Joseila Denize Benvenutti Gerotto -...
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Joseila Denize Benvenutti Gerotto
O CAMINHO DO AUTOCONHECIMENTO
E DA CURA POR MEIO
DE QUÍRON, O MESTRE
Uma abordagem astrológica baseada em princípios da psicologia junguiana
1ª edição
São Paulo
Edição do Autor
2016
ISBN: 978-85-921363-0-7
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Agradecimentos
A meus pais, Josephino e Leila, um profundo reconhecimento por me acolherem
como filha.
A minhas irmãs, Rosângela e Marta e a Luan, meu sobrinho, agradeço por me
ensinarem a tolerância e contribuírem para expansão de minha visão de mundo.
A meu marido, Paulo, grande admiração por enriquecer meu caminho de vida,
permitindo na rotina do dia-a-dia, paciente e impacientemente, que eu encontre pouco a
pouco o meu verdadeiro Eu.
A meus filhos, Lucas, Júlia e Matheus, sem ordem de preferência, meus tesouros,
obrigada pela oportunidade de aprender a ser mãe!
Meu reconhecimento à editora Antroposófica que gentilmente consentiu a
inclusão, neste meu trabalho, de alguns poemas integrantes de suas publicações.
Meu agradecimento ao Todo Maior, expresso no cosmo pela diversidade e
singularidade de todos os seres. Sincera gratidão a todos os mestres, amigos, primos,
parentes, companheiros de alma e conhecidos, que me concedem, constantemente, a
chance de me lembrar que SOU.
Compartilho, neste momento, minhas experiências crendo que o Amor é a maior
fonte de cura.
Um brinde à conciliação temporária entre meus lados feminino e masculino que,
um dia, finalmente, chegará à concretude.
A cada novo dia um motivo de muita gratidão à Vida.
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“Autoconhecimento verdadeiro só é concedido ao homem
quando ele desenvolve afetuoso interesse
por outros; conhecimento verdadeiro do mundo
o homem só alcança quando procura
compreender seu próprio ser” •(1)
Rudolf Steiner
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“Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país.
O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A
transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrário, só
pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento
correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz.”
Krishnamurti
Este trabalho foi idealizado nos anos de 2001 e 2002 e foi concebido,
originalmente, como monografia de conclusão de um curso Lato Sensu em Abordagem
Junguiana na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Por razões pessoais, ele não
foi apresentado aos professores, portanto para que ele pudesse ser compartilhado com
você, caro leitor, e lhe servisse de orientação e material de consulta no caminho do
autoconhecimento, algumas adaptações foram por mim feitas.
Hoje, junho de 2016, após anos de gestação, trago finalmente à luz, esta pequena
obra, em formato E-book, que tem como título “O Caminho do Autoconhecimento e da
Cura por meio de Quíron, o Mestre”.
Somente três ilustrações fazem parte deste livro, realizadas elas pelos meus filhos,
após um exercício de meditação que com eles conduzi.
Boa leitura!
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Joseila D. B. Gerotto: O Caminho do Autoconhecimento e da Cura por meio de
Quíron, o Mestre- Uma abordagem astrológica baseada em princípios da psicologia
junguiana, 2003.
RESUMO
Proponho-me, no desenvolvimento do tema, a apresentar um trabalho de busca de
entendimento e aprofundamento maior de si mesmo, das relações humanas, suas
particularidades e idiossincrasias. Inúmeros instrumentos para o autoconhecimento
foram e ainda são utilizados em minha busca de integração, a caminho da
autoconsciência, no entanto, faço uso aqui do estudo astrológico com ênfase na
simbologia de Quíron, “Mestre e Curador”, segundo uma abordagem psicológica baseada
em princípios junguianos, mais notadamente no Arquétipo•(2) da Totalidade •(3). Não é
meu propósito, entretanto, aprofundar-me nos conceitos da psicologia analítica, nem
tampouco nutro a pretensão de explorá-la criticamente. Pretendo, sim, servir-me apenas
de alguns aspectos que eu, neste momento, unindo meus eus fragmentados, considero
relevantes para exposição do tópico escolhido.
Exponho meu caminho de vida em busca do autoconhecimento, considerando
algumas razões que me levaram a palmilhar a senda da individuação e que também
impulsionam outros a seguir esta trilha, ponderando sobre as qualidades de um genuíno
buscador da verdade, da totalidade, refletindo sobre o conceito de mestre e cura para
cada um de nós, partilhando minhas observações no que diz respeito ao
tema “parceria e relacionamento interpessoal”, e validando a máxima de que o
autoconhecimento é fator essencial para o crescimento individual e da humanidade.
Mesclo a parte teórica e prática com pensamentos e poemas que me sensibilizaram
profundamente, fazendo de meu trabalho escrito, em alguns momentos, uma experiên-
cia quironiana, onde corpo, emoção, mente e espírito entrelaçam-se. Meu sentimento
diante daquilo que escrevo é pura e simplesmente dividir uma experiência de vida, e
familiarizar o leitor com o significado e expressão de Quíron, da maneira como vim a
conhecê-lo, em seu papel de mestre e curador, facilitador na formação do ser humano e
revelador de sua capacidade latente, de grandes talentos adormecidos em seu interior.
Partindo de estudos feitos por astrólogos que se engajaram numa grande pesquisa
sobre este corpo celeste, apresento ao leitor, portanto, uma versão do mito de Quíron, o
seu simbolismo no mapa natal, seu ciclo de duração e ressalto, indubitavelmente, a
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relevância deste grande Mestre no caminho de individuação em busca da transcendência
dos paradoxos, melhor seria dizer da abrangência dos mesmos, para a integração e cura
em nossas vidas.
A título de experimentação realizei a meditação de Quíron que se encontra no
livro de Richard Nolle que faz parte da referência bibliográfica desta pequena obra. Meus
filhos foram os sujeitos escolhidos para tal experimento e, antes da conclusão, exponho
as ilustrações por eles confeccionadas, juntamente com uma síntese da meditação.
A conclusão do trabalho pincela o tema com algumas formulações a respeito do
autoconhecimento, na esperança de que o interesse pelo assunto e por todas as ideias
aqui expostas possam servir de inspiração e incentivo àqueles que lidam
com o potencial de crescimento humano, tais como médicos, psicólogos e terapeutas, de
modo geral, e também a todos os buscadores, independentemente do campo em que
estejam atuando.
Apresento também o questionamento a respeito da introdução de ferramentas para
o autoconhecimento, tais como a Astrologia, tanto no currículo de formação dos
profissionais acima mencionados, como no currículo do Ensino Médio, algo que poderia
ser implementado em nosso sistema educacional e, consequentemente, enriquecê-lo um
pouco mais.
Faço minhas as seguintes palavras atribuídas ao renomado escritor Goethe:
No que diz respeito a todos os atos de iniciativa e criação, há uma verdade elementar
cuja ignorância destrói incontáveis ideias e planos esplêndidos. Diz ela que, no momento
em que alguém se compromete definitivamente, a Providência também começa a agir. Todo
tipo de coisas que, do contrário não aconteceriam, ocorrem para ajudá-lo. Uma cadeia inteira
de acontecimentos origina-se da decisão, fazendo aparecer a seu favor toda sorte imprevista
de incidentes, encontros e assistência material que ninguém poderia ter sonhado encontrar em
seu caminho. O que quer que você possa fazer ou sonha que pode fazer, faça-o, pois a
ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia. Comece agora! •(4)
Joseila Gerotto
São Paulo, 12 de agosto de 2015
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SUMÁRIO
I. INTRODUÇÂO...........................................................................9
II. OBJETIVO DO ESTUDO..........................................................10
III. INÍCIO DA BUSCA...................................................................17
IV. ESCOLHA DO TEMA…………………..………………… 18
V. CAMINHOS DA BUSCA..........................................................22
v.a- Qualidades do Buscador........................................................28
VI. MINHAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS COM QUÍRON
.............................................................................................................31
VII.MEU INTERESSE POR QUÍRON E MEU PONTO DE MUTAÇÃO
............................................................................................................33
VIII.QUÍRON.................................................................................. 35
viii.a- O Mestre ....................................................... 35
viii.b- O Mito .......................................................... 39
viii.c- A Cura e os Curadores .................................. 45
IX.A ASTROLOGIA COM O FERRAMENTA PARA O AUTOCONHECIMENTO
...........................................................................................................50
ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da Totalidade
..............................................................................................................61
ix.b- Quíron e a Astrologia.............................................................63
ix.c- Quíron, o Arquétipo da Cura e do Curador Ferido.................64
X.QUÍRON E O DOM DE CURA NO MAPA DO NASCIMENTO
............................................................................................................70
x.a- Integração Consciente das Polaridades e Abertura ao Novo......74
x.a1- Quíron em Áries e Libra- A Consciência do Eu e do Outro.....74
x.a2- Quíron em Touro e Escorpião-Valores Pessoais e Coletivos .....80
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x.a3- Quíron em Gêmeos e Sagitário-Aprendizado Concreto e Abstrato 83
x.a4- Quíron em Câncer e Capricórnio-Poder Interior e Exterior......... 86
x.a5- Quíron em Leão e Aquário-Criatividade Pessoal e no Grupo.........89
x.a6- Quíron em Virgem e Peixes-A Unidade com o Eu e com o Todo. . 92
x.a7- Meditação guiada para o encontro com Quíron.... 96
x.a8- Como aprofundar a Questão com Quíron .... 99
XI . CONCLUSÃO………………… 102
XII. EPÍLOGO ......... .........................109
XIII. NOTAS ................ ............................110
XIV. TABELA DE QUÍRON................117
XV. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.120
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I - INTRODUÇÃO
Passo todo o meu tempo tentando persuadir vocês, jovens e velhos, a se interessarem
principalmente e em primeiro lugar... pelo bem-estar maior de seu eu interior.
Sócrates
O que é este bem-estar? Como chegar a ele? Grandes pensadores de nossa
história, reformadores sociais, líderes políticos e religiosos e muitos filósofos
interessados nas questões essenciais da vida, no comportamento e evolução do ser
humano, já estiveram diante do impasse de procurar soluções para as dificuldades e
conflitos da humanidade que satisfizessem a grande busca de cada um de nós, que é
encontrar seu lugar no mundo, viver uma grande harmonia interna e externa e alcançar,
por fim, sua indivisibilidade. Será que este grande desejo de realização não está ligado ao
reconhecimento de que o homem é um todo por si só e, ao mesmo tempo, parte de um
todo maior?! Será que a resposta a esta importante questão inerente a todos os seres
humanos não está contida no “Conhece-te a ti mesmo!”, famosa máxima, reconhecida
como a essência da sabedoria por muitos dos grandes buscadores de nossa história?!
Quisera reconhecer o valor e significado de tão simples mensagem, portadora de
profunda filosofia de vida, meta provável de todos nós! Oxalá pudesse propiciar o
aprimoramento de minha personalidade em harmonia com meu eu interior e descobrisse o
que é o autoconhecimento verdadeiro! Aspiro à compreensão maior, à compreensão de uma
força suprema, seja ela denominada Deus, Buda, Natureza, e busco a chave para a
sabedoria da Vida. Serei capaz de demonstrar a utilidade do conhecimento do mundo, se
pouco sei de mim mesma, de meu corpo, meus sentimentos e pensamentos?! Por outro
lado, se possuo alguma consciência de meu ser interior e me isolo da sociedade,
negligenciando o mundo que me cerca, certamente entrarei em desequilíbrio, que
continuará sendo a causa de incoerências e desentendimentos com meus semelhantes e de
desarmonia em minha vida. Parece que esta ideia é de fácil assimilação, portanto almejo
praticá-la em meus relacionamentos, pois a sua mera aceitação não a torna visível no
mundo concreto, a não ser que eu a transforme em vivência.
Diversos pensamentos cruzam minha mente e a de todos os buscadores da
Totalidade. Meus sentidos estão confusos, diante de tantas contradições que presencio,
porém é exatamente este estado de confusão e névoa que serve como uma mola
propulsora a me levar à revelação de minha natureza íntima, eterna... Poderíamos nós,
simplesmente, seguir o fluxo da vida e aproveitá-la sem preocupações? Bastaria apenas
um “Conhece-te a ti mesmo” para estar em contato com minha essência espiritual? São
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tantas as indagações e tantas as respostas a elas como o número existente de filosofias de
vida!
Estamos vivendo um grande momento de transição para um novo ciclo, é o que se
diz já há alguns anos e, não importa onde estejamos, é esta a mensagem que se propaga.
A busca pela compreensão da vida está sobre a soleira do novo mundo e pergunto-me se
aquilo que nos assombra, atemoriza, não é o eco retumbante de grandes dores presentes
em toda a humanidade?!
Pretendo construir um mundo melhor, consciente de que aquilo que vejo também
faz parte de mim, portanto é importante que não me deixe levar por crenças que
afirmam justamente o contrário e que possa realizar uma mudança que traga benefícios
para o todo. Que métodos utilizar para preservar uma identidade separada e partilhar, ao
mesmo tempo, de minha indivisa unidade com a Mente Universal?! Quero viver ao
mesmo tempo com o conhecimento de mim mesma e o conhecimento do Todo, de Deus!
Muitos mestres auxiliaram-me no caminho, e num determinado momento, comecei a
ouvir um chamado interno, que incessantemente me pedia sua atenção. O mestre e
curador interior fizeram-se presentes...
Questões diversas povoam meu mundo mental e quisera tomar consciência
também de meus sentimentos e atos e ser responsável por tudo aquilo que crio! De que
meios me sirvo para empreender a grande Busca Interior e atingir a conquista do eu e, a
partir deste resultado, a totalidade? Hei de resgatar minha conexão consciente com meu
Eu Superior, e tornar-me una com ele, pois acredito profundamente que a relação interior
jamais se perdeu! Reconhecerei em mim aquilo que ainda impede e retarda este contato!
Após tantas vivências e já na maturidade, não há como negar que a pessoa que
vivenciou transformações em sua vida e está familiarizada com as descobertas, alegrias e
dores que o autoconhecimento acarreta, apresenta mais facilidade de entrar em contato
com aqueles que estão sob sua orientação e cuidado! Com ou sem o auxílio de alguma
ferramenta poderá ela servir-lhes de exemplo, de maneira mais prática e eficiente?! Que
estas indagações sejam, então, incorporadas espontaneamente na vida de qualquer um de
nós, em nossos relacionamentos, independentemente de nossa atuação...
II - OBJETIVO DO ESTUDO
O universo inteiro
se encontra em evolução. Ele se expande,
estrelas explodem,
mundos surgem, mundos morrem.
Nada fica parado, tudo é fluir e transformar.
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Também eu sou uma parte desse desenvolvimento.
Eu não quero me abster dessa expansão,
do amadurecer e do crescer.
Eu quero me tornar sábio no coração da vida. •(5)
Desde pequena costumava pensar muito a respeito de Deus, dos seres humanos,
suas aspirações e necessidades, e a razão por estarmos na Terra. As seguintes questões
estavam sempre fervilhando em minha mente: Quem sou eu? O que eu sou? Por que
estou aqui? O que preciso fazer para encontrar meu lugar no mundo? Como posso
cooperar com meus amigos para trazer mais paz, harmonia e amor ao planeta? Que
talentos posso desenvolver para ser o “EU” íntegro que sou destinada a ser? Não
conseguia compreender o modo de viver dos adultos, as competições, recompensas,
punições, etc.
Às vezes silenciava as questões dentro de mim, simplesmente por não ter a
capacidade de expressar meus pensamentos. À medida que amadurecia, perguntas
semelhantes continuavam a intrigar-me, cada vez com maior frequência, contendo algo
mais profundo e, de certa maneira, emergente. Hoje, já adulta, dou prosseguimento à
minha busca de modo mais decidido, mais realizador. Foram necessários anos e anos de
gestação até que alguns de meus projetos tomassem uma forma palpável. Como adaptar
sonhos, objetivos e pensamentos à realidade que me cerca, foi o que indaguei durante
muito tempo... Como torná-los passíveis de concretude?
A cada pequena meta alcançada, segue-se outra, não menos importante...
Sempre experimentei muito prazer e felicidade em relacionar-me com as pessoas, e
aprecio o aparente mistério que aí existe. Lembro-me que me sentava no muro de minha
casa, ainda pequena, e ficava olhando a vastidão do céu, imaginando que naquela beleza
toda ao meu redor havia, certamente, algo maior que me unia a todos. Sentia um impulso
enlevante em direção à busca de meu lugar no mundo. Admirava as estrelas, o sol, a lua
e pensava que podia viajar no espaço livre- mente... Este interesse sempre crescente foi o
que me motivou a investir na profissão de professora. Não tinha dúvida alguma de que
lecionar era meu caminho!
Ambicionava compartilhar não somente meu aprendizado teórico, mas também o
prático em outros âmbitos de minha vida. Desta maneira, em 1974, iniciei meus estudos
na Universidade São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, onde
cursei Língua e Literatura Inglesa e Alemã. Como professora de ambas as línguas,
estudiosa também de francês e italiano, mantive contato direto com a cultura desses
povos, o que expandiu meu horizonte em vários níveis e levou-me à continuidade de
minha pesquisa de conhecimentos para principalmente viver as relações humanas,
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enriquecendo meu mundo interior e facilitando uma maior compreensão de mim mesma.
Reconheci que todos temos sentimentos e necessidades semelhantes, embora os
expresse- mos de maneiras diversas.
Na grande aventura da vida, abeberei-me de diversas fontes externas, ao mesmo
tempo em que empreendia minhas descobertas internas e, de repente, em um dado
momento no meio do caminho, vi-me diante de uma grande encruzilhada, e dei-me
conta de que precisava optar por uma única direção. Não vi outra saída, a não ser voltar-
me à minha realidade interior, perscrutando minhas verdadeiras motivações a fim de
alcançar uma consciência mais elevada, minha verdadeira essência, purificando minhas
atitudes e aceitando o meu modo de ser imperfeito. Nutria como objetivo prosseguir
rumo a meu crescimento e evolução, contribuindo com o todo maior. Nesse instante,
atribulada com inúmeras atividades externas, reconheci que uma parada se fazia
necessária para que conduzisse meu olhar para uma maior “paisagem” de mim mesma.
“Quem sou eu realmente?” “O que sou?” Estas sempre foram minhas maiores questões.
Somente assim as informações colhidas teriam um valor significativo em minha vida e eu
poderia prestar, então, uma pequena contribuição ao mundo. Uma consciência que se
eleva abre caminho para as demais, é o que nos diz Trigueirinho.
A importância do autoconhecimento tem sido proclamada por muitos filósofos de
nossa história, santos e mestres de muitas das grandes tradições religiosas, ao longo dos
anos. Creio que, para nós, ocidentais,
a voz mais familiar é a de Sócrates. Mais sistematicamente do que ele, porém, os
intérpretes indianos da filosofia perene bateram na mesma tecla. Há, por exemplo, o Buda,
cujo dis- curso sobre “A Instauração da Atenção” expõe (com a exaustão positivamente
inexorável característica das escrituras pális) toda a arte do conhecimento de si mesmo em
todos os ramos- o conhecimento do corpo, dos sentidos, dos sentimentos e dos
pensamentos. Pratica-se a arte do conhecimento tendo-se em vista duas metas. A meta
imediata é que “um irmão, no que diz respeito ao corpo, continua a vigiá-lo de tal maneira
que permaneça ardente, senhor de si e atento, tendo vencido também as aspirações e
desalentos frequentes no mundo. E, da mesma for- ma, no que diz respeito aos sentimentos,
pensamentos e ideias, a todos vigie, de maneira que permaneça ardente, senhor de si e
atento, sem aspirações nem desalento”. Além e por meio dessa desejável condição
psicológica está o fim último do homem, o conhecimento daquilo que subjaz ao eu
individualizado. Com vocabulário próprio, os autores cristãos exprimem as mesmas ideias.
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Reconhecimento devemos também a grandes nomes de nossa história, entre eles,
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Mestre Eckhart e Santa Catarina de Siena, ambos absorvidos pela meta da realização de
si mesmos. Vejamos o que o primeiro nos transmite no tocante a este tema:
O homem tem muitas peles em si mesmo, que lhe cobrem as profundezas do coração.
O homem conhece tantas coisas, mas não conhece a si mesmo. Ora, trinta ou quarenta
peles ou couros, inteiramente semelhantes aos de um boi ou de um urso, igualmente grossos
e duros, recobrem a alma. Penetre no seu próprio fundamento e aprenda ali a conhecer-se.
•(7)
Santa Catarina de Siena, mística santa católica, nascida em 1347 em Toscana, na
Itália, declarada doutora da igreja em 1970 pelo Papa Paulo VI, aborda o conhecimento
segundo duas perspectivas que se complementam e que nos auxiliam na busca da perfeição
possível. Suas palavras seguem-se a seguir:
Minha filha, constrói para ti duas celas. Primeiro, uma cela de verdade, a fim de
não correres muito em todos os sentidos e não falares, a menos que seja necessário, ou que
possas fazê-lo por amor do teu próximo. Em seguida, constrói para ti uma cela espiritual,
que poderás sempre levar contigo, e que é a cela do verdadeiro conhecimento de ti mesma;
nela encontrarás o conhecimento da bondade de Deus para contigo. Aqui estão, com efeito,
duas celas em uma, e, se viveres numa, será preciso que vivas também na outra; de outro
modo, a alma desesperará ou será presunçosa. Se ficasses só com o conhecimento de ti mes-
ma, desesperar-te-ias; se permanecesses apenas no conhecimento de Deus, sentir-te-ias
tentada à presunção. Um conhecimento deve acompanhar o outro, e, assim, atingirás a
perfeição. •(8)
Escrever sobre o autoconhecimento tocou-me profundamente, e fico, deveras,
maravilhada ao ver que o tema inspirou a vida de tantas pessoas ilustres e outras mais
desconhecidas, certamente. Chaucer, Shakespeare, Goethe e outros escritores, em
diferentes épocas, validaram como essência da sabedoria a máxima do “Conhece-te a ti
mesmo”, a qual se destacava na entrada principal do Oráculo de Delfos, para onde se
dirigiam aqueles que procuravam orientação em suas vidas. De que compreensão
necessitamos nós para atingir uma vida mais plena e equilibrada?
Nos dias de hoje cuidamos essencialmente da mente por intermédio da leitura, das
viagens, do intercâmbio com nossos amigos e conhecidos. Nossas emoções são
trabalhadas, no dia-a-dia, em nossos relacionamentos e, com o uso da mente,
aprendemos a controlá-las. Pouco a pouco entramos em contato com nosso corpo, que
muitas vezes negligencia- mos em função de outros interesses. Cultos exagerados à apa-
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rência física, empreendimentos mil que realizamos, submetendo nosso “templo físico” a
uma lista infindável de tarefas que o enfraquecem mais e mais. A cisão corpo/mente
aumenta consideravelmente até que, fragmentados, sobrecarregados com a quantidade
enorme de informações que nos chegam diariamente, reconsideramos a importância
deste grande instrumento de nossa missão aqui na Terra, o corpo físico e direcionamos
nossa atenção a ele, novamente.
Apesar de termos engrandecido enormemente nosso baú de conhecimentos, o que
acrescentamos em relação ao entendimento de nosso ser? Refiro-me aqui ao
conhecimento vivencial, aquilo que colocamos em prática em nossa experiência
rotineira e não o que acumulamos em nossas mentes. Parece que, com algumas
diferenças, ainda continuamos debatendo-nos com a asserção pronunciada por Sócrates,
que apregoava que sua única sabedoria era reconhecer a própria e total ignorância.
Sabemos que precisamos caminhar com bastante de- terminação, até que
conheçamos um pouco mais da natureza humana. No meio de nossa luta diária,
esquecemo-nos de voltar o pensamento ao nosso eu mais profundo e acabamos por
negligenciar alguns questionamentos importantes ao nosso crescimento interior e
exterior. Responsabilizamos outros por insucessos que nós próprios criamos...
A busca do autoconhecimento é enfatizada por meios diversos e por muitos
indivíduos que comumente a modificam segundo a expressão da filosofia adotada.
Ouspensky, em seu livro Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido, transmite-nos o
pensamento de que não nos é possível estudar o universo sem que estudemos o homem, ao
mesmo tempo em que o contrário também nos é requerido. Para que o homem, alcance
uma compreensão do mundo todo e o conheça, faz-se então necessário que ele busque o
entendimento de si mesmo e, se ele se empenhasse na descoberta e estudo do universo e
das leis que o regem, chegaria ao aprendizado das leis que também o movem, pois é ele
uma imagem do mundo. Algumas se lhe apresentam mais simples, com a pesquisa da
realidade objetiva, enquanto outras só lhe são reveladas quando procede a um trabalho de
introspecção, o que nos leva a concluir que tanto o conhecimento do universo como de
si mesmo podem ser realizados paralela, separada ou concomitantemente.
Os mundos objetivo e subjetivo estão interconectados e não podemos separá-los,
mesmo que o queiramos, a não ser que nos sujeitemos a viver sempre de modo
fracionado. É realmente uma escolha! Explorar facetas variadas destas duas realidades é
tarefa para todos nós a caminho da individuação. Homem, Terra, Sistema Solar, Via
Láctea e outros mundos afora... Todos formando uma Unidade ou uma Totalidade. E o
Homem, por si só? O que significa conhecer-se a si mesmo quando pensamos em
mundo?
Para mim isto implicou a devolução do comando de minha personalidade ao
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verdadeiro condutor de tudo, meu Eu interior, que procura reunir os pedaços dos vários
eus que formam, cada um à sua maneira, um pequeno mundo à parte. Pequenos eus que
disputam o poder entre si, cada um buscando, a seu modo, a satisfação de seus desejos,
respondendo ao mundo externo segundo a necessidade deste, esquecendo-se daquele
que verdadeiramente deveria guiar seu caminho neste planeta.
No livro de Ouspensky, mencionado anteriormente, li algo interessante sobre uma
das figuras do Tarô, a número 7, designada “O Carro”. Muito já foi dito sobre possíveis
significados da imagem desta carta, entretanto ficou em minha memória o seguinte
registro: Quatro elementos unidos, que poderiam muito bem representar quatros
aspectos de meu ser: o corpo físico tendo a carruagem como representação, o corpo
emocional expresso pelos cavalos, meu corpo mental caracterizado pelo cocheiro e,
finalmente o quarto fator, representado pela força real que controla e dirige o cocheiro.
Esta consciência manifestada pelo espírito que transcende as limitações do corpo, das
emoções e da mente é o verdadeiro guia de meu caminho. É ela que tem poder e
controle sobre os outros três aspectos e, nesta ordem decrescente, o mesmo acontece
com a mente, por exemplo, que controla os outros dois, e assim, sucessivamente.
Claro que também uma melhora ocorrida no físico reflete no aspecto seguinte, o
emocional, e assim por diante. O movimento é ascendente e descendente e, na realidade,
inexistem separações entre os quatro planos, pois todos estão interconectados e são
interdependentes. Qualquer falha em um deles repercute, portanto, nos outros, o que
resulta em pequenas ou grandes desarmonias. Tanto os corpos como as ligações que os
mantêm são imprescindíveis para o bom funcionamento do conjunto. O cocheiro, meu
ego, deve estar atento para traduzir a mensagem do seu Eu interno, ao mesmo tempo em
que precisa ter a habilidade de conduzir a carruagem. O que isto quer dizer?
Sim, tenho que ter um ego bem-estruturado- e quando utilizo a palavra ego, refiro-
me a personalidade construída no mundo- a fim de captar e traduzir as mensagens
transmitidas pelo meu guia interno, Quíron, pois é ele que me estimula no caminho da
unidade, do poder criativo, do Amor com o Eu Maior. Por outro lado, de que adianta
compreender o que ele me diz, sua linguagem, se também não me empenho em
expressá-la?!
Estes quatro corpos poderiam ser associados às funções junguianas denominadas
sensação, sentimento, pensamento e intuição e fazendo uma analogia com os quatro
elementos da astrologia, respectivamente terra, água, ar e fogo. Isto, naturalmente, a
grosso modo, já que se trata simplesmente de uma aproximação de conceitos.
Ter a percepção consciente do mundo ao meu redor, atendo-me às mensagens que
meu corpo a mim transmite, poder sentir e expressar o que habita no recôndito de meu
ser, atribuindo valores às minhas experiências, sem contudo julgá-las como certas ou
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erradas, boas ou más e relacionar-me com outras pessoas, ouvindo minha intuição, este é
o casamento ideal a ser feito entre meu eu inconsciente/interno e consciente/externo.
E se me descuido da carruagem, meu corpo? Como proceder em minha jornada? E
quanto aos cavalos? De que modo conduzi-los? Como eles prosseguirão se não
estiverem fortalecidos, se não forem nutridos? Afinal, são eles que vão levar-me ao meu
destino, e a força é essencial para que os obstáculos sejam superados.
Chegar à unidade integral faz parte de todas as religiões, e a religação à fonte
original do espírito é o que elas pregam, para que possa dizer, um dia, que sou Um com
o Todo!
Conhecer a mim mesma sempre exigiu um trabalho disciplinar que me trouxe e
ainda trará muitas recompensas, não somente na minha atuação como profissional, mas
também no conjunto todo da carruagem há pouco mencionada. Precisei e ainda preciso
ousar despir-me de minhas máscaras e enfrentar um pouco de caos e conflitos.
Muitas vezes faltou-me a compreensão exata do que vivi, contudo hoje já não me
preocupam mais os porquês de tantos dissabores sofridos, pois o tempo, sábio
conselheiro, comprovou que sempre havia feito a pergunta inadequada “Por quê?”
quando o mais apropriado teria sido “Para quê?”. Minha perspectiva mudou e com ela a
minha vida. Diversas vezes, projetei a causa, a “culpa” daquilo que me acontecia em
fontes externas, eximindo-me, completamente, de qualquer responsabilidade pessoal.
Por temer as mudanças, deixei de aproveitar várias oportunidades, em que podia
reassumir o controle de minha vida, diante de conflitos e dificuldades, renunciando à
coragem de me transformar e de receber o novo. Entretanto a lembrança- refrigério da
alma- de que sou eu quem atraio minhas próprias vivências e as elaboro em meu
caminho, alertou-me e deu-me forças para continuar meu intento de prosseguir em
minha jornada. Procurei abafar as vozes externas e, no silêncio, ouvi um pequeno
sussurro, que bastou para estimular-me novamente à busca de minhas motivações.
Seguramente deixei muitas indagações à margem de meu caminho para abrir mais
espaço a coisas novas, que me mostraram que sou realmente muito mais do que aquilo
que me foi passado!
Parece que, de modo geral, existe um consenso no que diz respeito a este tema
sobre autoconscientização, e eu, particularmente, reconheço grandes “verdades” em
muitas das mensagens transmitidas por todos aqueles que se prontificaram a desvendar
os mistérios e a sabedoria da natureza humana. Aproximei-me de muitos dos grandes
mestres de diversas filosofias de vida, e o estudo teórico aliado à vivência prática
possibilitaram-me realizar este trabalho.
Como ser integrante da realidade atual de nosso Planeta hei de alcançar um maior
conhecimento de mim mesma e servir como facilitadora no processo de educação, na
17
formação de meus “alunos”! Chegar à individuação, conquistar meu espaço interno e
atingir a liderança de minha realidade externa, auxiliando, ao mesmo tempo, direta ou
indiretamente, no caminho do outro sob minha orientação é premissa de um viver mais
harmonioso, com certeza! Por falta de termos mais precisos faço uso de “auxílio, ajuda”
para expressar uma prestação de serviço de mão dupla, onde ambos os lados de uma
parceria são beneficiados, onde ambos são aprendizes e mestres.
III - O INÍCIO DE MINHA BUSCA
Se eu souber que você e eu somos um só, que não estamos separados e que não sou
apenas protetor do meu irmão, mas sou o meu irmão, eu o tratarei como trato a mim
mesmo- com carinho. •(9)
Descobrir minhas motivações interiores, o grande anseio de realização dentro de
mim, que é encontrar uma harmonia, em todos os sentidos, e fazer o casamento de meu
lado inconsciente e consciente em todas as áreas de minha vida- tarefa sem um fim
determinado- era, e continua sendo, uma de minhas metas, juntamente com a aspiração
de desvendar meu papel dentro deste grande Universo em evolução permanente. Portanto,
paralelamente ao meu caminho como professora, iniciei em 1983, de modo consciente,
uma grande aventura no estudo de Religiões, Filosofias, Psicologia (Freud/Jung),
diferentes artes divinatórias e curativas, como I Ching, meu grande amigo “chinês”
(emprestando um termo usado por uma grande amiga minha), Tarot, Astrologia, Terapias
Florais e Corporais.
Participei, então, de diversos seminários voltados ao entendimento do uso das
energias do corpo e do Universo, tendo como meta um maior intercâmbio corpo, mente,
espírito. Procurei estabelecer comparações e almejava entender se existia mesmo uma
verdade absoluta.
Durante os anos em que lecionei, observava que nos cursos de aperfeiçoamento
voltados à didática e a metodologias de ensino, o foco principal tinha como base tanto a
aquisição de conhecimentos como as técnicas de aula, enquanto o relacionamento
professor-aluno, com suas singularidades e interdependência, era relegado a um segundo
plano, o que criava uma lacuna na área do aprendizado. Devo confessar, entretanto, que
embora tenha procurado colocar em prática aquilo que aprendera segundo minhas
observações, ainda havia muito que desenvolver neste sentido... Tudo acontece no
tempo certo, mas a impaciência imperava!
Motivos particulares aliados à minha frustração de não ser capaz de concretizar
meus ideais como profissional, levaram-me a interromper minhas atividades como
18
professora de línguas dentro de uma instituição de ensino, para poder dedicar-me a
assuntos ligados mais diretamente ao crescimento pessoal, trabalhando com grupos na área
do autoconhecimento.
Atualmente, com mais bagagem de experiências de vida adquiridas com o estudo
do Mestre, prossigo em minha jornada e, onde quer que esteja, junto a amigos,
conhecidos ou clientes, atuando como educadora, facilitadora do Jogo da
Transformação, •(10), terapeuta, life coach (coach de vida), não importa, compartilho os
conhecimentos assimilados ao longo dos anos.
IV- A ESCOLHA DO TEMA
Quero aprender. Quero ser a melhor no que faço. Quero dar ao mundo alguma
coisa bela! Quero ser feliz. Quero acreditar que há uma razão para viver, uma coisa que
faça sentido, um princípio que me ajude a suportar os momentos difíceis e também os
bons. Quero acreditar que há no mundo uma outra pessoa tão solitária quanto eu. Quero
acreditar que vamos nos encontrar, e que... vamos amar um ao outro, e que nunca mais
estaremos sozinhos!. •(11)
E por acreditar, realmente, que todos podemos enriquecer o mundo externo a partir da
exploração de nosso universo interno e que somos responsáveis por tudo aquilo que
criamos, escolhi o título “O Caminho do Autoconhecimento e da Cura por meio de Quíron,
o Mestre”. Como este é o revelador de nosso potencial em direção à Totalidade, considero
importante elucidar este conceito segundo o que apreendi dos ensinamentos de Jung.
Totalidade é a vivência da integração e equilíbrio das polaridades em minha vida. Ser
íntegro é reconhecer que, além de ser um todo eu mesma, faço parte também de um
todo maior! É ter a consciência de que todos os opostos estão unidos dentro de mim e
em tudo que me cerca. É harmonizar meu lado consciente e inconsciente e perceber o
intercâmbio intermitente entre matéria e espírito. Totalidade é a dança harmoniosa que
existe entre as dualidades. Para que este estado fluido seja alcançado com plena
percepção dos sentidos, e a minha natureza real revelada, é natural que empreenda uma
grande e profunda viagem, interna e externa.
Em 2001 iniciei um curso de especialização em Abordagem Junguiana na PUC, e já
estava definido dentro de mim que minha monografia estaria relacionada às minhas
experiências como um todo, isto é, que ela teria como base minha vida profissional,
social e pessoal. Não conseguiria separar aquilo que sou na intimidade com meus
amigos e familiares daquilo que sou publicamente, pois minha busca sempre se manteve
entrelaçada a todos os aspectos de minha vida.
