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Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Filosofia e Cincias Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao
Carlos Francisco Bitencourt Jorge
GESTO DA INFORMAO ESPORTIVA
NO CONTEXTO DA INTELIGNCIA COMPETITIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: UM ESTUDO DE CASO
NO MARLIA ATLTICO CLUBE
Marlia 2013
-
Universidade Estadual Paulista
Faculdade de Filosofia e Cincias Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao
Carlos Francisco Bitencourt Jorge
GESTO DA INFORMAO ESPORTIVA
NO CONTEXTO DA INTELIGNCIA COMPETITIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: UM ESTUDO DE CASO
NO MARLIA ATLTICO CLUBE
Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao, como parte das exigncias para obteno de ttulo de Mestre em Cincia da Informao, da Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista, campus de Marlia. Orientadora: Profa. Dra. Marta L. P. Valentim Linha de Pesquisa: Gesto, Mediao e Uso da Informao
Marlia 2013
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Jorge, Carlos Francisco Bitencourt.
J82g Gesto da informao esportiva no contexto da inteligncia competitiva em clubes de futebol: um estudo de caso no Marlia Atltico Clube / Carlos Francisco Bitencourt Jorge. Marlia, 2013.
322 f. ; 30 cm.
Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao) Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Cincias, 2013.
Bibliografia: f. 226-233
Orientador: Marta Lgia Pomim Valentim.
1. Inteligncia Competitiva. 2. Gerenciamento da
informao. 3. Gesto do conhecimento. 4. Clubes de futebol - Administrao. I. Autor. II. Ttulo.
CDD 025.1
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Carlos Francisco Bitencourt Jorge
GESTO DA INFORMAO ESPORTIVA
NO CONTEXTO DA INTELIGNCIA COMPETITIVA EM CLUBES DE FUTEBOL: UM ESTUDO DE CASO
NO MARLIA ATLTICO CLUBE
BANCA EXAMINADORA:
Profa. Dra. Marta Lgia Pomim Valentim (Orientadora) Universidade Estadual Paulista (Unesp/Marlia) Profa. Dra. Regina Clia Baptista Belluzzo (Membro) Universidade Estadual Paulista (Unesp/Marlia) Prof. Dr. Jos Osvaldo De Sordi (Membro) Centro Universitrio das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU)
-
DEDICATRIA
Dedico este trabalho aos meus pais que sempre me
forneceram de forma incondicional apoio, carinho e amor.
A minha irm Francine, meu amor incondicional e a
minha ligao eterna entre meu passado e meu presente.
Dedico a minha av Maria que sempre me tratou como
um filho.
Dedico ao Grupo de Pesquisa Informao, Conhecimento
e Inteligncia Organizacional, que como uma famlia
para mim. Em especial Profa.Dra. Marta Lgia Pomim
Valentim, meu espelho profissional, dedico este trabalho
a ela por toda dedicao e amor na liderana e conduo
do Grupo de Pesquisa e nas pesquisas vinculados ao
Grupo.
Dedico a Dani, minha parceira, que sempre me apoiou
com muito carinho e amor, me incentivando sempre
durante minhas idias, angustias na elaborao deste
trabalho e na construo da minha vida.
Dedico especialmente a Deus...
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AGRADECIMENTOS
A Professora Dra. Marta Lgia Pomim Valentim, por orientar esta pesquisa, com
pacincia, carinho e seriedade e sempre servir de inspirao pessoal e profissional;
s contribuies dos professores Prof. Dr. Jos Osvaldo De Sordi e Profa. Dra.
Regina Clia Baptista Belluzzo , os quais fizeram parte da banca de Qualificao e
defesa deste trabalho;
Aos meus amigos Rafael Henrique Moraes, Raphael Jos Veronese e Adriano Luis
Martins, os irmos que eu escolhi;
A minha famlia, meus pais Luiz Carlos Jorge e Silvia Maria Bitencourt Jorge, minha
irm Francine Vanessa Bitencourt Jorge e minha av, Maria Nelsina Bitencourt de
Paula;
Aos meus companheiros da ACIM, Jos Augusto Gomes e Lbanio Victor Nunes;
Ao Renan Lima, ex-preparador fsico do MAC por todo apoio a pesquisa;
A todos os membros do Grupo de Pesquisa Informao, Conhecimento e
Inteligencia Organizacional pelas inmeras contribuies;
Aos meus companheiros do Programa de Ps Graduao em Cincia da Informao
e demais pessoas que conheci no desenvolvimento deste projeto;
Aos professores do Programa de Ps Graduao em Cincia da Informao, em
especial ao Prof. Dr. Oswaldo Almeida Jnior;
Ao Prof. Dr. Joo Adalberto Campato Jnior, pela amizade, cumplicidade e auxilio
nas correes deste trabalho;
A Daniela Maria Maia Verssimo, pela pacincia, amizade e companherismo, sempre
quebrando minha solido no desenvolvimento deste trabalho.
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JORGE, C. F. B. Gesto da informao esportiva no contexto da inteligncia competitiva nos clubes de futebol: um estudo de caso no Marlia Atltico Clube. 2013. 322f. Dissertao (Mestrado em Cincia da Informao) Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao Faculdade de Filosofia e Cincias (FFC) Universidade Estadual Paulista (Unesp).
RESUMO
A informao um componente intrnseco em todos os processos de uma organizao. No ambiente esportivo encontramos vrias fontes de informaes e processos que se relacionam e geram informaes que sob este contexto so classificadas como informao esportiva. Nesse ambiente esportivo encontramos o futebol, considerado pelo povo brasileiro como uma paixo nacional. No mbito do contexto do futebol encontramos os clubes, entidades que em sua grande maioria devido a sua estrutura e modelo de gesto so entidades civis sem fins lucrativos, cujo objetivo central consiste em promover entretenimento para a populao, o que automaticamente eleva a paixo pelo esporte em questo, o futebol. No ambiente dos clubes de futebol possvel observar uma enorme competitividade. O clube que adota uma gesto eficaz de informaes e trabalha o processo de inteligncia competitiva (IC). Sob este vis, a presente dissertao visa analisar e compreender o uso da informao em clubes de futebol de pequeno e mdio porte do interior do estado de So Paulo. Desta forma, a pesquisa foi realizada no Marlia Atltico Clube (MAC), Clube de futebol da Cidade de Marlia, interior do estado de So Paulo, e que se enquadra nas caractersticas citadas. Para tanto, escolheu-se o mtodo Estudo de Caso, cuja tcnica aplicada foi a triangulao. A triangulao consiste na aplicao de trs ou mais tcnicas de coleta e anlise de dados, visando obter uma viso ampliada da problemtica que se est investigando. A aplicao de diferentes tcnicas investigativas torna a pesquisa mais consistente, concedendo maior validade ao resultado obtido. Tais anlises foram realizadas com o intuito de elaborar aes para a gesto de informao (GI), enfocando a IC no mbito do MAC. Os resultados de pesquisa propiciaram identificar os tipos de informaes existentes no Clube, identificar e analisar as fontes e fluxos informacionais. Evidenciou-se a falta de estrutura informacional no Clube, o que impossibilita a prtica da GI com enfoque IC. Verificou-se a falta de um mecanismo que centralize as informaes, bem como a inexistncia de uma cultura responsvel por valorar a importncia da informao no mbito do Clube. Evidenciou-se tambm a necessidade de um gestor informacional, porquanto caracterizou-se como um importante fator para a implementao e execuo dos aes de GI. Palavras-Chave: Gesto da Informao; Inteligncia Competitiva; Informao Esportiva; Futebol; Estudo de Caso; Marlia Atltico Clube.
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JORGE, C. F. B. Sporting information management in the context of competitive intelligence in soccer clubs: a case study in Marlia Atltico Clube. 2013. 322f. Dissertation (Master in Information Science) - Graduate Program in Information Science - Faculty of Sciences (FFC) So Paulo State University (Unesp).
ABSTRACT
Information is an inherent component among all processes within an organization. In sports environment, there are several organizational processes which rely on information coming from different kinds of sports information sources, because from them, the decision-making information is made up, as well as the professional development. In sports environment, soccer, which is considered a national passion by the Brazilian society, stands out. Within soccer context, there are soccer clubs, institutions which are civil entities and the majority of them are unprofitable due to their structure and management model, whose central goal consists on promoting entertainment to population, and that automatically lifts up the passion by the referred sport. In the environment of football clubs is possible to observe a huge competitiveness. The club adopts effective management of information and work process of competitive intelligence (CI) can achieve competitive advantage against other clubs. From this perspective, the present research report aims at analyzing and making out the use of information in soccer clubs. In regard the methodological procedures, the Study Case method has been picked out in order to be applied to Marlia Atltico Clube (MAC), a sports club from Marlia, upstate So Paulo, which answers the basic assumptions of the research purposes. Before the observations carried out in the Club, the management and uses of information from different hierarchy levels and sectors could be analyzed, as well as the form information is applied to obtain the competitive advantage. The research also emphasizes the importance of an information professional managing the management processes, both the IM and the CI. This way, it is intended to verify if the Club makes use of procedures regarding competitive intelligence, even if in an informal manner. Such analysis will be accomplished through interview, whose purpose is the elaboration of an information management (IM) model towards the CI making it applicable to MAC.
Keywords: Information Management; Competitive Intelligence; Sports Information;
Soccer; Case Study; Marlia Atltico Clube.
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LISTA DE FIGURAS
P.
Figura 1 - Relao cclica entre dados, informao e conhecimento.... 29
Figura 2 - A organizao do conhecimento............................................. 36
Figura 3 - Processo de gerenciamento da informao........................... 43
Figura 4 - Modelo ecolgico de gesto da informao........................... 43
Figura 5 - Ambiente em que a organizao se insere............................. 47
Figura 6 - Modelo de inteligncia competitiva Valentim...................... 50
Figura 7 - Informao formal e informal na transformao de nova informao conhecimento.....................................................
