leitura e oralidade no contexto escolar: práticas com contos africanos

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IV Encontro Internacional de Literaturas, Histórias e Culturas Afro-brasileiras e Africanas Universidade Estadual do Piauí UESPI 1 LEITURA E ORALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR: PRÁTICAS COM CONTOS AFRICANOS Bárbara Olímpia Ramos de Melo 1 Fabiana Gomes Amado 2 RESUMO O presente artigo apresenta dados de um trabalho desenvolvido com alunos e professores do 6º ano de duas Escolas da rede municipal de Teresina-PI. A proposta de trabalho com os contos africanos nas turmas selecionadas pauta-se, a priori, nas dificuldades diagnosticadas de leitura, compreensão e produção de texto e associação da leitura aos seus aspectos sociais e contextuais. Dessa forma, há uma necessidade de aprofundamento do trabalho com os aspectos sociocognitivos e metacognitivos através da leitura e da escrita de maneira planejada, uma vez que as referidas escolas não contam com um projeto que estabeleçam objetivos previamente traçados para esse fim. A partir de uma coletânea de contos folclóricos africanos reunidos por Nelson Mandela, realizou-se um trabalho visando à interdisciplinaridade entre as disciplinas de Língua Portuguesa, História e Educação Artística, através do desenvolvimento de atividades de leitura, de compreensão, de oralidade através da recontagem dos contos, além de atividades de ilustração dos mesmos e uma palestra sobre a história e cultura africanas. Nesse sentido, objetivou-se a compreensão e interpretação de textos da literatura africana relacionando os aspectos sócio-históricos-culturais, inferindo seus aspectos linguísticos e extralinguísticos. Por fim, foi feita uma avaliação diagnóstica através de aplicação de questionário com os alunos sobre as atividades aplicadas para verificarmos a aceitabilidade das atividades desenvolvidas e o que precisa ser repensado para garantir a inserção efetiva do ensino de história e cultura africana na escola. O aporte teórico pautou-se nos conceitos de Letramento em Soares (2003), Cook-Gumpez (1991) no que se refere à leitura e à escrita como práticas de letramento; nos PCN, nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana e na lei citada referenciando a legalidade 1 Doutora em Linguística (UFC). Professora da graduação em Letras Português e do mestrado em Letras, da Universidade Estadual do Piauí. UESPI. Teresina PI, Brasil. [email protected] 2 Mestre em Linguística pelo Mestrado profissional em Letras- PROFLETRAS, Professora do Instituto Federal de Educação IFPI. Teresina, Piauí, Brasil. [email protected] *A presente pesquisa contou com apoio financeiro da CAPES, por meio de concessão de bolsas de Mestrado. ISBN: 978-85-8320-162-5

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Universidade Estadual do Piauí – UESPI

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LEITURA E ORALIDADE NO CONTEXTO ESCOLAR: PRÁTICAS COM CONTOS AFRICANOS

Bárbara Olímpia Ramos de Melo1 Fabiana Gomes Amado2

RESUMO

O presente artigo apresenta dados de um trabalho desenvolvido com alunos e

professores do 6º ano de duas Escolas da rede municipal de Teresina-PI. A proposta de

trabalho com os contos africanos nas turmas selecionadas pauta-se, a priori, nas

dificuldades diagnosticadas de leitura, compreensão e produção de texto e associação da

leitura aos seus aspectos sociais e contextuais. Dessa forma, há uma necessidade de

aprofundamento do trabalho com os aspectos sociocognitivos e metacognitivos através

da leitura e da escrita de maneira planejada, uma vez que as referidas escolas não

contam com um projeto que estabeleçam objetivos previamente traçados para esse fim.

A partir de uma coletânea de contos folclóricos africanos reunidos por Nelson Mandela,

realizou-se um trabalho visando à interdisciplinaridade entre as disciplinas de Língua

Portuguesa, História e Educação Artística, através do desenvolvimento de atividades de

leitura, de compreensão, de oralidade através da recontagem dos contos, além de

atividades de ilustração dos mesmos e uma palestra sobre a história e cultura africanas.

