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1 Joseila Denize Benvenutti Gerotto O CAMINHO DO AUTOCONHECIMENTO E DA CURA POR MEIO DE QUÍRON, O MESTRE Uma abordagem astrológica baseada em princípios da psicologia junguiana 1ª edição São Paulo Edição do Autor 2016 ISBN: 978-85-921363-0-7

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Joseila Denize Benvenutti Gerotto

O CAMINHO DO AUTOCONHECIMENTO

E DA CURA POR MEIO

DE QUÍRON, O MESTRE

Uma abordagem astrológica baseada em princípios da psicologia junguiana

1ª edição

São Paulo

Edição do Autor

2016

ISBN: 978-85-921363-0-7

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Agradecimentos

A meus pais, Josephino e Leila, um profundo reconhecimento por me acolherem

como filha.

A minhas irmãs, Rosângela e Marta e a Luan, meu sobrinho, agradeço por me

ensinarem a tolerância e contribuírem para expansão de minha visão de mundo.

A meu marido, Paulo, grande admiração por enriquecer meu caminho de vida,

permitindo na rotina do dia-a-dia, paciente e impacientemente, que eu encontre pouco a

pouco o meu verdadeiro Eu.

A meus filhos, Lucas, Júlia e Matheus, sem ordem de preferência, meus tesouros,

obrigada pela oportunidade de aprender a ser mãe!

Meu reconhecimento à editora Antroposófica que gentilmente consentiu a

inclusão, neste meu trabalho, de alguns poemas integrantes de suas publicações.

Meu agradecimento ao Todo Maior, expresso no cosmo pela diversidade e

singularidade de todos os seres. Sincera gratidão a todos os mestres, amigos, primos,

parentes, companheiros de alma e conhecidos, que me concedem, constantemente, a

chance de me lembrar que SOU.

Compartilho, neste momento, minhas experiências crendo que o Amor é a maior

fonte de cura.

Um brinde à conciliação temporária entre meus lados feminino e masculino que,

um dia, finalmente, chegará à concretude.

A cada novo dia um motivo de muita gratidão à Vida.

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“Autoconhecimento verdadeiro só é concedido ao homem

quando ele desenvolve afetuoso interesse

por outros; conhecimento verdadeiro do mundo

o homem só alcança quando procura

compreender seu próprio ser” •(1)

Rudolf Steiner

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“Nenhum líder vai nos dar paz, nenhum governo, nenhum exército, nenhum país.

O que nos vai dar paz é a transformação interior que nos conduzirá à ação exterior. A

transformação interior não é isolamento, desistência da ação exterior. Ao contrário, só

pode haver a ação correta quando há o pensamento correto, e não existe pensamento

correto quando não existe autoconhecimento. Sem conhecer a si mesmo, não existe paz.”

Krishnamurti

Este trabalho foi idealizado nos anos de 2001 e 2002 e foi concebido,

originalmente, como monografia de conclusão de um curso Lato Sensu em Abordagem

Junguiana na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Por razões pessoais, ele não

foi apresentado aos professores, portanto para que ele pudesse ser compartilhado com

você, caro leitor, e lhe servisse de orientação e material de consulta no caminho do

autoconhecimento, algumas adaptações foram por mim feitas.

Hoje, junho de 2016, após anos de gestação, trago finalmente à luz, esta pequena

obra, em formato E-book, que tem como título “O Caminho do Autoconhecimento e da

Cura por meio de Quíron, o Mestre”.

Somente três ilustrações fazem parte deste livro, realizadas elas pelos meus filhos,

após um exercício de meditação que com eles conduzi.

Boa leitura!

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Joseila D. B. Gerotto: O Caminho do Autoconhecimento e da Cura por meio de

Quíron, o Mestre- Uma abordagem astrológica baseada em princípios da psicologia

junguiana, 2003.

RESUMO

Proponho-me, no desenvolvimento do tema, a apresentar um trabalho de busca de

entendimento e aprofundamento maior de si mesmo, das relações humanas, suas

particularidades e idiossincrasias. Inúmeros instrumentos para o autoconhecimento

foram e ainda são utilizados em minha busca de integração, a caminho da

autoconsciência, no entanto, faço uso aqui do estudo astrológico com ênfase na

simbologia de Quíron, “Mestre e Curador”, segundo uma abordagem psicológica baseada

em princípios junguianos, mais notadamente no Arquétipo•(2) da Totalidade •(3). Não é

meu propósito, entretanto, aprofundar-me nos conceitos da psicologia analítica, nem

tampouco nutro a pretensão de explorá-la criticamente. Pretendo, sim, servir-me apenas

de alguns aspectos que eu, neste momento, unindo meus eus fragmentados, considero

relevantes para exposição do tópico escolhido.

Exponho meu caminho de vida em busca do autoconhecimento, considerando

algumas razões que me levaram a palmilhar a senda da individuação e que também

impulsionam outros a seguir esta trilha, ponderando sobre as qualidades de um genuíno

buscador da verdade, da totalidade, refletindo sobre o conceito de mestre e cura para

cada um de nós, partilhando minhas observações no que diz respeito ao

tema “parceria e relacionamento interpessoal”, e validando a máxima de que o

autoconhecimento é fator essencial para o crescimento individual e da humanidade.

Mesclo a parte teórica e prática com pensamentos e poemas que me sensibilizaram

profundamente, fazendo de meu trabalho escrito, em alguns momentos, uma experiên-

cia quironiana, onde corpo, emoção, mente e espírito entrelaçam-se. Meu sentimento

diante daquilo que escrevo é pura e simplesmente dividir uma experiência de vida, e

familiarizar o leitor com o significado e expressão de Quíron, da maneira como vim a

conhecê-lo, em seu papel de mestre e curador, facilitador na formação do ser humano e

revelador de sua capacidade latente, de grandes talentos adormecidos em seu interior.

Partindo de estudos feitos por astrólogos que se engajaram numa grande pesquisa

sobre este corpo celeste, apresento ao leitor, portanto, uma versão do mito de Quíron, o

seu simbolismo no mapa natal, seu ciclo de duração e ressalto, indubitavelmente, a

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relevância deste grande Mestre no caminho de individuação em busca da transcendência

dos paradoxos, melhor seria dizer da abrangência dos mesmos, para a integração e cura

em nossas vidas.

A título de experimentação realizei a meditação de Quíron que se encontra no

livro de Richard Nolle que faz parte da referência bibliográfica desta pequena obra. Meus

filhos foram os sujeitos escolhidos para tal experimento e, antes da conclusão, exponho

as ilustrações por eles confeccionadas, juntamente com uma síntese da meditação.

A conclusão do trabalho pincela o tema com algumas formulações a respeito do

autoconhecimento, na esperança de que o interesse pelo assunto e por todas as ideias

aqui expostas possam servir de inspiração e incentivo àqueles que lidam

com o potencial de crescimento humano, tais como médicos, psicólogos e terapeutas, de

modo geral, e também a todos os buscadores, independentemente do campo em que

estejam atuando.

Apresento também o questionamento a respeito da introdução de ferramentas para

o autoconhecimento, tais como a Astrologia, tanto no currículo de formação dos

profissionais acima mencionados, como no currículo do Ensino Médio, algo que poderia

ser implementado em nosso sistema educacional e, consequentemente, enriquecê-lo um

pouco mais.

Faço minhas as seguintes palavras atribuídas ao renomado escritor Goethe:

No que diz respeito a todos os atos de iniciativa e criação, há uma verdade elementar

cuja ignorância destrói incontáveis ideias e planos esplêndidos. Diz ela que, no momento

em que alguém se compromete definitivamente, a Providência também começa a agir. Todo

tipo de coisas que, do contrário não aconteceriam, ocorrem para ajudá-lo. Uma cadeia inteira

de acontecimentos origina-se da decisão, fazendo aparecer a seu favor toda sorte imprevista

de incidentes, encontros e assistência material que ninguém poderia ter sonhado encontrar em

seu caminho. O que quer que você possa fazer ou sonha que pode fazer, faça-o, pois a

ousadia traz em si o gênio, o poder e a magia. Comece agora! •(4)

Joseila Gerotto

São Paulo, 12 de agosto de 2015

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SUMÁRIO

I. INTRODUÇÂO...........................................................................9

II. OBJETIVO DO ESTUDO..........................................................10

III. INÍCIO DA BUSCA...................................................................17

IV. ESCOLHA DO TEMA…………………..………………… 18

V. CAMINHOS DA BUSCA..........................................................22

v.a- Qualidades do Buscador........................................................28

VI. MINHAS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS COM QUÍRON

.............................................................................................................31

VII.MEU INTERESSE POR QUÍRON E MEU PONTO DE MUTAÇÃO

............................................................................................................33

VIII.QUÍRON.................................................................................. 35

viii.a- O Mestre ....................................................... 35

viii.b- O Mito .......................................................... 39

viii.c- A Cura e os Curadores .................................. 45

IX.A ASTROLOGIA COM O FERRAMENTA PARA O AUTOCONHECIMENTO

...........................................................................................................50

ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da Totalidade

..............................................................................................................61

ix.b- Quíron e a Astrologia.............................................................63

ix.c- Quíron, o Arquétipo da Cura e do Curador Ferido.................64

X.QUÍRON E O DOM DE CURA NO MAPA DO NASCIMENTO

............................................................................................................70

x.a- Integração Consciente das Polaridades e Abertura ao Novo......74

x.a1- Quíron em Áries e Libra- A Consciência do Eu e do Outro.....74

x.a2- Quíron em Touro e Escorpião-Valores Pessoais e Coletivos .....80

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x.a3- Quíron em Gêmeos e Sagitário-Aprendizado Concreto e Abstrato 83

x.a4- Quíron em Câncer e Capricórnio-Poder Interior e Exterior......... 86

x.a5- Quíron em Leão e Aquário-Criatividade Pessoal e no Grupo.........89

x.a6- Quíron em Virgem e Peixes-A Unidade com o Eu e com o Todo. . 92

x.a7- Meditação guiada para o encontro com Quíron.... 96

x.a8- Como aprofundar a Questão com Quíron .... 99

XI . CONCLUSÃO………………… 102

XII. EPÍLOGO ......... .........................109

XIII. NOTAS ................ ............................110

XIV. TABELA DE QUÍRON................117

XV. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA.120

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I - INTRODUÇÃO

Passo todo o meu tempo tentando persuadir vocês, jovens e velhos, a se interessarem

principalmente e em primeiro lugar... pelo bem-estar maior de seu eu interior.

Sócrates

O que é este bem-estar? Como chegar a ele? Grandes pensadores de nossa

história, reformadores sociais, líderes políticos e religiosos e muitos filósofos

interessados nas questões essenciais da vida, no comportamento e evolução do ser

humano, já estiveram diante do impasse de procurar soluções para as dificuldades e

conflitos da humanidade que satisfizessem a grande busca de cada um de nós, que é

encontrar seu lugar no mundo, viver uma grande harmonia interna e externa e alcançar,

por fim, sua indivisibilidade. Será que este grande desejo de realização não está ligado ao

reconhecimento de que o homem é um todo por si só e, ao mesmo tempo, parte de um

todo maior?! Será que a resposta a esta importante questão inerente a todos os seres

humanos não está contida no “Conhece-te a ti mesmo!”, famosa máxima, reconhecida

como a essência da sabedoria por muitos dos grandes buscadores de nossa história?!

Quisera reconhecer o valor e significado de tão simples mensagem, portadora de

profunda filosofia de vida, meta provável de todos nós! Oxalá pudesse propiciar o

aprimoramento de minha personalidade em harmonia com meu eu interior e descobrisse o

que é o autoconhecimento verdadeiro! Aspiro à compreensão maior, à compreensão de uma

força suprema, seja ela denominada Deus, Buda, Natureza, e busco a chave para a

sabedoria da Vida. Serei capaz de demonstrar a utilidade do conhecimento do mundo, se

pouco sei de mim mesma, de meu corpo, meus sentimentos e pensamentos?! Por outro

lado, se possuo alguma consciência de meu ser interior e me isolo da sociedade,

negligenciando o mundo que me cerca, certamente entrarei em desequilíbrio, que

continuará sendo a causa de incoerências e desentendimentos com meus semelhantes e de

desarmonia em minha vida. Parece que esta ideia é de fácil assimilação, portanto almejo

praticá-la em meus relacionamentos, pois a sua mera aceitação não a torna visível no

mundo concreto, a não ser que eu a transforme em vivência.

Diversos pensamentos cruzam minha mente e a de todos os buscadores da

Totalidade. Meus sentidos estão confusos, diante de tantas contradições que presencio,

porém é exatamente este estado de confusão e névoa que serve como uma mola

propulsora a me levar à revelação de minha natureza íntima, eterna... Poderíamos nós,

simplesmente, seguir o fluxo da vida e aproveitá-la sem preocupações? Bastaria apenas

um “Conhece-te a ti mesmo” para estar em contato com minha essência espiritual? São

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tantas as indagações e tantas as respostas a elas como o número existente de filosofias de

vida!

Estamos vivendo um grande momento de transição para um novo ciclo, é o que se

diz já há alguns anos e, não importa onde estejamos, é esta a mensagem que se propaga.

A busca pela compreensão da vida está sobre a soleira do novo mundo e pergunto-me se

aquilo que nos assombra, atemoriza, não é o eco retumbante de grandes dores presentes

em toda a humanidade?!

Pretendo construir um mundo melhor, consciente de que aquilo que vejo também

faz parte de mim, portanto é importante que não me deixe levar por crenças que

afirmam justamente o contrário e que possa realizar uma mudança que traga benefícios

para o todo. Que métodos utilizar para preservar uma identidade separada e partilhar, ao

mesmo tempo, de minha indivisa unidade com a Mente Universal?! Quero viver ao

mesmo tempo com o conhecimento de mim mesma e o conhecimento do Todo, de Deus!

Muitos mestres auxiliaram-me no caminho, e num determinado momento, comecei a

ouvir um chamado interno, que incessantemente me pedia sua atenção. O mestre e

curador interior fizeram-se presentes...

Questões diversas povoam meu mundo mental e quisera tomar consciência

também de meus sentimentos e atos e ser responsável por tudo aquilo que crio! De que

meios me sirvo para empreender a grande Busca Interior e atingir a conquista do eu e, a

partir deste resultado, a totalidade? Hei de resgatar minha conexão consciente com meu

Eu Superior, e tornar-me una com ele, pois acredito profundamente que a relação interior

jamais se perdeu! Reconhecerei em mim aquilo que ainda impede e retarda este contato!

Após tantas vivências e já na maturidade, não há como negar que a pessoa que

vivenciou transformações em sua vida e está familiarizada com as descobertas, alegrias e

dores que o autoconhecimento acarreta, apresenta mais facilidade de entrar em contato

com aqueles que estão sob sua orientação e cuidado! Com ou sem o auxílio de alguma

ferramenta poderá ela servir-lhes de exemplo, de maneira mais prática e eficiente?! Que

estas indagações sejam, então, incorporadas espontaneamente na vida de qualquer um de

nós, em nossos relacionamentos, independentemente de nossa atuação...

II - OBJETIVO DO ESTUDO

O universo inteiro

se encontra em evolução. Ele se expande,

estrelas explodem,

mundos surgem, mundos morrem.

Nada fica parado, tudo é fluir e transformar.

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Também eu sou uma parte desse desenvolvimento.

Eu não quero me abster dessa expansão,

do amadurecer e do crescer.

Eu quero me tornar sábio no coração da vida. •(5)

Desde pequena costumava pensar muito a respeito de Deus, dos seres humanos,

suas aspirações e necessidades, e a razão por estarmos na Terra. As seguintes questões

estavam sempre fervilhando em minha mente: Quem sou eu? O que eu sou? Por que

estou aqui? O que preciso fazer para encontrar meu lugar no mundo? Como posso

cooperar com meus amigos para trazer mais paz, harmonia e amor ao planeta? Que

talentos posso desenvolver para ser o “EU” íntegro que sou destinada a ser? Não

conseguia compreender o modo de viver dos adultos, as competições, recompensas,

punições, etc.

Às vezes silenciava as questões dentro de mim, simplesmente por não ter a

capacidade de expressar meus pensamentos. À medida que amadurecia, perguntas

semelhantes continuavam a intrigar-me, cada vez com maior frequência, contendo algo

mais profundo e, de certa maneira, emergente. Hoje, já adulta, dou prosseguimento à

minha busca de modo mais decidido, mais realizador. Foram necessários anos e anos de

gestação até que alguns de meus projetos tomassem uma forma palpável. Como adaptar

sonhos, objetivos e pensamentos à realidade que me cerca, foi o que indaguei durante

muito tempo... Como torná-los passíveis de concretude?

A cada pequena meta alcançada, segue-se outra, não menos importante...

Sempre experimentei muito prazer e felicidade em relacionar-me com as pessoas, e

aprecio o aparente mistério que aí existe. Lembro-me que me sentava no muro de minha

casa, ainda pequena, e ficava olhando a vastidão do céu, imaginando que naquela beleza

toda ao meu redor havia, certamente, algo maior que me unia a todos. Sentia um impulso

enlevante em direção à busca de meu lugar no mundo. Admirava as estrelas, o sol, a lua

e pensava que podia viajar no espaço livre- mente... Este interesse sempre crescente foi o

que me motivou a investir na profissão de professora. Não tinha dúvida alguma de que

lecionar era meu caminho!

Ambicionava compartilhar não somente meu aprendizado teórico, mas também o

prático em outros âmbitos de minha vida. Desta maneira, em 1974, iniciei meus estudos

na Universidade São Paulo, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, onde

cursei Língua e Literatura Inglesa e Alemã. Como professora de ambas as línguas,

estudiosa também de francês e italiano, mantive contato direto com a cultura desses

povos, o que expandiu meu horizonte em vários níveis e levou-me à continuidade de

minha pesquisa de conhecimentos para principalmente viver as relações humanas,

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enriquecendo meu mundo interior e facilitando uma maior compreensão de mim mesma.

Reconheci que todos temos sentimentos e necessidades semelhantes, embora os

expresse- mos de maneiras diversas.

Na grande aventura da vida, abeberei-me de diversas fontes externas, ao mesmo

tempo em que empreendia minhas descobertas internas e, de repente, em um dado

momento no meio do caminho, vi-me diante de uma grande encruzilhada, e dei-me

conta de que precisava optar por uma única direção. Não vi outra saída, a não ser voltar-

me à minha realidade interior, perscrutando minhas verdadeiras motivações a fim de

alcançar uma consciência mais elevada, minha verdadeira essência, purificando minhas

atitudes e aceitando o meu modo de ser imperfeito. Nutria como objetivo prosseguir

rumo a meu crescimento e evolução, contribuindo com o todo maior. Nesse instante,

atribulada com inúmeras atividades externas, reconheci que uma parada se fazia

necessária para que conduzisse meu olhar para uma maior “paisagem” de mim mesma.

“Quem sou eu realmente?” “O que sou?” Estas sempre foram minhas maiores questões.

Somente assim as informações colhidas teriam um valor significativo em minha vida e eu

poderia prestar, então, uma pequena contribuição ao mundo. Uma consciência que se

eleva abre caminho para as demais, é o que nos diz Trigueirinho.

A importância do autoconhecimento tem sido proclamada por muitos filósofos de

nossa história, santos e mestres de muitas das grandes tradições religiosas, ao longo dos

anos. Creio que, para nós, ocidentais,

a voz mais familiar é a de Sócrates. Mais sistematicamente do que ele, porém, os

intérpretes indianos da filosofia perene bateram na mesma tecla. Há, por exemplo, o Buda,

cujo dis- curso sobre “A Instauração da Atenção” expõe (com a exaustão positivamente

inexorável característica das escrituras pális) toda a arte do conhecimento de si mesmo em

todos os ramos- o conhecimento do corpo, dos sentidos, dos sentimentos e dos

pensamentos. Pratica-se a arte do conhecimento tendo-se em vista duas metas. A meta

imediata é que “um irmão, no que diz respeito ao corpo, continua a vigiá-lo de tal maneira

que permaneça ardente, senhor de si e atento, tendo vencido também as aspirações e

desalentos frequentes no mundo. E, da mesma for- ma, no que diz respeito aos sentimentos,

pensamentos e ideias, a todos vigie, de maneira que permaneça ardente, senhor de si e

atento, sem aspirações nem desalento”. Além e por meio dessa desejável condição

psicológica está o fim último do homem, o conhecimento daquilo que subjaz ao eu

individualizado. Com vocabulário próprio, os autores cristãos exprimem as mesmas ideias.

•(6)

Reconhecimento devemos também a grandes nomes de nossa história, entre eles,

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Mestre Eckhart e Santa Catarina de Siena, ambos absorvidos pela meta da realização de

si mesmos. Vejamos o que o primeiro nos transmite no tocante a este tema:

O homem tem muitas peles em si mesmo, que lhe cobrem as profundezas do coração.

O homem conhece tantas coisas, mas não conhece a si mesmo. Ora, trinta ou quarenta

peles ou couros, inteiramente semelhantes aos de um boi ou de um urso, igualmente grossos

e duros, recobrem a alma. Penetre no seu próprio fundamento e aprenda ali a conhecer-se.

•(7)

Santa Catarina de Siena, mística santa católica, nascida em 1347 em Toscana, na

Itália, declarada doutora da igreja em 1970 pelo Papa Paulo VI, aborda o conhecimento

segundo duas perspectivas que se complementam e que nos auxiliam na busca da perfeição

possível. Suas palavras seguem-se a seguir:

Minha filha, constrói para ti duas celas. Primeiro, uma cela de verdade, a fim de

não correres muito em todos os sentidos e não falares, a menos que seja necessário, ou que

possas fazê-lo por amor do teu próximo. Em seguida, constrói para ti uma cela espiritual,

que poderás sempre levar contigo, e que é a cela do verdadeiro conhecimento de ti mesma;

nela encontrarás o conhecimento da bondade de Deus para contigo. Aqui estão, com efeito,

duas celas em uma, e, se viveres numa, será preciso que vivas também na outra; de outro

modo, a alma desesperará ou será presunçosa. Se ficasses só com o conhecimento de ti mes-

ma, desesperar-te-ias; se permanecesses apenas no conhecimento de Deus, sentir-te-ias

tentada à presunção. Um conhecimento deve acompanhar o outro, e, assim, atingirás a

perfeição. •(8)

Escrever sobre o autoconhecimento tocou-me profundamente, e fico, deveras,

maravilhada ao ver que o tema inspirou a vida de tantas pessoas ilustres e outras mais

desconhecidas, certamente. Chaucer, Shakespeare, Goethe e outros escritores, em

diferentes épocas, validaram como essência da sabedoria a máxima do “Conhece-te a ti

mesmo”, a qual se destacava na entrada principal do Oráculo de Delfos, para onde se

dirigiam aqueles que procuravam orientação em suas vidas. De que compreensão

necessitamos nós para atingir uma vida mais plena e equilibrada?

Nos dias de hoje cuidamos essencialmente da mente por intermédio da leitura, das

viagens, do intercâmbio com nossos amigos e conhecidos. Nossas emoções são

trabalhadas, no dia-a-dia, em nossos relacionamentos e, com o uso da mente,

aprendemos a controlá-las. Pouco a pouco entramos em contato com nosso corpo, que

muitas vezes negligencia- mos em função de outros interesses. Cultos exagerados à apa-

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rência física, empreendimentos mil que realizamos, submetendo nosso “templo físico” a

uma lista infindável de tarefas que o enfraquecem mais e mais. A cisão corpo/mente

aumenta consideravelmente até que, fragmentados, sobrecarregados com a quantidade

enorme de informações que nos chegam diariamente, reconsideramos a importância

deste grande instrumento de nossa missão aqui na Terra, o corpo físico e direcionamos

nossa atenção a ele, novamente.

Apesar de termos engrandecido enormemente nosso baú de conhecimentos, o que

acrescentamos em relação ao entendimento de nosso ser? Refiro-me aqui ao

conhecimento vivencial, aquilo que colocamos em prática em nossa experiência

rotineira e não o que acumulamos em nossas mentes. Parece que, com algumas

diferenças, ainda continuamos debatendo-nos com a asserção pronunciada por Sócrates,

que apregoava que sua única sabedoria era reconhecer a própria e total ignorância.

Sabemos que precisamos caminhar com bastante de- terminação, até que

conheçamos um pouco mais da natureza humana. No meio de nossa luta diária,

esquecemo-nos de voltar o pensamento ao nosso eu mais profundo e acabamos por

negligenciar alguns questionamentos importantes ao nosso crescimento interior e

exterior. Responsabilizamos outros por insucessos que nós próprios criamos...

A busca do autoconhecimento é enfatizada por meios diversos e por muitos

indivíduos que comumente a modificam segundo a expressão da filosofia adotada.

Ouspensky, em seu livro Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido, transmite-nos o

pensamento de que não nos é possível estudar o universo sem que estudemos o homem, ao

mesmo tempo em que o contrário também nos é requerido. Para que o homem, alcance

uma compreensão do mundo todo e o conheça, faz-se então necessário que ele busque o

entendimento de si mesmo e, se ele se empenhasse na descoberta e estudo do universo e

das leis que o regem, chegaria ao aprendizado das leis que também o movem, pois é ele

uma imagem do mundo. Algumas se lhe apresentam mais simples, com a pesquisa da

realidade objetiva, enquanto outras só lhe são reveladas quando procede a um trabalho de

introspecção, o que nos leva a concluir que tanto o conhecimento do universo como de

si mesmo podem ser realizados paralela, separada ou concomitantemente.

Os mundos objetivo e subjetivo estão interconectados e não podemos separá-los,

mesmo que o queiramos, a não ser que nos sujeitemos a viver sempre de modo

fracionado. É realmente uma escolha! Explorar facetas variadas destas duas realidades é

tarefa para todos nós a caminho da individuação. Homem, Terra, Sistema Solar, Via

Láctea e outros mundos afora... Todos formando uma Unidade ou uma Totalidade. E o

Homem, por si só? O que significa conhecer-se a si mesmo quando pensamos em

mundo?

Para mim isto implicou a devolução do comando de minha personalidade ao

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verdadeiro condutor de tudo, meu Eu interior, que procura reunir os pedaços dos vários

eus que formam, cada um à sua maneira, um pequeno mundo à parte. Pequenos eus que

disputam o poder entre si, cada um buscando, a seu modo, a satisfação de seus desejos,

respondendo ao mundo externo segundo a necessidade deste, esquecendo-se daquele

que verdadeiramente deveria guiar seu caminho neste planeta.

No livro de Ouspensky, mencionado anteriormente, li algo interessante sobre uma

das figuras do Tarô, a número 7, designada “O Carro”. Muito já foi dito sobre possíveis

significados da imagem desta carta, entretanto ficou em minha memória o seguinte

registro: Quatro elementos unidos, que poderiam muito bem representar quatros

aspectos de meu ser: o corpo físico tendo a carruagem como representação, o corpo

emocional expresso pelos cavalos, meu corpo mental caracterizado pelo cocheiro e,

finalmente o quarto fator, representado pela força real que controla e dirige o cocheiro.

Esta consciência manifestada pelo espírito que transcende as limitações do corpo, das

emoções e da mente é o verdadeiro guia de meu caminho. É ela que tem poder e

controle sobre os outros três aspectos e, nesta ordem decrescente, o mesmo acontece

com a mente, por exemplo, que controla os outros dois, e assim, sucessivamente.

Claro que também uma melhora ocorrida no físico reflete no aspecto seguinte, o

emocional, e assim por diante. O movimento é ascendente e descendente e, na realidade,

inexistem separações entre os quatro planos, pois todos estão interconectados e são

interdependentes. Qualquer falha em um deles repercute, portanto, nos outros, o que

resulta em pequenas ou grandes desarmonias. Tanto os corpos como as ligações que os

mantêm são imprescindíveis para o bom funcionamento do conjunto. O cocheiro, meu

ego, deve estar atento para traduzir a mensagem do seu Eu interno, ao mesmo tempo em

que precisa ter a habilidade de conduzir a carruagem. O que isto quer dizer?

Sim, tenho que ter um ego bem-estruturado- e quando utilizo a palavra ego, refiro-

me a personalidade construída no mundo- a fim de captar e traduzir as mensagens

transmitidas pelo meu guia interno, Quíron, pois é ele que me estimula no caminho da

unidade, do poder criativo, do Amor com o Eu Maior. Por outro lado, de que adianta

compreender o que ele me diz, sua linguagem, se também não me empenho em

expressá-la?!

Estes quatro corpos poderiam ser associados às funções junguianas denominadas

sensação, sentimento, pensamento e intuição e fazendo uma analogia com os quatro

elementos da astrologia, respectivamente terra, água, ar e fogo. Isto, naturalmente, a

grosso modo, já que se trata simplesmente de uma aproximação de conceitos.

Ter a percepção consciente do mundo ao meu redor, atendo-me às mensagens que

meu corpo a mim transmite, poder sentir e expressar o que habita no recôndito de meu

ser, atribuindo valores às minhas experiências, sem contudo julgá-las como certas ou

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erradas, boas ou más e relacionar-me com outras pessoas, ouvindo minha intuição, este é

o casamento ideal a ser feito entre meu eu inconsciente/interno e consciente/externo.

E se me descuido da carruagem, meu corpo? Como proceder em minha jornada? E

quanto aos cavalos? De que modo conduzi-los? Como eles prosseguirão se não

estiverem fortalecidos, se não forem nutridos? Afinal, são eles que vão levar-me ao meu

destino, e a força é essencial para que os obstáculos sejam superados.

Chegar à unidade integral faz parte de todas as religiões, e a religação à fonte

original do espírito é o que elas pregam, para que possa dizer, um dia, que sou Um com

o Todo!

Conhecer a mim mesma sempre exigiu um trabalho disciplinar que me trouxe e

ainda trará muitas recompensas, não somente na minha atuação como profissional, mas

também no conjunto todo da carruagem há pouco mencionada. Precisei e ainda preciso

ousar despir-me de minhas máscaras e enfrentar um pouco de caos e conflitos.

Muitas vezes faltou-me a compreensão exata do que vivi, contudo hoje já não me

preocupam mais os porquês de tantos dissabores sofridos, pois o tempo, sábio

conselheiro, comprovou que sempre havia feito a pergunta inadequada “Por quê?”

quando o mais apropriado teria sido “Para quê?”. Minha perspectiva mudou e com ela a

minha vida. Diversas vezes, projetei a causa, a “culpa” daquilo que me acontecia em

fontes externas, eximindo-me, completamente, de qualquer responsabilidade pessoal.

Por temer as mudanças, deixei de aproveitar várias oportunidades, em que podia

reassumir o controle de minha vida, diante de conflitos e dificuldades, renunciando à

coragem de me transformar e de receber o novo. Entretanto a lembrança- refrigério da

alma- de que sou eu quem atraio minhas próprias vivências e as elaboro em meu

caminho, alertou-me e deu-me forças para continuar meu intento de prosseguir em

minha jornada. Procurei abafar as vozes externas e, no silêncio, ouvi um pequeno

sussurro, que bastou para estimular-me novamente à busca de minhas motivações.

Seguramente deixei muitas indagações à margem de meu caminho para abrir mais

espaço a coisas novas, que me mostraram que sou realmente muito mais do que aquilo

que me foi passado!

Parece que, de modo geral, existe um consenso no que diz respeito a este tema

sobre autoconscientização, e eu, particularmente, reconheço grandes “verdades” em

muitas das mensagens transmitidas por todos aqueles que se prontificaram a desvendar

os mistérios e a sabedoria da natureza humana. Aproximei-me de muitos dos grandes

mestres de diversas filosofias de vida, e o estudo teórico aliado à vivência prática

possibilitaram-me realizar este trabalho.

Como ser integrante da realidade atual de nosso Planeta hei de alcançar um maior

conhecimento de mim mesma e servir como facilitadora no processo de educação, na

17

formação de meus “alunos”! Chegar à individuação, conquistar meu espaço interno e

atingir a liderança de minha realidade externa, auxiliando, ao mesmo tempo, direta ou

indiretamente, no caminho do outro sob minha orientação é premissa de um viver mais

harmonioso, com certeza! Por falta de termos mais precisos faço uso de “auxílio, ajuda”

para expressar uma prestação de serviço de mão dupla, onde ambos os lados de uma

parceria são beneficiados, onde ambos são aprendizes e mestres.

III - O INÍCIO DE MINHA BUSCA

Se eu souber que você e eu somos um só, que não estamos separados e que não sou

apenas protetor do meu irmão, mas sou o meu irmão, eu o tratarei como trato a mim

mesmo- com carinho. •(9)

Descobrir minhas motivações interiores, o grande anseio de realização dentro de

mim, que é encontrar uma harmonia, em todos os sentidos, e fazer o casamento de meu

lado inconsciente e consciente em todas as áreas de minha vida- tarefa sem um fim

determinado- era, e continua sendo, uma de minhas metas, juntamente com a aspiração

de desvendar meu papel dentro deste grande Universo em evolução permanente. Portanto,

paralelamente ao meu caminho como professora, iniciei em 1983, de modo consciente,

uma grande aventura no estudo de Religiões, Filosofias, Psicologia (Freud/Jung),

diferentes artes divinatórias e curativas, como I Ching, meu grande amigo “chinês”

(emprestando um termo usado por uma grande amiga minha), Tarot, Astrologia, Terapias

Florais e Corporais.

Participei, então, de diversos seminários voltados ao entendimento do uso das

energias do corpo e do Universo, tendo como meta um maior intercâmbio corpo, mente,

espírito. Procurei estabelecer comparações e almejava entender se existia mesmo uma

verdade absoluta.

Durante os anos em que lecionei, observava que nos cursos de aperfeiçoamento

voltados à didática e a metodologias de ensino, o foco principal tinha como base tanto a

aquisição de conhecimentos como as técnicas de aula, enquanto o relacionamento

professor-aluno, com suas singularidades e interdependência, era relegado a um segundo

plano, o que criava uma lacuna na área do aprendizado. Devo confessar, entretanto, que

embora tenha procurado colocar em prática aquilo que aprendera segundo minhas

observações, ainda havia muito que desenvolver neste sentido... Tudo acontece no

tempo certo, mas a impaciência imperava!

Motivos particulares aliados à minha frustração de não ser capaz de concretizar

meus ideais como profissional, levaram-me a interromper minhas atividades como

18

professora de línguas dentro de uma instituição de ensino, para poder dedicar-me a

assuntos ligados mais diretamente ao crescimento pessoal, trabalhando com grupos na área

do autoconhecimento.

Atualmente, com mais bagagem de experiências de vida adquiridas com o estudo

do Mestre, prossigo em minha jornada e, onde quer que esteja, junto a amigos,

conhecidos ou clientes, atuando como educadora, facilitadora do Jogo da

Transformação, •(10), terapeuta, life coach (coach de vida), não importa, compartilho os

conhecimentos assimilados ao longo dos anos.

IV- A ESCOLHA DO TEMA

Quero aprender. Quero ser a melhor no que faço. Quero dar ao mundo alguma

coisa bela! Quero ser feliz. Quero acreditar que há uma razão para viver, uma coisa que

faça sentido, um princípio que me ajude a suportar os momentos difíceis e também os

bons. Quero acreditar que há no mundo uma outra pessoa tão solitária quanto eu. Quero

acreditar que vamos nos encontrar, e que... vamos amar um ao outro, e que nunca mais

estaremos sozinhos!. •(11)

E por acreditar, realmente, que todos podemos enriquecer o mundo externo a partir da

exploração de nosso universo interno e que somos responsáveis por tudo aquilo que

criamos, escolhi o título “O Caminho do Autoconhecimento e da Cura por meio de Quíron,

o Mestre”. Como este é o revelador de nosso potencial em direção à Totalidade, considero

importante elucidar este conceito segundo o que apreendi dos ensinamentos de Jung.

Totalidade é a vivência da integração e equilíbrio das polaridades em minha vida. Ser

íntegro é reconhecer que, além de ser um todo eu mesma, faço parte também de um

todo maior! É ter a consciência de que todos os opostos estão unidos dentro de mim e

em tudo que me cerca. É harmonizar meu lado consciente e inconsciente e perceber o

intercâmbio intermitente entre matéria e espírito. Totalidade é a dança harmoniosa que

existe entre as dualidades. Para que este estado fluido seja alcançado com plena

percepção dos sentidos, e a minha natureza real revelada, é natural que empreenda uma

grande e profunda viagem, interna e externa.

