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Ano 11, Junho 2014

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3

Manuel António AssunçãoReitor da Universidade de Aveiro

Edito

rial

A internacionalização das instituições de

ensino superior tem hoje uma importância

decisiva, sendo simultaneamente reflexo

e gerador de maior qualidade.

Reflexo pelo que representa de capacidade

de atração de estudantes e de trabalhadores

do conhecimento. Gerador pelo ambiente

multicultural de aprendizagem e de vivência

no Campus, pelo alargamento das redes,

pelo acréscimo da exigência e pela

maior visibilidade.

A evolução da presença estrangeira na

UA, nos últimos quatro anos, ultrapassou

significativamente as metas que havíamos

inscrito, contando já com 1400 estudantes

de 77 nacionalidades, número até há

pouco tempo, inimaginável. Mas é

necessário fazer mais e melhor, em todas

as áreas de atividade.

É fundamental, primeiro que tudo, aumentar

o número de estudantes internacionais,

tanto de formação inicial como de pós-

-graduação, isto é dos que se deslocam

para estudar em Aveiro. Dispomos

agora de novos instrumentos e de sinais

externos que devemos saber mobilizar

a nosso favor: o "Estatuto do Estudante

Internacional", recentemente aprovado;

o compromisso, assumido pelo Governo,

de disponibilizar verbas específicas

para apoio à internacionalização das

universidades; e o protocolo assinado

entre o CRUP e a AICEP onde se consagra,

pela primeira vez, o reconhecimento de

que o Ensino Superior português, que se

encontra nos trinta primeiros do mundo

(24° segundo o ranking da Universitas

21 / Universidade de Melbourne), é

exportável. Para isso precisamos de

disponibilizar mais enquadramento e

apoio - nomeadamente ensino em língua

inglesa- para os estudantes que nos

escolhem e não dominam o português.

E temos também que dotar os estudantes

portugueses com mais competências de

trabalho em ambiente multicultural e de

domínio de línguas, não só do inglês, mas

de outras que vimos disponibilizando,

onde se incluem já o chinês e o árabe,

por exemplo, e, a muito curto prazo, o

ensino curricular da língua russa. De modo

recíproco, é preciso enfatizar o propósito

e a nossa firme determinação em garantir

que os estudantes estrangeiros que nos

escolhem voltem aos seus países com

uma proficiência sólida em português,

uma língua com crescente importância no

mundo global em que vivemos. Porque a

internacionalização tem dois sentidos ou,

melhor, múltiplos pontos de encontro.

Em paralelo, deveremos tirar o máximo

partido dos programas de mobilidade e

de outras oportunidades de promover

estágios internacionais, designadamente

dos programas Erasmus + e o Erasmus

Mundus, e PLI-Programa de Licenciaturas

Internacionais e Ciência sem Fronteiras,

com o Brasil. E também das múltiplas

redes em que estamos presentes, como

o ECIU, a India Platform, o COLUMBUS, a

EuroUniverCities e todas as colaborações

que decorrem dos projetos de

investigação e da mobilidade dos nossos

docentes e investigadores.

Temos vindo a desenvolver uma

política de alianças e relações

preferenciais com universidades

estrangeiras, consolidando-se os

laços já existentes e alargando-os a

outras instituições, escolhidas tendo

em consideração as áreas geográficas

e os domínios do conhecimento mais

relevantes para o projeto da UA.

Este é um trabalho, bem se vê, a realizar

em frentes plurais, mas em que cada

membro da Comunidade UA, dos

docentes aos estudantes, aos antigos

alunos, tem – deve ter – uma participação

cada vez mais ativa, dando a conhecer

a qualidade do que se faz na UA,

alimentando as parcerias existentes

e criando novos nós nesta rede,

atraindo novos estudantes para os

nossos Campi. Contamos com todos

para este efeito.

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11-15

03

OPINIÃO

2013-2020 – A estratégia nacional

para o mar e a ua

Lei de Bases do Ambiente revista:

simples e sucinta, mas controversa

AAAUA – Um percurso não linear

DOSSIER

UA, ninho de inovação e valorização do

conhecimento

PERCURSOS ANTIGOS ALUNOS

Patrícia Albergaria Almeida

Fábio Silva

Carlos Gomes da Costa

DISTINÇÕES

PERCURSO SINGULAR

Isabel Alarcão

EDITORIAL

Manuel António Assunção

Reitor da UA

06-10

28-31

16-20

EDIÇÕES

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5

CULTURAL

Uma festa que mudou o destino

de um bairro

ACONTECEU NA UA

48-49

50-5338-39

54-57ENTREVISTA COM...

Manuel António Assunção

COOPERAÇÃOINVESTIGAÇÃO

Música: esse grande coração!

Investigação-ação de Estudos Culturais

alarga-se ao empreendedorismo no

terceiro setor

CAMPUS EXEMPLAR

UA é visitada anualmente por

milhares de pessoas

ENSINOValoriza-te: vem, vive e volta

40-45

4732-37

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No passado dia 12 de fevereiro foi publicada em DR a

Estratégia Nacional para o Mar 2013-2020 (ENM2013-2020).

É dito que a ENM2013-2020 apresenta um novo modelo

de desenvolvimento do oceano e das zonas costeiras que

permitirá a Portugal responder aos desafios colocados para

a promoção, crescimento e competitividade da economia do

mar, nomeadamente as importantes alterações verificadas no

âmbito político e estratégico a nível europeu e mundial.

O regresso de Portugal ao mar depende da execução de uma

estratégia assente no conhecimento e progresso tecnológico

e na dimensão e geografia do território nacional, emerso

e imerso, incluindo a nova dimensão alargada resultante

da submissão apresentada para a extensão da plataforma

continental além das 200 milhas marítimas.

Esta estratégia surge no âmbito da Diretiva nº 2008/56/CE do

Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de junho, designada

por Diretiva Quadro Estratégia Marinha (DQEM), que determina

o quadro de ação comunitária, no domínio da política para o

meio marinho, no âmbito do qual os Estados-membros devem

tomar as medidas necessárias para obter ou manter um bom

estado ambiental no meio marinho até 2020.

A ENM2013-2020 pretende ser uma rota para o desenvolvimento

numa perspetiva essencialmente intersectorial, fundada

no conhecimento e na inovação em todas as actividades e

usos do mar, promovendo uma maior eficácia no uso dos

recursos num quadro de exploração sustentada e sustentável.

Nesta perspectiva, a Universidade de Aveiro está presente e

consubstancia a prioridade científica “Mar” na criação do Aveiro

Institute for Marine Science and Technology (AIMare) que terá

como missão coordenar e agregar as competências científicas

da UA no que diz respeito à gestão do litoral e à investigação

do mar, promovendo sinergias com os setores público e

privado ligados ao mar. O AIMare organizado em quatro áreas

estratégicas -(i) ambiente saudável e sustentável, (ii) recursos

minerais e energéticos marinhos, (iii) tecnologias de aplicações

2013-2020A estratégia nacionalpara o mar e a ua

marinhas e (iv) recursos biológicos

marinhos-, que são desenvolvidas em

várias unidades de investigação da UA

(e.g. CESAM, CICECO, IT, GEOBIOTEC,

GOVCOPP, IEETA, QOPNA,TEMA).

A prioridade “mar” da UA também

se reflete na criação da Plataforma

Tecnológica do Mar (PTM), que se

enquadra na aposta da Universidade

em criar redes de competências

direcionadas para setores-chave da

economia nacional, dando continuidade

à investigação de excelência produzida

na UA neste setor, apostando-se em

estratégias inovadoras para trabalhar em

conjunto com um diversificado número

de parceiros empresariais. O ECOMARE

– Centro de Pesquisa para a Inovação e

Sustentabilidade da economia do mar,

como que fecha a tríada estratégica do

mar dentro da UA. Em parceria com a

Câmara Municipal de Ílhavo e com o

Porto de Aveiro e atualmente em fase

de construção, é uma infraestrutura

que é também um projecto âncora do

Cluster do Conhecimento e Economia

do Mar, dinamizado pela Oceano XXI-

-Associação para o Conhecimento e

Economia do Mar. Está organizado em

duas subunidades: Centro de Extensão

para a Pesquisa Marinha e Ambiental,

onde fundamentalmente se desenvolverá

investigação pluridisciplinar/

multidisciplinar e muito direcionada

para problemas e ou oportunidades

da “economia real” ligada ao mar e

ao chamado crescimento azul (e.g.

Amadeu SoaresProfessor Catedráticoe Diretor do Departamento de Biologia,Diretor-adjuntodo CESAM

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7 opinião

atividades aquícolas, com objetivos de

produção alimentar ou de exploração de

potencialidades para uso em cosmética

ou farmacêutico); Centro de Pesquisa e

Reabilitação de Animais Marinhos, mais

virado para aspetos conservacionistas

e de sensibilização ambiental, sem

no entanto descurar as relações

entre a conservação e a economia do

mar, como as pescas e a exploração

sustentada dos recursos. Também aqui

a UA tem e continuará a ter um papel

primordial a nível nacional. De facto, ao

abrigo das Directivas Habitats e Aves,

bem como devido à participação em

acordos internacionais, desde 2001 que

Portugal deveria manter programas de

monitorização que permitissem avaliar

a evolução do estatuto de conservação

de espécies prioritárias. Para o meio

marinho, tal esforço só foi iniciado

em 2005 para as aves e em 2008

para os cetáceos, muito por trabalho

desenvolvido na UA, sendo que para

tartarugas marinhas só em 2011 é que

se iniciam os primeiros trabalhos. Até

2015 e através de um Projeto LIFE,

coordenado pelo Departamento de

Biologia e CESAM, será possível recolher

informação de base para definir os

valores de referência em termos de

conservação destas espécies. A partir

de 2015 a recolha de dados sistemáticos

que visem avaliar o bom estado de

conservação das espécies alvo deve

ser assegurado por verbas dos próprios

Estados-membros. Assim, neste

momento Portugal conseguirá definir os

valores de referência, mas para continuar

a assegurar o cumprimento dos seus

compromissos legais, terá que encontrar

novos mecanismos de financiamento

paralelos ao programa LIFE, algo que terá

que ser acautelado no âmbito do Plano

de Monitorização da DQEM, atualmente

em discussão nacional e para o qual a UA

tem competências relevantes.

Predadores de topo do meio marinho

estão entre os grupos mais sensíveis a

alterações do bom estado ambiental,

porque podem ser afetados por uma série

de fatores de pressão que vão desde

causas naturais (como tempestades) até

fatores de pressão de origem humana

(poluentes, lixo, pescas, etc). Ao longo dos

últimos anos com a melhoria dos meios

de investigação, com a criação de redes

de arrojamentos profissionalizadas, com

a criação de bancos de tecidos, centros

de reabilitação e desenvolvimento de

métodos autónomos de monitorização

(sistemas acústicos, de seguimento por

satélite, etc) o conhecimento sobre a

bio-ecologia destas espécies aumentou

de forma significativa. Este aumento de

conhecimento tem permitido verificar

que diversas espécies destes grupos

faunísticos funcionam como verdadeiros

organismos sentinela do meio marinho,

havendo cada vez mais evidências em

diversas relações causa-efeito, tais

como: isolamento populacional do boto e

especiação devido a alterações climáticas

nos últimos 300 anos; declínio e quase

extinção de comunidades reprodutoras

de airos e tordas devido ao advento da

pesca com redes de nylon; alterações

na distribuição e uso de espaço por

cetáceos, e aves marinhas, devido

à depleção de recursos alimentares;

alterações significativas na composição

da dieta em cetáceos e aves devido

à modificação da disponibilidade de

recursos alimentares; aumento de

zoonoses infeciosas devido ao aumento

da acumulação de poluentes perigosos

(cádmio, mercúrio, PCB's); diminuição

da condição fisiológica e de taxas

reprodutivas devido a biotoxinas. Assim,

nos últimos anos tornou-se evidente

que predadores de topo, como alguns

cetáceos, aves marinhas e tartarugas

são extremamente sensíveis a alterações

específicas no meio marinho, mas acima

de tudo são um dos melhores indicadores

para alterações crónicas e de carácter

generalista e difuso (que muitas vezes

passam completamente despercebidas

quando monitorizados por outros

parâmetros) do bom estado ambiental.

A UA, através dos seus investigadores

e pela recente criação do AIMare, da

PTM e do ECOMARE terá cada vez

mais um papel crucial na coordenação

e investigação nesta área, contribuindo,

mais uma vez, para que a tal aposta

nacional e estratégica no Mar seja algo

solidamente ancorado no desenvolvimento

e aplicação do conhecimento científico

das várias valências do mar.

"Nos últimos anos tornou-se evidente que os

predadores de topo são extremamente sensíveis

a alterações específicas no meio marinho,

mas acima de tudo são um dos melhores

indicadores para alterações crónicas e de caráter

generalista e difuso do bom estado ambiental"

7 opinião

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linhas maio 2014

Foi publicada, no passado dia 14 de

abril, a Lei de Bases do Ambiente, Lei

19/2014. O diploma, que revoga a Lei

n.º 11/87, alterada pela Lei n.º 13/2002,

foi aprovado apenas com os votos da

maioria PSD/CDS.

A revisão da anterior Lei de Bases

do Ambiente (LBA), aprovada em 7

de abril de 1987 pela Assembleia da

República, justificou-se plenamente

porque a primeira LBA foi concebida

numa época em que praticamente não

existia política de ambiente em Portugal

e o país estava ainda nos primórdios da

integração europeia. Ela surgiu 11 anos

depois da consagração do artigo 66º,

sobre o ambiente, na Constituição da

República Portuguesa.

Esta LBA foi considerada, à época,

avançada quanto ao seu conteúdo e

opções que tomou, se bem que muitas

delas só tardiamente foram executadas

e outras nunca saíram do papel.

Tal não significa que não se lhe

reconheça mérito e vantagens na sua

existência. A LBA de 1987 constituiu

um marco de grande importância nas

políticas de ambiente em Portugal

e assumiu um papel pedagógico,

definindo termos e estruturando

conceitos que ainda hoje prevalecem

no direito do ambiente português.

Volvidos 27 anos, Portugal dispõe de

um extenso quadro jurídico-institucional

em matéria de política ambiental. O país

conheceu inúmeras melhorias em termos

de política e qualidade do ambiente,

como foi reconhecido pela revisão do

desempenho ambiental da OCDE em 2011.

Contudo, Portugal enfrenta ainda vários desafios importantes.

Desde logo, importa concluir o processo de infraestruturação

nos domínios da água e saneamento, ou seja, a implementação

de políticas de primeira geração. Por outro lado, é fundamental

também garantir uma maior eficácia na gestão das políticas

e sistemas ambientais, em particular numa ótica de gestão

integrada do ambiente. Portugal precisa assim de consolidar as

políticas ambientais de segunda geração, como as alterações

climáticas e o desenvolvimento sustentável.

No entanto, a política ambiental evoluiu sobremaneira nas

últimas duas décadas. É hoje considerada geradora de

desenvolvimento económico moderno e competitivo.

Acresce que princípios de política ambiental como os

princípios da integração e da precaução são, hoje, património

incontestado da política europeia de ambiente, com

consagração nos Tratados europeus.

Por isso, a revisão da LBA foi útil e necessária. Mas uma

revisão ambiciosa da LBA deveria assentar necessariamente

num processo participado que refletisse as melhores práticas

da política ambiental e visar a obtenção de um amplo consenso

político e social em torno das suas opções. Isso não aconteceu,

por culpa das forças partidárias. Todos se mantiveram nas suas

posições (leia-se, nas suas propostas de lei…), esquecendo o

interesse nacional e que o ambiente é demasiado importante

para servir interesses partidários. Mais uma vez o interesse

nacional foi esquecido pelos partidos.

A lei contém princípios básicos para resistir à erosão do tempo.

Por isso, os planos nacionais estratégicos na área do ambiente

não foram ali acolhidos, sendo preferencialmente aprovados por

outras leis. Em termos de componentes ambientais naturais,

nota-se a relevância dada ao recurso ar, em que a sua gestão

engloba a preservação e melhoria da qualidade do ar ambiente

e a garantia da sua boa qualidade no interior dos edifícios.

A mesma lógica de princípios gerais foi seguida para a área das

Alterações Climáticas. Defende que a política de combate às

alterações climáticas implica uma visão integrada dos diversos

setores socioeconómicos e dos sistemas biofísicos através de

uma estratégia de desenvolvimento assente numa economia

Lei de Bases do Ambienterevista: simples e sucinta,mas controversa

Carlos BorregoProfessor Catedrático eDiretor do Departamento de Ambiente e Ordenamento da UA.Membro do Conselho Consultivo para a revisão da LBA, fevereiro a julho 2012

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competitiva de baixo carbono, de acordo com a adoção

de medidas de mitigação e medidas de adaptação.

Uma das apostas da nova lei é a de reforçar os instrumentos

económico-financeiros ambientais, através de princípios, como o

princípio do poluidor-pagador e do utilizador-pagador, que foram

tidos em conta na regulamentação de outros domínios. Também

contempla a necessidade de todos os planos estratégicos terem

uma avaliação de risco a longo prazo, baseados em cenários

sobre o futuro, bem como, no caso da avaliação ambiental, os

projetos suscetíveis de causarem impactos ambientais adversos

significativos estarem sujeitos a análise do ciclo de vida.

A Lei de Bases do Ambiente responde aos grandes desafios

futuros, mesmo havendo aspetos em que poderia ser mais

ousada. Como acontece com muitas leis, não são as opções de

fundo que estão erradas, mas sim a aplicação que é inexistente

ou por vezes distorcida, o que leva ao descrédito das leis e

da autoridade do Estado. Que não aconteça com esta o que

aconteceu com a anterior neste campo!

É uma lei simples, sucinta, que serve de guião, e não uma lei

regulamentadora. Mas foi controversa. Podia, e devia, ter sido

uma manifestação de maturidade do Parlamento, mas foi a

oportunidade perdida pela Assembleia da República de ter

aprovado também esta lei sem votos contra, como aconteceu

com a anterior!

"Uma revisão ambiciosa

da LBA deveria assentar

necessariamente num processo

participado que refletisse as

melhores práticas da política

ambiental e visar a obtenção de

um amplo consenso político e

social em torno das suas opções"

9 opinião

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linhas maio 2014

A Associação dos Antigos Alunos da Universidade de Aveiro

(AAAUA) tem tido alterações substanciais nos últimos anos, fruto

das mudanças dos tempos, das necessidades, das vontades das

gentes, das crises e modas, e dos seus dirigentes.

Todos temos a consciência de que as coisas não estão fáceis,

e que nos momentos difíceis é que a união e solidariedade

são absolutamente necessárias, e também por isso a AAAUA

deve ter um papel ainda mais ativo, na ajuda à superação de

dificuldades dos antigos alunos, e apresentar-se como uma

associação que tem sentido existir.

Estamos certos disto, mas, no entanto, encontramos uma

dificuldade extrema, que atravessa transversalmente toda a

sociedade, que é a crise do movimento associativo, como

sussurrando que não vale a pena a união por coisas importantes,

que a união não faz a força. Estamos cientes das dificuldades

do dia-a-dia dos antigos alunos e do seu provado desinteresse

numa participação mais ativa, mas certos que uma associação

só se faz com associados, que superar dificuldades e obstáculos

se faz com união e vontade, com posições flexíveis e tendo como

lema, que amanhã, qualquer um poderá estar do outro lado da

linha que separa os bens sucedidos dos restantes.

Na vida, esta linha não depende, muitas vezes, de algo que

fizemos, da nossa vontade, do nosso empenho no sucesso

e na felicidade, mas de fatores exógenos a nós e, por isso, a

existência de redes é um amparo de aconchego para todos.

Os que estão bem, deveriam ajudar os que pior estão, e os que

necessitam agradeceriam, devendo saber ambos que facilmente,

feliz ou infelizmente, poderão trocar de posição, e muito

rapidamente, como em tudo, neste novo milénio.

Poderá haver maior alegria ou ventura que estar na

rede, sempre a dar, sem nunca necessitar de buscar por

necessidade, dar sem pensar receber, e por isso mesmo

receber a recompensa incomensurável de se ser útil?

O drama é que a maior parte de nós não tem essa consciência

e age como se existisse um predestino que atira uns para o

insucesso e uma sorte que catapulta outros para o sucesso.

Pois, mas não é assim, nada está determinado, nem os sucessos

nem os contrários, mas certo é que juntos somos mais fortes e,

conectados em rede, tocamos mais pontos e encontramos os

caminhos por mais difíceis que eles possam parecer. Não há

impossíveis e é isto que queremos demostrar nesta rede que

gostaríamos que crescesse e se tornasse cada vez mais forte.

No ano passado a AAAUA esteve

envolvida na organização da

comemoração do dia do antigo aluno,

integrada nas atividades do 40 anos

da UA, tendo tido um papel crucial no

sucesso desta iniciativa a repetir, que

serviu também para reforçar as ligações

com a equipa Reitoral e perceber quem

está de facto na rede.

Organizámos cinco sessões sobre

Empreendorismo e Internacionalização,

do Porto a Lisboa, convidando

personalidades nacionais e

internacionais de relevo, mostrando

que, com uma boa rede de contactos,

podemos juntar quem quisermos e onde

quisermos. Durante dois meses tivemos

no ar, uma vez por semana, um programa

de rádio, na Terranova, designado Rede

Alumni UA, que serviu para mostrar o

que é a AAAUA e o papel da nossa rede

e da nossa marca UA.

Este ano iremos continuar com as

tertúlias, convidando antigos alunos

que se destacaram na UA, e tentar

fazer um roteiro dos locais simbólicos

da academia dos anos 90 e 2000 para

memória futura, com concursos de

ideias e ainda focar a nossa atenção

na Responsabilidade Social e todos os

modelos que giram à sua volta.

A criação, dentro da AAAUA, de um

núcleo de Responsabilidade Social é já

uma realidade, e o suporte à Plataforma

(4iS) de interação multissetorial para a

criação de projetos de Inovação Social

também foi já formalizado.

Este é um balanço simples do que fizemos

e iremos fazer neste mandato, sendo que

o mais difícil tem sido a mobilização dos

antigos alunos e da sociedade em geral

que se esquece que o futuro somos nós e

que o presente já passou.

AAAUA – Um percurso não linear

Carlos Pedro FerreiraPresidente da Associação dos Antigos Alunos da UA

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11 opinião11 distinções

DISTINÇÕES

DESIGN DA UA É UM DOS 50

MELHORES CURSOS DA EUROPA

Pelo segundo ano consecutivo o curso

de Design da Universidade de Aveiro

foi selecionado para figurar na restrita

lista da revista Domus como um dos

50 melhores cursos na área a nível

europeu. A listagem com referência

à Licenciatura e Mestrado em Design

do Departamento de Comunicação e

Arte (DeCA) da academia de Aveiro

foi publicada numa edição da revista

italiana, uma das mais importantes

publicações mundiais dedicadas não só

ao design como também à arquitetura

e à arte.

A renovada presença do Design da UA

na edição da Domus especialmente

dedicada aos melhores cursos e

escolas “é o reconhecimento da aposta

séria que a Universidade fez há quase

duas décadas na área do design, mas

também a valorização da singularidade

da formação que prestamos”. Álvaro

Sousa, diretor do Mestrado em Design

da UA, garante que o curso se afirmou

“muito para além da área geográfica

de influência da Universidade, sendo

hoje identificado como uma marca de

formação de excelência”.

SELOS DE QUALIDADE ECTS E DS ATRIBUÍDOS NOVAMENTE À UA

A Universidade de Aveiro conseguiu a renovação da certificação Europeia ECTS

(European Credit Transfer and Accumulation System) e DS (Diploma Supplement) até

2016. O selo de qualidade ECTS atesta a qualidade da informação prestada sobre a

oferta formativa e a gestão da mobilidade de estudantes, por parte de instituições de

ensino superior. O selo DS certifica a qualidade da informação constante do suplemento

ao diploma entregue ao estudante no final de um ciclo de estudos.

Estes selos de qualidade são concedidos pela Comissão Europeia, através da Agência

Executiva para a Educação, Audiovisual & Cultura. De referir que a UA detém o ECTS

Label (Selo ECTS) desde 2004 e o DS Label (Selo DS) desde 2009 (os diplomados pela

UA recebem desde essa data um suplemento ao diploma que cumpre as regras da

Comissão Europeia).

