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MULHERES EXECUTIVAS NO MERCADO DE TRABALHO FILIPE DE CASTRO QUELHAS (UFF) [email protected] Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres na nossa sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho como pessoa que possui direitos, tendo em vista que ela desenvolve da mesma formaa que o homem as suas atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao seu reconhecimento como mulher e cidadã. Assim, este estudo analisou a liderança da mulher no mercado de trabalho, já que a participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado significativamente nos últimos anos. Foi visto que hoje, a presença expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito público de produção. Além disso, elas estão liderando os índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e posições gerenciais e políticas. Concluiu-se que a liderança feminina no mercado de trabalho cresceu, pois a mulher enfrenta os desafios cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com coragem ao assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e valoriza o elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer inter- relações pessoais diferenciadas. Palavras-chaves: Mercado de trabalho; Mulher; Liderança 5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

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MULHERES EXECUTIVAS NO

MERCADO DE TRABALHO

FILIPE DE CASTRO QUELHAS (UFF)

[email protected]

Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres

na nossa sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da

mulher no mercado de trabalho como pessoa que possui direitos, tendo

em vista que ela desenvolve da mesma formaa que o homem as suas

atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao

seu reconhecimento como mulher e cidadã. Assim, este estudo

analisou a liderança da mulher no mercado de trabalho, já que a

participação da mulher no mercado de trabalho tem aumentado

significativamente nos últimos anos. Foi visto que hoje, a presença

expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais

diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito

público de produção. Além disso, elas estão liderando os índices de

escolaridade em relação aos homens e, ainda que de forma menos

expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia

e posições gerenciais e políticas. Concluiu-se que a liderança feminina

no mercado de trabalho cresceu, pois a mulher enfrenta os desafios

cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com coragem ao

assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e

valoriza o elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer inter-

relações pessoais diferenciadas.

Palavras-chaves: Mercado de trabalho; Mulher; Liderança

5, 6 e 7 de Agosto de 2010 ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

Ao se deparar com a figura histórica do trabalho feminino, encontra-se um caminho

que parte desde a Idade Média, mas que pode ser facilmente resumido em atividades dentro

de casa ou na agricultura.

Poucos ofícios eram acessíveis à mulher fora do âmbito doméstico e o transcurso dos

séculos não mudava tal condição. A partir do Século X este quadro passou a sofrer

consideráveis mudanças e, quase todas as profissões exercidas habitualmente pelos homens

passaram também a serem exercidas pelas mulheres.

Ocorre que tal fato veio a acarretar uma discriminação muito grande no que dizia

respeito a remuneração recebida por um sexo e pelo outro, sendo que no Século XIV, a

mulher ganhava o equivalente a ¾ do salário recebido pelo homem.

Com a Revolução Industrial, no Século XIX, o trabalho feminino foi aproveitado em

larga escala nas fábricas, a ponto de serem acusadas pelos homens de usurpadoras de direitos.

O desenvolvimento da maquinaria possibilitou o trabalho de mulheres e crianças, tendo em

vista que se tornou desnecessário o uso de grande esforço físico.

Os movimentos feministas contribuíram para o avanço das mulheres na nossa

sociedade, além de contribuir para o reconhecimento da mulher no mercado de trabalho como

pessoa que possuem direitos, tendo em vista que ela desenvolve da mesma forma que o

homem as suas atribuições profissionais, contribuiu também para o respeito quanto ao seu

reconhecimento como mulher e cidadã.

Feitas estas considerações iniciais, pretende-se discorrer sobre a liderança da mulher

no mercado de trabalho.

Esta pesquisa se justifica pela importância do tema, já que a participação da mulher no

mercado de trabalho tem aumentado significativamente nos últimos anos.

A mulher ainda se encontra discriminada, mais notadamente no mercado de trabalho,

onde homens ocupando a mesma função recebem maior remuneração. Além de que há vagas

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destinadas somente a homens, quando uma mulher também poderia exercê-la. No entanto, o

mercado flexível exige habilidades como criatividade, empatia para lidar com o cliente,

docilidade e “jogo de cintura”, características consideradas femininas (VILAS BOAS et al

2003).

Reygadas citado por Teixeira (2001) defende a idéia de que as organizações estão

buscando valores e significados normalmente atribuídos às mulheres, por terem grande

relevância no novo paradigma produtivo.

Hoje, a presença expressiva de mulheres em cargos e funções cada vez mais

diversificados mostra que elas têm conquistado seu espaço no âmbito público de produção.

Além disso, elas estão liderando os índices de escolaridade em relação aos homens e, ainda

que de forma menos expressiva, estão ocupando, com tendência crescente, cargos de chefia e

posições gerenciais e políticas (CORRÊA, 2004).

Acredita-se que esse fenômeno tenha alterado as rotinas e os procedimentos

organizacionais, motivando mudanças nas formas de trabalho e nos modelos de condução das

organizações (FAVILLA, TOMAZ, 2003; LAVINAS, 2003).

Para o desenvolvimento desta pesquisa, optou-se pela pesquisa bibliográfica em livros,

teses, dissertações, artigos e periódicos pertinentes à temática abordada.

A pesquisa bibliográfica objetiva explicar um problema através de referências teóricas,

buscando-se analisar e conhecer as contribuições científicas ou culturais do passado, que

influenciam um determinado tema, assunto ou problema.

Para a melhor compreensão do objetivo da presente pesquisa, aquilatando-se seu real

foco, faz-se necessário a correta utilização do método. Após a leitura e fichamento de textos

especializados, procedeu-se à análise, interpretação e discussão dos mesmos, incluindo-se

nesse rol, a comparação dos dados levantados.

2. OS DIREITOS DAS MULHERES EM UMA ANÁLISE HISTÓRICA

As mulheres vêm sendo vítimas de preconceito através da história da humanidade, não

sendo diferente no capitalismo. Apesar das diversas transformações provocadas com o

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surgimento e o desenvolvimento desse modo de produção, as inúmeras culturas são

predominantemente baseadas na supremacia masculina sobre o feminino, fenômeno que

muitos intitulam por “patriarcalismo”. Segundo Girão (2001), patriarcais são os sistemas de

organização nos quais a maioria das posições superiores na hierarquia é ocupada por homens.

