Jeffrey Archer - O décimo primeiro mandamento

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Obras publicadas na Coleco "leffrey Archer": 1 - Unta Questo de Honra ? -Nern Um Tosto a Mais, Nent Unt Tosto et Merms 3 -A Filha Pndiga 4 - Unta Aljava Cheia de Setas 5 -Primeiro entre iguais 6 -S entre Amigos 7 - 0 Voo do Corvo 8 -Honra entre Ladres 9 -Erro Judicial lo -O Quarto Poder 0 DCIMO PRIMEIRO 11 -011.Mandamenta 12 -Quem Coara Um Conta,. MANDAMENTO JEFFREY ARCHER O DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO PUBLICAES EUROPA-AMRICA Ttulo original: Tfiz Eleven Commandment Traduo de M.' Isabel Sequeira Traduo portuguesa 0 de P. E. A. Capa: estdios P. E. A. 0 Jeffrey Archer, 1998 Published by arrangement with HarperCollins Publishers Lt d. Direitos reservados por Publicaes Europa-Amrica, Lda. Nenhuma parte desta publicao pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer form a ou por qualquer processo, electrnico, mecnico ou fotogrfico, incluindo fotocpia, xerocpia ou gravao, sem autorizao prvia e escritadoeditor. Exceptua-senaturalmente a t ranscrode pequenos textos ou passgens para apresentao ou crtica do Livro. Esta excepo no deve de modo nenhum ser interpretada como sendo extensiva t ranscrio de textos em recolhas antolgicas ou similares donde resulte prejuzo para o interesse pela obra. Os transgressores so passveis de procedimentojudicial Editor: Francisco Lyon de Castro PUBLICAES EUROPA-AMR[CA, LDA. Apartada 8 2726-901 MEM MARTINS PORTUGAL secretariado@europa~america.pt Edio n.: 14901117529 i Dezembro de 2000 i Execuo tcnica: Grfica Europam, Lda., Mira-Sintra-Mem Martins Para Neil e Moni que. Ikpsit Ipal a": I i13d71U11 j Pg. Agradecimentos ................................................................. .. 11 Livro I 0 Jogador de Equipa ...................................... ... 13 Livro II 0 Solitrio....................................................... ... 105 Livro III 0 Assassino Contratado ................................. .... 197 Livro IV Os Viuos e os Mortos........................................... 285 AGRADECIMENTOS Os meus agradecimentos pela ajuda na investigao para este livro vo para: William Webster, ex-director da CIA e do FBI. RichardThornburgh, ex-procurador-g eral dos Estados Unidos. Samuel Berger, conselheiro americano para a Segurana Nac ional. Patrick Sullivan, Servio Secreto dos Estados Unidos, Washington. Agenteespecial J. Patrick Durkin, Servio Secreto Diplomtico dos Estados Unidos. MelanneVerveer,drefe de Gabinete de HillaryRodham Clinton. John Kent Cooke Jr., proprietrio dos Washington Redskins. Robert Peterson, superintendente, Galeria da Imprensa do Senado dos Estados Unidos. ferry Gallegos, superintendente da Galeria da Imprensa da Cmara dos Representante s. King Davis, chefe da Polcia, Sierra A-ladre, Califrnia. Mikhail Piotrovsky, direct or do Museu Hermitage e do Palcio de Inverno, em Sampetersburgo. Dr ~ Galina Andreeva, directora do Departamento de Pinturas dosSculosXVIIIeXIY,Ga leriaTretyakov,emMoscovo. Aleksandr Novoselov, assistente do embaixador, Embaixa da da Federao Russa, Washington, D. C.

Andrei Titov. Trs membros da mafia russa que no permitiram que o seu nome fosse refrido. Malcolm Van de Riet e Timothy Rohrbaug, Nicole Radner, Robert Van Hoek, Phil Hoc hberg, David taries, Judy Lowe e Philip Verveer, Nancy Henrietta, Lewis K. Loss, Darrell Green, John Komlos, Natacha Maximova, John Wood e Chris Ellis. E em particular: Janet Brown, Comisso de Debates Presidenciais, e Michael Brewer do Brewer Consult ing Group. L1vR0 I 0 Jogador de Equipa Quando ele abriu a porta, o alarme comeou a tocar. 0 tipo de erro que se esperaria de um amador, o que era surpreendente,poisConnor Fitzgeralderaconsideradopelosseus pares o profissional dos profissionais. Fitzgerald tinha calculado que a Polcia local levaria alguns minutos a reagir a u m assalto no bairro de San Victorina. Faltavam ainda algumas horas para o incio do jogo anual contraoBrasil,masmetadedosaparelhosdetelevisodaColmbia j deviam estar ligados. Se Fitzgerald tivesse assaltado a loja de penhores depois do incio do jogo, a Polcia provavelmente s agiria depois do apito foral do rbitro. Era sabid o que os delinquentes locais consideravam o jogo um perodo de liberdade condicion al de noventa minutos. Mas os seus planos para esses noventa minutos fariam a Polcia correr atrs da sua prpria sombra durante dias. E s ao fim de algumas semanas, provavelmente meses, que algum descobriria o verdadeiro significado do I a ssalto desse sbado tarde. A alarme ainda estava a tocar quando Fitzgerald fechou a porta das traseiras e a travessou rapidamente opequeno armazm em direco parte da frente loja. Ele ignorou as filas de relgios nos seus pequenos suportes, as esmeraldas nos seus saquinhos de celofane e os objectos de ouro de todos os tamanhos e formas expostos atrs de uma fina rede. Estavam todos cuidadosamente marcados com um nome e uma data, de modo que os seus proprietrios empobrecidos pudessem voltar dentro de seis mese s para resgatar a herana da famlia. Poucos o faziam. Fitzgerald afastou a cortina de contas que dividia o armazm da loja e parou atrs d o balco. Os seus olhos pousaram numa velha mala de cabedal colocada em cima de um pedestal, ao centro da montra. Gravadas na tampa, em letras douradas sumid as, JGFFRF,Y r1RCF11:R estavam as iniciais "D. V. R". Ele ficou absolutamente imvel at ter a certeza de q ue no havia ningum a olhar para a montra. Quando Fitzgerald vendera a obra-prima feita mo ao dono da loja algumas horas antes, ele explicara que no tinha qualquer inteno de voltar a Bogot, pelo que a mala podia ser posta imediatamente venda. Fitzgerald no ficou surpreendido aover que o objecto j tinha sido colocado na montra. No havia outro igual na Colmbia. Estava prestes a saltar por cima do balco quando um jovem passou pela montra. Fit zgerald ficou parado, mas a ateno do homem estava totalmente concentrada num pequeno rdio que levava encostado ao ouvido esquerdo. Ele prestou tanta ateno a Fit zgerald como prestaria a um manequim de alfaiate. Quando ele desapareceu de vista, Fitzgerald saltou por cima do balco e dirigiu-se montra. Olhou para ambos os lados da rua para verificar se havia algum a observar a loja, mas no havia ningum. Com um s movimento, tirou a mala de cabedal do pedestal e recuou em silncio . Saltou por cima do balco e voltou--se para olhar de novo pela janela, a fim de se certificar de que o roubo no fora presenciado por quaisquer olhos curio sos. Fitzgerald deu uma volta sobre si mesmo, afastou a cortina de contas para o lado e avanou em direco porta fechada. Verificou o relgio. 0 alarme estava a tocar h noventa e oito segundos. Entrouno beco e ps-se escuta. Se tivesse ouvido o som r ouco de uma sirene da Polcia, teria virado esquerda e desaparecido no labirinto das ruas atrs da loja de penhores. Mas, parte o alarme, estava tudo silencioso. V irou direita e seguiu calmamente na direco da Carrera Septima.

Quando chegou ao passeio, Connor Fitzgerald olhou de relance para a esquerda e d epois para a direita, passou por entre otrnsito reduzido e, sem olhar para trs, atravessou a rua. Desapareceu num restaurante cheio de gente, onde um grupo de a deptos ruidosos estava sentado volta de uma televiso com um enorme ecr. Ningum olhou para ele. A nica coisa que interessava era ver as interminveis repeties dos trs golos que a Colmbia tinha marcado no ano anterior. Sentou-se num mesa situada a um canto. Embora no conseguisse ver bem o ecr da televiso, via p erfeitamente o outro lado da rua. Uma tabuleta velha com as palavras "J. EscosAx . MONTA DE PIEDAD, EsTA~ELECIDO 1946" baloiava na brisa da tarde por cima da loja d e penhores. Decorreram vrios minutos at que um carro da Polcia parou, a chiar, porta da loj a. Depois de ver os dois polcias fardados en 0 DCIMO PRIMh7R0 MANDAMF,N'PO 15 tramo edificio, Fitzgerald levantou-se da mesa e saiu calmamente pela porta das traseiras para outra rua, para a calma tarde de sbado. Mandou parar o primeiro txi vazio e disse com um forte sotaque sul-africano: - El Belvedere, na Praa de Bolvar, por favor. 0 motorista fez um breve sinal de assentimento com a cabea, como se quisesse torn ar claro que no tinha qualquer vontade de se envolver numa conversa prolongada. Quando Fitzgerald se afundou no banco de trs do velho txi amarelo, ele ligou o rdio. Fitzgerald olhou de novo para o relgio. Uma e dezassete. Estava atrasado dois minutos. 0 discurso j deveria ter comeado mas, como duravam sempre mais de quarenta minutos, ele tinha tempo mais do que suficiente para levar a cabo o verdadeiro motivo por que esta va em Bogot. Moveu-se alguns centmetros para a direita, de modo a ter a certeza de qu e o motorista conseguia v-lo nitidamente pelo espelho retrovisor. Quando a Policia iniciasse as investigaes, Fitzgerald precisava que todos os que o tinham visto nesse dia dessem mais ou menos a mesma descrio: sexo masculino, caucasiano, com cerca de cinquenta anos, um pouco mais de um metro e oitenta, ce rca de cento e cinco quilos, barba por fazer, cabelo escuro despenteado, vestido como um estrangeiro, com um sotaque estrangeiro, mas no americano. Ele tinha espe rana de que pelo menos um deles conseguisse identificar o sotaque nasal sulafrica no. Fitzgerald sempre tivera jeito para sotaques. No liceu, ele tinha regularmente p roblemas por imitar os professores. 0 rdio do txi continuava a transmitir as opinies de peritos sucessivos sobre oprovve l desfecho do encontro anual. Fitzgerald desligou mentalmente de uma lngua que tinha pouco interesse em dominar, embora tivesse recentemente acrescentado " falta~~, afaera" e agol" ao seu reduzido vocabulrio. Quando o pequenoFiat parou porta do El Belvedere, dezassete minutos depois, Fitzg erald pagou com uma nota de dez mil pesos e saiu do txi antes de o motorista ter oportunidade de lhe agradecer uma gorj eta to generosa. No que os motoristas de txi de Bogot sejam conhecidos pelo seu uso excessivo das palavras "mochas gradas". Fitzgerald subiu as escadas do hotel a correr, passou pelo porteiro de libr e pel as portas giratrias. No trio, dirigiu-se directamente aos elevadores em frente do balco da recepo. S teve de aguardar alguns momentos at um dos quatro elevadores regressar ao rs-do-cho . Quando as portas se abriram, entrou e carregou no boto que marcava "8>~ e, imediatamente a seguir, no !6 boto "Fechar", no dando a ningum a possibilidade de lhe fazer companhia. Quando as portas se abriram no oitavo andar, Fitzgerald seguiu ao longo do corredor alcati fado at ao quarto 807. Enfiou o carto de plstico na ranhura e esperou que a luz verde se acendesse antes de girar a maaneta, Assim c~ue a porta se abriu, ele colocou