Em Portugal, obtiveram renovação do ECTS Label apenas a Universidade do Minho e o

Instituto Politécnico de Tomar, além da UA. A renovação do DS Label aconteceu na UA,

Universidade do Minho, Instituto Politécnico de Tomar, Universidade da Beira Interior e

Instituto Superior de Psicologia Aplicada.

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linhas maio 2014

INVESTIGADOR NOMEADO

DISTINGUISHED MICROWAVE

LECTURER PELO IEEE

José Carlos Pedro foi nomeado

Distinguished Microwave Lecturer pelo

Institute of Electrical and Electronics

Engineers (IEEE). A distinção atribuída

ao cientista e docente no Departamento

de Eletrónica, Telecomunicações e

Informática da Universidade de Aveiro

segue-se à sua nomeação como IEEE

Fellow Member, o maior grau a que

um membro pode ascender na mais

importante e representativa organização

mundial na promoção do conhecimento

nos campos da engenharia eletrotécnica,

eletrónica e da computação.

UA PERMANECE ENTRE AS 100

MELHORES E MAIS JOVENS DO

MUNDO SEGUNDO O THE

A Universidade de Aveiro integra o

ranking Times Higher Education (THE)

das 100 melhores universidades

com menos de 50 anos, pelo terceiro

ano consecutivo e está entre as 500

melhores no ranking de Leiden.

A UA surge na posição 79 no ranking

THE das universidades com menos de 50

anos, sendo muito evidente a subida das

instituições de ensino superior asiáticas,

como reconhece a própria equipa de

investigadores que concebe esta lista

ordenada. A Pohang University of Science

and Technology (Postech), da Coreia do

Sul lidera o ranking.

No ranking de Leiden 2014, a UA aparece

na posição 446. As seis universidades

portuguesas que são classificadas neste

ranking, colocam-se entre a posição 379,

da Universidade do Minho, e a posição

513, da Universidade de Coimbra.

Neste ranking, a UA lidera a nível nacional

quanto ao número de citações em

relação ao total de publicações na área

“Matemática, Ciência de Computadores

e engenharia” e quanto a publicações

em colaboração com empresas,

contabilizando todas as áreas científicas.

em Engenharia Eletrotécnica, também

pela academia de Aveiro, em 1993, José

Carlos Pedro é atualmente professor

catedrático no DETI.

DOCENTE DA UA ELEITO PARA

COMITÉ DE GESTÃO DAS

PLATAFORMAS TECNOLÓGICAS

EUROPEIAS

Rui Aguiar, professor da Universidade

de Aveiro e investigador do Instituto

de Telecomunicações, foi eleito para

o Comité de Gestão das Plataformas

Tecnológicas Europeias (PTE)

Net!Works e ISI (Plataforma Tecnológica

Europeia em Comunicações Móveis).

O investigador é um dos seis membros

académicos – e único de nacionalidade

portuguesa – de um comité que irá

liderar, ao longo da próxima década,

toda a investigação europeia em

comunicações móveis.

“Esta nomeação vem permitir que tanto

eu, como toda a comunidade científica

portuguesa, possamos ter uma posição

privilegiada e uma palavra a dizer no

processo de definição das linhas de

investigação e desenvolvimento para

os próximos anos”, congratula-se Rui

Aguiar. Ao fazer parte do Comité europeu

envolvido na definição da Agenda

Estratégica de Investigação, participará

também na definição da matriz

orientadora para a Associação 5G-PPP,

uma parceria público-privada ligada à

investigação na área das Tecnologias de

Informação e Comunicação (TIC).

FC PORTUGAL 3D É TRICAMPEÃ DA

EUROPA DE FUTEBOL ROBÓTICO

A equipa FC Portugal 3D, projeto

conjunto das Universidades de Aveiro,

Porto e Minho, venceu o RoboCup

German Open 2014, que equivale a

um Campeonato Europeu de Futebol

Robótico, na liga de Futebol Robótico

Simulado 3D. O RoboCup German

Open 2014 decorreu entre 3 e 5 de abril,

em Magdeburgo, Alemanha. Esta foi a

terceira vitória consecutiva da equipa FC

Portugal 3D nesta prova anual.

Como DML, José Carlos Pedro terá a

missão, durante três anos, de divulgar

em palestras e discussões perante os

grupos regionais do IEEE a nível global

o estado-da-arte dos vários ramos

da engenharia eletrotécnica e as suas

previsíveis direções futuras. Doutorado

Page 13: Linhas 21

13 distinções

A FC Portugal 3D mostrou uma eficácia

a toda a prova, marcando 83 golos, sem

sofrer nenhum. A equipa teve 12 vitórias e

dois empates nos 14 jogos disputados.

Na fase final, a equipa FC Portugal derrotou

a equipa Photon (Rússia) por 9-0 na meia-

-final, e venceu a equipa magmaOffenburg

(Alemanha) por 2-0 na final. A Liga de

Simulação 3D é uma competição em que

duas equipas de 11 robôs humanoides

virtuais jogam futebol através de um

simulador. Os robôs simulados são

totalmente autónomos durante os jogos,

não havendo qualquer intervenção humana

depois do jogo começar. A liga desafia

os investigadores a encontrar a melhor

forma de movimentar um robô humanoide

de forma estável. Desafia também os

investigadores a criarem metodologias de

coordenação de equipas de robôs, tais

como formações, trocas de posições,

táticas ou jogadas estudadas.

Symposium on Corusology, Choral Art

- Singing - Voice", pelas instituições que

organizaram o evento: a Associação de

Maestros de Coro da Croácia e o Instituto

Internacional de Canto Coral.

Os três autores desta joelheira gostariam

agora de encontrar parceiros de

negócios para tornar este projeto viável e

disponibilizar este dispositivo no mundo

da Fisioterapia.

FILIPA LÃ RECEBE PRÉMIO PELA

CONTRIBUIÇÃO CIENTÍFICA NO

ESTUDO DA VOZ

Filipa Lã, professora de música na

Universidade de Aveiro, recebeu

um prémio do “International Choral

Institution” em colaboração com a

“Croatian Choral Directors Association”,

numa conferência na Croácia, dia 25 de

abril, homenageando a sua contribuição

científica no estudo da voz em contextos

performativos de ensamble.

Trata-se de um diploma de

reconhecimento do contributo do seu

trabalho ao longo dos anos na progressão

das áreas de pedagogia e ciência vocais.

O prémio foi atribuído na conferência

"ARS CHORALIS 2014 – “International

MEMBROS DA COMUNIDADE UA

VENCEM SAPO CODEBITS 2014

Uma equipa de três pessoas que inclui

uma aluna e um antigo aluno e funcionário

da Universidade de Aveiro venceu a

edição de 2014 do concurso Sapo

Codebits com uma joelheira inteligente

que pretende melhorar a qualidade

de vida (e indiretamente o tempo de

recuperação) das pessoas que precisam

de usar um “joelho metálico” para curar

ou recuperar o joelho.

Trata-se do projeto “500 Nelo: Wearable

Open Hardware for Polio Patients”,

da autoria de Pedro Leite (atual aluno

do Departamento de Eletrónica,

Telecomunicações e Informática e antigo

colaborador dos Serviços de Tecnologias

de Informação e Comunicação da UA)

e Ana Carolina Correia (antiga aluna de

Novas Tecnologias de Comunicação e

atual aluna do Mestrado em Comunicação

Multimedia, também na UA).

Da equipa vencedora faz também parte

o programador Basílio Vieira.

O projeto NeLo é uma joelheira inteligente

que tem vários modos de mobilidade e

consegue alternar automaticamente entre

estes modos graças a um giroscópio e a

um sensor de pressão que conseguem

detetar se a intenção é caminhar,

repousar ou apoiar.

JOÃO ROCHA NO CONSELHO

EDITORIAL DO PERIÓDICO

“CHEMISTRY – A EUROPEAN

JOURNAL”

O diretor do Centro de Investigação

em Materiais Cerâmicos e Compósitos

(CICECO), laboratório associado da

Universidade de Aveiro, é novo membro do

Conselho Editorial do periódico “Chemistry

– A European Journal”, sendo João

Rocha o único português entre quase 70

membros, originários de vários países do

mundo, entre os quais dois prémios Nobel.

Esta é uma das mais prestigiadas revistas

europeias na área geral da Química, sendo

patrocinada pelas sociedades de química

de 16 países europeus.

“A minha nomeação para o

Conselho Editorial do Chemistry é o

reconhecimento natural da atividade

científica do meu grupo ao longo de

mais de duas décadas sendo, portanto,

acolhida com grande satisfação”, afirma

João Rocha que tem amplos interesses

científicos nas áreas da Química

Inorgânica e de Materiais, Nanociências,

Ressonância Magnética Nuclear,

Difração de Raios-X e Fotoluminescência.

Considera ainda que “a visibilidade e as

excelentes condições" que encontra no

Laboratório Associado CICECO "terão

certamente ajudado” à sua nomeação.

Page 14: Linhas 21

linhas maio 2014

TERAPIA FOTODINÂMICA DA UA

EM DESTAQUE NO GREEN PROJECT

AWARDS PORTUGAL 2013

O projeto de investigação dá pelo nome

de “Terapia fotodinâmica na inativação

de microrganismos em águas residuais:

uma tecnologia eficaz, de baixo custo

e de reduzido impacto ambiental” e

acaba de ganhar uma menção honrosa

na 6ª edição do Green Project Awards

Portugal 2013. Coordenado por Adelaide

Almeida, docente do Departamento de

Biologia e investigadora do Centro de

Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM)

da Universidade de Aveiro, o projeto foi

distinguido na categoria 'Investigação e

Desenvolvimento .̀ Este projeto resulta

de uma colaboração com uma equipa

da Unidade de Investigação QOPNA do

Departamento de Química da UA.

A terapia fotodinâmica já é usada há

muito tempo na clínica, em particular

no tratamento de alguns tipos de

cancro. Nas duas últimas décadas o

conhecimento obtido na área oncológica

tem estado a ser aplicado na inativação

de microrganismos.

EQUIPA COORDENADA POR VÍTOR

TEDIM CRUZ VENCE 1º PRÉMIO

COMUNICAÇÃO ORAL NO 8º

CONGRESSO PORTUGUÊS DO AVC

Uma equipa coordenada por Vítor

Tedim Cruz, membro do Gabinete de

Investigação Clínica (GIC) e docente

da Secção Autónoma de Ciências da

Saúde da Universidade de Aveiro (SACS),

venceu o 1º Prémio Comunicação Oral

no 8º Congresso Português do Acidente

Vascular Cerebral (AVC), com o trabalho:

“Impacto do feedback vibratório no

desempenho de tarefas motoras

após enfarte cerebral: ensaio clínico

aleatorizado”.

O prémio foi atribuído no 8º Congresso

Português do AVC, organizado pela

Sociedade Portuguesa do Acidente

Vascular Cerebral, que decorreu na

cidade do Porto nos dias 6, 7 e 8 de

Fevereiro e onde estiveram presentes

preletores nacionais e estrangeiros de

formação multidisciplinar.

O desenvolvimento do dispositivo

médico descrito na comunicação

premiada, que resulta de um trabalho

foi realizado no Serviço de Neurologia

do Centro Hospitalar Entre Douro e

Vouga, está a ser continuado pela

Endeavour Lab, uma startup da

Universidade de Aveiro.

ESTUDANTES DE FÍSICA DA UA

ARRASAM NA EUROPEAN BEST

ENGINEERING COMPETITION

A Universidade de Aveiro é a grande

vencedora da fase nacional dos European

Best Engineering Competition (EBEC).

Ventoinhas de papel e um motor elétrico

que geram energia para iluminar um

hospital durante um corte de luz e

um barco salva-vidas inspirado em

caranguejos para permitir um acesso

seguro às turbinas eólicas através de

garras e de um sistema elevatório foram

os projetos made in UA que conquistaram

o primeiro lugar, respetivamente, nas

categorias Team Design e Case Study

daquela competição europeia. Da autoria

de duas equipas de estudantes de Física

e de Engenharia Física da academia

de Aveiro, os jovens cientistas vão

representar Portugal na fase final europeia

da competição que se realiza em Riga,

Letónia, no próximo mês de agosto.

ECOINCER VENCE 1º PRÉMIO NA

CATEGORIA “CRIAR FUTURO(S)”

A EcoInCer, ideia de negócio em

desenvolvimento na Incubadora de

Empresas da Universidade de Aveiro

(IEUA), que se dedica à transformação,

valorização e comercialização de matéria-

prima cerâmica resultante da incineração

de resíduos sólidos urbanos venceu o 1º

prémio do concurso “CriAtividade 2014”,

organizado pelo Sines Tecnopolo.

Os vencedores do concurso foram

conhecidos no evento final “Prova

Criatividade”, que se realizou no dia 16

de abril. A EcoIncer foi a vencedora na

categoria “Criar Futuro(s)”, que leva o

projeto vencedor a uma cidade europeia

para acompanhamento, consultoria e

apoio à internacionalização pela equipa

técnica de uma das incubadoras da rede

EBN (European Business Innovation

Centre Network), a maior rede na Europa

dedicada a incubadoras com base na

inovação, abrangendo mais de 200 locais

operacionais.

NYSE EURONEXT LISBON DISTINGUE

TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

REALIZADO EM COAUTORIA POR

DOCENTES DA UA

O estudo do efeito do sentimento dos

investidores no mercado bolsista motivou

a atribuição do prémio de melhor artigo

científico da NYSE Euronext Lisbon

a “Does sentiment matter for stock

market returns? Evidence from a small

European market”, publicado no Journal

of Behavioral Finance, da autoria de

Carla Fernandes do Instituto Superior

de Contabilidade e Administração da

UA (ISCA-UA), Paulo Gama Gonçalves

(Universidade de Coimbra) e Elisabete

Vieira (ISCA-UA). O NYSE Euronext

Lisbon Award de melhor dissertação de

mestrado foi para “O Herding Behavior

e o Sentimento: Evidência no Mercado

Português”, de Márcia Pereira, trabalho

realizado no âmbito do mestrado em

Economia da UA, ramo Finanças, sob

orientação de Elisabete Vieira.

Neste artigo analisa-se em que

medida o sentimento dos investidores

apresenta capacidade de previsão das

rendibilidades do mercado acionista

português, ao nível agregado e setorial,

Page 15: Linhas 21

15 distinções

e se existem efeitos de contágio do

sentimento dos investidores americanos

no mercado português.

científica, usando o modelo de um

cérebro e a falar da relação entre o

neocórtex e o número de amizades que

conseguimos estabelecer, um tema que

há algum tempo a atraía.

Marta Santos conseguiu, em três minutos,

o tempo atribuído a cada participante,

sem ajuda de PowerPoint, explicar a

relação entre o tamanho do neocórtex,

a parte exterior do nosso cérebro, e o

número de amizades ou relações sociais

que conseguimos estabelecer e ainda

abordou as grandes questões que ainda

se colocam a esta área de estudo. Para

além da clareza da explicação, teve

apenas o apoio de um modelo do cérebro

cedido pela Escola de Saúde da UA.

A investigadora e divulgadora consultou

os estudos do antropólogo e biólogo

evolucionista Robin Dunbar, que

fundamentaram o chamado número de

Dunbar, fixado em 150, que representa

uma média nos humanos, um limite

cognitivo de indivíduos com quem se

consegue estabelecer uma relação

estável. Para pessoas mais extrovertidas

e sociáveis, este número de relações

estáveis pode ser superior, pessoas

mais tímidas não conseguirão manter um

número tão elevado.

A investigadora de pós-doutoramento

desenvolve trabalho na área dos sistemas

complexos, aplicando a Teoria dos Jogos,

sob orientação dos investigadores Sergey

Dorogovtsev e José Fernando Mendes,

no Departamento de Física da UA. Ao

vencer o concurso nacional, Marta Santos

foi escolhida para representar Portugal na

final internacional de 3 a 5 de junho, em

Cheltenham, Inglaterra.

competição europeia “Best Content

for Kids – European Award”, depois de

ter ganho a nível nacional, na categoria

de Profissionais Adultos. O prémio foi

entregue, a 11 de fevereiro de 2014, em

Bruxelas, numa cerimónia promovida

pela Comissão Europeia e pelos Centros

Internet mais Segura, que visou assinalar

o Dia da Internet Segura e premiar os

melhores conteúdos disponíveis na

Internet para crianças, a nível nacional

e europeu.

Nesta iniciativa europeia estiveram

representados 27 países, que

apresentaram conteúdos considerados

benéficos para o desenvolvimento

educativo das crianças.

Criada em 2010, a Edubox S.A., é

uma empresa de base tecnológica e

de Investigação & Desenvolvimento,

especializada no desenvolvimento de

software educativo e na conceção de

recursos educativos digitais. É uma das

empresas graduadas da Incubadora de

Empresas da UA.

UA EM DESTAQUE NAS JORNADAS

DA FUNDAÇÃO PARA A COMPUTAÇÃO

CIENTÍFICA NACIONAL

A equipa dos Serviços de Tecnologias

de Informação e Comunicação (sTIC)

da Universidade de Aveiro alcançou

o primeiro lugar nos "The Security

Games", um concurso organizado pelas

Jornadas de 2014 da Fundação para a

Computação Científica Nacional (FCCN)

que decorreram na Universidade de

Évora a 5, 6 e 7 de fevereiro e onde a

academia de Aveiro apresentou cinco

comunicações. O encontro, que no ano

passado se realizou na UA, reuniu os

representantes dos serviços e centros de

informática de todas as instituições de

ensino superior que têm um papel ativo

na FCCN.

Estas jornadas, promovidas pela FCCN

e pela Fundação para a Ciência e a

Tecnologia constituíram a continuidade

dos Encontros de Centros de Informática

que tiveram início no final da década de

90 e têm sido um motor do espírito de

partilha e cooperação de conhecimento

interinstitucional na prestação dos

serviços TIC (Tecnologias da Informação

e Comunicação) de suporte ao ensino e

à investigação.

APLICAÇÃO DA EDUBOX CONQUISTA

2º LUGAR NO “BEST CONTENT FOR

KIDS – EUROPEAN AWARD”

A aplicação Centum Square, criada

pela Edubox, spin-off da Universidade

de Aveiro, conquistou o 2.º lugar na

INVESTIGADORA DE "PÓS-DOC" EM

FÍSICA VENCE CONCURSO FAMELAB

Investigadora de pós-doutoramento da

Universidade de Aveiro (UA) a desenvolver

investigação numa área da Física que se

dedica ao estudo de sistemas complexos

e, neste caso, aplicando a Teoria dos

Jogos, Marta Santos venceu a edição

nacional do concurso Famelab.

A investigadora, que adora o desafio

de explicar temas de ciência, venceu

a versão portuguesa do concurso

internacional mais popular de divulgação

Page 16: Linhas 21

linhas maio 2014

Não foi no campo que a princesinha Isabel veio à luz mas

é o verde a cor que recorda ter pintado a sua infância. O

centro de Coimbra dos anos 40 do século passado era então

um mundo feito de árvores e jardins onde a pequena Isabel

cresceu. Passou a infância num sorriso do Jardim da Sereia

para o Botânico, de lá para cá e de cá para lá nos baloiços, na

vertigem dos escorregas e nas imensas tardes a defender (ou a

tentar) os remates à baliza dos irmãos no quintal da casa.

“Era um bocadinho a princesinha da família. Mas isso não

quer dizer que tenha sido estragada com mimo”, avisa desde

já Isabel Alarcão. A infinita quantidade de beijos e abraços

com que a benjamim foi brindada pelos pais e pela rapaziada

lá de casa durante toda a infância não a 'estragaram'. Mas

marcaram-lhe indelevelmente o rosto com um ar de menina

que, sem esforço, torna fácil imaginá-la traquinas com as

trancinhas rebeldes atrás da bola. “O que eu gostava mesmo

era de andar na brincadeira com os meus irmãos”, descreve.

Depois, e já lá vamos aos pormenores, a pequena Isabel saiu

da infância igualmente tocada para sempre na forma como

admirava os irmãos e como achava estar aquém das qualidades

(nomeadamente das intelectuais) de cada um deles.

Isabel Alarcão “Se queremos mudaro mundo, temos de apostarna Educação”Nelson Mandela

Nasceu menina de ouro. Pois que outro título poderia ter uma bebé com cinco irmãos rapazes que a

rodeavam de mimos? Mas davam-lhe bonecas e não sabia brincar com elas. “Não me interessavam

porque eu gostava era de jogar à bola com os meus irmãos”, recorda. Por isso a pequena Isabel até tinha

uns sapatos para estragar, mesmo que um guarda-redes - posição de qualquer garoto sem jeito de pés

para assuntos de bola – não precise muito de os usar. Enganaram-se os irmãos nos motivos pelos quais

a colocavam a irmã à baliza. Mas acertaram na posição. Uma equipa só ganha, um professor só ensina,

um líder só avança e faz avançar se na retaguarda sentir segurança. A missão sempre assentou que nem

uma luva a Isabel Alarcão, antiga Reitora da UA e referência nacional na área da Educação e Formação de

Professores, que só muito a custo deu na vida a cara às luzes da ribalta.

Page 17: Linhas 21

17 percurso singular

educadora de infância”. Fugia assim à Universidade de

Coimbra e apontava o destino para Lisboa, pois só aí havia

escolas que qualificavam aquelas profissionais. Mas uma

apendicite com peritonite trocou-lhe as voltas à vontade. Aos

14 anos esteve seis dias em perigo de vida e no ano seguinte

teve de regressar à sala de operações. Muito fragilizada

durante meses, os pais viam com preocupação a ideia da

jovem ir estudar para longe. Aquiesceu, disse não a Lisboa e à

educação de infância e resolveu terminar o secundário. Mas o

bichinho da educação estava lá…

Terminou o liceu na área de Letras/Línguas. Um pouco

contrariada, ingressou mesmo em Germânicas na Faculdade

de Letras da Universidade de Coimbra. Corria o ano de 1957.

1960 – Cortejo da Queima das Fitas em Coimbra (à direita, Isabel Alarcão)1941 – Isabel Alarcão ao colo do irmão mais velho

Sorri de novo. Sorri muito. “Éramos muito felizes e tínhamos

muita liberdade mas éramos uma família muito disciplinada

onde até imperava uma certa austeridade”, recorda Isabel

Alarcão. Numa família de seis filhos, num cenário económico

e social pautado pela II Guerra Mundial, as dificuldades e os

condicionamentos para alimentar uma mesa enorme, porém,

não chegaram para quebrar lá em casa nenhum sorriso e muito

menos nenhum futuro. Pelo contrário, se há uma trave mestra

na vida de Isabel Alarcão, para além do rosto iluminado, é a

organização que aprendeu a ver em casa e a usar desde então

como uma valiosa ferramenta na vida.

A Universidade de Coimbra, e o consequente meio académico,

serviram igualmente de bússola a Isabel Alarcão. A referência, uma

constante na vida da jovem conimbricense não só pela presença

física da academia mas também nas carreiras académicas que

todos os irmãos foram seguindo à semelhança do avô e do pai,

não constituía, no entanto, fonte de desejo. Pelo contrário. “Achava

que a Universidade era para os meus irmãos pois eles é que eram

muito bons, eles é que eram os intelectuais. Eu, em termos de

intelectualidade, achava que era um bocado a ovelha ranhosa da

família”, graceja. As circunstâncias da época, que levaram cada

um dos irmãos a estudar no Liceu D. João III, uma referência

nacional do ensino, cujo acesso era, ao tempo, vedado a raparigas,

atiraram-na, no final do ensino primário, para uma outra escola de

Coimbra bem menos conceituada.

“Todos eles tiveram excelentes professores e cresci

maravilhada a ouvir as histórias que traziam das aulas”, lembra.

Por outro lado, também era a mais nova da casa e, por isso,

“sabia sempre muito menos coisas do que eles”.

As voltas do destino

Talvez influenciada por alguma tendência genética numa

família com propensão para o professorado “queria ser

Poderia ter escolhido outro curso superior? Claro que sim.

