Jorge Adoum - Cosmogênese

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JORGE ADOUM COSMOGÊNESE SEGUNDO A MEMÓRIA DA NATUREZA UNIVERSALISMO

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JORGE ADOUM

COSMOGÊNESE SEGUNDO A MEMÓRIA DA NATUREZA

UNIVERSALISMO

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ÍNDICE

PRÓLOGO

1. A NATUREZA E O UNIVERSO

2. O HOMEM

3. AS RAÇAS

4. AS PRÉ-HISTÓRIAS E AS TRADIÇÕES

5. O DOGMA DO CÉREBRO E A DOUTRINA DO CORAÇÃO

6. ORDENS E SOCIEDADES SECRETAS

7. OS PODERES OCULTOS DO HOMEM

8. OS CICLOS DA VIDA E DA MORTE

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PRÓLOGO

Em todas as gerações, o homem procurou encontrar a resposta satisfatória

para a incógnita de sua própria origem, assim como das coisas e dos mundos

que o rodeiam.

As chaves de que se serviu para dar a resposta satisfatória a essas dúvidas

estiveram nas mãos das religiões, as quais, antes de estatuir seus códigos de

Moral e Ética, estatuíram a “Gênese” do Cosmos e do Homem.

Analisando-se com relação à Terra em que habita, aos seres que a povoam, a

tudo aquilo que está abaixo de seus pés e acima de sua cabeça, o homem

sente-se diferente e estranho. Experimenta sua solidão e teme-a; observa sua

pequenez e acovarda-se; sente sua debilidade ante a magnitude e a força dos

elementos; movimenta-se, goza de independência e, no entanto, reconhece-se

como um prisioneiro da Terra.

Ante tal miragem, volta-se para si mesmo e, desse modo, encontra-se.

Seja pelas diferentes condições climáticas ou topográficas ou pelas diferentes

formas de alimentação; seja por força de vidas sociais distintas, fatos esses

que o influenciam física e mentalmente, o giro do pensamento individual olhava

de ângulos diversos e expunha suas conclusões de modo diferente ante os

fenômenos siderais, terrestres ou humanos. Essa “Gênese”, porém, objeto de

suas dúvidas e incertezas, ainda que de maneiras diversas, expunha uma

mesma conclusão: o homem era uma resultante e não uma causa. Por

analogia dedutiva, compreendeu que o planeta em que habitava era também

uma resultante e não uma causa ou princípio.

A Causa ou Princípio gerador dessas “resultantes” situava-se além do alcance

dos sentidos e de suas faculdades. Essa “Causa” era Deus na síntese do

deduzido ou eram deuses na observação parcial de “Causas”.

A observação dos diferentes fenômenos cósmicos, naturais e humanos deu

origem aos diferentes mitos e foi originando o Conhecimento em seus

diferentes ramos. Desse modo, o céu foi plasmando na consciência do homem

a Astronomia, a Natureza plasmou a Agricultura, etc.; sobre o próprio homem

ele plasmou a sociologia, a filosofia, etc.; a Gênese plasmou a Teogonia e a

Teologia.

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O aforisma de Hermes e a Tábua de Esmeralda chegaram, em seu tempo, a

ser o compêndio de todas as ciências, a resposta lógica e esclarecedora às

incógnitas do homem e a síntese do conhecimento que a mente humana,

geração após geração, havia acumulado.

Os sábios antigos, a fim de conhecerem o homem, o Cosmos e suas leis,

valeram-se da introspecção. O homem conheceu-se a si mesmo e, assim, ao

Universo. Os antigos não deixaram instrumentos, mas conhecimentos. A

Caldéia, uma fonte de saber! Egito, eis as tuas pirâmides! Jóia perene que

visou perpetuar a conquista do gênio da Antiguidade.

O aforisma de Hermes “o que está em cima é como o que está embaixo, assim

como é o grande, assim é o pequeno” constitui a alavanca pedida por

Arquimedes, pois seu ponto de apoio é a Unidade em toda a sua grandeza e

em todas as suas expressões. É o Reino de Deus, de Jesus. O conhecimento

que se baseia nessa Unidade vem por acréscimo.

Esta era a chave ou método seguido pelos antigos. Atualmente, a Ciência

Moderna vem confirmando, dia a dia, as conquistas de um Conhecimento que

já tinha sido obtido pelos sábios em idades pretéritas.

“Cosmogênese”, do Dr. Jorge Adoum, é uma obra semelhante à dos iniciados

da ciência antiga. Seus métodos de investigação são idênticos, de forma que,

aprofundando-se em si mesmo e no pensamento de seus predecessores,

conseguiu trazer às suas páginas a audácia de um Galileu, com hipóteses

novas sob todos os pontos de vista, mas, acima de tudo, bastante lógicas, já

que ajustadas e baseadas naquele princípio criador, sapiente e ordenador que

está na raiz de todos os corpos, de todas as formas e de todas as coisas.

A razão humana está sujeita ao erro, porém a razão cósmica não pode sair de

seus marcos, de suas leis, pois aonde quer que pouse a luz do pensamento,

verificar-se-á que o número e a medida geometrizam a Criação através de uma

linguagem perfeita.

A vida, em suas infinitas manifestações, fala-nos de uma escala evolutiva. Este

é outro ponto de apoio que o autor utiliza na exposição de suas idéias. Assim

estruturado, o livro dá-nos amplo sentido e um alicerce melhor para estimar a

razão lógica e transcendente da Vida na Criação e o próprio trabalho em

conjunto dela toda. Quer-nos parecer que o autor deseja resumir seu magnífico

trabalho sintetizando-o numa só frase:

“TUDO É UM E UM É TUDO”

A. Harb M.

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CAPÍTULO 1

A NATUREZA E O UNIVERSO

1. Existe um antagonismo entre o homem e a Natureza: este se esforça

sempre por construir, enquanto aquela por destruir e, desse modo, o homem

não consegue manter a estabilidade de suas criações, senão à força de

perenes lutas contra essa “fatalidade” ou destino. A Natureza afigura-se-nos

como uma força destrutiva e, no entanto, ela é criadora e conservadora.

2. A Natureza, que destrói tudo o que queremos, é uma força natural que não

conhece nem Tempo, nem Espaço e que parece desprezar a vida humana.

Surge entre nós como um destino implacável; continua seu caminho sem

importar-se com nosso pranto e com nossas lamentações. Ela induziu certos

homens a criarem uma filosofia chamada “PANTEÍSMO”. Tal filosofia nada

mais faz, senão adorar a Natureza.

3. Os ocultistas acreditam que a Natureza é uma emanação ou reflexo de um

Princípio Superior ou Divino. No momento devemos falar apenas da Natureza.

Pois bem, observamos então que ao redor de nós encontram-se três planos: o

mineral, o vegetal e o animal. O conjunto desses seres e forças terrestres

constitui o que os antigos chamavam de Mundo Elemental.

4. Também os astros que percorrem seus caminhos são seres vivos como a

própria Terra. Tudo que existe tem vida. Sim, a Terra é uma esfera, mas é um

ser vivo.

5. Em torno de cada planeta giram satélites; e os planetas, por sua vez,

obedecem à atração do Sol. A isto deu-se o nome de Mundo dos Orbes.

6. O mundo tem sete planetas ou regiões que separam o Sol do Zodíaco. Isto

não quer dizer que só existem sete planetas, mas apenas que o Mundo dos

Orbes tem sete influências ou sete zonas celestes. O mundo está composto do

seguinte modo: 1.°, do Sol; 2.°, dos planetas com seus satélites e 3.°, de

correntes de forças astrais que circulam entre esses diferentes astros.

7. “Todos esses planetas têm cones de sombra e recebem o nome de planetas

obscuros. Isto significa que, quando o Sol ilumina uma parte do planeta, o outro

lado fica escuro. Assim, nossa Terra tem algo de negro durante a noite, porque

o Sol está iluminando o outro lado dela”. Tal escuridão foi chamada de Erbo

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pelos antigos e por Jesus ela ficou conhecida como “as trevas externas”. Este

cone ou mundo negro não está dentro da Terra mas no espaço que ela ocupa.

Nesse lugar as almas expiam suas faltas e depuram seu astral do que têm de

grosseiro e material. Desse lugar provém os seres astrais que se manifestam

em sessões espíritas e de magia inferiores, onde vão em busca de prazeres, e

por isto pedem sempre ambientes escuros para se manifestarem.

8. A maioria dos homens tem medo do escuro e toda escuridão causa-lhe

tristeza. Por tal motivo, quando alguém morre, usa-se preto. “Os cristãos

acendem velas perto de seus mortos, como se quisessem iluminar ao ser que

entra nas trevas externas ou na escuridão do cone, a fim de protegê-lo dos

perigos que dele se aproximam durante a primeira noite após seu passamento.

Esta idéia explica exatamente porque as pessoas têm medo do escuro; porque

o Erbo está cheio de seres malignos que procuram perseguir os homens”.

9. Fala-se sempre em Microcosmo e Macrocosmo, assim como do fato de que

“o que está em cima é como o que está em baixo”, etc. Estudemos e

analisemos estas analogias.

O Universo está composto por um zodíaco, um sol, planetas e satélites.

No homem, cada glóbulo vermelho de sangue está formado por um zodíaco ou

envoltório redondo. Nos batráquios esse envoltório é elíptico. O núcleo do

glóbulo sanguíneo é o sol e os pequenos corpúsculos são os planetas que

giram em torno desse núcleo. Nesses pequenos corpúsculos existem seres

que se movem como os homens e que se chamam micróbios (seres vivos

microscópicos). Tais micróbios podem negar a existência do homem que os

transporta, assim como alguns homens negam a existência de Deus ou da

Causa sem Causa na qual “vivem, movem-se e têm o ser”.

10. “Há, no espaço, sóis de várias cores: azuis, vermelhos, verdes, etc... Nosso

sol é amarelo de terceira classe. É linfático. Também dentro do homem existe

uma chispa solar ou um pensamento do Absoluto, além de muitos sóis de

muitas cores”.

11. As células de nosso corpo são seres vivos e também podemos encontrar

em seu meio algumas que se crêem abandonadas à sua sorte. É exatamente

como o homem faz quando se queixa nestes termos: “Fui abandonado por

Deus e pelos homens.”

Existem, assim, no Universo, certos planetas e sóis que se crêem isolados e

que duvidam que recebam o fluxo divino. Começa, então, a circular entre esses

sóis, os “glóbulos vermelhos” do Universo, que são os cometas, os quais, tal

como os glóbulos vermelhos do sangue, nada guardam para si mesmos. Eles

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levam ao Ser Universal, chamado Adão Kadmon, o fogo, e as almas libertas

que passam de um zodíaco a outro para sua evolução. E, assim, os cometas

estabelecem as relações diplomáticas entre um mundo e outro.

12. O Universo é como nosso corpo. A Consciência Divina trabalha no

Cosmos, assim como nosso espírito maneja e atua em nosso corpo tomado de

empréstimo à terra.

13. A Ciência já demonstrou que tudo tem vida e vive. O mineral é um ser vivo

que aumenta de volume sem mudar de lugar. É um pequeno sol terrestre que

recebe e emite raios enquanto vai aumentando.

14. Os vegetais também são seres vivos que tomam a direção da luz sem sair

de seus lugares e que crescem em sentido vertical. A cabeça do vegetal está

fincada no solo, de onde ele tira seu alimento. As raízes são os cabelos, o

tronco é o abdômen e os ramos são as pernas. Os órgãos reprodutores

dirigem-se para o alto a fim de dar frutos.

15. Os astros também são seres vivos, porém não podem mover-se livremente,

mas apenas em conjunto. São como uma família humana que está obrigada a

emigrar de um lugar para outro. Ao astro não é permitido viajar sozinho; ele

deverá deslocar-se juntamente com os demais. Não é um animal porque não

dispõe de independência de movimentos e não é um vegetal porque não pode

ficar fixo num só lugar.

16. O animal tem a faculdade de movimentar-se no planeta em que vive. No

entanto, o animal vive horizontalmente, ao contrário do vegetal que o faz

verticalmente.

17. O homem vive perpendicularmente. Sua cabeça dirige-se ao céu e seus

órgãos reprodutores à terra. Ele dispõe de algo que não vem da terra, e que é

aquela Luz Divina que o faz agir conscientemente, com liberdade e vontade,

independentes e próprias.

18. Os gênios são uma coletividade de homens que se entendem

perfeitamente. Duas almas gêmeas que se amam e complementam formam o

embrião do gênio. O gênio é como um adepto que modifica o ambiente à sua

maneira. A imaginação do gênio modela as mentes e os homens são os

executores de suas vontades.

19. Perto de cada planeta existe um astro obscuro e negro, aonde se

congregam os elementos de um novo mundo, destinado a ocupar o lugar do

antigo, quando este desaparecer. Cada planeta em sua fase de desintegração,

passa do plano astral ao plano físico, após um tempo determinado.

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20. “Acontece com os planetas o que, às vezes, acontece com os continentes.

Após o desaparecimento de Atlântida, um outro continente nasceu no

hemisfério oposto. O Egito era uma colônia dos atlantes. Naqueles remotos

tempos, o Nilo não regava o Egito, mas formava com suas águas o mar que,

hoje, é o Deserto do Saara. Quando os atlantes chegaram a esse país,

mudaram o curso do Nilo, dando-lhe o leito atual. Esse rio fecundou, então,

uma nova terra arenosa, embora com isso secasse o mar interno. O Canal de

Suez existia com comportas de bronze há 1.600 anos A.C. Os engenheiros

atlantes atingiram alto grau de civilização, mas essa civilização caiu toda, certa

noite, após um cataclismo. Por isso vemos, nos murais egípcios, que dentre 10

homens, um é branco, um é amarelo, um é negro e os demais são vermelhos

como aqueles que vemos na América.”

21. A Atlântida não foi a primeira região afundada. A Lemúria, no Pacífico,

afundou em época anterior, dando nascimento à Atlântida. A raça amarela

surgiu na Lemúria. Desse modo, cada vez que um continente afunda, outro

aparece. Esta é a lei que rege nossa vida terrestre. Assim também um planeta,

quando se desintegra ou submerge em seu pólo astral, dá origem a outro no

pólo material.

22. As leis da involução e da evolução dos continentes terrestres aplicam-se ao

ser humano e à sua família. Ao desaparecer o avô, nasce o neto. Tudo está

ligado à lei evolutiva do ser terreno e aquilo que acontece no Macrocosmo

também acontece em miniatura, ou seja, no homem ou microcosmo.

O dia tem 24 horas. Cada hora tem 60 minutos. Temos duas divisões para o

tempo: o dia e a noite e, em seguida, o mês e o ano. Apliquemos, agora, essas

divisões à Terra e ao homem.

A Terra respira uma vez cada 24 horas. A isto se dá o nome de um dia e uma

noite ou dia do homem. De dia ela aspira e de noite ela expira e esse

movimento constitui uma hora de vida para o nosso planeta. Logo, a Terra

passa de um signo do zodíaco a outro dentro de um período de tempo que o

homem chama de mês, que constitui um dia terrestre. A Terra acorda de

manhã, coberta de flores que, ao meio-dia, secam e à noite morrem para

ressuscitar com a aurora”. Tais períodos são a Primavera, o Verão, o Outono e

o Inverno. Este mês terrestre equivale ao ano do homem.

23. Podemos agora dirigir nossos olhos ao sol. Um minuto do sol é um dia do

homem. Uma hora do sol é um mês humano e um dia do astro-rei representa

um ano na Terra. 360 dias solares equivalem a 360 anos na Terra ou a um ano

divino. 12.000 anos divinos ou 4.320.000 anos humanos constituem o dia de

Brahma ou Dia de Deus. 8.640.000 anos são uma noite e um dia de Deus.

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Assim também, o Dia de Deus tem quatro divisões como o ano humano e cada

divisão está formada por 2.160.000 anos humanos e assim sucessivamente,”

24. Tudo se repete no mundo, como vimos na relatividade do tempo. Isto

conduz-nos à vida do homem e à discutida reencarnação. Todos repetem as

palavras Céu, Inferno e Purgatório. Por que motivo não conseguimos perceber

que Céu, Inferno e Purgatório nada mais são do que estados d’alma e não

lugares definidos? O que é que nos impede de acreditar que estão em nós

mesmos, na própria terra, onde as almas humanas depuram-se e evoluem-se?

Por que não podemos aceitar que o Purgatório representa uma série de

reencarnações na Terra, para que haja aperfeiçoamento, até que a criatura

chegue a sentir que “o Reino de Deus está dentro de si mesmo e não fora

dela”?

25. Já foram comprovados surpreendentes fenômenos de além-túmulo e de

reencarnações. O próprio Jesus confirmou-o em várias passagens dos

Evangelhos, valendo ressaltar que todas as Escrituras aceitam a reencarnação.

Não devemos, porém, sujeitar-nos ao que dizem certas escolas, as quais

ensinam que a alma reencarna depois de um tempo determinado, pois isso

seria afirmar que o homem vive 80 anos na Terra, enquanto mil existem que

vivem um, cinco, dez ou vinte anos. Não existe uma lei geral para a

reencarnação. Tudo é individual neste assunto. O espírito humano tem leis que

determinam o seu nascimento numa certa família, povo ou raça e tais leis

foram ditadas pelas próprias almas, segundo seus antecedentes e tendências,

sendo assim compreensível que encarnem quando o decidam, sem nenhuma

exigência externa.

A pessoa renasce porque sente vontade de progredir, tal como quem acorda

de um sonho para recomeçar seu trabalho.

26. “A Terra é um ser vivente e possui um estômago para digerir aquilo que

entra em contato com ele. Morrendo o homem, seus elementos transformam-se

em ervas, plantas, flores, frutas, sementes, etc...

Tal como o homem, a Terra tem um sistema circulatório. Seu sangue é a água

do mar. As águas oceânicas evaporam, formando as nuvens que circulam na

atmosfera e que, depois, caem como chuva e correm sob a forma de rios e

riachos, como correntes venosas na circulação sanguínea terráquea. O gelo e

a neve compõem a reserva do sangue terrestre. Enquanto a água do mar é o

sangue, a chuva representa o sangue arterial e os rios o sangue venoso. As

marés são a palpitação do coração da Terra.

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A Terra respira os raios ou fluidos solares (transformados em calor, eletricidade

e magnetismo) que produzem luz ao chocar-se com a atmosfera da Terra.”

27. O sol terá calor? Sim, mas somente 38 graus. Como? Que dizeis? Digo

exatamente o que acabais de ouvir e ler. O sol é um centro de emissão de

ondas eletromagnéticas, as quais depois de entrarem em contato com as

atmosferas dos diversos planetas, transformam-se em calor, luz e eletricidade.

