LENDAS URBANAS - MITOS E FOLCORES

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RESERVADO À EDITORA

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RESERVADO À EDITORA

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LENDAS URBANAS

MITOS E FOLCLORES

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A

EDITORA

IXTLAN

APRESENTA...

Adriana Matheus

LENDAS URBANAS MITOS E FOLCLORES

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Certificam que a obra abaixo está devidamente

registrada Título: Lendas Urbanas

Autor: Adriana Matheus

Pseudônimo: Adriana

Número de Registro: 134047104028182800

23/06/2012 - 14h06min: 10

Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou

por qualquer meio eletrônico, mecânico, inclusive através de processos

xerográficos, sem permissão expressa da autora. (Lei nº 5.988 14/12/73).

Adriana Matheus [email protected]

2014

1ª edição

CIP. Brasil. Catalogação na Publicação. M427s - Matheus, Adriana, 1970. Lenda Urbanas/Adriana Matheus - Juiz de Fora - MG. p.: il. ISBN: Ficção brasileira. Terror contos.

CDD: 869. B.2

Projeto Gráfico e Impressão: Editora Ixtlan

Diagramação: Márcia Todeschini

Edição de capa: Thais Riotto

Revisão ortográfica: Pâmyla Serra

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Nota da Autora

Dedico esta obra a minha primeira professora,

Maria do Carmo Calderano, que me disse certa vez:

“As histórias que você conta podem ser passadas para

o papel e se transformarem em um livro”.

Obrigada pelo conselho!

Onde quer que esteja, guardo-te no coração.

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Capítulo I - Lendas urbanas .................................................. 09

Capítulo II - Folclore .............................................................. 61

Capítulo III - Mitos ................................................................. 78

Prólogo:

uando tive a ideia de fazer este livro sobre lendas

urbanas, mitos e o folclore brasileiro, as primeiras

histórias que me vieram à cabeça foram: crocodilos

nos esgotos de NY, serial killers com mãos de gancho,

cadáveres disfarçados de decoração de Haloween e mais

trocentas outras lendas tipicamente norte-americanas. Mas todas

elas são muito distantes da nossa realidade, nossos esgotos não

são muito misteriosos, pois vivem a céu aberto, nós não temos

Haloween no Brasil, pelo menos em grande parte dele, e serial

killers não são tão comuns aqui como são lá nos EUA. Então

pensei: por que não fazer um livro somente com lendas

brasileiras e misturar também as lendas de lá, dos outros

países?! Acho que vocês devem estar pensando a mesma coisa

que eu pensei quando tive a ideia, Saci-Pererê, Boi Tatá,

Curupira, Bloody Mary (a bruxa do espelho), e assim por diante.

Se bem que eles não são exatamente lendas urbanas, e sim

mitos, que fazem parte do folclore brasileiro e de outros países.

Fiz uma mistureba e vou deixá-los ver no que deu. Depois de

uma extensa pesquisa, consegui juntar algumas lendas realmente

urbanas e bem tupiniquins. Pra falar a verdade, até me

surpreendi com o resultado dessa pesquisa, pois na imagem que

eu tinha da cultura popular brasileira, lendas urbanas não se

encaixavam muito bem, não com a mesma sinergia que vejo nos

norte-americanos. Felizmente o quadro é outro, e por isso fiz

essa pequena relação com as lendas urbanas brasileiras mais

recorrentes e coloquei aí embaixo. Lendas urbanas são

“pequenas histórias de caráter fabuloso ou sensacionalistas

amplamente divulgadas de forma oral, através de e-mails ou da

imprensa, e que constituem um tipo de folclore moderno”. São

frequentemente narradas como sendo fatos acontecidos a um

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amigo de um amigo ou de conhecimento público. Todos nós,

sem exceção, já ouvimos algumas destas histórias que vou lhes

contar agora. Algumas são tão convincentes que acabamos

acreditando e passando pra frente. Na era da internet, essas

lendas se propagam muito mais rápido, e crescem numa

proporção incrível. Listo abaixo as mais famosas e assustadoras

lendas urbanas de todos os tempos.

Começarei por Bloody Mary (a bruxa do espelho), e irei até

onde a imaginação me levar.

Sejam bem-vindos ao mundo do

sensacionalismo!

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I - Lendas Urbanas...

BLOODY MARY, A BRUXA DO ESPELHO...

m 1978, o especialista em folclores, Janet Langlois,

publicou nos Estados Unidos uma lenda que até hoje

aterroriza os jovens do mundo inteiro, principalmente da

América. Trata-se de Bloody Mary, conhecida também como a

bruxa do espelho, um espírito vingativo que surge quando uma

jovem, envolta em seu cobertor, sussurra, à meia-noite,

iluminada por velas.

Diante do espelho do banheiro, treze vezes as palavras

Bloody Mary. Segundo a lenda, o espírito de uma mulher

cadavérica surge refletido no espelho e mata de forma sangrenta

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e violenta as pessoas que estão no banheiro. Há quem diga que

Mary foi executada há cem anos por praticar as artes da magia

negra, mas há também uma história mais recente envolvendo

uma bela e extremamente vaidosa garota que, após um terrível

acidente de carro, teve seu rosto completamente desfigurado.

Sofrendo muito preconceito, principalmente de seus amigos e

familiares, ela decidiu vender a alma. Há outro caso famoso de

uma jovem nova-iorquina que dizia não acreditar na lenda, mas,

após realizar a mórbida brincadeira, escorregou da escadaria de

sua casa e quebrou a bacia, e dizem que até hoje essa jovem

encontra-se em estado de coma. A jovem ainda vive sobre esse

estado vegetativo nos EUA, mas sua identidade é um sigilo

absoluto. Dizem que esta é a verdadeira história de Mary: que

alguém de sua família, para mantê-la viva em coma, vendeu a

alma dela ao diabo, dando, assim, chance à moça de ressurgir

cada vez que alguém lhe chamar treze vezes na frente de um

espelho. Com isso, aparece seu reflexo, que suga para dentro do

espelho a alma de jovens que a desafiam. Ai, ai, verdade ou não,

eu é quem não vou fazer o teste!

OS SANDUÍCHES DO MC DONALD’S...

Seriam feitos de carne de minhoca? Aff! Não sei quem

inventou isso, mas se tornou, acredite, uma lenda urbana.

Segundo a lenda, o Big Mac, grande sucesso de vendas da Mc

Donald’s, seria recheado com carne de minhoca. Ainda segundo

essa lenda, o governo americano, em acordo com a rede de fast

food, incentivou a alimentação por carne de minhoca. Como se

sabe, esse tipo de carne é muito mais nutritiva e saudável do que

a bovina. Lógico que nenhum americano temente a Deus

experimentaria uma iguaria composta de carne de minhoca. Mas

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o que os olhos não veem o estômago não sente. Eca! Isso tudo

começou ainda no início da década de setenta. O boato foi

divulgado em uma grande rede de televisão americana e

acarretou prejuízos imediatos à maior rede de fast food do

mundo. O impacto sobre a marca foi tão grande que o Mc

Donald's sofreu na época uma redução de trinta por cento em

suas vendas. Claro que o Mc Donald's se defende, dizendo que

tudo não passa de invenção das mentes maldosas e que isso foi

sabotagem via marketing. Vai saber, né?

PAUL MCCARTNEY MORREU EM 1966...

E foi substituído por um sósia! Essa é a pior de todas... Em

1966, logo após o lançamento de Revolver, os Beatles pararam

de excursionar em virtude da dificuldade de tocar ao vivo os

arranjos cada vez mais complexos e inusitados. Esse fato aliado

a um acidente de moto sem maiores consequências sofrido por

Paul McCartney deu origem ao maior e mais duradouro boato

de todos os tempos, que Paul McCartney havia morrido e sido

substituído por um sósia. Gente, quem inventa essas coisas? O

fato é que centenas de matérias em jornais, e mesmo em livros,

foram lançadas sustentando a morte de Paul. As pessoas que

acreditavam nisso se baseavam em centenas de pistas que

tinham sido deixadas de propósito pelos três Beatles restantes

nas gravações e filmes posteriores da banda. Isso é incrível!

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VELHO DO SACO...

Não riam, mas eu mesma fui vítima desse aí. Morria de

medo do pobre velhinho que passava com o saquinho dele perto

da minha casa. Conta a história que, caso a criança saísse de

casa sozinha, ou fosse brincar sozinha na frente de sua casa,

viria um velho sujo e mal vestido, um tipo de mau elemento,

com um saco cheio de crianças que ele havia pegado no

caminho. Segundo a lenda, as crianças do saco que o velho

carregava eram crianças que estavam sem nenhum adulto por

perto, em frente as suas casas ou brincando na rua. O velho

pegaria a criança se saísse sem ninguém de dentro de casa. Em

versões alternativas da lenda, em vez de um velho, o elemento

que levava as crianças era um cigano e, em versões remotas,

esse velho ou o cigano levava as crianças para sua casa e fazia

com elas sabonetes e botões. Jesus! Eu nem dormia, viu?!

Agora, se fosse verdade, o tal velhinho já teria feito uma

verdadeira cata na minha rua. Brincadeirinha...

O PALHAÇO DA KOMBI...

Essa quem me contou foi uma velha amiga. Em meados de

1990, uma história assombrou a grande São Paulo. Por ocasião

do lançamento de uma série especial no jornal NP chamada “Os

crimes que abalaram o mundo”, foi apresentado o caso de um

palhaço norte-americano que na década de sessenta assassinava

crianças. Alguém inspirado na reportagem começou a difundir a

história de que um palhaço na cidade de Osasco estaria

roubando crianças para vender seus órgãos, moda na época. Aos

poucos, a história chegou a toda grande São Paulo, e ganhava

tons cada vez mais verídicos: agora o palhaço atacava em toda a

região, tinha dois ajudantes, uma Kombi azul, e só atacava em

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escolas públicas. A história chegou ao ponto que pessoas

juravam ter visto reportagem no “Aqui Agora”, e realmente o

boato foi tão forte que o NP chegou a dar algumas capas para a

gangue do palhaço. Uma escola de nome desconhecido, em

Mauá, chegou a ser atacada pelo palhaço, todos sabiam de

alguém que conhecia a vítima, mas ninguém conhecia a própria

vítima. Que confusão gera uma fofoquinha de esquina, né?! Eu,

que não sou chegada a palhaços, confesso que essa lenda me

deixa cada vez mais com o pé atrás.

MULHER DE BRANCO...

Minha mãe contou uma parecida para mim! No folclore

brasileiro o mito é descrito como sendo a materialização de um

fantasma de mulher que, aparentando ser real e de grande beleza

física, seduz homens solitários e os convence a acompanhá-la

até a sua casa. Invariavelmente, seguem-na até as proximidades

de um cemitério, por volta da meia-noite, quando então são

informados ser ali a sua morada, desaparecendo em seguida. A história contada por minha mãe: Certa mocinha que

habita a cidadezinha de Goianá, interior de Minas, escondia-se

sempre no meio do mato para assustar à noite as pessoas que

saíam da missa na cidade ou as que vinham das procissões. Ela

ficava escondidinha e, quando passava um, ela suspendia dois

bambus com um lençol amarrado. Aí já viu, né? Só dava gente

correndo pra todo o lado. Até que certa vez um corajoso disse

“vou enfrentar essa assombração” e seguiu em frente. A

mocinha, ao ver que iria se dar mal, saiu correndo mato adentro.

Nem queria ver o lombinho da pobre quando os pais ficaram

sabendo. Outra versão para essa história é que, quando o tal

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corajoso se aproximou da moça, ela foi crescendo e crescendo, e

o dito caiu durinho ao chão. Eu, hein?

DAMA DE VERMELHO – MUNDO

Essa lenda mexe com o sobrenatural (ah, novidade!), fala de

um jovem casal que estava muito feliz por estar podendo

realizar todos os seus sonhos. Já moravam juntos há pouco

tempo, tinham um pequeno filho de seis meses de idade, e

tinham acabado de se mudar para um apartamento que

almejavam. Numa tarde de fim de semana, o casal, depois de

brincar com o bebê, acabou adormecendo. O bebê acordou e

saiu engatinhando pela casa. Foi engatinhando até a sacada do

apartamento, passou pelos buracos da grade de proteção e caiu

do quarto andar. O casal foi acordado pelos vizinhos e ficou,

obviamente, transtornado com o fato.

Eles acabaram indo embora dali, pois não conseguiam mais

viver em paz naquele apartamento. No dia em que a mudança

foi toda retirada, a pobre mãe, que havia perdido seu filho de

forma tão cruel, estava sozinha. Já era noite, quando no alto de

seu desespero ela falou que faria qualquer coisa para ter seu

filho de volta. Ela acabou dormindo no chão da sala vazia, mas

foi acordada por uma voz que falava com ela. Assustada, ela se

levantou do chão e viu uma mulher vestida de vermelho. A

mulher falou que poderia trazer o bebê de volta, em troca de um

favor. A mãe teria que matar uma criança da mesma idade do

seu filho e oferecê-la para a mulher de vermelho. No desespero

de mãe, ela acabou fazendo isso e tendo o seu bebê de volta. A

mulher de vermelho devolveu o bebê vivo para os braços da

mãe. O único inconveniente é que o bebê foi devolvido no

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mesmo estado em que se encontrava depois de todo o tempo

enterrado. O bebê se transformava em algo sobrenatural, era

uma massa deformada em carne viva.

Existem várias lendas da Dama de Vermelho, essa é apenas

uma delas. Em outra, conta que ela é uma mulher muito bonita

que seduz festeiros na Quarta-feira de Cinzas. Outro também

bastante comum diz que a Dama de Vermelho costuma aparecer

nestes postos de estrada. Ela seduz os caminhoneiros e eles e

seus caminhões somem do mapa. Dizem que a Dama de

Vermelho é na verdade Lilith, e pode ser invocada em

determinados locais. Aquele que a invoca ganha o direito a um

desejo em troca de um favor, embora esses desejos nunca saiam

como a pessoa espera. É tipo uma pegadinha do Malandro.

Como aconteceu com a mulher que perdeu o filho, ela teve o

filho de volta, mas não era bem do jeito que ela imaginava.

A MULHER DA ESTRADA – MUNDO

Essa também é muito conhecida, seu surgimento ocorreu

em meados dos anos cinquentas e sessentas devido ao grande

crescimento de rodovias que se deu nesses anos. Na maioria das

vezes, a lenda fala de uma mulher loira, que pode ser trocada

por uma índia ou prostituta, que fica na beira da estrada pedindo

carona para os motoristas que passam, quando um resolve parar,

muitas vezes caminhoneiros. Ela conduz a pessoa até um

cemitério próximo; chegando lá, a bela mulher desaparece,

deixando o motorista sem entender nada. Logo depois, ele a

reconhece na foto de uma das lápides. Em outras versões, ela

simplesmente desaparece dentro do próprio veículo, depois o

motorista descobre pelos moradores das redondezas que a moça

havia sido atropelada há muitos anos naquela mesma estrada.

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Algumas vezes, antes de desaparecer, o espírito da mulher pede

ao motorista que ele construa uma capela no lugar onde ele a

encontrou, para que assim ela possa finalmente descansar em

paz. Há ainda versões em que ela se deita com o motorista, que,

quando acorda no dia seguinte, descobre que ela simplesmente

desapareceu sem deixar vestígios de sua existência. Uma versão

mais sangrenta diz que a loira, antes de desaparecer, seduz o

motorista, que, quando tenta beijá-la, acaba perdendo a língua.

