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JOGOS E BRINCADEIRAS : RESGATANDO, VALORIZANDO E
APRENDENDO COM O PASSADO
Autora : Eliane Vogt Rodrigues da Silva ¹ Orientadora: Catiana Leila Possamai Romansine²
RESUMO
O objetivo desde trabalho foi investigar os jogos e brincadeiras, através da
memória e relatos dos nossos antepassados e discutir as contribuições que os
jogos e as brincadeiras podem oferecer no desenvolvimento da aprendizagem
e de determinados comportamentos relacionados à socialização, lazer e saúde.
O projeto foi desenvolvido no Colégio Estadual Dr. Rebouças – Ensino
Fundamental e Médio, no município de Rio Bom- Paraná, teve a sua aplicação
no Ensino Fundamental, com alunos (as) da 5ª série B, período vespertino,
com idade entre 11 a 13 anos e contamos com o envolvimento e a
colaboração de seus familiares no resgate das atividades lúdicas do passado.
Para o levantamento de dados utilizou-se um questionário enviado aos
familiares do aluno, que poderia ser respondido pelos pais, avós ou bisavós. As
perguntas do questionário eram para investigar como os membros da família
brincavam ou jogavam quando criança e se os antepassados da criança o
ensinaram a brincar ou jogar, e ainda, qual era o sentimento da família de
estarem ensinando jogos e brincadeiras aos seus descendentes. Neste
sentido, ocorreram questionamentos e reflexões, sobre a importância do
resgates e aplicação de jogos e brincadeiras na sala de aula. Assim sendo,
durante as realizações das atividades na sala de aula os alunos participaram
com alegria e prazer das atividades propostas. Concluiu-se que é legitimo e
possível, trabalhar jogos e brincadeiras, nas aulas de Educação Física, de
forma planejada, organizada e sistematizada, para a promoção do processo
ensino-aprendizagem e na socialização dos alunos.
Palavras-chaves: jogos e brincadeiras; família; aluno.
¹ Pós-Graduada em Educação Física, Professora no Col. Est. Dr. Rebouças – Rio bom; PR
²Mestre em Educação Física, Professora na Universidade Estadual de Londrina (UEL), Departamento de
Educação Física (DEF)- Londrina/ PR
ABSTRACT
The aim this work was to investigate provided games and activities, through
memory and stories of our ancestors and discuss the contributions that the
games and plays can offer in the development of learning and certain behaviors
related to socialization, leisure and health.
The project was developed in the State College Dr. Rebouças - Elementary and
High School, in Rio Bom-Paraná , It had their application in elementary school,
with students (the) 5th grade B, afternoon, aged 11 to 13 years and we have the
involvement and collaboration of their relatives in the rescue of the recreational
activities of the past.
For data collection used a questionnaire sent to the student's family, which
could be answered by the parents, grandparents or great grandparents. The
questionnaire was to investigate how family members played or played as a
child and the child's ancestors taught him to play or play, and yet, what was the
feeling of family fun and games are teaching to their descendants. In this sense,
there were questions and reflections about the importance and application of
redemption games and play in the classroom. Thus, during the
accomplishments of the activities in the classroom the students participated with
joy and delight of the proposed activities. It was concluded that it is legitimate
and possible, work and play games in physical education classes, in a planned,
organized and systematic, to promote the teaching-learning process and the
socialization of students.
Keywords: games and plays, family, student.
INTRODUÇÃO
Cada cultura em seu tempo histórico produz e reproduz jogos e brincadeiras e
essas práticas são importantes para o ser humano, pois auxiliam na aquisição
da atenção, compreensão, discussão e reflexão.
O brincar e jogar podem ser realizados durante a vida toda. O adulto e a
criança ao realizarem essas atividades passam a explorar e desenvolver
melhor seus sentidos, ocorre um controle de conduta e uma melhor adaptação
à sociedade.
As crianças refletem no jogo dramático toda a diversidade da
realidade que as circundam e reproduzem cenas da vida
familiar e do trabalho, refletem acontecimentos relevantes
como os vôos espaciais, etc. A realidade, ao ser representada
nos jogos infantis, converte-se em argumento do jogo
dramático. Quanto mais ampla for à realidade que as crianças
conhecem, tanto mais amplo e variados serão os argumentos
de seus jogos. Por isso, um pré –escolar mais novo tem um
número de argumentos mais limitados do que outro mais velho.