Nesse sentido, objetivou-se a compreensão e interpretação de textos da literatura

africana relacionando os aspectos sócio-históricos-culturais, inferindo seus aspectos

linguísticos e extralinguísticos. Por fim, foi feita uma avaliação diagnóstica através de

aplicação de questionário com os alunos sobre as atividades aplicadas para verificarmos

a aceitabilidade das atividades desenvolvidas e o que precisa ser repensado para garantir

a inserção efetiva do ensino de história e cultura africana na escola. O aporte teórico

pautou-se nos conceitos de Letramento em Soares (2003), Cook-Gumpez (1991) no que

se refere à leitura e à escrita como práticas de letramento; nos PCN, nas Diretrizes

Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de

História e Cultura Afro-brasileira e Africana e na lei citada referenciando a legalidade

1 Doutora em Linguística (UFC). Professora da graduação em Letras – Português e do mestrado em

Letras, da Universidade Estadual do Piauí. UESPI. Teresina – PI, Brasil.

[email protected]

2 Mestre em Linguística pelo Mestrado profissional em Letras- PROFLETRAS, Professora do Instituto

Federal de Educação – IFPI. Teresina, Piauí, Brasil. [email protected]

*A presente pesquisa contou com apoio financeiro da CAPES, por meio de concessão de bolsas de

Mestrado.

ISBN: 978-85-8320-162-5

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da proposta em conformidade com os princípios da educação brasileira e na abordagem

de Bentes (2010) sobre a oralidade no espaço escolar.

Palavras-chave: Leitura; Oralidade; Contos; Literatura afrodescendente.

ABSTRACT

This article presents data from one work with students and teachers of the 6th year of

two schools in the municipal schools in Teresina-PI. The proposal to work with African

stories in the selected classes is first guided by the diagnosed in the difficulties of

reading, comprehension and production of text and association of reading to their social

and contextual aspects. Thus, there is a need for further work with social cognitive and

metacognitive aspects through reading and writing in a planned way, since such schools

do not have a project that previously set objectives outlined for this purpose. From a

collection of African folk tales brought together by Nelson Mandela, there was a job

aimed at interdisciplinary subjects of Portuguese Language, History and Arts

Education, through the development of activities of reading, understanding, oral

communication through the recount tales, and illustration of the same activities and a

lecture on African history and culture. In this sense, the aim of understanding and

interpretation of African literature texts relating the socio-historical-cultural aspects,

inferring their linguistic and extra linguistic aspects. Finally, a diagnostic evaluation

was made through a questionnaire with students about the activities implemented to

verify the acceptability of them and what needs to be rethought to ensure the effective

integration of the teaching of history and African culture in school. The theoretical

framework was marked on the concepts of Literacy by Soares (2003), Cook-Gumpez

(1991) with regard to reading and writing as literacy practices; the PNC (Parameters

National Curriculum), the National Curriculum Guidelines for the Education of Racial-

Ethnic Relations and the Teaching of History and Afro-Brazilian Culture and African

and the law cited by referencing the legality of the proposal in accordance with the

principles of Brazilian education and in Bentes´s approach (2010) on orality at school.

Keywords: Reading. Orality. Tales. Afro descendant literature.

Introdução

A proposta de trabalho com os contos africanos nas turmas de 6º anos do Ensino

Fundamental pauta-se, a priori, nas dificuldades diagnosticadas de leitura, compreensão

e produção de texto e associação da leitura aos seus aspectos sociais e contextuais.

Dessa forma, há uma necessidade de aprofundamento do trabalho com os aspectos

sociocognitivos e metacognitivos através da leitura e da escrita de maneira planejada,

uma vez que as referidas escolas não contam com um projeto que estabeleçam objetivos

previamente traçados para esse fim.

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Além disso, este artigo firma-se na constatação da falta de práticas

interdisciplinares, preconizadas nos PCN e tão negligenciadas pela escola, bem como a

aplicação da lei 10.639/03, a qual torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-

brasileira.

Sabendo-se que o ensino de leitura na escola tem sido, muitas vezes, realizado

de modo mecânico e descontextualizado e pautado, em muitos contextos, apenas nas

propostas relacionadas no livro didático, há a urgência de ampliar as práticas sociais de

leitura e escrita em uma abordagem dos aspectos sociocognitivos através de atividades

que extrapolem os aspectos linguísticos presentes nos contos de origem africana,

efetivando o desenvolvimento sócio e metacognitivo no contexto interdisciplinar de

práticas de letramento,através de atividades que visem ao desenvolvimento das

habilidades oral e escrita .

