A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL · literatura nacional, acerca da importância das...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL JOSEFA KÉRSIA PINHEIRO PONTES BARRETO PARNAMIRIM-RN 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

JOSEFA KÉRSIA PINHEIRO PONTES BARRETO

PARNAMIRIM-RN

2016

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JOSEFA KÉRSIA PINHEIRO PONTES BARRETO

A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia, sob a

orientação da professora Dra. Carina Pessoa

Santos.

PARNAMIRIM-RN

2016

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JOSEFA KÉRSIA PINHEIRO PONTES BARRETO

Artigo Científico apresentado ao Curso de

Pedagogia, na modalidade a distância, do

Centro de Educação, da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial para obtenção do título de

Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________

Dra Carina Pessoa Santos (Orientadora)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________

Dra. Simone Patrícia da Silva

Faculdade Joaquim Nabuco

______________________________________________________

Ms. Ivoneide Mendes da Silva

Universidade Federal Rural de Pernambuco

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A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RESUMO

Objetivou-se realizar um estudo acerca da importância do brincar na Educação Infantil.

Utilizou-se a pesquisa bibliográfica, a qual abrange parte da bibliografia já tornada pública

em relação ao tema em estudo. Com base no material estudado, defende-se que utilizar a

atividade lúdica como meio no processo educacional da criança é desfazer aquele

pensamento do senso comum, compreendendo que o brincar não é apenas brincar, mas

sim, uma ferramenta indispensável em sala de aula, para favorecer o desenvolvimento

intelectual e social da criança. Pretende-se contribuir para a motivação de estudos acerca

do tema como também, em áreas que tenham afinidade com a temática, utilizando a

ferramenta brincar como forma de ensino-aprendizagem.

Palavras-chave: Brincar. Educação Infantil. Importância. Criança.

1. Considerações Iniciais

O brincar é uma ferramenta bastante utilizada e muito estudada por vários

pesquisadores e profissionais, principalmente na área da Educação Infantil. Nesse

contexto, ela é analisada enquanto recurso para estimular o desenvolvimento das crianças

no processo de ensino e aprendizado.

Segundo Branco, Maciel e Queiroz (2006), a importância do brincar para o

desenvolvimento infantil reside no fato de esta atividade contribuir para a mudança na

relação da criança com os objetos, pois estes, enquanto entes concretos, perdem sua força

determinadora na brincadeira. Logo, no ato lúdico, a imaginação ultrapassa as

características físicas ou convenções sociais acerca do uso de determinadas ferramentas e

objetos.

Nesse sentido, Vygotsky (1998) descreve que a brincadeira e, especialmente, os

jogos de “faz-de-conta” são considerados como espaços de construção de conhecimentos

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pelas crianças, na medida em que os significados que ali transitam são apropriados por elas

de forma específica.

Em se tratando da função do brinquedo, que é a brincadeira, Vieira e Cordazzo

(2007, p.91) afirmam que “O brinquedo tem como princípio estimular a brincadeira e

convidar a criança para esta atividade. A brincadeira é definida como uma atividade livre,

que não pode ser delimitada e que, ao gerar prazer, possui um fim em si mesma”.

O brincar constitui, portanto, uma ação natural da infância; uma forma de

experimentar, questionar e transformar as regras sociais. Diante do que foi colocado, surge

o seguinte questionamento, que constitui o problema da presente pesquisa: a criança

aprende brincando?

O interesse pelo tema surgiu a partir da minha experiência, vivenciada em sala de

aula, como parte prática na disciplina de Estágio Supervisionado, no decorrer do curso de

Pedagogia. O Estágio Supervisionado ocorreu em uma escola pública na cidade de

Parnamirim/RN, no qual minha função era somente de observar os alunos do Nível I -

Educação Infantil (02 aos 05 anos), em uma sala com aproximadamente 25 alunos. Nesta

disciplina, algumas situações e resultados encontrados, chamaram-me a atenção e

estimularam a realização desta pesquisa.

Durante o período do estágio, pude perceber que a professora da turma acima

citada, trabalhava em sala de aula com os alunos diversas brincadeiras, com o intuito de

alfabetizar as crianças. Além de utilizar a ludicidade e brincadeiras como ferramenta para

estimular e desenvolver aspectos sócio afetivos da criança. Foi percebido também que,

quando a criança realiza brincadeiras em sala de aula com outras crianças,

automaticamente é estimulada sua curiosidade, a questão da iniciativa e a autoconfiança.

Neste contexto, deixa de ser um simples passatempo, pois ajuda no seu desenvolvimento

como facilitador no processo de socialização, identificação de nomes, associação de cores

primárias e aprender a lidar com suas emoções e descobertas. Foram realizadas atividades

de observação da rotina escolar, participação e colaboração nas atividades feitas pela

professora titular da sala e a regência, em alguns momentos, como forma de praticar o meu

aprendizado. Neste período, tive a oportunidade de questionar, investigar e viver o que

aprendi em sala de aula. Com essa experiência passei a ter mais consciência, admiração e

respeito pela profissão. O momento de estagiar foi o mais esperado e, talvez, o mais

desafiador.

