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(21) BR 1 O 2012 021477-6 A2 111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111111 * B R 1 O 2 O 1 2 O 2 1 4 7 7 A 2 *
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(22) Data de Depósito: 27/08/2012 (43) Data da Publicação: 01107/2014 (RPI2269)
(51) lnt.CI.: COBL 25/04 COBL 25/10 COBK 3/08 h'l$~"c~":.!~0 N.i.'lt:~.;;.~õ! 8.ç;. ~:~i.:·;.."-"i6:t..~-:i;:. ~r.1\.JSl~l;..l
(54) Título: MATERIAL COMPÓSITO PARA DESENVOLVER CONES DE TRATAMENTO ENDODÔNTICO
(73) Titular(es): UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO- UERJ, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROUFRJ
(72) lnventor(es): Bárbara Moreira da Conceição, Cristina Russi Guimarães Furtado, Leila Lean Yuan Visconte
(57) Resumo: MATERIAL COMPÓSITO PARA DESENVOLVER CONES DE TRATAMENTO ENDODÔNTICO. Esta invenção se refere a um material compósito para desenvolver cones de tratamento endodôntico a base de copolímero em bloco de estireno-butadienoestireno (SBS) ou copolímero em bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS). O material compósito da invenção pode ser usados. Além disso, os cones a base de SBS ou SIS, por apresentarem uma resistência à abrasão inferior aos cones convencionais, são mais facilmente removidos da cavidade dental e, dessa forma, preservam as paredes da mesma.
1/19
MATERIAL COMPÓSITO PARA DESENVOLVER CONES DE TRATAMENTO
ENDODÔNTICO
Campo da invenção:
A presente invenção se insere no campo da endodontia e
5 descreve um material compósi to para desenvolver cones de
tratamento endodôntico, a base de copolímero em bloco de
estireno-butadieno-estireno (SBS) ou copolímero em bloco de
estireno-isopreno-estireno (SIS) .
O material compósito da invenção pode ser utilizado
10 nas técnicas de obturação a frio e a quente e, em casos de
retratamento, solventes convencionais podem ser usados.
Além disso, os cones a base de SBS ou SIS, por
apresentarem uma resistência à abrasão inferior aos cones
convencionais, são mais facilmente removidos da cavidade
15 dental e, dessa forma, preservam as paredes da mesma.
Fundamentos da invenção:
A Endodontia é o ramo da Odontologia que estuda a
morfologia, fisiologia e patologia da polpa dentária e dos
tecidos periradiculares, cuidando da prevenção e tratamento
20 de alterações patológicas que atingem os mesmos.
Quando o dente é submetido a estímulos ou agressões
constantes, que comprometem a saúde do tecido pulpar como
consequência de alguma reação inflamatória ou um processo
de necrose (tal como uma cárie dentária) , faz-se necessário
25 um tratamento de canal radicular ou tratamento endodôntico.
O tratamento de canal radicular consiste no acesso aos
canais radiculares para remoção do tecido pulpar inflamado
ou necrosado, limpeza e modelagem dos canais, e, por fim,
preenchimento destes com material inerte, biocompatível,
30 dimensionalmente estável e que permita a regeneração da
2/19
saúde da região periapical.
A guta percha vem sendo utilizada como material
obturador de canais radiculares em tratamentos endodônticos
desde 184 7, mas somente no início do século passado foi
5 iniciada a fabricação de cones para facilitar esse tipo de
tratamento.
A guta percha é um polímero natural, obtida pela
coagulação do látex de algumas poucas espécies de árvores
da família das Sapotáceas, do gênero Palaquium, das
10 espécies Mimusops balata e Mimusops huberi, existentes
principalmente na Sumatra, Filipinas e Malásia, embora
possam também ser encontradas na floresta amazônica.
O principal componente presente no látex é o polímero
poli-1,4-trans-isopreno, entretanto, o isômero eis pode
15 estar presente em menor proporção. A guta percha, em seu
estado natural, possui massa molar variando entre 104 a 10 6
g/mol.
20
Sem a adição de modificadores, a guta percha é um
material 60% cristalino, de tonalidade branca, rígida e
sólida à temperatura ambiente,
viscoelásticas.
possuindo propriedades
Quando submetida à variação de temperatura, a guta
percha se torna maleável acima de 30°C, evoluindo para uma
massa amolecida em torno de 60°C e apresentando ponto de
25 fusão aproximadamente em 100°C. Além disso, quando exposta
à luz e ao ar, o polímero oxida-se, degradando-se e
tornando-se quebradiço.
