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    OBRAS COMPLETAS DE PIETRO UBALDI -VOL. 3

    PIETRO UBALDI

    AS NORESTcnica e Recepo

    dasCorrentes de Pensamento

    "No sabemos seno em razo da nossa faculdade de recepo". PITGORAS

    TRADUO DE

    CLVIS TAVARES

    Fundao Pietro Ubaldi - FUNDPUDEPARTAMENTO EDITORIAL

    Avenida Rui Barbosa, 1.061

    28.100 - CAMPOS, RJ.

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    NDICE

    Prefcio para a Edio BrasileiraRelatrio da Comisso Julgadora

    I Premissas

    II O Fenmeno

    III O Sujeito

    IV Os Grandes Inspirados

    V Tcnica das Nores

    (Fotografias radioscpicas)

    VI Concluses

    PREFCIO

    PARA A EDIO BRASILEIRA

    O anexo Relatrio da Comisso Julgadora mais que suficiente como apresentao dAutor e do livro e como explicao do significado deste.

    "As Nores" representam o 3 volume da 1 Trilogia ubaldiana e se propem a estudar ofenmeno inspirativo atravs do qual Ubaldi conseguiu registrar "A Grande Sntese".

    'No presente volume, ele, como instrumento, se faz observador do seu caso, usando

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    mtodo objetivo, qual o da cincia moderna, aventurando-se num terreno por esta ainda nexplorado, procurando compreender o que com ele mesmo aconteceu. Isso no impede que prpria inspirao haja continuado a gui-lo, especialmente em face de problemas insolve para a razo e o conhecimento atual isolados.

    A primeira edio italiana desta obra foi impressa por U. Hoepli, em 1937, aps ter sid premiada num concurso organizado pelo Prof. Gino Trespioli para sua "Coleo de BiosofiaMorto Trespioli e interrompida a "Coleo" o Autor foi declarado livre para reimprimir o se"As Nores", que vem assim a fazer parte de sua obra de 24 volumes, como se v no plano gera

    Esperamos, desse modo, oferecer uma contribuio til ao conhecimento de algunespeciais e elevados aspectos do problema espiritual, que um dos maiores em torno do qutrabalha a mente humana.

    RELATRIO DA COMISSO JULGADORA

    O primeiro tema que conquistou o prmio destinado aos Autores de Monografias Ensaios que devero constituir a "Coleo de Biosofia" se refere s "Nores", hiptese da"correntes espirituais", emitidas por foras invisveis, por Essncias que um dia animaram serhumanos ou que nunca se incorporaram a organismos fsicos, vivendo e agindo no infinito dtempo e do espao e que influem, muito freqentemente sobre a nossa Terra.

    Um nico concorrente, respeitando as normas do concurso, fez chegar oportunamente prprio trabalho, unido a um sobrescrito assinalado com o nmero VI e o moto: "In hoc signvinces".

    Aps o julgamento, unanimemente favorvel, foi aberta a sobrecarta: Dr. Prof. PietroUbaldi, Gubbio (Perusa)

    Agradabilssima surpresa, embora o valor literrio, eminentemente biosfico, e areferncias produo ultrafnica, que nesta obra so freqentes, j tivessem feito nasceresperana de que o autor fosse precisamente Pietro Ubaldi.

    Se nos fosse lcito falar de "sorte", deveramos exclamar ser uma grande sorte a"Coleo de Biosofia" iniciar-se com a monografia de um hipersensitivo, dotado de faculdadto particulares que no se podem confundir com as dos mais poderosos e experimentadoultrafanos. No podemos, porm, jamais falar de "sorte', mais ou menos cega; sabemos qunossas obras so ordenadas e dirigidas por uma Fora superior, que mede, estabelece, escolhe instrumentos, guiando-os, e por meio deles realiza o que deve ser realizado.

    No parea suprfluo determo-nos nesse assunto, pois o episdio imensamente belo eloqente e no pode permanecer ignorado.

    O relator que subscreve estas pginas teve um dia uma idia, ou melhor, um desejo: quuma grande casa editora publicas-se uma srie de monografias sobre os problemas matorturantes e mais ocultos da vida do homem e do cosmos. Sonho! No havia surgido, no hav

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    brilhado com todo o encantamento de sua beleza e grandiosidade, que desaparecia ante inesperada viso de todas as impossibilidades, uma casa editora que, justamente no perodo maatroz da crise moral, social e econmica, consumira somas ingentes para publicar uma coleo livros biosficos? Quem os leria? E, sobretudo, quem os escreveria?

    Poucos dias depois, porm, um Scio Emrito da Sociedade de Biopsquica, que vivdistante da Itlia, dirigiu a quem escreve estas linhas, uma carta que dizia mais ou menos seguinte: Tenho pensado que seria til e justo que os problemas biosficos fossem objeto doutras tantas monografias; examina o assunto, toma as devidas informaes e, sob os auspcide nossa Sociedade, sejam feitos tantos concursos anuais quantos sejam os temas. J se encontem disponibilidade todo o necessrio para premiar os dignos e para a difuso das monografiasem determinao de nmero.

    Quem havia recebido tal inesperada comisso imediatamente interrogou o Esprito-Gui(O Mestre) da ultrafana Bice Valbonesi; eis a resposta: "Tudo isso determinao superior; feu quem ligou teu pensamento mente do teu Irmo distante, que, doutro modo, no se aliaria ateu desejo; ele e tu cumprireis simplesmente um dever. Obedecei e trabalhai".

    Eis, agora e aqui, escolhido Pietro Ubaldi com o primeiro dos trabalhos e justamentcom um trabalho que se refere ao principal argumento, fundamental, da ultrafania; Pietro Ubaldque dotado de uma hipersensibilidade excepcional, no confundvel com a dos maioreultrafanos. Scrates ouvia, tambm, a "Sua Voz", mas talvez no tivesse sabido falar pelacondies do seu tempo, do ambiente, do grau evolutivo de ento, do estado da cincia de supoca como Pietro Ubaldi, usando um mtodo cientfico, sobre o fenmeno do qual instrumento, mas instrumento consciente do valor da produo que atravs de si mesmo smanifesta.

    Ultrafano no verdadeiro e mais amplo sentido da palavra, na forma e na substncia dsua obra perfeita, o autor de "As Nores" pode falar sobre as correntes espirituais o que nenhu pensador, embora genial, poderia jamais dizer, porque Ubaldi "viveu" sua obra, abandonando prprio Eu s ordens de uma Entidade de superlativa inteligncia, que ele denomina "Sua Voz"que lhe vem do Mistrio. Ele obedeceu, recolhendo e repetindo aos homens as palavra profundas que ele no pensou, mas ouviu. E pde, ao mesmo tempo, com as prprias faculdadcerebrais, seguir, indagar, entender (o que era justamente nosso desejo) a tcnica, por assimdizer, desse importantssimo fato espiritual que a radiao emitida pelas Essncias vivas, duma vida exterior aos estreitos limites da nossa existncia.

    A "Coleo de Biosofia" tem seu incio, pois, com o trabalho de um autor que, aos dotenaturais da mente, cultura profunda do imenso problema, rene faculdades supranormais dugrau to elevado que talvez no se possam confrontar se no remontarmos aos grandes Mstico

    Pietro Ubaldi , pois, umassinalado, um dos que soenviadose para ns, crentes narealidade duma vida alm do tmulo, impossvel deixar de reconhecer que tudo que aqui expe uma demonstrao a mais de que uma Lei superior impera e dirige nossos esforos, pEla regulados e desejados.

    * * *O relatrio de uma comisso deve ser conciso. No caso presente, entretanto, importatender menos ao hbito: seja porque o trabalho premiado , em parte pelo menos, obrultrafnica, e o Autor deve, assim, ser apresentado aos leitores como um sujeito digno d particular exame; seja porque o presente trabalho repete e completa e, de algum modo, se refereum anterior trabalho seu sobre o assunto.

    Aps o xito do concurso, a Comisso julgou conveniente conhecer mais de perto sujeito. Pietro Ubaldi (nascido em Foligno, em 1886) nos disse: "Tinha por instinto o Evangelhno corao; nasci para amar". Estudou unicamente para ser promovido nos exames, pois, diz e

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    "No cria no que me ensinavam, que eu sentia incompleto, intil, sem bases substanciais. Averdade estava em mim, eu a procurava dentro de mim. Lanava-me, rebelde a qualquer guia, conhecimento humano, ao acaso, procurando secretamente minha verdade. Contemplava mundo e as coisas, do interior, Cm suas causas e princpios e no nos seus efeitos e utiliza prtica. Do mesmo modo que os volitivos e os prticos podem considerar-me um incompetencom relao ao gozo utilitrio da vida, eu posso consider-los incompetentes com respeito soluo dos problemas do conhecimento".

    Isso no o impediu de obter, com honra, o diploma de doutor em Direito, de haveaprendido diversas lnguas, de ser versado em msica, de fazer longas viagens e, finalmente, conquistar, em poucos meses, uma ctedra nas Escolas Mdias. Estudava, observava, meditavSobretudo meditava; e "o turbilho das exigncias exteriores golpeava-me sem trgua, impondse ateno de meu esprito, que queria viver sua vida. Acumulavam-se as experinciahumanas, quase todas amarssimas. A dor martelava minha alma sob seus golpes. A maturase precipitava. Um dia, beira-mar, em Falconara, contemplando a beleza da criao, senti, dum modo evidente, a revelao, rpida como o raio: que o Todo no podia ser mais que MatriEnergia e Conceito ou Esprito: (M = E = C) = S (S significa Substncia)".

    Desde esse luminoso instante se inicia o esforo de Ubaldi. Em "Ultra", de Roma(1928-29), em "Constancia", de Buenos Aires (1932) etc., surgem as primeiras tentativas e emseguida prepara "A Grande Sntese", atravs de uma maturao, no realizada por estudos sriomas precipitada do mistrio de sua alma. Certamente, Ubaldi culto, por estudos, por leitura por viagens atravs da Europa e da Amrica, mas ele nega que sua obra (exceto os primeirmanuscritos incompletos e caticos), e que em nosso campo consiste nas Mensagens1 e em "AGrande Sntese", seja fruto de estudos e de leituras Acrescenta: "Suportado o processo dematurao, depois de um ano de pausa, meu pensamento recomeou tudo, desde o incioseguindo um seu fio interior e no outro. E "A Grande Sntese" est a demonstrar a verdadeiranatureza da minha mediunidade inspirativa intelectual. Mediunidade a princpio rudimentaintermitente, jaculatria, mas progressiva, at tornar-se em mim uma qualidade estvel, umsegunda natureza".

    Essa progressividade uma caracterstica fundamental, lgica, correspondente ao princpios da ascenso espiritual das religies e aos da evoluo biolgica darwiniana. Esaproximao do fato evolutivo na espiritualidade e na biologia o prosseguimento dconcepo de Russel Wallace, mas em Ubaldi no limitada, de ordem exclusivamente racionaantes, . a conquista de uma verdade superior; dir-se-ia que Ubaldi haja antecipado essa evolu psquica que dever ser alcanada pela humanidade, que se conserva ainda num ciclo inferior seu tornar-se.