A hierarquização dos homens sobre as mulheres é também registrada pela maioria das

sociedades agrárias. Em seu amplo estudo sobre as relações de sexo e poder na África, na

Europa e na Ásia entre 1900 e 2000, Göran Therborn (2006) conta-nos que, um pouco antes

de adentrarmos no século XX, essas sociedades já eram patriarcais, com poucos ou nenhum

direito reservado às mulheres. Naquele período, as sociedades matrilineares atribuíam maior

autonomia sexual e econômica às mulheres e as consideravam como “lavradoras de

subsistência”. Entretanto, sociedades matrilineares foram pouco a pouco sucumbidas pelo

poder colonial, explicitamente patriarcal. Essa polarização e essa hierarquia adquiriram

grande visibilidade no primeiro quartel do século XX, com a consolidação do processo de

industrialização.

Em constante interlocução com Scott, a teórica feminista Linda Nicholson (2000)

afirma que o processo de industrialização e urbanização caracteriza-se pela forte separação

entre a vida no lar e a pública. O dualismo e a hierarquização entre público e privado são

peculiares ao discurso liberal, que determinou novas formas de organização da vida social.

Gisela Tartuce (2002) acrescenta que, com a paulatina separação entre a esfera

doméstica e a esfera do trabalho, realizada no espaço público, o trabalho passou a ter valor de

uso para os outros e tornou-se uma atividade paga e remunerada. Por outro lado, as atividades

de reprodução tornaram-se cada vez mais circunscritas ao espaço privado da família, definidas

como trabalho doméstico – reservado às mulheres e não reconhecido socialmente. Criou-se

uma oposição entre o “homem racional”, que trabalha no espaço público da produção e a

“mulher irracional”, que atua no espaço privado da esfera doméstica.

Na História Oficial, mulheres, trabalhadores e negros não tiveram qualquer

participação, porque quase sempre viviam a margem do poder monopolizado por altas

camadas da sociedade.

As grandes revoluções do Século XVIII não revolucionaram o poder entre os sexos e

não suprimiram a dominação e a violência nas relações com as mulheres. No século XIX,

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eram explícitos os padrões e condutas que o poder definia como desejáveis no comportamento

feminino – trabalho e submissão.

Silva (2001, p.1) explica a origem da opressão e subordinação da mulher:

Várias foram as modificações sofridas na estrutura familiar, tomando por base a

família do século passado e suas transformações, até chegar ao modelo da família

contemporânea. A família era estruturada num regime patriarcal onde mulher e

filhos deviam inteira submissão ao pai. Os filhos eram educados por mulheres com

idéias pré-concebidas que por sua vez lhes eram impostas pela geração anterior e

assim sucessivamente.

A família subjugada, sem direito a idéias e vontades próprias, era a forma de

manter o equilíbrio social da época que era voltado para a manutenção do

patrimônio e a permanência desta no núcleo familiar formando cidadãos cuja

consciência era atrelada aos mesmos valores de seus ancestrais. O pai, senhor supremo, encarregava-se de manter a família dentro dos padrões

sociais. A ele competia julgar o certo e o errado, o futuro e o destino de seus filhos,

sempre levando em conta as necessidades da família e nunca do indivíduo.

Às filhas era reservado o mesmo destino das mães quando não lhes restava o

celibato ou a vida religiosa. Todos os passos familiares eram dados de forma

minuciosamente pensada e elaborada de forma a preservar e se possível aumentar o

patrimônio da família, fosse esse material ou moral. Toda essa repressão a

personalidade própria do indivíduo trouxe a tona, paulatinamente, o desejo de

liberdade, o desejo de amar e ser amado, o desejo de realização fosse pessoal ou

profissional, desejos esses que sempre existiram, se não abertamente ao menos no

íntimo do indivíduo. Desejos que eram compartilhados tão somente viam pensamento ou escritos secretos, pois outra forma não era permitida e sequer

ousada pelos participantes. Quando num rompante de coragem o indivíduo se

rebelava contra as convicções paternas, certamente a pena era o exílio da entidade

familiar.

E ainda concluem quais foram as conseqüências desta opressão:

Toda essa revolta enrustida, todo esse anseio de liberdade trouxe drásticas e

profundas modificações. As mulheres passaram a bradar por todo o tipo de

liberdade. Passaram a lutar pela liberdade moral, intelectual, social e até mesmo

física. Ser o que quiser, quando quiser, da forma que quiser. A mulher, passou a

exigir espaço e direitos de igualdade tanto no que tange aos direitos quanto ao que

se refere às obrigações. Passou a escolher como viveria (SILVA, 2000, p.2).

Assim, de forma organizada e unida, as mulheres passaram a travar as lutas

necessárias pelo reconhecimento da igualdade, ganhando o espaço público e rompendo

definitivamente a barreira do silencio.

No Brasil, no início do séc. XX havia uma clara divisão sexual do trabalho nas

fábricas: as mulheres ocupavam as tarefas menos especializadas e mal remuneradas, e os

cargos de direção e de concepção cabiam aos homens. Devido à falta de legislação trabalhista,

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as trabalhadoras denunciavam as péssimas condições de trabalho e de higiene, o controle

disciplinar e o assédio sexual à imprensa operária (RAGO, 2004).

Com o avanço da ciência e tecnologia, no século XX, as novas feições do discurso

científico assim como as modernas linguagens da indústria cultural passaram a ocupar o lugar

que a religião ocupara na proliferação de desigualdade dos sexos.

Houve fortalecimento do movimento feminista, com a conseqüente politização do

cotidiano, questionamento do então imperante poder patriarcal e finalmente acarretando uma

revolução de comportamentos.

De forma inédita no Brasil, a Constituição de 1934 assegurou à mulher o direito de

voto. Limitou, porém, este direito aos casos em que a mulher exercesse função pública

remunerada.

Durante muitos séculos, a mulher viveu apenas para o lar, tendo sido, em grande

período, escrava ou quase-escrava do homem. Com o passar do tempo, as condições sociais

do mundo foram transformadas, e a mulher foi, aos poucos tomando seu lugar na sociedade. E

uma vez que era considerada como uma missão essencial da mulher a maternidade, o Estado

precisava proteger o trabalho feminino para que a mulher não fugisse à sua precípua missão.

