LITERATURA · 2020. 2. 26. · Nos últimos anos do século XIX, temos a Guerra de Canudos,...

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PRÉ-VESTIBULAR LIVRO DO PROFESSOR LITERATURA Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A, mais informações www.aulasparticularesiesde.com.br

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PRÉ-VESTIBULARLIVRO DO PROFESSOR

LITERATURA

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Produção Projeto e Desenvolvimento Pedagógico

Disciplinas Autores

Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales Márcio F. Santiago Calixto Rita de Fátima BezerraLiteratura Fábio D’Ávila Danton Pedro dos SantosMatemática Feres Fares Haroldo Costa Silva Filho Jayme Andrade Neto Renato Caldas Madeira Rodrigo Piracicaba CostaFísica Cleber Ribeiro Marco Antonio Noronha Vitor M. SaquetteQuímica Edson Costa P. da Cruz Fernanda BarbosaBiologia Fernando Pimentel Hélio Apostolo Rogério FernandesHistória Jefferson dos Santos da Silva Marcelo Piccinini Rafael F. de Menezes Rogério de Sousa Gonçalves Vanessa SilvaGeografia DuarteA.R.Vieira Enilson F. Venâncio Felipe Silveira de Souza Fernando Mousquer

I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. — Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]

360 p.

ISBN: 978-85-387-0573-4

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

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Pré-modernismo

O Pré-Modernismo compreende um conjunto de obras (de diversas características diferentes) que não podem mais ser inseridas nas estéticas do século XIX, (como, por exemplo, Realismo, Parnasia-nismo e Simbolismo), mas que também não podem ser classificadas como modernistas por ainda pos-suírem resquícios das estéticas citadas. Por isso, o Pré-Modernismo não pode ser classificado como uma corrente estética.

O Pré-Modernismo engloba as obras que têm algo de tradição e algo de ruptura com a tradição. Observamos criações híbridas, representativas de uma fase de transição na Literatura brasileira que irá desaguar no Modernismo.

É por esse hibridismo literário que até hoje esse período não recebeu um nome específico, tomando emprestado da fase literária posterior – o Modernis-mo – o nome, acrescentando-se o prefixo de ante-rioridade “pré” para indicar seu caráter precursor. Percebe-se, então, que os escritores dessa fase não são modernos, porém promovem o rompimento com o tradicional. Tal classificação foi definida pelo crítico Alceu Amoroso Lima, na década de 1950.

Contexto históricoNo quadro mundial, temos um clima tenso des-

de o início do neocolonialismo (a disputa de países europeus por regiões da África e da Ásia). O ponto culminante desse período será a Primeira Guerra Mundial. No campo artístico, teremos o surgimento de diversas vanguardas artísticas, que irão buscar novas interpretações sobre a realidade.

No Brasil, temos em 1894, com a posse do Prudente de Moraes – primeiro presidente civil do nosso país –, a transição da República da Espada (representada pelos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) para a República Velha. Tal período,

que vai de 1894 a 1930, em grande parte será domi-nado política e economicamente pelas oligarquias rurais paulista e mineira, tendo a primeira como base econômica a produção de café e a segunda a criação do gado de corte e a produção de leite. Daí a denominação de “política do café-com-leite”, fazendo referência à influência das duas forças hegemônicas brasileiras da época.

Presencia-se nessa fase um surto urbanístico em nosso país, o crescimento industrial e o consequente aumento da classe média com ideais reformistas acompanhada por jovens militares que seguiam os preceitos positivistas. Além disso, observa-se a imi-gração intensificar-se (principalmente a imigração italiana nas regiões sul e sudeste).

Interessante é que nas primeiras décadas do novo século que nascia houve no Brasil diversas revoltas sociais, estabelecendo um conflito entre as forças conservadoras e as novas forças sociais. Nos últimos anos do século XIX, temos a Guerra de Canudos, eternizada nas páginas de Os Sertões, de Euclides da Cunha; em 1904 acontece à revolta contra a vacinação obrigatória, idealizada por Oswaldo Cruz (na verdade, uma camuflagem para a reivindicação de melhorias sociais); e em 1910, ocorre a Revolta da Chibata, os marinheiros lutavam contra a punição com castigos corporais (chibatadas) a que eram submetidos.

Os escritores dessa época vão se aproveitar das contradições dessa época em suas obras.

Características

Mescla de estilosObserva-se nas obras pré-modernistas res-

quícios culturais do século XIX mesclados com as novas formas de expressão artísticas do século XX. É transmitida à Literatura a passagem do antigo imobilismo social para a modernização, símbolo de mobilidade.

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Denúncia socialA maioria das obras do Pré-Modernismo

apresentam em seu cerne a denúncia da realidade brasileira. As diferenças sociais, o preconceito, o esquecimento de parte da população, a centraliza-ção do poder, a intransigência dos governantes são revelados sem medo algum. Euclides da Cunha e Lima Barreto são exemplos de escritores que, em suas obras, revelaram a situação brasileira, e a partir daí construíram sua crítica em relação à sociedade de sua época.

O regionalEvidencia-se nas obras dessa época, a preo-

cupação em definir-se muito bem a região em que acontece cada história, tendo como consequência o surgimento de um grande painel do Brasil através de suas diversas regiões. Monteiro Lobato situará suas principais obras na região do Vale da Paraíba; Euclides, no sertão baiano; Graça Aranha, no Espírito Santo; e Lima Barreto, no Rio de Janeiro.

Ficção e realidadeVemos nesse período obras que abordam os fa-

tos políticos, econômicos e sociais do Brasil. A ficção e a realidade se aproximam. Como consequência, temos a partir das obras Pré-Modernismo, a “desco-berta do verdadeiro Brasil”.

Autores e obrasOs principais autores dessa fase são: Graça

Aranha, Euclides da Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato, na prosa, e Augusto dos Anjos, na poesia.

Graça AranhaJosé Pereira da Graça

Aranha nasceu em 1868, no Maranhão. Cursou Direito no Recife. Após formado, tra-balhou como magistrado no interior do Espírito Santo (de onde retira as fontes para a criação de Canaã). Em con-sequência da consagração atingida devido ao sucesso de

Canaã, torna-se um imortal da Academia Brasileira de Letras, rompendo com a mesma em 1924, devido a seus ideiais modernistas. De todos os intelectuais

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de renome na época, foi o único a apoiar a Semana de Arte Moderna. Proferiu, na primeira noite da Semana, a conferência A Função Estética da Arte Moderna, porém demonstrou muito mais uma empolgação pelos ideais da arte moderna do que propriamente um conhecimento, uma ideia clara do que fosse arte moderna. Faleceu em 1931, na cidade do Rio de Janeiro.

Suas principais obras são: Canaã (1902) e A Estética da Vida (1921).

Canaã

Falar sobre a obra de Graça Aranha é falar sobre Canaã, sua principal criação, classificada como um romance ensaio ou romance de tese. Isso se deve aos seguintes fatos:

1.º os ideais contidos no romance são mais •importantes, mais relevantes do que o enredo desenvolvido.

2.º é considerado romance por concentrar •as características convencionais da nar-rativa longa.

3.º há o constante debate de ideias. •

O que se observa em Canaã é a confrontação de posturas tomadas diante de três temas: as teorias acerca do atraso social brasileiro; o papel da imigra-ção; a busca de um sentido para a existência.

Tais discussões são personificadas nas figuras dos imigrantes alemães Milkau e Lentz, recém-che-gados ao interior do estado do Espírito Santo, onde iriam se fixar e começar uma nova vida. Cada um re-presenta uma visão dos imigrantes sobre o Brasil.

Milkau prega que o imigrante deve integrar-se à realidade brasileira tanto de uma perspectiva social quanto, até mesmo, racial, numa espécie de sonho de democracia étnica (Sergius Gonzaga). Percebe-se no personagem Milkau um tênue socialismo cristão, no qual vemos a pregação do amor, da solidariedade e da piedade para com o próximo, isto é, o brasileiro.

O Brasil seria, então, para o alemão Milkau, a terra prometida, Canaã.

Por outro lado, Lentz representa as ideias colo-nialistas. Acredita na superioridade da raça ariana e vê na mistura de raças, na mestiçagem, um sinônimo de atraso. Considerava a população um conjunto de pessoas inferiores e incapazes, sendo a única possi-bilidade de progresso do país entregar-se nas mãos dos imigrantes alemães.

Ao fim da obra, Lentz acaba aderindo às ideias de Milkau.

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Esse final de Canaã revela uma visão otimista do autor em relação ao futuro brasileiro, tendo como grande mote a importância da imigração para o país.

Euclides da CunhaEuclides Rodrigues Pi-

menta da Cunha nasceu em 1866, em Cantagalo, no Estado do Rio de Janeiro. Torna-se órfão de mãe prematuramente, aos três anos de idade. Tempos depois é matriculado na Escola Politécnica do Rio, sendo trans-ferido depois para a Escola Militar, devido a problemas fi-nanceiros de seu pai. Em 1888,

é expulso da Escola Militar por desacatar o ministro da Guerra do Império. Forma-se em Engenharia Civil e após a Proclamação da República é reintegrado às Forças Armadas. Aos trinta anos, reforma-se volun-tariamente no posto de capitão.

Em 1897, torna-se correspondente da guerra de Canudos, no Estado da Bahia, do jornal O Estado de São Paulo. Presencia os horrores finais da contenda entre os seguidores de Antônio Conselheiro e as Forças Armadas, vindo a produzir nos quatro anos seguintes e publicar em 1902, Os Sertões. Após a publicação dessa obra, torna-se ainda mais res-peitado nos meios intelectuais, entra na Academia Brasileira de Letras e para o Instituto Histórico e Geográfico. É convidado por Rio Branco a integrar-se ao Itamarati.

