Jornal Brasil Atual - Bebedouro 15

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Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br BEBEDOURO nº 15 Janeiro de 2012 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA Sinval, o craque de bola bebedourense que virou dirigente em Genebra Pág. 7 MEMóRIA A SUÍÇA É LOGO ALI As acusações sobre a obra que mal começou e já está abandonada Pág. 3 POLíTICA DEM X PREFEITURA Aparecido Borba, 67 anos, limpa o lago da cidade. Na boa e de graça Pág. 2 CIDADANIA SENHOR FAXINA CULTURA Karina Minto deixou pra lá a Psicologia e a Tradução e agora só faz o que gosta Pág. 6 A JOVEM QUE RESPIRA ARTE O PSDB comandou o maior roubo no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões BONS DE BICO PRIVATARIA TUCANA Verônica Serra Ricardo Sérgio FHC José Serra

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memória senhor faxina dem x prefeitura Karina Minto deixou pra lá a Psicologia e a Tradução e agora só faz o que gosta Política verônica serra a suíça é logo ali Distribuiçã o nº 15 Janeiro de 2012 Pág. 7 Pág. 6 Pág. 2 Pág. 3 josé serra Jornal Regional de Bebedouro www.redebrasilatual.com.br Sinval, o craque de bola bebedourense que virou dirigente em Genebra Aparecido Borba, 67 anos, limpa o lago da cidade. Na boa e de graça

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Jornal Regional de Bebedouro

www.redebrasilatual.com.br BeBedouro

nº 15 Janeiro de 2012

DistribuiçãoGratuita

Sinval, o craque de bola bebedourense que virou dirigente em Genebra

Pág. 7

memória

a suíça é logo ali

As acusações sobre a obra que mal começou e já está abandonada

Pág. 3

Política

dem x prefeitura

Aparecido Borba, 67 anos, limpa o lago da cidade. Na boa e de graça

Pág. 2

cidadania

senhor faxina

cultura

Karina Minto deixou pra lá a Psicologia e a Tradução e agora só faz o que gosta

Pág. 6

a jovem que resPira arte

O PSDB comandou o maior roubo no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões

bons de bico

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aparecido, o funcionário público que não aguenta ficar parado

expediente rede brasil atual – bebedouroeditora gráfica atitude ltda. – diretor de redação Paulo Salvador editor João de Barros revisão Malu Simões diagramação Leandro Siman telefone (11) 3241-0008tiragem: 10 mil exemplares distribuição gratuita

Leia on-line todas as edições do jornal Brasil Atual. Clique www.redebrasilatual.com.br/jornais e escolha a cidade. Críticas e sugestões [email protected]

jornal on-line

editorial

Aos tucanos, como são chamados os políticos do Partido da Social Democracia Brasileira, o PSDB, não faltam professores de malandragem. Quem tem alguma dúvida vá às livrarias e ad-quira um exemplar de A Privataria Tucana, do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que nos revela como o PSDB operou a maior fal-catrua brasileira, nos tempos da privatização, lesando o País de muitas formas: entregando empresas públicas ao capital privado nacional e internacional, alardeando que essas entregas eram um belo exemplo de modernidade enquanto levava no bico – literal-mente – uma senhora grana advinda desses malfeitos espúrios.

O livro revela os documentos secretos e mostra as fantásticas viagens que faziam as fortunas tucanas até alcançarem o seu ni-nho no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Dessa leitura, além da denúncia, fica-nos uma sensação de horror, de asco ex-plícito, ainda mais porque tudo era apresentado ao grande públi-co pela mídia comercial – conhecida nas eleições como o Partido da Imprensa Golpista (PIG) – como uma “grande saída”. Todos mentiram aos borbotões e jorraram suas golfadas sobre o povo brasileiro. É isso. Boa leitura!