o carto "Fnvox ~E rro MoLesTnx" na maaneta exterior, fechou a porta e trancou-a. Olhou de novo para o relgio; vinte e quatro minutos para as duas. Calculou que, n esta altura, a Polcia j tivesse sado da loja de penhores, tendo concludo que se tratara de um falso alarme. Eles telefonariam ao Sr. Escobar, para a sua casa de campo, informando-o de que parecia estar tudo em ordem, e sugerir-lhe-iam qu e, quando regressasse cidade na segunda-feira, lhes dissesse sefaltavaalgumacoisa. Masmuitoantesdisso,Fitzgerald teria voltado a colocar a velha mala de cabedal na montra. Na segunda-feira, os nicos artigos cujo roubo Escobar comunicaula seriam alguns pequenos embrulhos de esmeraldas no cortadas que a policia teria levado antes de sair. Quanto tempo levaria ele a descobrir a nica outra coisa que faltav a? Um dia? Uma semana? Um ms? Fitzgerald j decidira que teria de deixar alguma pista para ajudar a acelerar o processo. Fitzgeralddespiuocasaco,pendurou-onacadeiramaisprxima e pegou no comando que esta va em cima de uma mesa ao lado da cama. Carregou no boto On e sentou-se no sof em frente televiso. 0 rosto de Ricardo Guzman encheu o ecr. Fitzgerald sabia que Guzman faria 50 anos em Abril mas, com ummetroeoitentaetrs,c omocabelopretofartoesemproblemas com o peso, ele poderia ter dito multido de admiradores que ainda no fizera quarenta, e eles teriam acreditado. Afinal de con tas, poucos colombianos esto espera que os polticos lhes digam a verdade sobre qualquer assunto, incluindo a sua idade. RicardoGuzman,ofavoritonaseleiespresidenciaisseguintes, era o chefe do cau~tel de Cali, que controlava 80% do trfego de cocana em Nova Iorque e fazia mais de um bilio de dlares por ano. Ningum sabia quantas mortes ocorridas em Manhattan eram causadas directamente pelas aces do grupo. Fitzgerald no tinha encontrado esta informao em qualquer dos trs jornais nacionais da Colmbia, talvez porque a maio r parte das fontes noticiosas da imprensa eram controladas por Guzman. JEFFREY ARCHER 0 DCIMO PRIMEIRO h?ANDAMENTO 17 ` ~ na porta. Fitzgerald apanhou o elevador dos hspedes para o rs-do-cho, confiante de que ningum olharia duas vezes para um homem de 51 anos com uma camisa de ganga, gravata s riscas, casaco desportivo e calas de flanela cinzentas. Saiu do elevador eatrave ssouotrio,nofazendoqualquertentativaparainformar a recepo de que estava de partida. Quando chegara, oito dias antes, pagara o quarto adiantado. Tinha deixa do o minibar fechado chave, nunca tinha encomendado nada ao servio de quartos, no fizera chamadas para o exterior, nem vira filmes pagos. No haveria quaisquer de spesas extra na conta deste hspede. S teve de esperar alguns minutos at o autocarro de servio do aeroporto surgir junto da entrada. Olhou para o relgio. Faltavam quarenta e trs minutos para a descolagem. No estava nada preocupado com a possibilidade de perder o voo 63 da A eroperu para Lima. Tinha a certeza de que nada estava a cumprir horrios nesse dia. Quando o autocarro o deixouno aeroporto, dirigiu-selentamente para n balco do che ck-in, onde no ficou surpreendido ao saber que o voo para Lima estaria atrasado

mais de uma hora. Vrios polcias na catica e apinhada sala das partidas estavam a observar desconfiadamente todos os passageiros e, embora o tivessem abordado e interrogado vrias vezes, e a sua mala tivesse sido revistada duas vezes, foi eventualmente autorizado a p rosseguir para a Porta 47. Abrandou o passo quando viu dois homens de mochila s costas a serem arrastados pe lo pessoal de segurana do aeroporto. Pergmitou casualmente a si prprio quantos caucasianos inocentes do sexo masculino e com a barba por fazer passariam a noit e a ser interrogados por causa dos seus actos dessa tarde. Quando Fitzgerald chegou fila do controlo de passaportes, repetiu o seu novo nom e em voz baixa. Era o terceiro nesse dia. 0 funcionrio de farda azul, dentro do pequeno cubculo, abriu o passaporte da Nova Zelndia e examinou cuidadosamente a fotografia no interior, a qual tinha uma inegvel semelhana com ohomem elegantementevestido auafrente. Devolveuopassaporte e permitiu que Alistair Douglas, um engenheiro civil de Chri stchurch, se dirigisse calmamente sala das partidas. Aps outra demora, o voo foi finalmente anunciado. Uma hospedeira acompanhou o Sr. Douglas ao seu lugar na se co da primeira classe. - Posso oferecer-lhe uma taa de champanhe? Fitzgerald abanou a cabea. - No, obrigado. Um copo de gua sem gs seria ptimo - acrescentou ele, ensaiando o seu sotaque neozelands. Apertou o cinto de segurana, reclinou-se na cadeira e fingiu lerarevistadebordoen quantooavioiniciavaasualentamarcha ao longo da acidentada pista. Havia uma longa fila de avies espera para descolar frente deles, pelo que Fitzgerald teve tempo s uficiente para escolher os pratos que iria comer e o filme que iria ver antes de o 727 comear a acelerar para a descolagem. Quando as rodas finalmente se ergue ram do cho, Fitzgerald comeou a descontrair-se, pela primeira vez nesse dia. Quando o avio atingiu a altitude de cruzeiro, ps de parte a 30 revista, fechou os olhos e comeou a pensar no que precisaria de ser feito quando aterrasse na Cidade do Cabo. - Fala-vos o vosso comandante- disse uma voz melanclica. - Tenho uma notcia que se i que vos causar bastante tristeza. - Fitzgerald endireitou-ae na cadeira. A nica eventualidade com que no contara era um regresso inesperado a Bogot. - Lamento informar-vos que ocorreu hoje uma tragdia nacional na Colmbia. Fitzgerald agarrou ligeiramente o brao da cadeira e concentrouse para respirar re gularmente. 0 comandante hesitou por um momento. - Meus amigos - anunciou ele num tom de pesar. - A Colmbia sofreu hoje uma terrvel perda. - Fez uma pausa. -A nossa equipa nacional foi derrotada pelo Brasil, tendo perdido por 2a1. Um gemido audvel atravessou a cabina, como se tivesse sido prefervel chocar contra a montanha mais prxima. Fitzgerald permitiu que um ligeiro sorriso lhe aflorasse aos lbios. A hospedeira apareceu de novo ao seu lado. -Agora que j estamos a caminho, posso preparar-lhe uma bebida, Sr. Douglas? - Obrigado - respondeu Fitzgerald. - Acho que, afinal de contas, sempre vou bebe r a taa de champanhe. Quando Tom Lawrence entrou na sala cheia, o corpo de imprensa ps-se de p. - 0 presidente dos Estados Unidos - anunciou o secretrio de Imprensa, para o caso de haver entre eles um visitante extraterrestre. Lawrence subiu o degrau at ao pdio e colocou o dossier azul de Andy Lloyd em cima do atril. Acenou aos jornalistas com um gesto que j lhes era familiar, indicandolhes que se podiam sentar. -Tenho o grande prazer de anunciar-comeou o presidente, num tom descontrado - que vou enviar ao Congresso uma propostade lei que prometi ao povo americano durante a campanha eleitoral.

Poucos dos mais antigos correspondentes da Casa Branca sentados em frente dele a notaram qualquer palavra, pois a maior JF.FFRE}' ARCHER 0 DCCIMO PRIMEIRO MANDAMF.N70 31 4 parte sabia que, se houvesse uma notcia que valesse a pena publicar, era muito ma is provvel que a mesma surgisse durante o perodo de perguntas e respostas, do que se derivasse de qualquer declarao previamente preparada. Em qualquer caso, os comentrios iniciais do presidente ser-lhes-iam entregues num comunicado de impren sa sada da sala. Os velhos profissionais s recorriam ao texto preparado quando precis am de preencher o espao de alguma coluna. Isto no impediu o presidente de lhes lembrar que a aprovao duma Lei de Reduo do Armam ento permitir-lhe-ia libertar mais verbas para os cuidados de sade a longo prazo, de modo a que os americanos idosos pudessem esperar um melhor nvel de vida durante a reforma. - Esta uma proposta de projecto-lei que ser bem acolhida portodos os cidados consc ientes e solidrios, e sinto-me orgulhoso de ser o presidente que a levar ao Congresso. - Lawrence levantou os olhos e sorriu esperanosamente, satisfeito p or, pelo menos, a sua declarao inicial ter corrido bem. Gritos de "Sr. Presidente!" surgiram de todas as direces, ao mesmo tempo que Lawre nce abria o dossier azul e olhava para as trinta e uma perguntas. Ergueu o olhar e sorriu para um rosto familiar na fila da frente. -Barbara-disse ele, apontando para a veterana jornalista de UPI que, como decana do corpo de imprensa, tinha o direito de fazer a primeira pergunta. Barbara Evans ps-se lentamente de p. - Obrigada, Sr. Presidente. - Fez uma pausa antes de perguntar. -Pode confirmar que a CIA no teve qualquer envolvimento no assassinato do candidato presidncia da Colmbia, Ricardo Guzman, ocorrido em Bogot no sbado? Um murmrio de interesse percorreu a sala. Lawrence olhou para as redundantestrint ae umaperguntas e respostas, desejando no se ter recusado a ouvir as informaes mais pormenorizadas que Larry Harrington pretendera dar-lhe. -Ainda bem que fazes essapergunta, Barbara-respondeu ele, sem hesitar.-Porque eu quero que saibam que, enquanto for presidente, essa questonem sequer se coloca. Esta administrao nunca, em circunstncia alguma, interferiria no processo democrtico dum Estado soberano. De facto, ainda esta manh dei instrues ao secretrio de Estado para que telefonasse viva do Sr. Guzman e lhe transmitisse as minhas co ndolncias pessoais. Lawrence sentiu-se aliviadoporBarbara Evans termencionado 33 o nome do morto porque, doutro modo, ele no teria sido capaz de se lembrar dele. -Talvez tenhas tambm interesse em saber, Barbara, que j pedi ao vice-presidente qu e me represente no funeral que, segundo creio, se realizar em Bogot neste fim-de-s emana. Peter Dowd, o agente do Servio Secreto que chefiava a Diviso de Proteco do President e, saiu imediatamente da sala para avisar n vice-presidente, antes que a imprensa se aproximasse dele. Barbara Evans no pareceu convencida mas, antes de conseguir fazer uma segunda per gunta, o presidente voltara a sua ateno para um homem que estava de p na ltima fila e que ele tinha esperana de que no tivesse qualquer interesse nas eleies presid enciais da Colmbia. Mas quando o homem lz a sua pergunta, Lawrence comeou a desejar que acontecesse o contrrio. - Qual a probabilidade de a sua Proposta de Lei de Reduo do Armamento vir a tornar -se lei se, como provvel, Victor Zerimski for eleito o prximo presidente da Rssia? Durante os quarenta minutos seguintes, Lawrence respondeu a vrias perguntas sobre a Proposta de Lei da Reduo das Armas Nucleares, Biolgicas, Qumicas e Convencionais, mas estas eram intercaladas com pedidos de informao sobre o papel actual da CIA na

