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Palavra é Arte - POESIA 1 114ª Edição POESIA

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Palavra é Arte - POESIA • 1

114ª Edição

POESIA

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2 • POESIA - Palavra é Arte

CULTURA EDITORIAL04.877.022/0001-95

RUA COMENDADOR GOMES COSTA, 49BARRIS - SALVADOR - BAHIA

71 3329 6129

Dados para Catalogação

Cultura editorialPalavra é Arte/Gilberto Martins. –

Salvador, BA: Cultura Editorial, 20141. Literatura.

ISBN: 978-85-99993-32-3

Projeto Gráfico e diagramação:Lucy Dolácio e Walter Chaves

Capa:Lucy Dolácio

Distribuidor para todo o Brasil:Seg Livros Com Representações

Rua Com Gomes Costa, 49, Barris - Salvador - BATelefone: (71) 3329-6129

E-mail: [email protected]

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A poesia se identifica em todas as medidas como a própria arte, uma vez que ela sintetiza o que de mais significativo existe em todas as demais modalidades de expressões humanas. A saudade, a angústia, o amor, a felicidade, a fé... Qual a fórmula mágica para se falar de tudo isso, fazendo uso do mínimo de palavras e o má-ximo de sentimento? Que nos perdoem a dança, a música, a pintura... Sem poesia nenhuma dessas expressões artísticas teria vida. O poeta mexicano Jaime Sabines disse certa vez que a poesia é um acontecimento humano único, mas que podemos encontrá-la em qualquer parte, a qualquer hora, de forma surpreendente. Enfim, a poesia é a síntese da vida, do mundo e dos sentimentos humanos.

Gilberto Martins

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Gisele LeiteGostos dissidentes ........................................................Alpendre .......................................................................Descrição de agosto .....................................................Ne me quite pas ...........................................................R.I.P. ..............................................................................Myrian Benatti GondolfoComo bolhas de sabão .................................................Letargia .........................................................................A minha rua ..................................................................Às vezes falo ao vento ..................................................À carta meu ser ............................................................Faz de conta ..................................................................Máscaras ......................................................................Fantoches .....................................................................Poeta da minha vida .....................................................Procura .........................................................................Ruas isoladas ................................................................Tentei alçar voo ............................................................Sou a vida .....................................................................Telhados .......................................................................Vento ............................................................................Nathália Cristina da SilvaDeclaração ....................................................................A dama de preto ...........................................................Olhar distante ...............................................................

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Sumário

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6 • POESIA - Palavra é Arte

Decisão .........................................................................Sentimentos .................................................................O transformar ...............................................................Coração.........................................................................Pensar ...........................................................................Desejo ser anjo .............................................................Anjos .............................................................................Joselane da Assunção SoaresDengoso .......................................................................Caminhada ...................................................................Meu amor .....................................................................Devagarinho .................................................................Esquisito .......................................................................Meu amigo ...................................................................Noite e dia ....................................................................Recanto.........................................................................Silêncio .........................................................................Chuva mansa ................................................................Alma minha ..................................................................Meu amigo vento .........................................................Teia ...............................................................................Luana Oliveira Freire MaiaMomento .....................................................................A limpo .........................................................................A que arte você deseja ir? ............................................Segundas intenções ......................................................Sinfonia do ator ............................................................Vida que jorra ...............................................................Esforço ..........................................................................

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Amizade ........................................................................Timidez .........................................................................Senhorzinho .................................................................Flor ...............................................................................O sopro que acende .....................................................Palco vazio ....................................................................Movimento ...................................................................Perspectiva das coisas ..................................................Juliana BrandãoSobre o silêncio ............................................................O poeta .........................................................................O que ficar ....................................................................Diante de ti ...................................................................Olhos infindos...............................................................Reflexo ..........................................................................Rapte-me ......................................................................Navegante ....................................................................Liberdade poética .........................................................Saudade ........................................................................Valores ..........................................................................(Des)nexo .....................................................................Maria Inês de Paula BomfimMistérios da afinidade ..................................................Boa palavra ...................................................................Reparto contigo ............................................................A bailarina ....................................................................Palavras com sorriso .....................................................No caminho ..................................................................Triângulo .......................................................................

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Plantações ...................................................................Foi você .......................................................................Boa noite, bom amanhecer .........................................Pontos de bordado ......................................................O seu nome é amor .....................................................Por causa de você ........................................................Dorme meu benzinho ..................................................Amor...amém ...............................................................Malgarete FrassonCéu de estrelas ............................................................Divindade minha .........................................................Doação ........................................................................Domingo de chuva .......................................................Sensação ......................................................................Pensamento.................................................................Prazer ..........................................................................Refazer caminhos ........................................................Pingo de chuva ............................................................Doce presença .............................................................Jonatas DanielFácil porém tão difícil ..................................................Assim como você .........................................................Não fuja das evidências ...............................................Maneiras de dizer eu te amo .......................................Menina / mulher .........................................................Rimas da paixão 2 ........................................................Você está no meu coração ...........................................Rimas da paixão ...........................................................Silêncio ........................................................................

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Lembranças ..................................................................Tiago QuingostaUma ménage especial aos astros .................................Memorabilia .................................................................Admiráveis alfabetos, etéreas enciclopédias ................Domínio do visível ........................................................Oblivion ........................................................................A ninfeta e o sátiro (ou Dolores, Dolly, Lola, Lô,Lolita!) ..........................................................................Muiraquitã ....................................................................Travesti da poesia .........................................................Ineficazes expectorantes ..............................................O rufar do mar ..............................................................Ane BragaQue sei eu sobre o amor? ............................................Perdas sem danos .........................................................Explosão de luz .............................................................

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GOSTOS DISSIDENTES

Os homens admiram curvas.Mulheres admiram retas.

Os homens percebem protuberânciasAs mulheres percebem verticalidades

O vigor das expressões esbarramno verniz das palavras.A fraqueza de caráter esculpe escorregadelas que turvam semblantes.

Há estéticas distintas no mundo.Estética masculina.Estética feminina.Estética eclética.

As formas se apaixonam pelo conteúdo.E o conteúdo desliza prazerosamentepelas formas.Formas humanas e animais domésticos.Formas espirituais e empíricas.

Gostos dissidentes ecomplementares.

Vejo seu corpo passear Diante de meu horizonte pontilhado.Há naufrágio eminente de seus olhosque miram meu cais.

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Deixo um pouco de mistério no ar.E as interrogações líricasQue respondem-se sozinhas.

Você quer decifrar meu desejo.Eu, apenas quero decifrar seu corpo.Um tem a chave, e outro, a fechadura.Mas civilizadamente insisti mos emmanter todas as portas fechadas.

Por detrás do cofre das emoçõesRespira lentamente a calma dos legistas.

Alguns procuram a causa da morte.Eu, no entanto, só procuropela causa da vida.Propter vitam

Talvez misturemos curvas e retas.E mesclemos protuberâncias e verti calidades.O vigor expressivo da falta de caráter.

E procuremos enfi m a companhia um no outro.E na inequação dos dias.Queimaremos juntosa primavera eventual.

Gisele Leite

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ALPENDRE

Estamos todos no alpendre da vidanessa varanda coberta,mas aberta as intempéries.

É possível sentir a fúria dos ventos,as gotículas de chuvae o chicote das mágoas...

Dor e sangue que secam ao relentocomo um cão vadio e sem raça definida.as cicatrizes com o tempo,são referenciais.sinais gráficos, escritos pelas agrurasdistintos de tudo,e marcados por todos.

Esculpidos em carne vivasob a aspiração de almas mortas.

Repito: estamos todos no alpendre da vida.Semiprotegidos.SemicobertosE imersos numa consciência súbita.

Contradições, paradoxos e culpasnaufragam nesse alpendre.

Não estamos dentro e nem fora.

O sol lá fora projeta sombras verossímeis.As nuvens passam desenhando personagensimprováveis.

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Os afetos como o pólen se espalham...dispersam, se perdem e acabam.Outros, resistem feito reti cênciaslíricas em pleno entardecer.

Estou exausta.O alpendre não mais me contém.Minha alma não se contém na estreiteza do corpoe nem dos propósitos...

Do alpendre não restará nem a poesia.Somente o agudo fi no do assobioque transfi xa tudo...E abandona minha surdez.Que fi ca parecida com a lucidez tardia.

Um dia, quando não mais esti verno alpendre da vida.Serei passado.Sob a lápide de palavras caladas.Haverá ossos, cinzas ou nada.Resquícios ou vestí gios.

E, ainda assim,estaremos aguardandoo esquecimento providencial.

Fim que não é fi mporque tudo conti nuainsistentementeinfi nito.

Gisele Leite

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DESCRIÇÃO DE AGOSTO

Dor absolutaCoração absoluto,taquicardia.

Respiração ofegante,pulmões arbóreos,silêncio entre palavras

Olhar horizontal e passadiço,audição oblíqua,reticências táteis emãos duplas irreversíveis

Uma sobrancelha se espanta,a outra apazígua,uma boca verborrágicapalavras e palíndromostudo perfeitamenteencaixado no cenário poéticodo fim de tarde.

Alma abstrata.Corpo concreto.Sentimento etéreo,corpo efêmero,o que eu senticontinua e continuaimpregnando coisas no caminho.

O que eu fuicontinuamutando, metamorfoseando

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transformando-seora em cristal,ora em pérola...ora em excrementoou trégua.

O metabolismo é umaequação misteriosaentre a vida e a morteNa gangorra químicade altos e baixos quesegue a alma gotejandolágrimas, suores e sanguepor cimade tragédias coti dianas.

Na alcovano silêncio inerenteconversando com as fronhascontabilizando sonhospuerisde uma infância abortada.

Sigo reti líneaainda que nas curvascorto atalhos.faço prosa de versos...e versos em prosa.Corro o risco de ser risível...mesmo que seja pela brevea alegria de rir de umparadoxo.

Gisele Leite

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NE ME QUITTE PAS

Como abandonar esse caisencravado em meu peito?

E as emoções são ondas que vãoe vem do além.Como fazer as malas e partir?

Como escrever o bilhetede parcas palavrase de semântica gestual...

Como posso cortar as amarrasque se agarram e não queremdesabraçar a terra firme?

Essa rotina de cores frequentesa dança do arco-írisa colorir a tarde morrendo.

Como caminhar por essa pontese não posso ultrapassar afronteira do possível.

Não somos eternos.E os relógios zombamde nossas perdas.

Abismos abrem portaisonde a sanidade ensaia construirnovo sistema solar.

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Mas, hoje não amanheceu.A vida nublou.E suas lágrimas eram achuva para semear mágoas...

Como posso abandonar eparti r?Sem deixar os fragmentos...sem olhar para atrás.Sem senti r remorsos.Sem ter a impressão deque já vou tarde.

Nas páginas pálidas dodiário os registrosmoribundos contamapenas almas previsíveis...

