Liga NiTi - Influência do teor de carbono e oxigênio

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Tese apresentada à Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, como parte dos requisitos para obtenção do título de DOUTOR EM CIÊNCIAS no Programa de Pós-Graduação em ENGENHARIA AERONÁUTICA E MECÂNICA, Área de MATERIAIS E PROCESSOS DE FABRICAÇÃO. William Marcos Muniz Menezes INFLUÊNCIA DO TEOR DE CARBONO E OXIGÊNIO SOBRE A VIDA EM FADIGA POR FLEXÃO ROTATIVA DE FIOS DE LIGAS NiTi COM EFEITO MEMÓRIA DE FORMA Tese aprovada em sua versão final por Jorge Otubo Orientador Celso Massaki Hirata Pró-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa Campo Montenegro São José dos Campos, SP – Brasil 2013

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Tese de doutorado acerca de liga NiTi com efeito de memória de forma, submetida a ensaio de fadiga por flexão rotativa para avaliação de sua resistência à fadiga.

Transcript of Liga NiTi - Influência do teor de carbono e oxigênio

  • Tese apresentada Pr-Reitoria de Ps-Graduao e Pesquisa do Instituto

    Tecnolgico de Aeronutica, como parte dos requisitos para obteno do ttulo

    de DOUTOR EM CINCIAS no Programa de Ps-Graduao em

    ENGENHARIA AERONUTICA E MECNICA, rea de MATERIAIS E

    PROCESSOS DE FABRICAO.

    William Marcos Muniz Menezes

    INFLUNCIA DO TEOR DE CARBONO E OXIGNIO SOBRE

    A VIDA EM FADIGA POR FLEXO ROTATIVA DE FIOS DE

    LIGAS NiTi COM EFEITO MEMRIA DE FORMA

    Tese aprovada em sua verso final por

    Jorge Otubo Orientador

    Celso Massaki Hirata Pr-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa

    Campo Montenegro So Jos dos Campos, SP Brasil

    2013

  • II

    Dados Internacionais de Catalogao-na-Publicao (CIP) Diviso de Informao e Documentao

    Menezes, William Marcos Muniz Influncia do teor de carbono e oxignio sobre a vida em fadiga por flexo rotativa de fios de ligas

    NiTi com Efeito Memria de Forma / William Marcos Muniz Menezes. So Jos dos Campos, 2013. 190 folhas.

    Tese de Doutorado Engenharia Aeronutica e Mecnica, rea de Materiais e Processos de

    Fabricao Instituto Tecnolgico de Aeronutica, 2013. Orientador: Prof. Dr. Jorge Otubo.

    1. Ligas nitinol. 2. Ligas de memria de forma. 3. Fadiga (materiais). 4. Propriedades mecnicas. 5. Ligas de nquel. 6. Ligas de titnio. 7. Engenharia de materiais. 8. Metalurgia. I. Instituto Tecnolgico de Aeronutica. II. Influncia do teor de carbono e oxignio sobre a vida em fadiga por flexo rotativa de fios de ligas NiTi com Efeito Memria de Forma.

    REFERNCIA BIBLIOGRFICA MENEZES, William Marcos Muniz. Influncia do teor de carbono e oxignio sobre a vida em fadiga por flexo rotativa de fios de ligas NiTi com Efeito Memria de Forma. 2013. Total de 190 folhas. Tese de Doutorado em Engenharia Aeronutica e Mecnica, rea de Materiais e Processos de Fabricao Instituto Tecnolgico de Aeronutica, So Jos dos Campos.

    CESSO DE DIREITOS NOME DO AUTOR: William Marcos Muniz Menezes TTULO DO TRABALHO: Influncia do teor de carbono e oxignio sobre a vida em fadiga por flexo rotativa de fios de ligas NiTi com Efeito Memria de Forma Tese de Doutorado / 2013 concedida ao Instituto Tecnolgico de Aeronutica permisso para reproduzir cpias desta tese e para emprestar ou vender cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte desta tese pode ser reproduzida sem a sua autorizao (do autor). William Marcos Muniz Menezes Rua Nacim Anis Mimessi, 381 Urbanova So Jos dos Campos SP.

  • III

    INFLUNCIA DO TEOR DE CARBONO E OXIGNIO SOBRE

    A VIDA EM FADIGA POR FLEXO ROTATIVA DE FIOS DE

    LIGAS NiTi COM EFEITO MEMRIA DE FORMA

    William Marcos Muniz Menezes

    Composio da Banca Examinadora: Prof. Dr. Carlos de Moura Neto Presidente Prof. Dr.Jorge Otubo Orientador Prof. Dr. Danieli Aparecida Pereira Reis ITA/UNIFESP Prof. Dr. Dilermando Nagle Travessa UNIFESP Dr. Sergio Luis Graciano Petroni IAE/AMR

    ITA

  • IV

    DEDICATRIA

    Aos meus amados pais

    Darcy e Wanderley.

    minha querida irm

    Cristine.

    minha famlia,

    meus filhos

    Maria Clara e Andr William

    e minha esposa

    Patrcia,

    Com carinho.

  • V

    AGRADECIMENTOS

    Ao Prof. Dr. Jorge Otubo, que me conduziu a novos conhecimentos no campo de materiais

    metlicos avanados, disponibilizou recursos para pesquisa, e, tanto se dedicou

    orientao de minha metodologia de trabalho, ao acompanhamento dos ensaios, e s

    anlises e discusses cientficas, neste fabuloso campo da metalurgia.

    Ao Instituto Tecnolgico de Aeronutica ITA pela oportunidade de pesquisa e pela

    disponibilizao de seus recursos, sem os quais este trabalho no poderia ter sido realizado.

    FAPESP, ao CNPQ e FINEP, pelos financiamentos concedidos.

    VILLARES METALS e MULTIALLOY METAIS ESPECIAIS pela colaborao no

    processamento das ligas metlicas desta pesquisa.

    Ao Fsico e doutorando Osmar de Sousa Santos, pela valiosssima colaborao na

    execuo e anlise dos resultados de ensaios mecnicos e metalogrficos.

    Ao colega Odair Dona Rigo pela contribuio no desenvolvimento das ligas NiTi ora

    estudadas.

    Aos colegas do ItaSmart Group, Dr. Heide Bernardi, Leonardo Naito, e Karine Kafer, pela

    colaborao nas atividades de ensaios, realizadas nos laboratrios do ITA.

    Aos amigos Dr. Tibrio Uchoa Matheus e Dr. Leonardo Kyo Kabayama, que muito

    contriburam para o desenvolvimento da metodologia de ensaio e preparao da matria

    prima deste trabalho.

    Aos colegas da AMR pela colaborao na obteno de imagens microscpicas.

    APG Associao de Ps Graduandos do ITA, pelo apoio aquisio de instrumentos

    eletrnicos necessrios aos equipamentos desenvolvidos neste trabalho.

    A todos que, de alguma forma, colaboraram com este trabalho.

  • VI

    EPGRAFE

    O pensamento a nossa dignidade. Tratemos, por conseguinte, de pensar

    bem, pois a que est o princpio da moral.

    Blaise Pascal

  • VII

    RESUMO

    Este trabalho avalia a resistncia fadiga por flexo rotativa de ligas NiTi na forma de fios,

    em funo da presena de impurezas e qualidade superficial das mesmas. O desenvolvimento

    da pesquisa foi realizado em duas etapas, sendo a primeira destinada ao desenvolvimento de

    um equipamento para ensaio de fadiga por flexo rotativa. A segunda etapa destinou-se

    preparao de fios por trefilao, execuo de ensaios mecnicos e anlise mecnica e

    metalrgica dos materiais. Os ensaios de fadiga foram divididos em dois grupos, para

    ciclagem parcial sem ruptura e ciclagem total at a ruptura dos fios. Aps o processo de

    fadiga, as amostras cicladas parcialmente foram ensaiadas por trao, com aplicao de

    deformao at 6%, seguido de descarregamento com recuperao elstica do material. Com a

    qualidade superficial dos fios melhorada, pde-se constatar a vida em fadiga dos materiais

    determinada por fatores intrnsecos. A vida em fadiga dos fios de NiTi com menor teor de

    carbono 90% maior que a dos fios com elevados teores deste elemento. O aspecto da fratura

    indica que a liga de menor teor de carbono armazena mais energia no processo de crescimento

    de trincas por fadiga; tambm sofre considervel transformao martenstica induzida por

    fadiga, fato que modifica sensivelmente suas propriedades mecnicas ao longo do processo de

    ciclagem.

    Palavras chave: Nquel-Titnio, Efeito Memria de Forma, pseudoelasticidade, fadiga, flexo

    rotativa.

  • VIII

    ABSTRACT

    This study evaluates the rotary bending fatigue resistance of NiTi alloys wires as a function of

    its impurities content and its surface finishing. This research was carried out in two steps: a

    development of a machine to rotate bending fatigue test and the manufacturing of wires by

    drawing process; and secondly, the mechanical testing and metallurgical analyzes. Fatigue

    tests were carried out considering partial fatigue cycles and total fatigue cycles until sample

    failure. The partially cycled samples were tensile tested up to 6% strain, then the load released

    to elastic shape recovery. Once the wire surface quality is adequate, it is find that the fatigue

    life of the materials is determined by intrinsic factors. The fatigue life of NiTi wires with

    lower carbon content exceeds in 90% the fatigue life of higher carbon wires. The appearance

    of the fracture indicates that the low carbon alloy store more energy in the process of fatigue

    crack growth generating smaller area with dimple structure. For the alloy with low carbon

    content, martensitic transformation occurs mainly due to fatigue induced, what brought forth

    changes on its mechanical properties during fatigue process.

    Key words: Nickel-Titanium, Shape Memory Effect, pseudoelasticity, fatigue, rotary bending.

  • IX

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Transformaes de fases em ligas NiTi com Efeito Memria de

    Forma (adaptado de NEMAT-NASSER e GUO, 2006).

    pg. 38

    Figura 2 Deformao recupervel em ciclo de histerese (figura do autor). pg. 39

    Figura 3 Regies de temperatura e tenso de ocorrncia de

    pseudoelasticidade (adaptado de OTSUKA & REN, 2005).

    pg. 41

    Figura 4 Curvas tenso-deformao pra a liga Ti-50%atNi sob vrias

    temperaturas (adaptado de FUNAKUBO, 1987).

    pg. 44

    Figura 5 Relao entre limite de escoamento e temperatura para uma liga Ti-

    50,3%at Ni, monocristalina, solubilizada a 1273K (1.000C) por 1

    hora, seguida de envelhecimento a 673K (400C) por 1 hora

    (adaptado de OTSUKA & REN, 2004).

    pg. 45

    Figura 6 Tipos caractersticos de curvas tenso- deformao de ligas NiTi

    (adaptado de OTSUKA & REN, 2005).

    pg. 46

    Figura 7 Sinuosidade tpica da raiz de um dente primeiro molar inferior, com

    dois canais na raiz mesial, e um canal na raiz distal (adaptado de

    www.forp.usp.br/restauradora).

    pg. 52

    Figura 8 Lima endodntica em preparo do canal radicular

    (www.glaciallakesental.com).

    pg. 53

    Figura 9 Modelagem de canal radicular (www.dentsply.com.br). pg. 53

    Figura 10 Desenho esquemtico de segmento de lima fraturado dentro do

    canal radicular (RUDDLE, 2001).

    pg. 54

    Figura 11 (a) Fratura do instrumento no tero mdio do canal distal (R-X); (b)

    Canal radicular aps remoo do fragmento (R-X); (c) Fragmento

    pg. 54

  • X

    removido (MELLO & KHERLAKIAN, 2010).