Ao contrário do que pensava, podia ter escolhido qualquer um

porque aptidões não lhe faltavam. Na Matemática, por exemplo, era

excelente. “Os professores diziam que nos números eu era muito

boa, mesmo”, lembra. Causou por isso no colégio um espanto geral

por não ter seguido aquela área. “De facto eu adorava matemática

mas para seguir ciências tinha de ter Química que eu detestava,

porque os meus professores só me faziam decorar fórmulas”,

justifica-se. Ainda hoje, reconhece, tem alguma pena de não ter ido

para Matemática. Relembra o gosto pela geometria no espaço: “Via

aqueles planos todos à minha frente”, diz.

Quanto às forçadas Germânicas, estas foram, como previa,

uma certa desilusão. “Não gostei do curso”, recorda. Porém,

gostou de viver a universidade nos anos 60 em que tudo

estava em ebulição. Fora das salas de aula, Coimbra fervilhava.

“Gostei muito da vida académica mas mais a da parte

extracurricular”, aponta. Conheceu muita gente, conversou

muito, muito e envolveu-se intensamente na vida associativa,

principalmente na Juventude Universitária Católica (JUC)

onde diz ter ganho competências no trabalhar em equipa, na

Page 18: Linhas 21

linhas maio 2014

responsabilização do trabalho individual em prol do grupo e

no pensar nos outros. “Era uma altura em que sentíamos que

havia qualquer coisa que ia ser diferente. Em Coimbra era difícil

escolher o que se ia ver. A riqueza de conferências, de reuniões,

de filmes nos cinemas era tanta, tanta, tanta que tínhamos

dificuldade em escolher. Foi uma grande escola de vida”,

recorda Isabel Alarcão.

Não tinha ainda concluído o curso e já um professor lhe

indicava uma vaga de trabalho na empresa alemã Bayer, nos

escritórios de Lisboa. Recusou. Afinal queria mesmo era ser

professora. Assim foi. Nos sete anos seguintes lecionou na

Póvoa de Varzim, na Figueira da Foz e em Coimbra. Não se

enganou. "Vi logo nos primeiros anos enquanto professora que

era mesmo isso que queria fazer para o resto da vida", lembra

Isabel Alarcão. À paixão por ensinar os jovens estudantes juntou

igualmente o prazer da formação de professores. Mais do que

uma vocação, o amor por esta última área descobriu-o quando

foi colocada no Liceu D. João III – o tal em que não pode

estudar à semelhança dos irmãos por ser menina – e o Reitor da

instituição lhe confiou a orientação de estágios de alemão, com

o seu grande mestre, o professor Leitão de Figueiredo. Adorou

a experiência de acompanhar e ensinar futuros docentes,

"uma forma indireta de se chegar aos alunos trabalhando com

adultos". E o amor foi tal que cedeu ao desafio de concorrer

a uma bolsa para fazer o mestrado em "Curriculum and

Instruction" na Universidade do Texas. Viajou para os Estados

Unidos em agosto de 1974 "com pena de não poder continuar no

país para viver a construção pós-25 de abril".

Um ano depois regressa para dar aulas no Liceu da Figueira da

Foz. Mas por pouco tempo. Uma nova etapa se avizinhava, mais

uma vez empurrada pelas circunstâncias. “Lembro-me bem de

ter visto um anúncio para assistente convidada na UA na área da

didática de línguas”, diz. Não concorreu mas o mapa estava-lhe

já traçado para lá. Pouco tempo depois recebeu um telefonema.

Do outro lado da linha um dos membros da Comissão

Instaladora da UA, que a conhecia do curso de Coimbra e que,

muito bem informado, sabia que Isabel Alarcão tinha feito um

mestrado na área da didática das línguas, disse-lhe que a jovem

academia precisava muito dessas suas qualificações.

A caminho de Aveiro

Aceitou o desafio e chegou a Aveiro em abril de 1976 com a

premissa de dar um contributo no arranque da academia e de

voltar em seguida para a docência no ensino secundário. “Isso era

ponto assente, pois para continuar na Universidade teria de fazer o

Doutoramento e eu já estava farta de estudar”, lembra.

Mas o destino uma e outra vez… “Comecei a envolver-me muito

na área da formação de professores e a dada altura o Professor

Fernandes Thomaz, Vice-reitor à época, disse-me que gostavam

muito de mim mas que para continuar na UA tinha mesmo de fazer

o doutoramento”. E o coração, que batia já forte pela UA ganhou,

como sempre, à razão. Não resistiu e foi para a Universidade de

Liverpool, em Inglaterra, doutorar-se em Educação. E ficou, até

se aposentar, na UA como uma das grandes obreiras do trabalho

que tornou a academia um farol nacional na área da didática e

formação de professores. Uma referência que começou a ser

construída em 1977, ano em que a UA foi visitada por peritos do

Banco Mundial que, face ao modelo de formação de professores

em vigor na instituição e ao empenhamento e ideias manifestados

nas reuniões, decidiu propor ao Ministério da Educação um

projeto inovador: a criação do Centro Integrado de Formação de

Professores (CIFOP). O novo organismo interdisciplinar da UA, de

cujo nascimento Isabel Alarcão foi uma das parteiras no papel de

membro do primeiro grupo de trabalho e, mais tarde, presidente

da primeira comissão coordenadora e de gestão, assumia a

missão de organizar e coordenar a formação de professores

de todos os níveis de ensino, a relação com as escolas e a

investigação educacional.

Professora catedrática desde 1990, Isabel Alarcão desempenhou

igualmente cargos de gestão universitária de grande

responsabilidade na UA. Para além dos que assumiu no CIFOP,

foi presidente do Conselho Científico, Vice-reitora e Reitora na

1961 – O colega David Vieira ensina Isabel Alarcão a fazer o grelo corretamente depois de lhe ter dado nas unhas com a colher de pau como manda a praxe

1967 – No dia da formatura, a praxe de cortar a gravata às raparigas. Isabel Alarcão (à esquerda) com a colega Adelaide Pegado, o vizinho e amigo Barbosa de Melo e o irmão Rui

Page 19: Linhas 21

19 percurso singular

sequência da nomeação, para Ministro da Educação, de Júlio

Pedrosa. Na vice-reitoria coordenou o importante processo de

desenvolvimento curricular intitulado Repensar os Currículos e

incentivou a introdução do modelo de aprendizagem à base de

projetos na Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda.

Integra, desde a sua criação em 1993, a Unidade/Centro

de Investigação Didática e Tecnologia Educativa na Formação

de Formadores.

Com intensa atividade na orientação de assistentes,

mestrandos e doutorandos, tem participado em inúmeros júris

de provas académicas, desenvolvido projetos de investigação,

apresentado comunicações e proferido conferências em

reuniões científicas no país e no estrangeiro. De entre as

suas publicações destacam-se nove livros, 35 capítulos de

livros e cerca de uma centena de artigos. Paralelamente,

Isabel Alarcão tem também exercido funções de consultoria

e peer review e atuado como membro de instituições com

destaque para a American Educational Research Association,

a British Educational Association, a Sociedade Portuguesa de

Ciências da Educação ou o Centro de Investigação, Difusão

e Intervenção em Educação. É membro do Conselho Editorial

de revistas nacionais e internacionais e codiretora da Coleção

NovaCIDInE, editada pela Porto Editora.

Pesada uma vida inteira dedicada à causa da Educação,

não admira que Isabel Alarcão, que em menina achava que a

Universidade não era para ela, seja hoje uma referência, no país

e no estrangeiro, na concetualização do papel das didáticas

específicas na formação de professores e na área da Supervisão.

Reformada há 10 anos não parou. “Tenho muitos convites para

escrever livros e capítulos de livros, artigos e conferências e às

vezes ainda pedem para dar uma ou outra aula de mestrado e

doutoramento”. Como gosta de citar, Nelson Mandela escreveu

um dia: “Se queremos mudar o mundo, temos de apostar na

Educação”. E estamos a consegui-lo? “Não sei… Acho que

temos de ser mais exigentes”.

2001 – O ministro da Educação Júlio Pedrosa e a Reitora Isabel Alarcão durante a sessão de comemoração do aniversário da UA

“Costumo dizer que passei pela

Reitoria”, graceja. Os seis meses em

que teve nas mãos os destinos da UA,

que este ano comemora 40 anos de

vida, talvez sirvam para compreender

a fugaz e modesta análise da antiga

Reitora que apenas faz jus à quantidade

de tempo e não à qualidade do trabalho

desenvolvido. De julho de 2001 a janeiro

do ano seguinte, a Vice-reitora Isabel

Alarcão, substituindo Júlio Pedrosa, que

no último terço do segundo mandato

foi chamado pelo então Primeiro-

Ministro António Guterres para liderar

o Ministério da Educação, assumiu a

missão que se viria a tornar “uma das

experiências mais gratificantes” da sua

vida: ser Reitora da UA.

Peixe na água na retaguarda dos líderes,

tremeu com o convite repentino. “Fui

apanhada por um telefonema a meio

de uma viagem de autocarro entre

Londres e Oxford onde ia participar

numa conferência”, recorda. Do dia

lindo, “daqueles raros em Inglaterra”,

esperava tudo menos um recado para

falar urgentemente com o Reitor Júlio

A primeira senhora Reitora da UA

Pedrosa. A boa disposição, um estado

que lhe assenta em permanência,

sofria naquele e nos próximos dias um

interregno abrupto.

– ”Não me digam que o Reitor vai para

ministro!?”, respondeu uma surpreendida

Isabel Alarcão lembrando-se dos “zuns

zuns” que já circulavam no país.

– “Não me faça perguntas”, disse-lhe

enigmaticamente Lurdes Ventura da

Reitoria e portadora da missiva.

Curiosa mas muito receosa com o pedido

urgente – estava mesmo a suspeitar que

uma trovoada estava a caminho – entra em

contacto com o Reitor que do outro lado da

linha não perde tempo:

Page 20: Linhas 21

linhas maio 2014

- “Isabel, queria que me substituísse na

Reitoria”, atira-lhe. Confirmava-se. Júlio

Pedrosa aceitara o convite de António

Guterres. O Ministério da Educação era a

próxima paragem de um Reitor que ainda

tinha alguns meses de mandato na UA e

a preocupação primeira de que o trajeto

da academia em nada sofresse com a

mudança (ver Linhas nº20).

Não conseguiu dormir nesse dia. “Foi

a única noite da minha vida que não

preguei olho”, recorda hoje Isabel

Alarcão. “Adoro ser a segunda figura e

detesto ser a primeira porque não tenho

confiança em mim para sentir toda

a responsabilidade”, confessa quem

quase sempre fez trabalho de retaguarda

porque, por outro lado, tem “muita

confiança para ajudar a pessoa que está

em primeiro plano”.

Na pesada insónia dessa noite gritava-

lhe ao ouvido a certeza de que não

podia negar o pedido. Do confronto da

razão e emoção, desse “dilema terrível”

entre o não e o sim, decidiu um coração

aberto ao desafio para o qual muito

contou com o apoio da restante equipa

reitoral. “Devo dizer que foi para mim

extraordinariamente difícil aceitar. Mas

disse que sim porque senti uma enorme

responsabilidade e um compromisso

com uma espécie de cidadania

universitária”, lembra.

Uma experiência gratificante

Os receios da nova Reitora, a primeira

na UA e uma das pioneiras a assumir

tamanho cargo no ensino superior

português, revelaram-se, afinal,

infundados. “Foi uma experiência muito

boa. As pessoas ajudaram-me imenso”,

recorda. Sentir o coletivo de pedra e cal

em seu redor é mesmo a memória mais

grata que guarda no baú de mais de 30

anos ao serviço da UA: “Creio que toda

a comunidade universitária percebeu

que eu aceitei o desafio porque, ainda

que eu quisesse dizer que não, não tinha

coragem para o recusar”.

“Senti que a comunidade académica,

quer os professores, quer os

funcionários e os estudantes, esteve

ao meu lado. E os meus colegas

vice-reitores e pro-reitores foram

extraordinários e ajudaram-me imenso a

fazer uma reitoria muito colegial, a única

que se impunha, uma vez que eu vinha

de entre eles”, homenageia.

E que estratégia adotou enquanto

Reitora? “Seria muito estranho dizer que,

naquelas circunstâncias de transição,

eu implantei uma linha estratégica

minha”, aponta. Assim, em cima da

mesa da nova Reitora estiveram dois fios

condutores de trabalho. “O primeiro era

continuar o caminho que estávamos a

seguir desde a fundação da UA e de que

o próprio Professor Júlio Pedrosa era

partidário”, descreve. A segunda missão

abraçada por Isabel Alarcão “consistiu

em criar as condições para que se

realizassem eleições para eleger o novo

reitor”, um escrutínio que acabou por

acontecer em dezembro de 2001 e que

fez de Helena Nazaré a Reitora que se

seguiu na cadeira maior da academia.

Houve, contudo, uma premissa que

Isabel Alarcão, e toda a restante equipa

reitoral, assumiu durante aqueles seis

meses: a Universidade não podia ficar

parada à espera das eleições. “Sendo

um período de interregno poderia haver

a tendência para se aguentar o barco no

mesmo local à espera que o novo reitor

fosse eleito para decidir. Pelo contrário,

nós achámos que a UA não podia

parar e que tinha de continuar na sua

dinâmica”, afirma.

Com o leme nas mãos de Isabel Alarcão,

ainda que a prazo, a equipa reitoral tomou

todas as decisões como se o mandato

fosse continuar. No final, soltou as rédeas

da instituição, entregou-as a Helena

Nazaré, e regressou ao não menos

importante segundo plano da academia

onde sempre gostou de estar. A Didática

e a Supervisão, as áreas da sua paixão, –

o que seria da escola e dos professores

sem as redes que na retaguarda os

suportam? – aguardavam-na. “É mesmo

longe dos holofotes que gosto de

trabalhar”, sublinha entre risos.

Vestir a camisola da UA

Olhando para trás, até 1976, ano em que

chegou à UA, Isabel Alarcão faz “uma

avaliação de excelente do caminho que

a academia aveirense tem percorrido,

quer em termos da qualidade do ensino,

quer em termos da investigação que

aqui se tem produzido”. A antiga Reitora

não esquece também a forma como

a UA se tem ligado à comunidade,

nomeadamente ao tecido empresarial,

uma ponte cujos primeiros alicerces

foram plantados há 40 anos “numa altura

em que não era muito habitual fazer-se

isso nas universidades”.

A osmose recíproca entre a UA e o

meio que a envolve, sublinha, é mesmo

a chave do sucesso de uma academia

que soube crescer e afirmar-se dentro

e além-fronteiras. “Na sua constante

abertura à comunidade, a UA influencia a

sociedade mas, por outro lado, também

deixa que a sociedade a influencie. Esta

é uma casa que tem estado sempre

muito aberta ao que está a acontecer

para se poder adaptar e ter a resposta

certa”, aponta Isabel Alarcão.

Nesse sentido, e de olho no futuro,

Isabel Alarcão “gostava que a UA

continuasse na trajetória que tem

seguido, uma trajetória com visão, que

visa a qualidade e em que as pessoas

se sentem empenhadas na participação

na vida universitária”. Mais, a antiga

responsável “gostava que no futuro

as pessoas continuassem a vestir

a camisola da Universidade como

até aqui tem sido vestida”. E deixa o

repto: “É preciso que todos se sintam

identificados com a ideia da UA para a

poderem continuar a construir”.

Page 21: Linhas 21

EDIÇÕES

A UNIVERSIDADE DE AVEIRO E OS SEUS

CONTEXTOS (1973-2013)

Autoria Jorge Carvalho Arroteia, docente

aposentado do Departamento de Educação da UA

Edição UA Editora

ISBN 978-972-789-390-4

Ano 2013

MANUAL DE GUIONISMO

Autor João de Mancelos, docente do curso livre

de Escrita Criativa na UA

Edição Edições Colibri

ISBN 9789896893668

Ano 2013

FAZ-ME ACREDITAR

Autor Lia Costa, investigadora do CESAM,

laboratório associado da UA

Editora Chiado Editora

ISBN 978-989-51-0873-2

Ano 2013

"FORMA BREVE" – EDIÇÃO Nº 10 DEDICADA

À NOVELA

Diretor António Manuel Ferreira, docente

no Departamento de Línguas e Culturas da ua

Edição Universidade de Aveiro/Departamento

de Línguas e Culturas

ISSN 1645927x

Ano 2013

DESIGN et AL – DEZ PERSPECTIVAS

CONTEMPORÂNEAS

Autor Francisco Providência e Vasco Branco,

docentes do Departamento de Comunicação e

Arte da UA, entre outros, com coordenação de

Emílio Távora Vilar, docente na Faculdade de

Belas Artes da Universidade de Lisboa

Editora Dom Quixote

ISBN 9789722053969

Ano 2014

UNIVERSIDADE DE AVEIRO – QUARENTA

ANOS DE ARQUITETURA

UNIVERSITY OF AVEIRO – FORTY YEARS OF

ARCHITECTURE

Autor(es) Jorge Arroteia, Nuno Portas e Michel

Toussaint (texto); Rui Morais de Sousa (fotografia)

Edição Mainvision

ISBN 978-989-20-4629-7

Ano 2014

O SEGREDO DOS CANDEEIROS

Autor Filipe Monteiro, antigo aluno da UA

Editora Chiado Editora

ISBN 978-989-51-0828-2

Ano 2014

PETRÓLEO E ENERGIAS RENOVÁVEIS:

PORTUGAL NA ENCRUZILHADA

Autor José Lopes Velho, docente no

Departamento de Geociências da UA

Editora Ex-Libris

ISBN 978-989-98577-8-0

Ano 2014

PRODUTOS E COMPETITIVIDADE DO

TURISMO NA LUSOFONIA Vol. I

Autor Carlos Costa, Rui Costa e Zélia Breda,

docentes no Departamento de Economia, Gestão

e Engenharia Industrial da UA e Filipa Brandão,

docente na área de Turismo na Universidade

Portucalense Infante D. Henrique.

Editora Escolar Editora

ISBN 9789725924112

Ano 2014

TURISMO NOS PAÍSES LUSÓFONOS:

CONHECIMENTO, ESTRATÉGIA E

TERRITÓRIOS Vol. II

Autor Carlos Costa, Rui Costa e Zélia Breda,

docentes no Departamento de Economia, Gestão

e Engenharia Industrial da UA e Filipa Brandão,

docente na área de Turismo na Universidade

Portucalense Infante D. Henrique.

Editora Escolar Editora

ISBN 9789725924105

Ano 2014

SERMÕES DE INCIDÊNCIA POLÍTICA DA

OBRA COMPLETA DO PADRE ANTÓNIO

VIEIRA – Volume XII

Autor Padre António Viera; direção de José

Eduardo Franco e Pedro Calafate; introdução

por Luís Machado de Abreu, docente do

Departamento de Línguas e Culturas da UA

Editora Círculo de Leitores

ISBN 9789724248745

Ano 2014

SERÁ MESMO INADMISSÍVEL “DESPEDIR

FUNCIONÁRIOS PÚBLICOS”? – REFLEXÕES

EM TORNO DO ACÓRDÃO DO TRIBUNAL

CONSTITUCIONAL Nº474/2013, DE 29 DE

AGOSTO

Autor Miguel Lucas Pires, docente do

Departamento de Ciências Sociais, Políticas

e do Território da ua

Editora Almedina

ISBN 978-972-40-5575-6

Ano 2014

ESTÓRIAS QUE O DEMO ME SOPROU

Autor Pedro Fontoura, aluno de mestrado da ua

Editora Sinapsis Editores

ISBN 978-989-691-194-2

Ano 2014

Page 22: Linhas 21

linhas maio 2014

É investigadora no Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia onde integra a

equipa do Centre for Research on Lifelong Learning, um grupo que se dedica a estudos

maioritariamente quantitativos relacionados com a área da Educação na União Europeia

(UE). Chama-se Patrícia Albergaria Almeida, tem 37 anos, e em 1999 licenciou-se em

Biologia e Geologia (Ensino de) na UA. A Didática, área na qual tirou um doutoramento e

um pós-doutoramento na academia de Aveiro, é uma paixão que abraça todos os dias

em Ispra (Itália), cidade na qual está sediado o JRC onde chegou em maio de 2013.

Na Comissão Europeia em prol de mais e melhor Educação

Patrí

cia

Alb

erga

ria A

lmei

da

Page 23: Linhas 21

23 percurso antigo aluno

Após a conclusão da licenciatura em

1999, Patrícia Almeida deu aulas durante

um ano no ensino básico. “Fui professora

de Ciências Naturais na Escola Básica de

Montargil. No ano seguinte dei aulas na

Escola Superior de Educação (ESE) de

Leiria. Este foi um ano desafiante por ter

a meu cargo seis disciplinas pelas quais

era totalmente responsável”, lembra a

antiga aluna da UA.

Outro dos desafios que nessa época

teve de enfrentar relacionavam-se com

a pouca diferença etária entre a jovem

professora e os seus alunos. “Acabei

por saber usar o que poderia ser uma

desvantagem a meu favor e criar um

ambiente de proximidade que contribuiu

para um ambiente de sala de aula

descontraído e responsável”, recorda.

Estava a trabalhar na ESE de Leiria e

concorreu a um lugar de bolseira de

investigação na UA. Foi aceite.

De regresso à casa que a formou

integrou a equipa de um projeto que

estudava o questionamento dos

estudantes no ensino universitário.

Entretanto candidatou-se a uma

bolsa de doutoramento da Fundação

para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Assim, foi bolseira de doutoramento

até 2007, altura em que concluiu a

tese intitulada “Questões dos alunos

e estilos de aprendizagem – um

estudo com um público de Ciências

no ensino universitário”. Seguiu-se um

pós-doutoramento, de 2007 a 2009,

onde também se debruçou sobre

estratégias de ensino e aprendizagem

no ensino superior. De 2009 a 2013 foi

equiparada a Investigadora Auxiliar

no Centro de Investigação Didática e

Tecnologia na Formação

de Formadores da UA.

Timor: uma experiência inesquecível

Em 2011, recorda, teve a experiência

de trabalho mais enriquecedora do seu

percurso profissional: “integrei uma

equipa de docentes e investigadores da

UA que se deslocou a Timor-Leste para

dar formação a professores timorenses

de Ciências”. Da missão, é-lhe difícil

explicar por palavras o significado

dessa experiência, especialmente a

quem não conhece Timor-Leste. “Senti

que o trabalho que desenvolvi em

Timor-Leste era verdadeiramente útil e

valorizado”, resume.

Dos seus alunos timorenses, eles

próprios também professores,

lembra que “estavam sedentos de

conhecimento”, apesar de todas as

dificuldades profissionais e pessoais

com que tinham de lidar. “Não foram

os meus melhores alunos em termos

de resultados de aprendizagem, mas

foram, os meus melhores alunos”,

regozija-se. Foi a forma como esta

experiência em Timor-Leste a marcou

que fez Patrícia Almeida submeter à FCT

um projecto de investigação relacionado

com a reestruturação do ensino

secundário em Timor-Leste.

O projeto recebeu financiamento, mas

a investigadora acabou por abandonar

a UA antes da missão arrancar. “Apesar

de o trabalho que desenvolvia na UA me

preencher, dada a conjuntura nacional,

acabei por tomar a decisão de sair do

país”, justifica.

Investigar em Itália para a UE

A próxima paragem seria a Itália onde,

no Centre for Research on Lifelong

Learning, tem desenvolvido investigação

na área da educação. “A título de

exemplo, terminei recentemente um

estudo sobre a literacia de leitura nos

países da UE e estou agora a iniciar um

novo trabalho de investigação sobre

estratégias de ensino também nos países

da UE”, explica.

O dia-a-dia de trabalho de Patrícia

Almeida assemelha-se ao de qualquer

investigador: leitura, brainstorming,

análise, escrita de artigos e relatórios,

reuniões de trabalho, participação

em encontros científicos. “Por

ser investigadora da Comissão

Europeia tenho também, com alguma

frequência, reuniões em Bruxelas

onde, trabalhos em desenvolvimento,

são discutidos”, acrescenta.