Assim, quando o fluido solar chega à Terra, produz-se a força magnética que

gera o calor e a luz. Não devemos esquecer que o espaço interplanetário é

totalmente escuro e que, portanto, o espaço situado para além da atmosfera

terrestre até o sol, é todo trevas. Dessa forma, podemos afirmar que a luz e as

forças físico-químicas terrestres nascem do encontro invisível do fluido do sol

com o nosso planeta. Partindo desse ponto, podemos compreender o que se

procurou transmitir, na Gênese, quando se afirmou que “O Espírito de Deus

pairava sobre as águas” e que “Faça-se a luz e a luz foi feita”.

28. Tampouco existe fogo no centro da Terra. Podem perfurá-la de um pólo a

outro e não encontrarão nenhum fogo central. Os metais da Terra, juntamente

com seus filões, formam o sistema nervoso da mesma. Quando o fluido solar

chega ao magnetismo da Terra, ele origina a eletricidade e o calor nesses

filões minerais, a tal ponto que, às vezes, há curtos-circuitos, especialmente

nas rochas metálicas das montanhas. Esse calor é tão poderoso que chega a

fundir o granito e outros materiais em questão de segundos e os gases internos

daí originados percorrem a terra produzindo erupções vulcânicas e não como

dizem os ingênuos cientistas, ou seja, que é o fogo central que produz os

vulcões. A água desempenha um papel importante nesses curtos-circuitos

elétricos. Por isso, vemos que, em geral, os vulcões surgem perto do mar.

Desse modo, a Natureza contém forças secretas e será muito feliz aquele que

puder tornar-se amigo e filho verdadeiro dela, a fim de aprender seus mistérios.

29. E o homem, quando veio à Terra? Também temos idéias e tradições bem

diferentes da ciência oficial a esse respeito. Dispomos de muitos arquivos

preciosos e de maravilhosas bibliotecas, mas nem a ciência oficial quer aceitar

o seu conteúdo, porque não pode medir seus mistérios, nem os Mestres

desejam dar carne a estômagos infantis.

Queremos, no entanto, expor aqui uma lenda sobre a formação da Terra e a

sucessão de raças humanas, a qual possui, pelo menos, o mérito de ser

original. Em nossa obra “O POVO DAS MIL E UMA NOITES” comprovamos

que aqueles contos infantis do imortal livro “AS MIL E UMA NOITES” eram

mistérios iniciáticos velados e profundas verdades acobertadas pela roupagem

do mito.

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30. Já tereis condições de aceitar a idéia de que nossa Terra é um ser vivo e

inteligente? Quem já se tiver dado conta dessa verdade, que era admitida pelos

antigos, poderá assimilar o resto dos ensinamentos.

Todos sabemos que nossa Terra está formada por partes sólidas ou

continentes e por imensas massas líquidas ou mares e oceanos. “Segundo a

tradição secreta, cada pólo terrestre ocupa, sucessivamente, oito posições

diferentes e, ao cabo de um certo número de anos, um continente submerge

para ser imediatamente substituído por um oceano. Esse continente, contudo,

nunca desaparece totalmente. Permanecem suas altas montanhas, que se

transformam em pequenas ilhas. A Inglaterra é uma daquelas ilhas que tinham

a missão de civilizar, porque representa o espírito aventureiro da Humanidade,

o qual precisa sempre manifestar-se em algum lugar. Assim, a cada

afundamento de continente corresponde o aparecimento posterior de uma nova

terra no hemisfério oposto.”

31. Surge agora outra pergunta: “Por que o volume dos continentes é inferior

ao dos mares e oceanos?” Aqui começa o alimento forte para os estômagos

fracos. Devemos, no entanto, continuar porque dispomos de suficiente

paciência para esperar que a ciência oficial chegue, algum dia, a descobrir a

verdade de nossos ensinamentos.

A resposta à pergunta anterior é a seguinte: Porque a Lua recusou a idéia de

fazer parte da Terra e de incrustar-se nela.” Tal obstinação por parte do

Espírito da Lua (interpretada e ensinada, segundo a religião, como a

desobediência de Lúcifer às ordens de Deus) causou a inclinação de nosso

globo sobre a eclíptica, bem como a variação dos climas e das estações na

Terra.

32. A Terra tem, atualmente, cinco continentes: Europa, África, Ásia, Austrália e

América. Segundo os ensinamentos ocultos e as revelações secretas, quatro

continentes tiveram de suceder um ao outro para a hegemonia de nosso

planeta.

1.°) A Lemúria, localizada no Oceano Pacífico; 2.°) A Atlântida, no Oceano

Atlântico; 3.°) A África e 4.°) A Europa. Cada um desses continentes tem uma

história mais ou menos velada nos sagrados anais de todos os povos.

33. Cada continente tem sua personalidade ou caráter étnico, o qual se

estampa como marca registrada nos seres vivos que o habitam. Desse modo, a

África tem sua flora e fauna características, assim como sua raça humana

particular, cuja cor é negra.

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34. Surge, novamente, outra pergunta: “Se a Terra é só uma, por que motivo

existem diferenças étnicas, com diferentes cores para as raças humanas?”

Antes de responder diretamente a esta pergunta devemos lembrar-nos de que

somos, por assim dizer, quase que os últimos seres humanos aqui chegados e

que fomos precedidos por outras raças na marcha da civilização.

Existe uma tradição grega antiquíssima que afirma que certos povos não

conheceram a Lua. Tais povos chamavam-se antilunares e são, por

conseguinte, anteriores à existência da Lua.

Outra lenda existe que afirma que cada continente terrestre não passava de um

planeta muito velho, mas providencialmente salvo da decadência e da

dissolução. Esta já é uma resposta à pergunta acima formulada.

Já sabemos agora que todo ser ou astro, terminada sua evolução material, tem

de passar ao estado radiante ou astral, exatamente como explicamos

anteriormente, pois foi desse estado astral que ele se originou a fim de

materializar-se.

Disto podemos deduzir que os seres que dirigem a marcha evolutiva de um

universo mantêm o equilíbrio das forças de um zodíaco. Chega, porém, sempre

o momento em que as partículas de tal ou qual planeta apresentam-se em vias

de desintegração. Nesse momento, o Grande Onisciente ampara-as, une-as e

com elas forma novos mundos, seja da mesma espécie, seja de caráter

superior ou inferior, criando dessa forma um novo astro.

Nessa obra de incrustação há sempre um continente mais adiantado do que

outro, do qual surgirá a primeira raça encarregada de civilizar os habitantes das

diversas partes do planeta assim formado.”

35. No entanto, não podemos esquecer que a verdadeira evolução não ocorre

em outro lugar, senão no Astral. Não é certo que no Plano Físico “um cachorro

se transforme em cavalo e um macaco em homem”, por exemplo. A evolução

se opera unicamente no plano intermediário, entre os princípios e as próprias

coisas.

Da mesma maneira, quando um planeta precisa formar-se, por meio da união

com astros mais velhos, as humanidades desses globos entram ou dormem no

estado astral, aonde se opera “a liturgia imposta pelos Grandes Mensageiros

Divinos”, como diria MICHEL DE FIGANIÈRES.

Quando o novo planeta está definitivamente constituído, acordam nele os seres

humanos, reencarnando-se e assim renovando seus trabalhos como se nunca

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tivessem abandonado sua primeira morada ou como se jamais tivessem

deixado de trabalhar.

36. Já tivemos, todos, oportunidade de ler na mitologia grega que um dilúvio

destruiu a Grécia e todo o gênero humano, tendo sido a Terra repovoada, de

uma curiosa maneira, por Deucalião e Pirra, sua mulher, ambos salvos das

águas. Eles jogavam pedras no chão e estas transformavam-se em homens e

mulheres. Esta fábula oculta uma importante verdade cósmica.

Isto posto, já podemos expor, agora, as teorias da Cosmogênese de MICHEL

DE FIGANIÈRES e de outros autores sobre a Fabricação da Terra (La Vie

Universelle).

37. “Existiu um planeta que ocupava todo o espaço de nossa atual Terra. A

harmonia reinava nesse astro. Não existiam nem secas, nem tempestades,

nem chuvas muito abundantes. A atmosfera era pura e o astro não possuía

mais do que duas estações: a Primavera e o Outono. As folhas, as flores e os

frutos sucediam-se ininterruptamente. Finalmente, doze satélites iluminavam, à

noite, esse ditoso planeta.

A humanidade daquele mundo era sumamente feliz e recebia, em estado de

êxtase, inspirações que lhe propiciava realizar os mais nobres trabalhos. Seus

satélites agrupavam-se em torno do mais poderoso deles, que era a Lua, que,

por isso, chegou a ser a regente deles.

O orgulho, contudo, perdeu a esta última que, por isso, fracassou em sua

missão, e até arrastou seus companheiros ao caminho do mal, rebelando-se

contra os Guias Divinos e fazendo com que a situação dos satélites se

tornasse muito grave. Os Guias Divinos, então, resolveram reunir cinco desses

satélites, em um só astro: a Lua, a Ásia, a África, a América e a Europa. A Lua,

contudo, rechaçou tal proposta, que lhe teria sido proveitosa, se aceita. Os

outros aceitaram e incorporaram-se na parte restante da Terra (Austrália), que,

em seguida, começou o seu trabalho. O fluido eletromagnético ia desempenhar

um papel importante. A Ásia tinha um povo de corpo amarelo-vermelho.

Também foi unida à Ásia uma raça indomável, mas na qual a Providência

depositava grande esperanças. A África tinha a raça negra e a América a

vermelha.

O eixo unificador desses diferentes planetas estava na Judéia, que também foi

indicada para receber o Cristo, Salvador do Mundo” (citação da obra).

38. Depois, cada raça, em seu apogeu e desenvolvimento comercial, deu um

nome ou batizou um mar com a designação de sua cor. Temos assim o Mar

Vermelho, o Mar Negro, o Mar Amarelo e o Mar Branco, apesar de todas as

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suas águas apresentarem a mesma cor. Quando os negros, em determinada

época, possuíram a Índia e estenderam sua dominação até o Cáucaso, todo o

sul da Europa e litoral da Rússia meridional de nossos dias, ao mar situado

naquele lugar eles deram o nome de “Mar de Pelaskos” ou “De Negros” ou

MAR NEGRO.

39. Os vermelhos, cuja civilização intelectual foi superior à dos negros, os quais

só dominaram pela força bruta, fundaram e mantiveram grandes colônias e

algumas delas subsistiram até o momento em que apareceu a Raça Branca e

os negros foram por ela dominados.

Tais colônias estendiam-se da China ao Tibet, existiam na Índia e sobre os

litorais do Atlântico e do Mediterrâneo. A mais bela de todas essas colônias, no

entanto, foi, sem dúvida, o Egito, que exerceu notável influência sobre a alma

da humanidade ocidental.

40. A maravilhosa civilização dos atlantes surpreenderia e causaria inveja à

raça branca atual, possuidora de muitas invenções e descobertas. Assim, por

exemplo, sob as ordens de seus sábios e poderosos sacerdotes, os atlantes

realizaram, no Egito, o maravilhoso trabalho do desvio do curso do rio Nilo,

com isso privando os negros de sua fonte de Vida e transformando a terra árida

do Egito num verdadeiro Éden.

Os vermelhos, ao privarem os negros de sua riqueza pelo desvio das águas do

Nilo, que desviaram para o Mediterrâneo, começaram a navegar, desde então,

no mar situado entre a Arábia e o Egito, ao qual deram o nome de MAR

VERMELHO.

41. Os Lemurianos foram os Mestres da Terra antes dos Atlantes. Dominaram

muitos continentes e, na China e no Japão, foram os iniciadores dos seres

humanos ali existentes, sendo também os que deram ao mar que existia perto

do local em que habitavam o nome de MAR AMARELO.

42. Nossos antepassados tiveram o MAR BRANCO. Os negros dominaram a

Europa meridional. Seus exploradores descobriram os primeiros exemplares da

Raça Branca nos bosques da Europa Central e do Norte, cuja cor é bem

diferente da deles. Naquele tempo os seres cor de ébano possuíam a Núbia e

a Abissínia, tendo dado aos brancos o nome de “ESPUTO”. Esses brancos

haviam descido do norte de Ross-Land, “Terra dos Cavalos”, que é a Rússia

atual. Atravessaram a terra superior ou elevada que atendia pelo nome de

“Roll-Land” ou Polônia e passaram pela “Deutch-Land” ou Terra Divina.

Chegaram, enfim, a Dahn-Mark ou “LIMITE DAS ALMAS” e a Holl-Land ou

Goli-Land, “TERRAS BAIXAS OU INFERIORES”.

Page 15: Jorge Adoum  - Cosmogênese

A Gália, ao sul, estava ocupada pelos Gian-Ben-Gian, ou seja, os negros.

43. Nessa época os negros adoravam a arte ciclope, ou seja, a arte que

consistia em empilhar pedra sobre pedra sem utilizar qualquer cimento. Os

vermelhos preferiam a arte triangular e até mesmo suas figuras humanas foram

desenhadas com formas triangulares. Começou, então, o conflito entre essas

duas raças tão diferentes, tanto no campo físico, como no moral, sobrevindo

assim enérgica luta entre eles, a fim de manterem a própria autonomia e

afirmar sua preponderância no mundo.

44. Nós, espiritualistas, acreditamos que existe uma Providência que auxilia

todos os povos, a fim de que estes possam desincumbir-se da missão que lhes

foi confiada. Devemos, no entanto, reconhecer que a Humanidade goza de

uma relativa liberdade. Ela está colocada ante destinos previamente traçados.

Cada ser tem uma individualidade própria e liberdade de fazer o que quiser.

Entretanto, aquele que só cuida de perturbar a ordem estabelecida será detido

por essa Providência que preocupa-se, incessantemente, com a marcha

evolutiva dos povos. Cada raça, cada homem, tem qualidades diferentes dos

demais. Seres, porém, existem que têm a responsabilidade de conservar e

restabelecer a ordem, direta ou indiretamente.

45. Segundo o capitão Bruk, cada nação tem um ciclo de vida bem

determinado, e é de 1.040 anos. Com efeito, esse gênio belga demonstrou,

apoiado em fatos históricos, quais são as leis que governam a circulação dessa

força que atrai a agulha magnética em direção ao Norte e que recebe o nome

de Magnetismo Terrestre. Segundo Bruk, deve-se notar a estreita correlação

existente entre a infância, o apogeu e a decadência de um povo e o

deslocamento do fluido magnético em seu território. Pode-se recordar tanto a

história das lutas, como a dos tratados de paz entre os diversos povos brancos,

constatando-se tais fatos sob um ponto de vista matemático. Ninguém

consegue bater-se em luta, nem guerrear quando quer, mas apenas em certas

épocas fixas.

46. É fácil traçar sobre o planisfério o círculo das batalhas modernas adotando-

se o seguinte método: toma-se, como ponto de partida, a metade da linha reta

que une os dois principais centros de civilização das duas nações em guerra.

Em seguida, aplica-se a ponta do compasso sobre aquele centro para, depois,

percorrer, com a outra ponta e com um raio igual à metade daquela reta, a

região que fica em torno. Comprovar-se-á que a guerra afetará todas as

regiões que forem abrangidas pelo compasso e que, de um modo geral, todos

os povos existentes nessas regiões serão envolvidos por essa guerra.

47. Qualquer raça humana deve sempre dominar a Terra durante um período

de 12.500 anos, que corresponde a um ano plutoniano. Em seguida, ocorrerá

Page 16: Jorge Adoum  - Cosmogênese

um cataclisma, do qual os livros sagrados sempre falam. Um desses

cataclismas foi o Dilúvio Universal e seu resultado foi o afundamento de um

continente, seguida de sua substituição por um oceano. Tais fatos acontecem

sempre numa época facilmente determinável de antemão.

Page 17: Jorge Adoum  - Cosmogênese

CAPÍTULO 2

O HOMEM

1. A Esfinge é a mais perfeita síntese do homem, porque representa as

diversas potências e etapas evolutivas do ser humano. As forças físicas

encontram-se simbolizadas pelo Touro. As forças morais e as virtudes pelo

Leão. As forças intelectuais pela Águia e a força divina pela cabeça do homem,

destinada a comandar essas três forças animais.

2. O Touro representa a natureza linfática, o Leão a sanguínea, a Águia a

nervosa e a Vontade o homem.

3. Os quatro evangelistas foram representados pelos quatro animais da

Esfinge: Mateus pelo Touro; Marcos pelo Leão; Lucas pelo Homem e João pela

Águia. Cada Evangelho encontra-se adaptado a um temperamento humano.

4. O ser humano encontra-se formado por três centros orgânicos: a cabeça, o

peito e o ventre. À cabeça pertence a força nervosa, ao peito a sanguínea e ao

ventre a linfática, embora as três se misturem e trabalhem nos três centros.

5. O homem é regido por três forças denominadas subconsciente, consciente e

superconsciente. A primeira é a vida orgânica do homem, que funciona esteja

ele dormindo ou acordado. A segunda trabalha durante a vigília, enquanto a

super-consciência representa o estado espiritual do homem.

6. O subconsciente é aquele estado de vida que nos prende a todo o sistema

solar e que é chamado de corpo astral. É a alma da Bíblia e das religiões,

através do qual podemos comunicar-nos com o mundo interno. É ele quem nos

fornece a chave dos fenômenos telepáticos.

7. Deste modo, o subconsciente ou alma forma-se em astral e nele vive. É a

ponte entre o corpo e o Espírito. O mundo astral é o mundo dos

pressentimentos, das inspirações, dos desejos, das batalhas ou do Leão da

Esfinge.

8. O corpo físico, o corpo astral ou alma e o espírito formam o homem. Em

Sânscrito eles se denominam Rupa, que significa roupa, forma, aparência,

vestimenta; Jiva (Eva) vida, vitalidade e Atma, espírito ou alma de Deus

encarnada em nós. As letras do sânscrito representam os três mundos: o físico

Page 18: Jorge Adoum  - Cosmogênese

está representado pelas letras; o astral pela barras; e o divino pelos acentos

que se intercalam, algumas vezes.

9. A escrita de um povo indica sempre o sentido em que se realiza a marcha de

sua evolução. Os semitas escrevem da direita para a esquerda, indicando que

sua filosofia e ciência foram adquiridas no Sul. Os hindus escrevem como os

latinos da esquerda para a direita. Os descendentes da Lemúria, os chineses,

escrevem do céu para a terra ou de leste para oeste. Os atlantes, finalmente,

tanto os vermelhos quanto os negros, escreviam da terra para o céu ou do

ocidente para o oriente.

10. O homem alimenta-se usando três espécies de alimento: o primeiro é o

alimento sólido ou líquido, absorvido pelo estômago; o segundo é o ar que ele

respira, que é o alimento da alma ou corpo astral; o terceiro são as sensações.

Essas três categorias de alimentos têm capital importância para nossa

evolução.