Se eu abandonarSignifi ca que a liberdade venceu.O infi nito se expandiuE, concluiu as reti cênciasde todas as histórias.

Gisele Leite

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R.I.P.

A vida estraga a gente.Não queremos ser mortais.Queremos a eternidade.Queremos ser o vento adispersar essências.

A passear livre por todos os lugaresaté os mentaisA vida estraga a gente.Contamos anos, fases e sofrimentos.Contabilizamos os degraus da escadaContabilizamos os passos na areia

A vida faz do amadurecimentoalgo assim como pré-morte.

Perdemos a ilusão,o romantismo.O brilho dos olhos.

E, ao fim...perdemos a própria vidapara nos transformarem memória ouespírito

Saímos da reticênciapara sermos definitivamenteo fim da existência.É a tela azul doimaginário.

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Sem fonemas,sem registros esem dinâmica.

Morremos com a inércia.E descansamos em paz.

Gisele Leite

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COMO BOLHAS DE SABÃO

Na simetria das palavrasescrevem-se versosdesconexos.

No esti lo das letras e das formasA incoerência é uma arte,sem proporção.

Uma guerra silenciosa,faz-se senti do,se for da alma.

Seu efeito colaterallibera adrenalina,paixão.

Livre de preconceitos,o sistema gera,o caos primordial.

Como numa roda giganteas palavras giram a esmo,como bolhas de sabão.

Myrian Benatti Gondolfo

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LETARGIA

Minha alma fi cou lúgubre por um bom tempoEm total letargia,Não conseguindo compor, senti uma dor inexorável,Vinda das entranhas penetrando meu âmago. Arrastei correntes de tal forma que machuquei sem me importar com quem estava no meu caminho,As feridas que eu ia abri e muti lei, geraram gritos. Os gritos fi caram mudos e no silêncio eu acordei. Acordei assustada e sozinha. Acordei só com a bati da do meu coração. Não ti nha retorno. Fechei-me em uma concha e esperei... Esperei a luz que um dia haveria de voltar. Não imaginei que deixaria tantos estragos, Sou como um vento de rajadas, Ao não cuidar da raiz, As folhas com certeza nascem fracas e caemAssim é com o corpo e a alma.

Myrian Benatti Gondolfo

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A MINHA RUA

A minha rua tem passado,Tem presente,Tem futuro.Tem cheiro de histórias vividas.Causos contados ao anoitecer,Alegria da vida, choro do luto.A minha rua fi ca numa cidade pequena.Todo mundo se conheceDesde pequenininho.A fofoca corre solta,é um ti ti ti daqui um ti ti ti dali.É uma rua calma, sem violência.Cheia de namoros e casamentos,Crianças e velhos.Minha rua parece um T,Tem começo não tem fi m.Tem festas juninas.Tem brincadeiras de crianças.Tem recordações.

Myrian Benatti GondolfoMyrian Benatti Gondolfo

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ÀS VEZES FALO AO VENTO

Às vezes falo ao vento, mas mesmo o vento não leva minha voz até você?Às vezes falo ao coração, palavras mansas, para que o ritmo de sua bati da não descompasse.Às vezes falo ao riacho, no murmúrio da água, das pedras, soa o eco de minha voz.Às vezes escondo-me nas árvores, que balançam com o vento,Ouço sons sibilando ao meu ouvido,Às vezes paro,Fico quieta.Concentro-me...Fecho meus olhos.Tento ouvir cada palavra, cada murmúrio, cada som...Mesmo estando num local movimentado...Posso ouvir até o balé das folhas,O riacho que desce,As palavras que misturam,À bati da descompassada de meu coração.

Myrian Benatti Gondolfo

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À CARTA MEU SER...

Escrevo esta carta a mim mesma, mas quem quiser ler, tudo bem. É um desabafo. Desabafo cego, mudo, surdo, pois ninguém me dá resposta. Gostaria de gritar. Mas quem vai me ouvir? Ninguém. Se eu chorar serão lágrimas de solidão. Estou só. Parada na multidão, sozinha na multidão, olhando a multidão. Cada um passa e não se veem não se ajudam, se alguém cair, tem que levantar sozinho, pois senão fica no chão. O mundo é pobre. Pobre, de homens pobres. As pessoas são vazias, tão vazias que não se encontram, nem no seu próprio eu. O tempo passa e cada vez mais pessoas sofrem perguntando-se onde estará a razão de viver. Buscam algo para permanecer na memória, mas não encontram. Procuram como eu também procuro uma mão que ajude uma mão amiga que acalente que afague, e não encontram. E o tempo passa... Passa... Eu estou só, procurando alguém, será que algum dia vai encontrar?Não, não acredito que encontrarei.Pois cada um fecha-se mais em si mesmo, cada vez mais procuram o seu eu e não encontram, então como vão nos achar? Cada um se preocupa em se achar, sem sequer perguntar a alguém: – Vamos achar juntos? E ajudar os

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outros a se acharem? Mas não são assim, eles não se preocupam em saber se você precisa se levantar. Se achássemos uma mão amiga, generosa, protetora, solidária, você veria alguém caído no chão? Não. Mas onde esta essa mão? Perdida no mundo podre... No universo vazio, de gente vazia, como eu, como você.

Myrian Benatti Gondolfo

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FAZ DE CONTA

Faz de conta que eu não sou eu, mas sim um pássaro azul no centro do espaço, voando livremente com as asas abertas como se neste exato momento, tivesse encontrado a paz que todos procuram e apenas eu, tivesse achado.

Faz de conta que sou feliz, porque posso voar dentro do infinito, gritando seu nome.

Faz de conta que meu medo é um pequeno ponto dentro de todo ser, dentro de todo meu ser, e que agora faz de conta que venci esse medo, mesmo ele sendo muito pequeno.

Faz de conta que as músicas que tocam permitem que eu voe dentro de mim, descobrindo-me como realmente eu sou; sem fazer de conta que eu estou chorando por eu não saber quem eu sou.

Faz de conta que no meu mundo de ilusões eu nunca descubra que sou feita de papel fino, que se despedaça com um sopro apenas.

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Faz de conta que eu possa sonhar que estou entre as planícies tentando saber se sou, apenas um pássaro azul, num voo tranquilo, ou se fi nalmente descobri que sou eu; e nessa de fazer de conta eu me dispo de todas as fantasias de querer ser o que não sou.

Faz de conta que em toda a minha procura eu não descubra que sou apenas um faz de conta.

Myrian Benatti Gondolfo

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MÁSCARAS

Arranquei máscaras me despi lentamente me entreguei ofereci minha alma meus pensamentos foi difícil dolorido esta entrega e você me rejeitou. Talvez seja um sinal que máscaras devem existir pois protegem toda a dor protege o meu ser. Durante séculos me tranquei e quando quis amar quando percebi que podia amar você delicadamente colocou a minha máscara de volta.Quantas máscaras eu terei que vestir,Para esconder meus sentimentos?Máscaras de papéis?Pinturas, de porcelanas?

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Máscaras que pintam a alma?Máscaras que pintam o rosto?Qual delas preciso vesti r?Qual delas precisa-se mais?Se me cubro, te magoo.Se me dispo, me magoo.Se seus olhos atravessam os meus olhosE meu rosto conti nuar impassível,Você saberá qual máscara estarei usando,Mas, se uma lágrima cair,A máscara que uso não é a da alma.

Myrian Benatti Gondolfo

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FANTOCHES

A minha alma luta a todo instante com ela mesma,Como se olhasse no espelho e não percebesse quem esta diante de si. Ela brinca com os outros como se fosse fantoches, ora esta feliz exalando amor e felicidade, ora esta em total tristeza que destrói tudo a sua volta,Como se fosse um furacão. Minha alma se esquece que essas eternas sensaçõesSó acabam com a energia que ela tem, fi cando exaurida até a morte. Seus olhos estão constantemente marejados de lágrimas,Rolando pela face. Algumas vezes só percebe quando molha seus lábiosE sente o sabor do sal, então ela fecha os olhos, pede perdão e chora, chora não só com os olhos, não só com as lágrimasmas com todo o seu coração, com o seu corpo numa movimentação involuntária, até senti r sua boca.Sua respiração só assim ela pode adormecer.

Myrian Benatti Gondolfo

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POETA DA MINHA VIDA

Não quero mais falar de amores.Nem perdido nem encontrado.Não quero mais ter amores.Quero ser poeta de minha vida.Cansei das menti ras contadasCansei dos falsos agrados,Mas não sei falar de fl ores,Nem de riachos, nem da lua,Nem das ruas movimentadas,Nem dos bares, nem dos bêbados,Nem dos poetas, nem das marés,Nem da vida, nem da morte.Quero encontrar um novo portoSem tempestade, sem fortuna.Não quero fracatear,Na meia-idade, na menopausa.Quero minhas segundas,Meus sábados, meus domingos.Quero fazer versos livres,Métricos, sáfi cos, silábicos,Rítmicos, versos brancos,Versos soltos, versos à lua,Sem uivar na ponta da pedra,Quero ser meu reverso.

Myrian Benatti Gondolfo

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PROCURA

Um dia saí a minha procuraE só achei ilusões...Aí meu mundo desmoronou,procurei a verdadeE só achei a menti raProcurei a luzE só achei as trevasProcurei o caminhoE só achei o abismoProcurei vocêE encontrei-meNo mundo das ilusões,Nós nos demos às mãos.

Myrian Benatti Gondolfo

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RUAS ISOLADAS

Caminho por ruas isoladasSinto a inquietaçãoFazem-me companhiaMeus pensamentos e o vento. Paro e em alguma,Esquina eu me percoComo se o passadoArrebatasse eLevasse emboraO barulho da vida. Tudo se calaMinha voz silenciaFica o farfalharDa árvoreO sussurroDo coração.

Myrian Benatti Gondolfo

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Palavra é Arte - POESIA • 35

TENTEI ALÇAR VOO Tentei alçar voo,Minhas asas foram cortadas.Como se fosse um casti go,Pôr tentar a liberdade. Tentei falar,Seu coração apenas ouviuO que você podia compreender,E se fechou,Não escutou. Quando você compreendeuQue meu grito,E meu voo não era fugaEu já não ti nha asasE nem ti nha voz.

Myrian Benatti Gondolfo

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36 • POESIA - Palavra é Arte

SOU A VIDA

Um dia vou lhe dizer quem eu sou...Sou o nascer do sol em começo de outono,sou a luz que surge no alvorecer.Sou a folha que começa a cair.Sou o barulho da água que jorrasou a poesia ...que canta...Sou a vida...Sou a lágrima que corre em seu rostoSou o choro ... do amor incompreendido...Vou lhe dizer quem sou...meu coração já foi machucadoUm dia encontrei alguém com marcas no coraçãominhas máscaras cairamdeixei meu amargor do lado de forasem subterfúgios, caminhei ao meu desti noprocurei sonharchegou o entardecer,no céu desceu um véu azuladomesclado do vermelho do sol que esvaiu-se.Não permita que eu chore maisdeixe que o silencio do meu coraçãomostre a você quem eu sou.Porque sou a parte da poesia que emana todo o meu ser.

