Alcoa e presenteou a garota. Quem
passou a ter muito frio foi você e, ao ser perguntado porque teve aquela atitude, você
respondeu : ‘Você imagina quanto vale a Débora Rodrigues usando a jaqueta com o logo da
Alcoa ? Você imagina quantas pessoas vão olhar para ela com a jaqueta?’ A pessoa que
perguntou certamente esperava outra resposta, por exemplo: é uma mulher bonita.
Terminando a história: eu andei mais de um quilômetro para pegar uma outra jaqueta que
tinha no meu carro para dá-la a você, porque o frio era realmente de ‘rachar’”
Contribuição de Edson Schiavotelo
“Todas as vezes em que tínhamos qualquer tipo de reunião maior, e menos usual, você
vinha sempre com algo diferente, para ‘mexer’ com o grupo. Nem que fosse a distribuição de
um chapéu com o logo da Alcoa, para os participantes, como fez certa vez.”
Contribuição de Alfenus Ávila
“ Um dia, em uma das reuniões de resultados no Cenesp, você levou uma garrafa de
Johnnie Walker, se não me engano. Para surpresa de todos, abriu a garrafa, serviu uma
primeira dose e começou a beber. Só que não era uísque, era chá! Acho que você quis citar
Platão usando uma metáfora: “Aquilo que se assemelha muito à verdade não é a verdade”.
Saber Rir
Contribuição de João Rached
“Acho que eu e você sempre gostamos de usar um humor irreverente, e isso facilita
muito as relações dos brasileiros, principalmente os “brasileiros da Pensilvânia”.”
Saber Aprender
Contribuição de Armando Martins
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“Não adianta abrir portas, se você não passa por elas, ou seja, não adianta criar uma
oportunidade se você não a aproveita adequadamente.”
Contribuição de Sônia Estancioni
“Ouvi muitas coisas interessantes da sua abordagem em gerir pessoas, mas a que eu gravei
e utilizo até hoje: ‘É importante aprender alguma coisa nova todo dia’”
Saber Ensinar Contribuição de Rômulo Castanho
“Tive o privilégio de conhecer o Thomas em 2000, na época em que trabalhávamos na
Virtual Case, uma empresa de tecnologia que estava crescendo com a onda da Internet. O
Thomas havia se desligado da Alcoa, em busca de novos conhecimentos e aprendizado. Era
chamado pelos sócios da Virtual Case de ‘Lion’ por este espírito empreendedor e ousado.
Trabalhou ainda durante um tempo sem se preocupar com a sua remuneração. A sua busca
era entender um novo mercado, o desconhecido, e o novo o fascinava.
Oportunamente, reencontrei o Lion cinco anos mais tarde, em uma reunião de
executivos na cidade de Campinas. Nós dois havíamos nos desligado da Virtual Case e
tínhamos seguido caminhos diferentes. Trocamos cartões e combinamos de nos encontrar em
outro dia com mais calma, ocasião em que eu aproveitei para contar sobre minha nova
atividade. Atualmente tenho três unidades de um colégio (Colégio Objetivo) na cidade de
Campinas e comecei a falar das nossas maiores dificuldades e barreiras. Como sempre, o
Thomas de uma maneira muito simples foi me dando toques, alguns telefones para contato de
pessoas influentes e importantes e uma das coisas mais simples que ele me disse achei
surpreendente.
Quando contava a ele que uma de nossas unidades, a de Barão Geraldo, tinha uma
localização escondida, e mesmo as pessoas do bairro tinham dificuldade em achá-la, ele me
fez uma pergunta simples, mas certeira: ‘Os frentistas dos postos de gasolina sabem onde
vocês estão? Você já conversou com eles? Já os levou para conhecerem o colégio?’
E no mesmo momento em que respondia negativamente, percebi a importância dos
postos de gasolina em relação ao meu negócio. É óbvio, todo mundo pede informações nos
postos de gasolina. Se meu negócio fica em um lugar de difícil acesso, e nem os frentistas dos
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postos sabem a localização, quem será capaz de achar? O Thomas, além de sua amizade,
consegue aliar todo o seu conhecimento e sua experiência à sua simplicidade como pessoa, e
naquele dia me deixou esta lição, simples, mas de uma tremenda razão: ‘Faça com que os
frentistas dos postos de gasolina de sua região conheçam o seu negócio e saibam onde você
está!’ “
Contribuição de Sandra Borges (Bia)
“Você lembra daquele pedaço de papel com informações sobre o seu cliente? Enfim,
era uma forma de manter um relacionamento mais próximo com o cliente ligando para ele em
datas especiais como aniversário, natal etc. Lembrando disso, eu pensei na frase: ‘No mundo
corporativo as pessoas acabam vestindo máscaras, porém você não pode esquecer da sua
essência que faz de você a diferença no meio do todo. Surpreenda seu cliente mesmo que
seja com uma ligação desejando um bom dia!!!’”
Obs. A dica é da “Bia” e aprendi com ela. Eu a conheci em um processo de benchmarking,
quando visitei uma revenda de automóveis e “Bia”, então com 16 anos, era a campeã de
vendas de automóveis via telemarketing.
Saber Valorizar
Contribuição de Fernanda Mendes
“Tenho duas contribuições a fazer: foram dois gestos que, embora pareçam bobinhos,
me marcaram muito, especialmente porque era uma profissional em início de carreira e pelo
fato de ser mulher em uma empresa um tanto quanto machista.