    Figura 12 Masserankit para retirada de fragmento de lima endodntica

    (www.micro-mega.com/anglais/produits/masseran/).

    pg. 55

    Figura 13 Uso das tcnicas de vibrao por ultrassom e Masserankit para

    extrao de fragmento de lima endodntica (www.mecourse.com).

    pg. 55

    Figura 14 Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (BAHIA, 2004). pg. 56

    Figura 15 Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (BRITTO, 2009). pg. 56

    Figura 16 Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (GAMBARINI et al,

    2008).

    pg. 56

    Figura 17 Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (LARSEN et al, 2009). pg. 57

    Figura 18 Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (STOJANAC et al,

    2012).

    pg. 57

    Figura 19 Macro geometria da lima endodntica (adapatado de YOUNG et al,

    2007).

    pg. 58

    Figura 20 Sulcos de usinagem na aresta de corte de uma lima endodntica

    (www.dentsply.com.br).

    pg. 58

    Figura 21 Exemplos de perfis de limas endodnticas (YOUNG et al, 2007). pg. 58

    Figura 22 Mtodo de determinao do ngulo do canal radicular por

    Schneider (adaptado de PLOTINO et al, 2009).

    pg. 60

    Figura 23 Mtodo de determinao do ngulo do canal radicular (adaptado de

    PRUETT et al, 1997).

    pg. 61

    Figura 24 Esquema do dispositivo para ensaios de fadiga por flexo rotativa

    utilizado por DIAS, 2005.

    pg. 62

    Figura 25 Montagem do fio de NiTi em condio de flexo rotativa

    (FIGUEIREDO, 2006).

    pg. 63

  • XI

    Figura 26 Variao da tenso em cada ponto da seo transversal do fio em

    flexo (adaptado de HIBBELER, 2004), sofrendo um ciclo de

    revoluo.

    pg. 65

    Figura 27 Segmento de fio em flexo com momento esttico M, submetido

    uma certa rotao, (figura do autor).

    pg. 66

    Figura 28 Nmero mdio de ciclos (Nf) em funo da amplitude de

    deformao e velocidade de rotao (adaptado de MATHEUS,

    2007).

    pg. 68

    Figura 29 Vida em fadiga da liga VIM 06 estudada por MATHEUS, 2007

    (figura do autor).

    pg. 69

    Figura 30 Vida em fadiga da liga VIM 41 estudada por MATHEUS, 2007

    (figura do autor).

    pg. 69

    Figura 31 Superfcie de fio VIM 41, a= 1,37%, = 180 rpm e Nf= 11.555

    ciclos. Anlise por MEV (MATHEUS, 2007).

    pg. 70

    Figura 32 Superfcie de fio VIM 06, a= 0,8%, = 455 rpm, Nf= 7.229 ciclos.

    Anlise por MEV (MATHEUS, 2007).

    pg. 70

    Figura 33 Mquina tipo monobloco para trefilao, do Laboratrio de

    Processamento de Materiais LPM / ITA.

    pg. 74

    Figura 34 Tipo de imperfeio dos fios de NiTi que foi eliminado pelo novo

    procedimento de fabricao desenvolvido por KABAYAMA et al,

    2008, do ItaSmart Group.

    pg. 75

    Figura 35 Superfcie do fio de NiTi VIM 16. Anlise por MEV. pg. 76

    Figura 36 Forno tubular de 1,20 m LPM / ITA. pg. 76

    Figura 37 Termopar e pirmetro para controle do processo de aquecimento do pg. 77

  • XII

    forno.

    Figura 38 Aplicao de massa como carga para tracionamento do fio no

    processo de memorizao retilnea dos fios de NiTi.

    pg. 77

    Figura 39 Vedao das extremidades do forno tubular com manta cermica. pg. 78

    Figura 40 (a) Desbobinamento do fio de NiTi para tratamento termomecnico

    de memorizao retilnea, (b) Fio rebobinado de NiTi, liga VIM 39.

    pg. 78

    Figura 41 Fluxograma de planejamento de ensaios, contemplando relaes

    entre ensaios e propriedades das ligas NiTi VIM 16 e VIM 39.

    pg. 79

    Figura 42 Fluxograma da programao de ensaios das ligas NiTi, VIM 16 e

    VIM 39.

    pg. 80

    Figura 43 Mquina de flexo rotativa para ensaios de fios de NiTi, utilizada

    neste trabalho.

    pg. 81

    Figura 44 Dispositivo para ensaios de fadiga de fios em flexo rotativa,

    desenvolvido pelo ItaSmart Group (MATHEUS et al, 2007).

    pg. 82

    Figura 45 Sensor magntico (reed switch) de ciclos, montado em placa de

    fenolite.

    pg. 83

    Figura 46 Conjunto eletromecnico do sensor de ruptura do fio. pg. 83

    Figura 47 Sensor de temperatura montado em suporte moldado em

    poliestireno.

    pg. 83

    Figura 48 Integrao do sistema de sensoriamento do processo de fadiga do

    fio em flexo rotativa.

    pg. 83

    Figura 49 Montagem da amostra de NiTi no equipamento de ensaio de fadiga. pg. 84

    Figura 50 Limitador de posio do fio. pg. 84

    Figura 51 Aplicao manual de graxa a base de MoS2 sobre o fio. pg. 84

    Figura 52 Ajuste do raio de curvatura do fio de NiTi em flexo com auxlio de pg. 85

  • XIII

    um gabarito de PVC.

    Figura 53 Sistema montado para ensaio de fadiga de fios por flexo rotativa. pg. 85

    Figura 54 Marcao de uma extremidade da amostra com tinta esmalte

    sinttica de secagem rpida.

    pg. 86

    Figura 55 Marcao da extremidade e do segmento de maior deformao em

    flexo no arco formado pelo fio.

    pg. 86

    Figura 56 Eixos e semieixos para clculo do momento de inrcia da seo

    transversal do fio (figura do autor).

    pg. 88

    Figura 57 Equipamento INSTRON modelo 5500R para ensaio de trao.

    Laboratrio de Ensaios Mecnicos LEM / ITA.

    pg. 90

    Figura 58 (a) Extensmetro INSTRON modelo 2630-038 para tomada de

    alongamento da amostra, com comprimento inicial de 50 mm; (b)

    Detalhe da fixao do extensmetro no fio.

    pg. 91

    Figura 59 Deformao residual aps descarregamento ensaio de trao a 6,0%

    de deformao e descarregamento da amostra 16.BR.000.01.

    pg. 92

    Figura 60 Deformao residual da amostra 16.BR.000.01 aps

    descarregamento do ensaio de trao a 6,0% de deformao.

    pg. 92

    Figura 61 Esquema para corte dos fios de NiTi na condio de no ciclados

    (BR) e com ciclagem parcial (FR).

    pg. 93

    Figura 62 Esquema para corte dos fios de NiTi na condio de ciclados at a

    ruptura (FR).

    pg. 94

    Figura 63 Vista da superfcie cilndrica e da fratura da amostra 16.FR.100.02,

    de alto carbono, que suportou 21.014 ciclos at sua ruptura. Anlise

    por MEV.

    pg. 97

    Figura 64 Vista da superfcie cilndrica e da fratura da amostra 16.FR.100.04, pg. 97

  • XIV

    de baixo carbono, que suportou 12.487 ciclos at sua ruptura.

    Anlise por MEV.

    Figura 65 Vista da superfcie cilndrica e da fratura da amostra 39.BR.000.01,

    de baixo carbono, no ciclada. Anlise por MEV.

    pg. 97

    Figura 66 Vista da superfcie cilndrica da amostra 39.FR.100.03 (baixo

    carbono), que suportou 44.207 ciclos at sua ruptura. Anlise por

    MEV.

    pg. 97

    Figura 67 Amostra 39.FR.100.01. Vista em detalhe da superfcie cilndrica

    com adeso de xidos. Anlise por MEV.

    pg. 98

    Figura 68 Amostra 39.FR.100.03. Vista em detalhe da superfcie cilndrica

    com adeso de fina camada de xidos. Anlise por MEV.

    pg. 98

    Figura 69 Relao da vida em fadiga com o teor de carbono para ligas NiTi

    em referncia (VIM 06, VIM 16, VIM 39 e VIM 41).

    pg. 100

    Figura 70 Precipitados embebidos em matriz de martensita, liga NiTi VIM 16,

    amostra 16.FR.100.03. Polimento #1200 e ataque com cido ntrico

    e fluordrico, gua destilada, imerso 15 s. Anlise por MO.

    pg. 101

    Figura 71 Liga NiTi VIM 39, amostra 39.FR.100.04, com menor quantidade

    de precipitados que a liga NiTi VIM 16. Polimento #1200 e ataque

    com cido ntrico e fluordrico, gua destilada, imerso 15 s.

    Anlise por MO.

    pg. 101

    Figura 72 Liga VIM 16, amostra 16.FR.100.03 com intensa formao de

    carbonetos. Anlise por MEV.

    pg. 102

    Figura 73 Liga VIM 39, amostra 39.FR.100.04 com intensa formao de

    carbonetos. Anlise por MEV.

    pg. 102

    Figura 74 Carbonetos de titnio (TiC) identificados por EDS na seo pg. 102

  • XV

    longitudinal da amostra 16.FR.100.03. Anlise por MEV.

    Figura 75 EDS VIM 16 amostra 16.FR.100.03 Imagem do mapeamento

    de elementos qumicos na seo longitudinal do fio, indicando

    presena de carbonetos de titnio (TiC).

    pg. 103

    Figura 76 EDS VIM 16 Amostra 16.FR.100.03 Grfico do mapa de

    elementos qumicos indica precipitados do tipo carboneto de titnio

    (TiC).

    pg. 103

    Figura 77 EDS VIM 16 Amostra 16.FR.100.03 Grfico do perfil

    qumico da linha que se sobrepe ao precipitado indica sua

    constituio como carboneto de titnio (TiC).

    pg. 104

    Figura 78 Precipitados embebidos em matriz de martensita, liga NiTi VIM 16,

    amostra 16.FR.010.02. Polimento #1200, e ataque com cido ntrico

    e fluordrico, gua destilada, imerso 5 s. Anlise por MO.

    pg. 104

    Figura 79 Detalhe da figura, liga NiTi VIM 16, amostra 16.FR.010.02.

    Observao de carbonetos fraturados, alinhados e facetados.

    Polimento #1200 e ataque com cido ntrico e fluordrico, gua

    destilada, imerso 5 s. Anlise por MO.

    pg. 104

    Figura 80 Seo longitudinal da amostra 39.FR.100.04, ciclada at a ruptura,

    apresentando partcula TiC. Anlise por MEV.

    pg. 105

    Figura 81 EDS VIM 39 amostra 39.FR.100.04 Imagem do mapeamento

    de elementos qumicos na seo longitudinal do fio, indicando

    presena de carbonetos de titnio (TiC).

    pg. 105

    Figura 82 EDS VIM 39 Amostra 39.FR.100.04 Grfico do mapa de

    elementos qumicos sugere ocorrncia de precipitados do tipo

    carboneto de titnio (TiC).

    pg. 106

  • XVI

    Figura 83 VIM 16 Amostra 16.FR.100.04 (vida em fadiga de 12.487 ciclos).

    Anlise por MEV.

    pg. 106

    Figura 84 VIM 16 Amostra 16.FR.100.02 (vida em fadiga de 21.014 ciclos).

    Anlise por MEV.

    pg. 106

    Figura 85 Trincas intergranulares nucleadas na superfcie da amostra

    16.FR.100.03 (vida em fadiga de 18.484 ciclos). Anlise por MEV.