Além disso, durante o processo de planejamento das aulas procurei considerar o

nível de aprendizagem da turma, as vivências, o cotidiano e as dificuldades de todos.

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Busquei sempre uma metodologia acessível e de fácil compreensão, a fim de que os alunos

realizassem as atividades propostas com autonomia e liberdade. Através das aulas, quis

incentivar a coragem e a ousadia de cada um em querer tentar arriscar sem o medo de errar

e proporcionar uma percepção mais próxima dos objetivos desejados.

A prática de estágio obrigatório é uma fase primordial na vida do estudante

universitário. É nesse momento em que muitos conseguem decidir em que área pedagógica

seguirão ou em que nível ou modalidade de ensino trilharão seu percurso profissional,

posterior ao término do curso de graduação. Além disso, proporciona ao graduando

experimentar metodologias, fazer reflexões e testar todo o conhecimento construído ao

longo do curso, a partir de discussões realizadas em sala de aula. Trata-se, pois, de uma

experiência gratificante para o graduando universitário, também, por permitir não apenas

aliar a teoria com a prática, mas uma aproximação humana com pessoas jamais vistas,

histórias e experiências nunca antes vividas.

Com base nesses aspectos, defende-se que, enquanto educador infantil, é relevante

compreender que, no processo de ensino-aprendizagem, a criança necessita de um local

atrativo, acolhedor e confortável. E, nesse ambiente, deve-se levar em consideração a

interação e seu desenvolvimento também através de brincadeiras lúdicas, como jogos e

brinquedos.

Assim, tem-se como objetivo geral deste artigo, descrever, através da literatura, o

desenvolvimento da criança no processo de aprendizagem com a inserção de brincadeiras.

Já nossos objetivos específicos são: promover um desenvolvimento mais próximo da

realidade infantil, através do brincar, proporcionando ganhos qualitativos na primeira

infância; discutir a interação na realização das atividades de maneira lúdica e abranger

ideias e concepções acerca da aprendizagem da criança através de jogos e brinquedos

educativos.

Para tanto, compreende-se que esta pesquisa tem como foco de interesse a

Educação Infantil, de modo a construir uma leitura que tente elucidar os aspectos inerentes

a respeito da temática proposta, que consiste no brincar na Educação Infantil. Desta forma,

o presente trabalho assenta num enquadramento teórico que busca apresentar o que foi

investigado.

Como suporte para a revisão de literatura do presente trabalho, realizei pesquisas

bibliográficas com base nas quais procurei conhecer as diferentes contribuições científicas

possíveis sobre o tema escolhido, diretamente relacionados à problemática, à determinação

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dos objetivos, e à fundamentação da justificativa da escolha do tema e da elaboração das

conclusões. Esses aspectos são apresentados a seguir.

2. Abordagem teórico-metodológica

A metodologia utilizada para o desenvolvimento deste trabalho foi a pesquisa

bibliográfica, pois conforme Severino (2007), o objetivo da revisão bibliográfica é realizar

um levantamento e análise a partir do registro disponível, decorrente de pesquisas

anteriores, em documentos impressos, como livros, artigos, teses, entre outras fontes, sobre

determinada temática.

Como questão norteadora adotou-se: O que dizem os estudos atuais, publicados na

literatura nacional, acerca da importância das brincadeiras na Educação Infantil? A criança

aprende brincando?

Para a seleção dos artigos foi utilizada uma base de dados com artigos disponíveis

sobre a temática. Os critérios de inclusão definidos foram artigos publicados em português,

sendo utilizadas na busca as seguintes palavras-chave: Educação Infantil. Brincadeiras.

Ensino-Aprendizagem.

Os critérios de seleção do material didático escolhido para o estudo deram-se a

partir da credibilidade da fonte informativa e temas que abordavam o estudo em apreço. Os

achados científicos foram analisados qualitativamente embasados nos dados literários

pesquisados.

Desta forma, quanto a sua natureza, a presente pesquisa é classificada como

qualitativa, pois de acordo com Marconi e Lakatos (2008), a pesquisa qualitativa

compreende um conjunto de diferentes técnicas interpretativas que visam a descrever e a

decodificar os componentes de um sistema complexo de significados e utiliza como

método a etnografia.

3. Desenvolvimento

Para a elaboração deste tópico do artigo, foram pesquisados trabalhos acadêmicos

que respaldam a brincadeira na primeira infância, tomando como fundamento, teorias que

defendem a ludicidade e destacam sua importância no processo de aprendizagem da

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criança. Nesse sentido, os seguintes temas foram propostos e analisados: infâncias e

brincadeiras; o brincar e o desenvolvimento infantil; e o lúdico como recurso pedagógico:

algumas reflexões.

3.1 INFÂNCIAS E BRINCADEIRAS

Corsino (2008) defende que a noção de infância não é uma categoria natural, mas

sim histórica e cultural. Isso quer dizer que esta fase do desenvolvimento infantil não

existe por si só e nem existiu sempre, mas foi sendo construída ao longo da história da

humanidade. Na cultura ocidental, por exemplo, a ideia de infância enquanto diferente da

idade adulta, foi se constituindo na Modernidade.