19
Com certeza também visto minhas máscaras, entretanto realizar a autenticidade de
minhas vivências, e reconhecer que “ Eu sou”, isto é um compromisso que pretendo
sempre manter comigo mesma. Despir-me daquilo que encobre meu verdadeiro centro,
penetrar na essência invisível e impalpável que fortalece meu lado externo para, enfim,
tornar-me transparente diante de mim e de todos os outros que me rodeiam, é este o
princípio que me impele a agir.
Meu comprometimento sempre foi com a verdade, e em minha busca de
significados, devo ter eventualmente magoa- do muitos outros “viajantes”. A eles, peço
que me perdoem, contudo havia necessidade de que eu pudesse enxergar-me e ouvir-me
com um pouco mais de nitidez e clareza.
Conforme o curso prosseguia, o desenvolvimento do tema ia-se formando em minha
mente, ao mesmo tempo em que, paralelamente, desenrolava-se em minha caminhada.
Iniciei a redação do mesmo em fevereiro de 2002, logo após um acontecimento que
desencadeou grandes transformações mudanças em minha consciência e vida, na área
profissional e particular. Uma onda de desprendimento e liberação de meu passado se
fez sentir e com a abertura do chakra cardíaco, a compaixão, o perdão a mim e aos
outros, juntamente com outras lições se tornaram aprendizados valiosos. Não me
importava mais o porquê e sim o para quê. Se você tiver interesse em conhecer mais sobre
os centros energéticos, os chakras, pode consultar, por exemplo, o livro “Jornadas de
Cura” de Anodea Judith e Selene Vega, da Editora Pensamento.
Acompanhei, atentamente de perto, o fluxo de energia do pequeno “grande” corpo
celeste durante os últimos anos, e posso afirmar que o tópico por mim escolhido
realmente foi vivenciado no corpo, na alma, na mente, no sangue, com todas as dores e
alegrias que este processo de nascimento de um novo “eu” acarreta. É isto que pretendo
dividir com todos que têm acesso a este trabalho.
Devo salientar, todavia, que mesmo não concluindo o curso de pós-graduação na PUC,
finalizei a redação da monografia sobre o assunto escolhido. Adaptei-a a um novo formato e
devo a concretização do trabalho ao apelo de meu Curador interno. Não posso deixar de
admitir que minha participação no curso de especialização, a troca com professores e
colegas, motivou-me, indubitavelmente, à compilação e confecção de meu trabalho.
Grande parte das informações e detalhes sobre a simbologia de Quíron está baseada
nas pesquisas feitas por Richard Nolle, Barbara Hand Clow, Melanie Reinhart e Zane
Stein. Certamente terei acrescentado algo novo ao estudo realizado por estes astrólogos,
contudo considero extremamente difícil distinguir com precisão aquilo que apresento de
singular no tocante ao tema. Posso, todavia, assegurar que princípios quironianos foram
vivenciados em minha vida e observados no caminho daqueles que comigo entraram em
contato.
20
Realizei uma pesquisa apoiada na análise de sua localização em mapas de
nascimento de alunos, clientes e amigos, e sirvo-me de esclarecimentos obtidos após um
profundo estudo feito junto àqueles que se submeteram a esta análise. Entrar em contato
com Quíron, conforme eu o exponho pelos signos, é o primeiro passo para um confronto
consciente com a autotransformação.
Esta tem início quando me aventuro a compartilhar experiências com o universo
que me cerca. Meu objetivo é discorrer especialmente sobre minha atuação com o outro,
seja como professora, aluna, mãe ou terapeuta, onde quer que manifeste a busca...
Explorar meu ser interno, revelar- me como sou, como vivo, como entendo o mundo
exterior e aceitar a realidade multicolorida de Deus, tentando encontrar um modo
natural de colocar-me no mundo é, para mim, uma grande façanha que me põe, ao
mesmo tempo, em contato com minhas feridas e minha cura.
Viver aquilo de que tenho receio possibilita-me uma ampliação de consciência que
me conduz a uma transcendência de valores, a uma revolução interna que se reflete em
todos os níveis de meu ser, propiciando a revelação concreta de meu ser espiritual.
Segundos que sejam, poder concretizar meu verdadeiro eu, ah como isto fortalece minha
natureza, minha essência, meu ser! Sinto aquilo que penso e expresso, e penso aquilo que
sinto e expresso! E a escrita se torna, neste contexto, um meio de purificação daquilo que
acidentalmente ficou contaminado... É ela que vai conduzir-me à unidade. Algo me
inspira e, das profundezas de meu ser, dou forma criativa a esta inspiração para que
mudanças ocorram em minha realidade exterior.
Confio no poder autorregulador da vida, nas forças superiores que a regem e, a cada
dia, cresce mais a minha fé. Por isso, é certo que cada um de nós, à sua própria maneira, e
segundo sua própria compreensão, manifesta e expressa um aspecto da grande verdade,
uma faceta integrada da Unidade maior.
Segue-se uma pequena história do Oriente, que li há muitos anos e que retrata muito
bem o significado do que acabo de discorrer. Navegando no Internet eu tive a sorte de
encontrá-la no seguinte endereço eletrônico:
http://www.spiritualeducation.org/library/story/svetaketu
Aqui a reproduzo, traduzida do original, entretanto ligeiramente modificada por mim.
Aos doze anos Svetaketu teve a oportunidade de estudar com um mestre, com quem
permaneceu até completar vinte e quatro. Ao término de seus estudos, retornou ao lar com
muito orgulho de tudo o que aprendera.
Pergunta-lhe o pai:
21
- Você aprendeu como podemos conhecer aquilo que não vemos e ouvimos? Como
conhecer aquilo que não pode ser conhecido e está em todas as partes?
O rapaz responde-lhe que nenhum mestre havia passado a ele este ensinamento. O pai
pede-lhe, então que busque o fruto de uma árvore conhecida.
Svetaketu lhe traz um, quebra-o, e este indaga-lhe o que há em seu interior. O filho lhe
diz que há somente sementes mui- to pequeninas. Novamente, a pedido do pai, quebra
outra se- mentinha e descobre que não há absolutamente nada lá dentro.
- Nesta essência sutil encontra-se o ser da árvore, meu filho! Você é esta essência,
filho! A unidade da Vida!
- Ensine-me mais sobre isto, pai! Como aprender mais sobre esta unidade?
O pai pega o filho pelas mãos, leva-o até a cozinha e enche uma bacia com água,
misturando um pouco de sal a ela. No dia seguinte, ordena-lhe que traga o sal que fora posto
na água.
Svetaketu procura o sal, mas não o encontra, pois ele já havia se dissolvido na água.
- Prove um pouco da água, filho! Como é o seu sabor?
- Salgada, respondeu ele.
- Experimente agora um pouco da água do meio da bacia.- Como está ela? –
pergunta-lhe o pai.
- Salgada, respondeu ele.
- Prove então a água do fund. Como está a água?
- Igualmente salgada.
- Meu filho, o sal continua na água, embora você não possa mais vê-lo. Assim é o
seu Eu verdadeiro. Ele é a essência sutil que está em tudo!
22
Em meu viver, confirmo a todo instante a intenção de unir os opostos, e os
ensinamentos deste processo, onde tempo e espaço inexistem, onde fatos e
acontecimentos distintos se conectam, levam-me à descoberta gradual do objetivo de
minha existência. Percebo, ao mesmo tempo, a essência de tudo aquilo que me cerca,
enquanto caminho em direção de meu ser, para dentro de meu coração... E quão grande é
o sentimento de libertação e desapego quando isto me envolve!
Meu relato assemelha-se, em alguns pontos, a uma construção de uma teia
emaranhada de dualidades, tais como instinto- espírito, razão- emoção, intelecto-
sentimento, onde não tem lugar a diferenciação, apenas a união complementar das
esferas aparentemente contraditórias, de tal maneira que a harmonia e o equilíbrio
reinam. Outras vezes, entretanto, a fragmentação é visível...
V- CAMINHOS DA BUSCA
Qualquer caminho é apenas um caminho e não há ofensa, quer para você ou para
os outros, em abandoná-lo, se seu coração mandar.
Carlos Castanheda
E para atingir minha meta, dei início, então, a meu processo de individuação,
minha busca, aqui orientada pelo Mestre Quíron. Voltei-me às minhas atitudes pessoais,
ou sei abandonar minha necessidade de segurança quando ela me impedia de relacionar-
me de modo sadio com os demais, e pesquisei em mim o que fazia tornar conflituosa a
realidade à minha volta. Ah, como ansiava e ainda anseio pela ruptura! Não mais queria
abafar o que me desagradava, e sim integrar aquilo que refletia e projetava nos outros e
no ambiente que me cercava. Suportei a aparência distorcida do que via no espelho,
somente para depois constatar que era minha própria imagem! Dirigida pelo Eu criador,
por Deus, sou, continuamente, “lançada” à autodescoberta e a ir além da realidade,
centrada, ora em um polo ora em outro da dualidade.
Sei que sou cocriadora de meu destino, e a energia em- pregada para obtenção da
estabilidade é propagada a distâncias cada vez maiores, atingindo e envolvendo outros
indivíduos que estão enfrentando situações semelhantes. Isto tudo exige sacrifícios
pessoais, abertura ao novo, às novas oportunidades que vão surgindo no caminho e uma
entrega a algo maior, ao Self mesmo. Entrega ativa que se realiza quando reconheço não
só meus pontos fortes como também minhas limitações, e ponho-me a serviço de sua
concretização. Vou a caminho da verdade “do Eu”, e ela “dói” mesmo quando estou
abarrotada pelo excesso de conhecimento e informações supérfluas.
O motivo pelo qual cada um de nós inicia a aventura da individuação depende de
23
sua história de vida, mas todos nós, certamente, acabamos nos encontrando com nosso
mestre. Chega um momento em que muitas coisas começam a acontecer que impulsionam
o desenvolvimento e expansão de consciência, coisas que aparentemente não têm sentido
algum e são, inclusive, desastrosas sob o ponto de vista de nossos egos. Esta é a voz da
sabedoria do inconsciente, entretanto, que se faz presente por intermédio de diferentes
emissários.
Quando interiormente existe uma clara determinação e decisão de nos tornarmos
mais conscientes, de não mais agirmos como autômatos, haveremos de percorrer
estradas e rumos desconhecidos, jamais sonhados anteriormente. Quando a vida nos
impele a mudar, por que não nos darmos uma chance neste sentido? Se não resistirmos
ao que ela nos propõe, e aceitarmos que tudo é para o nosso bem, vamos nos libertar,
gradualmente, daquilo que está estagnado, a fim de usufruir ideias novas e
revolucionárias. E as recompensas que advirão deste processo são tantas que finalmente
concorda- remos que as dificuldades são apenas degraus para o sucesso, para revelações
cada vez mais surpreendentes em nosso viver! Jung nos diz que a necessidade de integrar
aspectos diversos e dissonantes em nossas vidas revela-se mais comumente na meia-
idade, no entanto nem sempre temos consciência do que está ocorrendo ou mesmo
de que transformações deveremos efetuar. Nesta fase somos praticamente empurrados
para que usemos corretamente nossas aptidões e energias e, naturalmente, alcancemos a
harmonização de nossa personalidade, juntamente com a conquista de um bom
relacionamento consciente com nosso Eu Superior, nossa natureza divina.
Quando realmente decidi ouvir o chamado para esta grande Busca? Paul Brunton,
em seu livro “A Busca”, transmite-nos a ideia de que o trabalho em busca do Eu indiviso
começa com algum estímulo interno ou externo, com uma pessoa, um livro, a Natureza,
uma obra de arte, um sentimento...
Muitos empreendem a Busca quando se deparam com situações que se repetem e
não mais encontram um meio de solucionar as dificuldades que vão surgindo. Alguns se
aventuram neste caminho, diante de circunstâncias de perda de entes queridos e de
doenças incuráveis ou mesmo desconhecidas. Outros, insatisfeitos com tudo aquilo que
já alcançaram, iniciam a jornada do renascimento pessoal, retirando-se para dentro de si
mesmos, e existem ainda aqueles que simples- mente a empreendem por amor a ela. A
busca, certamente, é realizada de modo individual e único porque cada ser é especial e
singular!
Eu, particularmente, confesso que um pouco de cada um destes aspectos foi
igualmente importante. O principal fator foi mesmo o anseio interno que sempre esteve
presente em minha vida, desde criança, a vontade de unir-me a algo maior, de realizar
meu potencial concretamente, de ser eu mesma e de conseguir travar relacionamentos
24
profícuos com meus semelhantes. Dificuldades com alunos, conflitos com figuras de
autoridade, problemas de comunicação com familiares, relutância em partilhar com os
outros, seja por insegurança ou arrogância, perturbações relativas à saúde, insatisfação
com o status quo, não houve como evitar todos os transtornos que advieram de minha
busca. E a indagação principal se tornou: A que tudo isso está me levando?! Não há
como provocar mudanças, num piscar de olhos, e creio que mesmo quando relutamos
elas acontecem, às vezes lenta outras subitamente... Talvez porque tenhamos que nos
livrar da carga há tanto tempo por nós carregada...
Huxley, em seu livro Filosofia Perene, diz que o homem que deseja conhecer seu
verdadeiro eu pode seguir três caminhos. Certamente mesclei os três em minha jornada,
e servindo-me da explanação de Huxley, discorro a seguir como isto se deu, esclarecendo
e enfatizando que estes caminhos são circulares e estão interconectados, e que ainda me
encontro palmilhando a senda.
Percorro o primeiro, toda vez que me volto a meu eu interior, a meu Deus interno,
procurando transcender meu ego, renunciando aos aspectos fragmentados e
contraditórios de meus vários eus, físico, emocional e mental.
O segundo corresponde à procura do que se encontra no lado de fora. Em meu
relacionamento com os outros, posso, muitas vezes, entender-lhes a unidade essencial
com Deus e, por fim, chegar ao conhecimento de mim mesma.
O terceiro caminho, o mais equilibrado, permite-me atingir o autoconhecimento
tanto a partir de meios internos como externos, reconhecendo Deus como princípio de
meu próprio “eu” e de todos os outros “eus” existentes. Segundo William Law:
cada ser contém em si mesmo todo o mundo inteligível. Por conseguinte, Tudo está
em toda parte. Cada qual aí é Tudo, e Tudo é cada qual. O homem como é agora deixou
de ser o Todo. Mas quando deixa de ser um indivíduo, eleva-se de novo e penetra o mundo
inteiro. •(12)
Parece que as explicações convergem sempre para o mesmo ponto: o Eu e o
Todo, unidos em todos os níveis.
Tantos são os caminhos, entretanto cada um vai seguir aquele que lhe é mais
interessante, mais eficiente, mais cômodo e por que não mais atraente? Considerando-se
que há, atualmente, uma grande oferta na área de autoconhecimento, cura, integração
holística, é natural que sintamos certa hesitação quando estamos diante de uma escolha,
afinal tantas são as promessas que se nos oferecem... Obviamente cada pessoa vai
encontrar aquilo que lhe é mais adequado e que suprirá suas necessidades pessoais e, às
25
vezes, parece que não é tanto o caminho escolhido que as leva à meta, e sim, a maneira
como se comportam em direção ao seu objetivo. Talvez a forma seja meramente um
símbolo escolhido para nossa mudança...
Aparentemente, a maioria de nós que está buscando evoluir por meio do
conhecimento de si mesmo não tem alternativa, a não ser seguir o chamado, que nos
atrai como se fosse um grande ímã e nos puxa irresistivelmente, dando-nos a sensação
de que não há nenhuma chance de desistência, mesmo que o queiramos. A própria vida
pareceu impingir-me um caminho que, certamente, depois de iniciado, não sinalizava o
retorno ao ponto de partida. E interiormente sinto que não há mesmo volta alguma desta
viagem! Provavelmente farei algumas paradas temporárias, descansarei um pouco,
recuperarei o fôlego, entretanto creio que não conseguiria mais abandonar a caravana
dos busca- dores, porque eu sou a busca, os buscadores e o meu destino!
O seguinte texto de Goethe expressa de modo significativo o que acabo de
exprimir:
Toda a essência do mundo se encontra diante de nós como uma pedreira diante
do mestre-de-obras. Tudo fora de nós é somente elemento, e permito-me dizer que tudo
em nós também o é; mas nas profundezas de nosso ser jaz a força criadora que
possibilita criar aquilo que deve existir e que não nos deixa repousar nem descansar até
que nós, de algum modo, não o tenhamos representado fora de nós ou em nós mesmos.
•(13)
A intuição e a razão, meus livros e amigos, minha experiência de vida, seriedade e
sinceridade em seguir o caminho foram meus guias nesta estrada. Sempre senti que era,
de algum modo, protegida por algo maior. Não pretendo “ser”, simplesmente, e sim
“viver” numa integração dinâmica com meu ambiente, libertando-me de crenças
errôneas que não me servem mais e, conforme já mencionei, purificando-me de tudo
aquilo que impede meu desenvolvimento. Assumi o risco de viver, assumi as mudanças,
as transformações porque decidi agir. E decidi pensar por mim própria, seguindo o
impulso de minha verdade interior!
Ousei sentir-me só, vulnerável e insegura, arrisquei ser alvo de críticas de
conhecidos e desconhecidos devido a certas atitudes tomadas, contudo acreditei que
todos os meus impulsos eram ecos de meu ser interno que bradava aos gritos a
exigência, a emergência de uma reviravolta de conceitos, de sentimentos, enfim, da
própria vida que levava. O equilíbrio seria a recompensa, a paz resultante da
transcendência dos aspectos do bem e do mal. Estive a caminho... estou no caminho... e
continuarei seguindo meu rumo...
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Buscar o ponto médio, a conciliação, é fazer um caminho espiritual no mundo em
que vivo. O que significa “espiritual”? É algo que está em conexão com o Self, o Todo
maior, Amor, Luz, o nome é o que menos importa, “espiritual” é o que dirige minha
vida, o invisível que se torna visível, o verdadeiro Senhor, a quem o ego, o Servidor
deve obediência!
Ser espiritual é, portanto, tentar expressar minha natureza real no meu dia-a-dia,
livre de condicionamentos que satisfazem somente a expectativa dos outros e da
sociedade, para que possa chegar a uma plena realização. É libertar-me da herança de
valores e julgamentos que me foram passados e que não vivenciei eu mesma. É procurar
ter uma disciplina interior e exterior, e ser o mais coerente e consciente possível, em
meus pensamentos, sentimentos e ações. É cada vez mais trazer a presença de meu Eu
Superior dentro de meus relacionamentos, em todas as circunstâncias de minha vida. É
aplicar o conhecimento obtido do aprendizado, é redescobrir meu propósito divino aqui
na Terra. É aperfeiçoar meu ego para que ele reflita como um espelho a natureza
autêntica de minha essência, as qualidades superiores de meu Eu interno que estão
escondidas sob este mesmo ego. É estar no mundo sem ter receio de perdê-lo, o que
resulta em uma atuação mais participativa na sociedade, constantemente em mudança.
Lembro-me, neste momento, de uma frase que li em um dos livros de Paul Brunton, que
diz que a verdade deve passar de meus lábios à minha vida. O ensinamento que tem
origem na experiência pessoal é mais eficaz que aquele que não se origina dela, sem
dúvida alguma.
Empenhar-me em trazer minha essência dentro de minha realidade cotidiana
sempre fez parte de minha busca e, lembro-me de muitas vezes em que a manifestação
deste sentimento causou-me certo isolamento. Ser franca e honesta, falar a verdade em
qualquer situação sempre foi meu lema principal e muitas vezes, mesmo quando sabia
que uma pequena mentirinha livrar-me-ia de algum transtorno, acabava vencendo a
tentação e optava por seguir esse princípio. Questionava a mim mesma se o fazia por
receio de algum “castigo” divino, porque muito se falava sobre isto em minha infância,
entretanto não ignorava, no íntimo, que era a mim mesma que estaria falando uma
inverdade, e isto eu me recusava a fazer. Conscientemente escolhia a opção mais difícil
para o ego. Isto significou continuar me aproximando cada vez mais de meu ser
profundo.
Por outro lado, é importante frisar que a simples decisão de não acolher a mentira
em minha vida não evitou que me deparasse, muitas vezes, com pessoas que agiam de
modo oposto. A aceitação da mesma como polo complementar da verdade levou-me a ir
além destas oposições, pois o reconhecimento se deu não apenas em minha mente,
porém em meu coração. A flexibilidade em relação aos meus defeitos e aos alheios,
27
atenuou em muito o desconforto que sentia diante de situações semelhantes. Pergunto-
me hoje se não nutria uma inverdade dentro de mim...
Revelar minha autenticidade corresponde, portanto, segundo minha atual percepção, à
expressão de minha natureza essencial, de meu ser interno.
Para Robert Happé também são três os caminhos que temos à disposição na busca de
um desenvolvimento espiritual. A seguir, reproduzo seus pensamentos, de forma resu-
mida.•(14)
O primeiro caminho está ligado ao sofrimento e diz respeito à falta de compreensão
da maioria de nós, que acredita que somente vivenciando a dor existe a possibilidade de
evolução. É seguro que o tenha trilhado em algum momento de meu percurso, quando
acreditava que não era responsável pela minha própria vida e quando o termo “esforço”
representava apenas luta e não dedicação.
O segundo é o caminho do serviço. A nós e aos outros, o que nos causa grande
felicidade, pois podemos, deste modo, contribuir para um mundo melhor. Sigo com prazer
esta estrada. Fazer ao outro o que gostaria que ele fizesse a mim, não fazer a ele o que não
gostaria que ele me fizesse e, de vez em quando fazer-lhe algo que ele apreciaria muito,
embora a vontade me falte para tal... Esta é a conhecida Regra de Ouro, sendo que a última
parte da mensagem foi transmitida a mim por uma pessoa muito querida de quem colhi
grandes ensinamentos.
Trilhando o terceiro caminho, o alquímico, que está relacionado à transformação da
consciência, enxergamos em nós aquilo que precisa ser modificado, e por meio do desape-
go, livramo-nos de tudo que contradiz as leis do amor e per- dão. Esta nova consciência nos
induz à observação da vida enquanto estamos vivendo, alimentando a noção de viver o
presente momento, que é nossa grande aventura e possibilitando-nos o acesso a nossas
capacidades intuitivas, o que por sua vez, liga-nos a nosso sentido natural de direção. Ainda
percorro esta trilha, procurando transformar hábitos obsoletos que retardam meu progresso.
Procuro recordar-me de que o momento presente contém tudo o que existe, existiu e
existirá!
Tantos caminhos e métodos para a autodescoberta! Sonhos, astrologia, psicoterapia,
tarot, I Ching, Runas, Jogo da Transformação, a natureza, a própria vida... De pouco valor,
se considerados isoladamente, entretanto valiosas ferramentas sempre que delas
necessitarmos, e cada qual tão preciosa quanto a outra! A maior delas habita, todavia, dentro
de nós, buscadores do autoconhecimento, da verdade, que per- corremos, às vezes,
solitariamente o trajeto, cooperando, no entanto, com o plano maior para desenvolvimento
do conhecimento humano e da nova consciência emergente.
28
v.a- Qualidades do Buscador e o Autoconhecimento para Jung
Se o homem tiver de efetuar uma obra interior, precisará atrair todas suas
forças para o íntimo: terá de recolher sua atenção
de todas as coisas dispersas e concentrar-se. E então terá de existir nele
uma calma,
e também um silenciar. •(15)
Temos todos que percorrer um caminho, longo ou curto, com muitos ou poucos
passos, e com isso preencher alguns requisitos, antes de, realmente, sentirmo-nos seguros na
senda do autoconhecimento em busca do ser integral.
De acordo com Jung, existem certas qualidades que acompanham o buscador em seu
caminho de individuação, tais como humildade, integridade, honestidade e coragem. Agir
com coragem significa pensar, sentir e agir com o “coração”, confrontar dificuldades
externas ou internas, crendo, em nosso interior, que somente o bem resultará da superação
delas, que sairemos triunfantes desta “batalha”. Esta é a conquista de si mesmo! Minha
visão...
Ter coragem é ousar viver plenamente meu potencial, respeitando meu próprio ritmo
e o dos outros. É iniciar algo e reiniciá-lo diversas vezes, se isto for necessário, sem desistir
de minhas metas, apesar de todos os obstáculos que possa, eventualmente, enfrentar,
alterando meu sistema de valores, conceitos, comportamentos, fazendo adaptações e
ajustando alguns detalhes importantes para consecução destas mesmas metas.
Ser corajoso é também aceitar aquilo que sou e descobrir aquilo que desconheço em
mim. Intelectualmente é muito simples efetuar um ato de coragem, entretanto as emoções
ou sentimentos distorcidos muitas vezes me traem ao estar diante de tal tarefa. Medos
superados retornam, no entanto, cada vez que penso estar estagnada, paralisada no meio da
estrada, venço uma pequena barreira e aproximo-me um pouco mais de mim mesma. Ser
consciente de que sou responsável por meus sentimentos e emoções negativos é o meio
mais eficaz para superá-los, encarando-os como desafios para o crescimento de minha alma
e fortalecimento de meu ego.
No momento em que sou consciente que sou o autor de minha história e que minha
vida está em minhas mãos, o medo se transforma em alavanca para ir adiante.
Talvez muito medo corresponda a muita coragem ao mesmo tempo, e já dizia
Aristóteles que a coragem não é o oposto da covardia; ela se situa entre o medo e a
temeridade. Não existe nada além de minha capacidade que me impeça de lidar com uma
situação, logo, apossar-me de meus temores e liberá-los é essencial, pois o medo de agir,
29
muitas vezes, traz consequências piores que a própria ação!
Manifestar exatamente aquilo que sinto para alcançar um sentimento de união interior
e cooperação também com aqueles que me cercam é imprescindível no caminho da
individuação, e gostaria de acrescentar outras qualidades, virtudes de igual peso, tais como
paciência, perseverança, prontidão para o trabalho, dedicação, disciplina, discriminação,
otimismo e sabedoria, e ressaltar que muitas outras também deveriam ser validadas neste
contexto, como por exemplo coração aberto à verdade e livre de preconceitos, a fim de que
possa chegar à verdade interior. Esta mensagem está contida e expressa no hexagrama 61
do I Ching •(16), designado “A Verdade Interior”.
Segundo Jung, como buscador da ligação à numinosidade do espírito, estou
sempre diante de um grande desafio, cuja meta é compreender, com as experiências
vividas de experiências, minha natureza sempre oscilante entre dualidades, tais como
bem e mal, certo e errado, enfim os opostos em minha vida. O reconhecimento sincero e
humilde de que preciso mudar alguns comportamentos auxilia-me na conquista de mim
mesma e assim coopero, gradualmente, com o desabrochar de minhas qualidades
espirituais.
Parece comum, entre os buscadores, a tendência de negligenciar o lado negativo e
escuro do próprio eu e da humanidade. Para Jung, em The Undiscovered Self, todos nós
teríamos grande proveito se conseguíssemos exprimir de modo mais compassivo nossa
percepção e apreciação dos componentes sombrios de nossa personalidade para podermos
chegar verdadeiramente à felicidade e, consequentemente, à real expressão de nosso ser in-
dividual. Isto independentemente de fazermos partes de instituições organizadas do Estado
ou mesmo de que doutrina religiosa nós professarmos.
Certamente este resultado seria o esperado, se vivêssemos num mundo perfeito,
entretanto como isto ainda não corresponde à realidade, não posso negar que ainda
precise- mos, em maior ou menor grau, de um certo apoio para nosso crescimento
pessoal.
Jung acreditava que o ser humano é um todo, mas que a maioria de nós alienou-se
de sua fonte interior e do Universo, perdendo contato com partes importantes de si
mesmo. Pela escuta de nossos sonhos e da imaginação ativa podemos resgatar estas
partes e reintegrá-las. O propósito da vida, segundo ele, é a individuação, processo de
dar forma, expressão e harmonia aos diversos elementos que compõem nossa psique
para que possamos alcançar nosso verdadeiro eu. Cada um de nós tem uma natureza
singular, e a menos que unamos nosso lado consciente e inconsciente entraremos em
desequilíbrio e adoeceremos.
Segundo o renomado psiquiatra, se quero, realmente, chegar à compreensão do
significado das desarmonias em minha vida e do mal presente no mundo, é necessário
30
que entre em contato com tudo que está dentro de mim e me aposse deste conteúdo, de
tudo aquilo que reprimi para ser aceita ex- ternamente. Reconhecer, então, que tudo que
existe dentro da psique pertence a mim mesma é um dos primeiros passos para a busca da
realização pessoal, da harmonia interior e exterior. Minha tarefa consiste, pois, em
ampliar o conhecimento de mim mesma, descer às profundezas de minha alma, fazendo,
então, uma avaliação honesta e verdadeira dos motivos que definem meu caráter e
impulsionam-me a agir. Decorrente desta tarefa de purificação surge, em minha opinião,
a revelação do grande potencial de serviço que posso prestar à minha natureza essencial
e à humanidade.
Reproduzindo as palavras do famoso psiquiatra:
O autoconhecimento é da maior importância, pois através dele nos aproximamos
daquele estrato fundamental, ou âmago, da natureza humana onde se situam os instintos,
onde existem a priori fatores dinâmicos que, em última análise, governam as decisões
éticas de nossa consciência. Só podemos alcançar o conhecimento da natureza através de uma
ciência que amplie a consciência: logo, o autoconhecimento aprofundado também exige
ciência, isto é, psicologia. •(17)
Para Jung, o autoconhecimento é o conhecimento mais absoluto possível do ser
humano. Ele está relacionado à mente, ao comportamento humano, suas ações e reações,
e com certeza, para atingi-lo, não basta apenas a boa vontade! Vi- ver a vida de modo
lúcido é premissa essencial para que me conheça melhor! Somente aprofundando esta
experiência é que concretizo verdadeiras reformas em meu modo de encarar a mim
mesma e aos outros. A partir do instante em que me corrijo, o mundo também se torna
correto, ou não? O que isto significa? Simplesmente que entrar em alinhamento cons-
ciente com aquilo que ainda me é desconhecido corresponde a enveredar por um
caminho solitário durante algum tempo, com o intuito de desenvolver o que ainda me é
necessário para conquista de minha própria individualidade.
Durante os anos em que lecionei numa escola, percebi que muitas das minhas
dificuldades eram provenientes de uma falta de conexão com meu próprio interior.
Desconhecia que existia o mecanismo de projeção, a famosa “Sombra” •(18) que lançava
em outras pessoas, em meus alunos, e tinha a plena convicção de que não existia nenhuma
relação entre o que se passava no meu interior e as situações externas. Rapidamente dei-me
conta de que necessitava fazer uma viagem interna para dissolver, ou melhor, integrar esta
Sombra em minha vida.
Comecei um caminho solitário de busca até que, em 1997, senti-me pronta para a
troca com os outros. Poderia ter sido diferente, talvez exatamente o contrário, entretanto
31
esta inversão, este isolamento trouxe-me percepções que advieram de minhas próprias
vivências. Confirmei muitas delas através de livros, de seminários e cursos em que
participei depois do ano mencionado. Meu Quíron interior se fez sentir muito tempo
antes do mestre externo.
VI- MINHAS PRIMEIRAS
EXPERIÊNCIAS COM QUÍRON
Ao começarmos a vida, cada um de nós recebe um bloco de mármore, bem como as
ferramentas com que transformá-lo numa escultura. Podemos arrastar esse bloco intacto,
podemos transformá-lo em fragmentos, podemos dar-lhe uma forma maravilhosa.•(19)
Meu primeiro envolvimento com Quíron deu-se por volta de 1972, antes ainda de
sua descoberta em 1977, quando meus conhecimentos sobre Astrologia limitavam-se à
descrição das características dos signos solares, portanto nada sabia sobre este corpo
celeste. Houve muitas controvérsias no que diz respeito a ele, como deveria ser nomeado,
se cometa, asteróide, planetóide, e parece que, hoje em dia, divisões ainda existem,
entretanto ele é designado, por muitos, como o maior cometa periódico do sistema solar.
Não creio que a terminologia seja um empecilho para o seu entendimento, considerando
que, para a compreensão psicológica de nosso eu, de nossa personalidade, de nossas
feridas e dons, basta que procuremos conhecê-los, estejamos abertos e receptivos a novos
ensinamentos e possamos vivê-los. Nada substitui nossa experiência individual da
dinâmica energética do psiquismo!
Nos anos anteriores à descoberta de Quíron, e logo após a mesma, a humanidade
teve a oportunidade de expandir sua consciência no que diz respeito à cura. Muitos
caminhos, métodos e técnicas surgiram que aceleraram a compreensão do ser humano.
Falava-se muito sobre canalizações, experiências de estados próximos à morte,
percepção extrassensorial, vida em outros planetas, os “famosos e temidos”
extraterrestres, enfim o mundo todo começava a lidar com assuntos ligados à ampliação
de consciência, consciência cósmica, movimentos da chamada “Nova Era de Aquário” e
muito mais ainda.
Durante muito tempo, inconsciente de que havia algo que obstaculizava minha
relação com os demais, deixei de aproveitar determinadas oportunidades e usufruir de
certos ensinamentos, que naturalmente levar-me-iam a uma dimensão além do ego. Ao
mesmo tempo em que fazer amizades era algo que me atraía, afastava-me do convívio
com o grupo por nutrir sentimentos de que era rejeitada por ele. Este sentimento de
32
separação cresceu a tal ponto que iniciei um processo de aprendizagem autodidata.
Vivenciei diversas experiências de abertura de mente que me levaram a acreditar
num outro tipo de realidade além da que vivia. Senti, fortemente, a ferida de não ser
reconheci- da, quando comecei a relatar sobre acontecimentos relacionados a
experiências fora do corpo, as conhecidas viagens astrais e mentais. Difícil era explicar,
naquela época, em que isto consistia, principalmente por ser este um assunto publi-
camente não explorado e a literatura existente aqui no Brasil ainda muito limitada.
Em virtude da falta de entendimento daqueles que me cercavam, experimentei um
grande processo de introspecção por um longo período, questionando muitas coisas,
rejeitando inclusive minhas experiências, até que o diálogo externo tornou-se um
monólogo. Segui, portanto, o caminho do recolhimento interior, fazendo do silêncio o
meu guia, suportando o preconceito e a solidão por não ser compreendida. Pouco a
pouco, conforme crescia minha segurança interna, foram surgindo livros com muitas
informações que confirmaram muito do que já havia descoberto por mim mesma. Eles
se tornaram, então, os meus aliados. Foi, deveras, algo quironiano que vivenciei,
comprovando mais uma vez que Quíron não é só teoria!
No ano de 2001, para minha surpresa, o tema voltou à tona, quando um de meus
alunos particulares, inexplicavelmente, durante uma aula, relatou-me que desconhecia
como proceder ao ter algumas experiências em que parecia assistir a um filme,
experiências fora do corpo. Não compreendi, no momento, a razão de seu desabafo,
então indaguei-lhe por que acreditava que eu pudesse esclarecer suas dúvidas. Ele
simplesmente replicou que seguira o conselho de sua mãe, ao fazer-me tal pergunta.
Naquele instante fui tomada por um grande sentimento de felicidade que me dizia que
eu existia. Apesar de muito já ter lido sobre o assunto, era esta a primeira vez que
entrava em contato direto com alguém que estava passando por algo semelhante ao que
eu vivera desde a idade de 17 anos. Com certeza este garoto, hoje um homem, foi um
sinal de que eu precisava para continuar confiando em meu caminho, algo que me
fortaleceu em um momento de grande vulnerabilidade em minha vida, e não foi o acaso
que o trouxe até mim. Nosso encontro foi significativo para nós dois. Eu me senti
integrada novamente ao mundo e já era capaz de dizer bem baixinho: EU SOU!
Claro que existem inúmeras explicações para as conhecidas experiências de
“viagem astral”, “viagem da alma”, “projeção do corpo písquico” e não é meu intento
discorrer aqui sobre elas, principalmente porque, embora as pessoas que as vivenciem,
partilhem de algo em comum, estas experiências são únicas e portadoras de significados
diversos na vida de cada uma delas. O que alinha todas as vivências é o sentimento de
expansão de consciência compartilhado por todas, em minha opinião.