    Ataque com cido ntrico e fluordrico, imerso 5 s.

    pg. 107

    Figura 86 Trinca intergranular em detalhe, nucleada na superfcie da amostra

    16.FR.100.03. Anlise por MEV. Ataque com cido ntrico e

    fluordrico, imerso 5 s.

    pg. 107

    Figura 87 (a) Superfcie de fratura da amostra16.FR.100.02 (liga VIM 16)

    aps 21.014 ciclos em flexo rotativa; (b) Detalhe da regio de

    incio da trinca. Anlise por MEV.

    pg. 108

    Figura 88 (a) Superfcie de fratura da amostra 16.FR.100.04 (VIM 16); (b)

    Detalhe da regio de incio da fratura com trincas transversais na

    superfcie cilndrica. Anlise por MEV.

    pg. 108

    Figura 89 Regio de nucleao da fratura na amostra 16.FR.100.04, liga VIM

    16, que suportou 12.487 ciclos em fadiga por flexo rotativa.

    Anlise por MEV.

    pg. 109

    Figura 90 Mapeamento qumico por EDS, da regio de nucleao da fratura

    da amostra 16.FR.100.04, da liga VIM 16. Indicao de

    precipitados do tipo carbonetos de titnio (TiC), formando um

    tringulo de tenses.

    pg. 109

    Figura 91 Corte transversal superfcie de fratura da amostra 16.FR.100.03

    (liga VIM 16) aps 18.484 ciclos. Anlise por MEV.

    pg. 110

  • XVII

    Figura 92 Corte transversal superfcie de fratura da amostra 39.FR.100.04

    (liga VIM 39) aps 32.121 ciclos. Anlise por MEV.

    pg. 110

    Figura 93 Esquema de referncias para anlise do aspecto da fratura na

    direo radial da superfcie de fratura do fio (figura do autor).

    pg. 111

    Figura 94 Regio perifrica (R100), de nucleao da fratura, da superfcie de

    fratura do fio da liga VIM 16, amostra 16.FR.100.04. Anlise por

    MEV.

    pg. 112

    Figura 95 Regio central (R0) da superfcie de fratura do fio da liga VIM 16,

    amostra 16.FR.100.04. Anlise por MEV.

    pg. 112

    Figura 96 Liga VIM 39amostra 39.FR.100.03 - Regio perifrica (R100) onde

    ocorre nucleao da fratura, com trinca intergranular. Anlise por

    MEV.

    pg. 113

    Figura 97 Regio central (R0) da superfcie de fratura do fio da liga VIM 39,

    amostra 39.FR.100.03. Anlise por MEV.

    pg. 113

    Figura 98 Comparativo das superfcies de fratura das ligas VIM 16 e VIM 39.

    Anlise por MEV.

    pg. 114

    Figura 99 Grficos aps ciclagens parciais em flexo rotativa liga VIM

    16 (0,110% C).

    pg. 116

    Figura 100 Grficos aps ciclagens parciais em flexo rotativaliga VIM

    39 (0,058% C).

    pg. 116

    Figura 101 Parmetros da curva referentes s propriedades mecnicas das

    ligas NiTi (figura do autor).

    pg. 117

    Figura 102 Tenso de trao para deformaes de 3,0% (3%) e 6,0% (6%)

    com a evoluo do nmero de ciclos em flexo rotativa dos fios de

    NiTi.

    pg. 119

  • XVIII

    Figura 103 Estgios da resistncia mecnica das ligas NiTi aps fadiga por

    flexo rotativa.

    pg. 120

    Figura 104 Mdulo de elasticidade E e recuperao elstica RE em funo do

    nmero de ciclos em flexo rotativa liga VIM 16.

    pg. 122

    Figura 105 Mdulo de elasticidade E e recuperao elstica RE em funo do

    nmero de ciclos flexo rotativa liga VIM 39.

    pg. 122

    Figura 106 Dispositivo de ensaio de fios em flexo rotativa, desenvolvido por

    WAGNER et al, 2004.

    pg. 137

    Figura 107 Dispositivo de ensaio de fios em flexo rotativa, de PATEL, 2005. pg. 138

    Figura 108 Dispositivo de ensaio em flexo rotativa utilizado por BRITTO,

    2009.

    pg. 138

    Figura 109 Dispositivo de ensaio em flexo rotativa utilizado por

    FIGUEIREDO, 2006.

    pg. 138

    Figura 110 Vista frontal do subconjunto operatriz do dispositivo de

    MATHEUS et al, 2007.

    pg. 139

    Figura 111 Vista posterior do subconjunto operatriz do dispositivo de

    MATHEUS et al, 2007.

    pg. 139

    Figura 112 Dispositivo para ensaio de fadiga de fios em flexo rotativa,

    desenvolvido por MATHEUS et al, 2007.

    pg. 140

    Figura 113 Dispositivo para ensaio de fadiga de fios em flexo rotativa,

    desenvolvido no presente trabalho.

    pg. 141

    Figura 114 Bloco sensor de ciclos com mini bornes para reed switch. pg. 141

    Figura 115 Reset rpido do sensor de ruptura de fio. pg. 141

    Figura 116 Elementos em vista frontal da ROTATFLEX 180. pg. 144

    Figura 117 Elementos em vista posterior da ROTATFLEX 180. pg. 145

  • XIX

    Figura 118 Prtico para integrao fsica dos subconjuntos. pg. 146

    Figura 119 Detalhe de suportes fixos para sistema de agitao (a) e sensor de

    temperatura (b).

    pg. 146

    Figura 120 Detalhe de furao e batentes para montagem do chassi de

    alumnio.

    pg. 146

    Figura 121 Ala para manuseio e transporte do equipamento. pg. 146

    Figura 122 Dispositivo de MATHEUS et al, 2007, para um raio mnimo para

    flexo da amostra de 50 mm.

    pg. 147

    Figura 123 Dispositivo ROTATFLEX 180, para um raio mnimo para flexo da

    amostra de 40 mm.

    pg. 147

    Figura 124 Usinagem da haste do agitador do banho de controle da temperatura

    da amostra.

    pg. 148

    Figura 125 (a) Mini mancais do sensor de ruptura do fio aps primeira etapa de

    usinagem, a qual se seguiu furao central e abertura de rosca (b).

    pg. 148

    Figura 126 (a) Primeira montagem do sistema sensor de ruptura (bloco

    eletromecnico conversor de sinal), com micro chave (b).

    pg. 148

    Figura 127 Controle transistorizado de baixa potncia para acionamento do

    motorredutor.

    pg. 149

    Figura 128 Esquema eletroeletrnico do novo comando do motorredutor,

    sensor de ciclos, sensor de ruptura e totalizadores de dados.

    pg. 150

    Figura 129 Circuito do sistema automtico de controle do banho, ligado s

    sadas i1 e i2.

    pg. 151

    Figura 130 Circuito de acionamento manual do sistema de agitao do banho,

    com sinalizao luminosa de funcionamento.

    pg. 151

    Figura 131 Circuito de alta potncia para energizao do sistema de pg. 151

  • XX

    aquecimento termo resistivo de at 2 kW.

    Figura 132 (a) Design com impresso a laser e pintura da placa cobreada de

    fenolite destinada corroso; (b) placa j corroda mostrando a

    soldagem dos terminais de seus componentes eletroeletrnicos.

    pg. 152

    Figura 133 (a) Montagem de componentes eletroeletrnicos na placa do

    comando de rotao da amostra; (b) Placa completa com

    componentes e cabos de energizao, instrumentao e controle.

    pg. 153

    Figura 134 Caixa de comando do sistema de rotao de fios em flexo. pg. 153

    Figura 135 Corpos de prova de fios de ao inoxidvel aps ensaios de fadiga

    em flexo rotativa.

    pg. 154

    Figura 136 Apalpador em acrlico que sofreu ruptura durante os ensaios

    preliminares.

    pg. 155

    Figura 137 Novo apalpador em PVC, componente do sistema sensor de

    ruptura.

    pg. 158

    Figura 138 (a) Suporte do sensor de temperatura do banho, moldado em

    poliestireno; (b) Fixao giratria do suporte do sensor de

    temperatura.

    pg. 162

    Figura 139 Calibrador de arqueamento (a) e limitador de posicionamento (b). pg. 162

  • XXI

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Caractersticas de materiais submetidos transformao

    martenstica (FUNAKUBO, 1987)

    pg. 34

    Tabela 2 Tipos de deformaes associadas temperatura (FUNAKUBO,

    1987).

    pg. 47

    Tabela 3 Parmetros geomtricos utilizados por diversos autores, em

    ensaios de limas endodnticas de NiTi sob flexo rotativa.

    pg. 59

    Tabela 4 Parmetros de ensaios de fadiga por flexo rotativa de NiTi

    utilizado por vrios autores.

    pg. 67

    Tabela 5 Composies qumicas das ligas NiTi analisadas, determinadas

    por fluorescncia de raios X.

    pg. 73

    Tabela 6 Temperaturas de transformao de fases das ligas NiTi em estudo,

    determinadas por DSC.

    pg. 73

    Tabela 7 Parmetros para memorizao dos fios de NiTi. pg. 77

    Tabela 8 Parmetros de ensaio em flexo rotativa das ligas VIM 16 e VIM

    39.

    pg. 83

    Tabela 9 Tipos de amostras e parmetros dos ensaios de trao. pg. 91

    Tabela 10 Sequncia de lixas do procedimento de polimento de amostras

    metalogrficas.

    pg. 94

    Tabela 11 Ciclagem at ruptura em fadiga por flexo rotativa das ligas VIM

    16 e VIM 39.

    pg. 99

    Tabela 12 Vida em fadiga Comparativo entre as ligas VIM 06, VIM 16,

    VIM 39 e VIM 41.

    pg. 100

    Tabela 13 Caractersticas qumicas e trmicas das ligas VIM 06, VIM 16, pg. 100

  • XXII

    VIM 39 e VIM 41.

    Tabela 14 Caractersticas mecnicas da liga VIM 16 aps ciclagem. pg. 118

    Tabela 15 Caractersticas mecnicas da liga VIM 39 aps ciclagem parciais. pg. 118

    Tabela 16 Data sheet da ROTATFLEX 180. pg. 142

    Tabela 17 Avaliao de itens de robustez do equipamento ROTATFLEX. pg. 156

    Tabela 18 Avaliao de itens de operacionalidade da ROTATFLEX 180. pg. 158

    Tabela 19 Avaliao de itens de confiabilidade de medidas. pg. 163

    Tabela 20 Instrumentos para tomada de medidas dos ensaios de fadiga por

    flexo e rotao de fios.

    pg. 165

    Tabela 21 Dados do ensaio de qualificao da mquina de fadiga

    ROTATFLEX 180.

    pg. 167

  • XXIII

    LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    DSC Differential Scanning Calorimetry (Calorimetria Diferencial de

    Varredura)

    EDS Energy Dispersive Spectroscopy (Espectrometria de Raios X por

    Disperso de Energia)

    EMF Efeito Memria de Forma

    LAMEV Laboratrio de Microscopia Eletrnica de Varredura

    LAT Laboratrio de Anlises Trmicas

    LED Diodo emissor de luz

    LEM Laboratrio de Ensaios Mecnicos

    LPM Laboratrio de Processamento de Materiais

    MEV Microscopia Eletrnica por Varredura

    MO Microscopia ptica

    NiTi Nquel Titnio

    PVC Policloreto de vinila

    SMA Shape Memory Alloy (liga com efeito memria de forma)

    VIM Vacuum Induction Melting (fuso a vcuo por induo)