Em 2001 iniciei um curso de especialização em Abordagem Junguiana na PUC, e já

estava definido dentro de mim que minha monografia estaria relacionada às minhas

experiências como um todo, isto é, que ela teria como base minha vida profissional,

social e pessoal. Não conseguiria separar aquilo que sou na intimidade com meus

amigos e familiares daquilo que sou publicamente, pois minha busca sempre se manteve

entrelaçada a todos os aspectos de minha vida.

19

Com certeza também visto minhas máscaras, entretanto realizar a autenticidade de

minhas vivências, e reconhecer que “ Eu sou”, isto é um compromisso que pretendo

sempre manter comigo mesma. Despir-me daquilo que encobre meu verdadeiro centro,

penetrar na essência invisível e impalpável que fortalece meu lado externo para, enfim,

tornar-me transparente diante de mim e de todos os outros que me rodeiam, é este o

princípio que me impele a agir.

Meu comprometimento sempre foi com a verdade, e em minha busca de

significados, devo ter eventualmente magoa- do muitos outros “viajantes”. A eles, peço

que me perdoem, contudo havia necessidade de que eu pudesse enxergar-me e ouvir-me

com um pouco mais de nitidez e clareza.

Conforme o curso prosseguia, o desenvolvimento do tema ia-se formando em minha

mente, ao mesmo tempo em que, paralelamente, desenrolava-se em minha caminhada.

Iniciei a redação do mesmo em fevereiro de 2002, logo após um acontecimento que

desencadeou grandes transformações mudanças em minha consciência e vida, na área

profissional e particular. Uma onda de desprendimento e liberação de meu passado se

fez sentir e com a abertura do chakra cardíaco, a compaixão, o perdão a mim e aos

outros, juntamente com outras lições se tornaram aprendizados valiosos. Não me

importava mais o porquê e sim o para quê. Se você tiver interesse em conhecer mais sobre

os centros energéticos, os chakras, pode consultar, por exemplo, o livro “Jornadas de

Cura” de Anodea Judith e Selene Vega, da Editora Pensamento.

Acompanhei, atentamente de perto, o fluxo de energia do pequeno “grande” corpo

celeste durante os últimos anos, e posso afirmar que o tópico por mim escolhido

realmente foi vivenciado no corpo, na alma, na mente, no sangue, com todas as dores e

alegrias que este processo de nascimento de um novo “eu” acarreta. É isto que pretendo

dividir com todos que têm acesso a este trabalho.

Devo salientar, todavia, que mesmo não concluindo o curso de pós-graduação na PUC,

finalizei a redação da monografia sobre o assunto escolhido. Adaptei-a a um novo formato e

devo a concretização do trabalho ao apelo de meu Curador interno. Não posso deixar de

admitir que minha participação no curso de especialização, a troca com professores e

colegas, motivou-me, indubitavelmente, à compilação e confecção de meu trabalho.

Grande parte das informações e detalhes sobre a simbologia de Quíron está baseada

nas pesquisas feitas por Richard Nolle, Barbara Hand Clow, Melanie Reinhart e Zane

Stein. Certamente terei acrescentado algo novo ao estudo realizado por estes astrólogos,

contudo considero extremamente difícil distinguir com precisão aquilo que apresento de

singular no tocante ao tema. Posso, todavia, assegurar que princípios quironianos foram

vivenciados em minha vida e observados no caminho daqueles que comigo entraram em

contato.

20

Realizei uma pesquisa apoiada na análise de sua localização em mapas de

nascimento de alunos, clientes e amigos, e sirvo-me de esclarecimentos obtidos após um

profundo estudo feito junto àqueles que se submeteram a esta análise. Entrar em contato

com Quíron, conforme eu o exponho pelos signos, é o primeiro passo para um confronto

consciente com a autotransformação.

Esta tem início quando me aventuro a compartilhar experiências com o universo

que me cerca. Meu objetivo é discorrer especialmente sobre minha atuação com o outro,

seja como professora, aluna, mãe ou terapeuta, onde quer que manifeste a busca...

Explorar meu ser interno, revelar- me como sou, como vivo, como entendo o mundo

exterior e aceitar a realidade multicolorida de Deus, tentando encontrar um modo

natural de colocar-me no mundo é, para mim, uma grande façanha que me põe, ao

mesmo tempo, em contato com minhas feridas e minha cura.

Viver aquilo de que tenho receio possibilita-me uma ampliação de consciência que

me conduz a uma transcendência de valores, a uma revolução interna que se reflete em

todos os níveis de meu ser, propiciando a revelação concreta de meu ser espiritual.

Segundos que sejam, poder concretizar meu verdadeiro eu, ah como isto fortalece minha

natureza, minha essência, meu ser! Sinto aquilo que penso e expresso, e penso aquilo que

sinto e expresso! E a escrita se torna, neste contexto, um meio de purificação daquilo que

acidentalmente ficou contaminado... É ela que vai conduzir-me à unidade. Algo me

inspira e, das profundezas de meu ser, dou forma criativa a esta inspiração para que

mudanças ocorram em minha realidade exterior.

Confio no poder autorregulador da vida, nas forças superiores que a regem e, a cada

dia, cresce mais a minha fé. Por isso, é certo que cada um de nós, à sua própria maneira, e

segundo sua própria compreensão, manifesta e expressa um aspecto da grande verdade,

uma faceta integrada da Unidade maior.

Segue-se uma pequena história do Oriente, que li há muitos anos e que retrata muito

bem o significado do que acabo de discorrer. Navegando no Internet eu tive a sorte de

encontrá-la no seguinte endereço eletrônico:

http://www.spiritualeducation.org/library/story/svetaketu

Aqui a reproduzo, traduzida do original, entretanto ligeiramente modificada por mim.

Aos doze anos Svetaketu teve a oportunidade de estudar com um mestre, com quem

permaneceu até completar vinte e quatro. Ao término de seus estudos, retornou ao lar com

muito orgulho de tudo o que aprendera.

Pergunta-lhe o pai:

21

- Você aprendeu como podemos conhecer aquilo que não vemos e ouvimos? Como

conhecer aquilo que não pode ser conhecido e está em todas as partes?

O rapaz responde-lhe que nenhum mestre havia passado a ele este ensinamento. O pai

pede-lhe, então que busque o fruto de uma árvore conhecida.

Svetaketu lhe traz um, quebra-o, e este indaga-lhe o que há em seu interior. O filho lhe

diz que há somente sementes mui- to pequeninas. Novamente, a pedido do pai, quebra

outra se- mentinha e descobre que não há absolutamente nada lá dentro.

- Nesta essência sutil encontra-se o ser da árvore, meu filho! Você é esta essência,

filho! A unidade da Vida!

- Ensine-me mais sobre isto, pai! Como aprender mais sobre esta unidade?

O pai pega o filho pelas mãos, leva-o até a cozinha e enche uma bacia com água,

misturando um pouco de sal a ela. No dia seguinte, ordena-lhe que traga o sal que fora posto

na água.

Svetaketu procura o sal, mas não o encontra, pois ele já havia se dissolvido na água.

- Prove um pouco da água, filho! Como é o seu sabor?

- Salgada, respondeu ele.

- Experimente agora um pouco da água do meio da bacia.- Como está ela? –

pergunta-lhe o pai.

- Salgada, respondeu ele.

- Prove então a água do fund. Como está a água?

- Igualmente salgada.

- Meu filho, o sal continua na água, embora você não possa mais vê-lo. Assim é o

seu Eu verdadeiro. Ele é a essência sutil que está em tudo!

22

Em meu viver, confirmo a todo instante a intenção de unir os opostos, e os

ensinamentos deste processo, onde tempo e espaço inexistem, onde fatos e

acontecimentos distintos se conectam, levam-me à descoberta gradual do objetivo de

minha existência. Percebo, ao mesmo tempo, a essência de tudo aquilo que me cerca,

enquanto caminho em direção de meu ser, para dentro de meu coração... E quão grande é

o sentimento de libertação e desapego quando isto me envolve!

Meu relato assemelha-se, em alguns pontos, a uma construção de uma teia

emaranhada de dualidades, tais como instinto- espírito, razão- emoção, intelecto-

sentimento, onde não tem lugar a diferenciação, apenas a união complementar das

esferas aparentemente contraditórias, de tal maneira que a harmonia e o equilíbrio

reinam. Outras vezes, entretanto, a fragmentação é visível...

V- CAMINHOS DA BUSCA

Qualquer caminho é apenas um caminho e não há ofensa, quer para você ou para

os outros, em abandoná-lo, se seu coração mandar.

Carlos Castanheda

E para atingir minha meta, dei início, então, a meu processo de individuação,

minha busca, aqui orientada pelo Mestre Quíron. Voltei-me às minhas atitudes pessoais,

ou sei abandonar minha necessidade de segurança quando ela me impedia de relacionar-

me de modo sadio com os demais, e pesquisei em mim o que fazia tornar conflituosa a

realidade à minha volta. Ah, como ansiava e ainda anseio pela ruptura! Não mais queria

abafar o que me desagradava, e sim integrar aquilo que refletia e projetava nos outros e

no ambiente que me cercava. Suportei a aparência distorcida do que via no espelho,

somente para depois constatar que era minha própria imagem! Dirigida pelo Eu criador,

por Deus, sou, continuamente, “lançada” à autodescoberta e a ir além da realidade,

centrada, ora em um polo ora em outro da dualidade.

Sei que sou cocriadora de meu destino, e a energia em- pregada para obtenção da

estabilidade é propagada a distâncias cada vez maiores, atingindo e envolvendo outros

indivíduos que estão enfrentando situações semelhantes. Isto tudo exige sacrifícios

pessoais, abertura ao novo, às novas oportunidades que vão surgindo no caminho e uma

entrega a algo maior, ao Self mesmo. Entrega ativa que se realiza quando reconheço não

só meus pontos fortes como também minhas limitações, e ponho-me a serviço de sua

concretização. Vou a caminho da verdade “do Eu”, e ela “dói” mesmo quando estou

abarrotada pelo excesso de conhecimento e informações supérfluas.

O motivo pelo qual cada um de nós inicia a aventura da individuação depende de

23

sua história de vida, mas todos nós, certamente, acabamos nos encontrando com nosso

mestre. Chega um momento em que muitas coisas começam a acontecer que impulsionam

o desenvolvimento e expansão de consciência, coisas que aparentemente não têm sentido

algum e são, inclusive, desastrosas sob o ponto de vista de nossos egos. Esta é a voz da

sabedoria do inconsciente, entretanto, que se faz presente por intermédio de diferentes

emissários.

Quando interiormente existe uma clara determinação e decisão de nos tornarmos

mais conscientes, de não mais agirmos como autômatos, haveremos de percorrer

estradas e rumos desconhecidos, jamais sonhados anteriormente. Quando a vida nos

impele a mudar, por que não nos darmos uma chance neste sentido? Se não resistirmos

ao que ela nos propõe, e aceitarmos que tudo é para o nosso bem, vamos nos libertar,

gradualmente, daquilo que está estagnado, a fim de usufruir ideias novas e

revolucionárias. E as recompensas que advirão deste processo são tantas que finalmente

concorda- remos que as dificuldades são apenas degraus para o sucesso, para revelações

cada vez mais surpreendentes em nosso viver! Jung nos diz que a necessidade de integrar

aspectos diversos e dissonantes em nossas vidas revela-se mais comumente na meia-

idade, no entanto nem sempre temos consciência do que está ocorrendo ou mesmo

de que transformações deveremos efetuar. Nesta fase somos praticamente empurrados

para que usemos corretamente nossas aptidões e energias e, naturalmente, alcancemos a

harmonização de nossa personalidade, juntamente com a conquista de um bom

relacionamento consciente com nosso Eu Superior, nossa natureza divina.

Quando realmente decidi ouvir o chamado para esta grande Busca? Paul Brunton,

em seu livro “A Busca”, transmite-nos a ideia de que o trabalho em busca do Eu indiviso

começa com algum estímulo interno ou externo, com uma pessoa, um livro, a Natureza,

uma obra de arte, um sentimento...

Muitos empreendem a Busca quando se deparam com situações que se repetem e

não mais encontram um meio de solucionar as dificuldades que vão surgindo. Alguns se

aventuram neste caminho, diante de circunstâncias de perda de entes queridos e de

doenças incuráveis ou mesmo desconhecidas. Outros, insatisfeitos com tudo aquilo que

já alcançaram, iniciam a jornada do renascimento pessoal, retirando-se para dentro de si

mesmos, e existem ainda aqueles que simples- mente a empreendem por amor a ela. A

busca, certamente, é realizada de modo individual e único porque cada ser é especial e

singular!

Eu, particularmente, confesso que um pouco de cada um destes aspectos foi

igualmente importante. O principal fator foi mesmo o anseio interno que sempre esteve

presente em minha vida, desde criança, a vontade de unir-me a algo maior, de realizar

meu potencial concretamente, de ser eu mesma e de conseguir travar relacionamentos

24

profícuos com meus semelhantes. Dificuldades com alunos, conflitos com figuras de

autoridade, problemas de comunicação com familiares, relutância em partilhar com os

outros, seja por insegurança ou arrogância, perturbações relativas à saúde, insatisfação

com o status quo, não houve como evitar todos os transtornos que advieram de minha

busca. E a indagação principal se tornou: A que tudo isso está me levando?! Não há

como provocar mudanças, num piscar de olhos, e creio que mesmo quando relutamos

elas acontecem, às vezes lenta outras subitamente... Talvez porque tenhamos que nos

livrar da carga há tanto tempo por nós carregada...

Huxley, em seu livro Filosofia Perene, diz que o homem que deseja conhecer seu

verdadeiro eu pode seguir três caminhos. Certamente mesclei os três em minha jornada,

e servindo-me da explanação de Huxley, discorro a seguir como isto se deu, esclarecendo

e enfatizando que estes caminhos são circulares e estão interconectados, e que ainda me

encontro palmilhando a senda.

Percorro o primeiro, toda vez que me volto a meu eu interior, a meu Deus interno,

procurando transcender meu ego, renunciando aos aspectos fragmentados e

contraditórios de meus vários eus, físico, emocional e mental.

O segundo corresponde à procura do que se encontra no lado de fora. Em meu

relacionamento com os outros, posso, muitas vezes, entender-lhes a unidade essencial

com Deus e, por fim, chegar ao conhecimento de mim mesma.

O terceiro caminho, o mais equilibrado, permite-me atingir o autoconhecimento

tanto a partir de meios internos como externos, reconhecendo Deus como princípio de

meu próprio “eu” e de todos os outros “eus” existentes. Segundo William Law:

cada ser contém em si mesmo todo o mundo inteligível. Por conseguinte, Tudo está

em toda parte. Cada qual aí é Tudo, e Tudo é cada qual. O homem como é agora deixou

de ser o Todo. Mas quando deixa de ser um indivíduo, eleva-se de novo e penetra o mundo

inteiro. •(12)

Parece que as explicações convergem sempre para o mesmo ponto: o Eu e o

Todo, unidos em todos os níveis.

Tantos são os caminhos, entretanto cada um vai seguir aquele que lhe é mais

interessante, mais eficiente, mais cômodo e por que não mais atraente? Considerando-se

que há, atualmente, uma grande oferta na área de autoconhecimento, cura, integração

holística, é natural que sintamos certa hesitação quando estamos diante de uma escolha,

afinal tantas são as promessas que se nos oferecem... Obviamente cada pessoa vai

encontrar aquilo que lhe é mais adequado e que suprirá suas necessidades pessoais e, às

25

vezes, parece que não é tanto o caminho escolhido que as leva à meta, e sim, a maneira

como se comportam em direção ao seu objetivo. Talvez a forma seja meramente um

símbolo escolhido para nossa mudança...

Aparentemente, a maioria de nós que está buscando evoluir por meio do

conhecimento de si mesmo não tem alternativa, a não ser seguir o chamado, que nos

atrai como se fosse um grande ímã e nos puxa irresistivelmente, dando-nos a sensação

de que não há nenhuma chance de desistência, mesmo que o queiramos. A própria vida

pareceu impingir-me um caminho que, certamente, depois de iniciado, não sinalizava o

retorno ao ponto de partida. E interiormente sinto que não há mesmo volta alguma desta

viagem! Provavelmente farei algumas paradas temporárias, descansarei um pouco,

recuperarei o fôlego, entretanto creio que não conseguiria mais abandonar a caravana

dos busca- dores, porque eu sou a busca, os buscadores e o meu destino!

O seguinte texto de Goethe expressa de modo significativo o que acabo de

exprimir:

Toda a essência do mundo se encontra diante de nós como uma pedreira diante

do mestre-de-obras. Tudo fora de nós é somente elemento, e permito-me dizer que tudo

em nós também o é; mas nas profundezas de nosso ser jaz a força criadora que

possibilita criar aquilo que deve existir e que não nos deixa repousar nem descansar até

que nós, de algum modo, não o tenhamos representado fora de nós ou em nós mesmos.

•(13)

A intuição e a razão, meus livros e amigos, minha experiência de vida, seriedade e

sinceridade em seguir o caminho foram meus guias nesta estrada. Sempre senti que era,

de algum modo, protegida por algo maior. Não pretendo “ser”, simplesmente, e sim

“viver” numa integração dinâmica com meu ambiente, libertando-me de crenças

errôneas que não me servem mais e, conforme já mencionei, purificando-me de tudo

aquilo que impede meu desenvolvimento. Assumi o risco de viver, assumi as mudanças,

as transformações porque decidi agir. E decidi pensar por mim própria, seguindo o

impulso de minha verdade interior!

Ousei sentir-me só, vulnerável e insegura, arrisquei ser alvo de críticas de

conhecidos e desconhecidos devido a certas atitudes tomadas, contudo acreditei que

todos os meus impulsos eram ecos de meu ser interno que bradava aos gritos a

exigência, a emergência de uma reviravolta de conceitos, de sentimentos, enfim, da

própria vida que levava. O equilíbrio seria a recompensa, a paz resultante da

transcendência dos aspectos do bem e do mal. Estive a caminho... estou no caminho... e

continuarei seguindo meu rumo...

26

Buscar o ponto médio, a conciliação, é fazer um caminho espiritual no mundo em

que vivo. O que significa “espiritual”? É algo que está em conexão com o Self, o Todo

maior, Amor, Luz, o nome é o que menos importa, “espiritual” é o que dirige minha

vida, o invisível que se torna visível, o verdadeiro Senhor, a quem o ego, o Servidor

deve obediência!

Ser espiritual é, portanto, tentar expressar minha natureza real no meu dia-a-dia,

livre de condicionamentos que satisfazem somente a expectativa dos outros e da

sociedade, para que possa chegar a uma plena realização. É libertar-me da herança de

valores e julgamentos que me foram passados e que não vivenciei eu mesma. É procurar

ter uma disciplina interior e exterior, e ser o mais coerente e consciente possível, em

meus pensamentos, sentimentos e ações. É cada vez mais trazer a presença de meu Eu

Superior dentro de meus relacionamentos, em todas as circunstâncias de minha vida. É

aplicar o conhecimento obtido do aprendizado, é redescobrir meu propósito divino aqui

na Terra. É aperfeiçoar meu ego para que ele reflita como um espelho a natureza

autêntica de minha essência, as qualidades superiores de meu Eu interno que estão

escondidas sob este mesmo ego. É estar no mundo sem ter receio de perdê-lo, o que

resulta em uma atuação mais participativa na sociedade, constantemente em mudança.

Lembro-me, neste momento, de uma frase que li em um dos livros de Paul Brunton, que

diz que a verdade deve passar de meus lábios à minha vida. O ensinamento que tem

origem na experiência pessoal é mais eficaz que aquele que não se origina dela, sem

dúvida alguma.

Empenhar-me em trazer minha essência dentro de minha realidade cotidiana

sempre fez parte de minha busca e, lembro-me de muitas vezes em que a manifestação

deste sentimento causou-me certo isolamento. Ser franca e honesta, falar a verdade em

qualquer situação sempre foi meu lema principal e muitas vezes, mesmo quando sabia

que uma pequena mentirinha livrar-me-ia de algum transtorno, acabava vencendo a

tentação e optava por seguir esse princípio. Questionava a mim mesma se o fazia por

receio de algum “castigo” divino, porque muito se falava sobre isto em minha infância,

entretanto não ignorava, no íntimo, que era a mim mesma que estaria falando uma

inverdade, e isto eu me recusava a fazer. Conscientemente escolhia a opção mais difícil

para o ego. Isto significou continuar me aproximando cada vez mais de meu ser

profundo.

Por outro lado, é importante frisar que a simples decisão de não acolher a mentira

em minha vida não evitou que me deparasse, muitas vezes, com pessoas que agiam de

modo oposto. A aceitação da mesma como polo complementar da verdade levou-me a ir

além destas oposições, pois o reconhecimento se deu não apenas em minha mente,

porém em meu coração. A flexibilidade em relação aos meus defeitos e aos alheios,

27

atenuou em muito o desconforto que sentia diante de situações semelhantes. Pergunto-

me hoje se não nutria uma inverdade dentro de mim...

Revelar minha autenticidade corresponde, portanto, segundo minha atual percepção, à

expressão de minha natureza essencial, de meu ser interno.

Para Robert Happé também são três os caminhos que temos à disposição na busca de

um desenvolvimento espiritual. A seguir, reproduzo seus pensamentos, de forma resu-

mida.•(14)

O primeiro caminho está ligado ao sofrimento e diz respeito à falta de compreensão

da maioria de nós, que acredita que somente vivenciando a dor existe a possibilidade de

evolução. É seguro que o tenha trilhado em algum momento de meu percurso, quando

acreditava que não era responsável pela minha própria vida e quando o termo “esforço”

representava apenas luta e não dedicação.

O segundo é o caminho do serviço. A nós e aos outros, o que nos causa grande

felicidade, pois podemos, deste modo, contribuir para um mundo melhor. Sigo com prazer

esta estrada. Fazer ao outro o que gostaria que ele fizesse a mim, não fazer a ele o que não

gostaria que ele me fizesse e, de vez em quando fazer-lhe algo que ele apreciaria muito,

embora a vontade me falte para tal... Esta é a conhecida Regra de Ouro, sendo que a última

parte da mensagem foi transmitida a mim por uma pessoa muito querida de quem colhi

grandes ensinamentos.

Trilhando o terceiro caminho, o alquímico, que está relacionado à transformação da

consciência, enxergamos em nós aquilo que precisa ser modificado, e por meio do desape-

go, livramo-nos de tudo que contradiz as leis do amor e per- dão. Esta nova consciência nos

induz à observação da vida enquanto estamos vivendo, alimentando a noção de viver o

presente momento, que é nossa grande aventura e possibilitando-nos o acesso a nossas

capacidades intuitivas, o que por sua vez, liga-nos a nosso sentido natural de direção. Ainda

percorro esta trilha, procurando transformar hábitos obsoletos que retardam meu progresso.

Procuro recordar-me de que o momento presente contém tudo o que existe, existiu e

existirá!

Tantos caminhos e métodos para a autodescoberta! Sonhos, astrologia, psicoterapia,

tarot, I Ching, Runas, Jogo da Transformação, a natureza, a própria vida... De pouco valor,

se considerados isoladamente, entretanto valiosas ferramentas sempre que delas

necessitarmos, e cada qual tão preciosa quanto a outra! A maior delas habita, todavia, dentro

de nós, buscadores do autoconhecimento, da verdade, que per- corremos, às vezes,

solitariamente o trajeto, cooperando, no entanto, com o plano maior para desenvolvimento

do conhecimento humano e da nova consciência emergente.

28

v.a- Qualidades do Buscador e o Autoconhecimento para Jung

Se o homem tiver de efetuar uma obra interior, precisará atrair todas suas

forças para o íntimo: terá de recolher sua atenção

de todas as coisas dispersas e concentrar-se. E então terá de existir nele

uma calma,

e também um silenciar. •(15)

Temos todos que percorrer um caminho, longo ou curto, com muitos ou poucos

passos, e com isso preencher alguns requisitos, antes de, realmente, sentirmo-nos seguros na

senda do autoconhecimento em busca do ser integral.

De acordo com Jung, existem certas qualidades que acompanham o buscador em seu

caminho de individuação, tais como humildade, integridade, honestidade e coragem. Agir

com coragem significa pensar, sentir e agir com o “coração”, confrontar dificuldades

externas ou internas, crendo, em nosso interior, que somente o bem resultará da superação

delas, que sairemos triunfantes desta “batalha”. Esta é a conquista de si mesmo! Minha

visão...

Ter coragem é ousar viver plenamente meu potencial, respeitando meu próprio ritmo

e o dos outros. É iniciar algo e reiniciá-lo diversas vezes, se isto for necessário, sem desistir

de minhas metas, apesar de todos os obstáculos que possa, eventualmente, enfrentar,

alterando meu sistema de valores, conceitos, comportamentos, fazendo adaptações e

ajustando alguns detalhes importantes para consecução destas mesmas metas.

Ser corajoso é também aceitar aquilo que sou e descobrir aquilo que desconheço em

mim. Intelectualmente é muito simples efetuar um ato de coragem, entretanto as emoções

ou sentimentos distorcidos muitas vezes me traem ao estar diante de tal tarefa. Medos

superados retornam, no entanto, cada vez que penso estar estagnada, paralisada no meio da

estrada, venço uma pequena barreira e aproximo-me um pouco mais de mim mesma. Ser

consciente de que sou responsável por meus sentimentos e emoções negativos é o meio

mais eficaz para superá-los, encarando-os como desafios para o crescimento de minha alma

e fortalecimento de meu ego.

No momento em que sou consciente que sou o autor de minha história e que minha

vida está em minhas mãos, o medo se transforma em alavanca para ir adiante.

Talvez muito medo corresponda a muita coragem ao mesmo tempo, e já dizia

Aristóteles que a coragem não é o oposto da covardia; ela se situa entre o medo e a

temeridade. Não existe nada além de minha capacidade que me impeça de lidar com uma

situação, logo, apossar-me de meus temores e liberá-los é essencial, pois o medo de agir,

29

muitas vezes, traz consequências piores que a própria ação!

Manifestar exatamente aquilo que sinto para alcançar um sentimento de união interior

e cooperação também com aqueles que me cercam é imprescindível no caminho da

individuação, e gostaria de acrescentar outras qualidades, virtudes de igual peso, tais como

paciência, perseverança, prontidão para o trabalho, dedicação, disciplina, discriminação,

otimismo e sabedoria, e ressaltar que muitas outras também deveriam ser validadas neste

contexto, como por exemplo coração aberto à verdade e livre de preconceitos, a fim de que

possa chegar à verdade interior. Esta mensagem está contida e expressa no hexagrama 61

do I Ching •(16), designado “A Verdade Interior”.

Segundo Jung, como buscador da ligação à numinosidade do espírito, estou

sempre diante de um grande desafio, cuja meta é compreender, com as experiências

vividas de experiências, minha natureza sempre oscilante entre dualidades, tais como

bem e mal, certo e errado, enfim os opostos em minha vida. O reconhecimento sincero e

humilde de que preciso mudar alguns comportamentos auxilia-me na conquista de mim

mesma e assim coopero, gradualmente, com o desabrochar de minhas qualidades

espirituais.

Parece comum, entre os buscadores, a tendência de negligenciar o lado negativo e

escuro do próprio eu e da humanidade. Para Jung, em The Undiscovered Self, todos nós

teríamos grande proveito se conseguíssemos exprimir de modo mais compassivo nossa

percepção e apreciação dos componentes sombrios de nossa personalidade para podermos

chegar verdadeiramente à felicidade e, consequentemente, à real expressão de nosso ser in-

dividual. Isto independentemente de fazermos partes de instituições organizadas do Estado

ou mesmo de que doutrina religiosa nós professarmos.

Certamente este resultado seria o esperado, se vivêssemos num mundo perfeito,

entretanto como isto ainda não corresponde à realidade, não posso negar que ainda

precise- mos, em maior ou menor grau, de um certo apoio para nosso crescimento

pessoal.

Jung acreditava que o ser humano é um todo, mas que a maioria de nós alienou-se

de sua fonte interior e do Universo, perdendo contato com partes importantes de si

mesmo. Pela escuta de nossos sonhos e da imaginação ativa podemos resgatar estas

partes e reintegrá-las. O propósito da vida, segundo ele, é a individuação, processo de

dar forma, expressão e harmonia aos diversos elementos que compõem nossa psique

para que possamos alcançar nosso verdadeiro eu. Cada um de nós tem uma natureza

singular, e a menos que unamos nosso lado consciente e inconsciente entraremos em

desequilíbrio e adoeceremos.

Segundo o renomado psiquiatra, se quero, realmente, chegar à compreensão do

significado das desarmonias em minha vida e do mal presente no mundo, é necessário

30

que entre em contato com tudo que está dentro de mim e me aposse deste conteúdo, de

tudo aquilo que reprimi para ser aceita ex- ternamente. Reconhecer, então, que tudo que

existe dentro da psique pertence a mim mesma é um dos primeiros passos para a busca da

realização pessoal, da harmonia interior e exterior. Minha tarefa consiste, pois, em

ampliar o conhecimento de mim mesma, descer às profundezas de minha alma, fazendo,

então, uma avaliação honesta e verdadeira dos motivos que definem meu caráter e

impulsionam-me a agir. Decorrente desta tarefa de purificação surge, em minha opinião,

a revelação do grande potencial de serviço que posso prestar à minha natureza essencial

e à humanidade.

Reproduzindo as palavras do famoso psiquiatra:

O autoconhecimento é da maior importância, pois através dele nos aproximamos

daquele estrato fundamental, ou âmago, da natureza humana onde se situam os instintos,

onde existem a priori fatores dinâmicos que, em última análise, governam as decisões

éticas de nossa consciência. Só podemos alcançar o conhecimento da natureza através de uma

ciência que amplie a consciência: logo, o autoconhecimento aprofundado também exige

ciência, isto é, psicologia. •(17)

Para Jung, o autoconhecimento é o conhecimento mais absoluto possível do ser

humano. Ele está relacionado à mente, ao comportamento humano, suas ações e reações,

e com certeza, para atingi-lo, não basta apenas a boa vontade! Vi- ver a vida de modo

lúcido é premissa essencial para que me conheça melhor! Somente aprofundando esta

experiência é que concretizo verdadeiras reformas em meu modo de encarar a mim

mesma e aos outros. A partir do instante em que me corrijo, o mundo também se torna

correto, ou não? O que isto significa? Simplesmente que entrar em alinhamento cons-

ciente com aquilo que ainda me é desconhecido corresponde a enveredar por um

caminho solitário durante algum tempo, com o intuito de desenvolver o que ainda me é

necessário para conquista de minha própria individualidade.

Durante os anos em que lecionei numa escola, percebi que muitas das minhas

dificuldades eram provenientes de uma falta de conexão com meu próprio interior.

Desconhecia que existia o mecanismo de projeção, a famosa “Sombra” •(18) que lançava

em outras pessoas, em meus alunos, e tinha a plena convicção de que não existia nenhuma

relação entre o que se passava no meu interior e as situações externas. Rapidamente dei-me

conta de que necessitava fazer uma viagem interna para dissolver, ou melhor, integrar esta

Sombra em minha vida.

Comecei um caminho solitário de busca até que, em 1997, senti-me pronta para a

troca com os outros. Poderia ter sido diferente, talvez exatamente o contrário, entretanto

31

esta inversão, este isolamento trouxe-me percepções que advieram de minhas próprias

vivências. Confirmei muitas delas através de livros, de seminários e cursos em que

participei depois do ano mencionado. Meu Quíron interior se fez sentir muito tempo

antes do mestre externo.

VI- MINHAS PRIMEIRAS

EXPERIÊNCIAS COM QUÍRON

Ao começarmos a vida, cada um de nós recebe um bloco de mármore, bem como as

ferramentas com que transformá-lo numa escultura. Podemos arrastar esse bloco intacto,

podemos transformá-lo em fragmentos, podemos dar-lhe uma forma maravilhosa.•(19)

Meu primeiro envolvimento com Quíron deu-se por volta de 1972, antes ainda de

sua descoberta em 1977, quando meus conhecimentos sobre Astrologia limitavam-se à

descrição das características dos signos solares, portanto nada sabia sobre este corpo

celeste. Houve muitas controvérsias no que diz respeito a ele, como deveria ser nomeado,

se cometa, asteróide, planetóide, e parece que, hoje em dia, divisões ainda existem,

entretanto ele é designado, por muitos, como o maior cometa periódico do sistema solar.

Não creio que a terminologia seja um empecilho para o seu entendimento, considerando

que, para a compreensão psicológica de nosso eu, de nossa personalidade, de nossas

feridas e dons, basta que procuremos conhecê-los, estejamos abertos e receptivos a novos

ensinamentos e possamos vivê-los. Nada substitui nossa experiência individual da

dinâmica energética do psiquismo!

Nos anos anteriores à descoberta de Quíron, e logo após a mesma, a humanidade

teve a oportunidade de expandir sua consciência no que diz respeito à cura. Muitos

caminhos, métodos e técnicas surgiram que aceleraram a compreensão do ser humano.

Falava-se muito sobre canalizações, experiências de estados próximos à morte,

percepção extrassensorial, vida em outros planetas, os “famosos e temidos”

extraterrestres, enfim o mundo todo começava a lidar com assuntos ligados à ampliação

de consciência, consciência cósmica, movimentos da chamada “Nova Era de Aquário” e

muito mais ainda.

Durante muito tempo, inconsciente de que havia algo que obstaculizava minha

relação com os demais, deixei de aproveitar determinadas oportunidades e usufruir de

certos ensinamentos, que naturalmente levar-me-iam a uma dimensão além do ego. Ao

mesmo tempo em que fazer amizades era algo que me atraía, afastava-me do convívio

com o grupo por nutrir sentimentos de que era rejeitada por ele. Este sentimento de

32

separação cresceu a tal ponto que iniciei um processo de aprendizagem autodidata.

Vivenciei diversas experiências de abertura de mente que me levaram a acreditar

num outro tipo de realidade além da que vivia. Senti, fortemente, a ferida de não ser

reconheci- da, quando comecei a relatar sobre acontecimentos relacionados a

experiências fora do corpo, as conhecidas viagens astrais e mentais. Difícil era explicar,

naquela época, em que isto consistia, principalmente por ser este um assunto publi-

camente não explorado e a literatura existente aqui no Brasil ainda muito limitada.

Em virtude da falta de entendimento daqueles que me cercavam, experimentei um

grande processo de introspecção por um longo período, questionando muitas coisas,

rejeitando inclusive minhas experiências, até que o diálogo externo tornou-se um

monólogo. Segui, portanto, o caminho do recolhimento interior, fazendo do silêncio o

meu guia, suportando o preconceito e a solidão por não ser compreendida. Pouco a

pouco, conforme crescia minha segurança interna, foram surgindo livros com muitas

informações que confirmaram muito do que já havia descoberto por mim mesma. Eles

se tornaram, então, os meus aliados. Foi, deveras, algo quironiano que vivenciei,

comprovando mais uma vez que Quíron não é só teoria!

No ano de 2001, para minha surpresa, o tema voltou à tona, quando um de meus

alunos particulares, inexplicavelmente, durante uma aula, relatou-me que desconhecia

como proceder ao ter algumas experiências em que parecia assistir a um filme,

experiências fora do corpo. Não compreendi, no momento, a razão de seu desabafo,

então indaguei-lhe por que acreditava que eu pudesse esclarecer suas dúvidas. Ele

simplesmente replicou que seguira o conselho de sua mãe, ao fazer-me tal pergunta.

Naquele instante fui tomada por um grande sentimento de felicidade que me dizia que

eu existia. Apesar de muito já ter lido sobre o assunto, era esta a primeira vez que

entrava em contato direto com alguém que estava passando por algo semelhante ao que

eu vivera desde a idade de 17 anos. Com certeza este garoto, hoje um homem, foi um

sinal de que eu precisava para continuar confiando em meu caminho, algo que me

fortaleceu em um momento de grande vulnerabilidade em minha vida, e não foi o acaso

que o trouxe até mim. Nosso encontro foi significativo para nós dois. Eu me senti

integrada novamente ao mundo e já era capaz de dizer bem baixinho: EU SOU!

Claro que existem inúmeras explicações para as conhecidas experiências de

“viagem astral”, “viagem da alma”, “projeção do corpo písquico” e não é meu intento

discorrer aqui sobre elas, principalmente porque, embora as pessoas que as vivenciem,

partilhem de algo em comum, estas experiências são únicas e portadoras de significados

diversos na vida de cada uma delas. O que alinha todas as vivências é o sentimento de

expansão de consciência compartilhado por todas, em minha opinião.

