Jornal Das Aldeias #5

8
EDIÇÃO ESPECIAL SUPLEMENTO TRIMESTRAL DO JORNAL RECONQUISTA | N º 3613 | 11 DE JUNHO DE 2015

Transcript of Jornal Das Aldeias #5

  • 1JUNHO - SETEMBRO 2015 | JORNAL DAS ALDEIAS

    EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS - JORNAL DAS ALDEIAS

    EDIO ESPECIAL

    SUPLEMENTO TRIMESTRAL DO JORNAL RECONQUISTA | N 3613 | 11 DE JUNHO DE 2015

  • 2 JORNAL DAS ALDEIAS | JUNHO - SETEMBRO 2015

    JORNAL DAS ALDEIAS - EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS

    Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver do Universo....

    Esta frase de Alberto Caeiro (he-ternimo de Fernando Pessoa) pode ser o mote para toda a experincia que se tem traado ao longo das Aldeias Artsticas do projeto H Festa no Campo. Uma experincia do olhar nas suas diversas dimenses que, na sua vivncia mais prxima, se torna um ca-minho de escrita de um quotidiano em que a memria sinnimo de futuro. Olhar para as aldeias como territrios de esperana, oportunidade e futuro, ao invs do descrdito e do abandono em que estes territrios tm cado nos ltimos anos, a proposta de um proje-to que procura aliar Arte, Comunidade e Sustentabilidade.

    Na sua gnese o projeto tem procu-rado promover encontros improvveis entre mundos que, aparentemente, pa-recem estar distantes uns dos outros. Tudo o que se pode fazer numa cidade, pode ser feito numa aldeia (e vice-ver-sa). E o urbano encontra-se com o rural, o tradicional com o contemporneo, o

    TERCEIRA PESSOA - NUNO LEOprximo com o distante... e da emerge um resultado de inovao e construtivo de uma comunidade participativa.

    Falar das Aldeias Artsticas , em primeiro lugar, falar daquilo que os artistas trazem a estas aldeias e da for-ma como so recebidos nas aldeias, por uma comunidade aberta inova-o, criatividade e proximidade. No h nada que possa substituir a forma como as pessoas das aldeias se envolve-ram diretamente na pintura dos murais que os artistas Manoel Jack , Z Maria, Marco Almeida (2 Carry On) e Miguel fizeram no Juncal do Campo; tal como nada pode substituir a partilha que a populao do Freixial do Campo fez da histria local da sobreira de So Magral com o Gonalo Fialho (UIVO) e a forma como o artista se apropriou da mesma para produzir uma ilustrao gigante na cabine da EDP, localizada entra-da da aldeia, ou a forma como deram as mos ao artista Toms Pires (JE), que as inscreveu na fachada da Junta de Freguesia do Freixial, tornando este edifcio nico no pas (e talvez mesmo no mundo); e nada h tambm como a partilha dos brinquedos e brincadeiras que todos fizeram com o Mauro Carme-

    LINHA DO TEMPO

    JANEIRO FEVEREIROResidncia Artstica Manoel Jack Residncia Artstica Uivo

    (Gonalo Fialho)I Encontro de Fotografia MEF - Movimento de Expresso Fotogrfica

    lino e a Ana Beatriz e de onde resultou o mural que se pode ver no parque in-fantil do Freixial do Campo. Tambm a fotografia deixou j a sua marca afetiva e sensvel nas aldeias, com o projeto Di-rios de um Quotidiano do Movimento de Expresso Fotogrfica. Durante dois fins-de-semana, fotgrafos de todas as partes do pas chegaram s aldeias e en-contraram aqui um lugar de sustento e revitalizao, como bem mostram as pa-lavras de Lus Rocha e Tnia Arajo (res-ponsveis do MEF): quem aqui esteve vai de barriga cheia, quer espiritual quer fisicamente, e de baterias recarregadas.

