Jornal Das Aldeias #2

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1 OUTUBRO-DEZEMBRO 2014 | JORNAL DAS ALDEIAS SUPLEMENTO TRIMESTRAL DO JORNAL RECONQUISTA | N º 3576 | 2 DE OUTUBRO DE 2014

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1 OUTUBRO-DEZEMBRO 2014 | JORNAL DAS ALDEIASSUPLEMENTO TRIMESTRAL DO JORNAL RECONQUISTA | N º 3576 | 2 DE OUTUBRO DE 2014

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2 JORNAL DAS ALDEIAS | OUTUBRO-DEZEMBRO 2014

Já se sentiram com vontade de fa-zer uma corrida matinal? Bem, eu já, e como tal, decidi obedecer à minha von-tade, e numa manhã de agosto lá fui eu. Fui correndo, admirando a aldeia até que, a meio do percurso vejo um mural inacabado; olhando mais atentamen-te para aquela pintura de um casal de camponeses, vieram-me à lembrança os meus avós; na verdade, aquele podia ser qualquer casal da aldeia, e com certeza quem quer que vislumbre tão memo-rial obra, recordará também com igual saudade os seus parentes. Foi esse senti-mento de saudade e de homenagem que Joaquim de Matos, natural de Juncal do Campo, professor de artes manuais e de educação visual e tecnológica, e autor desta obra e de várias outras, quis repre-sentar no seu mural.

Segundo o autor, a obra é uma espé-cie de cartão-de-visita para os turistas, dado que nela estão representadas as vertentes: religiosa (S. Simão), histórica (os juncos), arqueológica (o machado de pedra polida do neolítico), e cultural (o folclore, as várias práticas agrícolas e artesanais); como se verifica nesta afirmação do autor: “No lado esquerdo apresentam-se as origens da localidade, ao centro e à direita as atividades agrí-colas e artesanais até princípios do séc. XXI”. Por fim, no mural estão também

representadas algumas das serras que fazem parte da paisagem vista a partir do Juncal do Campo. O autor diz que optou pelo creme luminoso para realçar a luz do dia, e pelos tons castanhos, para evidenciar o rústico da vida rural, rela-cionando-o com a pele queimada dos camponeses. É através deste gesto que Joaquim de Matos faz a sua dedicatória “aos homens e mulheres desta terra”.

Depois de admirar a cobiçada obra por vários minutos, regressei a casa com um sorriso no rosto, estava alegre por-que a minha aldeia estava mais bonita.

CRÓNICA | (MURAL)IZA-TE por André Gonçalves

As Assembleias Comunitárias do projeto Há Festa no Campo, são espaços privilegiados de escuta e envolvimento da comunidade. Nas assembleias comunitárias não são as decisões da maioria que prevalecem, mas sim a procura de consensos, a organização dos espaços de encontro não é formalizada com base em estatutos ou posições, é um momento informal com a contínua procura de um forte sentimento de pertença à comunidade. Nas assembleias comunitárias as pessoas são convidadas a dar a sua opinião, a discussão dos temas é participativa e a liderança dos encontros é realizada com base na animação e dinamização de todos os participantes. As assembleias comunitárias são encontros de reflexão e de trabalho, de partilha de responsabilidades e de definição de metas a atingir, são momentos de promoção da união das pessoas numa estratégia de desenvolvimento local integrada e cidadã. A inclusão, a escuta, a participação e a partilha de uma visão comum, assente na sustentabilidade das

aldeias e na preservação do património imaterial e cultural é a missão deste nobre projeto PARTIS. Acreditamos nas pessoas como o impulso para a transformação e valorização das aldeias, acreditamos na missão e opinião individual como um fortalecimento da visão coletiva, acreditamos que uma comunidade é mais forte que qualquer individualidade. Há Festa no Campo é um projeto realizado com a população e não apenas para a população. Esta diferença é fundamental no desenvolvimento das iniciativas, onde a população é envolvida e mobilizada a participar em todo o trajeto do projeto. Esta breve elucidação poderá parecer utópica para alguns, mas não é ficção nem sonho, é a realidade do Há Festa

no Campo.

