LITERATURA+E+EDUCAÇÃO+INFANTIL

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LITERATURA E EDUCAÇÃO INFANTIL MOGI MIRIM 2005 Dedicatória Dedico este trabalho à minha família, que sempre esteve ao meu lado nas horas em que mais precisei, especialmente à minha filha Camila, minha fonte de inspiração para o tema deste. Agradecimentos Agradeço a todos que colaboraram para a realização deste trabalho, aos professores, ao nosso Orientador, Profº Genaro, às minhas colegas de classe, às Meninas Super Poderosas pelo apoio no decorrer dos anos de estudo e à minha família, sempre presente e ao apoio por ela dado. Amo à todos! O CAVALINHO BRANCO À tarde, o cavalinho branco Está muito cansado: mas há um pedacinho de campo onde é sempre feriado. O cavalo sacode a crina loura e comprida e nas verdes ervas atira sua branca vida. Seu relincho estremece as raízes

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LITERATURA E EDUCAO INFANTIL

LITERATURA E EDUCAO INFANTILMOGI MIRIM2005

DedicatriaDedico este trabalho minha famlia, que sempre esteve ao meu lado nas horas em que mais precisei, especialmente minha filha Camila, minha fonte de inspirao para o tema deste.

AgradecimentosAgradeo a todos que colaboraram para a realizao deste trabalho, aos professores, ao nosso Orientador, Prof Genaro, s minhas colegas de classe, s Meninas Super Poderosas pelo apoio no decorrer dos anos de estudo e minha famlia, sempre presente e ao apoio por ela dado. Amo todos!

O CAVALINHO BRANCO tarde, o cavalinho brancoEst muito cansado:mas h um pedacinho de campoonde sempre feriado.O cavalo sacode a crinaloura e compridae nas verdes ervas atirasua branca vida.Seu relincho estremece as razese ele ensina aos ventosa alegria de sentir livresseus movimentos.Trabalhou todo o dia tanto!desde a madrugada!Descansa entre as flores, cavalinho branco,de crina douradaCeclia Meireles

RESUMOA Literatura Infantil um recurso rico em informaes, e nos oferece um mtodo prazeroso e divertido de ensinar crianas da Educao Infantil lies variadas e importantes para uma vida toda.

Este trabalho preocupa-se em mostrar como podemos utilizar este recurso na educao de crianas de 3 a 6 anos de idade e como ela pode ser significativa no eixo ensino/aprendizagem. Para realiza-lo, foi feita uma vasta pesquisa bibliogrfica, entrevistas com educadores, pedagogos e psiclogos, os quais foram unnimes em afirmar que a Literatura imprescindvel na aprendizagem, no apenas para estas crianas de 3 a 6 anos, mas para todos. Estas pesquisas nos mostram como ela contribui no desenvolvimento cognitivo, fsico e social destas crianas, pois a fantasia lhes proporciona um bem estar necessrio para a fase que vivem. O hbito da leitura tambm foi abordado e a importncia de se conhecer o objeto livro desde cedo para se formar futuros leitores foi devidamente enfatizado. Na pesquisa de campo, utilizei, alm de minhas vivncias como educadora de creche, atuando com a faixa etria em questo, as experincias de colegas educadoras de outras creches e escolas.

Desta forma, no se pode negar que a literatura Infantil, com seus contos clssicos, poesias, lendas uma grande aliada do educador no processo de socializao e aprendizagem do aluno, e que deve estar presente na rotina diria da escolinha ou da creche, pois um momento mgico, que permite no s criana, mas tambm ao professor voar para longe nas pginas de um livro.

INTRODUOLiteratura sempre foi para mim uma paixo, ento,, quando veio a proposta deste trabalho, no pensei duas vezes, a elegi como tema para minha pesquisa, porque sempre acreditei que ela me proporcionava mais do que prazer e distrao, ela me dava sabedoria e informao. Se ela boa para mim, por que no seria boa para as crianas com as quais trabalho?

Mesmo antes de adentrar este curso, lia diariamente para minha filha de 4 anos, o maior motivo da escolha do tema, e para as crianas da creche em que trabalho, que preenchem a faixa etria de 3 a 6 anos, principalmente. Esta rotina faz parte do meu dia-a-dia e do delas tambm, pois uma atividade muito agradvel, para todos ns ( eu e elas ).

A princpio, me preocupei principalmente com informaes retiradas de livros, ou seja, a pesquisa bibliogrfica, que se referissem Literatura para crianas ainda no alfabetizadas, mais propriamente para crianas de 3 a 6 anos de idade. Meus objetivos so, mostrar a trajetria histrico-cultural da literatura Infantil, assim como seus principais autores; mostrar a evoluo da sociedade e da instituio escolar em relao infncia e abordar a utilizao da Literatura na sala de aula, mesmo com crianas que no saibam ler; a arte de contar e re-contar histrias; o papel dos quadrinhos no processo de alfabetizao destas crianas e como forma de material

literrio; o hbito de leitura em pr-escolares e a importncia das bibliotecas como meio gratuito de acesso aos livros.

Complementando a pesquisa bibliogrfica, realizei algumas entrevistas com educadores, pedagogos e psiclogos, assim como com as crianas e suas preferncias de leitura, tudo aliado minha vivncia na sala de aula e experincias de educadoras da Educao Infantil do Municpio de Mogi Mirim, tudo para mostrar como esta preciosa ferramenta pode nos ajudar no ensino e no desenvolvimento dos alunos. Alm de proporcionar momentos agradveis no mundo do faz-de-conta, estaremos formando novos leitores.

1. PANORAMA HISTRICO DA LITERATURA INFANTILA Literatura Infantil um produto cultural da sociedade contempornea que oferece criana um meio de educ-la atravs de fbulas ou narrativas.

Contar histrias um costume antigo, e foi a partir deste originou-se a Literatura Infantil. A Literatura Infantil da adaptao de contos populares contados por pessoas comuns em rodas de histria. Antes disso, no havia preocupao em inclu-las na famlia ou na sociedade, porque a infncia era totalmente desconsiderada, as crianas participavam, juntamente com os adultos, da vida poltica e social, testemunhavam as guerras, a vida, as festas.

[...]Antes no se escrevia para elas, porque no existia infncia. (ZILBERMAN, 1985, p. 13)

O livro "infantil" mais antigo de que se tem notcia, o "Livro dos Cinco Ensinamentos", datado do sculo V e VI a.C., escrito em snscrito, cujo contedo era ensinamentos religiosos e polticos, dirigido s crianas atravs de fbulas e narrativas. Na Idade Mdia, com objetivos de educar moral, poltico e religiosamente, eram escritas fbulas em manuscritos, podiam ser histrias romanceadas, contos de cavalaria, canes gesta e o bestirio (coleo de histrias sobre animais reais ou imaginrios)

Algumas obras foram publicadas, no sculo XVII, durante o classicismo francs, posteriormente classificadas como literatura infantil, como: Fbulas, de La Fontaine, editada

entre 1668 e 1694; As aventuras de Telmaco, de Fnelon, editadas em 1717; e o mais conhecido de todos, Os Contos da Mame Ganso, de Charles Perrault, publicado em 1697. Comnio, educador tcheco, foi um dos primeiros estudiosos a creditar que a literatura infantil deveria divertir e ensinar e lanou, em 1658, o primeiro livro infantil ilustrado O Mundo em Quatro Quadros, no qual as ilustraes tinham papel fundamental.

Charles Perrault considerado o grande precursor da literatura infantil, apesar de ter negado o gnero ao atribuir a autoria de Os Contos da Mame Gansa, (coletnea de vrios contos como: A Bela Adormecida, O Barba Azul, O Gato de Botas, As Fadas, Chapeuzinho Vermelho, etc.) a seu filho, por temer ser ridicularizado pela Academia Francesa de Letras, da qual fazia parte, mas graas a esta obra, foi imortalizado.