  • XXIV

    LISTA DE SMBOLOS

    A Fase austenita

    Af Temperatura final da transformao austentica

    Ai Temperatura inicial da transformao austentica

    Ap Temperatura de pico da transformao austentica

    AM Transformao de fases, de austenita para martensita

    B2 Fase da liga nquel-titnio

    B19 Fase da liga nquel-titnio

    CCC Cbico de corpo centrado

    d Dimetro do fio

    D1 Dimetro a 1 mm da extremidade

    D3 Dimetro a 3 mm da extremidade

    D4 Dimetro a 4 mm da extremidade

    D14 Dimetro a 14 mm da extremidade

    D16 Dimetro a 16 mm da extremidade

    E Mdulo de elasticidade

    J Momento de inrcia

    LR Limite de resistncia

    M Fase martensita

    Mf Temperatura final da transformao martenstica

    Mi Temperatura inicial da transformao martenstica

    Mp Temperatura de pico da transformao martenstica

    MT Momento torsor

    MoS2 Bissulfeto de molibdnio

  • XXV

    MP Transformao reversa martensita para austenita

    Nf Vida em fadiga

    r raio do fio

    R Raio de curvatura do fio

    RE Recuperao elstica

    R100 Posio a 100% do raio (borda)

    R75 Posio a 75% do raio

    R50 Posio a 50% do raio

    R25 Posio a 10% do raio

    R0 Posio a 0% do raio (centro)

    R-X Raios X

    ST Seo transversal

    T Temperatura

    Td Temperatura da deformao

    XNi Frao de nquel

    XC Frao de carbono

    XO Frao de oxignio

    Fe-C Liga ferro carbono

    MOS2 Bissulfeto de molibdnio

    TiO xido de titnio

    TiO2 Dixido de titnio

    HF cido fluordrico

    HNO3 cido ntrico

    H2O gua destilada

    Ni-Ti Liga nquel-titnio

  • XXVI

    Ti4Ni2Ox xido de nquel titnio

    TiC Carboneto de titnio

    Deformao

    a Amplitude da deformao

    a,100 Amplitude da deformao a 100% do raio

    a,75 Amplitude da deformao a 75% do raio

    a,50 Amplitude da deformao a 50% do raio

    a,25 Amplitude da deformao a 25% do raio

    a,0 Amplitude da deformao a 0% do raio

    a-Nf Vida em fadiga por deformao cclica

    A Deformao elstica da austenita

    M Deformao elstica da martensita

    G Energia livre de Gibbs

    Tenso

    N Desvio padro da vida em fadiga

    3% Tenso com 3% de deformao

    6% Tenso com 6% de deformao

    Grfico tenso-deformao

    Raio em um ponto qualquer da seo transversal do fio

    %p Porcentual em peso

    # Granulometria dada pela abertura da peneira (tamanho da partcula)

  • XXVII

    SUMRIO

    Contedo

    1. INTRODUO .................................................................................................................. 31

    1.2. Objetivos especficos .............................................................................................. 33

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................................... 34

    2.1. Transformao martenstica termoelstica ......................................................... 35

    2.2. Efeito memria de forma EMF .......................................................................... 37

    2.3. Transformao pseudoelstica.............................................................................. 39

    2.4. Efeito memria de forma nas ligas NiTi .............................................................. 41

    2.5. Propriedades mecnicas das ligas NiTi ................................................................ 42

    2.6. Efeito de impurezas sobre as transformaes de fase nas ligas NiTi ................ 47

    2.6.1. Efeitos do elemento qumico carbono ......................................................... 47

    2.6.1.1. Tipos de ligas NiTi ........................................................................................ 48

    2.6.1.2. Efeito do teor de carbono sobre a temperatura de incio da

    transformao martenstica Ms da liga NiTi ......................................... 48

    2.6.1.3. Efeito do teor de carbono sobre as propriedades mecnicas sob

    tenso da liga NiTi ........................................................................................ 50

    2.6.2. Efeitos do elemento qumico oxignio sobre as ligas Ni-Ti ....................... 51

    2.7. Aplicaes das ligas NiTi com efeito memria de forma .................................... 51

    2.8. Ligas NiTi submetidas a ensaios de fadiga por flexo rotativa ......................... 52

  • XXVIII

    2.8.1. Flexo rotativa em limas endodnticas de NiTi ......................................... 53

    2.8.2. Flexo rotativa em fios de NiTi .................................................................... 60

    2.8.3. Esforos atuantes sobre os fios em flexo rotativa ..................................... 64

    2.8.4. Parmetros de ensaios de fadiga em flexo rotativa de fios NiTi ............. 66

    2.9. Influncia da condio de superfcie sobre a vida em fadiga de ligas

    NiTi estudadas por MATHEUS, 2007. ................................................................. 68

    3. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL .......................................................................... 72

    3.1. Material: caractersticas fsico-qumicas e dimenso das amostras para

    ensaios de fadiga ..................................................................................................... 72

    3.2. Fabricao dos fios ................................................................................................. 74

    3.3. Memorizao retilnea dos fios ............................................................................. 76

    3.4. Planejamento dos ensaios ...................................................................................... 79

    3.4.1. ETAPA I Ensaio de fadiga por flexo rotativa ....................................... 81

    3.4.2. ETAPA II Ensaios para caracterizao mecnica e metalrgica

    dos materiais. ................................................................................................ 89

    3.4.3. Ensaio de trao ............................................................................................ 89

    3.4.4. Microscopia ptica (MO) ............................................................................. 92

    3.4.5. Microscopia eletrnica de varredura (MEV) ............................................. 95

    3.4.6. Espectrometria de raios X por disperso de energia (EDS) ..................... 95

    4. RESULTADOS E DISCUSSES ..................................................................................... 97

    4.1. Qualidade da superfcie dos fios ........................................................................... 97

    4.2. Vida em fadiga de ligas NiTi ................................................................................. 98

  • XXIX

    4.3. Presena de precipitados ..................................................................................... 101

    4.4. Ocorrncia de trincas e fraturas em fadiga ....................................................... 106

    4.5. Morfologia da superfcie de fratura ................................................................... 111

    4.6. Propriedades mecnicas das ligas NiTi aps ciclagem em fadiga ................... 115

    5. CONCLUSES ................................................................................................................ 124

    6. SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................... 125

    7. REFERNCIAS ............................................................................................................... 126

    APNDICE ........................................................................................................................... 137

    PROJETO, MANUFATURA E QUALIFICAO DE EQUIPAMENTO DE

    ENSAIO DE FADIGA DE FIOS ......................................................................................... 137

    A.1. Concepo do equipamento de ensaio de fadiga por flexo rotativa ................... 137

    A.2. Detalhamento de subconjuntos do equipamento ................................................... 145

    A.2.1. Prtico ................................................................................................................. 145

    A.2.2. Chassi, conjunto mecnico e eletro-mecnico ................................................. 147

    A.2.3. Comando eletro-eletrnico do sistema de rotao da amostra .......................... 149

    A.3. Materiais e procedimentos dos ensaios de qualificao operacional e

    metrolgica ........................................................................................................... 154

    A.4. Resultados da qualificao do equipamento de ensaio de fadiga ......................... 155

    A.5. Robustez industrial do equipamento ...................................................................... 156

    A.6. Operacionalidade ...................................................................................................... 158

    A.7. Confiabilidade metrolgica de parmetros de ensaio ........................................... 162

    A.8. Concluses acerca da qualificao do equipamento .............................................. 165

  • XXX

    ANEXO 1 PR TESTES DO EQUIPAMENTO DE FLEXO ROTATIVA ............. 168

    ANEXO 2 ENSAIOS DE FADIGA POR FLEXO ROTATIVA TABELAS

    DE CONSOLIDAO DE DADOS ................................................................................... 173

    ANEXO 3 GRFICOS TENSO-DEFORMAO DOS ENSAIOS DE

    TRAO ............................................................................................................................... 181

    ANEXO 4 MDULO DE ELASTICIDADE (E) DAS LIGAS NiTi VIM 16 E

    VIM 39 ................................................................................................................................... 189

  • 31

    1. INTRODUO

    O desenvolvimento e aplicao das ligas NiTi tem forte relao com suas propriedades

    mecnicas de efeito memria de forma (EMF) e pseudoelasticidade; tais propriedades, quando

    combinadas com a resistncia mecnica e corroso, possibilitam a aplicao das ligas NiTi

    na obteno de peas e ferramentas que se submetem a elevados esforos de fadiga,

    principalmente em condies de flexo e rotao. Ressalta-se aqui seu uso como matria

    prima de limas endodnticas (GAMBARINI et al, 2008). Inmeras outras aplicaes se

    encontram na rea biomdica como tubos para cateterismo, ortodntica como arcos

    ortodnticos, e tambm na rea industrial como elementos de vlvulas para controle de fluxo

    de fluidos (HUMBEECK, 1997).

    O que leva ligas NiTi a apresentarem o efeito memria de forma a transformao

    martenstica que ela pode sofrer em carter reversvel, cuja fora motriz pode ser de origem

    trmica ou mecnica. A utilizao de fios de NiTi em flexo promove a gerao de martensita

    induzida por deformao (OLSON & COHEN, 1975), resultando em um substancial

    comportamento elstico, superior a 6%, dessas ligas com EMF. Essa elasticidade suplementar

    constitui-se de fato em recuperao de forma pela gerao de martensita reversvel, e por esse

    motivo a elasticidade do material habitualmente denominada pseudoelasticidade.

    Para tal estudo de fundamental importncia a submisso dos materiais estudados a

    ensaios de fadiga por flexo rotativa; tais ensaios tm se apresentado como teste mecnico

    padro nas condies descritas por WAGNER et al, 2004, PATEL, 2005, FIGUEIREDO,

    2006, FIGUEIREDO et al, 2006, BRITTO, 2009, MATHEUS, et al, 2007, MATHEUS et al,

    2008. tamanha sua importncia, que esse tipo de ensaio recebeu um especial

    desenvolvimento no presente trabalho, com o projeto e fabricao de um equipamento

  • 32

    especfico para ensaio de fadiga em fios dessas ligas, com robustez industrial e confiabilidade

    metrolgica.

    Considerando a produo mundial de fios de NiTi restrita alguns poucos plos, o

    presente trabalho tambm avalia o comportamento em fadiga por flexo rotativa de fios de

    NiTi produzidos em carter de pesquisa no Brasil. OTUBO et al (1997 e 2000), desenvolveu

    ligas NiTi pelos processos Vacuum Induction Melting (VIM) e Electron Beam Melting

    (EBM), com diferentes teores de nquel e titnio, contendo outros elementos qumicos

    (carbono e oxignio), que mesmo na condio de impurezas, podem modificar

    significativamente as propriedades mecnicas deste material. O estudo da influncia destas

    impurezas sobre as propriedades mecnicas do material o que motivou esta pesquisa.

    A preparao dos fios, que so a matria prima dos ensaios deste trabalho, foi feita

    pelo ItaSmart Group (Grupo de Materiais com Memria de Forma do ITA) que a partir de

    lingotes obtidos pelo processo VIM, efetuou seu processamento mecnico por laminao,

    forjamento rotativo e trefilao (KABAYAMA et al, 2010). So dois importantes aspectos

    conferidos ao material, que inferidos por esses processos de fabricao, podem gerar

    considerveis variaes da vida em fadiga dos fios de NiTi: (i) o teor de impurezas e (ii) as

    condies de acabamento superficial. Nessa linha, o presente trabalho atende a sugestes

    enunciadas em trabalhos anteriores desenvolvidos por MATHEUS (MATHEUS, 2008), que

    recomenda o melhoramento da qualidade de superfcie dos fios de NiTi destinados a ensaios

    de fadiga, por meio de tcnicas mais adequadas do processamento termomecnico. Objetiva-

    se com isto minimizar o efeito da qualidade superficial do fio e evidenciar a influncia de

    impurezas sobre a vida em fadiga por flexo rotativa nas ligas NiTi.