Com a UA no coração

“A licenciatura na UA forneceu-me

as bases essenciais para entrar no

mercado de trabalho, bem como a

capacidade de me adaptar a diferentes

situações. Forneceu-me ainda a

capacidade de iniciativa necessária para

não ter receio de correr riscos, assim

como capacidade de perseverança”,

lembra a investigadora Patrícia

Almeida. “Considero que desenvolvi

a capacidade de reflexão necessária

para ir aprendendo ao longo do

meu percurso profissional e tirar o

máximo partido de todas as situações

profissionais com que me deparei,

incluindo as menos boas”, adianta.

E o que mais marcou Patrícia Almeida

na passagem pela UA? “O professor

José Teixeira Dias, do Departamento de

Química, que me acompanhou de forma

muito próxima durante o doutoramento e

que me permitiu colaborar com ele, mais

recentemente, enquanto equiparada a

Investigadora Auxiliar, é claramente a

pessoa que mais me marcou na UA”,

refere já que “o contacto próximo que

durante vários anos tive com o professor

Teixeira Dias permitiu-me crescer

enquanto pessoa e aprender muito”.

“Muito mais do que conhecimentos

científicos, com o professor

Teixeira Dias aprendi a escutar, a

refletir, a ponderar, a saber que

independentemente das dificuldades

com que me possa vir a deparar, não

há outra opção a não ser ser fiel aos

meus princípios”, lembra. Patrícia

Almeida aponta também a professora

Isabel Martins, do Departamento de

Educação, que diz ser “uma pessoa

muito especial”. “O seu bom senso e

a confiança que depositou em mim

foram-me fundamentais para os

momentos menos sorridentes”,

diz a investigadora.

Page 24: Linhas 21

linhas maio 2014

Fábi

o S

ilva

Há um ano Fábio Silva revelava a origem do nome da maior montanha de Portugal

continental. O arqueoastrónomo desvendava que as entradas dos dólmens construídos há

seis mil anos em volta da maior montanha da Serra da Estrela estão todas viradas para o

lugar onde, no horizonte, a estrela Aldebarã nascia em abril. Um facto que, segundo Fábio

Silva, físico pela UA, explica o nome da Serra. Investigador no Institute of Archaeology da

University College London e professor na University of Wales, recebeu na passagem pela

UA as bases para se tornar uma figura incontornável da arqueoastronomia europeia.

O físicoque abraçoua Arqueologia

Page 25: Linhas 21

25 percurso antigo aluno

Em criança tinha fascínio por duas

coisas: civilizações antigas e o espaço.

“Durante o ensino secundário estive

indeciso entre seguir Biologia [a

Genética também o fascinava] ou Física,

especialmente Astronomia”, lembra

Fábio Silva que, aconselhado por amigos

e professores acabou mesmo por rumar

à UA para tirar a Licenciatura em Física

concluída em 2006.

Quando tomou a decisão de seguir

Astronomia/Astrofísica os únicos cursos

que tinha ao alcance estavam no Porto

ou em Lisboa. “Nesse mesmo ano abria

o curso de Física em Aveiro que iria ter

várias cadeiras de astronomia. Como

tinha um gosto pela Física mais vasto do

que a Astronomia resolvi dar uma chance

a outras áreas para me convencerem e,

como nasci e cresci em Ílhavo, resolvi

fazer o curso na UA”, lembra.

E o curso correspondeu às expectativas

de Fábio Silva? “Superou-as”, afirma

a pés juntos. “Adorei o curso, em

particular devido à diversidade de

conteúdos, temas e abordagens”,

descreve. A licenciatura proporcionou-

lhe um background num vasto leque de

métodos matemáticos, computacionais e

laboratoriais “invejável”.

“A abrangência de conteúdos da

licenciatura, desde física teórica a

computação e programação, deu-me

um vasto leque de conhecimentos e

métodos que podem ser aplicados em

diversas áreas, incluindo a Arqueologia”,

descreve. Mas, mais do que isto, Fábio

Silva, hoje com 29 anos, diz que a Física

“é uma forma especial de ver, e pensar,

o mundo, os objetos e as relações entre

os mesmos”. O investigador não tem

dúvidas: “Esta forma de ver o mundo

segue-nos para o resto da vida”.

Anos marcantes em Aveiro

Dos anos que passou na UA Fábio

Silva recorda com especial apreço

“a irmandade que foi criada entre os

estudantes” do curso. “Como fomos

pioneiros na licenciatura, e não éramos

muitos, rapidamente estabelecemos uma

forte relação entre nós, e mesmo com os

professores do departamento”, diz.

Episódios made in UA que jamais sairão

da memória de Fábio Silva existem

vários, “centenas mesmo”, envolvendo

colegas e até professores. “As situações

eram de tal modo hilariantes que um

colega nosso criou um blogue onde

colocava as então chamadas Daily

Jokes, mas onde todos os intervenientes

tinham um nome de código, para não

serem identificados por terceiros”,

lembra. “Ainda hoje se procurarem no

Google por “Daily Jokes O Livro” irão

encontrar a compilação de quatro anos

de episódios”, desafia divertido.

Formado em Física, no entanto, “hoje

já não me considero um Físico, mas

confesso que nunca suspeitei que viria a

trabalhar em Arqueologia”, diz Fábio Silva.

Em Inglaterra rumo às estrelas

Quando terminou a licenciatura obteve

uma bolsa da Fundação para a Ciência

e a Tecnologia (FCT) e mudou-se para

Portsmouth, em Inglaterra, para fazer

um doutoramento em Astrofísica. “No

terceiro ano iniciei, em paralelo e à

distância, um mestrado em Astronomia

Cultural, isto é o estudo interdisciplinar

da relação entre o céu e diferentes

culturas e sociedades”, descreve.

Em 2010, com o término do

doutoramento, rumou para Londres

onde conseguiu uma posição como

investigador no Institute of Archaeology

da University College London.

Entretanto também foi contratado pela

University of Wales para dar aulas no

mestrado em Astronomia Cultural,

especificamente para dirigir a cadeira

de Arqueoastronomia.

Atualmente divide o seu tempo entre as

aulas que leciona e a investigação que,

dentro da Arqueologia, tem abrangido dois

temas. “Por um lado estudo a relação entre

os monumentos megalíticos pré-históricos,

as sociedades que os construíram e o céu.

Em particular tenho-me focado nas antas

e dólmens do nosso país, principalmente

as da região centro-norte embora tenha

agora também começado a estudar as

do Alentejo”, explica. Estes estudos,

descreve, “envolvem muito trabalho de

campo que implicam medir a orientação

da entrada das antas, a análise desses

dados e a reconstrução virtual dos céus

pré-históricos”.

Por outro lado, e num campo mais

teórico, “tenho desenvolvido métodos

computacionais para simular as grandes

migrações humanas pré-históricas,

como seja a difusão da prática agrícola,

através de dados arqueológicos,

nomeadamente bases de dados de

datações por radiocarbono”. Este

trabalho “envolve a colaboração com

especialistas locais na elaboração das

bases de dados e subsequente análise

estatística e modelação informática”.

Um local de trabalho fantástico

A University College London onde

investiga é considerada umas das cinco

melhores universidades do mundo. O seu

campus principal, tal como o da UA, “é

um lugar vibrante e cheio de vida, onde

estudantes e investigadores de todas as

áreas se cruzam todos os dias”.

Do Institute of Archaeology diz ser

também um excelente local para

fazer investigação. “Não só é um dos

maiores departamentos de Arqueologia

do mundo mas também um dos mais

antigos. A variedade de locais e épocas

que são investigadas no departamento

é complementada pela pluralidade

metodológica”, diz.

“É um local onde a multidisciplinariedade

é encorajada o que, para alguém com um

background numa ciência exata como

eu, é bastante motivador”, congratula-se.

Page 26: Linhas 21

linhas maio 2014

Car

los

Gom

es d

a C

osta

Queria ser engenheiro. O sonho do pequeno Carlos era irreal para quem, como ele, tinha

nascido na Póvoa do Paço, uma pequena localidade de Aveiro, “onde há 50 anos atrás

se trabalhava e brincava descalço”. Estudar era um luxo. As universidades de Coimbra e

Porto, as mais próximas, estavam demasiado longe para a modesta família pensar sequer

em ter um dos quatro filhos a estudar fora de casa. Mas como no poema de Gedeão, o

sonho comanda a vida. Hoje, o menino que ousou sonhar alto, é empresário, investidor e

dinamizador de associações que têm em mãos a missão de “alavancar o nosso Portugal”.

O menino que ousou ser engenheiro quer alavancar Portugal

Page 27: Linhas 21

27 percurso antigo aluno

“Fui um dos três privilegiados da minha

turma que saíram da então 4ª classe para

fazer o exame de admissão à Escola

Industrial e ao Liceu”, lembra Carlos

Gomes da Costa. Escolheu a Escola

Industrial e tirou o designado Curso de

Formação de Montador Eletricista. “Tinha

15 anos e empreguei-me na Companhia

Portuguesa de Celulose (CPC), em Cacia,

enquanto terminava curso”, diz.

Mas a sorte abençoa sempre os audazes.

Nascida em 1974, a UA mudou o rumo da

vida de Carlos Gomes da Costa. “Foi para

mim uma grande sorte a academia ter

nascido pois proporcionou-me frequentar

o ensino superior” sem necessidade de ir

para fora da cidade onde vivia

e trabalhava.

“Devido à política da CPC, que

incentivava os seus trabalhadores a

estudarem obtive uma classificação

superior a 14 valores no 7º ano, o

que conjuntamente com o privilégio

de ser trabalhador, me permitiu a

matrícula direta na UA após uma pré-

-seleção realizada por uma entrevista

conduzida pelo Professor António

Ferrari em 1975”, conta. Entrou na

licenciatura de Engenharia Electrónica e

Telecomunicações da UA, um curso que

concluiria em 1980. Anos mais tarde, já

em 2007, voltaria à academia para realizar

um Mestrado em Gestão da Tecnologia,

Inovação e Conhecimento.

“A licenciatura correspondeu às minhas

expectativas”, garante. “Esperava

aprender a teoria e a prática na

Universidade e isso aconteceu com

professores brilhantes, esforçados

e laboratórios com equipamentos e

componentes de excelência”, recorda

Carlos Gomes da Costa que nos dois

últimos anos da licenciatura chegou

mesmo a ser monitor da UA. O percurso

na academia aliada à prática que o

trabalho que exercia lhe facultou deu-me

“capacidades técnicas extraordinárias

para o desenvolvimento” quer da

empresa onde trabalhava na altura quer

da sua posterior fulgurante carreira como

empresário.

Colegas extraordinários

“O que mais me marcou na UA foi a

generosidade dos meus colegas mais

inteligentes”, faz questão de dizer. “Estes,

de forma gratuita, generosa com espírito

de partilha, sem competição, tiravam

apontamentos nas aulas que facultavam

aos colegas que os solicitassem”.

Assim, Carlos Gomes da Costa deixa

a homenagem: “A minha licenciatura

deve-se principalmente a dois colegas,

hoje docentes na UA: a Beatriz Santos

e o José Alberto Fonseca”. A primeira,

“além de tirar exímios apontamentos,

também traduzia os livros em inglês de

eletrónica e tudo facultava aos colegas”.

Quanto a José Alberto Fonseca, este

“dava explicações em casa”. E tudo

isto, sublinha, “sem vaidades e sem

cobranças monetárias ou morais”.

Carreira profissional notável

Com a licenciatura concluída

começou a assumir cargos de grande

responsabilidade na CPC. De 2005

até hoje, deixou de trabalhar por conta

de outrem e passou a ser empresário,

investidor em empresas e dinamizador

de associações.

Em 2006 formou uma empresa

de consultadoria em contratação

internacional. Em 2007, a convite do

grupo Bresimar, adquiriu 20 por cento da

empresa Exatronic. Apoiado pelo Export

Group do Báltico fundou também em

2007 a Optieng Soluções Otimizadas, uma

empresa que exporta conhecimento na

área do controlo de processo e energia.

Ficou por aí? “Nada disso!”. Em 2013,

levou a Optieng para Moçambique

e, com um conjunto de acionistas e

com o know-how do engenheiro da

UA Jorge Tavares, fundou a Harpia

Tech, uma empresa que se dedica ao

ID&T de naves pilotadas remotamente.

Nesse ano de grandes negócios, Carlos

Gomes da Costa integrou o conjunto de

novos sócios que adquiriu a empresa

Eixometria que se dedica ao fabrico de

componentes para a aeronáutica

e biomédica.

Projectar Portugal no mundo

Com a formação da Associação

de Embaixadores Tecnológicos –

Geisertech, criada em 2014 por empresas

que querem construir um cluster

tecnológico HITECH, Carlos Gomes da

Costa, fundador e um dos responsáveis

pela instituição, muda o foco das suas

atenções profissionais.

“A minha atividade atual é preenchida

com a missão de projetar globalmente

nos negócios HITEC a região de Aveiro

através da excelência dos quadros

formados na nossa Universidade, escolas

profissionais, escolas secundárias e

principalmente da excelência dos nossos

empresários”, descreve. Dentro desse

desígnio “luto para que os empresários

e as empresas se aproximem das

universidades e centros do saber, de

modo a criar uma partilha lucrativa para

todos e principalmente para o nosso

maravilhoso país”.

Assim, para além de embaixador

tecnológico na geisertech, Carlos Gomes

da Costa ajudou a fundar em 2014 a

Associação de Business Angels Clube. A

organização, onde faz igualmente parte

dos corpos gerentes, nasceu para injetar

capital nas ideias e projetos que surgem

da criatividade de quem não tem dinheiro.

“Estou agora a iniciar a coordenação do

núcleo de Aveiro da Associação Cristã

de Empresários e Gestores, para que

tudo no mundo empresarial se faça com

ética e respeito pelo outro”, diz. Não

se esqueça ainda que “deu formação

profissional, na ESTGA e na UA, quer

como assistente convidado no DEGEI

quer como formador dos Cursos de

Especialização Tecnológico na ESTGA”.

E o futuro só agora começou para Carlos

Gomes da Costa.

Page 28: Linhas 21

linhas maio 2014

A posição de liderança da Universidade de Aveiro no conjunto

das universidades portuguesas quanto ao número de pedidos

de proteção de propriedade intelectual, por cada 100 docentes,

entre 2008 e 2012, está em linha com o também maior número

de pedidos com entrada no Instituto Nacional de Propriedade

Intelectual (INPI) em 2013, em número de 19. Entre 1994 e 2013,

contabilizando pedidos de registo de propriedade intelectual,

incluindo pedidos nacionais e internacionais, a UA soma um

total de 272 na vertente “invenções” (patentes e modelos de

utilidade), 267 na vertente “marcas e logotipos”, 61 no tipo

“direitos de autor” e 22 em “desenho ou modelo (design)”. Esta

dinâmica muito deve à atividade da Unidade de Transferência de

Tecnologia da UA (UATEC) – ver esquema 1 e caixa.

Estes números são indissociáveis da posição, também de

liderança no conjunto das universidades portuguesas, da

UA quanto ao número de publicações per capita. Em abril foi

conhecida a mais recente edição do ranking de Leiden (http://

www.leidenranking.com/ ), que de Leiden atribui a liderança

nacional à UA considerado o indicador MCS (Mean Citation

Score: “The average number of citations of the publications of

a university”) na área “Mathematics, computer science, and

engineering”, que mede o impacto (citações) das publicações

da universidade. Por outro lado, Aveiro lidera ainda no critério

que mede a proporção de publicações em colaboração

com empresas, considerando todas as áreas científicas,

designado indicador PP (UI collab) proportion of collaborative

publications with industry: “The proportion of the publications

of a university that have been co-authored with one or more

industrial partners”.

A evolução do Sapo e a recente projeção e bom desempenho

da impressora 3D são expressão das conquistas e da excelência

nas áreas de intervenção da UA, considera José Paulo Rainho,

UA, ninho de inovaçãoe valorização do conhecimentoDo Sapo, há cerca de 20 anos, à recente impressora 3D, passando pelo Vital Jacket, apenas

para referir algumas das mais emblemáticas criações de membros da comunidade académica da

Universidade de Aveiro, muito aconteceu e mudou quanto à estratégia de promoção da inovação e

apoio ao empreendedorismo. De facto, a marca "universidade geradora de inovação e valorizadora do

conhecimento por si produzido" tem raízes na génese da instituição, desde o início ligada ao tecido

económico, mas tem vindo a colar-se cada vez mais à performance e ao dia-a-dia da Universidade.

Page 29: Linhas 21

29 dossier

coordenador da UATEC. Há 40 anos, a

UA começou com a Engenharia Eletrónica

e Telecomunicações que se tornou uma

área de referência. É neste contexto que

surge o Sapo – Serviços de Apontadores

Português. As outras áreas de aposta

ainda não tinham reconhecimento

internacional. “A atual Impressora 3D inova

nos materiais, no design, tem implicações

sociais. É expressão da evolução que

a UA teve noutras áreas para além

das TICE: Materiais, Design, Energia,

Ambiente, Agroalimentar, entre outras. As

áreas de ponta articulam-se com outras

e isso traduz-se em novos projetos de

investigação, em produtos e serviços

a transferir para a sociedade, quer em

termos de licenciamento, quer de novas

empresas”. O próprio Francisco Mendes,

criador da impressora 3D com Jorge

Pinto, é formado em Engenharia Eletrónica

e Telecomunicações e pós-graduado em

Engenharia de Automação Industrial, dois

cursos da UA.

De facto, a maior presença da UA

em redes nacionais e internacionais

de investigação e inovação, neste

caso envolvendo também agentes

económicos, e uma ainda mais estreita

ligação à sociedade e à região têm

sido uma constante nas prioridades

da Reitoria e tido correspondência

na estratégia adotada interna e

externamente, de acordo com os

responsáveis por estas áreas

na Universidade.

Aposta na formação

Nesta linha, a posição invejável da

UA muito deve ao que Carlos Pascoal

Neto, Vice-Reitor da UA, designa

“adequada articulação da cadeia de

geração, transferência e valorização do

conhecimento”. Esta alteração inclui

um “esforço para promover o registo

de propriedade intelectual e aposta

na valorização dessa propriedade”, o

incentivo à “interação com o tecido

empresarial” – no qual destaca o

Portefólio de Competências e Serviços

da UA” – a formação, um novo programa

de incubação de ideias de negócio e

um quadro comunitário que “facilitou e

apoiou essa transferência e valorização

do conhecimento”. A UATEC tem feito

um esforço para a maior articulação

entre a equipa da UATEC e o grupo

de investigação na identificação de

invenções passiveis de proteção

através de mecanismos de registos de

propriedade intelectual.

No contexto da formação para o

empreendedorismo e de apoio às ideias

de negócio dos membros da Academia,

alunos ou docentes, Carlos Pascoal

Neto refere várias medidas. Nos últimos

anos introduziu-se o ensino formal do

empreendedorismo numa boa parte dos

cursos de todos os ciclos de estudo.

Ao nível da formação, a UA ministra

11 unidades curriculares relacionadas

com a temática do empreendedorismo

frequentadas por mais de 600 alunos.

Treinar para criar negócio

Entre várias outras, surgem iniciativas

de formação e promoção de ideias

de negócio. O Laboratório de

Empreendedorismo (LabE) pretende

formar potenciais empreendedores,

facultando-lhes competências que lhes

permitam empreender a sua própria

ideia de negócio, sendo uma iniciativa

no âmbito das atividades da Incubadora

de Empresas da Região de Aveiro

(IERA) e um projeto envolvendo a UA

e os 11 municípios da Comunidade

Intermunicipal da Região de Aveiro. O

curso CEBT Ibérico – Competências

Empreendedoras de Base Tecnológica

envolve as Universidades de Aveiro,

Beira Interior e Coimbra, em parceria

com o Conselho Empresarial do Centro

(CEC), com a Fundación General de la

Universidad de León y la Empresa, com

a Fundación General de la Universidad

de Salamanca, com a Fundación General

de la Universidad de Valladolid e a

Universidad Pontificia de Salamanca. Boa

parte das ideias surgidas nestas iniciativas

de formação, evoluem para projetos

empresariais na Incubadora da UA (IEUA).

A IEUA, que não se resume à cedência

de espaços para projetos empresariais.

A Incubadora da UA tem, como missão,

incentivar a criação, o desenvolvimento

e o crescimento sustentado de ideias

de negócio inovadoras, através da

promoção de ações de capacitação,

Proteção e gestãode direitos

de propriedadeintelectual

uatec

Apoio à criaçãode empresas

de basetecnológica

Valorizaçãoda propriedade

intelectual

Apoio àpromoção

da inovaçãoempresarial

Esquema 1: áreas de intervenção da UATEC

Page 30: Linhas 21

linhas maio 2014

de disponibilização de espaços, de serviços e de uma rede de

parceiros para criação de valor. A estratégia está implementada

há cerca de três anos. Com tal sucesso, que a estratégia se

alargou à região, através da IERA.

“Notei uma evolução muito grande nos últimos três anos”, afirma

Francisco Mendes, CEO da Beeverycreative que comercializa a

impressora 3D Beethefirst. “Percebeu-se que a estratégia deve

passar por um apoio muito maior, ajudando não só spin offs

mas também start ups. Nestes últimos três anos, aumentaram

os recursos humanos da IEUA, com profissionais de diversas

áreas que dão apoio administrativo, contabilístico, entre

outros, investiu-se nas condições logísticas e de acolhimento,

reabilitando um espaço antigo (Edifício 1 do campus de Santiago

e expansão para o antigo edifício da Fábrica de Moagens) e a

IEUA tem agora mais espaço. Por outro lado, as parcerias que a

IEUA foi estabelecendo permitem agora um apoio mais eficaz aos

projetos, mais especializado e dedicado. Todas essas condições

associadas ao trabalho da direção, que tem uma rede vasta de

contactos, e que se disponibiliza para usar essa rede sempre que

há uma situação nova… Tudo isto tem melhorado ao longo do

tempo”, conclui o empresário e antigo aluno da UA.

Situação muito diferente do que se passava há 20 anos, quando

surgiu o Sapo. “Hoje há financiamentos, há oportunidades,

programas, capital de risco… Nada disso existia. Nós criámos

uma empresa que funcionou onde está hoje instalada a

IEUA, mas não existia incubadora”, recorda Benjamim Júnior,

membro da equipa criadora do Sapo. “O apoio tecnológico,

a rede nacional em que a UA estava inserida e o facto de

sermos trabalhadores-estudantes no Centro de Informática

da UA, foi muito importante”. “A UA estava integrada na rede

nacional e tinha acesso a tecnologia que não existia noutros

meios. E houve abertura, da parte dos responsáveis da UA,

para que essa tecnologia fosse usada com criatividade. Isso é

muito importante! É muito diferenciador!”, sublinha. Para além

da ponta de sorte, que existe em todos os casos de sucesso

e expresso, para o Sapo, no contexto institucional favorável

a novas ideias, Benjamim Júnior identifica mais dois fatores

fundamentais para o sucesso, que podem ser entendidos como

conselhos para quem começa a trilhar estes caminhos: uma

equipa apta e com saberes para resolver os problemas que

surgem; pessoas determinadas.

Ninho acolhedor e pontes para o exterior

O processo de apoio ao empreendedorismo e às ideias de

negócio, atualmente, pressupõe várias fases e avaliações

periódicas. Após o preenchimento da apresentação da ideia de

negócio ao “consultório de empreendedorismo” e do diagnóstico

subsequente, há lugar a uma proposta de adesão ao programa

de incubação “IEUA Start”, durante um máximo de 150 semanas

O que é a propriedade intelectual?

Em termos gerais, a propriedade intelectual protege os

direitos inerentes às criações da mente humana. Compreende

criações de caráter técnico (invenções), criações estéticas

(design), sinais distintivos do comércio (marcas, logótipos,…)

e obras do domínio literário, científico e artístico.

Que modalidades de propriedade intelectual existem?

As invenções, dependendo das suas características, podem

ser protegidas através do pedido de registo de patente e/

ou modelo de utilidade. Os sinais distintivos de comércio

são contemplados nos registos de marcas, logótipos,

denominações de origem, indicações geográficas. O design é

protegido através do registo de desenho e modelo. As obras

do domínio literário, científico e artístico são contempladas

pelos direitos de autor. Os direitos de PI têm carater territorial,

pelo que o seu registo pode ser de âmbito nacional e/ou

internacional.

