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MULHERES EXECUTIVAS NO
MERCADO DE TRABALHO
FILIPE DE CASTRO QUELHAS (UFF)
Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres
na nossa sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da
mulher no mercado de trabalho como pessoa que possui direitos, tendo
em vista que ela desenvolve da mesma formaa que o homem as suas
atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao
seu reconhecimento como mulher e cidadã. Assim, este estudo
analisou a liderança da mulher no mercado de trabalho, já que a
participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado
significativamente nos últimos anos. Foi visto que hoje, a presença
expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais
diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito
público de produção. Além disso, elas estão liderando os índices de
escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos
expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia
e posições gerenciais e políticas. Concluiu-se que a liderança feminina
no mercado de trabalho cresceu, pois a mulher enfrenta os desafios
cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com coragem ao
assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e
valoriza o elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer inter-
relações pessoais diferenciadas.
Palavras-chaves: Mercado de trabalho; Mulher; Liderança
5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354
VI CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO Energia, Inovação, Tecnologia e Complexidade para a Gestão Sustentável
Niterói, RJ, Brasil, 5, 6 e 7 de agosto de 2010
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1. INTRODUÇÃO
Ao se deparar com a figura histórica do trabalho feminino, encontra-se um caminho
que parte desde a Idade Média, mas que pode ser facilmente resumido em atividades dentro
de casa ou na agricultura.
Poucos ofícios eram acessíveis à mulher fora do âmbito doméstico e o transcurso dos
séculos não mudava tal condição. A partir do Século X este quadro passou a sofrer
consideráveis mudanças e, quase todas as profissões exercidas habitualmente pelos homens
passaram também a serem exercidas pelas mulheres.
Ocorre que tal fato veio a acarretar uma discriminação muito grande no que dizia
respeito a remuneração recebida por um sexo e pelo outro, sendo que no Século XIV, a
mulher ganhava o equivalente a ¾ do salário recebido pelo homem.
Com a Revolução Industrial, no Século XIX, o trabalho feminino foi aproveitado em
larga escala nas fábricas, a ponto de serem acusadas pelos homens de usurpadoras de direitos.
O desenvolvimento da maquinaria possibilitou o trabalho de mulheres e crianças, tendo em
vista que se tornou desnecessário o uso de grande esforço físico.
Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres na nossa
sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho como
pessoa que possuem direitos, tendo em vista que ela desenvolve da mesma forma que o
homem as suas atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao seu
reconhecimento como mulher e cidadã.
Feitas estas considerações iniciais, pretende-se discorrer sobre a liderança da mulher
no mercado de trabalho.
Esta pesquisa se justifica pela importância do tema, já que a participação da mulher no
mercado de trabalho tem aumentado significativamente nos últimos anos.
A mulher ainda se encontra discriminada, mais notadamente no mercado de trabalho,
onde homens ocupando a mesma função recebem maior remuneração. Além de que há vagas
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destinadas somente a homens, quando uma mulher também poderia exercê-la. No entanto, o
mercado flexível exige habilidades como criatividade, empatia para lidar com o cliente,
docilidade e “jogo de cintura”, características consideradas femininas (VILAS BOAS et al
2003).
Reygadas citado por Teixeira (2001) defende a idéia de que as organizações estão
buscando valores e significados normalmente atribuídos às mulheres, por terem grande
relevância no novo paradigma produtivo.
Hoje, a presença expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais
diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito público de produção.
Além disso, elas estão liderando os índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda
que de forma menos expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e
posições gerenciais e políticas (CORRÊA, 2004).
Acredita-se que esse fenômeno tenha alterado as rotinas e os procedimentos
organizacionais, motivando mudanças nas formas de trabalho e nos modelos de condução das
organizações (FAVILLA, TOMAZ, 2003; LAVINAS, 2003).
Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica em livros,
teses, dissertações, artigos e periódicos pertinentes à temática abordada.
A pesquisa bibliográfica objetiva explicar um problema através de referências teóricas,
buscando-se analisar e conhecer as contribuições científicas ou culturais do passado, que
influenciam um determinado tema, assunto ou problema.
Para a melhor compreensão do objetivo da presente pesquisa, aquilatando-se seu real
foco, faz-se necessário a correta utilização do método. Após a leitura e fichamento de textos
especializados, procedeu-se à análise, interpretação e discussão dos mesmos, incluindo-se
nesse rol, a comparação dos dados levantados.
2. OS DIREITOS DAS MULHERES EM UMA ANÁLISE HISTÓRICA
As mulheres vêm sendo vítimas de preconceito através da história da humanidade, não
sendo diferente no capitalismo. Apesar das diversas transformações provocadas com o
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surgimento e o desenvolvimento desse modo de produção, as inúmeras culturas são
predominantemente baseadas na supremacia masculina sobre o feminino, fenômeno que
muitos intitulam por “patriarcalismo”. Segundo Girão (2001), patriarcais são os sistemas de
organização nos quais a maioria das posições superiores na hierarquia é ocupada por homens.
A hierarquização dos homens sobre as mulheres é também registrada pela maioria das
sociedades agrárias. Em seu amplo estudo sobre as relações de sexo e poder na África, na
Europa e na Ásia entre 1900 e 2000, Göran Therborn (2006) conta-nos que, um pouco antes
de adentrarmos no século XX, essas sociedades já eram patriarcais, com poucos ou nenhum
direito reservado às mulheres. Naquele período, as sociedades matrilineares atribuíam maior
autonomia sexual e econômica às mulheres e as consideravam como “lavradoras de
subsistência”. Entretanto, sociedades matrilineares foram pouco a pouco sucumbidas pelo
poder colonial, explicitamente patriarcal. Essa polarização e essa hierarquia adquiriram
grande visibilidade no primeiro quartel do século XX, com a consolidação do processo de
industrialização.
Em constante interlocução com Scott, a teórica feminista Linda Nicholson (2000)
afirma que o processo de industrialização e urbanização caracteriza-se pela forte separação
entre a vida no lar e a pública. O dualismo e a hierarquização entre público e privado são
peculiares ao discurso liberal, que determinou novas formas de organização da vida social.