A Privataria cidadania

o homem que limpa o lagoMotorista dá exemplo de cidadania e disposição

Aparecido José Borba, de 67 anos, é funcionário público municipal há 32. Motorista do Departamento de Educação, ele é responsável pelo trans-porte dos alunos. Durante as férias escolares, para não ficar sem fazer nada o dia todo na garagem municipal, Apareci-do resolveu limpar o Lago Ar-tificial. As águas daquele que já foi um belo cartão postal de Bebedouro hoje encontram-se

tomadas por aguapés. O pai-sagismo, os bancos e o calça-mento estão deteriorados, en-feando uma região que já foi bela e agradável para a prática de passeios e caminhadas.

Se a Prefeitura não faz sua parte, Aparecido Borba resol-veu fazer ele próprio. Por muitos dias, debaixo de sol, ele enfrenta o trabalho pesado de retirada das pragas aquáticas – os aguapés. “O lago está muito feio desse jei-

to, meu objetivo é deixá-lo lim-po e bonito antes de terminarem as férias” – diz Borba, resoluto. O funcionário público conta que ele ouve de tudo. “Tem gente que passa e me dá os parabéns pela iniciativa, mas tem tam-bém aqueles que me chamam de tonto por eu estar no meio desse barro” – diz, sorrindo. Também há quem passe por lá e diga que o trabalho deveria ser feito pelo prefeito Italiano.

Encaminho a Vossa Senhoria um rol de sugestões e metodo-logias para o ensino fundamental de escolas públicas estaduais e municipais visando a eficácia do ensino e da aprendizagem das crianças e de adolescentes, que eu intitulei “Projeto Construtivis-mo e Decoreba Juntos”. Sem mais para o momento, despeço-me.

Marcos Antônio Marques, Bebedouro-SP

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Política

obra intermediada pelo dem está abandonadaVereador Sensei argumenta que dinheiro não veio; Prefeitura diz que a empreiteira desistiu

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música

rocktape, o som que desperta o jovem a participarApresentando só canções próprias e reflexivas, banda luta para sair do lugar comum

Aldemir Marini Júnior, o Bugalú, de 26 anos, é voca-lista; Kelson Palharini, de 24, toca os violões e a guitarra; Hi-gor Brunozi Paganelli, de 23, é outro guitarrista; José Henri-que Gomes, o Zelão, 24 anos, vai no baixo; e Kalil Maena, 20 anos, na bateria. A atual com-posição da Banda RockTape tem apenas um ano, mas seus componentes têm trajetória musical desde muito cedo. To-dos passaram por outras ban-das. E parece que vão longe.

Na noite de 14 de dezembro, a banda lançou, no Kaza Bar, o projeto de concluir seu primeiro

CD até o meio do ano. Com mú-sicas próprias, classificadas de “reflexivas”, o grupo pretende despertar o jovem para partici-

par da sociedade. O trabalho já foi reconhecido e premiado, em outubro passado, no II Festival da Canção de Sertãozinho, com

a música O Tempo. Segundo Ze-lão, todos gostam das canções, porém ele destaca uma, Olhos Fechados, que “mexe com as pessoas na medida em que trás uma mensagem de esperança, de mudança por suas próprias mãos e vontade”.

A banda participou de festivais em várias cidades da região – Jaboticabal, Ser-tãozinho e Ribeirão Preto – e pretende construir uma carrei-ra que dê a seus integrantes a possibilidade de viver da mú-sica. Por enquanto, isso não é possível. Todos têm outras profissões para ganhar a vida,

mas boa parte dos salários cus-teia as despesas com as apre-sentações – Zelão é professor de português, Bugalú trabalha na área da educação, Kelson e Kalil com informática e Higor é publicitário. Todos têm ex-periência com a tietagem. Hi-gor Paganelli conta que na úl-tima Exposição de Caminhões de Bebedouro, a Expocabe, a banda abriu a apresentação do grupo Calcinha Preta e, no fi-nal, foi abordada por algumas garotas que pediam autógrafos e para tirar fotos. “Ficamos surpresos e felizes” – conta Paganelli.