  • 33

    1.1. Objetivo geral

    Avaliar a influncia dos teores de carbono e oxignio sobre a vida em fadiga de fios de

    ligas NiTi submetidos flexo rotativa.

    1.2. Objetivos especficos

    O atendimento ao objetivo geral requer o atendimento a certas necessidades

    tecnolgicas, e realizao de anlises mecnicas e metalrgicas, como segue:

    (i) Projetar e construir equipamento que atenda condies dimensionais e de

    potncia para submisso de fios de liga NiTi a esforos de fadiga por flexo

    rotativa.

    (ii) Efetuar a caracterizao metalogrfica dos materiais.

    (iii) Efetuar as caracterizaes macrogeomtricas e microgeomtricas dos fios de

    NiTi.

    (iv) Determinar a vida em fadiga por flexo rotativa, por meio do nmero de

    ciclos suportados pelo material.

    (v) Determinar o comportamento mecnico do material em processo de fadiga

    por flexo rotativa, por meio da histerese tenso-deformao do material em

    ciclagem parcial.

    (vi) Identificar os fatores que influenciam o mecanismo de fratura de fios em

    fadiga por flexo rotativa.

  • 34

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    A transformao martenstica sofrida por uma liga metlica uma mudana de fase de

    seu sistema cristalino, com invarincia de rede; esse tipo de transformao pode ocorrer, de

    acordo com a liga metlica, de maneira no termoelstica, ou de forma termoelstica. Estas

    duas possibilidades de transformao de fases so denominadas de transformao martenstica

    no termoelstica e transformao martenstica termoelstica respectivamente, onde a ltima

    possui caracterstica de reversibilidade cristalogrfica (OTUBO, 1996).

    A martensita formada termoelasticamente possui interface austenita-martensita mvel,

    permitindo a reverso das fases (MA) no aquecimento, pelo movimento da interface no

    sentido inverso ao da transformao martenstica (AM).

    As ligas que apresentam transformao martenstica termoelstica possuem pequena

    histerese trmica quando comparadas s no termoelsticas, assim como tambm pequena

    variao estrutural e volumtrica, com dados comparativos na Tabela 1. O fenmeno efeito

    memria de forma EMF ocorre em materiais que apresentam transformao martenstica

    termoelstica.

    Tabela 1: Caractersticas de materiais submetidos transformao martenstica

    (FUNAKUBO, 1987)

    Liga Composio Mi Fases Variao

    volumtrica (%)

    Fe C 0,2 a 2,0% C 100 a 530C* CFCTCC + 4,0

    Ni Ti 49 a 51% Ni -50 a 100C B2B19 - 0,34

    *Para ao carbono com C < 1,5%p (NISHIYAMA, 1978)

    O efeito memria de forma EMF a capacidade de certos materiais voltarem sua

    geometria original, aps serem deformados plasticamente no estado martenstico, quando

  • 35

    aquecidos a temperaturas superiores a Ai, que sua temperatura final de austenitizao

    (OTUBO, 1996).

    2.1. Transformao martenstica termoelstica

    A anlise da energia de transformao de fase pode ser feita considerando a nucleao

    da fase martenstica na forma lenticular onde a dimenso espessura desprezvel quando

    comparada ao raio do ncleo de martensita (MEYERS & HSU, 1982).

    A energia livre (G) necessria nucleao da martensita, ou seja, sua fora motriz

    pode ser descrita pela equao 1 (FUNAKUBO, 1987), com os mesmos fundamentos

    abordados por OLSON & COHEN (1981):

    G=Energia Qumica + Energia Interface + Energia Deformao (Elstica+Plstica). (1)

    Ocorre que a energia de interface e a energia de deformao plstica, relativas

    nucleao da martensita, so muito menores que a energia qumica e a energia de deformao

    elstica, podendo ser desprezadas para se obter a equao 2 (FUNAKUBO, 1987):

    G=Energia Qumica + Energia de Deformao Elstica , (2)

    que pode ser escrita da forma:

    . . . . . . . . . . . . . , (3)

    onde

    gc = variao da energia livre qumica por unidade de volume;

    A.(t/r) = energia da deformao elstica por unidade de volume;

    r = raio do ncleo de martensita;

    t = espessura do ncleo de martensita.

  • 36

    Isso ocorre porque a variao de volume insignificante, e existe elevada coerncia

    entre a fase me e a fase martensita, tornando a deformao plstica perfeitamente

    negligencivel.

    Os termos da equao correspondem varivel qumica e de deformao elstica,

    ressaltando-se que a energia qumica sofre ativao trmica. Para temperaturas abaixo de Mi,

    o fator qumico diminui, enquanto o fator deformao elstica aumenta. O equilbrio entre os

    efeitos trmico e elstico resulta na denominao termoelstico. De acordo com a

    equao 3, o equilbrio poder ser afetado por aquecimento, resfriamento (Energia Qumica)

    ou aplicao de fora externa (Energia de Deformao Elstica) gerando induo por tenso.

    As mudanas de forma acompanham a formao de martensita, efeito esse provocado

    pela deformao por cisalhamento ao longo do plano de hbito. Uma vez havendo

    componentes perpendiculares ao plano de hbito, pode-se dizer que ocorre deformao por

    pseudocisalhamento.

    Caso ocorra deformao ou rotao no plano de hbito, mas no ao longo de todo o

    processo de transformao martenstica, essa deformao denominada deformao plana

    invariante. Em termos macroscpicos, deformaes planas invariantes so uniformes porque

    planos e linhas da fase me (P) so preservados na fase martenstica (M).

    As transformaes martensticas termoelsticas que ocorrem em ligas com efeito

    memria de forma so deformaes de cisalhamento puro, e que envolvem pequenas

    variaes de volume.

    Uma vez que no ocorre deformao plstica ao redor da fase me, observa-se um

    comportamento termoelstico do material. Ligas ferrosas e aos apresentam variaes de

    volume da ordem de 4% nos processos de transformao martenstica, e essas ligas so

  • 37

    acompanhadas por deformao plstica da fase me; essa transformao , portanto,

    notadamente no termoelstica.

    Toda transformao martenstica leva a uma modificao geomtrica do material,

    mesmo que se trate de uma nica ripa de martensita em um monocristal. Tambm, ainda que

    se tenha um nico cristal de fase me, a gerao de martensita poder ocorrer em diversos

    planos de hbito, e essas estruturas martensticas so denominadas variantes. Podem ser

    geradas 24 variantes de martensita associadas ao reticulado da fase me.

    Como as variantes de martensita so geradas lado a lado, acabam reduzindo a

    deformao que acompanha a transformao martenstica, e a isso se denomina auto

    acomodao.

    Uma estrutura martenstica quando submetida aplicao de uma fora externa, sofre

    deformao a qual acompanhada pelo crescimento de uma variante com determinada

    orientao, a partir de um conjunto inicial de 24 variantes que coalescem. Porm, o

    aquecimento do material acima da temperatura Af resultar numa transformao reversa, que

    induzir o material a reverter forma original da fase me.

    2.2. Efeito memria de forma EMF

    Transformaes martensticas notadamente geram deformaes de ordem

    macroscpica, as quais so originadas por pseudocisalhamento. Dessa forma, a deformao

    gerada pela transformao martenstica de natureza similar s deformaes por

    escorregamento de planos atmicos (discordncias) ou maclao. Isso ocorre nos metais em

    geral, quando submetidos a esforos de tenso. Porm, existem alguns materiais que so

    capazes de sofrer transformaes martensticas reversveis sem deformao por

  • 38

    escorregamento ou maclao, e consequentemente apresentam comportamento diverso dos

    metais e ligas comuns.

    Ligas metlicas capazes de sofrerem transformao martenstica apresentam valores

    caractersticos de temperaturas para obteno das fases P e M, que so Mi, Mf, Ai, Af. A fase

    me tradicionalmente representada pela letra A, de austenita, e a fase de alta temperatura.

    A fase martenstica representada pela letra M, de martensita, e a fase de baixa temperatura.

    Os ndices i e f referem-se ao incio e fim da transformao. Em uma escala qualitativa de

    temperaturas pode-se representar tais temperaturas como na Figura 1. A temperatura mxima

    que se pode induzir martensita por tenso indicada por Md.

    Por se tratarem de transformaes adifusionais, a cintica do processo no altera os

    valores de temperatura de transformao, mas apenas o volume de martensita nucleada.

    Abaixo da temperatura Af, mesmo deformada plasticamente mediante aplicao de

    tenso, uma amostra da liga com EMF poder recuperar sua forma, eliminando a deformao

    pelo aquecimento acima de Af (FUNAKUBO, 1987).

    Figura 1: Transformaes de fases em ligas NiTi com Efeito Memria de Forma

    (adaptado de NEMAT-NASSER e GUO, 2006).

    Mf Mi AfAi

    Mf

    Mi

    Ai

    Af

  • 39

    O histrico de observao desse fenmeno data da dcada de 1950, inicialmente com

    as ligas Au-Cd e In-Tl. Na dcada de 1960 tal comportamento foi encontrado na liga NiTi, e

    posteriormente, na dcada de 1970 na liga Cu-Al-Ni. A partir de ento, pesquisas tm sido

    conduzidas em ligas que sofrem transformaes martensticas termoelsticas, uma vez que o

    EMF comum a essas ligas metlicas.

    Entende-se que so necessrias duas condies bsicas para que ocorra total

    recuperao da forma das ligas EMF, quando aquecidas acima da temperatura Af:

    1) A transformao martenstica deve ser cristalograficamente reversvel;

    2) Deformaes por escorregamento no devem ser envolvidas no processo de

    deformao.

    2.3. Transformao pseudoelstica

    Muitas ligas termoelsticas apresentam o fenmeno da pesudoelasticidade ou

    superelasticidade, que se manifesta pela induo de martensita com aplicao de tenso

    mecnica. A martensita induzida em temperaturas nas quais a austenita normalmente

    estvel, sofre deformao elstica, permitindo que o material como um todo se deforme

    elasticamente mais do que seria esperado pela deformao somente da austenita (Figura 2).

    Figura 2: Deformao recupervel em ciclo de histerese (figura do autor).

    plat

    M

    A

    M

    A

    A = deformao elstica da austenita. M = deformao por induo da martensita por tenso.

  • 40

    Curvas de tenso e deformao obtidas em ensaios de ligas com EMF, em

    temperaturas inferiores a Af, formam anis (loops) fechados (histereses), e esse

    comportamento denominado pseudoelasticidade.

    A histerese resultado de transformao martenstica induzida por tenso e

    transformao reversa.

    O comportamento pseudoelstico do material dividido em duas classes:

    1- Transformao pseudoelstica associada s transformaes martensticas;

    2- Maclao pseudoelstica associada ao movimento reversvel de interfaces de

    maclao.

    Em ligas com EMF, possvel recuperar deformaes geradas em temperaturas

    inferiores a As pelo aquecimento do material a temperaturas acima de Af.

    No caso de efeito pseudoelstico, deformaes geradas acima da temperatura Af

    podem ser revertidas pela eliminao da tenso, e nesse caso, a recuperao da forma

    conduzida pela transformao reversa. Ambos os efeitos esto associados, essencialmente, ao

    mesmo fenmeno, e somente o meio como se induz a transformao reversa diferente. De

    fato, quase todas as ligas que apresentam EMF tambm tm comportamento pseudoelstico.