Em 1909, foi assassinado ao tentar lavar sua honra em confronto com o tenente Dilermano Reis. Euclides já desconfiava que sua esposa o traía com esse militar e quando ela deu à luz a um filho de ca-belos loiros e olhos azuis confirmou suas suspeitas.

Suas principais obras são: Os Sertões (1902); Contrastes e Confrontos (1907); e À Margem da His-tória (1909).

Os Sertões

Em 1898, quando pediu baixa das forças arma-das, passou a viver como engenheiro e jornalista e acompanhou, na função de repórter correspondente, a fase final da Campanha de Canudos (começada em 1897).

A partir das reportagens feitas sobre Canudos é que teremos a base da narrativa que constitui Os Sertões (escrito entre 1898 e 1901).

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Euclides da Cunha acompanhou a quarta e última expedição das forças Armadas contra o ar-raial de Canudos. O escritor, na função de repórter, chega ao local de batalha como ferrenho apoiador do governo, porém ao vislumbrar tamanha tragédia e disparidade de forças que aconteciam naquele local muda sua perspectiva e vê naquela guerra o símbolo do abandono do homem do sertão.

Observa-se em Os Sertões a denúncia de um crime à nação (Massaud Moisés).

Para escrever essa obra, Euclides baseou-se nas ciências da época, todas com uma perspectiva colo-nialista (teorias provindas da Europa) e positivista. Seguindo esses preceitos técnicos, divide Os Sertões entre três partes muito bem definidas. São elas: A Terra, O Homem, A Luta.

A TerraEm A Terra, temos o estudo geográfico da região

de Canudos, ou seja, do sertão, baseado nas teorias científicas do final do século XIX.

O meio opressivo é descrito em todos seus detalhes e acaba por se tornar um dos elementos intensificadores da dramaticidade da obra. É mos-trada uma paisagem uniforme, seca, com vegetação rala e pobre. Esse meio é um dos determinantes do comportamento do sertanejo.

O HomemEm O Homem, observamos questões sobre a

mestiçagem e etnia do sertanejo. Euclides vê na mistura de raças um mal. Tal mescla resultaria em seres bestiais, voltados à violência, ao desequilíbrio. A miscigenação seria uma involução da espécie. Leia este trecho:

De sorte que o mestiço – traço de união entre as raças – é quase sempre um desequilibrado(...). E o mestiço – mulato, mameluco ou cafuzo – , menos que um intermediário, é um decaído, sem a energia física dos ascendentes selvagens, sem a atitude intelectual dos ancestrais superiores.

Porém, nessa parte da obra encontramos a grande polêmica de Os Sertões, revelada a partir de uma contradição: quando há análises embasadas nas teorias científicas colonialistas do século XIX, Euclides cai em erro, contudo quando faz suas ob-servações pessoais acerca do assunto tratado faz grande literatura, o que faz de Os Sertões uma das obras mais importante não só da Literatura Brasileira, mas também da cultura do Brasil.

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A LutaA Luta é o momento mais dramático da obra

e também o de maior relevância dentro de Os Ser-tões.

Para escrevê-la, Euclides da Cunha contou com algumas fontes além da ida à última expedição como a leitura de textos sobre o acontecimento e entrevis-tas com participantes da guerra.

Nesta parte, observamos o grande erro come-tido pelo governo ao mandar tropas para acabarem com o arraial. Desvela-se, em A Luta, a extrema violência das forças armadas e também sua difi-culdade de ação devido ao meio natural hostil em que se encontravam, sendo aliado do sertanejo, já adaptado à natureza que o cercava. Nenhum método tradicional de batalha era eficaz naquele local onde os “Hércules-Quasímodos” tinham o pleno domínio do ambiente. Porém, o conhecimento da região não bastava; os soldados das forças republicanas pos-suíam pesadíssimo armamento contra os quais os sertanejos não tinham chances.

Desde o início da guerra já era conhecido o lado derrotado, entretanto esses bravos lutaram até seu último homem cair, nunca se entregaram ao inimigo, que punia-os implacavelmente com a degola. Ao final da contenda, os sobreviventes (pouquíssimos) de Canudos eram apenas idosos, mulheres e crianças. Leia um dos trechos mais tristes e dramáticos de A Luta.

Os novos combatentes imaginaram-na [a guerra] extinta antes de chegarem a Canudos. Tudo o indicava. Por fim os próprios prisioneiros que chegavam e eram, no fim de tantos meses de guerra, os primeiros que apareciam. Notou-se apenas, sem que se explicasse a singularidade, que entre eles não surgia um único homem feito. Os vencidos, varonilmente ladeados de escoltas, eram fragílimos: meia dúzia de mulheres tendo ao colo crianças engelhadas como fetos, seguidas dos filhos maiores, de seis a dez anos (...)

Um dos pequenos – franzino e cambalean-te – trazia à cabeça, ocultando-a inteiramente porque descia até os ombros, um velho quepe reúno, apanhado no caminho. O quepe, largo e grande demais, oscilava grotescamente a cada passo sobre o busto esmirrado que ele encobria por um terço. E alguns espectadores tiveram a coragem singular de rir. A criança alçou o rosto, procurando vê-los. O riso extinguiu-se: a boca era uma chaga aberta de lado a lado por um tiro.

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Os prisioneiros de Canudos.

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Corpo de Antônio Conselheiro, chefe místico de Canudos, 13 dias após o sepultamento.

Aspectos formaisA obra Os Sertões é simultaneamente ensaio,

relato histórico, reportagem e ficção.

Apresenta uma linguagem ornamentada, utili-zando-se de palavras arcaicas, antíteses, hipérbatos (inversão frasal) e paradoxos. Pode-se afirmar, então, que no tocante à linguagem, a obra de Euclides apre-senta um estilo barroco.

Lima BarretoAfonso Henrique de Lima

Barreto nasceu no ano de 1881, no Rio de Janeiro. Filho de uma professora primária e um operário torna-se órfão de mãe precoce-mente. Em 1902, abandona a Escola Politécnica onde cursava engenharia para empregar-se na Diretoria do Expediente da Secretaria da Guerra com o fim de sustentar seu pai que havia

enlouquecido e sido internado na Colônia dos Alie-nados. Foi nesse período que Lima Barreto começou

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a escrever em diversos jornais do Rio, publicando crônicas e contos. Levando uma vida de dificuldades e preconceito racial, além de sofrer de alcoolismo, acaba tendo profundas crises depressivas, sendo internado duas vezes no Hospício Nacional. Morreu em 1922, aos 41 anos, de um colapso cardíaco, em plena miséria e esquecimento. Sua obra viria a ser redescoberta somente na década de 1970.

As principais obras de Lima Barreto são: Re-cordações do Escrivão Isaías Caminha (1909); Triste Fim de Policarpo Quaresma (1911); Vida e Morte de M. J. Gonzaga (1919); Os Bruzundangas (1923); Clara dos Anjos (1924); Cemitério dos Vivos (1957 – edição póstuma).

Características

A literatura produzida por Lima Barreto destaca-se por estar desligada dos padrões literários que vigoravam em sua época.

Um dos aspectos que o diferencia é a preferência por personagens representantes das classes mais baixas da sociedade carioca, a “gente humilde” dos subúrbios da então capital federal. Temos tocado-res de violão (espécies de malandros), funcionários públicos, jornalistas pobres etc. Aos poderosos (re-presentadas algumas vezes por figuras históricas), burgueses, intelectuais reserva a caricatura, no intento de ridicularizá-los.

Um dos traços mais marcantes de sua obra é a aproximação do que é ficcional com o que é real, percebemos que o autor dá uma atenção especial aos fatos históricos e costumes sociais da época. Temos em Lima Barreto um cronista dos costumes da sociedade no início do século XX.

Quanto à linguagem, percebemos um estilo despreocupado e simples, de ritmo fluente e tom coloquial, aproximando-se muito do estilo que seria usado pelos modernistas de 1922.

Obras

Recordações do Escrivão Isaías CaminhaNarrado em primeira pessoa, Recordações do

Escrivão Isaías Caminha conta a história do jovem Isaías (filho de uma ex-escrava e de um padre) que vem do interior tentar a vida na capital. Aos poucos, vai perdendo suas ilusões, ascende porém socialmente por influência de seu “protetor” Ricardo Loberant, dono do jornal onde trabalhava. Acaba abrindo no interior um cartório onde passará o resto de sua vida, vitorioso economicamente e derrotado no plano ideológico.

Triste Fim de Policarpo QuaresmaObra-prima de Lima Barreto, Triste fim de Poli-

carpo Quaresma conta a história do funcionário públi-co aposentado Policarpo Quaresma em sua luta pela “salvação do Brasil”. Para tanto, propõe ao governo a instituição do tupi-guarani como idioma oficial brasi-leiro; além disso alimenta-se unicamente de comidas brasileiras, cumprimenta as pessoas chorando, como um legítimo índio goitacaz, e faz pesquisas que re-sultam em fracasso sobre o nosso folclore.

A obra é narrada em terceira pessoa (narrador onisciente), sendo dividida em três partes. Cada uma dessas partes centra-se em um local.

A primeira acontece no subúrbio carioca, onde Policarpo lutará pela cultura genuinamente brasileira e acabará sendo desconsiderado pelos outros, sendo internado num hospício.

A segunda parte é o momento em que Quares-ma sai da casa de alienados e decide ir viver na roça, pois tinha a convicção de que, “em se plantando tudo dá” nas mais férteis terras do mundo (as do Brasil). Porém, acaba também fracassando e vendo que a re-alidade não era como pensava: além da esterelidade da terra, percebe a má distribuição da mesma.