As obras daquele que de-veria ser o Centro Educacional de Esporte e Lazer (CEEL), do bairro Santa Terezinha, es-tão abandonadas. No terreno há uma placa do Governo do Estado, que informa detalhes da obra. Há seis meses, foram iniciadas as fundações e ergui-das as primeiras paredes do projeto. Depois, veio o aban-dono: o mato tomou conta do terreno, algumas paredes caí-ram com as chuvas e o tapume está destruído.

Os recursos para a cons-trução deveriam vir de uma emenda parlamentar solici-tada pelo vereador Sensei, junto ao deputado estadual Gilson de Souza, ambos do DEM. Segundo alguns mo-

radores do bairro, o vereador democrata apareceu por lá e pediu para que eles tomassem conta da construção, que esta-ria parada, segundo ele, “por-que a verba não teria vindo”. Mas a Prefeitura diz que a em-preiteira contratada para reali-zar a construção teria desistido. Enquanto isso o bairro sofre. Moradores denunciam a exis-tência de escorpiões no terre-no, o que deixa as pessoas com medo, por causa das crianças. Criadouros do Aedes aegypti, mosquito transmissor da den-gue, já teriam sido encontrados no local.

Diante das diferentes justi-ficativas dadas pela Prefeitura e pelo vereador, algumas per-guntas ficam sem resposta. O

dinheiro veio ou não veio? Se a obra está parada por desis-tência da empreiteira, por que ela desistiu? Quem paga o pre-juízo? O contrato de prestação de serviço não prevê multa em

de emendas na Assembleia Legislativa (matéria da edi-ção passada do jornal Brasil Atual-Bebedouro), sob o comando do governador Ge-raldo Alckmin.

caso de desistência ou abando-no da obra? Se não prevê, de quem foi o erro? Há até gente se perguntando se, por acaso, essa não seria uma emenda en-volvida no escândalo da venda

a placa fala da parceria governo do estado e Prefeitura: belíssima parceria!

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a Privataria tucana

Privatização: livro denuncia serra, família e amigosE conta como o PSDB comandou a maior falcatrua no Brasil, que movimentou US$ 2,5 bilhões

Os tucanos comandaram o processo de privatização das empresas públicas na década de 1990, que movimentou US$ 2,5 bilhões e distribuiu propinas de US$ 20 milhões, segundo o livro A Privataria Tucana, do jorna-lista Amaury Ribeiro Jr., de 320 páginas – 200 de texto jornalísti-co e 120 de reprodução de pro-vas. Baseado em documentos, Amaury mostra como o PSDB vendeu o patrimônio público a preço de banana. Entre a compra e a venda, funcionava a lavagem de dinheiro e suas conexões com a mídia e com o mundo político.

Os envolvidos são gente do alto tucanato: o livro liga o ex--candidato do PSDB à presidên-cia, José Serra, a um esquema de desvio e lavagem de dinheiro e

o acusa de espionar adversários políticos. “Quando ministro da Saúde, Serra criou uma cen-tral de montagem de dossiês na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), no governo FHC.” O livro afirma também que o esquema era feito por meio de empresas off-shore das Ilhas Virgens Britânicas, e foi ideali-zado pelo ex-diretor da área in-ternacional do Banco do Brasil e ex-tesoureiro da campanha de Serra e FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira. Outros esquemas se-melhantes eram realizados pelo genro dele, Alexandre Bour-geois, por sua filha Verônica – que mantinha empresa em socie-dade com a irmã do banqueiro Daniel Dantas – e pelo seu sócio, Gregório Marin Preciado.serra, verônica, FHc, dantas, Preciado e as ilhas virgens britânicas: tucanos bons de bico

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a entrevista com o autor das denúncias