Para isso, a Constituição de 1934 foi precursora, e em outros países, fizeram-se leis para

tutelar o trabalho da mulher.

Em relação ao funcionalismo público, o artigo 168 da Constituição de 1934,

preceituou que: “Os cargos públicos são acessíveis a todos os brasileiros sem distinção de

sexo ou estado civil observadas as condições que a lei estatuir”.

A mulher poderia concorrer de forma igualitária para conseguir um emprego público,

a sua condição de mulher já não a impedia. Inovando, a Constituição de 1934 dispõe sobre

aposentadoria compulsória aos 68 anos de idade, mas ainda, nada traz sobre a aposentadoria

voluntária.

A partir da Primeira Guerra, evidenciou-se a tendência à presença da mulher nos

setores primário, secundário e terciário da economia, ocupando não só o espaço rural, mas

também o da indústria e o de serviços. Gardey (2003) observa que, mesmo exercendo

atividade administrativa, não eram dadas às mulheres oportunidades de promoção, ao

contrário do que ocorria com os funcionários masculinos, que podiam esperar fazer carreira

nesse setor. Ao longo do século XX, as novas tecnologias de comunicação e mecanização das

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tarefas fizeram acontecer, contudo, uma revolução administrativa, da qual a mulher

participou, e a partir da qual pôde ampliar seu espaço nesse ramo da economia. Assim, foi

somente em meados do século XX que as mulheres passaram a fazer parte da força de

trabalho, em nível de participação no mercado equiparável ao dos homens (CORRÊA, 2004).

As constantes reivindicações por parte do sexo feminino se intensificaram a partir do

momento em que a sociedade passou por intensas mudanças advindas da modernidade e

tecnologia, a evolução natural dos aspectos sociais fez com que a igualdade se tornasse

preceito essencial para uma sociedade justa e desenvolvida.

Segundo Buonicore (2007, p.3), “o questionamento da discriminação da mulher

incorporou outros aspectos que caracterizam a condição da mulher”, relatando a autora que

independente das vitórias obtidas pelas mulheres brasileiras, vislumbram-se ainda nítidas

práticas discriminatórias. Segundo Buonicore (2007, p.3):

No Brasil, a mulher permanece como cidadã de segunda categoria, privada das

condições que lhe permitiriam a expressão social de suas especialidades. È

surpreendente a força política do movimento das mulheres e o avanço que vêm

conquistando nas duas últimas décadas. O ingresso das mulheres como

profissionais de carreira juridica se acentua a cada dia cada dia.

Com o advento da Constituição Federal de 1988 que culminou no reconhecimento da

igualdade e da dignidade da pessoa humana, houve uma conquista fundamental, porém, não

foi o suficiente para extinguir das mulheres a incansável tarefa de perseguir seus ideais, uma

vez que a legislação brasileira ainda não se encontra plenamente coerente com o principio

isonômico e a continuação da execução de programas regulares nas áreas de educação,

cultura, saúde, legislação, combate a violência e trabalho, deve prevalecer, estando as

mulheres sempre conscientes do longo caminho que ainda resta a ser percorrido.

A Constituição Federal de 1988 trouxe mudanças no tratamento da mulher, freando na

distinção existente até então. A igualdade perante a lei é prevista no artigo 5º, como se segue:

Art. 5°. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,

garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviabilidade do

direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: 1- homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos

desta constituição (...).

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A análise desse dispositivo aponta que se torna inaceitável a utilização do fator

discriminatório sexo, sempre que o mesmo esteja presente, com o propósito de desnivelar

materialmente o homem da mulher. Não obstante a isso, poderá ser aceito quando a finalidade

pretendida for atenuar os desníveis.

É bem de ver que se é importante a decretação de iguais direitos entre homem e

mulher, é também forçoso reconhecer que esta disposição só se aperfeiçoa e se torna eficaz na

medida em que a própria cultura se altera. É necessário que as mentalidades se modifiquem.

O próprio ingresso da mulher no mercado de trabalho não se vem dando senão por

força de eventos que tornaram a sua participação indispensável, assim como as mutações

sofridas nas próprias condições de trabalho. Os primeiros têm como exemplo, as guerras em

que os varões eram chamados para as frentes de batalha, não sobrou outra solução senão

admitirem-se mulheres nas suas vagas.

No que diz respeito às mutações do mercado, passa a ser mais ameno o próprio

trabalho braçal nas indústrias, o que torna acessível às mulheres.

O fato é que, o trabalho feminino, considerado em princípio como de segunda

categoria em virtude da deficiência somática da mulher, foi mal remunerado. Daí o emergir de

toda uma legislação, inclusive constitucional, vedatória da discriminação entre sexos. Hoje,

essa proibição está contida no inciso XXX do art. 7° da Constituição Federal de 1988.

Para reequilibrar os pratos da balança e obstar que a contratação da mão-de-obra

masculina possa se afigurar mais vantajosa surge à previsão constitucional de incentivos

específicos à admissão de mulheres. Não se trata, portanto, da tradicional proteção das

condições de trabalho feminino. Mas sim de propiciarem estímulos aos empregados que

compensem os ônus advindos das vantagens legais e constitucionais que cercam o trabalho

feminino.

Reconhecidamente, cada vez mais o sexo feminino ocupa posições de alta relevância e

responsabilidade não só na atividade privada, mas inclusive em todos os níveis da

Administração Pública, direta ou indireta.

Devido aos altos índices de escolarização das mulheres e aos novos padrões

demográficos e culturais, ocorreram algumas transformações com relação à participação das

mulheres em ocupações de maior prestígio e comando, tais como a arquitetura, a odontologia,

a medicina, o jornalismo, a advocacia e até mesmo a engenharia, profissão considerada

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tipicamente masculina. Houve também um aumento nos cargos de liderança nas organizações

e no número de empresárias no comércio e na prestação de serviços (BRUSCHINI, 2000).

No entanto, mesmo aquelas mulheres que conseguem posições de maior

responsabilidade e de maiores ganhos estão sujeitas a ganhar menos que seus parceiros; ou,

ainda, quando a escolaridade exigida pelo cargo é maior, a disparidade entre os salários de

homens e mulheres também o é: “se dois terços dos homens com 15 anos e mais de estudo

ganham mais de 10 salários mínimos, apenas um terço das mulheres com o mesmo nível de

escolaridade têm rendimentos equivalentes” (BRUSCHINI, 2000, p. 47).