Myrian Benatti Gondolfo

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Palavra é Arte - POESIA • 37

TELHADOS

Quando entristeçoOlho através da janelaVejo telhados marrons,Apenas telhadosDe todos os ti pos e tamanhos

Vejo heras,Subindo pelas paredes nuasComo se agarrassem a vidaDe tal formaComo se dependesse dela. Vejo a cidade,Vejo o horizonte,O verde das fazendasA relva, os pastos.As árvores, os animais.

Dependendo da minha imaginação,Vejo um pé de manga cheio de frutas,Vejo nuvens tão brancas, formando desenhos,Que me perco entre elas, brinco,Que cada imagem engole a outra. Quando percebo, olho ao redor,Não sei onde deixei a minha tristeza,Devo ter deixado em algum canto da memória,Porque depois de tanta beleza,Eu só consigo ter paz.

Myrian Benatti Gondolfo

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38 • POESIA - Palavra é Arte

VENTO...

Gostaria de ser como o ventoQue voa sem rumoE pousa no rosto de quem se amaQue é livre e eternoQue deixa repousar na menteDe quem se sente ser eterno.Envelhecer sem rumo,Mas não deixa rastroA não ser se for violento,Como a tempestade.Não quero ser eternoMas também não quero ser breveQuero ser profundo.Talvez eterno.Talvez transparente.Como o vento que passa e some.

Myrian Benatti Gondolfo

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Palavra é Arte - POESIA • 39

DECLARAÇÃO

De uma forma estranha,meu coração se perdeu, na mais alta montanha,onde se encontra o seu olhar.Eu adoraria dizer,mas como poeta,sei apenas escrever.Meu coração carente,românti co, apaixonado,perdeu a razão,ao encontrar seu olhar.Por um pequeno instante,senti meu mundo parar.Mesmo que não dê certo, gostaria de tentar.Por isto estou aqui,para de forma singela,me declarar.E dizer, antes que possa,me esquecer,Que já gosto muito de você.

Nathália Cristi na da Silva

Que já gosto muito de você.

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40 • POESIA - Palavra é Arte

A DAMA DE PRETO

Triste e sozinha,a vejo chorar.Chora ela,Por não ter a quem amar.A dama que negro veste,sente em seu coração,a dor de ilusão.Ilusão que perturba,seu dormir,e que de lágrimas,inunda seus sonhos.Triste e só,a moça que negro veste,ao ver a noite chegar,Anda ela de preto,pois nada mais tem a esperar.

Nathália Cristi na da Silva

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Palavra é Arte - POESIA • 41

OLHAR DISTANTE

Às vezes quando me sinto só,ponho-me a pensar,no moti vo pelo qual,ninguém me vê.Meus olhos cansados,e minha voz triste,deixam-me sonolenta.A solidão deixa-me chateada.Chateada, por não ser notada,por não ser lembrada,e por não ser amada.Ninguém me vê,por isso sinto-me menos só,quando fi co sozinha.Pois dói demais ser ignorada,De vez em quando,sinto-me até inválida.Um sorriso carinhoso,um beijo esperançoso,e um abraço afetuoso.Bastariam, para que minha solidão.não fosse tão grande.Mas tudo isso para mim,sempre foram coisas raras,e é por isso que vivo assim,escondendo minha agonia,por trás de sorrisos acres,mantendo apenas o olhar distante

Nathália Cristi na da Silva

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42 • POESIA - Palavra é Arte

DECISÃO

Não adianta querer salvar o mundo,se ele não assume precisar de ajuda.Não adianta ensinar,para quem não quer aprender.Não adianta amar,quem não sabe corresponder.Se tudo na vida é assim,por que ela decidiu,dar uma alma para mim?

Nathália Cristi na da Silva

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Palavra é Arte - POESIA • 43

SENTIMENTOS

Eu queria sobre algo escrever,e me peguei pensando;escrever sobre o quê?Sobre as dores,sobre os amores,sobre as fl ores.O meu desejo por escrever é grande,mas minha dúvida é ainda maior.Eu penso, penso, penso,mas no papel minhas ideias,se contradizem.O embaraço em meus pensamentos,sei bem o que signifi cam.De fato são os embaraços dos meus senti mentos.Senti mentos bons,porém confusos.

Nathália Cristi na da Silva

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44 • POESIA - Palavra é Arte

O TRANSFORMAR

A noite quando o céu,estou a observar,e as estrelas contemplar,ponho-me a pensar,quanto tempo,ainda a de levar,para que em uma delas,minha alma venha,a se transformar.

Nathália Cristi na da Silva

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Palavra é Arte - POESIA • 45

CORAÇÃO

Aquieta-te coração insano,que acelera ao ver o rosto de um humano.Calma, coração carente,não se engane com quem para ti mente.Sossega, coração sincero,pois é isso que em ti venero.Só não pare coração amante,antes que seu bem encante.Tenha paciência, coração de vidro,pois um dia tudo se torna menos doído.Mas, coração doente, ouça o que digo,nem sempre a vida é tudo isso.

Nathália Cristi na da Silva

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46 • POESIA - Palavra é Arte

PENSAR

Não quero pensar em nada de ruim,Não quero sentir coisas não tão boas,Só quero cuidar de ti,Passar dias ao seu lado,Sentir seu abraço,Ouvir sua respiração,Sentir o bater de seu coração.Quero em seu peito minha cabeça deitar,e enfim adormecer,Sempre tenho-te em meus pensamentos,sempre desejo mais de ti,Nos últimos dias,tudo o que sinto é diferente,Já não me sinto mais como antes.não sinto a tristeza de estar só,apenas a agonia por não ter-te comigo.A solidão não mais me aflige,só a ausência da sua pessoa me incomoda.Não me importo com a distância,pois sempre te trago em pensamentos.Não sinto mais um vazio dentro de mim,pois preenche-o por inteiro.Isso tudo é amor?Talvez sim, talvez não.Será que tudo isso é apenas ilusão?Acredito que não.

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Palavra é Arte - POESIA • 47

Tudo que tenho vivido,assemelha-se a um sonho bom,será que é realidade,ou mera imaginação.Não consigo acreditar,que encontrei tudo que procurava,tão cedo.Mas como sei que isso é realidade,espero não deixar que acabe,não por ganância, mas por zelo.Não quero acabar só e triste,como uma pessoa que alimentou a seus sonhos,mas os perdeu ou esqueceu-os.Não quero ser triste,quero ser uma pessoa realizada.Só peço-te que me diga uma coisa,O que faço para ter-te sempre comigo?

Nathália Cristi na da Silva

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48 • POESIA - Palavra é Arte

DESEJO SER ANJO

Gostaria de ser um anjo,para estar sempre perto de você,para que sempre que precisasse,eu ao seu lado esti vesse.Queria ser Anjo,para poder te abraçar,e te ver sem problema algum,sem depender de tempo.Eu queria ser seu Anjo-da-Guarda,para te proteger.Para que quando esti vesse só,eu esti vesse com você.Quando se senti sse mau,eu pudesse te acalmar.Mas como um anjo não sou,só peço a Deus,que te guarde e peço a ti ,que sempre que se senti r perdido,lembre-se que eu estarei sempre conti go,fazendo o possível para te ver sorrir.

Nathália Cristi na da Silva

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Palavra é Arte - POESIA • 49

ANJOS

Anjos não se apaixonam,ou não deveriam se apaixonar.Mas eu pobre coitado, pus-me a um anjo questi onar.Logo este respondeu-me; – Os Anjos amam sim, mas de forma diferente,da dos homens.O amor que senti mos,demonstramos através da proteção,que damos ao nosso querido.O carinho demonstramos,através das lutas travadas,neste plano em que estamos.Vocês podem nos ouvir e senti r,mas não nos podem ver.Eu emocionado com o que ouvi,fi z um pedido a este Anjo,pedi para que me ensinasse,a amar como ele.E logo aprendi,a amar como um Anjo.Sem tocar, sem estar muito perto,mas sempre ao redor.Aprendi a demonstrar o amor que sinto,da forma mais pura,oferecendo atenção, paciência e proteção,aos que moram em meu coração.

Nathália Cristi na da Silva

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50 • POESIA - Palavra é Arte

DENGOSO

Vem meu dengo que te faço Meucom carinho,com chamego.Vem, não demora!Vem bem perti nho, que te digo no ouvido bem baixinho, o que os meus olhos prometemsó pra ti o quefaremos mais além:xerém... xenhenhém...bem delícia...bem gostoso...

Vem pros meus braçosque meu abraço te curaminha saliva te lavaminhas mãos te revigorammeu corpo te sacia.E numa virti gem vamos juntos ao abismoe resurgimos plenos do gozo: levitamos!

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 51

CAMINHADA

Ir em frenteSeguir para onde apontao querer.

Senti r de pertoo que a emoçãoadvinha.

Por os pésno caminhoda Alma.

Ganhar sem medo,dia após dia,as ruas e avenidasdo teu ser.Senti ndo no rostoo sol e o ventoa chuva e o sereno.Aprendendo e reaprendendoteus mistérios.

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52 • POESIA - Palavra é Arte

E quem sabeser merecedorde repousardocementena montanhaque brilha ereluz ao luar no mar deteus olhosazuis.

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 53

MEU AMOR

Meu amor é assimorbita perto o bastantepara não me perder de veze longe o sufi ciente para não nos queimar.A brasa está acesa a chama não espera as labaredas vão altas e podem incendiartua carne, tua casa, tua alma.É uma briga constante entre o querer e o poder,o poder e o dever,Desejo!Não há urgência este amor sabe esperarpois se alimenta da própria esperança.Não há onde se esconderNão há para onde irnem passado, nem futuroÉ fato!

Joselane da Assunção Soares

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54 • POESIA - Palavra é Arte

DEVAGARINHO

Quando forme amarfaça-o bem devagarinho,para que eupossa saboreá-lo sem pressa,sem pejo,len-ta-men-te...

Beijos, beijosmuitos beijoslongos e rápidosdoces e intensosmil beijos apaixonados...

Por favor, não afaste tua peleda minha,abraça-meda cabeça aos pésnecessito do teuabraço, antesdurante e depoismandando emboraa falta que sinto de ti.

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Palavra é Arte - POESIA • 55

E não sendo pedir muitopermita-me na despedidaaquele cheiro senti do ao pé do ouvidoquando de leve a ponta da línguaainda famintabrinca com teu lóbulo e te arrepiainteiro, só para mimmais uma vez!