As crianças de 5 a 6 anos brincam de convidados, filhos e
mães, mas também de construir uma ponte ou lançar uma
nave espacial.(MUKIHINA,1996,p.156-157).
Os diversos tipos de jogos, principalmente, os dramáticos ajudam a representar
a vida real, pois o pensamento possibilita vários tipos de aprendizagem que
são colocadas em prática na vida do indivíduo.
Na verdade, a autêntica atividade lúdica só ocorre quando a
criança realiza uma ação subentendendo outra, e manuseia um
objeto subentendendo outro. A atividade lúdica tem um caráter
semiótico (simbólico). No jogo revela-se a função semiótica em
gestação na consciência infantil. Essa função se revela através
do jogo e se reveste em algumas características especiais.O
sentido lúdico de um objeto pode ter com esse uma
semelhança muito menor do que a que tem um desenho com
a realidade que representa. Mas o substituto lúdico oferece a
possibilidade de ser manuseado tal como se fosse o objeto que
ele substitui (MUKIHINA,1996, p.155-156).
Dessa forma, o brincar e o jogar fazem parte da vida humana e da cultura de
um povo. A brincadeira e o jogo bem realizado ajudam na interação do grupo,
os alunos aprendem a se respeitar, produzem novas experiências, entendem
regras já existentes, criam regras para suas brincadeiras e desenvolver a sua
auto-estima.
Assim, é evidente a importância de levar os jogos e brincadeiras para a sala de
aula, pois eles podem auxiliar na aprendizagem e tornar as aulas mais
atrativas.
Segundo Farias Junior (1996, p.56) [...] jogos populares infantis, parlendas e
brinquedos cantados foram sendo perdidos (transformados) nos últimos
cinquenta anos, possivelmente, como consequência do processo de
urbanização.
Nas últimas décadas, com urbanização e a ascensão dos meios tecnológicos,
os jogos e brincadeiras foram perdendo seus atrativos e seu espaço, ficando
em seus lugares os jogos na internet, vídeo games e a televisão.Crianças ficam
mais em casa, porém os pais não têm mais tempo para repassar aos filhos as
informações sobre os jogos e brincadeiras que eles brincavam quando
crianças.Pois, muitos pais só vêem os filhos na hora do jantar ou quando
chegam do trabalho seus filhos já estão dormindo.Com isso, muitas
brincadeiras e jogos não são repassados às crianças e tanto adultos como
crianças perdem muito por não compartilharem dessas atividades
significativas.
Conforme Borba (2006, p. 33) pipa, esconde-esconde, pique, passarinho,
bolinha de gude,bate mão, amarelinha, queimada, cinco Marias, corda, pique,
bandeira, polícia e ladrão, elástico, casinha, castelo de areia, mãe e filhas,
princesas, super heróis... São brincadeiras que voltam a nossa própria infância
e também nos conduzem a uma reflexão de como as crianças brincavam
antigamente. Assim constamos que há necessidade de repassar aos nossos
descendentes todos esses conhecimentos, porque brincar e jogar são algo
sério e devem fazer parte das atividades escolares.
Ao recordarmos o nosso passado, relembramos os elementos que fizeram
parte de nossa vida, como aprendemos e os múltiplos fatores de mudanças
físicas e comportamentais ocorridos conosco . Fazendo coexistir o passado, o
presente e o futuro.
Ao contemplar este projeto, veio a minha mente os jogos e as brincadeiras da
minha infância e como eu, professora de Educação Física, poderia inseri-los na
sala de aula, resgatando o conhecimento e aprendizagem dentro do processo
pedagógico.
Assim, ao trabalhar com o referido conhecimento de jogos e brincadeiras
apontou para a necessidade teórica e metodológica de se fazer o registro dos
mesmos, pois possibilitaria explorar, analisar, formular hipóteses, explorar a
linguagem corporal e verbal, a escrita, desenhos e objetos.
Velhos brinquedos, brincadeiras e jogos que estavam adormecidos em minha
memória se tornaram novos quando eu recordei-os e eles passaram por
diversas fases:
1ª Fase:
Foi a fase do adormecimento. Quando puxei-os pela memória bastaram 1 ou 2
minutos para vislumbrar os jogos e brincadeiras que eu mais apreciava na
minha infância.Fui recordando-os um a um...