33

Estes acontecimentos modificaram completamente minha percepção de mundo e

marcaram o meu renascimento. Sabia que minha existência não consistia somente em

minha vida na matéria, que o corpo era apenas a manifestação concreta de algo mais

profundo, e que eu era muito mais do que aquilo ou de quem acreditava ser. Eu tinha um

corpo, sujeito às leis físicas, que era movido também por algo não restrito a estas mesmas

leis! Naturalmente não fui a primeira a descobrir isto, entretanto eu estava vivendo uma

realidade diferente daquela que havia aprendido dentro das crenças de minha família e

da sociedade. E isto fazia a diferença!

Quíron foi o mestre que, de certa maneira, incentivou-me à ousada e corajosa

busca pelo conhecimento de mim mesma. Ele foi um grande apoio em meu

desenvolvimento, ajudando-me em minha evolução como indivíduo dentro do contexto

maior de que faço parte, mostrando-me que o autoconhecimento é um presente ofertado

à humanidade, que me auxilia na expressão de minha singularidade. Existe, sim, uma

ligação entre mim e tudo que me cerca.

Dedicando-me à autodescoberta, vivenciando, aplicando e praticando o

aprendizado, consigo iluminar o caminho do outro com muito mais facilidade do que

aquele que permanece nas bases teóricas do conhecimento. Todavia, não posso negar

que, clareando o caminho do outro, uma luz acabe, por fim, iluminando também meus

próprios passos! Esta é a magia da vida, ou seja, quanto mais conheço a mim mesma,

mais conheço os outros, e o contrário também procede.

VII - MEU INTERESSE POR QUÍRON E

MEU PONTO DE MUTAÇÃO

Tudo o que o homem empreende para despertar em si o Eterno, ele o faz para elevar o

valor existencial do mundo. Como alguém que está no caminho do autoconhecimento, ele

não é um espectador indolente do todo universal, que fica imaginando coisas que sem ele

existiriam. Sua força de reconhecimento é uma força da natureza superior, uma força

criadora. O que nele relampeja espiritualmente é algo divino, que antes estava encantado

e, sem seu reconhecimento, permaneceria rudimentar. •(20)

Meu ponto de mutação não aconteceu repentinamente, foi algo gradativo que

começou em minha adolescência e culminou em 1995, ao dar à luz a meu terceiro filho.

Muitos acontecimentos me tocaram profundamente, dando-me impulso e coragem para

realizar mudanças e transformar crenças que já não tinham mais valor para mim,

segundo meu novo estágio de consciência.

34

Matheus nasceu 18 dias antes da data prevista, e logo após seu nascimento, fui

informada de que ele precisaria passar por um check-up completo a fim de constatar

razão de uma malformação congênita.

Feitos os exames, marcamos a primeira cirurgia para o mês seguinte, sendo que a

segunda seria realizada por volta de 12 meses. Concordamos em escolher a data e,

mesmo não havendo um motivo palpável, sentia-me insegura em relação ao dia

escolhido. Apesar dos meus temores, a operação acabou ocorrendo pouco tempo antes

do primeiro ano de sua vida. Infelizmente ele sofreu em seu braço direito uma

queimadura proveniente do cobertor térmico.

Mais um ano se passa e, novamente, estamos nós preparando-nos para a terceira

operação, quando Matheus, em julho de 1997, acaba sofrendo uma mordedura de um

cachorro no sítio de sua avó. Novamente ignorei meu pressentimento de que algo

aconteceria por acreditar que talvez não fosse intuição, e sim algum medo inexplicável...

Tivemos que sair, apressadamente, do sítio e viemos para São Paulo, onde, felizmente ele

foi submetido a uma cirurgia plástica no rosto, em uma das faces.

Estes fatos marcantes que envolveram a vida de meu filho motivaram-me a

procurar algo relevante em seu mapa natal, por isso aprofundei-me no estudo dos

planetas e porque sabia que algumas ocorrências com acidentes, cicatrização, operação

poderiam estar ligadas a Quíron, conforme pesquisa feita por astrólogos renomados,

prossegui com minha investigação. Meu objetivo em levantar esta questão não é discutir

aspectos astrológicos, e sim, relacionar este corpo celeste à busca de autoconhecimento

e integração.

A partir deste episódio, comecei a dar uma ênfase especial a ele, sempre que tinha

a oportunidade de analisar um mapa natal. À medida que fui colhendo dados, obtive

uma maior segurança ao lidar com um assunto ainda pouco explorado por muitos

astrólogos, o que justifica meu interesse crescente em relação à sua simbologia,

entretanto, obviamente não tenho a pretensão de afirmar que sua análise tenha que ser

obrigatória em uma leitura de mapa. Apenas o é para mim. Quíron é plurivalente,

portanto, e aguça minha curiosidade, incitando-me a envolver-me mais com os temas

ligados a ele e suas experiências.

Voltando a meu relato, apesar de certas resistências, resolvi dar um grande salto

em minha vida, conforme já relatado, ao afastar-me de minha atividade como professora

em uma instituição de ensino. Hoje compreendo que tudo isto foi necessário para o

fortalecimento de minhas crenças, meus valores e para o restabelecimento de minha

autoestima. Aprender a autoconfiança, apesar dos desafios que enfrentei foi, deveras,

uma das maiores recompensas que obtive por ter- me aventurado na grande busca de

minha integração. Seguramente ainda estou percorrendo esta estrada, logo, dúvidas

35

ainda me envolvem, embora elas ressurjam com menor frequência, à medida que

amadureço.

O processo vivenciado esteve sempre envolto por minha grande ferida de rejeição,

já mencionada anteriormente, ferida esta que me acompanhou por muitos anos desde a

infância. A maturidade comprova que aquela criança que sofreu o peso de grandes

responsabilidades e que possuía pouca compreensão dos fatos da vida simplesmente teve

que passar pelas experiências que prepararam o seu caminho, fortalecendo-a para as

mudanças futuras. A dor ficou reprimida durante muitos e muitos anos, até que um dia

veio à superfície, numa época em que eu, certamente, estava mais preparada para

reconhecê-la e enfrentá-la. Com ajuda externa e interna dei início a um grande trabalho

de reforma íntima, que amenizou os efeitos do que me afligia. Isto está indicado por

Quíron, em meu mapa de nascimento e maiores informações sobre o mesmo, nos signos,

serão fornecidas no item x-a deste trabalho.

VIII- QUÍRON

viii.a- O Mestre

Antes de iniciar propriamente a história de Quíron, gostaria de transcrever um texto

sobre mestres e professores, retirado do livro “Histórias para pais, filhos e netos” de autoria

de Paulo Coelho. • (21)

Em um dos textos de “Conversas familiares”, Confúcio descreve um interessante

diálogo a respeito do aprendizado:

Confúcio sentou-se para descansar, e logo os alunos começaram a lhe fazer

perguntas. Naquele dia o Mestre estava bem-disposto, e por isso resolveu responder a eles:

- O senhor consegue explicar tudo o que sente. Por que não vai até o imperador e

fala com ele?

- O imperador também faz belos discursos- disse Confúcio- E belos discursos são

também um questão de técnica; eles não trazem em si a Virtude.

- Então lhe envie o seu livro POEMAS.

- Os trezentos poemas ali escritos podem ser resumidos numa só frase: Pense

36

corretamente. Este é o segredo.

- O que é pensar corretamente?

- É saber usar a mente e o coração, a disciplina e a emoção. Quando se deseja uma

coisa, a vida nos guiará até ela, mas por caminhos que não esperamos. Muitas vezes nos

deixamos confundir, porque esses caminhos nos surpreendem- e então achamos que estamos

indo na direção errada. Por isso eu disse: deixe-se levar pela emoção, mas tenha a disciplina

de seguir adiante.

- O senhor faz isso?

- Aos quinze anos, comecei a aprender. Aos trinta, passei a ter certeza do que

desejava. Aos quarenta, as dúvidas voltaram. Aos cinquenta anos, descobri que o Céu tem

um projeto para mim e para cada homem sobre a face da Terra. Aos sessenta, compreendi

este projeto e encontrei a tranquilidade para segui-lo. Agora, aos setenta anos, posso

escutar meu coração, sem que ele me faça sair do caminho.

- Então, o que o faz diferente dos outros homens que também aceitam a vontade do Céu?

- Eu procuro dividi-la com vocês. E quem consegue discutir uma verdade antiga com

uma geração nova deve usar sua capacidade de ensinar. Esta é a minha única qualidade: ser

um bom professor.

- O que é um bom professor?

- O que examina tudo o que ensina. As ideias antigas não podem escravizar o homem,

porque elas se adaptam e ganham novas formas. Então tomemos a riqueza filosófica do

passado, sem esquecer os desafios que o mundo presente nos propõe.

- O que é um bom aluno?

- Aquele que escuta o que eu digo, mas adapta meus ensinamentos à sua vida e nunca

os segue ao pé da letra. Aquele que não procura um emprego, mas um trabalho que o

dignifica. Aquele que não busca ser notado, e sim fazer algo notável.

Por esta razão, muitas vezes, emprego a palavra Quíron no lugar de Mestre. E é

este o seu papel, o qual interior ou exteriormente, indica-me a senda, procurando alertar-

37

me quanto aos perigos que enfrentarei em direção ao eu, sem, no entanto, enfatizar meus

pontos fracos, depositando total confiança em mim, mesmo sabendo que poderei,

eventualmente, desviar-me de meus objetivos, contudo deixando-me livre para escolher o

rumo que quiser. Ele não se perde em considerações irrelevantes, não acentua minhas

imperfeições, por isso é o verdadeiro mestre, o qual, segundo Goethe, é aquele que ensina

aquilo que sabe, sabe o que ensina e reconhece quando não sabe, tendo também disposição

para aprender.

Quem são os genuínos mestres?! Em minha opinião, são todos os que contribuem

para minha busca de totalidade, reconhecem-me por aquilo que sou realmente e me

estimulam ao autorreconhecimento e reconhecimento de meu lado “brilhante”,

conduzindo-me ao autêntico mestre, meu próprio eu interno, meu Eu Superior. O

legítimo mestre não mede o fracasso ou o sucesso pela aparência externa, ele sabe que o

aprendizado ocorre, muitas vezes, em algum outro nível... Ele também educa no real

sentido da palavra, isto é, ele não tenta encher de conhecimentos e informações um

recipiente vazio, e sim retira do interior do discípulo algo que já está presente nele,

pronto para emergir! O mestre no real sentido da palavra é o que forma outros mestres!

Mestres são os livros, meus talentos e deficiências (minha Sombra), os amigos, os

conhecidos, os terapeutas, os psicólogos, os médicos, os professores, aqueles que

considero inimigos, enfim, são todos os sinais que recebo em meu dia-a-dia que me

apontam a direção de minha viagem e que me levam à ampliação de minhas percepções.

A jornada a trilhar é, muitas vezes, solitária em grande parte, conforme já dito, e são

meus recursos interiores que provêm minhas necessidades mais prementes.

Quíron ultrapassa, consequentemente, o conceito que a maioria de nós tem de

“mestre”, quando me leva à autorrealização por meio da união holística entre paixão e

razão, entre sentimento e intelecto, entre feminino e masculino, entre meu lado material

e espiritual, entre a vida e a morte, entre Anima•(22) e Animus •(23).

Quíron mestre utiliza-se das informações apenas como referência ou

esclarecimento, guiando-se pelo seu eu interior, levando-me à cura e induzindo-me a

uma abertura de consciência, a uma expansão capaz de transcender e abarcar o dualismo

existente em minha cultura, sem no entanto excluí-lo, pois ele é a síntese dos opostos

dialéticos, o iniciador, o guia para a Busca, o profeta, o mestre em astrologia, o que

ensina os segredos da cura, o caçador, o músico, o mentor interior e exterior, o revelador

do “Caminho do Meio”, tão conhecido entre os orientais, aquele que me auxilia a ser

independente, ensinando-me a viver integralmente segundo minha essência e

preparando-me a caminhar, conscientemente, em direção à transformação, à morte.

Ele tem a habilidade de ver além das aparências, identificando meu Dom de cura e

despertando-me para a consciência de meus potenciais latentes, os quais se tornaram inaces-

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síveis em virtude do mau uso de minha mente racional, acostumada a somente reagir fren-

te a desafios enormes. Ah, se eu usasse minha criatividade de modo mais consciente a fim

de vivenciar mais harmonia em minha vida... Oxalá ousássemos todos nós alçar a planos de

evolução mais elevados e víssemos a realidade maior que deliberadamente deixamos que se

escondesse diante de nosso próprio nariz! A capacidade de elevação a que sou induzida

provém de uma atitude de análise e observação de mim mesma, de objetividade e

afastamento e é de grande valia na formação de um centro de consciência que atua como

ponte entre meu ser real e minha personalidade.

Pela oportunidade de acessar novas informações e travar relacionamentos

significativos e profícuos com diferentes pessoas, Quíron propicia-me meios adequados à

realização de um comprometimento com o universo, não deixando que me perca no

emaranhado das dualidades com que me defronto constantemente. O que ele considera é

se a direção que sigo é a mais adequada ao meu crescimento, em harmonia com toda a

rede planetária que me circunda.

Seguir Quíron é colocar-me numa postura de inocência, de pureza de criança e de

impessoalidade, sabendo que minha não interferência no fluxo dos eventos, pelo contato

com meu mestre interno, suprirá minhas verdadeiras necessidades, e levar-me-á mais

perto da integração por que tanto anseio.

Quíron rege a cura com as mãos, os cristais, a alquimia da iniciação, qualquer

alteração efetiva do corpo pela mente ou espírito, graças ao encontro de nosso guia. Rege

todos os processos que permitem construir a forma saturnina na Terra e, depois, trazer a

consciência superior- luz branca de Urano- e a energia para essa forma. Essa energia está

presente na Terra desde a descoberta de Quíron” •(24)

Como e com que velocidade iremos incorporá-la, esta questão ainda permanece

sem resposta... Todavia é chegada a hora da revelação de nossa Luz interna e da

manifestação de nosso lado Divino. T. S. Eliot dizia que a vida são muitos dias,

entretanto nós queremos vivê-la crendo que ela vá fugir como areia em nossas mãos,

fazendo do nosso presente uma grande prisão e esquecendo-nos de que tudo passa, tudo

muda... Nosso mundo sofre constantes mudanças, porém a essência verdadeira

permanece a mesma... O novo milênio traz consigo reviravoltas em nosso viver, e nós

continuamos nos debatendo com os mesmos problemas e conflitos que nossos

antepassados de séculos atrás... A hora da grande transformação já chegou, e muitos de

nós já estão engajados neste processo!

Concluindo, somos todos mestres e aprendizes e ensinamos melhor o que

precisamos aprender!

39

viii.b - O Mito

Somos a ponte para o sempre arqueada sobre o mar, buscando aventuras para nosso

prazer, vivendo mistérios, provocando desastres, triunfos, desafios, apostas impossíveis,

submetendo-nos a provas uma vez ou outra, aprendendo o amor.•(25)

Quíron renuncia à sua imortalidade e, conscientemente, coloca-se diante de algo

tremendamente temido pela grande maioria de nós. Qual o significado de tal atitude? O

que podemos aprender com seu gesto de sacrifício, assumindo o lugar de Prometeu, que

fora destinado a sofrer por ter ousado desafiar os deuses? Vamos ao mito...

Existem algumas versões diferentes do mito de Quíron, porém para matéria de

estudo preferi optar pela seguinte. Aos interessados nas diversas versões recomendo os

livros de Richard Nolle, Barbara Hand Clow e Melanie Reinhart, três estudiosos do

grande Centauro •(26).

Na mitologia grega, Quíron é um centauro, ou seja, metade homem, metade cavalo,

fruto da união ilícita de Saturno e Filira, uma das filhas de seu irmão Oceano. Diz o mito

que Saturno, muito discretamente, assume a forma de um garanhão para poder

relacionar-se com sua sobrinha Filira, contudo, apesar do disfarce, sua mulher, Réia,

surpreende-o copulando com Filira. Esta é sua origem, que, logo após o nascimento, é

rejeitado por sua mãe, devido à sua aparência repulsiva. Filira roga aos deuses que o

levem embora, ao que eles acedem, transformando-a, contudo, em um limoeiro.

Quíron, filho da terra (Saturno) e da água (Filira), foi educado pelos deuses, e

Apolo tornou-se um de seus aprendizes/instrutores principais. Ele o instruiu em diversas

atividades tidas como relevantes na formação de um herói e que combinavam elementos

masculinos e femininos, prezando a integridade da natureza humana, tais como artes

curativas, música, ética, caça, astrologia, bem como aprendizado de guerra, profecia,

entre outras.

Pouco sabemos de sua vida particular, somente que contraiu matrimônio com

Chariclo, uma deusa das águas, com quem teve uma filha chamada Téia e que habitava

as florestas da Tessália juntamente com seus companheiros centauros, a quem liderava.

Quíron, diferentemente daqueles de sua espécie, considerados fanfarrões, não

civilizados e violentos, foi reconhecido por sua grande sabedoria e percepções singulares, por

isso muitos deuses o procuraram para que se tornasse o professor, o mentor de seus filhos,

alguns dos conhecidos heróis de nossa história, tais como Asclépio, Aquiles, Jasão e Hércules,

entre muitos outros. Ele os preparou para a vida, em todos os sentidos, unindo técnica e ética

e utilizando-se de todos os conhecimentos que aprendera com os deuses, para que eles, com

40

suas habilidades individuais e talentos singulares realizassem seu propósito de vida e, desta

forma, servissem também à humanidade.

Conta o mito que Hércules, em um de seus trabalhos, a caminho de uma grande

tarefa, passa por Tessália quando decide pedir um conselho a Quíron. Enquanto aguarda

sua chega- da, bebe despreocupadamente com um dos centauros. Outros, sentindo o cheiro

da bebida, ficam enfurecidos e vêm em sua direção. Apavorado, Hércules começa a lançar

flechas envenenadas para todos os lados, uma das quais acaba ferindo, acidentalmente, a

perna de seu querido mestre. Interessante notar que ele é ferido na sua parte animal,

instintual.

O Mestre Centauro, portador do Dom da imortalidade concedido por todos os

serviços que prestara, passa sua vida procurando, em vão, algo que amenize sua dor. A

ferida não pode ser curada, nem mesmo com todas as habilidades e técnicas de cura que

aprende durante este processo todo, logo ele somente encontra liberação de seu

sofrimento ao decidir sacrificar sua imortalidade em troca da liberdade do imortal

Prometeu. Este, acorrentado a uma pedra com abutres a lhe bicarem, cotidianamente, o

fígado, ousara roubar o fogo dos deuses e fora, em virtude deste ato, castigado e banido

para o mundo subterrâneo. Hércules intercedeu por Quíron que assumiu o lugar de

Prometeu.

Quíron abre mão de seu poder, de sua imortalidade por Prometeu. Será que

podemos presumir deste feito que ele sentiu que a dor de Prometeu era maior que a sua,

ou simplesmente queria libertar-se da agonia de ser imortal?! Na verdade, parece que

ambos necessitavam de ajuda mútua para cumprir sua função no mundo, e qualquer que

tenha sido o motivo da escolha de Quíron, ela lhe trouxe a morte, a cura, e seu meio

irmão, Júpiter o colocou no céu na constelação de Sagitário (ou Centauro?).

A sabedoria terrena foi elevada aos céus, e a sabedoria celestial desceu até a terra!

Não estaria Prometeu nos transmitindo a mensagem de que a luta, a dedicação

individual é imprescindível para nosso crescimento em busca de integração, ao mesmo

tempo em que a obediência e respeito a uma autoridade superior também o são?

Inexistem limites para a atuação do Divino na Terra, fronteiras para nossa mente, con-

tudo algumas limitações terrenas devem ser levadas em conta em nossa atuação física.

O Mestre Centauro, renunciando à sua imortalidade, demonstra, a meu ver, uma

grande sabedoria na aceitação consciente de seus próprios limites. Parece que houve um

reconhecimento interno de que já havia feito o possível para a cura de sua ferida. Ele

também reconheceu o outro neste processo. O que mais lhe restava a fazer?! Reporto-

me aqui à prece da Serenidade, atribuída ao teólogo americano Reinhold Niebuhr, que

me lembra de pedir a Deus/ à Força Maior/ à Luz, Serenidade para aceitar as coisas que

não posso mudar, Coragem para mudar aquilo que posso, e Sabedoria para reconhecer a

41

diferença. Muitas vezes aceitamos o que não conseguimos mudar somente depois de

várias várias tentativas fracassadas.

Existe um todo em harmonia no momento em que cada um de nós encontra o

Reino de Deus dentro de si e, desta maneira, seu lugar no mundo, o que para mim

significa uma postura interior diante dos acontecimentos, postura esta em sintonia com

este reino. “A consciência de si mesmo” é deveras um sinal de que estamos a caminho da

evolução, entretanto, acredito que a consciência cósmica, isto é, a percepção de que o

reino de iluminação se encontra em meu interior, é que me levará a patamares cada vez

mais elevados, para que possa trabalhar aqui na Terra com instrumentos tão puros quanto

os de planos superiores. Pretendo com isso salientar que me baseio, aqui, na filosofia de

vida que diz que dispomos de outros corpos além de nosso corpo físico, todos

interconectados, embora em dimensões diferentes, para o desempenho de uma única

tarefa. Integrá-los é realizar minha missão.

O mito evoca em mim uma profunda ressonância, e sinto-me ligada fortemente à

sua simbologia, seja esta a do Mestre Interior e Exterior, como a do Curador Ferido.

Mui- to provavelmente existem tantas interpretações significativas para ele quanto é o

número de pessoas que possam lê-lo.

Quíron habita uma caverna e vive, de modo solitário, em contato próximo com a

natureza, o que me leva a refletir no papel que ele desempenha em minha consciência.

Quantas vezes tenho necessidade de isolar-me de minhas atividades rotineiras para poder

usufruir o que a natureza, externa e in- terna, oferece-me? Afastar-me da civilização e

recuperar o elo com a vida é essencial para que possa ser eu mesma. Talvez isto reafirme

em mim a certeza de que o verdadeiro mestre esconde-se em meu interior, e é lá que,

seguramente, hei de encontrá-lo sempre que necessitar de sua ajuda.

A natureza é o espelho de minha consciência. Ela trava longos diálogos comigo, o

tempo todo, seja servindo-se de meu próprio corpo, como também utilizando tudo que

está ao meu redor. Imaginar-me perto do mar, deixar que suas águas fortaleçam-me,

equilibrem minhas emoções, e transportem- me para um mundo de alegria; sentir o sol,

o entusiasmo que ele transmite e permitir que ele ilumine meus passos, purificando

minhas intenções, concedendo-me luz, calor e segurança; usufruir a fortaleza e quietude

das montanhas, o poder e a integridade das florestas e do solo e entregar-me à leveza e

sutileza do ar que me envolve, que me torna flexível, tudo isso é motivo de

agradecimento. Sincera gratidão por estes presentes à minha disposição que cooperam

com o plano maior para que eu também preste meu serviço com prazer e alegria!

Quíron leva-me diariamente a um alinhamento com o plano terreno e divino,

como medida de prevenção, premissa para um viver harmonizado e conhecimento do

amor presente em mim e em todos ao meu redor. Faço parte do plano Divino e posso ser

42

útil a ele exatamente como sou! Como mediadora entre o céu e a terra, contenho em mim

estes dois princípios e sou capaz de ligá-los e mesclá-los, resgatando o contato com meu

lado terreno instintual e interior que contém poderes adormecidos há muito tempo.

Cuidar do meu corpo para que ele se torne tão harmonioso, bonito e saudável como

o de muitos animais de nosso planeta, ainda não contaminados com os vícios do progresso

da humanidade, e recuperar a sintonia com meus cinco sentidos para que eles sejam

também indicadores daquilo que se esconde à primeira vista, tudo isso possibilita a

conexão com a energia dos céus e desperta minha consciência espiritual. Como homem,

intermediário entre matéria e espírito, sou impulsionado, desta maneira, a atingir a

perfeição humana, se ela existir...

Quíron resume, portanto, o poder que integra o lado humano instintual de meu ser a

um todo maior, mais harmonioso. Ele é ferido em sua parte animal, portanto é ali que reside

sua força, nossa força! Como usá-la corretamente? Como conceder uma atenção maior a

meus instintos, a minha intuição “física”, a meu corpo e aos sinais que ele me transmite

diante das situações que vivencio? Quantas vezes não negligencio as mensagens

recebidas? Calo minhas dúvidas, renuncio ao poder interior e o transfiro a outros porque

desaprendi, com o passar do tempo, a confiar naquilo que tenho de mais concreto aqui na

Terra, ou seja, meu corpo, o templo de meu espírito.

Inúmeras vezes tive que negar minha natureza “animal” porque precisava parecer

“civilizada” aos olhos dos outros e conformar-me às regras de boa conduta da sociedade.

Tudo isso para concluir que não existem separações entre corpo, mente e espírito, pois

se me esqueço de minha “casa”, certamente viverei insatisfeita, incompleta. Se, por outro

lado, abafo o Eu interno, meu corpo também padecerá...

Conectar-me aos aspectos instintuais de meu corpo não é o bastante. É necessário

que me sintonize com sua orientação e aja de modo coerente e integrado, seguindo o que

ela me transmite. Somente assim a cura será resultante da harmonização das polaridades

que Quíron traduz. Pensamento e ação! Não posso deixar de referir-me à palavra

“Quíron”, cuja raiz contém o significado de “mão”. “Mão”, por sua vez, tem em sua raiz a

palavra “mente”, portanto mente em ação poderia muito bem definir o seu papel!

Ele vai além da racionalidade e acessa outras dimensões de tempo e espaço. O

resgate da comunicação com meu corpo está estreitamente ligado ao resgate de minha

natureza intuitiva. A sabedoria do físico é ilimitada, e a comunhão do corpo e mente

salva e cura os dois! Embora tenhamos todos nós maltratado nosso templo, ele ainda

tenta, repetidamente, travar uma ligação conosco, alertando-nos para aquilo que precisa

urgentemente ser modificado, se quisermos viver em harmonia. O corpo pede,

constantemente, nossa atenção, suplica para que não o negligenciemos, e Quíron,

atingindo níveis altos de expressão, atrai para nós, do mundo superior que acessa, instru-

43

ção, equilíbrio e cura. Este grande mestre nos concede igualmente novas oportunidades

de reconexão com nossa alma, com nosso eu profundo!

Uma vez completa nossa formação não há mais necessidade de intermediário e

podemos, desta maneira, como os heróis, prosseguir em nossa tarefa como servidores da

humanidade, ajudando na cura de outros. Neste sentido, vemos que símbolo expresso por

Quíron realmente contém em si dois significados: aquele ligado ao indivíduo e o que lhe

é peculiar, e aquele que vai além da própria pessoa, que a liga ao trans- pessoal. Como

entrar em alinhamento com nossos anseios e impulsos materiais ao mesmo tempo em

que nos abrimos a algo transcendental?! Haveremos, um dia, de descer, então, ao mundo

subterrâneo, o inconsciente, assim como Quíron o fez, a fim de enfrentarmos nosso lado

escuro, o lado que desafia o poder divino, que não é necessariamente algo negativo,

conforme já mencionado anteriormente. Integraremos, desta maneira, nossa grande

Sombra e entregaremos nosso corpo a este poder.

Retomamos a posse de nossa consciência, provavelmente, quando estamos bem

estruturados e podemos contatar nossa natureza “animal”, liberando tudo aquilo que re-

primimos na formação de nosso Ego, de nossa Persona. Este termo foi utilizado por Jung

para definir o modo como nos adaptamos à sociedade e sobrevivermos. Certamente

todas as máscaras que usamos para tal, todas as nossas projeções- as chamadas Sombras-

são instrumentos necessários à conquista de nosso autoconhecimento, pois vemos em

nossa realidade externa reflexos do que se passa em nosso interior, e isto nos ajuda no

processo de autodescoberta. Sallie Nichols, em seu livro Jung e o Tarô, diz que o

conhecimento de nossas sombras, daquilo que está escondido em nosso inconsciente,

ajuda-nos a empregar estas mesmas energias reprimidas anteriormente em algo mais

criativo, o que nos leva a encontrar coragem e força para penetrar mais intensamente em

nosso lado sombrio e entrar em contato com imagens mais tenebrosas.

Quanto mais conscientes somos, maior a Sombra que projetamos no mundo

exterior, diz-nos Jung. E quanto mais me dedico à autoconsciência, confrontando as

partes de mim que não pude ou não ousei encarar, tanto maior é minha sensação de

perda, creio eu. Meus objetivos pessoais abrem espaço para que expanda meu horizonte

e me envolva com algo maior e, embora minhas dificuldades não diminuam, elas

aparentam ser diminutas em vista daquilo que presencio no mundo. Minha reação a elas

é o que muda completamente. Esta transição mostra-me que existe uma maior união

com todos que me circundam, o que certamente me aproxima de uma segura plenitude,

que não significa sinônimo de perfeição, devo acentuar. Alcanço, todavia, um maior

bem-estar geral porque sei que faço, então, parte de um todo unificado.

Unir meu lado instintual e espiritual, corpo e mente, é deixar que haja um

intercâmbio intermitente entre eles, é entregar-me ao poder do céu e da terra, permitindo

44

que a natureza se expresse como lhe é de direito, sem negar a sua essência primordial,

que é rica e abundante.

Quíron se doa, e nesta doação, ele alcança a liberdade, o fim de seu sofrimento,

principalmente porque ele vai em direção à morte de modo consciente. Outras mortes

simbólicas existem! Elas apenas significam, no entanto, um degrau para um próximo

patamar. Podemos estar bem informados sobre este acontecimento, podemos até seguir

certos passos para que tudo entre em harmonia, entretanto somente a experiência da

transformação é que nos trará a sabedoria de vida. Somos capazes de ir em direção a ela e

às mudanças de maneira mais alerta e consciente? Que recompensas poderão advir

destas vivências? Sempre que recebemos as pequenas mudanças como um fato natural

em nossas vidas, acolhemos também todas as experiências maiores, sem dúvida alguma,

afinal tudo é um fluir constante... É esta uma das grandes mensagens de Quíron, que nos

estimula a um renascimento!

Que lição podemos aprender com este corpo celeste em nosso mapa natal? Nossa

ferida é nosso Dom, dizem alguns pesquisadores do grande astro, e sua aceitação é algo

imprescindível ao trabalhador da humanidade, pois deste modo ele se aproxima mais da

harmonização de seu lado espiritual criativo e seu lado prático terreno! A dor, que surge

do atrito entre nosso impulso inato de evolução e nosso ego que apresenta certa

resistência a este desenvolvimento, nada mais é do que um processo natural de

crescimento e aperfeiçoamento. Quanto mais próximos estamos nós de nossa

autorrealização, tanto mais se faz necessário que consigamos abarcar os vários aspectos

contraditórios que formam nossa personalidade. Não é anormal que sintamos algum

desconforto e certos desequilíbrios que podem desencadear, por fim, algum tipo de

doença e são estas desarmonias que escondem a perfeição de nosso interior.

Quíron abre mão de sua imortalidade, ao mesmo tempo em que se torna imortal! É

transformado em uma constelação, e seu talento para a cura certamente advém da

consciência da dor vivenciada em si mesmo e da compaixão pelo sofrimento alheio. E o

sacrifício empreendido por ele não será uma grande prova de seu amor pela

humanidade?! No esquecimento de si mesmo ele encontra sua própria redenção... Ou

será que a sua busca o colocou diante do todo para que ele pudesse realmente

compreender que não está separado do mesmo?! Como podem minhas necessidades

reais divergirem das necessidades do todo maior? Até que ponto estas prioridades

individuais são consideradas realmente egocentrismo, egoísmo?! Seguramente o ego

interpreta nossos atos e os alheios de acordo com a superfície das aparências...

Embora tudo isso seja fator de muitas discussões, sacrifícios desmedidos ou

prolongados além do necessário ao aprendizado das lições evolutivas, certamente, terão

pouco efeito, a meu ver, se houver uma anulação do indivíduo para crescimento do

45

outro. A ferida pode ser um sinal para que respeite meus limites e rume de modo salutar

à integração. Quíron acentua a atenção ao próprio ritmo de crescimento e aí reside o seu

papel de Mestre! A dor é inevitável, contudo o sofrimento é uma escolha.

Proponho aos leitores uma questão sobre a qual é essencial que reflitamos e que

diz respeito à dor de Quíron. Acreditamos, realmente, que ela é acidental e incurável?!

Em outras versões do mito parece que é o próprio Quíron que se fere acidentalmente...

Não poderíamos supor que nascemos em uma determinada época para cooperarmos com

a redenção de toda a humanidade, assumindo um pouco da carga de nossos irmãos,

companheiros de viagem? Como posso acreditar que alguém me fere propositadamente

se este alguém também se sente ferido? Se considerarmos que o mal nada mais é que

simples inconsciência, ignorância relacionada ao uso de nossas energias e uma força tão

neutra quanto a força do bem, é possível que o ferimento seja mesmo acidental....

O fato de Quíron ter sido redimido pelos deuses e ascendido aos céus, significa

que houve verdadeiramente uma cura?! Afinal, a morte, seja ela usada no sentido literal

ou mesmo simbólico, é uma transformação, uma maneira de nos tornarmos inteiros,

plenos, dentro dos limites em que estamos todos inseridos, e este é o verdadeiro sentido

de “cura”, em minha opinião. A partir do momento em que sou capaz de enxergar e

expressar claramente aquilo que sou, com meus defeitos e qualidades, as dores e

conflitos se dissolvem e restabeleço, ao mesmo tempo, minha conexão com a vida eterna,

com a cura, embora aos olhos do ego, talvez o julgamento seja diferente. Morte, neste

sentido, é reorientação, renascimento.

Vamos, portanto, ao conceito de Cura.

viii.c- A Cura e os Curadores

CURA (D.H.Lawrence)

Eu não sou uma máquina, nem um conjunto de várias peças.

E não é porque a engrenagem não está funcionando bem que eu estou doente.

Eu estou doente devido às feridas em minha alma, profundas feridas emocionais,

que persistem há muitos, muitos anos.

Somente o tempo, a paciência e um certo arrependimento

podem ajudar.

Um longo e penoso arrependimento, percepção dos erros que cometemos

na vida, e a liberação da infinita repetição do erro que a humanidade em

geral

escolheu santificar.•(27)

46

O que é Cura? Falar em autoconhecimento, sem mencionar o significado de cura,

seria desconsiderar tudo que está estreitamente ligado a este tema. Acho que a grande

maioria já está familiarizada com o conceito de cura. Um instrutor um dia me disse que,

em inglês tanto “curar” – to heal - como “pleno”- whole-, “sagrado”- holy, partilham da

mesma raiz, portanto poderia dizer que estar curado é sentir-se inteiro, sagrado, pleno.

Agora, o que isto realmente significa para cada um de nós? Realizei uma pesquisa há

algum tempo, perguntando a algumas pessoas como elas definiriam a palavra, e gostaria

de transcrever, de modo resumido, suas respostas, segundo suas experiências de vida.

Cura, é ser paciente, é ter harmonia, sentir harmonia em meu corpo físico, é bem-

estar, é pensar positivamente, é ter paz interior, é resgatar o potencial para ser feliz, é

buscar o outro, é reconhecer minhas fraquezas, é libertação de meus sentimentos de

culpa e frustração, é saber que estou ligado a Deus, é perder o medo da morte, é saber

tomar decisões, é expressar minha raiva de modo criativo, é demonstrar prazer em

viver, é ser alegre, é ousar mais, é ter desapego, é aceitar as transformações e a morte!

Para mim, particularmente, estar curada é “ser”! É conseguir dizer que “existo”,

que sou real neste mundo, e que posso expressar minha natureza sem medo ou culpa. É

liberar bloqueios que se transformam em energia criativa nas situações que estou

vivendo. É caminhar para o novo segundo minha essência interior. É equilibrar os

diversos níveis de meu ser, e tentar estabelecer uma comunicação entre eles. É ter

consciência de que tudo aquilo que me faz resvalar corresponde, na verdade, a um

impulso para “ser”. É saber que sou amada sem justificativas, sem necessidade de

realizar grandes feitos. É poder ser como sou, certamente adaptando-me aos outros a

meu redor, mas jamais escondendo aquilo que se passa nas profundezas de meu ser,

todas as vezes em que eu sentir que isto é importante que eu manifeste. É ousar

expressar a minha verdade procurando não magoar os outros, é equilibrar minha

natureza agressiva, canalizando este impulso para concretizar aquilo que gostaria de ver

no mundo. Em poucas palavras, a cura começa por mim mesma! E é dentro do mais

profundo de meu ser que ela se concretiza primeiramente.