Logo, a diferenciação entre crianças e adultos vai depender do contexto e das

condições sócio-históricas e culturais em que vivem. Portanto, o processo de formação de

pensamento é despertado e acentuado pela vida social e pela constante comunicação que se

estabelece entre crianças e adultos, a qual permite a assimilação da experiência de muitas

gerações.

A “descoberta” do sentimento de infância ocorreu entre os séculos XV e XVIII,

quando se reconheceu que as crianças necessitavam de tratamento especial, uma espécie de

“quarentena” – um espaço apropriado para que pudessem aprender e se desenvolver; o que

repercutiu na prática da escolarização, antes de ingressar no mundo dos adultos

(BERNARDES, 2005).

Atualmente, no âmbito da Educação Infantil, considera-se que o desenvolvimento

psicológico da infância é construído socialmente, através da interação dos sujeitos entre si

e com o mundo, em um processo contínuo de trocas. Certamente, essa realidade está

evidenciada no contexto de um processo cultural. Segundo Amorim (2008, p.34), “A

escola, a casa, a rua, a fazenda, as igrejas, rodoviárias, o quintal. Lugares nomeados que,

individualmente, para cada pessoa, ganham importância dada a vivência, percepção e

concepção do espaço geográfico”.

Sob esse pensamento, a mesma teórica (2008, p.51) comenta que “estudar a

infância pela perspectiva de seus lugares é uma linha de investigação que vem sendo

construída no Brasil”. Considera também de fundamental importância a compreensão da

infância em seus diferentes contextos, ou seja, buscando-se analisar “como os arranjos

sociais e culturais produzem as infâncias em seus diferentes espaços e tempos e como as

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crianças se apropriam dessas dimensões (LOPES; VASCONCELLOS, 2005, p. 32 apud

AMORIM, 2008) ”. Desta forma, é importante salientar que:

[...] a infância não se restringe somente às benzeções e simpatias. Há um

amplo universo que envolve significações e materialidades, locais reais e

simbólicos que evidenciam ‘as coisas de criança’, os ‘lugares de infância’, como a praça central existente na comunidade. Esta

desempenha um papel muito importante, pois é onde ocorrem os

principais eventos, como as festas de cunho religioso, carnaval e outros encontros que fazem parte da rotina das pessoas” (LOPES, 2008, p.58).

Inspirando-se na ideia de estudar a infância a partir de seus lugares, significações e

materialidades, destaca-se que esta é também conhecida como a fase da vida onde tudo é

possível. Trata-se de um momento em que se ressaltam o desenvolvimento e as

potencialidades para ser tudo o que se quer. Nesse sentido, muitas vezes, projetamos sobre

as crianças toda uma expectativa de um futuro melhor, em virtude de termos sempre uma

esperança de mudança e transformação social, principalmente no âmbito de valores.

As crianças são tomadas na perspectiva do futuro da humanidade, colocando-se,

nelas, as expectativas de um mundo melhor. Na visão sócio-histórica de Postmann (1999),

a infância é, assim, um artefato social, uma concepção, uma forma de ver, olhar,

compreender e localizar as crianças; uma constituição presente nas diferentes localidades e

sociedades, onde diferentes espaços e tempo se amalgamam.

A infância tem o poder de nos desafiar, porque tem uma essência original de se

expressar. Logo, de acordo com Borba (2008), falar de infância não é algo simples como

pode parecer. Ao contrário, esta fase é bastante complexa, marcada por paradoxos. Nesse

sentido, ao longo da Modernidade, observou-se a infância como objeto de paparicação,

mas também de moralização, controle e dominação por parte dos adultos; lugar idílico e ao

mesmo tempo agonizante, de prazer absoluto e sofrimento, de esperança e medo, de

redoma e barbárie, de vida e morte.

Nesse sentido, é importante valorizar as etapas da infância, sobretudo no que se

refere ao período das brincadeiras. Como salienta Borba (2006, p.76), “O brincar é um dos

pilares da constituição das culturas da infância, compreendidas como significações e

formas de ação social específicas que estruturam as relações das crianças entre si, bem

como os modos pelos quais interpretam, representam e agem sobre o mundo”.

Como consequência dos processos mentais estimulados nas brincadeiras, as funções

cognitivas da infância ficam cada vez mais aguçadas. No ato de brincar, é possível às

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crianças experimentarem as relações e hierarquias sociais, como também desenvolver

conceitos como quantidade, dimensão, espaço, dentre outros. Assim sendo, com o passar

do tempo, a criança começa a interagir com os objetos, com base na fantasia, mas

reconhecendo e desenvolvendo argumentos lógicos e concretos, semelhantes aos dos

adultos.