Outras versões dessa lenda se passam em cidades grandes e

são protagonizadas por motoristas de táxi. Nelas, o taxista

recebe uma passageira muito bela e jovem, ela pede uma corrida

até um cemitério qualquer da região. Chegando lá, ela dá ao

motorista o endereço de sua casa e diz que lá ele irá receber seu

pagamento. No dia seguinte, quando o motorista vai receber o

dinheiro, o pai da menina lhe diz que é impossível sua filha ter

feito essa corrida, afinal, ela havia morrido há muitos anos. O

taxista, sem entender nada, fica ainda mais confuso ao

reconhecer numa foto a menina que ele conduziu no dia

anterior.

A LOIRA DO BANHEIRO...

Essa história é muito contada nas escolas entre os alunos.

Em todo o Brasil, sua fama é muito grande. Canta a lenda que

uma garota muito bonita de cabelos loiros com

aproximadamente quinze anos sempre planejava maneiras de

matar aula. Uma delas era ficar no banheiro da escola esperando

o tempo passar. Porém um dia, um acidente terrível aconteceu.

A loira escorregou no piso molhado do banheiro e bateu sua

cabeça no chão. Ficou em coma e, pouco tempo depois, veio a

morrer. A alma da suposta menina não se conformou com seu

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fim trágico e prematuro. Sua alma não quis descansar em paz e

passou a assombrar os banheiros das escolas. Muitos!

A MULHER DA CURVA...

Também conhecida como O fantasma da estrada, consiste

no aparecimento de uma jovem assim que você faz uma curva

em uma estrada – alguns afirmam que ela aparece sempre em

um mesmo dia e hora a cada ano, exatamente naquele em que

teria morrido em um acidente de carro. Há duas versões

diferentes. Na primeira, a jovem é reconhecida por um

caminhoneiro que acaba morrendo no mesmo lugar onde ela

perdeu a vida. Na segunda, a mulher fantasma adverte o

condutor que essa curva a matou e desaparece.

A MULHER DO VELÓRIO – BRASIL...

Essa lenda urbana é bastante contada em faculdades por

causa dos cemitérios, símbolos das histórias de terror. Reza a

lenda que uma garota, que era uma estudante de psicologia,

estava no final de seu curso e ficou responsável por pesquisar o

comportamento das pessoas nos velórios e enterros. Primeiro,

ela estudou teorias sobre esse comportamento. Mas depois a

estudante resolveu partir para a prática, visitando,

discretamente, velórios e enterros de estranhos. O primeiro

velório foi de um senhor de idade, que tinha sido um professor

famoso. Essa cerimônia foi cheia de pompas e discursos. Porém,

uma pessoa em especial chamou a atenção da estudante: era uma

idosa de cabelos brancos, vestida de preto, com uma mantilha

negra e antiga na cabeça. A primeira vez que a estudante olhou

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para essa mulher, teve a impressão de que essa velhinha não

tinha pernas e estava flutuando. Porém depois a estudante olhou

novamente para essa esquisita figura, viu as suas pernas normais

e concluiu que aquilo poderia ter sido uma ilusão de ótica. O

segundo velório, visitado pela estudante, foi de uma criança de

classe baixa, num bairro muito popular. Essa estudante estava

observando o comportamento das pessoas, quando viu,

novamente, a estranha senhora do primeiro velório. Então,

a acadêmica resolveu olhar para a mulher com mais cuidado.

Porém, a velhinha olhou em sua direção, e a estudante teve a

impressão de ter visto duas estrelas no lugar dos globos oculares

dessa mulher. Então, a moça pensou que isso poderia ter sido

uma bobagem de sua cabeça. O terceiro velório que a graduada

visitou foi o velório de um empresário milionário, amigo de sua

família. Por ser um velório de gente importante, só entrava

quem fosse conhecido. A estudante entrou, mas dentro do local

ela teve uma surpresa: a idosa esquisita estava lá também. Após

o enterro, a estudante decidiu seguir aquela idosa esquisita, que

ficou algum tempo andando pelo cemitério, até que parou num

túmulo marrom. Então, a estudante notou que a mulher da foto

do túmulo era aquela mesma velhinha estranha, e, sem querer,

soltou uma exclamação: – Ave! Assim, a idosa olhou para trás e

disse: – Ave, minha filha! Dessa maneira, a estudante falou: –

Como é possível? ! A foto da mulher enterrada neste túmulo é a

cara da senhora! Deste jeito, a velha explicou: – Bem, isto faz

sentido, porque esta mulher que está aí enterrada, neste túmulo

marrom, sou eu… Então, a estudante disse: – Isto não é

possível… Só pode ser uma brincadeira, ou, uma alucinação

minha… E por que a senhora visita tantos velórios e enterros?!

Qual é a explicação de tudo isto? Assim, calmamente, a

velhinha falou:

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– Eu nasci há algum tempo… A minha vida foi indolente e

sem graça… Fui filha única, não me casei, não tive filhos e não

trabalhei… Eu apenas ficava vegetando em casa… Sem fazer

nada, por preguiça… Quando meus pais morreram, eu vivi

tranquilamente, com a pensão que eles deixaram para mim.

Mas, quando eu morri, a primeira coisa que eu vi foi o filme da

minha vida inteira: um tremendo vazio… Em primeiro lugar,

um anjo tentou me levar para o céu, mas eles não me aceitaram

lá, porque eu não tinha feito nada de útil para a humanidade…

Depois, o mesmo anjo tentou me levar para o inferno, mas o

diabo não me aceitou porque eu não era má suficiente… Após

isso, o anjo me levou para o purgatório, mas o guardião de lá

não me aceitou, alegando que eu não tinha feito nenhum pecado

para purgar. Então, apareceu o chefe deste anjo, que falou que

o melhor a fazer era dar uma missão útil para mim, como

colaboradora da morte.

Assim, a estudante indagou: – E o que uma colaboradora

da morte faz?

Dessa maneira, a velha respondeu:

– Uma colaboradora da morte tem uma missão parecida

com a deste anjo: quando alguém morre, ela coloca o filme da

vida desta pessoa falecida, para ela ver e guiar a sua alma até

muitos lugares como: o céu, o purgatório e o inferno. Após

escutar tudo isso, a estudante desmaiou. No hospital ela contou

a história para os enfermeiros, disse que estava vendo o filme da

sua vida diante dos seus olhos e, em seguida, faleceu.

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A NOIVA CADÁVER – BRASIL...

Conta a lenda que uma bela moça, que tinha como sonho da

sua vida casar, morreu no baile do seu casamento. O noivo,

desesperado, implorou que ela retornasse… mas ela não o fez.

Não de imediato, pelo menos. Dois meses depois da sua morte,

no mesmo salão onde foi realizado o baile, ela foi vista

dançando. E depois em uma casa noturna na cidade. Em seguida

em outra e depois em outra, até que, enfim, ela virou uma lenda.

Dizem que ela convida para dançar e depois pede para levar à

sua casa. E aí a história diverge. Umas dizem que ela leva a sua

vítima para o cemitério, já em outras para a igreja e, se o

“pegador” não correr muito, vai para o mundo dos mortos junto

com a Noiva Cadáver.

O CACHORRO DE DOM BOSCO – ITÁLIA...

Muita gente conhece o italiano João Melchior Bosco, o

padre que ajudava crianças pobres da cidade de Turim. Aqui no

Brasil, existe a obra dos Salesianos, onde existem várias

instituições escolares, Oratórios e igrejas, onde se contam as

histórias de lutas e vitórias do educador. Com relação às lendas,

conta-se de um sonho que Dom Bosco teve, e desse sonho

surgiu a história da construção de Brasília, onde ele é o

padroeiro, e várias e várias lendas e mitos acerca do assunto.

Mas não é sobre isso que iremos relatar agora. O assunto

igualmente lendário, mas pouco conhecido, é o episódio do cão

Grigio, um suposto fantasma que o auxiliou a se safar de vários

casos, cuja intervenção divina se fez através desse particular

espectro peludo de quatro patas.

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Durante os primeiros dias de seu ministério ele correu

perigo tanto por causa de bandidos, que pensavam que ele tinha

dinheiro, como por parte de comerciantes e funcionários

públicos da cidade, que se ressentiam de suas tentativas de

organizar e educar sua futura mão de obra barata. Ao longo

dos anos, Dom Bosco sobreviveu a diversos atentados contra

sua vida. Eles poderiam ter sido bem-sucedidos, se não fossem

pelas repetidas – e quase inexplicáveis – intervenções do

enorme Grigio. Quando Bosco estava em perigo, o grande

cachorro aparecia do nada para perseguir seus atacantes.

Assim que a ordem era restabelecida, ele simplesmente se

virava e ia embora.

Com o passar dos anos, a reputação de Bosco cresceu e nem

ladrões nem funcionários locais ousavam tocá-lo. O poderoso

Grigio, que sempre era atraído pelos problemas, simplesmente

desapareceu, sem nunca mais ser visto. Em certa ocasião, numa

noite de 1852, voltando sozinho para casa, o Santo percebeu que

um bandido o seguia a poucos passos de distância, pronto a

agredi-lo. Dom Bosco pôs-se a correr, mas, pouco adiante,

deparou-se numa esquina com o resto do bando que lhe barrava

o caminho. Parou de improviso e fincou o cotovelo no peito do

primeiro agressor, que caiu por terra gritando: Vou morrer! Vou

morrer! O bom êxito da manobra o salvou de um perseguidor,

mas os outros avançaram. Nesse instante, surgiu o cão

providencial. Saltava de um lado para outro, dando latidos

aterradores com tamanha fúria que os malfeitores tiveram de

pedir a São João Bosco para acalmá-lo e mantê-lo junto de si,

enquanto eles tratavam de fugir. A imagem do cão era tão

ameaçadora que não tinha bandido que não se colocava a correr

diante de tamanha ferocidade. Grigio era uma espécie de cão

gigante guardião e fantasma que o Santo invocava nos piores

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momentos. O mais interessante é o fato de pessoas, que não

eram o Santo, também descreverem o cão, e algumas contam

que até o acariciaram, claro que com a permissão de Bosco. Até

hoje corre a lenda que, na hora do desespero, quem clama pelo

nome do santo invoca o cão Grigio.

OS MENINOS VERDES – REINO UNIDO...

Esse mistério que virou uma lenda urbana está há um bom

tempo passando de geração. E por isso que em algumas partes

do Reino Unido os camponeses têm o hábito de trancar os poços

de suas propriedades quando não estão utilizando-os. A lenda

tem origem numa história começou muito tempo atrás: as duas

notáveis crianças foram descobertas na Vila de Woolpit, em

Suffolk, Reino Unido. O incidente se deu durante o regime do rei

Stephen da Inglaterra, 1135-1154, numa época difícil. Os

camponeses estavam trabalhando quando as duas crianças, um

garoto e uma garota, repentinamente emergiram de um fosso

profundo. As pessoas ficaram de olhos arregalados diante do

fato. Estavam vestidas com roupas de material nada familiar e

suas peles eram verdes. Era impossível falar com eles porque

tinham um dialeto desconhecido. Os dois foram levados para o

dono do feudo, Sir Richard de Caline. Obviamente, eles

estavam tristes e choraram por vários dias. Os pequenos

esverdeados se recusaram a comer e a beber qualquer coisa até

que alguém ofereceu feijão ainda no talo para eles. Eles

sobreviveram comendo feijão por vários meses. Mais tarde, eles

começaram a comer pão. O tempo passou, o pequeno e

esverdeado garoto entrou em depressão, adoeceu e morreu. A

garota adaptou-se melhor a sua nova situação. Ela aprendeu a

falar inglês e gradualmente sua pele foi perdendo a cor verde.

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Mais tarde se tornou uma saudável jovem e se casou. Ela era

sempre perguntada sobre seu passado e de onde tinha vindo,

mas tudo que falava só fazia aumentar o mistério sobre suas

origens. Explicava que seu irmão e ela tinham vindo de uma

terra sem sol, com um perpétuo crepúsculo. Todos os habitantes

eram verdes. Ela não tinha certeza exata onde se localizava sua

terra. Ainda, ela chamava de Luminous a outra terra, que era

cruzada por um rio considerável separando o mundo deles.

Também são inexplicáveis como as crianças apareceram

naquele fosso. A garotinha disse que ela e seu irmão estavam

procurando o rebanho do pai e seguiram por caverna escutando

o som dos sinos. Vagaram na escuridão por um longo tempo até

que acharam uma saída; de repente, eles ficaram cegos por um

clarão de luz. A luz do sol e a temperatura diferente deixaram-

nos cansados; descansavam quando ouviram vozes, viram

pessoas estranhas e tentaram fugir. Entretanto, não tiveram

tempo de se mover da boca do fosso onde foram descobertos.

As fontes originais dessa história são William de Newburgh e

Ralph de Coggeshall, dois cronistas ingleses do século XII.

Muitas explicações têm aparecido para o enigma das crianças

verdes. Uma das teorias sugeridas é que as crianças eram

imigrantes flamengas que sofreram perseguição. Seus pais

teriam sido mortos e o garoto e a garota se esconderam na

floresta. Essa ideia explicaria as roupas diferentes, mas não

esclarece o fato de as crianças falarem uma língua desconhecida,

embora alguns habitantes locais achassem que era uma

corruptela de flamengo. Outros sugerem má nutrição ou o

envenenamento por arsênico como a causa da pele verde.

Também havia um rumor que um tio tentou envenenar as

crianças, mas isso nunca foi confirmado. No entanto, outras

pessoas, como o astrônomo escocês, Duncan Lunan, sugeriam

que as crianças eram alienígenas enviados de outro planeta para

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a Terra. De acordo com outras teorias, as crianças vieram de um

reino subterrâneo ou, possivelmente, de outra dimensão.

Poderiam as crianças verdes de Woolpit ter vindo de um mundo

paralelo, um lugar invisível ao olho nu? É importante lembrar

que a garota disse que “não havia sol” no lugar de onde ela teria

vindo. Disso se pode deduzir que ela habitava de um mundo

subterrâneo. A verdadeira origem das crianças nunca foi

descoberta e esse caso continua um mistério. Entre as teorias, a

que ficou mais famosa entre os camponeses foi a do mundo

subterrâneo. Isso fez com eles adotassem o hábito de trancar os

poços, pois acreditam ser a passagem desses seres para o nosso

mundo. Essa lenda já foi mais difundida pelo Reino Unido, hoje

se restringem a algumas regiões rurais. Hora ou outra, aparece

uma cabra mutilada ou com ferimentos incomuns e a lenda volta

a ganhar força.

A LENDA DE CROATOAN...

Você já assistiu ao filme Mistério da rua sete? É porque

essa lenda vai explicar bastante coisa sobre o filme, que não é

nenhum pouco autoexplicativo. A lenda de Croatoan começa

com as tentativas de se estabelecer uma colônia em terras

americanas. Os ingleses precisavam fundar assentamentos se

quisessem manter a posse sobre essas terras. Mas pense o

quanto isso era difícil, se hoje tudo em matéria de informação e

viagens é uma coisa rápida, nesse século as viagens demoravam

meses. E para voltar a um determinado local poderia se levar

meses, anos, e imagine se houvesse uma guerra ou piratas

atrapalhando. Os ingleses, para demarcar território, mandaram

colonos para o Novo Mundo. Esse primeiro assentamento inglês

era composto apenas de homens. Nada de mulheres ou crianças.