Joselane da Assunção Soares

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56 • POESIA - Palavra é Arte

ESQUISITO

O Esquisito é um meninoque pensa que é um homemque não pode mais sorrir.Há tanto por fazer e o dia nunca terminae ele só quer descansar. Sou qual Sherazade a inventar maisuma noite e invadindo suas madrugadassobrevivo assim mais um dia,tecendo magias para encantarbruxedos de amar.Juntos nossos pequenos nadas de todo dia a marcar nossa históriaostras transformando poeira em pêrolas.

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 57

MEU AMIGO

Meu amigo vem na madruga e me faz companhiae falamos do tempo, das fl ores, da chuva e da vidae fazemos silêncio também...e como são ricos estes silêncios!Silêncio de amigo não dói, porque é rico de compreensão.

Meu amigo me espresta seus olhos para eu ver o mundo e eu empresto minha voz pra ele falar o que sente.Meu amigo é bonito, de uma beleza única, singular,que não pode ser encontrada em qualquer lugarÉ a beleza do coração que sabe voar, mesmo estando acorrentado, Sua alma é livre como a minha.

Meu amigo e eu rimos muito um do outroe nosso rizo é cristalino,quando choramos nos consolamos, mesmo a distância.Por isto eu o espero toda madrugada e quando ele chega meu dia começa então a azulejar a parti r do azul do seu olhar.

Joselane da Assunção Soares

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58 • POESIA - Palavra é Arte

NOITE E DIA

O sabor que embriagaVem do mel da tua boca.A luz quente do solna fria lua brilhaDia e noite.Manhã cheia de calmaTarde em rebuliçoE eu toda viço!Meu caminho incertoatravessa o seu certo caminhar.Na tua pele alvaa minha negra pele brilha.No azul, refl exos de ouro e prata,fogueira ardente de paixão.E o sol se esconde no horizontetodo em brasas.Labaredas de desejofazem tremer.Da uva ao vinhodo beijo ao seioPulsar de paixãoarder de tesão.As horas passamo tempo não.Infi nito é o querer!

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 59

RECANTO

Pediu-me um dia que aceitasse o seu estranho jeito silencioso de serE eu disse simDesde então habito o recanto mais escondidooculta nas sombras Vez ou outra vislumbrosua alma admiradao resto é sombramais nada.

Joselane da Assunção SoaresJoselane da Assunção Soares

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60 • POESIA - Palavra é Arte

SILÊNCIO

O seu silêncio gritaecoa cortando a carne como aço novoprolongado tormentomesmo sabendo a causa é grande o lamentomudar a rota não possoe sigo meu caminho a passobusco nas linhas respostase nas entrelinhas certezasa menina se revoltaa amiga consolaa mulher espera,mas aquela que não se pronuncia,a espreita canta uma canção que é quase despedida.

Rosa HelenaTenho uma amiga desde meninae o seu nome é também um nome de flor.Desde que a conhecime encantapor sua imensa alegria de viver.

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Palavra é Arte - POESIA • 61

As melhores brincadeiras,os casos mais interessantes,as piadas mais diverti das,os amigos mais bacanas era sempre ela quem ti nha.

Como abelhas felizes circulávamos a sua volta a colher o mel de sua amizade.Em horas de alegria um largo sorriso,em horas de tristezacoragem e fé!

E lhes garanto que pessoa leal, verdadeira,e querida até hoje jamais conheci.

Joselane da Assunção Soares

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62 • POESIA - Palavra é Arte

CHUVA MANSA

De repente me vem um cansaçodas coisas todas e de coisa nenhuma.Em dias de chuva miudinhade horas que se arrastam manhosas sem pressa coração bate lerdo no peito.O pensamento vagueia sem eira nem beira...Vejo-me assim perdida em devaneios nao sei se vou ou se fi coSe fi co, não vouSe vou, não fi co

O que farás então? Me pergunta o gotejar insistente da chuva no telhado.Não sei!Respondo num suspiro. Não sei...Que saudades de mim!

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 63

ALMA MINHA

Coitadinha da minha Almaanda tão tristezinhaQuando quer, não pode,quando pode, não deve;quando deve, não quer.Pobrezinha!Alma minhaminha alminhavem sem medopara os meus braçosdeixa eu te fazer um dengoque assim se vai toda tristezaeu te dou meu carinhoe você alma minhanão viverá maisessa incerteza.

Joselane da Assunção Soares

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64 • POESIA - Palavra é Arte

MEU AMIGO VENTO

Todas as noites o vento vem brincarem minha cama.Entra pela janela,enrosca-se em meu corpo,chega ao meu ouvidoe sussurra com sua voz fria:Venho de longe,venho cantando morenaa canção que Éolo,meu pai, me ensinou.Passei ainda agora pela casade seu bem, de lá trouxe um presente.E teu cheiro doce de jasmim e marInvade o ar. E o vento amigonum suspiro diz todo animado eapressado: eu já vou morena,correr mundo outra vez,que essa é minha sina!Digo quase adormecida:Vai vento amigo,vai, meu companheiro.Leva ao meu amado, o meu calor,e diz que ainda esperoque ainda o quero,que são todos seusos beijos meus.

Joselane da Assunção Soares

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Palavra é Arte - POESIA • 65

TEIA

Teço uma teiaem fi os de prata feita.Teço uma teia!

Fios fl exíveisviajam na noiteinvadem teu mundoenvolvem teu corpoe revelam tua alma.Teço uma teia!

Na seda desta teiamovimentosangusti as alegriassenti mentosdesejosRevelam-se.Teço uma teia!

Teço uma teia!Venço a dor!Eu sou!

Joselane da Assunção Soares

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66 • POESIA - Palavra é Arte

MOMENTO

Num minuto de orquestra,Num segundo de vida

A criança, numa dança,Toca o encarte enrolado– e seus cabelos enrolados também dançam...

Toca ao espelho de alguns que,À sua frente,Tiram das fl autasA música que encanta a plateia...

Todo som se misturaTrazendoBeleza.

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 67

A LIMPO

Hoje decidi:Serei egoísta.

De tanto olhar pra mim,Já sei bem certo o que eu quero:Quero a música, o amor, a vida...E levarei isto aonde for.

Se alguémTalvez eu mesmaQuiser me desviar de meus sonhosNão deixo: os amarei do mesmo jeito!

Buscando a vida– e também a morte –Me passando a limpo crescerei E sorrirei amigavelmenteApaixonada pelo mais profundo de mim...

Luana Oliveira Freire Maia

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68 • POESIA - Palavra é Arte

A QUE ARTE VOCÊ DESEJA IR?

A arte é um país desconhecidoOs senti dos são os meios de transporteA consciência, o corpo desiludidoO tempo é o passaporte

Bon voyage!

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 69

SEGUNDAS INTENÇÕES

Esse meu papo conti goNão é a toa...

Vou vasculhar você por dentro,Encontrar seu coração.

Cuidar dele e regá-lo tanto,Junto ao compasso do tempo,Até que tome seu corpo todo...

Como uma forte canção.

Luana Oliveira Freire Maia

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70 • POESIA - Palavra é Arte

SINFONIA DO ATOR

Se te julgam duas caras três caras cinco caras

Um eterno fi ngidor.Não te assombres...

Vai que por ventura, aventura do desti no

Aconteceu que tu nascestecom uma enorme tessitura!

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 71

VIDA QUE JORRA

Vida que jorra, maravilhade vida que sobra,não se contém na obra.

O excesso carregado de elegância e frescor,Feito o vento de um venti lador– que só alcança um moti vo [mais ao longe –

No fl uxo inúti l das horas.

Luana Oliveira Freire Maia

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72 • POESIA - Palavra é Arte

ESFORÇO

O meu ritmo, a minha natureza são o melhor que eu posso te oferecer.

Salvo certas urgências,o meu único esforço é o esforço sem esforçoque uma planta faz para crescer...

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 73

AMIZADE

Dois pares de chinelosà borda do rio.

Uma única bicicleta.

Luana Oliveira Freire Maia

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74 • POESIA - Palavra é Arte

TIMIDEZ

Timidez é um quêde não saber o que fazerconsigo mesmo.

É uma ignorância,como se do céu,se ti vesse acabado de cair na terra...

A ti midez é uma pureza,fora de casa.

É uma belezaque pelo jeito nunca vou perder...

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 75

SENHORZINHO

Caminha encurvado à minha frenteUm senhorzinho... Boina, paletó e uma pele gasta.Vamos descer do ônibus. Que maravilhosas histórias são omiti dasPela simples fi gura do senhorzinho? Qual o mundo que cabe nele? Sustos, amores, horroresDerrotas, vitóriasLembranças. O que fi cou do infi nito que viveu?

Luana Oliveira Freire Maia

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76 • POESIA - Palavra é Arte

FLOR

A fl or não murcha por que perdeu o vigor.Ela murcha por que fi cou sati sfeita.Triste é quem não pegou a oportunidademas mesmo nunca igual, ela sempre volta...

A vida não acabasaber murcharé passar a tochae então poder dormir bem.

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 77

O SOPRO QUE ACENDE

Dia péssimo, fi z tudo errado.Caí na confusão, infl igi no erro.

À noite, chego em casa.Quase no portão, me encontraUm vento gelado e gostoso.

Através da minha peleEle vem me dizer coisasDe liberdadeE vida

Eu ali, cortando o vento...

Cortou-se a culpa.Cortou-se o erro.

Luana Oliveira Freire Maia

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78 • POESIA - Palavra é Arte

PALCO VAZIO

Não há nada mais tristeDo que um palco vazio.

Mas só num palco vazioÉ que pode um novo arti staVir aprontar das suas.

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 79

MOVIMENTO

A menina chorouO pão estragouA casa caiuE as ondas conti nuam a pulsar...

O muro tombouO fogo queimouO beijo explodiuE as ondas conti nuam a pulsar...

O rio secouA chuva molhouA gota caiuE as ondas conti nuam a pulsar...

O que querem me ensinar,Oh ondas,Com seu suave silêncio?

Diz-me o que,De tanto ouvir ruído,O ouvido esqueceu.

Luana Oliveira Freire Maia

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80 • POESIA - Palavra é Arte

PERSPECTIVA DAS COISAS

Cada pessoa,Uma história.

Cada árvore,Uma história.

Cada palavra,Uma história.

Cada sapato,Uma história.

Cada caneta,Uma história.

Cada sorriso,Uma história.

Linhas que seencontram e despedemenquanto tece o desti no.

Luana Oliveira Freire Maia

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Palavra é Arte - POESIA • 81

SOBRE O SILÊNCIO

Um dia me disseram que o silêncio requer uma grande inti midade... Verdade! O silêncio sem laços, sempre me é incompreensível. Desconfi o que para se compreender silênciosé preciso conhecer a alma E desconfi o ainda que só é possível conhecer a alma de outremSe enlaçando a ela Almas livres em conexãoE assim...Quem sabe?!Palavras não sejam mais tão necessáriasPois ouviremos e leremos olhares.