33
Estes acontecimentos modificaram completamente minha percepção de mundo e
marcaram o meu renascimento. Sabia que minha existência não consistia somente em
minha vida na matéria, que o corpo era apenas a manifestação concreta de algo mais
profundo, e que eu era muito mais do que aquilo ou de quem acreditava ser. Eu tinha um
corpo, sujeito às leis físicas, que era movido também por algo não restrito a estas mesmas
leis! Naturalmente não fui a primeira a descobrir isto, entretanto eu estava vivendo uma
realidade diferente daquela que havia aprendido dentro das crenças de minha família e
da sociedade. E isto fazia a diferença!
Quíron foi o mestre que, de certa maneira, incentivou-me à ousada e corajosa
busca pelo conhecimento de mim mesma. Ele foi um grande apoio em meu
desenvolvimento, ajudando-me em minha evolução como indivíduo dentro do contexto
maior de que faço parte, mostrando-me que o autoconhecimento é um presente ofertado
à humanidade, que me auxilia na expressão de minha singularidade. Existe, sim, uma
ligação entre mim e tudo que me cerca.
Dedicando-me à autodescoberta, vivenciando, aplicando e praticando o
aprendizado, consigo iluminar o caminho do outro com muito mais facilidade do que
aquele que permanece nas bases teóricas do conhecimento. Todavia, não posso negar
que, clareando o caminho do outro, uma luz acabe, por fim, iluminando também meus
próprios passos! Esta é a magia da vida, ou seja, quanto mais conheço a mim mesma,
mais conheço os outros, e o contrário também procede.
VII - MEU INTERESSE POR QUÍRON E
MEU PONTO DE MUTAÇÃO
Tudo o que o homem empreende para despertar em si o Eterno, ele o faz para elevar o
valor existencial do mundo. Como alguém que está no caminho do autoconhecimento, ele
não é um espectador indolente do todo universal, que fica imaginando coisas que sem ele
existiriam. Sua força de reconhecimento é uma força da natureza superior, uma força
criadora. O que nele relampeja espiritualmente é algo divino, que antes estava encantado
e, sem seu reconhecimento, permaneceria rudimentar. •(20)
Meu ponto de mutação não aconteceu repentinamente, foi algo gradativo que
começou em minha adolescência e culminou em 1995, ao dar à luz a meu terceiro filho.
Muitos acontecimentos me tocaram profundamente, dando-me impulso e coragem para
realizar mudanças e transformar crenças que já não tinham mais valor para mim,
segundo meu novo estágio de consciência.
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Matheus nasceu 18 dias antes da data prevista, e logo após seu nascimento, fui
informada de que ele precisaria passar por um check-up completo a fim de constatar
razão de uma malformação congênita.
Feitos os exames, marcamos a primeira cirurgia para o mês seguinte, sendo que a
segunda seria realizada por volta de 12 meses. Concordamos em escolher a data e,
mesmo não havendo um motivo palpável, sentia-me insegura em relação ao dia
escolhido. Apesar dos meus temores, a operação acabou ocorrendo pouco tempo antes
do primeiro ano de sua vida. Infelizmente ele sofreu em seu braço direito uma
queimadura proveniente do cobertor térmico.
Mais um ano se passa e, novamente, estamos nós preparando-nos para a terceira
operação, quando Matheus, em julho de 1997, acaba sofrendo uma mordedura de um
cachorro no sítio de sua avó. Novamente ignorei meu pressentimento de que algo
aconteceria por acreditar que talvez não fosse intuição, e sim algum medo inexplicável...
Tivemos que sair, apressadamente, do sítio e viemos para São Paulo, onde, felizmente ele
foi submetido a uma cirurgia plástica no rosto, em uma das faces.
Estes fatos marcantes que envolveram a vida de meu filho motivaram-me a
procurar algo relevante em seu mapa natal, por isso aprofundei-me no estudo dos
planetas e porque sabia que algumas ocorrências com acidentes, cicatrização, operação
poderiam estar ligadas a Quíron, conforme pesquisa feita por astrólogos renomados,
prossegui com minha investigação. Meu objetivo em levantar esta questão não é discutir
aspectos astrológicos, e sim, relacionar este corpo celeste à busca de autoconhecimento
e integração.
A partir deste episódio, comecei a dar uma ênfase especial a ele, sempre que tinha
a oportunidade de analisar um mapa natal. À medida que fui colhendo dados, obtive
uma maior segurança ao lidar com um assunto ainda pouco explorado por muitos
astrólogos, o que justifica meu interesse crescente em relação à sua simbologia,
entretanto, obviamente não tenho a pretensão de afirmar que sua análise tenha que ser
obrigatória em uma leitura de mapa. Apenas o é para mim. Quíron é plurivalente,
portanto, e aguça minha curiosidade, incitando-me a envolver-me mais com os temas
ligados a ele e suas experiências.
Voltando a meu relato, apesar de certas resistências, resolvi dar um grande salto
em minha vida, conforme já relatado, ao afastar-me de minha atividade como professora
em uma instituição de ensino. Hoje compreendo que tudo isto foi necessário para o
fortalecimento de minhas crenças, meus valores e para o restabelecimento de minha
autoestima. Aprender a autoconfiança, apesar dos desafios que enfrentei foi, deveras,
uma das maiores recompensas que obtive por ter- me aventurado na grande busca de
minha integração. Seguramente ainda estou percorrendo esta estrada, logo, dúvidas
35
ainda me envolvem, embora elas ressurjam com menor frequência, à medida que
amadureço.
O processo vivenciado esteve sempre envolto por minha grande ferida de rejeição,
já mencionada anteriormente, ferida esta que me acompanhou por muitos anos desde a
infância. A maturidade comprova que aquela criança que sofreu o peso de grandes
responsabilidades e que possuía pouca compreensão dos fatos da vida simplesmente teve
que passar pelas experiências que prepararam o seu caminho, fortalecendo-a para as
mudanças futuras. A dor ficou reprimida durante muitos e muitos anos, até que um dia
veio à superfície, numa época em que eu, certamente, estava mais preparada para
reconhecê-la e enfrentá-la. Com ajuda externa e interna dei início a um grande trabalho
de reforma íntima, que amenizou os efeitos do que me afligia. Isto está indicado por
Quíron, em meu mapa de nascimento e maiores informações sobre o mesmo, nos signos,
serão fornecidas no item x-a deste trabalho.
VIII- QUÍRON
viii.a- O Mestre
Antes de iniciar propriamente a história de Quíron, gostaria de transcrever um texto
sobre mestres e professores, retirado do livro “Histórias para pais, filhos e netos” de autoria
de Paulo Coelho. • (21)
Em um dos textos de “Conversas familiares”, Confúcio descreve um interessante
diálogo a respeito do aprendizado:
Confúcio sentou-se para descansar, e logo os alunos começaram a lhe fazer
perguntas. Naquele dia o Mestre estava bem-disposto, e por isso resolveu responder a eles:
- O senhor consegue explicar tudo o que sente. Por que não vai até o imperador e
fala com ele?
- O imperador também faz belos discursos- disse Confúcio- E belos discursos são
também um questão de técnica; eles não trazem em si a Virtude.
- Então lhe envie o seu livro POEMAS.
- Os trezentos poemas ali escritos podem ser resumidos numa só frase: Pense
36
corretamente. Este é o segredo.
- O que é pensar corretamente?
- É saber usar a mente e o coração, a disciplina e a emoção. Quando se deseja uma
coisa, a vida nos guiará até ela, mas por caminhos que não esperamos. Muitas vezes nos
deixamos confundir, porque esses caminhos nos surpreendem- e então achamos que estamos
indo na direção errada. Por isso eu disse: deixe-se levar pela emoção, mas tenha a disciplina
de seguir adiante.
- O senhor faz isso?
- Aos quinze anos, comecei a aprender. Aos trinta, passei a ter certeza do que
desejava. Aos quarenta, as dúvidas voltaram. Aos cinquenta anos, descobri que o Céu tem
um projeto para mim e para cada homem sobre a face da Terra. Aos sessenta, compreendi
este projeto e encontrei a tranquilidade para segui-lo. Agora, aos setenta anos, posso
escutar meu coração, sem que ele me faça sair do caminho.
- Então, o que o faz diferente dos outros homens que também aceitam a vontade do Céu?
- Eu procuro dividi-la com vocês. E quem consegue discutir uma verdade antiga com
uma geração nova deve usar sua capacidade de ensinar. Esta é a minha única qualidade: ser
um bom professor.
- O que é um bom professor?
- O que examina tudo o que ensina. As ideias antigas não podem escravizar o homem,
porque elas se adaptam e ganham novas formas. Então tomemos a riqueza filosófica do
passado, sem esquecer os desafios que o mundo presente nos propõe.
- O que é um bom aluno?
- Aquele que escuta o que eu digo, mas adapta meus ensinamentos à sua vida e nunca
os segue ao pé da letra. Aquele que não procura um emprego, mas um trabalho que o
dignifica. Aquele que não busca ser notado, e sim fazer algo notável.
Por esta razão, muitas vezes, emprego a palavra Quíron no lugar de Mestre. E é
este o seu papel, o qual interior ou exteriormente, indica-me a senda, procurando alertar-
37
me quanto aos perigos que enfrentarei em direção ao eu, sem, no entanto, enfatizar meus
pontos fracos, depositando total confiança em mim, mesmo sabendo que poderei,
eventualmente, desviar-me de meus objetivos, contudo deixando-me livre para escolher o
rumo que quiser. Ele não se perde em considerações irrelevantes, não acentua minhas
imperfeições, por isso é o verdadeiro mestre, o qual, segundo Goethe, é aquele que ensina
aquilo que sabe, sabe o que ensina e reconhece quando não sabe, tendo também disposição
para aprender.
Quem são os genuínos mestres?! Em minha opinião, são todos os que contribuem
para minha busca de totalidade, reconhecem-me por aquilo que sou realmente e me
estimulam ao autorreconhecimento e reconhecimento de meu lado “brilhante”,
conduzindo-me ao autêntico mestre, meu próprio eu interno, meu Eu Superior. O
legítimo mestre não mede o fracasso ou o sucesso pela aparência externa, ele sabe que o
aprendizado ocorre, muitas vezes, em algum outro nível... Ele também educa no real
sentido da palavra, isto é, ele não tenta encher de conhecimentos e informações um
recipiente vazio, e sim retira do interior do discípulo algo que já está presente nele,
pronto para emergir! O mestre no real sentido da palavra é o que forma outros mestres!
Mestres são os livros, meus talentos e deficiências (minha Sombra), os amigos, os
conhecidos, os terapeutas, os psicólogos, os médicos, os professores, aqueles que
considero inimigos, enfim, são todos os sinais que recebo em meu dia-a-dia que me
apontam a direção de minha viagem e que me levam à ampliação de minhas percepções.
A jornada a trilhar é, muitas vezes, solitária em grande parte, conforme já dito, e são
meus recursos interiores que provêm minhas necessidades mais prementes.
Quíron ultrapassa, consequentemente, o conceito que a maioria de nós tem de
“mestre”, quando me leva à autorrealização por meio da união holística entre paixão e
razão, entre sentimento e intelecto, entre feminino e masculino, entre meu lado material
e espiritual, entre a vida e a morte, entre Anima•(22) e Animus •(23).
Quíron mestre utiliza-se das informações apenas como referência ou
esclarecimento, guiando-se pelo seu eu interior, levando-me à cura e induzindo-me a
uma abertura de consciência, a uma expansão capaz de transcender e abarcar o dualismo
existente em minha cultura, sem no entanto excluí-lo, pois ele é a síntese dos opostos
dialéticos, o iniciador, o guia para a Busca, o profeta, o mestre em astrologia, o que
ensina os segredos da cura, o caçador, o músico, o mentor interior e exterior, o revelador
do “Caminho do Meio”, tão conhecido entre os orientais, aquele que me auxilia a ser
independente, ensinando-me a viver integralmente segundo minha essência e
preparando-me a caminhar, conscientemente, em direção à transformação, à morte.
Ele tem a habilidade de ver além das aparências, identificando meu Dom de cura e
despertando-me para a consciência de meus potenciais latentes, os quais se tornaram inaces-
38
síveis em virtude do mau uso de minha mente racional, acostumada a somente reagir fren-
te a desafios enormes. Ah, se eu usasse minha criatividade de modo mais consciente a fim
de vivenciar mais harmonia em minha vida... Oxalá ousássemos todos nós alçar a planos de
evolução mais elevados e víssemos a realidade maior que deliberadamente deixamos que se
escondesse diante de nosso próprio nariz! A capacidade de elevação a que sou induzida
provém de uma atitude de análise e observação de mim mesma, de objetividade e
afastamento e é de grande valia na formação de um centro de consciência que atua como
ponte entre meu ser real e minha personalidade.
Pela oportunidade de acessar novas informações e travar relacionamentos
significativos e profícuos com diferentes pessoas, Quíron propicia-me meios adequados à
realização de um comprometimento com o universo, não deixando que me perca no
emaranhado das dualidades com que me defronto constantemente. O que ele considera é
se a direção que sigo é a mais adequada ao meu crescimento, em harmonia com toda a
rede planetária que me circunda.
Seguir Quíron é colocar-me numa postura de inocência, de pureza de criança e de
impessoalidade, sabendo que minha não interferência no fluxo dos eventos, pelo contato
com meu mestre interno, suprirá minhas verdadeiras necessidades, e levar-me-á mais
perto da integração por que tanto anseio.
Quíron rege a cura com as mãos, os cristais, a alquimia da iniciação, qualquer
alteração efetiva do corpo pela mente ou espírito, graças ao encontro de nosso guia. Rege
todos os processos que permitem construir a forma saturnina na Terra e, depois, trazer a
consciência superior- luz branca de Urano- e a energia para essa forma. Essa energia está
presente na Terra desde a descoberta de Quíron” •(24)
Como e com que velocidade iremos incorporá-la, esta questão ainda permanece
sem resposta... Todavia é chegada a hora da revelação de nossa Luz interna e da
manifestação de nosso lado Divino. T. S. Eliot dizia que a vida são muitos dias,
entretanto nós queremos vivê-la crendo que ela vá fugir como areia em nossas mãos,
fazendo do nosso presente uma grande prisão e esquecendo-nos de que tudo passa, tudo
muda... Nosso mundo sofre constantes mudanças, porém a essência verdadeira
permanece a mesma... O novo milênio traz consigo reviravoltas em nosso viver, e nós
continuamos nos debatendo com os mesmos problemas e conflitos que nossos
antepassados de séculos atrás... A hora da grande transformação já chegou, e muitos de
nós já estão engajados neste processo!
Concluindo, somos todos mestres e aprendizes e ensinamos melhor o que
precisamos aprender!
39
viii.b - O Mito
Somos a ponte para o sempre arqueada sobre o mar, buscando aventuras para nosso
prazer, vivendo mistérios, provocando desastres, triunfos, desafios, apostas impossíveis,
submetendo-nos a provas uma vez ou outra, aprendendo o amor.•(25)
Quíron renuncia à sua imortalidade e, conscientemente, coloca-se diante de algo
tremendamente temido pela grande maioria de nós. Qual o significado de tal atitude? O
que podemos aprender com seu gesto de sacrifício, assumindo o lugar de Prometeu, que
fora destinado a sofrer por ter ousado desafiar os deuses? Vamos ao mito...
Existem algumas versões diferentes do mito de Quíron, porém para matéria de
estudo preferi optar pela seguinte. Aos interessados nas diversas versões recomendo os
livros de Richard Nolle, Barbara Hand Clow e Melanie Reinhart, três estudiosos do
grande Centauro •(26).
Na mitologia grega, Quíron é um centauro, ou seja, metade homem, metade cavalo,
fruto da união ilícita de Saturno e Filira, uma das filhas de seu irmão Oceano. Diz o mito
que Saturno, muito discretamente, assume a forma de um garanhão para poder
relacionar-se com sua sobrinha Filira, contudo, apesar do disfarce, sua mulher, Réia,
surpreende-o copulando com Filira. Esta é sua origem, que, logo após o nascimento, é
rejeitado por sua mãe, devido à sua aparência repulsiva. Filira roga aos deuses que o
levem embora, ao que eles acedem, transformando-a, contudo, em um limoeiro.
Quíron, filho da terra (Saturno) e da água (Filira), foi educado pelos deuses, e
Apolo tornou-se um de seus aprendizes/instrutores principais. Ele o instruiu em diversas
atividades tidas como relevantes na formação de um herói e que combinavam elementos
masculinos e femininos, prezando a integridade da natureza humana, tais como artes
curativas, música, ética, caça, astrologia, bem como aprendizado de guerra, profecia,
entre outras.
Pouco sabemos de sua vida particular, somente que contraiu matrimônio com
Chariclo, uma deusa das águas, com quem teve uma filha chamada Téia e que habitava
as florestas da Tessália juntamente com seus companheiros centauros, a quem liderava.
Quíron, diferentemente daqueles de sua espécie, considerados fanfarrões, não
civilizados e violentos, foi reconhecido por sua grande sabedoria e percepções singulares, por
isso muitos deuses o procuraram para que se tornasse o professor, o mentor de seus filhos,
alguns dos conhecidos heróis de nossa história, tais como Asclépio, Aquiles, Jasão e Hércules,
entre muitos outros. Ele os preparou para a vida, em todos os sentidos, unindo técnica e ética
e utilizando-se de todos os conhecimentos que aprendera com os deuses, para que eles, com
40
suas habilidades individuais e talentos singulares realizassem seu propósito de vida e, desta
forma, servissem também à humanidade.
Conta o mito que Hércules, em um de seus trabalhos, a caminho de uma grande
tarefa, passa por Tessália quando decide pedir um conselho a Quíron. Enquanto aguarda
sua chega- da, bebe despreocupadamente com um dos centauros. Outros, sentindo o cheiro
da bebida, ficam enfurecidos e vêm em sua direção. Apavorado, Hércules começa a lançar
flechas envenenadas para todos os lados, uma das quais acaba ferindo, acidentalmente, a
perna de seu querido mestre. Interessante notar que ele é ferido na sua parte animal,
instintual.
O Mestre Centauro, portador do Dom da imortalidade concedido por todos os
serviços que prestara, passa sua vida procurando, em vão, algo que amenize sua dor. A
ferida não pode ser curada, nem mesmo com todas as habilidades e técnicas de cura que
aprende durante este processo todo, logo ele somente encontra liberação de seu
sofrimento ao decidir sacrificar sua imortalidade em troca da liberdade do imortal
Prometeu. Este, acorrentado a uma pedra com abutres a lhe bicarem, cotidianamente, o
fígado, ousara roubar o fogo dos deuses e fora, em virtude deste ato, castigado e banido
para o mundo subterrâneo. Hércules intercedeu por Quíron que assumiu o lugar de
Prometeu.
Quíron abre mão de seu poder, de sua imortalidade por Prometeu. Será que
podemos presumir deste feito que ele sentiu que a dor de Prometeu era maior que a sua,
ou simplesmente queria libertar-se da agonia de ser imortal?! Na verdade, parece que
ambos necessitavam de ajuda mútua para cumprir sua função no mundo, e qualquer que
tenha sido o motivo da escolha de Quíron, ela lhe trouxe a morte, a cura, e seu meio
irmão, Júpiter o colocou no céu na constelação de Sagitário (ou Centauro?).
A sabedoria terrena foi elevada aos céus, e a sabedoria celestial desceu até a terra!
Não estaria Prometeu nos transmitindo a mensagem de que a luta, a dedicação
individual é imprescindível para nosso crescimento em busca de integração, ao mesmo
tempo em que a obediência e respeito a uma autoridade superior também o são?
Inexistem limites para a atuação do Divino na Terra, fronteiras para nossa mente, con-
tudo algumas limitações terrenas devem ser levadas em conta em nossa atuação física.
O Mestre Centauro, renunciando à sua imortalidade, demonstra, a meu ver, uma
grande sabedoria na aceitação consciente de seus próprios limites. Parece que houve um
reconhecimento interno de que já havia feito o possível para a cura de sua ferida. Ele
também reconheceu o outro neste processo. O que mais lhe restava a fazer?! Reporto-
me aqui à prece da Serenidade, atribuída ao teólogo americano Reinhold Niebuhr, que
me lembra de pedir a Deus/ à Força Maior/ à Luz, Serenidade para aceitar as coisas que
não posso mudar, Coragem para mudar aquilo que posso, e Sabedoria para reconhecer a
41
diferença. Muitas vezes aceitamos o que não conseguimos mudar somente depois de
várias várias tentativas fracassadas.
Existe um todo em harmonia no momento em que cada um de nós encontra o
Reino de Deus dentro de si e, desta maneira, seu lugar no mundo, o que para mim
significa uma postura interior diante dos acontecimentos, postura esta em sintonia com
este reino. “A consciência de si mesmo” é deveras um sinal de que estamos a caminho da
evolução, entretanto, acredito que a consciência cósmica, isto é, a percepção de que o
reino de iluminação se encontra em meu interior, é que me levará a patamares cada vez
mais elevados, para que possa trabalhar aqui na Terra com instrumentos tão puros quanto
os de planos superiores. Pretendo com isso salientar que me baseio, aqui, na filosofia de
vida que diz que dispomos de outros corpos além de nosso corpo físico, todos
interconectados, embora em dimensões diferentes, para o desempenho de uma única
tarefa. Integrá-los é realizar minha missão.
O mito evoca em mim uma profunda ressonância, e sinto-me ligada fortemente à
sua simbologia, seja esta a do Mestre Interior e Exterior, como a do Curador Ferido.
Mui- to provavelmente existem tantas interpretações significativas para ele quanto é o
número de pessoas que possam lê-lo.
Quíron habita uma caverna e vive, de modo solitário, em contato próximo com a
natureza, o que me leva a refletir no papel que ele desempenha em minha consciência.
Quantas vezes tenho necessidade de isolar-me de minhas atividades rotineiras para poder
usufruir o que a natureza, externa e in- terna, oferece-me? Afastar-me da civilização e
recuperar o elo com a vida é essencial para que possa ser eu mesma. Talvez isto reafirme
em mim a certeza de que o verdadeiro mestre esconde-se em meu interior, e é lá que,
seguramente, hei de encontrá-lo sempre que necessitar de sua ajuda.
A natureza é o espelho de minha consciência. Ela trava longos diálogos comigo, o
tempo todo, seja servindo-se de meu próprio corpo, como também utilizando tudo que
está ao meu redor. Imaginar-me perto do mar, deixar que suas águas fortaleçam-me,
equilibrem minhas emoções, e transportem- me para um mundo de alegria; sentir o sol,
o entusiasmo que ele transmite e permitir que ele ilumine meus passos, purificando
minhas intenções, concedendo-me luz, calor e segurança; usufruir a fortaleza e quietude
das montanhas, o poder e a integridade das florestas e do solo e entregar-me à leveza e
sutileza do ar que me envolve, que me torna flexível, tudo isso é motivo de
agradecimento. Sincera gratidão por estes presentes à minha disposição que cooperam
com o plano maior para que eu também preste meu serviço com prazer e alegria!
Quíron leva-me diariamente a um alinhamento com o plano terreno e divino,
como medida de prevenção, premissa para um viver harmonizado e conhecimento do
amor presente em mim e em todos ao meu redor. Faço parte do plano Divino e posso ser
42
útil a ele exatamente como sou! Como mediadora entre o céu e a terra, contenho em mim
estes dois princípios e sou capaz de ligá-los e mesclá-los, resgatando o contato com meu
lado terreno instintual e interior que contém poderes adormecidos há muito tempo.
Cuidar do meu corpo para que ele se torne tão harmonioso, bonito e saudável como
o de muitos animais de nosso planeta, ainda não contaminados com os vícios do progresso
da humanidade, e recuperar a sintonia com meus cinco sentidos para que eles sejam
também indicadores daquilo que se esconde à primeira vista, tudo isso possibilita a
conexão com a energia dos céus e desperta minha consciência espiritual. Como homem,
intermediário entre matéria e espírito, sou impulsionado, desta maneira, a atingir a
perfeição humana, se ela existir...
Quíron resume, portanto, o poder que integra o lado humano instintual de meu ser a
um todo maior, mais harmonioso. Ele é ferido em sua parte animal, portanto é ali que reside
sua força, nossa força! Como usá-la corretamente? Como conceder uma atenção maior a
meus instintos, a minha intuição “física”, a meu corpo e aos sinais que ele me transmite
diante das situações que vivencio? Quantas vezes não negligencio as mensagens
recebidas? Calo minhas dúvidas, renuncio ao poder interior e o transfiro a outros porque
desaprendi, com o passar do tempo, a confiar naquilo que tenho de mais concreto aqui na
Terra, ou seja, meu corpo, o templo de meu espírito.
Inúmeras vezes tive que negar minha natureza “animal” porque precisava parecer
“civilizada” aos olhos dos outros e conformar-me às regras de boa conduta da sociedade.
Tudo isso para concluir que não existem separações entre corpo, mente e espírito, pois
se me esqueço de minha “casa”, certamente viverei insatisfeita, incompleta. Se, por outro
lado, abafo o Eu interno, meu corpo também padecerá...
Conectar-me aos aspectos instintuais de meu corpo não é o bastante. É necessário
que me sintonize com sua orientação e aja de modo coerente e integrado, seguindo o que
ela me transmite. Somente assim a cura será resultante da harmonização das polaridades
que Quíron traduz. Pensamento e ação! Não posso deixar de referir-me à palavra
“Quíron”, cuja raiz contém o significado de “mão”. “Mão”, por sua vez, tem em sua raiz a
palavra “mente”, portanto mente em ação poderia muito bem definir o seu papel!
Ele vai além da racionalidade e acessa outras dimensões de tempo e espaço. O
resgate da comunicação com meu corpo está estreitamente ligado ao resgate de minha
natureza intuitiva. A sabedoria do físico é ilimitada, e a comunhão do corpo e mente
salva e cura os dois! Embora tenhamos todos nós maltratado nosso templo, ele ainda
tenta, repetidamente, travar uma ligação conosco, alertando-nos para aquilo que precisa
urgentemente ser modificado, se quisermos viver em harmonia. O corpo pede,
constantemente, nossa atenção, suplica para que não o negligenciemos, e Quíron,
atingindo níveis altos de expressão, atrai para nós, do mundo superior que acessa, instru-
43
ção, equilíbrio e cura. Este grande mestre nos concede igualmente novas oportunidades
de reconexão com nossa alma, com nosso eu profundo!
Uma vez completa nossa formação não há mais necessidade de intermediário e
podemos, desta maneira, como os heróis, prosseguir em nossa tarefa como servidores da
humanidade, ajudando na cura de outros. Neste sentido, vemos que símbolo expresso por
Quíron realmente contém em si dois significados: aquele ligado ao indivíduo e o que lhe
é peculiar, e aquele que vai além da própria pessoa, que a liga ao trans- pessoal. Como
entrar em alinhamento com nossos anseios e impulsos materiais ao mesmo tempo em
que nos abrimos a algo transcendental?! Haveremos, um dia, de descer, então, ao mundo
subterrâneo, o inconsciente, assim como Quíron o fez, a fim de enfrentarmos nosso lado
escuro, o lado que desafia o poder divino, que não é necessariamente algo negativo,
conforme já mencionado anteriormente. Integraremos, desta maneira, nossa grande
Sombra e entregaremos nosso corpo a este poder.
Retomamos a posse de nossa consciência, provavelmente, quando estamos bem
estruturados e podemos contatar nossa natureza “animal”, liberando tudo aquilo que re-
primimos na formação de nosso Ego, de nossa Persona. Este termo foi utilizado por Jung
para definir o modo como nos adaptamos à sociedade e sobrevivermos. Certamente
todas as máscaras que usamos para tal, todas as nossas projeções- as chamadas Sombras-
são instrumentos necessários à conquista de nosso autoconhecimento, pois vemos em
nossa realidade externa reflexos do que se passa em nosso interior, e isto nos ajuda no
processo de autodescoberta. Sallie Nichols, em seu livro Jung e o Tarô, diz que o
conhecimento de nossas sombras, daquilo que está escondido em nosso inconsciente,
ajuda-nos a empregar estas mesmas energias reprimidas anteriormente em algo mais
criativo, o que nos leva a encontrar coragem e força para penetrar mais intensamente em
nosso lado sombrio e entrar em contato com imagens mais tenebrosas.
Quanto mais conscientes somos, maior a Sombra que projetamos no mundo
exterior, diz-nos Jung. E quanto mais me dedico à autoconsciência, confrontando as
partes de mim que não pude ou não ousei encarar, tanto maior é minha sensação de
perda, creio eu. Meus objetivos pessoais abrem espaço para que expanda meu horizonte
e me envolva com algo maior e, embora minhas dificuldades não diminuam, elas
aparentam ser diminutas em vista daquilo que presencio no mundo. Minha reação a elas
é o que muda completamente. Esta transição mostra-me que existe uma maior união
com todos que me circundam, o que certamente me aproxima de uma segura plenitude,
que não significa sinônimo de perfeição, devo acentuar. Alcanço, todavia, um maior
bem-estar geral porque sei que faço, então, parte de um todo unificado.
Unir meu lado instintual e espiritual, corpo e mente, é deixar que haja um
intercâmbio intermitente entre eles, é entregar-me ao poder do céu e da terra, permitindo
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que a natureza se expresse como lhe é de direito, sem negar a sua essência primordial,
que é rica e abundante.
Quíron se doa, e nesta doação, ele alcança a liberdade, o fim de seu sofrimento,
principalmente porque ele vai em direção à morte de modo consciente. Outras mortes
simbólicas existem! Elas apenas significam, no entanto, um degrau para um próximo
patamar. Podemos estar bem informados sobre este acontecimento, podemos até seguir
certos passos para que tudo entre em harmonia, entretanto somente a experiência da
transformação é que nos trará a sabedoria de vida. Somos capazes de ir em direção a ela e
às mudanças de maneira mais alerta e consciente? Que recompensas poderão advir
destas vivências? Sempre que recebemos as pequenas mudanças como um fato natural
em nossas vidas, acolhemos também todas as experiências maiores, sem dúvida alguma,
afinal tudo é um fluir constante... É esta uma das grandes mensagens de Quíron, que nos
estimula a um renascimento!
Que lição podemos aprender com este corpo celeste em nosso mapa natal? Nossa
ferida é nosso Dom, dizem alguns pesquisadores do grande astro, e sua aceitação é algo
imprescindível ao trabalhador da humanidade, pois deste modo ele se aproxima mais da
harmonização de seu lado espiritual criativo e seu lado prático terreno! A dor, que surge
do atrito entre nosso impulso inato de evolução e nosso ego que apresenta certa
resistência a este desenvolvimento, nada mais é do que um processo natural de
crescimento e aperfeiçoamento. Quanto mais próximos estamos nós de nossa
autorrealização, tanto mais se faz necessário que consigamos abarcar os vários aspectos
contraditórios que formam nossa personalidade. Não é anormal que sintamos algum
desconforto e certos desequilíbrios que podem desencadear, por fim, algum tipo de
doença e são estas desarmonias que escondem a perfeição de nosso interior.
Quíron abre mão de sua imortalidade, ao mesmo tempo em que se torna imortal! É
transformado em uma constelação, e seu talento para a cura certamente advém da
consciência da dor vivenciada em si mesmo e da compaixão pelo sofrimento alheio. E o
sacrifício empreendido por ele não será uma grande prova de seu amor pela
humanidade?! No esquecimento de si mesmo ele encontra sua própria redenção... Ou
será que a sua busca o colocou diante do todo para que ele pudesse realmente
compreender que não está separado do mesmo?! Como podem minhas necessidades
reais divergirem das necessidades do todo maior? Até que ponto estas prioridades
individuais são consideradas realmente egocentrismo, egoísmo?! Seguramente o ego
interpreta nossos atos e os alheios de acordo com a superfície das aparências...
Embora tudo isso seja fator de muitas discussões, sacrifícios desmedidos ou
prolongados além do necessário ao aprendizado das lições evolutivas, certamente, terão
pouco efeito, a meu ver, se houver uma anulação do indivíduo para crescimento do
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outro. A ferida pode ser um sinal para que respeite meus limites e rume de modo salutar
à integração. Quíron acentua a atenção ao próprio ritmo de crescimento e aí reside o seu
papel de Mestre! A dor é inevitável, contudo o sofrimento é uma escolha.
Proponho aos leitores uma questão sobre a qual é essencial que reflitamos e que
diz respeito à dor de Quíron. Acreditamos, realmente, que ela é acidental e incurável?!
Em outras versões do mito parece que é o próprio Quíron que se fere acidentalmente...
Não poderíamos supor que nascemos em uma determinada época para cooperarmos com
a redenção de toda a humanidade, assumindo um pouco da carga de nossos irmãos,
companheiros de viagem? Como posso acreditar que alguém me fere propositadamente
se este alguém também se sente ferido? Se considerarmos que o mal nada mais é que
simples inconsciência, ignorância relacionada ao uso de nossas energias e uma força tão
neutra quanto a força do bem, é possível que o ferimento seja mesmo acidental....
O fato de Quíron ter sido redimido pelos deuses e ascendido aos céus, significa
que houve verdadeiramente uma cura?! Afinal, a morte, seja ela usada no sentido literal
ou mesmo simbólico, é uma transformação, uma maneira de nos tornarmos inteiros,
plenos, dentro dos limites em que estamos todos inseridos, e este é o verdadeiro sentido
de “cura”, em minha opinião. A partir do momento em que sou capaz de enxergar e
expressar claramente aquilo que sou, com meus defeitos e qualidades, as dores e
conflitos se dissolvem e restabeleço, ao mesmo tempo, minha conexão com a vida eterna,
com a cura, embora aos olhos do ego, talvez o julgamento seja diferente. Morte, neste
sentido, é reorientação, renascimento.
Vamos, portanto, ao conceito de Cura.
viii.c- A Cura e os Curadores
CURA (D.H.Lawrence)
Eu não sou uma máquina, nem um conjunto de várias peças.
E não é porque a engrenagem não está funcionando bem que eu estou doente.
Eu estou doente devido às feridas em minha alma, profundas feridas emocionais,
que persistem há muitos, muitos anos.
Somente o tempo, a paciência e um certo arrependimento
podem ajudar.
Um longo e penoso arrependimento, percepção dos erros que cometemos
na vida, e a liberação da infinita repetição do erro que a humanidade em
geral
escolheu santificar.•(27)
46
O que é Cura? Falar em autoconhecimento, sem mencionar o significado de cura,
seria desconsiderar tudo que está estreitamente ligado a este tema. Acho que a grande
maioria já está familiarizada com o conceito de cura. Um instrutor um dia me disse que,
em inglês tanto “curar” – to heal - como “pleno”- whole-, “sagrado”- holy, partilham da
mesma raiz, portanto poderia dizer que estar curado é sentir-se inteiro, sagrado, pleno.
Agora, o que isto realmente significa para cada um de nós? Realizei uma pesquisa há
algum tempo, perguntando a algumas pessoas como elas definiriam a palavra, e gostaria
de transcrever, de modo resumido, suas respostas, segundo suas experiências de vida.
Cura, é ser paciente, é ter harmonia, sentir harmonia em meu corpo físico, é bem-
estar, é pensar positivamente, é ter paz interior, é resgatar o potencial para ser feliz, é
buscar o outro, é reconhecer minhas fraquezas, é libertação de meus sentimentos de
culpa e frustração, é saber que estou ligado a Deus, é perder o medo da morte, é saber
tomar decisões, é expressar minha raiva de modo criativo, é demonstrar prazer em
viver, é ser alegre, é ousar mais, é ter desapego, é aceitar as transformações e a morte!
Para mim, particularmente, estar curada é “ser”! É conseguir dizer que “existo”,
que sou real neste mundo, e que posso expressar minha natureza sem medo ou culpa. É
liberar bloqueios que se transformam em energia criativa nas situações que estou
vivendo. É caminhar para o novo segundo minha essência interior. É equilibrar os
diversos níveis de meu ser, e tentar estabelecer uma comunicação entre eles. É ter
consciência de que tudo aquilo que me faz resvalar corresponde, na verdade, a um
impulso para “ser”. É saber que sou amada sem justificativas, sem necessidade de
realizar grandes feitos. É poder ser como sou, certamente adaptando-me aos outros a
meu redor, mas jamais escondendo aquilo que se passa nas profundezas de meu ser,
todas as vezes em que eu sentir que isto é importante que eu manifeste. É ousar
expressar a minha verdade procurando não magoar os outros, é equilibrar minha
natureza agressiva, canalizando este impulso para concretizar aquilo que gostaria de ver
no mundo. Em poucas palavras, a cura começa por mim mesma! E é dentro do mais
profundo de meu ser que ela se concretiza primeiramente.