Esta degradação pode ser potencializada com a
utilização de aquecimento durante a obturação ou mesmo por
30 efeito de agentes bacterianos existentes na própria boca,
3/19
que podem provocar perdas de massa de até 18% em 10 semanas
de incubação a 30°C, prejudicando as propriedades selantes
e ocasionando o insucesso no tratamento endodôntico.
O processo de envelhecimento inclui oxidação até mesmo
5 em dentes aparentemente bem tratados, nos quais não há
infiltração coronal ou cáries, ocorrências essas que
possibilitariam o contato entre a guta percha e o oxigênio
da boca. A origem do oxigênio pode estar nos fluidos
teciduais que contém este elemento e que permeiam por todos
10 os tecidos do corpo.
Nos cones de guta percha, a composição química não é
especificada pelos fabricantes e a falta de padronização
leva a modificações em suas propriedades finais. A guta
percha é apenas um dos componentes destes cones, sendo os
15 demais componentes o óxido de zinco (ZnO), sulfato de bário
(BaS04 ) e graxas.
Estudos mostram que esses cones apresentam, na sua
composição, 15 a 20 % de guta percha, 60 a 75 % de óxido de
zinco, 1,5 a 17 % de sulfato de bário e outras substâncias,
20 como resinas, ceras e corantes em quantidades que variam de
1 a 4 9,-0 •
A presença do óxido de zinco, como carga, confere
rigidez e atividade antimicrobiana aos cones de guta
percha, enquanto que o sulfato de bário atua como
25 radiopacificador.
As propriedades de dureza, fragilidade, resistência à
tensão, comportamento térmico, radiopacidade, escoamento e
plasticidade revelam que existe uma dependência entre essas
propriedades e as proporções dos componentes orgânicos
30 (polímero e ceras/resinas) e inorgânicos (óxidos de zinco e
4/19
sulfatos metálicos) .
Por se tratar de um polímero natural, a guta percha
apresenta proteínas que são facilitadores da proliferação
de bactérias e, consequentemente, promovem a degradação do
5 polímero.
A presença de proteínas também pode causar reações
alérgicas em pacientes mais sensíveis a este componente. Já
os polímeros sintéticos podem ser obtidos por meio de rotas
reacionais bem estabelecidas, de modo a fornecer materiais
10 com rígido controle de suas características.
Assim sendo, a presente invenção propõem um material
compósito para ser utilizado em cones endodônticos. Este
material compósito é feito a base de copolímero em bloco de
estireno-butadieno-estireno (SBS) ou copolímero em bloco de
15 estireno-isopreno-estireno (SIS) e pode ser utilizado em
substituição à guta percha.
Estado da técnica:
Documentos do estado da técnica fazem referência a
materiais para uso no tratamento endodôntico.
20 O documento de anterioridade PI 0418972-8 descreve um
material de carga o qual contém um polímero termoplástico
biodegradável (policaprolactona) . A composição pode também
incluir resinas poliméricas, obturadores, plastificantes e
outros aditivos usados em materiais odontológicos.
25 O documento US 6.568.937 faz referência a um material
de obturação de canal radicular que é composto de misturas
de resinas terrnoplásticas, copolírnero em bloco, cera de
parafina e cargas inorgânicas.
O documento americano US 4.525.147 revela composições
30 para implante de canal radicular dental compreendendo
5/19
resina termoplástica e fibras de carbono eletricamente
condutoras.
O documento US 8. 043. 093 descreve uma composição de
preenchimento do canal radicular dental compreendendo de 1
5 a 60% de um copolímero em bloco de estireno, podendo ser um
copolímero em bloco de poliestireno e polibutadieno.
10
Nenhum dos documentos do estado da técnica descreve um
material compósi to para desenvolver cones de
endodôntico, a base de copolímero em bloco de
butadieno- estireno ( SBS) ou copolímero em
estireno-isopreno-estireno (SIS) .
Sumário da invenção:
tratamento
estireno-
bloco de
A presente invenção descreve um material compósi to
para desenvolver cones de tratamento endodôntico, a base de
15 copolímero em bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou
copolímero em bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS).
Breve descrição das figuras:
A figura 1 é uma representação gráfica do resultado da
perda por abrasão das composições de guta percha e SBS.
20 A figura 2 é a curva termogravimétrica da composição
de SBS.
A figura 3 é a curva termogravimétrica da composição
de guta percha.
A figura 4 é uma representação gráfica do resultado da
25 dureza Shore A da composição de guta percha, antes e após o
envelhecimento acelerado.
30
A figura 5 é uma representação gráfica do resultado da
dureza Shore A da composição de SBS, antes e após o
envelhecimento acelerado.