Quando a infncia surge, com conotao scio-econmica no seio da sociedade burguesa do sculo XVIII que se enfatiza o ser infantil no mbito pedaggico, iniciando assim, o interesse da criao de uma literatura especfica, onde a adaptao dos contos populares e folclricos alavancasse a insero da criana culturalmente na sociedade, partindo deste ponto, pode-se dizer que realmente comeam a surgir, no mercado livreiro, livros especficos para o pblico infantil, isto ocorre na primeira metade do sculo XVIII. Da em diante, a Literatura Infantil passou a ser considerada uma vertente da literatura geral, expandindo da Frana para a Inglaterra, onde fortaleceu-se com a Revoluo Industrial, que assinalou o perodo com atividades renovadoras nos setores econmicos, sociais, polticos e ideolgicos da poca. Com o apogeu do crescimento urbano, a sociedade burguesa se fortalece como classe social dominante, pregando a famlia como instituio, pregando a vida domstica, deflagrando um modelo a ser seguido, com o interesse financeiro embutido ocultamente. Este esteretipo converte-se na finalidade existencial do indivduo, tendo como beneficirio maior, a criana, impondo a preservao da infncia enquanto meta de vida o que favoreceu o crescimento industrial ligado ao novo membro da famlia, como a industrializao de brinquedos, livros e o surgimento de novos ramos da cincia (pedagogia, psicologia infantil, pediatria). Dentro deste paradigma que a literatura infantil emerge, atuando na educao da sociedade infantil burguesa. Alguns ttulos sobressaram neta poca, livros que agradavam tanto adultos como crianas: Robinson Cruso, de Daniel Defoe, publicado em 1719 e Viagens de Guliver, de Jonathan Swift, publicado em 1726.Em meados do sculo XVIII, o ingls John Newberry, fundou a Biblioteca Juvenil, primeira editora de livros para crianas.

Neste sculo, houve, tambm, outra grande mudana na sociedade, a escola surge como uma instituio que objetivava fortalecer a poltica e a ideologia burguesa. Com o crescimento e a "popularizao" da escola, a Literatura Infantil adentra o sculo XIX com grande fora.

No sculo XIX, a literatura passa a ser escrita e re-escrita, sendo precedida de sucesso no sculo anterior. Novos autores surgem, consagrando a literatura infantil com contos que se tornaram clssicos.

Para a autora Nelly Novaes Coelho, este sculo considerado renovador, pois a criana passa a ser vista como ser que necessitava de cuidados especficos para seu crescimento fsico, psicolgico e cognitivo, surgindo, ento, novos conceitos de vida, educao e cultura, abrindo novos caminhos para a rea pedaggica e literria.

Pode-se dizer que nesse momento que a criana entra como um valor a ser levado em considerao no processo social e no contexto humano. (COELHO,1985,p.108)

Dentre os autores que se destacaram neste sculo por suas obras podemos citar:

Os Irmos Grimm (Jacob e Wilhelm Grimm), que escreveram seus contos baseados na memria popular de seu povo, como narrativas de lendas, contos folclricos e histrias de sua terra ( Alemanha ), todas conservadas por tradio oral. Seus contos agradavam tanto os adultos como as crianas, pois continham o fantstico, a fantasia e o mtico. Sua mais famosa obra foi "Contos de Fadas para Crianas e Adultos", publicado entre 1812 e 1822, onde estavam escritos os contos: A Bela Adormecida, Os Msicos de Bremen, Os Sete Anes e a Branca de Neve, O Chapeuzinho Vermelho, A Gata Borralheira, As Aventuras do Irmo Folgazo, O Corvo, Frederico e Catarina, O Ganso de Ouro, A Alfaiate Valente, O Lobo e as Sete Cabras, O Enigma, O Pequeno Polegar, Joozinho e Maria entre muitos outros.

Hans Christian Andersen retratava em suas obras o cultivo dos valores de seus ancestrais, revelando o valor de sua raa nrdica com grande patriotismo. Seguia a linhagem dos irmos Grimm, porm com obras mais amadurecidas, j que comeara a escrev-las vinte anos aps os Grimm. Teve 168 contos publicados entre 1835 e 1872, entre eles esto: O Patinho Feio, Os Sapatinhos Vermelhos,, O Rouxinol e o Imperador da China, O Soldadinho de Chumbo, Os Cisnes selvagens, a Roupa nova do Imperador, Joo e Maria, Joo Grande e Joo Pequeno, etc.

A grande diferena dos contos dos Irmos Grimm e Andersen estavam no fato de que os contos de Andersen, alm de possurem fantasia, estavam ligados ao cotidiano.

Outras obras fizeram muito sucesso e so conhecidas at hoje, como: Alice no Pas das Maravilhas, de Lewis Carrol; Pinquio, de Collodi; Os Trs Mosqueteiros, de Alexandre Dumas; Vinte Mil Milhas Submarinas, de Jlio Verne; Mogli, o Menino Lobo, de Rudyard Kipling; Tarzan da Selva, de Edgard Rice Burroughs; Peter Pan, de James M. Barrie; etc.

1.1 A LITERATURA INFANTIL NO BRASILEnquanto a Europa lanava seus primeiros livros infantis s vsperas do sculo XVIII, no Brasil, a produo e publicao foram tardias, quase no sculo XX, embora haja alguns registros datados do sculo XIX. Tudo comeou com a implantao da Imprensa Rgia por D. Joo VI, em 1808, quando algumas obras literrias voltadas para crianas comearam a ser publicadas, como a traduo de "As Aventuras do Baro Munkausen", mas foi no entre sculo (XIX e XX) que a produo de livros infanto-juvenis se fortaleceu, devido nova viso de educao que se estabelecera no pas, as tradues e adaptaes de livros firma-se e a conscincia de que uma literatura prpria, que valorizasse o nacional se fez necessrio. Inicialmente, esta mudana comeou na escola, com o surgimento de "livros de literatura" e livros de educao religiosa para crianas e jovens. Estes livros foram os primeiros esforos para esta nacionalizao da literatura infantil.

A Literatura Infantil apresenta, no Brasil, um campo de trabalho to extenso e desconhecido, que ocorre com o investigador o que se passou com Cristvo Colombo: pensa-se ter descoberto o caminho para as ndias quando, de fato, mal tangenciou um continente inexplorado cujo perfil exato ainda est por ser definido. (ZILBERMAN, 1985, p.9)

O primeiro livro lanado no Brasil com grande repercusso no meio escolar foi o "Livro do Povo", escrito por Antnio Marques Rodrigues. Nesta mesma linha, foram lanados: "Mtodo Ablio", por Ablio Csar Borges; "O Livro do Nen", por Meneses Vieira; "Srie Instrutiva", por Hilrio Ribeiro; entre outros.

Logo aps esta fase, contos para diverso da infncia comearam a ser escritos por autores nacionais, como "Contos Infantis", de Jlia Lopes de Almeida, reunindo mais de sessenta narrativas em verso e prosa.

"Contos da Carochinha" foi a primeira coletnea brasileira de literatura infantil, com o intuito de traduzir, para a Lngua Portuguesa, contos estrangeiros de sucesso, iniciativa tomada por Alberto Figueiredo Pimentel, conquistando fama por tentar popularizar a literatura no Brasil.

Mais algumas obras e autores: "Livro das Crianas", de Zalina Rolim; "Leituras Infantis", de Francisco Vianna; "Era Uma Vez", de Viriato Correia; "Biblioteca Infanto", de Arnaldo Barreto.

Grande parte dos esforos para a popularizao dos livros para crianas deve-se aos nomes acima citados e a muitos outros, porm, o principal escritor que demarcou a literatura infantil entre o ontem e o hoje foi Monteiro Lobato, que veio a completar o que faltava nesta corrente rea no Brasil. Iniciou sua carreira na literatura infanto-juvenil com o livro "A Menina do Narizinho Arrebitado", publicado por sua prpria editora, a Monteiro Lobato & Cia, e com o sucesso desta obra, logo surgiram outros ttulos, que misturavam o real e o maravilhoso, de forma a no separa-los mais e (con) fundi-los, como os personagens do famoso e lendrio "Stio do Pica-Pau Amarelo", onde personagens reais (Narizinho, Pedrinho, Dona Benta, Tia Nastcia, etc.) interagem com personagens irreais (Emlia, Visconde, Rabic, Saci, etc.) e ambos existindo na mesma verdade, dentro do universo do faz-de-conta lobatiano, perdurando durante o tempo e fazendo que vrias geraes morem no Stio.

Ando com idias de entrar por esse caminho: livros para crianas. De escrever para marmanjos j me enjoei. Bicho sem graa. Mas para criana um livro todo um mundo[...] (LOBATO apud COELHO, 1985, p. 187)

Outras obras de Monteiro Lobato, publicadas entre 1920 e 1942: "O Saci" "Fbulas" "O Marqus de Rabic" "A Caada da Ona" "A Cara de Coruja" "Aventuras do Prncipe" "O Noivado do Narizinho" "O Circo de Cavalinho" "A Pena de Papagaio" "O P de Pirlimpimpim" "As Reinaes de Narizinho" "Viagem ao Cu" " As Caadas de Pedrinho" "Emlia no Pas da Gramtica" " Geografia de Dona Benta" "Memrias de Emlia" "O poo de Visconde" "O Pica-Pau Amarelo" "A Chave do Tamanho", entre vrias adaptaes de contos clssicos da literatura infantil mundial.