59
Figura 8 - Tomada de deciso: anlise e contratao de um jogador... 72
Figura 9 - Emblema do Marlia Atltico Clube.......................................... 105
Figura 10 - Foto do Estdio Bento de Abreu Sampaio Vidal (Abreuzo) 106
Figura 11 - Tigre - Mascote do Marlia Atltico Clube............................... 106
Figura 12 - Cinco partes bsicas da organizao...................................... 115
Figura 13 - Cinco visualizaes (ou teorias) de como a organizao opera...........................................................................................
118
Figura 14 - Sobreposio combinada: o funcionamento da organizao................................................................................
119
Figura 15 - Modelo de gesto estratgica para entidades esportivas..... 121
Figura 16 - Estrutura Organizacional do Marlia Atltico Clube 2012... 122
Figura 17 - Proposta de modelo de inteligncia competitiva.................................................................................
216
Figura 18 - Proposta de estrutura organizacional para o Marlia Atltico Clube 2011.................................................................
218
Figura 19 - Estrutura organizacional do MAC por nvel de operaes 2013.............................................................................................
221
Figura 20 - As trs fases principais do esporte......................................... 247
Figura 21 - Cadeia de valor do futebol........................................................ 255
-
LISTA DE QUADROS
P.
Quadro 1 - Correntes tericas da Cincia da Informao Arajo.......... 24
Quadro 2 - Dados, informao e conhecimento......................................... 26
Quadro 3 - Associao entre atributos de qualidade da informao com as atividades do processo de gesto do conhecimento..............................................................................
26
Quadro 4 - Modos de uso da informao.................................................... 34
Quadro 5 - Gesto da informao e inteligncia competitiva................... 49
Quadro 6 - Sistematizao: tipologia, informao, fonte e ambiente....... 58
Quadro 7 - Usurios da informao esportiva e suas necessidades....... 60
Quadro 8 - Indivduos da pesquisa por: nvel, tipo de instrumento e quantidade...................................................................................
130
Quadro 9 - Seis fontes de evidencias: pontos fortes e pontos fracos..... 136
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LISTA DE TABELAS
P. Tabela 1 - Distribuio de receitas TV na ligue 1 2011/12....................... 87 Tabela 2 - Clubes brasileiros com as marcas mais valiosas.................. 91 Tabela 3 - Evoluo das transferncias de atletas brasileiros............... 92
Tabela 4 - Modelos de transformao dos clubes de futebol em empresas....................................................................................
96
Tabela 5 - Maior quantidade de scios dos clubes de futebol............... 102 Tabela 6 - Nvel operacional jogadores geral....................................... 140 Tabela 7 - Nvel operacional goleiros..................................................... 144 Tabela 8 - Nvel operacional laterais...................................................... 147 Tabela 9 - Nvel operacional zagueiros.................................................. 150 Tabela 10 - Nvel operacional volantes.................................................... 152 Tabela 11 - Nvel operacional meio campo.............................................. 155 Tabela 12 - Nvel operacional atacantes.................................................. 158 Tabela 13 - Nvel operacional comisso tcnica..................................... 160 Tabela 14 - Nvel operacional treinador................................................... 163 Tabela 15 - Nvel operacional auxiliar treinador...................................... 164 Tabela 16 - Nvel operacional preparador fsico...................................... 165 Tabela 17 - Nvel operacional auxiliar de preparao fsica.................. 167 Tabela 18 - Nvel operacional preparador de goleiros............................ 168 Tabela 19 - Nvel operacional fisioterapeuta........................................... 169 Tabela 20 - Nvel operacional massagista............................................... 170 Tabela 21 - Nvel operacional mordomo.................................................. 171 Tabela 22 - Nvel ttico gestores e coordenadores................................. 173 Tabela 23 - Nvel ttico assessor de imprensa........................................ 175 Tabela 24 - Nvel ttico gestor financeiro................................................ 177 Tabela 25 - Nvel ttico gestor de futebol................................................ 179 Tabela 26 - Nvel estratgico Diretoria executiva................................... 180 Tabela 27 - Nvel estratgico Presidente.................................................. 183 Tabela 28 - Nvel estratgico Presidente do conselho........................... 185 Tabela 29 - Nvel estratgico Diretor de futebol profissional................. 186 Tabela 30 - Nvel estratgico Diretor superintendente........................... 189 Tabela 31 - Matriz social do Clube geral.................................................. 207 Tabela 32 - Matriz social do Clube contexto administrativo.................. 209 Tabela 33 - Matriz social do Clube contexto tcnico.............................. 211
-
LISTA DE GRFICO
P.
Grfico 1 - Crescimento de torcedores do Sport Club Internacional...... 101
Grfico 2 - Grfico social do Clube Geral............................................... 208
Grfico 3 - Grfico social do Clube Contexto administrativo............... 210
Grfico 4 - Grfico social do Clube Contexto tcnico........................... 212
-
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
CBF - Confederao Brasileira de Futebol
CI - Cincia da Informao
FIFA - Federao Internacional de Futebol Associada
GI - Gesto da Informao
IC - Inteligncia Competitiva
ICIO Informao, Conhecimento e Inteligncia Organizacional
MAC - Marlia Atltico Clube
-
SUMRIO
P.
CAPITULO 1 - INTRODUO............................................................................. 13
CAPTULO 2 - INFORMAO E INTELIGNCIA COMPETITIVA..................... 23
2.1 Informao no Contexto da Gesto............................................................ 25
2.2 Informao como Vantagem Competitiva.................................................. 33
2.3 Inteligncia Competitiva.............................................................................. 45
CAPITULO 3 - INFORMAO ESPORTIVA....................................................... 55
3.1 Tipologia de Informao Esportiva............................................................. 57
3.2 A Informao Esportiva como Vantagem Competitiva............................. 59
3.3 Informao Esportiva no Contexto dos Clubes de Futebol...................... 64
CAPITULO 4 - CLUBES DE FUTEBOL............................................................... 75
4.1 Histrico dos Clubes de Futebol no Brasil................................................ 76
4.2 Clube de Futebol como Negcio................................................................. 83
4.3 Gesto de Clubes de Futebol...................................................................... 94
CAPITULO 5 - MARLIA ATLTICO CLUBE...................................................... 105
5.1 Histria do Clube.......................................................................................... 107
5.2 Estrutura Organizacional............................................................................. 114
5.2.1 Estrutura Organizacional do Marlia Atltico Clube............................... 120
5.3 Gesto do Clube........................................................................................... 124
CAPITULO 6 - PROCEDIMENTOS METODOLGICOS.................................... 127
6.1 Abordagem, Delineamento e Universo da Pesquisa................................. 128
6.2 Instrumentos de Pesquisa........................................................................... 130
6.3 Procedimentos de Coleta dos Dados......................................................... 135
6.4 Procedimentos de Anlise dos Dados....................................................... 137
6.5 Procedimentos de tica em Pesquisa........................................................ 138
CAPITULO 7 - ANLISE E APRESENTAO DOS RESULTADOS................ 139
7.1 Questionrios................................................................................................ 139
7.1.1 Questionrio Nvel Operacional Jogadores...................................... 140
7.1.2 Questionrio Nvel Operacional Comisso Tcnica......................... 160
7.1.3 Questionrio Nvel Ttico Gestores e Coordenadores.................... 173
7.1.4 Questionrio Nvel Estratgico Diretoria Executiva......................... 180
7.2 Entrevista Estruturada................................................................................. 190
7.3 Sociograma................................................................................................... 205
-
CONSIDERAES FINAIS................................................................................. 215
REFERENCIAS.................................................................................................... 226
APNDICES......................................................................................................... 234
APNDICE A Roteiro de Observao............................................................ 235
APNDICE B Questionrio Nvel Operacional Jogadores....................... 236
APNDICE C Questionrio Nvel Operacional Comisso Tcnica....... 237
APNDICE D Questionrio Nvel Ttico Gestores e Coordenadores... 238
APNDICE E Questionrio Nvel Estratgico Diretoria Executiva........ 239
APNDICE F Roteiro de Entrevista................................................................ 240
APNDICE G O Futebol................................................................................... 243
APNDICE H Documentos Gerados por meio da Parceria entre o Marlia Atltico Clube e o Grupo de Pesquisa Informao Conhecimento e Inteligncia Organizacional Adversrios no Campeonato Paulista de 2012......................
259
-
13
CAPITULO 1 INTRODUO
Conceituar o termo organizao o ponto de partida para a compreenso da
presente pesquisa, dessa maneira, entende-se organizao como, [...] uma
totalidade integrada atravs de diferentes nveis de relaes, sua natureza
dinmica e suas estruturas no so rgidas, mas sim flexveis embora estveis. Ela
resulta das interaes e interdependncia de suas partes (CAPRA, 2002, p.260).
Maximiano (1992, p. 56), refora e complementa a ideia de Capra (2002), definindo
o termo organizao como a "[...] combinao de esforos individuais que tem por
finalidade realizar propsitos coletivos. Por meio de uma organizao torna-se
possvel perseguir e alcanar objetivos que seriam inatingveis para uma pessoa."
Valentim (2007) ressalta a importncia de se compreender as organizaes
como ncleos centrais da sociedade, sendo que elas congregam pessoas,
sustentam a economia, geram empregos, profissionalizam e especializam a atuao
dos indivduos, em suma influenciam a cultura, a educao e a prpria sociedade.
Morin (2005) definiu ecossistema como sendo o conjunto de organizaes que
interagem entre si e agem e/ou sofrem aes entre elas mesmas, ou seja, as
organizaes integram um sistema ecoorganizado ou ecossistema.
As organizaes, ao realizarem seus processos organizacionais, interagem
de forma plena com informaes e conhecimentos, sendo possvel afirmar que
esses elementos esto inseridos em todos os processos, ora de forma direta, ora de
forma indireta. Choo (2003) destaca essa relao e ressalta a falta de percepo,
por parte dos gestores, no que tange a importncia desses elementos para as
organizaes:
A informao um componente intrnseco de quase tudo que uma organizao faz. Sem uma compreenso dos processos organizacionais pelos quais a informao se transforma em percepo, conhecimento e ao, as empresas no so capazes de perceber a importncia de suas fontes e tecnologias de informao (CHOO, 2003, p.27).
