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jornal da SBDOF Volume 1, Número 1, Outubro/Novembro/Dezembro 2015

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jornal da SBDOF

Volume 1, Número 1, Outubro/Novembro/Dezembro 2015

Jornal da SBDOF Número 1 Out/Nov/Dez/2015

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O Jornal da SBDOF é um informativo da Sociedade Brasileira de Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (SBDOF). Os textos assinados aqui publicados representam a opinião dos respectivos autores e não a posição oficial da Sociedade.

Diretoria da SBDOF - Biênio 2015-2017

Presidente: João Henrique Padula

Vice Presidente: Paulo Afonso Cunali

Secretária: Liete Figueiredo Zwir

Tesoureiro: Rodrigo Estevão Teixeira

Comissão de Educação e Pesquisa: Paulo César Rodrigues Conti

Comissão de Saúde Pública: Roberto Pedras

Comitê de Projetos: Simone Carrara

Comissão de Comunicação: Juliana Stuginski Barbosa e Rodrigo Wendel

Comitê de Divulgação ao Leigo: Adriana Lira Ortega

Editor do Jornal da SBDOF: Reynaldo Leite Martins Júnior

Diagramação: Juliana Stuginski Barbosa

Foto capa: Wladmir Dal Bó (@wlad)

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Prezados,

É com grande satisfação que me dirijo a vocês para inaugurar nosso Jornal da SBDOF. Agradeço à antiga diretoria pelo convívio que estabelecemos nesses longos anos e por ter sido escolhido para esta nova missão. Todos, de uma forma ou de outra, continuarão a participar desse novo biênio.

Agradeço também aos membros da nova diretoria que surpreendentemente já se antecipam ao trabalho e vêm demonstrando dedicação e entusiasmo.

Nesses anos, temos nos empenhado de forma democrática e altruísta; e assim vamos prosseguir.

Temos agora o nosso primeiro jornal para que os sócios recebam as informações referentes às ações da SBDOF.

Traremos também as mais atualizadas referências científicas, acompanhadas por resenhas.

O espaço "fala sócio" foi criado para que o sócio possa se manifestar e redigir sobre a nossa especialidade.

Na coluna "o sócio pergunta e o sócio responde", o sócio terá a chance de ter a sua dúvida respondida pelo professor escolhido, o que será compartilhado para todos.

"Muito além da DOR" vem para mostrar como se destacam e o que fazem os sócios fora do ambiente de trabalho.

Além disso, estaremos atentos ao cronograma de cursos e eventos relativos à especialidade.

A publicação é idealizada para ser interativa. Precisamos de você, Sócio. Mande sua pergunta, sua história, sua visão da especialidade: se for selecionada, pode estar no nosso próximo volume.

Justamente em função desta participação ativa de sócios, queremos deixar claro que as opiniões expressas nesta publicação refletem o pensamento do signatário, e não necessariamente a posição da SBDOF.

Quando a sociedade emitir alguma opinião sobre qualquer assunto, o fará através de comunicados oficiais, conforme determina seu estatuto.

Vamos em frente!

Um abraço a todos,

João Henrique Padula

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FALA PRESIDENTE

João Henrique Padula é especialista em DTM e Dor Orofacial, membro fundador e atual Presidente SBDOF

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Odontologia Fetichista - por Ricardo Aranha

Fetiche é uma expressão oriunda da psicologia que remete a uma fixação sexual em alguma parte do corpo, e não na sua totalidade. O termo tem sido empregado em outras áreas, como a sociologia e a economia, e poderia bem ter uso em nosso contexto profissional.

Já não é recente a fixação - ou ainda a adoração - dispensada pelos dentistas a diversos objetos ou técnicas, ou mesmo a áreas anatômicas específicas, c o m o o s d e n t e s p e r s i o u a r t i c u l a ç õ e s temporomandibulares, por exemplo. Não importa o quanto complexo é o indivíduo que se apresenta como paciente, ou quão vasta é a situação (ou situações) envolvidas na gênese das patologias, sejam cáries dentárias ou dores crônicas da face: há sempre no horizonte uma solução simplista, às vezes banal: a famosa “bala de prata”. São aparelhos ortopédicos, técnicas oclusais, substâncias miraculosas, etc, etc.

Há muito a Disfunção Temporomandibular e ainda mais, as dores orofaciais, são compreendidas dentro

de um amplo universo, sistêmico, social, neurológico, psicológico. Mas isso parece não importar para uma relevante parcela de profissionais que ainda lançam mão de técnicas de ajuste oclusal (por desgaste seletivo ou não), de manobras mirabolantes, protocolos diversos ou de substâncias como a toxina botulínica (outras ainda virão...) como único compromisso, ou como primeira ação insubstituível e indiscutível. Pouco importa o diagnóstico - ou mais apropriadamente diagnósticos - envolvidos no quadro clínico, muitas vezes ignorados ou omitidos, que estabeleceriam, quem sabe, a chave para a cura, ou ao menos o alívio.

Sai de cena o estudo da neurologia, das doenças sistêmicas, das interações medicamentosas, da psicologia, etc. Sobrevive apenas a técnica, o órgão anatômico, o objeto, ou talvez o composto químico. O tamanho do fetiche, logicamente alimentado

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FALA SÓCIO

Ricardo Aranha é é especialista em DTM/ Dor Orofacial pela EPM / Unifesp, membro fundador da SBDOF, membro do serviço de Dor Orofacial da Especialização/Clínica Dor e Cuidados Paliativos Prof. Josefino Fagundes HC/ UFMG

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pelos variados interesses comerciais que orbitam nossa profissão, é também a medida da inconsciência e do descompromisso. Tudo se explica e se resolve nesse ambiente.

A ortodontia venera braquetes, materiais, ligas metálicas. Esquece o compromisso biológico, ético ou social que muitas vezes clama por menos artefatos e procedimentos, e não mais. A ortopedia funcional adora suas teorias e aparelhos quase miraculosos, nem sempre embasados em ciência. A implantodontia e a prótese focam em seus compostos e kits diversos de última geração. Nem sempre acessíveis, ou justificados. Até as tecnologias de

imagens como a Tomografia Computadorizada ou a Ressonância Magnética (também solicitadas por aí à exaustão) podem servir ao mesmo papel de musas perseguidas e adoradas.

E até nas faculdades o que se persegue é a técnica, ou a fórmula simplista para a prática, sem muita perda de tempo. Disciplinas essenciais são preteridas, ou mesmo não entram no currículo; são consideradas supérfluas, teóricas demais, reflexivas ao extremo.

É evidente que a técnica e seus protocolos são e sempre serão parte íntima e relevante da área médica, e por conseguinte da odontologia, que é um de seus ramos. Mas não há sentido algum em aplicá-los sem um consistente embasamento teórico-científico, que em alguns casos envolve ainda outras áreas do conhecimento.

Mas o que se vê por aí é a materialização da caverna, do funil, da parte pelo todo.

Freud explicaria...