Adriana Matheus

25

Eles ficaram lá por algum tempo, mas devido à falta de

condições e depois de enfrentar vários invernos rigorosos, eles

resolveram voltar para a Inglaterra, abandonando o local. O

capitão Francis Drake, que estava passando pelo Novo Mundo,

deu uma carona para eles em seu navio.

Mas os ingleses não desistiram. Em vinte e seis de abril de 1587

dois barcos partiram, um com colonos e outro com suprimentos.

Dessa vez, eles levaram mulheres e crianças porque eles

realmente queriam estabelecer uma colônia permanente. Eles

chegaram lá e reconstruíram as casas que foram deixadas pelos

antigos colonos e que já estavam tomadas pelo mato.

Nesse meio tempo, no dia dezoito de agosto 1588, nasce a neta

do governador, Virginia Dar, a primeira criança filha de

colonizadores a nascer em solo americano. Após alguns dias,

mais precisamente no dia vinte e sete de agosto 1588, o

governador John White voltou à Inglaterra a pedido dos

colonos, pois eles queriam que ele intercedesse pela colônia,

buscando ajuda e suprimentos. Mesmo relutante talvez em

abandonar a filha e a neta, ele partiu. Mas quando chegou à

Grã-Bretanha, eles não puderam mais voltar, os ingleses tinham

sido atacados pela armada invencível do rei Felipe II da

Espanha e a guerra impediu qualquer tentativa de voltar ao

Novo Mundo.

Muitos anos depois, ele retornou, em 1590. A única coisa

que ele encontrou foi a cidade vazia, totalmente tomada pelo

mato, coisas espalhadas pelo chão. Roupas, objetos, até mesmo

suprimentos largados por todos os cantos. Apenas objetos,

nenhuma pessoa. Nem corpos, nem sangue. Nada. Somente uma

palavra escrita em um tronco de árvore, Croatoan. O estranho

desaparecimento e a palavra Croatoan deram origem a muitas e

muitas lendas. No imaginário norte-americano eles foram todos

LENDAS URBANAS

26

abduzidos ou levados por alguma coisa e com certeza seria uma

coisa maligna. Durante o tempo em que eles permaneceram no

lugar antes de John White partir, diz no livro que é constituído

por parte da transcrição de White escrito por Richard Hakluyt,

que eles ouviram muita coisa estranha. Durante a noite, vozes,

gritos, seres, pareciam circular a colônia no meio da escuridão.

Alguns trechos conta a história, no mínimo, fantástica sobre

alguns períodos em que eles tinham que ficar recolhidos em um

aposento das suas residências rezando para que aquilo fosse

embora e os deixasse em paz. Provavelmente nisso que foi

baseado o filme do Mistério da rua sete. Na Carolina do Norte

essa lenda dura até hoje. Sobre a palavra Croatoan, a princípio

foi levantada a hipótese de ser um sistema de coordenadas

usadas pelos Colonos da época. Croatoan significaria que eles

teriam mudado para cinquenta milhas dali. Mas o que

significaria o resto da palavra? Então surgiu outra hipótese, uma

mais sombria. Croatoan era o nome dado a um dos Demônios

Indígenas mais temidos. Falam que os nativos sequer se

aproximavam do lugar da construção da colônia por medo da

entidade. O nono da segunda temporada de Supernatural retrata

a lenda, de forma adaptada. Ainda, Croatoan era o nome dado

pelos colonizadores a uma ilha habitada por índios amigos,

perto do local onde se encontravam, embora nenhum deles

parecesse ter ido para lá. Por falta de explicações, o mistério

perpetuou e virou lenda de maldição, que persiste até hoje.

Adriana Matheus

27

DEMÔNIO DE JERSEY/YERSI

Bem, o demônio de Jersey é uma... mistureba! As supostas

testemunhas que informam encontros com essa criatura, o

demônio de Jersey, afirmam que ela tem cabeça de cavalo,

erguida em duas patas, com uma altura de quase dois metros,

coberta de pelos, com asas parecidas com um morcego e com

patas como cangurus. Old-school total a lenda de Jersey que

perpetua até hoje. Existem várias vertentes sobre sua origem. As

primeiras datam ao folclore dos índios nativos. As tribos

chamavam a área ao redor de Pine Barrens de Popuessing, que

significa lugar do dragão. Exploradores suecos depois

chamaram a região de Drake Kill, drake sendo a palavra sueca

para dragão, e kill significando canal ou braço do mar rio,

riacho, etc. Mas a lenda mais conhecida é de que, em 1735, uma

senhora de sobrenome Leeds, que tinha doze filhos, descobriu

que estava grávida de seu trigésimo terceiro filho e disse: Que

este seja amaldiçoado! Então o bebê teria nascido com cabeça

de cavalo, asas de morcego e patas de canguru, teria matado

seus pais e depois fugido para a floresta de Pine Barrens. Dizem

que o demônio volta periodicamente à região.

A BRINCADEIRA DO COPO...

Junto com a loira do banheiro, essa é outra das mais

famosas, até porque muitos dos que estão lendo isso agora já

devem ter brincado de invocar espíritos com um copo alguma

vez durante sua adolescência. A lenda em torno dela fora a

própria efetividade da brincadeira é a de um grupo de amigos

que resolveu fazer a famigerada brincadeira durante uma festa,

um deles era descrente e só de sacanagem resolveu perguntar se

LENDAS URBANAS

28

alguém naquela mesa iria morrer recentemente, a resposta foi

“sim” e logo em seguida o copo, em algumas versões ele é

substituído por uma lapiseira, se estilhaça na frente de todos.

Algum tempo depois, eles ficam sabendo que o rapaz cético que

não respeitou o espírito havia morrido num acidente de carro.

Se foi verdade, eu não sei... Mas meu irmão, quando era

jovem, contou que certa vez ele e seus amigos fizeram essa

brincadeira e o resultado foi catastrófico, pois ele contava que o

copo saiu do lugar e começou a bater nas paredes do

apartamento onde eles e os amigos estavam. Ele chegou pálido

em casa e junto com os amigos disseram que o apartamento teve

que ser vendido, pois os verdadeiros moradores começaram a

ouvir barulhos de portas batendo e panelas caindo ao chão.

Disseram também que vozes gritavam e as pessoas que estavam

dentro do apartamento apanhavam de caírem no chão. A única

coisa que realmente sei que é verdade é que os pais do amigo do

meu irmão venderam o apartamento e mudaram-se para outra

cidade. Esse amigo do meu irmão veio a falecer dois meses

depois de insuficiência cardíaca, e os outros tiveram mortes

muito estranhas, um morreu atropelado no Aterro do Flamengo,

no Rio, e os outros morreram de acidente de automóvel indo

para Cabo Frio. Meu irmão faleceu de tanto beber e dizia que

via e ouvia vozes constantemente na cabeça dele. Pode ser

alucinação causada pelo álcool, mas ninguém que passou por

essa suposta experiência teve um fim lógico.

Eu, como todos sabem, sigo um caminho... Diferente dos de

muitas pessoas, digamos assim. E no meu frágil entendimento o

jogo do copo não é um jogo, é sim uma chave, e essa chave abre

o mundo espiritual, assim como a Tábua Ouija. Tem certas

coisas que não devem ser mexidas por mãos alheias incrédulas.

Esses tipos de rituais são usados por certas seitas que os utilizam

Adriana Matheus

29

para evocar espíritos malignos; aliás, é somente para isso que

servem esses objetos nas mãos de pessoas zombeteiras.

MEREANA MORDEGARD GLESGORV – O VÍDEO

PROIBIDO

Mereana Mordegard Glesgorv é chamado por muitos de O

filme que foi proibido pelo YouTube, mesmo possuindo dezenas

de versões no site. Nele, um estranho homem encara o usuário

por mais de dois minutos. A imagem é trêmula e possui um

sinistro tom de vermelho com uma trilha sonora digna de um

filme de terror. No fim, o estranho homem sorri ironicamente

para a câmera. A lenda sobre esse vídeo diz que todos que

assistiram ao filme na íntegra simplesmente enlouqueceram.

Alguns se jogaram pelas janelas enquanto outros arrancaram

seus olhos e enviaram para a sede do YouTube, o que forçou o

site a proibir sua exibição... Mas agora eles liberaram para

ganhar uma graninha com os olhos enviados, sonoras

gargalhadas.

O DESENHO DE SATÃ...

Uma animação de stop-motion, criado em 1985, criou

muita confusão na internet tempos atrás. Ele não foi exibido nas

TVs americanas devido a uma proibição alegando que o vídeo é

satânico e atormentador. Mas isso não impediu que ele fosse

arquivado e, enfim, digitalizado. Postaram no YouTube e a febre

tomou conta da rede. Dizem que o vídeo é recheado de

mensagens subliminares… Bom, assista e julgue você mesmo.

LENDAS URBANAS

30

DISQUE AMIZADE...

Gente, eu entrava no disque amizade todo dia, a minha

conta de telefone vinha um horror! Isso era um vício, quem se

lembra do 145? Agora escute, preste atenção nesta lenda aí:

Em 1993, Carolina era uma jovem de dezenove anos,

muito infeliz, porque seus pais eram muito rígidos. Ela não

podia frequentar barzinhos, nem danceterias e muito menos

namorar. Por isso, no meio de suas colegas de faculdade,

Carolina se sentia um ET. A solidão sufocava cada vez mais

essa garota, por isso ela se refugiava nas poesias que escrevia.

Mas um dia, num programa de rádio, ela escutou sobre um

serviço telefônico chamado disque amizade, onde as pessoas

ligavam para o número 145 e faziam amizades por telefone.

Então, Carolina experimentou esse serviço e gostou. Às vezes,

ela ficava declamando suas poesias para o grupo que estava na

linha. Até que um dia, uma das monitoras desse serviço entrou

no meio de uma declamação e perguntou: – Aqui é a monitora,

alguém precisa de ajuda? Então, Carolina respondeu: – Não,

obrigada. Assim, a monitora disse: – Eu escutei a conversa do

grupo e gostei das suas poesias! Sou a monitora Cláudia,

podemos conversar? Dessa maneira, Carolina e Cláudia ficaram

amigas. Toda a vez que Carolina ligava para o disque amizade

sempre falava com Cláudia. Até que, três meses depois,

Carolina estranhou um fato: Cláudia não estava mais

conversando com ela. Então, ela telefonou para a agência que

oferecia o serviço de disque amizade e falou para a atendente:

– Por favor, eu gostaria de saber se a monitora Cláudia

continua trabalhando no disque amizade?

A telefonista, no entanto, respondeu:

Adriana Matheus

31

– Só um minuto, irei verificar esta informação nos recursos

humanos.

Após três minutos, a atendente retornou e respondeu a

Carolina:

– Lamento, a monitora Cláudia do disque amizade já

faleceu há dois anos.

Depois dessa informação, Carolina ficou assustada e

pensou: “como Cláudia pode ter falecido há dois anos, se só há

três meses estamos conversando?” Carolina ficou confusa, mas

continuou ligando para o disque amizade. Até que outro fato

curioso aconteceu. Ela estava conversando com um rapaz, que

tinha o pseudônimo de Samuel, quando perguntou a ele:

–Você tem um número de telefone particular para

conversarmos com mais privacidade?

Assim, o moço respondeu:

– Tenho sim, é 666.

Então, a garota exclamou:

– Pare de brincadeira! Eu quero o seu telefone real!

Dessa maneira, Samuel exclamou:

– Eu já falei: é 666!

Assim, Carolina afirmou:

– Então, eu desligarei o telefone e depois ligarei para o

número 666.

E foi bem isso o que a jovem fez: ela saiu do disque

amizade e ligou para o 666. Então, o número chamou duas vezes

e, na terceira vez, uma voz atendeu:

– Boa tarde, aqui é Samuel!

Dessa maneira, Carolina exclamou:

– Como isto é possível?

Desse jeito, Samuel disse:

– Do mesmo jeito que sei que você está vestindo uma blusa

vermelha, uma calça jeans e um chinelo preto.

LENDAS URBANAS

32

Então, Carolina notou que o rapaz estava falando a verdade

sobre a sua roupa. Após isso, assustada, Carolina desligou o

telefone. Mas, logo depois disso, o seu telefone tocou e a voz do

rapaz disse:

– Aqui é Samuel! Nunca mais brinque com as forças do

inferno!

Depois desse acontecimento, Carolina nunca mais ligou

para o disque amizade.

Rapaz, essa doeu! Porque eu conhecia uma Cláudia e um

Samuel. Aff, será?

ASSOMBRAÇÃO DE JAGUARUANA...

Você acredita em assombração? Acredita em gente em

forma de animal? Minotauro? Pois bem, caso acredite ou não,

sugiro conhecer essa história que vem se passando na cidade de

Jaguaruana no estado do Ceará. São relatos surpreendentes de

tal de mulher-cavalo que vem aterrorizando pessoas naquele

município. Relatos sobre aparições da “mulher-cavalo” correm

pela cidade de Jaguaruana/CE. Segundo Geovane, de 18 anos,

ele saiu de um circo que se encontrava no município, ao se

dirigir a sua casa, no bairro do Juazeiro, a cerca de 100 metros,

uma mulher com formas de um cavalo o perguntou para onde

ele iria. Geovane correu em direção a sua casa, sendo

perseguido pela tal mulher. Ao chegar à residência, o rapaz foi

socorrido pela mãe e vizinhos que ouviram os gritos de socorro.

Segundo o depoimento de sua mãe, Dona Biró, o filho “não é

menino de mentiras” e ele chegou “quase sem fala em casa”.

Homens vizinhos do rapaz se armaram de paus e foram atrás da

criatura. De acordo com o jovem, ela teria fugido para as terras

do DNOCS, em meio à escuridão e ao mato. Em outra aparição,

Adriana Matheus

33

um homem teria caído de sua moto após dar de cara com a tal

mulher. O recado de Orlando Almeida enviado ao programa

Acordando com os passarinhos com André Lúcio diz que a

mulher-cavalo foi vista próximo à barragem do rio do

Guilherme, Rio Jaguaribe. Uma moradora de Antonópoles,

localidade perto do local, ligou para o filho que se encontrava na

cidade de Jaguaruana e contou o ocorrido. A mulher disse que

um homem que passava de moto, ao virar o cruzamento, que

fica antes da passagem molhada, teria focalizado em cheio a

criatura, e com medo teria caído. A mulher tinha receio que o

filho fosse para casa sozinho e ligou pra ele não ir. Segundo os

comentários da população, a mulher cavalo era uma dona de

casa simples que tinha três filhos e morava em um sítio no

estado do Rio Grande do Norte e seu marido um dia teria

arrumado outra mulher. Com raiva e ciúmes, a mulher teria

assassinado os próprios filhos e feito um pacto com o diabo. O

marido, ao ver os filhos mortos e saber que foi a própria esposa

que os matou, desferiu-lhe algumas facadas e ela acabou

morrendo. Mas a mulher voltou “do mundo dos mortos” para

procurar os filhos e, quando avista alguém, passa a perguntar

por eles. As pessoas apenas dizem que não sabem e ela se

transforma na criatura, perseguindo-as em seguida. A população

do município se divide. Alguns acreditam e dizem que morrem

de medo, já outros afirmam que isso é mais uma invenção do

imaginário popular.

LENDAS URBANAS

34

POCONG - INDONÉSIA...