A pipa: Que sem saber usava tantas medidas, tantos cortes precisos para
confeccioná-la. Eu pedia para os meninos, vizinhos de rua:
_Faz uma aí, pra mim? A minha não quer subir!
Sempre havia um menino mais velho que com pouca paciência, mas com muita
maestria vinha e acabava me ensinando a fazer uma boa pipa e eu saia
pulando de felicidade para empinar a minha bela e colorida pipa.
_E as pedrinhas! Com essas eu era boa, ganhei muitas partidas. Eu preferia as
pedrinhas aos saquinhos, pois elas eram encontradas em qualquer lugar.
O pião, este me fascinava. Como a molecada conseguia com um pedaço de
pau feito gota ou “carrete” de madeira fazê-lo bailar na palma da mão?
Porém confesso, eu não tinha destreza com esse brinquedo e, fui proibida pela
molecada de participar das brincadeiras em grupo, pois acertei uma piãozada
na cabeça de um garoto. Não era fácil brincar com meninos...
Eu também tive o meu carrinho de rolemã!
_E daí, menina pode andar de carrinho?
_Se for boa pode.
Ganhei um carrinho de rolemã de meu tio e eu vivia com os joelhos e
calcanhares ralados, pois não havia asfalto em minha cidade naquela época e
nós brincávamos na terra mesmo. Se eu era boa não sei, mas me diverti
muito com esse brinquedo e sentia que eu era respeitada e até invejada pelas
outras meninas .
Logo veio a fase do estilingue, como eu nunca gostei de matar passarinhos,
vivia apedrejando as latas de óleos.Na rua havia até campeonatos, mas eu não
era tão boa com estilingues e geralmente ficavanos últimos lugares.
Nós éramos mesmo apaixonados por bola. Sempre um ou outro ganhava uma
bola no natal ou no aniversário. Quando isso acontecia era uma glória e um
lote de terra passava ser um grande estádio de futebol. Com toda a molecada
reunida, uns para assistir, outros para jogar. Quantos combinados e
descombinados aconteciam ali. Não era fácil acompanhar os meninos, mas eu
“tava” ali.
Depois veio a paixão pela peteca. Havia petecas de todo jeito, uma mais
enfeitada do que a outra, muitos pais e avós ajudavam confeccioná-las. Porém
quem sofriamesmo eram os bichos: havia peteca com penas de pavão, galinha,
papagaio... Palhas imitando penas. Havia campeonato de peteca individual,
quem batia mais e em duplas amarrava um barbante em duas árvores e um
jogava a peteca para o outro, perdia aquele que deixava a peteca cair ou
passasse por debaixo do barbante.
Havia diversos carrinhos feitos de sabugos de milhos, com rodas de sabugo ou
limões espetados com gravetos, até as latas de óleo viravam carrinho com
rodinhas de tampinhas de refrigerantes.Ainda havia os carrinhos de tampa de
lata de cera que era pregada em cabo de vassoura, as crianças se divertiam
muito fabricando seus brinquedos.
As figurinhas de jogadores da seleção brasileira ou estrangeira faziam que nós
tornássemos craques em geografia e história mesmo não conseguindo
completar um álbum, a garotada vivia comprando ou trocando-as na escola e
na rua.
Não podia esquecer das bonecas, tive várias, porém a que mais marcou foi um
boneca de pano que minha avó fez para mim, ela era recheada de paina com
cabelos de crinas ou rabo de cavalo, com olhos de botão, a boca, as
sobrancelhas e o nariz eram bordados com linha preta. Vestida com um vestido
de cetim azul claro. Era uma princesa a minha companheira de casinha com
panelinha de lata de manteiga e sardinha e uns cacos de louça velha, um
verdadeiro tesouro.
Não posso esquecer também do pé na lata, polícia e ladrão, amarelinha, pular
corda: passa Zezinho, corda queimada, entre tantas brincadeiras que fizeram
parte da minha infância.
Ufa! Como foi fácil ser criança. Televisão era só à noite na casa dos vizinhos,
enquanto os pais assistiam televisão nós nos reunimos para brincar de
esconde-esconde sobre a luz das estrelas, vigiados pelos vaga-lumes.
2ª fase sonho
É a fase da construção do projeto.
O ritmo cardíaco e respiratório aumentam. Perguntas não calam:
- Será que as crianças de hoje são capazes de se prenderem aos jogos e
brincadeiras que os antepassados realizavam?