    Todos estes so exemplos que mos-tram a fora de um projeto que, ao in-vs de ser feito para as pessoas, feito com as pessoas. Acreditamos que s assim ser possvel construir um cami-nho de envolvimento prximo de todos e que dignifique o patrimnio material e imaterial das aldeias. A noo de pa-trimnio aqui vista como um conceito dinmico, em eterna construo, e no como coisa estanque e que se encontra cristalizada num tempo passado. Um patrimnio feito de pessoas e de vivn-cias. Ao longo dos primeiros meses do projeto das Aldeias Artsticas j vi-

    svel essa potncia transformadora da arte: as aldeias tornaram-se espaos com vida e atrativos para os seus habi-tantes e visitantes. As pessoas chegam s aldeias e perguntam pela localizao dos murais, pela jeropiga to afamada, pelo mercadinho do campons organi-zado pela populao... e este o eco das pequenas coisas que vo tornando estes territrios nicos e de esperana.

    Chegamos assim ao momento do 1 Festival Aldeias Artsticas. Durante os dias 19, 20 e 21 de junho as aldeias do Barbado, Cho da V, Freixial do Cam-po e Juncal do Campo tornar-se-o no local de encontro e acolhimento de v-rios artistas de diversas disciplinas ar-tsticas, de vrios projetos de arte e in-cluso social em dilogo, de espaos de partilha e reflexo em torno das aldeias e dos seus modos de resistncia e con-tinuidade. Celebremos a vida, a histria que se continua a escrever e sublinhe-mos, em cada brinde, as nossas formas de inscrio.

    | AS ALDEIAS ARTSTICAS

    | MEMRIA =FUTURO

  • 3JUNHO - SETEMBRO 2015 | JORNAL DAS ALDEIAS

    EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS - JORNAL DAS ALDEIAS

    MEF -Movimento de Expresso Fotogrfica

    2CarryOn & MAMB JE

    MauroCarmelino& Ana Beatriz

    MAIOMAROII Encontro de Fotografia MEF - Movimento de Expresso Fotogrfica

    Residncia Artstica 2CarryOn & MAMB (Marco Almeida e Miguel ngelo)

    Residncia Artstica JE (Toms Pires)

    Residncia Artstica Mauro Carmelino & Ana Beatriz

    Por Ana Gil & J. Gonalves

    Marco Almeida, conhecido como 2 Carry On, dedica-se ao design grfico, graffiti, ilustrao e publicidade. Veio de Lisboa at aldeia do Juncal do Campo, onde diz ter sido muito bem recebido pelas suas gentes. Para Marco Almeida existem grandes diferenas entre pin-tar numa aldeia e pintar numa cidade, considera que a proposta das Aldeias Artsticas fundamental para aproximar a arte, que habitualmente produzida nos territrios urbanos, queles que ha-bitam as aldeias.

    Para esta interveno, o artista to-mou como ponto de partida o universo da gua (elemento fundamental no cha-fariz do Juncal do Campo). Na sua pin-tura, intitulada Corvos do Tejo, Marco Almeida retrata tambm alguns elemen-tos relacionados com a histria de Por-tugal, com a mitologia greco-romana e com aves. O corvo estabelece aqui uma ponte com a sua infncia e com a aldeia de onde natural.

    A acompanhar o Marco, veio tam-bm o Miguel ngelo (MAMB), jovem ilustrador, que com o seu trao minucio-so e o seu olhar atento tornou este mural rico em detalhe.

    Por Antnio Gardete & Antnio Quelhas

    ...quem aqui esteve vai de barriga cheia, quer espiritual quer fisicamen-te, e de baterias recarregadas - Foi assim que Lus Rocha e Tnia Arajo, responsveis pelo MEF (Movimento de Expresso Fotogrfica) iniciaram o ba-lano sobre o 2. Encontro de Fotografia - Aldeias Artsticas/H Festa no Campo, realizado de 1 a 3 de maio. O objetivo do projeto H Festa no Campo foi cumpri-do: houve interao, conversa e partilha entre visitantes e habitantes das aldeias, partilharam-se os saberes, sabores, his-trias e costumes, tudo isto com muita fotografia mistura.