Há fEsTA No CAMpoASSEMbLEIAS COMUNITáRIAS

FICHA TÉCNICAJornal das Aldeias, Suplemento do Jornal Reconquista

DIREçãO: Ana Gil & Nuno Leão REDAçãO: Ana Ramalho, André Gonçalves, António Quelhas, J.Gonçalves, José Coelho, Louise Connell, Marco Domingues, Mariana Martins, Nuno Leão, Patrick Connell, Zélia DuarteFOTOgRAFIA: Ana Ramalho, Tiago Moura DESIgN E PAgINAçãO: Cátia Santos REvISãO: Ana Gil COLAbORAçãO: Luís Magueijo

ORGANIZAÇÃO ENTIDADE FINANCIADORA

ENTIDADES PROMOTORAS

ENTIDADES PARCEIRAS

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(CONTINUED) (CONTINUAçãO)

com a terra e o que ela pode produzir sendo bem cuidada. Além disso, também estamos empenhados em melhorar o solo, criando biodiversidade, tornando-o o mais produtivo e saudável possível. Esperamos conseguir isso combinando as habilidades aprendidas a partir de anos de experiência com os habitantes locais, bem como a utilização de avanços tecnológicos e a riqueza de informações disponíveis a partir de outras pessoas que pelo mundo tentam conseguir o mesmo.

Com isso em mente, talvez um dia, sejamos capazes de retribuir com algo a esta comunidade que nos deu tanto. Acho que fiz uma pequena aproximação ao trazer um pouco do meu conhecimento em energias renováveis para a comunidade. Sem eletricidade na nossa quinta ou em quintas vizinhas, instalei um painel solar para alimentar as lâmpadas e um pequeno frigorífico. Os vizinhos começaram logo a perguntar sobre isso e eu sugeri que colocassem nas suas quintas também. Já instalámos cinco pequenos sistemas no Freixial e no Juncal. Agora, com esta iniciativa, “Há Festa no Campo”, espero que possamos contribuir para a melhoria e construção de ainda mais a comunidade.

Finally our objective was realised but this was just the beginning, we had to start developing the infrastructure on the land, fencing, gates buildings and clearing the land for agriculture. Again, this is where the local people had so much to offer us inexperienced city people. Many have lived in the village and worked the land their whole lives, they have an intimate understanding of the land, the seasons, the weather and growing things, and are so willing to share that knowledge. I have a great interest in learning and trying to preserve these traditional ways as I fear that over generations they will be lost. There is nothing so enthralling as a man with a mule and a plough working the land, or walking through the village peeping over the quintal walls and seeing immaculately prepared earth with a sea of green growth covering every inch.

On many occasions we have been invited for dinner and every single thing on the table has been nurtured and prepared right there in the village; wine, bread, olives, vegetables, meat, everything.

Its this inspiration that is driving us towards achieving the same kind of relationship with the land and what it can yield if nurtured well. In addition, we are also committed to improving the soil, creating biodiversity and making it as productive and healthy as possible. We hope to

achieve this by combining the skills learned from years of experience from the locals as well as using technological advancements and the wealth of information available from other people around the world trying to achieve the same.

And with that in mind maybe, hopefully, one day soon we will be able to give something back to this community that has given us so much. I hope that I have made a small start by bringing some of my knowledge on renewable energy into the community. With no electricity on ours or the neighbouring farms, I installed a solar panel to power the lights and a small refrigerator. Soon the neighbours were asking about it and I suggested we put them up on their farms too. We have now installed five small systems in Freixial and Juncal. And now with this initiative, Festa no Campo, I hope that we can contribute to improving and building the community further.

Finalmente o nosso objetivo foi realizado, mas isso foi só o começo. Nós tivemos de começar a desenvolver a infra-estrutura sobre a terra, cercas, portões, edifícios; e limpar a terra para a agricultura.