    A Figura 3 apresenta esquematicamente as regies de temperatura e tenso nas quais o

    EMF e a pseudoelasticidade podem ocorrer, assim como sua relao com as tenses crticas

    nas quais a deformao por escorregamento se inicia.

  • 41

    Figura 3: Regies de temperatura e tenso de ocorrncia de pseudoelasticidade

    (adaptado de OTSUKA & REN, 2005).

    2.4. Efeito memria de forma nas ligas NiTi

    A fase austentica das ligas NiTi, quase equiatmicas, de estrutura CCC (B2) com

    parmetro de rede a0=0,301~0,302 nm (OTSUKA et al, 2005). A estrutura martenstica dessa

    liga apresenta arranjo monoclnico, B19, com parmetros a=0,2889 nm, b=0,412 nm,

    c=0,4622 nm e =96,80 (OTSUKA et al, 2005).

    As transformaes de fase das ligas NiTi apresentam por vezes um comportamento

    complexo, dependendo de sua composio qumica e do processo de aquecimento, o que por

    sua vez influenciam o efeito memria de forma do material. As ligas NiTi apresentam

    recuperao elstica da ordem de 5% ou superior, quando tensionadas em temperaturas

    superiores a Af.

    Uma maneira simples de avaliar o efeito memria de forma de uma liga de NiTi

    utilizar um fio desse material e enrol-lo em um parafuso (seguindo seu fio de rosca), e fixar

    suas extremidades. Aps isso, aquecer o conjunto a 300C por uma hora (processo de

    memorizao de forma), e, em seguida, resfriar ao ar at a temperatura ambiente. Uma vez em

    Tenso crtica para induo de martensita

    Tenso crtica mnima para escoamento

    Mf Mi Af Ai

    EMF

    Temperatura

    Tens

    o

    Tenso crtica mxima para escoamento

    Transformao por pseudoelasticidade

  • 42

    temperatura ambiente, o fio deve ser retirado do parafuso, endireitado e colocado em gua

    aquecida (100C), onde se verifica que o fio recupera a forma original de bobina.

    Caso a deformao do fio em sua memorizao tenha sido acentuada, o efeito

    memria de forma ocorrer tanto no aquecimento quanto no resfriamento. Assim, aps ser

    reaquecido a 100C e retornar forma de bobina, ao ser resfriado o fio sofrer uma razovel

    retificao.

    Pode-se dizer que a transformao martenstica a partir de fases de alta temperatura

    produz uma elevada quantidade de variantes, preferencialmente orientadas com a forma do

    fio.

    2.5. Propriedades mecnicas das ligas NiTi

    Como o ensaio tenso-deformao permite a caracterizao de um material segundo as

    principais propriedades mecnicas, ROZNERs (FUNAKUBO, 1987) desenvolveu curvas

    tenso-deformao para amostras de Ti-50%at Ni policristalino, numa faixa de temperaturas

    entre -196C e 700C, concluindo que:

    (1) abaixo de 70C, o campo de escoamento descontnuo, e aps deformaes de

    Lders, de 4 a 7%, as amostras so encruadas at taxas elevadas;

    (2) entre 100C e 400C o escoamento torna-se contnuo e a taxa de encruamento

    diminui;

    (3) acima de 400C praticamente no ocorre encruamento e o alongamento

    extremamente elevado e homogneo;

    (4) a tenso de escoamento mnima em temperatura ambiente e aumenta at 100C;

  • 43

    (5) mesmo a -196C, so possveis alongamentos prximos de 40%.

    As peculiaridades das propriedades mecnicas das ligas NiTi so devidas s

    transformaes martensticas termoelsticas que ocorrem em temperaturas prximas

    temperatura ambiente.

    Ao contrrio dos aos carbono, a fase martenstica de baixa temperatura das ligas NiTi

    possui menor dureza que a fase de alta temperatura.

    MIYAZAKI et al, 1982 e SABURI et al, 1982, realizaram experimentos com

    diferentes amostras de nquel-titnio (Ti-50%at Ni, Ti-50,5%at Ni e Ti-51%at Ni) a fim de

    relacionar os efeitos do envelhecimento, do teor de nquel, e do tratamento trmico de

    recozimento sobre as propriedades da liga sob trao.

    As amostras foram aquecidas a 800C e depois resfriadas em gua. Aps esse

    tratamento, as amostras foram submetidas a ensaios de trao em vrias temperaturas.

    Basicamente, as amostras foram deformadas em 5% e depois descarregadas; em seguida,

    foram aquecidas lentamente at temperaturas superiores a Af, com medio da recuperao da

    deformao residual.

    Para a liga Ti-50%at Ni o mnimo valor do limite de escoamento ocorre por volta de

    66C (Figura 4).

  • temp

    apres

    da de

    pseu

    -44C

    -49C

    ligas

    Figura 4:

    Acima d

    peratura, ma

    A recupe

    sentando um

    eformao p

    doelasticida

    A pseud

    C a -21C,

    C.

    A Figura

    NiTi com c

    Tens

    o,

    (MPa

    )

    Curvas tens

    de 66C o

    as abaixo de

    erao da f

    ma deforma

    plstica res

    ade, e um co

    doelasticidad

    e tambm

    a 5 apresen

    composio

    20C

    95C

    so-deforma

    (adaptad

    o limite d

    e 66C ele r

    forma induz

    o plstica

    sidual. Essa

    omportamen

    de observ

    recuperao

    nta uma rela

    o qumica en

    57C

    105

    ao pra a l

    do de FUNA

    e escoame

    reduz suavem

    zida por aq

    a parcial rem

    liga no ap

    nto similar

    vada na lig

    o de forma

    ao entre

    ntre 50 e 51

    C 6

    C

    Deformao

    iga Ti-50%

    AKUBO, 19

    ento LE

    mente.

    quecimento

    manescente.

    presenta ne

    apresenta

    a Ti-51%at

    (com aque

    a temperatu

    1%at Ni (co

    66C

    115C

    o, (%)

    at Ni sob v

    987).

    aumenta

    no com

    . A 125C n

    enhuma faix

    ado pela liga

    t Ni na faix

    ecimento po

    ura e a ten

    om Ti reman

    73C

    125C

    rias tempe

    rapidamen

    mpleta acim

    no ocorre r

    xa de tempe

    a Ti-50,5%a

    xa de temp

    osterior) ent

    so de esco

    nescente), e

    84

    Mf : 69C Mi : 37C Ai: 80C Af: 110C

    44

    raturas

    nte com a

    ma de 84C,

    recuperao

    eratura com

    at Ni.

    peraturas de

    tre -74C e

    oamento de

    a Figura 6,

    C

    4

    a

    ,

    o

    m

    e

    e

    e

    ,

  • 45

    apresenta tipos de curvas tenso-deformao caractersticas de ligas NiTi com efeito memria

    de forma.

    Figura 5: Relao entre limite de escoamento e temperatura para uma liga Ti-50,3%at Ni,

    monocristalina, solubilizada a 1273K (1.000C) por 1 hora, seguida de envelhecimento a

    673K (400C) por 1 hora (adaptado de MIYAZAKI et al in OTSUKA & REN, 2005).

    Deformao (%)

    Tens

    o (M

    Pa)

  • 46

    Figura 6: Tipos caractersticos de curvas tenso- deformao de ligas NiTi

    (adaptado de FUNAKUBO, 1987).

    Os tipos de deformao que as ligas nquel-titnio podem sofrer so detalhados na

    Tabela 2, que incluem as deformaes elsticas, pseudoelstica e plstica das fases presentes.

    A deformao e posterior recuperao de forma dependem das fases presentes no incio (sem

    aplicao de carga), e da induo de nova fase, no caso a martensita medida que o material

    tensionado. Com a retirada da tenso aplicada sobre o material (descarregamento), a

    recuperao de forma ser composta pela recuperao elstica das fases presentes e do efeito

    memria de forma.

    Tipo I Tipo II

    Tipo III Tipo IV

    Tipo V

    Deformao

    Tens

    o

  • 47

    Tabela 2: Tipos de deformaes associadas temperatura (FUNAKUBO, 1987).

    Tipo I Td

  • 48

    forma soluo slida com as fases NiTi, e tambm gera precipitados TiC. Tais constituies

    alteram os valores de Mi da liga NiTi, assim como suas propriedades mecnicas, em especial

    a resistncia mecnica sob tenses repetitivas (fadiga).

    2.6.1.1. Tipos de ligas NiTi

    As ligas NiTi sem adio de elementos, exceto na condio de impurezas, podem ser

    classificadas em trs grupos:

    (1) Ligas NiTi com baixssima contaminao por carbono (OTUBO, 2004);

    (2) Ligas Ni-Ti-C com adies de grafite, onde o carbono aparece como

    elemento de liga (FUNAKUBO, 1987);

    (3) Ligas NiTi contaminadas por carbono devido ao uso de cadinhos de

    grafite (OTUBO, 2006).

    2.6.1.2. Efeito do teor de carbono sobre a temperatura de incio da transformao

    martenstica Mi da liga NiTi

    A avaliao dos efeitos do teor de carbono sobre as temperaturas de transformao da

    liga NiTi, requer a determinao da relao entre Mi e teor de Ni em uma liga NiTi de alta

    pureza.

    Experimentos conduzidos por FUNAKUBO, 1987, com amostras de ligas NiTi

    revelaram que a temperatura Mi permanece inalterada, indiferente temperatura

    austenitizao, para ligas com teor de Ni (XNi) menor ou igual a 49,81%at Ni. Por outro lado,

    ligas com maior teor de nquel (50,35 e 50,74%at Ni) apresentam abaixamento das

    temperaturas de transformao com elevao da temperatura de austenitizao. Esse

    fenmeno se estabiliza em temperaturas de austenitizao superiores a 650C.

  • 49

    Ligas NiTi com maior concentrao de nquel (50,35 e 50,75%at Ni segundo

    FUNAKUBO, 1987), quando recozidas entre 400 e 500 C, e seguidas de tmpera,

    apresentam dois picos nas curvas de temperatura medidas pelo ensaio por DSC; ocorre,

    portanto, uma transformao de dois estgios.

    Os testes constataram que a temperatura Mi das ligas NiTi apresenta tendncia de

    queda para maiores concentraes de carbono presente no material. Os fatores que geram esse

    comportamento so:

    (1) Presena do elemento qumico carbono como contaminante, em soluo slida na

    matriz da liga NiTi;

    (2) Parte do elemento qumico carbono forma precipitado TiC, sequestrando Ti da

    matriz e a enriquecendo em Ni, o que reduz a temperatura Mi.

    Considerando-se que todo carbono forma carbonetos TiC estequiomtricos, tem-se

    uma correo do teor de nquel pra a fase matriz de NiTi, dada por:

    , /% 100 /% 100 2 /% (4)

    O comportamento da temperatura Mi com a composio qumica apresenta uma queda

    linear com a concentrao corrigida de nquel, considerando que:

    se XC=0,2~0,6%at ento 49,6%at XNi,C 51,2%at.

    Essa relao obtida com uso do mtodo dos mnimos quadrados.

  • 50

    2.6.1.3. Efeito do teor de carbono sobre as propriedades mecnicas sob tenso da

    liga NiTi

    As propriedades mecnicas da matriz austentica e da fase martenstica de uma liga

    NiTi so muito distintas. A tenso de escoamento da austenita de alta temperatura maior que

    a da martensita de baixa temperatura, ao contrrio do que ocorre nos aos.