A terceira parte é o momento em que abandona a agricultura para alistar-se nas tropas pró-Floriano. A causa era a Revolta da Armada (1893). Ao final da revolta, Floriano persegue impiedosamente seus inimigos, prendendo-os e fuzilando-os. Policarpo es-tarrecido com o que o estadista que admirava estava fazendo dirige-lhe uma carta fazendo duras críticas, por esse motivo acaba sendo preso e condenado à morte.

Essa obra pode ser classificada como um ro-mance social que estabelece a seguinte questão: até onde vão os limites de uma ideologia? A partir do fanatismo, da xenofobia de Policarpo Quaresma (anti-herói), Lima Barreto fará uma severa crítica ao patriotismo exacerbado e à sangrenta revolução Florianista.

Observa-se em Triste fim de Policarpo Quares-ma, a luta entre o ideal e o real, sendo este segundo o que vence a batalha. O resultado é a melancolia, a decepção e a desilusão de Policarpo Quaresma, agora consciente da realidade brasileira e da inuti-lidade de seus esforços para tentar fazer um Brasil mais brasileiro.

Iria morrer, quem sabe se naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade

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também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir, na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara – todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara.

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois que fossem... Em que lhe contri-buiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas coisas de tupi, do folk-lore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

O tupi encontrou a incredulidade geral, o riso, a mofa, o escárnio; e levou-o à loucura. Uma decepção. E a agricultura? Nada. As terras não eram ferazes e ela não era fácil como diziam os livros. Outra decepção. E, quando o seu patriotis-mo se fizera combatente, o que achara? Decep-ções. Onde estava a doçura de nossa gente? Pois ele não a viu combater como feras? Pois não a via matar prisioneiros, inúmeros? Outra decepção. A sua vida era uma decepção, uma série, melhor, um encadeamento de decepções.

Contudo, quem sabe se outros que lhe se-guissem as pegadas não seriam mais felizes? E logo respondeu a si mesmo: mas como? Se não se fizera comunicar, se nada dissera e não prendera o seu sonho, dando-lhe corpo e substância?

José Bento Monteiro Lobato nasceu no ano de 1882, em Taubaté (estado de São Paulo). Formou-se na Academia de Direito de São Paulo. Tornou-se promotor e vai exercer a função na cidade de Areias, região do Vale da Paraíba. No ano de 1911, herdou a fazenda de seu avô, mas não soube administrá-la. Em 1917, publicou o polêmico e célebre artigo Paranoia ou Mistificação, contra a exposição de Anita Malfatti, demonstrando completo desconhecimento sobre a arte moderna. Entre 1927 e 1931, viveu nos Estados Unidos como adido comercial. Volta entusiasmado com a extração mineral que lá era feita, vendo o gran-de fator do desenvolvimento daquele país. Em 1931, fundou a Companhia de Petróleo do Brasil, que acaba falindo. Fundou a Editora Monteiro Lobato e Cia. e, em 1944, a Editora Nacional. Faleceu em 1948.

Suas principais obras na literatura “geral” (ter-mo utilizado pelo próprio autor) são: Urupês (contos, 1918); Cidades Mortas (contos, 1919); Negrinha (con-tos, 1920). Na literatura infanto-juvenil: Reinações de Narizinho (1931); Viagem ao Céu (1932); As Caçadas de Pedrinho (1933); Geografia de Dona Benta (1935); Histórias de Tia Nastácia (1937).

Características e obras

A inovação na literatura “geral” de Monteiro Lobato encontra-se tão-somente na temática: a decadência das cidadezinhas da antiga região cafei-cultora do Vale da Paraíba que aos poucos vai sendo abandonada por todos, restando apenas o caboclo; tal assunto é tratado na obra Cidades Mortas.

Outro fator importante na obra de Monteiro Lobato é a análise do tipo humano característico da região, representado na figura de Jeca Tatu. Este é visto primeiramente como um preguiçoso e indolente; porém, depois toma consciência de que o comportamento do caboclo deve-se à subnutrição, marginalização e esquecimento do povo do interior; encontramos essa análise na obra Urupês.

Quanto à técnica narrativa e à linguagem, mantém-se a tradição realista do conto de final ines-perado, mais especificamente seguindo os passos do escritor francês Guy de Maupassant.

Monteiro Lobato é o criador da literatura infan-to-juvenil brasileira. A característica fundamental de sua obra voltada a esse público específico é a mescla de três aspectos: a realidade, a fantasia e o universo cultural infantil brasileiro (paisagens brasileiras onde se encontravam, por exemplo, a mula-sem-cabeça e o saci-pererê). Monteiro Lobato é o responsável pela “nacionalização do imaginário infantil” (Sergius Gonzaga). Utiliza-se de uma linguagem coloquial e acessível e não apresenta o moralismo da literatura infanto-juvenil tradicional da época provinda da

Monteiro Lobato

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Europa (porém, é importante salientar que não está totalmente liberta do moralismo).

Augusto dos AnjosAugusto Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu

no ano de 1884, no interior da Paraíba. Formou-se na Faculdade de Direito do Recife. Trabalhou como professor algum tempo na Paraíba.Tempos depois, casou-se e foi para o Rio de Janeiro, onde formou família. Em 1914, mudou-se para Leopoldina, Minas Gerais, morrendo nesse mesmo ano.

Sua única obra é o livro de poemas Eu (1912).

Temas e características

Os poemas de Augusto dos Anjos podem ser classificados como poesia científico-filosófica-pessimista.

O cientificismo revela-se pela utilização de termos científicos, estranhos, até então, na poesia brasileira. Esse é um dos traços que tornam a poe-sia de Augusto dos Anjos uma arte de ruptura com o passado.

As questões metafísicas, a tendência simbolista e uma ânsia pelo cósmico revelam a face filosófico-meditativa dos seus versos.

No niilismo – princípio filosófico através do qual a negação é o grau máximo da sabedoria – en-contramos o traço pessimista na poesia de Augusto dos Anjos.

Quanto aos aspectos formais de sua obra temos a frequente utilização do soneto em decassílabos e rima. Além disso, encontramos algumas figuras de linguagem muito recorrentes em sua obra como hipérbole, o paroxismo (exaltação máxima de uma sensação ou sentimento) e a hipérbole. Antecipou também alguns procedimentos vanguardistas como coloquialismos e linguagem agressiva, carregada de termos científicos.

Vejamos agora alguns de seus poemas mais conhecidos.

Mora, entre feras, sente inevitável

Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija!

Budismo moderno

Tome, Dr., esta tesoura, e... corte

Minha singularíssima pessoa.

Que importa a mim que a bicharia roa

Todo o meu coração, depois da morte?!

Ah! Um urubu pousou na minha sorte!

Também, das diatomáceas da lagoa

A criptógama cápsula se esbroa

Ao contato de bronca destra forte!

Dissolva-se, portanto, minha vida

Igualmente a uma célula caída

Na aberração de um óvulo infecundo;

Mas o agregado abstrato das saudades

Fique batendo nas perpétuas grades

Do último verso que eu fizer no mundo!

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,

Monstro de escuridão e rutilância,

Sofro, desde a epigênesis da infância,

A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,

Este ambiente me causa repugnância...

Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia

Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme – este operário das ruínas –

Que o sangue podre das carnificinas

Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,

E há-de deixar-me apenas os cabelos,

Na frialdade inorgânica da terra!

Versos Íntimos

Vês?! Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão – esta pantera –

Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem, que, nesta terra miserável,

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As questões seguintes se baseiam no trecho do romance Canaã, do escritor maranhense Graça Aranha (José Pereira da Graça Aranha, 1868-1931).

“O agrimensor olhou a árvore.

– Faz pena – disse compassivo – botar tudo isso abaixo.

– Eu, por mim – acudiu Milkau, levado pelo mesmo sentimento –, preferiria um lote onde não fosse preciso esse sacrifício.

– Não há nenhum – respondeu Felicíssimo.

– O homem – notou Lentz a sorrir com ar de triunfo – há de sempre destruir a vida para criar a vida. E depois, que alma tem esta árvore? E que tivesse... Nós a eliminaríamos para nos expandirmos.

E Milkau disse com a calma da resignação:

– Compreendo bem que é ainda a nossa contingência essa necessidade de ferir a Terra, de arrancar do seu seio pela força e pela violência a nossa alimentação; mas virá o dia em que o homem, adaptando-se ao meio cósmico por uma extraordinária longevidade da espécie, receberá a força orgânica da sua própria e pacífica harmonia com o ambiente, como sucede com os vegetais; e então dispensará para subsistir o sacrifício dos animais e das plantas. Por ora nos conformaremos com este momento de transição... Sinto dolorosamente que, atacando a Terra, ofendo a fonte da nossa própria vida, e firo menos o que há de material nela do que o seu prestígio religioso e imortal na alma humana...

Enquanto os outros assim discursavam, Felicíssimo, no seu amor ingênuo à Natureza, mirava as velhas árvores, e com a mão meiga festejava-lhes os troncos, como os últimos afagos dados às vítimas do momento do sacrifício. Dentro da mata penetrava o vento da manhã e nas folhas passava brandamente, levantando um murmúrio baixo, humilde, que se escapava de todas as árvores, como as queixas surdas dos moribundos.”

(in: ARANHA, Graça. Obra Completa. Rio de Janeiro: MEC-Instituto

Nacional do Livro, 1969. p.106-107.)