    Atravs deste encontro verificou-se que a fotografia pode valorizar o quoti-diano de uma comunidade, bem como estimular o desenvolvimento de di-nmicas que ligam reas como a eco-nomia, o turismo e a cultura. Agora, a proposta e o convite que se lana a toda comunidade levar isto para outro pa-tamar: organizando atividades agrcolas (e no s) em que os fotgrafos possam participar e registar todo o processo. De salientar o envolvimento de guias locais, habitantes das aldeias, que se disponi-bilizaram para acolher e apresentar as nossas aldeias aos seus visitantes.

    Por Jos Coelho

    Chegou no dia cinco do ms de maio s nossas aldeias o artista Toms Pires, tambm conhecido por JE. Recebe-ram-me muito bem. As pessoas so bas-tante simpticas e hospitaleiras. Todo o seu trabalho comeou quando aqui chegou, j com local para a sua inter-veno escolhido previamente, o Toms comeou por se reunir com a popula-o em assembleia comunitria onde partilhou e discutiu o que iria ser re-presentado numa das fachadas da Junta de Freguesia do Freixial do Campo A interveno no meio rural diferente da interveno no meio urbano. Na cidade podemos representar algo que choque para gerar maior impacto, aqui no. Aqui, as pessoas tm outras vivncias, outros ideais e, por isso, preciso ser mais cuidadoso afirmou.

    Nasce a ideia de representao das mos enquanto smbolo do traba-lho no campo; as mos que cavam, se-meiam, tratam e colhem, mas tambm as mos que abraam, aquecem, ali-mentam, partilham.

    Por Ana Gil & Andr Gonalves

    Formado em design de comunica-o, Mauro Carmelino gosta de se as-sumir como um criativo e um curioso. Assim que tomou conhecimento do pro-jeto H Festa no Campo e das Aldeias Artsticas, Mauro pensou um projeto artstico que envolvesse a comunidade desde a ideia at ao resultado final. Com interveno reservada para o parque in-fantil do Freixial do Campo, Mauro, que trouxe consigo a ajuda de Ana Beatriz, props em assembleia comunitria que a populao pensasse no seu brinquedo de infncia, este foi o mote para o desen-volvimento de toda a pintura mural. Um regresso infncia; entre bonecas de trapos, berlindes, pies, fisgas, bolas de sabo... e lengalengas, escolheu-se em conjunto os brinquedos que desejmos ver pintados no parque infantil.

    A boneca de trapos l est a acenar aos que passam e aos que chegam, e o pio a rodar, sempre. No ltimo dia, os mais novos juntaram-se tambm ao Mauro e Ana, e participaram na pintu-ra de um mural coletivo que pode tam-bm ser apreciado numa das paredes do parque. A aldeia do Freixial do Campo est cada vez mais bonita e, seguramen-te, com mais histrias para contar.

  • 4 JORNAL DAS ALDEIAS | JUNHO - SETEMBRO 2015

    JORNAL DAS ALDEIAS - EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS

    | O FESTIVALARTE, COMUNIDADE E SUSTENTABILIDADE

    ARTE URBANA

    EXPOSIES

    CONVERSAS

    CINEMA AO AR LIVRE LEITURAS NA IGREJA

    geomtricas que aplica nos desenhos e que fazem de tra-balhos to diferentes a mesma linguagem condutora.

    SMILEArtista de Aerosol onde combina vrios estilos de pin-tura como o Foto-realismo e surrealismo utilizando o spray como ferramenta essencial.

    PROJETO MATILHATrabalha fotos de animais ou pessoas, seguin-do-se depois um processo de reconstruo/vectorizao da imagem, no qual so ev-idenciados os sentimentos que ela possa transmitir.

    Desde o incio do ano que as Aldeias Artsti-cas j trouxeram 5 artistas de arte urbana s aldeias. Durante o festival vo estar em resdncia artstica quatro novos artistas:

    VHILSAlexandre Farto/VHILS como conhecido na cultura graffiti, um pintor e grafiteiro portugus. Conhecido pelos seus Rostos esculpidos em paredes. Tem vindo a ex-plorar novos caminhos dentro da ilustrao, animao e design grfico, misturando o estilo vectorial com o desenho mo livre, aliado a formas contrastadas e sujas, que nos remetem para momentos picos.