Mais uma vez, este foi o momento em que a população local nos “ensinou” muito, a nós, inexperientes pessoas da cidade. Muitos viveram na aldeia e trabalharam a terra toda a sua vida e têm uma compreensão profunda da terra, das estações do ano, do tempo e das plantas, e estão dispostos a partilhar esse conhecimento. Eu tenho um grande interesse em aprender e tentar preservar essas formas tradicionais, pois temo que ao longo de gerações elas sejam perdidas. Não há nada tão fascinante como um homem com uma mula e um arado trabalhando a terra, ou andando pela aldeia a espreitar por cima dos muros do quintal, vendo a terra impecavelmente preparada e com um mar de verde cobrindo cada centímetro.

Em muitas ocasiões, fomos convi-dados para jantar e todas as coisas em cima da mesa eram produzidas ali mesmo, na aldeia: vinho, pão, azeitonas, legumes, carne, tudo.

É esta inspiração que nos leva para a realização do mesmo tipo de relação

#PT Louise & Patrick#EN LOUISE & PATRICk

ARTIGoUm lugar para viver

FOTOGRAFIA DE TIAGO MOURA

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A desertificação tem sido um dos prin-cipais problemas do mundo rural. Qual a principal razão que identifica para a desertificação destas aldeias?

O principal problema identificado é o desemprego. Numa freguesia, essen-cialmente rural, como é a União das Freguesias do Freixial do Campo e Jun-cal do Campo, o mercado de trabalho é muito precário. Se não há oferta de trabalho é difícil para as pessoas radica-rem-se nestes territórios.

O que pode a junta fazer para contra-riar esta diminuição das populações residentes?

A Junta, dentro das suas possibilidades, tem feito um esforço no sentido de dar apoio às famílias, mantendo as escolas e os infantários mais tempo abertos, transportando as crianças de casa para a escola e vice-versa, fornecendo o lan-che. No fundo tem-se procurado dar às famílias mais valias para viverem nes-tas aldeias.

ENTREVIsTAUNIÃO DAS FREGUESIAS

FREIXIAL DO CAMPO E JUNCAL DO CAMPO

ANTÓNIO QUELHAS . NUNO LEÃO

O que as pessoas precisam é de oportunidades para se

juntaremO Jornal das Aldeias falou com a União das Fregue-sias do Freixial do Campo e Juncal do Campo. Ernestina Perquilhas, atual Presidente da Junta, falou-nos de alguns problemas e oportunida-des de desenvolvimento destas aldeias e de como vê no turismo, na cultura e na união das popula-ções as principais rique-zas destes territórios.

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E que potencialidades existem para es-ses edifícios recuperados?

Uma primeira via poderia ser, por exem-plo, o desenvolvimento do turismo ru-ral. Isso resultaria na vinda de mais pes-soas a estes territórios.

O Há Festa no Campo tem procurado envolver as populações em torno de práticas comunitárias e artísticas, tra-zendo também artistas às aldeias. De que forma é que a junta encara as dinâ-micas desenvolvidas por este projeto?

Que oportunidades existem para fixar as pessoas?

Uma das atividades principais, nestas aldeias, é a agricultura. Penso que uma das formas de rentabilizar esta ativida-de seria as pessoas unirem-se no sen-tido de promoverem os seus produtos fazendo, por exemplo, um mercado dos produtos aqui produzidos. Isso poderia garantir pequenas formas de rendimen-to. Existem produtos com potencial para serem distribuídos por várias zonas e que podem criar pequenas atividades profissionais e económicas.

Em que medida a recuperação do pa-trimónio material e imaterial das al-deias, pode constituir uma mais-valia para estas aldeias?

Existem nas aldeias vários edifícios que precisam de ser recuperados e essa é uma necessidade urgente. Se a ima-gem das aldeias for cuidada, tornam-se locais mais atrativos e agradáveis para quem nelas mora e para quem as visita.

Através dessas práticas podemos, por exemplo, ajudar a construir um maior sentimento de pertença nas populações destas aldeias.

Uma das atividades promovidas pelo Há Festa no Campo, à qual as pessoas aderiram e se juntaram foi a oficina de costura criativa. Esperava esta união e adesão das populações?