Pocong é um fantasma da Indonésia que dizem ser a alma

de uma pessoa morta presa em suas roupas. A mortalha do

Pocong é usada pelos muçulmanos para cobrir o corpo do

morto. Eles cobrem o corpo com um tecido branco e laçam a

roupa sobre a cabeça, nos pés e no pescoço. De acordo com as

crenças nativas, a alma de uma pessoa morta vai ficar na Terra

por 40 dias após a morte. Quando os laços não são

desamarrados após 40 dias, dizem que o corpo salta para fora da

sepultura para avisar as pessoas que a alma precisa que as

amarras sejam desfeitas. Após os laços serem liberados, a alma

vai deixar a Terra e nunca mais aparecer. Por causa da amarra

nos pés, o fantasma não pode andar. Isso faz com que a Pocong

pule. Aparições e contos de Pocong são comuns no país.

PIPOQUEIRO CHEIRADO...

Não sei quem inventou essa lenda, mas uma coisa é certa:

fez por maldade. Pobre dos pipoqueiros que sofreram por causa

dessa história mal contada. No final da década de 80, boatos

começaram a rodar pelo Brasil, dizendo que os pipoqueiros

estariam usando cocaína nas pipocas. Artimanha de traficantes

ávidos por nova clientela, eles salpicavam a pipoca vendida nas

portas das escolas com cocaína, em vez do tradicional sal. A

ingestão da substância ilegal faria com que o petiz, enroscado na

armadilha do vício, voltasse a comprar pipoca sempre do

mesmo vendedor. E cada vez mais! A dúvida é: qual o lucro do

pipoqueiro nessa história toda? Vendia a pipoca por um valor

barato e comprava a cocaína custando os olhos da cara? Que

Adriana Matheus

35

coisa... Isso tem cara de lenda de mãe que quer fazer medo em criança.

SERINGAS DO INFERNO...

Se já recebeu uma corrente por e-mail, então deve conhecer

essa história. Um exemplo é a lenda de que seringas foram

espalhadas em cinemas de várias capitais do Brasil. As pessoas,

sem perceber a presença do objeto, sentavam sobre ele e então

descobriam que tinham acabado de serem infectadas pelo vírus

da AIDS. Essa leva o Selo lenda urbana clássica! Quero deixar

bem claro que o vírus da AIDS é vulnerável demais para

sobreviver a tanto tempo ao ar livre. Isso tá mais pra conto da

carochinha.

O BEBÊ DIABO – BRASIL...

Essa lenda foi popularizada pelo famoso e extinto jornal

NP, Notícias Populares, que circulou por vinte anos no Brasil e

criou diversas das lendas urbanas que conhecemos; dentre elas,

está a do Bebê Diabo. Segundo o jornal, ele era um bebê que

nasceu com chifres, cascos e rabo e, de acordo com a mãe da

criança, o próprio capeta era o pai. Provavelmente ele não

passava de uma criança que nasceu com algum defeito genético,

mas como bebês satânicos vendem mais que crianças

deformadas, ele acabou ganhando esse estigma. Minha mãe

contava essa história. Gente, eu morria de medo!

LENDAS URBANAS

36

O CADÁVER NAS GARRAFAS DE COCA-COLA...

Essa eu ouvi quando era criança, é velhinha... E tinha

gente que dizia ter encontrado um dedo dentro de um casco,

houve até caso de gente que queria pedir indenização. Eu e

minha família nunca deixamos de tomar o refri, que, por sinal, é

um dos melhores. Essa é bem famosa e eu cheguei a ouvi-la da

minha própria mãe, mas na versão dela aconteceu lá em Porto

Seguro/BA. Morávamos no RJ nessa época, e eu tinha uns dez

anos. De acordo com a lenda, um funcionário da Coca-Cola

teria sofrido um infarto enquanto operava um dos tanques de

refrigerante, seu corpo teria caído dentro do tanque, que, de tão

fundo, ninguém via o corpo mergulhado na Coca-Cola. Ele teria

ficado lá por dias se decompondo e sendo engarrafado. Essa

lenda foi tão forte que em seu ápice ela chegou a diminuir as

vendas da Coca-Cola em todo o país.

O MENINO DO PORÃO – LENDA BAIANA...

Essa lenda, uma história contada há várias gerações, é sobre

um menino que além de muito levado era também muito

mentiroso e, certo dia, após aprontar muito, foi colocado de

castigo no porão da escola por sua professora... Em todas as

versões, depois de certo tempo, o menino começou a gritar

desesperadamente que havia uma cobra com ele, mas, como ele

era muito mentiroso, ninguém levou a sério... E a partir deste

ponto a história apresenta algumas variações, pois algumas

versões contam que era uma cobra pequena, mas venenosa, que

picou o menino; outras dizem que seria uma enorme sucuri que

devorou o garoto, depois de matá-lo por esmagamento. Há

versões que dizem até que, quando a professora entrou no porão,

Adriana Matheus

37

ainda pôde ver o pé do menino desaparecendo na boca da

cobra... Bem, o final em todas as versões é o mesmo: a partir

dessa trágica data, o fantasma do menino passou a assombrar os

porões de diversas escolas na Bahia. Será?

LADRÃO DE ÓRGÃOS – MUNDO...

Muito embora o grosso das histórias relacionadas a

essa lenda seja de uma ladra de rins, na verdade foram

muitas as versões, e o ponto em comum entre elas era a

de uma bela mulher que enganava suas vítimas, seja elas

crianças ou adolescentes sedentos por sexo. A vítima

acordava numa banheira cheia de gelo, com uma cicatriz

enorme, devido ao roubo dos seus rins. Na versão das

crianças, elas apareciam dias depois na porta de suas

casas com a enorme cicatriz nas costas. A história ficou

bastante conhecida e até ganhou um apelo totalmente

negativo para o Brasil no filme americano Turista.

PRAGA DA DANÇA...

A epidemia começou em julho, com uma mulher bailando

sem parar por seis dias. O transe acabou envolvendo centenas de

pessoas e durou até setembro. Em julho de 1518, a cidade

francesa de Estrasburgo, na Alsácia, viveu um carnaval nada

feliz. Uma mulher, Frau Troffea, começou a dançar em uma

viela e só parou quatro a seis dias depois, quando seu exemplo

já era seguido por mais de trinta pessoas. Quando a febre da

LENDAS URBANAS

38

dança completava um mês, havia uns quatrocentos alsacianos

rodopiando e pulando sem parar debaixo do sol de verão do

Hemisfério Norte. Lá para setembro, a maioria havia morrido de

ataque cardíaco, derrame cerebral, exaustão ou simplesmente

por causa do calor. Reza a lenda que se tratava de um bloco

carnavalesco involuntário: na realidade ninguém queria dançar,

mas ninguém conseguia parar.

Os enlutados que sobraram ficaram perplexos para o resto

da vida. Para provar que a epidemia de dança compulsiva não

foi lenda coisa nenhuma, o historiador John Waller lançou,

quatrocentos e noventa anos depois, um livro de duzentos e

setenta páginas sobre o frenesi mortal: A Time to Dance, A Time

to Die: The Extraordinary Story of the Dancing Plague of

1518. Segundo o autor, registros históricos documentam as

mortes pela fúria dançante: anotações de médicos, sermões,

crônicas locais e atas do conselho de Estrasburgo. Outro

especialista, Eugene Backman, já havia escrito em 1952 o livro

Religious Dances in the Christian Church and in Popular

Medicine. A tese é que os alsacianos ingeriram um tipo de

fungo, Ergot fung, um mofo que cresce nos talos úmidos de

centeio, e ficaram doidões. Tartarato de ergotamina é

componente do ácido lisérgico, o LSD. Waller contesta

Backman. Intoxicação por pão embolorado poderia, sim,

desencadear convulsões violentas e alucinações, mas não

movimentos coordenados que duraram dias. O sociólogo Robert

Bartholomew propôs a teoria de que o povo estava na verdade

cumprindo o ritual de uma seita herética. Mas Waller repete: há

evidência de que os dançarinos não queriam dançar,

expressavam medo e desespero, segundo os relatos antigos. E

pondera que é importante considerar o contexto de miséria

humana que precedeu o carnaval sinistro: doenças como sífilis,

Adriana Matheus

39

varíola e hanseníase, fome pela perda de colheitas e

mendicância generalizada.

O ambiente era propício para superstições.

Uma delas era que, se alguém causasse a ira de São Vitor,

também conhecido por São Guido, ele enviaria sobre os

pecadores a praga da dança compulsiva. A conclusão de Waller

é que o carnaval epidêmico foi uma enfermidade psicogênica de

massa, uma histeria coletiva precedida por estresse psicológico

intolerável.

O ALBERGUE – ÍNDIA

Esse é uma das mais revoltantes da lista, principalmente

pelo fato de que parte dela é baseada em uma notícia real de

crimes grotescos ocorridos na Índia durante a década de 70 a 80.

Perto da atual capital Nova Deli, havia um vilarejo que

hospedava ricos e poderosos de diversas partes do mundo. Nos

territórios vizinhos ao vilarejo havia um albergue, que na

verdade não era um albergue: era um centro de diversão mais

bizarro e grotesco que talvez já tenha existido. Nesse lugar as

crianças das famílias miseráveis da Índia vendiam seus filhos

por uma quantia considerável. Os filhos, então, eram enjaulados

e ficavam à espera de um comprador, um riquinho fdp que já

tinha feito de tudo na vida e buscava por algo novo. O

milionário comprava a criança/adolescente e se divertia

torturando-a até a morte (ah, eu queria pegar um riquinho

desse… o infeliz ia sofrer). Uma das mães se arrependeu do

feito e noticiou à polícia local. E aí começa a lenda. Vertentes

dizem que isso não era algo singular na Índia e talvez no mundo.

Que era um forte esquema protegido por autoridades numa

barreira de silêncio onde os delatores acabavam no albergue.

LENDAS URBANAS

40

Outra versão da história dizia que foram mais de 1200 vítimas

durante esses anos, embora tenha ficado claro que nos laudos da

polícia não se sabe ao certo o número de vítimas, apenas que os

crimes ocorreram durante a década de 70 e 80.

Também ficou apenas na suspeita a hipótese de ser uma

organização responsável por isso e que tinha esse propósito: o

que se sabe era que havia tráfico de humanos no local e que, em

alguns casos, os compradores alugavam o porão do albergue

para realizar suas barbáries, o que não significa que,

necessariamente, ocorria o homicídio de todos os humanos

comprados. Existe ainda a versão que foi parar no cinema, a

qual diz que o Albergue era alugado para os viajantes e esses

viravam vítimas dos poderosos cheios da grana. De certa forma,

só de pensar que os humanos são capazes disso, já enraivece.

A MÚSICA DE TRÁS PRA FRENTE...

Essa surgiu em meados dos anos oitentas, embora tenha

tido base em outras semelhantes que transcorreram por todos os

anos sessentas e setentas em outros países e acabou por servir de

referência para filmes que utilizaram a história. A versão que

ouvi no início da década de oitenta dizia-se que a banda criadora

do Heavy Metal Rock, o Led Zeppelin, havia deixado uma

oração satânica inserida dentro da música Starway to heave, mas

que a única forma de se ouvir a tal oração era tocando a música

de trás pra frente... Esse expediente foi também utilizado para

criticar músicas da banda Black Sabath e até do cantor Alice

Cooper nos EUA e Inglaterra. Contudo, nunca teve tanta

repercussão como no Brasil com essa música do Led. Bem, o

que aconteceu é que não apenas milhares de religiosos gravaram

a música em fitas cassetes e depois as inverteram para ouvir a

Adriana Matheus

41

tal oração, e milhares juram até hoje que a ouviram, mas não

ousam repeti-la, como chegou até a ser mencionado na versão

brasileira da série Batman, a volta do cavaleiro das trevas. E,

com isso, os caras venderam milhões enquanto os tolos

ladravam suas asneiras por aí.

OLHA O ELVIS PRESLEY AÍ, GENTE!

A frase que reza essa lenda é mundialmente conhecida:

Elvis não morreu! Alguns chegam até a dizer que o viram em

uma ilha. Outros comentam que ele foi abduzido e ganhou

imortalidade, vivendo no mundo oculto. São tantos mitos em

torno de sua morte que dava para escrever um livro só de

possibilidades de ele estar vivo. A mais legal dela e a mais

aceita é que Elvis Presley, por não aguentar mais a perseguição

dos fãs e com sua carreira em declínio, decidiu arquitetar um

plano para forjar sua morte. Achou um sósia o qual fez um

acordo e comprou uma ilha paradisíaca na costa americana que

foi fechada pelo governo desde sua ida para lá. E está lá até

hoje, mas, como ninguém tem acesso à ilha, exceto o próprio

governo, ninguém consegue provar nada. Elvis é visto até hoje,

de vez em quando aparece alguém dizendo que o viu por aí!

DISNEY RESSUSCITADO – EUA...

Lenda urbana clássica da lista envolve Walt Disney, criador

do Mickey, do Pato Donald e da Disneylândia. Milhões de

americanos sabem que o gênio dos desenhos animados teve o

corpo congelado logo depois de sua morte, para ser

descongelado e ressuscitado no futuro. Fumante compulsivo,

LENDAS URBANAS

42

Disney morreu em decorrência de um câncer no pulmão no dia

quinze de dezembro de 1966, aos sessenta e cinco anos de idade.

Mas a técnica de congelamento, chamada criogenia, foi aplicada

pela primeira vez em um ser humano somente um mês depois.

Ela conserva os tecidos e órgãos dos cadáveres em bom estado,

mas não se conhece ainda uma forma de fazê-los voltar à vida.

Oficialmente, Disney foi cremado depois de dois dias de velório.

LENDA DE GUEDES...

Uma curiosa lenda que envolve a cidade de Cariré/CE, a

265 km de Fortaleza, fala de uma mulher que havia se perdido

na mata durante dias. Sem conseguir encontrar o caminho de

volta, acabou por falecer de fome e sede e ironicamente a apenas

duzentos metros de um açude. Pescadores relatam que, quando

vão pescar no açude, podem-se ouvir os gritos de socorro de

uma mulher em meio à mata, outras pessoas, em respeito à

finada Guedes, construíram uma cruz no local onde ela foi

encontrada morta. Algumas pessoas deixam lá pratos de comida

ou garrafas com água e pedem pequenos milagres em troca, já

levam velas e oram para que Guedes encontre a paz eterna. O

pessoal da cidade costuma visitar o local com bastante

frequência de dia, já à noite… tipo montar um acampamento

próximo à cruz, isso ninguém faz.

Ué? É impressão minha ou o povo transformou Guedes em

oráculo? Ou será que é santa milagreira, ou é orixá? Cada uma

viu!

Quanto mais eu penso que a ignorância acabou, mas vejo

que isso será impossível... Na verdade, parece que as pessoas

precisam ter um fantasma em suas vidas, é como se isso desse

certa apimentada a suas vidinhas monótonas.

Adriana Matheus

43

A LENDA DAS BRUXAS...

As famosas bruxas e suas lendas aterrorizavam os

moradores de vilarejos europeus e americanos nos séculos XII,

XIV, XV e XVI, mas, como sempre dizem, toda a lenda tem um

começo, e não é diferente com as lendas de bruxas. Segundo

documentos, populações inteiras sumiam de determinadas

regiões da Alemanha, França e Inglaterra com medo dessas

mulheres, que supostamente tinham pacto com o demônio e

entendiam os fenômenos da natureza, mas na verdade tudo isso

foi inventado. As bruxas vêm da cultura celta, onde elas eram

sacerdotisas que cultuavam a noite e sabiam os segredos das

florestas. Com o tempo, as lendas ganharam fantasia, e as

bruxas ganharam vassouras, chapéus, roupas pretas, varinhas

mágicas e até os gatos entraram na dança. Hoje em dia ainda

existem bruxas, que seguem tradições milenares de culto à lua,

que é considerada a mãe do universo, e utilizam também

poções, caldeirões e até feitiços, claro que nada parecido com os

feitiços do Harry Potter.