    SKRANDesenvolve o seu trabalho com base em stencil e caraterizado pela versatilidade, trabalhando desde rostos at formas grfi-cas, como um animal em movimento. Mas o que o define principalmente so as linhas

    O Festival conta com vrias exposies de pintura, fotografia e design. A Cidade Vai ao Campo uma exposio itinerante de Artes Visuais produzida pela BENFI-CARTE que convidou um conjunto de ar-tistas urbanos, habituados a intervir no es-pao pblico, a transportar o citadino para o contexto aldeo. A exposio de serigrafia Casas Tradicionais Portuguesas real-

    So vrios os temas que vo ser abordados por aqui. A abertura do Festival apresenta-se com uma conversa so-

    bre educao para o desenvolvimento e a importncia do ru-ral para um desenvolvimento mais justo e sustentvel (Sinergias

    ED com o H Festa No Campo). A Ecogerminar promove um de-bate em torno do desenvolvimento local das aldeias e ainda contamos

    com a presena da Galeria de Arte Urbana, que entre outras questes ir abordar a arte como um ponto de partida importante para o desenvolvimento

    da sociedade e promover o dilogo entre o urbano e o rural.

    izada pelos alunos da ETEPA e alusiva aos selos (em escudos e centavos) que representavam as casas tradicionais portuguesas. Os dois encontros de foto-grafia realizados pelo projeto em conjunto com o MEF - Movimento de Expreso Fotogrfico, resultaram numa projeo acompanhada de fotografias - Relatos de um Quotidiano do Campo. Contamos ainda com a coleo de 30 anos de cartazes de festas populares de Pedro Firmino (Bar-bado)e ainda a exposio de pintura No Recanto das Beiras de

    O cinema ao ar livre era uma experincia usual nos modos de levar o cinema s aldeias. E porque no recu-

    perar essa experincia? Sim, porque no? Afinal de contas, o Festival Aldeias Artsticas tambm o lugar do Cinema. Pro-

    gramam-se assim duas sesses de cinema ao ar livre. Uma primei-ra com uma projeo de curtas metragens do projeto Curtas em Fla-

    grante e uma segunda sesso com a projeo do documentrio H Festa no Campo que est a ser filmado e criado nas aldeias do Barbado, Cho da

    V, Freixial do Campo e Juncal do Campo.

    A Literatura marca tambm presena no Festival Aldeias Artsticas. Com a editora e produtora de atividades culturais, Alma Azul, faremos lei-

    turas na igreja e encontraremos novamente o tempo e o lugar da poesia. A Bibliomvel da Cmara Municipal de Proena-a-Nova

    e o bibliotecrio Nuno Maral vm tambm apresentar-nos o seu projeto e partilhar uma experincia que leva a leitura

    a lugares mais remotos de Portugal continental.