Amrica do Sul, e sobre como ele lidaria com Victor Zerirrrski, se este se tornas se o prximo presidente russo. medida que se tornava bvio que Lawrence no sabia muito m ais do que eles sobre qualquer destes dois assuntos, os jornalistas, cheirando sangue, comearam a atorment-lo com perguntas sobre eles, com excluso de todos os ou tros, inclLlindo a Proposta de Lei de Reduo do Armamento. Quando Phil Ansach lhe dirigiu, finalmente, uma pergunta amvel sobre a Proposta d e Lei, Lawrence deuumaresposta longa e prolixa e, depois, sem qualquer aviso, de u por terminada a conferncia de imprensa, sorrindo aos jornalistas e dizendo: - Minhas senhoras e meus senhores, muito obrigado. Foi um prazer, como sempre.-S em mais palavras, voltou-lhes as costas, saiu rapidamente da sala e seguiu em di reco Sala Oval. Assim que Lloyd o apanhou, o presidente rosnou em voz baixa: - Preciso de falar imediatamente com Larry Harrington e, enquanto estiver a falar com ele, telefona para Langley. Eu quero a directora da CIA no meu gabinete daqui a uma hora. -Eu acho, Sr. Presidente, que talvez fosse mais sensato... - comeou o chefe de Ga binete. -Daqui a uma hora, Andy-disse o presidente, sem sequer JEFF'REY ARCHER 0 DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 33 olhar para ele. - E se eu descobrir que a CIA esteve envolvida nesse assassinato na Colmbia, a Dexter vai estar em maus lenis. - Eu vou pedir ao secretrio de Estado que v ter consigo imediatamente, Sr. Preside nte-disse Lloyd. Desapareceu num gabinete lateral, pegou no telefone mais prximo e marcou o nmero de Larry Harrington na Secretaria de Estado. Nem mesmo ao telefone o texano conseguiu disfarar a sua alegria por lhe ter sido dada razo to depressa. Depois de ter desligado, Lloyd voltou ao seu prprio gabinete, fechou a porta e se ntou-se em silncio secretria durante alguns momentos. Quando acabou de recapitular exactamente o que precisava de dizer, marcou um nmero de onde apenas uma pessoa atendia. - A directora - foi a nica coisa que Helen Dexter disse. Connor Fitzgerald entregou o passaporte ao funcionrio da alfndega australiano. Ter ia sido irnico se o documento suscitasse quaisquer dvidas porque, pela primeira vez em trs semanas, ele estava a usar o seu nome verdadeiro. 0 funcionrio fardado digitou os dados no tec lado, verificou o ecr do computador, depois carregou em mais umas teclas. No apareceu nada fora do normal, pelo que ele carimbou o visto de turista e disse : - Espero que a sua estada na Austrlia seja agradvel, Sr. Fitzgerald. Connor agradeceu-lhe e atravessou a sala de recolha de bagagens, onde se sentou em frente do tapete imvel, espera que a sua bagagem aparecesse. Ele nunca se perm itia a si prprio ser oprimeiro apassarpelaalfndega, mesmo quandonotinhanada a declarar. Quando aterrara na Cidade do Cabo no dia anterior, Connor era esperado no aeropo rto pelo seu velho amigo e colega Carl Koeter, Carl tinha passado as duas horas seguintes a fazer-lhe perguntas sobre a misso antes de almoarem demoradamente, conversando sobre o divrci o de Carl e sobre o que Maggie e Tara faziam. Foi a segunda garrafa de Rustenber g Cabernet Sauvignon de 1982 que quase fez que Connor perdesse o avio para Sydney. Na loj a franca, escolheu apressadamente lembranas claramente assinaladas "Marfe in SouthAfrica" para levar mulher e filha. Nem mesmo o seu passaporte fornecia q

ualquer pista sobre o facto de ter chegado Cidade do Cabo via Bogot, Lima e Buenos Aires. ~ Ikcimn I'rmairn ManUumento-? 3d Enquanto estava sentado na zona da recolha das bagagens espera que a passadeira principiasse a funcionar, comeou a pensar na vida que levara nos ltimos vinte e oito anos. Connor Fitzgerald tinha sido criado no seio de uma famlia dedicada causa da lei e da ordem. 0 seu av paterno, Oscar, assim chamado em honra de outro poeta irlands, tinha emig rado de Kilkenny para a Amrica no virar do sculo. Horas depois de ter atracado na Ellis Island, ele seguiu directamente para Chicago, para se juntar ao primo q ue era polcia. Durante a Lei Seca, Oscar Fitzgerald esteve entre o pequeno grupo de polcias que se recusou a receber subornos da mafia. Como resultado, nunca subiu acima do pos to de sargento. Mas Oscar foi pai de cinco filhos e s desistiu quando o padre local lhe disse que era por vontade do Todo-Poderoso que ele e Mary no fossem abenoados com uma filha. A mulher ficou grata com as palavras de sabedoria do padre O'Reil ly - j lhe era suficientemente difcil criar cinco robustos rapazes com o salrio de um sargento. Se bem que, se Oscar lhe tivesse dado mais um cntimo do que lhe c abia do seu salrio semanal, Mary iria querer saber com grande pormenor de onde viera esse dinheiro. Quando terminaram o liceu, trs dos filhos de Oscar entraram para aPolcia de Chicag o, onde obtiveramrapidamente apromoo que o seu pai merecera. Outro entrou para o clero, o que agradou a Mary, e o mais novo, o pai de Connor, estudou Direito C riminal em De Paul, ao abrigo da Lei do Servio Militar. Quando terminou o curso entrou para o FBI. Em 1949, casou-se com Katherine O'Keefe, uma rapariga que viv ia duas casas mais adiante, na South Lowe Street. S tiveram um filho, um rapaz, a quem deram o nome de Connor. Connor nasceu no Hospital Chicago General, no dia S de Fevereiro de 1951 e, mesm o antes de ter idade para entrar na escola catlica local, tornou-se bvio que ia ser um dotado jogador de futebol`. 0 pai de Connor ficou encantado quando o filh o passou a ser capito da equipa do Liceu de Mount Carmel, mas a me obrigava-o a estudar at tarde, para se certificar de que ele terminava sempre os trabalhos de casa. JEFFRF.Y ARCHER O DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 35 - Tu no podes jogar futebol o resto da vida - lembrava-lhe ela constantemente. A combinao de um pai que se punha de p sempre que uma mulher entravara sala e uma me que raiava a santidade tornara Connor, apesar dos seus dotes fsicos, tmido na presena do sexo oposto. Vrias raparigas no Liceu de Mount Carmel tinham tornado a manifestar abertamente o que sentiam por ele, mas ele s perdeu a virgindade quando conheceu Nancy, no seu ltimo ano. Pouco tempo depois de ter conduzido o Mo unt Carmel a mais uma vitria numa tarde de Outono, Nancy levara-o para trs da bancada e seduzira-o. Se ela se tivesse despido, seria a primeira vez que ele vi a uma mulher nua. Cerca de um ms mais tarde, Nancy perguntou-Ihe se ele gostaria de tentar duas rap arigas ao mesmo tempo. - Eu nunca sequer tive duas raparigas, quanto mais ao mesmo tempo - respondeu-lh e ele. Nancy no gostou muito da resposta e afastou-se dele. Quando Connor obteve uma Bolsa para Notre Dame, no aproveitou nenhuma das inmeras ofertas que so feitas a todos os membros da equipa de rguebi. Os seus companheiros de equipa pareciam ter muito orgulho em escrever no interior das portas dos cacifos os nomes das raparigas que tinham sucumbido aos seus encantos. No fim do primei ro semestre, Brett Coleman, o ponta da equipa, j tinha dezassete nomes no interior d o cacifo. A regra, informou Connor, era que s a penetrao contava:

- As portas do cacifo no so suficientemente grandes para incluir o sexo oral. No final do seu primeiro ano, "Nancy" continuava a ser o nico nome que Connor esc revera. Uma noite, depois do treino, ele verificou os outros cacifos e descobriu que o nome de Nancy aparecia em quase todos eles, ocasionalmente junto do de out ra rapariga. Se ele no fosse o melhor guarda-redes caloiro de Notre Dome da ltima dcada, o resto da equipa t-lo-ia repreendido pelo seu pouco xito. Foi nos primeiros dias do segundo ano de Connor que tudo mudou. Quando ele chegou sesso semanal do Clube de Dana Irlandesa, ela estava a calar os s apatos. Ele no conseguiu ver-lhe o rosto, mas isso no tinha muita importncia, porque no conseguia tirar os olhos das elegantes pernas compridas. Como heri do fu tebol estava habituado a que as raparigas olhassem para ele, mas agora a nica rapariga que ele queria impressionar nem sequer parecia ter conscincia de que ele existia. Para piorar ' Futebol americano. (N. da T.) 36 a situao, quando ela entrou na pista de dana, o seu parceiro era Declan O'Casey, qu e no tinha rival como danarino. Eles mantinham ambos as costas rigidamente direitas e os seus ps moviamse com uma leveza que Connor raramente vira. Quando a msica chegou ao fim, Connor ainda no descobrira o seu nome. E, pior ainda , ela e Declan tinham sado antes de ele encontrarumaforma delheserapresentado. Desesperado, decidiu segui-los de volta ao dormitrio feminino, conservando uma di stncia de cinquenta metros e mantendo-se sempre na sombra, tal como o pai lhe ensinara. Fez caretas ao v-los de mos dadas e a conversar alegremente. Quando cheg aram Residncia Le Mans, ela beijou Declan na face e desapareceu para o interior. Por que que ele, pergmtou a si prprio, no se concentrara mais em aprender a danar e menos no futebol? Depois de Declan ter seguido na direco dos dormitrios masculinos, Connor comeou a an dar calmamente de um lado para o outro no passeio par debaixo das janelas do dormitrio, interrogando-se se podia fazer algumacoisa. Viu-a, fi~ almente, de relance, com um roupo vestido, quando fechou as cortinas, e deixou-se ficar ali durante mais alguns minutos antes de regressar, relutante, ao seu quarto. Sentou -se aos ps da cama e comeou a escrever uma carta me, dizendo-lhe que tinha visto a rapariga com quem se iria casar, embora ainda no tivesse falado com ela - e, ve rdade seja dita, nem sequer sabia o seu nome. Enquanto lambia o envelope, Connor tentou convencer-se a si prprio de que Declan O'Casey no era mais do que um parcei ro de dana. Durante a semana tentou descobrir o mais que pde sobre ela, mas conseguiu saber m uito pouco para alm de que se chamava Maggie Burke, tinha obtido uma Bolsa de estudo para St. Mares e andava no primeiro ano de Histria de Arte. Ele amaldioou o facto de nunca ter entrado numa galeria de arte na vida; de facto, o mais prximo que estivera de pintar fora quando o pai lhe pedira que desse uns retoques na ce rca volta do pequeno quintal, na South Lowe Street. Declan, veio a saber, saa com Maggie desde o seu ltimo ano no liceu, e no s era o melhor danarino do clube com o tambm era considerado o matemtico mais inteligente da universidade.Outrasinstitu iesje stavamaoferecer-1heBolsas de estudo para fazer a ps-graduao, antes mesmo de serem c onhecidos os resultados dos exames finais. A nica esperma de Connor era que lhe fosse oferecido um cargo irresistvel o mais longe e rapidamente possvel de Sou th Bend. Connor foi o primeiro a chegar ao clube de dana na quinta-feira seguinte e, quand o Maggie saiu do vestirio com uma blusa 3EEEREr ARCHER O Dr?CIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 37 de algodo creme e uma saia preta curta, o seu nico dilema era se devia levantar os olhos para os seus olhos verdes ou baix-los para as pernas compridas. Mais uma vez, ela danou com Declan toda a noite, enquanto Connor ficou sentado em silnc