Como era o esquema de corrupção dos amigos e parentes de José Serra?O tesoureiro do Serra, o Ricardo Sérgio, criou um modus operandi de operar dinheiro do exterior, e eu descobri como funcionava o

esquema. Eles mandavam o di-nheiro da propina para as Ilhas Virgens, um paraíso fiscal. De-pois, simulavam operações de investimento para a internação de dinheiro. Usavam umas off- -shores que simulavam investir dinheiro em empresas que eram deles mesmos no Brasil, numa ação muito amadora.Como você pegou isso?As transações estão em cartó-rios de títulos e documentos.Movimentou bilhões?Bilhões. Os banqueiros, li-gados ao PSDB, formados na PUC do Rio, com pós- -graduação em Harvard, sofis-ticaram a lavagem de dinheiro. A gente é simples, formado em jornalismo na Cásper Líbero, mas aprendeu a rastrear o di-

seguinte, estava na impren-sa. Eu achava que era coi-sa do (ex-deputado tucano Marcelo) Itagiba ou do (can-didato a vice-presidente, de-putado do PMDB, Michel) Temer. Aí veio a surpresa: era o fogo-amigo do PT, de Rui Falcão (atual presidente do PT e deputado estadual).

amaury ribeiro jr.

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nheiro deles. Eles inventaram um marco para lavar dinheiro, seguido por criminosos como Fernando Beira-Mar, Georgi-na (de Freitas que fraudou o INSS). Os discípulos da Ge-orgina foram condenados por operações semelhantes às que o Serra fez, que o genro dele, Alexandre Bourgeois, fez, que o Gregório Preciado fez, que o Ricardo Sérgio fez, que o banqueiro Daniel Dantas, que comandava a corrupção, fez.Serra espionava o Aécio?Está documentado. Ele contra-tou a Fence Consultoria, em-presa que faz varreduras contra grampos clandestinos, no Rio de Janeiro. O Serra gosta de espionagem e manda espionar os inimigos dele. Ele contratou

a empresa de um coronel baixo nível da ditadura. O pretexto era que fazia negócio de con-traespionagem. O doutor Ênio (Gomes Fontenelle, dono da Fence) trabalhou na equipe dele. Para espionar o Aécio.E a ex-governadora mara-nhense Roseana Sarney? Está no Diário Oficial. O agen-te era o Jardim (Luiz Fernando Barcellos), ligado ao Ricardo Sérgio. Mas a imprensa defen-de o Serra e não divulga. Dilma contra-atacou com arapongas também?Não. As pessoas que traba-lhavam na campanha da Dil-ma eram ligadas ao mercado financeiro. Me chamaram porque vazava tudo. Os caras faziam uma reunião e, no dia

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as perdas Por uma comissão Parlamentar de inquérito

O governo FHC arrecadou R$ 85,2 bilhões com a venda das empresas públicas. Mas o país pagou R$ 87,6 bilhões para as empresas que assumi-ram esse patrimônio – R$ 2,4 bilhões a mais do que recebeu. O prejuízo veio porque o go-verno absorveu as dívidas das empresas, demitiu um monte de gente, emprestou dinheiro do BNDES aos compradores e aceitou como pagamento o uso de “moedas podres”, tí-tulos do governo que valiam metade do valor de face. A “costura”, feita por Ricardo Sérgio, envolvia o pagamento de propina dos empresários que participavam do proces-so. O dinheiro era lavado em paraísos fiscais. Promoveu-se um desmonte das empresas públicas, fazendo-as pare-cer mais inoperantes do que eram – assim, quase foram pelo ralo o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Para a presidenta do Sin-dicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira, o livro prova a importância do combate do movimento sin-dical ao processo de privati-zação. “A velha imprensa não repercute as graves denúncias e mostra a sua parcialidade. Esperamos que o Ministério Público e a Polícia Federal investiguem esses crimes de que trata o livro e retomem para os cofres públicos todo o dinheiro desviado.”