- Como competir com o computador, jogos virtuais, televisão?
Para Brougere “apud” Kishimoto (2002)” mesmo que o jogo seja compreendido
com uma ação de livre expressão da criança a sua prática cotidiana revela, a
partir da sua cultura de diversos povos praticantes, formas diferenciadas de
jogar”.
Nesse momento ficou claro que devemos aprender com os antepassados para
passar aos descendentes as nossas experiências.
Aí surgiu a figura da orientadora Catiana, que me surpreendeu com suas
reflexões e sugestões. Disse que era sim possível trabalhar os jogos e
brincadeiras na sala de aula, e que os jogos e brincadeiras eram instrumentos
para aprendizagem. “Velhos” brinquedos, jogos e brincadeiras fazem o
restante da memória, pois eles aproximam mais os jovens a seus
descendentes .
Neste momento colocamos em prática as rodas de conversas 1˚, 2˚, 3˚ dia
exposição do porquê resgatar os jogos e brincadeiras e por que os jogos
tradicionais estão se perdendo ?
Qual era o espaço que as crianças do passado tinham para brincar, qual é o
que as crianças hoje têm ?
Os jogos tradicionais “X” a concorrência?
Por que cada vez mais as crianças deixam de brincar com os jogos tradicionais
e querem ser adultas mais cedo?
Qual a importância de vivenciar novas experiências?
Por que o brincar deve estar presente nas salas de aula ?
Como resgatar alguns jogos e brincadeiras tradicionais ?
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O pensar e o agir nos jogos e brincadeiras.
A produção do conhecimento nos jogos e brincadeiras é uma etapa marcada
por uma atitude de integração entre o real e o imaginário.
Assim ao brincar e jogar a criança cria seu próprio universo, numa ordem pré-
estabelecida e com elementos definidos por uma realidade e que mais tarde,
fará parte da sua vida adulta.
É através do reconhecimento das brincadeiras e jogos que a criança provoca
ou insere modificações no seu cotidiano devido a suas descobertas, ao pensar
e agir, ela segue velhos modelos de brincadeiras e jogos ou a partir deles criar
novos.
Infelizmente, hoje as crianças já não brincam como antigamente, devido
principalmente à atração que os meios de comunicações e tecnologia tais
como, computadores, telefones celulares, jogos eletrônicos, exercem sobre as
crianças e adolescentes, que passam horas com esses aparelhos e que os
distanciam do contato físico e dos saberem acumulados de seus
antepassados. Nesse contexto, o sujeito tende a isolar-se e pode ter a
impressão de viver em um mundo virtual.
Neste sentido, torna-se necessário recuperar os espaços das brincadeiras e
jogos antigos, buscando os seus valores, nas publicações, mídias e
principalmente na oralidade dos antepassados, que sem sombra de dúvidas é
uma das fontes mais importantes em busca de informações.
O contato físico e verbal que a criança e os antepassados irão ter pode
favorecer a troca de experiência e pode proporcionar à criança muitos
conhecimentos que consequentemente esta poderá repassar para seus
descendentes.
Nessa troca de experiências, cada elemento poderá demonstrar, comparar e
fazer considerações vivenciando o ontem e hoje havendo uma abordagem e
desdobramento entre o aprender e educar como algo em si, natural e
prazeroso.
Espera-se que, com o resgate dos jogos e brincadeiras haja uma
reaproximação entre os sujeitos e isso favoreça as trocas de experiências e
expressões de sentimentos.
Independente da situação econômica das famílias, do nível de instrução e/ou
do local de moradia, o jovem desenvolve junto a seus familiares e
comunidades, formas semelhantes de brincar e jogar.
Então se criam características que levam o fenômeno brincar e jogar a uma
dinâmica no tempo e no espaço, constatando com isso que o pensar e o agir
nos jogos e brincadeiras é universal.
Ressaltam-se algumas características do brincar e dos jogos:
A história do homem esta ligada a jogos e brincadeiras;
Os jogos e brincadeiras são situações problematizadoras, que
influenciam decisões do sujeito na vida adulta;
Cabe aos antepassados a responsabilidades de passar informações aos
mais jovens;
É perfeitamente normal e natural jogar e brincar em qualquer idade;
Nos jogos e brincadeiras expressamos opiniões e sentimentos próprios,
que pode acarretar maior consciência e importância da nossa função
social.