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"O tamanho do fetiche, logicamente alimentado pelos variados interesses comerciais que orbitam nossa profissão, é também a medida da inconsciência e do descompromisso."

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Por Ricardo Tesh

Sou graduado em Odontologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em Ortodontia pela Associação dos Cirurgiões Dentistas de Campinas em São Paulo. Durante o curso da especialização em Ortodontia, na época ancorada em princípios de oclusão funcional, e sob a influência do então meu professor Antônio Sérgio Guimarães, me interessei pelo estudo das questões relacionadas à ATM e musculatura mastigatória. Assim, aceitei o convite do colega Francisco Pereira Júnior para compor a equipe que ministrava as disciplinas de oclusão no curso de Graduação em Odontologia da Universidade Estácio de Sá e, posteriormente, da Universidade do Grande Rio, ambas no Estado do Rio de

Janeiro. Nesta época, tive contato com o sistema de critérios para classificação diagnóstica das DTM, o RDC/TMD, e seu idealizador Samuel Dworkin.

O emprego do RDC/TMD, principalmente das ferramentas psicométricas contidas em seu eixo II de avaliação psicossocial, despertaram em mim a necessidade de aprofundar meus conhecimentos na área de Dor Crônica Orofacial. Assim, iniciei um trabalho junto ao Instituto Nacional do Câncer no Rio de Janeiro, co-orientado pelo, na época chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Fernando Dias, comparando os níveis de sintomas depressivos e a incapacidade relacionada à dor presentes em pacientes com dor orofacial crônica maligna e não maligna. Este trabalho serviu como base para a tese de meu curso de Mestrado Acadêmico em Medicina, então realizado no Hospital Heliópolis em São Paulo, reconhecido como referência na área de Cirurgia de Cabeça e Pescoço.

Finalmente, já totalmente convencido da necessidade imperiosa de trabalhar dentro de uma equipe multidisciplinar para adequadamente diagnosticar e tratar pacientes com as mais diferentes modalidades de dor orofacial, iniciei curso de Doutorado em Clínica Médica, com ênfase em Neurologia, orientado pelo Prof. Maurice Vincent, de volta quase 20 anos depois à mesma Instituição em que me graduei. Minha tese de Doutorado versa sobre diferentes aspectos relacionados à dor miofascial mastigatória. Dentro deste processo, já demonstramos a correlação inversa entre os níveis de sintomas físicos não específicos e os limiares de dor experimental aferidos por algometria por pressão. Também demonstramos a eficácia do agulhamento seco na inativação e aumento dos limiares de dor por pressão em pontos gatilho em músculo masseter neste grupo de pacientes e estamos, neste momento, iniciando a avaliação

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O QUE ESTOU ESTUDANDO

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por imagens de elastografia por ultrassonografia, antes e após o emprego desta modalidade terapêutica.

No mesmo momento em que finalizava meu curso de Mestrado, iniciava como professor contratado da Faculdade de Medicina de Petrópolis, a chefia do recém criado Serviço de Dor Crônica Orofacial e Cefálica, junto com o neurologista e também professor da Instituição, Gilberto Senechal. Simultaneamente, assumia a coordenação do Curso de Especialização em DTM e Dor Orofacial, em colaboração institucional com a Associação Brasileira de Odontologia. Até o presente momento já formamos mais de 10 turmas de especialistas na área. Através de outro convênio institucional com a Pontificia Universidad Católica Madre Y Maestra da República Dominicana e aceitando convite do coordenador de seu Curso de Especialização em Ortodontia, o colega Fausto Bramante, a cerca de 5 anos sou professor responsável pelas disciplinas de Oclusão e DTM e Dor Orofacial deste curso.

Há cerca de 3 anos, iniciei nova linha de pesquisa na área de degenerações da cartilagem e osso subcondral da ATM, após ser apresentado ao Prof. Radovan Borojevic, eminente biólogo croata com Doutorado pela Universidade de Paris com tese em mecanismos celulares de regeneração. Após se aposentar como professor e pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde desenvolveu trabalhos pioneiros na implantação da medicina regenerativa com células-tronco no Brasil, o Prof. Radovan veio nos honrar com sua contratação para montar e chefiar um Centro de Tecnologia Celular na Faculdade de Medicina de Petrópolis, hoje em processo de implementação, parcialmente com recursos institucionais próprios e parcialmente financiado pela Fundação de Amparo a Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro.

Esta mesma instituição, aprovou em edital lançado para financiar ensaios clínicos desenvolvidos por Instituições de ensino e pesquisa em nosso estado, financiamento para dois de meus estudos clínicos que visam avaliar a segurança e eficácia no transplante autólogo de condrócitos do septo nasal, que tem a mesma origem embrionária da cartilagem articular (crista neural), como modalidade de terapia celular para o controle de casos de osteoartrose temporomandibular e reabsorções condilares pós-cirúrgicas. Nesta mesma linha, estamos testando em laboratório, através de mais um convênio institucional firmado com o Instituto Nacional de Metrologia e sua área de biotecnologia, a influência de diferentes fatores no crescimento e metabolismo de modelos 3D de cartilagem da ATM, incluindo o ácido hialurônico e o PRP.

Finalmente, nossa última parceria institucional firmada com o Centro de Genética Orofacial do Departamento de Biologia Oral da Universidade de Pittsburg nos Estados Unidos, em colaboração com seu diretor, Alexandre Vieira e a professora da Universidade Federal Fluminense, Priscila Casado, irá permitir a análise genética de amostras de saliva coletadas de mais de 300 pacientes que buscaram atendimento no Ambulatório Escola da Faculdade de Medicina de Petrópolis e foram diagnosticados com algum subgrupo de DTM, agora de acordo com o recém publicado DC/TMD. Nosso foco está em polimorfismos de genes relacionados aos limiares de dor crônica, bem como à suscetibilidade aos processos degenerativos da ATM, unindo assim as pontas de nossas duas grandes áreas de interesse, as DTM musculares e as articulares degenerativas.

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A Sociedade Brasileira de DTM e Dores Orofaciais (SBDOF), por meio de sua Comissão de Ensino e Pesquisa irá promover, nos dias 20 e 21/11/2015, o “I Colloquium on Oral Rehabilitation (CORE) BRAZIL”, sendo que o tema deste ano será “Dores Orofaciais”.

Tal evento é uma iniciativa do “Journal of Oral Rehabilitation”, uma das revistadas mais respeitadas na área de odontologia e que para este evento, conta com o apoio da SBDOF e o patrocínio da TRB Pharma Brasil.

O e v e n t o a c o n t e c e n u m re s o r t aconchegante, próximo a São Paulo, Capital, e contará com a presença de renomados pesquisadores na área das DTMs e Dores Orofaciais, num formato inovador em eventos em nosso País. O objetivo é propiciar um ambiente agradável de discussão acadêmica e c i e n t í fi c a , a l é m d e a p r o x i m a r pesquisadores e clínicos em prol de nossos pacientes.