(Unesp) No romance 1. Canaã, publicado em 1902, defrontamo-nos com duas personagens de tempe-ramentos bastante fortes, Lentz e Milkau, imigrantes alemães cujas concepções do homem e do mundo são opostas. Verifique com atenção a participação dessas duas personagens no trecho de Graça Aranha e, em seguida:

sintetize, com suas próprias palavras, os dois tipos a) de “homem”, ou seja, de comportamento do ho-mem no mundo, defendidos, respectivamente, por Lentz e por Milkau;

mostre, com base no texto, que os fundamentos da b) consciência ecológica, hoje em dia bastante dis-seminados no mundo, já se encontram presentes nesse trecho de Canaã.

Solução: `

Os dois imigrantes, Milkau e Lentz, são os perso-a) nagens que defendem concepções de vida e de mundo de modo diferentes: Lentz preconiza a “lei da força”, com princípios voltados ao Darwinismo. Já para Milkau, a “lei do amor” deve prevalecer, é idealista e acredita na relação harmônica entre o homem e a natureza.

Um dos fundamentos da consciência ecológica b) está no respeito à preservação do meio ambiente. Comprova-se tal fato no diálogo inicial: “Faz pena (...) botar tudo isso abaixo”/ “...prefiria um lote onde não fosse preciso esse sacrifício.”

(Elite) Leia o excerto a seguir.2.

“O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do litoral.

A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de vista, revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável, o desempeno, a estrutura corretíssima das organizações atléticas.

É desgracioso, desengonçado, torto. Hércules-Quasímodo, reflete no aspecto a fealdade típica dos fracos. O andar sem firmeza, sem prumo, quase gigante e sinuoso, aparenta a translação dos membros desarticulados.

[...]

É o homem permanentemente fatigado.

[...]

Entretanto, toda esta aparência de cansaço ilude.

Nada é mais surpreendedor do que vê-lo desaparecer de improviso. Naquela organização combalida operam-se, em segundos, transmutações completas. Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe o desencadear das energias adormecidas. O homem transfigura-se. Empertiga-se, estadeando novos relevos, novas linhas na estatura e no gesto; e a cabeça firma-se-lhe, alta, sobre os ombros possantes, aclarada pelo olhar desassombrado e forte; e corrigem-se-lhe, prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os efeitos do relaxamento habitual

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(Fuvest) No capítulo “O Boqueirão”, de 3. Triste fim de Policarpo Quaresma, a personagem principal vive uma experiência decisiva, que faz mudar radicalmente seu ponto de vista quanto ao processo de consolidação do regime republicano no Brasil.

Descreva essa mudança de ponto de vista pelo a) qual passou Quaresma.

Aponte, no capítulo citado, a experiência decisiva b) que determinou essa mudança e identifique o que tal experiência veio revelar à personagem.

Solução: `

Quaresma discorda dos excessos repressivos do a) regime de Floriano.

O seu ferimento em batalha revelou-lhe a inutilida-b) de do seu idealismo diante dos mesquinhos jogos políticos.

(Elite) Leia as seguintes afirmações sobre 1. Os Sertões e responda.

Euclides descreve, respectivamente, nas duas pri-I. meiras partes do livro, o homem e o meio ambiente que constituíam o sertão na região de Canudos, va-lendo-se, para isso, das teorias científicas da época provindas da Europa.

O autor descreve, na terceira parte do livro, as di-II. versas etapas da Guerra de Canudos e denuncia o massacre dos sertanejos pelas forças armadas brasileiras, revelando a miséria e o subdesenvolvi-mento da região.

Descrevendo os sertanejos, Euclides idealiza suas III. qualidades morais e físicas e conclui que seu hero-ísmo era resultado da fé nos ensinamentos religio-sos do líder Antônio Conselheiro.

Quais estão corretas?

I.a)

II.b)

III.c)

I e II.d)

I e III.e)

Marque 2. V para as afirmativas verdadeiras e F para as falsas em relação a obra Os Sertões, de Euclides da Cunha.

No texto de Euclides, misturam-se o requinte da lin- )(guagem, a intenção científica e o propósito jorna-lístico.

dos órgãos; e da figura vulgar do tabaréu canhestro, reponta, inesperadamente, o aspecto dominador de um titã acobreado e potente, num desdobramento surpreendente de força e agilidade extraordinárias.”

(CUNHA, Euclides da. Os Sertões. Rio de Janeiro:

Record/Altaya. p. 114-115)

Este é um trecho de uma das mais relevantes obras da produção intelectual brasileira: Os Sertões, de Euclides da Cunha. Ele era correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no conflito de Canudos, ocorrido no sertão baiano em 1896-1897. Das reportagens enviadas e das anotações feitas no local, o jornalista decidiu publicar um livro em 1902.

À época, a grande relevância desta obra estava em mostrar um outro lado do conflito liderado por Antônio Conselheiro: a grande brutalidade das tropas governamentais e uma outra visão do homem que vivia longe do literal (o sertanejo, não apenas um inferior e fanático, mas alguém dotado de qualidades próprias).

Com base nestas informações responda:

Os Sertõesa) pode ser classificado como uma obra de história? Se sim, por que estamos estudando essa obra em literatura?

O que levou ao conflito de Canudos de acordo b) com Euclides da Cunha?

Solução: `

Sim, pois Euclides realiza um estudo sobre o a) conflito levantando os mais diversos aspectos, sempre se preocupando em analisar os acon-tecimentos – embora sua análise esteja hoje superada –, e não em narrá-los de forma fictícia. Estuda-se essa obra em literatura pelo fato de haver uma preocupação estética na construção do relato, além do fato de alguns acontecimentos serem fictícios, servindo tão-somente para inten-sificar a dramaticidade da obra.

O conflito de Canudos esteve no contexto das b) mudanças ocorridas na passagem da monarquia para a república. Nesta mudança, havia o des-compasso entre o povo do litoral (partidário da República, da ciência, urbanizado, que acreditava na superioridade da raça branca e da civilização sobre o mestiço) e o povo do interior, dos sertões (que, com a queda da monarquia, se via como que desamparado e não aceitava as mudanças que a ordem republicana, com as características listadas anteriormente, propunha).

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A obra euclidiana insere-se numa tradição da litera- )(tura brasileira que tematiza o povoamento do sertão, iniciada ainda no Romantismo com Bernardo Gui-marães.

Euclides escreveu )( Os Sertões com base nas reporta-gens que realizou como correspondente do jornal O Estado de S. Paulo.

Antônio Conselheiro é uma personagem fictícia cria- )(da pelo imaginário do autor.

O episódio de Canudos, retratado no texto de Eucli- )(des da Cunha, faz parte dos movimentos de protesto surgidos logo após a proclamação da independên-cia do Brasil.

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é:

V, F, V, F, Fa)

V, V, V, F, Fb)

F, F, V, V, Fc)

F, V, F, F, Vd)

V, V, F, F, Fe)

A questão 3 refere-se ao texto abaixo.

“Livro posto entre .................., Os Sertões assinalam um fim e um começo: o fim do imperialismo literário, o começo .................... aplicada aos mais importantes da sociedade brasileira (no caso, as contradições contidas na diferença de cultura entre .................)

(CÂNDIDO, Antônio. Literatura e Sociedade.

São Paulo: Companhia Editora Nacional, s.d. p. 133.)

Assinale a alternativa que preenche corretamente as 3. lacunas do texto anterior.

A literatura e a sociologia naturalista – da associa-a) ção onírica e simbolista – regiões litorâneas e o in-terior.

A literatura e o panfleto pró-monárquico – da aná-b) lise científica – a região nordeste e o sul industria-lizado.

A literatura e a sociologia naturalista – da análise c) científica – as regiões litorâneas e o interior.

A literatura e o panfleto pró-monárquico – da asso-d) ciação onírica e simbolista – a região nordeste e o sul industrializado.

A literatura e a sociologia naturalista – da associa-e) ção onírica e simbolista – a região nordeste e o sul industrializado.

(UFRJ)4.

Meus Sete Anos

Papai vinha de tarde

Da faina de labutar

Eu esperava na calçada

Papai era gerente

Do Banco Popular

Eu aprendia com ele

Os nomes dos negócios

Juros hipotecas

Prazo amortização

Papai era gerente

Do Banco Popular

Mas descontava cheques

No guichê do coração

(ANDRADE, Oswald de. Obras Completas. 5. ed. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 1971. p. 162.)

Na literatura brasileira, a idade de oito anos é tomada como referência a uma infância harmoniosa.

No poema de Oswald de Andrade, essa referência está considerada no título e recebe um tratamento que revela um traço característico do Modernismo brasileiro.

Identifique esse traço, justificando sua resposta.

(UERJ) “Caso raro: fazendo uma poesia formalmente 5. trabalhada, elaborada em linguagem cientificista-natu-ralista, atingiu uma popularidade acima das expectativas, em função de seu pessimismo, sua angústia em face de problemas pessoais e das incertezas do novo século que despontava.”

O autor a que se refere o trecho acima é considerado um

romântico.a)

pré-modernista.b)

modernista.c)

barroco.d)

parnasiano.e)

(Elite) Considere as seguintes assertivas sobre 6. Os Ser-tões, de Euclides da Cunha.

Para narrar os fatos históricos ocorridos em Canu-I. dos, o autor utilizou as teorias científicas desenvol-vidas no século XIX que enfatizavam a questão do determinismo do meio.

Elaborado inicialmente como uma reportagem jor-II. nalística, o livro é uma denúncia da miséria em que viviam os sertanejos, revelando também o abismo

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existente entre as zonas rurais e urbanas do Brasil no final do século XIX.

A visão de Euclides da Cunha em relação ao ho-III. mem do sertão é idealista, uma vez que o autor mostra os habitantes de Canudos como brasileiros antipatrióticos por lutarem bravamente contra as forças militares do governo.