A BRUXA DA BRUMA - PAÍS DE GALES

O significado do nome Gwrach-y-rhibyn literalmente é

Bruxa da Bruma, mas é mais comumente chamada de Bruxa da

Baba. Dizem que parece com uma velha horrenda, toda

desgrenhada, de nariz adunco, olhos penetrantes e dentes

semelhantes a presas. De braços compridos e dedos com longas

garras, tem na corcunda duas asas negras escamosas, coriáceas

como a de um morcego. Por mais diferente que ela seja da

adorável baixei irlandesa, a Bruxa da Baba do País de Gales

lamenta e chora quando cumpre funções semelhantes, prevendo

a morte. Acredita-se que a medonha aparição sirva de emissária

LENDAS URBANAS

44

principalmente às antigas famílias galesas. Alguns habitantes de

Gales até dizem ter visto a cara dessa górgona; outros conhecem

a velha agourenta apenas por marcas de garras nas janelas ou

por um bater de asas, grandes demais para pertencer a um

pássaro. Uma antiga família que teria sido assombrada pela

Gwrach-y-rhibyn foi a dos Stardling, do sul de Gales. Por

setecentos anos, até meados do século XVIII, os Stardling

ocuparam o Castelo de São Donato, no litoral de Glamorgan. A

família acabou por perder a propriedade, mas parece que a

Bruxa da Baba continuou associando São Donato aos Stardling.

Uma noite, um hóspede do Castelo acordou com o som de uma

mulher se lamuriando e gemendo abaixo de sua janela. Olhou

para fora, mas a escuridão envolvia tudo. Em seguida ouviu o

bater de asas imensas. Os misteriosos sons assustaram tanto o

visitante que este voltou para cama, não sem antes acender uma

lâmpada que ficaria acesa até o amanhecer. Na manhã seguinte,

indagando se mais alguém havia ouvido tais barulhos, a sua

anfitriã confirmou os sons e disse que seriam de uma Gwrach-y-

rhibyn que estava avisando de uma morte na família Stardling.

Mesmo sem haver um membro da família morando mais no

casarão, a velha bruxa continuava a visitar a casa que um dia

fora dos Stardling. Naquele mesmo dia, ficou-se sabendo que o

último descendente direto da família estava morto.

EMF 6742 – O DETECTOR DE FANTASMAS

A festa Halloween pode já ter passado, mas alguns

fantasmas e espíritos ficaram presos na sua casa. As vozes e

vultos assustam você? Saiba quantos deles ainda estão por lá

utilizando o EMF 6742, um detector de campo magnético que

Adriana Matheus

45

funciona junto à rede wireless e verifica os níveis de

eletromagnetismo no ar EMF?

Segundo especialistas, variações intensas nos campos

eletromagnéticos estão diretamente relacionadas à presença de

espíritos. Portanto, quanto maior o valor de EMF acusado pelo

EMF 6742, maior a quantidade de espíritos que andam

assombrando seu lar. Saiba quem anda provocando aqueles

barulhos estranhos, vultos e batidas de porta na sua casa com o

EMF 6742. E aí, vai arriscar? Se você quiser brincar um pouco

com EMF e vir a verdade ou mentira por detrás de toda essa

história, o site Baixaki disponibiliza o download gratuito. Só

tem um pequeno detalhe: ele só roda em Mac.

DONO DO FIREFOX FAZ PACTO COM O TINHOSO

– MUNDO

Não sei se alguém tem conhecimento disso, mas nos

navegadores Mozilla Firefox, Netscape e Seamonkey se você

digitar na barra de endereços about: Mozilla, a tela fica

vermelha e com um pequeno texto como se fosse uma passagem

da Bíblia. Mas na verdade é uma passagem do livro de Mozilla.

Aparece o seguinte texto: Mamon adormeceu. E o renascimento

da criatura disseminou-se pela terra e seus seguidores

tornaram-se exércitos. E eles apregoaram a mensagem e

sacrificaram lavouras com fogo, com a astúcia das raposas. E

eles criaram um novo mundo à sua imagem e semelhança

conforme prometido pelo texto sagrado e contaram da criatura

para suas crianças. Mamon despertou e, veja só, nada mais era

do que um discípulo. De O Livro de Mozilla, onze e nove da

manhã, décima primeira edição.

LENDAS URBANAS

46

Em outras edições do Mozilla também aparece essa

mensagem: Por fim, a criatura sucumbiu e os infiéis

regozijaram-se. Porém nem tudo fora destruído, pois das cinzas

ergueu-se um imponente pássaro. O pássaro mirou os infiéis e

lançou sobre eles o fogo e o trovão. A criatura renascera com

forças renovadas e os discípulos de Mamon encolheram-se

horrorizados. De O Livro de Mozilla, sete e quinze da manhã.

Estariam os navegadores escondendo alguma profecia?

Teriam eles algum pacto? Será que existe realmente o Livro de

Mozilla? Testem aí e vejam o que aparece. A verdade é que

Mamon, em algumas culturas ligadas à religião católica, é o

filho de Satã. Por isso surgiu a lenda do pacto. Entretanto há

quem diga que a passagem se refere à Microsoft e que Mamon

seria a empresa de Bill Gates. O que parece é ser uma

brincadeira muito bem elaborada para despertar a curiosidade e

fazerem os usuários baixarem o Firefox. No entanto, fica a

dúvida, porque toda edição aparece com uma mensagem nova.

Veremos no que isso irá terminar.

CROCODILOS NA TUBULAÇÃO – NEW YORK

As tubulações subterrâneas de água e esgoto de Nova

Iorque estariam infestadas de crocodilos assassinos. Eles teriam

vindo da Flórida, como animais de estimação. Mas foram se

tornando grandes e violentos demais, e os antigos donos os

soltaram nos esgotos. Esse mito foi criado por jornais

sensacionalistas nos anos 1930, e resiste firme e forte até hoje.

Outra versão para essa história é a do jacaré teimoso do rio

Tietê, esse belo espécime apareceu na primeira vez em 1992 e

Adriana Matheus

47

desde então ambientalistas do mundo todo resolveram salvar o

rio, que era considerando o mais poluído do mundo.

Valeu, teimoso!

A LENDA DOS VAMPIROS...

Essas lendas que falam sobre criaturas que se alimentam de

sangue começaram desde o ano C (100), depois de Cristo, as

histórias que começaram a aparecer na mitologia grega, que

muitas vezes uniam pessoas que tinham poderes sobrenaturais, e

também contos em que existiam criaturas com cabeça de gente e

corpo de animal, talvez as lendas sobre vampiros surgissem

desse pensamento, já que os animais que se alimentam de

sangue são os morcegos e também possuem os dentes caninos

mais avantajados, assim como os vampiros. As lendas sobre

vampiros ficaram famosas na Europa e se expandiram por todo

o mundo através das caravanas pelo mediterrâneo. Com o

surgimento da religião católica, os vampiros e suas lendas se

tornaram histórias condenadas pela igreja e seus contos e lendas

eram proibidos de serem contados. Porém ciganos continuaram

acreditando e, no ano de 1431, segundo as lendas, nasceu Vlad

Drácula, que era um vampiro com o espírito de uma pessoa

morta. Os vampiros, segundo as lendas, não possuem sombra,

nem reflexo nos espelhos. Como os vampiros eram associados a

bruxas e assassinos, poucos falavam sobre o assunto, mas com o

passar do tempo, essas criaturas se tornaram famosas não só nas

lendas como também em livros e filmes. Segundo as lendas, os

vampiros saem à noite para beber o sangue dos humanos e

também só entram na casa das pessoas se o dono permitir. Os

humanos deveriam ter medo dos vampiros devido ao fato de

LENDAS URBANAS

48

que, se fossem mordidos, poderiam se transformar em vampiros

e perder a mortalidade, já que os vampiros são criaturas

imortais. Canta ainda a lenda que os vampiros só morrem com

uma estaca no coração e com exposição à luz solar. Cá para nós,

é perigoso para qualquer um ficar exposto à luz solar hoje em

dia, e qualquer pessoa morre com uma estaca no coração.

Dawwww!

A LENDA DO LOBISOMEM...

Esse mito aparece em várias regiões do mundo. Diz o mito

que um homem foi atacado por um lobo numa noite de lua cheia

e não morreu, porém desenvolveu a capacidade de transforma-se

em lobo nas noites de lua cheia. Nessas noites, o lobisomem

ataca todos aqueles que encontram pela frente. Somente um tiro

de bala de prata em seu coração seria capaz de matá-lo. Tem,

provavelmente, origem na Europa do século XVI, embora traços

dessa lenda apareçam em alguns mitos da Grécia Antiga. Do

continente europeu, espalhou-se por várias regiões do mundo.

Chegou ao Brasil através dos portugueses que colonizaram

nosso país, a partir do século XVI. Esse personagem possui um

corpo misturando traços de ser humano e lobo. De acordo com a

lenda, um homem foi mordido por um lobo em noite de Lua

Cheia. A partir desse momento, passou a transformar-se em

lobisomem em todas as noites em que a Lua apresenta-se nessa

fase. Caso o lobisomem morda outra pessoa, a vítima passará

pelo mesmo feitiço. A lenda no Brasil, principalmente no sertão,

ganhou várias versões. Em alguns locais dizem que o sétimo

filho homem de uma sucessão de filhos do mesmo sexo pode

transformar-se em lobisomem. Em outras regiões dizem que, se

uma mãe tiver seis filhas mulheres e o sétimo for homem, este

se transformará em lobisomem. Existem também versões que

Adriana Matheus

49

falam que, se um filho não for batizado, poderá se transformar

em lobisomem na fase adulta. Conta a lenda que a

transformação ocorre em noite de Lua Cheia em uma

encruzilhada. O monstro passa a atacar animais e pessoas para

se alimentar de sangue. Volta à forma humana somente com o

raiar do Sol.

Curiosidade...

De acordo com a lenda, um lobisomem só morre se for

atingido por uma bala ou outro objeto feito de prata. Oras... Se

eu ou qualquer pessoa for atingida por uma bala, seja ela de

prata ou não, com certeza iremos morrer, né? Cada uma viu!

A LENDA DO CHUPA-CABRAS...

É uma suposta criatura responsável por ataques sistemáticos

a animais rurais em regiões da América, como Porto Rico,

Flórida, Nicarágua, Chile, México, Brasil e Coito. O nome da

criatura deve-se à descoberta de várias cabras mortas em Porto

Rico com marcas de dentadas no pescoço e o seu sangue

alegadamente drenado. Embora o assunto tenha sido explorado

na mídia brasileira, os rumores sobre a existência de o

misterioso ser foram gradualmente desaparecendo, cessando

antes da virada do milênio. O primeiro ataque relatado ocorreu

em março de 1995 em Porto Rico. Nesse ataque, oito cabras

foram encontradas mortas, cada uma com três perfurações no

tórax e totalmente esvaídas de sangue. Em 1975, mortes

similares na pequena cidade de Corrente no Piauí foram

atribuídas a El Vampiro de Moca, O Vampiro de Moca.

Inicialmente suspeitou-se que as mortes estariam relacionadas à

cultos satânicos; posteriormente mais mortes foram registradas

LENDAS URBANAS

50

na ilha, reportadas por muitos fazendeiros. Cada animal teve seu

sangue drenado por uma série de incisões circulares.

Normalmente atacam as cabras nas cidades menores, quando as

fêmeas têm o cio. Logo após os primeiros registros dos

incidentes em Porto Rico, várias mortes de animais foram

relatadas em outros países como: República Dominicana,

Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Honduras, El Salvador,

Nicarágua, Panamá, Peru, Brasil, Estados Unidos e México. O

fato é que o bicho nunca foi pego, não se sabe se realmente ele

existe. Não se sabe o porquê exato dessa lenda ter chegado ao

Brasil.

OS BONECOS MALDITOS - MUNDO

Essa história tem várias versões, alguns dizem que a

boneca da Xuxa era amaldiçoada e que à noite ela

ganhava vida e matava as criancinhas. Há também quem

diga que, ao invés de matar as crianças, a boneca fazia

com que elas matassem seus pais. Outros dizem que o

boneco do Fofão vinha com uma adaga ou uma vela

negra, ou ainda um revólver dentro dele.

Algumas versões mais estendidas diziam que esses

bonecos eram fabricados por uma seita satânica e que

essa seita os carregava com energias demoníacas para

levar as crianças para o mal. Foram tantas versões sobre

o assunto que chegaram a chamar os inocentes

brinquedos de Caixas de Pandora.

Bom, eu odeio até hoje bonecos gigantescos, sempre

tive a sensação de que eles ficam olhando, nos vigiando,

Adriana Matheus

51

enquanto dormimos. Isso é opinião minha, e não quer

dizer que os bonecos têm mesmo vida!

ILHA DAS BONECAS – MÉXICO

Esse era um lugar digno de estar na lista dos lugares mais

assustadores do mundo. A ilha das bonecas, ou também

conhecida como a ilha das bonecas mortas, é uma ilha no

México com bonecas por todos os lados, presas nas árvores,

empaladas em gravetos ou enforcadas nas casas… Nessa ilha

morreu uma garota afogada em 1951, num canal da ilha. Os

moradores da ilha acreditam que o espírito da garota continue

por lá. O florista Julián Santana Barrera tem certeza… Julián

afirma que a garota o perturbava, dia e noite, noite e dia, e

descobriu uma forma de afastar o espírito dela, prendeu

bonecas nas árvores e na casa dele. Em um efeito em cadeia,

todos os moradores começaram a pendurar bonecas nas árvores,

pois morriam de medo do tal espírito. A maioria com um olhar

assustador, e penduradas e destruídas pela ação da natureza, o

que dá um clima ainda mais sombrio. Falam que são as bonecas

que conservam o espírito da garotinha sossegado. Ou talvez

não… Julián Santana Barrera, quem começou tudo isso,

morreu em 2001, aos cinquenta anos, afogado…

Sinistro, é?! Já imaginaram? Um monte de bonecas

horrorosas e velhas penduradas em uma ilha? Que coisa... dá

medo mesmo...

LENDAS URBANAS

52

O CASO DOS IRMÃOS ARAGÃO...

Ninguém sabe até onde essa história é verdadeira,

característica típica de uma lenda urbana. Mesmo assim,

bastante interessante. Manaus, dezoito de junho de 2005, a

polícia finalmente localiza os três irmãos Aragão, um fato que

apesar de muito divulgado pela imprensa ganhou pouca

repercussão nacional, devido à falta de esclarecimentos das

autoridades. Dois dos irmãos foram encontrados mortos, de

forma misteriosa. A segunda, uma garota que tinha na faixa de

dezoito anos, fora encontrada perdida vagando pelas matas,

completamente despida. Fora cometida por uma espécie de

loucura momentânea e hoje se encontra sob tratamento

psiquiátrico. As notícias liberadas pela polícia eram absurdas e

muito contraditórias. Nunca ninguém soube, de fato, o que havia

realmente ocorrido. Até o ano de 2008, quando uma suposta

carta veio aparecer. Na tal carta o irmão mais novo da família

Roberval faz uma espécie de reportagem, ele narra um fato, que

poderia esclarecer o mistério ocorrido naquela data, mas a

polícia nega a veracidade da carta. Na carta eles relatam a

existência de um gravador, os investigadores dizem que esse

gravador jamais existiu, mas muitos afirmam que ele, ainda

hoje, encontra-se sob poder da polícia. A família não confirma

os fatos e, desde 2006, não aparece em público, e já deixaram

bem claro que jamais voltarão a falar sobre tal assunto…

Não se sabe ao certo como o conteúdo dessa carta, que parece

uma página do diário de um dos irmãos, chegou à internet,

apenas sabemos tratar-se de um relato fascinante.