Se eu prosseguisse com a realização desta pesquisa, entrevistando mais pessoas,
provavelmente surgiriam inúmeros outros significados, levando em conta que cada um
formou dentro de si um conceito de “cura” que corresponde a sua bagagem interior. É
esta a singularidade do Mestre, e o modo como ele se apresenta a nós.
A busca da cura também depende do nível de entendi- mento do indivíduo. A
maioria das pessoas talvez recorra à medicina tradicional, uma porcentagem delas vão
fazer uso também de tratamentos alternativos e complementares; algumas vão se servir
47
da psicologia, psicoterapia e afins, e outras, ainda, vão conectar-se com os níveis
internos de seu próprio ser para receber do mesmo a energia curadora da harmonia e da
integração.
Viver em estado de cura seria poder sempre dirigir minha atenção para além de
seus limites formais e me dar conta de minha própria essência, é o que nos diz
Trigueirinho, em uma de suas palestras. Segundo ele, ela nasce do silêncio daquele que,
após ter-se esvaziado, volta-se para o Alto e se deixa preencher pelo que lá encontra.
Seguindo sua linha de raciocínio, a partir do momento em que o ser eleva sua
consciência a níveis superiores e, de lá, traz consigo um sentimento de calma, luz e
pureza de força divina, tem início o seu restabelecimento físico. Certamente esta luz da
consciência elevada e o poder que de lá advêm iluminam e estimulam as regiões
inferiores, seus aspectos mais densos, e assim ele pode lidar com eles sem muito
sofrimento, de modo equilibrado, para que a regeneração e a recuperação se
estabeleçam.
Considerando diversos relatos de curas efetuadas com o uso de instrumentos
cirúrgicos e aquelas alcançadas pelo próprio paciente, com sua cooperação consciente
ou inconsciente, parece que é quase impossível constatar de que modo são obtidas mais
recuperações. Um considerável número de pessoas livra-se de doenças servindo-se
somente de hipnose, autossugestão e outros métodos que não os científicos. Há alguns
anos li um artigo na Internet publicado no New England Journal of Medicine que dizia
que apenas a simulação de uma cirurgia no joelho, com a realização de quase to- dos os
procedimentos empregados numa artroscopia, é capaz de eliminar dores advindas de
artrite. Experimentos foram conduzidos nos Estados Unidos, no Centro Médico Houston
Veteran’s Affairs, onde incisões foram feitas, sem a retirada da cartilagem deteriorada, e
pacientes submetidos a esta operação “placebo” mostraram os mesmos resultados que
aqueles que receberam tratamentos ortodoxos, tais como infiltração e artroscopia.
Falar sobre este assunto e não mencionar um dos grandes curadores da
humanidade faria de meu trabalho algo incompleto, por isso creio ser interessante citar o
estudo de Paul Brunton, que nos diz que Jesus curava o homem interior, estimulando
transformações em seus sentimentos e crenças, orientando-o em direção a um caminho
espiritual. Jesus era o instrumento de sua graça, e a saúde retornava ao seguir os
ensinamentos do grande Mestre, entretanto, ainda segundo Brunton, nem todas as
pessoas tiveram suas saúdes restabelecidas, já que não se pode impor uma aspiração
espiritual em ninguém, contra sua vontade.
Não há dúvida alguma, que incorreríamos em erro, caso abordássemos as doenças
superficialmente, criando generalizações sobre as mesmas e suas possíveis causas,
atribuindo a recuperação da saúde e o restabelecimento dos doentes à eventual fé que
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eles possam possuir, simplesmente porque isto geraria uma grande frustração e
infelicidade naqueles que não conseguem se recuperar novamente! Sem contar que
também já ouvi a afirmação de que existem doenças evolutivas, todavia não tenho
argumentos e muito menos conhecimento para discursar sobre o assunto, portanto só
posso declarar que é muito provável que nossas crenças tenham um efeito positivo sobre
a mente e esta sobre nosso corpo, entretanto, dizer que estamos doentes por falta de fé,
de força de vontade, de autoestima, isto seria sinal de muita presunção, a meu ver.
Poderíamos supor, por outro lado, que somente a fé seja motivo para obtenção da melhora
total de todos os tipos de doenças?! Desconheço a resposta...
Considerando-se as diversas causas atribuídas aos distúrbios e doenças é possível
que uma das principais seja real- mente decorrente dos conflitos entre o Eu Espiritual e
o ego. Talvez estes desequilíbrios possam ser interpretados segundo o grau evolutivo do
indivíduo em quem eles se manifestam.
Contudo, como não é meu intento analisar profunda- mente o tema “Cura”, deixo a
questão aberta para futuras pesquisas...
Aquele que cuida de si, que está receptivo a novas experiências, que tem
disposição para receber o inesperado, que tem coragem para se libertar de padrões
cristalizados talvez seja um verdadeiro curador da humanidade, oferecendo um grande
“presente” a si mesmo e ao outro: A oportunidade do “presente”, isto é, de se viver o
momento, o aqui e o agora. E neste “presente” há o encontro com a fonte da Sabedoria, o
ponto do equilíbrio de todas as dualidades, o vazio, o desapego, o amor...
Toda e qualquer experiência que me envolve também inclui outros que podem
precisar do mesmo ensinamento que eu, por isso compartilhar minhas vivências, meu
ser- mesmo que no silêncio-, é algo muito frutífero para todos que participam das
mesmas. Isto indica autenticidade, empatia, afeto, confiança, respeito e abertura diante
de outro ser, independentemente do tipo de relação que mantenho com o mesmo,
principalmente porque nossas necessidades são, de certo modo, similares. Para que
possa entrar em contato íntimo com ele, e para que aquilo que é dito encontre certa
ressonância em seu interior, hei de ter desapego em relação aos resultados. Dedicação e
amor são componentes também essenciais dentro de qualquer parceria que me auxiliam
a ou- vir o outro, mobilizar seu potencial interno de cura e ajudá-lo a nascer novamente,
entrando em contato com sua simbologia interna, com sua própria natureza interior.
Considero interessante reproduzir o seguinte texto de Carl Rogers •(28):
Quando meu estado é ótimo, seja como facilitador de grupo ou como terapeuta,
descubro outra característica. Quando consigo aproximar-me ao máximo do meu íntimo e
49
intuitivo mim-mesmo, quando de algum modo entro em contato com o desconhecido em
mim, quando me encontro talvez em um esta- do ligeiramente alterado de consciência, faça o
que faça pareço possuir propriedades curativas. Em tais circunstâncias, minha simples
presença é liberadora e útil aos demais. Nada posso fazer para forçar esta experiência,
porém, quando consigo relaxar-me e aproximar-me de meu núcleo transcendental, minha
conduta torna-se estranha e impulsiva, sem justificativa racional, nem vínculo algum com os
processos de meu pensamento. Sem dúvida, este estranho comportamento, de algum modo
singular, acaba sendo correto: é como se meu espírito interno se estendesse para alcançar o
do meu interlocutor. Nossa própria relação transcende e se integra a algo mais amplo. Nos
encontramos então ante a presença de um profundo crescimento, cura e energia.
O I Ching, O Livro das Mutações, no hexagrama 20, também expressa um
pensamento semelhante, dizendo-nos que o homem superior, dotado de uma fé
poderosa, consegue
...apreender as misteriosas e divinas leis da vida e, através da mais profunda
concentração, chegar a expressar essas leis em sua pessoa. De sua contemplação emana um
poder espiritual oculto que influencia e domina os homens, sem que eles estejam
conscientes de como isso ocorre. •(29)
Eu, como professora ou conselheira astrológica procuro orientar o aluno ou cliente
a desvendar e trazer à superfície aspectos inconscientes de sua natureza, servindo como
reflexo do processo que ele está vivendo. Entretanto isto não significa que eu assuma
uma atitude puramente neutra e sim, um comportamento ativo, aceitando a pessoa que
tenho diante de mim, reforçando seu sentimento de autoestima, a consciência de seu
potencial criativo e reconhecendo a importância de seu papel dentro da sociedade em
que está inserida. Ao me referir à aceitação da pessoa, não estou querendo dizer que faria
as mesmas coisas que ela, e sim, que a reconheço em seus propósitos, que sei que suas
metas são tão importantes quanto as minhas!
Tenho necessidade de criar um espaço interior tranquilo para que o encontro
energético entre nós dois acabe beneficiando as duas partes. Não creio que meu papel
como professora/ conselheira seja diferente do papel do médico, do terapeuta... Quanto
maior a consciência de mim mesma, maior auxílio é prestado àquele que me procura!
Maravilho-me diante dos mistérios que envolvem a natureza humana! Às vezes,
fico prostrada, sem entendimento algum diante do mapa de nascimento. Faço algumas
anotações, procuro ver o que as imagens, os símbolos estão tentando dizer-me, procuro
conectar-me à energia dos deuses, contudo parece que eles nada me transmitem. Penso,
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logo, que não serei capaz de traduzir sua linguagem. Mas eis, que diante da pessoa, a
energia volta a fluir, as conexões se fazem, e sem que exista um esforço de minha parte,
a luz volta a brilhar... Finda a sessão, minha própria vida recebeu um pouco mais de
clareza, a névoa também se desfez diante de minha própria paisagem.
Iluminar o caminho de outra pessoa traz a luz que ilumina minha própria senda e
muitos benefícios para minha vida, pois o encontro com o outro é altamente alquímico.
Finalizando, cooperar com o Poder Criativo do Cosmo é ter consciência de que, ao
sermos somos curados, tornamo- nos curadores, o que equivale a afirmar que somos
todos curadores em potencial!!! Cada um cura a si mesmo ao realizar a unidade em si
próprio e no cosmo! O melhor instrumento de cura somos nós mesmos, e quanto mais
afinados estamos, mais resultados positivos obteremos.
Antes de entrar propriamente no tema de Quíron no mapa natal, gostaria de
apresentar a Astrologia exatamente como eu a compreendo.
IX- A ASTROLOGIA COMO FERRAMENTA PARA
O AUTOCON HECIMENTO
Escutai-o em vós mesmos e vede-o no infinito
do Espaço e do tempo. Ali reboa o canto dos Astros, a voz dos Números, a
harmonia das Esferas.
É cada sol um pensamento de Deus
e cada planeta um modo desse pensamento.
É para conhecer o pensamento de Deus, ó almas!, que desceis e subis
penosamente o caminho
de sete planetas e dos seus sete céus.
Que fazem os astros? Que dizem os Números? Que rolam as esferas?
– Ó almas perdidas ou salvas,
eles dizem, eles cantam, elas rolam- os vossos destinos!
Hermes Trismegisto
Todos nós em nível microcósmico encerramos em nossa natureza o macrocosmo,
e refletimos, dentro de nossa singularidade, as Leis e Energias Universais, que, por sua
vez, também representam o reflexo de nossas energias. Fazemos parte de uma grande
51
sinfonia em que cada um tem um importante papel a desempenhar. Para que reconheça-
mos nossa parte é necessário que entremos em sintonia com nosso “EU” interior e
trabalhemos em cooperação com ele, equilibrando e integrando a mente, as emoções e o
corpo físico.
É nesse processo de afinação com a Ordem Cósmica que a Astrologia, linguagem
de energia de vida, “Ciência dos Símbolos”, é de valor incalculável. Os símbolos
astrológicos descrevem processos que atuam não somente no nível físico, mas também
no psíquico, e eles nos levam a infinitas interpretações concernentes à verdade singular
de nosso ser, verdade esta que se reflete, por sua vez, na verdade do Todo. Fazemos
parte de um sistema planetário que a tudo engloba!
O Horóscopo Natal é traçado para o momento da primeira respiração, ao
iniciarmos nosso ritmo próprio de vida, em alinhamento com as Energias do Universo.
Esse momento é único, e nos torna seres especiais, fazendo com que partilhemos de
tudo que existe neste mesmo instante e nos fornecendo o potencial de abranger o Todo,
o passado e o futuro.
Neste sentido, o horóscopo representa simbolicamente tanto minha psique
individual, tudo que está consciente ou inconscientemente em meu interior, como a
“psique” do próprio Universo. Ele contém diferentes Arquétipos passíveis de integração
em minha jornada de individuação, e cada um dos signos traz consigo um significado
simbólico arquetípico que me ensina grandes lições e distribui muitas dádivas que,
eventualmente manifestarei em minhas atitudes.
Os componentes Arquetípicos são, no entanto, os mesmos em cada mapa, embora
cada um de nós seja singular em seu modo de expressar o simbolismo destes elementos!
Em todo o mundo não existe alguém igual a mim ou a você. Cada um de nós é o
melhor do mundo em apenas uma coisa- sermos nós mesmos. •(30)
Isto não é simplesmente maravilhoso?!
As energias representadas pelos planetas e as sincronicidades da vida humana
mostram que, embora exista uma relação entre céu e terra, esta não é somente de causa e
efeito. Sem jamais termos olhado pela janela, podemos ver o caminho do céu, pois o que
está refletido no céu, também ocorre aqui embaixo em nosso planeta e vice-versa. Tudo
aquilo que acontece é reflexo do momento, e os fenômenos de consciência que são
percebidos por mim não deixam de ser reflexos dos fenômenos cósmicos! Considerando
o sistema solar como um paradigma, um modelo para a psique, vejo que uma verdade
psíquica está refletida em meu horóscopo natal, que me fornece, portanto, informações
sobre meu projeto de vida, projeto que está em sintonia com o plano de nosso sistema
52
solar. Meu nascimento, logo, expressa uma grande “sincronicidade”, pois este aconteci-
mento físico é simultâneo com o movimento dos planetas no céus.
É interessante que este conceito seja explicitado para melhor entendimento do
texto. Segundo Jung, sincronicidade é a coincidência de um evento físico com um
psíquico, ou melhor, algo interior se manifesta no exterior, sem que qualquer
relacionamento de causa e efeito explique esta simultaneidade. O que une os dois eventos
é sua significação. Citando Jung:
Nós nascemos em um determinado momento, em um de- terminado lugar, e possuímos,
como as safras de vinho, a mesma qualidade do ano e da estação que marcaram nosso
nascimento.•(31)
No item ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da
Totalidade volto a esclarecer novamente este princípio tão importante para a psicologia
junguiana.
Paracelso escreveu o seguinte:
A partir do exterior aprendemos a conhecer o interior. Há no homem um
firmamento como no céu, mas não de uma parte; há duas. Pois a mão que separou a luz
da treva, e que criou o céu e a Terra, fez o mesmo no microcosmo abaixo, tendo tomado
do alto, e encerrado dentro da pele do homem, tudo o que está contido no céu. Por essa
razão, o céu exterior é um guia para o interior... Pois o céu é o homem e o homem o
céu, e todos os homens formam um só céu, e o céu é apenas um homem. •(32)
Jung também recorre a Paracelso, a autoridade clássica da alquimia medieval, e
cita o famoso trecho:
Aquilo que está embaixo é igual àquilo que está em cima, e aquilo que está em
cima é igual aquilo que está embaixo para realizar os milagres de uma coisa só. •(33)
Seguindo esta linha de raciocínio, posso também dizer que aquilo que está fora,
também se encontra dentro de mim, e cada planeta no céu físico reverbera uma
ressonância com seu correspondente em meu interior, o que deixa claro que os aspectos
materiais e espirituais refletem um ao outro. O estudo de Astrologia envolve, desta
maneira, uma dimensão transcendental, pois ela é mediadora entre meu Universo inte-
rior e exterior, mostrando-me que em essência, eles são um só, entretanto meu ego, para
fins de evolução, percebe-os como dois, totalmente separados.
53
A Astrologia é uma das grandes ferramentas que tenho à minha disposição para
exploração do autoconhecimento, e este, por sua vez, pode ser utilizado para a
integração corpo-mente. Penso em mim mesma como o maior instrumento de
autoconhecimento que está à minha disposição e, neste caso, a astrologia seria
simplesmente um acessório que utilizo ou não se necessário...
Sustento a ideia de que a Astrologia deveria fazer par- te, juntamente com outros
instrumentos utilizados para este fim, do currículo de formação de muitos profissionais
que lidam com o potencial humano. Ousaria incluir todos estes itens também no
currículo dos alunos do Ensino Médio, neste caso também como auxílio para
confirmação ou descoberta de seus talentos potenciais, de sua vocação.
Incentivando o aluno a explorar aspectos conhecidos ou desconhecidos de sua
própria natureza, contribuo para resgatar ou elevar sua autoestima, o que o leva a ter,
naturalmente, um melhor desempenho e aproveitamento escolar. Sua singularidade é
apreciada, mesmo que esta apreciação não seja expressa claramente.
Alunos rotulados de “atrasados”, com supostas dificuldades de aprendizado e falta
de concentração, descobrem em si uma nova motivação pela magia do encontro com o
outro, que opera neles “maravilhas”, independentemente de resultados visíveis a curto
prazo. Certamente ambas as partes, aluno e professor, são beneficiados com este
relacionamento.
Muitas vezes algumas técnicas educacionais utilizadas pelos professores negam a
muitos alunos a oportunidade de empregar todo seu potencial de aprendizado, e esta é
uma das razões pelas quais o professor não deveria prender-se somente a métodos de
trabalho que se limitem ao conteúdo verbal, linear, orientado pelos fatos. Atenção
especial pode ser dada àquilo que ofereça ao aprendiz a possibilidade de explorar outros
recursos igualmente essenciais à assimilação do estudo, tais como imagens, mímicas,
técnicas de visualização, gravuras, entre outros. Tarefas que envolvam uma
harmonização entre uma orientação temporal e espacial, com certeza, facilitam o
processo de aprendizagem e tornam agradável e prazerosa a atmosfera de uma sala de
aula.
A astrologia, os mitos ligados a ela, por exemplo, “Os Doze Trabalhos de
Hércules”, servem de abertura a um caminho para o Eu, para o ser que precisa ser
redescoberto na jornada da individuação. Cada vez que entro em contato com algo que é
universal e partilhado por todos nós, acabo criando ou recriando minha história. Sou
autora, participante consciente de minha própria vida!
Os astros não definem o que sou, somente desvendam meu tesouro criativo
latente, minhas aspirações, meus pontos fortes e fracos, confirmando os passos que
tomo ou oferecendo-me uma adequada orientação pessoal concernente a estes aspectos e
54
auxiliando-me, desta maneira, a melhor lidar com eles, de modo consciente, para que
empreenda um caminho em direção a meu Eu maior.
Sou levado a desenvolver uma familiaridade com os deuses e deusas do passado-
Júpiter, Saturno, Marte, entre outros- que entrelaçam seus caminhos em minha vida,
ajudando-me a decifrar seu simbolismo arquetípico, isto é, o que eles representaram e
ainda representam não só para mim como para todos os seres humanos em sua jornada
cósmica, tanto externa quanto internamente.
Que qualidades individuais destes deuses do universo reflito eu, quando me
relaciono com o mundo? Onde está a força vital de meu brilho solar, a natureza e
impulso de preservação da Lua, o trabalho da Terra, a energia marciana de vencer os
desafios, a versatilidade mercuriana, o lado expansivo de Júpiter, a força de atração
amorosa de Vênus e a concentração de Saturno?! E como manifesto meu lado uraniano,
rompendo com um passado sem sentido? E quanto à natureza compassiva e abrangente
de Netuno? E a capacidade profunda de renascimento e transformação que Plutão me
comunica?!
Ao olhar os símbolos contidos no mapa astral e as imagens surgindo
espontaneamente diante de minha visão interior sinto-me conectada com a energia dos
arquétipos representados pelos planetas e suas interações. Estes deuses e deusas
correspondem às potencialidades psíquicas, às funções psicológicas que vão construir
meu ser e vão falar-me por meio de pessoas e situações que me cercam, descrevendo, des-
ta maneira, não a realidade de uma situação, e sim a tendência que tenho em relação aos
acontecimentos, isto é, como vejo o mundo, meus pais, enfim minha realidade psíquica.
E dentro desta visão, parece que eu, como todos os outros seres, inclino-me a
repetir certo modelo familiar, trazendo questões que foram deixadas sem respostas por
meus antepassados, com as quais terei que lidar e que sugerem, tal- vez, que meus pais
funcionem como pontes entre meu mundo subjetivo e objetivo, mensageiros que me
transmitem o cará- ter destes deuses cósmicos. Eles acabam refletindo para mim aquele
mundo arquetípico complexo e sutil que jaz em meu interior, minha própria imagem!
Segundo Arnold Mindell e seu artigo publicado no Journal of Astropsychology de Glenn
Perry, nós não nos tornamos “inteiros”, íntegros apesar das feridas de nossos pais, e sim
justamente devido a elas, por intermédio delas! Nossas feridas seriam, em parte, também
uma herança de nossos pais.
Embora partilhemos a mesma Unidade, e processemos a experiência à nossa
própria maneira, recebendo o colorido das experiências coletivas do Todo, tornarmo-nos
conscientes desta verdade e chegarmos a compreendê-la, afastando os obstáculos que
nos impedem de chegar a esta Unidade, continua sendo “a nossa tarefa” para que a Luz
de nosso espírito ilumine a nossa jornada. Temos sempre algo que somente a nós
55
pertence, uma força que reside em nosso interior, e é ela que, ao mesmo tempo nos
distingue dos outros e nos aproxima deles. Parceiros que somos do jogo da vida, cada
gesto que fazemos afeta todos os jogadores e, nós, à nossa maneira, reagimos também a
todos os movimentos feitos por eles. As sim, vemos no mundo externo o que somos, e
isto determina aquilo que vemos.
O mapa natal reflete a dialética essencial para minha criatividade, minhas
contradições decorrentes de aspectos não integrados de minha natureza, possibilitando,
também um diálogo com elas, ao mesmo tempo em que me direciona ao crescimento e cura
em todos os níveis, de acordo com as necessidades de minha existência, aprofundando
temas importantes para a realização de meu propósito individual e coletivo e manifestação
do Amor por mim mesma e pelo Universo.
Como estar em harmonia com os princípios universais exteriores e interiores,
possibilitando que o milagre da Unidade se manifeste?! De que maneira procedo para
integrar a esfera material e espiritual, sem enfatizar uma delas em detrimento da outra?!
Será que chegarei ao reconhecimento de que meu corpo provém da mesma fonte cósmica
que minha alma?
Realmente, temos todos necessidade de alcançar um estágio superior ao que
estamos vivendo agora. E como chegar a ele? Com certeza, podemos atingir patamares
mais altos pelo esforço ou mesmo pelo merecimento, pela Graça, e cada um de nós tem
que chegar a suas próprias convicções conforme seu nível individual de evolução, sua
voz interior, seu próprio imperativo espiritual. A entrega ao Alto, livre expectativas, é
algo essencial para a ampliação de minha consciência! Por isso a autoconscientização é a
senda do equilíbrio em que tudo se funde e se torna uma coisa só! Segundo Masaharu
Taniguchi, em seu livro A Verdade
... por falta da conscientização de que todos nós forma- mos um todo é que existem
hostilidades e antagonismos entre os seres humanos. •(34)
Certamente uma perspectiva holística compreende as fragmentações que existem,
ao mesmo tempo em que reconhece o todo maior, o potencial dentro da divisão, da
desarmonia. Ser “inteiro” não significa a perfeição e muito menos a liberação de
conflitos! Diante de uma visão holística de nossas vidas, crescemos em autoaceitação,
autoconfiança, autoconsciência e fluímos com a natureza. Aprendemos a aproveitar as
oportunidades que surgem, a liberar-nos de certos condicionamentos, a dar novas
respostas a situações semelhantes vividas anteriormente, a respeitar nossos limites, a
superar certos desafios que se repetem, e a descobrir onde e como podemos usar melhor
nossos talentos e habilidades, sem desperdício de nossa força vital. Somos levados a
56
nosso próprio despertar em relação à nossa ligação com a Terra e sentimos que nosso cres-
cimento pessoal influi na evolução planetária, contribuindo para a Harmonia Cósmica.
Nosso destino já está traçado? Existem limites para expressão de nosso livre-
arbítrio? Na realidade, não estamos passivos diante da atuação das forças planetárias;
podemos mudar a maneira como nos sintonizamos com elas, escolhendo,
conscientemente, como reagir frente aos acontecimentos da vida, tentando eliminar
padrões arraigados de pensamentos, emoções e ações que não nos são mais úteis.
Gradualmente, a fé em nosso verdadeiro “EU” se desenvolve, integramos nossos lados
masculino e feminino, e reaprendemos que somos cocriadores de nosso destino.
Assumimos responsabilidade por nossa própria vida!
Tudo isso despertou-me o interesse pela Astrologia, luz de esclarecimento para o
buscador! Naturalmente, explorar este assunto leva-me a contribuir para a eliminação de
alguns preconceitos e conceitos distorcidos que a grande maioria ainda nutre em relação
a este tema. Não estamos à mercê dos astros! Nós criamos nossa própria realidade,
consciente ou inconscientemente, tendo em vista nosso bem e o do todo maior, não
apenas seguindo leis terrenas, como também celestiais. Acredito, porém, que a
verdadeira criatividade reluz mais brilhantemente ao fazermos dela um ato consciente.
Se não nos desfizermos de nossas crenças arraigadas e inconscientes, não poderemos
usufruir dos benefícios que a Astrologia e outras práticas divinatórias oferecem-nos no
que concerne ao autoconhecimento! Quantas coisas se perdem com a descrença, assim
nos diz Heráclito.
Com o progresso da humanidade, o ser humano acabou relegando sua natureza
intuitiva a um segundo plano, priorizando o intelecto e conferindo a ele uma importân-
cia exacerbada. A Astrologia, que sempre percebeu a psique como um todo,
considerando o indivíduo como um todo por si só, acabou sofrendo os efeitos desta visão
unilateral e passou a ser encarada somente como uma ciência de previsão, o que,
naturalmente, levou-a ao descrédito. É claro que não se trata de excluir a razão, o
intelecto, a favor do desenvolvimento da intuição, e sim, uni-los para que se alcance um
maior entendimento da vida.
Posso dizer que a Astrologia faz o casamento da razão com a intuição e, por meio
dela, aproximo-me, racionalmente, do modelo da psique, desmembrando os dados que
observo, analisando-os separadamente, e integrando-os, através da intuição, de modo a
alcançar uma visão do todo. Realmente é a intuição, abraçada ao intelecto, que me guia
diante da mandala astrológica •(35), representação do mapa de nascimento! Fragmento
as informações, sem me perder em detalhes, somente para estudo das mesmas, mas
desenvolvo a habilidade de vê-las como um todo, pois só assim elas atingem um
significado! O Todo está nas partes, e cada parte, por si só, é uma manifestação do
57
Todo.
O padrão individual das casas no mapa de nascimento é a dinâmica de energia
holográfica da consciência: Exatamente como um holograma, cada casa reflete o mapa
inteiro. •(36)
E assim acontece em relação aos signos. Cada um é um aspecto do Todo, um meio
que me leva à integração, à individuação, ao conhecimento de mim mesma, ajudando-
me a desenvolver preciosas qualidades e habilidades para desempenhar minha missão no
mundo. Seguramente eles expressam tanto características negativas como positivas, e
são igualmente importantes no contexto da vida. É uma falsa crença acreditar que exista
um signo mais significativo que outro!
Pode-se analisar, consequentemente, apenas um dado do mapa astrológico em
relação a outros aspectos, e esse dado mostrará o todo e aquilo que é mais relevante em
minha vida. O sentido de um planeta também pode ser interpretado independentemente
de existir algo que faça aspecto com ele. Quero dizer, com isto, que a energia de um
planeta é, em si mesma, um elemento de outro planeta, e não posso olhar para ela como
se fosse algo isolado.
Apesar de muitos astrólogos defenderem a ideia de que os aspectos formados entre
os planetas sejam importantes na análise de um mapa, podemos relacioná-los uns aos
outros, descartando muitas vezes a teoria, o que não quer dizer que esta não deva ser
estudada. Podemos fazer uso de qualquer qualidade expressa por um astro celeste se dela
necessitarmos, afinal não estamos aqui a fim de vivenciar o todo? Será que o propósito
da Astrologia não é nos mostrar que podemos absorver um pouco de tudo e transformar
aquilo que já está obsoleto?!
Somos todos semelhantes a uma grande estação de rádio e podemos captar altas
frequências, se assim o quisermos, e estivermos dispostos a um pequeno esforço para o
crescimento. Se assim como é em cima é embaixo, se temos todos os signos e planetas
representados em nosso corpo físico, podemos dispor de muitas de suas qualidades,
embora exista uma certa disposição a algo especial, dependendo de nosso signo solar,
lunar e ascendente. As características destes são nossas maiores forças...e fraquezas,
quem sabe...
Quanto mais me conhecer e elevar meu nível de consciência, expressão e
compreensão, melhor usarei, conscientemente, meu potencial interno de cura e
transmutação, seguindo em meu próprio ritmo evolutivo minha verdade interior e meu
propósito de vida, em harmonia com o propósito dos céus. Sintonizando-me com as
vibrações dos planetas, com as qualidades e valores que eles transmitem, trilharei um
caminho de Amor- meu Direito Divino-, Sabedoria e Fraternidade, e manifestarei saúde,
58
prosperidade e bem-estar geral.
Embora tudo isso espelhe a verdade, não significa que dores serão evitadas. A
tristeza e o sofrimento continuam a existir, contudo já não me recuso, teimosamente, a
lidar com minhas dificuldades. Quando percebo que tenho uma natureza espiritual, que
existe algo que é maior do que tudo aquilo que possa conceber, os acontecimentos
externos mudam por si mesmos, passando, então, a ter um significado para mim! E
atingindo essa descoberta interior, observo meu mapa, modelo da psique individual,
como um todo.
É essencial que possa ver um ponto de união e equilíbrio em cada aspecto
analisado do mapa, senão perderei a possibilidade de alcançar o objetivo de integração e
harmonia que a psique contém dentro de si. Isto, obviamente, sedimenta o conceito de
unidade plantado por Jung, que permite que experimente uma comunhão amorosa com
tudo que está a meu redor, com a vida, com meus companheiros de viagem, com o
Divino. O mapa revela, portanto, o caminho potencial que cada um trilha em busca
desta realização, o mito de cada ser. Somos, enfim, a soma de nossa realidade em
qualquer época de nossas vidas.
É importante ressaltar que o mapa natal é minha marca singular neste grande
Universo, e como vou desenvolvê-lo, depende de meu nível de percepção da realidade,
portanto, quanto maior é minha faculdade de autoconsciência, maiores habilidades
possuo para seguir aquilo que me é útil e descartar o que não me serve mais. Como ele
representa meu potencial de vida, e faço parte de uma grande rede humana interdepen-
dente, buscar a inserção neste contexto, de maneira suave e harmoniosa, é essencial, pois
a partir desta postura é que me torno uma realizadora. Sou um todo dentro de um todo
maior como já foi mencionado! Superar a cisão no espírito humano é um dever
individual para poder transcender as barreiras que ameaçam a união entre os seres de
nosso planeta!
Apesar de crer que a real mudança aconteça primeiramente dentro de mim,
estendendo-se, então, àqueles que já se encontram prontos para “nascer” novamente, não
posso negar que algo externo também pode fazer acordar em mim uma modificação
interior. Além disso, nenhuma pessoa ou situação pode restringir minha própria
potencialidade, a não ser eu mesma! O que anseio evitar é privilegiar um dos lados em
detrimento do outro. Há de haver uma harmonia entre estes dois caminhos, o interno e o
externo, e cada um de nós está potencialmente apto para descobrir qual deles deve
trilhar, para então harmonizá-los dentro de um mesmo contexto.
Planetas em trânsito, isto é, que estão no céu no momento de uma análise e que
formam ou não aspectos com meus padrões de nascimento, provocam em mim muitas
reflexões e isto contribui para que supere o que já está ultrapassado e me adapte aos
59
novos paradigmas do mundo. Não há dúvida alguma em relação ao fato de que os
trânsitos sempre agem, contudo a vivência que podemos ter dos mesmos, difere de
pessoa a pessoa. Uma grande transformação vivenciada nas profundezas do ser pode
demorar a se tornar visível! Mas de repente tudo muda...
A memorização e a leitura passiva de um compêndio sobre informações
astrológicas traz, sem dúvida alguma, certo ensinamento. Não há como questionar o
significado dos planetas, signos, aspectos e casas, e até mesmo estar familiarizada com as
informações sobre eles, entretanto o que fará de mim uma boa leitora da linguagem
astrológica não é o acúmulo de detalhes, e sim a vivência que pude e posso ter das
energias envolvidas no mapa, para que consiga conectar-me ao meu eu profundo e
receber a sua mensagem. Por isso, vincular o tema a tudo que aprendemos em matéria
de comportamento humano e a experiências em diversas áreas de conhecimento é
também de um valor inegável no que tange ao autoconhecimento e ao processo curativo.
Se estiver atuando profissionalmente, terei condições de ouvir aquele que busca
minha orientação em seu próprio nível, dentro de seu campo de entendimento. Minha
tarefa é de levá-lo a responder à seguinte pergunta: Quem sou eu? O que busco e quero?
O astrólogo, assim como o professor, o psicólogo, o coach tem, portanto, a possibilidade
e capacidade de colocar o outro diante de si mesmo para que a distância que existe entre
seu eu aparente e seu eu real interior possa ser transcendida. Para tal, é importante que,
partindo do mapa de nascimento, uma linguagem diferente seja utilizada para cada
indivíduo, linguagem esta que o auxilie a encontrar um sentido em sua vida para que
atue no mundo, com plena responsabilidade por seus atos, pensamentos e sentimentos.
Viver a Astrologia é a maior contribuição que posso prestar a todos que me
cercam. Alargar meus horizontes para meu crescimento pessoal e do próximo é uma das
maiores riquezas a que o autoconhecimento me conduz. Parafraseando Jung, podemos:
“Aprender o melhor, conhecer o melhor, e libertarmo-nos de tudo isso diante do outro!”
Isto me faz lembrar que quando o aluno do Zen Budismo deseja obter sabedoria com a
meditação, ele recebe a instrução de, primeiramente, descartar-se de todas as ideias
brilhantemente preconcebidas, suas questões profundamente racionais, inclusive
verdades consideradas simples e óbvias, para que sua mente se torne receptiva, penetre
nos mistérios da vida e possa acolher o novo.
A Astrologia une o indivíduo ao Universo e o conhecido ao eterno mistério da
psique humana e do próprio cosmo desconhecido. •(37)
Seu propósito é, deste modo, a realização da máxima socrática “Conhece-te a ti
mesmo!” Parece que a Astrologia consegue unir não só o conhecimento de si mesmo,
60
como do outro e do Universo como um todo. Segundo Aldous Huxley, em Filosofia
Perene:
Só o transcendente, o completamente outro, pode ser imanente sem ser modificado pelo
vir-a-ser daquilo que ele habita. Ensina a filosofia perene ser desejável e, na verdade,
necessário conhecer o Fundamento espiritual das coisas, não só dentro da alma, mas
também fora do mundo e, além do mundo e da alma, na sua não-identidade transcendente-
“no céu”. •(38)
A Astrologia é uns dos caminhos que nos conduzem ao Infinito, ao Tao, à natureza
de Buda, ao Self, a Deus... Ela simboliza aquilo que está para acontecer, o nascimento
criativo de algo totalmente novo que nós ajudamos a criar!
Crescemos, mudamos, amadurecemos em comunhão com a Sabedoria Universal,
e a Astrologia é uma das Luzes que nos ilumina o caminho, mostrando-nos a
importância de Ser, Fazer e Ter! Com consciência, obviamente!
Escrever sobre o autoconhecimento ligado à Astrologia provém do fato de ter sido
auxiliada, diversas vezes, por esta grande arte curativa e por discordar daqueles que
justificam que o aprendizado da mesma só pode ser realizado juntamente com o
conhecimento de princípios de outras ciências, como a Astronomia, por exemplo. Minha
experiência aliada à teoria pôde prescindir deste suposto requisito, o que me levou a con-
siderar que todos têm o potencial, em maior ou menor grau, de captar a linguagem dos
astros e o que está inserido em seu mapa de nascimento, se assim o quiserem.