11. Nenhuma espécie de alimento usado moderadamente impede o

desenvolvimento espiritual. Deixemos que os mestres de determinadas escolas

filosofem à sua maneira sobre a ingestão de carne. “Não é o que entra pela

boca que prejudica o homem, mas aquilo que dela sai.” No entanto, o iniciado

sabe o que é mais conveniente para o seu corpo e evita, durante determinada

época do ano, comer carne e outros manjares pesados. Ele sabe jejuar e

praticar abstinência.

12. Algumas pessoas afirmam que constitui crime alimentarmo-nos de carne

animal. O que elas, no entanto, ignoram é que o regime vegetariano absoluto

expõe o corpo a graves perturbações fisiológicas.

Por outro lado, o tão evoluído São Paulo recomenda que comamos de tudo que

se encontra nas vendas, sem problemas de consciência. Certo Mestre disse:

“Se por não se comer carne atinge-se o mestrado, a vaca deveria ser o maior

dos mestres...” Em suma: o regime misto é a melhor escolha.

13. Já afirmamos que o homem encontra-se formado por três elementos

principais: o corpo material oriundo da terra; o corpo astral ou alma formado

pela Natureza; e o Espírito (que equivocadamente chamamos de alma) de

origem divina ou espiritual. A união desses três princípios produz todos os

demais elementos e faculdades do homem.

14. O corpo físico é animado pela Anima, Alma ou Corpo Astral, que constitui o

Ser Animal ou Inconsciente no homem. O espírito é o Raio Divino que se

manifesta através do consciente. Durante o sono o consciente cessa de

funcionar de um modo aparente e o animal ou astral continua funcionando.

Page 19: Jorge Adoum  - Cosmogênese

15. Houve em torno do problema do corpo astral muitas discussões que não

nos interessam. O astral é simplesmente o que anima e move o homem sem o

auxílio intermediário do consciente. O centro de sua atuação é a cavidade

torácica e suas reservas circulam nos nervos do Grande Simpático. Esse corpo

astral ou alma é duplo: uma de suas seções volta-se para o Espírito, enquanto

a outra volta-se para a matéria. Assim sendo, o caráter do corpo astral ou alma

é igualmente duplo, o que quer dizer que o caráter não reside no organismo,

embora sirva ao espírito e ao corpo. Ao corpo físico ele dá vida e ao Espírito

ele permite a comunicação com o mundo exterior.

16. O sono ou desvanecimento interrompem as relações entre corpo e espírito.

O astral provê a força nervosa necessária para a ação do espírito sobre a

matéria. O corpo astral transforma uma parte do sangue em fluido nervoso e

este circula nos pedúnculos do cerebelo. Durante o estado de vigília essa força

ou líquido passa do cerebelo ao cérebro pelo pedúnculo cerebeloso superior. O

excesso desse fluido dirige-se, através do pedúnculo inferior, para a espinha

dorsal e para os gânglios simpáticos.

17. Existe no homem um princípio inteligente que preside à confecção e à

renovação de todos os órgãos a cada sete anos. Essa inteligência está

igualmente dentro e fora do homem. Graças a ela todos os astros e estrelas do

Universo podem se mover. Assim sendo, o princípio orgânico do homem é,

simplesmente, uma célula do Universo e, por conseguinte, segue as leis que

regem a todos os habitantes do mundo. Tais leis acham-se dirigidas por certa

inteligência que podemos chamar de Inteligência da Natureza.

18. Essa Força Inteligente dirige a evolução de todos os seres e também do

homem em sua formação orgânica. A criatura humana que se julga isolada do

mundo ou que se imagina independente dessa força, é como um glóbulo

vermelho do sangue que se julga separado do organismo. Todo movimento

que ocorra no céu, por menor que seja, move o Universo inteiro. A oposição

dos astros repercute até mesmo em nossa vida orgânica, ainda que não o

percebamos, porque estamos todos ligados e unidos aos diversos mundos que

nos rodeiam, assim como estamos presos à terra pelos pés e ao ar pelos

pulmões.

19. Há uma força fluídica que circula no homem, existindo muitas formas de

registrá-la. Uma delas é a seguinte: Espete uma agulha de costurar numa rolha

e coloque uma tira de papel sobre essa agulha. Com esse simples recurso

pode-se registrar nosso fluido magnético, pois aproximando uma das mãos

pela direita ou pela esquerda verificaremos a existência dessa força que está

continuamente entrando e saindo de nós.

Page 20: Jorge Adoum  - Cosmogênese

20. Muito se falou sobre o Darwinismo e da evolução do animal e do homem,

sendo que até hoje continuam procurando o elo perdido entre este e aquele.

Sob o ponto de vista orgânico, existe um elo que une o homem ao animal, o

animal ao vegetal e o vegetal ao mineral, embora a Ciência Oficial ainda não

saiba, até hoje, como se efetuam essas diferentes transformações progressivas

nos corpos vivos. Nós, no entanto, afirmamos que a passagem de uma forma

material a outra realiza-se em astral. Quando um cachorro morre, este não

desaparece, porque nada se perde no mundo. Ele, apenas, se transforma ou

penetra o astral para começar a formação do futuro corpo astral de um

macaco. Assim sendo, o sábio positivista que observa os dois corpos físicos, o

do cachorro, avô do macaco, nota a íntima relação que existe entre eles, mas

nunca perceberá o plano em que essa metamorfose sucessiva se realizou.

21. Quando as Escrituras afirmam que “castigarei os pecados dos pais sobre

os filhos, até a terceira ou quarta gerações”, ela procura ensinar-nos que fomos

nós que construímos nosso corpo físico atual, através do corpo astral que

tivemos na vida anterior. Aquele que, em vida, gosta de embriagar-se, alimenta

seu corpo astral de álcool e, consequentemente, os maus elementos da bebida

produzem, na vida póstuma, efeitos muito dolorosos, fazendo com que o corpo

físico, na nova encarnação, seja defeituoso, raquítico ou apresente um cérebro

degenerado. Desse modo, colhemos o que plantamos e renascemos, após

decorrido algum tempo após a nossa morte, num dos corpos dos descendentes

da segunda ou terceira gerações.

22. Fomos feitos à imagem de Deus, mas não temos devolvido os talentos com

que fomos dotados. Isto explica a simbologia dos triângulos. Deus está

representado pelo triângulo de luz, cujo vértice aponta para cima, enquanto o

homem está representado por aquele que tem o vértice voltado para baixo.

O homem é como a placa de vidro sensibilizada pelo fotógrafo que reflete a

imagem de cabeça para baixo. Porém, uma vez revelado por esse “clichê”

negativo, converte-se em positivo.

23. Encontram-se, assim, no homem, as seguintes partes: 1.°) a idéia a ser

realizada; 2.°) um intermediário e 3.°) a realização. Essa é a chave dos três

planos da Natureza, ou seja, o Mundo Divino ou das Idéias Tipos; o Mundo

Astral, ou “clichê” negativo e o Mundo Elemental ou das formas físicas. Disso

resulta que tudo que vibra no Mundo Divino ou no Plano Físico tem seu reflexo

no Mundo Astral. Nesse Mundo Astral se reproduzem milhões de exemplares

de tudo que nele se grava, exatamente como acontece com a placa fotográfica.

Todos os desejos do homem ficam guardados, como sementes, latentes nesse

mundo. Elas brotarão no futuro corpo físico a reencarnar em determinada

família, País ou Continente que melhor afinem com seu tipo de evolução.

Page 21: Jorge Adoum  - Cosmogênese

24. Temos em nosso Sistema Solar mais de 20.000 planetas nos quais o

homem pode reencarnar. O fluido astral, no entanto, só tem sete diferentes

aspectos segundo os sete planetas governadores, representando planos ou

modalidades da força universal.

25. Durante nove luas, a encarnação da alma desenvolve-se da seguinte

maneira: Saturno, primeiro, prepara os átomos formadores dos ossos e de

todas as partes materiais. No segundo mês Júpiter doa aquilo que irá constituir

a parte líquida do organismo. No terceiro mês Marte dá o sangue. Quando os

humores e a carne já se encontram formadas, a primeira inteligência individual

começa a vigiar sua vestimenta. O sol atua no quarto mês, dando assim maior

precisão às formas do novo ser. Modelam-se os órgãos genitais e surgem os

olhos, ao invés de uma única cavidade na metade da testa. Tal

aperfeiçoamento é devido a Vênus no quinto mês. Logo em seguida vem

Mercúrio, que prepara a linfa e a força nervosa no sexto mês de vida do

embrião.

No sétimo mês a Lua completa a obra e, então, a criança pode nascer, embora,

se nascer nesse período, possa ser fraca. Por esse motivo, Saturno, Júpiter e

outras forças atuam novamente para completar o ciclo evolutivo do feto

humano no curso da reencarnação do espírito.

26. Uma vez individualizado o ser humano no corpo físico, sua alma estará

sempre em relação com o mundo dos astros de onde foi tirada. Essa alma

pode dilatar-se e sair do homem para receber influências de duas espécies:

influências superiores, como o Amor Divino que é a parte luminosa da alma ou

Astral, a qual procura sempre elevar-se, ou influências inferiores, como as

paixões desenfreadas e o ódio, que materializam o corpo astral a fim de

exteriorizar-se e condensar-se, colocando o homem em relação com a

natureza material.

27. Dessa forma, a alma manifesta-se em três planos: no Físico, através da

respiração; no Astral, que e o seu mundo, por meio do magnetismo e no

Espiritual, pela circulação dos “clichês” astrais. Tudo que pensamos e

executamos no Plano Físico ficará gravado no corpo e no mundo astral. Ele é o

arquivo da Natureza. O olho que consegue ver esse arquivo encontra-se na

cruz formada entre o cérebro e o cerebelo.

28. O homem é tentado pelo corpo ou mundo físico, assim como pelo mundo

astral. Quando se pensa em roubar alguma coisa de outrem, isso é uma

imagem astral (que outros chamam de mundo dos desejos). O divino, então,

intervém sob a forma da consciência e ordena: “Não roubarás.” O “clichê”, ou

imagem, enfraquece, mas não se apaga totalmente. Esse pensamento volta

duas, três ou mais vezes. Se não resistirmos à tentação, a imagem fixar-se-á

Page 22: Jorge Adoum  - Cosmogênese

no corpo astral, formando parte integrante da aura magnética. Tal imagem

pode ser vista pelo olho clarividente ou profético.

29. O astral pode ser projetado pelo poder da vontade. Alguns seres projetam

seus corpos astrais sobre seus entes queridos ou enfermos. Muitos,

igualmente, na hora de morrer, projetam sua imagem para alguns seres

conhecidos, fazendo com que eles possam ver essa imagem, e esses podem

percebê-la, seja em estado de vigília, seja dormindo.

30. Algumas pessoas ingênuas acreditam que o desdobramento representa

todo o segredo do Ocultismo. Devemos, pois, dizer a essas pessoas que tal

coisa não passa de mera ginástica perigosa que a nada conduz. Pelo contrário,

pode acarretar doenças e levar à loucura. Somos os criadores dos demônios

através de nossos pensamentos e obras. Todo indivíduo, no entanto, aqui ou

além, encontra-se protegido por seres invisíveis e somente nossos bons

desejos influem nos estados ou planos de vibração sobre os demais. De forma

que, para prestar auxílio não é necessário o desdobramento.

31. Temos de ampliar o estudo do Plano Astral para nos familiarizarmos com o

mundo invisível da Natureza e com os seres invisíveis aos quais estamos

inconscientemente relacionados.

32. A parte visível do homem manifesta a parte invisível, porque na Natureza

existe uma parte invisível em todas as coisas que caem sob o domínio de

nossos sentidos.

33. Assim como no corpo do homem circulam, invisivelmente, fluidos e células,

fatores incessantes do organismo, também assim na Natureza Invisível

circulam forças e seres fatores incessantes do Plano Físico.

34. O corpo astral é o modelador e o conservador das formas orgânicas. Assim

sendo, o corpo físico é o resultado de princípios invisíveis a nossos sentidos

físicos.

35. A parte invisível do homem compõe-se de dois grandes princípios: o corpo

astral ou ser psíquico, de um lado, e, de outro, o Espírito consciente.

36. É indispensável conhecer o Plano ou Mundo Astral a fim de poder entender

as teorias dos Ocultismos e também para que se possa explicar todos os

estranhos fenômenos que acontecem.

37. Para poder explicar claramente este assunto, somos forçados a utilizar

certas comparações passíveis de nos porem a caminho de uma definição

compreensível.

Page 23: Jorge Adoum  - Cosmogênese

Temos aqui um exemplo: o fotógrafo está com sua máquina diante de um

bonito panorama. Ele focaliza a sua lente e abarca a paisagem, cuja figura é

refletida e fica estampada na sensibilidade da película negativa. Uma vez

lavada e revelada, essa película mostra-nos algo muito parecido com o Plano

Astral, ou seja, o preto é branco e o branco é preto. É exatamente assim que o

vidente vê o corpo astral.

Quando se estampa o “clichê” negativo sobre papel sensibilizado, temos,

então, uma figura positiva, vista do Plano Astral e é assim que nos vêm desse

Plano.

38. Pois bem, o artista pode morrer e sua máquina quebrar-se. No entanto, um

só negativo do panorama original será suficiente para reproduzir milhares de

figuras positivas idênticas umas às outras pela simples ação desse negativo

sobre a matéria.

Em resumo: cada forma orgânica ou inorgânica que se manifesta a nossos

sentidos é a fotografia da idéia de um artista criador que nos chega de um

mundo superior chamado plano da criação, porque ali se encontram idéias e

princípios primordiais, da mesma maneira como ocorreu no cérebro do

fotógrafo que tudo preparou para tirar a fotografia no negativo e reproduzi-la

em positivo.

39. Também entre o plano superior, comparado com a mente do fotógrafo, e o

mundo físico, que é o panorama, existe um plano intermediário disposto a

receber ordens do mundo superior e realizá-las operando sobre a matéria.

Assim como o fotógrafo, recebendo a impressão do panorama em seu cérebro,

procura conservá-lo e fixá-lo na matéria. Esse plano intermediário chama-se,

em Ocultismo, Plano ou Mundo Astral.

40. Devemos esclarecer sempre que o Plano Astral e todos os mundos

invisíveis encontram-se submersos tanto na Natureza, como no homem e que

cada planta tem seu Plano Astral e, até, Divino. Para analisar, porém, as

coisas, temos de imaginar a separação teórica desses mundos coesos. Por

esse motivo chamamos a qualidade do astral de “Plano Intermediário”. Isto,

porém, não é tudo. O Plano Astral tem uma segunda propriedade que é a

criação das formas.

41. A idéia do homem assemelha-se à Mente Divina: cria, em princípio, o que

pode manifestar-se “em negativo” no Plano Astral. Ou seja, tudo que é

luminoso em princípio torna-se escuro. E, reciprocamente, tudo que é escuro

torna-se luminoso. O que se manifesta fisicamente não é a imagem exata do

princípio. Uma vez obtido o molde, a criação astral está terminada.

Page 24: Jorge Adoum  - Cosmogênese

42. É, então, quando começa a criação no Plano Físico ou Mundo Visível. A

forma astral agita-se sobre a matéria e dá nascimento à forma física (“e a Terra

achava-se vazia e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”, diz a Bíblia).

Isto quer dizer que o “clichê” negativo dava nascimento às fotografias. O Astral

tem, assim, de proporcionar figuras exatas do mesmo molde, continuando

assim até que o molde ou o negativo se modifique. Para modificar a forma é

preciso ter um novo “negativo”. Deus, com sua Lei, pode fazê-lo de imediato,

mas o homem apenas mediatamente.

43. Dois são os agentes do magnetismo ou fluidos criadores do Astral: os

elementais e os elementares.

44. Na comparação precedente do negativo e de todos os componentes que

recebem a figura, temos a representação dos agentes a que nos referimos.

Toda manifestação tangível é a realização de uma idéia intangível, porque

existe na Natureza uma hierarquia de seres psíquicos, semelhante àquela que

se encontra no homem, desde a célula óssea até a célula nervosa, a qual se

compõe de elementos vivos, inteligentes e diversos.

45. Os seres, psíquicos que habitam a região das forças físico-químicas

recebem o nome de Elementais ou Espíritos dos Elementos. São análogos aos

glóbulos do sangue e, particularmente, aos leucócitos do homem. São os

Elementais que se movimentam nas camadas inferiores do Plano Astral, tendo

relação imediata com o corpo físico.

46. Esses elementos obedecem à vontade boa ou má que os venha dirigir. Não

são responsáveis por seus atos, ainda que disponham de inteligência própria.

PORFÍRIO (século III) afirmou: “Talvez levante contra mim as pessoas, se

disser que existem criaturas nos quatros elementos, que elas não são nem

animais puros, nem homens, mas apresentem forma e razão com ausência de

alma razoável.” PARACELSO também afirmou o mesmo.

47. Possuímos em nosso mundo físico certos animais que operam do mesmo

modo que os Elementais. O cachorro, por exemplo, pode, a uma insinuação de

seu dono, atacar o ladrão ou o homem honesto. Em ambas as hipóteses o

cachorro não tem responsabilidade alguma por seu ato agressivo, pois

contenta-se unicamente em obedecer a seu dono, que é, no caso, o único

responsável. Esse é o papel desempenhado pelos Elementais no Plano Astral.

48. Os Elementais, no entanto, obedecem pelo carinho ou pelo medo que

sentem do homem. Exatamente como acontece entre um soldado e um

general. Eles só conseguem resistir à vontade do negromante. Por isso,

dispomos do exorcismo para dominá-los e das orações para atraí-los. O mago

e o sacerdote, mediante invocações, acumulam o magnetismo universal aonde

Page 25: Jorge Adoum  - Cosmogênese

pululam os Elementais a que chamamos de anjos pelo ensino das religiões, a

fim de que atuem para o bem dos fiéis e do mundo.

49. Existem, no Mundo Astral, além dos Elementais, outros seres denominados

Inteligências Diretoras, Anjos da Guarda, Protetores Invisíveis, etc., que são os

espíritos dos homens que tiveram notável evolução.

Há mais, ainda. No Plano Astral encontram-se outras entidades dotadas de

consciência e que são uma categoria de homens e mulheres que morreram

recentemente e cujas almas não completaram ainda toda a evolução de que

precisam. Tais entidades são aquilo que os espiritistas chamam de “espíritos” e

que os ocultistas chamam de “elementares”.

50. Os Elementares são, portanto, entidades humanas evoluídas, enquanto os

Elementais ainda não conseguiram passar pelo estado humano ou pela

Humanidade. Jamais deveremos esquecer este detalhe.

51. Aquilo que chamamos de imagem astral nada mais é do que o “clichê”

negativo de que falamos anteriormente.

O Plano Astral é como o espelho do Mundo Divino, reproduzindo em negativo

as idéias primárias responsáveis pelas formas e forças físicas futuras.

52. Antes de prosseguir, já é tempo de apresentar uma verdade desconhecida

de muitos, qual seja: O mundo astral ou mundo dos desejos é o mundo da

alma e o corpo astral é a alma.