Juliana Brandão

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82 • POESIA - Palavra é Arte

O POETA

Olhos cansados De tanto percorrer sombrasOlhos insaciáveis Sedentos por encontrarVaga-lumes na escuridão

Mãos que tateiam Do concreto às cinzasMãos insolúveisQue transformam Os senti dos no intangível

Boca cheia de cautelaMas que eloquentemente grita Diante das injusti çasBoca que silenciaPara eternizarUm beijo, um olhar

Alma taciturnaQue busca na solidãoO equilíbrio e a compreensão Alma jubilosaQue busca na companhia O aprendizado e a inspiração

Corpo que mesmo em um mundocom tamanha ausência de coresMove-se em solo infecundo E das pedras faz fl ores.

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 83

O QUE FICAR

‘’Mas as coisas fi ndas, muito mais que lindas, essas fi carão.’’ Carlos Drummond de Andrade

Não mais escrevereiVersos exaltando amores platônicosNão mais idealizareiHomens à minha imagem e semelhançaQuero o desigualJá me basta o espelho!

Desejarei demasiadamenteO homem presente

E dele apenas almejoO sorriso que encantaO toque que desinquieta O beijo que despertaO corpo que exaustaA palavra que libertaO colo que acalma

E de querê-lo tantoImperfeito, humano...E frequentemente Em mimNão mais que de repenteEle permanecerá...

Juliana Brandão

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84 • POESIA - Palavra é Arte

DIANTE DE TI

Diante de ti Não tenho pretensão de ser poeti saMesmo que seja minha sina

Diante de ti Eu quero ser é PoesiaQue crava, delira, enlouqueceBrinca, infl ama, dançaNos pensamentosE nos lábios teus

E assim me eternizarEm ti No infi nito do teu olhar

Faça de mim versos teusPoetaAssim como tuÉs os meus.

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 85

OLHOS INFINDOS

Permita-me navegarNessas águas invioláveis De tom esmeralda do teu longínquo olhar

Permita-me abrir caminhosNessas matas inati ngíveis Que se escondem em teus benditos olhos

E se enfi m não permiti res, o acaso permiti ráQue eu te apresente o infi nito Que os teus verdes ainda não conseguiram enxergar.

Juliana Brandão

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86 • POESIA - Palavra é Arte

REFLEXO

“Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho fi cou perdida a minha face?’’Cecília Meireles

Quem és tu que me olhas como se conhecesses minh’alma?Quem és?

De onde vens?Para aonde vais?Quantos medos carregas em ti ?Quantos sonhos deixaste sufocar?

O que resta de ti ?Qual parte tua deixas que fale mais alto A criança sonhadora ou o adulto desiludido?

Em qual quintal brincas de roda?Em qual vício se afogas, se esquivas, se refugias?Até quando?

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 87

RAPTE-ME

Rapte-me do meu tédioDa minha melancoliaDo que me é incertoDo que não me abriga

Rapte-me de toda concretudeE do que fadiga

Rapte-me no vão da noiteNa roti na do dia

Rapte-me deste açoiteDesta constante nostalgiaE de toda e qualquer monotonia

Rapte-me... Leva-me...Decifra-me...Mas antes de me concluir...Devolva-me!

Juliana Brandão

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88 • POESIA - Palavra é Arte

NAVEGANTE

‘’Navegar é preciso Viver não é preciso’’ Fernando Pessoa

Se viver não é preciso Então, deixe-me navegar No teu misterioso silencioso Olhar...

Benditos sejam teus olhos E bendito seja o que eles Ousaram me despertar!

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 89

LIBERDADE POÉTICA

“– Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.’’ Manuel Bandeira

Estou fatigada de métricas Regras ortográficasE todo academicismo

Eu quero é o verbo deliranteQue brinca na boca das criançasQuando ouvem a cor dos pássarosE tropeça na língua dos bêbadosQuando juram Que de ontem pra trás não bebem mais

Eu quero o lirismo dos lunáticos Com almas múltiplas Sempre tocando o impalpável

Eu quero o lirismo engajadoConhecedor da realidadeQue das palavrasFaz armas libertárias

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90 • POESIA - Palavra é Arte

Estou farta do lirismo puristaCom todo o seu bom comportamentoE obediência às regras

Estou farta de amarras Eu quero é o lirismo Que por conhecer suas raízesEm voo liberteTanto o ‘’eu’’ quanto o ‘’nós’’.

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 91

SAUDADE

Sofro de ausências anônimasE elas não possuem documentosMas traços, cheiros e argumentosE são sempre tão antônimas

Passam rapidamenteDe ausências anônimasPara nominal presenteE persiste em ser sinônima

Presença denominada!Que teima em serDe Saudade chamada.

Juliana Brandão

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92 • POESIA - Palavra é Arte

VALORES

Que o valor das ‘’coisas’’Não pode ser medidoCom réguas, taquímetros e fi tasE nem negociadas Com metais e papéis O valor delasEstá no encantamento Que elas nos causam

É tão verdade issoQue não consigo medirA distância das estrelasE muito menos possuir umaMas elas sempre me fazem sonharE nunca me canso de admirá-las

Soou-lhe infanti l? É que tenho Aprimorado o meu olhar.

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 93

(DES)NEXO

É fácil julgar os outrosFazer interpretações errôneas Irar-se e ser injustoDifícil é ser autocrítico Reconhecer suas covardiasE hipocrisiasÉ fácil tocar a peleSentir e proporcionar prazerDifícil é tocar a almaE nela permanecerÉ fácil reclamar Desacreditar dos sonhosDa luta recuarDifícil é nadar contra a maréTransformar dores em aprendizadoE apesar dos pesaresContinuar de péÉ fácil excluirQuem abala nosso ego Não querer por pertoQuem não lhe acha certoDifícil é dar as mãosE caminhar juntosÉ fácil banalizar o alheioDesumanizar o ‘’inimigo’’Difícil é compreenderNossas próprias imperfeiçõesSe reconhecerE desconstruir preconceitosÉ fácil falar de união E dizer ‘’tamo junto’’ irmão

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94 • POESIA - Palavra é Arte

Difí cil é transformarPalavras em atosFoi fácil escrever esses versosDesritmados e desconexos Mas difí cil mesmo É perceber A FALTA DE RITMO E DE NEXOQue vai além Da estrutura dos meus versosNO QUE É FÁCIL FAZER.

Juliana Brandão

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Palavra é Arte - POESIA • 95

MISTÉRIOS DA AFINIDADE

Ao escrever umas poucas linhasli num verso teu, ideias minhasQue por serem assim tão suas espelhavam fi elmente tão meusos mesmos pensamentos teus...

Maria Inês de Paula Bomfi m

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96 • POESIA - Palavra é Arte

BOA PALAVRA

Se com uma boa palavra eu puder ser alguém que te faça companhia Seja a distância ou no dia a diase com alguma frase boba eu fi zeracender alguma esperança em seu diaNão se distancie, fi que aqui por pertoPorque quem se compreende, por certose afi niza e quem se ajusta é justo que riagostosas gargalhadas em boa companhiase eu puder, afagar sua face com carinhocom boa palavra fazer brilhar num minuti nhoSeus olhos de esperança encher de luzFaça-se a frase, ponte que me conduzpara a outra margem da amizadeBuscando o terno abrigo da afi nidade...

Maria Inês de Paula Bomfi m

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Palavra é Arte - POESIA • 97

REPARTO CONTIGO

Reparto conti gode meu tesourofeito tão simples, meu ouroDe carinho envolvimentotão caro!De ternuras transbordaminha caixa mágicatranscendentemente rica!reparto conti goum doce momentotão raro!que cura dores e acordabom senti mentosobressaindo um azulonde tudo é encantamento!

Maria Inês de Paula Bomfi m

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98 • POESIA - Palavra é Arte

A BAILARINA

No coração da bailarina mora o Sentimento...Vestido de roupagem alva, transparente,como gaze tecida, delicadamente, de sonhos e personagens do imaginário...Nesta atmosfera onde reina o expressivo mundo das emoçõesmais profundas, revela-se em seus movimentos, ora delicados,ora impulsionados por paixão flamejante, indicada por seus dedosrefletidos como leves plumas a bailarem no ar,descrevendo sugestivos desenhos, como a falar de sonhos doces, ilusões temperadas de desejos mais profundos que todos acalentamos no íntimo do Ser;ou expressando o ardente sentimento que denuncia através dos gestos de seus braços, suas mãos que passeiam rápidas acariciando o arou com os volteios rápidos de seus giros,a refletir o calor do sentimento a evolar de dentro de seu sercomo fragrância cálida refletindo saudades de países jamais vistos, ou como aromas exóticos, exprimindo culturas de povos do sem fim...Todo o seu ser bailando conta em prosa e poesia,gestos e palavras sem sons, a história das gentes, a história do Ser.por fim, queda-se de joelhos,agradecida ao grande Artista, que lhe concedeu o dom da Beleza e da Graça,

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Palavra é Arte - POESIA • 99

a expressar-se em Arte!Ajoelha-se e seus olhos fi xam o solo,reverenciando àquele Arti sta Maiorque lhe enche o Espírito de Leveza e Amor, com que alimenta os seres, através da Alegria de dançar!

Maria Inês de Paula Bomfi m

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100 • POESIA - Palavra é Arte

PALAVRAS COM SORRISO

Eu vim para dizer palavras que te despertem serenidade, alegria pura;palavras que te façam ver a Beleza que mora nas coisas, nas gentes, no Todo e em tudo.Eu vim para colorir seu dia-a-dia de azulmesmo que o meu, esteja meio acinzentadoou com algumas nuvens carregadas;Minha alegria, encontro em te fazer felizcom pequenos rabiscos, falando das coisasque a gente sente e nem sempre lembra de dizer...Por você, é que nasce essa Poesia meio prosaque vive dentro de mim a impulsionar motivos prapegar a primeira Inspiração e sair por aí, inventando motivos pra te contentar e despertar em você, o gosto pelas coisas singelas, simples, sem palavras complicadas, sem textos muito rebuscados...Eu sei falar de coisas que moram dentro da gente, dentro de mim, do sicrano, beltrano e de você, sem pretensão de trazer nas frases, a verborragia elegante mas, que pra nada serve;

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Palavra é Arte - POESIA • 101

Eu quero com minhas palavras, é te deixar contente, criança,livre, respirando bem, Buda, Zen, equilibrando-se no Caminho do meio.O que mais quero, porque me faz feliz, é te deixar mais e mais feliz...

Maria Inês de Paula Bomfi m

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102 • POESIA - Palavra é Arte

NO CAMINHO

Eu procuro palavras perfumadas de poesia cheias de cheiro de frescas esperanças

No caminho onde sigo a luz do diaAndo em campos forrados de confi ança

Agradeço em minha estrada uma fl or, um espinhoQue me fez mais forte a valorizar meu ninhoDentro de mim construído à custa de dor e amor

Se é claro ou escuro, acendo sóis, ilumino com estrelasSe esfria ou esquenta, improviso neve, achas de lenhas...Bem existe nesse mundo a roupa caprichosa da simplicidadeMuitas vezes, vesti do com certos tons de complexidade.