Porquê e para quê pedir o registo de Propriedade

Intelectual? O que se pretende defender com o registo

e que vantagens tem?

Embora o registo (pedido de proteção) junto das entidades

competentes não seja obrigatório, este confere inúmeras

vantagens. De facto, o registo confere um direito exclusivo

que permite impedir que terceiros, sem o consentimento do

titular do direito, produzam, fabriquem, vendam ou explorem

economicamente a criação protegida. Por outro lado, permite

valorizar o esforço financeiro e o investimento em capital

humano e intelectual utilizado na conceção de novos produtos

ou processos e impede que outros protejam o mesmo

produto ou processo ou utilizem os meios o processo objeto

de proteção. É também através do registo que se garante a

possibilidade de transmitir o direito ou de conceder licenças

de exploração a favor de terceiros, a título gratuito ou oneroso.

Como pedir? A quem? O que se deve fazer para pedir o

registo?

O processo de proteção dos direitos de propriedade

intelectual na Universidade de Aveiro é efetuado através da

UATEC, e inicia-se com o preenchimento da Comunicação de

Invenção/Criação/Obra. A UATEC interage com as entidades

oficiais (ex. INPI) e com os inventores/criadores durante todo

o processo.

DUAS OU TRÊS COISAS SOBRE PROPRIEDADE INTELECTUAL

Page 31: Linhas 21

31 dossier

(ver esquema 2). Se aceite, inicia-se

o programa IEUA Start. Dependendo

da fase de desenvolvimento, poderá

haver a passagem pela fase Pre start,

de pré-incubação, ou avançar logo para

a fase Start up, seguindo-se as fases

Start play e Start go. As empresas que

concluem este processo com sucesso

estão capacitadas para desenvolverem

a atividade autonomamente, podendo,

ainda, “alavancarem-se” através do

programa IEUA Graduate, ao longo de um

período máximo de 100 semanas.

As 17 empresas em incubação na IEUA,

a 31 de dezembro de 2013, garantiam

100 postos de trabalho, quase o dobro

de 2012, e registavam um volume de

negócios de quase 4 milhões de euros.

Alcançou em três anos um crescimento

exponencial de um número de empresas

em incubação (+231%), do volume de

negócio (+681%) e do número de postos

de trabalho criados (+370%).

Trata-se de toda uma estratégia que

tem vindo a ser construída nos últimos

anos que consolida uma dinâmica

assente desda a génese da instituição

– o primeiro curso começou logo em

articulação com uma empresa, a Portugal

Telecom – e na estrutura orgânica da

UA, também considerada influente

nestes resultados pelo Vice-Reitor da

UA. As Plataformas Tecnológicas que

têm vindo a ser apresentadas – Agro-

alimentar, Alta Pressão, Mar, Moldes e

Plásticos, Comunidades Inteligentes, já

apresentadas, e as previstas nas áreas

de mobilidade suave, bicicleta, Design

Thinking e Habitat – são a tradução,

no concreto, da relação da UA com o

tecido económico nos vários setores ou

fileiras. “A UA criou os departamentos

para as necessidades pedagógicas, as

unidades investigação para investigação,

mas o mundo mudou e há necessidades

do exterior que requerem respostas

multidisciplinares para as soluções de

mercado, respostas que já não dependem

tanto de um só departamento, mas de

equipas multidisciplinares focadas num

determinado setor. As Plataformas são

redes e estruturas informais, sobretudo de

valorização dos intangíveis, competências

e recursos humanos, que já existem e

trabalham em conjunto para responder às

necessidades do mercado”, explica José

Paulo Rainho.

O Creative Science Park – Aveiro Region,

gerido pela Sociedade Anónima PCI –

Parque de Ciência e Inovação, é uma

espécie de “corolário desta estratégia de

longo prazo que a UA tem vindo a seguir”,

assinala Carlos Pascoal Neto. “Passamos

a ter uma estrutura em que a UA tem uma

presença muito forte, parte integrante

do campus, em proximidade física e

contiguidade, que são fundamentais, que

reforça a relação da UA com as empresas

e a região, promove a inovação e o

crescimento económico.”

Esquema 2: programa de incubação da IEUA

Page 32: Linhas 21

linhas maio 2014

Música: esse grande coração!O entusiasmo com que toda a plateia da pequena sala se levantou

a aplaudir a atuação, associado ao genuíno agradecimento de uma

das vozes da assistência, em nome dos que “amarguram” na prisão

expressavam a importância que a música pode desempenhar, para

além das funções que lhe são habitualmente atribuídas. Música

na comunidade… e no coração, dir-se-ía. O conceito tem vindo

a ser estudado e trabalhado por um grupo do Departamento de

Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro.

Page 33: Linhas 21

33 investigação

O espetáculo no Estabelecimento Prisional de Aveiro (EPA)

decorreu a 20 de fevereiro de 2013, por ocasião do 20º

aniversário da Magna Tuna Cartola, e nele participaram

ativamente alguns reclusos do EPA, para além dos músicos e

amigos da “Cartola”. Participou também um grupo ligado aos

cursos de Música do Departamento de Comunicação e Arte da

UA, que tem vindo a realizar vários projetos na comunidade, e

um grande conjunto de atividades e de criações que envolvem

música dirigida a públicos específicos.

Entre os músicos desse espetáculo estava Paulo Maria

Rodrigues, docente da UA que há anos tem vindo a trabalhar o

conceito de “música na comunidade”, e Pedro Costa, membro

da Magna Tuna Cartola que apresentou recentemente uma

dissertação de mestrado nesta área, na qual o workshop e

subsequente espetáculo da “Cartola” foi uma das ações.

Entre os convidados para o espetáculo estava também a

estudante de doutoramento Inês Lamela que tem vindo a

trabalhar com reclusas em Santa Cruz do Bispo (EPESCB).

Inês Lamela e Pedro Costa, com orientação de Paulo Maria

Rodrigues, têm vindo a construir um corpo de conhecimento

e de práticas, na UA, em que a música desempenha funções

sociais e psíquicas para além das que habitualmente lhes

estão associadas, envolvendo públicos com necessidades

específicas. O docente de Música no Departamento de

Comunicação e Arte (DeCA), um agrónomo doutorado pela

Universidade de East Anglia em Bioquímica e Genética

Aplicada que optou por aprofundar a formação adquirida em

Canto no Conservatório de Lisboa, foi responsável pelo Serviço

Educativo da Casa da Música até 2010 e autor de diversas

criações no âmbito da chamada “música na comunidade”.

É compositor residente da Companhia de Música Teatral,

tendo criado recentemente a “constelação” “Anatomia do

Piano” (que além do espetáculo homónimo inclui ainda a

instalação “Pianoscópio”, ambos dedicados aos mais jovens),

e várias peças do projeto “Opus Tutti”. Na UA foi responsável

pelo projeto "Bach2Cage", que entre 2001 e 2003 teve um

espetáculo em digressão pelo país, e mais recentemente pelo

“Projeto X”. Paulo Maria Rodrigues estudou em Londres, na

Royal Academy of Music, onde realizou uma pós-graduação

em Ópera. Ainda em Inglaterra, participou como cantor

em inúmeras óperas, concertos e recitais; em Portugal, foi

membro do Coro de Câmara de Lisboa e do Coro Gulbenkian.

Na área da composição, Paulo Maria Rodrigues foi premiado

no Concurso de Jovens Compositores da Juventude Musical

Portuguesa, passando a dedicar-se à composição durante os

seus estudos em Inglaterra, sob a orientação de Rolf Gehlhaar.

Música como veículo para reorganização pessoal

O “Projeto X”, citando o texto de apresentação, parte do

princípio segundo ao qual “as atividades educativas nos

estabelecimentos prisionais são instrumentos importantes

para o processo de reeducação. As experiências musicais,

em particular, são ferramentas para a (re)construção da

individualidade e para a ligação do ser humano com o mundo

exterior, e a música tem a capacidade de poder chegar todos

os indivíduos, independentemente da sua condição social,

idade, género ou cultura. Está largamente documentado o

poder da música em contexto prisional enquanto promotor de

bem-estar, desenvolvimento humano e meio reconciliador de

culturas, funcionando como um mecanismo de recuperação/

reorganização pessoal”.

Com a disciplina de Música, Comunidade e Educação, uma

opção no plano curricular do Mestrado em Música, os alunos

têm a oportunidade de realizar trabalhos de música na

comunidade. "O Projeto X" pretende articular e aprofundar as

Paulo Maria Rodrigues, Inês Lamela e Pedro Costa junto a um piano

desconstruído usado em "Pianoscópio"

Page 34: Linhas 21

linhas maio 2014

valências desenvolvidas quer no DeCA, quer no EPESCB e

no EPA, cruzando estes três universos na construção de uma

experiência profunda de música na comunidade. O projeto

desenvolve-se em três núcleos autónomos numa primeira

fase, que depois se encontram numa segunda, que dá origem

a apresentações públicas onde o palco é partilhado por

reclusos do EPA, reclusas do EPSCB e alunos da UA. “No

universo hermético que é cada um dos estabelecimentos

prisionais, o poder emocional da música enquanto ferramenta

de desenvolvimento humano é singular: cataliza emoções, abre

canais de comunicação e interação entre indivíduos fechados

ao mundo e sobre si mesmos, dá uma identidade única a cada

participante”, explica-se num texto sobre o "Projeto X".

Na perspetiva dos músicos, estas experiências são um desafio

à “formatação” do habitual ensino musical de conservatório

e de escolas de música e apelam a aptidões mais fundas,

considera Paulo Maria Rodrigues; tudo a ver com a “relação

entre a música e as pessoas”, portanto…

No trabalho individualizado, à volta do piano, que tem vindo a

fazer com quatro reclusas de Sta. Cruz do Bispo, no âmbito

do seu doutoramento, Inês Lamela não partiu de um programa

pré-definido, resultando antes de uma conjugação entre a

vontade das alunas e o que tem para lhes ensinar. Algo que

a doutoranda considera extremamente gratificante, sendo

recebida com sinais de grande simpatia e de agradecimento.

Como já lhe explicaram as reclusas, as aulas de piano são

vistas como recargas de autoestima e de ânimo para enfrentar

as agruras do dia-a-dia numa prisão.

Também no caso de Pedro Costa e do trabalho no

Estabelecimento Prisional de Aveiro as expectativas foram

superadas, resultando num grande envolvimento dos reclusos,

na construção de algumas composições próprias e na gravação

de um CD que acaba por ser mostrado a amigos e familiares dos

reclusos. A música neste caso, sublinha Pedro Costa, funciona

como meio para dar empowerment aos participantes, ou seja,

para lhes dar esperança e fazer com que acreditem novamente.

O papel do “chuvador” e do “chilreador”

Nas criações de Paulo Maria Rodrigues são também comuns

as atividades e espetáculos especialmente dirigidos a crianças

e no seu léxico surgem termos como "música cénica" e "teatro

musical" que definem a amplitude das estéticas exploradas

pela Companhia de Música Teatral. Ou instrumentos como

o “rugidator”, o “chuvador”, ou o “chilreador”, construídos e

usados pelas próprias crianças.

“Opus Tutti” é um projeto artístico e educativo que visa a

conceção de boas práticas de intervenção na comunidade

dirigidas à infância e primeira infância e que conta com o apoio

da Fundação Calouste Gulbenkian. Integra ações dirigidas

a diversos públicos-alvo para criar modelos de trabalho

direcionados à primeira infância, oferece oportunidades de

fruição artística e interação social, desenvolve modelos de

formação “imersiva” e “implosiva” na área artística e intervem

ao nível das práticas culturais e educativas das famílias e

profissionais de forma a contribuir para o seu sucesso e

enraizamento social. O Jardim de Infância do Roseiral, em

Lisboa, tem vindo a servir de unidade piloto deste projeto,

onde se testa a reação do público – as crianças – às propostas

criativas que vão sendo idealizadas.

Para além de “Anatomia do Piano”, “AliBaBach”, “Andakibebé”

ou “Bebé PlimPlim” apresentados em festivais nacionais

e internacionais e na UA, no âmbito da Semana Aberta da

Ciência e Tecnologia e dos Festivais de Outono, outro projeto

emblemático é o “Gamelão de Cerâmica e Cristal”, exposto e

experimentado nos jardins da Gulbenkian, no Museu de Aveiro

e no Centro Cultural de Belém. O instrumento resulta de uma

parceria entre o DeCA, o Departamento de Engenharia de

Materiais e Cerâmica da UA e a Vista Alegre.

O escritor António Lobo Antunes disse um dia que “o

objetivo da educação é dotar as pessoas com instrumentos

de construção de felicidade para a vida”. A frase inspira

assumidamente o projeto Opus Tutti, mas também, de certo

modo, todas as outras atividades de música na comunidade.

"Anatomia do Piano" nos Festivais de Outono

Page 35: Linhas 21

35 investigação

Programa Doutoral da UAe UMinho forma primeirosdoutorados

Investigação-ação de Estudos Culturais alarga-seao empreendedorismono terceiro setor

Uma espécie de novo

ecossistema académico de

investigação e ação começou

a estruturar-se há quatro anos,

em torno da cultura e das suas

muitas possibilidades de estudo

e intervenção, tal a diversidade

dos elementos que constituem o

Programa Doutoral e as redes que

tem vindo a estabelecer. O estudo

das questões culturais alarga-se

agora ao empreendedorismo no

terceiro setor.

Page 36: Linhas 21

linhas maio 2014

É como se de uma “conceção ecológica”

de Programa Doutoral se tratasse,

ou seja, um ambiente académico de

investigação, expressão usada pela

coordenadora na UA e professora do

Departamento de Línguas e Culturas,

Maria Manuel Baptista, dado que os

doutorandos imergem num ambiente

diverso e dinâmico. Associados ao

Programa estão uma rede de instituições

e espaços culturais, jornadas, congresso

anual, revista digital bilingue e uma

página Internet, numa permanente

atitude de troca entre diferentes

percursos académicos e diversas

experiências de vida.

Os primeiros “organismos vivos”

deste ecossistema, os primeiros

doutorandos, estão agora a sair do

ambiente de ensino-investigação

e começam a demonstrar as suas

aptidões na investigação, na gestão e

programação cultural, na comunicação,

na estruturação de políticas culturais,

na criação artística, na educação e,

dentro de pouco tempo, também no

empreendedorismo social.

O Programa Doutoral em Estudos

Culturais nasceu num ambiente de

multidisciplinaridade através de uma

parceria entre as universidades de Aveiro e

do Minho. “Este é o primeiro doutoramento

verdadeiramente em Estudos Culturais,

com todas as condições para abrir uma

novíssima abordagem aos estudos da

cultura em Portugal, superando uma visão

clássica, quase estereotipada, das ciências

sociais e humanas sobre a relação entre

a cultura e a sociedade”, considera outro

aluno, Manuel Costa, diretor da Biblioteca

da Póvoa do Varzim, num testemunho

incluído no trabalho de pós-doutoramento

na UA, é o “espectro muito largo”

onde confluem um vasto leque de

áreas do saber, tanto ao nível do

corpo docente, quer da formação

académica dos estudantes, o que

implica equipas muito coesas na

orientação das teses concebidas à

medida dos interesses e da experiência

de cada doutorando. Tal como a “alta-

-costura” concebe “vestuário à medida”,

graceja Maria Manuel Baptista. Neste

Programa Doutoral confluem não só

a comunicação e a sociologia, áreas

naturais da Universidade do Minho,

como as humanidades, que constituem

o contributo direto da Universidade de

Aveiro, mas também a arte e história

de arte, a antropologia, o jornalismo, a

animação cultural, entre várias outras.

Os títulos das teses, algumas já

defendidas, são os mais diversos: “A

importância das religiões na literatura

moçambicana”; “Envelhecimento e

luto em idosos institucionalizados”;

“Identidade nacional no cinema de João

Canijo”; “Políticas públicas para a cultura

– o caso de Serralves”, entre outros.

Os participantes chegam ao Programa

com formação académica em todas

essas áreas e procuram competências

de investigação e reflexão nas áreas em

que já trabalham, mas também buscam

maiores competências para ação cívica

Culturas em diálogo nos Estudos Culturais: simbologia amazónica no quatrocentista claustro do Museu de Aveiro.

40 ANOS DE LIBERDADE

EM CONGRESSO

O IV Congresso Internacional em Estudos

Culturais: Colonialismos, Pós-colonialismos e

Lusofonias decorreu no Museu de Aveiro, no

final de abril, foi marcado pelos 40 anos da Re-

volução dos Cravos, e precedido por um ciclo

de curtas-metragens intitulado “A Liberdade

que Temos”, em parceria com o Cineclube de

Avanca e a recém-criada IRENNE, ONG para

promoção do empreendedorismo na área de

Estudos Culturais.

em Estudos Culturais de Wladilene Lima.

Esta encenadora, atriz e cenógrafa, mas

também professora e investigadora na

Universidade Federal de Belém do Pará,

Brasil, conduz um estudo sobre a formação

de investigadores nesta área em Portugal.

Espectro largo de saberes,

orientação focada

Um dos pontos fortes do Programa

Doutoral, na perspetiva da coordenadora

Page 37: Linhas 21

37 investigação

e política. “Eu acho que quem estuda no

Doutoramento de Estudos Culturais ou

mesmo trabalha na investigação na área

de Estudos Culturais, vem com vontade

de adquirir essa densidade da ação

política mesmo, com esta perspetiva

de intervenção.”, explica a escritora

brasileira e investigadora Anne Ventura,

uma das alunas do Programa Doutoral

em Estudos Culturais.

Anne Ventura é uma das doutorandas

brasileiras, entre vários outros de países

lusófonos, expressão do “forte vínculo

com a Lusofonia”: para além da revista

(que é lusófona), dos congressos, livros

e artigos já publicados em colaboração

com investigadores lusófonos, há alunos

de Portugal, Brasil, Cabo Verde, Angola,

Moçambique e até de língua materna

inglesa e francesa, a quem foram

atribuídas bolsas FCT, mas também

financiados pelos organismos de apoio

à investigação dos seus países, “num

claro reconhecimento da relevância e

qualidade deste Programa Doutoral”,

considera a coordenadora na UA.

Preparar empreendedores

para o terceiro setor

No próximo ano letivo vai iniciar-se

uma nova disciplina: trata-se de

empreendedorismo cultural e social,

com a colaboração do Departamento de

Economia, Gestão e Engenharia Industrial

da UA, para dotar os participantes do

Programa Doutoral de competências

ao nível do chamado terceiro setor,

contribuindo também para uma

colocação mais fácil no mercado de

trabalho nos casos em que os doutorando

ainda não têm ocupação profissional.

É neste âmbito que surge, na esfera

dos Estudos Culturais, a primeira spin

off, designada IRENNE – Associação

de Investigação, Prevenção e Combate

à Violência e Exclusão. Trata-se de

associação de direito privado sem fins

lucrativos que pretende apoiar projetos

e impulsionar o empreendedorismo

na área do terceiro setor e cuja equipa

e órgãos diretivos é composta por

alunos e professores do Programa

Doutoral em Estudos Culturais UA/

UMinho. A atividade da IRENNE

visa compreender mais e melhor as

sociedades e os cidadãos, bem como

os lugares de conflito e as relações

de poder que aí se desenvolvem, para

propor e implementar estratégias de

reequilíbrio e diminuição da violência

e da exclusão. Por isso a IRENNE

privilegia projetos de investigação-ação

multidisciplinar com ênfase nos estudos

culturais, sociais, e artísticos, mas em

colaboração transversal com todas as

áreas do conhecimento científico. As

estratégias de ação passam pelas artes

performativas, comunicação e TIC,

audiovisual, de entre outras linguagens.

O caso das rotas museológicas na

região de Aveiro, estruturadas por Sara

Vidal Maia, também doutoranda, são

um caso curioso de empreendedorismo.

Os conteúdos foram concebidos e

podem ser disponibilizados para uso dos

interessados em diversos suportes. Uma

empresa de Coimbra está a preparar

uma plataforma para disponibilizar os

conteúdos na Internet. Sara Maia procura

neste Programa Doutoral o debate que

resulta da multidisciplinaridade depois

da passagem pela História de Arte e pelo

mestrado em Gestão e Planeamento em

Turismo, ramo Turismo e Cultura na UA:

“Eu venho da História da Arte, passo

pelo Mestrado em Turismo Cultural,

mas não queria ficar presa numa área

específica, queria um doutoramento que

me permitisse conjugar várias áreas.

E a multidisciplinaridade dos Estudos

Culturais permite precisamente isso.”

Ao Programa Doutoral está ainda

associada uma rede de espaços

e promotores culturais. A Rede de

Estudos Culturais, assim designada,

envolve instituições do Norte e Centro

do país e mais duas de abrangência

nacional – Culturgest e Fundação

Calouste Gulbenkian. Pretende-se,

explica Maria Manuel Baptista, que

contribua para a divulgação de eventos,

para o estudo e reflexão sobre questões

culturais em estreita articulação com o

Programa e ainda para a realização de

estágios doutorais.

O Programa Doutoral em Estudos

Culturais – UA/UM, que no próximo ano

lectivo entra na sua 5ª edição, conta já

com mais de uma centena de alunos

em doutoramento, estágio doutoral

e pós-doutoramento, envolvendo de

cerca de seis dezenas de docentes de

ambas as universidades, bem como

de duas dezenas de investigadores

internacionais que co-orientam as

investigações em curso. Entre os alunos

está o aluno mais idoso da UA: Brasilino

Godinho, de 86 anos.

Anne Ventura

Manuel Costa

Sara Vidal Maia

Page 38: Linhas 21

linhas maio 2014

UNAVE e UINFOC unem-se em prol da excelência

na formação contínua

Valoriza-te: vem, vive e voltaHá 28 anos no mercado da formação contínua, a Associação para a Formação

Profissional e Investigação da Universidade de Aveiro (UNAVE) está a associar a sua

longa experiência ao vasto know-how da Unidade Integrada de Formação Continuada

(UINFOC), em matéria de creditação de formações, de modo a dar forma – e conteúdo

– ao conceito de “University Lifelong Learning”, entendido como aprendizagem ao longo

da vida de nível universitário. Daí, o lema: "Valoriza-te: vem, vive e volta".

Centrada na oferta de formação contínua de nível universitário, com o selo de

qualidade e a excelência do ensino da Universidade de Aveiro, a equipa da UNAVE/

UINFOC, liderada, desde dezembro do ano passado, por José Alberto Fonseca –

docente no Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática da UA

–, está apostada em proporcionar aos formandos todas as condições, no seio da

instituição, para que se sintam "verdadeiramente em casa", salienta o diretor.

A equipa da UNAVE, afirma José Alberto

Fonseca, está ciente de que existem

arestas por limar, mas muito trabalho já

foi feito desde a sua nomeação. Algumas

ideias foram surgindo e vários projetos

estão a decorrer com o intuito de

Page 39: Linhas 21

39 ensino

proporcionar aos formandos o acesso às

mesmas ferramentas e infraestruturas de

que dispõem todos os estudantes da UA.

De forma a potenciar a ligação "que se

pretende cada vez mais forte e transversal

entre a oferta formativa da UNAVE e as

múltiplas áreas científicas da UA", José

Alberto Fonseca escolheu uma equipa

pluridisciplinar, constituída por pessoas

com formações diversas, com qualidades

e caraterísticas que se complementam.

José Alberto Fonseca é proveniente da

área das engenharias e tem ligações ao

mundo empresarial; Luís Miguel Ferreira é

docente do Departamento de Economia,

Gestão e Engenharia Industrial e tem

um forte vínculo à área da gestão de

cadeias de abastecimento; Maria Eugénia

Pereira é docente do Departamento de

Línguas e Culturas e detém uma larga

experiência na coordenação de cursos

livres e de formações de Português

Língua Estrangeira; e Lucília Santos é

docente do Departamento de Física,

possui uma inigualável experência na

formação contínua de professores, e está

ligada, há anos, à investigação na área do

“University Lifelong Learning”.

Pessoas e empresas

Focada nas pessoas e nas necessidades

das empresas, a nova oferta formativa

da UNAVE contempla três áreas

fundamentais – comportamental, técnica

e cultural – e três regimes –presencial,

blended-learning e e-learning –,

multiplicando, deste modo, a liberdade

de escolha dos formandos.