    Se s burro ou artista... nossa casa s bem vindo!Casa de Burros, Cho-da-V

    BIBLIOMVEL

    ALMA AZUL

    VHILS

    PROJEO MEF

    SINERGIAS ED

    CONVERSA COM GAU ASSEMBLEIACOMUNITRIA

    MERCADINHO DO CAMPONS

    A CIDADE VAI AO CAMPO

    ENCONTRO DA ECONOMIA SOLIDRIA

    SUSTENTABILIDADE

    CARTAZES DE FESTAS DE SEMPRE

    CASAS TRADICIO-NAIS PORTUGUESAS

    SKRAN SMILE

    DOCUMENTRIO

    PROJETO MATILHA

    UIVO

    MANOEL JACKE Z MARIA

    CURTASEM FLAGRANTE

    VHILS

    PROJEO MEF

    SINERGIAS ED

    CONVERSA COM GAU ASSEMBLEIACOMUNITRIA

    MERCADINHO DO CAMPONS

    A CIDADE VAI AO CAMPO

    ENCONTRO DA ECONOMIA SOLIDRIA

    SUSTENTABILIDADE

    CARTAZES DE FESTAS DE SEMPRE

    CASAS TRADICIO-NAIS PORTUGUESAS

    SKRAN SMILE

    DOCUMENTRIO

    PROJETO MATILHA

    UIVO

    MANOEL JACKE Z MARIA

    CURTASEM FLAGRANTE

    BIBLIOMVEL

    ALMA AZUL

  • 5JUNHO - SETEMBRO 2015 | JORNAL DAS ALDEIAS

    EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS - JORNAL DAS ALDEIAS

    WORKSHOP LATA 65

    CONVERSAS MERCADINHO MSICA

    PASSEIOSFOTOGRFICOS

    LEITURAS NA IGREJA ARTE INFANTIL

    CPSULADO TEMPO

    H Msica no Campo com as Aldeias Artsticas. O Grupo de Bombos da Lardosa caminhar pelas ruas

    das aldeias, e Sexta-Feira temos baile animado pela msica popular e rock dos anos 80 com o DJ Mix Popu-

    lar. O espao Chillout um lugar para descontrair, relaxar, aproveitar um belo pr do sol, refrescar a garganta e o es-

    prito e escutar a bela msica de Andr Vaz com a sua guitarra clssica, e Miguel Sampaio com a sua guitarra eltrica e sam-

    plers jazzisticos e da msica ambiental trazida pelos Dark Shapes.

    So vrios os temas que vo ser abordados por aqui. A abertura do Festival apresenta-se com uma conversa so-

    bre educao para o desenvolvimento e a importncia do ru-ral para um desenvolvimento mais justo e sustentvel (Sinergias

    ED com o H Festa No Campo). A Ecogerminar promove um de-bate em torno do desenvolvimento local das aldeias e ainda contamos

    com a presena da Galeria de Arte Urbana, que entre outras questes ir abordar a arte como um ponto de partida importante para o desenvolvimento

    da sociedade e promover o dilogo entre o urbano e o rural.

    Filipa Almeida (AbraARTE) apresenta sesses contnuas da dinmica Vem Sentar-te Comigo que

    pretende reforar os laos afetivos entre os pais e os filhos atravs das expresses artsticas. O Espao Infantil

    Bricomarch gerido pelos alunos de Animao Socio-cultural da Etepa, onde os mais pequenos tem acesso a um

    conjunto de brincadeiras e jogos temticos associados arte e sustentabilidade.

    E se deixar um desejo para as aldeias, um desejo para os pais,

    amigos ou para o mundo? As mensagens e desejos sero guarda-

    dos numa cpsula decorada aleatoria-mente por dez anos at ser revelado. No

    Festival funciona como um monumento.

    A Literatura marca tambm presena no Festival Aldeias Artsticas. Com a editora e produtora de atividades culturais, Alma Azul, faremos lei-

    turas na igreja e encontraremos novamente o tempo e o lugar da poesia. A Bibliomvel da Cmara Municipal de Proena-a-Nova

    e o bibliotecrio Nuno Maral vm tambm apresentar-nos o seu projeto e partilhar uma experincia que leva a leitura

    a lugares mais remotos de Portugal continental.

    Estes passeios com guias locais permitem aos amantes da fotografia terem uma ex-

    periencia que vai para alm da fotogra-fia, ao conhecerem pessoas, tradies e

    lugares que tornam cada uma das aldeias um espao nico. Iro ser realizados na

    aldeia do Barbado e do Cho-da-V

    Mercadinho do Campons vai na 3 edio e surge da organizao de um

    grupo de senhoras das aldeias que ao juntarem-se na oficina de costura do H

    Festa no Campo, perceberam que os seus trabalhos em l despertavam interesse a

    vrias pessoas. Desde artesanato, a pro-dutos agrcolas, velharias, aqui pode ser

    encontrado de tudo um pouco .