No ambiente interno das organizaes, bem como no mercado em que esto
inseridas, existe um elemento que pode fazer a diferena em vrios mbitos, sendo
muitas vezes no percebido por quem realiza as aes organizacionais, esse
elemento a informao, cuja importncia essencial para a obteno de
competitividade, mudana da cultura organizacional, entre outros resultados.
-
14
Segundo Moraes e Fadel (2007, p.103), as informaes [...] apoiam o processo
decisrio, exercem influencias sobre o comportamento das pessoas e passa a ser
um vetor importantssimo, pois podem multiplicar a sinergia dos esforos ou anular o
resultado obtido pelo conjunto.
A percepo de muitos gestores que esto inseridos em organizaes que a
implantao de uma tecnologia ou um conjunto de tecnologias, que tem como
finalidade dinamizar os processos, atividades e tarefas organizacionais, suficiente
para se realizar a gesto da informao (GI). importante ressalvar que, muitos
outros elementos so fundamentais para se implementar a gesto da informao
como, por exemplo, a cultura organizacional e a cultura informacional, a
comunicao organizacional/comunicao informacional, a estrutura (formal e
informal), a racionalizao (fluxos e processos), as redes de relacionamentos, entre
outros (VALENTIM, 2007).
Nessa perspectiva, as organizaes devem usufruir ao mximo os processos1
(os mesmos sero descritos no Captulo2) que envolvem a GI, fazendo o uso correto
das informaes provenientes do ambiente interno e externo, visando o
desenvolvimento organizacional. Dessa maneira, fundamental a adoo de um
processo que auxilie no melhor aproveitamento das informaes e conhecimentos
gerados no ambiente interno e externo por parte da organizao, auxiliando os
processos de tomada de deciso, obtendo mais produtividade e, consequentemente,
mais competividade, cuja denominao inteligncia competitiva (IC)
(CAVALCANTE; VALENTIM, 2008).
O processo de inteligncia competitiva investiga o ambiente externo organizao, bem como diagnostica o ambiente interno organizacional, com o propsito de descobrir oportunidades e reduzir riscos, visando o estabelecimento de estratgias de ao de curto e mdio prazo (VALENTIM et al., 2003, p.2).
O processo de IC proporciona a rpida e precisa tomada de deciso, fator
decisivo para agir sobre ameaas e oportunidades que surjam no cenrio em que
atuam. Segundo Silva e Marodin (2008, p.1), a IC
[...] um processo contnuo de monitoramento do ambiente competitivo de modo a identificar e de agir sobre as oportunidades ou de evitar as ameaas. a inteligncia, no a informao, que possibilita a um empresrio rapidamente responder a uma oportunidade ou superar uma barreira de mercado.
1 Processo de gesto da informao: Todo ato que realiza uma operao que possui como objeto central a informao relacionada com a ao de gerir tal componente.
-
15
Nessa perspectiva, a presente dissertao foi elaborada com a finalidade de
desenvolver um modelo de gesto da informao, no contexto da inteligncia
competitiva, para organizaes esportivas, mais precisamente os clubes de futebol.
A escolha do futebol como esporte para o desenvolvimento da pesquisa est
alicerada em trs aspectos: cultural, econmico e situacional.
Costa (1995) afirma que o futebol, tal qual a mulher, sinnimo de paixo.
Uma paixo que, para o brasileiro comum, no pode ser explicada verbalmente: ela
sentida, est no universo das coisas relacionadas ao esprito com maior
importncia. No Brasil o futebol uma das principais fontes de identidade da nao.
Os aspectos culturais, econmicos e situacionais esto intimamente ligados.
Destaca-se, tambm, que o Brasil ser o pas sede da Copa do Mundo de 2014,
dessa forma o pas atrair as atenes dos apaixonados por esse esporte. O evento
com abrangncia mundial expor o pas e, consequentemente, os clubes de futebol
brasileiros.
O futebol mundial movimenta cerca de 250 bilhes de dlares anuais, no
entanto no Brasil este valor refere-se a apenas 3,2 bilhes, sendo que a maior fatia
desse valor est vinculada aos clubes de futebol, fator que demonstra o importante
papel dessas instituies para a economia brasileira. Dessa maneira, a pesquisa
visa chamar ateno dessas instituies quanto importncia da gesto eficiente da
informao, uma vez que atuam em um ambiente altamente competitivo como o
caso do futebol.
Como problemtica da pesquisa parte-se do pressuposto que a Cincia da
Informao enquanto campo terico e prtico importante para as organizaes
competitivas contemporneas como, por exemplo, a organizao esportiva, mais
especificamente os clubes de futebol, questiona-se se esse tipo de organizao
aplica a gesto da informao e a inteligncia competitiva organizacional. Os clubes
de futebol intentam obter intligncia quando buscam melhores prticas de gesto da
informao? Qual o intuito de uma organizao esportiva aplicar o processo de
inteligncia competitiva? Os clubes de futebol de fato sabem utilizar as informaes
de forma estratgica? Quais so os aspectos culturais que influenciam a gesto da
informao nos clubes de futebol?
Nesse sentido, deve-se assumir como hipteses para a presente pesquisa
que, em primeiro lugar, a Cincia da Informao uma rea que apesar de no
possuir mais do que algumas dcadas de existncia, rene conhecimentos tericos
-
16
e prticos fundamentais para as organizaes contemporneas, principalmente para
aquelas que necessitam ser competitivas. Nessa perspectiva, a CI supre e influencia
a gesto da informao, cujo cerne reside em gerir a informao e auxiliar a
transform-la em conhecimento. A gesto da informao aplicada em diferentes
processos organizacionais, entre eles o processo decisrio, cujas decises podem
minimizar riscos, prever oportunidades, entre outros aspectos da vida
organizacional.
O processo de IC trata o ambiente interno e prospecta e monitora o ambiente
externo, e como consequncia da aplicao desse processo os clubes de futebol
podem obter vantagem competitiva frente aos adversrios, conseguindo assim
melhores negociaes para a captao de talentos, a identificao de possveis
oportunidades no mbito do marketing esportivo, a tomada de deciso baseada em
informaes de vrios mbitos e, portanto, mais assertiva, entre outros resultados
que podem ser conquistados ou potencializados com a aplicao do processo de IC.
Nesse sentido, a gesto da informao visa tratar transformar, acrescentar,
modificar, analisar, distribuir, sintetizar, entre outros , informao em todas as suas
dimenses, de forma que seja insumo para o processo de inteligncia competitiva.
Evidencia-se que h necessidade de pesquisar e difundir a funcionalidade da
gesto da informao, bem como do processo de IC em meios competitivos como os
de clubes de futebol. Dessa forma, importante compreender se a GI e o processo
de IC so aplicados ou no, se esto explcitos ou no nas estratgias e prticas
dessas organizaes. Elementos como a aceitao e o uso de tecnologias de
informao e comunicao (TIC) e o desenvolvimento de comportamentos
informacionais adequados so importantes para compreender o papel da gesto da
informao. Do mesmo modo, importante compreender quais so as principais
variveis e componentes do ambiente externo, sua importncia, suas relaes, seus
impactos e influncias nos clubes de futebol.
Parte-se do pressuposto que provvel existir em tais organizaes a
presena da gesto da informao ainda que informal, o mesmo pode se dizer sobre
a presena do processo de inteligncia competitiva, pois os clubes sempre esto
prospectando e monitorando as informaes externas, ou seja, informaes sobre
jogadores, clubes adversrios, torcedores etc., para realizarem aes em diferentes
mbitos, bem como as informaes internas que, conforme mencionado
anteriormente, so de fundamental importncia para a GI e a IC.
-
17
Outra questo relevante diz respeito s aes realizadas com as informaes
propriamente ditas, isto , muito provavelmente as informaes so acessadas e
utilizadas, visando subsidiar uma atividade, tarefa ou deciso, contudo, de que forma
foram acessadas, aps o uso como foram armazenadas e, por ltimo, como sero
recuperadas para novo uso? Pressupe-se que os clubes de futebol sem a
aplicao da GI e da IC, provavelmente esto perdendo importantes indicadores e
histricos, resultando na perda de competitividade, pois alinhando informaes
existentes com informaes atuais mais fcil planejar e prever o que poder
ocorrer no futuro.
A aplicao da inteligncia competitiva nesse tipo de organizao to
importante quanto em outros segmentos, isto , os princpios norteadores da IC
podem ser aplicados com a finalidade de reduzir riscos e a descoberta de
oportunidades com o intuito de se estabelecer estratgias de curto, mdio e longo
prazo. As informaes prospectadas podem ser utilizadas para a tomada de deciso
estratgica, entretanto, existem vrios outros processos organizacionais que os
clubes no percebem a importncia de utilizarem a informao como um elemento
estratgico organizacional.
Ressalta-se que os clubes de futebol esto inseridos em uma cultura muito
complexa, pois perpassam diferentes segmentos da sociedade. Os aspectos
culturais envolvidos so formados principalmente por seus colaboradores, gestores,
torcedores e, ainda, o ambiente externo composto por adversrios e estrutura
futebolstica. Nesse sentido, torna-se extremamente importante entender qual a
interferncia que os mesmos provocam no ambiente organizacional. Evidencia-se
tambm que, cada uma das variveis mencionadas anteriormente, influencia a
organizao esportiva de futebol e, portanto, a pesquisa poder obter informaes
em relao aos aspectos culturais que a influencia.