Por tudo e apesar de tudo, arrumo as malas e sigo em frentePonho nelas algumas fl ores, certa dose de certezas e temperançasCada parada um abrigo a mais, uma lembrança boa, perseveranças...A cada instante, uma prece, fl or perfumada revelando-se na mente...

E agradeço por toda a minha vida... incondicionalmente...

Maria Inês de Paula Bomfi m

E agradeço por toda a minha vida... incondicionalmente...

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Palavra é Arte - POESIA • 103

TRIÂNGULO

Por todas as músicasque trazem serenidade e paz ao espíritoObrigado Deus, pelo Silêncio.

Por todas as palavras que alegramou entristecem a almaObrigado Senhor, pelo Silêncio.

Por todas as coisas que fi cam por dizere mudas, enchem de alarido os espaços da alma,Senhor, obrigado pelo Silêncio...

Os Sons do Silêncioensinam, purifi cam,acalmam, equilibram,e dão à fala o dom da temperança...

Entender o Silêncionos ensina a ler as coisas não propagadas.

Compreendo o Silêncio e a Solidão.Nunca me vi vivendo sem os dois.

Maria Inês de Paula Bomfi m

Compreendo o Silêncio e a Solidão.Nunca me vi vivendo sem os dois.

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104 • POESIA - Palavra é Arte

PLANTAÇÕES

Preparar um JardimRevolver a terraReti rar erva daninhaSelecionar sementesCuidar de mimEmbelezar o jardim

Plantar sonhos no JardimRegar EsperançasPodar imaginárias desilusõesColher o frutoAspirar da rosa, perfumeBrotar de dentro de mim...

Maria Inês de Paula Bomfi mMaria Inês de Paula Bomfi m

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Palavra é Arte - POESIA • 105

FOI VOCÊ...

Quando tudo era campo da tristezavocê foi o portador de luz da alegriaQuando o Céu vestia a roupa de solidãoFoi você a minha carinhosa companhia...

Quando o silêncio ao redor imperouE quando tudo era só secura e desertoFoi você a escolher a canção que tocouFoi você a fonte e o oásis por perto...

Quando tudo era abandono na noite escuraE chuva fria confundida com as lágrimas da faceLá estavas, com o carinho que domina e perduraComo um brilho de Sol que à sombra abrace...

Quando as palavras eram mudas de bonançaVeio você, confundido em mistérios de identidadedespertando os verbos multiplicados da EsperançaDando impulso aos carros triunfantes da claridade

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106 • POESIA - Palavra é Arte

Você foi quem moti vou muitos verbos de luminosidadeDando um novo folego ao ânimo desanimadoFazendo nascer enfoque antes nunca pensadoDespertando moti vação, somando letras de felicidade.

Que perfí dia, diga então, há de haverOnde mora o carinho tí mido, puro, verdadeiro?Que vai de casa ao trabalho sem se perderSem se enredar nas tramas suti s do vício cati veiro...?

Maria Inês de Paula Bomfi m

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Palavra é Arte - POESIA • 107

BOA NOITE, BOM AMANHECER

Que você durma bem esta noiteQue as estrelas se acendam pra vocêE que amanhã você esteja pisando em chão fi rmeQue o Sol conti nue brilhando em seu caminho Que você avalie como é gostoso poder se refrescar com um banhoQue você melhore seu jeito de olhar as coisasQue saiba mensurar o verdadeiro valor das coisas simples

Que seu enfeite seja a Luz das Manhãs.

Que sua maquiagem, suas roupagens, sejam lindas como a das fl ores;Que brisas suaves e cheias de perfume façam brincadeiras em sua janelaQue você agradeça esse dia que passou...E que novos amanheceres lhe tragam esperanças Fica bem assim, entregue à Noite Silenciosa...Durma bem, sonhe e conti nue amanhecendoEntre o que você já foi e o que pode vir a ser...

Maria Inês de Paula Bomfi m

Entre o que você já foi e o que pode vir a ser...

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108 • POESIA - Palavra é Arte

PONTOS DE BORDADO

Visitando o Recanto da Ilusãotodo o meu ser viu-se tomadopor imagens de beleza e amplidãoMeu coração iluminou-se, extasiado abriu portas e janelas e cantou...Traçando nas linhas um lindo bordadoE sua linguagem era toda feita de poesiaonde escrevia um canto das doçuras, construía imagens que dia após dia materializavam suaves no caminhocanteiros onde brotavam formosuras...Das mil canções entoadas nesse ninhoDos mil versos que voaram espaço a foraCompondo cenários, criando beleza no agoraDas mil e uma palavras onde bordei ternuras Lembrastes da única com que dei um ponto fora...

Maria Inês de Paula Bomfi m

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Palavra é Arte - POESIA • 109

O SEU NOME É AMOR

Por você, eu ouvi as mais lindas canções já tocadasPor você, eu plantei sentimentos em canteiros de amores, fiz perfumes e bálsamos ao recolher mil flores!Por você, escrevi os mais inspirados poemas, nos versos mais ternos criei e resolvi tantos dilemas...Por você, eu me fiz de vestal no templo das ilusões; acendi luzes nos portais,

purifiquei emoções!Por você, remendei no coração as dores, tratei, remediei, balsamizei e curei;Sonhei os sonhos mais bonitos, colori de vida ao redor.Clamei ajuda, xinguei os céus, e repeti os mesmos erros, isso é que é o pior...Por você, arrependi, aperfeiçoei, transmutei e perdoei.Por você aprendi a me reconstruir, a me conter, a me revelar, a me refazer, a me multiplicar...“Por você, aprendi a voar:Voei distâncias inimagináveis entre o espaço exíguo de minhas cercanias pessoais até o mundo vasto de Ser... além de dois...”Descobri vastidões infinitas que cabem no sentimento simples que mora dentro de cada um de nós;Por você, descobri como tudo que é tão imenso pode caber dentro de tão pequenas coisas e seres: basta que seja verdadeiro!

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Descobri que a gente costuma passar a vida inteira esperando por um senti mento de verdade, sem saber que a grande verdade a ser descoberta está dentro da gente.Por você eu descobri esta verdade, morando o tempo todo dentro de mim;Descobri que eu nunca ti nha encontrado nada importante igual a você;Eu descobri em você, o senti mento mais lindo dessa vida!Descobri que sem você, não posso viver!Porque você é tudo!E o seu nome é AMOR!

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Palavra é Arte - POESIA • 111

POR CAUSA DE VOCÊ

Enquanto lá fora, o mundo tá meio loucomantenho minha razão na paz no teu calorMuitos se desarvoram, mas em ti eu encontro Da minha sanidade, quase a metadePor causa de você, num lugar logo ali, a saída:encontro meu Paraíso nos sons mágicos que sonorizam a Vida...

Por causa de você,Criei meu Spa do Espírito, minha tranquilidadeIndianamente meditando ao sopéda montanha mais alta do pensamentoCriei palácios marmorizados na menterelembrando Ghandi, dançando com Shivaamando mais, estressando menos. Ah, masessa mania de sonhar não termina nunca...

E assim por causa de você, criei dentro do ser um verdadeiro monumento ao AmorUm Taj Majal interior: nos mármores sagradosacendi incensos de sentimentos em transmutação;toda dor transformada em Arte/Sentimentopelas mãos sábias do Tempo...Eternizando momentos e fatos

Por causa de você,De lembranças que escaparam das telas da Mente/arquivoBordei arabescos de memóriasTatuei mehendis nas mãos, em cujas linhas, li mil desacertos a refazer,

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caprichosamenteredesenhando desti nos, plantando fl or de lótus acordando espiritualidade...

Por causa de você, criei em teu refúgio, a minha LiberdadePara onde corro com roupagens fl uidascomo alma solta em imagens fugidiasPlantando Sonhos em ruas da cidade...

Por causa de você, Meu Buda, Minha calma, meu espaço ZenTudo fl ui, tudo se encaixa, tudo se completaEm ti , meu yang, equilibro meu yin, passividade terna...Por causa de você, minha completaçãoEm melodias de nós dois, tudo o mais se aquietaNa mais perfeita harmonização...

Por causa de você, minha cornucópia mitológica da Inspiração,Deuses da Inventi vidade me visitam as fontes de criação, bordando nos tecidos do Desti no as cores de Amor AçãoO Universo inteiro dentro de ti , está acendendo estrelas por mimO Universo todo dentro de mim, está criando Mundos de Amor por ti ...

Tudo issopor causa de você...

Maria Inês de Paula Bomfi m

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Palavra é Arte - POESIA • 113

DORME MEU BENZINHO

Dorme...Que esse canto que te cantofala sem palavraslinguagem de afetostranscendentes momentosLira de sonhos e encantoVesti da de brancominha Alma embala a tuanum feliz entorpecimentonas praias de MorfeuEssa canti ga de brumasé doce manto que abrigajunto ao meu teu coraçãomenino, criança no Paísda lúdica Ternura e purareinando infi nita nessa canção que só nasce de dentro do coração.

Maria Inês de Paula Bomfi m

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AMOR ... AMÉM

Eu estive envolvida nas gazes fluidas de um mágico sonho...Incensos volatizaram para mim, doce atmosfera de encantamentosNa Tenda colorida dos Dias, você cobriu de sedas e cetins, as almofadas...

Onde recostei minha cabeça sonhadora, por momentosMúsicas saíram de alaúdes e violinos embevecendo a mente e o ambienteTudo transcorrendo assim, como num conto de fadas...

Durante esse tempo você me alimentou de manjares e néctares criou para mim a festa dos Instantes num Tabernáculo sagradoEu, então me transformei na Vestal de Templos Estelares esparzindo sementes de Luzes acendidas na exatidão do Fado

Alimentamo-nos de Músicas, Sonhos e Palavras ritmadasNessas quimeras que os Deuses tecem em cenários e tramas Nessa Mitologia amorosa feita de Sonho, Sons, e de Sabedoria em PalavrasEnsinamentos, preces, músicas e imagens se misturaram encadeadas...

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Palavra é Arte - POESIA • 115

Nesse período de Gestação das mais suti s formas do Amor que ProduzGeramos sonhos doces, esperançosos em muitas mentes e coraçõesSementes de Esperanças, espírito de pesquisa e de estudo vieram à Luzpreparando solos, adubando terras abandonadas, partejando fl orações

Por tudo somos brindados, pelo senti mento que traduz amadurecimentoFaz-se feliz moldando emoções, melhorando vibrações, amando alémdo que é o Amor, renovando, perfumando, evoluindo no conhecimentoPois que Senti mento é conquista no Tempo, é Infi nito. . . Amém.