    O LATA 65 workshop de Arte Urbana para idosos, surgiu como um de-safio, de levar este interesse demonstrado pela Arte Urbana mais alm,

    com vontade de provar que conceitos como envelhecimento ativo e solidariedade entre geraes fazem a cada dia mais sentido; as-

    sim como, demonstrar que a Arte Urbana tem o poder de fomentar, promover e valorizar a democratizao do

    acesso Arte Contempornea; e acima de tudo, deix-ar claro que a idade s um nmero. O LATA 65,

    ter a presena constante de 2 formadores, que transmitiro todos oscontedos tericos e

    igualmente daro suporte a todas as fases prticas.

    Se tem amigos ou familiares nes-ta condio no deixe de lhes

    facultar uma experin-cia nica!

    INFORMAES19 Junho, das 14h30 s 18h30 e

    21 Junho, das 14h30 s 18h30;

    Necessita de inscrio prvia; para tal contacte a equipa do

    festival;

    O meu sonho era ver as casas recuperadas e as paredes pintadasErnestina Perquilhas, Presidente da Unio das Freguesias do Freixial e Juncal do Campo

    BIBLIOMVEL

    PROJEO MEF

    ESPAO CHILL OUT

    ABRAARTE

    MERCADINHO DO CAMPONS

    BAILE POPULAR E GRUPO DE BOMBOS DA

    LARDOSA

    NO RECANTO DAS BEIRAS

    CARTAZES DE FESTAS DE SEMPRE

    SMILE

    PROJETO MATILHA JE

    UIVO MAURO CARMELINO

    2CARRYON EMIGUEL NGELO

    ESPAO INFANTILBRICOMARCH

    CPSULADO TEMPO

    PASSEIOFOTOGRFICO

    MANOEL JACKE Z MARIA

    WORKSHOP LATA 65

    PROJEO MEF

    ESPAO CHILL OUT

    ABRAARTE

    MERCADINHO DO CAMPONS

    BAILE POPULAR E GRUPO DE BOMBOS DA

    LARDOSA

    NO RECANTO DAS BEIRAS

    CARTAZES DE FESTAS DE SEMPRE

    SMILE

    PROJETO MATILHA JE

    UIVO MAURO CARMELINO

    2CARRYON EMIGUEL NGELO

    ESPAO INFANTILBRICOMARCH

    CPSULADO TEMPO

    PASSEIOFOTOGRFICO

    MANOEL JACKE Z MARIA

    WORKSHOP LATA 65

    BIBLIOMVEL

  • 6 JORNAL DAS ALDEIAS | JUNHO - SETEMBRO 2015

    JORNAL DAS ALDEIAS - EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS

    Como surgiu a ideia de organizao da exposio A cidade vai ao campo? Quais os principais objetivos?

    A ideia da exposio A Cidade vai ao Campo surgiu no decorrer da resi-dncia artstica que realizei ao abrigo do projeto H Festa no Campo, no Juncal do Campo. Ao respirar todo aquele ar puro, repleto de sensaes e experin-cias, bebi muita da energia e vontade que a equipa do H Festa no Campo me transmitiu.

    para mim, enquanto artista, im-portante perceber as diferenas que existem no mundo, diferenas culturais, histricas, sociais; aprender com essas diferenas e crescer com elas a base do meu trabalho.

    Chegado a um ambiente rural, fora da grande cidade, senti que ali haviam algumas pessoas a trabalhar num proje-to extremamente inclusivo. Uma inclu-so diferente, uma incluso atravs do contato com a arte e com as prticas ar-tsticas. J h alguns anos que tenho vin-do a desenvolver um projeto - Benficarte - inicialmente dentro das gavetas da mi-nha mente, posteriormente com aes como Subhum3tric e agora A Cidade vai ao Campo, que pretende transportar o caos e o rudo urbano para ambientes rurais em forma de uma exposio co-letiva itinerante. Convidei um coletivo de artistas urbanos a realizar trabalhos originais que abordem este universo de forma a criar um ponto de contato arts-tico entre diferentes geraes e comuni-dades, potenciando a troca de experin-cias, fomentando o debate de ideias e o levantamento de questes. Urbano ou Rural?

    Porque consideras a arte importante para o desenvolvimento das crianas?