A transversalidade é outra das marcas

que a equipa de gestão da UNAVE

pretende introduzir na sua oferta

formativa, promovendo o envolvimento

dos diversos departamentos da UA –

embora não se pretenda abandonar

a formação em áreas específicas,

fortemente especializadas.

Estranho seria isso não acontecer numa

universidade que reúne saberes de

diferentes áreas científicas – e muito

diversas.

A proposta de ações de formação

transversais a várias áreas do saber

passa, assim, a ser uma constante da

oferta formativa da UNAVE, sendo que

o acesso a bibliotecas e mediatecas,

onde é possível consultar informação

específica ou mais abrangente, a

laboratórios e demais infraestruturas

disponíveis no campus é uma mais-

-valia para este tipo de formação.

Transversalidade que a direção pretende

estender para além dos limites físicos

da UA, conquistando-se a comunidade

envolvente, através do estabelecimento

de protocolos de colaboração e

parcerias estratégicas com empresas,

escolas e outras entidades formadoras,

com municípios e respetivas associações

regionais, ou de fim específico, e

movimentos associativos.

pessoal, como, por exemplo, nas TIC”.

“Esta é uma aposta estratégica para

a UNAVE por se tratar de uma área a

que os professores são habitualmente

expostos, durante a sua formação

inicial”, argumenta José Alberto

Fonseca, acrescentando ainda que “a

formação com imersão nas empresas é,

pois, um objetivo a alcançar.”

Créditos ECTS para ações de formação

Entretanto, a UNAVE, através da

UINFOC, está a dar os primeiros passos

no sentido de poder vir a atribuir créditos

de formação universitária (ECTS) às

ações de formação contínua que não

conferem grau académico.

Esses ECTS poderão, mais tarde,

ser utilizados pelos formandos, na

eventualidade de ingressarem numa

licenciatura ou num mestrado da UA.

Por forma a contrariar eventuais inibições

no momento do ingresso ou no regresso

à Universidade, os formandos da UNAVE

vão passar, muito em breve, a usufruir

de um novo espaço, destinado a ações

de complemento à formação, situado no

centro da cidade de Aveiro.

O conhecimento da realidade física e

a identificação dos formandos com a

cultura da instituição que frequentam

é outro desígnio da UNAVE, pelo que

a receção aos novos alunos incluirá,

sempre que possível, afirma José

Alberto Fonseca, visitas ao Campus

Universitário de Santiago, conhecido

pela sua arquitetura única e assinada

pelos melhores arquitetos nacionais, aos

laboratórios e demais espaços da UA

(ver texto na secção Campus Exemplar

neste número da Linhas), dos quais

poderão vir a usufruir.

No dizer do presidente da direção da

UNAVE, “a relação entre a instituição

e as pessoas é fundamental”, quer-se,

pois, continuada e em linha com o lema

“Valoriza-te: vem, vive e volta”, que a

UNAVE ostenta.

A UNAVE está a dar os

primeiros passos no sentido

de poder vir a atribuir

créditos de formação

universitária (ECTS) às

ações de formação

contínua que não conferem

grau académico.

“Paralelamente, estamos, por exemplo,

a preparar ações de formação

mais técnicas, direcionadas para a

reconversão profissional de professores,

uma classe profundamente afetada

pelo desemprego, já que a oferta é

nitidamente superior à procura”, refere

José Alberto Fonseca.

Para o presidente da Comissão

Executiva da UNAVE, faz sentido “fazer

a reconversão de professores em

áreas onde, nas empresas com quem

a UA trabalha de perto, existe falta de

Page 40: Linhas 21

linhas maio 2014

Manuel António Assunção sonha com uma Universidade Cívica

Reitor da UA inicia segundo mandato

Reeleito Reitor da Universidade de Aveiro,

Manuel António Assunção acredita que ter sido

candidato único pode refletir, de alguma forma, o

reconhecimento do trabalho feito. Para enfrentar

os grandes desafios do mandato iniciado, não

se cansa de insistir no reforço da qualidade da

investigação e do ensino e da ligação à sociedade,

da internacionalização e na necessidade de falar

mais inglês no campus. Não esconde que gostaria

que o conhecimento das universidades estivesse

mais presente na sociedade e na formulação e

concretização das políticas e confessa o sonho de

uma Universidade Cívica. Com um gosto especial

por plantas e bicicletas, Manuel Assunção tem

esperança que, no Verão, possa vir mais vezes

sobre duas rodas para a UA.

Page 41: Linhas 21

41 entrevista

No contexto atual de incerteza de

dificuldades de gestão orçamental

– redução da dotação que vem da

administração central e consequente

redução de despesas para acomodar

os cortes, com reflexos nas verbas

destinadas a manutenção de

infraestruturas, por exemplo –,

é preciso coragem para, se

candidatar a um novo mandato! Terá

sido por estas dificuldades que não

surgiram outras candidaturas, ou

porque é institucionalmente aceite

que deve haver um segundo mandato

de cada reitor?

Cada pessoa, neste contexto de

abertura e de possibilidade de

candidaturas de professores ou

investigadores, de várias proveniências,

nacionais ou estrangeiros, fará a sua

avaliação. Eu apenas posso referir os

motivos da minha recandidatura: dar

continuidade ao percurso que a UA vem

fazendo há quatro anos; dar sequência

a diversas linhas de atuação destes

últimos quatro anos, que permitiram,

por exemplo, proceder a um significativo

reequipamento científico e recrutar

investigadores, através do MaisCentro,

contribuindo assim para minorar o efeito

da redução do número de posições de

Investigador FCT. Mas também, olhando

para o futuro, afirmar a UA como

escola reconhecida de pós-graduação,

contribuir para que a UA aproveite

da melhor formas as oportunidades

que os programas 2020 representam

e torná-la ainda mais internacional,

atraindo mais estudantes estrangeiros,

proporcionando mais oportunidades

de mobilidade à Comunidade UA,

participando de forma mais ativa nas

redes já estabelecidas, criando novas

parcerias estratégicas. Ter sido o

único candidato interno talvez possa

representar também, de alguma forma,

o reconhecimento do trabalho feito no

primeiro mandato.

Nos desafios expressos no Programa

de Ação 2014-2018, refere-se à crise

demográfica: onde pode e deve a UA

ir buscar os seus alunos para manter

os níveis de qualidade, tendo em

conta que para isso é preciso escala

mínima? Os alunos estrangeiros

podem ajudar? O Estatuto do

Estudante Internacional pode vir

a cumprir esse objetivo? Se assim

for, é preciso haver mais aulas em

inglês… (Entre os seus objetivos

consta “Mais UC em língua inglesa

(80% no 3º ciclo, 30% nos mestrados,

mobility windows de ≥ 30 ECTS

no 1º ciclo)”).

A questão demográfica tem duas

componentes: uma quebra no número

de jovens em idade de ingressar no

ensino superior, que já ocorreu, e uma

outra que ocorrerá a prazo. No entanto,

se tivermos em consideração que dois

terços da população que conclui o

9.º ano não acede ao ensino superior,

vemos que há uma considerável

margem de atuação para aumentar

a frequência do ensino superior,

essencial, aliás, para aproximar o

nível de qualificação dos portugueses

do resto dos europeus. Mas há

outra questão, talvez mais profunda,

que é a conjugação da distribuição

geográfica da população com o facto

das universidades, designadamente por

razões económicas, recrutarem na sua

região envolvente a grande maioria dos

estudantes. E, neste aspeto, a UA sofre

os efeitos de estar inserida uma bacia

de recrutamento muito menor que as do

Porto, Minho ou Lisboa, nomeadamente.

As estratégias de captação de

alunos são várias mas passam todas,

necessariamente, por uma oferta de

grande qualidade, em todas as áreas.

Claro que há vários instrumentos de que

temos que tirar melhor partido, desde

o dar a conhecer o que fazemos, e

sobretudo o que fazemos de diferente,

a melhorar as nossas condições de

acolhimento e a programas de estímulo

ao recrutamento dos melhores alunos.

O trabalho na frente internacional,

recorrendo ao estatuto referido, é um

dos elementos importantes, se bem

que o tempo de preparação disponível

para este ano letivo que se avizinha

seja muito escasso. A política de língua

que preconizo inclui mais aulas em

inglês, que funciona como fator de

atração para estudantes provenientes

de algumas áreas do globo; mas isto –

adquirir mais competências em inglês

-, é também muito relevante para os

estudantes nacionais, um requisito

praticamente indispensável. Contudo,

a questão das línguas não se esgota

aqui: a possibilidade de proporcionar

aos estrangeiros que nos escolhem

um domínio da língua portuguesa é

uma mais-valia com crescente procura

internacional, que devemos valorizar

como política e como fator de atração;

de modo análogo, proporcionar uma

aprendizagem de uma outra língua

estrangeira, seja o russo, o chinês, o

árabe, ou outra, tem cada vez mais valor

no mundo global em que nos movemos,

e deve ser posto crescentemente ao

serviço dos nossos estudantes.

UA RESISTE AOS “ABANÕES”

Que reflexos práticos teve a

readaptação às novas exigências

orçamentais? Foi apenas na redução

das despesas de manutenção e

subsequente degradação em alguns

aspetos das instalações, como já

referiu? Conseguiu-se “cortar nos

anéis e poupar nos dedos”?

Desde muito cedo introduzimos uma

estratégia de grande rigor em termos

de gestão de recursos humanos, com

alguma redução na massa salarial

global da UA, delegando nos Diretores

responsabilidades neste domínio.

Também houve ajustes noutras

despesas e aqui importa elogiar o

comportamento da UA no seu todo.

De facto, a grande consequência

da redução continuada, ao longo

de anos, da dotação orçamental

real, incidiu nas outras despesas

Page 42: Linhas 21

linhas maio 2014

de funcionamento. Isto porque foi

necessário optar, e a nossa opção foi

não deixar de realizar investimento no

reequipamento científico - replicando

de algum modo o programa Ciência

de três décadas atrás - porque

entendemos ser uma das condições

um número significativo de edifícios

e orgulhamo-nos de ter sido possível

não descontinuar nenhuma atividade

essencial no cumprimento da missão

da universidade, aí incluindo as

componentes da intervenção cultural e

da divulgação científica.

A UA surge pelo terceiro ano

consecutivo no ranking THE

para as universidades com menos

de 50 anos, ocupando a segunda

posição entre as universidades

portuguesas. Lembro-me de

o Reitor ter dito que a boa

prestação a UA e outras instituições

portuguesas de ensino superior se

devia a um aposta consistente e

continuada na ciência nos últimos

anos e que ainda deu frutos até há

um ou dois anos atrás. Será que as

dificuldades orçamentais recentes

já se estão a refletir nas avaliações

mais atuais, nomeadamente na

última? Como manter – ou melhorar

– os níveis de qualidade neste

contexto e voltar à posição cimeira

que a UA já teve?

A UA tem estado a par, com outras

universidades portuguesas, nos

principais rankings internacionais, não

só no THE, mas no de Leiden, no de

Taiwan ou no mais recente U-Multirank,

promovido pela União Europeia. Aliás,

em termos de valor absoluto, temos

melhorado os nossos indicadores.

A área dos materiais, por exemplo,

situa-se em 20.º lugar na Europa. E se

se reparar, as melhores universidades

portuguesas aparecem, sempre,

muito próximas umas das outras.

Trata-se de um aspeto muito positivo

para o ensino superior português (o

ranking de Melbourne coloca-o no

24.º lugar mundial), transmitindo uma

imagem muito positiva do que se faz

em Portugal e funcionando como

um elemento de atratividade. Cada

ranking tem a sua metodologia própria

e deve ser, naturalmente, analisado em

conformidade. Dando a devida atenção

aos rankings há que não lhe atribuir

importância excessiva. Há elementos

relacionados com a reputação que têm

um peso significativo no ranking do THE

e outros aspetos que requerem trabalho

"A área dos materiais

da UA, por exemplo,

situa-se em 20.º lugar

na Europa".

necessárias de sustentabilidade

no médio prazo. Não fazê-lo seria

comprometer o futuro! A redução em

mais de 30% das outras despesas

de funcionamento foi conseguida

quer à custa da eliminação de alguns

desperdícios (há que reconhecê-lo) ou

de despesas de segunda prioridade,

quer através de um maior integração

entre ensino e investigação, quer,

ainda, pela redução nas despesas de

manutenção, “os anéis”, já referidas.

Apesar de tudo conseguimos reabilitar

Page 43: Linhas 21

43 entrevista

ao longo de um tempo significativo.

Um dos elementos comuns à maioria

dos rankings é a qualidade da

investigação produzida, aferida através

do número de citações que cada

publicação científica recolhe; e aqui

é preciso uma atenção permanente e

redobrada para manter o nível onde nos

situamos, promovendo o impacto da

investigação e valorizando, cada vez,

mais a qualidade do que se publica

e as revistas onde se publica. Um

decréscimo na nossa posição relativa,

que pode ser pontual, não deixa de

constituir uma chamada de atenção e

um elemento de reflexão. Por outro lado

é claro que nós, como a generalidade

das universidades em Portugal, temos

muito trabalho pela frente em matéria

de sucesso escolar e no que respeita

ao número de anos que os estudantes

demoram a terminar os cursos.

MELHORAR NOVO MODELO

DE GOVERNO E GESTÃO

Que balanço faz da gestão sob o

regime fundacional? Deve manter-se?

Tenho afirmado repetidamente, em

público e em diversos círculos, que este

regime, no que refere à autonomia, não

deve ser alterado; ainda menos sem

uma avaliação séria sobre a experiência

destes últimos anos. Não devemos, em

Portugal, continuar a mudar sem avaliar,

porque isso é um processo em que se

gasta imensa energia, tempo e dinheiro,

por um retorno demasiado incerto.

Nenhum país desenvolvido tem as

nossas taxas de alteração dos termos

de referência com que nos governamos.

A tutela já afirmou publicamente que,

na essência, este será um regime para

manter. Naturalmente não esquecemos

que a opção tomada foi devidamente

contratualizada com o Governo,

que este, ou melhor, os sucessivos

governos, não cumpriram a sua parte

e que, mesmo assim, a UA superou os

objetivos estipulados.

No mandato que terminou o que terá

corrido menos bem e o que acha que

poderia ter corrido melhor?

Há sempre aspetos que poderiam ter

corrido melhor. Uma das questões

que muitas das pessoas referem

é a necessidade de melhorar a

comunicação interna, em particular

sob este novo modelo de governo e

gestão, com órgãos de menor dimensão

e processos de decisão com menos

intervenientes. É algo que merece uma

atenção particular mas que requer a

participação de todos: a comunicação

não tem, não deve ter, um único

sentido. Pretendemos também reforçar

instituições de ensino superior têm

pela frente, nomeadamente o desafio

demográfico?

Defendo que cada instituição deve ter

o seu projeto próprio, a sua identidade.

No projeto UA fez sentido, e continua

a fazer, construir e desenvolver uma

rede regional de ensino, de cooperação

e, crescentemente, de investigação,

como forma de mobilizar as valências

da UA para responder às necessidades

da região e do País, e delas tirar mais

partido. Esta organização permite

colocar alternativas mais diversas

aos estudantes, não só no momento

inicial de escolha, mas ao longo

a vertente da qualidade em todos os

domínio da missão da Universidade e

nos serviços de apoio, algo que não

foi possível dinamizar com a rapidez e

os meios que desejaríamos. E temos,

todos, que ter sempre a humildade de

reconhecer que em muitos aspetos se

poderia ter feito diferente e melhor.

Esta vocação dupla da UA de ensino

universitário e ensino politécnico tem

dado bons resultados? Aconselharia

a outras instituições, tendo em

conta os grandes desafios que a

de todo o seu percurso formativo.

Simultaneamente, permite oferecer

diferentes perfis aos empregadores,

bem como dinamizar uma rede que

se estende a todas as atividades. Foi

o caminho que escolhemos, no qual

continuamos a acreditar e para o qual

vimos trazendo um número sempre

crescente de parceiros empenhados:

autarquias, empresas, associações.

Mas é um caminho que exige, também,

uma cultura e motivações próprias,

que foram sendo apuradas, e que não

resultaria por decreto.

Page 44: Linhas 21

linhas maio 2014

Já disse que é necessário clarificar

a solução de Cursos Superiores

Tecnológicos que está proposta

para o ensino politécnico… Clarificar

em relação à oferta de CET que

poderão ser oferecidos fora do

ensino superior… Mas, em princípio,

concorda com a nova oferta.

Que vantagens poderão vir dos

Cursos Superiores Tecnológicos?

A formação mais longa – dois anos

em vez de 1,5 ano – poderá ser uma

vantagem?

Os TESP, novos ciclos de ensino

superior curtos, poderão vir a ter o seu

lugar próprio, à semelhança do que

sucede noutros países. Gostaria que

o processo tivesse sido conduzido

de modo diferente, com um tempo

que nos permitisse, eventualmente,

pensar adequadamente numa oferta já

para o próximo ano letivo e em que a

diferenciação e as semelhanças entre

CET e TESP fossem claras desde início,

não apenas para as instituições, mas em

especial para os potenciais estudantes

e para os potenciais empregadores.

Aliás, a coexistência dos dois tipos de

cursos curtos não faz, quanto a mim,

qualquer sentido.

SAÚDE: TIRAR MAIS PARTIDO

DO QUE JÁ EXISTE

Dos objetivos estratégicos

apresentados no Programa de

Ação, entre outros, surge: agregar

e consolidar a área da saúde. Que

perspetiva tem para a área da Saúde na

UA? “Agregar” e “consolidar” como?

Tenho dito que a área da saúde é uma

das áreas em que existe mais trabalho

feito, mais competências e maior

potencial na UA. A grande maioria

dos nossos departamentos inclui

investigação em saúde e investigação

relacionada com a saúde mobilizando

conhecimentos que vão desde a

química e biologia, naturalmente, à

física, à eletrónica, telecomunicações

Page 45: Linhas 21

45 entrevista

e informática, aos materiais, à gestão

e às políticas públicas, ao ambiente,

às línguas e à educação, não se

esgotando nesta lista. O que proponho,

e esse foi o desafio que lancei a um

grupo coordenado pelo Professor

Júlio Pedrosa, é tirar mais partido

do que já existe de forma ainda algo

fragmentada, ganhando capacidade

de trabalho em conjunto, escala e

visibilidade, para responder de forma

melhor às necessidades da sociedade,

não só no presente, mas num futuro já

muito próximo. E em que a utilização

integrada de conhecimentos de

diferentes áreas é a chave. A UA já

demonstrou fazer isto bem em muitos

domínios. Entendo que é absolutamente

prioritário fazermos isto em saúde e as

Unidades de Investigação na área da

Saúde, entretanto candidatadas, são um

exemplo, bom, desse tecer em conjunto

que importa concretizar. E que não

deixará de ter consequências benéficas

nas Unidades Prestadoras de Cuidados

de Saúde à nossa volta.

José Veiga Simão disse numa

das últimas entrevistas que deu

– publicada na revista Linhas

nº20 – que “As universidades têm

um papel crucial a desempenhar

na situação em que o país se

encontra”. Concorda? Como pode ser

desempenhado esse papel crucial?

As universidades são instituições

especiais, trabalhando na fronteira

do que é humanamente conhecido,

debatendo, criando novo conhecimento,

transmitindo-o, fomentando a sua

BALANÇO DE 37 DOS 40 ANOS DA UA

Que avaliação faz destes primeiros 40

anos da UA (com especial enfoque na

atualidade da academia)?

A UA soube construir uma ideia

coerente de Universidade que cresceu

através de um processo evolutivo

sem descontinuidades. Um projeto

que se baseou, desde o momento

inicial, na procura do pioneirismo e

da complementaridade: fazer o que é

antecipado como necessidade, futura,

da sociedade; e que as escolhas que

fazemos, em lugar de constituírem

repetições do que já há, possam trazer

algo de novo ao que o País já possui.

E realizar com a preocupação pela

qualidade de tudo o que fazemos e

da gente que o faz: hoje como há 40

anos! Esse é o grande mérito da UA: ter

afirmado um projeto universitário, dos

melhores em Portugal e reconhecido

a nível mundial, em que muito pouca

gente acreditava 40 anos atrás! E cá

estamos preparados para outras tantas

décadas e mais.

Que memória mais grata tem

destes anos?

As memórias boas e gratificantes, em

que se misturam afetos, realizações

pessoais e êxitos coletivos, são tantas

que, honestamente, não consigo

singularizar nenhuma: são 37 anos da

minha vida, caramba!

aplicação. Mas muitas vezes este

conhecimento não é usado no debate

público, na formação e informação

das populações, na formulação e

concretização das políticas. É algo que

depende muito da pró-atividade dos

docentes e investigadores, e que gostaria

de ver reforçado. Algo que faz parte de

um conceito de Universidade Cívica, que

tenho avançado. Ainda que tal compita

com tantas outras solicitações que

enfrentamos e dependa, também, da

própria recetividade dos interlocutores e

dos órgãos de comunicação social, bem

como da dinâmica da sociedade de que

fazemos parte, devemos esforçar-nos por

assumir mais e melhor esse papel crucial

de que falava o Prof. Veiga Simão.

Sabemos que tem uma grande paixão

pela bicicleta… E pelas plantas

também… Consegue usar a bicicleta,

pelo menos ao fim de semana? Tem

pena de não poder vir de bicicleta

para a UA? A Plataforma Tecnológica

da Bicicleta e Mobilidade Suave,

em preparação, terá um significado

especial para si…

Eu tenho, realmente, uma grande paixão

pela bicicleta, não só pelo pedalar com

as minhas pernas mas também pelo

ciclismo, em geral. Costumo dizer que

aprendi a ler com as reportagens sobre

a Volta à França e a Volta a Portugal!

As bicicletas e as plantas estão aliás

muito ligadas porque o ciclismo é um

desporto de espaços abertos que

permite uma grande cumplicidade

com a natureza. E eu sou, ainda, o

rapaz que nasceu e cresceu no campo.

Não ando de bicicleta tanto quanto

gostaria e é, de facto, uma pena que

não haja boas condições para mais

gente vir de bicicleta para o trabalho;

no entanto, com a aproximação do

Verão, vou passar a vir mais vezes.

Quanto às Plataformas Tecnológicas

elas constituem um excelente meio

para pôr em contacto, informal

mas estreito, gente da indústria,

professores e outros agentes, à volta

de uma mesma área de interesse

mútuo. A Plataforma Tecnológica

para a Bicicleta e Mobilidade Suave

é um desses casos que congregará,

desde logo, a ABIMOTA e a Federação

Portuguesa de Ciclismo com gente

nossa da Engenharia Mecânica, do

Design, das Políticas, dos Materiais,

do Desenvolvimento do Produto, etc.,

etc.; e é óbvio que me dará um gosto

especial o êxito, certo, desta iniciativa.

"O que proponho

(na Saúde) é tirar mais

partido do que já existe

de forma ainda algo

fragmentada, ganhando

capacidade de trabalho

em conjunto".

Page 46: Linhas 21

linhas maio 2014

Page 47: Linhas 21

47 cooperação

parcerias para cidades sustentáveis

"Connected Communities"Pessoas e coisas, instituições e entidades públicas, tudo

ligado, equipamentos que assumirão tarefas hoje humanas,

sensores integrados no corpo, processamento de informação

multimodal e redes sociais. O futuro está enunciado. Para

organizar a resposta da Universidade de Aveiro (UA) a estes

desafios da sociedade foi criada a Plataforma Tecnológica

Comunidades Inteligentes/Connected Communities (PTCI).

A PTCI apresentada a 16 de maio, no âmbito do UA Innovation

Clubbing, promovido pelo projeto Aveiro Empreendedor

e em colaboração com o Parque de Ciência e Inovação

(Creative Science Park – Aveiro Region), é a quinta parceria

sectorial/temática a ser apresentada pela UA, organizando

as competências para responder de modo mais eficaz aos

desafios da sociedade do futuro.