Serão formadas 4 mesas de discussão, com 10 participantes em cada, que receberão previamente um documento de revisão de tópicos importantes para o diagnóstico e tratamentos de tais problemas, abrindo uma excelente oportunidade para troca de experiências e opiniões. Tal atividade tem a finalidade de gerar culminado com a formulação de um documento de revisão crítica, que reflita o “estado atual da arte” assunto.

Os assuntos selecionados para o evento vão desde os problemas relacionados às ATMS, até as neuropatias orofaciais, passando pelos critérios de diagnóstico

vigentes e a relação entre as dores miofasciais e as cefaleias primárias.

Contamos com a presença de nossos sócios em mais esta iniciativa da SBDOF!!

Para maiores informações, entre em contato pelo e-mail: [email protected]

Um abraço a todos.

Paulo Conti

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ENSINO E PESQUISA

Professores Paulo Conti, Peter Svensson, Thomas List e Malin Ernberg, coordenadores de mesa e palestrantes do Colloquium on Oral Rehabilitation (CORE) BRAZIL 2015.

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O Dr. José Tadeu Tesseroli Siqueira passa a integrar a Comissão de Saúde Pública juntamente com o Dr. Roberto Brígido de Nazareth Pedras (Coordenador) e com o Dr. José Stechman Neto (Colaborador).

José Tadeu Tesseroli de Siqueira é Supervisor dos Cursos de Odontologia Hospitalar, área de Dor Orofacial, do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Professor Colaborador do Departamento de Neurologia da FMUSP e Ex-presidente da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor – SBED.

Gostaríamos de agradecer ao professor Siqueira por reforçar a equipe e contribuir para a continuidade do trabalho que vem sendo elaborado, e também ao professor Stechman pelas suas contribuições à Comissão de Saúde Pública, que sempre esteve engajada no objetivo de facilitar o acesso da população ao tratamento das dores orofaciais.

O Professor gentilmente disponibilizou um pouco do seu tempo para responder algumas perguntas da SBDOF.

Roberto Pedras: Qual a importância para a especia l idade, da inserção do especialista em DTM e Dor Orofacial em h o s p i t a i s , e m u m c o n t e x t o multiprofissional?

José T.T. Siqueira: Esta é uma intrigante pergunta , po is o mode lo ace i to atualmente para o tratamento da dor, especialmente a crônica, originou-se no hospital. Cefaleia e dor orofacial são queixas frequentes nesse ambiente e alvo de atenção de diferentes profissões e especialidades. Esse modelo clínico

multidisciplinar surgiu na década de 1950 nos EUA, por inspiração do dr John B o n i c a . G r a d a t i v a m e n t e f o i s e espalhando, motivando, por exemplo, a c r i ação da IASP – I n te r na t iona l Association for the Study of Pain, a qual serviu de inspiração para especialidades médicas, como a IHS- International Headache Society – e odontológicas, como a AAOP- American Academy of Orofacial Pain. Esse modelo também chegou ao Brasil, há mais de 30 anos, embora não fossem muitos os centros hospitalares ou grupos multidisciplinares de dor eles contribuíram muito para o modelo também incluir a odontologia.

A inserção da especial idade tem benefícios mútuos. Ganha a odontologia que: a) vê reconhecida sua atividade nessa área, b) amplia a formação de seus profissionais que passam a conviver com uma equipe multiprofissional de dor e com a complexidade dos pacientes com dor crônica e c) coloca seus profissionais em contato com a realidade do sistema público de saúde brasileiro – o SUS, ou se ja, com a noção da rea l idade biopsicossocial brasileira, que se exige para conhecer dor crônica. Ganham o hospital e as equipes multidisciplinares de dor, pois a) passam a contar com um profissional que contr ibui para o diagnóstico, prognóstico e tratamento de doenças dos dentes, boca e maxilares; b) a frequência de doenças buco-dentais, dor orofacial e DTM é alta no pais e a equipe não pode prescindir do cirurgião dent is ta e c ) a lg ias e in fecções odontológicas interagem com várias condições crônicas de saúde (p.ex.: h e m a t o l ó g i c a s , c a r d i o l ó g i c a s , reumatológicas, etc), em que a queixa principal é dor orofacial, exigindo, portanto, a avaliação do cirurgião

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SAÚDE PÚBLICA

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dentista. Não bastasse isso tudo, o ambiente hospitalar, também no contexto da dor, é excepcional para a Assistência, Ensino e Pesquisa. Hoje no Brasil, felizmente, avançamos muito nessa questão. Mas ainda há um longo caminho a seguir...

Roberto Pedras: Como esta inserção pode influenciar o conteúdo dos cursos de especialização e a formação do cirurgião-dentista especialista em DTM e DOF?

José T.T. Siqueira: Influencia no sentido de entender que o universo da dor orofacial / DTM é enorme e não tem limites definidos. Para isso é importante incluir discipl inas de áreas afins, ministradas por especialistas de outras profissões ou especialidades, de modo a sedimentar, tanto o conhecimento científico indispensável para a tomada de decisão do cirurgião dentista, como a base semiológica exigida para o diagnóstico e tratamento de dor da qual ele precisa. Entretanto, parece-me, o grande benefício para a especialização em DOF/DTM é a prática ou treinamento, com carga horária mínina, nas equipes multidisciplinares do hospital. Esta experiência assegura ao estudante o contato direto com a equipe e com pacientes complexos. Assegura os benefícios referidos na primeira pergunta.

Roberto Pedras: Qual a importância para a especialidade, e para a odontologia, em consolidar seu papel em uma sociedade multiprofissional, como a SBED?

José T.T. Siqueira: Sem dúvida as associações têm grande influência na formação profissional em dor a partir da f o r m a ç ã o m u l t i p r o fi s s i o n a l / multidisciplinar. A SBED é o capítulo brasileiro da IASP; considerada como um dos seus capítulos mais ativos, tem profissionais das diferente profissões da saúde, incluindo a odontologia. Participar da SBED permite à odontologia discutir com seus pares da área da saúde temas

relevantes em dor, afinal, odontalgias, DTMs, mucosite pós-radioterapia, dor no câncer bucal, neuropatias e neuralgias trigeminais, cefaleias secundárias, entre outras, fazem parte do cotidiano do CD.

Relevante ainda é a questão das políticas d e s a ú d e p ú b l i c a i n t i m a m e n t e relacionada ao problema da dor. A participação da odontologia nessa discussão coletiva, e complexa só traz benefícios, seja aos seus próprios profissionais, às demais áreas da saúde, ao s is tema públ ico de saúde e, s o b r e t u d o , a o s p a c i e n t e s . Particularmente os pacientes que sofrem por dor orofacial crônica têm uma voz, são representados. Isso não exclui a importante atuação e participação de

associações especializadas, como a SBDOF. Soma!

Quando se fala em sofrimento e há esperança de um futuro melhor não se pode prescindir de todos os esforços disponíveis.

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"Quando se fala em sofrimento e há esperança de um futuro melhor não se pode prescindir de todos os esforços disponíveis.”

- José Tadeu Tesseroli de Siqueira

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A SBDOF entrevistou o Professor Antônio Sérgio Guimarães, que gentilmente respondeu a algumas perguntas.