Hoje, é indiscutível a competência profissional feminina, ao que se deve acrescentar

que, em decorrência de certas virtudes femininas, certas características específicas da mulher,

determinadas atividades são por elas executadas com maior qualidade e rapidez.

É de se concluir que a transmutação de valores e a crescente participação da mulher na

vida social vêm criando condições para progressiva afirmação dos direitos da mulher com

relação ao trabalho.

A responsabilidade familiar e doméstica limita a disponibilidade das mulheres para o

trabalho. Para a mãe trabalhadora, os efeitos da maternidade refletem-se no mercado de

trabalho, vindo a sofrer a sobrecarga de tarefas domésticas, impedindo-a de aperfeiçoar-se

profissionalmente, aceitando empregos que permitam uma adaptação entre as atividades

familiares e as profissionais, como, por exemplo, os serviços domiciliares e domésticos.

Sendo assim, o trabalho da mulher não depende apenas e tão somente da demanda do

mercado, mas também da sua capacidade de trabalho dentro e fora do lar.

Hodiernamente, as mulheres procuram vencer determinadas barreiras e superar

preconceitos, representando um dos pilares do funcionamento econômico. Segundo Roland

Barthes, a entrada das mulheres no mercado de trabalho, na modernidade do tempo

mensurável e disciplinado, acrescenta novos fantasmas a esquizofrenia de tantos outros; o

patrão, os clientes, os alunos, os subalternos. Roland Barthes (1981, p.27) assevera que:

Historicamente, o discurso da ausência é sustentado pela mulher, a mulher é

sedentária, o homem é caçador, viajante; a mulher é fiel (ela espera), o homem é

conquistador (navega e aborda). E a mulher que da forma a ausência: ela tece e ela

canta; as tecelãs, as “chansons de toile”, dizem ao mesmo tempo a imobilidade

(pelo ronron do tear) e a ausência (ao longe, ritmos de viagem, vogas marinhas,

cavalgadas).

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E apesar de há séculos, as mulheres serem associadas à intuição e à sensibilidade, elas

parecem ter estado envolvidas em obstáculos ao sonho e ao extraordinário.

Para as mulheres que possuem um nível de escolaridade mais elevado, as

oportunidades profissionais são maiores na conquista de um emprego mais rentável,

compensando a sua saída do lar. Dessa forma, almejando uma efetiva igualdade, a mulher tem

assumido grandes responsabilidades profissionais, nas diferentes áreas da atividade humana.

As taxas de participação e ocupação femininas têm aumentado consistentemente nos

últimos 30 anos, como também tem aumentado o número de anos que elas dedicam ao

trabalho remunerado, a continuidade das suas trajetórias ocupacionais e a sua participação nos

rendimentos familiares.

Também é crescente o número de mulheres “chefes de família”, condição na qual elas,

em geral, são as principais ou únicas provedoras (segundo os dados do IBGE, 27% das

famílias no Brasil são chefiadas por mulheres). Também aumenta a proporção de mulheres

que não se retira do mercado de trabalho quando tem filhos: é na faixa das mulheres casadas e

em idade reprodutiva que as taxas de participação feminina têm aumentado mais

significativamente (MELLO; DI SABATTO, 2006).

Como argumenta Maruani (1993, p.49) se a preocupação com o lugar das mulheres no

mercado de trabalho não é algo novo, a forma de tratar a questão evoluiu profundamente

desde os anos 1960. Se as problemáticas de pesquisa mudaram – e também os mecanismos e

padrões de hierarquização e subordinação – é, sem dúvida, porque a situação socioeconômica

dos anos 1990 não tem muito a ver com a dos anos 1960: “A relação atividade

profissional/vida familiar não pode ser pensada hoje, quando as taxas de atividade das mães

de família se aproximam de 80%, nos mesmos temos em que eram pensadas quando essas

taxas se situavam em torno de 40%” (MARUANI, 1993, p.49).

Uma das hipóteses básicas deste trabalho é justamente que, na fase atual de

configuração do mercado de trabalho e das famílias, que não se caracteriza mais por um

confinamento radical da mulher à esfera doméstica, a noção da mulher como força de trabalho

secundária tem um papel fundamental nesse padrão de hierarquização, subordinação e

discriminação. Essa é uma fase na qual a evidência da presença das mulheres no mundo do

trabalho não pode mais ser negada. Nesse “deslocamento das fronteiras da desigualdade”, o

que parece estar ocorrendo é um processo de reconstrução das imagens de gênero (ou dos

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estereótipos relativos a mulheres e homens no trabalho), a partir de uma realidade na qual

aumenta significativamente a presença das mulheres no mercado de trabalho, assim como a

importância dos seus rendimentos para o bem estar – ou a superação da situação de pobreza -

da família. Nesse imaginário em processo de reconstrução, o lugar das mulheres deixa de ser

a esfera doméstica e privada, e pode ser também a esfera produtiva e pública; o seu “destino”

não é mais apenas aquele de ser mãe e esposa, mas pode também ser o de uma trabalhadora.

Girão (2001) destacam que uma das formas que as empresas têm buscado para se

diferenciar no mercado competitivo e flexível é através da ênfase a características típicas

femininas, como comunicação, sensibilidade, intuição, persuasão, afetividade e flexibilidade,

principalmente valorizadas em áreas em que é necessário lidar diretamente com o cliente.

As empresas têm a necessidade de um patrimônio humano efetivamente disposto a

contribuir com seus objetivos, por isso buscam obter funcionários que sejam comprometidos,

que vejam seu trabalho como um desafio a ser alcançado e que busquem os melhores

resultados para a organização. Esta necessidade vem ficando cada vez mais evidente devido

ao grande desenvolvimento tecnológico e industrial, trazido pela globalização, que faz com

que as transformações ocorram em uma velocidade muito rápida.