Nessa perspectiva, o presente estudo teve como objetivo o trabalho com

compreensão e interpretação de contos populares de literatura africana, relacionando-os

aos aspectos sócio-históricos e culturais, explorando aspectos relativos ao gênero,

linguísticos e extralinguísticos através de atividades interdisciplinares envolvendo as

disciplinas história, educação artística e língua portuguesa, valorizando a linguagem

oral, uma vez que os contos lidos foram recontados oralmente.

Esta proposta de intervenção foi desenvolvida com os alunos de 6º ano das

escolas municipais Extrema e Parque Itararé, ambas situadas na região Sudeste de

Teresina-PI. Participaram das atividades um total de 59 alunos, 30 da Escola Municipal

Extrema e 29 da Escola Municipal Parque Itararé, os professores das disciplinas de

Língua Portuguesa, História e Educação Artística das escolas mencionadas.

A proposta possui caráter qualitativo, constitui-se de procedimentos de caráter

experimental e crítico-analítico. Para a sua aplicação, realizou-se leitura e análise dos

contos da obra “Meus contos africanos”, palestra com professora de História sobre a

importância da cultura afro-brasileira no contexto escolar, exibição de documentário

sobre Nelson Mandela, atividade de ilustração dos contos com os professores de

educação artística, culminância do projeto com exposição oral dos trabalhos produzidos

e aplicação de questionário avaliativo referente às etapas do projeto.

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1. Os letramentos no desenvolvimento da leitura e da escrita

A sociedade tem delegado à escola o acesso ao mundo da leitura e da escrita, ou

seja, o processo é tido até como sinônimo de escolarização. Porém, além da

alfabetização como processo de decodificação, deve estar inerentes a esse ato o

conjunto de práticas sociais que envolvem a competência da leitura e da escrita, o que se

denomina letramento.

Atualmente, alfabetização e letramento são vistos como termos diferentes, sendo

a alfabetização a aquisição da tecnologia para a atividade de leitura e o letramento,

termo recente e ainda impreciso, tem sido conceituado como o conjunto de habilidades e

competências para os usos sociais da língua escrita (SOARES, 2003).

A partir dessa compreensão, considera-se que uma pessoa que possui o domínio

da tecnologia para a decodificação dos grafemas e fonemas, pode não ter uma

capacidade efetiva em usos sociais da escrita, ao tempo que um analfabeto, pode ter um

certo grau de usos social da escrita através de pessoas que dominam o código, e atingir

certos níveis de compreensão.

Partindo desses princípios, torna-se imprescindível que a escola desenvolva

atividades cognitivas que promovam os diversos tipos de letramento, pois a sociedade

tem delegado a essa instituição o processo sistematizado e institucionalizado da

aprendizagem, no qual os indivíduos passam a ter a instrução formalizada

exclusivamente no ambiente escolar.

E, na perspectiva de Gumperz (1991), vemos a importância do letramento (

embora a autora não se utilize desse termo ) escolar para o desenvolvimento da

capacidade de abstração, estabelecendo-se um comparativo com as sociedades orientais

em que o processo de alfabetização não ocorre no meio escolar e as práticas sociais

decorrentes desse ato devem ser consideradas em todos os aspectos, de maneira a não se

falar em uma alfabetização somente, mas em uma construção social do letramento, do

conhecimento e das habilidades desenvolvidas através dos usos da leitura e da escrita

em diversos contextos e situações, considerando as particularidades de cada indivíduo

inseridos nesse processo.

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2. A inserção da cultura afro-brasileira e africana na escola em uma

perspectiva interdisciplinar

A lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira,

alterando o que estava proposto na Lei de Diretrizes e bases da Educação Nacional.