Gisela Tartuce (2002) acrescenta que, com a paulatina separação entre a esfera
doméstica e a esfera do trabalho, realizada no espaço público, o trabalho passou a ter valor de
uso para os outros e tornou-se uma atividade paga e remunerada. Por outro lado, as atividades
de reprodução tornaram-se cada vez mais circunscritas ao espaço privado da família, definidas
como trabalho doméstico – reservado às mulheres e não reconhecido socialmente. Criou-se
uma oposição entre o “homem racional”, que trabalha no espaço público da produção e a
“mulher irracional”, que atua no espaço privado da esfera doméstica.
Na História Oficial, mulheres, trabalhadores e negros não tiveram qualquer
participação, porque quase sempre viviam a margem do poder monopolizado por altas
camadas da sociedade.
As grandes revoluções do Século XVIII não revolucionaram o poder entre os sexos e
não suprimiram a dominação e a violência nas relações com as mulheres. No século XIX,
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eram explícitos os padrões e condutas que o poder definia como desejáveis no comportamento
feminino – trabalho e submissão.
Silva (2001, p.1) explica a origem da opressão e subordinação da mulher:
Várias foram as modificações sofridas na estrutura familiar, tomando por base a
família do século passado e suas transformações, até chegar ao modelo da família
contemporânea. A família era estruturada num regime patriarcal onde mulher e
filhos deviam inteira submissão ao pai. Os filhos eram educados por mulheres com
idéias pré-concebidas que por sua vez lhes eram impostas pela geração anterior e
assim sucessivamente.
A família subjugada, sem direito a idéias e vontades próprias, era a forma de
manter o equilíbrio social da época que era voltado para a manutenção do
patrimônio e a permanência desta no núcleo familiar formando cidadãos cuja
consciência era atrelada aos mesmos valores de seus ancestrais. O pai, senhor supremo, encarregava-se de manter a família dentro dos padrões
sociais. A ele competia julgar o certo e o errado, o futuro e o destino de seus filhos,
sempre levando em conta as necessidades da família e nunca do indivíduo.
Às filhas era reservado o mesmo destino das mães quando não lhes restava o
celibato ou a vida religiosa. Todos os passos familiares eram dados de forma
minuciosamente pensada e elaborada de forma a preservar e se possível aumentar o
patrimônio da família, fosse esse material ou moral. Toda essa repressão a
personalidade própria do indivíduo trouxe a tona, paulatinamente, o desejo de
liberdade, o desejo de amar e ser amado, o desejo de realização fosse pessoal ou
profissional, desejos esses que sempre existiram, se não abertamente ao menos no
íntimo do indivíduo. Desejos que eram compartilhados tão somente viam pensamento ou escritos secretos, pois outra forma não era permitida e sequer
ousada pelos participantes. Quando num rompante de coragem o indivíduo se
rebelava contra as convicções paternas, certamente a pena era o exílio da entidade
familiar.
E ainda concluem quais foram as conseqüências desta opressão:
Toda essa revolta enrustida, todo esse anseio de liberdade trouxe drásticas e
profundas modificações. As mulheres passaram a bradar por todo o tipo de
liberdade. Passaram a lutar pela liberdade moral, intelectual, social e até mesmo
física. Ser o que quiser, quando quiser, da forma que quiser. A mulher, passou a
exigir espaço e direitos de igualdade tanto no que tange aos direitos quanto ao que
se refere às obrigações. Passou a escolher como viveria (SILVA, 2000, p.2).
Assim, de forma organizada e unida, as mulheres passaram a travar as lutas
necessárias pelo reconhecimento da igualdade, ganhando o espaço público e rompendo
definitivamente a barreira do silencio.
No Brasil, no início do séc. XX havia uma clara divisão sexual do trabalho nas
fábricas: as mulheres ocupavam as tarefas menos especializadas e mal remuneradas, e os
cargos de direção e de concepção cabiam aos homens. Devido à falta de legislação trabalhista,
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as trabalhadoras denunciavam as péssimas condições de trabalho e de higiene, o controle
disciplinar e o assédio sexual à imprensa operária (RAGO, 2004).
Com o avanço da ciência e tecnologia, no século XX, as novas feições do discurso
científico assim como as modernas linguagens da indústria cultural passaram a ocupar o lugar
que a religião ocupara na proliferação de desigualdade dos sexos.
Houve fortalecimento do movimento feminista, com a conseqüente politização do
cotidiano, questionamento do então imperante poder patriarcal e finalmente acarretando uma
revolução de comportamentos.
De forma inédita no Brasil, a Constituição de 1934 assegurou à mulher o direito de
voto. Limitou, porém, este direito aos casos em que a mulher exercesse função pública
remunerada.
Durante muitos séculos, a mulher viveu apenas para o lar, tendo sido, em grande
período, escrava ou quase-escrava do homem. Com o passar do tempo, as condições sociais
do mundo foram transformadas, e a mulher foi, aos poucos tomando seu lugar na sociedade. E
uma vez que era considerada como uma missão essencial da mulher a maternidade, o Estado
precisava proteger o trabalho feminino para que a mulher não fugisse à sua precípua missão.
Para isso, a Constituição de 1934 foi precursora, e em outros países, fizeram-se leis para
tutelar o trabalho da mulher.
Em relação ao funcionalismo público, o artigo 168 da Constituição de 1934,
preceituou que: “Os cargos públicos são acessíveis a todos os brasileiros sem distinção de
sexo ou estado civil observadas as condições que a lei estatuir”.
A mulher poderia concorrer de forma igualitária para conseguir um emprego público,
a sua condição de mulher já não a impedia. Inovando, a Constituição de 1934 dispõe sobre
aposentadoria compulsória aos 68 anos de idade, mas ainda, nada traz sobre a aposentadoria
voluntária.