io num banco, tentando fingir que no tinha dado pela presena dela. Depois da ltima msica, foram-se os dois embora. Connor voltou a segui-los at Residncia L~ Mans , mas desta vez reparou que ela no dera a mo a Declan. Depois de uma longa conversa e de outro beijo na face, Declan desapareceu na dir eco dos dormitrios masculinos. Connor sentou-se num banco em frente da janela dela e ficou a olhar para a varanda do dormitrio das raparigas. Decidiu esperar at a ver fechar as cortinas mas, quando ela apareceu janela, ele tinha adormecido. A nica coisa de que se lembrava a seguir era de acordar de um sono profundo em qu e sonhara que Maggie estava sua frente, de pijama e robe. Acordou sobressaltado, olhou para ela, incrdulo, ps-se de p num salto e estendeu a mo: - Ol, eu sou Connor Fitzgerald. - Eu sei - respondeu ela, apertando-lhe a mo. - Eu sou Maggie Burke. - Eu sei - disse ele. - H espao nesse banco? - perguntou ela. A partir desse momento, Connor nunca mais olhou para outra mulher. No sbado seguinte, Maggie foi a um jogo de futebol pela primeira vez na vida e vi u-o efectuar uma srie de lances notveis diante do que era para ele um estdio cheio com uma pessoa s. Na quinta-feira seguinte, ela e Connor danaram juntos toda a noite, enquanto Decl an, desconsolado, ficou sentado a um canto. Ele pareceu ainda mais desolado quan do os dois saram juntos, de mos dadas. Quando chegaram Residncia Le Mans, Connor beijou-a pela primeira vez, d epois levou um joelho ao cho e pediu-a em casamento. Maggie riu-se, corou e correu para dentro de casa. No caminho de regresso aos dormitrios masculinos. C cmnor tambm se riu, mas s quando viu Declan escondido atrs de uma rvore. Apartir da, Connor e Nlagge passaram todo o seu tempo livre jatos. Ela aprendeu tu do sobre toques no solo, reas de validao e passes laterais, e ele sobre Bellini, Bernini e Luini. Durante os ~s anos seguintes, ele levou um joelho ao cho e pediu -a em casamento todas quintas-feiras noite. Sempre que os seus 38 companheiros de equipa lhe perguntavam por que motivo no tinha escrito o nome del a no interior do cacifo, ele respondia simplesmente: - Porque vou casar com ela. No fim do ltimo ano de Connor, Maggie concordou finalmente em ser sua mulher-mas s depois de ter terminado os exames. - Foram precisos 141 pedidos de casamento para veres a razo - disse ele, num tom triunfante. -Oh, no sejas estpido, Connor Fitzgerald- disse-Ihe ela. - Eu soube que ia passar o resto da minha vida contigo no momento em que me sentei ao p de ti naquele banco. Casaram-se duas semanas depois de Maggie terminar o curso com distino. Tara nasceu dez meses depois. - Ests espera que eu acredite que a CIA nem sequer sabia que estava a ser planead a uma tentativa de assassnio? -Exactamente, sir-respondeu calmamente a directora da CIA. - Assim que tivemos conhecimento do assassinato, o que sucedeusegundos a ps a suaocorrncia, contactei com oconselheiro para a Segurana Nacional que, creio, o informou directamente em Camp David. 0 presidente comeou a andar voltada Sala Oval, descobrindo que no s lhe dava mais te mpo para pensar como geralmente fazia os seus hspedes sentirem-se pouco -vontade. A maior parte das pessoas que entrava na Sala Oval j estava suficienteme nte nervosa. A sua secretria dissera-lhe uma vez que quatro em cinco visitantes iam casa de banho poucos momentos antes de se encontrarem com o presidente. Mas ele duvidava que a mulher sentada suafrente soubesse at onde era a casadebanho mais prxima. Se uma bomba explodisse no Jardim das Rosas, Helen Dexter provavelme nte no teria feito mais do que erguer uma sobrancelha bem arranjada. At data, a sua carreira tinha sobrevividoatrspresidentes,tendotodoseles,segundoconstava, e xigido, em determinada altura, a sua demisso. -E quando Sr. Lloyd me telefonou a dizer que o Sr. Presidente queria mais pormen

ores-disse Dexter-,dei instrues ao meu director-adjunto, Nick Gutenburg, para que contactasse a nossa gente no terreno em Bogot e fizesse investigaes detalhadas sobr e o que aconteceu exactamente no sbado tarde. Gutenburg JEFFREY ARCHER O DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 39 5 completou o relatrio ontem. - Ela bateu com a ponta dos dedos no dossier que tinh a no colo. Lawrence parou de andar de um lado para o outro e deteve-se por debaixo de um re trato de Abraham Lincoln, pendurado por cima da lareira. Baixou os olhos para a nuca de Helen Dexter. Ela continuou a olhar em frente. A directora vestia um elegante fato escuro, de bom corte, com uma blusa creme si mples. Raramente usava jias, mesmo em cerimnias de Estado. A sua nomeao pelo presidente Ford como director-adjunto, aos 32 anos, fora um estratagema de tapa-buracos para apazigua r o lobby feminista algumas semanas antes das eleies de 1976. Afinal de contas, o tapa-buracos fora Ford. Depois de uma srie de directores a curto prazo que se d emitiram ou reformaram, Helen Dexter acabou finalmente por conseguir o cobiado cargo. Circulavam muitos rumores em Washington sobre as suas opinies de extrema-d ireita e os mtodos que utilizara para conseguir a promoo, mas nenhum membro do Senado se atrevera a pr em causa a sua nomeao. Ela tinha terminado o bacharelato summa cum lande em Bryn Mawr, frequentando seguidamente a Faculdade de Direito da Universidade da Pensilvnia, antes de comear a trabalhar numa das principais fir mas de advogados de Nova Iorque. Aps uma srie de discusses com a administrao por causa do tempo que as mulheres demoravam a ser admitidas como scias, as quais culminaram com um processo que terminou com um acordo fora do tribunal, ela ace itou uma oferta de emprego da CIA. Na Agncia, comeou por trabalhar na Direco de Operaes, tendo eventualmente subido a dir ectora-adjunta. Na altura em que foi nomeada, tinha mais inimigos do que amigos mas, medida que os anos passaram, aqueles pareceram desaparecer, fora m despedidos ou optaram pela reforma antecipada. Quando foi nomeada directora, tinha acabado de fazer quarenta anos. 0 Washington Post descrevia-a como tendo f eito um buraco num telhado de vidro, mas isso no impediu os corretores de apostas de aceitarem novas apostas para o nmero de dias que ela iria sobreviver. Em breve alteraram os dias para semanas e depois para meses. Agora, apostavam se ela dur aria mais tempo como chefe da CIA do que J. Edgar Hoover como director do FBI. Poucos dias depois de se ter instalado na Casa Branca, Tom Lawrence descobriu at que ponto Dexter iria para o bloquear se eletentasseimiscuir-senoseumundo.Quando lhepediarelatrios sobre assuntos delicados, passavam-se muitas vezes semanas at os mesmos aparecer em na sua secretria e, quando isso eventuald0 JFFFREV ARC'NFR 0 DC1M0 PRIMEIRO MANUAMF.NTO dl mente acontecia, eram inevitavelmente longos, prolixos e enfadonhos, e j desactua lizados. Quando a chamava Sala Oval para explicar perguntas que tinham ficado sem resposta, ela conseguia fazer que um surda-mudo parecesse positivamente expa nsivo. Quando a pressionava, ela protelava as situaes, partindo obviamente do prin cpio de que ela ainda estaria a ocupar o seu cargo muito depois de os eleitores o ter em tirado do dele. Mas s quando ele props uma nomeao para uma vaga no Supremo Tribunal que ele viu o la do mais mamfero de Helen Dexter. Poucos dias depois, ela tinha colocado em cima da sua secretria um dossier que explicava detalhadamente o motivo por que

o indivduo nomeado era inaceitvel. Lawrence tinha insistido no seu candidato - um dos seus amigos mais antigas, que foi encontrada enforcada na garagem na vspera de tomar posse. Ele soube mais tar de que o dossier confidencial fora enviado a todos os membros da Comisso de Seleco do Senado, mas nunca conseguiu provar quem o fizera. Andy Lloyd avisara-o vrias vezes de que, se alguma vez tentasse demitir Dexter do seu cargo, era melhor ter o tipo de prova que convenceria a opinio pblica de que a madre Teresa tinhauma contabancria secretra Sua, aqual eraregularmente rechead a por grupos do crime organizado. Lawrence tinha aceite a opinio do seu chefe de Gabinete. Mas agora, achava que, s e pudesse provar que a CIA tinha estado envolvida no assassinato de Ricardo Guzm an, sem sequer o informar, ele poderia obrigar Helen Dexter a desocupar a sua secretr ia dentro de das. Voltou para junto sua cadeira e carregou no boto debaixo da extremidade da secretr ia que permitiria a Andy escutar a conversa ou ouvir a gravao mais tarde. Lawrence viu que Dexter sabia exactamente o que ele estava a fazer, e desconfiou que a le ndria mala de mo que ela tinha sempre ao p no continhaobtan, operfumeouop-de-arrozgera lmenteas sociados ao seu sexo, e que j tinha gravado todas as sffabas trocadas entre eles. Mesmo assim, ele queria que a verso dos factos por ele dada ficasse registada. - Uma vez que pareces estar to bem informada - disse o presidente, enquanto se se ntava -,talvez me possas dar mais pormenores sobre o que de facto aconteceu em Bogot. Helen Dexter ignorou o tom sarcstico e pegou no dossier que tinha no colo. A capa branca com o logotipo da CIA tinha escritas aSplavras"PARASERLIDDSPELOPRESIDENTE" . LWTencepeTglmtO a si prprio quantos dossiers assinalados "PnRA sER LIDO s PELA DIRECTORn" ela tinh a arquivados no outro lado do rio. Ela abriu o dossier. - Foi confirmado por vrias fontes que o assassinato foi levado a cabo por um s ati rador - leu ela. - Identifica uma dessas fontes -disse o presidente, num tom brusco. - 0 nosso adido cultural em Bogot-respondeu a directora. Lawrence ergueu as sobra ncelhas. Metade dos adidos culturais das embaixadas americanas em todo o mundo tinham sido ali colocados pela CIA simplesmente para informarem directamente Hel en Dexter sem consultarem o embaixador local, quanto mais o Departamento de Esta do. A maior parte deles pensava que a Suite Quebra-nozes era um prato que fazia pame da ementa de um restaurante exclusivo. 0 presidente suspirou. - E segundo a opinio dele, quem contratou o assassino? Dexterfolheou algumas pgina s dodossier, tirou umafotografia e empurrou-a atravs da secretria da Sala Oval. 0 presidente olhou para a fotografia de um homem de meia-idade, bem vestido e co m um r prspero. - E quem este? - Carlos Velez. Ele dirige o segundo maior carcel de droga da Colmbia. Guzman, ob viamente, controlava o maior. - E Velez j foi acusado? - Infelizmente, ele foi momo apenas algumas horas depois de a Polcia ter consegui do obter um mandado de captura. - Que conveniente! A directora no corou. No caso dela, tal no era possvel, pensou Lawrence: afinal de contas, para corar preciso haver sangue. - E ser que este assassino solitrio tinha um nome? Ou ser queeletambmmorreumomentosa ntesdeummandadojudicial... - No, sir, ele est bem vivo - respondeu a directora com firmeza. - Chama-se Dirk van Rensberg.

- Que sabes dele? - perguntou Lawrence. - sul-africano. At recentemente, vivia em Durban. - At recentemente? - Sim. Ele entrou na clandestinidade imediatamente aps o assassinato. -Isso seria bastante fcil de fazer, se primeiro que tudo nunca estivesses ao corr ente - disse o presidente. Ele esperou que a directora reagisse, mas esta contin uou impassvel. Eventualmente, d2 JEFFREY ARCHER 0 DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO qJ era senador, Sr. Presidente, eu no apostaria muito dinheiro nisso. -Uma vez que eu no posso exactamente contratar um assassino para a eliminar, que sugeres que faa? - Na minha opinio, ela deixou-lhe apenas duas opes, Sr. Presidente. Ou a demite e e nfrenta o inevitvel inqurito do Senado ou aceita a derrota, concordando com a verso dela do que aconteceu em Bogot e esperando levar a melhor na prxima vez. - Podia haver uma terceira hiptese -disse o presidente em voz baixa. Lloyd escutou atentamente, no fazendo qualquer tentativa para interromper o seu c hefe. Depressa se tornou bvio que o presidente tinha reflectido muito sobre como poderia demitir Helen Dexter do seu cargo como directora da CIA. Connor controlou os seus pensamentos enquanto olhava para o ecr da chegada das ba gagens. 0 tapete estava a comear a expelir a bagagem do seu voo, e alguns passage iros j estavam a avanar para ir buscar as primeiras malas. 0 facto de no ter estado presente no nascimento da sua filha ainda o entristecia. Embora tivesse dvidas sobre a sensatez da poltica dos Estados Unidos no Vietname, Connor partilhava o patriotismo da sua famlia. Alistou-se como voluntrio no servio militar e terminou a escola de candidatos a oficiais enquanto aguardava que Maggie acabasse o curso. Acabaram por ter apenas tempo para a cerimnia de casamen to e uma lua-de-mel de quatro dias antes de o segundo-tenente Fitzgerald partir para o Vietname, em Julho de 1972. Esses dois anos no Vietname eram agora uma recordao distante. A promoo a primeiro-te nente, a captura pelos vietcongues, a fuga enquanto tentava salvar a vida de outro homem -tudo isso parecia ter sido h tanto tempo que ele quase conseguia convencer-se a si prprio de que nunca tinha realmente acontecido. Cinco meses depois de ter regressado a casa, o presidente atribuiu-lhe a mais elevada condec orao militar do pas, a Medalha de Honra, mas, ao fim de dezoito meses no Vietname como prisioneiro de guerra, ele sentia-se simplesmente feliz por estar vivo e ao p da mulher que amava. E, assim que viu Tara, apaixonou-se pela segunda vez. Uma semana depois de ter regressado aos Estados Unidos, Connorcomeouaprocurarempr ego.Jtinhaidoaumaentrevista para um cargo no escritrio da CIA em Chicago quando o capito ele disse:-E as autoridades colombianas concordam com a vossa explicao do que acon teceu, ou o nosso adido cultural a nica fonte de informao? -No, Sr. Presidente. Ns obtivemos a maior parte das informaes do chefe da Polcia de B ogot. Na realidade, ele j prendeu um dos cmplices de Van Rensberg, que trabalhava como empregado de mesa no hotel El Belvedere, o edificio de onde o ti ro foi disparado. Ele foi preso no corredor, momentos depois de ter ajudado o as sassino a fugir pelo monta-cargas. - E sabemos alguma coisa sobre os movimentos de Van Rensberg a seguir ao assassi nato? - Ele parece ter apanhado um voo para Lima em nome de AlistairDouglas edepoispro sseguido para BuenosAires, utilizando o mesmo passaporte. Perdemos-lhe o rasto d epois disso. - E duvido que alguma vez o consigam encontrar. - Oh, eu no seria to pessimista, Sr. Presidente - disse Dexter, ignorando o tom de Lawrence.-Os assassinos contratados tendem a ser homens solitrios que muitas