A figura 6 é uma curva de tensão versus deformação da
6/19
composição de guta percha antes (linha A) e após (linha B)
o envelhecimento.
A figura 7 é uma curva de tensão versus deformação da
composição de SBS antes (linha A) e após (linha B) o
5 envelhecimento.
A Figura 8 é um gráfico comparativo de perda de massa
da composição de guta percha antes e após o envelhecimento.
A Figura 9 é um gráfico comparativo de perda de massa
da composição de SBS antes e após o envelhecimento.
10 A figura 10 é a curva termogravimétrica da composição
de guta percha após o envelhecimento.
A figura 11 é a curva termogravimétrica da composição
de SBS após o envelhecimento.
A figura 12 é o espectro de infravermelho do compósito
15 de guta percha antes e após o envelhecimento.
A figura 13 é o espectro de infravermelho do compósito
de SBS antes e após o envelhecimento
A figura 14 é a curva de SEC da composição de guta
percha antes e após o envelhecimento.
20 A figura 15 é a curva de SEC da composição de SBS
antes e após o envelhecimento.
Descrição detalhada da invenção:
Os cones de tratamento endodôntico desenvolvidos nesta
invenção compreendem, em sua composição, copolímero em
25 bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou copolímero em
bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS), óxido de zinco,
sulfato de bário, além de agentes antioxidantes, pigmentos
e endurecedores.
As composições dos cones a base de copolímero em bloco
30 de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou copolímero em bloco
7/19
de estireno-isopreno-estireno (SIS) foram preparadas em um
misturador de rolos, em concentrações que variam nas faixas
conforme descritas na Tabela 1 abaixo.
Tabela 1 - Composições dos cones a base de copolímero em
5 bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou copolímero em
bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS) .
Componentes Composição A (%) Composição B (%)
SBS 1,00 - 50,00 -
SIS - 1,00 - 50,00
Endurecedor 1,00 - 50,00 1,00 - 50,00
Óxido de Zinco 25,00 - 85,00 25,00 - 85,00
Sulfato de Bário 1,5 - 17 1,5 - 17
Corante Amarelo 0,79 0,79
Corante Vermelho 0,37 0,37
Agente antioxidante 0,40 0,40
Em uma modalidade específica da invenção, o agente
antioxidante selecionado é o butil hidroxi tolueno (BHT) .
O agente endurecedor é um copolímero aleatório de
10 estireno-butadieno.
15
20
O óxido de zinco é usado como carga e seu aumento ou
diminuição na composição é proporcional à quantidade de
copolímero utilizado.
- Testes comparativos:
Para realização dos testes comparativos, cones de guta
percha, tradicionalmente utilizados, foram adquiridos em
lojas especializadas. Corpos de prova foram confeccionados
de acordo com a composição descrita na Tabela 2 abaixo:
Tabela 2: Composição dos corpos de prova confeccionados
para a realização de testes comparativos.
I Composição-teste Concentração (%)
8/19
SBS 13,90
Endurecedor 5,00
Óxido de Zinco 69,54
Sulfato de Bário 10,00
Corante Amarelo 0,79
Corante Vermelho 0,37
Agente antioxidante o 140
Os cones de guta percha e SBS foram avaliados quanto a
sua dureza, resistência à abrasão, temperatura de
degradação e ponto de amolecimento Vicat.
Ainda, ambos os cones passaram por um processo de
5 envelhecimento e foram avaliados quanto à sua dureza,
resistência à tração, resistência à abrasão, análise
termogravimétrica, espectros copia na região do
infravermelho e cromatografia de exclusão por tamanho.
Os cones endodônticos de guta percha e SBS foram
10 testados em dentes extraídos, de acordo com o procedimento
tradicional utilizado pelos dentistas, e, em seguida, as
técnicas de obturação a frio e a quente foram realizadas.
Na técnica de obturação a frio, os cones de guta
percha são envolvidos em um cimento endodôntico e
15 introduzidos na cavidade do dente. O excesso de material,
que fica exposto, é então retirado sob aquecimento.
Na técnica de obturação a quente, os cones de guta
percha também são recobertos com um cimento endodôntico e
introduzidos na cavidade do dente. O cone é aquecido até
20 220°C, temperatura na qual amolece e escoa na cavidade do
dente, preenchendo os espaços vazios.
- Ensaio de dureza:
O ensaio de dureza foi realizado segundo a norma ASTM
5
D 2240,
medidas
9/19
em um durôrnetro Shore Tipo A.
em diferentes pontos do
Foram feitas cinco
corpo de prova e
considerou- se a média ar i trnética corno resultado para esta
propriedade.