Elas vão adquirindo, aos poucos, experiências, como também continuam se

apropriando e desenvolvendo conceitos sobre o meio em que vivem. Nessa perspectiva,

Borba (2006, p.76) enfatiza que:

[...] a brincadeira é em si mesma um fenômeno da cultura, uma vez que se configura como um conjunto de práticas, conhecimentos e artefatos

construídos e acumulados pelos sujeitos nos contextos históricos e sociais

em que se inserem. Representa, dessa forma, um acervo comum sobre o qual os sujeitos desenvolvem atividades conjuntas.

Diante desses aspectos, defende-se, com base em Vasconcellos (2008), que o

brincar é o contexto da infância. O ato de brincar é de domínio infantil, apesar de não se

tratar de algo exclusivo das crianças, posto que adultos também necessitam de momentos

lúdicos. Contudo, entende-se que é a conduta criativa, que está na base das brincadeiras,

que possibilita ao homem transformar-se infinitamente. Assim, a criança se revela no

brincar, ressaltando suas ideias, concepções, emoções, entraves e conhecimentos, de

maneira natural e espontânea. O brincar encontra-se, então, atrelado ao desenvolvimento

infantil.

3.2 O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

As relações interpessoais são tão importantes para o desenvolvimento infantil

quanto os conteúdos trabalhados no âmbito educacional. Pois, caso um desses aspectos seja

desconsiderado, podem-se observar dificuldades no tocante à aprendizagem, como

também, atrasos no desenvolvimento do aluno. Nesse sentido, no contexto da Educação

Infantil, é importante valorizar as etapas da infância, sobretudo no que se refere ao período

das brincadeiras. Corroborando essas ideias, Porto (2008, p.9) enfatiza que:

A brincadeira é um processo de relações entre a criança e o brinquedo e

das crianças entre si e com os adultos. O ato de brincar é muito

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importante para o desenvolvimento integral da criança. As crianças se

relacionam de várias formas com significados e valores inscritos nos

brinquedos. Existem várias possibilidades de brincar: solitariamente; em

grupo; entre crianças de idades diferentes; entre adultos e crianças; de adultos entre si. Existem diferenças também entre: brincadeiras

organizadas pelas próprias crianças; brincadeiras tradicionais; jogos;

atividades lúdicas propostas pelo adulto, com conteúdos específicos a serem atingidos.

A mesma autora ainda comenta que a grande maioria dos jogos tradicionais é muito

antiga, datando do século XVI. Alguns deles, como a amarelinha, por exemplo, continuam

sendo capazes de despertar a curiosidade e o prazer das crianças nos dias de hoje. Desta

forma, é importante salientar que crianças também aprendem com outras crianças, em

situações informais de aprendizado, de maneira que esta possibilidade de interação deve

ser estimulada em sala de aula. Logo, a partir da observação de outros colegas, é comum

detectarmos que as crianças desenvolvem atividades como montar e desmontar brinquedos,

andar de bicicleta ou de patins etc.

De acordo com Fortuna (2007), são vivenciados na brincadeira, o cooperar,

competir, ganhar, perder, comandar, subordinar-se, prever, antecipar, colocar-se no lugar

do outro, imaginar, planejar e realizar. Estes são aspectos fundamentais à aprendizagem em

geral, presentes também na aprendizagem de conteúdos escolares. É por isso que a

aprendizagem escolar se beneficia com o espaço da brincadeira, inclusive, no que diz

respeito a conteúdos específicos do currículo escolar, que podem ser ensinados por meio

do jogo.

Corroborando essas ideias, Vygotsky (1998) enfatiza a importância do brinquedo e

da brincadeira de faz-de-conta para o desenvolvimento infantil. Por exemplo, quando a

criança coloca várias cadeiras, uma atrás da outra, dizendo tratar-se de um trem, percebe-se

que ela já é capaz de simbolizar, pois as cadeiras enfileiradas representam uma realidade

ausente, ajudando a criança a separar objeto de significado. Tal capacidade representa um

passo importante para o desenvolvimento do pensamento, pois faz com que a criança se

desvincule das situações concretas e imediatas, sendo capaz de abstrair.

A noção de zona de desenvolvimento proximal interliga-se, portanto, de maneira

muito forte, à sensibilidade do professor em relação às necessidades e capacidades da

criança e à sua aptidão para utilizar as contingências do meio, a fim de dar-lhe a

possibilidade de passar do que sabe fazer para o que não sabe. Assim sendo, as

brincadeiras que são oferecidas à criança devem estar em acordo com a zona de

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desenvolvimento na qual ela se encontra. Logo, pode-se perceber a importância de o

professor conhecer a teoria desse estudioso.

O mesmo autor Vygotsky (1998) ainda conclui que o brincar de faz-de-conta é uma

importante fonte de promoção da aprendizagem e desenvolvimento. Este momento

possibilita à criança atuar numa esfera cognitiva que ultrapassa aspectos da realidade

física, na medida em que depende de motivações internas. Nesse sentido, ela se utiliza

materiais que podem representar uma realidade ausente, sendo capaz de imaginar, abstrair

as características dos objetos reais, e se deter no resultado definido pela brincadeira.