O que eu noto nas pessoas das aldeias é que gostam de estar juntas e de fazer coisas em grupo. O que as pessoas pre-cisam é de oportunidades para se junta-rem. Penso que este projeto pode con-tribuir para que isso aconteça cada vez mais.

O Jornal das Aldeias, desenvolvido pelo Há Festa no Campo, é um projeto pilo-to. O que pensa desta publicação?

Penso que o Jornal das Aldeias é um veí-culo importantíssimo na promoção das aldeias e da sua cultura. É uma forma de projetar as aldeias no exterior, de permi-

Acho que tem sido excelente. As aldeias re-

cebem e receberão sempre bem todos aqueles que

vierem e tragam riqueza para estes territórios.

tir aos que estão mais longe que conti-nuem a contatar com estes lugares e de criar um sentimento de pertença nos que aqui vivem. Quando vi a primeira edição do Jornal pensei na maravilha que era, por exemplo, o Ti Vaz e a Ti Ma-ria serem conhecidos lá fora.

Tem algum sonho que gostaria de ver realizado nestas aldeias?

O meu sonho era ver as aldeias com as casas recuperadas, com as paredes pin-tadas. Penso que um território cuidado provoca naqueles que o habitam um maior sentimento de proteção e preser-vação do seu lugar.

O jornal é um veículo importantíssimo de pro-moção da cultura destas

aldeias.

FOTOGRAFIA DE ANA RAMALHO

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Mas esta oficina não fica apenas fechada entre as quatro paredes desta escola primária. É também atra-

vés dela que a União de Freguesias do Freixial e Juncal do Campo experimenta o crochet como arte urbana –

movimento conhecido como Yarn Bombing, criado na Holanda em 2004, e que recentemente chegou a Por-

tugal. Nesta oficina são produzidas peças para tornar únicos objetos vulgares do dia-a-dia: postes de ilumi-

nação, sinais de trânsito, árvores, corrimãos, bancos de jardim... e para a decoração de espaços públicos como

foi exemplo o largo de festas do Juncal do Campo que, através do crochet, ganhou cor durante o fim de sema-

na da festa em honra de S. Simão.

Sem qualquer limite de idade, a oficina de costu-ra criativa é aberta a todas as pessoas que se queiram

juntar na antiga escola primária do Juncal do Campo, aos domingos à tarde. Estão todos convidados a habi-

tar este espaço de partilha onde, em conjunto, se ali-nham ideias, cozem-se desejos e se vestem aldeias com

o bordado do tempo.

Agulhas, dedais, novelos e linhas são os novos pro-tagonistas dos domingos à tarde na Oficina de Costura

Criativa que decorre no edifício da Antiga Escola Primá-ria do Juncal do Campo.

Todos os dias santos, a D. Gracinda abre a porta para que a população feminina das aldeias de Barbaído,

Chão da Vã, Freixial do Campo e Juncal do Campo se en-contre para partilhar algumas das suas experiências no

mundo da costura. Aqui, durante duas horas, cada uma aprende e ensina o que sabe, desde tapetes de arraiolos

à famosa renda.

Esta oficina começou em abril e surgiu de um de-sejo manifestado pela população nas primeiras Assem-

bleias Comunitárias do projeto Há Festa no Campo, e desde aí muita gente se tem vindo a tornar membro des-

te grupo e garante estar a adorar.

As participantes dizem que esta iniciativa é uma mais valia porque para além de aprenderem, convivem,

esquecem os problemas diários, e criam maiores liga-ções entre as quatro populações, algo que está a ter refle-

xo no dia-a-dia das aldeias.

Bordar o tempoJOSÉ COELHO . MARIANA MARTINS

O CICLO DA LÃnas palavras de Silvandira Pereira da Silva, 91 anos.