Após três dias de busca foram encontrados os corpos dos

dois irmãos. Reinaldo estava deitado na sala, com o corpo em

forma de cruz e sobre seus pés havia um crânio de cachorro.

Roberval foi encontrado deitado sobre os joelhos, sua face

Adriana Matheus

53

estava roxa, ele morrera de asfixia, a polícia disse se tratar de

suicídio. Uma forma meio exótica de se matar. Alicia fora

encontrada nua correndo pela mata. Estava num avançado

estado de desidratação. Até hoje ninguém sabe que fim teve o

caso, ninguém sabe se Alicia realmente ficou grávida ou teve

sucesso com aquela invocação. Esse caso permanece um

mistério, muitos o escarnecem, dizem tratar-se apenas de um

boato ou mera história. Já outras pessoas usam esse caso como

exemplo para outros jovens que um dia possam vir a ter esse

tipo de curiosidade.

Bom, eu quero ressaltar que tenho em poder a carta, em que

um dos irmãos relata sobre o acontecido, porém esse não é um

livro de magia negra, é um livro de ficção fantástica e de forma

alguma minha intenção é induzir ou incentivar quem quer que

seja a fazer um pacto. E conhecedora de alguns aspectos da

magia, posso afirmar que a carta é além de assustadora um

tanto... real. Mas, em minha opinião como leitora, posso dizer o

seguinte: no mínimo essa irmã que ainda está viva mantinha

relações secretas com um dos irmãos ou com os dois. E, durante

o suposto pacto com o demônio, eles estariam todos drogados e

foi aí que o mais velho quis ter relações com a irmã na frente do

outro, o que causou um ciúme doentio no mais novo. E depois o

mais novo deve ter investido para cima da irmã, o que a fez

matá-lo.

Ou... eles, num momento de alucinação, quiseram estuprá-

la, o que ocasionou na morte dos dois.

É só a minha opinião, porque, embora tenha achado o

conteúdo da carta muito parecido com um pacto, vejo outro lado

da moeda. Essa história está muito mal contada e eu acho que a

polícia deveria divulgá-la ao invés de deixar que a culpar caísse

sobre as forças sobrenaturais. Gente, pacto é coisa séria e,

garanto a vocês, que o suposto diabo não tem o poder de tocar

LENDAS URBANAS

54

fisicamente em uma pessoa. Não estou defendendo o diabo não,

longe disso... o que estou tentando dizer é que nem tudo o que

acontece na vida é coisa dele. Afinal, Deus nos deu o poder de

escolha e isso se chama livre-arbítrio.

Tenho lido muitas histórias, como a de Emily Rose, que na

verdade se chamava Anneliese Michel. Eu já li a história dela

completa e também assisti ao filme. E posso somente dizer uma

coisa: aquela moça foi brutalmente espancada e assassinada por

pessoas que se julgavam acima do bem e do mal. Fizeram um

exorcismo nela que com certeza era desnecessário. Essa moça,

na verdade, era uma jovem reprimida sexualmente e que sofria

de depressão e epilepsia. Quando li essa história, confesso que

senti o espírito dela perto de mim e este me disse somente uma

coisa: “orem por mim”.

Como muitas pessoas sabem, a maioria das minhas obras é

de cunho psicografista. Para matar a curiosidade de alguns,

posso afirmar que ela não é um obsessor, mas que também não

consegue descansar. Quem sabe um dia eu escrevo algo sobre o

caso. Mas logicamente será a verdadeira história... e não versão

de pais fanáticos e padres loucos. Entendam como queiram, mas

Anneliese foi assassinada. Sem mais a dizer sobre esse caso.

FREIRA ISABEL E O DIA DAS MÃES...

Em 1979 uma jovem que estudava em um colégio de

freiras, sentada em um banquinho, ouve Irmã Isabel contar a

seguinte história para a turma:

No ano de 1977 uma professora resolveu fazer uma

atividade, de educação artística, para montar o presente do Dia

das Mães com os alunos do jardim da infância. Então ela disse:

Adriana Matheus

55

– Tragam grampos de roupas que com eles montaremos um

presente lindo para o Dia das Mães: um crucifixo feito destes

grampinhos!

Naquele instante, a aluna Marina ergueu os braços e

indagou:

– E quem tem a mãe morta pode dar o presente para quem?

A freira respondeu:

– Pode oferecer para uma pessoa na família que faça o

papel de mãe: o pai, uma tia, etc.

A garota comentou:

– Eu moro com a minha tia, mas quero dar um presente para

ela quando chegar o dia das tias. Existe o dia das tias?

A mestra respondeu pensativa:

– Bem, no momento, preocupe-se em fazer o seu trabalho

artístico com os grampos de roupa, que arrumarei a solução para

o seu problema mais tarde.

Assim, todos os alunos, até mesmo Marina, confeccionaram

crucifixos de grampinhos para darem as suas mamães. Numa

sexta-feira, faltando dois dias para a comemoração das mães, a

professora chegou perto de Marina e explicou:

– Tive uma ideia, você gostaria de levar este presente até o

túmulo de sua mãe?

A menina exclamou:

– Claro!

Então a professora continuou:

– Hoje ligarei para a sua tia para explicar a situação e falar

que gostaria de acompanhá-la até o cemitério.

Dessa maneira, no Dia das Mães, a professora foi até o

túmulo da mãe de Marina, que deixou o presente na cripta. Na

mesma noite, Isabel sonhou com uma mulher vestida de azul,

semelhante à foto da moça da lápide, que disse:

LENDAS URBANAS

56

– Muito obrigada por ajudar a minha filha! Amei o presente

que ela fez, com a sua ajuda, para mim.

Várias mães falecidas sentem falta das orações dos seus

filhos no Dia das Mães. Por isso, a professora Isabel até hoje

aconselha os filhos que possuem mães falecidas a visitarem seus

túmulos nos Dia das Mães.

NO MEIO DA ESTRADA...

Havia algo estranho. Todos dentro do ônibus podiam sentir

isso. Eles haviam saído de Belém no final da noite, em direção a

São Luiz. A estrada era perigosa, todos sabiam disso. Havia

perigo de acidentes, assaltos... Mas não era tudo. Havia algo de

sobrenatural e temeroso no ar. Como se algo estivesse para

acontecer... Uma criança começou a chorar. A mãe colocou a

cabeça da menina no peito e afagou-lhe os cabelos, tentando

confortá-la. Lá na frente, perto do motorista, uma velhinha

rezava, segurando um terço. O motorista suava e, de quando em

quando, levava a mão à cabeça, como se houvesse algo ali que o

incomodasse. Súbito, apareceu algo no meio da estrada. Parecia

um carro policial. Dois homens sinalizavam para que o ônibus

parasse. O motorista se lembrou de que eram comuns os

assaltantes se disfarçarem de policiais... Isso quando não eram

os próprios policiais que praticavam os assaltos. “Não pare para

eles! São ladrões!”, gritou um homem, entre lágrimas.

– Vão matar todos nós – choramingou uma mulher.

– Apesar dos protestos, o motorista parou. Os dois homens

entraram com armas na mão.

– Todos parados! – berrou um deles. Havia algo de estranho

nos dois... Como se fizessem parte de outra realidade. Seus

corpos pareciam intangíveis.

Adriana Matheus

57

– São fantasmas, mamãe. São fantasmas! Vieram para nos

levar – gemeu a garotinha.

– Os homens devem se levantar e colocar as mãos para

cima – ordenou o policial.

Os homens, resignados, levantaram-se e deixaram-se

revistar. Depois foi pedido que abrissem as sacolas. Os dois

olharam tudo, depois saíram.

– Boa viagem! – disse um deles ao motorista, mas ele não

respondeu. Na verdade, o motorista nem mesmo pareceu prestar

atenção neles. Ele simplesmente fechou a porta, sinalizou e saiu.

Os dois ficaram lá, parados no meio do mato, observando o

veículo se afastar. Um deles encostou-se ao carro e acendeu um

cigarro.

– Sei, eu não entendo porque temos de ficar aqui, no meio

desta estrada esquecida por Deus revistando ônibus...

– Você não soube... Do ônibus que foi assaltado?

– Não, eu estava de férias...

– Era um ônibus como este... Apontou com o veículo que já

sumia no horizonte. Eles pararam no meio do caminho para

pegar um passageiro. Era um assaltante. Ele tentou parar o

carro, mas o motorista se negou. Foi morto com um tiro na

cabeça. O ônibus bateu, então, em um caminhão. Todo mundo

morreu.

– Sabe, agora que você falou, estou me lembrando de uma

coisa estranha... O cabelo daquele motorista parecia manchado

de sangue...

– Você... Você anotou a placa? – gaguejou o policial.

– Claro. Está aqui. É OB 1326.

O outro ficou lívido.

– Era... Era o ônibus do acidente!

Tá doido! Quem era quem afinal?

LENDAS URBANAS

58

CIGANA SORAYA...

Na Idade Média, uma caravana de ciganos hospedou-se em uma

cidade. Logo o grupo começou a trabalhar fazendo as seguintes

atividades: jogando tarô, lendo as mãos das pessoas na rua,

dançando, vendendo e confeccionando artesanato. Nessa

caravana havia uma excelente dançarina chamada Soraya. Certo

dia, a princesa Karin resolveu sair do castelo, vestida de

mendiga só para ver o espetáculo dos ciganos na rua. A princesa

viu Soraya dançar divinamente e ficou encantada. Quando a

bailarina terminou a apresentação, Karin aproximou-se da tenda

e disse:

– Parabéns pela apresentação! Eu sou a princesa Karin, estou

disfarçada de mendiga porque fugi do meu castelo para ver os

ciganos dançarem. Fiquei tão apaixonada pelo seu bailado, que

gostaria de ter aulas de dança cigana com você. Avisarei aos

soldados do meu pai para deixá-la entrar amanhã de manhã no

castelo.

A cigana falou:

– Eu aceito a proposta. Mas só posso sair com o meu irmão

Pablo, que é músico.

Karin comentou:

– Tudo bem, você poderá trazer o seu irmão também. Afinal

precisamos de um instrumentista para fazer as aulas.

Então, no dia seguinte, Soraya e Pablo foram recebidos no

castelo pela princesa, que levou os ciganos a um salão enorme.

No meio da aula o rei abriu a porta do local e perguntou:

– O que está acontecendo aqui?!

Sua filha explicou:

– Estou tendo aulas de dança cigana, papai.

O homem entrou no salão, olhou a cigana Soraya de cima a

baixo e comentou:

Adriana Matheus

59

– Gente bonita! Podem continuar as aulas, desde que sejam na

minha presença.

O nobre não tirava os olhos da cigana. No dia seguinte, Soraya

recebeu um ramalhete de flores, que foi entregue por um

soldado do rei. A jovem ficou atordoada, mesmo assim voltou

para o castelo com o objetivo de ensinar dança cigana para a

princesa. Porém, no meio da aula, a rainha abriu a porta do salão

e ficou com inveja das belas pernas da cigana, que apareciam de

acordo com o movimento da enorme saia. Naquele dia, após a

aula, dentro do castelo, o rei aproveitou-se que Pablo afastou-se

da irmã e puxou a cigana para o seu quarto, agarrou-lhe e deu-

lhe um beijo à força. Naquele instante a rainha abriu a porta, viu

a cena e ficou horrorizada de ciúmes. No mesmo dia ela

condenou Soraya à forca alegando, falsamente, que a moça era

bruxa. Mas, no instante do enforcamento, a corda partiu-se

misteriosamente, soltando o corpo da garota no chão sem feri-la.

Então o padre falou:

– Quando uma coisa destas acontece, significa que o condenado

é inocente. Portanto, podem soltar a jovem!

À noite, Soraya estava dormindo em sua tenda. Quando, de

repente, soldados encapuzados sequestraram a jovem e a

colocaram numa carroça. Eles pararam no meio da floresta e, de

outra carroça, saiu a rainha, que disse:

– Você escapou do enforcamento, mas não escapará da minha

vingança. Pois cortarei as suas belas pernas.

Desse jeito, a monarca cortou as pernas de Soraya com um

machado. Por isso a pobre cigana morreu de hemorragia no

meio do mato. No meio daquela floresta existia uma senhora

chamada Mary, mãe de uma adolescente chamada Brenda, que

tinha pernas, mas nunca andou na vida. Mary estava indo pegar

água do poço, quando de repente viu o corpo da cigana sem as

pernas. Então ela orou pela alma da jovem e enterrou a pobre.

LENDAS URBANAS

60

Quando ela chegou a casa, viu que sua filha deficiente estava de

pé. Assim, a mulher perguntou:

– O que é isto, Brenda?! Você tem treze anos de idade, e nunca

andou na vida!

A menina explicou:

– Hoje apareceu para mim uma linda moça, sem pernas,

flutuando pelo ar. Ela falou que eu andaria como forma de

agradecimento, porque a senhora rezou pela sua alma e enterrou

o seu corpo, que teve as pernas amputadas.

Esse conto ou lenda é muito famoso e antigo entre os ciganos.

FIM

Adriana Matheus

61

II O FOLCLORE BRASILEIRO...

que é Folclore?

Podemos definir como folclore o conjunto de

mitos e lendas que as pessoas passam de geração

para geração. Muitos nascem da pura imaginação das

pessoas, principalmente dos moradores das regiões do

interior do Brasil. Muitas dessas histórias foram criadas

para passar mensagens importantes ou apenas para assustar

as pessoas. Por ser dividido em lendas e mitos, muitos deles

deram origem a festas populares, que ocorrem pelos quatro

cantos do país. As lendas são histórias contadas por pessoas

e transmitidas oralmente através dos tempos. Misturam

fatos reais e históricos com acontecimentos que são frutos

da fantasia. As lendas procuraram dar explicação a

acontecimentos misteriosos ou sobrenaturais. Os mitos são

narrativas que possuem um forte componente simbólico.

Como os povos da antiguidade não conseguiam explicar os

O

LENDAS URBANAS

62

fenômenos da natureza, através de explicações científicas,

criavam mitos com este objetivo: dar sentido às coisas do

mundo. Os mitos também serviam como uma forma de

passar conhecimentos e alertar as pessoas sobre perigos ou

defeitos e qualidades do ser humano. Deuses, heróis e

personagens sobrenaturais se misturam com fatos da

realidade para dar sentido à vida e ao mundo.

O BOITATÁ...

Representado por uma cobra de fogo que protege as matas e

os animais e tem a capacidade de perseguir e matar aqueles que

desrespeitam a natureza. Acredita-se que esse mito é de origem

indígena e que seja um dos primeiros do folclore brasileiro.

Foram encontrados relatos do boitatá em cartas do padre jesuíta

José de Anchieta, em 1560. Na região nordeste, o boitatá é

conhecido como fogo que corre.