Se eu prosseguisse com a realização desta pesquisa, entrevistando mais pessoas,

provavelmente surgiriam inúmeros outros significados, levando em conta que cada um

formou dentro de si um conceito de “cura” que corresponde a sua bagagem interior. É

esta a singularidade do Mestre, e o modo como ele se apresenta a nós.

A busca da cura também depende do nível de entendi- mento do indivíduo. A

maioria das pessoas talvez recorra à medicina tradicional, uma porcentagem delas vão

fazer uso também de tratamentos alternativos e complementares; algumas vão se servir

47

da psicologia, psicoterapia e afins, e outras, ainda, vão conectar-se com os níveis

internos de seu próprio ser para receber do mesmo a energia curadora da harmonia e da

integração.

Viver em estado de cura seria poder sempre dirigir minha atenção para além de

seus limites formais e me dar conta de minha própria essência, é o que nos diz

Trigueirinho, em uma de suas palestras. Segundo ele, ela nasce do silêncio daquele que,

após ter-se esvaziado, volta-se para o Alto e se deixa preencher pelo que lá encontra.

Seguindo sua linha de raciocínio, a partir do momento em que o ser eleva sua

consciência a níveis superiores e, de lá, traz consigo um sentimento de calma, luz e

pureza de força divina, tem início o seu restabelecimento físico. Certamente esta luz da

consciência elevada e o poder que de lá advêm iluminam e estimulam as regiões

inferiores, seus aspectos mais densos, e assim ele pode lidar com eles sem muito

sofrimento, de modo equilibrado, para que a regeneração e a recuperação se

estabeleçam.

Considerando diversos relatos de curas efetuadas com o uso de instrumentos

cirúrgicos e aquelas alcançadas pelo próprio paciente, com sua cooperação consciente

ou inconsciente, parece que é quase impossível constatar de que modo são obtidas mais

recuperações. Um considerável número de pessoas livra-se de doenças servindo-se

somente de hipnose, autossugestão e outros métodos que não os científicos. Há alguns

anos li um artigo na Internet publicado no New England Journal of Medicine que dizia

que apenas a simulação de uma cirurgia no joelho, com a realização de quase to- dos os

procedimentos empregados numa artroscopia, é capaz de eliminar dores advindas de

artrite. Experimentos foram conduzidos nos Estados Unidos, no Centro Médico Houston

Veteran’s Affairs, onde incisões foram feitas, sem a retirada da cartilagem deteriorada, e

pacientes submetidos a esta operação “placebo” mostraram os mesmos resultados que

aqueles que receberam tratamentos ortodoxos, tais como infiltração e artroscopia.

Falar sobre este assunto e não mencionar um dos grandes curadores da

humanidade faria de meu trabalho algo incompleto, por isso creio ser interessante citar o

estudo de Paul Brunton, que nos diz que Jesus curava o homem interior, estimulando

transformações em seus sentimentos e crenças, orientando-o em direção a um caminho

espiritual. Jesus era o instrumento de sua graça, e a saúde retornava ao seguir os

ensinamentos do grande Mestre, entretanto, ainda segundo Brunton, nem todas as

pessoas tiveram suas saúdes restabelecidas, já que não se pode impor uma aspiração

espiritual em ninguém, contra sua vontade.

Não há dúvida alguma, que incorreríamos em erro, caso abordássemos as doenças

superficialmente, criando generalizações sobre as mesmas e suas possíveis causas,

atribuindo a recuperação da saúde e o restabelecimento dos doentes à eventual fé que

48

eles possam possuir, simplesmente porque isto geraria uma grande frustração e

infelicidade naqueles que não conseguem se recuperar novamente! Sem contar que

também já ouvi a afirmação de que existem doenças evolutivas, todavia não tenho

argumentos e muito menos conhecimento para discursar sobre o assunto, portanto só

posso declarar que é muito provável que nossas crenças tenham um efeito positivo sobre

a mente e esta sobre nosso corpo, entretanto, dizer que estamos doentes por falta de fé,

de força de vontade, de autoestima, isto seria sinal de muita presunção, a meu ver.

Poderíamos supor, por outro lado, que somente a fé seja motivo para obtenção da melhora

total de todos os tipos de doenças?! Desconheço a resposta...

Considerando-se as diversas causas atribuídas aos distúrbios e doenças é possível

que uma das principais seja real- mente decorrente dos conflitos entre o Eu Espiritual e

o ego. Talvez estes desequilíbrios possam ser interpretados segundo o grau evolutivo do

indivíduo em quem eles se manifestam.

Contudo, como não é meu intento analisar profunda- mente o tema “Cura”, deixo a

questão aberta para futuras pesquisas...

Aquele que cuida de si, que está receptivo a novas experiências, que tem

disposição para receber o inesperado, que tem coragem para se libertar de padrões

cristalizados talvez seja um verdadeiro curador da humanidade, oferecendo um grande

“presente” a si mesmo e ao outro: A oportunidade do “presente”, isto é, de se viver o

momento, o aqui e o agora. E neste “presente” há o encontro com a fonte da Sabedoria, o

ponto do equilíbrio de todas as dualidades, o vazio, o desapego, o amor...

Toda e qualquer experiência que me envolve também inclui outros que podem

precisar do mesmo ensinamento que eu, por isso compartilhar minhas vivências, meu

ser- mesmo que no silêncio-, é algo muito frutífero para todos que participam das

mesmas. Isto indica autenticidade, empatia, afeto, confiança, respeito e abertura diante

de outro ser, independentemente do tipo de relação que mantenho com o mesmo,

principalmente porque nossas necessidades são, de certo modo, similares. Para que

possa entrar em contato íntimo com ele, e para que aquilo que é dito encontre certa

ressonância em seu interior, hei de ter desapego em relação aos resultados. Dedicação e

amor são componentes também essenciais dentro de qualquer parceria que me auxiliam

a ou- vir o outro, mobilizar seu potencial interno de cura e ajudá-lo a nascer novamente,

entrando em contato com sua simbologia interna, com sua própria natureza interior.

Considero interessante reproduzir o seguinte texto de Carl Rogers •(28):

Quando meu estado é ótimo, seja como facilitador de grupo ou como terapeuta,

descubro outra característica. Quando consigo aproximar-me ao máximo do meu íntimo e

49

intuitivo mim-mesmo, quando de algum modo entro em contato com o desconhecido em

mim, quando me encontro talvez em um esta- do ligeiramente alterado de consciência, faça o

que faça pareço possuir propriedades curativas. Em tais circunstâncias, minha simples

presença é liberadora e útil aos demais. Nada posso fazer para forçar esta experiência,

porém, quando consigo relaxar-me e aproximar-me de meu núcleo transcendental, minha

conduta torna-se estranha e impulsiva, sem justificativa racional, nem vínculo algum com os

processos de meu pensamento. Sem dúvida, este estranho comportamento, de algum modo

singular, acaba sendo correto: é como se meu espírito interno se estendesse para alcançar o

do meu interlocutor. Nossa própria relação transcende e se integra a algo mais amplo. Nos

encontramos então ante a presença de um profundo crescimento, cura e energia.

O I Ching, O Livro das Mutações, no hexagrama 20, também expressa um

pensamento semelhante, dizendo-nos que o homem superior, dotado de uma fé

poderosa, consegue

...apreender as misteriosas e divinas leis da vida e, através da mais profunda

concentração, chegar a expressar essas leis em sua pessoa. De sua contemplação emana um

poder espiritual oculto que influencia e domina os homens, sem que eles estejam

conscientes de como isso ocorre. •(29)

Eu, como professora ou conselheira astrológica procuro orientar o aluno ou cliente

a desvendar e trazer à superfície aspectos inconscientes de sua natureza, servindo como

reflexo do processo que ele está vivendo. Entretanto isto não significa que eu assuma

uma atitude puramente neutra e sim, um comportamento ativo, aceitando a pessoa que

tenho diante de mim, reforçando seu sentimento de autoestima, a consciência de seu

potencial criativo e reconhecendo a importância de seu papel dentro da sociedade em

que está inserida. Ao me referir à aceitação da pessoa, não estou querendo dizer que faria

as mesmas coisas que ela, e sim, que a reconheço em seus propósitos, que sei que suas

metas são tão importantes quanto as minhas!

Tenho necessidade de criar um espaço interior tranquilo para que o encontro

energético entre nós dois acabe beneficiando as duas partes. Não creio que meu papel

como professora/ conselheira seja diferente do papel do médico, do terapeuta... Quanto

maior a consciência de mim mesma, maior auxílio é prestado àquele que me procura!

Maravilho-me diante dos mistérios que envolvem a natureza humana! Às vezes,

fico prostrada, sem entendimento algum diante do mapa de nascimento. Faço algumas

anotações, procuro ver o que as imagens, os símbolos estão tentando dizer-me, procuro

conectar-me à energia dos deuses, contudo parece que eles nada me transmitem. Penso,

50

logo, que não serei capaz de traduzir sua linguagem. Mas eis, que diante da pessoa, a

energia volta a fluir, as conexões se fazem, e sem que exista um esforço de minha parte,

a luz volta a brilhar... Finda a sessão, minha própria vida recebeu um pouco mais de

clareza, a névoa também se desfez diante de minha própria paisagem.

Iluminar o caminho de outra pessoa traz a luz que ilumina minha própria senda e

muitos benefícios para minha vida, pois o encontro com o outro é altamente alquímico.

Finalizando, cooperar com o Poder Criativo do Cosmo é ter consciência de que, ao

sermos somos curados, tornamo- nos curadores, o que equivale a afirmar que somos

todos curadores em potencial!!! Cada um cura a si mesmo ao realizar a unidade em si

próprio e no cosmo! O melhor instrumento de cura somos nós mesmos, e quanto mais

afinados estamos, mais resultados positivos obteremos.

Antes de entrar propriamente no tema de Quíron no mapa natal, gostaria de

apresentar a Astrologia exatamente como eu a compreendo.

IX- A ASTROLOGIA COMO FERRAMENTA PARA

O AUTOCON HECIMENTO

Escutai-o em vós mesmos e vede-o no infinito

do Espaço e do tempo. Ali reboa o canto dos Astros, a voz dos Números, a

harmonia das Esferas.

É cada sol um pensamento de Deus

e cada planeta um modo desse pensamento.

É para conhecer o pensamento de Deus, ó almas!, que desceis e subis

penosamente o caminho

de sete planetas e dos seus sete céus.

Que fazem os astros? Que dizem os Números? Que rolam as esferas?

– Ó almas perdidas ou salvas,

eles dizem, eles cantam, elas rolam- os vossos destinos!

Hermes Trismegisto

Todos nós em nível microcósmico encerramos em nossa natureza o macrocosmo,

e refletimos, dentro de nossa singularidade, as Leis e Energias Universais, que, por sua

vez, também representam o reflexo de nossas energias. Fazemos parte de uma grande

51

sinfonia em que cada um tem um importante papel a desempenhar. Para que reconheça-

mos nossa parte é necessário que entremos em sintonia com nosso “EU” interior e

trabalhemos em cooperação com ele, equilibrando e integrando a mente, as emoções e o

corpo físico.

É nesse processo de afinação com a Ordem Cósmica que a Astrologia, linguagem

de energia de vida, “Ciência dos Símbolos”, é de valor incalculável. Os símbolos

astrológicos descrevem processos que atuam não somente no nível físico, mas também

no psíquico, e eles nos levam a infinitas interpretações concernentes à verdade singular

de nosso ser, verdade esta que se reflete, por sua vez, na verdade do Todo. Fazemos

parte de um sistema planetário que a tudo engloba!

O Horóscopo Natal é traçado para o momento da primeira respiração, ao

iniciarmos nosso ritmo próprio de vida, em alinhamento com as Energias do Universo.

Esse momento é único, e nos torna seres especiais, fazendo com que partilhemos de

tudo que existe neste mesmo instante e nos fornecendo o potencial de abranger o Todo,

o passado e o futuro.

Neste sentido, o horóscopo representa simbolicamente tanto minha psique

individual, tudo que está consciente ou inconscientemente em meu interior, como a

“psique” do próprio Universo. Ele contém diferentes Arquétipos passíveis de integração

em minha jornada de individuação, e cada um dos signos traz consigo um significado

simbólico arquetípico que me ensina grandes lições e distribui muitas dádivas que,

eventualmente manifestarei em minhas atitudes.

Os componentes Arquetípicos são, no entanto, os mesmos em cada mapa, embora

cada um de nós seja singular em seu modo de expressar o simbolismo destes elementos!

Em todo o mundo não existe alguém igual a mim ou a você. Cada um de nós é o

melhor do mundo em apenas uma coisa- sermos nós mesmos. •(30)

Isto não é simplesmente maravilhoso?!

As energias representadas pelos planetas e as sincronicidades da vida humana

mostram que, embora exista uma relação entre céu e terra, esta não é somente de causa e

efeito. Sem jamais termos olhado pela janela, podemos ver o caminho do céu, pois o que

está refletido no céu, também ocorre aqui embaixo em nosso planeta e vice-versa. Tudo

aquilo que acontece é reflexo do momento, e os fenômenos de consciência que são

percebidos por mim não deixam de ser reflexos dos fenômenos cósmicos! Considerando

o sistema solar como um paradigma, um modelo para a psique, vejo que uma verdade

psíquica está refletida em meu horóscopo natal, que me fornece, portanto, informações

sobre meu projeto de vida, projeto que está em sintonia com o plano de nosso sistema

52

solar. Meu nascimento, logo, expressa uma grande “sincronicidade”, pois este aconteci-

mento físico é simultâneo com o movimento dos planetas no céus.

É interessante que este conceito seja explicitado para melhor entendimento do

texto. Segundo Jung, sincronicidade é a coincidência de um evento físico com um

psíquico, ou melhor, algo interior se manifesta no exterior, sem que qualquer

relacionamento de causa e efeito explique esta simultaneidade. O que une os dois eventos

é sua significação. Citando Jung:

Nós nascemos em um determinado momento, em um de- terminado lugar, e possuímos,

como as safras de vinho, a mesma qualidade do ano e da estação que marcaram nosso

nascimento.•(31)

No item ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da

Totalidade volto a esclarecer novamente este princípio tão importante para a psicologia

junguiana.

Paracelso escreveu o seguinte:

A partir do exterior aprendemos a conhecer o interior. Há no homem um

firmamento como no céu, mas não de uma parte; há duas. Pois a mão que separou a luz

da treva, e que criou o céu e a Terra, fez o mesmo no microcosmo abaixo, tendo tomado

do alto, e encerrado dentro da pele do homem, tudo o que está contido no céu. Por essa

razão, o céu exterior é um guia para o interior... Pois o céu é o homem e o homem o

céu, e todos os homens formam um só céu, e o céu é apenas um homem. •(32)

Jung também recorre a Paracelso, a autoridade clássica da alquimia medieval, e

cita o famoso trecho:

Aquilo que está embaixo é igual àquilo que está em cima, e aquilo que está em

cima é igual aquilo que está embaixo para realizar os milagres de uma coisa só. •(33)

Seguindo esta linha de raciocínio, posso também dizer que aquilo que está fora,

também se encontra dentro de mim, e cada planeta no céu físico reverbera uma

ressonância com seu correspondente em meu interior, o que deixa claro que os aspectos

materiais e espirituais refletem um ao outro. O estudo de Astrologia envolve, desta

maneira, uma dimensão transcendental, pois ela é mediadora entre meu Universo inte-

rior e exterior, mostrando-me que em essência, eles são um só, entretanto meu ego, para

fins de evolução, percebe-os como dois, totalmente separados.

53

A Astrologia é uma das grandes ferramentas que tenho à minha disposição para

exploração do autoconhecimento, e este, por sua vez, pode ser utilizado para a

integração corpo-mente. Penso em mim mesma como o maior instrumento de

autoconhecimento que está à minha disposição e, neste caso, a astrologia seria

simplesmente um acessório que utilizo ou não se necessário...

Sustento a ideia de que a Astrologia deveria fazer par- te, juntamente com outros

instrumentos utilizados para este fim, do currículo de formação de muitos profissionais

que lidam com o potencial humano. Ousaria incluir todos estes itens também no

currículo dos alunos do Ensino Médio, neste caso também como auxílio para

confirmação ou descoberta de seus talentos potenciais, de sua vocação.

Incentivando o aluno a explorar aspectos conhecidos ou desconhecidos de sua

própria natureza, contribuo para resgatar ou elevar sua autoestima, o que o leva a ter,

naturalmente, um melhor desempenho e aproveitamento escolar. Sua singularidade é

apreciada, mesmo que esta apreciação não seja expressa claramente.

Alunos rotulados de “atrasados”, com supostas dificuldades de aprendizado e falta

de concentração, descobrem em si uma nova motivação pela magia do encontro com o

outro, que opera neles “maravilhas”, independentemente de resultados visíveis a curto

prazo. Certamente ambas as partes, aluno e professor, são beneficiados com este

relacionamento.

Muitas vezes algumas técnicas educacionais utilizadas pelos professores negam a

muitos alunos a oportunidade de empregar todo seu potencial de aprendizado, e esta é

uma das razões pelas quais o professor não deveria prender-se somente a métodos de

trabalho que se limitem ao conteúdo verbal, linear, orientado pelos fatos. Atenção

especial pode ser dada àquilo que ofereça ao aprendiz a possibilidade de explorar outros

recursos igualmente essenciais à assimilação do estudo, tais como imagens, mímicas,

técnicas de visualização, gravuras, entre outros. Tarefas que envolvam uma

harmonização entre uma orientação temporal e espacial, com certeza, facilitam o

processo de aprendizagem e tornam agradável e prazerosa a atmosfera de uma sala de

aula.

A astrologia, os mitos ligados a ela, por exemplo, “Os Doze Trabalhos de

Hércules”, servem de abertura a um caminho para o Eu, para o ser que precisa ser

redescoberto na jornada da individuação. Cada vez que entro em contato com algo que é

universal e partilhado por todos nós, acabo criando ou recriando minha história. Sou

autora, participante consciente de minha própria vida!

Os astros não definem o que sou, somente desvendam meu tesouro criativo

latente, minhas aspirações, meus pontos fortes e fracos, confirmando os passos que

tomo ou oferecendo-me uma adequada orientação pessoal concernente a estes aspectos e

54

auxiliando-me, desta maneira, a melhor lidar com eles, de modo consciente, para que

empreenda um caminho em direção a meu Eu maior.

Sou levado a desenvolver uma familiaridade com os deuses e deusas do passado-

Júpiter, Saturno, Marte, entre outros- que entrelaçam seus caminhos em minha vida,

ajudando-me a decifrar seu simbolismo arquetípico, isto é, o que eles representaram e

ainda representam não só para mim como para todos os seres humanos em sua jornada

cósmica, tanto externa quanto internamente.

Que qualidades individuais destes deuses do universo reflito eu, quando me

relaciono com o mundo? Onde está a força vital de meu brilho solar, a natureza e

impulso de preservação da Lua, o trabalho da Terra, a energia marciana de vencer os

desafios, a versatilidade mercuriana, o lado expansivo de Júpiter, a força de atração

amorosa de Vênus e a concentração de Saturno?! E como manifesto meu lado uraniano,

rompendo com um passado sem sentido? E quanto à natureza compassiva e abrangente

de Netuno? E a capacidade profunda de renascimento e transformação que Plutão me

comunica?!

Ao olhar os símbolos contidos no mapa astral e as imagens surgindo

espontaneamente diante de minha visão interior sinto-me conectada com a energia dos

arquétipos representados pelos planetas e suas interações. Estes deuses e deusas

correspondem às potencialidades psíquicas, às funções psicológicas que vão construir

meu ser e vão falar-me por meio de pessoas e situações que me cercam, descrevendo, des-

ta maneira, não a realidade de uma situação, e sim a tendência que tenho em relação aos

acontecimentos, isto é, como vejo o mundo, meus pais, enfim minha realidade psíquica.

E dentro desta visão, parece que eu, como todos os outros seres, inclino-me a

repetir certo modelo familiar, trazendo questões que foram deixadas sem respostas por

meus antepassados, com as quais terei que lidar e que sugerem, tal- vez, que meus pais

funcionem como pontes entre meu mundo subjetivo e objetivo, mensageiros que me

transmitem o cará- ter destes deuses cósmicos. Eles acabam refletindo para mim aquele

mundo arquetípico complexo e sutil que jaz em meu interior, minha própria imagem!

Segundo Arnold Mindell e seu artigo publicado no Journal of Astropsychology de Glenn

Perry, nós não nos tornamos “inteiros”, íntegros apesar das feridas de nossos pais, e sim

justamente devido a elas, por intermédio delas! Nossas feridas seriam, em parte, também

uma herança de nossos pais.

Embora partilhemos a mesma Unidade, e processemos a experiência à nossa

própria maneira, recebendo o colorido das experiências coletivas do Todo, tornarmo-nos

conscientes desta verdade e chegarmos a compreendê-la, afastando os obstáculos que

nos impedem de chegar a esta Unidade, continua sendo “a nossa tarefa” para que a Luz

de nosso espírito ilumine a nossa jornada. Temos sempre algo que somente a nós

55

pertence, uma força que reside em nosso interior, e é ela que, ao mesmo tempo nos

distingue dos outros e nos aproxima deles. Parceiros que somos do jogo da vida, cada

gesto que fazemos afeta todos os jogadores e, nós, à nossa maneira, reagimos também a

todos os movimentos feitos por eles. As sim, vemos no mundo externo o que somos, e

isto determina aquilo que vemos.

O mapa natal reflete a dialética essencial para minha criatividade, minhas

contradições decorrentes de aspectos não integrados de minha natureza, possibilitando,

também um diálogo com elas, ao mesmo tempo em que me direciona ao crescimento e cura

em todos os níveis, de acordo com as necessidades de minha existência, aprofundando

temas importantes para a realização de meu propósito individual e coletivo e manifestação

do Amor por mim mesma e pelo Universo.

Como estar em harmonia com os princípios universais exteriores e interiores,

possibilitando que o milagre da Unidade se manifeste?! De que maneira procedo para

integrar a esfera material e espiritual, sem enfatizar uma delas em detrimento da outra?!

Será que chegarei ao reconhecimento de que meu corpo provém da mesma fonte cósmica

que minha alma?

Realmente, temos todos necessidade de alcançar um estágio superior ao que

estamos vivendo agora. E como chegar a ele? Com certeza, podemos atingir patamares

mais altos pelo esforço ou mesmo pelo merecimento, pela Graça, e cada um de nós tem

que chegar a suas próprias convicções conforme seu nível individual de evolução, sua

voz interior, seu próprio imperativo espiritual. A entrega ao Alto, livre expectativas, é

algo essencial para a ampliação de minha consciência! Por isso a autoconscientização é a

senda do equilíbrio em que tudo se funde e se torna uma coisa só! Segundo Masaharu

Taniguchi, em seu livro A Verdade

... por falta da conscientização de que todos nós forma- mos um todo é que existem

hostilidades e antagonismos entre os seres humanos. •(34)

Certamente uma perspectiva holística compreende as fragmentações que existem,

ao mesmo tempo em que reconhece o todo maior, o potencial dentro da divisão, da

desarmonia. Ser “inteiro” não significa a perfeição e muito menos a liberação de

conflitos! Diante de uma visão holística de nossas vidas, crescemos em autoaceitação,

autoconfiança, autoconsciência e fluímos com a natureza. Aprendemos a aproveitar as

oportunidades que surgem, a liberar-nos de certos condicionamentos, a dar novas

respostas a situações semelhantes vividas anteriormente, a respeitar nossos limites, a

superar certos desafios que se repetem, e a descobrir onde e como podemos usar melhor

nossos talentos e habilidades, sem desperdício de nossa força vital. Somos levados a

56

nosso próprio despertar em relação à nossa ligação com a Terra e sentimos que nosso cres-

cimento pessoal influi na evolução planetária, contribuindo para a Harmonia Cósmica.

Nosso destino já está traçado? Existem limites para expressão de nosso livre-

arbítrio? Na realidade, não estamos passivos diante da atuação das forças planetárias;

podemos mudar a maneira como nos sintonizamos com elas, escolhendo,

conscientemente, como reagir frente aos acontecimentos da vida, tentando eliminar

padrões arraigados de pensamentos, emoções e ações que não nos são mais úteis.

Gradualmente, a fé em nosso verdadeiro “EU” se desenvolve, integramos nossos lados

masculino e feminino, e reaprendemos que somos cocriadores de nosso destino.

Assumimos responsabilidade por nossa própria vida!

Tudo isso despertou-me o interesse pela Astrologia, luz de esclarecimento para o

buscador! Naturalmente, explorar este assunto leva-me a contribuir para a eliminação de

alguns preconceitos e conceitos distorcidos que a grande maioria ainda nutre em relação

a este tema. Não estamos à mercê dos astros! Nós criamos nossa própria realidade,

consciente ou inconscientemente, tendo em vista nosso bem e o do todo maior, não

apenas seguindo leis terrenas, como também celestiais. Acredito, porém, que a

verdadeira criatividade reluz mais brilhantemente ao fazermos dela um ato consciente.

Se não nos desfizermos de nossas crenças arraigadas e inconscientes, não poderemos

usufruir dos benefícios que a Astrologia e outras práticas divinatórias oferecem-nos no

que concerne ao autoconhecimento! Quantas coisas se perdem com a descrença, assim

nos diz Heráclito.

Com o progresso da humanidade, o ser humano acabou relegando sua natureza

intuitiva a um segundo plano, priorizando o intelecto e conferindo a ele uma importân-

cia exacerbada. A Astrologia, que sempre percebeu a psique como um todo,

considerando o indivíduo como um todo por si só, acabou sofrendo os efeitos desta visão

unilateral e passou a ser encarada somente como uma ciência de previsão, o que,

naturalmente, levou-a ao descrédito. É claro que não se trata de excluir a razão, o

intelecto, a favor do desenvolvimento da intuição, e sim, uni-los para que se alcance um

maior entendimento da vida.

Posso dizer que a Astrologia faz o casamento da razão com a intuição e, por meio

dela, aproximo-me, racionalmente, do modelo da psique, desmembrando os dados que

observo, analisando-os separadamente, e integrando-os, através da intuição, de modo a

alcançar uma visão do todo. Realmente é a intuição, abraçada ao intelecto, que me guia

diante da mandala astrológica •(35), representação do mapa de nascimento! Fragmento

as informações, sem me perder em detalhes, somente para estudo das mesmas, mas

desenvolvo a habilidade de vê-las como um todo, pois só assim elas atingem um

significado! O Todo está nas partes, e cada parte, por si só, é uma manifestação do

57

Todo.

O padrão individual das casas no mapa de nascimento é a dinâmica de energia

holográfica da consciência: Exatamente como um holograma, cada casa reflete o mapa

inteiro. •(36)

E assim acontece em relação aos signos. Cada um é um aspecto do Todo, um meio

que me leva à integração, à individuação, ao conhecimento de mim mesma, ajudando-

me a desenvolver preciosas qualidades e habilidades para desempenhar minha missão no

mundo. Seguramente eles expressam tanto características negativas como positivas, e

são igualmente importantes no contexto da vida. É uma falsa crença acreditar que exista

um signo mais significativo que outro!

Pode-se analisar, consequentemente, apenas um dado do mapa astrológico em

relação a outros aspectos, e esse dado mostrará o todo e aquilo que é mais relevante em

minha vida. O sentido de um planeta também pode ser interpretado independentemente

de existir algo que faça aspecto com ele. Quero dizer, com isto, que a energia de um

planeta é, em si mesma, um elemento de outro planeta, e não posso olhar para ela como

se fosse algo isolado.

Apesar de muitos astrólogos defenderem a ideia de que os aspectos formados entre

os planetas sejam importantes na análise de um mapa, podemos relacioná-los uns aos

outros, descartando muitas vezes a teoria, o que não quer dizer que esta não deva ser

estudada. Podemos fazer uso de qualquer qualidade expressa por um astro celeste se dela

necessitarmos, afinal não estamos aqui a fim de vivenciar o todo? Será que o propósito

da Astrologia não é nos mostrar que podemos absorver um pouco de tudo e transformar

aquilo que já está obsoleto?!

Somos todos semelhantes a uma grande estação de rádio e podemos captar altas

frequências, se assim o quisermos, e estivermos dispostos a um pequeno esforço para o

crescimento. Se assim como é em cima é embaixo, se temos todos os signos e planetas

representados em nosso corpo físico, podemos dispor de muitas de suas qualidades,

embora exista uma certa disposição a algo especial, dependendo de nosso signo solar,

lunar e ascendente. As características destes são nossas maiores forças...e fraquezas,

quem sabe...

Quanto mais me conhecer e elevar meu nível de consciência, expressão e

compreensão, melhor usarei, conscientemente, meu potencial interno de cura e

transmutação, seguindo em meu próprio ritmo evolutivo minha verdade interior e meu

propósito de vida, em harmonia com o propósito dos céus. Sintonizando-me com as

vibrações dos planetas, com as qualidades e valores que eles transmitem, trilharei um

caminho de Amor- meu Direito Divino-, Sabedoria e Fraternidade, e manifestarei saúde,

58

prosperidade e bem-estar geral.

Embora tudo isso espelhe a verdade, não significa que dores serão evitadas. A

tristeza e o sofrimento continuam a existir, contudo já não me recuso, teimosamente, a

lidar com minhas dificuldades. Quando percebo que tenho uma natureza espiritual, que

existe algo que é maior do que tudo aquilo que possa conceber, os acontecimentos

externos mudam por si mesmos, passando, então, a ter um significado para mim! E

atingindo essa descoberta interior, observo meu mapa, modelo da psique individual,

como um todo.

É essencial que possa ver um ponto de união e equilíbrio em cada aspecto

analisado do mapa, senão perderei a possibilidade de alcançar o objetivo de integração e

harmonia que a psique contém dentro de si. Isto, obviamente, sedimenta o conceito de

unidade plantado por Jung, que permite que experimente uma comunhão amorosa com

tudo que está a meu redor, com a vida, com meus companheiros de viagem, com o

Divino. O mapa revela, portanto, o caminho potencial que cada um trilha em busca

desta realização, o mito de cada ser. Somos, enfim, a soma de nossa realidade em

qualquer época de nossas vidas.

É importante ressaltar que o mapa natal é minha marca singular neste grande

Universo, e como vou desenvolvê-lo, depende de meu nível de percepção da realidade,

portanto, quanto maior é minha faculdade de autoconsciência, maiores habilidades

possuo para seguir aquilo que me é útil e descartar o que não me serve mais. Como ele

representa meu potencial de vida, e faço parte de uma grande rede humana interdepen-

dente, buscar a inserção neste contexto, de maneira suave e harmoniosa, é essencial, pois

a partir desta postura é que me torno uma realizadora. Sou um todo dentro de um todo

maior como já foi mencionado! Superar a cisão no espírito humano é um dever

individual para poder transcender as barreiras que ameaçam a união entre os seres de

nosso planeta!

Apesar de crer que a real mudança aconteça primeiramente dentro de mim,

estendendo-se, então, àqueles que já se encontram prontos para “nascer” novamente, não

posso negar que algo externo também pode fazer acordar em mim uma modificação

interior. Além disso, nenhuma pessoa ou situação pode restringir minha própria

potencialidade, a não ser eu mesma! O que anseio evitar é privilegiar um dos lados em

detrimento do outro. Há de haver uma harmonia entre estes dois caminhos, o interno e o

externo, e cada um de nós está potencialmente apto para descobrir qual deles deve

trilhar, para então harmonizá-los dentro de um mesmo contexto.

Planetas em trânsito, isto é, que estão no céu no momento de uma análise e que

formam ou não aspectos com meus padrões de nascimento, provocam em mim muitas

reflexões e isto contribui para que supere o que já está ultrapassado e me adapte aos

59

novos paradigmas do mundo. Não há dúvida alguma em relação ao fato de que os

trânsitos sempre agem, contudo a vivência que podemos ter dos mesmos, difere de

pessoa a pessoa. Uma grande transformação vivenciada nas profundezas do ser pode

demorar a se tornar visível! Mas de repente tudo muda...

A memorização e a leitura passiva de um compêndio sobre informações

astrológicas traz, sem dúvida alguma, certo ensinamento. Não há como questionar o

significado dos planetas, signos, aspectos e casas, e até mesmo estar familiarizada com as

informações sobre eles, entretanto o que fará de mim uma boa leitora da linguagem

astrológica não é o acúmulo de detalhes, e sim a vivência que pude e posso ter das

energias envolvidas no mapa, para que consiga conectar-me ao meu eu profundo e

receber a sua mensagem. Por isso, vincular o tema a tudo que aprendemos em matéria

de comportamento humano e a experiências em diversas áreas de conhecimento é

também de um valor inegável no que tange ao autoconhecimento e ao processo curativo.

Se estiver atuando profissionalmente, terei condições de ouvir aquele que busca

minha orientação em seu próprio nível, dentro de seu campo de entendimento. Minha

tarefa é de levá-lo a responder à seguinte pergunta: Quem sou eu? O que busco e quero?

O astrólogo, assim como o professor, o psicólogo, o coach tem, portanto, a possibilidade

e capacidade de colocar o outro diante de si mesmo para que a distância que existe entre

seu eu aparente e seu eu real interior possa ser transcendida. Para tal, é importante que,

partindo do mapa de nascimento, uma linguagem diferente seja utilizada para cada

indivíduo, linguagem esta que o auxilie a encontrar um sentido em sua vida para que

atue no mundo, com plena responsabilidade por seus atos, pensamentos e sentimentos.

Viver a Astrologia é a maior contribuição que posso prestar a todos que me

cercam. Alargar meus horizontes para meu crescimento pessoal e do próximo é uma das

maiores riquezas a que o autoconhecimento me conduz. Parafraseando Jung, podemos:

“Aprender o melhor, conhecer o melhor, e libertarmo-nos de tudo isso diante do outro!”

Isto me faz lembrar que quando o aluno do Zen Budismo deseja obter sabedoria com a

meditação, ele recebe a instrução de, primeiramente, descartar-se de todas as ideias

brilhantemente preconcebidas, suas questões profundamente racionais, inclusive

verdades consideradas simples e óbvias, para que sua mente se torne receptiva, penetre

nos mistérios da vida e possa acolher o novo.

A Astrologia une o indivíduo ao Universo e o conhecido ao eterno mistério da

psique humana e do próprio cosmo desconhecido. •(37)

Seu propósito é, deste modo, a realização da máxima socrática “Conhece-te a ti

mesmo!” Parece que a Astrologia consegue unir não só o conhecimento de si mesmo,

60

como do outro e do Universo como um todo. Segundo Aldous Huxley, em Filosofia

Perene:

Só o transcendente, o completamente outro, pode ser imanente sem ser modificado pelo

vir-a-ser daquilo que ele habita. Ensina a filosofia perene ser desejável e, na verdade,

necessário conhecer o Fundamento espiritual das coisas, não só dentro da alma, mas

também fora do mundo e, além do mundo e da alma, na sua não-identidade transcendente-

“no céu”. •(38)

A Astrologia é uns dos caminhos que nos conduzem ao Infinito, ao Tao, à natureza

de Buda, ao Self, a Deus... Ela simboliza aquilo que está para acontecer, o nascimento

criativo de algo totalmente novo que nós ajudamos a criar!

Crescemos, mudamos, amadurecemos em comunhão com a Sabedoria Universal,

e a Astrologia é uma das Luzes que nos ilumina o caminho, mostrando-nos a

importância de Ser, Fazer e Ter! Com consciência, obviamente!

Escrever sobre o autoconhecimento ligado à Astrologia provém do fato de ter sido

auxiliada, diversas vezes, por esta grande arte curativa e por discordar daqueles que

justificam que o aprendizado da mesma só pode ser realizado juntamente com o

conhecimento de princípios de outras ciências, como a Astronomia, por exemplo. Minha

experiência aliada à teoria pôde prescindir deste suposto requisito, o que me levou a con-

siderar que todos têm o potencial, em maior ou menor grau, de captar a linguagem dos

astros e o que está inserido em seu mapa de nascimento, se assim o quiserem.

