Jornal da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre,setembro de 2008...

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h ipertext o Jornal da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre,setembro de 2008 – Ano 10 – Nº 66 ANO DEZ Página 6 Página 6 Página 4 Vinícius Roratto Carvalho /Hiper Paula Tanscheit/Hiper O escritor e professor da PUCRS assume o posto de patrono da mais importante feira de livro do país BBB HISTÓRIA Um neo-realista é o patrono da Feira do Livro SET debate conteúdo da mídia Página 11 Jornalistas e estudantes defendem a formação superior Página 2 O desejo incontido de ser bisbilhotado por todo país Resgate ao Repórter Esso na Famecos Manifestação na Praça da Matriz Rafael: campanha para o Big Brother ENSINO Escola funciona sem recursos Página 3 Patrícia Dyonisio/ Hiper Ricardo Noblat, Gisele Lorenzetti, Roger Lerina e Ehr Ray: o desafio da linguagem para quem quer falar ao mundo Durante três dias, comunicadores debatem na Famecos em encontro internacional de alunos Eduardo Lorea, de Zero Hora: ética e credibilidade Pedro Revillion/ Hiper Pedro Revillion/ Hiper CHARLES KIEFER

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hipertextoJornal da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre,setembro de 2008 – Ano 10 – Nº 66

Anodez

Página 6

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Vinícius Roratto Carvalho /Hiper Paula Tanscheit/Hiper

O escritor e professor da PUCRS assume o posto de patrono da mais importante feira de livro do país

BBBHISTÓRIA

Um neo-realista é o patrono da Feira do Livro

SET debate conteúdo da mídia

Página 11

Jornalistas e estudantes defendem

a formação superior

Página 2

O desejo incontido de ser bisbilhotado por todo país

Resgateao RepórterEsso naFamecos

Manifestação na Praça da Matriz Rafael: campanha para o Big Brother

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Página 3

Patrícia Dyonisio/ Hiper

Ricardo Noblat, Gisele Lorenzetti, Roger Lerina e Ehr Ray: o desafio da linguagem para quem quer falar ao mundo

Durante três dias, comunicadores debatem na Famecos em encontro internacional de alunos

Eduardo Lorea, de Zero Hora: ética e credibilidade

Pedro Revillion/ HiperPedro Revillion/ Hiper

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Porto Alegre, setembro 20082 abertura hipertexto

Jornal mensal da Faculdade de Comunicação Social (Famecos) da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS).Avenida Ipiranga 6681, Jardim Botânico, Porto Alegre, RS, Brasil.E-mail: [email protected]: http:// www.pucrs.br/ famecos/ hiper-texto/ 045/ index.phpReitor: Ir. Joaquim ClotetVice-reitor: Ir. Evilázio TeixeiraDiretora da Famecos: Mágda CunhaCoordenadora de Jornalismo: Cristiane

FingerProdução dos Laboratórios de Jornalismo Gráfico e de Fotografia.Professores Responsáveis:Tibério Vargas Ramos e Ivone Cassol (redação e edição), Celso Schröder (arte e editoração eletrônica) e Elson Sempé Pedroso (fotojor-nalismo).

Estagiários matriculados e voluntários:

Gerente de produção: Carla Castro

Editora: Patrícia Dyonisio de Carvalho e Sérgio Giacomel.Editora de Arte: Juliana FreitasEditores de Fotografia: Vinícius Roratto Carvalho e Camila Domingues.Redação: Aline Vargas, Caetano Bortolini Barreto, Carla Castro, Débora Ely Silveira, Fernando S. Soares Junior, Gustavo Lacer-da, Juliana Freitas, Juliana Ulrich Lima, Lidiana de Moraes, Leonardo Serafim, Lívia Costa, Luísa Fedrizzi, Luiza Gaidzinski Car-neiro, Mariana Lenz, Matheus Piovesan,

Maurício Círio, Patrícia Dyonisio de Car-valho, Sérgio Giacomel, Tiara Vaz Ribeiro e Thais Silveira.

Repórteres Fotográficos: Amanda Copstein Telles da Silva, Camila Domin-gues, Daniela Curtis do Lago, Juliana Arias Martins, Maria Helena Sponchiado Neuwald, Patrícia Dyonisio de Carvalho, Paula Cunha Tanscheit, Pedro Revillion, Tyssiani Avila Vidaletti e Vinícius Roratto Carvalho.

Hipertexto Apoio cultural: Zero Hora. Impressão: Pioneiro, Caxias do Sul. Tiragem 5.000

EDIToRIAL

Por Matheus Piovesan

Uma artista versátil. Foi assim que Ana Carolina apresentou-se aos porto-alegrenses na noite do dia 12 de setembro, no Teatro do Sesi. No show da turnê “Dois Quar-tos”, ela tocou pan-deiro em “Cabide”, guitarra em “Nada Te Faltará”, piano em “É Isso Aí” e vio-lão em “Ruas de ou-tono”. Na apresenta-ção, a mineira soube mesclar momentos agitados, como o su-cesso “Rosas”, com outros mais intros-pectivos, a exemplo da música “Carvão”. Foi após esta canção que o público ecoou um “Para-béns a você”, por causa dos 34 anos completos três dias antes.

“Quem de Nós Dois” conferiu o ponto alto para a platéia que lotou o teatro. o terninho preto deno-tando certa timidez contrastava

com a voz explosiva e potente que não cansava em surpreender os presentes.

A timidez explosiva de Ana Carolina

Matheus Piovesan/Hiper

Paula Tanscheit/Hiper

Por Matheus Piovesan

o Big Brother Brasil 8 mal tinha acabado e Rafael Morawski, 33 anos, já estava nas ruas em campanha para participar da pró-xima edição. Em março, foi citado em um blog do clicRBS. Desde então, colou cartazes em paradas de ônibus, prendeu faixas nos semáforos, distribuiu santinhos e virou notícia.

Enviando vídeos desde a pri-meira edição do programa, Mora-wski acredita que chegou sua hora de entrar para o confinamento vigiado. A idade, segundo ele, é um dos pontos que o ajuda. “Te-nho 33 anos, a idade de Cristo, e pronto para ir para a cruz. Meu primeiro milagre seria entrar no BBB”, prenuncia.

Em tempo de campanha elei-toral é fácil confundi-lo com um político. Até as estratégias são semelhantes. Morawski procurou diversas formas para se mostrar popular. Gravou vídeos – disponi-bilizados no Youtube – com grafi-

teiros, idosos, gays, participantes do projeto Vida Urgente e atores da peça “Tangos e Tragédias”.

A tese do candidato é que ser popular no Rio Grande do Sul seria um diferencial para entrar no programa. “A Globo gostaria de ter um personagem conhecido no Estado que gerasse audiência”, prevê. Mas Roberta Brasil, parti-cipante do Big Brother 6, acredita que pessoas muito expostas saem da lista de prováveis BBBs: “Eles primam pela descrição e pelo sigilo”. Popularidade não ajuda, então? A gerente de produção do BBB, Ana Schmidt, responde: “Não adianta em absolutamente nada. Avaliamos a personalidade da pessoa, não a popularidade”.

As idéias mirabolantes nasce-ram como? “Eu fico matutando, olhando o sol, o ar... uma hora aparece”, conta Morawski. Para chamar a atenção vale tudo, até quebrar recorde do Guiness Book. o candidato quer convidar uma banda gaúcha para tocar mais de cinco horas sem parar, o que

bateria a marca brasileira. Ao lado do conjunto, o brother se promoveria, em cima de um carro de som, com amigas “bonitinhas”, apelidadas de Rafaelquetes, que usariam camisetas com a foto dele. “Vai ser um sucesso”, asse-gura. outra futura empreitada é distribuir uma história em quadri-nhos explicando por que quer se confinar na casa do BBB 9.

E a vida profissional? “Eles entendem que esse é o meu sonho, e consigo chegar um pouquinho mais tarde”, explica o supervisor do Sistema Nacional de Empregos (Sine). Quem quiser conhecer a figura pode colocar o nome com-pleto dele no orkut. E aumente o som ao abrir a página de recados do possível brother porque a canção-tema do programa, “Vida Real”, será executada. o candida-to adora a popularidade adquirida ao lançar a campanha para entrar no BBB. “É muito bom o pessoal te reconhecer, gostar de ti e querer falar contigo”, conta. E você, liga-ria sua TV para assisti-lo?

Ele quer conquistar o BrasilRafael Morawski desenvolve campanha publicitária para tentar participar do BBB 9, até com cartazes

Por Lidiana de Moraes

Na primeira semana de setem-bro mais um escândalo político foi denunciado pela revista Veja. o problema para a administração de Lula dessa vez envolvia um esquema de grampos telefônicos feitos em integrantes do governo federal e no Supremo Tribunal de Justiça que levou à suspensão da direção da Abin (Agência Brasi-leira de Inteligência).

Um mês depois parece que William Shakespeare já previa o resultado destas denúncias: mui-to barulho por nada. A operação Satyagraha, montada para solu-cionar os enigmas que envolvem nomes como Daniel Dantas e que levam até ao caso dos grampos, como diz seu nome derivado do sânscrito, está em “em busca da verdade”. No entanto, dúvidas podem ser levantadas quanto ao surgimento de tais acusações.