Aps Monteiro Lobato, a literatura infantil foi contemplada, no Brasil, com a contribuio de novos autores, multiplicando-se, assim, seus valores pedaggicos, com interesse no desenvolvimento intelectual e na diverso infantil, como algumas obras lanadas nas dcadas de 80 e 90: O Menino Maluquinho, de Ziraldo; Marcelo Marmelo Martelo, de Ruth Rocha; Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque; A Bolsa Amarela, de Lgia Bojunga Nunes; A Arca de No, de Vincius de Moraes, e muitas outras.

2. LITERATURA INFANTIL E A ESCOLACom a valorizao da infncia no decorrer dos sculos, gerou-se meios de controlar o desenvolvimento intelectual da criana, e com isso, a manipulao de suas emoes, inventando-se a literatura e reformando-se a escola.

A infncia proporcionou tratados de pedagogia, por ser considerada uma etapa etria de conceito demarcado, propondo assim, que esta fase da Vida seja diferente da fase adulta. Com esta nova viso de infncia, da criana como ser que necessita de cuidados e improdutiva, a escola passa a assumir um duplo papel o de introduzir a criana na vida adulta e ao mesmo tempo protege-la das agresses do mundo exterior. Desta forma, os primeiros textos infantis foram escritos por pedagogos e professores para que houvesse conotao educativa, porm, a obra literria tambm pode reproduzir o mundo adulto, seja atravs do narrador, atravs dos padres comportamentais explcitos ou implcitos na histria e de sua linguagem, a qual se pretende que a criana aprenda tudo sofre interferncia do adulto, que pode usar a realidade imaginria para expor sua ideologia.

O que demonstra a falsa inocncia do gnero, pois quando se percebe sua inteno moralizante, o texto se revela um manual de instruo. (ZILBERMAN, 1985, p.20 e 21)

Mas a educao e os educadores passaram por grandes mudanas no decorrer dos tempos, vrias linhas pedaggicas surgiram para que a escola crescesse e, assim, mudasse sua

perspectiva de educao e de aluno, a criana conquistou seu real valor e, hoje, por ela e para ela so feitas as aulas. Hoje, professores so unnimes em afirmar que o fato de ouvir histrias na idade pr-escolar muito importante para o desenvolvimento da criana, iniciando-a como um aprendiz de leitor, porque, pelo simples fato de escutar uma histria, a criana desenvolve um esquema de texto narrativo, percebendo que em todas elas h incio, meio e fim, e se envolvem de tal maneira que, ao cont-las, tm a certeza de que realmente aconteceram, mesmo que seja de faz-de-conta, desenvolvendo sua memria e sua imaginao.

papel da Escola auxiliar na formao de leitores que produzam sentido por meio de dilogo com diversos gneros literrios. (ANDR, 2004, p. 19)

Apesar desta grande conquista, o educador luta ainda contra outro fator que acomete o hbito da leitura: a tecnologia. Hoje as crianas passam muito tempo em frente a televiso, no vdeo game, no computador, j que este proporciona efeitos sedutores ao pblico infantil. Cabe ao professor oferecer a estas crianas a literatura de forma prazerosa e atraente.

A Literatura Infantil auxilia na aquisio do gosto pela leitura e contribui para o desenvolvimento infantil, pois resgata o ldico na aprendizagem e, proporciona um prazeroso contato com a linguagem escrita, tornando-se uma importante ferramenta para a alfabetizao, o conhecimento de mundo e o autoconhecimento.

Ao contar histrias, o professor propicia criana, seu primeiro contato com a linguagem escrita padro, que diferente da linguagem oral que utilizamos para conversar, alm de aumentar o vocabulrio do aluno, j que muitas das palavras que no conhecem, escutam-na pela primeira vez ao narrar de uma histria, e, ao praticar esta atividade, o professor estar promovendo o desenvolvimento de estratgias de processamento e linguagem, importante para o sucesso posterior na escola. muito importante que esta atividade seja rotina para crianas da Educao Infantil (3 a 6 anos), por que a Literatura Infantil permite que a criana preencha algumas lacunas presentes em sua pequena vida. Atravs dos livros ilustrados e com pequenos textos, da histria oral, da leitura de histrias e poesias a criana entra em mundos diferentes ao da sua realidade, como afirma o Referencial Curricular Nacional para Educao Infantil:

A ampliao do universo discursivo da criana tambm se d por meio do conhecimento da variedade de textos e manifestaes culturais que expressam modos e formas prprias de ver o mundo, de viver, de pensar [...] msicas, poemas e histrias so um rico material para isso. (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA EDUCAO INFANTIL, 1998, p. 139)

A narrao do professor o meio pelo qual a criana pr-escolar interage com o mundo da fantasia proposto pelo livro. Em minha prtica diria, utilizamos a rodinha para apresentar os livros s crianas, pois assim, a criana aprender a narrar atravs de jogos de contar histrias e atravs de brincadeiras, como a dramatizao, nas quais reproduzem textos variados que j lhes so conhecidos e utilizando termos caractersticos do faz-de-conta, como "Era uma vez..." e "Foram felizes para sempre.", tudo enquadrado no contar histrias feito diariamente.

A criana tem seu jeito prprio de ler e contar histrias, pois a leitura compreende muito mais do que decodificar letras e slabas, implicando em um conjunto de aes como a interpretao de desenhos e figuras.

A criana que ainda no sabe ler convencionalmente pode faz-lo por meio da escuta da leitura do professor, ainda que no possa decifrar todas e cada uma das palavras. Ouvir um texto j uma forma de leitura. (REFERENCIAL CURRICULAR NACIONAL PARA A EDUCAO INFANTIL, 1998, p. 141)

Nesta fase, a criana que tem acesso a materiais de leitura e um professor que conta histrias de forma prazerosa, desenvolver apreciao pela literatura e ter no professor um modelo a seguir.

A relao com o livro antes de aprender a ler auxilia a criana a torna-lo significativo como um objeto que proporciona satisfao. Isto ocorre porque, ao tocar, manusear, olhar, alisar o livro e brincar com suas folhas e gravuras, a criana sente um prazer similar ao proporcionado por um brinquedo. (ANDR, 2004, p.18)

As histrias podem ser apresentadas, no apenas pela leitura de livros, mas, de diversas maneiras, contudo, deve-se levar em conta a disponibilidade de tempo do educador e a faixa etria a ser trabalhada. Deve-se procurar diversificar as dinmicas utilizadas para contar histrias, para que a cada dia haja mais interesse por este momento. Pode-se explorar a leitura oral utilizando-se de gravuras de apoio, da leitura simples, da histria espontnea, das dramatizaes com as crianas, com fantoches, com os dedos, atravs de discos infantis, histria sem texto e muitos outros recursos.

A partir destas modalidades de leitura, podemos desenvolver vrias atividades como: construo de fantoches com sucata, com papel, pano; realizao de desenhos, colagens, pinturas; atividades de expresso corporal, mmicas, dramatizaes; criao coletiva de novos finais para a trama; novas ilustraes para a confeco de livros; construo de um texto coletivo; confeco de jogos da memria, domin, etc; e, deixar a criatividade levar-nos a explorar este vasto caminho literrio.

A idade pr-escolar nos possibilita trabalhar a literatura de vrias formas e utilizando um material textual diversificado, ampliando o conhecimento de mundo da criana. Desde que a criana entra na escola, por volta dos 3 ou 4 anos, ela se habitua com uma rotina, o que lhes oferece segurana. Em todas as sries da Educao Infantil, uma atividade diariamente garantida: a hora do conto ou a hora da histria. Esta uma atividade de escuta, que prope a interao da criana com o texto, alimentando a imaginao do aluno, possibilitando o trabalho de inmeros contedos das vrias reas e de diversos tipos de texto.

Em pesquisa realizada nas Escolas Municipais de Educao Infantil (EMEIs) e Creches Municipais de Mogi Mirim, podemos comprovar que a literatura tem sido devidamente trabalhada com os pr-escolares, de forma a fazer parte da rotina e ser festejado o Dia do Livro com danas e teatros, realizados pelos alunos, o que nos mostra que as escolas de Mogi Mirim esto no caminho certo quanto formao de futuros leitores.