Não tenho a intenção de dizer com isso que o conheci- mento da Astronomia ou

de outras ciências seja irrelevante, desinteressante e que deva ser relegado a um segundo

plano, nem tampouco pretendo subestimar suas contribuições para o enriquecimento da

Astrologia. Apresento aqui, entretanto, um trabalho baseado em uma abordagem

astrológica segundo conceitos da psicologia analítica, que tanto pode ser significativo

aos leigos como aos estudiosos em Astrologia, que tenham interesse nos aspectos

psicológicos da leitura.

A Astrologia faz parte de minha jornada de vida em busca de uma maior

compreensão de mim mesma, do relacionamento que mantenho com minha família,

amigos, alunos, conhecidos, e com o cosmo. Indubitavelmente incorporei muitos dos

conceitos aqui descritos, logo me é difícil, em certos momentos, separar objetivamente

qualquer fonte pesquisada, sendo o texto resultado de meu trabalho e de minhas

reflexões ao longo dos anos de dedicação ao estudo e prática da linguagem astrológica.

Se, eventualmente, citar algo já expresso por algum escritor, agradeço

interiormente a ele por ter tido a oportunidade de fazer minhas suas palavras. De

61

qualquer maneira, acrescento no final de meu trabalho, uma pequena lista de obras

examinadas que desempenharam um grande papel em minha vivência.

ix.a- O Papel da Sincronicidade na Busca do Autoconhecimento e da

Totalidade

Quando se trata da vida prática externa, as pessoas têm justamente o seguinte

ponto de vista: primeiro vem isto, depois vem aquilo. Com isso não se progride no

mundo. Só se progride quando se pensa em círculo. (...) É preciso pensar em círculo: é

preciso pensar, quando se olha para as circunstâncias externas, que elas são feitas pelas

pessoas mas também fazem as pessoas; ou, quando se olha para as ações da pessoas, que

elas fazem as circunstâncias externas mas, por sua vez, também são apoiadas pelas

circunstâncias externas. •(39)

A Astrologia sempre me fascinou, e durante muitos anos, enquanto exercia meu

trabalho como professora, sentia- me impelida a imaginar a qual signo solar pertencia

determinado aluno. Muitas vezes não resistia à tentação e lhes perguntava sobre isso.

Conforme constatava minhas intuições, crescia meu interesse pelo tema. Percebia em

alguns alunos meu próprio reflexo, meus pontos fortes e fracos, minha luz e minha

escuridão!

Até hoje, ao participar de workshops, divirto-me ao observar que pessoas com

características semelhantes acabam formando um grupinho à parte. Claro que diversos

motivos levam-nos a procurar a proximidade de outras pessoas, mas parece que existe

sempre um propósito maior presente na for- mação dos relacionamentos, quer eles sejam

íntimos ou não. Grandes sincronicidades se manifestam dentro desses grupos. O que isso

significa?

A sincronicidade, conforme já mencionado anterior- mente, é um princípio de

Vida, de realização manifesta de uma dinâmica energética entre o físico e o não-físico,

presente em todos e em tudo, que revela nossa conexão com uma realidade que

transcende as leis do mundo concreto.

Tempo, espaço, causa e efeito, embora também significativos, esvaem-se, juntamente

com medos e dúvidas, diante da numinosidade de acontecimentos sincronísticos. Estes

representam o reflexo exterior do que está ocorrendo nas profundezas de meu ser, o que

certamente aumenta minha autocompreensão. Sallie Nichols, em Jung e o Tarô, citando Aniela

Jaffé, diz:

A consciência reduz a processos aquilo que é ainda unidade no inconsciente e, por

62

este modo, dissolve ou obscurece a relação recíproca de acontecimentos no “mundo uno”.

Os fenômenos sincronísticos são como uma irrupção daquele mundo unitário

transcendente no mundo do consciente. Sempre imprevisíveis e irregulares, porque não se

baseiam na causalidade, despertam espanto ou medo porque reduzem a disparates nossas

categorias habituais de pensamento. •(40)

Ao vivenciar a manifestação concreta de um estado interior não posso negar que

alimento ilusões no que concerne à realidade verdadeira, que separações inexistem entre

mim e meus companheiros de viagem, entre mim e a natureza, entre mim e meu Planeta,

entre mim e o Cosmo, entre mim e o Todo maior e mesmo em meu interior. Tudo é

Energia, e é esta mesma energia que nos torna independentes e interdependentes.

Jamais esqueço uma imagem que me foi transmitida durante um curso de Reiki e

que exprimo da seguinte maneira: Somos todos ilhas num grande oceano, expondo nossas

separações apenas externamente, mas profunda e internamente ligados por ideais de vida

compartilhados. Separações serviram-me para a estruturação e adaptação do ego ao

mundo tridimensional, e quanto mais me dirijo para níveis mais altos de percepção e de

conquista de uma consciência mais elevada, mais estas cisões começam a se dissolver,

pois não se fazem aí necessárias.

Creio que as chamadas coincidências significativas passam a acontecer, ou melhor,

a maioria de nós tende a prestar mais atenção a elas, quando está atravessando um

momento de transição para uma nova fase de crescimento a nível interno. Parece que

tudo passa despercebido durante anos a fio, até que, de repente, dou-me conta de fatos

que clareiam situações em minha vida.

Sempre que algo externo coincide com algo interno, sinto-me fortalecida e

preparada para empreender uma reforma íntima, que me conduzirá a rupturas

conscientes de padrões arraigados de pensamentos, sentimentos e atitudes que já se

tornaram obsoletos. Quando sinto insatisfação diante daquilo que presencio, quando

existe uma urgência para que abarque as dualidades da vida, quando me mostro pronta

para mudanças, eventos sincronísticos se fazem presentes, e o novo vem até mim! Tudo

funciona como meu mestre, como ensinamento que posso ou não aceitar. Inúmeras vezes

pude comprovar aquilo que deixo aqui registrado.

Interessante foi escrever este trabalho e vivenciar tudo isso durante esta fase.

Telefonemas que recebi enquanto redigia sobre determinado tema, livros que peguei ao

acaso, enfim, acontecimentos que contribuíram para uma maior clareza de expressão no

que diz respeito a esta grande arte curativa que é a Astrologia e que fortaleceram meu

anseio de discorrer sobre este tema.

63

Quíron tem seu papel de importância para os buscadores da harmonia, da

integração, da verdadeira essência a agora vamos ligá-lo à astrologia.

ix.b- Quíron e a Astrologia

Custa tanto ser uma pessoa plena, que muitos poucos são aqueles que têm a luz ou a

coragem de pagar o preço... É preciso abandonar por completo a busca da segurança e

correr o risco de viver com os dois braços. É preciso abraçar o mundo como um amante. É

preciso aceitar a dor como condição da existência. É preciso cortejar a dúvida e a

escuridão como preço do conhecimento. É preciso ter uma vontade obstinada no conflito,

mas também uma capacidade de aceitação total de cada consequência do viver e do morrer.

•(41)

Concordo com os pesquisadores que alegam que Quíron representa a Astrologia,

de modo geral. Se realmente acredito que esta pode abarcar as dualidades que vivemos,

por que não considerar o querido Mestre Quíron um de seus grandes representantes?

Partindo do princípio de que o UM é também o Todo, talvez pudéssemos estender este

pensamento e dizer que qualquer um dos planetas poderia ser o marco da Totalidade!

Entretanto meu foco de estudo está ligado à simbologia de Quíron e é ele que, no

momento, configura para mim a base da união dos opostos, a própria Astrologia!

Além de desempenhar o papel do revelador do conhecimento antigo feito novo,

abrangendo muitas das práticas de artes curativas holísticas, tais como quiroprática,

acupuntura, homeopatia, terapia corporal com o uso de massagens, terapia à base de

ervas, cristais, astrologia, entre outras, Quíron representa todos os relacionamentos de

natureza professor-aluno, sendo responsável por acordar em seus pupilos seu potencial

latente e grandes talentos escondidos.

Quíron, curador ferido, mestre interior, professor pragmático e intuitivo que nos

ensina a adivinhação, a astrologia, os processos de cura, o caminho do guerreiro, é a

chave para o desconhecido, revelando-nos um novo tipo de Astrologia, onde somos

todos participantes de nossas vidas, responsáveis por aquilo que nos acontece e

diretamente envolvidos no processo de transmutação e transformação pessoal e coletivo,

conhecido como Alquimia Cósmica. Quíron descobre o véu da verdade que está em

nosso interior, mostrando-nos que os opostos podem ser conciliados e que podemos

auxiliar a quem está também buscando esta verdade unificadora.

Quíron e seus princípios incorporados em minha vida fazem de mim um ser mais

consciente de mim mesma e proporcionam, desta maneira, um relacionamento

significativo com meu próprio eu interior e com aquele que está sob minha orientação,

64

em busca de seu caminho de vida, de uma união com o Self, segundo os conceitos

junguianos.

ix-c- Quíron, o Arquétipo da Cura e do Curador Ferido

Parece existir no indivíduo um impulso irresistível para adaptar-se àquilo que ele

é destinado a ser- à sua verdade interior- que pode ter muito pouco ou nada a ver com

suas ideias e propósitos conscientes. Jung chamou a isso de anseio de individuação.

•(42)

E foi este anseio que sempre me impulsionou a novas descobertas, a novos rumos,

a novas experiências. Quíron, corpo celeste localizado entre as órbitas de Saturno e

Urano, descoberto acidentalmente pelo astrônomo Charles Kowal em 1977, inspirador

do novo a partir do velho, foi e continua sendo meu guia nesta Busca para a

Individuação e o encontro com o Todo. Segundo Barbara Hand Clow, ele é a ponte que

liga nossas experiências passadas, a tradição, a estrutura física e social (Saturno) ao novo,

ao desconhecido, à criatividade e genialidade, à evolução (Urano).

Conforme explicitado anteriormente, ele contém em si dois grandes significados,

aquele ligado ao indivíduo e o que lhe é pessoal e outro em conexão com o transpessoal.

Disso decorre que, embora o novo para cada um de nós possa divergir segundo nossas

próprias vivências, ele nos impulsiona, indubitavelmente, a uma expansão de

consciência.

Partindo de minhas experiências pessoais para abranger tudo o que está além do

ego, o transpessoal, seguindo um ritmo próprio, e recebendo a mensagem de que não

preciso temer aquilo que desconheço, posso aceitar experiências diferentes que me

impelem a uma nova dimensão, porque sinto que meus próprios passos são respeitados e

não há como recear a perda de estrutura, daquilo que já foi estabelecido e conquistado

(Saturno). A Fé que é exigida de mim não é algo sem base porque está fortalecida na

Terra, na razão, não só no coração. O trabalho requerido de mim é somente a inte-

gração de conquistas passadas à nova perspectiva que está se desdobrando à minha

frente (Urano). Ambas as polaridades são primordiais para a realização e maestria de

minha existência neste planeta, a percepção de algo maior e a concretização desta

percepção!

Quíron, ponte entre o Céu (Urano) e a Terra (Saturno) transporta-me de um nível

energético a outro, da energia dos planetas interiores para os exteriores, impulsionando-

me a mudanças de padrões individuais para universais. Por seu intermédio reconheço a

mim mesma como uma individualidade marcante pertencente a uma ampla rede

65

cósmica. Talvez esta seja uma das maiores contribuições deste “planeta”.

O Mestre comunica-me a mensagem de que é deveras importante que me aperfeiçoe

com liberdade de movimento, desempenhando meu papel dentro da sociedade segundo

meu ritmo pessoal, e acompanhando as mudanças pelas quais o mundo todo está passando.

Ele me encaminha a dimensões mais sutis da vida e quer que regule meu mundo exterior a

partir do relacionamento com minha realidade interna, para que alcance uma maior

harmonização entre meu propósito e destino individuais e o caminho de crescimento da

humanidade.

Quíron, em minha opinião, não precisa ser necessariamente associado a nenhum

signo específico, embora alguns astrólogos questionem sua regência como sendo sobre

Virgem, Libra, Escorpião ou mesmo Sagitário. Nossa consciência está evoluindo e ele,

ligado à iluminação de tudo que nos leva à integração, mobiliza-nos para a descoberta de

nós mesmos dentro de um contexto maior, onde nossa singularidade é manifestada em

benefício de algo maior, onde nos colocamos como um dentro do “UM” maior, onde

somos o todo dentro do Todo maior!

Ponte entre a alma e a personalidade, remete- me a uma busca que contém em si

mesma os dois aspectos de minha realidade dualística, ou seja, algo no mundo material

motiva-me a descobrir meu lugar no mundo, entretanto este algo está estreitamente

ligado à minha realização espiritual, ao desdobramento e concretização de minha

essência. É a mesma coisa vista sob ângulos diferentes! Sua natureza controversa, sua

própria essência dialética, reflete uma união polarizada de opostos, que naturalmente se

complementam.

Para manifestação e harmonização de meu lado divino e animal, assim como o

centauro, sou desafiada a criar novos modos de expressão, novas formas, internas e

externas que representam o novo modelo de ser deste símbolo. Grandioso momento é este

que todos estamos vivendo agora! Numerosas oportunidades temos nós de

renascimento, crescimento, revolução e evolução por intermédio da energia deste grande

Professor, portador da Luz e facilitador para experiências que transcendem o tempo e o

espaço.

Como um grande guia e ajudante na tarefa de superação de meus temores,

conscientes e inconscientes, cuidando de minhas velhas feridas, seu auxílio levou-me a

explorar a mim mesma além do ego, além do significado emocional ou psicológico que

elas pudessem conter. Isto tudo gerou, e gera, continuamente, uma força poderosa para a

manifestação de minha verdadeira natureza espiritual, minha essência.

Envolvendo-me com aquilo que me aflige, tentando compreender o que me impede

de alcançar a sintonia com a vida e com meus semelhantes e de, portanto, atingir a

66

harmonia que tanto desejo, sigo caminhando, com o auxílio deste grande mestre em

direção ao meu Eu Superior. Conhecendo meu eu inferior, aspectos expressos e reprimidos

de minha personalidade, tomo a decisão consciente de procurar também conhecer o

Universo e minha relação com ele, buscando a cura, a harmonia interna e externa, enfim, a

totalidade, superando a mim mesma e os desafios que se me impõem.

Descubro, em todo este processo, uma fonte inesgotável de força e energia, que

desperta minha natureza “mágica”, por meio da qual posso acessar, conforme já

mencionei, outras dimensões, diversos níveis de consciência, que me são de grande valia

para a cura das feridas, minhas e de outros também, provenientes de todas as

circunstâncias que vivencio. Por esta razão, Quíron é conhecido como “O Curador

Ferido”, simbolizando todos aqueles que têm dons para guiar e curar os outros, seja em

que nível for, porque eles mesmos tiveram que se submeter a um processo doloroso e

intenso de purificação e cura. É deste modo que sua natureza arquetípica se manifesta,

movendo-nos além de nós mesmos, rumo ao desconhecido.

E dentro deste quadro de revelação de meu eu profundo, parece que a meta de

transformação do velho ego é experienciar conscientemente tanto situações que lhe

agradam como aceitar experiências negativas, de medo, de destrutividade. É o encontro

com minhas feridas, a aceitação de que as possuo e que não dá mais para evitá-las que

me trará a cura real. Aquilo que feriu, curará é a resposta do oráculo de Delfos à pergunta

de Télephos, que sofria de uma ferida incurável.

Se tenho ousadia para reconhecer aquilo que me feriu, certamente não precisarei

mais causar dor a outrem, nem tampouco projetá-la sobre ele, por isso sei que abrindo

mão do controle e entregando-me a algo maior, sintonizo-me com o Divino em minha

vida. E, concluindo, aquele que sentiu a dor na própria pele, que transcendeu os valores

familiares e que possui uma estrutura de ego fortalecida está capacitado a orientar outros

que sofrem para que a transição a um novo mundo seja efetuada com mais leveza e

tranquilidade.

A casa de Quíron, reveladora do nível de entendimento que possuímos em relação à

alma, funciona como um poderoso ímã que atrai experiências que reforçam aqueles

primeiras vivências de muitas dores e rejeição que sofremos em nossa infância. É nesta

área de nossa vida que boicotamos mudanças que trariam harmonia a nós, e é também

neste lugar que usa- mos de subterfúgios que nos impedem o confronto direto com nossas

dores, confronto este que nos levaria ao sentimento de unidade que tanto almejamos. Aqui

temos um grande potencial latente para a descoberta de métodos conectados a nossa cura.

Quíron engloba não só o curador, como o ferido e também aquele que fere, o

agressor, e creio que posso dizer que nem tudo aquilo que exteriorizo corresponde a uma

necessidade real de meu eu interno. Às vezes, tomada de uma grande ilusão de mitigar

67

meu sofrimento, termino por acrescentar mais dores a ele, perseguindo dores onde elas nem

mesmo existem.

Por que todos nós tendemos a repetir experiências semelhantes àquelas que nos

causaram a ferida?! Naturalmente na esperança de sermos curados da mesma! No

entanto, muitas vezes as condições mudam, o cenário é outro e somos ainda incapazes

de nos livrar do passado. Seria muito simples se conseguíssemos viver e elevar nossa

consciência a um plano superior, sem tantas complicações. Realmente a teoria é sempre

mais fácil...

Por que evitamos colocar em prática aquilo que já aprendemos e reaprendemos?! O

que está dificultando, muitas vezes, o primeiro passo para a transição ao novo? Como

transmutar crenças ultrapassadas que nos deixam estagnados, parados como se nós e

nossas dificuldades estivéssemos dentro de um grande atoleiro? É mais do que natural que

a ferida vá crescendo cada vez mais, até que nos vejamos na obrigação de buscar a cura e o

alívio de nossa aflição. Como consequência, agravam- se os sintomas, tanto a nível físico,

como emocional e mental.

Onde ele se faz presente em nosso mapa natal, é ali que a flecha do Centauro nos

atinge com tamanha intensidade que nossas vivências nesta área são sempre mescladas

simultaneamente de dor e lenimento. Embora pareça que haja uma dissociação entre nosso eu

interno e externo, importa que compreenda- mos aqui que estamos, deveras, procurando um

equilíbrio entre estes aspectos. É salutar, portanto, que tentemos movimentos de aproximação

para que resgatemos nossa integridade.

Independentemente do signo, da posição e dos aspectos envolvidos com o corpo

celeste, a temática do “curador ferido” revela a mesma dinâmica energética que diz que a

doença traz a cura, e o sofrimento contém em si o potencial de alívio, pois é este

sofrimento que me possibilita criar algo totalmente único e singular, após aceitar minha

verdadeira natureza interior e minha relação com o Self, que a tudo inclui. É minha

grande dor que me transporta a novas decisões e atitudes perante a vida, desperta

minha potencialidade de crescimento, e impulsiona-me a caminhar em busca de

soluções para ela.

O que causa desconforto e dor torna-se o desafio que instiga a alma a realizar todo o

seu potencial para vir a ser uma criação única e individual. •(43)

Desta forma posso, então, servir como facilitadora do processo de outros com

dores semelhantes.

Dizem que o sofrimento é inerente na vida do busca- dor. Apesar disso, o Mestre

nos transmite a mensagem de que novos padrões de pensamentos podem surgir e levar-

nos a nosso destino sem que passemos por grandes aflições.

68

Quíron possui inúmeros significados e, seguramente precisaria de milhares de

páginas para abordar tudo que está relacionado a ele, entretanto seu papel de grande

reconciliador não pode deixar de ser várias vezes reafirmado por mim neste trabalho

sobre o autoconhecimento. Com a reconciliação do interno com o externo, o alívio de

nossas feridas se processa, sejam estas individuais ou coletivas. Mesmo que não tenhamos

uma ferida só nossa, aquela que diz respeito à coletividade é como uma névoa a nos

impedir, de certa maneira, que alcancemos a paz tão sonhada, afinal o todo se expressa

no um, e o um também se reflete no todo! Como, então, fingir que o que vemos não nos

pertence e descansar negligentemente diante de tal cena?!

Neste longo caminho que empreendemos, muitas vezes, solitariamente, quem já não

ouviu falar da tão temida “noite escura da alma”? Somos sacudidos diante de nós mesmos,

compelidos a enfrentar nossos próprios demônios, nossa própria escuridão e ficamos face a

face com aquilo que nos desagrada em nós mesmos. Enfrentamos a morte, literal ou

simbolicamente, e de repente, voltamos à vida, retornando desta jornada xamanística com

renovada força interior, prontos a perdoar a nós mesmos, ao nosso passado, àqueles que nos

feriram. Na verdade, estamos prontos a servir de curadores a nós mesmos e a todos que tam-

bém estão em busca de sua inteireza, de sua integridade.

Evidentemente, recebemos ajuda dos que também são nossos companheiros,

combinando a vida que levamos neste mundo com a vida no reino dos céus, ou seja,

integrando nosso lado consciente com o inconsciente.

Quíron é sentido de modo diverso em cada indivíduo, e a área onde ele se localiza em

seu mapa natal, reveladora, mui- tas vezes, de uma profunda ferida de natureza física,

emocional, mental ou espiritual, é considerada deveras significativa para o alcance de um

nível de conhecimento, unidade e plenitude que pode ser um grande presente para toda a

humanidade.

Sua localização desvenda, também, a natureza de nossa contribuição para o todo,

trazendo à tona, revelando, a partir da ferida, nosso ponto de criatividade, o modo como

seremos lembrados, enfim, nossa imortalidade. Por que não reconhecermos que nosso

dom, além de servir como ajuda ao próximo, também pode ser utilizado em prol de

nosso próprio crescimento e cura?!

Este pensamento traz dentro de si uma promessa de alento, mesmo embora, diversas

vezes, no meio do caminho, em busca do autoconhecimento, depare-me diante do abismo e

não veja alternativa, a não ser dar um grande salto para o novo, sem saber se encontrarei o

chão debaixo de mim, novamente. Minha natureza de guerreiro se revela, sobremaneira, neste

grande momento.

Arriscarmo-nos não somente ao envolvimento com nossas mágoas e

ressentimentos como também com nossos dons é o que se pede de todos nós, nesta fase

69

de transição por que estamos passando, momento em que novos padrões de

desenvolvimento emergem.

Sinto-me inclinada a associá-lo ao coração, que me desperta o sentimento de estar

unida a todos; é ele que me motiva a viver, que me insufla a aspiração de continuar meu

caminho seguindo a luz ofertada por ele, e é pela conexão que mantenho com o mesmo

que meu Eu Superior transmite seus apelos. Será o coração a sede da alma, como tantos o

dizem?! É aí que me coloco ao buscar uma união maior com o divino que habita em

mim.

Enquanto Quíron é a ponte entre meu mundo pessoal e o transpessoal, que liga

minhas experiências subjetivas a um contexto social, o coração, segundo a filosofia

oriental dos Chakras ou centros de energia, é a ponte entre e céu e a terra, isto é,

correspondendo ao quarto centro, ele conecta os chakras considerados terrestres aos

celestiais. O homem, por sua vez, está suspenso entre os dois reinos e participa de ambos

ao mesmo tempo. Quíron, o homem e o coração, cada um a seu próprio modo, são

mediadores entre estas duas naturezas e incorporam em si as duas polaridades: matéria e

espírito.

Sua função não se restringe somente a uma pura ligação entre estes dois níveis,

porém é transformadora. Quíron é Amor e está vinculado ao coração compassivo que a

tudo inclui, nada julga, acolhendo as experiências assim como elas chegam a ele,

transmutando suas energias e distribuindo-as de forma mais harmoniosa para o

equilíbrio do todo. Minhas mãos recebem a energia transmutada e, com minhas ações,

transmito-a ao ambiente que me circunda. Sentimentos e disciplina interligam-se

intimamente, e isto gera bem-estar em minha vida; mãos e coração se unem, entrelaçam-

se e se correlacionam, como se em ambos a consciência estivesse presente.

Partindo, então, do Arquétipo da Totalidade, do Self, em minha busca por

integração, inteireza e unidade, em meu esforço em direção a uma união entre o mundo

interior e exterior, é natural que enfrente alguns conflitos externos, cujas causas,

possivelmente, atribuirei a algo fora de mim, eximindo-me da responsabilidade pessoal

diante de acontecimentos que afetam a mim e a meus semelhantes. A partir do momento

em que tomo consciência de que faço parte de um todo maior, percebo que contenho em

meu interior, não somente o que diz respeito à minha história de vida pessoal, como

também aqui- lo que pertence a toda a humanidade, aquilo que faz parte das experiências

de seres de todas as épocas que me precederam e de um futuro ainda por se realizar.

70

X- QUÍRON E O DOM DE CURA

NO MAPA DE NASCIMENTO

Nosso medo mais profundo não é que somos inadequados, nosso medo mais

profundo é que somos demasiadamente poderosos. É nossa luz, não nossa escuridão,

que mais nos atemoriza. Nós nos perguntamos quem sou eu para ser brilhante,

maravilhoso, talentoso, fabuloso? Realmente, quem é você para não ser tudo isso? Você

é filho de Deus. Ser menos do que você não serve ao mundo. Não há nada de

iluminador em diminuir- se a si mesmo para que outras pessoas sintam-se seguras à sua

volta. Nós nascemos para manifestar a glória de Deus que está em nosso interior. Ela

não existe apenas em alguns de nós, ela reside em todos. E conforme deixamos nossa

própria luz brilhar, inconscientemente permitimos aos outros que também façam o

mesmo. Quando estamos libertos de nossos próprios medos, nossa presença

automaticamente liberta os outros. •(44)

Sabendo que a vida é constante movimento e em nós jazem forças que temem o

crescimento e o uso do poder, é natural que o processo de mudanças venha, muitas vezes,

acompanhado de algumas dores.

Servindo-me de um dos aspectos mais significativos de Quíron, em minha opinião,

que é o de reforçar pontos fortes do indivíduo, reconhecer sua individualidade e

favorecer o crescimento equilibrado, pretendo, por meio de poemas e pensamentos que

representem a simbologia dos doze signos zodiacais, apresentar Quíron nos signos e

também sugerir meios de se poder trabalhar com ele no mapa natal. Gostaria de salientar

que a fragmentação signo por signo será feita por mim, simplesmente para que se possa

detectar com maior clareza quais empecilhos impedem aquele indivíduo de alcançar um

equilíbrio em sua vida.

Sua leitura poderá ser de grande valia, mesmo que você não saiba em que casa ele

se localiza em seu mapa natal. Para obtenção deste dado, isto é, para verificar onde ele

está localizado no ano de seu nascimento, consulte a tabela anexada após as notas

bibliográficas, tabela esta que pode ou não estar de acordo com outras encontradas no

momento atual. Certamente não me perderei em considerações teóricas aprofundadas

concernentes à astrologia, pois pretendo somente enfocar, com o mestre Quíron, um

aspecto representante do Todo que ele nos proporciona.

Obviamente, apenas o signo ou sua posição no mapa (sem ligá-lo a outros fatores)

não é suficiente para uma análise mais detalhada da vida de uma pessoa, todavia ela

71

fornece uma grande pista do que necessita ser integrado em sua história pessoal. Todos

os pontos que menciono devem ser encara- dos como elementos de uma regra geral, cuja

adaptabilidade, certamente, deverá ser aplicada a cada situação única. Como já

explicitado anteriormente, a vivência deste corpo celeste é muito mais importante do

que qualquer teoria consultada sobre ele.

Inúmeros significados arquetípicos tenho à minha disposição na análise de Quíron,

todavia inclino-me, às vezes, a uma abordagem centrada em minha observação e prática, o

que não significa que esteja desconsiderando outros aspectos essenciais da natureza deste

Mestre. Empenho-me que meus relatos sejam imbuídos de um caráter mais geral, embora

saiba que, muitas vezes, eu peque pela unilateralidade que pode macular a sua beleza. Que eu

consiga alcançar um pouco este meu intento, com todas as limitações naturais que

porventura possa apresentar.

Em vista disto, atraio muitas pessoas que estão em sintonia com o que tenho para

oferecer e receber, e creio que isto acontece, provavelmente, com todo profissional que

lida com o ser humano. Devo admitir, contudo, que Quíron também se revela a mim de

modos diversos quando me encontro num estado de maior abertura a meu próprio eu

interno e a elas.

Convém ressaltar que em cada signo ele terá um colo- rido diferente, dependendo

da casa em que estiver localizado, entretanto o ponto focal sempre está intimamente

ligado ao sentido simbólico do signo analisado. O mesmo vale para os aspectos

formados entre os outros planetas e Quíron, e os trânsitos em meu mapa natal que,

segundo as circunstâncias vividas, apontam-me novas chances de acessar camadas mais

profundas de meu ser interior e, deste modo, estimulam-me a um estado de inspiração,

sabedoria, compaixão e, consequentemente, a uma expansão de consciência. Testes,

provas e tarefas se me apresentam para que o encontro com Quíron aconteça

conscientemente, e é durante certos trânsitos importantes que sinto com maior

profundidade meu senso de propósito. Estarei aproximando-me cada vez mais de meu

verdadeiro papel no mundo, de minha natureza heróica, de minha autêntica essência?

A duração de seu ciclo varia de 49 a 51 anos, e nesta fase estamos diante de um

grande momento em nosso caminho de individuação. Seremos ou não capazes de

integrar nosso lado masculino, ativo com o feminino, receptivo? Hora do equilíbrio de

forças, quando temos condições de reconhecer que nossa ferida “quirônica” pode ser

ofertada em forma de qualidades e serviço ao mundo externo. Ainda não possuímos

todas as respostas às dúvidas e questões de nossa jornada, não somos especialistas com

soluções prontas, e talvez seja isto que torne a experiência mais viva, mais envolvente.

Um senso de destino é cada vez mais forte dentro de nós, e é este sentimento que vai

definir os anos vindouros.

72

Vivenciei o retorno de Quíron anos depois de ter escrito sobre este tema, e posso

confirmar que a teoria se fez prática, pois recapitulei muitas experiências vividas em

anos anteriores. A estabilidade emocional tão esperada ainda não se fez presente,

contudo tenho segurança de que ela virá, talvez no momento da entrega, ao reconhecer

que existe algo mais sábio que me guia os passos. A graça virá ao meu encontro, e o tão

sonhado casamento interior terá sua concretude. Fruto já meio maduro desta experiência

é o trabalho sobre Quíron, ou melhor, é a decisão de compartilhá-lo com o mundo!

A cada dia que passa a quietude se instala em relação à busca externa de meu lado

masculino. E o que é um dia para o espírito, ser imortal?!

A consciência que tenho de sua energia é muito intensa, e sei que a cada trânsito

tenho novamente a possibilidade reforçada de lidar com minha ferida e meu dom.

Oscilações em meu comportamento que me tiravam do eixo diminuíram

progressivamente- o que não significa que os desafios o tenham- quando ele, no céu,

coincidiu com sua posição natal em meu mapa e muitas feridas foram curadas.

Descortinou-se diante de mim uma nova fase de criatividade e pude recebê-la com a

“mente” aberta. Que assim seja!

Segundo a observação de minha vida, de meus amigos, alunos e clientes, o seu

retorno evoca algo semelhante àquilo que a sociedade estava passando no momento do

nascimento. No ano de 2002, ao começar a escrever sobre o Mestre, Quíron encontrava-se

em Capricórnio e conflitos eram vividos pelo coletivo no tocante à estrutura de nossa

sociedade. Muitos de nós fortalecemos a determinação de consolidar nosso papel no

mundo, buscando a sintonia com nosso eu mais profundo para manifestarmos nossos

talentos em nossa carreira, por exemplo. Em meu caso, libertei-me de laços que me

prendiam a um papel que não mais servia ao meu caminho e ardentemente voltei-me ao

anseio de minha alma que aspirava somente à aprovação de meu interior. Em minha

realização profissional não mais lutava pelo reconhecimento público (de meus pais,

amigos e da sociedade) de minhas habilidades. O que mais me importava intimamente

era a aceitação de minhas escolhas, mesmo que erros daí adviessem.

Terei eu meios de contribuir para a sociedade com tudo que adquiri ao longo dos

anos na tentativa de curar-me? Posso, então, concluir que minha ferida também tem a

ver com a ferida do coletivo? Que ela não é simplesmente só minha, ou só do coletivo e

partilhamos algo em comum? Será que a minha ferida também foi acidental como a de

Quíron? Ou é algo que trago há tempos dentro de minha alma?! Ou seria uma mescla de

tudo isto?!

É a hora do grande salto evolucionário! Podemos ou não pular... Passamos por crises

individuais, de saúde, nos relaciona- mentos, dentro de grupos, no trabalho, entretanto

juntamente com estas dificuldades existe o aumento de consciência e nosso potencial de

73

curador também se eleva! Podemos, nesta ocasião, avaliar os padrões de resposta

“alquímica” natural que provêm de nosso relacionamento com Mestre Centauro.

Dividamos, então, os frutos da experiência adquiridos com todos que deles necessitam!

Vivamos no aqui e no agora, que é o maior ensina- mento de Quíron. Hora da liberação do

passado e do desapego em relação ao futuro! Hora da eterna mudança do presente!

Antes de iniciar “Quíron nos signos”, gostaria de mencionar o trajeto que todos

percorremos pelos doze signos do Zodíaco, incorporando lições e qualidades,

masculinas e femininas, a serem desenvolvidas ao longo dos anos, lembrando que estas

qualidades apenas sugerem conceitos relacionados à atividade (masculino) e

receptividade (feminino), sendo características essenciais na formação do ser humano

íntegro.

De Áries a Virgem existe um aprofundamento de meu lado subjetivo, um trabalho

interior que preciso por em execução antes de lidar com o grupo maior. Desenvolvo

minha capacidade de tomar iniciativas em Áries, partindo em busca de minha

identidade, para responder a pergunta que tanto me envolve em meu caminho de

individuação, que é a seguinte: “Quem sou eu?” Em Touro, com muita paciência e

perseverança, vou construindo minha estrutura egóica, para, em Gêmeos, partilhar minha

natureza com os outros, procurando, então em Câncer, minha própria nutrição, e nutrindo

também aqueles que me cercam. Expresso minha criatividade e liderança e permito que a

autoconfiança ilumine o meu viver, em Leão, para finalmente poder unir os opostos

masculino e feminino no signo de Virgem, servindo, então, à comunidade.

Este seria meu percurso ideal, se eu não tivesse que me libertar de tantas amarras

que me impedem de ser eu mesma, para poder manter um relacionamento maduro com

os outros no signo de Libra, deixando de acreditar que somente no outro existe aquilo

que me falta para tornar-me um ser completo. Em Escorpião tenho que enfrentar o

mundo subterrâneo, o mundo do inconsciente e as transformações, renascendo e

surgindo das cinzas para, em Sagitário, comprometer-me com minha expansão e abrir-

me ao desconhecido, procurando o apoio em uma força mais elevada, não mais

confiando somente em minha mente concreta. Capricórnio, com sua dignidade e

nobreza, ajuda-me a trazer o eu superior à realidade material, e em vista de tudo que

alcancei individual e coletivamente, procuro servir à humanidade e compartilhar meus

ideais fraternos, como todo Aquariano o faz. Finalizo minha obra em Peixes, unindo-me

ao todo maior e expressando uma grande compaixão por todos. A partir daí, o ciclo

recomeça... Naturalmente este não é um trajeto linear, sequencial, processando-se em

círculos, cujos movimentos, embora independentes uns dos outros, apresentam-se

interconectados.

E quanto ao Dom que Quíron nos proporciona? Resumindo suas características

74

nos signos, sob a perspectiva dos elementos fogo e ar, de um lado, e terra e água, de

outro, representados respectivamente pelas trilogias de signos masculinos e femininos,

Quíron nos signos de fogo- Áries, Leão e Sagitário- está relacionado ao Dom de

Criatividade, de minha expressão singular, meu espírito de liderança e busca de sabe-

doria. Nos signos de terra- Touro, Virgem e Capricórnio- ele diz respeito ao Dom de

Concretização da Individualidade, por meio da perseverança, do trabalho e utilização de

meus recursos internos aliados aos externos. Os signos de ar- Gêmeos, Libra e Aquário-,

expressos por Quíron, transmitem o Dom dos Relacionamentos, através da comunicação

e aprendizado com os outros, da cooperação, do amor e do espírito de união fraterna,

momento em que então, encontro a mim mesma. E, finalmente, a trilogia dos signos de

água- Câncer, Escorpião e Peixes-, concede-nos, por meio de Quíron, o Dom da Entrega

pela nutrição emocional, transformação e amor compassivo. Eu e o outro, a Unidade e a

Totalidade, a integração de todos os aspectos de minha personalidade em harmonia com

meu Eu espiritual.