Desta forma, existe uma grande preocupação das organizações, em encontrar

funcionários que consigam fazer a diferença, sendo de suma importância, para as empresas,

conseguir identificar líderes que influenciem seus funcionários e que os tornem

comprometidos, para que se construa um ambiente com alto padrão de comprometimento e a

fim de que as empresas consigam alcançar seus objetivos, e, neste cenário, as mulheres têm se

destacado.

3. LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Para entender o conceito de liderança, é necessário compreender que esta temática

encontra-se como uma qualidade intrínseca ao gerenciamento e que, portanto, pode ser

entendida por alguns autores, como Rodriguez (2005), como sendo uma ferramenta, um meio

de proceder à Gestão de Pessoas.

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As pessoas têm sido administradas desde a pré-história. Mesmo os bandos mais

simples de caçadores geralmente reconheciam e obedeciam a um líder ou a um grupo que

tomava decisões. A partir do momento em que as sociedades se tornaram mais complexas, a

necessidade de possuir um administrador tornou-se aparente (RICE, 1970 apud

RODRIGUEZ, 2005).

Analisando o contexto histórico, nota-se indivíduos, em períodos específicos, que

proporcionaram liderança e surgiram para enfrentar os desafios de suas épocas: Winston

Churchill, Mahatma Gandhi, Franklin Roosevelt, etc. “Suas lideranças construíram grandes

nações” (BENNIS; NANUS, 1988, p.4).

Para Smith (1997), a concepção leiga sobre liderança tem sido, desde há muito tempo,

baseada em ações de grandes figuras históricas, tais como as mencionadas acima: Churchill,

Gandhi ou Hitler.

Segundo Smith (1997, p.3):

A análise das ações de tais personalidades pode oferecer fraca base para teorizações

sobre tipos de líderes menos notáveis e mais comuns no dia-a-dia; todavia, se tais

figuras, na verdade, modelaram as concepções corriqueiras sobre a natureza da liderança, é a partir delas que se deve começar a análise.

Smith (1997) assim como Bennis e Nanus (1988), concorda que, em função dos

desafios dos novos tempos e da velocidade das mudanças, estas são acompanhadas por idéias

e por pessoas que apresentam competência para implementá-las. E, a partir disso, foram

surgindo novos conceitos de liderança.

As primeiras discussões sobre o processo de liderança talvez tenham sido oferecidas

por Maquiavel no século XVI. A teoria imposta por essa personalidade faz a análise do

equilíbrio entre princípio e oportunismo que, segundo seu ponto de vista, proporcionaria a

melhor orientação para as ações de um príncipe nas cidades-estado medievais italianas. “Essa

prescrição entende-se não somente às relações com outras cidades-estado, mas também aos

estilos mais eficazes utilizados pelos orientadores no relacionamento com seus orientados”

(SMITH, 1997, p.3).

A liderança eficaz, de acordo com o que Maquiavel propunha, era uma questão de

“manutenção de um fluxo adequado de informações precisas sobre os assuntos a serem

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decididos e, ao mesmo tempo, a consideração das melhores alternativas de modo a permitir

que as ações decisivas fossem tomadas” (SMITH, 1997, p.5).

Atualmente o conceito de liderança está passando por modificações. As lideranças em

muitas organizações estão produzindo cada vez mais maneiras de estimular e capacitar seus

colaboradores na busca de soluções criativas e alternativas inovadoras. Os líderes da mudança

usam uma série de abordagens para levar as pessoas à ação. Também é papel deles auxiliar e

motivar seus aprendizes em situação de mudança e reestruturação, para que eles criem

impulso ao longo do tempo. Raramente baseiam-se apenas em algumas ferramentas ou fontes

de idéias (KATZEMBACH, 1997).

Capezio e Morehouse (1997, p.1) definem que: “liderança é a habilidade de

influenciar indivíduos ou grupos a pensar, sentir e tomar ações positivas para alcançar

objetivos”.

Cohen (2003, p. 254) define liderança como “um processo em que as partes

envolvidas se influenciam mutuamente de formas específicas”. Isto é, ambos, líderes e

liderados, têm influencia na relação, porém, o líder é aquele que possui maior poder de

contagiar, entusiasmar e persuadir o outro.

Max Weber, 1969 (apud MOTTA, VASCONCELOS, 2002, p.12), mostra que os

liderados seguem os líderes em decorrência de fatores como a tradição, o carisma e a

burocracia.

A obediência devido aos costumes e tradições é também chamada de autoridade

tradicional, em que a obediência é um hábito que se herda das gerações anteriores.

Já o carisma é uma qualidade pessoal do líder que desperta a devoção dos seus

seguidores, pois representa os ideais e as projeções do grupo que lidera. Esta autoridade é

baseada nas características pessoais de um indivíduo. Esta idéia está associada às influências

vinculadas às qualidades pessoais do líder, independente da posição ocupada ou das tradições.

Robbins (2001) observa, a respeito de diferenças de estilo de liderança entre os

gêneros, que as mulheres tendem a exercer um estilo mais democrático de liderança, focado

nas pessoas, enquanto os homens adotam um estilo mais diretivo, centrado nas tarefas. Porém,

o autor aponta que, muitas vezes, na prática, essas diferenças de estilo não se identificam com

o gênero do líder. Uma das causas apontadas pelo autor para o fato é a seleção efetuada pelas

organizações na escolha das pessoas que irão ocupar cargos de liderança, cuja capacitação e

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traços gerenciais são comuns, não importando o sexo. O autor chama a atenção para a

tendência das empresas atuais de incentivarem o trabalho em equipe, de agirem com

flexibilidade e de estimularem o compartilhamento de dados e decisões; ou seja, as empresas

atuais desejam gerentes e líderes que escutem e incentivem seus funcionários, motivando-os e

apoiando-os. Esse estilo de liderança é praticado de forma muito mais natural pelo gênero

feminino do que pelo gênero masculino.

3.1 A MULHER EM CARGOS DE LIDERANÇA

Atribui-se ao líder a capacidade de influenciar e motivar pessoas a alcançarem

objetivos comuns. Entender as diversas facetas e interferências da liderança na organização

tornou-se condição sine qua non para se realizar uma análise consistente do que ocorre no

atual momento das empresas.