A partir da Primeira Guerra, evidenciou-se a tendência à presença da mulher nos
setores primário, secundário e terciário da economia, ocupando não só o espaço rural, mas
também o da indústria e o de serviços. Gardey (2003) observa que, mesmo exercendo
atividade administrativa, não eram dadas às mulheres oportunidades de promoção, ao
contrário do que ocorria com os funcionários masculinos, que podiam esperar fazer carreira
nesse setor. Ao longo do século XX, as novas tecnologias de comunicação e mecanização das
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tarefas fizeram acontecer, contudo, uma revolução administrativa, da qual a mulher
participou, e a partir da qual pôde ampliar seu espaço nesse ramo da economia. Assim, foi
somente em meados do século XX que as mulheres passaram a fazer parte da força de
trabalho, em nível de participação no mercado equiparável ao dos homens (CORRÊA, 2004).
As constantes reivindicações por parte do sexo feminino se intensificaram a partir do
momento em que a sociedade passou por intensas mudanças advindas da modernidade e
tecnologia, a evolução natural dos aspectos sociais fez com que a igualdade se tornasse
preceito essencial para uma sociedade justa e desenvolvida.
Segundo Buonicore (2007, p.3), “o questionamento da discriminação da mulher
incorporou outros aspectos que caracterizam a condição da mulher”, relatando a autora que
independente das vitórias obtidas pelas mulheres brasileiras, vislumbram-se ainda nítidas
práticas discriminatórias. Segundo Buonicore (2007, p.3):
No Brasil, a mulher permanece como cidadã de segunda categoria, privada das
condições que lhe permitiriam a expressão social de suas especialidades. È
surpreendente a força política do movimento das mulheres e o avanço que vêm
conquistando nas duas últimas décadas. O ingresso das mulheres como
profissionais de carreira juridica se acentua a cada dia cada dia.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 que culminou no reconhecimento da
igualdade e da dignidade da pessoa humana, houve uma conquista fundamental, porém, não
foi o suficiente para extinguir das mulheres a incansável tarefa de perseguir seus ideais, uma
vez que a legislação brasileira ainda não se encontra plenamente coerente com o principio
isonômico e a continuação da execução de programas regulares nas áreas de educação,
cultura, saúde, legislação, combate a violência e trabalho, deve prevalecer, estando as
mulheres sempre conscientes do longo caminho que ainda resta a ser percorrido.
A Constituição Federal de 1988 trouxe mudanças no tratamento da mulher, freando na
distinção existente até então. A igualdade perante a lei é prevista no artigo 5º, como se segue:
Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviabilidade do
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 1- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta constituição (...).
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A análise desse dispositivo aponta que se torna inaceitável a utilização do fator
discriminatório sexo, sempre que o mesmo esteja presente, com o propósito de desnivelar
materialmente o homem da mulher. Não obstante a isso, poderá ser aceito quando a finalidade
pretendida for atenuar os desníveis.
É bem de ver que se é importante a decretação de iguais direitos entre homem e
mulher, é também forçoso reconhecer que esta disposição só se aperfeiçoa e se torna eficaz na
medida em que a própria cultura se altera. É necessário que as mentalidades se modifiquem.
O próprio ingresso da mulher no mercado de trabalho não se vem dando senão por
força de eventos que tornaram a sua participação indispensável, assim como as mutações
sofridas nas próprias condições de trabalho. Os primeiros têm como exemplo, as guerras em
que os varões eram chamados para as frentes de batalha, não sobrou outra solução senão
admitirem-se mulheres nas suas vagas.
No que diz respeito às mutações do mercado, passa a ser mais ameno o próprio
trabalho braçal nas indústrias, o que torna acessível às mulheres.
O fato é que, o trabalho feminino, considerado em princípio como de segunda
categoria em virtude da deficiência somática da mulher, foi mal remunerado. Daí o emergir de
toda uma legislação, inclusive constitucional, vedatória da discriminação entre sexos. Hoje,
essa proibição está contida no inciso XXX do art. 7° da Constituição Federal de 1988.
Para reequilibrar os pratos da balança e obstar que a contratação da mão-de-obra
masculina possa se afigurar mais vantajosa surge à previsão constitucional de incentivos
específicos à admissão de mulheres. Não se trata, portanto, da tradicional proteção das
condições de trabalho feminino. Mas sim de propiciarem estímulos aos empregados que
compensem os ônus advindos das vantagens legais e constitucionais que cercam o trabalho
feminino.
Reconhecidamente, cada vez mais o sexo feminino ocupa posições de alta relevância e
responsabilidade não só na atividade privada, mas inclusive em todos os níveis da
Administração Pública, direta ou indireta.
Devido aos altos índices de escolarização das mulheres e aos novos padrões
demográficos e culturais, ocorreram algumas transformações com relação à participação das
mulheres em ocupações de maior prestígio e comando, tais como a arquitetura, a odontologia,
a medicina, o jornalismo, a advocacia e até mesmo a engenharia, profissão considerada
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tipicamente masculina. Houve também um aumento nos cargos de liderança nas organizações
e no número de empresárias no comércio e na prestação de serviços (BRUSCHINI, 2000).
No entanto, mesmo aquelas mulheres que conseguem posições de maior
responsabilidade e de maiores ganhos estão sujeitas a ganhar menos que seus parceiros; ou,
ainda, quando a escolaridade exigida pelo cargo é maior, a disparidade entre os salários de
homens e mulheres também o é: “se dois terços dos homens com 15 anos e mais de estudo
ganham mais de 10 salários mínimos, apenas um terço das mulheres com o mesmo nível de
escolaridade têm rendimentos equivalentes” (BRUSCHINI, 2000, p. 47).
Hoje, é indiscutível a competência profissional feminina, ao que se deve acrescentar
que, em decorrência de certas virtudes femininas, certas características específicas da mulher,
determinadas atividades são por elas executadas com maior qualidade e rapidez.
É de se concluir que a transmutação de valores e a crescente participação da mulher na
vida social vêm criando condições para progressiva afirmação dos direitos da mulher com
relação ao trabalho.