O Professor é um dos pioneiros em DTM e Dor Orofacial no Brasil, tendo formado inúmeros alunos de Pós-Graduação, e é uma referência nesta área.

O  Sr. atua há muito tempo na especialidade fazendo intercâmbios científicos e formando especialistas. Conte-nos um pouco de sua trajetória.

É uma historia relativamente longa já que me formei em 1976 pela Faculdade de Odontologia de Lins, na época fazia parte do instituto metodista. Desde o terceiro ano eu me interessava muito sobre a articulação temporomandibular, pois todos diziam ser algo desconhecido, um mistério, um lodo..... Ninguém sabia nada sobre ela. A única coisa era: - veja lá o que você vai fazer nos dentes, pois tudo que fizer neles irá refletir na ATM. Cuidado com a oclusão (ouvi isso muitas vezes). Assim iniciou o meu interesse na área. Já que ninguém entendia muito sobre ela porque não tentar entende-la um pouco melhor? Dai saber mais sobre oclusão, já que tinha tudo a a ver com problemas da ATM. Depois, saber um pouco mais dos aspectos psicológicos dos pacientes com DTM, não mais ATM, pois agora o tema era mais abrangente. Finalmente a dor entrou no cenário, então t i v e q u e a p r e n d e r m a i s s o b r e mecanismos geradores de dor na área orofacial. Fui então estudar “mecanismos geradores de dor”, o que é dor, quais as vias de transmissão, etc, etc. Esse foi o começo da total transformação do

entendimento na área das DTMs. A oclusão que era o principal fator gerador das DTMs passou a te r m ín ima importância, gerando muita discórdia, que lamentavelmente ainda vemos acontecer nos dias de hoje, nas discussões entre os colegas. Novas ideias sem nenhuma base cientifica, sendo discutidas. Absurdos como posturologia, relação cêntrica cervical, já que a tradicional relação cêntrica da odontologia foi sepultada desde o final da década de 90, bactérias na ATM e muitas outras teorias baseadas em nada ou sem embasamento científico e por pessoas inexpressivas no cenário acadêmico, sem nenhuma bagagem ou p rodução cientifica que viesse a colaborar com o conhecimento e engrandecimento da

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SBDOF ENTREVISTA

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área. Não podemos esquecer que vivemos na era do embasamento cientifico ou seja odontologia baseada em evidencias. Ótima abordagem, apesar de ser clara, facil de ser entendida, muito dificil de ser seguida. Mesmo que os dogmas e erros que permeiam a área sejam desvendados e esclarecidos, é muito difícil conseguir que muitos colegas se desapeguem de teorias e leis criadas num passado distante baseados no “eu acho, eu penso ou acredito”. Na procura de saber um pouco mais da área tive a oportunidade de conhecer e me tornar amigo de muitos colegas que formaram e formam o pensar da área na atualidade. Dessas oportunidades que a vida me proporc ionou, surg iu a ide ia de compartilha-las e dar também a chance para muitos colegas a também terem contato não só com esses colegas que ditam o conhecimento da área como também de conhecerem novos povos, novos costumes enfim uma maneira d i ferente de v iver. Já t ivemos a oportunidade de ir conhecer os centros de Jönköping, Malmo e Gotemburgo - Suécia, Aarhus - Dinamarca, Zurich – Suiça, Leuven – Belgica, Spineto – Italia e no próximo ano McGill – Canadá e assim vamos nos atualizando e estreitando o relacionamento com os melhores centros de pesquisa mundiais na área das DTMs e Dor orofacial.

 

Quais são as vantagens da técnica de agulhamento seco em comparação com outras técnicas existentes para o tratamento da dor miofascial?

Manipulação manual intramuscular é a denominação de uma das técnicas empregadas para a eliminação dos pontos gatilho miofasciais (PGm). A técnica consiste na introdução de uma agulha numa banda tensa muscular. Independentemente do tipo e calibre da agulha, uma vez que introduzida num ponto gatilho miofascial irá promover a

sua dissolução. A agulha de acupuntura é a de escolha, pois é a menos invasiva, consequentemente a menos lesiva aos tecidos. Como nesta técnica não se injeta nenhuma substancia, pois, o importante é se introduzir corretamente a agulha na área do PGm e não o que se injeta, ela foi denominada de “agulhamento seco”. Portanto, esta técnica, por não empregar a introdução de nenhum componente químico, empregar uma agulha não lesiva às estruturas e eliminar instantaneamente os PGm quando corretamente aplicada, é a de escolha dentre várias que também com sucesso eliminam os PGm.

Há possibi l idade desta técnica modificar favoravelmente  o déficit de modulação da dor em pacientes crônicos? De que forma?

Na rea l idade o te rmo “c rôn ico” atua lmente é quest ionável então preferimos referir aos pacientes dito como “crônicos” como aqueles que apresentam uma condição de dor de longa duração. Um dos principais fatores que contribuem no restabelecimento dos mecanismos de modulação da dor é a

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Manipulação manual intramuscular é a denominação de uma das técnicas empregadas para a eliminação dos pontos gatilho miofasciais (PGm). A técnica consiste na introdução de uma agulha numa banda tensa muscular.

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eliminação dos impulsos nociceptivos periféricos e dentre eles os PGm são os de maior importância apesar de não serem avaliados por muitos profissionais d a á r e a d a s a ú d e . P o r t a n t o , independentemente da técnica aplicada, uma vez que ela simplesmente elimina na maioria das vezes temporariamente o PGm, o mais importante é a correção dos s e u s f a t o r e s g e r a d o r e s , independentemente da técnica aplicada.

 

Quais são e aonde são os cursos que atualmente o Sr. coordena?

Atualmente estou na Faculdade São Leopo ldo Mand ic nos campi de Campinas, São Paulo e Fortaleza com os programas de mestrado para cirurgiões dentistas, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e médicos. Coordeno também o Ambulatório de DTM e DOF do Hospital São Paulo- UNIFESP. Este ambulatório foi o primeiro a ser reconhecido pelo Ministério da Saúde como de referência das UBS do Brasil.

 

Por que o Sr. julga importantes os cursos criados recentemente para fisioterapeutas e fonoaudiólogos? 

Como já dito acima no programa de mestrado em DTM e DOF da Faculdade São Leopoldo são aceitos outros profissionais da Saúde com interesse na área. O conhecimento não pode ser setorizado como o nosso corpo fosse dividido em milímetros, então daqui para lá é área de competência do dentista, e daqui para acolá de outros profissionais. O entendimento deverá ser único e uma formação de alta qualidade nivelar os profissionais de diferentes formações básicas num conhecimento da área com o mesmo entendimento. Apenas alguns procedimentos específicos de cada área deverão ser realizados pelos profissionais capacitados para a realização dos mesmos como por exemplo o cirurgião dentista como o responsável pela confecção das placas e ajustes oclusais quando necessário. Estes procedimentos, necessários em muito poucos casos, seriam realizados por cirurgiões dentistas mas o entendimento dos seus efeitos e objetivos de emprego de conhecimento de todos. Agindo assim poderemos m e l h o r a r o c o n h e c i m e n t o d o s profissionais das mais diversas áreas interessados no tema, proporcionando um melhor cuidado aos pacientes.