vezes desaparecem durante vrios meses a seguir a um trabalho desta importncia. Dep ois reaparecem quando acham que a perseguio abrandou. - Bem - disse o presidente -, garanto-te que, neste caso, tenciono manter a pers eguio bem activa. Na prxima vez que nos encontrarmos, possvel que eu prprio tenha um relatrio para ti. -Terei o maior prazerem l-lo-disse Dexter, soando o rufia da escola que no teme o director da escola. 0 presidente carregou num boto por debaixo da secretria. Um momento depois bateram porta e Andy Lloyd entrou na sala. - Sr. Presidente, tem uma reunio com o senador Bedell dentro de alguns minutos - disse ele, ignorando a presena de Dexte r. -Ento, eu deixo-o, Sr. Presidente-disseDexter, levantando-se. Colocou o dossier e m cima da secretria do presidente, pegou na mala e saiu da sala sem dizer mais uma palavra. 0 presidente no falou at a directora da CIA ter fechado a porta atrs de si. Depois, voltou-se para o chefe de Gabinete. -Noacrediteinumanicapalavra-murmurouele,deixa ndo cair o dossier no tabuleiro dos documentos despachados. Lloyd fez uma anotao menta l para o ir buscar assim que o seu patro sasse da sala. - Suponho que o mais que podemos esperar t-la amedrontado, e impedi-la de pensar em levar a cabo outra operao semelhante quela enquanto eu estiver na Casa Branca. -Recordando-nosdaforma comoelaotr atouquandoosenhor 44 Jackson,oseuantigocomandantedepeloto,apareceuinesperadamente a convid-lo para faze r parte de uma unidade especial colocada em Washington. Connor foi avisado de que, se concordasse em fazer parte da equipa de lite de Jackson, haveria aspectos do seu trabalho que nunca poderia discutir com ningum, nem mesmo com a mulher. Quando soube o que se esperava dele, ele disse a Jackson que precisava de tempo para pensar antes de tomar uma deciso. Discutiu o problema com o padre Graham, o padre da famlia, que se limitou a aconselh-lo: - Nunca faas nada que consideres desonroso, mesmo que seja em nome do teu pas. Quando foi oferecido a Maggie um emprego na Secretaria da Universidade de George town, Connor compreendeu comoJackson estava decidido a recrut-lo. Escreveu ao seu antigo comandante de peloto no dia seguinte e disse que teria muito prazerem entr ar para a Maryland Insurance como executivo estagirio. Foi nessa altura que o logro comeou. Connor, Maggie e Taramudaram-separa Georgetown, algumas semanas depois. Encontra ram uma pequena casa em Avon Place, tendo o depsito sido coberto pelos cheques do vencimento do ExrcitoqueMaggie tinha depositado naconta de Connor, recusando-se a acreditar que ele estivesse morto. A sua nica tristeza nesses primeiros tempos em Washington foi o facto de Maggie t er feito dois abortos e o ginecologista a ter aconselhado a aceitar o facto de que s poderia ter um filho. Foi preciso um terceiro aborto para Maggie finalmente aceitar o seu conselho. Embora estivessem casados h trinta anos, Maggie ainda conseguia estimular sexualm ente Connor simplesmente com o seu sorriso ou deslizando-lhe a mo pelas costas. Ele sabia que, quando sasse da alfndega e a visse sua espera na sala das chegadas, seria como se fosse a primeira vez. Ele sorriu ao pensar que ela teria chegado ao aeroporto pelo menos uma hora antes da hora de aterragem prevista. A mala apareceu sua frente. Retirou-a do tapete e dirigiu-se sada. Connor saiu pela via verde, confiante de que, mesmo que a sua bagagem fosse revi stada, o funcionrio da alfndega no estaria muito interessado numa gazela de madeira com "Made in South Africa~>, nitidamente assinalado na base. JEI FREY ARCHER 0 DECIMO PRIMEIRO MANDAMENTO ~t5 Quando entrou na sala das chegadas, viu imediatamente a mulher e a filha no meio

da multido. Apressou o passo e sorriu para a mulher que adorava. Por que que ela olhara duas vezes para ele, e ainda por cima concordara em casar com ele? 0 seu sorriso alargou-se quando a tomou nos braos. - Como ests, minha querida? - perguntou. -Eu s ganho novamente vida quando regressas em segurana de uma misso - murmurou ela . Ele tentou ignorar as palavras aem segurana", ao mesmo tempo que a largava e se virava para a outra mulher da sua vida. Uma verso, um pouco mais alta, do or iginal, com o mesmo cabelo ruivo comprido e os mesmos olhos verdes faiscantes, mas com um temperamento mais calmo. A nica filha de Connor deu-lhe um enorme beij o no rosto e f-lo sentir dez anos mais novo. No baptizado de Tara, o padre Graham tinha pedido ao Todo-Poderoso que a criana f osse abenoada com a beleza de Maggie e a inteligncia de-Maggie. Quando Tara cresce u, as suas notas no liceu e as cabeas voltadas dos jovens tinham demonstrado que o p adre Graham era no s padre como tambm profeta. Connor acabara por desistir de repelir a sucesso de admiradores que batiam ponta da sua pequena casa de Georgeto wn, nem sequer se incomodando em atender o telefone: era invariavelmente outro jovem tmido com esperana de que a sua filha concordasse em sair com ele. - Como estava a frica do Sul? - perguntou Maggie, dando o brao ao marido. - Est ainda mais frgil desde a morte de Mandela - respondeu Connor. Durante o long o almoo na Cidade do Cabo, ele tinha sido informado por Carl Koeter sobre os problemas que a frica do Sul enfrentava, e suplementara essa informao com a leitura de uma semana de jornais locais durante o voo para Sydney. -A taxa de criminali dade to elevada na maior parte das principais cidades, que j no transgresso passar com o sinal vermelho noite. Mbeki est a fazer o melhor que pode, mas receio ter de recomendar que a empresa reduza os seus investimentos nessa parte do mund o, pelo menos at estarmos seguros de que a guerra civil est sob controlo. -"As coisas desintegram-se; o centro no se consegue manter; a anarquia impera no mundo" - sorriu Maggie. - Eu acho que Yeats nunca esteve na frica do Sul - disse Connor. Quantas vezes ele tinha vontade de contar toda a verdade a Maggie e de lhe expli car por que vivera uma mentira durante ~ Companhia de Seguros Maryland. IN. da T.) tantos anos. Mas no era assim to fcil. Ela pode ter sido a sua dama, mas eles eram os seus senhores, e ele sempre tinha aceite o cdigo do silncio total. Ao longo dos anos, ele tentara convencer-se a si prprio de que era melhor para ela no saber toda a verdade. Mas quando ela, irreflectidamente, usavapalavras como "misso" e " em segurana", ele tinha conscincia de que ela sabia muito mais do que a lguma vez admitiria. Ser que falava quando dormia? Em breve, porm, deixaria de ser necessrio continuar a engan-la. Maggie ainda no sabia, mas Bogot tinha sido a sua ltima misso. Durante as frias, ele faria referncia a uma promoo esperada que significava viajar muito menos. - E o acordo? - perguntou Maggie. - Conseguiste efectu-lo? - 0 acordo? Sim, correu tudo conforme foi planeado - disse Connor. Isso era o ma is prximo que ele estaria de contar-lhe a verdade. Connor comeou a pensarem passar as duas semanas seguintes ao sol. Quando passaram porum quiosque de venda de jornais, um pequeno ttulo numa coluna da direita do Sydney MorningHerald chamou-lhe a ateno. O VICE-PRESIDENTE DA AMRICA ASSISTIR AO FUNERAL NA COL~MBIA. Maggie largou o brao do marido quando saram da sala das chegadas para o ar quente de Vero e se dirigiram ao parque de estacionamento. -Onde estavas quando a bomba explodiu na Cidade do Cabo? - perguntou Tara. Koeter no lhe tinha dito nada sobre uma bomba na Cidade do Cabo. Ser que ele nunca poderia estar descontrado? Deu instrues ao motorista para que o levasse Galeria Nacional. Quando o automvel arrancou da entrada do pessoal da Casa Branca, um agente da Div iso Fardada do Servio Secreto no interior da cabina de segurana abriu o porto de metal reforado e ergueu uma mo para o cumprimentar. 0 motorista virou para

JEFFREY ARCHER 6 0 DCIMO PRIMEIRO MANDAMENJO 47 State Place, passou entre South Grounds e a Ellipse e pelo Departamento do Comrci o. Quatro minutos mais tarde, o automvel parou porta da entrada leste da galeria. 0 passageiro atravessou rapidamente o caminho calcetado e subiu as escadas de pedr a. Quando chegou ao ltimo degrau, olhou por cima do ombro para admirar a enorme escu ltura de Henry Moore que dominava o outro lado da praa e verificou se estava a ser seguido. No tinha a certeza mas, afinal, ele no era um profissional. Entrou no edifcio, virou esquerda e subiu a enorme escadaria de mrmore que conduzi a s galerias do segundo andar onde, na sua juventude, passara tantas horas. As salas amplas estavam cheias de alunos das escolas, o que no era invulgar numa manh de um dia de semana. Quando entrou na Galeria 71, olhou em redor para os familiares Homers, Bellows e Hoppers, e comeou a sentir-se em casa - uma sensao que nunca tivera na Casa Branca. Passou Galeria 66, admirando de novo o Monumento a Shaw e o 54. Regimento de Massachusetts, de August Saint-Gaudens. A primeira ve z que vira o enorme friso em tamanho real tinha ficado em frente dele, fascinado , durante mais de uma hora. Hoje, ele dispunha apenas de alguns momentos. Porque lhe era impossvel no parar, levou mais um quarto de hora a chegar rotunda d o centro do edificio. Passou rapidamente pelaesttuade Mercrio, desceu as escadas, atravessou a livraria, correu por outro lance de escadas e ao longo da passagem subterrnea at emergir finalmente na Ala Leste. Subindo outro lance de escadas, passou por debaixo de uma escultura de Calder pendurada do tecto, depoi s saiu do edifcio pelas portas giratrias para a rua calcetada. Nesta altura, j se sentia confiante de que ningum o seguia. Saltou para o banco de trs do primeiro txi da fila. Ao olhar pela janela, viu o seu automvel e o motorista no outro lado da praa. - A.V., na New York Avenue. 0 txi virou esquerda na Pennsylvania, depois para norte, pela Sixth Street acima. Eletentou organizaros seus pensamentos nalgum tipo de ordem coerente, sentindose grato por o motorista no querer passar a viagem a dar-lhe a sua opinio sobre a Adm inistrao ou, em especial, sobre o presidente. Viraram esquerda para a New York Avenue, e o txi comeou imediatamente a abrandar. Entregou uma nota de dez dlares ao motorista mesmo antes de terem parado, depois saiu para a rua e fechou a porta traseira do txi sem esperar pelo troco. Passou debaixo de um toldo vermelho, branco e verde que no qR deixava quaisquer dvidas sobre a origem do seu proprietrio e abriu a porta. Os olh os levaram alguns momentos a habituar-se luz ou, por outra, falta desta. Quando o conseguiram, sentiu-se aliviado ao ver que o local estava vazio, com ex cepo de uma figura solitria sentada a uma pequena mesa no outro extremo da sala, a brincar com o copo meio vazio de sumo de tomate. 0 seu fato eleganteedefinocor tenomostravaqueeleestavadesempregado. Embora o homem ainda tivesse o corpo dum at leta, a cabea prematuramente careca fazia-o parecer mais velho do que a idade indicada no seu dossier. Os seus olhos encontraram-se e o homem acenou com a cabea. Ele afastou-se e tomou o lugar oposto ao seu. - Eu sou Andy.... - comeou ele por dize r. - 0 mistrio, Sr. Lloyd, no quem o senhor mas sim o motivo por que o chefe de Gabin ete do presidente deseja falar comigo - disse Chris Jackson. - E qual a sua rea de especialidade? - perguntou Stuart McKenzie. Maggie olhou para o marido, sabendo que ele no gostava que se imiscussem na sua vi da profissional. Connor compreendeu que Tara no devia ter avisado o ltimo jovem que estava enfeitiad o por ela a no falar sobre o trabalho do seu pai. At esse momento, ele no se lembrava de ter gostado tanto de um almoo. 0 peixe tinha