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Para proteger o país de ope-rações ilegais e dificultar novos desvios, a discussão precisa passar pelo Congresso Nacio-nal. O primeiro passo, porém, é a investigação. Depois da chegada aos pontos de venda, não tardou para parlamentares de diferentes legendas fazerem menção à publicação e entrar na agenda o pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar o caso. O fato relevante exigido pela Constituição para levar adiante a CPI da Privataria

está nos documentos contidos no livro. As 185 assinaturas – 14 a mais do que o mínimo de um terço dos 513 membros da Câmara Federal – colhi-das pelo deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) incluem gente de todas as colorações partidárias.

Embora os líderes do go-verno, Cândido Vaccarezza (PT-SP), e do PT, Paulo Tei-xeira (SP), tenham preferido não assinar o pedido, para manter a “neutralidade” que a relação com outras legendas

exige, 67 petistas o subscreve-ram. A seguir, estão os gover-nistas PMDB e PSB (18 cada), PDT (17), PR (15) e PCdoB (13). Alguns oposicionistas – DEM (5), PSDB (4) e PPS (4) – também aderiram.

No lançamento do livro, organizado pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé na sede do Sindicato dos Bancários, Pro-tógenes afirmou que a inicia-tiva visa a proteger a integri-dade física do autor do livro. “Não poderíamos demorar

muito para não perder o ‘ti-ming’ e perder o Amaury”, lembrou. O jornalista corria o risco de “virar estatística”, segundo termos do delegado, “sofreria um ‘assalto’, diriam que reagiu”.

A expectativa é de que o presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), instale a co-missão em fevereiro, depois do recesso. “Se a CPI for mes-mo aberta, vou avisar que o que está no livro é pequeno”, adiantou Ribeiro Jr. O ano novo promete.

Silêncio ensurdecedor De pronto tropeço em

duas razões para o costumei-ro silêncio ensurdecedor da mídia nativa. A primeira é tradição desse pseudojorna-lismo arcaico: não se reper-cutem informações publica-das pela concorrência. Tanto mais quando saem nas pági-nas impressas por quem não fala a língua dos vetustos donos do poder e até ousa remar contracorrente. A se-gunda razão é o próprio José Serra e o tucanato em peso. Ali, ai de quem mexe, é a re-serva moral do País.

Mino Carta, revista CartaCapital

Censura combinadaEm 47 anos de trabalho

nas redações nunca tinha vis-to nada igual, nem na época da ditadura, quando a gente não era proibido de escrever, apenas os censores não dei-xavam publicar. Foi como se todos houvessem combinado que o livro simplesmente não existiria. Esqueceram-se que o mundo foi revolucionado por um negócio chamado in-ternet, em que todos nos tor-namos emissores e receptores de informações, tornando-se impossível esconder qual-quer notícia.

Ricardo Kotscho, TV Record e Portal R7

Propaganda políticaA chamada “grande

imprensa”, por ter mais responsabilidade que os blogueiros ditos indepen-dentes, mas que, na maio-ria, são sustentados pela verba oficial e fazem pro-paganda política, demorou mais a entrar no assunto, ou simplesmente não entra-rá, porque precisava ana-lisar com tranquilidade o livro para verificar se ele realmente acrescenta dados novos às denúncias sobre as privatizações, e se tem provas.

Merval Pereira, O Globo

Perda de critérioÀ perda de critério jornalís-

tico somaram-se intenções co-merciais e políticas dos grupos jornalísticos. Como justificar o escândalo em torno de um avião alugado que transportou o Lupi, a denúncia de que Or-lando Silva recebeu dinheiro na garagem e ignorar docu-mentos levantados por Amaury Ribeiro Jr.? Os argumentos de Merval Pereira foram uma tentativa desesperada de con-vencer o procurador geral da República de que há critério jornalístico que impede que os jornais divulguem o livro.