- Ensaio de resistência à abrasão:
O ensaio de resistência à abrasão foi realizado em um
abrasímetro,
análises em
segundo a norma DIN 53516. Foram feitas três
cada material e considerou-se a média
aritmética das mesmas como resultado para esta propriedade.
10 - Temperatura de degradação:
15
A temperatura de degradação foi determinada em um
analisador termogravirnétrico sob atmosfera de nitrogênio
com urna vazão de 100 mL/rnin em urna faixa de temperatura
variando de 20 a 800°C à taxa de aquecimento de 20°C.
- Ponto de amolecimento Vicat:
O ponto de amolecimento Vicat foi medido de acordo com
a norma ASTM D 1525-07, em um equipamento Tinius Olsen.
- Avaliação dos efeitos do envelhecimento acelerado:
As composições, após o envelhecimento, foram avaliadas
20 quanto à dureza, resistência à tração, resistência à
abrasão, análise termogravimétrica, espectroscopia na
região do infravermelho e crornatografia de exclusão por
tamanho.
- Resultados obtidos:
25 Os resultados de análises de dureza, resistência à
30
abrasão, temperatura de degradação e ponto de amolecimento
Vicat estão descritas na Tabela 3 abaixo.
Tabela 3: Resultados obtidos nos testes de dureza,
resistência à abrasão, temperatura de degradação e ponto de
amolecimento Vicat.
10/19
Composição Testes realizados Guta percha
teste
Dureza 93,4 ± 1,82 89,8 ± 1,92
Perda por abrasão {g} 0,2749 ± 0,008 0,5674 ± 0,021
Temperatura de 388,0 470,5
degradação {o c)
Ponto de amolecimento 45,7 ± 0,500 63,9 ± 0,245
Vicat {o c}
- Ensaio de dureza:
Urna característica importante para a confecção e a
aplicação dos cones é a dureza dos mesmos.
Durante o processo de fabricação, os cones de guta
5 percha devem apresentar estabilidade dimensional, ou seja 1
não podem se deformar ou diminuir de tamanho.
Durante sua aplicação, os cones precisam ser rígidos o
suficiente para que, ao serem colocados na cavidade do
dente, os mesmos não entortem e possam selar adequadamente
10 a cavidade.
Os valores de dureza obtidos nos testes mostraram que
o material ora proposto apresentou dureza similar ao da
guta percha, indicando que a adição de 5% de endurecedor
foi suficiente para que a composição à base de SBS
15 apresentasse estabilidade dimensional comparável aos cones
de guta percha tradicionalmente utilizados.
- Ensaio de resistência à abrasão:
Os tratamentos endodônticos são feitos para durarem
uma vida inteira. Porém, fatores diversos podem desencadear
20 insucessos e a necessidade de um retratarnento.
A etapa de retratarnento diz respeito ao esvaziamento
11/19
completo dos condutos radiculares com o emprego de técnicas
variadas, incluindo a utilização de instrumentos rotatórios
e/ou manuais e solventes (tais como clorofórmio, xilol,
eucaliptol e óleo de laranja) para solubilizar a guta
5 percha.
Conforme se pode observar na Figura 1, o compósito de
SBS apresentou uma baixa resistência à abrasão quando
comparado ao compósito de guta percha.
Isto se deve ao fato da guta percha ser um polímero
10 com 60% de cristalinidade, tornando o material mais rígido
e consequentemente mais resistente à abrasão.
15
O SBS, mesmo com a adição de endurecedor, continua
sendo um polímero amorfo e mais flexível/ er portanto/ mais
facilmente removível.
A baixa resistência à abrasão do compósito de SBS é
uma vantagem em relação ao compósito de guta percha, por
permitir que as paredes do dente sejam preservadas durante
a remoção do material.
- Temperatura de degradação:
20 A temperatura de degradação dos compósitos de SBS e
guta percha foram avaliadas por termogravimetria (TG) e os
resultados dessa análise mostraram que os compósitos de SBS
e guta percha apresentaram apenas um estágio de degradação.
Os resultados mostraram que o compósito de SBS (Figura
25 2) apresentou uma temperatura de degradação maior do que a
guta percha (Figura 3) . Embora tenha sido adicionada uma
quantidade pequena de endurecedor (5%), esta foi suficiente
para agir positivamente na temperatura de degradação da
composição.
30 Além disso/ esses resultados mostram que o material
12/19
desenvolvido neste trabalho é mais resistente à degradação
durante o aquecimento para a realização da obturação a
quente.
- Ponto de amolecimento Vicat:
5 Já era esperado que o ponto de amolecimento Vicat
10
fosse maior para o compósito de SBS em relação ao compósito
de guta percha, uma vez que a guta percha é termoplástico e
os termoplásticos são amolecidos com mais facilidade do que
elastômeros.