sido pescado poucas horas antes de se terem sentado mesa do canto do pequeno caf da praia, em Cronulla. A fruta que nunca tinha visto conservantes nem uma lat a, e ele esperavaque a cervejafosse exportadapara Washington. Connor bebeu um go lo de caf antes de se recostar na cadeira e observar os surfistas apenas a cem metro s de distncia - um desporto que ele desejou ter descoberto vinte anos antes. Stua rt tinha ficado surpreendido com a forma fsica do pai de Tara quanto este experiment ou a prancha de surf pela primeira vez. Connor disse que ainda fazia ginstica duas ou trs vezes por semana. Duas ou trs vezes por dia estaria mais prximo da verd ade. Embora ele nunca considerasse ningum suficientemente bom para a sua filha, Connor tinha de admitir que, nos ltimos dias, tinha comeado a gostar da companhia do jovem advogado. - Estou no ramo dos seguros - respondeu, sabendo que a filha j teria dito isso a Stuart. JEFFREY ARCHER 0 DFCIMO PRIMEIRO h1ANDAMENTO q9 - Sim, Tara disse que era um executivo snior, mas no deu quaisquer pormenores. Connor sorriu. - Isso porque rne especializei em sequestros e resgates, e temos a mesma atitude de confidencialidade em relao ao cliente que se considera natural na sua profisso. - Ele perguntou a si prprio se esta resposta iria impedir o jovem australiano de prosseguir com o assunto. No o fez. - Parece muito mais interessante do que a maior parte dos casos rotineiros com o s quais tenho de lidar - disse Stuart, tentando faz-lo falar. - Noventa por cento do que fao rotineiro e enfadonho - disse Connor. - Na realida de, desconfio que tenho ainda mais papelada do que voc. - Mas eu no tenho viagens frica do Sul. Tara olhou ansiosamente para o pai, sabendo que este no gostaria que esta informao tivesse sido transmitida a um indivduo relativamente desconhecido. Mas Connor no deu sinais de estar aborrecido. - Sim, tenho de admitir que o meu trabalho tem algumas compensaes. - Seria isso violar a confidencialidade de um cliente falar-me sobre um caso tpic o? Maggie estava prestes a interferir com uma frase que tinha utilizado muitas veze s no passado, quando Connor respondeu: - A empresa para a qual trabalho tem como clientes vrias empresas que tm vastos interesses no estrangeiro. - Por que que esses clientes no utilizam empresas do pas em causa? Com certeza que elas conhecem melhor o ambiente local. - Con - interrompeu Maggie. - Eu acho que te ests a queimar.Talvezdevssemosvoltarp araohotelantesdepareceres uma lagosta. Connorachougraaintervenopoucoconvincentedamulher, especialmente por ela o ter feito usar um chapu durante a ltima hora. - Nunca assim to fcil - disse ele ao jovem advogado. - Consideremos, por exemplo, uma empresa como a Coca-Cola, a qual, devo acrescentar, no nossa cliente. Eles tm escritrios em todo o mundo, com dezenas de milhares de empregados. Em todo s os pases eles tm executivos snior, muitos dos quais com mulher e filhos. Maggie no conseguia acreditar que Connor tivesse permitido 0 D~mn l'rmcirn Mandunenlo-4 50 JEFFREY ARCHER 0 DL'lM0 PRIMEIRO MANDAMENTO 51 que a conversa fosse to longe. Eles estavam a aproximar-se rapidamente da pergunt a que punha sempre termo a todos os interrogatrios. - Mas ns, em Sydney, temos gente bem qualificada para efectuar esse tipo de traba lho-disse Stuart, inclinando-se para encher a chvena de caf de Connor.-Afinal

de contas, sequestros e resgates so coisas que acontecem at mesmo na Austrlia. - Obrigado - disse Connor. Bebeu outro golo enquanto reflectia sobre esta afirmao. A inquirio de Stuart no fraquejava. Tal como um bom advogado de acusao, ele aguardava pacientemente, na esperana de que a testemunha desse uma resposta i rreflectida. - A verdade que nunca me chamam a no ser que haja complicaes. - Complicaes? - Digamos, por exemplo, que uma empresa tem uma grande presena num pas com uma ele vada taxa de criminalidade e em que os sequestros so razoavelmente comuns. O presidente dessa empresa, embora seja mais provvel que seja a mulher, porque ela ter muito menos proteco no dia a dia, raptado. - ento que voc entra no processo? - No, no necessariamente. Afinal de contas, a Polcia local pode ter experincia em li dar com problemas destes, e no h muitas empresas que gostem de interferncias exteriores, especialmente se esta vier dos Estados Unidos. Muitas vezes, a nica c oisa que eu fao viajar at capital e comear a fazer as minhas prprias investigaes particulares. Se j tiver estado nessa parte do mundo e estabelecido uma relao cordi al com a Polcia local, poderei inform-los da minha presena mas, mesmo assim, espero at eles me pedirem auxlio. - E se eles no o fizerem? - perguntou Tara. Stuart ficou surpreendido por ela nun ca ter feito essa pergunta ao pai. -Ento, tenho de trabalhar sozinho-disse Connor -, o que torna o processo ainda mais precrio. -Mas se a Polcia no estiver a fazerprogressos, por que que ela no h-de querer a sua ajuda? Eles devem conhecer a sua especialidade - disse Stuart. - Porque no invulgar a prpria Polcia estar envolvida a algum nvel. - Acho que no estou a compreender - disse Tara. - A Polcia local pode estar a receber parte do resgate - sugeriu Stuart-, pelo qu e ela pode no querer interferncias do exterior. Em qualquer dos casos, eles podem pensar que a empresa estrangeira env olvida pode muito bem pagar. Connor acenou a cabea em sinal de assentimento. Estava a tornar-se rapidamente bvi o o motivo por que Stuart tinha conseguido um emprego numa das empresas de Direi to Criminal mais prestigiadas de Sydney. - Ento, que faz se achar que a Polcia local pode estar a receber uma percentagem? - perguntou Stuart. Tara comeou a desejar ter avisado Stuart para que no fosse demasiado longe, embora ela estivesse a chegar rapidamente concluso de que os australianos no faziam qualquerideia do que fosse "demasiado longe". - Quando isso acontece, temos ns de pensar em abrir negociaes porque, se o cliente for morto, podemos ter a certeza de que a investigao subsequente no ser exactamente minuciosa, e pouco provvel que os raptores alguma vez sejam apanhados . - E quando concorda em negociar, qual o seu lance de abertura? - Bem, suponhamos que o raptor exige um milho de dlares, os raptores pedem sempre um nmero redondo, geralmente em dlares americanos. Como qualquer negociador profissional, a minha principal responsabilid ade obter o melhor acordo possvel. E o elemento mais importante garantir que nada de mal acontea ao empregado da empresa. Mas eu nunca permitiria que as coisas chegassem fase da negociao se ac hasse que o meu cliente poderia ser libertado sem pagar um cntimo. Quanto mais se paga, mais provvel que o criminoso repita o exerccio alguns meses mais tar de, por vezes raptando exactamente a mesma pessoa. - Com que frequncia atinge a fase da negociao? - Cerca de cinquenta por cento das vezes. E nessa altura que se descobre se esta mos ou no a lidar com profissionais. Quanto mais as negociaes se arrastarem, mais provvel que os amadores fiquem com medo de ser apanhados. E, ao fim de alguns dia s, eles comeam muitas vezes a gostar da pessoa que raptaram, o que faz que lhes seja impossvel levar a cabo o plano original. Na ocupao da Embaixada do Peru, por e xemplo, acabaram por ter um torneio de xadrez e os terroristas ganharam.

Riram-se os trs, o que ajudou Maggie a descontrair-se um pouco. -So os profissionais ou os amadores que enviam orelhas pelo correio? - perguntou Stuart com um pequeno sorriso. 52 JEFFREY ARCHER 0 DGC1M0 FRIMEIRO h1ANUAMF.NTO 53 - Eu felizmente no representei a empresa que negociou em nome do neto do Sr. Gett y. Mas mesmo quando estou a lidar com um profissional, alguns dos melhores trunf os estaro ainda na minha mo. - Connor no tinha reparado que a mulher e a filha tinham deixado arrefecer o caf. - Continue, por favor - disse Stuart. - Bem, a maioria dos raptos so casos isolados e, embora sejam quase sempre levado s a cabo por um criminoso profissional, ele pode ter pouca experincia, ou mesmo nenhuma, de como negociar numa situao destas. Os criminosos profissionais tm quase sempre uma confiana excessiva em si prprios. Eles imaginam que conseguem tratar de tudo. No muito diferente de um advogado que pensa que consegue abrir um restaurante s porque come trs refeies por dia. Stuart sorriu. - Ento, com que se contentam eles quando compreendem que no vo obter o mtico milho? - Eu s posso falar da minha prpria experincia - disse Connor. -- Eu acabo geralment e por entregar cerca de um quarto da quantia exigida, em notas usadas, identilcves. Nalgumas ocasies, dei metade. S uma vez que concordei em entregar a quantia por in teiro. Mas devo dizerem minha defesa, Sr. Doutor, que nessa ocasio particular, at o primeiro-ministro da ilha recebeu uma percentagem. - Quantos conseguem no ser apanhados? -Dos casos de que tratei ao longo dos ltimos dezassete anos, apenas trs, o que d ce rca de oito por cento. - No um mau resultado. E quantos clientes perdeu? Estavam a entrar agora num terr en que a prpria Maggie nunca se atrevera apisar, e ela comeou a mexer-se desconfort avelmente na cadeira. - Se perdermos um cliente, a empresa apoia-nos totalmente - disse Connor. Fez um a pausa. -Mas no permite que algum falhe duas vezes. Maggie levantou-se do lugar, voltou-se para Connor e disse: - Vou gua. Algum quer vir comigo? - No, mas gostava de experimentar outra vez a prancha - disse Tara, secundando an siosamente a tentativa da me, de pr termo ao interrogatro. - Quantas vezes caste esta manh? - perguntou Connor, confirmando que tambm era da o pinio que aquele tinha ido suficientemente longe. - lJma dzia ou mais - disse Tara. - Esta foi a pior. - Ela apontou orgulhosamente para uma enorme ndoa negra na coxa direita. - Por que que a deixaste ir to longe, Stuart? - perguntou Maggie, voltando a sent ar-se para observarmelhorandoanegra. - Porque me deu a oportunidade de a salvar e parecer um heri. - Ficas avisado, Stuart, no fim desta semana, ela j saber fazer surf e vai acabar por ser ela a salvar-te- disse Connor com uma gargalhada. -Estarei atento aisso-respondeu Stuart.-Mas assim que isso acontecer, canto inic i-la em bungee jumping, Maggie empalideceu visivelmente e olhou rapidamente para Connor. - No se preocupe, Sr.g. Fitzgerald - acrescentou Stuart, rapidamente. -J estaro tod os de volta Amrica muito antes disso. - Nenhum deles queria lembrar-se disso. Tara agarrou no brao de Stuart. -Vamos, super-homem. altura de encontrares nutra onda de que me possas salvar. Stuart ps-se de p num salto. Voltando-se para Connor, disse: -Se alguma vez vier a saber que a sua filha foi raptada, eu no vou exigir um resgate, e no estarei disposta a fazer um acordo... em dlares americanos ou em qualquer outra moeda. Tara corou.

