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    UMALIO DE... E VANGELISMO 1

    Uma Lio de SpurgeonAcerca do EvangelismoThomas Ascol

    harles Spurgeon tem sidoadequadamente descrito como

    um daqueles pregadores que apa-rece uma vez a cada 100 anos ,em quem todos os poderosos donsque so teis ao ministrio estodepositados.1 Sua vida e obra

    permanecem hoje, mais de 100 anosaps sua morte, encorajando edesafiando ministros do evange-lho que esto diante do terceiromilnio.

    Qualquer estudo do minis-trio de Spurgeon revela imedia-tamente um homem obsediado peloevangelismo. Desde o momentode sua converso at o dia de suamorte, Spurgeon manteve uma

    intensa preocupao pelas almas.Era fantico quanto ao assunto em todas as formas corretas. Como

    pastor, levou muito a srio o con-selho apostlico para fazer otrabalho de um evangelista . Ediligentemente procurou desper-tar uma preocupao evangelsticanos membros de sua igreja e emseus colegas pregadores.

    Este fato confunde algunsestudiosos da vida de Spurgeon,

    pois, junto com esse fervor evan-gelstico (e, poderamos dizer, adespeito das afirmaes contem-

    porneas em contrrio), ele jamaisse afastou do profundo compro-

    misso com as doutrinas da Graa.Entendeu com clareza, creu pes-soalmente e proclamou com podero que, em linguagem popular, chamado de calvinismo . Ele ofez no por qualquer tipo dedevoo a um homem ou a umsistema filosfico, mas por estarconvencido de que todas as verda-des que historicamente sempreestiveram debaixo dessa bandeirano eram outra coisa seno ocristianismo bblico.2 Foi estacompreenso que o capacitou a

    pregar a Cristo de forma to simplese persuasiva.

    Alguns que discordam dateologia de Spurgeon, mas apre-ciam seu evangelismo, tm difi-culdade em conciliar as crenas e a

    prtica dele. Tais pessoas nor-malmente evocam mais ou menoso seguinte: Sim, Spurgeon era

    um calvinista; todavia, apesar

    disso, era evangelstico . Talanlise, entretanto, no correta.Seria melhor dizer: claro queSpurgeon era um calvinista e,

    portanto, era evangelstico . Suadevoo brotou de sua doutrina, esua crena orientou a sua prtica.

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    neste ponto, talvez maisdo que em qualquer outro, que oPrncipe dos Pregadores temmuito a ensinar aos pastores dehoje. Nos ltimos 25 anos, muitosdesses tm se voltado teologiade Spurgeon. Essa renovaoteolgica est crescendo. Mas o queno temos visto um crescimento

    proporcional ao tipo de evan-gelismo praticado por Spurgeon.Isso deveria alarmar a todos que

    desejam ver uma renovao ge-nuna e bblica varrendo nossasigrejas.

    H uma gerao de pas-tores que cresceram com o evan-gelismo modelado de acordo coma arte de vendas. Alguns dosmanuais de evangelismo modernosdiferem muito pouco do livroThe

    Art of the Deal (A Arte do Ne-gcio), escrito por Donald Trump(um milionrio de nossos dias).Esse tipo de evangelismo temcausado grande estrago s igrejas,enchendo-as de pessoas no-convertidas e, em ltima anlise,confundindo os crentes acerca daverdadeira natureza do cristia-nismo. Tal evangelismo mortal e

    precisa ser rejeitado. Mas, comoJesus alertou, quando um esprito

    imundo sai de um homem, se talesprito no for substitudo, logovoltar e trar consigo outros seteespritos piores que ele,... e o

    ltimo estado daquele homemtorna-se pior do que o primeiro(Mt 12.45). O evangelismo falso

    precisa ser substitudo pelo verda-

    deiro. Spurgeon pode nos mostraro caminho, especialmente emtermos de atitudes interiores edesejos.

    Spurgeon era um calvi-nista com C maisculo e umbatista com B maisculo, masseu CRISTIANISMOera escritototalmente em letras maisculas.Em uma palestra aos alunos de

    uma faculdade de pastores, elereconheceu a convenincia de setentar transformar um pedobatistaem um batista e ajudar os armi-nianos a enxergarem que a salvao totalmente pela graa. Mas , ele

    disse, nosso grande objetivo no a reverso de opinies, e sim aregenerao das naturezas. De-vemos trazer homens a Cristo eno aos nossos pontos de vista

    particulares a respeito do cris-tianismo... Fazer proslitos algo

    Ele o fez no porqualquer tipo dedevoo a umhomem ou a um

    sistema filosfico,mas por estar

    convencido de quetodas as verdades

    que historicamentesempre estiveram

    debaixo dessabandeira no eramoutra coisa seno o

    cristianismo bblico.