Hoje, a sociedade já reconhece as competências específicas desenvolvidas e

introduzidas pelas mulheres no meio corporativo e empresarial, como a percepção mais

aguçada em relação a questões como o cuidado com as pessoas, a qualidade de vida, a

humanização do ambiente de trabalho, dentre outros, que são questões notadamente presentes

no universo feminino.

As empresas têm aumentado gradativamente o número de cargos de comando

preenchidos por mulheres. Além disso, observa-se que cada vez um maior número de

mulheres decide abrir e gerir seu próprio negócio. Segundo Jonathan (2005), 46% dos

empreendedores do Brasil são mulheres, o que resulta em um número de 6,4 milhões de

empreendedoras. De acordo com os dados do SEBRAE-MG (2005), 45,67% das pequenas e

médias empresas mineiras são dirigidas por mulheres. Dessas empresas, 68,97% são

microempresas e 31,03% são empresas de pequeno porte.

A conseqüência imediata desse processo é a influência cada vez maior das mulheres

no meio social e organizacional, resultando na necessidade de a mulher exercer papéis de

liderança cada vez mais destacados. Seu estilo de liderança é, assim, tema cada vez mais

observado, estudado e analisado.

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Ao abordarmos as condições da mulher no mercado de trabalho, torna-se importante

compreendermos com mais exatidão o conceito de gênero. “Entendemos „sexo‟ como algo

biologicamente definido e „gênero‟ como sociologicamente construído, um „produto da

socialização e vivência‟ ”(CALÁS e SMIRCICH, 1998, p. 276). Faz-se necessário registrar

que a teoria organizacional tem se caracterizado por uma “literatura escrita por homens, para

os homens e sobre os homens” (CALÁS e SMIRCICH, 1998, p. 281).

Não foram poucos os autores e intelectuais, principalmente nos períodos

imediatamente anteriores e posteriores à Revolução Russa, que projetaram o papel de

destaque da mulher numa sociedade de iguais, em que não haveria distinções ou

discriminação de sexo em atividades profissionais. A sociedade socialista não permitiria esta

dupla exploração da mulher, ou seja, de classe social e de gênero. Esse foi um discurso que

permeou o debate que envolveu a construção de uma “nova sociedade” e que contagiou

gerações. O comunismo, como ideologia política, sempre fez uma apaixonada defesa da

igualdade e liberação feminina (CALÁS e SMIRCICH, 1998).

Curiosamente, no entanto, as mulheres, com algumas poucas exceções, não se

destacaram nas primeiras fileiras políticas de seus partidos. “Em 1929, por exemplo, dos 63

(sessenta e três) candidatos a membros do Comitê Central da URSS, apenas 6 (seis) eram

mulheres e, de 504 destacados membros do partido em 1924-29, 7% eram mulheres”

(HOBSBAWM, 1996, p. 309). Mesmos nos anos seguintes, em países que adotaram o

socialismo, a realidade da condição feminina ficou abaixo das expectativas iniciais que

imaginaram nesses países, serem as condições ideais para que a igualdade entre sexos pudesse

prevalecer.

Antes da Segunda Guerra Mundial, “a sucessão de qualquer mulher à liderança de

qualquer república, em quaisquer circunstâncias, teria sido encarada como politicamente

impensável” (HOBSBAWM, 1996, p. 307).

As abordagens feministas dos temas organizacionais, a partir de importante revisão de

literatura realizada por Calás e Smircich (1998), contemplam as perspectivas socialista,

marxista, liberal, radical, psicanalítica, pós-estruturalista e terceiro mundista, ou seja, as

alternativas teóricas se apresentam em grande quantidade. Importante observar, no entanto,

que, apesar das abordagens recentes sobre os estudos contemplando a mulher nas

organizações, o tema ainda é, predominantemente, masculino.

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Calás e Smircich (1998, p. 281), ressaltam que o foco é investigar como os homens

podem, efetivamente, atingir os objetivos organizacionais a partir de processos

organizacionais, ou seja, como gerenciar (man/age). A expressão, na língua inglesa, não deixa

margem para dúvidas. Gerenciamento seria algo inevitavelmente masculino?

Calás e Smircich (1998) registram que, nas organizações transnacionais localizadas

em países em desenvolvimento, as mulheres que, tradicionalmente, ocupavam os empregos de

pior remuneração e de nível de exploração, estão ficando desempregadas, pois os homens

começam a aceitar os baixos salários e a ocupar essas vagas.

Atualmente, já são muitos os avanços das mulheres na esfera pública pois elas estão

participando de cargos de liderança e sendo eleitas em cargos públicos. Muitas são juízas,

promotoras e outras ocupam espaços que, até pouco tempo, eram áreas exclusivas do sexo

masculino. Mas a discriminação persiste e a exclusão social do sexo feminino ainda está

presente em pleno século XXI. Não se pode esquecer que, além de discriminação entre os

gêneros, existem outros fatores de exclusão como: posição social, preferências sexuais,

partidos políticos, raça, religião e outras mais; fatores estes que precisam ser considerados e

que reafirmam, institucionalmente, a posição de submissão da mulher. Apesar de todos estes

fatores, a mulher vem, paulatinamente, avançando na sociedade e ocupando espaços

doravante inimagináveis para “uma simples mulher”.

Yannoulas (2001, p. 83) utiliza o termo “empoderamento” das mulheres que expressa

basicamente o “[...] desenvolvimento de potencialidades, ao aumento de informação e ao

aprimoramento de percepções, pela troca de idéias, com o objetivo de fortalecer as

capacidades, as habilidades e as disposições das mulheres para o exercício legítimo do poder”.

As mulheres, apesar de terem conquistado somente 42% de espaço como

trabalhadoras responsáveis e capazes, já se apresentam de forma significativa no mundo

capitalista. Mesmo tendo somente 5% das mulheres como autônomas, hoje podemos dizer que

as mulheres estão se empoderando como categoria social. “[...] Empoderar-se equivale, num

nível bem expressivo do combate, a possuir alternativa (s), sempre na condição de categoria

social” (SAFFIOTI, 2004, p. 114).

A mudança da realidade empresarial, com o advento da presença feminina,

obviamente alcançou o universo dos empreendedores. Hoje, há inúmeras mulheres à frente de

suas empresas, oferecendo ao mercado e aos clientes novos serviços e formas de gestão.