A responsabilidade familiar e doméstica limita a disponibilidade das mulheres para o
trabalho. Para a mãe trabalhadora, os efeitos da maternidade refletem-se no mercado de
trabalho, vindo a sofrer a sobrecarga de tarefas domésticas, impedindo-a de aperfeiçoar-se
profissionalmente, aceitando empregos que permitam uma adaptação entre as atividades
familiares e as profissionais, como, por exemplo, os serviços domiciliares e domésticos.
Sendo assim, o trabalho da mulher não depende apenas e tão somente da demanda do
mercado, mas também da sua capacidade de trabalho dentro e fora do lar.
Hodiernamente, as mulheres procuram vencer determinadas barreiras e superar
preconceitos, representando um dos pilares do funcionamento econômico. Segundo Roland
Barthes, a entrada das mulheres no mercado de trabalho, na modernidade do tempo
mensurável e disciplinado, acrescenta novos fantasmas a esquizofrenia de tantos outros; o
patrão, os clientes, os alunos, os subalternos. Roland Barthes (1981, p.27) assevera que:
Historicamente, o discurso da ausência é sustentado pela mulher, a mulher é
sedentária, o homem é caçador, viajante; a mulher é fiel (ela espera), o homem é
conquistador (navega e aborda). E a mulher que da forma a ausência: ela tece e ela
canta; as tecelãs, as “chansons de toile”, dizem ao mesmo tempo a imobilidade
(pelo ronron do tear) e a ausência (ao longe, ritmos de viagem, vogas marinhas,
cavalgadas).
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E apesar de há séculos, as mulheres serem associadas à intuição e à sensibilidade, elas
parecem ter estado envolvidas em obstáculos ao sonho e ao extraordinário.
Para as mulheres que possuem um nível de escolaridade mais elevado, as
oportunidades profissionais são maiores na conquista de um emprego mais rentável,
compensando a sua saída do lar. Dessa forma, almejando uma efetiva igualdade, a mulher tem
assumido grandes responsabilidades profissionais, nas diferentes áreas da atividade humana.
As taxas de participação e ocupação femininas têm aumentado consistentemente nos
últimos 30 anos, como também tem aumentado o número de anos que elas dedicam ao
trabalho remunerado, a continuidade das suas trajetórias ocupacionais e a sua participação nos
rendimentos familiares.
Também é crescente o número de mulheres “chefes de família”, condição na qual elas,
em geral, são as principais ou únicas provedoras (segundo os dados do IBGE, 27% das
famílias no Brasil são chefiadas por mulheres). Também aumenta a proporção de mulheres
que não se retira do mercado de trabalho quando tem filhos: é na faixa das mulheres casadas e
em idade reprodutiva que as taxas de participação feminina têm aumentado mais
significativamente (MELLO; DI SABATTO, 2006).
Como argumenta Maruani (1993, p.49) se a preocupação com o lugar das mulheres no
mercado de trabalho não é algo novo, a forma de tratar a questão evoluiu profundamente
desde os anos 1960. Se as problemáticas de pesquisa mudaram – e também os mecanismos e
padrões de hierarquização e subordinação – é, sem dúvida, porque a situação socioeconômica
dos anos 1990 não tem muito a ver com a dos anos 1960: “A relação atividade
profissional/vida familiar não pode ser pensada hoje, quando as taxas de atividade das mães
de família se aproximam de 80%, nos mesmos temos em que eram pensadas quando essas
taxas se situavam em torno de 40%” (MARUANI, 1993, p.49).
Uma das hipóteses básicas deste trabalho é justamente que, na fase atual de
configuração do mercado de trabalho e das famílias, que não se caracteriza mais por um
confinamento radical da mulher à esfera doméstica, a noção da mulher como força de trabalho
secundária tem um papel fundamental nesse padrão de hierarquização, subordinação e
discriminação. Essa é uma fase na qual a evidência da presença das mulheres no mundo do
trabalho não pode mais ser negada. Nesse “deslocamento das fronteiras da desigualdade”, o
que parece estar ocorrendo é um processo de reconstrução das imagens de gênero (ou dos
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estereótipos relativos a mulheres e homens no trabalho), a partir de uma realidade na qual
aumenta significativamente a presença das mulheres no mercado de trabalho, assim como a
importância dos seus rendimentos para o bem estar – ou a superação da situação de pobreza -
da família. Nesse imaginário em processo de reconstrução, o lugar das mulheres deixa de ser
a esfera doméstica e privada, e pode ser também a esfera produtiva e pública; o seu “destino”
não é mais apenas aquele de ser mãe e esposa, mas pode também ser o de uma trabalhadora.
Girão (2001) destacam que uma das formas que as empresas têm buscado para se
diferenciar no mercado competitivo e flexível é através da ênfase a características típicas
femininas, como comunicação, sensibilidade, intuição, persuasão, afetividade e flexibilidade,
principalmente valorizadas em áreas em que é necessário lidar diretamente com o cliente.
As empresas têm a necessidade de um patrimônio humano efetivamente disposto a
contribuir com seus objetivos, por isso buscam obter funcionários que sejam comprometidos,
que vejam seu trabalho como um desafio a ser alcançado e que busquem os melhores
resultados para a organização. Esta necessidade vem ficando cada vez mais evidente devido
ao grande desenvolvimento tecnológico e industrial, trazido pela globalização, que faz com
que as transformações ocorram em uma velocidade muito rápida.
Desta forma, existe uma grande preocupação das organizações, em encontrar
funcionários que consigam fazer a diferença, sendo de suma importância, para as empresas,
conseguir identificar líderes que influenciem seus funcionários e que os tornem
comprometidos, para que se construa um ambiente com alto padrão de comprometimento e a
fim de que as empresas consigam alcançar seus objetivos, e, neste cenário, as mulheres têm se
destacado.
3. LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO
Para entender o conceito de liderança, é necessário compreender que esta temática
encontra-se como uma qualidade intrínseca ao gerenciamento e que, portanto, pode ser
entendida por alguns autores, como Rodriguez (2005), como sendo uma ferramenta, um meio
de proceder à Gestão de Pessoas.