Os jogos e brincadeiras além de exercitar nossas habilidades motoras
exercitam nossas habilidades intelectuais.
Em cada período da história de uma vida humana é :
“Importante perceber que as crianças concretas, na sua materialidade,
no seu nascer, no seu viver ou morrer, expressam a inevitabilidade da
historia e nela e fazem presentes, nos seus mais diferentes
momentos.” (KUHLMANN 1998, p.32).
A questão problematizadora de cada etapa da vida humana possui
especificidades próprias e determinam diferentes visões do homem de si
mesmo.
As diferentes formas de pensar e amadurecimento corporal influenciam as
formas de brincar vinculadas a diferentes entendimentos acerca do
conhecimento adquirido. Sendo assim:
“ no passado, o jogo não era conhecido como uma atividade
pedagógica educativa, por ser considerado seu caráter formativo, mas
atualmente seu valor educativo é bastante aceito pela sociedade,
sendo apreciado com o meio de aprendizagem. Tem sido freqüente
seu uso na dinâmica cotidiana da sala de aula (CERVANTES, 2005)
Concluímos então que jogar é de suma importância e permite contribuir na
formação da sociedade na sua ordem cultural, econômica, política e social,
atribuindo-lhes valores educativos e que o jogar e o brincar são pontos fortes e
positivos dentro de uma sala de aula. Por isso, os jogos e brincadeiras
necessitam de uma condução adequada para que possamos oferecer um
ambiente de aprendizagem prazerosa e eficiente.
Desenvolvimento do Projeto
O desenvolvimento e a aplicação do projeto ocorreram no Colégio Estatual Dr.
Rebouças do município de Rio Bom- Paraná, no 3º e 4º bimestre de 2011
envolveu os alunos (as) da 5˚ série B, período vespertino. Primeiramente foi
apresentado o projeto à Comunidade Escolar no início do ano letivo .
O próximo passo foi a apresentação para a turma do projeto e os eventos que
seriam realizados, ressaltando a importância dos jogos e brincadeiras e como
eles beneficiariam a aprendizagem e aproximariam as pessoas, principalmente
os filhos, pais, avós e professores. Foi neste contexto que propiciamos a
oportunidade para os alunos de aprenderem com os antepassados.
Percebeu-se que a maioriados alunos se sensibilizaram com o projeto, mas no
principio dois alunos ficaram desmotivados e tentaram desmotivar a sala,
porém logo começaram a participar das atividades ativamente.
A seguir, foram distribuídas duas tarefas :
a) Um questionário para uns dos membros da família responder: avós, pais
ou bisavós.
b) Cada aluno individualmente, iria produzir um livro com jogos e
brincadeiras que mais gostasse.
Neste momento os alunos começaram a relatar os jogos e brincadeiras que
mais gostavam ficando uma aula inteira conversando sobre essas atividades .
O que fizemos posteriormente para sanar as dúvidas foi uma pesquisa
bibliográfica da lista de jogos e brincadeiras. Ficando cada aluno responsável
de pesquisar um jogo ou brincadeira.
Percebi a dificuldade que tinham em pesquisar em livros (pois muitos alunos
não tinham o hábito da leitura), achavam que era muito mais fácil procurar na
internet do que procurar em livros, portanto, incentivei-os a pesquisa de
diversas fontes.
Acreditando que a família (antepassados) da criança podiam contribuir muito
com informações de como se brincava no passado, enviei um questionário por
intermédio do aluno, este deveria escolher uns dos familiares para respondê-
lo. Ocorreram dois fatos interessantes , mais de um membro queria responder
o questionário( fiquei pensando como dizer não, porém não podia, já que
queriam participar e muitos pais demonstravam interesse pelo trabalho escolar
do filho ) então permiti.
O outro fato interessante foi que os pais começaram a enviar reproduções de
brinquedos e jogos para mim. Eles queriam participar!
Cada dia ia chegando na sala mais petecas, pipas, carrinhos de rolimã,
saquinhos( três Maria), carrinhos de madeira, estilingues, bonecas de pano,
bilboquês de latinha ou de madeira, cavalinhos e boizinhos de madeira, jogos
de trilha e dama. Isso foi muito importante, pois observei que as crianças
ficaram felizes ao trazerem os brinquedos confeccionados pelos familiares, a
participação da família foi um fator positivo nesse projeto.