    De fato, para Ubaldi a mediunidade , como ele sente e declara, o estado normal de umfuturo psiquismo mais sutilizado, de uma percepo anmica supersensria mais refinada; umsuperior fase de conscincia e dimenso conceptual perfeitamente normal na evoluoexcepcional hoje na Terra pelo estado relativamente involvido da raa humana. Nada, pois, danormal, de extraordinrio, de miraculoso: questo de caminho percorrido. Assim eu situo problema, porque assim o vivi e solucionei.

    A dor teve em Ubaldi uma parte importantssima: foi a dor que purifica. No h aquentretanto, lugar para uma biografia, mas, sim, para um exame sinttico do ntimo de um sujei

    que, embora no possuindo nada de miraculoso, como ele afirma, todavia excepcional, comexcepcionais so o Heri, o Gnio, o Santo. excepcional como todos os sujeitos hipersensitivos, mas ainda mais pela ntida

    conscincia que Ubaldi tem das prprias faculdades, do prprio trabalho. Quando em sua Assna noite de Natal de 1931., escreveu sua primeira Mensagem, obedeceu a uma Voz que lhe dizi

    1 Publicadas em portugus, pela Editora LAKE, sob o titulo de "Grandes Mensagens", 1volume da Obra Completa de Pietro Ubaldi. Urna nova impresso ser publicada por estEditora. (Nota do 'Tradutor).

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    "No temas, escreve!" Ele tremia, aniquilado; em seguida ergueu-se, transfigurado; uma foranova se infundira nele: tinha de obedecer; da surgiu aquela magnfica pgina de profund bondade, que trazia uma assinatura: "Sua Voz".

    "Sua Voz": fonte de pensamento, de afeto, de ao e de bondade. A ele dizia: "No perguntes meu nome, no procures individuar-me. No poderias, ningum o poderia; no tentuma intil hiptese".

    Desde ento, Pietro Ubaldi, soldado obediente de uma Fora superior, lanando suaMensagens, encontrou acolhida e admirao. As revistas, dos mais diversos idiomas, e inmeroadmiradores andavam porfia, a fim de que o novssimo pensador lhes doasse as jias que pseu intermdio vinham do Mistrio. Todos aqueles que o ouviam dele recebiam conforto. E mesma sorte e mais clamorosa teve "A Grande Sntese", pois a revista milanesa "Ali delPensiero" lhe iniciou a publicao em fascculos em 1933. A traduo surgia, baseada nestexto, no grande dirio "Correio da Manh", do Rio de Janeiro, na revista "Constancia", deBuenos Aires, na revista "Reformador2" etc., em toda parte suscitando um coro de verdadeiraadmirao. E muito mais digno de admirao deve ser o "fenmeno" desse trabalho, sabendo-que Ubaldi o escrevia aos poucos; enquanto se publicava uma parte, ele o continuava, seguro si como nenhum outro autor jamais o ousaria.

    Qualquer autor, antes de publicar seu trabalho cuida de l-lo, rel-lo, retoc-lo, corrigi-lo. Ubalno tinha necessidade de correes; nunca surgiam arrependimentos; tudo se desenvolvia couma rapidez fulmnea, naquelas noites predestinadas em que "Sua Voz" lhe fala.

    Aps o Sujeito, sua obra. No se poderia apreciar "As Nores" sem antes se deter em"A Grande Sntese" que em breve estar completa e publicada em volume, em diversas lnguas, porque" As Nores", repetimos, constituem seu complemento, o comentrio, pelo menos, do principal fenmeno, o das correntes inspirativas.

    O conhecimento dessa obra indispensvel para bem penetrar o que no presentvolume Ubaldi expe, especialmente nos trs ltimos captulos. Resumir, porm, "A GrandSntese" no e fcil, pelo seu estilo extremamente conceituoso. A doutrina nela desenvolvida n somente uma sntese do atual conhecimento humano, que bem reduzido em face do problemas substanciais, mas constitui unia sntese da fenomenologia universal, isto , coordenao num organismo nico dos fenmenos existentes que o concebvel humano podapreender e ainda alm. E por fenomenologia se entende no apenas o que pode recolher-se ncampo da cincia atual, mas tambm no da filosofia, das cincias econmico-sociais, da ticdas religies, etc. A fuso de todos os efeitos reconduzidos causa central, a viso do absoluatravs das infinitas formas do relativo, conduzem espontaneamente o leitor ao contacto com princpio nico que tudo rege. Unidade, pois, absoluto monismo, o conceito central desdoutrina: monismo que, na evoluo do pensamento humano sucede s precedentes afirmaePolitesmo, em seguida monotesmo, finalmente monismo so as etapas do pensamenthumano.

    A obra pode apresentar um aspecto humano, que se mostrar aos no iniciados comuma tentativa, plenamente vitoriosa, de dominar, numa sntese nica e universal, todo conhecimento, de organiz-lo respondendo a todos os problemas que mente humana possaapresentar-se. Neste seu menor aspecto, a obra corresponde a uma impelente necessidade para

    evoluo do pensamento no instante atual, reconduz unidade a cincia ameaada de dispersase na especializao, sacia a alma humana oferecendo solues que a cincia se mostroimpotente para dar.

    Para quem saiba ler na profundeza, porm, logo nasce, por um sabor todo seu que obra possui, a sensao de que ela no poderia ser concebida de um plano mental humano, mnecessariamente de um ponto de vista elevado, numa dimenso superconceptual. Pois s assi poderiam ter sido resolvidos, como o foram, todos os problemas que a filosofia e a cincioperando com mtodos puramente racionais, no haviam solucionado at agora. A obra , po

    2 Revista de Espiritismo Cristo, rgo da Federao Espirita Brasileira, Rio.

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    transcendental, ultrafnica, isto , o autor concebeu e escreveu sem estudos preliminareconfiando acima de tudo em seus recursos super-racionais, seguindo um mtodo novssimo d pesquisa por intuio, abandonando-se, nas passagens mais complexas e sem precedentconhecidos, exclusivamente sua inspirao. Inspirao, entretanto, exata e cientfica.

    A obra, portanto, pode ser lida com vrias mentalidades e em diversas profundezas falar diferentemente conforme a potncia intelectiva do leitor. Muitos consideraro a obra comum nico sistema, embora genial, em que a cincia dispersa finalmente reunificada nummonismo absoluto. J muito; mas, para ns, que o sentimos, existe o aspecto ultrafnico, qud ao escritor o valor da viso direta da Lei que anima o universo e representa uma novascenso do homem na concepo da Divindade.

    Escrito ultrafnico, soube manter, porm, um perfeito equilbrio com a racionalidadeEm geral, osnteles3 revelam distncia na concepo e no modo de exprimir-se, oriunda dadiferente altitude de plano evolutivo e das dimenses supertemporal e superespacial em que movem. E isso d, talvez, ao escrito um sentido vago, nebuloso, inalcanvel que repelidcomo antiobjetivo e anticientfico. Operou-se nesta obra uma transmisso muito mais complexque na comum registrao ultrafnica inconsciente, pois o sujeito sentiu e controlou todo processo e pde, com sua interveno consciente e ativa, reduzir com fidelidade a concepentlica sobre-humana aos termos da mais segura terminologia e tcnica de pensamentcientfico. Pela primeira vez, assim, a ultrafania oferece um produto rigorosamente orgnicoracional, de modo a coincidir com a cincia moderna, a enxertar-se em seu momento e condulo mais alto com objetivos de bem, lanando em terreno bem preparado a semente, que sdesenvolver, de uma nova civilizao, que o esforo do pensamento do homem tem de sabhoje preparar e criar. Assim foi que um pensamento superior pde ser lanado ao mundo de umodo perfeito, o que no fcil diante da posio do pensamento moderno. Aqui, a voz do Catravs dessa traduo, pde ser elevada da Terra ao Cu. E a cincia, em linguagem humana prpria cincia materialista foi conduzida at o esprito, alcanando a dignidade de filosofia e f. Terra e Cu se tocam nessa obra. E no presente volume se explica e se confessa todo "como", com objetividade de observador desapiedado, com a f de um mrtir que se d a mesmo por uma idia.

    A prpria realidade desmaterializada, que por todos osnteles concordemente nos descrita em formas que o nosso materialismo considera fantsticas, nessa obra atingida atravda prpria psicologia materialista, tomada como ponto de partida; atingida atravs da prprracionalidade, que a forma indispensvel compreenso de nosso tempo e que pelonteletransmissor adotada como forma-pensamento em sua projeo de conceitos. Os cticos podersorrir, as filosofias discutir, a cincia negar, as religies condenar, mas ningum negar achar-em face de uma esmagante massa de pensamento, de uma vertiginosa viso do universo, qu jamais foi concebida at hoje. E nem as filosofias, nem as escolas, nem as religies podernegar sem abjurar de si mesmas, porque em "A Grande Sntese" So todas elas, inclusive as

    inimigas, finalmente irmanadas num s pensamento.E na verdade a obra se desenvolve num sentido de viso. Sobre o fundo da sucesso

    3 Palavra de formao grega, que significa ser perfeito, "essncia perfeita". A ultrafanclassifica os seres espirituais em "barontes" (os inferiores), "anontes" (os que se encontram em processo evolutivo) e "nteles" (os perfeitos). Vejam-se as obras de Trespioli, o relator dComisso Julgadora: "Ultrafania - Espiritismo Moderno" e "Realidad del Misterio". edies Ateneo, de Buenos Aires, 1934 (pags. 302, 304; pg. 32).(Nota ao Tradutor).

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    evolutiva dos universos (figura 1) surge, isolado, o universo trifsico do concebvel humantrifsico, porque constitudo por trs planos de existncia, que so Matria, Energia e EspritEstes trs planos existem nas relativas dimenses de espao, tempo e conscincia. Esta trindadtridimensional e trifsica, simultaneamente reduzida a uma unidade de substncia em que fundem, desaparecendo as aparncias da forma, relativa, em evoluo. Alm dos limites des

    unidade trina o concebvel humano no pode atualmente chegar est, presentemente, fechado eseu universo que, entretanto, superar. As formas, porm, so infinitas, progredindo desde fases submateriais at as fases fsicas, dinmicas e psquicas de nosso universo e indo at superconceptuais que o superam.

    O homem, em seu psiquismo, se encontra na escada ascensional. E a grande viagemcomea da matria, que tomada para exame como produto de desfazimento involutivo duniversos evolutivamente precedentes4 a evoluo procede por dobramentos e retornos peridicos (veja figuras. 1 e 2) e estudada na srie estequiogentica (stechiogenesi= gnesedos corpos), por peso atmico e outras caractersticas fundamentais at traar uma rvorgenealgica das espcies qumicas. Assim, a evoluo da matria acompanhada desde hidrognio das nebulosas at o urnio, isto , dos pesos atmicos mnimos aos mximos, em quse inicia a desagregao radioativa, que representa a gnese das formas dinmicas. E dessmodo, num determinado momento, a matria morre como matria e renasce como energiMuda-se a forma do relativo, mas intacta permanece a substncia divina do todo.

    So examinadas todas as formas de energia. Antes, porm, de descer a este segund plano, a viso contempla o universo no s sob este seu aspecto esttico, em que ele, pocomodidade de estudo, isolado em sua forma e concebido em imobilidade. Tambm existe uaspecto dinmico. E ento, no mais observamos uma sucesso de formas, mas assistimos aseu ntimo tornar-se, que as transforma umas noutras. Tudo se move, se agita; tudo palpita e tevida. E sobe, sobe numa grandiosa sinfonia de impulsos, de desenvolvimentos, de equilbrios qgritam: Deus!