- Avaliação dos efeitos do envelhecimento acelerado:
As propriedades físicas e mecânicas dos polímeros são
alteradas pelo envelhecimento, que causa mudanças na
estrutura ou na morfologia destes materiais.
O envelhecimento de sistemas poliméricos é um processo
15 químico complexo que ocorre sob a influência do calor,
oxigênio, luz, ozônio, tensão mecânica, dentre outros, e
resulta em modificações das propriedades químicas e físicas
do material.
Dessa forma, os cones foram envelhecidos e avaliados
20 quanto à sua dureza, resistência à tração, resistência à
abrasão, análise termogravimétrica, espectroscopia na
região do infravermelho e cromatografia de exclusão por
tamanho.
- Ensaio de dureza:
25 As Figuras 4 e 5 mostram os gráficos comparativos de
dureza das composições de guta percha e SBS antes e após o
envelhecimento.
Os resultados mostram que houve um pequeno aumento da
dureza em ambas as composições, indicando que ocorreu uma
30 alteração na estrutura dos polímeros.
13/19
Durante o processo de envelhecimento, ocorrem cisões
na cadeia polimérica que levam a formação de cadeias de
baixa massa molar, como também a formação de ligações
cruzadas que irão aumentar a rigidez, ou seja, a dureza do
5 compôs i to.
Possivelmente, no compósito de guta percha ocorreu a
formação de ligações cruzadas, uma vez que esse polímero
possui muito mais ligações duplas para serem rompidas.
Embora o resultado de dureza tenha aumentado para o
10 compósito de SBS, não se pode afirmar que ocorreu formação
de ligações cruzadas porque o resultado está dentro do erro
analítico esperado.
- Ensaio de resistência à tração:
Os resultados do ensaio de tração das composições de
15 guta percha e SBS, antes e após o envelhecimento, estão
apresentados nas curvas de tensão x deformação apresentadas
nas figuras 6 e 7.
A Tabela 4 mostra os resultados da resistência à
tração (MPa) e alongamento na ruptura (%) .
20 Tabela 4 - Propriedades mecânicas das composições de guta
percha e SBS antes e após o envelhecimento
Guta SBS
Percha
Tração na ruptura (MP a) 5,13 11,75 Antes do
Envelhecimento Alongamento na ruptura 5,98 19,98
(%)
Após o Tração na ruptura (MPa) 3,08 13,23
14/19
Envelhecimento Alongamento na ruptura 2,00 14,23
(%)
O decréscimo considerável da tensão na ruptura para a
composição de guta percha sugere que ocorreu a degradação
do material.
A composição de guta percha, quando degradada, sofre
5 cisões que podem gerar a formação de ligações cruzadas ou
substâncias de baixa massa molar. Estas ligações cruzadas
diminuem o alongamento, como mostrado na Figura 6.
Outro fator que precisa ser levado em consideração é o
perfil da curva. A literatura odontológica classifica a
10 guta percha como um elastômero, porém este material não
apresenta baixo módulo, que é um comportamento típico para
grande parte dos materiais elastoméricos. A guta percha, ao
deformar, não retorna à sua posição inicial.
A composição de SBS também apresentou um aumento na
15 curva de tensão na ruptura e uma diminuição da deformação,
que não foi tão acentuado porque a estrutura química do SBS
apresenta poucas duplas ligações disponíveis para formação
das ligações cruzadas, porém mostra que também ocorreu
modificação na estrutura do polímero.
20 - Ensaio de resistência à abrasão:
Quando um polímero sofre envelhecimento, sua dureza
aumenta e consequentemente, ele torna-se quebradiço. Assim,
ao ser submetido a um teste de abrasão, este material tem
sua resistência à abrasão diminuída, ou seja, ocorre uma
25 maior perda de massa, conforme mostrado nas Figuras 8 e 9.
Os resultados acima apresentados, novamente mostraram
que o processo de envelhecimento é mais acentuado para a
composição de guta percha do que para a composição de SBS.
15/19
- Temperatura de degradação:
A Tabela 3 abaixo apresenta os resultados obtidos nos
testes de avaliação da temperatura de degradação para as
composições de guta percha e SBS antes
5 envelhecimento.
e após o
Tabela 3 - Resultados obtidos no teste de avaliação da
temperatura de degradação das composições de guta percha e
SBS antes e após o envelhecimento:
Guta SBS
Percha
Temperatura de Início 363/22 424/33
da Degradação (oC)
Antes do Temperatura de
Envelhecimento 388/37 470/54
Degradação* (oC)
Teor de Resíduo (%) 77/84 82/05
Temperatura de Início 230/12 403/16
da Degradação (oC)
Após o Temperatura de
Envelhecimento 388/52 468/35
Degradação* (oC)
Teor de Resíduo (%) 68/15 82/67
Pode-se verificar que os resultados da temperatura de
10 degradação das composições foram mais acentuados para a
composição de guta percha do que para a composição de SBS.