Não tenho a intenção de dizer com isso que o conheci- mento da Astronomia ou
de outras ciências seja irrelevante, desinteressante e que deva ser relegado a um segundo
plano, nem tampouco pretendo subestimar suas contribuições para o enriquecimento da
Astrologia. Apresento aqui, entretanto, um trabalho baseado em uma abordagem
astrológica segundo conceitos da psicologia analítica, que tanto pode ser significativo
aos leigos como aos estudiosos em Astrologia, que tenham interesse nos aspectos
psicológicos da leitura.
A Astrologia faz parte de minha jornada de vida em busca de uma maior
compreensão de mim mesma, do relacionamento que mantenho com minha família,
amigos, alunos, conhecidos, e com o cosmo. Indubitavelmente incorporei muitos dos
conceitos aqui descritos, logo me é difícil, em certos momentos, separar objetivamente
qualquer fonte pesquisada, sendo o texto resultado de meu trabalho e de minhas
reflexões ao longo dos anos de dedicação ao estudo e prática da linguagem astrológica.
Se, eventualmente, citar algo já expresso por algum escritor, agradeço
interiormente a ele por ter tido a oportunidade de fazer minhas suas palavras. De
61
qualquer maneira, acrescento no final de meu trabalho, uma pequena lista de obras
examinadas que desempenharam um grande papel em minha vivência.
ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da
Totalidade
Quando se trata da vida prática externa, as pessoas têm justamente o seguinte
ponto de vista: primeiro vem isto, depois vem aquilo. Com isso não se progride no
mundo. Só se progride quando se pensa em círculo. (...) É preciso pensar em círculo: é
preciso pensar, quando se olha para as circunstâncias externas, que elas são feitas pelas
pessoas mas também fazem as pessoas; ou, quando se olha para as ações da pessoas, que
elas fazem as circunstâncias externas mas, por sua vez, também são apoiadas pelas
circunstâncias externas. •(39)
A Astrologia sempre me fascinou, e durante muitos anos, enquanto exercia meu
trabalho como professora, sentia- me impelida a imaginar a qual signo solar pertencia
determinado aluno. Muitas vezes não resistia à tentação e lhes perguntava sobre isso.
Conforme constatava minhas intuições, crescia meu interesse pelo tema. Percebia em
alguns alunos meu próprio reflexo, meus pontos fortes e fracos, minha luz e minha
escuridão!
Até hoje, ao participar de workshops, divirto-me ao observar que pessoas com
características semelhantes acabam formando um grupinho à parte. Claro que diversos
motivos levam-nos a procurar a proximidade de outras pessoas, mas parece que existe
sempre um propósito maior presente na for- mação dos relacionamentos, quer eles sejam
íntimos ou não. Grandes sincronicidades se manifestam dentro desses grupos. O que isso
significa?
A sincronicidade, conforme já mencionado anterior- mente, é um princípio de
Vida, de realização manifesta de uma dinâmica energética entre o físico e o não-físico,
presente em todos e em tudo, que revela nossa conexão com uma realidade que
transcende as leis do mundo concreto.
Tempo, espaço, causa e efeito, embora também significativos, esvaem-se, juntamente
com medos e dúvidas, diante da numinosidade de acontecimentos sincronísticos. Estes
representam o reflexo exterior do que está ocorrendo nas profundezas de meu ser, o que
certamente aumenta minha autocompreensão. Sallie Nichols, em Jung e o Tarô, citando Aniela
Jaffé, diz:
A consciência reduz a processos aquilo que é ainda unidade no inconsciente e, por
62
este modo, dissolve ou obscurece a relação recíproca de acontecimentos no “mundo uno”.
Os fenômenos sincronísticos são como uma irrupção daquele mundo unitário
transcendente no mundo do consciente. Sempre imprevisíveis e irregulares, porque não se
baseiam na causalidade, despertam espanto ou medo porque reduzem a disparates nossas
categorias habituais de pensamento. •(40)
Ao vivenciar a manifestação concreta de um estado interior não posso negar que
alimento ilusões no que concerne à realidade verdadeira, que separações inexistem entre
mim e meus companheiros de viagem, entre mim e a natureza, entre mim e meu Planeta,
entre mim e o Cosmo, entre mim e o Todo maior e mesmo em meu interior. Tudo é
Energia, e é esta mesma energia que nos torna independentes e interdependentes.
Jamais esqueço uma imagem que me foi transmitida durante um curso de Reiki e
que exprimo da seguinte maneira: Somos todos ilhas num grande oceano, expondo nossas
separações apenas externamente, mas profunda e internamente ligados por ideais de vida
compartilhados. Separações serviram-me para a estruturação e adaptação do ego ao
mundo tridimensional, e quanto mais me dirijo para níveis mais altos de percepção e de
conquista de uma consciência mais elevada, mais estas cisões começam a se dissolver,
pois não se fazem aí necessárias.
Creio que as chamadas coincidências significativas passam a acontecer, ou melhor,
a maioria de nós tende a prestar mais atenção a elas, quando está atravessando um
momento de transição para uma nova fase de crescimento a nível interno. Parece que
tudo passa despercebido durante anos a fio, até que, de repente, dou-me conta de fatos
que clareiam situações em minha vida.
Sempre que algo externo coincide com algo interno, sinto-me fortalecida e
preparada para empreender uma reforma íntima, que me conduzirá a rupturas
conscientes de padrões arraigados de pensamentos, sentimentos e atitudes que já se
tornaram obsoletos. Quando sinto insatisfação diante daquilo que presencio, quando
existe uma urgência para que abarque as dualidades da vida, quando me mostro pronta
para mudanças, eventos sincronísticos se fazem presentes, e o novo vem até mim! Tudo
funciona como meu mestre, como ensinamento que posso ou não aceitar. Inúmeras vezes
pude comprovar aquilo que deixo aqui registrado.
Interessante foi escrever este trabalho e vivenciar tudo isso durante esta fase.
Telefonemas que recebi enquanto redigia sobre determinado tema, livros que peguei ao
acaso, enfim, acontecimentos que contribuíram para uma maior clareza de expressão no
que diz respeito a esta grande arte curativa que é a Astrologia e que fortaleceram meu
anseio de discorrer sobre este tema.
63
Quíron tem seu papel de importância para os buscadores da harmonia, da
integração, da verdadeira essência a agora vamos ligá-lo à astrologia.
ix.b- Quíron e a Astrologia
Custa tanto ser uma pessoa plena, que muitos poucos são aqueles que têm a luz ou a
coragem de pagar o preço... É preciso abandonar por completo a busca da segurança e
correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante. É
preciso aceitar a dor como condição da existência. É preciso cortejar a dúvida e a
escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito,
mas também uma capacidade de aceitação total de cada consequência do viver e do morrer.
•(41)
Concordo com os pesquisadores que alegam que Quíron representa a Astrologia,
de modo geral. Se realmente acredito que esta pode abarcar as dualidades que vivemos,
por que não considerar o querido Mestre Quíron um de seus grandes representantes?
Partindo do princípio de que o UM é também o Todo, talvez pudéssemos estender este
pensamento e dizer que qualquer um dos planetas poderia ser o marco da Totalidade!
Entretanto meu foco de estudo está ligado à simbologia de Quíron e é ele que, no
momento, configura para mim a base da união dos opostos, a própria Astrologia!
Além de desempenhar o papel do revelador do conhecimento antigo feito novo,
abrangendo muitas das práticas de artes curativas holísticas, tais como quiroprática,
acupuntura, homeopatia, terapia corporal com o uso de massagens, terapia à base de
ervas, cristais, astrologia, entre outras, Quíron representa todos os relacionamentos de
natureza professor-aluno, sendo responsável por acordar em seus pupilos seu potencial
latente e grandes talentos escondidos.
Quíron, curador ferido, mestre interior, professor pragmático e intuitivo que nos
ensina a adivinhação, a astrologia, os processos de cura, o caminho do guerreiro, é a
chave para o desconhecido, revelando-nos um novo tipo de Astrologia, onde somos
todos participantes de nossas vidas, responsáveis por aquilo que nos acontece e
diretamente envolvidos no processo de transmutação e transformação pessoal e coletivo,
conhecido como Alquimia Cósmica. Quíron descobre o véu da verdade que está em
nosso interior, mostrando-nos que os opostos podem ser conciliados e que podemos
auxiliar a quem está também buscando esta verdade unificadora.
Quíron e seus princípios incorporados em minha vida fazem de mim um ser mais
consciente de mim mesma e proporcionam, desta maneira, um relacionamento
significativo com meu próprio eu interior e com aquele que está sob minha orientação,
64
em busca de seu caminho de vida, de uma união com o Self, segundo os conceitos
junguianos.
ix-c- Quíron, o Arquétipo da Cura e do Curador Ferido
Parece existir no indivíduo um impulso irresistível para adaptar-se àquilo que ele
é destinado a ser- à sua verdade interior- que pode ter muito pouco ou nada a ver com
suas ideias e propósitos conscientes. Jung chamou a isso de anseio de individuação.
•(42)
E foi este anseio que sempre me impulsionou a novas descobertas, a novos rumos,
a novas experiências. Quíron, corpo celeste localizado entre as órbitas de Saturno e
Urano, descoberto acidentalmente pelo astrônomo Charles Kowal em 1977, inspirador
do novo a partir do velho, foi e continua sendo meu guia nesta Busca para a
Individuação e o encontro com o Todo. Segundo Barbara Hand Clow, ele é a ponte que
liga nossas experiências passadas, a tradição, a estrutura física e social (Saturno) ao novo,
ao desconhecido, à criatividade e genialidade, à evolução (Urano).
Conforme explicitado anteriormente, ele contém em si dois grandes significados,
aquele ligado ao indivíduo e o que lhe é pessoal e outro em conexão com o transpessoal.
Disso decorre que, embora o novo para cada um de nós possa divergir segundo nossas
próprias vivências, ele nos impulsiona, indubitavelmente, a uma expansão de
consciência.
Partindo de minhas experiências pessoais para abranger tudo o que está além do
ego, o transpessoal, seguindo um ritmo próprio, e recebendo a mensagem de que não
preciso temer aquilo que desconheço, posso aceitar experiências diferentes que me
impelem a uma nova dimensão, porque sinto que meus próprios passos são respeitados e
não há como recear a perda de estrutura, daquilo que já foi estabelecido e conquistado
(Saturno). A Fé que é exigida de mim não é algo sem base porque está fortalecida na
Terra, na razão, não só no coração. O trabalho requerido de mim é somente a inte-
gração de conquistas passadas à nova perspectiva que está se desdobrando à minha
frente (Urano). Ambas as polaridades são primordiais para a realização e maestria de
minha existência neste planeta, a percepção de algo maior e a concretização desta
percepção!
Quíron, ponte entre o Céu (Urano) e a Terra (Saturno) transporta-me de um nível
energético a outro, da energia dos planetas interiores para os exteriores, impulsionando-
me a mudanças de padrões individuais para universais. Por seu intermédio reconheço a
mim mesma como uma individualidade marcante pertencente a uma ampla rede
65
cósmica. Talvez esta seja uma das maiores contribuições deste “planeta”.
O Mestre comunica-me a mensagem de que é deveras importante que me aperfeiçoe
com liberdade de movimento, desempenhando meu papel dentro da sociedade segundo
meu ritmo pessoal, e acompanhando as mudanças pelas quais o mundo todo está passando.
Ele me encaminha a dimensões mais sutis da vida e quer que regule meu mundo exterior a
partir do relacionamento com minha realidade interna, para que alcance uma maior
harmonização entre meu propósito e destino individuais e o caminho de crescimento da
humanidade.
Quíron, em minha opinião, não precisa ser necessariamente associado a nenhum
signo específico, embora alguns astrólogos questionem sua regência como sendo sobre
Virgem, Libra, Escorpião ou mesmo Sagitário. Nossa consciência está evoluindo e ele,
ligado à iluminação de tudo que nos leva à integração, mobiliza-nos para a descoberta de
nós mesmos dentro de um contexto maior, onde nossa singularidade é manifestada em
benefício de algo maior, onde nos colocamos como um dentro do “UM” maior, onde
somos o todo dentro do Todo maior!
Ponte entre a alma e a personalidade, remete- me a uma busca que contém em si
mesma os dois aspectos de minha realidade dualística, ou seja, algo no mundo material
motiva-me a descobrir meu lugar no mundo, entretanto este algo está estreitamente
ligado à minha realização espiritual, ao desdobramento e concretização de minha
essência. É a mesma coisa vista sob ângulos diferentes! Sua natureza controversa, sua
própria essência dialética, reflete uma união polarizada de opostos, que naturalmente se
complementam.
Para manifestação e harmonização de meu lado divino e animal, assim como o
centauro, sou desafiada a criar novos modos de expressão, novas formas, internas e
externas que representam o novo modelo de ser deste símbolo. Grandioso momento é este
que todos estamos vivendo agora! Numerosas oportunidades temos nós de
renascimento, crescimento, revolução e evolução por intermédio da energia deste grande
Professor, portador da Luz e facilitador para experiências que transcendem o tempo e o
espaço.
Como um grande guia e ajudante na tarefa de superação de meus temores,
conscientes e inconscientes, cuidando de minhas velhas feridas, seu auxílio levou-me a
explorar a mim mesma além do ego, além do significado emocional ou psicológico que
elas pudessem conter. Isto tudo gerou, e gera, continuamente, uma força poderosa para a
manifestação de minha verdadeira natureza espiritual, minha essência.
Envolvendo-me com aquilo que me aflige, tentando compreender o que me impede
de alcançar a sintonia com a vida e com meus semelhantes e de, portanto, atingir a
66
harmonia que tanto desejo, sigo caminhando, com o auxílio deste grande mestre em
direção ao meu Eu Superior. Conhecendo meu eu inferior, aspectos expressos e reprimidos
de minha personalidade, tomo a decisão consciente de procurar também conhecer o
Universo e minha relação com ele, buscando a cura, a harmonia interna e externa, enfim, a
totalidade, superando a mim mesma e os desafios que se me impõem.
Descubro, em todo este processo, uma fonte inesgotável de força e energia, que
desperta minha natureza “mágica”, por meio da qual posso acessar, conforme já
mencionei, outras dimensões, diversos níveis de consciência, que me são de grande valia
para a cura das feridas, minhas e de outros também, provenientes de todas as
circunstâncias que vivencio. Por esta razão, Quíron é conhecido como “O Curador
Ferido”, simbolizando todos aqueles que têm dons para guiar e curar os outros, seja em
que nível for, porque eles mesmos tiveram que se submeter a um processo doloroso e
intenso de purificação e cura. É deste modo que sua natureza arquetípica se manifesta,
movendo-nos além de nós mesmos, rumo ao desconhecido.
E dentro deste quadro de revelação de meu eu profundo, parece que a meta de
transformação do velho ego é experienciar conscientemente tanto situações que lhe
agradam como aceitar experiências negativas, de medo, de destrutividade. É o encontro
com minhas feridas, a aceitação de que as possuo e que não dá mais para evitá-las que
me trará a cura real. Aquilo que feriu, curará é a resposta do oráculo de Delfos à pergunta
de Télephos, que sofria de uma ferida incurável.
Se tenho ousadia para reconhecer aquilo que me feriu, certamente não precisarei
mais causar dor a outrem, nem tampouco projetá-la sobre ele, por isso sei que abrindo
mão do controle e entregando-me a algo maior, sintonizo-me com o Divino em minha
vida. E, concluindo, aquele que sentiu a dor na própria pele, que transcendeu os valores
familiares e que possui uma estrutura de ego fortalecida está capacitado a orientar outros
que sofrem para que a transição a um novo mundo seja efetuada com mais leveza e
tranquilidade.
A casa de Quíron, reveladora do nível de entendimento que possuímos em relação à
alma, funciona como um poderoso ímã que atrai experiências que reforçam aqueles
primeiras vivências de muitas dores e rejeição que sofremos em nossa infância. É nesta
área de nossa vida que boicotamos mudanças que trariam harmonia a nós, e é também
neste lugar que usa- mos de subterfúgios que nos impedem o confronto direto com nossas
dores, confronto este que nos levaria ao sentimento de unidade que tanto almejamos. Aqui
temos um grande potencial latente para a descoberta de métodos conectados a nossa cura.
Quíron engloba não só o curador, como o ferido e também aquele que fere, o
agressor, e creio que posso dizer que nem tudo aquilo que exteriorizo corresponde a uma
necessidade real de meu eu interno. Às vezes, tomada de uma grande ilusão de mitigar
67
meu sofrimento, termino por acrescentar mais dores a ele, perseguindo dores onde elas nem
mesmo existem.
Por que todos nós tendemos a repetir experiências semelhantes àquelas que nos
causaram a ferida?! Naturalmente na esperança de sermos curados da mesma! No
entanto, muitas vezes as condições mudam, o cenário é outro e somos ainda incapazes
de nos livrar do passado. Seria muito simples se conseguíssemos viver e elevar nossa
consciência a um plano superior, sem tantas complicações. Realmente a teoria é sempre
mais fácil...
Por que evitamos colocar em prática aquilo que já aprendemos e reaprendemos?! O
que está dificultando, muitas vezes, o primeiro passo para a transição ao novo? Como
transmutar crenças ultrapassadas que nos deixam estagnados, parados como se nós e
nossas dificuldades estivéssemos dentro de um grande atoleiro? É mais do que natural que
a ferida vá crescendo cada vez mais, até que nos vejamos na obrigação de buscar a cura e o
alívio de nossa aflição. Como consequência, agravam- se os sintomas, tanto a nível físico,
como emocional e mental.
Onde ele se faz presente em nosso mapa natal, é ali que a flecha do Centauro nos
atinge com tamanha intensidade que nossas vivências nesta área são sempre mescladas
simultaneamente de dor e lenimento. Embora pareça que haja uma dissociação entre nosso eu
interno e externo, importa que compreenda- mos aqui que estamos, deveras, procurando um
equilíbrio entre estes aspectos. É salutar, portanto, que tentemos movimentos de aproximação
para que resgatemos nossa integridade.
Independentemente do signo, da posição e dos aspectos envolvidos com o corpo
celeste, a temática do “curador ferido” revela a mesma dinâmica energética que diz que a
doença traz a cura, e o sofrimento contém em si o potencial de alívio, pois é este
sofrimento que me possibilita criar algo totalmente único e singular, após aceitar minha
verdadeira natureza interior e minha relação com o Self, que a tudo inclui. É minha
grande dor que me transporta a novas decisões e atitudes perante a vida, desperta
minha potencialidade de crescimento, e impulsiona-me a caminhar em busca de
soluções para ela.
O que causa desconforto e dor torna-se o desafio que instiga a alma a realizar todo o
seu potencial para vir a ser uma criação única e individual. •(43)
Desta forma posso, então, servir como facilitadora do processo de outros com
dores semelhantes.
Dizem que o sofrimento é inerente na vida do busca- dor. Apesar disso, o Mestre
nos transmite a mensagem de que novos padrões de pensamentos podem surgir e levar-
nos a nosso destino sem que passemos por grandes aflições.
68
Quíron possui inúmeros significados e, seguramente precisaria de milhares de
páginas para abordar tudo que está relacionado a ele, entretanto seu papel de grande
reconciliador não pode deixar de ser várias vezes reafirmado por mim neste trabalho
sobre o autoconhecimento. Com a reconciliação do interno com o externo, o alívio de
nossas feridas se processa, sejam estas individuais ou coletivas. Mesmo que não tenhamos
uma ferida só nossa, aquela que diz respeito à coletividade é como uma névoa a nos
impedir, de certa maneira, que alcancemos a paz tão sonhada, afinal o todo se expressa
no um, e o um também se reflete no todo! Como, então, fingir que o que vemos não nos
pertence e descansar negligentemente diante de tal cena?!
Neste longo caminho que empreendemos, muitas vezes, solitariamente, quem já não
ouviu falar da tão temida “noite escura da alma”? Somos sacudidos diante de nós mesmos,
compelidos a enfrentar nossos próprios demônios, nossa própria escuridão e ficamos face a
face com aquilo que nos desagrada em nós mesmos. Enfrentamos a morte, literal ou
simbolicamente, e de repente, voltamos à vida, retornando desta jornada xamanística com
renovada força interior, prontos a perdoar a nós mesmos, ao nosso passado, àqueles que nos
feriram. Na verdade, estamos prontos a servir de curadores a nós mesmos e a todos que tam-
bém estão em busca de sua inteireza, de sua integridade.
Evidentemente, recebemos ajuda dos que também são nossos companheiros,
combinando a vida que levamos neste mundo com a vida no reino dos céus, ou seja,
integrando nosso lado consciente com o inconsciente.
Quíron é sentido de modo diverso em cada indivíduo, e a área onde ele se localiza em
seu mapa natal, reveladora, mui- tas vezes, de uma profunda ferida de natureza física,
emocional, mental ou espiritual, é considerada deveras significativa para o alcance de um
nível de conhecimento, unidade e plenitude que pode ser um grande presente para toda a
humanidade.
Sua localização desvenda, também, a natureza de nossa contribuição para o todo,
trazendo à tona, revelando, a partir da ferida, nosso ponto de criatividade, o modo como
seremos lembrados, enfim, nossa imortalidade. Por que não reconhecermos que nosso
dom, além de servir como ajuda ao próximo, também pode ser utilizado em prol de
nosso próprio crescimento e cura?!
Este pensamento traz dentro de si uma promessa de alento, mesmo embora, diversas
vezes, no meio do caminho, em busca do autoconhecimento, depare-me diante do abismo e
não veja alternativa, a não ser dar um grande salto para o novo, sem saber se encontrarei o
chão debaixo de mim, novamente. Minha natureza de guerreiro se revela, sobremaneira, neste
grande momento.
Arriscarmo-nos não somente ao envolvimento com nossas mágoas e
ressentimentos como também com nossos dons é o que se pede de todos nós, nesta fase
69
de transição por que estamos passando, momento em que novos padrões de
desenvolvimento emergem.
Sinto-me inclinada a associá-lo ao coração, que me desperta o sentimento de estar
unida a todos; é ele que me motiva a viver, que me insufla a aspiração de continuar meu
caminho seguindo a luz ofertada por ele, e é pela conexão que mantenho com o mesmo
que meu Eu Superior transmite seus apelos. Será o coração a sede da alma, como tantos o
dizem?! É aí que me coloco ao buscar uma união maior com o divino que habita em
mim.
Enquanto Quíron é a ponte entre meu mundo pessoal e o transpessoal, que liga
minhas experiências subjetivas a um contexto social, o coração, segundo a filosofia
oriental dos Chakras ou centros de energia, é a ponte entre e céu e a terra, isto é,
correspondendo ao quarto centro, ele conecta os chakras considerados terrestres aos
celestiais. O homem, por sua vez, está suspenso entre os dois reinos e participa de ambos
ao mesmo tempo. Quíron, o homem e o coração, cada um a seu próprio modo, são
mediadores entre estas duas naturezas e incorporam em si as duas polaridades: matéria e
espírito.
Sua função não se restringe somente a uma pura ligação entre estes dois níveis,
porém é transformadora. Quíron é Amor e está vinculado ao coração compassivo que a
tudo inclui, nada julga, acolhendo as experiências assim como elas chegam a ele,
transmutando suas energias e distribuindo-as de forma mais harmoniosa para o
equilíbrio do todo. Minhas mãos recebem a energia transmutada e, com minhas ações,
transmito-a ao ambiente que me circunda. Sentimentos e disciplina interligam-se
intimamente, e isto gera bem-estar em minha vida; mãos e coração se unem, entrelaçam-
se e se correlacionam, como se em ambos a consciência estivesse presente.
Partindo, então, do Arquétipo da Totalidade, do Self, em minha busca por
integração, inteireza e unidade, em meu esforço em direção a uma união entre o mundo
interior e exterior, é natural que enfrente alguns conflitos externos, cujas causas,
possivelmente, atribuirei a algo fora de mim, eximindo-me da responsabilidade pessoal
diante de acontecimentos que afetam a mim e a meus semelhantes. A partir do momento
em que tomo consciência de que faço parte de um todo maior, percebo que contenho em
meu interior, não somente o que diz respeito à minha história de vida pessoal, como
também aqui- lo que pertence a toda a humanidade, aquilo que faz parte das experiências
de seres de todas as épocas que me precederam e de um futuro ainda por se realizar.
70
X- QUÍRON E O DOM DE CURA
NO MAPA DE NASCIMENTO
Nosso medo mais profundo não é que somos inadequados, nosso medo mais
profundo é que somos demasiadamente poderosos. É nossa luz, não nossa escuridão,
que mais nos atemoriza. Nós nos perguntamos quem sou eu para ser brilhante,
maravilhoso, talentoso, fabuloso? Realmente, quem é você para não ser tudo isso? Você
é filho de Deus. Ser menos do que você não serve ao mundo. Não há nada de
iluminador em diminuir- se a si mesmo para que outras pessoas sintam-se seguras à sua
volta. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus que está em nosso interior. Ela
não existe apenas em alguns de nós, ela reside em todos. E conforme deixamos nossa
própria luz brilhar, inconscientemente permitimos aos outros que também façam o
mesmo. Quando estamos libertos de nossos próprios medos, nossa presença
automaticamente liberta os outros. •(44)
Sabendo que a vida é constante movimento e em nós jazem forças que temem o
crescimento e o uso do poder, é natural que o processo de mudanças venha, muitas vezes,
acompanhado de algumas dores.
Servindo-me de um dos aspectos mais significativos de Quíron, em minha opinião,
que é o de reforçar pontos fortes do indivíduo, reconhecer sua individualidade e
favorecer o crescimento equilibrado, pretendo, por meio de poemas e pensamentos que
representem a simbologia dos doze signos zodiacais, apresentar Quíron nos signos e
também sugerir meios de se poder trabalhar com ele no mapa natal. Gostaria de salientar
que a fragmentação signo por signo será feita por mim, simplesmente para que se possa
detectar com maior clareza quais empecilhos impedem aquele indivíduo de alcançar um
equilíbrio em sua vida.
Sua leitura poderá ser de grande valia, mesmo que você não saiba em que casa ele
se localiza em seu mapa natal. Para obtenção deste dado, isto é, para verificar onde ele
está localizado no ano de seu nascimento, consulte a tabela anexada após as notas
bibliográficas, tabela esta que pode ou não estar de acordo com outras encontradas no
momento atual. Certamente não me perderei em considerações teóricas aprofundadas
concernentes à astrologia, pois pretendo somente enfocar, com o mestre Quíron, um
aspecto representante do Todo que ele nos proporciona.
Obviamente, apenas o signo ou sua posição no mapa (sem ligá-lo a outros fatores)
não é suficiente para uma análise mais detalhada da vida de uma pessoa, todavia ela
71
fornece uma grande pista do que necessita ser integrado em sua história pessoal. Todos
os pontos que menciono devem ser encara- dos como elementos de uma regra geral, cuja
adaptabilidade, certamente, deverá ser aplicada a cada situação única. Como já
explicitado anteriormente, a vivência deste corpo celeste é muito mais importante do
que qualquer teoria consultada sobre ele.
Inúmeros significados arquetípicos tenho à minha disposição na análise de Quíron,
todavia inclino-me, às vezes, a uma abordagem centrada em minha observação e prática, o
que não significa que esteja desconsiderando outros aspectos essenciais da natureza deste
Mestre. Empenho-me que meus relatos sejam imbuídos de um caráter mais geral, embora
saiba que, muitas vezes, eu peque pela unilateralidade que pode macular a sua beleza. Que eu
consiga alcançar um pouco este meu intento, com todas as limitações naturais que
porventura possa apresentar.
Em vista disto, atraio muitas pessoas que estão em sintonia com o que tenho para
oferecer e receber, e creio que isto acontece, provavelmente, com todo profissional que
lida com o ser humano. Devo admitir, contudo, que Quíron também se revela a mim de
modos diversos quando me encontro num estado de maior abertura a meu próprio eu
interno e a elas.
Convém ressaltar que em cada signo ele terá um colo- rido diferente, dependendo
da casa em que estiver localizado, entretanto o ponto focal sempre está intimamente
ligado ao sentido simbólico do signo analisado. O mesmo vale para os aspectos
formados entre os outros planetas e Quíron, e os trânsitos em meu mapa natal que,
segundo as circunstâncias vividas, apontam-me novas chances de acessar camadas mais
profundas de meu ser interior e, deste modo, estimulam-me a um estado de inspiração,
sabedoria, compaixão e, consequentemente, a uma expansão de consciência. Testes,
provas e tarefas se me apresentam para que o encontro com Quíron aconteça
conscientemente, e é durante certos trânsitos importantes que sinto com maior
profundidade meu senso de propósito. Estarei aproximando-me cada vez mais de meu
verdadeiro papel no mundo, de minha natureza heróica, de minha autêntica essência?
A duração de seu ciclo varia de 49 a 51 anos, e nesta fase estamos diante de um
grande momento em nosso caminho de individuação. Seremos ou não capazes de
integrar nosso lado masculino, ativo com o feminino, receptivo? Hora do equilíbrio de
forças, quando temos condições de reconhecer que nossa ferida “quirônica” pode ser
ofertada em forma de qualidades e serviço ao mundo externo. Ainda não possuímos
todas as respostas às dúvidas e questões de nossa jornada, não somos especialistas com
soluções prontas, e talvez seja isto que torne a experiência mais viva, mais envolvente.
Um senso de destino é cada vez mais forte dentro de nós, e é este sentimento que vai
definir os anos vindouros.
72
Vivenciei o retorno de Quíron anos depois de ter escrito sobre este tema, e posso
confirmar que a teoria se fez prática, pois recapitulei muitas experiências vividas em
anos anteriores. A estabilidade emocional tão esperada ainda não se fez presente,
contudo tenho segurança de que ela virá, talvez no momento da entrega, ao reconhecer
que existe algo mais sábio que me guia os passos. A graça virá ao meu encontro, e o tão
sonhado casamento interior terá sua concretude. Fruto já meio maduro desta experiência
é o trabalho sobre Quíron, ou melhor, é a decisão de compartilhá-lo com o mundo!
A cada dia que passa a quietude se instala em relação à busca externa de meu lado
masculino. E o que é um dia para o espírito, ser imortal?!
A consciência que tenho de sua energia é muito intensa, e sei que a cada trânsito
tenho novamente a possibilidade reforçada de lidar com minha ferida e meu dom.
Oscilações em meu comportamento que me tiravam do eixo diminuíram
progressivamente- o que não significa que os desafios o tenham- quando ele, no céu,
coincidiu com sua posição natal em meu mapa e muitas feridas foram curadas.
Descortinou-se diante de mim uma nova fase de criatividade e pude recebê-la com a
“mente” aberta. Que assim seja!
Segundo a observação de minha vida, de meus amigos, alunos e clientes, o seu
retorno evoca algo semelhante àquilo que a sociedade estava passando no momento do
nascimento. No ano de 2002, ao começar a escrever sobre o Mestre, Quíron encontrava-se
em Capricórnio e conflitos eram vividos pelo coletivo no tocante à estrutura de nossa
sociedade. Muitos de nós fortalecemos a determinação de consolidar nosso papel no
mundo, buscando a sintonia com nosso eu mais profundo para manifestarmos nossos
talentos em nossa carreira, por exemplo. Em meu caso, libertei-me de laços que me
prendiam a um papel que não mais servia ao meu caminho e ardentemente voltei-me ao
anseio de minha alma que aspirava somente à aprovação de meu interior. Em minha
realização profissional não mais lutava pelo reconhecimento público (de meus pais,
amigos e da sociedade) de minhas habilidades. O que mais me importava intimamente
era a aceitação de minhas escolhas, mesmo que erros daí adviessem.
Terei eu meios de contribuir para a sociedade com tudo que adquiri ao longo dos
anos na tentativa de curar-me? Posso, então, concluir que minha ferida também tem a
ver com a ferida do coletivo? Que ela não é simplesmente só minha, ou só do coletivo e
partilhamos algo em comum? Será que a minha ferida também foi acidental como a de
Quíron? Ou é algo que trago há tempos dentro de minha alma?! Ou seria uma mescla de
tudo isto?!
É a hora do grande salto evolucionário! Podemos ou não pular... Passamos por crises
individuais, de saúde, nos relaciona- mentos, dentro de grupos, no trabalho, entretanto
juntamente com estas dificuldades existe o aumento de consciência e nosso potencial de
73
curador também se eleva! Podemos, nesta ocasião, avaliar os padrões de resposta
“alquímica” natural que provêm de nosso relacionamento com Mestre Centauro.
Dividamos, então, os frutos da experiência adquiridos com todos que deles necessitam!
Vivamos no aqui e no agora, que é o maior ensina- mento de Quíron. Hora da liberação do
passado e do desapego em relação ao futuro! Hora da eterna mudança do presente!
Antes de iniciar “Quíron nos signos”, gostaria de mencionar o trajeto que todos
percorremos pelos doze signos do Zodíaco, incorporando lições e qualidades,
masculinas e femininas, a serem desenvolvidas ao longo dos anos, lembrando que estas
qualidades apenas sugerem conceitos relacionados à atividade (masculino) e
receptividade (feminino), sendo características essenciais na formação do ser humano
íntegro.
De Áries a Virgem existe um aprofundamento de meu lado subjetivo, um trabalho
interior que preciso por em execução antes de lidar com o grupo maior. Desenvolvo
minha capacidade de tomar iniciativas em Áries, partindo em busca de minha
identidade, para responder a pergunta que tanto me envolve em meu caminho de
individuação, que é a seguinte: “Quem sou eu?” Em Touro, com muita paciência e
perseverança, vou construindo minha estrutura egóica, para, em Gêmeos, partilhar minha
natureza com os outros, procurando, então em Câncer, minha própria nutrição, e nutrindo
também aqueles que me cercam. Expresso minha criatividade e liderança e permito que a
autoconfiança ilumine o meu viver, em Leão, para finalmente poder unir os opostos
masculino e feminino no signo de Virgem, servindo, então, à comunidade.
Este seria meu percurso ideal, se eu não tivesse que me libertar de tantas amarras
que me impedem de ser eu mesma, para poder manter um relacionamento maduro com
os outros no signo de Libra, deixando de acreditar que somente no outro existe aquilo
que me falta para tornar-me um ser completo. Em Escorpião tenho que enfrentar o
mundo subterrâneo, o mundo do inconsciente e as transformações, renascendo e
surgindo das cinzas para, em Sagitário, comprometer-me com minha expansão e abrir-
me ao desconhecido, procurando o apoio em uma força mais elevada, não mais
confiando somente em minha mente concreta. Capricórnio, com sua dignidade e
nobreza, ajuda-me a trazer o eu superior à realidade material, e em vista de tudo que
alcancei individual e coletivamente, procuro servir à humanidade e compartilhar meus
ideais fraternos, como todo Aquariano o faz. Finalizo minha obra em Peixes, unindo-me
ao todo maior e expressando uma grande compaixão por todos. A partir daí, o ciclo
recomeça... Naturalmente este não é um trajeto linear, sequencial, processando-se em
círculos, cujos movimentos, embora independentes uns dos outros, apresentam-se
interconectados.
E quanto ao Dom que Quíron nos proporciona? Resumindo suas características
74
nos signos, sob a perspectiva dos elementos fogo e ar, de um lado, e terra e água, de
outro, representados respectivamente pelas trilogias de signos masculinos e femininos,
Quíron nos signos de fogo- Áries, Leão e Sagitário- está relacionado ao Dom de
Criatividade, de minha expressão singular, meu espírito de liderança e busca de sabe-
doria. Nos signos de terra- Touro, Virgem e Capricórnio- ele diz respeito ao Dom de
Concretização da Individualidade, por meio da perseverança, do trabalho e utilização de
meus recursos internos aliados aos externos. Os signos de ar- Gêmeos, Libra e Aquário-,
expressos por Quíron, transmitem o Dom dos Relacionamentos, através da comunicação
e aprendizado com os outros, da cooperação, do amor e do espírito de união fraterna,
momento em que então, encontro a mim mesma. E, finalmente, a trilogia dos signos de
água- Câncer, Escorpião e Peixes-, concede-nos, por meio de Quíron, o Dom da Entrega
pela nutrição emocional, transformação e amor compassivo. Eu e o outro, a Unidade e a
Totalidade, a integração de todos os aspectos de minha personalidade em harmonia com
meu Eu espiritual.