Para Klisys (2007) o jogo simbólico é um dos pontos essenciais para o

desenvolvimento da criança, de maneira que, nesses jogos simbólicos, a mesma desenvolve

a capacidade de representar e de simbolizar. Nesse sentido, uma caneta é um objeto que

serve para escrever, mas, nas mãos de uma criança, pode virar um termômetro, cigarro,

pente, lixa, entre outros.

Nesta perspectiva, Beltrame e Oliveira (2011) descrevem que a criança, na

brincadeira, assume um papel social no qual será protagonista. Ela se transforma no pai, na

mãe, na professora; enfim, sempre transpondo uma relação entre real e imaginário, saindo

por determinado momento do mundo real e entrando num mundo imaginário e vice-versa.

De fato, se utilizar dos jogos e brincadeiras como estratégia de ensino, é peça

fundamental neste âmbito. Para Chateau (1987) o jogo prepara o contato com a existência

não humana, de forma que só se domina a própria natureza pela obediência do espírito,

inicialmente, e, por conseguinte, da própria natureza. Se o jogo fica muito distanciado

dessa existência real, cabe ao trabalho escolar, para ser proveitoso, ser diferente do

trabalho real. Ele habitua ao esforço, mas não o esforço penoso do trabalhador sustentado

pelo peso do arado.

Uma sala de aula ludicamente inspirada não é, necessariamente aquela

que ensina conteúdos com jogos, mas aquela em que se apresentam as

características do aprender de forma motivada, atraente, com conteúdos que tenham significação. Para alcançar esse objetivo, vários fatores são

necessários e estão, por certo, intrinsecamente vinculados ao modo de

ensinar, ao trabalho de seleção de conteúdos, à forma interativa de participação no processo de aprendizagem, ao relacionamento entre

professores e alunos e, especialmente, à consciência dos objetivos e das

funções da ação escolar, que não pode prescindir das atividades em que o engajamento tenha papel central (ALMEIDA, 2013, p.84).

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O mesmo autor ainda conclui que na aula lúdica, a dinâmica da relação convive

com o imponderável, com a surpresa, com o desafio, com a busca de limites e, também,

com a liberdade. Nesse tipo de aula, o professor renuncia à centralização, à onisciência do

controle onipotente dos conteúdos e das práticas e reconhece a importância de o aluno ter

participação ativa nas relações de ensino e aprendizagem.

Tudo isso nos leva a refletir, enquanto futuros profissionais na área da educação

infantil, sobre a necessidade de desenvolver o potencial de agente em cada aluno, sua

capacidade de administrar seu desenvolvimento educativo ou sua capacidade de atuar com

autonomia no processo de aprendizagem.

Desta forma, através do brincar acontece, de forma significativa, o

desenvolvimento social e psicomotor. Em outras palavras, há várias formas necessárias ao

desenvolvimento da criança, bem como: atitudes, comportamentos e ou pequenas tarefas

cotidianas. Através do brincar para o seu desenvolvimento, a criança aprende a cuidar dos

seus objetos e de si mesma. É orientada a obedecer aos adultos, ouvindo-os, pois, a criança

compreende que ouvir também é uma forma de respeitar todos, adultos e colegas, na escola

e também em sua casa.

3.3 O LÚDICO COMO RECURSO PEDAGÓGICO: ALGUMAS REFLEXÕES

O lúdico vem sendo estudado por diversas áreas da educação, como também pela

Antropologia, Sociologia, Psicologia da Educação e áreas afins. Para compreendermos

melhor o conceito do que seria o lúdico, tema caro a este artigo, destacam-se as ideias de

alguns autores. Partindo da etimologia da palavra, Santos (2012, p.03) ressalta que

[...] a palavra lúdico vem do latim ludus e significa brincar. A atividade

lúdica surgiu como nova forma de abordar os conhecimentos de

diferentes formas e também uma atividade que favorece a interdisciplinaridade. O lúdico é reconhecido como elemento essencial

para o desenvolvimento das várias habilidades em especial a percepção

da criança.

Na mesma perspectiva, Dohme (2003, p.32) traz vários exemplos de fácil

entendimento, na medida em que o pesquisador defende que a ludicidade se refere:

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[...] aos jogos pedagógicos; brincadeiras; dinâmicas de grupo; recorte e

colagem; dramatizações; exercícios físicos; cantigas de roda; atividades

rítmicas e atividades nos computadores". Nesse sentido, aproxima o

lúdico da prática pedagógica.

Neste contexto, a criança necessita apenas de ser auxiliada para ter a oportunidade

de descobrir e aprender, interagindo com o ambiente, buscando a propriedade e função dos

objetos, manipulando e transformando-os. O jogo torna-se, então, peça fundamental para o

desenvolvimento intelectual da criança, como também para a sua relação de convivência

com as outras crianças e, acima de tudo, para o seu desenvolvimento. Na visão de Froebel

(1970, 16), a atividade lúdica proporciona à criança “alegria, liberdade, satisfação, repouso

interno e externo, paz com o mundo”. A autora também afirma que uma criança que brinca

integralmente, por determinação de sua própria atividade, perseverando até que a fadiga

física a impeça, será provavelmente um adulto completo e determinado, capaz de auto-

sacrifício para a promoção do bem-estar de si mesmo e dos outros.