A utilizao de temas transversais na pr-escola, em grande parte, deve-se Literatura infantil, que permite ao educador trabalha-los atravs de histrias. Muitas colees so lanadas com este objetivo e hoje, so facilmente encontradas em livrarias e escolas de Educao Infantil.

Algumas sugestes de livros para trabalhar temas transversais:

CORPO HUMANO:- Tum, tum, tum. Um barulho do corpo. - Liliana Iacocca. Coleo Toc Toc. Ed. tica.

- Da cabea aos ps. - Cristina Porto. Coleo Hora da Fantasia. Ed. Moderna.

- Meu corpo. - Germaine Finifter. Traduo de Luiz Cludio de Castro. Srie Resposta a Pequenas Curiosidades. Ed. Scipione.

- O sorriso de Aninha, Amigo fio Dental, Dente Doente. - Coleo Fantasia dos Dentinhos. Ed. Sabida.

CARNAVAL:- O Carnaval do jabuti. - Walmir Ayala. Coleo Girassol. Ed. Moderna.

- Carnaval na Floresta. - Rose Sordi. Coleo Hora da Fantasia. Ed. Moderna.

PSCOA- O coelhinho que no era da Pscoa. - Ruth Rocha. Coleo Sambalel. Ed. tica.

- O caso dos ovos. - Tatiana Belinky. Srie Lagarta Pintada. Ed. tica.

NDIOS- Faz muito tempo. - Ruth Rocha. Coleo Sambalel. Ed. tica.

- Mikai Kak. - Hildebrando Pontes Neto. Srie Pique. Ed. tica.

- Maria Sapeba. - Ana Maria Machado. Coleo Barquinho de Papel. Ed. tica.

- Cururu virou paj. - Joel Rufino dos Santos. Coleo Curupira. Ed. tica.

MES- A galinha choca. - Mary Frana e Eliardo Frana. Coleo Gato e Rato. Ed. tica.

- Surilia me monstrinha. - Lia Zatz. Coleo Ponto de Encontro. Ed. Paulinas.

- O patinho feio. - Recontado por Las Carr Ribeiro. Ed. Moderna

MEIO AMBIENTE- Reciclar preciso, Verde que te quero verde.- Cristina Marques. Coleo Meio Ambiente. Ed. Novas Idias.

- A planta e o vento. - Lygia Camargo Silva. Srie Lagarta Pintada. Ed.tica.

- Azul e lindo planeta Terra, nossa casa. - Ruth Rocha e Otvio Roth. Ed. Salamandra.

- Turma do Utilixo. - Nely Guernelli Nucci. Coleo Sabor Amizade. Ed. Paulinas.

PAI- Seu Lo e o pintadinho. - Odette de Barros Mott. Srie Lagarta Pintada. Ed. tica.

- Uma surpresa pro papai. - Nair de Medeiros Barbosa. Coleo Puxe o Lao. Ed. FTD.

FOLCLORE- Brincando de adivinhar. - Ricardo Azevedo. Coleo Hora da Fantasia. Ed. Moderna.

- Boto cor-de-rosa, Saci Perer. - Coleo Folclore Mgico. Ed. Ciranda Cultural.

- A ona e o Saci. - Pedro Bandeira. Coleo Hora da Fantasia. Ed. Moderna.

INDEPENDNCIA- O que eu sei fazer. - Coleo Mimi. Ed. Siciliano.

REINO VEGETAL- A semente e o fruto. - Eunice Braido. Coleo Vira Vira. Ed. FTD.

- Calor e frio, frutos e flores. - Mary Frana e Eliardo Frana. Coleo lbum dos Pingos. Ed. tica.

- Riboca, a couve-flor; Nora, a cenoura. - Coleo No Reino da Hortolndia. Ed. Sabida.

- A rvore encantada. - Elisabete Chaddad Trigo. Srie Salva a Natureza. Ed. Cedibra.

REINO ANIMAL- O gato solitrio. - Regina Vieira. Editora do Brasil S/A

- Mimi miau e Beto bicudo. - Lucy Cousins. Ed. tica.

- O gato do mato e o cachorro do morro. - Ana Maria Machado. Srie Lagarta Pintada. Ed. tica.

NATAL E ANO NOVO- L vem o ano novo. - Ruth Rocha. Coleo Sambalel. Ed.tica.

- Papai Noel esteve aqui. - Las Carr Ribeiro. Coleo Girassol. Ed. Moderna.

- Meu encontro com Papai Noel. - Walcyr Carrasco. Quinteto Editorial.

A pluralidade cultural tambm pode ser abordada atravs da literatura. Conhecer culturas e povos diversos pode ser fascinante para as crianas, que adentram nas histrias e viajam por lugares outrora to distantes com personagens maravilhosos, e, podem entender, porque cada povo tem um costume diferente, mas para isso, preciso que o educador se empenhe em uma pesquisa, que deve ser bem elaborada e de acordo com a faixa etria trabalhada, e que englobe a geografia, a histria, a cultura e os aspectos sociais do local, como por exemplo, a histria de Alladin, que vivia na Arbia, apontamos a localizao, sua origem, seus costumes, assim como as histrias tpicas do folclore brasileiro, onde cada regio tem suas lendas e crendices, este um vrtice para se trabalhar as diferenas culturais de nosso pas, etc. A questo do preconceito tambm pode ser abordado, atravs de contos clssicos, como O Patinho Feio, de Andersen, ou at mesmo por uma histria mais atual, como Menina bonita do Lao de Fita, de Ana Maria Machado, ambas falam das diferenas raciais e como podemos lidar com elas na sala de aula, interagindo com a criana de forma que ela ocupe o lugar da personagem, e reflita como se sentiam na histria e que isso acontece na vida real, at mesmo na sala de aula.

Desta forma, a Literatura estar agindo consciente e inconscientemente na vida de cada criana que tem a oportunidade valiosa de escutar e fazer parte deste momento do conto, crescendo, assim, como ser humano e aprendendo a respeitar e a conhecer as diferenas do outro.

3. ( RE ) CONTANDO HISTRIASContar histrias um costume muito antigo e hoje passa a ser uma rotina nas escolas de Educao Infantil.

Por mais que a tecnologia adentre em grande parte dos lares, com a TV, o videogame e o computador, o educador aceita, diariamente, o desafio de despertar nas crianas desta tenra idade (3 a 7 anos), o prazer pela leitura, no que esta tecnologia seja desnecessria ao desenvolvimento da humanidade, mas, a batalha dos professores deve ser, no contra o progresso, e sim contra a m apresentao que os livros sofrem nas escolas, tornando-se, muitas vezes, chatos. Para trabalhar com a literatura, deve-se torna-la prazerosa, atraente, criativa s crianas, a comear pela seleo dos livros, que devem ser adequados faixa etria trabalhada, a partir do seu desenvolvimento cognitivo. Para cada idade h uma caracterstica de leitura:

Aos 3 anos as histrias devem ser curtas, com poucos detalhes e personagens. Nesta idade a criana encara a histria como se ela fosse real, tudo tem vida e h comparao com sua realidade e tentativas de explicar e mostrar como so.

Dos 4 aos 5 anos, a criana comea a exigir, pouco a pouco, histrias mais elaboradas, de simples compreenso,porm, com mais riqueza de vocabulrio. Nesta idade, a criana

ainda se assusta facilmente, pois ainda no consegue distinguir, por completo, realidade e fantasia, por isso, preciso tomar cuidado com a entonao de voz. Esta fase comum a criana criar suas prprias histrias a partir de ilustraes e imagens.

Dos 6 aos 7 anos, descobre-se um novo momento literrio nas crianas, pois a fase que a criana comea a aprender a ler, comea a tentar decifrar as palavras. As histrias continuam curtas, com um vocabulrio simples e conhecido, e devem conter fatos que faam parte do cotidiano, mesmo que de modo subjetivo.

3.1 CONTANDO HISTRIAS ouvindo histrias que a criana aprende a lidar com as emoes, muitas delas ainda desconhecidas. De acordo com Bettelheim (1980), todo conto de fada emite ao leitor/ouvinte uma idia importante ao consciente, ao pr-consciente e ao inconsciente que ajudam a lidar com os problemas comuns ao homem, de qualquer natureza, como o medo da morte, o medo do abandono, sentimento de culpa, raiva, inveja, entre muitos outros; e o conto de fada oferece resolues para estes problemas, pois incentiva a lutar contra as adversidades e d a idia de que a vitria possvel.