Justifica-se a importncia da pesquisa, primeiramente destacando a pequena
quantidade de pesquisas no mbito da Cincia da Informao aplicada s
organizaes esportivas (clubes de futebol). Vrios aspectos foram levados em
considerao para a escolha de organizaes esportivas de futebol como universo
de pesquisa, dentre eles, o volume de capital2 que gira em torno desse esporte,
incluindo agentes diretos como os prprios clubes e federaes, e agentes indiretos
2 Relatrio final do Plano de Modernizao do Futebol Brasileiro (2000), elaborado pela Fundao Getlio Vargas (FGV).
-
18
como a indstria de equipamentos esportivos, relacionados a sade e a mdia,
demonstrando que o futebol mundial movimenta, em mdia, cerca de 250 bilhes de
dlares anuais, entretanto, no Brasil esse valor no chega a 1% e, mesmo com o
baixo aproveitamento dos clubes, o esporte gera em torno de 300 mil empregos,
diretos e indiretos (DA SILVA; LEONCINI, 2005).
A cidade de Marlia, no estado de So Paulo, conta com um clube de futebol
profissional, o Marlia Atltico Clube (MAC), que disputa atualmente a Srie C,
tambm denominada de Terceira Diviso do futebol nacional, e a Srie B conhecida
como Segunda Diviso do campeonato estadual e, assim, dissemina o nome da
cidade de Marlia, bem como de seus patrocinadores para todo Brasil, fazendo com
que a cidade ganhe notoriedade e visibilidade em mbito nacional por meio do
esporte, neste caso o futebol.
A visibilidade do Clube faz com que a economia da cidade se movimente, um
pequeno exemplo dessa movimentao, quando times considerados grandes
enfrentam o MAC na cidade, uma vez que o jogo faz com que a torcida da regio,
tanto os torcedores do Clube quanto os torcedores de clubes rivais venham para
Marlia assistir ao jogo e, como consequncia, gastem dinheiro no comrcio e
servios da cidade.
Alm do MAC, existem clubes de futebol profissionais nas regies prximas a
Marlia, como o Noroeste (Bauru), o Linense (Lins), o Mirassol (Mirassol), o Monte
Azul Paulista (Monte Azul Paulista), o Botafogo (Ribeiro Preto) e o Sertzinho
(Sertzinho) que fazem parte da elite do futebol ou esto na Segunda Diviso do
futebol estadual, porm apenas o MAC e o Noroeste de Bauru disputam alguma
diviso do campeonato nacional. Existem tambm, vrios outros clubes que esto
nas divises inferiores do campeonato paulista, como o Tup (Tup), o Comercial
(Ribeiro Preto), o Gara (Gara), entre outros. Outro fator de relevncia a
representatividade do esporte no pas, uma vez que considerado paixo nacional,
conforme j mencionado anteriormente.
Evidencia-se que o MAC, assim como os outros clubes de futebol, tem
conscincia do valor de duas dimenses: a afetiva e a econmica. Nessa
perspectiva, necessrio incentivar propostas que permitam melhorar seu
desempenho, enquanto clube e enquanto organizao. Por isso, torna-se essencial
propor um estudo no MAC, que identifique como aplicada a gesto da informao
e a inteligncia competitiva, com o objetivo de propor melhorias, adequaes e
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intervenes sobre a produo, acesso, uso e reuso da informao, envolvendo
tanto o ambiente interno quanto externo, pois com a aplicao do processo de
inteligncia competitiva possvel uma melhor prospeco e monitoramento das
informaes no cenrio externo organizao.
A partir da anlise dos aspectos at aqui mencionados, evidenciar os
gestores e diretores do Clube sobre a importncia da gesto da informao e da
inteligncia competitiva, para a obteno de vantagens operacionais, tticas e
estratgicas resultantes de sua aplicao, tanto no mbito interno quanto no mbito
externo. Demonstrar que por meio da aplicao da GI e da IC o Clube ser mais
independente e estar mais bem preparado para eventuais mudanas, tanto no
cenrio interno quanto externo ao Clube.
Encontram-se ausentes da literatura de Cincia da Informao estudos que
demostrem como esse tipo de organizao realiza a gesto da informao e o
processo de inteligncia competitiva, tornando assim uma contribuio relevante
para as discusses da rea, no que tange a essas temticas. A pesquisa dotada
de forma explcita de um das caractersticas da Cincia da Informao, a
interdisciplinaridade, pois tratar de trs disciplinas: a Cincia da Informao, a
Administrao e a Cincia do Esporte.
A pesquisa visa, por meio da disciplina da Cincia da Informao, debater
sobre as questes que envolvem a informao, as fontes de informao, os fluxos
de informao e os fenmenos informacionais existentes nesse tipo de organizao,
pois os clubes de futebol vm de uma cultura em que as atividades informacionais
muitas vezes so ignoradas, resultando em tomada de deciso errnea ou equvoca,
cujos resultados prejudicam a prpria organizao. Alm disso, pretende-se debater
os aspectos culturais desse tipo de organizao, e como esses aspectos interferem
na gesto da informao e na aplicao do processo de inteligncia competitiva.
A disciplina de Administrao contribuir para uma melhor compreenso dos
processos administrativos (estrutura, ambiente, nveis) em que essas informaes
circulam; os aspectos relacionados ao processo decisrio; as regras do negcio; e
outros processos oriundos da Administrao.
A Cincia do Esporte contribuir em relao aos aspectos do esporte em si, a
histria, a evoluo, o mundo do futebol, a estrutura do futebol etc. A pesquisa de
campo foi realizada nesse tipo de ambiente e, assim, foi possvel analisar as
informaes, as fontes e os fenmenos inerentes a um clube de futebol. Pretende-se
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analisar os ambientes e fluxos informacionais desde o mbito tcnico, oriundos de
treinamentos e partidas, o mbito fisiolgico, de desempenho dos atletas, at o
mbito financeiro e de investimento.
Dessa forma, a pesquisa poder a partir das trs disciplinas mencionadas
anteriormente, compreender a importncia da informao para organizaes
esportivas. Ressalta-se que a Cincia da Informao obter dados e informaes de
um cenrio pouco explorado, mas muito rico no que tange aos fenmenos
informacionais, tendo a oportunidade de mostrar a importncia da referida Disciplina
no mundo esportivo, mais precisamente no escopo dos clubes de futebol. A Cincia
da Informao demonstrar a importncia da informao para as organizaes
esportivas que buscam a profissionalizao, tornando-os verdadeiras empresas, a
exemplo do que pode ser visto nos clubes europeus. A pesquisa pretende
acrescentar esta experincia em um cenrio com pequena ou nenhuma bibliografia
no mbito da Cincia da Informao.
Tambm importante ressaltar a importncia desta pesquisa para a Linha de
Pesquisa 'Gesto, Mediao e Uso da informao', do Programa de ps Graduao
em Cincia da Informao da Unesp/Marlia-SP, que por meio desta pesquisa
contribuiu para novas discusses e aprofundamento terico e prtico ainda pouco
explorado. Com a adoo desse universo de pesquisa foi possvel conhecer a
cultura informacional, os ambientes e fluxos informacionais, as fontes de informao
e os tipos de informao, em que o Clube em questo est inserido. A Linha de
Pesquisa ter a oportunidade de demostrar a importncia da informao como
recurso estratgico para esse tipo de organizao. Dessa forma, poder contribuir e
alertar a sociedade esportiva, mais especificamente os clubes de futebol, sobre a
importncia e o retorno que a aplicao da GI e da IC pode propiciar aos processos
organizacionais.
Sendo assim, a Cincia da Informao e em especial a Linha de Pesquisa
'Gesto, Mediao e Uso da Informao' contribuiro para a evoluo e
profissionalismo do futebol e, consequentemente, dos clubes de futebol, reforando
o uso da informao como recurso estratgico. Contribuindo tambm para a quebra
de paradigma e de aspectos culturais que tanto atrapalham a
evoluo/profissionalismo dessas organizaes e, como consequncia, obter maior
reconhecimento por parte desse tipo de organizao.
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Como objetivo geral a pesquisa visou propor aes para a gesto da
informao no Marlia Atltico Clube, mais especificamente voltados subsidiar o
processo de IC. Como objetivos especficos pretendeu-se: a) identificar, caracterizar
e analisar a estrutura, fluxos de informao, fontes de informaes e os tipos de
informaes do MAC; b) verificar e analisar a existncia da gesto da informao e
do processo de inteligncia competitiva e como a influencia a cultura informacional
do MAC; c) elaborar aes para a gesto da informao aplicada ao processo de
inteligncia competitiva no mbito do MAC.
A dissertao foi distribuda em captulos que buscam demonstrar de forma
coerente os temas objeto desta pesquisa. Dessa forma, o presente captulo
introdutrio descreve o tema de pesquisa e algumas compreenses bsicas sobre
informao, gesto da informao e inteligncia competitiva.
No Captulo 2 aborda-se de maneira conceitual, sob o ponto de vista dos
autores da rea de Cincia da Informao, a informao e sua insero na
perspectiva da gesto com enfoque na aplicao desta como vantagem competitiva
no contexto das organizaes. Alm disso, apresenta-se a conceituao de gesto
da informao e inteligncia competitiva, bem como as relaes entre ambas.
Sendo o Captulo 3 responsvel por conceituar informao esportiva, bem
como suas tipologias e usurios. Associa-se informao esportiva e a
desinformao, bem como sua aplicao como vantagem competitiva em
organizaes esportivas. Por fim, realizada uma contextualizao da informao
esportivas em clubes de futebol.
No Captulo 4 contextualiza-se o histrico dos clubes de futebol no Brasil.
Apresenta-se a histria dos clubes desde a fundao dos primeiros clubes, o
amadorismo do esporte, sua profissionalizao e a consolidao do futebol como um
esporte de massas. Destaca-se a compreenso dos clubes de futebol como negcio,
e os vrios modelos de gesto que fazem parte da realidade dos clubes de futebol.
As informaes do Marlia Atltico Clube so apresentadas no Captulo 5, a
histria e a evoluo do Clube enquanto agremiao esportiva. Apresenta-se
tambm a estrutura organizacional, bem como a forma que Clube gerido.
O Captulo 6 apresenta os procedimentos metodolgicos, o tipo de pesquisa,
o mtodo e as tcnicas de coleta e anlise de dados. Para tanto, escolheu-se o
mtodo Estudo de Caso, cuja tcnica aplicada a triangulao. Delimitou-se o
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universo de pesquisa, bem como os instrumentos de coleta de dados necessrios
para a realizao da pesquisa de campo.