Tantas CPIs já foram monta-

das nos últimos seis anos e poucas levaram a algum lugar. Mas, ao menos, foi possível perceber que por baixo de cada ato de corrup-ção revelado através da imprensa, há um jogo de interesses sendo tramado. Uma revelação aqui pode servir como uma luva para fazer com que a população esque-ça de crimes mais graves que vem sendo cometidos contra o País.

Agora, o governo ameaça com uma nova lei em que o jornalista é obrigado a revelar a fonte e seria responsabilizado pela di-vulgação de escutas telefônicas legais ou clandestinas que este-jam em segredo de justiça. Mais do que as pessoas flagradas em contravenção ou o araponga ilegal, descobriram o principal culpado, o repórter. Pelo menos, hoje, há o direito à prisão espe-cial por termos diploma de curso superior. No futuro, no desejo de alguns, não restará nem essa prerrogativa.

Descobriram o culpado

Ana Carolina

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Porto Alegre, setembro 2008 3educaçãohipertexto

Mariana Medeiros Lenz

Na subida do Morro da Glória – ou Morro da Polícia –, é hora da educação física para a terceira sé-rie da Escola Estadual de Ensino Fundamental Espírito Santo. En-quanto um grupo de alunos corre ao redor do terreno, o balanço quebrado serve de rede de vôlei para duas meninas. Na sala da administração, a diretora Sônia Azeredo e a vice Cleozelda Corrêa, tentam enumerar motivos para as notas baixas recebidas pelas crianças que brincam lá fora nos exames estaduais e nacionais.

No Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Gran-de do Sul (SAERS), realizado em 2007, a média em matemática da segunda série da instituição – freqüentada por 252 alunos da primeira à quarta – foi a terceira mais baixa de Porto Alegre. Em português, a escola ficou com o quarto pior resultado da Capital. O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) – que leva em conta números da Prova Brasil e taxas de aprovação – tam-bém preocupa, a Espírito Santo fechou com 2,2 no ano passado, quando a média no Estado foi 4,5.

A distorção entre idade e série é um dos problemas graves da instituição. Sônia estima que cerca de 30% a 40% dos alunos já foram reprovados alguma vez e, agora, têm aulas com colegas mais novos, o que prejudica seu aprendizado e auto-estima. Para atender crianças com dificulda-des, a diretora conta ter adotado uma prática não aprovada pela coordenadoria regional da Se-cretaria Estadual da Educação. Enquanto a professora titular

Uma escola que funciona como podeSistema de avaliação do ensino constata que a Escola Espírito Santo apresenta deficiências

Crianças da escola estadual, localizada no Morro da Glória, têm espaço precário e reduzido para praticar esporte ou para simples recreação. Sem equipamentos, alunos improvisam brincadeiras.

Diante de escolas e comuni-dades com características tão desiguais, é com a análise de dados socio-econômicos que a Secretaria Estadual da Edu-cação (SEC) pretende apontar os fatores – internos e externos – que podem ter influenciado no desempenho dos alunos no Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar do Rio Grande do Sul (SAERS).

No momento, a SEC prepa-ra o cruzamento das informa-ções obtidas pelo questionário contextualizador – respondido pelos estudantes junto com as provas – com os resultados finais. “A expectativa de fina-lização é até o fim do semestre, mas não há um prazo deter-minado”, informa a diretora adjunta do Departamento Pe-dagógico da SEC, Sonia Bier. Ela adianta, porém, que alguns

fatores já são conhecidos de exames anteriores: “Alunos com pais que freqüentaram a escola até o final e que partici-pam ativamente da educação dos filhos, por exemplo, geral-mente vão melhor”.

A primeira ação para tentar reverter a situação das piores médias foi reunir as coordena-dorias regionais (CREs) para mostrar a diretores e coor-denadores o desempenho da região e a posição das escolas. “Nossa intenção é permitir o diagnóstico do momento atual das instituições, possibi-litando planejamento interno. Paralelamente, a Secretaria desenvolve políticas públicas que visam melhoria na quali-dade do ensino, por exemplo, com a formação continuada de professores”, explica a diretora adjunta.

reúne um grupo para aulas de reforço em uma sala que também funciona como depósito, a estagi-ária assume – sem supervisão – o resto da turma. “Disseram que está errado, mas não há pessoal suficiente, foi o jeito que encon-tramos. Às vezes, a criança só precisa de uma atenção extra para acompanhar os outros”.

As aulas de reforço não são as únicas improvisadas. Desde junho, quando uma tempestade derrubou o muro que cercava parte do local, o terreno irregular

e coberto de areia onde acontecia a recreação permanece isolado pela Defesa Civil. No recreio, a solução foi fazer revezamento das turmas – cada uma tem direito a 15 minutos no pequeno espaço ao ar livre que restou. Cleozelda acredita que a situação dificulta um trabalho mais completo. “A ausência de pracinha e quadra impossibilita oficinas e atividades esportivas no turno oposto, por exemplo. O resultado são alunos perambulando nas ruas depois da aula”, relata.

E é aí que mora o perigo e ou-tro desafio: a violência, estampa-da nos muros e paredes pichados da escola. Vizinhos da Vila Maria da Conceição (Maria Degolada) – região de tráfico de drogas ocupada em julho pela Brigada Militar – os alunos da Espírito Santo convivem com a realidade do crime. “Tem prostituição, droga, homicídio, tudo muito próximo. Quem mora no meio disso perde mais rápido a infân-cia”, lamenta Sônia. A diretora já foi surpreendida pelo resumo de

um aluno de oito anos: “Eles dão tiro, mas a polícia não pega”, dis-se o menino, referindo-se a jovens que, ao tentar invadir a escola, quebraram vidros e colocaram fogo na janela de uma das salas. Dessa vez foi um comentário, mas o mau exemplo já teve também conseqüências mais sérias: há dois meses, depois da abertura de uma lan house no bairro, uma professora descobriu que estudantes estavam planejando agressões a colegas através do site de relacionamentos Orkut.

Um dos principais problemas da escola é a distorção entre idades e séries

O que é levado em conta no balanço do desempenho

Fotos Guillherme Santos/Hiper

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Porto Alegre, setembro 20084 faculdade hipertexto

Por Luiza Barbosa

Para ser âncora, apresentador de programa de televisão, é neces-sário ter “bagagem cultural”, ar-gumentou o jornalista Hermano Henning, do jornal SBT Manhã, que esteve na Famecos, dia 1º de setembro. Durante mais de dez anos, exerceu o cargo de corres-pondente internacional da Rede Globo de Televisão, trabalhando em Londres, Bonn, Washington e Nova York. “O correspondente internacional envelhece rápido e fica com os cabelos brancos, mas não tem como sair da universida-de e no dia seguinte estar apre-sentando um jornal. É questão de experiência”.

Hermano Henning disse que está vivendo “a melhor época da vida”. Destacou a importância de um jornalista trabalhar em televisão: “Eu acho que um su-jeito devia passar por exame de sanidade mental para trabalhar na TV, pois é um veículo que atin-ge muita gente e pode modificar opiniões”.

Na entrevista coletiva conce-dida aos estudantes dos labora-tórios de jornalismo gráfico e di-gital, rádio, televisão e assessoria de imprensa, o apresentador do SBT falou sobre a atividade jorna-lística, formação acadêmica e sua história profissional. Classificou como “emocionante” sua experi-ência em estar com estudantes. Lembrou que sua geração, mais antiga, não precisava iniciar na carreira somente após a forma-ção profissional, mas considera importante estudar jornalismo. “A minha geração se baseava no talento, não tínhamos o apoio da escola”.

Henning concluiu dando dicas de como aprender a escrever: “Temos que ler muito e escrever diariamente. Só se aprende es-crevendo”, e justificou: “Quando comecei, eu tinha um texto horrí-vel, só fui aprender depois de dez anos de profissão”.

Por Luísa Silveira

O teatro como forma de aper-feiçoamento da expressão. Com essa intenção, estudantes de comunicação têm ensaiado peça teatral semanalmente no prédio da Faculdade de Comunicação Social. Com pouco mais de um ano de formação, o Grupo de Teatro Famecos utiliza esse nome para promover sua integração à faculdade e socializar a cultura e a arte entre estudantes. Os dez integrantes, alunos da PUCRS, ensaiam aos sábados e domingos com a preocupação de passar uma mensagem positiva em cada espe-táculo escrito e apresentado.

O pessoal estava bem descon-traído e à vontade no sábado à tarde enquanto Kim Gessweim, estudante de Publicidade, líder do grupo, dava entrevista. O grupo surgiu da iniciativa de dois integrantes em conversa durante aula de disciplina do primeiro nível da área de comunicação, Estética e História da Arte. “A gente montou um projeto que não saiu no primeiro semestre, foi sair uns dois semestres depois”, conta Kim. Eles notaram que muita gen-

te na faculdade nunca havia ido ao teatro, não tinha esse hábito e não conhecia suas características. A idéia do grupo é justamente popularizar o teatro entre os es-tudantes de comunicação.