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    implorasse aos homens e como melhor dos Livros em suasmos. Oh! Como eu gostaria,

    por um s momento, ser essetipo de pregador; que pudessearrazoar com os homens, assimcomo Joo Bunyan descreve.Todos somos embaixadores deCristo e, nesta qualidade, de-vemos suplicar aos homens,como se Deus lhes falasse pornosso intermdio. Como eugosto de ver um pregador quechega s lgrimas! Como gostode ver um homem que capazde chorar por causa dos peca-dores, um homem cuja almaanela pelos mpios, como se ele

    pudesse, de alguma forma,traz-los ao Senhor Jesus

    Cristo! No consigo compre-ender um homem que sobe ao plpito e apresenta um discursofrio e indiferente, como se notivesse interesse pela alma deseus ouvintes. Creio que overdadeiro ministro do evan-gelho aquele que tem um real

    anseio pelas almas, demons-trado em uma atitude se-melhante de Raquel, quandoclamou: D-me filhos, senomorrerei . Esse ministrotambm clamar a Deus, paraque veja os eleitos do Senhornascerem e serem trazidos para

    Deus. E, conforme penso, todoo verdadeiro crente deve serextremamente zeloso na oraoem favor das almas dos mpios;e quando fazem isto, Deus osabenoa abundantemente e aigreja prospera! Porm, ama-

    que cabe aos fariseus; regenerarhomens para Deus uma metahonrada dos ministros de Cristo .3

    praticamente impossvelencontrar um sermo impresso deSpurgeon que no contenha algumtipo de apelo ao no-convertido.Eles esto cheios de alegaes,argumentos, alertas e instruesaos pecadores, chamando-os econvidando-os a virem a Cristo. A

    prpria atitude de Spurgeon refletida no retrato de Joo Bunyande um verdadeiro ministro doevangelho, emO Peregrino . Emseu primeiro sermo, na igreja deNew Park Street, ele utilizou essacena para descrever como o mi-nistro do evangelho deve consideraras almas de homens e mulheres:

    Joo Bunyan fornece-nos umretrato de um homem a quem

    Deus tencionou tornar um guia para os cus; vocs j obser-varam como esse quadro bonito? Esse homem tem umacoroa da vida sobre sua cabea,a terra encontra-se debaixo deseus ps, est de p como se

    Todos somosembaixadores deCristo e, nesta

    qualidade, devemossuplicar aos homens,como se Deus lhesfalasse por nosso

    intermdio.

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    dos, mesmo vendo almas con-denadas, quo poucos se im-

    portam com elas! Os pecadores podem afundar no lamaal da perdio; entretanto, poucaslgrimas so derramadas poreles! O mundo inteiro pode serlevado por uma torrente ao

    precipcio de condenao, e,apesar disso, quo poucosrealmente clamam a Deus emfavor dessas pessoas! Quo

    poucos homens dizem: Oh!Que a minha cabea se tornasseem guas, e os meus olhos, emfonte de lgrimas! Ento,choraria de dia e de noite osmortos da filha do meu povo !No lamentamos diante deDeus pela perda da alma dos

    homens, como seria prprioaos cristos fazerem.4

    Spurgeon argumentou queno apenas certos tipos de pre-gadores podem ser ganhadores dealmas. Na verdade, todo o pregadordeveria labutar seriamente para verseus ouvintes salvos.

    A menos que conversessejam constantemente vistas, emtodas as nossas congregaes

    um clamor amargo deveria serlevantado a Deus. Se nossa pre-gao jamais salva uma alma (e istono comum acontecer) no

    deveramos glorificar a Deusmelhor como lavradores ou co-merciantes? Que honra pode oSenhor receber de pregadoresinteis? O Esprito Santo no estconosco, nem estamos sendo usados

    por Deus, para os seus gloriosos

    propsitos, a menos que almasestejam sendo despertadas para vidaeterna. Irmos, ser que podemossuportar o sermos inteis? Podemosser estreis e, ainda assim, estarcontentes?5

    Para Spurgeon, essa pai-xo era inextinguvel. Ele viu, deforma bastante exata, que a glriade Deus estava em jogo.

    Novamente, se tivermosde ser revestidos do poder do

    Senhor, precisamos sentir umintenso anelo pela glria de Deus,e pela salvao dos filhos doshomens . Mesmo quando somos osmais bem-sucedidos, precisamosanelar por mais xito. Se Deus temnos dado muitas almas, precisamosansiar por milhares de vezes o quetemos. A satisfao com os re-sultados ser a morte lenta do

    progresso. No bom para ohomem pensar que no pode me-lhorar. Ele no possui santidade,se acha que j til o suficiente.6

    Essa paixo ardente ine-

    Quanto maisclaramentetivermos

    assimilado oevangelho, tantomais apaixonadoshaveremos de nosentregar

    evangelizao.