Pode-se dizer, portanto, que a criança se revela totalmente no lúdico, sendo este um

caminho proveitoso para se conhecer suas ideias e sentimentos. De acordo com Lima

(2008, p.19), “a infância é o tempo de aprendizagem, de desenvolvimento das diferentes

funções motoras, psicológicas e psíquicas, das potencialidades que emergem e estão

latentes na criança. Ela se torna grande pelo jogo”.

O mesmo teórico também descreve que o jogo, concebido como atividade de

natureza histórica e social, incorpora diferentes aspectos da cultura: conhecimentos,

valores, habilidades e atitudes. Portanto, a sua utilização como recurso pedagógico requer

do educador um posicionamento frente às suas possibilidades e limitações.

O brincar desperta, ainda, a curiosidade da criança, na medida em que desenvolve

habilidades motoras, estimula a concentração e a atenção. Logo, a brincadeira não é um

simples passatempo. Nesse sentido, Piaget (1975) defende que é através da brincadeira que

a criança se apropria de conhecimentos que possibilitarão sua ação sobre o meio em que se

encontra.

Ou seja, é no processo lúdico que a criança desenvolve suas habilidades, o que

facilita sua aprendizagem, o seu desenvolvimento no aspecto social e cultural, além de

também promover a criança no processo facilitador de socialização com outras crianças.

Como afirma Dohme (2003), as atividades lúdicas podem colocar o aluno em diversas

situações, onde ele pesquisa e experimenta, fazendo com que ele conheça suas habilidades

e limitações, que exercite o diálogo. Sua capacidade de liderança também pode ser

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aprimorada, na medida em que seja solicitada ao exercício de valores éticos e muitos

outros desafios. Estes permitirão vivências capazes de construir conhecimentos e atitudes.

Diante disso, defende-se que utilizar a atividade lúdica como meio no processo

educacional da criança é desfazer aquele pensamento do senso comum, defendendo que o

brincar não é apenas brincar, mais sim uma ferramenta indispensável em sala de aula, para

favorecer o desenvolvimento intelectual e social da criança.

Neste sentido, o teórico Koshimoto (2008) afirma que o jogo contempla várias

formas de representação da criança e de suas múltiplas inteligências, contribuindo para a

aprendizagem e o desenvolvimento infantil. Quando as situações lúdicas são

intencionalmente criadas pelo adulto, com vistas a estimular certos tipos de aprendizagem,

surge a dimensão educativa. Logo, utilizar o jogo na educação infantil significa transportar

para o campo do ensino-aprendizagem condições para maximizar a construção do

conhecimento. Corroborando essas ideias, Mafra (2008, p.13) esclarece que:

A educação lúdica, além de contribuir e influenciar na formação da

criança e do adolescente, possibilitando um crescimento sadio, um enriquecimento permanente; integra-se ao mais alto espírito de uma

prática democrática, enquanto investe em uma produção séria do

conhecimento. A utilização de jogos educativos como recurso didático-

pedagógico, voltado a estimular e efetivar a aprendizagem, desenvolvendo todas as potencialidades e habilidades nos alunos, é um

caminho para o educador desenvolver aulas mais interessantes,

descontraídas e dinâmicas, podendo competir em igualdade de condições com inúmeros recursos a que o aluno tem acesso fora da escola.

Sendo assim, é através do lúdico que a criança consegue desenvolver e aprender de

forma mais prazerosa, menos cansativa. Utilizando imagens, jogos educativos, brincadeiras

e histórias infantis, a criança internaliza o aprendizado mais rápido e de maneira mais

articulada e consistente. O conhecimento torna-se, então, parte da realidade da criança.

Neste sentido, Mafra (2008, p.14) complementa que

[...] o aprendizado que se dá através de jogos e brincadeiras têm vários

fatores positivos, tornando o desenvolvimento escolar da criança menos

monótono e desinteressante que a simples exposição de conteúdos, pois na atividade lúdica ela participa ativamente como parte integrante do

processo, fazendo com que a criança desenvolva-se de maneira integral,

onde todas as suas habilidades e motivações são exploradas.

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Como consequência dos processos mentais adquiridos no período das brincadeiras,

as funções cognitivas da criança ficam cada vez mais aguçadas. No início do

desenvolvimento infantil, a percepção, segundo Vygotsky (1998, p. 27), “[...] está ligada

imediatamente à motricidade, que constitui apenas um dos momentos do processo sensório

motor integral e que, somente paulatinamente, com os anos, começa a adquirir uma notável

independência e a libertar-se dessa conexão parcial com a motricidade”. Assim sendo, com

o passar do tempo, a criança começa a interagir com os objetos já distinguindo a realidade

da fantasia, adquirindo, aos poucos, experiências e desenvolvendo conceitos sobre o

mundo que a cerca.