- Vamos - disse ela, e correram pela praia em direco s ondas. - E, pela primeira vez, eu acho que no tentaria negociar - disse Connor para Magg ie, espreguiando-se e sorrindo. - um rapaz simptico-disse Maggie, pegando-lhe na mo. - S pena no ser irlands. -Podia ser pior-disse Connor, levantando-se da cadeira. - Podia ser ingls. Maggie sorriu, ao mesmo tempo que comearam a andar em direco gua. - Sabes que ela s chegou a casa s cinco da manh. - No me digas que ainda ficas acordada toda a noite sempre que a tua filha sai co m um rapaz -disse Connor com um sorriso. - Fala baixo, Connor Fitzgerald, e tent a lembrar-te de que ela a nossa nica filha. - Ela j no uma criana, Maggie - disse ela. - uma mulher adulta e daqui a menos de u m anovai ser a Dr.a Fitzgerald. - E tu no te preocupas com ela, claro. -Tu sabes que me preocupo-disse Connor, pegando-lhe no JEFFREY ARCNI:R brao. - Mas se namora com o Stuart, e eu no tenho nada a ver com isso, ela podia t er arranjado pior. - Eu s dormi contigo no dia em que nos casmos e, mesmo quando me disseram que esta vas desaparecido no Vietname, nunca olhei para outro homem. E no foi por falta de propostas. - Eu sei, minha querida - disse Connor. - Mas, nessa altura, tu j tinhas compreen dido que eu era insubstituvel. Connor largou o brao da mulher e correu em direco s ondas, certificando-se de que ficava apenas um passo frente dela. Quando ela fi nalmente o conseguiu apanhar, estava ofegante. - Declan O'Cassey pediu-me em casamento muito antes... - Eu sei, minha querida - respondeu ele, olhando para o s seus olhos verdes e pondo para trs uma farripa de cabelo fora do lugar. - E no h nenhum dia em que eu no me sinta grato por teres esperado por mim. Foi a nica coi sa que me manteve vivo depois de ter sido feito prisioneiro no Vietname. Isso e a esperana de ver Tara. As palavras de Connor fizeram recordar a Maggie a tristeza que sentira por ter a bortado e por saber que no podia ter mais filhos. Ela tinha sido criada numa famli a grande e ansiava por ter, ela prpria, uma prole numerosa. Nunca conseguiu aceitar a filosofia simples da sua me - a vontade de Deus. Enquanto Connor estivera no Vietname, ela passara muitas horas felizes com Tara. Mas, assim que ele regressou, a senhorinha tinha, da noite para o dia, transfer ido o seu afecto para o pai e, embora continuasse a dar-se muito bem com a filha, Ma ggie sabia que a sua relao com Tara nunca seria igual de Connor. Quando Connor foi trabalhar para a Maryland Insurance como estagirio de gesto, Mag gie tinha ficado intrigada com a sua deciso. Ela sempre julgara que, tal como o pai, Connor quereria estar envolvido no cumprimento da lei. Isso foi antes de ele explicar para quem iria realmente trabalhar. Embora no desse muitos pormenore s, ele disse-lhe quem era o seu patro, e o significado de ser um agente secreto no of icial ou NOC . Ela guardou o seu segredo com lealdade ao longo dos anos, embora o facto de no poder conversar sobre a profisso do marido com os amigos e colegas f osse, por vezes, um pouco embaraoso. Mas ela decidiu que este era um incmodo de somenos importncia, comparado com o tdio que muitas mulheres tinham de suportar quando os maridos falavam, interminvel e pormenorizadamente 1 Em ings, sigla de Nora-oficial caner offieer. (N. da T) 0 DECIMO PRIMF,IRO MANDAMENTO 55 sobre o seu trabalho. Eram as suas actividades extracurriculares que eles queria m manter secretas. Tudo o que ela desejava era que um dia a filha encontrasse algum que estivesse di sposto a esperarnum banco de jardim toda a noite, s para a ver fechar as cortinas . 7 Jackson acendeu um cigarro e escutou atentamente todas as palavras que o homem d a Casa Branca tinha a dizer. No fez qualquer tentativa para o interromper.

Quando Andy Lloyd chegou ao fim do discurso que preparara, bebeu um golo da acqu a minerale que estava sua frente e ficou espera para saber qual seria a primeira pergunta do ex-subdirector da CIA. Jackson apagou o cigarro. - Posso perguntar-lhe por que motivo pensou que eu seria a pessoa indicada para esta misso? Lloyd no foi apanhado de surpresa. Ele j tinha decidido que, seJacksonfizesseessap ergunta,elediriasimplesmenteaverdade. - Eu sei que se demitiu do seu cargo na CIA devido a uma... divergncia de opinio - ele acentuou as palavras - com Helen De xter, apesar de a sua folha de servios na Agncia ter sido exemplar e de, at ento, ser considerado o seu sucessor natural. Mas desde que se demitiu por motivo s que, primeira vista, parecem um tanto bizarros, eu creio que ainda no conseguiu encontrar um emprego altura das suas qualificaes. Ns desconfiamos que Dexter tambm t enha algo a ver com isso. - Basta um telefonema - disse Jackson - no oficial, claro, e subitamente estamos fora da lista de candidatos. Eu nunca gostei muito de falar mal dos vivos mas, no casa de Helen Dexter, no me importo de fazer uma excepo. -Acendeu outro cigarro. - Dexter acredita que Tom Lawrence tem o segundo cargo mais importante da Amrica - prosseguiu ele. - Ela a verdadeira defensora da f, o ltimo bastio da nao e, ara ela, os polticos eleitos no so mais do que um transtorno temporrio que, mais cedo ou mais tarde, sero afastados pelos eleitores. - 0 presidente tem sentido isso em mais de uma ocasio - disse Lloyd, com alguma e moo. - 0s presidentes vo e vm, Sr. Lloyd. Posso apostar que, tal SG JEFFREY ARCHf,R O DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 57 creditada mensalmente, embora, por razes bvias, o seu nome no aparea em quaisquer re gistos. Eu contact-lo-ei sempre que... - No, Sr. Lloyd - disse Jackson. - Eu que contactarei consigo sempre que tiver al guma coisa importante a relatar. Os contactos nos dois sentidos s duplicam a possibilidade de algum nos detectar. A nica coisa que preciso de um nmero de telefo ne que no possa ser identificado. Lloyd escreveu sete nmeros num guardanapo de papel. - Este directo para o meu gabinete, sem passar sequer pela minha secretria. Depoi s da meia-noite, transferido automaticamente para um telefone ao lado da minha cama. Pode telefonar-me noite e dia. No se preocupe com a diferena horria quando es tiver no estrangeira, porque eu no me importo de ser acordado. - bom saber isso - disse Jackson. - Porque eu acho que Helen Dexter nunca dorme. Lloyd sorriu. - Est tudo? - No exactamente - disse Jackson. - Quando sair daqui vire direita e depois siga pela prxima direita. No olhe para trs e no mande parar um txi antes de andar, pelo menos, quatro quarteires. A partir de agora, vai ter de pensar como D extereficadesdejavisadodequeelatemtrintaanosdeprtica. S h uma pessoa que melhor do que ela. - Espero que seja voc - disse Lloyd. - Infelizmente no - retorquiu Jackson. - No me diga que ele j trabalha para Dexter. Jacksor. abanou a cabea. - Embora ele seja o meu melhor amiga, se Dexter lhe desse ordens para me matar, no existiria nenhuma companhia de seguros na cidade que me fizesse um seguro de vida. Se est a contar que eu vena os dois, bom fazer votos para que eu no tenha enf errujado neste ltimos oito meses. Os dois homens puseram-se de p. - Adeus, Sr. Lloyd - disse Jackson, quando apertaram as mos. - Lamento que este s eja o nosso primeiro e ltimo encontro. - Mas eu pensei que tnhamos acordado - disse Lloyd, olhando ansiosamente para o s eu novo recruta. - Trabalhar juntos, Sr. Lloyd, no encontrarmo-nos. Compreende, para a Dexter dois

encontros no so uma coincidncia. como todos ns, o seu chefe um ser humano e, por conseguinte, podeteracertezadeque Dextertemumdossiersobreelepreenchido com as razes por que Lawrence no merece ser eleito para um segundo mandato. E, a propsito, ela deve ter um, quase to gross o, sobre o senhor. - Ento, ns teremos de comear a construir o nosso prprio dossier, Sr. Jackson. Eu no c onsigo pensar em ningum mais bem habilitado que leve a cabo essa tarefa. - Por onde gostaria que eu comeasse? - Por investigar quem esteve por detrs do assassinato de Ricardo Guzman em Bogot n o ms passado - disse Lloyd. - Temos motivos para acreditar que a CIA poder estar envolvida, directa ou indirectamente. - Sem o conhecimento do presidente? - disse Jackson, incrdulo. Lloyd acenou a cabea em sinal de assentimento, tirou um dossier da pasta e f-lo de slizar por cima da mesa. Jackson abriu-o. - Demore o tempo que precisar - disse Lloyd -, porque vai ter de decorar tudo. Jackson principiou a ler e comeou a fazer observaes mesmo antes de chegar ao fim da primeira pgina. - Se partirmos do princpio de que foi um atirador solitrio, poder serpraticamenteim possvelconseguirinformaesfiveis. Esse tipo de personagem no deixa um endereo futuro. - Jackson fez uma pausa. Mas, se estivermos a lidar com a CIA, ento, Dext er tem um avano de dez dias em relao a ns. Provavelmente, ela j deu a volta a todas as avenidas que possam levar o assassino a um beca sem sada, a no ser... - A no ser...? - repetiu Lloyd, como um eco. - Eu no sou a nica pessoa que essa mulher prejudicou ao longo dos anos. possvel que haja algum estacionado em Bogot que - ele fez uma pausa. - Quanto tempo tenho? - 0 novo presidente da Colmbia vai efectuar uma visita oficial a Washington daqui a trs semanas. Seria bom que tivssemos alguma coisa nessa altura. -J parecem os velhos tempos - disse Jackson, apagando 0 cigarro.-Excepto que, des ta vez, h o prazer adicional de Dexter estar oficialmente no lado oposto. - Acend eu outro cigarro. - Para quem irei trabalhar? - Oficialmente, trabalhar por canta prpria, mas no oficialmente vai trabalhar para mim. Receber um ordenado do mesmo nvel que tinha quando deixou a Agncia, a sua conta ser SR JEFFRF.Y ARCNI:R O Uls'CIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 59 Connor olhou para a mulher, que tinha na mo uma cpia do quadro de Ken Nome, do Por to de Sydney. - Acho que para ela um pouco demasiado moderno. - Ento, teremos de lhe comprar qualquer coisa no avio. -Esta a ltima chamada para o voo 816 da United Airways para Los Angeles-disse uma voz que ecoou por todo o aeroporto. - Os senhores passageiros que ainda no embarcaram devero dirigir-se i mediatamente para a porta 27. Connor e Maggie comearam a andar na direco do enorme placard das partidas, tentando permanecer alguns passos frente da filha e de Stuart, que caminhavam lentamente , abraados. Depois de passarem o controlo dos passaportes, Connor deixou-se ficar p ara trs, enquanto Maggie continuou a dirigir-se para a sala das partidas para dizer ao funcionrio da porta que os dois ltimos passageiros viriam j a. Quanto Tara apareceu, com um ar relutante, alguns minutos depois, Connor colocou -lhe suavemente um brao volta dos ombros. - Eu sei que no serve de grande consolao, mas eu e a tua me achamos que ele ... - Con nor hesitou. - Eu sei - disse ela entre dois soluos. -Assim que voltar a Stanford, vou pergunt ar se me deixam terminar atesenaUniversidade de Sydney.-Connor viu de relance a sua mulher afalar com uma hospedeira junto porta de embarque. -Ela tem assim tanto medo de andar de avio?-murmurou a hospedeira para Maggie, qu ando viu a jovem a chorar. -No. apenas porque ela teve de deixar ficar uma coisa