Provavelmente/ a diminuição da temperatura inicial de
degradação para a composição de guta percha se deve ao fato
de ocorrer a decomposição de outros componentes presentes
15 nesta composição/ como por exemplo 1 agentes plastificantes.
As curvas termogravimétricas das amostras após o
16/19
envelhecimento são apresentadas nas Figuras 10 e 11.
Na figura 8, observa-se o aparecimento de dois novos
picos na curva termogravimétrica da composição de SBS após
o envelhecimento, que podem estar relacionados às
5 temperaturas de degradação do endurecedor.
- Testes de espectroscopia na região do infravermelho
( FTIR) :
Os espectros de infravermelho da composição de guta
percha antes e após o envelhecimento estão apresentados na
10 Figura 12 e as atribuições das bandas mais importantes
estão sintetizadas na Tabela 4 abaixo.
Tabela 4 - Atribuições das bandas mais importantes
apresentadas nos espectros de IR do polímero guta percha
Número de ondas Atribuições
( cm- 1 )
u C-H 3040
u CH ( -CH2 e 2980 - 2860
CH3)
u C=C 1670 - 1650
8 C-H ( -CH2) 1443
8 C-H (- CH3) 1380
8 C=C, trans 802
A Figura 12 mostra a sobreposição dos espectros de
15 infravermelho da composição de guta percha antes e após o
envelhecimento. Pode ser observado que ocorreram mudanças
significativas no perfil dos espectros, o desaparecimento
da banda na região de 1446 cm- 1, o aumento da intensidade
da banda na região de 2955 - 2848 cm- 1 e a diminuição da
20 intensidade da banda na região de 1179 - 1071 cm- 1•
17/19
O poli-trans-isopreno é caracterizado por duas bandas/
uma em torno de 860 cm- 1 e outra em torno de 802 cm- 1. De
acordo com a literatura/ o desaparecimento da banda em 802
cm- 1 e a diminuição da intensidade da banda em torno de 860
5 cm- 1 indica a degradação da cadeia polimérica.
Estas alterações não puderam ser detectadas no
espectro da composição de guta percha após o
envelhecimento. Embora os resultados indiquem a ocorrência
de mudanças na estrutura do polímero, faz-se necessário a
10 utilização de técnicas complementares, como a ressonância
magnética nuclear, para confirmar a degradação do polímero.
As demais alterações ocorridas podem ser provenientes
de outros componentes, uma vez que a composição da guta
percha utilizada como padrão não foi informada pelo
15 fabricante.
20
O espectro de infravermelho da composição de SBS antes
e após o envelhecimento está apresentado na Figura 13 e as
atribuições das bandas mais importantes estão sintetizadas
na Tabela 5.
Tabela 5 - Atribuições das bandas mais importantes
apresentadas nos espectros de IR do polímero SBS
Composto Atribuições Número de Ondas (cm- 1 )
PS u c-e de aromáticos 1604
Õ CH fora do plano 754 e 909
PB u =CH 3007
u C-H ( CH2) 2916 e 2850
u C=H ( CH=CH2) 1650
õ CH no plano 1447
u C-H do alceno eis 995
18/19
\.) C-H do alceno trans 964
8 de CH do alceno 909
terminal
A Figura 13 mostra a sobreposição dos espectros de
infravermelho da composição de SBS antes e após o
envelhecimento. Pode ser observado que não ocorreu nenhuma
mudança significativa no perfil das curvas, indicando que
5 não houve degradação da estrutura polimérica. Embora os
resultados sugiram que não ocorreram mudanças na estrutura
do polímero, a utilização de outras técnicas complementares
pode confirmar a degradação ou não do polímero.
Ensaio de cromatografia de exclusão por tamanho
10 (SEC) :
O envelhecimento das composições de guta percha e SBS
também foram avaliados por cromatografia de exclusão por
tamanho (SEC) . Os resultados de Mn, Mw, Mv e a polidispersão
estão apresentados na Tabela 6 abaixo.