Para Kraemer (2010), brincando, a criança aprende a compreender o mundo em que

vive. Logo, realizando atividades lúdico-educativas, a criança aprende com prazer,

principalmente na escola. Assim como a criança aprende a brincar com o passar do tempo,

o educador precisa ensinar a criança e o adolescente a gostar de realizar atividades lúdico-

educativas, por meio das quais eles irão desenvolver a imaginação, a criatividade, a

atenção e a sociabilidade.

Segundo Vygotsky (1998), brincando a criança tem oportunidade de criar situações

simbólicas que predominam na primeira infância, o que auxilia em seu desenvolvimento

psicológico, social e cultural. O mesmo cita como exemplo da brincadeira do circo, que é

indicada para a educação infantil, “Vamos montar um circo”!, é uma atividade lúdica

baseada nos ensinamentos de pensador, pois através dela a criança tem oportunidade de

vivenciar o mundo circense criando uma dramatização. O mesmo autor ainda complementa

que “não existe atividade lúdica sem regras, porque a situação imaginária de qualquer

brinquedo já possui regras de comportamento, mesmo não apresentando as regras

explícitas como um jogo (p. 23)”. Já na visão de Devries (1992, p.73):

[...] os jogos servem, particularmente, para promover o desenvolvimento

da cooperação, porque as crianças são motivadas pelo divertimento do

jogo a cooperar voluntariamente (autonomamente) com outros, seguindo

as regras. Jogos requerem, em grande parte, adequação e coordenação interindividual e as crianças são motivadas a usar a inteligência para

compreender o jogo.

Na mesma linha de raciocínio, Brunet (1974) defende que as atividades lúdicas

auxiliam no desenvolvimento da linguagem na criança. O desenvolvimento da linguagem

oral é um dos principais objetivos da maioria das atividades lúdicas.

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Os recursos lúdicos também fazem com que a criança desenvolva as habilidades de

se expressar, trabalhar em grupos com outras crianças, inibindo a vergonha, timidez e,

acima de tudo, desperta o interesse na criança de aprender. Logo, a brincadeira é a

oportunidade de desenvolvimento na qual a criança experimenta, descobre, inventa,

exercita e ainda confere suas habilidades (MAFRA, 2008).

3.3.1 ESTRATÉGIAS PARA A UTILIZAÇÃO DO LÚDICO COMO RECURSO

PEDAGÓGICO

Na educação infantil, é importante que o professor pense em estratégias

pedagógicas diversificadas, facilitando diferentes maneiras de interação com seus alunos.

Portanto, neste tópico, descrevo algumas estratégias (brincadeiras) que foram utilizadas

durante minha experiência como professora, em sala de aula, que funcionaram na prática

comprovando a importância do brincar na Educação Infantil como recurso pedagógico:

Estratégia 1: “Completando o quadro com... É uma atividade lúdica e de cunho

educativo que tem como objetivo, por meio do desenho e do recorte de figuras

geométricas, que a criança aprenda a identificar e classificar figuras geométricas. A tal

atividade tem como foco trabalhar nas crianças: atenção; cores; lateralidade; figuras

geométricas; expressão oral e a interpretação oral das gravuras. Exemplo de como a

criança irá utilizar o jogo: completar o quadro usando as figuras geométricas adequadas.

As cores variam de acordo com a preferência da criança.

Estratégia 2: Desenvolver brincadeiras, oportunizando o desenvolvimento da

socialização, trabalho coletivo, habilidades motoras e cognitivas. Atividades denominadas

como: “Amarelinha de Números”, atividades que envolvem o movimento e resolução de

situações problema envolvendo a multiplicação. Associando atividades com movimento

que desenvolve a noção espacial, lateralidade, equilíbrio, raciocínio rápido, habilidade

persuasão com o grupo que está inserido, respeito às diferenças, seja com habilidades

motoras e cognitivas, estimulando o trabalho em grupo para que um resultado significativo

na conclusão de cada etapa da olimpíada; a escritas, na resolução das questões adquiridas

no processo dinâmico da atividade. Essas atividades oportunizam experiências de novas

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formas de enxergar e aprender, construindo seu conceito matemático em seu cotidiano de

forma prática e objetiva, percebendo seus conhecimentos solidificados e buscando se

apropriar de novos, percebendo seus reais conhecimentos e enxergando em seu contexto

social onde é possível utilizar e perceber.

Estratégia 3: Utilizar atividades coletivas que estimulam o debate e a discussão,

para ampliar a capacidade de raciocínio. Os temas éticos devem ser colocados para as

crianças no nível de compreensão dentro das suas faixas etárias. O professor tem que ter a

sensibilidade de perceber “até onde pode ir”. A linguagem utilizada é a maneira de mediar

os assuntos abordados tem de ser compatíveis com as idades ou os níveis de conhecimento

da turma.