(Retirado do projeto audiovisual Lã em Tempo Real / https://vimeo.com/laemtemporeal)

REpoRTAGEM

TOSQUIAR

CARDAR

FIAR

DObAR

bORDAR

“A lã, a gente estoquiava as ovelhas e tiravamo-lhes a lã,

íamos lavá-la ao rio, e ao depois no fim de a lavar arran-java-se um cardador e vinha cardar a lã

e ao depois, Deus perdoe a minha avó, naquelas, assim, pastas da lã fazia os novelos [manelos], e ao depois com

os novelos fazia então à maneira de fiar e começava então a fiar com o fuso, a fiar, a fiar, (…)

e no fim fazia uma maçaroca de volta do fuso. E ao depois no fim de fazer então o fuso e fazia o novelo,

(...) E isto era a lã. E fazíamos mantinhas jeitosinhas. (...) E o linho era igual.”

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7 OUTUBRO-DEZEMBRO 2014 | JORNAL DAS ALDEIAS

Mas esta oficina não fica apenas fechada entre as quatro paredes desta escola primária. É também atra-

vés dela que a União de Freguesias do Freixial e Juncal do Campo experimenta o crochet como arte urbana –

movimento conhecido como Yarn Bombing, criado na Holanda em 2004, e que recentemente chegou a Por-

tugal. Nesta oficina são produzidas peças para tornar únicos objetos vulgares do dia-a-dia: postes de ilumi-

nação, sinais de trânsito, árvores, corrimãos, bancos de jardim... e para a decoração de espaços públicos como

foi exemplo o largo de festas do Juncal do Campo que, através do crochet, ganhou cor durante o fim de sema-

na da festa em honra de S. Simão.

Sem qualquer limite de idade, a oficina de costu-ra criativa é aberta a todas as pessoas que se queiram

juntar na antiga escola primária do Juncal do Campo, aos domingos à tarde. Estão todos convidados a habi-

tar este espaço de partilha onde, em conjunto, se ali-nham ideias, cozem-se desejos e se vestem aldeias com

o bordado do tempo.

nas palavras de Silvandira Pereira da Silva, 91 anos. (Retirado do projeto audiovisual Lã em Tempo Real / https://vimeo.com/laemtemporeal)

“A lã, a gente estoquiava as ovelhas e tiravamo-lhes a lã,

íamos lavá-la ao rio, e ao depois no fim de a lavar arran-java-se um cardador e vinha cardar a lã

e ao depois, Deus perdoe a minha avó, naquelas, assim, pastas da lã fazia os novelos [manelos], e ao depois com

os novelos fazia então à maneira de fiar e começava então a fiar com o fuso, a fiar, a fiar, (…)

e no fim fazia uma maçaroca de volta do fuso. E ao depois no fim de fazer então o fuso e fazia o novelo,

(...) E isto era a lã. E fazíamos mantinhas jeitosinhas. (...) E o linho era igual.”

FOTO

GRAFIA DE AN

A RAMALHO

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Havia no Juncal do Campo, por essa altura: 4 oficinas de sapateiro; 3 barbearias, sendo que um dos barbeiros era também dentista; 2 padarias, sendo que uma delas laborava no Palvarinho mas o pão vinha para o Juncal; 2 for-nos para uso do povo; 2 ferradores; 1 serração de madeiras; 2 carpintarias; 3 lagares de azeite de varas; 3 lagares de azeite movidos a água; 1 lagar de azei-te movido a motor; 3 estabelecimentos mistos (mercearias, tecidos, adubos, be-bidas…); 3 salões de baile; 5 tabernas; 1 latoeiro; 1 tanoeiro; 2 alfaiates; 1 albar-deiro e 6 rebanhos de ovelhas e cabras. 3 moinhos de cereais a vento, sendo

A Escola Tecnológica e Profissional Albicastrense tem, ao longo dos seus 21 anos de existência, feito um grande es-forço em participar e marcar presença não só em iniciativas escolares, mas tam-bém em todas as situações que possam envolver os alunos com a cultura local, com os nossos hábitos e nossas raízes.

Aderiu com muito agrado a esta ini-ciativa, aceitou com orgulho esta pro-posta de parceria e encarou-a como mais uma oportunidade para os nossos jovens se envolverem e participarem ativamente na divulgação do nosso pa-trimónio e das memórias que permane-cem, e ainda bem, vivas no espírito de muitos que continuam teimosamente a dar vida ao interior.