15 Tabela 6 - Massa molar para as composições de guta percha e
SBS antes e após o envelhecimento
Guta Percha SBS
Mn 6,3 X 10 5 1,2 X 106
Antes do Mw 3,2 X 10 6 2,6 X 10 6
Envelhecimento Mv 2,8 X 10 6 2,4 X 10 6
Polidispersão 5,1 2,2
Mn 7,1 X 10 4 6,2 X 105
Após o Mw 1,4 X 10 6 1,6 X 10 6
Envelhecimento Mv 1,3 X 10 6 1,3 X 10 6
Polidispersão 19,7 2,6
19/19
As Figuras
composições de
14 e 15 mostram os cromatogramas das
guta percha e SBS antes e após o
envelhecimento. Como pode ser verificado, todas as amostras
analisadas apresentaram um comportamento unimodal. Pode-se
5 observar também que a composição de SBS apresenta um
comportamento
composição de
mais
guta
monodisperso quando
percha, indicando que
poliméricas apresentam tamanhos similares.
comparado a
as cadeias
Comparando a curva da guta percha antes do
10 envelhecimento com a curva da guta percha após o
envelhecimento (Figura 14) , é possível observar que não
ocorreu sobreposição das curvas. Houve também um
deslocamento da curva para a região de menor massa molar.
Os resultados da Tabela 17 mostram o aumento da
15 polidispersão. Estes resultados sugerem que ocorreram
cisões na cadeia polimérica da guta percha, indicando a
degradação do polímero.
O cromatograma da composição de SBS (Figura 15) mostra
a sobreposição das curvas das amostras antes e após o
20 envelhecimento. Os resultados da Tabela 17 mostram que não
houve aumento na polidispersão, o que indica que não
ocorreram cisões na cadeia polimérica do SBS. Esse
resultado confirma os resultados apresentados por outras
técnicas( indicando que o compósito de SBS é mais estável
25 do que o compósito de guta percha.
5
10
1/1
REIVINDICAÇÕES
1. Material compósito para desenvolver cones de
tratamento endodôntico caracterizado por compreender:
- de 1,00 a 50,00% de copolímero em bloco;
- de 25,00 a 85,00% de óxido de zinco;
- de 1,50 a 17,00% de sulfato de bário;
- 0,40% de agentes antioxidantes;
- 1,16% de pigmentos;
- de 1,00 a 50,00% de agentes endurecedores.
2. Material compósito, de acordo com a reivindicação
1, caracterizado pelo fato de que o copolímero em bloco é
copolímero em bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou
copolímero em bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS) .
3. Material compósito, de acordo com a reivindicação
15 1, caracterizado pelo fato de que o agente antioxidante é o
butil hidroxi tolueno (BHT) .
20
4. Material compósito, de acordo com a reivindicação
1, caracterizado pelo fato de que o agente endurecedor é um
copolímero aleatório de estireno-butadieno.
1/9
0,75
0,5674± 0,021 :§ <(
0,5 VI VI <(
~ UJ o <( o 0,2749± 0,008 a:. UJ 0,25 a_
o GUTA PERCHA SBS
FIGURA 1
2/9
IDO
0.2
u o 95 "' ~ e
o o 0.1 (I)
(I) (l) (l) a.. a.. > 90 ·;:
(l)
o
00
85
Residue: 82.05% (3.034mg)
80 -0.1 o 100 200 300 400 500 600 700
Temperatura (oe)
Figura 2
105 0.4
l
wal ~---1 0.3
j I
95 u o
* 0.2 ~
o o 90
(I)
V) (l) (l) a.. a.. >
0.1 ·;: (l)
"I c
\ 0.0 I e: 80 77.84%
l (2.882mg)
75 -0.1 o 100 200 300 400 500 60{)
Temperatura (oe)
Figura 3
100
98
<( 96 w a:: o :r: V) 94
~ w a:: ::::> o 92
90
88
100
98
<( 96 w a:: o :r: V) 94 ;:5 w a:: ::::> o 92
-
90 -
88 I
3/9
98
93
GUTA PERCHA GUTA PERCHA ENVELHECIDA
Figura 4
91
89
I SBS SBS ENVELHECIDO
Figura 5
4/9
6,00
5,00
-ro Q..
4,00 ----
~ -o 3,00 u:o (I)
c (lJ
2,00 1-
1,00 ~---
B 0,00 ---,
0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 9,00
Deformação{%)
Figura 6
14,00 -.,.-- --·--· - -···· -----·-·-------·-·----------------···-···-----·-·-------·------------ ------·-----------·······-··-···-·---·---··-----------·---- ···--
12,00
10,00 -co A a.. ~ 8,00 -o uu 6,00
U)
c (])
I- 4,00
--~----------~------------.------------,
10,00 15,00 20,00
Deformação(%)
Figura 7
5/9
0,4
0,3560
:§ <( 0,2749 V) V) <(
~ LU o <(
0,2
o 0::: LU Q..
o GUTA PERCHA GUTA PERCHA ENVELHECIDA
Figura 8
0,75 0,6685
0,5674 :§ <(
0,5 V) V) <(
~ LU o <( o 0::: LU 0,25 Q..
o SBS SBS ENVELHECIDO
Figura 9
110
100J
90
e o Vl w a..