Trabalharei com os opostos complementares, pois este é o objetivo de Quíron, e da

Astrologia, em geral. Não mencionarei o significado de Quíron nas casas, tampouco seus

aspectos com outros planetas, contudo novamente ressalto que sua simbologia nos

signos está intimamente ligada à simbologia das casas, ou seja, Quíron na primeira casa

aparenta similaridades com Quíron em Áries, que é o ocupante da primeira casa do

zodíaco, Quíron na segunda casa é semelhante a Quíron em Touro, e assim por diante.

Espero ter elucidado que o entendimento de que partilho com outros feridas e dons

semelhantes é o que se destaca no trabalho de Quíron para que possa referir-me real-

mente à cura. O sentimento adquirido de que não estou isolada, de que me encontro

unida a todos e tudo é a expressão de Quíron, e a transição da dualidade em direção à

unidade chega-me com a vivência do momento!

x.a- Integração das Polaridades e Abertura ao Novo

x.a1- Quíron nos Signos de Áries e Libra:

A Consciência do Eu e do Outro

Jamais deixe de ser criança...

Não deixes de sentir, gostar, ver e extasiar-te diante de coisas tão grandes como o

ar, o vôo e os sons da luz do sol em teu interior.

Se quiseres, usa a máscara para proteger a criança do mundo, mas se permitires que

a criança desapareça, terás crescido e já não estarás vivo. •(45)

O que se busca no signo de Áries? Se ele não existisse, simplesmente não

75

conseguiria colocar os pés no chão, no início do dia! Em Áries vejo o ideal e a vontade

de começar novos projetos, de dar início a novas situações, de ter coragem de tomar

iniciativas que fazem de mim um grande guerreiro em busca de minha identidade, de

minha marca no mundo, daquilo que me confere dignidade e singularidade. É aqui que

aprendo que a verdadeira liderança é ser líder de mim mesma, é ter disposição para

nascer de novo após cada experiência vivida, pronta a cumprir meu destino dentro do

todo e liderar seguindo a natureza maior, o bem de todos, independentemente de

aprovação da maioria.

Assemelho-me ao Sol, grande astro de nossa galáxia e, como pequeno sol de meu

universo, expando o brilho de minha individualidade, irradiando minha energia

vitalizadora ao ambiente que me cerca. Exerço, assim, meu lado de liderança, olhando

para mim mesma com abertura e partilhando minha receptividade em relação ao outro.

Sim, quando crianças fomos muitas vezes feridos em nossa individualidade, entretanto

a força de ser quem somos real- mente sempre esteve presente em nosso interior, mesmo que

nossas feridas, sejam elas acidentais ou não, ainda nos impeçam de atingir este objetivo,

porque em nós jaz um tesouro escondido, pronto para ser descoberto, se simplesmente

seguirmos aquilo que nos motiva em nosso caminho, com inocência, espontaneidade e

pureza de sentimentos. E não é isso que a criança realiza naturalmente? Ao caminhar em

cima de pedras e colhe uma flor, sente que é una com a natureza, e talvez por esta razão não

compreenda quando os adultos lhe dizem que pisar nas flores “é algo contra a natureza”. Olha

para os adultos, surpresa, e não entende o significado da frase. Existem outras maneiras de se

ensinar uma criança, mas estamos aprendendo ainda e temos tempo para nos lembrarmos dos

sonhos que um dia acalentamos para caminharmos ao encontro de sua realização...

Os primeiros passos em direção a meu verdadeiro eu, à redescoberta de quem sou,

são, com certeza, titubeantes, as- sim como aqueles dados pela criança que começa a

descobrir o mundo, contudo são eles que vão levar-me à expressão de minha

singularidade, dentro de minha relação com o outro.

Como podemos nós- professores, terapeutas, pais-, ser os modelos para a criança

em desenvolvimento, de modo que ela manifeste sua verdadeira essência? Criá-la em

uma atmosfera de respeito, serviço e cooperação é o mínimo que se requer de quem a

educa. Por isso o autoconhecimento é o bem maior que está disponível a todos nós que

queremos trabalhar para um mundo de paz e harmonia. Ao nutrir minha criança inte-

rior, ouço carinhosamente seus pedidos e questionamentos, e não a obrigo a calar-se.

Começo, então, a reaprender a cultivar o amor por mim, por tudo e todos, voltando a

sentir novamente, em meu interior, o crescimento da fraternidade em relação aos que me

cercam e fazem parte de minha vida. Harmonizando os aspectos femininos e masculinos

em minha natureza interna, abro espaço para a integração em minha pessoa. Logo, ao

76

alimentar hoje esta pequena criança, posso cuidar daquilo que, acidentalmente, foi

negligenciado em minha infância.

No meu dia-a-dia, encontro-me sempre diante de oportunidades para obtenção de

minha própria cura e de meus alunos/filhos, e sempre há a possibilidade de ativar o

arquétipo Mestre/Aprendiz, onde existe uma fusão, e aquele que ensina se torna o que

aprende e vice-versa.

Como entrar em contato com aquilo que, aparente- mente, ainda dissimulo diante

do próximo? Creio que o nascimento de uma criança representa um dos maiores

incentivos a todo aquele que busca o Ser Total, que busca resgatar seu lado inocente e

puro. Olhar para um ser cujos olhos brilham e refletem uma grande confiança no ser

humano, faz despertar em mim a vontade de voltar a ser criança novamente, vivenciando

minhas experiências de adulto, entretanto. Qual o valor de se ter olhos puros se não há

alguém que possa vê-los?! O mestre encontra no olhar de seu aluno a motivação para

continuar exercendo o magistério e, da mesma maneira, o aluno é contagiado pelo

entusiasmo refletido no olhar do professor, descobrindo nele incentivo para o

aprendizado.

A seguinte história “Quem é o mestre?” caracteriza bem os opostos Áries e Libra,

um servindo como espelho do outro:•(46)

Um discípulo perguntou a Nasrudin:

- Como você se tornou um mestre espiritual?

-Todos nós já sabemos o que precisamos fazer em nossas vidas, mas nunca aceitamos

isso muito bem- respondeu Nasrudin. – Para entender esta verdade, precisei passar por

uma situação curiosa.

“Certo dia, eu estava sentado na beira de uma estrada, pensando no que fazer,

quando chegou um homem e postou- se diante de mim. Para afastá-lo dali, eu fiz um

gesto, e ele o repetiu. Achei aquilo engraçado e fiz outro gesto; ele me imitou, acrescentando

o novo movimento.

“Nós começamos a cantar e a realizar toda sorte de exercícios. Eu me sentia cada vez

melhor, e passei a adorar o meu novo companheiro. Algumas semanas se passaram, e um dia

eu lhe perguntei:

‘ Diga-me: o que devo fazer a seguir, Mestre? ’

“E o homem replicou: ‘ Mas eu pensei que você era o mestre! “

77

Falar em Áries, obrigatoriamente me impulsiona a lidar com seu signo oposto

complementar, Libra. Competir e cooperar, buscar o eu e o outro, dentro e fora de mim ao

mesmo tempo. Sim, o outro- Libra- é importante para que tenha uma visão de mim mesma,

para que me veja como sou e para que tenha a possibilidade de expressar meu eu dentro de

uma parceria, seja ela qual for. Quanto mais me empenho na realização de mim mesma,

melhores relacionamentos poderei viver! E isso é um dos requisitos em direção a um

grande casamento com o divino em minha vida! É este desenvolvimento, esta celebração,

que tal- vez todos nós estejamos almejando, em menor ou maior grau. Elevar minha

consciência a um plano onde a união com tudo e todos se realiza é o que me motiva em

tudo aquilo que vivo!

A maior lição que aprendi relacionando-me com estes dois signos, que se

relacionam à Consciência do Eu e do Outro é que ousar pensar livremente é o que me

move a agir de maneira mais genuína também. É este navegar com o próprio espírito que

me carrega, serenamente, ao encontro da Divindade, cuja semente é plantada por Áries e

cultivada por Libra. Consequentemente, o relacionamento entre duas pessoas é, sem

dúvida alguma, uma grande oportunidade para a criação de uma união mística, uma

união onde cada um ex- pressa sua singularidade e se funde, ao mesmo tempo com o

outro. No espaço de silêncio criado, posso ir além de minhas próprias defesas e do outro

e ajudar tanto a ele com a mim no processo de resgate daquilo que perdemos em algum

momento da estruturação de nosso ego.

É a ousadia de orientar-me segundo minha própria natureza, agindo

espontaneamente, seguindo meus próprios pensamentos e sentimentos, que me leva ao

encontro com o outro. Usar meu referencial primeiramente e reconhecer que é de mim

que tudo brota é uma das maiores façanhas que fazem de mim um “Herói”!

Compartilhar minhas conquistas em todos os âmbitos reforça meu papel de servidor da

humanidade. Cada um, com sua singularidade, oferece sua melhor contribuição, que é,

em minha opinião, o Amor a si mesmo, a Consciência de si mesmo (Áries) e Amor ao

próximo, a Consciência do Outro (Libra).

Se meu aluno/cliente/filho tiver Quíron em seu mapa natal localizado no signo de

Áries, ou na primeira casa, e ele não estiver conseguindo se colocar diante do mundo,

aconselho-o a buscar o resgate de seu lado masculino competitivo e a se dedicar a

atividades que possibilitem tal intento, atividades estas que o auxiliem a dirigir e canalizar

sua agressividade, combatividade e necessidade de autoafirmação, de modo que ele possa

expressá-las harmoniosamente, tais como prática de esporte, lutas marciais, competições de

diversos tipos, exercícios de visualização criativa, meditação ativa, sem negligenciar

também a expressão de seus pensamentos e sentimentos através da escrita, da arte, do teatro.

Um pouco de sol seria outra opção! Naturalmente todas estas sugestões serão sempre

78

adaptadas à faixa etária da pessoa envolvida na questão e a outras particularidades de sua

vida. Minha intenção é reforçar sua vontade, estimulando-a a determinar claramente seus

objetivos, primeiramente a nível pessoal e a seguir, em outro nível mais universal.

Minha criatividade, minha energia de fogo, meu entusiasmo devem estar presentes

em todos meus atos para que eu deixe minha marca no mundo. Aqui incluo também Leão e

Sagitário. Cada um deles manifestará a força ígnea de modo diferente, contudo as

recomendações também são extensivas a eles. Quíron em Áries busca a descoberta e

concretização de sua própria individualidade, de sua liderança, a libertação de sua angústia

e dor por não ter sido aceito ou reconhecido exata- mente como era, por isso ele está sempre

procurando responder à pergunta “Quem sou eu?”, com simplesmente “EU SOU!”

O grande Mestre revela-nos aqui que temos o direito de existir, de explorar e

descobrir o mundo e o significado de nossa presença na Terra. Temos um nome que é só

nosso! Te- mos uma marca pessoal que também pertence somente a nós! O curador

ferido em Áries é aquele que nos concede a força de SER! Ele nos ensina a usar e canalizar

a potente energia criativa que está em nosso interior, transformando a agressividade e

frustração, que eventualmente sentimos em nossa infância, em iniciativa e coragem,

impulso para iniciar novas coisas. Ele também nos transmite a energia de pioneirismo

que motiva outros a encontrar a sua própria liderança!

Quíron em Libra é decorrente de sua posição como indivíduo singular. Ambos os

signos, ÁRIES e LIBRA, estão interligados e precisam um do outro. Seu Dom é

compartilhar o amor, sua essência, seus pensamentos e sentimentos, para que vivamos

autenticamente uma vida em parceria. Associamo-nos aos outros para construir novos

sonhos, novas casas, novos castelos, coloridos pela natureza dos relacionamentos,

amizade, trabalho, amor...

O outro, suas necessidades, seus sonhos, suas fantasias, seu corpo, enfim, seu

referencial juntamente com o meu, com minha personalidade, minha essência, são,

entretanto, os fatores primordiais que mais interessam em uma relação, independente de

sua natureza. Importa mais o que sou do que aquilo que faço. Certamente não tenho a

pretensão de invalidar o treinamento recebido numa formação acadêmica, se o encontro

com o outro for a nível profissional! O que considero harmonioso é agir segundo minha

natureza interna, pois quando a contrario, provoco uma cisão em minha vida, o que

resulta na fragmentação e polarização apenas no fazer, e na negligência de minha

própria essência espiritual.

O Amor é a grande força motivadora que flui em tudo e em todos, é o que sustenta

a maioria de nós diante de todos os obstáculos que possamos enfrentar e a mola

propulsora que nos incita à unidade, integração e transformação! Sempre que damos

amor a uma pessoa, recebemos a nossa própria nutrição, e creio também que uma

79

entrega a uma consciência mais elevada somente exista quando há Amor. O que são

grandes feitos se o Amor não está presente? Não acredito que eles sobrevivam ao

tempo...Amor é Deus, Self, Buda, enfim tudo aquilo que considero maior do que eu

mesma! Por meio do Amor sou capaz de transcender meus limites de preferências e

aversões, vivendo, então, em sintonia com o cosmo. Amando ao próximo, tendo

consciência do outro, aproximo-me de mim mesma, e amando a mim mesma, tendo

consciência de mim, posso chegar até ele!

Vejo no outro, enfim, minhas próprias deficiências, pois ele é o espelho que reflete

o que se esconde em meu interior. E se os defeitos do outro me incomodam

intensamente, tenho certeza de que também eu os possuo. Quando a intensidade não é

tão grande assim, eu sei que eu tenho as falhas, mas tal- vez elas não se manifestem em

meus atos.

Quantas vezes não constatei que não é com o outro que tenho dificuldades e sim

com meu próprio eu! A discussão travada com o outro, seja ela verbal ou não, está

sempre carregada com minha própria frustração de não ser capaz de realizar uma

harmonia interna. Em inúmeras ocasiões repeti comportamentos incomuns, talvez por

ter receio de me confrontar com meus próprios erros e feridas e deixei de me aproximar

do outro, argumentando uma pretensa objetividade e esquecendo-me de tentar

compreender seu universo pessoal. E quanto ao abuso de autoridade? Por que quando

temos o poder corremos o risco de fazer mau uso do mesmo?! Onde fica o amor? Na

realidade trata-se de amor-próprio! Como lidar comigo mesma e com o outro de modo

amoroso?

Com Libra também aprendo a aceitação, de qualidades consideradas negativas em

mim e nos outros. Logo, sou auxiliada no resgate do que é positivo e que só consigo ver no

outro, espelho que reflete o que existe em meu interior, e leva-me a “refletir” sobre aquilo que

desejo em mim e em meus relacionamentos.

Quíron neste signo leva-me a uma ampliação de consciência no encontro com o

outro, também quando este atua como minha própria Sombra, uma vez que este confronto

aproxima-me cada vez mais da integração de minha personalidade.

Minhas feridas são limpas e curadas com o Amor e o Perdão por mim e pelo outro,

e minha dor é suavizada sempre que tenho a chance de confortar alguém que sofre.

Todavia, é somente em meu interior que posso encontrar o caminho que vai conduzir-me

à verdadeira realização, uma vez que o outro apenas me ajuda a evocar as qualidades

necessárias para esta harmonização.

Um belo trabalho com Quíron em Libra e nos outros signos em Ar- Aquário e

Gêmeos – segundo astrólogos renomados, poderia ser feito por meio do canto, da dança,

dos instrumentos, da leitura em voz alta, da escrita, de trabalhos com a respiração, com

80

a voz, enfim com tudo aquilo que está ligado ao elemento ar.

Importante ressaltar que um indivíduo com Quíron em Áries pode ter um

sentimento de autoafirmação e independência tão exacerbados que de repente em sua

afobação não perceba o outro em seu caminho. Lembremos, entretanto, que o mestre

Quíron sempre foca mais nos talentos e qualidades do que nas falhas de seu aluno,

portanto é a isto que darei mais atenção neste meu trabalho.

Finalizando a polaridade masculina Áries-Libra, posso dizer que o Mestre Quíron

apresenta-se a nós como o professor da arte dos relacionamentos, mostrando-nos que

autoconhecimento verdadeiro talvez não esteja relacionado somente ao processo clínico

a que nos submetemos individualmente, e sim a todas as descobertas que ocorrem na

parceria com o outro e até mesmo dentro de um grupo. Estas descobertas, por sua vez,

podem ser sempre coloridas pela experiência do próprio indivíduo.

x. a2- Quíron em Touro e Escorpião: Valores Pessoais e do Coletivo

O que a lagarta chama de fim do mundo,

o mestre chama de borboleta. •(47)

Sim, a vida é transformação constante, e se me deixar atolar diante de certas

ilusões no meio do caminho, com receio de continuar minha jornada, haverei de perder

aquilo que construí e conquistei ao longo da mesma. Pretendo, portanto, arriscar a trilhar

a estrada não percorrida anteriormente, a estrada desconhecida, inusitada, com fé diante

das escolhas à minha frente!

Touro e Escorpião estão relacionados a meus recursos interiores e exteriores, ao

processo de envolvimento e desapego, ao compartilhamento de meus dons e talentos

com a sociedade, à troca de energias e à transmutação de um estado de ser para ou- tro.

Como posso descobrir meus valores pessoais, levá-los para dentro do grupo e do

coletivo absorver seus valores? E quanto aos valores eternos? Como resgatá-los na

conciliação destes opostos?

Considerando que Touro está relacionado às posses, aos tesouros, aos valores,

estes não são apenas os materiais e sim todos os valores que possuímos, também os

emocionais e espirituais. O eixo Touro-Escorpião lida com o meu dinheiro e o do outro,

valores pessoais e do coletivo, enfim, algo para reflexão, já que muitas pessoas sentem

dificuldades em lidar com o dinheiro quando se dizem ligadas à espiritualidade. Se os

valores espirituais e materiais são ambos assuntos da casa de Touro, não há como

combiná-los? Como desenvolver um trabalho que reflita meus talentos criativos

(Touro), com autoconfiança e ser recompensado de modo gratificante por ele? Se ajo

81

segundo o mais profundo do meu ser, seguindo a minha criatividade, deixando meus

dons criativos fluírem livremente (Touro), levando em consideração os valores do

coletivo (Escorpião), transformando em mim aquilo que precisa ser mudado, com

certeza encontrarei o equilíbrio entre o que tenho para oferecer como talento no grupo

em que estou inserido e receberei do mesmo o que mereço materialmente. Não

negligenciando os valores da sociedade posso curar também noções aprendidas em

relação ao dinheiro, crenças herdadas de meus antepassados, por exemplo.

Construir, cultivar, colher e depois afastar-me daquilo que criei, acarreta uma

grande dose de desapego, e isto gera enorme capacidade de manutenção de energia que

posso utilizar em outras tarefas importantes. Esta é a mensagem principal das

polaridades femininas ligadas ao sentimento de posse, seja este de que nível for.

Conforme mencionei anteriormente, não há sentido algum em separar um signo de

seu oposto complementar, quando se fala em integridade. Para não cair em extremismo,

o que seria algo bem escorpiônico, combino as características dos dois signos, o que me

leva a um equilíbrio também na exposição de meu trabalho.

O envolvimento pleno naquilo que executo é uma escolha que faço em minha

vida, porque acredito que uma atenção fragmentada somente faria de mim uma

máquina, inconsciente de sua capacidade. A intensidade do signo de Escorpião é fator

primordial para realizar as mudanças necessárias que já não me são mais úteis e para

sondar os mistérios da vida, aprofundar meus conhecimentos e experiências, entretanto

se somente me alimentar do caráter profundo que o signo me traz, certamente serei

acometida de muitas obsessões sem fim...

O que preciso harmonizar e curar quando Quíron está em um destes signos é meu

valor como ser humano e os valores da sociedade, meus desejos como indivíduo e

aqueles da coletividade. Confiar em meus recursos interiores e ao mesmo tempo realizar

meus compromissos e deveres dentro da sociedade, sem receio de desagradar uma

pretensa autoridade ameaçadora e de enfrentar as consequências de uma desaprovação

do coletivo, tudo isto está incorporado no eixo touro-escorpião. Como realmente

distinguir aquilo que é meu daquilo que me foi transmitido pelos outros? De que

maneira posso servir-me de meus sentidos pessoais e confiar um pouco mais nos

sentidos invisíveis?

Luz e Sombra, como conciliar estas polaridades?

Não é a escuridão que é adversária à luz, e sim a rejeição e negação da mesma. A

luz da clara percepção, do amor e da compaixão é que iluminam meu lado obscuro,

sombrio, logo ouso explorar o oculto nas profundezas de meu ser, entrando, deste modo,

em contato com meu lado “negro”, despertando o tesouro latente em meu interior. Com

paciência e perseverança, elimino os vícios que me prendem a uma situação estagnada e

82

me impedem a renovação. A nível externo, uma boa massagem é ideal para me auxiliar na

aproximação e consequente liberação de sentimentos reprimidos em meu corpo ao longo de

minha vida.

Trabalhos corporais também são indicados para que melhore a comunicação com

meu próprio corpo e com meus semelhantes, principalmente em relacionamentos

íntimos, onde envolvimento, profundidade e liberdade se entrelaçam. Podemos usá-los

em uma aula, workshop e por que não em uma sessão de terapia ou coaching? Uma

atividade que inclua a dança, jogos cooperativos, enfim, qualquer iniciativa que possa

apoiar o relacionamento dentro do grupo.

O envolvimento a que me refiro dispensa, naturalmente, qualquer tipo de

sensibilidade exagerada que perturbe a objetividade nas relações. Trata-se de sentir,

expressar e compartilhar todos os sentimentos, à medida que eles reflitam uma

expressão de meu ser interno e ao mesmo tempo também uma liberação de tensões. E

não nos esqueçamos do valor de um contato físico como o aperto de mãos, o abraço, ou

mesmo um leve toque nos ombros que carregam uma energia carinhosa e sempre

transmitem uma força poderosa em todas as interações humanas. Certamente isto

também se aplica aos outros signos femininos de terra e água, como Virgem e Ca-

pricórnio e Peixes e Câncer!

Quantas ferramentas temos nós a nosso dispor, em nosso relacionamento com

nossos semelhantes!

Posso transformar-me e desapegar-me dos frutos de meu trabalho, quando sei que

nada é perdido daquilo que criei. E o paciente e perseverante taurino, com certeza,

mostrar-me-á, conforme o tempo transcorre, a necessidade de uma determinada

mudança. Depois da tempestade vem a bonança, diz o ditado popular, e justamente

nestas fases é que os atributos do signo de Touro são valiosos. Existem apenas

transformações necessárias para meu crescimento, mudanças estafantes, às vezes, que me

obrigam a reajustes e levam-me a renunciar a hábitos de comportamentos conhecidos. É

na aceitação da dança da vida e reconhecimento de seu valor para minha evolução e

potencial de crescimento da humanidade que Escorpião me guia. Ele também auxilia

meu lado construtor taurino a viver mais intensa e profundamente. Sentir a

transformação com a mesma profundidade que um relacionamento pode oferecer- me

leva-me a um conhecimento que une todos os aspectos de meu ser, corpo, mente,

emoções, alma e espírito.

O presente é que importa agora, pois ele contém as se- mentes do que está para vir

e aquilo que já se foi e, embora o passado não possa ser desfeito, posso mudar minha

atitude em relação ao acontecido. Creio que é neste sentido que Quíron está relacionado

ao renascimento.

83

Recordo-me das inúmeras vezes em que empreguei métodos de visualização para

modificar algo desagradável de que me arrependera ter feito ou que fora feito a mim, e posso

afirmar que não me refiro a criações mentais ilusórias. Tenho condições de desfazer o mal-

estar causado por dissonâncias passadas simplesmente com o uso da imaginação criativa ou

mesmo da fé. Não se trata da fé “mental” que afirma isto ou aquilo simplesmente por medo

de algo maior, e sim, da fé imponderável, que me faz reconhecer e aceitar a inconstância em

meu mundo externo e que me dá a certeza de que o melhor sempre me acontece. Andar com

fé é seguir adiante, sem receio do que haverei de encontrar em meu caminho, permitindo,

deste modo, que o inesperado me surpreenda. Assim defino minha fé!

O Mestre aparece para nos transmitir o verdadeiro significado do renascimento.

Somos nós que atraímos as experiências em nossas vidas, e tudo que vivemos apresenta

um propósito definido. “Para quê?” e não “Por quê?” seria, então, a pergunta mais

adequada a nos fazermos quando nos encontramos diante de impasses, cuja

compreensão ainda está longe de nossas mentes. Ousemos, neste processo, expressar

claramente aquilo que sentimos, queremos, pensamos... Os resultados aparecerão e

quem sabe somente o tempo consiga revelar-nos os frutos saborosos de uma vivência

desagradável! Podemos, sim, seguir nossos valores internos, ao mesmo tempo em que

podemos apreciar aqueles que a sociedade nos oferece, a fim de atingirmos a tão

sonhada paz, que reside em nossa capacidade de lidar com os desafios sem julga- mento

ou mesmo resistência. Quíron professor ensina-nos a construir nossos próprios valores,

a ter paciência com nosso desenvolvimento pessoal durante a construção e a desapegar-

nos de nossos pontos de vistas cristalizados, preparando-nos para a reforma externa de

nosso ser! O aspirar ardentemente à luz é uma alavanca para o cumprimento do nosso

real destino. Acredito que o objetivo, o propósito de nossas vidas esteja vinculado ao

aprimoramento da consciência de nossa natureza espiritual, logo, libertando-nos da

dependência daquilo que em nós jaz inconsciente, podemos chegar à aceitação do que

expressamos no mundo.

x.a3- Quíron em Gêmeos e Sagitário:

Conhecimento Concreto e Abstrato

Disse o Senhor Buda...

Que não devemos crer em algo meramente

porque seja dito; nem em tradições

porque vêm sendo transmitidas desde a antiguidade;

nem em rumores; nem em ilusões supostamente inspiradas em nós por um

Deva

84

(isto é, através de presumível inspiração espiritual);

nem em ilações

obtidas de alguma suposição vaga e casual;

nem porque pareça ser uma necessidade análoga;

nem devemos crer na mera autoridade de nossos instrutores ou

mestres.

Entretanto, devemos crer,

quando o texto, a doutrina, ou os aforismos

forem corroborados pela nossa própria razão e consciência.

“Por isto”, disse o Buda, ao concluir, “vos ensinei a não crerdes

meramente porque ouvistes falar,

mas, quando houverdes crido de vossa própria consciência,

então devereis agir de conformidade e intensamente”. •(48)

Será que existe um único caminho que me leve à verdade? Acredito que esta não

se vincule a nenhuma senda especial, e que encontremos partículas daquilo que

conceituamos “verdade” em diversas trilhas aqui e ali. Ela não tem passado nem

futuro, ela simplesmente é aquilo que precisa ser. Talvez o Amor seja o fator principal

nesta busca! Independentemente do que seguirmos, se o sentimos, é bem provável que

nos aproximemos daquilo que almejamos, de nossa união com o todo maior, de nossa

integração, enfim, da verdadeira vida!

Entretanto este sentimento sozinho é muito fraco, precisa de um aliado, algo que

é muito procurado hoje em dia, o Conhecimento, só que este também, por sua vez

precisa se unir à sabedoria que ensina e à disciplina que educa. Segundo Rubem Alves,

em seu livro intitulado “A Planície e o Abismo”:

O Conhecimento só é gracioso para aqueles que aprenderam, com os poetas, as lições

do Amor e da Morte. ...Pois o Conhecimento que só mora na cabeça é logo esquecido. É

preciso que ele more no lugar onde o sangue corre. •(49)

Realmente vale a pena ler este livro, pois o autor, com muita sensibilidade,

transmite ao leitor a caminhada que fazemos em direção ao nosso Eu verdadeiro.

Segundo os paradigmas de nosso tempo, cada método escolhido, cada filosofia de vida,

cada afirmação feita é apenas um espectro de consciência da verdade que nos auxilia em nosso

Caminho. Algumas pessoas têm necessidade de dar 100 passos na mesma direção para chegar a

85

uma consciência maior, todavia outras, segundo seu nível de percepção, necessitam dar 10

passos em dez direções diferentes para chegar à conclusão de que os caminhos são diferentes,

mas a Busca, de certo modo, é semelhante. Às vezes, elas apenas precisam se comprometer com

um só caminho! Outras pessoas, entretanto, com habilidade para combinar diversos caminhos,

aparentemente contraditórios, são capazes de seguir qualquer um deles porque dispõem de uma

maior clareza em relação à vida e, com enorme discernimento e grande profundidade, prestam

um valioso serviço à humanidade, mais particularmente a quem está solicitando sua ajuda. Elas

não priorizam um caminho em detrimento de outro, pois sabem que este é apenas um caminho!

Para que limitar aquilo que busco a uma única visão? Creio que minha habilidade

para questionar, inquirir, observar e pensar por mim mesma é a maior força que me

dirige ao conhecimento de mim mesma e que estimula o outro a também pensar por si

próprio. Grande tarefa esta que temos todos, a de ensinar a pensar, a questionar!

Hei de libertar-me dos resquícios de consciência grupal, que me impeliam à ação

numa época em que isto era importante para minha sobrevivência. Para ser um

indivíduo, resgatarei a fé em meu eu interno e usarei de coragem para resistir ser levada

novamente na corrente de pensamento de massa. Como distinguir a consciência de grupo

da de massa?! Hei de descobrir meu próprio caminho, e acolherei a verdade segundo

minha capacidade de recebê-la. Para isso ouso questionar, inclusive minhas próprias

crenças e meus próprios valores! A fonte maior de conhecimento existe em meu interior,

e para ter acesso a ela somente preciso dedicar um pouco de meu tempo à comunicação

com meu ser interno. O exercício transforma-me num mestre, diz o ditado popular

alemão!

Servir à comunidade e à humanidade é servir à verdade de meu ser. É arriscar minha

própria vulnerabilidade dentro do grupo maior. Assim, recompensas advirão para toda a

ampla rede de vidas de nosso sistema planetário. Quanto mais aberta estou para mergulhar

no novo, incorporar ideias novas e úteis de outras crenças, mais inspirações receberei que

poderão solucionar minhas dificuldades e de outros que me cercam. Se posso aceitar algo que

possua algum sentido para minha vida, torno-me cada vez mais receptiva ao novo que se

aproxima de mim por meio de diversas fontes. Creio que é mais fácil atingir uma

determinada meta se não estiver abarrotada com uma série de crenças errôneas, desgastadas

ou inadequadas sobre o modo de como alcançá-la, logo, embora possa comprometer-me

somente com uma verdade que se me apresenta, é importante que tenha abertura e

receptividade para acatar outras formas de realidades que me auxiliem a ampliar meu

entendimento da vida e engrandeçam minha liberdade de apreciação dos ensinamentos

adquiridos. E algo muito importante a considerar diz respeito a aplicar todos os

conhecimentos na prática do dia-a-dia!

Quíron pede-me que expanda meus horizontes e confie mais em meu mestre

86

interior, liberando-me, pouco a pouco, de instrutores externos! Estes atuam, na verdade,

como intermediários que facilitam a comunicação, dentro e fora de mim. Como

professores/terapeutas/pais desempenhamos a mesma função no que concerne ao nosso

relacionamento com nossos alunos/clientes/filhos. Prepará-los (e também a nós) para vi-

ver a verdade, em harmonia com o meio em que vivem (vivemos), é uma de nossas

missões!

Buscar o autoconhecimento e a integração em minha vida, certamente revela-me

um objetivo subjacente, algo em comum que todos os buscadores partilham,

independentemente do sistema de crenças e valores que adote como parâmetros em

minha atuação dentro da sociedade. A descoberta de mim mesma, o sentido de

equilíbrio que incorporo em meu comportamento e ações, levam-me ao outro, o que, por

sua vez, irradia mais consciência ao mundo em que vivo, pois é este encontro que me

transforma e a todos! Mestre Jung diz que o encontro de duas personalidades é como a

mescla de duas substâncias químicas; se houver reação, as duas se transformam.

Como deixar de interpretar tudo racionalmente com minha mente analítica e dar

espaço ao poder intuitivo criativo a fim de solucionar meus desafios? Simplesmente

acolhendo a energia destes dois signos ligados à comunicação, ao aprendizado, à integração

da personalidade, à síntese. Permitir que haja um diálogo entre minha mente concreta e

abstrata é de grande ajuda, se quiser expandir meus ideais e alçar novas dimensões de

consciência. Consentir um intercâmbio entre mim e os outros companheiros de viagem

conduz-me a uma evolução do ser. Que dons posso eu proporcionar aos outros em Gêmeos

e Sagitário? Sagitário é o grande professor, o filósofo, que muito tem a ensinar, o

visionário, e sua sabedoria inspira todos que procuram por seus conselhos. Gêmeos, com

sua flexibilidade e versatilidade também nos transmite a leveza do conhecimento, o bom

uso da palavra e nos lembra que a palavra cria. Colocar em prática aquilo que sei, manter

um compromisso com a verdade, com minha verdade interna, procurar ver o outro, ouvi-

lo, propiciar-lhe meios para sua expressão, são habilidades que estes dois “professores” nos

passam.

Pensar com autonomia é encontrar tempo para lançar um olhar que vá além das

criações de nossa própria mente, diz-nos Happé em seu livro Consciência é a Resposta.

Pensar é reconhecer que os pensamentos correspondem a um ato de criação!

x.a4- Quíron em Câncer e Capricórnio:

Poder Interior e Exterior

As coisas simples são as mais extraordinárias,

e só os sábios conseguem vê-las •(50)

87

Creio que, na tentativa de descobrir meu lugar no mundo, de sentir que pertenço a

uma família, de que estou sendo nutrida e de como desenvolver meus talentos e usá-los

também em benefício da sociedade, acabe, erroneamente, tendo que me submeter aos

outros, ao grupo social, àquilo que se espera de mim, entregando pedacinhos de minha

verdade, cedendo meu poder pessoal aos outros e perdendo, enfim, o próprio eu. Neste

instante existe, talvez, uma grande dificuldade de assimilar o que aconteceu, pois esta

perda não é algo concreto. Entretanto, por trás da necessidade de aprovação, existe um

anseio insatisfeito, que é o da realização de minha essência.

A expectativa de ser reconhecida, de ser amada, que eu e a grande maioria da

humanidade nutrimos, em diferentes graus de valor, leva-me inúmeras vezes, à negação de

minhas autênticas necessidades e objetivos. Nesta tentativa de tentar conseguir trazer

minha espiritualidade para o mundo exterior, de ser quem realmente sou, haverei de

resgatar meu próprio sistema de valores, e a partir dele, reconhecer a mim mesma, meu

papel dentro da estrutura da sociedade. Pelo diálogo interior, encontro com meu mestre

interno ou mesmo de um instrutor externo, alimento maior segurança em minhas atitudes e

possibilito, desta maneira, meios para minha transformação pessoal, a qual por sua vez,

favorecerá as mudanças em meu ambiente. Segundo Trigueirinho, a única aprovação

autêntica provém dos mundos internos, da própria consciência espiritual e eterna.

Naturalmente, reconhecer aquilo que almejo, livrando-me de expectativas da

sociedade, é algo que demanda um grande trabalho interno e externo. Como seguir minhas

próprias inspirações, seguir meu guia interior, sem destruir o sistema em que vivo,

inserindo-me nele, assumindo uma determinada posição e contribuindo, assim, com meus

talentos? Haverei de lidar com o medo! Medo de não ser boa o bastante, de não ser

eficiente, de ser incompreendida, de ser vencida pelas forças consideradas negativas, de

perder o amor daqueles que estão compartilhando a vida comigo, de ficar desampara- da,

de perder literalmente o chão sob meus pés, de errar, enfim, medo de perder minha

individualidade!

Por todos estes motivos, vivo, às vezes, em termos de certo ou errado, bem e mal,

claro e escuro, o que limita minha percepção consciente, não me permitindo ver as

circunstâncias de minha vida como algo holográfico, onde a união se faz sentir.

Desidentificar-me de um dos aspectos de minha realidade dualística é caminhar em

direção a uma consciência mais elevada, é abertura ao autoconhecimento e liberdade de

condicionamentos obsoletos que não deixam a harmonia envolver a minha vida.

Nutro a crença de que erros inexistem, pois tudo aquilo que chega a mim, fui eu

que, de algum modo, atraí para meu próprio aprendizado e para o despertar de meu

potencial latente. Ambos. Qual a essência do que estou vivendo agora?