Encontra-se no Captulo 7 a anlise e apresentao dos resultados da
pesquisa realizada no Marlia Atltico Clube, cujos sujeitos de pesquisa
compreenderam desde os atletas at os diretores executivos do MAC.
O Captulo 8 apresenta as consideraes finais da referida pesquisa.
Encontra-se no Apndice A, o roteiro de observao, enquanto que nos
Apndices B, C, D, E e F encontram-se os questionrios fechados e a entrevista
estruturada aplicados aos sujeitos de pesquisa do MAC.
No Apndice G possvel visualizar o contexto histrico do futebol, por meio
de suas pocas, alm da evoluo desse esporte. Apresenta tambm a importncia
desse esporte como fator social e econmico no que tange a sociedade.
No Apndice H, encontra-se os documentos gerados pelo Grupo de Pesquisa
Informao, Conhecimento e Inteligncia Organizacional para o MAC no
Campeonato Paulista da Terceira Diviso. Os documentos contm informaes dos
adversrios que foram utilizados pela Comisso Tcnica durante o Campeonato de
2012.
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CAPTULO 2 INFORMAO E INTELIGNCIA COMPETITIVA
Definir o que informao no uma tarefa fcil, pois no existe um conceito
universal sobre informao; o que existe, a bem do rigor, so diferentes definies
que, por sua vez, so relacionadas aos campos de conhecimento que se relacionam
de alguma forma com a informao, conforme explica Saracevic (1999, p.6, traduo
nossa):
Informao tem variadas conotaes em diferentes campos. Por exemplo, no ponto de vista da Fsica e da Biologia, altos esforos ambiciosos (e at sem sucesso) tm sido feitos para explorar a informao como uma propriedade bsica do universo (STONIER,1997). Na Psicologia, a informao usada, de vez em quando, como um comportamento varivel da percepo sensorial, compreenso, ou outros processos psicolgicos. Essas noes de informao so distintas dos da Cincia da Informao.
O mesmo ocorre com as correntes existentes no mbito da Cincia da
Informao (CI), uma vez que h distintos vieses quanto ao entendimento do que
seja informao. Para compreender a informao, necessrio tambm
compreender o campo cientfico que a est conceituando.
Nessa perspectiva, Borko (1968, traduo nossa) definiu a Cincia da
Informao como [...] uma cincia interdisciplinar, que estuda as propriedades e o
comportamento da informao, as foras que dirigem o fluxo e o uso da informao
e as tcnicas, tanto manuais quanto mecnicas, de processar a informao visando
sua armazenagem, recuperao e disseminao.
Complementando a ideia de Borko (1968), Gmez (2000) afirma que:
A cincia da informao surge no horizonte de transformaes das sociedades contemporneas que passaram a considerar o conhecimento, a comunicao, os sistemas de significado e os usos da linguagem como objetos de pesquisa cientfica e domnios de interveno tecnolgica. Poderamos dizer que ao mesmo tempo em que entravam em crise alguns dos pressupostos epistemolgicos que legitimavam a imagem da cincia moderna, comeava a se formar esse novo campo cientfico que assumiria uma parte importante do meta-discurso ocidental sobre as cincias, o qual seria construdo agora a partir de resultados formalizados da produo de conhecimentos e conforme metodologias observacionais e quantitativas. A cincia da informao constituir-se-ia assim, ao mesmo tempo, como uma nova demanda de cientificidade e como um sintoma das mudanas em curso que afetariam a produo e direo do conhecimento em ocidente.
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Saracevic (1999, p.3) corrobora a ideia de Borko (1968) e Gmez (2000), e
explica o surgimento da CI aps a Segunda Guerra Mundial vinculada ao surgimento
da Cincia da Computao. O autor ainda destaca como uma manifestao mais
visvel, a exploso informacional, atribuindo o surgimento desse fenmeno ao
crescimento exponencial e contnuo das publicaes cientficas e das tcnicas e
registros informacionais de diferentes tipos. Barreto (2006, p.11) atribui trs perodos
para a Cincia da Informao:
Tempo de gerencia da informao, que vai de 1945 a 1980;
Tempo da relao entre a informao e o conhecimento, no perodo de
1980 a 1995;
Tempo do conhecimento interativo, de 1995 at os dias atuais.
Saracevic (1999) evidencia a estruturao do campo em vrias reas ou
subdisciplinas de pesquisa e/ou prtica. Nesse sentido, Arajo (2009) delimita
algumas correntes tericas contidas no mbito da CI, e de que forma cada corrente
compreende a informao (Quadro 1):
Quadro 1: Correntes tericas da Cincia da Informao Arajo.
Correntes Contexto Terico
Teoria Matemtica, Recuperao da Informao e Bibliometria
Apoiam-se na lgica, manifestada nas Cincias Exatas (Matemtica e a Fsica). Contextualizam a informao no processo de transmisso e recuperao da informao, considerando-a objeto responsvel pela eficcia no processo de comunicao.
Teoria Sistmica Busca se apoiar nos princpios da Biologia. Utiliza-se do conceito orgnico, compreendendo conceitos como totalidade, como objetos que compem essa totalidade, bem como suas caractersticas e processos de transformao, dotando da integrao nesses processos. A Teoria busca compreender o papel da informao na sociedade para ento promover servios informacionais para tal sociedade. A corrente atua tambm como importante suporte para a rea de sistemas de informao, juntamente com a teoria responsvel por recuperar e transmitir a informao.
Teoria Crtica da Informao
Fundamenta-se nas teorias crticas oriundas principalmente da Histria e da Filosofia. A informao passa a ser entendida como um recurso fundamental para a condio humana no mundo. Enfatiza o conflito, a desigualdade e o embate de interesses em torno da informao.
Teorias da Representao e da Classificao
Consideradas como ncleo duro da rea de Cincia da Informao, essas teorias esto relacionadas com a Biblioteconomia. A informao reporta-se ideia de representao da possibilidade de melhorar os processos representacionais, construindo linguagens melhores, notaes mais mnemnicas, classes mais consistentes, terminologias menos ambguas, til para o processo de recuperar informao.
Produo e Comunicao Cientfica
Tem origem da necessidade de atender questes como: velocidade, qualidade e exatido da informao. Esta Teoria considera a informao como meio, pois os processos, fontes e fluxos podem alterar o resultado da informao. Assume a importncia da informao como recurso produtivo e estratgico nas organizaes, sendo ela insumo para o conhecimento, bem como a gesto destes recursos (informao
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e conhecimento).
Estudos de Usurios
Enfoca a percepo dos usurios quanto informao. Essa percepo centrada no indivduo que, uma vez a percebendo, utiliza-se dela. Estudos voltados cognio humana e comportamento do indivduo so os focos desse modelo.
Fonte Adaptada: Arajo - 2009.
Assumindo a presente dificuldade no que toca definio e escopo da
informao para o presente estudo, ela compreendida sob a viso da Cincia da
Informao no contexto das correntes que enfocam a gesto da informao e a
inteligncia competitiva. Ressalta-se que, mesmo estabelecendo esta delimitao,
h divergncias sobre os conceitos da informao; mas, h uma maior uniformidade
na delimitao desses enfoques.
2.1 Informao no Contexto da Gesto
Segundo Valentim (2008, p.18), a informao [...] ao mesmo tempo, objeto
e fenmeno, visto que pode ser destacada e analisada por si mesma e, tambm,
pode ser parte de um processo.
Ao conceituar informao, torna-se necessrio realizar delimitaes entre
outros dois componentes que, se relacionam, interagem e sofrem transformaes na
relao com a informao: dado e conhecimento. Davenport e Prusak (1998a),
Valentim (2002) e Prez-Montoro (2004) conceituaram dado, informao e
conhecimento luz da gesto da informao.
Os autores definem dados como simples observaes sobre o estado do
mundo, ou seja, so dados registrados com o auxlio de algum suporte; na maioria
das vezes, com o auxlio de tecnologias. No que tange a informao definida
como dotada de relevncia e propsito; em outras palavras, pode-se afirmar que so
os dados compreendidos (atribuio de significado) e contextualizados por um
indivduo. Os mesmos autores consideram conhecimento algo que reside na mente
humana, construdo na relao do indivduo com o mundo. Davenport e Prusak
(1998a) sistematizam esses conceitos conforme se observa no Quadro 2.
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Quadro 2: Dados, informao e conhecimento. Dados Informao Conhecimento
Simples observaes sobre o estado do mundo
Dados dotados de relevncia e propsito
Informaes valiosas da mente humana.
Inclui reflexo, sntese, contexto
Facilmente estruturado; Facilmente obtido por
mquinas;
Frequentemente quantificado;
Facilmente transfervel.
Requer unidade de anlise; Exige consenso em relao
ao significado;
Exige necessariamente a mediao humana.
De difcil estruturao; Difcil capturar em
mquinas;
Frequentemente tcito; De difcil transferncia.
Fonte Adaptada: Davenport e Prusak 1998a - p.18.
De Sordi (2008) complementa Davenport e Prusak (1998a) ao evidenciar os
atributos de qualidade da informao e os associa s atividades do processo de
gesto do conhecimento (Quadro 3).
Quadro 3: Associao entre atributos de qualidade da informao com as atividades
do processo de gesto do conhecimento.