Porém, sabe-se que essa temática tem sido muitas vezes negligenciada pelas escolas, e

que muitas vezes é preciso acionar projetos pedagógicos que tragam direcionamentos a

aplicação do disposto na referida lei:

Parágrafo 1: O conteúdo programático a que se refere o caput deste

artigo incluirá o estudo da História da África e dos Africanos, a luta

dos negros no Brasil, a cultura negra brasileira e o negro na formação

da sociedade nacional, resgatando a contribuição do povo negro nas

áreas social, econômica e política pertinentes à História do

Brasil.(BRASIL, 2004,p. 35)

Essa necessidade já descrita nas “Diretrizes Curriculares Nacionais para a

Educação das Relações Étnico-Raciais para o Ensino de História e Cultura Afro-

Brasileira e Africana” aponta diretamente para a realidade da educação brasileira, que

vem perpetuando a visão europeia e colonizadora, alienando os educadores com a ideia

de que as questões raciais devem ser tratadas exclusivamente pelo movimento negro,

não pela escola, trazendo a visão do preconceito e desvalorização da cultura negra na

escola, com vistas a desfazer o mito da democracia racial brasileira:

Convivem, no Brasil, de maneira tensa, a cultura e o padrão estético

negro e africano e um padrão estético e cultural branco europeu.

Porém, a presença da cultura negra e o fato de 45% da população

brasileira ser composta de negros ( de acordo com o censo do IBGE)

não têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e

estereótipos racistas. Ainda persiste em nosso país um imaginário

étnico-racial que privilegia a brancura e valoriza principalmente as

raízes europeias da sua cultura , ignorando ou pouco valorizando as

outras, que são a indígena, a africana e a asiática.(Brasil, 2004, p.14)

É possível constatar que as instituições de ensino precisam de um planejamento

organizado a respeito da efetivação dessas diretrizes, através de projetos pedagógicos

que realmente viabilizem a aplicação da lei 10.639/03 no ambiente escolar, a fim de que

não seja mais uma prescrição legal longe da concretização e desprovida de significado

para a comunidade escolar:

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Para obter êxito, a escola e seus professores não podem improvisar.

Têm que desfazer a mentalidade racista e discriminadora secular,

superando o etnocentrismo europeu, reestruturando relações étnico-

raciais e sociais, desalienando processos pedagógicos. Isto não pode

ficar reduzido a palavras e a raciocínios desvinculados da experiência

de ser inferiorizados vivida pelos negros, tampouco das baixas

classificações que lhes são atribuídas nas escalas de desigualdades

sociais, econômicas, educativas e políticas. (BRASIL, 2004, p. 15)

Verificando-se a realidade das referidas escolas, constatou-se a ausência de

aplicabilidade da lei, uma vez que não havia o trabalho voltado para a temática que

envolvesse as disciplinas às quais a lei se refere, ficando muito restrita ao trabalho de

contextualização somente na disciplina História, sem contemplar as demais disciplinas

citadas no parágrafo 2 da lei, que diz que “os conteúdos referentes à História e Cultura

Afro-brasileira serão ministrados no âmbito de todo o currículo escolar, em especial nas

áreas de Educação Artística e de Literatura e História Brasileiras.” (idem, p.35)

Partindo dessa realidade, empreendemos ações cujo foco fosse buscar a

promoção da aplicação da lei também no âmbito da interdisciplinaridade, contemplando

a literatura africana a partir da obra “Meus contos africanos”, organizada por Nelson

Mandela, ao tempo que integra as disciplinas de Língua Portuguesa através da leitura,

análise e exposição oral dos contos da literatura africana; na disciplina de Educação

Artística em que a análise dos contos foi feita em conjunto com a professora e realizado

o trabalho de ilustração das histórias; e na disciplina História houve a exibição de

documentário sobre a vida de Nelson Mandela e a realização de palestra sobre História e

Cultura Afro-brasileira e Africana, com base nos textos das referidas diretrizes, os quais

apontam para:

-valorização da oralidade, da corporeidade e da arte, por exemplo,

como a dança, marcas da cultura de raiz africana, ao lado da escrita e

da leitura;

-educação patrimonial, aprendizado a partir do patrimônio cultural

afro-brasileiro, visando a preservá-lo e a difundi-lo;( BRASIL,2004,

p.20)

Além de promover a interdisciplinaridade, buscou-se a integração entre as

turmas das duas escolas envolvidas no projeto, pois a culminância ocorreu com as

apresentações dos trabalhos em conjunto com as turmas das duas escolas.

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3. A oralidade no espaço escolar

Neste trabalho, viu-se a necessidade de inserir um momento para a oralidade,

visto que é uma habilidade, por vezes, pouco desenvolvida nas práticas de ensino de

língua portuguesa, que prioritariamente só se volta para o desenvolvimento da leitura e

escrita.