Trabalharei com os opostos complementares, pois este é o objetivo de Quíron, e da
Astrologia, em geral. Não mencionarei o significado de Quíron nas casas, tampouco seus
aspectos com outros planetas, contudo novamente ressalto que sua simbologia nos
signos está intimamente ligada à simbologia das casas, ou seja, Quíron na primeira casa
aparenta similaridades com Quíron em Áries, que é o ocupante da primeira casa do
zodíaco, Quíron na segunda casa é semelhante a Quíron em Touro, e assim por diante.
Espero ter elucidado que o entendimento de que partilho com outros feridas e dons
semelhantes é o que se destaca no trabalho de Quíron para que possa referir-me real-
mente à cura. O sentimento adquirido de que não estou isolada, de que me encontro
unida a todos e tudo é a expressão de Quíron, e a transição da dualidade em direção à
unidade chega-me com a vivência do momento!
x.a- Integração das Polaridades e Abertura ao Novo
x.a1- Quíron nos Signos de Áries e Libra:
A Consciência do Eu e do Outro
Jamais deixe de ser criança...
Não deixes de sentir, gostar, ver e extasiar-te diante de coisas tão grandes como o
ar, o vôo e os sons da luz do sol em teu interior.
Se quiseres, usa a máscara para proteger a criança do mundo, mas se permitires que
a criança desapareça, terás crescido e já não estarás vivo. •(45)
O que se busca no signo de Áries? Se ele não existisse, simplesmente não
75
conseguiria colocar os pés no chão, no início do dia! Em Áries vejo o ideal e a vontade
de começar novos projetos, de dar início a novas situações, de ter coragem de tomar
iniciativas que fazem de mim um grande guerreiro em busca de minha identidade, de
minha marca no mundo, daquilo que me confere dignidade e singularidade. É aqui que
aprendo que a verdadeira liderança é ser líder de mim mesma, é ter disposição para
nascer de novo após cada experiência vivida, pronta a cumprir meu destino dentro do
todo e liderar seguindo a natureza maior, o bem de todos, independentemente de
aprovação da maioria.
Assemelho-me ao Sol, grande astro de nossa galáxia e, como pequeno sol de meu
universo, expando o brilho de minha individualidade, irradiando minha energia
vitalizadora ao ambiente que me cerca. Exerço, assim, meu lado de liderança, olhando
para mim mesma com abertura e partilhando minha receptividade em relação ao outro.
Sim, quando crianças fomos muitas vezes feridos em nossa individualidade, entretanto
a força de ser quem somos real- mente sempre esteve presente em nosso interior, mesmo que
nossas feridas, sejam elas acidentais ou não, ainda nos impeçam de atingir este objetivo,
porque em nós jaz um tesouro escondido, pronto para ser descoberto, se simplesmente
seguirmos aquilo que nos motiva em nosso caminho, com inocência, espontaneidade e
pureza de sentimentos. E não é isso que a criança realiza naturalmente? Ao caminhar em
cima de pedras e colhe uma flor, sente que é una com a natureza, e talvez por esta razão não
compreenda quando os adultos lhe dizem que pisar nas flores “é algo contra a natureza”. Olha
para os adultos, surpresa, e não entende o significado da frase. Existem outras maneiras de se
ensinar uma criança, mas estamos aprendendo ainda e temos tempo para nos lembrarmos dos
sonhos que um dia acalentamos para caminharmos ao encontro de sua realização...
Os primeiros passos em direção a meu verdadeiro eu, à redescoberta de quem sou,
são, com certeza, titubeantes, as- sim como aqueles dados pela criança que começa a
descobrir o mundo, contudo são eles que vão levar-me à expressão de minha
singularidade, dentro de minha relação com o outro.
Como podemos nós- professores, terapeutas, pais-, ser os modelos para a criança
em desenvolvimento, de modo que ela manifeste sua verdadeira essência? Criá-la em
uma atmosfera de respeito, serviço e cooperação é o mínimo que se requer de quem a
educa. Por isso o autoconhecimento é o bem maior que está disponível a todos nós que
queremos trabalhar para um mundo de paz e harmonia. Ao nutrir minha criança inte-
rior, ouço carinhosamente seus pedidos e questionamentos, e não a obrigo a calar-se.
Começo, então, a reaprender a cultivar o amor por mim, por tudo e todos, voltando a
sentir novamente, em meu interior, o crescimento da fraternidade em relação aos que me
cercam e fazem parte de minha vida. Harmonizando os aspectos femininos e masculinos
em minha natureza interna, abro espaço para a integração em minha pessoa. Logo, ao
76
alimentar hoje esta pequena criança, posso cuidar daquilo que, acidentalmente, foi
negligenciado em minha infância.
No meu dia-a-dia, encontro-me sempre diante de oportunidades para obtenção de
minha própria cura e de meus alunos/filhos, e sempre há a possibilidade de ativar o
arquétipo Mestre/Aprendiz, onde existe uma fusão, e aquele que ensina se torna o que
aprende e vice-versa.
Como entrar em contato com aquilo que, aparente- mente, ainda dissimulo diante
do próximo? Creio que o nascimento de uma criança representa um dos maiores
incentivos a todo aquele que busca o Ser Total, que busca resgatar seu lado inocente e
puro. Olhar para um ser cujos olhos brilham e refletem uma grande confiança no ser
humano, faz despertar em mim a vontade de voltar a ser criança novamente, vivenciando
minhas experiências de adulto, entretanto. Qual o valor de se ter olhos puros se não há
alguém que possa vê-los?! O mestre encontra no olhar de seu aluno a motivação para
continuar exercendo o magistério e, da mesma maneira, o aluno é contagiado pelo
entusiasmo refletido no olhar do professor, descobrindo nele incentivo para o
aprendizado.
A seguinte história “Quem é o mestre?” caracteriza bem os opostos Áries e Libra,
um servindo como espelho do outro:•(46)
Um discípulo perguntou a Nasrudin:
- Como você se tornou um mestre espiritual?
-Todos nós já sabemos o que precisamos fazer em nossas vidas, mas nunca aceitamos
isso muito bem- respondeu Nasrudin. – Para entender esta verdade, precisei passar por
uma situação curiosa.
“Certo dia, eu estava sentado na beira de uma estrada, pensando no que fazer,
quando chegou um homem e postou- se diante de mim. Para afastá-lo dali, eu fiz um
gesto, e ele o repetiu. Achei aquilo engraçado e fiz outro gesto; ele me imitou, acrescentando
o novo movimento.
“Nós começamos a cantar e a realizar toda sorte de exercícios. Eu me sentia cada vez
melhor, e passei a adorar o meu novo companheiro. Algumas semanas se passaram, e um dia
eu lhe perguntei:
‘ Diga-me: o que devo fazer a seguir, Mestre? ’
“E o homem replicou: ‘ Mas eu pensei que você era o mestre! “
77
Falar em Áries, obrigatoriamente me impulsiona a lidar com seu signo oposto
complementar, Libra. Competir e cooperar, buscar o eu e o outro, dentro e fora de mim ao
mesmo tempo. Sim, o outro- Libra- é importante para que tenha uma visão de mim mesma,
para que me veja como sou e para que tenha a possibilidade de expressar meu eu dentro de
uma parceria, seja ela qual for. Quanto mais me empenho na realização de mim mesma,
melhores relacionamentos poderei viver! E isso é um dos requisitos em direção a um
grande casamento com o divino em minha vida! É este desenvolvimento, esta celebração,
que tal- vez todos nós estejamos almejando, em menor ou maior grau. Elevar minha
consciência a um plano onde a união com tudo e todos se realiza é o que me motiva em
tudo aquilo que vivo!
A maior lição que aprendi relacionando-me com estes dois signos, que se
relacionam à Consciência do Eu e do Outro é que ousar pensar livremente é o que me
move a agir de maneira mais genuína também. É este navegar com o próprio espírito que
me carrega, serenamente, ao encontro da Divindade, cuja semente é plantada por Áries e
cultivada por Libra. Consequentemente, o relacionamento entre duas pessoas é, sem
dúvida alguma, uma grande oportunidade para a criação de uma união mística, uma
união onde cada um ex- pressa sua singularidade e se funde, ao mesmo tempo com o
outro. No espaço de silêncio criado, posso ir além de minhas próprias defesas e do outro
e ajudar tanto a ele com a mim no processo de resgate daquilo que perdemos em algum
momento da estruturação de nosso ego.
É a ousadia de orientar-me segundo minha própria natureza, agindo
espontaneamente, seguindo meus próprios pensamentos e sentimentos, que me leva ao
encontro com o outro. Usar meu referencial primeiramente e reconhecer que é de mim
que tudo brota é uma das maiores façanhas que fazem de mim um “Herói”!
Compartilhar minhas conquistas em todos os âmbitos reforça meu papel de servidor da
humanidade. Cada um, com sua singularidade, oferece sua melhor contribuição, que é,
em minha opinião, o Amor a si mesmo, a Consciência de si mesmo (Áries) e Amor ao
próximo, a Consciência do Outro (Libra).
Se meu aluno/cliente/filho tiver Quíron em seu mapa natal localizado no signo de
Áries, ou na primeira casa, e ele não estiver conseguindo se colocar diante do mundo,
aconselho-o a buscar o resgate de seu lado masculino competitivo e a se dedicar a
atividades que possibilitem tal intento, atividades estas que o auxiliem a dirigir e canalizar
sua agressividade, combatividade e necessidade de autoafirmação, de modo que ele possa
expressá-las harmoniosamente, tais como prática de esporte, lutas marciais, competições de
diversos tipos, exercícios de visualização criativa, meditação ativa, sem negligenciar
também a expressão de seus pensamentos e sentimentos através da escrita, da arte, do teatro.
Um pouco de sol seria outra opção! Naturalmente todas estas sugestões serão sempre
78
adaptadas à faixa etária da pessoa envolvida na questão e a outras particularidades de sua
vida. Minha intenção é reforçar sua vontade, estimulando-a a determinar claramente seus
objetivos, primeiramente a nível pessoal e a seguir, em outro nível mais universal.
Minha criatividade, minha energia de fogo, meu entusiasmo devem estar presentes
em todos meus atos para que eu deixe minha marca no mundo. Aqui incluo também Leão e
Sagitário. Cada um deles manifestará a força ígnea de modo diferente, contudo as
recomendações também são extensivas a eles. Quíron em Áries busca a descoberta e
concretização de sua própria individualidade, de sua liderança, a libertação de sua angústia
e dor por não ter sido aceito ou reconhecido exata- mente como era, por isso ele está sempre
procurando responder à pergunta “Quem sou eu?”, com simplesmente “EU SOU!”
O grande Mestre revela-nos aqui que temos o direito de existir, de explorar e
descobrir o mundo e o significado de nossa presença na Terra. Temos um nome que é só
nosso! Te- mos uma marca pessoal que também pertence somente a nós! O curador
ferido em Áries é aquele que nos concede a força de SER! Ele nos ensina a usar e canalizar
a potente energia criativa que está em nosso interior, transformando a agressividade e
frustração, que eventualmente sentimos em nossa infância, em iniciativa e coragem,
impulso para iniciar novas coisas. Ele também nos transmite a energia de pioneirismo
que motiva outros a encontrar a sua própria liderança!
Quíron em Libra é decorrente de sua posição como indivíduo singular. Ambos os
signos, ÁRIES e LIBRA, estão interligados e precisam um do outro. Seu Dom é
compartilhar o amor, sua essência, seus pensamentos e sentimentos, para que vivamos
autenticamente uma vida em parceria. Associamo-nos aos outros para construir novos
sonhos, novas casas, novos castelos, coloridos pela natureza dos relacionamentos,
amizade, trabalho, amor...
O outro, suas necessidades, seus sonhos, suas fantasias, seu corpo, enfim, seu
referencial juntamente com o meu, com minha personalidade, minha essência, são,
entretanto, os fatores primordiais que mais interessam em uma relação, independente de
sua natureza. Importa mais o que sou do que aquilo que faço. Certamente não tenho a
pretensão de invalidar o treinamento recebido numa formação acadêmica, se o encontro
com o outro for a nível profissional! O que considero harmonioso é agir segundo minha
natureza interna, pois quando a contrario, provoco uma cisão em minha vida, o que
resulta na fragmentação e polarização apenas no fazer, e na negligência de minha
própria essência espiritual.
O Amor é a grande força motivadora que flui em tudo e em todos, é o que sustenta
a maioria de nós diante de todos os obstáculos que possamos enfrentar e a mola
propulsora que nos incita à unidade, integração e transformação! Sempre que damos
amor a uma pessoa, recebemos a nossa própria nutrição, e creio também que uma
79
entrega a uma consciência mais elevada somente exista quando há Amor. O que são
grandes feitos se o Amor não está presente? Não acredito que eles sobrevivam ao
tempo...Amor é Deus, Self, Buda, enfim tudo aquilo que considero maior do que eu
mesma! Por meio do Amor sou capaz de transcender meus limites de preferências e
aversões, vivendo, então, em sintonia com o cosmo. Amando ao próximo, tendo
consciência do outro, aproximo-me de mim mesma, e amando a mim mesma, tendo
consciência de mim, posso chegar até ele!
Vejo no outro, enfim, minhas próprias deficiências, pois ele é o espelho que reflete
o que se esconde em meu interior. E se os defeitos do outro me incomodam
intensamente, tenho certeza de que também eu os possuo. Quando a intensidade não é
tão grande assim, eu sei que eu tenho as falhas, mas tal- vez elas não se manifestem em
meus atos.
Quantas vezes não constatei que não é com o outro que tenho dificuldades e sim
com meu próprio eu! A discussão travada com o outro, seja ela verbal ou não, está
sempre carregada com minha própria frustração de não ser capaz de realizar uma
harmonia interna. Em inúmeras ocasiões repeti comportamentos incomuns, talvez por
ter receio de me confrontar com meus próprios erros e feridas e deixei de me aproximar
do outro, argumentando uma pretensa objetividade e esquecendo-me de tentar
compreender seu universo pessoal. E quanto ao abuso de autoridade? Por que quando
temos o poder corremos o risco de fazer mau uso do mesmo?! Onde fica o amor? Na
realidade trata-se de amor-próprio! Como lidar comigo mesma e com o outro de modo
amoroso?
Com Libra também aprendo a aceitação, de qualidades consideradas negativas em
mim e nos outros. Logo, sou auxiliada no resgate do que é positivo e que só consigo ver no
outro, espelho que reflete o que existe em meu interior, e leva-me a “refletir” sobre aquilo que
desejo em mim e em meus relacionamentos.
Quíron neste signo leva-me a uma ampliação de consciência no encontro com o
outro, também quando este atua como minha própria Sombra, uma vez que este confronto
aproxima-me cada vez mais da integração de minha personalidade.
Minhas feridas são limpas e curadas com o Amor e o Perdão por mim e pelo outro,
e minha dor é suavizada sempre que tenho a chance de confortar alguém que sofre.
Todavia, é somente em meu interior que posso encontrar o caminho que vai conduzir-me
à verdadeira realização, uma vez que o outro apenas me ajuda a evocar as qualidades
necessárias para esta harmonização.
Um belo trabalho com Quíron em Libra e nos outros signos em Ar- Aquário e
Gêmeos – segundo astrólogos renomados, poderia ser feito por meio do canto, da dança,
dos instrumentos, da leitura em voz alta, da escrita, de trabalhos com a respiração, com
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a voz, enfim com tudo aquilo que está ligado ao elemento ar.
Importante ressaltar que um indivíduo com Quíron em Áries pode ter um
sentimento de autoafirmação e independência tão exacerbados que de repente em sua
afobação não perceba o outro em seu caminho. Lembremos, entretanto, que o mestre
Quíron sempre foca mais nos talentos e qualidades do que nas falhas de seu aluno,
portanto é a isto que darei mais atenção neste meu trabalho.
Finalizando a polaridade masculina Áries-Libra, posso dizer que o Mestre Quíron
apresenta-se a nós como o professor da arte dos relacionamentos, mostrando-nos que
autoconhecimento verdadeiro talvez não esteja relacionado somente ao processo clínico
a que nos submetemos individualmente, e sim a todas as descobertas que ocorrem na
parceria com o outro e até mesmo dentro de um grupo. Estas descobertas, por sua vez,
podem ser sempre coloridas pela experiência do próprio indivíduo.
x. a2- Quíron em Touro e Escorpião: Valores Pessoais e do Coletivo
O que a lagarta chama de fim do mundo,
o mestre chama de borboleta. •(47)
Sim, a vida é transformação constante, e se me deixar atolar diante de certas
ilusões no meio do caminho, com receio de continuar minha jornada, haverei de perder
aquilo que construí e conquistei ao longo da mesma. Pretendo, portanto, arriscar a trilhar
a estrada não percorrida anteriormente, a estrada desconhecida, inusitada, com fé diante
das escolhas à minha frente!
Touro e Escorpião estão relacionados a meus recursos interiores e exteriores, ao
processo de envolvimento e desapego, ao compartilhamento de meus dons e talentos
com a sociedade, à troca de energias e à transmutação de um estado de ser para ou- tro.
Como posso descobrir meus valores pessoais, levá-los para dentro do grupo e do
coletivo absorver seus valores? E quanto aos valores eternos? Como resgatá-los na
conciliação destes opostos?
Considerando que Touro está relacionado às posses, aos tesouros, aos valores,
estes não são apenas os materiais e sim todos os valores que possuímos, também os
emocionais e espirituais. O eixo Touro-Escorpião lida com o meu dinheiro e o do outro,
valores pessoais e do coletivo, enfim, algo para reflexão, já que muitas pessoas sentem
dificuldades em lidar com o dinheiro quando se dizem ligadas à espiritualidade. Se os
valores espirituais e materiais são ambos assuntos da casa de Touro, não há como
combiná-los? Como desenvolver um trabalho que reflita meus talentos criativos
(Touro), com autoconfiança e ser recompensado de modo gratificante por ele? Se ajo
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segundo o mais profundo do meu ser, seguindo a minha criatividade, deixando meus
dons criativos fluírem livremente (Touro), levando em consideração os valores do
coletivo (Escorpião), transformando em mim aquilo que precisa ser mudado, com
certeza encontrarei o equilíbrio entre o que tenho para oferecer como talento no grupo
em que estou inserido e receberei do mesmo o que mereço materialmente. Não
negligenciando os valores da sociedade posso curar também noções aprendidas em
relação ao dinheiro, crenças herdadas de meus antepassados, por exemplo.
Construir, cultivar, colher e depois afastar-me daquilo que criei, acarreta uma
grande dose de desapego, e isto gera enorme capacidade de manutenção de energia que
posso utilizar em outras tarefas importantes. Esta é a mensagem principal das
polaridades femininas ligadas ao sentimento de posse, seja este de que nível for.
Conforme mencionei anteriormente, não há sentido algum em separar um signo de
seu oposto complementar, quando se fala em integridade. Para não cair em extremismo,
o que seria algo bem escorpiônico, combino as características dos dois signos, o que me
leva a um equilíbrio também na exposição de meu trabalho.
O envolvimento pleno naquilo que executo é uma escolha que faço em minha
vida, porque acredito que uma atenção fragmentada somente faria de mim uma
máquina, inconsciente de sua capacidade. A intensidade do signo de Escorpião é fator
primordial para realizar as mudanças necessárias que já não me são mais úteis e para
sondar os mistérios da vida, aprofundar meus conhecimentos e experiências, entretanto
se somente me alimentar do caráter profundo que o signo me traz, certamente serei
acometida de muitas obsessões sem fim...
O que preciso harmonizar e curar quando Quíron está em um destes signos é meu
valor como ser humano e os valores da sociedade, meus desejos como indivíduo e
aqueles da coletividade. Confiar em meus recursos interiores e ao mesmo tempo realizar
meus compromissos e deveres dentro da sociedade, sem receio de desagradar uma
pretensa autoridade ameaçadora e de enfrentar as consequências de uma desaprovação
do coletivo, tudo isto está incorporado no eixo touro-escorpião. Como realmente
distinguir aquilo que é meu daquilo que me foi transmitido pelos outros? De que
maneira posso servir-me de meus sentidos pessoais e confiar um pouco mais nos
sentidos invisíveis?
Luz e Sombra, como conciliar estas polaridades?
Não é a escuridão que é adversária à luz, e sim a rejeição e negação da mesma. A
luz da clara percepção, do amor e da compaixão é que iluminam meu lado obscuro,
sombrio, logo ouso explorar o oculto nas profundezas de meu ser, entrando, deste modo,
em contato com meu lado “negro”, despertando o tesouro latente em meu interior. Com
paciência e perseverança, elimino os vícios que me prendem a uma situação estagnada e
82
me impedem a renovação. A nível externo, uma boa massagem é ideal para me auxiliar na
aproximação e consequente liberação de sentimentos reprimidos em meu corpo ao longo de
minha vida.
Trabalhos corporais também são indicados para que melhore a comunicação com
meu próprio corpo e com meus semelhantes, principalmente em relacionamentos
íntimos, onde envolvimento, profundidade e liberdade se entrelaçam. Podemos usá-los
em uma aula, workshop e por que não em uma sessão de terapia ou coaching? Uma
atividade que inclua a dança, jogos cooperativos, enfim, qualquer iniciativa que possa
apoiar o relacionamento dentro do grupo.
O envolvimento a que me refiro dispensa, naturalmente, qualquer tipo de
sensibilidade exagerada que perturbe a objetividade nas relações. Trata-se de sentir,
expressar e compartilhar todos os sentimentos, à medida que eles reflitam uma
expressão de meu ser interno e ao mesmo tempo também uma liberação de tensões. E
não nos esqueçamos do valor de um contato físico como o aperto de mãos, o abraço, ou
mesmo um leve toque nos ombros que carregam uma energia carinhosa e sempre
transmitem uma força poderosa em todas as interações humanas. Certamente isto
também se aplica aos outros signos femininos de terra e água, como Virgem e Ca-
pricórnio e Peixes e Câncer!
Quantas ferramentas temos nós a nosso dispor, em nosso relacionamento com
nossos semelhantes!
Posso transformar-me e desapegar-me dos frutos de meu trabalho, quando sei que
nada é perdido daquilo que criei. E o paciente e perseverante taurino, com certeza,
mostrar-me-á, conforme o tempo transcorre, a necessidade de uma determinada
mudança. Depois da tempestade vem a bonança, diz o ditado popular, e justamente
nestas fases é que os atributos do signo de Touro são valiosos. Existem apenas
transformações necessárias para meu crescimento, mudanças estafantes, às vezes, que me
obrigam a reajustes e levam-me a renunciar a hábitos de comportamentos conhecidos. É
na aceitação da dança da vida e reconhecimento de seu valor para minha evolução e
potencial de crescimento da humanidade que Escorpião me guia. Ele também auxilia
meu lado construtor taurino a viver mais intensa e profundamente. Sentir a
transformação com a mesma profundidade que um relacionamento pode oferecer- me
leva-me a um conhecimento que une todos os aspectos de meu ser, corpo, mente,
emoções, alma e espírito.
O presente é que importa agora, pois ele contém as se- mentes do que está para vir
e aquilo que já se foi e, embora o passado não possa ser desfeito, posso mudar minha
atitude em relação ao acontecido. Creio que é neste sentido que Quíron está relacionado
ao renascimento.
83
Recordo-me das inúmeras vezes em que empreguei métodos de visualização para
modificar algo desagradável de que me arrependera ter feito ou que fora feito a mim, e posso
afirmar que não me refiro a criações mentais ilusórias. Tenho condições de desfazer o mal-
estar causado por dissonâncias passadas simplesmente com o uso da imaginação criativa ou
mesmo da fé. Não se trata da fé “mental” que afirma isto ou aquilo simplesmente por medo
de algo maior, e sim, da fé imponderável, que me faz reconhecer e aceitar a inconstância em
meu mundo externo e que me dá a certeza de que o melhor sempre me acontece. Andar com
fé é seguir adiante, sem receio do que haverei de encontrar em meu caminho, permitindo,
deste modo, que o inesperado me surpreenda. Assim defino minha fé!
O Mestre aparece para nos transmitir o verdadeiro significado do renascimento.
Somos nós que atraímos as experiências em nossas vidas, e tudo que vivemos apresenta
um propósito definido. “Para quê?” e não “Por quê?” seria, então, a pergunta mais
adequada a nos fazermos quando nos encontramos diante de impasses, cuja
compreensão ainda está longe de nossas mentes. Ousemos, neste processo, expressar
claramente aquilo que sentimos, queremos, pensamos... Os resultados aparecerão e
quem sabe somente o tempo consiga revelar-nos os frutos saborosos de uma vivência
desagradável! Podemos, sim, seguir nossos valores internos, ao mesmo tempo em que
podemos apreciar aqueles que a sociedade nos oferece, a fim de atingirmos a tão
sonhada paz, que reside em nossa capacidade de lidar com os desafios sem julga- mento
ou mesmo resistência. Quíron professor ensina-nos a construir nossos próprios valores,
a ter paciência com nosso desenvolvimento pessoal durante a construção e a desapegar-
nos de nossos pontos de vistas cristalizados, preparando-nos para a reforma externa de
nosso ser! O aspirar ardentemente à luz é uma alavanca para o cumprimento do nosso
real destino. Acredito que o objetivo, o propósito de nossas vidas esteja vinculado ao
aprimoramento da consciência de nossa natureza espiritual, logo, libertando-nos da
dependência daquilo que em nós jaz inconsciente, podemos chegar à aceitação do que
expressamos no mundo.
x.a3- Quíron em Gêmeos e Sagitário:
Conhecimento Concreto e Abstrato
Disse o Senhor Buda...
Que não devemos crer em algo meramente
porque seja dito; nem em tradições
porque vêm sendo transmitidas desde a antiguidade;
nem em rumores; nem em ilusões supostamente inspiradas em nós por um
Deva
84
(isto é, através de presumível inspiração espiritual);
nem em ilações
obtidas de alguma suposição vaga e casual;
nem porque pareça ser uma necessidade análoga;
nem devemos crer na mera autoridade de nossos instrutores ou
mestres.
Entretanto, devemos crer,
quando o texto, a doutrina, ou os aforismos
forem corroborados pela nossa própria razão e consciência.
“Por isto”, disse o Buda, ao concluir, “vos ensinei a não crerdes
meramente porque ouvistes falar,
mas, quando houverdes crido de vossa própria consciência,
então devereis agir de conformidade e intensamente”. •(48)
Será que existe um único caminho que me leve à verdade? Acredito que esta não
se vincule a nenhuma senda especial, e que encontremos partículas daquilo que
conceituamos “verdade” em diversas trilhas aqui e ali. Ela não tem passado nem
futuro, ela simplesmente é aquilo que precisa ser. Talvez o Amor seja o fator principal
nesta busca! Independentemente do que seguirmos, se o sentimos, é bem provável que
nos aproximemos daquilo que almejamos, de nossa união com o todo maior, de nossa
integração, enfim, da verdadeira vida!
Entretanto este sentimento sozinho é muito fraco, precisa de um aliado, algo que
é muito procurado hoje em dia, o Conhecimento, só que este também, por sua vez
precisa se unir à sabedoria que ensina e à disciplina que educa. Segundo Rubem Alves,
em seu livro intitulado “A Planície e o Abismo”:
O Conhecimento só é gracioso para aqueles que aprenderam, com os poetas, as lições
do Amor e da Morte. ...Pois o Conhecimento que só mora na cabeça é logo esquecido. É
preciso que ele more no lugar onde o sangue corre. •(49)
Realmente vale a pena ler este livro, pois o autor, com muita sensibilidade,
transmite ao leitor a caminhada que fazemos em direção ao nosso Eu verdadeiro.
Segundo os paradigmas de nosso tempo, cada método escolhido, cada filosofia de vida,
cada afirmação feita é apenas um espectro de consciência da verdade que nos auxilia em nosso
Caminho. Algumas pessoas têm necessidade de dar 100 passos na mesma direção para chegar a
85
uma consciência maior, todavia outras, segundo seu nível de percepção, necessitam dar 10
passos em dez direções diferentes para chegar à conclusão de que os caminhos são diferentes,
mas a Busca, de certo modo, é semelhante. Às vezes, elas apenas precisam se comprometer com
um só caminho! Outras pessoas, entretanto, com habilidade para combinar diversos caminhos,
aparentemente contraditórios, são capazes de seguir qualquer um deles porque dispõem de uma
maior clareza em relação à vida e, com enorme discernimento e grande profundidade, prestam
um valioso serviço à humanidade, mais particularmente a quem está solicitando sua ajuda. Elas
não priorizam um caminho em detrimento de outro, pois sabem que este é apenas um caminho!
Para que limitar aquilo que busco a uma única visão? Creio que minha habilidade
para questionar, inquirir, observar e pensar por mim mesma é a maior força que me
dirige ao conhecimento de mim mesma e que estimula o outro a também pensar por si
próprio. Grande tarefa esta que temos todos, a de ensinar a pensar, a questionar!
Hei de libertar-me dos resquícios de consciência grupal, que me impeliam à ação
numa época em que isto era importante para minha sobrevivência. Para ser um
indivíduo, resgatarei a fé em meu eu interno e usarei de coragem para resistir ser levada
novamente na corrente de pensamento de massa. Como distinguir a consciência de grupo
da de massa?! Hei de descobrir meu próprio caminho, e acolherei a verdade segundo
minha capacidade de recebê-la. Para isso ouso questionar, inclusive minhas próprias
crenças e meus próprios valores! A fonte maior de conhecimento existe em meu interior,
e para ter acesso a ela somente preciso dedicar um pouco de meu tempo à comunicação
com meu ser interno. O exercício transforma-me num mestre, diz o ditado popular
alemão!
Servir à comunidade e à humanidade é servir à verdade de meu ser. É arriscar minha
própria vulnerabilidade dentro do grupo maior. Assim, recompensas advirão para toda a
ampla rede de vidas de nosso sistema planetário. Quanto mais aberta estou para mergulhar
no novo, incorporar ideias novas e úteis de outras crenças, mais inspirações receberei que
poderão solucionar minhas dificuldades e de outros que me cercam. Se posso aceitar algo que
possua algum sentido para minha vida, torno-me cada vez mais receptiva ao novo que se
aproxima de mim por meio de diversas fontes. Creio que é mais fácil atingir uma
determinada meta se não estiver abarrotada com uma série de crenças errôneas, desgastadas
ou inadequadas sobre o modo de como alcançá-la, logo, embora possa comprometer-me
somente com uma verdade que se me apresenta, é importante que tenha abertura e
receptividade para acatar outras formas de realidades que me auxiliem a ampliar meu
entendimento da vida e engrandeçam minha liberdade de apreciação dos ensinamentos
adquiridos. E algo muito importante a considerar diz respeito a aplicar todos os
conhecimentos na prática do dia-a-dia!
Quíron pede-me que expanda meus horizontes e confie mais em meu mestre
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interior, liberando-me, pouco a pouco, de instrutores externos! Estes atuam, na verdade,
como intermediários que facilitam a comunicação, dentro e fora de mim. Como
professores/terapeutas/pais desempenhamos a mesma função no que concerne ao nosso
relacionamento com nossos alunos/clientes/filhos. Prepará-los (e também a nós) para vi-
ver a verdade, em harmonia com o meio em que vivem (vivemos), é uma de nossas
missões!
Buscar o autoconhecimento e a integração em minha vida, certamente revela-me
um objetivo subjacente, algo em comum que todos os buscadores partilham,
independentemente do sistema de crenças e valores que adote como parâmetros em
minha atuação dentro da sociedade. A descoberta de mim mesma, o sentido de
equilíbrio que incorporo em meu comportamento e ações, levam-me ao outro, o que, por
sua vez, irradia mais consciência ao mundo em que vivo, pois é este encontro que me
transforma e a todos! Mestre Jung diz que o encontro de duas personalidades é como a
mescla de duas substâncias químicas; se houver reação, as duas se transformam.
Como deixar de interpretar tudo racionalmente com minha mente analítica e dar
espaço ao poder intuitivo criativo a fim de solucionar meus desafios? Simplesmente
acolhendo a energia destes dois signos ligados à comunicação, ao aprendizado, à integração
da personalidade, à síntese. Permitir que haja um diálogo entre minha mente concreta e
abstrata é de grande ajuda, se quiser expandir meus ideais e alçar novas dimensões de
consciência. Consentir um intercâmbio entre mim e os outros companheiros de viagem
conduz-me a uma evolução do ser. Que dons posso eu proporcionar aos outros em Gêmeos
e Sagitário? Sagitário é o grande professor, o filósofo, que muito tem a ensinar, o
visionário, e sua sabedoria inspira todos que procuram por seus conselhos. Gêmeos, com
sua flexibilidade e versatilidade também nos transmite a leveza do conhecimento, o bom
uso da palavra e nos lembra que a palavra cria. Colocar em prática aquilo que sei, manter
um compromisso com a verdade, com minha verdade interna, procurar ver o outro, ouvi-
lo, propiciar-lhe meios para sua expressão, são habilidades que estes dois “professores” nos
passam.
Pensar com autonomia é encontrar tempo para lançar um olhar que vá além das
criações de nossa própria mente, diz-nos Happé em seu livro Consciência é a Resposta.
Pensar é reconhecer que os pensamentos correspondem a um ato de criação!
x.a4- Quíron em Câncer e Capricórnio:
Poder Interior e Exterior
As coisas simples são as mais extraordinárias,
e só os sábios conseguem vê-las •(50)
87
Creio que, na tentativa de descobrir meu lugar no mundo, de sentir que pertenço a
uma família, de que estou sendo nutrida e de como desenvolver meus talentos e usá-los
também em benefício da sociedade, acabe, erroneamente, tendo que me submeter aos
outros, ao grupo social, àquilo que se espera de mim, entregando pedacinhos de minha
verdade, cedendo meu poder pessoal aos outros e perdendo, enfim, o próprio eu. Neste
instante existe, talvez, uma grande dificuldade de assimilar o que aconteceu, pois esta
perda não é algo concreto. Entretanto, por trás da necessidade de aprovação, existe um
anseio insatisfeito, que é o da realização de minha essência.
A expectativa de ser reconhecida, de ser amada, que eu e a grande maioria da
humanidade nutrimos, em diferentes graus de valor, leva-me inúmeras vezes, à negação de
minhas autênticas necessidades e objetivos. Nesta tentativa de tentar conseguir trazer
minha espiritualidade para o mundo exterior, de ser quem realmente sou, haverei de
resgatar meu próprio sistema de valores, e a partir dele, reconhecer a mim mesma, meu
papel dentro da estrutura da sociedade. Pelo diálogo interior, encontro com meu mestre
interno ou mesmo de um instrutor externo, alimento maior segurança em minhas atitudes e
possibilito, desta maneira, meios para minha transformação pessoal, a qual por sua vez,
favorecerá as mudanças em meu ambiente. Segundo Trigueirinho, a única aprovação
autêntica provém dos mundos internos, da própria consciência espiritual e eterna.
Naturalmente, reconhecer aquilo que almejo, livrando-me de expectativas da
sociedade, é algo que demanda um grande trabalho interno e externo. Como seguir minhas
próprias inspirações, seguir meu guia interior, sem destruir o sistema em que vivo,
inserindo-me nele, assumindo uma determinada posição e contribuindo, assim, com meus
talentos? Haverei de lidar com o medo! Medo de não ser boa o bastante, de não ser
eficiente, de ser incompreendida, de ser vencida pelas forças consideradas negativas, de
perder o amor daqueles que estão compartilhando a vida comigo, de ficar desampara- da,
de perder literalmente o chão sob meus pés, de errar, enfim, medo de perder minha
individualidade!
Por todos estes motivos, vivo, às vezes, em termos de certo ou errado, bem e mal,
claro e escuro, o que limita minha percepção consciente, não me permitindo ver as
circunstâncias de minha vida como algo holográfico, onde a união se faz sentir.