Atributos de Qualidade da Informao precedido pelo nome da dimenso
Atividades do Processo de Gesto do Conhecimento
Iden
tifi
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Map
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Ob
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Ad
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Descart
ar/
Ab
ste
r-se
Acurcia nvel de acurcia C
Acurcia mtodo para determinao nvel da acurcia C Atualidade data de gerao da informao C Atualidade horrio de gerao da informao C Atualidade intervalo de tempo entre gerao da informao
C
Disponibilidade meio de acesso a informao C Disponibilidade horrio de disponibilizao da informao C Disponibilidade tempo decorrido entre a solicitao e o acesso
C
Disponibilidade indexao da informao C Confidencialidade publico alvo C I Confidencialidade predilees informacionais do pblico-alvo
C
Existncia localizao do algoritmo gerao da informao
C I
Existncia localizao do armazenamento do contedo C I Abrangncia vetores da informao (abrangncia horizontal)
C
Integridade nvel de integridade da informao C Ineditismo disponibilidade de informao idntica/similares
C
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Contextualizao caracterizao da informao C Preciso nvel de preciso da informao (abrangncia vertical)
C
Confiabilidade credibilidade da fonte C Confiabilidade credibilidade de contedo C Originalidade originalidade da informao C Agregao de valor valor potencial da informao C Agregao de valor valor entregue pela informao C I Identidade nome C
Identidade sinnimos C Identidade autoria C I Audincia frequncia de acesso C I I Audincia durao de tempo de acesso C I I
Legenda: C= atividade que cria/designa valor ao atributo. I= insumo muito importante atividade do processo.
Fonte: De Sordi 2008 p.127.
Observa-se que De Sordi (2008) ao sistematizar os atributos da informao,
relaciona-os ao processo de transformao da informao em conhecimento, e
define-os em dois grandes grupos: s atividades que criam e designam valor ao
atributo, representados pela letra C, e os que designam insumos muito importantes
atividade do processo de criao de conhecimento, representados pela letra I.
Nessa mesma perspectiva, Ponjun Dante (2004, p.21, traduo nossa)
ressalta que a informao depende de dados que, podem se transformar em
informao ao receberem significado, a partir de distintos processos de agregao
de valor e de um determinado contexto. MacGarry (1999) define informao a partir
de atributos similares aos mencionados por Davenport e Prusak (1998a), Valentim
(2002) e Prez-Montoro (2004). Segundo ele, informao
considerada um quase sinnimo do termo fato; um reforo do que j se conhece; a liberdade de escolha ao selecionar uma mensagem; a matria-prima da qual se extrai o conhecimento; aquilo que permutado com o mundo exterior e no apenas
recebido passivamente;
definida em termos de seus efeitos no receptor; algo que reduz a incerteza em determinada situao
(MACGARRY, 1999, p.4).
Evidencia-se a importncia do sujeito no processo de transformao de dados
em informao e da informao em conhecimento. Ratificando essa ideia, Almeida
Jnior (2008) conceitua informao como algo subjetivo, intangvel e dependente
do usurio. Saracevic (1999, p.7, traduo nossa) afirma que a informao envolve
diretamente o processo cognitivo. Isso resulta da interao de duas estruturas
cognitivas, a mente e o texto. Esta afirmao de Saracevic (1999) vai de encontro
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ideia de Morin (1999) no que tange concepo e interao da informao no
processo de construo de conhecimento. Nessa medida, evidente a percepo
da informao como propulsora do conhecimento. Se para Saracevic (1999) a
informao o texto, por outro lado Morin (1999) atribui informao o status de
smbolos. Hessen (2000, p.21) define a construo do conhecimento como [...] uma
determinao do sujeito pelo objeto.
Nesse contexto, a informao possui o papel de intermediadora no processo
de construo do conhecimento. Almeida Jnior (2009) destaca que a informao
um componente que nasce da intermediao entre o sujeito e os dados, sendo
utilizada temporariamente no processo de construo de conhecimento.
A informao existe apenas no intervalo entre o contato da pessoa com o suporte e a apropriao da informao. Como premissa, entendemos a informao a partir da modificao, da mudana, da reorganizao, da reestruturao, enfim, da transformao do conhecimento (ALMEIDA JNIOR, 2009, p.97).
Ilharco (2003, p.48) evidencia a informao sob o ponto de vista interpretativo
e destaca a participao do sujeito na transio de os dados para a informao,
ressaltando que:
[...] a informao o prprio significado; ela o significado para o sujeito que experimenta a aco de ser/estar/ficar informado. Nesta perspectiva a informao um fenmeno interpretativo, depende do sujeito, assente na experincia de determinado individuo e na historicidade, pressupostos, contextos e envolvimentos no mbito dos quais e com os quais esse indivduo se informa ou informado.
Ao se observar a relao entre dados, informao e conhecimento, possvel
inferir que essa relao cclica. Nesse processo, o sujeito se relaciona inicialmente
com dados em um determinado contexto, a partir da prpria percepo e
compreenso o sujeito adiciona significado e os contextualiza, fato que resulta na
transformao dos dados em informao. O sujeito, ao se apropriar da informao
por meio do processo cognitivo, inicia a construo de conhecimento em sua mente.
Ao externalizar e registrar o conhecimento construdo em algum tipo de suporte,
transforma o conhecimento em dados novamente, estes por sua vez estaro
latentes para serem interpretados e contextualizados por outro sujeito, e podero
gerar novos conhecimentos (Figura 1).
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Figura 1: Relao cclica entre dados, informao e conhecimento.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Ao se considerar a informao componente intermediador para a construo
de conhecimento, observa-se a relao de dependncia entre o indivduo e a
informao, sendo a informao propulsora de mudanas na sociedade. A
informao insumo primrio e est atrelada comunicao.
Em outras palavras, esse mesmo processo destacado por Morin (1999) ao
definir o processo de gerao de conhecimento; este autor evidencia o
conhecimento como:
Traduo em signos/smbolos e em sistemas de signos/smbolos (depois, com o desenvolvimento cerebrais, em representaes, ideias e teorias);
Construo, ou seja, traduo construtora a partir de princpios/regras (programadas) que permitem construir sistemas cognitivos articulando informaes/signos/smbolos;
Soluo de problemas, a comear pelo problema cognitivo da adequao da construo tradutora realidade que se trata de conhecer (MORIN, 1999, p.58).
Com o advento das TIC houve uma verdadeira revoluo informacional, cujas
transformaes ocorrem a uma velocidade significativa, ou seja, a quase a todo
instante, entendimento que no corrobora a afirmao de Gould (apud Castells,
2003, p.67), segundo a qual:
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[...] o conceito de que toda mudana deve ser suave, lenta e firme, nunca foi lido nas rochas. Representava uma tendncia cultural comum, em parte uma resposta do liberalismo do sculo XIX a um mundo em evoluo. Porm, ele continua a colorir a nossa leitura supostamente objetiva da histria da vida [...] A histria da vida, como a vejo, uma srie de situaes estveis, pontuadas em intervalos raros por eventos importantes que ocorrem com grande rapidez e ajudam estabelecer a prxima era estvel.
Com o advento da Internet, a forma de se comunicar atingiu no somente a
tecnologia, mas tambm o acesso informao. A Internet possibilitou acesso e
compartilhamento de informaes de forma rpida, gerando assim um processo de
virtualizao do mundo real para o no real, ou seja, o mundo virtual.
Foucault (2008, p.58) cita instrumentos que visam dar uma maior
escalabilidade, isto , [...] utiliza intermedirios instrumentais que modificam a
escala da informao, deslocam o sujeito em relao ao nvel perceptivo mdio ou
imediato, asseguram sua passagem de um nvel superficial a um nvel profundo. Ao
mencionar os instrumentos, Foucault (2008) evidencia o aumento de escala
provocada nas informaes impulsionadas pelo uso de ferramentas tecnolgicas,
sendo estas responsveis por proporcionar efincia no processo de disseminao
da informao.
Castells (2003) destaca a caracterizao da revoluo a qual atravessamos,
sendo que a mesma no consiste na centralidade do conhecimento e da informao,
mas sim na aplicao desse conhecimento e informao para a gerao de
conhecimentos e dispositivos de processamento e comunicao da informao.
Indo ao encontro ideia de Castells (2003), Baudrillard (1992) enfatiza a
aplicao do conhecimento usando o verbo fazer, A comunicao no o falar, o
fazer-falar. A informao no o saber, o fazer-saber (BAUDRILLARD, 1992,
p.53). Ainda segundo este autor O verbo fazer indica que se trata de uma
operao, no de uma ao, demonstrando que essa operao o mesmo que a
aplicao do conhecimento mencionada por Castells (2003). Sendo assim, constata-
se que a ao de transformao da informao em conhecimento perpassa pelo
processo de comunicao.
Mattelart (2002) complementa esta ideia e inclui os componentes, valor e
velocidade do processo comunicacional s ideias de Baudrillard (1992) e de Castells
(2003). Sendo esse processo responsvel pela disseminao da informao e sua
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transformao em conhecimento, bem como o impacto que provoca na sociedade,
pois segundo ele
Cada avano nas tecnologias de alta velocidade de expresso e transmisso destri elemento da comunidade humana. A desigualdade na velocidade das comunicaes conduz constituio de monoplio de informao outro conceito central que so ao mesmo tempo o instrumento e resultado da dominao poltica (MATTELART, 2002, p.74).
A velocidade do processo comunicacional ressaltada por Mattelart (2002,
p.173) como sendo um fator competitivo entre pessoas e naes, tornando-se um
diferencial.
A chamada revoluo da informao contempornea faz de todos habitantes do planeta candidatos a mais uma verso da modernizao. O mundo distribudo entre lentos e rpidos. A rapidez se torna argumento de autoridade que funda um mundo sem lei [...].
A atribuio desses elementos sociedade foi feita por Bell no final da
Dcada de 70, porquanto cunhou a expresso Sociedade da Informao: [...]
uma sociedade de informao e cada organizao uma organizao de
informao, assim como cada organismo um organismo de informao. A
informao necessria para organizar e fazer tudo [...] (BELL, 1979, p.168 apud
MATTELART, 2002, p.85).
Mattelart (2002, p.172) vincula a comunicao ilimitada com o progresso
desenfreado e sem limites, A comunicao sem fim e sem limites institui-se como
herdeira do progresso sem fim e sem limites, isto , a transformao da tecnologia
impe sociedade a mudana e vice-versa. Pinho (2008, p.2) afirma que existe uma
mtua transformao devido interao e dependncia entre a sociedade e as TIC.