CURUPIRA OU CAIPORA...

Assim como o boitatá, o curupira também é um protetor das

matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de

cabelos compridos e com os pés virados para trás. Persegue e

mata todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém

desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam

que é obra do curupira. É um Mito do Brasil que os índios já

conheciam desde a época do descobrimento. Índios e Jesuítas o

chamavam de Caiçara, o protetor da caça e das matas. É um

anão de cabelos vermelhos com pelo e dentes verdes. Como

protetor das Árvores e dos Animais, costuma punir os

agressores da natureza e o caçador que mate por prazer. É muito

Adriana Matheus

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poderoso e forte. Seus pés voltados para trás serve para despistar

os caçadores, deixando-os sempre a seguir rastros falsos. Quem

o vê, perde totalmente o rumo, e não sabe mais achar o caminho

de volta. É impossível capturá-lo. Para atrair suas vítimas, ele,

às vezes, chama as pessoas com gritos que imitam a voz

humana. É também chamado de Pai ou mãe-do-mato, Curupira e

Caapora. Para os Índios Guaranis ele é o Demônio da Floresta.

Às vezes é visto montando um Porco do Mato. Uma carta do

padre Anchieta datada de 1560 dizia: Aqui há certos demônios,

a que os índios chamam Curupira, que os atacam muitas vezes

no mato, dando-lhes açoites e ferindo-os bastante. Os índios,

para lhe agradar, deixavam, nas clareiras, penas, esteiras e

cobertores. De acordo com a crença, ao entrar na mata, a pessoa

deve levar um Rolo de Fumo para agradá-lo, no caso de cruzar

com Ele. Nomes comuns: Caipora, Curupira, Pai do Mato, Mãe

do Mato, Caiçara, Caapora, Anhanga, etc. Origem Provável: É

oriundo da Mitologia Tupi, e os primeiros relatos são da Região

Sudeste, datando da época do descobrimento, depois se tornou

comum em todo país, sendo junto com o Saci os campeões de

popularidade. Entre os tupis-guaranis, existia outra variedade de

Caipora, chamada Anhanga, um ser maligno que causava

doenças ou matava os índios. Existem entidades semelhantes

entre quase todos os indígenas das Américas Latina Central. Em

El Salvador, El Cipitío, é um espírito tanto da floresta quanto

urbano, que também tem os mesmos atributos do Caipora. Ou

seja, pés invertidos, capacidade de desorientar as pessoas, etc.

Mas, este El Cipitío, gosta mesmo é de seduzir as mulheres.

Conforme a região, ele pode ser uma mulher de uma perna só

que anda pulando, ou uma criança de um pé só, redondo, ou um

homem gigante montado num porco do mato, e seguido por um

cachorro chamado papa-mel. Também, dizem que ele tem o

poder de ressuscitar animais mortos e que ele é o pai do

LENDAS URBANAS

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moleque Saci-Pererê. Há uma versão que diz que o Caipora,

como castigo, transforma os filhos e mulher do caçador mau em

caça, para que este os mate sem saber. A função dessa divindade

era o controle, sabedoria, e manuseios de tudo que estava

relacionado às plantas medicinais, como guardião das

sabedorias e técnicas de preparo e uso de chá, mezinhas,

beberagens e outros medicamentos feitos a partir de plantas.

Como suas qualidades eram as da farmacopeia, também era

atribuído a ele o domínio das matas onde guardava essas ervas

sagradas, e costumava confundir as pessoas que não pediam a

ele a autorização para a coleta dessas ervas.

MÃE DO OURO...

Representada por uma bola de fogo que indica os locais

onde se encontra jazidas de ouro. Também aparece em alguns

mitos como sendo uma mulher luminosa que voa pelos ares. Em

alguns locais do Brasil, toma a forma de uma mulher bonita que

habita cavernas e, após atrair homens casados, os faz largar suas

famílias.

CORPO-SECO...

É uma espécie de assombração que fica assustando as

pessoas nas estradas. Em vida, era um homem que foi muito

malvado e só pensava em fazer coisas ruins, chegando a

prejudicar e a maltratar a própria mãe. Após sua morte, foi

rejeitado pela terra e teve que viver como uma alma penada.

Adriana Matheus

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PISADEIRA...

É uma velha de chinelos que aparece nas madrugadas para

pisar na barriga das pessoas, provocando a falta de ar. Dizem

que costuma aparecer quando as pessoas vão dormir de

estômago muito cheio.

De acordo com a lenda a Pisadeira passa grande parte do

tempo nos telhados das casas. Ela fica observando o movimento

dentro das casas. Após o jantar, quando alguém vai dormir de

barriga cheia ela entra em ação. Sai de seu esconderijo e pisa no

peito da pessoa, deixando-a em estado de paralisia. Porém, a

vítima da Pisadeira consegue acompanhar tudo de forma

consciente o que traz grande desespero para a pessoa, pois nada

consegue fazer para sair da situação.

MULA SEM CABEÇA...

Surgiu na região do interior. Conta que uma mulher teve um

romance com um padre e, como castigo, em todas as noites de

quinta para sexta-feira é transformada num animal quadrúpede

que galopa e salta sem parar, enquanto solta fogo pelas narinas.

Nos pequenos povoados ou cidades, onde existam casas

rodeando uma igreja, em noites escuras, pode haver aparições da

Mula Sem Cabeça. Também se alguém passar correndo diante

de uma cruz à meia-noite, ela aparece. Dizem que é uma mulher

que namorou um padre e foi amaldiçoada. Toda passagem de

quinta para sexta-feira ela vai numa encruzilhada e ali se

transforma na besta. Então, ela vai percorrer sete povoados, ao

longo daquela noite, e, se encontrar alguém, chupa seus olhos,

unhas e dedos. Apesar do nome, Mula Sem Cabeça, na verdade,

de acordo com quem já a viu, aparece como um animal inteiro,

LENDAS URBANAS

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forte, lançando fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de

ferro. Nas noites que ela sai, ouve-se seu galope, acompanhado

de longos relinchos. Às vezes, parece chorar como se fosse uma

pessoa. Ao ver a Mula, deve-se deitar de bruços no chão e

esconder unhas e dentes para não ser atacado. Se alguém, com

muita coragem, tirar os freios de sua boca, o encanto será

desfeito e a Mula Sem Cabeça voltará a ser gente, ficando livre

da maldição que a castiga, para sempre.

Nomes comuns: Burrinha do Padre, Burrinha, Mula Preta,

Cavalo Sem Cabeça, Padre Sem Cabeça, Malora (no México).

Origem Provável: É um mito que já existia no Brasil colônia.

Apesar de ser comum em todo Brasil, variando um pouco entre

as regiões, é um mito muito forte entre Goiás e Mato Grosso.

Mesmo assim, não é exclusivo do Brasil, existindo versões

muito semelhantes em alguns países hispânicos. Conforme a

região, a forma de quebrar o encanto da Mula pode variar. Há

casos onde, para evitar que sua amante pegue a maldição, o

padre deve excomungá-la antes de celebrar a missa. Também

basta um leve ferimento feito com alfinete ou outro objeto, o

importante é que saia sangue, para que o encanto se quebre.

Assim, a Mula se transforma em outra mulher e aparece

completamente nua. Em Santa Catarina, para saber se uma

mulher é amante do Padre, lança-se ao fogo um ovo enrolado

em fita com o nome dela, e, se o ovo cozer e a fita não queimar,

ela é. É importante notar que também, algumas vezes, o próprio

Padre é que é amaldiçoado. Nesse caso, ele vira um Padre Sem

Cabeça, e sai assustando as pessoas, ora a pé, ora montado em

um cavalo do outro mundo. Há uma lenda norte-americana, O

Cavaleiro sem cabeça, que lembra muito essa variação.

Algumas vezes a Mula pode ser um animal negro com a marca

de uma cruz branca gravada no pelo. Pode ou não ter cabeça,

Adriana Matheus

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mas o que se sabe de concreto é que a Mula é mesmo uma

amante de Padre. Credo!

O SACI...

A lenda do Saci data do fim do século XVIII. Durante a

escravidão, as amas-secas e os caboclos-velhos assustavam as

crianças com os relatos das travessuras dele. Seu nome no Brasil

é de origem tupi-guarani. Em muitas regiões do Brasil, o Saci é

considerado um ser brincalhão enquanto que em outros lugares

ele é visto como um ser maligno. É uma criança, um negrinho

de uma perna só, que fuma um cachimbo e usa na cabeça uma

carapuça vermelha que lhe dá poderes mágicos, como o de

desaparecer e aparecer onde quiser. Existem três tipos de Sacis:

O Pererê, que é pretinho, o Trique, moreno e brincalhão, e o

Saçurá, que tem olhos vermelhos. Ele também se transforma

numa ave chamada Matiaperê, cujo assobio melancólico

dificilmente se sabe de onde vem. Ele adora fazer pequenas

travessuras, como esconder brinquedos, soltar animais dos

currais, derramar sal nas cozinhas, fazer tranças nas crinas dos

cavalos, etc. Diz a crença popular que dentro de todo

redemoinho de vento existe um Saci. Ele não atravessa córregos

nem riachos. Alguém perseguido por ele deve jogar cordas com

nós em seu caminho, que ele vai parar para desatar os nós,

deixando que a pessoa fuja. Diz a lenda que, se alguém jogar

dentro do redemoinho um rosário de mato bento ou uma

peneira, pode capturá-lo e, se conseguir sua carapuça, será

recompensado com a realização de um desejo.

Nomes comuns: Saci-Cererê, Saci-Trique, Saçurá,

Matimpererê, Matintaperera, etc.

Origem Provável: Os primeiros relatos são da Região

Sudeste, datando do Século XIX, em Minas e São Paulo, mas

LENDAS URBANAS

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em Portugal há relatos de uma entidade semelhante. Esse mito

não existia no Brasil Colonial. Entre os Tupinambás, uma ave

chamada Matintaperera, com o tempo, passou a se chamar Saci-

Pererê, e deixou de ser ave para se tornar um caboclinho preto

de uma só perna, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.

Também de acordo com a região, ele sofre algumas

modificações: por exemplo, dizem que ele tem as mãos furadas

no centro, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o

alto para que esta atravesse os furos. Outros dizem que ele faz

isso com uma moeda. Há uma versão que diz que o Caipora é

seu pai. Dizem também que eles (vários Sacis) costumam se

reunir à noite para planejarem as travessuras o que irão fazer. O

saci tem o poder de se transformar no que quiser. Assim, ora

aparece acompanhado de uma horrível megera, ora sozinho, ora

como uma ave.

SACI-PERERÊ...

É representado por um menino negro que tem apenas uma

perna. Sempre com seu cachimbo e com um gorro vermelho que

lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se

diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar

comida e acordar pessoas com gargalhadas. A figura do Saci

surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou

gracioso, conforme as versões comuns ao Sul. Na Região Norte

do Brasil, a mitologia africana o transformou em um negrinho

que perdeu uma perna lutando capoeira, imagem que prevalece

nos dias de hoje. Herdou também, da cultura africana, o pito,

uma espécie de cachimbo, e, da mitologia europeia herdou o

píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo. O Saci

é um negro jovem de uma só perna, portador de uma carapuça

sobre a cabeça que lhe confere poderes mágicos. Sobre este

Adriana Matheus

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último caractere é de notar-se que já na mitologia romana

registrava Petrônio, no Satiricon, que o píleo conferia poderes

ao íncubo e com recompensas a quem o capturasse. Considerado

uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e

pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades

domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assobios

– bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim éo

Saci, que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-

los cansados com correrias; faz as cozinheiras queimarem as

comidas; ou os viajores se perderem nas estradas. O mito existe

pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.

O SACI NA ARTE E LITERATURA...

O primeiro escritor a se voltar para a figura do Saci-Pererê

foi Monteiro Lobato, que realizou uma pesquisa entre os leitores

do jornal O Estado de São Paulo. Com o título de Mitologia

Brasílica Inquérito sobre o Saci-Pererê, Lobato colheu respostas

dos leitores do jornal que narravam as versões do mito, no ano

de 1917. O resultado foi a publicação, no ano seguinte, da obra

Saci-Pererê, resultado de um inquérito, primeiro livro do

escritor. Com a transposição dos textos de Lobato para a

televisão, o Saci deixou o imaginário para ser personificado

numa figura de carne e osso.

Curiosidades: É comemorado com eventos e festas, no dia

vinte e dois de agosto, aqui no Brasil, o Dia do Folclore. Em

2005, foi criado do Dia do Saci, que deve ser comemorado em

trinta e um de outubro. Festas folclóricas ocorrem nesta data

em homenagem a este personagem. A data, recém-criada,

concorre com a forte influência norte-americana em nossa

cultura, representando pela festa do Halloween – Dia das

LENDAS URBANAS

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Bruxas. Muitas festas populares, que ocorrem no mês de agosto,

possuem temas folclóricos como destaque e também fazem parte

da cultura popular.

O BOITATÁ...

É um monstro com olhos de fogo, enormes, de dia é quase

cego, à noite vê tudo. Diz a lenda que o Boitatá era uma espécie

de cobra e foi o único sobrevivente de um grande dilúvio que

cobriu a terra. Para escapar, ele entrou num buraco e lá ficou no

escuro; assim, seus olhos cresceram. Desde então, anda pelos

campos em busca de restos de animais. Algumas vezes, assume

a forma de uma cobra com os olhos flamejantes do tamanho de

sua cabeça e persegue os viajantes noturnos. Às vezes ele é visto

como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para

outro da mata. No Nordeste do Brasil é chamado de Compadre

Fulôzinha. Para os índios, ele é Mbaê-Tata, ou Coisa de Fogo, e

mora no fundo dos rios. Dizem ainda que ele é o espírito de

gente ruim ou almas penadas e, por onde passa, vai tocando

fogo nos campos. Outros dizem que ele protege as matas contra

incêndios. A ciência diz que existe um fenômeno chamado

fogo-fátuo, que são os gases inflamáveis que emanam dos

pântanos, sepulturas e carcaças de grandes animais mortos, e

que visto de longe parecem grandes tochas em movimento.

Nomes comuns: No Sul; Baitatá, Batatá. Bitatá (São Paulo). No

Nordeste; Batatão e Biatatá (Bahia). Entre os índios; Mbaê-

Tata.

Origem Provável: É de origem indígena. Em 1560, o Padre

Anchieta já relatava a presença desse mito. Dizia que entre os

índios era a mais temível assombração. Já os negros africanos,

também trouxeram o mito de um ser que habitava as águas

profundas, e que saía à noite para caçar, seu nome era Biatatá. É

Adriana Matheus

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um mito que sofre grandes modificações conforme a região. Em

algumas regiões, por exemplo, ele é uma espécie de gênio

protetor das florestas contra as queimadas. Já em outras, ele é

causador dos incêndios na mata. A versão do dilúvio teve

origem no Rio Grande o Sul. Uma versão conta que seus olhos

cresceram para melhor se adaptar à escuridão da caverna onde

ficou preso após o dilúvio. Outra versão conta que ele procura

restos de animais mortos e come apenas seus olhos, absorvendo

a luz e o volume deles, razão pela qual tem os olhos tão grandes

e incandescentes.

A CUCA...