De semestre em semestre são feitos testes de seleção para nova formação do grupo. Novos participantes são recebidos para fazer experimentação artística, conhecer alguma coisa de teatro, ou até mesmo para perder a ini-bição de se expressar em público, uma exigência para o profissional da comunicação.

A estréia do grupo foi em de-zembro do ano passado, com peça escrita e montada pelo grupo, que se chama “Nós”. Devido ao fato de que pessoas novas entram frequëntemente no grupo, torna-se difícil cumprir o objetivo de realizar uma apresentação a cada fim de semestre. Atualmente, o grupo dá uma cara nova à peça “Nós”, para ser apresentada nos dias 9 e 10 de outubro no au-ditório da Famecos, às 21h. “A gente também monta pequenos projetos na faculdade para o la-boratório de eventos”, diz o futuro publicitário.

Paula Tanscheit/Hiper

Grupo teatral aprimora expressão

Estudante de Publicidade lidera grupo que ensaia nos finais de semanas

HermanoHenning na Famecos

Apresentador do SBT

Por Carla Castro

Parte da história do Repórter Esso passou pelo auditório da Faculdade de Comunicação (Fa-mecos). Nesse dia, alunos de jor-nalismo, admiradores, estudiosos e professores reuniram-se para um bate-papo em virtude do lan-çamento do livro O Repórter Esso – A Síntese Radiofônica Mundial que Fez História, de Luciano Klöckner, professor da Famecos. Ele pesquisou durante 10 anos e foi sua tese de doutorado.

No lançamento do livro, com-pareceram três dos mais impor-tantes radialistas que estiveram frente ao noticioso, o paulista Fábio Perez, o gaúcho Lauro Hagemann e o carioca Roberto Figueiredo.

O Repórter Esso é considera-da a primeira síntese noticiosa do Brasil. Foi transmitido, pela primeira vez, na Rádio Nacional em 28 de agosto de 1941. Um mês depois passou a ser retransmi-tido para São Paulo e, no início de 1942, já se fazia presente em

Porto Alegre, Recife e Belo Hori-zonte. Durante 27 anos informou a população brasileira em seu horário tradicional e em suas edições extras. Marcou época por ser sintético e passar alguns dos principais fatos do dia em seus tradicionais cinco minutos.

O encontro foi movido por muita emoção. O mais emocio-nado de todos era Figueiredo, que teve um papel importante na história do Repórter Esso ao anunciar seu fim em 31 de dezem-bro de 1968. “Quando o assunto é Repórter Esso me chamam para falar devido a essa ligação histórica”, conta Figueiredo. Ele ressalta o papel fundamental do noticioso. “O Repórter Esso tinha que mostrar o que havia de mais importante no dia-a-dia”. O papel do locutor, naquele período, era de ler e interpretar as notícias. Figueiredo diz que a inflexão da voz era a chave para o ouvinte se sentir no palco daquele aconteci-mento. Admirador incondicional de rádio desde crianças, aos 12 anos dizia que seria Repórter

Esso. “Pensava que por inspiração divina ou pela idade de poder che-gar ao rádio como contratado e me aproximar do Eron Domingues. Isso era o que eu acalentava”, desabafa.

Outro entusiasmado com suas recordações sobre a locução do Repórter Esso era o gaúcho Lauro Hagemann. Comunista convicto, lamentou atualmente as em-presas estarem mais focadas na busca pelo lucro. Um dos fatos que chamou a atenção foi sua cobrança de que os profissionais da comunicação tenham posição no que diz respeito à política. Hagemann destacou o início de sua carreira em Santa Cruz do Sul, nos anos 40, na Rádio Santa Cruz. Na platéia, estava o radia-lista Gabriel Cassol, que trabalha em uma rádio em Cambridge, nos Estados Unidos. Em férias

no Brasil, soube do lançamento do livro e foi prestigiar.

Para o paulista Fábio Perez, o Repórter Esso fez parte de três gerações das famílias brasileiras. “O Repórter Esso era uma enti-dade não personalizada e poucos ficaram conhecidos pelo próprio nome”, fala Perez. O noticioso foi importante pelo pioneirismo. “O Repórter Esso foi importante por ter formado a primeira geração de jornalistas realmente profissio-nais de rádio”, frisou. O rádio era feito através das notícias requen-tadas dos jornais e o Esso marcou história tendo uma agência de propaganda, a McCann-Erickson, em que eram redigidos os textos. A partir deste período, passou a se adotar normas para a elaboração das notícias, como critérios para adjetivação e o uso da ordem di-reta das frases.

Repórter Esso: a voz da história

Lançamento do livro promove o encontro de três locutores do programa

Divulgação/Hiper Gilson Oliveira/divulgação PUCRS

Lauro Hagemann, Luciano Klöckner, Roberto Figueiredo e Fábio Perez

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Porto Alegre, setembro 2008 5ciência & saúdehipertexto

Por Caetano Barreto

O grupo de radialistas do programa da rádio Atlântida, “Pretinho Básico”, formado por Alexandre Fetter, Cagê, Maurício Amaral, Porã e Potter, se apre-sentou no dia 13 de setembro à noite um show de humor stand up, como encerramento da Feira das Profissões 2008 da PUCRS, um espaço que a Universidade abre para mostrar os cursos que são oferecidos aos estudantes de segundo grau que estão se preparando para o vestibular. Ovacionados pela platéia, os cinco comunicadores chegaram ao local e foram recebidos como celebridades, posaram para fotos, abraçaram fãs e deram autógra-fos, principalmente o Potter.

O reconhecimento do público ficou ainda mais evidente com o desenvolver da apresentação, onde fãs subiram no palco para participar das brincadeiras do grupo, e respondiam aos gritos os comentários dos radialistas, como se fizessem parte do show. Por mais de uma hora, os cinco radialistas representaram uma perfeita versão ao vivo do pro-grama da rádio, tanto que aqueles que não conhecem o programa fi-

caram perdidos em meio a tantas anedotas e números executados na rádio e teriam que se conten-tar com piadas lidas na hora em folhas de lauda improvisadas.

Milhares de jovensA Feira das Profissões, evento

realizado pela PUCRS anual-mente, contou este ano com um público de mais de 17 mil pessoas. A feira apresentou os 71 cursos da instituição em estandes que mostravam um pouco de cada profissão através da interação com estudantes e professores.

Além dos estandes, a feira contou com alguns dos Experi-mentos do Museu de Ciências e Tecnologia, atividades do Parque Esportivo, um estande que tirava fotos dos futuros calouros carac-terizados com suas profissões escolhidas, um grafite feito por alunos da Famecos, um passeio de carro elétrico pelo campus, e um inusitado desafio de robôs. O evento foi transmitido em vídeo digital, com tecnologia nacional desenvolvida pelo Centro de Pes-quisa em Tecnologia Wireless. Na manhã do dia 13, foi realizado o Vestibular Simulado, composto por 45 questões semelhantes ao concurso vestibular da PUC.

Por Aline Vargas

A cada ano, 10 mil brasileiros contraem leucemia, doença em que os glóbulos brancos se pro-liferam desmedidamente, dimi-nuindo as defesas do corpo. Em muitos pacientes, o tratamento pode ser suficiente. Em outros, só o transplante. Começa aí o drama de buscar um doador. O que a maioria não sabe é que qualquer pessoa com boa saúde pode ser um doador em potencial, sem ris-co para a própria sobrevivência.

Logo que é descoberta a do-ença, o paciente submete-se à quimioterapia para destruir sua medula óssea. Em boa parte dos casos, o procedimento é suficiente para cura, não sendo necessá-rio transplante. Porém, muitas vezes, o leucêmico não reage de forma tão positiva ao tratamento. Busca-se, então, um parente que possa ser doador, afinal a com-patibilidade dentro da família é uma probabilidade bem possível. A última opção, se nenhuma das outras já citadas tenham dado certo, é a busca por um doador no Banco de Doadores. Nesse caso, a situação fica mais delicada.

No Brasil, atualmente, dos 200 milhões de habitantes, ape-nas 735 mil estão cadastrados como doadores de medula. Um fato lamentável, pois a chance de encontrar a compatibilidade pode chegar a uma em cada cem mil. “Nosso país conta com o quarto maior Banco de Doadores do mundo, mas os números encon-trados hoje estão longe do ideal. Precisaríamos de três vezes mais

doadores para mudar a situação dos que esperam a compatibi-lidade”, disse o médico Jorge Neumann, da Santa Casa.

A falta de conhecimentos da população sobre o transplante tal-vez seja o grande empecilho para mudar a situação. As pessoas des-conhecem como é feita a doação

e isso gera crendices que apenas cultivam o medo e não ajudam no combate à doença. A doação de medula é um ato simples.