    E existe um terceiro aspecto: conceptual. Trs aspectos, portanto: o universo a si mesmse contempla com trs grandes olhos que so uma s luz: Deus.

    No aspecto conceptual, a viso se abre s leis que guiam o processo evolutivo do cosmoao pensamento que rege Os desenvolvimentos fenomnicos, ao princpio abstrato, idia que exterioriza em todo esse tornar-se, modelando-o sua imagem. Assim definida a trajetritpica dos movimentos fenomnicos (fig. 1) e traada a teoria da evoluo das dimenses. vemos nascerem e morrerem por superao o espao e o tempo. E a lei de Deus aparece, integrinclusive nos seus aspectos menores, no universo inferior da matria, at refulgir, sempre malmpida, no universo superior do esprito.

    Nasce ento, a segunda forma: a energia. Nasce o tempo, nasce a protofora tpica duniverso: a gravitao. O gesto possante de Deus vira as pginas ciclpicas da criao e inspirao gigantesca da gnese mosaica retorna luz, verdadeira, com palavras de cincia. Esrie evolutiva das espcies qumicas se segue, por continuidade, a srie evolutiva das espci

    4 Esse problema, que completa a viso de "A Grande Sntese", o argumento da obra de PietroUbaldi - "Deus e Universo", l0. volume das Obras Completas, e ainda dos que se lhe seguem:"O Sistema" e "Queda eSalvao". (Nota do Tradutor ).

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    dinmicas: 1) gravitao; 2) radioatividade; 3) radiaes qumicas (espectro invisvel doultravioleta); 4) luz (espectro visvel); 5) calor (radiaes calorificas obscuras, espectroinvisvel do infravermelho); 6) eletricidade (ondas hertzianas, curtas, mdias e longas); 7) Som.

    Nesse momento da evoluo, a energia atinge o mximo de seu limite de degradao, isto , ddesvanecimento cintico ou diminuio de velocidade de vibraes e de aumento de amplituno comprimento de onda. E como a matria morreu por desagregao atmica, a energia mor por degradao dinmica. O fenmeno assinalado na sua ntima estrutura cintica e, na teordos movimentos vorticosos, estudado profundamente, solucionando-se o grande problema dgnese da vida, que gnese de psiquismo, a terceira fase do universo. A qumica inorgnicnovamente se plasma para chegar qumica orgnica. Nasce a vida e abre-se a viso do mund biolgico. O universo no apenas pulsa, esplende, canta, mas tambm vive, ama, sofre, pensa.

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    FIG. 1Desenvolvimento da trajetria tpica dos movimentos fenomnicos na evoluo do cosmos. A evoluo proced por dobramentos involutivos peridicos. O diagrama exprime o processo de progressiva gnese do relativo poevoluo. Seguindo o abrir-se da espiral no tempo, ao longo das zonas assinaladas na vertical da evoluo,desde-z,-y, -x, , , , . . . at +n, ver-se- a linha ascender de trs zonas ou planos de existncia e descer de duas, depoistornar a subir trs zonas e tornar a descer duas e assim por diante. Das pulsaes desse respiro que sempre mais sedilata, resulta a progresso de uma linha maior, bem visvel, distanciando-se das particularidades do desenho, e qu uma espiral de abertura constante. Resulta ela da sobreposio dos retornos ascensionais da espiral menor. Aevoluo , desse modo, uma progresso criativa que invade sucessivamente as zonas assinaladas na vertica(evoluo), isto , -z, -y e, -x, universo trifsico mais involvido que o nosso, subfsica e para ns imerso noinconcebvel. Dele nasce, por evoluo, o plano , a matria; deste plano nasce , a energia; e de nasce , o psiquismo. E est completo nosso universo. Em , temos o homem. Em +x o esprito penetra por evoluo,superando a dimenso de conscincia numa dimenso superconceptual mais elevada. Da conscincia de superfcou razo se atinge uma conscincia volumtrica ou intuio. Inicia-se assim, por criao no relativo, um novouniverso trifsico, +x, +y, +z. Manifesta-se, assim, ao infinito, e se ascende por ntima auto-elaborao, otransformismo universal, qual progressiva manifestao da Divindade.

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    FIG. 2

    Aqui se reproduz o conceito do diagrama figura 1. Os planos ou zonas so dados pelas letras. Em(1), (2),

    (3), temos a srie progressiva dos universos trifsicos. No primeiro,(1), o nosso, partindo de baixo, sobe ae a . Atravs de um retorno involutivo at o plano , a progresso evolutiva se continua no superior universo,(2), desde a , a +x. Atravs de um retorno a desenvolve-se o novo universo(3), que vai de a +x,+y e assim sucessivamente.

    O panorama se abre, imensurvel. Todas as formas da vida vibram no universo, a terrse povoa, o esprito d seus primeiros vagidos Afronta-se o exame da tcnica evolutiva d psiquismo e da gnese do esprito. Ambiente, reaes, instinto, conscincia, at o homem, tucanta a grande sinfonia do esprito que evolve. Aparece o homem, sua grande alma, centelha Deus. E essa alma sobe, sobe at o super-homem, o heri, o gnio, o santo.

    A linha, do hidrognio ao gnio, nica, ininterrupto caminho de conquista e decriaes, em que Deus est sempre ativo e presente. E o super-homem se converte em supehumanidade. O homem se esgota nas neuroses e as civilizaes se debilitam na decadncia. Tuenvelhece e morre com a matria e a energia, numa degradao biolgica que no morte, msim, ressurreio de esprito imaterial em dimenses superconceptuais, pois a substncia eterna. Aqui, a matria se desmaterializa decompondo em sua estrutura cintica a sua aparncfsica e o ser no mais possui corpo nem mente e penetra, triunfante, na dimenso inicial de unovo universo trifsico, onde no mais existe nem espao, nem tempo, nem concebvel humano

    Est concludo o grande caminho. A viso termina com o quadro das ltimas, das maielevadas ascenses humanas, primeiro individuais, em seguida coletivas; perfeies moraicaminhos da liberao, superaes supremas. Toma-se a mo do homem, tal como ele hoje,se lhe traa o caminho de suas ascenses. Estuda-se a lei do trabalho, o problema da rennciafuno da dor, a evoluo do amor. Coletivamente, so afrontados os problemas sociais dmomento histrico: a gnese do direito, a tica internacional, a guerra, o problema econmico,distribuio da riqueza, o colaboracionismo, o poder, o Estado, o chefe, a arte...

    E a viagem, iniciada entre as mais densas formas da matria, termina no Evangelho e alma se detm, saciada, ante a viso do Custo, ltima sntese. Esta a "Grande Sntese" e umas palavra se encontra nas profundezas deste esforo de razo e de cincia: Cristo. a Sua Vozque repercute atravs do trabalhoso tratado, convertendo-o num ato de paixo que, descendo Alto, se d atravs do sacrifcio de um homem pelo bem do mundo.

    * * *Era indispensvel, repetimos, que nos detivssemos em "A Grande Sntese" porque,

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    embora no presente volume Ubaldi no a cite5, a ela se refere toda a penetrante anlise que em"As Nores o Autor desenvolve com imensa novidade de expresso e consideraes, ante quais empalidecem todas as obras at agora publicadas e que em vo tentam discorrer sobrfenomenologia ultrafnica, apenas baseadas em manifestaes exteriores.

    Ubaldi, pelo contrrio, viveu o fenmeno e por isso seu conhecimento ultrapassa o

    limites da pesquisa comum, conservando-se prudente e sbio, e assim superando inmerahipteses, os mais fantsticos juzos e apreciaes, as elucubraes mais estranhas, infantis oimpenetrveis que se apresentam sob pressuposta e irreal vestimenta cientfica.

    Competia a um hipersensitivo poderoso e, ao mesmo tempo, a um forte talento, a tarefde tratar deste principal tema da biosofia; a algum que, "assinalado" para tal obra, pudesse, onno sabe chegar a inteligncia, chegar com a intuio, e onde esta no alcana, deixar intervirinspirao. E, ento, "Sua Voz" diz a verdade que a mente humana ignora: di-la ao seu"instrumento" idneo e digno.

    O fenmeno, em Ubaldi, assume caractersticas que em vo buscaramos nos ultrafanocomuns, mesmo nos intensamente exercitados e provados. Com isso no queremos nem podemnegar que tambm nestes as faculdades paranormais sejam poderosas, produtoras de fatoimpressionantes e agitantes pelo modo como se obtm e pela beleza e grandiosidadsubstanciais.

    Nas obras j editadas pela Sociedade de Biopsquica ou sob seus auspcios, ressaltam aexcepcionais virtudes de recepo e de transmisso de nores, que superam a potncia dengenho humano. Em Ubaldi, porm, a manifestao, alm de superlativa, tem a caracterstica no lhe fazer desaparecer a conscincia ou a recordao do acontecido, de no lhe diminuircapacidade de atender o prprio fenmeno, quer pelo aspecto formal, quer pelo substanciaAlm disso, falta em muitos ultrafanos, ou bem nebulosa, aquela f que existe em Ubaldi e qu potncia apta harmonizao da mente humana com as energias transcendentais; para ooutros hipersensitivos de efeitos conceptuais se torna tambm possvel conseguir o "perfeito porm, com o concurso do bisofo que dirige, regula as manifestaes, realiza a experincia.isso explica porque a maior parte das mensagens obtidas mediunicamente sejam to pobres dconceito, mesquinhas na forma, contraditrias e at triviais e grotescas.

    Neste volume premiado, Ubaldi se detm amplamente, como era necessrio, a falar dsi, unicamente de si, porquanto, tomando-se a Si mesmo para exame, nos oferece umdemonstrao positiva, de indubitvel valor cientfico, pois firmada sobre a observao eexperincia exercida sobre um Sujeito hipersensitivo; alm disso, o trabalho baseado na razcom a bagagem de uma slida cultura. Esse fato tambm nos d a esperana de que se pode e deve acentuar o progresso das faculdades ultrafnicas, isto , que todos aqueles que, com

    Ubaldi, forem "assinalados" para oferecer humanidade novas e sempre luminosamanifestaes transcendentais, no sero, um dia, apenas instrumentos inconscientes, macientes e conscientes do valor do fenmeno que atravs deles se exterioriza.

    5 Exceto nas "Concluses", acrescentadas pelo autor e introduzidas na obra, j em curso deimpresso.

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    Mrio Borsalino

    Pier1uigi Toffanello

    Gino Trespioli, relator.

    Milo, janeiro de 1937.

    I

    PREMISSAS

    Cada sculo tem uma caracterstica dominante que lhe prpria, especializando-senuma criao particular que parece a razo de ser desse tempo; e justamente o produto descriao que sobrevive, transmitido aos sculos porvindouros. O nosso o sculo dos nervoParece at que nossos pais no os possuam; pelo menos, assim nos aparecem, em sua vida seagitaes, em sua calma, que ns j no conhecemos nem quando repousamos, tanto qufreqentemente nos acreditamos enfermos; mas, ento, todos estamos doentes. Os nervos, porno so apenas irritabilidade, inquietude, insaciabilidade; no tm, felizmente, s o aspecto vis pela cincia, o pseudo-patolgico da neurose, mas possuem uma face ainda no percebido aspecto evolutivo de uma nova criao biolgica: o psiquismo.