Maria Inês de Paula Bomfi m

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116 • POESIA - Palavra é Arte

CÉU DE ESTRELAS

Quando me volto para o céuSinto ter passado o tempo distraídaMeus olhos tapados com véuFicaram muito tempo perdidos

Mesmo assim prossigo ousado e erranteAtravés de áridos desertosOlhando sempre mais adianteProcurando meu ser desperto

Aos poucos os véus vão caindoE a verdadeira vida vai surgindoPara aqueles que assim escolhem ser

Hoje me sinto parte das estrelasE só quem tem amor pode entendê-lasPois o amor me faz voltar ao céu

Malgarete Frasson

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Palavra é Arte - POESIA • 117

DIVINDADE MINHA

Divindade que afl ora Pelos poros da essênciaAcordando a dormênciaQue limita a visão

Divindade criadoraQue me transformaNa mais bela criaturaSem luxúria

Divindade puraQue ilumina a escuridãoIndicando o caminhoQue leva ao coração

Divindade minhaQue me religa a linhaDo grande espíritoEm permanente evolução

Malgarete Frasson

Em permanente evolução

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118 • POESIA - Palavra é Arte

DOAÇÃO

Acalenta o coraçãoTransforma a alma do serPara o inteiro serSacode a ignorância Da mesquinhez do terTransforma vidasRumosCaminhosSituaçõesDecisõesMuda a dor doídaPara a dor menorTransforma o ódioRaivaRevoltaEm agradecimento e celebraçãoLeva esperançaLeva perdãoLeva carinhoLeva amizadeDoaçãoPalavras de confortoAmor transformadoEm ação

Malgarete Frasson

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Palavra é Arte - POESIA • 119

DOMINGO DE CHUVA

Domingo de chuva É pra lá de muito bomPra fazer comida gostosaSozinha ou com

E depois pra descansarFilme com pipocaSe deixando relaxarNa sua toca

Mas se preferirSe entregue a um livroE deixe ele te instruirComo um bom amigo

E se a leseira chegarSe acoste com carinhoNaquele canti nhoQue só você pode fi car

Mas se ainda assimTudo isso não for sufi cienteAbra a janela do seu jardimE deixe a chuva te tocar mansamente

Malgarete Frasson

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120 • POESIA - Palavra é Arte

SENSAÇÃO

Essa sensaçãoQue aperta o peitoSem muito respeitoE traz para dentroUma forte emoçãoE faz lembrarQue nessa horaEra bom ter alguém do ladoPara ajudar a curarEssa espécie de solidão

Mas ao mesmo tempoSabemos que é tempoDe muita coisa purifi carE que solidão não existeE de nada adianta fi car tristePorque o caminho Que temos que andarSó a nos cabe trilharE que tudo que está foraÉ mera ilusão Que está para acabar

Malgarete Frasson

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Palavra é Arte - POESIA • 121

PENSAMENTO

PensamentoViagem infi nitaProclamadaEm qualquer idiomaSem bandeirasOu Nação

PensamentoIndescrití vel UniversoDe todas as coresE todos os tons

PensamentoForça poderosaQue não conhece o tempoMas vibraA todo momentoE ocasião

Malgarete Frasson

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122 • POESIA - Palavra é Arte

PRAZER

Cálidas tardesCom céu a cinti larOnde corpos ardemO calor de seu furor

Suor que brotaPelos canais da matériaSoltando a salgada energiaQue liberta sem pensar

Vibração do humanoSem julgamento profanoQue em lampejosFaz nascer desejos

Arder que curaE fecha fi ssurasAbrindo as portasPara além do senti r

Malgarete Frasson

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Palavra é Arte - POESIA • 123

REFAZER CAMINHOS

Tantos caminhosTantas lembrançasO que é a vida Sem esperança?

Tortuosos caminhosPor vezes com espinhosQue indicamUm novo passo a dar

Esperança de um novo olharEm busca de outra direçãoMenos doloridaMais colorida

Fé que impulsionaUm olhar mais profundoAlém da escuridão do mundo

Refazer caminhosTransforma em grati dãoA vida que pulsa em nosso coração

Malgarete Frasson

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124 • POESIA - Palavra é Arte

PINGO DE CHUVA

Queria ser Como o pingo de chuvaQue se lança das nuvensAté o chãoE se entregaA emoçãoDe não saber Em que solo vai cairE apenasSe deixar ir

Malgarete Frasson

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Palavra é Arte - POESIA • 125

DOCE PRESENÇA

Suave,como o mais puro algodãoMacia,como seda que percorre os espaçosde um corpo entregue ao êxtaseSensível,para perceber momentos únicosCarinhosa, como mãos que viajamentre os cabelos maciosIntensa,como o calor que faz a pele arder Pura,como criançaUm encantarque faz brotar o melhor de nósPresença que AcolheCuidaAmaDoce presençaSempre presenteVocê.

Malgarete Frasson

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126 • POESIA - Palavra é Arte

FÁCIL PORÉM TÃO DIFÍCIL

Aprendi a gostar de vocêA gostar do seu jeitoGostar das suas ideiasAchar lindo seu tom de vozE a maneira que falava

Gostei de imediatoDo seu sorrisoSeu olharAté seu olhar nervosoEra bonito pra mim

Suas comidasSuas músicasOs lugares que gostava de irSeus livrosFoi fácil gostar de tudo isso

Gostava de fi car te olhandoTe admirandoDe senti r seu perfume ao ventoSenti r o suave toque da sua mão

Foi fácil gostar de vocêDifí cil foi deixar você ir...

Jonatas Daniel

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Palavra é Arte - POESIA • 127

ASSIM COMO VOCÊ

Queria ser assim como vocêLivre para pensar em tudoPara fazer o que quiserIr para onde tem vontade Queria ser como vocêSem ter preocupações com nadaViver sem pensar no amanhãLevar a vida como uma eterna brincadeira

Queria ser assim como vocêQue dorme tranquilamenteQue não vê maldade em nadaQue sorri para tudo que vê

Queria ser como vocêFeliz, alegre, puroInocenteQueria ser exatamente como vocêMeu fi lho!

Jonatas Daniel

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128 • POESIA - Palavra é Arte

NÃO FUJA DAS EVIDÊNCIAS

Vi nos teus olhosAlgo que não sei disti nguir,Li as mensagens do seu rostoMas não consegui entender

Seu toque na minha mãoNão foi como de costume,Seu sorriso ti nha algo diferenteMas não consigo compreender

Suas palavras não fazem senti doSeu pensamento vive longeSua voz soa como um sussurroSeu perfume agora mexe comigo

Um beijo inesperado,Um selinho demorado,Abraço apertado,Estou apaixonado!

Não fuja das evidênciasSe elas estão gritando pra vocêGrite de volta, antes que o amorEncontre outro amor para amar!

Jonatas Daniel

Encontre outro amor para amar!

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Palavra é Arte - POESIA • 129

MANEIRAS DE DIZER EU TE AMO

Há muitas maneiras de dizereu te amo,milhares de palavras ditaspodem dizereu te amo,até mesmo o silêncio dizeu te amo,cada gesto meu, cada olhar,o carinho que faço na sua pelediz eu te amo

Em cada presente meu, a cada sorrisoum simples agrado meuquer dizer eu te amomeu cuidado, meu zelominha atenção, meu ciúmetudo isso dizeu te amo

Quando estou ao seu lado,quando fazemos coisas juntos,quando temos a mesma ideiatudo isso diz eu te amo,meus olhos a todo momentoestão gritando que te ama

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130 • POESIA - Palavra é Arte

E se por ventura senti r faltade ouvir eu dizer que te amolembre-se que posso estarfazendo o maior escândalopra te mostrar que te amo,mas você não está percebendo

Jonatas Daniel

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Palavra é Arte - POESIA • 131

MENINA / MULHER

Carinha de anjoCorpo de mulher,Sorriso de estrelasLábios de sedução,Olhos de criançaOlhar de uma grande paixão

Sonho de mulherLoucuras e tentaçõesAventuras e paixõesE um diário cheioDe anotações

Lágrimas e um sorrisoArrepios na espinhaUm toque suave da minha mãoE sinto seu corpo estremecer

Te deixo com um forte abraçoUm perfume no arUma saudade no coraçãoE um beijo com emoção

Jonatas DanielJonatas Daniel

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132 • POESIA - Palavra é Arte

RIMAS DA PAIXÃO 2

Hoje estou com 35 anos e, acreditem ou não,Voltei a me apaixonarE não me digam que é erradoOu então proibidoDigo que é maravilhosoEncantador e gostoso

Apaixonei logo que viLogo que olhou pra mimFoi instantâneoMágicoNão consegui mais esquecer

As noites acordo pensando em vocêE tenho certeza que também está pensando em mimAndo pela cozinha, volto para o quartoE você é tudo que vejo na minha frente

Os dias vão passandoE a paixão aumentandoJá não consigo fi car longe de vocêMeu mundo agora gira emTorno do seu

Hoje cheguei no ponto máximoDe minha paixão,Foi quando cheguei bem perti nho de vocêE com seu sorriso perfeito me disse“Papai”

Jonatas Daniel

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Palavra é Arte - POESIA • 133

VOCÊ ESTÁ NO MEU CORAÇÃO

Poesia, rimas, versosPalavras enfeitadasFrases perfeitasSinais de amorDesenhos apaixonadosJá fiz várias loucurasPor causa de você

Matei aula, fiz malcriaçõesRoubei flores dos jardinsFaltei no trabalhoEscrevi seu nome no meu braçoCantei pra vocêFiz você dormirE até frio eu passeiTudo por você

Já fiz tudoPara chamar sua atençãoPara roubar seu coraçãoPara te mostrar que não é paixãoÉ amor, é algo mais profundoÉ algo que não posso esconder

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134 • POESIA - Palavra é Arte

Poemas, rimas e versosNão há nada que eu escrevaQue não fale de vocêNão há nada que eu façaQue não lembre vocêOnde quer que eu váVocê sempre estará comigoDentro do meu coração

Jonatas Daniel

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Palavra é Arte - POESIA • 135

RIMAS DA PAIXÃO

Antes de dizer nãoE destruir meu coraçãoDe jogar fora minha emoçãoE me deixar viver uma ilusãoDeixe-me dizer apenas uma palavra entãoDepois te deixo andar peloSeu caminho em vão

Não esqueça que um diaEu te amei, e por vocêMinha vida deiE sem você não seiMais o que fareiE se isso não mudarCertamente fugirei

Você sabe que meu amorÉ todo seuQue no seu coração só tem euE que a nossa esperança não morreuMas meu coração ferveuQuando você me perdeu

Não posso mais aguentarTe olhar sem poder abraçarSeus lábios nunca mais tocarE seu perfume só me faz recordarO quando é bom te amar

Jonatas Daniel

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136 • POESIA - Palavra é Arte

SILÊNCIO

Não diga nadaNos teus olhos posso verO que ninguém enxergaVejo seu coraçãoE vejo que está sofrendo

Olha pra mimOlhe dentro dos meus olhosE tente enxergar vocêVeja, que tudo vai passar

Pegue na minha mãoAssegure-se no meu braçoFirme os pés no chãoE juntos, vamos sair dessa

Não tenha medo de cairOu tampouco se machucarPorque fi rme na minha mão estásE nunca irei te soltar

Jonatas Daniel

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Palavra é Arte - POESIA • 137

LEMBRANÇAS

Te trato bem,Te elogio,Te admiro,Te ajudo,Mesmo assim me ignora

Sou sincero,Sou amigo,Sou companheiro,Sou dedicado,Mesmo assim me ignora

Dou a mão pra te levantar,Enxugo suas lágrimas,Estou do seu lado,Meus ouvidos são todos seus,Mesmo assim me ignora

Um dia posso não estar mais aquiPosso estar em um outro lugarSem te ouvir,Sem te ajudar,Sem estar presente,Hoje não me ignora mais

Pois a perda te fez entenderA valorizar as amizades,Hoje não saio da sua lembrançaMas já saí da sua vida

Jonatas Daniel

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138 • POESIA - Palavra é Arte

UMA MÉNAGE ESPECIAL AOS ASTROS

O sol, a terra e a luacurti am um espacial e insólito ménage à trois,apenas interrompidopelo aviso do endométrio lunar.