Porém, o que mais chamou a minha atenção foi uma avó que se emocionou
com as perguntas da neta e nos enviou uma boneca de “espiga de milho”. A
avó disse para a neta que quando ela era criança, não tinham bonecas como a
de hoje, havia bonecas de louça, mas só as crianças muito ricas podiam
comprá-las então como eles moravam no sítio e não tinham condições de
comprá-las ela mesmos é que fazia suas bonequinhas.
A senhora pediu para a neta que eu apresentasse seu brinquedo à classe e
falou que ela teve várias como aquela e que ela dava o nome de pessoas às
bonecas. Era uma espiga de milho com quatro gravetos ou pauzinhos
espetados, dois menores representando os braços e dois maiores
representando as pernas, os olhos, boca, nariz eram feitos com um risco de
carvão.
As crianças durante a apresentação quase não acreditavam no que viam,
achavam o brinquedo muito simples. Como uma criança podia brincar com
aquilo e se sentir feliz ? Muitas questionavam. Em seguida, convidei aquela avó
e outros avós para uma roda de conversa, para falar sobre seus brinquedos e
como eles se sentiam ao brincar antigamente. Alguns avós se prontificaram
em explicar e demonstrar para os alunos seus brinquedos e jogos.
Esta foi uma atividade muito emocionante e gratificante, pois houve muita
interação entre os alunos e os convidados. Os alunos então compreenderam o
que os avós explicaram. O mais importante não era ter um brinquedo bonito,
de fábrica, e sim ter a liberdade e a criatividade de construir seu próprio
brinquedo e isso sim valia a pena e os deixavam felizes ao brincar com seus
colegas.
As atividades propostas promoveram a socialização, a interpretação de livros,
histórias orais e escritas, desenvolvimento do raciocínio, habilidades motoras e
o ensino-aprendizagem.
Todavia, a prática dos jogos e brincadeiras beneficiou , não somente as aulas
de Educação Física, mas todas as disciplinas do colégio, houve uma interação
entre os professores das diversas áreas, mobilizando os alunos e seus
familiares.
Com o projeto observei que houve mais interesse por parte das crianças,
durante as aulas de Educação. Física. Conseguimos várias fontes de
documentos, pesquisas na internet, bibliografias, relatos orais e escritos,
material concreto (brinquedos e jogos). Com isso conseguimos resgatar grande
parte da memória da família.
Considerações Finais
O presente projeto de pesquisa estava compromissado “desde” o princípio em
aproximar os alunos dos seus antepassados e dentro da escola propor jogos e
brincadeiras para proporcionar uma aprendizagem prazerosa, não só nas aulas
de Educação Física como nas demais disciplinas, pois fizemos os resgates de
brincadeiras e jogos tradicionais para dentro das salas de aulas, numa
“perspectiva” interacional, com sentido e significado. Os jogos e brincadeiras
são também manifestações culturais do núcleo familiar. Visando o
ensino/aprendizagem dentro e fora da escola. Os alunos, durante o trabalho
demonstraram satisfação pela participação de seus familiares, isso prova a
importância da família no processo ensino aprendizagem.
O caráter de aprendizagem através da ludicidade leva a superação de
problemas que podem ser da ordem física ou intelectual e de convivência em
grupo. Os alunos encontram desafios, pois um jogo ou brincadeira que era aos
seus olhos, fácil de ser realizado tinha um certo grau de dificuldade. Uns
enfrentaram, outros proporam novas soluções ou criaram novas formas de
superação para realizar as atividades.
Assim também na prática educativa o registro do conhecimento foi feita através
da escrita de um livro : “ Jogos e brincadeiras: resgatando ,valorizando e
aprendendo com o passado”, o qual uniu a teoria e prática. Cada aluno
pesquisou, escreveu e ilustrou seu livro com ajuda da professora e familiares.
Foi construído um conhecimento acadêmico e a interação entre os alunos,
tendo como tema principal “jogos e brincadeiras”.
Neste estudo, pautado na construção de conhecimento, optamos pela pesquisa
de campo, participativa, pela mesma se adequar ao nosso projeto.
Portanto este projeto contribuiu para aproximar as crianças, seus familiares e a
escola, o que se concluiu que os familiares passam conhecimentos aos seus
descendentes, sendo este conhecimentos compartilhando e ressignificado
pelos alunos.
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