    Em nossa poca atual, o tipo humano est deslocando sua funcionalidade do campmuscular para o campo nervoso e psquico. Algures, desenvolvi este tema, mas devo agora a evoltar, porque, se representa o terreno sobre o qual se apoia nossa vida, em que se agita nossluta e nossa conquista se realiza, tambm o cenrio em que se enquadra e se justifica problema presente neste volume de ultrafania6. No se trata, portanto, de um fenmeno casual: momento substancial e logicamente situado no curso da evoluo biolgica e das ascenses esprituais humanas. No caso especfico da mediunidade, no poderia deixar de influir a repercussdaquele caso geral, que condiz com o momento de acelerado transformismo que em noss planeta atravessa hoje a evoluo biolgica, em sua mais alta fase humana, evoluo que, etorno a sua mais excelsa criao, febrilmente se afana.

    E a mediunidade se modificou com o transformar-se de todas as coisas; devia primeiramente, transformar-se na mais evidente manifestao da alma humana. Apresentou-semediunidade, no cenrio do mundo atual, atravs da observao cientifica sob a forma dmediunidade fsica, de efeitos materiais, com caractersticas musculares, tais como eram a

    6 Ultra f ania: de ultra, lat : "alm", e f ania (f aneia),grego: "luz". Ultra f ania: l uz do alm,do plano espiritual superior, produzida pelas nores (correntes de pensamento). (Nota doTradutor).

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    manifestaes predominantes do esprito humano, nas grandes massas, at o nosso sculo; hojno entanto, tornou-se ultrafania, isto , uma mediunidade superior, evolutivamente madesenvolvida mediunidade de efeitos psquicos. Uma vez que tudo evolve, e a evoluo nunse processou to vertiginosamente como hoje, tambm a mediunidade deve conhecer suascenso. De quanto isso verdadeiro, tambm por minha ntima e profunda experincia, dirmais adiante.

    Desse modo, at hoje, tem a mediunidade evolvido, em muitos casos, desde a formfsica de manifestaes materiais at forma psquica de manifestaes intelectuais. E tanto, qa primeira forma se apresenta aos nossos olhos, agora mais experimentados e mais habituadosexaminar o mistrio, como qualquer coisa cada vez menos assombrosa e menos probatria. Cavez mais se dissipa a mania do maravilhoso; nossa crescente sensibilidade analtica vai tendsempre menos necessidade do choque que o prodigioso provoca; sempre e menos nos abalaespetculo das levitaes, dos "apports", das manifestaes acsticas, ticas e tteis. Ao passque tudo isso deixado experimentao cientfica que, de resto, j h decnios se mov

    sempre no mesmo crculo, de que parece no sabe sair nem para uma concluso nem par progredir, a mente humana pede um alimento mais substancial, um contacto mais elevaduma nutrio conceptual que a sustente diretamente. E eis-nos em plena ultrafania.

    Cada um sente, mais ou menos distintamente, em meio transtornante exploso de umnova sensibilidade nervosa e espiritual, entre mpetos de nervosismo e irritabilidad(erroneamente considerados patolgicos e que, ao invs, so um novo modo de sentir que j nsuporta as velhas formas da vida, mas impe novas), cada um sente revelar-se em si o fenmenque substancial, em meio quelas escrias e desvios uma nova capacidade de sentir pensamento, de perceber a distncia. E tudo isso j no se perde no fantstico, mas aparece com

    intuio, pressentimento de um real estado futuro, estado do ser humano hipersensvel, qutransmite e regista correntes de pensamento,nores7 e o faz relacionando-se com seres que parecem irreais porque imateriais, mas que esto vivos e presentes, porque sabem dar de manifestaes aos nossos mais sensibilizados e aperfeioados meios perceptivos.

    O tema que vou desenvolver, se pode parecer avanado para os nossos dias, amanhser de domnio cientfico; e tambm de interesse atual para a grande maioria que apenacomea a agitar-se. E comea, porque inegvel a necessidade de um retorno ao esprito. Nosomente retorno de reao ao materialismo, no apenas um reflexo de cansao em face de umorientao que se mostrou impotente, com seus meios e mtodos, para chegar a uma concluso

    uma retomada, em cheio, como jamais arrostada na Histria, com as armas de uma cincaguerrida de experincias; uma revoluo que avana, trovejando, das profundezas do esprique quer saber e deliberar a fim de guiar-se conscientemente na vida. E esta palavra espri transporta-se das igrejas e das religies e aparece francamente no grande ambiente socialvibra na poltica, nas instituies, nas leis, nas crenas e nas obras do mundo.

    7 Nores neologismo formado de dois elementos gregos:nous(pensamento, espirito,inteligncia) erho(correr, fluir). significando, pois, "correntes de pensamento".(Nota doTradutor).

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    Paralelamente, o fenmeno ultrafnico se aprimora e se vigoriza. Este perodo ps blico (embora seja difcil o juzo a quem est imerso nessa prpria poca) indubitavelmengrande na Histria por uma febre de criaes universais, que, embora resistncias e lutas, s preparam para lanar as bases de uma nova civilizao8. Nesta nossa poca, surge a ultrafania,com manifestaes de fora espiritual, agindo em colaborao com as foras superiores quguiam o mundo em sua atual laboriosa ascenso. Parece que nesta agitao geral, que fragmetao e restaurao de pensamento, tambm as correntes de pensamento que circundam ambiente humano intervm, ativas e operosas, para guiar e iluminar. natural que umadeslocao de foras psquicas excite outras deslocaes, porquanto nada isolado no universe os fenmenos das foras psquicas obedecem s mesmas leis de coordenao e de equilbrioque obedecem tambm as leis da matria e das foras inferiores. E a vida, que jamais podextinguir-se (isso seria um absurdo lgico e cientfico), natural que se comova e desperte, anas suas formas imateriais, se percutida pelo eco das vicissitudes humanas, que naqueimaterialidade se continuam e se completam.

    E ento, pela convergncia de duas foras, isto , a sensibilizao da conscincihumana a superar os ltimos diafragmas e a atrao dos altos centros de pensamento que svoltam para a Terra pela lei de equilbrio, de bondade e de misso, ento, a ultrafania assumo poder de grande inspirao, ativa e consciente. O fenmeno medinico eleva-se ainda maiDeixamos atrs a mediunidade fsica. Superamos a mediunidade de efeitos intelectuais que manifestam na inconscincia do mdium, cujo eu" adormecido e momentaneamente eliminadFalarei, neste volume, de um tipo de mediunidade intelectual ainda mais elevado, ummediunidade inspirativa consciente, operando em plena luz interior, em que o sujeito receptoconhece a fonte, analisa-lhe os pensamentos, com ela sintoniza e a ela se assemelha, buscando

    pelos caminhos da afinidade; mediunidade ativa, operante, fundida no temperamento de uindivduo, emanao normal na sua personalidade; mediunidade a tal ponto lmpida no sefuncionamento, na conscincia deixada em seu estado normal, que possvel, atravs de uexame introspectivo, realizado racionalmente, com os critrios cientficos da anlise e dexperimentao, reconstituir a tcnica do fenmeno inspirativo, tendo por base fatos e estadvividos, deduzidos diretamente da observao.

    Com esta definio realista do problema, a hiptese e a afirmao gratuita de que pensamento registado pela mediunidade inspirativa provm do subconsciente humano, sautomaticamente excludas, porquanto todos os fatos que tenho vivido em mim e objetivamen

    notado como observador imparcial, falam em sentido completamente diverso. Aquela hipteexcluda no merece, portanto, uma refutao explcita. E todo o desenvolvimento da tcnica dfenmeno ser seguido precisamente com referncia a uma fonte por completo distinta dconscincia do mdium receptor.

    O mundo do alm aparecer to vivo, atravs da descrio de minhas sensaes, qu8 O importante tema uma nova civilizao espiritual, que suceder civilizao materialista em quevivemos ampla e concludentemente exposto por Pietro Ubaldi no seu livro A Nova Civilizao do Terceiro Milnio (Nota do Tradutor).

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    adquirir o carter duma realidade cientfica. Como v o leitor, no estou aqui a expor baseandme em indagaes tericas, nem me refiro a opinies ou interpretaes alheias nem me interesalardear erudio. Toco o fenmeno com as mos e relato quanto me disseram minhas sensae minha experincia direta.

    * * *Saio, cheio de impresses ainda recentes, duma experincia novssima. A 23 de agost

    de 1935, s 11 horas da noite, acabava de escrever "A Grande Sntese", em Colle UmbertPerusa, na torre de uma casa de campo, mesma pequena mesa onde quatro anos antes, no Nade 1931, noite alta, havia iniciado a primeira das mensagens de "Sua Voz".

    Quatro anos de superproduo intelectual, de intenso drama interior, de hipertenso, dsublimao psquica, de sublimao espiritual, emergindo da cinzenta monotonia do magistriesforo dirio que me imposto no cumprimento do dever de todos, de ganhar a vida com prprio trabalho.

    Quem me sustentara no rduo trabalho de uma to intensa produo? Uma f profundse assenhoreou de mim, arrastando-me com uma febre de altssima paixo. Este o segredo afirmao de um escrit9: hav-lo, antes de tudo, vivido profunda e intensamente, de modo a fazerdele o espelho de uma fase da vida; haver nele, todo, lutado e sofrido, conceito por conceito,oferec-lo vibrante como a alma, palpitante como foi o fenmeno interior que o gerou. O leitsente, embora inadvertidamente, esta sinceridade e alegra-se com o poder satisfazer o instinhumano de mergulhar-se nas profundezas do mistrio de outra alma. Naqueles escritos no oferci o produto de estudos exteriores minha personalidade e dela separveis; pelo contrrio, deme totalmente, qual hoje sou, na fase de maturao que atingi no meu caminho evolutivo. expondo, aqui, sem disfarce, as profundas vicissitudes de uma alma, substancialmente relatohistria do esprito humano, na qual o leitor se achar mais ou menos a si mesmo. Narro o eterndrama das ascenses humanas. Anatomizo, refletido no meu caso particular, mas concreto vivido, o fenmeno csmico, que de todos.

    Se aqueles escritos tm uma histria prpria, exterior e visvel, que facilmente pode seencontrada na imprensa e que no oportuno repetir, existe toda uma histria interior, que evivi no silncio e na solido, a histria da maturao do meu esprito, para que pudesse atingeste momento talvez esperado e preparado h milnios momento de sua maior realizao

    til conhecer esta histria interior, tanto quanto a exterior, para que se possaenquadrar o fenmeno da recepo inspirativa e das "nores", de que nos ocuparemos agorfenmeno complexo, em que intervm elementos morais, espirituais e biolgicos, cuja soluimplica a dos mais vastos problemas do universo, fenmeno que no se pode, por isso, isolar

    9 O autor se refere a "A Grande Sntese", cuja recepo ultrafnica se deu de 1932 a 1935durante os breves perodos de frias escolares do Prof. Ubaldi.(Nota do Tradutor).