    No consigo imaginar uma vida sem a presena da arte. Para mim visceral! importante em todas as fases do de-senvolvimento. No entanto, o projeto Abraarte foca-se mais na educao ex-pressiva do que na produo de arte. A educao expressiva desafia o indivduo a expressar os seus sentimentos, emo-es, reflexes, afetos, conhecimentos e experincias atravs dos mediadores expressivos. A msica, a dana, a ex-presso dramtica, o desenho provocam o indivduo para que este desenvolva a sua plasticidade mental, a criatividade, a espontaneidade ampliando todas as suas potencialidades.

    Como pode ser a aldeia o espao ideal para o desenvolvimento das crianas?

    A aldeia um espao privilegiado para as crianas e suas famlias brinca-rem. A proximidade com a terra, com as rvores, com os animais e com as pes-soas permite criana desenvolver-se num tempo diferente das grandes cida-des. H tempo para a explorao, para a experimentao, para o faz de conta. Se a criana cresceu em liberdade uma criana mais autnoma, domina as di-versas situaes quotidianas, porque as experimentou, as vivenciou.

    MarcoAlmeidaBENFICARTEPela equipa do Jornal das Aldeias

    FilipaAlmeidaABRAARTEPela equipa do Jornal das Aldeias

    | ENTREVISTAS

    Como surgiu a ideia de fazer o Lata 65, um workshop de Arte Urbana para Idosos?

    Surgiu de forma bem curiosa e r-pida, sentada a uma mesa de caf com o Fernando Mendes do Cowork Lisboa. Ele sempre foi seguidor do trabalho do WOOL Festival de Arte Urbana da Co-vilh e foram variadssimas vezes que lhe comentei que o pblico que ficava horas a seguir os trabalhos, em vrias ci-dades por onde fomos passando, como na Covilh, Coimbra, Figueira da Foz; aquele pblico que fazia mil perguntas e queria saber todos os detalhes das pin-turas, eram os mais idosos. Dias antes, igualmente lhe mostrara um projeto no Norte da Europa, de uma assistente so-cial que formara a sua crew e pintava h meses com eles na rua.

    De toda esta observao, ele desa-fiou-me a fazer algo parecido em for-mato workshop e a resposta afirmati-va foi imediata. Em 15 dias montmos (o WOOL e uma equipa alargada do Cowork Lisboa) tudo para o primeiro workshop de arte urbana para idosos que chammos de Lata 65 (Lata, pelo material e pela grande lata que preciso ter para ir pintar para a rua. E os 65, por ser a idade da reforma).

    Quais os principais resultados que este projeto tem alcanado?

    Creio que neste momento, o maior dos resultados, a ateno que o LATA 65 est a ter um pouco por todo o mundo, o que para ns, simplesmen-te significa, que as nossas pretenses, aquilo que pretendamos demonstrar est comprovado e se pode comprovar a cada workshop. Os alunos aprendem

    muito sobre aquilo que vm na rua, ex-perimentam as tcnicas de trabalho na rua e consequentemente, valorizam o esforo e dedicao que necessria para a execuo de um mural. cla-ramente um trabalho de integrao / incluso desta faixa etria numa ex-presso artstica que (erradamente) associada s aos mais jovens, mas que simultaneamente desperta uma enorme jovialidade e motivao em quem reali-za esta experincia.

    Lara Seixo RodriguesLATA 65Pela equipa do Jornal das Aldeias

    Fui to bem acolhido nas aldeias que desejo retribuir de alguma forma, com a minha participao no H Festa no Campo!Patrick Connell, novo habitante do Freixial do Campo

  • 7JUNHO - SETEMBRO 2015 | JORNAL DAS ALDEIAS

    EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS - JORNAL DAS ALDEIAS

    O Alexandre conhecido no meio artstico como Vhils. De onde surge este nome?

    O nome Vhils surgiu durante o pero-do em que pintava graffiti ilegal. Deve-se simplesmente juno das letras que, na altura, eu mais gostava de desenhar e que me permitiam pintar mais rapi-damente. Ou seja, foi uma escolha com base em questes meramente formais, no tem nenhum significado especfico. Quando comecei a mostrar trabalho em exposies j era conhecido como Vhils e, como tal, decidi manter o seu uso em conjugao com o meu nome verdadei-ro. Mantm tambm uma importante ligao com a prtica do graffiti, que muitas vezes vista apenas com uma ex-presso vandalstica, mas que eu vejo como um perodo formativo importante.