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    soberania, salvar aqueles que Elequiser, quando e onde quiser.Spurgeon jamais duvidou disso.Todavia, ele se recusou a nos

    permitir esquecer que no mago de um ministrio fiel reside uma profunda paixo pelas almas dehomens e mulheres. Ele disse: Seos pecadores sero condenados, que

    pelo menos pulem para o inferno passando por cima de nossoscorpos. Se perecerem, que peream

    com nossos braos e mos tocandoos seus joelhos, implorando quefiquem. Se o inferno tiver de sercheio, pelo menos que seja cheioapesar de nossos esforos, e queningum entre ali sem estar avisadoe sem que se tenha intercedido poressa pessoa.10

    Se nossa doutrina noconduz devoo, alguma coisaest tremendamente errada. Noterminaremos nossa tarefa at quea cabea, o corao e as mos con-cordem. Tal integrao santificadade nossa personalidade no seralcanada at que vejamos o Senhor

    face a face. Mas temos de nos es-forar para alcanar esse objetivo,aqui e agora. Tendo recebido oevangelho, precisamos estarengajados no evangelismo. E,quanto mais claramente tivermosassimilado o evangelho, tanto maisapaixonados haveremos de nosentregar evangelizao.

    1 Erroll Hulse, Spurgeon and His Gospel Invitations , em A Marvelous Ministry (Ligonier, PA, Soli Deo Gloria Publications, 1993), p. 76.

    2 Spurgeon repudiou aqueles que tentaram igualar o calvinismo devoo a tudo o que Joo Calvino ensinou ou praticou. Essas tentativas

    vitavelmente determinar como umhomem prega. Por um lado, ela olevar a empenhar-se para ser claroem seu discurso. Devemos dizera ns mesmos: No; eu no posso usar esta palavra difcil, pois aquela

    pobre senhora que senta naquelelugar no me compreenderia. No

    posso salientar aquela dificuldadeobscura, pois aquela pobre alma

    poder ser confundida por taldificuldade e no aliviada por

    minha explanao ... Se voc amaos seres humanos, voc amarmenos as palavras difceis .7

    O objetivo de ver almasganhas para Cristo atravs da

    pregao tambm levar o pregadora labutar para ser interessante.Como, em nome da razo, podemalmas se converter por meio desermes que embalam as pessoas adormir? 8 por esse motivo que ohumor pode ter um papel legtimona pregao. Spurgeon ponderouque crime menos grave causar

    uma risada momentnea do que umsono profundo de meia hora .9

    Ele to enftico nisto,que fcil compreend-lo demaneira errnea. Spurgeon noestava argumentando que o pre-gador responsvel pelo sucessoevangelstico de seu ministrio; responsvel pela fidelidade ta-refa de evangelizar. Deus, em sua

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    ainda so feitas hoje por pessoas que simplesmente ignoram as questeshistricas e por aqueles que as conhecem, mas parecem ter a intenode deturpar e confundir as questes. Ele concordaria plenamente como que o antigo estadista dos Batistas do Sul, John Broadus, escreveu

    no Western Recorder (o jornal dos batistas do Kentucky):As pessoas que escarnecem daquilo que se denominacalvinismo, com igual razo poderiam desfazer da altura domonte Branco. No estamos nenhum um pouco obrigados adefender todos os atos e opinies de Calvino, mas no vejocomo algum que realmente entenda o grego do apstolo Paulo,ou o latim de Calvino ou Turretin, possa no enxergar queestes ltimos no fizeram outra coisa seno interpretar e formularsubstancialmente o que aquele primeiro ensinou (A. T.

    Robertson, Life and Letters of John A. Broadus , American Baptist Publication Society, 1901, pp. 396-97).Ver o captulo 13, Uma Defesa do Calvinismo , emC. H. Spurgeon

    Autobiography, Volume 1: Early Years 1934-1959 , uma edio revisada,originalmente compilada por Susannah Spurgeon e Joseph Harrald (Edinburgh,The Banner of Truth Trust , reiimpresso de 1981, Volume1 inicialmente publicado em 1962).

    3 The Soul Winner , (Grand Rapids, MI, Wm. B. Eerdmans PublishingCompany, reiimpresso de 1981, primeira publicao em 1964), p. 16.

    4 Autobiography , Vol. 1:329; citado em Hulse, Spurgeon and His GospelInvitations , pp. 83-84.

    5 Citao de What We Would Be , exemplar de junho de 1886 deSword and Trowel , uma palestra na conferncia de pastores da faculdade;reimpresso emSermons on Unusual Ocasions (Pasadena, TX, PilgrimPublications, 1978), p. 180.

    6 An All-Round Ministry , p. 352.7 Ibid , p. 352.8 Citao de What We Would Be , exemplar de junho de 1986 deSword

    and Trowel ; reimpresso emSermons on Unusual Ocasions , p. 180.9 The New Park Street Pulpit , Vol. 1:1855, prefcio.10Spurgeon At His Best , compilado por Tom Carter (Grand Rapids, MI,

    Baker Book House, reiimpresso de 1991, primeira publicao em 1988), p. 67.

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