Bettelheim (1980), ainda afirma que o educador no deve salientar, nos contos de fadas, a lio moral e os contedos psicolgicos que estes pretendem passar, mesmo que subjacentemente, porque os benefcios do conto de fada acontecem no inconsciente.

Para contar histrias, no preciso um modo especial, ou at mesmo um dom, mas h, porm, algumas estratgias para tornar este momento mais agradvel e proveitoso, tanto para o leitor/contador como para o ouvinte:

importante que a histria agrade no apenas as crianas, mas tambm aquele que vai cont-la;

A histria deve despertar alguma coisa em quem vai cont-la: ou porque bela e divertida, ou porque tem uma boa trama, ou porque acalma uma aflio... (ABRAMOVICH, 1989)

O leitor precisa conhecer a histria, fazendo uma leitura prvia do texto, que deve ser escolhido de acordo com a idade.

As histrias devem ser contadas a partir dos livros de histrias, com fantoches, com dobraduras ou oralmente, sem apoio algum. O importante que este ato se transforme em rotina, porque um ato valioso para a educao infantil, pois permite criana pensar, ouvir, sonhar e, mostra a funo social da escrita.

As crianas devem participar da escolha da histria, por mais que haja um conto preferido da turma, o educador deve respeita-los e, se for necessrio cant-lo repetidamente.

Deve-se organizar uma conversa antes do momento da histria, para adiantar o tema a ser tratado no texto, para que haja entendimento da atividade e, par evitar possveis interrupes.

Se a histria contada estiver em um livro, o educador deve apontar as palavras que compe o texto, para que as crianas possam acompanhar, por mais que no saibam ler. Se o material utilizado for fantoche, gravuras, bonecos e outros, a histria oral deve ser contada o mais aproximado possvel da escrita.

Explicaes sobre a histria, durante o contar, so totalmente desnecessrias.

Crianas at 3 anos, geralmente, gostam das que tratam de bichos, brinquedos e objetos, com personagens da vida real papai, mame, vov e vov, irmos; crianas de 3 a 6 anos gostam de histrias da fase anterior e outras de repetio e acumulativas, histrias de fadas, histrias de crianas; aos 7 anos histrias de crianas, animais e encantamento, aventuras no ambiente prximo (famlia, comunidade), de fadas. (ZANOTTO, 2003, p. 6 )

A durao da histria cabe ao interesse que cada faixa etria desenvolve, mas o importante mesmo cont-la toda, lembrando que crianas de menor idade tm menor capacidade de concentrao.

Aps contar a histria, importante que o educador/contador mantenha aberto o dilogo entre ele e as crianas, satisfazendo possveis dvidas, ouvindo comentrios sobre a histria, etc.

O educador no precisa ater-se somente em histrias infantis ou contos de fadas, poesias e contos folclricos tambm rendem timas histrias e atividades, alm de ampliar o leque literrio que se oferece criana.

A poesia, quando lida, envolve a conscincia fonolgica da criana, com suas rimas e jogo de palavras. A rima desempenha papel importante na aquisio da conscincia fonolgica, porque possibilita a explorao de diferenas e semelhanas entre sons e palavras. Um bom texto para trabalhar o poema de Ceclia Meireles, Ou Isto ou Aquilo, onde trata de um delicioso e ldico jogo de palavras, com vrias sucesses de oposies.

Os contos folclricos, ricos em cultura popular, oferecem, alm de belas histrias, com encantamentos e criaturas maravilhosas, o conhecimento de provrbios populares, trava-lnguas, brincadeiras de roda, cantigas e "causos".

Na pesquisa que realizei com alunos de Mini Maternal (3 anos creches Municipais), Maternal (4 anos), Infantil (5 anos) e Pr-Escola (6 anos), totalizando 330 crianas das EMEIs e Creches Municipais, nos mostram que 54 % das crianas preferem escutar ou contar os contos clssicos, enquanto 46 % preferem outras histrias, pertencentes a vrias Colees que as escolas dispe, como colees de contos folclricos, histrias sobre o meio ambiente, animais, fbulas, etc. ( GRFICO 1 e 2 )

3.2 RECONTAR HISTRIASAps a apresentao da histria pelo professor, possvel realizar vrias atividades, como j foi dito, entre elas est a motivao da criana a recontar a histria, com o simples objetivo de escuta-la. Ao ouvir uma histria, a criana constri em sua mente um esquema de texto narrativo, e exatamente em sua memria que vai refazer este esquema para recontar a histria.

importante que o educador a oriente durante o seu recontar, para que possa prestar ateno nos elementos importantes do texto, como personagens, cenrio, tempo, incio, meio e fim. O educador pode interferir com questes como: O que aconteceu depois? E da?, que ajudam a criana a recordar a histria. Perguntas gerais, antes de comear a histria podem ser feitas, com o objetivo de localizar a criana sobre o tema abordado no texto, a iniciar a histria: Que histria vai contar?, Sobre o que fala a histria?, Quem so os personagens?, O que aconteceu?, Como a histria termina?, Por que?, etc.

O educador pode, ainda, iniciar uma histria e pedir que a criana continue, ou fazer uma histria coletiva, onde cada criana conta um pedao. Se a criana no se lembrar o professor pode auxilia-la, dando algumas pistas do fato a seguir. Esta atividade, se feita com freqncia, trar notvel bem criana, que cada vez mais se aperfeioara em seu esquema textual narrativo e recontar as histrias cada vez mais com riqueza de detalhes, pois estar estimulando e desenvolvendo sua memria.

O recontar histrias ainda no usualmente praticado nas salas de aulas de Educao Infantil, mas pode ser uma atividade a acrescentar o trabalho do professor, no devendo substituir outros mtodos aplicados na sala. importante que o professor seja, s vezes, espectador das crianas, seja no recontar histrias, no dramatizar e at mesmo nas brincadeiras, pois assim, a criana ter maior confiana e intimidade com o educador, criando um lao importante par seu desenvolvimento nesta fase de descobertas.

Atravs desta atividade, pode-se estar fazendo uma avaliao da criana: seu desenvolvimento, sua capacidade de ateno e memria, sua fala, sua criatividade e desenvoltura ao contar uma histria, pois neste momento, o educador ter sua ateno voltada a escutar as crianas, podendo, assim, avaliar tanto o desenvolvimento fsico-cognitivo da criana como o resultado de suas aulas.

Deve-se, tambm, evitar esteretipos, como, por exemplo, dizer que todas as princesas so sempre loiras, todos moram em castelos, aqueles que no so bonitos no merecem destaques, etc. O importante fazer com que a criana se sinta vontade para criar suas histrias e se inserir nelas, como personagens e aceitar-se do jeito que so.

Algumas atividades complementares podem ser feitas a partir do recontar histrias. Como as crianas pr-escolares ainda no escrevem fluentemente, o professor poder anotar na lousa a histria, pedir para que cada um desenhe uma parte da histria e montar um livro.

Vale lembrar que a atividade de recontar histria no deve ser o centro da aula na Educao Infantil, mas tambm no deve ser descartada do currculo pr-escolar, pois contribui imensamente para o desenvolvimento da criana e do educador.

Total de crianas entrevistadas: 331.

GRFICO 1

GRFICO 2

4. HISTRIA EM QUADRINHO Diverso que educaDurante seus mais de 100 anos, as histrias em quadrinhos sofreram vrias mudanas. A principal delas, a transio de literatura intil ferramenta pedaggica.

Para compreender melhor, preciso voltar os olhos para o passado e acompanhar a evoluo histrica deste gnero literrio.

Seu incio foi ainda no sculo XIX, mas os registros principais so do comeo do sculo XX, com o lanamento da revista infantil Tico-Tico ( 1905 ), especializada em publicar histrias em quadrinhos. Esta revista foi criada por Lus Bartolomeu de Souza e Silva, e era publicada em cores pela editora O Malho. O Tico-Tico inspirada na revista francesa La Semaine de Suzette, cujo personagem principal recebeu o nome de Felismina no Brasil.

No princpio, os profissionais brasileiros dedicavam-se, em maior parte, a reprodues de histrias estrangeira, mas, havia tambm, personagens nacionais, como Jujuba, de Jota Carlos; Chico Muque, de Max Yantok; e Reco-Reco, Bolo e Azeitona, de Lus S.