Luis Nassif, jornalista

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Karina minto e seus autorretratos premiados

cultura

Karina minto respira arte. e faz arte o tempo todo

Fragmentos da criação

Formada em psicologia, essa tradutora e intér prete se encontrou mesmo no mundo artístico

Karina Ferreira Minto, de 35 anos, é bebedourense, filha do popular Brechó e da bancá-ria aposentada Elvani Ferrei-ra Minto. Ainda no primeiro grau, na Escola Estadual Dr. Paraíso Cavalcanti, ela nu-tria “grande admiração” pela professora de Português, Ana Soller – não por acaso viraria escritora e intérprete. Desde pequena, ela também demons-trava grande pendor artístico.

Jovem, Karina cursa psi-cologia na Universidade Fe-deral de Uberlândia, de 1993 a 1997, e, no ano seguin-te, muda-se para a Itália em busca de mais conhecimen-to profissional e amadureci-mento pessoal. Em 1999, em Trieste, na Itália, ela inicia o curso de pós-graduação de tradução. Dois anos depois, na Alemanha, aprofunda-se na língua germânica. Depois, volta ao Brasil, em 2002, para

Belo Horizonte, onde mora até hoje. Na capital mineira matricula-se no curso de Arte e Educação e dedica-se à seri-grafia (o popular silk-screen). “Foi paixão à primeira vista, pois na psicologia o foco é a doença e na produção artística é a saúde, a vida” – diz com entusiasmo.

Karina pensa como Carl Gustav Jung, o psiquiatra suí-ço fundador da psicologia ana-lítica: “A arte não é apenas um processo de captura mas de transformação, o que permite viajar no tempo e no espaço”. Ela ainda cita Friedrich Niet-zsche, o influente filósofo ale-mão do século 19: “Precisa-mos da arte para sobreviver”. Além da serigrafia, ela produz também colagens digitais e vídeos. Já participou de trin-ta exposições no Brasil, entre elas, a Exposição no Consu-lado Italiano, em São Paulo, e

na Livraria Cultura. No Japão foi premiada pelo trabalho da série Entrada no Paraíso. Já no irreverente trabalho Expul-são do Paraíso (veja texto ao lado), ela conta que sua escrita “beira o absurdo”.

A artista está agora num projeto de arte urbana na in-ternet – Barbaridades e Ab-surdos –, trabalho surrealista no qual ela anuncia falcatruas na venda, compra e troca de produtos. “Minha intenção é distribuir o anúncio pelas ci-dades e aguardar os e-mails a fim de investigar como anda a ética dos brasileiros” – diz. Em seguida, questiona: “Será que a corrupção é exclusividade da política ou é uma atitude re-corrente aos cidadãos médios como nós?”. Esse trabalho será finalizado com uma ex-posição dos e-mails recebidos, preser-vando-se a identidade dos que fizeram encomendas.

Eva saiu do paraíso com uma folha de alface na frente e outra atrás e veio parar no país dos filhos da puta, de in-digentes de toda sorte, dos as-sassinos cruéis, dos fanáticos por futebol e dos foras da lei de todas as espécies.

Desprovida de seus bens, inclusive de seus adereços pes-soais, só lhe restou uma maçã – fruto de suas ações ilícitas – e duas folhas de alface que mal lhe permitiram cobrir suas par-tes íntimas. Endividada, com o nome sujo, com vários cartões de crédito próximos do venci-mento e alguns filhos espalha-dos pelo mundo, Eva diz num tom que oscila entre o sarcás-tico e o irônico que a culpa é sempre da mulher. Afinal, que fim levou Adão?

Devido ao fato de já ter nascido endividada, Eva tor-nou-se símbolo do capitalismo desenfreado. Junto com ela, foram criados o Fundo Mone-tário Internacional, a Bolsa de Valores, o Serviço de Proteção ao Crédito, a Serasa, as taxas

de câmbio, alíquotas nacionais e estrangeiras, juros, moras, in-vestimentos, a indústria bélica, o consumismo e as agências de publicidade, feitas para vender sardinha por salmão e para ga-rantir a felicidade de todos de modo indiscriminado.