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    havia vivido todo aquele escrito, como concepo e como drama, como sensao e como paixCada palavra, cada pensamento havia transformado uma gota de meu sangue, havia arrancadum pedao de minha alma. Naquela noite, olhava para mim mesmo, estupefato, corpo exnimmas revigorado de eterna mocidade no esprito. Exultante e prostrado, olhava aquele livro, sadde minha pena, no sei de que resplandecente fonte, atravs de minha alma extasiada, aquelivro escrito sem premeditao e sem preparao, to estranhamente desejado pelo destino. perguntava a mim mesmo se ainda estava sonhando ou estava louco, a mim mesmo perguntaque significavam essas coisas maravilhosas para minha vida e para a vida do mundo. Olhavaobra concluda, qual fora loucamente lanado por um impulso mais forte do que eu, e que havlevado a termo sem saber e sem desejar, porque um centro, diverso da minha conscincia normasabia e desejava por mim

    Naquela noite, eu senti, transfuso em mim, o poder de quem comprimiu o universo nummonismo absoluto, de quem encontrou o caminho das causas no ddalo dos efeitos. A Esfingque mata quem revela o mistrio me haveria aniquilado? No. Eu havia obedecido e por mi

    velava a suprema autoridade da Lei. Eu no havia violado, mas respondido; havia secundadsem rebeldia, o equilbrio novo dos tempos maduros. Naquela noite, a cabea em chamaachava-me no paroxismo da minha festa de esprito

    O meu ser estava todo imerso numa onda de pensamentos, ressonante de vibraes, qu por tanto tempo me haviam alimentado.

    A vida continuava a mesma, supremamente indiferente, em torno de mim, no seu cursmilenrio, obedecendo sua eterna lei.

    Cantavam os grilos pelos campos, dormiam as plantas e as estrelas cintilavam. Pelespao, os mesmos silncios das antigas noites egpcias, no corao dos homens as mesma paixes pr-histricas. No entanto, algo de extraordinrio acontecera: em minha alma, a eterevoluo rejubilava-se pela maturao de uma sua fase mais alta. E dos longes do universo e percebia ressonncias, em resposta a esse secreto jbilo. Jbilo de meu ser, que mais savizinhara da lei de Deus, jbilo da lei de Deus, que se tornara mais real em mim.

    Passou o tempo. Tranqilizou-se, depois, minha alma e tornei a descer do meu parasao inferno da psicologia humana corrente. Aquele estado de hipertenso psquica serenou e volta ser o homem comum e normal que se movimenta na vida, ensinando na escola, onde

    normalidade psquica e nervosa posta seriamente prova, cada dia. Sei muitssimo bem o queessa normalidade que a cincia quer negar aos hipersensitivos da minha espcie e sei bem us-em minha defesa, onde esta me imposta. Simplicssimo! Basta descer biologicamente aoinstintos primordiais, reduzir-se psquica e espiritualmente, manifestando-se nas formas menevolvidas de vida fsica e passional e a criatura se torna normal, compreendida e admitida entos semelhantes.

    Estou escrevendo distncia de um ano daquela noite de mxima tenso e do mai

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    princpios das leis csmicas.

    Procurarei comunicar a "minha" sensao do fenmeno, fazendo sentir como vibraramem mim essas foras do esprito, que to freqentemente escapam percepo comum e qumuitos negam porque no sabem senti-las.

    Procurarei fazer viver esta nova vida muito maior que eu tenho vivido, este rapto dosentidos que me tem dado a sensao do paraso e que me permitiu, demoradamente, ausentame da pesada atmosfera terrestre. Existe tambm, em tudo isso, algo de supremamente fantstice aventuroso, embora conduzido com seriedade cientfica.

    Aqui est todo um ser que se movimenta, corao e inteligncia, num espasmo dhumanidade e de super-humanidade, que no pode deixar de despertar ressonncias noutraalmas. E aqui so postos de frente os mais graves problemas da psique e do esprito, e desssuperdelicada cincia do futuro, em que se fala de ondas-pensamento, de ressonncia

    intelectivas, de captao de correntes psquicas, de atraes e simpatias entre os mais distantcentros vibratrios do universo.

    Aqui se defronta um novo mtodo de pesquisa cientfica por intuio e uma novatcnica de pensamento, que circunda os problemas por espiras concntricas, comprime-os engulos visuais progressivos, afronta-os por vises de concepo polidrica, aproximando-sempre, cada vez mais, de sua ntima estrutura at desnud-los em sua essncia.

    Problemas cientficos, profundos, do futuro, que eu antecipo e investigo para resolvlos. Existe no fenmeno complexidade, riqueza de aspectos e, simultaneamente, um frescor d

    verdade; e como e apresentado como realidade vivida, interessa no s ao cientista, mas tambao filsofo e ao artista No momento das concluses, eu saberei ascender, em minha psique dintuio, e com ela arrojar-me ao mistrio, que no poder resistir-me.

    No fenmeno h tambm um lado mstico e religioso, porque ele se realizou numatmosfera de f intensa e de graa espiritual; existe nele um amor todo dirigido para o Altocomo no misticismo, e que pode recordar (embora muito de longe e que se me perdoe recordao) o amor como So Francisco o sentiu na Verna.

    Para compreender-me seria necessrio saber como vivo, como penso, como sofro, com

    amo. absurdo estudar os fenmenos abstratamente, separados da atmosfera em qu

    nasceram e se desenvolveram A realidade nos apresenta casos concretos, que para seremverdadeiros devem ser particulares. Se queremos tocar com a mo uma realidade, devemos detenos no particular., porm, no particular do meu caso que irei encontrar as leis gerais dofenmeno inspirativo, comuns a muitos outros casos que observarei ao lado do meu.

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    O mundo tem necessidade destas revelaes ntimas. Pelo menos, a literatura seenriquecer de algo verdadeiro, vivido, substancial e isso j muito. O mundo precisa destafirmaes de espiritualidade, necessita de quem grite, em tempos de materialismo e egosmdesenfreados, a grande palavra da alma; de quem d, em tempos de apatia e indiferena, exempde f vivida; de quem repita, em forma cientfica e moderna, as grandes verdades esquecidas.esta vida, vida de esprito, a mais possante, a mais intensa que se possa imaginar. E se, elugar de usar os termos vagos das religies, precisarmos os problemas da alma, analisando-aanatomizando-a, o haver determinado em pormenores o aspecto de tais fenmenos no podeseno reforar os princpios, como atualmente a presena dos aparelhos radiofnicos n permitir maioria duvidar da existncia das ondas hertzianas.

    Aqui prossigo em minha luta pela afirmao do esprito, a nica coisa que me tem parecido digna de valorizar uma vida, luta que considero, doravante, como misso.

    Luto para que estas realidades mais profundas sejam vistas, para que estas concepe

    altamente benficas individual e socialmente, desam vida de cada dia e lhe comuniquemaquela esperana, aquele sopro de f, to necessrios, sobretudo nas penas do trabalho e da doSer este um romance de gnero novo, um drama superlativo em que se acossam as vicissitudde minha alma.

    Tenho vivido muito, intensissimamente, e ainda tenho muito para dizer. Criei o hbitode quem tem pressa, isto , de dizer tudo do modo mais simples, mais breve, mais sincero.

    Nestas pginas, nasceu em mim um fio de pensamento, que tomou uma direo e sdesenvolve. No sei aonde poder chegar. Segu-lo-ei e convido o leitor a segui-lo comigo.

    comeo.

    II

    O FENMENO

    Senti e observei em mim a marcha do fenmeno, em seu desenvolvimento interior exterior. permanece ele, assim, individuado no seu aspecto dinmico da gnese,desenvolvimento, plenitude at o seu produto concreto o pensamento fixado em escritoque so o documento, sempre suscetvel de observao, ltimo termo do fenmeno, o resultadefinitivo do processo terminado.

    Relatei esta cronistria pessoal, embora necessria compreenso do fenmeno, mano me cabe repeti-la aqui. Agora vamos observar o fenmeno, no mais no seu

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    desenvolvimento no tempo, mas em sua profundidade, para pesquisar-lhe e descobrir-lhe tcnica, isolando-a num dos momentos culminantes e mais intensos: na recepo da minhltima obra.

    Minha tarefa e meu mtodo so objetivos; anatomizo por sees diversas, trabalhada primeiro longitudinalmente, na direo do tempo, e depois verticalmente, em profundidade. leitor compreende que a recepo, que se estendeu por trs veres15 implica necessariamente orepetir de normas constantes, consuetudinrias, a formao de um verdadeiromtodo receptivo.

    minha tarefa, agora, descrever as condies de ambiente e de esprito exigidas, oestados psquicos vividos, o comportamento de meu ser fsico e psquico, considerado commeio do fenmeno, precisando todos os fatores que para o mesmo possam ter concorrido.

    E isso para individuar as caractersticas, definir o tipo e, finalmente, encaminhar-nos adescobrimento da lei daquele fenmeno. Operarei indutivamente, pelo menos nas primeiras fas

    da pesquisa, remontando dos efeitos s causas, do particular ao geral, do relativo ao princpio dcoisas. Quando este mtodo no mais for suficiente para resolver os problemas, eu me transporenum vo, ao mtodo da intuio, de modo que o leitor possa v-lo, aqui, no s descrito, maoperante na soluo das questes mais complexas.

    diferente em mim o tipo de inspirao emotiva do tipo de inspirao intelectivaMinha mediunidade, verdadeira funo de vida, no fenmeno de tipo imvel, mas stransforma com a minha evoluo. No primeiro caso so mobilizados os centros nervosoafetivos do corao, no segundo os centros nervosos intelectivos do crebro. Atravessando estdois tipos de inspirao, vivi em dois centros de vida distintos, nos quais se condensavam tod

    as minhas sensaes. No insisto no primeiro caso, que particularmente o dos msticos, porque a produque dele resulta, embora em lgico desenvolvimento, no um verdadeiro organismconceptual. Isso pode deixar duvidosa a cincia, porquanto o eu se expressa nos vagos termdo sentimento, e poderiam os cticos achar facilmente um modo de introduzir, na interpretaum despertar de estados de subconscincia, com distoro e translao de imagens psquicconcluindo, finalmente, com o patolgico da neurose. No me refiro, naturalmente, a quem crsente e raciocina. Conheo bem, no entanto, o contrrio a mentalidade preconceituosa de cercincia catedrtica e oficial, e a esta que aludo.

    Agora, quando nos achamos diante de um tratado em que o sentimento relegado plano secundrio e se enfrentam e resolvem problemas que aquela cincia provou ser incapaz resolver, porquanto por concepes arbitrrias absurdamente os situou, aquela cincia n poder refugiar-se muito facilmente na hiptese do patolgico; o fenmeno medinicinspirativo, revolucionando, como mtodo de pesquisa, o passado, no poder senresplandecer em toda a sua beleza. Se me abandono, em certos momentos, ao meu lirismo, n15 A Grande Sntese, iniciada em 1932, foi escrita nos trs veres de 1933, 1934 e 1935.(Notado Autor).