que a alfndega no deixou passar. Maggie dormiu durante quase todas as catorze horas de voo de Sydney a Los Angele s. Tara ficava sempre admirada por ela conseguir faz-lo. Por mais comprimidos que tomasse, durante os voos ela s conseguia dormitar. Agarrou com fora a mo do pai. El e sorriu-lhe mas no disse nada. Tara retribuiu-lhe o sorriso. Desde que ela se recordava, ele fora sempre o cent ro do seu mundo. A possibilidade de no vir a encontrar um homem que pudesse ocupa r o seu lugar nunca a preocupara; preocupava-a mais pensar que, quando o encontras se, ele no conseguisse aceitar a situao. Agora que isso tinha acontecido, sentia-se aliviada por ver que ele a apoiava. Quando muito, era a me que estava ser o probl ema. Lloyd acenou a cabea em sinal de assentimento. - Aguardarei notcias suas. - E, Sr. Lloyd - disse Jackson -, no v Galeria Nacional a no ser com o nico objectiv o de ver os quadros. Lloyd franziu a sobrolho. - Por que no? -perguntou. - Porque o guarda sonolento da Galeria 71 foi ali colocado no dia da sua nomeao. E st tudo no seu dossier. 0 senhor vai l umavez por semana. Hopper continua asero seu artistapreferido? Lloyd ficou com a boca seca. - Ento, Dexter j sabe deste encontro? -No-disseJackson. -Desta vez teve sorte. o di a de folga do guarda. Embora Connor tivesse visto a filha chorar muitas vezes quando era mais nova, po r causa de um golpe numa perna, de uma ofensa ou simplesmente por no conseguir o que queria, isto era bastante diferente. Enquanto ela se agarrava a Stuart, ele fingiu estar entretido a ver a prateleira dos livros mais vendidos e reflectiu s obre umas das melhores frias de que se recordava. Engordara alguns quilos e quase cons eguira dominar a prancha de surf, emborararamente sentisse mais orgulhodo que an tes das quedas. Durante a ltima quinzena, comeara por gostar de Stuart e passara depoi s a respeit-lo. E at Maggie tinha deixado de lhe lembrar todas as manhs que Tara no tinha regressado ao quarto na noite anterior. Ele considerara isso o relu tante carimbo da aprovao da mulher. Connor pegou no Sydney Morning Herald. Folheou-o, lendo apenas os ttulos at chegar seco assinalada ~~Notcias Internacionais". Lanou um olhar a Maggie, que estava a pagar algumas lembranas que nunca seriam expostas, nem pensariam em ofer ecer como presentes, e que indubitavelmente acabariam na venda de Natal do padre Graham. Connor baixou de novo a cabea. "Vitria esmagadora de Herrera na Colmbia" era o ttulo em trs colunas ao fundo da pgina. Ele leu a notcia da vitria do novo presidente na primeira volta sobre o homem que, ltima hora, o Partido Nacional pr opusera como substituto de Ricardo Guzman. Herrera, prosseguia o artigo, planeav a visitar a Amrica no futuro prximo para discutir com o presidente Lawrence os probl emas com que a Colmbia se deparava actualmente. Um dos principais assuntos... - Achas que a Joan gostaria disto? (~0 Tara sabia que, por vontade da me, ela ainda seria virgem e, provavelmente, ainda viveria em casa. S no dcimo primeiro ano que ela deixou de acreditar que ficaria grvida se beijasse um rapaz. Foi ento que uma colega de escola lhe emprestou um ex emplarmuitomanuseadode OsPrazeresdoSexo. Todasasnoites, enrolada debaixo dos lenis com uma lanterna, Tara virava as pginas. Mas s depois de terminar o curso em Stone Ridge que ela perdeu a virgindade-e se todas as suas colegas de aula diziam a verdade, deve ter sido a ltima. Tara tinha ido com os pais fazer umavisita, h muito prometida, terra natal dobisav. Mome ntos depois de ter aterrado em Dublim, estava apaixonada pela Irlanda e pelo

seu povo. Ao jantar, no hotel, na primeira noite, ela disse ao pai que no compree ndia por que motivotantos irlandeses emigravam, em vez de ficarem na sua terra. 0 jovem empregado de mesa que os servia olhou para ela e recitou: "Walter Savage Landon>, disse Maggie. "Mas sabe o verso seguinte?" 0 empregado de mesa fez uma vnia. Tara corou e Connor desatou a rir. 0 empregado de mesa pareceu perplexa. " o meu nome", explicou Tara. Ele fez outra vnia antes de retirar os pratos. Enquanto o pai pagava a conta e a me ia buscar o casaco, o empregado de mesa perguntou a Tara se ela gostaria de tomar uma bebida com ele no Gallagher's,quandoacabasseotrabalho.Taraconcordouent usiasticamente. Passou as duas horas seguintes a ver um filme antigo no quarto antes de descer c uidadosamente pouco depois da meia-noite. 0 pub que Liam sugerira ficava apenas a algumas centenas de metros e, quando Tara entrou, encontrou-o espera no bar. Lia m no perdeu tempo e iniciou-a de imediato nos prazeres da JF,'FFREY ARCHER 0 DF'CIh10 PRIMEIRO MANDAMENTO Gr Guinness'. Ela no ficou surpreendida ao saber que ele estava a trabalhar como emp regado de mesa durante as frias, antes de terminar o curso no Trinity College, onde estudava poetas irlandeses. Mas Liam ficou surpreendido ao ver como ela con seguia recitar Yeats, Joyce, Wilde e Synge. Quando a acompanhou ao quarto, duas horas depois, ele beijou-a suavemente nos lbi os e perguntou: "Quanto tempo ficas em Dublim?" "Mais dois dias", respondeu ela. "Ento, no desperd icemos um nico momento." Ao fim de trs noites durante as quais ela mal dormiu, Tara partiu para a terra na tal de Oscar, em Kilkenny, sentindo-se qualificada para acrescentar um rodap ou dois a Os Prazeres do Sexo. Quando Liam levou as malas para o carro alugado, Connor deu-lhe uma generosa gor jeta e murmurou "Obrigado". Tara corou. Em Stanford, no segundo ano, Tara teve o que poderia ser descrito como umarelao am orosa com um estudante de Medicina. Mas s quando ele a pediu em casamento que ela compreendeu que no queria passar o resto da vida com dele. No fora preciso um ano para chegar a uma concluso muito diferente em relao a Stuart. Conheceram-se quando chocaram um contra o outro. A culpa fora dela - no estava a olhar quando se atravessou no caminho de Stuart, no momento em que este seguia na crista duma grande onda. Voaram ambos pelo ar. Quando ele a tirou da gua, Tara ficou espera de um merecido insulto. Em vez disso, ele simplesmente sorriu e disse: "De futuro, tenta no ir na faixa rpida." Nessa mesma tarde, ela repetiu o truque, mas desta vez f-lo de propsito, e ele percebeu. Ele riu-se e disse: "Deixaste-me duas opes. Ou comeo a dar-te lies, ou podemos tomar caf juntos. Caso cont rrio, o nosso prxima encontro poder bem ter lugar no hospital local. Que preferes?> "Comecemos com o caf." Tara teve vontade de dormir com Stuart mesmo nessa noite e, quando chegou a altu ra da partida dez dias depois, desejou no 0 ter feito esperar trs dias. No final da semana... ' Cerveja preta irlandesa. (N. da T.) Alrlanda nunca esteve satisfeita. Pensas isso? s louco! A Irlanda estaca satis feita quando Todos podiam usar a espada e a perna. E quando Tara se ergueu to alto... - Fala-vos o vosso comandante. Estamos a iniciar a descida para Los Angeles. Maggie acordou sobressaltada, esfregou os olhos e sorriu para a filha. - Adormeci? - perguntou ela. - S assim que o avio descolou - respondeu Tara. Depois de terem ido buscar a bagagem, Tara despediu-se dos pais e dirigiu-se ao voo de ligao para So Francisco. Quando ela desapareceu na multido de passageiros que chegavam e partiam, Connor murmurou para Maggie:

-No me espantaria se ela desse meia volta e apanhasse o voo de regresso a Sydney. - Maggie acenou a cabea em sinal de concordncia. Eles seguiram na direco do terminal dos voos domsticos e subiram para o "olho verme lho". Desta vez, Maggie adormeceu mesmo antes de o vdeo que descreve as medidas de segurana ter terminado. Enquanto atravessavam os Estados Unidos, Connor tentou tirar Tara e Stuart do pensamento e concentrar-se no que seria necessrio fazer quando regressasse a Washington. Da a trs meses, ele deveria ser retirado da lista dos activos, e ainda no fazia ideia para que departamento tencionavam transferilo. Assustava-o a ideia de que lhe propusessem um emprego das nove s cinco na sede, o qual consistiria, sabia, em dar aulas a jovens NOC sobre a sua experincia no campo. Ele j tinha avisado Joan de que se demitiria se eles no tivessem nada mais interessante para lhe propor. No tinha vocao para professor. No ano anterior tinha havido sugestes de que o seu nome estava a ser considerado para um ou dois cargos na linha da frente, mas isso fora antes de o seu chefe se demitir sem qualquer explicao. Apesar de vinte e oito anos de servio e vrios louvore s, Connor sabia que, agora que Chris Jackson j no estava na Empresa, oseufuturo poderia noestarto segurocomo imaginara. - Tens a certeza de que se pode confiar no Jackson? -No, Sr. Presidente, no tenho. Mas tenho a certeza de uma coisa: Jackson odeia, repito, odeia, Helen Dexter tanto como 0 Sr. Presidente. ' Nome dado aos voos nocturnos. (N. da T.) JEFFRGY ARCHER 8 0 DCIMO PRIMEIRO MANDAMENTO 63 - Bem, isso to bom como uma recomendao pessoal - disse o presidente. - Que outro mo tivo te levou a escolh-lo? Porque, se odiar a Dexter for a principal qualificao para o trabalho, devehaverum nmerorazoavelmentegrandedecandidatos. - Ele tambm tem os outros atributos que eu procurava. H a sua flha de servios como oficial no Vietname e como chefe da contra-espionagem, para no falar dasuareputao como directoradjunto da CIA. -Ento, por que que ele se demitiu to subitamente, se tinha uma carreira to promisso ra sua frente? -Eudesconfio que aDexter achou que era um pouco demasiado promissora e que ele c omeava a parecer um srio rival ao seu posto. -Se ele conseguir provar que ela deu a ordem para assassinar Ricardo Guzman, tal vez ainda seja. Parece que escolheste o homem certo para o trabalho, Andy. - Jackson disse-me que havia um melhor. - Ento, vamos recrut-lo tambm - disse o presidente. - Eu tive a mesma ideia. Mas, i nfelizmente, ele j trabalha para a Dexter. - Bem, pelo menos ele no vai saber que Jackson est a trabalhar para ns. Que mais qu e ele disse? Lloyd abriu o dossier e comeou a relatar ao presidente a conversa que tivera com o ex-director-adjunto da CIA. Depois de terminar, o nico comentrio que Lawrence fez foi: -Ests a dizer-me que eu tenho de ficar calmamente espera enquanto aguardamos que Jackson descubra alguma coisa? - Foram ess