A PTCI inclui as várias valências da UA que exploram as

Tecnologias da Informação, Comunicação Eletrónica (TICE)

para respostas societais, tais como Mobilidade, Economia,

Ambiente e Qualidade de Vida, enquadrando-as em

estratégias de Políticas Públicas. Estas competências cobrem

vários Laboratórios Associados, Unidades de Investigação,

Departamentos, Escolas e outras Unidades de Interface

da Universidade de Aveiro. Tal como as restantes quatro

Plataformas Tecnológicas já apresentadas (Mar, Moldes,

Agroalimentar e Altas Pressões), a PTCI é criada para se

assumir como parceiro dos polos e clusters a nível regional e

nacional e terá um papel determinante no aproveitamento das

verbas do próximo Quadro de Financiamento Comunitário –

Portugal 2020.

“This is not rocket science”

A PTCI procurará informar as políticas públicas e conduzir ao

desenvolvimento regional sustentável, articulando múltiplos

centros e diferentes atores, em termos geográficos e temáticos,

aplicando as TICE. A PTCI irá, progressivamente, estabelecendo

relações privilegiadas com entidades externas e terá como

principais áreas de intervenção:

- Competitividade inteligente (smart economy), focando

aspetos como aumento da produtividade, empreendorismo e capacidade de transformação;- Mobilidade integrada (smart mobility), endereçando infraestruturas TICE aplicadas no desenvolvimento de sistemas de mobilidade sustentáveis);

- Ambiente e recursos naturais (smart environment), com gestão sustentável de recursos, prevenção de poluição, proteção ambiental;- Capital social e humano (smart people), melhorando a diversidade, criatividade e a participação na vida pública e associativa;- Qualidade de vida (smart living), com exploração das TICE para melhoria de equipamentos culturais, a qualidade de vida, saúde e segurança;- Gestão e governança das Comunidades (smart governance), englobando perspetivas e estratégias políticas, eficiência, transparência e participação comunitária nos processos de decisão.

Neste enquadramento a PTCI ambiciona desenvolver atividades multidisciplinares, multi-regionais, com capacidade de intervenção nas grandes linhas de desenvolvimento para toda a região, congregando os esforços de diferentes entidades para o lançamento de projetos bandeira para toda a região envolvente. Como sublinhava Rui Aguiar, professor do Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática e coordenador da PTCI na sessão de apresentação, “estamos a falar de TICE para a sociedade, de produtos e serviços transformadores da sociedade envolvente: ‘This is not rocket science’”. Os projetos enquadráveis na PTCI poderão ter financiamento público (nacional ou internacional) e/ou industrial.

Como qualquer recém-nascido, acautelava Rui Aguiar na apresentação, ninguém conseguirá ter certezas sobre o que vai ser, mas as espectativas são sempre grandes. “Ambicionamos que as força vivas da região tenham interesse em envolver-se e nos ajudem a transformar esta criança num adulto muito útil à região”. Entretanto, a PTCI aguarda sugestões e ideias sobre como poderá operacionalizar o relacionamento com todas as entidades interessadas pelo endereço [email protected].

Page 48: Linhas 21

linhas maio 2014

Uma festa que mudou o destino de um bairro

Kola San Jon – Património Cultural Imaterial com o apoio da UA

Tudo começou em Cabo Verde, não

se sabe ao certo quando. As danças,

cantares e artefactos em honra de S.

João Batista percorreram o oceano e

chegaram a Portugal nos anos 80 do

século passado, trazidas para o bairro

Cova da Moura por imigrantes dessas

ilhas. O que, inicialmente, não passava

de uma prática local é hoje Património

Cultural Imaterial de Portugal e pode ser

o garante da sobrevivência de um bairro,

localizado numa zona muito apetecível

em termos imobiliários. Uma classificação

que antecipa a candidatura a Património

Cultural Imaterial da Humanidade e

que contou com a colaboração da

Universidade de Aveiro, através da

investigadora do polo de Aveiro do

Instituto de Etnomusicologia – Centro de

Estudos em Música e Dança (INET-md),

Ana Flávia Miguel.

Há alguns anos atrás Ana Flávia Miguel

tinha de escolher um tema para a sua

dissertação de mestrado em Música com

especialização em Etnomusicologia. Por

sugestão da professora Susana Sardo,

fez trabalho de campo preliminar no bairro

da Cova da Moura. Nessa altura, durante

uma visita à Associação Cultural Moinho

da Juventude (ACMJ), a pergunta “Quer

ir a Cabo Verde com o Kola San Jon?”

determinou o futuro do seu trabalho.

Escolheu a prática performativa cabo-

verdiana Kola San Jon como tema central

da sua dissertação.

Assim, em 2008 Ana Flávia partiu para a

Cova da Moura onde efetuou um amplo

trabalho de campo. Nesse mesmo ano,

em junho, viajou até Cabo Verde, onde

assistiu in loco ao Kola San Jon.

Desde esse ano, fez trabalho de campo

para a dissertação de mestrado que

concluiu em 2010. Mas o trabalho de

pesquisa no bairro não se esgotou

nessa etapa académica. Ana Flávia

Miguel continuou a estar presente em

momentos importantes da comunidade

cabo-verdiana, a fazer trabalho

de campo e de pesquisa com os

participantes no Kola San Jon e a

acompanhar o grupo em viagens e em

participações em diversos eventos.

Page 49: Linhas 21

49 cultural

No final de 2011, a ACMJ decidiu avançar

com o processo de candidatura de Kola

San Jon a Património Cultural Imaterial

Português. Para tal, constituiu uma

equipa de trabalho e pediu apoio a duas

instituições académicas para a conceção

e realização do processo de identificação,

estudo e documentação da candidatura: o

INET-md polo da Universidade de Aveiro e

o Gestual/Ciaud da Universidade Técnica

de Lisboa. Na UA, Ana Flávia Miguel

trabalhou com outro colega do INET-md,

Rui Oliveira, que captou imagens dos

espaços exteriores do Bairro, recolheu

depoimentos em vídeo, recuperou

imagens de arquivo e editou o filme da

candidatura, tendo também desenvolvido

o conceito de documentário visual.

O culminar desta investigação resultou

na inclusão desta prática performativa no

Inventário Nacional do Património Cultural

Imaterial e a publicação da classificação

em Diário da República, a 16 de outubro

de 2013.

Festa em honra de S. João

O Kola San Jon é uma prática performativa

cabo-verdiana introduzida em Portugal

através de imigrantes que hoje residem

fundamentalmente no bairro da Cova

da Moura, mas “adquiriu um significado

singular porque é feito e partilhado

por todos os habitantes do bairro,

independentemente da sua origem pré-

migratória”, salienta Ana Flávia Miguel.

Esta festa é celebrada em honra de

São João Batista, em junho, e inclui

dança, música e artefactos. Durante a

performance os intervenientes, liderados

por um grupo de tamboreiros dirigidos

pelo toque de um apito, percorrem as

ruas do bairro seguidos de um cortejo

constituído por indivíduos que querem

partilhar a performance. Junto dos

músicos segue o “navio” (um barco de

madeira conduzido por um participante

no ritual que o transporta em torno do

corpo), vários estandartes que ostentam a

imagem dos santos juninos ornamentados

com colares de flores de papel e

historicamente, a comunicação social

apenas se tem interessado por notícias

que são construídas a partir de uma

única e singular perspetiva que coloca

os moradores e o próprio bairro numa

posição fragilizada. Tenho esperança de

que esta candidatura possa contribuir

para a construção de um futuro mais

plural”, defende.

Esta classificação poderá constituir

também o “início de uma nova etapa”. “A

legislação prevê que se coloque em prática

um plano de salvaguarda que foi definido

por todos nós e, daqui a dez anos, será

feita a avaliação deste processo”, explica.

Ou seja, esta classificação, ao ter como

património associado o próprio Bairro,

pode ter “salvo” a Cova da Moura dos

diversos interesses que o tentam destruir…

Ana Flávia Miguel é licenciada em Ensino

de Música (Piano) pela UA. Defendeu a

sua dissertação de Mestrado em Música

em Junho de 2010, na UA, exatamente

sobre a prática performativa Kola San

Jon. Neste momento é investigadora

do projeto "Skopeofonia – Pesquisa

Participativa e Dialógica sobre as

Práticas Musicais no bairro Kova M.".

Paralelamente, está a concluir o

doutoramento em Música, também na

UA, com a orientação de Susana Sardo

(UA) e de Samuel Araújo (Universidade

Federal do Rio de Janeiro).

alimentos, bandeiras diversas (Cabo Verde,

Portugal, PALOP, ACMJ) e as pessoas

que transportam ramos construídos com

alimentos frescos e secos.

Atrás dos músicos seguem as koladeiras,

mulheres que efetuam a dança da

umbigada, às quais se vão juntando os

intervenientes que queiram participar no

ritual. O som dos tambores acompanha

todo o percurso e é, juntamente com o

golpe da umbigada e os movimentos

ondulantes dos navios, um dos elementos

mais distintivos do Kola San Jon.

Todo o processo de organização e prepa-

ração deste ritual é da responsabilidade

da ACMJ.

Assim, a ACMJ foi a instituição

proponente da candidatura da festa

de Kola San Jon a Património Cultural

Imaterial em Portugal. Esta associação

apoiou Ana Flávia Miguel e Júlia Carolino,

do Gestual, que tiveram como tarefa fazer

o processo de identificação, estudo e

documentação da candidatura.

Além das implicações legais com esta

classificação, os moradores do bairro

“sentem que a sua música, a sua

dança, a sua cultura e o lugar onde

vivem é reconhecido e respeitado

pelos portugueses e pelo país de

acolhimento (nalguns casos) e pelo

seu próprio país (noutros casos)”,

frisa a investigadora. “Sabemos que

Page 50: Linhas 21

linhas maio 2014

Na UA encontram-se reunidas num único espaço a maioria das

infraestruturas de estudo e investigação, de apoio, culturais,

desportivas e de lazer, oferecendo condições únicas a todos

quantos fazem parte da comunidade académica.

Com projetos assinados pelos melhores arquitetos nacionais, os

mais de 70 hectares do Campus, área de Santiago e Crasto, são

um autêntico cartão-de-visita da região e uma mostra do que

melhor se faz na arquitetura portuguesa contemporânea

As peças de arte pública de artistas plásticos de renome, como

Paulo Neves, José Penicheiro, Manuel Patinha, Xico Lucena,

entre outros, a marinha Santiago da Fonte onde ainda se produz

sal por métodos tradicionais e as soluções de sustentabilidade

e de eficiência energética adotadas no Campus são outros dos

possíveis motivos para visitar a UA.

Um museu ao ar livre

Assim, a UA conta com edifícios da autoria dos mais

conceituados arquitetos portugueses. Eduardo Souto Moura

(vencedor do Prémio Pritzker 2011, considerado o "Nobel

da arquitetura") é o responsável pelo projeto do edifício do

Departamento de Geociências; Álvaro Siza Vieira (Prémio

Pritzker em 1992) projetou a Biblioteca e o Depósito de Água;

a conceção do edifício da Reitoria coube a Gonçalo Byrne; a

Ponte Pedonal que liga o Campus de Santiago ao do Crasto é

da autoria de João Carrilho da Graça; a arquitetura de alguns

blocos de residências são da autoria de Adalberto Dias; os

Departamentos de Engenharia de Materiais e Cerâmica e de

Química foram projetados por Alcino Soutinho, e o refeitório do

Crasto foi concebido por Manuel Aires Mateus e Francisco Aires

O que leva 65 cidadãos de Taiwan a

visitarem o campus da Universidade de

Aveiro? E o que motiva Rita, de 13 anos,

a vir conhecer a UA com os seus pais,

diretamente de Torres Vedras? E porque vêm

ao campus 250 alunos de Paços de Ferreira

e Leiria? Os primeiros querem conhecer

os edifícios, da autoria de conceituados

arquitetos nacionais. Rita quer experimentar

a ciência que se faz por cá. E os alunos das

escolas secundárias pretendem conhecer

uma universidade com “ótimas instalações”

e “muito dinâmica”. A UA recebe todos com

programas de visitas à medida que permitem

um contacto direto com a Universidade.

UA é visitada anualmentepor milhares de pessoas

Um campus revisitado

linhas maio 2014

Page 51: Linhas 21

51 campus exemplar

Mateus, apenas referindo alguns autores

entre vários outros arquitetos (Rebello

de Andrade & Espírito Santo, Firmino

Trabulo, Pedro Ramalho e Luís Ramalho,

José Maria Lopo Prata, Fernando Gomes

da Silva, Vítor Figueiredo, Jorge Kol de

Carvalho, Alfredo Matos Ferreira, Joaquim

Oliveira, João Almeida e Victor Carvalho,

Bernardo Ferrão, etc), responsáveis pelos

mais de 65 edifícios do Campus. O Plano

do Campus é da autoria de outro nome

internacionalmente reconhecido nas áreas

da Arquitetura e Urbanismo: Nuno Portas,

doutor Honoris Causa pela UA.

Todos os edifícios são motivo de inúmeras

visitas de estudantes e arquitetos de

vários países e até de grupos de turistas

apreciadores de arquitetura. Por exemplo,

um grupo de mais de uma centena de

estudantes da Faculdade de Arquitetura

do Politécnico de Milão, em Itália, visitou

recentemente o Campus. O motivo,

simples: “Como na UA há efetivamente

ótimos exemplos de arquitetura

contemporânea portuguesa, onde temos

obras dos mais importantes mestres

contemporâneos, seja Siza, Souto Moura

ou Alcino Soutinho, este Campus é uma

etapa obrigatória, daí o interesse didático

de estarmos na UA», explicou na altura

Francesco Cancelliere, arquiteto italiano

radicado no Porto e um dos organizadores

da viagem dos alunos até Portugal.

Da Alemanha veio, também, um grupo

de arquitetos propositadamente para

conhecer edifícios de Siza Vieira e Souto

Moura: “O Campus Universitário de

Aveiro é muito conhecido na Alemanha,

porque reúne num único espaço

obras de conceituados arquitetos

portugueses. Siza Vieira e Souto Moura

são dois autores de renome mundial

e não poderíamos deixar de visitar

as suas criações”, justificou Beatrix

Mohri-Diedrich, uma das responsáveis

pela visita.“Estamos fascinados com

a vista e com o conceito. Este é um

Campus aberto, construído para as

pessoas circularem, conviverem e

desfrutarem. Tem espaços de estudo, de

contemplação e de descanso; é muito

diferente da organização que vemos na

Alemanha”, observaram os visitantes.

De muito mais longe (Taiwan) vieram

65 turistas com um interesse particular

pela arquitetura. O grupo passeou-se

pela Alameda da UA e visitou o edifício

da Biblioteca. “Estávamos muito

interessados em conhecer este edifício,

sobretudo pelas formas e pelo partido

que Siza tira da iluminação natural,

através das claraboias. Agora que o

visitámos, estamos muito satisfeitos

por podermos ver estes pormenores;

esta é, de facto, uma Biblioteca muito

interessante", afirmou Henry Chang,

um dos visitantes.

Alunos do ensino secundário

antecipam o seu futuro na UA

Um outro tipo de público procura

regularmente a UA: os estudantes

do ensino básico e secundário. Os

Serviços de Comunicação, Imagem e

Relações Públicas (SCIRP) organizam

e acompanham, as inúmeras visitas

destes estudantes, que procuram o

Campus e são recebidos nos diversos

departamentos, unidades e laboratórios,

pelos docentes e investigadores da UA.

Trata-se essencialmente de grupos de

alunos potenciais candidatos ao ensino

superior, que vêm conhecer a oferta

formativa em áreas tão diversas como

as ciências, as engenharias, o design, as

humanidades e a educação. Mas também

para verem um pouco da investigação

que se faz por cá. Os departamentos

e laboratórios organizam atividades

51 campus exemplar

Page 52: Linhas 21

linhas maio 2014

específicas tendo em conta as áreas de

estudo dos estudantes.

Para todos eles, os SCIRP efetuam

um conjunto de tarefas e contactos

“Os alunos tiveram contacto com algo

que não se consegue transmitir na sala

de aula”, explicava, sublinhando de

seguida: “A proximidade entre a escola e

a universidade deve ser incentivada para

é fantástica, muito boa, agradável e com

professores ótimos! Tem vento, mas é

muito agradável estudar aqui”, frisou.

Também Arlindo Lourenço, professor de

Matemática, que frequentou a UA nos

que o aluno tenha uma ideia do que se

faz e do que se produz na universidade,

porque isto não é puramente teórico.”

Já em março, um outro grupo destacou-

-se: cerca de 250 jovens provenientes

do colégio Dr. Luís Pereira da Costa,

de Monte Redondo, Leiria, e da Escola

Secundária de Paços de Ferreira,

estudantes da área de ciências e

tecnologias, escolheram a UA para a

visita anual a uma universidade. Apesar

de não ser a escolha mais óbvia, tendo

em conta os locais de residência, ambas

as instituições decidiram apostar na

Academia Aveirense. No caso de Paços

de Ferreira, o facto de dois dos docentes

que acompanharam os alunos terem

cá concluído os seus cursos pode ter

influenciado na escolha da UA para a visita.

A professora Célia Oliveira estudou

Biologia e Geologia (ensino de) na UA,

entre 1990 e 1995. E não podia ser

melhor embaixadora da casa que a

formou: “Dizemos aos alunos que a UA

idos de 1982, transmitiu aos alunos de

Paços de Ferreira previamente a ideia de

que a UA tem “ótimas instalações e é uma

universidade muito dinâmica”.

Mas o que acharam estes estudantes

do que viram e viverem num dia inteiro

na UA? O Espetáculo de Química, que

decorreu de manhã, impressionou-os,

com experiências que normalmente não

podem fazer nos laboratórios da escola,

por falta de condições e materiais. Já

de tarde, o Espetáculo de Física, que

percorreu vários ramos desta ciência,

como Ondas, Mecânica, Termodinâmica

e Eletromagnetismo, também encantou

os jovens, principalmente quando foram

chamados para ajudar nas experiências.

Mas o que terá feito mais sucesso junto

destes futuros estudantes universitários

foi o futebol robótico CAMBADA,

do Departamento de Eletrónica,

Telecomunicações e Informática (DETI).

Catarina Costa, aluna do 10º ano de

Paços de Ferreira, considera esta vinda

com unidades internas e externas que

podem incluir reservas de transporte, de

refeições ou outras questões logísticas

como encaminhamento para visitas

guiadas à cidade e à região.

Assim, os laboratórios da UA estão

habituados a receber, com regularidade,

visitas de escolas que procuram

precisamente exemplos de tradução

concreta da ciência aqui feita.

Em fevereiro de 2014, cerca de 60

alunos da Escola Secundária Joaquim

de Carvalho, da Figueira da Foz, que

frequentam a disciplina de Psicologia no

12º ano, visitaram a UA para umas horas de

contacto com a investigação nesta área.

Após visita às Unidades Laboratoriais

Neurolab, Stresslab e Chrono/Basic Lab

do PsyLab (Laboratório de Psicologia

Experimental e Aplicada da UA), jovens e

professores deram por bem empregue o

seu tempo: “Positivíssimo!”, comentava

Fernando Lopes, professor de Psicologia.

Page 53: Linhas 21

53 campus exemplar

OS NÚMEROS DAS VISITAS À UA

Em 2013 a UA recebeu cerca de 2500

visitantes. 65 visitas foram de público

português e as restantes 21 de diversos

públicos estrangeiros (Alemanha;

Angola; Brasil; Bruxelas; China; Escócia;

Espanha; Holanda; Indonésia; Japão

e Polónia). Em termos nacionais,

a maioria dos visitantes veio dos distritos

de Aveiro, seguindo-se o Porto, Braga

e Lisboa.

E esta parece estar a ser uma aposta

ganha pela UA, uma vez que cerca de

90 por cento dos lugares disponíveis em

cursos da UA são ocupados anualmente:

90 por cento em 2012/2013 e 89 por

cento em 2013/2014, entre as duas

tipologias de ensino oferecidas pela

instituição: universitário e politécnico.

à UA como muito importante para o

seu futuro: “Está a ser uma experiência

diferente, que nos permite evoluir e

pensar no nosso futuro. Já cá tinha

estado nas competições de matemática,

mas agora pude ver como funciona

mesmo a UA por dentro, os laboratórios

e instalações. Na escola fazemos

certas experiências, mas aqui o nível é

diferente!”, destacou.

Neste dia, os jovens de Leiria e Paços

de Ferreira visitaram também alguns

laboratórios do Departamento de Biologia,

como o Laboratório de Ecologia Marinha

e Molecular, o Laboratório de Genética e

o Laboratório de Transdução de Sinais,

ficando, assim, com uma vista bastante

ampla da investigação que se faz na UA.

Visitas pela inclusão

Mas também o Gabinete Pedagógico

organiza visitas ao Campus para as

escolas secundárias que tenham alunos

com necessidades educativas especiais

a frequentar o 12º ano e que pretendam,

no ano letivo seguinte, candidatar-se à

UA. A visita é aberta não só aos próprios

estudantes, como também aos respetivos

professores e encarregados de educação

que têm uma tarde inteira para conhecer

uma academia cada vez mais apostada

em ser um espaço acessível a todos.

“Esta ação enquadra-se nas políticas

de inclusão da UA, que tem procurado,

dentro do possível, criar as condições

necessárias para uma melhor educação

e igualdade de oportunidades

para todos”, diz Gracinda Martins,

coordenadora do Gabinete Pedagógico

da academia de Aveiro. E como as

necessidades educativas especiais

assumem formas variadas, a UA prefere

antecipar-se e conhecer as necessidades

dos alunos previamente para fazer as

devidas adaptações ou mudanças antes

do início das aulas.

A mais incomum das visitas veio de

Torres Vedras. Um casal espera há vários

anos que a filha, agora com 13 anos,

possa participar na Academia de Verão.

E porquê a escolha pela UA, quando

não têm qualquer tipo de relação com

Aveiro? Carmelita Osório, mãe da jovem

Rita explica: “Comecei por ver entrevistas

dos alunos da UA nos noticiários, com

experiências novas e apresentações de

projetos. Ficou debaixo de olho. Depois

conheci uma tuna masculina da UA que

veio cantar a Oeiras, ainda a Rita andava

de carrinho de bebé… A posição que a

UA ocupa nos rankings a nível mundial

também influenciou”.

Com a curiosidade aguçada, o passo

seguinte foi consultar a página internet

da UA, onde conheceu a Academia

de Verão. Mas Rita era muito nova.

Entretanto a filha de Carmelita frequentou

uma atividade de tempos livres, na

Escola Secundária Sebastião e Silva, em

Oeiras, “completamente inovadora: os

professores e os melhores alunos eram

os animadores e a Rita delirou com as

experiências e as coisas que aprendeu,

com a matemática a brincar, etc...”.

Assim, finalmente em 2014, e já com

13 anos, a Rita vai poder concretizar

o sonho de frequentar a Academia de

Verão. Apesar de ainda não ter idade

para dormir no Campus da UA, os pais

vêm com ela para Aveiro durante esses

dias, em julho, de modo a poderem

proporcionar-lhe uma experiência única.

Rita, muito provavelmente, fará parte do

futuro desta universidade!

Page 54: Linhas 21

linhas maio 2014

ACONTECEU NA UA

REITOR TOMA POSSE COM UA 2020 NO HORIZONTE E AMBIÇÃO DE MAIOR

COMPETITIVIDADE

Uma espécie de “UA 2020” no aproveitamento dos fundos comunitários; o reforço das

alianças estratégicas com as outras universidades e da internacionalização; uma UA

como referência na formação bilingue ao nível da pós-graduação. Estas são algumas

ideias avançadas pelo Reitor da UA, durante a tomada de posse para o segundo

mandato, que traduzem a vontade em reforçar a competitividade da instituição e de a

tornar ainda mais útil à sociedade.

Antes, o presidente do Conselho Geral dera posse ao Reitor para o novo mandato,

após um discurso apelando à clarificação e reforço da autonomia das instituições de

ensino superior, à maior articulação entre essas instituições, à necessidade de definir

o perfil de quem se forma no país, alertando para o elevado abandono escolar até ao

ensino secundário e para os poucos trabalhadores nas carreiras profissionais. Por

isso, Alexandre Soares dos Santos considerou necessário trazer mais alunos para o

ensino politécnico.