As pessoas de 18 e 55 anos, com boa saúde e interesse em ser um doador podem se apresentar nos hospitais para coletar 10 ml de sangue, que será submetido

ao exame de histocompatibilidade (HLA). Os resultados se juntam com uma ficha de dados pessoais preenchida pelo doador e enviada para o Banco de Doadores. Quan-do o sangue coletado for compa-tível com o de algum leucêmico, novos exames de compatibilidade serão feitos e o provável doador é consultado para saber se, real-mente, deseja fazer o transplante. Se todos esses requisitos forem confirmados, é retirada do doa-dor, através de uma punção no osso ilíaco, a medula óssea que se regenerará em 15 dias. Esta é implantada no paciente, que fica hospitalizado por mais 40 dias, devendo tomar remédios de anti-rejeição. Já o doador, em 48 horas estará livre para seguir suas atividades normais.

No Congresso Nacional, foi aprovado projeto que prevê a montagem e inauguração ainda nesse ano do Banco de Doadores de Cordão Umbilical de Porto Ale-gre. “Para fazer o transplante com o cordão também são necessários exames de compatibilidade, mas são muitas as crianças que nascem por dia e o cordão não é utilizado para nada. É sempre jogado fora, quando podia salvar milhares de vidas”, disse o deputado federal Beto Albuquerque (PSB), autor do projeto e que busca recursos públicos para fazer funcionar esse banco o mais rápido possível. O deputado abraçou a causa tam-bém em função do drama familiar, pois seu filho Pietro Albuquerque, de 18 anos, enfrenta leucemia e o transplante de medula faz parte do tratamento.

Hospitais de Porto Alegre em que é possível fazer o trans-plante de medula:

Hemocentro do Rio Grande do Sul

Av. Bento Gonçalves, 3722. Bairro Partenon

Fone: (51) 3336.6755 Hospital de Clínicas de Por-

to AlegreRua São Manoel, 543 – 2°

andar. Bairro Santa Cecília.Fone: (51) 2101.8504 Complexo da Santa Casa –

Hospital Vicente SchererAv. Independência, 155 – 7°

andar. Bairro CentroFone: (51) 3214.8670

Onde fAzer

Doação de medula,um ato simplesque salva vidas

Milhares de brasileiros aguardam por um transplante

Lívia Costa/ Hiper

Pretinho Básico encerraa Feira das Profissões

Os radialistas do programa da rádio Atlântida incendiaram a platéia

Alunos da Famecos fazem grafite durante evento que aconteceu no prédio 41

Vinícius roratto Carvalho/Hiper

Vinícius roratto Carvalho/Hiper

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Porto Alegre, setembro 20086 comunicação hipertexto

Por Maurício Círio

Não se sabe ao certo o dia em que o Supremo Tribunal Fede-ral (STF) irá julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961 que desregulamenta a profissão de jornalista, permitindo que qualquer pessoa, mesmo que esta não tenha completado o curso de jornalismo, possa atuar na área. Para Celso Schröder, vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, a des-regulamentação causará danos imensos tanto para os profis-sionais de jornalismo como para toda a sociedade: “Isso vai des-mantelar a profissão, causando um retrocesso insuportável à sociedade brasileira, de forma que a liberdade de expressão es-tará novamente comprometida, além de ser um golpe violento às universidades”. Visivelmente abalado, o vice da Fenaj prevê o enfraquecimento imediato do jornalismo brasileiro: “Daqui

para frente, se o recurso for aprovado, os donos das em-presas de comunicação terão a faculdade de decidir quem será ou não jornalista”.

Há uma mobilização sendo feita entre os Sindicatos dos Jornalistas de todo o Brasil, representantes de escolas de jor-nalismo e estudantes. A Pontifí-cia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) é uma das entidades que apóia a Fenaj, que encabeça a Campanha em defesa da obrigatoriedade do diploma.

No começo de agosto houve mobilização em Porto Alegre, e agora, dia 17 de setembro, em Brasília. Na Praça dos Três Poderes, ao lado do prédio do Supremo Tribunal Federal, os ministros puderam sentir de perto a força de jornalistas de todo o País em defesa da pro-fissão. A luta deve continuar até o resultado da decisão do Supremo.

Diploma: o pavio está aceso

Vinícius Carvalho/ Hiper

A pesquisa de opinião na-cional CNT/Sensus, divulgada dia 22 de setembro, em Brasília, pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), registra que a grande maioria da população brasileira é a favor da exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. Dos dois mil entrevistados em todo Brasil, 74,3% se disseram a favor do diploma, 13,9% contra e 11,7% não souberam ou não responderam.

Os dados foram comemo-rados pela Federação Nacional

dos Jornalistas (FENAJ) e pelos sindicatos de jornalistas. Para o presidente da FENAJ, Ser-gio Murillo de Andrade, este é melhor apoio que a campanha poderia obter e o resultado da pesquisa renova as forças dos que estão lutando pela regula-mentação profissional. “Os nú-meros da pesquisa CNT/Sensus mostram que a população bra-sileira tem a real dimensão da importância do jornalismo para o País e que quer receber infor-mações de qualidade, apuradas por jornalistas formados”.

Pesquisa aponta apoio aos jornalistasManifestação a favor do diploma em Porto Alegre

Katia Suman e Rodrigo Lopes apresentam o Camarote TV COM direto do saguão da Famecos, ao vivo, na primeira noite do even-to. Com o objetivo de interagir com o público e mostrar a vida social e cultural da cidade, os apresentadores vieram ao 21° SET Universitário conversar com a diretora Mágda Cunha, com os professores Vitor Necchi, Eduardo Pellanda e Fábian Che-lkanoff e com o editor da revista Vida Simples, Leandro Sarmatz. O programa ainda contou com a participação do jornalista e escri-tor Klester Cavalcanti.

No saguão, programa da TV COM ao vivo

Ricardo Noblat, jorna-lista responsável pelo Blog do Nobalt: “A diferença entre blog e jornal é a maior interatividade que a internet proporciona.Um blog implica diálogo permanente entre o blogueiro e seus leitores. Blog é principalmente uma con-versa que não se dá somente atra-vés dos comentários, mas também na maneira como escrevo. No blog o acerto ou erro é exclusivamente meu, não há empresa. O blog é a cara do blogueiro, para o bem ou para o mal”. (Painel RBS Debates, dia 22 de setembro).

Ehr Ray, publicitário e diretor-presidente da agência de publicidade Borghierh Lowe: “Temos que trabalhar em cima das marcas. O consumidor não vai mais só pelo preço. Hoje tem aquela história de custo-benefício, e ele tem a opção de escolher di-versas opções na prateleira. O que

vai atraí-lo é a força da marca”. (Painel RBS Debates, dia 22 de setembro).

Valpirio Monteiro, dire-tor de criação da Gad’Branding & Design: “Aos oito anos a criança começa a beber o refrigerante com a família e aos 15 em lan-ches rápidos. Porém, quando se chega nos 30, a pessoa já começa a ligar a marca Coca-Cola com o imperialismo norte-americano (uma forma de mostrar o ama-durecimento, mesmo que ainda continue consumindo). Na ado-lescência e começo da vida adulta, os devotos da Coca-Cola passam a usar bastante o refrigerante para curar ressacas no dia seguinte, e quando mais velhos, já aos 40, voltam a compartilhar o líquido com a família, esposa e filhos. É um ciclo. A marca passa a ser parte da vida da pessoa”.

Ana Bambrilla, jornalis-

ta, editora de conteúdo colabora-tivo da editora Abril: “Hoje em dia as pessoas podem se transformar em cidadão-repórter. Podem produzir conteúdo, mas cabe ao jornalista selecionar aquelas que são qualificadas como notícia ou não. O jornalismo colaborativo é um dos principais aspectos da revolução tecnológica proporcio-nada pelo surgimento da WEB 2.0.”

Eduardo Lorea, Zero Hora: “É importante o conteúdo preciso. Os veículos devem agir com ética diante de possíveis erros apresentado nos jornais A Zero Hora sempre incentivou a interação do leitor com o jornal, como podemos ver nas campa-nhas de previsão de erros do Grupo RBS e nos formulários de registros de correções que estão no site da própria empresa.”

Marco Antônio Lage, mestre em Marketing Estraté-gico e diretor de Comunicação Corporativa da Fiat: “Ser jovem, inovadora, confiável e pioneira são atributos que a empresa deve refletir em seu público se quer conquistá-lo”.

Tiago Ritter, vice-pre-sidente da Associação Gaúcha das Agências Digitais: “É preciso experimentar, sair do pacote em que trabalhamos. O mercado busca por pessoas que saem da casinha.”

Cobertura de Livia Costa, Luiza Gaidzinski Carneiro, Mircele Dornelles, Cristine Kist, Maurício Círio, Marcus de Freitas Perez e Rodrigo Adamski.