A escola pouco tem se preocupado em trabalhar as modalidades orais por

pressupor que é o aluno já domina essa habilidade; os próprios PCN assumem que

trabalho com a mesma encontra muitas resistências no interior da escola. No entanto,

quando se é pensado em desenvolver a habilidade oral, a ideia recai sobre a correção da

fala do aluno em adequação à norma de prestígio.

Cavalcante & Melo (2010, p.181) afirmam que apesar da pouca atenção dada à

oralidade no espaço escolar, registra-se, nas últimas décadas, um progressivo aumento

de estudos sobre o ensino da mesma, que passou a ser tratada no livro didático,

principalmente após a implantação dos PCN.

As atividades orais desenvolvidas nesse estudo basearam-se na contagem dos

contos, pois os mesmos são histórias africanas contadas oralmente pelo povo africano,

passadas de geração em geração, marcas de uma cultura oral que deve ser valorizada

para não ser perdida ao longo do tempo. É um trabalho de resgate da cultura das

histórias orais desconhecidas pelos alunos, uma forma interessante de mergulhar nas

tradições de nossos antepassados.

Antes de existir a escrita, a oralidade era a mediadora das relações sociais,

políticas, econômicas e culturais, todo conhecimento era transmitido por esse viés, o

foco do ensino na sociedade greco-romana era o desenvolvimento da oratória, pautadas

na argumentação filosófica e no debate. Isso tem sido perdido ao longo tempo na vida

escolar, a oralidade é pouco dimensionada em relação à escrita, expressar-se através da

fala tornou-se algo longínquo, a escola tem criado um esquadrão de mudos.

No trabalho com a oralidade no espaço escolar, primeiramente deve-se que partir

do pressuposto de que as crianças trazem consigo uma bagagem oral que nem sempre é

adequadamente aproveitada. É pela oralidade que ela interage no meio social, constrói

seus conhecimentos, expressa seus sentimentos, opiniões e ideias. O professor às vezes

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não percebe o quanto deixa de ganhar em não aproveitar a expressividade oral dos

alunos durante as aulas.

Bentes (2010) ressalta que no ato da comunicação os indivíduos transmitem um

conjunto de informações reveladoras de identidade social e competência comunicativa e

isto deve ser um dos primeiros aspectos a serem observados nas práticas discursivas

orais nos variados modos em que elas se apresentam.

A primeira peculiaridade da comunicação oral é a maneira como a fala se

constitui, pela forma como os sons são pronunciados e como o fluxo (pausas,

entonação, ritmo, qualidade de voz, velocidade da fala) da fala é produzido.

No ato da comunicação oral estão envolvidos outros recursos que vão além da

fala, os elementos gestuais, corporais, expressões faciais que acrescentam mais

informações do que o simples ato de falar.

O trabalho de Goulart (2005), relatado no artigo de Bentes (2010), mostrou que

nas atividades de exposição oral, os alunos não exploram o contato visual com a plateia,

ficam retidos no papel, lendo o texto em voz baixa demonstrando, ainda, a falta de

consciência da importância da voz da, da expressão corporal, do olhar durante as

explanações.

Os mesmos comportamentos foram verificados também em muitos dos alunos

sujeitos dessa pesquisa. Quando foi sugerido a eles que contassem oralmente a história

dos contos, muitos, primeiramente, quiseram fazer a leitura do conto no papel, com voz

baixa, sem olhar para os colegas de classe e para o professor. Insistiu-se que eles

contassem a história sem olhar para o papel, da mesma maneira como eles contam a um

amigo a história de um filme ou de uma novela a que assistiram.

Percebeu-se que aos poucos eles se sentiram à vontade para contar, resgatando

trechos fragmentados das histórias de suas memórias, mas ainda sem encarar a turma e

restringindo a atenção somente para o professor, como se houvesse este como

expectador.

Em muitos casos, percebeu-se a fluência oral dos alunos, mostrando facilidade

ao recontar as histórias e interagir com os colegas de classe, o que foi apontado por eles

próprios como trabalhos de maior qualidade na apresentação.