Tiago Quingosta

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Palavra é Arte - POESIA • 139

MEMORABILIA

Guardei em um áureo baúteu cheiro,teus olhos castanhos,tua boca,teu sorriso.Encerrei.Enterrei.Ocorre que havia piratas traidores dentro de mim.Fizeram um mapa,atravessaram tempestades,enfrentaram dragões e desenterram teu amordo fundo do meu peito... Desde então parei de enterrar baús; vi que nunca te esqueceria...

Tiago Quingosta

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140 • POESIA - Palavra é Arte

ADMIRÁVEIS ALFABETOS, ETÉREAS ENCICLOPÉDIAS

As aves amorosas ameaçam alianças,beijar belas bocas balsâmicas, colocar cheirosas canções cálidasdentro dos dias.Eu escolho esses enlaces,fazendo-me fera ferida, forte, feroz,germinando gordos girassóis.Honrando-te haverá hinos,insígnias incrivelmente ilustradas,jasmins joviais,kamizazes, kama sutras, luas lívidas, lanosas, monções... Maravilhosas miragens mostrar-se-ão.Nadaremos nas nuvens nacaradas,obliterando odiosas ondas, oscilando orgasmos,preterindo preces, promessas, permiti ndo prazeres, pores-do-sol,questi onando quiromancias,rabiscando risos reverberantes.Segredos sagrados soarão. Terás tesouros ternos,ubiquidade única,volúpias vorazes, veludo, versos,Wagner, Whitman, Warhol,Xangri-lás,Yin-yiangs,ziquezagues…

Tiago Quingosta

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Palavra é Arte - POESIA • 141

DOMÍNIO DO VISÍVEL

Deixa que eu construa minha moradaonde haja um riozinho,onde haja montanhas namorando minha varanda,onde até faça um friozinho.

Deixa que ela fi que perto de uma árvore frondosa,que me agraciará com seus frutos.Quero descansar na sombra dela, e agradecer por ser bondosa.Quando a solidão vier fazer companhia não vesti remos nossos lutos. Deixa-me fi car velha e sozinhaque o silêncio para mim é ouro.Eu aprendo mais com ele que com tudo o que ti nha.Eles que fi quem com as suas buzinas, com seus arranha-céus e com todo o seu louro...

Tiago Quingosta

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142 • POESIA - Palavra é Arte

OBLIVION

Vede, em um dos braços, almejando a um amplexo, o corvo onisciente.No outro, máculas profundas e o sangue em torrente.

Porventura a noite engolirá o dia e aportará mais coisas imundas...Quiçá a decadência seja a areia movediça na qual tu, prematuramente, afundas...

Para desprezar qualquer ancião tropeço,E não tornar teu anojamento uma cisma perene, unicamente te revelarei a face do começo.

A pira apagará.Perseguirás a fantasia de vislumbrar o que descansava lá.

Neste caminho o lume de Selene ainda alumia o argênteo rio do esquecimento.Angina meu peito te abandonaria a qualquer momento,

Posto que, quer encontrar, deveras desperto, aquele vetusto barco.Sentir as garras da ceifadora perfazendo sombra no charco.

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Palavra é Arte - POESIA • 143

Teu leito revesti do com veludo vermelho.Aguardando que Vênus brote do espelho.

Teus olhos portam o taciturno néctar, o mais soturno que um olhar já emanou.Com um perjúrio seguirás, negando teus senti mentos, enquanto triste e mórbido, repousa aquele que um dia te amou!

Tiago Quingosta

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144 • POESIA - Palavra é Arte

A NINFETA E O SÁTIRO (OU DOLORES, DOLLY, LOLA, LÔ, LO-LITA!)

Doce Dolores Haze, com tuas soquetes brancas e batom vermelho.Apenas não entendo tua tristeza refletida no espelho.

Doce Lolita minha...Não entendes que eu quero te proteger dessa gente mesquinha?!

E agora que tua mãe descansa no Paraíso das Baleias,Poderei ouvir para sempre o canto das sereias...

Dolly, ma chérie...Ma vie sera une délicieuse folie...

E eu serei teu papai.Serei o teu leal samurai.

Je serai ton ange gardien, ma belle protegée.Avec toi ma bonheur est arrivée.

Afastar-te-ei daqueles garotos vampiros.Viajaremos por todo este país visitando seus tesouros.

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Palavra é Arte - POESIA • 145

E pensar que estes sonhos primaveris sucumbiram rápido demais.Senhores membros do júri, não me arrependerei jamais!

Devolvam-me a beleza pubescente que me foi roubada.Lolita, minha doce Lolita, minha eterna amada...

Tiago Quingosta

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146 • POESIA - Palavra é Arte

MUIRAQUITÃ

Muito antigamente, ali perto de onde avistas um lago esquecido,viviam Icamiabas,mulheres guerreiras que não tinham maridoe que não deixavam ninguém chegar perto de suas tabas.

Exímias no arco e flecha, eram territoriais e agressivas como um colibri,elas apenas admitiam os guerreiros Guacaris para procriar.Tinham também como proteção a luz de Yaci,que levava embora as sombras que os seus caminhos costumavam cruzar.

Se as Icamiabas gerassem homens, esses eram entregues aos guerreiros Guacaris,se gerassem mulheres, essas cresceriam nas aldeias das guerreiras destemidas.Dos homens isoladas, regidas por suas próprias leis,seriam guerreiras fortes e desoprimidas.

Minha avó dizia que quando a lua estava quase no auge do seu esplendor, as Icamiabas saíam em procissão em direção a Yaci Uarua, o grande lago,levando nos ombros potes de perfumes para o banho purificador.À meia-noite mergulhavam com sua agilidade de virago.

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Traziam do fundo um barro de coloração verde,o qual moldavam em formato de sapos e outros animais, um presente das Icamiabas.Como amuletos os Guacaris penduram no pescoço atraindo felicidade e sorte,mas era a única coisa que levavam, além das suas lágrimas que enchiam igaçabas.

Tiago Quingosta

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TRAVESTI DA POESIA

Poesia vem do vocábulo grego “POEIN”,que signifi ca “fazer”, “compor”.Fazer... Acreditar que não há fronteiras.Compor... Linhas do ilusório. Meus queridos bobos da corte, digo, leitores...Há aqui um vocati vo infi nito quando vos digo:Não acrediteis em tudo o que o poeta vos diz!Porque para a senhora poesia o poeta é meretrize é imperati vo que se travesta, Porque o poeta é, concomitantemente, um bosta de um fi ngidor...Finge tão completamenteque chega a fi ngir que é dora dor que deveras sente.

Tiago Quingosta

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Palavra é Arte - POESIA • 149

INEFICAZES EXPECTORANTES

Iceberg inamovívelno centro da urbe,no raiar do verãoteu coração...

Talvez não haja como entrar.Talvez inexista porta.

Desimpregnar de ti o piche da solidãoé porfi a sem solução...

Tiago Quingosta

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150 • POESIA - Palavra é Arte

O RUFAR DO MAR

O estrondo das ondas da Praia do Francêslembra o som do rufar dos tamboresdo meu Marabaixo...

Tiago Quingosta

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Palavra é Arte - POESIA • 151

QUE SEI EU SOBRE O AMOR?

Que sei eu sobre o amor?Só conheço o que me foi ditoEm palavras discretasDe um mero desconhecido

Que sei eu sobre o amor?Só conheço os sacrifíciosVotos sagradosVetos secretos

Palavras silenciosasOutras, ardilosasUma vez soltasNão voltam mais

Por trás do muro existe proteçãoExiste tradiçãoRespeito, oraçãoNão. Não espero que você entenda

Promessas são sacrasSentimentos devem ser purosCorações devem ser empenhadosApenas numa direção

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152 • POESIA - Palavra é Arte

Não seja rápido em apunhalarUma alma que já sofreMas se mantém alti vaA cabeça conti nuará erguida

Sim, estou atrás do véuMinha luta é verdadeiraPor muitas, por uma vida inteiraMas que sei eu do amor?

Se um dia conhecê-loSerá com alguém forte Que acredite em mimEm meus senti mentos

Esse alguém conhecerá meu serSaberá que só aceito o que me pertenceNão divido o que é meuNão me importa em que vida

Pois minha mente é leveMeu espírito é puroMeu corpo me pertenceE meu solo é férti l

Ane Braga

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Palavra é Arte - POESIA • 153

PERDAS SEM DANOS

Sinto-me fl uir como penaCorrendo sem rumo em suas páginasTraço caminhos sobre percalçosVoo sem pluma, desavisada

Tal qual relâmpago sem fonteO eco de sua voz não me diz nadaSou o vazio dos já tão cheiosSementes nuas, destroçadas

Tantos são os anos de passagemOutros muitos fi carão emparedadosPerder tempo só perde quem um diaRecuou diante a adversidade

Ane Braga

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EXPLOSÃO DE LUZ

Ainda não o conheci,Mas o amo loucamente.Sinto seus anseios,Aspiro seu perfume.

Não sei sua aparência.Tenho apenas uma vaga ideiaAvivada quando me olho no espelho.

Num dia só quero sorrir;Noutro, só chorar.Às vezes fi co muito cansadaE só quero descansar.

Muitas vezes esbravejo,Mas a culpa não é sua.Você é minha alma liberta,Meu sonho realizado,Minha vida repleta.

Morreria por você,Mas iremos ambos viver.Você é minha explosão de luzEsperando acontecer.

Você sempre estará em mimCorpo, alma e mente,Explosão de luzEternamente.

Ane Braga

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