    Ligas NiTi produzidas por fuso a arco (NiTi com ~0,2%at C) e por induo a vcuo

    (NiTi com ~0,5%at C), recozidas a 700C (por 2 horas), e temperadas em gua, apresentam as

    seguintes caractersticas (FUNAKUBO, 1987):

    (i) Os carbonetos (TiC) tm baixa contribuio sobre a tenso de escoamento;

    (ii) A menor tenso de escoamento temperatura ambiente (19C nesses ensaios)

    ocorre para teores XNi,C (nquel corrigido) entre 50,0 e 50,4%at Ni;

    (iii) A tenso de escoamento se eleva com o aumento do teor de nquel corrigido,

    XNi,C;

    (iv) A tenso mxima (LR) do material temperatura ambiente influenciada pelo

    teor de carbono, sendo os maiores valores de tenso atribudos s amostras

    com teores de 0,2~0,5%at C, 25% maiores que os valores de tenso de

    amostras com extra-baixos teores de carbono (0,03 a 0,04%at C);

    (v) A deformao em fratura (f, deformao mxima) tambm se mostra maior

    para amostras com teores de 0,5%at C.

  • 51

    2.6.2. Efeitos do elemento qumico oxignio sobre as ligas Ni-Ti

    O titnio puro tem grande afinidade pelo oxignio, formando TiO e TiO2, e da mesma

    forma a liga NiTi tem essa afinidade, formando Ti4Ni2OX. O oxignio como impureza da liga

    NiTi tem como principal origem a matria prima do titnio que esponjosa. As quantidades

    tpicas de oxignio na liga NiTi so da ordem de 200 a 500 ppm (DUERIG, 2011).

    As transformaes em ligas Ni-Ti-O com teores de oxignio inferiores a 0,32%at O

    ocorrem em um nico estgio (PM), indiferente temperatura para tmpera. Porm, em

    ligas com concentraes de oxignio superiores a 0,61%at O, a transformao ocorre em dois

    estgios, para temperaturas de tmpera pouco abaixo de 650C.

    Ocorre queda da temperatura Mi com o teor de oxignio, de acordo com a equao 4:

    78 92,63 % (5)

    A contaminao por oxignio provoca degradao de propriedades mecnicas e torna a

    liga NiTi mais frgil.

    2.7. Aplicaes das ligas NiTi com efeito memria de forma

    grande o espectro de aplicaes de ligas NiTi com efeito memria de forma dadas

    suas propriedades mecnicas (LIU et al, 1997) e qumicas. Suas vantagens so relativas

    elevada elasticidade, que pode ser da ordem de vrias unidades de porcentuais (por volta de

    8%), resistncia fadiga e estabilidade qumica em condies de biocompatibilidade.

    As aplicaes da liga NiTi com efeito memria de forma encontram aplicaes em

    engenharia de automao e controle (PREDKI et al, 2008, WU e SCHETKY, 2000),

    amortecimento mecnico (HUMBEECK, 2003), limas endodnticas (GAMBARINI et al,

    2008, ALEXANDROU et al, 2006), fios ortodnticos (BRADLEY et al, 1996), molas

  • (BOU

    2000

    2

    odon

    mate

    da el

    efetu

    resist

    opera

    8).

    F

    parm

    parm

    radic

    resul

    URAUEL e

    0).

    2.8. Ligas N

    A aplica

    ntolgica. O

    eriais que po

    lasticidade,

    uar desbaste

    tncia fad

    aes em qu

    Figura 7: Si

    na raiz m

    Cada tip

    metros sob

    metros o

    culares.

    O adequ

    ltados na mo

    et al, 1997

    NiTi subme

    ao de ligas

    O uso de lim

    odem se aju

    o material

    e de tecido

    diga em fle

    ue a ferram

    inuosidade t

    mesial, e um

    po de dente

    b os quais

    dimetro d

    uado ferram

    odelagem d

    7, BARWA

    tidas a ensa

    s NiTi com

    mas para p

    ustar geom

    da lima de

    numa oper

    exo combin

    menta acion

    tpica da rai

    canal na rai

    e possui an

    ser realiz

    das ferrame

    mental e pr

    de canais rad

    ART, 1996)

    aios de fad

    m superelasti

    reparao d

    metria carac

    eve ser dota

    ao de cor

    nada com r

    nada em rot

    iz de um de

    iz distal (ad

    natomia n

    zado o trat

    entas utiliz

    rocedimento

    diculares (F

    , e impla

    iga por flex

    icidade tem

    de canais ra

    cterstica do

    ado de resis

    rte; soma-se

    rotao, que

    tao para e

    ente primeir

    daptado de w

    nica com va

    tamento en

    adas na ide

    o do tratam

    Figura 9).

    antes biome

    xo rotativ

    m significativ

    adiculares e

    os canais (F

    stncia mec

    e a isso a n

    e lhe confir

    efetuar o pr

    ro molar inf

    www.forp.u

    ariaes co

    dodntico.

    entificao

    mento endod

    ecnicos (G

    va

    va importn

    em Endodo

    Figura 7), p

    nica, que l

    necessidade

    ra durabilid

    eparo do ca

    ferior, com d

    usp.br/restau

    omplexas, q

    Um dos i

    e preparo

    dntico, pe

    52

    GUNTHER,

    ncia na rea

    ontia requer

    orm, alm

    lhe permita

    e de possuir

    dade nessas

    anal (Figura

    dois canais

    uradora/)

    que dita os

    importantes

    dos canais

    ermite bons

    2

    ,

    a

    r

    m

    a

    r

    s

    a

    s

    s

    s

    s

  • 53

    Figura 8: Lima endodntica em

    preparo do canal radicular.

    (www.glaciallakesdental.com)

    Figura 9: Modelagem de canal radicular

    (www.dentsply.com.br).

    O estudo da resistncia fadiga do NiTi, tem sido feito em duas frentes,

    preponderantemente, que so:

    (1) Fadiga em flexo rotativa de limas endodnticas, as quais so a condio geomtrica

    final que o material assume (BAHIA, 2004, BRITTO, 2009, BUONO et al, 2002,

    GAMBARINI, 2008, JAMLEH et al, 2012, LARSEN et al, 2009, STOJANAC et al,

    2012);

    (2) Fadiga em flexo rotativa de fios, que so matria prima de limas endodnticas

    (EGGELER et al, 2004, FIGUEIREDO, 2006, MATHEUS et al, 2007, MYIAZAKI et

    al, 1999, PATEL, 2005, SAWAGUCHI et al, 2003, WAGNER et al, 2004).

    2.8.1. Flexo rotativa em limas endodnticas de NiTi

    O interesse no estudo de limas endodnticas visa melhorar o tratamento endodntico

    nos requisitos de conforto do paciente durante o tratamento, de eficincia e eficcia do

  • proce

    lima

    (a)

    Figu

    Ca

    como

    entre

    possi

    Mass

    infer

    edimento d

    endodntic

    Fig

    ura 11: (a) F

    anal radicul

    Na prep

    o fratura de

    e outros fa

    ibilitam a

    serankit (Fi

    rior a 70% (

    de prepara

    ca dentro do

    gura 10: De

    fratur

    Fragmento d

    lar aps rem

    parao qu

    instrument

    tores, s fa

    retirada de

    gura 12) e o

    RAMOS, 2

    o do canal

    o canal e seu

    senho esque

    rado dentro

    (b)

    do instrume

    moo do fra

    KH

    mico-cirrg

    tos (lima), p

    falhas por f

    e fragmento

    o extrator p

    2009).

    l radicular,

    us conseque

    emtico com

    do canal ra

    ento fraturad

    agmento (R

    HERLAKIA

    gica da ter

    perfuraes

    fadiga do

    os de lima

    por ultrassom

    e da minim

    entes transto

    m seta indic

    adicular (RU

    do no tero

    R-X); (c) Fra

    AN, 2010).

    rapia endod

    ou desvios;

    material da

    as, presos

    m, porm o

    mizao do

    ornos (Figur

    cando segm

    UDDLE, 200

    (c)

    mdio do c

    agmento rem

    dntica pod

    ; esses acide

    as ferramen

    aos canais

    ndice de s

    s riscos de

    ras 10 e 11)

    mento de lim

    01).

    canal distal

    movido (ME

    dem ocorrer

    entes so re

    ntas. Algun

    radiculare

    sucesso norm

    54

    ruptura da

    ).

    ma

    (R-X); (b)

    ELLO &

    r acidentes

    elacionados,

    ns mtodos

    es, como o

    malmente

    4

    a

    s

    ,

    s

    o

  • 55

    Figura 12: Masserankit para retirada de fragmento de lima endodntica

    (www.micro-mega.com/anglais/produits/masseran/).

    A extrao de fragmentos pode exigir a combinao de mais processos, como mostra a

    sequncia na Figura 13.

    Figura 13: Uso das tcnicas de vibrao por ultrassom e Masserankit para

    extrao de fragmento de lima endodntica (www.mecourse.com).

    Os estudos de vida em fadiga, realizados com limas endodnticas, utilizaram, em sua

    grande maioria, dispositivos que reproduziram dimenses similares s encontradas em canais

    radiculares, como BAHIA, 2004 (Figura 14), BRITTO, 2009 (Figura 15), GAMBARINI et al,

    2008 (Figura 16), LARSEN et al, 2009 (Figura 17), STOJANAC et al, 2012 (Figura 18).

  • 56

    Figura 14: Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (BAHIA, 2004).

    Figura 15: Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (BRITTO, 2009).

    Figura 16: Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (GAMBARINI et al, 2008).

  • 57

    Figura 17: Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (LARSEN et al, 2009).

    Figura 18: Dispositivo de ensaio de limas endodnticas (STOJANAC et al, 2012).

    A anlise da vida em fadiga de limas deve considerar fatores diversos (CMARA,

    2008), que se somam s caractersticas da matria prima que so os fios, ou seja,

    caractersticas de geometria (Figura 19), acabamento (Figura 20), perfilamento (Figura 21) e

    esforos adicionais de toro, so acrescentadas aos parmetros originais para fios como:

    dimetro do fio, raio em flexo do fio, velocidade de rotao, e temperatura do sistema. Nesse

    vrtice, PEDULL et al, 2012, identificam diferentes respostas fadiga por flexo rotativa de

    limas obtidas por usinagem e conformao mecnica, onde o conjunto de caractersticas

    conferidas lima pela usinagem favorece o processo de falha. Isso demonstra que um

    conjunto adicional de parmetros ser acrescentado s condies iniciais do material (fio),

    dependendo do processo de fabricao da lima, para resultar em sua capacidade de resistir

    fadiga.

  • influ

    ngu

    parm

    consi

    Figura

    Fig

    Fig

    Estudos

    uenciaram a

    ulo de flex

    metros utili

    iderados os

    19: Macro g

    gura 20: Su

    gura 21: Exe

    sobre fadig

    a falha dess

    o, raio de

    zados em e

    valores de

    C

    C

    geometria d

    ulcos de usin

    (ww

    emplos de p

    ga de lima

    ses instrum

    flexo, co

    ensaios de li

    dimetro m

    Conicidade 2%

    Conicidade 6%

    da lima endo

    nagem na ar

    ww.dentsply

    perfis de lim

    as mecaniza

    mentos, dos

    nicidade e

    imas apre

    mximo da li

    0

    %

    %

    odntica (ad

    resta de cor

    y.com.br)

    mas endodn

    adas consid

    quais se d

    comprimen

    esentada na

    ima, nem se

    0,32 mm de a

    0,96 mm de a

    daptado de Y

    te de uma li

    nticas (YOU

    deraram div

    destacam: v

    nto da lima

    Tabela 3. N

    eu perfil da

    umento no di

    aumento no di

    YOUNG et

    ima endod

    UNG et al, 2

    versos parm

    velocidade

    a. Uma sn

    Nesta tabela

    seo trans

    metro

    imetro

    58

    t al, 2007).

    ntica

    2007).

    metros que

    de rotao,

    ntese desses

    a no foram

    sversal.