Em debate, o jornalismo colaborativo, comunicação integrada, a força da marca e a precisão de conteúdo

Jornalismo colaborativo, blog como canal informativo, a força da marca na interação com o consumidor, a comunicação “IN” (Integrada, Integral e Indutora) foram algumas das ques-

tões abordadas durante os três dias do 21º Set Universitário, realizado de 22 a 24 de setembro na Famecos. Estudantes de

comunicação, professores e profissionais tiveram oportunidade de debater as transformações do setor no evento que fazia uma

provocação: “De que conteúdo estamos falando?” Nas palestras, painéis e oficinas que motivaram a participa-

ção dos estudantes, inclusive de uma delegação vinda de Cór-doba, Argentina, muitas análises e idéias foram lançadas pelos

convidados. Veja a seguir algumas opiniões e considerações feitas no evento:

SET: as novas relações da mídia com o público

21ª edição do SET aponta novas formas de pensar a Comunicação

Maria Helena Neuwald/Hiper

Pedro Revillion/Hiper

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Porto Alegre, setembro 2008 7nativismohipertexto

Por Livia Costa

Festas, bailes e churrascadas são com eles. A precariedade predomina nos alojamentos aper-tados e desconfortáveis. É claro, as características remetem ao Acampamento Farroupilha do Parque Harmonia. Mais do que isso são indicadores da população jovem que, se não predominava, fazia muito barulho na cidade montada à beira do Guaíba.

De 16 a 25 anos, essa era a faixa etária da maioria dos jovens que estiveram no Harmonia, sem-pre falando alto e rindo muito. A mistura de vozes com sotaques e expressões diferentes confundia quem percorria as pequenas ruas entre os piquetes. Vindos de toda parte do Rio Grande do Sul e até de outros estados, a “gurizada” ga-nhou espaço nas comemorações Farroupilha. Por quase um mês, se instalaram no Parque Harmo-nia participando das atividades , festas e bailes.

As gurias circulavam em pe-quenos grupos, bem arrumadas, com seus vestidos coloridos e cabelos enfeitados. Em outro canto algumas prendas ensaiavam declamações e músicas. O espírito tradicionalista embalava a todos. Até quem não vive no Rio Grande do Sul se envolve com a história e a tradição. É o caso dos amigos Wagner Batista de Oliveira, de 18 anos, e Franciely Candeio, 20 anos. Os dois são curitibanos e vieram para Porto Alegre es-pecialmente para participar da Semana Farroupilha no Parque Harmonia.

Wagner Oliveira relata que há uma identificação muito forte com a cultura do Rio Grande do Sul. Estudante de Veterinária no Para-ná, ele acredita que muito do que sabe sobre os gaúchos foi devido aos ensinamentos recebidos de seu pai, mas que a lida no campo e o trato com os animais também favoreceram sua opção cultural. “Tenho familiares em Santa Ma-ria e ainda guri começaram a me ensinar o laço, depois ingressei na faculdade e hoje estou aqui, tomando chimarrão!”, exclamou o jovem sorrindo com a cuia e a garrafa térmica nas mãos.

A garota, um pouco tímida,

acrescentou em voz baixa “se tu estás aqui, é porque tens o senti-mento dentro de ti”. O português bem correto e a maneira firme de falar, pouco remetem ao sotaque paranaense, mas a futura estu-dante de Ciências Eqüinas garante que procura conhecer tudo o que pode sobre o Rio Grande do Sul e define: “Ser gaúcho é quase uma religião, é amar mais seu Estado do que seu país, é ter respeito pela sua cultura, muito mais do que um paulista ou carioca”.

No acampamento, além dos visitantes interestaduais, estavam peões e prendas do interior do

Estado e da Capital. Integrando o grupo da Capital, havia jovens que trocaram as baladas da Cidade Baixa por noites de fandango e churrasco em espaços disputadís-simos nos piquetes e CTGs. Esse foi o caso de Natália Berthier, de 22 anos, estudante de Educação Física em Porto Alegre. “Eu curto várias baladas, saio bastante com o pessoal da faculdade, mas sou tradicionalista. Gosto de estar aqui, mesmo com esse frio todo”, brinca a jovem.

Desfile de beldadesAcomodada em um banco

de madeira do MTG Central era possível se encontrar uma bela morena. Cabelos longos, vestido armado e um sorriso que não saía do rosto. A descrição se refere à Gabrielly da Silva Pio, 1ª Prenda do Rio Grande Grande do Sul, eleita em junho deste ano durante competição na cidade de Júlio de Castilhos. “Para chegar ao posto de 1ª Prenda do RS, passei por uma série de testes, começando por uma prova escrita de 30 questões e uma redação. Depois, realizei mostras folclóricas e uma prova artística. Cada menina escolhe se prefere cantar, decla-mar ou tocar um instrumento”, lembrava.

A guria, natural de Porto Ale-

gre, reside em Alvorada, onde freqüenta o CTG Amaranto Pe-reira desde os 12 anos de idade. Ela disse não saber como seria sua vida hoje sem o tradicionalismo. “A pessoa que entra no CTG ou no MTG tem a família como base. É uma grande confraternização onde todos se divertem, jovens e adultos. Não existe discrimi-nação”, explicou enquanto era observada pelas prendas mirins.

Segundo Gabrielly, não há grandes preocupações, por parte dos patronos, quanto ao sexo, uso de drogas ou outros assuntos que hoje são pauta na sala de

aula. Quem procura os CTGs, ingressando nessa comunidade, tem a cabeça aberta e vontade de aprender coisas novas. “O que se aprende lá é tão apaixonante, o envolvimento é tanto que não dá vontade de experimentar essas coisas. Mas tudo que for esclare-cedor socialmente é conversado no CTG”, ressaltou. Sobre festas, alegou nem sentir falta. “Eu curto outras músicas, mas minhas ami-gas estão lá no CTG, as paqueras acontecem lá. Não tenho porque procurar outro lugar”.

Entre tantas beldades esta-va mais uma prenda, Juliana dos Santos de Oliveira, de 17 anos, moradora de Cruz Alta e 1ª Prenda Juvenil do Estado. Ela cursa o 3º ano do Ensino Médio e pretende estudar Farmácia na Capital. Presente em CTGs desde os três anos, se diz uma menina responsável e dedicada. “Primei-ro agradeço a minha mãe por ter me levado cedo para o CTG. Me dedico tanto lá que isso acaba influenciando na minha vida fora do galpão. Sou estudiosa e sei bem o que quero”, informou.

Para os jovens que curtem o acampamento, estar lá é muito mais do que colocar o traje mais elegante ou declamar o verso mais bonito. Participar da Se-mana Farroupilha é cultuar uma identidade, mostrar a cultura e o orgulho de uma história. Freqüen-tar o centro de tradições é como chegar na casa da mãe: “Se a porta está aberta e a luz acesa, tu entra”, resume a 1ª Prenda do RS.

ACAMPAMENTO

Tradição e aventuraconquistam jovens

Da Capital, do interior e até de outros estados, a juventude se encontra nos piquetes do Harmonia

Culto à história e costumes do Rio Grande do Sul encanta os jovens

Gaúchos transmitem aos filhos, desde pequenos, o amor ao Estado como se fosse uma nação

Camila Domingues/Hiper

Camila Domingues/Hiper

Pedro Revillion/Hiper

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Porto Alegre, setembro 20088 eleições 2008/especial hipertexto

Por Luísa Fedrizzi

Este não é um ano comum. As primeiras eleições municipais depois da entrada em vigor da minirreforma eleitoral ganharam novo formato. Sem os outdoors de propaganda, cartazes pendurados em postes, viadutos, paradas de ônibus e outros bens públicos de uso comum e sem os showmícios, a atenção dos eleitores parece começar a voltar-se novamente para os candidatos. Ou melhor: em 2008, para as candidatas.

Se até a última pesquisa do Ibope realizada antes do fecha-mento desta edição, José Fogaça (PMDB) mantinha a liderança na corrida para a Prefeitura de Por-to Alegre, foram suas principais adversárias que roubaram a cena. Manuela D’Ávila, candidata do PCdoB na coligação Porto Alegre é Mais (junto de PPS, PSB, PR, PMN, PTdoB e PN) apareceu com 23% das intenções de voto, 13 pontos percentuais atrás do atual prefeito da Capital. Maria do Rosário, do PT, teve 16% da preferência e Luciana Genro, do Psol, 6%. Os 5% recebidos por Onyx Lorenzoni, do DEM, o 1% de Nelson Marchezan Junior (PSDB) e de Vera Guasso (PSTU), e o 0% de Carlos Gomes (PHS) deixam bem claro: Fogaça compete dire-tamente contra as mulheres.

Faz diferença? “Não, se está num Estado que é governado por uma mulher”, pondera Luiz Fernando Zacchia, coordenador-geral da campanha de Fogaça e presidente municipal do PMDB. “Este paradigma já foi quebrado há dois anos”. Para ele, a diferença em 2008 é disputar a Prefeitura com candidatas que ainda não

tiveram experiências em cargos executivos. “O que pode ter feito a adequação de discurso é o fato de elas serem jovens, com campa-nhas voltadas para o novo, para a inovação”, explica. Por isso, a res-posta do PMDB é que “a mudança não pode parar”.