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Hanashiro et al (2005) abordam as diferenças de estilo de liderança em função de

gênero. Os autores destacam que, na média, as mulheres possuem um nível de escolaridade

maior que o dos homens; contudo, isso não traz como conseqüência direta a ascensão das

mulheres aos postos mais elevados das organizações. Os autores afirmam que uma das

possíveis explicações para o lento avanço das mulheres aos postos mais elevados das

organizações seria a ausência de um modelo específico de liderança feminina em um

ambiente tipicamente masculino, onde se destacam elementos como competitividade, controle

e hierarquia. O gênero feminino, ao contrário, embasa o comportamento e as atitudes nas

relações interpessoais. É importante destacar que o trabalho dos referidos autores diz respeito

à diferença prototípica de gênero masculino/feminino, e não às diferenças relativas ao sexo.

Assim, embora gênero e sexo geralmente coincidam, pode-se encontrar homens com liderança

estruturada em elementos de gênero feminino (como as relações interpessoais), como também

mulheres em cargos de liderança com perfil de gênero masculino (centrado em elementos

como hierarquia e tarefas).

Appelbaum et al (2003 apud JONATHAN, 2005) apresentam uma caracterização

complementar sobre a diferença de liderança em função de gênero: o estilo de liderança dos

homens é estrutural, transacional, aristocrático, passa pela instrução e é orientado para o

negócio. O estilo de liderança das mulheres foca-se na consideração, é transformacional,

participativo, sócio-expressivo e está orientado para as pessoas.

Favilla e Tomaz (2003) destacam várias características femininas que possibilitam a

inserção da mulher no mercado e, ao mesmo tempo, modificam a natureza organizacional nas

empresas: melhor administração do tempo em face da capacidade desenvolvida pela mulher

de conciliar carreira, casa, filhos, etc; a percepção aguçada para prestar atenção a um detalhe

que pode ser o diferencial em um determinado processo; o desenvolvimento da

multifuncionalidade, em função dos múltiplos papéis que são desempenhados pelas mulheres,

o que lhes permite decidir sobre diferentes coisas ao mesmo tempo; a vivência proporcionada

pelo ambiente doméstico e seus múltiplos contatos, evidenciando a capacidade feminina de

trabalhar em grupo; e, finalmente, a capacidade de administrar e mediar conflitos, sempre

ponderando os interesses e as necessidades de todos os envolvidos.

Entende-se, assim, a possibilidade de uma profunda transformação do modo de

funcionamento organizacional em função da inserção da mulher no mundo do trabalho e,

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ainda, maiores transformações provocadas por suas ações como gerentes ou dirigentes das

organizações.

As tendências dos novos modelos organizacionais são justamente inclinadas ao apelo

feminino e influenciadas pelo desempenho, pela visão e pelo “sexto sentido” feminino, o que

ressalta a importância de treinar e inspirar pessoas com um novo protótipo de liderança,

reafirmando valores das mulheres. Na era do conhecimento, a representação inerente ao

modelo dos trabalhadores é a mulher. A lealdade (valor feminino) passa a ter tanta

importância quanto o sucesso pessoal (valor masculino). Desta forma, uma tendência quase

irreversível, que está se implementando aos poucos, mas que já é percebida nas organizações,

é a de que as mulheres assumam as posições estratégicas nas organizações (NAISBITT;

ABURDENE, 1990).

Naisbitt e Aburdene (1990) demonstram ainda que o desafio básico de liderança na era

do conhecimento é desenvolver a capacidade empreendedora do trabalhador mais jovem e

instruído, ensinando-lhe o auto-gerenciamento como fator imprescindível de sucesso e

equilíbrio pessoal. Tal tarefa exige atuações díspares e complementares: o papel de professor,

de agente facilitador do processo e de mentor. A reunião dessas qualificações é muito mais

observada no perfil feminino de liderança e trabalho. Percebe-se, assim, a correlação entre o

maior grau de importância do conhecimento na esfera econômica da vida moderna e o papel

da mulher nas organizações.

Os autores dão ênfase ao perfil do novo executivo nas organizações como sendo

alguém que está sempre orientado para o auto-desenvolvimento, que é um crítico ferrenho da

burocracia presente nas empresas, e que valoriza a independência e o equilíbrio na busca de

qualidade de vida. Eles ressaltam também que no auto-desenvolvimento se encontra a garantia

individual de empregabilidade, antes atribuída às empresas. Tal arquétipo de executivo é

claramente feminino, uma vez que a prioridade para as mulheres é geralmente o equilíbrio

entre vida profissional e pessoal. Elas priorizam conjuntamente carreira e família, ao passo

que os homens são mais voltados para o cumprimento de tarefas e para a busca do sucesso.

No entanto, mesmo com todo o progresso e todas as conquistas recentes das mulheres no

mercado de trabalho como um todo, e nas organizações em particular, os autores apontam a

menor remuneração da mulher em relação à dos homens, no exercício do mesmo cargo e

função (NAISBITT; ABURDENE, 1990).

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Lavinas (2003) indica que tal fenômeno ocorre ainda como reflexo do histórico

político, social e econômico notadamente “machista” dentro das organizações, mas aponta

uma tendência de regressão dessa condição. Nota-se uma diminuição gradual e constante na

diferença de renda entre os sexos na mesma função, embora tal processo venha também

acompanhado da necessidade da mulher ser mais preparada que o seu oponente para colocar-

se como apta para a mesma função. A autora conclui que, onde a mulher está mais bem

preparada, menor é a diferença salarial em relação aos rendimentos dos homens no exercício

da mesma função.

Observa-se um interessante fenômeno que vem ocorrendo nos últimos anos: uma

elevação proporcionalmente maior da empregabilidade da mulher em relação à do homem,

aumentando assim a presença feminina no trabalho. Lavinas (2003) credita tal fenômeno a

três fatores: à profunda reestruturação do modelo produtivo, que afetou diretamente o

emprego industrial caracteristicamente masculino; à expansão da economia de serviços, na

qual a adaptabilidade e a eficiência da mulher se mostraram extremamente favoráveis; e, por

fim, à modificação dos modelos tradicionais de relação de trabalho, com o incremento das

atividades informais e do trabalho por conta própria, que favoreceu o estilo tradicionalmente

feminino de produção.