A primeira foi uma vez que você não se lembrava se tinha sido eu ou a Paulinha que
tínhamos participado de uma reunião em que você tinha colocado uma idéia interessante. Eu
disse que não me lembrava de ter participado e brinquei que eu tinha ficado chateada por ter
sido confundida com a Paulinha. Então, gentilmente, me disse que não se importava muito
porque para você, as duas eram igualmente competentes. E isso foi muito legal de ouvir.
A segunda foi uma vez que eu tinha acabado de sair de uma reunião super difícil e
quando saí da sala, você estava me esperando para pedir a minha opinião sobre algum projeto
da sua área. Não bastasse isso, você começou a fazer elogios sobre mim para meu chefe. E
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isso também me deixou muito feliz! Foi algo muito importante, pois fez com que me sentisse
valorizada e respeitada.”
Saber ser otimista
Contribuição de Alécio Faria
“Eu perguntava a ele todo dia pela manhã: ‘Good news or bad news?’ E ele respondia
que não sabia o que eram ‘bad news’, pois apenas conhecia ‘good news’”
Saber recomeçar ou saber perder
Contribuição de Laércio Alves
“Outro dia apresentei um projeto para um novo cliente. Ele gostou e eu sugeri que
submetêssemos o mesmo à chefia. Eu expliquei que se o projeto fosse bom e ele conseguisse
sucesso sem a participação do chefe, ele se sairia mal, porque o chefe não gosta de ser
suplantado pelo subordinado. Se ele concordou, não sei. Mas, perguntou:
- O que aconteceu com o seu amigo?
- Ele apareceu mais que o chefe e perdeu o emprego.
Por isso é bom sempre lembrar a sabedoria de Baltazar Gracian, reitor do Colégio dos
Jesuítas da cidade de Tarragona-Espanha, que escreveu o seguinte aforismo em 1647:
"Superar o chefe tanto é tolo quanto fatal. A supremacia é sempre detestada, em especial
pelos superiores. Mas ninguém, especialmente um soberano, gosta que lhe excedam em
inteligência. Os príncipes gostam de ser ajudados, mas não sobrepujados".
Saber ser Humilde
Contribuição de Thomas C. Reaoch
“Aprendi também, pai, a humildade. Ver como você interage com as pessoas, sempre
as tratando com simpatia, um sorriso no rosto e de coração aberto e ver como as pessoas
respondem a isso, sempre pensando no próximo e tratando todos com igualdade”.
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A vida é um caminho com trechos retos, curvas, subidas e descidas, algumas barreiras,
obstáculos e pontes. É certo que fazemos tudo para que a caminhada dure o máximo de
tempo. A caminhada, embora absolutamente individual no seu trajeto e duração, está repleta
de pessoas interessantes, de origens diferentes, que podem ensinar e compartilhar
experiências e vivências. Aproveite seu caminho e sua caminhada!
Boa sorte!
Thomas F. Reaoch
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Referências Bibliográficas
1- Livros
AMARAL, Sofia. Virando gente grande: como orientar jovens em início de carreira. São Paulo: Editora Gente, 2004. BOLLES, Richard. Qual a cor do seu pára-quedas? Como conseguir um emprego e descobrir a profissão dos seus sonhos. Rio de Janeiro: GMT, 1998. CARNEGIE, Dale. Como fazer amigos e influenciar pessoas. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2003. CHIAVENATO, Idalberto. Carreira e Competência: gerenciando o seu maior capital. São Paulo: Editora Saraiva, 2002. HOUAISS, Antônio & Villar, Mauro. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. MEDEIROS, Ronaldo. Guia prático do emprego: como conseguir um bom emprego, manter-se nele, ser promovido ou mudar para um ainda melhor. Rio de Janeiro: Ediouro,1999. MICHAELIS: Moderno dicionário da língua portuguesa. São Paulo: Companhia Melhoramentos, 1998. RAMOS, Roberto Carlos. A arte de construir cidadãos: as 15 lições da pedagogia do amor. São Paulo: Celebris, 2004. SCOTT, Derrich. Marketing Pessoal: técnicas de sucesso para enfrentar crises profissionais. São Paulo: Editora Best Seller, 1999. 2. Revista COMO FAZER seu currículo valer ouro. Revista Você S.A, ano 3, n.29, nov. 2000, São Paulo. 3. Sites Advisor Today Disponível em: http://www.adivisortoday.com/CurrentMonth/WebExclusiveArticles/webexart_six.html. Acesso em 15/5/2006 Agência Sebrae de Notícias. Disponível em http://asn.interjornal.com.br/site/noticia.kmf?noticia=3148932&canal=207&total=196&indice=0. Acesso em 19/5/2005.
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Empregos.com.Br. Disponível em http://carreiras.empregos.com.br/carreira/parceiros/amanha/140403-escolha_carreira_amanha.shtm e http://carreiras.empregos.com.br/carreira/administracao/planejamento/040702-curso_gestao_dulce.shtm. Acesso em 12/05/05. Folha Online Disponível em http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u96587.shtml. Acesso em 25/5/2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em www.ibge.gov.br em População / Tábuas Completas de Mortalidade. Acesso em 16/04/2005. Jornal Estadão. Disponível em http://www.estadao.com.br/nacional/noticias/2005/mai/31/227.htm. Acesso em 31/05/05. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Disponível em www.planejamento.gov.br/radarsocial. Acesso em 04/7/05. Sebrae. Disponível em http://www.sebrae.com.br/br/parasuaempresa/planodenegocio.asp. Acesso em 20/06/05.