Quais estão corretas?

I e II.a)

I e III.b)

II e III.c)

I.d)

I, II e III.e)

(PUC-Rio) A obra Pré-Modernista de Euclides da Cunha 7. situa-se entre a ..... e a ..... .

História, Psicologia.a)

Geografia, Economia.b)

Literatura, Sociologia.c)

Arte, Filosofia.d)

Teologia, Geologia.e)

(UFRJ) Um jornalista selecionou duas expressões para 8. se referir ao autor de Os Sertões:

“do carioca Euclides da Cunha” e

“o repórter Euclides”

Essa escolha teve como efeito de sentido destacar

o contraste entre as crenças que o homem Euclides a) da Cunha tinha e a realidade observada pelo jorna-lista Euclides da Cunha.

a ironia presente no fato de o escritor Euclides da b) Cunha, ficcionista, produzir um texto baseado num trabalho de campo como repórter.

a potencialidade da Língua Portuguesa, que possi-c) bilitou ao autor se referir a Euclides da Cunha por meio de expressões diversas.

o descompasso entre as teorias formuladas em ga-d) binete e as teorias que influenciaram Euclides da Cunha.

a confirmação das posições ideológicas do cidadão e) Euclides da Cunha quando exercia sua atividade de jornalista.

(Elite) Considere as seguintes afirmações.9.

O romance I. Canaã, de Graça Aranha, tem como personagens centrais Lentz e Milkau, dois imigran-tes que discutem ao longo do texto suas teses an-tagônicas sobre os objetivos e as perspectivas da imigração no Brasil.

Os SertõesII. , de Euclides da Cunha é dividido em quatro partes: A Terra, O Homem, A Mulher e A Luta.

Tanto III. Canaã quanto Os Sertões foram publicados em 1902.

Quais estão corretas?

I.a)

III.b)

I e III.c)

II e III.d)

I, II e III.e)

(UEL) Nas duas primeiras décadas do século XX, as 10. obras de Euclides da Cunha e de Lima Barreto, tão diferentes entre si, têm como elemento comum:

a intenção de retratar o Brasil de modo otimista e a) idealizante.

a adoção da linguagem coloquial das camadas po-b) pulares do sertão.

a expressão de aspectos até então negligenciados c) da realidade brasileira.

a prática de um experimentalismo linguístico radi-d) cal.

o estilo conservador do antigo regionalismo român-e) tico.

O texto a seguir refere-se às questões 11 e 12.

O Poeta Come Amendoim - texto I

Noites pesadas de cheiros e calores amontoados...

Foi o sol que por todo o sítio imenso do Brasil

Andou marcando de moreno os brasileiros.

Estou pensando nos tempos de antes de eu nascer...

A noite era pra descansar. As gargalhadas brancas dos mulatos...

Silêncio! O Imperador medita os seus versinhos.

Os Caramurus conspiram à sombra das mangueiras ovais.

Só o murmurejo dos cre’m-deus-padre irmanava os homens de meu país...

Duma feita os canhamboras perceberam que não tinha mais escravos,

Por causa disso muita virgem-do-rosário se perdeu...

Porém o desastre verdadeiro foi embonecar esta República temporã.

A gente inda não sabia se governar...

Progredir, progredimos um tiquinho

Que o progresso também é uma fatalidade...

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Será o que Nosso Senhor quiser!...

Estou com desejos de desastres...

Com desejos do Amazonas e dos ventos muriçocas

Se encostando na canjerana dos batentes...

Tenho desejos de violas e solidões sem sentido...

Tenho desejos de gemer e de morrer...

Brasil...

Mastigado na gostosura quente do amendoim...

Falado numa língua curumim

De palavras incertas num remeleixo melado melancólico...

Saem lentas frescas trituradas pelos meus dentes bons...

Molham meus beiços que dão beijos alastrados

E depois semitoam sem malícia as rezas bem nascidas...

Brasil amado não porque seja minha pátria,

Pátria é acaso de migrações e do pão-nosso onde Deus der...

Brasil que eu amo porque é o ritmo no meu braço aventuroso,

O gosto dos meus descansos,

O balanço das minhas cantigas amores e danças.

Brasil que eu sou porque é a minha expressão muito engraçada,

Porque é o meu sentimento pachorrento,

Porque é o meu jeito de ganhar dinheiro, de comer e de dormir.

(ANDRADE, Mário de. Poesias Completas. São Paulo:

Martins, 1996. p. 109-110.)

Texto II

A política é a arte de gerir o Estado, segundo princípios definidos, regras morais, leis escritas, ou tradições respeitáveis. A politicalha é a indústria de explorar o benefício de interesses pessoais. Constitui a política uma função, ou o conjunto das funções do organismo nacional: é o exercício normal das forças de uma nação consciente e senhora de si mesma. A politicalha, pelo contrário, é o envenenamento crônico dos povos negligentes e viciosos pela contaminação de parasitas inexoráveis. A política é a higiene dos países moralmente sadios. A politicalha, a malária dos povos de moralidade estragada.

(BARBOSA, Rui. apud: ROSSIGNOLI, Walter. Português: teoria e práti-

ca. 2. ed. São Paulo: Ática, 1992. p. 19.)

(Cesgranrio) Apesar de suas diferenças de natureza 11. histórico-literária, é possível constatar um traço de identidade entre o texto de Mário de Andrade e o de Rui Barbosa. Esse elemento corresponde à

constatação da riqueza de nossa cultura.a)

negação do fervor patriótico.b)

visão satírica da corrupção política.c)

riqueza de expressões de valor antitético.d)

ênfase na função crítico-social da literatura.e)

(Cesgranrio) Do ponto de vista do uso da língua, o texto 12. II de Rui Barbosa diverge do texto I por apresentar

preferência marcada por brasileirismos no nível da a) seleção vocabular.

quebras na organização sintática dos períodos.b)

falta de uma pontuação rigorosa e clara.c)

menor aproximação com a fala corrente do homem d) brasileiro.

presença de desvios em relação à norma-culta.e)

(Elite) Considere as seguintes afirmações sobre 13. Os Sertões, de Euclides da Cunha.

Na prosa grandiloquente do livro, a linguagem re-I. cebe um tratamento artístico elaboradíssimo, apro-ximando-se da linguagem barroca.

Na primeira parte do livro, Euclides da Cunha fala II. sobre as características geológicas e topográficas do sertão, especialmente de Canudos.

O sertão de Canudos é descrito de maneira ideali-III. zada por Euclides da Cunha, visto que ele recria o espaço a partir de sua imaginação, em que há uma perfeita harmonia entre o homem e a natureza.

O material fornecido pelo episódio de Canudos foi IV. trabalhado por Euclides da Cunha em Os Sertões, com base no cientificismo que a cultura do século XIX lhe propiciou.

Quais estão incorretas?

I.a)

II.b)

III.c)

IV.d)

I, II e IV.e)

(UFRGS) Uma atitude comum caracteriza a postura 14. literária de autores Pré-Modernistas, a exemplo de Lima Barreto, Graça Aranha, Monteiro Lobato e Euclides da Cunha. Pode ela ser definida como:

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a necessidade de superar, em termos de um pro-a) grama definido, as estéticas românticas e realistas.

pretensão de dar um caráter definitivamente bra-b) sileiro à nossa literatura, que julgavam por demais europeizada.

uma preocupação com o estudo e com a observa-c) ção da realidade brasileira.

a necessidade de fazer crítica social, já que o Rea-d) lismo havia sido ineficaz nessa matéria.

aproveitamento estético do que havia de melhor e) na herança literária brasileira, desde suas primeiras manifestações.

(UFF) Leia o trecho de 15. Os Sertões, de Euclides da Cunha.

“Daquela data ao termo da campanha a tropa iria viver em permanente alarma.

[...]A tática invariável do jagunço, impunha-se temerosa naquele resistir às recuadas, restribando-se* em todos os acidentes da terra protetora. Era a luta da sucuri flexuosa* com o touro pujante. Laçada a presa, distendia os anéis; permitia-lhe a exaustão do movimento e a fadiga da carreira solta; depois se restringia repuxando-o, maneando-o nas roscas contráteis, para relaxá-las de novo, deixando-o mais uma vez se esgotar no escarvar*, a marradas, o chão; e novamente o atrair, retrátil, arrastando-o – até ao exaurir completo...”

* retribar = estar firme, estar escorado.

* flexuoso = sinuoso, retorcido.

* escarvar = cavar superficialmente.

Assinale a alternativa incorreta em relação ao trecho.

O jagunço, ao aproveitar-se dos “acidentes da terra a) protetora”, conseguia superar-se e confrontar-se com o inimigo, trazendo-lhe novas dificuldades.

O “touro pujante”, apesar de sua força, na ilusão do b) movimento livre, acaba se exaurindo.

No confronto, a “sucuri flexuosa” vence, pois usa c) os recursos de que dispõe.

No trecho, a imagem da luta entre a “sucuri flexuo-d) sa” e o“touro pujante” é uma metáfora da luta entre os jagunços e os expedicionários.

A “sucuri flexuosa” e o “touro pujante” estão em e) constante confronto sem que haja um vencedor.

(Cesgranrio) Ao longo da Literatura Brasileira, percebe-16. se, de forma recorrente, a tematização da paisagem/realidade local. Tendo em vista a produção literária do século XX, assinale a opção em que a tendência indicada para cada período apresentado a seguir não esteja correta.

Na fase Pré-Modernista, no início do século, uma a)

literatura frívola, com atmosfera Belle Époque, con-vive com outra, voltada para problemas regionais.

Na primeira fase do Modernismo, há o registro da b) vida das grandes cidades, com destaque para São Paulo, por influência do grupo paulista.