Lidar com tantos sentimentos contraditórios, com meu lado Sombra, concluindo

88

que errar me aproxima cada vez mais da realização de minha essência faz parte do

aprendizado e me motiva a seguir adiante. Recordo-me de ter lido em um artigo de

astrologia, que se decidirmos um dia colocar todos os nossos medos num papel,

observaremos, depois de certo tempo, que quase nada do que temíamos, concretizou-se e

que muitas de nossas apreensões são imaginárias. Criamos, muitas vezes, muitos

obstáculos que interferem em nosso progresso, simplesmente por temermos os maus

períodos, o que nos leva a recearmos também as boas fases e desperdiçarmos nosso

potencial.

Esquecemo-nos de que tudo muda, a uma velocidade cada vez mais rápida, e

talvez esta seja uma das grandes verdades que poderíamos absorver a fim de vivermos

mais livremente. Estamos presos a tantos “deveria” e “precisaria” que assumimos maior

responsabilidade do que nos cabe, desconfiando e desacreditando da natureza da dança

que escolhemos para nós mesmos e que o outro também escolheu para si. Por que temos

medo de ser o que somos?! A vulnerabilidade é a força que nos motiva a crescer.

O medo inexiste no amor, assim nos diz o I Ching, o livro das mutações. Esta

mensagem é minha nutrição, nas inúmeras vezes em que duvidei de minhas crenças e as

questionei, contudo, o medo serve como alavanca ao poder, e não é a sensação que ele

causa que é prejudicial, e sim a paralisação de nossas forças. Quando eu atuo, ele

desaparece...

O que imagino como perigo, talvez minha perda do eu, certamente leva-me ao

medo, mas ao mudar meu foco e sei que eu mesma estou criando a realidade do perigo,

acabo, consequentemente, afastando este sentimento de minha mente. Feito isso, terei

mais “garra” para enfrentar os entraves e ciladas que possivelmente ainda encontrarei.

Talvez a palavra mais adequada para impedimento ou obstáculo fosse desafio. Como diz

Richard Bach em seu livro Nada por acaso, o que define o que somos é a maneira como

enfrentamos um desafio e não o desafio em si.

Não sei se minha visão é otimista demais, contudo, ela tem norteado, já há algum

tempo, o meu viver!

A grande realidade é que tememos profundamente o brilho de nossa própria luz, o

poder que reside dentro de nós, a harmonia constante que acompanha o resultado de

todas as descobertas conscientes que as transformações nos trazem.

Vivemos separados de nosso centro interior, que é estabilidade, alegria e paz e,

inconscientemente, hesitamos em seguir sua orientação por receio de sofrer... e crescer.

Distorcemos o conteúdo da mensagem e prosseguimos, simulando uma pretensa

harmonia, até que o chamado se torne mais frequente e nos disponhamos a fazer aquilo

que ele sussurra.

Que grande responsabilidade à minha disposição para poder lidar com a luz da

89

verdade! Ser responsável resulta em maior capacidade e sensibilidade para nutrir, curar

os outros, ser nutrida e curada também, além de mais sensibilidade para distinguir os

sinais do mundo interior que me alertam em relação à flexibilidade para adaptação às

situações ou afastamento das mesmas... Escolhas responsáveis e prudentes são sempre

as mais conscientes!

Creio que uma das maiores lições que advém das duas polaridades femininas

Câncer-Capricórnio é a de que todos nós, no planeta Terra, estamos sujeitos às leis que o

regem, leis humanas e físicas e, portanto, limites existem! Qual o meu lugar no mundo?

Como lidar com o poder interno e externo? Atribulações, dificuldades e doenças que nos

acometem fazem parte de nossa vida. Podemos superá-las, se não há como curá-las...

Como aplicar os ensinamentos contidos na simbologia de Quíron nestes dois signos na

relação professor-aluno, por exemplo? A autoridade do mestre, calcada na natureza espiritual

do ser, reforça a própria autoridade do aluno, que passa a respeitá-lo não porque considere

este professor superior a si mesmo- o aluno-, e sim porque ambos são igualmente

importantes no contexto em que estão inseridos. A autonutrição do mestre incentiva a

nutrição do aprendiz e, finalmente, a disciplina e responsabilidade inerentes ao papel do

instrutor atuam como sinalizadores da estrada que o discípulo terá que percorrer.

Deste modo, o papel que desempenhamos na sociedade, nosso poder exterior está

intimamente ligado a nosso poder interior. Quando nos sentimos produtivos, consequen-

temente, sentimo-nos bem. Se o que fazemos dentro do grupo maior nos preenche é

porque ouvimos a voz de nosso poder interno e a seguimos. Sofremos ao realizarmos

algo que trai e violenta o mais profundo de nosso ser.

Finalizando, concluo meus pensamentos e sentimentos sobre Quíron nestes dois

signos, reforçando o seu dom que é de nutrir a si mesmo e aos outros e trazer seu Eu

Superior dentro de todos os seus atos, unindo o Céu e a Terra, revelando a

espiritualidade na terra, segundo os princípios da Grande Mãe e do Pai. Amor com

Disciplina e Disciplina com Amor! Ousemos manifestar nossa essência mais plena sem

receio do reflexo de sua Luz interna!

x.a5- Quíron em Leão e Aquário: Criatividade Pessoal e no Grupo

Se queres chegar a ser feliz, só irás consegui-lo deixando de pensar em ti. Enquanto não

abrires espaço em tua vida para alguém que seja, para ti, tão importante como tu mesmo,

viverás solitário, perdido e buscando...•(51)

Na era em que vivemos, costuma-se falar muito em consciência de grupo, amor ao

grupo, desapego do ego em favor de algo maior, todavia qual o real significado disso?

90

Em primeiro lugar, nem sempre conseguimos formar um grupo externamente,

portanto abraçar ideais de vida juntamente com outras pessoas pode corresponder a elos

forma- dos somente a nível interior. Seguramente existem milhares de indivíduos em

nosso planeta que estão ligados num plano interno, e cada vez que um deles alcança

uma vitória, supera um obstáculo, os frutos destas conquistas espalham-se e encontram

ressonância em todos os outros participantes do grupo. Ser consciente de que não se está

só, de ideais de vida compartilhados, não é simplesmente olhar apenas o que é im-

portante ao grupo, e sim, encarar a própria verdade e ousar manifestá-la, integrando as

polaridades masculinas dos signos de Leão e Aquário, unindo os dois extremos e

encontrando um ponto de equilíbrio entre eles. É amar ao próximo como a si mesmo,

entretanto valorizando a segunda parte desta mensagem, que durante muito tempo foi,

pela grande maioria de nós, negligenciada, em vista de interpretações distorcidas de

ensinamentos de princípios cristãos, em minha opinião. Amar a si próprio como ao

próximo é tão importante quanto amar o outro como a si mesmo! Vamos, portanto,

resgatar esta forma de amar para que a mensagem repercuta em todo o nosso ser,

trazendo um brilho muito especial dentro da coletividade.

Consciência de grupo significa trabalhar diligentemente na evolução individual,

procurando uma integração em todos os níveis porque quanto mais integrada sou eu,

mais significativa será minha presença como indivíduo neste grande todo. Colocar a

criatividade pessoal, o brilho de meu Sol, de minha essência, dentro do grupo a que

pertenço, respeitando as diferenças de todos que fazem parte do mesmo e demonstrar,

sobretudo, receptividade às críticas construtivas dos companheiros de jornada é de

grande relevância neste momento atual. Deste modo contribuo para que o brilho e

exuberância dos outros também floresçam e sejam reconhecidos.

Partilhar ideais de vida corresponde a descobrir meu valor pessoal, confiar no que

sou e, deste modo, elevar minha autoestima! Somente liberando-me da opinião do outro

como referencial de meu próprio valor é que posso fazer parte do grupo maior e

contribuir para o enriquecimento deste grupo. Ressalto também o possível impacto da

opinião do outro para reconhecimento de meu verdadeiro valor! Na verdade, ambas as

perspectivas são complementares para meu crescimento.

Serviço à humanidade engrandece aquele que o presta e aquele que o recebe,

principalmente se a qualidade do que faço supera o número de serviços que posso

oferecer ao todo, pois é a partir disso que meu desenvolvimento tende a acelerar-se

rapidamente.

Não há como separarmos as características do servi- dor e colocá-las como

pertencentes somente a um signo do zodíaco, afinal tudo está interligado. De que

adianta eu servir ao todo e negar o próprio eu?! Por outro lado, de que serve afirmar

91

minha singularidade com tanto afinco, se, cada vez mais, separo-me do bem do grupo

que me cerca?! Um ego bem-estruturado é premissa essencial para o trabalho de doa-

ção impessoal à humanidade, ajudando-me a relevar o supérfluo visando a algo superior.

Com certeza, existe a questão sobre o significado de seguir a natureza da nossa

verdade, e enredamo-nos em grande confusão ao querer encontrar somente as respostas

nos outros, nas situações que vivemos, esquecendo-nos que o maior reservatório de

soluções em nós se encontra. Seguir minha verdade interior livra-me, pouco a pouco, da

ansiedade que acompanha meus atos, consequência da negação a mim mesma e a minha

voz interna, portadora da verdade que vem de regiões profundas de meu ser, de minha

fonte criadora.

Contribuir, então, para um mundo melhor é usar Quíron, e ter a convicção de que no

processo de reforma íntima jamais precisarei abrir mão de minha singularidade. Posso, sim,

ousar expressar minha verdade com discriminação dentro de todos os relacionamentos, em

todas as circunstâncias de minha vida, sem desconsiderar, entretanto, o mundo externo e a

verdade de cada ser. Esta, assim como a vida, flui continua e constantemente e princípios

antes considerados como verdades absolutas abrem espaço para a realidade de hoje e de

amanhã.

Cada um faz a sua história! E cada qual pode envolver-se com a purificação e

aperfeiçoamento de seu caráter e com o estudo de trabalhos que sirvam de inspiração

para esse processo. Por que não descobrir seu caminho pessoal, de acordo com sua

história passada, com seu temperamento, com as circunstâncias ao seu redor e segundo

outras características que constituem sua própria individualidade?

Ao encarar minhas próprias feridas, minha resistência em mudar, elevo minha

compreensão de vida e sou capaz de voltar-me aos outros, servindo como orientação a

eles, para que eles também cheguem um dia a ansiar pela integração, pois ela é destinada a

qualquer um que esteja disposto a descobrir seu caminho de vida e sua função dentro do

todo. Desta maneira, torno-me uma verdadeira curadora de mim mesma e canal para a

cura da humanidade, servindo a propósitos superiores, não obstante muitas vezes ainda

não os vislumbre com clareza. Para tal finalidade abro-me a uma visão vertical da vida!

Leão tem uma importância significativa na formação do ego, por estar ligado a

nosso brilho pessoal, a nosso “sol” interior. É primordial que me dê conta de meu valor

no contexto do todo, pois minha verdade juntamente com a verdade do outro é o

que resulta na evolução do mundo.

Minha expressão criativa é decorrente do quanto fui ama- da, ou melhor do quanto

senti-me amada em minha infância, do quanto pude relacionar-me com os outros de modo

“brilhante”, seguindo minha autoconfiança, meu espírito de liderança, meu ser criança! Toda

criança sadia gosta de mostrar suas habilidades, até o dia em que alguém a reprova por isso. Se

92

ela seguisse o fluxo de vida, certamente continuaria a agir de modo seguro e autoconfiante,

entretanto para adaptar-se às expectativas dos outros e, de certo modo, sobreviver, trai sua

natureza interior e passa a ajustar-se ao que lhe é pedido, negando seu brilho interno, e

consequentemente, sua luz externa também.

É possível também que a pessoa creia que somente é criativa se apresenta algumas

habilidades artísticas, seja desenhar, pintar, escrever poemas... Afinal é o que

normalmente aprendemos na escola. Se, porventura, não manifestar nenhum dom nestas

áreas, a pessoa não é tida como criativa e nada então lhe resta a não ser sufocar seu dom

de vida!

Olhemos as crianças de nosso mundo, levemos em consideração suas necessidades e

contribuamos para que elas encontrem e expressem sua própria verdade, eis aí uma das

grandes tarefas que podemos praticar atualmente. Permitamos que elas manifestem sua

criatividade pessoal, seu dom de nascimento, seu SER, enquanto seres divinos que são!

Propiciemos a elas oportunidades para que revelem, no processo de cresci- mento, os dois

polos de sua essência, o masculino e o feminino, consentindo que reúnam diversas cores

berrantes em formas também variadas, para expressar o ser interior, aliando, deste modo,

forma e conteúdo. Somente assim elas conseguirão pintar e viver a unidade latente dentro

de si! Isto é criatividade!

As crianças, curiosas e ávidas por conhecer a vida, são nossos pequenos mestres.

Segundo Robert Happé em Consciência é a Resposta a criança é a representação do

espírito livre, o ser dentro de nós a quem devemos olhar com muito carinho e amor. Esta

criança aspira a uma vida com significado! Que nosso intercâmbio com ela cresça a cada

dia!

O Dom de Quíron em Leão e Aquário é atuar como facilitador no resgate desta

criança interior, ciente de seus ta- lentos expressivos e de sua formosura! Brincar, ousar,

criar, tudo isso faz parte da vida. Exibir meus dons dentro de um grupo maior,

estimulando outros a que façam o mesmo para enriquecimento do todo, é isto que

Aquário me revela. O trabalhar em conjunto, compartilhando com amor aquilo que é

expressão de minha essência!

x. a6- Quíron em Virgem e Peixes: Unidade com o Eu e com o Todo

A Consciência Finita e Infinita

A pessoa inteira é aquela que estabelece um contato significativo e profundo com o

mundo à sua volta. Ela não só escuta a si mesma, como também as vozes de seu mundo. A

extensão de sua própria experiência é infinitamente multiplicada pela empatia que sente

em relação aos outros. Ela sofre com os infelizes e se alegra com os bem-aventurados. Ela

93

nasce a cada primavera e sente o impacto dos mistérios da vida: o nascimento, o

crescimento, o amor, o sofrimento, a morte. Seu coração bate com os enamorados, e ela

conhece a alegria que está com eles. Ela conhece também o desespero, a solidão dos que

sofrem sem alívio; e os sinos, quando tocam, ressoam de maneira singular para ela •(52)

Vivenciei, desde meus 17 anos (1972) acontecimentos e situações que me

revelaram que sou mais do que aquilo que me foi passado e que pensava que era. Vivi

muitos momentos de solidão em minhas fases de crescimento, sem alguma ajuda externa,

certamente porque crenças necessitavam ser trans- formadas, até que tive a certeza de

que minha consciência não estava limitada a meu corpo físico. Cada descoberta que fazia

era confirmada por algo que posteriormente encontrava em livros sobre expansão de

consciência, consciência cósmica e assuntos similares.

Durante muito tempo tive que confiar no “som” interior, naquela pequena voz que

me guiava e estimulava-me a confiar em meu processo. Minhas experiências intensifica-

ram-se e, durante muito tempo, conforme já relatado, os livros e ensinamentos neles

contidos foram meus mestres e aliados, meus únicos amigos. Nada sabia sobre Quíron

na época, pois sua descoberta deu-se apenas em 1977, época em que muitas

experiências místicas foram vividas e relatadas por milhares de pessoas, segundo o que

já mencionei.

Em 1987, meu marido teve que fazer um treinamento na Alemanha e eu,

naturalmente, acompanhei-o nesta viagem. No mês de minha ida para lá, minha mãe

teve que se submeter a uma cirurgia, a segunda naquele ano, para retirada de um cisto na

face, na altura do ouvido. Conversando com ela após a operação percebi seu medo e

perguntei-lhe se era da tão temida morte, ao que ela acedeu. Lembro-me de ter- lhe dito

que, se isto tivesse ocorrido, certamente ela teria sido acolhida por pessoas que a

amavam. Era assim que imaginava a morte de alguém.

No dia 5 de agosto do mesmo ano, já na Alemanha, muito angustiada, sem razão

aparente, liguei para o Brasil e conversei com minha mãe. Depois da despedida, como a

inquietude, entretanto, ainda me atormentasse, senti necessidade de ligar a ela

novamente. Em vão...ninguém em casa... No meio da noite, fomos acordados por um

telefonema de meu pai, avisando que minha mãe havia sofrido ruptura de aneurisma,

minutos após ter falado com ela, e que, segundo os médicos, não havia esperança alguma

de que ela sobrevivesse ao derrame.

Nos dias que se seguiram, mal tive motivação para isolar-me e meditar um pouco.

Lembro-me de ter consultado o I Ching e ter sentido, a partir de sua leitura, que seu

caminho aqui na Terra havia chegado ao fim.

Entreguei, então, meu apego ao Todo Maior, orei e esperei que o melhor

94

acontecesse a todos os envolvidos na situação. No dia 7 do mesmo mês, às 12:30, já não

me recordo se horário da Alemanha ou do Brasil, entrei em meditação e deixei-me levar

pelo fluxo de energia. Sentia muito não poder estar ao lado de minha mãe naquele

momento, entretanto o meu anseio era tão intenso, que logo me vi a seu lado, jun-

tamente com outros seres, cujos rostos não consegui identificar. Tomei-lhe as mãos,

muito serena e feliz ao fazer isso, e logo retornei à consciência do corpo. Já havia tido

muitas experiências de expansão de consciência nos anos anteriores, algumas vezes com

medo, outras com mais confiança, entretanto desta vez senti um misto de alegria e

tristeza ao mesmo tempo. Tristeza por me afastar de minha mãe, e alegria por ter vivido

um momento de unidade com ela. Entendo hoje que a morte apenas nos separa

fisicamente das pessoas que amamos, contudo a união permanece em nossos corações.

Leila, minha mãe, continua viva em mim. Exatamente naquele instante, meu marido

entrou no quarto e disse-me que meu pai havia acabado de telefonar, ao que comentei: “

Minha mãe acabou de falecer, não é mesmo?” Isto se deu às 12:45 do dia 7 de agosto de

1987.

Houve uma grande mobilização afetiva para que este evento sincronístico

acontecesse, e eu, sinceramente não precisava dele para crer na dinâmica de energia,

entretanto outras pessoas, mesmo não tendo experienciado o mesmo, puderam, com o

relato de minhas vivências, se não alterar certas crenças em relação ao significado de

“consciência”, pelo menos refletir mais sobre a questão. De qualquer modo, a experiência

forta- leceu ainda mais meu anseio por autoconhecimento, confirmando que não existem

separações entre os seres humanos, e que todos estamos conectados interiormente. Pude

sentir a unidade com o todo ao mesmo tempo em que sabia que era um ser distinto do

acontecimento; vivi as polaridades Virgem-Peixes, consciência finita e infinita,

respectivamente.

Este foi um dos grandes acontecimentos que me fizeram encarar a realidade de

outra forma e dar mais um passo adiante em minha caminhada de compreensão da vida

e de meu papel na eternidade, isto é, no momento presente, no aqui e no agora.

Sallie Nichols, em seu livro Jung e o Tarô, citando Aniela Jaffé, diz que:

A experiência mostrou que fenômenos sincronísticos têm maior probabilidade de

ocorrer na vizinhança de acontecimentos arquetípicos, como a morte, um perigo mortal,

catástrofes, crises, sublevações,etc. Também se pode dizer que no paralelismo inesperado de

sucessos psíquicos e físicos, que caracteriza esses fenômenos, o arquétipo psicóide,

paradoxal, se “ordenou”: aparece aqui como uma imagem psíquica, ali como fato físico,

material, externo.•(53)

95

Uma informação importante- para os amantes de astrologia- em relação a aspectos

astrológicos é que, nesta época, Quíron em trânsito fazia conjunção com o Quíron natal

de minha mãe, que estava vivendo seu retorno, além de estar em conjunção com seu

nodo lunar sul, uma das extremidades do eixo de seu propósito de vida. Em meu mapa

de nascimento, Quíron também transitava, coincidentemente, meu nodo sul! Algo muito

significativo, portanto, ocorreu para nós duas ao mesmo tempo. Certamente a morte de

uma pessoa querida tem grandes repercussões na vida de uma pessoa, entretanto,

particularmente em meu caso, este evento provocou uma ruptura desmedida em minha

trajetória, ruptura de velhos condicionamentos no sentir, no pensar e no agir. Reconheço

que sou una com todos e que devo ficar atenta aos lembretes e sinais que são

transmitidos constantemente para que o aprendizado não caia no esquecimento

novamente.

Peixes representa a entrega a algo maior, ao grande oceano cósmico, e diz que

somos todos parte de uma grande família, que a vida é algo mágico e que somos seres

espirituais, eternos, imortais, especiais, a caminho da elevação da consciência ao plano

do Amor. Somos o Todo e a Unidade ao mesmo tempo, e negar qualquer um destes dois

aspectos corresponderia a negar a Vida neste Planeta!

Entregar-me ao mundo invisível de Peixes, à consciência infinita, à realidade que

escapa às minhas mãos, reconhecendo, ao mesmo tempo, que possuo um corpo

pertencente à consciência finita de Virgem, esta é a dualidade que necessita ser

complementada nestes dois signos.

Capacidade ilimitada é inerente a todo ser humano, apesar de limites existirem em

nosso mundo finito. Como real- mente compreender que posso almejar o impossível?

Como possibilitar a realização do impossível? Sou capaz de alcançar níveis cada vez mais

altos neste intento e certamente terei de lidar com restrições a nível físico que não poderão

ser anuladas, entretanto a cada exercício efetuado, abrirei mais canais de expressão para

minha realidade infinita. Não vejo outro modo a não ser ousar viver a ilimitabilidade de

minha essência!

Na polaridade feminina Virgem-Peixes uno forma e espírito e busco o equilíbrio

na saúde física e espiritual, praticidade e subjetividade, lógica e intuição, solidez e

fluidez. Não me perder no caos pisciano, nem na ordem virginiana. Transformar o

conhecimento em sabedoria, grande tarefa à frente! Vivenciar a unidade, preservando ao

mesmo tempo minha natureza singular, mesmo que seja por poucos instantes, é o

lembrete que me dá força nos momentos de dúvidas, in- certezas, preocupações e

medos, e cada um desses pequenos acontecimentos leva-me mais perto de meu Eu. A

experiência, por fugaz que seja, pode passar, entretanto a lembrança que guardo dela

sempre perdurará...

96

Agosto de 2015, Quíron se encontra no signo de Peixes e a humanidade enfrenta

desafios relacionados a temas espirituais, assuntos que envolvem compaixão pelo

próximo, aos povos que passam por sofrimentos ligados a catástrofes da natureza e

calamidades decorrentes da ignorância humana, preocupação com o meio ambiente,

povos que estão na situação de vítimas, pessoas que também se deixam vitimizar e não

possuem a coragem de se colocar diante do outro porque acreditam que não têm o

direito de se expressar. É chegada a hora de nos unirmos e agirmos concretamente e não

mais esperarmos que a Fé mova montanhas. Temos que trabalhar, usando as mãos

(Quíron) para servirmos a Humanidade já que todos somos um, sem, no entanto,

perdermos o foco de que somos ao mesmo tempo únicos e distintos uns dos outros,

unindo as polaridades de Peixes e Virgem.

Afinal, o fato de a pessoa isolada se sentir como individualidade não exclui que

ela também se sinta unida a toda a humanidade. Na evolução humana, ninguém tem o

direito de sentir-se como individualidade caso não se sinta, ao mesmo tempo, membro de

toda a humanidade. •(54)

O ser humano que se dedica ao conhecimento de si mesmo, do outro e do mundo,

à medida que começa a expressar sua natureza mais pura, compartilha com ele este co-

nhecimento, com o uso de seus pensamentos, sentimentos e ações, contagiando todos

com quem convive e motivando-os a manifestar a sua própria essência!

O dom que Quíron nos transmite é o resgate de nossa espiritualidade para servir

não só à comunidade mais próxima a nós fisicamente, como também à comunidade

cósmica.

Já nos preparamos para uma nova fase de crescimento quando Quíron entrará no

signo de Áries, onde todos teremos a oportunidade de trabalhar o nosso dom da

individualidade, da liderança do próprio Eu, onde teremos novamente a chance de

equilibrar a consciência do EU e a consciência do OUTRO. E o ciclo recomeçará...

x.a7- Meditação guiada para o encontro com Quíron

Abaixo transcrevo um exercício de meditação de Quíron, de modo resumido e

levemente alterado, que se encontra no livro de Richard Nolle, mencionado na

Bibliografia consultada. Ele foi guiado por mim a meus filhos, Lucas, Júlia e Matheus a

quem solicitei, logo após a sessão, que expressassem no papel como sentiam a presença

de Quíron. As gravuras confeccionadas são apresentadas em seguida à meditação. Na época

meus filhos contavam com 9, 7 e 5 anos de idade, respectivamente. Devo mencionar que a

97

atividade não foi apresentada como se segue e sim ligeiramente modificada para atender à

faixa etária das crianças.

Para começar, procurem um lugar adequado, onde vocês se sintam confortáveis,

tranquilos, e nada possa perturbá-los. Um ambiente propício à meditação, para o encontro

com Quí- ron, atentos aos movimentos internos de seu ser, conscientes de si, meio

sonolentos, mas não a ponto de cair no sono. Meditem sobre seu mapa natal, o mapa de seu

potencial de vida e pensem na posição de Quíron, em que casa e signo ele se encontra. O que

isto significa para vocês? Qual a relação que ele mantém com os outros planetas em seu

mapa?

Conforme vocês vão se aproximando do estágio de sono profundo, imaginem que

estão entrando em uma caverna. Está escuro e seus olhos levam um momento para se

acostumarem à escuridão, portanto a princípio vocês nada veem, mas aos poucos vão

distinguindo o chão, as paredes e chão da caverna. Caminhem e tentem aguçar os sentidos

a fim de perceber tudo o que está dentro em sua volta, até que vocês se sintam perfeitamente à

vontade neste novo ambiente. Continuem explorando e fiquem atentos a todos os detalhes

novos para vocês. Virem à direita, movam-se sempre para a direita, alertas a quaisquer sinais de

movi- mento que indiquem que vocês não estão sós. Percebam se vocês sentem algum aroma

diferente, se ouvem algo ou se conseguem distinguir algum vulto. Se vocês se sentem

incomodados, voltem para o lugar de onde vieram, e retornem para a caverna daqui a alguns

dias. Aqui nada e ninguém poderá feri-los. E o dia chegará em que vocês receberão um sinal...É

este o momento! Vão adiante! O que vocês veem? Um animal, uma planta ou pessoa, ou qual-

quer outra coisa, talvez um símbolo que signifique algo para vocês ou algo totalmente misterioso?

Algo que desperte em vocês aquele sentimento de “descoberta, plenitude”, algo que preenche

todo o seu ser interior. Se for um ser vivente, falem com ele, perguntem se ele é seu Guia.

Entretanto, lembrem-se que vocês se encontram em outra dimensão, portanto mesmo que o ser

não seja animado, vocês também podem falar com ele e lhes perguntar se ele é seu Guia. O

seu Mestre pode surgir em diversas formas, não precisa- mente como o centauro Quíron, e ele

pode corresponder ou não às suas expectativas. Mas vocês saberão se ele é realmente o seu Guia

se vocês apenas o questionarem em relação a isso porque o senti- mento é de total confiança

amorosa e aceitação à primeira vista. Se isto inexistir, ainda não é o seu Guia. Abençoem e

caminhem de volta para o início novamente. Mas se ele lhes transmitir amor e confiança plena

perguntem-lhe o que vocês quiserem, apresentem-lhe uma questão para que ele lhes ajude na

resolução. Feito isso, agradeçam pela ajuda e saiam da caverna com mais força e certeza de

que saberão como agir quando for o momento certo.

Depois do primeiro encontro, uma história única vai acontecer entre vocês dois. Que o

98

diálogo sempre prevaleça! O papel do Guia é mostrar-lhes o caminho para que vocês atinjam a

sua meta, portanto ele não vai resolver o problema por nenhum de vocês.

Façam o exercício sempre que precisarem, contudo lembrem-se que já sabem

quem é o seu Guia, ele está dentro de vocês. Mas pode estar representado de formas

diferentes: pode ser um amigo, um terapeuta, um animalzinho de estimação, uma flor,

um ser sobrenatural...

Observem, a seguir, os desenhos feitos pelas crianças:

Lucas expressou Quíron como um lobo, Júlia como um ser mágico e Matheus como

a si mesmo vendo o próprio reflexo na água. Não é minha intenção analisar a mapa de

meus filhos neste trabalho, entretanto para os estudiosos da astrologia, o primeiro possui

Quíron na casa 4 (em Leão, na casa de Câncer), o segundo na casa 9 (em Virgem, na

casa de Sagitário) e o terceiro na casa 8 (em Virgem, na casa de Escorpião).

Lucas, 9 anos

Júlia, 7 anos

99

Matheus, 5 anos

x.a8- Como aprofundar a Questão com Quíron

Um lema os homens devem empunhar, caso contrário não haverá progresso em

nossos tempos insanos:

- Procurem a vida realmente prática e material, mas procurem-na de modo que ela

não os torne insensíveis ao espírito que nela atua.

- Procurem o espírito, mas não o procurem com volúpia metafísica, por egoísmo

metafísico; procurem-no por quererem usá-lo desinteressadamente na vida prática, no mundo

material.

- Observem o velho princípio “espírito nunca sem matéria, matéria nunca sem

espírito!”, de modo a poderem dizer “Queremos realizar toda ação material à luz do

espírito, e queremos procurar a luz do espírito de modo tal que ela nos desenvolva calor

para nossa ação prática”.

O espírito que por nós é conduzido à matéria, a matéria que por nós é trabalhada até sua

revelação, pela qual ela extrai de si própria o espírito; a matéria que tem seu espírito revelado por

nós, o espírito que por nós é tangido para a matéria: ambos formam aquele existir vivo, capaz de

levar a humanidade a um progresso real- àquele progresso que só pode ser almejado pelas melhores

esperanças nos mais profundos recônditos das almas da atualidade. •(55)

100

Bela mensagem transmite-nos Steiner em relação à busca de equilíbrio entre

nosso eu interno e externo. Quíron deixa-me transitar entre estes dois mundos até que

encontre o ponto de estabilidade, o ponto de abrangência de todos os opostos e

dualidades de minha realidade tridimensional. Com sua ajuda aproximo-me, cada vez

mais, de meu ser verdadeiro, quando posso bradar um “EU SOU” de modo confiante

para que todos possam ouvir-me. Neste momento, ilumino o caminho dos que me

cercam com qualidades harmoniosas de outros signos solares, além de meu próprio.

Minha admiração estende-se a todos os outros eus que juntamente comigo formam o

grande Todo!

Existem inúmeros instrumentos à minha disposição, caso queira aprofundar o tema

trazido por Quíron em meu mapa, porém como utilizar as informações que ele me trans-

mite, para que possa unir matéria e espírito? Como aproximar- me daquilo que em

essência sou, sem que cause desarmonias em minhas energias? Quíron leva-me ao novo

conservando a estrutura construída ao longo dos tempos. Se aqui estou para recordar-me

do que sou, o que é este novo de que tanto se fala?!

Será que a escola da vida é somente uma maneira de estimular minha memória para

que me lembre de tudo aquilo que já sei?! Se isto corresponde à verdade, nada há de novo a

ser aprendido, somente recapitulações da matéria, lembranças do que já existe em meu

interior. A terminologia pode não ser a mesma, somente o conteúdo o é! Minha abordagem

pode ser nova a cada experiência vivida, e isto é o novo, o desconhecido, o viver cada

instante como se fosse o único.

Ter a percepção de que este momento existe e carrega em si tanto o passado como

o futuro, dá-me segurança para trilhar meu caminho com menos ansiedade. Talvez seja

esta uma das maiores lições aqui neste Planeta, talvez estas recordações remetam-me a

um contato cada vez mais presente com o espírito maior, com meu Eu Superior, com

Deus, enfim, com aquilo que tem maior significância para mim.

Na sala de aula, no consultório, em casa, no contato direto com o meu parceiro, em

inúmeras ocasiões posso praticar este ensinamento. Nossas reações deveriam estar

desvincula das de momentos já vividos, e talvez as situações se repitam para que

possamos reagir de modo diferente ao habitual. Sim, não há como negar a dificuldade de

fazer certas tarefas, mesmo depois de já as termos incorporado intelectualmente.

Contudo, a prática traz consigo a perfeição e não cometemos erros irreparáveis ao

almejarmos chegar mais perto de nós mesmos.

Aspiro, de coração, a trazer minha espiritualidade para a Terra, nutrir e manter o

casamento de meu Eu consciente com o inconsciente, realizar a unidade e descobrir-me

como indivíduo autêntico, no real sentido da palavra, único e indiviso! E em alguns

instantes isto já se faz presente!

101

Na escolha de ferramentas para o autoconhecimento, considero que exista um número

significativo de técnicas e métodos, possibilidades valiosas para enriquecimento do

tema de Quíron. Para os profissionais que lidam com relacionamentos humanos e que

demonstram interesse em servir ao próximo e a si mesmo, enfim, para todos os que

anseiam contribuir para a evolução pessoal e da humanidade, e que queiram enriquecer

suas experiências de vida, considero essencial a ampliação do horizonte de conhecimentos,

principalmente se estes são colocados em prática. Sugiro, portanto, a continuação de um

trabalho de análise, por meio da astrologia psicológica, da psicoterapia, do processo de

coaching, do estudo de mitos, de terapias corporais, da dança, ginástica, qualquer tipo de

atividade esportiva ou qualquer outro método que lhes facilite a comunicação interna e

externa e os leve a um aprofundamento de questões levantadas a partir do

autoconhecimento e da exploração de Quíron, se eles assim o quiserem.

Tambérm recomendo o emprego do Jogo da Transformação que pode ser de grande ajuda

nesse processo.

Segundo meu aprendizado e observação da vida dos que me cercam, não poderia

deixar de acrescentar que acredito, realmente, com todo meu entusiasmo pela vida, que

todos, de certo modo, estão comprometidos com este grande empreendimento para

equilíbrio de si mesmo. O que se requer, neste momento atual, é que este

comprometimento também se torne consciente, conforme já colocado.

A experiência é essencial para a transformação criativa, por isso, em meu anelo de

partilhar com o próximo, acredito na possibilidade de despertá-lo para o

autoconhecimento, o que, provavelmente, pode motivá-lo à aplicação do aprendizado e

à expressão de seus talentos singulares para consecução de seu Propósito de Vida, em

harmonia com sua essência, com todos os outros “viajantes,” com a Natureza e com o

Todo Maior. Assim espero!

102

XI – CONCLUSÃO

À proporção que a luz aumenta, vemo-nos piores do que supúnhamos. Ficamos

estupefatos com a nossa cegueira anterior ao vermos sair do nosso coração um

verdadeiro enxame de sentimentos vergonhosos, como répteis imundos que rastejam para

fora de uma caverna oculta. Mas não devemos ficar nem estupefatos nem perturbados.

Não somos piores do que éramos; pelo contrário, somos melhores. Mas ao mesmo tempo

que as faltas diminuem, a luz sob a qual as vemos se torna mais brilhante, e nos

enchemos de horror. Enquanto não houver sinal de cura, não damos tento da profundeza

do nosso mal; encontramo-nos num estado de presunção cega e de dureza, presa da ilusão

sobre nós mesmos. Enquanto seguimos com a corrente, não temos consciência do seu curso

rápido; mas quando começamos a represá-la, por pouco que seja, ela se faz sentir. •(56)

Se demonstro coerência naquilo que prego e aplico o que ensino aos outros em

meu trabalho, em meu dia-a-dia, se sinto o que falo com a mente, o coração e a alma,

adepta do autoconhecimento como caminho de cura em minha vida, se estou aberta ao

processo contínuo de consciência de minha natureza interior, certamente tenho

condições de ter um relacionamento ativo com aqueles que me acompanham em

minha jornada, e também terei êxito com aqueles que se encontram sob minha

orientação, independente de meu papel de atuação. Segundo Jung, jamais conseguirei

que os outros se tornem o Um, se antes não me tornar UM.

Não há, todavia, necessidade alguma de concordar com o sistema de vida que o

outro leva, e podemos até mesmo divergir de opinião. Para Rudolf Steiner, o que

importa é que o outro venha a encontrar o certo a partir de si mesmo, se eu puder

contribuir um pouco que seja para isto.

Cabe, portanto, a mim, a disposição de palmilhar a senda da autodescoberta, ser eu

mesma, propiciando um ambiente acolhedor e oferecendo minha disponibilidade de dar

início ao verdadeiro encontro alquímico com todos os que estão ao meu redor,

companheiros viajantes, ansiosos por descobrir seu lugar no mundo e ofertar seu serviço

à humanidade.