80
70
100
-95 e o V'l w a.
90
6/9
---! 230.1~
270.81'C
I
TEMPERATURA (oC)
Figura 10
TEMPERATURA (oC)
Figura 11
0.6
388.52'C
0.4
u o ......... e
Residue: 0.2 o VI 68.15% w
(2.597mg) a..
~ \ o::
w
\\ o
0.0
~~-'---f
0.2
u o .........
ê 0.1
o Vl w a..
461.2 ·c ~ o:: w o
0.0
\ \ Resióue: \ 82.67% ~(2.875mg)
3408
Gula Percha Original
%T
3400
Guta Percha após o envelhecimento
2915
4000,0 3600 3200
7/9
1279 2028
2161
983 876
1383
1446
2914
0 /'\ /" /''. 10)1 /é"'· ( \ry" \) \ (
I 983 8S2' 800 ! r . 949 \ i'''
r ---""'-, [''v···v.r"~~--··-----·--·-, r""'-"-./\ ,. . \ ~""~\ I\ 'f '"',/ \ (\ .\ ri I \ 'Í
·, 20>7 : \1 \ (V\, 1250 ,;, { - ' 1 , I I tf y
i z1ss 1646 1 \ 1 ; \ , \ ' i ri\ ms\ I . lll97\ '
I i .N t:Í7S '\ '
I • ,1, I !\ 1538 í t .. ,_. .. ./
!I 1472 ""· 1462
íl ü v~48
il03
2800 2400 2000 1800 1600 1400 1200
cm·1
Figura 12
1000
862 (11 /!
/ ' 729 1
800
I 719
650,0
%T
8/9
1639 1383
2155 1601 / SBS Original 3025 1492
1451
---,_.....,._....~ .r-----~ ............ ,.,-·-.....,.,_ '~ --------,,~ é'~\-1''·-,_, .. -J , -~, . r·,
SBS Erwelhecido
4000,0 3600
__ /r- '\ / ' \ '\ /'-! \;\ / I \ A / I : \
"'· /"\ , I \r 1968 \ /\ I\ 1 : : .....___.__/--- "Y\ ( ( \ --./ 'i i _/\t !3t3 1266
/ / \;:~ 2157 \ N1
\; \ ; 'I 3zcxr J()(í(} }1 r\/ \(\/ v •
1 _I 1_
/3003 i \ ; v 1542 I ' I ' ' I • \ i I ) 1400
3~s \ IJ "· 1639 i \f 1 i 2846 1601 1492 f
3200
~ ljSI
\ Z917
2800 2400 2000 1800 cm-1
Figura 13
1600 1400
1071
1200
jl ,f
%5
1000
910 757 l i
697
757
698
800 650,0
9/9
1.00 1.00
0.90 .90
0.80 .30
0.70 .70
0.60 .60 ~ "" g 0.50 .50 ~ 3 ., 0.40 .40
0.30 .30
0.20 .20
0.10 .10
0.00 .00
6.50 6.00 5.50 5.00 4.50 4.00 3.50 3.00 Slice l..og Ml.fll
Figura 14
3.00 SBS original .DO
2.50 SBS envelhecido 2.50
2.00 2.00
~ "" o = ~ 1.50 1.50 3 ...,
1.00 1.00
6.40 6.20 6.00 5.80 5.60 5.40 5.20 5.00 4.80 4.60 4.40 4.20 4.00 3.80 3.60 Slice Log Ml.fll
Figura 15
1/1
Resumo
MATERIAL COMPÓSITO PARA DESENVOLVER CONES DE TRATAMENTO
ENDODÔNTICO
Esta invenção se refere a um material compósito para
5 desenvolver cones de tratamento endodôntico a base de
copolímero em bloco de estireno-butadieno-estireno (SBS) ou
copolímero em bloco de estireno-isopreno-estireno (SIS). O
material compósito da invenção pode ser utilizado nas
técnicas de obturação a frio e a quente e, em casos de
10 retratamento, solventes convencionais podem ser usados.
15
Além disso, os cones a base de SBS ou SIS, por apresentarem
uma resistência à abrasão inferior aos cones convencionais,
são mais facilmente removidos da cavidade dental e, dessa
forma, preservam as paredes da mesma.