53. Assim como toda coisa ou ser projeta sua sombra no mundo físico, assim

também tanto um como outro projetam um reflexo no mundo astral da alma.

Quando, porém, uma coisa ou um ser desaparecem, o reflexo lançado por um

e outro permanece em astral, reproduzindo a imagem dessa coisa ou desse ser

tal como eram no momento do desaparecimento. Cada homem deixa no Plano

Astral um reflexo ou imagem característicos. Ao morrer, o homem sofre uma

mudança de estado, que se caracteriza pela destruição da coesão que

mantinha unidos os seus princípios de origem e tendências muito diferentes.

54. O corpo físico volta à terra de onde veio. O corpo astral e ser psíquico,

iluminados pela memória, a inteligência e a vontade, bem como pelas

recordações e pelos atos praticados, passam, no Plano Astral, a regiões

elevadas aonde se transformam em elementário ou em “espírito”.

55. O ideal que o ser humano alimentou em vida forma nele uma entidade

dinâmica chamada EU SUPERIOR, o qual nada tem a ver com o EU SOU.

Esse ideal acompanha o EU SOU no Mundo Divino.

Page 26: Jorge Adoum  - Cosmogênese

56. Esse EU SUPERIOR formado pelo homem atual será a fonte de existências

futuras, cujos caracteres determina. Ele será para o vidente “imagens astrais”

ou “a memória da Natureza”, na qual encontra-se escrita toda história passada.

É esse o átomo-mestre de que falamos anteriormente, formado pela energia

criadora que comunica ao aspirante a ciência de todas as Idades. A

Psicometria é um ramo de seus ensinamentos.

57. Se nosso reflexo no espelho pudesse permanecer depois de nossa partida,

mantendo todas as cores, expressões e aparências reais, poderíamos entender

o que significa a “imagem astral” de um ser humano. No entanto, dispomos, por

outro lado, de um “clichê” negativo que pode fornecer-nos uma imagem similar.

Os Antigos sabiam muito bem disto e chamavam, à sombra ou imagem astral

(“clichê” negativo) que habita as regiões inferiores do Plano Astral, de EU

INFERIOR; EU SUPERIOR a que reside nas regiões superiores; enquanto que

o Mundo do Espírito é o Templo do EU SOU.

58. Nas sessões espíritas é preciso ter muito cuidado e efetuar as necessárias

comprovações a fim de verificar se à evocação do defunto vem do seu EU

INFERIOR ou EU SUPERIOR.

No primeiro caso, o ser evocado será como o reflexo do espelho: poderá ser

visto, poderá praticar alguns atos e será fotografável, porém não falará.

No segundo caso, o evocado falará e muitos poderão vê-lo ao mesmo tempo.

59. Em resumo: o Mundo Astral é um mundo intermediário entre o Mundo

Físico e o Mundo Divino. Sua constituição é a seguinte:

a) Entidades psíquicas que dirigem o Mundo Astral. Tais entidades ou homens

superiores pertencem à nossa humanidade ou a alguma outra anterior a esta.

b) Fluidos astrais formados por uma substância análoga à da eletricidade,

porém dotada de propriedades psíquicas: a Luz Astral.

c) Nesses fluidos circulam entidades diversas influenciáveis pela Vontade

Humana. Os elementais são, muitas vezes, formados pelas idéias vitalizadas

do homem.

d) Além desses princípios, há outros, quais sejam, as formas que deverão

manifestar-se futuramente no Plano Físico, as formas plasmadas pelos reflexos

em negativo de idéias procedentes do Mundo Divino.

e) Há, no Astral, “imagens astrais”, “cascões” de seres e coisas, reflexos do

Mundo Físico.

Page 27: Jorge Adoum  - Cosmogênese

f) Fluidos emanados da vontade humana ou do Mundo divino que movimentam

o Astral.

g) Corpos astrais de seres materializados e apegados a suas paixões e

sofrimentos, como os suicidas; de seres a caminho da evolução (elementares);

de entidades humanas que atravessam o Astral a caminho de uma encarnação

(nascimento); de outras entidades desencarnadas (morte). Também ali se

encontram os corpos astrais dos adeptos e das feiticeiras em período de

experiência. Enfim, o Mundo Astral é uma contraparte do Mundo Físico, na qual

se encontram todos os “clichês” negativos dos seres que pululam no Universo,

e é também uma contraparte do Mundo Divino, por onde passam as criações

ao Mundo Físico.

h) O Plano Astral é apenas um, porém com graus de polarização e de vibração

diferentes: o Telesma de HERMES. Quando produz o esplendor, chama-se

Luz. A substância que Deus criou antes de todas as demais coisas quando

disse “Faça-se a Luz!”.

i) É, ao mesmo tempo, substância e movimento; um fluido de vibração

perpétua. Nos astros que ela anima é a Luz Astral. Nos seres organizados é luz

ou fluido magnético. No homem forma o corpo astral ou mediador plástico.

60. A vontade inteligente opera diretamente sobre essa luz e, através dela,

sobre a Natureza passível de modificações impostas pela inteligência.

Essa luz é o espelho comum de todos os pensamentos e de todas as formas.

Ela guarda as imagens de tudo que existiu e, por analogia, seus efeitos nos

mundos vindouros.

É o instrumento da Taumaturgia e da Adivinhação (PAPUS: Tratado Elementar

das Ciências Ocultas / ELIPHAS LEVI: A Chave dos Grandes Mistérios).

61. O sangue nutre o organismo. O sistema simpático movimenta os vasos

sanguíneos. Esses, por sua vez, estão rodeados de pequenos fios nervosos

que se unem ao gânglio simpático mais próximo. Tais nervos dividem-se em

vasos constritores e vasos dilatadores. Os primeiros contraem-se e os últimos

dilatam-se. Partindo da espinha dorsal, o Grande Simpático forma três grandes

plexos que presidem aos grandes centros da vida vegetativa. Eles são: o plexo

cervical, o plexo cardíaco e o plexo solar. Todos eles possuem nervos

condutores de fluido. Donde, porém, emana essa força motriz?

Page 28: Jorge Adoum  - Cosmogênese

62. Os glóbulos vermelhos, que nada guardam para si mesmos, proporcionam

o elemento vital a todas as células. Ao apoderar-se dessa força vital, o

cerebelo a transforma na eletricidade humana. Dois condutores dele partem. O

primeiro é o pedúnculo cerebeloso superior, que leva essa energia ao cérebro

anterior e vai terminar no núcleo vermelho de Stiling. O segundo é o pedúnculo

cerebeloso inferior, que toma a direção dos centros cinzentos da medula,

aonde nasce o Grande Simpático. Os dois hemisférios do cerebelo acham-se

unidos pelo pedúnculo médio.

63. Chegado o sangue ao cerebelo, produz-se a força nervosa. Durante a

vigília essa energia acorre ao cérebro. O espírito, então, pode pensar e

trabalhar com seu corpo. Como, porem, cada idéia deixa exausta uma célula

nervosa, produzindo um desgaste de energia, disso resulta que, após algum

tempo, as reservas do sistema simpático acabam, fazendo com que nos

sintamos cansados e esgotados, com a cabeça pesada e bocejando. O bocejo

desloca a força nervosa rapidamente. No fim do dia ou depois de um trabalho

estafante sentimos necessidade de descansar.

Nesse momento a força nervosa já não está mais chegando ao cérebro, mas

passa pela medula e pelos gânglios simpáticos através do pedúnculo inferior

do cerebelo, ao passo que a parte supérflua do fluido nervoso vai ao espírito,

produzindo nele os sonhos inferiores ou orgânicos.

64. Quando, durante o sono, o Grande Simpático se recompõe de energia

nervosa, a corrente retorna ao cérebro e o espírito começa a trabalhar durante

a vigília. Existem, no entanto, casos de rupturas duradouras ou momentâneas

entre o espírito e o corpo físico, como na apoplexia, durante a qual o espírito

muda o lugar ou sede do seu funcionamento, passando do físico ao astral.

Certas doenças graves, como a febre tifóide ou a neurastenia, obrigam o

espírito a ficar mais tempo afastado do corpo físico. O desmaio, enfim, corta a

união do consciente com o ser impulsivo.

65. Muitas pessoas falam em hipnotismo, magnetismo e sugestão, porém

poucas compreendem o porquê desses fenômenos.

Há três formas de hipnotizar uma pessoa. A primeira consiste em esvaziar a

força cerebral no cerebelo, provocando o fascínio do cérebro por meio de uma

luz forte, posta diante dos olhos, o que acarreta o sono hipnótico

instantaneamente. O espírito separa-se do ser impulsivo e toda a força nervosa

fica centralizada no cerebelo, ficando a pessoa num estado de

semiconsciência. Mas também podemos obter o estado hipnótico não apenas

por meio do olhar, como por meio de qualquer dos sentidos: olfato, audição e

paladar.

Page 29: Jorge Adoum  - Cosmogênese

66. Para que se obtenha o sono hipnótico é preciso congestionar o plexo

cardíaco por meio de passes. Durante esse sono, o paciente entra, com

frequência, em relação com as forças e seres do Universo. Ocorrem, então, as

visões e o magnetizador pode separar o corpo astral do físico e enviar o mental

para bem distante, a fim de adquirir certos conhecimentos.

67. Se a energia nervosa for levada ao plexo solar os fenômenos espíritas

serão produzidos. Esse plexo une o homem à natureza instintiva ou física.

Quando a força nervosa do ser humano começa a sair desse centro num

quarto escuro, os objetos ficam iluminados e pode-se verificar a existência de

raios de luz negra. Em tal estado, o corpo astral sai do corpo físico ao nível dos

rins e pode aparecer ao lado do paciente. Todos nós possuímos um duplo

luminoso que se pode apresentar a nós mesmos. Tal desdobramento é

produzido quando nosso plexo solar estiver congestionado por algum meio.

68. O médium adormecido pode unir o seu astral ao de algum magnetizador

que se encontre entre os presentes e este assimilará suas idéias e poderá

revelar muitas coisas conhecidas apenas de uma única pessoa entre os

assistentes. Ele converter-se-á, desse modo, num leitor de pensamentos. Em

outros casos o paciente põe-se em relação com os elementais e, então, suas

comunicações serão infantis. O médium, contudo, pode também comunicar-se

com suicidas ou elementares de baixa categoria, havendo finalmente certos

médiuns que, às vezes, entram em relação com um ser do Plano Espiritual.

69. O EU SOU está envolto numa espécie de matéria que tem vários graus de

vibração. O espírito é semelhante a uma chispa de luz rodeada pelo astral, que

parece uma auréola cercada pelo corpo físico. Os antigos representavam o

Astral sob a forma de uma serpente, porque os fluidos emanados da natureza e

do homem serpenteiam, aparentemente, dessa maneira. Por esse motivo o

Kundalini também recebe o nome de Serpente ígnea.

70. A Serpente ígnea está representada pelas vogais de cada idioma e essas

vogais constituem a Palavra Perdida. Na própria Palavra Perdida encontra-se a

letra da vida e da morte. A vogal “U” é o som da morte e todo ser, na hora de

sua passagem, escutará um som ou ruído de um “U” prolongado. O símbolo da

serpente que mata e da que ressuscita pode ser visto nas Escrituras, no

caduceu e em todas as religiões.

71. As perturbações de origem nervosa demonstram que o astral não está fixo

ou que está funcionando mal. Quando os médicos chegarem a sentir e a

compreender este fato, a loucura poderá ser curável.

O regime vegetariano influi sobre o astral durante um certo tempo, porém o

regime do pensamento é muito mais eficaz. Pensar sempre bem, falar sempre

Page 30: Jorge Adoum  - Cosmogênese

bem dos outros e trabalhar sempre de um modo correto provocam a depuração

de nosso corpo astral, convertendo-o em algo luminoso e puro.

Page 31: Jorge Adoum  - Cosmogênese

CAPÍTULO 3

AS RAÇAS

1. Tivemos quatro grandes períodos na civilização humana: O Período

Lemuriano, o Período Atlante, o Período Etíope e o Período Branco, que é o

atual. Transmitiremos os ensinamentos de FABRE D’OLIVET em seu livro

“História Filosófica do Gênero Humano”:

“Quando os vermelhos chegaram ao seu apogeu, os negros começaram a

estender sua influência sobre outros territórios orientais. Depois os atlantes

desapareceram e foram sucedidos pelos etíopes. Quando chegou a vez dos

brancos, estes encontraram os negros nos bosques da Europa Meridional.

Muitos brancos tinham sido aprisionados, antes, pelos negros, os quais sofriam

maus tratos e eram mantidos como escravos para fundir metais e construir

suas ciclópicas fortalezas. A seguir, os brancos libertaram-se e com essa

libertação veio a época das grandes batalhas entre brancos e negros; e a lei de

causa e efeito fez que os negros fossem escravos dos brancos. Foi quando

RAM e seus guerreiros brancos invadiram a Ásia e a Índia, rechaçando o

exército dos etíopes até Lamk, depois denominado Ceilão, o que fez com que

os negros perdessem seus domínios e seu cetro, a fim de que os brancos

dominassem a Terra durante muitos séculos.

2. Os brancos lançaram-se à conquista da Índia e, depois de afastarem os

negros, estabeleceram-se nesse País. Muitos anos mais tarde, seus netos

saíram aos milhares do País conquistado por seus avós e vieram ter à Ásia

Menor e à Europa. Esta é a origem dos Arianos.

3. As leis da civilização seguem sempre o curso do Sol e, similarmente, quando

um continente nasce, a evolução de sua raça começa sempre a leste para

terminar a oeste. A civilização branca nasceu no Oriente e estabeleceu-se, em

seguida, no Egito, na Grécia, em Roma e na França.

Atualmente passa aos Estados Unidos da América do Norte e após algumas

catástrofes, New York ou Chicago será o olho do mundo. Isto acontecerá de

2.200 em diante. Após a mudança total do pólo magnético da civilização

branca, efetuar-se-á a fusão da ciência ocidental e da velha tradição asiática,

começando desde então um novo ciclo para a humanidade terrestre.

Page 32: Jorge Adoum  - Cosmogênese

4. Os brancos, cujas mulheres foram o eco do Invisível, tiveram profetas e

profetizas. Os Druidas consideravam a mulher igual ao homem e complemento

deste. Na Europa Central e Meridional lutaram febrilmente para emancipar-se

do domínio dos negros. A raça branca, por indicação da profetiza Voluspa,

triunfou e a partir de então começaram os colégios de druidesas, que, mais

tarde, afastaram-se de seu ideal, perdendo o primitivo esplendor e sendo

atacadas por terrível enfermidade: a tuberculose. As druidesas sacrificaram,

em vão, milhares de homens. Então, o Espírito Guardião da Raça Branca

apareceu ao jovem druida RAM e disse-lhe que certa planta parasitária

chamada “gui” (visgo, visco, viscum album), que vive no tronco do carvalho,

misturada ao suco da vinha, podia combater a praga. Para comemorar este

fato surpreendente, os druidas assinalaram o dia 25 de dezembro,

transformando-o num dia de festa chamado Nevy-Heyel, donde veio Noel

(Natal), dia em que se ocupavam em recolher solenemente o “gui” com facas

de ouro em um véu branco, depois de sacrificar dois touros, a cerimônia

terminava num banquete. A infusão desta planta parasitária foi considerada

como panacéia universal regeneradora das energias do plexo solar. Até hoje os

herbolários colhem essa planta nesse dia.

A reputação de RAM começou a ser difundida e aumentou com o tempo.

5. RAM e muitos brancos quiseram emancipar-se da tirania das druidesas. Elas

praticavam, como os negros, a poliandria, que é o contrário da poligamia. Entre

os negros da África, até nossos dias, existe o seguinte costume: quando o pai

deseja reconhecer o seu novo filho, deita-se e põe-se a gritar e bradar até que

os vizinhos acodem para felicitá-lo pelo feliz “parto”, enquanto a pobre mãe tem

de ficar calada e, se ela grita ou chora, consolam-na tapando-lhe a boca. As

druidesas enviavam mensagens a seus mortos, matando os homens que lhes

serviam de mensageiros. Elas colocavam o homem que tinha a sorte de ser

mensageiro sobre uma bonita pedra e cortavam-lhe suavemente a garganta.

6. Dez mil anos antes de Cristo os homens egoístas rebelaram-se e muitos

brancos abandonaram a Holl-Land, atravessaram a Áustria, passaram à

Macedônia até alcançarem o Mar Negro, dali seguindo para o Cáucaso e a

Ásia Menor. Ali permaneceram, errantes, devido à perseguição dos negros. Os

árabes são os descendentes desses celtas, porém alguns deles uniram-se pelo

matrimônio a algumas mulheres negras, dando origem a filhos morenos.

Porém, a título de revanche, ditaram leis em oposição às já estabelecidas pelas

druidesas, as quais incidem até hoje sobre os semitas, que ainda choram

quando lhes nasce uma filha. A religião favoreceu, também, os seus desígnios,

permitindo que o homem pudesse ter muitas mulheres, podendo também

divorciar-se delas à vontade e até vendê-las em hasta pública, como acontecia

Page 33: Jorge Adoum  - Cosmogênese

na Inglaterra até o princípio do século XVIII. Estas são as origens da poliandria

e da poligamia, sendo esta a Lei da causa e do efeito.

7. O famoso RAM, seis mil anos antes de Cristo, não quis viajar à morada dos

mortos, preferindo abandonar o País. Seguiram-no duzentos mil brancos com

suas mulheres e filhos. Ele percorreu o centro e o sudeste da Europa,

chegando aos confins da Rússia Meridional e às portas da Ásia.

Esses brancos uniram-se aos Turanianos no Ural. Nos Bálcans, no Cáucaso e

na Geórgia existem, até hoje, vestígios deles. RAM esteve alguns anos entre o

Mar Aral e o Mar Cáspio. Derrotou os negros e apoderou-se de suas cidades,

como Balk e Mervo, construindo a cidade de Var.

Conquistou Plaksha e invadiu Bharat-Versu ou Índia, aonde então reinavam

duas dinastias: a Solar e a Lunar. RAM emprestou magnífica organização à

Índia, antigo império de Gia-Ben-Gian.

8. Os árabes até hoje apresentam um tipo de civilização ioniana ou lunar e sua

marca é encontrada na lua crescente que vemos em seus estandartes e em

seu calendário de 28 dias. Na Alemanha ficaram os vestígios da dominação

feminina deixada pelas druidesas e, em sua língua, os alemães dizem “A SOL”

e “O LUA”.

Isshon, segundo filho do imperador Ougra, semeou o Cisma em várias partes

do reino, porque havia sido iniciado nos mistérios da ciência sacerdotal.

Ambicioso em reinar como seu irmão Tarak’Hya, juntou-se aos sábios e

filósofos descontentes, além de aos demais membros das classes inferiores, e

quis defender os direitos desconhecidos do princípio feminino. Os altos

iniciados quiseram atraí-lo à sua causa, porém ele se manteve firmemente

dentro de seu ponto de vista, dizendo que “a mãe ou feminismo” era superior

ao “pai ou masculino”.