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As pessoas têm sido administradas desde a pré-história. Mesmo os bandos mais
simples de caçadores geralmente reconheciam e obedeciam a um líder ou a um grupo que
tomava decisões. A partir do momento em que as sociedades se tornaram mais complexas, a
necessidade de possuir um administrador tornou-se aparente (RICE, 1970 apud
RODRIGUEZ, 2005).
Analisando o contexto histórico, nota-se indivíduos, em períodos específicos, que
proporcionaram liderança e surgiram para enfrentar os desafios de suas épocas: Winston
Churchill, Mahatma Gandhi, Franklin Roosevelt, etc. “Suas lideranças construíram grandes
nações” (BENNIS; NANUS, 1988, p.4).
Para Smith (1997), a concepção leiga sobre liderança tem sido, desde há muito tempo,
baseada em ações de grandes figuras históricas, tais como as mencionadas acima: Churchill,
Gandhi ou Hitler.
Segundo Smith (1997, p.3):
A análise das ações de tais personalidades pode oferecer fraca base para teorizações
sobre tipos de líderes menos notáveis e mais comuns no dia-a-dia; todavia, se tais
figuras, na verdade, modelaram as concepções corriqueiras sobre a natureza da liderança, é a partir delas que se deve começar a análise.
Smith (1997) assim como Bennis e Nanus (1988), concorda que, em função dos
desafios dos novos tempos e da velocidade das mudanças, estas são acompanhadas por idéias
e por pessoas que apresentam competência para implementá-las. E, a partir disso, foram
surgindo novos conceitos de liderança.
As primeiras discussões sobre o processo de liderança talvez tenham sido oferecidas
por Maquiavel no século XVI. A teoria imposta por essa personalidade faz a análise do
equilíbrio entre princípio e oportunismo que, segundo seu ponto de vista, proporcionaria a
melhor orientação para as ações de um príncipe nas cidades-estado medievais italianas. “Essa
prescrição entende-se não somente às relações com outras cidades-estado, mas também aos
estilos mais eficazes utilizados pelos orientadores no relacionamento com seus orientados”
(SMITH, 1997, p.3).
A liderança eficaz, de acordo com o que Maquiavel propunha, era uma questão de
“manutenção de um fluxo adequado de informações precisas sobre os assuntos a serem
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decididos e, ao mesmo tempo, a consideração das melhores alternativas de modo a permitir
que as ações decisivas fossem tomadas” (SMITH, 1997, p.5).
Atualmente o conceito de liderança está passando por modificações. As lideranças em
muitas organizações estão produzindo cada vez mais maneiras de estimular e capacitar seus
colaboradores na busca de soluções criativas e alternativas inovadoras. Os líderes da mudança
usam uma série de abordagens para levar as pessoas à ação. Também é papel deles auxiliar e
motivar seus aprendizes em situação de mudança e reestruturação, para que eles criem
impulso ao longo do tempo. Raramente baseiam-se apenas em algumas ferramentas ou fontes
de idéias (KATZEMBACH, 1997).
Capezio e Morehouse (1997, p.1) definem que: “liderança é a habilidade de
influenciar indivíduos ou grupos a pensar, sentir e tomar ações positivas para alcançar
objetivos”.
Cohen (2003, p. 254) define liderança como “um processo em que as partes
envolvidas se influenciam mutuamente de formas específicas”. Isto é, ambos, líderes e
liderados, têm influencia na relação, porém, o líder é aquele que possui maior poder de
contagiar, entusiasmar e persuadir o outro.
Max Weber, 1969 (apud MOTTA, VASCONCELOS, 2002, p.12), mostra que os
liderados seguem os líderes em decorrência de fatores como a tradição, o carisma e a
burocracia.
A obediência devido aos costumes e tradições é também chamada de autoridade
tradicional, em que a obediência é um hábito que se herda das gerações anteriores.
Já o carisma é uma qualidade pessoal do líder que desperta a devoção dos seus
seguidores, pois representa os ideais e as projeções do grupo que lidera. Esta autoridade é
baseada nas características pessoais de um indivíduo. Esta idéia está associada às influências
vinculadas às qualidades pessoais do líder, independente da posição ocupada ou das tradições.
Robbins (2001) observa, a respeito de diferenças de estilo de liderança entre os
gêneros, que as mulheres tendem a exercer um estilo mais democrático de liderança, focado
nas pessoas, enquanto os homens adotam um estilo mais diretivo, centrado nas tarefas. Porém,
o autor aponta que, muitas vezes, na prática, essas diferenças de estilo não se identificam com
o gênero do líder. Uma das causas apontadas pelo autor para o fato é a seleção efetuada pelas
organizações na escolha das pessoas que irão ocupar cargos de liderança, cuja capacitação e
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traços gerenciais são comuns, não importando o sexo. O autor chama a atenção para a
tendência das empresas atuais de incentivarem o trabalho em equipe, de agirem com
flexibilidade e de estimularem o compartilhamento de dados e decisões; ou seja, as empresas
atuais desejam gerentes e líderes que escutem e incentivem seus funcionários, motivando-os e
apoiando-os. Esse estilo de liderança é praticado de forma muito mais natural pelo gênero
feminino do que pelo gênero masculino.
3.1 A MULHER EM CARGOS DE LIDERANÇA
Atribui-se ao líder a capacidade de influenciar e motivar pessoas a alcançarem
objetivos comuns. Entender as diversas facetas e interferências da liderança na organização
tornou-se condição sine qua non para se realizar uma análise consistente do que ocorre no
atual momento das empresas.
Hoje, a sociedade já reconhece as competências específicas desenvolvidas e
introduzidas pelas mulheres no meio corporativo e empresarial, como a percepção mais
aguçada em relação a questões como o cuidado com as pessoas, a qualidade de vida, a
humanização do ambiente de trabalho, dentre outros, que são questões notadamente presentes
no universo feminino.