Estratégia 4: O professor deve atuar na zona de desenvolvimento proximal (ZDP)

de cada criança. O professor poderá utilizar, por meio de experiências verdadeiras

(concretas), onde as crianças realizam a atividade sem ajuda, como também por meio de

estímulos diante das tentativas feitas. Exemplo: diferenciar o uso correto da sandália em

cada “pezinho”. Ou seja, a criança irá nas tentativas definir corretamente em qual

“pezinho” será o uso da sandália.

Estratégia 5: Realizar trabalho em duplas. Isto contribui para um confronto de

diferenças, que acabará levando à novas descobertas por parte da criança. Exemplo: o

professor chamar cada criança sempre pelo nome, dessa forma facilita que elas entre si se

chamem, facilitando o aprendizado do seu nome e de cada colega que está ao seu lado,

substituindo por “ele ou ela”. Da mesma forma, é importante que as crianças saibam o

nome da professora.

Estratégia 6: Trabalhar com contar e recortar estórias contribui para um melhor

desenvolvimento das funções cognitivas da criança. Exemplo: a criança ao reconhecer

certas figuras, o professor poderá trabalhar com personagens por meio de jogos simbólicos,

através de pequenas dramatizações em sala de aula.

Estratégia 7: Trabalhar com gêneros textuais diversificados. Exemplo: realizar

atividades de concentração com imagens produzidas pelas próprias crianças como:

desenhos, colagens, recortes e pinturas.

Estratégia 8: Trabalhar com os alunos a importância da participação da família.

Pelo fato de que a família é o primeiro grupo social em que a criança se espelha e constrói

suas primeiras experiências e saberes. Tais vivências serão entendidas à Instituição escolar

e serão ampliadas nesse novo grupo social.

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Estratégia 9: Há, também, uma diversidade de recursos que o professor, como

mediador, pode trabalhar e que faz parte do mundo da criança, como por exemplo a leitura

de rótulos de variados produtos, livros de literatura infantil, placas, propagandas, histórias

em quadrinhos, entre outros; são tipologias textuais que o professor poderá utilizar dentro

de sua sala de aula enfatizando essas ferramentas como ensino-aprendizagem da criança.

Estratégia 10: O professor também tem que ter a capacidade de fazer mudanças no

seu plano de aula, pois muitas vezes o que ocorre no planejado não está adequado, naquele

determinado ambiente de ensino, denominado sala de aula.

Estratégia 11: Realizar atividades com os alunos em sala de aula, de preferência

em grupo, ou seja, um determinado número de alunos utilizando a mesma mesa, exemplo:

atividades lúdicas através de pintura e desenho, a tal atividade estimula diversas múltiplas

capacidades funcionais das crianças, trabalhando também a leitura e a escrita.

4. Considerações Finais

Este estudo possibilitou ter um conhecimento maior da atual realidade da

importância do brincar na Educação Infantil, mesmo com a certeza de que esta realidade é

muito mais complexa do que este trabalho possa desvendar.

Para que o professor tenha competência para ensinar, o mesmo precisa conhecer o

conteúdo que vai ministrar para assim poder motivar seus alunos; essa motivação pode

ocorrer através de momentos de leitura, contagem de histórias, investigação dos

conhecimentos prévios dos mesmos, atividades lúdicas, atividades extraclasse, etc. A

instituição escolar também precisa promover uma interação com variados textos e a

mediação de leitores já experientes. Se possível, disponibilizar uma biblioteca dentro da

escola e realizar encontros de leitores dentro da mesma.

Sendo assim, é preciso que novas metodologias de trabalhos sejam sugeridas e

direcionadas principalmente à política pública nas escolas, através de reuniões

esclarecedoras para pais e mestres sobre a atual situação do problema, bem como, oficinas

que desempenhem trabalhos e envolvam a disciplina de maneira ampla em todos os

ambientes, a fim de também contribuir para o maior desenvolvimento da aprendizagem da

criança.

Portanto, ressalta-se a importância que deve ser dada, pelo professor, ao

planejamento de sala de aula, no sentido de identificar se suas atuações estão voltadas às

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práticas eficazes e prazerosas aos alunos, com base nos textos analisados. Nesse contexto,

destacamos a importância de aulas dinâmicas, que tenham recursos didáticos, e não

aconteçam somente na teoria, mas também na prática, que possam ser experimentadas em

suas vivências diárias. São essas didáticas que devem existir nos cadernos de planejamento

dos educadores.

Faz-se necessário, portanto, que os educadores busquem qualificação e atualização

no ato de ministrar aulas. Os alunos necessitam e esperam por um melhor processo

pedagógico. Agindo desta forma, o profissional conhece melhor seus alunos e atua de

forma mais humanizada, desempenhando não só seu trabalho de assistência à educação,

mas também como fonte de orientação, colaborando, assim, para o desenvolvimento deste

indivíduo, ajudando futuramente para um país melhor e com boa educação.

Desta forma, esta pesquisa poderá ser utilizada como fonte de informação, uma vez

que estudos deste nicho se mostram fundamentais para a formação de pedagogos.

Pretende-se contribuir para a motivação de estudos acerca do tema como também, em áreas

que tenham afinidade com o tema.

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