Lado femininoApesar das divergências políti-

cas, num ponto as três candidatas concordam: nenhuma campanha foi planejada em função do gêne-ro. “Nossa estratégia é bem clara: apresentar uma alternativa de governo coerente para a cidade. Ela não está focada no gênero e sim na questão de classes”, afirma Malu Villaverde, da Coordenação de Campanha do Psol. “Acredita-mos que a população é bastante consciente para, ao definir o voto, não levar em conta apenas a ques-tão de gênero”, acredita Felipe de Angelis, coordenador de imprensa da Frente Popular. Na candidatu-ra de Manuela, “nada foi pensado por se tratar de uma mulher, por sexualidade, feminilidade nem feminismo. A campanha foi feita por uma atitude nova”, explica o coordenador de comunicação, Élvio Alberto dos Santos.

No caso do PCdoB, se o sexo não define, é a juventude que parece ser ponto-chave – para o bem e para o mal. A falta de expe-riência de Manuela é o principal alvo das críticas dos adversários. Para se defender, o partido diz que os 27 anos dão a ela mais vontade de fazer política, e que experiência a candidata tem, sim senhor. “Manuela já foi vereadora, já foi deputada. Com exceção do Fogaça, todos os outros candi-datos foram só vereadores ou só

deputados. Ninguém teve uma experiência administrativa como ela”, diz Santos. Não é preciso, porém, buscar o histórico político de todos os aspirantes à Prefeitura de Porto Alegre para saber que o dado não está correto: “Maria do Rosário foi vereadora por dois mandatos, deputada estadual e duas vezes deputada federal”, argumenta de Angelis.

Os petistas tocam em outro ponto muito discutido nestas eleições: o visual das candidatas. “Há uma triste realidade: o apro-veitamento da imagem feminina por seus aspectos estéticos e não de posicionamento político, trajetória e coerência. É o que chamaríamos de vulgarização do papel das mulheres na política, e que está bastante evidente na eleição em Porto Alegre”, cutuca de Angelis. O PCdoB se defende. “Manuela não fez os votos que fez para vereadora e para deputada simplesmente pela cara. Ela os recebeu porque faz política com seriedade, tem trabalho e tem experiência”, defende Santos.

Mas talvez nada tenha chama-do mais atenção em 2008 do que a mudança de visual de Luciana Genro. Conhecida por suas posi-ções fortes e rixas partidárias, a candidata apostou justamente na delicadeza feminina para montar sua campanha à Prefeitura. Com novo visual, que inclui corte de cabelo moderno, maquiagem leve e um guarda-roupa de es-tilo romântico, Luciana buscou apresentar-se como mulher, aci-ma de tudo. Para isto, a candidata do Psol chamou a empresa da jornalista e ex-apresentadora do programa Patrola (RBSTV), Mauren Motta, para cuidar da

assessoria de imagem. O partido, no entanto, preferiu não comentar o assunto. “Mauren é da equipe de comunicação, mas a coordenação de campanha da Luciana é políti-ca, da qual faço parte”, enfatizou Malu.

“Nós temos convicção de que vamos para o segundo turno, mas estamos tratando a campanha exatamente como deve ser: nosso objetivo hoje é o primeiro turno. Do segundo, trataremos depois”, diz Santos. A equipe do PT faz coro: “Temos convicção de que estaremos no segundo turno da disputa”. No entanto, de acordo com as simulações do Ibope, só um deles deve chegar até lá: Fogaça fica à frente em todos os cenários de pesquisa. A disputa com Manuela seria a mais aper-tada, com uma diferença de 46% a 38%. Contra Maria do Rosário, o candidato à reeleição venceria com vantagem de 16 pontos, de 51% a 35%. “Todas as pesquisas

mostram a posição de Fogaça muito firme”, diz Zacchia. Ainda que se diga preocupado, agora, com o primeiro turno, o coorde-nador geral não hesita em explicar que, dependendo de quem for a adversária, a estratégia de campa-nha mudará na segunda etapa das eleições. “Se é Maria do Rosário, a disputa é entre partidos que têm uma vivência – negativa ou positiva – no governo da Capital. Se é com Manuela, não há partido, é uma questão de experiência in-dividual”, diz, batendo de novo no calcanhar de Aquiles do PCdoB.

Ainda de acordo com o Ibope, se o enfrentamento fosse entre as duas mulheres, o PCdoB receberia 45% dos votos e o PT, 31%. Mas a Frente Popular não se deixa de-sanimar: “O que ganha a eleição é o voto na urna. As pesquisas são apenas um referencial sobre a in-tenção de voto do eleitor, mas não são de forma alguma decisivas”, enfatiza de Angelis.

A presença das mulheres muda cenário eleitoral de Porto Alegre

CORRIDA À PREFEITURA

Pesquisas indicam que a eleição na capital é disputada entre o atual prefeito e as mulheres

Fogaça, do PMDB, lidera as pesquisas para o primeiro e segundo turnos

Quem estará no segundo turno? Correndo pela esquerda, mas preocupadas com o encantamento, as deputadas Manuela (PC do B), Maria do Rosário (PT) e Luciana (Psol) buscam se credenciar

Divulgação/PSOLDivulgação/Inês Arigoni/BossaDivulgação/Elson Sempé Pedroso/CMPA

Divulgação/Ivo Gonçalves/PMPA

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Porto Alegre, setembro 2008 9eleições 2008/especialhipertexto

Em busca da primeira vitória

Candidatos a vereador

Fotos Pedro Revillion/Hiper

Duas vezes prefeito nomeado durante a ditadura militar, ele mostra que na democracia mantém o seu prestígio

Dib já ganhou 9 vezesConservador e experiente, ele tem eleitores cativos

Por Débora Silveira

nove mandatos como verea-dor, dois anos como prefeito no-meado de Porto alegre e outros períodos na chefia de diferentes secretarias municipais. Com 37 anos de bagagem política, o engeneiro civil João antônio dib é o vereador mais antigo em exercício na Câmara Municipal da Capital gaúcha.

a experiência e o conhecimen-to da cidade fizeram dele o segun-do candidato mais votado nas eleições de 2004. atualmente, o vereador concorre à sua décima legislatura na Câmara. declara que não faz campanha intensa, já que é muito conhecido devido ao longo período de atuação na política. “eu tenho para oferecer o passado, que é uma referência e me dá tranqüilidade”, diz.

Determinação a carreira política teve iní-

cio na secretaria Municipal de transportes. ainda antes de tornar-se vereador, atuou na Capital como diretor do dMae (departamento Municipal de Águas e esgoto). além disso, dib foi servidor público, tendo ingressado como topógrafo no serviço da Habitação Municipal ainda em 1952. em 1983, foi o último prefeito nomeado pelo regime militar antes da demo-

cratização do país. Aos 79 anos, Dib utiliza ca-

deira de rodas, muletas ou uma moto adaptada para se locomo-ver, devido a um tiro que levou na coluna há mais de 30 anos. Ele sempre se caracterizou pela simplicidade e pela seriedade como prefeito e como parlamen-tar. Cabos eleitorais não fazem parte da sua campanha, feita principalmente por amigos e re-conhecedores do seu trabalho. Seu material publicitário reduz-se a algumas placas e adesivos. “Claro que tenho que registrar um endereço como se eu tivesse um comitê, então registro o apar-tamento onde eu moro”, conta. os anos de serviços prestados a Porto alegre resultaram em uma agenda com mais de dez mil no-mes, aos quais, todos os anos, o vereador envia cartas.

reconhecido pelas obras, dib foi responsável pela construção de mais de uma dezena de esco-las, pela duplicação das avenidas Sertório e Baltazar de Oliveira Garcia, por uma das reforma do Hospital de Pronto socorro e pela urbanização de diversas praças. as melhorias promovidas na ci-dade permanecem na memória da população porto-alegrense, principalmente de quem acom-panha sua trajetória política.

na Câmara de vereadores, Dib exerce forte influência sobre

os colegas. É respeitado pelos parlamentares em razão da ex-periência acumulada com os mandatos e pelo seu vasto conhe-cimento dos assuntos da cidade. Defende a idéia de que fazer leis não é o de que mais precisamos, pois já existem muitas leis. “o poder-dever de fiscalizar é a primeira atuação do legislador. Se tudo fosse fiscalizado, muitas das barbaridades que aconte-cem não teriam continuidade ou não aconteceriam, porque a fiscalização seria eficiente”. Dib é enfático: “nós precisamos de lei clara, precisa e concisa para que seja respeitada”.

Nova geraçãoo vereador não sabe quando

vai encerrar a carreira política. acredita que a juventude não é a esperança, mas a certeza de dias melhores para a cidade. “alguns dos jovens candidatos às eleições na Capital são compenetrados, inteligentes e sensíveis”, comen-ta. aos jovens candidatos cabe o dever de aprender e adquirir conhecimento para colaborar no crescimento de Porto alegre. “na nova geração que disputa as eleições tem muita gente boa”, observa esperançoso de que po-líticos qualificados continuarão fazendo política na Capital. e anseiam por melhorias e mais investimentos na Capital.

Por Débora Silveira

no dia 5 de outubro, os porto-alegrenses irão às urnas para ele-ger os candidatos que governarão o município nos próximos quatro anos. Cabe aos 1.032.748 eleitores a tarefa de escolher o melhor par-lamentar entre os 484 candidatos a vereador, já que apenas 36 deles serão eleitos.