No período do Neo-Simbolismo de 1930, acentua-c) se a observação da realidade externa, em detri-mento da interna.

Nos anos 1940, o amadurecimento da renovação d) temática o a busca de naturalidade da linguagem ficcional dão nova feição ao regionalismo.

Na década de 1970, nota-se uma pluralidade de e) tendências, indo desde a alegoria e o fantástico ao ultrarrealismo e à literatura-verdade (romance-reportagem, por exemplo).

O texto a seguir refere-se às questões 17 e 18.

“Isoladas a princípio, estas turmas adunavam-se pelos caminhos, aliando-se a outras, chegando, afinal, conjuntas a Canudos. O arraial crescia vertiginosamente.

A edificação rudimentar permitia à multidão sem lares fazer até doze casas por dia; – e, à medida que se formava, a tapera colossal parecia estereografar a feição moral da sociedade ali acoutada. Era a objetivação daquela insânia imensa. Documento iniludível permitindo o corpo de delito direto sobre os desmandos de um povo.

Aquilo se fazia a esmo, adoudadamente.

A urbs monstruosa, de barro, definia bem a civitas sinistra do erro. O povoado novo surgia, dentro de algumas semanas, já feito ruínas. Nascia velho. Visto de longe, desdobrado pelos cômoros, atulhando as canhadas, cobrindo área enorme, truncado nas quebradas, revolto nos pendores – tinha o aspecto perfeito de uma cidade cujo solo houvesse sido sacudido e brutalmente dobrado por um terremoto.”

Euclides da Cunha

(Fuvest) Por uma questão de estilo, o autor refere-se a 17. Canudos empregando diversos termos sinonímicos. Cite quatro desses termos:

(Fuvest) O núcleo da obra de que se extraiu o fragmento 18. são os acontecimentos de Canudos.

Diga, em síntese, o que aconteceu ali.a)

Quem era o chefe místico de Canudos?b)

(Mackenzie) Sobre 19. Os Sertões, é incorreto afirmar que

o autor, militar em sua origem, desaprova a causa a) dos sertanejos.

apresenta certa dificuldade em termos de enqua-b) dramento em um único gênero literário.

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sua linguagem tende ao solene, com vocabulário c) erudito e tom grandiloquente.

origina-se de reportagens para d) O Estado de S. Pau-lo, nas quais o autor expõe fatos relacionados à Guerra de Canudos.

Euclides da Cunha segue um esquema determinis-e) ta na estrutura das três partes da obra.

(UFRJ) Leia o texto:1.

“Quaresma veio a recordar-se do seu tupi, do seu ‘folk-lore’, das modinhas, das suas tentativas agrícolas - tudo isso lhe pareceu insignificante, pueril, infantil.

Era preciso trabalhos maiores, mais profundos; tornava-se necessário refazer a administração. Imaginava um governo forte, respeitado, inteligente, removendo todos esses óbices, esses entraves, Sully e Henrique IV, espalhando sábias leis agrárias, levantando o cultivador... Então sim! O celeiro surgiria e a pátria seria feliz.

Felizardo entregou-lhe o jornal que toda manhã mandava comprar à estação, e lhe disse:

– Seu patrão, amanhã não venho ‘trabaiá’.

– Por certo; é dia feriado... A Independência.

– Não é por isso.

– Por que então?

– Há ‘baruio’ na Corte e dizem que vão ‘arrecrutá’. Vou pro mato... Nada!

– Que barulho?

– ‘Tá’ nas ‘foias’, sim ‘sinhô’.

Abriu o jornal e logo deu com a notícia de que os navios da esquadra se haviam insurgido e intimado ao presidente a sair do poder. Lembrou-se das suas reflexões de instantes atrás; um governo forte, até à tirania... Medidas agrárias... Sully e Henrique IV...

Os seus olhos brilhavam de esperança. Despediu o empregado. Foi ao interior da casa, nada disse à irmã, tomou o chapéu, e dirigiu-se à estação.

Chegou ao telégrafo e escreveu:

‘Marechal Floriano, Rio. Peço energia. Sigo já. – Quaresma’.”

Essa revolta de que fala o narrador eclodiu em setembro de 1893 e durou até março de 1894. Os canhões foram dirigidos à cidade do Rio de Janeiro e exigiu-se a renúncia do Marechal Floriano. Portanto, Policarpo Quaresma lê, no jornal, a eclosão da Revolta:

do Desterro.a)

dos Dezoito do Forte.b)

da Lapa.c)

da Armada.d)

Colorada.e)

(PUC-Rio) “Antônio Cândido, em sua obra 2. Formação da Literatura Brasileira, ao escrever sobre Romantismo, considera que, nesse estilo, o patriotismo se aponta ao escritor como estímulo e dever. Com efeito, a literatura foi considerada parcela dum esforço construtivo mais amplo, denotando o intuito de contribuir para a grandeza da nação. Manteve-se durante todo o Romantismo este senso de dever patriótico, que levava os escritores não apenas a cantar a sua terra, mas a considerar as suas obras como contribuição ao progresso. Acrescenta ainda três elementos românticos nacionalistas: desejo de expri-mir uma nova ordem de sentimentos, agora reputados de primeiro plano, como o orgulho patriótico, extensão do antigo nativismo, desejo de criar uma literatura indepen-dente, diversa, não apenas uma literatura, (...); a noção já referida de atividade intelectual não mais apenas como prova de valor do brasileiro e esclarecimento mental do país, mas tarefa patriótica de construção nacional”

A obra de Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma:

é romântica e exemplifica as palavras de Antônio a) Cândido, já que seu protagonista se comporta como um romântico.

não é romântica e contraria as palavras de Antônio b) Cândido, à medida que as atitudes do protagonista vão se revestindo de heroísmo romântico.

não é romântica e contradiz as palavras de Antônio c) Cândido, tendo em vista que o protagonista aca-ba por se submeter a uma visão antinacionalista e, portanto, antirromântica.

é romântica e ratifica as palavras de Antônio Cândi-d) do, porque o orgulho patriótico-romântico do pro-tagonista encontra lugar de ação no decorrer da narrativa.

opõe-se ao Romantismo e não retrata as palavras e) de Antônio Cândido, pois ironiza as posturas nacio-nalistas românticas por meio do protagonista.

(UFPR) “E era agora que ele (Policarpo Quaresma) che-3. gava a essa conclusão, depois de ter sofrido a miséria da cidade e o emasculamento da repartição pública, durante tanto tempo! Chegara tarde, mas não a ponto de que não pudesse antes da morte, travar conhecimento com a doce vida campestre e a feracidade das terras brasileiras.[...]

E ele viu então diante dos seus olhos as laranjeiras, em flor, olentes, muito brancas, a se enfileirar pelas encostas das colinas, como teorias de noivas; os abacateiros, de troncos rugosos, a sopesar com esforço os grandes pomos verdes; as jabuticabas negras a estalar dos caules rijos; os abacaxis coroados que nem

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reis, recebendo a unção quente do sol; as abobreiras a se arrastarem com flores carnudas cheias de pólen; as melancias de um verde tão fixo que parecia pintado; os pêssegos veludosos, as jacas monstruosas, os jambos, as mangas capitosas;...”

A respeito do romance Triste Fim de Policarpo Quaresma, de Lima Barreto, do qual foi transcrito o trecho anterior, é correto afirmar:

narrador e protagonista, elementos que se fundem )(ao longo do romance, concluem que as melhores al-ternativas para a construção de um projeto nacional estariam no ambiente interiorano e numa economia de base agrícola;

o mesmo patriotismo exaltado que conduzira Qua- )(resma às suas experiências no campo é responsá-vel, mais adiante, pelo abandono abrupto de seus projetos rurais;

este trecho integra a segunda parte do romance, )(que corresponde à empreitada do protagonista no campo, antecedida pelo malogro reformista experi-mentado na seção inicial e seguida por seu “triste fim” nos desdobramentos de seu retorno ao Rio de Janeiro;

o preciosismo vocabular e a acumulação descritiva )(que marcam o parágrafo final do trecho citado são reveladores das influências parnasianas que marcam o estilo de Lima Barreto;

a técnica do romance confessional, onde a narrativa )(é construída po r meio da rememoração de experi-ências do próprio protagonista, pode ser assinalada como uma das inovações desta obra de Lima Barre-to, procedimento que só voltaria a ser exercitado em nossa literatura pelos autores modernistas.

(Mackenzie) Olga, Ricardo Coração dos Outros, Alber-4. naz e Genelício são personagens representativas de um romance que apresenta tendências Pré-Modernistas. Tais personagens são encontradas em

Os Sertões.a)

Urupês.b)

Cidades Mortas.c)

A nova Califórniad) .

Triste fim de Policarpo Quaresma.e)

(Vunesp) Volume contendo doze histórias tiradas do 5. sertão paulista, foi citado por Rui Barbosa, em discurso no Senado, apontando a personagem Jeca Tatu como o protótipo do camponês brasileiro.

Aponte o autor e sua obra.

Monteiro Lobato – a) Urupês.

Lima Barreto – b) Cemitério dos Vivos.

Monteiro Lobato – c) Cidades Mortas.

Coelho Neto – d) Fogo-fátuo.

Euclides da Cunha – e) Contrastes e confrontos.

(Fatec) Assinale a alternativa 6. incorreta.

Nos primeiros vinte anos deste século, a produ-a) ção literária brasileira é marcada por diversidades, abrangendo, ao mesmo tempo, obras que questio-nam a realidade social e obras voltadas aos lugares-comuns herdados de autores anteriores.