Seu irmão, o imperador, expulsou a ele e a seus partidários da Índia. Foi a

guerra dos Yonijas.

A Ásia Menor sublevou-se contra a ortodoxia do Carneiro e a lei do Touro

triunfou sobre a do Cordeiro. Os revolucionários tomaram a cor púrpura para

seus distintivos e o símbolo da pomba, enquanto os ortodoxos conservaram a

cor branca.

9. Os Irshoítas fundaram dois grandes impérios: a Assíria e a Fenícia.

Ameaçaram o Egito durante dois mil e setecentos anos e o conquistaram

quatrocentos anos depois e tiveram sua dinastia no País com o nome de Reis

Pastores, a quem a História chama de Hiksos. Os Boêmios ou Ciganos de

Page 34: Jorge Adoum  - Cosmogênese

nossos dias eram varredores dos templos da Índia naquela época, exercendo

também o ofício de cozinheiros e consertadores de panelas e vasos sagrados.

Liam as mãos e se converteram em nômades no Egito. Foram expulsos do

País. Invadiram, depois, a Europa há alguns séculos e continuam nômades em

todas as partes do mundo. Por isso, os sábios surpreenderam-se quando

encontraram um povo vindo do Egito que falava o sânscrito. Os Boêmios

recitam suas orações nessa mesma língua. É um povo que terminou o seu

ciclo.

10. Já se disse que cada povo tem uma lei de 520 anos, a qual rege seu

destino durante esse período. Cada povo chega, em 520 anos, ao máximo da

sua civilização, para, em seguida, descer progressivamente por igual período

de anos. Isto só se aplica às nações que cumprem o seu destino. A tabela de

Bruk em sua obra “O DESLOCAMENTO DO MAGNETISMO TERRESTRE”

indica-nos que não podemos considerar de forma global os 520 anos

anteriormente assinalados e que somos obrigados a dividi-lo em 32 períodos

de 16 anos cada, mais dois períodos de 4 anos, um no começo e outro no final

do ciclo. Desta forma, podemos dividir a história de cada povo, adivinhando ao

mesmo tempo a marcha de sua civilização e de sua decadência.

11. Só o Egito conseguiu escapar a essa lei, porque conhecia o segredo do

magnetismo, o qual desloca-se na Terra de acordo com a marcha do Sol. Os

egípcios mumificavam seus irmãos maiores falecidos, a fim de conservar seu

próprio astral em sua pátria. Graças a esse método, prolongaram a fixação das

correntes magnéticas durante cinco mil anos. Através da mumificação, eles

conservaram o astral de seus mortos no próprio País. Os peruanos, em seu

ciclo de apogeu, tentaram imitar os egípcios, mas fracassaram na aplicação

dessa ciência antiga. Depois, a Humanidade, não podendo também imitar a

ciência egípcia, contentou-se em erigir monumentos públicos em homenagem

a seus heróis e sábios.

12. De acordo com Nostradamus e Bruk e segundo o deslocamento do

magnetismo do globo, todos podemos profetizar a sorte de todas as nações. A

Inglaterra recebeu a incumbência de civilizar o mundo e, por não cumprir essa

missão ficou relegada a segundo plano. A Alemanha seguiu o mesmo caminho.

Toca, agora, à Rússia e aos Estados Unidos da América do Norte essa

incumbência, mas de antemão podemos assegurar que estão aplicando mal a

razão de seu poder e que é fácil adivinhar a sorte dos povos dirigidos pelas

forças invisíveis.

13. A reencarnação desempenha, nessas situações, um papel muito

importante. Essa lei obriga que os inimigos reencarnem numa mesma família e

nação, a fim de que aprendam a amar-se uns aos outros e para que eliminem o

ódio que conduz às guerras e às desgraças.

Page 35: Jorge Adoum  - Cosmogênese

CAPÍTULO 4

AS PRÉ-HISTÓRIAS E AS TRADIÇÕES

1. No ano 6700 a.C. Ram conquistou o Ceilão e dominou os negros. Teve

assim início a dominação dos brancos.

De acordo com Saint-Yves d’Alveydre, Ram mudou seu nome para LAM e,

depois de consolidar Ayodhya, o primeiro Kousha da Índia, cuja autoridade

temporal estendia-se por sobre todos os reinos da Ásia Menor e Maior, tais

como China, Japão, Cáucaso, Turão, Egito, Líbia, Etiópia e ilhas do

Mediterrâneo, Ram fez-se rei espiritual e soberano pontífice da região do Tibet,

aonde formou a Universidade invisível que influi sobre a Terra e desse modo

LAM, de onde provém a palavra “lama”, organizou a Hierarquia contra os

governos arbitrários e tirânicos que se haviam estabelecido através do cisma

de Irshon.

2. O Reino do Cordeiro não é um mito, mas uma iluminação. Não é como

certas filosofias que duram pouco tempo na mente de poucos seres e que,

depois, logo deles se esvai. O Budismo e o Cristianismo perduram e

perdurarão porque o livro sagrado de todas as religiões perdura no mundo

espiritual e todo profeta o reencontrará completo e exato no Plano Divino e nas

estrelas. Cada astro é uma letra viva para o iniciado. Jesus dizia que “o Céu a

Terra perecerão, mas não se apagará um só til da Lei”.

Aqueles que se dedicam ao estudo das letras poderão compreender que cada

letra representa o nome de uma divindade, cujo poder os magos sabem

empregar e que se chama VERBO (Ver “A Magia do Verbo ou o Poder das

Letras”, do Dr. Jorge Adoum).

3. Os livros sagrados foram escritos com caracteres sagrados. De Moisés,

Daniel, Esdras e dos Vedas não possuímos mais do que um simples reflexo da

Verdade, porque perdemos os caracteres originais. Contudo, não é difícil

encontrar no inundo interno e na memória da Natureza a cópia original, e, dia

virá em que veremos surgir aquele que saberá reconstruir as Sagradas

Escrituras de todos os povos. Jesus disse que “só o que vem do Alto pode

subir até o Alto”. Por isso, devemos ser tolerantes em matéria religiosa. Os

livros sagrados foram escritos em três planos ou para três planos. Os homens

disputam o terceiro.

Page 36: Jorge Adoum  - Cosmogênese

4. Na Idade de Ouro ou Reino do Cordeiro, iodos os brancos submetiam-se a

um só pastor espiritual. Houve, no entanto, um dia em que alguns revoltosos

não quiseram mais acompanhar o jugo dogmático, preferindo o caminho da

razão. Descobriu-se, então, a segunda lei dos livros sagrados, os quais

seguem, em sua estrutura, a norma que rege a construção anatômica do ser

humano. Temos, assim, a doutrina do coração, a doutrina do cérebro e a

doutrina terrestre, eis que o homem divide-se em três partes: cabeça, ventre e

coração:

5. Há três grandes períodos históricos na Índia e em seus livros sagrados: (1)

O Védico, correspondente à época de Ram, que dominou a Índia por meio dos

Arianos ou nobres até 3200 ou 3000 anos antes de Cristo. Foi quando os

Vedas foram criados; (2) o Bramânico, de 3000 a 2400 antes de Cristo, quando

certos homens rechaçaram o dogma da Teocracia do Cordeiro e abandonaram

a Índia para implantar suas idéias sob a forma de religiões cruéis e leis brutais.

Veremos, em seguida, como os iniciados procederam para deter o progresso

desses rebeldes religiosos; (3) o Búdico.

Tendo em mente tal triplicidade não se pode errar.

Os Vedas são livros históricos importantes e aquilo que se encontra na Bíblia

em termos de história foi copiado deles ou, pelo menos, neles pode ser

encontrado, eis que a palavra “Veda” significa “ciência”.

Há quatro Vedas: o Rig-Veda, o Sama-Veda, o Yadjur-Veda e o Atharva-Veda.

Essa é a primeira revelação ou “clichê” de todos os demais livros sagrados.

Continham dogmas que logo foram rechaçados pelo Bra-manismo, o qual, por

meio da razão, queria interpretá-lo em sua totalidade.

Tal período védico acha-se caracterizado pela simplicidade das cerimônias

sagradas. Os Arianos tinham um culto sábio. Não tinham templos, nem altares.

Faziam fogo pela fricção de dois pedaços de pau, a fim de colocá-lo em seus

altares simples, mantendo a chama com manteiga clara. Ofereciam a seus

deuses bolachas e um licor que desenvolvia certas faculdades no homem. Tal

era preparado com asclépia ácida, filtrando o seu suco numa peneira de lã de

carneiro. Era deixado a fermentar num vaso de madeira e era servido puro ou

misturado com água e leite. Era esse o “soma”.

Até hoje todos os povos utilizam certas plantas para produzir certos efeitos

psíquicos, enquanto os civilizados preferem usar o álcool. Antigamente o licor

sagrado era algo paralelo ao sacrifício.

Page 37: Jorge Adoum  - Cosmogênese

6. Entre os Arianos, ou seja, entre aqueles que professavam a Religião do

Cordeiro, o sacerdote oficiava ao despontar da aurora, ao meio-dia e no ocaso.

Os filhos, depois, herdaram o ritual de seus pais e, assim, pouco a pouco,

formou-se a casta sacerdotal. Os demais, que combatiam aos amarelos e aos

negros, formaram a casta guerreira. A raça vencida formou as demais castas

inferiores, ou seja, a dos comerciantes e dos artesãos. O Bramanismo estava,

então, em gérmen. A partir daí a cabeça, servida pelos instintos, esforçou-se

por dominar o mundo e as castas se estabeleceram.

7. Ao lado das revelações dogmáticas, manifestou-se a reação instintiva. Foi o

ventre da sociedade hindu que causou a transição entre o Vedismo e o

Bramanismo, caracterizada pelos Upanishads ou comentários metafísicos dos

Vedas.

O Bramanismo foi uma época maravilhosa para o mundo, tendo deixado para

nós muitas obras seletas, literárias, filosóficas e, até, científicas, tais como os

poemas “Mahabharata”, “Ramayana” e os “Puranas”. No gênero dramático,

herdamos o “Kalidasa”, o “Bhavabhuti” e “O Carro de Argila”.

Na poesia lírica recebemos o “Maghaduta”, o “Gita-Go-vinda” e o

“Pantchatantra”, que deu origem posterior às fábulas de Esopo.

Foram-nos também legados numerosos ensaios sobre Astronomia, tendo-nos

sido também transmitidas, através dos árabes, os caracteres decimais, a

Aritmética e a Álgebra. Sua maior obra, porém, foi o Código de Manu, em 12

volumes, que abarcou, na época, todos os assuntos políticos e religiosos. Foi

esse código que deu origem ao Código de Minos na Grécia, ao Código de

Numa em Roma, ao “Emm-Manu-El” dos judeus, ao Código de Justiniano e ao

código do Mestre. Todo o Bramanismo nos fala nos Vedas ou do Vedanta. É

completamente religioso e dividiu-se em duas escolas.

8. Apareceu, depois, o sistema materialista de Kapila, que nega a existência de

Deus e só aceita a imortalidade da alma, a eternidade e a onipotência de uma

Causa primeira imperceptível e imutável a quem deram o nome de Prakriti, ou

seja, a Raiz das Raízes da Matéria, cuja contraparte era Purusha, o princípio

sensível e inteligente. Patanjali, discípulo de Kapila, no entanto, não ficou

satisfeito com a obra de seu mestre e admitiu a realidade de Deus, princípio

eterno, neutro e indivisível. Essa escola deu origem à Yoga ou doutrina da

união de todos os seres com o Ser Universal.

O Bhagavad Gita é um episódio do Mahabharata ou Krishnaísmo.

9. Observamos, portanto, quatro épocas na evolução religiosa:

Page 38: Jorge Adoum  - Cosmogênese

(1) A dos livros dogmáticos ou da revelação pelo coração;

(2) A dos comentários humanos a esses escritos;

(3) A da negação dessa Revelação;

(4) A do retorno à Revelação pelo coração.

Os discípulos de Kaishara receberam o nome de iogues. O Budismo sucedeu

ao Ioguismo. É uma espécie de protestantismo hindu, concebido por Gautama,

filho do rei Suddohdana. Buda nasceu 650 anos a.C. e, completando seus

estudos bramânicos, tomou o coração humano como base essencial de seu

sistema. Ensinou aos homens o desprezo pelo prazer, pelo sofrimento e pela

pobreza, pregando a necessidade da perfeição pessoal e do exercício da

caridade para com todos os seres. Seus princípios foram: a igualdade dos

homens por sua origem e destino; a existência relativa das castas, jamais

absoluta. Os brâmanes procuraram arrancar os Budhistas da Índia e exterminá-

los.

Há muita semelhança entre o Budismo e o Cristianismo.

10. Krishna tem a mesma história de Jesus, porém pintada ou amoldada ao

modo hindu. Isto se deve ao fato de estar a Verdade Única escrita no céu

desde a criação da Terra. Penetrando o “Arqueômetro” de Saint-Yves podemos

observar, imparcialmente, que Cristo foi a ponte que uniu a igreja patriarcal e o

Cristianismo nascente. Observamos, também, que antes de Cristo haver

encarnado, o cristianismo já existia há milhões de anos, porque Cristo não é

senão um atributo eterno do Absoluto.

11. Em 3200 a.C. ocorreu a revolta religiosa, científica e social na Índia. Foi

quando os iniciados ou arianos do Cordeiro exilaram os Yonianos ou os

pertencentes ao princípio feminino. Esses guerreiros revolucionários invadiram,

em sua guerra de conquista, da Ásia Menor ao Egito. Seus reis adotaram a cor

vermelha como símbolo do poder, o que lhes valeu a denominação de

“Pikshas” ou “vermelhos”, depois traduzida por “fenícios”.

Como o grosso desse exército de sectários estava formado por camponeses,

eles eram conhecidos como “reis pastores”.

Eles suprimiram os conselhos governamentais sinárquicos, substituindo-os

pela soberania pessoal, absoluta e despótica. Os iniciados lutaram contra esse

poder durante muito tempo e foram esses Yonianos que dissolveram os

colégios dos magos, matando a todos os adeptos conhecidos.

Page 39: Jorge Adoum  - Cosmogênese

O Iran caiu sob o poder deles e, em seguida, Sogdiana, Mervo-Balkh,

Nishapur, Hsriva (ou Hetat, modernamente), Kabul, Khorassan meridional,

Gurgan (ou Djordjan árabe), Kandahar, Sedjestar, Ragaia, Charuk, Varena

(hoje Varek), a Índia ocidental e Yascartes.

Seu reinado primou pelo despotismo e pela crueldade. Fundaram, porém, um

grande império, o Assírio, que teve duas soberbas metrópoles: Nínive e

Babilônia. Nimus fortificou Nínive e passou toda a sua vida perseguindo os

iniciados. Dominou a Armênia, Mede e o Iran, que tomou o nome de Pérsia.

Destruiu, também, o resto da sinarquia estabelecida por Ram. Seus numerosos

prisioneiros de guerra construíram e ampliaram sua capital. Nínive tinha 87

quilômetros quadrados de extensão, 27 de comprimento e 1.6 de largura. Seus

muros eram tão largos que sobre eles três carros podiam correr juntos. Tinha

1500 torres de duzentos pés de altura. Essa cidade foi arrasada por Xerxes, rei

da Média, no ano 625 a.C.

12. Semi-Ram-Is significa “a luz intelectual de Ram”. Essa mulher, iniciada no

colégio feminino mitraico, dirigido por Simma, esposa de Menonês, grande

chanceler do Império da Assíria, após Nimus adotou o trinitarismo de Krishna e

conservou a pomba como símbolo dos iniciados ionianos, substituindo a cor

vermelha de seus estandartes pela cor branca. Enfim, Semíramis fundou a

Babilônia com suas casas de quatro andares, com seus templos, palácios,

pontes de um quilômetro de comprimento. Seus exércitos cumpriram a lei

esotérica: “o iniciado mata o iniciador”, atacando a Índia. A luz intelectual de

Ram, imperatriz da Assíria, reuniu três milhões de soldados, quinhentos mil

cavalos, cem mil camelos e cem mil carros de guerra, mas perdeu dois milhões

e quinhentos mil homens nessa batalha, porque, segundo os historiadores, os

hindus os combateram com canhões de bronze e armas de fogo, que

desbarataram aos selvagens conquistadores.

13. Entrementes, os reis pastores ou Hiksos, que vinham dai Arábia com seus

exércitos, conquistaram a Ásia Menor, embora nunca tivessem podido

submeter os celtas (as antigas colônias brancas), pois estes preferiram

expatriar-se a submeter-se a esse domínio. Alguns penetraram no deserto

convertendo-se nos beduínos errantes, enquanto outros foram ter ao Egito e à

Etiópia. Moisés deu a essa raça cruel e despótica o nome de Nemrod, que

significa “o Reino do Adversário de Jeová ou da Encarnação Terrena de Satã”.

14. Os iniciados dos templos procuraram salvar as artes e as ciências,

enviando um adepto, após essa destruição selvagem, para reconstruir as

bases sólidas da sociedade humana. Como não lhes foi possível refazer a

unidade destroçada, estabeleceram em cada região um centro de revelação

divina. A partir daquele momento, as diferentes escolas secretas começaram a

trabalhar.

Page 40: Jorge Adoum  - Cosmogênese

Ao Iran chegou um iluminado que atendia pelo nome de Zoroastro. A Tiro

coube Sanchomiaton. No Egito foram criados os Grandes Mistérios. Na China

surgiu Fo-Hi.

15. No ano 2700 a.C. ocorreu o primeiro florescimento de adeptos para o

restabelecimento da doutrina de Ram. Os tiranos, contudo, sempre perseguiam

a lei dos reformadores. Surgiu Moisés, que constituiu Is-Ra-El ou “o colégio real

de Deus”. Orfeu arranca a Hélade da anarquia. O segundo Zoroastro aparece

na Pérsia e Abraão ao tempo de Sanchoniaton. Zoroastro teve muitos

discípulos. Um deles foi Odin ou Frighe, que foi à Escandinávia, aonde

preparou a vitória definitiva dos celtas sobre os romanos. Odin compôs a

mitologia dos povos nórdicos (ou do norte da Europa), sobre os quais Wagner

baseou o seu teatro lírico. Por isso se costuma dizer que Wagner é uma obra

de Zoroastro.

16. O Mazdeísmo é a mais alta escola dos grandes sacerdotes. Zoroastro foi o

pontífice revelador do Verbo Solar, porque os centros esotéricos ortodoxos

haviam conservado o Sol como símbolo masculino, opondo-o contra os que

haviam escolhido a Lua ou a pomba como princípio de suas crenças religiosas.