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    mpeto das impresses, ele sempre circunscrito e controlado por uma fria razo que minhgarantia, sempre refreado por uma subverso de psicologia, que em mim rpida e instintivaque me leva a ver de cada idia o seu contrrio, e a demolir o que no bem firme, com psicologia destruidora do ceticismo cientfico. A fuso entre f e cincia, to auspiciada, j completou em meu esprito: viso nica na substncia e de uma a outra eu passo unicamente por uma mudana de perspectiva visual ou de focalizao de meus centros psquicos.

    * * *Abaixemos, portanto, as luzes e entremos no Templo do pensamento. Vamos penetra

    num mundo de vibraes delicadas, de formas fugitivas, que o pensamento cria e destri, mundde fenmenos evanescentes e sutis e, no entanto, reais.

    A insolubilidade de muitos problemas talvez seja motivada justamente pelo situ-los dmaneira errnea: a soluo muitas vezes impedida pelo prprio preconceito, emborinconsciente; a concluso j dada pela primeira posio do problema.

    Aproximamo-nos da gnese do pensamento. Talvez todo o fenmeno do pensamentno seja seno um fenmeno medinico de ressonncia norica e possam ambos reluzir-se amesmo princpio; e assim, muitas diferenciaes preconcebidas, que prejudicam a vissubstancial do fenmeno no tero sentido.

    Viro luz expresses audazes e desconcertantes, mas quero levar superfcie daconscincia onde tudo claro, sensvel, racional estes mistrios evanescentes da profundezas; quero medir este, quase direi singular pensamento radiofnico, que testranhamente emerge dos abismos.

    Desamos s profundezas desse oceano que existe no ntimo de nossa personalidad psquica.

    Comeo do exterior, da superfcie, da descrio do ambiente. No posso escrever emqualquer lugar. Num ambiente de desmazelo, desordenado, desarmnico, no asseado, nov para mim, no impregnado de minhas longas pausas do meu estado de nimo dominante, nharmonizado com a cor psquica de minha personalidade, no posso escrever seno mal e coesforo. Eis-me, ao contrrio, em meu pequeno gabinete, ambiente de paz, onde os objetoexpressam minha prpria pessoa, onde a atmosfera ressonante de minhas vibraes e tudo, p

    comunho de vida, est sintonizado com meu temperamento. Por a me deter, longamente, pa pensar e escrever, saturei as paredes,. a moblia, os objetos, de um particular tipo de vibraque agora a mim retorna como uma msica que harmoniza o meu pensamento.

    Este o primeiro problema: harmonizao, que me permite a seleo de correntes e imerso nelas; esses delicadssimos estados de conscincia no posso atingir seno num osis paz, atravs de um processo inicial de isolamento vibratrio do violento rudo do mundo.

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    Antes de lanar-me explorao do supranormal, tenho necessidade de encerrar-me para minha ajuda e proteo, nesse invlucro de vibraes simpticas, harmnicas, leves, comnum veculo que me permita flutuar no oceano das vibraes comuns da vida humana, que sdensas, sufocantes, cegas.

    noite, aproximadamente dez horas. tima hora, em que minha capacidade receptivase intensifica, at cerca de 1 h da madrugada, em que diminui, ento, por cansao. Existe uantagonismo entre meu pensamento e a forte radiao solar; parece que a luz embaraa minhfunes inspirativas, neutralizando as correntes psquicas que me circundam. Amo as luzetnues, difusas, coloridas, que deixam vaguear os objetos nos contornos indefinidos d penumbra.

    Li que quando Chopin improvisava, fazia baixar as luzes e procurava a "nota azul", qudevia ser a nota de sintonizao entre sua alma e a do pblico.

    No meu caso, o pblico est materialmente distante, mas espiritualmente est presente prximo, e eu o sinto, imenso, estrondeando mil vozes: a alma do mundo.

    Minha solido est cheia dessas vozes: um oceano sem limites, que sobe em marsruge na tempestade, submerge-me e levanta-me em seus vagalhes. Depois se aquieta e escutvencido por essa potncia de pensamento que me arrasta.

    Em minha sensibilidade, o pensamento adquire o poder do raio, as correntes espirituaido mundo so tangveis, essas foras sutis so reais; e entre elas vou avanando e com destrenavegando.

    A princpio, sinto-me extraviado, sozinho no vcuo, e imploro apoio moralconsentimento, confiana. Peo s menores harmonizaes de ambiente o primeiro auxlio paraimpulso; peo um encaminhamento a uma cadeia de simpatias humanas, que funcionem comcrculo medinico, embora espiritual e longnquo: uma espcie de caixa de harmonia das minhressonncias espirituais.

    Vou subir a uma atmosfera rarefeita e minha humanidade tem necessidade de uminvlucro de simpatia que a aquea e proteja, que a auxilie a lanar-se alm da zona humana dtempestades, onde minha alma se encontra exposta ao embate de foras titnicas. No se podimaginar o poder de harmonizao que emana de um ato de bondade; a bondade uma msicque eu respiro e que docemente me impele corrente. Esta vibra muito mais pela bondade qu pela sabedoria: perfeio moral.

    Para conquistar o conhecimento devo alcanar um estado de purificao, que levezespiritual. Apresentam-se, desde agora, as necessrias relaes entre evoluo e ascenso, de ulado, e mediunidade inspirativa, de outro; esboa-se a afirmao de que a verdadeira cincia n pode ser seno misso e sacerdcio.

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    Atingido o estado de tenso nervosa indispensvel para submergir-me na corrente, estme arrasta; o prprio estado de tenso me protege do choque das vibraes inferiores e o mundhumano desaparece, distanciando-se de minhas sensaes. Basta a imerso nas nores para podabsorver-lhe todo o alimento energtico e atingir o isolamento das correntes inferiores. Issconstitui felicidade, xtase, esquecimento de tudo, at o momento de despertar na conscincnormal, em que h uma espcie de penosa turvao de potncia perceptiva.

    Antes, porm, de estabilizar-me nessa como estratosfera de evoluo, enquantoatravesso as camadas inferiores, permaneo vacilante na minha hipersensibilidadedesproporcionada violncia do assalto, muito vulneravelmente exposto ao choque de formisteriosas. Sinto essas foras vagarem em torno de mim. Sinto, como sentem todas as formas vida, o terror, a ameaa de um perigo desconhecido nas sombras.

    Se, no alto, sou forte, porque sustentado pela corrente, sou humanamente dbil c em

    baixo, e devo, timidamente e sozinho, dar os primeiros passos dessa grande viagem, que implinuma transformao de conscincia. Procuro conseguir isso, auxiliando-me com um processo progressiva harmonizao, que se opera do exterior para o interior. com a harmonia,comeando do campo acstico musical, que consigo vencer as dissonncias dilacerantes dcorrentes barnticas16 do mal; utilizo a msica como primeiro degrau no caminho do bem e daascenso do esprito. Isso estabelece relaes, ainda no suspeitadas, entre msica, prece evoluo da alma para o bem.

    Harmonizar-me o meu problema, porque subir significa encontrar a unificao porque, ascendendo, minha sensibilidade aumenta e mais sofro por qualquer dissonncia.

    Um dos tormentos de minha vida a convivncia no torturante estrpito psquico humano, que s ainsensibilidade dos insolvidos pode suportar. Assim, uso a msica como outro meio inicial de sintonizao deambiente, a fim de que me ajude a saltar da harmonizao nesse primeiro plano sensrio exterior para a minhaharmonizao nos mais altos planos supersensrios; essa msica obtenho atravs do rdio e do radio-fongrafoespecialmente a melhor msica sinfnica, tipo Wagner, Beethoven, Bach, Chopin e outros.

    Ento, lentamente, a percepo sensria do mundo substituda por uma diferenteinterior, anmica, que tudo sente diversamente.

    As harmonias musicais da audio se transformam nas mais profundas harmonias doconceitos. Msica suave, e em torno, silncio completo. Luzes moderadas, em tom menor; etorno, tudo escuro. Minha alma uma chama que arde na noite.

    Percebo sua luz e seu cntico, solitrios, e eles surgem assim, logo que adormece conscincia do dia. Lentamente, as coisas perdem o seu perfil sensrio; ento, vejo vibrar se

    16 Neologismo formado de elementos gregos:"bars", pesado, denso, e"ontos",ser, entidade. Barnticas; provenientes de espritos de constituio densa (entidades inferiores). (Nota doTradutor).

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    esprito. E ouo a voz das coisas, que cantam. Minha conscincia adormece para o exterior, me"eu" morre para as coisas do dia, mas ressuscita numa realidade mais profunda.

    E noite avanada. A vida humana repousa, em silncio. So antagnicas as duas vidas:do pensamento desperta, enquanto a outra adormece.

    E quanto mais adormecido, mais me torno inconsciente da realidade exteriorvolitivamente consumido, ausente do mundo de todos, e mais a viso se faz ntida e profundamais consciente ressurjo nessa lucidez interior.

    A sonolncia , portanto, superficial e condiciona o despertar num outro estado deconscincia, diferente, mais profunda, mas sempre minha, ativa, lcida. Processa-se uma comcontraverso no funcionamento psquico humano, medida em que se distanciam os estados ateno volitiva que o caracterizam; d-se uma inverso de conscincia, uma conquista d potncia na passividade, tanto que desaparece toda sensao de trabalho e esforo e se prod

    num estado de abandono.

    A vontade, no comum sentido humano, encerrada num crculo de conquistas terrenas, verdadeiramente para mim um estado de vibrao involvido e violento, que perturba os masutis estados vibratrios do pensamento. Os volitivos comuns, se so aptos para dominar, simpotentes em face dessas delicadas percepes.

    Lentamente, ento, vou perdendo a sensao fsica do corpo, embalado por complexoritmos sinfnicos de uma vasta orquestrao, e adormeo num estado de tranqilidade confiante

    Atravessada essa primeira fase denegao sensria, desperto alm da vida normal numa outraconscincia. Adormentados os sentidos, desaparecido de minha percepo o mundo concreto que me circunda, possabismar-me na vertigem da abstrao. No estou morto, nem passivo, nem inconsciente, porque todas as sensaeda vida retornam, mas com uma potencializao nova e maravilhosa de todas as faculdades de minha personalidadcom um vigor e uma profundeza de percepo e ainda com um lirismo de afetividade que antes desconhecia; parecque somente agora, despida a alma de sua veste corprea, ela poderia revelar-se inteiramente.

    O pensamento regressa, mas com uma sensao de potncia titnica, com uma profundlucidez de viso, com uma rapidez vertiginosa de concepo; percebo-o despojado de palavraem sua essncia. Sou possudo de uma sensao de leveza e de libertao de vus e limitae

    sinto dotada minha conscincia do poder da intuio e do domnio de uma nova dimensconceptual. Despertou-se-me um olhar mais penetrante, que v o interior e no mais somentesuperfcie, que regista nas coisas no s reflexos ticos, mas tambm psquicos; esse novo olh j no interceptado pela forma, mas penetra diretamente na substncia, buscando o conceigentico, o princpio que anima e governa as coisas. Vejo, ento, o que se encontra alm drealidade sensria do mundo exterior, isto , as foras que o movimentam e lhe mantm funcionamento orgnico. Essas foras tornam-se vivas, os fenmenos me aparecem com umvontade prpria de existncia, um a potncia de individualidade que investe sobre mim e grit

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    eu sou.