Pode-se afirmar que um dos traços modernos de b) Euclides da Cunha é o compromisso com os pro-blemas de seu tempo.

A importância da obra de Lima Barreto situa-se no c) plano do conteúdo, a partir do qual se revela seu caráter polêmico; a linguagem descuidada, porém, revela pouca consciência estética, em virtude de sua formação literária precária.

O estilo parnasiano permanece influenciando au-d) tores e caracterizando boa parte da obra poética escrita durante o período pré-modernista.

Graça Aranha faz parte do conjunto mais significa-e) tivo de escritores do Pré-Modernismo. Nos anos anteriores à Semana de Arte Moderna, Graça Ara-nha interveio a favor da renovação artística a que se propunham os escritores modernistas.

Os dois textos referem-se às questões 7 e 8.

Texto A:

“O que mais a impressionou no passeio foi a miséria geral, a falta de cultivo, a pobreza das casas, o ar triste, abatido da gente pobre. Educada na cidade, ela tinha dos roceiros ideia de que eram felizes, saudáveis e alegres. Havendo tanto barro, tanta água, por que as casas não eram de tijolos e não tinham telhas? Era sempre aquele sapé sinistro e aquele “sopapo” que deixava ver a trama das varas, como o esqueleto de um doente.

Por que, ao redor dessas casas, não havia culturas, uma horta, um pomar? Não seria tão fácil, trabalho de horas? E não havia gado, nem grande, nem pequeno. Era raro uma cabra, um carneiro. Por quê? (...) Não podia ser preguiça só ou indolência.”

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma.)

Texto B:

“O silêncio de êxtase em que ficou foi interpretado pelo estudante como uma prostração de saudade. Ele fora acordar na alma do patrício a nostalgia que o tempo consumidor havia esmaecido, lembrando-lhe a terra nativa onde lhe haviam rolado as primeiras lágrimas. Céus que seus olhos lânguidos tanto namoravam nas doces manhãs cheirosas quando, das margens remotas dos grandes rios vinham, em abaladas, brancas, sob o azul do céu, as garças peregrinas/ campos de moitas

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verdes onde, nas arroxeadas tardes melancólicas, ao som abemolado das flautas pastoris, o gado bravio, descendo das malhadas, em numeroso armento, junto, entrechocando os chifres aguçados, mugia magoadamente quando, por trás dos serros frondosos, lenta e alva, a lua subia espalhando pela terra morna o seu diáfano e pálido esplendor.”

(Coelho Neto, A Conquista.)

(Fatec) Assinale a alternativa correta. 7.

Ambos os textos são narrados em terceira pessoa. a) No primeiro, pelo discurso do narrador, passa a perspectiva de um personagem que, habituado aos grandes centros urbanos, choca-se com a pobreza dos subúrbios.

No texto B o narrador expõe as lembranças de uma b) personagem que, exilado de sua terra natal, conta a um interlocutor suas experiências em contato com a natureza tropical.

No texto de Lima Barreto fica clara a acusação à c) indolência dos roceiros como a única responsável pela realidade do seu meio – opinião, de resto, par-tilhada por Monteiro Lobato em suas referências a personagem Jeca Tatu.

Os dois textos tratam, em princípio, do espaço rural d) observado por personagens oriundas do espaço urbano e em crise com a falta de perspectiva nas cidades.

No texto A, depreende-se, através do contato de e) uma personagem citadina com a realidade rural, a perspectiva crítica dos problemas da população do campo.

(Mackenzie) “Às vezes se dá ao luxo de um banquinho 8. de três pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem o equilíbrio, inútil, portanto, meter a quarta, que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados calcanhares sobre os quais se sentam?”

O trecho anterior é claramente representativo da obra de

Lima Barreto.a)

Augusto dos Anjos.b)

Euclides da Cunha.c)

Aluísio Azevedo.d)

Monteiro Lobato.e)

(UFRJ)9.

“Crítico feroz do Modernismo, grande incentivador da disseminação da cultura, defensor dos valores e riquezas nacionais; conhecido, particularmente, pela sua grande

obra infantil, em que se destacam as personagens do Sítio do Picapau Amarelo.”

O nome do autor a que se refere a afirmativa acima é

Lima Barreto.a)

José Lins do Rego.b)

Monteiro Lobato.c)

Mário de Andrade.d)

Cassiano Ricardo.e)

(Vunesp) Leia os versos que seguem:10.

“Como quem esmigalha protozoários

Meti todos os dedos mercenários...

Na consciência daquela multidão...

E, em vez de achar a luz que os céus inflama,

Somente achei moléculas de lama

E a mosca alegre da putrefação!”

Esses versos apresentam em conjunto características relativas a ritmo, métrica, vocabulário, sintaxe e figuras de linguagem, tornando possível a identificação de um estilo mesclado de dois estilos artísticos diferentes. Esse estilo foi marca inconfundível de um autor brasileiro que os críticos em geral consideram de difícil enquadramento histórico-literário.

Tendo em vista tais informações, assinale a alternativa correta.

O autor é Machado de Assis e os estilos mesclados a) são Realismo e Modernismo.

O autor é José de Alencar, da última fase, e os esti-b) los mesclados são Romantismo e Realismo.

O autor é Augusto dos Anjos e os estilos mescla-c) dos são Simbolismo e Naturalismo.

O autor é Castro Alves e os estilos mesclados são d) Romantismo e Realismo.

O autor é Sousândrade e os estilos mesclados são e) Romantismo e Modernismo.

(UERJ) TEXTO I

O Livro e a América

Talhado para as grandezas,

P’ra crescer, criar, subir,

O Novo Mundo nos músculos

Sente a seiva do porvir

– Estatuário de colossos –

Cansado doutros esboços

Disse um dia Jeová:

“Vai, Colombo, abre a cortina

Da minha eterna oficina

Tira a América de lá”Esse material é parte integrante do Aulas Particulares on-line do IESDE BRASIL S/A,

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...............................................

Filhos do sec’lo das luzes!

Filhos da Grande nação!

Quando ante Deus vos mostrardes,

Tereis um livro na mão:

O livro – esse audaz guerreiro

Que conquista o mundo inteiro

Sem nunca ter Waterloo ...

Eólo de pensamentos

Que abrira a gruta dos ventos

Donde a Igualdade voou! ...

...............................................

Por isso na impaciência

Desta sede de saber,

Como as aves do deserto –

As almas buscam beber ...

Oh! Bendito o que semeia

Livros ... livros à mão cheia ...

E manda o povo pensar!

O livro caindo n’alma

É germe – que faz a palma,

É chuva – que faz o mar.

(ALVES, Castro. Obra Completa. Rio de Janeiro:

Nova Aguilar, 1986. p. 76-78.)

VOCABULÁRIO:

Estatuário (verso 5) = escultor, aquele que faz estátuas.

Eólo (verso 18) = vento forte.

TEXTO II

O Ensino na Bruzundanga

Já vos falei na nobreza doutoral desse país; é lógico, portanto, que vos fale do ensino que é ministrado nas suas escolas, donde se origina essa nobreza. Há diversas espécies de escolas mantidas pelo governo geral, pelos governos provinciais e por particulares. Estas últimas são chamadas livres e as outras oficiais, mas todas elas são equiparadas entre si e os seus diplomas se equivalem. Os meninos ou rapazes, que se destinam a elas, não têm medo absolutamente das dificuldades que o curso de qualquer delas possa apresentar. Do que eles têm medo, é dos exames preliminares.

Passando assim pelo que nós chamamos preparatórios, os futuros diretores da República dos Estados Unidos da Bruzundanga acabam os cursos mais ignorantes e presunçosos do que quando para lá entraram. São esses tais que berram: “Sou formado!

Está falando com um homem formado!”.

Ou senão quando alguém lhes diz:

– “Fulano é inteligente, ilustrado...”, acode o homenzinho logo:

– É formado?

– Não.

– Ahn!

Raciocina ele muito bem. Em tal terra, quem não arranja um título como ele obteve o seu, deve ser muito burro, naturalmente.

Apesar de não ser da Bruzundanga, eu me interesso muito por ela, pois lá passei uma grande parte da minha meninice e mocidade.

Meditei muito sobre os seus problemas e creio que achei o remédio para esse mal que é o seu ensino. Vou explicar-me sucintamente.

O Estado da Bruzundanga, de acordo com a sua carta constitucional, declararia livre o exercício de qualquer profissão, extinguindo todo e qualquer privilégio de diploma.

Quem quisesse estudar medicina, frequentaria as cadeiras necessárias à especialidade a que se destinasse, evitando as disciplinas que julgasse inúteis. Aquele que tivesse vocação para engenheiro de estrada de ferro, não precisava estar perdendo tempo estudando hidráulica. Cada qual organizaria o programa do seu curso, de acordo com a especialidade da profissão liberal que quisesse exercer, com toda a honestidade e sem as escoras de privilégio ou diploma todo poderoso.

Semelhante forma de ensino, evitando o diploma e os seus privilégios, extinguiria a nobreza doutoral; e daria aos jovens da Bruzundanga mais honestidade no estudo, mais segurança nas profissões que fossem exercer, com a força que vem da concorrência entre os homens de valor e inteligência nas carreiras que seguem.

(BARRETO, Lima. Os Bruzundangas.

São Paulo: Ática, 1985. p. 49-51. Adaptado.)

TEXTO III

Hino Nacional

Precisamos descobrir o Brasil!

Escondido atrás das florestas,

com a água dos rios no meio,

o Brasil está dormindo, coitado.

Precisamos colonizar o Brasil.

O que faremos importando francesas

muito louras, de pele macia,

alemãs gordas, russas nostálgicas para

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garçonetes dos restaurantes noturnos.