    Quais as principais motivaes e/ou referncias do Vhils para o desen-volvimento do seu trabalho?

    O meu trabalho uma reflexo so-bre a vivncia no espao urbano e o

    modo como pessoas e meio se moldam de forma recproca, sobre um modelo de desenvolvimento scio-econmico de aplicao global com caractersti-cas uniformizantes e as consequncias da sua influncia sobre as identidades individuais e colectivas locais. Gosto de retratar pessoas annimas, pessoas comuns, compondo uma narrativa que fale destes encontros e confrontos entre as especificidades locais e estes padres uniformes impostos por este modelo. Estamos a atravessar um perodo par-ticular de caractersticas globais que nos tem trazido muitos benefcios, mas tambm tem sido responsvel pela eli-minao daquilo que nos torna nicos em cada local do mundo. O meu traba-lho baseia-se numa leitura de contrastes entre os aspectos positivos e negativos que a vida nas cidades contemporneas nos oferece. Isto contempla tanto uma leitura dos seus espaos fsicos quanto dos modelos ideolgicos que promo-vem e sustentam a sua organizao e de-senvolvimento. A premissa fundamental

    ..quem aqui esteve vai de barriga cheia, quer espiritual quer

    fisicamente, e de ba-terias recarregadas

    Lus Rocha, Fotgrafo; Movimento de Expresso Fotogrfica

    Alexandre Farto AKA VhilsPela equipa do Jornal das Aldeias

    tem sido a de trabalhar com aquilo que a prpria cidade oferece, tanto em termos materiais como conceptuais, focando sobretudo na importncia do indivduo face complexidade do meio.

    a primeira vez que intervm numa aldeia? Qual a principal motivao para a sua participao nas Aldeias Artsticas?

    No, j tive a oportunidade de desen-volver outros projectos em aldeias, algu-mas bastante remotas, como a Aldeia de Araa, uma comunidade indgena Guarani isolada no estado do Paran, Brasil. Neste projecto das Aldeias Arts-ticas em especfico, o factor principal a oportunidade de poder contribuir para a dinamizao de zonas no-urbanas do pas, de poder interagir com as suas gentes e sublinhar a importncia que tm na preservao da identidade, da cultura tradicional e dos costumes que nos distinguem no mundo.

    CRDITOS FOTOGRFICOS: Slvia Lopes, Sydney 2013, Vhils

  • 8 JORNAL DAS ALDEIAS | JUNHO - SETEMBRO 2015

    JORNAL DAS ALDEIAS - EDIO ESPECIAL ALDEIAS ARTSTICAS| PROGRAMAO

    CONSULTE AS LEGENDAS DOS LOCAIS NO MAPA*INS - Inscries necessrias e limitadas (nome, contato e breve motivao de participao)

    !

    | MAPA DO FESTIVAL

    INFORMAES968 431 097 / 917 970 214

    [email protected]

    aldeiasartisticas.pt

    SIGA-NOS EM

    facebook.com/hafestanocampo

    instagram.com/aldeiasartisticas

    PARTILHE USANDO

    #aldeiasartisticas

    AGRADECIMENTOS FICHA TCNICACaf Dinalves, Restaurante da Nave, Bar das Bombas, Cantinho Sereno Lda, Quinta da Alma Cheia, Ponsulativo, Restaurante El Gringo Jornal das Aldeias, Suplemento do Jornal Reconquista

    Direo: Ana Gil & Nuno LeoRedao: Ana Gil, Andr Gonalves, Antnio Gardete, Antnio Quelhas, Ftima Camilo, J.Gon-alves, Jos Coelho, Marco Domingues, Mariana Martins, Nuno LeoFotografia: Antnio Quelhas, Nuno Leo, Simo Diamantino, Tiago MouraDesign e paginao: Ctia Santos Reviso: Ana Gil