O Mazdeísmo de Zoroastro salvou a Ciência Tradicional, porque conservou os

Livros Sagrados dos povos. Moisés também conservou os Livros Sagrados. Os

sacerdotes egípcios os conservaram no Taro ou Tarot, que chegou

integralmente até nossos dias, trazido pelas mãos dos Boêmios ou Ciganos.

17. Do Avesta não nos chegou mais do que uma parte de seus vinte livros. Tal

fato ocorreu devido à perseguição sofrida pelo Mazdeísmo e pelos Iranianos,

assírios, gregos e islamitas. Depois da conquista maometana da Pérsia,

milhares de habitantes fugiram para o oásis de Yezd, enquanto outros

penetraram a Índia, aonde formaram colônias de Parsis, tais como as de

Baroda, Bombaim e Surate.

O Avesta data desde o século XVII antes de Cristo. Está escrito em idioma

Zende e trata de tudo que atende pelo nome de Magia. É a bíblia mazdeísta

em 21 livros e é muito fácil de compreender. Tem sete capítulos sobre o

homem e o Universo, sete sobre as faculdades morais e outros sete sobre a

natureza física.

18. Zoroastro salvou os iranianos da ruína moral, tal como Moisés havia feito

com a Bíblia ou a Gênese. No entanto, se Moisés voltasse ao nosso meio e

visse que em sua obra lhe foram atribuídas tantas tolices, rasgaria a Bíblia, tal

como fez, simbolicamente, quebrando as tábuas da Lei, pois, como iniciado,

ele só pretendeu divulgar os princípios da iniciação assim resumidos: “Que

Adão e Eva são o Verbo Universal. Que a alma inteligente e animadora da

Page 41: Jorge Adoum  - Cosmogênese

totalidade dos sistemas solares visíveis e invisíveis encontra-se definida em

três termos: Caim (ou o Tempo), causa da força centrípeta universal; Abel (ou o

Espaço Etéreo), causa da força centrífuga universal e Set (o Espaço Sideral),

duplo e sêxtuplo. Noé é o princípio vital de nosso mundo solar. Sem é o espírito

elevado e radiante. Cam é a atração ou princípio do tempo. Ja-fet é o Espaço

ocupado com sua divisão equilibrada. Assim, do mesmo modo, Abraão significa

Ba-Rama ou Brama, iniciado solar que procura refazer a unidade social e que

apresenta a Sa-Rai sua “LEI”, ao Faraó o mundo, etc...” Todos esses mistérios

iniciáticos foram materializados e vestidos com uma roupagem de carne e, por

isso, perderam seu poder e beleza entre os homens. De passagem, diremos

que Is-Ra-El tem o mesmo significado de Adão e Eva. A única diferença é que

o feminino antecede o masculino na formação da palavra. IS é a mãe, RA o pai

e EL o Verbo Universal.

19. Só os Essênios conservaram o verdadeiro sentido do Sefer ou Gênese até

a vinda de Jesus.

Os gregos não foram melhores do que os judeus. Até mesmo a recordação de

Orfeu se havia apagado de sua memória. Veio Pitágoras e fundou a célebre

Fraternidade Iniciática e assim começou a luta novamente entre políticos e

iniciados. Ao Cesarismo assírio sucedeu um poder mais perverso ainda: o da

Loba Romana. A ambição dos romanos declarou guerra ao mundo inteiro.

Todos os povos caíram sob o poder da Loba. Numa quis imortalizá-la sem a

força bruta, porém seus ambiciosos sucessores preferiram esse caminho.

Já era tempo, portanto, de a Previdência Divina intervir diretamente na

situação. O Cristo surgiu e enviou seus discípulos de assalto à fortaleza de

Nemrod e... já estamos com Ele.

Page 42: Jorge Adoum  - Cosmogênese

CAPÍTULO 5

O DOGMA DO CÉREBRO E A

DOUTRINA DO CORAÇÃO

1. A Doutrina do Cérebro foi divulgada por Krishna, Fo-Hi e Zoroastro, a fim de

deter a selvageria dos povos.

Cerca de 500 anos antes de Cristo floresceram a Tradição do Coração e os

Cultos Mágicos instituídos por Numa em Roma, por Pitágoras na Grécia; por

Esdras entre os hebreus, por Hermes no Egito, pelo último Zoroastro na Pérsia,

por Gautama na Índia, por Lao-Tse e Kong-Tse na China e Son-Mau no Japão.

Da mesma forma foram organizadas as ordens esotéricas laicas: os Cabalistas,

os Pitagóricos, os Neoplatônicos e os Essênios.

Todas mantinham estreita ligação entre si. Logo em seguida, porém, ouviu-se

falar de um novo acontecimento nos templos mágicos e os magos caldeus

tremeram, prostraram-se e renderam adoração.

Os magos-astrólogos caldeus, nos seus santuários, que estudavam a Natureza

visível e invisível, observaram que algo extraordinário se produzia em nosso

Universo.

2. Sabia-se, então, que a Terra ocupava certo lugar no espaço celeste e que,

muito distante dela, existiam signos que formavam um círculo ao redor da Terra

e do Sol, círculo esse que eles chamavam de Zodíaco. Os antigos sabiam que

as almas dos planetas interzodiacaís não poderiam jamais sair de seu círculo

antes da vinda do Cristo.

Essa corrente astral foi batizada de Grande Serpente, em Hebraico “Nahash”

ou atração original de Moisés (o Karma dos Teósofos). Lido de trás para a

frente, o termo “Nahash” produz “Shanah” ou Ano.

Essa serpente do simbolismo religioso da Antiguidade e dos alquimistas da

Idade Média, que morde a própria cauda, simbolizava o limite além do qual a

alma não pode passar. Esta é a razão pela qual os antigos criaram a idéia do

Tempo, do Destino e de tudo que está determinado.

Page 43: Jorge Adoum  - Cosmogênese

3. Os sacerdotes caldeus, ao examinarem os astros que brilhavam no

firmamento, viram que uma luz imensa atravessava esses signos zodiacais

que, segundo antiga tradição, encontram-se guardados por um gênio. Eles

verificaram que os guardiães dessas portas zodiacais fugiam espavoridos ante

ela. Sob a influência dessa imensa luz produziu-se um estranho fenômeno: a

cabeça da serpente foi esmagada e fundida com sua cauda no círculo anterior

primitivo debaixo da Terra. O caminho para o Plano Divino achava-se assim

aberto e as almas poderiam chegar até ele. É a isto que Valentino, em Pistis-

Sophia, alude quando, citando palavras de Jesus: “E o destino e a esfera sobre

os quais dominam (Adão e todos os tiranos) eu os modificarei e os colocarei

olhando para a esquerda durante seis meses, cumprindo sua influência astral,

e, em seguida, colocá-los-ei, por mais seis meses, olhando para a direita,

também cumprindo sua influência astral.”

Esta é a chave do Credo, que afirma que o Cristo desceu ao Inferno para

libertar as almas dos justos. Dessa forma, uma Luz Radiante invadiu o Plano

Astral de nosso Sistema Solar e os guardiães das portas da morte, os

servidores da serpente, fugiram enceguecidos. A vestimenta luminosa que

cobre o Enviado dos Planos Celestes chegou a nossos signos zodiacais. O

Céu havia escutado as súplicas de Pistis Sophia e o Redentor veio encarnar-

se. Sua estrela, no céu invisível, guiou os Magos até o ponto de encontro dos

três continentes e todos os centros de comunicação astro-terrestres cessaram

de funcionar. Tudo se calou...!

4. Por que os Magos vieram? Segundo as Escrituras, diz-se o seguinte: “Tu

serás o Sintetizador Divino. Irás reconstruir o culto mágico dos antigos.

Permitirás que a Esfinge saia de sua imobilidade e que a Raça Branca

reconstrua a síntese da tua Luz.

“Tu és Jesus, Rei Espiritual, e Salvador cujo nome foi escrito há mais de

20.000 anos nas estrelas do céu.

“Tu serás o Verbo do Céu. Nós, Reis Magos, representantes de cada uma das

tradições anteriores, em nome dos Vermelhos, dos Amarelos e dos Negros,

prostramo-nos diante de ti e te consagramos Salvador da Raça Branca e

Iluminador da Humanidade de todos os planos”. O Salvador do Mundo nasceu

na Judéia, depois de romper o círculo da Serpente, a fim de ensinar ao homem

o caminho de volta ao Pai ou a união consciente com a Divindade.

5. Muitos negaram a existência de Jesus e muitos continuam negando-a. Isto

não nos interessa de modo algum. Cabe aos historiadores científicos o dever

de refutar ou de afirmar esta crença.

Page 44: Jorge Adoum  - Cosmogênese

Nós estamos expondo a “COSMOGÊNESE SEGUNDO A MEMÓRIA DA

NATUREZA”, que não é aceita por uns e outros.

Jesus, em sua meninice, recebeu o ensinamento das coisas terrestres dos

Essênios, que eram sábios formadores de uma terceira seita entre Fariseus e

Saduceus.

6. Os Fariseus eram burgueses que iam, aos sábados, ao Templo e nele

vendiam seus produtos. Quando viam um profeta, apedrejavam-no ou

apunhalavam-no, segundo costume da época.

Os Saduceus eram filósofos céticos e materialistas que não acreditavam em

quase nada.

Os Essênios eram místicos e constituíam uma fraternidade laica semelhante à

dos Pitagóricos. Eles só tinham conhecimento exato da língua hebraica.

Quinhentos anos antes de Cristo o Sefer ainda não estava traduzido. Foi

Esdras quem o fez e não lhe pôde dar mais do que uma tradução primitiva.

Como membros de uma sociedade secreta, os Essênios tinham juramentos,

sinais de reconhecimento, roupas especiais e normas a obedecer.

Comunicavam-se secretamente com membros de outras seitas iniciáticas e,

desse modo, mantinham estreita ligação com os Pitagóricos, os Neoplatônicos

e os Alexandrinos.

Com a idade de 12 anos podemos ver Jesus com os Essênios no Templo.

7. Jesus nunca foi à Índia como pretendem certos autores. Os Essênios nada

tinham a aprender dos hindus. O Messias Divino não tinha necessidade

nenhuma de recorrer à Luz da velha Ásia, nem precisava da Raça Vermelha

para salvar a Raça Branca. Aonde se encontrava Jesus, então, dos 12 aos 30

anos? Ele simplesmente veio à Europa. Esteve em Roma, na Gália, em Viena,

na Sicilia e em outros países. Os dois “J. C.” encontraram-se em Roma: Jesus

Cristo e Júlio César. Sim, houve o encontro entre Júlio César, o homem mais

poderoso do mundo e Jesus Cristo, o mais poderoso do Céu.

Você não acredita? Pois isto é o que se encontra registrado na Atmosfera ou

Memória da Natureza. Todo clarividente pode vê-lo. Mas isso não é importante.

Jesus viveu 33 anos. O número 3 é o número de Jesus. O número 33 é o

número da Escada de Jacó ou das 33 vértebras da coluna vertebral. Os

maçons têm o grau 33, o que esotericamente quer dizer que 33 devia marcar o

fim da vida de Jesus, “aquele que ultrapassou (como Cristo fez) as portas da

Morte”...

Page 45: Jorge Adoum  - Cosmogênese

8. Os ensinamentos de Cristo também se encontram gravados na Memória da

Natureza. “O Céu e a Terra perecerão, mas nem um til da Lei será apagado”, o

que quer dizer que poderemos queimar todos os livros do mundo, todos os

evangelhos, mas a palavra do Cristo será encontrada novamente, porque

encontra-se escrita “do outro lado”. Como a vinda do Verbo estava comunicada

e escrita muito antes da encarnação de Jesus, podemos observar que Krishna

representou e prefigurou a vida do Cristo feito carne. Por esse motivo tem-se

dito que os verdadeiros Evangelhos são eternos, diferentes portanto das

filosofias do mundo, que existem hoje, mas poderão não existir amanhã.

9. No começo de sua vida pública, Jesus procurou as almas que haviam

reencarnado junto com ele, a fim de que o ajudassem em sua obra. Essas

almas foram seus discípulos. Elias, que veio antes, reencarnou no corpo de

João Batista. Judas reencarnou para efetuar a sua traição. As pequenas e

deliciosas parábolas de Jesus possuem a chave para que possamos entendê-

las.

Quando Jesus disse “venho lançar fogo na Terra...” ou “não vim para criar a

paz e sim para provocar a guerra”, quis dizer que o homem estava composto

de vários elementos. Seu espírito tem de voltar ao Céu, enquanto sua matéria

tem de retornar à terra. Para tanto é preciso travar uma grande batalha entre

esses dois elementos, ou seja, entre o corpo, destino ou Karma e o Deus

encarnado dentro desse corpo. É esse o sentido da frase: “Vim para dividir”.

10. Jesus, naturalmente, atendia simultaneamente à saúde do corpo e da alma.

Curava as enfermidades e dominava a Natureza e a Morte. Deixou-nos um

evangelho ou código de saúde, que é desconhecido pelo mundo até hoje.

Ele foi o único ao redor de quem agruparam-se todos os partidos, religiões,

escolas. Para o magnetizador ele é o maior dos magnetizadores. Para o

médico ele é o melhor médico. Para o espírita, o melhor médium. E, assim,

sucessivamente, para o psiquiatra, o socialista, o anarquista, o democrata e o

comunista. Cada um de nós o aprecia a seu modo, admirando-o e venerando-o

à sua maneira.

Jesus dominou a doença e a morte, ensinando-nos ao mesmo tempo que todos

podemos chegar a fazer o que ele fez, se quisermos seguir os seus passos.

11. Os milagres de Jesus encerram e ensinam a mais alta ciência, porém ele

não é Deus por causa de seus milagres, e sim pela sua obra, e pelo seu divino

amor. Muitos homens realizaram os mesmos prodígios do Nazareno, mas

ninguém o igualou em seu amor impessoal e divino.

Page 46: Jorge Adoum  - Cosmogênese

Em seus mistérios iniciáticos, Jesus confirmou o culto da igreja de

Melquisedec, cuja ação direta consistia na comunhão do visível com o invisível.

Através desses ensinamentos iniciáticos ele derrogou o poder de todo

sacerdócio organizado, bem como a autoridade dos sacerdotes que falavam

em nome do Céu. Ensinou, desse modo, de que forma o homem deve

comunicar-se com o Invisível sem o auxílio de intermediários e sem pagar por

suas orações. Foi por causa disso e de tudo o que ensinou que foi julgado e

condenado por uma assembléia de Fariseus que tinham medo de seu poder

temporal.

12. Jesus revelou outro mistério, qual seja o de que ninguém pode elevar-se

sem descer do alto. Deixemos aos ingênuos darwinistas que pensem que a

evolução começa no inferior e que o macaco pode chegar a ser homem,

porque nada evolui se a condição superior não descer duas vezes ao inferior. É

preciso passar pela dor e pelo sofrimento para regressar. Jesus morreu

sofrendo todas as abominações das injustas leis humanas, tal como relatam os

Evangelhos. Mas ele ressuscitou. E ele também disse: “Coloco minha vida e a

retomo. Ninguém tem direito sobre ela.” Isto demonstra que existe um certo

poder, somente conhecido por alguns grandes adeptos, que permite

desintegrar à vontade a matéria física. Cristo valeu-se desse poder para

subtrair seu corpo da tumba de pedra. No entanto, em outras ocasiões,

materializava seu corpo astral segundo a necessidade do momento.

Podemos, agora, estudar a Obra Cristã através das ordens iniciáticas e

sociedades eclesiásticas. São Pedro organizou sua igreja sobre as bases das

sociedades secretas existentes naquela época.

Page 47: Jorge Adoum  - Cosmogênese

CAPÍTULO 6

ORDENS E SOCIEDADES SECRETAS

1. Sabemos que o homem não pode evoluir e aperfeiçoar-se numa só vida. Ele

tem de desenvolver as faculdades psíquicas, morais e espirituais ou, em outras

palavras, precisa converter os instintos animais em humanos e, em seguida,

atingir a Espiritualidade pura.

Jesus veio à Terra para demonstrar-nos o Caminho que devemos seguir,

porém, infelizmente, não foi compreendido. Até hoje o altruísmo é, apenas, um

começo em nossos corações. Os orientais deram um passo mais à frente dos

ocidentais. Ainda nos faltam muitos séculos para que aprendamos que o

dinheiro é somente um instrumento ou meio e que ele de nada serve quando

só é usado e conservado egoisticamente. Jesus veio demonstrar-nos essa

verdade e lançar essa semente em nosso cérebro.

Portanto, para que as faculdades morais se desenvolvam, são necessários

milhares de anos. Ninguém consegue dominar os espíritos da Natureza sem ter

desenvolvido, antes, todas as suas faculdades. Nenhum órgão pode adiantar-

se mais do que o organismo que o contém. Nenhum homem pode avançar

mais rapidamente do que sua época, sem sentir perturbações na parte física ou

em outro veículo invisível que possua, como acontece no caso dos gênios. A

Natureza se encarrega sempre de restabelecer a ordem.

2. Observemos a História: Veio Jesus. Roma de César destruiu os santuários

iniciáticos, porque estes se haviam convertido, como os do Egito, em centros

políticos aonde se reuniam os buscadores do ouro e do domínio temporal.

Ao tempo da vinda de Cristo, César era o deus do mundo, porque já não existia

a verdadeira ortodoxia iniciática de origem pitagórica, essênica ou de cunho

oriental, como a dos budistas.

São Paulo quis reagrupar essas ordens iniciáticas.

Muitas almas desceram juntamente com o Cristo à Terra, a fim de cumprir sua

obra. Num movimento religioso, ninguém consegue crescer se não tiver dentro

de si raízes invisíveis. Paulo veio como um grande organizador e utilizou todo o

seu gênio para lutar contra os pagãos e contra certos cristãos que tinham

Page 48: Jorge Adoum  - Cosmogênese

idéias diferentes sobre o Cristianismo. César quis destruir os cristãos, mas

estes multiplicaram-se apesar da perseguição de Roma.

3. Os Romanos pensavam que os cristãos adoravam o peixe, porque YCHTHU

era a senha das catacumbas. Chegou, depois, aos ouvidos pagãos que os

cristãos se reuniam para comer carne de crianças e entregar-se a toda sorte de

orgias. Isso espantou aos Romanos, que prenderam e mataram todos os

cristãos que encontraram. Chegou, no entanto, o dia em que tal

comportamento tornou-se perigoso e, então, César tratou de pactuar com eles.

4. Era costume entre os primeiros cristãos só se batizar as pessoas sérias e

maduras. Assim, de acordo com o contrato político estabelecido entre César e

os Cristãos, estes poderiam batizar a qualquer um que o solicitasse. Começou

assim o desvio do cristianismo místico e os chefes religiosos começaram a

dedicar-se à política. A oposição logo surgiu entre as pessoas em desacordo,

começando assim as lutas das sociedades secretas, que visavam devolver ao

Cristianismo a sua essência primitiva. Tais lutas tornaram-se mais cruentas de

ano para ano entre as sociedades iniciáticas e o catolicismo romano. Não

tardou que o bispo de Roma se declarasse superior a todos os demais bispos,

continuando assim até nossos dias. Vejamos, agora, o resultado e as

consequências dessas contendas entre a Igreja Católica e as sociedades laicas

iniciáticas, que viviam em Constantinopla e que ali ficaram até a conquista

dessa cidade pelos turcos.