Meus atos assemelham-se a uma pedrinha lançada no meio de um lago que forma

pequenas ondas que se vão espalhando para os lados, chegando até as margens, que

representam, simbolicamente, os outros seres que me circundam. Apenas posso dar início

ao processo, sendo o centro onde tudo principia, irradiando, desta maneira, aquilo que

está em mim. As verdadeiras transformações começam, portanto, em meu interior e são

emitidas para o ambiente mais próximo, espalhando-se até atingir cada vez mais um

número crescente de seres, que podem absorver, segundo seu nível de percepção, a

103

energia captada e transmiti-la novamente a outras formas de vida, que também são

expressão do Todo, chegando ao envolvimento do Cosmo inteiro. Logo, em minhas

mãos está a habilidade para a construção de um mundo melhor.

Experimentando ligar os conhecimentos que adquiria em minha caminhada,

progressivamente, conforme já mencionado, percebi que as respostas se encontravam

dentro de mim. Precisei introjetar o que aprendera para depois devolvê-lo ao mundo, por

meio de palavras e ações. Tive que me desfazer de crenças culturais arraigadas que estavam

retardando meu entendimento da natureza humana- ainda tenho necessidade de fazer isto-

e, gradualmente, estou aprendendo a confiar mais em minha intuição, em meu ser interior e

na simplicidade da vida. Vejo, hoje em dia, após minhas experiências, que o bem e o mal

são verdades relativas, que tanto a cooperação como a competição são necessárias no

mundo em que vivemos, que todos os aparentes opostos são, na realidade, complementares.

E, principalmente, que a verdade me é paulatinamente revelada conforme vou galgando os

degraus do crescimento humano...

O caminho para a cura real começou ao jogar joguei a pedrinha no lago, quando

agi como esta pedrinha e, na verdade, quando, em algum momento da jornada vi-me

diante de mim mesma e tive que enfrentar meus inúmeros medos, ansiedades, angústias,

meu lado rebelde que teme a transformação, e procurei, então, as respostas dentro de

mim. Não mais preciso perder-me em formalidades externas, neste momento.

Vislumbrei meu Quíron interior em meu caminho! Percebi, portanto, que somente a

conexão com meu Eu Superior vai trazer-me a verdadeira harmonia e que estou, de certo

modo, pronta e aberta para a autêntica cura. Enquanto redijo este texto, compartilhando

com outros minhas vivências, dou continuidade ao meu processo de abertura e cuido

para que minhas deduções e conclusões não se fechem, a fim de não restringir as

mudanças em minha vida...

Particularmente creio que sinceridade e coração receptivo diante do novo

representaram um dos maiores requisitos para continuar seguindo adiante, fosse aceita e

protegida em minha caminhada. Entrei, em alguns momentos, em sintonia com a

riqueza de meu Ser Interior, e optei por uma direção consciente, em harmonia com o

Cosmo, unindo corpo, emoção, mente e espírito, seguindo o fluxo dos acontecimentos,

elevando minha consciência e ampliando minha capacidade de amar e me sentir de certo

modo realizada!!!

Arrisquei minha pretensa segurança em prol também do desarmamento de falsas

medidas de defesa que me afastavam do outro. Contando com o auxílio protetor

daqueles que me precederam na busca de si mesmo, do mundo espiritual e de tantas

outras pessoas, avancei alguns passos adiante em direção a uma de minhas metas.

Aprendi que o resultado final é menos atraente que os caminhos que trilho. Uma meta

104

atrai outra, e este é o maior aprendizado que colhi desde o início de minha caminhada

consciente. Dificuldades sempre aparecerão, entretanto a cada obstáculo superado, a

cada conquista alcançada, na mesma proporção de esforço ou simplicidade, algo se

fortalece em meu interior, e é este algo que me impulsiona a partilhar minhas vivências e

aprender com o outro, também!

O que é a busca de integração, senão um movimento que dou em direção a um

novo estado de ser, a uma melhor qualidade de vida, externa e internamente? Não mais

oscilar entre o materialismo e o espiritualismo, tentar equilibrar estes dois opostos,

transcendê-los e, acima de tudo, abrangê-los. Observar a situação, deixar-me levar pelo

sentido da intuição, aceitar o presente e poder lidar com aquilo que ele me traz, não

tratando de mudar o que observo, somente minha reação ao visto, esta é a essência de

minha busca.

Aqui ficou registrado um estudo de minhas observações relacionadas a algumas de

minhas vivências, juntamente com as de outros indivíduos, que confirmam que cada um

de nós contribui, com sua singularidade, para a demonstração da Verdade maior. Não se

trata, absolutamente, de um único modelo verdadeiro, pois defendo a mesma opinião de

Jung, segundo a qual não existem modelos mais importantes que outros quando se busca

o autoconhecimento. O Todo se encontra refletido no Um, e o contrário também

procede.

Inúmeros livros foram escritos sobre o autoconhecimento, sobre Quíron, sobre

Astrologia e, certamente, já existe bastante material disponível para expansão de nossos

horizontes, material já analisado e escrito por diversas fontes cujo foco principal é o ser

humano e suas particularidades. Consequentemente, apesar de minha análise estar

profundamente pautada em experiências reais, e presumir que os princípios quironianos

poderão ser captados e compreendidos intelectualmente pelos leitores, meramente a

partir de uma simples leitura ou estudo dos mesmos, não pretendo supor que isto

substitua a vivência prática de Quíron.

Tampouco quero insinuar que minha pesquisa tenha chegado a termo. Muito ainda

haverei de vivenciar no que diz respeito ao autoconhecimento, ao conhecimento daqueles

que me cercam e ao conhecimento do Universo.

Acrescento a isso o fato de que considero que cada indivíduo vai determinar o que é

melhor para si, segundo seu nível de consciência e perspectiva de vida. Meu grande

respeito àqueles que seguem seu próprio caminho! Alguns adeptos do lema “Viver, e

deixar viver” talvez nem manifestem a necessidade de explorar as questões levantadas

por mim, o que não significa que não estejam realizando sua contribuição!

Quíron, Professor da Vida, mestre de várias disciplinas, profundo conhecedor de

vários temas, ensina-me, portanto, que entrar em sintonia com meu eu interior ou

105

mesmo com aquele que está diante de mim é tentar escutar o que ele diz e também o que

ele não está dizendo e talvez nunca venha a expressar... Ele me inspira a ter fé nas

possibilidades de mudança que posso efetuar. Ele mostra-me que dentro de mim existe

algo que somente eu posso desvendar, algo que somente eu posso ensinar-me, que sou

meu próprio mestre! Em se tratando de outra pessoa, só posso estimulá-la a se tornar

aquilo que potencialmente ela já “É”! E essa é a maneira de Quíron atuar, possibilitando

ao aprendiz o contato com dimensões cada vez maiores de consciência, onde existe um

espaço de neutralidade e o desapego se faz sentir.

Quíron, guerreiro e curador, é de grande valor a todos nós, pois ele nos auxilia na

descoberta de nosso potencial mais alto, na identificação de nosso Dom, e finalmente, na

integração das qualidades e talentos de nossa alma em nossa vida consciente.

Um profundo trabalho foi exigido de mim ao seguir Quíron, e muito foi realizado

com a mobilização das energias de meu inconsciente que agiram em meu favor. Como

profissional que trabalha com o crescimento do ser humano, obtive muitos benefícios de

seus ensinamentos e também do encontro com o outro.

Nosso planeta é um organismo vivo e cada um de nós é parte integrante do mesmo.

Robert Happé, em uma de suas palestras, diz-nos que a Terra é um ser vivo, que necessita

urgentemente de cura, e nos assemelhamos a agulhas de acupuntura inseridas no lugar

adequado para que isto ocorra. A localização física é o espaço que ocupamos neste exato

momento, conscientes de nossa verdadeira força e natureza espiritual.

Reconhecendo a Astrologia como linguagem que ex- pressa a Energia de meu Ser,

de minha essência, estamos nós, a cada instante, expressando nossa própria

singularidade, nosso jeito especial de ser, manifestando ao mesmo tempo o que há de

mais transcendente em cada signo solar. Levemos, então, o brilho de nosso Sol a todas

as áreas de nossa vida, permitindo que este brilho também reflita o brilho dos outros

seres do Universo.

Cooperar para um mundo melhor requer de mim a ousadia de continuar

expressando minha essência real, minha verdade interior! Expandir minha percepção

consciente vai sempre exigir de mim muita força de vontade para explorar o mais

recôndito de meu ser, entretanto isto proporciona compaixão e solidariedade por outros

que também estão passando pelos mesmos conflitos. Chegará, então, o dia em que todos

poderemos beber da fonte da verdade e refletir a sede que temos de união com o

infinito!!! Entretanto somente nós podemos decidir como agir, ao som da nossa própria

voz interior... Hoje, finalizando meu trabalho, lembro-me do personagem principal do livro

de Paulo Coelho, O Alquimista, que, após muitas lutas, volta ao ponto inicial: ”ELE”

mesmo! Assim parece meu caminhar, entremeado por inúmeras idas e voltas, diversos

escorregões, muitas incertezas, incontáveis alegrias. Após ter-me embrenhado em diversas

106

trilhas, entre idas e vindas, conscientes e inconscientes, optei por um só caminho, o

caminho de seguir meu guia interno, porque descobri, que todas elas são semelhantes,

embora à primeira vista aparentem ser diferentes. Nem tudo é o que parece ser! Parodoxos?

Para a mente analítica, talvez eles o sejam, mas para a mente que tudo abrange, eles são

simplesmente uma manifestação da verdade, um espectro da consciência única, que somos

nós e o todo.

Seguramente hei de continuar prosseguindo desta maneira, pois a vida é um constante

fluir, uma melodia ininterrupta que acompanha todos os meus passos, internos e externos.

Estou, sim, a cada dia que passa iniciando uma nova jornada, com a mesma

motivação e esperança de 30 e tantos anos atrás, entretanto meu estado interno é outro, pois

me conhecendo um pouco melhor, não procuro, agora, tentar compreender o outro segundo

uma visão unilateral de vida, pois vivenciei que todos somos um, e é isso que me dá

sustentação ao sofrer recaídas e deslizes, e dúvidas tentam enfraquecer-me novamente.

Olhar o outro e a mim mesma com outros olhos, com outra consciência, foi uma das

maiores transformações que me ocorreram desde o começo da Busca consciente por mim

mesma.

Em vista disto tudo que foi relatado neste trabalho, apresento algumas questões que

considero interessantes dentro de nosso sistema de formação educacional:

Como efetuar uma mudança em nosso sistema escolar para introdução de

ferramentas de autoconhecimento, na formação de nossos professores e alunos? Como

torná-las parte do currículo escolar no ensino médio para ajuda vocacional? De que

maneira utilizá-las nas aulas e tornar o ensino e o aprendizado algo mais atraente,

profundo e motivador? Por que não enfatizar a necessidade de o futuro instrutor

conhecer sua própria personalidade? Estes instrumentos são realmente de grande valia

em qualquer grade curricular, com toda certeza. Todas estas questões, seguramente, já

foram propostas por grandes nomes de nossa história, como Jung, Steiner, entre outros,

contudo parece que continuarão sendo tema de gerações futuras, e quem sabe estas com

maior habilidade consigam colocá-las em prática...

Como trazer o novo para a humanidade? Cada experiência por que passei e passo

é uma nova oportunidade para que acolha o desconhecido. A revelação acontece segundo

minha disposição e receptividade à vida, e creio que toda experiência serve para

perceber o novo e não julgar o que vivo em função do que já passei, parafraseando

Rudolf Steiner.

Farei, portanto, aquilo que me é possível, dentro dos limites de minha natureza

para a consecução destes ideais.

Sempre foi importante descobrir meu real valor, acreditar em meus sonhos e

perceber que com a ajuda de mais pessoas, certamente construirei um caminho mais

107

sólido e estruturado para que um dia minhas aspirações se realizem. Conforme já

mencionei, resvalei diversas vezes em diferentes momentos e circunstâncias, quando

acreditava que as forças faltassem-me, contudo parece que alguma coisa maior desviava

minha concentração de minhas falhas e colocava-me de pé, novamente, para que

prosseguisse minha jornada.

Talvez os obstáculos estejam sempre presentes em meu caminhar, todavia eles

servem-me de incentivo ao desenvolvi- mento de minha energia, minha força interna,

que juntamente com a consciência em outro nível mais elevado, ajudam a dissolver os

perigos existentes. Parece que, deste modo, sigo vigilante os passos de minha evolução,

cuidando atenciosamente para não me dispersar em detalhes insignificantes que

poderiam retardar meu crescimento.

Acredito, sinceramente, que a procura do verdadeiro eu e o anseio por uma vida

mais harmoniosa e integrada são partilhados por todos os seres humanos,

independentemente ou não do reconhecimento de sua ferida maior, afinal a indi-

viduação, cuja meta é a autoconsciência, é algo inato ao ser humano. Todos estão,

consciente ou inconscientemente, procurando atingir os mesmos objetivos. Só posso

acrescentar que, para mim, ser uma Buscadora é meu próprio viver! Sou a Busca e a

Buscadora!

Continuo “apostando” na natureza humana, num mundo de cooperação e amor, em

ensinamentos que podem me sustentar na conexão com meu Eu Superior, minha verda-

de, esperando “ansiosamente” sua revelação, mas tenho que admitir que muitos desafios

ainda estão em meu caminho, e confesso que a batalha de entendimento maior é sempre

travada dentro de mim, comigo mesma.

Redefinir minhas crenças, meus valores, a partir do meu âmago, libertando-me de

minhas limitações, e aceitando-me como realmente sou, é uma tarefa “hercúlea” que so-

mente a mim cabe. É em meu interior que se fazem presentes não apenas todos os

obstáculos e senões ao meu verdadeiro rumo como também a rota correta que devo

seguir! Rota esta que está em sintonia com necessidades internas do ser.

É em meu interior e dentro das situações vividas, com o uso de minha visão interior,

de minha intuição, que se encontram as respostas, por isso tenho que me aquietar para

conseguir ouvi-las, confiar nelas e descobrir meu próprio ritmo, no meio do turbilhão de

tantas outras vozes que se insinuam em meu universo interno. Vozes às quais dei atenção

se a orientação era necessária, mas das quais, algumas vezes, não consigo me libertar,

mesmo quando já não mais necessito delas.

Ouvir o silêncio interior evoca, com certeza, uma abertura de coração não só em

relação a mim mesma como também aos outros, e isto me ajuda a vivenciar um pouco

mais de paz.

108

Importante mencionar que durante o processo de minha pesquisa e da própria

redação do texto passei por grandes transformações no que diz respeito a muitos

aspectos de minha vida. Escrever sobre Quíron trouxe o novo em minha vida e,

certamente ainda hei de passar por novos processos de mudança, provavelmente em

outros níveis.

Reconheço que o autoconhecimento, o conhecimento do outro e o conhecimento

do Todo são as chaves para a harmonia em meu mundo. Somos todos seres especiais,

plenos de possibilidades infinitas, e a compreensão de que compartilhamos experiências,

não somente com os seres de nosso planeta e sim com todo o cosmo, é a grande

mensagem da Era de Aquário. Vivamos, então com sabedoria e amor e possamos

distribuir nosso brilho pessoal e engrandecer a riqueza do todo maior!

Espero que, no desenvolvimento de meu trabalho, tenha deixado claro que o mais

importante num estudo de autoconhecimento ou de conhecimento do próximo é a pessoa

que lida com o mesmo e não o método utilizado por ela. Na realidade, o melhor remédio

é a pessoa do médico, como se diz popularmente. A Astrologia tem sido por mim

grandemente valorizada, simplesmente pela afinidade que sinto em relação a este

instrumento de estudo. Não a considero, consequente- mente, melhor do que qualquer

outra ferramenta que exista a meu dispor.

Que todos, enfim, ousem expressar sua verdade, assimilando aquilo que

consideram importante a seu desenvolvimento, e que a aplicação de seu entendimento

sobre a vida lance sementes em solo fértil, para que estas nasçam, cresçam com vigor e

novamente se espalhem, num ciclo sem fim!

Finalizando, gostaria de reiterar a afirmação de que comparo minha pesquisa a

uma pequena criança que principia seus primeiros passos. Assim como ela, pretendo

continuar aplicando os ensinamentos de Quíron e prosseguir meu caminho em direção

ao novo, à união com o Self, acalentando as transformações e reconhecendo-as como

parte de meu processo vital.

Na transcendência e abrangência das dualidades encontrarei um dia, finalmente, o

verdadeiro Amor, a Verdade, o Universo indivisível.

Relendo tudo o que escrevi, percebo que inúmeras vezes repito as mesmas coisas,

de modos diferentes... Dizem que ensinamos aquilo que mais precisamos aprender!

109

XII- EPÍLOGO

Concluo meu trabalho com um poema maravilhoso de Rudolf Steiner, que

expressa com muita sensibilidade, em minha opinião, o caminho do Buscador.

Forjando a armadura •(57)

Nego-me a me submeter ao medo que me tira a alegria de minha

liberdade,

que não me deixa arriscar nada,

que me torna pequeno e mesquinho, que me amarra, que não me deixa ser direto e

franco,que me persegue, que ocupa negativamente minha imaginação,

que sempre pinta visões sombrias.

No entanto não quero levantar barricadas por medo do medo.

Eu quero viver, e não quero encerrar-me.

Não quero ser amigável por ter medo de ser sincero.

Quero pisar firme porque estou seguro e não para encobrir meu medo.

E, quando me calo, quero fazê-lo por amor

e não por temer as conseqüências de minhas palavras.

Não quero acreditar em algo só pelo medo de não acreditar. Não quero filosofar por medo

que algo possa atingir-me de perto.

Não quero dobrar-me só porque tenho medo de não ser amável.

Não quero impor algo aos outros

pelo medo de que possam impor algo a mim; Por medo de errar, não quero

tornar-me inativo.

Não quero fugir de volta para o velho, o inaceitável, por medo de não me sentir seguro no

novo.

Não quero fazer-me de importante porque tenho medo de que senão poderia ser

ignorado.

Por convicção e amor, quero fazer o que faço e deixar de fazer o que deixo de

fazer.

Do medo quero arrancar o domínio e dá-lo ao amor.

E quero crer no reino que existe em mim.

110

XIII- NOTAS

•(1) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poemas, Pensamentos. Coletânea

organizada por Herwig Haetinger. 3.ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.47.

•(2) É importante elucidar que o termo “Arquétipo” é definido de modos diversos

nas obras de Jung. Talvez a definição mais abrangente seja a seguinte: “Arquétipos” são

imagens primordiais que refletem padrões básicos ou temas universais comuns a toda a

humanidade que estão presentes no inconsciente e que existem além do tempo e do

espaço, independentemente da raça, da idade e da cultura dos indivíduos. Podemos

expressar estes Arquétipos em sonhos, fantasias, visões, mitos, arte, religião e em

nossos comportamentos do dia-a- dia. Ex: Sombra, Animus, Anima, O Velho Sábio, etc.

•(3) O Arquétipo da Totalidade é o Self, que simboliza a totalidade da psique, o

esforço em direção à unidade, inteireza e integração.

•(4) “Concerning all acts of initiative and creation, there is one elementary truth the

ignorance of which kills countless ideas and splendid plans: that the moment one definitely

commits one- self, the Providence moves too. All sorts of things occur to help one that would

otherwise not have occurred. A whole stream of events issues from the decision raising in one’s

favor all manner of unforseen incidents and meetings and material assistance which no man

could have dreamed would have come his way. Whatever you can do, or dream you can do,

do it. Boldness has genius, power and magic in it. Begin it now!” Texto extraído do livro

Poemas, Pensamentos, Reflexões para o nosso tempo. Coletânea organizada por Herwig

Haetinger. 3.ed. São Paulo: Editora Antroposófica, 2001, p.65. Tradução adaptada pela

autora do livro.

•(5) SCHAFFER, Ulrich. Crescer, Amadurecer, Poemas Meditativos. Coletânea

selecionada e traduzida por Herwig Haetinger. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.23.

•(6) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de

Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.180.

•(7) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy. Tradução de

Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.181.

111

•(8) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de

Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.183.

•(9) MURDOCK, Maureen. Giro Interior, O processo de criação de imagens mentais

dirigidas na educação de crianças e adolescentes (Spinning Inward, using Guided Imagery with

Children for Learning, Creativity & Relaxation). Tradução de Daniel Camarinha da Silva e

Dulce Helena P. da Silva. São Paulo: Cultrix, 1987, pág. 106.

•(10) Este jogo foi criado por Joy Drake e Kathy Tyler na Comunidade Internacional de

Findhorn, sendo desenvolvido com base na experiência holística e ecológica da Comunidade.

Ele é empregado por terapeutas, conselheiros e por todos que desejam intensificar o

desenvolvimento e expressão de seu potencial, e tem como recurso um tabuleiro, ao

redor do qual a experiência de cada um vai-se desenrolando, refletindo com

sincronicidade aspectos importantes de suas vidas.

•(11) BACH, Richard. Um (One). Tradução de Donaldson M. Garschagen, 2.a ed.

São Paulo: Editora Record, 1988, pág. 57.

•(12) HUXLEY, Aldous. Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução de

Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p.19.

•(13) GOETHE. “Das ganze Weltwesen liegt vor uns wie ein grosser Steinbruch vor

dem Baumeister. Alles ausser uns ist nur Element, ja, ich darf sagen, auch alles an uns; aber

tief in uns liegt diese schöpferische Kraft, die das zu erschaffen vermag, was sein soll und uns

nich rasten noch ruhen lässt, bis wir es ausser uns oder an uns auf eine oder andere Weise

dargestellt haben.” Texto de Goethe, retirado do livro Poemas, Pensamentos, coletânea

selecionada por Herwig Haetinger. 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.15. Tradução

adaptada pela autora do livro.

•(14) HAPPÉ, Robert. Consciência é a Resposta. São Paulo: Talento, 1997, p. 74

e 75.

•(15) MESTRE ECKHART, poema retirado do livro Poemas, Pensamentos.

Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.54.

•(16) WILHELM, Richard. I Ching, O Livro das Mutações, (I Ging, Das Buch der

Wandlungen). Tradução de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São

112

Paulo: Pensamento, 1956, p.184.

•(17) ZWEIG, Connie; ABRAMS, Jeremiah. Ao Encontro da Sombra: O Potencial

Oculto do Lado Escuro da Natureza Humana.(Meeting the Shadow: The Hidden Power of

the Dark Side of the Human Nature). Tradução de Merle Scoss. Editora Cultrix, São Paulo,

1991, p.194.

•(18) SOMBRA é o Arquétipo junguiano que representa aquilo que reprimimos

em nosso caminho de formação do ego para desempenho de nossa função na sociedade

e tudo o que não expressamos conscientemente em público. Pode ser algo positivo ou

negativo, e, se permanecer no inconsciente, seja este pessoal ou coletivo, poderá ser

projetado em outros indivíduos ou grupos. Apesar de seu lado ameaçador, a Sombra

aponta-nos para os aspectos positivos que ainda necessitamos integrar em nossa vida, o

que significa dizer que nela se escondem, em estado inconsciente, a luz e a força do

espírito.

•(19) BACH, Richard. Um (One). Tradução de Donaldson M. Garschagen, 2.a ed.

São Paulo: Editora Record, 1988, pág. 87.

•(20) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poe- mas, Pensamentos.

Coletânea organizada por Herwig Haetinger. 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001, p.

16. Tradução adaptada pela autora do livro.

Original: “Alles, was der Mensch unternimmt, um in sich das Ewige zu erwecken,

tut er, um den Daseinswert der Welt zu erhöhen. Er ist als ein Erkennender nicht ein

müssiger Zuschauer des Weltganzen, der sich Bilder von dem macht,was ohne ihn da ware.

Seine Erkenntniskraft ist eine höhere, eine schaffende Naturkraft. Was in ihm geistig

aufblitzt, ist ein Göttliches, das vorher verzaubert war, und das ohne seine Erkenntnis brach

liegen bliebe.”

•(21) COELHO, Paulo. Histórias para Pais, Filhos e Netos. São Paulo: Globo, 2001,

p. 40 e 41.

•(22) ANIMA, segundo Jung, é o Arquétipo que simboliza o componente feminino

inconsciente da psique masculina. Atualmente, estudiosos das obras de Jung

consideram-na também parte da psique feminina.

113

•(23) ANIMUS, segundo Jung, é o Arquétipo que simboliza o componente

masculino inconsciente da psique feminina. Também considerado como pertencente à

psique masculina, de acordo com alguns estudiosos modernos de Jung.

•(24) CLOW, Barbara Hand, Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e

Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de

Constantino Kouzmin Korovaeff, São Paulo: Pensamento, 1987, p.21

•(25) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.

Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 36.

•(26) CLOW, Barbara Hand- Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e

Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de

Constantino Kouzmin Korovaeff. São Paulo: Pensamento, 1987.

NOLLE, Richard, Chiron, The New Planet in your Horoscope, AFA, 1993 .

REINHART, Melanie, Quíron e a Jornada em Busca da Cura (Chiron and The

Healing Journey), tradução de Patricia Voeux. Rio de Janeiro:

Rocco, 1995.

•(27) LAWRENCE, D. H. Tradução adaptada pela autora deste livro.

HEALING

I am not a mechanism,

An assembly of various sections.

And it is not because the mechanism is working wrongly, that I am ill,

I am ill because of the wounds to the soul, to the deep emotional self

and the wounds to the soul take a long, long time, only time can help

and patience,

and a certain difficult repentance long difficult repentance,

realisations of life’s mistake,

and the freeing oneself from the endless repetition of the

mistake

which mankind at large has chosen to sanctify.

•(28) ROGERS, Carl. El Camino del Ser, Barcelona, Espanha, 1986. Texto retirado

do livro Corporificando a Consciência. de Theda Basso e Aidda Pulstilnik, São Paulo:

114

Instituto Cultural Dinâmica Energética do Psiquismo, 2000, p. 133.

•(29) WILHELM, Richard. I Ching, O Livro das Mutações, (I Ging, Das Buch der

Wandlungen).Tradução de Alayde Mutzenbecher e Gustavo Alberto Corrêa Pinto. São

Paulo: Pensamento, 1956, p.81.

•(30) CASEY, Karen e Martha Vanceburg. A Promessa de um Novo Dia (The

Promise of a New Day). Tradução de Evelyn Kay Massaro. São Paulo: Best Seller, 1996,

p.12.

•(31) JUNG, Carl G. Modern Man in Search of a Soul. Hartcourt Brace &

Company, 1976. Citação encontrada em anotações pessoais da autora do livro.

•(32) HOWELL, Alice O. O Simbolismo Junguiano na Astrologia. (Jungian

Symbolism in Astrology, Letters from an Astrologer). Tradução de Adail U. Sobral e

Maria Stela Gonçalves. São Paulo: Pensamento, 1987, p.51.

•(33) idem, página 52.

•(34) TANIGUCHI, Masaharu. A Verdade. Volume 2 (SHINRI) São Paulo:

Igreja Seicho-no-Ie do Brasil, 1984, p.205.

•(35) MANDALA, para Jung, é um símbolo da totalidade e perfeição. Ela é o Self,

portanto, em cuja direção caminhamos.

•(36) CLOW, Barbara Hand, Quíron, Ponte de Ligação entre os Planetas Interiores e

Exteriores (Chiron, Rainbow Brid- ge between the Inner and Outer Planets).Tradução de

Constan-tino Kouzmin Korovaeff. São Paulo: Pensamento, 1987, p.66.

•(37) HOWELL, Alice O. O Simbolismo Junguiano na Astrologia (Jungian

Symbolism in Astrology, Letters from an Astrologer).Tradução de Adail U. Sobral e Maria

Stela Gonçalves. São Paulo: Pensamento, 1987, p.21.

•(38) HUXLEY, Aldous. A Filosofia Perene (The Perennial Philosophy). Tradução

de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1991, p. 16 (apud William Law).

•(39) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poemas, Pensamentos.

115

Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,

p.46.

•(40) NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: Uma jornada arquetípica (Jung and the

Tarot: An Archetypal Journey). Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo:

Cultrix, 1988, p.74.

•(41) WEST, Morris. As Sandálias do Pescador. Extraído do livro de John Powell

Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? (Why Am I Afraid To Tell You Who I Am?).

Tradução de Clara Feldman de Miranda. Belo Horizonte: Crescer, 1996, p.101.

•(42) WHITMONT, Edward. A Busca do Símbolo, Conceitos Básicos de

Psicologia Analítica (The Symbolic Quest, Basic Concepts of Analytical Psychology).

Tradução de Eliane Fittipaldi Pereira e Kátia Maria Orberg. São Paulo: Cultrix, 1969,

p.45.

•(43) HAPPÉ, Robert. Consciência é a Resposta. São Paulo: Talento, 1997, p.48.

•(44) MANDELA, Nelson. Tradução da autora do livro. Texto original: “Our

deepest fear is not that we are inadequate, our deepest fear is that we are powerful

beyond measure. It is our light, not our darkness that most frightens us. We ask our-

selves who am I to be brilliant, gorgeous, talented, fabulous? Actually, who are you not

to be? You are a child of God. Your playing small does not serve the world. There is

nothing enlightened about shrinking so that other people won’t feel insecure around

you. We were born to make manifest the glory of God that is within us. It is not just in

some of us; it is in everyone. And as we let our own light shine, we unconsciously give

other people permission to do the same. As we are liberated from our own fear, our

presence automatically liberates others.”

•(45) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.

Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 52.

•(46) COELHO, Paulo. Histórias para Pais, Filhos e Netos. São Paulo: Globo,

2001, p.203.

•(47) BACH, Richard. Ilusões (Illusions). Tradução de Luzia Machado da Costa,

14.a ed. São Paulo: Editora Record, 1977, pág 146.

116

•(48) BAILEY, Alice. Iniciação Humana e Solar. São Paulo: Livro da Fundação

FEEU, 1999. Texto colocado antes do Prefácio, extraído de “A Doutrina Secreta”, de

Helena P. Blavatsky, Vol III, pág. 401.

•(49) ALVES, Rubem. A Planície e o Abismo. São Paulo: Editora Paulus, 1999.

•(50) COELHO, Paulo. O Alquimista. São Paulo: Rocco, 1989, pág. 38.

•(51) BACH, Richard. Mensagens para Sempre. Tradução de Regina Maria F.

Ferreira. São Paulo: Edição de Lidia Maria Riba, V&R, 2001, pág. 43.

•(52) POWELL, John. Por que tenho medo de lhe dizer quem sou? (Why Am I

Afraid to Tell You Who I Am?). Tradução de Clara Feldman de Miranda. Belo

Horizonte: Crescer, Belo Horizonte, 1996, p.84.

•(53) NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô: Uma jornada arquetípica (Jung and the

Tarot: An Archetypal Journey). Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo:

Cultrix, 1988, p.74.

•(54) STEINER, Rudolf. Poema retirado do livro Poe- mas, Pensamentos.

Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,

p.45.

•(55) STEINER, Rudolf. Texto extraído do livro Poe- mas, Pensamentos.

Coletânea organizada por Herwig Haetinger, 3. ed. São Paulo: Antroposófica, 2001,

p.20.

•(56) HUXLEY, Aldous. A Filosofia Perene (The Perennial Philosophy).

Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, 1994, p. 183.

•(57) Colaboração de Ute Crämer. Poema retirado do fascículo “Nós”- Época de

Micael, redigido pelo Colegiado dos Professores da Associação Pedagógica Rudolf

Steiner de São Paulo, setembro de 1998.

117

XIV- TABELA DE QUÍRON NOS SIGNOS

(1900-2025)

http://www.librarising.com/astrology/tables/chirone- phemeris.html

13/01/1901- 09/08/1901- CAP

10/08/1901- 29/09/1901- SAG

30/09/1901- 22/04/1904- CAP

23/04/1904- 21/05-1904- AQU

22/05/1904- 11/01/1905- CAP

12/01/1905- 19/03/1910- AQU

20/03/1910- 29/08/1910- PEI

30/08/1910- 15/01/1911- AQU

16/01/1011- 01/04/1918- PEI

02/04/1918- 23/10/1919- ARI

24/10/1918- 31/01/1919- PEI

01/02/1919- 29/05/1926- ARI

30/05/1926- 21/10/1926- TOU

22/10/1926- 25/03/1927- ARI

26/03/1927- 11/06/1933- TOU

12/06/1933- 23/12/1933- GEM

24/12/1933- 23/03/1934- TOU

24/03/1934- 29/08/1937- GEM

30/08/1937- 27/11/1937- CAN

28/11/1937- 31/05/1938- GEM

01/06/1939- 02/10/1940- CAN

03/10/1941- 31/12/1940- LE

01/01/1940- 19/06/1941- CAN

20/06/1941- 29/07/1943- LE

30/07/1943- 20/11/1944- VIR

118

21/11/1944- 25/03/1945- LIB

26/03/1945- 23/07/1945- VIR

24/07/1945- 10/11/1946- LIB

11/11/1946- 29/11/1948- ESC

30/11/1948- 12/02/1951- SAG

13/02/1951- 22/06/1951- CAP

23/06/1951- 09/11/1951- SAG

10/11/1951- 27/01/1955- CAP

28/01/1955- 26/03/1960- AQU

27/03/1960- 23/08/1960- PEI

24/08/1960- 25/01/1961- AQU

26/01/1961- 03/04/1968- PEI

04/04/1968- 20/10/1968- ARI

21/10/1968- 02/02/1969- PEI

03/02/1969- 31/05/1976- ARI

01/06/1976- 13/10/1976- TOU

14/10/1976- 01/04/1977- AR

02/04/1977- 24/06/1983- TOU

25/06/1983- 01/12/1983- GEM

02/12/1983- 14/04/1984- TOU

15/04/1984- 22/06/1988- GEM

23/06/1988- 22/07/1991- CAN

23/07/1991- 04/09/1993- LE

05/09/1993- 09/09/1995- VIR

10/09/1995- 01/01/1997- LIB

02/01/1997- 06/04/1997- ESC

07/04/1997- 03/09/1997- LIB

04/09/1997- 11/01/1999- ESC

12/01/1999- 05/06/1999- SAG

06/06/1999- 23/09/1999- ESC

119

24/09/1999- 11/12/2001- SAG

12/12/2001- 23/02/2005- CAP

24/02/2005- 02/08/2005-AQU

03/08/2005- 10/12/2005- CAP

11/12/2005- 23/04/2010- AQU

24/04/2010- 22/07/2010- PEI

23/07/2010- 12/02/2011- AQU

13/02/2011- 21/04/2018- PEI

22/04/2018- 28/09/2018- ARI

29/09/2018- 20/02/2019- PEI

21/09/2019- 31/12/2025- ARI

22ºARI 36 RX

120

XV.REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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126

Sou a Joseila, alguém que descobre a cada momento a sua criatividade e que

procura viver segundo suas próprias regras, em sintonia com o mundo ao redor. Aceito a

experiência dos mais velhos, contudo procuro vivenciar aquilo que acredito ser a minha

verdade. Nutro profundo interesse por tudo aquilo que se relaciona com o “Conhece-te a

ti mesmo!”e o relacionamento com os outros seres em crescimento constante. Amante

da vida, na paz e na luta, pouco a pouco encontro a mim mesma, em comunhão com o

que significa para mim a Força Maior! Amo minha família e filhos, maior conquista já

alcançada. Desapegar-me do que conquistei será a minha vitória!

Meu lema: “Guerreiro eu sou, e da batalha eu saio triunfante!”

FORMAÇÃO PROFISSIONAL

Graduada pela USP-SP, em Alemão e Inglês, com Pós-graduação Lato-Sensu em

Abordagem Junguiana pela PUC-SP. Paralelamente à sua carreira desenvolve grande

interesse pelo Autoconhecimento, Cura e Integração Holística.

Cursos de sua formação: Meditação, Psicanálise, Comunicação não Violenta,

Sonhos, Pathwork, Reiki, Florais de Bach, Astrologia, Programação Neurolinguística e

Coaching por meio de Life Potential Developments, personal e professional Coach pela

Sociedade Brasileira de Coaching e pela Sociedade Latino Americana de Coaching,

entre outros.

Atualmente prepara alunos para o SAT e TOEFL, é Facilitadora do Jogo da

Transformação® credenciada pela Innerlinks, Consultora Astrológica e Coach de Vida.

Website: www.kironcoaching.com e www.blog.kironcoaching.com

YouTube: Joseila Gerotto

Facebook: Kironcoaching

[email protected]

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