A primeira coisa que Eva fez ao sair da casa dos pais foi entrar em uma dessas lojas que oferecem o próprio cartão como sinal de exclusividade – não sei ao certo se Riachuelo ou Pernambucanas – e con-traiu uma dívida secular como quem contrai uma doença in-curável. Ao se deparar com tantos produtos pronunciou as seguintes palavras: “Pecado é não poder comprar” e con-tinuou seu solilóquio fugaz: “Se eu não puder pagar à vis-ta, parcelo no cartão em até 12 vezes sem entrada”.

Casou-se várias vezes, teve muitos filhos, fez viagens, deu festas, mas nunca conseguiu saldar sua dívida. Arrependida somente por ter gastado além do que seu salário lhe permitia, hoje ela vende o próprio corpo no sinal. Objeto de consumo e sujeita às oscilações do real, durante sua fase áurea, Eva fez de tudo um pouco: suc-ções, streap-tease, massagem à romana, escaladas, dança do ventre, bocejo em clave de sol de frente, de bruços e de quatro. Sofreu tentativas de abuso por parte de clientes mal-intencionados, proliferou candidíase, HPV, se apaixo-nou, e desapaixonou.

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expulsão do Paraíso

Por Karina Minto

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memória

sinval, o bebedourense que conquistou a suíça“Nitinha” saiu daqui aos 16 anos. Hoje, ele é dirigente do clube Servete, em Genebra

Quase ninguém o conhe-ce pelo nome, Sinval José de Campos. Porém, quando se fala em Nita ou Nitinha, ape-lido que ganhou da mãe, dona Margarida, seus contemporâ-neos sabem de quem se trata. Aos 44 anos, Sinval contagia pela empolgação com que fala e se dedica ao futebol. Mora-dor de Genebra, ele é dirigente esportivo do time do Servete, onde trabalha com o ex-joga-dor da seleção portuguesa Cos-tinha. Mas sua história é longa. Começa em Bebedouro, onde nasceu, em 6 de abril de 1967.

Moleque bom de bola, ti-nha seu próprio time, o São Paulinho, em homenagem ao time do coração. Com ele disputava as “peladas” nos campos de terra batida, onde se sagrou campeão de vários torneios da garotada. Aos 15 anos, foi convidado pelo trei-nador Vianna a participar do time da antiga Procontel, ex-tinta empresa de telefonia dos anos 1980. Todos diziam que o atacante era a reencarnação do estilo Garrincha e se mara-vilhavam com o seu jeito atre-

vido de jogar. Durante um tor-neio em Campinas, um olheiro da Ponte Preta o viu e, depois de um teste rápido, foi convi-dado a ficar. Lá, o técnico Cili-nho também se encantou com seu futebol e, aos 18 anos, o profissionalizou no time.

Nessa época, o narrador esportivo Luciano do Vale referia-se à macaca como a “Ponte Preta de Sinval”. Che-gou à Seleção Brasileira Juve-nil, hoje Sub-20. Convocado,

da seleção italiana Altobelli, com Zico, Careca, Casagran-de, Tafarell e Mauro Galvão, também seu companheiro no clube suíço.

Hoje, o ex-jogador tem uma Escola de futebol em Ge-nebra, onde ensina e incentiva o futebol arte, que encanta os habitantes dos Alpes. Sinval é querido no país. Por isso, o time que defendeu o contratou como dirigente. Sinval gosta também de jogar tênis e de ca-valgar. Tanto que é criador de cavalos das raças manga-larga e quarto de milha. Tem três filhos: Janaína, Lorry e Loic. O ex-craque bebedourense permanece nas terras frias do norte europeu até hoje. E faz o que mais gosta.