Em 1934, o mercado das revistas em quadrinhos foi impulsionado por Adolfo Aizem, ao editar o Suplemento Infantil, encarte semanal do jornal carioca A Nao. A publicao torna-se independente, devido ao sucesso alcanado, passando a chamar Suplemento Juvenil, e apresenta o primeiro personagem de histria em quadrinhos brasileiro a alcanar projeo

nacional Roberto Sorocaba, criado por Monteiro Filho. A revista trazia ainda histrias estrangeiras como: Flash Gordon, Mandrake, Tarzan, Popeye e Mickey. Para concorrer com o Suplemento Juvenil, o jornalista Roberto Marinho lana "O Globo Juvenil", em 1937. Em 1939, lanado "Gibi", nome que at hoje associado revista de histrias em quadrinhos. Seu primeiro nmero traz, entre outras histrias Lil Abner (Ferdinando), de Al Capp; Csar e Tubinho, de Roy Crane; e Barney Baxter, de Frank Miller. Com o sucesso do gnero, alcanado no decorrer dos anos, surgem muitas outras revistas especializadas em quadrinhos, como o Gibi Mensal, o Gury, o Lobinho e o Globo Juvenil Mensal, na dcada de 40.

Na dcada de 50, as histrias em quadrinhos passam de diverso vils. Nos Estados Unidos elas so acusadas de subverso e so consideradas m influncia aos jovens, sendo apontadas como o principal fator da delinqncia juvenil e eram comumente queimadas em praas pblicas. Este efeito foi menor no Brasil, passando a serem consideradas literatura intil, at mesmo por causa da intolerncia ideolgica da poca. Estes fatos, apesar de negativos, no impediram artistas brasileiros de lanar novos personagens, como O Amigo da Ona ( 1952 ), que circulou durante vinte anos no jornal O Cruzeiro. Victor Civita funda a Editora Abril e lana a primeira revista com personagens de Walt Disney no Brasil, O Pato Donald. Ziraldo lana, em 1959, Perer, que abordava em suas histrias, temas polmicos, como reforma agrria e ecologia.

A dcada de 60 foi marcada por um grande crescimento no mercado dos quadrinhos, devido ao sucesso de Maurcio de Souza ao lanar A Turma da Mnica, passando a produzir revistas em srie e utilizar-se de merchandising nas vendas. At os dias de hoje, A Turma da Mnica a turminha mais querida dos quadrinhos, sendo preferncia entre crianas, jovens e adultos, e obteve sucesso em vrios pases onde foram lanados.

Com a represso militar na dcada de 70, os quadrinhos passaram a trazer crticas sociais e polticas, desta vez, voltados para adultos e, sofreram censura em decorrncia a este carter crtico. Logo depois, na dcada de 80, o mercado se abre para artistas como Laerte (Piratas do Tiet ), Angeli ( Chiclete com Banana ), Glauco ( Geraldo ) e Fernando Gonsales (Nquel Nusea ), voltados para o pblico jovem e adulto.

A crise econmica na dcada de 90 afetou fortemente o mercado dos quadrinhos, fechando vrias revistas (principalmente aquelas que transformavam artistas em desenhos) e impulsionando profissionais brasileiros a ilustrar roteiros em outros pases, principalmente nos Estados Unidos.

Aps anos de conflitos, de ser vista como literatura pouco valiosa, as histrias em quadrinhos foram se desmitificando e, em pleno sculo XXI passou a ser considerada uma poderosa ferramenta pedaggica, pois tem a particularidade de fundir valiosas expresses culturais, como a literatura e as artes plsticas, tornando-se uma fonte de inspirao didtica.

O trabalho com as histrias em quadrinhos relevante, na medida em que, hoje, o quadrinho uma forma de expresso importante na nossa cultura, participando imensamente do universo infantil. (GUEDES; GUIMARES e VIEIRA, 2004)

A qualidade destas histrias tambm cresceu, como a linguagem e o enredo, contribuindo grandemente nas aulas, sendo recomendadas at mesmo pelo Ministrio da Educao e Cultura (MEC) e seus colaboradores, como Pereira (1998): Por associarem imagens e textos, os gibis ajudam as crianas a avanar rapidamente na leitura. (PEREIRA, 1998, apud Nova Escola On-Line)

Os Parmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Lngua Portuguesa para sries iniciais do Ensino Fundamental tambm abordam este tema, mas, podemos adapta-lo Educao Infantil, pois, para ler gibis no preciso saber ler. Os quadrinhos so ideais para apresentar s crianas pr-escolares as primeiras letras, pois so coloridos, possuem textos curtos, so facilmente encontrados e geralmente, tm preo acessvel.

Ao trabalhar com histrias em quadrinhos, o educador encontrar uma grande variedade de atividades que podero ser desenvolvidas com crianas com idade entre 3 e 6 anos . Para as crianas menores, podem ser realizadas leituras em roda, deixar que elas manuseiem as revistas e contm as histrias partindo das ilustraes. Na fase de alfabetizao, por volta dos 4 anos e meio, pode-se apagar as frases dos bales dos personagens e pedir para que as crianas reescrevam a histria, com a ajuda do professor. Contar histrias e separa-las por quadros formando um quebra-cabea e pedir para que as crianas a coloquem em seqncia lgica um timo exemplo de atividade para se desenvolver a percepo visual e a memria. Pode-se propor turma que criem suas prprias histrias em quadrinhos, unindo assim, a atividade escrita e as artes plsticas.

Vale lembrar que, assim como os livros infantis, as histrias em quadrinhos trazem em seu contedo, muito mais que diverso, muito mais do que prazer: elas trazem lies de moral, retratam situaes sociais e polticas (como as revistas da dcada de 70), assuntos atuais como a incluso, a solidariedade, meio ambiente e vm sido utilizadas tambm como meio de informao de utilidade pblica, como campanhas de vacinao, contra dengue e drogas. Na dcada de 60, j se fazia uso das histrias em quadrinhos para informao, como a histria Os trs mosqueteiros, desenhada por Carlos Estevo, que trazia dicas para evitar a disseminao de mosquitos e pernilongos e Chega de Enchente, de Ziraldo, onde Perer explicava populao como evitar enchentes. Como possuem uma linguagem simples e divertida, os gibis so timos meios de aprendizagem e conscientizao, por isso, pode-se dizer que uma literatura que diverte e educa.

4.1 Como montar uma GibitecaExistem, atualmente, no pas, centenas de gibitecas pblicas. A maioria delas esto instaladas em escolas do ensino fundamental. Como foi relatado, importante o contato da criana em idade pr-escolar e as revistas em quadrinhos, e que o acesso a este recurso pedaggico contribui para sua aprendizagem.

Em Mogi Mirim, as Escolas Municipais de Ensino Fundamental (EMEFs) j utilizam da gibiteca para prender a ateno do aluno, principalmente daqueles que no gostam de ler. Na EMEF Jorge Bertolaso Stella, os quadrinhos de Maurcio de Souza influenciaram o projeto pedaggico da escola, onde os alunos aprendiam com a Turma da Mnica a preservar o meio ambiente, a respeitar as diferenas, a ser solidrios, enfim a ser cidado.

fcil montar uma gibiteca, podendo at mesmo ser na sala de aula. Alm de fcil, o custo para organizar um acervo variado de gibis baixo, podendo encontra-los em sebos e bancas de revistas usadas. Primeiro, preciso escolher o local, devendo ser adequado ao tamanho da coleo, depois, necessrio cataloga-los e sapar-los por ttulo e gnero ( infantil, super-heri, humor, fico, etc. ), criar, juntamente com as crianas, regras de manuseio, emprstimo e conservao dos exemplares, organizao das prateleiras, etc.

Se a escola no dispe de espao, o educador pode organizar uma gibiteca desmontvel, onde as revistas so guardadas em uma caixa e, na hora combinada para a leitura, o professor faz uma roda com os alunos e expe os gibis no centro desta roda e cada um escolhe o que mais lhe agrada. Os gibis confeccionados na sala de aula tambm devem fazer parte da coleo, assim as crianas iro se sentir parte integrante e ativa na gibiteca. O professor pode organizar, tambm, o dia do gibi, onde cada criana leva um gibi que gostou de ler e o empresta para os colegas de classe, depois, trocam informaes e comentrios sobre as histrias.

Como podemos ver, as revistas em quadrinhos tambm so uma fonte de aprendizagem e diverso, com baixo custo e grande variedade. Com imaginao, o educador poder montar grandes projetos pedaggicos com histrias em quadrinhos para aplica-los aos alunos, que, mesmo com pouca idade, j manifestam seus gostos e preferncias e so muito capazes de repassar as lies que aprendem na escola para quem estiver disposto a escut-los.