    Cada forma se reveste de um hlito divino de conceito que eu respiro; ento que sintoverdadeiramente, que o universo um grande organismo dirigido pelo pensamento de DeuTudo possui, ento, uma voz e me fala; todas as foras, todos os fenmenos, toda a vida, desdemineral, todas as criaturas de Deus irradiam um cntico que eu escuto e percebo harmonizar-na sinfonia imensa da criao. Desenvolve-se um colquio ntimo que registo; despertaram todas criaturas irms e me olham, dizendo: "Quem s tu que ouves? Escuta-nos, ns te falamos".

    O colquio torna-se, ento, um imenso amplexo, um perder-se de aniquilamento no seide uma luz resplandecente. A cincia um cntico e uma orao. Abre-se o abismo do mistriocontemplo: uma viso, um xtase. Mais no sei dizer.

    No h palavra que possa descrever a vertigem desses estados de conscincia, potencialidade desses clares interiores, o jbilo dessa paixo maior que a vida e a morte, a fes

    dessa liberao do corpo e dessa fuga da terra, a sensao de fora e de eterna juventude quemana desses triunfos do esprito. Assim imagino o meu paraso.

    Relato essas coisas para inflamar os nimos, induzindo-os a essas altas paixes, porqudesejo que todos encontrem essa vida de perene mocidade e o dinamismo incansvel que exisna substncia vibrante do esprito. Esse vrtice de sensaes faz perceber, do modo mai palpvel, que o esprito existe e que sua potncia suprema no pode morrer.

    Terminada a viso e a registrao, o processo se inverte numa descida: o retorno conscincia humana. Assim como o transe lcido e consciente preparado por uma fase d

    adormecimento, do mesmo modo termina por uma fase de despertar; essa sonolncia e essacordar referem-se minha conscincia normal, porquanto em face da minha outra conscincos termos simplesmente se invertem. Para que uma possa despertar necessrio que a outradormea. Evidentemente, a volta ao estado normal d-me vivssima sensao denfraquecimento intelectivo, de reduo da personalidade, de queda em dimenses mainvolvidas, em que tudo est comprimido entre barreiras e encerrado em limitaes: h umsensao de gigante abatido.

    Torno a cair, ento, na realidade cotidiana, onde os outros tm razo e no eu. A visdesfaz-se, o cu se fecha. Estou sozinho. Novamente encontro o trabalho e o cansao da vida

    retomo o peso da minha luta de cada dia.Tenho, pois, a sensao de que existem em mim duas conscincias, colocadas e

    operantes em planos visuais distintos. Elas se excluem mutuamente e me disputam o campo d personalidade, que no podem possuir plenamente, seno cada uma por sua vez. necessrio,antes, que eu adormea, como num sonho, e nesse sonho que o meueu pode transferir-se conscincia mais profunda.

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    resultado17. Denomino-omtodo da intuioe, como j o tenho adotado, proponho-o, por ser mais poderoso que o mtodo indutivo-experimental. Este ltimo, creio, j deu seu mximrendimento; tambm creio necessrio mudar de sistema, se a cincia deseja progredir em profundidade, se quer encontrar sua unidade (agora que est em perigo de pulverizar-se n particular e na especializao), se quer descobrir os princpios centrais e obter uma conclusaps tantos anos de inteis tentativas. Urge devolver cincia, que descambou em utilitarismo,dignidade que lhe prpria, levando-a a descobrir no campo do esprito, guiando-a ao caminh justo da verdade, que o mundo espera e pede h tanto tempo, em vo. Urge elevar a cincia anvel da f, para que se funda com esta e se unifique o pensamento humano. Tambm esse objetivo da obra que recentemente conclu.

    Abstraindo embora seu contedo, que pode ser considerado como revelao, o referidescrito permanece, ntegro, no campo cientfico, como realizao completa do novo mtodo d pesquisa. Com este mtodo, sem profunda e especializada preparao cultural, com rapideztrabalho relativamente mnimo, pude resolver problemas que os outros mtodos no conseguiram

    solucionar 18.

    O mtodo da intuio o mtodo da sntese, dos princpios, do absoluto, o mtodointerior da viso e da revelao; o mtodo indutivo-experimental o mtodo da anlise, drelativo, o mtodo exterior da observao. O segundo prtico, utilitrio, mas desperdia conhecimento; o primeiro abstrato, terico, mas toca a verdade absoluta, atinge os princpiouniversais diretivos dos desenvolvimentos fenomnicos.

    H a considerar tambm a questo da Entidade, ou seja, do transmissor, questo rdua para cuja soluo teremos, mais adiante, melhores elementos de juzo. Por enquanto, dev

    observar que, conforme suas prprias declaraes, a fonte afirma no ser uma personalidade sentido humano. Em sua primeira comunicao,Sua Voz enuncia, realmente, como primeirofato, estas j citadas palavras: "No perguntes meu nome, no procures individuar-me. N poderias, ningum o poderia; no tentes inteis hipteses". Alm disso, tenho lidorepetidamente, na imprensa esprita que mais sria e mais verdadeira essa impessoalidade dcentro transmissor do que seu exato definir-se numa assinatura, embora esse nome seja dograndes da Histria. E intuitivo que embora sobrevivendo, a personalidade humana devexperimentar mutaes que lhe fazem perder seus atributos humanos, seus sinais de identifica psquica e as caractersticas que lhe eram prprias no ambiente terrestre. E isso deve ser maintensamente positivo quando se trata de Entidades que jamais viveram na Terra, ou tambm qu

    sejam to elevadas que vivam normalmente em dimenses conceptuais e planos de conscincsuperiores.

    E se a virtude destes meus estados psquicos particulares de fazer-me atingirconscientemente, esses planos, deverei achar suficiente falar no de espritos no sentido comu17 Esse assunto novamente discutido nos ltimos captulos de "A Nova Civilizao do Terceiro Milnio" e principalmente em "Problemas do Futuro" (vejam-se "Introduo" e caps. II, III e IV).(Nota do Tradutor).18 Atualmente, em 1950, as ltimas teorias do grande fsico e matemtico Albert Einstein vm confirmando plenamente as intuies de h 18 anos, de "A Grande Sntese".(Nota do Autor).

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    Minha paixo evadir-me das baixas camadas da animalidade humana e essa minhmeta e o significado de minha mediunidade. Quando esta, embora vagando no alm, permaneem nvel humano ou subumano, no tem mais razo de existir para mim, porquanto no masignifica evaso e libertao. Observar o mundo dos vivos ou o mundo dos mortos para mi problema secundrio em face do de minha evoluo. Sou um exilado na Terra e buscdesesperadamente a minha gente e a minha ptria distante. Meu esforo objetiva reencontrar alde grande que eu j senti ou vivi, um conhecimento, urna bondade, um poder que se abalou, nsei como, neste mundo. Meu esforo para subir, subir moralmente sempre mais, para aprendsempre melhor a manter-me em equilbrio estvel ao nvel de conscincia representado por essnores que eu capto e registo. Procuro, simplesmente) tornar normal para meus pulmesrespirao, que difcil para um ser humano, naquela atmosfera rarefeita, mas purssima esplndida.

    Toquei de leve, neste momento, uma corrente que me delineia uma interpretao do

    fenmeno. Sinto, desse modo, muitas vezes, nascerem em mim os mais inopinados conceitoMinhas capacidades consistem, portanto, no saber eu mover-me, em plena conscincia, de u plano conceptual humano a um plano conceptual sobre-humano; no saber efetuar, com a sonde minha superconscincia, reconhecimentos nas profundezas do plano superior e trazer oresultados da investigao conscincia normal, para poder, atravs desta e em terminologdesta conscincia, fazer a comunicao dos mesmos, isto , p-los em forma racionacompreensvel aos meus semelhantes. Eis o conceito de que falei: a linha que percorro e ao longda qual me elevo e deso a dimensoevoluo(confronte "A Grande Sntese", cap. "Teoria daevoluo das dimenses"). tudo isso pode acontecer porque me encontro numa fase de transie transformao entre conscincia e superconscincia, que ainda me permite oscilar entre as du

    fases contguas de evoluo psquica.Em face de tudo isso, pode-se ver como se deve abandonar, caso se queira compreende

    a fundo o problema, o simplicismo da idia de uma Entidade que fala mais ou menomaterialmente aos ouvidos do mdium. E da tambm se compreende a extraordinriimportncia que tem para esta minha qualidade de recepo inspirativa para complet-lmant-la, aperfeio-la, o fator moral; compreende-se que importantssima funo possui, emface dessa minha mediunidade, ofator dor, que refina, educa, purifica; compreende-se comofazem parte integrante do fenmeno e como necessrio dar-lhes um verdadeiro peso cientficfatores de carter religioso, tico, espiritual, que a cincia acreditou at agora poder ignor

    como um no-valor. No meu caso, por isso, a recepo se realiza por sintonizao, isto , capacidade d

    vibrar em unssono, que se pode chamar simpatia, envolvendo o conceito de afinidade dnatureza. Devo, ento, submeter minha natureza humana ao martrio de viver num nvel que n o seu, entregando-se em holocausto de uma lenta morte; devo saber continuamente realizentre as cargas de minha vida humana diria, o esforo de erguer-me, como conscincia, a umnvel sobre-humano e nele manter-me, atravs de uma tenso nervosa esgotante, em que muit

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    vezes me abato, caindo humanamente desfalecido. E atravs de um sofrimento continuo que posso declarar-me uma antena lanada no cu dos antecipadores da evoluo. S a dor po permitir perdoar a audcia destas afirmaes.

    Referi-me, assim, s notas fundamentais do fenmeno tal como eu o vivo. Pode eldefinir-se como um estado de acentuada hiperestesia psquica que me permite a captaconsciente de correntes conceptuais emanantes de centros psquicos que existem em forma biologicamente superiores e dificilmente individualizveis para o homem, em face de sualimitaes sensrias e conceptuais. Esses estados podem ser chamados medianmicos e so nmeu caso conscientes, lcidos, utilizveis pela minha possibilidade de retroceder biologicamenaos estados de conscincia normal e traduzi-los em forma humana de pensamento; possibilidad para mim, de oscilar entre essas duas conscincias, que so duas fases de evoluo biolgica, nvel psquico. So capacidades supranormais em face do nvel mdio, mas normais para mim porque atingidas por normal processo evolutivo: capacidades abertas a todos e s quais humanidade chegar por via normal de evoluo no tempo. Fenmeno de sintonizao entre o

    dois centros comunicantes. o que implica afinidade e, de minha parte, a tenso para manter-mnum alto nvel biolgico, expresso neste campo psquico por leis morais. Tudo isso eu ado praticamente como um novo mtodo sinttico por intuio, de pesquisa filosfico-cientfictenho-o utilizado, ofereo-o e tambm seus resultados cincia, para seus objetivos No fundno seno o antiqussimo mtodo dedutivo, da revelao, que a cincia, atualmente, trocou pemtodo indutivo: o retorno s fontes da verdade, ao outro extremo visual do conhecimento.