participou de um torneio no Qatar e foi campeão com a seleção – ele foi considerado um mágico pelo Rei, que o presenteou com vários mimos. Em seguida, transferiu-se para o Servete, de Genebra, Suíça, que o projetou mundialmen-te – lá, ele ficou nove anos. Depois, foi para o Mérida da Espanha, onde permaneceu seis anos, e encerrou a carreira no Pachuca do México, time em que jogou um ano. Sinval

Fã das legítimasQuando foi apresentado

no Servete, um representante da Adidas, patrocinadora do time, deu-lhe um chinelo da marca. Sinval, de jeito simples e espontâneo, não teve dúvida e mandou: “não estou acostu-

mado com esse chinelo, pre-firo o brasileiro havaianas”, o que desconcertou o repre-sentante da Adidas. Segundo Nitinha, vários jogadores do time passaram a usar o chinelo brasileiro depois disso.

foi convocado para a Seleção Brasileira principal e partici-pou da despedida do jogador

diversas fases da vida de sinval, um jogador que ganhou o mundo e vive hoje na suíça

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Para oferecer oficinas de informática e artesanato aos jovens, ajude:

√ bazar de usados – Contribua doando roupas, sapatos, bolsas, eletrodomésticos, objetos de decoração, enfim, tudo que pode ser vendido e se transforme em recursos para a entidade.

√ amigo contribuinte – Seja um amigo contribuinte da entidade. Doe a partir de R$ 10,00 e ajude a Casa a atender as crianças para erradicar o trabalho infantil e a evasão escolar. √ destinando 1% do imposto de renda – Você e sua empresa ajudam a Casa destinando a ela 1% do IR, em caso de pessoa jurídica, e 6%, em caso de pessoa física. Fale com o seu contador. Você não paga nada a mais por isso e destina uma parte do imposto à Casa.

Rua: Mauro de Abreu Izique, 255 – Jardim Casagrande – Fone: (17) 3345-1622 – falar com Andreza ou Roberto

a casa do adolescenteprecisa de sua ajuda

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Foto síntese – História demolida

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As mensagens podem ser enviadas para [email protected] ou para Rua São Bento, 365, 19º andar, Centro, São Paulo, SP, CEP 01011-100. As cartas devem vir acompanhadas de nome completo, telefone, endereço e e-mail para contato.

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Palavras cruzadas

RENDERIzARARAPoNGASREIlNAAIMPlICARPDIEoURUDoATAPARIRDAlVAAlTEPAlAlUA

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Horizontal – 1. Ato pelo qual se pode obter o produto final de um processamento digital, especialmente em programas de modelagem 2D e 3D 2. Cidade do Paraná 3. Monarca; A primeira vogal duplicada 4. Provocar, amolar 5. o, em alemão; rico, endinheirado 6. Antigo Testamento; Dar à luz em parto 7. Nome de uma estrela; Forma abreviada de altitude 8. Viseira de boné, quepe ou chapéu; Satélite da Terra 9. Pelado; Partir 10. Provocar a demora 11. Terreno cuja cultura se interrompeu para repouso; Impressão variável que a luz refletida pelos corpos produz no órgão da vista.

vertical – 1. Qualidade de raro; Sigla do Amapá 2. Pessoa que, como penitência ou por índole, vive solitária em lugar deserto; Ação 3. Sinal gráfico pelo qual se distingue cada um dos quatro grupos de cartas de um baralho; long-play (Abrev.); (Quím.) Símb. de rutênio 4. Distrito Policial (Abrev.); Mulheres que têm avareza 5. Relativo ou pertencente à Eólia; Sigla de Alagoas; Sétima nota musical 6. Sigla do Rio Grande do Norte; Copa, em inglês; Homem pequeno 7. (Fem.) Que é falto de instrução, ignorante; Cidade da Mesopotâmia localizada na grande Babilônia, junto ao rio Eufrates, habitada na Antiguidade pelos caldeus 8. A última e a primeira letra do nosso alfabeto; Próprio do campo 9. Dá sustentação ao voo; Dissolvido, desfeito 10. Chegar ao porto.