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Na manipulação manual intramuscular, a agulha de acupuntura é a de escolha, pois é a menos invasiva, consequentemente a menos lesiva aos tecidos.

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1. Dental occlusion, body posture and temporomandibular disorders: where we are now and where we are heading for. MANFREDINI D, CASTROFLORIO T, G. PERINETTI G, GUARDA-NARDINI L J Oral Rehabil. 2012; 39; 463–471

Resenha enviada por Adriana de Oliveira Lira Ortega - mestre em DTM e DOF pela Unifesp, Doutora e pós Doutora pela Fousp. Professora nos cursos de Graduação e Pós Graduação da Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul), professora no curso de especialização em Odontopediatria da Fundecto/Fousp. coordena o curso de Ortodontia e Ortopedia em Odontopediatria do centro de Pós Graduação São Leopoldo Mandic.

A questão da relação entre oclusão dentária, postura corporal e disfunção temporomandibular (DTM) é um tópico ainda controverso na Odontologia e frequentemente, alvo de especulações. A alegação de que para o tratamento da DTM, há necessidade de corr igir anomalias ocluso-posturais, parece ser baseada em teorias duvidosas. Por serem de natureza irreversível, a indicação de tais tratamentos baseada em tais conceitos deve ser comprovada com dados fundamentados em evidências que comprove adequadamente a fisiologia de tais relacionamentos.

Os autores dividiram o tema em três tópicos distintos: a) Fisiologia da relação entre oclusão dentária e postura corporal b) Relação entre esses dois tópicos e DTM c) Validade dos aparelhos usados como recursos metodológicos para

avaliação da relação oclusão dentária, postura corporal e DTM.

a) Fisiologia da relação entre oclusão dentária e postura corporal:

A inconsistência da afirmação de que há relação entre oclusão dentária e postura pode ser percebida por extrapolações de r e s u l t a d o s d e p e s q u i s a s c o m delineamento insatisfatório. Geralmente os estudos se detêm em um único parâmetro oclusal e um único parâmetro p o s t u r a l e m p o p u l a ç õ e s n ã o representativas. Apresentam ainda ausência de grupo controle, ausência de e x a m i n a d o re s c e g o s e u t i l i z a m instrumentos de medida cuja validade não foi avaliada. O fato da idade ser fator confundidor na avaliação postural, visto que apresenta padrões característicos em diferentes faixas etárias, não foi controlado.

Além disso, a relação causa-efeito requer estudos longitudinais e esses estudos n ã o e s t a v a m d i s p o n í v e i s a t é a investigação dessa revisão.

b) Relação entre oclusão dentária, postura corporal e DTM:

Tendo em vista que já existem problemas metodológicos sérios para chegar a uma conclusão sobre a fisiopatologia e relação entre oclusão e postura, mais difícil ainda seria agregar a eles, sintomatologia de DTM e estabelecer relação causal. Novamente, as estratégias metodológicas adotadas não fornecem subsídios c o n fi á v e i s p a r a c h a n c e l a r s e u s resultados. Interpretação de dados com

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RESENHAS CIENTÍFICAS

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variabilidade intra e extra examinadores e uso de eletromiografia como diagnóstico de DTM, por exemplo, demonstram inconsistência para os resultados obtidos. Os autores alertam ainda sobre o pouco entendimento sobre a natureza ampla dos fatores etiológico dos diversos tipos de DTM. Assim, a replicação da informação de que existe associação causal entre oclusão dentária, postura e DTM, induz i r i a a abordagem de modificação do padrão oclusal na condução dos casos de DTM, o que é fortemente desaconselhado se nos nortearmos pelas pesquisas com melhores níveis de evidência.

c) Acurácia de diagnóstico de recursos tecnológicos

Na teoria, o uso de instrumentos que medem objetivamente um parâmetro clínico subjetivo pode ser uma ideia fascinante, atrai pesquisadores de todas as áreas de saúde, mas requer uma análise mais crítica quando está sujeito a viés de diagnóstico. Na área da DTM, o principal marcador patológico é a dor, e a relação entre sintomas clínicos e sinais fornecidos pelos instrumentos não pode ser estabelecida de forma confiável. Os recursos para avaliar postura corporal, como plataformas baropodométricas, são bastante questionáveis uma vez que não há sensibilidade e especificidade do seu uso em Odontologia.

Apesar da relação entre os tópicos: "oclusão dentária, postura corporal e DTM" ainda ser divulgada no meio odontológico, não é difícil encontrar inconsistências nessas associações. Uma análise mais crítica dos estudos que pretenderam chancelar tais conceitos, expõe fragilidades que invalidam as conclusões pretendidas.

O maior problema é que a tomada de decisão clínica pode se pautar em tais preceitos e sujeitar o paciente a

tratamentos que visem modificar a oclusão dentária com vistas à solucionar quadros de DTM. As diretrizes para abordagem DTM preconizam que a prática terapêutica seja reversível.

2. Expanding the taxonomy of the d i a g n o s t i c c r i t e r i a f o r temporomandibular disorders. Peck CC, Goulet JP, Lobbezoo F, Schiffman EL, Alstergren P, Anderson GC, deLeeuw R, Jensen R, Michelotti A, Ohrbach R, Petersson A, List T. J Oral Rehabil. 2014 Jan;41(1):2

Resenha enviada por Reynaldo Leite Martins Júnior - Cirurgião Dentista, especialista em Dentística Restauradora, DTM e Dor Orofacial e Ortodontia. Mestre pela Unifesp/EPM e autor do livro “Disfunções Temporomandibulares: esclarecendo a confusão”, Editora Santos/Grupo GEN, 2011.

O termo ‘Taxonomia” é definido como “Teoria ou nomeclatura das descrições e classificações cient íficas”. Nós o utilizamos diariamente, em todas as especialidades da Odontologia: por exemplo, quando chamamos um preparo cavitár io de “Classe V”, ou uma característica de oclusão de “classe II.

Nossa área de Dor Orofacial tem a sua disposição uma série de sistemas de descrição, classificação e critérios de d iagnóst ico, como o DC-TMD, a classificação da AAOP e a Classificação Internacional de Cefaléias.

Todos esses sistemas tem seus limites e possibilidades, e estão em constante aperfeiçoamento e atualização.

Em 2014, um grupo de trabalho envolvendo profissionais ligados ao Consórcio do RDC-TMD, do setor de Dor O r o f a c i a l d a I A S P, b e m c o m o

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especialistas de outras associações profissionais, publicou um artigo em que fazem uma proposta de um sistema de classificação e critérios diagnósticos que abrangesse condições menos comuns, porém importantes, relacionadas as Disfunções Temporomandibulares.