A juventude faz-se presente na política. essa tendência pode ser evidenciada nas últimas elei-ções, em que se elegeram como deputados Manuela d’Ávila e Mano Changes, atualmente, jo-vens candidatos a prefeito e a vice-prefeito de Porto alegre, respectivamente.

entre os 484 aspirantes à Câ-mara de vereadores, está Fábio reategui. aos 37 anos, o candidato é conhecido como Fabinho, dono do Café do Lago, tradicional bar do Parque da redenção. Fabinho acredita na renovação da política por meio da criatividade e da ousadia dos jovens. Muita gente se identifica com o seu modo de pensar política. “ao bom vereador não pode faltar vontade política para realizar ações que contribu-am para a melhoria da qualidade de vida da população”, declara o candidato do Pt.

o seu contato com a políti-ca iniciou-se ainda na infância, quando o pai edmundo navarro

elegeu-se prefeito da cidade de seberi. Hoje, Fabinho concorre pela segunda vez à Câmara de vereadores. nas últimas eleições, o empresário somou 3.890 votos, número que o surpreendeu. “Foi inesperado, porque era meu debut na política”, diz. Porém, a votação não foi suficiente para ser eleito.

Considerado um político jo-vem, Fábio garante que nunca deixará de lado a juventude. apoiado nesse ideal construiu seus projetos centralizados nas áreas de meio ambiente, esporte e turismo. “Com certeza vou ter uma votação mais expressiva do que a passada. não sei se isso vai bastar para me eleger, mas estamos trabalhando para tanto”, acredita o candidato. a sua popu-laridade decorre da identificação do eleitorado jovem com as suas ideologias. empresário, dono de bar, político e esportista, Fabinho mostra-se um candidato de espí-rito jovem.

na campanha, o candidato acredita que o mais importante é estabelecer relações com lideran-ças. “É preciso conhecer pessoas populares, que sejam formadoras de opinião. são elas que levantarão as tuas bandeiras e lutarão pelos teus projetos contigo”, acrescenta. Para uma boa campanha, também é necessário uma agenda bem organizada e um material gráfico que circule pelas ruas.

Baleado na coluna, João Dib demonstra que é, acima de tudo, um forte

Fotos Pedro Revillion/Hiper

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Porto Alegre, setembro 200810 cinema hipertexto

Por Gustavo Lacerda

Cena um: Spolidoro, seis anos, sen-tado no sofá da sala de sua casa assiste televisão. É noite, seu pai explica com entusiasmo o filme que passa na tela, uma de suas comédias preferidas de Woody Allen. O ano é 1978 e esse ato se repete diariamente.

A recordação de infância é lembrada pelo diretor e roteirista Gustavo Spo-lidoro, 36 anos, para explicar de onde surgiu sua paixão visceral pelo cinema. “Meu pai me ensinou a gostar e ver de uma forma que não fosse passiva”, diz. Os ensinamentos paternos de Gilberto Spolidoro, 65 anos, partilhados enquan-to contemplavam algumas de suas obras preferidas do cineasta nova-iorquino, como O Dorminhoco e Um assaltante bem trapalhão, influenciaram na opção pelo curso de Publicidade e Propaganda, na Famecos, onde Spolidoro se formou em 1996. “Se tivesse cinema naquela época, eu teria feito”, comenta diretor, que, desde agosto de 2006, ministra as disciplinas de Metodologia da Produção 2 e Laboratório de Realização 5 no curso de Tecnologia em Produção Audiovisu-al – Cinema e Vídeo (Teccine), além de Cinema 2 para os estudantes de Jorna-lismo, na PUCRS.

A decisão de ganhar a vida com uma câmera na mão aconteceu em 1998, quando sua primeira realização, Velinhas, chamou a atenção de amigos e críticos gaúchos. O sucesso do curta-metragem, que arrematou os prêmios de melhor filme e melhor direção no 31º Festival de Cinema de Brasília e melhor direção no 26º Festival de Gramado, estimulou Spolidoro a continuar traba-lhando. “Eu não sabia o que tinha feito

até ver todo aquele reconhecimento”, revela.

Em 2000, Spolidoro lançou seu segundo filme, “Outros”, premiado em Gramado, com melhor direção, e eleito o melhor curta-metragem brasileiro do ano, no Grande Prêmio Cinema Brasil. No mesmo ano, ele entrou na TGD Filmes, sob a condição de montar um núcleo de cinema. Até o final de 2003 dirigiu filmes e comerciais.

Clube SilêncioQuando se iniciava na prática ci-

nematográfica, em 1993, Spolidoro conheceu Fabiano de Souza, no curso promovido pela Casa de Cinema de Por-to Alegre, Oficinema. No ano seguinte, firmou amizade com Gilson Vargas. Uma década mais tarde, os três diretores e o montador Milton do Prado fundaram a Clube Silêncio. Em 2005, lançou seu o primeiro filme pela produtora, Início do Fim, obtendo a melhor direção de curta-metragem no 10º Cine-PE, em Recife.

No ano passado, Spolidoro, colorado de carteirinha, dirigiu o documentário “Gigante, como o Inter conquistou o mundo”, cobrindo a trajetória do time até a vitória no Mundial Interclubes.

No final de agosto, Spolidoro estreou seu primeiro longa-metragem de ficção, Ainda Orangotangos. O filme se destaca pela inovação, foi filmado em um plano-seqüência, sem cortes. “Escrevi o roteiro em 15 dias, com a idéia de fazer um filme de baixo orçamento. Em 30 dias, o coloquei no concurso do Ministério da Cultura e ganhei. Depois, vieram os ensaios a gravação”, sintetiza.

Entre outubro e novembro do ano passado, foram 40 ensaios, sendo dois gerais. As gravações ocorreram durante

seis dias consecutivos. Curiosamente, nos dias pares ela foi bem-sucedida e, nos dias ímpares, enfrentou alguns contratempos, como erros de atuação e pessoas querendo aparecer na filma-gem. Além disso, um problema técnico na captação das imagens, feitas em câ-mera digital de alta resolução, corroeu os dez últimos segundos do arquivo. “No final das contas, tudo deu certo. O filme cumpriu com minhas expectativas”, admite o diretor. As imagens foram transferidas para película, em 35mm, pois a fita analógica não suportaria 85 minutos de gravação contínua, duração do filme.

Tendo como cenário pontos tradi-cionais e irreverentes de Porto Alegre, Ainda Orangotangos é uma adaptação de seis contos do livro homônimo do gaúcho Paulo Scott. No enredo, per-sonagens vivem situações-limites em “uma cidade onírica, no mais quente dia de verão”, segundo Spolidoro. A escolha da narrativa seqüencial é recorrente na obra do diretor. Seus dois primeiros curta-metragens, Velinhas e Outros, fo-ram realizados em um único plano e, em Início do Fim, esta era a idéia primária, que não se concretizou.

Spolidoro saiu do Clube Silêncio em agosto, por discordâncias na gestão. Hoje está envolvido na divulgação de Ainda Orangotangos. Realizará, nos próximos meses, um novo documentá-rio. O cineasta continua na organização do Cine Esquema Novo, festival que fundou, com outros três parceiros, em 2001, e coordena a curadoria desde a primeira edição, em 2003. Também segue dando aula na Famecos, “para o azar dos que forem meus alunos”, brinca.

PERFIL/ Gustavo Spolidoro

Um cineasta em seqüênciaEle é colorado, diretor e professor de Cinema na PUC

Fotos Camila Domingues/Hiper

Fundador do Clube Silêncio, produtora de filmes, Gustavo Spolidoro dirigiu o documentário sobre a conquista do mundial do Inter no Japão e estreou em longa-metragem de ficção com Ainda Orangotangos. À tarde, dá aulas de cinema na Famecos

Fotos Camila Domingues/Hiper

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Porto Alegre, setembro 2008 11culturahipertexto

Por Andressa Foresti

O cinema brasileiro atravessou diversas fases em 36 edições do Festival de Cinema de Gramado, realizado em agosto. Ao distribuir 47 prêmios e entregar o kikito de melhor filme para Murilo Salles, por Nome Próprio, o festival re-forçou a imagem que se consolida. Ficou no passado a nudez de atri-zes e o sensacionalismo registrado nas primeiras edições. O evento se firmou durante a ditadura, ao driblar a censura e apostar na arte como forma de expressão, e hoje é a principal disputa cinematográ-fica do país.

Há três anos a organização do evento sentiu necessidade de reformular o festival. Com a sua popularização, o número de celebridades sem relação com os filmes cresceu, atraindo para Gra-mado uma badalação prejudicial à credibilidade do evento. Os filmes e seus artistas foram ofuscados

pelo brilho de celebridades. Ci-neastas deixaram de vir à cidade, críticos perderam o respeito pelo festival e a revitalização se fazia cada vez mais necessária para que o cinema nacional voltasse a ser o foco do evento.