Podemos afirmar, ento, que somos afetados pela tecnologia que se encontra nossa volta. Uma relao recproca se estabelece; medida que sofremos a ao da tecnologia com a qual interagimos, tambm transformamos, atravs da interpretao que dela fazemos, com os usos que privilegiamos, com a maneira como desenvolvemos nossos projetos tecnolgicos, com os desvios que somos capazes de realizar. Essa interao contnua no deixa espao para limites ou essncias prprias do humano e da tcnica, da natureza ou da cultura. Essas trocas indicam interdependncias que nega a existncia de domnios puros e estanques.
Analisando todos os processos, sejam eles tecnolgicos ou comunicacionais,
evidencia-se a presena da informao como principal insumo destes. A informao
o componente intermediador no escopo dos processos, tendo como objetivo a
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gerao do conhecimento. Dessa forma, a informao passa a ter um peso
econmico no mbito da sociedade. Valentim (2002) destaca a importncia da
informao para a sociedade, no que tange ao processo de gerao de
conhecimento sob o olhar econmico.
A sociedade da informao traz paradigmas da economia, como produtividade e qualidade, cria novos caminhos para o desenvolvimento e exige uma nova postura diante das mudanas sociais. Gerar, obter e aplicar conhecimento passa a ser item bsico para enfrentar essas mudanas (VALENTIM, 2002, p.1).
A Sociedade da Informao consiste na economia fundamentada pela
informao e comunicao. Nesse caso, a informao compreendida como insumo
bsico dos processos de comunicao apoiada em tecnologia de informao. A
nova economia est relacionada diretamente ao conhecimento e aos processos de
inovao que, por sua vez, so oriundos da informao (VALENTIM, 2002).
Ao alicerar a economia na informao, h uma potencializao monetria
sobre esta ltima, o que leva a sociedade a um novo comportamento econmico.
Em contrapartida, h uma discusso sobre esse valor, pois encontrar mtricas que
mensurem o valor da informao uma tarefa difcil, porquanto ela deve ser
analisada dentro de um contexto. Como exemplo pode-se citar uma base de
informaes que, sob um determinado contexto, pode possuir um valor incalculvel,
sendo que a mesma base em outro contexto, pode no possuir valor algum. A
informao insumo bsico para a construo de conhecimento; porm, s atinge
esse objetivo se h sinergia entre informao e contexto, ideia reforada por Barreto
(1994) ao ressaltar que a informao possui a competncia de gerar conhecimento
no indivduo, em seu grupo ou na sociedade.
Pode-se considerar a informao como um importante componente no atual
cenrio dinmico e complexo, sendo responsvel por propiciar o conhecimento que,
por sua vez, o principal responsvel por inovaes em diferentes mbitos e vieses
da sociedade. Saracevic (1999, p.5) destaca a importncia da informao para a
sociedade, e complementa ressaltando o enorme dispndio de recursos empregado
em vrias atividades relacionadas informao, atribuindo o valor de ouro
informao. Dessa forma, evidencia-se a importncia da informao no mbito da
nova economia e dinmica social.
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2.2 Informao como Vantagem Competitiva
O domnio da informao concede ao indivduo ou grupo de indivduos
vantagens queles que no a possuem. Esse processo destacado por Ilharco
(2003) que classifica as pessoas e grupos em dois segmentos, os que dominam a
informao e os que no a dominam.
A perspectiva estruturalista radical entende a informao como um fenmeno do mbito das relaes substantivas entre as pessoas e entre os grupos. Aqueles que dominam, que so beneficiados pelo status quo, tentam preservar este domnio, e aqueles que so
dominados tentam afastar a classe dirigente. Sob esta perspectiva, em qualquer contexto em que surja actividade social do homem, a informao um fenmeno entendido no mbito do conflito estrutural entre os que dominam e os que so dominados (ILHARCO, 2003, p.51).
Para compreender a informao como componente responsvel por conceder
vantagem competitiva, necessrio identificar o ambiente em que ocorre esse
processo, ou seja, as organizaes. As organizaes so formadas por grupos de
pessoas, com objetivos comuns que se unem em prol de uma ou mais estratgias e
metas comuns delimitadas normalmente pela misso e viso organizacional. Essas
organizaes, muitas vezes, so sistemas complexos com a predominncia da
informao quando,
[...] seu todo mais que a soma das partes. E quanto mais complexo, mais seu todo supera de longe as partes e mais se torna autnomo e imprevisvel, porque escapa cada vez mais dos determinismos mecnicos. Enfim, a importncia crescente das propriedades emergentes, independentes dos materiais que compe o sistema complexo, implica a preponderncia da informao (da forma) sobre a matria (a substancia): toda complexificao tambm uma desmaterializao. Complexidade e densidade de informaes so sinnimas (HALVY, 2008, p.11).
Ao realizar seus processos, as organizaes fazem uso da informao e do
conhecimento mesmo de maneira implcita. Mattelart (2002) refora a presena da
informao em todo o contexto da sociedade e das organizaes. Ademais, o autor
refora que todas as aes so subsidiadas por informaes.
Choo (2003) e Mattelart (2002) destacam que quase todos os processos
organizacionais so alicerados por informao. Dessa forma, os processos
realizados utilizam de maneira direta ou indireta uma determinada gama de
informaes. Partindo-se deste pressuposto, pode-se afirmar que a informao
reside no contexto organizacional com o objetivo de propiciar o uso eficiente dos
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recursos nela contidos. As informaes esto contidas em suportes tecnolgicos e
nos indivduos que, por sua vez, esto inseridos nesse contexto.
Choo (2003, p.27) ressalta o uso da informao sob trs aspectos:
Uso da informao para dar sentido s mudanas do ambiente externo
(criao de significado);
Uso estratgico da informao (construo de conhecimento);
A informao como subsdio para a tomada de deciso.
Quadro 4: Modos de uso da informao Choo. Modo Ideia Central Resultados Principais Conceitos
Criao de significado
Organizao interpretativa: Mudana ambiental Dar sentido aos dados ambguos por meio de interpretaes. A informao interpretada.
Ambientes interpretados e interpretaes partilhadas para criar significado.
Interpretao, seleo, reteno.
Construo de conhecimento
Organizao aprendiz: Conhecimento existente Criar novos conhecimentos por meio da converso e da partilha dos conhecimentos. A informao convertida.
Novos conhecimentos explcitos e tcitos para a inovao.
Conhecimento tcito. Conhecimento explcito. Converso do conhecimento.
Tomada de decises
Organizao racional: Problema Buscar e selecionar alternativas de acordo com os objetivos e preferncias. A informao analisada.
Decises levam a um comportamento racional e orientado para os objetivos.
Racionalidade limitada. Premissas decisrias. Regras e rotinas.
Fonte: Choo 2003 p.46.
Observa-se que os trs modos destacados por Choo (2003) esto inter-
relacionados, existindo certa dependncia entre eles. No primeiro modo, quanto ao
uso da informao para dar sentido s mudanas do ambiente externo, cria-se
significado em relao ao contexto organizacional, auxiliando assim os processos de
mudana. Destaca-se a dinamicidade que as organizaes necessitam ter no
ambiente incerto em que esto inseridas, assim, precisam garantir suprimentos,
recursos e energia de maneira confivel que, por sua vez, possibilitam
organizao se adaptar de maneira rpida e precisa aos movimentos do mercado;
ressalta-se que esse processo s possvel com o uso de informaes.
Quanto ao uso estratgico da informao, Choo (2003, p.28) destaca que
esse processo realizado quando a organizao [...] cria, organiza e processa a
informao de modo a gerar novos conhecimentos por meio do aprendizado. O
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autor tambm destaca que, ao realizar o processo, a organizao adquire novos
conhecimentos possibilitando assim o desenvolvimento de novas capacidades,
criando e aperfeioando produtos e servios, alm de melhorar os processos
organizacionais existentes. Destaca a finalidade de uso da informao, porquanto
utilizada para a gerao de conhecimento que, por sua vez, est associada s
respostas rpidas do mercado, ou seja, ao uso da informao para dar sentido s
mudanas do ambiente externo, alm de seu uso como subsdio para o processo
decisrio.
A informao como subsdio para a tomada de deciso, refere-se ao modelo
de uso da informao mais aplicado e influente nas organizaes competitivas.
Choo (2003, p.29) destaca que
Na teoria, toda deciso deve ser tomada racionalmente, com base em informaes completas sobre o objetivo da empresa, alternativas plausveis, provveis resultados dessas alternativas e importncia desses resultados para a organizao.
Complementando a ideia de Choo (2003), Ilharco (2003, p.54) afirma que [...]
a informao uma entidade tangvel ou intangvel, que reduz a incerteza sobre um
estado ou sobre um evento.
Saracevic (1999, p.6) assevera que o valor da informao mensurado a
partir da diferena entre a utilidade esperada por quem toma a deciso sem a
informao, e a utilidade esperada da melhor escolha possvel ao tomar a deciso
depois de receber e analisar a informao.
possvel constatar a importncia da informao como subsdio para o
processo decisrio no mbito organizacional, uma vez que um importante
processo que se relaciona aos demais modos de uso da informao mencionados
por Choo (2003). Ao integrar os processos, evidencia-se a relao da informao e
seus diferentes estgios no desempenho das aes organizacionais. Com efeito, o
autor destaca trs modos de uso da informao contidos nos processos
organizacionais:
Os trs modos de uso da informao interpretao, converso e processamento so processos sociais dinmicos, que continuamente constituem e reconstituem significados, conhecimentos e aes. A organizao que for capaz de integrar eficientemente os processos de criao de significado, construo do conhecimento e tomada de decises pode ser considerada uma organizao do conhecimento (CHOO, 2003, p.30).
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Observa-se que os modos estabelecidos por Choo (2003) quanto ao uso da
informao esto interligados, entretanto, so independentes. O autor afirma que a
organizao que faz uso dos trs modos pode ser considerada uma organizao do
conhecimento, reforando a informao como base de todo o conhecimento gerado
ou potencializado no contexto organizacional.