Os autores consideraram inicialmente 56 tipos de desordens, das quais 37 foram incluídas no artigo, da seguinte forma:

I) D e s o r d e n s d a A r t i c u l a ç ã o Temporomandibular

1) Dor Articular

A) Artralgia

B) Artrite

2) Desordens Articulares

A) Desordens do Disco

(1) Deslocamento do Disco com redução

(2) Deslocamento do Disco com redução e travamento intermitente

(3) Deslocamento do Disco sem redução com limitação de abertura.

(4) Deslocamento do Disco sem redução sem limitação de abertura

B) Desordens de hipomobilidade que não Desordens do disco.

(1) Adesão/Aderência

(2) Anquilose

(a) Fibrosa

(b) Óssea

C) Desordens de hipermobilidade.

(1) Deslocamentos

(a) Subluxação

(b) Luxação

3) Doenças articulares

A) Doença articular degenerativa

(1) Osteoartrose

(2) Osteoartrite

B) Artrite Sistêmica

C) Reabsorção condilar idiopática

D) Osteocondrite Dissecante

E) Osteonecrose

F) Neoplasia

G) Condromatose sinovial

4) Fraturas

5) Desordens do desenvolvimento/congênitas

A) Aplasia

B) Hipoplasia

C) Hiperplasia

II) Desordens dos músculos da mastigação.

1) Dor Muscular

A) Mialgia

(1) Mialgia Local

(2) Dor Miofascial

(3) Dor Miofascial com dor referida

B) Tendinite

C) Miosite

D) Espasmo

2) Contratura

3) Hipertrofia

4) Neoplasia

5) Desordens do movimento

A) Discinesia Orofacial

B) Distonia Oromandibular

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6) Dor nos músculos da mastigação a t r ibu ída desordens do lorosas sistêmicas/centrais.

A) Fibromialgia/Dor “espalhada”

III) Cefaleia

1) Cefaléia atribuída a DTM

IV) Estruturas associadas

Hiperplasia do processo coronóide.

A proposta é um estímulo inicial para uma expansão das classificações hoje uti l izadas. A apresentação de 56 condições, sendo reduzidas a 37 para a publicação mostra que estamos ainda um pouco distantes de um consenso. O artigo descreve cada uma das condições, propõe os critérios diagnósticos, e a p r e s e n t a s u a s e n s i b i l i d a d e /especificidade (quando já tenha sido avaliada)

É um trabalho que pode ser útil quem esteja procurando um tema para pesquisa, (analisar a validade de cada uma das propostas) e mesmo ao clínico que esteja face a um caso específico que não se enquadra nas classificações mais utilizadas.

A publicação é de acesso livre, e pode ser baixada na íntegra no formato “pdf” no seguinte endereço:

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/pmid/24443898/

3. Specific and number of comorbidities are associated with increased levels of temporomandibular pain intensity and duration. Dahan H, Shir Y, Velly A, Allison P. J Headache Pain. 2015 Dec;16:528. doi: 10.1186/s10194-015-0528-2.

Resenha enviada por Daniela Godói Gonçalves - Professora da Faculdade de Odontologia de Araraquara - UNESP, curso de Graduação (Disciplina de Oclusão e DTM), e Orientadora do Programa de Pós-graduação em Reabilitação Oral. 

Dahan et al. conduziram o presente estudo com o objetivo de descrever a relação entre o número de comorbidades e a duração e intensidade da dor por DTM, investigar a associação de 5 comorbidades específicas com a DTM, e ainda verificar se a associação é a mesma na presença de DTM muscular (DTM-m) e não-muscular (DTM-nm).

O estudo foi multicêntrico, com amostra composta por 180 pacientes de ambos os gêneros e com DTM crônica (mais de 6 meses de duração). As comorbidades incluídas nesse estudo, avaliadas por meio de 5 questionários específicos e validados, foram a migrânea, a síndrome da fadiga crônica (SFC), síndrome do intestino irritável (SII), cistite intersticial (CI) e síndrome das pernas inquietas (SPI).

A maioria da amostra (62,2%) apresentou 1 ou mais comorbidades, sendo a migrânea a mais prevalente (46,1%), seguida pela SIR (28,3%) e SPI (16,7%). Indivíduos com comorbidades tinham dor por DTM mais intensa e de maior duração, e maior frequência de DTM-m. A associação de outras comorbidades com a DTM também mostrou maior impacto nos aspectos psicossocias já que esses indivíduos apresentavam mais relatos de depressão e/ou ansiedade, e a maioria estavam desempregados ou afastados do trabalho. A presença de SFC teve a associação mais intensa com duração e intensidade da dor por DTM; e a migrânea apenas com a intensidade. Quando a amostra foi estratificada pelo tipo de DTM (m; nm), o grupo DTM-m mostrou as mesmas associações

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observadas na amostra total, e no grupo DTM-nm foi encontrada associação significante apenas com relação ao número de comorbidades e a duração da DTM. O estudo confirma a importante associação da migrânea e da SFC com a DTM. O resultados confirmam achados prévios apontando que a presença de comorbidades em pacientes de DTM pode significar uma condição mais comp lexa com envo l v imen to de sensibilização central e alodínia, assim como alterações no sistema trigeminal e l í m b i c o , c o l a b o r a n d o p a r a o espalhamento da dor pelo corpo.

Os autores concluem que a presença de comorbidades dolorosas associadas à DTM crônica contribuem com aumento da duração e intensidade da dor por DTM. Tais achados são clinicamente relevantes, sugerindo que o atendimento desses pacientes deve ser direcionado d e f o r m a m a i s a b r a n g e n t e e in terd isc ip l inar, cons iderando os fenômenos centrais.

O artigo tem acesso livre pelo link: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4441879/

4. Sobre o estudo OPPERA.

Resenha enviada por José Luiz Peixoto Filho - Cirurgião Dentista, especialista em DTM e DOF CFO, membro Fundador da SBDOF, membro da SBCe e ABSONO

Vamos falar de OPPERA? Em italiano a palavra ópera significa “obra musical, trabalho”: é um gênero de música teatral e m q u e u m a a ç ã o c ê n i c a é harmonicamente...