As empresas têm aumentado gradativamente o número de cargos de comando
preenchidos por mulheres. Além disso, observa-se que cada vez um maior número de
mulheres decide abrir e gerir seu próprio negócio. Segundo Jonathan (2005), 46% dos
empreendedores do Brasil são mulheres, o que resulta em um número de 6,4 milhões de
empreendedoras. De acordo com os dados do SEBRAE-MG (2005), 45,67% das pequenas e
médias empresas mineiras são dirigidas por mulheres. Dessas empresas, 68,97% são
microempresas e 31,03% são empresas de pequeno porte.
A conseqüência imediata desse processo é a influência cada vez maior das mulheres
no meio social e organizacional, resultando na necessidade de a mulher exercer papéis de
liderança cada vez mais destacados. Seu estilo de liderança é, assim, tema cada vez mais
observado, estudado e analisado.
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Ao abordarmos as condições da mulher no mercado de trabalho, torna-se importante
compreendermos com mais exatidão o conceito de gênero. “Entendemos „sexo‟ como algo
biologicamente definido e „gênero‟ como sociologicamente construído, um „produto da
socialização e vivência‟ ”(CALÁS e SMIRCICH, 1998, p. 276). Faz-se necessário registrar
que a teoria organizacional tem se caracterizado por uma “literatura escrita por homens, para
os homens e sobre os homens” (CALÁS e SMIRCICH, 1998, p. 281).
Não foram poucos os autores e intelectuais, principalmente nos períodos
imediatamente anteriores e posteriores à Revolução Russa, que projetaram o papel de
destaque da mulher numa sociedade de iguais, em que não haveria distinções ou
discriminação de sexo em atividades profissionais. A sociedade socialista não permitiria esta
dupla exploração da mulher, ou seja, de classe social e de gênero. Esse foi um discurso que
permeou o debate que envolveu a construção de uma “nova sociedade” e que contagiou
gerações. O comunismo, como ideologia política, sempre fez uma apaixonada defesa da
igualdade e liberação feminina (CALÁS e SMIRCICH, 1998).
Curiosamente, no entanto, as mulheres, com algumas poucas exceções, não se
destacaram nas primeiras fileiras políticas de seus partidos. “Em 1929, por exemplo, dos 63
(sessenta e três) candidatos a membros do Comitê Central da URSS, apenas 6 (seis) eram
mulheres e, de 504 destacados membros do partido em 1924-29, 7% eram mulheres”
(HOBSBAWM, 1996, p. 309). Mesmos nos anos seguintes, em países que adotaram o
socialismo, a realidade da condição feminina ficou abaixo das expectativas iniciais que
imaginaram nesses países, serem as condições ideais para que a igualdade entre sexos pudesse
prevalecer.
Antes da Segunda Guerra Mundial, “a sucessão de qualquer mulher à liderança de
qualquer república, em quaisquer circunstâncias, teria sido encarada como politicamente
impensável” (HOBSBAWM, 1996, p. 307).
As abordagens feministas dos temas organizacionais, a partir de importante revisão de
literatura realizada por Calás e Smircich (1998), contemplam as perspectivas socialista,
marxista, liberal, radical, psicanalítica, pós-estruturalista e terceiro mundista, ou seja, as
alternativas teóricas se apresentam em grande quantidade. Importante observar, no entanto,
que, apesar das abordagens recentes sobre os estudos contemplando a mulher nas
organizações, o tema ainda é, predominantemente, masculino.
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Calás e Smircich (1998, p. 281), ressaltam que o foco é investigar como os homens
podem, efetivamente, atingir os objetivos organizacionais a partir de processos
organizacionais, ou seja, como gerenciar (man/age). A expressão, na língua inglesa, não deixa
margem para dúvidas. Gerenciamento seria algo inevitavelmente masculino?
Calás e Smircich (1998) registram que, nas organizações transnacionais localizadas
em países em desenvolvimento, as mulheres que, tradicionalmente, ocupavam os empregos de
pior remuneração e de nível de exploração, estão ficando desempregadas, pois os homens
começam a aceitar os baixos salários e a ocupar essas vagas.
Atualmente, já são muitos os avanços das mulheres na esfera pública pois elas estão
participando de cargos de liderança e sendo eleitas em cargos públicos. Muitas são juízas,
promotoras e outras ocupam espaços que, até pouco tempo, eram áreas exclusivas do sexo
masculino. Mas a discriminação persiste e a exclusão social do sexo feminino ainda está
presente em pleno século XXI. Não se pode esquecer que, além de discriminação entre os
gêneros, existem outros fatores de exclusão como: posição social, preferências sexuais,
partidos políticos, raça, religião e outras mais; fatores estes que precisam ser considerados e
que reafirmam, institucionalmente, a posição de submissão da mulher. Apesar de todos estes
fatores, a mulher vem, paulatinamente, avançando na sociedade e ocupando espaços
doravante inimagináveis para “uma simples mulher”.
Yannoulas (2001, p. 83) utiliza o termo “empoderamento” das mulheres que expressa
basicamente o “[...] desenvolvimento de potencialidades, ao aumento de informação e ao
aprimoramento de percepções, pela troca de idéias, com o objetivo de fortalecer as
capacidades, as habilidades e as disposições das mulheres para o exercício legítimo do poder”.
As mulheres, apesar de terem conquistado somente 42% de espaço como
trabalhadoras responsáveis e capazes, já se apresentam de forma significativa no mundo
capitalista. Mesmo tendo somente 5% das mulheres como autônomas, hoje podemos dizer que
as mulheres estão se empoderando como categoria social. “[...] Empoderar-se equivale, num
nível bem expressivo do combate, a possuir alternativa (s), sempre na condição de categoria
social” (SAFFIOTI, 2004, p. 114).
A mudança da realidade empresarial, com o advento da presença feminina,
obviamente alcançou o universo dos empreendedores. Hoje, há inúmeras mulheres à frente de
suas empresas, oferecendo ao mercado e aos clientes novos serviços e formas de gestão.