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Considera-se que os alunos de 6º ano ainda não estão acostumados com

atividades orais, pois estas não são inseridas na prática de ensino, pouco valorizadas em

sala de aula e em séries anteriores, o que também contribui para a timidez dos alunos no

momento de falar em público. Os PCN (1997) discorrem sobre a importância de se

trabalhar com exposição oral e que esta tem que ser desenvolvida desde as séries

iniciais, pois é a habilidade que apresenta maior dificuldade devendo, portanto, ser

motivo de projetos de estudos.

Se essa habilidade não é desenvolvida com frequência na escola, as dificuldades

apresentadas pelos alunos diante de exposições orais dificilmente serão sanadas e eles

continuaram em séries posteriores como as mesmas deficiências de quando entraram na

escola, deixando a escola de cumprir seu papel de ensinar a linguagem oral preconizado

nos PCN.

Cabe à escola ensinar o aluno a utilizar a linguagem oral nas diversas

situações comunicativas, especialmente nas mais formais:

planejamento e realização de entrevistas, debates, seminários, diálogos

com autoridades, dramatizações, etc. Trata-se de propor situações

didáticas nas quais essas atividades façam sentido de fato, pois seria

descabido “treinar” o uso mais formal da fala. A aprendizagem de

procedimentos eficazes tanto de fala como de escuta, em contextos

mais formais, dificilmente ocorrerá se a escola não tomar para si a

tarefa de promovê-la. (BRASIL,1997, p.27)

Partindo desse pensamento deve-se articular o ensino da linguagem oral com

projetos que estimulem o desenvolvimento da oralidade dos alunos considerando o uso

que eles fazem da língua no contexto social a que pertencem e nas diversas situações

comunicativas.

A fluência oral ainda está longe de ser alcançada em sua plenitude, há alunos

que decoram o texto na íntegra, que não conseguem relatar na sequência o enredo das

histórias, perdendo assim todo o sentido de seus conteúdos, e isso não é o que se almeja

nas atividades orais.

É esperado que o aluno compreenda e exponha com naturalidade o que ele

adquiriu na leitura dos textos, organize e elabore com suas próprias palavras o que vai

ser exposto. É nesse momento que se avalia o seu vocabulário, suas marcas identitárias

de oralidade, os recursos extralinguísticos que ele utiliza para que o professor possa

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tomá-las como ponto de partida para desenvolver novas habilidades e aperfeiçoar

outras.

Bentes (2010) acrescenta que diferentes competências que os alunos apresentam

em atividades orais devem ser aproveitadas e convergidas em reflexões para que possam

desenvolver seus recursos comunicativos e conscientizarem-se de que as mesmas são

importantes para ampliar suas competências comunicativas e torná-los cidadãos.

4 Descrição analítica das atividades realizadas nas duas escolas pesquisadas

O desenvolvimento do projeto na Escola Municipal Extrema foi realizado com

bastante envolvimento de professores e alunos. Percebeu-se a grande motivação dos

alunos para a realização das atividades, desde a leitura dos contos, à ilustração com a

professora de Educação Artística, exposição e análise de um documentário sobre a vida

de Nelson Mandela e no momento de palestra com a professora de História.

Na leitura dos contos, os alunos realizaram atividades orais de interpretação e

também entraram em contato com várias palavras e expressões dos dialetos africanos, o

que fez com que enriquecessem seus vocabulários e percebessem a importância dessas

expressões para a língua e cultura de um povo.

Ao ilustrarem os contos, ativou-se o trabalho metacognitivo de extrair do texto o

que há de principal, resumindo-o através de uma imagem que contivesse toda a sua

essência, ao tempo em que discutiram com a professora de Educação Artística quais as

técnicas, cores e formas seriam mais apropriados à criação de seus textos visuais

naquele momento.

No documentário exibido sobre a vida de Nelson Mandela, os alunos puderam

discutir sobre a contextualização histórica da literatura e cultura africana, bem como

pontuaram sobre os efeitos nocivos do racismo, discriminação e exploração dos povos

por nações imperialistas, o que foi bastante proveitoso para a contextualização da lei

10.639/03, cujo texto integral foi entregue aos alunos e discutido com eles, a fim de que

se apropriassem da importância da mesma no ensino-aprendizagem, ao tempo em que

elencaram situações da atualidade que mantêm as estruturas do preconceito, o que em

suas opiniões demonstraram consciência da necessidade do estudo e da aplicação da lei

no contexto escolar.