Foi quando o documentarista Sérgio Sanz e o crítico José Carlos Avellar foram chamados como curadores do festival. Várias modificações foram adotadas, como a criação de uma sessão exclusiva para curtas-metragens e a unificação de longas de ficção e documentários em uma mesma categoria. Houve também um grande esforço para que o festival se reconciliasse com os cineastas, a exemplo da homenagem feita a Júlio Bressane. O diretor carioca havia se afastado do evento, por ter se tornado “muito azedo” com ele. Ao receber o prêmio Eduardo Abelin, pelo trabalho desenvolvi-do em mais de quatro décadas, Bressane assegurou estar feliz

com a reconciliação. “Depois de tantos anos sendo mal tratado, estou satisfeito e emocionado com o reconhecimento”, desabafou.

Para o curador José Carlos Avellar, foi o conjunto de ações visando recolocar os filmes no centro do evento que provocaram mudanças significativas. “Não foi uma medida em particular, mas um conjunto de medidas que neste ano, pela primeira vez, conseguimos por em prática ao mesmo tempo”, explicou.

A boa fase do cinema nacional influi diretamente no desempe-nho do festival e a recíproca, é verdadeira. Desde Central do Brasil e, logo depois, Cidade de Deus, o cinema nacional voltou a ter força entre o público brasileiro e ganhou notoriedade no exterior, apesar de nenhum dos filmes ter conquistado o Oscar. Outro exemplo foi o filme Tropa de Eli-te, sucesso de bilheteria, ficando à frente, inclusive, de produções

hollywoodianas.Apesar da consolidação das

produções nacionais, a maior dificuldade ainda está na falta de incentivo financeiro que limita a realização de projetos. A maioria dos cineastas investe dinheiro do próprio bolso para viabilizar as filmagens, que quase sempre acontecem com pouca estrutura e escassez de material. Ainda assim, atores e direto-res concordam que dá para fazer bons fil-mes, com base no velho jar-gão “desde que se tenha uma idéia na cabeça e uma câmera nas mãos”.

Para Pau-lo Betti, ator e apresentador do 36° Festival de Cinema de

Gramado, a capacidade de pro-dução nacional é incontestável. “Nós temos uma média de 60 filmes por ano e são de muita qualidade. A grande dificuldade é a distribuição e faltam cinemas. Infelizmente, as salas de projeção exibem filmes americanos e nós ficamos vendidos, na pior, porque não temos onde passar nossos filmes”, desabafa o ator.

Mais filmes, menos badalação no Festival de Gramado

Em 2008, Gramado buscou maior valorização do cinema

Por Patrícia Dyonisio

A forma como entrou na turma de Escrita Criativa, na quarta-feira, 17 de setembro, já mostrava que aquela não seria apenas mais uma semana comum. Em seu olhar, as marcas de uma noite mal dormida. Em sua voz, alguns sinais de cansaço. Pouco mais de um dia após ser escolhido o patro-no da 54º Feira do Livro de Porto Alegre, Charles Kiefer entra na sala de aula e logo é parabenizado. De forma quase envergonhada, responde “obrigado”.

Antes de iniciar a aula no curso de Letras, desculpa-se por não ter corrigido os trabalhos que havia prometido. Há pouco mais de 24 horas, sua vida havia se tornado uma roda viva, na qual ele pouco teve tempo para cumprir algumas tarefas como professor.

Com sua primeira obra lan-çada em 1977, Kiefer, natural de Três de Maio, possui em torno de 30 obras publicadas. Questio-

nado sobre a forma como uma boa história nasce, explica: “Ela irrompe dentro da gente. É o que as pessoas chamam de inspiração, mas só isso não basta. O talento é trabalho”. Com esse pensamento, o patrono da Feira leciona 19 ho-ras/aula na Faculdade de Letras na PUCRS e tem sete turmas particulares de oficina literária na Palavraria.

Para ele, suas obras se enqua-dram no estilo neo-realista, pois tratam de problemas sociais, em-bora seja uma literatura não enga-jada. “Isso não quer dizer que não me preocupe com a estética, com a beleza da forma. Trabalho muito a forma, mas em geral com um conteúdo de cunho social”. Uma das exceções é o livro O escorpião da sexta-feira, que está fora do estilo neo-realista, pois trata de um assassino frio e cruel que sai às noites nas ruas de Porto Alegre em busca suas vítimas.

Nos dias 26 e 27 de outubro, no teatro do SESC, em Porto Ale-

gre, entra em cartaz novamente uma adaptação de O escorpião da sexta-feira. O autor diferencia sua obra literária da versão cinemato-gráfica: “Eu vejo o filme como se fosse outro objeto estético. Não tenho muito a ver com aquilo, apesar de ser uma extensão do meu próprio trabalho”. Seu livro Quem faz gemer a terra, um dos mais conhecidos, foi adaptado inclusive no exterior (França, Suíça e Polônia). Caminhando na chuva é um dos mais lidos, já teve 16 edições desde seu lançamento em 1982.

Canditato a patrono há 10 anos, Kiefer se diz “muito feliz” com a escolha e observa uma mudança. Fazia muito tempo que o autor não era parado na rua para

autografar, o que aconteceu sete vezes em cinco dias. Brinca que, agora, é reconhecido por muita gente nos shoppings, táxis e nas ruas. Toda essa exposição tem um preço: 39 entrevistas em apenas cinco dias. Número que tende a aumentar com a proximidade do início da feira e mudar definitiva-mente sua rotina.

Na edição anterior, o patrono foi Antonio Carlos Hohlfeldt, também professor da PUCRS. Ele continua no patronado até o primeiro dia da Feira do Livro de 2008, quando entrega a função para Charles Kiefer. O patrono é escolhido por um colegiado for-mado por associados da Câmara Rio-Grandense do Livro, direto-ria, entre outros.

Antes da Feira, uma aula com Charles Kiefer

Autor de Caminhando na Chuva é escolhido patrono da edição 2008

A 54º Feira do Livro terá início em 31 de outubro e vai até 16 de novembro.Local: Praça da Alfândega, Memorial do Rio Grande do Sul, Casa de Cultura Mario Quintana, Santander Cultural, Centro Cultural CEEE Erico Verissimo e Cais do Porto. Horários: * Área infantil e juvenil: 9h às 21h.* Área geral e internacional: das 13h às 21h.

Patrícia Dyonisio/Hiper

Depois de ser indicado 10 vezes seguidas, o autor e professor de Letras da PUCRS foi escolhido para o cargo

LIVROS NOCENTRO DE

PORTO ALEGRE

Divulgação/Famecos

Page 12: Jornal da Famecos/ PUCRS. Porto Alegre,setembro de 2008 ...projetos.eusoufamecos.net/memoria/wp-content/uploads/2013/04/cod1... · Editora de Arte: Juliana Freitas ... a idade de

Porto Alegre, setembro 200812 ponto final hipertexto

ESPETÁCULO

Por Pedro Revillion, texto e fotos

Os circos estão de volta com toda força. O Cirque du Soleil, que recentemente esteve no Brasil, faz escola em todo o mundo. Atu-almente os espetáculos circenses encantam não só pela magia, mas pela renovação e a mistura de elementos de várias artes. Na primeira semana de setembro, mais um grupo circense se apresentou em Porto Alegre. “Traces” é o espetáculo da companhia de circo “Les 7 doigts de la main” do Canadá que impressionou a platéia do teatro do Bourbon Country, com a harmônica associa-ção entre dança, músicas e acrobacias feitas num cenário que inclui postes e skates.

A companhia canadense foi fundada em 2002 por sete dissidentes do Cirque du Soleil. A intenção era oferecer algo novo ao mun-do do circo. A idéia: deixar o espetáculo mais realista, introduzindo elementos urbanos e atuais nas apre-sentações. Em “Traces” essas características estão muito bem distribuídas durante uma hora e meia de show. Cinco jovens artistas protagonizam o espetáculo, todos na faixa etária dos 23

a 26 anos. Recrutados na Escola

Nacional de Circo de Mon-treal, no Canadá, quatro deles (Francisco Cruz, Ra-phael Cruz, Brad Hender-son e Will Underwood) vieram do San Francisco Circus Center, nos Estados Unidos, e a única garota do grupo, Héloïse Bour-geois, é uma parisiense com formação curiosa. Ela fez equitação por 15 anos e trampolim em 10, além de estudar balé clássico e interpretação.

O show apresenta nú-meros de dança, acroba-cias com mãos seguras em postes instalados no palco, entre outros. O que chama mais a atenção são os instrumentos usados pelos artistas, que realizam números com bolas de bas-quete e até skates. A versa-tilidade da apresentação impressiona não somente pelos números acrobáticos, também por sua sincronia. “Traces” consegue unir dança, acrobacias e mú-sica em um grande show. O espetáculo já percorreu vários paises, no Brasil foram as últimas apresen-tações da turnê mundial. A companhia de circo possui outros espetáculos em car-taz, sempre com a temática urbana.

Porto Alegre, setembro 200812 ponto final hipertexto

Dança e acrobacias no circo 7 Dedos

Postes cravados no palco, bolas, piano formam cenário de Traces, show do circo do Canadá que esteve na Capital