5. Na Alemanha, após Carlos Magno, existiu uma sociedade denominada

“Sociedade dos Homens Livres” ou Libertados. Os membros dessa sociedade

combatiam a tirania dos senhores e, quando um deles era condenado, a

execução era imediata. Essa temível sociedade achava-se formada tanto por

nobres, quanto por burgueses e homens do povo. Ela, depois, recebeu o nome

de JUIZES FRANCOS.

Desde a aliança do Cesarismo com a toda-poderosa Igreja, começaram a

realizar-se os famosos concílios, sempre presididos por um rei ou um

imperador, e, sob a ameaça do poder temporal e eclesiástico foram ditadas as

verdades dogmáticas. Só por dois votos, por exemplo, a mulher teve direito a

ter alma, porque até então só o homem a tinha. Tal espécie de dogmas

irritavam os livres-pensadores.

6. Apareceu, naquela época, o Islam, que deu origem a uma corrente de

instrução popular. Foi assim que vimos aparecer, nos séculos XII, XIII e XIV, as

universidades árabes lançando no mundo, sábios, teólogos e filósofos, alguns

deles dotados de grande capacidade, como Raimundo Júlio, que inventou a

máquina pensante, da qual nada mais nos restou, a não ser o silogismo do

termo. Essa máquina assemelhava-se ao Taro filosófico para os que sabem

Page 49: Jorge Adoum  - Cosmogênese

entendê-lo em nossa época. Bastava manipular certas rodas, depois de

formular a pergunta, e as respostas saíam escritas, dando informações que

interessavam a toda a Humanidade. Se quiséssemos saber, por exemplo, por

que Deus era grande, manejando-se a máquina obtínhamos esta resposta:

“Porque é infinitamente todo-poderoso.” Os árabes trouxeram com eles a

libertação do espírito humano e a Igreja opôs ao Islamismo uma série de

intermináveis Cruzadas. Felizmente essa liberdade de espírito perdurou e a

Providência fez com que muitos homens de boa vontade que partiram para

reconquistar a tumba do Salvador fossem conquistados para desenvolver as

faculdades intelectuais.

7. Os Cristãos foram batidos e vencidos na Palestina. Mas houve entre eles

muitas pessoas inteligentes, que ao invés de se dedicarem à luta bestial

durante sua permanência na Palestina, procuraram entrar em entendimento

com os árabes, fazendo-se instruir por eles, daí formando-se a Ordem de

Jerusalém ou a Ordem do Cristo dos Templários.

Os Templários tinham a mais desejável das organizações, com os seguintes

objetivos: (1) a constituição dos Estados Unidos da Europa e (2) a instrução

pública gratuita e obrigatória, templária e não laica. Formaram sua Ordem sob

dois planos: um plano interior ou esotérico e um plano exterior ou visível. A

facção profana estava formada pelos militares veteranos das Cruzadas. Tal

formação assustou o Papa, que dispunha de uma polícia muito bem

organizada. O chefe dos Templários tinha a intenção de arrebatar o poder

temporal. Então, o Papa pediu auxílio ao monarca francês, cujos exércitos

deveriam executar a todos os que fossem condenados por Roma. Os

Templários foram presos e conduzidos de uma prisão a outra.

O chefe dos Templários, Jacó Buagundus Molay foi conduzido, por etapas, até

Paris, aonde foi deixado, durante cerca de quatro meses, no castelo de Chinus,

existindo até hoje a câmara aonde ficou encerrado. Nos muros daquela câmara

Jacó Molay e seus companheiros escreveram, em caracteres hieroglíficos,

suas profecias sobre a condenação à morte, através dos séculos, do Papa e do

Rei de França. O Papa era Clemente V e o Rei era Felipe, o Belo.

8. Ninguém poderia, contudo, suprimir uma Ordem como aquela. Os membros

remanescentes daquela instituição pacífica converteram-se na Ordem dos

Revolucionários depois que a seus chefes foi dada uma morte brutal. Molay, na

pira ardente, antes de morrer queimado, convocou ante o Trono de Deus

Clemente V, o Papa, quarenta dias depois e o Rei Felipe após um ano. Ambos

morreram nas datas assinaladas. Pois bem, os membros remanescentes da

Ordem Templária fundaram a “Ordem de Malta”, herdeira da primeira. Seu

chefe tinha embaixadores até na pessoa do Papa, a quem tratava de igual para

igual. Os Templários de Portugal não foram perseguidos, tendo-lhes sido

Page 50: Jorge Adoum  - Cosmogênese

pedido, depois, que mudassem de nome, o que fizeram passando a chamar-se

“Ordem de Cristo”.

Desde aquela época esses homens revolucionários dedicaram-se a combater o

jugo dos papas e dos monarcas.

9. Outra ordem misteriosa trazida à Palestina pelos “TROUVERS” é a

Rosacruz. Essa fraternidade foi a herdeira de uma outra chamada “Ordem dos

Monges Construtores”. Tais monges, que esculpiam demônios emprestando-

lhes cabeças de bispos, colocavam na mão de Cristo a Cruz Rosada, ao

mesmo tempo que lhe davam à outra mão um sinal maçônico. Esses monges

eram iniciados verdadeiros e sua relação com o Papado era puramente

política.

Eram sábios e curadores, mas não pediam nada a ninguém e ofereciam ouro

ao mundo. São esses os Rosacruzes cujo poder foi admirado pelo mundo,

assim como foram dignos de admiração o seu desprezo pela fama e o seu

mutismo. Eles encontraram a Pedra Filosofal alegórica e a verdadeira.

Também participaram da criação da Maçonaria, aquela fraternidade que reuniu

em seu seio alquimistas, cabalistas, místicos e pessoas que clamavam por

justiça. Desde então, a guerra entre as sociedades iniciáticas e o Papado

começou a ficar mais intensa.

10. A “Ordem dos Homens Livres ou Libertados” e os iniciados da velha

Alemanha procuraram libertar o espírito das massas através de uma reforma

religiosa. Os reformadores foram perseguidos por Roma, presos e queimados,

tal como aconteceu a João Hus e a muitos antecessores de Lutero.

Organizou-se, então, na Alemanha, um movimento secreto entre os homens

principais da época e os senhores feudais, dirigidos por aqueles trovadores,

filósofos e mações que enfrentavam os soldados do Papa. Foram eles que

guardaram e ampararam Lutero, o qual expôs seu plano de todos voltarem aos

princípios do Evangelho.

Os soldados do príncipe de Laxe impediram que a polícia de Roma chegasse

até o reformador e, pouco tempo depois, metade da Alemanha abraçava o

Protestantismo. O príncipe de Laxe era protegido pelas sociedades secretas e

Lutero protegido deste. Foi assim disparado contra Roma “o primeiro tiro do

canhão maçônico”.

11. Enfurecido, o Catolicismo Romano iniciou nova guerra contra as

sociedades que procuravam derrubar o jugo de Roma. O Protestantismo, no

entanto, invadiu a França e grande parte da Europa. A Maçonaria primitiva era

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puramente católica. Os antecessores dos maçons foram os Monges

Construtores ou Rosacruzes.

O segundo abalo sofrido pelo poder temporal foi a Revolução Francesa. Até os

oficiais da guarda de Versalhes foram maçons e toda a Maçonaria francesa

tinha Cagliostro como chefe, um agente iluminado, ao redor do qual alguns

ingênuos historiadores teceram muitas lendas infantis, a começar por

Alexandre Dumas.

Esse Mago veio de Malta através da Ordem, como vieram, depois, para a

América Latina, enviados pela mesma Maçonaria, Simão Bolívar e San Martin,

ambos libertadores. Cagliostro, munido de suas instruções secretas, passou

por Roma, Espanha, Inglaterra, Paris, Alemanha e Rússia. Na França

engendrou o caso do “Colar” contra a monarquia. Em pouco tempo

popularizou-se, e era conhecido como “o Divino Cagliostro”.

12. A profecia de Cagliostro realizou-se de modo total: prenderam o rei. Luiz

XVI era um monarca bondoso, que não queria derramar o sangue do povo. Sua

cabeça foi coberta pelo barrete frígio, símbolo da Reforma, e encerrado com

sua família no Templo, donde saiu para ser conduzido à guilhotina. Os

iniciados compreenderam que o velho Jacó Molay vingava-se ou, como dizem

os iniciados, “a Lei da Causa e do Efeito fez girar a Roda do Destino”.

Os iniciados queriam formar os Estados Unidos da Europa. A França foi

invadida. Todos os reis quiseram vingar a afronta feita a eles na pessoa de Luiz

XVI. No entanto, o duque de Brunswich recebeu 18 milhões de moedas e fez

recuar seus generais prussianos. Depois, com a chegada dos franceses,

abraçaram-se e entregaram as chaves da cidade ocupada. Todos esses

detalhes demonstram que as sociedades secretas daquela época manejavam

os destinos da Europa.

Vitorioso o exército francês, este lançou-se sobre a Europa para estabelecer a

Federação dos Estados Europeus. Um general da República encontrava-se no

Egito. Sua capacidade e coragem foram mundialmente conhecidas. Sobre esse

gênio recaiu a escolha dos iniciados. Ele foi chamado e convidado a receber a

iniciação, quando lhe foi prometida a proteção de todas as sociedades secretas

européias, com a condição de trabalhar pela organização dos Estados Unidos

da Europa. Napoleão Bonaparte aceitou a proposta e jurou perante muitos que

seria fiel, a esse juramento e a essa promessa. Retornou à França e não tinha,

nessa época, mais do que 27 anos. Em seguida, Bonaparte dirigiu a

Campanha da Itália. De antemão, encontrava-se informado de tudo. Muitas

pessoas estavam à sua disposição. Não tardou muito e a Europa estava a seus

pés. Fez-se imperador da França e rei da Itália. E, em seguida, o que foi que

ele fez? O Papado resistiu a ele e foi eliminado. Seus irmãos e irmãs foram

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postos nos tronos europeus. Começou, então, a só pensar em si mesmo e em

seu proveito pessoal, traindo o seu juramento. Então as Ordens dos Superiores

Desconhecidos retirou o apoio que lhe davam e ele caiu definitivamente em

Waterloo. O traidor perdeu sua coroa e teve de lamentar sua sorte em Santa

Helena.

14. Também Luiz Napoleão Bonaparte foi iniciado no Carbonarismo italiano.

Jurou derrubar os tiranos que habitavam o Vaticano. Subiu ao trono por um

golpe de Estado e, uma vez no poder, Napoleão III esqueceu-se do juramento

feito. Notificaram-no diversas vezes disso e, por fim, um homem chamado

Orsini foi-lhe enviado com uma mensagem pessoal. Ele, então, enviou tropas à

Itália, mas, depois de privar o Papa de seu poder temporal, esqueceu

novamente sua promessa de trabalhar pela formação dos Estados Unidos da

Europa.

Tal missão foi confiada a um novo monarca, Guilherme I, que primeiramente

dedicou-se à formação da Federação dos Estados Alemães e, em seguida,

derrotou Napoleão III em Sedan. Esse monarca manteve sua promessa e não

colocou os membros de sua família nos tronos alemães (Ocultismo e Astrologia

– Papus).

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CAPÍTULO 7

OS PODERES OCULTOS DO HOMEM

1. Até hoje ouvimos perguntas, tais como: “Para que existem as Escolas

Iniciáticas? Quais são seus objetivos? Qual sua utilidade?”

Antes de responder a essas perguntas devemos lançar uma vista de olhos

sobre as discrepâncias e a confusão que se estabeleceu na compreensão da

verdade.

Em tempos idos, o homem tinha a faculdade de comunicar-se com o mundo

invisível. Seu abuso, porém, fê-lo perder essa faculdade e, como decorrência

dessa perda, nasceram diferentes correntes de pensamento com diferentes

idéias antagônicas.

2. RAMACHÁRAKA, em sua obra “Gnani Yoga”, ensina o seguinte:

“A corrente materialista afirma que a única Realidade é a matéria, que existe

por si mesma, que é infinita, eterna e que possui, potencialmente, a matéria de

que estão compostas a energia e a mente. Outra escola, muito semelhante à

materialista, afirma que a única Realidade é a energia, da qual a matéria e a

mente são modalidades vibratórias.

Os idealistas afirmam que a Realidade é algo a que eles chamam de mente e

que matéria e energia são idéias concebidas por essa mesma mente. A seguir,

temos a escola naturalista que ensina que a Natureza, normalmente

manifestada sob diferentes formas, é a única Realidade.

Os teólogos asseguram que a única Realidade é Deus, um Deus pessoal, a

Quem atribuem qualidades e características que variam de acordo com as

religiões. Por fim, iniciados e ocultistas, formadores daqueles centros iniciáticos

secretos, que ensinavam, em suas diversas escolas, que a única Realidade é a

causa sem causa, o Absoluto, Aquela na qual vivemos, movemo-nos e

possuímos o ser e que é, ao mesmo tempo, fonte da matéria, da energia e da

mente. Pois, como seria possível ao Criador retirar o material para seu

Universo, a não ser de Si mesmo?

3. Os materialistas foram refutados pelas recentes investigações, segundo as

quais o átomo está constituído por uma infinidade de partículas materiais

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chamadas eléctrons, os quais, possivelmente, não passam de eletricidade

condensada. Tampouco podemos conceber qualquer tipo de eletricidade que

atue sobre a matéria e que não esteja sujeita a leis. No entanto, se assim é,

seriam possíveis leis que existissem sem legislador ou que houvesse um

legislador sem inteligência e sabedoria sobre aquilo que vai ser legislado?

Além disso, não está a mente combinada com a matéria e a energia e, assim,

sujeita às leis externas, mesmo variáveis e constantes, cujos atributos não

podem pertencer senão à única Verdade, que é Deus?

Portanto, a matéria, a energia e a mente são a aparência e a relatividade

daquilo que é muito mais fundamental e eterno, daquilo que os ocultistas

chamam de Espírito.

4. Ninguém pode descrever o Espírito, ainda que possamos dizer que ele é a

essência da vida, bem como a existência, a realidade imanente da Vida

Universal.

Portanto, a única Realidade – Deus, Aquele que É, o Absoluto – transcende a

matéria, a energia e a mente e, no entanto, tais coisas emanaram d’Ele e hão

de estar em sua natureza, porque o que está na Causa também está no efeito

e o efeito não pode ser maior do que a Causa, nem é possível que algo saia do

nada.

5. Como a mente é superior à energia e à matéria, é lógico procurar conceber o

Absoluto por meio dela, porém não procurar-lhe uma definição, pois toda

tentativa para obter essa definição equivaleria a limitá-lo ou a transformar em

algo finito o que é infinito. Definir uma coisa é identificá-la com outra. Que outra

coisa existe, porém, suscetível de ser identificada com o infinito? Assim sendo,

consideraremos o Absoluto como uma Inteligência Infinita, dotada de

potencialidades em grau infinito, a qual, como disse SPENCER, “transcende a

inteligência e a vontade do homem, assim como a vontade e a inteligência

transcendem o movimento mecânico.”

6. A primeira idéia que nos acorre ao intelecto é a de que, no que tange a

Deus, Ele deve ter existido sempre e existirá eternamente. O Absoluto não

pode surgir do nada, nem outra coisa existe além dele de que pudesse emanar.

Tampouco podemos conceber que uma Vida Infinita e Absoluta possa vir a

morrer. Portanto, Deus tem de ser eterno. Esta é a noção que o intelecto nos

dá, ainda que a idéia de eternidade seja inconcebível para a mente humana. A

dificuldade que encontramos para assimilar essa noção é o fato de que tudo

que percebemos no mundo fenomênico tem uma causa e origina-se de algo. A

mente, contudo, não tem outro remédio, senão crer numa Realidade incriada.

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7. A eternidade de um Ser também seria inconcebível para aquele situado fora

do tempo, embora o tempo, na verdade, não exista, a não ser em nossa mente.

O tempo é uma forma de percepção, através da qual expressamos uma idéia

de sucessão e mudança nas coisas. O tempo é relativo. Quando sentimos

prazer em alguma coisa, o tempo passa depressa. Quando, porém, sofremos,

os minutos parecem horas e estas parecem intermináveis.

8. A razão diz-nos, também, que o Absoluto tem de ser infinito, onipresente no

espaço e ilimitado. Deus tem de estar em todos os lugares e não há falta de

lugar no espaço. No entanto, é muito difícil fazermos uma idéia da onipresença

do Absoluto no espaço infinito, nem conceber esse mesmo infinito. A

dificuldade repousa no fato de a mente não poder perceber além da

tridimensionalidade do mundo objetivo e também no fato de o espaço ser como

o tempo, ou seja, só tem realidade em nossa percepção consciente com

relação aos lugares ocupados pelos objetos do mundo exterior. Espaço e

Tempo são conceitos da mente, porém, mais além da razão humana não há

espaço nem tempo.

9. O Absoluto tem de ser onipotente, pois há de entranhar todo Poder. Sua

onipotência, no entanto, não pode ser absurda como ensinam as religiões, mas

sujeita às leis estabelecidas. De forma que toda a manifestação de energia no

Universo deve proceder dEle e ser parte do Seu poder, operando em

conformidade com as leis dEle emanadas.

10. O Absoluto tem de ser onisciente, porque não podem existir Sabedoria,

nem Conhecimento fora do Absoluto. Todas as formas manifestam Sabedoria e

Conhecimento, as quais emanam dEle, pois, do contrário, não haveria

onisciência. Por conseguinte, todo Conhecimento Passado, Presente e Futuro

tem de ser possuído, AGORA, pelo Absoluto.

11. O Absoluto não pensa. Como a Bíblia repetidas vezes afirma, o Absoluto

sabe sem precisar pensar. Quando um homem pensa, ele retira conhecimento

da Fonte Universal do Saber. O Absoluto, contudo, extrai esse conhecimento

de si mesmo, sem precisar pensar como o homem.

O Absoluto sabe porque o saber constitui sua própria essência. O Eu Sou

humano é da mesma natureza do Espírito Infinito. Sabe e trabalha no

microcosmo, ou homem, com consciência e sem pensar.

12. A Vida é una. Todas as formas palpitam por força da Vontade do Absoluto.

Cada vida individual é um centro consciente da única vida subjacente na forma

e manifestada segundo seu grau de evolução. Contudo, o Absoluto não é uma

combinação de leis e forças do Universo, senão que o universo, com suas

forças e leis, são manifestações do Absoluto. É certo que o Absoluto reside em

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todas as formas do universo, com suas forças e leis, são manifestações da Sua

vontade. No entanto, é preciso levar em conta que o Absoluto é anterior e

superior a todas as formas e modalidades de manifestação, cuja existência não

depende de si mesmas, mas da vontade da Causa Sem Causa.