5. HBITO DE LEITURA E A BIBLIOTECA NA ESCOLAConsiderado um tesouro, o livro pode enriquecer o ambiente escolar, mas para que isso acontea, preciso torna-lo parte da vida de todos.

Para as crianas que ainda no sabem ler (pr-alfabetizao) e para os que esto aprendendo a ler (alfabetizao) importante que se tenha contato com tal tesouro, pois, apresentando o livro desde cedo ao indivduo, estar lhe fazendo um bem e propondo-lhe uma fonte inesgotvel de prazer, diverso e informao.

A leitura pelo seu prprio mecanismo de reflexo e percepo, influencia na formao do indivduo. Como possibilidade reflexiva, age na ativao da memria e da criatividade, na expresso oral e escrita, ou seja, os resultados da leitura como prtica diria so cada vez melhores em qualidade e quantidade. (ROCHA, 1987, p. 40).

Na Educao Infantil, uma atividade desenvolvida diariamente e muito importante para as crianas: a Hora da Histria, onde o educador conta histrias para as crianas. Este um momento valioso para as crianas fantasiarem sobre o mundo mgico que o livro propicia. Nesta faixa etria, de 3 a 6 anos, se apresentado corretamente, os livros podem fazer com que as crianas adquiram o hbito de leitura. Este hbito pode ser conquistado mesmo antes da criana entrar para escola, em casa, esta afinidade comea com as leituras que os pais fazem para os filhos. Por ser um hbito que se adquire gradativamente, importante que a criana,

desde beb, tenha a oportunidade de estar com os livros. Pais que j possuem o hbito da leitura e lem rotineiramente para seus filhos podem ficar tranqilos quanto a estes serem bons leitores.

O ideal que pais e filhos, mesmo nos de colo, possam compartilhar uma experincia gostosa, na descoberta do mundo dos livros. (SANDRONI; MACHADO, 1986, p. 12 )

Assim como ao conversar com os filhos os pais os preparam para explorar verbalmente o mundo, lendo, incentivaro os filhos a adquirir to precioso hbito: o da leitura.

Alm de casa, a escola e a creche tambm so ambientes propagadores deste hbito, sendo que, na creche, a criana entra em contato com os livros mais cedo que as crianas da escola, j que entram na instituio ao9s 4 meses de idade, enquanto na escola ingressam com 4 anos. Tornam-se ento um meio importante de disseminao do hbito de leitura, j que no Brasil, os pais que lem para os filhos so a minoria, e a biblioteca, juntamente com o professor, podem auxiliar nesta perspectiva.

Pensando nas crianas que foram criadas as Bibliotecas Infantis, hoje, so vrias espalhadas por todo pas. A primeira foi fundada em 1935 e recebeu o nome de Biblioteca Monteiro Lobato e, tinha por objetivo, acolher crianas que no tinham condies de comprar livros e possuam grande potencial a ser desenvolvido, ou seja, foi criado com perspectiva social. Em 1978, foi criado o Fundo Nacional do Livro Infantil e Juvenil, preocupado com a questo do hbito de leitura em crianas e adolescentes. Se antes a preocupao era filantrpica, agora passava a ser pedaggica. Com esta mesma preocupao, foi criado o Centro de Estudos de Literatura Infanto-Juvenil (CELIJU), com apoio de tcnicos e estudiosos da rea. Nesta poca, formou-se um novo pensamento acerca do livro e da literatura: a assimilao da linguagem ligada universalidade e um saber que tradicionalmente esteve excludo da questo do hbito de leitura, ganhando assim, uma conotao universitria.

Ainda hoje, a biblioteca cultiva esta preocupao pedaggica e, por isso que cada vez mais, profissionais da educao esto dispostos a leva-la para dentro da escola, para dentro da sala de aula, pois a biblioteca escolar tem funes a serem desempenhadas, como a funo educativa, que incentiva os alunos a buscarem conhecimento, auxilia-os na formao de hbitos e quanto aos cuidados do manuseio; e a funo cultural, pois complementa a educao formal, ampliando o conhecimento do aluno acerca do mundo e das culturas existentes nele, j que cada livro proporciona uma viagem ao leitor.

Como foi citado, toda criana merece ter a oportunidade de conhecer os livros desde cedo, e a melhor maneira de proporcionar este contato na Educao Infantil criar cantinhos, destinados leitura. Em Mogi Mirim, grande parte das Escolas Municipais de Educao Infantil (EMEIs) e as Creches Municipais possuem este espao, prprio para a leitura. Isto a confirmao do bem que a leitura proporciona, e que as escolas de Mogi mirim esto dentro dos padres do Referencial Curricular Nacional para a Educao Infantil, dando-lhes asas imaginao, incentivando as crianas a criar, a voar nas pginas dos livros.

Este contato em local adequado para esta integrao (criana e livros), trar efeitos positivos, no apenas como o hbito de leitura, mas tambm a responsabilidade, o cuidado, a independncia, a cooperao, dentre outros.

As crianas deveriam freqentar a biblioteca desde cedo, iniciando um contato agradvel com os livros ilustrados mesmo antes da matrcula escolar. Poderiam se portar na biblioteca como quisessem, ficar sentadas ou deitadas, isto , na posio que preferissem: importaria apenas o hbito que comea com o manuseio do livro que se inicia. (SANDRONI; MACHADO, 1986, p. 31).

Para proporcionar este contato, preciso de um local agradvel, onde os livros estivessem ao alcance das mos. Podem ser acomodados em pequenas estantes ou caixotes. Os ttulos devem agradar criana que, nesta fase ( 3 a 6 anos ), ainda no sabem ler e conter muitas ilustraes, bonitas e coloridas, pois, atravs dela que a criana ir "ler" a histria. Os livros devem ser renovados, trazendo novidades. Pode-se colocar almofadas sobre um tapete, para que cada um se acomode como melhor achar. Uma biblioteca infantil ou um cantinho de leitura no deve apenas ter livros, mas tambm uma grande quantidade de atividades para motivar as crianas, podem ser propostos jogos e brincadeiras. Por se tratar de crianas, o silncio no seria exigido, pois a calma e os rudos conviveriam juntos neste espao. O educador pode criar regras juntamente com as crianas, como, por exemplo, sobre o emprstimo dos livros, como manuse-los, como colaborar para a organizao do espao, iniciando-os assim, nas responsabilidades. O professor pode propor ainda, aumentar o acervo de livros da sala com os livros criados pelas prprias crianas, assim, o aluno se sentir parte da biblioteca.

H tantos meios para despertar o hbito de leitura nas crianas que o educador de hoje deve sentir-se privilegiado, pela grande oportunidade que tem de criar novos leitores. O ponta-p inicial foi dado, com a criao destas salas de leitura para crianas que esto nas escolas de Educao Infantil e das Creches, sinal de que estamos apostando em um futuro melhor para nossas crianas, pois, formando leitores, estaremos formando indivduos crticos e tambm reflexivos, porque, isso que a literatura proporciona, uma nova maneira de encarar os fatos e manter-se informado ao mesmo tempo que nos diverte e distrai. Crianas de 3 a 6 anos de idade esto na fase do afloramento para adquirir hbitos, bons e saudveis, desde que estes sejam parte de seu dia-a-dia, pois, o livro muito mais que papel e tinta, uma inesgotvel fonte de conhecimento e prazer, um passaporte para conhecer lugares que, muitas vezes, s existiram na imaginao de quem os criou, ele nos abre as portas para o infinito, para o passado e para o futuro, nos d a oportunidade de ingressar em um mundo de cores e magias, no universo infantil!

6. CONCLUSOComo pudemos ver, no decorrer deste trabalho, realmente no podemos abrir mo da Literatura enquanto recurso ldico-pedaggico, pois, atravs dela que o conhecimento chega a crianas to pequenas.