Não, não! Estamos falando do estudo OPPERA! Essa sigla em inglês significa Orofacial Pain: Prospective Evaluation and Risk Assessment, que pode ser traduzida como “Dor

Orofacial: avaliação prospectiva e investigação de (fatores de) riscos”. Este é um grande estudo prospectivo que envolveu vários pesquisadores e centros de pesquisa americanos, iniciado em 2006, e que recebeu um investimento de 19 milhões de dólares ( ! ! ! ) d o N I H ( o r g a n i z a ç ã o governamental norte-americana de fomento ao estudo de diferentes áreas e problemas de Saúde). Como se sabe, as Disfunções Temporomandibulares (DTM) são c o n d i ç õ e s d e n a t u r e z a musculoesquelética, que podem envolver as ATM propriamente ditas (DTM Articulares) ou os Músculos Mastigatórios (DTM Musculares), ter apresentação aguda ou crônica, tendo muitas vezes uma evolução de caráter recorrente e flutuante ao longo do tempo. É muito importante lembrar que dentro de cada grupo, articular ou muscular, existem diferentes subtipos (algumas vezes com apresentação cl ín ica parecida) e podem ser causadas por diferentes mecanismos fisiopatológicos. Também, é comum a observação clínica da co-ocorrência de tipos específicos de DTM com outras queixas dolorosas (ou não) na cabeça (por ex, Cefaleia Primária, Zumbido) ou em outras regiões do corpo (por ex, Fibromialgia, Dor Lombar Crônica).Mas, apesar de serem condições clínicas já conhecidas e estudadas há muito tempo, existiam dúvidas sobre o que poderia levar uma pessoa sã a vir a desenvolver um tipo específico de DTM. Assim, a ideia do estudo OPPERA foi tentar elucidar que circunstâncias ou situações (fatores de risco) levariam uma pessoa inicialmente livre de DTM vir a desenvolvê-la. Acreditava-se que este

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conhecimento poderia levar ao desenvolvimento de estratégias de prevenção ou melhorar abordagens de tratamento para cada subtipo de DTM.Seus resultados iniciais começaram a ser publ icados em 2014. Eles caracterizaram as DTM dolorosas como uma condição de Dor Crônica muito semelhante a outras que podem afligir o ser humano (por exemplo, dor lombar ou alguns tipos de cefaleias). Este grupo de condições clínicas parece ser o produto da interação entre fatores ambientais (por ex: trauma, infecção), estressores de vida dos pacientes (fatores psíquicos), e alguma influência genética que os t o r n a m s u s c e p t í v e i s a o desenvolvimento de dor crônica e influenciam também seus estados psíquicos ou o funcionamento do sistema nervoso autônomo (por e x e m p l o , a l g u n s i n d i v í d u o s apresentam variações em genes relacionados a funções enzimáticas, como a COMT, ou que expressam receptores específicos envolvidos no processamento da dor, como o HTR2A). Em nível individual, observou-se maior chance de desenvolver algum subtipo de DTM Crônica dolorosa aqueles indivíduos que apresentaram mais “sensibilidade dolorosa” corporal ou que tinha maior “autopercepção” corporal . Ao aval iarem nesses indivíduos o processamento doloroso no nível cerebral verificaram que, em muitos casos, existe uma deficiência na regulação da percepção da dor, fazendo com que esse indivíduo sinta mais dor quando comparado a outro sem DTM.

Portanto, podemos concluir que as DTM não são uma única e “simples” condição dolorosa, ou igual em diferentes indivíduos. E, com toda a certeza, o risco de um indivíduo vir a desenvolver uma DTM vai muito além de uma “mordida errada” ou uma “postura inadequada”. Você pode acessar mais informação aqui: 1) http://iasp.files.cms-plus.com/Content/ContentFolders/Publications2/PainClinicalUpdates/pcu_22_5.pdf2) http://www.nidcr.nih.gov/research/ResearchResults/InterviewsOHR/TIS012006.htm

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O SÓCIO PERGUNTA, O SÓCIO RESPONDE

Dra. Liete, vemos na literatura e em nossas clinicas um grande numero de pacientes com algum tipo de doença degenerativa na ATM, mas que acabam não sendo diagnosticados de forma correta. Por outro lado, vemos muitos exames de imagem sendo pedidos de maneira exagerada. Sendo assim,  quais sinais e/ou  sintomas justificariam o pedido de exames de imagem, a fim de diagnosticar corretamente as alterações degenerativas na ATM e também evitar os pedidos de imagem desnecessários?

Prezado Rodrigo, ótima pergunta! A doença articular degenerativa (DAD) é uma síndrome clinica que pode ser considerada a via final para várias condições articulares incluindo as desordens inflamatórias, endócrinas, metabólicas, biomecânicas e do desenvolvimento que ocorrem de forma simultânea na cartilagem e no osso subcondral, comprometendo a articulação como um todo, isto é, cápsula, ligamentos e musculatura peri-articular. O objetivo principal no atendimento aos pacientes com DAD é controlar a sintomatologia e evitar o dano estrutural. Isto justifica uma intervenção precoce. Mas como intervir precocemente numa articulação onde não existem critérios clínicos claros e universais para se dizer que a articulação está envolvida e que muitas vezes apresenta uma clínica sutil? Isto aponta para grandes discrepâncias na prevalência de alterações articulares na ATM conforme usamos critérios clínicos e/ou de imagem. É muito importante pedir imagem quando ela realmente faz a diferença, pois a literatura recente aponta para dissociações entre clínica e imagem: às vezes nos deparamos com grandes alterações de imagem associadas a apresentações clínicas sutis e as vezes observamos imagem sem grandes alterações associada a clínicas exacerbadas. Portanto, devemos tratar nosso paciente e não sua imagem. Saber indicar a melhor técnica de imagem para aquela determinada situação e sua interpretação faz uma grande diferença. Daí a importância de se estabelecer protocolos terapêuticos iniciais conservadores quando se tratar de DAD na ATM. Voltando a sua pergunta, na DAD da ATM não existem sinais e/ou sintomas específicos que justifiquem a requisição de imagem, mas sim condições específicas, ou seja, quando o resultado do exame complementar que você requisitou apresentar a possibilidade de alterar o protocolo terapêutico daquele determinado paciente.

John MT, Dworkin SF, Lloyd A. Mancl LA.Reliability of clinical temporomandibular disorder diagnoses. Pain 2005; 118:61-9. Tanaka E, Detamore MS, Mercuri LG. Degenerative Disorders of the Temporomandibular Joint: Etiology, Diagnosis, and Treatment. J Dent Res 2008; 87: 296-307.

Wiese M, Svensson P, Bakke M et al. Association Between Temporomandibular Joint Symptoms, Signs, and Clinical Diagnosis Using the RDC/TMD and Radiographic Findings in Temporomandibular Joint Tomograms. J Orofac Pain 2008; 22:239-51.

Manfredini D, Guarda-Nardini L, Winocur E, et al. Research diagnostic criteria for temporomandibular disorders: a systematic review of axis I epidemiologic findings. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod 2011;112:453-62.

Hayashi D, Guermazi A, Roemer FW. MRI of osteoarthritis: the challenges of definition and quantification. Semin Musculoskelet Radiol. 2012;16:419-30.

D Hayashi D, Roemer FW, A Guermazi A. Osteoarthritis year 2011 in review: imaging in OA-a radiologists' perspective. Osteoarthritis Cartilage. 2012;20:207-14.

Murphy MK, MacBarb RF, Wong ME, Athanasiou KA.Temporomandibular Joint Disorders: A Review of Etiology, Clinical Management, and Tissue Engineering Strategies. Int J Oral Maxillofac Implants. 2013;28: e393–e414.