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A palestra com a professora de história reuniu, no auditório da Escola Municipal

Parque Itararé, as duas turmas envolvidas no projeto, sendo realizada como momento de

integração e diálogo bastante pertinentes.

A professora, em sua fala, tratou de aspectos históricos e culturais, bem como

discutiu as ideias equivocadas e preconceituosas que o resto do mundo tem contra o

continente africano. Esse momento foi permeado de um diálogo profícuo, uma vez que

os alunos foram estimulados a participar expondo suas opiniões e comentando sobre o

assunto tratado.

Como etapa final, as duplas fizeram a exposição oral e das ilustrações dos

contos, uma atividade que se iniciou com dificuldade, pois os alunos demonstraram

grande timidez para apresentarem os trabalhos. Contudo, tal problemática foi superada

no decorrer do desenvolvimento, após os primeiros grupos se apresentarem, verificou-se

uma maior proficiência oral na recontagem dos contos.

Observou-se, dessa forma, o empenho do núcleo gestor para colaborar com todas

as etapas do projeto, uma vez que a direção e coordenação da escola mostrou-se

bastante receptiva e prontamente atendeu a todas as solicitações para a realização das

atividades.

Na Escola Municipal Parque Itararé houve alguns impasses quanto à realização

de forma interdisciplinar com a disciplina de Educação Artística devido ao fato de que

no momento da aplicação das atividades, não tinha de professor dessa área no turno em

que foi desenvolvido o projeto, portanto as atividades das ilustrações foram

desenvolvidas pelos próprios alunos sem a supervisão o professor da área. Mesmo com

essa dificuldade, os alunos atingiram os objetivos das atividades tanto da leitura e

interpretação dos contos, quanto de suas representações visuais.

Os alunos realização as atividades em dupla, primeiramente foi destinada uma

aula só para a leitura dos contos e um breve ensaio da apresentação oral. As ilustrações

não foram feitas na escola pelo motivo já exposto, portanto, os alunos desenvolveram

essa atividade em casa, com recursos próprios e trouxeram para apresentar na aula

destinada à contagem das narrativas.

O fato positivo é que se pôde ver a capacidade criativa desses estudantes na

relação que fizeram entre o texto verbal e o não verbal durante as exposições orais dos

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contos. Percebeu-se a coerência entre texto e imagem na produção das atividades

ilustrativas das histórias. Algumas duplas representaram os contos através de história

em quadrinho, outras com um desenho mais simples, mas que resumia toda a história.

Com relação à exposição oral, notou-se a timidez de muitos alunos, pois não

estão acostumados a falar em público. Muitos quiseram apenas ler o conto, mas com

muita insistência do professor de língua portuguesa eles conseguiram explanar o enredo

sem olhar para o texto impresso e de maneira satisfatória. Ao final, alguns até

demonstraram muita desenvoltura durante a exposição oral, demonstrando

espontaneidade e segurança. Outros, por falarem muito baixo, tornaram

incompreensível o entendimento da história para os colegas que estavam assistindo às

apresentações.

O enlace com a disciplina de História ocorreu através da palestra com a

professora de história já mencionada, que apresentou informações bastante

enriquecedoras sobre diversos aspectos da história e cultura africanas. Por meio dessa

atividade pôde-se perceber a curiosidade dos alunos em conhecer e discutir mais sobre

esse assunto.

Após o encerramento de todas as atividades foi aplicado um questionário para

efeito de sondagem da opinião dos alunos sobre o projeto a fim de avaliar a recepção de

um projeto interdisciplinar e da aplicação da lei 10.639/03 pelos alunos e a importância

de efetivar esse tipo de trabalho na escola.

Através de dados estatísticos foi possível obter um feedback das atividades

realizadas, conforme mostra a tabela abaixo:

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Anais do IV Encontro Internacional de Literaturas, Histórias e Culturas Afro-brasileiras e Africanas Universidade Estadual do Piauí – UESPI – Teresina – Piauí - Brasil

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Quadro 1 – Síntese dos questionários aplicados aos sujeitos da pesquisa

QUESTIONÁRIO AVALIATIVO DAS ATIVIDADES

Seus professores

desenvolvem alguma

atividade de leitura?

SIM

93%

NÃO

0%

RARAMENTE

7%

Você lê em outro ambiente

fora da escola?