Deve-se considerar a informao extrapolando o ambiente interno da
organizao, porquanto est inserida em um contexto maior. Sendo assim,
considera-se a informao tanto do ambiente interno, ou seja, gerada internamente
s organizaes, quanto do ambiente externo, geradas no mercado e nas demais
variveis externas responsveis por interferir na organizao.
Figura 2: A organizao do conhecimento.
Fonte: Choo 2003 p.31.
A informao nesse contexto um componente quase sempre imperceptvel
por quem realiza as aes organizacionais, uma vez que no percebe e, portanto,
no sabe valorar o quanto a informao foi responsvel pelos resultados obtidos a
partir de sua aplicao em uma ao organizacional.
Considera-se a informao responsvel pela mudana da cultura
informacional e, tambm, pela alterao do comportamento informacional das
pessoas. Segundo Moraes e Fadel (2008, p.103) Elas apoiam o processo decisrio,
exercem influencias sobre o comportamento das pessoas e passar ser um vetor
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importantssimo, pois podem multiplicar a sinergia dos esforos ou anular o
resultado obtido pelo conjunto.
Ilharco (2003, p.40) destaca que, ao implementar o uso da informao como
vantagem competitiva, as organizaes costumam enfocar, de forma errnea, em
apenas 5 (cinco) pressupostos bsicos :
a) Proporcionando mais informao aos gestores, a tomada de deciso
melhora;
b) Os gestores necessitam da informao que querem;
c) Proporcionando aos gestores a informao que eles querem, as suas
decises so mais apropriadas;
d) Mais comunicao significa melhor desempenho;
e) Um gestor no tem que entender como funciona um sistema de
informao, mas apenas saber us-lo.
Para Ilharco (2003), a informao propicia vantagem competitiva em vrios
outros processos dentro da organizao, e no apenas nos processos destacado
pelo autor. Devemos considerar a informao como componente intrnceco em todas
as atividades executadas pela organizao, desta forma, o uso da informao
extrapola os cinco pressupostos citados pelo autor. Esta percepo quanto ao uso
das informaes apenas para subsidiar o processo decisrio, vem sendo substituda
com o passar do tempo, compreendendo a informao como um elemento
fundamental para o desenvolvimento e crescimento organizacional.
Drucker (2000, p.53) acentua a ideia da informao enquanto componente
chave para a construo de conhecimento em ambientes organizacionais,
ressaltando a importncia do indivduo como fator estratgico nesse novo contexto
econmico e social.
O que chamamos de Revoluo da Informao na verdade uma Revoluo do Conhecimento. O que possibilitou fazer a rotina de processos no foram as mquinas; o computador apenas o gatilho. O software a reorganizao do trabalho tradicional, baseada em sculos de experincia, por meio da aplicao do conhecimento e, principalmente, de anlise sistemtica e lgica. O segredo no a eletrnica, mas sim a cincia cognitiva. O segredo para manter a liderana na nova economia e na nova tecnologia vai ser a posio social dos profissionais do conhecimento.
Morin (2007, p.99) chama a ateno quanto quantidade de informaes e
ressalta que, em muitos casos, existe uma quantidade excessiva de informaes
que pode prejudicar a construo de conhecimento, [...] o excesso de informaes
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obscurece o conhecimento. Brown e Duguid (2001) reforam essa preocupao e,
aprofundam a ideia quando afirmam que a sociedade est afogando-se sem saber.
Kurz (2002) enfatiza que a sociedade est soterrada de informaes e ressalta a
superficialidade no que tange ao uso de informao, pois para ele o resultado desse
processo a gerao de conhecimento frgil e, em muitos casos, intil para a
sociedade denominada Sociedade da Informao.
Nesse contexto, a informao quando bem utilizada/aplicada torna-se meio
para se obter vantagem competitiva. Contudo, h uma relao de dependncia entre
indivduo, tecnologia e informao no processo de construo de conhecimento,
responsvel por propiciar vantagem competitiva s organizaes.
A busca de informao realizada em dois distintos ambientes, o interno e o
externo. Nessa perspectiva, as informaes internas so capturadas a partir das
atividades e processos realizados no ambiente interno da organizao, ao passo
que as informaes externas residem no macroambiente da organizao, ou seja,
no mercado que, por sua vez, composto pelos stakeholders 3 vinculados
organizao, cuja interao afeta de maneira decisiva o ambiente interno da
organizao.
Para que se possa fazer uso das informaes de maneira assertiva,
necessrio mapear as fontes, os fluxos bem como os suportes em que esto
contidas as informaes. As fontes de informao so relacionadas aos ambientes,
dessa forma, so consideradas fontes internas aquelas cujas origens das
informaes esto no mbito organizacional, e as fontes externas so constitudas
de informaes que esto fora da organizao. Davenport e Prusak (1998a, p.27)
destacam quatro abordagens relacionadas s fontes e fluxos informacionais:
Informao no estruturada;
Capital intelectual ou conhecimento;
Informao estruturada em papel;
Informao estruturada em computadores.
3 Stakeholders - Termo ingls que designa 'parte interessada', podendo ser uma pessoa, grupo ou entidade com legtimos interesses nas aes e no desempenho de uma organizao, e cujas decises e atuaes possam afetar, direta ou indiretamente, essa mesma organizao. So os funcionrios, gestores, proprietrios, fornecedores, clientes, credores, Estado (enquanto entidade fiscal e reguladora), sindicatos e diversas outras pessoas e entidades que se relacionam com a organizao. Disponvel em: . Acesso em: 14 set. 2012.
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Segundo Davenport e Prusak (1998a), a informao no estruturada a
forma mais antiga de informao. Trata-se de informaes que dependem de
profissionais especializados, que devem ter proximidade com as informaes,
usurios e suas necessidades. Davenport e Prusak (1998a, p.29) explicam que as
informaes no estruturadas se constituem em elementos comuns nas
organizaes descentralizadas, Algumas informaes no-estruturadas rumores,
fofocas, histrias continuaro no estruturadas. assim que as coisas acontecem
em organizaes cada vez mais descentralizadas.
Segundo os mesmos autores (1998a, p.30) o capital intelectual ou
conhecimento o resultado do relacionamento entre a informao e o indivduo. As
empresas ofertam cursos e treinamento com o intuito de adquirir conhecimento.
Ressaltam a dificuldade em adquirir esse tipo de informao, pois segundo eles, O
conhecimento muitas vezes um processo longo e confuso, e as maneiras de
utiliz-lo so mltiplas e imprevisveis. Quase todas as primeiras tentativas de
'construir' o conhecimento falharam.
As informaes registradas em papel dominaram o contexto informacional at
o incio da Dcada de 70 do Sculo XX. Davenport e Prusak, (1998b) classificam
como informaes estruturadas as que se encontram no suporte papel. Segundo
Davenport e Prusak (1998a, p.33) com o aumento do volume de informaes,
intensificou-se, igualmente, a complexidade, o que torna impraticvel Uma
abordagem centralizada, altamente planejada, insustentvel para essa vasta
quantidade de informao. At os arquivos mais bem cuidados no tero nenhum
valor se no forem utilizados.
Com o advento das tecnologias de informao (TI), o computador passou a
ser o responsvel por manipular a informao, tornando-se a abordagem mais
popular. A informao estruturada em computadores busca solucionar problemas
enfrentados pelas abordagens anteriores, por meio da estruturao de sistemas
computacionais, cuja finalidade armazenar dados (DAVENPORT; PRUSAK,
1998a).
O sucesso quanto aos processos de identificao da necessidade, aquisio,
armazenamento, tratamento, organizao, disseminao e uso efetivo da
informao, so relacionados a modelos, ferramentas de gesto e tecnologias, que
so utilizadas para a realizao das atividades organizacionais.
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Para a realizao dos processos citados necessrio compreender, alinhar e,
em muitos casos, realizar mudanas quanto cultura da organizao, fator que
interfere diretamente no comportamento informacional dos colaboradores. Somente
com a juno desses elementos possvel obter vantagem competitiva por meio da
informao no contexto das organizaes.
Para compreenso da relao da gesto da informao (GI) no contexto da
inteligncia competitiva (IC), necessrio conhecer os principais componentes.
Nessa perspectiva, a presente dissertao aborda a informao e a vantagem
competitiva que seu uso pode propiciar s organizaes.
Earl (2004, p.28) refora a ideia do uso da informao como componente
responsvel por apoiar a inovao e renovao no contexto organizacional:
[...] as mudanas foram associadas ao poder de gerao de valor da informao, um recurso que pode ser reutilizado, compartilhado, distribudo ou trocado sem perda de valor; na verdade, o valor , algumas vezes, multiplicado. E o fascnio que se tem hoje pela competio sobre ativos invisveis um indicativo que as pessoas agora veem o conhecimento e sua relao com o capital intelectual como o recurso crtico, pois ele apoia a inovao e a renovao.
Dessa forma, torna-se necessrio a gesto do conhecimento de maneira
plena, afinal o conhecimento compreendido como um ativo intangvel ou imaterial
de valor estratgico para as organizaes. Gesto refere-se ao processo que tem
como funo gerenciar os componentes imbricados a um determinado contexto,
conforme destaca Silva (200[?] apud CERVANTES et al., 2010, p.39):
Ao ou forma de gerir, de administrar algo, perodo durante o qual algum gere um negcio, ou tambm organizao e entrada em funcionamento dos recursos de uma empresa com vista ao cumprimento dos objetivos previamente fixados no quadro de uma determinada poltica e estratgias.
Gesto da informao definida por Valentim (2002, p.4) como o
gerenciamento de [...] dados e informaes que j esto consolidados em algum
tipo de veculo de comunicao, como exemplo pode-se citar desde o livro impresso
at a rede Internet.
Segundo Ponjun Dante (2004) o princpio da gesto da informao se apoia
em duas teorias, a saber: a Teoria de Sistemas e a Teoria do Ciclo de Vida de
Servio.
A gesto da informao est na fora essencial por princpios: a Teoria de Sistemas e a Teoria do Ciclo de Vida de Servio. Um sistema um jog