    8

    e

    ,

    s

    m

  • 59

    Tabela 3: Parmetros geomtricos utilizados por diversos autores, em ensaios de limas

    endodnticas de NiTi sob flexo rotativa.

    Velocidade de rotao

    (rpm)

    ngulo do arco

    de flexo

    Raio de curvatura em flexo

    (mm)

    Conicidade (Taper)

    Compri-mento da

    lima

    (mm)

    BAHIA1 250 45 5 0,04 e 0,05 20, 25 e 30

    BRITTO2 300 e 600 90 6 a 7 0,04 25

    GAMBARINI3 300 60 5 0,06 20 e 25

    GRANDE4 300 60 2 e 5 0,04, 0,05 e 0,06 10, 15, 20, 25, 30, 35 e

    40

    OUNSI5 (in vitro) 240 80 5 0,05*e 0,09** 25

    OUNSI5 (in vivo) 240 23,6 5 a 7 0,05*e 0,09** 25

    LARSEN6 300 e 500 60 3 0,04 e 0,06 20 e 25

    LOPES7 300 e 600 90 6 0,05*e 0,09** 25

    STOJANAC8 500 27 e 35 13 e 40 0,06 25 1BAHIA, 2004, 2BRITTO, 2009, 3GAMBARINI et al, 2008, 4GRANDE et al, 2006, 5OUNSI et al, 2007, 6LARSEN et al, 2009, 7LOPES et al, 2008, 8STOJANAC et al, 2012. * D1 a D3 ** D4 a D14

    Alguns parmetros como a velocidade de rotao e comprimento da lima so

    condicionados disponibilidade de mquinas rotativas (drills) e instrumentos com valores de

    mercado. A amplitude de valores dos parmetros citados tambm elevada, chegando a ser de

    150% no caso da velocidade de rotao, de 233% para o ngulo do arco de flexo, e a

    surpreendentes 1.900% para o raio de curvatura em flexo. A amplitude de deformao em

    trao das limas fica em torno de 6 a 8% para a maioria dos estudos, mas STOJANAC et al,

    2012, realizaram testes com deformaes da ordem de 0,8%, similarmente aos ensaios de fios

    efetuados neste trabalho.

  • varia

    recom

    prpr

    de m

    2009

    2

    ensai

    come

    Pode-se

    a numa faix

    mendadas p

    O ngulo

    rias caracte

    medidas dos

    9) e PRUET

    Figura 22

    2.8.2. Flex

    O estudo

    ios de fios

    ercial.

    constatar qu

    xa de 240

    por fabrican

    o do arco em

    ersticas de

    ngulos em

    TT et al, 199

    : Mtodo de

    o rotativa

    o do compo

    de NiTi d

    ue a velocid

    a 600 rpm

    tes de limas

    m flexo va

    ngulos de

    m canais rad

    97, so apre

    e determina

    (adaptado d

    a em fios de

    ortamento e

    de produo

    1=

    1

    dade de rot

    m, e, at s

    s, para cond

    aria, para a

    mudana d

    diculares, de

    sentadas na

    ao do ngu

    de PLOTIN

    e NiTi

    em fadiga p

    o comercia

    =43

    ao das lim

    sub faixas

    dies reais

    maioria do

    de direo e

    e acordo co

    as Figuras 2

    ulo do cana

    NO et al, 200

    por flexo

    al e fios de

    mas em ens

    dessa amp

    de servio.

    os estudos, d

    em canais ra

    om Schneid

    2 e 23.

    al radicular p

    09).

    rotativa tem

    e desenvolv

    2

    2

    saios de flex

    plitude de v

    de 45 a 90

    adiculares. A

    er (in PLOT

    por Schneid

    m sido feit

    vimento cie

    2=52

    60

    xo rotativa

    valores so

    0, dadas as

    As tcnicas

    TINO et al,

    der

    o mediante

    entfico no

    0

    a

    o

    s

    s

    ,

    e

    o

  • NITI

    MEM

    INTE

    abord

    no m

    endo

    forne

    mm,

    comp

    ou d

    infor

    Figura 23

    O uso d

    INOL DEV

    MORY-ME

    ERNATION

    dagem da a

    mercado, e q

    odnticos e a

    Estudos

    ecido pela M

    1,2 mm, e

    posio qum

    dispositivo

    rmando que

    3: Mtodo d

    de fios de

    VICES AND

    TALLE (w

    NAL, fabric

    avaliao da

    que tm sid

    acessrios o

    conduzido

    MEMORY

    1,4 mm, co

    mica dos fi

    de teste,

    e foi utiliza

    de determin

    PR

    origem co

    D COMPO

    www.memor

    cado pela F

    a resistncia

    do utilizado

    ortodnticos

    s por SAW

    -METALLE

    om limpeza

    os era de 50

    mas apena

    ada uma fur

    1=60r1=5 m

    1 r1

    nao do ng

    RUETT et al

    mercial co

    ONENTS (w

    ry-metalle.d

    FURUKAW

    a fadiga p

    os como ma

    s.

    WAGUCHI

    E (Weil AM

    superficial

    0,9%at NiT

    as fornece

    radeira com

    mm

    gulo do can

    l, 1997).

    mo o NIT

    www.nitinol

    de), assim c

    WA ELETR

    or flexo ro

    atria prim

    et al, 200

    M Rhein, G

    por decapag

    Ti. Esse est

    um desen

    m rotao de

    2

    nal radicular

    INOL, fa

    l.com) e ta

    como o SEN

    RIC Co, co

    otativa de m

    a para prod

    03, avaliara

    Germany), c

    gem, mas s

    tudo no ap

    nho esquem

    e 300 rpm,

    r2

    r (adaptado

    abricado pe

    ambm forn

    NTALLOY

    onsiste em

    materiais j

    duo de in

    am material

    com dime

    em eletropo

    resenta o eq

    mtico da

    que se aco

    2=60 r2=2 mm

    61

    de

    ela NDC

    necido pela

    Y da GAC

    importante

    disponveis

    nstrumentos

    l comercial

    etros de 1,0

    olimento. A

    quipamento

    montagem,

    oplava pelo

    a

    C

    e

    s

    s

    l

    0

    A

    o

    ,

    o

  • 62

    mandril uma das extremidades do fio. O esquemtico do dispositivo indica que o fio era

    conduzido em uma guia tubular com o raio de curvatura desejado.

    O material comercial fornecido pela NDC foi utilizado em estudos de fadiga por

    flexo rotativa conduzidos por DIAS, 2005. Os fios tinham dimetro de 1,0 mm e composio

    qumica de 51,0%at NiTi, determinada por espectroscopia de raios X (EDS). O dispositivo

    utilizado apresentado em um esquema, dado pela Figura 24.

    Figura 24: Esquema do dispositivo para ensaios de fadiga por flexo rotativa utilizado

    por DIAS, 2005.

    FIGUEIREDO, 2006, desenvolveu estudos com fios de NITINOL fornecidos pela

    NDC, em trs diferentes classes: austentico superelstico, martenstico estvel e bifsico;

    todos tendo como referncia a temperatura ambiente. Os fios de constituio austentica

    superelstica, similares aos utilizados no presente trabalho, com dimetro de 1,0 mm foram

    submetidos fadiga por flexo rotativa, como mostra a Figura 25. As deformaes utilizadas

    nos ensaios foram na faixa de 0,6% a 12,0%, com raios de curvatura entre 83,8 mm e 4,7 mm,

    respectivamente. Os resultados de vida em fadiga foram similares aos obtidos por

    SAWAGUCHI et al, 2003.

  • 63

    Figura 25: Montagem do fio de NiTi em condio de flexo rotativa (FIGUEIREDO, 2006).

    Por sua vez, o estudo de fios de NiTi em fadiga por flexo rotativa, de origem

    cientfica no comercial, visa o melhoramento de atributos mecnicos e metalrgicos do

    material, com possibilidade de modificao das suas tcnicas de fabricao. Diversos estudos

    sobre o comportamento em fadiga de fios no comerciais foram desenvolvidos, em especial

    os trabalhos conduzidos por OTUBO et al, 1997, OTUBO et al, 2000,FRENZEL et al, 2004,

    ZHANG et al, 2005, MEHRABI et al, 2008 e SASHIHARA, 2007.

    No somente a preparao da liga de NiTi, mas tambm seu processamento mecnico

    foi desenvolvido pelo Grupo de Materiais com Memria de Forma do ITA (ItaSmart Group),

    coordenado pelo Prof. Jorge Otubo, em especial a trefilao de fios (KABAYAMA et al,

    2008).

    MATHEUS, 2007, utilizou duas ligas NiTi, denominadas VIM 06 (com 1880 ppm de

    carbono) e VIM 41 (com 520 ppm de carbono), produzidas em forno de induo a vcuo; seu

    objetivo foi avaliar a resposta de ligas NiTi aos esforos de fadiga por flexo rotativa at a

    ruptura, sob diferentes condies de amplitude de deformao e velocidade de rotao. As

    ligas foram escolhidas por apresentarem diferentes concentraes de impurezas, mais

    especificamente carbono e oxignio, e serem fundidas e conformadas mecanicamente pelos

    mesmos processos at o formato final de fios. Os ensaios utilizaram parmetros fixos de

  • 64

    dimetro dos fios, composio qumica dos fios e temperatura ambiente; os parmetros

    variveis utilizados foram velocidade de rotao e raio em flexo dos fios.

    Os resultados mostram, no s que as impurezas tm grande influncia sobre a

    resistncia fadiga da liga NiTi, mas tambm que o processo de conformao mecnica de

    fabricao dos fios pode inferir fatores ainda mais significativos vida em fadiga

    (MATHEUS et al, 2008). Esses fatores so defeitos superficiais de trefilao com

    alinhamento longitudinal, dos tipos risco, dobramento, esfoliao ou trinca.

    Tambm com o objetivo de minimizar fatores que pudessem gerar desvios na anlise

    da vida em fadiga, o uso de um equipamento de elevada repetibilidade e exatido de medidas,

    um importante fator a ser considerado. Diversos trabalhos acerca de flexo rotativa de fios

    de NiTi no apresentam um equipamento propriamente dito, mas apenas um esquema do

    dispositivo.

    2.8.3. Esforos atuantes sobre os fios em flexo rotativa

    A anlise de esforos mecnicos sobre fios, que conduzem o material fadiga, inclui,

    em primeira anlise, flexo e toro. Considerando-se o movimento de rotao com

    velocidade angular constante Movimento Circular Uniforme em cada seo transversal do

    fio em flexo, pode-se considerar a inexistncia de ciclos de fadiga em toro, mesmo com a

    presena de esforo de toro sobre o material. De acordo com a equao de toro (DIETER,

    1976):

    . . (6)

    . . (7)

  • 65

    . ou . (8)

    Onde r o raio mximo do fio, J o momento de inrcia do fio e max a mxima

    tenso cisalhante do material. Se os valores de r, J e max so constantes, ento o momento

    toror do fio MT = constante, ou seja, MT = 0.

    Deve-se considerar que o torque atuante sobre o fio no o pleno torque do motor,

    uma vez que o fio atua como elemento movido, com uma extremidade livre, oposta

    extremidade fixada ao eixo motor de rotao. Assim sendo, o torque mximo a ser atribudo

    toro do fio relativo ao torque de equilbrio com as foras de atrito entre o fio e os mancais,

    e atrito interno da deformao elstica do fio, numa histerese de energia praticamente nula em

    um ciclo completo de trao e compresso de cada seo do fio em revoluo (Figura 26).

    A