3.2 MULHERES EMPREENDEDORAS

Wilkens (1989) expõe que as mulheres que tomam a decisão de empreender e de

montar sua própria empresa o fazem impulsionadas por uma série de elementos e por

motivações as mais diversas. Essas motivações a autora chama de empuxos, que podem ser

positivos ou negativos. Como exemplos de empuxos negativos, apresentam-se as condições

adversas enfrentadas pelas mulheres no mundo do trabalho, como promoções preteridas em

favor do sexo oposto – mesmo em condições de igual competência –, baixos salários, conflito

hierárquico, desconfiança em relação à falta de perspectiva ou simplesmente tédio. Como

exemplos de empuxos positivos, a autora cita oportunidades surgidas em função de conquistas

profissionais em empregos de carreira, redução do tempo de dedicação às tarefas familiares,

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busca de conquistas pessoais provocadas por transformações pessoais ou por influências de

conhecidas, entre outros.

Além disso, a maior parte das mulheres, no momento em que decidiram assumir uma

atividade empreendedora, estavam em algum momento crítico: separação, mudança de

residência em função de transferência profissional do cônjuge, volta ao mercado de trabalho

após a criação dos filhos, ou surgimento de oportunidades em circunstâncias espontâneas, em

contatos com conhecidos ou clientes de seu convívio profissional anterior, entre outros

(WILKENS, 1989).

As mulheres percebem, nesse momento, sinalizações que indicam ser aquele o

momento de se arriscar, e consideram essa posição como um passo natural a ser dado em suas

vidas. Também assumem uma postura ativa, no sentido de que assumem os riscos de sua

própria vida econômica e decidem sair de uma posição de letargia ou reclamatória de sua

própria condição, passando a atuar como donas do próprio destino e assumindo as condições

de seguir o seu próprio caminho (WILKENS, 1989).

Gray (1992 apud JONATHAN, 2005) afirma que aspectos intrínsecos ao universo

feminino estão associados a um modelo feminino de empreender, sendo claramente

perceptíveis os sinais desse modelo de empreendedorismo: a mulher é mais orientada para o

relacionamento interpessoal; aplica de forma seletiva e intensa o modelo intuitivo; é atenta às

necessidades alheias; vê a oferta de auxílio como uma atitude comum, e não como sinal de

fracasso e incompetência; e percebem os conselhos e sugestões como atos corriqueiros e bem-

vindos. Além disso, Gray (1992 apud JONATHAN, 2005) considera que a arte de ouvir é

uma característica eminentemente feminina.

Hisrisch e Peters (2004) destacam que as mulheres empreendedoras se diferenciam por

fatores motivacionais, habilidade de gestão e histórico profissional. Elas são mais movidas

pela busca de realização, pela superação dos obstáculos e discriminações sofridos na própria

carreira e pelo enfrentamento de dificuldades que representam limites de desempenho e de

crescimento pessoal e profissional. Os autores estabelecem algumas diferenças entre homens

e mulheres empreendedores: a) as mulheres empreendedoras atuam no ponto de partida do

novo empreendimento movido por grande entusiasmo, mas também motivadas por uma

experiência profissional frustrante, o que pode caracterizar a opção por empreender muito

mais como uma busca pessoal do que como uma escolha profissional consciente. Já os

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homens, quando advindos de outro emprego, fazem a opção de empreender como uma

operação real de substituição da atividade anterior; b) normalmente, é comum o

aprofundamento em linhas de crédito por empreendedores masculinos, sendo que as

empreendedoras geralmente limitam-se aos seus recursos próprios; c) de maneira similar aos

perfis de gestão, as empreendedoras são sempre mais tolerantes e flexíveis que os

empreendedores; e d) em relação ao ramo de atuação, as mulheres empreendedoras tendem a

concentrar suas iniciativas no ramo de prestação de serviços, tendo como conseqüência um

campo maior de atuação, porém configurado geralmente em empresas de menor porte.

Obviamente tais diferenciações são características de empreendedores e empreendedoras

estudados, não significando que não possam existir casos em que tais elementos ou não se

apliquem ou mesmo se confundam.

4. CONCLUSÃO

A presença da mulher no meio organizacional já há muito deixou de ser um fator

isolado ou “algo de estranho”. O mercado foi amplamente determinado pela presença

feminina como ator inerente e altamente decisivo dentro da estrutura econômica atual, sendo

fundamental a compreensão de que a presença da mulher no ambiente organizacional

modifica e transforma padrões, conceitos e crenças.

Percebemos que, a melhora na escolaridade, provoca no gênero feminino uma visão

mais clara de sua dimensão na sociedade. Apesar disso, a escola ainda prepara a mulher para

ser uma boa dona de casa. Mesmo com esta visão macro da escola, a mulher ganha asas e se

liberta de seus grilhões à medida que avança no nível de escolaridade.

O papel da mulher na sociedade moderna exige de todos, inclusive dela mesma, um

reposicionamento efetivo para desempenhar, com dignidade e eficiência, todo o conjunto de

respostas que se espera dela, inclusive no tocante à geração de renda. Em uma sociedade em

que, cada dia mais, as orientações organizacionais são determinadas pelas decisões e escolhas

das mulheres, cabe a elas um exercício efetivo de liderança que concretize sua contribuição

para a sociedade do século XXI.

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O exercício da liderança reflete a complexidade das empresas nos dias de hoje, uma

vez que as constantes modificações por que o mundo corporativo vem passando exige novos

modelos de competência do líder, que, obrigatoriamente, passa a ter que conviver e

desenvolver sua qualificação diante dessa nova realidade.

Do exposto conclui-se que a liderança feminina no mercado de trabalho cresceu pois a

mulher enfrenta os desafios cotidianos que o mundo coorporativo lhe impõe, atua com

coragem ao assumir riscos, exerce a criatividade, lidera suas equipes de trabalho e valoriza o

elemento humano, de forma a cultivar e estabelecer inter-relações pessoais diferenciadas.

Espera-se, com este trabalho, contribuir para a compreensão do estilo de liderança da

mulher. Acredita-se que a liderança apresenta reflexos relevantes na estrutura da sociedade

contemporânea e pode gerar conseqüências significativas na construção de uma sociedade

qualitativamente melhor.

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