SIM

77,7%

NÃO

22,3%

Que tipo de leitura é feita

em sala de aula?

SILENCIOSA E

INDIVIDUAL

97,7%

EM VOZ ALTA E

INDIVIDUAL

55,5%

EM DUPLA OU

GRUPOS

53,3%

Você já tinha lido algum

texto de literatura africana

antes?

SIM

24,5%

NÃO

66,6%

NÃO LEMBRO

8,9%

Você sentiu dificuldades

em compreender os contos

africanos?

SIM

8,8%

NÃO

26,7%

UM POUCO

64,5%

Qual foi sua maior

dificuldade no momento

de recontar o conto para os

colegas de classe?

MEDO/ VERGONHA

99%

NENHUMA

DIFICULDADE

1%

Você já conhecia algo a

respeito da história e

cultura africana?

SIM

20%

NÃO

80%

Qual atividade você mais

gostou de ter realizado

sobre os contos africanos?

Leitura 20%

Ilustrações 42,3

Contagem Oral 6,6%

Nenhuma 4,5%

Todas 26,6

Você já participou de

algum projeto

interdisciplinar em sua

escola?

SIM

22,2%

NÃO

71,1%

NÃO LEMBRO

6,7%

FONTE: Dados coletados pelas pesquisadoras

Considerações finais

Através do trabalho realizado, pode-se ter uma dimensão da relevância da

temática desenvolvida. Desse modo, execução das atividades revelou-se como uma

alternativa importante para o trabalho interdisciplinar preconizado nos PCN e, conforme

os dados analisados, ainda pouco realizado nas escolas pesquisadas. Além disso,

confirma a urgência de se estimular a prática com os gêneros orais, tão pouco discutida

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e efetivada na escola. Não obstante, os dados catalogados corroboram e justificam os

objetivos previstos, uma vez que se comprova que a leitura é realizada na escola, porém,

ainda predomina a leitura silenciosa e individual, sem que haja estímulo para sua

oralização.

Nesse sentido, ratifica-se que a exposição oral, por ser pouco estimulada e

efetivada em contexto escolar, constitui-se como uma grande dificuldade exposta pelos

alunos, pois os mesmos, (embora estudando contos com predomínio de marcas de

oralidade e com linguagem coloquial), quase na totalidade, descreveram o

constrangimento e o medo de falar em público como principal entrave ao

desenvolvimento do estudo realizado, sendo citada a contagem oral dos contos africanos

como a atividade preterida, dando esses mais importância às atividades lúdicas e com

trabalhos visuais.

Além disso, constatou-se que mais da metade dos alunos participantes nunca

estiveram em contato com a literatura africana e que a cultura afrodescendente e

africana ainda não é objeto de estudo inerente à realidade da escola, o que revela que,

embora existam leis que preconizem esse ensino, ainda não fazem parte de uma prática

rotineira entre os professores de língua portuguesa.

O exercício interpretativo do gênero textual conto ainda deve ser aprofundado,

pois a pesquisa mostra que muitos tiveram acentuada dificuldade de compreensão,

demonstrando que a leitura precisa ser trabalhada com objetivos mais delimitados à

promoção de práticas de letramento, em um trabalho que promova a proficiência leitora.

Referências

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texto na sala de aula. 5ª ed.São Paulo: Ática, 2013.

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práticas e dos gêneros orais na escola. In: RANGEL, Egon de Oliveira; ROJO, Roxane

Helena Rodrigues. Língua Portuguesa: ensino fundamental. Brasília: Brasil Ministério

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Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e Africana. Brasília:

Ministério da Educação, 2004.

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do Ensino Fundamental. Brasília: Ministério da Educação, 1997.

CAVALCANTE, Marianne C. B.;MELO, Cristina T. V.Oralidade no ensino médio: em

busca de uma prática. In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia. Português no

ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola editorial, 2010.

COOK-GUMPERZ, Jenny. A construção social da alfabetização. Porto alegre: Artes

Médicas. 1991, 283 p.

SOARES, Magda. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, Vera Masagão (Org).

Letramento no Brasil: reflexões a partir do INAF 2001. São Paulo: Global, 2003.

https://www.youtube.com/watch?v=UvNCFfVa024. O Milagre de Mandela. Canal

History. (Acesso em 15/05/2013)