Desidentificar-me de um dos aspectos de minha realidade dualística é caminhar em
direção a uma consciência mais elevada, é abertura ao autoconhecimento e liberdade de
condicionamentos obsoletos que não deixam a harmonia envolver a minha vida.
Nutro a crença de que erros inexistem, pois tudo aquilo que chega a mim, fui eu
que, de algum modo, atraí para meu próprio aprendizado e para o despertar de meu
potencial latente. Ambos. Qual a essência do que estou vivendo agora?
Lidar com tantos sentimentos contraditórios, com meu lado Sombra, concluindo
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que errar me aproxima cada vez mais da realização de minha essência faz parte do
aprendizado e me motiva a seguir adiante. Recordo-me de ter lido em um artigo de
astrologia, que se decidirmos um dia colocar todos os nossos medos num papel,
observaremos, depois de certo tempo, que quase nada do que temíamos, concretizou-se e
que muitas de nossas apreensões são imaginárias. Criamos, muitas vezes, muitos
obstáculos que interferem em nosso progresso, simplesmente por temermos os maus
períodos, o que nos leva a recearmos também as boas fases e desperdiçarmos nosso
potencial.
Esquecemo-nos de que tudo muda, a uma velocidade cada vez mais rápida, e
talvez esta seja uma das grandes verdades que poderíamos absorver a fim de vivermos
mais livremente. Estamos presos a tantos “deveria” e “precisaria” que assumimos maior
responsabilidade do que nos cabe, desconfiando e desacreditando da natureza da dança
que escolhemos para nós mesmos e que o outro também escolheu para si. Por que temos
medo de ser o que somos?! A vulnerabilidade é a força que nos motiva a crescer.
O medo inexiste no amor, assim nos diz o I Ching, o livro das mutações. Esta
mensagem é minha nutrição, nas inúmeras vezes em que duvidei de minhas crenças e as
questionei, contudo, o medo serve como alavanca ao poder, e não é a sensação que ele
causa que é prejudicial, e sim a paralisação de nossas forças. Quando eu atuo, ele
desaparece...
O que imagino como perigo, talvez minha perda do eu, certamente leva-me ao
medo, mas ao mudar meu foco e sei que eu mesma estou criando a realidade do perigo,
acabo, consequentemente, afastando este sentimento de minha mente. Feito isso, terei
mais “garra” para enfrentar os entraves e ciladas que possivelmente ainda encontrarei.
Talvez a palavra mais adequada para impedimento ou obstáculo fosse desafio. Como diz
Richard Bach em seu livro Nada por acaso, o que define o que somos é a maneira como
enfrentamos um desafio e não o desafio em si.
Não sei se minha visão é otimista demais, contudo, ela tem norteado, já há algum
tempo, o meu viver!
A grande realidade é que tememos profundamente o brilho de nossa própria luz, o
poder que reside dentro de nós, a harmonia constante que acompanha o resultado de
todas as descobertas conscientes que as transformações nos trazem.
Vivemos separados de nosso centro interior, que é estabilidade, alegria e paz e,
inconscientemente, hesitamos em seguir sua orientação por receio de sofrer... e crescer.
Distorcemos o conteúdo da mensagem e prosseguimos, simulando uma pretensa
harmonia, até que o chamado se torne mais frequente e nos disponhamos a fazer aquilo
que ele sussurra.
Que grande responsabilidade à minha disposição para poder lidar com a luz da
89
verdade! Ser responsável resulta em maior capacidade e sensibilidade para nutrir, curar
os outros, ser nutrida e curada também, além de mais sensibilidade para distinguir os
sinais do mundo interior que me alertam em relação à flexibilidade para adaptação às
situações ou afastamento das mesmas... Escolhas responsáveis e prudentes são sempre
as mais conscientes!
Creio que uma das maiores lições que advém das duas polaridades femininas
Câncer-Capricórnio é a de que todos nós, no planeta Terra, estamos sujeitos às leis que o
regem, leis humanas e físicas e, portanto, limites existem! Qual o meu lugar no mundo?
Como lidar com o poder interno e externo? Atribulações, dificuldades e doenças que nos
acometem fazem parte de nossa vida. Podemos superá-las, se não há como curá-las...
Como aplicar os ensinamentos contidos na simbologia de Quíron nestes dois signos na
relação professor-aluno, por exemplo? A autoridade do mestre, calcada na natureza espiritual
do ser, reforça a própria autoridade do aluno, que passa a respeitá-lo não porque considere
este professor superior a si mesmo- o aluno-, e sim porque ambos são igualmente
importantes no contexto em que estão inseridos. A autonutrição do mestre incentiva a
nutrição do aprendiz e, finalmente, a disciplina e responsabilidade inerentes ao papel do
instrutor atuam como sinalizadores da estrada que o discípulo terá que percorrer.
Deste modo, o papel que desempenhamos na sociedade, nosso poder exterior está
intimamente ligado a nosso poder interior. Quando nos sentimos produtivos, consequen-
temente, sentimo-nos bem. Se o que fazemos dentro do grupo maior nos preenche é
porque ouvimos a voz de nosso poder interno e a seguimos. Sofremos ao realizarmos
algo que trai e violenta o mais profundo de nosso ser.
Finalizando, concluo meus pensamentos e sentimentos sobre Quíron nestes dois
signos, reforçando o seu dom que é de nutrir a si mesmo e aos outros e trazer seu Eu
Superior dentro de todos os seus atos, unindo o Céu e a Terra, revelando a
espiritualidade na terra, segundo os princípios da Grande Mãe e do Pai. Amor com
Disciplina e Disciplina com Amor! Ousemos manifestar nossa essência mais plena sem
receio do reflexo de sua Luz interna!
x.a5- Quíron em Leão e Aquário: Criatividade Pessoal e no Grupo
Se queres chegar a ser feliz, só irás consegui-lo deixando de pensar em ti. Enquanto não
abrires espaço em tua vida para alguém que seja, para ti, tão importante como tu mesmo,
viverás solitário, perdido e buscando...•(51)
Na era em que vivemos, costuma-se falar muito em consciência de grupo, amor ao
grupo, desapego do ego em favor de algo maior, todavia qual o real significado disso?
90
Em primeiro lugar, nem sempre conseguimos formar um grupo externamente,
portanto abraçar ideais de vida juntamente com outras pessoas pode corresponder a elos
forma- dos somente a nível interior. Seguramente existem milhares de indivíduos em
nosso planeta que estão ligados num plano interno, e cada vez que um deles alcança
uma vitória, supera um obstáculo, os frutos destas conquistas espalham-se e encontram
ressonância em todos os outros participantes do grupo. Ser consciente de que não se está
só, de ideais de vida compartilhados, não é simplesmente olhar apenas o que é im-
portante ao grupo, e sim, encarar a própria verdade e ousar manifestá-la, integrando as
polaridades masculinas dos signos de Leão e Aquário, unindo os dois extremos e
encontrando um ponto de equilíbrio entre eles. É amar ao próximo como a si mesmo,
entretanto valorizando a segunda parte desta mensagem, que durante muito tempo foi,
pela grande maioria de nós, negligenciada, em vista de interpretações distorcidas de
ensinamentos de princípios cristãos, em minha opinião. Amar a si próprio como ao
próximo é tão importante quanto amar o outro como a si mesmo! Vamos, portanto,
resgatar esta forma de amar para que a mensagem repercuta em todo o nosso ser,
trazendo um brilho muito especial dentro da coletividade.
Consciência de grupo significa trabalhar diligentemente na evolução individual,
procurando uma integração em todos os níveis porque quanto mais integrada sou eu,
mais significativa será minha presença como indivíduo neste grande todo. Colocar a
criatividade pessoal, o brilho de meu Sol, de minha essência, dentro do grupo a que
pertenço, respeitando as diferenças de todos que fazem parte do mesmo e demonstrar,
sobretudo, receptividade às críticas construtivas dos companheiros de jornada é de
grande relevância neste momento atual. Deste modo contribuo para que o brilho e
exuberância dos outros também floresçam e sejam reconhecidos.
Partilhar ideais de vida corresponde a descobrir meu valor pessoal, confiar no que
sou e, deste modo, elevar minha autoestima! Somente liberando-me da opinião do outro
como referencial de meu próprio valor é que posso fazer parte do grupo maior e
contribuir para o enriquecimento deste grupo. Ressalto também o possível impacto da
opinião do outro para reconhecimento de meu verdadeiro valor! Na verdade, ambas as
perspectivas são complementares para meu crescimento.
Serviço à humanidade engrandece aquele que o presta e aquele que o recebe,
principalmente se a qualidade do que faço supera o número de serviços que posso
oferecer ao todo, pois é a partir disso que meu desenvolvimento tende a acelerar-se
rapidamente.
Não há como separarmos as características do servi- dor e colocá-las como
pertencentes somente a um signo do zodíaco, afinal tudo está interligado. De que
adianta eu servir ao todo e negar o próprio eu?! Por outro lado, de que serve afirmar
91
minha singularidade com tanto afinco, se, cada vez mais, separo-me do bem do grupo
que me cerca?! Um ego bem-estruturado é premissa essencial para o trabalho de doa-
ção impessoal à humanidade, ajudando-me a relevar o supérfluo visando a algo superior.
Com certeza, existe a questão sobre o significado de seguir a natureza da nossa
verdade, e enredamo-nos em grande confusão ao querer encontrar somente as respostas
nos outros, nas situações que vivemos, esquecendo-nos que o maior reservatório de
soluções em nós se encontra. Seguir minha verdade interior livra-me, pouco a pouco, da
ansiedade que acompanha meus atos, consequência da negação a mim mesma e a minha
voz interna, portadora da verdade que vem de regiões profundas de meu ser, de minha
fonte criadora.
Contribuir, então, para um mundo melhor é usar Quíron, e ter a convicção de que no
processo de reforma íntima jamais precisarei abrir mão de minha singularidade. Posso, sim,
ousar expressar minha verdade com discriminação dentro de todos os relacionamentos, em
todas as circunstâncias de minha vida, sem desconsiderar, entretanto, o mundo externo e a
verdade de cada ser. Esta, assim como a vida, flui continua e constantemente e princípios
antes considerados como verdades absolutas abrem espaço para a realidade de hoje e de
amanhã.
Cada um faz a sua história! E cada qual pode envolver-se com a purificação e
aperfeiçoamento de seu caráter e com o estudo de trabalhos que sirvam de inspiração
para esse processo. Por que não descobrir seu caminho pessoal, de acordo com sua
história passada, com seu temperamento, com as circunstâncias ao seu redor e segundo
outras características que constituem sua própria individualidade?
Ao encarar minhas próprias feridas, minha resistência em mudar, elevo minha
compreensão de vida e sou capaz de voltar-me aos outros, servindo como orientação a
eles, para que eles também cheguem um dia a ansiar pela integração, pois ela é destinada a
qualquer um que esteja disposto a descobrir seu caminho de vida e sua função dentro do
todo. Desta maneira, torno-me uma verdadeira curadora de mim mesma e canal para a
cura da humanidade, servindo a propósitos superiores, não obstante muitas vezes ainda
não os vislumbre com clareza. Para tal finalidade abro-me a uma visão vertical da vida!
Leão tem uma importância significativa na formação do ego, por estar ligado a
nosso brilho pessoal, a nosso “sol” interior. É primordial que me dê conta de meu valor
no contexto do todo, pois minha verdade juntamente com a verdade do outro é o
que resulta na evolução do mundo.
Minha expressão criativa é decorrente do quanto fui ama- da, ou melhor do quanto
senti-me amada em minha infância, do quanto pude relacionar-me com os outros de modo
“brilhante”, seguindo minha autoconfiança, meu espírito de liderança, meu ser criança! Toda
criança sadia gosta de mostrar suas habilidades, até o dia em que alguém a reprova por isso. Se
92
ela seguisse o fluxo de vida, certamente continuaria a agir de modo seguro e autoconfiante,
entretanto para adaptar-se às expectativas dos outros e, de certo modo, sobreviver, trai sua
natureza interior e passa a ajustar-se ao que lhe é pedido, negando seu brilho interno, e
consequentemente, sua luz externa também.
É possível também que a pessoa creia que somente é criativa se apresenta algumas
habilidades artísticas, seja desenhar, pintar, escrever poemas... Afinal é o que
normalmente aprendemos na escola. Se, porventura, não manifestar nenhum dom nestas
áreas, a pessoa não é tida como criativa e nada então lhe resta a não ser sufocar seu dom
de vida!
Olhemos as crianças de nosso mundo, levemos em consideração suas necessidades e
contribuamos para que elas encontrem e expressem sua própria verdade, eis aí uma das
grandes tarefas que podemos praticar atualmente. Permitamos que elas manifestem sua
criatividade pessoal, seu dom de nascimento, seu SER, enquanto seres divinos que são!
Propiciemos a elas oportunidades para que revelem, no processo de cresci- mento, os dois
polos de sua essência, o masculino e o feminino, consentindo que reúnam diversas cores
berrantes em formas também variadas, para expressar o ser interior, aliando, deste modo,
forma e conteúdo. Somente assim elas conseguirão pintar e viver a unidade latente dentro
de si! Isto é criatividade!
As crianças, curiosas e ávidas por conhecer a vida, são nossos pequenos mestres.
Segundo Robert Happé em Consciência é a Resposta a criança é a representação do
espírito livre, o ser dentro de nós a quem devemos olhar com muito carinho e amor. Esta
criança aspira a uma vida com significado! Que nosso intercâmbio com ela cresça a cada
dia!
O Dom de Quíron em Leão e Aquário é atuar como facilitador no resgate desta
criança interior, ciente de seus ta- lentos expressivos e de sua formosura! Brincar, ousar,
criar, tudo isso faz parte da vida. Exibir meus dons dentro de um grupo maior,
estimulando outros a que façam o mesmo para enriquecimento do todo, é isto que
Aquário me revela. O trabalhar em conjunto, compartilhando com amor aquilo que é
expressão de minha essência!
x. a6- Quíron em Virgem e Peixes: Unidade com o Eu e com o Todo
A Consciência Finita e Infinita
A pessoa inteira é aquela que estabelece um contato significativo e profundo com o
mundo à sua volta. Ela não só escuta a si mesma, como também as vozes de seu mundo. A
extensão de sua própria experiência é infinitamente multiplicada pela empatia que sente
em relação aos outros. Ela sofre com os infelizes e se alegra com os bem-aventurados. Ela
93
nasce a cada primavera e sente o impacto dos mistérios da vida: o nascimento, o
crescimento, o amor, o sofrimento, a morte. Seu coração bate com os enamorados, e ela
conhece a alegria que está com eles. Ela conhece também o desespero, a solidão dos que
sofrem sem alívio; e os sinos, quando tocam, ressoam de maneira singular para ela •(52)
Vivenciei, desde meus 17 anos (1972) acontecimentos e situações que me
revelaram que sou mais do que aquilo que me foi passado e que pensava que era. Vivi
muitos momentos de solidão em minhas fases de crescimento, sem alguma ajuda externa,
certamente porque crenças necessitavam ser trans- formadas, até que tive a certeza de
que minha consciência não estava limitada a meu corpo físico. Cada descoberta que fazia
era confirmada por algo que posteriormente encontrava em livros sobre expansão de
consciência, consciência cósmica e assuntos similares.
Durante muito tempo tive que confiar no “som” interior, naquela pequena voz que
me guiava e estimulava-me a confiar em meu processo. Minhas experiências intensifica-
ram-se e, durante muito tempo, conforme já relatado, os livros e ensinamentos neles
contidos foram meus mestres e aliados, meus únicos amigos. Nada sabia sobre Quíron
na época, pois sua descoberta deu-se apenas em 1977, época em que muitas
experiências místicas foram vividas e relatadas por milhares de pessoas, segundo o que
já mencionei.
Em 1987, meu marido teve que fazer um treinamento na Alemanha e eu,
naturalmente, acompanhei-o nesta viagem. No mês de minha ida para lá, minha mãe
teve que se submeter a uma cirurgia, a segunda naquele ano, para retirada de um cisto na
face, na altura do ouvido. Conversando com ela após a operação percebi seu medo e
perguntei-lhe se era da tão temida morte, ao que ela acedeu. Lembro-me de ter- lhe dito
que, se isto tivesse ocorrido, certamente ela teria sido acolhida por pessoas que a
amavam. Era assim que imaginava a morte de alguém.
No dia 5 de agosto do mesmo ano, já na Alemanha, muito angustiada, sem razão
aparente, liguei para o Brasil e conversei com minha mãe. Depois da despedida, como a
inquietude, entretanto, ainda me atormentasse, senti necessidade de ligar a ela
novamente. Em vão...ninguém em casa... No meio da noite, fomos acordados por um
telefonema de meu pai, avisando que minha mãe havia sofrido ruptura de aneurisma,
minutos após ter falado com ela, e que, segundo os médicos, não havia esperança alguma
de que ela sobrevivesse ao derrame.
Nos dias que se seguiram, mal tive motivação para isolar-me e meditar um pouco.
Lembro-me de ter consultado o I Ching e ter sentido, a partir de sua leitura, que seu
caminho aqui na Terra havia chegado ao fim.
Entreguei, então, meu apego ao Todo Maior, orei e esperei que o melhor
94
acontecesse a todos os envolvidos na situação. No dia 7 do mesmo mês, às 12:30, já não
me recordo se horário da Alemanha ou do Brasil, entrei em meditação e deixei-me levar
pelo fluxo de energia. Sentia muito não poder estar ao lado de minha mãe naquele
momento, entretanto o meu anseio era tão intenso, que logo me vi a seu lado, jun-
tamente com outros seres, cujos rostos não consegui identificar. Tomei-lhe as mãos,
muito serena e feliz ao fazer isso, e logo retornei à consciência do corpo. Já havia tido
muitas experiências de expansão de consciência nos anos anteriores, algumas vezes com
medo, outras com mais confiança, entretanto desta vez senti um misto de alegria e
tristeza ao mesmo tempo. Tristeza por me afastar de minha mãe, e alegria por ter vivido
um momento de unidade com ela. Entendo hoje que a morte apenas nos separa
fisicamente das pessoas que amamos, contudo a união permanece em nossos corações.
Leila, minha mãe, continua viva em mim. Exatamente naquele instante, meu marido
entrou no quarto e disse-me que meu pai havia acabado de telefonar, ao que comentei: “
Minha mãe acabou de falecer, não é mesmo?” Isto se deu às 12:45 do dia 7 de agosto de
1987.
Houve uma grande mobilização afetiva para que este evento sincronístico
acontecesse, e eu, sinceramente não precisava dele para crer na dinâmica de energia,
entretanto outras pessoas, mesmo não tendo experienciado o mesmo, puderam, com o
relato de minhas vivências, se não alterar certas crenças em relação ao significado de
“consciência”, pelo menos refletir mais sobre a questão. De qualquer modo, a experiência
forta- leceu ainda mais meu anseio por autoconhecimento, confirmando que não existem
separações entre os seres humanos, e que todos estamos conectados interiormente. Pude
sentir a unidade com o todo ao mesmo tempo em que sabia que era um ser distinto do
acontecimento; vivi as polaridades Virgem-Peixes, consciência finita e infinita,
respectivamente.
Este foi um dos grandes acontecimentos que me fizeram encarar a realidade de
outra forma e dar mais um passo adiante em minha caminhada de compreensão da vida
e de meu papel na eternidade, isto é, no momento presente, no aqui e no agora.
Sallie Nichols, em seu livro Jung e o Tarô, citando Aniela Jaffé, diz que:
A experiência mostrou que fenômenos sincronísticos têm maior probabilidade de
ocorrer na vizinhança de acontecimentos arquetípicos, como a morte, um perigo mortal,
catástrofes, crises, sublevações,etc. Também se pode dizer que no paralelismo inesperado de
sucessos psíquicos e físicos, que caracteriza esses fenômenos, o arquétipo psicóide,
paradoxal, se “ordenou”: aparece aqui como uma imagem psíquica, ali como fato físico,
material, externo.•(53)
95
Uma informação importante- para os amantes de astrologia- em relação a aspectos
astrológicos é que, nesta época, Quíron em trânsito fazia conjunção com o Quíron natal
de minha mãe, que estava vivendo seu retorno, além de estar em conjunção com seu
nodo lunar sul, uma das extremidades do eixo de seu propósito de vida. Em meu mapa
de nascimento, Quíron também transitava, coincidentemente, meu nodo sul! Algo muito
significativo, portanto, ocorreu para nós duas ao mesmo tempo. Certamente a morte de
uma pessoa querida tem grandes repercussões na vida de uma pessoa, entretanto,
particularmente em meu caso, este evento provocou uma ruptura desmedida em minha
trajetória, ruptura de velhos condicionamentos no sentir, no pensar e no agir. Reconheço
que sou una com todos e que devo ficar atenta aos lembretes e sinais que são
transmitidos constantemente para que o aprendizado não caia no esquecimento
novamente.
Peixes representa a entrega a algo maior, ao grande oceano cósmico, e diz que
somos todos parte de uma grande família, que a vida é algo mágico e que somos seres
espirituais, eternos, imortais, especiais, a caminho da elevação da consciência ao plano
do Amor. Somos o Todo e a Unidade ao mesmo tempo, e negar qualquer um destes dois
aspectos corresponderia a negar a Vida neste Planeta!
Entregar-me ao mundo invisível de Peixes, à consciência infinita, à realidade que
escapa às minhas mãos, reconhecendo, ao mesmo tempo, que possuo um corpo
pertencente à consciência finita de Virgem, esta é a dualidade que necessita ser
complementada nestes dois signos.
Capacidade ilimitada é inerente a todo ser humano, apesar de limites existirem em
nosso mundo finito. Como real- mente compreender que posso almejar o impossível?
Como possibilitar a realização do impossível? Sou capaz de alcançar níveis cada vez mais
altos neste intento e certamente terei de lidar com restrições a nível físico que não poderão
ser anuladas, entretanto a cada exercício efetuado, abrirei mais canais de expressão para
minha realidade infinita. Não vejo outro modo a não ser ousar viver a ilimitabilidade de
minha essência!
Na polaridade feminina Virgem-Peixes uno forma e espírito e busco o equilíbrio
na saúde física e espiritual, praticidade e subjetividade, lógica e intuição, solidez e
fluidez. Não me perder no caos pisciano, nem na ordem virginiana. Transformar o
conhecimento em sabedoria, grande tarefa à frente! Vivenciar a unidade, preservando ao
mesmo tempo minha natureza singular, mesmo que seja por poucos instantes, é o
lembrete que me dá força nos momentos de dúvidas, in- certezas, preocupações e
medos, e cada um desses pequenos acontecimentos leva-me mais perto de meu Eu. A
experiência, por fugaz que seja, pode passar, entretanto a lembrança que guardo dela
sempre perdurará...
96
Agosto de 2015, Quíron se encontra no signo de Peixes e a humanidade enfrenta
desafios relacionados a temas espirituais, assuntos que envolvem compaixão pelo
próximo, aos povos que passam por sofrimentos ligados a catástrofes da natureza e
calamidades decorrentes da ignorância humana, preocupação com o meio ambiente,
povos que estão na situação de vítimas, pessoas que também se deixam vitimizar e não
possuem a coragem de se colocar diante do outro porque acreditam que não têm o
direito de se expressar. É chegada a hora de nos unirmos e agirmos concretamente e não
mais esperarmos que a Fé mova montanhas. Temos que trabalhar, usando as mãos
(Quíron) para servirmos a Humanidade já que todos somos um, sem, no entanto,
perdermos o foco de que somos ao mesmo tempo únicos e distintos uns dos outros,
unindo as polaridades de Peixes e Virgem.
Afinal, o fato de a pessoa isolada se sentir como individualidade não exclui que
ela também se sinta unida a toda a humanidade. Na evolução humana, ninguém tem o
direito de sentir-se como individualidade caso não se sinta, ao mesmo tempo, membro de
toda a humanidade. •(54)
O ser humano que se dedica ao conhecimento de si mesmo, do outro e do mundo,
à medida que começa a expressar sua natureza mais pura, compartilha com ele este co-
nhecimento, com o uso de seus pensamentos, sentimentos e ações, contagiando todos
com quem convive e motivando-os a manifestar a sua própria essência!
O dom que Quíron nos transmite é o resgate de nossa espiritualidade para servir
não só à comunidade mais próxima a nós fisicamente, como também à comunidade
cósmica.
Já nos preparamos para uma nova fase de crescimento quando Quíron entrará no
signo de Áries, onde todos teremos a oportunidade de trabalhar o nosso dom da
individualidade, da liderança do próprio Eu, onde teremos novamente a chance de
equilibrar a consciência do EU e a consciência do OUTRO. E o ciclo recomeçará...
x.a7- Meditação guiada para o encontro com Quíron
Abaixo transcrevo um exercício de meditação de Quíron, de modo resumido e
levemente alterado, que se encontra no livro de Richard Nolle, mencionado na
Bibliografia consultada. Ele foi guiado por mim a meus filhos, Lucas, Júlia e Matheus a
quem solicitei, logo após a sessão, que expressassem no papel como sentiam a presença
de Quíron. As gravuras confeccionadas são apresentadas em seguida à meditação. Na época
meus filhos contavam com 9, 7 e 5 anos de idade, respectivamente. Devo mencionar que a
97
atividade não foi apresentada como se segue e sim ligeiramente modificada para atender à
faixa etária das crianças.
Para começar, procurem um lugar adequado, onde vocês se sintam confortáveis,
tranquilos, e nada possa perturbá-los. Um ambiente propício à meditação, para o encontro
com Quí- ron, atentos aos movimentos internos de seu ser, conscientes de si, meio
sonolentos, mas não a ponto de cair no sono. Meditem sobre seu mapa natal, o mapa de seu
potencial de vida e pensem na posição de Quíron, em que casa e signo ele se encontra. O que
isto significa para vocês? Qual a relação que ele mantém com os outros planetas em seu
mapa?
Conforme vocês vão se aproximando do estágio de sono profundo, imaginem que
estão entrando em uma caverna. Está escuro e seus olhos levam um momento para se
acostumarem à escuridão, portanto a princípio vocês nada veem, mas aos poucos vão
distinguindo o chão, as paredes e chão da caverna. Caminhem e tentem aguçar os sentidos
a fim de perceber tudo o que está dentro em sua volta, até que vocês se sintam perfeitamente à
vontade neste novo ambiente. Continuem explorando e fiquem atentos a todos os detalhes
novos para vocês. Virem à direita, movam-se sempre para a direita, alertas a quaisquer sinais de
movi- mento que indiquem que vocês não estão sós. Percebam se vocês sentem algum aroma
diferente, se ouvem algo ou se conseguem distinguir algum vulto. Se vocês se sentem
incomodados, voltem para o lugar de onde vieram, e retornem para a caverna daqui a alguns
dias. Aqui nada e ninguém poderá feri-los. E o dia chegará em que vocês receberão um sinal...É
este o momento! Vão adiante! O que vocês veem? Um animal, uma planta ou pessoa, ou qual-
quer outra coisa, talvez um símbolo que signifique algo para vocês ou algo totalmente misterioso?
Algo que desperte em vocês aquele sentimento de “descoberta, plenitude”, algo que preenche
todo o seu ser interior. Se for um ser vivente, falem com ele, perguntem se ele é seu Guia.
Entretanto, lembrem-se que vocês se encontram em outra dimensão, portanto mesmo que o ser
não seja animado, vocês também podem falar com ele e lhes perguntar se ele é seu Guia. O
seu Mestre pode surgir em diversas formas, não precisa- mente como o centauro Quíron, e ele
pode corresponder ou não às suas expectativas. Mas vocês saberão se ele é realmente o seu Guia
se vocês apenas o questionarem em relação a isso porque o senti- mento é de total confiança
amorosa e aceitação à primeira vista. Se isto inexistir, ainda não é o seu Guia. Abençoem e
caminhem de volta para o início novamente. Mas se ele lhes transmitir amor e confiança plena
perguntem-lhe o que vocês quiserem, apresentem-lhe uma questão para que ele lhes ajude na
resolução. Feito isso, agradeçam pela ajuda e saiam da caverna com mais força e certeza de
que saberão como agir quando for o momento certo.
Depois do primeiro encontro, uma história única vai acontecer entre vocês dois. Que o
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diálogo sempre prevaleça! O papel do Guia é mostrar-lhes o caminho para que vocês atinjam a
sua meta, portanto ele não vai resolver o problema por nenhum de vocês.
Façam o exercício sempre que precisarem, contudo lembrem-se que já sabem
quem é o seu Guia, ele está dentro de vocês. Mas pode estar representado de formas
diferentes: pode ser um amigo, um terapeuta, um animalzinho de estimação, uma flor,
um ser sobrenatural...
Observem, a seguir, os desenhos feitos pelas crianças:
Lucas expressou Quíron como um lobo, Júlia como um ser mágico e Matheus como
a si mesmo vendo o próprio reflexo na água. Não é minha intenção analisar a mapa de
meus filhos neste trabalho, entretanto para os estudiosos da astrologia, o primeiro possui
Quíron na casa 4 (em Leão, na casa de Câncer), o segundo na casa 9 (em Virgem, na
casa de Sagitário) e o terceiro na casa 8 (em Virgem, na casa de Escorpião).
Lucas, 9 anos
Júlia, 7 anos
99
Matheus, 5 anos
x.a8- Como aprofundar a Questão com Quíron
Um lema os homens devem empunhar, caso contrário não haverá progresso em
nossos tempos insanos:
- Procurem a vida realmente prática e material, mas procurem-na de modo que ela
não os torne insensíveis ao espírito que nela atua.
- Procurem o espírito, mas não o procurem com volúpia metafísica, por egoísmo
metafísico; procurem-no por quererem usá-lo desinteressadamente na vida prática, no mundo
material.
- Observem o velho princípio “espírito nunca sem matéria, matéria nunca sem
espírito!”, de modo a poderem dizer “Queremos realizar toda ação material à luz do
espírito, e queremos procurar a luz do espírito de modo tal que ela nos desenvolva calor
para nossa ação prática”.
O espírito que por nós é conduzido à matéria, a matéria que por nós é trabalhada até sua
revelação, pela qual ela extrai de si própria o espírito; a matéria que tem seu espírito revelado por
nós, o espírito que por nós é tangido para a matéria: ambos formam aquele existir vivo, capaz de
levar a humanidade a um progresso real- àquele progresso que só pode ser almejado pelas melhores
esperanças nos mais profundos recônditos das almas da atualidade. •(55)
100
Bela mensagem transmite-nos Steiner em relação à busca de equilíbrio entre
nosso eu interno e externo. Quíron deixa-me transitar entre estes dois mundos até que
encontre o ponto de estabilidade, o ponto de abrangência de todos os opostos e
dualidades de minha realidade tridimensional. Com sua ajuda aproximo-me, cada vez
mais, de meu ser verdadeiro, quando posso bradar um “EU SOU” de modo confiante
para que todos possam ouvir-me. Neste momento, ilumino o caminho dos que me
cercam com qualidades harmoniosas de outros signos solares, além de meu próprio.
Minha admiração estende-se a todos os outros eus que juntamente comigo formam o
grande Todo!
Existem inúmeros instrumentos à minha disposição, caso queira aprofundar o tema
trazido por Quíron em meu mapa, porém como utilizar as informações que ele me trans-
mite, para que possa unir matéria e espírito? Como aproximar- me daquilo que em
essência sou, sem que cause desarmonias em minhas energias? Quíron leva-me ao novo
conservando a estrutura construída ao longo dos tempos. Se aqui estou para recordar-me
do que sou, o que é este novo de que tanto se fala?!
Será que a escola da vida é somente uma maneira de estimular minha memória para
que me lembre de tudo aquilo que já sei?! Se isto corresponde à verdade, nada há de novo a
ser aprendido, somente recapitulações da matéria, lembranças do que já existe em meu
interior. A terminologia pode não ser a mesma, somente o conteúdo o é! Minha abordagem
pode ser nova a cada experiência vivida, e isto é o novo, o desconhecido, o viver cada
instante como se fosse o único.
Ter a percepção de que este momento existe e carrega em si tanto o passado como
o futuro, dá-me segurança para trilhar meu caminho com menos ansiedade. Talvez seja
esta uma das maiores lições aqui neste Planeta, talvez estas recordações remetam-me a
um contato cada vez mais presente com o espírito maior, com meu Eu Superior, com
Deus, enfim, com aquilo que tem maior significância para mim.
Na sala de aula, no consultório, em casa, no contato direto com o meu parceiro, em
inúmeras ocasiões posso praticar este ensinamento. Nossas reações deveriam estar
desvincula das de momentos já vividos, e talvez as situações se repitam para que
possamos reagir de modo diferente ao habitual. Sim, não há como negar a dificuldade de
fazer certas tarefas, mesmo depois de já as termos incorporado intelectualmente.
Contudo, a prática traz consigo a perfeição e não cometemos erros irreparáveis ao
almejarmos chegar mais perto de nós mesmos.
Aspiro, de coração, a trazer minha espiritualidade para a Terra, nutrir e manter o
casamento de meu Eu consciente com o inconsciente, realizar a unidade e descobrir-me
como indivíduo autêntico, no real sentido da palavra, único e indiviso! E em alguns
instantes isto já se faz presente!
101
Na escolha de ferramentas para o autoconhecimento, considero que exista um número
significativo de técnicas e métodos, possibilidades valiosas para enriquecimento do
tema de Quíron. Para os profissionais que lidam com relacionamentos humanos e que
demonstram interesse em servir ao próximo e a si mesmo, enfim, para todos os que
anseiam contribuir para a evolução pessoal e da humanidade, e que queiram enriquecer
suas experiências de vida, considero essencial a ampliação do horizonte de conhecimentos,
principalmente se estes são colocados em prática. Sugiro, portanto, a continuação de um
trabalho de análise, por meio da astrologia psicológica, da psicoterapia, do processo de
coaching, do estudo de mitos, de terapias corporais, da dança, ginástica, qualquer tipo de
atividade esportiva ou qualquer outro método que lhes facilite a comunicação interna e
externa e os leve a um aprofundamento de questões levantadas a partir do
autoconhecimento e da exploração de Quíron, se eles assim o quiserem.
Tambérm recomendo o emprego do Jogo da Transformação que pode ser de grande ajuda
nesse processo.
Segundo meu aprendizado e observação da vida dos que me cercam, não poderia
deixar de acrescentar que acredito, realmente, com todo meu entusiasmo pela vida, que
todos, de certo modo, estão comprometidos com este grande empreendimento para
equilíbrio de si mesmo. O que se requer, neste momento atual, é que este
comprometimento também se torne consciente, conforme já colocado.
A experiência é essencial para a transformação criativa, por isso, em meu anelo de
partilhar com o próximo, acredito na possibilidade de despertá-lo para o
autoconhecimento, o que, provavelmente, pode motivá-lo à aplicação do aprendizado e
à expressão de seus talentos singulares para consecução de seu Propósito de Vida, em
harmonia com sua essência, com todos os outros “viajantes,” com a Natureza e com o
Todo Maior. Assim espero!
102
XI – CONCLUSÃO
À proporção que a luz aumenta, vemo-nos piores do que supúnhamos. Ficamos
estupefatos com a nossa cegueira anterior ao vermos sair do nosso coração um
verdadeiro enxame de sentimentos vergonhosos, como répteis imundos que rastejam para
fora de uma caverna oculta. Mas não devemos ficar nem estupefatos nem perturbados.
Não somos piores do que éramos; pelo contrário, somos melhores. Mas ao mesmo tempo
que as faltas diminuem, a luz sob a qual as vemos se torna mais brilhante, e nos
enchemos de horror. Enquanto não houver sinal de cura, não damos tento da profundeza
do nosso mal; encontramo-nos num estado de presunção cega e de dureza, presa da ilusão
sobre nós mesmos. Enquanto seguimos com a corrente, não temos consciência do seu curso
rápido; mas quando começamos a represá-la, por pouco que seja, ela se faz sentir. •(56)
Se demonstro coerência naquilo que prego e aplico o que ensino aos outros em
meu trabalho, em meu dia-a-dia, se sinto o que falo com a mente, o coração e a alma,
adepta do autoconhecimento como caminho de cura em minha vida, se estou aberta ao
processo contínuo de consciência de minha natureza interior, certamente tenho
condições de ter um relacionamento ativo com aqueles que me acompanham em
minha jornada, e também terei êxito com aqueles que se encontram sob minha
orientação, independente de meu papel de atuação. Segundo Jung, jamais conseguirei
que os outros se tornem o Um, se antes não me tornar UM.