13. Todas as formas do Universo deixarão de existir após haverem sido

reabsorvidas pela fonte donde emanaram. O Absoluto, no entanto, continuará

existindo sempre por si mesmo.

14. O Absoluto não pode estar distante de sua criação, pois, se assim fosse,

não seria Absoluto. Pelo contrário, o Absoluto está sempre presente em todos

os lugares, em nós e ao redor de nós, que somos centros de consciência por

Ele estabelecidos. O Absoluto não é um espectador passivo de Sua própria

criação, assim como a Eletricidade não é uma espectadora de sua própria luz.

É, pelo contrário, um Espírito ativo que compartilha dos sentimentos de suas

manifestações. Vive em nós, junto conosco e manifesta-se por nosso

intermédio.

15. O Absoluto não é um Deus pessoal como nos descreve a Bíblia, porque Ele

constitui tudo que realmente É. Não dispomos de palavras apropriadas para

expressar a natureza do Absoluto. Talvez a palavra Vida dê uma idéia de sua

natureza externa e a palavra Amor da interna.

16. Não é dado ao homem sondar a natureza mais íntima do Absoluto. No

entanto, se ele não pode penetrar sua essência, pode, pelo raciocínio, chegar

ao conhecimento de Seus atributos. Sem conhecer os atributos do Absoluto

seria impossível compreender a obra da Criação.

Assim sendo, verificamos que:

O Absoluto é Onisciente.

O Absoluto é Imutável.

O Absoluto é Imaterial.

O Absoluto é Onipotente.

O Absoluto é Onipresente.

O Absoluto é infinitamente justo e bom.

O Absoluto é infinitamente Perfeito.

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O Absoluto é Único.

Se um só dos atributos acima indicados faltasse na natureza divina, o Absoluto

deixaria de ser Absoluto. Foi isto que a Bíblia nos ensinou? Não, mil vezes não!

Não, porque a letra que mata, na Bíblia, descreveu-nos um Deus pessoal,

sujeito à cólera, ao arrependimento, ao castigo, ao equívoco e a todas as

paixões humanas. É um Deus inventado pela mente do homem e não o

Absoluto Perfeito e Imutável.

17. EU SOU é a chispa divina emanada da Chama Sagrada. É o filho do Pai

Divino. É imortal, eterno, indestrutível e invencível. Possui em si os mesmos

atributos do Absoluto: Poder, Sabedoria e Realidade. Quem não chega a sentir,

a viver e a identificar-se como o EU SOU a Realidade, viverá sempre com o

conceito de que é um homem que possui uma alma que deverá ser salva, sem

saber que a verdade pura é que o EU SOU é aquilo que se manifesta num ser

assombrosamente organizado e que compreende, em sua estrutura física,

mental e espiritual, o Superior e o Inferior. Em seus ossos, tal Ser manifesta-se

sob a forma da vida mineral; na vida física, assemelha-se à planta; em seus

desejos e emoções, parece-se com o animal; em suas faculdades superiores

manifesta o super-homem e, por fim, em sua vontade, pouco compreendida

pela maioria, É DEUS. (“Vós Sois Deuses”).

18. Os animais não possuem a sensação do Eu. Os selvagens são apenas

conscientes do Eu. Os civilizados acreditam que o EU SOU é a mente, vivendo

no plano da mente instintiva, o que faz com que o Eu deles seja o corpo com

todos os seus sentidos e emoções. Por isso, o homem costuma dizer: “Estou

doente, estou alegre, etc...” Enquanto o ser adiantado descobre que existe algo

superior nele acima da mente e do corpo, colocando-se face ao desconhecido.

Procura, então, a iniciação interna e percebe que o EU SOU é superior ao

corpo e à mente. Adquire o conhecimento sem raciocínios intelectuais, adquire

a consciência do Real, chega a ser consciente do EU SOU e passa às fileiras

dos iniciados. Quando um iniciado começa a conhecer a relação que tem com

o Todo e a manifestar a expansão do EU SOU, já é um Mestre.

19. É muito difícil chegar à verdadeira iniciação interna e numerosos são os

obstáculos para o Aspirante. Um deles é aquilo que ele aprendeu quando

criança e que ficou gravado em seu subconsciente, ou seja, a idéia de que o

homem é um ser separado do Absoluto. Em seguida, o raciocínio impede-o de

conceber uma Causa sem Causa, porque tudo quanto observa no mundo

fenomênico tem sua causa ou provém de algo. Vemos, em torno de nós,

atualmente a Lei da Causa e do Efeito e, por esse motivo, o intelecto está

convencido de que nenhum efeito pode existir sem uma causa correspondente.

No entanto, quando se chega a tentar conceber o Absoluto, o homem

cambaleia e não tem outro remédio senão acreditar numa Causa sem causa.

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20. A partir do momento em que o Aspirante conhece completamente o seu Eu,

transformar-se num Iniciado que penetra o mistério de todas as religiões,

desperta em si o conhecimento da existência verdadeira e a revelação da

verdadeira natureza do Espírito e sua relação com o Todo.

21. A mente instintiva pertence-nos, porém não é o Eu. O intelecto, isto é, a

parte da mente que analisa e pensa, não é o Eu Sou. Tampouco a mente

espiritual, origem do pensamento bom, é o Eu Sou.

22. O Eu Sou é aquela manifestação unida ao Absoluto que nunca teve

princípio, nem pode ter fim.

23. Podemos, agora, responder às perguntas formuladas no princípio deste

capítulo.

Na Antiguidade, tal como nos tempos modernos, os centros iniciáticos tinham o

objetivo de conservar esses ensinamentos, voltando assim a possuir a

comunicação perdida entre o mundo visível e o invisível. Os que tinham ou

conservavam essas faculdades de comunicação procuraram a forma de

despertá-la no homem normal, fundando assim os centros iniciáticos.

24. Essas maravilhosas faculdades ou meios de comunicação entre o Visível e

o Invisível existem em nós, porém é preciso desenvolvê-las.

Os antigos, em seus templos iniciáticos, desenvolviam as diversas faculdades

do homem e os centros esotéricos da época atual cultivam algumas dessas

faculdades ocultas.

Por meio da vidência e da intuição o homem pode penetrar os mistérios do

Mundo Astral e era assim que se fazia nos Centros Iniciáticos da Antiguidade.

Pitágoras, Numa e Moisés foram homens muito desenvolvidos, se comparados

a outros. Mais tarde, por meio da reencarnação, seremos como eles.

Somos, no momento, pequenos como a semente de uma fruta, a qual, com um

pouco de sol, de terra, de água e de tempo, transformar-se-á numa árvore

frondosa e frutífera. Nossa semente é a glândula pineal e será por meio do

desenvolvimento e do tempo que ela se transformará no ponto de partida para

uma nova evolução do cérebro.

Os homens futuros terão cabeça mais desenvolvida, mais nervosa e dotada de

maiores e melhores qualidades, porque um órgão físico novo acompanha

sempre o nascimento de faculdades psíquicas novas. Até com a obesidade

desenvolvem-se algumas faculdades psíquicas.

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25. A Raça Futura, após muitos séculos, compreenderá, que tudo o que existe

na Terra deve ser repartido em melhores condições do que na época atual e,

dessa maneira, começará a desenvolver as faculdades superiores do homem,

pois enquanto existir o teu e o meu e enquanto existir o egoísmo, não ocorrerá

o desenvolvimento querido e buscado. Por isso fracassam todos os que,

atualmente, seguem o caminho da iniciação. Estudemos, agora, os meios pelos

quais se pode desenvolver essas famosas e latentes faculdades.

26. O homem, que sempre aspira ao poder, que quer dominar a seus

semelhantes e ao Invisível, busca a Magia. Com isso, ele desenvolve o próprio

orgulho. Estuda Astrologia, Quiromancia e outros ramos da adivinhação a fim

de adquirir fama e honras, chegando assim a acreditar que é alguém na vida

ou um super-homem. A verdade, contudo, é que por esse caminho ele não é,

nem conseguirá ser nada, nem ninguém. Tão logo receba muitos golpes e

perceba que não desenvolveu nada, dar-se-á conta de que errou o caminho e o

sentido comum, e então, não quererá mais ser mago ou taumaturgo.

A Taumaturgia coloca-o em relação com o invisível por meio da petição e da

demanda. Chega a certos poderes por esse meio e converte-se numa criança

apoiada à mãe. Compreenderá que o Invisível é mais poderoso do que o

homem e que apenas dará a nós o que for mais conveniente. Nesse ponto o

taumaturgo verificará que seu caminho não é o mais reto.

A partir desse momento de iluminação entra-se no caminho místico puro. Os

ingênuos dirão que isso é pouca coisa, mas algum dia compreenderão seu

erro. O Iluminado identifica-se com a Providência, começa a receber mais e a

sentir o Plano Divino em si mesmo e, então, trabalhará melhor na Obra.

27. Em tal estado ele já possui consciência da força dos seres da natureza

invisível, sem correr nenhum perigo. Já não estará procurando a transformação

de metais em ouro, mas a metamorfose da debilidade em poder, da

impaciência em paciência, da desgraça em felicidade, desejando apenas O

REINO DE DEUS e seu justo uso, já que o restante virá por acréscimo.

Ninguém pode dar ordens ao Invisível, já que lhe devemos obediência às suas

leis e à sua harmonia.

28. Há, no Invisível, certas forças com as quais se pode ter relação. Pode-se

comunicar com essas forças por meio de sessões espíritas (vide o Capítulo II

desta obra, a partir do n.º 30 até o fim). Com as faculdades psíquicas

desenvolvidas pode-se comunicar e se pôr em relação com os planos da

Natureza, desde os mais densos até os mais sutis. O mago egoísta entra em

relação com os suicidas, ébrios e demais elementares dominados por suas

paixões, os quais estão sempre querendo entrar em relação com os vivos.

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29. No Mundo Astral não existe a noção de Tempo. Vivemos através da

respiração, enquanto o ventre permanece em estado fluídico.

Nossas viagens e transportes de um lugar para outro efetuam-se por mero ato

de vontade. O espaço também não existe. No além vemos tudo que se passa e

existe no mundo físico sobre um fundo escuro e rodeado de luz.

Há muitas luzes e cores diferentes. A cor indica a espécie de doença que uma

pessoa pode ter, bem como a planta que pode sanar essa enfermidade. Vêem-

se, com frequência, raios brilhantes: são insetos ou répteis. De repente,

aparece o Sol: é um ser humano que viaja de um lugar para outro, como

dizemos no mundo físico. Há cores cinzentas, verdes, negras, azuis, etc.

No Astral nossas idéias se realizam imediatamente. Nesse mundo a idéia surge

facilmente e não como acontece no mundo físico, em que é difícil expressá-la.

As idéias alheias também podem ser vistas e consegue-se, até, captá-las e

vivificá-las cada vez mais, se forem de nosso agrado, e inspirar o cérebro dos

que se acham vivos no físico. Esta é a causa das descobertas que se verificam

em vários lugares a um só tempo. Foi o que aconteceu com o Cálculo Integral

descoberto por Newton e Leibnitz. Júlio Verne imaginou o submarino, captando

sua idéia do mundo astral. Assim também as idéias de amor e ódio, de paz e

de guerra brotam do mundo astral e o Iniciado é aquele que aceitou o Bem e

que procura, por pensamentos e atos, desintegrar o Mal que se encontra neste

mundo. Só por isso a Providência vem em seu auxílio. Essas são as tentações

que devemos evitar e sempre pedir ao Pai que delas nos livre. Assim, quando o

homem pratica boas obras, obtém pouco a pouco uma força magnética

extraordinária, com a qual pode realizar curas maravilhosas e servir ao Grande

Poder.

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CAPÍTULO 8

OS CICLOS DA VIDA E DA MORTE

1. A história do homem começa no momento do seu nascimento ou de sua

reencarnação, porém para nascer ele precisa ter existido e para morrer ele

precisa ter nascido.

Esse renascimento ou reencarnação não ocorre por acaso, mas representa um

acontecimento consciente em sua totalidade e, por isso, se estamos aqui

agora, é porque o desejamos, ainda que nos queixemos depois, valendo

ressaltar que nossas queixas foram previstas e anunciadas antes mesmo de

nossa reencarnação. No entanto, o Espírito repete o que Cristo disse: “Que se

faça a vontade do Pai.” Os planetas mais espirituais são aqueles que se

encontram mais próximos do Sol. Tal verdade é combatida pelos astrólogos,

porém isso não tem importância. Na Terra, somos como uma espécie de

demônios. Nela também existem Seres Celestes.

A Terra é inferno, purgatório e, raras vezes, paraíso para uns poucos seres.

Nela a gente nasce, luta e não chega a realizar síntese da Humanidade.

2. Nada conosco acontece, se não o queremos. O Cristo aceitou, de antemão,

tudo que dizia respeito à sua vida e, para nosso bem, desceu a este globo

muito antes de nossa vinda. Depois, nós descemos por nossa própria vontade.

Podemos ficar no Plano Astral dois anos, dois séculos ou dois mil anos. Isto é

algo completamente pessoal e assim como a vida de cada um na Terra tem

durações diferentes, assim também não existe, na outra, uma regra geral

relativa a isso e a pessoa pode ficar tanto dez dias, como dez séculos.

3. Quando o momento de reencarnar se aproxima, o Anjo da alma aproxima-se

e verifica se ela tem coragem de descer. A alma, então, começa a ver, com

antecedência, aquilo que deverá sofrer, tendo liberdade de recusar. Aceitando,

sentirá que a Providência nunca a abandonará e que estará sempre guiada por

seres que a rodearão durante toda sua vida na Terra.

Ela desce, então, e todos os seus amigos e também aqueles que vieram antes,

cantarão de alegria, por sua coragem e sua futura evolução. Porém, uma vez

reencarnada, ela esquece tudo, porque passa a vestir uma roupagem e um

cérebro que não conseguem recordar, salvo em determinados casos. Ela

também esquece porque a Providência estabelece esse esquecimento, a fim

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de que sua existência não se transforme num inferno contínuo, caso chegasse

a saber, de antemão, o que iria passar durante a nova existência.

Conhecer o futuro com antecedência é sofrer duplamente, fazendo com que

percamos toda a vontade de lutar, e desejando morrer logo. Que seria dos pais

se soubessem que seus cinco filhos deveriam morrer, todos, na guerra? Que

seria da esposa se soubesse que seu marido iria abandoná-la com dez filhos

menores? Assim acontece conosco quando vimos à Terra.

4. A descida processa-se através dos planetas. O espírito começa a girar em

torno da Terra, procurando uma entrada para a sua futura morada. A Terra

encontra-se defendida pela terrível serpente ou corrente astral que a circunda.

Tal corrente pode ser percebida quando estamos em Astral. Ela possui doze

portas, chamadas por nós de signos zodiacais. Cada espírito a nascer penetra

na Terra através de um signo diferente, porém estará sempre ajudado pela luz

do Anjo, que é quem o conduz através dessa poderosa e terrível corrente, a fim

de chegar à zona de atração terrestre.

5. Uma vez na Terra, o espírito começa a “aclimatar-se”, a acostumar-se com

essa atração e procede, então, como o satélite humano de sua futura mãe.

Depois de nove lunações ou revoluções lunares, envolve seu sol-mãe com

eflúvios divinos e astrais, tomando conhecimento do corpo que se encontra em

formação. A seguir tem lugar o nascimento. É um ser novo que chega a nosso

mundo, ficando a criança por longo tempo relacionada com o Além. Os seres

humanos, porém, não compreendem este fato e até procuram cortar esse

relacionamento.

Enquanto escrevemos estás linhas temos diante de nós uma menina de dois

anos que junta as mãos e diz: “Pedrinho está aqui.” Em seguida ela começa a

rir, diz algumas coisas e, em breve, corre e começa a chorar, dizendo que

Pedrinho foi-se embora por um pequeno buraco da mesa ou da cadeira. Tal

cena repetiu-se em ocasiões diversas com a menina e em diferentes

modalidades.

Tais recordações do outro mundo duram até a idade de quatro anos e logo

começam a dissipar-se. Os olhos e os ouvidos humanos dedicam-se cada vez

mais à Terra e os sentidos ligados ao Além fecham-se, passando a criança a

ter apenas consciência das coisas materiais. A mãe deverá educar seu coração

até a idade de sete anos.

6. Só as mulheres têm condição de desenvolver o coração da criança de um

modo conveniente. Aos homens cabe, apenas, a formação do cérebro. É esta a

diferença existente entre a ação feminina e a ação masculina. Várias vezes se

disse que a Nação cujas mulheres não compartilham com os homens o destino

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de seus habitantes estaria fadada, mais cedo ou mais tarde, ao fracasso,

devido ao aparecimento do despotismo e da tirania. Aos sete anos o espírito

apodera-se do corpo de forma cabal, e a inteligência começa a atuar nessa

idade. A sociedade começa, então, a desempenhar o seu papel sobre a

criança.

7. Estamos na Terra para desempenhar um papel social e para fabricar nossos

corpos espirituais. Terminado esse trabalho, ocorre a morte. Não devemos

temê-la, porque nada perdemos com a mudança.

8. Ninguém consegue adiantar-se sozinho. Somos como os elos de uma

corrente ou como as células de um organismo. Devemos todos trabalhar juntos

e por todos, pois nenhuma célula pode avançar mais do que o órgão a que ela

pertence. Tenhamos mais indulgência, mais piedade e mais amor para com

nossos semelhantes. O mundo está farto de leis e de códigos. As únicas leis

imutáveis podem ser resumidas em poucas palavras: “Ajudemo-nos uns aos

outros.”

Não devemos julgar jamais aos que caem. Ao contrário, devemos conduzi-los

ao caminho da paz interna e da felicidade da alma. Devemos imitar a mulher

em sua obra de bondade e amor, em seu princípio feminino na Humanidade.

Page 64: Jorge Adoum  - Cosmogênese

BIBLIOGRAFIA

O Mazdeísmo — Lafont.

O Magnetismo do Globo — Bruk. Ocultismo e Astrologia — Papus.

Tratado Elementar de Ciências Ocultas — Papus. O Avesta — M. Bourchier.

A Gênese Reconstruída — J. Adoum.

As Chaves do Reino Interno — J. Adoum. O Povo das Mil e Uma Noites — J.

Adoum. Rasgando Véus — J. Adoum.

Mission de Souverain — Saint Yves d’Alveydre. Mission des Juifs — Saint Yves

d’Alveydre.

O Arqueômetro — Saint Yves d’Alveydre. Gnani Voga — Ramacháraka.

Da Boca ao Ouvido — O.S.R.C. Da Boca ao Ouvido — C.D.L.M.

A Vida Universal — Louis Michel de Figanières. História Filosófica do Gênero

Humano — Fabre d’Olivet.