Comert Kilic S, Kilic N, Sumbullu MATemporomandibular joint osteoarthritis: cone beam computed tomography findings, clinical features, and correlations. Int. J. Oral Maxillofac. Surg. 2015; in press

Rodrigo Wendel é coordenador do curso de Especialização e Aperfeiçoamento em DTM e Dor Orofacial Instituto Aria em Brasília, coordenador do centro multidisciplinar de Dor Orofacial do GAAAC, Especialista e Mestre pela UNIFESP, presidente da comissão de DTM e Dor Orofacial do CRO-DF, sócio fundador e colaborador na Comissão de Comunicação da SBDOF.

Liete Zwir é odontopediatra, especialista e Mestre em DTM/DOF pela UNIFESP, Doutora em Ciências da Pediatria pela UNIFESP, Membro da Diretoria da SBDOF, Membro da EuroTMJoint.

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Lavigne disse que uma forma para compreender melhor o bruxismo é pesquisar o que pode inibir o reflexo protetor de abertura da boca no momentos dos episódios do bruxismo. Minha pergunta é:

Como, ou o que pode explicar a inibição do reflexo protetor de abertura da boca (reflexo mandibular) nos momentos que acontecem os episódios de bruxismo?

Madalena Caporali Pena Rabelo é Professora Assistente IV e Coordenadora da Disciplina de "Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial" (DTM/DOF) no curso de Graduação de Odontologia - PUC Minas, Mestre em DTM/DOF pela Escola Paulista de Medicina, Ex-Residente do Centro de Dor Orofacial da Universidade de Kentucky (2 anos full-time), Membro da Comissão de DTM/DOF do CROMG, Membro da Diretoria da ABOMG, Membro Fundador da SBDOF.

Olá Madalena! Entender o que gera um movimento rítmico da musculatura mastigatória, o que conhecemos pela sigla em inglês RMMA, é mesmo o objetivo para solucionar os problemas envolvendo o bruxismo do sono (BS) primário. Parece que não há um só tipo de BS primário. Até o momento os estudos clínicos e experimentais indicam que o BS é controlado pelo Sistema Nervoso Central (SNC), regulado provavelmente em tronco encefálico mas a etiologia do movimento parece ter gênese multifatorial com predisposição genética. Em 80% dos casos os eventos estão associados a mecanismos de despertar do sono (os chamados microdespertares) e ativação do sistema nervoso autonômico simpático (ativação cardíaca). Mais recentemente, a mesma equipe de pesquisa do Canadá tem trabalhado na hipótese de que em algumas pessoas a gênese do RMMA esteja relacionado a outros fatores como hipóxia, na presença ou ausência da resistência a passagem do ar e do nível de estresse e ansiedade, além da flutuação de neurotransmissores no SNC. No último trabalho de revisão com participação do Prof. Gilles Lavigne, os autores apontam que o RMMA a princípio é um evento adaptativo do organismo (ocorrência esporádica e de baixa intensidade), sem consequências ao sistema estomatognático. A partir de um certo ponto, o RMMA pode passar a uma forma mal adaptativa, levando ao aumento em frequência e intensidade, associado a comorbidades e/ou dor facial. O ponto hoje é: o que determina e influencia esta mudança adaptativa? Esta é a parte hoje a ser investigada!

Carra MC, Huynh N, Lavigne G. Sleep bruxism: a comprehensive overview for the dental clinician interested in sleep medicine. Dent Clin North Am 2012;56:387–413.

Riemann D, Spiegelhalder K, Feige B, et al. The hyperarousal model of insomnia: a review of the concept and its evidence. Sleep Med Rev 2010;14:21

Kato T, Montplaisir JY, Guitard F, et al. Evidence that experimentally induced sleep bruxism is a conse- quence of transient arousal. J Dent Res 2003;82: 284–8.

Khoury S, Rouleau GA, Rompre ́ PH, et al. A significant increase in breathing amplitude pre- cedes sleep bruxism. Chest 2008;134:332–7.

Nashed A, Lanfranchi P, Rompre ́ P, et al. Sleep bruxism is associated with a rise in arterial blood pressure. Sleep 2012;35:529–36.

Lobbezoo F, Visscher CM, Ahlberg J, et al. Bruxism and genetics: a review of the literature. J Oral Reha- bil 2014;41:709–14.

Kato T, Rompre ́ P, Montplaisir JY, et al. Sleep bruxism: an oromotor activity secondary to micro- arousal. J Dent Res 2001;80:1940–4.

Dumais IE, Lavigne GL, Carra MC, Rompre PH, Huynh NT. Could transient hipoxia be associated with rhythimic masticatory muscle activity in sleep bruxism? A preliminary report. J Oral Rehabilitation, 2015.

Juliana Stuginski Barbosa é Doutora em Ciências Odontológicas pela Faculdade de Odontologia de Bauru - USP, sócia fundadora e coordenadora da Comissão de Comunicação da SBDOF e editora do blog Por Dentro da Dor Orofacial.

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Wladmir Dal Bó

Sou natural de Criciúma, mas moro há 23 anos em Florianópolis, por isso, me considero um quase "manezinho da ilha", como são chamados os nascidos em Florianópolis. Sou Cirurgião Dentista, graduado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), mestre em Morfologia (UNIFESP) e doutor em neurociências - Laboratório da Dor e Inflamação (UFSC).

Conheci e aprendi a gostar de fotografia através de um aplicativo de celular, o Instagram, em 2012, com fotos amadoras e fui evoluindo, desenvolvendo um olhar mais apurado para a fotografia, tentando sempre seguir um estilo próprio com uma proposta diferente do usual. Minhas edições e ensaios são realizados inteiramente com o uso de aplicativos de celular (iPhone), justamente para mostrar

que é possível conseguir um ótimo resultado com um pouco de técnica e muita criatividade. Além disso, faço um trabalho artístico surreal através da manipulação de imagens (com o celular) e por esta razão comecei a ficar conhecido no Brasil e internacionalmente. Participei de exposições (São Paulo, Madri, Miami) e tive meu trabalho como destaque em livros, blogs, programas de TV e revistas, como Marie Claire e ELLE Espanha.

Através desta minha atividade extra-odontologia, ganhei alguns prêmios, fui entrevistado em diversos meios de comunicação e, ultimamente, minha arte tem sido procurada para estampar as coleções de a lguns produtos de determinadas marcas.

Através do Instagram, fui chamado para cobrir alguns eventos como o Volvo Ocean Race, considerada a competição mais importante dos mares, e a apresentação de artistas como Steve Angelo, considerado um dos melhores

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MUITO ALÉM DA DOR

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DJs da atualidade. Também fui convidado a divulgar marcas em meu perfil. Hoje, muitas pessoas famosas no Brasil e no mundo me pedem para fotografá-las ou

editar suas fotos, como é o caso das a t r i z e s b r a s i l e i r a s D a n i S u z u k i , Guilhermina Guinle, Helen Jabour e da atriz de hollywood Juliette Lewis.

Minha inspiração, muitas vezes, vem do nada e outras vezes de tudo o que me rodeia, dependendo da fase em que me encontro.

Aqui você pode ver algumas amostras do meu trabalho.

Esteja a vontade para me acompanhar no Instagram @wlad Será um prazer manter contato com os colegas em uma área diferente da Odontologia.

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