Não há, todavia, necessidade alguma de concordar com o sistema de vida que o
outro leva, e podemos até mesmo divergir de opinião. Para Rudolf Steiner, o que
importa é que o outro venha a encontrar o certo a partir de si mesmo, se eu puder
contribuir um pouco que seja para isto.
Cabe, portanto, a mim, a disposição de palmilhar a senda da autodescoberta, ser eu
mesma, propiciando um ambiente acolhedor e oferecendo minha disponibilidade de dar
início ao verdadeiro encontro alquímico com todos os que estão ao meu redor,
companheiros viajantes, ansiosos por descobrir seu lugar no mundo e ofertar seu serviço
à humanidade.
Meus atos assemelham-se a uma pedrinha lançada no meio de um lago que forma
pequenas ondas que se vão espalhando para os lados, chegando até as margens, que
representam, simbolicamente, os outros seres que me circundam. Apenas posso dar início
ao processo, sendo o centro onde tudo principia, irradiando, desta maneira, aquilo que
está em mim. As verdadeiras transformações começam, portanto, em meu interior e são
emitidas para o ambiente mais próximo, espalhando-se até atingir cada vez mais um
número crescente de seres, que podem absorver, segundo seu nível de percepção, a
103
energia captada e transmiti-la novamente a outras formas de vida, que também são
expressão do Todo, chegando ao envolvimento do Cosmo inteiro. Logo, em minhas
mãos está a habilidade para a construção de um mundo melhor.
Experimentando ligar os conhecimentos que adquiria em minha caminhada,
progressivamente, conforme já mencionado, percebi que as respostas se encontravam
dentro de mim. Precisei introjetar o que aprendera para depois devolvê-lo ao mundo, por
meio de palavras e ações. Tive que me desfazer de crenças culturais arraigadas que estavam
retardando meu entendimento da natureza humana- ainda tenho necessidade de fazer isto-
e, gradualmente, estou aprendendo a confiar mais em minha intuição, em meu ser interior e
na simplicidade da vida. Vejo, hoje em dia, após minhas experiências, que o bem e o mal
são verdades relativas, que tanto a cooperação como a competição são necessárias no
mundo em que vivemos, que todos os aparentes opostos são, na realidade, complementares.
E, principalmente, que a verdade me é paulatinamente revelada conforme vou galgando os
degraus do crescimento humano...
O caminho para a cura real começou ao jogar joguei a pedrinha no lago, quando
agi como esta pedrinha e, na verdade, quando, em algum momento da jornada vi-me
diante de mim mesma e tive que enfrentar meus inúmeros medos, ansiedades, angústias,
meu lado rebelde que teme a transformação, e procurei, então, as respostas dentro de
mim. Não mais preciso perder-me em formalidades externas, neste momento.
Vislumbrei meu Quíron interior em meu caminho! Percebi, portanto, que somente a
conexão com meu Eu Superior vai trazer-me a verdadeira harmonia e que estou, de certo
modo, pronta e aberta para a autêntica cura. Enquanto redijo este texto, compartilhando
com outros minhas vivências, dou continuidade ao meu processo de abertura e cuido
para que minhas deduções e conclusões não se fechem, a fim de não restringir as
mudanças em minha vida...
Particularmente creio que sinceridade e coração receptivo diante do novo
representaram um dos maiores requisitos para continuar seguindo adiante, fosse aceita e
protegida em minha caminhada. Entrei, em alguns momentos, em sintonia com a
riqueza de meu Ser Interior, e optei por uma direção consciente, em harmonia com o
Cosmo, unindo corpo, emoção, mente e espírito, seguindo o fluxo dos acontecimentos,
elevando minha consciência e ampliando minha capacidade de amar e me sentir de certo
modo realizada!!!
Arrisquei minha pretensa segurança em prol também do desarmamento de falsas
medidas de defesa que me afastavam do outro. Contando com o auxílio protetor
daqueles que me precederam na busca de si mesmo, do mundo espiritual e de tantas
outras pessoas, avancei alguns passos adiante em direção a uma de minhas metas.
Aprendi que o resultado final é menos atraente que os caminhos que trilho. Uma meta
104
atrai outra, e este é o maior aprendizado que colhi desde o início de minha caminhada
consciente. Dificuldades sempre aparecerão, entretanto a cada obstáculo superado, a
cada conquista alcançada, na mesma proporção de esforço ou simplicidade, algo se
fortalece em meu interior, e é este algo que me impulsiona a partilhar minhas vivências e
aprender com o outro, também!
O que é a busca de integração, senão um movimento que dou em direção a um
novo estado de ser, a uma melhor qualidade de vida, externa e internamente? Não mais
oscilar entre o materialismo e o espiritualismo, tentar equilibrar estes dois opostos,
transcendê-los e, acima de tudo, abrangê-los. Observar a situação, deixar-me levar pelo
sentido da intuição, aceitar o presente e poder lidar com aquilo que ele me traz, não
tratando de mudar o que observo, somente minha reação ao visto, esta é a essência de
minha busca.
Aqui ficou registrado um estudo de minhas observações relacionadas a algumas de
minhas vivências, juntamente com as de outros indivíduos, que confirmam que cada um
de nós contribui, com sua singularidade, para a demonstração da Verdade maior. Não se
trata, absolutamente, de um único modelo verdadeiro, pois defendo a mesma opinião de
Jung, segundo a qual não existem modelos mais importantes que outros quando se busca
o autoconhecimento. O Todo se encontra refletido no Um, e o contrário também
procede.
Inúmeros livros foram escritos sobre o autoconhecimento, sobre Quíron, sobre
Astrologia e, certamente, já existe bastante material disponível para expansão de nossos
horizontes, material já analisado e escrito por diversas fontes cujo foco principal é o ser
humano e suas particularidades. Consequentemente, apesar de minha análise estar
profundamente pautada em experiências reais, e presumir que os princípios quironianos
poderão ser captados e compreendidos intelectualmente pelos leitores, meramente a
partir de uma simples leitura ou estudo dos mesmos, não pretendo supor que isto
substitua a vivência prática de Quíron.
Tampouco quero insinuar que minha pesquisa tenha chegado a termo. Muito ainda
haverei de vivenciar no que diz respeito ao autoconhecimento, ao conhecimento daqueles
que me cercam e ao conhecimento do Universo.
Acrescento a isso o fato de que considero que cada indivíduo vai determinar o que é
melhor para si, segundo seu nível de consciência e perspectiva de vida. Meu grande
respeito àqueles que seguem seu próprio caminho! Alguns adeptos do lema “Viver, e
deixar viver” talvez nem manifestem a necessidade de explorar as questões levantadas
por mim, o que não significa que não estejam realizando sua contribuição!
Quíron, Professor da Vida, mestre de várias disciplinas, profundo conhecedor de
vários temas, ensina-me, portanto, que entrar em sintonia com meu eu interior ou
105
mesmo com aquele que está diante de mim é tentar escutar o que ele diz e também o que
ele não está dizendo e talvez nunca venha a expressar... Ele me inspira a ter fé nas
possibilidades de mudança que posso efetuar. Ele mostra-me que dentro de mim existe
algo que somente eu posso desvendar, algo que somente eu posso ensinar-me, que sou
meu próprio mestre! Em se tratando de outra pessoa, só posso estimulá-la a se tornar
aquilo que potencialmente ela já “É”! E essa é a maneira de Quíron atuar, possibilitando
ao aprendiz o contato com dimensões cada vez maiores de consciência, onde existe um
espaço de neutralidade e o desapego se faz sentir.
Quíron, guerreiro e curador, é de grande valor a todos nós, pois ele nos auxilia na
descoberta de nosso potencial mais alto, na identificação de nosso Dom, e finalmente, na
integração das qualidades e talentos de nossa alma em nossa vida consciente.
Um profundo trabalho foi exigido de mim ao seguir Quíron, e muito foi realizado
com a mobilização das energias de meu inconsciente que agiram em meu favor. Como
profissional que trabalha com o crescimento do ser humano, obtive muitos benefícios de
seus ensinamentos e também do encontro com o outro.
Nosso planeta é um organismo vivo e cada um de nós é parte integrante do mesmo.
Robert Happé, em uma de suas palestras, diz-nos que a Terra é um ser vivo, que necessita
urgentemente de cura, e nos assemelhamos a agulhas de acupuntura inseridas no lugar
adequado para que isto ocorra. A localização física é o espaço que ocupamos neste exato
momento, conscientes de nossa verdadeira força e natureza espiritual.
Reconhecendo a Astrologia como linguagem que ex- pressa a Energia de meu Ser,
de minha essência, estamos nós, a cada instante, expressando nossa própria
singularidade, nosso jeito especial de ser, manifestando ao mesmo tempo o que há de
mais transcendente em cada signo solar. Levemos, então, o brilho de nosso Sol a todas
as áreas de nossa vida, permitindo que este brilho também reflita o brilho dos outros
seres do Universo.
Cooperar para um mundo melhor requer de mim a ousadia de continuar
expressando minha essência real, minha verdade interior! Expandir minha percepção
consciente vai sempre exigir de mim muita força de vontade para explorar o mais
recôndito de meu ser, entretanto isto proporciona compaixão e solidariedade por outros
que também estão passando pelos mesmos conflitos. Chegará, então, o dia em que todos
poderemos beber da fonte da verdade e refletir a sede que temos de união com o
infinito!!! Entretanto somente nós podemos decidir como agir, ao som da nossa própria
voz interior... Hoje, finalizando meu trabalho, lembro-me do personagem principal do livro
de Paulo Coelho, O Alquimista, que, após muitas lutas, volta ao ponto inicial: ”ELE”
mesmo! Assim parece meu caminhar, entremeado por inúmeras idas e voltas, diversos
escorregões, muitas incertezas, incontáveis alegrias. Após ter-me embrenhado em diversas
106
trilhas, entre idas e vindas, conscientes e inconscientes, optei por um só caminho, o
caminho de seguir meu guia interno, porque descobri, que todas elas são semelhantes,
embora à primeira vista aparentem ser diferentes. Nem tudo é o que parece ser! Parodoxos?
Para a mente analítica, talvez eles o sejam, mas para a mente que tudo abrange, eles são
simplesmente uma manifestação da verdade, um espectro da consciência única, que somos
nós e o todo.
Seguramente hei de continuar prosseguindo desta maneira, pois a vida é um constante
fluir, uma melodia ininterrupta que acompanha todos os meus passos, internos e externos.
Estou, sim, a cada dia que passa iniciando uma nova jornada, com a mesma
motivação e esperança de 30 e tantos anos atrás, entretanto meu estado interno é outro, pois
me conhecendo um pouco melhor, não procuro, agora, tentar compreender o outro segundo
uma visão unilateral de vida, pois vivenciei que todos somos um, e é isso que me dá
sustentação ao sofrer recaídas e deslizes, e dúvidas tentam enfraquecer-me novamente.
Olhar o outro e a mim mesma com outros olhos, com outra consciência, foi uma das
maiores transformações que me ocorreram desde o começo da Busca consciente por mim
mesma.
Em vista disto tudo que foi relatado neste trabalho, apresento algumas questões que
considero interessantes dentro de nosso sistema de formação educacional:
Como efetuar uma mudança em nosso sistema escolar para introdução de
ferramentas de autoconhecimento, na formação de nossos professores e alunos? Como
torná-las parte do currículo escolar no ensino médio para ajuda vocacional? De que
maneira utilizá-las nas aulas e tornar o ensino e o aprendizado algo mais atraente,
profundo e motivador? Por que não enfatizar a necessidade de o futuro instrutor
conhecer sua própria personalidade? Estes instrumentos são realmente de grande valia
em qualquer grade curricular, com toda certeza. Todas estas questões, seguramente, já
foram propostas por grandes nomes de nossa história, como Jung, Steiner, entre outros,
contudo parece que continuarão sendo tema de gerações futuras, e quem sabe estas com
maior habilidade consigam colocá-las em prática...
Como trazer o novo para a humanidade? Cada experiência por que passei e passo
é uma nova oportunidade para que acolha o desconhecido. A revelação acontece segundo
minha disposição e receptividade à vida, e creio que toda experiência serve para
perceber o novo e não julgar o que vivo em função do que já passei, parafraseando
Rudolf Steiner.
Farei, portanto, aquilo que me é possível, dentro dos limites de minha natureza
para a consecução destes ideais.
Sempre foi importante descobrir meu real valor, acreditar em meus sonhos e
perceber que com a ajuda de mais pessoas, certamente construirei um caminho mais
107
sólido e estruturado para que um dia minhas aspirações se realizem. Conforme já
mencionei, resvalei diversas vezes em diferentes momentos e circunstâncias, quando
acreditava que as forças faltassem-me, contudo parece que alguma coisa maior desviava
minha concentração de minhas falhas e colocava-me de pé, novamente, para que
prosseguisse minha jornada.
Talvez os obstáculos estejam sempre presentes em meu caminhar, todavia eles
servem-me de incentivo ao desenvolvi- mento de minha energia, minha força interna,
que juntamente com a consciência em outro nível mais elevado, ajudam a dissolver os
perigos existentes. Parece que, deste modo, sigo vigilante os passos de minha evolução,
cuidando atenciosamente para não me dispersar em detalhes insignificantes que
poderiam retardar meu crescimento.
Acredito, sinceramente, que a procura do verdadeiro eu e o anseio por uma vida
mais harmoniosa e integrada são partilhados por todos os seres humanos,
independentemente ou não do reconhecimento de sua ferida maior, afinal a indi-
viduação, cuja meta é a autoconsciência, é algo inato ao ser humano. Todos estão,
consciente ou inconscientemente, procurando atingir os mesmos objetivos. Só posso
acrescentar que, para mim, ser uma Buscadora é meu próprio viver! Sou a Busca e a
Buscadora!
Continuo “apostando” na natureza humana, num mundo de cooperação e amor, em
ensinamentos que podem me sustentar na conexão com meu Eu Superior, minha verda-
de, esperando “ansiosamente” sua revelação, mas tenho que admitir que muitos desafios
ainda estão em meu caminho, e confesso que a batalha de entendimento maior é sempre
travada dentro de mim, comigo mesma.
Redefinir minhas crenças, meus valores, a partir do meu âmago, libertando-me de
minhas limitações, e aceitando-me como realmente sou, é uma tarefa “hercúlea” que so-
mente a mim cabe. É em meu interior que se fazem presentes não apenas todos os
obstáculos e senões ao meu verdadeiro rumo como também a rota correta que devo
seguir! Rota esta que está em sintonia com necessidades internas do ser.
É em meu interior e dentro das situações vividas, com o uso de minha visão interior,
de minha intuição, que se encontram as respostas, por isso tenho que me aquietar para
conseguir ouvi-las, confiar nelas e descobrir meu próprio ritmo, no meio do turbilhão de
tantas outras vozes que se insinuam em meu universo interno. Vozes às quais dei atenção
se a orientação era necessária, mas das quais, algumas vezes, não consigo me libertar,
mesmo quando já não mais necessito delas.
Ouvir o silêncio interior evoca, com certeza, uma abertura de coração não só em
relação a mim mesma como também aos outros, e isto me ajuda a vivenciar um pouco
mais de paz.
108
Importante mencionar que durante o processo de minha pesquisa e da própria
redação do texto passei por grandes transformações no que diz respeito a muitos
aspectos de minha vida. Escrever sobre Quíron trouxe o novo em minha vida e,
certamente ainda hei de passar por novos processos de mudança, provavelmente em
outros níveis.
Reconheço que o autoconhecimento, o conhecimento do outro e o conhecimento
do Todo são as chaves para a harmonia em meu mundo. Somos todos seres especiais,
plenos de possibilidades infinitas, e a compreensão de que compartilhamos experiências,
não somente com os seres de nosso planeta e sim com todo o cosmo, é a grande
mensagem da Era de Aquário. Vivamos, então com sabedoria e amor e possamos
distribuir nosso brilho pessoal e engrandecer a riqueza do todo maior!
Espero que, no desenvolvimento de meu trabalho, tenha deixado claro que o mais
importante num estudo de autoconhecimento ou de conhecimento do próximo é a pessoa
que lida com o mesmo e não o método utilizado por ela. Na realidade, o melhor remédio
é a pessoa do médico, como se diz popularmente. A Astrologia tem sido por mim
grandemente valorizada, simplesmente pela afinidade que sinto em relação a este
instrumento de estudo. Não a considero, consequente- mente, melhor do que qualquer
outra ferramenta que exista a meu dispor.
Que todos, enfim, ousem expressar sua verdade, assimilando aquilo que
consideram importante a seu desenvolvimento, e que a aplicação de seu entendimento
sobre a vida lance sementes em solo fértil, para que estas nasçam, cresçam com vigor e
novamente se espalhem, num ciclo sem fim!
Finalizando, gostaria de reiterar a afirmação de que comparo minha pesquisa a
uma pequena criança que principia seus primeiros passos. Assim como ela, pretendo
continuar aplicando os ensinamentos de Quíron e prosseguir meu caminho em direção
ao novo, à união com o Self, acalentando as transformações e reconhecendo-as como
parte de meu processo vital.
Na transcendência e abrangência das dualidades encontrarei um dia, finalmente, o
verdadeiro Amor, a Verdade, o Universo indivisível.
Relendo tudo o que escrevi, percebo que inúmeras vezes repito as mesmas coisas,
de modos diferentes... Dizem que ensinamos aquilo que mais precisamos aprender!
109
XII- EPÍLOGO
Concluo meu trabalho com um poema maravilhoso de Rudolf Steiner, que
expressa com muita sensibilidade, em minha opinião, o caminho do Buscador.
Forjando a armadura •(57)
Nego-me a me submeter ao medo que me tira a alegria de minha
liberdade,
que não me deixa arriscar nada,
que me torna pequeno e mesquinho, que me amarra, que não me deixa ser direto e
franco,que me persegue, que ocupa negativamente minha imaginação,
que sempre pinta visões sombrias.
No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo.
Eu quero viver, e não quero encerrar-me.
Não quero ser amigável por ter medo de ser sincero.
Quero pisar firme porque estou seguro e não para encobrir meu medo.
E, quando me calo, quero fazê-lo por amor
e não por temer as conseqüências de minhas palavras.
Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar. Não quero filosofar por medo
que algo possa atingir-me de perto.
Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.
Não quero impor algo aos outros
pelo medo de que possam impor algo a mim; Por medo de errar, não quero
tornar-me inativo.
Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro no
novo.
Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de que senão poderia ser
ignorado.
Por convicção e amor, quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de
fazer.
Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor.
E quero crer no reino que existe em mim.
110
XIII- NOTAS
•(1) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poemas, Pensamentos. Coletânea
organizada por Herwig Haetinger. 3.ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.47.
•(2) É importante elucidar que o termo “Arquétipo” é definido de modos diversos
nas obras de Jung. Talvez a definição mais abrangente seja a seguinte: “Arquétipos” são
imagens primordiais que refletem padrões básicos ou temas universais comuns a toda a
humanidade que estão presentes no inconsciente e que existem além do tempo e do
espaço, independentemente da raça, da idade e da cultura dos indivíduos. Podemos
expressar estes Arquétipos em sonhos, fantasias, visões, mitos, arte, religião e em
nossos comportamentos do dia-a- dia. Ex: Sombra, Animus, Anima, O Velho Sábio, etc.
•(3) O Arquétipo da Totalidade é o Self, que simboliza a totalidade da psique, o
esforço em direção à unidade, inteireza e integração.
•(4) “Concerning all acts of initiative and creation, there is one elementary truth the
ignorance of which kills countless ideas and splendid plans: that the moment one definitely
commits one- self, the Providence moves too. All sorts of things occur to help one that would
otherwise not have occurred. A whole stream of events issues from the decision raising in one’s
favor all manner of unforseen incidents and meetings and material assistance which no man
could have dreamed would have come his way. Whatever you can do, or dream you can do,
do it. Boldness has genius, power and magic in it. Begin it now!” Texto extraído do livro
Poemas, Pensamentos, Reflexões para o nosso tempo. Coletânea organizada por Herwig
Haetinger. 3.ed. São Paulo: Editora Antroposófica, 2001, p.65. Tradução adaptada pela
autora do livro.
•(5) SCHAFFER, Ulrich. Crescer, Amadurecer, Poemas Meditativos. Coletânea
selecionada e traduzida por Herwig Haetinger. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.23.
•(6) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de
Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.180.
•(7) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy. Tradução de
Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.181.
111
•(8) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de
Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.183.
•(9) MURDOCK, Maureen. Giro Interior, O processo de criação de imagens mentais
dirigidas na educação de crianças e adolescentes (Spinning Inward, using Guided Imagery with
Children for Learning, Creativity & Relaxation). Tradução de Daniel Camarinha da Silva e
Dulce Helena P. da Silva. São Paulo: Cultrix, 1987, pág. 106.
•(10) Este jogo foi criado por Joy Drake e Kathy Tyler na Comunidade Internacional de
Findhorn, sendo desenvolvido com base na experiência holística e ecológica da Comunidade.
Ele é empregado por terapeutas, conselheiros e por todos que desejam intensificar o
desenvolvimento e expressão de seu potencial, e tem como recurso um tabuleiro, ao
redor do qual a experiência de cada um vai-se desenrolando, refletindo com
sincronicidade aspectos importantes de suas vidas.
•(11) BACH, Richard. Um (One). Tradução de Donaldson M. Garschagen, 2.a ed.
São Paulo: Editora Record, 1988, pág. 57.
•(12) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de
Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.19.
•(13) GOETHE. “Das ganze Weltwesen liegt vor uns wie ein grosser Steinbruch vor
dem Baumeister. Alles ausser uns ist nur Element, ja, ich darf sagen, auch alles an uns; aber
tief in uns liegt diese schöpferische Kraft, die das zu erschaffen vermag, was sein soll und uns
nich rasten noch ruhen lässt, bis wir es ausser uns oder an uns auf eine oder andere Weise
dargestellt haben.” Texto de Goethe, retirado do livro Poemas, Pensamentos, coletânea
selecionada por Herwig Haetinger. 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.15. Tradução
adaptada pela autora do livro.
•(14) HAPPÉ, Robert. Consciência é a Resposta. São Paulo: Talento, 1997, p. 74
e 75.
•(15) MESTRE ECKHART, poema retirado do livro Poemas, Pensamentos.
Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.54.
•(16) WILHELM, Richard. I Ching, O Livro das Mutações, (I Ging, Das Buch der
Wandlungen). Tradução de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São
112
Paulo: Pensamento, 1956, p.184.
•(17) ZWEIG, Connie; ABRAMS, Jeremiah. Ao Encontro da Sombra: O Potencial
Oculto do Lado Escuro da Natureza Humana.(Meeting the Shadow: The Hidden Power of
the Dark Side of the Human Nature). Tradução de Merle Scoss. Editora Cultrix, São Paulo,
1991, p.194.
•(18) SOMBRA é o Arquétipo junguiano que representa aquilo que reprimimos
em nosso caminho de formação do ego para desempenho de nossa função na sociedade
e tudo o que não expressamos conscientemente em público. Pode ser algo positivo ou
negativo, e, se permanecer no inconsciente, seja este pessoal ou coletivo, poderá ser
projetado em outros indivíduos ou grupos. Apesar de seu lado ameaçador, a Sombra
aponta-nos para os aspectos positivos que ainda necessitamos integrar em nossa vida, o
que significa dizer que nela se escondem, em estado inconsciente, a luz e a força do
espírito.
•(19) BACH, Richard. Um (One). Tradução de Donaldson M. Garschagen, 2.a ed.
São Paulo: Editora Record, 1988, pág. 87.
•(20) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poe- mas, Pensamentos.
Coletânea organizada por Herwig Haetinger. 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.
16. Tradução adaptada pela autora do livro.
Original: “Alles, was der Mensch unternimmt, um in sich das Ewige zu erwecken,
tut er, um den Daseinswert der Welt zu erhöhen. Er ist als ein Erkennender nicht ein
müssiger Zuschauer des Weltganzen, der sich Bilder von dem macht,was ohne ihn da ware.
Seine Erkenntniskraft ist eine höhere, eine schaffende Naturkraft. Was in ihm geistig
aufblitzt, ist ein Göttliches, das vorher verzaubert war, und das ohne seine Erkenntnis brach
liegen bliebe.”
•(21) COELHO, Paulo. Histórias para Pais, Filhos e Netos. São Paulo: Globo, 2001,
p. 40 e 41.
•(22) ANIMA, segundo Jung, é o Arquétipo que simboliza o componente feminino
inconsciente da psique masculina. Atualmente, estudiosos das obras de Jung
consideram-na também parte da psique feminina.
113
•(23) ANIMUS, segundo Jung, é o Arquétipo que simboliza o componente
masculino inconsciente da psique feminina. Também considerado como pertencente à
psique masculina, de acordo com alguns estudiosos modernos de Jung.
•(24) CLOW, Barbara Hand, Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e
Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de
Constantino Kouzmin Korovaeff, São Paulo: Pensamento, 1987, p.21
•(25) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.
Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 36.
•(26) CLOW, Barbara Hand- Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e
Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de
Constantino Kouzmin Korovaeff. São Paulo: Pensamento, 1987.
NOLLE, Richard, Chiron, The New Planet in your Horoscope, AFA, 1993 .
REINHART, Melanie, Quíron e a Jornada em Busca da Cura (Chiron and The
Healing Journey), tradução de Patricia Voeux. Rio de Janeiro:
Rocco, 1995.
•(27) LAWRENCE, D. H. Tradução adaptada pela autora deste livro.
HEALING
I am not a mechanism,
An assembly of various sections.
And it is not because the mechanism is working wrongly, that I am ill,
I am ill because of the wounds to the soul, to the deep emotional self
and the wounds to the soul take a long, long time, only time can help
and patience,
and a certain difficult repentance long difficult repentance,
realisations of life’s mistake,
and the freeing oneself from the endless repetition of the
mistake
which mankind at large has chosen to sanctify.
•(28) ROGERS, Carl. El Camino del Ser, Barcelona, Espanha, 1986. Texto retirado
do livro Corporificando a Consciência. de Theda Basso e Aidda Pulstilnik, São Paulo:
114
Instituto Cultural Dinâmica Energética do Psiquismo, 2000, p. 133.
•(29) WILHELM, Richard. I Ching, O Livro das Mutações, (I Ging, Das Buch der
Wandlungen).Tradução de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São
Paulo: Pensamento, 1956, p.81.
•(30) CASEY, Karen e Martha Vanceburg. A Promessa de um Novo Dia (The
Promise of a New Day). Tradução de Evelyn Kay Massaro. São Paulo: Best Seller, 1996,
p.12.
•(31) JUNG, Carl G. Modern Man in Search of a Soul. Hartcourt Brace &
Company, 1976. Citação encontrada em anotações pessoais da autora do livro.
•(32) HOWELL, Alice O. O Simbolismo Junguiano na Astrologia. (Jungian
Symbolism in Astrology, Letters from an Astrologer). Tradução de Adail U. Sobral e
Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Pensamento, 1987, p.51.
•(33) idem, página 52.
•(34) TANIGUCHI, Masaharu. A Verdade. Volume 2 (SHINRI) São Paulo:
Igreja Seicho-no-Ie do Brasil, 1984, p.205.
•(35) MANDALA, para Jung, é um símbolo da totalidade e perfeição. Ela é o Self,
portanto, em cuja direção caminhamos.
•(36) CLOW, Barbara Hand, Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e
Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de
Constan-tino Kouzmin Korovaeff. São Paulo: Pensamento, 1987, p.66.
•(37) HOWELL, Alice O. O Simbolismo Junguiano na Astrologia (Jungian
Symbolism in Astrology, Letters from an Astrologer).Tradução de Adail U. Sobral e Maria
Stela Gonçalves. São Paulo: Pensamento, 1987, p.21.
•(38) HUXLEY, Aldous. A Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução
de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 16 (apud William Law).
•(39) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poemas, Pensamentos.
115
Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,
p.46.
•(40) NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: Uma jornada arquetípica (Jung and the
Tarot: An Archetypal Journey). Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo:
Cultrix, 1988, p.74.
•(41) WEST, Morris. As Sandálias do Pescador. Extraído do livro de John Powell
Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? (Why Am I Afraid To Tell You Who I Am?).
Tradução de Clara Feldman de Miranda. Belo Horizonte: Crescer, 1996, p.101.
•(42) WHITMONT, Edward. A Busca do Símbolo, Conceitos Básicos de
Psicologia Analítica (The Symbolic Quest, Basic Concepts of Analytical Psychology).
Tradução de Eliane Fittipaldi Pereira e Kátia Maria Orberg. São Paulo: Cultrix, 1969,
p.45.
•(43) HAPPÉ, Robert. Consciência é a Resposta. São Paulo: Talento, 1997, p.48.
•(44) MANDELA, Nelson. Tradução da autora do livro. Texto original: “Our
deepest fear is not that we are inadequate, our deepest fear is that we are powerful
beyond measure. It is our light, not our darkness that most frightens us. We ask our-
selves who am I to be brilliant, gorgeous, talented, fabulous? Actually, who are you not
to be? You are a child of God. Your playing small does not serve the world. There is
nothing enlightened about shrinking so that other people won’t feel insecure around
you. We were born to make manifest the glory of God that is within us. It is not just in
some of us; it is in everyone. And as we let our own light shine, we unconsciously give
other people permission to do the same. As we are liberated from our own fear, our
presence automatically liberates others.”
•(45) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.
Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 52.
•(46) COELHO, Paulo. Histórias para Pais, Filhos e Netos. São Paulo: Globo,
2001, p.203.
•(47) BACH, Richard. Ilusões (Illusions). Tradução de Luzia Machado da Costa,
14.a ed. São Paulo: Editora Record, 1977, pág 146.
116
•(48) BAILEY, Alice. Iniciação Humana e Solar. São Paulo: Livro da Fundação
FEEU, 1999. Texto colocado antes do Prefácio, extraído de “A Doutrina Secreta”, de
Helena P. Blavatsky, Vol III, pág. 401.
•(49) ALVES, Rubem. A Planície e o Abismo. São Paulo: Editora Paulus, 1999.
•(50) COELHO, Paulo. O Alquimista. São Paulo: Rocco, 1989, pág. 38.
•(51) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.
Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 43.
•(52) POWELL, John. Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? (Why Am I
Afraid to Tell You Who I Am?). Tradução de Clara Feldman de Miranda. Belo
Horizonte: Crescer, Belo Horizonte, 1996, p.84.
•(53) NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: Uma jornada arquetípica (Jung and the
Tarot: An Archetypal Journey). Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo:
Cultrix, 1988, p.74.
•(54) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poe- mas, Pensamentos.
Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,
p.45.
•(55) STEINER, Rudolf. Texto extraído do livro Poe- mas, Pensamentos.
Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,
p.20.
•(56) HUXLEY, Aldous. A Filosofia Perene (The Perennial Philosophy).
Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1994, p. 183.
•(57) Colaboração de Ute Crämer. Poema retirado do fascículo “Nós”- Época de
Micael, redigido pelo Colegiado dos Professores da Associação Pedagógica Rudolf
Steiner de São Paulo, setembro de 1998.
117
XIV- TABELA DE QUÍRON NOS SIGNOS
(1900-2025)
http://www.librarising.com/astrology/tables/chirone- phemeris.html
13/01/1901- 09/08/1901- CAP
10/08/1901- 29/09/1901- SAG
30/09/1901- 22/04/1904- CAP
23/04/1904- 21/05-1904- AQU
22/05/1904- 11/01/1905- CAP
12/01/1905- 19/03/1910- AQU
20/03/1910- 29/08/1910- PEI
30/08/1910- 15/01/1911- AQU
16/01/1011- 01/04/1918- PEI
02/04/1918- 23/10/1919- ARI
24/10/1918- 31/01/1919- PEI
01/02/1919- 29/05/1926- ARI
30/05/1926- 21/10/1926- TOU
22/10/1926- 25/03/1927- ARI
26/03/1927- 11/06/1933- TOU
12/06/1933- 23/12/1933- GEM
24/12/1933- 23/03/1934- TOU
24/03/1934- 29/08/1937- GEM
30/08/1937- 27/11/1937- CAN
28/11/1937- 31/05/1938- GEM
01/06/1939- 02/10/1940- CAN
03/10/1941- 31/12/1940- LE
01/01/1940- 19/06/1941- CAN
20/06/1941- 29/07/1943- LE
30/07/1943- 20/11/1944- VIR
118
21/11/1944- 25/03/1945- LIB
26/03/1945- 23/07/1945- VIR
24/07/1945- 10/11/1946- LIB
11/11/1946- 29/11/1948- ESC
30/11/1948- 12/02/1951- SAG
13/02/1951- 22/06/1951- CAP
23/06/1951- 09/11/1951- SAG
10/11/1951- 27/01/1955- CAP
28/01/1955- 26/03/1960- AQU
27/03/1960- 23/08/1960- PEI
24/08/1960- 25/01/1961- AQU
26/01/1961- 03/04/1968- PEI
04/04/1968- 20/10/1968- ARI
21/10/1968- 02/02/1969- PEI
03/02/1969- 31/05/1976- ARI
01/06/1976- 13/10/1976- TOU
14/10/1976- 01/04/1977- AR
02/04/1977- 24/06/1983- TOU
25/06/1983- 01/12/1983- GEM
02/12/1983- 14/04/1984- TOU
15/04/1984- 22/06/1988- GEM
23/06/1988- 22/07/1991- CAN
23/07/1991- 04/09/1993- LE
05/09/1993- 09/09/1995- VIR
10/09/1995- 01/01/1997- LIB
02/01/1997- 06/04/1997- ESC
07/04/1997- 03/09/1997- LIB
04/09/1997- 11/01/1999- ESC
12/01/1999- 05/06/1999- SAG
06/06/1999- 23/09/1999- ESC
119
24/09/1999- 11/12/2001- SAG
12/12/2001- 23/02/2005- CAP
24/02/2005- 02/08/2005-AQU
03/08/2005- 10/12/2005- CAP
11/12/2005- 23/04/2010- AQU
24/04/2010- 22/07/2010- PEI
23/07/2010- 12/02/2011- AQU
13/02/2011- 21/04/2018- PEI
22/04/2018- 28/09/2018- ARI
29/09/2018- 20/02/2019- PEI
21/09/2019- 31/12/2025- ARI
22ºARI 36 RX
120
XV.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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126
Sou a Joseila, alguém que descobre a cada momento a sua criatividade e que
procura viver segundo suas próprias regras, em sintonia com o mundo ao redor. Aceito a
experiência dos mais velhos, contudo procuro vivenciar aquilo que acredito ser a minha
verdade. Nutro profundo interesse por tudo aquilo que se relaciona com o “Conhece-te a
ti mesmo!”e o relacionamento com os outros seres em crescimento constante. Amante
da vida, na paz e na luta, pouco a pouco encontro a mim mesma, em comunhão com o
que significa para mim a Força Maior! Amo minha família e filhos, maior conquista já
alcançada. Desapegar-me do que conquistei será a minha vitória!
Meu lema: “Guerreiro eu sou, e da batalha eu saio triunfante!”
FORMAÇÃO PROFISSIONAL
Graduada pela USP-SP, em Alemão e Inglês, com Pós-graduação Lato-Sensu em
Abordagem Junguiana pela PUC-SP. Paralelamente à sua carreira desenvolve grande
interesse pelo Autoconhecimento, Cura e Integração Holística.
Cursos de sua formação: Meditação, Psicanálise, Comunicação não Violenta,
Sonhos, Pathwork, Reiki, Florais de Bach, Astrologia, Programação Neurolinguística e
Coaching por meio de Life Potential Developments, personal e professional Coach pela
Sociedade Brasileira de Coaching e pela Sociedade Latino Americana de Coaching,
entre outros.
Atualmente prepara alunos para o SAT e TOEFL, é Facilitadora do Jogo da
Transformação® credenciada pela Innerlinks, Consultora Astrológica e Coach de Vida.
Website: www.kironcoaching.com e www.blog.kironcoaching.com
YouTube: Joseila Gerotto
Facebook: Kironcoaching