Nesta fase (3 a 6 anos), a criana tem sede de informaes e a melhor maneira de repass-las atravs da brincadeira, fantasiando, pois as histrias infantis tm muito mais do que princesas e bruxas, nos trazem lies implcitas em suas pginas, em meio ao faz-de-conta, e nos serve de ferramenta para abordar diversos temas, como a pluralidade cultural, problemas scias, discriminao, etc., ou seja, uma gama infinita de conhecimento. Tudo isso, pudemos comprovar com as pesquisas realizadas no decorrer deste trabalho, a partir das pesquisas realizadas. Pudemos conhecer a origem histrica da Literatura Infantil e sua finalidade, assim como seus principais autores, sejam eles do sculo passado ou atuais. Se o costume de contar histrias est nos primrdios da civilizao, em volta de fogueiras, precisamos leva-lo para dentro de nossas salas de aula, com o intuito no apenas de distrao, mas com a conscincia de que se for bem trabalhada, crianas, no apenas de 3 a 6 anos como abordado no trabalho, aprendero, mesmo que inconscientemente, conceitos fundamentais para um amadurecimento saudvel de seu conhecimento, seja ele de mundo ou de convivncia, porque ao contar uma histria, o educador mexe com os sentimentos da criana,muitos ainda desconhecidos por elas, com seu senso de espao e coletividade, e, desperta, tambm, a memria e a criatividade atravs de atividades de dramatizao ou re-contagem da histria. O hbito de leitura, acredito que foi devidamente abordado e explorado, nos mostrando que, desde que nascemos, possvel constru-lo, atravs de estimulao da leitura e at mesmo de se contar uma histria antes de dormir, desenvolvendo assim, um esquema narrativo nas crianas que ainda no sabem ler. Quando a criana ingressa na escola, ou creche, ela passa a ter, dependendo dos hbitos de sua casa, mais contato com os livros, por isso foi enfocada a importncia de bibliotecas no apenas na escola, mas principalmente nas salas de aulas, levando, desta forma, os livros para mais perto das crianas, alternando a leitura em jogos e atividades variadas de faz-de-conta, voltado sempre para a aprendizagem. O material a ser usado pode ser diversificado, pois, mesmo com crianas to pequenas, possvel se trabalhar com poesias, lendas, temas transversais, etc, basta que cada educador abra sua mente e crie uma aula interessante e proveitosa para ambos.

Fiquei muito feliz com os resultados de minhas pesquisas de campos, pois pude comprovar que, grande parte das professoras de Educao Infantil em nosso municpio (Mogi Mirim) faz uso da Literatura em suas salas, organizando exposies, teatros, danas e muitas outras atividades, sem se esquecer da preciosa "rodinha de leitura", que realizada diariamente nas Creches e E.M.E.Is da cidade, valorizando o que esta arte tem de melhor e, assim, formando em cada criana um ser crtico para um futuro em que possam exercer esta criticidade e cidadania, pois, se tornando leitores, estaro bem informados e preparados para defender-se das agruras do mundo.

A Literatura Infantil s tem a acrescentar na Educao Infantil, pois, mesmo sem saberem ler, aprendem e nos ensinam valiosas lies e valores. Fico orgulhosa de estar contribuindo para a formao de novos leitores, pois sei que em cada histria que li, plantei uma sementinha e rego-a todos os dias com novas e velhas histrias, e, principalmente, porque a principal sementinha foi plantada em minha filha, para qual leio histria todas as noites, antes dela dormir, criando um vnculo eterno entre ns.

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ZANOTTO, Maria Anglica do Carmo. Recontar Histrias Atividade importante para a formao das crianas pr-escolares. Revista do Professor, Porto Alegre, n.74, p.5-9, abr./jun. 2003.

ANEXOS1. SUGESTES DE LEITURAAs pesquisas realizadas nas escolas de Educao Infantil e Creches Municipais de Mogi mirim apontam os contos clssicos como os preferidos das crianas e das educadoras, mas h muitos outros ttulos que podem compor a biblioteca escolar, ou o cantinho da leitura, livros que valem a pena serem lidos, tanto pelas crianas como pelos adultos:

A Arca de No Vincius de Moraes Cia das Letrinhas

A Bruxa Salom Audrey Wood tica

A Caixa Maluca Flvia Muniz Moderna

A Casinha do Tatu Elza Sallut Moderna

A Primavera da Lagartixa Ruth Rocha Melhoramentos

A Chave do Tamanho Monteiro Lobato Brasiliense

A Fbula das Trs cores Ziraldo Melhoramentos

A Lagartixa que Virou Jacar Izomar Camargo Moderna

Ana Levada da Breca Maria de Lourdes Krieger Moderna

A Peteca do Zca Cristina Porto Moderna

As Confuses de Aninha Stella Carr Moderna

As Duas Caras da Noite Lcia Pimentel Ges Moderna

Aventuras no Escuro Jane Carrut Melhoramentos

A Curiosidade Premiada Fernanda Lopes de Almeida tica

Bicho Esquisito Mrcia Kupstas Moderna

Bicho Papo Cludia Pacce Moderna

Bichinhos Brincalhes Stella Leonardo Brasil Amrica

Cabe na Mala Ana Maria Machado Melhorametos

Cirandinha Maria Nunes de Andrade INL

Ch de Sumio Pedro Bandeira Moderna

Chiquinho Pitomba Pedro Bloch Moderna

Coleo Babar Jean de Brunhoff Cia das Letrinhas

Coleo Cirandinha Record

Coleo Encaixe e Brinque ABC Press

Coleo Era uma Vez Cedibra

Coleo Fantasia Cedibra

Coleo Gato e Rato tica

Coleo Corre cotia tica

Coleo J Sei Ler Record

Coleo Lagarta Pintada tica

Coleo Mico Maneco Salamandra

Como Nasceram as Estrelas Clarice Lispector Nova Fronteira

Deu Minhoca na Histria Eunice Machado de Almeida Moderna

Do Outro Lado da Janela Ricardo Azevedo Moderna

Drcula Keith Falkner Cia das Letrinhas

E se Todo Mundo Tivesse Rabo? Guanymdes Jos Moderna

Fantasmas Chateados Rogrio Borges Moderna

Farra no Formigueiro Michele e Liliana Iacocca tica

Gato Sapeca Valria Souza Moderna

Gato que Pulava em Sapato Fernanda Lopes de Almeida Moderna

Estria de Pingim Mariluiza Campos Bloch

Histria de Dois Amores Carlos Drumond de Andrade Record

Jacar perdeu a boca Snia Junqueira Moderna

Mgica de Coelho Rogrio Borges Moderna

Marcelo, Marmelo, Martelo Ruth Rocha Salamandra

Medo do Escuro Antnio Carlos Pacheco tica

O Amigo da Bruxinha Eva Furnari Moderna

O Bolo do Lobo Mrcia Kupstas Moderna

O Coelho Teimoso Elza Sallut Moderna

O Livro do Trava-Lngua Cia Fittipaldi Nova Fronteira

O Pintinho do Vizinho Pedro Bandeira Moderna

Ou Isto ou Aquilo Ceclia Meireles Nova Fronteira

O Ursinho Azul Maria Dinorah Moderna

Papai, Vov e Eu Flvio de Souza Moderna

Pequeno Manual de Monstros Caseiros Stanislav Marijanovich Cia das Letrinhas

Poemas para Brincar Jos Paulo Paes tica

Rabo Peludo, Gato Pelado Suzana Dias Beck Moderna

Rapunzel Las Carr Ribeiro Moderna

Ronque-Ronque Dulce s. Rangel Moderna

Sabido e Danado Flvia Muniz Moderna

Sapituca Snia Junqueira Moderna

Tatu Bola Dulce S. Rangel Moderna

Tico-Tico no sof Flvia Muniz Moderna

Toma l d c Flvia Muniz Moderna

Trucks Eva Furnari tica

Uma Gravata Elefantstica Tereza Noronha Moderna

Um Passarinho me contou Jos Paulo Paes tica

Vai e Vem Flvia Muniz Moderna

Vida de Rato Valria Souza Moderna

2. MODELO DE QUESTIONRIO: EDUCADORESIdade:

Local/Srie em que trabalha:

Voc trabalha com Literatura Infantil em sua sala? ( ) SIM ( )NO

Qual sua opinio sobre a Literatura Infantil para crianas de 3 a 6 anos?

Voc trabalha Temas Transversais atravs da Literatura Infantil? Como?

Em que aspectos a Literatura Infantil contribui para o desenvolvimento infantil?

Perguntas PessoaisVoc gosta de ler?

Sua professora lia histrias para os alunos/

Quais as Histrias que mais gostava?

3. MODELO DO QUESTIONRIO: COORDENADORES PEDAGGICOS:Funo e local de atuao:

H quanto tempo trabalha com Educao Infantil?

Qual sua opinio sobre a Literatura Infantil enquanto recurso pedaggico para crianas de 3 a 6 anos?

Como voc orienta os Educadores a trabalhar com Literatura Infantil?

Em que aspectos a Literatura contribui para o Desenvolvimento Infantil?