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Hanashiro et al (2005) abordam as diferenças de estilo de liderança em função de
gênero. Os autores destacam que, na média, as mulheres possuem um nível de escolaridade
maior que o dos homens; contudo, isso não traz como conseqüência direta a ascensão das
mulheres aos postos mais elevados das organizações. Os autores afirmam que uma das
possíveis explicações para o lento avanço das mulheres aos postos mais elevados das
organizações seria a ausência de um modelo específico de liderança feminina em um
ambiente tipicamente masculino, onde se destacam elementos como competitividade, controle
e hierarquia. O gênero feminino, ao contrário, embasa o comportamento e as atitudes nas
relações interpessoais. É importante destacar que o trabalho dos referidos autores diz respeito
à diferença prototípica de gênero masculino/feminino, e não às diferenças relativas ao sexo.
Assim, embora gênero e sexo geralmente coincidam, pode-se encontrar homens com liderança
estruturada em elementos de gênero feminino (como as relações interpessoais), como também
mulheres em cargos de liderança com perfil de gênero masculino (centrado em elementos
como hierarquia e tarefas).
Appelbaum et al (2003 apud JONATHAN, 2005) apresentam uma caracterização
complementar sobre a diferença de liderança em função de gênero: o estilo de liderança dos
homens é estrutural, transacional, aristocrático, passa pela instrução e é orientado para o
negócio. O estilo de liderança das mulheres foca-se na consideração, é transformacional,
participativo, sócio-expressivo e está orientado para as pessoas.
Favilla e Tomaz (2003) destacam várias características femininas que possibilitam a
inserção da mulher no mercado e, ao mesmo tempo, modificam a natureza organizacional nas
empresas: melhor administração do tempo em face da capacidade desenvolvida pela mulher
de conciliar carreira, casa, filhos, etc; a percepção aguçada para prestar atenção a um detalhe
que pode ser o diferencial em um determinado processo; o desenvolvimento da
multifuncionalidade, em função dos múltiplos papéis que são desempenhados pelas mulheres,
o que lhes permite decidir sobre diferentes coisas ao mesmo tempo; a vivência proporcionada
pelo ambiente doméstico e seus múltiplos contatos, evidenciando a capacidade feminina de
trabalhar em grupo; e, finalmente, a capacidade de administrar e mediar conflitos, sempre
ponderando os interesses e as necessidades de todos os envolvidos.
Entende-se, assim, a possibilidade de uma profunda transformação do modo de
funcionamento organizacional em função da inserção da mulher no mundo do trabalho e,
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ainda, maiores transformações provocadas por suas ações como gerentes ou dirigentes das
organizações.
As tendências dos novos modelos organizacionais são justamente inclinadas ao apelo
feminino e influenciadas pelo desempenho, pela visão e pelo “sexto sentido” feminino, o que
ressalta a importância de treinar e inspirar pessoas com um novo protótipo de liderança,
reafirmando valores das mulheres. Na era do conhecimento, a representação inerente ao
modelo dos trabalhadores é a mulher. A lealdade (valor feminino) passa a ter tanta
importância quanto o sucesso pessoal (valor masculino). Desta forma, uma tendência quase
irreversível, que está se implementando aos poucos, mas que já é percebida nas organizações,
é a de que as mulheres assumam as posições estratégicas nas organizações (NAISBITT;
ABURDENE, 1990).
Naisbitt e Aburdene (1990) demonstram ainda que o desafio básico de liderança na era
do conhecimento é desenvolver a capacidade empreendedora do trabalhador mais jovem e
instruído, ensinando-lhe o auto-gerenciamento como fator imprescindível de sucesso e
equilíbrio pessoal. Tal tarefa exige atuações díspares e complementares: o papel de professor,
de agente facilitador do processo e de mentor. A reunião dessas qualificações é muito mais
observada no perfil feminino de liderança e trabalho. Percebe-se, assim, a correlação entre o
maior grau de importância do conhecimento na esfera econômica da vida moderna e o papel
da mulher nas organizações.
Os autores dão ênfase ao perfil do novo executivo nas organizações como sendo
alguém que está sempre orientado para o auto-desenvolvimento, que é um crítico ferrenho da
burocracia presente nas empresas, e que valoriza a independência e o equilíbrio na busca de
qualidade de vida. Eles ressaltam também que no auto-desenvolvimento se encontra a garantia
individual de empregabilidade, antes atribuída às empresas. Tal arquétipo de executivo é
claramente feminino, uma vez que a prioridade para as mulheres é geralmente o equilíbrio
entre vida profissional e pessoal. Elas priorizam conjuntamente carreira e família, ao passo
que os homens são mais voltados para o cumprimento de tarefas e para a busca do sucesso.
No entanto, mesmo com todo o progresso e todas as conquistas recentes das mulheres no
mercado de trabalho como um todo, e nas organizações em particular, os autores apontam a
menor remuneração da mulher em relação à dos homens, no exercício do mesmo cargo e
função (NAISBITT; ABURDENE, 1990).
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Lavinas (2003) indica que tal fenômeno ocorre ainda como reflexo do histórico
político, social e econômico notadamente “machista” dentro das organizações, mas aponta
uma tendência de regressão dessa condição. Nota-se uma diminuição gradual e constante na
diferença de renda entre os sexos na mesma função, embora tal processo venha também
acompanhado da necessidade da mulher ser mais preparada que o seu oponente para colocar-
se como apta para a mesma função. A autora conclui que, onde a mulher está mais bem
preparada, menor é a diferença salarial em relação aos rendimentos dos homens no exercício
da mesma função.
Observa-se um interessante fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos: uma
elevação proporcionalmente maior da empregabilidade da mulher em relação à do homem,
aumentando assim a presença feminina no trabalho. Lavinas (2003) credita tal fenômeno a
três fatores: à profunda reestruturação do modelo produtivo, que afetou diretamente o
emprego industrial caracteristicamente masculino; à expansão da economia de serviços, na
qual a adaptabilidade e a eficiência da mulher se mostraram extremamente favoráveis; e, por
fim, à modificação dos modelos tradicionais de relação de trabalho, com o incremento das
atividades informais e do trabalho por conta própria, que favoreceu o estilo tradicionalmente
feminino de produção.