Também o presidente do Conselho de Curadores, que considerou o trabalho

desenvolvido até aqui como prestigiante para a UA e para as universidades

portuguesas, apelou ao reforço da autonomia. “Melhor universidade requer sempre

maior autonomia e maior flexibilidade”, afirmou Murteira Nabo, sendo necessário

ajustar o atual regime fundacional às necessidades de melhor relacionamento entre

os órgãos universitários, aumentando o prestígio da instituição e estreitando a relação

com o mundo empresarial.

O ministro da Educação e Ciência

esclareceu depois: "Gostaria de

transmitir o nosso compromisso de

que não está em causa a autonomia

do regime fundacional, mas apenas

em discussão qual a melhor estrutura

jurídica para garantir que essa autonomia

fundacional não dependa, ano a ano, da

Lei do Orçamento do Estado".

Da nova Equipa Reitoral que tomou

posse nesta sessão, destacam-se dois

novos membros que assumem o cargo

de Pró-reitor: Filipe Teles, professor

do Departamento de Ciências Sociais,

Políticas e do Território, e Marlene

Amorim, professora do Departamento de

Economia e Gestão Industrial.

CONSTRUÇÃO DO ECOMARE TEM

CONCLUSÃO PREVISTA PARA

DEZEMBRO

Em dezembro de 2014 que, se tudo

correr como previsto, será concluído

o ECOMARE, um novo centro de

investigação e transferência de tecnologia

dedicado às questões do mar, com

condução científica da Universidade de

Aveiro e da Sociedade Portuguesa de Vida

Selvagem. Constituído por duas unidades,

o Centro de Extensão e de Pesquisa

Ambiental e Marinha (CEPAM) e a Unidade

de Pesquisa e Recuperação de Animais

Marinhos (UPRAM), irá estar localizado

entre o Porto de Pesca Costeira/Lota e o

Jardim Oudinot, em Ílhavo.

Resultado de uma parceria entre

a Câmara Municipal de Ílhavo, a

Universidade de Aveiro e a Administração

do Porto de Aveiro (APA), este projeto

funciona como um laboratório de

Page 55: Linhas 21

55 aconteceu na ua

espécies marinhas e uma unidade

veterinária para tratamento animais

marinhos, identificando-se como uma

mais valia para a Universidade e como

impulsionador do dinamismo económico

da região. Pretende ainda desenvolver

a prestação de serviços de I&DT+I e

transferência de tecnologia a empresas

e organizações governamentais e

internacionais, no âmbito do mar, com

vista ao aproveitamento sustentável dos

recursos marinhos.

PARCERIA ESTRATÉGICA ENTRE

UA E A REGIÃO ENQUADRA

INVESTIMENTOS DO PRÓXIMO

QUADRO COMUNITÁRIO

A parceria, única no género a nível

nacional, entre a Universidade de Aveiro

e a região, para a elaboração de uma

Estratégia de Desenvolvimento Territorial

que vai enquadrar as candidaturas

aos financiamentos comunitários, está

concluída. O processo, na sequência de

uma relação com a região que já vem de

trás, desenrolou-se ao longo de 2013,

com reuniões em todos os municípios

envolvidos e com diversos stakeholders

regionais que se prolongaram até ao

mês passado.

O documento contém a Estratégia de

Desenvolvimento Territorial e um Plano

de Ação, necessariamente alinhados

com as orientações europeias, nacionais

e regionais do período de programação

que se avizinha. O Quadro Comum

de Investimentos da Região de Aveiro

define, como prioritárias, as áreas de:

Mar e Ria; Tecnologias de Informação,

Comunicação e Eletrónica (TICE); Setor

Agroalimentar e florestal; Materiais.

Tratou-se, assinala Filipe Teles,

coordenador do trabalho, pela UA,

de um caso único a nível nacional de

parceria interinstitucional – envolvendo

uma universidade e a região – para

elaboração de um trabalho destes. Dado

o historial de cooperação existente, o

enquadramento facilitou o processo,

permitindo uma estreita e frutuosa

colaboração entre todos os agentes,

comenta Filipe Teles, também professor

do Departamento de Ciências Sociais,

Políticas e do Território da UA.

elaboração de projetos educacionais

a serem desenvolvidos entre os

participantes dos programas fomentados

pela Capes.

DOCENTES BRASILEIROS EM

FORMAÇÃO INTENSIVA NA UA

A Universidade de Aveiro recebeu,

em janeiro, um grupo de professores

brasileiros para uma formação

intensiva de 15 dias nas áreas da

Física e Educação. A vinda dos

docentes integrou-se no "Programa

de Formação de Professores de Nível

Avançado" da Fundação Coordenação

de Aperfeiçoamento de Pessoal de

Nível Superior (Capes), Brasil.

Os professores selecionados

participaram no Curso de

Aperfeiçoamento e Atualização de

Física ou no Curso de Aperfeiçoamento

e Atualização de Educadores de

Infância.

O curso teve como coordenadores, no

Departamento de Física, os docentes

Maria do Rosário Correia e António

Luís Ferreira e no Departamento de

Educação, Gabriela Portugal.

A formação teve como objetivos

valorizar os docentes que atuam na

rede pública de educação básica no

Brasil; proporcionar uma experiência

de desenvolvimento profissional noutro

país; estimular o uso de tecnologias

educacionais na construção de

estratégias didático-pedagógicas de

caráter inovador; promover a troca

de experiências entre professores

da educação básica brasileiros e os

docentes portugueses e possibilitar a

ANDRÉ REIS SUBSTITUI TIAGO

ALMEIDA À FRENTE DOS DESTINOS

DA AAUAV

Os novos Órgãos Sociais da Associação

Académica da Universidade de

Aveiro (AAUAv) tomaram posse

dia 17 de janeiro. A cerimónia, que

apresentou igualmente os recém-

-eleitos responsáveis pelos núcleos da

Associação, decorreu no Auditório da

Reitoria da UA. Dos responsáveis pelos

destinos da Associação destaca-se André

Reis, o novo presidente dos estudantes

da academia que ocupa o lugar de Tiago

Almeida. Vencedor das eleições de 17 de

dezembro, o estudante de Economia no

Departamento de Economia, Gestão e

Engenharia Industrial (DEGEI) quer uma

AAUAv que incremente a luta por um

ensino superior mais justo e inclusivo e

aposta no reforço do projeto associativo

dos estudantes da academia de Aveiro.

Natural da Póvoa de Lanhoso (Braga),

André Reis chegou à UA em setembro

de 2010; foi, em junho de 2013, eleito

para o Conselho Geral da UA, órgão

máximo de governo da Universidade,

enquanto candidato pela 1ª circunscrição

(licenciaturas). Em dezembro último,

após três anos na UA dedicados em

grande parte ao associativismo, decide

avançar com uma candidatura à AAUAv

enquanto líder do movimento “Juntos

Somos Academia”, culminando numa

vitória e na respetiva eleição para

presidente da direção da AAUAv.

Page 56: Linhas 21

linhas maio 2014

UA LANÇA PLATAFORMA

TECNOLÓGICA MULTIDISCIPLINAR

DE ALTA PRESSÃO

Com o objetivo de dinamizar e

catalisar a investigação fundamental e

desenvolvimento industrial da aplicação

da tecnologia de alta pressão, a

Universidade de Aveiro (UA) apresentou

a Plataforma Tecnológica Multidisciplinar

de Alta Pressão, baseada numa

tecnologia que tem suscitado elevado

interesse nas últimas duas décadas.

O crescente número de equipamentos

a operar industrialmente por todo o

mundo é prova deste facto sendo a

tecnologia de alta pressão a nova

tecnologia de conservação de alimentos

com maior crescimento na indústria

nos últimos 20 anos. A cerimónia de

lançamento da Plataforma, iniciativa

integrada no Encontro UA Innovation

Clubbing, decorreu no dia 27 de março,

no Auditório da Livraria da UA e contou

com a presença de vários oradores

convidados.

Com esta Plataforma a UA quer

posicionar-se como um parceiro de

excelência a nível internacional para

realizar investigação e desenvolvimento

industrial, possuindo um portefólio

de três equipamentos de elevada

polivalência e abrangência em termos

funcionais, incluindo produção para

testes de mercado.

JÚLIO PEDROSA E ILÍDIO PINHO

NOMEADOS CURADORES DA UA

Júlio Pedrosa, antigo reitor da

Universidade de Aveiro e ex-ministro da

Educação, e Ilídio Pinho, engenheiro,

foram nomeados para o Conselho de

Curadores da Fundação Universidade

de Aveiro por Despacho do Ministério da

Educação e Ciência, com efeitos desde o

dia 7 de fevereiro de 2014.

Além de Júlio Pedrosa e Ilídio Pinho, o

Conselho de Curadores integra também

Francisco Murteira Nabo, Isabel Jonet

e Ricardo Salgado, cujo mandato teve

início em 2009.

A escolha das cinco personalidades

que compõem este órgão tem a ver

com mérito e experiência profissional

especialmente relevantes. São nomeadas

pelo Governo sob proposta da UA.

Ao Conselho de Curadores compete

aprovar os Estatutos da UA, sob

proposta da Assembleia Estatutária, e

sujeitá-los a homologação do ministro

da tutela do Ensino Superior; proceder

à homologação das deliberações

do Conselho Geral de designação e

destituição do reitor; propor ou autorizar,

conforme disposto na lei, a aquisição ou

alienação de património imobiliário da

instituição, bem como as operações de

crédito; nomear e destituir o Conselho de

Gestão e homologar as deliberações do

Conselho Geral.

COMPETIÇÕES NACIONAIS DE

CIÊNCIA EM REDE REÚNE 11800

ALUNOS

As Competições Nacionais de

Ciência em Rede, promovidas pelo

Projeto Matemática Ensino (PmatE)

da Universidade de Aveiro, foram

dinamizadas por 136 escolas de norte

a sul do país, e moveram a participação

de cerca de 11800 alunos distribuídos

por 5916 equipas nas mais diferentes

áreas disciplinares, do primeiro ciclo

ao ensino secundário. Este evento

permitiu a realização de provas,

DEPUTADOS DE TIMOR LESTE NA

UA PARA CONHECER PROCESSO

DE ELABORAÇÃO DOS MANUAIS DO

ENSINO SECUNDÁRIO DAQUELE PAÍS

Uma delegação parlamentar de

Timor-Leste esteve dia 31 de março na

Universidade de Aveiro para se inteirar

do processo final de elaboração dos

manuais do ensino secundário daquele

país; para conhecer um pouco da gestão

financeira da academia aveirense e

para agradecer a colaboração da UA na

criação de uma Faculdade de Ciências

Exatas em Timor Leste. A delegação teve

ainda tempo para conhecer o campus e

encontrar-se com estudantes

bolseiros timorenses.

Após o encontro com o Reitor da UA,

Manuel Assunção, e com a coordenadora

do projeto “Falar Português –

Reestruturação Curricular do Ensino

Secundário Geral em Timor-Leste” na

UA, Isabel Martins, e o coordenador

adjunto, Ângelo Ferreira, os deputados

visitaram o campus, o Centro de

Investigação em Materiais Cerâmicos

e Compósitos (CICECO), reuniram com

estudantes bolseiros timorenses e no

final do dia encontraram-se ainda com

o presidente da Câmara Municipal de

Aveiro, Ribau Esteves.

Page 57: Linhas 21

57 aconteceu na ua

em rede, nas áreas de matemática,

português, física, química, biologia,

geologia e literacia financeira.

Dinamizado localmente pelas várias

escolas, que, apesar de dispersas

geograficamente, se encontravam

nesse dia ligadas on line, este evento

tem como objetivo envolver toda a

comunidade escolar em torno da

promoção e divulgação da ciência,

contribuindo para ajudar a combater

o insucesso e o abandono escolar.

Promover o uso de computadores e da

internet, incentivando a sua utilização ao

serviço da aprendizagem e na difusão

do conhecimento, é outra das grandes

metas das Competições.

jovens refugiados sírios para que

possam continuar os estudos, Ihsan

Khalifa, Ahmad Kalthoum e Hazem Hadla

estão já a frequentar, respetivamente,

o Mestrado em Engenharia Civil,

a Licenciatura na mesma área e o

Doutoramento em Engenharia Eletrónica.

Os três jovens fazem parte do grupo

de meia centena de sírios que chegou

ao país dia 1 de março para prosseguir

os estudos em universidades e escolas

politécnicas portuguesas.

terrenos mais a sul da área total do PCI,

apenas ocorrerá após estar garantida a

ocupação total da área da primeira fase.

CREATIVE SCIENCE PARK TEM

NOVOS ÓRGÃOS SOCIAIS E AVANÇA

DO LADO DE ÍLHAVO

A assembleia geral da Sociedade

Anónima Parque de Ciência e Inovação

que ocorreu a 18 de fevereiro elegeu

novos órgãos sociais e estabeleceu

a estratégia para concretização do

Parque, oficialmente designado Creative

Science Park-Aveiro Region. O Reitor

da Universidade de Aveiro, Manuel

António Assunção, continua a presidir à

Sociedade Anónima e o presidente da

Câmara Municipal de Ílhavo, Fernando

Caçoilo, lidera a Mesa da Assembleia.

Dado que o Creative Science Park fica

localizado parte no município de Ílhavo

e parte no de Aveiro, foi estabelecido

que o projeto será concretizado em duas

fases, avançando a primeira de imediato,

no concelho de Ílhavo. Esta fase incluiu

a criação das condições para instalação

e infraestruturação do Parque em Ílhavo,

a intervenção no município de Aveiro

(cujo processo de licenciamento ainda

está a decorrer) e ainda a conclusão

da infraestruturação no município de

Ílhavo. A segunda fase, que incidirá nos

ESTUDANTES REFUGIADOS SÍRIOS

ACOLHIDOS NA UNIVERSIDADE DE

AVEIRO: NENHUMA GUERRA PODE

MATAR O SONHO

Tal como gerações inteiras de milhões

de jovens sírios, interromperam os

estudos porque colocar um pé na rua

se tornou demasiado perigoso. Ihsan

Khalifa, Ahmad Kalthoum e Hazem Hadla

chegaram recentemente à Universidade

de Aveiro (UA) porque nenhuma

bomba consegue derrubar o essencial:

a esperança num futuro pacífico e

desenvolvido. E acolhidos pela academia

de Aveiro vão continuar a estudar para

concretizarem todos os sonhos que

trouxeram na bagagem.

Recebidos no âmbito da Plataforma

Global de Assistência Académica

de Emergência a Estudantes Sírios,

uma iniciativa do ex-presidente Jorge

Sampaio que quer trazer para Portugal

NEUROCIRUGIÃO ANTÓNIO

TRABULO VENCE PRÉMIO LITERÁRIO

ALDÓNIO GOMES

O vencedor da terceira edição do

Prémio Literário Aldónio Gomes 2014

é o neurocirurgião António Trabulo,

com a coletânea de contos “Ofício de

contar”. A distinção, promovida pela

Universidade de Aveiro, foi anunciada

durante o II Congresso Internacional

“Pelos mares da língua portuguesa” que

decorreu no Departamento de Línguas e

Culturas (DLC) da academia.

António Trabulo, que iniciou a sua

atividade literária em 2003, tem-se

dedicado essencialmente à ficção

com base histórica. O escritor tem 11

livros publicados, entre os quais a obra

“Retornados”, que lhe valeu em 2009 o

Prémio de Ficção “Fialho de Almeida”

atribuído pela Sociedade Portuguesa de

Escritores e Artistas Médicos.

O júri, constituído por Carlos Morais

(presidente e diretor do DLC), Madalena

Pinheiro (em representação da Câmara

Municipal de Aveiro), Gracinda Martins e

Conceição Lopes (em representação da

Reitoria) e Ana Margarida Ramos e Isabel

Cristina Rodrigues (em representação

do DLC) justificou a entrega do prémio

a António Trabulo tendo em conta que

“Ofício de Contar” integra um conjunto

de contos que surpreendem o leitor

e o deixa imerso na descoberta dos

segredos que moram nos seus contos”.

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mestradoscursos de especializaçãocursos de formação avançadaprogramas doutorais

pós-graduação

ARTES E HUMANIDADESCurso de EspecializaçãoEstudos Editoriais Tradução Especializada – AlemãoTradução Especializada – EspanholTradução Especializada – Ferramentas de TraduçãoTradução Especializada – FrancêsTradução Especializada – Francês e AlemãoTradução Especializada – Francês e EspanholTradução Especializada – InglêsTradução Especializada – Inglês e AlemãoTradução Especializada – Inglês e EspanholTradução Especializada – Inglês e Francês

MestradoCriação Artística ContemporâneaDesignEstudos EditoriaisLínguas, Literaturas e Culturas*MúsicaPromoção da Literatura e Bibliotecas EscolaresTradução Especializada

Programa DoutoralDesignEstudos Culturais* (em associação com a Universidade do Minho)MúsicaTradução e Terminologia (em associação com a Universidade Nova de Lisboa)

CIÊNCIAS ECONÓMICAS E SOCIAISCurso de EspecializaçãoContabilidade e AuditoriaContabilidade e FiscalidadeContabilidade PúblicaFinançasLínguas e Relações Empresariais*

MestradoAdministração e Gestão PúblicaCiência PolíticaContabilidadeEconomia*Estudos Chineses (em associação com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa – Instituto Universitário de Lisboa)GestãoGestão e Planeamento em TurismoGestão e Políticas Ambientais (em associação com as Universidades de Évora e Nova de Lisboa)Línguas e Relações Empresariais*Marketing*Planeamento Regional e UrbanoPsicologia da Saúde e Reabilitação Neuropsicológica

Curso de Formação AvançadaContabilidade e AuditoriaGestão da Tecnologia, Inovação e ConhecimentoGestão Industrial e LogísticaGestão para ExecutivosTurismo

Programa DoutoralContabilidade (em associação com a Universidade do Minho)Estudos em Ensino Superior (em associação com a Universidade do Porto)Marketing e Estratégia (em associação com as Univ. da Beira Interior e do Minho)Políticas PúblicasPsicologiaTurismo

CIÊNCIAS DA ENGENHARIA E TECNOLOGIASCurso de EspecializaçãoComunicação MultimédiaTemas de Engenharia Cerâmica

MestradoBiotecnologiaComunicação MultimédiaEngenharia Civil (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia de Automação IndustrialEngenharia de Computadores e Telemática (mestrado integrado)Engenharia de MateriaisEngenharia do Ambiente (mestrado integrado)Engenharia e Design de ProdutoEngenharia e Gestão IndustrialEngenharia Eletrónica e Telecomunicações (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia Física (mestrado integrado; marca eur-ace)Engenharia GeológicaEngenharia Mecânica (mestrado integrado)Engenharia Química (mestrado integrado; marca eur-ace)Estudos Ambientais** (Erasmus Mundus – JEMES em associação com as Universidades de Aalborg, Autónoma de Barcelona e Tecnológica de Hamburgo)Functionalized Advanced Materials and Engineering** (Erasmus Mundus – FAME em associação com o Instituto Nacional Politécnico de Grenoble e com as Universidades de Augsburg, Bordeaux 1, Catholique de Louvain, Liege and Technische Darmstad)GeoinformáticaInternational Master in Advanced Clay Science** (Erasmus Mundus – IMACS em associação com as Universidades de Poitiers, Creta, Ottawa e Porto Alegre)Materiais e Dispositivos BiomédicosSistemas de InformaçãoSistemas Energéticos Sustentáveis

Curso de Formação AvançadaComputação MóvelEficiência Energética e Energias RenováveisGestão Ambiental nas OrganizaçõesPoluição e Gestão AmbientalProjeto de Sistemas Rádio**Sistemas de Gestão Ambiental e Auditoria

Programa DoutoralCiência e Engenharia de MateriaisCiência e Tecnologia Alimentar e Nutrição (em associação com as Universidades do Minho e Católica Portuguesa)Ciências e Engenharia do AmbienteEngenharia CivilEngenharia da Refinação, Petroquímica e Química (em associação com as Universidades de Coimbra, Nova de Lisboa, do Porto e Técnica de Lisboa)Engenharia e Gestão IndustrialEngenharia EletrotécnicaEngenharia Física*Engenharia InformáticaEngenharia Mecânica

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candidaturas2ª fase › 14 a 31 de julho de 20143ª fase › 15 a 17 de setembro de 2014

[email protected]. (+351) 234 370 211

investigamosuniversidade de aveiro

Engenharia QuímicaGeotecnologias (em associação com a Universidade de Coimbra)Informação e Comunicação em Plataformas Digitais (em associação com a Universidade do Porto)Informática** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Nanociências e NanotecnologiaTelecomunicações** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Território, Risco e Políticas Públicas (em associação com as Universidades de Coimbra e Lisboa)

CIÊNCIAS EXATAS E NATURAISCurso de EspecializaçãoIlustração Científica

MestradoBiologia Aplicada*Biologia MarinhaBiologia Molecular e CelularBioquímica*Ciências do Mar e das Zonas CosteirasEcologia AplicadaFísicaGeomateriais e Recursos Geológicos (em associação com a Universidade do Porto)Matemática e AplicaçõesMatemática para ProfessoresMeteorologia e Oceanografia Física*MicrobiologiaQuímicaToxicologia e Ecotoxicologia

Curso de Formação AvançadaCiências do MarEstratégias de Avaliação de ContaminaçãoEstratégias de Proteção do SoloGeo-Engenharia de Reservatórios Carbonatados (em colaboração com as Universidades de Lisboa, Técnica de Lisboa, Estadual de Campinas, Estadual Paulista, a Galp Energia e a Petrobras)HidrogeofísicaReabilitação de solos

Programa DoutoralBiologiaBiologia das Plantas (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Biologia e Ecologia das Alterações Globais (em associação com a Universidade de Lisboa) Bioquímica*Ciência, Tecnologia e Gestão do Mar (em associação com as Universidades do Minho, de Trás-os-Montes e Alto Douro e a Universidade da Corunha, Vigo e Santiago de Compostela)Ciências do Mar e Ambiente (em associação com a Universidade do Porto)Ciências do Mar** (Erasmus Mundus – MARES em associação com as Universidades de Ghent, Bremen, Bolonha, Algarve, Plymouth, Gdansk, Klaipeda, Pavia, Paris Marie Curie e com os Institutos Galway Mayo Institute of Technology, Flanders Marine Institute and Royal Netherlands Institute for Sea Research)Física** (em associação com as Universidades do Minho e Porto)Geociências (em associação com a Universidade do Porto)Gestão Marinha e Costeira** (Erasmus Mundus – MACOMA em associação com as Universidades de Cádiz, Algarve, Bolonha e Estatal Russa de Hidrometeorologia)MatemáticaMatemática e Aplicações (em associação com a Universidade do Minho)

QuímicaSistemas Energéticos e Alterações Climáticas

CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS DA SAÚDECurso de EspecializaçãoMedicina Farmacêutica

MestradoBiomedicina Farmacêutica*Biomedicina Molecular*Ciências da Fala e da AudiçãoEnfermagem de Saúde Familiar (em associação com o Instituto Politécnico de Bragança e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)FisioterapiaGerontologia*Tecnologias da Imagem Médica

Programa DoutoralCiências e Tecnologias da SaúdeGerontologia e Geriatria (em associação com a Universidade do Porto)

EDUCAÇÃOMestradoCiências da EducaçãoDidáticaEducação Pré-Escolar e Ensino no 1º Ciclo do Ensino BásicoEnsino de Artes Visuais no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário Ensino de Biologia e de Geologia no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Educação Musical no Ensino BásicoEnsino de Educação Visual e Tecnológica no Ensino BásicoEnsino de Física e de Química no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Inglês e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/ Francês) no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de Inglês e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/ Francês) no Ensino BásicoEnsino de Matemática no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino SecundárioEnsino de MúsicaEnsino do 1º e do 2º Ciclo do Ensino Básico Ensino do Português e de Línguas Clássicas no 3º Ciclo do Ensino Básico e no SecundárioEnsino do Português no 3º Ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e de Língua Estrangeira (Alemão/Espanhol/Francês) no Ensino Básico e SecundárioSupervisão

Programa DoutoralEducaçãoHistória das Ciências e Educação Científica (em associação coma Universidade de Coimbra)Multimédia em Educação

todos os cursos da UA são acreditados pela A3ES;a UA possui os ECTS e os DS LABELs;

* cursos parcialmente lecionados em inglês** cursos integralmente lecionados em inglês

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linhas maio 2014