E virão sírias fidelíssimas.

Não convém desprezar as japonesas...

Precisamos educar o Brasil.

Compraremos professores e livros,

assimilaremos finas culturas,

abriremos dancings e subvencionaremos as elites.

Cada brasileiro terá sua casa

com fogão e aquecedor elétricos, piscina,

salão para conferências científicas.

E cuidaremos do Estado Técnico.

Precisamos louvar o Brasil.

Não é só um país sem igual.

Nossas revoluções são bem maiores

do que quaisquer outras; nossos erros também.

E nossas virtudes? A terra das sublimes paixões...

os Amazonas inenarráveis ... os incríveis João-Pessoas...

Precisamos adorar o Brasil!

Se bem que seja difícil caber tanto oceano e tanta solidão

no pobre coração já cheio de compromissos ...

se bem que seja difícil compreender o que querem esse homens,

por que motivo eles se ajuntaram e qual a razão de seus sofrimentos.

Precisamos, precisamos esquecer o Brasil!

Tão majestoso, tão sem limites, tão despropositado,

ele quer repousar de nossos terríveis carinhos.

O Brasil não nos quer! Está farto de nós!

Nosso Brasil é no outro mundo. Este não é o Brasil.

Nosso Brasil existe. E acaso existirão os brasileiros?

(ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião. Rio de Janeiro: José

Olympio, 1973. p. 36.)

Analisando-se comparativamente os textos I, II e III, 11. quanto ao estilo de época a que pertencem, pode-se verificar que

I e III são fruto da a) arte pela arte simbolista.

I, II e III são exemplos do indianismo romântico.b)

I e II representam a crítica social do Realismo-Na-c) turalismo.

II e III apresentam características da linguagem mo-d) dernista.

Texto para as próximas 2 questões. (PUC-Rio) Iria morrer, quem sabe naquela noite mesmo? E que tinha ele feito de sua vida? Nada. Levara toda ela atrás da miragem de estudar a pátria, por amá-la e querê-la muito, no intuito de contribuir para a sua felicidade e prosperidade. Gastara a sua mocidade nisso, a sua virilidade também; e, agora que estava na velhice, como ela o recompensava, como ela o premiava, como ela o condecorava? Matando-o. E o que não deixara de ver, de gozar, de fruir na sua vida? Tudo. Não brincara, não pandegara, não amara - todo esse lado da existência que parece fugir um pouco à sua tristeza necessária, ele não vira, ele não provara, ele não experimentara.

Desde dezoito anos que o tal patriotismo lhe absorvia e por ele fizera a tolice de estudar inutilidades. Que lhe importavam os rios? Eram grandes? Pois se fossem... Em que lhe contribuiria para a felicidade saber o nome dos heróis do Brasil? Em nada... O importante é que ele tivesse sido feliz. Foi? Não. Lembrou-se das suas causas de tupi, do folklore, das suas tentativas agrícolas... Restava disso tudo em sua alma uma satisfação? Nenhuma! Nenhuma!

(Lima Barreto, Triste Fim de Policarpo Quaresma.)

O autor do trecho acima é Lima Barreto. Suas obras in-12. tegram o período literário chamado Pré-Modernismo. Tal designação para esse período se justifica, porque ele

desenvolve temas do nacionalismo e se liga às van-a) guardas europeias.

engloba toda a produção literária que se fez antes b) do Modernismo.

antecipa temática e formalmente as manifestações c) Modernistas.

se preocupa com o estudo das raças e das culturas d) formadoras do nordestino brasileiro.

prepara pela irreverência de sua linguagem as con-e) quistas estilísticas do Modernismo.

O trecho acima pertence ao romance 13. Triste Fim de Poli-carpo Quaresma, de Lima Barreto. Da personagem que dá título ao romance, podemos afirmar que

foi um nacionalista extremado, mas nunca estudou a) com afinco as coisas brasileiras.

perpetrou seu suicídio, porque se sentia decepcio-b) nado com a realidade brasileira.

defendeu os valores nacionais, brigou por eles a c) vida toda e foi condenado à morte justamente pelos valores que defendia.

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foi considerado traidor da pátria, porque participou d) da conspiração contra Floriano Peixoto.

era um louco e, por isso, não foi levado a sério pelas e) pessoas que o cercavam.

Texto para as próximas 5 questões.

(Faap) Quando Pedro I lança aos ecos o seu grito histórico e o País desperta esturvinhado à crise de uma mudança de dono, o caboclo ergue-se, espia e acocora-se, de novo.

Pelo 13 de maio, mal esvoaça o florido decreto da Princesa e o negro exausto larga num uf! o cabo da enxada, o caboclo olha, coça a cabeça, imagina e deixa que do velho mundo venha quem nele pegue de novo.

A 15 de novembro troca-se um trono vitalício pela cadeira quadrienal. O país bestifica-se ante o inopinado da mudança. O caboclo não dá pela coisa.

Vem Floriano: estouram as granadas de Custódio; Gumercindo bate às portas de Roma; Incitatus derranca o país. O caboclo continua de cócoras, a modorrar...

Nada o desperta. Nenhuma ferretoada o põe de pé. Social, como individualmente, em todos os atos da vida, Jeca antes de agir, acocora-se.

Monteiro Lobato

É nesta crônica que Monteiro Lobato fotografa a imagem 14. do caipira, apresentado como uma “raça intermediária”, que perdeu o primitivismo do índio sem, no entanto, adquirir a força do colonizador. A crônica foi extraída do livro

Negrinha.a)

O Macaco que se Fez Homem.b)

Urupês.c)

O Presidente Negro.d)

O Escândalo do Petróleo.e)

O texto fala de fatos históricos, respectivamente:15.

Monarquia - Lei do Ventre Livre - Eleição de Flo-a) riano.

Regência - Tráfego negro - Posse de Floriano.b)

Maioridade - Libertação dos escravos - Posse de c) Floriano.

Parlamentarismo - Libertação dos escravos - Presi-d) dencialismo.

Independência - Libertação dos escravos - Repú-e) blica.

A crítica é unânime em classificar o escritor Monteiro 16.

Lobato ligado ao movimento

Pré-Modernismo.a)

Surrealismo.b)

Futurismo.c)

Dadaísmo.d)

Cubismo.e)

Sobre Monteiro Lobato não procede a seguinte afir-17. mação.

Nasceu em Taubaté e morreu em São Paulo. Advo-a) gado, Promotor Público. Fundou a Companhia de Petróleos do Brasil.

Inovador quando defende a arte de Anita Malfatti b) em famoso artigo publicado pelo Estado: “Paranoia ou Mistificação”.

Avançado quando satiriza o purismo da linguagem c) no conto também famoso: “O Colocador de Pro-nomes”.

Promoveu campanhas nacionais em favor do ferro d) e petróleo: Preso pelo Governo Vargas em 1941, exila-se na Argentina.

Crítico veemente do sistema agrícola brasileiro na e) figura de Jeca Tatu, símbolo da miséria e do atraso a que foram relegados nossos caipiras.

(PUC-SP)18.

“Triste a escutar, pancada por pancada.

A sucessividade dos segundos,

Ouço em sons subterrâneos, do orbe oriundos,

O choro da energia abandonada.”

A crítica reconhece na poesia de Augusto dos Anjos, como exemplifica a estrofe, a forte presença de uma dimensão

niilista.a)

patológica.b)

cósmica.c)

estética.d)

metafísica.e)

(UFRGS) Lima Barreto é um autor que se caracteriza 19. por criar tipos

rústicos, ligados ao campo.a)

aristocratas, ligados ao campo.b)

aristocratas, ligados à cidade.c)

burgueses, ligados à cidade.d)

populares, ligados ao subúrbio.e)

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Os comentários acima são endereçados por Monteiro Lobato

ao nordestino.a)

ao menor.b)

ao sertão.c)

ao caboclo.d)

ao paulistano.e)

(Unicamp) O trecho a seguir, escolhido por Lima Bar-21. reto como epígrafe para introduzir sua obra, Triste Fim de Policarpo Quaresma, comenta o confronto entre o ideal e o real:

“O grande inconveniente da vida real e o que a torna insuportável ao homem superior é que, se transportamos para ela os princípios do ideal, as qualidades passam a ser defeitos, de tal modo que, na maioria das vezes, o homem íntegro não consegue se sair tão bem quanto aquele que tem por estímulo o egoísmo ou a rotina vulgar.”

Renanm Marc-Aurele

Cite dois episódios do livro em que o comporta-a) mento idealista de Policarpo é ridicularizado por outras personagens.

Considerando-se a epígrafe citada, como pode ser b) analisada a trajetória de Policarpo Quaresma?

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D1.

B2.

C 3.

O traço característico do Modernismo brasileiro é a 4. ruptura com a tradição, por meio de uma avaliação crítica da abordagem temática e da linguagem literária do passado.

B5.

A6.

C7.

A8.

C 9.

C10.

E 11.

D 12.

C13.

C14.

E15.

C 16.

“Arraial”, “tapera colossal”, “urbs monstruosa” e “docu-17. mento iniludível”.

18.

O confronto entre as forças armadas e os sertane-a) jos seguidores de Antônio Conselheiro.

O chefe místico de Canudos era Antônio Conse-b) lheiro.

A19.

D1.

E2.

F, V, V, F, F3.

E4.

A5.

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C6.

E7.

E8.

C9.

C10.

D11.

C12.

C13.

C14.

E15.

A16.

B17.

C18.

E19.

D20.

21.

A sugestão de tornar o tupi-guarani língua oficial a) do Brasil e a adoção de hábitos indígenas.

Policarpo parte do ideal e choca-se com o real, que b) o consome.

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