    Com este mtodo se introduzem na pesquisa cientfica fatores delicadssimosConsidero absurdo falar, no presente caso, de gabinetes e experimentaes num sentidmaterialista, porque a primeira coisa a fazer no tanto induzir o cientista a estudar o fenmen

    com sua psicologia, mas reconstruir, desde os fundamentos, a psicologia do cientista. Mefenmeno no pode ser apenas objeto de observao, mas um mtodo cientfico"para aobservao", em que no se procede por verificaes exteriores e superficiais com meiossensrios e instrumentos apenas, mas se usa a conscincia do observador, que elevada instrumento de pesquisa. Procede-se, aqui, por sintonizao entre o psiquismo do observador e psiquismo diretivo do fenmeno; necessrio, em outros termos, que a alma do observador dilate e expanda doexterior para ointerior e entre em contacto com a substncia, o princpioanimador do fenmeno e no somente com sua forma externa e com o aspecto exterior de sdesenvolvimento. o estado de esprito do poeta e do mstico, de simpatia por todas as criaturasde paixo de conhecimento para o bem, de viso esttica do artista, no mais vagas, ma

    dirigidas com exatido cientfica no campo das concepes abstratas. Nestas formas de pensamento sinto que se dilatam os horizontes novssimos da cinci

    do futuro, sinto que nestes conceitos que aqui estou expondo est a semente de uma profundrevoluo na orientao do pensamento humano, sinto que este assunto o problemfundamental, o mais importante a que possa dirigir-se hoje a mente humana. Aqum destestudo, que parece apenas de um caso pessoal, se agita o grave problema do conhecimenhumano e dos novos mtodos para atingi-lo. Tudo isso demonstra que a verdadeira cincia,

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    como a compilao de um quadro, de um diagrama, a execuo de um desenho, o controle de uclculo ou de uma frmula, o desenvolvimento de conceitos mais simples, o prprio, mas rarretoque da forma etc., natural, justo que esse trabalho menor de contorno, esses serviosecundrios sejam confiados psique menor, para deixar, evitando intil desgaste de energias,trabalho central de direo psique superior, que se reserva a funo mais elevada de lanar planos da obra e iluminar a essncia dos fenmenos. Tudo isso corresponde a um plano lgico diviso de trabalho.

    Ouamos o que, sobre o assunto, diz Allan Kardec no seu "Livro dos Mdiuns": " possvel reconhecer-se o pensamento sugerido, por no ser jamais preconcebido; nasce medique se escreve e freqentemente contrrio idia que anteriormente se formara (exatssimo); pode, alm disso, ser superior aos conhecimentos e capacidades do mdium..." "Este ltimo, paratransmitir o pensamento, deve compreend-lo e, de certo modo, apropriar-se dele a fim dtraduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento no seu..." (pg. 243)21. "Todo aquele que,seja no estado normal, seja no de xtase, receba, pelo pensamento, comunicaes estranhas

    suas idias preconcebidas, pode ser colocado na categoria dos mdiuns inspirados. Esta umvariedade de mediunidade intuitiva, com a diferena que a interveno dum poder oculto muito menos sensvel, tornando-se ao inspirado muito mais difcil distinguir o pensament prprio daquele que lhe sugerido. O que caracteriza este ltimo, sobretudo, a espontaneidad(pg. 244)22.

    Leio mais adiante, no mesmo volume (pag. 308 e seguintes) uma comunicao de umEsprito, que diz: "Quando encontramos em um mdium o crebro dotado de conhecimentoadquiridos em sua vida atual e o seu esprito rico de conhecimentos anteriores, latentes, prpria facilitar-nos as comunicaes, dele nos servimos de preferncia, porquanto com ele

    fenmeno da comunicao muito mais fcil do que com um mdium de inteligncia limitadacujos conhecimentos anteriores sejam insuficientes.... Nossos pensamentos no necessitam dvestimenta das palavras... Um determinado pensamento pode ser compreendido por tais ou quaespritos segundo seu adiantamento, ao passo que, para outros, esse pensamento, no despertannenhuma lembrana, nenhum conhecimento que se abrigue em seu corao ou em seu crebrno lhes perceptvel..." Com um mdium, cuja inteligncia atual ou anterior se achdesenvolvida, nosso pensamento se comunica instantaneamente, de esprito a esprito. Nescaso, encontramos no crebro do mdium os elementos apropriados a vestir nosso pensamencom a palavra correspondente ao mesmo. Eis porque os ensinamentos assim obtidos conservaum cunho de forma e colorido pessoais ao mdium. Se bem que os ensinamentos no provenha

    de modo algum deste, ele influi sempre em sua forma, tanto pelas qualidades quanto pela propriedades inerentes sua pessoa... "Quando somos obrigados a servir-nos de mdiuns pouadiantados, nosso trabalho se torna muito mais longo e penoso, porque somos coagidos a recorra formas incompletas, o que para ns uma complicao." "Sentimo-nos felizes, por issoquando podemos encontrar mdiuns aptos, bem aparelhados, munidos de materiais prontosserem utilizados. por essas razes que nos dirigimos de preferncia s classes cultas e

    21 V. "Livro dos Mdiuns", ed. da FEB, cap. XV, 180, "'Mdiuns inspirados".(Nota do Tradutor).22 Idem, 182, "Mdiuns inspirados".(Nota do Tradutor)

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    instrudas....e deixamos aos espritos galhofeiros e pouco adiantados o exerccio dacomunicaes tangveis, de pancadas e transporte...."23. Uma importante "Observao" encerra,no citado volume (pg. 312), essa comunicao24: "Disso deriva, como princpio, que o espritocolhe, no as suas idias, porm, os materiais necessrios para exprimi-las, no crebro dmdium e que, quanto mais rico esse crebro em materiais, mais fcil se torna comunicao...". "Compreende-se que os Espritos devem preferir os instrumentos de uso mafcil ou, como dizem, os mdiuns bem aparelhados, do ponto de vista deles.

    No meu caso, portanto, a cultura no somente no deve ser excluda, mas uminstrumento precioso fornecido ao centro transmissor, como igualmente podem ser a elevao dsentimentos e a afinidade moral, que condio de unificao Minha mediunidade , portantum caso de verdadeira colaborao consciente e ativa; no , assim, absurdo que sejamchamados a cooperar e a dar todo o seu rendimento os melhores recursos que minh personalidade pode oferecer. Certamente difcil precisar a distino entre o meu e o no-mecomo tambm j no sinto a que existe entre o eu e o no-eu. Se eu sou o pedreiro, terei ofertad

    algum tijolo, foi-me confiada tambm a construo de alguma parede e o mecnico trabalhcultural que preenche os interstcios, mas no poderei jamais igualar-me ao arquiteto quconcebeu o plano da obra, que lhe traou as linhas, que por ele sempre velou e ainda assinaloentre os limites que quis, o meu trabalho menor. Tudo questo de gradao e de medida. Eu stive um escopo: o de completar a obra e me dei totalmente a ela com a mxima tenso. Era nesidentidade de metas que se processava a unificao entre mim e o centro superior; e aquele eque consagrei inteiramente minha obra, foi conduzido por essa atrao do Alto a um tal grau dsublimao que nele no mais encontro o meu pequeno eu normal. Em suma: aquela concep passou, qual novo Pentecostes, como um incndio atravs de meu esprito e todas estas palavrdemonstram quanto, no obstante meu desejo de discernimento, me difcil reencontrar-me

    mim mesmo naquele incndio.Durante o desenvolvimento do texto, oscilava eu entre minha conscincia humana e

    outra, superior, que tambm seria minha naqueles momentos, conforme as necessidades dcompilao impunham; aterrava e decolava, quando preciso, porquanto o objetivo era produzirno estabelecer distines. Recordo-me muitssimo bem como, ao engolfar-me como de hbitsem o saber, na angstia de difceis solues e sem sada visvel, a inspirao me tomava a mome guiava, ela s, atravs do vazio em que sentia perder-me. Uma direo superior, emborinadvertida e latente, devia estar sempre presente, pois era meu hbito arrojar-me, sem preparao, sobre os argumentos mais difceis, ignorando aonde chegaria; e no obstante iss

    atingia um bom porto, sempre guiado por um misterioso senso da verdade. Todas as teoriasdesenvolvimentos conceptuais por mim seguidos no foram, na verdade, meditados; no ocompreendi inteiramente seno depois de escritos; eu no conheo um problema seno depois completamente exposto, porque durante o seu desenvolvimento se processa, em minha mentum continuo projetar-se de luzes, um multiplicar-se de perspectivas inesperadas, umsurpreendente pulular de imprevistos. Isso sucede quase sempre, de modo que eu no sei se d23 V. "Livro dos Mdiuns", edio da FEB, cap. XIX 225.(Nota do Tradutor).24 Referencia a uma Notade Allan Kardec, no final do cap. XIX.(Nota do Tradutor).

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    ou escuto, se escrevo ou leio. S sei que de mim sai esse fio de pensamento contnuoIndubitavelmente um controle e um consenso superiores se manifestam em cada palavra, porquuma dolorosa dissonncia feriria logo minha hipersensibilidade, apenas me afastasse da linha harmonizao. A execuo inferior me foi confiada e eu sigo tranqilo enquanto so suficientos recursos da conscincia humana; muitas vezes, porm, numa curva inesperada, num passagem difcil, sinto-me atemorizado como uma criana perdida e ento me uno novamente guia. Recordo-me de que no desenvolvimento da teoria da evoluo das dimenses25, cheguei aum ponto em que me julguei extraviado, no podendo resistir tenso; rompera-se-me o fio d pensamento; a viso se apagara aos meus olhos; estava desanimado e havia perdido o senso verdade. A conscincia comum nada me sabia dizer, era cega. Foi ento que, passeando, numhora tardia duma noite estival, num terrao, a luz das estrelas, orando e suplicando, vi todateoria num lampejo, um esplendor de conceitos sobre o fundo cintilante do firmamento. Foi utimo, porque a viso conceptual est verdadeiramente alm da dimenso tempo.

    A interveno, pois do fator supranormal evidente. preciso somente compreender a

    complexa estrutura dessa interveno e evitar o simplismo que reduz tudo ao de um esprisobre os centros psquicos passivos do mdium. Isso justifica a qualificao medinica dada escrito desde o princpio. Assim como a compreenso da transmisso radiofnica, embora muisimples para comparao, presume o conhecimento da eletrotcnica, igualmente para entendeste meu fenmeno preciso haver assimilado toda a obra que produzi, como interpretao dfenomenologia universal, para poder tambm situar este caso harmonicamente no seio dfuncionamento orgnico do todo. Atrs destas minhas palavras, como explicao e basexponho aquele quadro totalitrio, quando falo de minhas duas conscincias e da minhoscilao entre elas, ao longo da dimenso da evoluo, referindo-me teoria da evoluo ddimenses conceptuais e fase humana da evoluo espiritual. racional e cientfico, cientfico

    tambm no sentido da velha escola materialista, falar de nveis e planos de conscincia. Estno so mais que os graus sucessivos, as fases da evoluo afirmada por Darwin no camporgnico e continuadas, logicamente, no nico campo onde continuao pode e tem de exististo , no campo psquico. Tudo isso corresponde aos conceitos das religies e a se encontrtraduzido em diversas palavras que exprimem substancialmente o mesmo, como "hierarquianglicas", ou vrios cus , ou esferas celestes". esta unidade fundamental, na profundeza emque tudo se unifica e a que permaneo aderente, que me permite muitas vezes mudar de formaestilo, passando equivalentemente da cincia f e vice-vers