A Cuca é uma importante e conhecida personagem do

universo do folclore brasileiro. É representada por uma velha,

com cabeça de jacaré, que possui uma voz assustadora. De

acordo com a lenda, a Cuca assusta e pega as crianças que não

obedecem a seus pais. Acredita-se que essa lenda tenha surgido

na Espanha e em Portugal, onde tem o nome de Coca. Neste

país, ela era representada por um dragão que havia sido morto

por um santo. A figura aparecia principalmente nas procissões.

A lenda teria chegado ao Brasil junto com os portugueses

durante o período da colonização. Ao chegar ao Brasil, a figura

da Cuca passou a ser representada, em muitas regiões, como

uma velha brava com cabelos compridos e desgrenhados,

semelhante a uma bruxa. Mas foi nas obras do grande escritor

infantil Monteiro Lobato que a personagem Cuca ganhou

popularidade. No Sítio do Pica-Pau Amarelo, transformado em

série de televisão no final dos anos setentas e começo dos

oitentas, a Cuca passou a ser conhecida nos quatro cantos do

país. Na TV, a Cuca era uma espécie de jacaré bípede com

cabelo amarelo e uma voz horripilante, que tinha a ajuda do

LENDAS URBANAS

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Saci-Pererê. Malvada, morava num lugar escuro, numa caverna

onde, como se fosse uma bruxa, ficava fazendo poções mágicas.

IARA, A SEREIA...

Os cronistas dos séculos XVI e XVII registraram essa

história. No princípio, o personagem era masculino e chamava-

se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava

para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora

sereia Uiara ou Iara. Todo pescador brasileiro, de água doce ou

salgada, conta histórias de moços que cederam aos encantos da

bela Uiara e terminaram afogados de paixão.

Ela deixa sua casa no fundo das águas no fim da tarde.

Surge, magnífica, a flor das águas: metade mulher, metade

peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes,

ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas. Quando a

Mãe das Águas canta, hipnotiza os pescadores. Um deles foi o

índio Tapuia. Certa vez, pescando, ele viu a deusa, linda, surgir

das águas. Resistiu. Não saiu da canoa, remou rápido até a

margem e foi se esconder na aldeia. Mas enfeitiçado pelos olhos

e ouvidos não conseguia esquecer a voz de Uiara. Numa tarde,

quase morto de saudade, fugiu da aldeia e remou na sua canoa

rio abaixo. Uiara já o esperava cantando a música das núpcias.

Tapuia se jogou no rio e sumiu num mergulho, carregado pelas

mãos da noiva. Uns dizem que naquela noite houve festa no

chão das águas e que foram felizes para sempre. Outros dizem

que na semana seguinte a insaciável Uiara voltou para levar

outra vítima.

Origem: Europeia, com versões dos indígenas, da

Amazônia.

Adriana Matheus

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COBRA-GRANDE...

É uma das mais conhecidas lendas do folclore amazônico.

Conta a lenda que numa tribo indígena da Amazônia, uma índia,

grávida da Boiúna Cobra-Grande, Sucuri, deu à luz duas

crianças gêmeas, que na verdade eram cobras: um menino, que

recebeu o nome de Honorato, ou Nonato, e uma menina,

chamada de Maria. Para ficar livre dos filhos, a mãe jogou as

duas crianças no rio. Lá no rio eles, como cobras, se criaram.

Honorato era bom, mas sua irmã era muito perversa.

Prejudicava os outros animais e também as pessoas. Eram tantas

as maldades praticadas por ela que Honorato acabou por matá-la

para pôr fim às perversidades. Honorato, em algumas noites de

luar, perdia o seu encanto e adquiria a forma humana,

transformando-se em um belo rapaz, deixando as águas para

levar uma vida normal na terra. Para que se quebrasse o encanto

de Honorato, era preciso que alguém tivesse muita coragem para

derramar leite na boca da enorme cobra e fazer um ferimento na

cabeça dela até sair sangue. Ninguém tinha coragem de

enfrentar o enorme monstro. Até que um dia um soldado de

Cametá, município do Pará, conseguiu libertar Honorato da

maldição. Ele deixou de ser cobra-d’água para viver na terra

com sua família.

Origem: Mito da região Norte do Brasil, Pará e Amazonas.

LENDAS URBANAS

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MÃE-D’ÁGUA...

Encontramos na mitologia universal um personagem muito

parecido com a mãe-d’água: a sereia. Este personagem tem o

corpo metade de mulher e metade de peixe. Com seu canto

atraente, consegue encantar os homens e levá-los para o fundo

das águas. Bem parecida com a história da Iara.

A VITÓRIA-RÉGIA...

Os pajés tupis-guaranis contavam que, no começo do

mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte, parecendo

descer por trás das serras, ia viver com suas virgens prediletas.

Diziam ainda que, se a Lua gostava de uma jovem, a

transformava em estrela do Céu. Naiá, filha de um chefe e

princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Então, à

noite, quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, ela,

querendo ser transformada em estrela, subia as colinas e

perseguia a Lua na esperança que esta a visse. E assim fazia

todas as noites, durante muito tempo. Mas a Lua parecia não

notá-la e dava para ouvir seus soluços de tristeza ao longe. Em

uma noite, a índia viu, nas águas límpidas de um lago, a figura

da Lua. A pobre moça, imaginando que a Lua havia chegado

para buscá-la, se atirou nas águas profundas do lago e nunca

mais foi vista. A Lua quis recompensar o sacrifício da bela

jovem, e resolveu transformá-la em uma estrela diferente,

daquelas que brilham no céu. Transformou-a, então, numa

“Estrela das Águas”, que é a planta vitória-régia. Assim, nasceu

uma planta cujas flores perfumadas e brancas só abrem à noite,

e ao nascer do sol ficam rosadas. Origem: Indígena, para eles

assim nasceu a vitória-régia.

Adriana Matheus

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O NEGRINHO DO PASTOREIO...

O Negrinho do Pastoreio é uma lenda meio africana meio

cristã. Muito contada no final do século passado pelos

brasileiros que defendiam o fim da escravidão. É muito popular

no Sul do Brasil. Nos tempos da escravidão, havia um

estancieiro malvado com os negros e peões. Num dia de

inverno, fazia frio de rachar e o fazendeiro mandou que um

menino negro de quatorze anos fosse pastorear cavalos e potros

recém-comprados. No final do tarde, quando o menino voltou, o

estancieiro disse que faltava um cavalo baio. Pegou o chicote e

deu uma surra tão grande no menino que ele ficou sangrando.

Você vai me dar conta do baio, ou verá o que acontece,

disse o malvado patrão. Aflito, ele foi à procura do animal. Em

pouco tempo achou ele pastando. Laçou-o, mas a corda se partiu

e o cavalo fugiu de novo. Na volta à estância, o patrão, ainda

mais irritado, espancou o garoto e o amarrou nu, sobre um

formigueiro. No dia seguinte, quando ele foi ver o estado de sua

vítima, tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a

pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas. Ao lado dele, a

Virgem Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros

cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o

negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa,

montou no baio e partiu conduzindo a tropilha. Origem: Fim do Século XIX, Rio Grande do Sul.

LENDAS URBANAS

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O BOTO...

Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região

amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e

charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a

conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida.

Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio

para transformar-se em um boto.

Essa nem mineiro acredita, né? Onde já se viu, a moça vai, se

enamora por algum jovem e, depois, com o passar do tempo,

percebe que está grávida, então põe a culpa no pobrezinho do

boto, para que os pais não briguem com ela... Aff!

O PAPA-FIGO...

O Papa-Figo, ao contrário dos outros mitos, não tem

aparência extraordinária. Parece mais com uma pessoa comum.

Outras vezes, pode parecer como um velho esquisito que

carrega um grande saco nas costas. Na verdade, ele mesmo

pouco aparece no folclore brasileiro. Ele sempre manda seus

ajudantes em busca de suas vítimas. Os ajudantes, por sua vez,

usam de todos os artifícios para atrair as vítimas – todas as

crianças, claro –, tais como: distribuir presentes, doces, dinheiro,

brinquedos ou comida. Eles agem em qualquer lugar público ou

em portas de escolas, parques, ou mesmo locais desertos.

Depois de atrair as vítimas, estas são levadas para o verdadeiro

Papa-Figo, um sujeito estranho, que sofre de uma doença rara e

sem cura. Um sintoma dessa doença seria o crescimento

anormal de suas orelhas. Diz a lenda que, para aliviar os

sintomas dessa terrível doença ou maldição, o Papa-Figo,

precisa se alimentar do fígado de uma criança. Feito a extração

Adriana Matheus

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do fígado, eles costumam deixar junto com a vítima uma grande

quantia em dinheiro, que é para o enterro e também para

compensar a família.

Origem: Mito muito comum em todo meio rural. Acredita-

se que a intenção do conto era para alertar as crianças para o

contato com estranhos, como no conto de Chapeuzinho

Vermelho.

BARGHEST – INGLATERRA

Cães Negros fazem parte do folclore da Inglaterra, onde são

conhecidos por Barghest, que aparecem para anunciar a morte.

São descritos como cães de cor preta, enormes, com grandes

olhos vermelhos e incandescentes, que têm a estranha

capacidade de desaparecer em um estalar de dedos. São seres

sobrenaturais que costumam ser vistos em encruzilhadas, e são

geralmente ligados ao inferno. Dizem que aparecem para

carregar a alma do infeliz para o inferno. É importante ressaltar

a semelhança desse cão com Cerberus, o guardião da porta do

Inferno na Mitologia Grega, que tem um único ponto diferente

dos Barghest: ele tinha três cabeças. De resto é igual em tudo.

FIM

LENDAS URBANAS

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III- O QUE É MITO?

ito é uma narrativa de caráter simbólico,

relacionada a uma dada cultural. O mito procura

explicar a realidade, os fenômenos naturais, as

origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semideuses

e heróis, e por aí vai. Ao mito está associado o rito. O rito é o

modo de se pôr em ação o mito na vida do homem – em

cerimônias, danças, orações e sacrifícios. O termo mito é, por

vezes, utilizado de forma pejorativa para se referir às crenças

M

Adriana Matheus

79

comuns consideradas sem fundamento objetivo ou científico, e

vistas apenas como histórias de um universo puramente

maravilhoso de diversas comunidades. No entanto, até

acontecimentos históricos podem transformar-se em mitos, se

adquirem uma determinada carga simbólica para uma dada

cultura. Na maioria das vezes, o termo refere-se especificamente

aos relatos das civilizações antigas que, organizados, constituem

uma mitologia, por exemplo, a mitologia grega e a mitologia

romana.

O MONSTRO DE FLATWOODS – BRAXTON

COUNTRY, VIRGINIA…

Os EUA têm o seu próprio ET, como em Varginha-MG. Ele

fica em Braxton Country, Virginia. Dizem que em doze de

setembro de 1952, houve um acidente com um UFO na cidade.

As pessoas correram para floresta e se depararam com uma

criatura de 10 metros de altura, olhos esbugalhados, um brilho

avermelhado circulando o seu corpo e com a pele verde. Sua

cabeça tinha o formato de um Ás de Espadas. Ao avistar os

humanos, sua cabeça expandiu. Os habitantes, assustados com o

ser, fugiram correndo de volta para a cidade. Desde então os

avistamentos de tal criatura na floresta são constantes. Uns

dizem que ela pode ficar invisível. Outros dizem que ela se

esconde e só sai à noite, mesmo com dez metros de altura… O

fato é que a história agitou os cofres públicos da cidade durante

um bom tempo. Hoje a história virou uma lenda urbana e os

habitantes de Braxton temem entrar na floresta durante a noite,

com medo de se depararem com o gigantesco ET.

LENDAS URBANAS

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MONSTRO DO LAGO NESS...

Eu acredito até hoje, né?!

Historiógrafos consideram como primeiro relato sobre o

Monstro do Lago Ness, ou Nessie, um documento de 565 d.C.

sobre a morte de um homem que nadava no Rio Ness, na

Escócia que, atacado por um monstro do norte do lago, foi

encontrado em circunstâncias bizarras. No mínimo, foi um

assassino e, por certo, deviam odiá-lo. Pobre monstro, levou a

culpa. Segundo a mais famosa aparição em terra, descrita pelo

senhor e pela senhora F.T.G. Spider, em vinte e dois de julho de

1933, o animal teria entre sete e nove metros de comprimento,

cor cinza escuro, corpo robusto, pescoço e cauda compridos,

cabeça parecida com a de uma cobra com olhos grandes e

ovalados. A mais divulgada das fotografias, feita por R.K.

Wilson, em 1934, acabou sendo uma fraude que foi confessada

publicamente em 1994; no entanto, os periódicos relatos de

Nessie mantêm viva sua fama e abrem um leque de

especulações sobre sua existência. O que foi uma pena, porque

eu era doida para ir até a Escócia e ver de pertinho o tal

monstro.

Devo ressaltar que não há indícios que nenhuma dessas

criaturas ou seres que citei acima foram mesmo constatadas

como sendo realmente existentes; são mitos, histórias folclóricas

ou lendas urbanas que ouvimos no decorrer de nossa existência.

E são esses mitos ou lendas que dão a nossas vidas certo

mistério, certa apimentada, fazendo, assim, com que nossa

imaginação ganhe asas e voe. Afinal, quem entre nós não tem

uma lenda pra contar? Algo aterrorizante e misterioso? O

importante é que cada país ou região tenha a sua própria lenda, e

Adriana Matheus

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isso dá vida! E é o que dá graça e mistério aos lugares onde

vivemos. Eu adorava ouvir histórias de fantasmas quando ainda

criança e as guardei dentro de uma caixinha chamada

imaginação. Agora pude contar a maioria a vocês, que

provavelmente contarão aos seus filhos. O importante é não

deixar morrer essa raiz, que, tão lindamente, fez com que eu me

tornasse uma escritora. E quem sabe quantos mais não se

tornarão escritores por causa dessas histórias fantasiosas que

ouviram na infância?

Um grande abraço a todos, e espero que tenham

gostado das histórias... Aguardem o: - Lendas

urbanas II

Fim

LENDAS URBANAS

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Sobre a autora

Nascida em Juiz de Fora em 01/10/1970. A autora

Adriana Matheus escreve desde os 14 anos de idade. Já

participou de diversos concursos de literatura, inclusive de

poesias, neste ganhou o prêmio de melhor iniciante, em 1999

(pelo SESI - Minas). Autora de onze obras.

O Segredo dos Girassóis e Perseu foram publicados

pela editora Ixtlan. Sendo que o Segredo dos Girassóis ganhou o

selo de boa escolha pela Bookiess, também considerado por

alguns leitores como uma obra rica em léxico.

O livro um olhar vale mais que mil palavras, (Foi um

dos finalistas do concurso da Lei Murilo Mendes no ano – 2011

nesta cidade.); publicado a penas na Bookess, Clube de novos

autores exibido no site Bookseries.

Lendas Urbanas; O Segredo dos Orixás; Memórias

de um Psicopata; A cigana e a Lua, Doriko; Mary Polask; Histótrinahs da mamãe (infantil), Cartas de um Inquisidor,

Nasce um Pensador (poemas), Perseu – O príncipe dos heróis

(infatujuvenil), Um olhar vale mais que mil palavras, O

segredo dos girassóis – O diário de Anna Goldin. A autora faz parte da Academia Luso Brasileira de

Letras da cidade de Juiz de Fora-MG e já concorreu a vários

prêmios de literatura, inclusive ao prêmio da Lei Murilo Mendes

dessa cidade em 2010. Esse prêmio dá ao autor e à obra a

chance de um grande reconhecimento nesse município.