Como beirã que sou, situação que encaro com muito “gozo”, defensora da minha Beira Baixa, tem sido para mim

CoRREspoNdêNCIA

ARTES E OFÍCIOS - Juncal do Campo, anos 50/60

PRO-GRAMAÇÃOAgENDA DAS ALDEIASbARbAÍDO18 DE OUTUBROJogo de Futebol | barbaído e Amigos de Castelo branco1 DE NOVEMBRO Magusto | Associação Cultural e Desportiva do barbaído18 DE NOVEMBRO 19º. Aniversário da Associação Cultu-ral e Desportiva do barbaído31 DE DEZEMBRO Passagem de AnoAssociação Cultural e Desportiva do barbaído

CHãO-DA-vã1ª. SEMANA DE DEZEMBRO Abertura do Lagar de Azeite

FREIXIAL DO CAMPO5 DE OUTUBRO Abertura da Caça | Associação de Caça e Pesca do vale Santo

JUNCAL DO CAMPO5 DE OUTUBRO Abertura da Caça | Associação de Caça e Pesca do vale Santo

NOVEMBRO Magusto | Associação Cultural e Recreativa Juncalense

UNIãO DAS FREgUESIAS

24 DE DEZEMBRO Madeiro Tradicional

Há FESTA NO CAMPO18 DE OUTUBRO | Manhã e Tarde Workshop Fabrico de Instrumentos Tradicionais de Percussão com Mestre Octávio Chamba_Antiga Escola Primária do Juncal do Campo

8 DE JANEIRO Lançamento do 3º. Número do Jor-nal das Aldeias

Natural do Juncal do Campo. Atualmente, vive no Seixal e decidiu que queria colaborar no Jornal das Aldeias com diversas cartas e memórias do campo que conheceu e recorda.

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uma mais valia, poder trabalhar, parti-lhar e trocar conhecimentos, opiniões e “ histórias “ de vida com os jovens que pela escola têm passado.

Esperamos todos saber aproveitar esta situação privilegiada, de sã envol-vência com este projeto, para crescer um pouco mais e levar ainda mais longe, para dar a conhecer e divulgar a nossa região e todo o valor que temos por ser-mos genuínos.

Julgamos já ter “ganho” o nosso es-paço enquanto escola e continuaremos firmes e decididos, sempre que surjam projetos como este, que permitam apren-dizagens aos nossos jovens e os ajudem a ser “donos do seu próprio futuro “.

A todos os que nos convidaram para mais esta “viagem” pela nossa terra um grande bem-hajam.

pARCERIA ETEPA

Dra. Olga Preto

SEIXIAL

Luís Lopes Maguejo

que 2 eram movidos a água; 1 mar-chante; 1 açougueiro (local para abater animais); 1 parteira; 1 tear; 2 costureiras; 1 paneiro (vendedor ambulante de teci-dos a metro); 1 regedor e 1 presidente de junta.

Segundo a pesquisa dos nossos conterrâneos: Joaquim Pires de Matos e José Valentim de Matos Prata, em 1960, seriam 1051 habitantes, conforme o livro “Juncal do Campo – um pouco da sua história”.

*este artigo não segue as regras do novo acordo ortográfico, desejo manifestado pelo

Sr. Luís Lopes Magueijo.

ASSEMbLEIAS COMUNITáRIAS bARbAÍDO, CHãO DA vã, FREIXIAL DO CAMPO E JUNCAL DO CAMPO

Venha conhecer o Há Festa no Campo!Sabe que podemos desenvolver em conjunto todas as suas ideias e propostas? Sabe que estamos a produzir um filme-documentário nas al-deias que pode ajudar a projetar as mesmas e a promover o seu desenvolvimento?

vENHA ASSISTIR à

1ª. MOSTRA

_DOCUMENTáRIO

18 OUTUbRO, 21H30 | ANTIgA ESCOLA PRIMáRIA JUNCAL DO CAMPO19 OUTUbRO, 17H30 | JUNTA FREgUESIA DO FREIXIAL DO CAMPO

CONTAMOS COM A SUA PRESENçA. PARTICIPE!