3.2 MULHERES EMPREENDEDORAS
Wilkens (1989) expõe que as mulheres que tomam a decisão de empreender e de
montar sua própria empresa o fazem impulsionadas por uma série de elementos e por
motivações as mais diversas. Essas motivações a autora chama de empuxos, que podem ser
positivos ou negativos. Como exemplos de empuxos negativos, apresentam-se as condições
adversas enfrentadas pelas mulheres no mundo do trabalho, como promoções preteridas em
favor do sexo oposto – mesmo em condições de igual competência –, baixos salários, conflito
hierárquico, desconfiança em relação à falta de perspectiva ou simplesmente tédio. Como
exemplos de empuxos positivos, a autora cita oportunidades surgidas em função de conquistas
profissionais em empregos de carreira, redução do tempo de dedicação às tarefas familiares,
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busca de conquistas pessoais provocadas por transformações pessoais ou por influências de
conhecidas, entre outros.
Além disso, a maior parte das mulheres, no momento em que decidiram assumir uma
atividade empreendedora, estavam em algum momento crítico: separação, mudança de
residência em função de transferência profissional do cônjuge, volta ao mercado de trabalho
após a criação dos filhos, ou surgimento de oportunidades em circunstâncias espontâneas, em
contatos com conhecidos ou clientes de seu convívio profissional anterior, entre outros
(WILKENS, 1989).
As mulheres percebem, nesse momento, sinalizações que indicam ser aquele o
momento de se arriscar, e consideram essa posição como um passo natural a ser dado em suas
vidas. Também assumem uma postura ativa, no sentido de que assumem os riscos de sua
própria vida econômica e decidem sair de uma posição de letargia ou reclamatória de sua
própria condição, passando a atuar como donas do próprio destino e assumindo as condições
de seguir o seu próprio caminho (WILKENS, 1989).
Gray (1992 apud JONATHAN, 2005) afirma que aspectos intrínsecos ao universo
feminino estão associados a um modelo feminino de empreender, sendo claramente
perceptíveis os sinais desse modelo de empreendedorismo: a mulher é mais orientada para o
relacionamento interpessoal; aplica de forma seletiva e intensa o modelo intuitivo; é atenta às
necessidades alheias; vê a oferta de auxílio como uma atitude comum, e não como sinal de
fracasso e incompetência; e percebem os conselhos e sugestões como atos corriqueiros e bem-
vindos. Além disso, Gray (1992 apud JONATHAN, 2005) considera que a arte de ouvir é
uma característica eminentemente feminina.
Hisrisch e Peters (2004) destacam que as mulheres empreendedoras se diferenciam por
fatores motivacionais, habilidade de gestão e histórico profissional. Elas são mais movidas
pela busca de realização, pela superação dos obstáculos e discriminações sofridos na própria
carreira e pelo enfrentamento de dificuldades que representam limites de desempenho e de
crescimento pessoal e profissional. Os autores estabelecem algumas diferenças entre homens
e mulheres empreendedores: a) as mulheres empreendedoras atuam no ponto de partida do
novo empreendimento movido por grande entusiasmo, mas também motivadas por uma
experiência profissional frustrante, o que pode caracterizar a opção por empreender muito
mais como uma busca pessoal do que como uma escolha profissional consciente. Já os
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homens, quando advindos de outro emprego, fazem a opção de empreender como uma
operação real de substituição da atividade anterior; b) normalmente, é comum o
aprofundamento em linhas de crédito por empreendedores masculinos, sendo que as
empreendedoras geralmente limitam-se aos seus recursos próprios; c) de maneira similar aos
perfis de gestão, as empreendedoras são sempre mais tolerantes e flexíveis que os
empreendedores; e d) em relação ao ramo de atuação, as mulheres empreendedoras tendem a
concentrar suas iniciativas no ramo de prestação de serviços, tendo como conseqüência um
campo maior de atuação, porém configurado geralmente em empresas de menor porte.
Obviamente tais diferenciações são características de empreendedores e empreendedoras
estudados, não significando que não possam existir casos em que tais elementos ou não se
apliquem ou mesmo se confundam.
4. CONCLUSÃO
A presença da mulher no meio organizacional já há muito deixou de ser um fator
isolado ou “algo de estranho”. O mercado foi amplamente determinado pela presença
feminina como ator inerente e altamente decisivo dentro da estrutura econômica atual, sendo
fundamental a compreensão de que a presença da mulher no ambiente organizacional
modifica e transforma padrões, conceitos e crenças.
Percebemos que, a melhora na escolaridade, provoca no gênero feminino uma visão
mais clara de sua dimensão na sociedade. Apesar disso, a escola ainda prepara a mulher para
ser uma boa dona de casa. Mesmo com esta visão macro da escola, a mulher ganha asas e se
liberta de seus grilhões à medida que avança no nível de escolaridade.
O papel da mulher na sociedade moderna exige de todos, inclusive dela mesma, um
reposicionamento efetivo para desempenhar, com dignidade e eficiência, todo o conjunto de
respostas que se espera dela, inclusive no tocante à geração de renda. Em uma sociedade em
que, cada dia mais, as orientações organizacionais são determinadas pelas decisões e escolhas
das mulheres, cabe a elas um exercício efetivo de liderança que concretize sua contribuição
para a sociedade do século XXI.
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O exercício da liderança reflete a complexidade das empresas nos dias de hoje, uma
vez que as constantes modificações por que o mundo corporativo vem passando exige novos
modelos de competência do líder, que, obrigatoriamente, passa a ter que conviver e
desenvolver sua qualificação diante dessa nova realidade.
Do exposto conclui-se que a liderança feminina no mercado de trabalho cresceu pois a
mulher enfrenta os desafios cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com
coragem ao assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e valoriza o
elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer inter-relações pessoais diferenciadas.
Espera-se, com este trabalho, contribuir para a compreensão do estilo de liderança da
mulher. Acredita-se que a liderança apresenta reflexos relevantes na estrutura da sociedade
contemporânea e pode gerar conseqüências significativas na construção de uma sociedade
qualitativamente melhor.
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